O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas po... more O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas por Leibniz nos textos Novos ensaios sobre o entendimento humano e Meditações sobre o Conhecimento, a Verdade e as Ideias. Defende-se que já há em Leibniz uma leitura "ontologizante" de Anselmo, cuja razão bem pode ser a apropriação cartesiana do argumento. O plano de fundo dessa discussão é a maneira como os filósofos, quando leem outros, na medida em que possuem suas próprias agendas filosóficas, cometem, intencionalmente ou não, o que se chama, neste artigo, "deslize filosófico".
This paper aims to insert the poet Roberto Bicelli in the surrealist tradition of poetry. In orde... more This paper aims to insert the poet Roberto Bicelli in the surrealist tradition of poetry. In order to do so, we try to identify some poetic figures of Baudelairean matrix in the poetry of the Brazilian author, such as those of the flâneur and the ragman. On the one hand, we try to show the place of Bicelli in the generation of authors that includes names like Roberto Piva; on the other hand, the analysis of certain poems by Bicelli in the first edition of his book Antes que eu me esqueca aims to find the implicit and explicit references of canons of the poetry of the 20th century, which will allow us to see him as a poet who is, mainly, an attentive reader of poetry, and not a mere diffuser of canons. This paper wants to show, thus, the historical consciousness and originality of Bicelli’s poetry.
O presente artigo busca, a partir da leitura das proposições 17 e 18 do livro II da Ética, inseri... more O presente artigo busca, a partir da leitura das proposições 17 e 18 do livro II da Ética, inserir Espinosa na tradição filosófica que trata a memória como uma faculdade de caráter fundamentalmente imaginativo. Essa tradição tem destaque na modernidade com Descartes, cujo modelo físico de explicação dos mecanismos da memória é, segundo nossa leitura, aquele em voga no século XVII e o mesmo que serviu de base para a chamada pequena física da Ética, da qual depende a demonstração das proposições 17 e 18 do livro II.
A partir de uma leitura comparada da relação entre ceticismo e dogmatismo segundo Pascal e o jove... more A partir de uma leitura comparada da relação entre ceticismo e dogmatismo segundo Pascal e o jovem Hegel, o artigo defende que a interpretação segundo a qual a dialética pascaliana é trágica e não sintética, como a de Hegel, parece ainda mais evidente. Para tanto, o artigo procura mostrar que, em vez de dissolver a oposição entre dogmáticos e céticos, Pascal evidencia (de modo semelhante a Kant) a impossibilidade de um polo dar cabo do outro, trabalhando antes a tensão da oposição que a superação dela.
Resumo: O artigo tem por objetivo extrair a concepção didática do livro Filosofia: temas e percur... more Resumo: O artigo tem por objetivo extrair a concepção didática do livro Filosofia: temas e percursos de modo a mostrar uma abordagem do ensino de filosofia que privilegie a história da filosofia não como centro, mas como referencial de ensino. Ao fim, o artigo discute os limites e vantagens dessa abordagem.
Uma resenha a 'O desenvolvimento moderno da filosofia da ciência (1890-2000)', de Carlos Ulisses ... more Uma resenha a 'O desenvolvimento moderno da filosofia da ciência (1890-2000)', de Carlos Ulisses Moulines, tradução de Cláudio Abreu para o português, Scientiae Studia
From a comparative reading of the relationship between skepticism and dogmatism according to Pasc... more From a comparative reading of the relationship between skepticism and dogmatism according to Pascal and the young Hegel, this article argues that the interpretation according to which Pascal's dialectic is tragic and not synthetic (like Hegel's), seems even more evident. To this end, it seeks to show that, instead of dissolving the opposition between dogmatics and skeptics, Pascal highlights (in a similar way to Kant) the impossibility of one pole putting an end to the other, working on the tension of the opposition rather than overcoming it.
Resumo: O artigo tem por objetivo o esclarecimento da expressão quantitas animae. Para tanto, bus... more Resumo: O artigo tem por objetivo o esclarecimento da expressão quantitas animae. Para tanto, busca ler o De quantitate animae segundo uma ontologia da significação, em que (1) a quantitas animae remete à semelhança da alma com Deus e (2) cada um de seus graus remete ao grau superior, até o retorno à pátria divina. O artigo concluirá, desse modo, que ambos esses aspectos ganham significado quando compreendidos como signos que remetem a uma dimensão ontológica superior. Palavras-Chave: Agostinho. De quantitate animae. Confissões. Ontologia. Linguagem. FROM SEMANTIC EQUIVOCITY TO THE ESTABLISHMENT OF AN ONTOLOGY: AN APPROACH TO AUGUSTINE'S DE QUANTITATE ANIMAE Abstract: The article aims to clarify the expression quantitas animae. To this end, it seeks to read the De quantitate animae according to an ontology of meaning, in which (1) the quantitas animae refers to the soul's resemblance to God and (2) each of its degrees refers to the superior, until the return to the divine homeland. The article will conclude, therefore, that both of these aspects gain meaning when understood as signs that refer to a higher ontological dimension.
This article aims to interpret excerpts from the Critique of pure reason in order to show that, i... more This article aims to interpret excerpts from the Critique of pure reason in order to show that, if Kant assumes a notion of truth by correspondence, it must be conditioned to a Kantian notion of representation. This means that insofar as Kant assumes a kind of idealism, investigating the transcendental conditions of our faculties of knowledge, it is necessary to understand that the correspondence between object and concept, between things and intellect, or between representations and represented cannot assume direct access to things. If Kant then assumes the notion of correspondence truth, it is necessary to understand how he develops a theory of representation by reinterpreting this notion of truth.
O artigo pretende apresentar um estudo do De quantitate animae, de Agostinho de Hipona, de modo a... more O artigo pretende apresentar um estudo do De quantitate animae, de Agostinho de Hipona, de modo a propor possíveis interpretações do sentido da expressão quantitas animae. De acordo com a literatura especializada, há certa ambivalência ou ambiguidade do sentido do termo quantitas a contrastar com a univocidade de seu referente, isto é, a alma. Como ponto de partida de nossa análise do problema, propomos investigar uma hipótese de leitura segundo a qual, de acordo com a indicação de alguns dos comentadores, as investigações ensejadas pelo estabelecimento do sentido da expressão quantitas animae implicam a investigação do que pode ser tomado como, do ponto de vista agostiniano, um indicador do dinamismo próprio da alma. Ao fim do artigo, destacamos uma hipótese para futuros estudos.
O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas po... more O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas por Leibniz nos textos Novos ensaios sobre o entendimento humano e Meditações sobre o Conhecimento, a Verdade e as Ideias. Defende-se que já há em Leibniz uma leitura "ontologizante" de Anselmo, cuja razão bem pode ser a apropriação cartesiana do argumento. O plano de fundo dessa discussão é a maneira como os filósofos, quando leem outros, na medida em que possuem suas próprias agendas filosóficas, cometem, intencionalmente ou não, o que se chama, neste artigo, "deslize filosófico".
Este ensaio procura inserir o poeta Roberto Bicelli na tradição surrealista da poesia; para tanto... more Este ensaio procura inserir o poeta Roberto Bicelli na tradição surrealista da poesia; para tanto, faz ver na poesia do autor brasileiro certas figuras poéticas de matriz baudelairiana, como as do flâneur e do trapeiro. Por um lado, procura-se mostrar o lugar de Bicelli na geração de autores que inclui nomes como Roberto Piva; a análise de certos poemas de Bicelli na primeira edição do livro Antes que eu me esqueça tem em vista, por outro lado, encontrar referências implícitas e explícitas de cânones da poesia do século XX, que permitirão vê-lo como um poeta que é, sobretudo, um atento leitor de poesia, não o reduzindo a mero difusor de cânones. Quer-se mostrar, assim, a consciência histórica e originalidade da poesia de Bicelli.
Resumo O artigo busca tecer uma crítica às ideias segundo as quais, ou a arte pós-mo-derna marca ... more Resumo O artigo busca tecer uma crítica às ideias segundo as quais, ou a arte pós-mo-derna marca certa experiência do "fim da arte" (Jameson), ou é mera "aporia da modernidade" (Habermas). Para isso, o autor indicou, por um lado, certas experiências artísticas daquilo que se convencionou como o início da pós-modernidade artística e analisou, por outro, obras expostas na 32ª edição da Bienal de Arte de São Paulo. Palavras-chave: Jameson-Habermas-Huyssen-Arte moderna-Arte pós-moderna-Crítica de arte.
O presente artigo tem por objetivo expor possíveis abordagens da história da filosofia medieval a... more O presente artigo tem por objetivo expor possíveis abordagens da história da filosofia medieval a partir do debate entre Alain de Libera e Claude Panaccio. Embora a discussão seja em específico sobre a historiografia da filosofia medieval, o plano de fundo é uma discussão a respeito de como lidar com a história da filosofia em geral ou, em última instância, como ler um texto filosófico.
O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas po... more O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas por Leibniz nos textos Novos ensaios sobre o entendimento humano e Meditações sobre o Conhecimento, a Verdade e as Ideias. Defende-se que já há em Leibniz uma leitura "ontologizante" de Anselmo, cuja razão bem pode ser a apropriação cartesiana do argumento. O plano de fundo dessa discussão é a maneira como os filósofos, quando leem outros, na medida em que possuem suas próprias agendas filosóficas, cometem, intencionalmente ou não, o que se chama, neste artigo, "deslize filosófico".
This paper aims to insert the poet Roberto Bicelli in the surrealist tradition of poetry. In orde... more This paper aims to insert the poet Roberto Bicelli in the surrealist tradition of poetry. In order to do so, we try to identify some poetic figures of Baudelairean matrix in the poetry of the Brazilian author, such as those of the flâneur and the ragman. On the one hand, we try to show the place of Bicelli in the generation of authors that includes names like Roberto Piva; on the other hand, the analysis of certain poems by Bicelli in the first edition of his book Antes que eu me esqueca aims to find the implicit and explicit references of canons of the poetry of the 20th century, which will allow us to see him as a poet who is, mainly, an attentive reader of poetry, and not a mere diffuser of canons. This paper wants to show, thus, the historical consciousness and originality of Bicelli’s poetry.
O presente artigo busca, a partir da leitura das proposições 17 e 18 do livro II da Ética, inseri... more O presente artigo busca, a partir da leitura das proposições 17 e 18 do livro II da Ética, inserir Espinosa na tradição filosófica que trata a memória como uma faculdade de caráter fundamentalmente imaginativo. Essa tradição tem destaque na modernidade com Descartes, cujo modelo físico de explicação dos mecanismos da memória é, segundo nossa leitura, aquele em voga no século XVII e o mesmo que serviu de base para a chamada pequena física da Ética, da qual depende a demonstração das proposições 17 e 18 do livro II.
A partir de uma leitura comparada da relação entre ceticismo e dogmatismo segundo Pascal e o jove... more A partir de uma leitura comparada da relação entre ceticismo e dogmatismo segundo Pascal e o jovem Hegel, o artigo defende que a interpretação segundo a qual a dialética pascaliana é trágica e não sintética, como a de Hegel, parece ainda mais evidente. Para tanto, o artigo procura mostrar que, em vez de dissolver a oposição entre dogmáticos e céticos, Pascal evidencia (de modo semelhante a Kant) a impossibilidade de um polo dar cabo do outro, trabalhando antes a tensão da oposição que a superação dela.
Resumo: O artigo tem por objetivo extrair a concepção didática do livro Filosofia: temas e percur... more Resumo: O artigo tem por objetivo extrair a concepção didática do livro Filosofia: temas e percursos de modo a mostrar uma abordagem do ensino de filosofia que privilegie a história da filosofia não como centro, mas como referencial de ensino. Ao fim, o artigo discute os limites e vantagens dessa abordagem.
Uma resenha a 'O desenvolvimento moderno da filosofia da ciência (1890-2000)', de Carlos Ulisses ... more Uma resenha a 'O desenvolvimento moderno da filosofia da ciência (1890-2000)', de Carlos Ulisses Moulines, tradução de Cláudio Abreu para o português, Scientiae Studia
From a comparative reading of the relationship between skepticism and dogmatism according to Pasc... more From a comparative reading of the relationship between skepticism and dogmatism according to Pascal and the young Hegel, this article argues that the interpretation according to which Pascal's dialectic is tragic and not synthetic (like Hegel's), seems even more evident. To this end, it seeks to show that, instead of dissolving the opposition between dogmatics and skeptics, Pascal highlights (in a similar way to Kant) the impossibility of one pole putting an end to the other, working on the tension of the opposition rather than overcoming it.
Resumo: O artigo tem por objetivo o esclarecimento da expressão quantitas animae. Para tanto, bus... more Resumo: O artigo tem por objetivo o esclarecimento da expressão quantitas animae. Para tanto, busca ler o De quantitate animae segundo uma ontologia da significação, em que (1) a quantitas animae remete à semelhança da alma com Deus e (2) cada um de seus graus remete ao grau superior, até o retorno à pátria divina. O artigo concluirá, desse modo, que ambos esses aspectos ganham significado quando compreendidos como signos que remetem a uma dimensão ontológica superior. Palavras-Chave: Agostinho. De quantitate animae. Confissões. Ontologia. Linguagem. FROM SEMANTIC EQUIVOCITY TO THE ESTABLISHMENT OF AN ONTOLOGY: AN APPROACH TO AUGUSTINE'S DE QUANTITATE ANIMAE Abstract: The article aims to clarify the expression quantitas animae. To this end, it seeks to read the De quantitate animae according to an ontology of meaning, in which (1) the quantitas animae refers to the soul's resemblance to God and (2) each of its degrees refers to the superior, until the return to the divine homeland. The article will conclude, therefore, that both of these aspects gain meaning when understood as signs that refer to a higher ontological dimension.
This article aims to interpret excerpts from the Critique of pure reason in order to show that, i... more This article aims to interpret excerpts from the Critique of pure reason in order to show that, if Kant assumes a notion of truth by correspondence, it must be conditioned to a Kantian notion of representation. This means that insofar as Kant assumes a kind of idealism, investigating the transcendental conditions of our faculties of knowledge, it is necessary to understand that the correspondence between object and concept, between things and intellect, or between representations and represented cannot assume direct access to things. If Kant then assumes the notion of correspondence truth, it is necessary to understand how he develops a theory of representation by reinterpreting this notion of truth.
O artigo pretende apresentar um estudo do De quantitate animae, de Agostinho de Hipona, de modo a... more O artigo pretende apresentar um estudo do De quantitate animae, de Agostinho de Hipona, de modo a propor possíveis interpretações do sentido da expressão quantitas animae. De acordo com a literatura especializada, há certa ambivalência ou ambiguidade do sentido do termo quantitas a contrastar com a univocidade de seu referente, isto é, a alma. Como ponto de partida de nossa análise do problema, propomos investigar uma hipótese de leitura segundo a qual, de acordo com a indicação de alguns dos comentadores, as investigações ensejadas pelo estabelecimento do sentido da expressão quantitas animae implicam a investigação do que pode ser tomado como, do ponto de vista agostiniano, um indicador do dinamismo próprio da alma. Ao fim do artigo, destacamos uma hipótese para futuros estudos.
O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas po... more O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas por Leibniz nos textos Novos ensaios sobre o entendimento humano e Meditações sobre o Conhecimento, a Verdade e as Ideias. Defende-se que já há em Leibniz uma leitura "ontologizante" de Anselmo, cuja razão bem pode ser a apropriação cartesiana do argumento. O plano de fundo dessa discussão é a maneira como os filósofos, quando leem outros, na medida em que possuem suas próprias agendas filosóficas, cometem, intencionalmente ou não, o que se chama, neste artigo, "deslize filosófico".
Este ensaio procura inserir o poeta Roberto Bicelli na tradição surrealista da poesia; para tanto... more Este ensaio procura inserir o poeta Roberto Bicelli na tradição surrealista da poesia; para tanto, faz ver na poesia do autor brasileiro certas figuras poéticas de matriz baudelairiana, como as do flâneur e do trapeiro. Por um lado, procura-se mostrar o lugar de Bicelli na geração de autores que inclui nomes como Roberto Piva; a análise de certos poemas de Bicelli na primeira edição do livro Antes que eu me esqueça tem em vista, por outro lado, encontrar referências implícitas e explícitas de cânones da poesia do século XX, que permitirão vê-lo como um poeta que é, sobretudo, um atento leitor de poesia, não o reduzindo a mero difusor de cânones. Quer-se mostrar, assim, a consciência histórica e originalidade da poesia de Bicelli.
Resumo O artigo busca tecer uma crítica às ideias segundo as quais, ou a arte pós-mo-derna marca ... more Resumo O artigo busca tecer uma crítica às ideias segundo as quais, ou a arte pós-mo-derna marca certa experiência do "fim da arte" (Jameson), ou é mera "aporia da modernidade" (Habermas). Para isso, o autor indicou, por um lado, certas experiências artísticas daquilo que se convencionou como o início da pós-modernidade artística e analisou, por outro, obras expostas na 32ª edição da Bienal de Arte de São Paulo. Palavras-chave: Jameson-Habermas-Huyssen-Arte moderna-Arte pós-moderna-Crítica de arte.
O presente artigo tem por objetivo expor possíveis abordagens da história da filosofia medieval a... more O presente artigo tem por objetivo expor possíveis abordagens da história da filosofia medieval a partir do debate entre Alain de Libera e Claude Panaccio. Embora a discussão seja em específico sobre a historiografia da filosofia medieval, o plano de fundo é uma discussão a respeito de como lidar com a história da filosofia em geral ou, em última instância, como ler um texto filosófico.
V Simpósio Nacional de Pesquisa e Estudos em Filosofia e Educação — O Direito à Educação e a Educação em Direitos Humanos, 2021
The problem we will deal with concerns the status of the narrative about the law in Primo Levi’s ... more The problem we will deal with concerns the status of the narrative about the law in Primo Levi’s Se questo è un uomo? In a book about the experience in a Nazi extermination camp, what is the function of constantly citing the law and reflecting on it? To answer this question, we start from a philosophical conception of law, present in passages of texts by Aristotle and Kant, and to interpreters of Levi’s literature, especially Belpoliti and Gordon. Our working hypothesis, still maturing, is that the law as a syllogism whose major premise cannot be stated, as narrated by Levi, is the foundation of the dehumanization which the narrator and other victims are subjected to, the central thesis of the book: without this experience of the law, the “strict logic” that determines life in an extermination camp could not take place and, therefore, would not lead to the question posed by the narrator, namely, the loss of the “essence of man”. To defend this hypothesis, we interpret book’s passages according to certain philosophical concepts and compare interpretation about these passages.
TÍTULO: O problema da esquematização na filosofia de Kant: do caráter teórico ao caráter estético... more TÍTULO: O problema da esquematização na filosofia de Kant: do caráter teórico ao caráter estético da imaginação Resumo Trata-se de um projeto pesquisa sobre a filosofia de Kant que privilegie a imaginação enquanto uma faculdade de importância tanto teórica quanto estética, de modo a explicitar e compreender os elementos que possam estabelecer uma unidade entre esses dois aspectos. Essa proposta surge do problema de como a imaginação pode relacionar-se com o entendimento tanto na formação de juízos lógicos quanto estéticos. Nossa hipótese de trabalho é que apenas uma faculdade de natureza dupla como a imaginação poderia atuar na formação de juízos tão distintos, na medida em que, em sua capacidade de produzir esquemas, pode relacionar-se tanto com o sensível quanto com o intelectual. Desse ponto de vista, é relevante uma leitura do texto de Kant que mostre a existência de uma relação entre as preocupações teóricas da primeira Crítica e a compreensão estética da terceira. Em ambos os textos, a noção de esquema é importante para entender a atividade da imaginação, com a diferença de que, para a formação de um juízo estético, como o de gosto, a esquematização é sem conceitos. A noção de esquema da imaginação permanece, no entanto, e é o que defendemos, como o elemento comum entre o caráter teórico e o caráter estético da imaginação. Para indicá-lo, é preciso lidar com a maneira como Kant expõe a esquematização na 1ª Crítica e como, à luz dela, é possível uma esquematização sem conceitos, como exposto na 3ª Crítica. Palavras-chave: Kant; Crítica da razão pura; Crítica da faculdade de julgar; imaginação; esquema. Introdução e justificativa A problemática Como podemos entender a imaginação, em sua relação com o entendimento, como sendo tanto uma faculdade de função sintética (como apresentado na Crítica da Razão Pura 1) 1 Em nosso projeto, usamos a tradução de Fernando Costa Mattos, publicada pela Editora Vozes. Recorremos à citação da página e às letras A e B correspondentes, respectivamente, à primeira e à segunda edição da Crítica da Razão Pura. Recorremos à edição canônica da Akademie, publicada pela Walter de Gruyter & Co., quando nos pareceu necessário. Para as citações da Crítica da Faculdade de Julgar, usamos principalmente a tradução de
RESUMO: O artigo tem por objetivo comentar, em linhas gerais, o modo como Gustave Le Bon, em sua ... more RESUMO: O artigo tem por objetivo comentar, em linhas gerais, o modo como Gustave Le Bon, em sua Psicologia das multidões, e Sigmund Freud, em sua Psicologia das massas e análise do eu, justificam a aplicação de categorias da psicologia ao âmbito social. Trata-se de uma discussão que tem como plano de fundo a investigação das causas da regressão social. Para ambos os autores, haverá nas multidões ou massas uma dimensão inconsciente, um estado de sugestão. Mas vão se diferenciar, no entanto, no uso de determinadas categorias, como a de "prestígio", em Le Bon, e a de "libido", em Freud, e nos tipos de organizações sociais exemplares para a aplicação de categorias da psicologia. PALAVRAS-CHAVE: Le Bon; Freud; Psicologia das multidões; Psicologia das massas; regressão social. ABSTRACT: This paper aims to comment, at large, how Gustave Le Bon, in his Psychologie de foules, and Sigmund Freud, in his Massenpsychologie und Ichanalyse, justify the application of categories of psychology to the social sphere. The background of the discussion is the investigation of the causes of social regression. For both authors there will be in the crowds or masses an unconscious aspect, a state of suggestion. But they will differ, however, in the use of certain categories, such as the one of "prestige", in Le Bon, and the one of "libido", in Freud, and in types of exemplary social organizations for the application of categories of psychology. KEYWORDS: Le Bon; Psychology of crowds; Psychology of the masses; social regression.
I. Introdução II. A crítica ao argumento de Anselmo e de Descartes nas Meditações sobre o Conheci... more I. Introdução II. A crítica ao argumento de Anselmo e de Descartes nas Meditações sobre o Conhecimento, a Verdade e as Ideias III. A crítica e o elogio aos argumentos de Anselmo e Descartes no cap. X do livro IV dos Novos Ensaios sobre o entendimento IV. Parágrafos 38-46 da Monadologia e trechos Da origem primeira das coisas (provas a priori e a posteriori da existência de Deus)
Em seu artigo 'Ciencia, tecnología y democracia: distinciones y conexiones', chama a atenção para... more Em seu artigo 'Ciencia, tecnología y democracia: distinciones y conexiones', chama a atenção para o perigo de, ao formular mecanismos de controle da atividade científica e da tecnologia, apagarmos "a linha entre as questões cognitivas e as regulatórias" (FEENBERG, 2009, p. 74) não quer dizer, com isso, que a imparcialidade da ciência-ou o que aqui ele opta por chamar de autonomia-esteja em jogo. O próprio Feenberg, embora assuma que ocorreu uma abertura por parte da ciência a várias formas de controle político e econômico, ressalta que isso não significa "eliminar o laboratório, obrigando o cientista a trabalhar com o público olhando por sobre seus ombros, nem que tenha de basear-se no governo para as decisões epistêmicas" (id. p. 65). Ora, é justamente o caráter distintivo da tecnologia, nesse aspecto, que se exige, como o autor diz, a intervenção democrática nas "tecnociências": a luta pelo controle social na tecnologia "dificilmente pode ser considerada modesta", uma vez que "se intensifica de modo constante e frequentemente conduz à intervenção direta dos cidadãos e dos governos em decisões tecnológicas, e ainda nos critérios para a tomada de decisões utilizadas para selecionar tecnologias" (ibid.). Nesse sentido, quando a ciência deixa o laboratório e passa fazer parte da sociedade como tecnologia, deve servir a muitos outros interesses além do interesse pelo conhecimento. É importante destacar aqui a relação que se estabelece entre ciência e tecnologia, porque Feenberg, ao buscar diferenciá-las e indicar os âmbitos em que suas diferenças tornam-se difusas-como na tecnociência-, nos indica a possibilidade de um conflito entre a autonomia nas decisões cognitivas e a intervenção de elementos estranhos à ciência, como a intervenção da sociedade. Para Feenberg, a solução está justamente na manutenção da distinção entre questões cognitivas e questões regulatórias, o que abriria espaço para uma democratização da ciência e da tecnologia. Acreditamos que contribui para a elucidação dessa distinção e do estabelecimento da possibilidade da regulamentação uma distinção entre os próprios momentos da atividade científica, seja na ciência pura ou na aplicada. As distinções feitas por Hugh Lacey podem ser, a nosso ver, um interessante recurso teórico para essa discussão.
"Não é precisamente a partir da experiência da técnica contemporânea que Heidegger, tomando essa ... more "Não é precisamente a partir da experiência da técnica contemporânea que Heidegger, tomando essa técnica como a mais completa conformação da metafísica, traçará sua história do esquecimento do ser? (GIANNOTTI, 2012, pp. 138-9). Quando José Arthur Giannotti formulou essa retórica pergunta num artigo sobre Gérard Lebrun (isso mesmo, sobre Lebrun, não sobre Heidegger), colocava em questão o que, numa crítica a Lebrun e ao espírito geral de sua empreitada de ler Hegel à luz de Nietzsche 2 , Paulo Arantes chamou, no artigo Ideias ao léu, de "experiência contemporânea"; antes disso, por que não "examinar à luz da experiência contemporânea a possível atualidade de um clássico (...)?", perguntava Arantes (1989, p. 61). Essa questão é sem sombra de dúvida das mais interessantes. E, no entanto, não a desenvolveremos. Ou melhor, não a tomaremos como questão, ao menos não explicitamente. Nem é nosso objetivo reconstruir um debate entre José Arthur Giannotti e Paulo Arantes sobre Gérard Lebrun. Ora, de que serve, então, a dispendiosa perífrase? Se essa perífrase tem serventia neste texto é para indicar que o comentário de Giannotti, seja lá para que fim tenha sido usado naquele debate, não tem nada de trivial no que toca a isso que ele mesmo chamou de experiência da técnica contemporânea segundo Heidegger. É preciso, todavia, que entendamos essas qualificações. Vejamos quais são elas: 1) segundo Giannotti, Heidegger partiu não de qualquer experiência, mas de uma 1 Verso extraído de "Ode Triunfal" (PESSOA, 2010, p. 44). 2 O que resultou n'O avesso da dialética: Hegel à luz de Nietzsche (LEBRUN, 1988).
No artigo The Meaning of Meanining, embora Hilary Putnam argumente contra as teses de que o signi... more No artigo The Meaning of Meanining, embora Hilary Putnam argumente contra as teses de que o significado é apreendido psicologicamente e de que a intensão determina a extensão, não chegará a argumentar contra a própria noção de significado. Pelo contrário, Putnam buscará, ao longo do texto, estabelecer uma noção de significado que seja mais satisfatória que as noções definidas pelas suposições destacadas no início do artigo, isto é, a suposição de que "o significado de um termo é apenas uma questão de estar em certo estado psicológico" (PUTNAM, p. 135) 1 e a de que "o significado de um termo (no sentido de 'intensão') determina sua extensão (no sentido de que a mesma intensão implica a mesma extensão)" (PUTNAM, p. 136) 2. É justamente essa perspectiva construtiva que o leva a tecer uma crítica à perspectiva "destrutiva" de Quine (a qualificação é de Putnam), cujo ataque à distinção analítico-sintético comprometeu, segundo nosso autor, a noção inteira de significado. Quine, aos olhos de Putnam, teria ido longe demais ao "sepultar" (to bury) a noção de significado, no lugar de revisá-la (to revise). Mas como Quine, da crítica à distinção analítico-sintético, acabou por esbarrar na noção de significado? No início do texto Dois dogmas do empirismo, Quine procura nos esclarecer a noção comum de analiticidade a partir das teses de alguns filósofos, com destaque a Kant, para quem um enunciado analítico é aquele em que o predicado está contido no sujeito. Essa formulação é defeituosa, na visão de Quine, por duas razões: a primeira é que ela se restringe a enunciados da forma sujeito-predicado; a segunda é que esse "estar contido" é deixado a nível metafórico no texto de Kant. Esses defeitos levam Quine a evidenciar a noção de analiticidade não por sua definição, mas pelo uso que Kant faz dela, o que permitirá a Quine reformulá-la da seguinte maneira: "um enunciado é analítico quando verdadeiro em virtude de significados e independente de fatos". Aqui já estabelece a distinção entre analítico e sintético: enquanto a verdade dos enunciados do primeiro tipo depende exclusivamente de seu significado, a do segundo tipo depende 1 "(...) the meaning of a term is just a matter of being in a certain psychological state (...)". 2 "(...) the meaning of a term (in the sense of 'intension') determines its extension (in the sense that sameness of intension entails sameness of extension)".
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo estabelecer, em linhas gerais, relações de parentesco... more RESUMO: O presente artigo tem como objetivo estabelecer, em linhas gerais, relações de parentesco entre a imagem de ciência traçada por Thomas Kuhn na introdução de A estrutura das revoluções científicas e as primeiras críticas ao empirismo recebido do positivismo lógico, com destaque às críticas de Neurath, Hempel e Feyerabend. PALAVRAS-CHAVE: Kuhn; Neurath; Hempel; Feyerabend; visão ortodoxa; virada historiográfica. Essa descoberta [a de Galileu] nos ensinou que as conclusões intuitivas baseadas na observação imediata nem sempre devem merecer confiança, pois algumas vezes conduzem a pistas erradas. 1 Albert Einstein As primeiras linhas da introdução d'A estrutura das revoluções científicas de Thomas Kuhn enfatizam importantes aspectos de certa abordagem do conceito de ciência. Antes de ser a mera "reunião de fatos, teorias e métodos" (KUHN, 2006, p. 20), essa abordagem assume, entre outros, dois pontos de vista que serão importantes para nosso objetivo: o ponto (1) nos indica que talvez a ciência não se desenvolva cumulativamente a partir de descobertas e invenções individuais, de modo que é preciso notar seu aspecto coletivo; o ponto (2) nos mostra que, se se leva em consideração seu aspecto coletivo, é preciso questionar os critérios de distinção entre "o componente 'científico' das observações e crenças passadas daquilo que seus predecessores rotularam prontamente de 'erro' e 'superstição'" (idem, p. 21). O ponto (1) dirige nossa atenção para uma revolução historiográfica. Nesse sentido, aqueles diretamente envolvidos nessa revolução perguntam não pela relação entre cientistas individuais e a ciência de sua época (como, por exemplo, entre Galileu e a ciência moderna), mas pela relação entre as concepções do cientista e aquelas partilhadas pelo seu grupo (pelos professores, contemporâneos e sucessores imediatos de Galileu, por exemplo). Com isso, delineia-se uma abordagem da ciência que ressalta seu aspecto coletivo e intersubjetivo. O ponto 1 Trecho extraído de A Evolução da Física (EINSTEIN & INFELD, 2008, pp. 15-16).
Nota explicativa Este texto é originalmente um seminário apresentado em 2017 no Grupo de Estudos ... more Nota explicativa Este texto é originalmente um seminário apresentado em 2017 no Grupo de Estudos de Idealismo Alemão (GEIA) do Departamento de Filosofia da USP. Disso resultou o tom oral. I. Introdução Esta introdução, embora pareça ter grandes pretensões, não será mais que um texto de citações. É que, por um lado, seria impossível para mim, num texto tão curto e em tão pouco tempo, discorrer sobre a posição da Crítica da Faculdade de Julgar em relação ao restante da obra de Kant ou mesmo do contexto de redação de sua primeira introdução. Por outro lado, se o objetivo não é ser original, torna-se relativamente fácil escrever uma introdução. Há muito texto em que se discutem as razões pelas quais Kant escreveu uma Crítica da Faculdade de Julgar. A questão até parece muito natural se invocarmos o horizonte da crítica como Kant o estabeleceu no segundo prefácio à Crítica da Razão Pura, em que o terreno sobre o qual poderia ser construída uma Crítica da Razão Prática parecia minimamente aplainado. Assim o autor nos diz, em longa citação: Mas que tesouro é esse, pode-se perguntar, que contamos deixar à posteridade com essa metafísica purificada pela Crítica que, no entanto, foi trazida por isso mesmo a uma situação definitiva? Pode-se ter a impressão, num exame apressado deste trabalho, de que a sua utilidade seja apenas negativa, a saber, de não arriscarmos jamais, com a razão especulativa, para além dos
A Crítica da razão é, no fundo, uma apologia da razão [...]. 1 R. R. T. F. No prefácio à primeira... more A Crítica da razão é, no fundo, uma apologia da razão [...]. 1 R. R. T. F. No prefácio à primeira edição da Crítica da Razão Pura, é notável a caracterização da metafísica como um campo de batalha: "ofendida", "abandonada" (KrV, A IX) 2 , Kant narra que, no interior dela, sucedeu-se uma guerra entre administradores despóticos e nômades anarquistas, antonomásias que qualificam, respectivamente, dogmáticos e céticos. Assim, com vistas a uma crítica à metafísica, Kant caracteriza certo estado da filosofia da época, repleta de querelas entre sistemas dogmáticos e dúvidas céticas. A imagem kantiana, que faz duas figuras clássicas novamente entrarem em franca disputa, destaca uma relação antagônica entre um construtor capenga e um destruidor inconsequente: se o dogmático prezava por uma "união civil", um "governo", ainda que "despótico", o nômade cético abominava "todo cultivo duradouro do solo" (KrV, A IX), desfazendo "de tempos em tempos a união civil" (KrV, A IX). Nesse sentido, a filosofia crítica, ao estabelecer céticos e dogmáticos como polos opostos de uma batalha aparentemente vã, arroga o direito de unificar, em resposta às dúvidas céticas (um despertador do "sono dogmático" 3), aquilo que Fichte chamou "as pretensões conflitantes dos diversos sistemas dogmáticos" (1984, p. 5). 1 Trecho extraído de A virtus dormitiva de Kant, de Rubens Rodrigues Torres Filho (2004, p. 39). 2 Todas as citações da Crítica da Razão Pura serão indicadas pela sigla KrV e foram extraídas da tradução de Fernando Costa Mattos, publicada pela Editora Vozes. 3 Referência a Hume, que, como apontado por Kant nos prefácio aos Prolegômenos, "não trouxe luz a esta espécie de conhecimento" (o conhecimento metafísico, tal como pretendia o dogmático), "mas despertou uma centelha, na qual se poderia ter acendido uma luz, se ele tivesse encontrado uma mecha inflamável, cujo arder fosse cuidadosamente mantido e aumentado" (KANT, 1974, p. 102).
"Nós modernos saímos abalados, comovidos do drama; O grego saía dele com o peito aliviado dando p... more "Nós modernos saímos abalados, comovidos do drama; O grego saía dele com o peito aliviado dando pulos". 1 A epígrafe que figura neste trabalho (trecho de um dos escritos conjuntamente publicados por Goethe e Schiller), embora não pertença ao texto que guiará nossa reflexão, permite certamente a introdução, senão ao nosso tema em particular, pelo menos ao plano de fundo da discussão. Na medida em que o trecho qualifica o moderno em relação ao antigo e, mais ainda, destaca a maneira oposta pela qual experimentam a fruição, remete a um dos principais aspectos da reflexão alemã clássica sobre arte, desenvolvida no período que passou a ser designado pela expressão "época de Goethe". Nesses versos está pressuposta uma reflexão histórica sem a qual não seria possível a consciência da relação entre antigos e modernos 2. Aqui não nos interessa, todavia, comentar as ideias dos principais autores que compõem e caracterizam a "época" e o aspecto citado, o que exigiria mostrar, por exemplo, como a visão de Goethe é "fortemente orientada pelo modelo artístico greco-romano" 3 , quais princípios estão pressupostos na sugestão de Winckelmann 4 de o moderno imitar o antigo ou a maneira pela qual Herder 5 enfatiza a necessidade de encontrar a origem histórica de cada obra. O propósito não é, com efeito, pintar um panorama da reflexão histórica da arte na "época de Goethe". Queremos indicar, na verdade, como essa reflexão se dá em
É uma resenha a 'O desenvolvimento moderno da filosofia da ciência (1890-2000)', de Carlos Ulises... more É uma resenha a 'O desenvolvimento moderno da filosofia da ciência (1890-2000)', de Carlos Ulises Moulines
Roberto Bolzani Filho é bacharel e licenciado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), ... more Roberto Bolzani Filho é bacharel e licenciado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), onde defendeu a Dissertação de Mestrado O ceticismo pirrônico na obra de Sexto Empírico (1992) e a Tese de Doutorado O ceticismo acadêmico e a ideia de subjetividade (2003), ambos sob a orientação de Oswaldo Porchat Pereira. Desde 1988, leciona História da Filosofia Antiga na mesma instituição, na qual também obteve o título de Livre-Docente, com a tese Ensaios sobre Platão (2013). Dentre a publicação de inúmeros artigos em revistas especializadas, bem como do livro Acadêmicos versus pirrônicos (São Paulo: Alameda, 2013), destaca-se a sua participação na redação de Filosofia: temas e percursos (1ª ed. 2013; 2ª ed. 2016), o qual integrou a escolha do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD, 2018) para a área de filosofia, tornando-se uma importante referência para a seleção de livros didáticos a serem adotados nas escolas e ao trabalho desenvolvido pelos professores, em seu cotidiano. Tomando distância com relação à composição de um inventário de opiniões filosóficas transmitidas ao longo da história, um dos pontos marcantes de Filosofia: temas e percursos está na pretensão de despertar o interesse dos estudantes para compreender o que levou os filósofos “a pensar o que pensaram”, chamando atenção para os motivos pelos quais uma interrogação é formulada, para as razões pelas quais se sustenta uma posição a respeito dela. E é justamente nesse contraste entre decorar opiniões transmitidas ao longo da história e compreender as razões de uma questão e de uma posição filosófica que se manifesta a concepção de ensino e de aprendizagem responsável por orientar a proposta desse livro didático. Se, para os autores, a maior contribuição da obra tem lugar ao lado da postura de compreensão, é porque ela incrementa a espontaneidade com que surgem as questões filosóficas, permitindo acolher e auxiliar a curiosidade, diante de problemas e de posições desenvolvidos pelos filósofos. Convém sublinhar o ato por trás dessa postura de compreensão, pois nele reside o imperativo que, à maneira socrática, delineia o sentido do filosofar como ação do pensamento que não adere a fórmulas prontas, justamente porque investiga as razões de um saber. É nesse ato, com efeito, que reside a abertura para a reflexão em filosofia, na medida em que não se trata de arrolar uma série de interrogações e respostas irrefletidas, mas de discernir o que leva aos problemas formulados por certos filósofos e o que os conduz a construir uma posição. Nesse sentido, Filosofia: temas e percursos reúne ensino e aprendizagem, ao nutrir as questões espontaneamente surgidas com as razões do que pensaram os filósofos, promovendo aquela atividade de compreensão que está sempre em operação no filosofar. Nessa tendência de destacar o ato de filosofar, é impossível não ouvir ressoar as palavras proferidas pelo professor Roberto Bolzani Filho (2005, p. 34), por ocasião da aula inaugural do Departamento de Filosofia da FFLCH — USP: “[...] este termo, uma forma verbal, ajuda-nos a sugerir a ideia de que a filosofia é sobretudo uma atitude, um tipo de atividade, em contraste com a passividade que caracteriza a concepção anterior.” Fazendo eco às nossas preocupações de ensino e de aprendizado suscitadas por Filosofia: temas e percursos, o autor concedeu esta entrevista, na qual reflete não só sobre temas como o valor e o alcance de métodos didáticos para uma aula de filosofia, como também sobre ideias a partir das quais se pode trabalhar de forma construtiva a relação entre a filosofia e sua história.
v. 44 n. 2: Entrevista com Roberto Bolzani Filho sobre Filosofia: temas e percursos, o ensino de filosofia e a relação entre filosofia e história da filosofia, 2021
Roberto Bolzani Filho é bacharel e licenciado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), ... more Roberto Bolzani Filho é bacharel e licenciado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), onde defendeu a Dissertação de Mestrado O ceticismo pirrônico na obra de Sexto Empírico (1992) e a Tese de Doutorado O ceticismo acadêmico e a ideia de subjetividade (2003), ambos sob a orientação de Oswaldo Porchat Pereira. Desde 1988, leciona História da Filosofia Antiga na mesma instituição, na qual também obteve o título de Livre-Docente, com a tese Ensaios sobre Platão (2013). Dentre a publicação de inúmeros artigos em revistas especializadas, bem como do livro Acadêmicos versus pirrônicos (São Paulo: Alameda, 2013), destaca-se a sua participação na redação de Filosofia: temas e percursos (1ª ed. 2013; 2ª ed. 2016), o qual integrou a escolha do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD, 2018) para a área de filosofia, tornando-se uma importante referência para a seleção de livros didáticos a serem adotados nas escolas e ao trabalho desenvolvido pelos professores, em seu cotidiano.
Entre conhecimento e valores: alternativas à tecnociência atual, 2023
Eliakim Ferreira Oliveira apresenta, a partir de uma interpretação do M-CV [de Lacey e Mariconda]... more Eliakim Ferreira Oliveira apresenta, a partir de uma interpretação do M-CV [de Lacey e Mariconda], a visão da ciência como investigação empírica sistemática, na qual se leva em conta o papel que os valores sociais desempenham em importantes momentos da atividade científica, preservando, no entanto, a racionalidade do processo de certificação ou validação científica. Essa visão, na medida em que considera a ciência uma atividade realizada por uma comunidade e sujeita à influência da sociedade, portanto, uma ciência que não é livre de valores, não pode restringir-se a uma demarcação da ciência empírica segundo regras lógicas (indutivas, dedutivas, hipotético-dedutivas etc.), isto é, à mera justificação de seu método. Para tanto, é preciso verificar, em consonância com Hugh Lacey e com uma tradição que se consolida a partir da obra de Kuhn, como os chamados valores cognitivos se distinguem dos valores sociais e concorrem para a preservação da racionalidade das escolhas científicas segundo padrões epistemológicos que maximizam o valor da imparcialidade nessas escolhas. Oliveira dedica-se então a questões como: quais são os candidatos a valores cognitivos, isto é, valores que visam estritamente ao entendimento dos fenômenos e objetos materiais? Qual é a hierarquia dos valores cognitivos? Todas essas são questões situadas na medida em que suas respostas dependem do estágio em que se encontra o desenvolvimento da pesquisa científica [texto de Pablo Mariconda, da introdução ao livro no qual consta o artigo].
Em 'Uma história natural e cabralina: a dialética do vivente na poesia de João Cabral de Melo Net... more Em 'Uma história natural e cabralina: a dialética do vivente na poesia de João Cabral de Melo Neto', Eliakim Ferreira Oliveira nos apresenta uma interpretação da poesia do poeta pernambucano mediante o estabelecimento de um encontro entre a crítica literária e a filosofia. O livro procura trazer à luz um lirismo oculto na poesia cabralina, e que se expressa, ao longo de toda a obra do autor, através de uma dialética do vivente. É nesse momento que a poesia cabralina se torna aparentada com uma das filosofias de Schelling, filósofo alemão vinculado ao romantismo, movimento artístico do qual Cabral procurava, em contrapartida, se distanciar. O resultado desse leitura é a indicação de uma antropologia poética, assentada em uma investigação do vínculo do humano e natural com o inumano e não-natural.
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Papers by Eliakim F Oliveira
Tomando distância com relação à composição de um inventário de opiniões filosóficas transmitidas ao longo da história, um dos pontos marcantes de Filosofia: temas e percursos está na pretensão de despertar o interesse dos estudantes para compreender o que levou os filósofos “a pensar o que pensaram”, chamando atenção para os motivos pelos quais uma interrogação é formulada, para as razões pelas quais se sustenta uma posição a respeito dela. E é justamente nesse contraste entre decorar opiniões transmitidas ao longo da história e compreender as razões de uma questão e de uma posição filosófica que se manifesta a concepção de ensino e de aprendizagem responsável por orientar a proposta desse livro didático. Se, para os autores, a maior contribuição da obra tem lugar ao lado da postura de compreensão, é porque ela incrementa a espontaneidade com que surgem as questões filosóficas, permitindo acolher e auxiliar a curiosidade, diante de problemas e de posições desenvolvidos pelos filósofos. Convém sublinhar o ato por trás dessa postura de compreensão, pois nele reside o imperativo que, à maneira socrática, delineia o sentido do filosofar como ação do pensamento que não adere a fórmulas prontas, justamente porque investiga as razões de um saber.
É nesse ato, com efeito, que reside a abertura para a reflexão em filosofia, na medida em que não se trata de arrolar uma série de interrogações e respostas irrefletidas, mas de discernir o que leva aos problemas formulados por certos filósofos e o que os conduz a construir uma posição. Nesse sentido, Filosofia: temas e percursos reúne ensino e aprendizagem, ao nutrir as questões espontaneamente surgidas com as razões do que pensaram os filósofos, promovendo aquela atividade de compreensão que está sempre em operação no filosofar. Nessa tendência de destacar o ato de filosofar, é impossível não ouvir ressoar as palavras proferidas pelo professor Roberto Bolzani Filho (2005, p. 34), por ocasião da aula inaugural do Departamento de Filosofia da FFLCH — USP: “[...] este termo, uma forma verbal, ajuda-nos a sugerir a ideia de que a filosofia é sobretudo uma atitude, um tipo de atividade, em contraste com a passividade que caracteriza a concepção anterior.”
Fazendo eco às nossas preocupações de ensino e de aprendizado suscitadas por Filosofia: temas e percursos, o autor concedeu esta entrevista, na qual reflete não só sobre temas como o valor e o alcance de métodos didáticos para uma aula de filosofia, como também sobre ideias a partir das quais se pode trabalhar de forma construtiva a relação entre a filosofia e sua história.