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Veado-catingueiro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaVeado-catingueiro

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [2]
Classificação científica
Reino: Animal
Filo: Cordados
Classe: Mamíferos
Ordem: Artiodáctilos
Família: Cervídeos
Subfamília: Capreolíneos
Género: Mazama
Espécie: M. gouazoubira
Nome binomial
Mazama gouazoubira[1]
Fischer, 1814
Distribuição geográfica

O veado-catingueiro (nome científico: Subulo gouazoubira), também conhecido por veado-virá, virá, virote, veado-branco, guaçutinga, guaçucatinga e guaçubirá,[3] é uma espécie de cervídeo sul-americano de pequeno porte, do gênero Mazama. O nome Mazama simplicornis foi largamente utilizado, assim como o nome Mazama gouazoupira (tal nome tem origem na descrição de Félix de Azara do "gouazoubira", nome comum da espécie em tupi). Tais nomes foram utilizados até o trabalho de Philip Hershkovitz, de 1951, em que reconheceu que o nome dado por Fischer (gouazoubira) era anterior ao dado por Illiger (simplicornis). Hershkovitz também percebeu que gouazoupira era resultado de um erro ortográfico. Apesar do nome origina ser gouazoupira, o largo uso do nome gouazoubira tornou esse o nome oficial da espécie.[4]Porém em estudos recentes, através de abordagens morfológicas (caracterização geral e morfometria), citogenéticas (coloração convencional, Ag-NOR, bandas G e C e hibridização in situ fluorescente) e filogenéticas (mitogenomas), foi validado o gênero Subulo Smith, 1827, e fixado um neótipo, devido a âusencia do holotipo, para o gênero de um topótipo masculino no Paraguai.

A espécie ocorre desde o sul da região Amazônica até o Uruguai e região central da Argentina ocupando todo o leste das regiões pré-andinas até o litoral brasileiro. Parece evitar florestas altas, preferindo áreas de floresta secundária, com alta quantidade de vegetação arbustiva no sub-bosque, como capoeiras e bordas de mata. Dado sua alta adaptabilidade, o veado-catingueiro pode habitar áreas altamente modificadas pelo homem, e pode ocorrer mesmo em monoculturas agrícolas, como canaviais e plantios de Eucalyptus e Pinus. Provavelmente, a própria ação humana tenha beneficiado a espécie em algumas localidades, o que causa preocupações dado o alto potencial invasor da espécie, que pode competir com outras espécies do gênero Mazama, que são mais raras, como Mazama nana e Mazama bororo.[5]

É um cervídeo de pequeno porte, pesando entre 11 e 25 quilos.[5] Mede entre 85 a 105 centímetros de comprimento e possui entre 50 e 65 centímetros na altura da cernelha.[4] A coloração varia desde o avermelhado até o cinza, com cor mais clara no ventre, e áreas brancas na parte inferior da cauda e interior das orelhas. Possui uma mancha branca acima dos olhos, que é característica dessa espécie.[5] Os chifres não são ramificados, possuem entre 6 e 12 centímetros de comprimento e são observados principalmente entre maio e julho, no Brasil.[6] São animais geralmente diurnos e solitários, mas podem formar pequenos grupos em período de escassez de alimentos.[7] Os machos são territoriais e a área de vida da espécie varia de 30 a 300 hectares. A onça-pintada (Panthera onca) e a onça-parda (Puma concolor) são seus principais predadores.[6] Sua dieta se constitui principalmente de frutos e folhas. A gestação dura cerca de 7 meses e dão à luz um filhote por vez. Este, nasce com pintas brancas na pelagem, que desaparecem depois de 3 ou 4 meses. O ciclo reprodutivo do veado-catingueiro é rápido, com as fêmeas podendo ter até duas prenhez por ano.[7]

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) lista a espécie como de "baixo risco", assim como não consta na lista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), de animais em extinção.[2][8] Provavelmente, é a espécie de cervídeo mais abundante do Brasil. Entretanto, parece ameaçado de extinção no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro.[5] No Paraná, a situação não é conhecida, sendo classificado na categoria deficiente de dados.[9] A caça é a principal ameaça à espécie, e calcula-se que até 2000 animais são mortos por mês na Argentina. Apesar do desmatamento ter favorecido a expansão da espécie, o contato com animais domésticos pode ser prejudicial ao transmitir zoonoses.[7]

Referências

  1. Grubb, P. (2005). «Mazama gouazoubira». In: Wilson, D. E.; Reeder, D. M. (eds.). Mammal Species of the World 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 656. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  2. a b Black-Decima, P. A.; Vogliotti, A. (2016). «Gray Brocket - Mazama gouazoubira». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T29620A22154584. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-2.RLTS.T29620A22154584.en. Consultado em 26 de julho de 2021 
  3. Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 1757 
  4. a b Black-Décima, P.; et al. (2010). «Brown Brocket Deer Mazama gouazoubira (Fischer, 1814)». In: Duarte, J.M.B.; González, S. Neotropical Cervidology: Biology and Medicine of Latin American Deer. Jaboticabal, Brasil: FUNEP. pp. 190–201. ISBN 978-85-7805-046-7 
  5. a b c d Duarte, J.M.B.; Piovezan, U.; Zanetti, E.S.; Ramos, H.G.C. (2012). «Espécies de Cervídeos Brasileiros Não Ameaçadas de Extinção». In: Duarte, J.M.B.; Reis, M.L. Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Cervídeos Ameaçados de Extinção (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. pp. 20–27. Consultado em 1 de fevereiro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 26 de agosto de 2016 
  6. a b Mattioli, S. (2011). «Family Cervidae (Deer)». In: Wilson, D.E.; Mittermeier, R.A. Handbook of the Mammals of the World - Volume 2:Hoofed Mammals. Barcelona: Lynx Edicions. pp. 336–350. ISBN 978-84-96553-77-4 
  7. a b c Duarte, José Maurício Barbanti; Vogliotti, Alexandre; Zanetti, Eveline dos Santos; Oliveira, Márcio Leite de; Tiepolo, Liliani Marília; Rodrigues, Lilian Figueiredo; Almeida, Lílian Bonjorne de (2012). «Avaliação do risco de extinção do Veado-catingueiro Mazama gouazoubira Fischer, 1814, no Brasil». Biodiversidade Brasileira. 3: 3-14 
  8. Chiarello, A.G.; Aguiar, L.M.S., Cerqueira, R.; de Melo, F.R.; Rodrigues, F.H.G.; da Silva, V.M. (2008). «Mamíferos». In: Machado, A.B.M.; Drummond, G.M.; Paglia, A.P. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção - Volume 2 (PDF). Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente. pp. 680–883. ISBN 978-85-7738-102-9 
  9. «Veado-catingueiro: ocorrência, curiosidades e status de conservação». Natureza e Conservação. Consultado em 3 de agosto de 2017 

Leitura complementar

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Ligações externas

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