Luciana M. da Silva iniciou, em maio de 2018, Pós-Doutorado em Letras - Estudos de Literatura - na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em Letras - Teoria da Literatura e Literatura Comparada - pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Doutora em Letras - Literatura de Língua Portuguesa - pela Universidade de Coimbra, em regime de cotutela (2016). Mestre em Letras - Literatura Portuguesa - pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2012) e Mestre em Letras Vernáculas - Literaturas Africanas - pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Possui graduação em Letras - Português/ Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005-2009). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Linguística, Letras e Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: insólito ficcional, estudos narrativos, gênero literário, memória, história, mundos possíveis, narrativa, teoria literária, literatura comparada, literatura portuguesa contemporânea, literatura africana contemporânea, literatura brasileira contemporânea, literatura galega contemporânea e literatura infantil-juvenil, com artigos publicados nas referentes áreas.
O escritor moçambicano Mia Couto convida seu leitor a adentrar novas e outras sendas, transportan... more O escritor moçambicano Mia Couto convida seu leitor a adentrar novas e outras sendas, transportando-se por (re)invenções da linguagem, segundo ele, mais suas, portanto, singulares. Ao produzir veredas imagéticas e caminhar por essa língua mais sua, marcada culturalmente, Mia revela um pouco de si e, também, do Outro, que está fora e dentro, compondo-o. Ao fazer isso, torna, por exemplo, perceptíveis os sentidos reticentes na escritura de O gato e o escuro, narrativa apresentada na edição brasileira como infantil, na qualum jovem gatinho,à semelhança do próprio Mia, revela sua curiosidade de caminhar pelo “outro lado”, tocando os muros que se interpõem entre o seu Eu e o (seu)Outro. O Escuro, personificado, lamenta sua condição, aparentemente invejada pelo Pintalgatinho curioso.Mas, com possibilidades mescladas e espaços de troca e hibridismo, os mundos de “lá” e “cá” se completam, do mesmo modo que as estruturas e vivências do mundo empírico e, por que não, do metaempírico, de que s...
Para Mia Couto, a mocambicanidade e hibrida, mosaico de pequenos detalhes, conjunto de varias ide... more Para Mia Couto, a mocambicanidade e hibrida, mosaico de pequenos detalhes, conjunto de varias identidades. Sua literatura transborda a natureza da linguagem literaria, num jogo duplamente ficcional, encenando a oralidade, ao subverter a parole sem ferir a langue. Recorrendo a infinidade de tracos, do ontem e do hoje, ele produz um continuo de ressignificacoes. Nos universos do enunciado e da enunciacao – dito e dizer –, a obra miacoutiana tangencia, assim, o invisivel, o inesperado, o inaudito.
A escrita de Mia Couto, na lingua oficial do Estado, apesar de nao chegar a todos os seus leitore... more A escrita de Mia Couto, na lingua oficial do Estado, apesar de nao chegar a todos os seus leitores potenciais, permite-lhe ultrapassar fronteiras, recorrendo aos Estudos Narrativos para refletir sobre os mundos ficcionais possiveis e a construcao das personagens que elabora em “lingua portuguesa”. Iluminam-se aqui dialogos entre tracos culturais latentes que se distanciam no tempo, no espaco e na falta da identidade que quer ser tradicional, conforme ele denuncia em sua prosa de ficcao e ensaistica.
Resumo: Os cenários atravessados pela manifestação do insólito têm se tornado recorrente no âmbit... more Resumo: Os cenários atravessados pela manifestação do insólito têm se tornado recorrente no âmbito das literaturas do fantástico. A personagem principal em " Teleco, o coelhinho " (RUBIÃO, 2005, p. 143-152) é um ser entre homem e animal. A narrativa pouco a pouco guia seus leitores pelo universo de um coelhinho, frágil ou intrometido? Não se sabe muito bem quais as fronteiras da convivência entre um homem e um coelho, aparentemente, i-nofensivo. O insólito irrompe dando à narrativa uma exacerbação das ações, com personagens que agem de modo inesperado, mas que no instante se-guinte são incapazes de tomar as atitudes esperadas. O coelho que se meta-morfoseia em homem, ou que almeja tornar-se um, é o mesmo que desperta a solidariedadedo outro a ponto de acolhê-lo em seu lar. Assim, a narrativa rubiana revela ao seu leitor, com maestria, uma vivência quotidiana, corri-queira, em que as pessoas buscam satisfação, porém com ela se debatem frente ao terror experimentado a partir de seus próprios dia-a-dia. Abstract: The scenarios traversed by the manifestation of the uncommonhas become the recurrent in the literatures of the fantastic. The main character in " Teleco, o coelhinho " (RUBIÃO, 2005, p. 143-152) is a being between man and animal. The narrative slowly guides its readers through the universe of a bunny, fragile or nosy? No one is quite sure about the boundaries of coexistence between a man and a rabbit apparently harmless. The uncommon breaks out giving the narrative an exacerbation of the actions, with characters who act in unexpected ways, but in the next moment are unable to make the expected attitudes. The rabbit is metamorphosed into a man, or who aspires to become one, is the same that awakens solidarity in another about to receive him into his home. Thus, ruabiana narrative reveals to its
RESUMO: A escrita de Mia Couto, na língua oficial do Estado, apesar de não chegar a todos os seus... more RESUMO: A escrita de Mia Couto, na língua oficial do Estado, apesar de não chegar a todos os seus leitores potenciais, permite-lhe ultrapassar fronteiras, recorrendo aos Estudos Narrativos para refletir sobre os mundos ficcionais possíveis e a construção das personagens que elabora em " língua portuguesa ". Iluminam-se aqui diálogos entre traços culturais latentes que se distanciam no tempo, no espaço e na falta da identidade que quer ser tradicional, conforme ele denuncia em sua prosa de ficção e ensaística. Palavras-chave: Mundos ficcionais possíveis. Estudos Narrativos. Construção das personagens. Língua portuguesa. ABSTRACT: The writing of Mia Couto, in the official language of the state, despite not reach all your potential readers, you allows to overcome borders. Resorting the Narrative Studies, to reflect on the posible worlds fictional and the construction of the characters working in portuguese language, light up here dialogues between latent cultural traits that are distant in time, in space and the lack of identity that want to be traditional, as he denounces in his prose fiction and essays.
Para Mia Couto, a moçambicanidade é híbrida, mosaico de pequenos detalhes, conjunto de várias ide... more Para Mia Couto, a moçambicanidade é híbrida, mosaico de pequenos detalhes, conjunto de várias identidades. Sua literatura transborda a natureza da linguagem literária, num jogo duplamente ficcional, encenando a oralidade, ao subverter a parole sem ferir a langue. Recorrendo a infinidade de traços, do ontem e do hoje, ele produz um contínuo de ressignificações. Nos universos do enunciado e da enunciação – dito e dizer –, a obra miacoutiana tangencia, assim, o invisível, o inesperado, o inaudito.
Resumo: O escritor moçambicano Mia Couto convida seu leitor a adentrar novas e outras sendas, tra... more Resumo: O escritor moçambicano Mia Couto convida seu leitor a adentrar novas e outras sendas, transportando-se por (re)invenções da linguagem, segundo ele, mais suas, portanto, singulares. Ao produzir veredas imagéticas e caminhar por essa língua mais sua, marcada culturalmente, Mia revela um pouco de si e, também, do Outro, que está fora e dentro, compondo-o. Ao fazer isso, torna, por exemplo, perceptíveis os sentidos reticentes na escritura de O gato e o escuro, narrativa apresentada na edição brasileira como infantil, na qual um jovem gatinho, à semelhança do próprio Mia, revela sua curiosidade de caminhar pelo " outro lado " , tocando os muros que se interpõem entre o seu Eu e o (seu) Outro. O Escuro, personificado, lamenta sua condição, aparentemente invejada pelo Pintalgatinho curioso. Mas, com possibilidades mescladas e espaços de troca e hibridismo, os mundos de " lá " e " cá " se completam, do mesmo modo que as estruturas e vivências do mundo empírico e, por que não, do metaempírico, de que se nutre o artista moçambicano. Tal se pode contemplar em seus textos de opinião, em que permite se leiam ancestralidades vivenciadas pelo sonho, imaginação, bem ao gosto do Pintalgato. Palavras-chave: literatura infantil moçambicana; narrativa moçambicana; ficção autobiográfica; Abstract: The Mozambican writer Mia Couto invites his reader to enter new and other paths, carrying up to (re) invention of language, according to him, more him, therefore, unique. By producing imagery and walking paths for that language more him, culturally marked, Mia reveals a little about himself and also the Other, which is outside and inside, making him. By doing so, he makes, for example, noticeable the reticent senses in the writing of " O gato e o escuro " , narrative presented in the Brazilian edition as childish, in which a young kitten, like Mia himself, reveals his curiosity by walking "across", touching the walls that stand between his Self and (his) Other. The " dark " , personified, laments his condition apparently envied by curious Pintalgatinho. But, with mixed possibilities and spaces for exchange and hybridity, the worlds of "there" and "here" complement themselves, the same way that the structures and experiences of the empirical world and, why not, the metaempirical, that feed the Mozambican artist. This can be contemplated in his opinion texts, which allows to read ancestries lived by the dream, imagination, and the taste of Pintalgato.
RESUMO: O presente trabalho pretendeu cruzar dois tipos de narrativas, observando suas idiossincr... more RESUMO: O presente trabalho pretendeu cruzar dois tipos de narrativas, observando suas idiossincrasias, e destacar o modo como o insólito irrompe na ficção. É evidente que as narrativas têm em comum os elementos autóctones e a configuração conflitante, a que estão submetidas suas personagens; porém, mesmo com traços que permitem um entrelaçamento dos espaços onde são formuladas, tanto a história de O labirinto do fauno quanto de A varanda do frangipani não apresentam semelhanças diretas entre os seres míticos de que lançam mão para cunhar seus relatos. Tais seres mágicos irrompem insolitamente e com origens diversas, sem confrontarem a realidade posta. Palavras-chave: Insólito Ficcional. Narrativa. Personagem. ABSTRACT: The present study intended to cross two types of narrative, observing their idiosyncrasies, and to detach the mode with the uncanny burst in fiction. It is evident that narratives have in common autochthonous elements and the conflicting configuration, that his characters are submitted; however, even with traces that allow an intermingling of spaces where they are made, both the story of Pan's Labyrinth and Under the frangipani have no direct similarities between the mythical creatures who resort to coin their relates. These magical creatures burst and uncannily diverse origins, without confronting the reality put.
O trânsito entre nações e os conflitos por ele gerados são diálogos comuns na atualidade. Em Moça... more O trânsito entre nações e os conflitos por ele gerados são diálogos comuns na atualidade. Em Moçambique, o processo de configuração de nação/nacionalidade não ocorre de modo diferente. Ali, tem-se, porém, um agravante denunciado por Mia Couto – tanto em sua ficção, quanto em seus textos de opinião –, que se refere a diversidades de origem, até mesmo àquelas de foro linguístico – nesse caso, além da multiplicidade de línguas aborígenes, verifica-se, ainda, uma intravariedade na realização da língua portuguesa, que o escritor explora em suas “brincriações”. Nessa perspectiva, pode-se ler A varanda do frangipani, de Mia Couto, à luz dos conceitos de hibridismo, fronteiras e trânsitos – formação constitutiva do caráter de ruptura da obra, devido à irrupção do insólito ficcional, no campo fronteiriço da cultura. Mia Couto exercita uma escrita contra-hegemônica, sustentada no jogo intercambiante do olhar – quem, de onde, para onde, com que intenção, com que estratos de formação sociocultural olha e o que olha.
O presente trabalho tem por objeto a narrativa A varanda do frangipani (2007), de Mia Couto. Nele... more O presente trabalho tem por objeto a narrativa A varanda do frangipani (2007), de Mia Couto. Nele, almeja-se, confrontando os diversos traços que compõem a narrativa, discorrer a respeito da constituição da memória, traço que percorre todo o texto. Mergulhando nas origens das personagens, ao travar contato com seus relatos, o narrador-personagem permite-se entretecer diálogos entre o ontem e o hoje, através da capacidade de ouvir, sendo testemunha das testemunhas de um tempo. Assim, ao tomarem-se as reflexões sobre a memória como paradigma, é possível pensar em uma literatura carregada de mistério e vestígios a serem desvendados ou revelados, como ocorre com a investigação na narrativa mencionada. A mistura de elementos, que compõem as narrativas, acaba propondo novos olhares sobre o mundo do entorno, transformando o sólito em insólito, ao formarem-se como obras embebidas em um animismo telúrico, próprio à crença, em um plano auxiliar paralelo, descrito pelos asilados. O movimento de idas e vindas, concretizado no interior da narrativa, dificulta a pacífica investigação empreendida pela personagem Izidine Naíta, que não consegue desvendar pacificamente os insólitos mistérios da varanda, por acabar neles imerso. Em uma narrativa marcada por uma constante imersão em fluxos de consciência, tem-se a convivência harmônica entre os realia e os mirabilia.
O estudo das literaturas do insólito tem alcançado importante espaço de desenvolvimento na contem... more O estudo das literaturas do insólito tem alcançado importante espaço de desenvolvimento na contemporaneidade, versando sobre textos que tratam das dimensões do real, exacerbando-as com a exaltação de uma hiper-realidade conflituosa e conflitante, em que ações e espaços e tempos contribuem para a instalação e manutenção do insólito. As narrativas do escritor português Mário de Carvalho são um exemplo de literatura que leva à reflexão acerca do instante evanescente da narração insólita. Com base na irrupção do insólito ficcional, percebe-se a composição textual movediça sendo desencadeada pelas “histórias” acerca da água, que invade e inunda o mundo das personagens. O escritor, em “Casos do Beco das Sardinheiras” (2008, p.9-86), apresenta dentre outras duas narrativas que têm como eixo central o aparecimento inaudito da água, são elas: “A torneira” (2008, p.43-48) e “Chuva ao domicílio” (2008, p.61-64). Frente às manifestações insólitas derivadas dos caminhos incomuns do elemento água, as personagens buscam, esperam e transformam-se, notando que a água modifica seu “Beco” – cenário de configuração espaciotemporal –, seus caminhos, mas, por fim, caem no conformismo da abundância (in)explicada da água, recorrente nessa coletânea de contos do autor.
O presente trabalho tem por objetivo discorrer a respeito do percurso insólito empreendido por Mi... more O presente trabalho tem por objetivo discorrer a respeito do percurso insólito empreendido por Mia Couto para compor uma narrativa multifacetada e permeada por eventos incomuns. Pretende-se, primariamente, analisar os elementos constituintes da ficção selecionada, buscando-se demonstrar de que forma o autor constrói suas narrativas, revelando pouco a pouco as ocorrências extraordinárias, como traços usuais. Em uma narrativa híbrida e permeada por acontecimentos que oscilam entre o sólito e o insólito, há uma neutralização que acaba por naturalizar o que extrapola o comum, o corriqueiro. O fantástico apresenta-se, dessa forma, como um constructo possível a partir de um discurso insólito “que coloca em discussão a lógica da realidade compreendida como real” (JOZEF, 2006, p. 215). O homem miacoutiano, por sua vez, estabelece uma relação com esse mundo subvertido, com essa lógica em discussão, tornando o mundo aparentemente insólito sólito ao permitir que esse homem vivencie realidades diversificadas.
: “A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho”, by the portuguese writer Mário de Carvalho, can b... more : “A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho”, by the portuguese writer Mário de Carvalho, can be read as one representative contemporaneous aspect of new fantastic discourses that, using the strategies of narrative construction that are uphold in the uncommon manifestations, is related to the historiographical metafiction, questioning the oficial historical registers and denuding the values of a chaotic society, that lives in crisis, because the rational and logical certainties, solid and consistent matter of real-naturalistic literary sistem, has lost its status quo. Thereby, this contemporaneous author revisits the past and actualizes the present, intending to the future.
O escritor moçambicano Mia Couto convida seu leitor a adentrar novas e outras sendas, transportan... more O escritor moçambicano Mia Couto convida seu leitor a adentrar novas e outras sendas, transportando-se por (re)invenções da linguagem, segundo ele, mais suas, portanto, singulares. Ao produzir veredas imagéticas e caminhar por essa língua mais sua, marcada culturalmente, Mia revela um pouco de si e, também, do Outro, que está fora e dentro, compondo-o. Ao fazer isso, torna, por exemplo, perceptíveis os sentidos reticentes na escritura de O gato e o escuro, narrativa apresentada na edição brasileira como infantil, na qualum jovem gatinho,à semelhança do próprio Mia, revela sua curiosidade de caminhar pelo “outro lado”, tocando os muros que se interpõem entre o seu Eu e o (seu)Outro. O Escuro, personificado, lamenta sua condição, aparentemente invejada pelo Pintalgatinho curioso.Mas, com possibilidades mescladas e espaços de troca e hibridismo, os mundos de “lá” e “cá” se completam, do mesmo modo que as estruturas e vivências do mundo empírico e, por que não, do metaempírico, de que s...
Para Mia Couto, a mocambicanidade e hibrida, mosaico de pequenos detalhes, conjunto de varias ide... more Para Mia Couto, a mocambicanidade e hibrida, mosaico de pequenos detalhes, conjunto de varias identidades. Sua literatura transborda a natureza da linguagem literaria, num jogo duplamente ficcional, encenando a oralidade, ao subverter a parole sem ferir a langue. Recorrendo a infinidade de tracos, do ontem e do hoje, ele produz um continuo de ressignificacoes. Nos universos do enunciado e da enunciacao – dito e dizer –, a obra miacoutiana tangencia, assim, o invisivel, o inesperado, o inaudito.
A escrita de Mia Couto, na lingua oficial do Estado, apesar de nao chegar a todos os seus leitore... more A escrita de Mia Couto, na lingua oficial do Estado, apesar de nao chegar a todos os seus leitores potenciais, permite-lhe ultrapassar fronteiras, recorrendo aos Estudos Narrativos para refletir sobre os mundos ficcionais possiveis e a construcao das personagens que elabora em “lingua portuguesa”. Iluminam-se aqui dialogos entre tracos culturais latentes que se distanciam no tempo, no espaco e na falta da identidade que quer ser tradicional, conforme ele denuncia em sua prosa de ficcao e ensaistica.
Resumo: Os cenários atravessados pela manifestação do insólito têm se tornado recorrente no âmbit... more Resumo: Os cenários atravessados pela manifestação do insólito têm se tornado recorrente no âmbito das literaturas do fantástico. A personagem principal em " Teleco, o coelhinho " (RUBIÃO, 2005, p. 143-152) é um ser entre homem e animal. A narrativa pouco a pouco guia seus leitores pelo universo de um coelhinho, frágil ou intrometido? Não se sabe muito bem quais as fronteiras da convivência entre um homem e um coelho, aparentemente, i-nofensivo. O insólito irrompe dando à narrativa uma exacerbação das ações, com personagens que agem de modo inesperado, mas que no instante se-guinte são incapazes de tomar as atitudes esperadas. O coelho que se meta-morfoseia em homem, ou que almeja tornar-se um, é o mesmo que desperta a solidariedadedo outro a ponto de acolhê-lo em seu lar. Assim, a narrativa rubiana revela ao seu leitor, com maestria, uma vivência quotidiana, corri-queira, em que as pessoas buscam satisfação, porém com ela se debatem frente ao terror experimentado a partir de seus próprios dia-a-dia. Abstract: The scenarios traversed by the manifestation of the uncommonhas become the recurrent in the literatures of the fantastic. The main character in " Teleco, o coelhinho " (RUBIÃO, 2005, p. 143-152) is a being between man and animal. The narrative slowly guides its readers through the universe of a bunny, fragile or nosy? No one is quite sure about the boundaries of coexistence between a man and a rabbit apparently harmless. The uncommon breaks out giving the narrative an exacerbation of the actions, with characters who act in unexpected ways, but in the next moment are unable to make the expected attitudes. The rabbit is metamorphosed into a man, or who aspires to become one, is the same that awakens solidarity in another about to receive him into his home. Thus, ruabiana narrative reveals to its
RESUMO: A escrita de Mia Couto, na língua oficial do Estado, apesar de não chegar a todos os seus... more RESUMO: A escrita de Mia Couto, na língua oficial do Estado, apesar de não chegar a todos os seus leitores potenciais, permite-lhe ultrapassar fronteiras, recorrendo aos Estudos Narrativos para refletir sobre os mundos ficcionais possíveis e a construção das personagens que elabora em " língua portuguesa ". Iluminam-se aqui diálogos entre traços culturais latentes que se distanciam no tempo, no espaço e na falta da identidade que quer ser tradicional, conforme ele denuncia em sua prosa de ficção e ensaística. Palavras-chave: Mundos ficcionais possíveis. Estudos Narrativos. Construção das personagens. Língua portuguesa. ABSTRACT: The writing of Mia Couto, in the official language of the state, despite not reach all your potential readers, you allows to overcome borders. Resorting the Narrative Studies, to reflect on the posible worlds fictional and the construction of the characters working in portuguese language, light up here dialogues between latent cultural traits that are distant in time, in space and the lack of identity that want to be traditional, as he denounces in his prose fiction and essays.
Para Mia Couto, a moçambicanidade é híbrida, mosaico de pequenos detalhes, conjunto de várias ide... more Para Mia Couto, a moçambicanidade é híbrida, mosaico de pequenos detalhes, conjunto de várias identidades. Sua literatura transborda a natureza da linguagem literária, num jogo duplamente ficcional, encenando a oralidade, ao subverter a parole sem ferir a langue. Recorrendo a infinidade de traços, do ontem e do hoje, ele produz um contínuo de ressignificações. Nos universos do enunciado e da enunciação – dito e dizer –, a obra miacoutiana tangencia, assim, o invisível, o inesperado, o inaudito.
Resumo: O escritor moçambicano Mia Couto convida seu leitor a adentrar novas e outras sendas, tra... more Resumo: O escritor moçambicano Mia Couto convida seu leitor a adentrar novas e outras sendas, transportando-se por (re)invenções da linguagem, segundo ele, mais suas, portanto, singulares. Ao produzir veredas imagéticas e caminhar por essa língua mais sua, marcada culturalmente, Mia revela um pouco de si e, também, do Outro, que está fora e dentro, compondo-o. Ao fazer isso, torna, por exemplo, perceptíveis os sentidos reticentes na escritura de O gato e o escuro, narrativa apresentada na edição brasileira como infantil, na qual um jovem gatinho, à semelhança do próprio Mia, revela sua curiosidade de caminhar pelo " outro lado " , tocando os muros que se interpõem entre o seu Eu e o (seu) Outro. O Escuro, personificado, lamenta sua condição, aparentemente invejada pelo Pintalgatinho curioso. Mas, com possibilidades mescladas e espaços de troca e hibridismo, os mundos de " lá " e " cá " se completam, do mesmo modo que as estruturas e vivências do mundo empírico e, por que não, do metaempírico, de que se nutre o artista moçambicano. Tal se pode contemplar em seus textos de opinião, em que permite se leiam ancestralidades vivenciadas pelo sonho, imaginação, bem ao gosto do Pintalgato. Palavras-chave: literatura infantil moçambicana; narrativa moçambicana; ficção autobiográfica; Abstract: The Mozambican writer Mia Couto invites his reader to enter new and other paths, carrying up to (re) invention of language, according to him, more him, therefore, unique. By producing imagery and walking paths for that language more him, culturally marked, Mia reveals a little about himself and also the Other, which is outside and inside, making him. By doing so, he makes, for example, noticeable the reticent senses in the writing of " O gato e o escuro " , narrative presented in the Brazilian edition as childish, in which a young kitten, like Mia himself, reveals his curiosity by walking "across", touching the walls that stand between his Self and (his) Other. The " dark " , personified, laments his condition apparently envied by curious Pintalgatinho. But, with mixed possibilities and spaces for exchange and hybridity, the worlds of "there" and "here" complement themselves, the same way that the structures and experiences of the empirical world and, why not, the metaempirical, that feed the Mozambican artist. This can be contemplated in his opinion texts, which allows to read ancestries lived by the dream, imagination, and the taste of Pintalgato.
RESUMO: O presente trabalho pretendeu cruzar dois tipos de narrativas, observando suas idiossincr... more RESUMO: O presente trabalho pretendeu cruzar dois tipos de narrativas, observando suas idiossincrasias, e destacar o modo como o insólito irrompe na ficção. É evidente que as narrativas têm em comum os elementos autóctones e a configuração conflitante, a que estão submetidas suas personagens; porém, mesmo com traços que permitem um entrelaçamento dos espaços onde são formuladas, tanto a história de O labirinto do fauno quanto de A varanda do frangipani não apresentam semelhanças diretas entre os seres míticos de que lançam mão para cunhar seus relatos. Tais seres mágicos irrompem insolitamente e com origens diversas, sem confrontarem a realidade posta. Palavras-chave: Insólito Ficcional. Narrativa. Personagem. ABSTRACT: The present study intended to cross two types of narrative, observing their idiosyncrasies, and to detach the mode with the uncanny burst in fiction. It is evident that narratives have in common autochthonous elements and the conflicting configuration, that his characters are submitted; however, even with traces that allow an intermingling of spaces where they are made, both the story of Pan's Labyrinth and Under the frangipani have no direct similarities between the mythical creatures who resort to coin their relates. These magical creatures burst and uncannily diverse origins, without confronting the reality put.
O trânsito entre nações e os conflitos por ele gerados são diálogos comuns na atualidade. Em Moça... more O trânsito entre nações e os conflitos por ele gerados são diálogos comuns na atualidade. Em Moçambique, o processo de configuração de nação/nacionalidade não ocorre de modo diferente. Ali, tem-se, porém, um agravante denunciado por Mia Couto – tanto em sua ficção, quanto em seus textos de opinião –, que se refere a diversidades de origem, até mesmo àquelas de foro linguístico – nesse caso, além da multiplicidade de línguas aborígenes, verifica-se, ainda, uma intravariedade na realização da língua portuguesa, que o escritor explora em suas “brincriações”. Nessa perspectiva, pode-se ler A varanda do frangipani, de Mia Couto, à luz dos conceitos de hibridismo, fronteiras e trânsitos – formação constitutiva do caráter de ruptura da obra, devido à irrupção do insólito ficcional, no campo fronteiriço da cultura. Mia Couto exercita uma escrita contra-hegemônica, sustentada no jogo intercambiante do olhar – quem, de onde, para onde, com que intenção, com que estratos de formação sociocultural olha e o que olha.
O presente trabalho tem por objeto a narrativa A varanda do frangipani (2007), de Mia Couto. Nele... more O presente trabalho tem por objeto a narrativa A varanda do frangipani (2007), de Mia Couto. Nele, almeja-se, confrontando os diversos traços que compõem a narrativa, discorrer a respeito da constituição da memória, traço que percorre todo o texto. Mergulhando nas origens das personagens, ao travar contato com seus relatos, o narrador-personagem permite-se entretecer diálogos entre o ontem e o hoje, através da capacidade de ouvir, sendo testemunha das testemunhas de um tempo. Assim, ao tomarem-se as reflexões sobre a memória como paradigma, é possível pensar em uma literatura carregada de mistério e vestígios a serem desvendados ou revelados, como ocorre com a investigação na narrativa mencionada. A mistura de elementos, que compõem as narrativas, acaba propondo novos olhares sobre o mundo do entorno, transformando o sólito em insólito, ao formarem-se como obras embebidas em um animismo telúrico, próprio à crença, em um plano auxiliar paralelo, descrito pelos asilados. O movimento de idas e vindas, concretizado no interior da narrativa, dificulta a pacífica investigação empreendida pela personagem Izidine Naíta, que não consegue desvendar pacificamente os insólitos mistérios da varanda, por acabar neles imerso. Em uma narrativa marcada por uma constante imersão em fluxos de consciência, tem-se a convivência harmônica entre os realia e os mirabilia.
O estudo das literaturas do insólito tem alcançado importante espaço de desenvolvimento na contem... more O estudo das literaturas do insólito tem alcançado importante espaço de desenvolvimento na contemporaneidade, versando sobre textos que tratam das dimensões do real, exacerbando-as com a exaltação de uma hiper-realidade conflituosa e conflitante, em que ações e espaços e tempos contribuem para a instalação e manutenção do insólito. As narrativas do escritor português Mário de Carvalho são um exemplo de literatura que leva à reflexão acerca do instante evanescente da narração insólita. Com base na irrupção do insólito ficcional, percebe-se a composição textual movediça sendo desencadeada pelas “histórias” acerca da água, que invade e inunda o mundo das personagens. O escritor, em “Casos do Beco das Sardinheiras” (2008, p.9-86), apresenta dentre outras duas narrativas que têm como eixo central o aparecimento inaudito da água, são elas: “A torneira” (2008, p.43-48) e “Chuva ao domicílio” (2008, p.61-64). Frente às manifestações insólitas derivadas dos caminhos incomuns do elemento água, as personagens buscam, esperam e transformam-se, notando que a água modifica seu “Beco” – cenário de configuração espaciotemporal –, seus caminhos, mas, por fim, caem no conformismo da abundância (in)explicada da água, recorrente nessa coletânea de contos do autor.
O presente trabalho tem por objetivo discorrer a respeito do percurso insólito empreendido por Mi... more O presente trabalho tem por objetivo discorrer a respeito do percurso insólito empreendido por Mia Couto para compor uma narrativa multifacetada e permeada por eventos incomuns. Pretende-se, primariamente, analisar os elementos constituintes da ficção selecionada, buscando-se demonstrar de que forma o autor constrói suas narrativas, revelando pouco a pouco as ocorrências extraordinárias, como traços usuais. Em uma narrativa híbrida e permeada por acontecimentos que oscilam entre o sólito e o insólito, há uma neutralização que acaba por naturalizar o que extrapola o comum, o corriqueiro. O fantástico apresenta-se, dessa forma, como um constructo possível a partir de um discurso insólito “que coloca em discussão a lógica da realidade compreendida como real” (JOZEF, 2006, p. 215). O homem miacoutiano, por sua vez, estabelece uma relação com esse mundo subvertido, com essa lógica em discussão, tornando o mundo aparentemente insólito sólito ao permitir que esse homem vivencie realidades diversificadas.
: “A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho”, by the portuguese writer Mário de Carvalho, can b... more : “A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho”, by the portuguese writer Mário de Carvalho, can be read as one representative contemporaneous aspect of new fantastic discourses that, using the strategies of narrative construction that are uphold in the uncommon manifestations, is related to the historiographical metafiction, questioning the oficial historical registers and denuding the values of a chaotic society, that lives in crisis, because the rational and logical certainties, solid and consistent matter of real-naturalistic literary sistem, has lost its status quo. Thereby, this contemporaneous author revisits the past and actualizes the present, intending to the future.
The current research analises A varanda do frangipani (2007), by the Mozambican writter Mia Couto... more The current research analises A varanda do frangipani (2007), by the Mozambican writter Mia Couto, highlighting marks of a memory that, to meet the past, aims to connect its bonding to the present. Such memory reveals us the perspective of a writer that has made overflow the daily tragedies, plunging into the conflictive past of an ex-colonial fortress's residents. It happens when it is reivented a space that oscillates between the freedom and the imprisonment. Connecting the “past” and the “present”, the text revitalizes the structures of the world in a process of deletion, emphasizing the way in which the characters establish amalgam relationships in the current world. In this narrative, it presents the conflicts resulting from the war, emerging in memories that have been sileced in other moments. The author presents us the conflictive relationship, in which the characters have resided a fortress and have suffered the greatest deprivation that were resulted of their residence and misfortune that are around them. Witness of History, they narrate their own lives and, in the fine line between imagination and fact, that permits to rejoin the fragments of their relates in the water of memory.
Figuração de personagens e mundos possíveis insólitos, 2018
Configuração dos processos de ficcionalidade. Cabe à
personagem a primazia da armação desses mund... more Configuração dos processos de ficcionalidade. Cabe à personagem a primazia da armação desses mundos que ela habita, transitando em tempo e espaço e sofrendo ou exercendo as ações narradas. Assim, como produção ou como produto a relação entre cada personagem com o universo narrativo determina o conjunto de tipos de modelo de mundo que competem para configuração do mundo possível ficcional que se sobreleva como cenário. A constituição de mundos possíveis narrativos envolve um conjunto de estratégias presentes nos modelos de construção de mundos, designando modos e sentidos próprios na forma com que o ficcionista engendra sua produção ficcional...
A presente pesquisa percorre os interiores de uma fortaleza colonial, cenário de A varanda do fra... more A presente pesquisa percorre os interiores de uma fortaleza colonial, cenário de A varanda do frangipani, do escritor moçambicano Mia Couto. Nessa obra, o autor estabelece com o leitor um pacto ficcional (ECO, 1994) e o convida a iluminar-se com as diversas micro-narrativas que traçam um paralelo entre o ontem e o hoje de uma varanda que protege e aprisiona. O narrador convoca o narratário e relata a história de personagens que vivem uma realidade paradoxal. Assim, o estudo da estrutura textual de Mia Couto possibilita que se percebam as novas sendas do fantástico na contemporaneidade, apontando para um modo próprio e apropriado de dar a ver os múltiplos sentidos de sua terra, à medida que reelabora os diálogos com o fantástico em seus novos matizes.
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Papers by Luciana M . da Silva
como obras embebidas em um animismo telúrico, próprio à crença, em um plano auxiliar paralelo, descrito pelos asilados. O movimento de idas e vindas, concretizado no interior da narrativa, dificulta a pacífica investigação empreendida pela personagem Izidine Naíta, que não consegue desvendar
pacificamente os insólitos mistérios da varanda, por acabar neles imerso. Em uma narrativa marcada por uma constante imersão em fluxos de consciência, tem-se a convivência harmônica entre os realia e os mirabilia.
mas, por fim, caem no conformismo da abundância (in)explicada da água, recorrente nessa coletânea de contos do autor.
discussão a lógica da realidade compreendida como real” (JOZEF, 2006, p. 215). O homem miacoutiano, por sua vez, estabelece uma relação com esse mundo subvertido, com essa
lógica em discussão, tornando o mundo aparentemente insólito sólito ao permitir que esse homem vivencie realidades diversificadas.
discourses that, using the strategies of narrative construction that are uphold in the uncommon manifestations, is related to the historiographical metafiction, questioning the oficial historical registers and denuding the values of a chaotic society, that lives in crisis, because the rational and logical certainties, solid and consistent matter of real-naturalistic literary sistem, has lost its status quo. Thereby, this contemporaneous author revisits the past and actualizes the present, intending to the future.
como obras embebidas em um animismo telúrico, próprio à crença, em um plano auxiliar paralelo, descrito pelos asilados. O movimento de idas e vindas, concretizado no interior da narrativa, dificulta a pacífica investigação empreendida pela personagem Izidine Naíta, que não consegue desvendar
pacificamente os insólitos mistérios da varanda, por acabar neles imerso. Em uma narrativa marcada por uma constante imersão em fluxos de consciência, tem-se a convivência harmônica entre os realia e os mirabilia.
mas, por fim, caem no conformismo da abundância (in)explicada da água, recorrente nessa coletânea de contos do autor.
discussão a lógica da realidade compreendida como real” (JOZEF, 2006, p. 215). O homem miacoutiano, por sua vez, estabelece uma relação com esse mundo subvertido, com essa
lógica em discussão, tornando o mundo aparentemente insólito sólito ao permitir que esse homem vivencie realidades diversificadas.
discourses that, using the strategies of narrative construction that are uphold in the uncommon manifestations, is related to the historiographical metafiction, questioning the oficial historical registers and denuding the values of a chaotic society, that lives in crisis, because the rational and logical certainties, solid and consistent matter of real-naturalistic literary sistem, has lost its status quo. Thereby, this contemporaneous author revisits the past and actualizes the present, intending to the future.
personagem a primazia da armação desses mundos que ela habita,
transitando em tempo e espaço e sofrendo ou exercendo as ações
narradas. Assim, como produção ou como produto a relação entre
cada personagem com o universo narrativo determina o conjunto de
tipos de modelo de mundo que competem para configuração do
mundo possível ficcional que se sobreleva como cenário. A
constituição de mundos possíveis narrativos envolve um conjunto de
estratégias presentes nos modelos de construção de mundos,
designando modos e sentidos próprios na forma com que o
ficcionista engendra sua produção ficcional...
Disponível em
http://www.dialogarts.uerj.br/admin/arquivos_tfc_literatura/Figura%C3%A7%C3%A3o_de_personagens_s04.pdf