Cientista Social (UFSCar) e Enfermeiro (FUNESO). Mestre em Enfermagem pela Universidade Estadual de Campinas. Doutor em Ciências pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (2013). Professor Doutor na área de Ciências Sociais em Saúde do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (EERP-USP). Líder do TRAMAS - Laboratório de Pesquisa Social em Saúde vinculado à EERP_USP. Integrante do Laboratório de Experimentações Etnográficas (LE-E) vinculado ao Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos (PPGAS/UFSCar). Membro do GT Saúde da População LGBTI+ da Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Interesses de pesquisa: estudos sobre experiências com adoecimentos e sofrimentos de longa duração, com ênfase em HIV/aids; diferenças, poder e o cuidado em saúde; ativismos em saúde e práticas estatais; antropologia econômica; antropologia do dinheiro; associações de crédito rotativo; bancarização e financeirização da pobreza.
Resenha do livro Silva, GB. . Lux et umbrae: o ardil universitário e outros ardis Curitiba: Insig... more Resenha do livro Silva, GB. . Lux et umbrae: o ardil universitário e outros ardis Curitiba: Insight , 2021
A partir de dados produzidos por meio de etnografia digital, analisamos como a interação em um bl... more A partir de dados produzidos por meio de etnografia digital, analisamos como a interação em um blogue brasileiro permitia a produção de subjetividades e de agenciamentos mediados pelas práticas científicas biomédicas dirigidas ao HIV/aids. As narrativas sinalizaram a divulgação científica, o compartilhamento de informações e de experiências como elementos nos processos de normalização e aprimoramento da vida com o HIV/aids. Além disso, o estudo desvelou o acesso e o compartilhamento de informações biomédicas e científicas como facilitadores na produção e no desenvolvimento de pacientes especialistas e a farmaceuticalização da vida como uma consequência da experiência de viver com o HIV/aids.
A partir de dados produzidos por meio de etnografia digital, analisamos como a interação em um bl... more A partir de dados produzidos por meio de etnografia digital, analisamos como a interação em um blogue brasileiro permitia a produção de subjetividades e de agenciamentos mediados pelas práticas científicas biomédicas dirigidas ao HIV/aids. As narrativas sinalizaram a divulgação científica, o compartilhamento de informações e de experiências como elementos nos processos de normalização e aprimoramento da vida com o HIV/aids. Além disso, o estudo desvelou o acesso e o compartilhamento de informações biomédicas e científicas como facilitadores na produção e no desenvolvimento de pacientes especialistas e a farmaceuticalização da vida como uma consequência da experiência de viver com o HIV/aids.
Esta pesquisa qualitativa objetivou compreender as relações entre acesso a serviços de saúde e ex... more Esta pesquisa qualitativa objetivou compreender as relações entre acesso a serviços de saúde e experiências de sofrimento social entre pessoas trans. Foram conduzidas entrevistas semiestruturadas com cinco interlocutores e observações participantes. Os dados foram analisados por meio da codificação temática, originando duas categorias: “A negação do nome” e “Acesso à saúde e transfobia institucionalizada no Sistema Único de Saúde (SUS)”. As narrativas das/os interlocutores permitiram localizar tais relações na sociogênese de experiências de sofrimento social. A negação do nome implica negação da humanidade da pessoa trans, bem como patologização de sua identidade e prejuízos no acesso à saúde, colocando a automedicação como uma possibilidade de agência. Concluiu-se que a transfobia institucionalizada no setor de saúde reproduz a precarização da cidadania de pessoas trans, destacando quanto a ação estatal com vistas a mitigar o sofrimento social pode, por vezes, intensificá-lo.
RECIIS - Revista Eletrônica De Comunicação, Informação & Inovação Em Saúde, 2022
Neste artigo são delineadas reflexões teórico-etnográficas a partir de pesquisa de campo realizad... more Neste artigo são delineadas reflexões teórico-etnográficas a partir de pesquisa de campo realizada em três grupos do WhatsApp formados por pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA). Tem como objetivo compreender as experiências afetivo-sexuais dessas pessoas, construídas por meio de diálogos, interações e socialidades vividas nesses grupos pesquisados. A partir da descrição das socialidades nos grupos e dos modos como, por meio da biscoitagem, as pessoas fazem circular afetos e desejos sem, necessariamente, constituírem relacionamentos afetivo-sexuais, argumenta-se que, em suas interações sociais, os interlocutores conectavam pessoas, artefatos sociotécnicos, lugares, situações, emoções, relações, projetos de vida etc., de tal maneira que produziam mais que simplesmente apoio, suporte, ajuda ou comunicação sobre o HIV, visto que teciam seus próprios mundos sociais. Estes achados ganham relevância especial ao se considerar a experiência de PVHA que mantêm algum grau de segredo sobre sua sorologia positiva para o HIV.
Este artigo descreve a trajetória e experiências de Vanessa Campos como uma sobrevivente da AIDS.... more Este artigo descreve a trajetória e experiências de Vanessa Campos como uma sobrevivente da AIDS. Ao longo de seu testemunho de sobrevivente da AIDS suas experiências são narradas tendo como pontos de inflexão os trânsitos migratórios (Manaus – Rio de Janeiro – Manaus – São Paulo – Joinville – Manaus) que integravam cidades, pessoas, instituições, relacionamentos, maternagem, emoções, etc. O objetivo aqui é descrever um conjunto de violências estruturais evidenciadas por uma sorologia cujo pêndulo se movia entre a publicização e o segredo, como escolha e como imposição dos maridos em seus dois casamentos, conformando economias de conhecimentos e gramáticas emocionais marcadas por estigmas, discriminações e dores; pelas violências de gênero em suas distintas faces (doméstica, obstétrica, institucional e sexual) que modelaram suas experiências como mulher, esposa, mãe, usuária de serviços de saúde, membra de uma igreja evangélica pentecostal; e pelas disparidades regionais no acesso aos serviços e tecnologias de saúde relacionadas ao tratamento do HIV/AIDS e à saúde sexual e reprodutiva na Região Norte do Brasil que, segundo Vanessa, associava-se ao estigma da AIDS e às violências de gênero e tomaram a dianteira nas suas decisões de migrar. A diáspora da AIDS performada por Vanessa nos oferece pistas etnográficas para refletir sobre como os cruzamentos entre gênero, doença e lugar estão implicados na produção e reprodução de violências estruturais que conformam experiências de sofrimento social. Mas não só isso, pois permite analisar as agências e os processos de subjetivação desde uma condição de “ser alvo” e como isso produz recusas, lutas e resistências.
Sexualidad, Salud y Sociedad - Revista Latinoamericana, 2021
O objetivo do artigo é refletir criticamente sobre os impactos sociais da pandemia de covid-19 e ... more O objetivo do artigo é refletir criticamente sobre os impactos sociais da pandemia de covid-19 e as medidas de enfrentamento no cotidiano de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgênero, Intersexuais e outras identidades (LGBTI+) no contexto brasileiro. Inicialmente é realizado um resgate histórico das necessidades sociais e de saúde que pessoas LGBTI+, evidenciando a importância da compreensão da LGBTIfobia como um determinante social da saúde, além de retomar alguns marcos que resultaram na criação e implementação da Política Nacional de Saúde Integral LGBT. A partir disso considera-se como algumas vulnerabilidades são potencializadas com a emergência da pandemia e se mostram enlaçadas por estruturas de poder e iniquidades sociais. Por fim, algumas recomendações são aventadas, tendo em vista o caráter generalizado da covid-19.
Este artigo aborda o modo como categorias de diferenciação como sexualidade, geração, classe soci... more Este artigo aborda o modo como categorias de diferenciação como sexualidade, geração, classe social e lugar são corporificados em trajetórias de vida de pessoas vivendo com HIV/aids em cidades interioranas do Nordeste brasileiro. Nesse sentido, buscamos explorar a articulação entre noções de pessoa, práticas de cuidado e de conhecimento à luz da constituição de subjetividades políticas. A proposta é ampliar o olhar sobre processos de sofrimento social, sexualidade e saúde e suas complexas relações que conferem sentido e lugar ao vírus, ao cuidado, ao adoecer e suas economias de conhecimento.
Neste artigo aborda-se iniciativas individuais e coletivas de jovens ativistas em HIV/aids e seus... more Neste artigo aborda-se iniciativas individuais e coletivas de jovens ativistas em HIV/aids e seus desdobramentos na produção de subjetividade. Teve-se como objetivo compreender os significados do engajamento no movimento social de aids e suas inflexões na produção do jovem vivendo com HIV/aids, a partir da experiência de um interlocutor. Trata-se de estudo de caso integrante de etnografia sobre experiências de pessoas vivendo com HIV/aids que vivem no interior do Rio Grande do Norte, feita com 17 interlocutores diagnosticados há mais de um ano. Dois motivos nortearam a seleção do caso: ser jovem com uma experiência construída em torno de eixos de diferenciação e de enunciação de si e por ter demonstrado inserção como ativista. As informações foram obtidas mediante entrevistas semiestruturadas e observação participante. Por meio de análise contextual, integrada e relacional, a arte como linguagem política do ativismo em HIV/aids se colocou com possível de transformar um “vírus-profecia”, maldição que espreita homens gays, em um “vírus-território”, lugar de acessos a cuidado em saúde, afetos, trocas e experiências de alteridade. Por fim, destaca-se como a relação entre arte e ativismo em HIV/aids permite a produção de narrativas positHIVas que se colocam como uma Sociologia das Ausências.
Este artigo aborda o modo como categorias de diferenciação como sexualidade, geração, classe soci... more Este artigo aborda o modo como categorias de diferenciação como sexualidade, geração, classe social e lugar são corporificados em trajetórias de vida de pessoas vivendo com HIV/aids em cidades interioranas do Nordeste brasileiro. Nesse sentido, buscamos explorar a articulação entre noções de pessoa, práticas de cuidado e de conhecimento à luz da constituição de subjetividades políticas. A proposta é ampliar o olhar sobre processos de sofrimento social, sexualidade e saúde e suas complexas relações que conferem sentido e lugar ao vírus, ao cuidado, ao adoecer e suas economias de conhecimento.
Objetivo: refletir sobre o emprego da educação a distância na graduação em enfermagem no Brasil n... more Objetivo: refletir sobre o emprego da educação a distância na graduação em enfermagem no Brasil no cenário da pandemia da COVID-19. Método: ensaio crítico por meio de reflexões ancoradas na literatura acerca da utilização da educação a distância na formação de enfermeiros(as) e dos circunscritores decorrentes da pandemia. Resultados: as discussões sobre o emprego da educação a distância na formação em enfermagem no Brasil respondem a diferentes interesses educacionais, profissionais, políticos e econômicos. No contexto da pandemia de COVID-19, a partir de 2020, tais debates têm sido potencializados em função do emprego de metodologias da educação a distância na continuidade de muitos cursos de formação, outrora exclusivamente presenciais. Conclusão: não obstante as metodologias próprias da educação a distância permitirem, em um primeiro momento, a continuidade dos processos formativos em enfermagem, reafirma-se que o ensino-aprendizagem para o cuidado em saúde demanda proximidade e contato.
Este artigo problematiza as relações entre doença, tempo, socialidade, emoção e prática estatal n... more Este artigo problematiza as relações entre doença, tempo, socialidade, emoção e prática estatal no campo do HIV/aids a partir da interlocução com pessoas que vivem com HIV/aids num grupo fechado no Facebook. Faz-se isso ao analisar a socialidade no grupo, com destaque à confiança na cronificação da infecção pelo HIV e às postagens que denunciavam a intensificação do desmonte da política brasileira de aids decorrentes de ações governamentais. Tais postagens geraram 'tretas' entre membros do grupo. Seguir as 'tretas' para compreender suas gramáticas política e emocional permitiu interpretar os significados atribuídos pelos interlocutores às políticas públicas de saúde, o que possibilitou analisar o lugar do Estado nessas políticas.
Objetivo: compreender como as relações entre cronicidade e política modelam a sociabilidade e a a... more Objetivo: compreender como as relações entre cronicidade e política modelam a sociabilidade e a ajuda mútua entre pessoas que vivem com HIV/aids. Método: trata-se de uma etnografia virtual em um grupo fechado no Facebook. Para coligir as informações, utilizaram-se observação participante on-line e análise documental. Analisaram-se 37 postagens por meio do software NVivo 12 Pro e pela técnica de codificação temática. Resultados: emergiram duas categorias temáticas: Faça o tratamento e o tempo se encarregará do resto: ajuda mútua e HIV/aids como condição crônica; e Sim, há perigo na esquina, meu bem: política, conflitos e sociabilidade no grupo. O aspecto mais relevante deste estudo diz respeito à evidência da fragilidade do discurso da cronicidade do HIV/aids. Conclusão: por meio da análise da sociabilidade e da ajuda mútua produzidas entre os membros do grupo investigado foi possível apreender os modos como, em suas experiências de viver com o HIV/aids como condição crônica, as relações entre saúde-doença, política e tempo evidenciaram a dependência entre cronicidade e Estado, e seus impactos na vida cotidiana.
As recentes pesquisas socioantropológicas têm apontado o papel das redes sociais na internet na e... more As recentes pesquisas socioantropológicas têm apontado o papel das redes sociais na internet na experiência de pessoas que vivem com adoecimentos de longa duração. Por 11 meses realizamos uma etnografia virtual entre pessoas que vivem com HIV/Aids (PVHA) membros de um grupo virtual secreto no Facebook. Buscamos compreender as práticas de socialidade existentes entre os membros do grupo investigado nessa rede social. Por meio da observação e da análise das postagens e comentários, evidenciamos as práticas de acolhimento e ajuda mútua entre os membros do grupo. Discutimos, ainda, o caráter seletivo dessas práticas, uma vez que eram mediadas por julgamentos morais e pudores, próprios do pânico sexual e/ou moral que marcou o início da epidemia, o que desvelou continuidades entre mundo on-line e off-line.
RESUMO Este artigo objetiva compreender as possibilidades explicativas para o diabetes a partir d... more RESUMO Este artigo objetiva compreender as possibilidades explicativas para o diabetes a partir da perspectiva de mulheres que vivem com essa doença. Trata-se de um estudo de caso sobre a trajetória de vida de uma interlocutora, suas relações familiares, de vizinhança e o seu jeito 'doce' de ser. O foco aqui são as explicações causais do diabetes de 'tipo emocional' como resultado da corporificação de sofrimento social produzido no imbricamento de relações entre gênero, família, vizinhança e emoções. O conceito de trabalho do tempo de Veena Das foi utilizado para compreender os agenciamentos da interlocutora no cotidiano. Por fim, o diabetes é apresentado como um idioma para traduzir sofrimento social, ampliando, assim, as explicações etiológicas da biomedicina. ABSTRACT This article aims to understand the explanatory possibilities for diabetes from the perspective of women living with this illness. This is a case study about the life trajectory of an interlocutor, her family, neighbourhood relationships and her 'sweet' way of being. The focus here is on the causal explanations of the diabetes 'emotional type' as a result of the embodiment of social suffering produced in the interweaving of relationships between gender, family, neighbourhood, and emotions. Veena Das's concept of work of time was used to understand the interlocutor's agency in everyday life. Finally, diabetes is presented as a language to translate social suffering, thus expanding the etiological explanations of biomedicine.
Propostas inovadoras para o processo ensino-aprendizagem nos cursos de Medicina vêm sendo desenvo... more Propostas inovadoras para o processo ensino-aprendizagem nos cursos de Medicina vêm sendo desenvolvidas em busca de uma formação profissional generalista, humanista e crítica. A partir da aprovação do Programa Mais Médicos (PMM), novas escolas foram criadas adotando metodologias de ensino ativas e promovendo maior integração ensinoserviço-comunidade. Este artigo é um relato de experiência sobre o desenvolvimento do módulo Vivência Integrada na Comunidade no curso de Medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte, que oportuniza ao estudante uma inserção longitudinal no sistema de Saúde em municípios do interior do Nordeste. Essa proposta vem promovendo maior integração entre a universidade, os gestores e os trabalhadores da Saúde. A aposta é a de que este módulo poderá contribuir com a fixação do médico na região e fortalecer o sistema de Saúde no interior do Brasil.
Resenha do livro Silva, GB. . Lux et umbrae: o ardil universitário e outros ardis Curitiba: Insig... more Resenha do livro Silva, GB. . Lux et umbrae: o ardil universitário e outros ardis Curitiba: Insight , 2021
A partir de dados produzidos por meio de etnografia digital, analisamos como a interação em um bl... more A partir de dados produzidos por meio de etnografia digital, analisamos como a interação em um blogue brasileiro permitia a produção de subjetividades e de agenciamentos mediados pelas práticas científicas biomédicas dirigidas ao HIV/aids. As narrativas sinalizaram a divulgação científica, o compartilhamento de informações e de experiências como elementos nos processos de normalização e aprimoramento da vida com o HIV/aids. Além disso, o estudo desvelou o acesso e o compartilhamento de informações biomédicas e científicas como facilitadores na produção e no desenvolvimento de pacientes especialistas e a farmaceuticalização da vida como uma consequência da experiência de viver com o HIV/aids.
A partir de dados produzidos por meio de etnografia digital, analisamos como a interação em um bl... more A partir de dados produzidos por meio de etnografia digital, analisamos como a interação em um blogue brasileiro permitia a produção de subjetividades e de agenciamentos mediados pelas práticas científicas biomédicas dirigidas ao HIV/aids. As narrativas sinalizaram a divulgação científica, o compartilhamento de informações e de experiências como elementos nos processos de normalização e aprimoramento da vida com o HIV/aids. Além disso, o estudo desvelou o acesso e o compartilhamento de informações biomédicas e científicas como facilitadores na produção e no desenvolvimento de pacientes especialistas e a farmaceuticalização da vida como uma consequência da experiência de viver com o HIV/aids.
Esta pesquisa qualitativa objetivou compreender as relações entre acesso a serviços de saúde e ex... more Esta pesquisa qualitativa objetivou compreender as relações entre acesso a serviços de saúde e experiências de sofrimento social entre pessoas trans. Foram conduzidas entrevistas semiestruturadas com cinco interlocutores e observações participantes. Os dados foram analisados por meio da codificação temática, originando duas categorias: “A negação do nome” e “Acesso à saúde e transfobia institucionalizada no Sistema Único de Saúde (SUS)”. As narrativas das/os interlocutores permitiram localizar tais relações na sociogênese de experiências de sofrimento social. A negação do nome implica negação da humanidade da pessoa trans, bem como patologização de sua identidade e prejuízos no acesso à saúde, colocando a automedicação como uma possibilidade de agência. Concluiu-se que a transfobia institucionalizada no setor de saúde reproduz a precarização da cidadania de pessoas trans, destacando quanto a ação estatal com vistas a mitigar o sofrimento social pode, por vezes, intensificá-lo.
RECIIS - Revista Eletrônica De Comunicação, Informação & Inovação Em Saúde, 2022
Neste artigo são delineadas reflexões teórico-etnográficas a partir de pesquisa de campo realizad... more Neste artigo são delineadas reflexões teórico-etnográficas a partir de pesquisa de campo realizada em três grupos do WhatsApp formados por pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA). Tem como objetivo compreender as experiências afetivo-sexuais dessas pessoas, construídas por meio de diálogos, interações e socialidades vividas nesses grupos pesquisados. A partir da descrição das socialidades nos grupos e dos modos como, por meio da biscoitagem, as pessoas fazem circular afetos e desejos sem, necessariamente, constituírem relacionamentos afetivo-sexuais, argumenta-se que, em suas interações sociais, os interlocutores conectavam pessoas, artefatos sociotécnicos, lugares, situações, emoções, relações, projetos de vida etc., de tal maneira que produziam mais que simplesmente apoio, suporte, ajuda ou comunicação sobre o HIV, visto que teciam seus próprios mundos sociais. Estes achados ganham relevância especial ao se considerar a experiência de PVHA que mantêm algum grau de segredo sobre sua sorologia positiva para o HIV.
Este artigo descreve a trajetória e experiências de Vanessa Campos como uma sobrevivente da AIDS.... more Este artigo descreve a trajetória e experiências de Vanessa Campos como uma sobrevivente da AIDS. Ao longo de seu testemunho de sobrevivente da AIDS suas experiências são narradas tendo como pontos de inflexão os trânsitos migratórios (Manaus – Rio de Janeiro – Manaus – São Paulo – Joinville – Manaus) que integravam cidades, pessoas, instituições, relacionamentos, maternagem, emoções, etc. O objetivo aqui é descrever um conjunto de violências estruturais evidenciadas por uma sorologia cujo pêndulo se movia entre a publicização e o segredo, como escolha e como imposição dos maridos em seus dois casamentos, conformando economias de conhecimentos e gramáticas emocionais marcadas por estigmas, discriminações e dores; pelas violências de gênero em suas distintas faces (doméstica, obstétrica, institucional e sexual) que modelaram suas experiências como mulher, esposa, mãe, usuária de serviços de saúde, membra de uma igreja evangélica pentecostal; e pelas disparidades regionais no acesso aos serviços e tecnologias de saúde relacionadas ao tratamento do HIV/AIDS e à saúde sexual e reprodutiva na Região Norte do Brasil que, segundo Vanessa, associava-se ao estigma da AIDS e às violências de gênero e tomaram a dianteira nas suas decisões de migrar. A diáspora da AIDS performada por Vanessa nos oferece pistas etnográficas para refletir sobre como os cruzamentos entre gênero, doença e lugar estão implicados na produção e reprodução de violências estruturais que conformam experiências de sofrimento social. Mas não só isso, pois permite analisar as agências e os processos de subjetivação desde uma condição de “ser alvo” e como isso produz recusas, lutas e resistências.
Sexualidad, Salud y Sociedad - Revista Latinoamericana, 2021
O objetivo do artigo é refletir criticamente sobre os impactos sociais da pandemia de covid-19 e ... more O objetivo do artigo é refletir criticamente sobre os impactos sociais da pandemia de covid-19 e as medidas de enfrentamento no cotidiano de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgênero, Intersexuais e outras identidades (LGBTI+) no contexto brasileiro. Inicialmente é realizado um resgate histórico das necessidades sociais e de saúde que pessoas LGBTI+, evidenciando a importância da compreensão da LGBTIfobia como um determinante social da saúde, além de retomar alguns marcos que resultaram na criação e implementação da Política Nacional de Saúde Integral LGBT. A partir disso considera-se como algumas vulnerabilidades são potencializadas com a emergência da pandemia e se mostram enlaçadas por estruturas de poder e iniquidades sociais. Por fim, algumas recomendações são aventadas, tendo em vista o caráter generalizado da covid-19.
Este artigo aborda o modo como categorias de diferenciação como sexualidade, geração, classe soci... more Este artigo aborda o modo como categorias de diferenciação como sexualidade, geração, classe social e lugar são corporificados em trajetórias de vida de pessoas vivendo com HIV/aids em cidades interioranas do Nordeste brasileiro. Nesse sentido, buscamos explorar a articulação entre noções de pessoa, práticas de cuidado e de conhecimento à luz da constituição de subjetividades políticas. A proposta é ampliar o olhar sobre processos de sofrimento social, sexualidade e saúde e suas complexas relações que conferem sentido e lugar ao vírus, ao cuidado, ao adoecer e suas economias de conhecimento.
Neste artigo aborda-se iniciativas individuais e coletivas de jovens ativistas em HIV/aids e seus... more Neste artigo aborda-se iniciativas individuais e coletivas de jovens ativistas em HIV/aids e seus desdobramentos na produção de subjetividade. Teve-se como objetivo compreender os significados do engajamento no movimento social de aids e suas inflexões na produção do jovem vivendo com HIV/aids, a partir da experiência de um interlocutor. Trata-se de estudo de caso integrante de etnografia sobre experiências de pessoas vivendo com HIV/aids que vivem no interior do Rio Grande do Norte, feita com 17 interlocutores diagnosticados há mais de um ano. Dois motivos nortearam a seleção do caso: ser jovem com uma experiência construída em torno de eixos de diferenciação e de enunciação de si e por ter demonstrado inserção como ativista. As informações foram obtidas mediante entrevistas semiestruturadas e observação participante. Por meio de análise contextual, integrada e relacional, a arte como linguagem política do ativismo em HIV/aids se colocou com possível de transformar um “vírus-profecia”, maldição que espreita homens gays, em um “vírus-território”, lugar de acessos a cuidado em saúde, afetos, trocas e experiências de alteridade. Por fim, destaca-se como a relação entre arte e ativismo em HIV/aids permite a produção de narrativas positHIVas que se colocam como uma Sociologia das Ausências.
Este artigo aborda o modo como categorias de diferenciação como sexualidade, geração, classe soci... more Este artigo aborda o modo como categorias de diferenciação como sexualidade, geração, classe social e lugar são corporificados em trajetórias de vida de pessoas vivendo com HIV/aids em cidades interioranas do Nordeste brasileiro. Nesse sentido, buscamos explorar a articulação entre noções de pessoa, práticas de cuidado e de conhecimento à luz da constituição de subjetividades políticas. A proposta é ampliar o olhar sobre processos de sofrimento social, sexualidade e saúde e suas complexas relações que conferem sentido e lugar ao vírus, ao cuidado, ao adoecer e suas economias de conhecimento.
Objetivo: refletir sobre o emprego da educação a distância na graduação em enfermagem no Brasil n... more Objetivo: refletir sobre o emprego da educação a distância na graduação em enfermagem no Brasil no cenário da pandemia da COVID-19. Método: ensaio crítico por meio de reflexões ancoradas na literatura acerca da utilização da educação a distância na formação de enfermeiros(as) e dos circunscritores decorrentes da pandemia. Resultados: as discussões sobre o emprego da educação a distância na formação em enfermagem no Brasil respondem a diferentes interesses educacionais, profissionais, políticos e econômicos. No contexto da pandemia de COVID-19, a partir de 2020, tais debates têm sido potencializados em função do emprego de metodologias da educação a distância na continuidade de muitos cursos de formação, outrora exclusivamente presenciais. Conclusão: não obstante as metodologias próprias da educação a distância permitirem, em um primeiro momento, a continuidade dos processos formativos em enfermagem, reafirma-se que o ensino-aprendizagem para o cuidado em saúde demanda proximidade e contato.
Este artigo problematiza as relações entre doença, tempo, socialidade, emoção e prática estatal n... more Este artigo problematiza as relações entre doença, tempo, socialidade, emoção e prática estatal no campo do HIV/aids a partir da interlocução com pessoas que vivem com HIV/aids num grupo fechado no Facebook. Faz-se isso ao analisar a socialidade no grupo, com destaque à confiança na cronificação da infecção pelo HIV e às postagens que denunciavam a intensificação do desmonte da política brasileira de aids decorrentes de ações governamentais. Tais postagens geraram 'tretas' entre membros do grupo. Seguir as 'tretas' para compreender suas gramáticas política e emocional permitiu interpretar os significados atribuídos pelos interlocutores às políticas públicas de saúde, o que possibilitou analisar o lugar do Estado nessas políticas.
Objetivo: compreender como as relações entre cronicidade e política modelam a sociabilidade e a a... more Objetivo: compreender como as relações entre cronicidade e política modelam a sociabilidade e a ajuda mútua entre pessoas que vivem com HIV/aids. Método: trata-se de uma etnografia virtual em um grupo fechado no Facebook. Para coligir as informações, utilizaram-se observação participante on-line e análise documental. Analisaram-se 37 postagens por meio do software NVivo 12 Pro e pela técnica de codificação temática. Resultados: emergiram duas categorias temáticas: Faça o tratamento e o tempo se encarregará do resto: ajuda mútua e HIV/aids como condição crônica; e Sim, há perigo na esquina, meu bem: política, conflitos e sociabilidade no grupo. O aspecto mais relevante deste estudo diz respeito à evidência da fragilidade do discurso da cronicidade do HIV/aids. Conclusão: por meio da análise da sociabilidade e da ajuda mútua produzidas entre os membros do grupo investigado foi possível apreender os modos como, em suas experiências de viver com o HIV/aids como condição crônica, as relações entre saúde-doença, política e tempo evidenciaram a dependência entre cronicidade e Estado, e seus impactos na vida cotidiana.
As recentes pesquisas socioantropológicas têm apontado o papel das redes sociais na internet na e... more As recentes pesquisas socioantropológicas têm apontado o papel das redes sociais na internet na experiência de pessoas que vivem com adoecimentos de longa duração. Por 11 meses realizamos uma etnografia virtual entre pessoas que vivem com HIV/Aids (PVHA) membros de um grupo virtual secreto no Facebook. Buscamos compreender as práticas de socialidade existentes entre os membros do grupo investigado nessa rede social. Por meio da observação e da análise das postagens e comentários, evidenciamos as práticas de acolhimento e ajuda mútua entre os membros do grupo. Discutimos, ainda, o caráter seletivo dessas práticas, uma vez que eram mediadas por julgamentos morais e pudores, próprios do pânico sexual e/ou moral que marcou o início da epidemia, o que desvelou continuidades entre mundo on-line e off-line.
RESUMO Este artigo objetiva compreender as possibilidades explicativas para o diabetes a partir d... more RESUMO Este artigo objetiva compreender as possibilidades explicativas para o diabetes a partir da perspectiva de mulheres que vivem com essa doença. Trata-se de um estudo de caso sobre a trajetória de vida de uma interlocutora, suas relações familiares, de vizinhança e o seu jeito 'doce' de ser. O foco aqui são as explicações causais do diabetes de 'tipo emocional' como resultado da corporificação de sofrimento social produzido no imbricamento de relações entre gênero, família, vizinhança e emoções. O conceito de trabalho do tempo de Veena Das foi utilizado para compreender os agenciamentos da interlocutora no cotidiano. Por fim, o diabetes é apresentado como um idioma para traduzir sofrimento social, ampliando, assim, as explicações etiológicas da biomedicina. ABSTRACT This article aims to understand the explanatory possibilities for diabetes from the perspective of women living with this illness. This is a case study about the life trajectory of an interlocutor, her family, neighbourhood relationships and her 'sweet' way of being. The focus here is on the causal explanations of the diabetes 'emotional type' as a result of the embodiment of social suffering produced in the interweaving of relationships between gender, family, neighbourhood, and emotions. Veena Das's concept of work of time was used to understand the interlocutor's agency in everyday life. Finally, diabetes is presented as a language to translate social suffering, thus expanding the etiological explanations of biomedicine.
Propostas inovadoras para o processo ensino-aprendizagem nos cursos de Medicina vêm sendo desenvo... more Propostas inovadoras para o processo ensino-aprendizagem nos cursos de Medicina vêm sendo desenvolvidas em busca de uma formação profissional generalista, humanista e crítica. A partir da aprovação do Programa Mais Médicos (PMM), novas escolas foram criadas adotando metodologias de ensino ativas e promovendo maior integração ensinoserviço-comunidade. Este artigo é um relato de experiência sobre o desenvolvimento do módulo Vivência Integrada na Comunidade no curso de Medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte, que oportuniza ao estudante uma inserção longitudinal no sistema de Saúde em municípios do interior do Nordeste. Essa proposta vem promovendo maior integração entre a universidade, os gestores e os trabalhadores da Saúde. A aposta é a de que este módulo poderá contribuir com a fixação do médico na região e fortalecer o sistema de Saúde no interior do Brasil.
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