DIRETO
AO PONTO
PINGUE-PONGUE
Sócio do Triad Consulting Group, ele é especialista em liderança, negociação e comunicação e autor de Difficult Conversations (ed. Penguin). Atua freqüentemente na resolução de
conflitos diplomáticos; já foi mediador, por exemplo, na África
do Sul, Grécia e Turquia e colaborou na busca de acordos
entre líderes comunitários locais e regionais em Chipre
Que tipo de conversa pode ser considerada realmente difícil?
A que causa desconforto, mas isso
varia de pessoa para pessoa. Pode
ser: dizer ao cliente mais rentável
que os preços vão aumentar, dar um
feedback negativo a um bom funcionário, pedir um aumento de salário.
Minha irmã, por exemplo, não tem
nenhum problema na hora de pedir
que lhe aumentem o salário.
O certo é que evitamos esse tipo
de conversa porque todos tivemos
experiências ruins na área e recordar-se delas é doloroso. Assim,
alguns optam por protelar, acreditando que tudo se resolverá com o
tempo. Mas não é bem assim que as
coisas acontecem. Outros decidem
enviar um e-mail e tudo que conseguem é potencializar possíveis
mal-entendidos.
Os líderes que chegam ao topo
de uma organização são, necessariamente, hábeis nesse tipo de
conversa ou têm alguma receita
para encará-lo?
A receita é simples: entender
o ponto de vista da outra pessoa,
pedir-lhe a opinião e explicar o
próprio ponto de vista.
Nem sempre os que chegam
ao topo de uma empresa têm essa
habilidade, mas deveriam treinar
para desenvolvê-la, porque se beneiciarão muito dela na hora de
exercer o poder ou liderar equipes
de trabalho.
Como se inicia uma conversa difícil
em um ambiente hostil ou com alguém pouco receptivo? Essas são
as situações mais freqüentes numa
empresa...
Uma conversa difícil nunca deve
acontecer em um ambiente hostil.
O aconselhável é convidar a pessoa
para um almoço, por exemplo.
Além disso, sempre é preciso começar dizendo: “É realmente muito
importante para mim...”.
Um bom método é procurar fazer
com que a razão prevaleça sobre
a emoção?
Às vezes, conter a emoção não
adianta muito. Em certas ocasiões,
necessitamos da razão e, em outras,
HSM Group
5 perguntas a
Douglas Stone
da emoção; o importante é o equilíbrio entre ambas. Ao receber um
feedback negativo, por exemplo, você
pode chorar. Não há nada de mau
nisso. Bastará que respire fundo
e diga a seu interlocutor: “Não se
preocupe, icarei bem”.
Em sua experiência, os sistemas
de feedback implementados nas
empresas encorajam o diálogo
e criam um lugar de trabalho
saudável?
Alguns são bons e, de fato, resultam em grande ajuda para todos;
outros só pioram as coisas. O mais
importante, ao receber o feedback
de um chefe, é poder considerar
que nada do que ele diga poderá
mudar seu jeito de ser, ainda que
cause sério impacto em você. O
bom feedback se dá uma vez por
ano e mostra quanto seu chefe se
importa com seu trabalho, além
de que é capaz de compreendê-lo.
Na realidade, o bom feedback é algo
mais parecido com a metodologia
de coaching.
Entrevista de Lílian Féres