Qualidade de vida e saúde
física e mental de médicos: uma
autoavaliação por egressos
da Faculdade de Medicina de
Botucatu – UNESP
Quality of life, physical and
mental health of physicians: a selfevaluation by graduates from the
Botucatu Medical School - UNESP
Albina Rodrigues TorresI
Tânia RuizII
Sérgio Swain MüllerIII
Maria Cristina Pereira LimaI
I
Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da Faculdade de
Medicina de Botucatu - UNESP.
II
Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP.
III
Departamento Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP.
Conflitos de Interesses: inexistentes
Financiamento: inexistente
Correspondência: Albina Rodrigues Torres. Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria. Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP. 18618-970 - Botucatu – SP.
E-mail: torresar@fmb.unesp.br
Rev Bras Epidemiol
2011; 14(2): 264-75
264
Resumo
Objetivo: O presente artigo teve como
objetivo analisar resultados de autoavaliações em termos de qualidade de vida (QV),
saúde física (SF) e saúde mental (SM) realizadas por ex-alunos do curso de medicina
de uma universidade pública brasileira,
associando-se tais indicadores a dados
demográficos e diversas dimensões da atuação profissional. Métodos: estudo de corte
transversal que teve como população-alvo
todos os egressos da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP) no período de
1968 a 2005, utilizando-se um questionário
autoaplicável, respondido por correio ou
internet. Resultados: Dos 2.864 questionários enviados, 1.224 (45%) foram
respondidos. Tanto a QV como SF e SM
foram avaliadas como boa ou muito boa
por 67,8%, 78,8% e 84,5% dos participantes,
respectivamente. Nos modelos finais de regressão logística, associaram-se a avaliação
favorável de QV: ter boa SF e SM, frequentar congressos regulamente, ter tempo
suficiente de lazer e estar satisfeito com a
profissão. SF boa ou muito boa associou-se
independentemente com QV e SM positivas,
faixa de renda mais alta, prática regular
de atividades físicas e nunca ter fumado.
SM favorável permaneceu associada com
satisfação profissional, tempo para lazer,
e boa avaliação da QV e da SF. Conclusões:
Entre os médicos egressos da UNESP, SF e
SM foram aspectos indissociáveis e também
relacionados à QV. Bons hábitos, como
praticar atividades físicas, ter tempo para
lazer e não fumar foram associados à melhor
avaliação da saúde em geral e devem ser
incentivados. A satisfação profissional teve
um peso importante no bem-estar emocional relatado pelos participantes.
Palavras-chave: Qualidade de vida. Saúde.
Saúde mental. Autoavaliação. Médicos.
Abstract
Introdução
Objective: This paper aimed to analyze
self-evaluations in terms of quality of life
(QoL), physical health (PH) and mental
health (MH) of ex-medical students from a
Brazilian public university, correlating these
outcomes with demographic data and several professional aspects. Methods: a crosssectional study with a target population of
all students graduated from the Botucatu
School of Medicine (UNIFESP - São Paulo
State University) between 1968 and 2005.
A self-administered questionnaire, which
could be answered by regular mail or internet, was used. Results: From the 2,864
questionnaires that were sent by mail, 1,224
(45%) were answered and sent back. Good
or very good QoL, PH and MH were reported
by 67.8%, 78.8% and 84.5% of participants,
respectively. In the final logistic regression
model, positive QoL was associated with
good PH and MH, regular attendance to
scientific meetings, enough leisure time,
and professional satisfaction. Good or very
good PH was independently associated
with positive QoL and MH, higher income
level, regular physical activities, and never
having smoked. Positive MH remained
associated with professional satisfaction,
enough leisure time, and positive evaluation
of both QoL and PH. Conclusions: Among
medical doctors graduated from São Paulo
State University, PH and MH were inseparable aspects, which were also related to
the self-evaluation of QoL. Good habits,
such as regular practice of physical exercise,
enough leisure time, and not smoking were
associated with positive health in general
and should be encouraged. Professional
satisfaction had an important impact on
the emotional well-being of participants.
A profissão médica tem aspectos bastante desgastantes, como a exigência de
grande dedicação de tempo, o envolvimento
de muita responsabilidade pessoal, assim
como o contato constante com o sofrimento
de pacientes e familiares1. Pesquisa recente conduzida pelo Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo revelou
que a carga horária média de trabalho dos
médicos entrevistados é de 52 horas semanais, e que estes atuam em média em três
diferentes empregos, sendo que aproximadamente um terço deles ultrapassa esses
números. Além do acúmulo de vínculos e da
longa jornada de trabalho, condições insatisfatórias de trabalho (por exemplo, falta de
reconhecimento, remuneração adequada,
autonomia, estabilidade, infra-estrutura
ou segurança) podem sobrecarregar ainda
mais o profissional médico, gerando estresse e afetando negativamente sua convivência familiar e qualidade de vida2.
Segundo Firth-Cozens3, a prevalência de
médicos que apresentam estresse acima dos
pontos de corte usuais situa-se em torno de
28%. Apesar disso, poucos são os estudos
que examinaram a saúde física e/ou mental
dos médicos brasileiros. Os estudos mais
recentes têm sido conduzidos com grupos
específicos, como médicos que trabalham
em unidades de terapia intensiva4,5, plantonistas de pronto-socorros pediátricos6 ou
oncologistas7-9. De modo geral, más condições de trabalho são importantes preditores
de sofrimento psíquico. Nascimento-Sobrinho et al.10 pesquisaram as condições de
trabalho de 350 médicos de Salvador (BA)
e constataram frequência elevada de sobrecarga de horários, múltiplos empregos,
baixos salários e instabilidade profissional,
assim como uma prevalência de 26% de
transtornos psicológicos “menores”. Utilizando o modelo de demanda/controle,
os autores observaram que médicos que
tinham muita demanda e pouco controle
sobre o trabalho (alta pressão) tiveram três
vezes mais chances de apresentar transtornos psicológicos quando comparados aos
Keywords: Quality of life. Health. Mental
health. Self-evaluation. Physicians.
Qualidade de vida e saúde física e mental de médicos
Torres, A.R. et al.
Bras Epidemiol
265 Rev
2011; 14(2): 264-75
colegas que trabalhavam sob baixa pressão. Lourenção11, em revisão da literatura
internacional realizada em 2010, abordou
especificamente a saúde e a qualidade de
vida de médicos residentes, encontrando
incidências elevadas de estresse, fadiga,
sonolência, depressão e estafa nessa população, para a qual sugere a implementação
de programas de assistência específicos.
Em revisão publicada há quase 20 anos,
mas que se mantém atual, Martins12 ressalta
que o estresse na formação e na prática médica seria um possível fator etiológico na gênese dos problemas de saúde mental, o que
incluiria abuso e dependência de substâncias
psicoativas, síndrome da sobrecarga de trabalho e síndrome do estresse profissional.
O presente estudo faz parte de um levantamento conduzido na Faculdade de
Medicina de Botucatu (FMB) – UNESP, que
teve como objetivos avaliar a opinião dos
ex-alunos do curso médico desta faculdade
sobre o curso de graduação, sua inserção
e satisfação profissionais, assim como a
autoavaliação dos egressos em relação à
qualidade de vida, saúde física e saúde
mental. Este estudo aborda especificamente
os últimos três aspectos do levantamento.
Método
Foi realizado um estudo de corte transversal, no qual todos os médicos formados
pela FMB – UNESP entre os anos de 1968
(primeira turma) e 2005 (38ª turma) foram
considerados possíveis participantes. Um
questionário foi especialmente elaborado
e enviado por correio em fevereiro de 2007
para toda a população alvo do estudo, ou
seja, 2.864 ex-alunos. Do questionário constavam perguntas sobre dados sociodemográficos (por exemplo, sexo, idade, estado
civil, local de residência), de formação e
educação permanente (ano de ingresso e
de formatura, residência médica, especialização, pós-graduação, título de especialista,
participação em eventos científicos, leitura
de periódicos), de atividade profissional
(especialidade, vínculos empregatícios, atuação em diferentes tipos de serviços, cargos
Rev Bras Epidemiol
2011; 14(2): 264-75
Qualidade de vida e saúde física e mental de médicos
266 Torres, A.R. et al.
de chefia ou coordenação, renda, grau de
estresse pela prática médica), sobre qualidade de vida, lazer, saúde física e mental,
tabagismo, além da opinião sobre o curso
de graduação na FMB (quanto se sentiu preparado para atuar em determinadas áreas e
para realizar alguns procedimentos). Foram
enviados envelopes com o questionário,
uma carta explicativa e outro envelope já
selado, que deveria ser reenviado à FMB
com o questionário preenchido anonimamente. Termos de consentimento foram
também incluídos, para serem devolvidos
em envelope separado, o que permitiu o
controle de recusas, e foi procedido um
segundo envio do questionário, em outubro
de 2007, para tentar minimizá-las. Os questionários devolvidos foram entregues para
digitação. Havia ainda a opção de responder
ao questionário online por meio de acesso
ao site da FMB e mediante o uso de senha,
para os ex-alunos que assim preferissem.
O preenchimento online seguiu o mesmo
procedimento do questionário escrito,
sendo apenas adaptado para o ambiente
virtual e tendo a assinatura do termo de
consentimento como pré-requisito para o
seu preenchimento. A autoavaliação de qualidade de vida, assim como de saúde física e
mental foi realizada tendo como parâmetro
cinco possíveis respostas: muito boa, boa,
regular, ruim ou muito ruim, que foram
posteriormente agrupadas em 1) muito
boa ou boa; 2) regular, ruim ou muito ruim.
Análise Estatística
A análise foi realizada através de métodos quantitativos no programa Stata 10.0
software13. Inicialmente realizou-se uma
análise descritiva das variáveis, seguida
de análises univariadas para identificar
possíveis associações, elegendo-se como
variáveis dependentes a autoavaliação de
qualidade de vida, saúde física e saúde
mental. Utilizou-se o teste de qui-quadrado
de Pearson (ou o teste exato de Fisher, quando indicado) para variáveis categoriais e o
teste t de Student para variáveis contínuas.
A seguir, foi feita análise multivariada,
utilizando-se Regressão Logística (tipo
stepwise), obtendo-se assim odds ratios
(OR) ajustados14. Foram construídos três
modelos logísticos, sendo um para cada
variável dependente, incluindo-se nos
modelos de regressão logística as variáveis
explanatórias que apresentaram valor de p
< 0,10 na análise univariada. Independentemente da significância estatística optou-se
por incluir idade, sexo e renda em todos os
modelos logísticos, visto que a intenção foi
obter OR ajustados e não confundidos com
estas variáveis. A idade é uma variável fortemente associada à saúde física, enquanto
que sexo feminino e renda têm importante
associação com os transtornos mentais
mais comuns15. O nível de significância
estatística adotado foi p < 0,01, em função
do grande tamanho da amostra e dos vários
cruzamentos realizados, o que poderia levar a resultados apenas matematicamente
significativos.
Aspectos Éticos
Os questionários não eram identificados
e seus dados foram analisados em conjunto,
garantindo o anonimato dos participantes,
que assinaram um termo de consentimento
de participação. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
FMB em novembro de 2006.
Resultados
Dos 2.864 questionários enviados, 1.224
(44,9%) foram respondidos. Setenta e dois
(2,5%) ex-alunos estavam com os endereços
desatualizados, não tendo sido localizados, e
64 óbitos foram notificados (2,2%). Os demais
não foram respondidos no intervalo de um
ano, mesmo com um segundo envio do questionário por correio. Como cada turma tem 90
alunos, a taxa de resposta variou de 12,2% a
51,1% dos formandos, sendo que nenhuma
turma ficou sem representação no estudo.
Dos 1.224 ex-alunos que responderam
o questionário, 791 (64,6%) eram de sexo
masculino e 411 (33,6%) do feminino, não
havendo diferença significativa quanto à
distribuição por sexo entre a amostra e o
universo dos egressos (p = 0,24), avaliado
pelo Teste do Qui-quadrado. Vinte e dois
questionários (1,8%) não possuíam informação sobre sexo. A média da idade dos
ex-alunos foi de 46,5 anos ± 10,9, variando
entre 24 e 72 anos, sendo que 5,7% tinham
até 30 anos de idade, 22,3% entre 31 e 40
anos, 28,4% entre 41 e 50 anos, 26,2% entre
51 e 60 anos e 17,3% acima de 60 anos de
idade. A maior parte dos ex-alunos estava
casada ou em união estável (77,5%) e referiu
ter pelo menos um filho (76,0%).
A grande maioria dos ex-alunos (96,4%)
residia no Estado de São Paulo, sendo 844
(70,4%) em cidades do interior e 728 (61,1%)
em municípios com menos de 500 mil
habitantes. Afirmaram exercer a medicina
98% dos participantes e terem satisfação
profissional grande ou muito grande 66,1%
deles. Quanto à faixa de renda mensal,
10,5% afirmaram receber menos que 5 mil
reais, 34,2% entre 5 e 10 mil, 28,6% entre
10 e 15 mil, 41,1% entre 15 e 20 mil e 12,5%
acima deste valor.
Na Tabela 1 estão descritas as frequências dos três principais indicadores (qualidade de vida e saúde física e mental)
autoavaliados pelos participantes. Note-se
que 68% consideraram sua qualidade de
vida como “muito boa ou boa” e que, do
mesmo modo, 79% e 85% dos ex-alunos
avaliaram bem sua saúde física e mental,
respectivamente.
Níveis de estresse “médio, alto ou muito
alto” foram referidos por 656 (56,3%) dos
participantes para lidar com situações de
morte de pacientes, 644 (54,7%) para lidar
com pacientes graves, 330 (27,7%) na comunicação com pacientes e familiares e 363
(31,1%) para lidar com processos na área
civil. Nenhum ou pouco estresse nessas situações foi referido pelos demais, exceto 29
sujeitos que não responderam a estes itens
do questionário (dados não mostrados).
Na Tabela 2 estão apresentados dados
sobre qualidade de vida, lazer, prática de
atividade física, tabagismo e saúde física
e mental dos ex-alunos, de acordo com o
sexo. Entre os homens, 39,3% referiram ser
Qualidade de vida e saúde física e mental de médicos
Torres, A.R. et al.
Bras Epidemiol
267 Rev
2011; 14(2): 264-75
Tabela 1 - Distribuição dos ex-alunos da FMB-UNESP (n = 1.224), quanto à autoavaliação de qualidade de vida, saúde
física e mental.
Table 1 – Distribution of graduates from Botucatu Medical School-UNESP (n = 1,224) as to their self-evaluation of quality of
life, physical health and mental health.
Qualidade de Vida
Saúde Física
Saúde Mental
N
%
N
%
N
%
Muito Boa
245
20,0
276
22,5
414
33.8
Boa
585
47.8
689
56,3
621
50.7
Regular
301
24,6
210
17,2
145
11,9
Ruim
58
4,7
20
1,6
15
1,2
Muito Ruim
11
0,9
2
0,2
6
0,5
Não Respondeu
24
2.0
27
2.2
23
1,9
fumantes ou ex-fumantes, contra apenas
21,4% das mulheres. Não houve diferenças
significativas entre homens e mulheres
nos demais aspectos. Apenas 52,3% dos
participantes referiram ter tempo suficiente
para o lazer. Ainda em relação ao estilo de
vida, 44,4% referiram praticar atividades
físicas pelo menos três vezes por semana,
enquanto 28.6% negaram praticar qualquer
atividade regularmente.
A variável “qualidade de vida” foi agrupada em “muito boa ou boa” e “regular, ruim
ou muito ruim” para a análise multivariada,
cujos resultados significativos estão apresentados na Tabela 3. No modelo final de regressão logística, observa-se que qualidade
de vida “muito boa ou boa” associou-se de
modo independente com frequentar congressos ou eventos científicos regularmente,
relatar saúde física e mental como “boa ou
muito boa”, estar satisfeito com a profissão,
afirmar que faria medicina novamente e ter
tempo suficiente para o lazer.
A variável “autoavaliação de saúde física” também foi agrupada em “muito boa
ou boa” e “regular, ruim ou muito ruim”,
para a análise multivariada. Saúde física
“boa ou muito boa” permaneceu associada
às seguintes variáveis independentes: ter
renda mais alta, nunca ter fumado, referir
qualidade de vida e saúde mental “boa ou
muito boa” e fazer atividade física três ou
mais vezes por semana (Tabela 4).
Ao se agruparem os níveis de saúde
mental “boa e muito boa” para a análise
Rev Bras Epidemiol
2011; 14(2): 264-75
Qualidade de vida e saúde física e mental de médicos
268 Torres, A.R. et al.
multivariada, as variáveis que se mantiveram associadas a estas, de modo independente, foram: idade mais elevada, qualidade
de vida e saúde física avaliadas como “boa
ou muito boa”, ter tempo suficiente para
lazer e estar satisfeito com a profissão
(Tabela 5).
Discussão
Este estudo é pioneiro em abrangência,
pois teve como população alvo todo o universo de ex-alunos graduados pela FMBUNESP nas 38 primeiras turmas, avaliando
aspectos sociodemográficos, de inserção
e satisfação profissionais, opinião sobre
o curso, estresse na prática profissional,
qualidade de vida, saúde física e mental,
sendo os três últimos indicadores objetos
do presente artigo. Assim, diferentemente
do levantamento do CREMESP de 20022,
que entrevistou por telefone apenas uma
amostra de 400 médicos do Estado, este
inquérito objetivou avaliar toda a população
de egressos da FMB.
Observa-se que aproximadamente
80% dos egressos apresentaram avaliação
favorável de sua própria saúde, tanto física
quanto mental, apesar de todas as exigências e fatores estressantes da prática profissional. Embora isto possa ter decorrido de
eventual viés de resposta, ou seja, egressos
com melhores condições de saúde tenham
maior representação entre os participantes
do estudo, sabe-se que condições de saúde
Tabela 2 - Autoavaliação de qualidade de vida, lazer, prática de atividade física, tabagismo e saúde física e mental dos
ex-alunos da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP), de acordo com o sexo (n = 1.224)1.
Table 2 – Self reported quality of life, leisure, exercise, smoking, physical health, and mental health in graduates from the
Botucatu School of Medicine Botucatu Medical School-UNESP, by sex (n = 1,224)1.
Masculino
791 (64,4%)
n
%
Feminino
411 (33,6%)
n
%
Total1
N
%
Qualidade de Vida*
p
0,16
Boa ou muito boa
553
70,4
271
66,4
824
69,0
Regular, ruim ou muito ruim
233
29,6
137
33,6
370
31,0
Tempo suficiente para o lazer**
0,93
Sim
409
52,4
211
52,1
620
52,3
Não
391
48,6
200
47,9
591
47,7
Prática de atividade física
0.25
Não
223
28.2
121
29.5
344
28.6
1 a 2 vezes por semana
204
25.8
120
29.3
324
27.0
3 ou mais vezes por semana
364
46.0
169
41.2
533
44.4
Tabagismo
<0,001
Nunca fumou
475
60,7
319
78,6
794
66,8
Ex-fumante ou fumante
307
39,3
87
21,4
394
33,2
Saúde Física***
0,11
Boa ou muito boa
621
79,2
338
83,1
959
80,5
Regular, ruim ou muito ruim
163
20,8
69
16,9
323
19,5
Saúde Mental****
0,20
Boa ou muito boa
684
87,0
345
84,3
1029
86,1
Regular, ruim ou muito ruim
102
13,0
64
15,7
166
13,9
Sem informação sobre sexo de 22 sujeitos. 22 subjects did not report sex.
* Sem informação de 6 sujeitos. 6 subjects did not report it.
** Sem informação de 13 sujeitos. 13 subjects did not report it.
*** Sem informação de 11 sujeitos 11 subjects did not report it.
**** Sem informação de 7 sujeitos. 7 subjects did not report it.
1
física e mental ruins ou muito ruins são
praticamente incompatíveis com a prática
profissional. Este resultado remete àquele
encontrado pelo CREMESP2, no qual a satisfação profissional foi atribuída a aspectos
positivos da prática médica, como a realização ou gratificação por fazer um trabalho
relevante, ajudar as pessoas, ser valorizado,
ter renda razoável, status, respeito ou reconhecimento social. A favor desta hipótese
tem-se o fato de que maior carga horária
de trabalho não se manteve associada com
pior saúde mental, sugerindo que, embora
isto possa ser importante, aspectos como
satisfação com o trabalho são relevantes na
determinação da saúde do médico.
Ressalte-se que saúde física e mental
favoráveis apresentaram associação positiva
e estatisticamente significante entre si, assim
como com qualidade de vida boa ou muito
boa. Em artigo recente publicado no periódico The Lancet 16 com o título “No health
without mental health”, os autores reafirmaram o fato há muito reconhecido de que
Qualidade de vida e saúde física e mental de médicos
Torres, A.R. et al.
Bras Epidemiol
269 Rev
2011; 14(2): 264-75
Tabela 3 - Modelo Final de Regressão Logística para Qualidade de Vida1 entre egressos do curso
de medicina da Faculdade de Medicina de Botucatu (n = 1.224): variáveis que permaneceram
associadas significativamente a Qualidade de Vida regular, ruim ou muito ruim.
Table 3 - Final logistic regression model for Quality of Life1 among graduates from the Botucatu
Medical School (n = 1,224): variables that remained significantly associated with regular, bad or very
bad Quality of Life.
Variável
Frequenta congressos regularmente
Sim
Não
Saúde Física
Boa/muito boa
Regular/ruim/muito ruim
Saúde mental
Boa/muito boa
Regular/ruim/muito ruim
Satisfação com profissão
Sim
Não
Escolheria medicina novamente
Sim
Não
Tem tempo suficiente para lazer
Sim
Não
Odds Ratio ajustado2
IC 95%**
1
2,03
1,34-3,06
p3
0,002
<0,001
1
3,90
2,61-5,81
0,002
1
2,09
1,30-3,35
<0,001
1
2,51
1,76-3,58
0,009
1
2,24
1,22-4,12
<0,001
1
8,89
6,16-12,82
* Odds Ratio ** Intervalo de Confiança de 95% 95% confidence interval
1
Categoria de referência qualidade de vida boa ou muita boa (0), comparado com qualidade de vida regular, ruim ou muito
ruim (1). Reference category good or very good (0) quality of life, compared to regular, bad or very bad quality of life (1).
2
Ajustado para sexo, renda, idade e demais variáveis do modelo. Adjusted for sex, income, age and other variables of the model.
3
Teste de Waldt. Waldt’s test.
há uma estreita conexão entre problemas
psíquicos ou transtornos mentais propriamente ditos e outras condições de saúde
em geral. Problemas emocionais aumentam
o risco de doenças contagiosas (por exemplo, AIDS, tuberculose) ou não contagiosas
(por exemplo, doenças cardiovasculares,
diabetes, neoplasias) e contribuem para a
ocorrência de lesões, sejam estas intencionais ou não, como, por exemplo, auto ou
heteroagressões, acidentes de trabalho e de
trânsito. Transtornos mentais estão ainda
associados a fatores de risco para doenças
crônicas, como tabagismo, uso de álcool
e drogas, pouca atividade física, hábitos
alimentares nocivos e hipertensão arterial.
Por outro lado, muitas condições de saúde
aumentam o risco de transtornos mentais e
esta co-ocorrência pode dificultar a busca de
serviços, o diagnóstico e o tratamento, com
Rev Bras Epidemiol
2011; 14(2): 264-75
Qualidade de vida e saúde física e mental de médicos
270 Torres, A.R. et al.
impacto negativo no prognóstico dos casos16.
Portanto, constata-se que os transtornos
mentais contribuem para a mortalidade e
são importantes causas de incapacitação e
dependência, sendo que no relatório de 2005
da Organização Mundial da Saúde17 atribuiuse 32% de todos os anos vividos com incapacidade a condições neuropsiquiátricas. O
periódico acima citado lançou recentemente
um movimento18 alertando para a importância da saúde mental na saúde em geral,
destacando que a atenção à saúde mental é
uma questão ainda negligenciada, mas que
deve ser integrada aos demais aspectos de
planejamento e oferta de serviços de saúde. Assim, maior atenção deveria ser dada
a aspectos emocionais do bem-estar e da
saúde, cujos cuidados devem ser totalmente
integrados às políticas públicas de saúde em
geral, pois intervenções psicossociais podem
Tabela 4 - Modelo Final de Regressão Logística para Saúde Física1 entre egressos do curso de
medicina da Faculdade de Medicina de Botucatu (n = 1.224): variáveis que permaneceram
associadas significativamente a Saúde Física regular, ruim ou muito ruim.
Table 4 – Final logistic regression model for physical health1 among graduates from the Botucatu
Medical School (n = 1,224): variables that remained significantly associated with regular, bad or very
bad Physical Health.
Variável
Renda (em reais mensais)4
15 mil ou mais
Menos de 15 mil
Tabagismo
Nunca fumou
Fumante ou ex-fumante
Qualidade de Vida
Boa ou muito boa
Regular, ruim ou muito ruim
Saúde mental
Boa ou muito boa
Regular, ruim ou muito ruim
Atividade Física
3 ou mais vezes/semana
0 a 2 vezes/semana
Odds Ratio ajustado2
IC 95%**
1
1,73
1,13-2,65
p3
0,01
0,004
1
1,75
1,19-2,57
<0,001
1
3,46
2,41-4,94
<0,001
1
4,97
3,30-7,48
<0,001
1
2,71
1,82-4,04
* Odds Ratio ** Intervalo de Confiança de 95% 95% confidence interval
1
Categoria de referência saúde fisica boa ou muita boa (0) comparado com saúde física regular, ruim ou muito ruim (1). Reference category good or very good (0) physical health, compared to regular, bad or very bad physical health (1).
2
Ajustado para idade, sexo e demais variáveis do modelo. Adjusted for sex, income, age and other variables of the model.
3
Teste de Waldt. Waldt’s test.
4
Com o salário mínimo no valor de R$380,00, em 2007, 15 mil reais equivaleriam a pouco menos de 40 salários mínimos (39,5
salários mínimos). With the minimum wage of R$ 380.00 in 2007, R$ 15,000.00 are equivalent to slightly less than 40 minimum
wages (39.5 minimum wages)
melhorar vários desfechos de saúde física16,
inclusive dos profissionais dessa área.
Especificamente em relação à autoavaliação positiva de saúde física, pode-se
observar que esta se associou ainda, de
modo independente, com maior nível de
renda, nunca ter sido tabagista e praticar
atividades físicas pelo menos três vezes por
semana. Assim, confirma-se a associação
entre estilo de vida ou hábitos saudáveis
e boa saúde física, mesmo controlando-se
para variáveis como idade e renda. Apesar
de o desenho transversal do estudo não
permitir inferências sobre direção de causalidade, é possível que os profissionais com
melhores níveis de renda possam se dedicar
a atividades físicas com maior regularidade,
o que geraria um impacto positivo na sua
saúde física.
Em relação à saúde mental, é interessante observar que houve associação
independente de avaliação favorável com
idade mais elevada, ter tempo para lazer
e estar satisfeito com a profissão. Assim, é
possível que profissionais mais experientes
tenham uma condição profissional de mais
estabilidade e segurança, inclusive financeira, o que repercute na maior satisfação
profissional e permite ter mais tempo livre
para atividades de lazer. Na pesquisa do
CREMESP de 2007, profissionais mais jovens tinham carga horária mais alta, maior
número de empregos e recebiam menores
salários, quando comparados aos mais velhos2. Estudo realizado na Turquia por Uncu
et al.19 encontrou associação significativa
entre percepções emocionais negativas
sobre o trabalho e ocorrência de depressão,
ansiedade e estresse entre médicos atuantes
em serviços de atenção primária. Em estudo nacional de Gouveia et al.20, idade mais
elevada também se associou com maior
Qualidade de vida e saúde física e mental de médicos
Torres, A.R. et al.
Bras Epidemiol
271 Rev
2011; 14(2): 264-75
Tabela 5 – Modelo Final de Regressão Logística para Saúde Mental1 entre egressos do curso
de medicina da Faculdade de Medicina de Botucatu (n = 1.224): variáveis que permaneceram
associadas significativamente a Saúde Mental regular, ruim ou muito ruim.
Table 5 – Final logistic regression model for Mental Health1 among graduates from the Botucatu
Medical School (n = 1,224): variables that remained significantly associated with regular, bad or very
bad Mental Health.
Variável
Idade4
Qualidade de Vida
Boa ou muito boa
Regular, ruim ou muito ruim
Tem tempo suficiente para lazer
Sim
Não
Satisfação com profissão
Sim
Não
Saúde Física
Boa ou muito boa
Regular, ruim ou muito ruim
Odds Ratio ajustado2
0,96
IC 95%
0,94-0,97
1
2,40
1,53-3,75
p3
<0,001
<0,001
0,01
1
2,33
1,44-3,78
0,001
1
3,05
2,02-4,61
<0,001
1
4,53
3,00-6,83
Categoria de referência saúde mental boa ou muita boa (0) comparada com saúde física regular, ruim ou muito ruim (1).
Reference category good or very good (0) mental health, compared to regular, bad or very bad mental health (1).
2
Ajustado para demais variáveis do modelo. Adjusted for other variables of the model.
3
Teste de Wald. Waldt’s test.
4
Idade foi incluída como variável contínua, em anos completos. Age was included as a continuous variable, as complete years.
1
satisfação - no caso, com a vida em geral - de
médicos de cinco regiões do Brasil.
Segundo Firth-Cozens3, a prevalência
de médicos que apresentam estresse acima
da média situa-se em torno de 28%, tanto
em estudos longitudinais quanto transversais. Tal prevalência não teria mudado ao
longo dos anos, mas sim a consciência dos
profissionais, que passaram a admitir este
sofrimento com maior facilidade do que
anteriormente. No presente trabalho, a prevalência de saúde mental “regular, ruim ou
muito ruim” foi de apenas 18%; no entanto,
deve-se lembrar que neste inquérito não foram utilizados instrumentos padronizados
para a identificação de sofrimento psíquico.
Conforme destacou Martins21,22, não são
muitos os estudos que examinaram a saúde
física ou mental dos médicos brasileiros,
mas o tema tem merecido crescente atenção
na literatura. Segundo este autor22, a insalubridade psicológica inerente ao trabalho
médico pode gerar distúrbios psicológicos e
psiquiátricos em pessoas mais vulneráveis.
O desenvolvimento de novas tecnologias
Rev Bras Epidemiol
2011; 14(2): 264-75
Qualidade de vida e saúde física e mental de médicos
272 Torres, A.R. et al.
diagnósticas e terapêuticas, e a influência
da indústria farmacêutica e das empresas
compradoras de serviços médicos têm
modificado consideravelmente a prática
da medicina. Tais mudanças repercutem,
por exemplo, diminuindo a autonomia e a
remuneração, aumentando a demanda de
trabalho, modificando o estilo de vida, a
relação com pacientes e colegas, e afetando
a saúde dos profissionais23. Assim, apesar
das inúmeras gratificações psicológicas e
da possibilidade de realização material,
intelectual e emocional, a profissão médica costuma ser altamente estressante e
ansiogênica23.
Alguns estudos recentes avaliaram aspectos psicológicos em grupos específicos,
como médicos que atuam em serviços de
emergência, unidades de terapia intensiva
(UTIs) e enfermarias4,5, plantonistas de prontos-socorros pediátricos6 ou oncologistas7-9.
De modo geral, as condições de trabalho
aparecem como importantes preditores de
sofrimento psíquico. No estudo de Cabana
et al.4, apesar de a diferença não ter atingido
significância estatística, a prevalência de
transtornos mentais comuns (que incluem
sintomas ansiosos, somatoformes e depressivos “menores”) foi maior entre os profissionais que atuavam em serviços de emergência (32%), quando comparados àqueles
que trabalhavam em UTIs ou enfermarias
(aproximadamente 17%). Além disso, os primeiros apresentaram condições de trabalho
menos favoráveis, incluindo maior número
de vínculos empregatícios, maior carga horária semanal e sensação de sobrecarga de
trabalho, além de menor nível de renda. Na
pesquisa de Tironi et al.5 a prevalência de síndrome da estafa profissional (burnout) entre
intensivistas foi de 7,4%, estando fortemente
associada com alta demanda psicológica do
trabalho, incluindo grande carga horária semanal de plantão, menor idade, menos anos
de prática profissional, menor renda, não
praticar atividades físicas e não ter hobbies.
Feliciano et al.6 identificaram em pesquisa qualitativa conduzida com profissionais
de serviços de pronto-socorro infantil sentimentos díspares como cansaço, angústia,
medo de cometer erros e revolta pela sobrecarga de trabalho e pela remuneração
incompatível com a responsabilidade e o
esforço exigidos e, por outro lado, satisfação
por gostarem do trabalho e por se sentirem
úteis. Por essa razão, os autores concluem
que há grande necessidade de ações de promoção de saúde no ambiente de trabalho de
profissionais dessa área.
Estudo inglês que avaliou o possível impacto das condições de trabalho na saúde de
jovens médicos24 encontrou uma correlação
positiva entre a sensação de sobrecarga no
trabalho e diversas medidas de longo prazo em relação a desempenho no trabalho,
saúde física e mental. Os mesmos autores
relataram em outro estudo25 que jovens
médicos apresentam diversas queixas de
saúde e 30% deles são classificados como
“casos positivos” em relação ao ponto de
corte para sintomas psiquiátricos. Além
disso, muitos apresentam padrões maladaptativos em relação aos cuidados com a
própria saúde, como continuar trabalhando
quando não estão bem, não tirar licenças de
saúde, automedicar-se, além da tendência
a consultar amigos informalmente em vez
de agendar consultas regulares. Gardner e
Ogden26, estudando clínicos gerais também
ingleses, relataram que muitos não fazem
consigo mesmo o que recomendam aos seus
pacientes. Martins23 relata o mesmo tipo de
postura em nosso meio, em que a dificuldade de buscar um colega profissional na
condição de paciente faz com que muitos
médicos tendam a se autodiagnosticar e
automedicar.
No estudo de Glasberg et al. 9, níveis
moderados ou graves da síndrome de estafa profissional ou “burnout” (que envolve
exaustão emocional, despersonalização e
baixa realização pessoal) ocorreram em 16%
dos médicos cancerologistas estudados.
Níveis mais baixos da síndrome associaramse com: idade mais elevada, união conjugal
estável, alguma afiliação religiosa, prática de
atividade física e de algum hobby, e tempo
suficiente de férias. A falta de tempo pessoal
foi o principal fator associado à síndrome de
“burnout” também entre médicos oncologistas7. É interessante observar que, no presente estudo, o lazer manteve-se associado
à avaliação positiva de saúde mental, mas
não de saúde física ou de qualidade de vida.
Algumas limitações deste estudo devem
ser consideradas. A primeira delas é a taxa
de resposta, uma questão central nos estudos transversais. O percentual de resposta
obtido (45%) pode ser considerado satisfatório, uma vez que o esperado em enquetes
postais varia de 30 a 40%27, e que nenhuma
turma ficou sem representação na amostra.
Além disso, mesmo que idealmente uma
taxa mais elevada fosse desejável, a taxa
obtida foi superior às de estudos similares
conduzidos no Brasil, que foram de 25,0%
e 32,1%, respectivamente na Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto28 e na Universidade Luterana do Brasil29. Acredita-se ainda
que o número de óbitos (apenas 2,2%) esteja
subestimado. Outro aspecto a ser ressaltado é que o desenho transversal do estudo
apenas indica associações entre os indicadores de interesse e possíveis variáveis
explicativas, não permitindo conclusões
Qualidade de vida e saúde física e mental de médicos
Torres, A.R. et al.
Bras Epidemiol
273 Rev
2011; 14(2): 264-75
sobre causalidade. Outra questão é que não
se pode descartar a possibilidade de viés de
resposta, uma vez que os ex-alunos com
melhor autoavaliação da sua saúde física
e/ou mental talvez tenham maior probabilidade de participar da enquete. Não foram
avaliadas a questão da demanda/controle30
e da especialidade dos sujeitos, que também
podem estar associados à saúde e à qualidade de vida31. Por fim, neste inquérito não
foram utilizados instrumentos padronizados para a avaliação de problemas de saúde,
sofrimento psíquico ou qualidade de vida,
mas apenas questões diretas sobre estes aspectos, com cinco alternativas de respostas.
Conclusões
Apesar das exigências da prática profissional, aproximadamente 80% dos ex-alunos da FMB-UNESP relataram saúde física
ou mental em níveis bons. A associação
direta e significativa entre boa saúde física e
boa saúde mental reforça a inseparabilidade
destes dois aspectos, que devem ser sempre
considerados de modo integrado, no planejamento não só de ações curativas, mas
também de possíveis ações de promoção de
saúde e prevenção do adoecimento entre
profissionais médicos. Ressalte-se que os
dois aspectos, como duas faces da mesma
moeda, associaram-se também significativamente à melhor avaliação de qualidade
de vida dos participantes.
Além disso, bons hábitos, como praticar
atividades físicas regularmente, ter tempo
para lazer e não fumar associaram-se à
melhor avaliação de saúde como um todo
e deveriam ser incentivados, sempre que
possível. Por outro lado, saúde mental favorável associou-se à satisfação profissional.
Considerando-se que a maioria dos médicos
ocupa grande parte de seu tempo com atividades profissionais, a satisfação no trabalho
– cujos aspectos positivos não podem ser
ignorados – parece ter um peso importante
no bem-estar emocional dos mesmos.
Em conclusão, este estudo identificou
alguns fatores relevantes que se associaram
independentemente com cada um dos indicadores avaliados. É fundamental que os
profissionais da área médica cuidem adequadamente também de sua própria saúde
física e mental, pois estas estão diretamente
relacionadas entre si e também com a autoavaliação de qualidade de vida. Para melhor
desempenhar a importante tarefa de cuidar
da saúde de outras pessoas, é preciso que
os médicos atentem também para as suas
próprias necessidades.
Agradecimentos
Aos funcionários da Diretoria da FMB
André Franco Pagnin e Cristina de Almeida,
responsáveis pela organização do material
impresso enviado aos egressos e pela distribuição e recebimento dos questionários.
À equipe da Diretoria Técnica Acadêmica da FMB, coordenada pela Sra. Eliane
Sako, que colaborou para a obtenção dos
endereços dos egressos junto ao CREMESP
e CFM.
A Denise M. Zornoff, chefe do Núcleo
de Ensino à Distância (NEAD) da FMB,
que criou a interface virtual para resposta
aos questionários, auxiliando em todas as
etapas do processo
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