O desenvolvimento da ressonância magnética (IRM) é um tema controverso e ilustra parte da prática... more O desenvolvimento da ressonância magnética (IRM) é um tema controverso e ilustra parte da prática científica. Analisamos artigos, livros e patentes para entender o contexto histórico da descoberta da ressonância magnética e a disputa pelo Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2003. O estudo é uma contribuição na perspectiva da História e da Filosofia da Ciência e pode avançar nos debates sobre o lado social da prática científica. Raymond Damadian, desempenhou um papel central na descoberta, mas foi excluído do prêmio. Avaliamos seu pioneirismo e o motivo de sua exclusão. Mais pesquisas sobre a descoberta do IRM são necessárias para esclarecer a discussão.
Introduction. Tinnitus is a subjective perception of sound in the absence of an external acoustic... more Introduction. Tinnitus is a subjective perception of sound in the absence of an external acoustic stimulus. It has negative behavioral feelings associated, e.g., depression, insomnia, difficulty of concentration, anxiety, irritability, and panic. The feelings impact negatively on the social and economic life of individuals. Empirical data suggest that disorders in the auditory cortex and its neural pathways give rise to abnormal spontaneous activations associated with tinnitus. Understanding the causes remains challenging. However, the current hypothesis suggests that clusters of neural networks and subnetworks are involved in tinnitus generation. Central dynamic neuroplasticity induced by a peripheral loss of auditory input can cause tinnitus noise. To date, there is no widespread consensus about the most effective therapy for treating tinnitus. Objective. To reflect on two tinnitus therapies: Tinnitus Retraining Therapy (TRT) and Transcranial Magnetic Stimulation (TMS). Method. A ...
Em Cérebro: Uma Biografia, David Eagleman propõe, de forma concisa, respostas a questões existenc... more Em Cérebro: Uma Biografia, David Eagleman propõe, de forma concisa, respostas a questões existenciais, usando evidências empíricas e experimentos neurocientíficos. Perguntas como “Quem sou eu?”, “O que é a realidade?”, Quem está no controle?”, “Como eu decido?”, “Eu preciso de você?” e “Quem vamos nos tornar?” nomeiam os capítulos e guiam as possíveis respostas. Eagleman explora cirurgias cerebrais, sociabilidade e empatia, genocídio e até a imortalidade, para concluir que o comportamento humano é criado pelo cérebro, cujo desenvolvimento resulta de fatores neurobiológicos alheios à vontade do indivíduo. O livro é informativo, mas tem contradições e corolários desconcertantes. Esta é um revisão crítica da obra.
Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria, 2021
Academic-scientific research advances with new techniques in order to understand the causes of ps... more Academic-scientific research advances with new techniques in order to understand the causes of psychopathic personality. The neuroscientist James Fallon identified in his own neuroimaging, a similar pattern of a "psychopath's brain". However, he did not present traits associated with psychopathic behavior. We analyzed his case and the concept of "psychopathy", a controversial issue that raises philosophical, psychological, biological and social discussion. Doubts about the relationship between genes and the environment persist. We evaluate the use of neuroimaging, genetic and biochemical tests in people with psychopathic traits. We recommend caution and consider that dystopian scenarios, as exposed in the movie Minority Report (2002), may not be so far from reality. Is this the future we want?
Introduction. Tinnitus is a subjective perception of sound in the absence of an external acoustic... more Introduction. Tinnitus is a subjective perception of sound in the absence of an external acoustic stimulus. It has negative behavioral feelings associated, e.g., depression, insomnia, difficulty of concentration, anxiety, irritability, and panic. The feelings impact negatively on the social and economic life of individuals. Empirical data suggest that disorders in the auditory cortex and its neural pathways give rise to abnormal spontaneous activations associated with tinnitus. Understanding the causes remains challenging. However, the current hypothesis suggests that clusters of neural networks and subnetworks are involved in tinnitus generation. Central dynamic neuroplasticity induced by a peripheral loss of auditory input can cause tinnitus noise. To date, there is no widespread consensus about the most effective therapy for treating tinnitus. Objective. To reflect on two tinnitus therapies: Tinnitus Retraining Therapy (TRT) and Transcranial Magnetic Stimulation (TMS). Method. A narrative review. Explicit and systematic criteria were not adopted in searching for the theoretical framework. Results. TMS is promising compared to TRT because TMS acts on tinnitus neural mechanisms. TRT is effective on a behavioral level since it relieves mild and moderate tinnitus' negative feelings. Conclusion. TRT does not advance on the neural source, but only on the tinnitus perception. TMS acts directly on the neural causes. Both therapies have limitations and can work for some patients. However, the effect of TMS seems more efficient, although transient.
Introduction: Vestibular disorders occur in more than 35% of adults over 40 years. The incidence ... more Introduction: Vestibular disorders occur in more than 35% of adults over 40 years. The incidence increases with age. An evident effect of vestibular dysfunction is dizziness. Patients with vestibular symptoms frequently complain about difficulties in cognitive skills (attention, memory, spatial location). Objective: To verify a possible relationship between the vestibular system and the cognitive system. Further, to examine whether physical exercising together with balance can impact positively on body balance and cognitive functions. Method: We made a literature search in July 2020 in the electronic databases. Relevant studies were identified by the criteria: papers in English, papers published between 2015 and 2020, keywords search by using the Boolean operator "AND": "vestibular system", "cognitive", "cognition", "balance training" and "exercise". Additional criteria for inclusion or exclusion: only original articles, experimental research with humans, articles that contribute to the understanding of concepts explored in the study, and articles with theoretical arguments that support or not the research. Results: Eight articles met the criteria
Resumo: Wittgenstein analisa em sua obra tardia, a relação entre regra e sua aplicação. Neste con... more Resumo: Wittgenstein analisa em sua obra tardia, a relação entre regra e sua aplicação. Neste contexto, emerge o tema sobre compreensão de regras. O autor possui uma concepção distinta da tradição no que se refere à compreensão de algo (seja uma palavra, seja uma regra). Compreender uma regra não é um fenômeno mental, mas um ato natural, uma habilidade dominada pelo treino e aplicação de uma técnica cujo critério é o comportamento público dos agentes. Em algumas partes, surge a discussão sobre uma possível lacuna entre regra e aplicação que abriu margem para interpretações equivocadas. Contudo, Wittgenstein apenas considera esta lacuna para fins de investigação, e concluí que a lacuna seria improcedente. Este artigo visa analisar o debate wittgensteiniano por meio de evidências textuais com citações selecionadas da obra tardia do autor. Defendo que Wittgenstein possui uma postura naturalista e pragmatista com relação à aplicação e compreensão de regras e que, a lacuna entre regra e compreensão é aparente e ocorreria caso se adotasse um modelo mentalista de compressão da linguagem. Palavras-chave: Mente, habilidade, técnica, seguir regras. Abstract: Wittgenstein analyses in his later works, the relation between the rule and its application. In this context, the topic of understanding emerges. The author has a particular conception of understanding that contrasts with the philosophical tradition. According to Wittgenstein, understanding is not a mental phenomenon, but it is a natural behavior, an ability mastered by means of training and the application of techniques. The criteria of understanding are the agents' public behavior. Elsewhere Wittgenstein examines a possible gap between rule and its application. This apparent split gave rise to misunderstandings. However, the gap is an illustration in order to show the nonsense of a particular conception of understanding, the so-called mentalism. In this paper I do defend that Wittgenstein's view of understanding of rules is naturalist and pragmatist and the supposed gap is unfounded and it comes about when one assumes the mentalist model of understanding. I present textual evidences by quoting selected passages from Wittgenstein later works, I tried to make explicit the author's positions concerning rule and understanding. Introdução Há pontos controversos na obra filosófica de Ludwig Wittgenstein, dentre eles, a discussão sobre o fenômeno da compreensão de regras e o agir. O tema é discutido pelo autor em diversos textos e, uma visão integrada do assunto requer consulta ao conjunto de sua obra. Contudo, a tarefa é maçante. Não obstante, tento esclarecer o tema da compreensão e regras citando
Resumo Pesquisas recentes na área de neurociência cognitiva buscam encontrar evidências que confi... more Resumo Pesquisas recentes na área de neurociência cognitiva buscam encontrar evidências que confirmem a hipótese de que as bases causais da psicopatia residem na neurobiologia. Contudo, há grande controvérsia nesta área, por exemplo, o neurocientista James Fallon, embora arbitre que a biologia (nature) seja responsável por 80% do comportamento, propõe que a psicopatia pode ser explicada pela epigenética (biossociais). Não há uma conclusão definitiva sobre qual a real causa do comportamento psicopático, embora a base neurobiológica desempenhe papel importante. Um dos problemas da associação da psicopatia com a neurobiologia se refere ao uso do neuroimageamento como evidência em favor da posição biológica, pois a neuroimagem aplicada ao estudo do comportamento social possui diversos questionamentos. Neste texto, apresentamos uma discussão sobre o tema e apontamos algumas críticas. A contribuição da neurociência cognitiva nos estudos da mente e do comportamento é inegável, porém há obstáculos a serem considerados, como o emprego de neuroimageamento para identificar bases causais de comportamentos desviantes. Palavras chaves: neurociência, epigenética, metodologia, biossocial. Abstract Recent research in cognitive neuroscience seeks to find evidences to support the hypothesis that psychopathy has biological causes. However, there is wide controversy in this area. For example, the neuroscientist James Fallon, contends that biology (nature) is responsible for 80% of behavior and proposes that psychopathy may have epigenetic (biossocial) causes. There is no conclusive evidences about the real cause of psychopathic behavior, although the neurobiological basis plays a central role. A problem associated with psychopathy and the neurobiological basis refers to the use of neuroimaging as evidence in favor of the biological position; neuroimaging applied to the study of social behavior raises several questions. In this text we present a discussion about this theme and point out some criticisms. The contribution of cognitive neuroscience to the studies of mind and behavior is undeniable, but there are some issues to be considered as the use of neuroimaging to identify causal bases of deviant behavior.
Resumo: Incógnito – As vidas secretas do cérebro é um livro de divulgação neurocientífica escrito... more Resumo: Incógnito – As vidas secretas do cérebro é um livro de divulgação neurocientífica escrito pelo neurocientista David Eagleman. O autor apresenta, de forma acessível ao público leigo, achados neurocientífi cos sobre a relação entre o comportamento consciente e o cérebro. A abordagem, apesar de introdutória ‒ devemos considerar que o livro é de divulgação científi ca −, transmite a mensagem principal, a saber: o cérebro faz coisas que não sabemos e é o responsável pelo comportamento consciente. No entanto, alguns pontos aparentemente simples possuem uma profundidade que requer discussão fi losófi ca não considerada pelo autor. O conhecimento neurocientífi co usado por Eagleman tem diversas falhas já discutidas na literatura da área. Além disso, parece prematuro defender certas posições sobre a agência humana baseada em experimentação problemática e escassa. Este texto avalia os argumentos do autor e aponta algumas difi culdades que precisam ser encaradas pelas neurociências. Palavras-chave: Neurociências. Filosofi a da ciência. Causação. Explicação científi ca. Abstract: Incognito: The secret lives of the brain, is a science book about neurosciences written by the neuroscientist David Eagleman. The
Modelos neurocognitivos têm sido propostos para investigar a consciência. O objetivo é responder ... more Modelos neurocognitivos têm sido propostos para investigar a consciência. O objetivo é responder à pergunta sobre como o cérebro é capaz de produzir estados conscientes qualitativos. Os modelos são representações teóricas baseadas em algumas pesquisas empíricas. Contudo, a questão central, aparentemente trivial para alguns autores, refere-se à representatividade e confiabilidade dos modelos, i.e., saber se são capazes de explicar como a consciência emerge de processos neurais. Esses modelos são considerados como guia no estudo científico da consciência: os modelos cognitivos de Dennett (Multiple Draft) e Baars (Global Workspace), os modelos neurobiológicos de Edelman (Dynamic Core), Dehaene et al. (Global Neuronal), de Damásio (Somatic Markers Hypothesis), e o modelo neurodinâmico (Neurodynamic Model) proposto por Freeman. O presente texto visa a analisar a coerência e a plausibilidade dos modelos, i.e., se realmente explicam a “consciência” e suas propriedades em termos neurais ou se explicam apenas mecanismos neurobiológicos subjacentes no cérebro. O objetivo é avaliar escopo e limites dos modelos além da aplicabilidade na resolução do problema da consciência.
A neurociência visa entender o funcionamento do cérebro e sua influência no comportamento conscie... more A neurociência visa entender o funcionamento do cérebro e sua influência no comportamento consciente. Alguns achados neurocientíficos indicam que processos decisórios são causados por eventos neurobiológicos. A hipótese de que o cérebro seria o real causador das ações humanas tem sido defendida por alguns neurocientistas que usam estes achados como base para argumentar contra um modelo clássico de racionalidade humana, afirmando sua equivocidade. Racionalidade e consciência seriam ilusórias. Na verdade, seriam produzidas pelo cérebro. Contudo, uma avaliação destes achados neurocientíficos evidenciará que grande parte baseia-se em experimentação insuficiente. O novo conhecimento não parece robusto o suficiente para apoiar um argumento em favor da substituição do modelo clássico de racionalidade. Este texto visa discutir a plausibilidade desta argumentação através da análise de três casos paradigmáticos da literatura neurocientífica. A proposta é estabelecer uma agenda de discussão através da filosofia da neurociência.
A neurociência visa entender o funcionamento do cérebro e sua influência no comportamento conscie... more A neurociência visa entender o funcionamento do cérebro e sua influência no comportamento consciente. Achados neurocientíficos recentes sugerem que processos decisórios são causados por eventos neurobiológicos. A partir destes achados, alguns neurocientistas “decidiram” defender a hipótese de que o cérebro seria o real causador das ações. O determinismo neural implícito sugere que “racionalidade” e “consciência” seriam ilusórias. Esta visão vai contra uma concepção clássica de racionalidade. Contudo, aceitar ou não esta nova ideia requer um tipo de racionalidade mínima capaz de estabelecer a verdade ou a falsidade das proposições, e que permite emitir juízos acerca das coisas. Além disso, o alegado novo conhecimento neurocientífico não parece robusto o suficiente para apoiar um argumento em favor da substituição da concepção clássica de racionalidade. Este texto visa discutir a plausibilidade desta argumentação através da análise de três casos paradigmáticos da literatura
neurocientífica e da proposição de um modelo de racionalidade restrita exclusiva do Homo Sapiens.
Rumos da epistemologia. Anais do VII Simpósio Internacional Principia, 2011
A explicação científica possui um caráter redutivo par excellence. As ciências especiais (em part... more A explicação científica possui um caráter redutivo par excellence. As ciências especiais (em particular as biociências), embora difiram das chamadas ciências físicas no que tange à busca por leis e preditibilidade que expliquem os fenômenos, também têm um caráter redutivo. A neurociência é uma biociência especial recente e, em linhas gerais, busca entender como o cérebro acoplado ao corpo em interação constante com o meio ambiente é capaz de produzir comportamento consciente. Em geral, a explicação na neurociência refere-se a níveis mais básicos (nível neurobiológico das macromoléculas). Todavia, há grande controvérsia na filosofia da mente sobre se a consciência é um fenômeno não-local ou é um fenômeno biológico. Independentemente disto, um novo paradigma emerge a partir das descobertas sobre o cérebro, a saber, de que estados conscientes são dependentes da base neurobiológica para ocorrer. Quê tipo de dependência é esta requer ainda mais pesquisas. Por ser uma ciência especial de caráter multidisciplinar, a neurociência, demanda um tipo especial de explicação, que em tese, deveria primar pela abordagem de níveis, visto que a neurociência consiste da união de diferentes disciplinas (psicologia, filosofia, antropologia, genética, neurofisiologia, etologia, etc.). Cada disciplina concentra-se em um aspecto do fenômeno e emprega um tipo específico de explicação segundo o nível em questão. Vale lembrar que diferentes níveis possuem propriedades únicas que, em alguns casos, estão ausentes de outros níveis, por exemplo, propriedades associadas com estados conscientes como decisão, deliberação, julgamento estético, moral, religioso, qualidades sensórias conhecidas como qualia, etc. Apesar do reconhecimento da interdisciplinaridade (ou multidisciplinaridade) deste empreendimento, muitos neurocientistas têm privilegiado apenas um nível nas explicações, a saber, o nível neurobiológico, reduzindo níveis superiores a níveis mais básicos (redução ontológica) e reduzindo teorias mais gerais, já estabelecidas, a teorias mais recentes com suposto maior poder explanatório, e.g., a redução de teorias psicológicas a teorias da biologia molecular ou da genética (redução interteórica). Uma rápida busca nas principais publicações da área revelará o tipo de explicação sendo empregada. Contudo, há dúvidas sobre se de fato este empreendimento reducionista é capaz de captar ou explicar propriedades relacionadas com o fenômeno da consciência. O objetivo deste artigo é avaliar este caso especifico.
O desenvolvimento da ressonância magnética (IRM) é um tema controverso e ilustra parte da prática... more O desenvolvimento da ressonância magnética (IRM) é um tema controverso e ilustra parte da prática científica. Analisamos artigos, livros e patentes para entender o contexto histórico da descoberta da ressonância magnética e a disputa pelo Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2003. O estudo é uma contribuição na perspectiva da História e da Filosofia da Ciência e pode avançar nos debates sobre o lado social da prática científica. Raymond Damadian, desempenhou um papel central na descoberta, mas foi excluído do prêmio. Avaliamos seu pioneirismo e o motivo de sua exclusão. Mais pesquisas sobre a descoberta do IRM são necessárias para esclarecer a discussão.
Introduction. Tinnitus is a subjective perception of sound in the absence of an external acoustic... more Introduction. Tinnitus is a subjective perception of sound in the absence of an external acoustic stimulus. It has negative behavioral feelings associated, e.g., depression, insomnia, difficulty of concentration, anxiety, irritability, and panic. The feelings impact negatively on the social and economic life of individuals. Empirical data suggest that disorders in the auditory cortex and its neural pathways give rise to abnormal spontaneous activations associated with tinnitus. Understanding the causes remains challenging. However, the current hypothesis suggests that clusters of neural networks and subnetworks are involved in tinnitus generation. Central dynamic neuroplasticity induced by a peripheral loss of auditory input can cause tinnitus noise. To date, there is no widespread consensus about the most effective therapy for treating tinnitus. Objective. To reflect on two tinnitus therapies: Tinnitus Retraining Therapy (TRT) and Transcranial Magnetic Stimulation (TMS). Method. A ...
Em Cérebro: Uma Biografia, David Eagleman propõe, de forma concisa, respostas a questões existenc... more Em Cérebro: Uma Biografia, David Eagleman propõe, de forma concisa, respostas a questões existenciais, usando evidências empíricas e experimentos neurocientíficos. Perguntas como “Quem sou eu?”, “O que é a realidade?”, Quem está no controle?”, “Como eu decido?”, “Eu preciso de você?” e “Quem vamos nos tornar?” nomeiam os capítulos e guiam as possíveis respostas. Eagleman explora cirurgias cerebrais, sociabilidade e empatia, genocídio e até a imortalidade, para concluir que o comportamento humano é criado pelo cérebro, cujo desenvolvimento resulta de fatores neurobiológicos alheios à vontade do indivíduo. O livro é informativo, mas tem contradições e corolários desconcertantes. Esta é um revisão crítica da obra.
Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria, 2021
Academic-scientific research advances with new techniques in order to understand the causes of ps... more Academic-scientific research advances with new techniques in order to understand the causes of psychopathic personality. The neuroscientist James Fallon identified in his own neuroimaging, a similar pattern of a "psychopath's brain". However, he did not present traits associated with psychopathic behavior. We analyzed his case and the concept of "psychopathy", a controversial issue that raises philosophical, psychological, biological and social discussion. Doubts about the relationship between genes and the environment persist. We evaluate the use of neuroimaging, genetic and biochemical tests in people with psychopathic traits. We recommend caution and consider that dystopian scenarios, as exposed in the movie Minority Report (2002), may not be so far from reality. Is this the future we want?
Introduction. Tinnitus is a subjective perception of sound in the absence of an external acoustic... more Introduction. Tinnitus is a subjective perception of sound in the absence of an external acoustic stimulus. It has negative behavioral feelings associated, e.g., depression, insomnia, difficulty of concentration, anxiety, irritability, and panic. The feelings impact negatively on the social and economic life of individuals. Empirical data suggest that disorders in the auditory cortex and its neural pathways give rise to abnormal spontaneous activations associated with tinnitus. Understanding the causes remains challenging. However, the current hypothesis suggests that clusters of neural networks and subnetworks are involved in tinnitus generation. Central dynamic neuroplasticity induced by a peripheral loss of auditory input can cause tinnitus noise. To date, there is no widespread consensus about the most effective therapy for treating tinnitus. Objective. To reflect on two tinnitus therapies: Tinnitus Retraining Therapy (TRT) and Transcranial Magnetic Stimulation (TMS). Method. A narrative review. Explicit and systematic criteria were not adopted in searching for the theoretical framework. Results. TMS is promising compared to TRT because TMS acts on tinnitus neural mechanisms. TRT is effective on a behavioral level since it relieves mild and moderate tinnitus' negative feelings. Conclusion. TRT does not advance on the neural source, but only on the tinnitus perception. TMS acts directly on the neural causes. Both therapies have limitations and can work for some patients. However, the effect of TMS seems more efficient, although transient.
Introduction: Vestibular disorders occur in more than 35% of adults over 40 years. The incidence ... more Introduction: Vestibular disorders occur in more than 35% of adults over 40 years. The incidence increases with age. An evident effect of vestibular dysfunction is dizziness. Patients with vestibular symptoms frequently complain about difficulties in cognitive skills (attention, memory, spatial location). Objective: To verify a possible relationship between the vestibular system and the cognitive system. Further, to examine whether physical exercising together with balance can impact positively on body balance and cognitive functions. Method: We made a literature search in July 2020 in the electronic databases. Relevant studies were identified by the criteria: papers in English, papers published between 2015 and 2020, keywords search by using the Boolean operator "AND": "vestibular system", "cognitive", "cognition", "balance training" and "exercise". Additional criteria for inclusion or exclusion: only original articles, experimental research with humans, articles that contribute to the understanding of concepts explored in the study, and articles with theoretical arguments that support or not the research. Results: Eight articles met the criteria
Resumo: Wittgenstein analisa em sua obra tardia, a relação entre regra e sua aplicação. Neste con... more Resumo: Wittgenstein analisa em sua obra tardia, a relação entre regra e sua aplicação. Neste contexto, emerge o tema sobre compreensão de regras. O autor possui uma concepção distinta da tradição no que se refere à compreensão de algo (seja uma palavra, seja uma regra). Compreender uma regra não é um fenômeno mental, mas um ato natural, uma habilidade dominada pelo treino e aplicação de uma técnica cujo critério é o comportamento público dos agentes. Em algumas partes, surge a discussão sobre uma possível lacuna entre regra e aplicação que abriu margem para interpretações equivocadas. Contudo, Wittgenstein apenas considera esta lacuna para fins de investigação, e concluí que a lacuna seria improcedente. Este artigo visa analisar o debate wittgensteiniano por meio de evidências textuais com citações selecionadas da obra tardia do autor. Defendo que Wittgenstein possui uma postura naturalista e pragmatista com relação à aplicação e compreensão de regras e que, a lacuna entre regra e compreensão é aparente e ocorreria caso se adotasse um modelo mentalista de compressão da linguagem. Palavras-chave: Mente, habilidade, técnica, seguir regras. Abstract: Wittgenstein analyses in his later works, the relation between the rule and its application. In this context, the topic of understanding emerges. The author has a particular conception of understanding that contrasts with the philosophical tradition. According to Wittgenstein, understanding is not a mental phenomenon, but it is a natural behavior, an ability mastered by means of training and the application of techniques. The criteria of understanding are the agents' public behavior. Elsewhere Wittgenstein examines a possible gap between rule and its application. This apparent split gave rise to misunderstandings. However, the gap is an illustration in order to show the nonsense of a particular conception of understanding, the so-called mentalism. In this paper I do defend that Wittgenstein's view of understanding of rules is naturalist and pragmatist and the supposed gap is unfounded and it comes about when one assumes the mentalist model of understanding. I present textual evidences by quoting selected passages from Wittgenstein later works, I tried to make explicit the author's positions concerning rule and understanding. Introdução Há pontos controversos na obra filosófica de Ludwig Wittgenstein, dentre eles, a discussão sobre o fenômeno da compreensão de regras e o agir. O tema é discutido pelo autor em diversos textos e, uma visão integrada do assunto requer consulta ao conjunto de sua obra. Contudo, a tarefa é maçante. Não obstante, tento esclarecer o tema da compreensão e regras citando
Resumo Pesquisas recentes na área de neurociência cognitiva buscam encontrar evidências que confi... more Resumo Pesquisas recentes na área de neurociência cognitiva buscam encontrar evidências que confirmem a hipótese de que as bases causais da psicopatia residem na neurobiologia. Contudo, há grande controvérsia nesta área, por exemplo, o neurocientista James Fallon, embora arbitre que a biologia (nature) seja responsável por 80% do comportamento, propõe que a psicopatia pode ser explicada pela epigenética (biossociais). Não há uma conclusão definitiva sobre qual a real causa do comportamento psicopático, embora a base neurobiológica desempenhe papel importante. Um dos problemas da associação da psicopatia com a neurobiologia se refere ao uso do neuroimageamento como evidência em favor da posição biológica, pois a neuroimagem aplicada ao estudo do comportamento social possui diversos questionamentos. Neste texto, apresentamos uma discussão sobre o tema e apontamos algumas críticas. A contribuição da neurociência cognitiva nos estudos da mente e do comportamento é inegável, porém há obstáculos a serem considerados, como o emprego de neuroimageamento para identificar bases causais de comportamentos desviantes. Palavras chaves: neurociência, epigenética, metodologia, biossocial. Abstract Recent research in cognitive neuroscience seeks to find evidences to support the hypothesis that psychopathy has biological causes. However, there is wide controversy in this area. For example, the neuroscientist James Fallon, contends that biology (nature) is responsible for 80% of behavior and proposes that psychopathy may have epigenetic (biossocial) causes. There is no conclusive evidences about the real cause of psychopathic behavior, although the neurobiological basis plays a central role. A problem associated with psychopathy and the neurobiological basis refers to the use of neuroimaging as evidence in favor of the biological position; neuroimaging applied to the study of social behavior raises several questions. In this text we present a discussion about this theme and point out some criticisms. The contribution of cognitive neuroscience to the studies of mind and behavior is undeniable, but there are some issues to be considered as the use of neuroimaging to identify causal bases of deviant behavior.
Resumo: Incógnito – As vidas secretas do cérebro é um livro de divulgação neurocientífica escrito... more Resumo: Incógnito – As vidas secretas do cérebro é um livro de divulgação neurocientífica escrito pelo neurocientista David Eagleman. O autor apresenta, de forma acessível ao público leigo, achados neurocientífi cos sobre a relação entre o comportamento consciente e o cérebro. A abordagem, apesar de introdutória ‒ devemos considerar que o livro é de divulgação científi ca −, transmite a mensagem principal, a saber: o cérebro faz coisas que não sabemos e é o responsável pelo comportamento consciente. No entanto, alguns pontos aparentemente simples possuem uma profundidade que requer discussão fi losófi ca não considerada pelo autor. O conhecimento neurocientífi co usado por Eagleman tem diversas falhas já discutidas na literatura da área. Além disso, parece prematuro defender certas posições sobre a agência humana baseada em experimentação problemática e escassa. Este texto avalia os argumentos do autor e aponta algumas difi culdades que precisam ser encaradas pelas neurociências. Palavras-chave: Neurociências. Filosofi a da ciência. Causação. Explicação científi ca. Abstract: Incognito: The secret lives of the brain, is a science book about neurosciences written by the neuroscientist David Eagleman. The
Modelos neurocognitivos têm sido propostos para investigar a consciência. O objetivo é responder ... more Modelos neurocognitivos têm sido propostos para investigar a consciência. O objetivo é responder à pergunta sobre como o cérebro é capaz de produzir estados conscientes qualitativos. Os modelos são representações teóricas baseadas em algumas pesquisas empíricas. Contudo, a questão central, aparentemente trivial para alguns autores, refere-se à representatividade e confiabilidade dos modelos, i.e., saber se são capazes de explicar como a consciência emerge de processos neurais. Esses modelos são considerados como guia no estudo científico da consciência: os modelos cognitivos de Dennett (Multiple Draft) e Baars (Global Workspace), os modelos neurobiológicos de Edelman (Dynamic Core), Dehaene et al. (Global Neuronal), de Damásio (Somatic Markers Hypothesis), e o modelo neurodinâmico (Neurodynamic Model) proposto por Freeman. O presente texto visa a analisar a coerência e a plausibilidade dos modelos, i.e., se realmente explicam a “consciência” e suas propriedades em termos neurais ou se explicam apenas mecanismos neurobiológicos subjacentes no cérebro. O objetivo é avaliar escopo e limites dos modelos além da aplicabilidade na resolução do problema da consciência.
A neurociência visa entender o funcionamento do cérebro e sua influência no comportamento conscie... more A neurociência visa entender o funcionamento do cérebro e sua influência no comportamento consciente. Alguns achados neurocientíficos indicam que processos decisórios são causados por eventos neurobiológicos. A hipótese de que o cérebro seria o real causador das ações humanas tem sido defendida por alguns neurocientistas que usam estes achados como base para argumentar contra um modelo clássico de racionalidade humana, afirmando sua equivocidade. Racionalidade e consciência seriam ilusórias. Na verdade, seriam produzidas pelo cérebro. Contudo, uma avaliação destes achados neurocientíficos evidenciará que grande parte baseia-se em experimentação insuficiente. O novo conhecimento não parece robusto o suficiente para apoiar um argumento em favor da substituição do modelo clássico de racionalidade. Este texto visa discutir a plausibilidade desta argumentação através da análise de três casos paradigmáticos da literatura neurocientífica. A proposta é estabelecer uma agenda de discussão através da filosofia da neurociência.
A neurociência visa entender o funcionamento do cérebro e sua influência no comportamento conscie... more A neurociência visa entender o funcionamento do cérebro e sua influência no comportamento consciente. Achados neurocientíficos recentes sugerem que processos decisórios são causados por eventos neurobiológicos. A partir destes achados, alguns neurocientistas “decidiram” defender a hipótese de que o cérebro seria o real causador das ações. O determinismo neural implícito sugere que “racionalidade” e “consciência” seriam ilusórias. Esta visão vai contra uma concepção clássica de racionalidade. Contudo, aceitar ou não esta nova ideia requer um tipo de racionalidade mínima capaz de estabelecer a verdade ou a falsidade das proposições, e que permite emitir juízos acerca das coisas. Além disso, o alegado novo conhecimento neurocientífico não parece robusto o suficiente para apoiar um argumento em favor da substituição da concepção clássica de racionalidade. Este texto visa discutir a plausibilidade desta argumentação através da análise de três casos paradigmáticos da literatura
neurocientífica e da proposição de um modelo de racionalidade restrita exclusiva do Homo Sapiens.
Rumos da epistemologia. Anais do VII Simpósio Internacional Principia, 2011
A explicação científica possui um caráter redutivo par excellence. As ciências especiais (em part... more A explicação científica possui um caráter redutivo par excellence. As ciências especiais (em particular as biociências), embora difiram das chamadas ciências físicas no que tange à busca por leis e preditibilidade que expliquem os fenômenos, também têm um caráter redutivo. A neurociência é uma biociência especial recente e, em linhas gerais, busca entender como o cérebro acoplado ao corpo em interação constante com o meio ambiente é capaz de produzir comportamento consciente. Em geral, a explicação na neurociência refere-se a níveis mais básicos (nível neurobiológico das macromoléculas). Todavia, há grande controvérsia na filosofia da mente sobre se a consciência é um fenômeno não-local ou é um fenômeno biológico. Independentemente disto, um novo paradigma emerge a partir das descobertas sobre o cérebro, a saber, de que estados conscientes são dependentes da base neurobiológica para ocorrer. Quê tipo de dependência é esta requer ainda mais pesquisas. Por ser uma ciência especial de caráter multidisciplinar, a neurociência, demanda um tipo especial de explicação, que em tese, deveria primar pela abordagem de níveis, visto que a neurociência consiste da união de diferentes disciplinas (psicologia, filosofia, antropologia, genética, neurofisiologia, etologia, etc.). Cada disciplina concentra-se em um aspecto do fenômeno e emprega um tipo específico de explicação segundo o nível em questão. Vale lembrar que diferentes níveis possuem propriedades únicas que, em alguns casos, estão ausentes de outros níveis, por exemplo, propriedades associadas com estados conscientes como decisão, deliberação, julgamento estético, moral, religioso, qualidades sensórias conhecidas como qualia, etc. Apesar do reconhecimento da interdisciplinaridade (ou multidisciplinaridade) deste empreendimento, muitos neurocientistas têm privilegiado apenas um nível nas explicações, a saber, o nível neurobiológico, reduzindo níveis superiores a níveis mais básicos (redução ontológica) e reduzindo teorias mais gerais, já estabelecidas, a teorias mais recentes com suposto maior poder explanatório, e.g., a redução de teorias psicológicas a teorias da biologia molecular ou da genética (redução interteórica). Uma rápida busca nas principais publicações da área revelará o tipo de explicação sendo empregada. Contudo, há dúvidas sobre se de fato este empreendimento reducionista é capaz de captar ou explicar propriedades relacionadas com o fenômeno da consciência. O objetivo deste artigo é avaliar este caso especifico.
Resumo Em Cérebro: Uma Biografia, David Eagleman propõe, de forma concisa, respostas a questões e... more Resumo Em Cérebro: Uma Biografia, David Eagleman propõe, de forma concisa, respostas a questões existenciais, usando evidências empíricas e experimentos neurocientícos. Perguntas como Quem sou eu?, O que é a realidade?, Quem está no controle?, Como eu decido?, Eu preciso de você? e Quem vamos nos tornar? nomeiam os capítulos e guiam as possíveis respostas. Eagleman explora cirurgias cerebrais, sociabilidade e empatia, genocídio e até a imortalidade, para concluir que o comportamento humano é criado pelo cérebro, cujo desenvolvimento resulta de fatores neurobiológicos alheios à vontade do indivíduo. O livro é informativo, mas tem contradições, inconsistências e corolários desconcertantes. Esta é um revisão crítica da obra.
Uploads
neurocientífica e da proposição de um modelo de racionalidade restrita exclusiva do Homo Sapiens.
neurocientífica e da proposição de um modelo de racionalidade restrita exclusiva do Homo Sapiens.