Artigos e resenhas by Pedro Henrique Pedreira Campos
Carta Internacional, 2024
O artigo busca analisar a internacionalização das construtoras brasileiras durante a ditadura emp... more O artigo busca analisar a internacionalização das construtoras brasileiras durante a ditadura empresarial-militar e a sua relação com a política externa brasileira e com os interesses empresariais durante a ditadura. Utilizando fontes primárias empresariais e estatais, nos baseamos em marcos teóricos e metodológicos da concepção ampliada de Estado, oriundo das reflexões de Gramsci. No trabalho fazemos um estudo sobre o caso da Mendes Junior na Mauritânia. Concluímos notando o intenso imbricamento entre Estado e empresas privadas no período e o forte favorecimento proporcionado pelas políticas estatais e pela diplomacia em relação à atuação das companhias brasileiras no exterior.
Revista Acervo, 2024
Este artigo versa sobre a renovação dos estudos sobre a industrialização fluminense nas últim... more Este artigo versa sobre a renovação dos estudos sobre a industrialização fluminense nas últimas décadas. De início, analisamos os estudos clássicos sobre in-dustrialização brasileira. Em seguida, assinalamos as novas pesquisas acerca do processo de desenvolvi-mento fabril na província/estado do Rio de Janeiro nos séculos XIX e XX, abordando temas da história econômica e da história social do trabalho, com ên-fase na história das fábricas, nas condições laborais, nas vilas operárias, dentre outros temas.
Germinal: marxismo e educação em debate, 2024
O presente artigo pretende analisar o desenvolvimento do jogo do bicho enquanto empresa durante a... more O presente artigo pretende analisar o desenvolvimento do jogo do bicho enquanto empresa durante a ditadura. Entendemos que o regime político imposto no país após o golpe de 1964 constituiu uma ditadura empresarialmilitar, que forjou um ambiente fértil para a expansão do capitalismo no país. O jogo do bicho foi formado no final do século XIX e se estruturou enquanto negócio ao longo do tempo, tornando-se uma empresa capitalista, dominada pelos "banqueiros" e com emprego de vasta força de trabalho. Utilizamos depoimentos de agentes do setor e especialistas, além de matérias da imprensa e outras fontes, analisando a trajetória de alguns dos principais banqueiros do bicho no período. Concluímos que o desenvolvimento e concentração de recursos no jogo do bicho no período é expressão do próprio caráter da ditadura, em sua feição violenta, autocrática, pró-empresarial e incentivadora da centralização de capitais e formação de grandes grupos econômicos.
Topoi (Revista de História da UFRJ), 2024
This article analyzes the experience of the Volkswagen Farm (1973-1986), an initiative of a large... more This article analyzes the experience of the Volkswagen Farm (1973-1986), an initiative of a large rural property established in Southeast Pará during the Brazilian dictatorship for extensive cattle raising. It is based on documents about the project that the Superintendency for the Development of the Amazon (Sudam) recently made available. To analyze the episode, we dialogue with the scholarship dealing with corporate responsibility for violations committed during South America's dictatorships in the second half of the twentieth century, notably the work of Ricardo Rezende Figueira, José de Souza Martins, Benjamin Buclet, Antoine Acker, and Juan Pablo Bohoslavsky. The analysis of Sudam's documentation verified that the Volkswagen Farm caused severe environmental devastation, used hiring agents who employed slave labor, and relied on an abundant injection of public resources, making the project representative of the truculent modernization process of Brazilian capitalism during the dictatorship.
Caderno CRH, 2023
O presente artigo pretende desenvolver uma reflexão teórica e analítica acerca das formas específ... more O presente artigo pretende desenvolver uma reflexão teórica e analítica acerca das formas específicas assumidas
pelo capital monopolista e pela dominação burguesa nas sociedades capitalistas contemporâneas. Nossa hipótese
é de que dado o desenvolvimento das estruturas corporativas e o avanço do próprio capitalismo, alguns grupos
econômicos assumem grau tão elevado de organização que passam a operar com características semelhantes
aos aparelhos privados de hegemonia na terminologia gramsciana. Para desenvolver tal questão, elaboramos, em
uma primeira parte do texto, uma breve reflexão teórica sobre o capitalismo contemporâneo e, em um segundo
momento, analisamos o caso específico do grupo Odebrecht, um conglomerado que pode ser indicado como representante do capital monopolista brasileiro até a operação Lava Jato e que atuava, de certa forma, com funções
semelhantes a um aparelho privado de hegemonia na sociedade brasileira.
Revista Continentes, 2023
O presente texto constitui um ensaio que buscaestabelecer certos apontamentosacerca da guerra... more O presente texto constitui um ensaio que buscaestabelecer certos apontamentosacerca da guerra da Ucrânia, levando em consideração a transição hegemônica vigente no sistema internacional, alguns aspectos históricos que parecem ser relevantes para compreender o conflito e a importância dos interesses econômicos e das ações do complexo industrial-militar norte-americano. O texto levanta algumas hipóteses e possibilidades para o desdobramento e sentido histórico do conflito, indicando o papel que ele pode vir a desempenharem termos de aceleração datransição hegemônica no sistema internacional, com a decadência relativa dos Estados Unidos enquanto principal potência global e ascensão de outros países no plano global, sobretudo a China. Além disso, o texto traz alguns elementos de ordem histórica nosprecedentes de conflitos envolvendo os agentes em guerra para tentar ajudar a compreender o fenômeno.
Projeto História, 2023
O artigo aborda a construção da usina de Itaipu durante a ditadura brasileira. Enfatizamos as vio... more O artigo aborda a construção da usina de Itaipu durante a ditadura brasileira. Enfatizamos as violações sobre os trabalhadores e grupos sociais afetados, como povos indígenas e camponeses que viviam no entorno, além do favorecimento econômico às empresas envolvidas, como construtoras, fabricantes de equipamentos eletromecânicos, financiadores e consumidores eletro-intensivos. Usando como fontes documentos oficiais e denúncias sobre as suas polêmicas, o artigo conclui que a maior obra de infraestrutura da ditadura expressa marcas fundamentais do regime, como o favorecimento de grandes grupos econômicos internacionais e domésticos e a violação de direitos das classes subalternas que construíram e foram impactadas pela obra.
Varia História, 2023
O presente artigo analisa a relação entre as empresas e a ditadura brasileira imposta com o golpe... more O presente artigo analisa a relação entre as empresas e a ditadura brasileira imposta com o golpe de 1964. No entanto, não tratamos
– como é mais comum – das relações de apoio, composição e favorecimento entre grupos econômicos e o regime, mas sim das organizações empresariais que foram perseguidas e penalizadas pelas ações do aparelho de Estado após o golpe. Para proceder à abordagem, utilizamos memórias, testemunhos, documentos oficiais e matérias da imprensa do período. Partimos do entendimento de Dreifuss e da historiografia recente de que o golpe de 1964 e a ditadura tinham um perfil de classe, sendo marcados por significativas participação e responsabilidade por parte do empresariado. Em uma primeira parte do artigo, tratamos de casos conhecidos, como o da Panair, da TV Excelsior e dos jornais Correio da Manhã e Última Hora. Em seguida, abordamos casos menos estudados que dizem respeito a empreiteiras de obras públicas que passaram por um processo de decadência após o golpe de 1964 por motivos políticos. Concluímos que, mais do que uma simples ação de um Estado autoritário contra grupos econômicos, os casos analisados podem ser lidos nos marcos da concorrência entre as próprias empresas, com a ação estatal em favor de algumas em desproveito de outras.
Oikos: revista de Economia Política Internacional da UFRJ, 2022
Resumo: O artigo problematiza a relação entre o processo de reafirmação da hegemonia norte-americ... more Resumo: O artigo problematiza a relação entre o processo de reafirmação da hegemonia norte-americana desde o final da década de 1970 e a internacionalização das empreiteiras brasileiras vigente naquele período histórico, indicando os limites a este movimento impostos pela ação e o poder do Estado e das empresas dos EUA. O texto parte da Economia Política Internacional enquanto enfoque analítico e com base nos textos clássicos de Maria da Conceição Tavares para abordar os obstáculos e limitações colocados à expansão internacional das empresas brasileiras durante o período da ditadura civil-militar. Após breve apresentação da trajetória das construtoras brasileiras e sua emergência internacional, com base em memórias e fontes das empresas, o artigo trata de casos específicos de obras de infraestrutura perdidas por empresas nacionais para concorrentes norte-americanas, que revelam a força e o peso colocados pelo Estado e grupos econômicos dos EUA para limitar e dificultar a ascensão externa das firmas brasileiras de engenharia. Concluímos relacionando esses episódios com o processo de reafirmação da hegemonia norte-americana desde o final dos anos 70 e o enquadramento do modelo de desenvolvimento do capitalismo brasileiro naquele período histórico. Palavras-chave: Reafirmação da hegemonia norte-americana; empreiteiras; internacionalização das empresas brasileiras; ditadura civilmilitar brasileira; Economia política internacional.
História Econômica & História de Empresas, 2022
Resenha do livro: GASPAR, Malu. A organização: a Odebrecht e o esquema de corrupção que chocou o ... more Resenha do livro: GASPAR, Malu. A organização: a Odebrecht e o esquema de corrupção que chocou o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. 639 p.
Brasiliana: Journal for Brazilian Studies, 2021
O artigo analisa a aproximação entre militares e empresários e seu papel na definição da ditadura... more O artigo analisa a aproximação entre militares e empresários e seu papel na definição da ditadura brasileira, inaugurada com o golpe de 1964. Para isso abordamos dois movimentos específicos. Em primeiro lugar, tratamos da presença de empresários brasileiros em escolas e instituições militares antes e durante a ditadura. Em seguida, problematizamos o emprego de militares em empresas privadas ao longo do regime. Defendemos que essa forma de aproximação tenha cumprido papel fundamental, já que expressa o conteúdo social e sentido máximo da ditadura - que por sua vez se apresenta, ao nosso ver, como um regime empresarial-militar. Para referendar nossa hipótese, usamos documentos do empresariado e dos arquivos militares que comprovam essa aliança, base do regime implantado no país desde 1964.
Revista Brasileira de História, 2022
The article questions the relationship of Volkswagen and the Brazilian civil-military regime form... more The article questions the relationship of Volkswagen and the Brazilian civil-military regime formed after the 1964 coup. We analyze, in particular, the German automaker’s collaboration with the regime’s repressive apparatus since state surveillance and control agencies were provided with information about the company’s workers. We use company sources, documents from security agencies held in public archives, and materials produced by workers and unions, as well as testimonies and reports from
truth commissions. The study is part of the discussion of the relationship between the business community and the Brazilian dictatorship, indicating the close intersection between large companies and the state apparatus in the period and indeed their insertion in this, which often included collaboration with the State’s repressive methods.
Revista Brasileira de História, 2022
O artigo problematiza a relação da Volkswagen com a ditadura civil-militar
brasileira inaugurada ... more O artigo problematiza a relação da Volkswagen com a ditadura civil-militar
brasileira inaugurada com o golpe de 1964. Analisamos em particular a colaboração da montadora de origem alemã com o aparato repressivo do regime, que contou com o fornecimento de informações sobre os
trabalhadores da empresa para os órgãos de vigilância e controle
do Estado. Utilizamos fontes da empresa, documentos da repressão sediados em arquivos públicos e materiais produzidos pelos rabalhadores e sindicatos, além de depoimentos e dos relatórios das comissões da verdade. O trabalho se insere nos marcos da discussão sobre a relação do empresariado com a ditadura brasileira, indicando as estreitas imbricação e inserção das grandes empresas junto ao aparelho de Estado no período, o que incluía muitas vezes colaboração com a repressão.
Revista del CESLA. International Latin American Studies Review, 2021
O artigo pretende analisar o suporte dado pela diplomacia estatal brasileira à internacionalizaçã... more O artigo pretende analisar o suporte dado pela diplomacia estatal brasileira à internacionalização das construtoras do país durante o período da ditadura empresarial-militar instalada com o golpe de 1964. Para tal usamos como fontes revistas especializadas do período, imprensa, memórias de empresários e diplomatas, discursos e documentos oficiais. Analisamos em distintas seções o processo de internacionalização das construtoras durante a ditadura brasileira, a atuação do Ministério de Relações Exteriores ao longo do regime e o papel da diplomacia em favor da atuação das empreiteiras brasileiras no exterior. Concluímos que durante o regime o Itamaraty sofreu aperfeiçoamentos no sentido de impulsionar e dar suporte à atuação de empresas brasileiras exportadoras e que atuavam fora do país, o que fez parte de um processo mais amplo de modernização e atualização do Estado capitalista brasileiro, que forjou o advento de uma ordem empresarial no país no período.
Revista de História Comparada, 2021
Resenha do livro: BOHOSLAVSKY, Juan Pablo; FERNÁNDEZ, Karinna; SMART, Sebastián (org.). Complicid... more Resenha do livro: BOHOSLAVSKY, Juan Pablo; FERNÁNDEZ, Karinna; SMART, Sebastián (org.). Complicidad económica con la dictadura: un país desigual a la fuerza. Santiago: LOM, 2019.
Cadernos do CEOM: revista do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina, 2021
O presente artigo pretende problematizar o papel dos interesses empresariais das empreiteiras bra... more O presente artigo pretende problematizar o papel dos interesses empresariais das empreiteiras brasileiras de obras públicas na concepção e realização da obra da rodovia Transamazônica durante o período da ditadura. As construtoras nacionais cresceram significativamente antes e durante o regime sob forte proteção estatal, desenvolvendo uma especialização na realização de obras de estradas de rodagem. A Transamazônica representou uma grande oportunidade de ganhos para esses e outros grupos econômicos, apesar dos intensos impactos gerados para os trabalhadores, o meio ambiente e os povos indígenas locais. Depois desse projeto, as empresas brasileiras de engenharia se capacitaram para realizar empreendimentos similares no exterior. Para proceder a análise, utilizamos fontes produzidas por empresários e imprensa técnica que cobria o setor da indústria da construção pesada no período.
Revista Maracanan, 2021
O artigo analisa as políticas públicas para o setor do saneamento urbano durante a ditadura civil... more O artigo analisa as políticas públicas para o setor do saneamento urbano durante a ditadura civil-militar e sua relação com os interesses empresariais vigentes naquele período. Usando fontes corporativas, memórias e imprensa, o texto traz um histórico sobre o ramo no século XX, problematiza os interesses privados organizados no setor, aborda as políticas no período da ditadura e trata de alguns dos grandes programas para a área na época, como os emissários submarinos, o sistema de abastecimento da grande São Paulo e o projeto Nordestão. Nossa questão gira em torno do porquê da inclinação para as grandes soluções prevendo vultosas obras de engenharia e quem eram os setores e grupos favorecidos por essa escolha. Trabalhamos a hipótese de que durante a ditadura, dadas as particularidades do regime e seu conteúdo social, os interesses empresariais parecem ter tido um peso significativo para compreender as políticas endereçadas ao ramo do saneamento urbano.
Em Tempos de História, 2021
Resenha do livro "El Negocio del Terrorismo de Estado: los cómplices económicos de la dictadura u... more Resenha do livro "El Negocio del Terrorismo de Estado: los cómplices económicos de la dictadura uruguaya", organizado por Juan Pablo Bohoslavsky
Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 2010
O artigo aborda o desenvolvimento urbano da cidade do Rio de Janeiro nas décadas de 1960 e 1970 d... more O artigo aborda o desenvolvimento urbano da cidade do Rio de Janeiro nas décadas de 1960 e 1970 do século XX, levando em conta os interesses e projetos do capital privado da indústria de construção civil, com suas influências e implicações sobre a evolução da cidade. A partir dos apontamentos teóricos e conceituais marxistas e gramscianos, pretende-se observar como agentes privados - empresas e associações do setor da construção - estiveram presentes nas decisões públicas acerca da alocação dos melhoramentos na cidade.
Revista Sillogés, 2020
Resumo: O texto busca expor e analisar as fontes e o estado da arte das pesquisas sobre a atuação... more Resumo: O texto busca expor e analisar as fontes e o estado da arte das pesquisas sobre a atuação do empresariado durante a ditadura civil-militar no Brasil (1964-1988). Abordamos inicialmente as fontes primárias e métodos para as investigações acerca das atividades do empresariado durante a ditadura brasileira, indicando as dificuldades nos estudos nesse campo e as possibilidades disponíveis, presentes em acervos empresariais, de associações corporativas, na imprensa, nas memórias, nos fundos públicos, dentre outros conjuntos documentais. Problematizamos também a produção já realizada e em andamento sobre a temática, apontando os principais trabalhos desenvolvidos, linhas de pesquisa vigentes e grupos de pesquisa que se dedicam ao assunto. Por fim, indicamos como essa agenda de trabalho se desenvolveu bastante nos últimos anos, por influência das atividades da Comissão Nacional da Verdade e de organizações congêneres, porém ainda há muito o que conhecer e avançar nesse terreno.
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Artigos e resenhas by Pedro Henrique Pedreira Campos
pelo capital monopolista e pela dominação burguesa nas sociedades capitalistas contemporâneas. Nossa hipótese
é de que dado o desenvolvimento das estruturas corporativas e o avanço do próprio capitalismo, alguns grupos
econômicos assumem grau tão elevado de organização que passam a operar com características semelhantes
aos aparelhos privados de hegemonia na terminologia gramsciana. Para desenvolver tal questão, elaboramos, em
uma primeira parte do texto, uma breve reflexão teórica sobre o capitalismo contemporâneo e, em um segundo
momento, analisamos o caso específico do grupo Odebrecht, um conglomerado que pode ser indicado como representante do capital monopolista brasileiro até a operação Lava Jato e que atuava, de certa forma, com funções
semelhantes a um aparelho privado de hegemonia na sociedade brasileira.
– como é mais comum – das relações de apoio, composição e favorecimento entre grupos econômicos e o regime, mas sim das organizações empresariais que foram perseguidas e penalizadas pelas ações do aparelho de Estado após o golpe. Para proceder à abordagem, utilizamos memórias, testemunhos, documentos oficiais e matérias da imprensa do período. Partimos do entendimento de Dreifuss e da historiografia recente de que o golpe de 1964 e a ditadura tinham um perfil de classe, sendo marcados por significativas participação e responsabilidade por parte do empresariado. Em uma primeira parte do artigo, tratamos de casos conhecidos, como o da Panair, da TV Excelsior e dos jornais Correio da Manhã e Última Hora. Em seguida, abordamos casos menos estudados que dizem respeito a empreiteiras de obras públicas que passaram por um processo de decadência após o golpe de 1964 por motivos políticos. Concluímos que, mais do que uma simples ação de um Estado autoritário contra grupos econômicos, os casos analisados podem ser lidos nos marcos da concorrência entre as próprias empresas, com a ação estatal em favor de algumas em desproveito de outras.
truth commissions. The study is part of the discussion of the relationship between the business community and the Brazilian dictatorship, indicating the close intersection between large companies and the state apparatus in the period and indeed their insertion in this, which often included collaboration with the State’s repressive methods.
brasileira inaugurada com o golpe de 1964. Analisamos em particular a colaboração da montadora de origem alemã com o aparato repressivo do regime, que contou com o fornecimento de informações sobre os
trabalhadores da empresa para os órgãos de vigilância e controle
do Estado. Utilizamos fontes da empresa, documentos da repressão sediados em arquivos públicos e materiais produzidos pelos rabalhadores e sindicatos, além de depoimentos e dos relatórios das comissões da verdade. O trabalho se insere nos marcos da discussão sobre a relação do empresariado com a ditadura brasileira, indicando as estreitas imbricação e inserção das grandes empresas junto ao aparelho de Estado no período, o que incluía muitas vezes colaboração com a repressão.
pelo capital monopolista e pela dominação burguesa nas sociedades capitalistas contemporâneas. Nossa hipótese
é de que dado o desenvolvimento das estruturas corporativas e o avanço do próprio capitalismo, alguns grupos
econômicos assumem grau tão elevado de organização que passam a operar com características semelhantes
aos aparelhos privados de hegemonia na terminologia gramsciana. Para desenvolver tal questão, elaboramos, em
uma primeira parte do texto, uma breve reflexão teórica sobre o capitalismo contemporâneo e, em um segundo
momento, analisamos o caso específico do grupo Odebrecht, um conglomerado que pode ser indicado como representante do capital monopolista brasileiro até a operação Lava Jato e que atuava, de certa forma, com funções
semelhantes a um aparelho privado de hegemonia na sociedade brasileira.
– como é mais comum – das relações de apoio, composição e favorecimento entre grupos econômicos e o regime, mas sim das organizações empresariais que foram perseguidas e penalizadas pelas ações do aparelho de Estado após o golpe. Para proceder à abordagem, utilizamos memórias, testemunhos, documentos oficiais e matérias da imprensa do período. Partimos do entendimento de Dreifuss e da historiografia recente de que o golpe de 1964 e a ditadura tinham um perfil de classe, sendo marcados por significativas participação e responsabilidade por parte do empresariado. Em uma primeira parte do artigo, tratamos de casos conhecidos, como o da Panair, da TV Excelsior e dos jornais Correio da Manhã e Última Hora. Em seguida, abordamos casos menos estudados que dizem respeito a empreiteiras de obras públicas que passaram por um processo de decadência após o golpe de 1964 por motivos políticos. Concluímos que, mais do que uma simples ação de um Estado autoritário contra grupos econômicos, os casos analisados podem ser lidos nos marcos da concorrência entre as próprias empresas, com a ação estatal em favor de algumas em desproveito de outras.
truth commissions. The study is part of the discussion of the relationship between the business community and the Brazilian dictatorship, indicating the close intersection between large companies and the state apparatus in the period and indeed their insertion in this, which often included collaboration with the State’s repressive methods.
brasileira inaugurada com o golpe de 1964. Analisamos em particular a colaboração da montadora de origem alemã com o aparato repressivo do regime, que contou com o fornecimento de informações sobre os
trabalhadores da empresa para os órgãos de vigilância e controle
do Estado. Utilizamos fontes da empresa, documentos da repressão sediados em arquivos públicos e materiais produzidos pelos rabalhadores e sindicatos, além de depoimentos e dos relatórios das comissões da verdade. O trabalho se insere nos marcos da discussão sobre a relação do empresariado com a ditadura brasileira, indicando as estreitas imbricação e inserção das grandes empresas junto ao aparelho de Estado no período, o que incluía muitas vezes colaboração com a repressão.
Traz artigos de Victoria Basualdo, Álvaro Pereira Nascimento, Pedro Henrique Pedreira Campos, Rafael Soares Gonçalves, dentre outros.
dos Trabalhadores (CUT/Brasil) apresentam a coletânea Trabalhadores,
arquivos, memória, verdade, justiça e reparação: reflexões do 4º Seminário Internacional O Mundo dos Trabalhadores e seus Arquivos. Essa publicação tem origem na quarta edição desse evento, realizado entre os dias 8 e 10 de junho de 2016, na cidade de São Paulo, com o apoio da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), da Fundação Rosa Luxemburgo, do Departamento de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (DSS/PUC-Rio), da Unisoli Turismo e do Sindicato dos Químicos de São Paulo, que também sediou o evento.
Abstract: The article analyses the rapprochement between the military and businesses, and its role in defining the Brazilian dictatorship, inaugurated with the 1964 coup. To this end, we tackle two specific movements. First, we deal with the presence of Brazilian businesspeople in military schools and institutions before and during the dictatorship. Then, we problematise the employment of military personnel in private companies throughout the regime. We argue that this form of approximation played a fundamental role in the regime, considering that it expresses the social content and utmost purpose of the dictatorship, which, in our view, presents itself as a business military regime. To en dorse our hypothesis, we used documents from the business community and military archives, which prove this alliance the basis of the regime implemented in the country since 1964.