Carmen Rial is a professor at the Federal University of Santa Catarina, is a researcher of the CNPq (National Council of Scientific and Technological Development), directs the Center for Visual Anthropology/Research Group on Urban Anthropology (NAVI/GAUM). She received her doctorate from University of Paris V – Sorbonne. Rial is Chair of the World Council of Anthropological Associations (WCAA 2018- ), co-Chair of the World Anthropological Union (WAU 2019- ) and a former President of the Brazilian Anthropological Association. Her work focuses on cultural globalization, transnational migration, gender and sport. Supervisors: Claudia Fonseca and Louis-Vincent Thomas
Based on the anthropological classi cation of death into 'good deaths' , 'beautiful deaths' and '... more Based on the anthropological classi cation of death into 'good deaths' , 'beautiful deaths' and 'evil deaths' , and using the methodology of screen ethnography, this article focuses on mourning in Brazil during the COVID-19 pandemic, especially the extreme cases of deaths in Manaus and among the Yanomami people. The article 'follows the virus' , from its rst role in a death in the country, that of a domestic worker, to hurriedly dug mass graveyards. I consider how the treatment of bodies in the epidemiological context sheds light on the meanings of separation by death when mourning rituals are not performed according to prevailing cultural imperatives. Parallels are drawn with other moments of sudden deaths and the absence of bodies, as during the South American dictatorships, when many victims were declared 'missing'. To conclude, the article focuses on new funerary rituals, such as Zoom funerals and online support groups, created to overcome the impossibility of mourning as had been practised in the pre-pandemic world.
"Em julho de 1987, durante excursão do Grêmio à Europa, os jogadores Cuca (técnico do Santos em 2... more "Em julho de 1987, durante excursão do Grêmio à Europa, os jogadores Cuca (técnico do Santos em 2020), Henrique, Fernando e Eduardo foram presos em Berna, na Suíça, acusados de estuprar uma menina de apenas 13 anos. Eles ficaram 28 dias detidos. Dois anos depois, foram condenados pela Justiça daquele país, mas cumpriram a pena em liberdade. As autoras do texto, as professoras e antropólogas Miriam Grossi e Carmen Rial, fazem uma impressionante descrição da recepção de torcedores aos jogadores acusados de estupro na Suíça, quando de sua chegada ao Aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre. A cena é digna de aparecer no filme Dogville (2003), do cineasta dinamarquês Lars Von Trier. Só que, em vez de alegoria sinistra da crueldade, tratava-se da vida real." https://jornalistaslivres.org/cuca-o-tecnico-do-sao-paulo-foi-condenado-por-estupro-na-suica/?fbclid=IwAR3i8s4BL30QKbsMhfbkrPgCnnHDOH7aFV3xVIT2ghk7RzBz7pfGiY12H80
Entre nós, a ausência do corpo só é aceita quando oculto em um caixão recoberto de uma bande... more Entre nós, a ausência do corpo só é aceita quando oculto em um caixão recoberto de uma bandeira. A morte da COVID-19, a ausência dos corpos, a ausência de velórios, diminui as chances de uma última relação presencial com o morto, um último momento em que o corpo ainda está no lado da vida, cercado pelos seus. Ao contrário, estamos diante do medo do cadáver, agente ele mesmo de morte, e esse medo inconscientemente provavelmente se traduzirá em uma agressividade em relação ao morto, a uma aversão prematura, mas protetora. As fantasias do contágio do morto, simbólicos, aqui são bem reais. O ritual do velório, sabemos, enquadra a desordem que a morte produz, a circunscreve, a domina. O velório aqui não existe, em todas as suas etapas, em que o princípio de realidade é deixado de lado. Contemplá-lo, tocá-lo, falar com ele, até beijá-lo são momentos comoventes de rituais de velório e que estarão ausentes nos casos de vítimas da COVID-19. Que consequências esses milhares (milhões?) de mortos sem velório terão nas subjetividades dos que ficam. Que rituais criaremos? Como suportaremos sem eles tantas mortes que não são belas ou boas?
Resumo O texto explora a comida na constituição de imaginários urbanos a partir de imigrantes em ... more Resumo O texto explora a comida na constituição de imaginários urbanos a partir de imigrantes em cidades globais, levando em conta o caso da cidade de Amsterdã (Países Baixos), e é fio condutor do período atual da globalização e correlativa intensificação de diferentes fluxos. Ressalta a heterogeneidade das migrações contemporâneas e mostra como o cosmopolitismo, visto sobretudo a partir de uma dinâmica de diversidade cultural, torna-se um conceito fundamental para compreender como vêm se constituindo determinados imaginários urbanos, em especial aqueles associados à comida. Palavras-chave Comida. Imigrações internacionais. Imaginários urbanos. Abstract The text explores the food in the conformation of urban imaginaries from immigrants in global cities, considering the case of the city of Amsterdam (Netherlands) and the current period of globalization and correlative intensification of different flows as the guiding thread. It highlights the heterogeneity of contemporary migrations and shows how cosmopolitanism, seen mostly from a dynamic of cultural diversity, becomes a fundamental concept to understand how certain urban imaginaries have been constituted, especially those associated with food.
Este livro trata de pesquisas sobre resíduos sólidos realizadas por antropólogos e sociólogos na ... more Este livro trata de pesquisas sobre resíduos sólidos realizadas por antropólogos e sociólogos na Holanda, no Brasil e na Indonésia.
Novas Práticas Alimentares no Mercado Global. Julia S. Guivant, Gert Spaargaren e Carmen Rial (or... more Novas Práticas Alimentares no Mercado Global. Julia S. Guivant, Gert Spaargaren e Carmen Rial (organizadores). 334 páginas. Editora da UFSC/ 2010. R$ 32,00. Este livro aborda, numa perspectiva global, as novas tendências do mercado alimentar. ...
A ilha de Santa Catarina é uma parte do município de Florianópolis, capital do estado de Santa Ca... more A ilha de Santa Catarina é uma parte do município de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina que, por consequência, concentra um elevado índice de aglomerado urbano, com intensa ocupação populacional e alto nível de tecnologias. Recebe, desde os anos 70, um grande contingente de migrantes brasileiros e estrangeiros em busca de novas oportunidades de trabalho e qualidade de vida, além de visitantes, pelos mais diversos motivos familiares, profissionais, pessoais e em busca de experiências socio-culturais e afetivas, bem como para contemplar as belezas cênicas do lugar. Por suas características geográficas, é rodeada de praias e possui particularidades que a diferem do restante do litoral brasileiro, como ilha, com alto desenvolvimento tecnológico facilitardor da atividade turística 3 . Outro fator importante nas relações de localização com a movimentação do turismo é sua posição geográfica favorável, pois se encontra ao centro das regiões mais ricas do país – RS/SC/PR/SP 4...
Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, 2009
... (Ana Lúcia Santos Verdasca Guimarães). Page 6. 100 Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., ... more ... (Ana Lúcia Santos Verdasca Guimarães). Page 6. 100 Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., Florianópolis, v.10, n.97, p. 95-157, jul./dez. ... E mais, tendo experiência nas Ciências Humanas, como ousar inserção nas Exatas? (Cristina Tavares da Costa Rocha). ...
Based on the anthropological classi cation of death into 'good deaths' , 'beautiful deaths' and '... more Based on the anthropological classi cation of death into 'good deaths' , 'beautiful deaths' and 'evil deaths' , and using the methodology of screen ethnography, this article focuses on mourning in Brazil during the COVID-19 pandemic, especially the extreme cases of deaths in Manaus and among the Yanomami people. The article 'follows the virus' , from its rst role in a death in the country, that of a domestic worker, to hurriedly dug mass graveyards. I consider how the treatment of bodies in the epidemiological context sheds light on the meanings of separation by death when mourning rituals are not performed according to prevailing cultural imperatives. Parallels are drawn with other moments of sudden deaths and the absence of bodies, as during the South American dictatorships, when many victims were declared 'missing'. To conclude, the article focuses on new funerary rituals, such as Zoom funerals and online support groups, created to overcome the impossibility of mourning as had been practised in the pre-pandemic world.
"Em julho de 1987, durante excursão do Grêmio à Europa, os jogadores Cuca (técnico do Santos em 2... more "Em julho de 1987, durante excursão do Grêmio à Europa, os jogadores Cuca (técnico do Santos em 2020), Henrique, Fernando e Eduardo foram presos em Berna, na Suíça, acusados de estuprar uma menina de apenas 13 anos. Eles ficaram 28 dias detidos. Dois anos depois, foram condenados pela Justiça daquele país, mas cumpriram a pena em liberdade. As autoras do texto, as professoras e antropólogas Miriam Grossi e Carmen Rial, fazem uma impressionante descrição da recepção de torcedores aos jogadores acusados de estupro na Suíça, quando de sua chegada ao Aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre. A cena é digna de aparecer no filme Dogville (2003), do cineasta dinamarquês Lars Von Trier. Só que, em vez de alegoria sinistra da crueldade, tratava-se da vida real." https://jornalistaslivres.org/cuca-o-tecnico-do-sao-paulo-foi-condenado-por-estupro-na-suica/?fbclid=IwAR3i8s4BL30QKbsMhfbkrPgCnnHDOH7aFV3xVIT2ghk7RzBz7pfGiY12H80
Entre nós, a ausência do corpo só é aceita quando oculto em um caixão recoberto de uma bande... more Entre nós, a ausência do corpo só é aceita quando oculto em um caixão recoberto de uma bandeira. A morte da COVID-19, a ausência dos corpos, a ausência de velórios, diminui as chances de uma última relação presencial com o morto, um último momento em que o corpo ainda está no lado da vida, cercado pelos seus. Ao contrário, estamos diante do medo do cadáver, agente ele mesmo de morte, e esse medo inconscientemente provavelmente se traduzirá em uma agressividade em relação ao morto, a uma aversão prematura, mas protetora. As fantasias do contágio do morto, simbólicos, aqui são bem reais. O ritual do velório, sabemos, enquadra a desordem que a morte produz, a circunscreve, a domina. O velório aqui não existe, em todas as suas etapas, em que o princípio de realidade é deixado de lado. Contemplá-lo, tocá-lo, falar com ele, até beijá-lo são momentos comoventes de rituais de velório e que estarão ausentes nos casos de vítimas da COVID-19. Que consequências esses milhares (milhões?) de mortos sem velório terão nas subjetividades dos que ficam. Que rituais criaremos? Como suportaremos sem eles tantas mortes que não são belas ou boas?
Resumo O texto explora a comida na constituição de imaginários urbanos a partir de imigrantes em ... more Resumo O texto explora a comida na constituição de imaginários urbanos a partir de imigrantes em cidades globais, levando em conta o caso da cidade de Amsterdã (Países Baixos), e é fio condutor do período atual da globalização e correlativa intensificação de diferentes fluxos. Ressalta a heterogeneidade das migrações contemporâneas e mostra como o cosmopolitismo, visto sobretudo a partir de uma dinâmica de diversidade cultural, torna-se um conceito fundamental para compreender como vêm se constituindo determinados imaginários urbanos, em especial aqueles associados à comida. Palavras-chave Comida. Imigrações internacionais. Imaginários urbanos. Abstract The text explores the food in the conformation of urban imaginaries from immigrants in global cities, considering the case of the city of Amsterdam (Netherlands) and the current period of globalization and correlative intensification of different flows as the guiding thread. It highlights the heterogeneity of contemporary migrations and shows how cosmopolitanism, seen mostly from a dynamic of cultural diversity, becomes a fundamental concept to understand how certain urban imaginaries have been constituted, especially those associated with food.
Este livro trata de pesquisas sobre resíduos sólidos realizadas por antropólogos e sociólogos na ... more Este livro trata de pesquisas sobre resíduos sólidos realizadas por antropólogos e sociólogos na Holanda, no Brasil e na Indonésia.
Novas Práticas Alimentares no Mercado Global. Julia S. Guivant, Gert Spaargaren e Carmen Rial (or... more Novas Práticas Alimentares no Mercado Global. Julia S. Guivant, Gert Spaargaren e Carmen Rial (organizadores). 334 páginas. Editora da UFSC/ 2010. R$ 32,00. Este livro aborda, numa perspectiva global, as novas tendências do mercado alimentar. ...
A ilha de Santa Catarina é uma parte do município de Florianópolis, capital do estado de Santa Ca... more A ilha de Santa Catarina é uma parte do município de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina que, por consequência, concentra um elevado índice de aglomerado urbano, com intensa ocupação populacional e alto nível de tecnologias. Recebe, desde os anos 70, um grande contingente de migrantes brasileiros e estrangeiros em busca de novas oportunidades de trabalho e qualidade de vida, além de visitantes, pelos mais diversos motivos familiares, profissionais, pessoais e em busca de experiências socio-culturais e afetivas, bem como para contemplar as belezas cênicas do lugar. Por suas características geográficas, é rodeada de praias e possui particularidades que a diferem do restante do litoral brasileiro, como ilha, com alto desenvolvimento tecnológico facilitardor da atividade turística 3 . Outro fator importante nas relações de localização com a movimentação do turismo é sua posição geográfica favorável, pois se encontra ao centro das regiões mais ricas do país – RS/SC/PR/SP 4...
Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, 2009
... (Ana Lúcia Santos Verdasca Guimarães). Page 6. 100 Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., ... more ... (Ana Lúcia Santos Verdasca Guimarães). Page 6. 100 Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., Florianópolis, v.10, n.97, p. 95-157, jul./dez. ... E mais, tendo experiência nas Ciências Humanas, como ousar inserção nas Exatas? (Cristina Tavares da Costa Rocha). ...
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Papers by Carmen Rial
”https://jornalistaslivres.org/cuca-o-tecnico-do-sao-paulo-foi-condenado-por-estupro-na-suica/?fbclid=IwAR3i8s4BL30QKbsMhfbkrPgCnnHDOH7aFV3xVIT2ghk7RzBz7pfGiY12H80
O ritual do velório, sabemos, enquadra a desordem que a morte produz, a circunscreve, a domina. O velório aqui não existe, em todas as suas etapas, em que o princípio de realidade é deixado de lado. Contemplá-lo, tocá-lo, falar com ele, até beijá-lo são momentos comoventes de rituais de velório e que estarão ausentes nos casos de vítimas da COVID-19. Que consequências esses milhares (milhões?) de mortos sem velório terão nas subjetividades dos que ficam. Que rituais criaremos? Como suportaremos sem eles tantas mortes que não são belas ou boas?
”https://jornalistaslivres.org/cuca-o-tecnico-do-sao-paulo-foi-condenado-por-estupro-na-suica/?fbclid=IwAR3i8s4BL30QKbsMhfbkrPgCnnHDOH7aFV3xVIT2ghk7RzBz7pfGiY12H80
O ritual do velório, sabemos, enquadra a desordem que a morte produz, a circunscreve, a domina. O velório aqui não existe, em todas as suas etapas, em que o princípio de realidade é deixado de lado. Contemplá-lo, tocá-lo, falar com ele, até beijá-lo são momentos comoventes de rituais de velório e que estarão ausentes nos casos de vítimas da COVID-19. Que consequências esses milhares (milhões?) de mortos sem velório terão nas subjetividades dos que ficam. Que rituais criaremos? Como suportaremos sem eles tantas mortes que não são belas ou boas?