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Etnologia Indígena No Brasil

2020

ETNOLOGIA INDÍGENA NO BRASIL: DOS PRIMÓRDIOS AOS ESTUDOS DE GÊNERO INDIGENOUS ETHNOLOGY IN BRAZIL: FROM BEGGININGS TO GENDER STUDIES Raquel Pereira Rocha de Paula Arruda1 Resumo: Este artigo apresenta um breve panorama da trajetória dos estudos etnológicos, sobretudo em terras nacionais. Aborda a questão de gênero enquanto um campo de investigação privilegiado no âmbito da Antropologia. A trajetória dos estudos etnológicos parte de Malinowski e seu trabalho com a comunidade trobriandesa, passa pelos funcionalistas como Kuper e Radcliffe-Brown, este nomeado em Oxford para a primeira cátedra em antropologia social. Em terras brasileiras, a partir de meados do século XIX, os estudos etnológicos emergem desde indianistas como Gonçalves Dias, bem como, através de trabalhos posteriores, propriamente antropológicos, como os de Nimuendaju e Darcy Ribeiro. No campo desses estudos destacam-se as investigações a respeito da construção de gênero no âmbito da etnologia indígena brasileira, que tendo como ponto de partida o trabalho do Projeto Harvard Brazil Central (PHBC), coordenado por Malbrury-Lewis, evolui rumo aos questionamentos mais atuais a respeito da projeção da cultura ocidental capitalista sobre as etnias indígenas. Palavras-chave: Etnologia indígena; Gênero; Antropologia. Abstract: This article presents a brief overview of the trajectory of ethnological studies, especially in national lands. It addresses the issue of gender, as a privileged field of research within the scope of Anthropology. The trajectory of ethnological studies starts from Malinowski and his work with the Trobriandean community, goes through the functionalists like Kuper and Radcliffe-Brown, who was appointed in Oxford for the first chair in social anthropology. In Brazilian lands, from the middle of the 19th century, ethnological studies emerged from Indianists such as Gonçalves Dias, as well as, through later works, properly anthropological, such as those by Nimuendaju and Darcy Ribeiro. In the field of these studies, the investigations regarding gender construction within the scope of Brazilian indigenous ethnology stand out, which, starting with the work of the Harvard Brazil Central Project (PHBC), coordinated by Malbrury-Lewis, evolves towards more about the projection of Western capitalist culture on indigenous ethnicities. Key-words: Indigenous Ethnology; Gender; Anthropology. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Na literatura antropológica Malinowski é apresentado como fundador da antropologia social na Grã-Bretanha por ter estabelecido pioneiramente um intenso trabalho de campo na comunidade trobriandesa. Durante os quinze anos que passou na London School of Economics foi o único etnógrafo no país. Por isso, toda uma geração de seguidores argumenta que a 1 Doutora em Antropologia social pela Unicamp-SP. Atua como professora no Centro Universitário Arnaldo Horácio Ferreira - UNIFAAHF em Luís Eduardo Magalhães-BA. 107 antropologia social começou nas ilhas Trobriand em 1914. Esta grande reputação persiste, na visão de Kuper (1973), não obstante a simplicidade das formulações teóricas de Malinowski. De acordo com Kuper, Malinowski baseou sua monografia em uma nova perspectiva e acabou liderando uma revolução funcionalista. Figura 1: Mapa das Ilhas Trobriand Fonte: Imagem disponível no site: https://www.magnusmundi.com/ilhas-trobriand-as-ilhas-do-amor-do-oceano-pacifico/. Acesso em 20/03/2020 Kuper (1973) argumenta que os funcionalistas rejeitaram não só difusionismo, mas todo o esforço de uma geração em prol de abordagens teóricas originais. Nas primeiras páginas do seu Argonautas do Pacífico Ocidental (1922), Malinowski definiu o seu próprio ponto de vista, referenciando-se nas principais abordagens das mencionadas escolas, trazendo assim, segundo Kuper, um novo realismo à antropologia social, com suas novas técnicas de observação. Em termos de influência, destaca-se ainda a de Durkheim2 e da escola de Paris, que já havia atraído a atenção de Radcliffe-Brown3 antes da Primeira Guerra Mundial, e que continuou a influenciar os antropólogos sociais britânicos. 2 Émile Durkheim (1858-1917) foi um sociólogo francês, considerado como o pai da Sociologia e fundador da chamada Escola Sociológico Francês. Juntamente com Karl Marx e Max Weber, é tido como um dos pilares dos estudos sociológicos. 3 Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955) foi um antropólogo inglês. Nasceu em Birmingham, Inglaterra, no dia 17 de janeiro de 1881. 108 Radcliffe-Brown, em 1937, foi nomeado em Oxford para a primeira cátedra em antropologia social. Foi dentro do “pequeno mundo da antropologia britânica”, diz Kuper, que ele alcançou notoriedade. Assumiu o lugar de Malinowski na liderança da antropologia e influenciou algumas das principais figuras da próxima geração. Radcliffe-Brown introduziu a disciplina teórica francesa da sociologia, e trouxe mais rigor aos conceitos, com a ajuda dos novos trabalhos de campos. Outros dois estudiosos que se destacaram no campo da etnologia entre as décadas de 1930 e 1940 foram Leach4 e Gluckman5, debatedores entre si foram, sobretudo, preocupados com o avanço teórico estabelecido a partir da década de 1930. Nos anos de 1950 começa a crescer a influência dos estudos desenvolvidos por LéviStrauss6 por conta das teorias sobre ‘classificação e lógica primitivas’. Mais tarde surge ligação com a teoria da troca de Mauss7, e com outras, como a linguística estrutural de Jakobson8. 1. ESTUDOS ETNOLÓGICOS NO BRASIL No Brasil, é a partir de meados do século XIX, que se iniciam as primeiras tarefas de caráter etnológico. Pesquisadores autodidatas começam a realizar levantamentos sobre a vida das populações indígenas. Embora houvesse por parte desses autores uma preocupação com o futuro dessas populações, aparecia em seus escritos a suposta situação de inferioridade biológica e social dos povos nativos, próprio ao modo de pensar da época. Por outro lado, já mostravam o incômodo com o problema do contato interétnico, tratado daí por diante, segundo os recursos teóricos de cada época. 4 Edmund Ronald Leach nasceu em Lancashire, Inglaterra, em 7 de novembro de 1910 e faleceu em 6 de janeiro de 1989. Graduou-se em Matemática e Ciências Mecânicas no Clare College de Cambridge em 1932. E, em 1937 estudou Antropologia Social com Bronislaw Malinowski. 5 Herman Max Gluckman (Johanesburgo, 26 de janeiro de 1911 — Jerusalém, 13 de abril de 1975) foi um antropólogo sul-africano, de cidadania britânica. Mais conhecido por ser o fundador da Escola de Manchester de antropologia. 6 Claude Lévi-Strauss (1908-2009) foi um antropólogo, sociólogo e humanista francês. Considerado o mestre da Antropologia Modern e um dos maiores pensadores do século XX. 7 Marcel Mauss (1872-1950) é considerado o pai da Antropologia Francesa e importante sociólogo. Mauss nasceu em Épinal, França, formou-se em Filosofia e especializou-se em História das Religiões. É sobrinho do sociólogo Émile Durkheim, estudou com o tio e foi seu assistente. Participou da formação da Escola Sociológica Francesa, da qual Durkheim foi o fundador. 8 Roman Osipovich Jakobson (1896 - 1982) foi um pensador russo, considerado um dos mais importantes linguistas do século XX e um pioneiro da análise estrutural da linguagem, da poesia e da arte. 109 Entre esses pesquisadores podemos citar: o poeta indianista Antônio Gonçalves Dias, que participou de uma expedição exploradora às províncias do Brasil setentrional projetada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1859; Gonçalves Dias, que na Amazônia dedicouse a estudos linguísticos (Schaden & Borges Pereira, 1967) e deixou trabalhos etnológicos de base bibliográfica como Amazonas (1853), publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, onde fala sobre as lendárias mulheres guerreiras que motivaram o nome do rio Amazonas. Outro destaque como cronista é Von Martius, um botânico cuja contribuição foi grande, tanto para a Etnologia como para a Linguística. O trabalho de Martius, publicado nos meados do século XIX, revelou-se ponto de partida para os etnólogos. Esses e outros autores foram citados no trabalho de Egon Schaden e João Baptista Borges Pereira (1967). Destaca-se também nesse período o engenheiro, militar e jornalista Euclides da Cunha. Os sertanejos de Canudos e os do sudoeste da Amazônia foram retratados em páginas célebres por ele. É na segunda década do século XX, contudo, que se iniciam os trabalhos de dois autores que teriam grande influência nos meios intelectuais brasileiros: Roquette Pinto e Oliveira Viana. O primeiro formado em Medicina, publica em 1917 seu livro Rondônia, onde apresenta os dados que obteve em sua viagem, e também descreve as terras dos índios Paresi e Nhambiquaras em 1912. Roquette Pinto trabalhou com Antropologia Física. Oliveira interessou-se, sobretudo, pelo estudo da organização familiar e política, pesquisando principalmente as populações do Sudeste e do Sul, ainda fundamentava sua interpretação nas idéias de hierarquia racial. Os primeiros etnólogos estrangeiros que procuraram o Brasil eram, sobretudo, alemães e estavam mais interessados nas sociedades indígenas. Egon Schaden dedicou um trabalho a esses pesquisadores (Schaden, 1980). Karl von den Steinen, foi o primeiro desses etnólogos alemães. Realizou uma expedição em 1884, descendo o rio Xingu até a foz. De 1887 a 1888 fez sua segunda expedição entre os xinguanos. De formação evolucionista o autor procurou entender, entre os xinguanos, a origem de uma série de técnicas e costumes. Paul Ehrenreich, nos anos de 1884 e 1885 esteve entre os Botocudos do Rio Doce, depois participou da segunda expedição de Steinen ao Xingu; em seguida nos anos de 1888 e 1889 fez pesquisa entre os Karajá; e, por fim, visitou, no Purus, os Paumarí, Yamamadí e Apurinan. Schaden destaca seu estudo sobre mitologia, onde argumenta sobre a existência de três ciclos 110 míticos, cada um relacionado a um tronco linguístico: Tupí-Guaraní, Aruák e Karíb. Baldus (1954) e suas duas expedições ao Xingu ocorridas entre 1896 e 1898, ficou conhecido pelo estudos sobre os vários tipos de arcos e flechas produzidos no Brasil Max Schmidt em 1900, outro alemão que fez expedição ao Xingu, visitando em seguida os Guató no Mato Grosso, destacou-se por seus trabalhos sobre economia e tecnologia, sobretudo os que dizem respeito dos índios do tronco Aruák. Outros pesquisadores alemães estiveram em terras brasileiras. Porém, entre as décadas 1920 e 1930, as pesquisas vão arrefecendo tanto em seu caráter evolucionista, como difusionista; decresce o número de pesquisadores alemães, mas a maioria ainda continua a vir do exterior. Sendo que alguns desses procuram se estabelecer no Brasil ou nos países vizinhos. Alfred Métraux, nascido na Suíça, trabalhou no período de 1928 a 1934 na Universidade de Tucumán, na Argentina. Deixou uma extensa obra sobre índios de várias regiões da América do Sul. A respeito do Brasil, os trabalhos mais importantes foram sobre cultura material e religião dos Tupinambás. Um pesquisador das sociedades indígenas, nascido na Alemanha, considerado de elevada importância na etnologia por conta da extensão de seu trabalho é Curt Nimuendajú. Veio jovem para o Brasil, chegando aqui na primeira década de século XX, e não dispunha de formação universitária. Trabalhou inicialmente com os Guaraní, dos quais recebeu o nome de Nimuendajú, e assim passou a assinar seus trabalhos. Além de suas obras mais extensas sobre os Guaraní, os Xerente, os Canelas, os Apinayé e os Tukúna, Nimuendajú deixou inúmeros trabalhos sobre língua, mitologia, história, de diversos grupos indígenas, e ainda um mapa etno-histórico dos índios do Brasil, acompanhado de uma enorme bibliografia consultada (NIMUENDAJÚ, 1981). Nimuendajú manteve larga correspondência com o antropólogo Robert Lowie, nascido em Viena, mas radicado nos Estados Unidos. Lowie, que traduziu para o inglês as principais monografias de Nimuendajú, chamou a atenção para a importância do estudo das sociedades Jê (Lowie, 1959). Em 1934 criou-se a primeira Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Brasil na Universidade de São Paulo. Na mesma época fundou-se também a Escola de Sociologia e Política. Foram contratados pela USP vários mestres estrangeiros, entre eles, Roger Bastide, Emílio Willems, Claude Lévi-Strauss e Herbert Baldus, Donald Pierson na ESP, e RadcliffeBrown que atuou como professor visitante por breve período, durante a segunda guerra mundial, 111 Em 1935 Gilberto Freyre assume na recém-criada Universidade do Distrito Federal do Rio de Janeiro como primeiro professor de Antropologia e ocupa a cátedra de Sociologia, enquanto Arthur Ramos ficava com a de Psicologia Social. Por volta de 1939 cria-se a Universidade do Brasil, que absorve a Universidade do Distrito Federal. Arthur Ramos ocupa, nesta universidade, a cátedra de Antropologia e Etnologia. Surgem os primeiros estudantes brasileiros interessados em Ciências Sociais e fazem cursos de pós-graduação no exterior, como Eduardo Galvão, na Universidade de Colúmbia. Florestan Fernandes faz mestrado orientado por Heber Baldus e defende doutorado na Escola de Filosofia da USP. Donald Pierson forma-se e trabalha como professor em Chicago e ministra aulas na Escola de Sociologia e Política em São Paulo. Arthur Ramos ocupa cadeira de psicologia social da Universidade do Distrito Federal e ministra aula de antropologia física, condensou sua experiência nos dois grossos volumes de sua Introdução à Antropologia brasileira (1943). Egon Shaden, aluno de Levi-Strauss funda a revista Pindorama onde publica em 1938 seu primeiro artigo em alemão. Heber Baldus torna-se catedrático de etnologia brasileira na Escola de Sociologia e Política em São Paulo, cargo que ocupou até falecer. Darcy Ribeiro é aluno de Donald Pierson na Escola de Sociologia e Política. Curt Nimuendaju inicia seus estudos nas comunidades indígenas. Nina Rodrigues funda pesquisa sobre etnologia negra; Eduardo Galvão, no final da década atua como naturalista voluntário no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Levi-Strauss faz pesquisa entre os Bororo; escreve o primeiro artigo em português na revista do arquivo municipal; ajuda a fundar a escola de sociologia da USP e o departamento de antropologia e se constitui enquanto pai do estruturalismo. Charles Wagler, antropólogo norte americano da Columbia, estuda no Rio de Janeiro a língua portuguesa levantando fontes para a sua pesquisa com os Tapirapé na Biblioteca do Museu Nacional. Gilberto Freire ocupa cadeira de antropologia social e cultural em Pernambuco e organiza o movimento em defesa do folclore de Câmara Cascudo e organiza Congresso afro brasileiro em Recife. Os anos 1930 contextualizam os estudos com os seguintes enfoques: mudança social, mudança cultural ou aculturação. Tais estudos tiveram por objeto tanto os grupos indígenas quanto a população negra, e ainda, imigrantes europeus e asiáticos e seus descendentes. 112 Em 1955 cria-se a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), que se mantém em atividade até hoje. A ABA teve como precursora a Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia, fundada em 1941, cujo primeiro presidente foi Arthur Ramos. Na década 1940, Donald Pierson representa a confluência da sociologia e da antropologia e torna-se um dos grandes estimulares do desenvolvimento dessa disciplina. Arthur Ramos funda a Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnografia e lança livro sobre os Bororo. Heber Baldus trabalha no Museu de Antropologia em São Paulo. Gilberto Freire ministra aulas em Recife. Um importante estudo da década foi o realizado pelo casal Virgínia e James Watson sobre os Kayová no Mato Grosso do Sul. Na década seguinte, destacam-se os trabalhos do casal Murphy sobre os Mundurukú do rio Tapajós, um trabalho considerado pioneiro nos estudos de gênero; os de Eduardo Galvão sobre os índios do alto rio Negro, além do trabalho inicial de Roberto Cardoso de Oliveira sobre os Terêna. No final dos anos 1950, alguns pesquisadores, em evidência Darcy Ribeiro (1957) chamam a atenção para o problema das frentes de expansão, que desloca as populações indígenas para a sociedade industrial. Egon Schaden (1965) faz um balanço geral sobre os estudos de aculturação realizados até então, inclusive os seus trabalhos sobre os Guaraní. Eduardo Galvão examina os estudos de aculturação realizados em anos imediatamente anteriores e, inspirado em Julian Steward, estabelece algumas metas para estudos futuros (Galvão, 1957). Neste período destacam-se os trabalhos de Florestan Fernandes sobre os Tupinambá (1963, 1970) com base nos cronistas dos séculos XVI e XVII. De Egon Schaden A mitologia heróica de tribos indígenas do Brasil (1959) onde relaciona relatos mitológicos dos Kadiwéu, Borôro, Kaingâng, Guaraní-Apapokuva, Mundurukú e índios do alto rio Negro às respectivas organizações sociais e o trabalho de Darcy Ribeiro sobre a religião e a mitologia dos Kadiwéu, (1980). Evidenciam-se também trabalhos como o do norte-americano Jules Henry, que estudou os Xoklêng, de Santa Catarina. Na mesma época Nimuendajú continua descrevendo sociedades falantes da língua Jê, tal como os Xoklêng, mostrando a existência de uma organização social altamente formalizada. Relativamente à pesquisa de campo propriamente, apesar da propagada hegemonia da abordagem funcionalista deste período, no Brasil demorou-se a se estabelecer o longo e intensivo trabalho de campo nas pesquisas com povos indígenas. Perduram aqui as expedições por extensas 113 regiões, com visitas curtas a vários grupos indígenas, como faziam os primeiros pesquisadores alemães, ainda que agora voltadas para outros interesses. Herbert Baldus e Eduardo Galvão, por exemplo, ao invés das longas e extensas expedições, parecem ter preferido visitas curtas a vários grupos indígenas. O trabalho de Egon Schaden também se baseia em visitas curtas, mas sempre em comunidades Guaraní. De um modo geral foram pesquisadores não radicados no Brasil, e talvez por essa razão, que fizeram trabalhos de campo longos e num só grupo, como Jules Henry, Robert Murphy, já citados, ou o norte-americano William Crocker entre os Canelas do Maranhão e o inglês David Maybury-Lewis entre os Xavante. Cabe notar, ainda, que nesse período continuavam as pesquisas de Curt Nimuendajú que, além de curtas e muito freqüentes visitas a muitos grupos indígenas, permaneceu períodos mais longos em alguns deles. Nos anos 1960, a Etnologia no Brasil começa a passar por várias mudanças tanto institucionais, quanto de orientação paradigmática. A perspectiva estruturalista substitui a interpretação funcionalista. O marxismo se destaca como um importante instrumento de análise. Além disso, o papel do pesquisador frente à sociedade estudada passa por um reexame. A Antropologia Urbana se desenvolve através do estudo da migração rural-urbana e da vida nas favelas, e pesquisadores começam a demonstrar interesse a respeito da Antropologia Médica ou da Saúde. O projeto de Roberto Cardoso de Oliveira Estudo de áreas de fricção interétnica no Brasil (1964) contribuiu para a construção de uma nova maneira de abordar as relações entre as sociedades indígenas e a capitalista. É um projeto que nasce do descontentamento com a noção de aculturação9. Com base na noção de fricção interétnica10 se realizaram, entre outros, o trabalho do próprio Cardoso de Oliveira (1964) sobre os Tukúna da fronteira Brasil-Colômbia-Peru, o trabalho de Roque Laraia sobre os Suruí e os Akuáwa e o de Roberto da Matta sobre os Gaviões, todos grupos do Pará, o de Julio Cezar Melatti sobre os Krahó do norte de Goiás Índios e criadores, (1967) e O messianismo Krahó (1972), o de Sílvio Coelho dos Santos sobre os índios 9 A aculturação é um conceito que se refere ao processo que de assimilação de elementos culturais de um grupo humano por parte de outro, de tal forma, que um povo adquire uma nova cultura em detrimento da cultura própria. A colonização costuma ser a causa mais comum de aculturação. Atualmente esse termo caiu em desuso pelo seu caráter essencialista. 10 A expressão fricção interétnica constituiu-se por um bom tempo um dos principais conceitos da etnologia indígena brasileira. Em vez de tratar analiticamente as sociedades indígenas como totalidades fechadas e auto – explicáveis em seus próprios termos, os pesquisadores dessa perspectiva enfatizam a necessidade de se entender os grupos indígenas em relação a incorporação dos costumes urbanos e capitalistas da sociedade brasileira. 114 de Santa Catarina (1970 / 1973), o de Cecília Vieira Helm sobre os Kaingâng do Paraná, o de Edson Soares Diniz sobre Os índios Makuxi do Roraima (1972). Posteriormente a noção de etnia passou a fundamentar muitos trabalhos dentro da etnologia. Os anos 1970 foram marcados por um esforço, que continua a vigorar, de etnólogos que buscaram colaborar com os povos indígenas pesquisados, na obtenção de soluções para seus problemas mais urgentes, como demarcação de terras, assistência médica, acesso a educação formal, administração direta pelos índios de sua produção para mercado, entre outros. Estudos sobre a estrutura social nas sociedades indígenas ganharam impulso neste período. Essa nova fase se deve, em parte, ao trabalho de pesquisa que o grupo liderado por David Maybury-Lewis desenvolveu entre os Xavante, a partir do final da década de 1950 em Havard. Com base nessa experiência inicial, esses pesquisadores desenvolveram um projeto referente aos índios do Brasil central, sobretudo da família linguística Jê, para ser realizado por seus alunos de Harvard e, acoplado ao projeto Estudo comparativo das sociedades indígenas do Brasil, de Roberto Cardoso de Oliveira, por pesquisadores do Museu Nacional. Como resultado desse projeto temos os trabalhos de Terence Turner e Joan Bamberger sobre os Kayapó, de Jean Carter Lave e Dolores Newton sobre os Krikatí, de John Christopher Crocker sobre os Borôro, de Roberto da Matta sobre os Apinayé (1976) e de Julio Cezar Melatti sobre os Krahó. Trabalhos em linha semelhante aos dos citados projetos foram realizados na Universidade de São Paulo, por Lux Vidal sobre os Xikrín, Renate Viertler sobre os Borôro, Maria Aracy Lopes da Silva sobre os Xavante e, na Unicamp, por Maria Manuela Carneiro da Cunha sobre os Krahó. Enfim, se no período anterior tinham sido as sociedades do tronco Tupi as mais estudadas, neste agora eram as da família Jê que recebiam inicialmente mais atenção. Ainda como trabalhos paralelos ao projeto Harvard-Museu Nacional ou dele derivados se podem citar o de William Crocker sobre os Canelas, iniciado no final da década de 1950, o de Robert Hahn sobre os Erikpátsa, o de Zarco Levak sobre os Borôro, o de Richard Heelas sobre os Panará, isto é, os Kreén Akarôre, o de Simone Dreyfus sobre os Kayapó, iniciado no final da década de 1950, o de Gustaaf Verswijver sobre os Menkranotí, o de Gregory Urban sobre os Xokléng, de Santa Catarina, o de David Price sobre os Nambiquaras. Nos anos 1970, além de continuar o interesse pelos Jê, retoma-se a atenção por mais três áreas, o alto Xingu, o alto rio Negro e Roraima, sendo que as duas primeiras tenham sido estudadas no período anterior, nas suas características mais gerais, por Eduardo Galvão. No alto 115 Xingu temos os trabalhos de George Zarur sobre os Awetí (1975), de Thomas Gregor sobre os Mehináku (1982), de Ellen Basso sobre os Kalapálo, de Pedro Agostinho sobre os Kamayurá, de Carmen Junqueira também sobre os Kamayurá (1975), de Eduardo Viveiros de Castro sobre os Yawalapití, de Patrick Menget sobre os Txikâo, de Anthony Seeger sobre os Suyá (1980) e o já citado trabalho sobre os Kreên Akarorê de Richard Heelas. E temos sobre os Yanomami, as pesquisas de Alcida Rita Ramos, Kenneth Taylor e Bruce Albert. Os grupos do tronco Tupi, entretanto, não ficaram esquecidos, Roque Laraia realizou um estudo comparativo sobre os grupos Suruí e Akuáwa do Pará, Kaapór do Maranhão e Kamayurá do Xingu entre outros. A década de 1980/90 até os dias atuais o trabalho etnológico continua desenvolvendo-se com o surgimento de novos pesquisadores que não estão relacionados acima, sendo que, no contexto do período compreendido entre as décadas de 1970 e 1980 crescem os estudos de gênero dentro do contexto da etnologia indígena, sendo que, até então, a questão de gênero não se colocava enquanto um assunto de importância para o entendimento das sociedades indígenas. Com relação aos pesquisadores das sociedades Jê, a partir da década de 1960, o número aumentou cumulativamente incluindo: Lux Vidal (1977), Manuela Carneiro da Cunha (1978), Anthony Seeger (1981), Aracy Lopes da Silva (1986), Gustaaf Verswijver (1992), Laura Graham (1995) e Greg Urban (1996) Vanessa Lea (1986), Agenor Farias (1990), Odair Giraldin (2000) e Raquel Rocha (2010). Contudo, relativamente à teoria antropológica, após a segunda guerra mundial, o autor que mais a inspirou foi, sem dúvida, Lévi-Strauss. 2. A QUESTÃO DE GÊNERO Relativamente aos estudos sobre gêmeo, o trabalho do Projeto Harvard Brazil Central (PHBC) coordenado por Malbruy-Lewis não somente relegou as mulheres à periferia, mas incrementou outra oposição: entre o biológico e social. Os homens monopolizam a vida social, cerimonial, política, enquanto as mulheres, tidas como “menos sociais e mais próximas da natureza”, ocupam a periferia em função de suas atividades, onde se delimita a aldeia (sociedade) da floresta circundante (natureza), contentando-se com os afazeres domésticos (cuidado com as crianças e preparação dos alimentos). 116 Turner (1973) argumentou que a área doméstica Jê-Bororo constitui a infraestrutura para a superestrutura masculina, permitindo aos homens dominar e controlar as mulheres que ocuparia o nível “inferior da estrutura social”. E Bamberger descreve o domínio feminino como fracamente social (1967, p. 128), para esta autora “a localização das mulheres na periferia da aldeia simboliza seu papel apolítico e marginal na sociedade Kayapó”. O debate feminista da década de 1970 estabeleceu a universalidade da dominação masculina através da associação das mulheres à esfera doméstica e à natureza, versus a associação dos homens à esfera pública e à cultura, que se constituiu enquanto um pano de fundo para os estudos do PHBC. O PHBC incorporou a perspectiva feminista da década de 1970 que enfatizou a universalidade da dominância masculina e, na tentativa de explicá-la, recorreu à oposição entre a cultura ou sociedade e a natureza, algo que acabou associando as mulheres à natureza. Lea (1986) procurou enfocar o mundo feminino, embora autores como Turner tenha enfatizado o masculino, considerou importante a instituição das “matri-casas”, enquanto relacionada tanto a homens como a mulheres. No campo dos estudos de gênero nas populações indígenas, há uma conclusão recorrente que não é necessariamente a visão de uma pesquisadora feminina que se diferencia da visão do pesquisador masculino. Mais importante é a projeção de categorias ocidentais num universo alheio, como por exemplo, a oposição entre público e privado. De acordo com Lea (1986), a velha noção hierárquica estática, do tipo gangorra (dominação / subordinação), obscurece mais que ilumina. O conceito de englobamento permite uma visão mais nuançada; ora a mulher engloba, por exemplo, quando seu choro é ouvido pela aldeia inteira; ora é englobada, por exemplo, quando os homens tomam decisões relativas ao mundo dos brancos. O debate sobre a noção de dominação masculina, para alguns autores(as) ganhou força através da formulação de Lévi-Strauss, em Estruturas Elementares do Parentesco (1949) que teria abordado a mulher como um valor (ou um bem) escasso nas sociedades humanas (homens trocam mulheres). Na tentativa de fugir das acusações de viés masculino o autor explica, porém que pode-se pensar o modelo de forma inversa, ou seja, mulheres trocando homens. O entendimento do modelo permaneceria, porém, o autor lembra que, na prática tal coisa não acontece. (1949, p.153) 117 Lasmar (1999) lembra que por outro lado, negar a priori a dominação masculina é uma opção que também envolve riscos, e o maior deles é o de se substituir uma retórica por outra, estando ambas referenciadas ao antropólogo. 3. A INVISIBILIDADE DA MULHER INDÍGENA A invisibilidade da mulher indígena nos trabalhos etnológicos estimulou o aumento dos estudos de gênero na etnologia indígena, nos últimos anos. Lasmar (1999) chama a atenção, entretanto, para o fato de que a efervescência teórica nos estudos de gênero nos anos 1970 e 1980 teve pouca participação das sociedades indígenas. Para a autora as principais causas são: • Hegemonia da perspectiva masculina nas ciências sociais. • Estrutura sócio-cultural interna das sociedades indígenas sul-americanas com a segregação sexual do espaço e das atividades. • O papel masculino de agente do contato com o mundo exterior. • Valorização da caça e da guerra, existência de rituais secretos masculinos de importância central e a ausência de rituais correlatos para as mulheres. • Estagnação teórica e o isolamento da etnologia americanista em relação às outras etnologias regionais. • A predominância da ideologia do bom selvagem gerando 'fossilização' da etnologia americana até a década de 70. • Poucos estudos e falta de homogeneidade conceitual. Com o desenvolvimento dos estudos etnológicos, para a autora, cresceu o interesse pelo tema do gênero na Amazônia. Nos últimos anos pesquisas realizadas principalmente por mulheres (ex: V. Lea, MacCallum e Patrícia M. Rodrigues) trabalhos onde a perspectiva feminina não aparece como mero resíduo fez com que a dimensão do gênero fosse incorporada pouco a pouco às análises dos etnólogos que se debruçavam sobre outros assuntos, uma vez que recorta a quase totalidade dos aspectos da vida social dos povos estudados. Para Lasmar: 118 A concepção da humanidade degradada do indígena incidiu com bastante força sobre o elemento feminino O papel das iniciadoras sexuais e a decrepitude física das velhas índias, vistos pelas lentes da misoginia cristã e interpretados a partir da teoria da degradação natural, deram origem a uma representação da velha como reservatória de lascívea da sociedade tupinambá (...) Essa concepção generalizava a equação entre feminino e a luxúria: sexualidade supostamente exacerbada e falta de pudor – do que da perspectiva dos primeiros observadores aparece como insígnia da decadência moral dos habitantes do Novo Mundo - eram atributos das mulheres: nesse caso, os homens foram relativamente poupados. (1999, p. 146) A despeito da importância do enfoque sobre as mulheres indígenas que motivou o desenvolvimento dos estudos de gênero na etnologia indígena, há atualmente uma tendência em desenvolvimento que é de dar os estudos de gênero a dimensão do aspecto relacional. Essa abertura busca abranger a análise de outros temas, para além da questão da dominação masculina nas sociedades indígenas, tais como a construção do corpo, tanto feminino, quanto masculino desde o estado fetal; casamento, teoria da concepção; separação conjugal e suas motivações; envelhecimento e sexualidade entre outros. 4. O TRABALHO DE CAMPO A etnografia de gênero, como o estudo de outros temas, depende da continuidade do chamado ‘trabalho de campo’. E sabemos que em última estância o produto desse trabalho, desde a coleta de dados até a análise final passa pelo ‘olhar’ do etnólogo, fato gerador de debate dentro da Etnologia. Mariza Peirano (1990) lembra que vários fatores, como o contexto sócio-histórico, o estilo da orientação teórica, o meio em que a pesquisa é desenvolvida e até mesmo a personalidade do pesquisador interfere na construção do estilo autoral o que traz como consequência a convivência de estilos diversificados dentro da etnologia, assim como no âmbito mais abrangente da antropologia. Podemos dizer que nos últimos vinte anos a visibilidade da antropologia tem crescido no âmbito das ciências sociais no Brasil e neste contexto os trabalhos etnológicos. De acordo com Peirano (1990) a antropologia se concebe como um desdobramento da sociologia européia do séc XIX, sendo que no Brasil as Ciências Sociais foram institucionalizadas nos anos 1930 sob o manto da filosofia, que abrigava na época estudos hoje diferenciados como sociologia, antropologia e ciência política. Na etnologia, entretanto, ao se 119 contrastar os conceitos do pesquisador com os conceitos nativos, ressalta-se a formulação de uma ideia de humanidade construída através das diferenças. A autora lembra que a etnologia tem, sem dúvida, como marco de seus passos iniciais o desafio proposto por Malinowski ao confrontar a vida dos trobriandeses de carne-e-osso com as grandes terias evolucionistas do início do século XX. Esse diálogo com o ‘outro’ explícita que o estranhamento constitui-se não apenas na via pela qual se dá o confronto de diferentes ‘teorias’ mas, também, um meio de auto-reflexão. Interessante a reflexão que traz o texto de Peirano de que mesmo que a pesquisa de campo caracterize esta área de estudos, ela não é o objetivo final do antropólogo. Já se disse que a antropologia estuda problemas e não povos (Evans-Pritichard, 1950) e, mais recentemente, que os antropólogos não estudam aldeias, mas em aldeias (Geertz, 1989, p. 32). A autora explica assim a importância da pesquisa de campo: Foi o kula de Malinowski que permitiu a Marcel Mauss conceber o ‘fato social total’ e ajudou Karl Polanyi a discernir a ‘grande transformação’ no ocidente, as observações de EP sobre os Nuer descentralizados, as de Geertz sobre o theatre-state em Bali, as de Staley Tambiah sobre a galactic polity asiática, ou as de Edmund Leach sobre a alternância (PEIRANO, p. 35) Esse caráter da pesquisa etnográfica que propõe uma construção de uma concepção de humanidade com base nas diferenças revela o ocidente como uma entre várias possibilidades de realização humana. De acordo com Geertz (1978) praticar a etnografia é estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário e assim por diante. Mas não são essas coisas, as técnicas e os processos determinados, que definem o empreendimento, o que o etnógrafo enfrenta, de fato, é uma multiplicidade de estruturas conceituais complexas, muitas delas sobrepostas ou amarradas umas às outras, que são simultaneamente estranhas, irregulares e não explícitas. Para Geertz o etnógrafo diante desses fatos, tem que, de alguma forma, primeiro apreender e depois apresentar. De acordo com autor: Fazer a etnografia é como tentar ler (no sentido de ‘construir uma leitura de’) um manuscrito estranho, desbotado, cheio de elipses, incoerências, emendas suspeitas e comentários tendenciosos, escrito não com os sinais convencionais do som, mas com exemplos transitórios de comportamento modelado. (1978, p. 15) 120 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos de gênero no contexto da etnologia, assim como a etnologia no contexto da antropologia, e esta no âmbito maior das ciências humanas, vêm se desenvolvendo apesar de todas as dificuldades econômicas e políticas colocadas à realização de pesquisas de campo e mesmo para o crescimento e visibilidade das ciências humanas no Brasil. Um desenvolvimento que se deve à teimosia e a grande curiosidade de seus estudiosos, que buscam entre outras coisas, a realização de uma autorreflexão, fundamentados (pelo menos em parte), na percepção de que se constituem enquanto representantes de uma humanidade recortada por diferenças e igualdades, motivadas pelo desejo de subsidiar estratégias de enfrentamento das consequências provocadas pelos conflitos sociais pautados na falta de tolerância social e, na busca, por quem sabe, auxiliar na construção de uma consciência maior de nossa própria existência. REFERÊNCIAS BAMBERGER, J. 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