Renata da Conceição Aquino da Silva é historiadora e professora de história. Tem graduação em História (licenciatura e bacharelado) pela Universidade Federal Fluminense e mestrado em Ensino de História e Historiografia pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ. Doutoranda em Educação pelo PPGE USP. É membra do coletivo Professores contra o Escola sem Partido. Pesquisadora do Observatório Nacional da Violência contra Educadoras/es. Pesquisa a censura e a perseguição a educadores(as), nova direita e educação, negacionismo, digitalização da política.
PENNA, Fernando; AQUINO, Renata e MOURA, Fernanda.
RESUMO: Este artigo propõe uma definição d... more PENNA, Fernando; AQUINO, Renata e MOURA, Fernanda.
RESUMO: Este artigo propõe uma definição do que é a perseguição contra educadoras(es) na educação básica brasileira. Para isso, aposta na educação democrática baseada na pedagogia crítica, delineando, assim, o que é a participação democrática desejável na construção de comunidades educativas. Por contraste a essa participação desejável, sugere-se a definição de uma ação como perseguição a educadoras(es) quando a análise desta, feita conforme quatro eixos, evidencia métodos e objetivos antidemocráticos e contrários à autonomia e à autoridade docente. Os eixos apontados são: o objeto que é alvo; o método empregado; a relação dos autores do ato com os espaços institucionais para a participação; e os objetivos e horizontes desses atos.
Palavras-chave: Educação democrática. Perseguição a educadoras. Discurso da doutrinação. Ódio aos professores. Escola sem Partido.
Revista Brasileira de Estudos da Homocultura, 2024
Este artigo visa ensaiar uma análise do discurso da doutrinação a partir de três eixos principais... more Este artigo visa ensaiar uma análise do discurso da doutrinação a partir de três eixos principais. Primeiro, pretendo argumentar que o discurso da doutrinação levou a uma bifurcação entre a esfera pública dominante e um mundo paralelo, o qual se formou pela inversão dos valores que estruturam o público dominante – o mundo das instituições, da ciência estabelecida nas universidades e nos institutos de pesquisa, da relação entre sociedade e escola prevista na Constituição de 1988; nessa linha o pânico da doutrinação teria funcionado como uma red pill (pílula vermelha) para atrair a adesão a valores cada vez mais contrários àqueles que se acreditava terem sido hegemonizados após a redemocratização, gerando o que Cesarino (2022) chamou de um público antiestrutural (Cesarino, 2022). Segundo, entendendo a sua forma de funcionamento e difusão como um empreendedorismo político (Nunes, 2022), uma atualização das formas de fazer política para tempos profundamente neoliberais. Terceiro, como possuidor de uma dimensão sociotécnica que ainda carece de ser compreendida nos estudos sobre ele, encapsulada aqui no fenômeno nomeado por Marwick e boyd (2011) de colapso de contextos. A partir destes eixos, o artigo defende que o discurso da doutrinação foi central para o processo de desdemocratização do país, atualizando um argumento já feito em [autor], principalmente pelo seu papel na crise dos sistemas de peritos (Cesarino, 2021). Essa crise impacta desde as condições de trabalho de educadores/as até a relação entre conhecimento científico e políticas públicas. Por fim, o artigo aponta também para mais indícios de um impacto profundo da digitalização da vida sobre os processos de organização social da educação.
Gênero e Educação: ofensivas reacionárias, resistências democráticas e anúncios pelo direito humano à educação, 2022
Construído como parte do projeto Gênero e Educação, desenvolvido pela Ação Educativa, com apoio d... more Construído como parte do projeto Gênero e Educação, desenvolvido pela Ação Educativa, com apoio do Fundo Malala, este livro busca registrar diversos aspectos desse enfrentamento e compartilhar estratégias que possam fortalecer nossas redes. Os textos aqui reunidos levam a uma reflexão sobre o entrelaçamento entre o acirramento das desigualdades sociais, raciais, de gênero, identidade de gênero e sexualidade e o desmonte da proteção social imposto pela política de “austeridade” fiscal (ambos aspectos amplificados durante a pandemia de covid-19), tanto na elaboração e execução de políticas públicas, quanto no cotidiano e no imaginário da população.
Este texto parte da concepção de que gênero e sexualidade são partes integrantes do direito à edu... more Este texto parte da concepção de que gênero e sexualidade são partes integrantes do direito à educação, estabelecido constitucionalmente no Brasil. Essa premissa é norteadora para as reflexões propostas em relação aos conflitos recentes envolvendo a abordagem destas temáticas nas escolas. Desta forma, entre os objetivos principais deste trabalho estão a exposição sobre os mecanismos legais que o país possui para tratar estes temas explícita e sistematicamente na educação, bem como a análise acerca do silêncio da escola em relação à educação em gênero e sexualidade, que vem ocorrendo a despeito da existência destes dispositivos legais. Para isso, realizou-se levantamento bibliográfico, em diálogo com referenciais teóricos sobre pânico moral e a função social da educação. Constatou-se que a não abordagem destas temáticas na escola configuram uma série de violações ao direito à educação
Educação democrática: antídoto ao Escola sem Partido, 2018
SALLES, Diogo e SILVA, Renata. O Escola sem Partido na desdemocratização brasileira. In: PENNA, Q... more SALLES, Diogo e SILVA, Renata. O Escola sem Partido na desdemocratização brasileira. In: PENNA, QUEIROZ e FRIGOTTO. Educação democrática: antídoto ao Escola sem Partido.Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2018. 192 p
Esse texto visa analisar as discussões na esfera pública brasileira em torno do “escola sem parti... more Esse texto visa analisar as discussões na esfera pública brasileira em torno do “escola sem partido”. Para tal, será destacada a noção de “político” e como seu mau uso tanto prejudica uma critica adequada do movimento em questão, como também impede que se veja o que está de fato em disputa. Considera-se um “mau” uso justamente porque, como defendo, o epicentro dos conflitos atuais é a definição de político, logo se faz necessário enfrentar a questão de maneira frontal, o que não tem sido feito. A partir dessas considerações se discute também outras questões caras ao ensino de história, através da argumentação de um caráter político intrínseco à sua natureza. Por fim, pergunta-se o que seria uma aprendizagem significativa frente a esse conjunto de questões.
História pública no Brasil: sentidos e itinerários, 2016
PENNA, Fernando e AQUINO, Renata: O presente texto tem um duplo objetivo. O primeiro é argumentar... more PENNA, Fernando e AQUINO, Renata: O presente texto tem um duplo objetivo. O primeiro é argumentar que discutir tudo que acontece de relevante no mundo público (“assuntos relacionados ao noticiário político ou internacional”) não só é importante para o ensino de história, mas está no âmago da educação e do ensino de qualquer disciplina. O segundo é problematizar a ideia de que o historiador tem como o verdadeiro destinatário do que ele produz apenas os seus pares de ofício, argumentando que o profissional da área de história pode realizar diferentes operações em variados lugares sociais, através de práticas específicas e produzindo textos de natureza diversa – com inserções no mesmo mundo público (Penna, 2013).
Estamos numa sinuca de bico: como falar dos nossos adversários da extrema-direita sem ‘fazer o jo... more Estamos numa sinuca de bico: como falar dos nossos adversários da extrema-direita sem ‘fazer o jogo deles’?
É hora de pensar políticas de reparação à categoria profissional que o bolsonarismo transformou e... more É hora de pensar políticas de reparação à categoria profissional que o bolsonarismo transformou em inimiga.
Na última 4a feira, 24 de agosto, ocorreu uma live de apresentação pública dos resultados da Pesquisa Educação, Valores e Direitos. Esta pesquisa foi coordenada pela Ação Educativa e pelo CENPEC em parceria com instituições e coletivos de todo o Brasil que fazem parte da articulação em defesa do direito à educação contra a censura. (...)
PENNA, Fernando; AQUINO, Renata e MOURA, Fernanda.
RESUMO: Este artigo propõe uma definição d... more PENNA, Fernando; AQUINO, Renata e MOURA, Fernanda.
RESUMO: Este artigo propõe uma definição do que é a perseguição contra educadoras(es) na educação básica brasileira. Para isso, aposta na educação democrática baseada na pedagogia crítica, delineando, assim, o que é a participação democrática desejável na construção de comunidades educativas. Por contraste a essa participação desejável, sugere-se a definição de uma ação como perseguição a educadoras(es) quando a análise desta, feita conforme quatro eixos, evidencia métodos e objetivos antidemocráticos e contrários à autonomia e à autoridade docente. Os eixos apontados são: o objeto que é alvo; o método empregado; a relação dos autores do ato com os espaços institucionais para a participação; e os objetivos e horizontes desses atos.
Palavras-chave: Educação democrática. Perseguição a educadoras. Discurso da doutrinação. Ódio aos professores. Escola sem Partido.
Revista Brasileira de Estudos da Homocultura, 2024
Este artigo visa ensaiar uma análise do discurso da doutrinação a partir de três eixos principais... more Este artigo visa ensaiar uma análise do discurso da doutrinação a partir de três eixos principais. Primeiro, pretendo argumentar que o discurso da doutrinação levou a uma bifurcação entre a esfera pública dominante e um mundo paralelo, o qual se formou pela inversão dos valores que estruturam o público dominante – o mundo das instituições, da ciência estabelecida nas universidades e nos institutos de pesquisa, da relação entre sociedade e escola prevista na Constituição de 1988; nessa linha o pânico da doutrinação teria funcionado como uma red pill (pílula vermelha) para atrair a adesão a valores cada vez mais contrários àqueles que se acreditava terem sido hegemonizados após a redemocratização, gerando o que Cesarino (2022) chamou de um público antiestrutural (Cesarino, 2022). Segundo, entendendo a sua forma de funcionamento e difusão como um empreendedorismo político (Nunes, 2022), uma atualização das formas de fazer política para tempos profundamente neoliberais. Terceiro, como possuidor de uma dimensão sociotécnica que ainda carece de ser compreendida nos estudos sobre ele, encapsulada aqui no fenômeno nomeado por Marwick e boyd (2011) de colapso de contextos. A partir destes eixos, o artigo defende que o discurso da doutrinação foi central para o processo de desdemocratização do país, atualizando um argumento já feito em [autor], principalmente pelo seu papel na crise dos sistemas de peritos (Cesarino, 2021). Essa crise impacta desde as condições de trabalho de educadores/as até a relação entre conhecimento científico e políticas públicas. Por fim, o artigo aponta também para mais indícios de um impacto profundo da digitalização da vida sobre os processos de organização social da educação.
Gênero e Educação: ofensivas reacionárias, resistências democráticas e anúncios pelo direito humano à educação, 2022
Construído como parte do projeto Gênero e Educação, desenvolvido pela Ação Educativa, com apoio d... more Construído como parte do projeto Gênero e Educação, desenvolvido pela Ação Educativa, com apoio do Fundo Malala, este livro busca registrar diversos aspectos desse enfrentamento e compartilhar estratégias que possam fortalecer nossas redes. Os textos aqui reunidos levam a uma reflexão sobre o entrelaçamento entre o acirramento das desigualdades sociais, raciais, de gênero, identidade de gênero e sexualidade e o desmonte da proteção social imposto pela política de “austeridade” fiscal (ambos aspectos amplificados durante a pandemia de covid-19), tanto na elaboração e execução de políticas públicas, quanto no cotidiano e no imaginário da população.
Este texto parte da concepção de que gênero e sexualidade são partes integrantes do direito à edu... more Este texto parte da concepção de que gênero e sexualidade são partes integrantes do direito à educação, estabelecido constitucionalmente no Brasil. Essa premissa é norteadora para as reflexões propostas em relação aos conflitos recentes envolvendo a abordagem destas temáticas nas escolas. Desta forma, entre os objetivos principais deste trabalho estão a exposição sobre os mecanismos legais que o país possui para tratar estes temas explícita e sistematicamente na educação, bem como a análise acerca do silêncio da escola em relação à educação em gênero e sexualidade, que vem ocorrendo a despeito da existência destes dispositivos legais. Para isso, realizou-se levantamento bibliográfico, em diálogo com referenciais teóricos sobre pânico moral e a função social da educação. Constatou-se que a não abordagem destas temáticas na escola configuram uma série de violações ao direito à educação
Educação democrática: antídoto ao Escola sem Partido, 2018
SALLES, Diogo e SILVA, Renata. O Escola sem Partido na desdemocratização brasileira. In: PENNA, Q... more SALLES, Diogo e SILVA, Renata. O Escola sem Partido na desdemocratização brasileira. In: PENNA, QUEIROZ e FRIGOTTO. Educação democrática: antídoto ao Escola sem Partido.Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2018. 192 p
Esse texto visa analisar as discussões na esfera pública brasileira em torno do “escola sem parti... more Esse texto visa analisar as discussões na esfera pública brasileira em torno do “escola sem partido”. Para tal, será destacada a noção de “político” e como seu mau uso tanto prejudica uma critica adequada do movimento em questão, como também impede que se veja o que está de fato em disputa. Considera-se um “mau” uso justamente porque, como defendo, o epicentro dos conflitos atuais é a definição de político, logo se faz necessário enfrentar a questão de maneira frontal, o que não tem sido feito. A partir dessas considerações se discute também outras questões caras ao ensino de história, através da argumentação de um caráter político intrínseco à sua natureza. Por fim, pergunta-se o que seria uma aprendizagem significativa frente a esse conjunto de questões.
História pública no Brasil: sentidos e itinerários, 2016
PENNA, Fernando e AQUINO, Renata: O presente texto tem um duplo objetivo. O primeiro é argumentar... more PENNA, Fernando e AQUINO, Renata: O presente texto tem um duplo objetivo. O primeiro é argumentar que discutir tudo que acontece de relevante no mundo público (“assuntos relacionados ao noticiário político ou internacional”) não só é importante para o ensino de história, mas está no âmago da educação e do ensino de qualquer disciplina. O segundo é problematizar a ideia de que o historiador tem como o verdadeiro destinatário do que ele produz apenas os seus pares de ofício, argumentando que o profissional da área de história pode realizar diferentes operações em variados lugares sociais, através de práticas específicas e produzindo textos de natureza diversa – com inserções no mesmo mundo público (Penna, 2013).
Estamos numa sinuca de bico: como falar dos nossos adversários da extrema-direita sem ‘fazer o jo... more Estamos numa sinuca de bico: como falar dos nossos adversários da extrema-direita sem ‘fazer o jogo deles’?
É hora de pensar políticas de reparação à categoria profissional que o bolsonarismo transformou e... more É hora de pensar políticas de reparação à categoria profissional que o bolsonarismo transformou em inimiga.
Na última 4a feira, 24 de agosto, ocorreu uma live de apresentação pública dos resultados da Pesquisa Educação, Valores e Direitos. Esta pesquisa foi coordenada pela Ação Educativa e pelo CENPEC em parceria com instituições e coletivos de todo o Brasil que fazem parte da articulação em defesa do direito à educação contra a censura. (...)
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RESUMO: Este artigo propõe uma definição do que é a perseguição contra educadoras(es) na educação básica brasileira. Para isso, aposta na educação democrática baseada na pedagogia crítica, delineando, assim, o que é a participação democrática desejável na construção de comunidades educativas. Por contraste a essa participação desejável, sugere-se a definição de uma ação como perseguição a educadoras(es) quando a análise desta, feita conforme quatro eixos, evidencia métodos e objetivos antidemocráticos e contrários à autonomia e à autoridade docente. Os eixos apontados são: o objeto que é alvo; o método empregado; a relação dos autores do ato com os espaços institucionais para a participação; e os objetivos e horizontes desses atos.
Palavras-chave: Educação democrática. Perseguição a educadoras. Discurso da doutrinação. Ódio aos professores. Escola sem Partido.
Newspaper and magazine articles by Renata Aquino
Na última 4a feira, 24 de agosto, ocorreu uma live de apresentação pública dos resultados da Pesquisa Educação, Valores e Direitos. Esta pesquisa foi coordenada pela Ação Educativa e pelo CENPEC em parceria com instituições e coletivos de todo o Brasil que fazem parte da articulação em defesa do direito à educação contra a censura. (...)
RESUMO: Este artigo propõe uma definição do que é a perseguição contra educadoras(es) na educação básica brasileira. Para isso, aposta na educação democrática baseada na pedagogia crítica, delineando, assim, o que é a participação democrática desejável na construção de comunidades educativas. Por contraste a essa participação desejável, sugere-se a definição de uma ação como perseguição a educadoras(es) quando a análise desta, feita conforme quatro eixos, evidencia métodos e objetivos antidemocráticos e contrários à autonomia e à autoridade docente. Os eixos apontados são: o objeto que é alvo; o método empregado; a relação dos autores do ato com os espaços institucionais para a participação; e os objetivos e horizontes desses atos.
Palavras-chave: Educação democrática. Perseguição a educadoras. Discurso da doutrinação. Ódio aos professores. Escola sem Partido.
Na última 4a feira, 24 de agosto, ocorreu uma live de apresentação pública dos resultados da Pesquisa Educação, Valores e Direitos. Esta pesquisa foi coordenada pela Ação Educativa e pelo CENPEC em parceria com instituições e coletivos de todo o Brasil que fazem parte da articulação em defesa do direito à educação contra a censura. (...)