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ISSN 1981-9900 versão eletrônica
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DESEMPENHO MOTOR DE ATLETAS DE BADMINTON ADOLESCENTES
1
1
2
Rodrigo Alberto Vieira Browne , Marcelo Magalhães Sales , Sérvulo Fernando Costa Lima
2
2
2
Luiz Carlos Soares Santos , João Bosco da Rocha Filho , Tamyack Alves de Macêdo
1
Rafael dos Reis Vieira Olher
RESUMO
ABSTRACT
O objetivo do presente estudo foi identificar e
classificar a aptidão física neuromuscular para o
desempenho e a saúde ósteo-muscular de atletas
adolescentes de badminton do estado do Piauí.
Para tanto, 50 atletas de badminton adolescentes
do Instituto Federal do Piauí, sendo 25 meninos
[16,0 (15,6-17,01) anos de idade; IMC= 21,6 ± 2,3
kg.m-2] e 25 meninas [15,0 (14,9-15,4) anos de
idade; IMC= 20,9 ± 2,6 kg.m-2] foram submetidos
aos testes de aptidão física neuromuscular para o
desempenho e testes de aptidão física de saúde
ósteo-muscular e, posteriormente classificados
conforme sugerido pelo Projeto Esporte Brasil
(PROESP-BR), no qual, foram avaliadas a força
explosiva de membros superiores (FEMS), força
explosiva de membros inferiores (FEMI) velocidade
(VEL), agilidade (AGIL), flexibilidade (FLEX) e
resistência muscular localizada – abdominal (RML).
Meninos apresentaram valores significativamente
maiores (p<0,05) aos das meninas de FEMS (514,3
± 59,3 vs. 354,4 ± 44,5 cm; p=0,0001), FEMI [211,0
(192,2-220,7) vs. 154,0 (49,8-165,8) cm; p=0,0001],
RML (41 ± 11 vs. 31 ± 7 repetições; p=0,0001), VEL
[3,44 (3,38-3,68) vs. 4,16 (4,01-4,31) s; p=0,0001] e
AGIL [5,78 (5,64-6,11) vs. 6,76 (6,52-7,03) s;
p=0,001]. Contudo, não foi observada diferença
significativa (p<0,05) entre os sexos para a FLEX.
Por outro lado, quando comparado a frequência de
sujeitos nos estratos de classificação (Fraco,
Razoável, Bom, Muito Bom e Excelente) para as
variáveis FEMS, FEMI, VEL e AGIL, não foram
observadas
diferenças
significativas
nas
frequências de estratos entre os sexos. No entanto,
quanto à FLEX, meninas apresentam maior
prevalência de sujeitos na zona de risco à saúde
(p=0,012). Em conclusão, atletas de badminton
adolescentes do sexo masculino demonstram
serem mais fortes, ágeis, velozes e resistentes do
que seus pares do sexo feminino. Além disso,
meninas apresentaram maior frequência de sujeitos
nos estrato de zona de risco à saúde para a
variável FLEX.
Motor performance of badminton teenage
athletes
Palavras-chave: Desempenho Atlético. Habilidades
Motoras. Aptidão Física. Esporte. Saúde.
1-Universidade
Católica
Taguatinga-DF.
2-Instituto Federal do Piauí.
de
Brasília,
The aim of this study was to identify and classify
physical fitness for neuromuscular performance and
muscle-bone health of badminton adolescent
athletes from the state of Piauí. To this end, 50
badminton teenagers athletes from the Federal
Institute of Piauí, being 25 boys [16.0 (15.6-17.01)
years old, BMI= 21.6 ± 2.3 kg.m-2] and 25 girls
[15.0 (14.9-15.4) years old, BMI= 20.9 ± 2.6 kg.m-2]
were underwent to physical fitness tests for
neuromuscular performance and bone-muscle
health, and subsequently classified as suggested by
Project Sport Brazil (PROESP-BR), in which were
evaluated the explosive strength of upper limbs
(FEMS), explosive strength of lower limbs (FEMI)
velocity (VEL), agility (AGIL), flexibility (FLEX) and
muscular endurance - abdominal (RML). Boys had
significantly higher (p<0.05) than girls for FEMS
(514.3 ± 59.3 vs. 354.4 ± 44.5 cm; p=0.0001), FEMI
[211.0 (192.2-220.7) vs. 154.0 (49.8-165.8) cm;
p=0.0001], RML (41 ± 11 vs. 31 ± 7 repeats;
p=0.0001), VEL [3.44 (3.38-3.68) vs. 4.16 (4.014.31) s; p=0.0001] and AGIL [5.78 (5.64-6.11) vs.
6.76 (6.52-7.03) s; p=0.001]. Nevertheless, no
significant difference was observed (p<0.05)
between sexes for FLEX. On the other hand,
compared the frequency of subjects in strata
grading (Poor, Fair, Good, Very Good and
Excellent) for variables FEMS, FEMI, VEL and
AGIL, there were no significant differences in the
frequencies of strata between the sexes. However,
for the FLEX, girls have a higher prevalence of
subjects in the area of health risk (p=0.012). In
conclusion, badminton adolescents athletes of male
sex, seem be stronger, agile, fast and resistant than
their female peers. In addition, girls had a higher
frequency of subjects in stratum of health risk for
this variable FLEX.
Key words: Athletic Performance. Motor Skills.
Physical Fitness. Sport. Health.
E-mail:
rodrigo.browne@catolica.edu.br
marcelomagalhaessales@gmail.com
servulo_fernandolima@hotmail.com
luizcarlossax@hotmail.com
jbrf1000@hotmail.com
tamyackam@gmail.com
rflolher@gmail.com
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INTRODUÇÃO
Apesar de o badminton ser o segundo
esporte
mais
praticado
no
mundo
(aproximadamente 200 milhões pessoas) e
estar presente nas olimpíadas desde os jogos
de 1992, em Barcelona (Chin e colaboradores,
1995), pouco se conhece sobre as
características físicas dos seus praticantes,
especialmente no Brasil, em que o esporte
ainda não é tão popular.
Badminton é um esporte de raquete,
sem contato físico, que conta com a realização
de saltos, mudança de direção, movimentos
rápidos de braço e antebraço bem como uma
ampla gama de posturas corporais (Cabello e
Gonzalez-Badillo, 2003).
Dessa forma, o badminton pode ser
considerado
um
esporte
individual
intermitente, caracterizado pela combinação
de momentos de alta intensidade intercalados
com períodos curtos de baixa intensidade.
Reforçando
essa
hipótese,
O'Donoghue (1998) ao analisar a estrutura
temporal de 30 partidas de badminton,
demonstrou que o tempo médio de ação
durante a disputa de um ponto é de
aproximadamente 6,7s para homens e 5,7s
para mulheres e, o tempo médio de
recuperação entre cada ação é de 11,3s e
9,5s,
para
homens
e
mulheres,
respectivamente. Tornando razoável inferir
que as variáveis determinantes para o bom
desempenho desses atletas parecem ser:
força, velocidade e resistência muscular.
Sendo assim, a compreensão do perfil
de aptidão física (neuromuscular) dos
praticantes dessa modalidade esportiva pode
fornecer a treinadores, preparadores físicos e
fisiologistas do exercício, um maior e melhor
conhecimento desse grupo específico de
atletas,
favorecendo
a
aplicação
do
treinamento e, por conseguinte, melhorando o
desempenho dos mesmos.
No entanto, por comparação, existem
poucos estudos que tenham investigado a
aptidão neuromuscular em atletas de
badminton (Campos e colaboradores, 2009;
Van Lieshout e Lombard, 2003; Abián-Vicén e
colaboradores, 2012), especialmente no Brasil.
Diante do exposto, o presente estudo
tem como objetivo identificar e classificar a
aptidão
física
neuromuscular
para
o
desempenho e da saúde ósteo-muscular de
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atletas adolescentes de badminton do estado
do Piauí.
MATERIAIS E MÉTODOS
Amostra
Após a aprovação do comitê de ética
em pesquisa e coleta de assinatura dos pais
ou responsáveis do termo de consentimento
livre e esclarecido, obedecendo às exigências
da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde do Brasil (Brasil, 2012), 50 atletas de
badminton adolescentes (tabela 1) do Instituto
Federal do Piauí, foram selecionados para a
participarem do estudo.
A amostra foi submetida às medidas e
testes sugeridos pelo manual de aplicação de
medidas e testes, normas e critérios de
avaliação do Projeto Esporte Brasil (PROESPBR) (Gaya e colaboradores, 2012).
Medidas antropométricas
O índice de massa corporal (IMC) foi
calculado considerando-se o quociente entre a
massa corporal (Plenna®) em quilogramas e a
estatura em metros (estadiômetro SECA®
214, USA) quadrados (kg.m-2).
Força explosiva de membros superiores
(FEMS)
A avaliação da FEMS foi realizada
pelo teste de força explosiva de membros
superiores (arremesso da bola de Medicine
Ball de 2 kg). A trena foi fixada no solo
perpendicularmente a parede. O ponto zero da
trena foi fixado junto à parede. O avaliado
sentou com os joelhos estendidos, pernas
unidas e as costas completamente apoiadas à
parede segurando a bola junto ao peito com os
cotovelos flexionados. Ao sinal do avaliador o
avaliado deveria lançar a bola à maior
distância possível, mantendo as costas
apoiadas na parede. A distância do arremesso
foi registrada a partir do ponto zero até o local
em que a bola tocou ao solo pela primeira vez.
Foram
realizados
dois
arremessos,
registrando-se o melhor resultado.
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Força explosiva de membros inferiores
(FEMI)
A FEMI foi avaliada por meio do teste
de força explosiva de membros inferiores
(salto horizontal). A trena foi fixada ao solo,
perpendicularmente a uma linha, ficando o
ponto zero sobre a mesma. O avaliado
colocou-se imediatamente atrás da linha, com
os pés paralelos, ligeiramente afastados,
joelhos semiflexionados, tronco ligeiramente
projetado à frente. Ao sinal do avaliador, o
avaliado foi orientado a saltar a maior distância
possível. Foram realizadas duas tentativas,
registrando-se o melhor resultado.
Velocidade (VEL)
Avaliou-se a VEL pelo teste de
velocidade de deslocamento (corrida de 20
metros). Em uma pista de 20 m, foram
demarcadas três linhas paralelas no solo da
seguinte forma: a primeira (linha de partida); a
segunda, distante 20 m da primeira (linha de
cronometragem ou linha de chegada) e a
terceira linha (linha de referência), marcada a
dois metros da segunda (linha de chegada). A
terceira linha servia como referência de
chegada para o avaliado na tentativa de evitar
que ele inicie a desaceleração antes de cruzar
a linha de chegada. Sendo assim, o avaliado
partiu da posição de pé, com um pé avançado
a frente. Ao sinal do avaliador, o avaliado foi
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orientado a deslocar-se o mais rápido possível
em direção à linha de chegada. O cronômetro
foi acionado no momento em que o avaliado
deu o primeiro passo (tocar o solo)
ultrapassando a linha de partida. Quando o
avaliado cruzou a segunda linha, o cronômetro
foi interrompido.
Agilidade (AGIL)
A AGIL foi verificada pelo teste de
agilidade (teste do quadrado). Em um
quadrado desenhado em solo antiderrapante
com 4 m de lado, foram dispostos quatro
cones de 50 cm de altura demarcando o
percurso. Deste modo, o avaliado partiu da
posição de pé, com um pé avançado à frente
imediatamente atrás da linha de partida. Ao
sinal do avaliador, o avaliado deslocou-se até
o próximo cone em direção diagonal. Na
sequência, correu em direção ao cone à sua
esquerda e depois se deslocou para o cone
em diagonal. Finalmente, o avaliado correu em
direção ao último cone, que corresponde ao
ponto de partida. O avaliado tinha que tocar
com uma das mãos cada um dos cones que
demarcam o percurso. O cronômetro foi
acionado pelo avaliador no momento em que o
avaliado realizou o primeiro passo tocando
com o pé o interior do quadrado. Foram
realizadas duas tentativas, sendo registrado o
melhor tempo de execução (Figura 1).
Figura 1 - Exemplificação do teste de agilidade (teste do quadrado)
Flexibilidade (FLEX)
Verificou-se a FLEX por meio do teste
de flexibilidade (sentar e alcançar). O avaliado
teve que realizar o teste descalço e com os
calcanhares tocando a fita adesiva na marca
dos 38 cm e separados 30 cm entre si. Com
os joelhos estendidos e as mãos sobrepostas,
o avaliado tinha que inclinar-se lentamente e
estende as mãos para frente o mais distante
possível. E deveria permanecer nesta posição
o tempo necessário para a distância ser
anotada. Foram realizadas duas tentativas,
sendo registrado o melhor resultado.
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.7, n.38, p.115-122. Mar/Abril. 2013. ISSN 1981-9900.
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Resistência
muscular
Abdominal (RML)
localizada
-
Para verificar a RML aplicou-se o teste
de resistência abdominal (sit up). O avaliado
teve que se posicionar em decúbito dorsal com
os joelhos flexionados a 45 graus e com os
braços cruzados sobre o tórax. O avaliador,
com as mãos, segurou os tornozelos do
avaliado fixando-os ao solo. Ao sinal o sujeito
avaliado iniciava os movimentos de flexão do
tronco até tocar com os cotovelos nas coxas,
retornando a posição inicial (não era
necessário tocar com a cabeça no colchonete
a cada execução). Foi registrado o maior
número possível de repetições completas em
1 minuto.
Classificação
da
aptidão
física
neuromuscular para o desempenho e da
saúde ósteo-muscular
Os resultados dos testes de aptidão
física neuromuscular para o desempenho
(FEMS, FEMI, VEL e AGIL) e dos testes de
aptidão física de saúde ósteo-muscular (FLEX
e RML) foram classificados conforme os
valores de referência das tabelas e escalas
categóricas sugeridas pelo manual de
aplicação de medidas e testes, normas e
critérios de avaliação do Projeto Esporte Brasil
(PROESP-BR)
proposto
por
Gaya
e
colaboradores (2012).
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Análise Estatística
A normalidade dos dados foi verificada
pelo teste de Shapiro-Wilk. Os dados que
apresentaram distribuição normal estão
apresentados como média e desvio padrão.
Para os dados que não apresentaram
normalidade, os valores de mediana e seus
respectivos intervalos de confiança de 95%
(IC=95%) foram utilizados para demonstração
dos resultados. Além disso, os dados também
estão expressos como frequência absoluta (n)
e relativa (%). Para comparação entre os
sexos das variáveis que apresentaram
normalidade (FEMS, FLEX e RML) foi aplicado
o teste t de student não-pareado. Para
comparação entre os sexos para as variáveis
que não apresentaram distribuição normal
(IMC, FEMI, AGIL e VEL) foi aplicado o teste
de Mann-Whitney. A comparação entre
frequências foi realizada por meio do teste de
Qui-Quadrado. O nível de significância
adotado foi de 5% (p<0,05) e as análises
foram realizadas no software Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS) 20.0.
RESULTADOS
A
Tabela
1
demonstra
a
caracterização da amostra, em que as
meninas apresentaram menor idade, massa
corporal (MC) e estatura quando comparado a
seus pares do sexo masculino (p<0,05), porém
não quando comparado o índice de massa
corporal (IMC).
Tabela 1 - Comparação da Idade, MC, Estatura e IMC entre os sexos. Dados expressos em média e
(±) desvio padrão e mediana e intervalo de confiança 95% (IC=95%)
Variáveis
Meninos (n=25)
Meninas (n=25)
p
Idade (anos)†
16,0 (15,6-17,01)
15,0 (14,9-15,4)
0,023
MC (kg)*
62,7 ± 9,0
52,3 ± 7,9
0,0001
Estatura (cm)*
170,4 ± 6,3
158,1 ± 5,9
0,001
-2
IMC (kg.m )*
21,6 ± 2,3
20,9 ± 2,6
0,343
MC= massa corporal; IMC = índice de massa corporal. *= teste t de student
não-pareado. †= teste de Mann-Whitney.
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Tabela 2 - Comparação da FEMS, FEMI, VEL, AGIL, FLEX e RML entre os sexos. Dados expressos em média e
(±) desvio padrão para as variáveis que apresentaram distribuição normal (FEMS, FLEX e RML) e em mediana e
seu respectivo intervalo de confiança (IC=95%) para as variáveis que não apresentaram (FEMI, VEL e AGIL).
Variáveis
FEMS (cm)*
FEMI (cm)†
VEL (s)†
AGIL (s)†
FLEX (cm)*
RML (repetições)*
Meninos (n=25)
514,3 ± 59,3
211,0 (192,2-220,7)
3,44 (3,38-3,68)
5,78 (5,64-6,11)
32,6 ± 7,5
41 ± 11
Meninas (n=25)
354,4 ± 44,5
154,0 (49,8-165,8)
4,16 (4,01-4,31)
6,76 (6,52-7,03)
33,6 ± 7,1
31 ± 7
p
0,0001
0,0001
0,0001
0,001
0,643
0,0001
FEMS= força explosiva dos membros superiores; FEMI= força explosiva dos membros inferiores; VEL=
velocidade; AGIL= agilidade; FLEX= flexibilidade; RML= resistência muscular localizada (abdominal). *= teste t
de student não-pareado. †= teste de Mann-Whitney.
Quando comparado as variáveis
FEMS, FEMI e RML, meninos apresentaram
valores significativamente maiores (p<0,05)
aos das meninas (Tabela 2). Além disso,
meninos demonstraram ser mais velozes e
mais ágeis que as meninas, uma vez que
estes percorreram a distância de 20 m (VEL) e
também realizaram o teste do quadrado
(AGIL) em menor tempo que as meninas
(p<0,05) (Tabela 2). Contudo, não foi
observada diferença significativa (p>0,05)
entre os sexos para a FLEX (Tabela 2).
Por outro lado, quando comparado a
frequência de sujeitos nos estratos de
classificação (Fraco, Razoável, Bom, Muito
Bom e Excelente) para as variáveis FEMS,
FEMI, VEL e AGIL, não foram observadas
diferenças significativas nas frequências de
estratos entre os sexos (Tabela 3).
No entanto, quanto à FLEX, meninos
apresentam menor prevalência de sujeitos na
zona de risco à saúde, assim como maior
frequência de sujeitos classificados na zona
saudável (p=0,012) (Tabela 4). Quanto à RML
obtida por meio do teste de resistência
abdominal (sit up), não foram identificadas
diferenças significativas (p=1,000) entre as
frequências dos estratos (zona de risco à
saúde e zona saudável) entre meninos e
meninas (Tabela 4).
Tabela 3 - Classificação dos índices dos testes de aptidão física (FEMS, FEMI, VEL e AGIL)
conforme as categorias de expectativa de desempenho esportivo por sexo (meninos n=25 e meninas
n=25), segundo Gaya e colaboradores (2012)
Variáveis
FEMS
FEMI
VEL
AGIL
Fraco
Meninos
Meninas
n (%)
n (%)
6 (24)
4 (16)
4 (16)
2 (8)
11 (44)
8 (32)
11 (44)
10 (40)
Razoável
Meninos
Meninas
n (%)
n (%)
9 (36)
5 (20)
6 (24)
9 (36)
8 (32)
12 (48)
2 (8)
8 (32)
Bom
Meninos
Meninas
n (%)
n (%)
8 (32)
7 (28)
5 (20)
5 (20)
6 (24)
4 (16)
5 (20)
6 (24)
Muito Bom
Meninos
Meninas
n (%)
n (%)
2 (8)
9 (36)
8 (32)
8 (32)
1 (4)
6 (24)
1 (4)
Excelente
Meninos
Meninas
n (%)
n (%)
2 (8)
1 (4)
1 (4)
-
p
0,109
0,809
0,445
0,081
FEMS= força explosiva dos membros superiores; FEMI= força explosiva dos membros inferiores; VEL=
velocidade; AGIL= agilidade.
Tabela 4 - Distribuição (n), prevalência (%) por grupo e para a amostra total, quanto à classificação
dos índices dos testes de aptidão física de saúde ósteo-muscular (FLEX e RML) conforme as escalas
categóricas de saúde ósteo-muscular de Gaya e colaboradores (2012)
Meninos (n=25)
Meninas (n=25)
p
n
(%)
n
(%)
FLEX
Zona de risco à saúde
14
(56)
22
(88)
0,012
Zona saudável
11
(44)
3
(12)
RML
Zona de risco à saúde
18
(72)
18
(72)
1,000
Zona saudável
7
(28)
7
(28)
FLEX= flexibilidade; RML= resistência muscular localizada (abdominal).
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DISCUSSÃO
Os principais achados do presente
estudo apontam que meninos, como esperado,
parece serem mais fortes (FEMS e FEMI),
ágeis (AGIL), velozes (VEL) e resistentes
(RML) que as meninas.
Além disso, meninas comumente
apresentam maior nível de FLEX que meninos
(Ribeiro e colaboradores, 2010), contudo, tal
fato não foi demonstrado no presente estudo,
uma vez que meninos apresentam valores
similares aos das meninas. Ainda, meninas
apresentaram maior frequência de sujeitos nos
estrato de zona de risco à saúde e, por
conseguinte,
menor
frequência
na
classificação de zona saudável, quando
comparado a seus pares do sexo masculino.
Corroborando com nossos achados,
Abián-Vicén e colaboradores (2012), ao
investigarem 46 homens (22,7 ± 4,2 anos de
idade) e 24 mulheres (23,0 ± 5,7 anos de
idade) atletas de badminton, demonstraram
que homens apresentam maior força de
membros superiores (p<0,05), avaliado pela
força de preensão manual, em que homens
apresentaram quase 500N, ao passo que as
mulheres apresentaram apenas 300N, bem
como maior força de membros inferiores
(p<0,05), analisado pela altura (cm) e potência
do salto vertical normalizado pela massa
corporal (W.kg-1), uma vez que os homens
apresentaram uma altura e potência de salto
de 40 cm e 30 W.kg-1, respectivamente, a
medida que mulheres obtiveram uma altura de
salto de apenas 30 cm e uma potência relativa
de apenas 25 W.kg-1.
Do mesmo modo, Campos e
colaboradores (2009) ao avaliarem 20
adolescentes atletas de badminton, sendo 10
meninos (17,24 ± 1,18 anos de idade) e 10
meninas (15,21 ± 2,06 anos de idade),
também
constataram
que
meninos
apresentam maiores valores para todos os
testes de salto verticais (contramovimento com
auxilio dos membros superiores, agachado e
contramovimento sem auxilio de membros
superiores) do que meninas.
No entanto, ao analisar a potência de
membros superiores por meio do arremesso
de medicine Ball, apesar dos meninos
apresentarem valores médios visualmente
maiores que meninas (7,54 ± 1,01 vs. 6,98 ±
0,78, meninos e meninas, respectivamente) a
estatística não revelou diferença (p>0,05). Tal
/
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diferença com o presente estudo pode ser em
parte explicada pela diferença na maturação
da força de membros superiores, podendo, no
estudo de Campos e colaboradores (2009), os
indivíduos terem atingido um estágio
maturacional da força próximo do máximo para
a idade, uma vez que o grupo feminino do
estudo de Campos e colaboradores (2009)
terem arremessado quase 2 m a mais do que
o grupo masculino do presente estudo.
Além disso, essa diferença também
pode ser parcialmente explicada pela grande
heterogeneidade
econômica,
geográfica,
étnica e comportamental apresentada no
Brasil, à medida que o estudo de Campos e
colaboradores (2009), foi desenvolvido com
uma amostra de Campinas - São Paulo,
cidade que apresenta um índice de
desenvolvimento humano (IDH) de 0,852, ao
passo que Teresina - Piauí, apresenta um IDH
de apenas 0,713, abaixo da média nacional,
podendo esses fatores determinar as
diferenças entre os estudos.
Quando analisado a VEL, os
resultados do presente estudo parecem
acompanhar resultados obtidos anteriormente
(Campos e colaboradores, 2009), pois, os
meninos da presente investigação também se
mostraram mais velozes na corrida de 20
metros, tendo percorrido a referida distância
em 3,44 (3,38-3,68) segundos, ao passo que
meninas percorreram em 4,16 (4,01-4,31)
segundos.
Além disso, os sujeitos do grupo
masculino também se mostraram mais ágeis
que meninas, uma vez que estes completaram
o teste do quadro para avaliação da AGIL em
apenas 5,78 (5,64-6,11) segundos, a medida
que meninas realizaram o mesmo teste em
6,76 (6,52-7,03) segundos.
Da mesma maneira, para a variável
RML, meninos apresentaram maiores valores
médios que meninas, o que está de acordo
com os achados de Campos e colaboradores
(2009).
Por outro lado, quando verificado a
frequência de sujeitos nos estratos de
classificação (Fraco, Razoável, Bom, Muito
Bom e Excelente) sugeridos por Gaya e
colaboradores (2012), não houve diferença na
frequência de sujeitos nos estratos acima
mencionados entre os sexos para as variáveis
FEMS, FEMI, VEL, AGIL e RML. Contudo,
curiosamente, para a variável de FLEX,
meninos apresentaram maior frequência
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(p=0,012) de sujeitos no estrato de zona
saudável que meninas, sendo que 44% dos
sujeitos
do
grupo
masculino
foram
classificados como saudáveis e apenas 12%
do grupo feminino se encaixa em tal estrato, o
que está em desacordo com os resultados de
Pestroski e colaboradores (2011) que, ao
compararem a prevalência de meninos e
meninas nos estratos de zona de risco à
saúde e zona saudável, meninos e meninas
(14 a 17 anos de idade) não apresentaram
diferença estatística entre as frequências.
Entretanto, Melo e colaboradores
(2009), ao investigarem o nível de FLEX por
meio do flexiteste de 93 adolescentes, sendo
71 meninas e 22 meninos, demonstraram que
meninas apresentam maior escore de FLEX
que meninos, porquanto, à medida que
meninos apresentaram a média de escore do
flexíndice
de
53,2
±
3,5,
meninas
apresentaram 56,3 ± 5,9, sendo estes
estatisticamente distintos entre si.
Uma limitação do presente estudo foi
não ter avaliado o estágio maturacional da
amostra, uma vez que tal variável pode
influenciar diretamente nos marcadores
neuromusculares investigados. Contudo, Ré e
colaboradores (2005), ao compararem testes
como: salto horizontal, RML, VEL, FLEX, AGIL
e FEMI entre os estágios maturacionais de
grupos com faixas etárias semelhantes a do
presente estudo, demonstraram que o estágio
maturacional, para esse grupo etário, parece
não afetar a maioria dos testes aplicados
(RML, FLEX e AGIL), exceto pela VEL, em
que aqueles classificados nos estratos 4 e 5
de pilosidade pubiana, realizavam o teste de
corrida de 20 metros em menor tempo do que
aqueles classificados no estrato 3, no entanto,
não foi evidenciada diferença significativa
entre os estratos 4 e 5, o qual acreditamos
encontrar-se a maior parte da nossa amostra,
uma vez que foi composta por adolescentes
de até 17 anos de idade, diferentemente do
estudo de Ré e colaboradores (2005), que
avaliaram indivíduos com idade de no máximo
16 anos.
CONCLUSÃO
Concluiu-se que atletas de badminton
adolescentes do sexo masculino demonstram
serem mais fortes (FEMS e FEMI), ágeis
(AGIL), velozes (VEL) e resistentes (RML) que
seus pares do sexo feminino. Entretanto, não
/
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apresentaram diferença no nível de FLEX.
Ademais,
quando
os
sujeitos
foram
classificados quanto aos estratos de aptidão
física neuromuscular para o desempenho não
foram observadas diferenças significativas
entre os sexos. Além disso, meninas
apresentaram maior frequência de sujeitos nos
estrato de zona de risco à saúde e, por
conseguinte,
menor
frequência
na
classificação de zona saudável, quando
comparado aos seus pares do sexo masculino
para a variável FLEX.
AGRADECIMENTOS
Ao
Conselho
Nacional
de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão de bolsas de estudo em nível de
iniciação científica (CNPq), mestrado (CAPES)
e doutorado (CAPES).
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/
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Endereço para correspondência:
Rodrigo Alberto Vieira Browne
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
em Educação Física da Universidade Católica
de Brasília.
EPTC, QS 07, LT 1, Bloco G, Sala 116. Águas
Claras. Taguatinga, DF – Brasil.
CEP: 72.022-900
Recebido para publicação 01/11/2012
Aceito em 06/01/2013
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