Artigos by Dyel Silva
Notandum, 2020
Titus Flavius Clemens, ou simplesmente Clemente de Alexandria, que liderou a chamada “Escola Cate... more Titus Flavius Clemens, ou simplesmente Clemente de Alexandria, que liderou a chamada “Escola Catequética” da cidade de Alexandria entre os anos de 188 e 201 E.C., fez inúmeras referências ao poeta grego Homero em suas obras, sobretudo no Paedagogus e no Stromata. A partir da análise específica de 47 fragmentos destas duas obras, foi possível perceber diversas menções a Homero como alguém que teria sido educado entre bárbaros e que seria tanto um propagador da fé hebraica quanto um continuador dos discursos hebraicos entre os gregos. Considerando isso, o artigo buscou compreender como essa imagem homérica foi definida e trabalhada de modo a colaborar para sistematização da narrativa clementina, entrelaçando questões filosóficas, teológicas e educacionais.
Nuntius Antiquus, 2020
Resumo: Considerando a importância, pertinência e eficácia do estudo de temáticas relacionadas co... more Resumo: Considerando a importância, pertinência e eficácia do estudo de temáticas relacionadas com as culturas clássicas para ampliação do repertório histórico, social e cultural, bem como do desenvolvimento do pensamento crítico e da ampliação das competências linguísticas de seus estudantes, e tendo em vista a aproximação entre universidade, educação básica e comunidade, uma previsão da constituição federal brasileira, do PNE-Plano Nacional de Educação 2014-2024 e do PDI-Plano de Desenvolvimento Institucional da FURB-Universidade de Blumenau, o projeto Paideia teve por objetivo promover um curso de iniciação ao estudo da cultura e do idioma grego antigo na cidade de Blumenau, Santa Catarina. O curso nasceu de uma parceria entre o LABEAM-Laboratório Blumenauense de Estudos Antigos e Medievais da FURB e da ETEVI-Escola Técnica do Vale do Itajaí e, a partir do método Aprendendo Grego, 1 O artigo foi possível graças ao projeto de extensão 807/2018, intitulado "Paideia: Introdução ao estudo da cultura e do Idioma Grego Antigo em Blumenau (SC) e Região do Vale do Itajaí", subsidiado pela PROPEX/FURB.
A historiografia antiga e a consciência do método da investigação histórica: uma leitura das Histórias de Políbio de Megalópolis, 2022
Durante a Modernidade, a história se tornou disciplinarizada e ganhou o status científico que lhe... more Durante a Modernidade, a história se tornou disciplinarizada e ganhou o status científico que lhe atribuímos hoje. Nesse período, surgiram regras e condições para que um trabalho fosse classificado como historiográfico, sendo aplicadas a textos de diferentes lugares e tempos. O problema interpretativo de tal posicionamento é abordado neste artigo, a partir da história dos conceitos (Begriffsgeschichte), por meio de uma análise do “Livro XII” de Políbio de Megalópolis, uma fonte histórica privilegiada para compreender como se fazia história na Antiguidade. Após nos determos brevemente sobre o gênero historiográfico polibiano e os domínios de sua epistemologia, corroboramos a tese de que a moderna classificação da história da historiografia é excludente e contradiz o próprio historicismo ao aplicar critérios modernos a trabalhos não pertencentes a essa delimitação espaço-temporal, praticando uma espécie de anacronismo ao julgar a historiografia antiga a partir da ótica da historiografia moderna.
Trabalho completo em anais de eventos by Dyel Silva
O passado vivo das intervenções macedônicas: entrelaçamentos temporais nos discursos de Cleneias e Licisco nas Histórias de Políbio (IX, 28-39), 2024
As experiências temporais coletivas provocadas por intervenções macedônicas em comunidades gregas... more As experiências temporais coletivas provocadas por intervenções macedônicas em comunidades gregas constituem um dos temas candentes a partir do século IV A.E.C. Ao nos apropriamos de uma perspectiva global com o objetivo de compreender os entrelaçamentos temporais desse contexto, em específico, analisamos as temporalizações de conceitos-chave na recriação dos discursos de Cleneias e Licisco, ocorridos em 211 A.E.C., por Políbio em suas Histórias (IX, 28-39), na segunda metade do século II A.E.C. Com isso, trabalhamos com as hipóteses de que (a) havia experiências temporais por definição interrelacionadas entre os mundos macedônicos, grego e romano, das quais (b) Políbio, enquanto historiador e político, buscou se apropriar, temporalizando-as a fim de construir um raciocínio historiográfico consoante aos objetivos do grupo dirigente da Confederação Aqueia.
13ª Semana Acadêmica de História da UDESC: , 2023
Resumo: Desde há muito se busca uma compreensão de como comunidades se formam e se desfazem. As H... more Resumo: Desde há muito se busca uma compreensão de como comunidades se formam e se desfazem. As Histórias de Políbio de Megalópolis (c. 203 - c. 120), especialmente o Livro VI, são uma das composições mais revisitadas com esse intuito, mormente recorrendo ao conceito de anakýklōsis. Este se definiria por uma teoria segundo a qual haveria ciclos pré-determinados de formas de governo pelos quais toda e qualquer comunidade política (politeía) passaria, resultando, assim, em uma concepção anti-histórica do mundo da parte de Políbio. Com o objetivo de problematizar essa perspectiva, nos apropriamos da teoria e metodologia da História dos Conceitos ao buscarmos por uma compreensão do referido conceito a partir da dissolução da realeza macedônica segundo o próprio Políbio para, então, interpretarmos os modos pelos quais a transitoriedade de uma comunidade pode ser concebida de acordo com a conceptualização de história e de experiência segundo esse autor. Por fim, consideramos que Políbio não só abarcava em seu pensamento teorético as histórias possíveis de um coletivo, como também defendemos que a motivação do Livro VI seria a de comunicar uma imagem negativa da Macedônia de modo a convencer o leitor de que a constituição romana adequar-se-ia melhor às da Grécia.
Anais do XIX Encontro Estadual da ANPUH-SC, 2022
Resumo: A parcialidade do historiador nunca foi um tema marginal. Um dos casos mais conhecidos da... more Resumo: A parcialidade do historiador nunca foi um tema marginal. Um dos casos mais conhecidos da Antiguidade é o que figura na polêmica de Políbio de Megalópolis (c. 208c. 126 A.E.C.), em suas Histórias, com seus predecessores Fábio Píctor e Filino de Agrigento. Neste, é apresentada uma disputa entre os três historiadores pela verdade histórica da primeira guerra púnica (264-241 A.E.C.), da qual se seguiram mais duas até o ano de 146 A.E.C., com a constituição de Roma enquanto nova hegemonia mediterrânica. Tendo em vista a problemática enredada pelo envolvimento dos historiadores nessa sequência bélica, busca-se, nesta comunicação, compreender como os conceitos de "parcialidade" (eúnoia) e de "ética da história" (tês historìas êthos) foram experienciados na referida polêmica. Para tanto, me aproprio da metodologia da História dos Conceitos [Begriffsgeschichte], da polêmica historiográfica enquanto categoria de análise e dos estudos sobre historiografia antiga desde uma perspectiva global. Argumento, nesse sentido, acerca dos ganhos heurísticos de uma leitura compreensiva desse passado mediterrânico ressignificado em circunstâncias específicas na medida em que se exploram as nuances dos conceitos mencionados.
Monografias by Dyel Silva
O lugar historiográfico de Roma no período helenístico: a história ecumênica e poliagonística de Políbio a partir da polêmica com Timeu [2024], 2024
As Histórias de Políbio de Megalópolis (c. 203 – c. 120 A.E.C) são um dos testemunhos mais privil... more As Histórias de Políbio de Megalópolis (c. 203 – c. 120 A.E.C) são um dos testemunhos mais privilegiados para conhecermos como eram conceptualizadas, pelas historiografias helenísticas, as diferentes interações no Mediterrâneo. Escritas em 40 livros por um integrante da Confederação Aqueia que, exilado pelos romanos, passa a narrar o avanço deste povo sobre as redes de interações dos aqueus, elas buscam exprimir essas interações com conceitos de um modo específico. Esses conceitos tornam-se mais apreensíveis em passagens de polêmica historiográfica, i.e., em momentos que Políbio ataca e defende seus predecessores visando construir a sua autoridade sobre a imagem de um passado em disputa. Timeu de Tauromênio (c. 350 – c. 260 A.E.C.), conhecido pela tradição posterior como o mais criticado por Políbio, havia similarmente polemizado com seus predecessores na condição de exilado em Atenas, quando passou a compor sua história sobre a Sicília e a Itália, de modo a deslegitimar a linha de governo de Agátocles, considerada tirânica. Conformados pela disputa de poder no mundo helenístico, os sentidos de história carregam, em ambos os historiadores, a necessidade de ressignificação das tradições a fim de enfrentar as novas composições de forças e ou negociar com elas. Considerando esse contexto, o nosso objetivo é compreender, a partir da polêmica com Timeu, os conceitos usados por Políbio, especificamente como eles indicam o seu modo de pensar e de escrever história. Para tanto, nos apropriamos da teoria e do método da História dos Conceitos [Begriffsgeschichte], posto que compreendemos um conceito — em uma dada linguagem e em um dado contexto — como um conjunto de significados social e politicamente manifestado, sendo o conhecimento sobre ele construído pela análise diacrônica e, sobretudo, sincrônica de um respectivo conjunto de termos significantes dentro de suas relações empíricas de uso e interpretação. Uma vez deparados com tal esforço hermenêutico, o conceito moderno de história universal usado para qualificar as Histórias de Políbio contra as de Timeu, devido ao entendimento ocidental de sua obra ter tido como mote o avanço romano sobre a Grécia — o que era entendido como metonímia da universalização da história pela marcha da civilização — é problematizado. Por fim, buscamos corroborar a tese de que não haveria um conceito de história universal em Políbio, mas um modo particular de negociar com a rede de relações helenísticas, que compunham um espaço comum de interesses e de disputas, chamado, em grego, de oikouménē, e um modo de investigá-lo historicamente caracterizado pela variação de escalas. A fim de traduzir para uma linguagem contemporânea a defesa dessa prática historiográfica que Políbio constrói e com a qual ele valora a imagem de um passado comum da oikouménē, generalizando-o a partir das entidades políticas que dele participam, propomos o conceito de história ecumênica. Já para traduzir o modo multi-conflitivo como a investigação desse passado se dava, inerentemente ao seu contexto de constantes disputas e ao próprio objetivo de Políbio ao conceber suas Histórias como arma de combate, propomos o conceito de história poliagonística.
O conceito de história em Políbio: uma análise do Livro XII [2020], 2020
As Histórias de Políbio de Megalópoles (c. 203 – c. 120 A.E.C) são um dos testemunhos mais privil... more As Histórias de Políbio de Megalópoles (c. 203 – c. 120 A.E.C) são um dos testemunhos mais privilegiados para conhecermos o que se compreendia por história entre os historiadores do período helenístico: com quais problemas se defrontaram, como agiram, ou como deixaram de agir. Dentre os 40 livros que as compõem, o Livro XII é dedicado à polêmica historiográfica, i. e., a atacar e defender seus predecessores com o objetivo de construir uma autoridade historiográfica ao mesmo tempo em que se reclama uma forma autêntica de historiar. Com o maior número de ocorrências da palavra “história” (ἱστορία [historía]), esse livro concentra alguns dos sentidos mais emblemáticos do conceito de história nos escritos polibianos. Produzido durante a desagregação dos reinos helenísticos frente à crescente hegemonia romana pelo Mediterrâneo, os sentidos de história carregam a marca da amplitude e da necessidade de ressignificação das tradições para enfrentar o mundo que então se configurava. Dado esse encadeamento de eventos, o objetivo desta monografia é compreender os sentidos de história de acordo com o sistema cultural no qual foram produzidos, principalmente a partir do Livro XII. Para tanto, partimos da História dos Conceitos (Begriffsgeschichte), compreendendo um conceito — em uma dada linguagem natural e em um determinado contexto social de falantes de uma língua — como uma rede de significados cognoscível pela análise sincrônica de um respectivo conjunto de termos significantes dentro de suas relações empíricas de uso e interpretação. Seguindo os procedimentos onomasiológico (o estudo das palavras usadas para expressar um conceito) e semasiológico (o estudo dos sentidos atribuídos a um conceito), utilizamos o software Διογένης [Diogénēs] para um mapeamento sistemático dos termos em grego. Uma vez deparados com tal esforço hermenêutico, o moderno conceito de história e as interpretações as quais ele circunscreve foram problematizadas pela perspectiva diacrônica. Por fim, buscamos corroborar a tese de que o conceito de história em Políbio possui fortes ligações com seus predecessores helenísticos imediatos e ressignificações próprias, conformando novos sentidos num novo mundo.
Multimídia by Dyel Silva
[Podcast História da Historiografia EP# 47] A historiografia antiga e a consciência do método de investigação histórica [2023], 2023
Link para o podcast: https://podcasters.spotify.com/pod/show/historiar0/episodes/Histria-da-Histo... more Link para o podcast: https://podcasters.spotify.com/pod/show/historiar0/episodes/Histria-da-Historiografia-EP-47-A-historiografia-antiga-e-a-conscincia-do-mtodo-da-investigao-histrica-e24h5ob
Neste episódio, os historiadores Dyel Silva (UFSC) e Dominique Santos (FURB) analisam como a história se tornou disciplinarizada durante a Modernidade e ganhou o status científicos que lhe atribuímos hoje. A partir da história dos conceitos (Begriffsgeschihte), or meio de uma análise do Livro XII de Políbio de Megalópolis, os autores problematizam as regras e condições para que um trabalho fosse classificado como historiográfico, corroborando com a tese de que a moderna classificação da história da historiografia é excludente e contradiz o próprio historicismo. Conheça o artigo "A historiografia antiga e a consciência do método da investigação histórica: uma leitura das Histórias de Políbio de Megalópolis" publicado no v. 15 n.40 (2022) da revista História da Historiografia. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v15i40.1960
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Artigos by Dyel Silva
Trabalho completo em anais de eventos by Dyel Silva
Monografias by Dyel Silva
Multimídia by Dyel Silva
Neste episódio, os historiadores Dyel Silva (UFSC) e Dominique Santos (FURB) analisam como a história se tornou disciplinarizada durante a Modernidade e ganhou o status científicos que lhe atribuímos hoje. A partir da história dos conceitos (Begriffsgeschihte), or meio de uma análise do Livro XII de Políbio de Megalópolis, os autores problematizam as regras e condições para que um trabalho fosse classificado como historiográfico, corroborando com a tese de que a moderna classificação da história da historiografia é excludente e contradiz o próprio historicismo. Conheça o artigo "A historiografia antiga e a consciência do método da investigação histórica: uma leitura das Histórias de Políbio de Megalópolis" publicado no v. 15 n.40 (2022) da revista História da Historiografia. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v15i40.1960
Neste episódio, os historiadores Dyel Silva (UFSC) e Dominique Santos (FURB) analisam como a história se tornou disciplinarizada durante a Modernidade e ganhou o status científicos que lhe atribuímos hoje. A partir da história dos conceitos (Begriffsgeschihte), or meio de uma análise do Livro XII de Políbio de Megalópolis, os autores problematizam as regras e condições para que um trabalho fosse classificado como historiográfico, corroborando com a tese de que a moderna classificação da história da historiografia é excludente e contradiz o próprio historicismo. Conheça o artigo "A historiografia antiga e a consciência do método da investigação histórica: uma leitura das Histórias de Políbio de Megalópolis" publicado no v. 15 n.40 (2022) da revista História da Historiografia. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v15i40.1960