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Página:Horto (1910).djvu/89

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VERSOS LIGEIROS
79

E’ sua prece que vôa,
Indefinida e tão mansa,
Como um hymno que resôa,
Como uma voz de creança.

A trança de seu cabello,
(Como ella é negra, Jesus!)
Semelha um lindo novello
Tão preto que já reluz.

Tem a boquinha vermelha
Como uma rosa entreabrindo...
E’ um favo de mel de abelha
Aquella bocca sorrindo!

Minh’alma nunca se cança
De vel-a assim, tão divina,
Sempre formosa e creança
Com o seu perfil de menina.

A ’s vezes, eu olho-a tanto,
Com tanta veneração,
Que fico muda de espanto,
Depois da contemplação.

E’ verdade que não faz
Mal nenhum fital-a assim...
Meu Deus! si eu fosse rapaz
O que diriam de mim?!

Macahyba — 1897.