Revista Psicologia e Saúde
1
Currículo de Psicologia, A Psicologia Social e a Formação para a Saúde
Coletiva
Curricula of Psychology, Social Psychology and Sus Health Policies
Currículo de Psicologia, la Psicologia Social y la Formación para la Salud Colectiva
Neuza Maria de Fátima Guareschi1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Thais Bennemann2
Grupo Hospitalar Conceição
Gisele Dhein3
Universidade do Vale do Taquari
Carolina dos Reis4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Denise Santos Machry5
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Programa de Mestrado em Psicologia, UCDB - Campo Grande, MS
Resumo
Este artigo é resultado de uma pesquisa que teve como objetivo visibilizar de que forma os currículos de cursos de
Psicologia do Estado do Rio Grande do Sul estão apresentando indicativos de movimento para formar proissionais
da saúde para o SUS. Este trabalho foi desenvolvido a partir da análise dos programas das disciplinas dos currículos
de seis cursos do Estado do Rio Grande do Sul, destacando e discutindo os direcionamentos tomados pelas ementas,
conteúdos e bibliograias e adotando como balizadores os princípios e diretrizes presentes nas políticas de saúde do
SUS. O trabalho toma como foco o estudo das disciplinas direcionadas para os conteúdos de Psicologia Social. A
partir da análise que realizamos, apontamos para a necessidade de problematizar a construção do sujeito psicólogo,
proissional da saúde que os currículos de Psicologia vêm produzindo, e os efeitos que podem vir a operar no
cotidiano dos serviços de saúde.
Palavras-Chave: Graduação em Psicologia, Formação de Proissionais de Saúde, SUS
Abstract
This paper has stemmed from a research aiming at showing how curricula of Psychology courses in Rio Grande do
Sul have shown signs of moving towards education of health professionals for SUS. This work has been developed
from the analysis of the program of academic subjects, both highlighting and discussing the directions provided
by programs, contents and bibliographies, having the principles and guidelines of SUS health policies as its axis.
The paper has a special focus on the study of academic subjects that approach the contents of Social Psychology.
From the analysis, we have pointed out the need for problematizing the construction of the psychologist subject,
a health professional that has been produced by Psychology courses, as well as the effects that might be felt in the
daily routine of health services.
Keywords: Undergraduate course in Psychology, Social Psychology, Health Professionals Education, SUS
Resumen
Este artículo resulta de una investigación que ha tenido por objetivo visibilizar de que forma los currículos de
los cursos de Psicologia del Estado del Rio Grande do Sul están apresentando indicativos de movimiento para
formar profesionales de la salud para el SUS. Este trabajo se ha desarrollado a partir del análisis de los programas
de las disciplinas academicas de los currículos de seis cursos del Estado del Rio Grande do Sul, destacando e
discutindo los direccionamientos hechos en los objetivos, contenidos e bibliograias; se adotan como balisadores
los principios y las directrizes presentes en las politicas de la salud del SUS. El trabajo toma en su foco lo estudio
de las disciplinas direccionadas para los contenidos de la psicologia social. A partir de la analisis que realizamos,
apontamos para la necesidad de problematizar la construcción de lo sujeto psicológico, profesional de la salud que
los currículos de la Psicologia vienen produzindo, e los efectos que pueden venir a operar en el cotidiano de los
servicios de la salud.
Palabras Clave: Currículos de Psicologia, Psicologia Social, Salud Colectiva
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Introdução
A construção do Sistema Único de Saúde
(SUS) representou um grande marco de mudança
no que se refere à redemocratização no país. As
modiicações das formas como o SUS passa a abordar
as questões da saúde implicam um novo olhar sobre
o sujeito, indo além das preocupações sanitárias e
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abrangendo as diversas áreas de vida da população e
o próprio exercício da cidadania. Diante desse novo
paradigma inaugurado na área da saúde, passam a
surgir demandas de mudança de peris proissionais
que possam produzir uma prática condizente
com essa perspectiva de cuidado. Dentre esses
redimensionamentos, salienta-se a aproximação da
Psicologia das necessidades sociais e, em decorrência
disso, a inserção dessa área de formação proissional
na saúde e para o SUS, conforme proposto pelos
Ministérios da Saúde e da Educação no ano de
2005. A partir dessas mudanças, o SUS passa a ser
considerado um campo de atuação da Psicologia nos
diferentes setores da saúde, e não somente naqueles
voltados aos serviços de atenção direta à população.
Portanto, abordar o SUS na formação em Psicologia
é uma importante forma de inserção da proissão na
realidade brasileira e na luta do movimento sanitarista
para o desenvolvimento da saúde coletiva.
Nesse sentido, o presente artigo tem como
objetivo problematizar a formação em Psicologia,
buscando visibilizar a forma com que os conteúdos da
área da Psicologia Social e Comunitária, presente nos
currículos dos cursos de graduação em Psicologia,
podem fundamentar a formação dos proissionais
dessa área para o SUS. Analisamos a entrada da
Psicologia na saúde coletiva e as contribuições desta
para a construção da nova política de saúde através
da formação acadêmica. A partir disso, trazemos as
discussões produzidas pela pesquisa, que teve por
objetivo desenvolver uma análise dos currículos dos
cursos de Psicologia de universidades do Rio Grande
do Sul no que se refere à demanda de formação de
recursos humanos para o SUS, enfocando nesse debate
as disciplinas direcionadas para a área da Psicologia
Social e Comunitária. Essa discussão é pautada pelas
principais ferramentas e conceitos teóricos discutidos
na área da saúde coletiva, tais como a ampliação do
conceito de saúde, o princípio da integralidade, a
política de humanização e a perspectiva do cuidado
integral na atenção à saúde. Por im, apresentamos
alguns apontamentos sobre os efeitos que a atual
coniguração dos currículos disciplinares podem
produzir na formação do proissional psicólogo para
a área da saúde.
A Formação em Psicologia e as Políticas em
Saúde
No ano de 2005, o Ministério da Educação
e o Ministério da Saúde, através da portaria
interministerial nº 2.118, irmaram parceria para
cooperação técnica na formação e desenvolvimento
de recursos humanos na área da saúde (Brasil , 2005).
Essa associação é resultado de discussões prévias
que vêm desde a construção e o planejamento do
Sistema Único de Saúde (SUS). A partir da crescente
demanda de formação proissional para o SUS e da
2
incorporação da formação para a saúde como uma
das ênfases nas Diretrizes Curriculares Nacionais,
os cursos de graduação vêm se redimensionando
no sentido de formar novos peris proissionais para
atuar nos serviços de atenção à saúde da população
brasileira.
A partir da Constituição de 1988, com a
implantação do SUS, a concepção de saúde passa a ser
entendida como direito do cidadão e dever do Estado –
como uma questão integral e plural, e não mais como
ausência de doença ou de sintomas, mas como uma
questão coletiva, e não pública; isso porque o público
remete a modelos de programas assistencialistas e a
saúde coletiva objetiva a promoção das condições
de vida com a participação social. Embora os termos
“saúde pública” e “saúde coletiva” sejam empregados
muitas vezes como sinônimos, ambos se constituem
como campos não-homogêneos. A saúde pública
se construiu no inal do século XVII, marcando
o investimento da medicina nas enfermidades
(Birman, 1991); tem como estratégia básica o
esquadrinhamento estatístico da epidemiologia no
espaço urbano, adotando medidas sanitárias para
combater as epidemias. A saúde coletiva, em direção
oposta à da saúde pública, “se constituiu através da
crítica sistemática do universalismo naturalista do
saber médico” (Birman, 1991, p. 9); está intimamente
associada à entrada das ciências humanas na saúde,
que passam a criticar categorias universalizantes da
saúde pública, destacando as dimensões simbólicas,
éticas e políticas de forma a relativizar o discurso
biológico.
Relacionando-se à saúde coletiva, o Sistema Único
de Saúde é orientado por três princípios doutrinários
(Brasil, 1990): Universalidade – considera-se que
todas as pessoas têm direito de acesso aos serviços de
saúde, independentemente de características sociais
ou individuais, e é dever do Estado proporcionar
isso; Integralidade – compreende-se que cada
cidadão é um ser integral submetido às mais diversas
situações e deve ser atendido de tal forma, sem
compartimentalização das ações de promoção,
proteção e recuperação; Equidade – há igualdade
entre os cidadãos, e estes devem ser atendidos pelos
serviços de saúde conforme suas necessidades. Além
de essa política operar com os princípios, estabelece
também três diretrizes principais: descentralização
– principalmente no que se refere ao primeiro nível
de atenção, o que permite às prefeituras uma melhor
identiicação das necessidades regionais de saúde;
atendimento integral – pautado pelo princípio da
integralidade; e participação da comunidade – que
vai desde a responsabilidade pela saúde individual
até a composição do controle social na formulação e
vigilância sobre as políticas de saúde. Assim, a saúde
passa a ser compreendida como direito do cidadão na
promoção das condições de vida e relaciona-se aos
modos de ser e estar no mundo, ou seja, saúde como
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um dispositivo dos modos de subjetivação, conforme
coloca o artigo 196 da Constituição Brasileira:
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A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação
(Brasil, 1988).
Medeiros, Bernardes e Guareschi (2005)
enfatizam a importância, para as práticas psicológicas,
de entender a saúde como dispositivo na produção
de modos de subjetivação a partir do novo conceito
de saúde proposto pelo SUS. Essa importância é
destacada, uma vez que o conceito de saúde não
existiu nas teorias e práticas da Psicologia desde
seu início enquanto campo de saber cientíico. De
acordo com as autoras, devemos operar com a ideia
de que saúde nas práticas psicológicas não é algo que
independe de seu modo de acesso e de signiicação.
Assim, a inserção do proissional de Psicologia nas
práticas de saúde coletiva deve tornar-se uma atenção
prioritária para a formação nessa área, pois, na história
da constituição desse saber como ciência, o conceito
de saúde foi sendo integrado às teorias e práticas.
A formação de proissionais na área da saúde,
na qual também se encontra a Psicologia, ainda se
volta para a abordagem clássica, em que o ensino
é tecnicista, preocupado com a soisticação dos
procedimentos e do conhecimento dos equipamentos
auxiliares do diagnóstico, tratamento e cuidado, e
organizado por áreas de especialidade (Ceccim &
Feuerwerker, 2004). Entretanto, já se observa um
movimento nacional no sentido de normatizar a
formação e o trabalho dos proissionais da saúde
brasileiros, cumprindo a determinação de que a
competência para ordenar a formação de recursos
humanos na área da saúde é do SUS, conforme o art.
200, inciso III (Brasil, 1988).
É parte desse movimento a criação das Diretrizes
Curriculares Nacionais - DCN dos cursos de graduação,
em 1997, em decorrência da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional - LDB, em oposição ao
formato dos currículos mínimos (Brasil, 1996). As
DCNs, incluindo o Curso de Psicologia, incentivam
a maior lexibilização dos desenhos curriculares, a
liberdade para organizar as atividades de ensino e a
diversidade das formações pela ampla participação
nas realidades locais de saúde e ativa participação
estudantil (Ceccim & Carvalho, 2005). Entre os
anos de 2001 e 2004, foram aprovadas as DCNs para
os cursos de graduação da área da saúde, irmando
nacionalmente que a formação do proissional de
saúde deve contemplar o sistema de saúde vigente no
país, o trabalho em equipe e a atenção à saúde (Brasil,
2004). A formação em Psicologia deine a atenção à
saúde como participação na prevenção, promoção,
proteção e reabilitação em saúde, segundo referenciais
proissionais. A Psicologia deiniu a atenção à saúde
3
como seu objetivo especíico, além daqueles próprios
de um egresso da educação superior.
No ano de 2005, a partir da já citada portaria
interministerial, o Ministério da Educação e o
Ministério da Saúde ampliaram a abrangência do
programa PRÓ-SAÚDE para outros cursos da área,
antes restritos aos cursos de Medicina, Odontologia
e Enfermagem. Dentre os novos cursos, a Psicologia
entra para o desaio colocado à formação de graduar
proissionais capazes de promover ações de saúde
integral. Ceccim e Feuerwerker (2004) destacam
que a integralidade da atenção deve ser norteador
das necessidades de mudança na formação dos
proissionais dessa área de conhecimento e contribuir
à formulação de uma política do SUS para a mudança
na graduação das proissões de saúde.
Construção da Psicologia: produção de
conhecimento e as práticas psicológicas
De acordo com Foucault (2002), a Psicologia,
a partir do século XIX, passou a preocupar-se
fundamentalmente em adequar seu método às
ciências da natureza e em encontrar no homem o
prolongamento das leis que regem os fenômenos
naturais. A metodologia utilizada baseava-se na
mensuração, na quantiicação e controle dos processos
psíquicos. Essa aproximação com o conhecimento do
positivismo amparou-se em dois postulados: “Que a
verdade do homem está exaurida em seu ser natural e
que o caminho de todo o conhecimento cientíico deve
passar pela determinação de relações quantitativas,
pela construção de hipóteses e pela veriicação
experimental” (Foucault, 2002, p.133).
A Psicologia, para obter o status de ciência,
inicia seu percurso construindo conhecimento para
medir e quantiicar o comportamento humano; para
isso, produziu medidas, testagens e previsões. Esse
movimento faz uma escolha clara pela racionalização
dos processos psíquicos, o intuito era a classiicação
dos indivíduos em modelos predeinidos para se
buscar o estado de normalidade e a cura do desvio
(Hüning & Guareschi, 2009).
A formação “psi”, em geral, traz certas
características modelares, instituídas e bem
marcadas; como, em nossa formação, predomina
o viés positivista em que se tornam hegemônicos
os conceitos de neutralidade, objetividade,
cientiicidade e tecnicismo e onde, nos diferentes
discursos/práticas, o homem, os objetos e o mundo
são apresentados como “coisas em si”, abstratos,
naturais e não produzidos historicamente (Coimbra,
1999, p. 1).
A cientiicidade experimentada pela Psicologia
situou o psicólogo numa posição de descobridor da
realidade psíquica. A objetividade e a neutralidade
izeram com que a Psicologia se preocupasse em
buscar a essência psicológica dos sujeitos; tais
verdades afastavam a noção de cultura, sociedade e
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contexto histórico da análise (Hüning & Guareschi,
2009). A Psicologia, como ciência moderna, intervém
de forma a criar movimentos de privatização da
existência e da experiência. Ao mesmo tempo, operase um movimento de publicização da interioridade
psíquica, que deve ser exposta como modo de se curar
o cidadão (Medeiros et al., 2005).
Na década de 1970, nota-se uma conversão
considerável de psicólogos para o campo da
assistência à saúde pública (Dimenstein, 1998). É
principalmente com o movimento de desospitalização
e de extensão dos serviços de saúde mental à rede
básica de saúde que se dá a inserção do psicólogo na
saúde (Spink, 2003). A entrada do psicólogo no setor
público de saúde dá-se ao mesmo tempo em que o
modelo médico-assistencial privatista se encontra no
auge, mas também em franco esgotamento. Criticavase o modelo asilar, e dava-se ênfase à formação de
equipes multiproissionais (Dimenstein, 1998).
Em 1986, a VIII Conferência Nacional de
Saúde, evento que deiniu as bases do projeto para a
construção do Sistema Único de Saúde, serviu para
incrementar o processo de ampliação da diversidade
de proissionais no campo da saúde (Brasil, 1986).
Com esse movimento, pela primeira vez, a saúde
deixa de ser concebida como estado biológico
abstrato de normalidade ou de ausência de doença e
passa a ser concebida como resultado de um conjunto
de condições coletivas de existência, como expressão
ativa de um direito de cidadania (Dimenstein, 1998).
Spink (2003), seguindo essa linha, deine a Psicologia
Social da Saúde como comprometida com os direitos
sociais a partir de uma ótica coletiva, portanto, fugindo
das perspectivas tradicionais ou intraindividuais
e dialogando com teorias e autores que pensam
as formas de vida e de organização na sociedade
contemporânea. Assim, a Psicologia Social da Saúde
tende a atuar nos serviços de atenção primária, em
contextos comunitários, em problemas de saúde
em que pesam a prevenção à doença e a promoção
à saúde, atuando em conselhos de saúde, comissões
e fóruns de elaboração de políticas públicas e saúde
coletiva.
Assim, a saúde coletiva constitui-se em um
importante campo de atuação do psicólogo na
atualidade, no entanto, a formação em Psicologia
pouco se orienta para a discussão dos princípios
do SUS. Na Psicologia, bem como nas demais
proissões da área da saúde, predomina o referencial
positivista, centrado no modelo orgânico, voltado
para a intervenção assistencial em detrimento da
intervenção preventiva e promotora de saúde. A
maioria dos cursos continua formando proissionais
como se fossem trabalhar nos EUA ou no Brasil dos
anos 80, num modelo de saúde que não é público e
que intervém sob o princípio de saúde como ausência
de doença (Campos, 2006). A ausência de discussão
das políticas públicas de saúde na formação em
4
Psicologia deve ser colocada em questão por vários
motivos:
Primeiro, era (é) a oportunidade de transformações
no peril de formação em Psicologia, rompendo com
modelos individualizantes; segundo, tendo em vista
as modiicações nas demandas de trabalho que vêm
ocorrendo, é importante que o psicólogo se prepare
já em sua graduação (vale dizer que o público não
se restringe ao estatal); terceiro, reletir criticamente
sobre as políticas públicas e o saber-agir da
Psicologia atende aos anseios de proissionais que
já trabalham com essa questão, além do anseio de
usuários dos serviços (Bernardes, 2006, p.4).
Na discussão teórica sobre Psicologia como
ciência, formação acadêmica, práticas psicológicas
e transformações do conceito de saúde junto às
políticas em saúde coletiva, apresenta-se um cenário
nacional de revisão dos rumos do fazer-Psicologia e
do fazer-saúde em direção ao projeto de consolidação
dos ideais da Reforma Sanitária que estão
colocados na legislação federal através da criação e
institucionalização do SUS.
Os Currículos dos Cursos de Psicologia e a
Análise das Disciplinas
Alguns cursos de Psicologia, para ir ao encontro
das ênfases descritas nas DCNs, têm inserido nos
currículos mudanças no sentido de contemplar a
formação em saúde, tomando como parâmetro a
política de formação proposta pelo SUS. Este artigo
propõe-se a apresentar uma análise dos currículos
de seis cursos de graduação do Estado do Rio
Grande do Sul, de duas instituições confessionais,
duas federais e duas comunitárias. A escolha dessas
universidades se deu pelo fato de esses cursos de
Psicologia existirem há mais de dez anos, o que
implica que tenham formado proissionais no modelo
anterior às Diretrizes Curriculares Nacionais dos
Cursos de Psicologia de 2004, evidenciando, assim,
um movimento para atender à demanda colocada pelo
Ministério da Saúde. Esse movimento também levou
em consideração o fato de esses cursos de Psicologia
já possuírem egressos em formação nas Residências
Multiproissionais em Saúde (RMS) no Rio Grande
do Sul.
O processo de análise aconteceu em três etapas.
Na primeira, realizou-se o mapeamento das grades
curriculares dos cursos de Psicologia selecionadas,
em que foram identiicadas as disciplinas que, a partir
da nomenclatura, remetem direta ou indiretamente às
temáticas da saúde. Os materiais dessa primeira etapa
foram dos programas das disciplinas, retirados dos
portais da Internet das universidades.
Na segunda etapa, realizamos o levantamento
e análise de materiais bibliográicos para indicar e
situar aspectos teóricos e históricos de como essas
disciplinas foram sendo inseridas nos currículos de
formação da área. Essa análise teórica e histórica
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possibilitou encontrar alguns pontos para a organização
das disciplinas em três áreas do conhecimento:
área da Psicologia Social e Comunitária, área da
Psicopatologia e Avaliação Psicológica e área das
Biomédicas. Como já referido, este artigo trata
somente da análise dos programas das disciplinas da
área da Psicologia Social e Comunitária. A análise
dos programas das disciplinas das outras áreas são
aprensentadas em outras publicações.
Assim, na área da Psicologia Social e Comunitária,
a análise baseou-se em autores que falam sobre a
história desta área, contemplando o movimento
histórico da Psicologia Social e Comunitária no
Brasil bem como a importância da diversidade
e multiplicidade das interlocuções teóricometodológicas desta área como: Silvia Lane, Aroldo
Rodrigues, Robert Farr, Pedrinho Guareschi, Rosane
Neves da Silva e Neuza Guareschi.
As perspectivas teórico-metodológicas discutidas
por esses autores sobre Psicologia Social apontam
que esta área tem passado por transformações nos
enfoques dos conteúdos e nas metodologias de
pesquisa. Até o inal dos anos 70, utilizavam-se, em
especial, os aportes teóricos de base positivista, e as
pesquisas acadêmicas faziam uso, principalmente,
de métodos experimentais, visando a adaptação dos
indivíduos à sociedade. No entanto, essa perspectiva
positivista e de inluência norte-americana passou a
ser criticada por reproduzir interesses hegemônicos
da sociedade e por possuir uma visão universal e
ahistórica de ser humano.
Destacamos cinco pontos que consideramos
como aqueles que fundamentam os pressupostos
da Psicologia Social e Comunitária e que inserem
transformações tanto nas produções teóricas e
metodológicas quanto nas práticas psicológicas.
Tendo como argumento as condições sócio-históricas
brasileiras, em um momento em que problemas sociais
como violência urbana, desemprego e favelização da
população nos grandes centros passam a emergir em
decorrência do processo de industrialização brasileira,
o primeiro ponto refere-se a uma crise na Psicologia
Social nesse período, em decorrência das questões
levantadas.
O segundo ponto decorre da demanda de produção
de conhecimento a partir da perspectiva da Psicologia
Social Crítica, instaurada a partir da crise e inspirada
no paradigma epistemológico do Materialismo
Histórico Dialético, que fundamenta discussões sobre
as possibilidades de transformação das condições
econômicas e sociais de vida da população. O terceiro
ponto situa-se quando a Psicologia Social Crítica,
com uma concepção de sujeito histórico social e
entendendo-o como produto e produtor da história
rompe com pressupostos metodológicos, como a
neutralidade cientíica do pesquisador e o uso de
instrumentos que garantam a separação entre sujeito
e objeto, ou seja, a objetividade e a noção de uma
5
verdade cientíica. Com esses pressupostos, passam
a desenvolver-se a pesquisa participante e a pesquisa
ação, envolvendo-se diretamente em contextos de vida
de populações carentes e em situações econômicas e
sociais precarizadas.
Com o avanço dos debates teóricos e
metodológicos e com o aumento signiicativo de
produções cientíicas, bem como com a formação de
proissionais por pesquisadores da Psicologia Social
Crítica, ressaltamos, no quarto ponto, o efeito dessas
ações nos processos sociais e culturais de grupos e
organizações populares. As ações empreendidas nesses
contextos para a conscientização e transformação
dos processos sociais passam a abranger discussões
políticas mais amplas na sociedade que visavam à
construção do exercício da cidadania através do direito
ao acesso à saúde, da educação e de condições de
trabalho justas e dignas. Assim, como quinto ponto,
indicamos as implicações da Psicologia Social Crítica
na construção teórico-metodológica de outros campos
de pesquisas que passam a produzir conhecimentos e
que irão formar os saberes da Psicologia Comunitária
e da Psicologia do Trabalho – esta última para opor-se
à Psicologia Industrial/Empresarial/Organizacional,
que foca o indivíduo, visando ao bem da organização,
e não à produção de subjetividade a partir da relação
do trabalho. Já a Psicologia Social Comunitária passa
a integrar-se com proissionais de outras áreas no
trabalho da saúde pública, alertando para a formação
do psicólogo para o trabalho em todos os campos das
Políticas Públicas e Sociais, seja no campo da saúde,
da educação ou da assistência social.
A Psicologia Social e Comunitária nos
currículos dos cursos de Psicologia: o social como
soma de indivíduos
Apresentamos a seguir a análise dos conteúdos
dos programas das disciplinas da área de Psicologia
Social e Comunitária a partir de três temáticas que
consideramos como as que emergiram como centrais
para esta discussão: Sistemas teóricos, Intervenções
Sociais e Movimentos Sociais.
Sistemas Teóricos
É importante destacar que muitas das disciplinas
da área da Psicologia Social e Comunitária possuem a
mesma e abrangente nomenclatura: Psicologia Social;
no entanto, estas se diferem a partir do conteúdo
apresentado em seus programas. Enquanto alguns
destes abordam conteúdos bem especíicos como
deinição de conceitos, outros objetivam trabalhar
perspectivas e teorias desta área da Psicologia.
Assim, os programas das disciplinas desta área,
de modo geral, objetivam ensinar sistemas teóricos
tradicionais – como a Psicanálise, o Behaviorismo, o
Cognitivismo, a Gestalt – para fundamentar e abordar
historicamente o ensino em Psicologia Social. Dessa
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forma, nas disciplinas introdutórias de Psicologia
Social, os conteúdos são apresentados a partir dessas
correntes teóricas que são as que também fundamentam
a maior parte dos conteúdos das disciplinas das outras
duas áreas da pesquisa – áreas das Biomédicas, e área
da Avaliação Psicológica e Psicopatologia.
Os conceitos tratados nas disciplinas da área da
Psicologia Social e Comunitária, na sua maioria, são
no sentido de compreender as inluências ou efeitos
do meio social no indivíduo. Esta perspectiva de
compreensão dos conceitos a partir do indivíduo e
não pelas diferentes relações que se estabelecem entre
o indivíduo, grupos, instituições e os contextos sóciohistórico-culturais, não está somente nas disciplinas
da área da Psicologia Social e Comunitária, mas
também nos conceitos trabalhados nas disciplinas
dos outros das outras áreas deste estudo. Isto é
veriicado, por exemplo, no conceito de identidade
sendo fundamentado por sistemas teóricos como a
Psicanálise e o Comportamentalismo, teorias que
estão sendo aplicadas na área de Psicologia Social e
Comunitária e que remetem à identidade do indivíduo
sem trazer outros conteúdos nas disciplinas que
possam relacionar ou integrar a questão da identidade
às diferentes identidades culturais e sociais. No
entanto, quando este conceito é enfocado por outras
teorias de Psicologia Social como a Teoria Crítica,
por exemplo, este apresenta uma compreensão de
identidade relacionada aos contextos histórico,
econômico e cultural.
Também, os conteúdos das disciplinas desta área
remetem à construção da Psicologia Social Moderna,
desde uma abordagem positivista, passando com
maior ênfase pelas abordagens das teorias críticas
fundamentadas no Materialismo Histórico-Dialético,
até correntes teóricas que se aproximam do enfoque
pós-estruturalista. A Psicologia Social Moderna
constitui-se, principalmente, a partir de duas
disciplinas: a Psicologia e a Sociologia, que mantêm
estreita ligação sustentada por diversos teóricos com
produções sobre o indivíduo, sociedade e cultura.
Estudos nesta área apontam para o que Farr (1999)
denomina de forma sociológica e forma psicológica
de Psicologia Social: a primeira, com enfoque nos
fatores sociais envolvidos na relação indivíduoambiente e, a segunda forma, mais atenta aos aspectos
psicológicos do indivíduo quanto aos modos de vida
em sociedade.
Assim, é possível destacar que tanto a forma
sociológica quanto a forma psicológica de
Psicologia Social estão presentes nos conteúdos
dos programas das disciplinas de Psicologia Social
e Psicologia Comunitária, que apresentam em seus
programas conteúdos como a contextualização da
Psicologia Social na América Latina e no Brasil,
histórico, principais correntes teóricas, processos de
socialização, processos de interação, sendo sustentado,
principalmente, pelo autor Aroldo Rodrigues.
6
Em relação à corrente da Psicologia Social
Crítica, esta é fundamentada principalmente por
autores nacionais que sustentam a aprendizagem
pelos enfoques teóricos do Materialismo HistóricoDialético, mas também por abordagens teóricas
críticas mais contemporâneas que discutem o contexto
sócio-histórico da sociedade brasileira e da América
Latina, como Sílvia Lane, Pedrinho Guareschi,
Wanderlei Codo, entre outros. Interessante destacar
que, tanto a Psicologia Social Moderna quanto a
Psicologia Social Crítica, estão sendo abordadas
muitas vezes no mesmo tópico da disciplina dando a
impressão que não é dado maior desenvolvimento às
diferenças epistemológicas de uma e de outra.
Já, o que se poderia nomear como uma
abordagem Pós-Estruturalista, se caracteriza pelo
caráter problematizador sobre as relações sociais
no contemporâneo a partir de teorias e conceitos
que enfocam a linguagem, o discurso, as práticas
discursivas, a diversidade cultural e os vetores da
sociedade atual, como o mundo virtual, globalizado
e os efeitos das tecnologias na produção dos modos
de vida. Essa perspectiva teórica, nos programas
das disciplinas de Psicologia Social e Comunitária,
é demonstrada por enfoques que se construíram a
partir da Virada Lingüística, Virada Cultural e o
Construcionismo Social, e que iniciam com conteúdos
do campo dos Estudos Culturais, direcionando-se para
abordagens teóricas foucaultianas e pós-modernas.
Os conteúdos abordados por estas perspectivas
são alguns daqueles que também são ensinados a
partir de outras perspectivas como a Psicologia Social
Moderna e a Psicologia Social Crítica. Porém, quando
apresentados nos programas das disciplinas desta área,
estes conteúdos se diferem pelo modo com que são
apresentados, mas principalmente pelas referências
bibliográicas que os fundamentam. Por exemplo: o
conteúdo sobre “identidade”, quando apresentado
num viés da Psicologia Social Moderna, é colocado
como Identidade, Papéis Sociais, Meio Ambiente; na
Psicologia Social Crítica, como Identidade Social,
Conscientização e Ideologia; e nas perspectivas
que denominamos como pós-estruturalistas, como
Identidades Sociais/Culturais, Linguagem, Produção
de Subjetividade.
A inclusão desta perspectiva pós-estruturalista, nos
programas das disciplinas da área da Psicologia Social
e Comunitária indica, pela forma como apresenta os
conteúdos a serem trabalhados, uma estratégia para
fomentar a problematização do social como uma
invenção da Psicologia, privatizando-o como objeto
do conhecimento desta área (Silva, 2005).
Intervenção social
Como intervenção social se denominou os
conteúdos propostos nas disciplinas relacionados
aos modos como a Psicologia Social se insere nos
diferentes contextos, desde pesquisas para produção
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de conhecimento até intervenções a partir de métodos
e técnicas psicológicas, individuais ou em grupo, que
visam ajuda, colaboração ou transformação social, e,
neste caso, algumas delas vinculadas necessariamente
à produção do conhecimento.
A partir dos programas das disciplinas da
Psicologia Social e Comunitária que abordam a
aprendizagem de intervenções enquanto principais
ferramentas metodológicas do psicólogo no contexto
de trabalho desta área, emergem duas questões: a
primeira é o tratamento da temática intervenção de
forma mais estrutural, relacionada a metodologias
e técnicas, ou seja, o que é, quem faz, onde faz; e a
outra é uma questão mais teórica e epistemológica
que fundamenta os modos de intervenção em
termos de conhecimento, ou seja, os conceitos que
norteiam estas práticas. As intervenções, no geral,
são fundamentadas por saberes de diferentes campos
do conhecimento, atribuindo, assim, um caráter
mais multidisciplinar, interdisciplinar ou mesmo
transdisciplinar, dependendo do enfoque teórico no
qual esta prática se sustenta.
As disciplinas desta área, com enfoque no
aprendizado de intervenções e no trabalho do psicólogo
em equipes ou de forma individual, enfatizam, muitas
vezes, em seus programas, a multidisciplinaridade
e a interdisciplinaridade. A multidisciplinaridade e
a interdisciplinaridade, enquanto campos de saber,
estão postas a partir da proposição da Psicologia
se relacionar com outras áreas, cujos proissionais
possivelmente integram as equipes de trabalho,
a im de possibilitar uma contextualização, de
forma mais ampla, do objeto sobre o qual se está
intervindo. Essas questões são evidenciadas, por
exemplo, nos programas das disciplinas Psicologia
Hospitalar, Psicologia da Saúde, Psicologia e
Políticas Públicas, que propõem conteúdos como a
relação entre psicólogo, hospital e outros serviços; a
prática psicológica no âmbito hospitalar; o papel da
Psicologia no Hospital, o trabalho interdisciplinar, a
perspectiva da Psicologia e a especiicidade de sua
contribuição em equipes multidisciplinares.
Segundo Passos (2001) a multidisciplinaridade
reside na lógica do “somatório”; isto é, são várias
perspectivas que se somam para olhar um mesmo
objeto. O que prevalece aqui é a questão que essa
interação entre essas ciências se mantém igual,
permanecendo na manutenção dos limites identitários
das disciplinas. A interdisciplinaridade, por sua vez,
reside na lógica da articulação, em que as disciplinas
produzem uma zona de intersecção; há a produção de
um novo olhar sobre este objeto, mas tal olhar cria uma
nova disciplina, de forma que ainda se mantém a lógica
disciplinar, apesar da criação de outra. Sucintamente,
podemos dizer que na multi e na interdisciplinaridade
segue-se com a manutenção dos limites identitários
das disciplinas. É no sentido de produzir uma relação
diferente com o objeto de conhecimento da ciência
7
que surge a idéia da transdisciplinaridade, em que
a relação que se estabelece é a de perturbação, de
afetação, de interferência; desse modo, há uma
produção de diferença na desestabilização desses
limites das disciplinas, pois a lógica da identidade já
não opera mais aqui.
Porém, as distintas perspectivas teóricas de
outros campos de saber que formam uma possível
multidiciplinaridade,
se
investigadas
quanto
às bibliograias referenciadas nos programas,
apresentam diferentes compreensões sobre um
mesmo objeto. Este fator se faz presente também
nos conteúdos dos programas. Embora caracterize
uma multidisciplinaridade, não é possibilitada uma
discussão epistemológica dos diversos campos de
saber que constituem esta multidisciplinaridade,
expostas pelos conteúdos, para poder propiciar uma
compreensão das diversas concepções de sujeito e de
realidade destes outros saberes.
Além disso, na maioria das vezes, a
multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade
são tratadas nos programas das disciplinas como
sinônimos; porém, algumas vezes são diferenciadas,
como no programa da disciplina Introdução às
Ciências da Saúde, quando o conhecimento de outra
área do saber vem propor uma interrelação mais
direta com a Psicologia, com intuito de promover a
integração entre ambas e outro entendimento sobre
um determinado objeto. Nesta disciplina, o objeto
em questão é a temática da Saúde, abordada a partir
da Antropologia, da Sociologia e da Política. No
entanto, é importante destacar que, mesmo assim,
é difícil airmar somente a partir do programa da
disciplina se isto se caracteriza como proposta
de interdisciplinaridade ou simplesmente com o
propósito de estabelecer uma relação da Psicologia
com outros campos do conhecimento.
Diferentemente do programa da disciplina
Introdução às Ciências Sociais para a Saúde, que traz
a concepção de saúde a partir de outro campo de saber
que não o da Psicologia, o programa da disciplina
Saúde, através de sua ementa, propõe a discussão
das concepções de saúde na contemporaneidade
com enfoque interdisciplinar; o que se destaca nos
conteúdos desse programa são as concepções de
saúde-doença e saúde como processo em construção
inter e transdisciplinar, fundamentados em autores
contemporâneos que têm problematizado esta
temática da saúde pelo viés da saúde coletiva, com
autores como Foucault, Goulart e Madel Luz.
Também, as palavras ‘multidisciplinaridade’ e
‘interdisciplinaridade’ aparecem nos conteúdos de
disciplinas da área Psicologia Social e Comunitária
não necessariamente através da proposição do ensino
de conteúdos a partir de diferentes campos de saber,
mas como um aprendizado na formação do psicólogo
para este poder intervir, trabalhar, auxiliar e compor
equipes multidisciplinares e interdisciplinares em
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contextos proissionais.
Ainda quanto ao caráter das intervenções,
podemos destacar que a transdisciplinaridade é pouco
referenciada nos currículos de Psicologia e, assim
como a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade,
aparece relacionada somente à atuação do psicólogo
na área da saúde. A transdisciplinaridade, como
possibilidade de desestabilizar as fronteiras
identitárias de diferentes saberes (Passos & Barros,
2000), é mencionada em alguns programas que
enfocam a Saúde Coletiva, como a disciplina Saúde,
Intervenções em Saúde Coletiva e Saúde Mental
Coletiva, a partir do ensino de conteúdos relacionados
a estratégias de intervenção e fundamentados em
autores como Gastão Wagner Campos, Roseni
Pinheiro e Rubem Mattos.
No que se refere às metodologias e técnicas das
intervenções, em muitos programas de disciplinas não
se encontram conteúdos que remetam diretamente
aos modos que fundamentam e instrumentalizam
as intervenções, tanto teoricamente quanto
metodologicamente. Isso é evidenciado pela
disciplina nomeada de Intervenções Psicossociais,
cujos conteúdos abordados são: deinição; quem
realiza; tipos de intervenção; campos de trabalho.
Assim, o entendimento de como ocorrem o ensino
e aprendizagem sobre questões metodológicas da
intervenção, podem ser somente deduzidas a partir
das bibliograias apresentadas, situadas na perspectiva
da Psicologia Social Crítica.
A forma com que as intervenções e os modos de
realizá-las estão postas nos programas das disciplinas
são também entendidas como uma metodologia
de pesquisa e como estratégia de organização e
mobilização nos movimentos sociais, principalmente,
aquelas que visam transformações sociais. A
abordagem das intervenções como metodologia de
pesquisa está presente nos programas de disciplinas
como Psicologia Comunitária, Psicologia Social,
Introdução às Ciências Sociais Para a Saúde,
Introdução à Antropologia da Saúde, Intervenções
em Saúde Coletiva, Psicologia e Políticas Públicas,
através do ensino de conteúdos como: metodologias
de trabalho que visem a promoção e prevenção de
saúde, metodologia qualitativa em saúde, diagnósticos
de comunidades e serviços, levantamento e análise
de necessidades, visitas domiciliares, pesquisa
participante/ação e pesquisa-intervenção.
Já a intervenção como estratégia de organização
e mobilização nos movimentos sociais, objetivando
transformações sociais, é mencionada em disciplinas
como Psicologia Comunitária, Psicologia Social,
Psicologia: política e cidadania, Saúde Mental
Coletiva, através, por exemplo, dos seguintes
conteúdos: possibilidades de ação coletiva na
construção de cidadania; análise das diferentes
formas de intervenção em ações comunitárias no
resgate da cidadania, exclusão, cidadania e saúde;
8
Psicologia Política. As referências teóricas que
fundamentam esses conteúdos, tanto a intervenção
como metodologia de pesquisa quanto a intervenção
como estratégia de movimento social, são situadas
principalmente na perspectiva da Psicologia Social
Crítica e também com alguns conceitos teóricos de
outras áreas do saber como da Antropologia e da
Sociologia.
Quanto ao ensino sobre em quais contextos as
intervenções podem ser realizadas pelos psicólogos,
destacam-se dois: o da saúde e o de comunidades.
Na área da saúde, podemos visibilizar conteúdos que
referem estratégias de ação do psicólogo que visam
desde a prevenção até a promoção de saúde e das
condições de vida, em programas de disciplinas como
Psicologia e Saúde Coletiva, Psicologia e Políticas
Públicas, Psicologia da Saúde, Atenção à Saúde,
Psicologia Social, Psicologia Comunitária.
Já em relação aos contextos de comunidades, as
intervenções são referidas nas questões de pobreza e
outras condições de carência na vida e/ou de acesso
a serviços, grupos e instituições, estão presentes
em disciplinas como: Psicologia Social, Psicologia
Comunitária e Psicologia: política e cidadania, a
partir de conteúdos como: a inserção do psicólogo no
contexto da sociedade brasileira atual; a Psicologia
Social em classes desfavorecidas; conceito e vivência
da cidadania num contexto de exclusão social;
elaboração e avaliação de programas comunitários,
entre outros.
Alguns programas de disciplinas, que pretendem
o ensino de intervenções sociais como estratégia que
discute a melhoria das condições de vida referem
a temas relacionados às políticas públicas na área
da educação, assistência social, direitos humanos
e, principalmente, na área da saúde. Os conteúdos
dessas disciplinas que remetem à problematização
dessas temáticas apontam para a importância e
emergência de políticas públicas e as práticas psi, seja
nos direitos humanos, saúde, educação ou assistência
social. Porém, esses conteúdos são ainda pouco
mencionados estando presentes, especialmente, em
programas de disciplinas de Psicologia e Políticas
Públicas, Psicologia e Políticas Públicas em Saúde
e Psicologia Comunitária. Além disso, no geral, são
também pouco evidenciados, em disciplinas dos
currículos de Psicologia, conteúdos diretamente
ligados ou apresentados de forma sistemática sobre
a aprendizagem de políticas públicas e a atuação e
trabalho do psicólogo nesta área.
Movimentos Sociais
Os movimentos sociais enquanto uma temática
presente nos conteúdos dos programas das disciplinas
da área Psicologia Social e Comunitária remetem,
especialmente, a três grandes movimentos: o próprio
movimento da Psicologia Social, a Reforma Sanitária
e a Reforma Psiquiátrica.
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Os conteúdos das disciplinas desta área trazem,
de forma sistemática, o movimento da Psicologia
Social, a partir do que foi denominado de “crise da
Psicologia Social”, situando os contextos da realidade
de vida da América Latina e do Brasil e, a partir daí,
a inserção de conteúdos sobre outras perspectivas
teóricas e metodológicas para a pesquisa e a produção
do conhecimento em Psicologia Social. Os programas
das disciplinas que mais especiicamente tratam deste
movimento da Psicologia Social são, em sua maioria,
das disciplinas de Psicologia Social e Psicologia
Comunitária que apresentam, por exemplo, conteúdos
como a deinição de Psicologia Social; o âmbito de
atuação do psicólogo social; principais contribuições
teóricas e temas relativos à Psicologia Social; e
Psicologia Social no Brasil e América Latina.
As referências bibliográicas destes conteúdos
são nacionais e bastante utilizadas nessas disciplinas,
com autores da Psicologia Social Crítica como Sílvia
Lane, Pedrinho Guareschi, Wanderlei Codo. Porém,
há também referências de autores como Joel Birman
e Renato Mezan, que remetem a uma psicanálise
com um viés social a partir de conteúdos que
problematizam os modos de vida no contemporâneo.
Em relação à Psicologia Social norte-americana, o
autor referenciado é Aroldo Rodrigues; e quanto à
Psicologia Social com enfoque na perspectiva das
práticas discursivas e pós-estruturalista, encontram-se
Cecília Coimbra, Mary Jane Spink, Neuza Guareschi,
entre outros.
Além do conteúdo do movimento social da
própria Psicologia Social, nas disciplinas da área da
Psicologia Social e Comunitária são apontados de
forma menos enfatizada conteúdos que remetem a
outros dois movimentos sociais: a Reforma Sanitária e
a Reforma Psiquiátrica. Os conteúdos nas disciplinas
desta área que se referem a questões da Reforma
Sanitária apontam para a história propriamente dita
do movimento da saúde que vem eclodir no SUS.
Esses conteúdos são apresentados em dois programas
e remetem, basicamente, ao fortalecimento do sistema
e as práticas do psicólogo no SUS. Estes programas
são das disciplinas de Intervenções em Saúde Coletiva
e Saúde e dizem respeito à saúde mental coletiva;
ao contexto das políticas públicas; as concepções
históricas para a compreensão das políticas de saúde;
novos paradigmas de saúde comunitária. Os autores
que fundamentam estes conteúdos nessas disciplinas
são Foucault e outros autores que também são atores
de todo esse movimento de Reforma Sanitária como,
Gastão Wagner Campos, Roseni Pinheiro, Rubem
Mattos.
O movimento da Reforma Psiquiátrica é
mencionado mais vezes nos programas das disciplinas
desta área. Estes programas apresentam conteúdos a
serem ensinados sobre a história deste movimento,
especialmente quando a Psicologia Social discute
questões de saúde mental e das instituições
9
psiquiátricas. Também são referidos conteúdos nessas
disciplinas que tratam de estratégias e ações na saúde
mental, a partir da saúde coletiva. Outra questão que
emerge a partir dos conteúdos dessas disciplinas de
Psicologia Social e Comunitária, quando tratam
da Reforma Psiquiátrica, é para reletir a área de
saber da Medicina, da Biologia e suas relações com
a Psicologia, especialmente, quanto às avaliações
psicológicas e diagnósticos, que são referências do
psicólogo para o trabalho nessas instituições de saúde
mental.
Além dos conteúdos relacionados mais
diretamente à Reforma Psiquiátrica e o trabalho
do psicólogo nas instituições de saúde mental, os
programas das disciplinas de Psicologia Social
e Comunitária apontam para a aprendizagem de
conteúdos relacionados a outras instituições. Estas
instituições são as prisões, casas de internação e
abrigagem de crianças e adolescentes, além de outros
conteúdos que se referem à exclusão social, à violência
e à marginalidade. Podemos identiicar, por exemplo,
trechos dos programas de disciplinas que tratam de
serviços substitutivos da clínica, a partir da reforma
psiquiátrica, visando o ensino de outros conceitos e
outros temas nesta área. As referências bibliográicas,
que fundamentam estes conteúdos sobre as questões
da Reforma Psiquiátrica e a discussão mais
contemporânea sobre a instituição da saúde mental e
o trabalho do psicólogo nesta área, remetem bastante
à Psicologia Comunitária, com obras de autores como
Regina Campos e Sílvia Lane. Porém, também são
propostas referências que trabalham diretamente
com a questão da Reforma Psiquiátrica, como Paulo
Amarante.
Os conteúdos sobre saúde, a partir do debate
da Reforma Sanitária, saúde mental e Reforma
Psiquiátrica presentes nas disciplinas da área de
Psicologia Social e Comunitária, são aqueles que, no
currículo de Psicologia, remetem à outra concepção
de saúde ou, ainda, a uma problematização do
próprio conceito de saúde, loucura, rede assistencial
e cuidado. É interessante apontar que estas questões
podem nos fazer pensar que através desses conteúdos
que são trabalhados em disciplinas de Psicologia
Social e Comunitária está se construindo uma crítica
aos conteúdos ensinados em outras disciplinas do
currículo de Psicologia, principalmente naquelas
que agrupamos nas demais áreas deste estudo – área
das Biomédicas e área da Avaliação Psicológica e
Psicopatologia; no entanto, não são evidenciado
conteúdos ou referências que possam indicar estas
relações ou problematizações.
Movimentos dos Currículos de Psicologia em
Direção à Formação de Proissionais de Psicologia
Para o SUS
A formação em Psicologia, de acordo com as
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DCNs, deve ter seus currículos direcionados à
formação (também) para o SUS. Dessa forma, o
olhar que lançamos aos currículos foi este: o de
perceber os movimentos que estes vem realizando
para dar conta desta proposta de formação. O SUS
visibiliza uma visão ampliada do conceito de
saúde e, consequentemente, uma visão de sujeito
não mais calcada na dicotomia saúde/doença e/ou
patologização, mas sim com um viés de promoção de
saúde e vida, lançando um olhar integral que abarca
os diversos contextos sociais e culturais em que os
sujeitos estão inseridos.
Compreendemos que as questões destacadas na
discussão do currículo de Psicologia não se esgotam.
Contemplamos algumas, mas também consideramos
que outras tantas poderiam ser abordadas. No entanto,
entendemos que estes pontos que trazemos a seguir
nos auxiliam a pensar de que forma está se dando o
diálogo da Psicologia com o SUS e, principalmente,
de que forma a Psicologia tem se posicionado ética e
politicamente na atualidade.
Conforme o princípio da equidade, os sujeitos
devem ser respeitados no que se refere às suas
individualidades; é a garantia do direito à diferença. Já
a integralidade é a airmativa de que os sujeitos devem
ser compreendidos como um todo biopsicossocial.
Estabelece-se, assim, a necessidade de um trabalho
em equipes transdisciplinares, uma vez que as
diversas áreas do conhecimento terão que dialogar
para se chegar ao entendimento de atenção em saúde
que o SUS propõe. A construção de uma proposta
como essa exige a desconstrução das barreiras das
especiicidades das áreas do conhecimento e o
rompimento das fronteiras identitárias.
A preocupação pela promoção das condições
de vida, visando buscar possibilidades para
as transformações sociais, está nos programas
das disciplinas voltadas à Psicologia Social e
Comunitária. Embora os objetivos de contrapor as
estruturas e relações hegemônicas estejam presentes
na proposta curricular das disciplinas dessa área, há
diferenças quanto ao tipo de relexão sobre as origens
e efeitos dos diversos contextos sociais, econômicos
e culturais e sobre os limites da implicação política
das práticas psicológicas sobre os sujeitos. Essas
diferenças pautam-se pelos vários enfoques teóricos
e metodológicos que, algumas vezes, entram em
conlito no posicionamento de temas sobre a ciência
psicológica: enquanto algumas abordagens avançam
em direção à multidisciplinaridade de conhecimentos,
para a compreensão dos objetos de estudo e
construção de práticas psi, outras buscam mudanças
sociais nas condições de vida dos sujeitos – porém,
ainda na crença cientíica de que deve haver respaldo
de saberes e métodos prioritariamente do campo da
Psicologia.
Pode-se compreender, de certa forma, que os
conteúdos da área de Psicologia Social e Comunitária
10
apontam para a formação do psicólogo em grupos,
instituições ou contextos mais amplos da sociedade
e menos direcionados ao trabalho do psicólogo junto
à saúde pública ou coletiva. E, quando a formação
indica estar direcionada à saúde, os conteúdos
que evidenciam isto se relacionam mais a saúde
do indivíduo, ou seja, mais individualizada e não
integrada a análise de outros fatores que possam
produzir saúde ou doença. Entretanto, é importante
ressaltar que é ainda nessa área da Psicologia Social
e Comunitária que se encontram as possibilidades de
algumas relexões teóricas e epistemológicas para
inserção e integração da formação em Psicologia na
direção do que é proposto pelos princípios do SUS,
diferentemente das disciplinas das outras áreas deste
estudo, que apresentam muito pouca relação com o
campo da saúde coletiva ou para a compreensão do
princípio da integralidade e da transformação da
concepção de saúde.
Além disso, podemos pensar que a preocupação
da Psicologia Social e Comunitária com grupos e
populações em desvantagem social, econômica e
cultural, propiciou uma aproximação na formação em
Psicologia através da inserção de outras perspectivas
teóricas e metodológicas que trouxeram um estatuto
político na produção do conhecimento na área da
Psicologia. Essa aproximação também é a que
possibilita alguma formação para que o proissional
da Psicologia atue na inserção das práticas psi nas
políticas públicas, na construção do exercício da
cidadania e nas causas dos Direitos Humanos.
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Recebido: 29/09/2010
Última Revisão: 30/10/2010
Aceite Final: 06/12/2010
Sobre os Autores:
Neuza Maria de Fátima Guareschi - Psicóloga pela PUCRS, mestre em Psicologia Social e
da Personalidade pela PUCRS e doutora em Educação pela University of Wisconsin - Madison.
Atualmente é professora adjunta da UFRGS, pesquisadora do Programa de Pós Graduação em
Psicologia, coordenadora do grupo de pesquisa Estudos Culturais e Modos de Subjetivação e
Bolsista Produtividade CNPq.
E-mail: nmguares@gmail.com
Thais Bennemann - Psicóloga pela PUCRS. Atualmente é Residente em Saúde da Família e
Comunidade pelo GHC.
E-mail: thais.bennemann@gmail.com
Gisele Dhein: Psicóloga pela UNISC e mestre em Psicologia Social pela PUCRS. Atualmente
é professora da UNIVATES.
E-mail: gidhein@gmail.com
Carolina dos Reis - Psicóloga pela PUCRS. Atualmente é Mestranda em Psicologia Social e
Institucional pela UFRGS e Assistente de Pesquisa do CRPRS.
E-mail: carolinadosreis@gmail.com
Denise Santos Machry: Psicóloga pela PUCRS. Atualmente é Bolsista Apoio Técnico CNPq
pela UFRGS.
E-mail: denise.giz.machry@gmail.com
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