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  • Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
ABSTRACT Resumo A conquista do direito de sediar os Jogos Olímpicos 2016 constitui, sem dúvida alguma, o ápice de processo iniciado há duas décadas, que encadeou a cidade do Rio de Janeiro a uma nova coalizão de poder e um novo projeto de... more
ABSTRACT Resumo A conquista do direito de sediar os Jogos Olímpicos 2016 constitui, sem dúvida alguma, o ápice de processo iniciado há duas décadas, que encadeou a cidade do Rio de Janeiro a uma nova coalizão de poder e um novo projeto de cidade. A realização dos Jogos Pan-americanos de 2007, da Copa das Confederações em 2013, da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016 vêm propiciando a concentração de grandes investimentos públicos na implantação de projetos que reconfiguram extensos espaços urbanos e impactam a própria estrutura e dinâmica da cidade. É nesse contexto que se apresenta o caso da Vila Autódromo, objeto deste trabalho. A trajetória de luta e resistência contra a remoção da Associação de Moradores e Pescadores da Vila Autódromo revela, a seu modo, muito do que tem sido e será, no futuro próximo, a outra face, oculta, do Rio de Janeiro Olímpico. Neste trabalho busca-se relatar a resistência dos moradores, que, mais além de sua longevidade, tem como originalidade o fato de ter engendrado uma experiência de planejamento alternativo que conduziu à elaboração do Plano Popular da Vila Autódromo. Assim, se descreverá rapidamente a história da Vila; em seguida se apresentam os projetos da Prefeitura e o processo de planejamento em que estiveram (e ainda estão) engajados os moradores e sua Associação. Ao final, algumas reflexões sobre este esforço de autoplanejamento urbano em uma situação de conflito a que se propõe designar de "planejamento conflitual". Palavras-chave: Vila Autódromo, planejamento conflitual, Rio de Janeiro, Jogos Olímpicos 2016. Introdução Que o Rio de Janeiro seja hoje a cidade dos megaeventos esportivos, não há nisso nada de natural nem inevitável. Ao contrário, entre estado e capital, que se atualizam nas chamadas operações urbanas e parcerias público-privadas que instauram uma verdadeira "democracia direta do capital" (Vainer, 2011, 2000). Foram quase vinte anos e cinco governos, cujos prefeitos (Cesar Maia por 3 vezes, Luiz Paulo Conde e Eduardo Paes, recentemente reeleito para um segundo mandato), embora ocasionalmente envolvidos em disputas pessoais e partidárias, seguiram e promoveram os mesmos modelo e projeto de cidade, expressando, no essencial, a mesma articulação de forças econômicas e sociais.