Anais doIII Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014, 2014
O município de Muqui, localizado no sul do Estado do Espírito Santo, possui o maior acervo arqu... more O município de Muqui, localizado no sul do Estado do Espírito Santo, possui o maior acervo arquitetônico tombado em nível estadual com edifícios em estilo Eclético e Art Déco. O sítio possui referências urbanísticas relevantes, assim como, rica inserção paisagística. No ano de 2008 foi elaborado o Levantamento Histórico e Diagnóstico Urbanístico do Sítio Histórico de Muqui, no âmbito do IPHAN. Objetiva-se apresentar neste artigo os aspectos abordados neste estudo e apresentar o casario histórico de Muqui, problematizando os critérios e instrumentos de preservação, proteção e gestão do sítio histórico no âmbito estadual e federal, tendo em vista a relevância deste acervo para o estado do Espírito Santo.
Anais do 3 Congresso da História da Construção Luso-brasileira, 2019
O presente artigo tem como objetivo apresentar as recentes reflexões teóricas acerca da tipolog... more O presente artigo tem como objetivo apresentar as recentes reflexões teóricas acerca da tipologia arquitetônica adotada no projeto do Forte de São Francisco Xavier da Barra, conhecido também como Forte de Piratininga. O estudo aprofunda o tema de nossas pesquisas sobre a atuação dos agentes modeladores atuantes na América Portuguesa, notadamente os engenheiros militares, com ênfase na capitania do Espírito Santo. Assim, os estudos têm uma importante contribuição, pois, a partir do aprofundamento das pesquisas sobre a tratadística militar será possível avaliar a excepcionalidade da tipologia do único forte ainda existente no Espírito Santo. Serão investigados os princípios teóricos da Engenharia Militar, utilizados na elaboração do projeto do Forte São Francisco Xavier da Barra (c. Século XVII), e as possíveis influências dos projetos do Forte de São Lourenço da Cabeça Seca, ou do Bugio (c. Século XVI, Oieiras, Portugal); Forte de Nossa Senhora das Mêrces, em Belém, Brasil (Século XVII); do Forte de São Marcelo, ou de Nossa Senhora do Pópulo, em Salvador, Bahia, Brasil (Século XVII). A historiografia atribui o projeto do Forte do Bugio, elaborado em 1590, ao engenheiro militar e arquiteto italiano frei Giovanni Vicenzo Casale, que adotou a forma circular em sua planta. O Forte de Piratininga foi um dos principais elementos defensivos da capitania do Espírito Santo, tendo sua construção se iniciado ainda no Século XVI, como uma pequena bateria edificada em taipa. Sua construção em formato circular teria começado no Século XVII, e seu projeto poderia ter sofrido influência maior dos fortes do Bugio e de São Marcelo. No Século XVIII foi reformado várias vezes. No Século XX foi reformulado e abriga ainda hoje funções associadas às atividades do 380 Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro e configura-se como um bem cultural relevante para a história da Engenharia Militar no Brasil.
O objetivo do artigo foi investigar a participação da Igreja Católica na
conformação dos núcleos... more O objetivo do artigo foi investigar a participação da Igreja Católica na
conformação dos núcleos urbanos coloniais, tendo como objeto de estudo a
Vila de Nossa Senhora da Vitória, sede da capitania do Espírito Santo, no
período de 1535 até 1765, observando o principal agente modelador do
espaço, a Companhia de Jesus.
AtAs do IV Congresso InternACIonAl do BArroCo ÍBero-AmerICAno, 2008
A pesquisa sobre a Vila da Vitória foi objeto de estudo nas pesquisas de mestra- do e doutoramen... more A pesquisa sobre a Vila da Vitória foi objeto de estudo nas pesquisas de mestra- do e doutoramento (SOUZA, 2000; SOUZA, 2005). O estudo da história urbana de Vitória na longa duração considerou ao longo destes anos, a análise de seus aspectos geográficos, econômicos, sociais, políticos-administrativos, do universo mental, da cultura material, do imaginário e, da morfologia do território. Os aspectos citados ofereceram subsídios para uma série de análises dos elementos morfológicos que definiram a estruturação de seu espaço urbano nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX2.
Além de todas estas contribuições, não podemos deixar de citar a importante contribuição da história pela inovação que ocorreu em seu aparato conceitual no século XX, e que foi preponderante no aprofundamento nas pesquisas sobre as cidades (LE GOFF, 998; LEPETIT, 200 ). Logo, a análise da forma urbana da Vila da Vitória, no período supra citado, refleete os diferentes fenômenos e valores, as transformações e as possíveis e diferentes formas de urbanização que este espaço pode ter assumido.
Para além destas considerações, a história urbana, com seus conceitos-chave, abriu várias possibilidades de se problematizar as cidades na longa duração. Conforme a afirma Burguière ( 998), para a antropologia histórica, no campo do universo mental, os resultados das pesquisas foram mais fecundas a partir da adoção do conceito de mentalidade, sem encerrá-lo num campo puramente psicológico, e se procurou detectar nestes estudos “[...] as expressões mais anódinas, menos formuladas, da vida cultural: as crenças populares, os ritos que impregnavam a vida cotidiana ou se prendem à vida religiosa” (p. 48), entre outros aspectos.
Assim, através do recorte teórico deste conceito-chave, i.e., da história do imaginário, foi possível abarcar o campo da experiência humana e focar o conjunto das representações, ou seja, o imaginário de cada sociedade em diferentes níveis de complexidade. Através da arte, por exemplo, pode-se identificar como o processo de cristianização do Novo Mundo influenciou no estabelecimento de uma estrutura social e de um sistema de representações aliado ao projeto colonial nas Américas. Um dos exemplos mais significativos da formação de um conjunto de valores culturais e sociais, que se tornaram representativos no território ultramarino americano, foi a atuação da Companhia de Jesus no processo de conversão dos povos indígenas e de viabilização do projeto colonial nas povoações dos colonos. Tendo iniciado suas atividades em 549, os jesuítas organizaram de forma sistemática os espaços de suas igrejas, das aldeias e, foram elementos de destaque dos conjuntos urbanos onde se instalaram. Atuaram através da educação, do teatro, da música, da carpintaria, en m, através de diversas manifestações artísticas e, foram, até sua expulsão, o principal canal de transmissão da cultura européia para a América (SOUZA, 2000). Foram, portanto, os jesuítas a expressão máxima do sentido da colonização, no colo, no cultus e em culturus (BOSI, 1996), tendo sido o Auto da Vila da Vitória um exemplo paradigmático deste processo na Capitania do Espírito Santo.
Revista Architecton: Revista de Arquitetura e Urbanismo (Faculdade Damas), 2021
O artigo aborda o uso de podcasts e plataformas digitais, tais como o Instagram®, como ferramenta... more O artigo aborda o uso de podcasts e plataformas digitais, tais como o Instagram®, como ferramentas inovadoras para a comunicação de conteúdos didáticos-científicos durante a pandemia da Covid-19. O uso destas ferramentas foi feito por docentes e discentes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Brasil. A partir da formação de grupo de estudos, criado no março de 2020, e coordenado pela professora Dra. Luciene Pessotti, reunindo as professoras Dra. Liziane Jorge, Dra. Flávia Botechia, as alunas Paula Pinto Huhn de Azevedo, Jessica Costa, Cecilia Torezani e Rebeca Tavares iniciaram-se as atividades. O grupo foi denominado Andança® e objetivou divulgar o conteúdo de seus debates através de plataformas digitais e de podcasts. O uso de podcasts com conteúdos didáticos-científicos tem sido usado antes mesmo da pandemia do novo coronavírus, em cursos de diferentes áreas de conhecimento. Pesquisas recentes apresentam resultados satisfatórios destas ferramentas. O grupo Andança® refletiu e divulgou os impactos da pandemia do SARS-CoV-2 no contexto da arquitetura e urbanismo a partir do debate de artigos científicos, livros e projetos de pesquisa. Serão apresentados os temas abordados nos episódios de podcasts, o alcance e perfil de ouvintes. Reflete-se, ainda, a importância e resultados da interação professor/alunos nos processos contemporâneos de ensino-aprendizagem.
REVISTA ARCHITETON: Revista de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Damas, 2021
O presente artigo aborda os recentes resultados da pesquisa de pós-doutoramento, ora em andamento... more O presente artigo aborda os recentes resultados da pesquisa de pós-doutoramento, ora em andamento. O tema investigado é a influência da matriz erudita do urbanismo português na posse e defesa do território colonial, tendo como instrumentos a implantação de vilas e cidades e a construção de elementos defensivos. O objeto de estudo é a Capitania do Espírito Santo, seu território e as duas primeiras vilas seiscentistas, notadamente, a sua sede, a Vila de Nossa Senhora de Vitória. Analisa-se a atuação dos engenheiros militares através do projeto do Forte de São Francisco Xavier da Barra, ou Piratininga, cuja tipologia arquitetônica é semelhante ao Forte de São Marcelo, Bahia, e cuja matriz projetual é o Forte do Bugio, Oieiras, Portugal. Os recentes estudos demonstram que mesmo em vilas onde a Coroa Portuguesa não atuava diretamente com intervenções e projetos, as referências eruditas eram adotadas.
LIVRO - URBANISMO COLONIAL Vilas e cidades de matriz portuguesa, 2009
A presente publicação é, em parte, fruto dos trabalhos desenvolvidos durante o ‘I Seminário d... more A presente publicação é, em parte, fruto dos trabalhos desenvolvidos durante o ‘I Seminário do Urbanismo Colonial no Espírito Santo. Vila da Vitória: por uma perspectiva urbana’; evento este que foi realizado nas dependências da Universidade Federal do Espírito Santo, na cidade de Vitória, nos dias 24 e 25 de junho de 2008 e que foi organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da UFES.
Dissemos acima ‘em parte’ porque importantes pesquisadores, tanto portugueses como brasileiros, convidados pela organização, mas que não tiveram condições, pelos mais distintos motivos, de estarem pre- sentes no evento, enviaram também contribuições para enriquecer esta nossa publicação nal.
O Seminário do Urbanismo Colonial no Espírito Santo, evento cientí- co aberto à comunidade - mas com apresentações de trabalhos restri- tas a convidados - propõe-se a ser, anualmente, um fórum nacional de discussão da construção da cidade e do espaço urbano português, em especial - mas não apenas - o daquele produzido no período da expan- são portuguesa ultramarina.
A participação destes autores no evento e na publicação dá-se, sobre- tudo, em virtude da contribuição que suas pesquisas nos últimos anos têm colaborado para a re exão da formação urbana nos territórios de cultura portuguesa.
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Ao promover este evento que se conclui agora com a publicação desta obra, o Programa de Pós-Graduação em Artes da UFES, através de seu curso de Mestrado, Linha de Pesquisa em Patrimônio e Cultura, objetiva contribuir para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas en- tre pesquisadores portugueses e brasileiros, de condições estimulantes para incremento da formação graduada e pós-graduada.
Gostaríamos de agradecer expressamente o apoio que tivemos das agências de fomento a nível regional e nacional, sem as quais o evento e a publicação deste livro não teriam sido possíveis, são elas: FACITEC (Fundo de Apoio à Ciência e Tecnologia do Município de Vitória); FAPES (Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Espírito Santo) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su- perior). Contamos também com a gentil colaboração da 21° Regional do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Espírito Santo. Por último, não poderíamos deixar de estender também nossos agradecimentos aos alunos e funcionários que trabalharam para que o evento fosse o sucesso que acabou sendo.
Vitória, dezembro de 2008.
Luciene Pessotti de Souza e Nelson Pôrto Ribeiro. (organizadores)
ANAIS DO Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU), 2017, 2017
Nas últimas décadas foram implementados na Colômbia e no Chile ações que objetivavam a integ... more Nas últimas décadas foram implementados na Colômbia e no Chile ações que objetivavam a integração do Desenho Urbano com a segurança pública.
Os critérios de Desenho Urbano adotados foram os da teoria da Prevenção do Crime através do Design Ambiental (CPTED), cujas estratégias são ferramentas de planejamento dos espaços aplicadas para sua segurança.
Objetiva-se abordar o tema da segurança cidadã e aproximar exemplos da realidade do Brasil com os países citados. No Brasil, os investimentos na redução da criminalidade se dá prioritariamente por meio da repressão policial, quando deveria combiná-los aos massivos investimentos no setor social – a verdadeira raiz do problema.
A pesquisa de pós-doutoramento aborda o bairro de São Torquato, localizado no município de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, Brasil. O bairro possui alto índice de violência. Desenvolveu-se para o local estudos de Desenho Urbano, com os critérios do CPTED, visando transformá-lo em um local mais seguro.
Anais doSeminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU), 2017, 2017
O tema do estudo é a preservação da Paisagem Cultural apresenta-se enquanto inovador e ensejar a ... more O tema do estudo é a preservação da Paisagem Cultural apresenta-se enquanto inovador e ensejar a proteção do patrimônio cultural. O artigo apresenta como questões problematizadas para a proteção legal do patrimônio ambiental urbano de Muqui, situado na região sul do estado do Espírito Santo, Brasil, incluindo os elementos de sua Paisagem Cultural. O maior acervo municipal de ambientes urbanos, urbanos e paisísticos tombado no Espírito, fruto da relação dos ambientes rurais e urbanos. O túmulo do Sítio Histórico de Muqui em nível estadual foi um importante marco na preservação do patrimônio cultural do Espírito Santo. Cabe uma reflexão nacional para entender porque não se deu o seu túmulo em nível e como a noção de Paisagem Interferiu cultural nesse processo.
O âmbito deste estudo é a preservação da Paisagem Cultural como forma inovadora de liderar a proteção e gestão do património cultural. Este artigo apresenta alguns elementos para discutir questões relacionadas à proteção jurídica do patrimônio ambiental urbano de Muqui, localizado na região Sul do estado do Espírito Santo, Brasil, incluindo elementos da Paisagem Cultural. Muqui possui o maior patrimônio arquitetônico, urbano e paisagístico rural protegido em nível estadual no Espírito Santo, devido à relação entre o meio rural e urbano. O patrimônio histórico de Muqui em nível estadual foi um marco importante na preservação do patrimônio cultural capixaba.
Anais do Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU), 2014, 2014
A pesquisa de pós-doutoramento desenvolvida entre 2009/2011 abordou a temática do Patrimônio C... more A pesquisa de pós-doutoramento desenvolvida entre 2009/2011 abordou a temática do Patrimônio Cultural Urbano e sua relação com a paisagem cultural. Teve-se como objeto de estudo a Cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, que foi fundada em 1551 e passou por diversas transformações. O tema visa refletir sobre o Patrimônio Ambiental de Vitória, ou seja, as rupturas e permanências do traçado colonial na contemporaneidade e pressupõe a abordagem sobre a formação urbana da primitiva sede da capitania do Espírito Santo, Brasil, na longa duração, e sobre os processos que influenciaram em sua configuração espacial e paisagística.
Além disto, esta reflexão permitiu constatar quais as permanências urbanas da antiga vila na cidade de hoje, isto é, o que na contemporaneidade constitui o patrimônio ambiental urbano de Vitória, suas origens e referências.
A noção de patrimônio ambiental abordada na pesquisa está relacionada ao processo de construção cultural, constantemente transformada pela interação do homem com seu habitat. Este processo de acumulação sucessiva é denominado de construção cultural.
Anais do Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU), 2020, 2020
A forma urbana de origem portuguesa teve duas matrizes, vernacular, herdeira da tradição lusita... more A forma urbana de origem portuguesa teve duas matrizes, vernacular, herdeira da tradição lusitana de fundar cidades; e erudita, relacionada ao conhecimento teórico do Renascimento. Entretanto, estudiosos do urbanismo português, incluindo a Expansão, afirmam que as cidades fundadas neste processo são uma síntese destas duas matrizes. A Vila da Nossa Senhora da Vitória, sede da Capitania do Espírito Santo, teve na sua formação e consolidação influência destas matrizes. Os principais agentes modeladores do seu espaço foram a Coroa Portuguesa, através da atuação da Engenharia Militar, e a Igreja Católica, com a participação das ordens religiosas. Entre os séculos XVI e XVIII a morfologia urbana da vila foi consolidada sob as diretrizes do urbanismo de colina, com influência da dimensão religiosa. A partir do Século XVIII, sob a atuação dos engenheiros militares, o espaço urbano militariza-se. Cabe refletir permanências e rupturas da matriz vernacular após a intervenção dos engenheiros militares.
Anais do Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU), 2020, 2020
O artigo visa apresentar as recentes reflexões teóricas sobre a posse, defesa e reordenamento ... more O artigo visa apresentar as recentes reflexões teóricas sobre a posse, defesa e reordenamento do território da Capitania do Espírito Santo nos séculos XVII e XVIII após a descoberta do ouro. Conjectura-se que neste período houve o reordenamento da rede urbana na capitania. Ressalta-se a atuação da Engenharia Militar, notadamente nos levantamentos e projetos, em especial o trabalho do Engenheiro Militar José Antônio Caldas. No bojo destas transformações politico-administrativas cita-se as alterações e reestruturação do desenho urbano da sede da capitania, a Vila da Vitória, e de um dos principais portos, a Vila de São Mateus.
A tese problematiza a participação da Igreja Católica na formação dos núcleos urbanos colon... more A tese problematiza a participação da Igreja Católica na formação dos núcleos urbanos coloniais, com ênfase na Vila da Vitória, então sede da Capitania do Espírito Santo, durante o período que compreende o século XVI ao XIX. Sob esta perspectiva teórica elabora-se uma revisão dos pressupostos teórico-metodológicos do campo de conhecimento da história urbana, área de conhecimento onde se insere a pesquisa. Busca-se também refletir a produção científica da história urbana no Brasil ao procurar mensurar o papel da Igreja Católica e das ordens religiosas nestas conformações espaciais. Com o objetivo de entender o conjunto de referências que constituíram as diretrizes urbanísticas lusitanas, analisam-se os principais antecedentes históricos da formação urbana de Portugal e as primeiras experiências urbanísticas do Reino na Restauração. Além destes fundamentos, considera-se também, a longa experiência da Igreja Católica na apropriação dos espaços das cidades na longa duração; com especial atenção à transposição de elementos da simbologia cristã aos espaços urbanos, que auxiliaram no entendimento e na análise da participação das ordens religiosas na apropriação e configuração do espaço urbano colonial. Por último, procura-se analisar a formação urbana da Vila da Vitória na longa duração, considerando-se os pressupostos teóricos que norteiam as pesquisas de história urbana, identificando os principais agentes modeladores de seu espaço, os principais fenômenos ligados a sua conformação urbana, tendo como objetivo analisar o papel que a Igreja Católica teve na estruturação deste espaço.
Anais do I Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica, 2009
No campo de conhecimento da história urbana, i.e., no âmbito do estudo das cidades, a análise ... more No campo de conhecimento da história urbana, i.e., no âmbito do estudo das cidades, a análise dos fenômenos que determinam ou influenciam na conformação espacial na longa duração permite uma maior reflexão sobre as permanências e rupturas. Ou seja, a partir do referencial teórico proposto por Fernand Braudel (1986) é possível realizar uma análise das estruturas, i.e., daquilo que muda lentamente; das conjunturas, i.e., dos fatores que possibilitaram inovações que influenciaram ou determinaram na transcendência das antigas injunções; e, por fim, dos acontecimentos, as rupturas ou o restabelecimento do equilíbrio estrutural.
Neste sentido, a pesquisa sobre a Vila da Vitória é um estudo de história urbana que considera a análise de fenômenos geográficos, da morfologia do território, de fatores econômicos, sociais, político- administrativos. Estas variáveis são, portanto, imprescindíveis para subsidiar a análise dos elementos morfológicos, principalmente os elementos de defesa, que definiram a estruturação do espaço urbano de Vitória ao longo dos séculos XVI ao XIX, para melhor mensurar sua importância na posse e defesa de uma porção do território luso na América.
As fundações dos séculos XVI e XVII realizadas pelos povos europeus na África, Ásia, América, sobretudo os portugueses, não seguiram o mesmo modelo, sendo que uma parte significativa dessas fundações constituiu a base para a consolidação de uma rede urbana. As fundações deste período inicial na América Portuguesa tiveram um caráter de garantir a posse através da criação de uma rede de vilas e cidades estrategicamente implantadas na costa, ainda que, em alguns casos, esta intenção não tenha vingado. Na dispersão desta primeira fase constatam-se estes casos e o estudo destas formações urbanas esbarra, na maioria das vezes, em dificuldades de encontrar fontes documentais que auxiliam no desenvolvimento de pesquisas que ajudam a esclarecer as continuidades e descontinuidades morfológicas de suas fases de urbanização, com ênfase, no período colonial.
No que tange a historiografia capixaba há um consenso dos pesquisadores sobre a produção historiográfica que versa sobre o Espírito Santo. Segundo alguns autores as tendências da historiografia brasileira no século XIX em privilegiar a micro-história, se refletiu na perspectiva do estudo local. Como resultado houve um esforço para tentar mudar o quadro historiográfico sobre a Capitania do Espírito Santo cujas obras concentram-se, ainda, na área política, sendo pouco os estudos nos setores sócio-econômicos. Logo, quando a temática se refere a análise das transformações urbanas em Vitória, constatamos que poucos são as obras que versam sobre uma abordagem de sua estrutura morfológica. As pesquisas realizadas sobre este tema, sendo grande parte desenvolvida por arquitetos, defendem, em sua maioria, que a configuração espacial de Vitória no período colonial foi resultado de uma prática urbanística cuja raiz está no período medieval, i.e., e apóiam-se na lógica conceitual e teórica do desleixo versus ordem, afirmando, portanto, que a cidade foi estruturada e cresceu sem nenhum tipo de planejamento.
A defesa da capitania do Espírito Santo esteve durante o período colonial atrelada a defesa de sua sede, primeiramente a Vila do Espírito Santo, e posteriormente, na Vila da Vitória, tendo sido a transferência da sede do poder local se dado por motivos de defesa. A defesa da costa espírito- santense era extremamente importante, tendo em vista, que em sua extensão geográfica estava localizada a região onde no século XVII se descobriu o ouro, a região das minas gerais, que compreendia parte desta capitania.
Assim, o tema ora abordado, i.e., a importância da Vila da Vitória na defesa da costa da América Portuguesa no período colonial, principalmente após a descoberta e exploração do ouro, é de relevante importância e ainda não foi abordado em profundidade em artigos, monografias ou teses, mas, é necessário refleti-lo. Além disto, deve-se considerar que os portugueses não iriam contar somente com as características geográficas para assegurar a segurança da região e da vila que era a sede do poder local.
As características do sítio de implantação da Vila da Vitória e da região circundante favoreceram a defesa, mas, por si só não eram suficientes. O canal da baía de Vitória é permeado por uma seqüência progressiva de morros, pequeninas praias, imponentes contrafortes de granito, e as encostas dos morros eram cobertas por densa cobertura vegetal, o que confundiu muitos navegadores causando diversos acidentes.
Pela escolha de localização dos fortins, baterias, e trincheiras do século XVI, XVII e XVIII é possível concluir que estes locais foram escolhidos desde o inicio da ocupação para garantir a defesa da região, inicialmente localizados na vizinhança da Vila do Espírito Santo, e posteriormente, na vizinhança da Vila Nova ou Vila da Vitória. Somente no século XVI a capitania, nas imediações das povoações lusitanas, foi atacada pelos franceses quatro vezes (1551, 1558, 1561, 1567), o que demonstra a importância de ter se estabelecido no local elementos de defesa.
Assim, cabe ressaltar as diferentes formas que os donatários e, especialmente, a Coroa Portuguesa intervieram na Vila da Vitória, inclusive em seu espaço urbano, com o intuito de militarizar uma das principais vias de acesso a Capitania de Minas Gerais no século XVIII.
Para tanto, foram enviados para a Vila da Vitória no século XVIII os engenheiros militares Nicolau Abreu de Carvalho e José Antônio Caldas, sendo que, este último elaborou o primeiro levantamento da vila no período colonial e fez um projeto de defesa para o local, incluindo projeto de fortalezas. Estes documentos cartográficos e projetos constituem os mais valiosos documentos de fonte primária sobre a sede da capitania do Espírito Santo do período citado.
Nosso objetivo é demonstrar as principais características morfológicas da Vila da Vitória e sua área de vizinhança, considerando a importância da morfologia do território, para a defesa de um dos principais pontos estratégicos da América Portuguesa, visto que a capitania do Espírito Santo localizava-se entre as capitanias do Rio de Janeiro e da Bahia, importantes centros de defesa no período.
Neste sentido, foram elaboradas peças gráficas em ambiente digital (AUTOCAD) a partir dos levantamentos e projetos de José Antônio Caldas, bem como, utilizaram-se também estes levantamentos, para melhor compreender e mensurar a importância da Vila da Vitória na defesa territorial da América Portuguesa.
Anais do Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU) 2020, 2020
O artigo problematiza as implicações das rupturas socioespaciais impostas aos moradores de Bent... more O artigo problematiza as implicações das rupturas socioespaciais impostas aos moradores de Bento Rodrigues, Mariana (MG), em consequência do rompimento da Barragem de Rejeitos de Fundão (nov/2015), da empresa Samarco Mineradora. Através de uma abordagem histórico-crítica demonstra-se que o processo de formação da sociedade brasileira perpetua a condição de subserviência da economia nacional à economia externa. Problematiza-se se o crime ambiental atesta complexos indícios conjuntu- rais que evidenciam a implantação de um ciclo necrocapitalista e neoliberofacista, onde as classes me- nos favorecidas têm seus direitos negados. Analisa-se a importância da memória, história e identidade e os novos parâmetros da gestão do patrimônio cultural e das politicas públicas no processo de proteção legal de Bento Rodrigues enquanto Sítio de Memória Sensível. Analisa-se, ainda, a narrativa dos atingi- dos pelo crime ambiental visando expor a realidade de uma nova vida a eles imposta.
Anais do 4º Simpósio Científico do ICOMOS Brasil, 2021
A cidade de Vitória, primitiva sede da Capitania do Espírito Santo, surgiu de um povoamento dat... more A cidade de Vitória, primitiva sede da Capitania do Espírito Santo, surgiu de um povoamento datado de meados do Século XVI. Suas características morfológicas remetem-se a tradição vernacular portuguesa de construir cidades, notadamente, o urbanismo de colina. A organização do espaço urbano teve, também, forte influência da Igreja Católica, através da atuação da Companhia de Jesus, com importantes elementos simbólicos da tradição cristã. Para alcançar seus objetivos os jesuítas implantaram-se no primitivo platô que deu origem a cidade com os princípios do landmarking, ou seja, almejavam ser o principal marco no território e na paisagem urbana. Tais influências resultaram em um espaço urbano singular que teve as primeiras alterações no início do Século XX. Pretende-se abordar as principais referências da proto-vila e sua relação com o território, a partir de suas características geomorfológica, sua evolução urbana, identificando os principais elementos morfológicos do espaço e da paisagem. Considerando que a Vila da Vitória teve seu primeiro levantamento realizado pelo engenheiro militar José Antônio Caldas, em 1765, incluindo a perspectiva elaborada com câmera escura, instrumento considerado de imensa precisão no período, objetiva-se analisar suas características a partir desta fonte primária. Para analisar a evolução urbana serão apresentados mapas conjecturais, ou mapas temáticos de síntese, elaborados a partir de fontes primárias e secundárias, com vistas a identificar as principais permanências do patrimônio ambiental urbano de Vitória de matriz vernacular portuguesa.
O artigo apresenta resultados de investigações sobre a Capitania do Espírito Santo, notadament... more O artigo apresenta resultados de investigações sobre a Capitania do Espírito Santo, notadamente, a Vila de Nossa Senhora da Vitória, sua sede administrativa. Nas pesquisas elaboradas nas últimas décadas revisamos inúmeros documentos de fonte primária e secundária sob à luz de novas abordagens teórico-metodológicas que permitiram investigações mais profundas acerca das formações urbanas coloniais. Tais abordagens foram se consolidando desde a segundo metade do Século XX e vêm contribuindo para a reflexão da formação urbana no Brasil. Neste sentido objetivamos explorar questões de caráter teórico-metodológicos; relativas a investigação, leitura e interpretação de documentos; bem como, demonstrar que uma revisão critica dos documentos à luz de novas perspectivas teóricas permitiu uma revisão na escrita da história urbana da Capitania do Espírito Santo, com ênfase nas duas primeiras vilas.
A cidade luso-brasileira e seus construtores, 2021
Livro organizado com capítulos escritos por algumas das maiores autoridades no estudo da cidade p... more Livro organizado com capítulos escritos por algumas das maiores autoridades no estudo da cidade portuguesa na América, traçando desde os aspectos morfológicos propriamente ditos do traçado dessas primitivas cidades no século XVI até o desenvolvimento dos aspectos simbólicos da apropriação dos espaços urbanos pela elite social monárquica. Também veremos reconstruções conjecturais finamente deduzidas através de uma documentação primária inédita da cidade assim como de uma cartografia primorosa e pouco conhecida e aspectos até então pouco trabalhados relacionados ao tradicional colorístico dos volumes urbanos portugueses.
Anais doIII Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014, 2014
O município de Muqui, localizado no sul do Estado do Espírito Santo, possui o maior acervo arqu... more O município de Muqui, localizado no sul do Estado do Espírito Santo, possui o maior acervo arquitetônico tombado em nível estadual com edifícios em estilo Eclético e Art Déco. O sítio possui referências urbanísticas relevantes, assim como, rica inserção paisagística. No ano de 2008 foi elaborado o Levantamento Histórico e Diagnóstico Urbanístico do Sítio Histórico de Muqui, no âmbito do IPHAN. Objetiva-se apresentar neste artigo os aspectos abordados neste estudo e apresentar o casario histórico de Muqui, problematizando os critérios e instrumentos de preservação, proteção e gestão do sítio histórico no âmbito estadual e federal, tendo em vista a relevância deste acervo para o estado do Espírito Santo.
Anais do 3 Congresso da História da Construção Luso-brasileira, 2019
O presente artigo tem como objetivo apresentar as recentes reflexões teóricas acerca da tipolog... more O presente artigo tem como objetivo apresentar as recentes reflexões teóricas acerca da tipologia arquitetônica adotada no projeto do Forte de São Francisco Xavier da Barra, conhecido também como Forte de Piratininga. O estudo aprofunda o tema de nossas pesquisas sobre a atuação dos agentes modeladores atuantes na América Portuguesa, notadamente os engenheiros militares, com ênfase na capitania do Espírito Santo. Assim, os estudos têm uma importante contribuição, pois, a partir do aprofundamento das pesquisas sobre a tratadística militar será possível avaliar a excepcionalidade da tipologia do único forte ainda existente no Espírito Santo. Serão investigados os princípios teóricos da Engenharia Militar, utilizados na elaboração do projeto do Forte São Francisco Xavier da Barra (c. Século XVII), e as possíveis influências dos projetos do Forte de São Lourenço da Cabeça Seca, ou do Bugio (c. Século XVI, Oieiras, Portugal); Forte de Nossa Senhora das Mêrces, em Belém, Brasil (Século XVII); do Forte de São Marcelo, ou de Nossa Senhora do Pópulo, em Salvador, Bahia, Brasil (Século XVII). A historiografia atribui o projeto do Forte do Bugio, elaborado em 1590, ao engenheiro militar e arquiteto italiano frei Giovanni Vicenzo Casale, que adotou a forma circular em sua planta. O Forte de Piratininga foi um dos principais elementos defensivos da capitania do Espírito Santo, tendo sua construção se iniciado ainda no Século XVI, como uma pequena bateria edificada em taipa. Sua construção em formato circular teria começado no Século XVII, e seu projeto poderia ter sofrido influência maior dos fortes do Bugio e de São Marcelo. No Século XVIII foi reformado várias vezes. No Século XX foi reformulado e abriga ainda hoje funções associadas às atividades do 380 Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro e configura-se como um bem cultural relevante para a história da Engenharia Militar no Brasil.
O objetivo do artigo foi investigar a participação da Igreja Católica na
conformação dos núcleos... more O objetivo do artigo foi investigar a participação da Igreja Católica na
conformação dos núcleos urbanos coloniais, tendo como objeto de estudo a
Vila de Nossa Senhora da Vitória, sede da capitania do Espírito Santo, no
período de 1535 até 1765, observando o principal agente modelador do
espaço, a Companhia de Jesus.
AtAs do IV Congresso InternACIonAl do BArroCo ÍBero-AmerICAno, 2008
A pesquisa sobre a Vila da Vitória foi objeto de estudo nas pesquisas de mestra- do e doutoramen... more A pesquisa sobre a Vila da Vitória foi objeto de estudo nas pesquisas de mestra- do e doutoramento (SOUZA, 2000; SOUZA, 2005). O estudo da história urbana de Vitória na longa duração considerou ao longo destes anos, a análise de seus aspectos geográficos, econômicos, sociais, políticos-administrativos, do universo mental, da cultura material, do imaginário e, da morfologia do território. Os aspectos citados ofereceram subsídios para uma série de análises dos elementos morfológicos que definiram a estruturação de seu espaço urbano nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX2.
Além de todas estas contribuições, não podemos deixar de citar a importante contribuição da história pela inovação que ocorreu em seu aparato conceitual no século XX, e que foi preponderante no aprofundamento nas pesquisas sobre as cidades (LE GOFF, 998; LEPETIT, 200 ). Logo, a análise da forma urbana da Vila da Vitória, no período supra citado, refleete os diferentes fenômenos e valores, as transformações e as possíveis e diferentes formas de urbanização que este espaço pode ter assumido.
Para além destas considerações, a história urbana, com seus conceitos-chave, abriu várias possibilidades de se problematizar as cidades na longa duração. Conforme a afirma Burguière ( 998), para a antropologia histórica, no campo do universo mental, os resultados das pesquisas foram mais fecundas a partir da adoção do conceito de mentalidade, sem encerrá-lo num campo puramente psicológico, e se procurou detectar nestes estudos “[...] as expressões mais anódinas, menos formuladas, da vida cultural: as crenças populares, os ritos que impregnavam a vida cotidiana ou se prendem à vida religiosa” (p. 48), entre outros aspectos.
Assim, através do recorte teórico deste conceito-chave, i.e., da história do imaginário, foi possível abarcar o campo da experiência humana e focar o conjunto das representações, ou seja, o imaginário de cada sociedade em diferentes níveis de complexidade. Através da arte, por exemplo, pode-se identificar como o processo de cristianização do Novo Mundo influenciou no estabelecimento de uma estrutura social e de um sistema de representações aliado ao projeto colonial nas Américas. Um dos exemplos mais significativos da formação de um conjunto de valores culturais e sociais, que se tornaram representativos no território ultramarino americano, foi a atuação da Companhia de Jesus no processo de conversão dos povos indígenas e de viabilização do projeto colonial nas povoações dos colonos. Tendo iniciado suas atividades em 549, os jesuítas organizaram de forma sistemática os espaços de suas igrejas, das aldeias e, foram elementos de destaque dos conjuntos urbanos onde se instalaram. Atuaram através da educação, do teatro, da música, da carpintaria, en m, através de diversas manifestações artísticas e, foram, até sua expulsão, o principal canal de transmissão da cultura européia para a América (SOUZA, 2000). Foram, portanto, os jesuítas a expressão máxima do sentido da colonização, no colo, no cultus e em culturus (BOSI, 1996), tendo sido o Auto da Vila da Vitória um exemplo paradigmático deste processo na Capitania do Espírito Santo.
Revista Architecton: Revista de Arquitetura e Urbanismo (Faculdade Damas), 2021
O artigo aborda o uso de podcasts e plataformas digitais, tais como o Instagram®, como ferramenta... more O artigo aborda o uso de podcasts e plataformas digitais, tais como o Instagram®, como ferramentas inovadoras para a comunicação de conteúdos didáticos-científicos durante a pandemia da Covid-19. O uso destas ferramentas foi feito por docentes e discentes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Brasil. A partir da formação de grupo de estudos, criado no março de 2020, e coordenado pela professora Dra. Luciene Pessotti, reunindo as professoras Dra. Liziane Jorge, Dra. Flávia Botechia, as alunas Paula Pinto Huhn de Azevedo, Jessica Costa, Cecilia Torezani e Rebeca Tavares iniciaram-se as atividades. O grupo foi denominado Andança® e objetivou divulgar o conteúdo de seus debates através de plataformas digitais e de podcasts. O uso de podcasts com conteúdos didáticos-científicos tem sido usado antes mesmo da pandemia do novo coronavírus, em cursos de diferentes áreas de conhecimento. Pesquisas recentes apresentam resultados satisfatórios destas ferramentas. O grupo Andança® refletiu e divulgou os impactos da pandemia do SARS-CoV-2 no contexto da arquitetura e urbanismo a partir do debate de artigos científicos, livros e projetos de pesquisa. Serão apresentados os temas abordados nos episódios de podcasts, o alcance e perfil de ouvintes. Reflete-se, ainda, a importância e resultados da interação professor/alunos nos processos contemporâneos de ensino-aprendizagem.
REVISTA ARCHITETON: Revista de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Damas, 2021
O presente artigo aborda os recentes resultados da pesquisa de pós-doutoramento, ora em andamento... more O presente artigo aborda os recentes resultados da pesquisa de pós-doutoramento, ora em andamento. O tema investigado é a influência da matriz erudita do urbanismo português na posse e defesa do território colonial, tendo como instrumentos a implantação de vilas e cidades e a construção de elementos defensivos. O objeto de estudo é a Capitania do Espírito Santo, seu território e as duas primeiras vilas seiscentistas, notadamente, a sua sede, a Vila de Nossa Senhora de Vitória. Analisa-se a atuação dos engenheiros militares através do projeto do Forte de São Francisco Xavier da Barra, ou Piratininga, cuja tipologia arquitetônica é semelhante ao Forte de São Marcelo, Bahia, e cuja matriz projetual é o Forte do Bugio, Oieiras, Portugal. Os recentes estudos demonstram que mesmo em vilas onde a Coroa Portuguesa não atuava diretamente com intervenções e projetos, as referências eruditas eram adotadas.
LIVRO - URBANISMO COLONIAL Vilas e cidades de matriz portuguesa, 2009
A presente publicação é, em parte, fruto dos trabalhos desenvolvidos durante o ‘I Seminário d... more A presente publicação é, em parte, fruto dos trabalhos desenvolvidos durante o ‘I Seminário do Urbanismo Colonial no Espírito Santo. Vila da Vitória: por uma perspectiva urbana’; evento este que foi realizado nas dependências da Universidade Federal do Espírito Santo, na cidade de Vitória, nos dias 24 e 25 de junho de 2008 e que foi organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da UFES.
Dissemos acima ‘em parte’ porque importantes pesquisadores, tanto portugueses como brasileiros, convidados pela organização, mas que não tiveram condições, pelos mais distintos motivos, de estarem pre- sentes no evento, enviaram também contribuições para enriquecer esta nossa publicação nal.
O Seminário do Urbanismo Colonial no Espírito Santo, evento cientí- co aberto à comunidade - mas com apresentações de trabalhos restri- tas a convidados - propõe-se a ser, anualmente, um fórum nacional de discussão da construção da cidade e do espaço urbano português, em especial - mas não apenas - o daquele produzido no período da expan- são portuguesa ultramarina.
A participação destes autores no evento e na publicação dá-se, sobre- tudo, em virtude da contribuição que suas pesquisas nos últimos anos têm colaborado para a re exão da formação urbana nos territórios de cultura portuguesa.
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Ao promover este evento que se conclui agora com a publicação desta obra, o Programa de Pós-Graduação em Artes da UFES, através de seu curso de Mestrado, Linha de Pesquisa em Patrimônio e Cultura, objetiva contribuir para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas en- tre pesquisadores portugueses e brasileiros, de condições estimulantes para incremento da formação graduada e pós-graduada.
Gostaríamos de agradecer expressamente o apoio que tivemos das agências de fomento a nível regional e nacional, sem as quais o evento e a publicação deste livro não teriam sido possíveis, são elas: FACITEC (Fundo de Apoio à Ciência e Tecnologia do Município de Vitória); FAPES (Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Espírito Santo) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su- perior). Contamos também com a gentil colaboração da 21° Regional do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Espírito Santo. Por último, não poderíamos deixar de estender também nossos agradecimentos aos alunos e funcionários que trabalharam para que o evento fosse o sucesso que acabou sendo.
Vitória, dezembro de 2008.
Luciene Pessotti de Souza e Nelson Pôrto Ribeiro. (organizadores)
ANAIS DO Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU), 2017, 2017
Nas últimas décadas foram implementados na Colômbia e no Chile ações que objetivavam a integ... more Nas últimas décadas foram implementados na Colômbia e no Chile ações que objetivavam a integração do Desenho Urbano com a segurança pública.
Os critérios de Desenho Urbano adotados foram os da teoria da Prevenção do Crime através do Design Ambiental (CPTED), cujas estratégias são ferramentas de planejamento dos espaços aplicadas para sua segurança.
Objetiva-se abordar o tema da segurança cidadã e aproximar exemplos da realidade do Brasil com os países citados. No Brasil, os investimentos na redução da criminalidade se dá prioritariamente por meio da repressão policial, quando deveria combiná-los aos massivos investimentos no setor social – a verdadeira raiz do problema.
A pesquisa de pós-doutoramento aborda o bairro de São Torquato, localizado no município de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, Brasil. O bairro possui alto índice de violência. Desenvolveu-se para o local estudos de Desenho Urbano, com os critérios do CPTED, visando transformá-lo em um local mais seguro.
Anais doSeminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU), 2017, 2017
O tema do estudo é a preservação da Paisagem Cultural apresenta-se enquanto inovador e ensejar a ... more O tema do estudo é a preservação da Paisagem Cultural apresenta-se enquanto inovador e ensejar a proteção do patrimônio cultural. O artigo apresenta como questões problematizadas para a proteção legal do patrimônio ambiental urbano de Muqui, situado na região sul do estado do Espírito Santo, Brasil, incluindo os elementos de sua Paisagem Cultural. O maior acervo municipal de ambientes urbanos, urbanos e paisísticos tombado no Espírito, fruto da relação dos ambientes rurais e urbanos. O túmulo do Sítio Histórico de Muqui em nível estadual foi um importante marco na preservação do patrimônio cultural do Espírito Santo. Cabe uma reflexão nacional para entender porque não se deu o seu túmulo em nível e como a noção de Paisagem Interferiu cultural nesse processo.
O âmbito deste estudo é a preservação da Paisagem Cultural como forma inovadora de liderar a proteção e gestão do património cultural. Este artigo apresenta alguns elementos para discutir questões relacionadas à proteção jurídica do patrimônio ambiental urbano de Muqui, localizado na região Sul do estado do Espírito Santo, Brasil, incluindo elementos da Paisagem Cultural. Muqui possui o maior patrimônio arquitetônico, urbano e paisagístico rural protegido em nível estadual no Espírito Santo, devido à relação entre o meio rural e urbano. O patrimônio histórico de Muqui em nível estadual foi um marco importante na preservação do patrimônio cultural capixaba.
Anais do Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU), 2014, 2014
A pesquisa de pós-doutoramento desenvolvida entre 2009/2011 abordou a temática do Patrimônio C... more A pesquisa de pós-doutoramento desenvolvida entre 2009/2011 abordou a temática do Patrimônio Cultural Urbano e sua relação com a paisagem cultural. Teve-se como objeto de estudo a Cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, que foi fundada em 1551 e passou por diversas transformações. O tema visa refletir sobre o Patrimônio Ambiental de Vitória, ou seja, as rupturas e permanências do traçado colonial na contemporaneidade e pressupõe a abordagem sobre a formação urbana da primitiva sede da capitania do Espírito Santo, Brasil, na longa duração, e sobre os processos que influenciaram em sua configuração espacial e paisagística.
Além disto, esta reflexão permitiu constatar quais as permanências urbanas da antiga vila na cidade de hoje, isto é, o que na contemporaneidade constitui o patrimônio ambiental urbano de Vitória, suas origens e referências.
A noção de patrimônio ambiental abordada na pesquisa está relacionada ao processo de construção cultural, constantemente transformada pela interação do homem com seu habitat. Este processo de acumulação sucessiva é denominado de construção cultural.
Anais do Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU), 2020, 2020
A forma urbana de origem portuguesa teve duas matrizes, vernacular, herdeira da tradição lusita... more A forma urbana de origem portuguesa teve duas matrizes, vernacular, herdeira da tradição lusitana de fundar cidades; e erudita, relacionada ao conhecimento teórico do Renascimento. Entretanto, estudiosos do urbanismo português, incluindo a Expansão, afirmam que as cidades fundadas neste processo são uma síntese destas duas matrizes. A Vila da Nossa Senhora da Vitória, sede da Capitania do Espírito Santo, teve na sua formação e consolidação influência destas matrizes. Os principais agentes modeladores do seu espaço foram a Coroa Portuguesa, através da atuação da Engenharia Militar, e a Igreja Católica, com a participação das ordens religiosas. Entre os séculos XVI e XVIII a morfologia urbana da vila foi consolidada sob as diretrizes do urbanismo de colina, com influência da dimensão religiosa. A partir do Século XVIII, sob a atuação dos engenheiros militares, o espaço urbano militariza-se. Cabe refletir permanências e rupturas da matriz vernacular após a intervenção dos engenheiros militares.
Anais do Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU), 2020, 2020
O artigo visa apresentar as recentes reflexões teóricas sobre a posse, defesa e reordenamento ... more O artigo visa apresentar as recentes reflexões teóricas sobre a posse, defesa e reordenamento do território da Capitania do Espírito Santo nos séculos XVII e XVIII após a descoberta do ouro. Conjectura-se que neste período houve o reordenamento da rede urbana na capitania. Ressalta-se a atuação da Engenharia Militar, notadamente nos levantamentos e projetos, em especial o trabalho do Engenheiro Militar José Antônio Caldas. No bojo destas transformações politico-administrativas cita-se as alterações e reestruturação do desenho urbano da sede da capitania, a Vila da Vitória, e de um dos principais portos, a Vila de São Mateus.
A tese problematiza a participação da Igreja Católica na formação dos núcleos urbanos colon... more A tese problematiza a participação da Igreja Católica na formação dos núcleos urbanos coloniais, com ênfase na Vila da Vitória, então sede da Capitania do Espírito Santo, durante o período que compreende o século XVI ao XIX. Sob esta perspectiva teórica elabora-se uma revisão dos pressupostos teórico-metodológicos do campo de conhecimento da história urbana, área de conhecimento onde se insere a pesquisa. Busca-se também refletir a produção científica da história urbana no Brasil ao procurar mensurar o papel da Igreja Católica e das ordens religiosas nestas conformações espaciais. Com o objetivo de entender o conjunto de referências que constituíram as diretrizes urbanísticas lusitanas, analisam-se os principais antecedentes históricos da formação urbana de Portugal e as primeiras experiências urbanísticas do Reino na Restauração. Além destes fundamentos, considera-se também, a longa experiência da Igreja Católica na apropriação dos espaços das cidades na longa duração; com especial atenção à transposição de elementos da simbologia cristã aos espaços urbanos, que auxiliaram no entendimento e na análise da participação das ordens religiosas na apropriação e configuração do espaço urbano colonial. Por último, procura-se analisar a formação urbana da Vila da Vitória na longa duração, considerando-se os pressupostos teóricos que norteiam as pesquisas de história urbana, identificando os principais agentes modeladores de seu espaço, os principais fenômenos ligados a sua conformação urbana, tendo como objetivo analisar o papel que a Igreja Católica teve na estruturação deste espaço.
Anais do I Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica, 2009
No campo de conhecimento da história urbana, i.e., no âmbito do estudo das cidades, a análise ... more No campo de conhecimento da história urbana, i.e., no âmbito do estudo das cidades, a análise dos fenômenos que determinam ou influenciam na conformação espacial na longa duração permite uma maior reflexão sobre as permanências e rupturas. Ou seja, a partir do referencial teórico proposto por Fernand Braudel (1986) é possível realizar uma análise das estruturas, i.e., daquilo que muda lentamente; das conjunturas, i.e., dos fatores que possibilitaram inovações que influenciaram ou determinaram na transcendência das antigas injunções; e, por fim, dos acontecimentos, as rupturas ou o restabelecimento do equilíbrio estrutural.
Neste sentido, a pesquisa sobre a Vila da Vitória é um estudo de história urbana que considera a análise de fenômenos geográficos, da morfologia do território, de fatores econômicos, sociais, político- administrativos. Estas variáveis são, portanto, imprescindíveis para subsidiar a análise dos elementos morfológicos, principalmente os elementos de defesa, que definiram a estruturação do espaço urbano de Vitória ao longo dos séculos XVI ao XIX, para melhor mensurar sua importância na posse e defesa de uma porção do território luso na América.
As fundações dos séculos XVI e XVII realizadas pelos povos europeus na África, Ásia, América, sobretudo os portugueses, não seguiram o mesmo modelo, sendo que uma parte significativa dessas fundações constituiu a base para a consolidação de uma rede urbana. As fundações deste período inicial na América Portuguesa tiveram um caráter de garantir a posse através da criação de uma rede de vilas e cidades estrategicamente implantadas na costa, ainda que, em alguns casos, esta intenção não tenha vingado. Na dispersão desta primeira fase constatam-se estes casos e o estudo destas formações urbanas esbarra, na maioria das vezes, em dificuldades de encontrar fontes documentais que auxiliam no desenvolvimento de pesquisas que ajudam a esclarecer as continuidades e descontinuidades morfológicas de suas fases de urbanização, com ênfase, no período colonial.
No que tange a historiografia capixaba há um consenso dos pesquisadores sobre a produção historiográfica que versa sobre o Espírito Santo. Segundo alguns autores as tendências da historiografia brasileira no século XIX em privilegiar a micro-história, se refletiu na perspectiva do estudo local. Como resultado houve um esforço para tentar mudar o quadro historiográfico sobre a Capitania do Espírito Santo cujas obras concentram-se, ainda, na área política, sendo pouco os estudos nos setores sócio-econômicos. Logo, quando a temática se refere a análise das transformações urbanas em Vitória, constatamos que poucos são as obras que versam sobre uma abordagem de sua estrutura morfológica. As pesquisas realizadas sobre este tema, sendo grande parte desenvolvida por arquitetos, defendem, em sua maioria, que a configuração espacial de Vitória no período colonial foi resultado de uma prática urbanística cuja raiz está no período medieval, i.e., e apóiam-se na lógica conceitual e teórica do desleixo versus ordem, afirmando, portanto, que a cidade foi estruturada e cresceu sem nenhum tipo de planejamento.
A defesa da capitania do Espírito Santo esteve durante o período colonial atrelada a defesa de sua sede, primeiramente a Vila do Espírito Santo, e posteriormente, na Vila da Vitória, tendo sido a transferência da sede do poder local se dado por motivos de defesa. A defesa da costa espírito- santense era extremamente importante, tendo em vista, que em sua extensão geográfica estava localizada a região onde no século XVII se descobriu o ouro, a região das minas gerais, que compreendia parte desta capitania.
Assim, o tema ora abordado, i.e., a importância da Vila da Vitória na defesa da costa da América Portuguesa no período colonial, principalmente após a descoberta e exploração do ouro, é de relevante importância e ainda não foi abordado em profundidade em artigos, monografias ou teses, mas, é necessário refleti-lo. Além disto, deve-se considerar que os portugueses não iriam contar somente com as características geográficas para assegurar a segurança da região e da vila que era a sede do poder local.
As características do sítio de implantação da Vila da Vitória e da região circundante favoreceram a defesa, mas, por si só não eram suficientes. O canal da baía de Vitória é permeado por uma seqüência progressiva de morros, pequeninas praias, imponentes contrafortes de granito, e as encostas dos morros eram cobertas por densa cobertura vegetal, o que confundiu muitos navegadores causando diversos acidentes.
Pela escolha de localização dos fortins, baterias, e trincheiras do século XVI, XVII e XVIII é possível concluir que estes locais foram escolhidos desde o inicio da ocupação para garantir a defesa da região, inicialmente localizados na vizinhança da Vila do Espírito Santo, e posteriormente, na vizinhança da Vila Nova ou Vila da Vitória. Somente no século XVI a capitania, nas imediações das povoações lusitanas, foi atacada pelos franceses quatro vezes (1551, 1558, 1561, 1567), o que demonstra a importância de ter se estabelecido no local elementos de defesa.
Assim, cabe ressaltar as diferentes formas que os donatários e, especialmente, a Coroa Portuguesa intervieram na Vila da Vitória, inclusive em seu espaço urbano, com o intuito de militarizar uma das principais vias de acesso a Capitania de Minas Gerais no século XVIII.
Para tanto, foram enviados para a Vila da Vitória no século XVIII os engenheiros militares Nicolau Abreu de Carvalho e José Antônio Caldas, sendo que, este último elaborou o primeiro levantamento da vila no período colonial e fez um projeto de defesa para o local, incluindo projeto de fortalezas. Estes documentos cartográficos e projetos constituem os mais valiosos documentos de fonte primária sobre a sede da capitania do Espírito Santo do período citado.
Nosso objetivo é demonstrar as principais características morfológicas da Vila da Vitória e sua área de vizinhança, considerando a importância da morfologia do território, para a defesa de um dos principais pontos estratégicos da América Portuguesa, visto que a capitania do Espírito Santo localizava-se entre as capitanias do Rio de Janeiro e da Bahia, importantes centros de defesa no período.
Neste sentido, foram elaboradas peças gráficas em ambiente digital (AUTOCAD) a partir dos levantamentos e projetos de José Antônio Caldas, bem como, utilizaram-se também estes levantamentos, para melhor compreender e mensurar a importância da Vila da Vitória na defesa territorial da América Portuguesa.
Anais do Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo (SIIU) 2020, 2020
O artigo problematiza as implicações das rupturas socioespaciais impostas aos moradores de Bent... more O artigo problematiza as implicações das rupturas socioespaciais impostas aos moradores de Bento Rodrigues, Mariana (MG), em consequência do rompimento da Barragem de Rejeitos de Fundão (nov/2015), da empresa Samarco Mineradora. Através de uma abordagem histórico-crítica demonstra-se que o processo de formação da sociedade brasileira perpetua a condição de subserviência da economia nacional à economia externa. Problematiza-se se o crime ambiental atesta complexos indícios conjuntu- rais que evidenciam a implantação de um ciclo necrocapitalista e neoliberofacista, onde as classes me- nos favorecidas têm seus direitos negados. Analisa-se a importância da memória, história e identidade e os novos parâmetros da gestão do patrimônio cultural e das politicas públicas no processo de proteção legal de Bento Rodrigues enquanto Sítio de Memória Sensível. Analisa-se, ainda, a narrativa dos atingi- dos pelo crime ambiental visando expor a realidade de uma nova vida a eles imposta.
Anais do 4º Simpósio Científico do ICOMOS Brasil, 2021
A cidade de Vitória, primitiva sede da Capitania do Espírito Santo, surgiu de um povoamento dat... more A cidade de Vitória, primitiva sede da Capitania do Espírito Santo, surgiu de um povoamento datado de meados do Século XVI. Suas características morfológicas remetem-se a tradição vernacular portuguesa de construir cidades, notadamente, o urbanismo de colina. A organização do espaço urbano teve, também, forte influência da Igreja Católica, através da atuação da Companhia de Jesus, com importantes elementos simbólicos da tradição cristã. Para alcançar seus objetivos os jesuítas implantaram-se no primitivo platô que deu origem a cidade com os princípios do landmarking, ou seja, almejavam ser o principal marco no território e na paisagem urbana. Tais influências resultaram em um espaço urbano singular que teve as primeiras alterações no início do Século XX. Pretende-se abordar as principais referências da proto-vila e sua relação com o território, a partir de suas características geomorfológica, sua evolução urbana, identificando os principais elementos morfológicos do espaço e da paisagem. Considerando que a Vila da Vitória teve seu primeiro levantamento realizado pelo engenheiro militar José Antônio Caldas, em 1765, incluindo a perspectiva elaborada com câmera escura, instrumento considerado de imensa precisão no período, objetiva-se analisar suas características a partir desta fonte primária. Para analisar a evolução urbana serão apresentados mapas conjecturais, ou mapas temáticos de síntese, elaborados a partir de fontes primárias e secundárias, com vistas a identificar as principais permanências do patrimônio ambiental urbano de Vitória de matriz vernacular portuguesa.
O artigo apresenta resultados de investigações sobre a Capitania do Espírito Santo, notadament... more O artigo apresenta resultados de investigações sobre a Capitania do Espírito Santo, notadamente, a Vila de Nossa Senhora da Vitória, sua sede administrativa. Nas pesquisas elaboradas nas últimas décadas revisamos inúmeros documentos de fonte primária e secundária sob à luz de novas abordagens teórico-metodológicas que permitiram investigações mais profundas acerca das formações urbanas coloniais. Tais abordagens foram se consolidando desde a segundo metade do Século XX e vêm contribuindo para a reflexão da formação urbana no Brasil. Neste sentido objetivamos explorar questões de caráter teórico-metodológicos; relativas a investigação, leitura e interpretação de documentos; bem como, demonstrar que uma revisão critica dos documentos à luz de novas perspectivas teóricas permitiu uma revisão na escrita da história urbana da Capitania do Espírito Santo, com ênfase nas duas primeiras vilas.
A cidade luso-brasileira e seus construtores, 2021
Livro organizado com capítulos escritos por algumas das maiores autoridades no estudo da cidade p... more Livro organizado com capítulos escritos por algumas das maiores autoridades no estudo da cidade portuguesa na América, traçando desde os aspectos morfológicos propriamente ditos do traçado dessas primitivas cidades no século XVI até o desenvolvimento dos aspectos simbólicos da apropriação dos espaços urbanos pela elite social monárquica. Também veremos reconstruções conjecturais finamente deduzidas através de uma documentação primária inédita da cidade assim como de uma cartografia primorosa e pouco conhecida e aspectos até então pouco trabalhados relacionados ao tradicional colorístico dos volumes urbanos portugueses.
Anais Seminario De Historia Da Cidade E Do Urbanismo, Aug 1, 2012
O objetivo desta pesquisa foi investigar a participacao da Igreja Catolica na conformacao dos nuc... more O objetivo desta pesquisa foi investigar a participacao da Igreja Catolica na conformacao dos nucleosurbanos coloniais. O objeto de estudo, a Vila de Nossa Senhora da Vitoria, sede da capitania do Espirito Santo; o periodo de 1535 ate 1765;o principal agente modelador do espaco, a Companhia de Jesus. Para mesurarmos esta influencia na formacao espacial da vila realizamos uma investigacao da historiografia capixaba, com enfase na formacao e estruturacao da vila e, uma analise dos recentes estudos dos tracados urbanos coloniais do Brasil, que consideram que a relatividade e variedade desolucoes e escolhas permitiram uma maior flexibilidade nos desenhos das cidades, dado asparticularidades de cada lugar. O estudo do urbanismo colonial e, da estrategia urbana jesuitica ,isto e, a utilizacao de recursos formais e simbolicos , na projetacao e edificacao de espacos privados epublicos urbanos, subsidiou uma reinterpretacao morfologica do espaco da Vila da Vitoria.
ARCHITECTON - Revista de Arquitetura e Urbanismo, Jun 14, 2021
O presente artigo aborda os recentes resultados da pesquisa de pós-doutoramento, ora em andamento... more O presente artigo aborda os recentes resultados da pesquisa de pós-doutoramento, ora em andamento. O tema investigado é a influência da matriz erudita do urbanismo português na posse e defesa do território colonial, tendo como instrumentos a implantação de vilas e cidades e a construção de elementos defensivos. O objeto de estudo é a Capitania do Espírito Santo, seu território e as duas primeiras vilas seiscentistas, notadamente, a sua sede, a Vila de Nossa Senhora de Vitória. Analisa-se a atuação dos engenheiros militares através do projeto do Forte de São Francisco Xavier da Barra, ou Piratininga, cuja tipologia arquitetônica é semelhante ao Forte de São Marcelo, Bahia, e cuja matriz projetual é o Forte do Bugio, Oieiras, Portugal. Os recentes estudos demonstram que mesmo em vilas onde a Coroa Portuguesa não atuava diretamente com intervenções e projetos, as referências eruditas eram adotadas.
O presente trabalho analisa o comportamento e as consequências do novo coronavírus (COVID-19) na ... more O presente trabalho analisa o comportamento e as consequências do novo coronavírus (COVID-19) na cidade de Vitória/ES, a partir da disponibilidade de dados públicos abertos sobre a doença, com ênfase no conteúdo e granularidade, com extração de indicadores que permitem estabelecer uma correlação socioespacial da enfermidade por bairros. Objetiva avaliar o processo de disseminação da doença no território desde o estágio inicial, bem como, as comorbidades da população contaminada e sua correlação com a localização. O trabalho extrai diretamente da planilha de dados abertos os microdados desejados, submete ao tratamento estatístico, e procede à criação de mapas georreferenciados com cruzamentos de informações oriundas de outras bases de dados. Estes dados são fundamentais para compreender a relação socioespacial da doença, como renda, saneamento, zoneamento urbano e educação alimentar e nutrição. O trabalho comprova as consequências da vulnerabilidade diante da relação assimétrica de s...
O presente trabalho analisa o comportamento e as consequências do novo coronavírus (COVID-19) na ... more O presente trabalho analisa o comportamento e as consequências do novo coronavírus (COVID-19) na cidade de Vitória/ES, a partir da disponibilidade de dados públicos abertos sobre a doença, com ênfase no conteúdo e granularidade, com extração de indicadores que permitem estabelecer uma correlação socioespacial da enfermidade por bairros. Objetiva avaliar o processo de disseminação da doença no território desde o estágio inicial, bem como, as comorbidades da população contaminada e sua correlação com a localização. O trabalho extrai diretamente da planilha de dados abertos os microdados desejados, submete ao tratamento estatístico, e procede à criação de mapas georreferenciados com cruzamentos de informações oriundas de outras bases de dados. Estes dados são fundamentais para compreender a relação socioespacial da doença, como renda, saneamento, zoneamento urbano e educação alimentar e nutrição. O trabalho comprova as consequências da vulnerabilidade diante da relação assimétrica de saúde que afeta a população infectada pelo novo coronavírus. As mortes se situam predominantemente em áreas precárias, afetam indivíduos pobres, com a saúde debilitada e que historicamente habitam as áreas informais de Vitória sem direito à cidade.
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conformação dos núcleos urbanos coloniais, tendo como objeto de estudo a
Vila de Nossa Senhora da Vitória, sede da capitania do Espírito Santo, no
período de 1535 até 1765, observando o principal agente modelador do
espaço, a Companhia de Jesus.
Além de todas estas contribuições, não podemos deixar de citar a importante contribuição da história pela inovação que ocorreu em seu aparato conceitual no século XX, e que foi preponderante no aprofundamento nas pesquisas sobre as cidades (LE GOFF, 998; LEPETIT, 200 ). Logo, a análise da forma urbana da Vila da Vitória, no período supra citado, refleete os diferentes fenômenos e valores, as transformações e as possíveis e diferentes formas de urbanização que este espaço pode ter assumido.
Para além destas considerações, a história urbana, com seus conceitos-chave, abriu várias possibilidades de se problematizar as cidades na longa duração. Conforme a afirma Burguière ( 998), para a antropologia histórica, no campo do universo mental, os resultados das pesquisas foram mais fecundas a partir da adoção do conceito de mentalidade, sem encerrá-lo num campo puramente psicológico, e se procurou detectar nestes estudos “[...] as expressões mais anódinas, menos formuladas, da vida cultural: as crenças populares, os ritos que impregnavam a vida cotidiana ou se prendem à vida religiosa” (p. 48), entre outros aspectos.
Assim, através do recorte teórico deste conceito-chave, i.e., da história do imaginário, foi possível abarcar o campo da experiência humana e focar o conjunto das representações, ou seja, o imaginário de cada sociedade em diferentes níveis de complexidade. Através da arte, por exemplo, pode-se identificar como o processo de cristianização do Novo Mundo influenciou no estabelecimento de uma estrutura social e de um sistema de representações aliado ao projeto colonial nas Américas. Um dos exemplos mais significativos da formação de um conjunto de valores culturais e sociais, que se tornaram representativos no território ultramarino americano, foi a atuação da Companhia de Jesus no processo de conversão dos povos indígenas e de viabilização do projeto colonial nas povoações dos colonos. Tendo iniciado suas atividades em 549, os jesuítas organizaram de forma sistemática os espaços de suas igrejas, das aldeias e, foram elementos de destaque dos conjuntos urbanos onde se instalaram. Atuaram através da educação, do teatro, da música, da carpintaria, en m, através de diversas manifestações artísticas e, foram, até sua expulsão, o principal canal de transmissão da cultura européia para a América (SOUZA, 2000). Foram, portanto, os jesuítas a expressão máxima do sentido da colonização, no colo, no cultus e em culturus (BOSI, 1996), tendo sido o Auto da Vila da Vitória um exemplo paradigmático deste processo na Capitania do Espírito Santo.
Dissemos acima ‘em parte’ porque importantes pesquisadores, tanto portugueses como brasileiros, convidados pela organização, mas que não tiveram condições, pelos mais distintos motivos, de estarem pre- sentes no evento, enviaram também contribuições para enriquecer esta nossa publicação nal.
O Seminário do Urbanismo Colonial no Espírito Santo, evento cientí- co aberto à comunidade - mas com apresentações de trabalhos restri- tas a convidados - propõe-se a ser, anualmente, um fórum nacional de discussão da construção da cidade e do espaço urbano português, em especial - mas não apenas - o daquele produzido no período da expan- são portuguesa ultramarina.
A participação destes autores no evento e na publicação dá-se, sobre- tudo, em virtude da contribuição que suas pesquisas nos últimos anos têm colaborado para a re exão da formação urbana nos territórios de cultura portuguesa.
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Ao promover este evento que se conclui agora com a publicação desta obra, o Programa de Pós-Graduação em Artes da UFES, através de seu curso de Mestrado, Linha de Pesquisa em Patrimônio e Cultura, objetiva contribuir para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas en- tre pesquisadores portugueses e brasileiros, de condições estimulantes para incremento da formação graduada e pós-graduada.
Gostaríamos de agradecer expressamente o apoio que tivemos das agências de fomento a nível regional e nacional, sem as quais o evento e a publicação deste livro não teriam sido possíveis, são elas: FACITEC (Fundo de Apoio à Ciência e Tecnologia do Município de Vitória); FAPES (Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Espírito Santo) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su- perior). Contamos também com a gentil colaboração da 21° Regional do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Espírito Santo. Por último, não poderíamos deixar de estender também nossos agradecimentos aos alunos e funcionários que trabalharam para que o evento fosse o sucesso que acabou sendo.
Vitória, dezembro de 2008.
Luciene Pessotti de Souza e Nelson Pôrto Ribeiro. (organizadores)
Os critérios de Desenho Urbano adotados foram os da teoria da Prevenção do Crime através do Design Ambiental (CPTED), cujas estratégias são ferramentas de planejamento dos espaços aplicadas para sua segurança.
Objetiva-se abordar o tema da segurança cidadã e aproximar exemplos da realidade do Brasil com os países citados. No Brasil, os investimentos na redução da criminalidade se dá prioritariamente por meio da repressão policial, quando deveria combiná-los aos massivos investimentos no setor social – a verdadeira raiz do problema.
A pesquisa de pós-doutoramento aborda o bairro de São Torquato, localizado no município de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, Brasil. O bairro possui alto índice de violência. Desenvolveu-se para o local estudos de Desenho Urbano, com os critérios do CPTED, visando transformá-lo em um local mais seguro.
O âmbito deste estudo é a preservação da Paisagem Cultural como forma inovadora de liderar a proteção e gestão do património cultural. Este artigo apresenta alguns elementos para discutir questões relacionadas à proteção jurídica do patrimônio ambiental urbano de Muqui, localizado na região Sul do estado do Espírito Santo, Brasil, incluindo elementos da Paisagem Cultural. Muqui possui o maior patrimônio arquitetônico, urbano e paisagístico rural protegido em nível estadual no Espírito Santo, devido à relação entre o meio rural e urbano. O patrimônio histórico de Muqui em nível estadual foi um marco importante na preservação do patrimônio cultural capixaba.
Além disto, esta reflexão permitiu constatar quais as permanências urbanas da antiga vila na cidade de hoje, isto é, o que na contemporaneidade constitui o patrimônio ambiental urbano de Vitória, suas origens e referências.
A noção de patrimônio ambiental abordada na pesquisa está relacionada ao processo de construção cultural, constantemente transformada pela interação do homem com seu habitat. Este processo de acumulação sucessiva é denominado de construção cultural.
Neste sentido, a pesquisa sobre a Vila da Vitória é um estudo de história urbana que considera a análise de fenômenos geográficos, da morfologia do território, de fatores econômicos, sociais, político- administrativos. Estas variáveis são, portanto, imprescindíveis para subsidiar a análise dos elementos morfológicos, principalmente os elementos de defesa, que definiram a estruturação do espaço urbano de Vitória ao longo dos séculos XVI ao XIX, para melhor mensurar sua importância na posse e defesa de uma porção do território luso na América.
As fundações dos séculos XVI e XVII realizadas pelos povos europeus na África, Ásia, América, sobretudo os portugueses, não seguiram o mesmo modelo, sendo que uma parte significativa dessas fundações constituiu a base para a consolidação de uma rede urbana. As fundações deste período inicial na América Portuguesa tiveram um caráter de garantir a posse através da criação de uma rede de vilas e cidades estrategicamente implantadas na costa, ainda que, em alguns casos, esta intenção não tenha vingado. Na dispersão desta primeira fase constatam-se estes casos e o estudo destas formações urbanas esbarra, na maioria das vezes, em dificuldades de encontrar fontes documentais que auxiliam no desenvolvimento de pesquisas que ajudam a esclarecer as continuidades e descontinuidades morfológicas de suas fases de urbanização, com ênfase, no período colonial.
No que tange a historiografia capixaba há um consenso dos pesquisadores sobre a produção historiográfica que versa sobre o Espírito Santo. Segundo alguns autores as tendências da historiografia brasileira no século XIX em privilegiar a micro-história, se refletiu na perspectiva do estudo local. Como resultado houve um esforço para tentar mudar o quadro historiográfico sobre a Capitania do Espírito Santo cujas obras concentram-se, ainda, na área política, sendo pouco os estudos nos setores sócio-econômicos. Logo, quando a temática se refere a análise das transformações urbanas em Vitória, constatamos que poucos são as obras que versam sobre uma abordagem de sua estrutura morfológica. As pesquisas realizadas sobre este tema, sendo grande parte desenvolvida por arquitetos, defendem, em sua maioria, que a configuração espacial de Vitória no período colonial foi resultado de uma prática urbanística cuja raiz está no período medieval, i.e., e apóiam-se na lógica conceitual e teórica do desleixo versus ordem, afirmando, portanto, que a cidade foi estruturada e cresceu sem nenhum tipo de planejamento.
A defesa da capitania do Espírito Santo esteve durante o período colonial atrelada a defesa de sua sede, primeiramente a Vila do Espírito Santo, e posteriormente, na Vila da Vitória, tendo sido a transferência da sede do poder local se dado por motivos de defesa. A defesa da costa espírito- santense era extremamente importante, tendo em vista, que em sua extensão geográfica estava localizada a região onde no século XVII se descobriu o ouro, a região das minas gerais, que compreendia parte desta capitania.
Assim, o tema ora abordado, i.e., a importância da Vila da Vitória na defesa da costa da América Portuguesa no período colonial, principalmente após a descoberta e exploração do ouro, é de relevante importância e ainda não foi abordado em profundidade em artigos, monografias ou teses, mas, é necessário refleti-lo. Além disto, deve-se considerar que os portugueses não iriam contar somente com as características geográficas para assegurar a segurança da região e da vila que era a sede do poder local.
As características do sítio de implantação da Vila da Vitória e da região circundante favoreceram a defesa, mas, por si só não eram suficientes. O canal da baía de Vitória é permeado por uma seqüência progressiva de morros, pequeninas praias, imponentes contrafortes de granito, e as encostas dos morros eram cobertas por densa cobertura vegetal, o que confundiu muitos navegadores causando diversos acidentes.
Pela escolha de localização dos fortins, baterias, e trincheiras do século XVI, XVII e XVIII é possível concluir que estes locais foram escolhidos desde o inicio da ocupação para garantir a defesa da região, inicialmente localizados na vizinhança da Vila do Espírito Santo, e posteriormente, na vizinhança da Vila Nova ou Vila da Vitória. Somente no século XVI a capitania, nas imediações das povoações lusitanas, foi atacada pelos franceses quatro vezes (1551, 1558, 1561, 1567), o que demonstra a importância de ter se estabelecido no local elementos de defesa.
Assim, cabe ressaltar as diferentes formas que os donatários e, especialmente, a Coroa Portuguesa intervieram na Vila da Vitória, inclusive em seu espaço urbano, com o intuito de militarizar uma das principais vias de acesso a Capitania de Minas Gerais no século XVIII.
Para tanto, foram enviados para a Vila da Vitória no século XVIII os engenheiros militares Nicolau Abreu de Carvalho e José Antônio Caldas, sendo que, este último elaborou o primeiro levantamento da vila no período colonial e fez um projeto de defesa para o local, incluindo projeto de fortalezas. Estes documentos cartográficos e projetos constituem os mais valiosos documentos de fonte primária sobre a sede da capitania do Espírito Santo do período citado.
Nosso objetivo é demonstrar as principais características morfológicas da Vila da Vitória e sua área de vizinhança, considerando a importância da morfologia do território, para a defesa de um dos principais pontos estratégicos da América Portuguesa, visto que a capitania do Espírito Santo localizava-se entre as capitanias do Rio de Janeiro e da Bahia, importantes centros de defesa no período.
Neste sentido, foram elaboradas peças gráficas em ambiente digital (AUTOCAD) a partir dos levantamentos e projetos de José Antônio Caldas, bem como, utilizaram-se também estes levantamentos, para melhor compreender e mensurar a importância da Vila da Vitória na defesa territorial da América Portuguesa.
conformação dos núcleos urbanos coloniais, tendo como objeto de estudo a
Vila de Nossa Senhora da Vitória, sede da capitania do Espírito Santo, no
período de 1535 até 1765, observando o principal agente modelador do
espaço, a Companhia de Jesus.
Além de todas estas contribuições, não podemos deixar de citar a importante contribuição da história pela inovação que ocorreu em seu aparato conceitual no século XX, e que foi preponderante no aprofundamento nas pesquisas sobre as cidades (LE GOFF, 998; LEPETIT, 200 ). Logo, a análise da forma urbana da Vila da Vitória, no período supra citado, refleete os diferentes fenômenos e valores, as transformações e as possíveis e diferentes formas de urbanização que este espaço pode ter assumido.
Para além destas considerações, a história urbana, com seus conceitos-chave, abriu várias possibilidades de se problematizar as cidades na longa duração. Conforme a afirma Burguière ( 998), para a antropologia histórica, no campo do universo mental, os resultados das pesquisas foram mais fecundas a partir da adoção do conceito de mentalidade, sem encerrá-lo num campo puramente psicológico, e se procurou detectar nestes estudos “[...] as expressões mais anódinas, menos formuladas, da vida cultural: as crenças populares, os ritos que impregnavam a vida cotidiana ou se prendem à vida religiosa” (p. 48), entre outros aspectos.
Assim, através do recorte teórico deste conceito-chave, i.e., da história do imaginário, foi possível abarcar o campo da experiência humana e focar o conjunto das representações, ou seja, o imaginário de cada sociedade em diferentes níveis de complexidade. Através da arte, por exemplo, pode-se identificar como o processo de cristianização do Novo Mundo influenciou no estabelecimento de uma estrutura social e de um sistema de representações aliado ao projeto colonial nas Américas. Um dos exemplos mais significativos da formação de um conjunto de valores culturais e sociais, que se tornaram representativos no território ultramarino americano, foi a atuação da Companhia de Jesus no processo de conversão dos povos indígenas e de viabilização do projeto colonial nas povoações dos colonos. Tendo iniciado suas atividades em 549, os jesuítas organizaram de forma sistemática os espaços de suas igrejas, das aldeias e, foram elementos de destaque dos conjuntos urbanos onde se instalaram. Atuaram através da educação, do teatro, da música, da carpintaria, en m, através de diversas manifestações artísticas e, foram, até sua expulsão, o principal canal de transmissão da cultura européia para a América (SOUZA, 2000). Foram, portanto, os jesuítas a expressão máxima do sentido da colonização, no colo, no cultus e em culturus (BOSI, 1996), tendo sido o Auto da Vila da Vitória um exemplo paradigmático deste processo na Capitania do Espírito Santo.
Dissemos acima ‘em parte’ porque importantes pesquisadores, tanto portugueses como brasileiros, convidados pela organização, mas que não tiveram condições, pelos mais distintos motivos, de estarem pre- sentes no evento, enviaram também contribuições para enriquecer esta nossa publicação nal.
O Seminário do Urbanismo Colonial no Espírito Santo, evento cientí- co aberto à comunidade - mas com apresentações de trabalhos restri- tas a convidados - propõe-se a ser, anualmente, um fórum nacional de discussão da construção da cidade e do espaço urbano português, em especial - mas não apenas - o daquele produzido no período da expan- são portuguesa ultramarina.
A participação destes autores no evento e na publicação dá-se, sobre- tudo, em virtude da contribuição que suas pesquisas nos últimos anos têm colaborado para a re exão da formação urbana nos territórios de cultura portuguesa.
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Ao promover este evento que se conclui agora com a publicação desta obra, o Programa de Pós-Graduação em Artes da UFES, através de seu curso de Mestrado, Linha de Pesquisa em Patrimônio e Cultura, objetiva contribuir para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas en- tre pesquisadores portugueses e brasileiros, de condições estimulantes para incremento da formação graduada e pós-graduada.
Gostaríamos de agradecer expressamente o apoio que tivemos das agências de fomento a nível regional e nacional, sem as quais o evento e a publicação deste livro não teriam sido possíveis, são elas: FACITEC (Fundo de Apoio à Ciência e Tecnologia do Município de Vitória); FAPES (Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Espírito Santo) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su- perior). Contamos também com a gentil colaboração da 21° Regional do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Espírito Santo. Por último, não poderíamos deixar de estender também nossos agradecimentos aos alunos e funcionários que trabalharam para que o evento fosse o sucesso que acabou sendo.
Vitória, dezembro de 2008.
Luciene Pessotti de Souza e Nelson Pôrto Ribeiro. (organizadores)
Os critérios de Desenho Urbano adotados foram os da teoria da Prevenção do Crime através do Design Ambiental (CPTED), cujas estratégias são ferramentas de planejamento dos espaços aplicadas para sua segurança.
Objetiva-se abordar o tema da segurança cidadã e aproximar exemplos da realidade do Brasil com os países citados. No Brasil, os investimentos na redução da criminalidade se dá prioritariamente por meio da repressão policial, quando deveria combiná-los aos massivos investimentos no setor social – a verdadeira raiz do problema.
A pesquisa de pós-doutoramento aborda o bairro de São Torquato, localizado no município de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, Brasil. O bairro possui alto índice de violência. Desenvolveu-se para o local estudos de Desenho Urbano, com os critérios do CPTED, visando transformá-lo em um local mais seguro.
O âmbito deste estudo é a preservação da Paisagem Cultural como forma inovadora de liderar a proteção e gestão do património cultural. Este artigo apresenta alguns elementos para discutir questões relacionadas à proteção jurídica do patrimônio ambiental urbano de Muqui, localizado na região Sul do estado do Espírito Santo, Brasil, incluindo elementos da Paisagem Cultural. Muqui possui o maior patrimônio arquitetônico, urbano e paisagístico rural protegido em nível estadual no Espírito Santo, devido à relação entre o meio rural e urbano. O patrimônio histórico de Muqui em nível estadual foi um marco importante na preservação do patrimônio cultural capixaba.
Além disto, esta reflexão permitiu constatar quais as permanências urbanas da antiga vila na cidade de hoje, isto é, o que na contemporaneidade constitui o patrimônio ambiental urbano de Vitória, suas origens e referências.
A noção de patrimônio ambiental abordada na pesquisa está relacionada ao processo de construção cultural, constantemente transformada pela interação do homem com seu habitat. Este processo de acumulação sucessiva é denominado de construção cultural.
Neste sentido, a pesquisa sobre a Vila da Vitória é um estudo de história urbana que considera a análise de fenômenos geográficos, da morfologia do território, de fatores econômicos, sociais, político- administrativos. Estas variáveis são, portanto, imprescindíveis para subsidiar a análise dos elementos morfológicos, principalmente os elementos de defesa, que definiram a estruturação do espaço urbano de Vitória ao longo dos séculos XVI ao XIX, para melhor mensurar sua importância na posse e defesa de uma porção do território luso na América.
As fundações dos séculos XVI e XVII realizadas pelos povos europeus na África, Ásia, América, sobretudo os portugueses, não seguiram o mesmo modelo, sendo que uma parte significativa dessas fundações constituiu a base para a consolidação de uma rede urbana. As fundações deste período inicial na América Portuguesa tiveram um caráter de garantir a posse através da criação de uma rede de vilas e cidades estrategicamente implantadas na costa, ainda que, em alguns casos, esta intenção não tenha vingado. Na dispersão desta primeira fase constatam-se estes casos e o estudo destas formações urbanas esbarra, na maioria das vezes, em dificuldades de encontrar fontes documentais que auxiliam no desenvolvimento de pesquisas que ajudam a esclarecer as continuidades e descontinuidades morfológicas de suas fases de urbanização, com ênfase, no período colonial.
No que tange a historiografia capixaba há um consenso dos pesquisadores sobre a produção historiográfica que versa sobre o Espírito Santo. Segundo alguns autores as tendências da historiografia brasileira no século XIX em privilegiar a micro-história, se refletiu na perspectiva do estudo local. Como resultado houve um esforço para tentar mudar o quadro historiográfico sobre a Capitania do Espírito Santo cujas obras concentram-se, ainda, na área política, sendo pouco os estudos nos setores sócio-econômicos. Logo, quando a temática se refere a análise das transformações urbanas em Vitória, constatamos que poucos são as obras que versam sobre uma abordagem de sua estrutura morfológica. As pesquisas realizadas sobre este tema, sendo grande parte desenvolvida por arquitetos, defendem, em sua maioria, que a configuração espacial de Vitória no período colonial foi resultado de uma prática urbanística cuja raiz está no período medieval, i.e., e apóiam-se na lógica conceitual e teórica do desleixo versus ordem, afirmando, portanto, que a cidade foi estruturada e cresceu sem nenhum tipo de planejamento.
A defesa da capitania do Espírito Santo esteve durante o período colonial atrelada a defesa de sua sede, primeiramente a Vila do Espírito Santo, e posteriormente, na Vila da Vitória, tendo sido a transferência da sede do poder local se dado por motivos de defesa. A defesa da costa espírito- santense era extremamente importante, tendo em vista, que em sua extensão geográfica estava localizada a região onde no século XVII se descobriu o ouro, a região das minas gerais, que compreendia parte desta capitania.
Assim, o tema ora abordado, i.e., a importância da Vila da Vitória na defesa da costa da América Portuguesa no período colonial, principalmente após a descoberta e exploração do ouro, é de relevante importância e ainda não foi abordado em profundidade em artigos, monografias ou teses, mas, é necessário refleti-lo. Além disto, deve-se considerar que os portugueses não iriam contar somente com as características geográficas para assegurar a segurança da região e da vila que era a sede do poder local.
As características do sítio de implantação da Vila da Vitória e da região circundante favoreceram a defesa, mas, por si só não eram suficientes. O canal da baía de Vitória é permeado por uma seqüência progressiva de morros, pequeninas praias, imponentes contrafortes de granito, e as encostas dos morros eram cobertas por densa cobertura vegetal, o que confundiu muitos navegadores causando diversos acidentes.
Pela escolha de localização dos fortins, baterias, e trincheiras do século XVI, XVII e XVIII é possível concluir que estes locais foram escolhidos desde o inicio da ocupação para garantir a defesa da região, inicialmente localizados na vizinhança da Vila do Espírito Santo, e posteriormente, na vizinhança da Vila Nova ou Vila da Vitória. Somente no século XVI a capitania, nas imediações das povoações lusitanas, foi atacada pelos franceses quatro vezes (1551, 1558, 1561, 1567), o que demonstra a importância de ter se estabelecido no local elementos de defesa.
Assim, cabe ressaltar as diferentes formas que os donatários e, especialmente, a Coroa Portuguesa intervieram na Vila da Vitória, inclusive em seu espaço urbano, com o intuito de militarizar uma das principais vias de acesso a Capitania de Minas Gerais no século XVIII.
Para tanto, foram enviados para a Vila da Vitória no século XVIII os engenheiros militares Nicolau Abreu de Carvalho e José Antônio Caldas, sendo que, este último elaborou o primeiro levantamento da vila no período colonial e fez um projeto de defesa para o local, incluindo projeto de fortalezas. Estes documentos cartográficos e projetos constituem os mais valiosos documentos de fonte primária sobre a sede da capitania do Espírito Santo do período citado.
Nosso objetivo é demonstrar as principais características morfológicas da Vila da Vitória e sua área de vizinhança, considerando a importância da morfologia do território, para a defesa de um dos principais pontos estratégicos da América Portuguesa, visto que a capitania do Espírito Santo localizava-se entre as capitanias do Rio de Janeiro e da Bahia, importantes centros de defesa no período.
Neste sentido, foram elaboradas peças gráficas em ambiente digital (AUTOCAD) a partir dos levantamentos e projetos de José Antônio Caldas, bem como, utilizaram-se também estes levantamentos, para melhor compreender e mensurar a importância da Vila da Vitória na defesa territorial da América Portuguesa.