O 2.º Visconde de Vila Maior, Júlio Máximo de Oliveira Pimentel (1809-1884), notabilizou-se por uma vida pública dedicada à promoção e defesa dos ideais liberais, aos avanços do conhecimento e ao desenvolvimento da agricultura e da...
moreO 2.º Visconde de Vila Maior, Júlio Máximo de Oliveira Pimentel (1809-1884), notabilizou-se por uma vida pública dedicada à promoção e defesa dos ideais liberais, aos avanços do conhecimento e ao desenvolvimento da agricultura e da indústria ancorado no progresso técnico e científico. O inventário orfanológico que decorre da sua morte, por ter como herdeiros os seus netos menores, permite uma melhor compreensão das condições materiais de existência e as opções de vida de uma personalidade atuante e relevante no Oitocentos português. Este texto propõe-se caracterizar o arrolamento dos bens que constam do inventário, na sua natureza e valor, enquadrando-os com o que já nos é possível reconstruir por outras vias da vida pessoal e familiar de Júlio Máximo de Oliveira Pimentel, e dessa forma contribuir para o conhecimento da sua biografia nas suas esferas privada e pública. Com esse objetivo definido, foram identificadas as circunstâncias que levaram à necessidade da organização do inventário, e o processo de constituição do Conselho de Família que supervisionou o inventário e a tutela dos menores. Foram também identificadas analiticamente as relações de bens e de responsabilidades, que permitiram traçar tanto a orientação geral sobre a composição dos bens que constam do inventário, como o quadro da situação financeira que levará, após a morte do Visconde, à necessidade urgente de realização de numerário através da venda de bens fundiários, concretizada pela licitação dos bens em hasta pública, por imperativo legal, e que este trabalho acompanhou. É possível concluir que à notoriedade pública do Visconde, alicerçada nos ideais do bem comum e no serviço público, correspondeu um desprendimento material que o inventário evidencia claramente, e que os auspícios do seu nascimento e da sua infância não adivinhavam. Grande parte do valor da herança será finalmente canalizada para a satisfação de responsabilidades anteriores e para suportar o custo do próprio processo do inventário, incluindo a realização de capital por via da venda dos bens fundiários.
The 2nd Viscount of Vila Maior, Júlio Máximo de Oliveira Pimentel (1809-1884), stood out for his public life dedicated to the promotion and defense of liberal ideals, to the advances of knowledge and the development of agriculture and industry sustained by technical and scientific progress. The probate inventory that arises from his death, having as heirs his minor grandchildren, allows a better understanding of the conditions of material existence and the life options of an active and relevant personality in the Portuguese 1800s. This paper proposes to characterize the nature and value of the assets and liabilities in the inventory and link them to what we already know of Júlio Máximo de Oliveira Pimentel’s personal and family life. And, in this way, to contribute to the knowledge of his private and public biography. We identified the circumstances of the inventory organization, and the constitution of the Family Council, a body that supervised the overall process and guardianship of minors. We also identified assets and liabilities and traced both the general orientation on how the Viscount gathered his assets during his life; and the general financial situation of the family when he died. A fragile financial situation made it urgent to carry out cash through the sale of land assets, carried out by a subsequent mandatory public auction. It is possible to conclude that the Visconde’s public notoriety, based on the ideals of the common good and the civil service, corresponded to a material detachment that the inventory clearly shows and that the auspices of his birth and childhood did not anticipate. Most of the value of his legacy had to be used to satisfy previous responsibilities and to pay for the inventory process itself.