VIII Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE 2019)
Anais dos Workshops do VIII Congresso Brasileiro de Informática na Educação (WCBIE 2019)
CareTaker: um App para Educação em Saúde
Rafaela Ribeiro Jardim¹, Dauster Pereira¹, José Valdeni de Lima¹, Paulo Santana
Rocha¹, Raquel Salcedo Gomes1, Simone C. O. Conceição²
1
Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Porto Alegre – RS – Brasil
2
University of Wisconsin-Milwaukee
Milwaukee – EUA
{rafa.rjardim,daustersp,rochap01}@gmail.com,
valdeni@inf.ufrgs.br,raquel.salcedo@ufrgs.br,simonec@uwm.edu
Abstract. This work shows a prototype mobile app that allows to learn skills
related to the organization and sharing of health information for dealing with
emergencies, keeping track of daily routine treatments, attending
appointments, and communicating with providers. This app may be used for
taking care of self, a child, or an adult with health care needs.
Resumo. Este trabalho descreve o protótipo do aplicativo CareTaker, o qual
permite o aprendizado de habilidades relacionadas à organização e
compartilhamento de informações de saúde, tendo objetivo de lidar com o
tratamento de emergências, controlando a rotina de tratamento, agendamento
de consultas e comunicação com profissionais de saúde. O aplicativo pode ser
usado para cuidado pessoal, de uma criança ou de um adulto que necessita de
cuidados de saúde.
1. Introdução
As mudanças ocorridas nas últimas décadas ocasionaram avanços tecnológicos no
cotidiano. Tais avanços têm acontecido em ritmo acelerado e se tornam presentes no
cotidiano das pessoas em diversas áreas da saúde, incluindo treinamento de pacientes e
profissionais (SUGGS, 2006).
Consequentemente, mobile health ou m-health (traduzido para saúde móvel)
mostra-se como um elemento significativo da electronic health ou e-health (traduzido
para saúde eletrônica). A terminologia e-health refere-se ao uso da tecnologia de
informação e comunicação (e.g., computadores, celulares, comunicação por satélites)
para serviços de saúde (Vital Wave Consulting, 2009). Da mesma maneira, m-health
refere-se a comunicação móvel para a mesma finalidade.
Neste contexto, a comunicação móvel tem demonstrado um grande potencial
para melhorar os serviços de saúde em países em desenvolvimento, onde há menos
recursos e diversos desafios para a melhora da saúde (Vital Wave Consulting, 2009).
Embora estes países apresentem carência de infraestrutura e tecnologia no ramo da
saúde, a população não deixa de ter acesso aos smartphones. No Brasil estima-se que
DOI: 10.5753/cbie.wcbie.2019.1280
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cerca de 145,7 milhões de brasileiros possuem smartphones, o que corresponde a 84%
da população com idade de 10 anos ou mais (CETIC, 2016).
Neste sentido, Fox e Duggan (2012) em seu estudo observaram que cuidadores e
pessoas que passaram por uma recente crise médica, vivenciaram mudanças
relacionadas à sua saúde, como ganhar ou perder peso, engravidar ou deixar de fumar,
estão mais propensos a buscar informações de saúde por m-health. Neste mesmo estudo,
estima-se que cerca de 38% dos usuários de aplicativos de saúde monitoram seus
exercícios, 31% monitoram sua dieta e 12% usam um aplicativo para gerenciar seu
peso.
O uso de aplicativos móveis voltado ao monitoramento e promoção de
cuidados vem sendo incorporado na rotina de pacientes para auxiliar na
prevenção e tratamento de doenças e na manutenção da saúde. A utilização
desses aplicativos pode facilitar a comunicação entre cuidadores e pacientes. Além
disso, pode proporcionar maior adesão aos tratamentos de morbidades, visto que um
tratamento médico de longo prazo gera um grande fluxo de informações que
necessitam ser compartilhadas entre os usuários envolvidos no processo. Diante deste
cenário, quando essas informações não são adequadamente armazenadas ou tratadas,
elas podem se perder. Com base neste contexto, este trabalho propõe apresentar o
protótipo do aplicativo móvel CareTaker com objetivo de abordar o aprendizado em
saúde.
2. Desenvolvimento do App
O aplicativo CareTaker foi desenvolvido com base no método de prototipação proposto
por Tripp e Bichelmeyer (1990). Entre os seis métodos de desenvolvimento de software
apresentados pelos autores, este foi considerado o mais adequado para o tipo de
aplicação e contexto de uso. Este paradigma de prototipação tem como finalidade
entender os requisitos dos usuários, e, assim obter uma melhor definição dos requisitos
da aplicação. Este tipo de método possibilita que seja criado um protótipo (modelo) do
sistema. Para a concepção do aplicativo CareTaker foram previstas cinco fases de
desenvolvimento:
Fase 1: Análise dos requisitos, definição do conteúdo e objetivo do aplicativo.
Nesta fase foi realizada uma revisão de literatura para identificar aplicativos voltados
para cuidados em saúde.
Fase 2: Planejamento das interfaces e da navegabilidade. Nesta fase foi utilizada
a ferramenta Marvel1 para a elaboração da interface e do projeto de navegação.
Fase 3: Desenvolvimento do protótipo. Para o desenvolvimento do protótipo foi
utilizado o Framework Ionic2 com base nas linguagens JavaScript, HTML e CSS. Estes
recursos possibilitam a criação de aplicações híbridas para dispositivos móveis, as quais
podem ser compiladas para diferentes plataformas (Web, Android, iOS, entre outras).
Fase 4: Teste-piloto para validação do protótipo. Para esta fase está previsto um
teste com usuários na área de enfermagem.
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http://marvelapp.com/
2
http://ionicframework.com/
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Fase 5: Ajustes e refinamento do protótipo. Os problemas identificados na fase
anterior são ajustados para a concepção do produto final.
3. Características do CareTaker
O aplicativo CareTaker é voltado para dispositivos móveis e está sendo desenvolvido
para contemplar tanto a plataforma Android quanto ao sistema iOS. Foi projetado para
ser utilizado com os idiomas inglês e português, mas está prevista a possibilidade de
tradução para o espanhol. Seu objetivo é o aprendizado de habilidades relacionadas à
organização e compartilhamento de informações de saúde tratando de emergências,
controlando a rotina de tratamento, agendamento de consultas e comunicação com
profissionais da saúde. O aplicativo pode ser usado para cuidado pessoal, de uma
criança ou um adulto que necessita de cuidados de saúde.
A interface do CareTaker foi dividida em três áreas:
1) Plano de Emergência: tem por finalidade conscientizar os usuários sobre a
importância do planejamento em situações de emergências e do conhecimento sobre
como agir nessas situações, de modo que cuidadores e pacientes saibam o que fazer,
conforme ilustra a Figura 1.
Figura 1. Tela do Plano de Emergência.
Fonte: Autores.
2) Tratamentos de Rotina: tem por objetivo permitir a inclusão, visualização e
acompanhamento sobre prescrições de medicamentos, atendimentos hospitalares,
terapias, cirurgias e procedimentos, auxiliando o usuário a planejar, registrar, ajustar e
cumprir sua rotina de cuidados em saúde. Estas informações podem auxiliar durante as
consultas de rotina e até mesmo no controle de um tratamento, conforme mostra a
Figura 2.
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Figura 2. Tela do Tratamento de Rotina.
Fonte: Autores.
3) Comunicação e Consulta: visa facilitar a comunicação entre paciente,
cuidador e equipe médica. Geralmente, pessoas com problemas de saúde a longo prazo
têm muitas consultas médicas, exames e procedimentos que geram muitas informações.
Neste contexto, o aplicativo pode facilitar comunicação entre profissionais de saúde e
cuidadores, como é possível observar na Figura 3.
Figura 3. Tela de Comunicação e Rotina.
Fonte: Autores.
Cada uma das áreas foi organizada em duas abas, sendo elas: Aprender e Usar: A
aba Aprender fornece as informações de introdução do tópico, apresentando conteúdos
que podem auxiliar o usuário a agir em situações de emergência. Além disso,
disponibiliza animações reproduzindo situações de emergência. As animações são
compostas de cenários e atividades interativas (como por exemplo, jogos, quebracabeça, questionários) que exigem a ação do usuário para demonstrar a compreensão do
tópico além de receber feedback. Já a aba Usar mostra uma listagem de formulários que
podem ser preenchidos com informações sobre o planejamento e monitoramento do
cuidado da saúde.
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O desenvolvimento das animações levaram em consideração alguns dos
princípios da aprendizagem multimídia propostos por Clark e Mayer (2011), atendendo
às características e princípios constantes na Tabela 1.
Tabela 1. Características e Princípios de Aprendizagem Multimídia
Fonte: Autores.
Característica
Princípio
Uso de palavras e imagens é melhor
do que somente usar o texto
Multimídia
Palavras e imagens perto umas das
outras
Contiguidade espacial
Palavras e imagens exibidas de forma
simultânea
Contiguidade temporal
Uso de palavras comuns
Coerência
Comunicação dos personagens na
animação em estilo coloquial
Personalização
Conteúdos nas animações divididos
por meio de questões para que o
usuário possa decidir qual o caminho a
seguir
Segmentação
Texto na animação abordando os
principais conceitos e ideias a serem
vistos posteriormente
Pré-treinamento
As animações no CareTaker têm o objetivo de facilitar o aprendizado do usuário
sobre o planejamento de emergência, tratamento de rotinas, e comunicação. Por
exemplo, as animações relacionadas ao planejamento de emergência retratam cenários
que demonstram situações rotineiras nas quais são apresentadas a sua importância. No
decorrer de cada animação, o usuário se depara com diversos pontos de decisão nos
quais deve escolher. Dependendo do que escolher, a animação mostra se a decisão é
“correta” ou “incorreta”. A Figura 4 ilustra um exemplo de cenário com pontos de
decisão.
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Figura 4: Tela de Decisão.
Fonte: Autores.
4. Conclusão
O aplicativo CareTaker está em desenvolvimento e explora o potencial das tecnologias
móveis no processo de aprendizagem não-formal na área da saúde para ser usado para
cuidado pessoal, de uma criança ou de um adulto.
Este recurso de aprendizagem pode ser usado para a coordenação do autocuidado
e cuidado de outras pessoas. O usuário pode ler informações sobre competências na
administração do cuidado da saúde, ver exemplos de situações como adquirir estas
competências, e como monitorar informação personalizada.
Este aplicativo visa proporcionar a interação do usuário com os recursos de
aprendizagem facilitando a aquisição de novas competências que podem servir de
instrumento de apoio a pessoas que necessitam cuidado de saúde.
Referências
Clark, R. C., & Mayer, R. E. (2016). E-learning and the science of instruction: Proven
guidelines for consumers and designers of multimedia learning. San Francisco, CA:
John Wiley & Sons.
Cetic. Pesquisa TIC educação 2016: pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação
e da comunicação no Brasil. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil.
Disponível em: <http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-deinformacao-ecomunicacao-nos-domicilios-brasileirosticdomicilios-2016/>. Acesso
em: 01 mar. 2019.
Fox, S., & Duggan, M. (2012). Mobile health 2012 [report]. Washington, D.C.: Pew
Research Center’s Internet & American Life Project; [cited 2013 Ago 8]. Available
from: http://pewinternet.org/Reports/2012/Mobile-Health.aspx.
Primm, C., Gordon, J., Buckley, P., Bader, R., Schmitt, F., & Hainey, M. (2010). 30
dicas para criar os melhores apps. iPad: o guia do professional, 5.
Suggs, L. S. (2006). A 10-year retrospective of research in new technologies for health
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Tripp, S. D, & Bichelmeyer, B. (1990). Rapid Prototyping: An alternative instructional
design strategy. ETR&D, 38(1):14.
Vital Wave Consulting. (2009). mHealth for development: The opportunity of mobile
technology for healthcare in the developing world. Washington, D.C. and Berkshire,
UK: UN Foundation-Vodafone Foundation Partnership.
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