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Copyright do texto © 2021 Os autores
Copyright da edição © 2021 Atena Editora
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Diagramação:
Correção:
Indexação:
Revisão:
Organizadores:
Camila Alves de Cremo
Bruno Oliveira
Amanda Kelly da Costa Veiga
Os autores
Pedro Henrique Abreu Moura
Vanessa da Fontoura Custódio Monteiro
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C569
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção
sustentáveis 3 / Organizadores Pedro Henrique Abreu
Moura, Vanessa da Fontoura Custódio Monteiro. –
Ponta Grossa - PR: Atena, 2021.
Formato: PDF
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Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5983-702-1
DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.021212911
1. Ciências agrárias. I. Moura, Pedro Henrique Abreu
(Organizador). II. Monteiro, Vanessa da Fontoura Custódio.
III. Título.
CDD 630
Elaborado por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
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Ponta Grossa – Paraná – Brasil
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APRESENTAÇÃO
A agricultura faz parte da área do conhecimento denominada de Ciências Agrárias.
Importante para garantir o crescimento e manutenção da vida humana no planeta, a
agricultura precisa ser realizada de forma responsável, considerando os princípios da
sustentabilidade.
Esta obra, intitulada “Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção
sustentáveis 3”, apresenta-se em três volumes que trazem uma diversidade de artigos
sobre agricultura produzidos por pesquisadores brasileiros e de outros países.
Neste terceiro volume, encontram-se trabalhos que abordam as culturas do
eucalipto, citros, pera, girassol, tomate, graviola e mandioca, sendo que alguns trabalhos
estão relacionados ao controle de pragas e doenças, outros relacionados à propagação de
plantas, além de trabalhos nas áreas de bovinocultura e piscicultura.
Agradecemos aos autores dos capítulos pela escolha da Atena Editora. Desejamos
a todos uma ótima leitura e convidamos para apreciarem também os outros volumes desta
obra.
Pedro Henrique Abreu Moura
Vanessa da Fontoura Custódio Monteiro
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................. 1
CRESCIMENTO INICIAL DE Eucalyptus grandis CULTIVADO COM FERTILIZANTE
ORGANOMINERAL REMINERALIZADOR E ECTOMICORRIZA
Sinara Barros
Juliano de Oliveira Stumm
Ricardo Turchetto
Ana Paula da Silva
Juliano Borela Magalhães
Rodrigo Ferreira da Silva
Clóvis Orlando Da Ros
Daiane Sartori Andreola
Djavan Antonio Coinaski
Genesio Mario da Rosa
Willian Fernando de Borba
https://doi.org/10.22533/at.ed.0212129111
CAPÍTULO 2 ...............................................................................................................12
DESENVOLVIMENTO INICIAL DE CITROS EM FUNÇÃO DO MANEJO DE PLANTAS
ESPONTÂNEAS E DE COMBINAÇÕES DE COPA E PORTA-ENXERTO
Mateus Peixoto Pires
Ana Paula da Silva Costa
Mayra da Silva Saraiva
Yuri Carreira Matias
Raimundo Thiago Lima da Silva
Alberto Cruz da Silva Junior
Valéria Melo do Nascimento
Ana Paula Silva Vieira
https://doi.org/10.22533/at.ed.0212129112
CAPÍTULO 3 ...............................................................................................................24
DIAGNÓSTICO BIOCLIMÁTICO PARA PRODUÇÃO DA LARANJA VALÊNCIA NO
MUNICÍPIO DE ERECHIM – RS
John Edson Chiodi
Dermeval Araújo Furtado
Yokiny Chanti Cordeiro Pessoa
Fernando Meira Lima
Airton Gonçalves De Oliveira
https://doi.org/10.22533/at.ed.0212129113
CAPÍTULO 4 ...............................................................................................................31
SURVIVAL OF Xanthomonas citri pv. fuscans IN THE PHYLLOPSHERE AND
RHIZOSPHERE OF CROPS AND WEEDS
Luana Laurindo de Melo
Daniele Maria do Nascimento
João César da Silva
SUMÁRIO
José Marcelo Soman
João Batista Romano Filho
Antonio Carlos Maringoni
Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior
https://doi.org/10.22533/at.ed.0212129114
CAPÍTULO 5 ...............................................................................................................41
DISSEMINATION OF Xanthomonas campestris PV. campestris BY Bemisia tabaci and
Myzus persicae
João César da Silva
Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior
José Marcelo Soman
Luís Fernando Maranho Watanabe
Renate Krause Sakate
Antonio Carlos Maringoni
https://doi.org/10.22533/at.ed.0212129115
CAPÍTULO 6 ...............................................................................................................52
UTILIZAÇÃO DA MECANIZAÇÃO AGRICOLA POR
SERRANA DE SANTA CATARINA
Alberto K. Nagaoka
Fernando C. Bauer
Suelen S. Jesus
Ellen Blainski
Marilda P. T. Nagaoka
AGRICULTORES DA REGIÃO
https://doi.org/10.22533/at.ed.0212129116
CAPÍTULO 7 ...............................................................................................................57
INFLUÊNCIA DO ENRAIZAMENTO IN VITRO NA ACLIMATIZAÇÃO DE EXPLANTES DE
Pyrus communis L.
Fernanda Grimaldi
https://doi.org/10.22533/at.ed.0212129117
CAPÍTULO 8 ...............................................................................................................59
PROPRIEDADES FÍSICAS DE GRÃOS DE HÍBRIDOS DE GIRASSOL ANTES E APÓS O
ARMAZENAMENTO POR CONGELAMENTO
José Henrique da Silva Taveira
Paulo Gabriel de Sousa Barcelos
Micael Toledo de Oliveira
Maíra Vieira Ataíde
Marcicleia Pereira Rocha
https://doi.org/10.22533/at.ed.0212129118
CAPÍTULO 9 ...............................................................................................................66
QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES PELETIZADAS DE TOMATE
Layanne Muniz Sprey
Sidney Alberto do Nascimento Ferreira
SUMÁRIO
Maylla Muniz Sprey
https://doi.org/10.22533/at.ed.0212129119
CAPÍTULO 10.............................................................................................................77
CONTROLE DAS BROCAS DOS FRUTOS DE GRAVIOLEIRA EM PLANTIO COMERCIAL
NO MUNICÍPIO DE CASTANHAL PARÁ
Thalia Maria de Sousa Dias
Tinayra Teyller Alves Costa
Jorge Junior da Silva Nascimento
Hamilton Ferreira de Souza Neto
Alef Ferreira Martins
Graziele Rabelo Rodrigues
Jaqueline Araújo da Silva
Jaqueline Lima da Silva
Sinara de Nazaré Santana Brito
Harleson Sidney Almeida Monteiro
Wenderson Nonato Ferreira da Conceição
Antônia Benedita da Silva Bronze
https://doi.org/10.22533/at.ed.02121291110
CAPÍTULO 11 .............................................................................................................89
FRAÇÃO SÓLIDA DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS DE SUINOCULTURA PARA O
CRESCIMENTO INICIAL DE Eucalyptus grandis
Juliano Borela Magalhães
Juliano de Oliveira Stumm
Djavan Antônio Coinaski
Daiane Sartori Andreola
Ricardo Turchetto
Sinara Barros
Ana Paula da Silva
Willian Fernando de Borba
Rodrigo Ferreira da Silva
Clóvis Orlando Da Ros
https://doi.org/10.22533/at.ed.02121291111
CAPÍTULO 12...........................................................................................................100
SISTEMA PARA CÁLCULO DE ADUBOS SIMPLES PARA A CULTURA DA MANDIOCA
NO ESTADO DO PARÁ
Raimundo Sátiro dos Santos Ramos
https://doi.org/10.22533/at.ed.02121291112
CAPÍTULO 13...........................................................................................................108
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE VIBRAÇÃO NO TRANSPORTE A GRANEL DE TOMATE
INDUSTRIAL
Lara Nascimento Guimarães
Tulio de Almeida Machado
Cristiane Fernandes Lisboa
SUMÁRIO
Jordanne Tominaga
Nathália Nascimento Guimarães
https://doi.org/10.22533/at.ed.02121291113
CAPÍTULO 14........................................................................................................... 119
ADESÃO DE LEITE EM PÓ EM UMA SUPERFÍCIE DE AÇO INOXIDÁVEL
Jeferson da Silva Correa Junior
Marcieli Karina Rodrigues
Raquel Borin
Marcos Alceu Felicetti
https://doi.org/10.22533/at.ed.02121291114
CAPÍTULO 15...........................................................................................................127
DEGRADABILIDADE IN SITU DA CASCA DO TUCUMÃ (Astrocaryum aculeatum) EM
SUBSTITUIÇÃO AO MILHO EM DIETA PARA BOVINOS
Tasso Ramos Tavares
Francisca das Chagas do Amaral Souza
Jaime Paiva Lopes Aguiar
Ercvania Rodrigues Costa
https://doi.org/10.22533/at.ed.02121291115
CAPÍTULO 16...........................................................................................................135
COMPARACION DEL RENDIMIENTO PESQUERO DEL MIXÍNIDO “BRUJA PINTADA”
(Eptatretus stouttii) EN LA PRIMAVERA DEL 2010-2011 Y 2021 PARA SU MANEJO
PESQUERO EN LA COSTA OCCIDENTAL DE BAJA CALIFORNIA, MÉXICO
Jorge Flores Olivares
Alfredo Emmanuel Vázquez Olivares
https://doi.org/10.22533/at.ed.02121291116
CAPÍTULO 17...........................................................................................................145
CARACTERIZAÇÃO HEMATOLÓGICA DE TRAÍRA (Hoplias sp.) E JEJU (Hoplerythrinus
sp.) CAPTURADOS NO RIO MANOEL CORREIA – RONDÔNIA
Wilson Gómez Manrique
Mayra Araguaia Pereira Figueiredo
Dominique Oliveira Cavalcante
https://doi.org/10.22533/at.ed.02121291117
SOBRE OS ORGANIZADORES .............................................................................159
ÍNDICE REMISSIVO .................................................................................................160
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
CRESCIMENTO INICIAL DE Eucalyptus grandis
CULTIVADO COM FERTILIZANTE ORGANOMINERAL
REMINERALIZADOR E ECTOMICORRIZA
Clóvis Orlando Da Ros
Data de aceite: 01/11/2021
Universidade Federal de Santa Maria,
Departamento de Ciências Agronômicas e
Ambientais
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/6947821986020400
Data de submissão: 17/08/2021
Sinara Barros
Universidade Federal de Santa Maria
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/2312957631385630
Daiane Sartori Andreola
Universidade Federal de Santa Maria
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/1453991224785277
Juliano de Oliveira Stumm
Universidade Federal de Santa Maria
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/9087017267309410
Djavan Antonio Coinaski
Universidade Federal de Santa Maria
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/3492568422654976
Ricardo Turchetto
Universidade Federal de Santa Maria
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/7635022972199499
Genesio Mario da Rosa
Universidade Federal de Santa Maria,
Departamento de Engenharia Florestal
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/6868821306663236
Ana Paula da Silva
Universidade Federal de Santa Maria
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/1675643218041912
Willian Fernando de Borba
Universidade Federal de Santa Maria,
Departamento de Engenharia e Tecnologia
Ambiental
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/6186488672746432
Juliano Borela Magalhães
Universidade Federal de Santa Maria
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/0268447072395788
Rodrigo Ferreira da Silva
Universidade Federal de Santa Maria,
Departamento de Ciências Agronômicas e
Ambientais
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/0974234816299860
RESUMO: O cultivo do eucalipto tem aumentado
ao longo dos anos, ocupando a maior parte
das áreas destinadas a silvicultura no Brasil.
A utilização de fertilizantes orgânicos e de
remineralizadores do solo, bem como a
inoculação com fungos ectomicorrízicos são
alternativas para aumentar a produtividade de
espécies florestais. O estudo teve como objetivo
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 1
1
avaliar a inclusão da fração sólida da água residuária de suinocultura, de remineralizador
do solo (pó de basalto) e de ectomicorriza no crescimento inicial de Eucalyptus grandis. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis repetições. Os tratamentos
foram oito combinações de fertilizantes (mineral, orgânico e organomineral), remineralizador
do solo, (sem e com) ectomicorriza (Pisolithus microcarpus). Os parâmetros avaliados foram
altura de planta e diâmetro do colo, aos 0; 7; 21 e 35 dias após o transplante das mudas. O
uso de fertilizante organomineral combinado com remineralizador promoveu maior altura e
diâmetro de colo de plantas de eucalipto em relação aos fertilizantes minerais. A utilização
de Pisolithus microcarpus proporcionou maior crescimento em altura e diâmetro das plantas,
juntamente com a aplicação de fertilizante organomineral e remineralizador do solo.
PALAVRAS-CHAVE: Micorriza. Remineralizador do solo. Fertilizante organomineral.
INITIAL GROWTH OF Eucalyptus grandis CULTIVATED WITH ORGANOMINERAL
FERTILIZER REMINERALIZER AND ECTOMYCORRHIZA
ABSTRACT: The cultivation of eucalyptus has increased over the years, occupying most of
the areas destined to forestry in Brazil. The use of organic and remineralizer soil fertilizers,
as well as inoculation with ectomycorrhizal fungi are alternatives to increase the productivity
of forest species. The study aimed to evaluate the inclusion of the solid fraction of swine
wastewater, of soil remineralizer (basalt powder) and ectomycorrhiza in the initial growth of
E. grandis. The experimental design was completely randomized, with six repetitions. The
treatments were eight combinations of fertilizers (mineral, organic and organomineral), soil
remineralizer, (with and without) ectomycorrhiza Pisolithus microcarpus. The parameters
evaluated were plant height and neck diameter at 0; 7; 21 and 35 days after transplanting
the seedlings. The use of organomineral fertilizer combined with remineralizer, it promoted
greater height and neck diameter of eucalyptus plants in relation to mineral fertilizers. The use
of Pisolithus microcarpus provided greater growth in plant height and diameter, along with the
application of organomineral fertilizer and soil remineralizer.
KEYWORDS: Mycorrhiza. Remineralizing fertilizer. Organmineral fertilizer
1 | INTRODUÇÃO
O gênero Eucalyptus pertence à família Myrtaceae e é nativo da Austrália,
abrangendo mais de 800 espécies (LIMAN et al., 2020). Devido a sua fácil adaptação a
diferentes climas, é um dos gêneros mais cultivados no mundo, principalmente como fonte
de madeira e óleos voláteis (BATISH et al., 2008; CHAHOMCHUEN; INSUAN, 2020). São
plantas em geral arbóreas, com altura de 30 a 50 m, no entanto, há espécies com porte
mediano e algumas arbustivas (BOOKER; KLEINING, 2006).
O cultivo do gênero Eucalyptus é favorecido pelas condições climáticas do Brasil,
apresentando elevada taxa de crescimento (SILVA et al., 2021) e está consolidado como a
principal espécie nos empreendimentos silvícolas do país, ocupando uma área em torno de
5,7 milhões de hectares no ano de 2018 (IBÁ, 2019). No Brasil, a principal espécie cultivada
é a E. grandis com produtividade média de 39 m³ por ha ano-1 (EMBRAPA, 2014), sendo
destinada basicamente para produção de papel e celulose, gerando anualmente mais 11
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 1
2
milhões de toneladas em exportações (IBÁ, 2019).
O plantio dessa espécie florestal no Brasil geralmente é destinado às áreas com
solo degradado, devido ao baixo investimento financeiro destinado para o seu cultivo e
também por ser capaz de sobreviver em condições de déficit hídrico e baixa fertilidade.
Porém, nestas áreas, o cultivo florestal de Eucalyptus spp. se restringe a produção de
madeira em volume menor e abaixo dos padrões exigidos pela indústria (GOMES et al.,
1991; GOMES et al., 2002).
Como forma de aumentar as produtividades das áreas destinadas a silvicultura,
tem se utilizado adubações minerais, porém o custo destes insumos é muito elevado. Com
isso, vem sendo adotado o uso de adubações orgânicas (associada ou não a mineral),
a qual tem apresentado resultados positivos em cultivos florestais e representa uma
alternativa promissora para que a produtividade aumente, sem elevar muito os custos
de produção (PELISSARI et al., 2009). Entre as adubações orgânicas, a produção de
fertilizantes organominerais, como alternativa para o aproveitamento dos resíduos de
suínos e aves, tem aumentado no Brasil, mediante o emprego de técnicas de compostagem
e enriquecimento com fertilizantes minerais (BENITES et al., 2013). Essas técnicas de
produção de fertilizantes e a sua mineralização são importantes, pois visam aumentar a
concentração dos nutrientes e torná-los prontamente disponíveis para as plantas.
O uso de dejetos tanto de suínos como de aves, quando utilizado de forma
inadequada, pode ocasionar danos ao ambiente. Os dejetos de suínos contêm além de
matéria orgânica, diversos nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, sódio,
magnésio, manganês, ferro, zinco, cobre. Porém, quando esses dejetos são aplicados sem
técnicas e manejo adequado, podem provocar impactos negativos nos cultivos, podendo
ainda se tornar poluentes do ambiente de produção (DIESEL et al., 2002). Neste sentido, o
uso desses fertilizantes na forma granulada tem sido uma boa alternativa, sendo utilizado
juntamente com fertilizantes minerais como o superfosfato simples (SFS), fosfato mono
amônico (MAP) e remineralizadores do solo (BENITES et al., 2013). Sendo que essa técnica
apresentou resultados positivos em trabalhos realizados, com aumento na disponibilidade
dos nutrientes (LIMA et al., 2009), aceleração da liberação dos minerais da rocha e com
elevação do pH do solo (SILVA et al., 2012).
O uso de diferentes fontes de remineralizadores, juntamente com a adubação
orgânica e mineral tem demostrado efeito significativo para a produção de espécies que
exploram o solo em longa duração (SOUZA et al., 2016). Os remineralizadores do solo
são compostos obtidos em grande parte pela moagem de rochas silicatadas que contém
a maioria dos nutrientes necessários para o crescimento vegetal, porém a solubilização
desses minerais é bastante lenta, apresentando efeito fertilizante a longo prazo, o que
permite bons resultados em cultivos perenes ou superiores a um ano (CARVALHO, 2012;
SOUZA et al., 2016).
Os microrganismos do solo também têm um papel fundamental na aquisição de
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 1
3
nutrientes pelas plantas, dentre os quais pode-se destacar os fungos micorrízicos, os quais
são capazes de formar associações com inúmeras plantas vasculares (BRUNDRETT et
al., 1996). Os fungos ectomicorrízicos são um grupo variado de micorrizas, com indivíduos
na sua maioria pertencentes ao filo Basidiomycota (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006) e estão
presentes em cerca de 6.000 espécies de plantas, incluindo as florestais (VAN DER
HEIJDEN et al., 2015).
A
associação
de
fungos
micorrízicos
proporciona
maior
crescimento
e
desenvolvimento às plantas, através do aumento na absorção de água e de macro e
micronutrientes essenciais aos vegetais, incluindo o fósforo que apresenta pouca mobilidade
no solo (LEAKE et al., 2004; VAN DER HEIJDEN et al., 2015). Também são responsáveis
por garantir proteção para a planta contra o ataque de patógenos e interagirem com
outros organismos como bactérias, nematoides e fungos, contribuindo com a melhoria da
microbiota do solo (SMITH; READ, 2008).
As ectomicorrizas estão presentes de forma predominante em espécies florestais
especialmente nas famílias Fagaceae, Pinaceae e Myrtaceae (FARIA et al., 2017) e
contribuem com a decomposição e ciclagem de nutrientes presentes nos resíduos florestais
além de proporcionar aumento na agregação do solo por meio do micélio extramatricial,
característica que permite o seu uso em programas de recuperação de áreas degradadas
(SILVA et al., 2007; YOKOMIZO; RODRIGUES, 1998).
A interação entre fungos ectomicorrízicos e plantas de eucalipto é importante,
pois proporciona crescimento das mudas no viveiro e um bom estabelecimento inicial de
plantas quando transplantadas. Trabalhos conduzidos por Mello et al. (2006) em áreas
de arenização, indicaram que as espécies de ectomicorrizas predominantes nesses
locais foram Pisolithus sp, Scleroderma sp e Pisolithus microcarpus. Segundo trabalhos
conduzidos por Silva et al. (2003), a inoculação de fungos ectomicorrízicos favoreceu o
desenvolvimento de mudas de E. grandis, com aumento na altura de planta, diâmetro do
colo, massa seca de parte aérea e massa radicular verde. Estes resultados concordam
com dados obtidos por Souza et al. (2017), onde estes fungos promoveram maior altura,
diâmetro de colo, acúmulo de massa seca da parte aérea e volume inicial de raízes em
mudas de E. grandis, além de aumento nos teores de fósforo na parte aérea das plantas
inoculadas.
Neste sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar a utilização da associação
de adubo organomineral, remineralizador do solo e ectomicorriza no crescimento inicial de
E. grandis.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O Experimento foi desenvolvido em ambiente protegido, em casa de vegetação na
Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen, RS. Para a condução
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 1
4
do experimento foi utilizado um solo caracterizado como Latossolo Vermelho, ao qual foi
adicionado areia média na proporção de 50% (v/v). As características físicas e químicas da
mistura (solo + areia) estão na tabela 1.
Mistura
Solo + Areia
Argila*
pH água
MO
%
1:1
%
34%
6,7
0,52
P
K
Ca
Mg
Al+H
Saturação
Bases
Al
---mg dm ---
------Cmolc dm ------
-------%------
4,46
1,4
40,1
-3
21,6
-3
0,56
3,0
0,0
¹ Caracterização química do solo após a correção do solo com calcário dolomítico. Teor de argila
determinado pelo método da pipeta, Embrapa (1997).
Tabela 1: Caracterização física e química da mistura (solo + areia) utilizado no experimento com
Eucaliptus grandis.
O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com seis repetições. Os
tratamentos foram oito combinações de fertilizantes, remineralizador e ectomicorriza: 1)
fertilizante mineral sem micorriza (FM sem); 2) fertilizante mineral com micorriza (FM com);
3) fertilizante mineral + remineralizador, sem micorriza (FM+REMS sem); 4) fertilizante
mineral + remineralizador, com micorriza (FM+REMS com); 5) fertilizante organomineral
sem micorriza (FOM sem); 6) fertilizante organomineral com micorriza (FOM com); 7)
fertilizante organomineral + remineralizador, sem micorriza (FOM+REMS sem) e 8)
fertilizante organomineral + remineralizador, com micorriza (FOM+REMS com).
O fertilizante mineral foi composto por ureia, superfosfato triplo e cloreto de potássio.
O fertilizante orgânico foi proveniente do Sistema de Tratamento de Águas Residuárias de
Suinocultura (Sistars), instalado no setor de suinocultura da UFSM, campus de Frederico
Westphalen, RS (sistema submetido ao registro de patente). A fração sólida, separada
por decantação e após desaguamento, juntamente com a fração sólida separada por
peneiramento, foram compostadas conjuntamente por 45 dias. Após esse período, a fração
compostada foi peneirada e submetida à granulação (processo de granulação submetido
ao registro de patente). O fertilizante organomineral foi composto pela mistura de grânulos
dos fertilizantes minerais (ureia, superfosfato triplo e cloreto de potássio) com o fertilizante
orgânico.
O fertilizante orgânico + remineralizador do solo foi obtido na forma granulada,
com 40% de pó de rocha (processo de granulação submetido ao registro de patente). O
fertilizante organomineral + remineralizador do solo foi obtido com a mistura de grânulos
de fertilizantes minerais (ureia, superfosfato triplo e cloreto de potássio) com o fertilizante
orgânico + remineralizador. O remineralizador do solo (pó de basalto) foi proveniente
da empresa Alessi Mineração, de Frederico Westphalen-RS, obtido por processo de
peneiramento (malha de 0,6 mm), resultante da britagem de rochas basálticas.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 1
5
O fungo ectomicorrízico inoculado foi Pisolithus microcarpus (isolado UFSC-PT116),
oriundo do banco de fungos da Universidade Federal de Santa Maria e multiplicado por
30 dias anteriores a implantação do experimento em meio de cultura sólido MNM (MerlinNorkrans Modificado) (MARX, 1969), em placas de Petri, acondicionadas em incubadora
tipo BOD a 25ºC.
As sementes da espécie de Eucaliptus grandis foram desinfetadas com hipoclorito
de sódio 5% por 20 min, lavadas em água corrente por 5 minutos e semeadas em bandejas
de poliestireno com substrato comercial esterilizado em autoclave a 121ºC em 3 ciclos
de 30 minutos. Quando as mudas atingiram quatro pares de folhas definitivas (10 cm)
foi realizado o transplante para vasos de polietileno de 5 L, o qual constituiu a unidade
experimental. Os fertilizantes foram incorporados ao solo do vaso antes do transplante das
mudas de acordo com recomendações do manual da SBCS (2016). As quantidades de
nutrientes (NPK) foram iguais em todos os tratamentos.
No momento do transplante foi realizada a inoculação com a ectomicorriza Pisolithus
microcarpus. O inóculo foi preparado em liquidificado , a partir de 21 colônias, crescidas em
10 placas de Petri contendo o meio de cultura MNM, as quais foram trituradas em 500 mL
de água destilada por 10 segundos. Para a inoculação foi aplicado 10 mL dessa solução,
com uma seringa graduada, diretamente nas raízes das mudas e no solo em contato com
as raízes no momento do plantio. A testemunha (FM sem) também recebeu 10 mL de uma
solução contendo somente o meio de cultura MNM.
O experimento foi conduzido por 35 dias após o transplante (DAT). Ao longo da
condução do experimento foram realizadas quatro avaliações, aos 0; 7; 21 e 35 dias após o
transplante das mudas. As avaliações foram: altura de planta, com régua graduada, medida
do colo da planta até a última folha expandida do ramo principal, e o diâmetro de colo com
paquímetro digital. As mudas foram conduzidas com irrigações diárias, com o uso de um
sistema automático de microaspersão.
Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias de
tratamentos comparadas pela diferença mínima significativa (DMS), a 5% de probabilidade
de erro, utilizando o programa SISVAR (FERREIRA, 2011).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação a variável altura de planta (Figura 1), pode-se observar que o fertilizante
mineral (FM), com e sem remineralizador (REMS), tanto na presença quanto ausência de
ectomicorrizas, induziu crescimento linear de plantas, com máxima em torno de 30 cm aos
35 dias após o transplante (DAT). No tratamento com fertilizante organomineral (FOM)
e organomineral + remineralizador (FOM+REMS) tem-se um comportamento quadrático
positivo com um aumento considerável da altura de planta a partir dos 21 DAT, sendo
significativamente maior que a testemunha (FM sem) aos 35 D T.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 1
6
O resultado obtido com o FOM está relacionado com a velocidade de liberação dos
nutrientes, pois a fração orgânica libera de forma mais lenta os nutrientes em comparação
aos fertilizantes minerais solúveis (SILVA et al., 2020). A adição de remineralizador também
contribuiu para o aumento da altura de plantas, principalmente quando associado à fração
orgânica. Segundo Prates et al. (2012), os remineralizadores disponibilizam seus nutrientes
em diferentes prazos, sendo que, a curto prazo a liberação é muito mais influenciada pela
natureza de seus minerais, do que pela sua granulometria.
Destaca-se que o tratamento que proporcionou maior altura de planta foi o fertilizante
organomineral + remineralizador (FOM+REMS) com a presença de ectomicorriza, obtendo
uma altura de planta de 39 cm. Trabalho conduzido por Weirich (2013) encontrou resultado
semelhante onde o isolado ectomicorrízico UFSC-Pt116 proporcionou maior altura de
plantas de E. grandis quando comparado com outros isolados.
1
FM: fertilizante mineral; 2REMS: remineralizador do solo (pó de rocha); 3FOM: fertilizante
organomineral; 4FOMREMS: fertilizante organomineral remineralizador do solo; 5Com e sem
ctomicorriza
Figura 1. Altura de plantas de Eucalyptus grandis cultivado com diferentes fertilizantes associados ao
remineralizador do solo e micorrização, em quatro períodos de avaliação.
Para diâmetro de colo (Figura 2), o comportamento dos tratamentos foi semelhante
à altura de planta, onde o fertilizante mineral (FM) associado ou não com o remineralizador
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 1
7
(REMS), com e sem ectomicorriza, apresentaram aumento linear com máxima em torno
de 4,49 mm. O fertilizante organomineral (FOM) e o fertilizante organomineral com
remineralizador (FOM+REMS) seguiram tendência quadrática positiva, com médias
alcançando 6,48 mm de diâmetro com a utilização do FOM+REMS com ectomicorriza,
sendo significativamente maior que a testemunha (FM sem). Vieira e Weber (2016),
avaliando o cultivo de Eucaliptus camaldulensis, observaram que a adubação orgânica
a base de cama de aves proporcionou maiores diâmetros de colo. Resultado semelhante
também foi encontrado por Silva et al. (2014) para mudas de E. grandis, utilizando substratos
orgânicos. Além disso, o uso de ectomicorrizas promove aumento do diâmetro de colo e
essa característica é importante, pois está relacionada com a capacidade de sobrevivência
das mudas após o plantio (WEIRICH et al., 2018).
Os fertilizantes com liberação lenta de nutrientes costumam apresentar resultados
mais satisfatórios em espécies florestais por promoverem, inicialmente, um bom
desenvolvimento radicular o que permite maior absorção de água e nutrientes para as
plantas, tornando-as mais resistentes (PELISSARI et al., 2009).
1
FM: fertilizante mineral; 2REMS: remineralizador do solo (pó de rocha); 3FOM: fertilizante
organomineral; 4FOMREMS: fertilizante organomineral remineralizador do solo; 5Com e sem
ectomicorriza.
Figura 2. Diâmetro de colo de plantas de Eucalyptus grandis, cultivado com diferentes fertilizantes
associados ao remineralizador do solo e micorrização, em quatro períodos de avaliação.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 1
8
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão da fração sólida de água residuária de suinocultura e de remineralizador
do solo na formulação de fertilizante organomineral promove maior altura e diâmetro de
colo em plantas de Eucalyptus grandis em relação ao uso exclusivo de fertilizante mineral.
A ectomicorrização com Pisolithus microcarpus proporciona maior crescimento
inicial em altura e diâmetro das plantas de Eucalyptus grandis, principalmente quando
associado ao organomineral (fração orgânica) e remineralizador do solo.
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 1
11
CAPÍTULO 2
DESENVOLVIMENTO INICIAL DE CITROS
EM FUNÇÃO DO MANEJO DE PLANTAS
ESPONTÂNEAS E DE COMBINAÇÕES DE COPA E
PORTA-ENXERTO
Ana Paula Silva Vieira
Data de aceite: 01/11/2021
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capitão Poço - Pará - Brasil
http://lattes.cnpq.br/9860316121561250
Data de submissão: 20/09/2021
Mateus Peixoto Pires
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capitão Poço - Pará - Brasil
http://lattes.cnpq.br/3169655280373905
Ana Paula da Silva Costa
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capitão Poço - Pará - Brasil
http://lattes.cnpq.br/7064746237687177
Mayra da Silva Saraiva
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capitão Poço - Pará - Brasil
http://lattes.cnpq.br/4197662034078269
Yuri Carreira Matias
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capitão Poço - Pará - Brasil
http://lattes.cnpq.br/7570748282750925
Raimundo Thiago Lima da Silva
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capitão Poço - Pará - Brasil
http://lattes.cnpq.br/0422399812730914
Alberto Cruz da Silva Junior
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capitão Poço - Pará – Brasil
http://lattes.cnpq.br/0320283989143031
Valéria Melo do Nascimento
Universidade Federal Rural da Amazônia
Capitão Poço - Pará - Brasil
http://lattes.cnpq.br/7039544602348616
RESUMO: O presente trabalho objetivou avaliar
o desenvolvimento inicial de plantas cítricas
em função de tipos de manejos de plantas
daninhas e de diferentes combinações de copa
e porta-enxerto. O estudo foi conduzido em área
experimental. O experimento instalado contou
com 10 combinações de copa e porta-enxertos
avaliados, sendo metade delas com copa Lima
ácida “Tahiti” (LM FLY, LM SD, LM RV, LM CV, LM
CT) e a outra parte com Laranjeira Pêra (LR SK,
LR SD, LR RV, LR CV, LR IN). O delineamento
foi em blocos ao acaso, no esquema de parcela
subdividida 2x10 com quatro repetições, no qual
as parcelas principais são os tipos de manejo de
cobertura do solo, e as subparcelas constituídas
de combinações de copas e porta-enxertos, no
espaçamento de 6,8m x 3m. O desenvolvimento
vegetal foi avaliado por meio de variáveis
vegetativas. Nas condições do presente estudo
LM FLY apresentou menor altura de planta e
volume de copa no período avaliado. Para a
Laranjeira ‘Pêra’ o porta-enxerto que apresentou
características mais próxima ao LM FLY foi o
Citrandarin ‘Indio’. Contudo, as maiores alturas
de laranja ‘Pêra’ foram obtidas nas combinações
LR SD e LR SK; e os maiores volumes para a
lima ácida ‘Tahiti’ foram obtidos nas combinações
LM SD, LM RV e LM CV. Os melhores índices
de compatibilidades foram observados nos
tratamentos LM CV e LR SK, enquanto a pior
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
12
foi constatada na lima ácida ‘Tahiti’ sobre o Citrumelo Swingle. Os diferentes manejos de
plantas daninhas não influencia am em nenhuma das variáveis analisadas, porém se notou
sua interação com os materiais genéticos na altura aos 11 meses após o transplantio, quando
o manejo ecológico induziu um menor crescimento em LR RV e um porte maior em LR IN.
PALAVRAS-CHAVE: Material genético; manejo ecológico; manejo convencional; laranja
Pêra; Lima ácida Tahiti.
INITIAL DEVELOPMENT OF CITRUS AS A FUNCTION OF MANAGEMENT OF
WEEDS AND COMBINATIONS OF TOP AND ROOTSTOCK
ABSTRACT: The present work aimed to evaluate the initial development of citrus plants as a
function of types of weed management and different combinations of top and rootstock. The
study was conducted in an experimental area. The experiment consisted of 10 combinations
of canopy and rootstock evaluated, half of them with acidic lime “Tahiti” (LM FLY, LM SD, LM
RV, LM CV, LM CT) and the other part with Pera orange (LR SK, LR SD, LR RV, LR CV, LR
IN). The design was randomized block design, 2x10 subdivided with four repetitions, in which
the main plots are the types of soil cover management, and the subplots consisted of crown
and rootstock combinations, at spacing of 6.8m x 3m. Plant development was evaluated by
means of vegetative variables. Under the conditions of the present study LM FLY showed
lower plant height and canopy volume in the evaluated period. For the orange tree ‘Pêra’
the rootstock that presented the closest characteristics to LM FLY was Citrandarin ‘Indio’.
However, the highest heights for ‘Pêra’ orange were obtained in the combinations LR SD and
LR SK; and the highest volumes for ‘Tahiti’ acid lime were obtained in the combinations LM
SD, LM RV and LM CV. The best compatibility indices were observed in the LM CV and LR
SK treatments, while the worst was found in the ‘Tahiti’ acid lime on Citrumelo Swingle. The
different weed management did not influence any of the variables analyzed, but the interaction
with the genetic materials was noted in the height at 11 months after transplanting, when the
ecological management induced a lower growth in LR RV and a larger growth in LR IN.
KEYWORDS: Genetic material; ecological management; conventional management; Pera
orange; Tahiti acid lime.
1 | INTRODUÇÃO
A citricultura é um dos principais setores do agronegócio nacional, destaca-se na
produção mundial com mais de 19,6 milhões de toneladas produzidas de laranjas, limas
ácidas e limões, e ocupando área de 703 mil hectares em 2019 (FAO, 2021). Em 2017 esse
comércio gerou ao Brasil um Produto Interno Bruto de US$6,5 bilhões, contribuindo com
200 mil empregos diretos e indiretos e criando mais de 45 mil novos postos de trabalho
(NEVES; TROMBIN, 2017).
Esse cenário positivo da citricultura ocorre em função da implementação de manejos
tecnificados, que busca aumento de produtividade e menor interferência ambiental. Com
isso, no período de 2009 a 2019, o Brasil obteve incremento de 15,96% na produtividade
dos principais citros (laranja, limão, limas e tangerinas), com destaque para o estado do
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
13
Pará, com 42,80% de incremento em sua produtividade nestas frutíferas (IBGE, 2021).
O controle de plantas daninhas é um dos manejos essenciais em um pomar, pois
atua como fator limitante da produção ao competir com os cultivos por nutrientes, umidade
e luz solar (ONEN et al., 2018; MARTINELLI et al., 2018). Devido o convencional uso
de herbicidas esse manejo poder trazer riscos ambientais, em busca de uma produção
citrícola mais sustentável uma alternativa para o controle de plantas daninhas é o uso de
roçagem ecológica, que consiste em utilizar a biomassa cortada como cobertura da linha
de plantio (MARTINELLI et al., 2018).
Tão importante quanto o manejo empregado é a escolha da combinação de material
genético que irá compor o pomar, pois a planta cítrica comercial obtém características da
interação entre enxerto e porta-enxerto (BASTOS, 2014). Outrossim, o pomar citrícola deve
ser composto de mais de uma combinação de materiais genéticos, pois a presença de
poucas variedades em um plantio citrícola torna o pomar mais suscetível a grandes perdas
por ataques de patógenos e estresses abióticos (RODRIGUES et al., 2016).
O objetivo da pesquisa foi avaliar o desenvolvimento inicial de plantas cítricas em
função de tipos de manejos de plantas daninhas e de diferentes combinações de copa e
porta-enxerto, para as condições edafoclimáticas do município de Capitão Poço.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido em área experimental, no Campus Capitão Poço da
Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA. As mudas foram implantadas com 1 ano
de idade, no espaçamento de 6,8 m x 3 m, totalizando 320 plantas. Foram abertos sulcos
de 20 cm x 20 cm x 20 cm para receber as plantas, com 1,0 kg de calcário, além de 0,5 kg
de superfosfato simples e 500 ml de fertilizante orgânico Ferti-Peixe.
Foi utilizado o delineamento de blocos ao acaso, no esquema de parcela subdividida
2x10 com quatro repetições, no qual as parcelas principais são os tipos de manejo de
cobertura do solo, e as subparcelas constituídas de combinações de diferentes copas e
porta enxertos, cada unidade experimental é composta por quatro plantas úteis.
No experimento utilizou-se 10 combinações de copas e porta enxertos, expressos
no Quadro 1.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
14
SUBPARCELAS
COMBINAÇÕES
LM FLY
Lima ácida “Tahiti” (Citrus latifolia Tanaka) / Poncirus trifoliata seleção ‘Flying
Dragon’.
LM SD
Lima ácida “Tahiti” (Citrus latifolia Tanaka) / Citrandarin ‘San Diego’ [C. sunki x
Poncirus trifoliata (L.) Raf.].
LM RV
Lima ácida “Tahiti” (Citrus latifolia Tanaka) / Citrandarin ‘Riverside’ [C. sunki x
Poncirus trifoliata (L.) Raf.].
LM CV
Lima ácida “Tahiti” (Citrus latifolia Tanaka) / Limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’
(Citrus limonia Osbecks).
LM CT
Lima ácida “Tahiti” (Citrus latifolia Tanaka) / Citrumelo ‘Swingle’ (Citrus
paradise Macfad).
LR SK
Laranjeira Pêra (Citrus sinensis (L.) Osbeck) / Tangerineira ‘Sunki’ [C. sunki
(Hayata) hort. ex Tanaka].
LR SD
Laranjeira Pêra (Citrus sinensis (L.) Osbeck) / Citrandarin ‘San Diego’ [C. sunki
x Poncirus trifoliata (L.) Raf.].
LR RV
Laranjeira Pêra (Citrus sinensis (L.) Osbeck) / Citrandarin ‘Riverside’ [C. sunki
x Poncirus trifoliata (L.) Raf.].
LR CV
Laranjeira Pêra (Citrus sinensis (L.) Osbeck) / Limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’
(Citrus limonia Osbecks).
LR IN
Laranjeira Pêra (Citrus sinensis (L.) Osbeck) / Citrandarin ‘Índio’ [C. sunki x
Poncirus trifoliata (L.) Raf.].
Quadro1: Combinações de copa e porta enxerto utilizadas.
Fonte: Autores.
Foram usados dois tipos de manejo de cobertura, o manejo convencional com
capina química, pela aplicação de herbicida de ação por contato a base de Paraquat, com
aplicações de 2,0 L ha-1 cada, no qual as aplicações ocorreram aos oito e aos 10 meses
após o transplantio, e manejo ecológico pela roçagem e manutenção da cobertura do solo
aos oito e aos 10 meses após o transplantio.
As plantas foram adubadas em um raio de um metro em projeção da copa conforme
análise de solo e de acordo com recomendações do programa nutricional de citros da
empresa Yara.
Para analisar o desenvolvimento vegetal foram realizadas cinco avaliações mensais
iniciadas sete meses após o transplantio, de março a julho de 2021. Em cada avaliação foi
mesurado os diâmetros de caule, com a utilização de um paquímetro, que foi posicionado
5cm acima da enxertia para mesurar o diâmetro do caule acima da enxertia (DCAc) e
5cm abaixo da mesma para determinar o diâmetro do caule abaixo da enxertia (DCAb).
Com base nestes parâmetros, calculou-se a razão de incompatibilidade (IC), que se
trata do cálculo da razão do DCAc/DCAb, em que compatibilidade plena é dada por um
(RODRIGUES et al., 2016).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
15
Também foram mensurados dados de altura total (Alt.) do colo ao ápice do ramo
mais alto da planta com o auxílio de uma régua graduada e os dados de diâmetro da copa
no sentido da linha e no sentido da entrelinha com auxílio da régua graduada, mensurandose a distância entre as extremidades horizontais das plantas nos dois sentidos. Com base,
nestes valores e na altura da planta foi calculado o volume de copa (VC) através da formula
abaixo, descrita por Fallahi; Rodney (1992).
Onde:
VC = volume de copa (em m³);
Alt = altura (em m);
DL = diâmetro da copa no sentido da linha (em m) e
DE = diâmetro da copa no sentido entrelinhas (em m).
Os resultados obtidos foram testados quanto a normalidade de resíduos pelo
método de Shapiro-Wilk, e homocedasticidade por Levene, ambos a 5% de probabilidade
(GASTWIRTH et al., 2009; ROYSTON, 1995). Os dados não aprovados nos testes foram
transformados por Box-Cox para atender os critérios de realização da análise de variância
(Anava).
Os dados constatados normais e homogêneos foram submetidos à Anava, a 5%
de probabilidade de erro, e agrupados por Scott Knott (p<0,05). Os valores que não
obtiveram normalidade e homocedasticidade foram submetidos ao teste não paramétrico
de Friedman a 5% de probabilidade de erro. Os processos estatísticos foram realizados
por meio Softwares Agrostat, Agrostat Online e Action Stat. (BARBOSA; MALDONADO
JUNIOR, 2010; MALDONADO JUNIOR, 2021).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Altura
Houve efeito significativo dos materiais genéticos na variável altura aos sete, nove
e 10 meses após o transplantio, porém os tipos de manejo não influenciaram a altura
em nenhum dos meses avaliados e somente houve interação significativa entre parcela
e subparcela aos 11 meses após o transplantio. As alturas aos oito meses, mesmo após
transformação de dados, não atenderam os pressupostos para análise de variância, sendo
submetidas a análise não paramétrica de Friedman.
Aos sete, nove e 10 meses após o transplantio, os porta-enxertos Tangerineira ‘Sunki’
(LR SK), Citrandarin ‘San Diego’ (LR SD), e Citrandarin ‘Riverside’ (LR RV), induziram sobre
a Laranjeira Pêra as maiores médias de altura (Tabela 1). Os porta-enxertos Citrandarin
‘San Diego’ (LM SD) e Limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’ (LR CV), também induziram maiores
médias de alturas sobre as copas Lima ácida “Tahiti” e Laranjeira Pêra, respectivamente,
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
16
porém nos meses nove e 10 diferiram estatisticamente das maiores médias.
Materiais Genéticos
Médias
Alt. 7
Alt. 9
Alt.10
LM FLY
72,73c
85,48d
90,31d
LM SD
93,27a
114,48b
130,00b
LM RV
88,39b
109,70c
131,44b
LM CV
86,83b
113,22b
129,23b
LM CT
87,28b
104,28c
117,36c
LR SK
90,72a
121,03a
144,86a
LR SD
92,42a
118,36a
138,38a
LR RV
91,14a
120,55a
135,86a
LR CV
92,23a
113,66b
129,07b
LR IN
88,23b
104,38c
118,47c
88,33
110,51
126,50
Médias
Nas colunas, médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott -Knott a 5% de
erro.
Tabela 1: Médias (em cm) das alturas das plantas aos 7, 9 e 10 meses após transplantio em função
dos Materiais Genéticos.
Amorim (2015) obteve as maiores médias de alturas na combinação de lima ácida
“Tahiti” sobre Citrandarin ‘San Diego’, o que pode ser indicativo de indução de alto vigor
desse material genético. Nessa mesma pesquisa, também foi observado maiores portes
em Citrandarin ‘Riverside’ e o Citrumelo ‘Swingle’, contudo, até a realização desse trabalho
não foi observado essa característica, podendo ser expressa na fase adulta do pomar.
A lima ácida “Tahiti” sobre Poncirus trifoliata seleção ‘Flying Dragon’ (LM FLY)
expressou as menores médias de altura. Esse resultado ocorre devido ao caráter ananicante
que este material genético atribui as copas nele enxertadas, sendo essa uma de suas
características mais notáveis (POMPEU JUNIOR; BLUMER, 2008).
Para o oitavo mês após o transplantio assim como os demais, não houve infl ência
dos manejos de plantas daninhas. Uma das hipóteses para essa ausência pode ser a
juvenilidade do pomar, sendo necessário maior tempo para que ocorra mudanças
microbiológicas e na química e física do solo nas linhas de plantio do manejo ecológico.
A biomassa cortada deposita-se no solo e cria uma camada de mulch (cobertura
seca), essa técnica promove diminuição da erosão e aumenta os teores de matéria orgânica
no pomar e consequentemente a sua mineralização, disponibilizando mais nutrientes e
retenção de água (HOBBS; SAYRE; GUPTA. 2008; MARTINELLI et al. 2018).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
17
Entretanto, foi verificado infl ência significativa dos diferentes materiais genéticos
sobre a altura das plantas, entre lima ácida Tahiti sobre ‘Flying Dragon’ (LM FLY) e
Laranjeira Pêra sobre Citrandarin ‘San Diego’ (LR SD), que apresentou média superior ao
LM FLY (Tabela 2).
Materiais Genéticos
Alt. 8
LM FLY
79,10b
LM SD
104,53ab
LM RV
101,44ab
LM CV
103,50ab
LM CT
98,97ab
LR SK
107,16ab
LR SD
110,38a
LR RV
106,44ab
LR CV
100,44ab
LR IN
95,47ab
Média
100,74
Médias com letras diferentes diferem entre si pelo teste Friedman a 5% de erro.
Tabela 2: Médias (em cm) das alturas das plantas aos oito meses após transplantio Materiais
Genéticos.
Nas médias das alturas aos 11 meses após o transplantio em função dos manejos
e materiais genéticos, observa-se que o manejo convencional influenciou em um maior
crescimento da aranja sobre Citrandarin Riverside (LR RV), em comparação ao manejo
ecológico de plantas daninhas. O inverso foi observado na Laranjeira Pêra sobre Índio (LR
IN) e lima ácida sobre Flying Dragon (LM FLY), expresso na Tabela 3.
O tratamento LM FLY, expressou menores alturas em todos os meses avaliados
independente de manejo, o que é uma característica positiva em um pomar citrícola
comercial, pois facilita e reduz o custo da colheita e permite melhor inspeção e controle de
doenças e pragas.
A laranjeira pera, por sua vez, obteve seu porte reduzido quando no tratamento sobre
o porta-enxerto Citrandarin ‘Índio’, apresentando-se como uma alternativa para indução de
menores alturas nessa laranjeira uma vez que esta é incompatível com trifoliatas como o
‘Flying Dragon’.
Entretanto, Carvalho et al. (2016) ao analisarem laranjeiras de dois a quatro anos
de idade, concluíram que porta-enxerto Citrandarin ‘Índio’ não diferiu do ‘San Diego’,
apresentando as maiores medias de alturas. Essa diferença pode se dar em função da
diferença de idade entre os pomares avaliados, sendo de maior idade as plantas analisadas
pelo autor. Assim, uma hipótese é que a LR IN expressa um crescimento inicial lento,
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
18
podendo chegar a grandes portes quando o pomar estiver alcançado maturidade fisiológica
Materiais genéticos
Alt. 11
LM FLY
LM SD
LM RV
LM CV
LM CT
LR SK
LR SD
LR RV
LR CV
LR IN
Médias
Man.
Convencional
91,75Ac
140,41Aa
134,47Aa
139,97Aa
122,31Ab
149,00Aa
143,34Aa
152,31Aa
140,63Aa
117,66Bb
133,18
Man.
Ecológico
102,23Ac
137,50Ab
140,25Ab
134,72Ab
119,41Ac
160,00Aa
147,03Aa
130,42Bb
137,10Ab
135,70Ab
134,44
96,99
138,95
137,36
137,34
120,86
154,50
145,19
141,37
138,86
126,68
133,81
Médias
Letras maiúsculas diferentes indicam diferença na coluna e letras minúsculas diferentes indicam
diferença na linha pelo teste Scott -Knott a 5% de erro.
Tabela 3 - Médias (em cm) das alturas das plantas aos 11 meses após transplantio em função dos
Manejos e Materiais Genéticos.
3.2 Índice de Compatibilidade (IC)
Os valores de Índice de Compatibilidade (IC) apresentaram-se normais e
homogêneos, portanto, passíveis de anava. O manejo não influenciou estatisticamente,
contudo os materiais genéticos influenciaram de forma efetiva em todos os meses avaliados
para o referido parâmetro em todas avaliações.
As maiores médias foram expressas pelos tratamentos limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’
(LM CV) e laranjeira Pêra sobre Tangerineira ‘Sunki’ (LR SK), as quais apresentaram
valores mais próximos a um, o que aponta compatibilidade plena (Tabela 4). As menores
médias foram encontradas no tratamento lima ácida sobre Citrumelo ‘Swingle’, que em
todas a análises se manteve entre os piores ICs, o que indica a baixa compatibilidade
desse material genético em relação aos outros.
Materiais Genéticos
Médias
IC 7
IC 8
IC 9
IC 10
IC 11
LM FLY
0,72b
0,73d
0,74d
0,74c
0,74d
LM SD
0,76b
0,81b
0,80b
0,79b
0,80c
LM RV
0,82a
0,83a
0,82b
0,85a
0,85b
LM CV
0,83a
0,85a
0,85a
0,86a
0,89ª
LM CT
0,67c
0,71d
0,70d
0,70d
0,69e
LR SK
0,85a
0,86a
0,84a
0,85a
0,86b
LR SD
0,75b
0,77c
0,75c
0,73c
0,73d
LR RV
0,79a
0,79b
0,78c
0,79b
0,77c
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
19
0,83b
LR CV
0,81a
0,81b
0,82b
0,84a
LR IN
0,80a
0,81b
0,77c
0,79b
0,79c
0,78
0,80
0,79
0,79
0,80
Média
Nas colunas, médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott -Knott a 5% de
erro.
Tabela 4 - Médias dos Índices de Compatibilidade de caule aos 7, 8, 9, 10 e 11 meses após transplantio
em função dos Materiais Genéticos.
Quando os materiais genéticos combinados são capazes de se ligar, e as células
dos tecidos meristemáticos entre o xilema e o floema apresentam forma, tamanho e
consistência semelhantes, atribuem às plantas resistência a fatores bióticos e abióticos. A
incompatibilidade ocorre quando os tecidos entre enxerto e porta-enxerto da não se unem
e há o mal reconhecimento celular (PEREIRA et al. 2014; BITHELL et al. 2013).
Oliveira et al. (2012), ao analisarem o porta-enxerto ‘Indio’ em diferentes copas
enxertadas sobre ele, inclusive a laranjeira ‘Pera B’, obtiveram os melhores índices
de compatibilidade. Entretanto, o citrumelo ‘Swingle’ apresentou o maior grau de
incompatibilidade quando enxertado em diferentes copas.
3.3 Volume de Copa
Os dados de volume de copa mostraram-se normais e homogêneos, aptos à anava.
Os manejos de plantas daninhas não causaram diferença estatística, assim como as
interações entre os manejos e os materiais genéticos. Contudo, os materiais genéticos
foram significativos para os volumes de copa em todos os períod s avaliados.
A lima ácida sobre os Cintrandarin ‘San Diego’, Citrandarin ‘Riverside’ e Limoeiro
‘Cravo Santa Cruz’ apresentou os maiores volumes durante todas as avaliações. Por outro
lado, a laranjeira Pêra sobre Citrandarin ‘Índio’ (LR IN) obteve os menores valores de
volume de copa (Tabela 5).
Materiais Genéticos
Médias
VOL 7
VOL 8
VOL 9
VOL 10
VOL 11
LM FLY
0,15c
0,23c
0,34c
0,45c
0,60d
LM SD
0,37a
0,62a
0,87a
1,29a
1,56ª
LM RV
0,40a
0,70a
0,90a
1,57a
1,83ª
LM CV
0,41a
0,70a
0,92a
1,51a
1,69ª
LM CT
0,26b
0,44b
0,54b
0,84b
0,93b
LR SK
0,15c
0,22c
0,35c
0,54c
0,72c
LR SD
0,12c
0,20c
0,29c
0,46c
0,55d
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
20
LR RV
0,13c
0,19c
0,32c
0,42c
0,57d
LR CV
0,13c
0,18c
0,31c
0,38c
0,57d
LR IN
0,13c
0,15c
0,23d
0,35c
0,36e
0,23
0,36
0,51
0,78
0,94
Média
Nas colunas, médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott -Knott a 5% de
erro.
Tabela 5- Médias (em m³) dos Volumes de Copa aos 7, 8, 9, 10 e 11 meses após transplantio em
função dos Materiais Genéticos.
Rodrigues (2018) ao analisar o pomar de três a sete anos de laranjeira Pêra combinada
a vários porta-enxertos, obteve resultado inverso ao presente estudo. Uma hipótese é que
LR IN não expressa crescimento inicial acentuado, contudo há a possibilidade de que com
maior idade este alcance volumes superiores às outras combinações, sendo necessário o
prosseguimento da presente pesquisa.
Nos tratamentos da copa lima ácida ‘Tahiti’, o porta-enxerto ‘Flying Dragon’
apresentou menores médias de volume de copa no período avaliado, o mesmo foi observado
por Amorim (2015) nas limeiras ácidas de 5 anos no litoral Baiano.
Menores volumes de copa permitem maior adensamento de plantio, além de
necessitar menos as podas, o que é cada vez mais buscado na agricultura moderna (AULER;
FIORI-TUTIDA; TAZIMA, 2008). Um alto rendimento por volume de copa combinado a um
pequeno volume desta possibilita que o pomar apresente maior produtividade, mas para
observar estas características, é necessário que o presente experimento se estenda até a
fase adulta do pomar.
4 | CONCLUSÕES
A copa Lima ácida ‘Tahiti’ sobre Poncirus trifoliata seleção ‘Flying Dragon’ (LM FLY)
apresentou menor altura de planta e volume de copa no período avaliado. Por outro lado,
os volumes de copa maiores foram expressos sobre os Citrandarins ‘San Diego’ (LM SD) e
‘Riverside’ (LM RV), e no limoeiro ‘Cravo Santa Cruz’ (LM CV).
Na Laranjeira ‘Pêra’ as menores alturas e volumes foram observadas no porta-enxerto
Citrandarin ‘Índio’. Contudo, as maiores alturas foram observadas sobre o Citrandarin ‘San
Diego’ (LR SD) e a tangerineira ‘Sunki’ (LR SK)
Os diferentes manejos de plantas daninhas não influenciaram em nenhuma das
variáveis analisadas.
Nota-se a interação dos manejos de plantas daninhas com os materiais genéticos
na altura aos 11 meses após o transplantio, quando o manejo ecológico induziu um menor
crescimento em LR RV e um porte maior em LR IN.
Os melhores índices de compatibilidades foram observados nos tratamentos LM CV
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
21
e LR SK, enquanto o pior foi constatado na lima ácida ‘Tahiti’ sobre o Citrumelo ‘Swingle’
(LM CT).
REFERÊNCIAS
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Norte do Estado da Bahia. Orientador :Eduardo Augusto Girardi. 2015. 77f. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas,
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BARBOSA, J. C.; MALDONADO JUNIOR, W. Agrostat-Sistema para análises estatísticas de ensaios
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
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Royal Statistical Society. Series C (Applied Statistics), v. 44, n. 4, p. 547-551, 1995.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 2
23
CAPÍTULO 3
DIAGNÓSTICO BIOCLIMÁTICO PARA PRODUÇÃO
DA LARANJA VALÊNCIA NO MUNICÍPIO DE
ERECHIM – RS
Data de aceite: 01/11/2021
Data de submissão: 11/10/2021
John Edson Chiodi
Mestrando em Eng. Agrícola, UFCG, Campina
Grande-PB
Erechim-RS
linkedin.com/in/john-chiodi
http://lattes.cnpq.br/2149224325804927
https://orcid.org/0000-0002-7707-7693
Dermeval Araújo Furtado
Doutor em Recursos Naturais, UFCG
Campina Grande-PB
http://lattes.cnpq.br/9812880885367814
https://orcid.org/0000-0002-5035-2712
Yokiny Chanti Cordeiro Pessoa
Doutoranda em Eng. Agrícola, UFCG, Campina
Grande-PB
Campina Grande-PB
http://lattes.cnpq.br/1977855967396075
https://orcid.org/0000-0003-1165-7430
Fernando Meira Lima
Mestrando em Eng. Agrícola, UFCG, Campina
Grande-PB
Campina Grande-PB
http://lattes.cnpq.br/2885334789200205
Airton Gonçalves De Oliveira
Doutorando em Eng. Agrícola, UFCG, Campina
Grande-PB
Campina Grande-PB
http://lattes.cnpq.br/4285867711243914
https://orcid.org/0000-0001-7150-0123
RESUMO: A pesquisa teve como objetivo realizar
o diagnóstico ambiental sobre as condições
climatológicas do município de Erechim-RS,
para a produção da laranja Valência (Citrus
sinensis (L.) OSB.), utilizando-se os dados
climatológicos fornecidos pelo Instituto Nacional
de Meteorologia no período de 2008 a 2017
(temperaturas máxima, média e mínima do ar,
umidade relativa do ar e precipitação). Os valores
de precipitação (médias mensais de 160,2 a
168,6 mm) e umidade relativa do ar (73%) ficara
um pouco acima das exigidas pelas plantas, com
temperatura do ar (20,1 °C) abaixo da ideal, mas
favorecendo o desenvolvimento das plantas e
a polinização, portanto o clima dessa região é
parcialmente propício para ao cultivo da laranja
Valência, necessitando de correções no campo
de cultivo para maximizar a produção.
PALAVRAS-CHAVE: Clima, ambiência, citrus,
região sul.
BIOCLIMATIC DIAGNOSIS FOR ORANGE
PRODUCTION VALENCIA IN THE CITY
OF ERECHIM – RS
ABSTRACT: The research aimed to carry out
the environmental diagnosis on the climatic
conditions of the municipality of Erechim-RS,
for the production of the Valencia orange (Citrus
sinensis (L.) OSB.), Using the climatological data
provided by the National Institute of Meteorology
in the period from 2008 to 2017 (maximum,
average and minimum air temperatures, relative
humidity and precipitation). The precipitation
values (monthly averages from 160.2 to 168.6
mm) and relative humidity (73%) were slightly
above those required by the plants, with an air
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 3
24
temperature (20.1 ° C) below the ideal, but favoring the development of plants and pollination,
therefore the climate of this region is partially conducive to the cultivation of Valencia orange,
requiring corrections in the field of cultivation to maximize production
KEYWORDS: Climate, ambience, citrus, southern region.
1 | INTRODUÇÃO
O Brasil é o maior produtor mundial de citrus e exportador de suco concentrado
de laranja (Citrus sinensis (L.) OSB), (Melo et al., 2009). A cultura da laranja Valência
apresenta importância econômica, devido à alta produtividade e qualidade dos frutos, que
possuem tamanho ideal e excelente coloração interna e externa, perfeitos para produção
de suco e consumo in natura, com sabor apurado (Oliveira et al., 2008).
A citricultura na Região do Alto Uruguai Gaúcho, onde se localiza a cidade de
Erechim-RS, envolve 2 mil produtores de laranja, com produção de 59 mil toneladas e área
cultivada de 2.952,80 hectares, produzindo 20 mil quilos por hectare (EMATER, 2018).
Em relação à categoria de solo, os mais indicados para produção de citrus são os arenoargilosos permeáveis, por facilitarem o desenvolvimento radicular e com profundidade
efetiva superior a 60 cm, com pH entre 5,5 e 6,5 e boa fertilidade (Santoro, 2018).
Dentre os fatores que influenciam a produtividade e qualidade dos cultivos, Moreto
(2015) relata que o clima tem sido considerado como preponderante na determinação do
desempenho produtivo das plantas cítricas.
A temperatura ambiente é um fator que influencia diretamente na qualidade e
maturação dos citrus, sendo ideal que permaneça na faixa de 25 a 30 °C durante o dia e,
no período noturno, de 10 a 15 °C, para a excelência no desenvolvimento e no aspecto
vegetativo, onde temperaturas basais inferiores ou superiores a 12,8 e 37 °C podem
paralisar o crescimento; a tolerância foliar à geada nas plantas adultas é de -4 °C, deixando
sequelas significativas na parte externa e, com -10 °C, ocorre a morte da planta (Efrom &
Souza, 2018). A umidade relativa do ar entre 60 e 70%, com baixa velocidade do vento, são
condições propícias ao período de florescimento e frutificação (Esfrain & Siqueira, 2018). A
necessidade hídrica para alcançar o bom desenvolvimento da laranjeira é em torno de 600
a 1300 mm ao ano (Efrom & Souza, 2018).
O presente trabalho visa desenvolver um estudo climatológico para diagnóstico
bioclimático do município de Erechim-RS, com o intuito de averiguar a viabilidade da
produção da laranja Valência (Citrus sinensis (L.) OSB.).
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Os dados climatológicos foram coletados do Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET), no período de 2008 a 2017, analisados os gráficos, realizados os cálculos das
médias mensais e anuais da temperatura, umidade relativa do ar e precipitação pluviométrica
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 3
25
para o período. Para os dados climáticos (IBGE, 2002) foram utilizados os dados da estação
meteorológica localizada em Erechim-RS, latitude 27° 36′, 52″S, longitude 52° 13′ 34,1″W
e 709 metros acima do nível do mar (Figura 1) que, segundo a classificação de Köppen, o
município possui o tipo climático Cfa, clima subtropical úmido, cuja principal característica
é transitar entre condições de clima temperado e de tropical, destacando-se que às quatro
estações estão bem definidas ao longo do ano (Rossato, 20 1).
Figura 1. Mapa representativo dos municípios do Rio Grande do Sul (Localização do município de
Erechim — RS)
Fonte: NETAP
A média de umidade relativa do ar para o período foi de 73,0% e os dados anuais
apresentaram máximas que se concentraram nos anos de 2011 e 2015 (87%), e as mínimas
nos anos de 2008 e 2014 (73%), conforme Figura 2 A.
O mês de junho é o que apresenta menor temperatura média (13,6 °C), com os
meses de maio e julho (médias de 14,3 e 15,7 °C) e as maiores médias estão entre os
meses de dezembro, janeiro e fevereiro, que foram de 22,7, 23,0 e 23,2 °C, respectivamente
(Figura 2 B).
Figura 2 A – Umidade
Figura 2 B - Temperatura
Fonte: INMET
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 3
26
No período de 2008 a 2017 a precipitação média anual foi de 1 627,14 mm, sendo
no ano de 2013 de 2 010,6 mm, ano com maior registro de precipitações. Já em 2012, foi o
ano de grande estiagem com um dos menores registros, com diferença de 1 004,0 mm em
relação ao ano de 2013 (Figura 3 B).
No mês de outubro houve a maior média mensal de precipitação pluvial 182,9 mm,
já a menor média ocorreu no mês de abril com 111,7 mm (Figura 3 A). A amplitude da média
de precipitações nos meses de maior e menor registro foi de 147,3 mm. Estes meses fazem
parte de períodos transitórios entre as estações. A média mensal no período de análise
teve os registros de precipitação pluvial de 144,9 mm e a precipitação média dos anos
analisados foi de 1.627,14 mm, ficando acima da ideal (600 a 1.300 mm) (Efrom & Souza,
2018).
Figura 3 A – Precipitação média mensal
Figura 3 B - Precipitação média anual
Fonte: INMET
A precipitação média na região, no período em estudo de 2008 a 2017, conforme
observado na Figura 3 B, variou de 906,2 a 2 010,6 mm ano. Estes valores atendem
plenamente a demanda hídrica da laranjeira visto que a quantidade de água necessária
para o cultivo do citrus variam entre 600 a 1300 mm ano (Efrom & Souza, 2018). Observase ainda na Figura 3 B que, à exceção de 2012 e 2016, os demais anos apresentaram
precipitações superiores à exigida pela cultura da laranja.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
O excesso de umidade (Figura 3 A e B), constitui condições desfavoráveis às plantas,
prejudicando seu desenvolvimento radicular, principalmente em solos pouco profundos,
de textura muito argilosa ou compactação de camadas subsuperficiais. Como estratégias
para otimização da citricultura, sugere-se evitar o plantio em áreas baixas, utilizar,
preferencialmente, áreas de declive e, quando ocorrer encharcamento, fazer construção
de terraços, plantio ao nível, construção de canais de drenagem, em camalhões (Mattos
et al., 2005).
A temperatura do ar, conforme pode ser visto na Figura 2 B, variou nos meses de
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 3
27
setembro a janeiro de 11,6 a 28,6°C, média de 20,1 °C e, raramente foram inferiores a 4°C
ou superiores a 31°C, sendo o verão longo, morno e úmido; o inverno é curto e ameno,
e a laranja valência é uma cultivar considerada de maturação tardia, ou seja, seus frutos
atingem a maturação entre os meses de setembro a janeiro, não sendo prejudicada pelas
baixas temperaturas no período de inverno. A temperatura média máxima em torno de
28,6 °C e a mínima de 11,6 °C, no período de maturação do fruto (Figura 2 B), assim, o
clima da região contribui para o desenvolvimento e produção da laranjeira, observando
e mantendo o sistema de plantio para extrair o potencial máximo da produção. Segundo
Santoro (2019) as laranjeiras têm preferência por temperaturas amenas, de 23 °C a 32 °C.
De uma forma geral, embora haja probabilidade de risco de geada, as temperaturas são
propícias à cultura da laranja e da tangerina e, temperaturas muito baixas (< -2,5°C) podem
causar danos aos citrus e menores do que 15 °C, durante a fase de maturação dos frutos,
frequentes nessas regiões, são excelentes para a produção de frutas de alta qualidade
(Wrege et al., 2004).
A média da umidade relativa do ar (73%) ficou um pouco acima da exigida pela
cultura dos citrus, sendo a ideal entre 60 e 70% (Esfraim & Siqueira, 2018), podendo haver
riscos na ocorrência de doenças, por isso há necessidade de acompanhamento técnico e
tratamento de doenças que possam afetar o pomar (Fronza & Hamann, 2014).
A região apresenta solo do tipo latossolo vermelho aluminoférrico típico, com a
textura argilosa a muito argilosa (Nunes & Cassol, 2008), que possibilita o desenvolvimento
da agricultura com produtividade média a elevada, mas com necessidade de emprego
frequente de corretivos e fertilizantes, pois são solos de baixa fertilidade, toxidez de
alumínio e alto teor de ferro, necessitando de análises de solo para se poder extrair o
máximo potencial (Nunes & Cassol, 2008)a maioria obtida com o uso de chuva simulada
em campo e, ou, laboratório. O uso de propriedades de obtenção mais rápida, simples e
de baixo custo, como textura, teor e tipo de óxidos e estabilidade dos agregados em água,
pode contribuir para facilitar a estimativa do fator de erodibilidade do solo em entressulcos
(Ki. Os citrus não possuem grandes exigências quanto a características do solo, podendo
adaptar-se a texturas muito arenosas até as argilosas (Efrom & Souza, 2018).
Para barrar rajadas de ventos fortes, deve-se implantar quebra-ventos, indicados
para duas categorias de ventos, secos e quentes — que desidratam as plantas — e
frios e úmidos. Ambos são transportadores de doenças e, acima de 10 km/h, reduzem
o crescimento
por causarem danos físicos e fisiológicos nas plantas e retardarem a
produtividade e longevidade (Efrom & Souza, 2018).
O vento é um agente polinizador de mínima importância, visto que o pólen dos
citrus é viscoso, aderente e bastante pesado (Soler et al., 1996). Assim, este trabalho é
feito pelas abelhas e as flores de laranjeiras que recebem de 1 a 9 visitas de abelhas,
têm o percentual de fecundação em torno de 50 a 65%, enquanto as que recebem de 10
a 15 visitas, têm 83,79%. As flores com livre visitação de insetos apresentam 72,30% de
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 3
28
fecundação (Malerbo-Souza et al., 2003). Então, deve-se ter atenção com a vegetação
em torno do pomar e as abelhas existentes para evitar polinização cruzada que, para o
melhor desempenho no pomar, pode-se fazer parcerias com apicultores, devendo-se ter os
cuidados no manejo, pulverizações e retirada das colmeias (Efrom & Souza, 2018).
4 | CONCLUSÃO
A região de Erechim-RS apresenta algumas restrições na implantação de pomares
de laranja Valência, como a correção constante do solo, principalmente com a elevada
precipitação pluviométrica. A temperatura média ficou um pouco abaixo da desejada, com
alta umidade relativa do ar na maior parte do ano, portanto a região pode ser propícia ao
cultivo da cultura da laranja Valência, desde que efetuado o devido acompanhamento técnico.
REFERÊNCIAS
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Capítulo 3
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 3
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CAPÍTULO 4
SURVIVAL OF Xanthomonas citri pv. fuscans IN THE
PHYLLOPSHERE AND RHIZOSPHERE OF CROPS
AND WEEDS
Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior
Data de aceite: 01/11/2021
Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Faculdade de Ciências Agronômicas,
Departamento de Proteção Vegetal
Botucatu – SP
http://lattes.cnpq.br/8339885078193411
Luana Laurindo de Melo
Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Faculdade de Ciências Agronômicas,
Departamento de Proteção Vegetal
Botucatu – SP
http://lattes.cnpq.br/0840830516407273
Daniele Maria do Nascimento
Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Faculdade de Ciências Agronômicas,
Departamento de Proteção Vegetal
Botucatu – SP
http://lattes.cnpq.br/1256458576039186
João César da Silva
Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Faculdade de Ciências Agronômicas,
Departamento de Proteção Vegetal
Botucatu – SP
http://lattes.cnpq.br/5432835117468005
José Marcelo Soman
Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Faculdade de Ciências Agronômicas,
Departamento de Proteção Vegetal
Botucatu – SP
http://lattes.cnpq.br/0840830516407273
João Batista Romano Filho
Universidade do Sagrado Coração
Bauru-SP
http://lattes.cnpq.br/0894471492374947
Antonio Carlos Maringoni
Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Faculdade de Ciências Agronômicas,
Departamento de Proteção Vegetal
Botucatu – SP
http://lattes.cnpq.br/0464443742139470
ABSTRACT: Xanthomonas citri pv. fuscans
(Xcf), the causal agent of common bacterial
blight, causes high damage to the common bean
(Phaseolus vulgaris L.) crop and the knowledge
of its ecological survival niches is fundamental
for the efficient disease management. This work
evaluated the Xcf survival in the phyllosphere
and rhizosphere of 17 crops, used in rotation with
common bean, and 15 weeds, that occurring in
bean cultivation areas. In the crops phyllosphere,
the longest survival periods were obtained in
white oat, common bean, common bean cv. jalo
and wheat (63 days), forage turnip (56 days),
maize (49 days), peanut and barley (42 days).
In weeds, the longest periods were registered in
the phyllosphere of N. physalodes (63 days), C.
benghalensis and L. virginicum (49 days), and C.
bonariensis (35 days). The survival periods in the
rhizosphere were lower than those observed in
the phyllosphere, with emphasis on ryegrass (21
days) and crotalaria (14 days), among the crops,
and C. benghalensis (21 days), A. viridis and D.
stramonium (14 days), among the weeds. Based
on the results, the rhizosphere is not a potential
Xcf survival niche. In addition to common bean,
jalo bean, white oat, wheat, and forage turnip
have been identified as possible alternative hosts
of Xcf and should be avoided in succession with
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 4
31
common bean, especially in areas with a history of common bacterial blight. In weeds, except
for A. tenella, C. rotundus, P. oleraceae and S. americanum, Xcf survived in the phyllosphere
and/or rhizosphere of the other species for at least seven days, and eradication in bean crop
fields is recommended
KEYWORDS: Phaseolus vulgaris, common bacterial blight, disease management, ecology,
and crop rotation.
SOBREVIVÊNCIA DE Xanthomonas citri pv. fuscans NO FILOPSFERA E
RIZOSFERA DE PLANTAÇÕES E ERVAS DANINHAS
RESUMO: Xanthomonas citri pv. fuscans (Xcf), agente causal do crestamento bacteriano
comum, causa grandes danos ao feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) e o conhecimento
de seus nichos ecológicos de sobrevivência é fundamental para o manejo eficiente da
doença. Esse trabalho avaliou a sobrevivência de Xcf na filosfera e rizosfera de 17 plantas
cultivadas, usadas em rotação de cultura com o feijão comum, e 15 plantas daninhas,
que ocorrem em áreas de cultivo de feijoeiro. Na filosfera das plantas cultivadas, maiores
períodos de sobrevivência foram obtidos na aveia branca, feijão comum, feijão cv. Jalo e
trigo (63 dias), nabo forrageiro (56 dias), milho (49 dias), amendoim e cevada (42 dias). Nas
plantas daninhas, maiores períodos de sobrevivência foram registrados na filosfera de N.
physalodes (63 dias), C. benghalensis e L. virginicium (49 dias), e C. bonariensis (35 dias).
Os períodos de sobrevivência na rizosfera foram maiores que os observados na filosfera,
com ênfase para azevém (21 dias) e crotalária (14 dias), dentre as plantas cultivadas, e C.
benghalensis (21 dias), A. viridis e D. stramonium (14 dias), dentre as plantas daninhas. Com
base nesses resultados, a rizosfera não é um potencial nicho de sobrevivência para Xcf. Além
do feijão comum, o feijão cv. Jalo, aveia branca, trigo e nabo forrageiro foram identificados
como possíveis hospedeiros alternativos de Xcf e devem ser evitados em sucessão ao feijão
comum, especialmente em áreas com histórico de crestamento bacteriano comum. Em
plantas daninhas, com exceção de A. tenella, C. rotundus, P. olereacae e S. americanum, Xcf
sobreviveu na filosfera e/ou rizosfera das outras espécies por pelo menos sete dias, e sua
erradicação das lavouras de feijoeiro é recomendada.
PALAVRAS-CHAVE: Phaseolus vulgaris, crestamento bacteriano comum, manejo de
doenças, ecologia, rotação de culturas.
1 | INTRODUCTION
Common bean (Phaseolus vulgaris L.) has great importance in the agricultural
scenario due to profitabilit , in addition to nutritional benefits and social aspects, acting as a
protein source in human food, especially in developing countries, such as Brazil (BARBOSA;
GONZAGA 2012; MYERS; KMIECIK, 2017).
Diseases of bacterial etiology are one of the most important factors that can limit
the common bean cultivation, due to the high damage, especially in countries with tropical
climate (ROMEIRO, 2005). The common bacterial blight (CBB), caused by Xanthomonas
phaseoli pv. phaseoli (Xpp), and the fuscans variant Xanthomonas citri pv. fuscans (Xcf), is
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 4
32
one of the main bacterial diseases in major bean producing countries, with losses around
70% (BOERSMA et al. 2015; WENDLAND et al. 2016; CHEN et al., 2021).
During extended periods of warm and humid weather, the disease can be highly
destructive, causing losses in both yield and seed quality. Symptoms manifest in the aerial
part of the plant, affecting leaves, stems, pods, and seeds. On the leaves, symptoms initially
appear as water-soaked spots that gradually enlarge, become flaccid, and then necrotic
surrounded or not by a strict yellow halo. As they develop, the tissues become dry and
brittle. Lesions may be sparse on the limbus, or the marginal part of the leaf. In the pods,
little balls appear, small watery spots, which progressively increase in size, being coated
with yellowish encrustations that then become depressed and reddish. In seeds, once the
pod infection occurs, rotting or wrinkling appears (SCHWARTZ et al., 2005; WENDLAND
et al. 2016).
The disease management is based on the use of health seeds, incorporation of crop
debris in the soil, use of bean cultivars with resistance levels, crop rotation with non-host
species for the bacteria, and elimination of alternative hosts, such as weeds. Chemical
control is restricted to the application of copper-based solutions in fields (WENDLAND et
al., 2016; AGROFIT, 2021).
Xpp can survive in Beta vulgaris (beet), Glycine max (soybean), Vigna unguiculata
(cowpea), and weeds Amaranthus hybridus (slender amaranth), Bidens pilosa (hairy
beggarticks), Cyperus rotundus (purple nutsedge), and Oxalis latifolia (purple-leaved sorrel)
(CAFATI; SAETTLER 1980; ANGELES-RAMOS et al., 1991; KARAVINA et al. 2011). The
knowledge of alternative hosts is fundamental for the efficient management of CBB.
Our study aimed to evaluate the survival of Xcf in the phyllosphere and rhizosphere
of crops commonly used in rotation system with common bean, and in weeds that are
frequently present in bean crop fields
2 | MATERIAL AND METHODS
The experiment was conduced at the Departamento de Proteção Vegetal, Faculdade
de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’ – FCA/
UNESP, Botucatu, São Paulo, Brazil.
2.1 Crops and weeds used
For the experiment, 17 crops and 15 weeds were used. The crop species were:
Arachis hypogae (peanut cv. IAC 503), Avena sativa (white oat cv. IPR 126), Avena strigosa
(black oat cv. Embrapa 29), Brassica napus (rapeseed hybrid Hyola 61), Cajanus cajan
(pigeon pea cv. Crioula), Crotalaria juncea (sunn hemp cv. IAC-1), Glycine max (soybean
cv. M6410 PRO), Gossypium hirsutum (cotton cv. IAC 23), Helianthus annuus (sunflowe
cv. IAC Iarama), Hordeum vulgare (barley cv. BRS Cauê), Lolium multiflorum (ryegrass cv.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 4
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Barjumbo), Mucuna pruriens (velvet bean cv. mucuna preta), Phaseolus vulgaris (common
bean cv. IPR Campos Gerais), Phaseolus vulgaris (cv. Jalo MG-65), Raphanus sativus
(turnip cv. IPR 116), Triticum aestivum (wheat cv. BRS374), and Zea mays (maize cv. IAC
8390).
The weed species were: Alternanthera tenella (hairy joyweed), Amaranthus viridis
(slender amaranth), Bidens pilosa (hairy beggarticks), Commelina benghalensis (benghal
dayflower), Conyza bonariensis (hairy fleabane), Cyperus rotundus (purple nutsedge),
Datura stramonium (jimsonweed), Galinsoga parviflora (gallant soldier), Gnaphalium
purpureum (spoonleaf purple everlasting), Lepidium virginicum (Virginia pepperweed),
Nicandra physalodes (apple of Peru), Portulaca oleraceae (common purslane), Sida
rhombifolia (arrowleaf sida), Solanum americanum (american black nightshade) and
Sonchus oleraceus (common sowthistle).
All plants were cultivated in 3 L pots containing soil mixture (organo-mineral substrate
Tropstrato HT® and sand, in the ratio of 1:1:1), plus 0.6 kg/m3 of ammonium sulfate, 1.7 kg/
m3 of simple superphosphate, 0.6 kg/m3 of potassium chloride and 0.8 kg/m3 of dolomitic
limestone.
2.2 Plant inoculation and sampling
The experiment was performed 40 days after sowing. Plants were inoculated with the
Xcf strain Feij. 7732R, resistant to rifampicin, from the Laboratório de Bacteriologia Vegetal
- FCA/UNESP. The strain was cultivated in NSAR culture medium, consisted by nutrientagar (NA, Merck), plus 5 g.L-1 of sucrose (Synth), and 100 μg.ml -1 of rifampicin (Rifaldin)
(incubation 28°C /48 h) (NASCIMENTO et al., 2021).
The aerial part of the plants was sprayed with bacterial suspension (1x107 CFU.mL-1)
until the point of run-off. For rhizosphere assessment, the soil was infested with 300 mL of
a bacterial suspension at the same concentration.
The plants were kept in a greenhouse with average temperature ranging from 22.8
°C to 28.6 °C. The plant samplings were carried out for phyllosphere and rhizosphere every
7 days for 70 days.
2.3 Sample processing
Xcf recovery from the phyllosphere and rhizosphere was performed by collecting
three plants of each specie at each evaluation period.
For the phyllosphere, the aerial part of the plants was sectioned and homogenized,
obtaining a composite sample for each plant specie. Five grams of each composite sample
were transferred to Duran® flasks containing 100 mL of sterile distilled water followed by
agitation (300 rpm/30 min).
For the rhizosphere, the soil adhered to the roots was collected individually in
sterilized beckers, obtaining composite samples. Five grams of each composite sample
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 4
34
were transferred to Duran® flasks containing 100 mL of sterile distilled water followed by
agitation (300 rpm/30 min) and sedimentation (30 min).
After the sample processing, 100 μL of the supernatants were plated in NSAR
medium supplemented with chlorothalonil (0.01 g.L-1) and methyl thiophanate (0.01 g.L-1).
The Petri dishes were incubated (28 °C/72 h) and evaluated for the presence or absence
of Xcf colonies.
2.4 Experimental design
The experimental design was completely randomized with 64 treatments (32 plant
species x 2 survival niches). In addition, the negative control for the rhizosphere was
represented by soil pots without plants. Seven pots were used per treatment, each containing
five plants of each specie. For positive control of the phyllosphere and rhizosphere, common
bean plants, main host of Xcf.
2.5 Characterization of bacterial strains
To confirm the Xcf survival periods in all plants evaluated, colonies with Xcf
morphological characteristics were selected from all treatments and identified by PCR using
specific primers X3k (5′-GCTGTTGAT-CGCGCCGCCGTACC-3′) and X4e (5′ CGCCGGAA
GCACGATCCTCGAAG-3′) (Audy et al. 1994). The total DNA of each strain was extracted
from suspension (108 UFC.mL-1) at 95°C/15 min, followed by rapid cooling in ice. Each
PCR reaction was composed of 12.5 µL GoTaq Green Master Mix (Promega, USA), 0.5
µL of each primer, 8.5 µL of MiliQ water, and 3.0 µL of DNA. The PCR was performed
in a ThermoCycler (Mastercyclers Gradient-Eppendorf, USA) and the PCR amplificatio
conditions were as described by Audy et al. (1994). The amplified DNAs were submitted to
horizontal electrophoresis, at 6 V/cm2 in gel consisting of 1% agarose (w/v) with TBE buffer
(90 mM Tris; pH 8.3; 90 mM of boric acid and 0.1 mM EDTA), plus Neotaq Brilliant Green
Plus dye (7 µL/100 mL). The gels were visualized and registered in a Photodocumenter
BioDoc-It Imaging System (UVP, CA).
3 | RESULTS AND DISCUSSIONS
The longest Xcf survival periods the crops phyllosphere were obtained in white oat,
wheat, common bean, and common bean (cv. Jalo) (63 days), forage turnip (56 days), maize
(49 days), peanut and barley (42 days) (Table 1). In the other crops, Xcf was recovered from
the phyllosphere only at the inoculation time (0 days) (Table 1). Xcf survival periods in the
rhizosphere were lower than those observed in the phyllosphere. The longest periods were
obtained in ryegrass (28 days) and sunn hemp (21 days) (Table 1).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 4
35
Survival period (days)
Crops
Phyllosphere
Rhizosphere
Barley
42
0
Black oat
0
0
Common bean
63
0
Common bean (cv. Jalo)
63
0
Cotton
0
0
Forage turnip
56
0
Maize
49
0
Peanut
42
0
Pigeon pea
0
0
Rapeseed
0
0
Ryegrass
0
28
Soybean
0
0
Sunflowe
0
0
Sunn hemp
0
21
Velvet bean
0
0
Wheat
63
0
White oat
63
0
Soil
0
0
Table 1. Survival periods, in days, of Xanthomonas citri pv. fuscans in the phyllosphere and rhizosphere
of crops, and in the soil.
In the weeds, the longest Xcf survival periods were obtained in the phyllosphere of
N. physalodes (63 days), C. benghalensis and L. virginicum (49 days), and C. bonariensis
(35 days) (Table 2). In the rhizosphere, the longest survival periods were in L. multiflorum
and C. benghalensis (21 days), C. juncea, A. viridis, D. stramonium, and S. oleraceus (14
days). In the other weeds, the survival periods were considered low but higher than those
observed in the soil (Table 2).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 4
36
Survival period (days)
Species
Name
Phyllosphere
Rhizosphere
Alternanthera tenella
Joyweed
0
0
Amaranthus viridis
Slender amaranth
0
21
Bidens Pilosa
Hairy beggarticks
28
0
Commelina benghalensis
Benghal dayflowe
49
21
Conyza bonariensis
Hairy fleaban
35
0
Cyperus rotundus
Purple nutsedge
0
0
Datura stramonium
Jimsonweed
7
14
Galinsoga parviflora
Gallant soldier
7
0
Gnaphalium purpureum
Purple cudweed
7
0
Lepidium virginicum
Virginia pepperweed
49
0
Nicandra physalodes
Apple of Peru
63
0
Portulaca oleraceae
Common purslane
0
0
Sida rhombifolia
Arrowleaf sida
7
0
Solanum americanum
Black mary
0
0
Sonchus oleraceus
Annual sowthistle
0
7
Soil
-
0
0
Table 2. Survival periods, in days, of Xanthomonas citri pv. fuscans in the phyllosphere and rhizosphere
of weeds, and in the soil.
The plant surface is an environment susceptible to variations of solar radiation,
temperature, humidity, and precipitation, factors that can be limiting to the survival of plant
pathogens. However, CBB agents can form aggregates (biofilms) in the bean phyllosphere,
protecting it from unfavorable conditions (JACQUES et al., 2005). Moreover, even in low
humidity conditions, the biological cycle of the bacteria is completed on susceptible hosts
without any symptoms (DARRASE et al., 2007). According to Darsonval et al. (2008), it
could contribute to future CBB outbreaks, as it would be another inoculum source present
in the cultivation area.
Until the development of our research there was little information available about Xcf
hosts. Lima beans (Phaseolus lunatus) and species of the genus Vigna (V. aconitifolia, V.
angularis, V. mungo, V. radiata and V. umbellata) can be considered natural hosts of Xcf
and of Xpp. It is known that Xpp can survive epiphytically in some species crops and weeds,
like soybean, maize, common bean cultivars, tepary bean, and representatives of the genus
Amaranthus, Bidens and Cyperus, also evaluated in our study (CAFATI; SAETTLER, 1980;
ANGELES-RAMOS, 1991; KARAVINA et al. 2011; CHEN et al., 2021). However, except for
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 4
37
maize, the other species here evaluated were not identified as osts of Xcf.
In our study, barley, maize, wheat, and white oat, which belong to the Poaceae family,
behaved as possible alternative hosts of Xcf, since the bacterium had longer survival periods
in these species. Different results were obtained by Silva et al. (2021) with Xanthomonas
campestris pv. campestris (Xcc), the causal agent of black rot in crucifers, where Xcc had
low survival in maize, which can be justified by the fact that the bacterium is not well adapted
to the phyllosphere of this crop. According to Arias et al. (2000) the leaf surface of grasses
hinders the adhesion of bacterial populations, which was not observed in our study.
The rhizosphere could be a favorable survival niche for many phytopathogenic
bacteria, serving protection against climatic variations as well as providing carbon and
minerals for their nutrition (BRENCIC; WINANS, 2005). However, in our study Xcf presented
a low survival capacity in the rhizosphere, a fact also observed for Xcc in the rhizosphere
of weeds (SILVA et al. 2017), and for X. vesicatoria in the rhizosphere of common bean,
cucumber, pea, sorghum, tomato, and wheat (BASHAN et al. 1982). This low survival period
can be explained by the fact that plants can benefit specific microorganisms populations
in their rhizosphere by releasing root exudates, acting as a source of substrate for the
development of certain microorganisms (GRAYSTON et al. 1998; YANG; CROWLEY,
2000; SMALLA et al. 2001; WU et al. 2015). This fact was proven by Vanura et al. (1969)
as a direct relationship between the survival of Xcf in the rhizosphere and the exudation
of biologically active peptides by the roots of barley, bean, and wheat. The authors also
verified that in the early stages of plant development, Xcf was capable of multiplying in the
rhizosphere and plants phenological stage can affect the bacterium survival. In our study,
the rhizosphere of crops and weeds were inoculated 40 days after sowing, and a possible
absence of biologically active peptides explain a reduced period of Xcf survival in this niche.
4 | CONCLUSIONS
Common bean is a relatively short cycle crop, varying between 65 and 110 days,
and can be used in consortium and rotation systems with several annual crops. Thus, the
knowledge of Xcf host range is important for efficient CBB management. Our results showed
that Xcf presented a low survival period in black oat, cotton, pigeon pea, rapeseed, soybean,
sunflowe , velvet bean, being recommended the cultivation of these crops in rotation system
or intercropping with common bean, especially in areas with history of occurrence of CBB.
In relation to weeds, C. benghalensis (Benghal dayflower) C. bonariensis (Hairy
fleabane), L. virginicum (Virginia pepperweed), and N. physalodes (Apple of Peru) were
species in which Xcf survived for a longer period, and their eradication from bean crop field
is recommended to reduce Xcf inoculum.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 4
38
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 4
40
CAPÍTULO 5
DISSEMINATION OF Xanthomonas campestris PV.
campestris BY Bemisia tabaci AND Myzus persicae
Data de aceite: 01/11/2021
Data de submissão: 05/10/2021
João César da Silva
Faculdade de Ciências Agronômicas - FCA/
UNESP
Botucatu - SP
http://lattes.cnpq.br/5432835117468005
Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior
Faculdade de Ciências Agronômicas - FCA/
UNESP
Botucatu - SP
http://lattes.cnpq.br/8339885078193411
José Marcelo Soman
Faculdade de Ciências Agronômicas - FCA/
UNESP
Botucatu - SP
http://lattes.cnpq.br/8271905677757962
Luís Fernando Maranho Watanabe
Faculdade de Ciências Agronômicas - FCA/
UNESP
Botucatu - SP
http://lattes.cnpq.br/0431240439082901
Renate Krause Sakate
Faculdade de Ciências Agronômicas - FCA/
UNESP
Botucatu - SP
http://lattes.cnpq.br/9659822855697685
Antonio Carlos Maringoni
Faculdade de Ciências Agronômicas - FCA/
UNESP
Botucatu - SP
http://lattes.cnpq.br/0464443742139470
ABSTRACT: This study evaluated the
dissemination of Xanthomonas campestris pv.
campestris (Xcc) by Bemisia tabaci and Myzus
persicae, important pests in brassicas crops. To
evaluate Xcc adherence in the insects’ bodies,
three experiments were installed in B.O.D.
Two experiments carried out at different times
evaluated the bacterium adherence to insects
exposed to kale discs inoculated with Xcc, for
96 h, and the evaluations were carried out every
24 h. In another experiment, Xcc adherence to
insects exposed to inoculated kale plants was
evaluated, being conducted for 15 days, and
the evaluations carried out every 7 days. Xcc
dissemination by insects was also evaluated
in greenhouse experiments, with and without
choice. The experiments were conducted for
15 days and Xcc adherence to insects was
evaluated every 7 days. Xcc was recovered from
B. tabaci and M. persicae from the kale discs for
up to 48 h. In kale plants, Xcc was recovered from
M. persicae at 7 days, but not from B. tabaci. In
greenhouse, the insects did not disseminate Xcc
from symptomatic kale plants to healthy plants.
Xcc populations were not recovered from insects
in all dissemination experiments. The results
showed that apparently B. tabaci and M. persicae
are not involved in the Xcc dissemination.
KEYWORDS: Bacterium, whitefl , aphid, black
rot, brassicas.
RESUMO: Este trabalho avaliou a disseminação
de Xanthomonas campestris pv. campestris (Xcc)
por Bemisia tabaci e Myzus persicae, importantes
pragas em cultivos de brássicas. Para avaliar a
aderência de Xcc no corpo dos insetos, foram
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 5
41
instalados três experimentos em B.O.D. Dois experimentos realizados em épocas diferentes,
avaliaram a aderência da bactéria nos insetos expostos a discos de couve inoculados com
Xcc, por 94 h, e as avaliações realizadas a cada 24 h. Em outro experimento, foi avaliada a
aderência de Xcc nos insetos expostos às plantas de couve inoculadas, sendo conduzido por
15 dias, e as avalições realizadas a cada 7 dias. A disseminação da bactéria pelos insetos
também foi avaliada em experimentos em casa de vegetação, com e sem chance de escolha.
Os experimentos foram conduzidos por 15 dias, e foi avaliada a aderência de Xcc nos insetos
a cada 7 dias. Xcc foi recuperada de B. tabaci e M. persicae dos discos de couve por até
48 h. Em plantas de couve a bactéria foi recuperada de M. persicae aos 7 dias, mas não de
B. tabaci. Em casa de vegetação, os insetos não disseminaram Xcc de plantas de couve
sintomáticas para plantas sadias. Populações de Xcc não foram recuperadas dos insetos em
todos os experimentos de disseminação. Os resultados demonstraram que aparentemente B.
tabaci e M. persicae não estão envolvidos na disseminação de Xcc.
PALAVRAS-CHAVE: Bactéria, mosca-branca, afídeo, podridão negra, brássicas.
1 | INTRODUCTION
Black rot, caused by Xanthomonas campestris pv. campestris (Pammel) Downson
(Xcc), is present in all countries where brassica are grown and is considered a problem
in hot and humid regions (WILLIAMS, 2007; LEMA et al., 2012). The disease occurs in
varieties of Brassica oleracea, radish, ornamental, weeds and Arabidopsis thaliana.
Commonly observed symptoms include yellowing of leaves margins followed by necrosis
and darkening of vascular tissue (VICENTE; HOLUB, 2013; MARINGONI; SILVA JÚNIOR,
2016). Damage caused by the pathogen in susceptible cultivars can cause plant death and
consequently large economic losses (LEMA et al., 2012).
For the efficient management of black rot in areas with brassica cultivation, it is
important to know the survival strategies and Xcc dissemination mechanisms (BROWN,
1997; WILLIAMS, 2007; MARINGONI; SILVA JÚNIOR, 2016). It is known that Xcc survives
during the absence of the crop in seeds, soil, crop debris and weeds (SCHAAD; DIANESE,
1981; VICENTE; HOLUB, 2013; SILVA JÚNIOR et al., 2020), and is efficiently disseminated
by seeds and rainwater splashes or irrigation (KOCKS; ZADOKS; RUISSEN, 1999;
MARINGONI; SILVA JÚNIOR, 2016). However, Xcc dissemination by insects is little known
and studied.
Insects are important agents for phytopathogens dissemination (AGRIOS, 2005;
AMORIM; PASCHOLATI, 2018). Bacteria are accidentally disseminated from diseased plants
to healthy plants, when they adhere externally to the insects’ bodies, or through specifi
interactions with the insect, involving a period of acquisition and latency for transmission
to occur (BEDENDO; BELASQUE, 2018). In addition to insects being involved in the
dissemination of primary and secondary inoculum in the field, they can also cause injuries to
plant tissues during feeding and favor of the bacteria penetration (ZANDJANAKOU-TACHIN
et al., 2007).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 5
42
In the literature it is possible to find some studies in which the ability of Xcc
dissemination by insects was investigated. In the USA, it has been demonstrated that the
beetle Phyllotreta cruciferae (Coleoptera: Chrysomelidae), an important brassica pest in the
country, has limited potential to act as an agent of Xcc dissemination (SHELTON; HUNTER,
1985). In the Netherlands, Calliphora vomitoria (Diptera: Calliphoridae) flies inoculated with
Xcc and kept in cages with flowering cauliflower plants disseminated the bacterium and
were responsible for lots of seeds contaminated with Xcc (VAN DER WOLF; VAN DER
ZOUWEN, 2010).
In Brazil, several insects are described as pests in the brassica’s cultivation, such
as the whitefl Bemisia tabaci (Hemiptera: Aleyrodidae) and the aphid Myzus persicae
(Hemiptera: Aphididae), but there is no information about the importance of these insects in
the dissemination of Xcc in the country (HOLTZ et al., 2015). Within this context, this study
evaluated the potential of B. tabaci and M. persicae in the Xcc dissemination.
2 | MATERIAL AND METHODS
2.1 Experiments location
The experiments were carried out at the Departamento de Proteção Vegetal,
Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de
Mesquita Filho’ (UNESP), Botucatu, São Paulo.
2.2 Bacterial strain, cultivation and preservation conditions
In all experiments, the Xcc strain 3098C was used. This strain is resistant to 100
μg.mL rifampicin, and pathogenic to brassica plants, and was previously cultivated in
-1
nutrient sucrose agar plus rifampicin - NSAR [20 g.L-1 of nutrient agar (Merck, Germany), 5
g.L-1 sucrose (Synth, Brazil) and 100 μg.mL -1 rifampicin (Rifaldin)] and incubated at 28 °C
for 48 h. The strain was preserved in glycerol 30 % (v/v) and kept at - 80 °C.
2.3 Obtaining and maintaining B. tabaci and M. persicae populations
Populations of B. tabaci and M. persicae were obtained from creations of the
Departamento de Proteção Vegetal. The creations were kept in healthy kale plants (cv.
Georgia) grown in a greenhouse (temperature 22 - 28 °C and relative humidity 60 - 90 %).
2.4 Confirmation of Xcc absence in B. tabaci and M. persicae
The protocol adapted from Van Der Wolf and Van Der Zouwen (2010) was used, in
which 100 insects of each species were collected and distributed in microcentrifuge tubes
(10 insects of each species per tube) containing 300 μL of phosphate-saline buffer (PBS)
10 mM (8 g of NaCl, 0.2 g KCl, 2.9 g Na2HPO4, 0.2 g KH2PO4, 1 L autoclaved distilled water)
pH 7.2. Subsequently, the insects were crushed, the tubes shaken (200 rpm/ 1 min.), and
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 5
43
100 μL of the suspensions plated in NSA. The plates were incubated (28 °C/ 48 h) and the
presence of Xcc colonies analyzed. After incubation, the presence of Xcc in NSA was not
observed, confirming the absence of the bacterium in the insects.
2.5 Xcc adhesion in B. tabaci and M. persicae
2.5.1
Exposure of B. tabaci and M. persicae to kale discs inoculated with
Xcc
Two experiments (called experiments 1 and 2) were carried out at different times to
evaluate the ability of Xcc to adhere to the body of B. tabaci and M. persicae, via exposure
of insects to kale discs (cv. Georgia) inoculated with Xcc.
In each experiment, 128 kale discs with 38 mm2 were used, obtained with a cork
borer of 22 mm in diameter, being 64 discs immersed in bacterial suspension 108 CFU mL-1
(OD600 = 0.1), and 64 discs immersed in distilled water for 5 min. After removing excess of
water and inoculum, the discs were transferred to Petri dishes (90 x 15 mm) containing filte
paper sheets moistened (4 discs per dish) and kept in B.O.D (26 °C and 12 h photoperiod)
for 24 h. The transfer of insects (20 insects per dish) was performed with a manual aspirator,
by means of a circular hole in the lids of Petri dishes, subsequently sealed with Parafil
M®. The dishes were kept for 96 h in B.O.D and the evaluations were performed every 24 h,
recovering Xcc cells adhered to the insects.
The experiments consisted of 4 treatments (treatment 1, exposure of B. tabaci to
discs immersed in Xcc suspension; treatment 2, exposure of M. persicae to discs immersed
in Xcc suspension; treatment 3, exposure of B. tabaci to discs immersed in distilled water;
treatment 4, exposure of M. persicae to discs immersed in distilled water) and 8 replications.
2.5.2
with Xcc
Exposure of B. tabaci and M. persicae to kale plants inoculated
For this experiment (experiment 3), kale plants (cv. Georgia) with four expanded
leaves were inoculated with bacterial suspension 108 UFC.mL-1 of Xcc strain 3098C and
kept in B.O.D (26 °C and 12 h photoperiod). The plants were protected by individual
cages, and the insects were transferred (60 insects of each species per plant), 24 h after
inoculation, with the aid of a manual aspirator. The plants were kept in B.O.D for 15 days
and the evaluations were performed every 7 days, recovering Xcc adhered to the insects.
The experiment consisted of 4 treatments (treatment 1, exposure of B. tabaci to
plants inoculated with Xcc; treatment 2, exposure of M. persicae to plants inoculated with
Xcc; treatment 3, exposure of B. tabaci to non-noculated plants; treatment 4, exposure of
M. persicae to non-inoculated plants) and 8 replications.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 5
44
2.6 Xcc dissemination by B. tabaci and M. persicae
Three experiments (experiments 4, 5 and 6) were carried out in a greenhouse to
evaluate the dissemination of Xcc by B. tabaci and M. persicae. Kale plants (cv. Georgia,
four expanded leaves) with symptoms of black rot were obtained from small incisions with
scissors on the leaves margins, followed inoculation by spraying the bacterial suspension
108 UFC.mL-1, to the runoff point.
In experiments 4 and 5, with no choice, 1200 insects of each species were exposed
to kale plants infected with Xcc and expressing disease symptoms for 48 h; later, the insects
were transferred to cages with anti-aphid mesh (1.0 m long, by 0.80 m wide and 1.0 m high)
containing healthy kale plants, being kept for 15 days in these plants. In experiment 6, with a
choice, 600 insects of each species were exposed to symptomatic and healthy plants in the
same cage and kept for 15 days to verify the dissemination of Xcc. Evaluations consisted of
the observation of symptoms in plants and recovery of Xcc adhered to insects every 7 days.
2.7 Determination of the Xcc population in the phyllosphere
To recover Xcc from the surface of the leaf discs in experiments 1 and 2 (recovery
periods: 24 h, 49 h, 72 h and 96 h), four discs of treatments 1 and 2 (two discs per treatment)
and four discs of treatments 3 and 4 (two discs per treatment) were randomly selected. The
discs were individually distributed in Falcon tubes containing 15 mL of PBS, shaken (200
rpm/ 10 min), serially diluted (100 to 10-4) and 100 μL plated in triplicate in NSAR medium,
plus 50 μg.mL -1 chlorothalonil and 50 μg.mL -1 methyl thiophanate (NSARF). Plates were
incubated (28 °C/ 72 h), the presence of Xcc evaluated, and the data transformed into cfu/
cm2 of tissue.
For Xcc recovery in experiments 3, 4, 5 and 6, initially kale leaves were randomly
selected from some plants, in each treatment, and detached from the stem. Subsequently,
four 38 mm2 discs were obtained with a 22 mm cork borer and submitted to Xcc recovery
as described above.
2.8 Xcc processing from B. tabaci and M. persicae
For all experiments, populations of B. tabaci and M. persicae were collected and
distributed in microcentrifuge tubes (2 mL) containing 300 μL of PBS. Ten insects were
deposited per tube for B. tabaci (total of 30 insects) and 5 insects for M. persicae (total
of 15 insects), followed by crushing and shaken (200 rpm/ 1 min). Plating was performed
in triplicate in NSARF medium. Plates were incubated (28 °C/ 72 h), the presence of Xcc
confirmed, and the data transformed into cfu/ insect
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 5
45
3 | RESULTS
3.1 Xcc population in the phyllosphere
Average populations of Xcc varied in the kale phyllosphere during the evaluation
periods. In the experiments with discs kept in B.O.D, average populations of Xcc ranged
from 4.1 x 105 cfu/ cm2 of tissue to 1.1 x 107 cfu/ cm2 of tissue in experiment 1, and from
1.6 x 105 cfu/ cm2 of tissue to 3.3 x 108 cfu/ cm2 in experiment 2. Xcc populations were not
recovered from the immersed discs in distilled water (Table 1).
Experiments
1
2
Treatments
Evaluation periods
0 hours
24 hours
48 hours
72 hours
96 hours
2.7 x 10
9.2 x 10
1.1 x 107
1-2
*4.1 x 10
8.8 x 10
3-4
UNP
UNP
1-2
1.6 x 10
5
3-4
UNP
5
3.7 x 10
6
7
UNP
6
UNP
6.6 x 10
6
UNP
5.4 x 10
7
UNP
UNP
UNP
7
3.3 x 108
UNP
*Population in cfu/ cm of tissue; UNP = unrecovered population.
2
Table 1 - Average population of Xanthomonas campestris pv. campestris in the phyllosphere of disks in
B.O.D.
In experiments with kale plants, the average populations ranged from 1.0 x 104 cfu/
cm2 of tissue to 6.7 x 104 cfu/ cm2 of tissue in experiment 3; from 1.5 x 103 cfu/ cm2 of tissue
to 9.5 x 105 cfu/ cm2 of tissue in experiment 4; from 1.9 x 104 cfu/ cm2 of tissue to 8.3 x 102
cfu/ cm2 of tissue in experiment 5; and from 9.5 x 104 cfu/ cm2 of tissue to 3.7 x 105 cfu/ cm2
of tissue in experiment 6 (Table 2). Xcc populations were not recovered from non-inoculated
plants.
Experiments
3
4
5
6
Treatments
Inoculated plants
Non-inoculated plants
Plants with symptoms
Non-inoculated plants
Plants with symptoms
Non-inoculated plants
Plants with symptoms
Non-inoculated plants
Evaluation periods
0 days
7 days
14 days
*1.0 x 104
UNP
1.9 x106
UNP
6.7 x 104
UNP
1.5 x 103
UNP
9.9 x 104
UNP
9.5 x 105
UNP
1.9 x 104
UNP
2.2 x 105
UNP
8.3 x 102
UNP
9.5 x 103
UNP
6.3 x 104
UNP
3.7 x 105
UNP
*Population in cfu/ cm2 of tissue; UNP = unrecovered population.
Table 2 - Average population of Xanthomonas campestris pv. campestris in the phyllosphere of kale
plants kept in B.O.D and greenhouse.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 5
46
3.2 Xcc adherence to B. tabaci and M. persicae
Xcc was recovered for up to 48 h from B. tabaci and M. persicae exposed to kale
discs immersed in Xcc suspension in experiments 1 and 2 (Table 3). After this period, the
populations on both insects died, and the evaluations were no longer carried out. Xcc was
not recovered from insects when exposed to kale discs immersed in distilled water (Table 3).
Experiments
1
2
Treatments
Evaluation periods
24 hours
48 hours
1 – B. tabaci exposed to discs with Xcc
*7.7 x 10
2.7 x 101
2 – M. persicae exposed to discs with Xcc
4.2 x 104
8.0 x 102
0
3 – B. tabaci exposed to discs without Xcc
UNP
UNP
4 – M. persicae exposed to discs without Xcc
UNP
UNP
1 – B. tabaci exposed to discs with Xcc
4.3 x 102
9.9 x102
2 – M. persicae exposed to discs with Xcc
3.3 x102
1.2 x 105
3 – B. tabaci exposed discs without Xcc
UNP
UNP
4 – M. persicae exposed to discs without Xcc
UNP
UNP
*Population in cfu/ insect; UNP = unrecovered population.
Table 3 - Average population of Xanthomonas campestris pv. campestris adhered to Bemisia tabaci and
Myzus persicae.
In experiment 3, Xcc was recovered from M. persicae with an average population
of 2 cfu/ insect, 7 days after the insects were released in inoculated kale plants but was
not recovered after 15 days. The bacterium was not recovered from B. tabaci during the
evaluations and from B. tabaci and M. persicae when exposed to non-inoculated plants.
3.3 Xcc dissemination by B. tabaci and M. persicae in kale plants
B. tabaci and M. persicae were not able to disseminate Xcc from kale plants with
symptoms of black rot to health kale plants in experiments 4, 5 and 6. Xcc populations were
not recovered from the insects sampled in these experiments.
4 | DISCUSSION
Insects play an important role in diseases epidemiology, as they act as agents for the
dissemination of the primary and secondary inoculum of pathogens in the field (AGRIOS,
2005; AMORIM; PASCHOLATI, 2018). However, for several pathosystems the role of insects
in dissemination is little known and studied, which can impact the control strategies used in
disease management (BROWN, 1997; AGRIOS, 2005). For Xcc, the results obtained here
demonstrated that B. tabaci and M. persicae may not be involved in the dissemination of
Xcc, considering the conditions under which the experiments were conducted.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 5
47
Xcc is adapted to survival in the host plants phyllosphere (ARIAS; NELSON; ALVAREZ,
2000), which explains the behavior of populations on the surface of leaf discs kept in B.O.D
and in the phyllosphere of inoculated kale plants. Xcc was recovered from B. tabaci and M.
persicae exposed to kale discs during the experiments. The location of Xcc in the body of
insects, however, was not investigated, but it is assumed that they were externally adhered
to the body. For Xcc to be found in the internal tissues of B. tabaci and M. persicae, it would
be necessary for the bacterium to be acquired by the insects during feeding in the phloem
vessels, a process that is unlikely, since Xcc was present in a high population on the surface
of the discs. Bacterial populations can adhere to different insects organs. For example,
X. axonopodis pv. manihotis and X. axonopodis pv. vignicola were found in legs and jaws
of Zonocerus variegatus (Orthoptera: Pyrgomorphidae) (ZANDJANAKOU-TACHIN et al.,
2007). Erwinia amylovora was present in the antennae, legs and proboscis of Aphis pomi
(Hemiptera: Aphididae) (HILDEBRAND; DICKLER; GEIDER, 2000).
Despite being recovered from insects when kept in leaf discs, Xcc populations were
not recovered from B. tabaci exposed to kale plants kept in B.O.D. In M. persicae, a low
Xcc population was recovered after 7 days and was no longer recovered from insects
after 15 days. These results demonstrated that Xcc had a limited survival capacity in
insects, even when kept in direct contact with the inoculated plant. Xcc populations can
vary on leaf surface depending on nutrients availability, water and antagonist microflor
action. These populations are not found evenly distributed on the leaf surface, but rather
in small aggregates or biofilms located in depressions formed in the junctions of epidermal
cells, along the ribs and in the bases of the trichomes (VORHOLT, 2012; SCHLECHTER;
MIEBACH; REMUS-EMSERMANN, 2019). Thus, depending on the location of populations
in plant tissue, insects may not come into contact with the bacterium. In experiments with
kale discs, however, this phenomenon may not have occurred, due to tissue size and Xcc
population.
The dissemination of Xcc by B. tabaci and M. persicae did not occur from plants
with symptoms of black rot to healthy plants in greenhouse experiments, and the bacterium
was also not recovered from the insects collected during the experiments. These results
demonstrated that these insects may not be able to disseminate Xcc among brassica plants.
The beetle P. cruciferae was not considered an efficient vector of Xcc, as it was not able to
readily acquire the bacterium during leaf feeding. In addition, environmental conditions may
have contributed to the bad acquisition of Xcc by the insect (SHELTON; HUNTER, 1985).
The pollinating fl C. vomitoria, on the other hand, proved to be efficient in dissemination of
Xcc. Although the bacterium survived for only 5 days in the insect’s body, Xcc was efficientl
transmitted to the seeds, after contaminated flies were kept with the plants during the
flowering period ( AN DER WOLF; VAN DER ZOUWEN, 2010).
Several factors can influence the ability of phytopathogenic bacteria to be disseminated
by insects (NADARASAH; STAVRINIDES, 2011; SUGIO et al., 2014). Environmental factors
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 5
48
have a great influence on this process. Exposure to UV radiation can cause damage to
bacterial cells and reduce the ability of insects to disseminate phytopathogenic bacteria
(ZANDJANAKOU-TACHIN et al., 2007; LEVEAU, 2018). In addition to climatic factors, the
insect’s body and its defense mechanisms can prevent the adherence of bacteria, as well
as interfere with survival and dissemination (NADARASAH; STAVRINIDES, 2011). Insects
that are members of the Hemiptera order, such as B. tabaci and M. persicae, stand out for
producing large amounts of waxes in the form of particles, which cover their bodies and
act as a hydrophobic barrier, protecting them from environment variations and the attack
of pathogens (BYRNE; HADLEY, 1988; BUCKNER, 2014. NELSON; MARDAUS, 1994).
This characteristic may explain the low adherence capacity of Xcc in these insects in the
experiments, especially in B. tabaci.
The presence of antagonistic microorganisms can contribute to the reduction of
phytopathogenic bacterial populations in insects. The low survivability in C. vomitoria can
be explained by the presence of antagonistic bacteria to Xcc (VAN DER WOLF; VAN DER
ZOUWEN, 2010). The endosymbiont community can also influence in many aspects the
ecology, behavior and physiology of insects, including responses to climate change, and
protection against natural enemies, parasites and pathogens, and can also interfere with
the dissemination of phytopathogens. In addition to these factors, the adaptive cost for
the bacterium to associated with different hosts can influence survival and dissemination.
Phytopathogenic bacteria disseminated by insects have been proven to have significan
reduction of virulence in plants (NADARASAH; STAVRINIDES, 2011; SUGIO et al., 2014).
In Brazil, B. tabaci and M. persicae are important crop pests and are involved in
the dissemination of several species of phytopathogens. However, in this study, they were
not able to disseminate Xcc from plants with symptoms of black rot to healthy plants and,
therefore, may not be involved in the dissemination of the bacterium.
ACKNOWLEDGEMENTS
The first author thanks the São Paulo State Research Foundation (FAPESP) for the
granting of the doctoral scholarship and for the financial support (scholarship: 2017 / 138220). This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001.
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Capítulo 5
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 5
51
CAPÍTULO 6
UTILIZAÇÃO DA MECANIZAÇÃO AGRICOLA POR
AGRICULTORES DA REGIÃO SERRANA DE SANTA
CATARINA
Data de aceite: 01/11/2021
Alberto K. Nagaoka
Engo Agrícola, Prof. Adjunto, Depto. de
Engenharia Rural, Centro de Ciências Agrárias,
UFSC
Florianópolis – SC
Fernando C. Bauer
EngoAgrônomo, Prof. Doutor, Depto. De
Engenharia Rural, CCA/UFSC
Florianópolis-SC
Suelen S. Jesus
Acadêmica do curso de Agronomia da
Universidade Federal de Santa Catarina,
campus Florianópolis-SC
Ellen Blainski
Acadêmica do curso de Agronomia da
Universidade Federal de Santa Catarina,
campus Florianópolis-SC
Marilda P. T. Nagaoka
Economista, Profa. Doutora, Depto. De
Administração/Contabilidade – USJ
São José - SC
RESUMO: A região Serrana de Santa Catarina
é formada de médias e grandes propriedades
agrícolas e teve a pecuária extensiva e o
extrativismo madeireiro como base econômica
por muitos anos. Esta Região é a menos populosa
e desenvolvida das 6 mesorregiões catarinenses.
Em 2013 seu PIB atingiu pouco mais de R$ 7
bilhões, o que equivale a 4,7% do total do PIB
catarinense para o mesmo ano. A economia
desta região gira em torno das atividades agropastoris, com destaque para pecuária de corte,
fruticultura e extração da semente de pinhão.
Tendo em vista a dificuldade de obter informações
técnicas na área de mecanização nesta Região,
este trabalho objetivou verificar as necessidades
e características do trabalhador rural no que diz
respeito a mecanização na região serrana de
Santa Catarina. Foram utilizados 21 questionários
semi-estruturados. De acordo com a análise dos
resultados, concluiu-se que 86% possuem área
entre 10 a 20 hectares, quanto à diversidade de
atividades produtivas, destaca-se a extração de
pinhão com 35% e a produção de hortaliças
com 34%. Quanto às máquinas utilizadas, 65%
são próprias e 79% responderam que falta
maquinas no mercado principalmente para a
atividade relacionada com o pinhão.
PALAVRAS–CHAVE:
Máquinas,
pesquisa,
entrevista.
USE OF AGRICULTURAL
MECHANIZATION BY FARMERS IN THE
SERRANA REGION OF SANTA CATARINA
ABSTRACT: The mountainous region of Santa
Catarina State, consisting of medium and large
farms, had extensive livestock farming and timber
extraction as an economic base for many years.
This region is the least populated and developed
the 6 mesoregions Santa Catarina. In 2013 its
GDP reached just over US $ 7 billion, equivalent
to 4.7% of the total of this state’s GDP for the
same year. The economy of this region revolves
around the agro-pastoral activities, especially
for beef cattle, horticulture and extraction pinion
seed. Given the difficulty of obtaining technical
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 6
52
information on mechanization by farmers in this region, this study aimed to determine the
needs and characteristics of rural workers with regard to mechanization in the mountainous
region of Santa Catarina. Were used 21 semi-structured questionnaires. According to the
analysis of the results, it was concluded that 86% have area from 10 to 20 hectares, about
the diversity of productive activities, pinion extraction stands out with 35% and vegetable
production with 34%. As for the used machines, 65% are owned and 79% said that lack
machines on the market mainly for the activity related to the pinion.
KEYWORDS: Machines, research, interview.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento da agricultura com o passar dos anos vem ampliando a
produção e afetando diretamente a rentabilidade dos sistemas de produção, tais fatores
de desenvolvimento são resultado das tecnologias aplicadas aos sistemas, tecnologias
de mão de obra e tecnologias de gestão. Quando um produtor rural investe na troca de
um equipamento obsoleto ou instala uma maquina que executa uma função que antes
necessitava de varias ferramentas, dizemos que ali está acontecendo uma implantação de
tecnologias. Como esperado e na maioria dos casos, a tecnologia é um investimento que
vem para aumentar a produção, a qualidade e rentabilidade do sistema, seja ele pequeno,
médio ou grande.(SCOARIZE, 2003).
A região Serrana de Santa Catarina, formada de médias e grandes propriedades
agrícolas, teve a pecuária extensiva e o extrativismo madeireiro como base econômica,
por muitos anos. Esta Região é a menos populosa e desenvolvida das 6 mesorregiões
catarinenses. Em 2013 seu PIB atingiu pouco mais de R$ 7 bilhões, o que equivale a 4,7%
do total do PIB catarinense para o mesmo ano. A economia desta região gira em torno das
atividades agro-pastoris, com destaque para pecuária de corte, fruticultura e extração da
semente de pinhão.
A agricultura familiar é de extrema importância para promover a segurança alimentar
do país, pois os produtos produzidos nas pequenas propriedades fazem parte em sua
grande maioria da alimentação básica do brasileiro. Para que a produção atenda à crescente
demanda e que chegue com a devida qualidade na mesa do consumidor, é imprescindível
o investimento tanto do produtor quanto em políticas públicas, a fim de otimizar as formas
de cultivo existentes; assim passa ser relevante a expansão da mecanização na agricultura
familiar brasileira(EMBRAPA 2010).
Na área do agronegócio, conforme salientam BATALHA et al. (2004), o “tripé
fundamental para a competitividade sustentada” é formado pela pesquisa dos processos
de produção, pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos e pela pesquisa no
campo da tecnologia de gestão, porém, em relação ao desenvolvimento de tecnologias de
gestão, BATALHA et. al.(2004) salientam que “inúmeros estudos têm apontado deficiência
gerenciais nos negócios da agricultura familiar e reduzido ganhos que poderiam advir
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 6
53
da superação dessas deficiências”. Partindo da premissa mencionada por Batalha et al.
(2004), de que todas as tecnologias e conhecimentos são relevantes para garantir que
pequenas propriedades possam ter condições de competir nos mercados em que atuam.
O objetivo deste trabalho foi diagnosticar possíveis problemas e demandas,com relação
a mecanização agrícola apontadas pelos agricultores entrevistados na região serrana de
Santa Catarina.
MATERIAIS E MÉTODOS:
O presente artigo apresenta uma pesquisa exploratória, onde se procurou identifica
quais as necessidades e características do trabalhador rural no que diz respeito
a
mecanização na região serrana de Santa Catarina. Para a coleta dados foram aplicados
questionários semi- estruturados, sendo compostos por 21 perguntas, que
foram
respondidos pelos agricultores da região de forma aleatória, totalizando 14 entrevistados
de diferentes faixas etárias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A composição familiar nas propriedades varia de 2 a 7 pessoas, sendo que 86% das
propriedades possuem área entre 10 a 20 hectares. Todos os agricultores entrevistados
fazem o uso de máquinas em sua propriedade. Quanto à diversidade de atividades
produtivas, destaca-se a extração de pinhão com 35% e a produção de hortaliças com
34% da área. Sendo que 79% os produtores obtém uma renda bruta anual de ate 30 mil
reais e 21% ate 60 mil reais.
Quanto às máquinas utilizadas, 65% são própria, 14% alugadas, 7% de cooperativas
e 14% mistas. Quando questionados sobre a qualidade das máquinas oferecidas pela
cooperativa 57% dos entrevistados responderam que estão satisfeitos com a qualidade
das máquinas, pois mesmo não sendo tão sofisticadas ajudam no trabalho. Quanto à
manutenção das máquinas, 29% responderam que não estão satisfeitos devido à demora
de manutenção e falta de variedade de maquinas. Das manutenções das máquinas 43%
responderam que as manutenções são realizadas pelo proprietário, 36% realizadas pelo
operador de maquina e 14% realizados pela cooperativa. A respeito da qualificação dos
operadores, constatou-se que 50% responderam que o operador possui qualificação ou
formação, 43% responderam que o operador não possui qualificaçõ s.
Quanto a ocorrência de acidentes 21% responderam que houve pelo menos 4
acidentes no ano de 2014, mas estariam relacionadas com a queda do pinheiro e não
diretamente ao uso de maquinas,72% responderam que não houve acidentes.
Em relação aos equipamentos de proteção individual (EPIs) dos operadores de
maquinas apenas 7% dos entrevistados responderam que são oferecidos EPI’s para os
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 6
54
operadores e 86% responderam que não são oferecidos EPI’S para os operadores de
máquinas.
Das máquinas existentes 79% responderam que as maquinas são desconfortáveis,
inseguras ou ineficientes, Dos entrevistados 36% responderam que já tentaram
desenvolver ou adaptar alguma maquina por conta. Quanto a variedade das maquinas
79% responderam que há falta de variedade de maquinas no mercado principalmente com
atividade relacionada com o pinhão.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 6
55
CONCLUSÃO
Analisando os resultados concluiu-se que há uma defasagem de qualidade e
variedade em relação as maquinas na região,os dados apontam também a necessidade de
informação e qualificação dos operadores de maquinas e
atenção voltada a segurança
do trabalho na região .
REFERÊNCIAS
(EMBRAPA 04/10/2010) IMPORTÂNCIA DA MECANIZAÇÃO NA AGRICULTURA FAMLIAR.
Disponivel em: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/869390 (acesso 22/10/2015)
BATALHA, Mario Otávio et. al. Tecnologia de Gestão e Agricultura Familiar. In: XLII Congresso da
Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, 2004, Cuiabá – MT.
SCOARIZE, Ricardo et al, 2003. A Utilização de Equipamentos Tecnológicos nas Pequenas e Médias
Propriedades Rurais. Disponível em: <http://www.unioeste.br/campi/cascavel/ccsa/IVSeminario/
IVSeminario/Artigos/01.pdf> (acesso 20/10/2015) .
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 6
56
CAPÍTULO 7
INFLUÊNCIA DO ENRAIZAMENTO IN VITRO
NA ACLIMATIZAÇÃO DE EXPLANTES DE Pyrus
communis L.
Data de aceite: 01/11/2021
Data de submissão: 06/08/2021
Fernanda Grimaldi
Instituto Federal de Santa Catarina
Florianópolis, SC
ORCID 0000-0002-2632-9328
RESUMO: O uso da cultura de tecidos em
seleções de Pyrus communis com potencial para
porta-enxerto visa contribuir para a expansão e
melhoria na produção da cultura na região Sul
do Brasil. Esta é uma espécie lenhosa que na
cultura de tecidos encontra maior dificuldade
na formação de raízes adventícias, pois
possui diversas camadas de floema e xilema
secundário. O tempo de desenvolvimento
das raízes de lenhosas pode variar entre 10 a
45 dias, porém, uma extensa permanência in
vitro pode ocasionar anomalias morfológicas e
fisiológicas (HARTMANN et al., 2017). O objetivo
deste estudo foi verificar a influ ncia do estádio
de enraizamento in vitro na aclimatização e
formação da muda de pereira. Foi testada a
influência dos fatores tempo de enraizamento
(60 e 120 dias in vitro), comprimento de raízes
(pequena: ≤1cm; média: 1,1 – 2,5 cm; grande:
>2,5cm) e número de raízes na aclimatização.
Foram aclimatizados 120 explantes em copos
plásticos com tampa contendo substrato
comercial + vermiculita + fibra de coco (2:2:1).
O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente casualizado, arranjado em fatorial,
com cinco repetições. A sobrevivência foi avaliada
aos 15 e aos 40 dias após o transplante, os
dados foram submetidos à análise de variância
e as médias comparadas por Tukey 5%. Aos 15
e 40 dias do transplantio, foi observado que o
fator tempo de enraizamento teve efeito sobre
o percentual de explantes vivos. Os explantes
aclimatizados após 120 dias de exposição ao
meio de enraizamento in vitro apresentaram
menor sobrevivência que os explantes
aclimatizados após 60 dias de exposição. O
tamanho da raiz dos explantes aclimatizados
também apresentou influência no percentual de
sobrevivência dos explantes, porém somente 40
dias após o transplantio. Foi observada maior
sobrevivência nas raízes de tamanho pequeno e
médio. A menor sobrevivência nas raízes grandes
pode ter sido ocasionada por danos mecânicos
que muitas vezes acontecem na raiz durante o
transplantio. O número de raízes não apresentou
efeito na sobrevivência dos explantes.
PALAVRAS-CHAVE: Propagação in vitro;
Organogênese; Pereira Europeia.
INFLUENCE OF IN VITRO ROOTING ON
Pyrus communis L. ACCLIMATIZATION
ABSTRACT: The use of tissue culture in Pyrus
communis selections with rootstock potential aims
to contribute to development and improvement
of the culture production in the Southern region
of Brazil. This is a woody species that shows,
in tissue culture, difficulties to form adventitious
roots, as it has several layers of phloem and
secondary xylem. The root development time of
woody plants can vary between 10 to 45 days,
however, an extensive in vitro permanence
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 7
57
can cause morphological and physiological anomalies (HARTMANN et al., 2017). This
study aimed to verify the influe ce of the in vitro rooting stage on the acclimatization and
formation of pear plantlets. It was tested the influence of the factors: rooting period (60 and
120 days in vitro), root length (small: ≤1cm; medium: 1.1 – 2.5 cm; large: >2.5cm) and root
number during acclimatization stage. 120 explants were acclimatized in plastic cups with
lids containing commercial substrate + vermiculite + coconut fiber (2:2:1). The experimental
design was completely randomized, factorial arranged, with five replications. Survival was
evaluated at 15 and 40 days after transplantation, data were evaluated by analysis of variance
and means were compared by Tukey’s test at 5% of significan e. At 15 and 40 days after
transplanting, it was observed that the rooting time factor had effect on the percentage of
live explants. Explants acclimatized after 120 days of exposure to the in vitro rooting medium
showed lower survival than explants acclimatized after 60 days of exposure. The root size
of acclimatized explants also influenced the percentage of explant survival, but only 40 days
after transplanting. Greater survival was observed in small and medium size roots. The lower
survival in large roots may have been caused by mechanical damage that often happens to
the root during transplanting. The number of roots had no effect on explant survival.
KEYWORDS: in vitro Propagation; Organogenesis; European pear.
REFERÊNCIAS
Hartmann, H.T.; Kester, D.E.; Davies Jr, F.T.; Geneve, R.L.; Wilson, S.E. Hartmann & Kester’s Plant
Propagation: Principles and Practices, 9a ed. 2017. 1024p.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 7
58
CAPÍTULO 8
PROPRIEDADES FÍSICAS DE GRÃOS DE
HÍBRIDOS DE GIRASSOL ANTES E APÓS O
ARMAZENAMENTO POR CONGELAMENTO
Data de aceite: 01/11/2021
José Henrique da Silva Taveira
Professor pesquisador no Mestrado em
Produção Animal e Forragicultura, Câmpus
Oeste: Sede São Luís dos Montes Belos, e
no curso de Engenharia Agrícola UnU Santa
Helena de Goiás da Universidade Estatual de
Goiás
Paulo Gabriel de Sousa Barcelos
Estudante de iniciação científica do curso de
Engenharia Agrícola da Universidade Estatual
de Goiás, Unu Santa Helena de Goiás
Micael Toledo de Oliveira
Estudante de iniciação científica do curso de
Engenharia Agrícola da Universidade Estatual
de Goiás, Unu Santa Helena de Goiás
Maíra Vieira Ataíde
Estudante de mestrado em Produção Animal e
Forragicultura, Câmpus Oeste: Sede São Luís
dos Montes Belos
Marcicleia Pereira Rocha
Estudante de mestrado em Produção Animal e
Forragicultura, Câmpus Oeste: Sede São Luís
dos Montes Belos
RESUMO: O girassol é uma oleaginosa que vem
ganhando destaque no cenário nacional, pois
tem grande potencial para produção de óleo
de elevada qualidade, além de ser utilizado na
alimentação humana e animal. Diante disso,
é de suma importância a caracterização das
propriedades físicas de grãos antes e após
o armazenamento. Isso auxilia no aporte de
informações para projetos de maquinários de
beneficiamento e processamento desses grãos
nas etapas de pós-colheita. Objetivou-se, com
o presente trabalho, analisar as características
físicas de circularidade e esfericidade de grãos de
três híbridos de girassol produzidos na presença
de torta de filtro e armazenadas com o método
de congelamento. O experimento foi realizado
em Delineamento de Blocos Casualizados-DBC
em esquema fatorial, sendo três híbridos, dois
tratamentos com torta de filtro e dois tempos de
armazenamento, com 6 repetições. Não foram
observadas diferenças entre as características
das sementes entre os diferentes híbridos
avaliados e não foram observadas influências
da presença da torta de filtro nas mesmas.
Já o armazenamento por congelamento
causou redução na circularidade e aumento na
esfericidade das sementes armazenadas por
seis meses. A presença de torta de filtro não
causa diferenciação na forma das sementes de
girassol. O armazenamento por congelamento
faz com que as características de esfericidade e
circularidade sejam alteradas após o processo.
PALAVRAS-CHAVE: Heliantos Annuus L.
Circularidade. Esfericidade. Congelamento.
Armazenamento.
PHYSICAL PROPERTIES OF GRAINS OF
SUNFLOWER HYBRIDS BEFORE AND
AFTER STORAGE BY FREEZING
ABSTRACT: Sunflower is an oilseed that
has been gaining prominence on the national
scenarium, as it has great potential for producing
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 8
59
high quality oil, in addition to being used in human and animal food. Therefore, it is extremely
important to characterize the physical properties of grains before and after the storage. This
helps in providing information for machinery projects for benefiting and processing these
grains in the post-harvest stages. The objective of this work was to analyze the physical
characteristics of circularity and sphericity of grains of three sunflower hybrids produced in the
presence of filter cake and stored under the freezing method. The experiment was carried out
in a randomized block design-DBC in a factorial scheme, with three hybrids, two treatments
with filter cake and two storage times, with 6 replicates. There were no differences between
the characteristics of the seeds between the different hybrids evaluated and no influences of
the presence of filter cake were observed in them. On the other hand, freezing storage caused
a reduction in circularity and an increase in the sphericity of seeds stored for six months. The
presence of filter cake does not differentiate the shape of sunflower seeds. Freezing storage
causes the sphericity and circularity characteristics to be changed after the process.
KEYWORDS: Heliantos Annuus L. Circularity. Shericity. Freezing. Storage.
INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma das três maiores culturas produtoras de
óleo, estando junto com a soja e a canola, contribuindo significativamente na economia
mundial (ROCHA et al., 2015). A cultura do girassol tem boa adaptação a diferentes
condições edafoclimáticas, é uma espécie que apresenta resistência a seca, calor e frio,
possibilitando seu cultivo por todo o ano havendo boa disponibilidade hídrica (SILVA;
OLIVEIRA, 2011).
No Brasil, houve uma expansão da área de cultivo desta cultura, sendo utilizada
para fins de produção de óleo comestível, ornamentação, ração animal e biodiesel (SOUZA
et al., 2015).
O processo de deterioração dos grãos armazenados é inevitável, porém com a
manutenção dos fatores do ambiente e das características pode ser reduzido, dentre estes
fatores que mais afetam o armazenamento os principais são a teor de água, a temperatura
e a umidade (SMANIOTTO, 2014).
A deterioração das sementes armazenadas é relacionada com as propriedades do
recipiente utilizado, dependendo da facilidade deste as trocas gasosas entre as sementes
e as condições do ambiente de armazenagem (CARDOSO et al., 2012).
Manter o teor de água inicial das sementes durante o armazenamento é o fator
de maior importância para a prevenção da deterioração, pois ao mantê-lo baixo, mantém
também a temperatura, minimizando também a incidência de microrganismos e a
respiração. A temperatura e a umidade relativa também são fatores que afetam a perda
da qualidade das sementes durante a armazenagem, alterando a qualidade do produto
final e dos subprodutos (SMANIOTTO, 2014). Quanto mais estáveis estiverem esses dois
parâmetros durante o armazenamento, melhor será a preservação de sua qualidade.
Uma das principais hipóteses é que as doses de fósforo presente no solo influencia
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 8
60
as propriedades físicas das sementes colhida e consequentemente no armazenamento das
mesmas.
O armazenamento dos grãos por congelamento seria uma forma de manter as
características físicas do seu óleo mais estáveis, pois estariam sujeitas a menor intensidade
de trocas gasosas, manutenção do seu teor de água mais estável, além de se preservar
melhor as características físicas do produto.
Objetivou-se, com o presente trabalho, analisar as características físicas de
circularidade e esfericidade de grãos de três híbridos de girassol produzidos na presença
de torta de filtro e armazenadas com o método de congelamento.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no campo experimental da Universidade Estadual de
Goiás, Campus Santa Helena de Goiás (17º 49’ 33.19” S, 50º 36’ 27.09” O). O mesmo foi
conduzido em Delineamento de Blocos Casualizados (DBC), disposto em um esquema
fatorial 3x2 com 6 repetições. Tratando-se de 3 híbridos (Nusol 4170, Sany 66 e Nusol
4140) e com duas formas de adubação (uma inteiramente com adubação mineral e outra
com torta de filtro mais complementação com adubação mineral).
A priori, foi feita uma análise química do solo e da torta de filtro que foi cedida
pela Usina Cambui, situada em Santa Helena de Goiás – GO. Logo aplicou-se calcário
tipo filler a uma proporção de 2,58 t ha-1, e para correção nutricional foram adicionados
0,06 t ha-1 de (N), 0,42 t ha-1 de (P) e 0,042 t ha-1 de (K) nas parcelas tratadas somente
com adubação química (OLIVEIRA et al., 2013). Nas que receberam torta+adubação foram
aplicados 105,82 t ha-1 de torta de filtro, juntamente com 0,041 t ha-1 de (N), 0,332 t ha-1
(P) e 0,026 t ha-1 (K). E assim realizou-se os tratos culturais, semeadura no dia 02 de
março de 2019 em um espaçamento entre 0,5 m entre linhas e 0,45 m entre planta obtendo
uma população de 44.444 plantas. ha-1 (OLIVEIRA et al., 2013), controle de pragas e
doenças até que os aquênios atingissem um teor de água de 8% (b.u.) para realização da
colheita no dia 18 de junho de 2019, onde as culturas concluíram seu ciclo com 113 dias.
Após a colheita, parte dos grãos foi submetida ao armazenamento por congelamento
a -20oC em tubos tipo Falcon por um período contínuo de seis meses.
Para realização das análises de esfericidade e circularidade, antes e após o
armazenamento, foram utilizados 15 grãos de cada parcela, medindo-se os 3 eixos,
comprimento (a), largura (b) e espessura (c), com o auxílio de um paquímetro digital com
resolução de 0,01 mm.
A esfericidade (Es) foi obtida atrás da equação (1) e a circularidade (Cr) através da
equação (2) (RESENDE et al., 2005)
(1)
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 8
61
Em que:
Es= esfericidade;
a= comprimento;
b= largura;
c= espessura.
(2)
Em que:
Cr= circularidade;
di= diâmetro do maior círculo inscrito;
dc= diâmetro do menor círculo circunscrito.
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade
para verificar a significância, e para comparação dos tempos de armazenamento foi feita
analise de regressão, para ambas analises foi utilizado o programa estatístico SISVAR 5.6
(FERREIRA, 2011).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância das características físicas esfericidade e circularidade
dos grãos de híbridos de girassol cultivados com e sem torta de filtro, antes e após o
armazenamento foi apresentada na Tabela 1. Foi possível observar que os híbridos não
apresentaram diferenças nas características avaliadas. Por outro lado, a adubação com torta
de filtro ou a adubação tradicional não exerceram influência na esfericidade e circularidade
dos grãos de girassol. Já o armazenamento por congelamento causou alterações nessas
características, fazendo com que elas fossem alteradas após um período de 6 meses.
Graus de
Liberdade
Fonte de Variação
Quadrado médio
Esfericidade
Circularidade
Híbrido
2
0.002214ns
0.000922 ns
Torta
1
0.000230 ns
0.000085 ns
Armazenamento
1
0.013111*
0.048511*
Híbrido x torta
2
0.000120 ns
0.000107 ns
Híbrido x armazenamento
2
0.000876 ns
0.000421 ns
Torta x armazenamento
1
0.000031 ns
0.000105 ns
Híbrido x torta x armazenamento
2
0.000214 ns
0.000191 ns
Resíduo
60
0.000883
0.000371
5.51
3.6
CV (%)
ns - Não significativo ao nível de 5% de probabilidade. * significativo ao nível de 5% de probabilida
Tabela 1. Análise de variância das propriedades físicas esfericidade e circularidade de grãos híbridos
de girassol cultivados com torta de filtro antes e após o armazenamento por congelamento.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 8
62
Foi possível observar, através do desdobramento da análise de variância (Tabela
2), que a esfericidade dos grãos de girassol aumenta após o seu armazenamento por
congelamento. Isso mostrou que os grãos tendem a ficar mais esféricos, pois suas dimensões
de comprimento, largura e espessura foram modificas. Por outro lado, a característica de
circularidade diminuiu ao longo do armazenamento por congelamento, mostrando que os
grãos tenderam a ficar com cantos mais agudos após o processo. Seria esperado que a
esfericidade e a circularidade dos grãos tendessem a seguir o mesmo padrão de tendência
após o processo de armazenamento por congelamento. No entanto, observou-se que as
duas características tiveram comportamentos opostos.
Armazenamento
Esfericidade
Circularidade
Antes
0.5256a
0.5612a
Após seis meses
0.5526b
0.5093b
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas não se diferenciam entre si ao nível de 5%
de probabilidade.
Tabela 2. Médias das análises das características esfericidade e circularidade de grãos de híbridos de
girassol antes e após o armazenamento por congelamento.
O processo de congelamento é conhecido por afetar a estrutura celular dos grãos,
principalmente quando o congelamento é lento. O congelamento altera a estrutura celular
dos vegetais, e produz migrações de moléculas de água de sua localidade normal para os
sítios de cristalização, o que resulta em aumento da tensão interna, e leva à separação
de células, colapso e ruptura da parede celular (DAMODARAN et al., 2008). Em outras
palavras, o congelamento lento faz com que a água, durante o processo, forme cristais de
gelo e rompa as membranas celulares e paredes celulares internas aos grãos, apesar de
manter o conteúdo interno dos grãos livres de oxidação.
O processo de armazenamento por congelamento foi observado de forma positiva
para grãos de amaranto, afetando diretamente a sua capacidade de expansão (Bianchini
& Beléia, 2010). A composição química de grãos de feijão também foi observada sendo
modificada durante o armazenamento por congelamento (Salgado et al. 2005).
Com esses resultados, ficou evidente que após o armazenamento de grãos de
girassol por congelamento, se os mesmos forem submetidos ao beneficiamento por
peneiras ou processamento ou quaisquer outros maquinários, seriam necessários vários
ajustes nos equipamentos para a realização dessas operações.
Além disso, a modelagem e elaboração de projetos de tais maquinários devem levar
em consideração as modificações nas estruturas físicas dos grãos de girassol. Os projetos
da área de Engenharia Agrícola além de considerar as características de forma e tamanho
dos grãos, observam o ângulo de repouso, velocidade terminal, condutividade térmica,
propriedades óticas, entre outras.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 8
63
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O armazenamento por congelamento altera as características físicas dos grãos de
girassol. Grãos de girassol congelados ficam mais esféricos após o armazenamento. Por
outro lado, a característica circularidade diminui consideravelmente após o armazenamento
por congelamento, exaltando mais a agudeza dos grãos.
AGRADECIMENTOS
À UEG concessão da bolsa de iniciação científica pelo sistema PIBIC-UEG, pela
disponibilidade física do espaço e recursos humanos, à empresa Usina Cambuí pela doação
da torta de filtro, ao IFG campus Rio Verde - GO pela concessão do uso do laboratório de
pós-colheita.
REFERÊNCIAS
BIANCHIHI, M. G. A., BELÉIA, A. D. P. Umidade e congelamento de grãos de amaranto e sua
capacidade de expansão térmica. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.45, n.8, p.917-924,
ago. 2010.
CARDOSO, R. B. et al. Potencial fisiológico de sementes de crambe em Função de embalagens e
armazenamento. Pesq. Agropec. Trop, Goiania, v. 42, n. 6, p.272-278, jul. 2012.
DAMODARAN, S.; PARKIN, K.L.; FENNEMA, O.R. Fennema’s food chemistry. 4th ed. Boca Raton:
CRC, 2008. 1144p.
FERREIRA, Daniel Furtado. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia
(UFLA), Lavras, v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011.
RESENDE et al. FORMA, TAMANHO E CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DO FEIJÃO (Phaseolus
vulgaris L.) DURANTE A SECAGEM. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina
Grande, v. 7, n. 1, p.15-24, 2005. Disponível em: <http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa/rev71/Art712.pdf>.
Acesso em: 22 mar. 2018.
ROCHA, C. R. M. da et al. Avaliação do vigor de sementes de girassol por meio de análise de imagens
de plântulas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 45, n. 6, p.970-976, jul. 2015.
SALGADO, S. M. et al. Modificação da concentração de amido resistente em feijão macassar
(Vigna unguiculata L. Walp) por tratamento hidrotérmico e congelamento. Ciência e Tecnologia de
Alimentos, Campinas , v. 25, n. 2, p. 259-264, June 2005.
SILVA, G. H. da; OLIVEIRA, M. R. de. A CULTURA DO GIRASSOL NA AGRICULTURA FAMILIAR, SOB
A PERSPECTIVA DA AGROENERGIA. 2011.
SMANIOTTO, T. A. de S. et al. Qualidade fisiológica das sementes de soja armazenadas em diferentes
condições. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, Pb, v. 18, n. 4,
p.446-453, jul. 2014.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 8
64
SOUZA et al. Características agronômicas do cultivo de girassol consorciado com Brachiaria
ruziziensis. Revista Ciência Agronômica, v. 46, n. 1, p. 110-116, jan-mar, 2015 Centro de Ciências
Agrárias - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 8
65
CAPÍTULO 9
QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES
PELETIZADAS DE TOMATE
Data de aceite: 01/11/2021
Data de submissão: 27/09/2021
Layanne Muniz Sprey
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA)
Manaus – Amazonas
https://orcid.org/0000-0001-7848-4701
Sidney Alberto do Nascimento Ferreira
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA)
Coordenação de Biodiversidade
Manaus – Amazonas
https://orcid.org/0000-0002-4156-9733
Maylla Muniz Sprey
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA)
Manaus – Amazonas
https://orcid.org/0000-0002-8271-0537
RESUMO: O cultivo de hortaliças requer melhorias
no sistema de semeadura que lhe garanta
maior êxito técnico e econômico das atividades
agrícolas. Nesse contexto, a peletização de
sementes constitui uma das técnicas préplantio promissora, devido à modificação das
características físicas das sementes. Assim, este
trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos de
diferentes materiais de recobrimento na qualidade
fisiológica de sementes de tomate cv. Santa
Cruz. Para tanto, foram testados dois materiais
aglomerantes (calcário dolomítico e fécula de
mandioca) e dois polímeros aglutinantes (acetato
de polivinila e goma arábica) na concentração
de 30%, e, ao final, acabamento com corante
artificial. O delineamento experimental utilizado
foi o inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 2 (aglomerantes) x 2 (aglutinantes), mais
tratamento adicional (sementes nuas), com
quatro repetições e unidades experimentais de
cinquenta sementes/péletes. A qualidade física
e fisiológica das sementes peletizadas e nuas
foi avaliada através das seguintes variáveis:
diâmetro das sementes/péletes; número de
sementes por pélete; germinação; índice de
velocidade de germinação; tempo médio de
germinação; comprimento da plântula; massa
fresca e seca da plântula. De maneira geral, a
peletização aumentou de 4 a 5 vezes o tamanho
da unidade de propagação. A barreira física
imposta às sementes pela peletização não
influenciou na germinação, mas promoveu atraso
na velocidade de germinação de 2 a 3 dias em
relação às sementes nuas. O recobrimento com
calcário dolomítico, independente do material
adesivo, proporcionou os melhores resultados de
germinação, plântulas normais, comprimento da
plântula, massa fresca e seca da plântula.
PALAVRAS-CHAVE: Solanum lycopersicum,
recobrimento, semeadura, germinação, vigor.
PHYSIOLOGICAL QUALITY OF
PELLETED TOMATO SEED
ABSTRACT: Vegetable growing needs to
improve the sowing technique to guarantee
greater technical and economic success. In
this context, seed pelletizing is one of the
most promising pre-planting techniques, as it
modifies the physical seed characteristics. Thus,
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 9
66
this work aimed to evaluated the effects of different coating materials on the physiological
quality of tomato seeds, cv. Santa Cruz. Two products for coating (dolomitic limestone and
cassava starch) and two for gluing (polyvinyl acetate and gum arabic) were tested in a 30%
concentration, thereafter artificial dye was applied. The experimental design was completely
randomized, with the factorial scheme 2 (coats) x 2 (glues), plus additional treatment (nontreated seeds), with four replicates and experimental units of fifty seeds/pellets. The physical
and physiological quality of pelleted and non-treated seed was evaluated with the following
variables: seed/pellet diameter; seed number per pellet; germination; germination speed
index; average germination time; seedling length; fresh and dry seedling mass. In general,
pelletization increased the size of the propagation unit 4 to 5 times. The physical barrier placed
on the seed by pelletization did not influence germination, but delayed germination speed 2
to 3 days in relation to non-treated seed. Coating with dolomitic limestone, independent of the
used adhesive, provided the best results for germination, normal seedlings, seedling length,
fresh and dry seedling mass.
KEYWORDS: Solanum lycopersicum, coating, sowing, germination, vigor.
1 | INTRODUÇÃO
O tomateiro (Solanum lycopersicum L.), pertence à família Solanaceae, é originário
da América do Sul, e considerado uma das hortícolas de maior importância econômica
em escala mundial (OLIVEIRA JÚNIOR, 2012). É responsável por uma grande variedade
de produtos e subprodutos, utilizados na forma in natura ou processados na indústria
alimentícia e farmacêutica (GONZÁLEZ et al., 2011). Em 2014, a produção mundial de
tomate atingiu cerca de 170 milhões de toneladas, em uma área cultivada de 5 milhões de
hectares (FAO, 2017).
O tomateiro é descrito como uma planta herbácea, autógama e perene, mas cultivada
como cultura anual. É caracterizado por uma ampla variabilidade fenotípica, com frutos de
vários tamanhos e formatos, de coloração entre amarelo e vermelho. Conforme grupo e
cultivar, apresenta superfície lisa ou canelada com dimensões arredondadas, alongada
ou elíptica. Formado internamente por dois a dez lóculos, contendo sementes pequenas e
pilosas, protegidas por mucilagem placentária quando dentro do fruto (ALVARENGA, 2013).
Em sua maioria, as sementes de hortaliças apresentam formato irregular, com
tamanho e peso reduzido, características que as tornam difíceis de serem individualizadas.
Tais aspectos podem ocasionar irregularidade no espaçamento e na densidade de
semeadura, impondo a utilização de grande quantidade de sementes para se obter um
estande satisfatório de plantas no cultivo. Essas operações exigem uma maior utilização de
mão-de-obra, elevando o custo de produção (LOPES; NASCIMENTO, 2012).
Entre os métodos e tecnologias propostos para sanar o problema destas espécies,
de difícil individualização e distribuição uniforme na semeadura, está à utilização de
recobrimento de sementes. Nas últimas décadas, esta prática tem sido muito utilizada em
sementes florestais, hortaliças, leguminosas e gramíneas forrageiras (SIKHAO et al., 2015).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 9
67
A mesma pode servir de veículo para incorporação de nutrientes, inoculantes, reguladores
de crescimento e outros agroquímicos (QUEIROZ et al., 2015).
A peletização é uma das técnicas de recobrimento que proporciona à modificaçã
das características físicas das sementes, por meio da aplicação de diferentes materiais
secos e polímeros aglutinantes aderidos a superfície da semente, promovendo o aumento
de tamanho, peso e formato esférico (SANTOS, 2016). Ao final do processo, o pélete deve
apresentar propriedades físicas de não se desfazer durante o transporte, manuseio e
semeadura. Entretanto, ao serem umedecidos após a semeadura, devem se desintegrar
com facilidade, para não constituírem uma barreira física impedindo a germinação (LOPES;
NASCIMENTO, 2012).
A aplicabilidade da peletização conduz a vantagens inegáveis referentes às
sementes, como melhoria da plantabilidade manual e mecânica; proteção contra danos
mecânicos; diminuição da prática de desbaste; maior eficiência dos produtos fitossanitário
aderidos aos péletes; melhoria na visualização das sementes no solo e substrato. Contudo,
a barreira imposta pelo material sob as sementes pode resultar em efeitos antagônicos,
como dificultar a emissão da raiz primária; intervir nas trocas gasosas entre a semente e o
ambiente externo ao pélete e promover a emergência desuniforme das plântulas (SILVA;
NASCIMENTO, 2009).
Desta forma, faz-se necessário estabelecer interação entre os materiais, com
a granulometria mais adequada e melhor proporção dos ingredientes. Assim, o objetivo
deste trabalho foi avaliar a combinação de diferentes materiais de recobrimento sobre a
qualidade fisiológica de sementes de tomate Solanum lycopersicum L.).
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Sementes do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (INPA), Campus III (V8), em Manaus, Amazonas. Os frutos de
tomate cv. Santa Cruz utilizados foram provenientes de cultivos comerciais no município de
Irecê (11°18’15”S e 41°51’21”O, altitude de 721 metros), Estado da Bahia, Brasil.
Os frutos apresentavam epicarpo de coloração vermelha, indicando a maturidade
fisiológica das sementes (DIAS et al., 2006). As sementes foram beneficiadas de forma
manual, com assepsia em solução de hipoclorito de sódio, na concentração de 1% (vol./
vol.), por três minutos em agitação. Depois, às sementes foram lavadas em água corrente
e colocadas sobre papel toalha para a retirada do excesso de água. Em seguida, foram
submetidas à secagem em estufa a 35°C, por 8 horas, até atingirem a umidade de 8%,
monitorado através de sucessivas pesagens.
O processo de peletização das sementes foi efetuado em equipamento de
fabricação própria, com velocidade de rotação ajustável e automatizada. Na aplicação dos
cimentantes (aglutinantes) utilizou-se um pulverizador manual de compressão prévia com
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 9
68
capacidade de 1,5 litros. Para adição dos materiais de enchimento (aglomerantes) dentro
do equipamento, usou-se uma peneira, de malha fina (0,5 milímetro), de 15 centímetros
de diâmetro. O procedimento de peletização durou em média 30 minutos por partida, sem
considerar o período de secagem e o tempo para preparo de material.
As sementes foram inseridas no equipamento em movimento, e sofreram inúmeras
rotações, ao mesmo tempo em que recebiam as soluções cimentantes, preparadas
previamente. Após a distribuição uniforme de cada solução cimentante, adicionava-se o
material de enchimento em pequenas frações de 5 a 10 gramas. Este intervalo de valores
foi fixado para todos os materiais de enchimento por constituir a quantidade mínima
necessária para formar uma camada em todas as sementes. Alternou-se a aplicação da
solução cimentante e do material de enchimento, até não haver mais tegumento visível,
formando grânulos esféricos de superfície lisa, e, ao final, foi feita a aplicação do material
de acabamento (corante).
Para a confecção dos péletes utilizou-se como material de enchimento: fécula de
mandioca e calcário dolomítico, peneirados aos poucos e aplicados alternadamente com
a pulverização das soluções cimentantes. Como material cimentante, empregaram-se as
colas goma arábica e a base de acetato de polivinila (PVA), diluídas em água aquecida a
70°C, na concentração de 30% (vol./vol.), e, ao final, o acabamento com corante artificia
para fins alimentícios. Posteriormente, fez a homogeneização dos péletes em peneiras
de crivos redondos de 5 mm; as que ficaram retidas foram descartadas. Em seguida, as
sementes peletizadas foram secadas em estufa a 38°C, por 24 horas.
A qualidade física e fisiológica das sementes foi avaliada através das seguintes
variáveis:
Diâmetro das sementes/péletes: para a determinação do diâmetro transversal,
utilizou-se 20 sementes nuas e peletizadas de cada tratamento, escolhidas ao acaso e
medidas individualmente com paquímetro digital com 0,01 milímetros de precisão.
Número de sementes por péletes: utilizando quatro subamostras de 25 péletes,
fez-se a “despeletização” esmagando a amostra de forma a separar o revestimento da
semente, e quantificando o número de sementes presente em cada élete.
Germinação: Foram utilizadas quatro repetições de 50 péletes/sementes
acondicionados em caixas “gerbox” (11x11x3,5 cm) sobre papel mata-borrão, umedecido
com água destilada, na proporção de 2,5 vezes a massa do papel seco. Os péletes/
sementes foram mantidos em câmara de germinação, à temperatura constante de 30°C,
com fotoperíodo de 12 horas. Foram consideradas germinadas os péletes/sementes que
apresentavam protrusão da raiz primária com contagem final ao 14° dia após a instalação
do teste (BRASIL, 2009).
Primeira contagem de germinação: realizada juntamente com o teste de
germinação, registrando a porcentagem de péletes/sementes germinados no quinto dia
após a instalação do teste (BRASIL, 2009).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 9
69
Índice de velocidade de germinação: aplicado conjuntamente com o teste de
germinação, em que se computou o número de sementes germinadas diariamente, dividido
pelo número de dias decorridos entre a semeadura e a germinação, e cujo índice foi
calculado conforme fórmula proposto por Maguire (1962):
na qual, o Gi é o percentual de sementes germinadas computadas durante os i dias
de contagem e o Ni é o número de dias após a implantação do teste.
Tempo médio de germinação: obtido por meio da contagem diária das sementes
germinadas até o décimo quarto dia após a semeadura e calculado através da fórmula
proposta por Labouriau (1983), sendo os resultados expressos em dias:
Em que, o ni é o número de sementes germinadas num intervalo de tempo, n o
número total de sementes germinadas e ti os dias de germinação.
Comprimento da plântula: Ao final do teste de germinação, a altura das plântulas
normais de cada repetição foram medidas tomando o comprimento da raiz principal até a
inserção da primeira folha com o auxílio de uma régua graduada em centímetros, sendo os
resultados expressos em cm plântula-1.
Massa fresca e seca da plântula: as plântulas normais de cada repetição foram
pesadas antes (massa fresca) e após a secagem (massa seca) em estufa com circulação
de ar forçada a 80°C, por 24 horas (NAKAGAWA, 1999). As pesagens foram feitas em
balança analítica (0,001 gramas), sendo os resultados expressos em gramas plântula-1.
Delineamento experimental: o experimento foi conduzido em delineamento
inteiramente casualizado, em esquema fatorial de 2 (materiais de enchimento) x 2
(materiais cimentantes), mais tratamento adicional (sementes nuas), com quatro repetições
e unidades experimentais de cinquenta péletes/sementes. Os resultados obtidos foram
submetidos à análise de variância e as médias compradas pelo teste de Tukey em nível
de 5% de probabilidade de erro, utilizando o programa ASSISTAT versão 7.7 (SILVA;
AZEVEDO, 2016).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os diâmetros dos péletes evidenciaram que o recobrimento proporcionou um
aumento de tamanho de 4 a 5 vezes em relação às sementes nuas (fig. 1), com modificaçã
do formato das unidades de propagação. A utilização de calcário dolomítico contribuiu para
a formação de grânulos com diâmetro mais elevado. Por outro lado, houve uma maior
variação de tamanho nas sementes peletizadas com fécula de mandioca, independente
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 9
70
do material adesivo empregado. O benefício do aumento do tamanho das sementes e,
consequentemente, o peso está na facilidade de semeadura, seja manual ou mecanizada
(GADOTTI; PUCHALA, 2010).
Figura 1 - Box plot da dispersão dos valores de diâmetro das sementes nuas (controle) e peletizadas
de tomate cv. Santa Cruz. Cimentante: Ga = Goma arábica; PVA = acetato de polivinila; Enchimento:
Cal dol = calcário dolomítico; Fec = fécula de mandioca.
O número de sementes por pélete (NSP) diferiu em relação à testemunha (sementes
nuas) (quadro 1), apresentando de 1 a 3 unidades por grânulo: 79% dos péletes continham
uma semente; 20% continham duas; e 1% três sementes. Com relação aos fatores
enchimento e cimentante, além da interação entre os mesmos, o NSP não apresentou efeito
significativo, e sim uma média geral de 1,23 sementes por grânulo. Este resultado está de
acordo com o que Silva e Nascimento (2009) sugerem para as sementes peletizadas de
hortaliças em que grânulos podem portar uma ou mais sementes, com na maioria das
vezes, apenas uma semente por unidade.
Quanto à germinação, observou-se que os materiais empregados na peletização
não influenciaram no processo germinativo em relação às sementes nuas (testemunha).
Para essa variável, também não foi observado efeito significativo de interação entre os
níveis dos fatores estudados (enchimento e cimentante), nem entre os níveis do fator
material cimentante isoladamente. Por outro lado, os níveis do material de enchimento
apresentaram diferenças significativas, com a utilização de calcário dolomítico promovendo
valor superior (95%) em relação à fécula de mandioca (86%). De qualquer modo, a
germinação foi superior ao estabelecido pelo padrão brasileiro de germinação de sementes
de tomate, que é de 70% (CASTELLANE et al., 1990).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 9
71
As plântulas normais tiveram comportamento semelhante à germinação (quadro 1).
Os tratamentos aplicados não diferiram significativamente da testemunha (sementes nuas),
assim como, dentro do fator cimentante, goma arábica não diferiu de acetato de polivinila.
Enquanto, dentro do fator material de enchimento, calcário dolomítico foi superior (91%)
a fécula de mandioca (60%). Aparentemente, com a utilização de fécula de mandioca,
o percentual de plântulas normais mais baixos (60%) que o de sementes germinadas
(86%) foi devido à presença de bactérias Chryseobacterium sp., que comprometeram o
desenvolvimento das plântulas. Isto também foi observado por Mendonça et al. (2007) na
germinação de sementes revestidas de milho superdoce, que atribuíram a utilização de
produtos orgânicos, a base de amido ou açúcar no recobrimento, sendo de fácil digestão e
proliferação de microrganismos.
Quadro 1 - Número de sementes por pélete (NSP), germinação (G), plântulas normais (PN), primeira
contagem de germinação (PCG), índice de velocidade de germinação (IVG), tempo médio de
germinação (TMG), comprimento de plântula (CP) e massa fresca (MF), referentes sementes nuas e
peletizadas de tomate cv. Santa Cruz.
Com relação ao vigor das sementes, avaliado através da primeira contagem
de germinação (PCG), índice de velocidade de germinação (IVG) e tempo médio de
germinação (TMG), nota-se que houve diferença significativa dos tratamentos em relação
à testemunha (quadro 1), onde as sementes nuas germinaram mais rapidamente que as
sementes peletizadas. Isto se assemelha ao que foi encontrado por Carvalho & Novembre
(2011), em que sementes de fumo revestidas apresentaram germinação mais lenta do que
as não revestidas. Em outro estudo, Costa et al. (2001) relatam que sementes recobertas
demoram mais tempo para absorver a umidade, podendo retardar a germinação em até 48
horas. Nascimento et al. (2009) e Caldeira et al. (2016) alegaram que o material empregado
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 9
72
no processo de peletização pode contribuir como uma barreira física para emissão da raiz
primária, causando atraso na velocidade de germinação.
O comprimento das plântulas e a massa fresca da plântula tiveram comportamento
semelhante (quadro 1). Para essas duas variáveis, os tratamentos não diferiram da
testemunha, assim como dentro do fator material cimentante também não houve diferença.
Contudo, dentro do fator material de enchimento, calcário dolomítico proporcionou
resultado superior ao obtidos em fécula de mandioca. Além disso, esses comportamentos
são idênticos aos que foram alcançados pelas variáveis germinação e plântula normal,
já relatados. Vanzolini et al. (2007) consideram que o comprimento e a massa são duas
grandezas físicas importantes para se mensurar o crescimento de plântulas. Sementes
de arroz recobertas com calcário dolomítico proporcionaram plântulas com maior massa
fresca em relação aos demais materiais (TAVARES et al., 2012). Sampaio e Sampaio (2009)
relatam que o aporte nutricional externo, mediante ao recobrimento das sementes com
fornecimento precoce de fertilizantes, faz com que as plântulas respondem favoravelmente
ao crescimento de forma mais rápida e vigorosa. No caso específico de sementes de
hortaliças, geralmente de pequeno tamanho, as limitadas quantidades de substâncias de
reserva podem ser equilibradas mediante a peletização com nutrientes essenciais na fase
inicial de desenvolvimento das plântulas.
A massa seca das plântulas apresentou diferença significativa entre os tratamentos
e a testemunha, e, também, efeito de interação entre os fatores estudados (quadro 2). O
uso de calcário dolomítico, independente do material cimentante empregado, proporcionou
resultados significativamente superiores aos alcançados com fécula de mandioca. Por
outro lado, dentro de calcário dolomítico, os resultados com goma arábica foram maiores
que o acetato de polivinila, enquanto dentro de fécula de mandioca os resultados não
diferiram. Esse resultado foi semelhante ao obtido por Magalhães et al. (1994) avaliando o
efeito da peletização em sementes de sorgo, onde o recobrimento com calcário apresentou
biomassa seca superior aos outros materiais de enchimento empregado.
Quadro 2 - Médias da massa seca de plântulas de tomate cv. Santa Cruz, referentes a sementes
peletizadas utilizando diferentes materiais cimentantes e de enchimento.
Segundo Dode et al. (2012), as plantas que apresentam a massa fresca e seca
superiores às outras, para uma mesma espécie, indicam boa qualidade fisiológica das
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 9
73
sementes, e são consideradas mais vigorosas. A maior mobilização dos compostos de
reserva dos cotilédones e sua translocação para o eixo embrionário ocorrem nas sementes
de maior vigor durante a fase de germinação, à medida que a redução na massa seca
cotiledonar reflete o aumento na produção de biomassa, originando plântulas com maior
peso, em função do maior acúmulo de matéria (NAKAGAWA, 1999). Segundo Melo et al.
(2006), trata-se de um aspecto intrínseco de sementes vigorosas, em virtude de serem
mais eficientes quanto a produção de biomassa
4 | CONCLUSÃO
A peletização em sementes de tomate cv. Santa Cruz não afetou o processo de
germinação, porém a barreira física imposta sobre as sementes promoveu atraso na
velocidade de germinação.
Os péletes a base de calcário dolomítico independente do material adesivo
apresentaram os melhores resultados de germinação, plântula normal, comprimento de
plântula, massa seca e fresca da plântula.
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 9
76
CAPÍTULO 10
CONTROLE DAS BROCAS DOS FRUTOS DE
GRAVIOLEIRA EM PLANTIO COMERCIAL NO
MUNICÍPIO DE CASTANHAL PARÁ
Jaqueline Araújo da Silva
Data de aceite: 01/11/2021
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/8637073722532283
Data de submissão:13/09/2021
Thalia Maria de Sousa Dias
Jaqueline Lima da Silva
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/1297850445240834
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/6865376282821369
Tinayra Teyller Alves Costa
Sinara de Nazaré Santana Brito
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/7356758954996485
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/7167428610788027
Jorge Junior da Silva Nascimento
Harleson Sidney Almeida Monteiro
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/1242014093641614
Hamilton Ferreira de Souza Neto
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/0827840385717891
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/2967586299102545
Wenderson Nonato Ferreira da Conceição
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/2813105278747371
Alef Ferreira Martins
Antônia Benedita da Silva Bronze
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/7411945748994420
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/2194653905029618
Graziele Rabelo Rodrigues
Universidade Federal Rural da Amazônia,
Instituto de Ciências Agrárias – ICA
Belém – Pará
http://lattes.cnpq.br/9672556965278724
RESUMO: O estudo teve como objetivo analisar
diferentes materiais no ensacamento de frutos
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
77
de gravioleira visando a redução dos danos causados pela broca-dos-frutos (Cerconota
anonella) e broca-das-sementes (Bephratelloides pomorum) e seu efeito na qualidade física
dos frutos. Realizou-se em um pomar no município de Castanhal – PA em plantio comercial de
gravioleira. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com sete tratamentos:
1) testemunha sem invólucro; 2) tela branca tipo mosqueteiro (com aberturas em torno
de 1 a 2 cm); 3) tela verde tipo mosqueteiro (com aberturas menores que 1 cm); 4) TNT
branco (aberto no fundo); 5) saco plástico de polietileno (com pequenos furos aleatoriamente
confeccionados); 6) saco de papel kraft (com fundo aberto); 7) saco de jornal (artesanalmente
confeccionado e fundo aberto), cinco repetições e quatro plantas por repetição, totalizando
o número de 140 amostras. Para a avaliação das características qualitativas, Avaliou-se:
incidências das brocas; cochonilha e antracnose, e para as características quantitativas
foram avaliados: Massa do fruto (MF); Comprimento do fruto (CF); Diâmetro do fruto (DF)
e Frutos colhidos. Os dados coletados foram analisados no programa ASSISTAT 7.7 beta
submetendo-os a análise de variância, utilizando o teste de Tukey com significância de
5%. Os materiais Tela Branca, TNT, Tela Verde e Saco Plástico utilizados no estudo foram
eficazes para o controle da broca-do-fruto e broca-da-semente. O Papel Kraft e o Jornal não
foram eficazes para a proteção dos frutos, por apresentarem pouca resistência às chuvas. O
saco plástico de polietileno não é recomendado para ensacamento de frutos na região por
proporcionar menor massa e quantidade de frutos colhidos, além de favorecer a incidência
de cochonilha e antracnose. Os materiais mais indicados para o controle da broca-do-fruto,
broca-da-semente e qualidade dos frutos da graviola, nas condições edafoclimáticas de
Castanhal-PA, são Saco de Tela Branca e saco de tela verde.
PALAVRAS-CHAVE: Annona muricata L., broca-do-fruto, broca-da-semente, fruticultura.
CONTROL OF GRAVIOLEIRA FRUIT DRILLS IN COMMERCIAL PLANTING IN
THE MUNICIPALITY OF CASTANHAL PARÁ
ABSTRACT: The objective was to analyze different materials in soursop fruit bagging aimed
at reducing the damage caused by the borer of the fruit (Cerconota anonella) and borer seeds
(Bephratelloides pomorum) and its effect on the physical quality of the fruit. The experiment
was conducted in an orchard in the city of Castanhal - PA in a plantation commercial. It
was used a randomized block with seven treatments: 1) non-enveloped witness; 2) white
screen type Musketeer (with openings of about 1 to 2 cm); 3) Green screen type Musketeer
(with apertures smaller than 1 cm); 4) TNT (tissue-non-tissue) white (with open bottom); 5)
polyethylene plastic bag (with small holes made at random); 6) kraft paper bag (with open
bottom); 7) journal bag made by hand (with open bottom), five replications and four plants per
repetition, the total number of 140 samples. For the evaluation of qualitative characteristics
were evaluated: incidence of borer; cochineal and anthracnose, and quantitative characteristics
were evaluated: fruit weight (FW); fruit length (FL); fruit diameter (FD) and harvested fruits.
Data were organized in spreadsheet in Excel and later analyzed in ASSISTAT 7.7 beta program
submitted to variance analysis, using the Tukey test with 5% significance. The materials White
Screen, TNT, Green Screen and Plastic bag used in bagging of soursop were effective to
control the borer fruit-and-borer the seed. Kraft paper and the Journal have not been effective
for fruit protection in Castanhal, because they have little resistance to rain. The plastic bag of
polyethylene is not recommended for fruit bagging in Castanhal-PA region by providing lower
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
78
mass and quantity of fruits, favor the incidence of anthracnose and mealybug. The materials
most suitable for the control of borer-fruit borer seed and fruit quality of soursop, at conditions
of Castanhal-PA, are white screen bag and green screen bag.
KEYWORDS: Annona muricata L., drill-do-fruit, drill-the-seed, Fruits.
1 | INTRODUÇÃO
A graviola (Annona muricata L.), pertence à família Annonaceae, é uma fruta de
clima tropical com enorme valor econômico sendo cultivada comercialmente em diversos
países como: México, Brasil, Venezuela e Costa Rica, em ordem decrescente de área
plantada (JOSÉ et. al., 2014).
Nogueira et. al. (2005), informa a necessidade de acompanhar o mercado, demanda
e exigências dose consumidores, assim como a organização da cadeia produtiva para
maior qualidade de fruto e garantir maior competitividade.
Segundo Falcão et. al. (apud VILASBOAS, 2012, p. 23), a graviola é uma fruta de
grande importância econômica social a nível local e regional, principalmente nas regiões
Norte e Nordeste devido a utilização de grande mão-de-obra e seu valor elevado de
mercado devido a sua quantidade de polpa. Porém, existem muitas barreiras para sua
produção comercial que está associada a fecundação das flores (Hercogamia e Protoginia)
para a formação do fruto e problemas fitossanitários, em especial a broca-do-fruto e a
broca-da-semente que causam grandes perdas na produção.
Granadino e Cave (apud PEREIRA, 2009, p. 390), diz que a produção de
gravioleira, desde a fecundação das flores à colheita dos frutos, está sujeita a inúmeros
ataques de pragas, sendo, na maioria das vezes, danos causados pela broca-da-semente
(Bephratelloides pomorum) e pela broca-do-fruto (Cerconota anonella), a falta de variedades
melhoradas e o pequeno conhecimento sobre estes problemas fitossanitários, têm sido o
maior limitador do cultivo comercial destas anonáceas.
A broca-do-fruto é considerada uma das pragas mais sérias do gênero Annona
spp, causa o apodrecimento da polpa, o enegrecimento e endurecimento da parte externa
atacada, inviabilizando a comercialização do fruto in natura ou o processamento industrial
(JOSÉ et al., 1997; ICUMA, 2003; MARTELLETO, 1997; MORALES e MANICA, 1994 apud
PEREIRA, 2009, p. 390).
A broca-da-semente, também é causadora de grandes danos ao fruto da graviola,
isso se deve em decorrência das galerias abertas pelas vespas adultas ao saírem da
semente para o exterior do fruto, o que facilita a entrada de umidade e microrganismos
benéficos, depreciação e pôr fim a queda do fruto (GALLO et al. 2002).
São conhecidas algumas medidas de controle das brocas, podendo ter algumas
alternativas: a química, com a utilização de inseticidas e a mecânica com a construção de
armadilhas para a captura de adultos das brocas; além da eliminação dos frutos afetados
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
79
e o ensacamento dos frutos.
O perfil do consumidor de frutas passa por mudanças, e com isso, há exigências
de mercado, principalmente os de fruta ‘in natura’, a demanda por alimentos com níveis
reduzidos, ou mesmo isentos, de resíduos agrotóxicos estão aumentando. Portanto há
necessidade de novas técnicas para produção e beneficiamento dos produtores que vem
sofrendo prejuízos em seus plantios por conta da incidência de pragas e doenças.
O presente trabalho teve como objetivo analisar os diferentes materiais para
ensacamento de frutos de gravioleira visando a redução dos danos causados pela brocado-fruto (Cerconota anonella) e broca-da-semente (Bephratelloides pomorum) e seu efeito
na qualidade física dos frutos.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Localização do Experimento
Os efeitos dos tipos de ensacamentos como forma de controle de brocas do fruto e
da semente, foram testados em um pomar comercial de gravioleira localizado no município
de Castanhal – PA, com latitude 01º 17’ 38” S, longitude 47º 55’ 35” W, altitude de 41 m e
área 1029,4 Km², no Sítio São Luís, do produtor Luiz Gomes, no período entre janeiro e
junho de 2015.
2.2 Preparo e condução do experimento
O pomar apresenta 282 plantas ao longo de 11 fileiras onde cada uma apresentava
em média 25 plantas, com espaçamento de 5 m x 5 m. Em janeiro de 2015 foi realizada uma
entrevista com o gerente da área, para conhecimento do histórico de plantio do pomar, em
seguida começou a ser preparada a demarcação do experimento e a polinização artificia
das flores. Foram selecionadas 20 plantas ao longo de 5 fileiras em blocos ao acaso,
onde em cada fileira selecionou-se 4 plantas e em cada planta continha os 7 tratamentos,
totalizando 20 frutos para cada tratamento e um total de 140 unidades experimentais.
Para o processo de polinização artificial foi necessário o método manual, onde foi
coletado com um pincel e armazenado em um recipiente o pólen. O polinizador realizou
o processo em cada flo , sendo estas marcadas com fitas de TNT. A técnica da poda foi
constantemente realizada no pomar de gravioleiras para o arejamento e entrada de luz nas
plantas.
Após cerca de 22 dias de polinização artificial das flores, deu-se o processo de
ensacamento dos frutos, usando 6 tipos de materiais para o ensacamento mais a testemunha
(sem ensacamento). Como critérios para obtenção do ensacamento foram estipulados:
frutos com tamanho entre 3 cm e 5 cm, não apresentar injúrias e incidência de doenças.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com sete
tratamentos e cinco repetições. Cada bloco foi composto por quatro plantas e em cada
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
80
planta foram escolhidos, aleatoriamente, sete frutos, sendo um fruto para cada tratamento.
Cada parcela experimental foi composta por sete frutos de cada tratamento nas quatro
plantas de cada repetição. Para a gravioleira os tratamentos consistiram em: 1) testemunha
sem invólucro; 2) tela branca tipo mosqueteiro (com aberturas em torno de 1 a 2 cm);
3) tela verde tipo mosqueteiro (com aberturas menores que 1 cm); 4) TNT (tecido-nãotecido) branco aberto no fundo; 5) saco plástico de polietileno (com pequenos furos
aleatoriamente confeccionados); 6) saco de papel kraft (com fundo aberto); 7) saco de
jornal (artesanalmente confeccionado e fundo aberto); Os sacos de telas branca, verde e
o TNT foram confeccionados com linhas e máquinas de costura e tinham em média 40 cm
x 40 cm, o saco plástico de polietileno e o saco de papel kraft foram comprados prontos
e os ajustes (furos ao longo do saco) foram feitos um dia antes do ensacamento, esses
tinham em média 30 cm x 40 cm. Já o saco de jornal foi confeccionado artesanalmente
com grampeador uma semana antes da data do ensacamento e tinham em média 30 cm
x 35 cm.
Os frutos foram ensacados manualmente e aleatoriamente, desde que o tamanho
do fruto para o ensacamento estivesse entre 3cm e 5cm e não apresentasse incidência de
nenhuma broca e/ou doença, assim como o fruto escolhido não estivesse nas extremidades
da copa, para que o processo da poda não comprometesse o experimento.
Em cada planta, ao selecionar os 7 (sete) frutos de acordo com os critérios
estabelecidos no próprio experimento, ensacou-se os frutos com os tratamentos
aleatoriamente, não esquecendo de selecionar o fruto testemunha, marcando-os com uma
fita de TNT diretamente no pedúnculo. Os sacos foram presos ao pedúnculo dos frutos
através de elásticos para evitar o acesso das brocas aos frutos pelo pedúnculo no caso
das telas e TNT, e grampeadores nos casos dos sacos de papel kraft e sacos de jornal,
ressaltando a atenção para não deixar nenhum tipo de abertura nos sacos que possa
favorecer a entrada dos insetos.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
81
Figura 1: Gravioleira com diferentes ensacamentos de controle das brocas do fruto e da semente.
Fonte: Arquivo Pessoal 2015.
2.3 Coleta e Analise de dados
A análise de dados estatísticos da qualidade dos frutos se deu a cada 30 dias a partir
da data do ensacamento e no dia da colheita, neste processo os frutos eram avaliados na
planta, onde o importante nesse momento era a preservação dos frutos e seus invólucros.
Nessa fase de avaliação da qualidade, já estavam sendo feitos os levantamentos dos dados
acerca do comportamento dos frutos ensacados; proteção dos frutos, presença das brocas,
cochonilha e antracnose. Devido à alta pluviosidade do local do experimento, houve o
desgaste dos materiais utilizados, como foi o caso do papel Kraft e os sacos de jornal.
No dia da colheita após separar os frutos por tratamentos fez-se a última análise
acerca dos parâmetros qualitativos, analisava-se dentre os 20 frutos de cada tratamento,
quantos destes apresentavam incidências de brocas, cochonilha e/ou antracnose.
O processo de análise de dados estatísticos quantitativos dos frutos foi medido após
a colheita dos frutos que ocorreu após 6 meses do ensacamento. A coleta dos frutos foi
realizada no período da manhã, com o auxílio de uma tesoura de poda, em seguida foi
realizada a separação dos frutos por tratamento e análise qualitativa dos frutos. E por fim
análise para mensurar os dados de massa do fruto, comprimento do fruto, diâmetro do fruto
e número de frutos colhidos.
Para os dados sobre a Massa do Fruto (MF), os frutos foram colhidos no ponto de
comercialização, posteriormente pesados individualmente em balança semi analítica. Para
medir o Comprimento do fruto (CF)foi utilizada uma fita métrica, medindo as extremidades
do fruto, do pedúnculo a base do fruto e expressos em centímetros. Já para o Diâmetro da
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
82
base do fruto (DF) a medição foi dividida em duas partes: para obter o diâmetro da base do
fruto (DIAM 1) foi utilizada uma fita métrica, medindo o diâmetro a 5cm da base do fruto e
para obter o diâmetro do ápice do fruto (DIAM 2) foi utilizada uma fita métrica, medindo o
diâmetro a 5cm do ápice do fruto.
2.4 Análise dos dados
Os dados foram organizados em planilhas no programa Excel e posteriormente
analisados no programa ASSISTAT 7.7 betas utilizando-se estatística analítica, pelo teste
de Tukey 5% de probabilidade.
Em decorrência da perda dos tratamentos de saco de papel kraft e saco de jornal,
por conta da alta pluviosidade na região, no período de execução do experimento, utilizouse na estatística apenas cinco tratamentos, sendo: testemunha; tela branca; TNT; tela
verde e saco de plástico de polietileno
3 | RESULTADOS E DISCURSÃO
3.1 Avaliação dos dados qualitativos no controle das brocas e qualidade dos
frutos de graviola com diferentes ensacamentos
Os resultados para a proteção dos frutos foram satisfatórios obtendo 100% de
proteção contra a broca-do-fruto e a broca-da-semente, diferente da testemunha que
apresentou 100% dos frutos infestados (Gráfico 1)
Gráfico1. Incidência, em porcentagem, de brocas dos frutos e das sementes.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2016 (Ajustado - 2021).
Nos materiais testados para o ensacamento dos frutos observou-se a presença de
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
83
cochonilha e antracnose. O TNT apresentou maior porcentagem dentre os tratamentos
(60%) e os tratamentos de tela branca, tela verde e saco plástico obtiveram porcentagem
iguais para a incidência de cochonilha (40%) (Figura 3). Este resultado pode ser explicado
devido a aplicação de controle com óleo mineral e o impedimento do efeito “limpeza”
ocasionado pelas chuvas, favorecendo a proliferação das cochonilhas nos frutos.
Gráfico2. Incidência, em porcentagem, de cochonilha nos frutos de graviola.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2016.
Para a antracnose (Gráfico3), a testemunha e o saco plástico destacaram-se,
negativamente, com os maiores resultados percentuais (60%). O tratamento TNT obteve a
porcentagem de 40%de frutos contaminados por antracnose, e os tratamentos tela branca e
tela verde foram menos infestados para esta doença, ambas com porcentagem de 20%. O
experimento foi realizado durante o período chuvoso do município (VALENTE, 2001), o que
pode ter favorecido o surgimento da antracnose e corroborando com os resultados encontrados.
Gráfico 3: Incidência, em porcentagem, de antracnose nos frutos de graviola
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
84
Concernente a porcentagem de frutos colhidos, de acordo com o gráfico 4, houve
diferença entre os ensacamentos avaliados, o de tela verde com 95%, demonstrou ser
superior aos demais, totalizando 19 frutos colhidos. Os tratamentos testemunha e tela
branca ficaram acima da média, ambos com 17 frutos, o que podemos considerar uma
perda aceitável comparado a perda de frutos atualmente do pomar. Já os tratamentos de
TNT e saco plástico ficaram abaixo da média, além de perdas dos frutos por motivos de:
necrose, queda e poda acidental pelo funcionário da fazenda.
Gráfico 4. Porcentagem de frutos colhidos.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
3.2 Avaliação dos dados quantitativos para a qualidade dos frutos de graviola
com diferentes ensacamentos
De acordo com a análise de variância das características quantitativas para
avaliação do desenvolvimento e qualidade dos frutos, verificou-se que houve diferença
significativa pelo teste de Tukey a nível de 1% e 5% de probabilidade entre os tratamentos
com diferentes ensacamentos para frutos da gravioleiras para as variáveis massa e
comprimento do fruto, respectivamente, e para as variáveis diâmetro da base e ápice do
fruto não houve significância ( abela 1).
Fonte de Variação
TRATAMENTOS
MÉDIA GERAL
CV %
Quadrados Médios
MF
CF
DIAM 1
DIAM 2
6.0508**
1.44052
22.26
3.1711*
23.92000
13.56
1.8998
34.72000
15.00
0.9917ns
26.88000
14.11
ns
ns: Não significativo; ** significativo ao nível de 1% de proba lidade (p < .01); * significativo ao nível de 5
de probabilidade (.01 =< p < .05); FV: fontes de variação; MF: massa do fruto; CF: comprimento do fruto;
DIAM 1: diâmetro do fruto à 5cm da base do fruto; DIAM 2: diâmetro do fruto à 5cm do ápice do fruto.
Tabela 1. Resultado da análise de variância para ensacamento de frutos de gravioleira, obtidos através
do teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
85
Referente à característica massa do fruto (Gráfico 5), apresentou-se um peso médio
de 1,44 kg. O tratamento saco plástico diferenciou dos demais com a menor média 0,89 kg.
Em seguida, os tratamentos tela branca, TNT e tela verde com massas acima da média, não
diferiram entre si. A testemunha apresentou massa abaixo da média (1,36kg), entretanto não
diferiu estatisticamente dos demais tratamentos. Resultados diferentes foram encontrados
por Vilasboas (2012), trabalhando com polinização e proteção de frutos de gravioleira no
estado da Bahia, onde os tratamentos de tela, saco e papel não apresentaram diferença
estatística para as características físicas dos frutos. Contudo, Micheletti (2001), para o
tratamento saco plástico perfurado obteve quantidade média de massas semelhantes,
isto pode acontecer em decorrência da variação dos tratos culturais adotados durante os
experimentos, assim como, as características edafoclimáticas da região.
De acordo com Cavalcante (2010), todos os resultados obtidos estão dentro da
média de massa para o fruto da graviola de 0,5 kg a 3 kg excepcionalmente até 7 kg. Então
podemos dizer que os tratamentos não interferiram no desenvolvimento do fruto e reafirma
a manutenção do desenvolvimento e qualidade do fruto quando se faz o procedimento de
ensacamento de frutos.
Gráfico 5. Médias referentes à característica massa dos frutos de graviola com diferentes
ensacamentos.
Para o comprimento do fruto (Gráfico 6), a média geral foi de 23,92 cm. O tratamento
tela verde se diferenciou dos demais com a menor média apresentada 21 cm. Em seguida,
os tratamentos testemunha e tela branca com comprimentos acima da média, não
diferiram entre si. O TNT e o saco plástico ficaram abaixo da média 23,40 cm e 22,20 cm,
respectivamente. Entretanto, equipararam-se estatisticamente aos demais tratamentos. O
destaque foi para o tratamento de tela branca com média de comprimento de fruto de
27,40 cm. De acordo com Sacramento (2009), todos os resultados obtidos estão dentro da
média de comprimento para o fruto da graviola de 15 cm a 35 cm. Então podemos dizer
que os tratamentos não interferiram no desenvolvimento do fruto e reafirma a manutenção
do desenvolvimento e qualidade do fruto quando se faz o procedimento de ensacamento
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
86
de frutos.
Gráfico 6. Médias de comprimento dos frutos de graviola.
Em relação aos diâmetros (DIAM 1 e DIAM 2), não foi observada diferença estatística
entre os tratamentos.
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os materiais Tela Branca, TNT, Tela Verde e Saco Plástico utilizados no ensacamento
da graviola foram eficazes para o controle da broca-do-fruto e broca-da-semente. Os
materiais mais indicados para o controle da broca-do-fruto, broca-da-semente e qualidade
dos frutos da graviola, nas condições edafoclimáticas da região, são saco de tela branca e
saco de tela verde.
REFERÊNCIAS
CAVALCANTE, P.B.; Frutas comestíveis na Amazônia. 7 ed. Belém: Museu Paraense Emilio Goeldi,
2010. 282p.
GALLO, D.; NAKANO, O.; NETO, S. S.; CARVALHO, R. P. L. et al. Entomologia agrícola. 10 vol.
Piracicaba: ESALQ, 2002. 920 p.
JOSÉ, A.R.S, et al. Atualidades e perspectivas das anonáceas no mundo. v. 36, edição especial, e., p.
086-093, Janeiro,2014.
MICHELETTI, S. M. F. N.; AGRA, A. G. S. M.; BARBOSA, G. V. S.; GOMES, F. L. Controle de
CerconotaAnonella (Sepp.) (Lep.: Oecophoridae) e de Bephratelloidespomorum(Fab.) (Hym.:
Eurytomidae) em frutos de graviola (Annonamuricata L.). Revista Brasileira de Fruticultura. Vol.23.
n.3. Jaboticabal, dezembro. 2001.
NOGUEIRA, E. A.; MELLO, N. T. C.; MAIA, M. L. Produção e comercialização de anonáceas em São
Paulo e Brasil. Informações Econômicas, São Paulo, v. 35, n. 2, p.51-54, 2005.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
87
PEREIRA, M. C. T. et al. Efeito do ensacamento na qualidade dos frutos e incidência da broca-dosfrutos da atemóia e da pinheira. Bragantia, Campinas, v. 68, n. 2, p. 389-396, 2009.
SACRAMENTO, C. K.; MOURA, J. I. L.; COELHO JUNIOR, E. Graviola. In: SANTOS-SEREJO, J. A. et
al. (Ed.) Fruticultura tropical: espécies regionais e exóticas. Brasília: Embrapa, 2009. p. 95-132.
VALENTE, M. A.; SILVA, J. M. L. da; RODRIGUES, T. E.; CARVALHO, E. J. M.; ROLIM, P. A. M.;
SILVA, E. S.; PEREIRA, I. C. B. Solos e Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras do Município
de Castanhal, Estado do Pará. Projeto GPE-018, Convênio Sudam/Embrapa, Documento: 119,
setembro, 2001.
VILASBOAS, F. S. V.; Polinização e proteção de frutos de gravioleira no Estado da Bahia. 2012. 62
f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Bahia, 2012.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 10
88
CAPÍTULO 11
FRAÇÃO SÓLIDA DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS DE
SUINOCULTURA PARA O CRESCIMENTO INICIAL
DE Eucalyptus grandis
Ana Paula da Silva
Data de aceite: 01/11/2021
Data de submissão: 17/08/2021
Juliano Borela Magalhães
Universidade Federal de Santa Maria – campus
Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/0268447072395788
Juliano de Oliveira Stumm
Universidade Federal de Santa Maria – campus
Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/9087017267309410
Djavan Antônio Coinaski
Universidade Federal de Santa Maria – campus
Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/3492568422654976
Daiane Sartori Andreola
Universidade Federal de Santa Maria – campus
Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/1453991224785277
Ricardo Turchetto
Universidade Federal de Santa Maria – campus
Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/7635022972199499
Sinara Barros
Universidade Federal de Santa Maria – campus
Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/2312957631385630
Universidade Federal de Santa Maria – campus
Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/1675643218041912
Willian Fernando de Borba
Universidade Federal de Santa Maria – campus
Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/6186488672746432
Rodrigo Ferreira da Silva
Universidade Federal de Santa Maria – campus
Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/0974234816299860
Clóvis Orlando Da Ros
Universidade Federal de Santa Maria – campus
Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/6947821986020400
RESUMO: O cultivo de Eucalyptus grandis
é de grande importância para o setor
florestal brasileiro, em especial em áreas de
reflorestamento. A incorporação da fração sólida
das águas residuária de suinicultura ao solo pode
contribuir para melhoria da sua qualidade física,
química e biológica, repercutindo no crescimento
e qualidade de mudas do eucalipto. Diante da
importância da nutrição das plantas tem para
com o sistema florestal, neste trabalho procurouse evidenciar a possibilidade do uso da fração
sólida da água residuária da suinocultura no
crescimento inicial das mudas de Eucalyptus
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 11
89
grandis. O estudo foi conduzido em casa de vegetação da Universidade Federal de Santa
Maria, campus de Frederico Westphalen. O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, sendo testada a adubação com duas fontes nutricionais: fertilizante mineral (418-18) e fertilizante organomineral (2-9-9). Os parâmetros morfológicos das mudas (altura,
diâmetro, massa seca da parte aérea e massa seca da raiz) e de qualidade (relação H/MSPA
e IQD) foram avaliados após 90 dias do transplante das mudas. Os dados foram submetidos à
análise de variância e as médias de tratamentos comparados por meio do teste de F, a 5% de
probabilidade de erro. A fração sólida da água residuária de suinocultura apresenta potencial
para inserir na composição de fertilizante organomineral, pois possibilitou maior crescimento
em altura e em massa seca, além de melhor qualidade das mudas de Eucalyptus grandis em
relação ao fertilizante mineral.
PALAVRAS-CHAVE: Eucalyptus grandis, adubação, fração sólida, água residuária de
suinocultura.
SOLID FRACTION OF SWINE WASTEWATER FOR INITIAL GROWTH OF
Eucalyptus grandis
ABSTRACT: The cultivation of Eucalyptus grandis is of great importance for the Brazilian
forest sector, especially in reforestation areas. The incorporation of the solid fraction of
swine wastewater to the soil can contribute to the improvement of its physical, chemical
and biological quality, affecting the growth and quality of eucalyptus seedlings. Given the
importance of plant nutrition for the forest system, this work sought to highlight the possibility of
using the solid fraction of wastewater from swine production in the initial growth of Eucalyptus
grandis seedlings. The study was conducted in a greenhouse at the Federal University of
Santa Maria, Frederico Westphalen campus. The experimental design was completely
randomized, being tested the fertilization with two nutritional sources: mineral fertilizer (418-18) and organomineral fertilizer (2-9-9). The morphological parameters of the seedlings
(height, diameter, shoot dry mass and root dry mass) and quality (H/MSPA and IQD ratio)
were evaluated 90 days after the seedling transplantation. Data were subjected to analysis
of variance and treatment means were compared using the F test at 5% probability of error.
The solid fraction of swine wastewater has the potential to be included in the composition of
organomineral fertilizer, as it allows greater growth in height and dry mass, as well as better
quality of Eucalyptus grandis seedlings in relation to mineral fertilizer.
KEYWORDS: Eucalyptus grandis, fertilization, solid fraction, swine wastewater.
1 | INTRODUÇÃO
O Eucalyptus grandis é a principal espécie arbórea utilizada em áreas de
reflorestamento no Brasil (BACHA, 2008) e representa 76,2% da área de florestas plantadas
no país, com cerca de 7,5 milhões de hectares (IBGE,2018). Conforme a Indústria Brasileira
de Árvores (IBÁ, 2017) a participação da produção florestal no PIB nacional é de 6,2%. Este
percentual de participação deve-se ao fato de o eucalipto apresentar diversas opções de
destinação, sendo utilizado para produção de celulose, papel, painéis de fibra, aglomerado,
combustível industrial e doméstico e produtos de serraria (SOARES et al., 2003).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 11
90
É uma espécie de boa adaptação a solos de baixa fertilidade, fato que aumenta
seu uso em áreas de reflorestamento, visando nova fonte de renda aos produtores
(SCHUMACHER et al., 2005), porém, mesmo com esta adaptação, deve ser preconizado
um fornecimento adequado de nutrientes, visando também um incremento na qualidade
das plantas, do contrário, ocorrerá mortes, sendo necessário o replantio de mudas nestas
áreas.
Conforme Figueiredo et al. (2019), a sobrevivência inicial das mudas a campo está
relacionada à interação entre a qualidade da planta (morfológica e fisiológica) e o ambiente
de campo. Em relação às avaliações morfológicas das mudas, o conhecimento dos dados
sobre o sistema radicular é de fundamental importância, devido a correlação com sua
sobrevivência e crescimento inicial, pois as raízes têm como função principal a absorção
de água e nutrientes do solo, depois de realizado seu plantio (ANDREAZZA et al., 2004;
MOREIRA; SIQUEIRA, 2006; OLIVEIRA et al., 2008; WEIRICH et al., 2018).
Após o plantio a campo, aquelas mudas que melhor se adaptam às condições
adversas, proporcionando uma alta porcentagem de sobrevivência e um rápido crescimento
inicial, são classificadas como mudas de alta qualidade (LIMA et al., 2020). A avaliação
da qualidade das plantas relaciona valores encontrados nas avaliações morfológicas para
assim formar índices que consideram aspectos de crescimento e desenvolvimento das
mudas. O Índice de Qualidade de Dickson (IQD) leva em consideração valores relacionados
à altura (H), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca radicular (MSR) e diâmetro
do colo. Esse parâmetro de qualidade avalia o crescimento da biomassa das mudas e
evidencia possíveis alometrias que, após transplante das mesmas, resultam em menor
vigor e sobrevivência das mudas a campo (SOARES et al., 2021). A relação H/MSPA é outro
parâmetro de qualidade das mudas que indica o estado de lignificação, sendo importante
para sobrevivência pós-plantio no campo (GOMES et al., 2003).
Os estudos mostram que a disponibilidade adequada de nutrientes durante o
crescimento e desenvolvimento das mudas a campo constitui notável relevância para a
obtenção de maior qualidade e desenvolvimento de espécies florestais (FREITAS et al.,
2015; ROCHA et al., 2013) e nas expectativas de produtividades a serem alcançadas
(MOURA; GUIMARÃES, 2003). Em um trabalho realizado por Silva et al. (2017), os
autores evidenciaram que a utilização de produtos orgânicos (biochar de lodo de esgoto
e lodo de esgoto) proporcionaram um aumento na altura, diâmetro de colo, massa seca
da parte aérea e radicular e maior IQD nas plantas de eucalipto em relação à adubação
mineral. LANNA et al. (2017) destacam que os fertilizantes orgânicos proporcionam maior
capacidade de absorção de nutrientes pelas plantas em relação aos fertilizantes minerais,
independente dos níveis de fertilidade da área cultivada.
Nesse sentido, os resíduos sólidos da atividade suinícola brasileira podem
apresentar uma oportunidade a ser explorada no que se refere a insumos orgânicos. Além
da carne, produto principal desse setor, ainda é possível usufruir da fração sólida composta
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 11
91
principalmente por fezes e de restos de ração (MIYAZAWA & BARBOSA, 2015). No entanto,
o uso dessa fração como fertilizante e condicionador do solo ainda carece de estudos, pois
os sistemas de tratamento das águas residuárias de suinocultura (ARS) que possibilitam
a separação das frações sólida e líquida é mais recente em comparação aos sistemas de
armazenamento das duas frações em lagoas de estabilização e posterior uso conjunto
como fertilizante nos cultivos.
Diante da crescente demanda da fração sólida orgânica das ARS e da importância
da nutrição de espécies florestais, o objetivo do estudo foi utilizar a fração orgânica na
composição de fertilizante organomineral e avaliar o crescimento inicial e a qualidade de
mudas de Eucalyptus grandis após o transplante no campo.
2 | ENSAIO SOBRE A FRAÇÃO SÓLIDA DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS DE
SUINOCULTURA PARA O CRESCIMENTO INICIAL DE EUCALYPTUS GRANDIS
O estudo para avaliar a eficiência da fração sólida da ARS no crescimento e na
qualidade das mudas pós plantio de eucalipto foi desenvolvido entre os meses de janeiro
e abril de 2019, em casa de vegetação, na Universidade Federal de Santa Maria, campus
de Frederico Westphalen, RS, localizado a 27º23ʹ26ʺ latitude sul, 53º25ʹ43ʺ longitude oeste
e a 461,3 m de altitude.
O estudo foi realizado em vasos com a mistura de solo e areia, na proporção de
50%, com o objetivo de obter uma textura menos argilosa para facilitar o processo de
retirada das raízes nas avaliações referente a esse parâmetro. O solo utilizado na mistura
foi classificado como Latossolo Vermelho distroférrico típico (EMBRAPA, 2018). A mistura
de solo + areia apresentou 35% de argila; pH em água de 5,3; 0,52 % de matéria orgânica;
0,66 mg kg-1 de fósforo; 12,00 mg kg-1 de potássio; 4,25 mg kg-1 de cobre; 0,34 mg kg-1 de
zinco e 278,56 mg kg-1 de cálcio.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC) com cinco
repetições. Os tratamentos foram o fertilizante mineral e o fertilizante organomineral. O
fertilizante mineral foi composto por ureia, superfosfato triplo e cloreto de potássio, compondo
uma mistura de grânulos com formulação NPK 04-18-18. O fertilizante organomineral foi
composto pela mistura do fertilizante mineral e do fertilizante orgânico, com formulação
NPK 02-09-09.
O fertilizante orgânico usado na composição do fertilizante organomineral foi
proveniente do Sistema de Tratamento de Águas Residuárias de Suinocultura (Sistars),
instalado no setor de suinocultura da UFSM, campus de Frederico Westphalen, RS
(sistema submetido ao registro de patente). A fração sólida separada por decantação e
após desaguamento, juntamente com a fração sólida separada por peneiramento, foram
compostadas conjuntamente por 45 dias. Após esse período, a fração compostada foi
peneirada em malha de 4,8 mm. Essa fração foi classificada como fertilizante orgânico
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 11
92
farelado, caracterizada como Classe “A” pela Instrução normativa nº 61, de 8 de julho de
2020, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2020).
Os fertilizantes foram incorporados na mistura solo e areia imediatamente antes do
transplante das mudas, segundo a CQFS (2016) para a população de 10.000 plantas por
hectare. As quantidades de nutrientes totais (NPK) foram iguais para todos os tratamentos.
As mudas foram obtidas com sementes do E. grandis provenientes do Centro de
Pesquisas Florestais (FEPAGRO FLORESTAS), Santa Maria, RS, sendo previamente
desinfestadas com hipoclorito de sódio a 5% durante 20 min, após, lavadas em água
destilada por 5 min. Posteriormente, foram semeadas em substrato comercial Carolina
Soil® e cultivadas em bandejas de poliestireno expandido (EPS isopor®). Quando atingiram
altura de, aproximadamente, 15 cm (quatro pares de folhas definitivas), as mudas foram
transplantadas para as unidades experimentais (vasos) contendo a mistura de solo e areia.
As unidades experimentais foram compostas por vasos plásticos com capacidade 5 L,
contendo uma planta.
As unidades experimentais foram irrigadas diariamente por meio de um sistema
automático de nebulização. O manejo fitossanitário foi preventivo, sendo realizado a cada
21 dias, com a aplicação de inseticidas piretróides. Não foi observada a ocorrência de
doenças e de insetos durante a condução do experimento que prejudicassem o crescimento
e desenvolvimento das mudas.
Ao final do experimento, 90 dias após o transplante das mudas, foi avaliada a altura
da parte aérea (com régua graduada a partir do nível do substrato até a inserção da última
folha), o diâmetro do colo das plantas (com paquímetro digital na região do colo da planta),
a massa seca da parte aérea, massa seca da raiz e massa seca total das mudas.
As determinações de matéria seca da parte aérea (MSPA) e matéria seca das
raízes (MSR) foram obtidas a partir da separação destas partes na região do colo da
planta, submetidas à secagem em estufa, regulada em temperatura de 65±1ºC, até massa
constante. A relação entre altura e massa seca da parte aérea (H/MSPA) foi obtida através
da divisão das variáveis. O índice de qualidade de Dickson (IQD) foi determinado por meio
da fórmula (DICKSON et al., 1960):
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias de tratamentos
comparadas pelo teste F, a 5% de probabilidade de erro, pelo programa SISVAR
(FERREIRA, 2014).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 11
93
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIO SOBRE A FRAÇÃO SÓLIDA DAS
ÁGUAS RESIDUÁRIAS DE SUINOCULTURA PARA O CRESCIMENTO INICIAL
DE EUCALYPTUS GRANDIS
O fertilizante organomineral proporcionou maior altura para as mudas de E. grandis
em relação à utilização do fertilizante mineral, com 111,40 cm e 74,42 cm, respectivamente
(Figura 1A). Esse resultado corrobora com os de Pelissari et al. (2009) em que a utilização
de fração orgânica (água residuária de suinocultura) proporciona maiores incrementos na
altura de mudas de E. grandis em relação aos demais substratos.
Nas avaliações de massa seca radicular, observa-se que os tratamentos com o uso
de fertilizante organomineral apresentaram incrementos significativos de 9,25 g em relação
ao tratamento com o fertilizante mineral (Figura 1B). Em relação aos valores de massa seca
da parte aérea, a maior média foi encontrada nas mudas com o fertilizante organomineral
(39,71 g), diferindo estatisticamente das mudas do tratamento com o fertilizante mineral
(7,42 g) (Figura 1C).
Os valores encontrados nas avaliações morfológicas do crescimento do E. grandis
vão ao encontro do trabalho de Eckhardt et al. (2021). Os autores trabalhando com mudas
da mesma espécie florestal observaram que a utilização de fração orgânica (dejeto de
animais) como fertilizante possibilitou incremento significativo na de parte aérea em relação
à utilização somente do substrato comercial (Tecnomax TM).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 11
94
1
Fertilizante mineral - FM (4-18-18); 2 Fertilizante organomineral - FOM (2-9-9); *Médias seguidas de
mesma letra não diferem para os diferentes fertilizantes pelo teste de F ((p ≤ 0,05).).
Figura 1. Altura de mudas, massa seca radicular (MSR), massa seca da parte aérea (MSPA) e diâmetro
de colo de mudas de E. grandis submetidas ao cultivo com fertilizante mineral e organomineral.
A utilização do fertilizante organomineral apresentou maiores valores de diâmetro
de colo que as mudas de eucalipto em relação ao fertilizante mineral (Figura 1D). Mesma
tendência foi observada no trabalho de Pelissari et al. (2009), onde a utilização de ARS
na irrigação em produção de mudas de eucalipto proporcionou um efeito positivo no
desenvolvimento do diâmetro de colo ao final da produção das mudas. A utilização de
fertilizante orgânico (esterco bovino) apresentou o maior valor em diâmetro de colo em
relação ao tratamento testemunha (apenas substrato comercial) (ECKHARDT et al., 2021).
Silva et al. (2017), observaram que a utilização de materiais orgânicos (biochar de logo de
esgoto e logo de esgoto) na fertilização de Eucalyptus grandis proporcionou incrementos
no diâmetro de colo das mudas, porém não sendo significativamente superiores aos
encontrados com a utilização da fertilização mineral.
O fertilizante mineral entregou maiores valores na relação H/MSPA em relação ao uso
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 11
95
de fertilizante organomineral (Figura 2A), sobre tal parâmetro, Dutra et al. (2013), comenta
que quanto menor o valor encontrado na avaliação da relação H/MSPA melhor a qualidade
das mudas, ou seja, maior o potencial de sobrevivência pós plantio das mesmas. Tal efeito
encontrado neste trabalho deve-se ao fato de que o fertilizante organomineral proporcionou
as mudas de eucalipto um significativo incremento em massa da parte aérea, resposta que
não foi obtida com o uso do fertilizante mineral. Assim, as plantas sob nutrição mineral
apresentam um maior estiolamento das mudas e consequentemente uma maior relação
H/MSPA devido a maior altura encontrada em detrimento da menor massa seca de parte
aérea obtida. Esse resultado corrobora com o de Eckhardt et al. (2021), onde a utilização
de fertilizante orgânico (dejeto bovino) proporcionou as mudas de eucalipto incrementos
significativos em matéria seca da parte aérea em relação ao tratamento utilizando apenas
o substrato comercial, fato que contribui com uma relação H/MSPA inferior ao tratamento
padrão.
1
Fertilizante mineral (4-18-18); 2 Fertilizante organomineral (2-9-9); *Médias seguidas de mesma letra
não diferem para os diferentes fertilizantes pelo teste de F (p ≤ 0,05).
Figura 2. Relação altura e massa seca radicular (H/MSPA) (A) e índice de qualidade de Dickson (IQD)
(B) de mudas de eucalipto submetidas ao cultivo com fertilizante mineral e organomineral.
O índice de qualidade de Dickson (IQD) foi significativamente maior com a utilização
de fertilizante organomineral em relação ao fertilizante mineral (Figura 2B), este índice é
composto por relações importantes e que medem a robustez (Altura/Diâmetro do Colo) e
distribuição do balanço de biomassa (MSPA/MSR) (SILVA et al., 2017), sendo que quanto
maior o valor encontrado, melhor a qualidade da muda (CALDEIRA et al., 2012). Observase assim, que nas avaliações morfológicas realizadas, o fertilizante mineral apresentou
os menores valores quando comparados ao fertilizante organomineral, bem como nas
avaliações do IQD, mostrando o potencial de incremento ao crescimento e à qualidade das
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 11
96
mudas relacionadas ao uso do fertilizante organomineral.
A resposta encontrada em relação à utilização da fração sólida das ARS para
produção de mudas de eucalipto corrobora com os resultados encontrados por Oliveira
et al. (2008), o qual evidenciou que os tratamentos com aplicação de resíduos orgânicos
(húmus de minhoca e turfa) proporcionou as mudas florestais de E. grandis, cedro rosa
(Cedrela fissilis Vell.), acácia (Acacia holocericea A. Cunn. ex G. Don) e Aroeirinha (Schinus
terebinthifolius Raddi) maior incremento em altura, diâmetro do colo e IQD. Silva et al.
(2017), observaram que mudas de Eucalyptus grandis adubadas com fertilizantes orgânicos
apresentaram valores de IQD superiores àqueles encontrados com nos tratamentos
testemunha e controle, sem adubação e com adubação mineral, respectivamente.
O fertilizante organomineral apresentou valores superiores nos parâmetros
avaliados, indicando um melhor aproveitamento dos nutrientes pelas mudas do eucalipto.
Possivelmente, isso se deve a liberação gradativa dos nutrientes na forma disponível,
principalmente do nitrogênio e do fósforo da fração orgânica, pois necessita da mineralização
pelos microrganismos. As fontes (ureia, superfosfato triplo e cloreto de potássio) utilizadas na
composição do fertilizante mineral disponibilizam seus nutrientes rapidamente para o meio,
ficando assim susceptíveis a perdas, principalmente por lixiviação em ambiente irrigado.
A taxa de liberação de nutrientes é descrita no trabalho de Severino et al. (2004), que cita
a vantagem dos orgânicos em relação aos minerais, devido aos nutrientes apresentarem
uma liberação gradual de acordo com a necessidade de crescimento da planta.
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fração sólida da água residuária de suinocultura apresenta potencial para ser
utilizado na composição de fertilizantes organominerais, pois possibilita maior crescimento
inicial e qualidade pós plantio das mudas de Eucalyptus grandis em relação ao uso exclusivo
de fertilizante mineral.
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 11
99
CAPÍTULO 12
SISTEMA PARA CÁLCULO DE ADUBOS SIMPLES
PARA A CULTURA DA MANDIOCA NO ESTADO DO
PARÁ
Data de aceite: 01/11/2021
Data de submissão: 04/08/2021
Raimundo Sátiro dos Santos Ramos
Professor; Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Pará
Santarém, Pará
http://lattes.cnpq.br/5626459288450842.
RESUMO: A profissionalização do campo é
extremamente necessária, devido à complexidade
de novas situações surgidas com relação à
comercialização da produção, globalização
do mercado, relações trabalhistas, questões
ambientais e política tributária. Uma grande
ferramenta de auxílio ao administrador rural
na hora de gerenciar a empresa agropecuária
é a informática e principalmente o software.
Utilizando-se deste recurso, é possível organizar
os dados de tal forma que a qualquer momento
e de forma muito rápida pode-se consultá-los,
efetuar cálculos, elaborar gráficos, imprimir
relatórios, etc. A adubação consiste no ato de
fornecer os nutrientes que as plantas precisam
para se desenvolverem, sendo fator crucial em
qualquer empreendimento agrícola. Muitos
agricultores não realizam a adubação devido
ao fato de não saberem interpretar as análises
de solo e realizarem os cálculos necessários.
Neste contexto, o desenvolvimento e uso de
softwares representa um grande benefício
para os agricultores e até mesmo para os
profissionais das ciências agrárias, pois podem
em poucos minutos obter informações valiosas
sobre o quanto e como adubar. O objetivo deste
trabalho consistiu em desenvolver um sistema
web para cálculo de adubação para a cultura
da mandioca no estado do Pará. Os cálculos
de adubação foram desenvolvidos tomando
como referência adubos simples, tais como:
uréia, sulfato de amônio, superfosfato simples,
superfosfato triplo e cloreto de potássio, para
fornecer os macronutrientes nitrogênio, fósforo e
potássio. A linguagem de programação utilizada
foi o JavaScript, bem como o HTML 5 e CSS 3
para desenvolver a estrutura do sistema e seu
design. O editor de código utilizado foi o Sublime
Text. Como resultado do sistema, basta o usuário
entrar com os dados de potássio, fósforo e a
textura do solo provenientes da análise de solo
que terá rapidamente as quantidades de adubos
nitrogenados, fosfatados e potássicos que deve
aplicar.
PALAVRAS-CHAVE: Agroinformática. Adubação.
Mandioca.
SYSTEM FOR CALCULATING
SIMPLE FERTILIZERS FOR MANIOC
CULTIVATION IN THE STATE OF PARÁ
ABSTRACT: The professionalization of the field
is extremely necessary, due to the complexity
of new situations that have arisen in relation to
the commercialization of production, market
globalization, labor relations, environmental
issues, and tax policy. A great tool to help the rural
administrator when it comes to managing the
agricultural company is information technology,
and mainly software. Using this resource, it is
possible to organize data in such a way that it can
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 12
100
be consulted, calculated, graphed, and printed at any time and in a very fast way. Fertilization
is the act of supplying the nutrients that plants need to develop, and is a crucial factor in any
agricultural enterprise. Many farmers do not perform fertilization due to the fact that they
do not know how to interpret soil analyses and perform the necessary calculations. In this
context, the development and use of software represents a great benefit for farmers and
even for professionals in the agricultural sciences, because they can in a few minutes obtain
valuable information about how much and how to fertilize. The objective of this work was to
develop a web system to calculate fertilizer for the manioc in the state of Pará. The fertilization
calculations were developed taking as reference simple fertilizers, such as: urea, ammonium
sulfate, simple superphosphate, triple superphosphate and potassium chloride, to provide
the macronutrients nitrogen, phosphorus and potassium. The programming language used
was JavaScript, as well as HTML 5 and CSS 3 to develop the structure of the system and its
design. The code editor used was Sublime Text. As a result of the system, the user simply
enters the potassium, phosphorus and soil texture data from the soil analysis, which will
quickly have the amounts of nitrogenous, phosphate and potassium fertilizers to be applied.
KEYWORDS: Agroinformatics. Fertilizing. Manioc.
1 | INTRODUÇÃO
1.1 Agricultura 4.0
A revolução verde foi um movimento tecnológico ocorrido no setor agropecuário, com
sua gênese no fim da primeira metade do século XX. Consistia no emprego de máquinas
movidas com derivados de combustíveis fósseis, utilização de variedades geneticamente
melhoradas, emprego de monoculturas, uso intensivo de agroquímicos, bem como um
sistema de ensino, pesquisa, extensão e financeiro articulados para produção, fomento
e difusão das novas tecnologias, as quais ficaram conhecidas co o pacote tecnológico.
Segundo Queiroz et al. (2020), atualmente estamos presenciando uma nova
revolução verde, que inclui a biotecnologia e, sobretudo a transformação digital da
agricultura e pecuária. Algumas tecnologias caracterizam bem essa transformação, a saber:
inteligência artificial, big data, internet das coisas, máquinas autônomas, etc. Do ponto
de vista da carreira profissional, profissionais treinados nessas áreas já estão em grande
demanda no mercado. Cerca de 2,1 trilhões de dólares são os gastos globais anuais em
tecnologias e serviços da transformação digital (ZASTUPOV, 2019).
Para Borém (2020, p.12) a transformação digital está avançando a passos largos, e
certamente sua aplicação na agricultura é essencial para atendimento de forma sustentável,
da demanda alimentar mundial de nove bilhões de pessoas, além de animais, em 2050. A
adoção da automação e da robótica; dos mais variados tipos de sensores de solo, planta e
clima; do processamento e armazenagem de dados nas nuvens; da inteligência artificial; e
da conectividade está na base dessa nova revolução agrícola, chamada de Agricultura 4.0,
criando o que muitos acreditam ser uma Nova Revolução Verde.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 12
101
A profissionalização do campo em todos os seus setores, principalmente o
administrativo, é extremamente necessária, em parte devido à complexidade de novas
situações surgidas com relação à comercialização da produção, globalização do mercado,
relações trabalhistas, questões ambientais e política tributária. É a gerência da atividade
que já não pode ser desconsiderada ou relegada ao segundo plano.
Para Meira et al. (1996, p.177), a globalização da economia e a escassez de
recursos para financiar a atividade rural forçam os produtores, por intermédio dos
sindicatos e das entidades de classe, os políticos e os outros profissionais envolvidos a
avaliarem alternativas em busca de um aumento na produtividade e na competitividade dos
“pequenos produtores”. Junto a isso, é necessário também descobrir alternativas para um
desenvolvimento sustentável da agricultura nacional, que garanta a qualidade de vida e a
conservação do meio ambiente.
Os agricultores, independente de seu nível de capital financeiro, devem encarar sua
propriedade de forma profissional, uma vez que é dali que tiram o sustento de suas famílias.
No mundo contemporâneo não existe mais espaço para amadorismo. A competição em
todos os setores está cada vez maior, e no mundo rural e, especificamente no agrícola não
é uma exceção.
As atividades agropecuárias estão cada vez mais automatizadas e conectadas ao
mundo online, esse fato proporciona maior produtividade ao produtor rural, liberando-o de
parte do trabalho manual, podendo dessa forma alocar mais tempo na parte estratégia do
seu negócio.
A obtenção e análise de dados atualmente é a grande “moeda” da vez, assim como
foi antigamente o capital terra. Produzir e extrair dados da propriedade pode trazer inúmeros
benefícios ao produtor, tais como: saber o quanto está desperdiçando determinado recurso,
onde alocá-lo, em que momento, enfim, são informações que trazem melhor desempenho
ao negócio e consequentemente maior lucratividade.
Uma grande ferramenta de auxílio ao administrador rural na hora de gerenciar a
empresa agropecuária é a informática, e principalmente o programa, sistema ou software.
Utilizando-se deste recurso, eles podem organizar os dados de tal forma que a qualquer
momento e de forma muito rápida podem consultá-los, efetuar cálculos, elaborar gráficos
imprimir relatórios ou consultar informações solicitadas. (SANTOS et al., 2009, p.147).
O desenvolvimento de sistemas simples e eficazes representa um grande benefício
para os agricultores, pois podem em poucos minutos obter informações valiosas sobre o
quanto e como adubar seus cultivos agrícolas. Além de poderem economizar com a compra
de adubos, pois o sistema fornece dados precisos do quanto de adubos comerciais deve-se
adquirir. Com o sistema dispensa-se a análise de complicadas tabelas de interpretação de
análises de solo. Neste sentido, muitos agricultores não realizam a adubação e a calagem
de suas lavouras devido ao fato de não saberem interpretar as análises de solo e realizarem
os cálculos necessários.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 12
102
É neste contexto que surge a Agroinformática, que segundo Meira et al. (1996,
p.175) é “termo utilizado para referenciar a informática aplicada à agricultura”. Podemos
ir mais além, a agroinformática é a aplicação da informática a agropecuária, englobando
assim a produção vegetal e animal como um todo.
1.2 Nutrição e Adubação da Cultura da Mandioca
A adubação ou fertilização consiste no ato de fornecer os nutrientes que as plantas
precisam para se desenvolverem, sendo fator crucial em qualquer empreendimento agrícola
que envolva produção vegetal.
De acordo com Mattos & Bezerra (2003 apud Thomas et al. 2016)., a mandioca
exporta praticamente todos os nutrientes absorvidos, as raízes tuberosas são destinadas
à produção de farinha, fécula e outros produtos, bem como para a alimentação humana
e animal; a parte aérea (manivas e folhas), para novos plantios, alimentação humana e
animal.
A mandioca tolera baixas condições de fertilidade química do solo, produzindo
satisfatoriamente mesmo em solos ácidos e com teores de nutrientes que seriam limitantes
para outras plantas. Contudo, sob plantios sucessivos, há necessidade de adubação com
nitrogênio, fósforo e potássio (GOMES & SILVA, 2006, p. 221). Segundo estes autores a
quantidade de macronutrientes extraídos por tonelada de raízes de mandioca considerando
raízes e parte aérea é de 4,91 kg de nitrogênio; 1,08 kg de fósforo; 5,83 kg de potássio;
1,83 kg de cálcio e 0,79 kg de magnésio.
Fica evidente que a cultura da mandioca é mais exigente em relação ao potássio e
nitrogênio. O maior valor observado para o potássio pode ser explicado pela sua função
de formação e transporte de carboidratos (MALAVOLTA, 2006, p. 201). O acúmulo de
carboidratos nas raízes é o que basicamente confere valor econômico a cultura da mandioca
pelo seu teor elevado de amido nas raízes. Para produzir grande quantidade de carboidrato
a cultura da mandioca precisa ter elevada bioamassa, principalmente nas folhas, o que é
função do nitrogênio, ou seja, e este nutriente o responsável pelo crescimento em biomassa
da planta.
Segundo Alves (2006, p.146), durante o crescimento da mandioca, os
carboidratos produzidos pela fotossíntese devem ser distribuídos para assegurar um bom
desenvolvimento da fonte (folhas ativas) e fornecer fotoassimilados para os drenos (raízes
de reserva, hastes e folhas em crescimento).
O objetivo do trabalho foi desenvolver um sistema web para cálculo de adubos
simples para a cultura da mandioca no estado do Pará.
2 | METODOLOGIA
A entrada de dados do sistema consiste em três inputs, conforme observado na
figura 1. A linguagem de programação utilizada foi o JavaScript, bem como utilizamos o
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 12
103
HTML 5 e CSS 3 para desenvolver a estrutura do sistema e seu design interativo, pois
como bem relata Preece (2005, p.24):
Muitos produtos que requerem a interação dos usuários para a realização
de suas tarefas (p.ex.: comprar um ingresso pela Internet, fotocopiar um
artigo, gravar um programa da TV) não foram necessariamente projetados
tendo o usuário em mente; foram tipicamente projetados como sistemas para
realizar determinadas funções. Pode ser que funcionem de maneira eficaz,
olhando-se da perspectiva de engenharia, mas geralmente os usuários do
mundo real é que são sacrificados. O objetivo de design de interação consiste
em redirecionar essa preocupação, trazendo a usabilidade para dentro do
processo de design. Essencialmente isso significa desenvolver produtos
interativos que sejam fáceis, agradáveis de utilizar e eficazes – sempre na
perspectiva do usuário.
Para Lecheta (2018, p.14) JavaScript é uma linguagem de programação
extremamente produtiva, dinâmica, não tipada (não precisa declarar os tipos de variáveis)
e possui suporte à orientação a objetos. Uma das grandes vantagens de se utilizar a
linguagem JavaScript é o fato de poder criar sistemas (softwares) que “rodam” no lado do
usuário (é o caso deste sistema), mais conhecido como front end, sem a necessidade de
consultas excessivas ao servidor e uso de banco de dados. Este fato deixa o sistema mais
rápido e menos sujeito a problemas que possam ocorrer no servidor.
Ressalta-se, porém, que algumas aplicações que precisam ser desenvolvidas no
lado do servidor (back end), podem ser feitas utilizando, por exemplo, a plataforma Node.
js. JavaScript, portanto, pode ser usado para desenvolver aplicações no front e back
end, o que é mais uma grande vantagem para o desenvolvedor que tem um projeto mais
padronizado e um código mais compreensível.
O editor de código fonte utilizado para escrever os códigos foi o Sublime Text, o qual
é de uso gratuito. Após a conclusão do sistema, este ficará disponibilizado online através
de domínio e hospedagem em servidor, ficando o acesso disponível de forma gratuita a
qualquer usuário.
Os cálculos de adubação foram desenvolvidos tomando como referência adubos
simples, tais como: uréia (45% de N), sulfato de amônio (20% de N), superfosfato simples
(18% de P2O5), superfosfato triplo (45% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de K2O), para
fornecer os macronutrientes nitrogênio, fósforo e potássio.
Os dados para interpretação da disponibilidade e recomendação desses nutrientes
seguiram as orientações de Cravo et al. (2020, p. 253), conforme observado no quadro 1.
Segundo estes autores, a quantidade a aplicar recomendada de nitrogênio para a cultura
da mandioca no estado do Pará é 40 kg/ha de nitrogênio (N) em cobertura, 30 dias após a
germinação.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 12
104
Textura do Solo
P2O5 a
Disponibilidade de P e
Argilosa
Média
Arenosa aplicar (kg/
K no solo
ha)
Teor de P (mg/dm3)
Baixa
0-5
0-8
0-10
100
Média
6-10
9-15
11-18
60
Alta
11-15
16-20
19-25
40
Muito Alta
>15
>20
>25
20
Teor de K no
solo (mg/dm3)
K2O a aplicar
(kg/ha)
0-40
41-60
61-90
>90
120
90
60
30
Quadro 1. Recomendação de adubação fosfatada e potássica para a cultura da mandioca, em função
da análise do solo e diferentes classes de textura, para produtividade de 30 t/ha a 40 t/ha de raízes.
Fonte: Adaptado de Cravo et al. (2020, p.253).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
O produto final deste trabalho de pesquisa e desenvolvimento pode ser observado
nas figuras 1 e 2, a qual mostra o sistema web para recomendação de adubação simples
para a cultura da mandioca no estado do Pará. Percebe-se que com apenas três inputs o
sistema retorna as quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio necessários a aplicar na
forma de uréia, sulfato de amônio, superfosfato simples, superfosfato triplo e cloreto de
potássio.
Ressalta-se que a entrada de dados parte do pressuposto que o usuário tem posse
da análise de solo da área que pretende adubar. Basicamente o sistema precisa apenas
dos valores de fósforo e potássio e da textura do solo. Esta última pode ser obtida uma
única vez por meio de uma análise granulométrica, uma vez que a textura do solo pouco se
modifica ao contrário dos valores de fósforo e potássio que podem variar dependendo do
manejo que a área a ser cultivada recebe a cada ano.
Figura 1: Layout do sistema para recomendação de adubação simples para mandioca.
Fonte: Elaboração do autor.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 12
105
Figura 2: Exemplo de uso do sistema.
Fonte: Elaboração do autor.
4 | CONCLUSÕES
O sistema foi bem aceito nos testes de usabilidade realizados por usuários de
diversas áreas das ciências agrárias, principalmente engenheiros agrônomos, técnicos em
agropecuária e alguns produtores rurais que cultivam mandioca no estado do Pará.
Essa aceitação é atribuída ao fato do sistema ser simples, contando com apenas
três inputs, o que o diferencia de outros sistemas que possuem uma maior complexidade
e que muitas vezes possuem funções que não são utilizadas pela maioria dos usuários.
O sistema em questão integra-se a um sistema maior, denominado SISFERT
– Sistema Para recomendação de Fertilizantes, o qual pode ser acessado no seguinte
endereço eletrônico: http://sistemasagricolas.com/sisfert/index.html. O referido sistema
também utiliza tabelas de interpretação e recomendação de adubação para culturas agrícolas
no estado do Pará. Este fato torna o sistema personalizado para atender a necessidade
específica dos profissionais das ciências agrárias e dos agricu ores paraenses.
REFERÊNCIAS
ALVES, A. A. C. Fisiologia da mandioca. In: Aspectos socioeconômicos e agronômicos da
mandioca. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2006. 817p.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 12
106
BORÉM, A. Nova revolução Verde. In: Agricultura Digital. Editora UFV. 1ª edição. Viçosa - MG. 2020.
350p.
CRAVO, M. S., et al. Mandioca. In: Recomendações de calagem e adubação para o estado do
Pará. 2ª Edição, Brasília - DF: Embrapa, 2020. 419p.
GOMES, J. C.; SILVA, J. Correção da acidez e adubação. In: Aspectos socioeconômicos e
agronômicos da mandioca. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2006. 817p.
LECHETA, R. R. Node Essencial. 1ª Edição. São Paulo: Novatec Editora, 2018. 216p.
MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres,
2006. 638p.
MEIRA, C. A. A. et al. Agroinformática: Qualidade e produtividade na agricultura. Cadernos de
Ciência & Tecnologia, Brasília, v.13, n.2, p.175-194, 1996.
MATTOS, P.L.P.; BEZERRA, V.S. Cultivo da mandioca para o Estado do Amapá. Cruz das Almas:
Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2003. Disponível em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/
FontesHTML/Mandioca/mandioca_amapa/adubacao.htm>. Acesso em: 15 jan. 2014.
PREECE, J. Design de Interação, Além da interação homem-computador. Porto Alegre: Bookman,
2005.
QUEIROZ, D. M. et al. Agricultura Digital. Editora UFV. 1ª edição. Viçosa-MG. 2020. 350p.
SANTOS, G. J.; MARION, J. C.; SEGATTI, S. Administração de custos na agropecuária. 4ª Ed. São
Paulo: Atlas, 2009. 155p.
THOMAS, P. C. et al. Exigências nutricionais da mandioca (Manihot esculenta Crantz). XI Semana
Universitária, X Encontro de Iniciação Científica, III Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação, Mostra das
Profissões 2016. UNIFIMES. Mineiros – GO, 2016. 7p
ZASTUPOV, A. V. Innovation activies of enterprises of the industrial sector in the conditions of economy
digitalization. In: ASHMARINA, S.; MESQUITA, A.; VOCHOZKA, M. Digital transformation of the
economy: challenges, trends and new opportunities. New York: Springer Press, 2019. 462p.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 12
107
CAPÍTULO 13
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE VIBRAÇÃO NO
TRANSPORTE A GRANEL DE TOMATE INDUSTRIAL
Data de aceite: 01/11/2021
Data de submissão:06/09/2021
Lara Nascimento Guimarães
Universidade Federal de Lavras, Departamento
Fitopatologia
Lavras-MG
http://lattes.cnpq.br/1465762472357401
Tulio de Almeida Machado
Instituto Federal Goiano - Campus Morrinhos
Morrinhos-GO
http://lattes.cnpq.br/7718575334057071
Cristiane Fernandes Lisboa
Universidade Federal Rural da Amazônia
Tomé Açu-PA
http://lattes.cnpq.br/8585287910301508
Jordanne Tominaga
Instituto Federal Goiano - Campus Morrinhos
Morrinhos – GO
http://lattes.cnpq.br/5655025143513025
Nathália Nascimento Guimarães
Universidade Federal de Lavras, Departamento
Fitopatologia
Lavras-MG
http://lattes.cnpq.br/0999887760613085
RESUMO: Os tomates são sensíveis às lesões
após a colheita e são as principais causas dos
produtos a granel com o transporte em estradas
com diferentes tipos de pavimentos, expondo
os produtos a danos mecânicos. O objetivo do
estudo foi avaliar os sinais de aceleração durante
o transporte no caminhão e no reboque em
dois pavimentos diferentes. O experimento foi
realizado em Morrinhos, Goiás, em um conjunto
formado por um caminhão e um reboque. Os
acelerômetros foram acoplados a 90º das
superfícies avaliadas em um ponto nos baldes
com o objetivo de medir os níveis de aceleração
em cada eixo. Foram coletadas três repetições
nos três eixos para cada recipiente de transporte
e, posteriormente, o RMS e a aceleração
média resultante das diferentes seções foram
analisadas estatisticamente através da análise
da variância seguida pelo teste de Tukey com
uma probabilidade de 5%. No eixo z, para o
piso térreo, o conteúdo do caminhão obteve
maiores níveis de aceleração e no eixo y, para
o pavimento de asfalto os valores mais altos
estavam no reboque. Os valores médios de
aceleração resultantes foram diferentes para os
recipientes nos diferentes pavimentos cobertos.
PALAVRAS-CHAVE: Qualidade de transporte,
injúrias nos frutos, pavimentação.
EVALUATION OF VIBRATION LEVELS IN
INDUSTRIAL TOMATO BULK
ABSTRACT: Tomatoes are sensitive to injuries
after harvesting and are the main causes of
bulk products with transportation on highways
with different types of pavements, exposing the
products to mechanical damages. The objective
of the study was to evaluate the signs of
acceleration during transportation in the truck and
trailer on two different floors. The experiment was
conducted in Morrinhos, Goiás in a set formed
of a truck and a trailer. The accelerometers were
coupled to 90º of the evaluated surfaces at one
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 13
108
point in the buckets with the objective of measuring the acceleration levels in each axis. Three
replicates were collected in the three axes for each transport container, and subsequently the
RMS and mean acceleration resulting from the different sections were statistically analyzed
by the analysis of the variance followed by the Tukey test, at 5% probability. On the z-axis,
for the ground floo , the contained in the truck obtained higher levels of acceleration and on
the y-axis, for the asphalt pavement the highest values were in the trailer. The resulting mean
acceleration values were different for the containers in the different pavements covered.
KEYWORDS: Quality of transport, injury in fruits, pavement.
1 | INTRODUÇÃO
O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) é uma planta hortícola herbácea que pertence
à família das Solanaceae, com crescimento determinado ou indeterminado (DOSSA &
FUCHS, 2017). A domesticação da cultura do tomateiro começou nas regiões andinas do
Equador, ao norte do Chile e foi propagada para os demais países pelos espanhóis e
portugueses (FURQUIM et al., 2020). O estado de Pernambuco foi o primeiro a produzir
tomate do tipo industrial no Brasil no final do século XVIII (VIEIRA, 2020) e desde então esta
cultura se tornou uma das principais olerícolas produzidas no Brasil no qual se manteve
como o quarto maior produtor a nível mundial nos anos de 2006 até 2013 seguido da China,
Estados Unidos e Turquia (AGRIANUAL, 2016). Na safra do ano de 2019, a produção
ultrapassou 1 milhão de toneladas para tomate destinado tanto para mesa quanto para a
indústria, tendo uma média de produtividade nas safras 2018 e 2019 acima de 4 milhões
de toneladas (FAOSTAT, 2020). Dentre os estados com destaque no Ranking de produção
desta olerícola o estado de Goiás está em primeiro lugar seguido por Minas Gerais e São
Paulo (PEIXOTO et al., 2017).
A importância econômica do fruto tomate está ligada aos seus componentes
nutricionais ricos em antioxidantes naturais. Segundo Costa (2018), a composição nutricional
do tomate varia de acordo com vários fatores como: processo de amadurecimento, manejos
ambientais e agrícolas e método de produção. Alguns nutrientes variam de acordo com a
morfologia do fruto (COSTA, 2018). Tornando importante para o consumo in natura do tomate
de mesa que a morfologia esteja nos seus devidos padrões, já para o tomate industrial tal
requisito não se torna primordial desde que os frutos tenham coloração vermelha intensa e
uniforme, elevado teor de sólidos solúveis, teor de ácido cítrico e resistência ao transporte
a granel (FERREIRA et al. 2017).
O transporte do tomate industrial é realizado principalmente a granel, possibilitando
a descarga nas fábricas, diminuindo as despesas com mão-de-obra e transporte; porém
este tipo de transporte ocasiona diversas perdas podendo ser tanto quantitativas quanto
qualitativas (AFFONSO et al., 2016). Segundo Arazuri et al. (2007) as perdas pós-colheita
do tomate podem ocorrer em níveis elevados podendo variar de acordo com as condições
de maturação e cultivar, facas de corte da plataforma da colhedora e a velocidade de
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 13
109
deslocamento do maquinário, além também da mão de obra podendo ser qualificada ou
não e das condições de pavimentação do percurso a ser realizado até o destino final do
produto. As variáveis frequentemente utilizadas para analisar as perdas pós-colheita no
tomate são os de aceleração e força de impacto (MACHADO, 2018).
As perdas devido aos danos mecânicos do tomate podem ser ocasionadas no
momento de colheita, seleção de frutos, tipo de embalagem, exposição e transportes,
esses fatores variam dependendo da cadeia de produção do produtor até o consumidor
(MELO, 2019). Dentre os fatores que influenciam em nas perdas decorridas do transporte
estão os movimentos oscilatórios oriundos de equipamento e maquinários em torno de sua
posição de equilíbrio, onde suas regiões moveis geram tremores com uma periodicidade
que possibilita a identificação do padrão de alteração (ALVES, 2019) que é influenciad
pela distância, pavimentação, rugosidade, embalagem e velocidade (VURSAVUŞ, 2004).
As consequências resultantes da vibração devido ao transporte de tomate podem ter o
efeito de degradação de frutos frescos a curto espaço de tempo (AL-DAIRI et al., 2021),
assim que os frutos tiverem danos em sua epiderme seu amadurecimento, perda de água
(Wei et al.,2019), firmeza, teor de açúcar (Jung et al.,2012) e cor (LA SCALIA et al.,2015)
são afetados podendo prejudicar em sua comercialização. De acordo com Li et al., (2017)
estas perdas reduzem em aproximadamente 50%.
Para mensurar as vibrações ocasionadas pelos equipamentos e maquinários
é utilizado acelerômetros que são fixados em eixos ou locais dentro do contêiner como
o avaliado por Al-Dairi et al., (2021). Quanto mais aumenta a aceleração vertical e a
transmissão de vibração para as camadas mais altas em uma coluna empilhada de pacotes
resultam em aumento dano mecânico (INDIKA et al., 2018). Nesse ínterim é de suma
importância avaliar os níveis médios de vibrações nos eixos x, y e z do maquinário e a
aceleração média decorrente do percurso do produtor até a venda do fruto de tomate a
granel em estrada de terra e asfalto.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Fazenda Bom Jardim, localizada no município de
Morrinhos - GO. A altitude média da propriedade é de 773 m, sendo sua longitude e latitude
de 17° 63’ 39,9” S e 49° 07’ 36,8” W, respectivamente. A área experimental restringiu-se a
55 ha sob um sistema de irrigação via pivô central. O relevo local foi considerado levemente
ondulado (10%) onde, anteriormente, foi cultivado milho doce. Utilizando a metodologia
da Embrapa (2011) verificou-se que no momento da colheita, o solo se encontrava com
o teor médio de água de 18%. O solo predominante é do tipo Latossolo Vermelho Escuro
(EMBRAPA, 2013).
Na área de estudo, o híbrido de tomate BA5630 da BHN foi transplantado e
conduzido em sistema de plantio direto e os tratos culturais foram implantados conforme as
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 13
110
recomendações utilizadas para o cultivo comercial.
A colheita mecanizada foi realizada aos 127 dias após o transplantio. Para a colheita
utilizou-se uma colhedora autopropelida, fabricada pela GUARESI, modelo G-89/93 MS
40”, com motor FIAT-Iveco 128,7 kW, com plataforma de recolhimento flutuante e dotada de
selecionador eletrônico de frutos verdes e torrões. No transporte foi utilizado um caminhão
da marca Volkswagen, modelo 31330, com motor Cummins ISL de 242,7 kW de potência
e tração 6 x 4 com carroceria para transportar caçambas roll on/off de 40 m³ e um reboque
com rodas duplas de 2 eixos, com chassi e amortecedor próprio, da marca Imavi.
Avaliou-se a incidência de vibrações dentro do compartimento de carga de um
caminhão/reboque para frutos de tomate, através dos níveis de aceleração média geral –
AMS (m s-2) que representa os tratamentos de vibrações (pavimento de terra e pavimento
asfáltico), onde se utilizaram três acelerômetros axiais de alta sensibilidade – Eu (100
mv/g) que possui uma faixa de medição de pico +/- 490 m s2. Os acelerômetros foram
colocados a 90° das superfícies (sentido x, y e z), sendo posicionados acima do eixo
traseiro no recipiente dentro do caminhão, onde teoricamente foi a de maior vibração, pelo
fato de ser o primeiro a sofrer impactos causados pelas superfícies do pavimento. Em outro
recipiente esses acelerômetros estavam posicionados entre os eixos dianteiros e traseiros
do reboque.
Os dados de aceleração foram obtidos por meio de um sistema de aquisição de
dados da marca National Instruments, modelo NI cDAQ-9174, que conta com quatro
canais, conectados ao software LabView® versão 5.0, nos três eixos ortogonais (x, y e
z), com intervalos de tempo regulares. As medidas do trajeto no pavimento de asfalto
foram separadas das do pavimento de terra. Destaca-se que o caminhão trafegou na pista
pavimentada de terra numa velocidade média de 22 quilômetros por hora em trajetos de 5
e 10 minutos e de 63 quilômetros por hora em trajetos de 30 a 35 minutos no pavimento de
asfalto, que foi classificado como regular (DISTRITO FEDERAL, 2016). A representação da
disposição dos eixos x, y e z dos acelerômetros está presente na Figura 1.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 13
111
Figura 1. Disposição dos eixos x, y e z dos acelerômetros.
A RMS (Equação 1) corresponde à raiz quadrática média dos valores de aceleração
instantânea ocorridos em determinado período de medição, que no estudo foi calculada
nos trechos pavimentados por terra e asfalto, adotando-se as equações aplicadas nos
estudos de Adam e Jalil (2017). Onde RMSx foi o valor da raiz média quadrática do eixo x,
RMSy, o valor da raiz média quadrática do eixo y e RMSz o valor da raiz média quadrática
do eixo z.
A aceleração média resultante – AMR (Equação 2), corresponde à raiz quadrada
da soma dos quadrados da RMS nos eixos x, y e z, ou seja, em que aj (t) foi o valor
observado da aceleração instantânea no eixo j (x, y ou z) e no tempo t (t = 1, 2,..., N),
onde N é o número total de observações no respectivo eixo. Os valores da raiz média
quadrática (RMS; m s-2) dos três eixos e da RMS resultante (AMR; m s-2) caracterizarão os
dois tratamentos avaliados.
Foram recolhidos um total de três repetições nos três eixos para cada recipiente
de transporte, e posteriormente, o RMS e a AMR dos diferentes trechos foram analisados
estatisticamente através do programa Sisvar, sendo realizadas as análises da variância
seguidas da comparação das médias pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta a ANOVA para os valores de Aceleração Média Resultante
(AMR) para os fatores de pavimento e recipiente de transporte.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 13
112
FV
GL
SQ
QM
F
Pavimento
1
0,10833
0,10833
22,2668**
Resíduo Pavimento
2
0,01946
0,00487
Parcelas
5
0,12779
Recipiente de transporte
1
0,00179
0,00179
0,2066ns
Pavimento x Recipiente
1
0,36590
0,36590
42,3058**
Resíduo Recipiente
4
0,03460
0,00865
Total
11
0,53007
**significativo ao nível de 1% de probabilidade; *significativo ao nível de 5% de probabilidade
significativo
ns
não
Tabela 1. Análise de variância dos valores de AMR para as fontes de variação: Pavimento e Recipiente
de transporte.
Foram identificadas significâncias entre dois diferentes níveis de pavimentos e
também na interação entre os fatores Pavimento x Recipiente de transporte. Essa análise
representa que o tipo de pavimento por onde o caminhão e o reboque trafegam influenci
diretamente nos valores de AMR, fazendo assim com que a carga transportada esteja
sujeita a diferentes níveis de vibração.
Na Tabela 2 são apresentados os valores de AMR para os diferentes pavimentos
percorridos pelo conjunto caminhão/reboque.
Pavimento
AMR (m s-2)
Terra
1,12618 b
Asfalto
1,31621 a
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.
Tabela 2. Valores de Aceleração Média Resultante para os diferentes pavimentos percorridos pelo
caminhão.
O pavimento de Terra obteve menores valores de AMR em relação ao asfalto. Esse
cenário pode ser explicado, principalmente, por diferentes velocidades de deslocamento
do conjunto caminhão/reboque. No pavimento de terra, a velocidade de deslocamento
do conjunto foi menor, devido à irregularidade do terreno aliado ao peso da carga, que
mantém o conjunto mais estabilizado no terreno. No asfalto, uma maior velocidade de
deslocamento, aliada à trepidação do trecho influenciou nos res ltados.
Para o transporte de produtos hortícolas, Freire Júnior & Soares (2014) destacaram
que há perdas nas diferentes etapas da cadeia e alertaram que a falta de proteção nos
caminhões para reduzir a transmissibilidade de vibração e as estradas mal pavimentadas
são alguns dos fatores que influenciam diretamente nas perdas q alitativas no transporte.
O sistema de suspensão do caminhão afeta a aceleração e a frequência da vibração
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 13
113
e influencia no surgimento de danos em produtos hortícolas durante o transporte os quais
são expostas a forças gravitacionais de 0,19g – 0,95 g (onde g = 9,8 m s-1) dependendo do
tipo de caminhão e da qualidade das rodovias (AUER & MCCONELL, 1984).
A Tabela 3 apresenta os valores da interação dos fatores pavimentação e recipiente
de transporte quando submetidos ao Teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Recipiente
Terra
Asfalto
Caminhão
1,3130 aA
0,9394 bB
Reboque
1,1538 bB
1,4786 aA
As médias seguidas pela mesma letra minúscula, não diferem estatisticamente entre si numa mesma
coluna; As médias seguidas pela mesma letra maiúscula, não diferem estatisticamente entre si numa
mesma linha. Ambas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 3. Teste de Tukey a 5% de probabilidade para a AMR (m s-2) para a interação entre pavimentos
e recipientes de transporte.
No pavimento de terra, o transporte no caminhão apresentou maior média de
vibração quando comparado com o transporte no reboque. Já na pavimentação de asfalto,
o transporte no reboque apresentou uma maior média de aceleração do que o transporte
no caminhão.
No pavimento de asfalto, com a velocidade de deslocamento maior, o recipiente de
transporte contido no reboque foi afetado pelos valores de aceleração média resultante,
visto que o reboque estava apoiado sobre dois eixos e, contanto, unido ao caminhão por
meio de um pino contido em seu cabeçalho.
O comportamento inverso também foi observado no efeito dos diferentes pavimentos
em relação aos recipientes de transporte avaliados. Para o caminhão, os valores no
pavimento de terra foram maiores que no asfalto e, o contrário foi observado para o reboque.
A velocidade de deslocamento do conjunto de transporte (caminhão/reboque) foi
menor no trecho de terra, onde a tendência foi de que os recipientes com bases mais
estáveis (dois apoios) possuíssem menores níveis de vibração. Deve-se considerar que o
tipo e a qualidade da estrada, a velocidade e o tipo do caminhão, influenciam diretamente
(aumento ou diminuição) na quantidade de choques que a carga poderá sofrer (LIDA, 2005).
Nesse contexto, Vigneault et al. (2009) ao avaliarem o processo do transporte de
produtos hortícolas a granel concluíram que os danos por compressão causados pelo
peso da carga nas camadas inferiores do recipiente de transporte ocorrem quando há
sobrecarga e que o dano de vibração é proeminente em veículos equipados com sistemas
de suspensão de folhas e molas de aço.
Na Figura 1 são apresentados os níveis de Aceleração Média Quadrática (RMS)
para cada eixo avaliado, nos recipientes transportados, nas pavimentações de Terra (A) e
Asfalto (B) pela qual o transporte foi conduzido até sua chegada ao pátio da indústria.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 13
114
Figura 2. Resultado do teste de Tukey a 5% de probabilidade para o RMS (m s-2) nos diferentes eixos
para cada recipiente de transporte nos pavimento de Terra (A) e Asfalto (B).
Para o pavimento de terra, considerando o eixo z, os frutos transportados a granel
na caçamba do caminhão sofreram os maiores níveis de vibração quando comparado com
a carga transportada no reboque. Já no cenário com pavimentação asfáltica, os frutos
transportados na caçamba do reboque, apesar de apresentar maior valor, não houve
diferença significativa
A velocidade de deslocamento do conjunto caminhão/reboque foi menor no trecho
de terra, onde a tendência foi de que os recipientes com bases mais estáveis (dois apoios)
apresentassem os menores níveis de vibração, resultado que pode ser observado no eixo
y.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 13
115
Porém, para esse mesmo eixo, no pavimento de asfalto, com a velocidade de
deslocamento maior, o recipiente de transporte contido no reboque foi afetado pelos
valores de aceleração média resultante, visto que o reboque estava apoiado sobre dois
eixos, sendo unido ao caminhão por meio de um pino contido em seu cabeçalho, fazendo
com que a folga dessa união afetasse os valores de vibração, em situações de aceleração
e frenagem do conjunto transportador em uma maior velocidade.
Como o maior tempo do percurso se deu no asfalto a uma maior velocidade, esses
resultados corroboraram com Freire Júnior & Soares (2014), que, enumerando as perdas
nas diferentes etapas da cadeia de hortifrutigranjeiros alertaram que a falta de proteção
nos caminhões para evitar a transmissão de vibrações e as estradas mal pavimentadas
são alguns dos fatores que influenciam diretamente nas perdas qualitativas de produtos
agrícolas durante o transporte.
Corroborando com o presente resultado, Van Zeebroeck et al. (2008), ao avaliarem
as cargas de maçãs transportadas em caixas concluíram que as simulações de danos
causados durante a passagem de um caminhão ao longo de uma lombada de velocidade
mostraram que as cargas mais elevadas tiveram menores valores de injúrias e que as
maçãs localizadas em caixotes a granel, atrás do eixo traseiro sofreram mais danos do que
aquelas em caixas na frente do eixo traseiro.
4 | CONCLUSÕES
A irregularidade do pavimento de terra influenciou diretamente nos valores
referentes ao eixo z. A velocidade de operação e o tempo de exposição no trecho de
asfalto influenciaram os valores do eixo y. Os valores de aceleração do eixo z alteraram
significativamente os valores de AMR no pavimento de terra e os valores de y alteraram a
AMR do pavimento de asfalto.
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 13
118
CAPÍTULO 14
ADESÃO DE LEITE EM PÓ EM UMA SUPERFÍCIE DE
AÇO INOXIDÁVEL
Data de aceite: 01/11/2021
Data de submissão: 23/07/2021
Jeferson da Silva Correa Junior
Universidade Federal da Fronteira Sul, campus
Laranjeiras do Sul, discente
Marcieli Karina Rodrigues
Universidade Federal da Fronteira Sul, campus
Laranjeiras do sul, discente
Raquel Borin
Universidade Federal da Fronteira Sul,
Programa de Pós-Graduação em Ciências e
Tecnologia de Alimentos, mestranda
Marcos Alceu Felicetti
Universidade Federal da Fronteira Sul,
Programa de Pós-Graduação em Ciências e
Tecnologia de Alimentos, Laranjeiras do sul –
Paraná, coordenador/orientador
RESUMO – O objetivo desta pesquisa foi
investigar a influência do tamanho das partículas
do material pulverulento orgânico sobre a força
de adesão partícula superfície, utilizando a
técnica centrífuga para diferentes velocidades de
compressão e desprendimento e em diferentes
superfícies. Uma centrífuga (marca Hettich,
modelo Rotina 380), cuja velocidade máxima
de rotação era de 10000 rpm foi utilizada para
promover a compressão e o desprendimento
de partículas orgânicas sobre uma superfície
plana. O tempo de aplicação das forças de
compressão (press-on) foi de um minuto para
cada velocidade angular testada. Este mesmo
tempo (1 minuto) foi utilizado na descompressão
(spin-off) para as diferentes velocidades. Podese concluir que força de adesão entre a partícula
do material orgânico e a superfície do substrato
apresentou comportamentos lineares para todas
as faixas de diâmetros estudadas. Um programa
de análise de imagens (Image-Pro Plus 6.0) foi
empregado para monitorar, após cada aumento
da velocidade angular o número de partículas
aderidas e desprendidas sobre a superfície
plana. O material pulverulento orgânico utilizado
foi o leite em pó.
PALAVRAS-CHAVE:
Adesão,
interação
partícula/superfície,
técnica
centrífuga,
compressão, descompressão.
ADHESION OF POWDERED MILK TO A
STAINLESS STEEL SURFACE
ABSTRACT: The aim of this research was to
investigate the influence of the particle size of
organic powdery material on the particle surface
adhesion force, using the centrifugal technique
for different compression and release speeds
and on different surfaces. A centrifuge (Hettich
brand, model Rotina 380), whose maximum
rotation speed was 10000 rpm, was used to
promote the compression and release of organic
particles on a flat surface. The application time
of compression forces (press-on) was one minute
for each angular velocity tested. This same time
(1 minute) was used in the decompression (spinoff) for the different speeds. It can be concluded
that the adhesion force between the organic
material particle and the substrate surface
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 14
119
presented linear behavior for all the studied diameter ranges. An image analysis program
(Image-Pro Plus 6.0) was used to monitor, after each increase in angular velocity, the number
of particles adhered and detached on the flat surface. The organic powder material used was
powdered milk.
KEYWORDS: Adhesion, particle/surface interaction, centrifugal technique, compression,
decompression.
1 | INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
A adesão pode ser compreendida como atração entre dois corpos sólidos
com superfícies de contato comuns e produzida pela existências de forças atrativas
intermoleculares de ação a curta distância. (Charlaix e Crassous, 2005). A adesão entre
materiais pulverulentos (pós) e superfícies são fatos decorrentes de inúmeros processos
alimentícios. Ao mesmo tempo em que esse efeito é desejado em alguns processos
industriais, ele também pode ser indesejada como em indústrias de alimentos, medicamentos
e principalmente em tubulações, ocasionando a redução da eficiência da produção. Quando
se trata de processamentos de pós é importante conhecer suas características, uma vez
que a natureza e o grau de interação entre estas determinam as propriedades do pó.
Hoje em dia, há várias técnicas experimentais e métodos diferentes eu foram
desenvolvidos, durantes anos, para medir a força de adesão entre partículas e umas
superfície (Krupp, 1967; Boehme, Krupp, Rabenhorst e Sandstede, 1962; Lodge, 1983),
entre esses métodos, a técnica centrifuga vem sendo utilizada (Otsuka, Iida, Danjo e
Sunada, 1988; Booth e Newton, 1987; Otsuka, Iida, Danjo e Sunada, 1983; Podczeck et
al., 1995; Shimada et al., 2000; Zhou et al., 2003 e Takeuchi, 2006). Essa técnica tem
grande vantagem por poder determinar a força de adesão entre partículas reais de formas
regulares e irregulares em superfícies lisas ou rugosas. A técnica centrifuga permite
determinar a força de adesão, através da distribuição da força adesiva dentro de um grupo
grande de partículas (incluindo até 100 particulas) sobre um substrato, em uma única
medida (Böehme et al., 1962). Essa técnica consiste em analisar a velocidade de rotação
da centrífuga e monitorar o tamanho e a percentagem de partículas desprendidas, para que
a força de adesão entre as partículas e a superfície dos discos seja determinada.
Assim, esse projeto de pesquisa tem como justificativa a grande importância no
auxilio de dimensionamento de equipamentos industriais e de conhecimento de domínio
próprio. Além disso, será importante analisar a força de adesão do leite em pó para futuras
e oportunas aplicações industriais.
2 | OBJETIVOS
Investigar a influência do tamanho das partículas do material pulverulento orgânico
(leite em pó) sobre a força de adesão partícula superfície, utilizando a técnica centrífuga
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 14
120
para diferentes velocidades de compressão e desprendimento e em diferentes superfícies.
3 | MATERIAL E MÉTODOS/METODOLOGIA
3.1 Materiais
Para a execução desse projeto de pesquisa foi utilizada uma centrífuga, cujo
rotor tinha dois adaptadores, especialmente construídos, que permitiram a deposição
das partículas no disco de prova (substrato) perpendicularmente ao eixo de rotação
da centrífuga. De acordo com a velocidade de rotação da centrífuga, foi monitorado o
tamanho e a percentagem das partículas desprendidas, para que a força de adesão
entre as partículas e a superfície dos discos seja determinada. Também foi utilizado outro
equipamento tal como um microscópio óptico para tirar as fotos. Essa foto será analisada
por um analisador de imagens e posteriormente será determina a força de adesão entre a
partícula e superfície.
3.2 Metodologia
O material pulverulento foi armazenado em dessecadores com sílica gel, antes da
realização dos experimentos, para manter a umidade deste pó sempre baixa, já que, para
pós secos, as forças de Van der Waals são as forças predominantes na determinação da
força de adesão. Após controle da umidade relativa do ar abaixo de 50% e da dispersão
uniforme das partículas pulverulentas sobre a superfície do disco de prova, o disco foi
acomodado no adaptador e no tubo, e em seguida foi centrifugado. O disco foi disposto no
equipamento de forma que a força centrífuga comprimiu as partículas sobre a superfície.
Esta força de compressão, também denominada de press-on foi aplicada sobre o disco de
prova nas velocidades de rotação de 1000, 5000 e 10000 rpm. Depois da compressão das
partículas, os discos de prova foram analisados no microscópio para a realização de captura
de imagens da dispersão das partículas pulverulentas sobre a superfície do disco de prova
pela câmera. Em seguida, os discos foram levados novamente a centrífuga, porém em
posição invertida da etapa de press on, para o desprendimento das partículas pulverulentas
(spin-off). As forças de spin-off aplicadas sobre os discos foram nas velocidades de rotação
de 2000, 4000, 6000, 8000 e 10000 rpm respeitando a ordem crescente e para força de
compressão. Depois da aplicação de cada velocidade de descompressão, os discos foram
novamente analisados no microscópio e as imagens serão capturadas pela câmera digital
para posterior análise pelo software. O tempo de aplicação das forças de compressão
(press-on) e descompressão (spin-off) foi de 1 minuto. E por último essas imagens foram
analisadas em um programa analisador de imagem e separadas por faixa de diâmetro para
mostrar a força de adesão e a porcentagem de partículas desprendidas e suas influências
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 14
121
4 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em primeira instância, o projeto teve como intuito investigar a influência das
partículas sobre o substrato em diferentes forças, utilizando a técnica centrífuga. Essa
pesquisa também proporcionou estudar a força de adesão da partícula de leite em pó
(ρ = 0,97 g×cm-3) frente ao substrato de aço de inox. Em segunda instância foi realizado
uma análise quantitativa para investigar a influência do tamanho da partícula, através
do seu diâmetro médio e da pressão aplicada pelo contato, por uma velocidade angular,
utilizando uma centrifuga. O material orgânico utilizado foi o leite em pó industrializado.
Os substratos utilizados foram fabricados em aço inoxidável.
Após a aplicação da metodologia descrita no item 3, foram obtidos resultados e
construídos gráficos de porcentagem de partículas aderidas na superfície do substrato em
função das velocidade de rotação da centrifuga. Em seguida, foi construído outro gráfic
de porcentagem de partículas aderidas em função da força de adesão para o pó orgânico
investigado nesta pesquisa.
4.1 Determinações da porcentagem de partículas aderidas em função da
velocidade de rotação
Para cada velocidade de compressão (1000, 5000 e 10000 rpm), foi realizado as
velocidades de desprendimento de 2000, 4000, 6000, 8000 e 10000 rpm. Com isso, foi
possível analisar o despedimento das partículas em cada velocidade de spin-off, levando
em consideração seu diâmetro médio. O diâmetro foi analisado em 3 faixa, sendo de 20
à 40 , 41 à 60 e de 61 à 80 micrômetros. Os resultados obtidos podem ser observados na
figura abaixo
Compressão de 1000 rpm
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
(b) Compressão de 5000 rpm
Capítulo 14
122
(c) compressão de 10000 rpm
Figura 4.1 – Porcentagem de partículas de leite em pó aderidas na superfície do substrato de
aço inoxidável, em função das velocidades de desprendimento (spin-off), após a aplicações de
descompressões de 1000, 5000 e 10000 rpm.
A Figura 4.1 apresenta três gráficos que revela a porcentagem de partículas aderidas
no substrato em função das velocidades de desprendimento (spin- off) após a aplicação de
todas as forças centrifugas de compressão (press-on) proposto nesse trabalho. Observase que, com o aumento da velocidade angular de desprendimento, a percentagem de
partículas pulverulentas aderidas na superfície diminuiu até que todas ou quase todas as
partículas são desprendidas após a aplicação da força centrífuga spin-off de 10000 rpm.
É possível observar também, que não só diminui a quantidade de partículas desprendidas
com o aumento da descompressão (spin-off), mas que o tamanho das partículas também
influenciam no desprendimento. A distância entre a rugosidade de uma partícula e uma
superfície está relacionada através da verdadeira área de contato. Por que quanto menor
for a área de contato, menor será o contato entre as rugosidades das superfícies envolvidas,
e consequentemente, menores serão as forças de Wan der Vaals ( Felicetti, 2008). Assim,
as partículas maiores não tem contato direto com a superfície de contato do substrato,
devido o material de aço inoxidável ter uma nanorugosidade (47,86 nm), que impede que
as partículas maiores fiquem retidas no substrato com o aumento da velocidade angular.
O gráfico ainda revela que com o aumento da compressão as partículas menores
(20 – 40 mm) tiveram um maior contato com o substrato, e consequente tiveram maiores
aderência, ou seja, uma maior força de adesão. Esse resultado se assemelha para as
outras duas faixas de diâmetro (41 – 60 e 61 – 80 mm), porém não tão significativamente
pois essas não apresentavam tanto conto com o substrato, tendo assim uma baixa força
de adesão.
4.2 Determinações da porcentagem de partículas aderidas em função da
força de adesão
Com os cálculos obtidos da força de adesão para as três faixas de diâmetro
das partículas de leite em pó estudada, foi possível gerar gráficos que apresentam a
porcentagem de partículas aderidas do pó orgânico em função da força de adesão para
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 14
123
cada velocidade centrifuga de compressão (1000, 5000 e 10000 rpm). Entretanto, a força
de adesão foi calculada da seguinte forma:
Sendo a força centrífuga:
m º Massa da partícula.
w º Velocidade angular.
r º Distância do centro do rotor até a partícula.
Com a distância entre o eixo de rotação e o substrato (superfície) de 0,052 m.
Faixa de diâmetro de 20 – 40 mm
(b) Faixa de diâmetro de 41 – 60 mm
(c) Faixa de diâmetro de 61 – 80 mm
Figura 4.2 - Porcentagem de Partículas aderidas de substrato orgânico leite em pó aderido na
superfície do substrato de aço inoxidável, em função da força de adesão após a aplicação da força
centrífuga de compressão 1000, 50000 e 10000 rpm.
É possível observar nas figuras que a força de adesão apresentou um comportamento
linear para cada faixa de diâmetro estudada do material orgânico. Isto quer dizer que a
força de adesão entre partícula e a partícula substrato aumentou para cada aplicação da
força centrífuga de compressão adotada. Também é possível o observar que, as partículas
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 14
124
com menor diâmetro obteve uma maior força de adesão em todas as forças aplicadas de
compressão, tendo assim, um desprendimento menor quando comparados com a outra
faixa de diâmetro maiores.
A faixa de diâmetro maior teve um comportamento próximo ao das faixas menores
na Figura 4.2.c, devido à grande força de compressão (press-on), que permitiu que as
partículas tivesse um maior arranjo, tendo um grande contato com a área da superfície do
substrato, aumentando assim, as forças de Van der waals. A distância entre a rugosidade
das superfícies tem um efeito sobre o comportamento de separação das partículas aderidas
na superfície do substrato (Zimon, 1982). Assim, obteve uma maior aderência quando
comparada com a figura a, na faixa de 61 – 80 mm, que teve um grande desprendimento
de partículas devido a uma menor força de compressão. Fica evidente que a força de
adesão aumenta e o desprendimento diminui em todas as faixas quando há uma grande
força centrifuga de compressão.
5 | CONCLUSÃO
Torna evidente, portanto, que a força de adesão entre a partícula do material
estudado e a superfície do substrato apresentou comportamentos lineares para todas as
faixas de diâmetro estudada do material orgânico leite em pó. Além disso, foi possível
observar que com o aumento da força de compressão (press-on) as partículas de todas
as faixas tiveram comportamento similares em relação ao seu desprendimento quando
comparados a forças menores aplicadas. Com isso, fica claro que a granulometria tem
influência direta na força de adesão entre partícula e a superfície do substrato. Mas que
a aplicação da força centrifuga de compressão também tem influencia sobre a força de
adesão, o que garante a eficácia da técnica centrífuga e a validação de todos os resultados
apresentados nesta pesquisa.
FINANCIAMENTO
CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
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125
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 14
126
CAPÍTULO 15
DEGRADABILIDADE IN SITU DA CASCA
DO TUCUMÃ (Astrocaryum aculeatum) EM
SUBSTITUIÇÃO AO MILHO EM DIETA PARA
BOVINOS
Data de aceite: 01/11/2021
Data de submissão: 23/07/2021
Tasso Ramos Tavares
Programa de Pós-Graduação em Agricultura
do Trópico Úmido ATU, Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia, INPA
Manaus-AM
http://lattes.cnpq.br/6082895397769816
Francisca das Chagas do Amaral Souza
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,
Sociedade Coordenadora de Meio Ambiente
e Saúde (COSAS) e Laboratório de FísicoQuímica dos Alimentos (LFQA)
Manaus-AM
http://lattes.cnpq.br/4281093837396621
Jaime Paiva Lopes Aguiar
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,
Sociedade Coordenadora de Meio Ambiente
e Saúde (COSAS) e Laboratório de FísicoQuímica dos Alimentos (LFQA)
Manaus-AM
http://lattes.cnpq.br/4626479986355662
Ercvania Rodrigues Costa
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia,
Universidade federal rural de Pernambuco UFRPE
Recife-PE
http://lattes.cnpq.br/5911257795906549
RESUMO: O estudo teve como objetivo
determinar a degradabilidade in situ da casca do
Tucumã (Astrocaryum aculeatum) na alimentação
para bovinos e assim desenvolver uma dieta
alternativa a partir de um ingrediente Amazônico.
As análises foram realizadas no Laboratório de
Físico-Química de Alimentos (LFQA) do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o
ensaio de degradabilidade in situ foi conduzido
na área experimental da Universidade Federal
do Amazonas (UFAM) localizada no município
de Parintins – AM, onde foi utilizado na ocasião
um bovino fistulado recebendo alimentação duas
vezes ao dia sempre por volta de 8:00 e 16:00
h, suplementado com sal mineral à vontade. Ao
avaliar a degradabilidade dos ingredientes que
formularam a ração da substituição do milho
pela casca do tucumã, observou – se que o
milho triturado juntamente com o farelo de soja,
apresentaram efeito linear decrescente de acordo
com os horários de estudados. O consumo do
milho triturado no tempo de 72 horas, apresentou
maior média de degradação (16,01%). Os
tempos de 24, 12 e 6 horas apresentaram 39,
57%, 44,66% e 53,46% respectivamente, não
havendo diferença significativa entre esses
três horários.O farelo de soja apresentou como
maior média no tempo de 72 horas o valor de
22,69% que estatisticamente não diferiu dos
horários de 24 (26, 38%) e 12 horas (32,61%).
Para a casca de tucumã não houve diferença
significativa na degradabilidade em relação aos
horários estudados. A casca do Tucumã pode
ser substituída em até 25% do milho em dietas
concentradas para bovinos. De acordo com a
metodologia adotada, o tempo de 72 horas de
incubação é suficiente para estimar a degradação
in situ da casca de Tucumã em substituição ao
milho.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 15
127
PALAVRAS-CHAVE: Degradabilidade in situ, Tucumã; Bovinos; Dieta.
IN SITU DEGRADABILITY OF TUCUMÃ HULL (Astrocaryum aculeatum) IN
REPLACEMENT OF CORN IN A DIET FOR CATTLE
ABSTRACT: The study aimed to determine the in situ degradability of the Tucumã bark
(Astrocaryum aculeatum) in cattle feed and thus develop an alternative diet based on an
Amazonian ingredient. The analyzes were carried out at the Laboratory of Physical Chemistry
of Food (LFQA) of the National Institute for Research in the Amazon (INPA) and the in
situ degradability test was carried out in the experimental area of the Federal University of
Amazonas (UFAM) located in the municipality of Parintins - AM, where a fistulated bovine fed
twice a day was used at the time, always around 8:00 and 16:00 h, supplemented with mineral
salt at will. When evaluating the degradability of the ingredients that formulated the ration of
corn replacement by the tucumã husk, it was observed that the ground corn together with the
soybean meal, had a decreasing linear effect according to the times studied. The consumption
of maize crushed in 72 hours, with the highest average degradation (16.01%). The times of
24, 12 and 6 hours dissipated 39, 57%, 44.66% and 53.46% respectively, with no difference
between these three times. 22.69% that statistically did not differ from the 24 hours (26, 38%)
and 12 hours (32.61%). For tucumã bark there was no significant difference in degradability
in relation to the times studied. Tucumã bark can be substituted for up to 25% of corn in
concentrate diets for cattle. According to the adopted methodology, an incubation time of 72
hours is enough to estimate the in situ degradation of Tucumã bark as a replacement for corn.
KEYWORDS: In situ degradability, Tucumã; Cattle; Diet.
1 | INTRODUÇÃO
A floresta Amazônica possui espécies nativas de plantas frutíferas que apresentam
alto potencial econômico, tecnológico e nutricionais. Conforme Clement et al. (2005)
características do fruto despertam bastante interesse por parte de estudos e pesquisas
cientificas nas mais diversas áreas como a indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética.
A região norte detém seus sistemas de produção basicamente usando alimentos
volumosos nas dietas dos animais ruminantes que na maioria das vezes não chega a suprir
a demanda nutricional desses animais o que vem a gerar baixos índices de produtividade
dos mesmos. Usar subprodutos regionais como fonte alternativa na formulação de novas
rações se torna um grande instrumento de importância aos técnicos e pesquisadores, bem
como os produtores rurais de animais domésticos, para que as exigências nutricionais dos
mesmos possam ser atendidas e que os animais cheguem a expressar todo seu desempenho
de produção e reprodutivo. O uso racional de subprodutos na alimentação dos animais
certamente diminuiria o encarecimento e a dependência por alimentos tradicionalmente
usados na alimentação. Segundo Loureiro et al. (2007), é importante ir em busca de novos
alimentos que possam ser usados em substituição ao milho e farelo de soja, pois ambos
os mesmos representam cerca de 80% do custo total de produção dependendo da região.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 15
128
A região amazônica possui uma grande diversidade de produtos com elevado
potencial econômico e nutricional, entretanto são poucos os estudos referentes à composição
desses alimentos amazônicos na alimentação animal. Neste contexto, o tucumã é um
produto encontrado na cidade de Parintins, distribuído em terras cultiváveis e em feiras
comerciais na qual seus subprodutos têm pouco beneficiamento e podem ser aproveitados
para uso na alimentação de mamíferos, tanto aqueles considerados domésticos e
selvagens disponibilizando fonte de vitaminas para sustentação corpórea e antioxidante
biológico. Estudando o fruto de palmeira,Ferreira et al. (2008) chegou à conclusão de que
os resíduos do fruto apresentam peculiaridades relacionados a composição bromatológica
com fonte de calorias, fibras e lipídeos. Entretanto, os mesmos apresentam propriedades
particulares que possibilitam a utilização deste produto na dieta de animais ruminantes.
Segundo os estudos de Van Soest (1965), as fibras têm sua importância principalmente
para os microorganimos que fazem a digestão no rumem do bovino.
A técnica de degradabilidade in situ consiste em colocar amostras de alimento
dentro do rúmen de um animal fistulado. Neste método, os sacos de náilon são amarrados
firmemente em uma corrente para que as amostras contidas nos sacos não fiquem boiando
sobre as substâncias presentes no rúmen e após diferentes períodos de incubação no
interior do rúmen os saquinhos ou bolsas de náilon são retirados para determinação do
desaparecimento das amostras (Lucci, 1997).
O estudo teve como objetivo determinar a degradabilidade in situ da casca do
Tucumã (Astrocaryum aculeatum) na alimentação para bovinos e assim desenvolver uma
dieta alternativa a partir de um ingrediente Amazônico.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Obtenção da matéria-prima
Os frutos do Tucumã (Astrocaryum aculeatum) foram adquiridos de um plantio
extrativista em estágio de maturação na comunidade do Macurany no município de
Parintins-AM, Brasil (04º 15’ 12’’ S/ 69º 56’ 19’’ W), O ensaio de degradabilidade in situ foi
conduzido na área experimental da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) localizada
no município de Parintins – AM, onde foi utilizado na ocasião um bovino fistulado recebendo
alimentação duas vezes ao dia sempre por volta de 8:00 e 16:00 h, suplementado com sal
mineral à vontade.
Sub amostras das dietas experimentais, foram secas em estufa (55° C) com ar
forçado por 72 horas e após, foram moídas em moinho tipo Willey com peneira com poros
de 1 mm de diâmetro no Laboratório de Físico-Química de Alimentos (LFQA) do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) localizado na Av. André Araújo, 2936, Aleixo,
Manaus, Amazonas, Brasil.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 15
129
2.2 Composição centesimal
As determinações dos teores de Matéria seca (MS) em estufa a 105 °C (Lenkeit
e Becker, 1956); Matéria mineral (MM) por incineração da amostra a 550 °C por 4 horas
(Instituto Adolfo Lutz, 2008), Proteína bruta (PB) pelo método Kjeldahl (Aoac, 2016),
conteúdo de Fibra bruta, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido pelo
método de (Van Soest, 1994), com modificações descritas por (Mertens, 1992)
2.3 Ensaio de degradabilidade
Para a degradabilidade ruminal in situ, amostras das rações e dos ingredientes
foram incubadas através da cânula implantada no rúmen do animal, onde foram avaliados
quatro níveis de substituição de milho por resíduo do Tucumã nas proporções de 0%, 25%,
50% e 75 (Tabela 1). Sete gramas de amostra foram pesados, colocadas e selados em
sacos de TNT (Tecido não tecido), com dimensões de 5x6 cm e porosidade de 50μm. Para
a incubação os saquinhos foram alocados dentro de um saco maior de tecido sintético,
sendo este preso a uma corrente e incubados no rúmen em triplicatas por horário e dieta
sequencialmente durante 0, 3, 6, 12, 24 e 72h, com retirada conjunta de todas as amostras
ao final das 72h de incubação. Após o período de incubação, os sacos foram lavados
extensivamente até a água fluir límpida
Níveis de substituição (%)¹
0
25
50
75
Milho
Ingredientes
35,1
26,4
17,5
8,7
Farelo de soja
64,9
64,9
64,9
64,9
0
8,7
17,5
26,7
89,69
90,44
75,30
91,26
Tucumã
Composição Bromatológica²
MS
MM
3,81
4,47
5,35
4,81
MO
96,18
95,52
94,65
95,19
EE
3.32
5,04
6,73
6,20
PB
47,87
39, 70
51, 61
42, 08
Tabela 1. Níveis de substituições e composição das rações experimentais (%MS)
¹Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. ²MS= matéria seca; MM= matéria mineral; MO= matéria
orgânica; EE= extrato etéreo; PB= proteína bruta
Os valores médios do desaparecimento da matéria seca da amostra de cada dieta
nos respectivos tempos de incubação foram ajustados ao modelo descrito por Ørskov e
Mcdonald (1979) expresso pela seguinte equação:
P= a + b * (1-expc*t)
Onde: P = degradabilidade potencial do alimento;
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 15
130
t = tempo de incubação
a = representa o substrato solúvel e completamente degradável que é rapidamente
lavado para fora do saco;
b = representa o substrato insolúvel, mas potencialmente degradável;
c = taxa constante da função b.
Adicionalmente, na equação acima foi incluída a taxa de passagem do alimento para
estimar a degradabilidade efetiva (DE).
Degradabilidade efetiva = a+ ((b * c) / (c + k))
Onde: k = taxa de passagem das partículas pequenas do rúmen
3 | ANALISE ESTATÍSTICA
Foram produzidos 72 saquinhos (4 dietas x 6 tempos x 3 triplicatas). Para o cálculo
do material imediatamente solúvel (tempo zero), os sacos de TNT foram introduzidos no
rúmen e retirados em 30s. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
4 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados referentes à caracterização química e nutricional da casca do Tucumã
(Astrocaryum aculeatum) são apresentados na tabela abaixo (Tabela 2). O teor de matéria
seca foi de (89,60%) parecido aos encontrados por Silva (2018) (89,07% ) ao trabalhar com
o fruto do Tucumã na dieta de aves e Duarte (2008) estudando palmeiras da mesma família
no estado de Roraima encontrou (92,7%) matéria seca na casca.
Os valores de matéria mineral (4,39%), proteína bruta (7,31%), fibra bruta (13,60%),
fibra em detergente neutro (53,49), e fibra em detergente ácido (41,55%) foram semelhantes
aos encontrados por Miller et al. (2013) que foram de 4,39%, (7,31%), (13,60%), (53,49),
(41,55%) respectivamente.
Compostos
Fração casca
MS (%)
89,60
MM (%)
4,39
Proteína (%)
7,81
Lipídeo (%)
11,56
Fibra Bruta (%)
13,60
FDN %)
53,49
FDA (%)
41,,55
Tabela 2: Médias da composição química e nutricional da casca do Mucajá
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 15
131
Ao avaliar a degradabilidade dos ingredientes que formularam a ração da substituição
do milho pela casca do tucumã, observou – se que o milho triturado juntamente com o farelo
de soja, apresentaram efeito linear decrescente de acordo com os horários de degradação
(tabela 3).
Itens
Tempo de degradabilidade ruminal (h %)
72
24
12
6
3
0
16.01 d
39.57 c
44.66bc
53.46ab
58.00 a
62.21 a
Soja
22.69 c
26.38bc
32.61 b
46.97 a
51.57 a
49.38 a
Casca de
Tucumã
63.79 a
62.09 a
65.39 a
67.55 a
56.24 a
58.37 a
Milho
Média seguidas da mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey a 5% de
probabilidade
Tabela 3: FDNi do Milho, Soja e tucumã com 72, 24, 12, 6, 3 e 0 horas de degradação ruminal.
O consumo do milho triturado no tempo de 72 horas, apresentou maior média de
degradação (16,01%). Os tempos de 24, 12 e 6 horas apresentaram 39, 57%, 44,66%
e 53,46% respectivamente, não havendo diferença significativa entre esses três horários
sendo estes resultados parecidos com os encontrados por Marcondes et al. (2009), que
foi de A (45,13) e B (53,91). A menor de média de degradabilidade ocorreu no tempo de 3
horas (58,00%) assim como estatisticamente para o tempo zero (62,21%).
O farelo de soja apresentou como maior média no tempo de 72 horas o valor
de 22,69% que estatisticamente não diferiu dos horários de 24 (26, 38%) e 12 horas
(32,61%). Os tempos de 6 e 3 horas, além do tempo zero apresentaram menor média de
degradabilidade (46,97%, 51,57%, 49,38% simultaneamente semelhantes ao encontrados
pelo autor supracitado (47,13) e B (52,57).
Para a casca de tucumã não houve diferença significativa na degradabilidade em
relação aos horários estudados. Desta forma a casca do tucumã (72, 24,12,6) apresentou
semelhante ao farelo de arroz (A= 65,33%) e farelo de trigo (A= 57,62%), encontrado por
(Marcondes et al., 2009). Em relação ao consumo de FDNi das rações de acordo com os
horários (Tabela 4), ao nível de 0% e 25% de substituição não houve diferença em 72, 24,
12, 6 e 0 horas, entretanto estes apresentaram-se estatisticamente diferentes das médias
de 50 e 75% de substituição. Ao analisar o nível de substituição de 0% constatamos
que os horários de 72 e 24 h não diferiram estatisticamente entre si, obtendo as menores
médias e caracterizando uma maior degradabilidade do alimento analisado. No nível de
substituição de 25% percebemos que a menor média de FDNi foi com 72 h (9,39%) de
incubação das amostras no conteúdo ruminal. Os tempos de incubação de 24, 12, 6 e 0h
não diferiram estatisticamente entre si, e a média com maior valor de FDNi foi encontrada
com 3h (28,49%) de degradabilidade ruminal, sendo que esta não diferiu das médias de 6
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 15
132
e 0h (25,14 e 22,16% respectivamente).
Ao nível de substituição de 50%, percebemos que os tempos de 72 e 24h não
diferiram entre si e apresentaram menor valor de FDNi (14,44 e 18,59%, respectivamente),
indicando uma maior degradação ruminal. O valor das 6h foi o que apresentou menor
degradabilidade com valor de FDNi de 68,63%. Ao avaliar o nível de substituição de 75% do
Tucumã pelo milho, percebemos que a maior degradabilidade ruminal foi observada com
72h de incubação, fato este comprovado pelo menor valor da FDNi (13,61%).
Itens¹
Níveis de substituição (%)
0
25
50
75
72 h
4.79 Bd
9.39 ABc
14.44 Ae
13.61 Ac
24 h
10.96 Bcd
18.92 Ab
18.59 Ade
24.18 Aab
12 h
26.81 Ab
19.62 Ab
25.84Acd
23.32 Ab
6h
19.28 Cbc
25.14 BCab
68.63 Aa
31.70 Ba
3h
54.25 Aa
28.49 BCa
34.77 Bb
26.70 Cab
0h
20.16 Bb
22.16 Bab
31.79 Abc
30.92 Aab
Média seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem estatisticamente
pelo Teste de Tukey a 1% de probabilidade.
Tabela 4: FDNi da porcentagem (%) de substituição do Tucumã pelo Milho com 72, 24, 12, 6, 3 e 0
horas de degradação ruminal.
5 | CONCLUSÕES
Portanto a casca do Tucumã pode ser substituída em até 25% do milho em dietas
concentradas para bovinos. De acordo com a metodologia adotada, o tempo de 72 horas
de incubação é suficiente para estimar a degradação in situ da casca de Tucumã em
substituição ao milho.
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VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. Cornell university press, 1994. ISBN
080142772X.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 15
134
CAPÍTULO 16
COMPARACION DEL RENDIMIENTO PESQUERO
DEL MIXÍNIDO “BRUJA PINTADA” (Eptatretus stouttii)
EN LA PRIMAVERA DEL 2010-2011 Y 2021 PARA SU
MANEJO PESQUERO EN LA COSTA OCCIDENTAL
DE BAJA CALIFORNIA, MÉXICO
Data de aceite: 01/11/2021
Jorge Flores Olivares
Departamento de Posgrado e Investigación,
Tecnológico Nacional de México, Instituto
Tecnológico de Mazatlán
Mazatlán, Sinaloa
https://orcid.org/0000-0002-5439-1858
Alfredo Emmanuel Vázquez Olivares
Departamento de Posgrado e Investigación,
Tecnológico Nacional de México, Instituto
Tecnológico de Mazatlán
Mazatlán, Sinaloa
RESUMEN: El objetivo del presente trabajo fue
el de aportar información sobre nuevos recursos
pesqueros, como la bruja pintada (Eptatretus
stoutii), utilizando líneas de trampas El estudio
tuvo lugar entre la primavera de 2010-2011 y
2021, en las embarcaciones B/M “Antonia” y
B/M “Alaskeño”. Se diferenciaron componentes
como pesca extractiva y aspectos biopesqueros.
En la fase extractiva se determinaron zonas
de pesca en la costa occidental de Baja
California, ensayando mejoras en las líneas de
pesca, validadas a través del incremento en
los rendimientos por captura. Los resultados
más relevantes indican que la bruja pintada
es un pez de hábitos demersales que vive en
ambientes fangoso-arenosos, en madrigueras
(semienterradas) entre 50 y 500 metros de
profundidad, con mejores rendimientos de pesca
en la temporada de la primavera de 2021 que con
menos lances los rendimientos en CPUE fueron
de 1.20 kg/trampa en promedio. El aparejo de
pesca diseñado es una línea de tubos-trampa
pudiendo operar en embarcaciones de pesca de
mediana altura (3 líneas de 180 barriles o tubos).
El rendimiento de pesca promedio fue de 1.20 kg/
trampa registrando una talla promedio de 40 cm
y 160 g de peso.
PALABRAS CLAVES: Rendimiento pesquero,
Eptatretus stouttii, pesca con trampas.
COMPARISON OF FISHING YIELD OF
THE "BRUJA PINTADA" (Eptatretus stouttii)
IN THE SPRING OF 2010-2011 AND
2021 FOR ITS FISHING MANAGEMENT
ON THE WESTERN COAST OF BAY
CALIFORNIA, MEXICO OF BAJA
CALIFORNIA, MEXICO
ABSTRACT: The objective of this work was to
provide information on new fishing resources,
such as the painted witch (Eptatretus stoutii),
using trap lines The study took place between
spring 2010-2011 and 2021, in B / M “Antonia”
and B / M “Alaskeño” vessels. Components such
as extractive fishing and bio-fishing aspects were
differentiated. In the extractive phase, fishing
areas were determined on the western coast of
Baja California, testing improvements in fishing
lines, validated through the increase in yields per
catch. The most relevant results indicate that the
painted witch is a fish with demersal habits that
lives in muddy-sandy environments, in burrows
(semi-buried) between 50 and 500 meters deep,
with better fishing yields in the spring season of
2021 than with fewer sets the CPUE yields were
1.20 kg / trap on average. The designed fishing
gear is a line of trap tubes that can operate in
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 16
135
medium-height fishing boats (3 lines of 180 barrels or tubes). The average fishing yield was
1.20 kg / trap, registering an average size of 40 cm and 160 g of weight.
KEYWORDS: Fishing yield, Eptatretus stouttii, trap fishing
INTRODUCCIÓN
Actualmente, los principales recursos pesqueros de México que sustentan las
pesquerías tradicionales, tanto costeras, tanto demersales como pelágicas, se encuentran
plenamente explotados (Arreguín, 2006). Asimismo, en todos los litorales de ambas costas
de nuestro país se realizan pesquerías artesanales; sin embargo, la producción es muy
variada en especies y bajas en cantidad, por lo tanto carecen valor significativo (Arreguín
y Arcos, 2007).
Dada la poca evolución de las pesquerías mexicanas en los últimos años, tanto en
volumen como en valor, la necesidad de contar con nuevas pesquerías se ha vuelto una
prioridad para una diversificación del aparato productivo pesquero nacional, contribuyendo
con la generación del conocimiento sobre nuevas pesquerías emergentes que coadyuven
con los planes sectoriales y de producción del país.
Por otra parte, la única manera de acceder a las especies emergentes en nuestro
país, es en forma precautoria mediante permisos de pesca de fomento, bajo los términos y
condiciones que marca la Ley de Pesca y su Reglamento. Bajo esta óptica y en la búsqueda
de recursos alternativos para mitigar la incertidumbre que afecta la actividad pesquera,
el sector pesquero busca apoyarse en la academia, acudiendo al sector científico de la
pesca para poder acceder a estos permisos de fomento por medio de un protocolo de
investigación y así juntos sector productivo pesquero y academia, lograr diversificar el
sector pesquero nacional.
Bajo esta óptica y en la búsqueda de recursos alternativos para mitigar la
incertidumbre que afecta la actividad pesquera se desarrolló un programa para la pesca
exploratoria y experimental, con la finalidad de orientar la captura hacia especies de aguas
profundas como la “bruja pintada” del Pacífico (Eptatretus stoutii) (Flores et al., 2009). Dicha
investigación se realizó bajo el esquema de un permiso de pesca de fomento por parte de la
Conapesca, lo que permite coadyuvar al conocimiento de recursos pesqueros que poseen
cierto interés particular (por ejemplo; biomasa, tecnología de capturas y mercado) que les
impide ser aprovechados bajo esquemas comerciales.
Finalmente, un desarrollo integral entre la captura y el procesamiento basado
en un programa preventivo, estableciendo las buenas prácticas de manejo pesquero e
implantando un plan de análisis de riesgos y puntos críticos de control sería en benefici
del sector pesquero ya que se podría desarrollar una pesquería sustentable. La continuidad
de este proyecto está en relación directa a los resultado de la pesca de fomento, ya que
existe muy poca información de la biología pesquera, técnica de captura y condiciones del
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 16
136
manejo del producto abordo y en general de los beneficios económicos de este recurso, por
lo anterior, es necesario realizar la transferencia tecnológica del proceso y experiencias de
otros países, adecuarlo y desarrollarlo a las condiciones locales o regionales.
La pesquería de la bruja pintada del Pacifico, en las costa de Baja California, se
encuentra desde el 2006 en la condición de “Pesca de Fomento”, esto es que no existe
una tradición de pesca y ni tampoco de procesamiento. Asimismo, la pesquería de la “bruja
pintada”, presenta demanda en el mercado internacional, particularmente en el mercado
asiático, ya que su valor comercial la hace muy atractiva por su demanda, por lo que el
desarrollo de su captura la coloca como una actividad altamente demandante en el corto
plazo.
La especie Eptatretus stoutii, conocida como “bruja pintada”, habita en la zona del
talud continental, su distribución geográfica está ligada a las regiones frías de la corriente
de California (Barss, 1993; Benson et al, 2001). En México, se ha encontrado en la costa
occidental de la península de Baja California, en un área que abarca desde San Isidro
(31°21’ N, 116º37’ O) hasta Punta San Carlos (29°22’ N, 115º17’ O) (Fig.1 a); en esta zona
la profundidad mínima es de 50 m y la máxima de 180 m, mientras que el tipo de fondo más
común es areno-fangoso, preferido por el mixínido (Martini, 1998). La captura de la Bruja
Pintada del Pacífico en México se lleva a cabo en distintas zonas de la costa occidental
de la península de Baja California, éstas son Punta San Isidro, Punta Colonet, Bahía
San Ramón, Bahía San Quintín, Bahía del Rosario y Punta San Carlos, las coordenadas
geográficas de cada zona se muestran en la Figura 1
Estacion
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E1
E2
Long
Localidad
Localidad aledaña
Punta San
San Isidro
Isidro
Punta
Punta Colonet
Colonet
Punta
Bahia
Bahia San
San Ramon
Ramon
Bahia
Bahia San
San Quintin
Quintin
Bahia
Bahia del
del Rosario
Rosario
Punta
Punta San
San Carlos
Carlos
117
116
115
Latitud
Latitud
Superior
Superior
31º21.00
31º21.00'
31º07.00
31º07.00'
30º48.00'
30º48.00
30º23.00'
30º23.00
30º05.00'
30º05.00
29º39.00'
29º39.00
114
113
Inferior
Inferior
31º07.00
31º07.00'
30º48.00
30º48.00'
30º34.00'
30º34.00
30º05.00'
30º05.00
29º39.00'
29º39.00
29º22.00'
29º22.00
112
Lat.
32
E3
31.5
31
Zona 1
30.5
Zona 2
30
29.5
29
28.5
E4
28
27.5
27
E5
E6
Figura 1. Localidades pesqueras en donde se realizó la pesquería experimental de la Bruja Pintada del
Pacífico durante el período primavera 2010-20 1 y 2021
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 16
137
MATERIALES Y MÉTODOS
Para la realización de esta investigación se contó con dos embarcaciones: B/M
Antonia y Alaskano.
ARTES Y MÉTODOS DE PESCA
La pesca de la bruja pintada (E. stoutti) se realiza durante todo el año El número
total de trampas por embarcación fueron dos líneas de 180 trampas del tipo barril de 200 l y
otra línea de 180 trampas con trampas del tipo barril de 30 l (360/embarcación), (Figura 2).
Figura. 2. Esquema de la línea de palangre experimental para la captura de bruja pintada.
Las trampas tipo tambo (Figura 2.) de 200 l y trampas tambo de 30 l con aberturas
circulares laterales con dos centímetros de diámetro, por las cuales se promueve un
intercambio de agua, para que así el olor de la carnada colocada en su interior se disperse
en el entorno con mayor rapidez.
En ambos extremos de la trampa existe un embudo plástico que permite ingresar al
animal, pero que impide su escape (Figura 2). Estas trampas se unen a la línea madre, a
través del reinal y unidas en sus extremos a dos anclas que las mantendrán en el fondo lo
que permitió que se quedaran en el lugar definido y se utilizó una boya en superficie para
reconocer el lugar donde se encontraban las trampas, las cuales quedaban unidas a la
línea madre por el orinque.
En la línea fueron colocadas 180 trampas con carnada y otra línea de 180 trampas
sin carnada, para que actúen como blancos, los cuales fueron analizados para comprobar
si es la carnada lo que insta a estos animales a entrar en la trampa, o solo buscan un tipo
de protección en la zona donde habitan.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 16
138
CAPTURA POR UNIDAD DE ESFUERZO DE LA BRUJA PINTADA (E. STOUTTI)
(CPUE KG/TRAMPA)
Para analizar la distribución de la bruja pintada (E. stoutti) se empleó la fórmula de
captura por unidad de esfuerzo CPUE (kg/trampa). La fórmula empleada de captura por
unidad de esfuerzo se muestra en la figura 3
Figura 3.formula de captura por unidad de esfuerzo
Dónde: CT = es la captura total en kg, n trap = son la cantidad de trampas empleadas
en cada una de las variables de operación.
RESULTADOS
Después de 10 años del cese a la extracción comercial de e. stoutii se ha logrado
capturar de nuevo mediante el uso de trampas durante los meses de marzo, abril y mayo
del 2021, registrando una captura total de 8,388 kg de producción durante ese periodo, con
un esfuerzo 4,350 trampas distribuidas en 29 lances de pesca. Una cantidad menor a la
obtenida durante en el mismo periodo tanto del año 2010 como 2011 (Figura 4).
Figura 4. Comparación grafica de la captura obtenida en la primavera del 2010, 20 1, 2021 con el
número de trampas empleado para la obtención de esas capturas en el periodo mencionado.
Con el dato de captura y el número de trampas empleada se calculó la captura
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 16
139
por unidad de esfuerzo, dando como resultado un promedio de 1.928 kg/trampa para el
presente año; En el mismo periodo pero de las últimas 2 temporadas se obtuvo 0.545 kg/
trampa en el 2010 y 1.053 kg/trampa en el 2011. (Figura 5.)
Figura 5 .Captura por unidad de esfuerzo obtenida en el primer trimestre de la primavera 2010, 2011,
2021.
En el cuadro 1 se puede apreciar el detalle del esfuerzo pesquero empleado durante
el periodo de estudio en los 3 años en comparación. Donde se puede apreciar que la mayor
captura se obtuvo en abril del 2011 con 7,695 kg, mientras que la menor fue durante el
mismo mes pero del presente año. En lo que respecta al esfuerzo, el mayor número de
trampas empleadas fue de 7,200 cantidad usada tanto en abril como en mayo del 2011,
mientras que la menor fue también en abril pero en el presente año 2021.
Cuadro 1. Detalles del esfuerzo pesquero total empleado en los meses de marzo, abril y mayo durante
la primavera en el 2010, 2011, 2021.
En lo que respecta a la captura por unidad de esfuerzo en este mismo periodo, la
menor registrada fue en marzo y abril del 2010 con 0.514 kg/trampa, mientras que la mayor
fue registrada en el mes de mayo del 2021 con 2.402 kg/trampa (Figura 6).
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 16
140
Figura 6. Captura por trampa en promedio obtenida durante el periodo de Marzo a Mayo de las
temporadas 2010, 2011 y 2021.
DISCUSIÓN
En cuanto al rendimiento pesquero, se reporta por Benson et al., 2001, para E. stoutii
en el área de la Columbia Británica y para la temporada de pesca 2000-2001, el CPUE de
1.1 kg/trampa hasta 0.44 kg/trampa. Asimismo, Melvin y Osborn. 1992, reporta para la
pesquería de E. stoutii de California, CPUE que fluctuaron de 1.3 kg/trampa hasta 0.06 kg/
trampa. En el caso de los resultados reportados en el presente estudio, los rendimientos
han sido muy estables fluctuando desde 1.4 kg/trampa hasta 1.0 kg/trampa, lo que habla
bien de los rendimientos que se han mantenido, sin ningún síntoma de preocupación actual
de la caída de la pesquería.
En un estudio realizado para las especies E. stoutii y E. deani en el estado de
California, USA (CaillietI, 1991), las longitudes máximas totales de ambas especies se
encontraban dentro de la longitud total máxima en la literatura (Bagenal, 1978), lo que
equivale 508 y 543 mm, respectivamente. Estas longitudes reportadas de máximos,
mínimos, y el rango difiere entre especies y sexos. Mientras que para E. stoutii machos y
hembras exhibió una gama similar de longitud (124-508 mm y 107-479, respectivamente).
Más recientemente, Benson, et al. (2001) analizaron la pesquería experimental de la bruja
pintada del Pacifico E. stoutii en la Columbia Británica, el tamaño promedio reportado fue
de 40 cm, haciendo énfasis en el tamaño mínimo y máximo capturado en la pesquería que
fue de 18.6 cm y 63.1 cm, respectivamente.
En cuanto a la relación talla-peso (Leask y Beamish.1999), al realizar un análisis de
la biología de la bruja pintada del Pacifico, el peso promedio reportado para E. stoutii fue
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 16
141
de 110 gr, sin embargo, en la pesquería de Oregón el peso promedio reportado por Barss
(1993) fue de 120 gr, el cual difiere un poco con relación al primer resultado
Respecto a las tallas, se observaron diferencias entre machos y hembras, ya que
estas últimas son de mayor tamaño. De este modo, sobre los 40 cm de Lt las hembras
constituyen aproximadamente el 90% de la captura. Esto ha sido reportado igualmente por
Kato (1990), quien indicaba intervalos de entre 20 y 32 cm en machos, y entre 28 y 60 cm
en hembras, en el Pacífico Americano.
Al respecto, la diferencia de tallas precitada en los resultados del presente reporte,
ha sido atribuida a la existencia de hermafroditismo sucesivo de tipo protándrico (Gorbman,
1990), aspecto reafirmado por Leask y Beamish (1999) quienes, en aguas de Oregón y
California, describen ejemplares intersexos entre 20 y 32 cm. El patrón encontrado en la
proporción sexual igualmente parece confirmar esta situación, no obstante que la diferencia
de talla entre sexos pueda ser atribuible a crecimientos diferenciados, estratificació
espacial de tallas o distintos patrones selectivos. No obstante lo anterior, en el presente
trabajo no se estableció la ocurrencia de animales intersexos.
Se encontró que los machos pesaron significativamente menos que las hembras
de la misma talla, probablemente debido a los mayores requerimientos de biomasa para
el proceso reproductivo de las hembras (gónadas, úteros y embriones) y, posiblemente, a
un incremento en el peso del hígado en adultos como almacenamiento energético para la
reproducción. Gorbman (1990), sin embargo, no observó diferencias entre sexos en las
relaciones peso–talla de E. stoutii en aguas de la Columbia Británica y proporcionó una sola
relación para machos y hembras. Una posible razón para esta discrepancia puede ser las
diferencias en los intervalos de talla analizados en cada estudio, ya que la mayoría de los
especímenes examinados por Gorbman (1990) fueron jóvenes mientras que en el presente
estudio se analizó una mayor proporción de especímenes adultos y de mayor tamaño.
Por lo general, cuando se realizan trabajos de este tipo, los efectos de las capturas
al operar ante diferentes densidades poblacionales, ya sean estas locales o estacionales,
son minimizadas si se efectúan en áreas pequeñas (Fernholm, 1998) y en un periodo
restringido de tiempo. De esta manera, los cambios estacionales en la cantidad de animales
retenidos por las trampas en un lugar determinado, constituye una medida de la proporción
de individuos vulnerable a ser capturados en cada oportunidad. Bajo este juicio, la captura
de la pesquería de la bruja pintada, se mantiene en límites sanos, ya que los rendimientos
no han bajado de 1.0 kg/trampa, pero debemos de considerar esta medida del CPUE
como una medida importante para la determinación de un índice de abundancia capaz de
anunciarnos la necesidad de ajustar el esfuerzo de pesca autorizado ante una eventual
pesca comercial.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 16
142
CONCLUSIONES
Después de casi una década sin capturar de forma comercial este recurso, se
confirma que el método de pesca aún puede alcanzar la labor extractiva que puede superar
1kg/trampa.
El marcado aumento en los rendimientos de pesca actuales con respecto a los de
una década atrás, hace considerar la posibilidad de una recuperación del stock pesquero
disponible en el área de estudio.
Los estudios realizados a la fecha mediante la información obtenida resultado de
la pesca de fomento ha contribuido a generar los primeros índices de sustentabilidad y su
desarrollo tecnológico pesquero, necesarios para llevar la pesquería a un nivel comercial
en un futuro próximo de acuerdo con los lineamientos establecidos por la CONAPESCA.
Sin embargo, es necesario seguir realizando estudios y pruebas de tal forma que
se pueda actualizar la información biológica y pesquera del recurso en estudio, lo cual es
un indicador que la biomasa existente permite lograr sustentar una pesquería de carácter
comercial.
REFERENCIAS
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Pauly, D. (Eds.) Reconstruction of marine fisheries catches for key countries and regions (1950
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 16
144
CAPÍTULO 17
CARACTERIZAÇÃO HEMATOLÓGICA DE
TRAÍRA (Hoplias sp.) E JEJU (Hoplerythrinus sp.)
CAPTURADOS NO RIO MANOEL CORREIA –
RONDÔNIA
Data de aceite: 01/11/2021
Data de submissão: 30/08/2021
Wilson Gómez Manrique
Grupo de Pesquisa e Extensão em Sanidade
Aquícola – GRUPESA, Laboratório de
Sanidade Aquícola - LABSA. Departamento de
Medicina Veterinária, Universidade Federal de
Rondônia, Câmpus Rolim de Moura
http://lattes.cnpq.br/1697765782130464
https://orcid.org/0000-0003-3097-3770
Mayra Araguaia Pereira Figueiredo
Laboratório de Parasitologia, Entomologia e
Biologia Molecular voltado à Saúde ÚnicaLAPEMSU. Departamento de Medicina
Veterinária e Programa de Pós-Graduação em
Ciências Ambientais, Universidade Federal de
Rondônia, Câmpus Rolim de Moura
http://lattes.cnpq.br/0400550473507828
Dominique Oliveira Cavalcante
Grupo de Pesquisa e Extensão em Sanidade
Aquícola – GRUPESA, Laboratório de
Sanidade Aquícola - LABSA. Departamento de
Medicina Veterinária, Universidade Federal de
Rondônia, Câmpus Rolim de Moura
http://lattes.cnpq.br/8106765854600736
RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo
caracterizar os parâmetros hematológicos de
exemplares de jeju (Hoplerythrinus sp.) e traíra
(Hoplias sp.) capturados no rio Manoel Correia,
localizado no município de Seringueiras- RO.
Foram feitas duas capturas realizada nos
meses de outubro de 2018 e janeiro de 2019,
totalizando 32 animais. Após a obtenção dos
animais foi coletado 2 mL de sangue com EDTA
de cada espécime e analisado o número total de
eritrócitos (RBC), hematócrito (Ht), hemoglobina
(Hb), contagem diferencial de leucócitos,
contagem de trombócitos e calculados os
índices hematimétricos: volume corpuscular
médio
(VCM),
hemoglobina
corpuscular
média (HCM) e concentração de hemoglobina
corpuscular média (CHCM). Os exemplares de
jeju apresentaram maiores valores com relação à
traíra no hematócrito (40,8±4,86%), hemoglobina
(13,02±0,90 g/dL), VCM (44,14±23,4 fL),
HCM (0,43±0,31 pg) e CHCM (0,98±0,21%).
Com relação ao RBC o jeju apresentou valor
menor (12,81±1,84). Já para os exemplares de
traíra, obtiveram-se os seguintes resultados:
Hematócrito
(30,8±6,72%),
hemoglobina
(7,03±0,03 g/dL), VCM (26,24±17,49 fL),
HCM (0,16±0,11 pg) e CHCM (0,67±0,11%).
Com relação às variáveis comprimento (cm) e
hemoglobina (g/100 mL), foi possível observar
uma correlação positiva de fraca para nula
para a espécie jeju, sendo esta não significativa
(p>0,05). Por outro lado, para a traíra, o resultado
foi uma correlação negativa considerada
também fraca, porém, com resultado significativo
(p<0,05). Com relação às variáveis comprimento
(cm) e hematócrito (%) de jeju, obteve-se uma
correlação positiva de fraca para nula (p>0,05),
sendo esta não significativa. Já para a traíra, o
resultado foi uma correlação negativa também
considerada fraca, não significa iva (p>0,05). No
estudo diferencial dos leucócitos, os eosinófilos
foram as células mais frequentes, seguido pelos
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 17
145
monócitos, linfócitos, trombócitos e neutrófilos. Através dos resultados obtidos, demonstrouse que as análises hematológicas apresentaram diferença para as células da série vermelha
e também para a série branca entre as diferentes espécies estudadas. Nos parâmetros dos
exemplares analisados, o espécime jeju apresentou os maiores valores da série vermelha
em relação aos de traíra. Para a série branca ambas as espécies apresentaram um quadro
semelhante.
PALAVRAS-CHAVE: Hematologia, infecção, parasitismo, peixe, saúde.
HEMATOLOGICAL CHARACTERIZATION OF TRAÍRA (Hoplias sp.) AND
JEJU (Hoplerythrinus sp.) CAPTURED IN THE MANOEL CORREIA RIVER –
RONDÔNIA
ABSTRACT: This study aimed to characterize the hematological parameters of jeju
(Hoplerythrinus sp.) and traíra (Hoplias sp.) specimens captured in the Manoel Correia river,
located in the municipality of Seringueiras-RO. Two captures were made in the months of
October 2018 and January 2019, totaling 32 animals. After obtaining the animals, 2 mL of
EDTA blood was collected from each specimen and analyzed the total number of erythrocytes
(RBC), hematocrit (Ht), hemoglobin (Hb), differential leukocyte count, thrombocyte count
and calculated hematimetric indices: corpuscular mean volume (MCV), corpuscular mean
hemoglobin (MCH) and corpuscular mean hemoglobin concentration (MCHC). The jeju
specimens had higher values in relation to traíra in hematocrit (40.8±4.86%), hemoglobin
(13.02±0.90 g/dL), VCM (44.14±23.4 fL), MCH (0.43±0.31 pg) and MCHC (0.98±0.21%).
Regarding the RBC, the fast had a lower value (12.81±1.84). As for the specimens of traíra,
the following results were obtained: Hematocrit (30.8±6.72%), hemoglobin (7.03±0.03 g/
dL), MCV (26.24±17.49 fL ), MCH (0.16±0.11 pg) and MCHC (0.67±0.11%). Regarding the
variables length (cm) and hemoglobin (g/100 mL), it was possible to observe a positive
correlation from weak to null for the jeju species, which was not significant (p>0.05). On the
other hand, for traíra, the result was a negative correlation considered also weak, however, with
a significant result (p<0.05). Regarding the variables length (cm) and hematocrit (%) of jeju,
a positive correlation from weak to null (p>0.05) was obtained, which was not significant. As
for traíra, the result was a negative correlation also considered weak, not significant (p>0.05).
In the differential study of leukocytes, eosinophils were the most frequent cells, followed by
monocytes, lymphocytes, thrombocytes and neutrophils. Through the results obtained, it was
demonstrated that the hematological analyzes showed differences for the cells of the red
series and also for the white series among the different species studied. In the parameters of
the analyzed specimens, the jeju specimen presented the highest values of the red series in
relation to the traíra. For the white series, both species presented a similar rsults.
PALAVRAS-CHAVE: Health, hematology, fish, infection, parasitism
INTRODUÇÃO
A pesca é uma atividade humana muito antiga que é praticada pelo Homem desde
a pré-história. No Brasil, há cerca de oito mil anos, quando apenas os índios exploravam
este recurso, já se constituía como recurso natural importante para a manutenção
(ROOSEVELT et al., 1991). A pesca tradicional é uma atividade praticada com instrumentos
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 17
146
da tecnologia tradicional indígena (SILVA, 2012) e geralmente é de subsistência também
praticada por ribeirinhos que é destinada à alimentação, além de gerar renda e faz parte da
cultura desses moradores (SANTOS; SANTOS, 2005).
A pesca na Região Norte possui uma grande importância econômica e social pois,
além de sustentar a economia regional, constitui-se na principal fonte de proteína para
as populações ribeirinhas residentes (COIMBRA et al. 2017). O consumo de peixes está
entono de 70,7% com relação às outras carnes (LOPES et al. 2016). Este alto consumo pode
ser explicado pela alta oferta de peixes, além das razões culturais, sociais e econômicos
(COELHO et al., 2017).
O Rio Manoel Correia, localizado no município de Seringueiras- Rondônia, tem
sofrido com o assoreamento fato que levou a uma considerável diminuição das espécies
de peixes que são utilizados na alimentação e as espécies que restam podem-se encontrar
parasitadas. Com a diminuição da qualidade da água, os peixes são propensos a ocorrência
de endo e ecto parasitos, bactérias, fungos e vírus. Além disso, os parasitos podem se
localizar na superfície do tegumento ou mesmo na musculatura o que leva à não aceitação
do seu consumidor, além do potencial zoonótico.
Segundo Ranzani-Paiva et al. (2013) o sangue é um dos espelhos que reflet
os processos vitais, visto que qualquer alteração pode induzir câmbios nos parâmetros
hematológicos sejam celulares o bioquímicos. Partindo deste pressuposto, o estudo
dos constituintes sanguíneos dos peixes nos fornece informações sobre o estado do
organismo e pode ser utilizado como um indicador de possíveis condições patológicas
(SATHEESHKUMAR et al., 2012). A presente pesquisa teve por objetivo caracterizar e
avaliar os parâmetros hematológicos dos peixes traíra (Hoplias sp.) e jeju (Hoplerythrinus
sp.) capturados no rio Manoel Correia da municipalidade de Seringueiras – Rondônia.
MATERIAL E MÉTODOS
Comitê de ética e reconhecimento pelos respectivos entes
As atividades e os protocolos de pesquisa foram aprovados pela Comissão de Ética
no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal de Rondônia, campus Rolim de Moura
sob nº 0054/2018, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),
nº 63086, e pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) n° 2.689.242.
Local de coleta
A aldeia Aperoi está localizada no município de Seringueiras, Centro-Sul do estado
de Rondônia, microrregião de Alvorada do Oeste, na divisa com o município de São
Francisco do Guaporé, nas proximidades da confluência dos Rios Manuel Correia e Caio
Espínola.
Os peixes foram pescados com anzol no rio Manuel Correia em quatro pontos: Ponto
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Capítulo 17
147
01 (S 20° 27.261’ O 061° 43.979’), Ponto 02 (S 11° 56’ 24.180” O 63° 15’ 41.0440), Ponto 03
(S 11° 55.965’ W 063° 15.296’) e Ponto 04 (S 11° 46302’ W 061° 40.322’).
Amostragem
Realizaram-se duas coletas entre os meses outubro de 2018 e janeiro de 2019. Na
primeira coleta, foram capturados 16 traíras (Hoplias sp.), e na segunda, foram capturados
16 Jejus (Hoplerythrinus sp.). Os espécimes foram pescados em pontos pré-estabelecidos
segundo orientação da população da região. Uma vez coletados os peixes, foi coletado
imediatamente 2,0 mL de sangue (seringa de 3 mL com agulha 25x8) e acondicionado
em tubos com anticoagulante EDTA e colocados em caixa isotérmica à ~8,0°C, os
animais foram acondicionados em sacos plásticos individuais devidamente identificado
e colocados em caixas isotérmicas à ~8,0°C, para serem transportados até o Laboratório
de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Rondônia campus de Rolim de
Moura. Já no Laboratório os peixes foram pesados e medidos.
Análise Estatística
As mensurações foram realizadas no software Opticam® Microscopia OPTHD 2019.
Os dados foram processados no software BioEstat 5.3. Foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk
para normalidade dos dados para os parâmetros hematológicos. Os dados que apresentaram
distribuição normal foram submetidos ao teste T para amostras independentes, os que não,
foram submetidos ao teste de Mann-Whitney. O nível de significância adotado foi p<0,05.
Também foi realizada Correlação Linear de Pearson entre o comprimento total dos animais
para hematócrito e hemoglobina ao nível de p<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a realização das coletas foi relatado pela população que ao longo dos anos
o rio vem sofrendo um processo de assoreamento e poluição, afetando assim, a vida dos
peixes nativos ali presentes. Pelo fato de todos os peixes terem sido capturados no mesmo
rio, considera-se que estavam sujeitos aos mesmos fatores exógenos.
Com relação aos parâmetros hematológicos (Tabela 1) observou-se que entre
as espécies analisadas o hematócrito foi de 30,8±6,72% e 40,8±4,86% para traíra e jeju
respectivamente, apresentando diferença estatística significativa (p<0,05) sendo maior
para jeju. O valor da hemoglobina foi de 7,03±0,03 g/dL para traíra e de 13,02±9 g/dL para
jeju, também apresentando diferença estatística (p<0,05). Para RBC os valores foram de
13,64±3,97 x106/µL para traíra e de 12,81±6,84 x106/µL para jeju, sem apresentar diferença
estatística (p>0,05).
Para os índices hematimétricos (Tabela 1), VCM, HCM e CHCM apresentaram
diferença estatística significativa (p<0,05), sendo os maiores valores para jeju e menores
para traíra (26,24±17,49 fL e 44,14±23,4 fL; 0,16±0,11 pg e 0,43±0,31 pg; 0,67±0,11 % e
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148
0,98±0,21 %) respectivamente.
Parâmetro hematológico
Traíra
Jeju
Hematócrito (%)
30,8±6,72b
40,8±4,86a
Hemoglobina (g/dL)
7,03±0,38b
13,02±0,90a
RBC1 (µL)
13,64±3,97a
12,81±1,84a
VCM (fL)
26,24±7,49
44,14±3,4a
HCM (pg)
0,16±0,11b
0,43±0,31a
CHCM (%)
0,67±0,11
0,98±0,21a
b
b
Médias seguidas de letras iguais, nas linhas, não diferem entre si, pelo teste T a 5% de probabilidade.
N=16. 1Corresponde ao valor x106.
Tabela 1: Valores médios±desvio padrão dos parâmetros hematológicos de traíra (Hoplias sp.) e jeju
(Hoplerythrinus sp.) capturados no rio Manoel Correia, Município de Seringueiras, RO.
Na análise diferencial de leucócitos (Tabela 2) não houve diferença estatística
significativa (1,03±0,69 x103/µL e 0,73±0,93 x103/µL, para traíra e jeju, respectivamente
(p>0,05).
Parâmetro hematológico (×103/µL)
Traíra
Jeju
Leucócito
1,03±0,69a
0,73±0,93a
Eosinófil
0,6±0,44a
0,4±0,58a
Monócito
0,2±0,15a
0,16±0,27a
Linfócito
0,2±0,27
0,12±0,14a
Trombócito
0,18±0,12a
0,16±0,11a
Neutrófil
0,06±0,07
0,02±0,03a
a
a
Médias seguidas de letras iguais, nas linhas, não diferem entre si, pelo
teste T a 5% de probabilidade. N=16.
Tabela 2: Valores médios±desvio padrão dos parâmetros celulares do sangue de traíra (Hoplias sp.) e
jeju (Hoplerythrinus sp.) capturados no rio Manoel Correia, Município de Seringueiras, RO.
Dos tipos de leucócitos avaliados no presente estudo, o grupo de células que foi
encontrado em maior quantidade foram os eosinófilos (Figura 1), porém sem diferença
estatística significativa entre as espécies (0,6±0,44 x103/µL e 0,4±0,58 x103/µL, traíra e jeju,
respectivamente) (p>0,05).
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Figura 1: Fotomicrografia de extensão sanguínea de traíra Hoplias sp.) capturada no Rio Manoel
Correia no município de Seringueiras, RO. A seta indica um eosinófilo. Coloração MGG . Barra=10
µm.
Outro grupo de células observado foram os monócitos (0,2±0,15 para traíra e
0,16±0,27 para jeju), sem apresentar diferença estatística significativa (p>0,05) (Tabela 2).
Estas células são maiores com relação às outras, geralmente possuem um formato esférico,
no entanto, podem apresentar outras formas, o que as fazem polimórficas, principalmente
quando estão ativadas. O citoplasma tem coloração que assemelha ao basofílico intenso,
e pode-se observar prolongações citoplasmáticas com conteúdo vacuolizado quando
ativados. O núcleo pode se observar periférico e polimórfico (F gura 2).
Figura 2. Fotomicrografia de extensão sanguínea de traíra Hoplias sp.) capturada no Rio Manoel
Correia no município de Seringueiras, RO. A seta indica um monócito ativado. Coloração MGGW. Barra
10 µm.
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Os linfócitos de traíra e jeju (0,2±0,27 ×103/µL e 0,12±0,14 ×103/µL, respectivamente)
não apresentaram diferença estatística significativa (p>0,05). Morfologicamente, estas
células apresentam-se arredondadas em sua maioria, de tamanho variado. No pouco
citoplasma não se observa granulações e sua coloração é semelhante à basofílica. O
núcleo tem formato arredondado e às vezes de forma riniforme, muito grande quando
comparado com o citoplasma, a cromatina se observa muito densa (Figura 3).
Figura 3. Fotomicrografia de extensão sanguínea de traíra Hoplias sp.) capturada no Rio Manoel
Correia no município de Seringueiras, RO. A seta indica um linfócito. Coloração MGGW. Barra 10 µm
Os trombócitos, embora não façam parte dos leucócitos, a maioria das vezes
se coloca junto, pois por serem células completas se faz uma análise em conjunto.
Estatisticamente não apresentaram diferenças significativas (p>0,05) sendo os valores
0,18±0,12 para traíra e 0,16±0,11 para jeju. Morfologicamente são elípticos, com núcleo
também elíptico ou riniforme e a relação citoplasma núcleo é pequena (Figura 4).
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Figura 4. Fotomicrografia de extensão sanguínea de traíra (Hoplias sp.) capturada no Rio Manoel
Correia no município de Seringueiras, RO. A seta indica trombócitos. Coloração MGGW. Barra 10 µm.
Outro grupo celular observado foram os neutrófilos, porém em menor número quando
comparado aos demais tipos celulares. Não apresentaram diferença estatística significativ
(p>0,05), sendo 0,06±0,07 para traíra e 0,02±0,03 ×103 para jeju. Morfologicamente são
caracterizadas por serem predominantemente arredondadas, com citoplasma abundante
de característica acidófila. O núcleo na maioria das vezes é localizado excentricamente com
a característica morfológica de poder ser uma estrutura esférica, lobulada ou bilobulada,
com cromatina compacta (Figura 5).
Figura 5. Fotomicrografia de extensão sanguínea de traíra Hoplias sp.) capturada no Rio Manoel
Correia no município de Seringueiras, RO. A seta grande indica neutrófilo jovem. Coloração MGG .
Barra 10 µm.
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152
As variáveis relativas à série vermelha auxiliam na identificação de processos
de anêmicos; já a série branca auxilia no diagnóstico de processos infecciosos e outros
estados de desequilíbrio homeostático (BARTON; IWAMA, 1991).
Através dos resultados aqui observados, demostram que as análises hematológicas
da série vermelha apresentam diferença significativa entre as diferentes espécies
estudadas. Segundo Houston (1990), o VCM está relacionado com a dinâmica cardíaca e
com o fluxo sanguíneo e o HCM demonstra como está a função resp ratória.
As análises da série branca não apresentaram diferença significativa entre as
espécies estudadas. O tipo celular encontrado com maior frequência foram os eosinófilos
Tal fato é justificado pela relação com trabalho paralelo onde foi observado infecção de
parasitos nematódeos nos peixes estudados, sendo este grupo celular responsável pelas
ações contra estes, porém, em estudo realizado por Ranzani (1995) relata que eosinófilo
são encontrados com menor frequência no sangue de peixes, sendo este fator atribuído à
pequena porcentagem dessas células, podendo muitas vezes passar despercebido.
Com relação às variáveis comprimento (cm) e hemoglobina (g/100 mL), foi possível
observar uma correlação positiva de fraca para nula para a espécie jeju (Gráfico 1), sendo
esta não significativa (p>0,05). Por outro lado, para a traíra (Gráfico 2), o resultado foi uma
correlação negativa considerada também como fraca, porém, com resultado significativ
(p<0,05).
Gráfico 1: Correlação entre comprimento (cm) e hemoglobina (g/100 mL) de jeju Hoplerythrinus sp.)
(p>0,05)
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
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153
Gráfico : Correlação entre comprimento (cm) e hemoglobina (g/100mL) de traíra (Hoplias sp.)
(p<0,05).
Com relação às variáveis comprimento (cm) e hematócrito (%) de jeju (Gráfico 3),
obteve-se uma correlação positiva de fraca para nula (p>0,05), sendo esta não significativa
Já para a traíra (Gráfico 4), o resultado foi uma correlação negativa também considerada
fraca, e não foi significativa (p>0,05)
Gráfico3. Correlação entre comprimento (cm) e hematócrito (%) de jeju Hoplerythrinus sp.) (p>0,05).
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154
Gráfico 4 Correlação entre comprimento (cm) e hematócrito (%) de traíra (Hoplias sp.) (p>0,05).
Os resultados do presente estudo sugerem que as espécies do gênero Hoplerythrinus
sp. e Hoplias sp. apresentaram diferença entre os parâmetros hematológicos para as
células da série vermelha e também para a série branca.
Nos parâmetros dos exemplares analisados, a espécie jeju apresentou os maiores
valores da série vermelha em relação aos de traíra. Para a série branca ambas as espécies
apresentaram um quadro semelhante, sendo os eosinófilos a célula encontrada com maior
frequência.
Fica registrado o primeiro estudo onde foram avaliados os valores hematológicos
dos espécimes do gênero Hoplerythrinus sp. e Hoplias sp. nas condições aqui descritas.
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Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Capítulo 17
158
SOBRE OS ORGANIZADORES
PEDRO HENRIQUE ABREU MOURA - Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal
de Lavras (UFLA). Mestre e Doutor em Agronomia/Fitotecnia pela mesma instituição, onde
também realizou pós-doutorado na área de fruticultura. Desde 2015, atua como pesquisador
na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), lotado no Campo
Experimental de Maria da Fé. Desenvolve pesquisa e extensão nas áreas de Olivicultura e
Fruticultura. Participa na organização de eventos de transferência e difusão de tecnologias
para produtores, técnicos e estudantes, bem como ações de popularização da Ciência para
a comunidade em geral. É membro do corpo editorial da Atena Editora. Possui experiência
na área de Fruticultura, principalmente no manejo de oliveira e de outras frutíferas de clima
temperado.
VANESSA DA FONTOURA CUSTÓDIO MONTEIRO - Doutora (2017) e mestra (2014) em
Botânica Aplicada pela Universidade Federal de Lavras. Possui pós-graduação lato sensu em
Avaliação de Flora e Fauna em Estudos Ambientais (2011) pela mesma instituição. Bacharel
em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário de Barra Mansa (2009) e licenciada
pela Universidade Vale do Rio Verde (2011). É membro do corpo docente dos cursos de
Ciências Biológicas e Administração da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS). No
ensino superior, já atuou como professora formadora no curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), e ocupou o cargo de
professor substituto na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Também já ministrou
aulas de Biologia no Cursinho Assistencial e Centro de Inteligência e Cultura (CACIC). Foi
bolsista de Apoio Técnico na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG)
- Campo Experimental de Maria da Fé. É membro do corpo editorial da Atena Editora. Possui
experiência na área de Botânica, com ênfase em Ecofisiologia Vegetal, Ecologia e Educação
Ambiental.
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Sobre os organizadores
159
ÍNDICE REMISSIVO
A
Adubação 3, 8, 10, 11, 61, 62, 90, 91, 97, 98, 100, 102, 103, 104, 105, 106, 107
Agroinformática 100, 103, 107
Água residuária 2, 9, 89, 90, 94, 97, 99
Ambiente 3, 4, 9, 25, 30, 60, 68, 76, 91, 97, 98, 102, 127
Aphid 41, 43, 45
Armazenamento 59, 60, 61, 62, 63, 64, 74, 92
B
Bacterial 31, 32, 33, 34, 35, 38, 39, 40, 43, 44, 45, 48, 49, 50, 51, 155
Bacterium 38, 41, 43, 44, 47, 48, 49
Black rot 38, 41, 42, 45, 47, 48, 49, 50, 51
Bovinos 127, 128, 129, 133, 134
Brassicas 41, 50
Broca-da-semente 78, 79, 80, 83, 87
Broca-do-fruto 78, 79, 80, 83, 87
C
Centrífuga 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126
Circularidade 59, 61, 62, 63, 64
Citrus 13, 15, 23, 24, 25, 27, 28, 29, 30
Clima 24, 25, 26, 28, 30, 79, 101, 159
Compressão 68, 114, 119, 121, 122, 123, 124, 125
Congelamento 59, 61, 62, 63, 64
Convencional 13, 14, 15, 18, 19
Crescimento 1, 2, 3, 4, 6, 9, 10, 11, 13, 18, 21, 25, 28, 68, 73, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 96,
97, 98, 99, 103, 109, 157
Crop rotation 32, 33
Cultura 6, 11, 25, 27, 28, 29, 30, 32, 57, 60, 64, 67, 100, 103, 104, 105, 109, 147, 159
D
Degradabilidade 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133
Descompressão 119, 121, 123
Dieta 127, 128, 129, 130, 131
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Índice Remissivo
160
E
Ecology 9, 11, 32, 49, 134, 143, 144
Entrevista 52, 80
Esfericidade 59, 61, 62, 63
F
Fertilizante organomineral 1, 2, 5, 6, 7, 8, 9, 90, 92, 94, 95, 96, 97
Fração sólida 2, 5, 9, 89, 90, 91, 92, 94, 97
Fruticultura 22, 23, 52, 53, 78, 87, 88, 106, 107, 159
Frutos 25, 28, 67, 68, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 108, 109, 110, 111, 115,
129, 133
G
Germinação 66, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 104
H
Hematologia 146, 156, 157, 158
I
Infecção 146, 153
Interação 4, 13, 14, 16, 21, 68, 71, 73, 91, 104, 107, 113, 114, 119, 120
L
Laranja 12, 13, 23, 24, 25, 27, 28, 29, 30
M
Mandioca 11, 23, 66, 69, 70, 71, 72, 73, 100, 103, 104, 105, 106, 107
Manejo ecológico 13, 15, 17, 18, 21
Máquinas 52, 54, 55, 81, 101, 116
Material genético 13, 14, 17, 19
Micorriza 2, 5
O
Organogênese 57
P
Parasitismo 146
Partícula 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125
Peixe 14, 146
Pereira 20, 23, 30, 57, 59, 79, 88, 117, 145, 156
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Índice Remissivo
161
Pesca 135, 136, 137, 138, 139, 141, 142, 143, 146, 147, 155, 156, 157
Pesquerías mexicanas 136
Pesquisa 9, 14, 17, 21, 22, 24, 52, 53, 54, 64, 98, 101, 105, 117, 119, 120, 121, 122, 125,
145, 147, 159
Propagação in vitro 57
Q
Qualidade 10, 25, 28, 29, 30, 53, 54, 56, 59, 60, 64, 66, 68, 69, 73, 74, 75, 76, 78, 79, 80,
82, 83, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 96, 97, 99, 102, 107, 108, 114, 116, 147
R
Recobrimento 66, 67, 68, 70, 72, 73, 75
Remineralizador do solo 2, 4, 5, 7, 8, 9
S
Saúde 127, 145, 146, 156, 157
Semeadura 61, 66, 67, 68, 70, 71
Superfície 67, 68, 69, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 147
T
Transporte 68, 103, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 118
Tucumã 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134
Ciências agrárias, indicadores e sistemas de produção sustentáveis 3
Índice Remissivo
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