Graduate at Philosohpy from Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1991), Graduate at Teologia from Pontificia Universidad Católica de Chile (1997), Master's at Education from Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2000) and Ph.d. at Filosofia from Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2005). Has experience in Philosophy, focusing on Ethics, acting on the following subjects: Ethics, Truth, Genealogy, Politics, French Philosophy, Michel Foucault, Deleuze, Kant.
O presente estudo aborda a possibilidade de uma historia critica da verdade no pensamento de Mich... more O presente estudo aborda a possibilidade de uma historia critica da verdade no pensamento de Michel Foucault. De Descartes a Husserl, passando pela critica kantiana, a verdade e reconhecida como um objeto da filosofia e uma propriedade do sujeito, seja como consciencia transcendental, seja como atividade empirica. No entanto, para Foucault, aquilo que denominamos verdade e indissociavel de um jogo que envolve a dispersao historica do sujeito, a critica politica das praticas institucionais e a constituicao de um ethos filosofico. Em primeiro lugar, desde que foi constituido como objeto historico entre dominios de saberes anteriores e exteriores ao seu pensamento, o sujeito nao pode ser considerado o fundamento da verdade. Nesse aspecto, uma arqueologia do saber e uma genealogia do sujeito nao deixam de ser um ceticismo metodologico diante de quaisquer universais antropologicos e diante de uma verdade originaria. Em segundo lugar, se nao ha um sujeito universal portador da verdade, e porque ela e produzida e exigida como razao de ser de certas estrategias de poder que circulam no processo de constituicao das ciencias humanas. Dependendo do dominio estudado e num dado momento de sua historia, um jogo de regras e instituido distinguindo o verdadeiro do falso e atribuindo ao verdadeiro, efeitos especificos de poder. Como se percebe, a critica pensada como legitimacao dos limites do conhecimento em relacao ao erro e como afirmacao da ciencia diante da ideologia nao e o caminho escolhido para tratar da verdade. Pelo contrario, trata-se de situa-la a partir de sua nao-neutralidade, do seu jogo estrategico e do papel politico que ela desempenha. Nao se pode compreender a verdade fora do jogo do poder, principalmente quando ele e pensado enquanto governo das condutas. A exigencia da verbalizacao infinita nas praticas confessionais e da obediencia incondicional posta em funcionamento no monaquismo cristao sao alguns exemplos de uma pratica de poder que reclama de uma verdade para sujeitar a individualidade. Enfim, diante do jogo do poder, a investigacao de Foucault pode ser reconhecida como uma genealogia da atitude critica, o modo pelo qual o questionamento do poder em sua necessidade e condicao para uma nova relacao com a verdade. Os desdobramentos de uma politica da verdade desembocam numa subjetivacao etica da verdade, num ethos filosofico. Nao se trata da descoberta de uma verdade escondida no sujeito, mas de um jogo etopoetico que implica a transformacao de sua maneira de ser; tampouco se trata de saber se alguem alcanca a verdade a partir de uma evidencia do Cogito, mas de reconhecer aquele que diz a verdade pela atitude corajosa da franqueza do seu discurso contra a opiniao do senso comum. A historia critica da verdade elaborada por Foucault nao pode ser pensada a partir de uma delimitacao epistemologica, mas nos termos de uma politica e de uma etica. Ela constitui um modo singular de aplicacao de uma historia critica do pensamento
No presente artigo pretendo apontar, primeiramente, a relação entre diagnóstico do presente e ati... more No presente artigo pretendo apontar, primeiramente, a relação entre diagnóstico do presente e atitude crítica a partir do pensamento de Michel Foucault. Na sequência, indicarei que a noção de atitude crítica é ao mesmo tempo parceira e adversária da governamentalidade, no sentido de que ela designa uma arte plural de não ser governado de determinada maneira e pelos mesmos agentes, sem, contudo, se posicionar fora do jogo governamental. Mostrarei ainda que as lutas políticas contra a saturação do jogo governamental podem ser pensadas como um desdobramento da atitude crítica. Finalmente, procurarei demonstrar que a tentativa cotidiana de viver e refletir democraticamente diante de um exercício autoritário do poder, como se pôde vislumbrar especialmente nos últimos anos no Brasil, pode ser entendida como um gesto de ressignificação da atitude crítica. A problematização deste campo de análise não foi diretamente tratada por Foucault, mas tem se tornado um objeto de estudo irrenunciável ...
This article intends to show that the publication of Michel Foucault’s courses, Securite, territo... more This article intends to show that the publication of Michel Foucault’s courses, Securite, territoire, population and Naissance de la biopolitique, given at College de France , shows not only a change of his analytics of power, but also the problematization of a new background for the continuation of his thinking. This background is the concept of governmentality. This neologism allows Foucault to analyze domains such as Arts of government, Liberalism and Neo-liberalism. Key words: governmentality, analytics of power, politics, liberalism, neoliberalism.
Neoliberalism, democracy and the constitution of the subject in Michel Foucault, 2022
From the analysis of the analysis of the course given by Michel Foucault in 1979, Birth of Biopol... more From the analysis of the analysis of the course given by Michel Foucault in 1979, Birth of Biopolitics, this article presents neoliberalism as a rationality of government that permeates both the logic of State action and the way of life of the subjects. The inseparability of these two spheres of action has as its main effect the weakening of democracy, although Foucault deals little with it in this course. The State governed by the logic of the market and the individual produced as a subject of interest are considered the two faces of neoliberalism, in relation to which it is possible to propose the exercise of a critical attitude. Keywords: Neoliberalism. Democracy. Constitution of the subject. Michel Foucault.
Português<p align="justify"> A experimentação de novos tratamentos e medicamentos... more Português<p align="justify"> A experimentação de novos tratamentos e medicamentos valeu-se dos humanos como cobaias desde que estes se deram conta de que isso poderia colaborar para uma melhoria das condições de vida. Porém, foram produzidas vítimas. Apesar dos grandes benefícios, interesses científicos e individuais podem ser conflituosos gerando complicações, mesmo éticas, como ocorreu no "Caso Tuskegee", um estudo acerca da evolução da sífilis. Após narrar o mesmo, o presente artigo pretende elaborar uma interligação com o biopoder de Foucault. O biopoder inicia-se com o advento do capitalismo e de uma medicina com função de higiene pública, centralização da informação, saneamento e controle de doenças e, imbuída desse papel, passa a exercer um controle do uso dos corpos e da manutenção da saúde da população. Questionando Tuskegee, chega-se a outro ponto ressaltado por Foucault: que para o exercício do poder e da função de morte em um sistema político ce...
No curso de 1979, intitulado Naissance de la biopolitique, Michel Foucault propõe que o neolibera... more No curso de 1979, intitulado Naissance de la biopolitique, Michel Foucault propõe que o neoliberalismo contemporâneo, principalmente na sua variante norteamericana, seja lido como uma das mais expressivas configurações da governamentalidade biopolítica de nossa época. O artigo analisa se o cuidado da vida e sua articulação com a constituição do indivíduo como livre empreendedor de si mesmo, observável nessa biopolítica, podem ser considerados desdobramentos contemporâneos do “cuidado de si”, conceito nuclear nos últimos escritos de Foucault. Sugere-se que o cuidado de si, entendido como princípio de inquietude permanente cujo escopo é a transformação de si mesmo e a criação de novas maneiras de ser e de viver, permite apontar duas conclusões: a primeira delas, que o cuidado neoliberal da vida é inseparável da gestão da liberdade dos indivíduos; a segunda, que o autogoverno neoliberal, considerado pelo cálculo do investimento econômico em si mesmo, é algo do qual convém desprender-se.
Neste artigo, indico como as análises de Michel Foucault podem fornecer algumas ferramentas conce... more Neste artigo, indico como as análises de Michel Foucault podem fornecer algumas ferramentas conceituais para a crítica feminista. Inicio pela identificação dos processos de normalização que produzem o indivíduo moderno e como eles definem os papéis sociais a serem exercidos pelas mulheres. Aponto, em seguida, como seria possível caracterizar as resistências a esses processos de normalização disciplinar e governamental mediante noções, tais como contracondutas e atitude crítica. Sugiro, enfim, como o papel ocupado pelas mulheres na vida social e a função da maternidade que dela faz parte podem ser modificados.
Resumo: Neste artigo, retoma-se o significado do verbo “governar” como sendo a disposição correta... more Resumo: Neste artigo, retoma-se o significado do verbo “governar” como sendo a disposição correta dos homens mediante sua relação com as coisas. Essa definição foi proposta por Michel Foucault, em Segurança, território, população, a partir de sua leitura do pensador renascentista Guillaume La Perrière. Desdobra-se essa designação deixada por Foucault, para analisar a maneira de governar da biopolítica neoliberal contemporânea dos chamados migrantes de sobrevivência, conforme a denominação de Alexander Betts. Na governamentalidade biopolítica neoliberal, a regulação da circulação dos migrantes de sobrevivência é realizada pela sua dependência da circulação das coisas, no caso, o livre fluxo transnacional do capital econômico. Cogita-se que o critério normativo para diferenciar entre a boa e a má circulação dos migrantes, na época contemporânea, não ocorre no terreno da política, mas na esfera neoliberal da biopolítica, especialmente pelos seus desdobramentos no conceito de capital hu...
This article emphasizes the manner by which Michel Foucault, in his course Le courage de la verit... more This article emphasizes the manner by which Michel Foucault, in his course Le courage de la verite , rises the parrhesia to the status of a genuine philosophical experience of alterity. The hypothesis of this survey is that the reference to the alterity makes possible to rethink the relation between the care of oneself and parrhesia. Thus, from one hand, the care of oneself does not refer any more to an interiority that must be preserved or disclosed, from the other hand, the parrhesia cynical combative life can never be presented as an alternative proposal of occupying power in the interior of the political governmental play. Therefore, the cynical alterity, deduced from the true-life as other-life, involves an interesting battle in relation to the easy temptation of a refuge in the tranquility of the interior citadel, as well as vis-a-vis the risky conformity to the way politics is ruled.
The article studies the relations between critical attitude, revolution and insurrection in Miche... more The article studies the relations between critical attitude, revolution and insurrection in Michel Foucault’s thought. It is argued that insurrectionary counter-conducts can be regarded as a possible starting point for politics, after the decline of the desire for revolution in the twentieth century in the West, especially in France. These counter-conducts can also be thought as a practical implementation of the critical attitude, as discussed by Foucault in 1978.
O presente estudo aborda a possibilidade de uma historia critica da verdade no pensamento de Mich... more O presente estudo aborda a possibilidade de uma historia critica da verdade no pensamento de Michel Foucault. De Descartes a Husserl, passando pela critica kantiana, a verdade e reconhecida como um objeto da filosofia e uma propriedade do sujeito, seja como consciencia transcendental, seja como atividade empirica. No entanto, para Foucault, aquilo que denominamos verdade e indissociavel de um jogo que envolve a dispersao historica do sujeito, a critica politica das praticas institucionais e a constituicao de um ethos filosofico. Em primeiro lugar, desde que foi constituido como objeto historico entre dominios de saberes anteriores e exteriores ao seu pensamento, o sujeito nao pode ser considerado o fundamento da verdade. Nesse aspecto, uma arqueologia do saber e uma genealogia do sujeito nao deixam de ser um ceticismo metodologico diante de quaisquer universais antropologicos e diante de uma verdade originaria. Em segundo lugar, se nao ha um sujeito universal portador da verdade, e porque ela e produzida e exigida como razao de ser de certas estrategias de poder que circulam no processo de constituicao das ciencias humanas. Dependendo do dominio estudado e num dado momento de sua historia, um jogo de regras e instituido distinguindo o verdadeiro do falso e atribuindo ao verdadeiro, efeitos especificos de poder. Como se percebe, a critica pensada como legitimacao dos limites do conhecimento em relacao ao erro e como afirmacao da ciencia diante da ideologia nao e o caminho escolhido para tratar da verdade. Pelo contrario, trata-se de situa-la a partir de sua nao-neutralidade, do seu jogo estrategico e do papel politico que ela desempenha. Nao se pode compreender a verdade fora do jogo do poder, principalmente quando ele e pensado enquanto governo das condutas. A exigencia da verbalizacao infinita nas praticas confessionais e da obediencia incondicional posta em funcionamento no monaquismo cristao sao alguns exemplos de uma pratica de poder que reclama de uma verdade para sujeitar a individualidade. Enfim, diante do jogo do poder, a investigacao de Foucault pode ser reconhecida como uma genealogia da atitude critica, o modo pelo qual o questionamento do poder em sua necessidade e condicao para uma nova relacao com a verdade. Os desdobramentos de uma politica da verdade desembocam numa subjetivacao etica da verdade, num ethos filosofico. Nao se trata da descoberta de uma verdade escondida no sujeito, mas de um jogo etopoetico que implica a transformacao de sua maneira de ser; tampouco se trata de saber se alguem alcanca a verdade a partir de uma evidencia do Cogito, mas de reconhecer aquele que diz a verdade pela atitude corajosa da franqueza do seu discurso contra a opiniao do senso comum. A historia critica da verdade elaborada por Foucault nao pode ser pensada a partir de uma delimitacao epistemologica, mas nos termos de uma politica e de uma etica. Ela constitui um modo singular de aplicacao de uma historia critica do pensamento
No presente artigo pretendo apontar, primeiramente, a relação entre diagnóstico do presente e ati... more No presente artigo pretendo apontar, primeiramente, a relação entre diagnóstico do presente e atitude crítica a partir do pensamento de Michel Foucault. Na sequência, indicarei que a noção de atitude crítica é ao mesmo tempo parceira e adversária da governamentalidade, no sentido de que ela designa uma arte plural de não ser governado de determinada maneira e pelos mesmos agentes, sem, contudo, se posicionar fora do jogo governamental. Mostrarei ainda que as lutas políticas contra a saturação do jogo governamental podem ser pensadas como um desdobramento da atitude crítica. Finalmente, procurarei demonstrar que a tentativa cotidiana de viver e refletir democraticamente diante de um exercício autoritário do poder, como se pôde vislumbrar especialmente nos últimos anos no Brasil, pode ser entendida como um gesto de ressignificação da atitude crítica. A problematização deste campo de análise não foi diretamente tratada por Foucault, mas tem se tornado um objeto de estudo irrenunciável ...
This article intends to show that the publication of Michel Foucault’s courses, Securite, territo... more This article intends to show that the publication of Michel Foucault’s courses, Securite, territoire, population and Naissance de la biopolitique, given at College de France , shows not only a change of his analytics of power, but also the problematization of a new background for the continuation of his thinking. This background is the concept of governmentality. This neologism allows Foucault to analyze domains such as Arts of government, Liberalism and Neo-liberalism. Key words: governmentality, analytics of power, politics, liberalism, neoliberalism.
Neoliberalism, democracy and the constitution of the subject in Michel Foucault, 2022
From the analysis of the analysis of the course given by Michel Foucault in 1979, Birth of Biopol... more From the analysis of the analysis of the course given by Michel Foucault in 1979, Birth of Biopolitics, this article presents neoliberalism as a rationality of government that permeates both the logic of State action and the way of life of the subjects. The inseparability of these two spheres of action has as its main effect the weakening of democracy, although Foucault deals little with it in this course. The State governed by the logic of the market and the individual produced as a subject of interest are considered the two faces of neoliberalism, in relation to which it is possible to propose the exercise of a critical attitude. Keywords: Neoliberalism. Democracy. Constitution of the subject. Michel Foucault.
Português<p align="justify"> A experimentação de novos tratamentos e medicamentos... more Português<p align="justify"> A experimentação de novos tratamentos e medicamentos valeu-se dos humanos como cobaias desde que estes se deram conta de que isso poderia colaborar para uma melhoria das condições de vida. Porém, foram produzidas vítimas. Apesar dos grandes benefícios, interesses científicos e individuais podem ser conflituosos gerando complicações, mesmo éticas, como ocorreu no "Caso Tuskegee", um estudo acerca da evolução da sífilis. Após narrar o mesmo, o presente artigo pretende elaborar uma interligação com o biopoder de Foucault. O biopoder inicia-se com o advento do capitalismo e de uma medicina com função de higiene pública, centralização da informação, saneamento e controle de doenças e, imbuída desse papel, passa a exercer um controle do uso dos corpos e da manutenção da saúde da população. Questionando Tuskegee, chega-se a outro ponto ressaltado por Foucault: que para o exercício do poder e da função de morte em um sistema político ce...
No curso de 1979, intitulado Naissance de la biopolitique, Michel Foucault propõe que o neolibera... more No curso de 1979, intitulado Naissance de la biopolitique, Michel Foucault propõe que o neoliberalismo contemporâneo, principalmente na sua variante norteamericana, seja lido como uma das mais expressivas configurações da governamentalidade biopolítica de nossa época. O artigo analisa se o cuidado da vida e sua articulação com a constituição do indivíduo como livre empreendedor de si mesmo, observável nessa biopolítica, podem ser considerados desdobramentos contemporâneos do “cuidado de si”, conceito nuclear nos últimos escritos de Foucault. Sugere-se que o cuidado de si, entendido como princípio de inquietude permanente cujo escopo é a transformação de si mesmo e a criação de novas maneiras de ser e de viver, permite apontar duas conclusões: a primeira delas, que o cuidado neoliberal da vida é inseparável da gestão da liberdade dos indivíduos; a segunda, que o autogoverno neoliberal, considerado pelo cálculo do investimento econômico em si mesmo, é algo do qual convém desprender-se.
Neste artigo, indico como as análises de Michel Foucault podem fornecer algumas ferramentas conce... more Neste artigo, indico como as análises de Michel Foucault podem fornecer algumas ferramentas conceituais para a crítica feminista. Inicio pela identificação dos processos de normalização que produzem o indivíduo moderno e como eles definem os papéis sociais a serem exercidos pelas mulheres. Aponto, em seguida, como seria possível caracterizar as resistências a esses processos de normalização disciplinar e governamental mediante noções, tais como contracondutas e atitude crítica. Sugiro, enfim, como o papel ocupado pelas mulheres na vida social e a função da maternidade que dela faz parte podem ser modificados.
Resumo: Neste artigo, retoma-se o significado do verbo “governar” como sendo a disposição correta... more Resumo: Neste artigo, retoma-se o significado do verbo “governar” como sendo a disposição correta dos homens mediante sua relação com as coisas. Essa definição foi proposta por Michel Foucault, em Segurança, território, população, a partir de sua leitura do pensador renascentista Guillaume La Perrière. Desdobra-se essa designação deixada por Foucault, para analisar a maneira de governar da biopolítica neoliberal contemporânea dos chamados migrantes de sobrevivência, conforme a denominação de Alexander Betts. Na governamentalidade biopolítica neoliberal, a regulação da circulação dos migrantes de sobrevivência é realizada pela sua dependência da circulação das coisas, no caso, o livre fluxo transnacional do capital econômico. Cogita-se que o critério normativo para diferenciar entre a boa e a má circulação dos migrantes, na época contemporânea, não ocorre no terreno da política, mas na esfera neoliberal da biopolítica, especialmente pelos seus desdobramentos no conceito de capital hu...
This article emphasizes the manner by which Michel Foucault, in his course Le courage de la verit... more This article emphasizes the manner by which Michel Foucault, in his course Le courage de la verite , rises the parrhesia to the status of a genuine philosophical experience of alterity. The hypothesis of this survey is that the reference to the alterity makes possible to rethink the relation between the care of oneself and parrhesia. Thus, from one hand, the care of oneself does not refer any more to an interiority that must be preserved or disclosed, from the other hand, the parrhesia cynical combative life can never be presented as an alternative proposal of occupying power in the interior of the political governmental play. Therefore, the cynical alterity, deduced from the true-life as other-life, involves an interesting battle in relation to the easy temptation of a refuge in the tranquility of the interior citadel, as well as vis-a-vis the risky conformity to the way politics is ruled.
The article studies the relations between critical attitude, revolution and insurrection in Miche... more The article studies the relations between critical attitude, revolution and insurrection in Michel Foucault’s thought. It is argued that insurrectionary counter-conducts can be regarded as a possible starting point for politics, after the decline of the desire for revolution in the twentieth century in the West, especially in France. These counter-conducts can also be thought as a practical implementation of the critical attitude, as discussed by Foucault in 1978.
DOMINGUES, Ivan. 2017. Filosofia no Brasil: legados e persp ectivas: ensaios metafilosóficos. São... more DOMINGUES, Ivan. 2017. Filosofia no Brasil: legados e persp ectivas: ensaios metafilosóficos. São Paulo, Editora Unesp, 561 p. O livro de Ivan Domingues é uma contribuição ímpar para a discussão em torno da for-mação da "filosofia brasileira" , aquilo que, grosso modo, envolve a existência de autores, de obras e leitores de temas brasileiros ou ligados ao Brasil. Seu horizonte de leitura não é a "narrativa" daquilo que tem acontecido desde o Brasil Colônia até os últimos 50 anos. Antes, ele é apresen-tado como uma "metafilosofia" , na extensão da natureza reflexiva da filosofia, autorizando-a a tomar a si mesma como objeto e fazer uma reflexão filosófica sobre a filosofia, uma filosofia da filosofia. O background da obra, como já dest acou o professor Oswaldo Giacoia Jr., em resenha recente da obra 3 , é a atuação acadêmica de Ivan na área de Filosofia, algo que não lhe dá apenas legitimidade para escrever o que escreve do jeito como escreve, mas, sobretudo, conhecimento e vigor argumentativo para recontar a história não na persp ectiva do passado, mas com os interess-es próprios de nosso tempo. Porque conhece de dentro, Ivan pode relatar o pensamento de forma viva e fecunda. Para contar a história, ele suja as mãos, por assim dizer: contamina-se da história, situa-se nela, sai do texto contagiado por ele, tanto quanto nós, seus leitores, empurrados para o pensamento a resp eito das persp ectivas e para as perguntas sobre o futuro disso que é a tarefa da filosofia em nosso país. Trata-se de uma empreitada que aproxima o epistemólogo do genealogista que se deixa azeitar pela riqueza argumentativa de sua própria trajetória filosófica, cuja pergunta inicial, como é praxe nesses casos, diz resp eito à possibilidade e oportunidade de seu objeto: exist-iria, afinal, uma filosofia no Brasil? E, em caso positivo, qual a sua identidade? Tal questão ganha renovada importância quando temos em conta a história de outras dis-ciplinas das ciências humanas, como educação, antropologia, ciências sociais e políticas, cuja con-tribuição para a elaboração de um pensamento no Brasil (que é também, quase sempre, sobre o Brasil) conta com nomes como Paulo Freire, Florest an Fernandes e Sérgio Buarque de Holanda, entre tantos outros. Formular a interrogação, como faz Ivan, sobre a filosofia no Brasil, por isso, é colocar-se diante da história como quem olha para as raízes de uma árvore florescida, adivin-hando seus frutos, para depois, como Ferreira Gullar, ver que "cresce no fruto/ A árvore nova". O objeto principal da obra é a filosofia brasileira, ou, esp ecialmente, o problema filosófico da existência ou não de uma filosofia no Brasil que justifique a adjetivação brasileira. Trata-se de uma tentativa exitosa de imprimir às reflexões empreendidas a forma do ensaio filosófico. Fazer
Foucault e as Práticas de Liberdade o vivo e os seus limites Volume I, 2019
Na nova ordem mundial, em que o político tem como modelo a racionalidade econômica, não se govern... more Na nova ordem mundial, em que o político tem como modelo a racionalidade econômica, não se governa um povo; antes, regula-se o fluxo de populações em um meio vital fazendo-as viver, quando agregam riqueza e capital humano ao país de destino; ou deixando-as morrer, quando sua improdutividade provoca uma suposta ameaça à dinâmica neoliberal constituída pelo tripé da produtividade, da concorrência e do empreendedorismo. Nesse ponto é que o capítulo estabelece uma conexão possível entre o governo dos grandes fluxos populacionais dos migrantes pobres e a ambivalência de sua gestão pela racionalidade biopolítica neoliberal, inspirado nos trabalhos de M. Foucault.
La finitud del hombre que vemos en Las palabras y las cosas es planteada desde una arqueología hi... more La finitud del hombre que vemos en Las palabras y las cosas es planteada desde una arqueología histórica del saber. Esa arqueología analiza la sincronía entre discursos y saberes empíricos en una misma época y sus discontinuidades entre una y otra época. No se puede olvidar también que su análisis se mueve en el espacio histórico del pensamiento europeo occidental, sin la intención de describir el espírito de una época. Además, no se trata de una arqueología de todos los saberes, pero solamente de los discursos y empiricidades que presentan las mismas reglas de formación y de operacionalidad y cuyas discontinuidades resultarán, más tarde, en las ciencias del hombre. La sincronia entre estos saberes en una misma época y sus discontinuidades en el pasaje del Renacimiento al Clasicismo en el siglo XVII, y de éste, a la Modernidad en el umbral del siglo XIX, le permite a Foucault decir que cada época construye sus propios objetos conceptuales a fin de enunciar lo que piensa de sí misma. Sin embargo, ese pensamiento está condicionado a un impensado que huye a nuestro conocimiento, a un inconsciente positivo del saber que hace posible la constitución de saberes empíricos y filosóficos. Ese impensado es la episteme de una época. Lejos de la designación de una categoría totalizadora, ella es más bien un espacio de dispersión y un campo abierto de relaciones en el que los saberes encuentran su condición histórica de posibilidad. De hecho, Foucault jamás echa de lado esa historia arqueológica según la cual las diferencias establecidas entre las épocas resultan en la postulación de la historicidad de sus objetos conceptuales. Es el caso del acontecimiento que ha hecho posible el surgimiento del “hombre”, el cual ha sido constituído en tanto que objeto de saber y sujeto de las filosofías solamente en la Modernidad. La finitud no es, pues, una condición esencial del hombre, puesto que, por un lado ese objeto conceptual no existía en la Era clásica de la Representación, y, por outro, él va a desaparecer ante la emergencia de una nueva configuración arqueológica en la época contemporânea. La finitud del hombre, de la manera como se la entiende en Las palabras y las cosas, es ella misma, finita, histórica.
Foucault e as práticas de liberdade, Volume I, 2019
A globalização do fluxo das mercadorias, da informação e do capital humano tem se mostrado invers... more A globalização do fluxo das mercadorias, da informação e do capital humano tem se mostrado inversamente proporcional à distribuição da riqueza para um número maior de populações no Planeta. Em razão disso, milhões delas perderam o direito mínimo aos bens econômicos, sociais e culturais devido à concentração da riqueza e à tecnologização crescente dos processos de produção e serviços. Sem a possibilidade de acesso razoável ao trabalho, à educação e à saúde, ou forçadas a se deslocarem por causa da fome, a maioria dos migrantes não têm “qualificações” econômicas suficientes para que seja aceita nos Países desenvolvidos. Essas populações perderam a esperança de obter o reconhecimento social pelas profissões e atividades que exerciam em seus países. Seus nomes foram apagados de suas comunidades porque elas já não existem. Perderam, enfim, a pertença a uma comunidade política na qual, como lembra Arendt, seus discursos pudessem ser ouvidos e suas ações reconhecidas. Sem uma obra a partir da qual possam ser lembrados e desprovidos das instituições que, em algum momento, ajudaram a constituir e a conservar, é a própria desconexão com o mundo que as leva a serem doravante meras vidas a migrar de um lugar a outro, constituindo-se talvez no maior resíduo negativo da biopolítica na época atual. Destituídos da mundanidade que caracteriza a durabilidade de sua obra, e sem que seus discursos possam ser ouvidos e suas ações reconhecidas, essas populações são apreendidas somente a partir de sua nudez abstrata ou como conjunto biológico e socialmente determinado, objeto de regulação e controle. E é sobre essa segunda apreensão que vou me deter neste capítulo, recorrendo a pensadores, como Michel Foucault, Didier Fassin e Hannah Arendt.
Foucault e as práticas de liberdade: Políticas e heterotopologias, 2019
Trata-se da introdução à obra acima mencionada, resultante de um Colóquio Internacional Michel Fo... more Trata-se da introdução à obra acima mencionada, resultante de um Colóquio Internacional Michel Foucault, realizado em setembro de 2018, em Florianópolis, SC.
v. 44 n. 2: O governo biopolítico do migrante de sobrevivência, 2021
Neste artigo retomo o significado do verbo “governar” como sendo a disposição correta dos homens ... more Neste artigo retomo o significado do verbo “governar” como sendo a disposição correta dos homens mediante sua relação com as coisas. Esta definição foi proposta por Michel Foucault em Segurança, território, população, a partir de sua leitura do pensador renascentista Guillaume La Perrière. Desdobro essa designação deixada por Foucault para analisar a maneira de governar da biopolítica neoliberal contemporânea dos chamados migrantes de sobrevivência, conforme a denominação de Alexander Betts. Na governamentalidade biopolítica neoliberal, a regulação da circulação dos migrantes de sobrevivência é realizada pela sua dependência da circulação das coisas, no caso, o livre fluxo transnacional do capital econômico. Cogito que o critério normativo para diferenciar entre a boa e a má circulação dos migrantes na época contemporânea não ocorre no terreno da política, mas na esfera neoliberal da biopolítica, especialmente seus desdobramentos no conceito de capital humano. Dele depreende-se que não somente o trabalho produtivo, mas ainda a vida completa dos indivíduos é avaliada em termos de investimentos e riscos pela aquisição de competências, desenvolvimento de performances e mobilidade contínua. Em Nascimento da biopolítica, de 1979, Foucault considera que a migração é um dos investimentos mais arriscados na aquisição de capital humano, porém a situa de maneira homogênea, como se qualquer migrante pudesse se subjetivar como um empresário e investidor de si mesmo. Sustento que a objetivação negativa dos migrantes de sobrevivência como improdutivos e indesejáveis tem como possível causa sua identificação indiferenciada a qualquer outro migrante econômico que busca qualificar seu capital humano. Ao apresentar este argumento, evidencio o mecanismo de economização da vida que permeia a subjetivação neoliberal e os reducionismos dele resultantes, tal como a redução da vida ao homo oeconomicus e sua designação como capital humano. Proponho que uma maneira de evitar estes reducionismos consiste na tentativa de conversão do olhar em relação ao migrante de sobrevivência, a começar pelo desnudamento da racionalidade que alimenta a produção biopolítica de sua existência.
From 3 to 6 October 2022 the Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR, Brazil) will host... more From 3 to 6 October 2022 the Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR, Brazil) will host the XX International Congress of Contemporary Philosophy on “Philosophy in Brazil: Current Trends and Perspectives”, organized by the PUCPR’s Post-graduate Programme in Philosophy (PPGF).
This hybrid event will revolve around the concepts of independence and identity as a basis for reflecting on the current trends in Brazilian philosophy 200 years after the Country’s independence. This discussion will also focus on the theoretical, ethical, aesthetic, and political categories developed since the Modern Art Week, which took place in São Paulo in 1922. Among the themes addressed by the congress: 1) The independence and identity of Brazilian thought in relation to the modern and contemporary European philosophical tradition; 2) Brazilian philosophy in art and literature, and its current identity; 3) The public role of women and gender issues; 4) The philosophical challenges related to philosophical decolonization; 5) Cultural pluralism and indigenous identities. These topics will be presented, discussed, and deepened in an interdisciplinary perspective, thanks to the contribution of national and international experts, as well as through a mini-course on “Intellectual Independence: Art, Cinema and Literature in the classroom”. The congress aims to contribute to the achievement of an open and democratic society, as well as a pluralistic, reflective and responsible Brazilian identity for the future. The planned activities address not only the academic audience, but also the civic community in general. More information about the event (provisional programme, subscription, call for presentations) is available at the following link (https://eventum.pucpr.br/humanitasppgf).
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Papers by cesar candiotto
Sin embargo, ese pensamiento está condicionado a un impensado que huye a nuestro conocimiento, a un inconsciente positivo del saber que hace posible la constitución de saberes empíricos y filosóficos. Ese impensado es la episteme de una época. Lejos de la designación de una categoría totalizadora, ella es más bien un espacio de dispersión y un campo abierto de relaciones en el que los saberes encuentran su condición histórica de posibilidad. De hecho, Foucault jamás echa de lado esa historia arqueológica según la cual las diferencias establecidas entre las épocas resultan en la postulación de la historicidad de sus objetos conceptuales. Es el caso del acontecimiento que ha hecho posible el surgimiento del “hombre”, el cual ha sido constituído en tanto que objeto de saber y sujeto de las filosofías solamente en la Modernidad. La finitud no es, pues, una condición esencial del hombre, puesto que, por un lado ese objeto conceptual no existía en la Era clásica de la Representación, y, por outro, él va a desaparecer ante la emergencia de una nueva configuración arqueológica en la época contemporânea. La finitud del hombre, de la manera como se la entiende en Las palabras y las cosas, es ella misma, finita, histórica.
This hybrid event will revolve around the concepts of independence and identity as a basis for reflecting on the current trends in Brazilian philosophy 200 years after the Country’s independence. This discussion will also focus on the theoretical, ethical, aesthetic, and political categories developed since the Modern Art Week, which took place in São Paulo in 1922. Among the themes addressed by the congress: 1) The independence and identity of Brazilian thought in relation to the modern and contemporary European philosophical tradition; 2) Brazilian philosophy in art and literature, and its current identity; 3) The public role of women and gender issues; 4) The philosophical challenges related to philosophical decolonization; 5) Cultural pluralism and indigenous identities. These topics will be presented, discussed, and deepened in an interdisciplinary perspective, thanks to the contribution of national and international experts, as well as through a mini-course on “Intellectual Independence: Art, Cinema and Literature in the classroom”. The congress aims to contribute to the achievement of an open and democratic society, as well as a pluralistic, reflective and responsible Brazilian identity for the future. The planned activities address not only the academic audience, but also the civic community in general. More information about the event (provisional programme, subscription, call for presentations) is available at the following link (https://eventum.pucpr.br/humanitasppgf).