Escritas Partilhadas: parcerias em produções etnográficas realizadas em contextos africanos, 2023
Neste texto descrevemos aspectos da história de um grupo de timbila de Zavala que permanece em at... more Neste texto descrevemos aspectos da história de um grupo de timbila de Zavala que permanece em atividade ainda hoje, mesmo após o falecimento de Venâncio Mbande, seu fundador. Para tanto, percorreremos a trajetória de Venâncio desde seu primeiro contato com a prática musical, as circunstâncias que o levaram ao trabalho em uma mina na África do Sul (onde desenvolveu suas habilidades com a timbila) até seu retorno a Moçambique. Com isso, queremos discutir a importância da prática das timbila nas minas para a sua reprodução atualmente, um assunto que ainda não produziu análises mais detidas, a despeito da sua relevância para a compreensão do contexto moçambicano do pós-guerra civil e do (re)surgimento de grupos de timbila a partir de 1994.
Revista Científica da Universidade Eduardo Mondlane, 2022
Por meio do exame de aspectos da biografia e da carreira artística de Fany Mpfumo, acessados a pa... more Por meio do exame de aspectos da biografia e da carreira artística de Fany Mpfumo, acessados a partir de fontes impressas, buscarei responder no artigo às seguintes questões: quais os factores decisivos para a transformação de António Mariva em Fany Mpfumo? Quais os processos que permitiram que ele se tornasse o mais importante ícone da “música popular urbana” (SOPA, 2014) em Moçambique, reverenciado ainda hoje? Por que, apesar de ter se tornado um ícone, seu alcance e o da marrabenta pouco se reflectiram nas políticas oficiais de património cultural do país, sendo esta música considerada como um dos símbolos da identidade nacional (FILIPE, 2012)? Para enfrentá-las, recuperarei no texto aspectos da vida e obra de Fany Mpfumo à luz do seu trânsito social entre África do Sul e Moçambique e do papel da indústria fonográfica e de radiofusão na sua carreira. Do ponto de vista teórico, dialogarei com os estudos sobre cultura popular em África (TRAJANO FILHO, 2018; SOPA, 2014; CHARRY, 2012; MARTIN, 2002; BARBER, 1997; FABIAN, 1978) para compreender as dinâmicas que permitiram o surgimento da marrabenta em Lourenço Marques e o papel ocupado por Fany Mpfumo nesse movimento.
Interações e Sentidos: experiências com o Inventário Nacional de Referências Culturais , 2022
Este artigo discute os modos como três equipes de pesquisa contratadas pelo Iphan (duas no estado... more Este artigo discute os modos como três equipes de pesquisa contratadas pelo Iphan (duas no estado de Minas Gerais e uma em São Paulo), no âmbito de um projeto multinacional intitulado Salvaguardia del PCI relacionado a música, canto, danza de comunidades afrodescendentes en los países del Crespial, interpretaram e utilizaram as categorias de Celebrações e Formas de Expressão do INRC para descrever o Congado. Apresentamos no texto aspectos da história do Congado no Brasil, discutimos dados das três pesquisas aludidas sobre essa prática cultural e, por fim, refletimos sobre os modos como as fichas do INRC foram interpretadas e preenchidas pelos pesquisadores conjuntamente com os congadeiros.
O artigo analisa as formas de apreensão por agentes sociais diversos de um festival dedicado às t... more O artigo analisa as formas de apreensão por agentes sociais diversos de um festival dedicado às timbila chopes chamado M’saho com foco no período pós-independência. Por meio de discussão bibliográfica e da descrição etnográfica do M’saho realizado em 2018, o texto propõe uma reflexão sobre as transformações operadas nas relações do Estado com os timbileiros, evidenciando os dilemas e limites enfrentados por eles na transição dos regimes políticos e práticas de governo associados aos períodos colonial e pós-independência. Busca-se, em última instância, compreender o lugar ocupado pelo festival no processo de patrimonialização das timbila.
This article discusses aspects of the Mozambique's “chopi timbila” patrimonialization process... more This article discusses aspects of the Mozambique's “chopi timbila” patrimonialization process that culminated in its proclamation by the Unesco's Intangible Heritage Masterpieces Program in 2005. Inspired by analyzes of objectification and semantic reduction processes involved in the official recognition of expressions as cultural heritage, I approach elements of the timbila's historical and social trajectory to understand its role in the national imagination and its choice as the first intangible cultural element in Mozambique which was enshrined in international arenas. I emphasized all along the text several elements that locate this African country within the scope of its international relations; on the one hand, I discuss some of the dynamics perpetuated by colonialism, which enabled the dissemination of timbila beyond the colonized territory and, on the other hand, I reflect on Mozambique's relationship with Unesco, in light of the country's political histo...
O artigo discute aspectos do processo de patrimonialização das “timbila chopes” de Moçambique que... more O artigo discute aspectos do processo de patrimonialização das “timbila chopes” de Moçambique que culminou com sua proclamação pelo Programa das Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade da Unesco em 2005. Inspirada em análises sobre processos de objetificação e redução semântica implicados no reconhecimento oficial de expressões como patrimônio cultural, abordo elementos da trajetória histórica e social das timbila para compreender seu lugar no imaginário nacional e sua escolha como o primeiro bem cultural imaterial em Moçambique consagrado em arenas internacionais. Enfatizei no decorrer do texto diversos elementos que localizam esse país africano no âmbito das suas relações internacionais; por um lado, discuto algumas das dinâmicas perpetuadas pelo colonialismo, as quais possibilitaram a divulgação das timbila para além do território colonizado e, por outro, reflito sobre a relação de Moçambique com a Unesco, à luz da história política do país e de sua recepção em ...
Este artigo discute a realização do I Festival Nacional da Canção e Música Tradicional (1980-1981... more Este artigo discute a realização do I Festival Nacional da Canção e Música Tradicional (1980-1981) em Moçambique e o reputa como a iniciativa de maior destaque promovida pelo governo da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) no seu projeto de construção nacional durante os primeiros anos após a independência do país no campo musical. Após a descrição e análise da programação deste Festival, recupero o debate acalorado promovido pela grande imprensa da época sobre certos dilemas envolvidos na sua organização e na classificação “música tradicional”. Nos palcos construídos na capital, Maputo, pessoas oriundas das diversas províncias do país passaram a ser conhecidas como artistas, denominação adquirida ao serem instadas a abandonar suas vinculações “tribais”. Argumento que, a despeito das várias transformações políticas pelas quais o país passou nas últimas décadas, especialmente após o fim da guerra civil (1976/1977-1992), o Festival Nacional da Canção e Música Tradicional permaneceu como paradigma. A partir dos anos 2000, a realização de festivais culturais continua sendo uma estratégia central de construção da unidade nacional.
International Relations and Heritage: Patchwork in Times of Plurality, 2021
Artigo publicado no livro International Relations and Heritage: Patchwork in Times of Plurality, ... more Artigo publicado no livro International Relations and Heritage: Patchwork in Times of Plurality, Rodrigo Christofoletti & Maria Leonor Botelho (Ed.). The Latin American Studies Book Series. Springer.
O artigo discute aspectos do processo de patrimonialização das “timbila chopes” de Moçambique que... more O artigo discute aspectos do processo de patrimonialização das “timbila chopes” de Moçambique que culminou com sua proclamação pelo Programa das Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade da Unesco em 2005. Inspirada em análises sobre processos de objetificação e redução semântica implicados no reconhecimento oficial de expressões como patrimônio cultural, abordo elementos da trajetória histórica e social das timbila para compreender seu lugar no imaginário nacional e sua escolha como o primeiro bem cultural imaterial em Moçambique consagrado em arenas internacionais. Enfatizei no decorrer do texto diversos elementos que localizam esse país africano no âmbito das suas relações internacionais; por um lado, discuto algumas das dinâmicas perpetuadas pelo colonialismo, as quais possibilitaram a divulgação das timbila para além do território colonizado e, por outro, reflito sobre a relação de Moçambique com a Unesco, à luz da história política do país e de sua recepção em relação a certos critérios e entendimentos desse organismo internacional no que tange ao patrimônio imaterial. Por fim, destaco as interpretações dadas pelo Estado moçambicano aos ideais de participação social da Unesco e mostro como o dossiê produzido pelo governo moçambicano utilizou o critério de autenticidade em voga naquele momento para descrever e justificar a escolha das timbila.
Discuto neste artigo aspectos da cooperação internacional brasileira no âmbito de acordos educaci... more Discuto neste artigo aspectos da cooperação internacional brasileira no âmbito de acordos educacionais com Moçambique. Argumento como a implantação de grandes investimentos agrícolas e a difusão de telenovelas desempenham um papel central na execução desses acordos, ao promoverem imagens atrativas de um Brasil de riqueza e de oportunidades. À luz do exame de narrativas de duas gerações de moçambicanos que estudaram em universidades brasileiras e da constatação de continuidades históricas das práticas laborais locais, discuto como as ideias de desenvolvimento, trabalho e modernidade são decisivas para a compreensão dos efeitos da denominada cooperação sul-sul.
Este trabalho discute, a partir de uma perspectiva etnográfica, tendências e tensões característi... more Este trabalho discute, a partir de uma perspectiva etnográfica, tendências e tensões características da sociabilidade de estudantes africanos - vindos de países de língua oficial portuguesa - na Universidade de Brasília (UnB) e na Universidade de São Paulo (USP). Abordamos os modos pelos quais eles experimentam as práticas linguísticas e pedagógicas das universidades, vivenciam as tensões raciais existentes no Brasil, atribuem sentido aos espaços urbanos nos quais são acolhidos; e analisamos seus padrões mais comuns de interação e agregação. Sugerimos que o tempo de participação no fluxo migratório, a nacionalidade de origem dos estudantes e a cidade de acolhida no Brasil são variáveis que condicionam de forma importante a sociabilidade dos estudantes. Residualmente, e de forma ainda incipiente, exploramos algumas dinâmicas de identificação entre os alunos. Alguns se apresentam como sujeitos em diáspora. Outros, contudo, chamam atenção para a necessidade de continuarem a ser reconhecidos como estrangeiros. A maioria demonstra surpresa em se ver percebido como negro ou africano, simplesmente. Os estudantes vêm para o Brasil mediante o Programa Estudante Convênio de Graduação (PEC-G), um acordo diplomático que facilita o deslocamento do aluno ao nosso país a fim de realizar seu curso de nível superior.
Escritas Partilhadas: parcerias em produções etnográficas realizadas em contextos africanos, 2023
Neste texto descrevemos aspectos da história de um grupo de timbila de Zavala que permanece em at... more Neste texto descrevemos aspectos da história de um grupo de timbila de Zavala que permanece em atividade ainda hoje, mesmo após o falecimento de Venâncio Mbande, seu fundador. Para tanto, percorreremos a trajetória de Venâncio desde seu primeiro contato com a prática musical, as circunstâncias que o levaram ao trabalho em uma mina na África do Sul (onde desenvolveu suas habilidades com a timbila) até seu retorno a Moçambique. Com isso, queremos discutir a importância da prática das timbila nas minas para a sua reprodução atualmente, um assunto que ainda não produziu análises mais detidas, a despeito da sua relevância para a compreensão do contexto moçambicano do pós-guerra civil e do (re)surgimento de grupos de timbila a partir de 1994.
Revista Científica da Universidade Eduardo Mondlane, 2022
Por meio do exame de aspectos da biografia e da carreira artística de Fany Mpfumo, acessados a pa... more Por meio do exame de aspectos da biografia e da carreira artística de Fany Mpfumo, acessados a partir de fontes impressas, buscarei responder no artigo às seguintes questões: quais os factores decisivos para a transformação de António Mariva em Fany Mpfumo? Quais os processos que permitiram que ele se tornasse o mais importante ícone da “música popular urbana” (SOPA, 2014) em Moçambique, reverenciado ainda hoje? Por que, apesar de ter se tornado um ícone, seu alcance e o da marrabenta pouco se reflectiram nas políticas oficiais de património cultural do país, sendo esta música considerada como um dos símbolos da identidade nacional (FILIPE, 2012)? Para enfrentá-las, recuperarei no texto aspectos da vida e obra de Fany Mpfumo à luz do seu trânsito social entre África do Sul e Moçambique e do papel da indústria fonográfica e de radiofusão na sua carreira. Do ponto de vista teórico, dialogarei com os estudos sobre cultura popular em África (TRAJANO FILHO, 2018; SOPA, 2014; CHARRY, 2012; MARTIN, 2002; BARBER, 1997; FABIAN, 1978) para compreender as dinâmicas que permitiram o surgimento da marrabenta em Lourenço Marques e o papel ocupado por Fany Mpfumo nesse movimento.
Interações e Sentidos: experiências com o Inventário Nacional de Referências Culturais , 2022
Este artigo discute os modos como três equipes de pesquisa contratadas pelo Iphan (duas no estado... more Este artigo discute os modos como três equipes de pesquisa contratadas pelo Iphan (duas no estado de Minas Gerais e uma em São Paulo), no âmbito de um projeto multinacional intitulado Salvaguardia del PCI relacionado a música, canto, danza de comunidades afrodescendentes en los países del Crespial, interpretaram e utilizaram as categorias de Celebrações e Formas de Expressão do INRC para descrever o Congado. Apresentamos no texto aspectos da história do Congado no Brasil, discutimos dados das três pesquisas aludidas sobre essa prática cultural e, por fim, refletimos sobre os modos como as fichas do INRC foram interpretadas e preenchidas pelos pesquisadores conjuntamente com os congadeiros.
O artigo analisa as formas de apreensão por agentes sociais diversos de um festival dedicado às t... more O artigo analisa as formas de apreensão por agentes sociais diversos de um festival dedicado às timbila chopes chamado M’saho com foco no período pós-independência. Por meio de discussão bibliográfica e da descrição etnográfica do M’saho realizado em 2018, o texto propõe uma reflexão sobre as transformações operadas nas relações do Estado com os timbileiros, evidenciando os dilemas e limites enfrentados por eles na transição dos regimes políticos e práticas de governo associados aos períodos colonial e pós-independência. Busca-se, em última instância, compreender o lugar ocupado pelo festival no processo de patrimonialização das timbila.
This article discusses aspects of the Mozambique's “chopi timbila” patrimonialization process... more This article discusses aspects of the Mozambique's “chopi timbila” patrimonialization process that culminated in its proclamation by the Unesco's Intangible Heritage Masterpieces Program in 2005. Inspired by analyzes of objectification and semantic reduction processes involved in the official recognition of expressions as cultural heritage, I approach elements of the timbila's historical and social trajectory to understand its role in the national imagination and its choice as the first intangible cultural element in Mozambique which was enshrined in international arenas. I emphasized all along the text several elements that locate this African country within the scope of its international relations; on the one hand, I discuss some of the dynamics perpetuated by colonialism, which enabled the dissemination of timbila beyond the colonized territory and, on the other hand, I reflect on Mozambique's relationship with Unesco, in light of the country's political histo...
O artigo discute aspectos do processo de patrimonialização das “timbila chopes” de Moçambique que... more O artigo discute aspectos do processo de patrimonialização das “timbila chopes” de Moçambique que culminou com sua proclamação pelo Programa das Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade da Unesco em 2005. Inspirada em análises sobre processos de objetificação e redução semântica implicados no reconhecimento oficial de expressões como patrimônio cultural, abordo elementos da trajetória histórica e social das timbila para compreender seu lugar no imaginário nacional e sua escolha como o primeiro bem cultural imaterial em Moçambique consagrado em arenas internacionais. Enfatizei no decorrer do texto diversos elementos que localizam esse país africano no âmbito das suas relações internacionais; por um lado, discuto algumas das dinâmicas perpetuadas pelo colonialismo, as quais possibilitaram a divulgação das timbila para além do território colonizado e, por outro, reflito sobre a relação de Moçambique com a Unesco, à luz da história política do país e de sua recepção em ...
Este artigo discute a realização do I Festival Nacional da Canção e Música Tradicional (1980-1981... more Este artigo discute a realização do I Festival Nacional da Canção e Música Tradicional (1980-1981) em Moçambique e o reputa como a iniciativa de maior destaque promovida pelo governo da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) no seu projeto de construção nacional durante os primeiros anos após a independência do país no campo musical. Após a descrição e análise da programação deste Festival, recupero o debate acalorado promovido pela grande imprensa da época sobre certos dilemas envolvidos na sua organização e na classificação “música tradicional”. Nos palcos construídos na capital, Maputo, pessoas oriundas das diversas províncias do país passaram a ser conhecidas como artistas, denominação adquirida ao serem instadas a abandonar suas vinculações “tribais”. Argumento que, a despeito das várias transformações políticas pelas quais o país passou nas últimas décadas, especialmente após o fim da guerra civil (1976/1977-1992), o Festival Nacional da Canção e Música Tradicional permaneceu como paradigma. A partir dos anos 2000, a realização de festivais culturais continua sendo uma estratégia central de construção da unidade nacional.
International Relations and Heritage: Patchwork in Times of Plurality, 2021
Artigo publicado no livro International Relations and Heritage: Patchwork in Times of Plurality, ... more Artigo publicado no livro International Relations and Heritage: Patchwork in Times of Plurality, Rodrigo Christofoletti & Maria Leonor Botelho (Ed.). The Latin American Studies Book Series. Springer.
O artigo discute aspectos do processo de patrimonialização das “timbila chopes” de Moçambique que... more O artigo discute aspectos do processo de patrimonialização das “timbila chopes” de Moçambique que culminou com sua proclamação pelo Programa das Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade da Unesco em 2005. Inspirada em análises sobre processos de objetificação e redução semântica implicados no reconhecimento oficial de expressões como patrimônio cultural, abordo elementos da trajetória histórica e social das timbila para compreender seu lugar no imaginário nacional e sua escolha como o primeiro bem cultural imaterial em Moçambique consagrado em arenas internacionais. Enfatizei no decorrer do texto diversos elementos que localizam esse país africano no âmbito das suas relações internacionais; por um lado, discuto algumas das dinâmicas perpetuadas pelo colonialismo, as quais possibilitaram a divulgação das timbila para além do território colonizado e, por outro, reflito sobre a relação de Moçambique com a Unesco, à luz da história política do país e de sua recepção em relação a certos critérios e entendimentos desse organismo internacional no que tange ao patrimônio imaterial. Por fim, destaco as interpretações dadas pelo Estado moçambicano aos ideais de participação social da Unesco e mostro como o dossiê produzido pelo governo moçambicano utilizou o critério de autenticidade em voga naquele momento para descrever e justificar a escolha das timbila.
Discuto neste artigo aspectos da cooperação internacional brasileira no âmbito de acordos educaci... more Discuto neste artigo aspectos da cooperação internacional brasileira no âmbito de acordos educacionais com Moçambique. Argumento como a implantação de grandes investimentos agrícolas e a difusão de telenovelas desempenham um papel central na execução desses acordos, ao promoverem imagens atrativas de um Brasil de riqueza e de oportunidades. À luz do exame de narrativas de duas gerações de moçambicanos que estudaram em universidades brasileiras e da constatação de continuidades históricas das práticas laborais locais, discuto como as ideias de desenvolvimento, trabalho e modernidade são decisivas para a compreensão dos efeitos da denominada cooperação sul-sul.
Este trabalho discute, a partir de uma perspectiva etnográfica, tendências e tensões característi... more Este trabalho discute, a partir de uma perspectiva etnográfica, tendências e tensões características da sociabilidade de estudantes africanos - vindos de países de língua oficial portuguesa - na Universidade de Brasília (UnB) e na Universidade de São Paulo (USP). Abordamos os modos pelos quais eles experimentam as práticas linguísticas e pedagógicas das universidades, vivenciam as tensões raciais existentes no Brasil, atribuem sentido aos espaços urbanos nos quais são acolhidos; e analisamos seus padrões mais comuns de interação e agregação. Sugerimos que o tempo de participação no fluxo migratório, a nacionalidade de origem dos estudantes e a cidade de acolhida no Brasil são variáveis que condicionam de forma importante a sociabilidade dos estudantes. Residualmente, e de forma ainda incipiente, exploramos algumas dinâmicas de identificação entre os alunos. Alguns se apresentam como sujeitos em diáspora. Outros, contudo, chamam atenção para a necessidade de continuarem a ser reconhecidos como estrangeiros. A maioria demonstra surpresa em se ver percebido como negro ou africano, simplesmente. Os estudantes vêm para o Brasil mediante o Programa Estudante Convênio de Graduação (PEC-G), um acordo diplomático que facilita o deslocamento do aluno ao nosso país a fim de realizar seu curso de nível superior.
Boletim Eletrônico da Biblioteca Aloísio Magalhães, 2019
Leitura comemorativa de VIANNA, Hermano. O mistério do samba. 5. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar;... more Leitura comemorativa de VIANNA, Hermano. O mistério do samba. 5. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; Ed. UFRJ, 1995. 193 p.
Resenha do livro TRAJANO FILHO, Wilson (Org.).Travessias antropológicas: estudos em contextos afr... more Resenha do livro TRAJANO FILHO, Wilson (Org.).Travessias antropológicas: estudos em contextos africanos. Brasília: ABA Publicações. 370p.
Resenha do Livro Do Material ao Imaterial: patrimônios culturais do Brasil. CORÁ, Maria Amélia Ju... more Resenha do Livro Do Material ao Imaterial: patrimônios culturais do Brasil. CORÁ, Maria Amélia Jundurian. São Paulo: EDUC, FAPESP, 2014. 360p.
Escritas partilhadas: parcerias em produções etnográficas realizadas em contextos africanos, 2023
Ao reunir textos de pesquisadores/as brasileiro/as e africanos/as, escritos em parcerias variadas... more Ao reunir textos de pesquisadores/as brasileiro/as e africanos/as, escritos em parcerias variadas, profícuas e duradouras, esta coletânea tem por objetivo tornar públicas as potencialidades dos diálogos que as pesquisas realizadas em contextos africanos têm propiciado para pesqui- sadores/as, interlocutores/as e colegas os quais, por meio de esforços de pesquisa etnográfica, encontram-se, colaboram, trocam e constroem conhecimentos de forma partilhada. Resultado também da parceria entre elas, duas antropólogas que já foram professora e estudante e hoje são colegas que trabalham em colaboração e amizade, este volume nos coloca em diálogo com os mais recentes debates metodológicos e epistemológicos da antropologia.
Este livro contém uma série de entrevistas com as principais responsáveis pela criação da polític... more Este livro contém uma série de entrevistas com as principais responsáveis pela criação da política de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial no Brasil, com foco na elaboração e implementação do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC).
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de maior destaque promovida pelo governo da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) no seu projeto de construção nacional durante os primeiros anos após a independência do país no campo musical. Após a descrição e análise da programação deste Festival, recupero o debate acalorado promovido pela grande imprensa da época sobre certos dilemas envolvidos na sua organização e na classificação “música tradicional”. Nos palcos construídos na capital, Maputo, pessoas oriundas das diversas províncias do país passaram a ser conhecidas como artistas, denominação adquirida ao serem instadas a abandonar suas vinculações “tribais”. Argumento que, a despeito das várias transformações políticas pelas quais o país passou nas últimas décadas, especialmente após o fim da guerra civil (1976/1977-1992), o Festival Nacional da Canção e Música Tradicional permaneceu como paradigma. A partir dos anos 2000, a realização de festivais culturais continua sendo uma estratégia central de construção da unidade nacional.
agrícolas e a difusão de telenovelas desempenham um papel central na execução desses acordos, ao promoverem imagens atrativas de um Brasil de riqueza e de oportunidades.
À luz do exame de narrativas de duas gerações de moçambicanos que estudaram em universidades brasileiras e da constatação de continuidades históricas das práticas
laborais locais, discuto como as ideias de desenvolvimento, trabalho e modernidade são decisivas para a compreensão dos efeitos da denominada cooperação sul-sul.
de maior destaque promovida pelo governo da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) no seu projeto de construção nacional durante os primeiros anos após a independência do país no campo musical. Após a descrição e análise da programação deste Festival, recupero o debate acalorado promovido pela grande imprensa da época sobre certos dilemas envolvidos na sua organização e na classificação “música tradicional”. Nos palcos construídos na capital, Maputo, pessoas oriundas das diversas províncias do país passaram a ser conhecidas como artistas, denominação adquirida ao serem instadas a abandonar suas vinculações “tribais”. Argumento que, a despeito das várias transformações políticas pelas quais o país passou nas últimas décadas, especialmente após o fim da guerra civil (1976/1977-1992), o Festival Nacional da Canção e Música Tradicional permaneceu como paradigma. A partir dos anos 2000, a realização de festivais culturais continua sendo uma estratégia central de construção da unidade nacional.
agrícolas e a difusão de telenovelas desempenham um papel central na execução desses acordos, ao promoverem imagens atrativas de um Brasil de riqueza e de oportunidades.
À luz do exame de narrativas de duas gerações de moçambicanos que estudaram em universidades brasileiras e da constatação de continuidades históricas das práticas
laborais locais, discuto como as ideias de desenvolvimento, trabalho e modernidade são decisivas para a compreensão dos efeitos da denominada cooperação sul-sul.