Furniture kits and physical model as a tool for
visualization of the minimum residential spaces
according to the anthropometric ergonomics
xxii congresso da sociedade
iberoamericana de gráfica digital
22th conference of the
iberoamerican society
of digital graphics
07|08|09|novembro|2018
iau usp | são carlos | sp br
Luana Peroza Piaia
Universidade Comunitária da Região de Chapecó | PósARQ - Universidade Federal de
Santa Catarina | Brazil | luanapiaia@unochapeco.edu.br
Alice Theresinha Cybis Pereira
PósARQ - Universidade Federal de Santa Catarina | Brazil | acybis@gmail.com
Carla Cristina Secchi
Universidade Comunitária da Região de Chapecó | PósARQ - Universidade Federal de
Santa Catarina | Brazil | cah_secchi@unochapeco.edu.br
Abstract
This paper presents the results obtained through the development of furniture kits and physical
model, aiming to compare the minimum design requirements described in the anthropometric
ergonomics, current housing program and construction law. The qualitative approach through
bibliographical and documentary revision allowed the choice of technical representation, using
BIM software for design and subsequent digital prototyping. It concludes that the creation of
environments according to the minimum requirements does not allow the use of space
according to its purpose, and by making use of furniture kits, it is possible to obtain experiments
and better understanding.
Keywords: Physical model; Housing of social interest; Rapid prototyping; Minimal spaces; Anthropometric
ergonomics.
1
INTRODUÇÃO
O elevado crescimento populacional ocorrido no Brasil no
final do século XIX, ocasionado pelo êxodo rural, assim
como o esgotamento da infraestrutura básica dos centros
urbanos, fez com que a classe baixa fosse direcionada
para áreas mais periféricas das grandes cidades em
habitações baratas. Desta forma, desde 1937, o governo
federal, preocupado com o aumento desgovernado da
população nas grandes cidades, vêm propondo a criação
de programas e planos habitacionais, iniciando a produção
estatal de moradias, garantindo o financiamento imobiliário
e o surgimento das Habitações de Interesse Social - HIS.
Entretanto,
as diferentes políticas habitacionais
implementadas pelo governo, agravadas por fatores
sociais, culturais e econômicos ao longo dos anos, não
resolveram os problemas habitacionais. Como resultado, a
produção das HIS no Brasil, em sua maioria, se resume
em grandes conjuntos habitacionais destinados às famílias
de baixa renda, projetados de forma padronizada, sem
planejamento e não provendo o mínimo de conforto,
comodidade e funcionalidade, como relata Palermo (2009)
“[...] depois de sucessivos programas que, focando a
produção desenfreada de unidades de má qualidade
construtiva e má qualidade funcional, esqueceram de
quem realmente importava, o morador” (p. 13).
A baixa qualidade habitacional faz com que surjam
moradias em locais irregulares e onde a coabitação
familiar passa a acontecer com maior frequência. Com
isso, o déficit habitacional cresce, dificultando a
regularização das habitações. Com base na Fundação
João Pinheiro (2016), em 2014, foi estimado que 6,068
milhões de unidades residenciais encontravam-se em
condições precárias no Brasil.
Nardelli (2014), afirma que no Brasil, o déficit habitacional
se configura como um grande desafio social, que perdura
por décadas, agravado pelos diversos planos
habitacionais, que caracterizados pela lógica e
pensamento industrial da repetição, com diminuição de
custos construtivos e produção de edificações em larga
escala, acabam desconsiderando o aspecto de lar,
gerando habitações com baixo nível de conforto em
regiões para as quais não foram projetadas,
desconsiderando, assim, ambiente e moradores.
É lamentável que o termo “economia” seja o item mais
importante quando se fala em HIS, de modo a criar certo
descaso para o jeito como são projetados os ambientes
para a habitação social. Quando se trata de arquitetura
voltada à moradia, os elementos considerados devem ir
além dos requisitos e dimensionamentos mínimos prédefinidos (Logsdon, 2012). É preciso projetar ambientes
funcionais e flexíveis, que propiciem a melhora na
qualidade de vida dos usuários, de modo a constituir
aquela edificação como lar. De acordo com Palermo
(2009), a habitação deve prover um espaço onde as
necessidades humanas, como convívio, saúde e
crescimento, aconteçam de forma confortável e segura,
pois a habitação não é vista pelo usuário somente como
um abrigo, mas sim um lar, carregado de sentimentos e
simbologias, que conduz seus sonhos.
Mesmo sabendo que a HIS é um recurso para amenizar o
elevado percentual do déficit habitacional, ainda há muito
o que fazer para que o quadro habitacional seja melhorado
e estimulado de outras formas no país. Sabe-se que
acabar com o déficit habitacional é algo utópico, mas é
preciso rever o grande número de pessoas que moram em
condições precárias, e tentar no mínimo projetar
ambientes agradáveis, propiciando conforto, melhorando
assim a qualidade de vida dos usuários. Nesse aspecto, a
ergonomia antropométrica pode se tornar uma aliada, pois
prevê em seus estudos a relação do ser humano com o
ambiente, de modo a torná-lo mais confortável e funcional
(Panero & Zelnik, 2014), sendo possível delimitar o
tamanho dos ambientes e a disposição dos equipamentos,
contribuindo na realização das atividades domésticas (Iida,
2016).
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2
A ergonomia aborda todos os requisitos relacionados com
as atividades que o ser humano realiza, de forma a tornálos mais agradável, prático e seguro. A ergonomia
antropométrica está relacionada com as dimensões físicas
do corpo humano. Antes de propor qualquer projeto de
arquitetura, o projetista deve primeiramente compreender
os requisitos propostos pela antropometria, obtendo assim,
noções de proporção e escala, de modo que cada
ambiente e mobiliário seja projetado de forma coerente e
correta para ser utilizado pelo ser humano. Lelis (2015),
ainda complementa que a antropometria pode ser definida
como a relação entre as medidas humanas e a edificação,
pois estas impactam diretamente na habitabilidade do
ambiente.
Para auxiliar na concepção de projetos arquitetônicos, as
características antropométricas do ser humano devem ser
levadas em consideração, pois estas delimitam a questão
projetual, identificando a dimensão do espaço como um
todo. Para obter melhor apropriação do espaço, busca-se
na ergonomia antropométrica, compreender como é
definido a dimensão corporal humana, bem como a
disposição do mobiliário nos ambientes, espaçamento
mínimo necessário para transitar e utilizar o mobiliário,
melhorando assim a funcionalidade dos projetos.
Contribuindo de forma eficaz no processo de projeto, as
ferramentas computacionais atuam como facilitadoras na
tarefa que os projetistas realizam na concepção dos
projetos. Conforme salienta Nardelli (2014), as tecnologias
digitais aplicadas nas HIS oportunizam a investigação de
novas soluções projetuais. Elas estão cada vez mais
presentes na arquitetura, instigando a criatividade e
produção arquitetônica (Vanzin, Bastiani, & Almeida,
2015). Seu uso permite uma maior personalização,
eficiência, economia, flexibilidade e adaptação (Cruz,
2016). Nesse sentido, a utilização de ferramentas digitais
de projeto, permite possibilidades de experimentações.
Destacam-se no presente estudo o BIM (Building
Information Modeling) e a prototipagem digital.
Com a tecnologia BIM é possível integrar todas as etapas
e responsáveis pelo processo de projeto em um único
arquivo. Promove a coordenação das atividades de
projeto, a integração de informações e a compatibilização
de dados desde a concepção até a fase final de projeto.
Em relação à prototipagem digital, esta atua como
ferramenta de apoio ao processo de projeto, possibilitando
a criação precisa de maquetes físicas, com arquivos
digitais enviados diretamente aos maquinários de controle
numérico (Nardelli, 2014), comprovando que o protótipo
possibilita melhor comunicação e entendimento do projeto,
que talvez não fosse possível ser evidenciado somente na
representação digital (Pupo, 2009). Estes protótipos são
utilizados em diversos momentos na criação do projeto,
dentre os quais no estudo inicial e final de uma proposta,
análise de objetos/ mobiliário em relação a ergonomia dos
mesmos, avaliação final de cada objeto/ produto criado
(Bruscat, Brendler, Viaro, Teixeira, & Silva, 2013).
De acordo com Pupo (2009) o termo prototipagem digital
engloba todos os processos de prototipagem rápida, assim
como o corte a laser, corte/desbastes com fresas e corte
em vinil, que compreendem a produção de maquetes e
protótipos em escalas reduzidas.
O BIM e a prototipagem digital já estão há muitos anos no
mercado (Nardelli, 2014), e vários casos de sua utilização
em HIS podem ser citados. Como exemplo, tem-se a
pesquisa de Nardelli (2010), Nardelli (2014) e de Nardelli e
Backheuser (2016) que investigam o uso da prototipagem
e fabricação digitais, do BIM e da arquitetura generativa,
na busca de soluções para o programa minha casa minha
vida - PMCMV, desenvolvendo protótipos e peça finais de
construção, propondo novas tipologias arquitetônicas.
Outro caso é a pesquisa de Mendes (2014), que propôs
um método de implantação de HIS, através da gramática
da forma. Porém, ainda há muito a ser explorado.
Esse avanço tecnológico representa a atual necessidade
de mudanças que o campo da construção civil necessita
atualmente. A implementação de tecnologias, que venham
a auxiliar na concepção dos projetos, mostra que é
necessário rever as técnicas utilizadas na construção civil
brasileira, pois estão ultrapassadas em termos globais
(Nardelli, 2014).
Desta forma, o presente artigo apresenta o
desenvolvimento de kits de mobiliários para visualização
do aspecto de distanciamento e layout dos mesmos em
ambiente interno de HIS. Utiliza-se o BIM e a prototipagem
digital como instrumentos de desenvolvimento dos kits
para compreender e comparar os requisitos mínimos de
projeto, exigidos nas HIS, e o que é recomendado pela
ergonomia antropométrica. Importante colocar aqui que
embora o BIM promova o 3D, os aspectos que se pretende
enfatizar com este material são melhor visualizados em
2D, por isso os Kits são desenvolvidos nesta dimensão.
METODOLOGIA
A pesquisa possui caráter qualitativo, com método
experimental e indutivo, baseado em comparação,
seguindo as seguintes etapas, conforme figura 01:
relação aos arquivos digitais, afirmam os autores, pois
auxilia no entendimento e percepção da proposta.
Assim, passou-se para a abordagem através das
tecnologias digitais, para realização dos estudos, pois
possibilitam a produção digital e física de modo a permitir
a realização da comparação dos requisitos mínimos
levantados.
ETAPA 03
Figura 01: Etapas metodológicas. Fonte: Autores.
ETAPA 01
Na primeira etapa do estudo foi realizado o levantamento
do referencial teórico e documental sobre HIS e ergonomia
antropométrica. Com estes levantamentos realizados,
buscou-se identificar e analisar os espaços mínimos
necessários para cada ambiente interno de uma residência
de acordo com a antropometria, para após realizar a
comparação destes com os requisitos mínimos dos
ambientes estabelecidos no programa minha casa minha
vida (PMCMV) e no código de obras municipal de
Chapecó, tendo em vista que os projetistas se baseiam
nestas leis para a realização dos projetos habitacionais.
Além das dimensões dos ambientes mínimos, foram
identificadas as circulações, espaços de circulação e uso
necessários para a utilização dos mobiliários estabelecidos
de cada um dos três quesitos de comparação.
Para isso foram levantadas as medidas mínimas que
constam no PMCMV, código de obras municipal e na
ergonomia antropométrica dos seguintes ambientes
residenciais: sala de estar, sala de jantar, cozinha, área de
serviço, dormitório de casal, dormitório de solteiro e
banheiro.
ETAPA 02
Com a pesquisa inicial realizada e os dados dos ambientes
e espaços mínimos levantados, passou-se para a escolha
das técnicas passíveis de representação e visualização.
Em um primeiro momento, viu-se a necessidade de
representação dos dados digitalmente, em forma de
desenho em planta baixa. Como os autores do presente
estudo já possuem domínio em software BIM, este foi o
meio de representação digital escolhido, além das
vantagens que o uso do BIM possibilita. Apesar de já
possível visualização de inconsistências nos desenhos
digitais, identificou-se a prototipagem digital como uma
técnica que permitiria a compreensão dos espaços de
outra forma, com possibilidade de manuseio e
experimentações, pois de acordo com Batistello, Balzan,
Piaia, & Miotto (2015), os protótipos como materialização
e representação física de um modelo digital permitem a
clareza da proposta e a exata avaliação, agregando na
criação projetual com possibilidade de produção rápida de
diferentes opções, e esse é o grande diferencial com
Na terceira etapa, deu-se início ao desenvolvimento dos
desenhos, em software BIM. Foram realizados os projetos
dos ambientes internos mínimos para uma habitação
social, além dos espaços mínimos de circulação e uso do
mobiliário conforme os dados obtidos na etapa 01. Com
isso, busca-se compreender qual o efeito que tais
dimensões mínimas estipuladas pela antropometria,
programa MCMV e código de obras municipal ocasionam
em uma residência de HIS.
Ainda que o software BIM utilizado permita o desenho em
3D, os arquivos desenvolvidos foram feitos em 2D, pois é
desta forma, em duas dimensões, que melhor representa
os constrangimentos encontrados. Os arquivos foram
desenvolvidos da seguinte forma: foi realizado uma tabela
comparativa, com a área mínima de cada ambiente interno
de acordo com os três requisitos deste estudo (PMCMV,
Código de obras e antropometria), conforme mostra a
Tabela 01.
Tabela 1: Especificação da área mínima total de cada ambiente
habitacional, de acordo com as temáticas levantadas
AMBIENTE
3
ÁREA TOTAL
Ergonomia
Antropomé trica
Programa
Minha Casa
Minha Vida
Código de
Obras
municipal
Sala de Estar
3,75 x 3,55
2,40 x 2,40
2,50 x 2,50
Sala de
Jantar
2,26 x 3,55
2,40 x 2,40
2,50 x 2,50
Cozinha
2,42 x 2,94
1,80 x 2,60
1,80 x 1,80
Área de
Serviço
1,72 x 2,24
1,50 x 1,20
1,20 x 1,20
Dormitório
Casal
3,60 x 3,65
2,40 x 3,00
2,50 x 2,50
Dormitório
Solteiro
2,71 x 3,66
2,40 x 3,00
2,50 x 2,50
Banheiro
1,26 x 2,84
1,50 x 2,30
1,20 x 1,20
Foram desenhados juntamente com os mobiliários, as
circulações/espaços mínimos para uso do espaço e das
atividades no ambiente. Esse dado foi retirado dos estudos
realizados sobre a ergonomia antropométrica.
Para propor a realização dos kits, optou-se em desenhar a
área mínima dos ambientes residenciais em três
momentos: 1° como solicita a ergonomia antropométrica;
2° como indica o PMCMV e por 3° como é proposto pelo
código de obras. Foram colocadas uma ao lado da outra,
como forma de comparação.
Com o projeto realizado no BIM, já foi possível identificar
as grandes inconsistências e problemas encontrados na
concepção de cada ambiente, porém, a visualização
somente digital não foi capaz de reproduzir o que a
percepção física que uma maquete proporciona. Através
desta conclusão e após a criação dos ambientes em
software BIM, passou-se a preparação dos mesmos para
a realização da prototipagem digital, conforme mostra a
figura 02.
Figura 02: Ambientes, kit de mobiliário e espaços de circulação
e uso desenvolvidos no software BIM. Fonte: Autores.
ETAPA 04
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4
A técnica de prototipagem digital escolhida para o
desenvolvimento da quarta etapa, que é a prototipagem
dos kits de mobiliário e maquetes físicas dos ambientes,
foi o corte a laser, devido ao acesso (foi utilizado o
maquinário de um FABLAB - Fabrication laboratory,
implantado em uma universidade), custo e resultado.
Desta forma, foram prototipados os kits de mobiliário e
maquetes físicas dos ambientes desenvolvidos no
software BIM, conforme relata a etapa 03. As maquetes
físicas compreendem os ambientes mínimos apontados
pelo PMCMV, ergonomia antropométrica e código de
obras de Chapecó. Já os kits, compõe-se do mobiliário
mínimo necessário para a utilização em cada ambiente,
sendo esta parte fundamental na organização espacial do
espaço residencial.
Após a prototipagem dos kits de mobiliário e maquetes dos
ambientes, viu-se a necessidade de prototipar um kit com
os distanciamentos mínimos de mobiliário e ou
equipamento de cada ambiente, representando seu uso e
circulação necessários. Para isso foi realizado o desenho
destes espaços no BIM e após realizada a prototipagem.
A Figura 03 demonstra o momento em que está sendo
realizado a prototipagem desta etapa através do corte a
laser, assim como o resultado final dos kits de mobiliários
e espaços de uso e circulação.
Figura 03: A - Prototipagem em uma máquina de corte a laser; B
- Kit dos mobiliários; C - Kit dos espaços de uso e circulação.
Fonte: Autores.
RESULTADOS
Foi possível verificar após o desenvolvimento das
maquetes e kits de mobiliário e espaços de uso e
circulação que os requisitos mínimos descritos pelo
PMCMV e código de obras de Chapecó não permitem
utilizar os ambientes de uma HIS de acordo com suas
funções e estão bem distantes do que é desejável pela
ergonomia antropométrica. Os protótipos confeccionados
permitem o manuseio e a percepção física, que instiga
uma sensibilidade e entendimento diferente daquela vista
somente no ambiente virtual.
A comparação entre os requisitos mínimos em relação a
área de cada ambiente, estipulados em cada temática, fica
melhor compreensível com a utilização das ferramentas
computacionais utilizadas para realizar este estudo. A
Figura 04 apresenta os ambientes, juntamente com a
distribuição do mobiliário e espaços de uso e circulação
prototipados.
Figura 04: Maquetes comparativas dos ambientes de HIS de
acordo com o PMCMV, a Ergonomia Antropométrica e o Código
de obras de Chapecó, dos seguintes ambientes: A - Sala de
estar; B - Sala de Jantar; C - Cozinha; D - Área de serviço; E Dormitório casal; F - Dormitório solteiro; G - Banheiro. Fonte:
Autores.
Com o uso das ferramentas computacionais, foi possível
observar que os ambientes projetados de acordo com o
requisito mínimo de área descrito pelo programa
habitacional e código de obras não conseguem receber o
mobiliário mínimo para cada ambiente, isso faz com que
surjam questionamentos acerca de como foram
estipuladas estas dimensões mínimas que os mesmos
solicitam na realização de projetos para HIS.
Além de verificar a inconstância nas dimensões, as
maquetes prototipadas permitem experimentações de
diferentes layouts através dos kits de mobiliários e dos
espaços de circulação e uso mínimo necessário. Com a
prototipagem foi possível compreender melhor como é a
concepção de cada ambiente, além de perceber que em
muitos casos o distanciamento entre mobília e parede é
insuficiente. Por isso, é importante que os projetistas
compreendam o que a ergonomia antropométrica propõe
em relação aos requisitos mínimos para cada ambiente, de
modo a obter espaços adequados e planejados conforme
a necessidade de cada usuário.
DISCUSSÃO
O presente estudo contribui para a compreensão de como
os ambientes internos em HIS estão sendo projetados hoje
em dia e a importância da ergonomia antropométrica no
momento de projetar. A prototipagem digital auxilia no
estudo como uma ferramenta de auxílio muito importante
na percepção e visualização dos espaços dentro do
processo de projeto, proporcionando uma outra forma de
compreensão e análise dos espaços.
A existência de incoerências entre indicações constantes
apresentadas no código de obras quando comparados aos
preceitos da ergonomia antropométrica induzem a erros
projetuais, como pôde ser observado nos ambientes
desenhados. Já o PMCMV está mais de acordo com o que
propõe a antropometria, mas também é preciso rever as
dimensões mínimas solicitadas pela normativa.
Para isso, é preciso que o modo como são projetados os
ambientes para HIS sejam revistos, pois de nada adianta
propor uma edificação se o usuário não puder usufruir de
todos os ambientes de modo ergonômico, propiciando
conforto e bem-estar.
Por isso considera-se importante que a academia seja o
local para alertar sobre estas incoerências, motivando
reflexões projetuais, de modo a incentivar o futuro
profissional a pensar melhor na concepção de cada
ambiente interno. É preciso que o problema habitacional
seja visto como algo desafiador, pois sabe-se que é
impossível acabar com o déficit habitacional, mas com o
auxílio das ferramentas computacionais, é possível
repensar o modo como a arquitetura para a habitação de
interesse social está sendo proposta.
Com a materialização dos ambientes modelados no BIM
por meio da prototipagem realizada através do corte a
laser, foi possível ter uma nova percepção das formas dos
5
ambientes de modo palpável. Isso possibilita também, um
novo método de reorganização imediata do mobiliário. A
modelagem pelo BIM e prototipagem estimula a reflexão e
compreensão dos ambientes internos, ficando aqui a
sugestão de inserção desses métodos no meio acadêmico,
proporcionando melhor apropriação e percepção do
projeto como um todo, pois com o BIM são analisados os
espaços de circulação e uso que se sobrepõem nas
paredes e mobiliário (conforme mostra a Figura 02) e pela
prototipagem por não encaixar no ambiente já proposto,
sendo estes os diferenciais que essas tecnologias
propiciam, contribuindo de todas as formas na tomada de
decisão no processo de projeto.
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