Trata-se da tradução do ensaio " All monuments should fall" , acrescido de notas explicativas dos... more Trata-se da tradução do ensaio " All monuments should fall" , acrescido de notas explicativas dos tradutores. Mais do que uma prática estética, os monumentos públicos dos supremacistas brancos expressam e reinscrevem os valores da hegemonia racial. Nicholas Mirzoeff examina algumas das implicações culturais, políticas e espaciais em torno da construção e da remoção dessas estátuas.
O texto descreve as questões centrais da proposta para o dossiê Subúrbios e periferias: atores, ... more O texto descreve as questões centrais da proposta para o dossiê Subúrbios e periferias: atores, projetos e territórios na organização de memórias coletivas do espaço urbano e as contribuições reunidas. A proposta do dossiê era a de reunir estudos nos campos do urbano e do simbólico que privilegiassem territórios suburbanos ou periféricos em associação ao tema da memória coletiva. A apresentação antecipa algumas das contribuições dos artigos escolhidos e discute brevemente conceitos que servem como lupa para reconhecer as singularidades do tema proposto.
Resumo O presente texto propõe refletir sobre o regime de informação contemporâneo e a produção d... more Resumo O presente texto propõe refletir sobre o regime de informação contemporâneo e a produção de novos modos de percepção, de afetação e de existir subjetivamente. Considerando a diferença entre "narração" e "informação", como proposta por Walter Benjamin, compreende-se nova configuração da comunicação na contemporaneidade, que se manifesta a partir do choque, do impacto e do apelo; uma produção acelerada de informação que nos invade e nos interpela à sua onipresença, tal qual uma nuvem de escritas cada vez mais densa. Na chamada era da "pós-verdade", um fato objetivo importa menos do que o impacto emocional, e há uma tendência cada vez maior de que a comunicação seja personalizada para receptores específicos. Nesse contexto, a relação entre memória e história é ressignificada: a narrativa de fatos históricos é cada vez mais reescrita de modo a invisibilizar os conflitos e tensões inerentes à história e a transformar o passado em um acúmulo de ruínas.
Este trabalho propõe compreender a temporalidade da pandemia, considerando as condições de comuni... more Este trabalho propõe compreender a temporalidade da pandemia, considerando as condições de comunicação de tal vivência, em um contexto que reúne processos de aceleração histórica com a sensação de imobilidade e de disjunção. Espera-se dar contornos conceituais à experiência de tempo ao qual estamos submetidos a partir do olhar do flâneur e do conceito de imagem dialética. Trata-se de compreender a contemporaneidade para além da crise sanitária, incorporando ao debate duas outras crises: a existencial – formada pelas doenças neuronais e pela incapacidade de transmitir experiências e informações – e a própria crise da “ordem do tempo” reforçada pela pandemia e pelo confinamento.
Resenha da obra: BENJAMIN, Walter. A hora das criancas. Narrativas radiofonicas de Walter Benjam... more Resenha da obra: BENJAMIN, Walter. A hora das criancas. Narrativas radiofonicas de Walter Benjamin. Rio de Janeiro, Nau Editora, 2016, 292p.
Resumo: O presente ensaio busca refletir a respeito do ato de grifar livros, explorando as possib... more Resumo: O presente ensaio busca refletir a respeito do ato de grifar livros, explorando as possibilidades filosóficas e criativas do gesto a partir das reflexões de Walter Benjamin, Antoine Compagnon e Michel de Certeau. Palavras-Chave: Livro; rastro; aura; escrita.
ABSTRACT: This text seeks to initiate a reflection on the act of marking up books. We explore the phylosophical and the creative possibililities of the action, based on theories by Walter Benjamin, Antoine Compangnon and Michel de Certeau. Pois o livro lido não é um objeto realmente distinto de mim mes-mo, com o qual teria uma verdadeira relação de objeto: ele é eu e não-eu, uma not-me possession. Antoine Compagnon I Por que grifamos os livros? Qual o significado dos vestígios que neles deixa-mos? Não me refiro a qualquer marca espontânea do tempo, à página amarelada, à poeira ou aos cheiros que evocam a sua história. Falo das marcas intencionais que nos permitem habitar as páginas e apropriarmo-nos do texto. Através das marcações, entrelaçamos as ideias de um(a) autor(a) com as nossas expectativas e percepções. Para mim, espécie de 'acadêmico indisciplinado', destacar ou sinalizar algo que me diz respeito em um texto é o prenúncio dos meus próprios artigos, ensaios e aulas. Marcar o texto é frequentemente o primeiro rascunho para a elaboração do próprio pensamento 1. Refiro-me, portanto, a uma relação particular com o momento de leitura em suas mediações com o ato de escrever. Walter Benjamin (1995, p. 27) afirma que a escrita de um texto compreende três fases: a composição, fase musical; a construção, fase arquitetônica; e a fase têxtil em que o texto é "tecido". Se esse argumento possui teor de verdade, o texto grifado agrega as primeiras notas da composição textual, as primeiras sonoridades de um pensamento próprio, antes da partitura. Se lemos para nos alimentarmos dos conceitos e problemas propostos por um(a) autor(a) e com o intuito de escrevermos nossos textos, grifar torna-se o primeiro momento de inspira-ção. Um modo de antecipar o porvir.
Anais do seminário PORTO MARAVILHA 10 ANOS passado, presente e futuro da zona portuária, 2019
Neste artigo, discuto a utilização do patrimônio como categoria estratégica do projeto Porto Mar... more Neste artigo, discuto a utilização do patrimônio como categoria estratégica do projeto Porto Maravilha, no intuito de compreender os impactos socioespaciais da patrimonialização sobre a região e os deslocamentos de sentido das revitalizações culturais em áreas históricas. Em primeiro lugar, apresento as maneiras pelas quais o Porto Maravilha se utiliza do patrimônio dentro de um regime de historicidade que se afasta de um discurso centrado na ameaça da "perda", ao propor uma relação orgânica entre as heranças do passado e a necessidades econômicas e políticas contemporâneas. Em seguida, proponho um contraste entre o Porto Maravilha e o projeto Corredor Cultural, para demostrar em que medida a recuperação da zona portuária sinaliza um novo modo de lidar com a memória urbana. Por fim, analiso propriamente como a categoria patrimônio é discursivamente construída de modo a justificar certos usos e funções das características urbanas e históricas da região e da própria cidade.
A partir da análise das ações, relatos e documentos
elaborados por agentes do governo municipal
... more A partir da análise das ações, relatos e documentos
elaborados por agentes do governo municipal
relativos ao projeto o Porto Maravilha, propõe‐se
discutir as características e os processos urbanos
atuantes sobre a zona portuária, considerando as
relações entre a espacialidade e a historicidade da
região. O artigo parte de uma discussão histórica que
busca pensar no tempo a relação entre o porto e a
cidade. Em sequência, investe em uma análise
sociológica sobre o atual projeto Porto Maravilha,
suas pretensões de criar uma ruptura na história da
urbe, através da articulação de um discurso que
vincula a decadência portuária com a necessidade de
regeneração do porto para se conquistar uma
reformulação da cidade como um todo. Essa
pretensão de estabelecer um marco de ruptura por
parte da prefeitura do Rio de Janeiro também
esconde as continuidades que esse projeto
estabelece com outros projetos pensados para a
cidade. O artigo discute também a maneira como o
referido plano de reformulação do porto busca se
estabelecer a despeito da historicidade e da
espacialidade da região.
Assim como todas as coisas que estão em um irresistível processo de mistura e impurificação perde... more Assim como todas as coisas que estão em um irresistível processo de mistura e impurificação perdem sua expressão de essência, e o ambíguo se põe no lugar do autêntico, assim também a cidade. Walter Benjamin Não é possível ser fiel a uma cultura sem transformá-la, sem assumir os conflitos que toda comunicação profunda envolve. Jesus Martin Barbero RESUMO: Este ensaio tem por objetivo refletir a respeito da cidade contemporânea, a partir do papel das estratégias de comunicação e das políticas culturais na reconfiguração do tecido urbano. Partimos do pressuposto que a cidade se tornou protagonista dos processos econômicos e culturais fundamentais à sociedade contemporânea, por meio da convergência entre cultura, consumo e comunicação. Propõe-se, em primeiro lugar, entender de que maneira as imagens urbanas viabilizadas pelos meios de comunicação são apropriadas pela lógica do mercado. Em seguida, analisaremos o protagonismo da cultura e o papel das indústrias criativas como diferencial das cidades contemporâneas. ABSTRACT This essay seeks to reflect on the contemporary city, from the role of communication strategies and cultural policies in the reconfiguration of the urban space. We assume that the city became a protagonist of the economic and cultural challenges of contemporary society, through the convergence between culture, consumption and communication. It is, first, to understand how the urban images made possible by the media are appropriated by the logic of the market. Second, we will analyze the " centrality of culture " and the role of creative industries and creative cities.
Neste ensaio pretendo discutir a relação entre memória e esquecimento na sociedade contemporânea,... more Neste ensaio pretendo discutir a relação entre memória e esquecimento na sociedade contemporânea, tendo como pretexto a análise de dois episódios do seriado Black Mirror: The Entire history of you e Be right back. Parto do pressuposto de que a proliferação das tecnologias digitais alteram significantemente os modos de produção, armazenamento e classificação dos registros do passado e consequentemente, de nosso regime de historicidade (ou seja, nosso modo de relacionar passado, presente e futuro). Discuto algumas das características da produção e difusão de memória no contexto das redes sociotécnicas contemporâneas, considerando o impacto das novas tecnologias sobre nosso modo de elaborar e descartar o passado, a partir das reflexões de Walter Benjamin, Giorgio Agambem, François Hartog e Beatriz Sarlo. As hipóteses propostas neste trabalho tem intuito de provocar os pesquisadores da área de comunicação quanto ao modo pelo qual as mídias digitais lidam com o tempo social e a memória sociotecnólogica.
Resenha critica do Livro "Virada testemunhal e decolonial do saber histórico"., de Marcio Seligma... more Resenha critica do Livro "Virada testemunhal e decolonial do saber histórico"., de Marcio Seligmann-Silva.
Trata-se da tradução do ensaio " All monuments should fall" , acrescido de notas explicativas dos... more Trata-se da tradução do ensaio " All monuments should fall" , acrescido de notas explicativas dos tradutores. Mais do que uma prática estética, os monumentos públicos dos supremacistas brancos expressam e reinscrevem os valores da hegemonia racial. Nicholas Mirzoeff examina algumas das implicações culturais, políticas e espaciais em torno da construção e da remoção dessas estátuas.
O texto descreve as questões centrais da proposta para o dossiê Subúrbios e periferias: atores, ... more O texto descreve as questões centrais da proposta para o dossiê Subúrbios e periferias: atores, projetos e territórios na organização de memórias coletivas do espaço urbano e as contribuições reunidas. A proposta do dossiê era a de reunir estudos nos campos do urbano e do simbólico que privilegiassem territórios suburbanos ou periféricos em associação ao tema da memória coletiva. A apresentação antecipa algumas das contribuições dos artigos escolhidos e discute brevemente conceitos que servem como lupa para reconhecer as singularidades do tema proposto.
Resumo O presente texto propõe refletir sobre o regime de informação contemporâneo e a produção d... more Resumo O presente texto propõe refletir sobre o regime de informação contemporâneo e a produção de novos modos de percepção, de afetação e de existir subjetivamente. Considerando a diferença entre "narração" e "informação", como proposta por Walter Benjamin, compreende-se nova configuração da comunicação na contemporaneidade, que se manifesta a partir do choque, do impacto e do apelo; uma produção acelerada de informação que nos invade e nos interpela à sua onipresença, tal qual uma nuvem de escritas cada vez mais densa. Na chamada era da "pós-verdade", um fato objetivo importa menos do que o impacto emocional, e há uma tendência cada vez maior de que a comunicação seja personalizada para receptores específicos. Nesse contexto, a relação entre memória e história é ressignificada: a narrativa de fatos históricos é cada vez mais reescrita de modo a invisibilizar os conflitos e tensões inerentes à história e a transformar o passado em um acúmulo de ruínas.
Este trabalho propõe compreender a temporalidade da pandemia, considerando as condições de comuni... more Este trabalho propõe compreender a temporalidade da pandemia, considerando as condições de comunicação de tal vivência, em um contexto que reúne processos de aceleração histórica com a sensação de imobilidade e de disjunção. Espera-se dar contornos conceituais à experiência de tempo ao qual estamos submetidos a partir do olhar do flâneur e do conceito de imagem dialética. Trata-se de compreender a contemporaneidade para além da crise sanitária, incorporando ao debate duas outras crises: a existencial – formada pelas doenças neuronais e pela incapacidade de transmitir experiências e informações – e a própria crise da “ordem do tempo” reforçada pela pandemia e pelo confinamento.
Resenha da obra: BENJAMIN, Walter. A hora das criancas. Narrativas radiofonicas de Walter Benjam... more Resenha da obra: BENJAMIN, Walter. A hora das criancas. Narrativas radiofonicas de Walter Benjamin. Rio de Janeiro, Nau Editora, 2016, 292p.
Resumo: O presente ensaio busca refletir a respeito do ato de grifar livros, explorando as possib... more Resumo: O presente ensaio busca refletir a respeito do ato de grifar livros, explorando as possibilidades filosóficas e criativas do gesto a partir das reflexões de Walter Benjamin, Antoine Compagnon e Michel de Certeau. Palavras-Chave: Livro; rastro; aura; escrita.
ABSTRACT: This text seeks to initiate a reflection on the act of marking up books. We explore the phylosophical and the creative possibililities of the action, based on theories by Walter Benjamin, Antoine Compangnon and Michel de Certeau. Pois o livro lido não é um objeto realmente distinto de mim mes-mo, com o qual teria uma verdadeira relação de objeto: ele é eu e não-eu, uma not-me possession. Antoine Compagnon I Por que grifamos os livros? Qual o significado dos vestígios que neles deixa-mos? Não me refiro a qualquer marca espontânea do tempo, à página amarelada, à poeira ou aos cheiros que evocam a sua história. Falo das marcas intencionais que nos permitem habitar as páginas e apropriarmo-nos do texto. Através das marcações, entrelaçamos as ideias de um(a) autor(a) com as nossas expectativas e percepções. Para mim, espécie de 'acadêmico indisciplinado', destacar ou sinalizar algo que me diz respeito em um texto é o prenúncio dos meus próprios artigos, ensaios e aulas. Marcar o texto é frequentemente o primeiro rascunho para a elaboração do próprio pensamento 1. Refiro-me, portanto, a uma relação particular com o momento de leitura em suas mediações com o ato de escrever. Walter Benjamin (1995, p. 27) afirma que a escrita de um texto compreende três fases: a composição, fase musical; a construção, fase arquitetônica; e a fase têxtil em que o texto é "tecido". Se esse argumento possui teor de verdade, o texto grifado agrega as primeiras notas da composição textual, as primeiras sonoridades de um pensamento próprio, antes da partitura. Se lemos para nos alimentarmos dos conceitos e problemas propostos por um(a) autor(a) e com o intuito de escrevermos nossos textos, grifar torna-se o primeiro momento de inspira-ção. Um modo de antecipar o porvir.
Anais do seminário PORTO MARAVILHA 10 ANOS passado, presente e futuro da zona portuária, 2019
Neste artigo, discuto a utilização do patrimônio como categoria estratégica do projeto Porto Mar... more Neste artigo, discuto a utilização do patrimônio como categoria estratégica do projeto Porto Maravilha, no intuito de compreender os impactos socioespaciais da patrimonialização sobre a região e os deslocamentos de sentido das revitalizações culturais em áreas históricas. Em primeiro lugar, apresento as maneiras pelas quais o Porto Maravilha se utiliza do patrimônio dentro de um regime de historicidade que se afasta de um discurso centrado na ameaça da "perda", ao propor uma relação orgânica entre as heranças do passado e a necessidades econômicas e políticas contemporâneas. Em seguida, proponho um contraste entre o Porto Maravilha e o projeto Corredor Cultural, para demostrar em que medida a recuperação da zona portuária sinaliza um novo modo de lidar com a memória urbana. Por fim, analiso propriamente como a categoria patrimônio é discursivamente construída de modo a justificar certos usos e funções das características urbanas e históricas da região e da própria cidade.
A partir da análise das ações, relatos e documentos
elaborados por agentes do governo municipal
... more A partir da análise das ações, relatos e documentos
elaborados por agentes do governo municipal
relativos ao projeto o Porto Maravilha, propõe‐se
discutir as características e os processos urbanos
atuantes sobre a zona portuária, considerando as
relações entre a espacialidade e a historicidade da
região. O artigo parte de uma discussão histórica que
busca pensar no tempo a relação entre o porto e a
cidade. Em sequência, investe em uma análise
sociológica sobre o atual projeto Porto Maravilha,
suas pretensões de criar uma ruptura na história da
urbe, através da articulação de um discurso que
vincula a decadência portuária com a necessidade de
regeneração do porto para se conquistar uma
reformulação da cidade como um todo. Essa
pretensão de estabelecer um marco de ruptura por
parte da prefeitura do Rio de Janeiro também
esconde as continuidades que esse projeto
estabelece com outros projetos pensados para a
cidade. O artigo discute também a maneira como o
referido plano de reformulação do porto busca se
estabelecer a despeito da historicidade e da
espacialidade da região.
Assim como todas as coisas que estão em um irresistível processo de mistura e impurificação perde... more Assim como todas as coisas que estão em um irresistível processo de mistura e impurificação perdem sua expressão de essência, e o ambíguo se põe no lugar do autêntico, assim também a cidade. Walter Benjamin Não é possível ser fiel a uma cultura sem transformá-la, sem assumir os conflitos que toda comunicação profunda envolve. Jesus Martin Barbero RESUMO: Este ensaio tem por objetivo refletir a respeito da cidade contemporânea, a partir do papel das estratégias de comunicação e das políticas culturais na reconfiguração do tecido urbano. Partimos do pressuposto que a cidade se tornou protagonista dos processos econômicos e culturais fundamentais à sociedade contemporânea, por meio da convergência entre cultura, consumo e comunicação. Propõe-se, em primeiro lugar, entender de que maneira as imagens urbanas viabilizadas pelos meios de comunicação são apropriadas pela lógica do mercado. Em seguida, analisaremos o protagonismo da cultura e o papel das indústrias criativas como diferencial das cidades contemporâneas. ABSTRACT This essay seeks to reflect on the contemporary city, from the role of communication strategies and cultural policies in the reconfiguration of the urban space. We assume that the city became a protagonist of the economic and cultural challenges of contemporary society, through the convergence between culture, consumption and communication. It is, first, to understand how the urban images made possible by the media are appropriated by the logic of the market. Second, we will analyze the " centrality of culture " and the role of creative industries and creative cities.
Neste ensaio pretendo discutir a relação entre memória e esquecimento na sociedade contemporânea,... more Neste ensaio pretendo discutir a relação entre memória e esquecimento na sociedade contemporânea, tendo como pretexto a análise de dois episódios do seriado Black Mirror: The Entire history of you e Be right back. Parto do pressuposto de que a proliferação das tecnologias digitais alteram significantemente os modos de produção, armazenamento e classificação dos registros do passado e consequentemente, de nosso regime de historicidade (ou seja, nosso modo de relacionar passado, presente e futuro). Discuto algumas das características da produção e difusão de memória no contexto das redes sociotécnicas contemporâneas, considerando o impacto das novas tecnologias sobre nosso modo de elaborar e descartar o passado, a partir das reflexões de Walter Benjamin, Giorgio Agambem, François Hartog e Beatriz Sarlo. As hipóteses propostas neste trabalho tem intuito de provocar os pesquisadores da área de comunicação quanto ao modo pelo qual as mídias digitais lidam com o tempo social e a memória sociotecnólogica.
Resenha critica do Livro "Virada testemunhal e decolonial do saber histórico"., de Marcio Seligma... more Resenha critica do Livro "Virada testemunhal e decolonial do saber histórico"., de Marcio Seligmann-Silva.
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ABSTRACT: This text seeks to initiate a reflection on the act of marking up books. We explore the phylosophical and the creative possibililities of the action, based on theories by Walter Benjamin, Antoine Compangnon and Michel de Certeau. Pois o livro lido não é um objeto realmente distinto de mim mes-mo, com o qual teria uma verdadeira relação de objeto: ele é eu e não-eu, uma not-me possession. Antoine Compagnon I Por que grifamos os livros? Qual o significado dos vestígios que neles deixa-mos? Não me refiro a qualquer marca espontânea do tempo, à página amarelada, à poeira ou aos cheiros que evocam a sua história. Falo das marcas intencionais que nos permitem habitar as páginas e apropriarmo-nos do texto. Através das marcações, entrelaçamos as ideias de um(a) autor(a) com as nossas expectativas e percepções. Para mim, espécie de 'acadêmico indisciplinado', destacar ou sinalizar algo que me diz respeito em um texto é o prenúncio dos meus próprios artigos, ensaios e aulas. Marcar o texto é frequentemente o primeiro rascunho para a elaboração do próprio pensamento 1. Refiro-me, portanto, a uma relação particular com o momento de leitura em suas mediações com o ato de escrever. Walter Benjamin (1995, p. 27) afirma que a escrita de um texto compreende três fases: a composição, fase musical; a construção, fase arquitetônica; e a fase têxtil em que o texto é "tecido". Se esse argumento possui teor de verdade, o texto grifado agrega as primeiras notas da composição textual, as primeiras sonoridades de um pensamento próprio, antes da partitura. Se lemos para nos alimentarmos dos conceitos e problemas propostos por um(a) autor(a) e com o intuito de escrevermos nossos textos, grifar torna-se o primeiro momento de inspira-ção. Um modo de antecipar o porvir.
elaborados por agentes do governo municipal
relativos ao projeto o Porto Maravilha, propõe‐se
discutir as características e os processos urbanos
atuantes sobre a zona portuária, considerando as
relações entre a espacialidade e a historicidade da
região. O artigo parte de uma discussão histórica que
busca pensar no tempo a relação entre o porto e a
cidade. Em sequência, investe em uma análise
sociológica sobre o atual projeto Porto Maravilha,
suas pretensões de criar uma ruptura na história da
urbe, através da articulação de um discurso que
vincula a decadência portuária com a necessidade de
regeneração do porto para se conquistar uma
reformulação da cidade como um todo. Essa
pretensão de estabelecer um marco de ruptura por
parte da prefeitura do Rio de Janeiro também
esconde as continuidades que esse projeto
estabelece com outros projetos pensados para a
cidade. O artigo discute também a maneira como o
referido plano de reformulação do porto busca se
estabelecer a despeito da historicidade e da
espacialidade da região.
Palavras-chave: Memória; tecnologia digital; sujeito espectral; presentismo.
ABSTRACT: This text seeks to initiate a reflection on the act of marking up books. We explore the phylosophical and the creative possibililities of the action, based on theories by Walter Benjamin, Antoine Compangnon and Michel de Certeau. Pois o livro lido não é um objeto realmente distinto de mim mes-mo, com o qual teria uma verdadeira relação de objeto: ele é eu e não-eu, uma not-me possession. Antoine Compagnon I Por que grifamos os livros? Qual o significado dos vestígios que neles deixa-mos? Não me refiro a qualquer marca espontânea do tempo, à página amarelada, à poeira ou aos cheiros que evocam a sua história. Falo das marcas intencionais que nos permitem habitar as páginas e apropriarmo-nos do texto. Através das marcações, entrelaçamos as ideias de um(a) autor(a) com as nossas expectativas e percepções. Para mim, espécie de 'acadêmico indisciplinado', destacar ou sinalizar algo que me diz respeito em um texto é o prenúncio dos meus próprios artigos, ensaios e aulas. Marcar o texto é frequentemente o primeiro rascunho para a elaboração do próprio pensamento 1. Refiro-me, portanto, a uma relação particular com o momento de leitura em suas mediações com o ato de escrever. Walter Benjamin (1995, p. 27) afirma que a escrita de um texto compreende três fases: a composição, fase musical; a construção, fase arquitetônica; e a fase têxtil em que o texto é "tecido". Se esse argumento possui teor de verdade, o texto grifado agrega as primeiras notas da composição textual, as primeiras sonoridades de um pensamento próprio, antes da partitura. Se lemos para nos alimentarmos dos conceitos e problemas propostos por um(a) autor(a) e com o intuito de escrevermos nossos textos, grifar torna-se o primeiro momento de inspira-ção. Um modo de antecipar o porvir.
elaborados por agentes do governo municipal
relativos ao projeto o Porto Maravilha, propõe‐se
discutir as características e os processos urbanos
atuantes sobre a zona portuária, considerando as
relações entre a espacialidade e a historicidade da
região. O artigo parte de uma discussão histórica que
busca pensar no tempo a relação entre o porto e a
cidade. Em sequência, investe em uma análise
sociológica sobre o atual projeto Porto Maravilha,
suas pretensões de criar uma ruptura na história da
urbe, através da articulação de um discurso que
vincula a decadência portuária com a necessidade de
regeneração do porto para se conquistar uma
reformulação da cidade como um todo. Essa
pretensão de estabelecer um marco de ruptura por
parte da prefeitura do Rio de Janeiro também
esconde as continuidades que esse projeto
estabelece com outros projetos pensados para a
cidade. O artigo discute também a maneira como o
referido plano de reformulação do porto busca se
estabelecer a despeito da historicidade e da
espacialidade da região.
Palavras-chave: Memória; tecnologia digital; sujeito espectral; presentismo.