journal articles by Teresa Toldy
Introduction - Special issue (Gender and Religion)
Conferences and workshops by Teresa Toldy
F. C. Gulbenkian, 23 de maio de 2017, 18h-20h
Na Europa, o Cristianismo é invocado, paradoxalme... more F. C. Gulbenkian, 23 de maio de 2017, 18h-20h
Na Europa, o Cristianismo é invocado, paradoxalmente, muitas vezes pelas próprias estruturas políticas (recorde-se os discursos do primeiro-ministro húngaro ou de instâncias governamentais na Polónia) como um instrumento para introduzir linhas de divisão abissais entre “nós” (Europa) e os outros (refugiados, migrantes). Por outro lado, o Cristianismo e o Islão são também invocados por aqueles que consideram ser parte integrante da Europa o acolhimento do outro: recorde-se como Donald Tusk reagiu às declarações de exclusão de refugiados não-cristãos, proferidas por Orbán, dizendo que é precisamente por ser cristão que considera ser dever da Europa abrir-se ao outro. E tenha-se em conta, por exemplo, as campanhas (pouco noticiadas nos media) de europeus islâmicos, sobretudo na Grã-Bretanha, cujo slogan, reagindo a atentados que invocam o Islão, se condensa na frase: “not in my name”.
Por outro lado, a evocação do “progresso das Luzes” e dos direitos humanos para legitimar ingerências militares com motivações geo-políticas e económicas é uma realidade conhecida. Neste caso, a novidade está na instrumentalização de valores emancipatórios pela lógica policial do “il faut défendre la société”, analisada pelo filósofo Michel Foucault. Nesta nova versão da defesa social, que se traduz agora num “il faut défendre l’identité”, o Estado afirma que o ataque à “nossa identidade” deve mobilizar uma intervenção policial, como ficou patente no caso do burkini. Por outro lado, o avanço da extrema-direita na Europa apoia-se igualmente em argumentos de defesa identitária, dirigidos concretamente ao “outro muçulmano”.
O fechamento de cada cultura no seu próprio espaço, real ou imaginário, um imaginário que se tornou realidade nos anos 20 e 30 do século passado, com efeitos devastadores e cuja memória não poderemos apagar, constitui um pesadelo irrepetível?
Moderadora: Júlia Garraio (CES)
Convidados
António Araújo - nasceu em Lisboa, em 1966. Jurista e historiador, autor de vários livros e artigos sobre Direito Constitucional, Ciência Política e História Contemporânea. Entre as suas obras historiográficas contam-se “Sons de sinos: Estado e Igreja no advento do Salazarismo”. Publicou recentemente o livro “Da Direita à Esquerda - Cultura e sociedade em Portugal, dos anos 80 à actualidade.”
José Neves - é professor no departamento de História da FCSH-UNL e investigador do IHC-UNL. É autor de "Comunismo e nacionalismo em Portugal - Política, Cultura e História no Século XX". Coordenou, entre outras obras, "Como se faz um povo - Ensaios em História Contemporânea de Portugal" e "Quem faz a História. Ensaios sobre Portugal Contemporâneo". É director da revista "Práticas da História - a Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past".
Books by Teresa Toldy
Mujeres desde el Vaticano II: memoria y esperanza, 2014
En el aniversario de los 40 años del concilio las mujeres revisamos este tiempo, valorándolo y pr... more En el aniversario de los 40 años del concilio las mujeres revisamos este tiempo, valorándolo y proponiendo nuevos caminos de esperanza para las mujeres en la Iglesia.
On the anniversary of the 40-year-old Council, women reviewed this time, valuing it and proposing new ways of hope for women on the Iglesia.
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Conferences and workshops by Teresa Toldy
Na Europa, o Cristianismo é invocado, paradoxalmente, muitas vezes pelas próprias estruturas políticas (recorde-se os discursos do primeiro-ministro húngaro ou de instâncias governamentais na Polónia) como um instrumento para introduzir linhas de divisão abissais entre “nós” (Europa) e os outros (refugiados, migrantes). Por outro lado, o Cristianismo e o Islão são também invocados por aqueles que consideram ser parte integrante da Europa o acolhimento do outro: recorde-se como Donald Tusk reagiu às declarações de exclusão de refugiados não-cristãos, proferidas por Orbán, dizendo que é precisamente por ser cristão que considera ser dever da Europa abrir-se ao outro. E tenha-se em conta, por exemplo, as campanhas (pouco noticiadas nos media) de europeus islâmicos, sobretudo na Grã-Bretanha, cujo slogan, reagindo a atentados que invocam o Islão, se condensa na frase: “not in my name”.
Por outro lado, a evocação do “progresso das Luzes” e dos direitos humanos para legitimar ingerências militares com motivações geo-políticas e económicas é uma realidade conhecida. Neste caso, a novidade está na instrumentalização de valores emancipatórios pela lógica policial do “il faut défendre la société”, analisada pelo filósofo Michel Foucault. Nesta nova versão da defesa social, que se traduz agora num “il faut défendre l’identité”, o Estado afirma que o ataque à “nossa identidade” deve mobilizar uma intervenção policial, como ficou patente no caso do burkini. Por outro lado, o avanço da extrema-direita na Europa apoia-se igualmente em argumentos de defesa identitária, dirigidos concretamente ao “outro muçulmano”.
O fechamento de cada cultura no seu próprio espaço, real ou imaginário, um imaginário que se tornou realidade nos anos 20 e 30 do século passado, com efeitos devastadores e cuja memória não poderemos apagar, constitui um pesadelo irrepetível?
Moderadora: Júlia Garraio (CES)
Convidados
António Araújo - nasceu em Lisboa, em 1966. Jurista e historiador, autor de vários livros e artigos sobre Direito Constitucional, Ciência Política e História Contemporânea. Entre as suas obras historiográficas contam-se “Sons de sinos: Estado e Igreja no advento do Salazarismo”. Publicou recentemente o livro “Da Direita à Esquerda - Cultura e sociedade em Portugal, dos anos 80 à actualidade.”
José Neves - é professor no departamento de História da FCSH-UNL e investigador do IHC-UNL. É autor de "Comunismo e nacionalismo em Portugal - Política, Cultura e História no Século XX". Coordenou, entre outras obras, "Como se faz um povo - Ensaios em História Contemporânea de Portugal" e "Quem faz a História. Ensaios sobre Portugal Contemporâneo". É director da revista "Práticas da História - a Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past".
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On the anniversary of the 40-year-old Council, women reviewed this time, valuing it and proposing new ways of hope for women on the Iglesia.
Na Europa, o Cristianismo é invocado, paradoxalmente, muitas vezes pelas próprias estruturas políticas (recorde-se os discursos do primeiro-ministro húngaro ou de instâncias governamentais na Polónia) como um instrumento para introduzir linhas de divisão abissais entre “nós” (Europa) e os outros (refugiados, migrantes). Por outro lado, o Cristianismo e o Islão são também invocados por aqueles que consideram ser parte integrante da Europa o acolhimento do outro: recorde-se como Donald Tusk reagiu às declarações de exclusão de refugiados não-cristãos, proferidas por Orbán, dizendo que é precisamente por ser cristão que considera ser dever da Europa abrir-se ao outro. E tenha-se em conta, por exemplo, as campanhas (pouco noticiadas nos media) de europeus islâmicos, sobretudo na Grã-Bretanha, cujo slogan, reagindo a atentados que invocam o Islão, se condensa na frase: “not in my name”.
Por outro lado, a evocação do “progresso das Luzes” e dos direitos humanos para legitimar ingerências militares com motivações geo-políticas e económicas é uma realidade conhecida. Neste caso, a novidade está na instrumentalização de valores emancipatórios pela lógica policial do “il faut défendre la société”, analisada pelo filósofo Michel Foucault. Nesta nova versão da defesa social, que se traduz agora num “il faut défendre l’identité”, o Estado afirma que o ataque à “nossa identidade” deve mobilizar uma intervenção policial, como ficou patente no caso do burkini. Por outro lado, o avanço da extrema-direita na Europa apoia-se igualmente em argumentos de defesa identitária, dirigidos concretamente ao “outro muçulmano”.
O fechamento de cada cultura no seu próprio espaço, real ou imaginário, um imaginário que se tornou realidade nos anos 20 e 30 do século passado, com efeitos devastadores e cuja memória não poderemos apagar, constitui um pesadelo irrepetível?
Moderadora: Júlia Garraio (CES)
Convidados
António Araújo - nasceu em Lisboa, em 1966. Jurista e historiador, autor de vários livros e artigos sobre Direito Constitucional, Ciência Política e História Contemporânea. Entre as suas obras historiográficas contam-se “Sons de sinos: Estado e Igreja no advento do Salazarismo”. Publicou recentemente o livro “Da Direita à Esquerda - Cultura e sociedade em Portugal, dos anos 80 à actualidade.”
José Neves - é professor no departamento de História da FCSH-UNL e investigador do IHC-UNL. É autor de "Comunismo e nacionalismo em Portugal - Política, Cultura e História no Século XX". Coordenou, entre outras obras, "Como se faz um povo - Ensaios em História Contemporânea de Portugal" e "Quem faz a História. Ensaios sobre Portugal Contemporâneo". É director da revista "Práticas da História - a Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past".
On the anniversary of the 40-year-old Council, women reviewed this time, valuing it and proposing new ways of hope for women on the Iglesia.