Doutora em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais (UFG); Mestre em Comunicação pela Faculdade de Informação e Comunicação (UFG) e Professora do Curso de Publicidade e Propaganda (FIC/UFG).
Este trabalho tem por objetivo trazer questionamentos sobre a desigualdade e hierarquias sociais ... more Este trabalho tem por objetivo trazer questionamentos sobre a desigualdade e hierarquias sociais no Brasil expostas por meio da cobertura midiatica a respeito da equiparacao dos direitos dos trabalhadores domesticos a outras categorias profissionais, a partir da Proposta de Emenda a Constituicao n o 66 de 2012 (originaria da 478/10) aprovada em 2013. Pretende-se refletir sobre a desigualdade e como ela pode se tornar ainda mais visivel, a partir da aproximacao de uma categoria profissional, seja por meios economicos ou legais. A representacao midiatica da alteracao da lei parece dar indicios de uma tentativa de fortalecimento de fronteiras entre grupos sociais, que invisibiliza a conquista de um direito tao caro a existencia de uma sociedade mais igualitaria.
O acesso ao crédito, as políticas de distribuição de renda e a estabilização da economia possibil... more O acesso ao crédito, as políticas de distribuição de renda e a estabilização da economia possibilitaram o acesso de milhares de brasileiros não só ao consumo, mas também aos espaços de consumo. Shoppings, aeroportos e centros de compras passaram a ser frequentados por pessoas de diferentes classes. Mas em que medida essa democratização ocorre sem conflitos, ainda que velados? Este trabalho se propõe a mergulhar nas classificações da aparência de anônimos nos espaços de consumo. A aparência é dividida entre aparência imediata (objetos de consumo e corpo) e a conduta. Aplicamos um survey a 201 respondentes e entrevistamos 18 pessoas, de diferentes estratos, para averiguarmos se a localização do classificador na estrutura social, assim como a sua noção sobre classe social se relacionam com a forma de avaliar a aparência do classificado. Utilizamos o conceito de classe social de Pierre Bourdieu, levando em conta seus aspectos materiais e simbólicos, e estratificamos a amostra com base nos critérios de Waldir Quadros. O que pudemos perceber é um paralelismo da classificação – que perpassa toda a estrutura social – de forma que quanto mais alta se supõe ser a classe social do classificado, melhor é avaliada a sua aparência, em atributos como adequação aos locais, discrição, higiene, responsabilidade, o que pode influenciar as decisões sobre interação, tanto para fins de relacionamentos afetivos quanto profissionais.
Este trabalho traz dados da minha tese de doutorado em Sociologia, orientada pelo Prof. Manuel Fe... more Este trabalho traz dados da minha tese de doutorado em Sociologia, orientada pelo Prof. Manuel Ferreira Lima Filho, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás, e defendida em dezembro de 2015. O objetivo da pesquisa foi entender critérios de classificação de anônimos no cotidiano com base na aparência; entender se tais critérios se relacionam com a classe social inferida do indivíduo classificado; e por fim, se essa valoração que se faz da aparência pode influenciar as decisões pela interação social, no que se refere a oportunidades no mercado de trabalho e matrimonial. Para isso, realizamos um survey com 201 pessoas e 18 entrevistas, em locais de consumo de Goiânia - Goiás. Percebemos que há um paralelismo entre as representações sobre a classe social atribuída ao classificado e outros atributos, como boa aparência, comportamento adequado, discrição, higiene, disponibilidade sexual, responsabilidade, de forma que, quanto mais alta a classe atribuída ao indivíduo classificado, mais bem avaliados são tais atributos. Essa hierarquização interfere nas decisões sobre interação, já que, somente com base na aparência e no que se infere a partir daí, as pessoas das classes mais altas teriam preferência em vagas de emprego e em relações afetivas. Além disso, observamos que tal pensamento se espraia por todas as camadas sociais, podendo contribuir para o acúmulo de oportunidades dentro das camadas mais bem favorecidas na estrutura social, reproduzindo, com preconceitos por vezes velados, as desigualdades objetivas.
Resumo: Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior, em que propomos pensar em alguns critérios... more Resumo: Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior, em que propomos pensar em alguns critérios que as pessoas utilizam no dia-a-dia para classificarem-se umas as outras com base na aparência, nos locais públicos, em um momento pré-interação. Para isso, aplicamos 201 questionários e realizamos 18 entrevistas em locais de consumo de Goiânia. Pudemos perceber que as avaliações sobre o consumo são atravessadas pelas representações que se tem sobre a classe social do indivíduo que está sendo classificado, e que tais valorações vão no mesmo sentido de alguns conteúdos midiáticos que trazemos para a análise, podendo influenciar as tomadas de decisão nas interações sociais.
MENDONÇA, M. L. M. ; JORDÃO, Janaína Vieira de Paula . Moda, estética popular e preconceitos.. In... more MENDONÇA, M. L. M. ; JORDÃO, Janaína Vieira de Paula . Moda, estética popular e preconceitos.. In: Rosa Berardo. (Org.). Cultura, identidade cultural e representação da alteridade. 1ed.Goiânia: Gráfica da UFG, 2016, v. 9, p. 58-64.
Resumo: Pretende-se, neste trabalho, discutir a relação entre a moda feminina brasileira contemporânea e a crescente visibilidade que hábitos, comportamentos e maneiras de vestir de uma classe que experimenta nos últimos anos uma ascensão econômica e que a mídia costuma chamar de " nova classe C " e que chamaremos de " nova classe trabalhadora ". Essa estética tem se tornado bastante visível nos media e muitas vezes vem acompanhada do adjetivo "periguete" (que no Brasil designa mulher perigosa em sentido sexual ou afetivo). A nossa hipótese é que esse termo, considerado pejorativo, revela um certo preconceito de classe. Por meio de uma pesquisa exploratória nos em sítios de moda e em revistas dirigidas ao público feminino, pretendemos demonstrar a partir das imagens mostradas nas reportagens ou comentários publicados, que esse estilo não se restringe à classe trabalhadora, mas é comum em outras camadas sociais mais elevadas. Entretanto, às mulheres das camadas superiores não se aplica o termo "periguete", mas adjetivos com sentido positivo.
Este trabalho tem por objetivo trazer questionamentos sobre a desigualdade e hierarquias sociais ... more Este trabalho tem por objetivo trazer questionamentos sobre a desigualdade e hierarquias sociais no Brasil expostas por meio da cobertura midiatica a respeito da equiparacao dos direitos dos trabalhadores domesticos a outras categorias profissionais, a partir da Proposta de Emenda a Constituicao n o 66 de 2012 (originaria da 478/10) aprovada em 2013. Pretende-se refletir sobre a desigualdade e como ela pode se tornar ainda mais visivel, a partir da aproximacao de uma categoria profissional, seja por meios economicos ou legais. A representacao midiatica da alteracao da lei parece dar indicios de uma tentativa de fortalecimento de fronteiras entre grupos sociais, que invisibiliza a conquista de um direito tao caro a existencia de uma sociedade mais igualitaria.
O acesso ao crédito, as políticas de distribuição de renda e a estabilização da economia possibil... more O acesso ao crédito, as políticas de distribuição de renda e a estabilização da economia possibilitaram o acesso de milhares de brasileiros não só ao consumo, mas também aos espaços de consumo. Shoppings, aeroportos e centros de compras passaram a ser frequentados por pessoas de diferentes classes. Mas em que medida essa democratização ocorre sem conflitos, ainda que velados? Este trabalho se propõe a mergulhar nas classificações da aparência de anônimos nos espaços de consumo. A aparência é dividida entre aparência imediata (objetos de consumo e corpo) e a conduta. Aplicamos um survey a 201 respondentes e entrevistamos 18 pessoas, de diferentes estratos, para averiguarmos se a localização do classificador na estrutura social, assim como a sua noção sobre classe social se relacionam com a forma de avaliar a aparência do classificado. Utilizamos o conceito de classe social de Pierre Bourdieu, levando em conta seus aspectos materiais e simbólicos, e estratificamos a amostra com base nos critérios de Waldir Quadros. O que pudemos perceber é um paralelismo da classificação – que perpassa toda a estrutura social – de forma que quanto mais alta se supõe ser a classe social do classificado, melhor é avaliada a sua aparência, em atributos como adequação aos locais, discrição, higiene, responsabilidade, o que pode influenciar as decisões sobre interação, tanto para fins de relacionamentos afetivos quanto profissionais.
Este trabalho traz dados da minha tese de doutorado em Sociologia, orientada pelo Prof. Manuel Fe... more Este trabalho traz dados da minha tese de doutorado em Sociologia, orientada pelo Prof. Manuel Ferreira Lima Filho, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás, e defendida em dezembro de 2015. O objetivo da pesquisa foi entender critérios de classificação de anônimos no cotidiano com base na aparência; entender se tais critérios se relacionam com a classe social inferida do indivíduo classificado; e por fim, se essa valoração que se faz da aparência pode influenciar as decisões pela interação social, no que se refere a oportunidades no mercado de trabalho e matrimonial. Para isso, realizamos um survey com 201 pessoas e 18 entrevistas, em locais de consumo de Goiânia - Goiás. Percebemos que há um paralelismo entre as representações sobre a classe social atribuída ao classificado e outros atributos, como boa aparência, comportamento adequado, discrição, higiene, disponibilidade sexual, responsabilidade, de forma que, quanto mais alta a classe atribuída ao indivíduo classificado, mais bem avaliados são tais atributos. Essa hierarquização interfere nas decisões sobre interação, já que, somente com base na aparência e no que se infere a partir daí, as pessoas das classes mais altas teriam preferência em vagas de emprego e em relações afetivas. Além disso, observamos que tal pensamento se espraia por todas as camadas sociais, podendo contribuir para o acúmulo de oportunidades dentro das camadas mais bem favorecidas na estrutura social, reproduzindo, com preconceitos por vezes velados, as desigualdades objetivas.
Resumo: Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior, em que propomos pensar em alguns critérios... more Resumo: Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior, em que propomos pensar em alguns critérios que as pessoas utilizam no dia-a-dia para classificarem-se umas as outras com base na aparência, nos locais públicos, em um momento pré-interação. Para isso, aplicamos 201 questionários e realizamos 18 entrevistas em locais de consumo de Goiânia. Pudemos perceber que as avaliações sobre o consumo são atravessadas pelas representações que se tem sobre a classe social do indivíduo que está sendo classificado, e que tais valorações vão no mesmo sentido de alguns conteúdos midiáticos que trazemos para a análise, podendo influenciar as tomadas de decisão nas interações sociais.
MENDONÇA, M. L. M. ; JORDÃO, Janaína Vieira de Paula . Moda, estética popular e preconceitos.. In... more MENDONÇA, M. L. M. ; JORDÃO, Janaína Vieira de Paula . Moda, estética popular e preconceitos.. In: Rosa Berardo. (Org.). Cultura, identidade cultural e representação da alteridade. 1ed.Goiânia: Gráfica da UFG, 2016, v. 9, p. 58-64.
Resumo: Pretende-se, neste trabalho, discutir a relação entre a moda feminina brasileira contemporânea e a crescente visibilidade que hábitos, comportamentos e maneiras de vestir de uma classe que experimenta nos últimos anos uma ascensão econômica e que a mídia costuma chamar de " nova classe C " e que chamaremos de " nova classe trabalhadora ". Essa estética tem se tornado bastante visível nos media e muitas vezes vem acompanhada do adjetivo "periguete" (que no Brasil designa mulher perigosa em sentido sexual ou afetivo). A nossa hipótese é que esse termo, considerado pejorativo, revela um certo preconceito de classe. Por meio de uma pesquisa exploratória nos em sítios de moda e em revistas dirigidas ao público feminino, pretendemos demonstrar a partir das imagens mostradas nas reportagens ou comentários publicados, que esse estilo não se restringe à classe trabalhadora, mas é comum em outras camadas sociais mais elevadas. Entretanto, às mulheres das camadas superiores não se aplica o termo "periguete", mas adjetivos com sentido positivo.
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Resumo: Pretende-se, neste trabalho, discutir a relação entre a moda feminina brasileira contemporânea e a crescente visibilidade que hábitos, comportamentos e maneiras de vestir de uma classe que experimenta nos últimos anos uma ascensão econômica e que a mídia costuma chamar de " nova classe C " e que chamaremos de " nova classe trabalhadora ". Essa estética tem se tornado bastante visível nos media e muitas vezes vem acompanhada do adjetivo "periguete" (que no Brasil designa mulher perigosa em sentido sexual ou afetivo). A nossa hipótese é que esse termo, considerado pejorativo, revela um certo preconceito de classe. Por meio de uma pesquisa exploratória nos em sítios de moda e em revistas dirigidas ao público feminino, pretendemos demonstrar a partir das imagens mostradas nas reportagens ou comentários publicados, que esse estilo não se restringe à classe trabalhadora, mas é comum em outras camadas sociais mais elevadas. Entretanto, às mulheres das camadas superiores não se aplica o termo "periguete", mas adjetivos com sentido positivo.
Resumo: Pretende-se, neste trabalho, discutir a relação entre a moda feminina brasileira contemporânea e a crescente visibilidade que hábitos, comportamentos e maneiras de vestir de uma classe que experimenta nos últimos anos uma ascensão econômica e que a mídia costuma chamar de " nova classe C " e que chamaremos de " nova classe trabalhadora ". Essa estética tem se tornado bastante visível nos media e muitas vezes vem acompanhada do adjetivo "periguete" (que no Brasil designa mulher perigosa em sentido sexual ou afetivo). A nossa hipótese é que esse termo, considerado pejorativo, revela um certo preconceito de classe. Por meio de uma pesquisa exploratória nos em sítios de moda e em revistas dirigidas ao público feminino, pretendemos demonstrar a partir das imagens mostradas nas reportagens ou comentários publicados, que esse estilo não se restringe à classe trabalhadora, mas é comum em outras camadas sociais mais elevadas. Entretanto, às mulheres das camadas superiores não se aplica o termo "periguete", mas adjetivos com sentido positivo.