Neste artigo, examino como a articulação entre identidade nacional, gênero e raça aparece no disc... more Neste artigo, examino como a articulação entre identidade nacional, gênero e raça aparece no discurso de um grupo de brasileiros que fez seu doutorado no exterior. A partir da condição de ser estrangeiro em outro país, analiso como a identidade brasileira é percebida de forma marcada pelo gênero e pela raça, marcas estas vivenciadas de modo ambíguo. Em particular, procuro compreender o que significa afirmar, como a maioria fez, que eles não têm “aparência” de brasileiro. Em termos teóricos, está em questão a dimensão contrastiva na elaboração das identidades nacionais e o modo como o gênero e a raça são constitutivos de um tipo nacional.
Resumo O Programa de Humanização do Pré-Natal e do Nascimento (PHPN) foi instituído pelo Ministér... more Resumo O Programa de Humanização do Pré-Natal e do Nascimento (PHPN) foi instituído pelo Ministério da Saúde no Brasil em 2000, com o propósito de assegurar o respeito à mulher e ao bebê e diminuir práticas intervencionistas desnecessárias. No entanto, em narrativas de parto com mulheres usuárias do sistema privado de saúde no Rio de Janeiro, coletadas em 2016, houve pouca menção às diretrizes deste programa. A preocupação em encontrar um médico que realize parto normal e respeite as vontades da paciente está presente, mas o desenrolar do parto é entendido como confirmando ou não uma relação pessoalizada de confiança entre médico e paciente, e não como um conjunto de direitos que as parturientes têm e que os obstetras devem observar. Analiso então como este entendimento se manifesta através das categorias emotivas usadas nas narrativas.
Neste trabalho, analiso de um ponto de vista comparativo como a experiência da gravidez é afetada... more Neste trabalho, analiso de um ponto de vista comparativo como a experiência da gravidez é afetada pela rede de relações da gestante, em um contexto urbano. Em particular, analiso o papel desempenhado por maridos ou companheiros, família, amigos e médicos durante a gestação e como estas relações interferem na subjetividade das mulheres. Esta análise contrasta os estudos de Maria Isabel Almeida e de Tânia Salem, realizados na década de oitenta, com os dados de minha pesquisa de campo feita em 2008, todos com mulheres das camadas médias do Rio de Janeiro em sua primeira gestação. Com esta comparação, busco discutir como formas distintas de pensar e vivenciar estas relações, bem como as transformações corridas nos papéis de gênero na família nas últimas décadas afetam a subjetividade das mulheres estudadas, especialmente o valor dado à expressão da individualidade – suas motivações, desejos e emoções. Palavras-chave: gravidez; subjetividade; família; camadas médias In this article, I ex...
<jats:p>Partindo da ideia de que as experiências emotivas são articuladas às dinâmicas soci... more <jats:p>Partindo da ideia de que as experiências emotivas são articuladas às dinâmicas sociais e a significados culturais, a proposta deste artigo é questionar a noção de pessoa ocidental e o seu pressuposto de universalidade no que se refere às emoções, em especial o amor. Nesse sentido, indagamos se noções outras de pessoa produzem concepções distintas sobre esse sentimento. Com isso, desnaturalizamos o conceito de pessoa que é familiar nas sociedades ocidentais e, ao mesmo tempo, evidenciamos como essa categoria foi determinante para noção de amor romântico, ainda presente no senso comum ocidental, sendo ilustrado por filmes, novelas, músicas e desenhos.</jats:p>
Analiso neste artigo como a experiencia do corpo no parto e narrada por mulheres de camadas media... more Analiso neste artigo como a experiencia do corpo no parto e narrada por mulheres de camadas medias no Rio de Janeiro, tendo como eixo central de analise o modo como falam da anestesia no parto. Nos relatos dos dois grupos etarios estudados, cada parto traz uma constelacao de elementos distintos, como o momento de vida da mulher, a equipe medica e o contexto hospitalar, que produzem uma experiencia corporal particular. As referencias ao corpo vao alem da questao da dor, colocando em foco como ele se torna conhecido e manejado durante o parto. O modo de falar sobre a anestesia destaca, portanto, o tema do controle e sensacao do corpo. Assim, busco examinar aqui a articulacao entre corpo e subjetividade no modo de narrar o parto. Argumento que a vivencia do corpo e mediada nao apenas por ontologias sobre a relacao entre corpo e subjetividade, como tambem pelas interacoes com as pessoas presentes no momento do parto, atravessadas por valores morais.
Anthropológicas – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco, 2022
Partindo da ideia de que as experiências emotivas são articuladas às dinâmicas sociais e a signif... more Partindo da ideia de que as experiências emotivas são articuladas às dinâmicas sociais e a significados culturais, a proposta deste artigo é questionar a noção de pessoa ocidental e o seu pressuposto de universalidade no que se refere às emoções, em especial o amor. Nesse sentido, indagamos se noções outras de pessoa produzem concepções distintas sobre esse sentimento. Com isso, desnaturalizamos o conceito de pessoa familiar nas sociedades ocidentais e, ao mesmo tempo, evidenciamos como essa categoria foi determinante para noção de amor romântico, ainda presente no senso comum ocidental, ilustrado por filmes, novelas, músicas e desenhos.
Este artigo examina os sentimentos expressos em narrativas de cesárea na internet, em particular ... more Este artigo examina os sentimentos expressos em narrativas de cesárea na internet, em particular a culpa que levanta a questão da responsabilidade pela cirurgia. Através desta análise, discute-se as articulações entre concepções de corpo, subjetividade, maternidade e valores morais.
Resumo Neste artigo, analiso os sentidos de maternidade presentes em narrativas do parto de mulhe... more Resumo Neste artigo, analiso os sentidos de maternidade presentes em narrativas do parto de mulheres brancas heterossexuais de camadas médias do Rio de Janeiro, com idades entre 37 e 46 anos. Sobressai o investimento afetivo no planejamento do parto, muitos deles realizados a partir de uma perspectiva médica humanizada, reforçando uma visão da maternidade como projeto construído a partir de um campo de possibilidades dado por suas situações socioeconômicas, formas de conjugalidade e valores morais. O modo como o feto enquanto bebê figura nas narrativas aponta para concepções sobre o vínculo entre mãe e filho, construído e reforçado a partir de uma experiência corporal da gestação e do parto considerada necessária. Partindo dos conceitos de Velho e Ortner sobre projeto, agência e subjetividade, discuto como uma configuração subjetiva que valoriza especialmente a corporalidade da maternidade pode tensionar a agência dessas mulheres.
Resumo Em minha pesquisa sobre narrativas de parto de mulheres de camadas médias no Rio de Janeir... more Resumo Em minha pesquisa sobre narrativas de parto de mulheres de camadas médias no Rio de Janeiro, figuram muitos profissionais de saúde, bem como exames de ultrassonografia que se tornam pontos de inflexão da experiência de gravidez e parto. Neste artigo, busco entender o significado dado a estas menções no contexto das narrativas de experiências da medicalização da gravidez e parto destas mulheres. Entendo estas histórias como formas de expressão não apenas como um meio de expor a experiência, mas também como modos de estruturá-la. Proponho ver estas histórias como maneiras de articular biografias a significados culturais de pessoa, corpo, gênero e maternidade, dando, portanto, sentidos específicos às experiências de parto destas mulheres. Elas oferecem também uma compreensão da experiência do sistema médico, mostrando como as mulheres negociam sentidos de práticas e diagnósticos ao longo de suas gestações e partos.
Resumo Neste artigo, examino as emoções das narrativas de parto de duas gerações de mulheres de c... more Resumo Neste artigo, examino as emoções das narrativas de parto de duas gerações de mulheres de camadas médias no Rio de Janeiro. O modo distinto como cada grupo de mulheres conta seus partos aponta para mudanças claras na relação com o sistema de saúde e sugere diferentes percepções de maternidade e subjetividade. Ao mesmo tempo, a análise dos sentimentos expressos nas narrativas revela uma dinâmica emocional semelhante, que dá às histórias um tom de superação e põe em destaque a dimensão da agência. Discuto essas questões com base em entrevistas realizadas com mulheres de camadas médias no Rio de Janeiro, de duas faixas etárias: dos 60 aos 69 anos e dos 37 aos 46 anos. Argumento como o discurso emotivo e, de modo mais amplo, a narrativa da experiência permitem recriar vivencias e articular, por meio deles, diversos temas e valores culturais.
Neste artigo, examino como a articulação entre identidade nacional, gênero e raça aparece no disc... more Neste artigo, examino como a articulação entre identidade nacional, gênero e raça aparece no discurso de um grupo de brasileiros que fez seu doutorado no exterior. A partir da condição de ser estrangeiro em outro país, analiso como a identidade brasileira é percebida de forma marcada pelo gênero e pela raça, marcas estas vivenciadas de modo ambíguo. Em particular, procuro compreender o que significa afirmar, como a maioria fez, que eles não têm “aparência” de brasileiro. Em termos teóricos, está em questão a dimensão contrastiva na elaboração das identidades nacionais e o modo como o gênero e a raça são constitutivos de um tipo nacional.
Resumo O Programa de Humanização do Pré-Natal e do Nascimento (PHPN) foi instituído pelo Ministér... more Resumo O Programa de Humanização do Pré-Natal e do Nascimento (PHPN) foi instituído pelo Ministério da Saúde no Brasil em 2000, com o propósito de assegurar o respeito à mulher e ao bebê e diminuir práticas intervencionistas desnecessárias. No entanto, em narrativas de parto com mulheres usuárias do sistema privado de saúde no Rio de Janeiro, coletadas em 2016, houve pouca menção às diretrizes deste programa. A preocupação em encontrar um médico que realize parto normal e respeite as vontades da paciente está presente, mas o desenrolar do parto é entendido como confirmando ou não uma relação pessoalizada de confiança entre médico e paciente, e não como um conjunto de direitos que as parturientes têm e que os obstetras devem observar. Analiso então como este entendimento se manifesta através das categorias emotivas usadas nas narrativas.
Neste trabalho, analiso de um ponto de vista comparativo como a experiência da gravidez é afetada... more Neste trabalho, analiso de um ponto de vista comparativo como a experiência da gravidez é afetada pela rede de relações da gestante, em um contexto urbano. Em particular, analiso o papel desempenhado por maridos ou companheiros, família, amigos e médicos durante a gestação e como estas relações interferem na subjetividade das mulheres. Esta análise contrasta os estudos de Maria Isabel Almeida e de Tânia Salem, realizados na década de oitenta, com os dados de minha pesquisa de campo feita em 2008, todos com mulheres das camadas médias do Rio de Janeiro em sua primeira gestação. Com esta comparação, busco discutir como formas distintas de pensar e vivenciar estas relações, bem como as transformações corridas nos papéis de gênero na família nas últimas décadas afetam a subjetividade das mulheres estudadas, especialmente o valor dado à expressão da individualidade – suas motivações, desejos e emoções. Palavras-chave: gravidez; subjetividade; família; camadas médias In this article, I ex...
<jats:p>Partindo da ideia de que as experiências emotivas são articuladas às dinâmicas soci... more <jats:p>Partindo da ideia de que as experiências emotivas são articuladas às dinâmicas sociais e a significados culturais, a proposta deste artigo é questionar a noção de pessoa ocidental e o seu pressuposto de universalidade no que se refere às emoções, em especial o amor. Nesse sentido, indagamos se noções outras de pessoa produzem concepções distintas sobre esse sentimento. Com isso, desnaturalizamos o conceito de pessoa que é familiar nas sociedades ocidentais e, ao mesmo tempo, evidenciamos como essa categoria foi determinante para noção de amor romântico, ainda presente no senso comum ocidental, sendo ilustrado por filmes, novelas, músicas e desenhos.</jats:p>
Analiso neste artigo como a experiencia do corpo no parto e narrada por mulheres de camadas media... more Analiso neste artigo como a experiencia do corpo no parto e narrada por mulheres de camadas medias no Rio de Janeiro, tendo como eixo central de analise o modo como falam da anestesia no parto. Nos relatos dos dois grupos etarios estudados, cada parto traz uma constelacao de elementos distintos, como o momento de vida da mulher, a equipe medica e o contexto hospitalar, que produzem uma experiencia corporal particular. As referencias ao corpo vao alem da questao da dor, colocando em foco como ele se torna conhecido e manejado durante o parto. O modo de falar sobre a anestesia destaca, portanto, o tema do controle e sensacao do corpo. Assim, busco examinar aqui a articulacao entre corpo e subjetividade no modo de narrar o parto. Argumento que a vivencia do corpo e mediada nao apenas por ontologias sobre a relacao entre corpo e subjetividade, como tambem pelas interacoes com as pessoas presentes no momento do parto, atravessadas por valores morais.
Anthropológicas – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco, 2022
Partindo da ideia de que as experiências emotivas são articuladas às dinâmicas sociais e a signif... more Partindo da ideia de que as experiências emotivas são articuladas às dinâmicas sociais e a significados culturais, a proposta deste artigo é questionar a noção de pessoa ocidental e o seu pressuposto de universalidade no que se refere às emoções, em especial o amor. Nesse sentido, indagamos se noções outras de pessoa produzem concepções distintas sobre esse sentimento. Com isso, desnaturalizamos o conceito de pessoa familiar nas sociedades ocidentais e, ao mesmo tempo, evidenciamos como essa categoria foi determinante para noção de amor romântico, ainda presente no senso comum ocidental, ilustrado por filmes, novelas, músicas e desenhos.
Este artigo examina os sentimentos expressos em narrativas de cesárea na internet, em particular ... more Este artigo examina os sentimentos expressos em narrativas de cesárea na internet, em particular a culpa que levanta a questão da responsabilidade pela cirurgia. Através desta análise, discute-se as articulações entre concepções de corpo, subjetividade, maternidade e valores morais.
Resumo Neste artigo, analiso os sentidos de maternidade presentes em narrativas do parto de mulhe... more Resumo Neste artigo, analiso os sentidos de maternidade presentes em narrativas do parto de mulheres brancas heterossexuais de camadas médias do Rio de Janeiro, com idades entre 37 e 46 anos. Sobressai o investimento afetivo no planejamento do parto, muitos deles realizados a partir de uma perspectiva médica humanizada, reforçando uma visão da maternidade como projeto construído a partir de um campo de possibilidades dado por suas situações socioeconômicas, formas de conjugalidade e valores morais. O modo como o feto enquanto bebê figura nas narrativas aponta para concepções sobre o vínculo entre mãe e filho, construído e reforçado a partir de uma experiência corporal da gestação e do parto considerada necessária. Partindo dos conceitos de Velho e Ortner sobre projeto, agência e subjetividade, discuto como uma configuração subjetiva que valoriza especialmente a corporalidade da maternidade pode tensionar a agência dessas mulheres.
Resumo Em minha pesquisa sobre narrativas de parto de mulheres de camadas médias no Rio de Janeir... more Resumo Em minha pesquisa sobre narrativas de parto de mulheres de camadas médias no Rio de Janeiro, figuram muitos profissionais de saúde, bem como exames de ultrassonografia que se tornam pontos de inflexão da experiência de gravidez e parto. Neste artigo, busco entender o significado dado a estas menções no contexto das narrativas de experiências da medicalização da gravidez e parto destas mulheres. Entendo estas histórias como formas de expressão não apenas como um meio de expor a experiência, mas também como modos de estruturá-la. Proponho ver estas histórias como maneiras de articular biografias a significados culturais de pessoa, corpo, gênero e maternidade, dando, portanto, sentidos específicos às experiências de parto destas mulheres. Elas oferecem também uma compreensão da experiência do sistema médico, mostrando como as mulheres negociam sentidos de práticas e diagnósticos ao longo de suas gestações e partos.
Resumo Neste artigo, examino as emoções das narrativas de parto de duas gerações de mulheres de c... more Resumo Neste artigo, examino as emoções das narrativas de parto de duas gerações de mulheres de camadas médias no Rio de Janeiro. O modo distinto como cada grupo de mulheres conta seus partos aponta para mudanças claras na relação com o sistema de saúde e sugere diferentes percepções de maternidade e subjetividade. Ao mesmo tempo, a análise dos sentimentos expressos nas narrativas revela uma dinâmica emocional semelhante, que dá às histórias um tom de superação e põe em destaque a dimensão da agência. Discuto essas questões com base em entrevistas realizadas com mulheres de camadas médias no Rio de Janeiro, de duas faixas etárias: dos 60 aos 69 anos e dos 37 aos 46 anos. Argumento como o discurso emotivo e, de modo mais amplo, a narrativa da experiência permitem recriar vivencias e articular, por meio deles, diversos temas e valores culturais.
Uploads
Papers by Claudia Barcellos Rezende