Doutor em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo pela Universidade de São Paulo. Mestre pela Mesma Universidade e formado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto. Trabalha atualmente como professor no Instituto Federal Baiano
Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2021
RESUMO São Luiz do Paraitinga ficou conhecida nacionalmente depois do desastre que a assolou em 2... more RESUMO São Luiz do Paraitinga ficou conhecida nacionalmente depois do desastre que a assolou em 2010. Parte de seu casario tombado e da igreja Matriz ruíram ou ficaram gravemente avariados por uma enchente, obrigando várias instituições públicas a trabalharem em conjunto para minimizar os danos. Nesse contexto, ocorreu o tombamento emergencial da cidade em âmbito federal, cuja justificativa principal foi a filiação de seu traçado e de sua arquitetura aos preceitos iluministas em voga na época, que nortearam uma série de outros núcleos na segunda metade do século XVIII. Embora o Iphan venha atuando na cidade desde a década de 1950, e o Condephaat desde o momento de sua criação, na década de 1960, poucos estudos procuraram entender a história de seu patrimônio edificado. Assim, passada uma década do desastre e de seu tombamento federal, este artigo tem o objetivo de reler parte da documentação primária remanescente e lançar novos olhares sobre a criação e desenvolvimento dessa cidade,...
Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2020
RESUMO Este artigo visa contribuir com o debate sobre a história da urbanização no período coloni... more RESUMO Este artigo visa contribuir com o debate sobre a história da urbanização no período colonial, elegendo para estudo de caso a Vila de Cunha entre os anos de 1776 e 1817. Escolhemos um ponto aparentemente insignificante da rede urbana da Capitania de São Paulo com o objetivo de mostrar que, indiferentemente à modéstia demográfica e ao seu espaço construído, o núcleo em questão guarda uma complexa territorialidade construída a partir das atividades de seus habitantes. Nesse sentido, lançamos mão de uma série de documentos manuscritos - tais como cartas de sesmarias -, documentos cartográficos, ofícios, maços de população e décimas urbanas para desvendar quais foram as diferentes modalidades de ocupação desse território, quais atividades eram desenvolvidas ali, quais relações os indivíduos estabeleceram na lógica da rede urbana e como essas relações se refletiram no intraurbano de Cunha, implicando a formação de uma materialidade e de teias alinhavadas entre o núcleo urbano, o Ro...
... A segunda, baseando-se em relatos de viajantes, sugere a coexistência de núcleos planificados... more ... A segunda, baseando-se em relatos de viajantes, sugere a coexistência de núcleos planificadose não-... 1.5 - Quadro teórico Michel Foucault (1994) apresenta uma reflexão sobre os espaços outros ... indicadas por referências ambientais, como o sol ea lua. ...
DE CAPITANIA À MESORREGIÃO: AS TRANSFORMAÇÕES SOCIOTERRITORIAIS DO SUL DA BAHIA, 2021
No período entre 1950 e 1970, diversas partes do mundo e, principalmente, o Brasil passaram por u... more No período entre 1950 e 1970, diversas partes do mundo e, principalmente, o Brasil passaram por um vertiginoso processo de urbanização, o que conduziu um repensar as relações entre o ser humano, o meio ambiente e o território, trazendo para o centro do debate a categoria espaço como instrumento de fundamental importância para a compreensão da realidade. Da mesma forma, pesquisas envolvendo essa temática também começaram a problematizar processos espaço-temporais mais amplos, tratando da formação, constituição e transformação de nosso território. Nesse sentido, autores têm destacado que as divisões do Brasil em mesorregiões e microrregiões, estabelecidas pelo IBGE na década de 1990, e, muitas vezes, utilizadas como recorte espacial de trabalhos acadêmicos, trazem dificuldades em sua aplicação, pois engessam os municípios em grupos fechados, dificultando observar suas dinâmicas e consequente desdobramentos históricos. Assim, o presente artigo visa problematizar o território hoje conhecido por Baixo Sul da Bahia no tempo, acompanhando suas transformações político-administrativas desde o período colonial até os dias de hoje. Busca-se dialogar com trabalhos de história política, documentos manuscritos, cartas cartográficas e dicionários históricos com o objetivo de mapear como a região recebeu diferentes enquadramentos ao longo do tempo.
A FORMAÇÃO DA REDE URBANA NA CAPITANIA/ COMARCA DOS ILHÉUS, 2021
O presente artigo visa estudar a formação do território da Capitania/Comarca dos Ilhéus durante o... more O presente artigo visa estudar a formação do território da Capitania/Comarca dos Ilhéus durante o período colonial. Correntes historiográficas mais tradicionais construíram uma interpretação sobre a história do Baixo Sul, pautada nos conceitos de decadência econômica e de esvaziamento demográfico. No entanto, novas pesquisas têm revisado esses conceitos, indicando uma economia dinâmica voltada para o mercado interno e com um crescimento populacional proporcional, embora ainda sobrevivam estigmas que precisam ser revisados. Buscando contribuir com essa discussão, parte-se, principalmente, do estudo dos documentos cartográficos de forma seriada e entrecruzada com outros documentos, objetivando interpretar seus códigos por meio de conhecimentos oriundos de diversas disciplinas. Sobretudo, pauta-se nos conceitos de território, entendido pelo conjunto dos vestígios oriundos dos sucessivos processos históricos amalgamados de forma desigual no espaço e conceitos do campo da História da Urbanização, principalmente, o entendimento mais amplo do processo urbano, abrangendo não só os núcleos urbanos propriamente ditos, mas todo vestígio de ocupação humana ligados às demandas urbanas. Com a análise desses documentos é possível, então, revisar a produção acadêmica e os documentos históricos que representaram o território em questão, descortinando projetos políticos, conflitos e áreas de interesse colonial.
URBANA: Revista Eletrônica do Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Cidade
A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir do... more A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir dos seus aspectos formais. As imagens de “abandono” e “desleixo”, cunhadas por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil(1936, 1948), motivaram gerações de pesquisadores a investigar a morfologia desses núcleos, buscando padrões de regularidade e ortogonalidade. Se muita atenção foi dada aos aspectos planimétricos, pouca ou nenhuma foi dada aos aspectos volumétricos e à materialidade enquanto fonte histórica. A dimensão material das relações sociais, com raras exceções, permaneceu em segundo plano, como simples cenário. Pouca atenção foi dada à sua dimensão potencializadora de novas relações sociais e, assim, ao mesmo tempo, produto e vetor em constante relação dialética. Visualizar a materialidade de núcleos históricos não é tarefa fácil, exige metodologia e instrumentos específicos mobilizados em perspectiva regressiva, envolvendo o entrecruzamento de documentação variada. Nos último...
URBANA: Revista Eletrônica do Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Cidade
A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir do... more A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir dos seus aspectos formais. As imagens de “abandono” e “desleixo”, cunhadas por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil(1936, 1948), motivaram gerações de pesquisadores a investigar a morfologia desses núcleos, buscando padrões de regularidade e ortogonalidade. Se muita atenção foi dada aos aspectos planimétricos, pouca ou nenhuma foi dada aos aspectos volumétricos e à materialidade enquanto fonte histórica. A dimensão material das relações sociais, com raras exceções, permaneceu em segundo plano, como simples cenário. Pouca atenção foi dada à sua dimensão potencializadora de novas relações sociais e, assim, ao mesmo tempo, produto e vetor em constante relação dialética. Visualizar a materialidade de núcleos históricos não é tarefa fácil, exige metodologia e instrumentos específicos mobilizados em perspectiva regressiva, envolvendo o entrecruzamento de documentação variada. Nos último...
Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2021
São Luiz do Paraitinga ficou conhecida nacionalmente depois do desastre que a assolo... more São Luiz do Paraitinga ficou conhecida nacionalmente depois do desastre que a assolou em 2010. Parte de seu casario tombado e da igreja Matriz ruíram ou ficaram gravemente avariados por uma enchente, obrigando várias instituições públicas a trabalharem em conjunto para minimizar os danos. Nesse contexto, ocorreu o tombamento emergencial da cidade em âmbito federal, cuja justificativa principal foi a filiação de seu traçado e de sua arquitetura aos preceitos iluministas em voga na época, que nortearam uma série de outros núcleos na segunda metade do século XVIII. Embora o Iphan venha atuando na cidade desde a década de 1950, e o Condephaat desde o momento de sua criação, na década de 1960, poucos estudos procuraram entender a história de seu patrimônio edificado. Assim, passada uma década do desastre e de seu tombamento federal, este artigo tem o objetivo de reler parte da documentação primária remanescente e lançar novos olhares sobre a criação e desenvolvimento dessa cidade, hoje patrimônio nacional.
ANAIS DO MUSEU PAULISTA: HISTÓRIA E CULTURA MATERIAL, 2020
Este artigo visa contribuir com o debate sobre a história da urbanização no período colonial, ele... more Este artigo visa contribuir com o debate sobre a história da urbanização no período colonial, elegendo para estudo de caso a Vila de Cunha entre os anos de 1776 e 1817. Escolhemos um ponto aparentemente insignificante da rede urbana da Capitania de São Paulo com o objetivo de mostrar que, indiferentemente à modéstia demográfica e ao seu espaço construído, o núcleo em questão guarda uma complexa territorialidade construída a partir das atividades de seus habitantes. Nesse sentido, lançamos mão de uma série de documentos manuscritos – tais como cartas de sesmarias –, documentos cartográficos, ofícios, maços de população e décimas urbanas para desvendar quais foram as diferentes modalidades de ocupação desse território, quais atividades eram desenvolvidas ali, quais relações os indivíduos estabeleceram na lógica da rede urbana e como essas relações se refletiram no intraurbano de Cunha, implicando a formação de uma materialidade e de teias alinhavadas entre o núcleo urbano, o Rocio e o Termo.
Jogos de escalas: a contribuição de fontes tributárias e censitárias para o estudo da arquitetura no final do período colonial, 2020
A micro história italiana, ao investigar as trajetórias de indivíduos ou comunidades para compree... more A micro história italiana, ao investigar as trajetórias de indivíduos ou comunidades para compreender estruturas mais gerais da sociedade, trouxe a reboque uma reflexão sobre o conceito de escala para a historiografa. Houve a necessidade de questionar quais escalas de análise (ex. local, regional, nacional, internacional) seriam apropriadas para uma determinada pesquisa a partir do(s) objeto(s) selecionado(s). No entanto, quando quer-se trabalhar essas questões no campo da História da Arquitetura e da Urbanização no período colonial brasileiro esbarra-se com o problema das fontes. Assim, o presente artigo busca apresentar algumas séries documentais e uma proposta metodológica para trabalhar a questão a partir de um estudo de caso sobre Vila de Cunha – SP, na transição do século XVIII e XIX
URBANA - REVISTA ELETRÔNICA DO CENTRO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS DA CIDADE, v. 10, p. 4-53, 2018.
A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir do... more A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir dos seus aspectos formais. As imagens de "abandono" e "desleixo", cunhadas por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil (1936, 1948), motivaram gerações de pesquisadores a investigar a morfologia desses núcleos, buscando padrões de regularidade e ortogonalidade. Se muita atenção foi dada aos aspectos planimétricos, pouca ou nenhuma foi dada aos aspectos volumétricos e à materialidade enquanto fonte histórica. A dimensão material das relações sociais, com raras exceções, permaneceu em segundo plano, como simples cenário. Pouca atenção foi dada à sua dimensão potencializadora de novas relações sociais e, assim, ao mesmo tempo, produto e vetor em constante relação dialética. Visualizar a materialidade de núcleos históricos não é tarefa fácil, exige metodologia e instrumentos específicos mobilizados em perspectiva regressiva, envolvendo o entrecruzamento de documentação variada. Nos últimos anos, uma nova safra de estudos vem lançando luz em evidências empíricas que merecem debate por seu ineditismo e por conspirarem para uma necessária releitura da materialidade das cidades brasileiras coloniais, inclusive nas suas interfaces com o mundo rural envoltório. Valendo-se de fontes textuais com acentuada dimensão visual, espacializadas em cartografias regressivas por meio de novos aportes tecnológicos, inclusive o SIG (Sistema de Informação Geográfica), esses estudos dão a ver o que de outra forma não se vê, com foco em índices materiais que informam sobre relações sociais e sobretudo sobre processos de acumulação desiguais de tempos, em perspectiva histórica de longa duração. A cidade discutida enquanto artefato, produto e vetor da ação humana, é assim um campo privilegiado de análise em História Urbana, tema do presente artigo, que visa demonstrar alguns resultados interessantes e ainda inéditos nessa linha de investigação que estamos tendo o privilégio de constituir um grupo de pesquisa (BUENO, 2004, 2005, 2016; ANDRADE, 2012; ARRAES, 2017; BORSOI, 2013; BRAGHITTONI, 2015; KATO, 2011 e 2017; MOURA - tese em andamento). Numa espécie de Arqueologia da Paisagem Urbana, ensaiamos reconstituir a materialidade de cinco núcleos urbanos coloniais – São Paulo, Santos, Cunha, Vila Boa e Oeiras do Piauí– com vistas a detalhar nossa metodologia de pesquisa, apontando caminhos promissores para o campo disciplinar em debate no presente Dossiê.
Andréa Poletto Sonza ? [et al.]. (Org.). Afirmar: a inclusão e as diversidades do IFRS: ações e reflexões. 1ed.Bento Gonçalves: Editora do IFRS, 2020, v. 1, p. 272-280.
O presente artigo é fruto de uma série de atividades desenvolvidas no âmbito do Campus Vacaria do... more O presente artigo é fruto de uma série de atividades desenvolvidas no âmbito do Campus Vacaria do Instituto Federal do Rio Grande do Sul no ano de 2018 a partir dos trabalhos do Núcleo de Ações Afirmativas e o Projeto de Formação e Integração. O cotidiano da cidade é marcado pelo machismo que pode ser medido pelos índices alarmantes de violência contra mulheres como estupros, feminicídios, agressões etc. O Campus Vacaria não está apartado desse contexto social, evidenciando também diversos relatos de machismo e preconceito. Com o intuito de problematizar essa realidade, começamos a lançar algumas questões sobre os lugares ocupados pelas mulheres naquela sociedade. Assim, o objetivo principal do estudo é entender melhor a relação entre política e gênero, focando na Câmara Municipal de Vacaria de 1989 até 2016, a partir de investigações sobre a trajetória de vida das vereadoras eleitas dentro do período recortado. Para estruturar a pesquisa lançamos mão da literatura acadêmica especializada a fim de consolidar alguns conceitos importantes sobre o tema, tais como minorias, mulheres e trajetórias. A partir desse escopo montado, organizamos um formulário de coleta de dados e aplicamos por meio de entrevistas à algumas vereadoras. A sistematização das entrevistas e de outros dados coletados possibilitou esclarecer algumas dúvidas que tínhamos, tais como, quantas vereadoras Vacaria já teve e o que isso representa em relação aos homens; as vereadoras eleitas têm ações voltadas para seu público específico; quais ações já foram feitas com o intuito de minimizar o cotidiano de violência da cidade, etc. Concluiu-se que a existência de vereadoras da Câmara foi fator decisivo para estruturar políticas públicas específicas para esse setor a despeito de seu número reduzido e de algumas não terem a questão de gênero como norte do seu trabalho.
BORSOI, Diogo Fonseca; MATA, S. R. Edilidade e construção do espaço urbano no período colonial. In: Helena Miranda Mollo e Marco Antonio Silveira. (Org.). Termo de Mariana: História e documentação. 1ed.Ouro Preto: UFOP, 2012, v. 3, p. 197-204., 2012
BORSOI, Diogo Fonseca; MATA, S. R. Edilidade e construção do espaço urbano no período colonial. I... more BORSOI, Diogo Fonseca; MATA, S. R. Edilidade e construção do espaço urbano no período colonial. In: Helena Miranda Mollo e Marco Antonio Silveira. (Org.). Termo de Mariana: História e documentação. 1ed.Ouro Preto: UFOP, 2012, v. 3, p. 197-204.
RESUMO A documentação produzida pelas câmaras das vilas nos fornece importantes informações sobre... more RESUMO A documentação produzida pelas câmaras das vilas nos fornece importantes informações sobre o cotidiano urbano do período colonial. Tal documentação tem sido pouco estudada quanto aos estudos acerca do tema que, muitas vezes, se foca apenas nas relações entre a Cabeça do Império português e sua colônia americana, não contemplando sistematicamente outros órgãos de poder que foram diretamente participantes do processo de urbanização luso-brasileiro. Nessa perspectiva, o presente artigo apresenta um estudo sobre a documentação oriunda do Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana com o objetivo de explicitar agentes que foram ativos no processo de urbanização da vila/cidade de Mariana e entender melhor o campo de forças que envolvia a produção social do espaço urbano colonial. ABSTRACT The documentation coming from the city council provides us with important information about the urban colonial period daily life. Such documentation has been little explored as for studies on the topic that of has explored only the relationship between the Head of the Portuguese Empire and its American colony, not systematically contemplating other organs of power that were directly participating in the process of luso-brazilian urbanization. From this perspective, this paper presents a study of the documentation coming from the Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana in order to explain new agents that were active in the process of urbanization of the village / town of Mariana, explaining the force field involving the production colonial social space.
Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2021
RESUMO São Luiz do Paraitinga ficou conhecida nacionalmente depois do desastre que a assolou em 2... more RESUMO São Luiz do Paraitinga ficou conhecida nacionalmente depois do desastre que a assolou em 2010. Parte de seu casario tombado e da igreja Matriz ruíram ou ficaram gravemente avariados por uma enchente, obrigando várias instituições públicas a trabalharem em conjunto para minimizar os danos. Nesse contexto, ocorreu o tombamento emergencial da cidade em âmbito federal, cuja justificativa principal foi a filiação de seu traçado e de sua arquitetura aos preceitos iluministas em voga na época, que nortearam uma série de outros núcleos na segunda metade do século XVIII. Embora o Iphan venha atuando na cidade desde a década de 1950, e o Condephaat desde o momento de sua criação, na década de 1960, poucos estudos procuraram entender a história de seu patrimônio edificado. Assim, passada uma década do desastre e de seu tombamento federal, este artigo tem o objetivo de reler parte da documentação primária remanescente e lançar novos olhares sobre a criação e desenvolvimento dessa cidade,...
Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2020
RESUMO Este artigo visa contribuir com o debate sobre a história da urbanização no período coloni... more RESUMO Este artigo visa contribuir com o debate sobre a história da urbanização no período colonial, elegendo para estudo de caso a Vila de Cunha entre os anos de 1776 e 1817. Escolhemos um ponto aparentemente insignificante da rede urbana da Capitania de São Paulo com o objetivo de mostrar que, indiferentemente à modéstia demográfica e ao seu espaço construído, o núcleo em questão guarda uma complexa territorialidade construída a partir das atividades de seus habitantes. Nesse sentido, lançamos mão de uma série de documentos manuscritos - tais como cartas de sesmarias -, documentos cartográficos, ofícios, maços de população e décimas urbanas para desvendar quais foram as diferentes modalidades de ocupação desse território, quais atividades eram desenvolvidas ali, quais relações os indivíduos estabeleceram na lógica da rede urbana e como essas relações se refletiram no intraurbano de Cunha, implicando a formação de uma materialidade e de teias alinhavadas entre o núcleo urbano, o Ro...
... A segunda, baseando-se em relatos de viajantes, sugere a coexistência de núcleos planificados... more ... A segunda, baseando-se em relatos de viajantes, sugere a coexistência de núcleos planificadose não-... 1.5 - Quadro teórico Michel Foucault (1994) apresenta uma reflexão sobre os espaços outros ... indicadas por referências ambientais, como o sol ea lua. ...
DE CAPITANIA À MESORREGIÃO: AS TRANSFORMAÇÕES SOCIOTERRITORIAIS DO SUL DA BAHIA, 2021
No período entre 1950 e 1970, diversas partes do mundo e, principalmente, o Brasil passaram por u... more No período entre 1950 e 1970, diversas partes do mundo e, principalmente, o Brasil passaram por um vertiginoso processo de urbanização, o que conduziu um repensar as relações entre o ser humano, o meio ambiente e o território, trazendo para o centro do debate a categoria espaço como instrumento de fundamental importância para a compreensão da realidade. Da mesma forma, pesquisas envolvendo essa temática também começaram a problematizar processos espaço-temporais mais amplos, tratando da formação, constituição e transformação de nosso território. Nesse sentido, autores têm destacado que as divisões do Brasil em mesorregiões e microrregiões, estabelecidas pelo IBGE na década de 1990, e, muitas vezes, utilizadas como recorte espacial de trabalhos acadêmicos, trazem dificuldades em sua aplicação, pois engessam os municípios em grupos fechados, dificultando observar suas dinâmicas e consequente desdobramentos históricos. Assim, o presente artigo visa problematizar o território hoje conhecido por Baixo Sul da Bahia no tempo, acompanhando suas transformações político-administrativas desde o período colonial até os dias de hoje. Busca-se dialogar com trabalhos de história política, documentos manuscritos, cartas cartográficas e dicionários históricos com o objetivo de mapear como a região recebeu diferentes enquadramentos ao longo do tempo.
A FORMAÇÃO DA REDE URBANA NA CAPITANIA/ COMARCA DOS ILHÉUS, 2021
O presente artigo visa estudar a formação do território da Capitania/Comarca dos Ilhéus durante o... more O presente artigo visa estudar a formação do território da Capitania/Comarca dos Ilhéus durante o período colonial. Correntes historiográficas mais tradicionais construíram uma interpretação sobre a história do Baixo Sul, pautada nos conceitos de decadência econômica e de esvaziamento demográfico. No entanto, novas pesquisas têm revisado esses conceitos, indicando uma economia dinâmica voltada para o mercado interno e com um crescimento populacional proporcional, embora ainda sobrevivam estigmas que precisam ser revisados. Buscando contribuir com essa discussão, parte-se, principalmente, do estudo dos documentos cartográficos de forma seriada e entrecruzada com outros documentos, objetivando interpretar seus códigos por meio de conhecimentos oriundos de diversas disciplinas. Sobretudo, pauta-se nos conceitos de território, entendido pelo conjunto dos vestígios oriundos dos sucessivos processos históricos amalgamados de forma desigual no espaço e conceitos do campo da História da Urbanização, principalmente, o entendimento mais amplo do processo urbano, abrangendo não só os núcleos urbanos propriamente ditos, mas todo vestígio de ocupação humana ligados às demandas urbanas. Com a análise desses documentos é possível, então, revisar a produção acadêmica e os documentos históricos que representaram o território em questão, descortinando projetos políticos, conflitos e áreas de interesse colonial.
URBANA: Revista Eletrônica do Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Cidade
A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir do... more A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir dos seus aspectos formais. As imagens de “abandono” e “desleixo”, cunhadas por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil(1936, 1948), motivaram gerações de pesquisadores a investigar a morfologia desses núcleos, buscando padrões de regularidade e ortogonalidade. Se muita atenção foi dada aos aspectos planimétricos, pouca ou nenhuma foi dada aos aspectos volumétricos e à materialidade enquanto fonte histórica. A dimensão material das relações sociais, com raras exceções, permaneceu em segundo plano, como simples cenário. Pouca atenção foi dada à sua dimensão potencializadora de novas relações sociais e, assim, ao mesmo tempo, produto e vetor em constante relação dialética. Visualizar a materialidade de núcleos históricos não é tarefa fácil, exige metodologia e instrumentos específicos mobilizados em perspectiva regressiva, envolvendo o entrecruzamento de documentação variada. Nos último...
URBANA: Revista Eletrônica do Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Cidade
A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir do... more A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir dos seus aspectos formais. As imagens de “abandono” e “desleixo”, cunhadas por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil(1936, 1948), motivaram gerações de pesquisadores a investigar a morfologia desses núcleos, buscando padrões de regularidade e ortogonalidade. Se muita atenção foi dada aos aspectos planimétricos, pouca ou nenhuma foi dada aos aspectos volumétricos e à materialidade enquanto fonte histórica. A dimensão material das relações sociais, com raras exceções, permaneceu em segundo plano, como simples cenário. Pouca atenção foi dada à sua dimensão potencializadora de novas relações sociais e, assim, ao mesmo tempo, produto e vetor em constante relação dialética. Visualizar a materialidade de núcleos históricos não é tarefa fácil, exige metodologia e instrumentos específicos mobilizados em perspectiva regressiva, envolvendo o entrecruzamento de documentação variada. Nos último...
Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2021
São Luiz do Paraitinga ficou conhecida nacionalmente depois do desastre que a assolo... more São Luiz do Paraitinga ficou conhecida nacionalmente depois do desastre que a assolou em 2010. Parte de seu casario tombado e da igreja Matriz ruíram ou ficaram gravemente avariados por uma enchente, obrigando várias instituições públicas a trabalharem em conjunto para minimizar os danos. Nesse contexto, ocorreu o tombamento emergencial da cidade em âmbito federal, cuja justificativa principal foi a filiação de seu traçado e de sua arquitetura aos preceitos iluministas em voga na época, que nortearam uma série de outros núcleos na segunda metade do século XVIII. Embora o Iphan venha atuando na cidade desde a década de 1950, e o Condephaat desde o momento de sua criação, na década de 1960, poucos estudos procuraram entender a história de seu patrimônio edificado. Assim, passada uma década do desastre e de seu tombamento federal, este artigo tem o objetivo de reler parte da documentação primária remanescente e lançar novos olhares sobre a criação e desenvolvimento dessa cidade, hoje patrimônio nacional.
ANAIS DO MUSEU PAULISTA: HISTÓRIA E CULTURA MATERIAL, 2020
Este artigo visa contribuir com o debate sobre a história da urbanização no período colonial, ele... more Este artigo visa contribuir com o debate sobre a história da urbanização no período colonial, elegendo para estudo de caso a Vila de Cunha entre os anos de 1776 e 1817. Escolhemos um ponto aparentemente insignificante da rede urbana da Capitania de São Paulo com o objetivo de mostrar que, indiferentemente à modéstia demográfica e ao seu espaço construído, o núcleo em questão guarda uma complexa territorialidade construída a partir das atividades de seus habitantes. Nesse sentido, lançamos mão de uma série de documentos manuscritos – tais como cartas de sesmarias –, documentos cartográficos, ofícios, maços de população e décimas urbanas para desvendar quais foram as diferentes modalidades de ocupação desse território, quais atividades eram desenvolvidas ali, quais relações os indivíduos estabeleceram na lógica da rede urbana e como essas relações se refletiram no intraurbano de Cunha, implicando a formação de uma materialidade e de teias alinhavadas entre o núcleo urbano, o Rocio e o Termo.
Jogos de escalas: a contribuição de fontes tributárias e censitárias para o estudo da arquitetura no final do período colonial, 2020
A micro história italiana, ao investigar as trajetórias de indivíduos ou comunidades para compree... more A micro história italiana, ao investigar as trajetórias de indivíduos ou comunidades para compreender estruturas mais gerais da sociedade, trouxe a reboque uma reflexão sobre o conceito de escala para a historiografa. Houve a necessidade de questionar quais escalas de análise (ex. local, regional, nacional, internacional) seriam apropriadas para uma determinada pesquisa a partir do(s) objeto(s) selecionado(s). No entanto, quando quer-se trabalhar essas questões no campo da História da Arquitetura e da Urbanização no período colonial brasileiro esbarra-se com o problema das fontes. Assim, o presente artigo busca apresentar algumas séries documentais e uma proposta metodológica para trabalhar a questão a partir de um estudo de caso sobre Vila de Cunha – SP, na transição do século XVIII e XIX
URBANA - REVISTA ELETRÔNICA DO CENTRO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS DA CIDADE, v. 10, p. 4-53, 2018.
A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir do... more A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir dos seus aspectos formais. As imagens de "abandono" e "desleixo", cunhadas por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil (1936, 1948), motivaram gerações de pesquisadores a investigar a morfologia desses núcleos, buscando padrões de regularidade e ortogonalidade. Se muita atenção foi dada aos aspectos planimétricos, pouca ou nenhuma foi dada aos aspectos volumétricos e à materialidade enquanto fonte histórica. A dimensão material das relações sociais, com raras exceções, permaneceu em segundo plano, como simples cenário. Pouca atenção foi dada à sua dimensão potencializadora de novas relações sociais e, assim, ao mesmo tempo, produto e vetor em constante relação dialética. Visualizar a materialidade de núcleos históricos não é tarefa fácil, exige metodologia e instrumentos específicos mobilizados em perspectiva regressiva, envolvendo o entrecruzamento de documentação variada. Nos últimos anos, uma nova safra de estudos vem lançando luz em evidências empíricas que merecem debate por seu ineditismo e por conspirarem para uma necessária releitura da materialidade das cidades brasileiras coloniais, inclusive nas suas interfaces com o mundo rural envoltório. Valendo-se de fontes textuais com acentuada dimensão visual, espacializadas em cartografias regressivas por meio de novos aportes tecnológicos, inclusive o SIG (Sistema de Informação Geográfica), esses estudos dão a ver o que de outra forma não se vê, com foco em índices materiais que informam sobre relações sociais e sobretudo sobre processos de acumulação desiguais de tempos, em perspectiva histórica de longa duração. A cidade discutida enquanto artefato, produto e vetor da ação humana, é assim um campo privilegiado de análise em História Urbana, tema do presente artigo, que visa demonstrar alguns resultados interessantes e ainda inéditos nessa linha de investigação que estamos tendo o privilégio de constituir um grupo de pesquisa (BUENO, 2004, 2005, 2016; ANDRADE, 2012; ARRAES, 2017; BORSOI, 2013; BRAGHITTONI, 2015; KATO, 2011 e 2017; MOURA - tese em andamento). Numa espécie de Arqueologia da Paisagem Urbana, ensaiamos reconstituir a materialidade de cinco núcleos urbanos coloniais – São Paulo, Santos, Cunha, Vila Boa e Oeiras do Piauí– com vistas a detalhar nossa metodologia de pesquisa, apontando caminhos promissores para o campo disciplinar em debate no presente Dossiê.
Andréa Poletto Sonza ? [et al.]. (Org.). Afirmar: a inclusão e as diversidades do IFRS: ações e reflexões. 1ed.Bento Gonçalves: Editora do IFRS, 2020, v. 1, p. 272-280.
O presente artigo é fruto de uma série de atividades desenvolvidas no âmbito do Campus Vacaria do... more O presente artigo é fruto de uma série de atividades desenvolvidas no âmbito do Campus Vacaria do Instituto Federal do Rio Grande do Sul no ano de 2018 a partir dos trabalhos do Núcleo de Ações Afirmativas e o Projeto de Formação e Integração. O cotidiano da cidade é marcado pelo machismo que pode ser medido pelos índices alarmantes de violência contra mulheres como estupros, feminicídios, agressões etc. O Campus Vacaria não está apartado desse contexto social, evidenciando também diversos relatos de machismo e preconceito. Com o intuito de problematizar essa realidade, começamos a lançar algumas questões sobre os lugares ocupados pelas mulheres naquela sociedade. Assim, o objetivo principal do estudo é entender melhor a relação entre política e gênero, focando na Câmara Municipal de Vacaria de 1989 até 2016, a partir de investigações sobre a trajetória de vida das vereadoras eleitas dentro do período recortado. Para estruturar a pesquisa lançamos mão da literatura acadêmica especializada a fim de consolidar alguns conceitos importantes sobre o tema, tais como minorias, mulheres e trajetórias. A partir desse escopo montado, organizamos um formulário de coleta de dados e aplicamos por meio de entrevistas à algumas vereadoras. A sistematização das entrevistas e de outros dados coletados possibilitou esclarecer algumas dúvidas que tínhamos, tais como, quantas vereadoras Vacaria já teve e o que isso representa em relação aos homens; as vereadoras eleitas têm ações voltadas para seu público específico; quais ações já foram feitas com o intuito de minimizar o cotidiano de violência da cidade, etc. Concluiu-se que a existência de vereadoras da Câmara foi fator decisivo para estruturar políticas públicas específicas para esse setor a despeito de seu número reduzido e de algumas não terem a questão de gênero como norte do seu trabalho.
BORSOI, Diogo Fonseca; MATA, S. R. Edilidade e construção do espaço urbano no período colonial. In: Helena Miranda Mollo e Marco Antonio Silveira. (Org.). Termo de Mariana: História e documentação. 1ed.Ouro Preto: UFOP, 2012, v. 3, p. 197-204., 2012
BORSOI, Diogo Fonseca; MATA, S. R. Edilidade e construção do espaço urbano no período colonial. I... more BORSOI, Diogo Fonseca; MATA, S. R. Edilidade e construção do espaço urbano no período colonial. In: Helena Miranda Mollo e Marco Antonio Silveira. (Org.). Termo de Mariana: História e documentação. 1ed.Ouro Preto: UFOP, 2012, v. 3, p. 197-204.
RESUMO A documentação produzida pelas câmaras das vilas nos fornece importantes informações sobre... more RESUMO A documentação produzida pelas câmaras das vilas nos fornece importantes informações sobre o cotidiano urbano do período colonial. Tal documentação tem sido pouco estudada quanto aos estudos acerca do tema que, muitas vezes, se foca apenas nas relações entre a Cabeça do Império português e sua colônia americana, não contemplando sistematicamente outros órgãos de poder que foram diretamente participantes do processo de urbanização luso-brasileiro. Nessa perspectiva, o presente artigo apresenta um estudo sobre a documentação oriunda do Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana com o objetivo de explicitar agentes que foram ativos no processo de urbanização da vila/cidade de Mariana e entender melhor o campo de forças que envolvia a produção social do espaço urbano colonial. ABSTRACT The documentation coming from the city council provides us with important information about the urban colonial period daily life. Such documentation has been little explored as for studies on the topic that of has explored only the relationship between the Head of the Portuguese Empire and its American colony, not systematically contemplating other organs of power that were directly participating in the process of luso-brazilian urbanization. From this perspective, this paper presents a study of the documentation coming from the Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana in order to explain new agents that were active in the process of urbanization of the village / town of Mariana, explaining the force field involving the production colonial social space.
Esta monografia de Bacharelado em História Urbana do Brasil analisa as relações entre citadinos e... more Esta monografia de Bacharelado em História Urbana do Brasil analisa as relações entre citadinos e a Câmara Municipal da Vila/Cidade de Mariana, no período de 1740 a 1800. A maior parte da literatura referente à morfologia urbana no Brasil fixou-se nas relações entre a Cabeça do Império e sua colónia americana, não contemplando sistematicamente outros órgãos de poder que foram diretamente participantes do processo de urbanização luso-brasileira. De acordo com essas obras, a Câmara Municipal de Mariana, por posturas, acórdãos e editais, foi o agente interventor do núcleo urbano da cidade, com práticas (CERTEAU, 1985 e 1994) advindas da tentativa de solucionar problemas cotidianos na Vila/Cidade. Porém muitas vezes essas soluções iam de encontro aos espaços habitados do núcleo, obrigando a Câmara Municipal a negociar com os citadinos a fim de manter ou realizar um espaço idealizado. Além disso, as resoluções camarárias registradas nos livros de posturas, acórdãos e editais apontam a tentativa de normalização de hábitos dos moradores que eram danosos ao espaço construído do núcleo, exigindo, mais uma vez, negociação com os citadinos, a fim de evitar ou minimizar os danos causados à Vila/ Cidade de Mariana.
A presente dissertação visa contribuir com o debate sobre a História da Urbanização no período co... more A presente dissertação visa contribuir com o debate sobre a História da Urbanização no período colonial, elegendo como estudo de caso a Vila de Cunha entre os anos de 1776 a 1817. Objetivamos espacializar, na macro escala, a rede de relações inter-regionais estabelecidas entre os moradores da região de Cunha com outras áreas, descortinando um efervescente mercado interno de gêneros alimentícios entre as vilas de serra acima e os portos da marinha, especialmente Paraty e o Rio de Janeiro. Na microescala, espacializa os moradores e suas atividades produtivas no Termo, no Rocio e no “Bairro da Vila”, demostrando a interdependência entre o periurbano, os arrabaldes e o urbano propriamente dito. Nesse sentido, lançamos mão de uma série de documentos manuscritos, tais como, Cartas de Sesmarias, Documentos Cartográficos Ofícios, Maços de População e as Décimas Urbanas para desvendar quais foram as diferentes modalidades de ocupação desse território, quais atividades eram desenvolvidas ali, quais relações esses indivíduos estabeleceram na lógica da rede urbana e como essas relações rebateram no intraurbano de Cunha, implicando na formação de uma materialidade e de teias alinhavadas entre o núcleo urbano, o Rocio e o Termo.
5º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação, 2018, Belo Horizonte. Anais do 5º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação. Belo Horizonte: Even3, 2017., 2017
BORSOI, Diogo Fonseca. FRAGMENTOS DE CASAS E RETALHOS DE VIDA: COMO MAÇOS DE POPULAÇÃO E AS DÉCIM... more BORSOI, Diogo Fonseca. FRAGMENTOS DE CASAS E RETALHOS DE VIDA: COMO MAÇOS DE POPULAÇÃO E AS DÉCIMAS URBANAS PODEM CONTRIBUIR PARA O ESTUDO DA ARQUITETURA COLONIAL?. In: 5º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação, 2018, Belo Horizonte. Anais do 5º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação. Belo Horizonte: Even3, 2017.
O estudo da arquitetura civil urbana tem sido objeto de interesse crescente entre os pesquisadores do período colonial e sua compreensão está diretamente ligada à seleção de fontes de pesquisa. As primeiras tentativas a esse respeito lançaram mão de exemplares renascentes desse imobiliário como modelos para o estudo de sua arquitetura. Com o evoluir das pesquisas, a historiografia posterior valeu-se também de fontes imagéticas e manuscritas. Mapas, croquis, plantas e pinturas de viajantes estrangeiros foram cotejados em prol de acessar aspectos formais de tais imóveis, assim como inventários e testamentos que, muitas vezes, registram dados importantes acerca dos materiais construtivos, volumetria, número de cômodos, mobília etc. Ao mesmo tempo que permitiram novas abordagem e a exploração de dados importantes sobre forma e constituição dos edifícios, essas fontes fornecem dificuldades àqueles interessados em análises quantitativas e seriadas. Isso acontece porque os registros em questão apreendem os prédios individualmente, necessitando de um esforço exaustivo e nem sempre possível de resgatar a totalidade material da vila/cidade ou ainda da rede urbana na qual o edifício estava inserido. Não permite, outrossim, nem a comparação sistemática, que revelaria padrões de tamanho, forma e composição dentro de um determinado núcleo, nem saber quais funções tais imóveis cumpriam em outros tempos. Na tentativa de sanar esses problemas, a pesquisa de outras fontes documentais relativamente pouco utilizadas para o estudo da arquitetura colonial podem ajudar a resolver essas questões: os Maços de População e as Décimas Urbanas. As Décima dos Prédios Urbanos são impostos prediais estabelecidos por Alvará de 27 de junho de 1808, com a chegada da Coroa portuguesa ao Brasil. Os colonos deviam pagar anualmente 10% do rendimento líquido do imóvel para a fazenda Real. O resultado é o mapeamento do conjunto material da cidade, descrevendo o nome do proprietário, valor estimado e dados formais dos imóveis. Da mesma forma, os Maços de população são fontes censitárias, produzidas entre 1765 e 1850, e abrangem a totalidade da população da Capitania de São Paulo. Neles, podemos encontrar dados sobre as pessoas que compõe cada domicílio e suas atividades. Relacionar, portanto, Maços e Décimas permite uma visão de conjunto dos imóveis que compunham uma determinada vila, juntamente, das pessoas que o habitavam, suas atividades econômicas e políticas. Busca-se, a partir desse cruzamento, discutir com a bibliografia existente sobre essas tipologias documentais e apresentar os problemas e soluções encontrados na utilização das mesmas acerca das vilas de Cunha e São Luís do Paraitinga-SP, bem como algumas possibilidades de análise. Interessa-se, sobretudo, explorar as consequências materiais urbanas das relações sociais do tempo e espaço supracitados.
VII Encontro internacional de História Colonial, 2018, Natal. ANAIS do VII Encontro Internacional de História Colonial. Mossoró -RN: EDUERN, 2018. p. 2193-2208., 2018
BORSOI, Diogo Fonseca. Por uma revisão do conceito de urbano nas últimas décadas do período colon... more BORSOI, Diogo Fonseca. Por uma revisão do conceito de urbano nas últimas décadas do período colonial: notas sobre o cruzamento de dados do Imposto da Décima Urbana e dos Maços de População das vilas de Cunha e São Luiz do Paraitinga-SP. In: VII Encontro internacional de História Colonial, 2018, Natal. ANAIS do VII Encontro Internacional de História Colonial. Mossoró -RN: EDUERN, 2018. p. 2193-2208.
Estudos sobre história econômica e social do período colonial cada vez mais têm considerado inserir a categoria espaço na formulação de suas análises. Nessa empreitada, as noções de rural e urbano inevitavelmente são utilizadas a fim de localizar o lugar das relações sociais, da produção econômica, dos conflitos e ações dentro da política colonial lusa. Nota-se, no entanto, que muitos estudos não têm se preocupado em historicizar tais noções, o que leva a distorções acerca do que significava esses espaços no período. Ao cruzarmos dados extraídos de documentos como o Imposto da Décima dos Prédios Urbanos e os Maços de População das vilas de Cunha e São Luiz do Paraitinga – SP desenvolveu-se um método capaz de espacializar os habitantes de uma determinada localidade tanto no campo quanto na vila. Isso permitiu ligar dados econômicos, políticos e sociais aos espaços em questão e, como consequência, matizar os seus significados, caracterizando quais papeis cumpriam e em que medida eram interdependentes. Isso também permitiu alargar o conceito de urbano, compreendendo que as demandas desses núcleos conformavam seu entorno imediato e expandido, deixando uma série de vestígios materiais que guardam informações sobre o processo de urbanização. Nosso objeto, portanto, é rever a concepção de urbano, de rede urbana e/ou de sistema urbano no período que em sua maioria, ainda tem como unidades apenas vilas e cidades, desprezando outras formas de ocupação. Os resultados da pesquisa, ainda que parciais, vêm indicando um alargamento da noção de urbano, apontando para uma rede bem mais capilarizada.
V Seminário do CEMEF (Centro de memória da Educação física) e II encontro do GTT memórias do CBCE, 2008, Belo Horizonte - MG. Anais do V Seminário do CEMEF (Centro de memória da Educação física) e II encontro do GTT memórias do CBCE, , 2008
RESUMO: O presente trabalho é parte de uma pesquisa, em andamento, que busca compreender os saber... more RESUMO: O presente trabalho é parte de uma pesquisa, em andamento, que busca compreender os saberes e as práticas dos cirurgiões na comarca de Vila Rica no século XVIII, tendo como principal referência práticas cotidianas em que esses agentes exerciam cuidados corporais. Nesse sentido, os Autos de Corpo de Delito constituem uma Fonte privilegiada para análise, pois guardam registros sobre o estado dos corpos doentes e feridos bem como diferentes saberes sobre os corpos que circulavam na região mineradora, no período colonial, e sobre os cuidados corporais praticados. Este estudo apresenta algumas informações importantes que podem ser extraídas dessa Fonte, quando o objeto de estudo é o corpo, além de destacar algumas possibilidades de pesquisa. PALAVRAS-CHAVES: Minas colonial; Auto de Corpo de Delito; corpo 1-INTRODUÇÃO A formação da sociedade mineira se deu de uma forma bem peculiar em relação ao resto da colônia portuguesa nas Américas. Em Minas, a ocupação do antigo Sertão dos Cataguases ocorreu por iniciativa particular, formando os primeiros aglomerados populacionais junto aos cursos d'água, e só aproximadamente depois de duas décadas começou a se instalar um aparato jurídico-administrativo representado pelas Casas de Câmara, Cadeias e agentes responsáveis pela ordem, como os Juízes Ordinários e os Juízes de Vintena. Vale dizer que a implantação de um poder regulador nas Minas por parte da Coroa portuguesa acarretou, entre outras coisas, uma tentativa de regularização dos conflitos entre os poderes instituídos, que na maioria das vezes se davam de forma violenta. Carla M. J. Anastasia e Flávio M. da Silva elaboram o conceito de formas acomodativas para entender relações entre dominante (metrópole) e dominado (colônia). Segundo eles: Por formas acomodativas entende-se um tipo de interação entre dominantes e dominados, caracterizado por uma resolução temporária dos conflitos que são, por princípio, inerentes a essa mesma interação. Essa possibilidade da acomodação derivou de acordos implícitos firmados a partir de obrigações mútuas que existiram
BORSOI, Diogo Fonseca; ROSA, M. C. . Autos de corpo de delito como fonte privilegiada para os corpos setecentistas. In: V Seminário do CEMEF (Centro de memória da Educação física) e II encontro do GTT memórias do CBCE, 2008, Belo Horizonte - MG. Anais do V Seminário do CEMEF (Centro de memória da Educação física) e II encontro do GTT memórias do CBCE, 2008.
XVI Encontro regional de História - ANPUH Minas Gerais, 2008, Belo Horizonte. XVI Encontro regional de História. Belo Horizonte: ANPUH/UFMG, , 2008
O presente trabalho é parte de uma pesquisa que elucida saberes e práticas dos cirurgiões na Coma... more O presente trabalho é parte de uma pesquisa que elucida saberes e práticas dos cirurgiões na Comarca de Vila Rica, no século XVIII, a partir de um olhar sobre o cotidiano dos cuidados corporais exercidos por esses agentes. Neste texto pretendemos, primeiramente, destacar fontes primárias em que há ocorrências de cirurgiões e cuidados corporais exercidos por eles. A experiência nos dois últimos anos em arquivos de Ouro Preto e Mariana possibilitou-nos mapear e sistematizar séries documentais que trazem referências riquíssimas sobre corpos, cuidados praticados e agentes, abrindo novas possíbilidades de estudos sobre história do corpo, saúde e doença nas Minas setecentistas. Em um segundo momento são problematizadas relações dos cirurgiões com a Justiça, abrangendo o papel desses agentes no exame, certificação e cura dos corpos doentes e feridos. Encontramos registros de ações praticadas pelos cirurgiões principalmente nos autos de corpo de delito, elemento fundamental no desenvolvimento de processos crimes por se constituir prova material de ações criminosas que debilitam os corpos. Atrelado a isso, foi possível mapear as áreas de atuação dos cirurgiões na Comarca de Vila Rica, possibilitando um melhor conhecimento de como eles estavam geograficamente distribuídos bem como se constituía a mobilidade deles na circunscrição referente a cidade de Mariana e Vila Rica. Palavras-Chaves: cirurgiões, cuidados corporais, Minas Gerais setecentista Introdução No processo de formação da sociedade mineira, na qual o Estado português, começou a se instalar tardiamente, negociando com os poderes já estabelecidos em torno da atividade mineradora iv , os conflitos entre poderes locais e entre esses e o aparato burocrático português foram comuns e os corpos foram um dos principais alvos dos embates. A análise de disputas na sociedade mineira setecentista mostra uma série de procedimentos violentos utilizados pelos homens para sustentar interesses que bifurcavam entre a honra e a possibilidade de enriquecimento v. Expressões como maus-tratos, espancamento, ferimentos, cortes, furos e cutiladas são corriqueiros nos processos onde há descrição do estado dos corpos em disputa. Os motivos são, igualmente, diversos e abrangem injúrias, emboscadas, roubos, desentendimentos, traição, adultério, entre outros.
Território, Cultura e (Des)envolvimento no Baixo Sul da Bahia, 2021
Este e-book está vinculado ao projeto de extensão intitulado Observatório Socioterritorial do Bai... more Este e-book está vinculado ao projeto de extensão intitulado Observatório Socioterritorial do Baixo Sul da Bahia, aprovado através da chamada 02/2020 da PROEX. A partir do projeto, foi constituído um grupo de pesquisa composto por pesquisadores e estudantes do IF Baiano, UNEB e IFBA de Valença, denominado OBSUL: Observatório de Pesquisas e Saberes Socioterritoriais do Baixo Sul da Bahia, cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq, sendo este e-book o resultado da articulação desse trabalho. O objetivo do e-book é difundir pesquisas em torno da relação território, cultura e (des)envolvimento no contexto do Território do Baixo Sul da Bahia e criar espaço para reflexões e proposições de iniciativas aos desafios da região. Seu público-alvo são educadores, estudantes, lideranças comunitárias, movimentos sociais e gestores públicos. O livro está estruturado em três capítulos. O Capítulo I: Espaço, Economia e Políticas de (des)envolvimento agrupa 6 artigos com problemáticas sobre políticas públicas, planejamento urbano e regional, cooperativismo, educação e outras economias; o Capítulo II: Terra, Território e Conflitos Ambientais reúne 4 artigos que analisam a questão agrária na região do Baixo Sul, destacando os conflitos por terra e território e os agentes políticos presentes no espaço agrário, assim como a importância da natureza, da educação do campo e das lutas por reconhecimento e direitos territoriais na reconfiguração das relações de poder entre classes sociais e na conformação dos problemas agrários e ambientais da região; e o Capítulo III: História, Memória e Patrimônios Culturais agrupa 4 artigos que visam inter-relacionar esses três campos, a partir de diferentes recortes espaciais e temporais, buscando explorar a história da formação do território, entender o cotidiano e o imaginário de comunidades costeiras, abordar epistemologias, tecnologias, conhecimentos tradicionais de grupos étnicos e compreender os motivos da atual situação de destruição dos patrimônios culturais da região
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Papers by Diogo F Borsoi
historiográficas mais tradicionais construíram uma interpretação sobre a história do Baixo Sul, pautada nos conceitos de
decadência econômica e de esvaziamento demográfico. No entanto, novas pesquisas têm revisado esses conceitos, indicando
uma economia dinâmica voltada para o mercado interno e com um crescimento populacional proporcional, embora ainda
sobrevivam estigmas que precisam ser revisados. Buscando contribuir com essa discussão, parte-se, principalmente, do estudo
dos documentos cartográficos de forma seriada e entrecruzada com outros documentos, objetivando interpretar seus códigos
por meio de conhecimentos oriundos de diversas disciplinas. Sobretudo, pauta-se nos conceitos de território, entendido pelo
conjunto dos vestígios oriundos dos sucessivos processos históricos amalgamados de forma desigual no espaço e conceitos do
campo da História da Urbanização, principalmente, o entendimento mais amplo do processo urbano, abrangendo não só os
núcleos urbanos propriamente ditos, mas todo vestígio de ocupação humana ligados às demandas urbanas. Com a análise
desses documentos é possível, então, revisar a produção acadêmica e os documentos históricos que representaram o território
em questão, descortinando projetos políticos, conflitos e áreas de interesse colonial.
análise (ex. local, regional, nacional, internacional) seriam apropriadas para uma determinada pesquisa a partir do(s) objeto(s) selecionado(s).
No entanto, quando quer-se trabalhar essas questões no campo da História da Arquitetura e da Urbanização no período colonial brasileiro
esbarra-se com o problema das fontes. Assim, o presente artigo busca apresentar algumas séries documentais e uma proposta metodológica
para trabalhar a questão a partir de um estudo de caso sobre Vila de Cunha – SP, na transição do século XVIII e XIX
nessa linha de investigação que estamos tendo o privilégio de constituir um grupo de pesquisa (BUENO, 2004, 2005, 2016; ANDRADE, 2012; ARRAES, 2017; BORSOI, 2013; BRAGHITTONI, 2015; KATO, 2011 e 2017; MOURA - tese em andamento). Numa espécie de Arqueologia da Paisagem Urbana, ensaiamos reconstituir a materialidade de cinco núcleos urbanos coloniais – São Paulo, Santos, Cunha, Vila Boa e Oeiras do Piauí– com vistas a detalhar nossa metodologia de pesquisa, apontando caminhos promissores para o campo disciplinar em debate no presente Dossiê.
historiográficas mais tradicionais construíram uma interpretação sobre a história do Baixo Sul, pautada nos conceitos de
decadência econômica e de esvaziamento demográfico. No entanto, novas pesquisas têm revisado esses conceitos, indicando
uma economia dinâmica voltada para o mercado interno e com um crescimento populacional proporcional, embora ainda
sobrevivam estigmas que precisam ser revisados. Buscando contribuir com essa discussão, parte-se, principalmente, do estudo
dos documentos cartográficos de forma seriada e entrecruzada com outros documentos, objetivando interpretar seus códigos
por meio de conhecimentos oriundos de diversas disciplinas. Sobretudo, pauta-se nos conceitos de território, entendido pelo
conjunto dos vestígios oriundos dos sucessivos processos históricos amalgamados de forma desigual no espaço e conceitos do
campo da História da Urbanização, principalmente, o entendimento mais amplo do processo urbano, abrangendo não só os
núcleos urbanos propriamente ditos, mas todo vestígio de ocupação humana ligados às demandas urbanas. Com a análise
desses documentos é possível, então, revisar a produção acadêmica e os documentos históricos que representaram o território
em questão, descortinando projetos políticos, conflitos e áreas de interesse colonial.
análise (ex. local, regional, nacional, internacional) seriam apropriadas para uma determinada pesquisa a partir do(s) objeto(s) selecionado(s).
No entanto, quando quer-se trabalhar essas questões no campo da História da Arquitetura e da Urbanização no período colonial brasileiro
esbarra-se com o problema das fontes. Assim, o presente artigo busca apresentar algumas séries documentais e uma proposta metodológica
para trabalhar a questão a partir de um estudo de caso sobre Vila de Cunha – SP, na transição do século XVIII e XIX
nessa linha de investigação que estamos tendo o privilégio de constituir um grupo de pesquisa (BUENO, 2004, 2005, 2016; ANDRADE, 2012; ARRAES, 2017; BORSOI, 2013; BRAGHITTONI, 2015; KATO, 2011 e 2017; MOURA - tese em andamento). Numa espécie de Arqueologia da Paisagem Urbana, ensaiamos reconstituir a materialidade de cinco núcleos urbanos coloniais – São Paulo, Santos, Cunha, Vila Boa e Oeiras do Piauí– com vistas a detalhar nossa metodologia de pesquisa, apontando caminhos promissores para o campo disciplinar em debate no presente Dossiê.
O estudo da arquitetura civil urbana tem sido objeto de interesse crescente entre os pesquisadores do período colonial e sua compreensão está diretamente ligada à seleção de fontes de pesquisa. As primeiras tentativas a esse respeito lançaram mão de exemplares renascentes desse imobiliário como modelos para o estudo de sua arquitetura. Com o evoluir das pesquisas, a historiografia posterior valeu-se também de fontes imagéticas e manuscritas. Mapas, croquis, plantas e pinturas de viajantes estrangeiros foram cotejados em prol de acessar aspectos formais de tais imóveis, assim como inventários e testamentos que, muitas vezes, registram dados importantes acerca dos materiais construtivos, volumetria, número de cômodos, mobília etc. Ao mesmo tempo que permitiram novas abordagem e a exploração de dados importantes sobre forma e constituição dos edifícios, essas fontes fornecem dificuldades àqueles interessados em análises quantitativas e seriadas. Isso acontece porque os registros em questão apreendem os prédios individualmente, necessitando de um esforço exaustivo e nem sempre possível de resgatar a totalidade material da vila/cidade ou ainda da rede urbana na qual o edifício estava inserido. Não permite, outrossim, nem a comparação sistemática, que revelaria padrões de tamanho, forma e composição dentro de um determinado núcleo, nem saber quais funções tais imóveis cumpriam em outros tempos. Na tentativa de sanar esses problemas, a pesquisa de outras fontes documentais relativamente pouco utilizadas para o estudo da arquitetura colonial podem ajudar a resolver essas questões: os Maços de População e as Décimas Urbanas. As Décima dos Prédios Urbanos são impostos prediais estabelecidos por Alvará de 27 de junho de 1808, com a chegada da Coroa portuguesa ao Brasil. Os colonos deviam pagar anualmente 10% do rendimento líquido do imóvel para a fazenda Real. O resultado é o mapeamento do conjunto material da cidade, descrevendo o nome do proprietário, valor estimado e dados formais dos imóveis. Da mesma forma, os Maços de população são fontes censitárias, produzidas entre 1765 e 1850, e abrangem a totalidade da população da Capitania de São Paulo. Neles, podemos encontrar dados sobre as pessoas que compõe cada domicílio e suas atividades. Relacionar, portanto, Maços e Décimas permite uma visão de conjunto dos imóveis que compunham uma determinada vila, juntamente, das pessoas que o habitavam, suas atividades econômicas e políticas. Busca-se, a partir desse cruzamento, discutir com a bibliografia existente sobre essas tipologias documentais e apresentar os problemas e soluções encontrados na utilização das mesmas acerca das vilas de Cunha e São Luís do Paraitinga-SP, bem como algumas possibilidades de análise. Interessa-se, sobretudo, explorar as consequências materiais urbanas das relações sociais do tempo e espaço supracitados.
Estudos sobre história econômica e social do período colonial cada vez mais têm considerado inserir a categoria espaço na formulação de suas análises. Nessa empreitada, as noções de rural e urbano inevitavelmente são utilizadas a fim de localizar o lugar das relações sociais, da produção econômica, dos conflitos e ações dentro da política colonial lusa. Nota-se, no entanto, que muitos estudos não têm se preocupado em historicizar tais noções, o que leva a distorções acerca do que significava esses espaços no período. Ao cruzarmos dados extraídos de documentos como o Imposto da Décima dos Prédios Urbanos e os Maços de População das vilas de Cunha e São Luiz do Paraitinga – SP desenvolveu-se um método capaz de espacializar os habitantes de uma determinada localidade tanto no campo quanto na vila. Isso permitiu ligar dados econômicos, políticos e sociais aos espaços em questão e, como consequência, matizar os seus significados, caracterizando quais papeis cumpriam e em que medida eram interdependentes. Isso também permitiu alargar o conceito de urbano, compreendendo que as demandas desses núcleos conformavam seu entorno imediato e expandido, deixando uma série de vestígios materiais que guardam informações sobre o processo de urbanização. Nosso objeto, portanto, é rever a concepção de urbano, de rede urbana e/ou de sistema urbano no período que em sua maioria, ainda tem como unidades apenas vilas e cidades, desprezando outras formas de ocupação. Os resultados da pesquisa, ainda que parciais, vêm indicando um alargamento da noção de urbano, apontando para uma rede bem mais capilarizada.
BORSOI, Diogo Fonseca; ROSA, M. C. . Autos de corpo de delito como fonte privilegiada para os corpos setecentistas. In: V Seminário do CEMEF (Centro de memória da Educação física) e II encontro do GTT memórias do CBCE, 2008, Belo Horizonte - MG. Anais do V Seminário do CEMEF (Centro de memória da Educação física) e II encontro do GTT memórias do CBCE, 2008.
através da chamada 02/2020 da PROEX. A partir do projeto, foi constituído um grupo de pesquisa composto por pesquisadores
e estudantes do IF Baiano, UNEB e IFBA de Valença, denominado OBSUL: Observatório de Pesquisas e Saberes Socioterritoriais
do Baixo Sul da Bahia, cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq, sendo este e-book o resultado da
articulação desse trabalho. O objetivo do e-book é difundir pesquisas em torno da relação território, cultura e
(des)envolvimento no contexto do Território do Baixo Sul da Bahia e criar espaço para reflexões e proposições de iniciativas aos
desafios da região. Seu público-alvo são educadores, estudantes, lideranças comunitárias, movimentos sociais e gestores
públicos. O livro está estruturado em três capítulos. O Capítulo I: Espaço, Economia e Políticas de (des)envolvimento agrupa 6
artigos com problemáticas sobre políticas públicas, planejamento urbano e regional, cooperativismo, educação e outras
economias; o Capítulo II: Terra, Território e Conflitos Ambientais reúne 4 artigos que analisam a questão agrária na região do
Baixo Sul, destacando os conflitos por terra e território e os agentes políticos presentes no espaço agrário, assim como a
importância da natureza, da educação do campo e das lutas por reconhecimento e direitos territoriais na reconfiguração das
relações de poder entre classes sociais e na conformação dos problemas agrários e ambientais da região; e o Capítulo III:
História, Memória e Patrimônios Culturais agrupa 4 artigos que visam inter-relacionar esses três campos, a partir de diferentes
recortes espaciais e temporais, buscando explorar a história da formação do território, entender o cotidiano e o imaginário de
comunidades costeiras, abordar epistemologias, tecnologias, conhecimentos tradicionais de grupos étnicos e compreender os
motivos da atual situação de destruição dos patrimônios culturais da região