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Metodologia Científica Magnus Luiz Emmendoerfer Elias Mediotte 2 Universidade Federal de Viçosa Reitor Demetrius David da Silva Vice-Reitora Rejane Nascentes Diretor Francisco de Assis de Carvalho Pinto Campus Universitário, 36570-900, Viçosa/MG Telefone: (31) 3612 1251 Layout: Hugo Virgínio e Juliana Dias de Almeida Editoração Eletrônica: Hugo Virgínio Edição de conteúdo e CopyDesk: João Batista Mota Viçosa, janeiro de 2023 3 Significado dos ícone da apostila Para facilitar o seu estudo e a compreensão imediata do conteúdo apresentado, ao longo de todas as apostilas, você vai encontrar essas pequenas figuras ao lado do texto. Elas têm o objetivo de chamar a sua atenção para determinados trechos do conteúdo, com uma função específica, como apresentamos a seguir. DESTAQUE: são definições, conceitos ou importantes às quais você deve estar atento. afirmações Informe-se: são informações importantes e atuais às quais você deve estar atento, pois complementam o conteúdo apresentado. Conecte-se: links que trazem informações relacionadas ao conteúdo apresentado, disponíveis em plataformas online para consulta. GLOSSÁRIO: Informações pertinente ao texto, para situá-lo melhor sobre determinado termo, autor, entidade, fato ou época, que você pode desconhecer. PARA REFLETIR: vai fazer você relacionar um tópico a uma situação externa, em outro contexto. Exercícios Propostos: são momentos pra você colocar em prática o que foi aprendido. 4 Apresentação Desde 2005, o Departamento de Administração e Contabilidade (DAD) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), por meio do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGAdm), tem desenvolvido ações formativas e de capacitação, bem como conteúdos científicos e tecnológicos para o ensino, a pesquisa e a extensão em Administração Pública, Gestão Social e Políticas Públicas. O desenvolvimento dessas ações, como parte do processo de formação de profissionais para a ciência, tecnologia e/ou gestão em administração pública, tem sido realizado e coproduzido em parceria com alunos dos cursos de mestrado e doutorado em Administração, assim como do Programa de Pós-Doutorado em Administração Pública do PPGAdm/UFV. Esta apostila é um dos resultados desse processo, contribuindo com o aperfeiçoamento e a capacitação de pessoas que lidam com desafios internos e externos às organizações públicas, em sintonia com os princípios da administração pública, para melhor atender às demandas gerenciais e societais, com auxilio e respaldo de recursos de metodologia de pesquisa científica. Caro(a) pós-graduando(a), Seja muito bem-vindo (a) à nossa disciplina Metodologia de Pesquisa Científica! A cada dia nos deparamos com questões que emergem aos nossos pensamentos e nos motivam a (re)descobrir coisas novas ou diferentes formas de inovar. A ciência está em tudo à nossa volta e ela faz parte da nossa natureza. Aprender a lidar com os seus recursos torna-se fundamental para um bom Trabalho de Conclusão de Curso. Por quê? Por meio das metodologias e das pesquisas científicas, direcionamos nossos esforços para apresentar à sociedade e para a academia científica o quanto ainda podemos explorar e contribuir com a formação de conhecimento, através das construções que permeiam os nossos estudos e as nossas experiências. É nesse sentido que trabalharemos esta disciplina: com vontade, motivação e determinação para construirmos algo e nos superarmos. Portanto, este material de estudo é uma iniciativa de apoiar a sua caminhada acadêmica, de forma a estimular a sua busca por respostas sobre a ciência e os seus construtos, por meio de um arcabouço metodológico pertinente ao curso de pós-graduação lato sensu. Assim, esperamos que você aproveite o material como base de pesquisas e consultas sempre que precisar, durante e após a construção do seu TCC. Em nosso contexto acadêmico, a disciplina de Metodologia de Pesquisa Científica tem importância fundamental na sua formação. O nosso objetivo é que possamos servir de guia para a realização dos seus estudos, por meio dos conceitos e orientações presentes neste material. No Capítulo 1, vamos entender o que é a ciência e os caminhos percorridos pela humanidade para o que sabemos sobre ela, nos dias atuais. Também estudaremos sobre a construção do conhecimento por meio da ciência, apontando as diferenças entre conhecimento científico e senso comum, para, então, analisarmos os principais tipos de conhecimentos existentes. 5 No Capítulo 2, abordaremos os métodos científicos quanto às suas abordagens e quanto aos procedimentos técnicos mais discutidos e utilizados nos trabalhos acadêmicos. Ainda no Capítulo 2, vamos adentrar nos fundamentos da pesquisa científica, como e por que ela é utilizada nos trabalhos científicos. Veremos, também, os tipos de pesquisa científica, a sua natureza, a sua abordagem, seus objetivos e os principais procedimentos adotados na atualidade. No Capítulo 3, apresentaremos a parte mais prática do nosso material de estudos, que lhes ajudará na elaboração e construção do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Este Capítulo irá tratar dos trabalhos científicos, em especial o TCC. Analisaremos o que são e os tipos mais comuns de trabalhos científicos ou acadêmicos, através de esquemas estruturais, perpassando por todos os seus elementos, desde os pré-textuais e os textuais, até os pós-textuais. Assim, esperamos que vocês possam construir um excelente Trabalho de Conclusão de Curso, com base nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), utilizando-se, sobretudo, de uma expressiva bibliografia que disponibilizamos nas Referências, à qual nos serviu de suporte para a construção deste material de estudos. Desejamos a todos, ótimos estudos! Professor: Dr. Magnus Luiz Emmendoerfer Tutor: Ms. Elias Mediotte 6 Sumário Unidade 1: A Ciência e o Conhecimento Científico 1. Contextualizando a ciência 2. Conhecimento Científico Unidade 2: Métodos científicos e a pesquisa científica 1. Métodos da Pesquisa Científica 2. Fundamentos da Pesquisa Científica 3. Conhecendo os Tipos da Pesquisa Científica 8 8 12 15 15 17 20 Unidade 3: Trabalhos científicos: Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) 32 1. Trabalhos científicos 2. Trabalho de conclusão de curso (TCC) 3. Informações importantes 32 34 46 7 Unidade 1: A Ciência e o Conhecimento Científico 1. Contextualizando a ciência [...] “conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação” (MARCONI; LAKATOS, 2008, p. 22). A ciência, como conhecemos hoje, passou por muitas mudanças e atualizações. Antes de abordarmos as perspectivas acerca da pesquisa científica e dos métodos científicos que a acompanham, é importante compreendermos o que é ciência. Ciência não tem um significado único e, portanto, diante das suas diversas manifestações e interpretações, procuramos considerar somente aquelas mais relevantes para o nosso estudo. Sua derivação, do latim, Scire ou Scientia significa conhecer, saber, aprender. No entanto, essas definições carecem de um olhar mais acurado, ao se tentar definir a ciência e diferenciá-la de outras práticas, envolvidas com o processo cognitivo de adquirir aprendizado e conhecimento (PRODANOV; FREITAS, 2013). Acredita-se que a atividade científica nasceu na Grécia, no Século VI a.C. tendo a matemática como sua precursora. Os gregos foram responsáveis por atribuir à matemática como disciplina teórica, adotando significados e descobertas que até hoje são muito utilizados nos estudos acadêmicos e científicos (MACHADO et al., 2016). Mas, muitos séculos depois, já na Idade Média (Séculos V a XV), a ciência, antes constituída nas descobertas científicas, foi para algo que confortou, durante muito tempo, as relações humanas. Denominada de escolástica, foi defendida veementemente pela Igreja Católica, emergindo da necessidade de atribuir respostas à fé cristã. Por exemplo, a Terra ser o centro do Universo e o sol girar em torno dela, adormecendo à noite, quando surgiam as estrelas, que são fixas e penduradas numa cúpula celeste (BORTOLOZZI; BERTONCELLO, 2012). Portanto, foi a partir da Renascença (Séculos XIV e XVII), quando a arte passou a ganhar significados para a completude da vida, que surgiram as primeiras expressões sobre o valor científico, confrontado com a experiência, iniciando-se o rompimento da ciência e da religião (DAMIÃO, 2018). Alguns nomes importantes na história da ciência contribuíram para que o conhecimento científico pudesse emergir: 8 Metodologia Científica Nicolau Copérnico (1473-1543) Cientista polonês e autor da Teoria Heliocêntrica: A Terra gira em torno do sol, com certa periodicidade e velocidade. Giordano Bruno (1548-1600) Teólogo e filósofo italiano. Teorizou que o universo é infinito, constituído por incontáveis mundos, inclusive iguais ao nosso. Francis Bacon (1561-1621) Estadista e filósofo Inglês. Declarou o surgimento do empirismo como regra fundamental da pesquisa científica. Rompeu com a escolástica e idealizou estudos separados da ciência e religião. Galileu Galilei (1564-1642) Cientista, físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano. Considerado o precursor da ciência moderna, foi o primeiro astrônomo a acessar novos conhecimentos com o uso do telescópio. Defendeu, entre outras descobertas, o conceito de que a Terra não era o centro do universo. René Descartes (1596-1650) Filósofo, matemático e físico francês. Defendia a praticidade da ciência em detrimento da especulação. Com a famosa frase “Penso, logo existo”, Descartes acreditava que o homem, dotado de pensamentos, poderia observar a razão da sua própria existência e prová-la. Adotou a racionalidade como base única do conhecimento. Isaac Newton (1642-1727) Astrônomo, alquimista, filósofo natural da física e matemática, teólogo inglês – considerado um dos cientistas mais relevantes e influentes da história. Desenvolveu, entre outras descobertas, a Teoria da Gravidade. Benjamin Franklin (1706-1790) Diplomata, escritor, jornalista, filósofo e político norte-americano. Entre as suas contribuições, estão: a Declaração de Independência, o Tratado de Paz, a Constituição e a invenção do para-raios. 9 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública Auguste Comte (1798-1857) Filósofo francês. Precursor do positivismo e defensor do método indutivo. Charles Darwin (1809-1882) Naturalista, geólogo e biólogo inglês. Considerado o pai da Teoria da Evolução das espécies. Claude Bernard (1813-1878) Médico e fisiologista francês. Propôs a pesquisa científica por meio da abordagem experimental, constituída por: Observação livre de prejulgamento; Elaboração de Hipóteses realistas e verificáveis; Pesquisa Experimental e dedutiva; Resultados pautados nas causas que consequentemente geram teorias; Interpretação dos resultados, que leva à conclusão. Karl Popper (1902-1994) Filósofo e professor austro-britânico. Um dos maiores filósofos do século XX, crítico do método indutivo e defensor da cientificidade, também conhecida como a falseabilidade, que é a refutação de uma teoria. Para Popper, não existe conhecimento definitivo ou verdade absoluta, isto é, só se faz ciência quando não provamos algo como verdadeiro, mas sim quando provamos algo como falso ou refutável. Thomas Kuhn (1922-1994) Físico e filósofo americano. Propôs a ideia de paradigmas da ciência normal, pautada em normas e regras cientificamente práticas. Argumenta que os resultados são fundamentados em métodos e proposições previamente direcionados pelo pesquisador, tal que, um resultado diferente do esperado, é ignorado, em vez de refutar uma teoria de base. Imre Lakatos (1922-1974) Filósofo da matemática e físico húngaro. Defensor da epistemologia racionalista e idealizador do programa de pesquisa (o que fazer e o que não fazer) científica. Paul Feyerabend (1924-1994) Filósofo austríaco. Para ele, a ciência não pode se sobrepor a outras ideologias e é considerada epistemologicamente como uma empresa anárquica (crítica ao método único de se fazer ciência e defensor do pluralismo epistemológico). Apesar de ser declarado um anticientificista, seus conceitos sobre contrarregras movimentaram o mundo da ciência, como acreditar que a teoria fosse uma aproximação e jamais uma definição da verdade, pois esta nunca seria alcançada. 10 Metodologia Científica Na atualidade, a ciência tem papel fundamental na qualidade de vida das pessoas, de forma intelectual e material. Sabemos que a ciência não tem o papel de responder a todas as questões, mas são as perguntas que movem o conhecimento científico. Segundo Bortolozzi e Bertoncello (2012), a ciência tem diversas classificações: Pura - Desenvolvimento de teorias. Aplicada - Aplicação de teorias às necessidades humanas. Natural - Estudo da natureza ou mundo natural (Biologia, Física, Geologia, Química, etc). Sociais - Comportamento humano e da sociedade (História, Sociologia, Ciências Políticas, etc). Biológicas - Estudo do ser humano e dos fenômenos da natureza (Biologia, Medicina, Odontologia, etc). Exatas - De origem na Física, Matemática, Computação, etc. Humanas - Estudo social e comportamental do ser humano. (Direito, Filosofia, Letras, etc). Figura 1 – Classificações das Ciências Fonte: Adaptado de Bortolozzi e Bertoncello (2012, p. 35). Podemos compreender, portanto, que a ciência é multidisciplinar e conta com classificações distintas. No entanto, toda ciência, independentemente da disciplina, precisa estar fundamentada (VIANETTO, 2011) em: Ainda é possível encontrarmos na literatura (DEMO, 2000; PRODANOV; FREITAS, 2013) que a ciência também constitui: - Natureza empírica; Controle dos fenômenos por meio da Observação; Coerência; Ética; Originalidade; Meritocracia; Linguagem assertiva; Consistência; Relevância acadêmica e social; Intersubjetividade. 11 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública 2. Conhecimento Científico O homem é, por natureza, um animal curioso. Desde que nas­ce, interage com a natureza e os objetos à sua volta, interpre­tando o universo a partir das referências sociais e culturais do meio em que vive. Apropria-se do conhecimento através das sensações, que os seres e os fenômenos lhe transmitem (FONSECA, 2002, p. 10). Historicamente, podemos dizer que em nossa vida transitamos por diversos tipos de conhecimentos. Tivemos (e ainda temos!) contato com muitos ensinamentos, pressupostos e orientações passados pelos nossos pais, amigos, professores, enfim, por todo o nosso convívio social, dos quais muitos deles são responsáveis pela construção das nossas ideologias, crenças, valores, etc. Chamamos essa forma de conhecimento de senso comum, ou conhecimento popular. O senso comum é um tipo de conhecimento que, quando aceito por grande parte das pessoas, torna-se uma verdade absoluta, a um determinado tema, em determinado período da vida de uma pessoa ou da sociedade. O senso comum se diferencia do conhecimento científico, pois este possui embasamento teórico, empírico, experimental, validado e legitimado cientificamente por meio de análise das particularidades do objetivo, do sujeito e do fenômeno em estudo. Já o senso comum geralmente é passado entre as gerações, comumente por meio de uma educação informal sobre experiências pessoais de outras pessoas ou de si próprio. O conhecimento científico difere dos outros tipos de conhecimento por ter toda uma fundamentação e metodologias a serem seguidas, além de se basear em informações classificadas, submetidas à verificação, que oferecem explicações plausíveis a respeito do objeto ou evento em questão (LAKATOS, MARCONI (2007, p. 22). O conhecimento científico não deve descaracterizar o senso comum, pois é, partir dele, que a ciência nasce, (re)cria, (re)inventa e (re)significa o sentido das coisas em nossa sociedade; isto é, por meio da vontade descobrir e obter respostas a inúmeras questões que o senso comum não é capaz de sustentar. Além do senso comum, outros tipos de conhecimentos também fazem parte do contexto em que vivemos, como o conhecimento filosófico, teológico, científico, mítico, etc. Todos esses tipos de conhecimentos podem ser adquiridos e percebidos por meio da imaginação, da dedução, da intuição, do raciocínio, da linguagem, das lembranças, da sensação e também por meio da pesquisa (LAVILLE; DIONNE, 1999; CHAUÍ, 2006; JAPIASSU, 2007; PEREIRA et al., 2018). Conhecimento científico é conhecimento provado. As teorias científicas são derivadas de maneira vigorosa da obtenção dos dados da experiência adquiridos por observação e experimento. A ciência é baseada no que podemos ver, ouvir, tocar, etc. Opiniões ou preferências pessoais e suposições especulativas não têm lugar na ciência (CHALMERS, 1994, p. 27). Portanto, entendemos que o senso comum é uma construção da verdade, passada por gerações, que geralmente, constituem o nosso convívio social. A maioria dos membros dessa sociedade ou comunidade acredita que já conhece a verdade como algo taken for granted, pautada nas experiências dos seus antepassados, sejam eles leigos ou, até mesmo, cientistas. 12 Metodologia Científica Podemos citar alguns exemplos do conhecimento popular como algo tomado como garantido e confiado como verdade absoluta, durante muitos anos da nossa história. É o caso dos egípcios, que acreditavam que o faraó era um deus vivo e que as pirâmides seriam a sua ponte para a passagem da Terra para o céu, após a sua morte. A humanidade, durante muito tempo, acreditou que a Terra fosse plana, que era o centro do universo e que o sol girava em torno dela. Acreditou-se também que todos os males estavam presentes no sangue e que, por meio da sangria (efeito de sangrar, geralmente por meio de sanguessugas) dos enfermos, haveria a cura (GORDON, 2002), entre outras crenças populares. Portanto, é preciso compreender a dicotomia entre conhecimento científico e conhecimento popular (senso comum) para evitarmos, inclusive, vieses ideológicos em nossas pesquisas. No Quadro 1, podemos encontrar essas diferenças de forma mais evidente. QUADRO 1 – Dicotomia entre conhecimento científico e senso comum Conhecimento Científico Senso Comum Foco no real - Atenção aos fatos. Foco no Valorativo - Enviesado nos valores de quem está construindo o conhecimento. Contingencial - A veracidade ou falseabilidade é determinada por experiência. Reflexivo - Não se reduz a uma formulação no geral. Sistemático - Forma uma rede de ideias e não conhecimentos desconexos e dispersos (Sujeito e Objeto). Assistemático - Baseia-se na organização de quem constrói o conhecimento, sem uma sistematização das ideias que expliquem fenômeno (Sujeito x Objeto). Verificável - Somento o que é passível de verificação ou demonstração é aplicado no contexto da ciência. Verificável - Limitado ao contexto do cotidiano de quem está construindo o conhecimento (pesquisador). Falível e inexato - Conforma-se com a aparência e Falível e aproximadamente exato - Não se vê definitivo, absoluto ou imutável. Uma Teoria já existente pode ser estética do que ouvimos sobre um objeto ou fenômeno. exposta a reformulações através de novas técnicas e Não possibilita a formulação de hipóteses além das percepções já existentes. pressupostos. Fonte: Adaptado de Prodanov e Freitas (2013, p. 23), com base em Lakatos e Marconi (2007, p. 77). Assim, podemos perceber que a construção do conhecimento abarca, em algum momento, um ponto de vista e um lugar social do pesquisador e da sociedade. Portanto, o conhecimento constitui quatro tipos de pressupostos, segundo Pereira et al. (2018, p.15-16): 2.1. Conhecimento Científico Engloba todas as informações e fatos que foram comprovados com base em análises e testes cientificos. Para isso, no entanto, o objeto analisado deve passar por uma série de experimentações e análises que atestam ou refutam determinada teoria. O conhecimento científico está relacionado com a lógica e o pensamento crítico está relacionado com a lógica e o pensamento crítico e analítico. Representa o oposto do conhecimento empírico (popular) e do senso comum. 2.2. Conhecimento Popular (Senso Comum) ou Empírico Esse tipo de conhecimento surge a partir da interação e observação do ser humano com o ambiente que o rodeia. Por ser baseado nas experiências, o conhecimento empírico não costuma aoresentar legitimidade da comprovação científica. Ao contrário do conhecimento científico, não há uma preocupação em refletir criticamente sobre o objeto de observação, limitando-se apenas a dedução de uma ação. Justamente por ser aquirido unicamente por observação e com base em deduções simples, o conhecimento popular é, muitas vezes, sucestível a erros. 13 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública 2.3. Conhecimento Teológico ou Religioso Este tipo de conhecimento está baseado na fé religiosa, acreditando que esta é a verdade absoluta e apresenta todas as explicações para os mistérios que rondam a mente humana. Não há necessidade de verificação científica para que determinada “verdade” seja aceita sob a ótica do conhecimento religioso. 2.4. Conhecimento Filosófico Representa um meio-termo entre o conhecimento científico e o empírico, pois nasce a partir da relação do ser humano com o seu cotidiano, mas baseado nas reflexões e especulações que este faz sobre todas as questões imateriais e subjetivas. Esse tipo de conhecimento foi construído devido a capacidade do ser humano de refletir. Mesmo sendo de natureza racional, o conhecimentofilosófico dispensa a comprovação científica, uma vez que o objeto de análise deste não consiste em coisas materiais. É graças ao conhecimento filosófico que são construídas ideias, conceitos e ideologias que buscam explicar, de modo racional, diversas questões sobre o mundo e a vida humana. No próximo capítulo vamos estudar as etapas que constituem a Metodologia da Pesquisa Científica e dos Trabalhos Científicos, desde os Projetos de Pesquisa, de Modalidade dos Trabalhos Científicos à Normatização dos Trabalhos Científicos com enfoque no Trabalho de Conclusão do Curso (TCC). Vamos também estudar e compreender sobre a Pesquisa Científica. 14 Unidade 2: Métodos científicos e a pesquisa científica 1. Métodos da Pesquisa Científica Antes de partirmos para os Fundamentos da Pesquisa Científica, é importante ressaltar que todas as nossas escolhas pelos procedimentos que adotamos em nossos estudos acadêmicos têm uma base de orientação metodológica para a construção da ciência, também denominada epistemologia, que, de uma forma simples de tradução, remete à construção do conhecimento. Portanto, apenas como ilustração, vamos entender um pouco mais sobre os métodos de pesquisa, que podem ser divididos em duas categorias: 1.1. Quanto à abordagem – bases lógicas • Método dedutivo A partir de princípios, leis ou teorias consideradas verdadeiras e indiscutíveis, prediz a ocorrência de casos particulares com base na lógica. Todo homem é mortal. Pedro é homem. Logo, Pedro é mortal. Prodanov e Freitas (2013, p. 27) • Método indutivo É um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular para uma questão mais ampla: Pedro é mortal. Antônio, João, Carlos, Paulo... e Pedro são homens. Logo, (todos) os homens são mortais. Prodanov e Freitas (2013, p. 28-29) • Método hipotético-dedutivo O método hipotético-dedutivo inicia-se com um problema ou uma lacuna no conhecimento científico, passando pela formulação de hipóteses e por um processo de inferência dedutiva, o qual testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela referida hipótese. Problema> Hipóteses> Dedução de consequências observadas> Teste de hipóteses> Corroboração Prodanov e Freitas (2013, p. 33) 15 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública • Método dialético O método dialético parte da premissa de que, na natureza, tudo se relaciona, transforma-se e há sempre uma contradição inerente a cada fenômeno. Neste tipo de método, para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus aspectos, suas relações e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo no mundo está sempre em constante mudança. Prodanov e Freitas (2013, p. 35) • Método Fenomenológico O método fenomenológico não é dedutivo nem empírico. Consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer esse dado, visando apenas o dado, o fenômeno, não importando sua natureza real ou fictícia. Prodanov e Freitas (2013, p. 36) 1.2. Quanto aos procedimentos – meios técnicos • Método Histórico No método histórico, o foco está na investigação de acontecimentos ou instituições do passado, para verificar sua influência na sociedade de hoje; considera que é fundamental estudar suas raízes visando à compreensão de sua natureza e função. Prodanov e Freitas (2013, p. 36-37) • Método Experimental O método experimental consiste, especialmente em submeter os objetos de estudo à influência de certas variáveis, em condições controladas e conhecidas pelo investigador, para observar os resultados que a variável produz no objeto. Prodanov e Freitas (2013, p. 37) e Gil (2008) • Método Observacional O método observacional é um dos mais utilizado nas ciências sociais e apresenta alguns aspectos interessantes. “Por um lado, pode ser considerado como o mais primitivo e, consequentemente, o mais impreciso. Mas, por outro lado, pode ser tido como um dos mais modernos, visto ser o que possibilita o mais elevado grau de precisão nas ciências sociais.” Prodanov e Freitas (2013, p. 37) e Gil (2008, p. 16) • Método Comparativo O método comparativo, ao ocupar-se das explicações de fenômenos, permite analisar o dado concreto, deduzindo elementos constantes, abstratos ou gerais nele presentes. Prodanov e Freitas (2013, p. 38) 16 Metodologia Científica • Método Estatístico Com base na utilização de testes estatísticosm possibilita-se determinar, em termos numéricos, a probabilidade de acerta de determinada conclusão, bem como a margem de erro de um valor obtido. Prodanov e Freitas (2013, p. 38) • Método Clínico O método clínico baseia-se numa relação profunda entre pesquisador e pesquisado. “É utilizado, principalmente, na pesquisa psicológica, cujos pesquisadores são indivíduos que procuram o psicólogo ou o psiquiatra para obter ajuda.” Prodanov e Freitas (2013, p. 39) e Gil (2008, p. 17) • Método Monográfico O método monográfico tem como princípio de que o estudo de um caso em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou mesmo de todos os casos semelhantes. Esses casos podem ser indivíduos, instituições, grupos, comunidade, etc. Prodanov e Freitas (2013, p. 39) 2. Fundamentos da Pesquisa Científica Durante toda a nossa vida, em algum momento, fomos submetidos ou levados a pesquisar alguma coisa, seja o preço de um celular novo, de um pacote de viagem, daquela roupa ou acessório que viu na vitrine de uma loja... Enfim, sempre estamos pesquisando algo no sentido de buscar saciar a nossa curiosidade ou necessidade. No entanto, quando falamos de pesquisa científica, estamos tratando de outra natureza, diferentemente daquela em que buscamos obter algo para nós mesmos ou para sustentar o senso comum. A pesquisa científica visa à construção do conhecimento em prol do desenvolvimento da ciência. Através da pesquisa somos levados a conhecer a origem e os porquês da existência de muitas coisas, a construir nossas concepções sobre elas, a partir do conhecimento adquirido por meio da pesquisa. E o que nos move em direção à busca pelo conhecimento? A curiosidade. Em um sentido amplo, a pesquisa é utilizada para: Figura 2 – Preceitos da Pesquisa Fonte: Adaptado de Bortolozzi e Bertoncello (2012, p. 43). 17 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública Para realizar uma pesquisa científica, o pesquisador precisa estar convencido a destinar os seus esforços na busca e construção de conhecimento. Para isso, é preciso, antes de tudo, estar motivado a resolver situações e problemas a partir de hipóteses. É muito comum na ciência, que os pesquisadores desenvolvam proposições e/ou suposições que direcionem as suas experimentações, a fim de testarem, validarem ou falsearem os fenômenos e observações que transcenderam as suas inquietações (BRUYNE et al., 1991; LAVILLE; DIONNE, 1999; CHAUÍ, 2006; JAPIASSU, 2007; BORTOLOZZI; BERTONCELLO, 2012). Quando as hipóteses são confirmadas, verdadeiras ou falsas, é possível que os resultados da pesquisa gerem teorias e leis ou contribuam com a compreensão das já existentes. Esse processo é cíclico, pois fazer ciência através da pesquisa requer uma estrutura de conhecimento na qual as hipóteses estão sempre emergindo com o decorrer do tempo. A pesquisa, como processo de construção de conhecimento, tem uma tríplice dimensão: uma dimensão propriamente epistêmica, uma vez que se trata de uma forma de conhecer o real; uma dimensão pedagógica, pois é por intermédio de sua prática que ensinamos e aprendemos significativamente; uma dimensão social, na medida em que são seus resultados que viabilizam uma intervenção eficaz na sociedade (SEVERINO, 2007, p. 26). Neste caso, cabe ao pesquisador atuar com o máximo de imparcialidade possível, evitando vieses ideológicos e juízos de valor durante a análise e interpretação dos resultados coletados durante a sua pesquisa. Portanto, para que os seus resultados sejam confiáveis e auferirem credibilidade científica, é preciso documentar todos os procedimentos utilizados na pesquisa, relativos às fontes de dados e ao rigor das análises. Lembre-se: “A pesquisa sempre parte de um problema, de uma interrogação, uma situação para a qual o repertório de conhecimento disponível não gera resposta adequada” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 43). Portanto, podemos afirmar que pesquisa significa procurar pelo conhecimento, motivada pela curiosidade, refletida na indagação e na ação (MINAYO, 2011). Pesquisar também exige planejamento, pois requer do pesquisador tempo, espaço e recursos disponíveis, necessários e acessíveis para a sua realização. Assim como em qualquer trabalho, a pesquisa exige ética e moral do pesquisador. Estamos imersos em uma infinidade de tecnologias no campo das ciências, que podem provocar uma grande difusão no conhecimento científico, como as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), presentes na internet. Por isso, é preciso que o pesquisador seja ético para não manipular os seus resultados, utilizando, para isso, estratégias e ferramentas não confiáveis, disponíveis na web. Se as nossas pesquisas dependerem da contribuição e participação de seres vivos, diga-se aqui, seres humanos, a situação ainda é mais significativa, pois exigirá cada vez mais uma conduta moral do pesquisador frente ao seu objeto de pesquisa (as pessoas). Cuidados com a forma de abordagem, as ideologias e crenças, a imparcialidade e a interpretação dos dados coletados são muito importantes para se fazer uma pesquisa com propriedade científica. Cabe lembrar que toda pesquisa realizada com seres humanos deve passar pelo crivo do Comitê de Ética em Pesquisas (CEPs), conforme previsto pela Resolução CNS 196 (1996). Assim, todo o processo da pesquisa deverá ser protocolado e acompanhado juntamente com o setor acadêmico (Instituição) ao qual o pesquisador pertence. 18 Metodologia Científica Podemos afirmar, portanto, que a pesquisa científica, segundo Prodanov e Freitas (2013), pode ser: Existem diversas formas de se fazer pesquisas científicas. O que diferenciará uma pesquisa de outra será a sua natureza, a sua abordagem, o seu objetivo geral e as técnicas e procedimentos utilizados. Figura 3 – Tipos de Pesquisa Fonte: Adaptado de Prodanov e Freitas (2013, p. 51), com base em Silva (2004). 19 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública 3. Conhecendo os Tipos da Pesquisa Científica Vamos analisar, a seguir, cada tipo de pesquisa científica, a começar pela sua Natureza. 3.1. Quanto à natureza • Pesquisa de natureza básica Uma pesquisa pode ser básica, quando seu objetivo for produzir conhecimentos, ou desenvolver teorias, sem a necessidade de aplicação prática para resultados previstos, uma vez que ela (a pesquisa de natureza básica) envolve verdades e interesses universais. Esse tipo de pesquisa é muito frequente em trabalhos científicos que buscam contribuir ou complementar determinado assunto, visando divulgá-lo ou difundi-lo, sem pretensões práticas. • Pesquisa de natureza aplicada Uma pesquisa aplicada envolve a produção de novos conhecimentos para aplicação prática às necessidades humanas, visando solucionar problemas reais e específicos, uma vez que envolve verdades e interesses locais. Como exemplo, podemos citar as pesquisas em busca de vacinas contra o HIV, a Covid-19, malária, dengue, sarampo, etc. 3.2. Quanto à abordagem do problema Agora, vamos analisar a pesquisa de acordo com a forma de abordagem do problema. O tipo de abordagem que o pesquisador utilizar vai depender do modo pelo qual será utilizado o método mais adequado para se chegar às causas do problema. • Pesquisa quantitativa A pesquisa quantitativa busca explicar as causas e as consequências interrelacionadas aos fenômenos, a partir da confirmação ou negação de uma hipótese, de forma quantificável. Habitualmente, é realizada por meio de coleta ou levantamento de dados de forma sistematizada, as análises estatísticas. Essas análises possibilitam converter dados em números, para se chegar às conclusões. Na pesquisa quantitativa, o pesquisador raramente se envolve com o objeto da pesquisa. Portanto, para iniciar a pesquisa, é fundamental que as variáveis estejam bem definidas, tendo em vista que serão utilizados cálculos estatísticos que requerem o máximo de precisão possível, comumente por meio de percentagem, média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente, variância, desvio padrão, correlação, análise de regressão, entre outros. A planilha eletrônica é uma espécie de guia para os pesquisadores em pesquisas quantitativas. É na planilha eletrônica que os dados são organizados após a coleta de dados. Em pesquisas que necessitem de respostas de outras pessoas, o questionário é o mais utilizado para o levantamento de dados, geralmente contendo opções de escolha de respostas, faixas da variação ou graus de relevância das variáveis mensuráveis na pesquisa. Portanto, podemos afirmar que a pesquisa quantitativa enfatiza a representação numérica, onde tudo pode ser transformado, medido e reproduzido em números. Nesse caso, a pesquisa quantitativa “é apropriada para medir tanto opiniões, atitudes e preferências, como comportamentos” (BORTOLOZZI; BERTONCELLO, 2012, p. 54). 20 Metodologia Científica Recomenda-se que o pesquisador tenha um conhecimento razoável de matemática e estatística para utilizar adequadamente esse tipo de pesquisa. Quando não usar a Pesquisa Quantitativa [...] uma pesquisa quantitativa não é apropriada nem tem custo razoável para compreender “porquês”. As questões devem ser diretas e facilmente quantificáveis e a amostra deve ser grande o suficiente para possibilitar uma análise estatística confiável. Bortolozzi e Bertoncello (2012, p. 54) Entendemos, então, que a pesquisa quantitativa envolve a formulação de hipóteses que serão testadas por meio da relação entre variáveis, a fim de possibilitar maior precisão dos resultados, evitando contradições quanto às análises dos dados e às suas interpretações. • Pesquisa qualitativa A pesquisa qualitativa é caracterizada pelo processo indutivo e, portanto, está dispensada da prática quantitativa de se testar hipóteses. A ênfase está na procura de explicações relativas aos dados coletados, por meio da interpretação dos resultados, considerando que, nesse processo, a subjetividade se faz presente, pois existe uma relação entre o mundo real e o sujeito, na qual cria-se uma conexão interdependente entre a objetividade e a subjetividade, sendo esta inerente ao ser humano, tal que o processo da pesquisa não possa ser traduzido exclusivamente por dados numéricos e estatísticos (BRUYNE et al., 1991; LAVILLE, DIONNE, 1999; HÜHNE, 2002; REY, 2005). O pesquisador exerce total protagonismo na pesquisa qualitativa (FRANÇA; VASCONCELOS, 2007). Por isso, deve eliminar qualquer resíduo de hipóteses preconcebidas (enviesamentos, ideologias, juízos de valor) que possam prejudicar sua pesquisa, inevitavelmente comprometendo as suas capacidades de observação, interpretação e crítica. O pesquisador estará em um processo de interação constante com o seu objeto de pesquisa, exigindo uma densidade analítica entre os contextos teórico, acadêmico, natural e local, nos quais a pesquisa está em execução. Portanto, a pesquisa qualitativa requer uma imersão do pesquisador no locus de sua investigação (BORTOLOZZI; BERTONCELLO, 2012; PRODANOV; FREITAS, 2013). Nesse caso, entendemos que a pesquisa qualitativa seja descritiva e exploratória (MINAYO, 2011). - Descritiva: pois o pesquisador explora os traços subjetivos do objeto, geralmente constituído por um entrevistado, buscando compreender o contexto do ambiente da sua pesquisa, como os significados, as crenças, as atitudes, os valores e as aspirações dos sujeitos participantes da sua pesquisa, bem como entender como essa dinâmica interfere no desenvolvimento desse ambiente. - Exploratória: pois há a oportunidade induzida à livre manifestação sobre o assunto abordado. Portanto, a livre expressão resulta em uma gama de informações que o pesquisador precisará explorar minuciosamente, considerando que possui dados muito importantes, apesar de não precisos, contendo opiniões, comentários, expectativas, perspectivas, fatos e versões convergentes e divergentes sobre o assunto explorado. Na pesquisa qualitativa, o ambiente natural, geralmente, é a fonte direta de coleta dos dados, pois há o contato direto entre o pesquisador e o objeto do seu estudo. Nesse caso, tal abordagem exige do pesquisador um olhar e uma dedicação mais intensivos do campo escolhido e justificado para a realização da pesquisa (REY, 2005). 21 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública Cabe lembrar que, mesmo não havendo a preocupação em testar e comprovar hipóteses previamente concebidas, a pesquisa qualitativa não elimina a possibilidade de o pesquisador se embasar em um quadro teórico para direcionar a sua coleta de dados, a análise e a interpretação dos resultados. Isso é necessário, a fim de fundamentar as suas descobertas, em consonância com a literatura e com os seus próprios pressupostos (PRODANOV; FREITAS, 2013). Godoy (1995) menciona que existem vários tipos de procedimentos e técnicas que acompanham fundamentalmente a pesquisa qualitativa. No entanto, o Estudo de Caso, a Etnografia, a Pesquisa Documental e a Pesquisa-Ação são as mais difundidas entre os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa em suas pesquisas. Quando não usar a Pesquisa Qualitativa Não se deve usar pesquisa qualitativa quando o que se espera é saber quantas pessoas irão responder a uma determinada forma ou quantas terão a mesma opinião. A pesquisa qualitativa não é projetada para coletar resultados quantificáveis. [...] A pesquisa qualitativa costuma ser seguida de um estudo quantitativo. Bortolozzi e Bertoncello (2012, p. 55) É possível verificarmos na literatura que a pesquisa qualitativa se contrapõe à pesquisa quantitativa. No entanto, cabe entendermos que existe uma interrelação entre as duas abordagens, tal que uma ou outra não exerce superioridade no que tange às pesquisas (GRAY, 2014). O que define a escolha pela abordagem quantitativa, qualitativa ou quali-quanti é a forma com a qual o pesquisador pretende analisar o problema ou fenômeno da sua pesquisa. Embora difiram quanto à forma e à ênfase, os métodos qualitativos trazem como contribuição ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo, capazes de contribuir para a melhor compreensão dos fenômenos. Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo, mas não seria correto afirmar que guardam relação de oposição (NEVES, 1996, p. 2). Vejamos algumas particularidades das pesquisas quantitativas e qualitativas, para facilitar a nossa compreensão sobre qual abordagem seria mais apropriada para as nossas pesquisas. QUADRO 2: Características conceituais das abordagens Quantitativa e Qualitativa Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa Apoia-se nas filosofias positivista, comportamentalista, empirista. Apoia-se nas filosofias fenomenológica-naturalista, etnometodológica e interacionismo simbólico. Estabelece relações e explica as mudanças. Compreende fenômenos sociais segundo as perspectivas do pesquisador e dos participantes. Os métodos e processos são específicos e prédeterminados. As decisões das estratégias de investigação são rígidas. Os métodos e processos são flexíveis, o desenho da investigação é emergente, podendo ser modificadas as decisões ao longo da investigação. Apoia-se em desenhos correlacionais ou experimentais, de modo a reduzir os enviesamentos e as variáveis externas. Os métodos e processos são flexíveis, o desenho da investigação é emergente, podendo ser modificadas as decisões ao longo da investigação. O papel do pesquisador deve ser, tanto quanto possível, de afastamento. O pesquisador geralmente se insere na imensidão da situação, no locus ou no fenômeno social. Continua: 22 Metodologia Científica (Continuação) QUADRO 2: Características conceituais das abordagens Quantitativa e Qualitativa Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa As pesquisas visam, majoritariamente, permitir generalizações. As ações são fortemente influenciadas pelos contextos em que ocorrem; são generalizações concetuais. Analisam-se os dados de forma dedutiva. Analisam-se dados de forma indutiva. Recolhem-se dados para confirmar hipóteses previamente construídas. As hipóteses são confirmadas ou infiltradas a partir das experiências, dos dados e documentos interpretados pelo pesquisador. Ênfase nos resultados ou produtos da investigação. Ênfase maior no processo da investigação. Fonte: CARDOSO (2007, p. 140), com base em SEABRA (2010, p. 148). Agora, observemos as comparações das abordagens qualitativa e quantitativa, por meio das suas características estruturais. QUADRO 3: Características Estruturais das Abordagens Quantitativa e Qualitativa Ponto de Comparação Pesquisa Qualitativa Pesquisa Quantitativa Foco da pesquisa Qualidade (natureza e essência) Quantidade (quantos, quanto) Raízes filosóficas Fenomenologia, interação simbólica Positivismo, empiricismo, lógico Frases associadas Trabalho de campo, etnografia, naturalismo, subjetivismo Experimental, empírico, estatístico Metas de investigação Entendimento, descrição, descoberta, generalização, hipótese Predição, controle, descrição, confirmação, teste de hipótese Ambiente Natural, familiar Artificial, não-natural Pequena, não-representativa Grande, ampla Amostra Coleta de dados Pesquisador como principal instrumento Instrumentos manipulados (escala, (entrevista, observação) teste, questionário, etc.) Fonte: Adaptado de Prodanov e Freitas (2013, p. 71). No momento de escolher a abordagem correta para as nossas pesquisas, devemos ficar atentos, uma vez que, mesmo que existam tipos de abordagens com funções e objetivos distintos, elas não são excludentes (YIN, 2015), o que torna possível a utilização das duas abordagens na mesma pesquisa, de forma interdependente (GRAY, 2014). 3.3. Quanto aos objetivos Agora, vamos analisar a pesquisa de acordo com os seus objetivos, de caráter Exploratório, Descritivo e/ou Explicativo. • Pesquisa Exploratória Quando a pesquisa se encontra na fase preliminar, tem como finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando suas definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto. Assume, em geral, as formas de pesquisa bibliográfica e estudos de caso. Prodanov e Freitas (2013, p. 52-52) 23 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública • Pesquisa Descritiva Quando o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir neles. Visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento. Prodanov e Freitas (2013, p. 52) • Pesquisa Explicativa Quando o pesquisador procura explicar os porquês das coisas e suas causas, por meio do registro, da análise, da classificação e da interpretação dos fenômenos observados. Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos; “aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das coisas.” (GIL, 2010, p. 28). As pesquisas explicativas são mais complexas, pois, além de registrar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos estudados, têm como preocupação central identificar seus fatores determinantes. Prodanov e Freitas (2013, p. 53) 3.4. Quanto aos procedimentos Os procedimentos de uma pesquisa científica são as técnicas pelas quais coletamos e obtemos dados necessários para a operacionalizarmos. São também denominados de design ou delineamento, desde que possam expressar as ideias do modelo conceitual, a sinopse e o plano. Os procedimentos envolvem técnicas de diagramação, análise e interpretação da coleta de dados, considerando o locus onde são coletados e as variáveis envolvidas nesse processo. A seguir, vamos apresentar os procedimentos mais comuns nas pesquisas científicas, a começar pela Pesquisa Documental. • Pesquisa Documental A pesquisa documental, como o próprio nome já sugere, baseia-se em documentos. É muito comum confundirmos a pesquisa documental com a pesquisa bibliográfica, embora haja dissonâncias entre elas. A pesquisa bibliográfica se constitui das contribuições de inúmeros autores a respeito de determinado assunto ou situação. Já a pesquisa documental fundamenta-se em materiais que ainda não tiveram um tratamento analítico ou que ainda podem ser reconstituídos, conforme os objetivos da pesquisa. Utiliza fontes de informação que ainda não receberam organização, tratamento analítico e publicação, ou que podem ser reconstituídos a partir dos objetivos da pesquisa, como tabelas estatísticas, relatórios de empresas, documentos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos, fotografias, epitáfios, obras originais de qualquer natureza, correspondência pessoaç ou comercial, etc. Bortolozi e Bertoncello (2012, p. 52) 24 Metodologia Científica Cabe ressaltar que documentos são todos os tipos de registros que possam ser utilizados como fonte de informações, por meio da investigação, da observação, da leitura, da reflexão e da crítica (SÁ-SILVA et al., 2009). • Pesquisa Bibliográfica Antes de tudo, é preciso saber que toda pesquisa é bibliográfica. Isso porque em qualquer pesquisa científica somos colocados em contato direto com a maior parte de todo o material já escrito sobre o nosso assunto de interesse. Para a realização de uma pesquisa bibliográfica, precisamos seguir alguns passos imprescindíveis (PRODANOV; FREITAS, 2013), quais sejam: Quanto aos dados coletados pela internet, precisamos estar atentos à confiabilidade e procedência das fontes consultadas na web. É de suma importância que o pesquisador verifique constantemente a veracidade das informações dos dados coletados. [...] é aquela que utiliza material escrito/gravado, eletrônico ou virtual. São consideradas fontes bibliográficas os livros (de leitura corrente ou de referência, tais como dicionários, enciclopédias, anuários, etc.), as publicações periódicas (jornais, revistas, panfletos, etc.), fitas gravadas e áudios, páginas de web sites [internet], relatórios de simpósios/seminários, anais de congressos, etc. A Pesquisa Bibliográfica pode ser um trabalho independente ou uma etapa inicial de uma pesquisa. “A pesquia bibliográfica tem como finalidade colocar o pesquisador em contato com o que já se produziu a respeito do seu tema de pesquisa”. Bortolozii e Bertoncello (2012, p. 51-52) • Pesquisa experimental Na pesquisa experimental, o pesquisador observa um fato a ser estudado através de um local apropriado (em laboratório ou na pesquisa de campo), com aparelhos e instrumentos de precisão, de modo a demonstrar as causas pelas quais um fato é concebido, possibilitando um estudo de causa-efeito (MARTINS, 2000; PRODANOV; FREITAS, 2013). 25 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública [...] quando um fato ou um fenômeno da realidade é reproduzido de forma controlada, com o objetivo de descobrir os fatores que o produzem ou que por ele são produzidos. São geralmente feitos por amostragem, onde se considera que os resultados válidos para uma amostra (ou conjunto de amostras) serão, por indução, válidos também para o universo. Bortolozzi e Bertoncello (2012, p. 53) Esse tipo de pesquisa é mais comum nas ciências tecnológicas e biológicas, pois seu objetivo é demonstrar “como” e “por que” um fato é concebido. Embora comumente realizada em laboratório, a pesquisa experimental também pode ser utilizada nas ciências humanas e sociais, tendo em vista que o pesquisador observa e faz o seu experimento em campo (PRODANOV; FREITAS, 2013). • Pesquisa operacional Essa pesquisa é comumente aplicada para controle e produção de estoques; em processos e operações de manufatura, em projetos e desenvolvimento de novos produtos, na engenharia e manutenção de fábricas, na administração de recursos humanos, na gestão de vendas, etc. (BORTOLOZZI; BERTONCELLO, 2012). [...] investigação sistemática dos processos de produção. Usa ferramentas estatísticas e métodos matemáticos. Visa selecionar meios de produção [e recursos], comparando custos, eficiência e valores. Bortolozzi e Bertoncello (2012, p.53) • Pesquisa de Campo A pesquisa de campo está mais fortemente relacionada à observação do que à interrogação (GIL, 2008). Portanto, cabe ao pesquisador coletar os dados de forma mais fiel possível, a fim de evitar alteração daquilo que foi observado. Feito isso, inicia-se o processo de análise e interpretação dos dados coletados, buscando aproximar os seus estudos com base em uma fundamentação teórica, previamente levantada na pesquisa bibliográfica. Assim, torna-se mais consistente a interpretação e explicação do problema e o fenômeno observado em campo (VERGARA, 2009). A coleta de dados é efetuada em campo, no qual ocorrem espontaneamente os fenômenos. É desenvolvida principalmente nas Ciências Sociais (Sociologia, Psicologia, Política, Economia, Antropologia). Resumidamente, suas características são: • • É onde acontecem os fatos/fenômenos/processos; É onde se faz a coleta de dadods e as observações do(s) fatos/fenômenos/processos in natura; Bortolozzi e Bertoncello (2012, p. 56) Dependendo do tema e das técnicas adotadas à sua natureza, a pesquisa de campo pode ser adotada como uma abordagem quantitativa e/ou qualitativa. Isso porque, na abordagem quantitativa, o pesquisador apenas descreve os fatos e situações, não levando em conta a complexidade da realidade social a qual se expõe (MARTINS, 2000). 26 Metodologia Científica Portanto, a pesquisa de campo é ideal para: - “conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta; - de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou - descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 59). • Estudo de caso O estudo de caso refere-se a uma pesquisa bastante complexa e exaustiva, pois exige grande dedicação do pesquisador, que estudará um ou mais objetos, simultaneamente, permitindo amplo e detalhado conhecimento acerca deles. Também é considerado como metodologia aplicada, pois as pesquisas utilizadas através do estudo de caso estão mais voltadas para a aplicação imediata de conhecimentos adquiridos, em consonância com o desenvolvimento de teorias (GIL, 2008; YIN, 2015). Para realizar esse desafio, com êxito, o pesquisador também deve estar preparado para fazer uso de várias fontes de evidência, que precisam convergir, oferecendo, desse modo, condições para que haja fidedignidade e validade dos achados por meio de triangulações de informações, de dados, de evidências e mesmo de teorias. Para desenvolver sua investigação, o pesquisador deve levar em conta um conjunto de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados, eventos que ocorrem, paralelamente, ao longo de toda o processo investigativo (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 64). Entre as estratégias utilizadas no estudo de caso, cita-se a triangulação de dados, de informações, evidências ou teorias. Dessa forma, o resultado da análise de um estudo de caso feito com triangulação dos dados obtidos pelo pesquisador, antes, durante e após a coleta de dados pode oferecer um maior grau de confiabilidade ao processo investigativo. O estudo de caso consiste em coletar e analisar infomações sobre determinado indivíduo, uma familia, um grupo ou uma comunidade, a fim de estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o assunto da pesquisa. É um tipo de pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, entendido como uma categoria de investigação que tem como objetivo o estudo de uma unidade de forma aprofundada, podendo tratar-se de um sujeito, de um grupo de pessoas, de uma comunidade, etc. São necessários alguns requisitos básicos para sua realização, entre os quais, severidade, objetivação, originalidade e coerência. Prodanov e Freitas (2013, p. 60) Assim, cabe ressaltar que, “por lidar com fatos/fenômenos normalmente isolados, o estudo de caso exige do pesquisador grande equilíbrio intelectual e capacidade de observação (‘olho clínico’), além de parcimônia (moderação) quanto à generalização dos resultados” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 61). • Pesquisa-ação A pesquisa-ação é considerada uma pesquisa social de base empírica e tem estreita associação com ações para a resolução de problemas coletivos. Há um intenso envolvimento entre pesquisador e participantes diante de uma situação ou problema, de modo que se construam, de forma cooperativa e participativa, transformações no ambiente em estudo. 27 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública Neste tipo de pesquisa, tanto o pesquisador quanto os participantes, estarão envolvidos no processo de transformação da realidade dos fatos observados, geralmente a partir do campo. Portanto, a pesquisa-ação é mais do que um levantamento de dados ou análise de relatórios, geralmente arquivados. É uma dinâmica de reconfiguração do espaço e do ambiente no qual a pesquisa é realizada (THIOLLENT, 1998). Quanto ao contexto, essa pesquisa deve ser realizada em uma organização (empresa ou escola, por exemplo) na qual haja hierarquia ou grupos cujos relacionamentos sejam complexos. A pesquisa-ação pode ser organizada em meio aberto, por exemplo, bairro popular, comunidade rural, etc., e a atitude do pesquisador será de escutar e elucidar sempre os vários aspectos do problema (THIOLLENT, 1998, p. 17). Ainda, de acordo com Thiollent (1998, p. 18), por meio da pesquisa-ação “é possível estudar dinamicamente os problemas, decisões, ações, negociações, conflitos e tomadas de consciência que ocorrem entre os agentes durante o processo de transformação de situação.” [...] quando os pesquisadores e os participantes envolvem-se no trabalho de pesquisa de modo participativo ou cooperativo, interagindo em função de um resultado esperado. Pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Bortolozzi e Bertoncello (2012, p. 53-54) De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 66), com base em Thiollent (1998), a pesquisa-ação apresenta os seguintes aspectos: - Há ampla e explícita interação entre pesquisadores e pessoas implicadas na situação investigada; - Dessa interação resulta a ordem de prioridade dos problemas a serem encaminhados sob forma de ação concreta; - O objeto de investigação não é constituído pelas pessoas, mas sim pela situação social e pelos problemas de diferentes naturezas encontrados nesse caso; - O objetivo da pesquisa-ação consiste em resolver ou, pelo menos, esclarecer os problemas da situação observada; - Há, durante o processo, acompanhamento das decisões, das ações e de toda a atividade intencional dos atores da situação; - A pesquisa não se limita a uma forma de ação (risco de ativismo) [frequentemente relacionada aos pesquisadores]: pretendemos aumentar o conhecimento dos pesquisadores e o conhecimento ou o “nível de consciência” das pessoas e dos grupos considerados. Por fim, precisamos tomar cuidados ao utilizar a pesquisa-ação em nossas pesquisas. Isso porque a imersão do pesquisador no ambiente ou objeto de pesquisa tende a (re) moldar as suas concepções em relação à pesquisa científica, face ao seu constante envolvimento com os participantes e com o próprio ambiente da pesquisa. Caso contrário, corre-se o risco de o pesquisador passar a olhar para o locus da sua pesquisa através das lentes dos participantes da sua pesquisa, em detrimento do arcabouço teórico ao qual ele se fundamentou como base, a priori. 28 Metodologia Científica • Pesquisa (observação) participante A pesquisa ou observação participante é caracterizada pela interação entre os pesquisadores e os participantes da pesquisa, a partir das situações investigadas. Pode ser facilmente confundida com a pesquisa-ação; todavia, na pesquisa participante, o pesquisador busca, por meio do contato direto com o fenômeno observado, obter informações sobre a realidade dos sujeitos participantes em seu ambiente. Em contrapartida, na pesquisa-ação, o pesquisador desempenha papel ativo na consecução de ações, no acompanhamento e na avaliação dessas ações, visando à solução dos problemas coletivos encontrados. Essa pesquisa, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. A descoberta do universo vivido pela população implica compreender, numa perspectiva interna, o ponto de visão dos indivíduos e dos grupos acerca das situações que vivem. Prodanov e Freitas (2013, p. 57) A pesquisa participante apresentas coordenadas metodológicas menos rígidas, pois há uma flexibilidade em sua adaptação aos mais diversos contextos e situações, facilitando ou promovendo a alteração de determinadas etapas da pesquisa ou, até mesmo, eliminar algumas delas. De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 69), as coordenadas da pesquisa participante decorrem dos seguintes pressupostos metodológicos: - A metodologia e o pesquisador não se separam. Somente ele conhece suas aptidões e como as coloca a serviço das causas do setor popular onde está inserido; - A metodologia não se separa dos grupos sociais com quem se realiza a pesquisa. Uma metodologia para pesquisa com trabalhadores rurais será diferente da utilizada com trabalhadores urbanos; a metodologia para trabalho com diferentes grupos étnicos terá particularidades específicas, etc.; - A metodologia varia, evolui e transforma-se, segundo as condições políticas locais ou a correlação das forças sociais. Uma metodologia para ser utilizada por um grupo popular explorado e desorganizado contra um adversário forte é diferente daquela utilizada por um grupo popular forte e organizado; - A metodologia depende da estratégia global de mudança social adotada e das táticas em curto e médio prazo. • Pesquisa Ex-Post-Facto A pesquisa ex-post-facto ou ‘a partir de depois do fato’ tem como principal objetivo explicar ou entender um fenômeno ou fato após a sua ocorrência. Para isso, o pesquisador faz diversas inferências sobre as possíveis relações entre as variáveis dependentes e independentes, a fim de levantar hipóteses relacionadas às causas e efeitos, que deverão ser comprovadas pelos fatos já ocorridos. Esse tipo de pesquisa é muito comum no trabalho de investigação da polícia, na obtenção de desvendar crimes por meio da análise minuciosa das cenas em questão. Também são utilizadas pelos médicos legistas, a fim de desvendar causas de mortes ou fornecer laudos que ajudem a analisar o que ocorreu durante um crime, etc. 29 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública [...] significa literalmente “a partir de depois do fato”. Trata-se de uma pesquisa experimental que, após o fato ou fenômeno ter ocorrido, tenta explicá-lo ou entendê-lo. Resumidamente, suas características são: • Investigação sistêmica e empírica. O pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independetes porque: • • já ocorreram suas manifestações; São intrinsecamente não manipuláveis. Bortolozzi e Bertoncello (2012, p. 54) Outros procedimentos são amplamente utilizados nas pesquisas científicas. Por exemplo: Etnografia, Análise de Conteúdo e Análise do Discurso: • Etnografia A pesquisa etnográfica visa ao “estudo e descrição de um povo, sua língua, raça, religião e cultura” (BORTOLOZZI; BERTONCELLO, 2012, p. 57). Pode utilizar a pesquisa (observação) participante e também a pesquisa-ação. A maior preocupação da etnografia é obter uma descrição densa, mais completa possível, sobre o que um grupo particular de pessoas faz e o significado das perspectivas imediatas que eles têm do que eles fazem. Mattos (2001, p. 2) • Análise de conteúdo Por meio da análise de conteúdo, o pesquisador poderá construir uma análise dos resultados de forma qualitativa. Nesse sentido, as fases da análise de conteúdo realizadas na pesquisa deverão estar organizadas, cronologicamente, em: - pré-análise – identificação e pré-seleção dos documentos a partir da busca e da leitura superficial deles; - exploração do material – análise e seleção final do material por meio da leitura completa dos documentos; e - tratamento dos resultados – aplicação de tratamento quantitativo, quando necessário, com interpretação qualitativa do material selecionado na fase de exploração (BARDIN, 2014). A análise de conteúdo é considerada uma técnica para o tratamento de dados que visa a identificar o que é emitido a respeito de determinado tema, característica que torna convergente aos objetivos desta pesquisa. Toda análise de conteúdo deve basear-se em uma definição precisa dos objetivos da pesquisa, os quais variam em cada análise e condicionam a diferença das técnicas utilizadas. A análise de conteúdo é fundamentals para o estudo das motivações, das atitudes, dos valores, das crenças e tendências. Vergara (2006) e Richardson (1999) 30 Metodologia Científica • Análise do discurso É uma técnica que considera a linguagem como uma prática social e busca compreender traços naturais do discurso, bem como o contexto discursivo para explicação de fenômenos. Aborda a manifestação do discurso em três dimensões: texto, prática discursiva e prática sociocultural, considerando como relevante a especificidade social como instrumento e vetor da mudança (FAIRCLOUGH, 2003). Analisam-se os discursos realizados por meio de entrevista ou documentação, buscando o que está por detrás deles, nas entrelinhas. Trata-se de compreender criticamente o sentido manifesto e o sentido oculto das comunicações. Matos (2017) No próximo capítulo, vamos estudar os trabalhos científicos, aprendendo o que são e como fazer um Trabalho de Conclusão de Concurso (TCC). 31 Unidade 3: Trabalhos científicos: Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) 1. Trabalhos científicos Trabalhos científicos acadêmicos “consistem em escritos que resultam do desenvolvimento de pesquisas realizadas tanto em curso de graduação quanto em pós-graduação” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 143). Estruturar e produzir um trabalho científico é uma tarefa que depende do cumprimento de uma série de determinações, as quais irão possibilitar ao pesquisador expor e desenvolver, de maneira articulada e organizada, o seu estudo para todos os leitores interessados. Um texto científico está assentado, basicamente, num tripé formado pelos chamados “elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais”, os quais iremos estudar mais detalhadamente nesta Unidade. Conhecer essa estrutura irá ajudá-lo muito na hora de redigir seus próprios textos (BIROCHI, 2015, p. 117). Para elaborar um trabalho científico é preciso seguir normas e regras. No contexto brasileiro, utiliza-se a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). De acordo com o site institucional da Associação, a “ABNT é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras (ABNT NBR), elaboradas por seus Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE)” (ABNT, 2020, p. 1). Saiba mais: Para consultar a ABNT acesse: http://www.abnt.org.br/. Os trabalhos acadêmicos também podem ser chamados de documentos científicos. Há diversos tipos de documentos científicos, que vão de resumos a teses de doutorado, como os citados por Pereita et al. (2018): - Resenha - Resumo - Relatório técnico ou de pesquisa - Artigos científicos - Ensaios - Trabalhos de conclusão de curso - Projetos de graduação - Monografia - Dissertações de mestrado - Teses de doutorado 32 Metodologia Científica Documentos científicos ou acadêmicos - são trabalhos escritos que seguem normas específicas para serem apresentados em algum curso, instituição ou evento. 1.1. Entendendo os documentos científicos • Resumo Consiste em sintetizar todas as ideias principais do tema do texto, do artigo, do capítulo ou da obra. O resumo deve ser livre de todo comentário pessoal e não formular críticas ou julgamento de valor, pois é mero trabalho de síntese (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 146). • Resenha: Para Prodanov e Freitas (2013), a resenha Situa-se no segundo nível do trabalho científico, pois não consiste puramente em sintetizar um texto, artigo, capítulo ou uma obra, mas a apresentação condensada do seu conteúdo, acompanhada de comentários críticos, isto é, de uma apreciação crítica valorativa do conteúdo e da exposição de determinada questão (Ibidem, 2013, p. 151). • Dissertação: Para Pires et al. (2019), a dissertação é Documento que apresenta o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor), visando à obtenção do título de mestre (Ibidem, 2019, p. 13). • Tese: Para Pires et al. (2019), a tese é Documento que apresenta o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e bem delimitado; deve ser elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão; é feito sob a coordenação de um orientador (doutor) e visa à obtenção do título de doutor, ou similar (Ibidem, 2019, p. 13). • Trabalho de Conclusão de Curso (TCC): Para Pires et al. (2019), o Trabalho de Conclusão de Curso é Documento que apresenta o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa, e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador (Ibidem, 2019, p. 13). 33 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública Segundo esses autores, essas definições foram apontadas segundo a ABNT (NBR 14724/2011 Informação e documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação). 2. Trabalho de conclusão de curso (TCC) O TCC deve conter requisitos básicos de um trabalho científico. Esses requisitos podem ser observados pelo Esquema de 5W2H, apresentado no Quadro 4. QUADRO 4: Esquema de um Trabalho de Conclusão de Curso Tipo Método 5W2H Descrição Assunto O quê? 1. Título 2.1. Objetivo geral Objetivo Para quê? Justificativa Formulação do problema 2.2. Objetivos específicos (listar os objetivos operacionais) 3. Justificativa Por quê? Hipóteses 4. Formulação do problema 5. Hipóteses 6. Metodologia 6.1. Métodos de abordagem Método Como? 6.2. Métodos de procedimentos 6.3. Tipos de pesquisa 6.4. Técnicas Local Onde? 7. Delimitação da pesquisa (onde a pesquisa vai ser feita ou aplicada) Fonte: Prodanov e Freitas (2013, p. 151). 2.1. Estrutura do TCC Um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é dividido em três elementos: - Elementos pré-textuais. - Elementos textuais. - Elementos pós-textuais. Cada elemento deve abranger o corpo do trabalho, apontando os esforços obtidos desde a escolha do tema, a construção teórica e metodológica, as discussões e a análise dos dados, para enfim, chegar às conclusões. Segundo Emmendoerfer (2019), o TCC apresenta a seguinte estrutura: 34 Metodologia Científica QUADRO 5: Estrutura do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) Pré-textuais { Título Resumo Palavras-chave Abstract Key-words 1. Introdução Tema, problematização e questão de pesquisa: Contextualização e definição da área, tema e problema a ser estudado Menção da organização-alvo e seu ambiente Alcance/limites da pesquisa - enfoque A questão de pesquisa é feita em forma de pergunta Objetivos: Geral: Define a finalidade do estudo Específicos: Operacionalizam o objetivo geral Justificativa: Teórica e prática para a área de administração Em relação a oportunidade, relevância e viabilidade da pesquisa Estrutura do trabalho: Breve descrição dos tópicos seguintes 2. Fundamentos Teóricos Os subtópicos serão estruturados com base na área, tema e problema As categorias de análise são os principais sub-tópicos a serem expostos Pesquisar conceitos teóricos e métodos de especialistas da área Descrever, rever, comparar, criticar a literatura sobre o tema 3. Procedimentos Metodológicos Delineamento da pesquisa: Tipos de pesquisa a serem utilizados - de acordo com o objetivo geral Texto Métodos e instrumentos de coleta de dados: Definição da área funcional, população/universo e amostra do estudo Descrever os instrumentos de coleta de dados adequados da pesquisa Técnicas de análise de dados: Apresentar a(s) forma(s) que serão tratados/ analisados os dados a serem obtidos Limitações da pesquisa: Descrever as dificuldades/barreiras encontradas ao longo da pesquisa 4. A pesquisa Teórico - (Empírica ou Reflexiva) O contexto (em estudo): Caracterização e descrição do ambiente, mercado e/ou organização(ões) em estudo Apresentação, discussão e análise dos dados: Tudo que se referir aos dados coletados na organização - fontes primárias 5. Conclusões e Considerações Finais Resultados: Confronto entre os resultados obtidos no Tópico 4.2 e os objetivos específicos Demonstrar a contribuição do seu trabalho para o curso/profissão que está se formando Destaques: Os resultados mais importantes podem ser descritos aqui (opcional) Recomendações: Sugestões para futuras pesquisas sobre a área/tema Pós-textuais { Referências: Fontes secundárias dados - utilizadas durante a elaboração do texto Anexos: Documentos de terceiros necessários para complementar o texto Apêndices: Documentos de elaboração própria para complementar o texto Fonte: Emmendoerfer (2019, p. 19). 35 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública • Elementos pré-textuais De acordo com as normas gerais da pós-graduação da UFV, o TCC deverá conter: - Capa. - Primeira folha interna (página de rosto), com: • Autoria. • Título do Trabalho de Conclusão. • Nota explicativa de que se trata de um Trabalho de Conclusão, mencionando o programa de pós-graduação, a universidade e o grau pretendido, comissão orientadora. • Local e ano de aprovação do trabalho. Figura 7: Modelo de capa (ABNT NBR 14724/2011) Fonte: Pires et al. (2019, p. 16). 36 Metodologia Científica Figura 8: Modelo de folha de rosto (ABNT NBR14724/2011) Fonte: Extraído e adaptado de Pires et al. (2019, p. 16). - Segunda folha interna, contendo: • As três primeiras partes do item anterior (retirando a comissão orientadora). • A data da aprovação do Trabalho de Conclusão. • Os nomes e as assinaturas do(a) orientador(a) e autor(a) do TCC. 37 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública Figura 9: Modelo de folha de aprovação (PPG-UFV) Fonte: Extraído e adaptado de Pires et al. (2019, p. 22). - São opcionais as páginas adicionais de: i) Dedicatória; ii) Agradecimentos; iii) Biografia do autor e; iv) Lista de símbolos, Figuras, Quadros e Tabelas. - Folha(s) em que conste(m) o resumo em português e o abstract em Inglês. Ambos os textos serão precedidos por um cabeçalho, contendo: • Sobrenome do Autor do TCC, seguido de seus demais nomes, por extenso. • Abreviatura do título acadêmico obtido (Esp.). • Nome da Instituição que conferiu o título (Universidade Federal de Viçosa). • Mês e ano da aprovação do TCC. • Título do Trabalho (exatamente como aparece na página de rosto). • Nome completo do orientador e dos coorientadores (caso existam). • No cabeçalho, usar espaçamento simples entre as linhas. • No corpo do resumo, é recomendado o uso de parágrafo único e espaçamento 1,5 entrelinhas. • Recomenda-se o uso de até 5 palavras-chave. 38 Metodologia Científica - Folha(s) de conteúdo (SUMÁRIO). Figura 10 – Modelo de sumário (ABNT NBR 6027/2012) Fonte: Pires et al. (2019, p. 35). 2.2. Elementos textuais Os elementos textuais são distribuídos em Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. • Introdução De acordo com Pires et al. (2019, p. 37), a Introdução é a “parte inicial do texto, onde devem constar a delimitação do assunto tratado, objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho”. 39 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública Lembre-se: “Acima de tudo, é fundamental que o assunto definido para a pesquisa seja relevante, que seu estudo apresente alguma utilidade, alguma importância prática ou teórica” (EMMENDOERFER, 2019, p. 5). Portanto, a Introdução deve conter a delimitação do Tema, contextualizando uma Problematização que levará à questão norteadora ou problema de pesquisa. Especificamente em relação ao problema de pesquisa, Marconi e Lakatos (1986) entendem que [...] é uma dificuldade teórica ou prática, no conhecimento de alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma solução. Definir uma questão de estudo significa especificá-lo em detalhes precisos e exatos. Na formulação de uma questão de estudo, deve haver clareza, concisão e objetividade. É um processo contínuo de pensar reflexivo, cuja formulação requer conhecimento prévio do assunto (materiais informativos), ao lado de uma imagem criadora (Ibidem, 1986, p. 24). Na Introdução, é importante que se destaque as possíveis contribuições para a administração pública e o que se espera com os resultados que se pretende alcançar, seja por meio de respostas às hipóteses (no caso de trabalhos quantitativos) seja de pressupostos (no caso de trabalhos qualitativos ou ambos). Recomenda-se que também sejam apresentados “os procedimentos metodológicos básicos (métodos, técnicas, instrumento de coleta de dados, etc.) e o quadro-teórico empregado, relacionando-o ao objeto de estudo. Além disso, serão informadas, de forma sintética, as partes que compõem o trabalho” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 252). Ademais, faz parte da Introdução que você apresente a Justificativa da sua proposta, destacando os motivos de escolha pelo tema, pelo objeto e pelo locus da sua pesquisa. É estabelecer as razões que direcionaram a sua definição pelo estudo. Castro (1977, p. 55) argumenta que a Justificativa deve conter os seguintes elementos: - Originalidade: como sendo o aspecto de novidade, o potencial de surpresa dos resultados da pesquisa. Em princípio, quanto mais pesquisado tenha sido um tema, menor será sua potencialidade de que os resultados de uma nova pesquisa acrescentem conhecimentos relevantes sobre o assunto. Com os temas mais complexos, porém, as pesquisas se repetem ao longo de muitas décadas. - Importância: que o tema tenha importância na medida em que apresente relevância teórica (atenção ou preocupação na literatura especializada) ou utilidade prática (capacidade de afetar, de trazer consequências para muitas pessoas). - Viabilidade: que significa a possibilidade de que a pesquisa possa ser executada, tomando-se em conta a disponibilidade de tempo, de recursos financeiros, de potenciais informações necessárias. Uma pesquisa pode ser inviável também em função do despreparo do pesquisador naquele campo de conhecimento, bem como por falta de sistematização teórica sobre aquele tema. Construído esse arcabouço, é possível que você consiga formular uma boa questão norteadora para o seu Trabalho de Conclusão de Curso. Feito isso, é recomendável que você apresente os seus Objetivos, geralmente distribuídos em Objetivo Geral e Objetivos Específicos. Lembre-se: “O objetivo geral, se atingido, dá resposta à questão. Objetivos específicos são metas de cujo atingimento depende o alcance do objetivo geral” (EMMENDOERFER, 2019, p. 6). Ainda: “Toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar” (MARCONI; LAKATOS, 1986, p.22). 40 Metodologia Científica • DESENVOLVIMENTO De acordo com Pires et al. (2019, p. 37), o Desenvolvimento é a “parte principal do texto, que contém a exposição ordenada e pormenorizada do assunto. Divide-se em seções e subseções, que variam em função da abordagem do tema e do método”. Portanto, podemos dizer que o Desenvolvimento [...] representa os capítulos do trabalho e seus títulos, subtítulos, itens e subitens criados pelo autor, devendo manter relação direta com o tema e lógica entre si. Deve conter a exposição ordenada e pormenorizada do assunto. Divide-se em seções e subseções, que variam em função da forma de abordagem dada ao tema. Pode conter material explicativo e ilustrativo (quadros, gráficos, tabelas, fotos etc.) (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 253). Geralmente, o Desenvolvimento é composto por Revisão de Literatura ou Referencial Teórico. A construção do seu texto deve ser dividida por tópicos que relacionem as ideias do seu TCC, às quais devem convergir com os autores citados no Desenvolvimento do Trabalho. O Referencial Teórico visa a uma análise mais profunda do seu objeto de estudos, amparada por teorias fundamentadas e consolidadas no meio acadêmico. Elas dão nome e razão para o seu objeto. Por exemplo: Teoria da Dissonância Cognitiva; Teoria da Ação Comunicativa; Teoria da Burocracia; Teoria dos Custos de Transação, etc. No entanto, é mais comum que os TCCs adotem a Revisão de Literatura como base para a construção do texto. Revisão de Literatura: é o “momento em que você situa seu trabalho, pois, ao citar uma série de estudos prévios que servirão como ponto de partida para sua pesquisa, você irá ‘afunilando’ sua discussão (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 79). De acordo com Emmendoerfer (2019, p. 8), a Revisão de Literatura deve seguir os seguintes preceitos: - Servir de referenciais para clarificar a questão de estudo, de ampliação e atualização do conhecimento sobre o tema, para a obtenção de uma visão global, e de subsídio para a análise dos dados coletados; - Propiciar uma argumentação cientificamente fundamentada, lógica, analítica, sistêmica e consistente; - Construir uma contribuição própria, a partir dos referenciais de outros autores, porém superando a cópia, a reprodução, aperfeiçoando assim o administrador para sair da situação passiva para a de “sujeito”, isto é, aquele que pratica a ação; - Propiciar uma fuga do senso comum, abandonando o mero fichamento de livros, anotações de leituras ou extração de partes de obras. Deve, sim, desenvolver o senso de observação e de crítica e o poder de fundamentação. Os primeiros passos para a construção de uma boa Revisão de Literatura estão no processo de seleção e leitura do pesquisador com as fontes principais que conduzirão o desenvolvimento do seu tema. Especificamente, o processo de leitura deve abranger, segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 80): - Leitura prévia ou pré-leitura: procuramos o índice ou o sumário, lemos o prefácio, a contracapa, as “orelhas” do livro, os títulos e subtítulos, pesquisando a existência das informações desejadas. Através dessa primeira leitura, fazemos uma seleção das obras que serão examinadas mais detidamente. 41 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública - Leitura seletiva: o objetivo dessa leitura é verificar, mais atentamente, as obras que contêm informações úteis para o trabalho. Fazemos uma leitura mais detida dos títulos, dos subtítulos, do conteúdo das partes e dos capítulos, procedendo a uma nova seleção. - Leitura crítica/analítica: agora a leitura deve objetivar a intelecção do texto, a apreensão do seu conteúdo, que será submetido à análise e à interpretação. - Leitura interpretativa: entendido e analisado o texto, procuramos estabelecer relações, confrontar ideias, refutar ou confirmar opiniões. Feito isso, é hora de partir para a escrita. Nesse momento, é importante que você faça, por meio da sua escrita, que os autores discutam entre si, tendo em vista que “todas as pesquisas prévias reportadas na sua revisão devem ter sido selecionadas, porque, por alguma razão, são levantes para seu trabalho. Em função disso, nessa mediação, você poderá explicar por que as cita e em que medida contribuem para a sua pesquisa” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 79). Emmendoerfer (2019, p. 10) ressalta que, nesta etapa, é comum que existam falhas de redação. Portanto, veja cada uma delas e procure evitá-las ao máximo. - A não atenção ou consulta à bibliografia sobre redação científica e normas de apresentação de trabalhos científicos - ocasiona grande parte dessas falhas de redação; - O relato se constitui uma cópia pura e simples de textos de outros autores. Em seu extremo, não há sequer uma preocupação em apresentá-lo numa ordem lógica; - Com frequência, não há subtítulos, separando conteúdos diversos e, quando há, a ausência de frases de ligação torna difícil perceber a lógica do autor; - Não raro, são incluídos textos que não têm uma ligação direta com o tema. Ou, do contrário, o texto deixa de contemplar a discussão e conceitos chaves para o tema do projeto; - Faltam citações bibliográficas - torna impossível distinguir o que é redação do autor do projeto, daquilo que é parafraseado ou mesmo copiado de outros autores; - As normas para citações e referências bibliográficas são ignoradas. Portanto, pode-se concluir que atenção e cuidado com a sua escrita são fundamentais para um bom TCC. • Metodologia ou Procedimentos Metodológicos Nessa etapa do desenvolvimento, é o momento de apresentar o percurso metodológico que o fará trabalhar com os objetos do seu estudo e chegar aos resultados desejados. Nesse aspecto, “o importante aqui é o pesquisador posicionar-se quanto ao tipo de pesquisa/base metodológica pertinente e, principalmente, expor a aplicabilidade desse tipo de pesquisa delineado em seu artigo ou trabalho de conclusão de curso” (EMMENDOERFER, 2019, p 12-13). Prodanov e Freitas (2013, p. 253) relatam que este é o capítulo que “apresenta, descreve e detalha os materiais, os métodos/procedimentos e as técnicas que foram utilizados na realização da pesquisa”. Zanella (2009) entende que os procedimentos metodológicos são frequentemente denominados de “metodologia do trabalho”. Dessa forma, a autora explica que tal procedimento deve ser 42 Metodologia Científica [...] descrito com detalhes como foi feita a pesquisa, e nele inclui-se a abordagem do estudo [teórico, teórico-empírico, qualitativo, quantitativo], o tipo de estudo, os sujeitos de pesquisa [população e amostra], as variáveis ou categorias de análise, as técnicas de coleta e a análise de dados (Ibidem, 2009, p. 140). Quanto à organização dos instrumentos que serão utilizados como investigação da proposta do estudo, Emmendoerfer (2019, p. 13) explica que esta etapa exige tempo e discernimento, pois nesse tópico “é explicitado como serão ou foram obtidos os dados necessários para responder ao problema”. Lembre-se: É indispensável que nesta etapa você justifique as suas escolhas quanto aos procedimentos escolhidos para desenvolver as suas análises acerca do seu objeto de estudo. É importante salientar que todas as escolhas devem ser plenamente justificadas, trazendo, se necessário, o que dizem os autores para tal justificativa. Assim, se você desenvolveu um estudo de caso, é muito importante justificar o porquê da escolha desse tipo de pesquisa e não uma exploratória, por exemplo (ZANELLA, 2009, p. 140). Partindo dessa concepção, Prodanov e Freitas (2013) apresentam, de forma sintética, alguns tipos de métodos e técnicas de aplicação na construção de trabalhos científicos. QUADRO 6: Modelo Metodológico de Trabalhos Científicos Métodos 1. Abordagem 2. Procedimentos Dedutivo; indutivo. hipotético-dedutivo; dialético. Histórico; comparativo;. estatístico; funcionalista; estruturalista; monográfico. Técnicas Intensiva 3. Documentação direta Extensiva Observação Sistémica; assistemática; não participante; participante; individual; em equipe; na vida real; em laboratório Entrevistas Estruturada; não estruturada; painel. Questionários Perguntas abertas; perguntas fechadas; perguntas de múltipla escolha; perguntas de fato; perguntas de intenção; perguntas de opinião. Pesquisa documental 4. Documentação indireta Arquivos públicos; arquivos particulares; fontes estatísticas; fontes não escritas. Publicações avulsas; boletins; jornais; revistas; livros; monografias. Fonte: Prodanov e Freitas (2013, p. 111-112). Pesquisa bibliográfica Em detalhes, é possível visualizar em Emmendoerfer (2019) como esses modelos e técnicas são distribuídos metodologicamente: 43 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública QUADRO 7: Tipos de projetos, técnicas e métodos Pesquisa Qualitativa Pesquisa Quantitativa Propósitos do Projeto Pesquisa Aplicada (Gerar soluções potenciais para os problemas humanos) Avaliação de resultados (julgar a efetividade de um plano ou programa) Método (delineamento) Técnicas de Coleta Técnicas de Análise - Experimento de campo - Pesquisa descritiva - Pesquisa exploratória - Entrevistas - Questionários - Observação - Testes Índices e relatórios escritos - Métodos estatísticos (frequência, correlação, associação...) - Estudo de caso - Pesquisa-ação - Pesquisa participante - Entrevistas em profundidade - Uso de diários - Observação participante - Entrevistas em grupo - Textos, documentos - Técnicas projetivas - Análise de conteúdo - Construção de teoria - (Grounded theory) Avaliação formativa (Melhorar um programa ou plano; acompanhar sua implementação) Pesquisa-diagnóstico (Explorar o ambiente; levantar e definir problemas) Proposição de planos (Apresentar soluções para problemas já diagnosticados) Fonte: Emmendoerfer (2019, p. 14), com base em Roesch (1996, p. 119). Agora vamos para a próxima etapa do Desenvolvimento: • Técnica de Coleta e Análise dos Dados Segundo Prodanov e Freitas (2013), nessa etapa do desenvolvimento do TCC, os resultados são apresentados com base em modelos gráficos, quadros, imagens, etc. Essa também é a seção na qual os resultados encontrados na sua pesquisa são analisados e interpretados. É importante ressaltar que os seus resultados sejam relacionados com a sua Revisão de Literatura, para que seu trabalho fique condizente com o que foi apresentado, teoricamente. Assim, é possível entender que o tópico referente à técnica de coleta e análise dos dados [...] é a parte do trabalho que retoma o problema de pesquisa, analisando-o e discutindo-o frente à teoria. Apresenta uma parte descritiva e outra analítica. [...] Nos estudos teórico-empíricos, é o momento de apresentar a realidade encontrada com a respectiva interpretação dos dados. Podem ser usados gráficos, tabelas, figuras, depoimentos, falas, dependendo da abordagem dada ao estudo (ZANELLA, 2009, p. 141). A técnica de coleta de análise dos dados, segundo Emmendoerfer (2019, p. 14), possibilita “criticar a própria coleta de dados”, ou seja, Entende-se que a análise tem por objetivo descrever e resumir as observações obtidas, para permitir as respostas que a pesquisa procura. Devem ser definidas as técnicas estatísticas e as qualitativas que serão utilizadas para a análise. Reforça-se que a interpretação tem por objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas através de sua ligação a outros conhecimentos já obtidos. É o momento de voltar à explicação teórica que fundamentou o trabalho e procurar relacionar as conclusões com o esquema teórico. Conduz ao estabelecimento de conceitos explicativos (Ibidem, 2019, 14-15). 44 Metodologia Científica • Considerações Finais ou Conclusões Enfim, vamos para a última etapa do Desenvolvimento do TCC: Considerações Finais ou Conclusões. Agora é o momento de fechar o trabalho, apontando as conclusões acerca dos objetivos e das hipóteses ou pressupostos. É o momento de explicitar as respostas para a questão norteadora ou problema de pesquisa. Cabe, também, pontuar as limitações encontradas em todo o processo da pesquisa. Lembre-se: “Nem sempre uma conclusão é uma resposta final e acabada a um problema. Ao contrário; boas conclusões devem deixar ‘portas abertas’ para novas propostas de pesquisa em torno do tema estudado, além de evidenciar que contribuições o estudo proporcionou no âmbito acadêmico, no profissional e para a sociedade” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 254). Dessa forma, Como conclusões, considerações e recomendações finais deverão ser indicadas as intervenções efetivas, práticas, que o pesquisador tenha feito ou que seu diagnóstico permite propor. Como conclusões podem ser recuperados fatos relevantes que o autor queira chamar atenção, incluídos como destaques. Representam uma análise do desenvolvimento do estudo, da obtenção dos objetivos com a apresentação dos resultados obtidos no tópico anterior, assim como da plena viabilidade havida, dentre outros (EMMENDOERFER, 2019, p. 15). Por fim, esse é o momento onde você se coloca diante do seu tema, do seu objeto e dos seus resultados. As suas conclusões devem ser sucintas e precisas. Portanto, como se trata de explanar as suas percepções, concepções e perspectivas sobre o resultado do seu trabalho, não é recomendável que se façam citações de autores utilizados ou não na sua pesquisa, tendo em vista que essa ação deve ter acontecido nos tópicos anteriores. 2.3. Elementos pós-textuais Os elementos textuais complementam o seu TCC e podem ser distribuídos nos tópicos apresentados a seguir. • Referências (Obrigatório): Pires et al. (2019, p. 38) explicam que “as referências são elaboradas de acordo com a ABNT NBR 6023:2018 Informação e documentação - Referências - Elaboração (em vigência)”. Tais autoras apresentam a distinção entre Referência e Bibliografia, tal qual: - Referência: material utilizado para a confecção do trabalho e obrigatoriamente é referenciado. - Bibliografia: material não necessariamente utilizado no trabalho, podendo ser apenas indicado para enriquecimento do leitor. • Glossário (Opcional): De acordo com Pires et al. (2019, p. 38), o glossário é a “relação de palavras ou expressões técnicas de uso restrito ou de sentido obscuro, utilizadas no texto, acompanhadas das respectivas definições. 45 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública • Apêndices (Opcional): São os documentos elaborados pelo próprio autor do TCC; isto é, “constituem-se, geralmente, de ideias do próprio autor do trabalho, incluídas para ilustrar o texto e complementar seu raciocínio, ao mesmo tempo, sem desviar e prejudicar a unidade básica do conteúdo apresentado (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 255). APÊNDICE A - Questionário aplicado as idosas de Viçosa-MG • Anexos (Opcional): São documentos não elaborados pelo autor do TCC; ou seja, são “quaisquer documentos compatíveis com o trabalho desenvolvido e que podem ser incorporados a este, por ilustrarem e/ou complementarem determinados pontos discutidos” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 255). ANEXO A - Norma de apresentação tabular 3. Informações importantes 3.1. Formatação do TCC: - Margens: Superior e Esquerda – 3cm / Inferior e Direita – 2cm. Fontes: Usualmente – Times New Roman ou Arial / Tamanho – 12 / Cor: Preta. Espaçamento entre linhas: 1,5cm. Alinhamento: Justificado (exceto nas Referências, nas quais O Alinhamento é à Esquerda). Figura 13 – Formatação de trabalhos acadêmicos (ABNT NBR 14724/2011) Fonte: Pires et al. (2019, p. 40). 46 Metodologia Científica - Notas de Rodapé: Times ou Arial / Tamanho 10 / Justificado. Veja-se como Exemplo desse tipo de abordagem o estudo de Netzer (1976). Encontramos esse tipo de perspectiva na 2ª parte do verbete referido na nota anterior, em grande parte do estudo de Rahner (1962). 1 2 Fonte: Pires et al. (2019, p. 40). • Citações (ABNT NBR 10520/2002) - Citações Indiretas: Opcional indicar a página consultada. Exemplo: • Portanto, podemos afirmar que PESQUISA significa procurar pelo conhecimento, motivada pela curiosidade, refletida na indagação e na ação (MINAYO, 2011). • De acordo com Godoy (1995), existem vários tipos de procedimentos e técnicas que acompanham fundamentalmente a pesquisa qualitativa. - Citações Diretas (até 3 linhas): Obrigatório indicar página consultada. Colocar a frase entre aspas duplas. Exemplo: • “A pesquisa sempre parte de um problema, de uma interrogação, uma situação para a qual o repertório de conhecimento disponível não gera resposta adequada” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 43). • De acordo com Pires et al. (2019, p. 37), a Introdução é a “parte inicial do texto, onde devem constar a delimitação do assunto tratado, objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho”. - Citações Diretas (mais de 3 linhas): Obrigatório indicar página consultada. As citações devem ser destacadas com recuo de 4cm da margem esquerda. Geralmente, usa-se Tamanho 10, espaçamento simples e sem aspas duplas. Exemplo: O homem é, por natureza, um animal curioso. Desde que nas­ce interage com a natureza e os objetos à sua volta, interpre­tando o universo a partir das referências sociais e culturais do meio em que vive. Apropria-se do conhecimento através das sensações, que os seres e os fenômenos lhe transmitem (FONSECA, 2002, p. 10). • Referências (ABNT NBR 6023:2018) • Entre 1 e 3 autores: Indicar todos os nomes. Espaçamento simples, Alinhamento à esquerda. Exemplo: BELLEN, H. M. V. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006. MINAYO, M. C. S.; SANCHES, O. Qualitativo-Quantitativo. Oposição ou complementaridade? Cadernos de Saúde Pública. v. 9, nº 3, p. 239-262, 1993. SVENSSON, B., NORDIN, S.; FLAGESTAD, A. A governance perspective on destination development-exploring partnerships, clusters and innovation systems, Tourism Review. v. 60, nº. 2, p. 7-32, 2005. 47 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública • Acima de 3 autores: Indicar o primeiro nome seguido de et al. Espaçamento simples. Alinhamento à esquerda. Exemplo: MIRA, M. R.; et al. O papel das DMO na gestão dos destinos turísticos: abordagem conceptual (1999-2014). Observatório de Inovação do Turismo - Revista Acadêmica. v. XI, n° 1, junho, 2017. • Livro: Espaçamento simples, Alinhamento à esquerda. Exemplo: SCHUMPETER, J. A. Teoria do Desenvolvimento Econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultura, 1997. • Capítulo de Livro: Espaçamento simples, Alinhamento à esquerda. Exemplo: TENÓRIO, F. G. Descentralização político-administrativa, gestão social e participação cidadã. In: DALLABRIDA, V. R. (Org.). Governança territorial e desenvolvimento: descentralização político-administrativa, estruturas subnacionais de gestão do desenvolvimento e capacidades estatais. Rio de Janeiro: Garamond, 2011. • Publicação em Periódicos: Espaçamento simples, Alinhamento à esquerda. Exemplo: MEDIOTTE, E. J.; EMMENDOERFER, M. L. O Turismo como Indutor de Crescimento Econômico e Desenvolvimento Humano nos Municípios de Minas Gerais, Brasil. DELOS: Desarrollo Local Sostenible, v. 12, p. 1-18, 2019. REUER, J. J.; ARINO, A. Contractual renegotiations in strategic alliances. Journal of Management. nº 28, v. 1, pp. 47-68, 2002. SECCHI, L. Modelos organizacionais e reformas da administração pública. Revista de Administração Pública. v. 43, nº 2, pp. 347-369, mar./abr. 2009. • Pessoa Jurídica: Espaçamento simples, Alinhamento à esquerda. Exemplo: BRASIL. Ministério do Turismo [Mtur]. Programa de Regionalização do Turismo: Diretrizes. Brasília, DF. 2013. INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTATÍSTICA E GEOGRAFIA [IBGE]. Indicadores de desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Estudos e pesquisas. Informação geográfica. nº 10, 2015. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Turismo (SETUR). Orientações para o Planejamento e Gestão Municipal do Turismo em Minas Gerais. Belo Horizonte, 2014. 48 Metodologia Científica • Eventos: Espaçamento simples, Alinhamento à esquerda. Exemplo: MANZINI, E. J. Entrevista semi-estruturada: análise de objetivos e de roteiros. In: Seminário Internacional Sobre Pesquisa e Estudos Qualitativos. 2004. A pesquisa qualitativa em debate. Anais... Bauru: USC, 2004. MEDIOTTE, E. J.; LAURIANO, N. G.; EMMENDOERFER, M. L. O Plano Nacional de Turismo sob a ótica do Patrimônio Cultural como Indutor de Desenvolvimento Turístico. In: VI Encontro Brasileiro de Administração Pública (VI EBAP), 2019, Salvador. VI Encontro Brasileiro de Administração Pública (VI EBAP) - A Administração Pública que o Brasil precisa, 2019. • Documentos em meio eletrônico: Espaçamento simples, Alinhamento à esquerda. É recomendável que a página de acesso fique destacada, para consulta a partir da própria referência. Exemplo: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA [INEP]. Indicadores Educacionais. 2019. Disponível em: <http://portal.inep.gov. br/web/guest/indicadores-educacionais> Acesso em: 14 set. 2019. REIS, E. A.; REIS I. A. Análise Descritiva de Dados. Relatório Técnico do Departamento de Estatística da UFMG. 2002. Disponível em: <www.est.ufmg.br> Acesso em: 02 nov. 2018. • Trabalhos Acadêmicos: Espaçamento simples. Alinhamento à esquerda. Exemplo: MEDIOTTE, E. J. Avaliação da Governança em Instâncias Deliberativas Coletivas e sua relação com o Planejamento Turístico no município de Tiradentes (MG). 2020. 241 f. Dissertação (Mestrado em Administração). Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, MG. COSTA, S. P. B. Novas formas de Governança Pública: Um estudo do Arranjo Articulado para Implementação da Política Pública Nacional de Aprendizagem Profissional. 2014. 222 f. Tese (Doutorado em Administração). Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN. 3.2. Recomendações Recomendamos a leitura complementar do Manual da UFV de Normalização de Trabalhos Acadêmicos: atualizada conforme NBR 14724/2011 e NBR 6023/2018. Disponível em: http://www.ppg.ufv.br. Antes de finalizarmos este material de estudos, gostaríamos de destacar alguns cuidados que devem ser considerados na construção de um trabalho científico. Prodanov e Freitas (2013, p. 46) denominam esses cuidados como “princípios éticos”. 49 Curso de Pós-Graduação em Administração Pública Quando se pratica pesquisa, é indispensável pensar na responsabilidade do pesquisador no processo de suas investigações e de seus produtos. Nesse sentido, a honestidade intelectual é fator indispensável aos pesquisadores, tornando-os cidadãos íntegros, éticos, justos e respeitosos consigo e com a própria sociedade; A apropriação indevida de obras intelectuais de terceiros é ato antiético e qualificado como crime de violação do direito autoral pela Lei [nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940, Art. 184 do Código Penal] brasileira, assim como pela legislação de outros países; O pesquisador deve mostrar-se autor do seu estudo, da sua pesquisa, com autonomia e com respeito aos direitos autorais, sendo fiel às fontes bibliográficas utilizadas no estudo; É considerado plágio a reprodução integral de um texto, sem a autorização do autor, constituindo assim ‘crime de violação de direitos autorais’; As normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) orientam a escrita e informam como proceder na apresentação dos trabalhos acadêmicos e científicos. Suas regras são recomendadas a todo pesquisador, para ter seu trabalho reconhecido como original. 50 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS [ABNT]. Conheça a ABNT. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/institucional/sobre>. Acesso em: 13 abr. 2020. BARDIN, Lawrence. Analise de conteúdo. 5.ed. rev. e atual. Lisboa: Edições 70, 2014. BIROCHI, R. Metodologia de estudo e de pesquisa em administração Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração: UFSC, CAPES: UAB, 2015. BORTOLOZZI, F.; BERTONCELLO, L. Metodologia de pesquisa. Maringá, 2012. BRUYNE, P. D. et al. Dinâmica da Pesquisa em Ciências Sociais: os pólos da prática metodológica. Trad. de Ruth Joffily. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1991. CARDOSO, S. M. C. F. C. O dualismo cultural: Os luso-caboverdianos entre a escola, a família e a comunidade (Estudo de caso). Braga: Universidade do Minho. Instituto de Educação e Psicologia, 2007. CASTRO, C. M. Estrutura e apresentação de Publicações Científicas. 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