Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                
FORum 3 Henrique Barreto Nunes Editorial FRANCISCO SANDE LEMOS Antonio Carlos Silva o GEPP na arqueologia portuguesa do ultimo quartel do seculo XX 31 Jose d'Encarn a980 A proposito de 0 Povoamento Romano de Tras-os-Montes Oriental 53 Gon9alo Cruz Quinta da Ponte : Ideias para 0 desenvolvimento de uma granja proto-historica em Briteiros 69 A ntonio Martinho Baptista o Vale do Coa e 0 97 J080 Fon te Novas metodologlas nao-invasivas de prospecc;;ao arqueologica : 0 contributo das tecnologias geo-espaciais Jorge de Alarcao A propos ito do hidr6nimo LETHES Rui Morais Uma mulher singular em Bracara Augusta Carla Maria Braz Martins A explorac;;ao romana do marmore na Quinta de SantoAdriao, Vimioso I Miranda do Douro Manuela Martins Maria do Carmo Ribeiro A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades 179 Maria do Carmo Ribeiro A evoluc;;ao da paisagem urbana de Braga desde a epoca romana ate a Idade Moderna 203 Henrique Barreto Nun es Francisco Sande Lemos Contributos para a hi storia da arqueologia em Monc;;ao 9 11 3 II 121 135 -JlJ 149 セ@ 223 seu Museu (memorias , situac;;6es, projectos) Blbllografia de Francisco Sande Lemos LUCIO CRAVEIRO DA SILVA 24 5 Henriq ue Barreto Nunes Homenagern ao Professor Lucio Craveiro da Silva 247 A cilio da Silva Estanqueiro Rocha Sob 0 signo da memoria ... 257 Adriano Moreira Urn legado de Lucio Craveiro da Silva 265 Henrique Barre to Nunes Apresentac;;ao do n.o 42/43 de "Forum" , dedicado ao Prof. Lucio Craveio da Silva NUNO BARRETO 273 Paulo Cabral Taipa Gigante com um sorriso de me nino 275 Cesar Valenr;a Na mao de Deus, na sua mao dire ita 279 Carlos Corais Maria Helena Trindade Nuno Barreto Editorial DOCUMENTA<;:Ao E VARIA 285 Henrique Barreto Nunes Sessao de entrega do Premio Victor de Sa de Hist6ria Contemporanea - 2008 289 Maria Antonieta da Conceir;ao Cruz 0 Premio Victor de Sa de Hist6ria Contemporanea - 2008 297 Jose Neves Discurso na cerimoniade recep!(ao do Premio Victor de Sa de Historia Contemporanea - 2008 Reabrir 0 «Conjunto maci<;o abrangido pelo conceito de "POVO"» 307 Henrique Barreto Nunes Sessao de entrega do Premio Victor de Sa de Hist6ria Contemporanea - 2009 309 Jose Viriato Capela o Premio Victor de Sa de Historia Contemporiinea - 2009 317 Fernando Tavares Pimenta Interven!(ao na cerimonia de entrega do Premio VictordeSa de Historia Contemporiinea-2009 "Angola : os Brancos e a Independencia" 323 1 As mudangas verificadas na Univj Doutor Antonio M. Cunha como mente, no Conselho Cultural , cor Macedo como sua Presidente, OCI Doa!(ao do Arquivo da Casa do Avelar definitiva do seu plenario, 。ー・ョセ@ origem do atraso com que surge 335 Arquivo Distrital de Braga Relatorio de actividades do Arquivo Distrital de Braga - 2009 357 Biblioteca Publica de Braga Relatorio de actividades da Biblioteca Publica de Braga - 2009 363 Unidade de Arqueologia Relatorio de actividades da Unidade de Arqueologia - 2009 que 0 anterior foi apresentado el Na propria revista verificaram-sE que 0 Reitor da Universidade do I Cultural como seu vice-presiden· Ana Gabriela Macedo, com a cor NOTiclAS 377 Conselho Cultural Noticias do Conselho Cultural 379 Biblioteca Publica de Braga Noticias da Biblioteca Publica de Braga 389 Centro de Estudos Lusiadas Noticias do Centro de Estudos Lusiadas 393 Museu Nogueira da Silva/ / Galeria da Universidade Noticias do Museu Nogueira da Silval IGaleria da Universidade que aceitei com enorme agradc desde 0 n.o 5/1989. Este numero da revista respeita principal, um conjunto de artigOi sido definido no final de 2008, apl o Conselho Cultural era presidic FORUM 44-45,2009/2010 , pag. 149-177 A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades Introdu980 o estudo e conhecimento das cidades constitui um vector fundamental do processo de desenvolvimento da sociedade actual, devido ao crescimento exponencial dos centros urbanos que torna indispens3vel uma reflexao sobre o seu passado e evolu9ao presente e uma compreensao aprofundada sobre os elementos dinamicos que podem assegurar a sua continuidade futura em termos harmoniosos. E hoje generalizadamente reconhecido que a arqueologia desempenha um papel fundamental nesse processo, uma vez que as escava90es arqueol6gicas contribuem para articular 0 passado e 0 presente das cidades , ajudando a • Profes sora Catedrati ca do Departamento de Hist6r ia do ICS da Univers idade do Minho ; Investigadora do CITCEM-UM, Agrupamento Paisagens, Fronteiras e Poderes; Responsavel pel a Unidade de Arqueol ogia da Un iversidade do Minho ; mmmartin s@uaum .uminho.pt •• Profess ora Auxiliar do Dep a rtamento de Hist6ria do ICS da Universi dade do Minho; Investigadora do CITCEM-UM, Agrupamento Paisagens, Fronteiras e Podere s; mcri beiro@ uaum .uminho.pt 150 A arq Manuela Martins / Maria do Carmo Ribeiro configurar novos cenarios urbanos, onde a historia se pode constituir como europeLls e que impossibilito um elemento simultaneamente integrador das popula<;:6es, regenerador dos veis afectas ao estudo das ( espa<;:os e dinamizador da actividade economica. constituir como a solu<;:ao m de interven<;:6es arqueologil reconhecimento da importi'mcia da processos de crescimento eI arqueologia na recupera<;:ao do potencial informativo das suas cidades histo- de condicionantes arqueolo l No entanto, a Europa acordou tarde para 0 ricas, datando apenas dos anos 60 do sEkulo XX as primeiras experiencias consequentes de interven<;:ao arqueologica, que faraD nascer a arqueologia Este processo afastou a arc urbana. Neste ambito cabe destacar 0 protagonismo ingles no estabelecimento tendo side compensado, de das bases teoricas e do modele de gestao da arqueologia urbana, bem como vimento de mecanismos de na introdu<;:ao de novos metodos de escava<;:ao, de registo e de representa<;:ao lassem devidamente a pre da complexa sedimenta<;:ao dos solos urbanos. principios estabelecidos nas a protec<;:ao e conserva<;:ao ( Fazendo eco dos principios da Carta de Veneza, a cidade passou a ser objectivada como sitio unico, pluri-estratigrafado, cuja escava<;:ao permitia resolver Com diferentes impactos, C( problemas historicos, facto que pressupunha que cada cidade fosse objecto de por criar dinamicas perverSe concretos , que permi- ao servi<;:o das solicita<;:6es tissem avaliar e valorizar as suas particularidades evolutivas. A arqueologia da sua carga arqueologica um projecto de investiga<;:ao consistente, com ッ「ェ・」エゥカセウ@ urbana passou entao a ser entendida, nao apenas como arqueologia na cidade, mas tambem como arqueologia da cidade, tendo em vista 0 seu conhecimento como facto historico, quer em termos temporais, quer espaciais e materiais. Na ausencia de projectos ( tados das multiplas interver assistiu-se a uma deliberac No entanto , a acelera<;:ao do ritmo construtivo e a moderniza<;:ao dos centros logico unico, que serviu os historicos, bern como o desenvolvimento da arqu 0 aumento da capacidade de interven<;:ao na estrutura urbanistica, sob pressao da especula<;:ao imobiliaria, acabariam porcondicionar a evolu<;:ao da arqueologia urbana europeia , conduzindo ao questionamento dos principios teoricos que a formalizaram, nos anos 70 do seculo XX, como arqueologia de investiga<;:ao. No entanto, apesar do conti a arqueologia urbana ・オイッセ@ o conhecimento relativo a sua identidade, bem De facto, tendo sldo responsavel por uma mudan<;:a substancial da praxis a COrT as tornam diferentes entre arqueologica, renovando metodos e criando um importante mercado de trabaIho, que permitiu a profissionaliza<;:ao dos arqueologos, a arqueologia urbana acabaria por ser vitima desse mesmo processo, que se revelaria fortemente contraditorio com os principios teoricos e eticos da disciplina. Porque sao os artefactos m paulatinamente retocados foram acrescentando nov; novos significados , as cid Face a um progressivo desinvestimento estatal na arqueologia urbana, a da memoria da sociedade partir dos anos 80 do seculo XX , que afectou de forma desigual varios paises sernpre presente, deixand A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades europe us e que impossibilitou a formac;:ao e/ou sobrevivencia de equipas estaveis afectas ao estudo das cidades, a arqueologia contratual acabaria por se constituir como a soluc;:ao mais facil para dar resposta a crescente avalanche de intervenc;:6es arqueologicas de caracter preventivo , desencadeada pelos processos de crescimento e de renovac;:ao urbana e pel a pratica de aplicac;:ao de condicionantes arqueologicas aos solos das cidades. Este processo afastou a arqueologia urbana dos seus designios iniciais, nao tendo side compensado, de forma consequente, por um necessario desenvolvimento de mecanismos de programac;:ao e planeamento urbano, que acautelassem devidamente a preservac;:ao do subsolo, em conformidade com os principios estabelecidos nas cartas e convenc;:6es internacionais que se referem a protecc;:ao e conservac;:ao do patrimonio arqueologico das cidades historicas. Com diferentes impactos , consoante os paises, a arqueologia urbana acabaria por criar dinamicas perversas, passando a funcionar, amiude, como actividade ao servic;:o das solicitac;:6es dos promotores imobiliarios, libertando as cidades da sua carga arqueologica para viabilizar novos empreendimentos. Na ausencia de projectos de investigac;:ao, capazes de dar sentido aos resultados das multiplas intervenc;:6es arqueologicas, maioritariamente casuisticas, assistiu-se a uma deliberada fragmentac;:ao da cidade, enquanto sitio arqueologico unico, que serviu os designios das administrac;:6es e dos promotores e o desenvolvimento da arqueologia comercial No entanto, apesar do contexto de crise de confianc;:a que mapeia actualmente a arqueologia urbana europeia, ela permanece como a unica forma de renovar o conhecimento re lativo a historia das cidades actuais, permitindo sublinhar a sua identidade, bem como os valores de autenticidade e singularidade que as tornam diferentes entre si e justificam 0 seu crescente interesse turistico . Porque sao os artefactos mais complexos criados pelas comunidades humanas, paulatinamente retocados por sucessivos tempos e experiencias, que Ihes foram acrescentando novas express6es materiais, novas funcionalidades e novos significados, as cidades constituem um dos mais poderosos arquivos da memoria da sociedade contemporanea. De facto, na cidade 0 passado est a sempre presente, deixando-se perceber e viver nos espac;:os e arquitecturas 151 • 152 A Manuela Martins / Maria do Carmo Ribeiro que a representam, enquanto materialidades em permanente construc;:ao, mas De facto, podemos conside tambem nos vestigios que a arqueologia urbana traz a luz do dia, que permitem nas cidades historicas com ampliar a sua dimensao temporal, valorizar a sua identidade e renegociar dade construtiva do pos-gt 0 bem documentado no Rein l seu valor e capacidade de atracc;:ao. do crescimento economico Por isso, importa nao esquecer a importancia que a arqueologia urbana assumiu quaisquer preocupac;:oes pCi no contexto do conhecimento da cidade como facto historico, pese embora e a alterac;:ao das politicas I as tendencias perversas que a sua pratica tem vindo a assumir no passado recente, que tendem a afasta-Ia dos seus ッ「ェ・」エゥカセウ@ e a empobrecer um dos Neste contexto, podemos cc no Reino Unido, sistematiza mais ricos patrimonios europe us. Parafraseando 0 titulo de um livro de Jacques Le Goff, "por amor das cidades" 1 , julgamos util historiar aqui um pouco da acidentada historia de afirmac;:ao e desenvolvimento da arqueologia urbana, bem como os principios consignados em defesa do patrimonio arqueologico urbano, designadamente no ambito de cartas, convenc;:oes, recomendac;:oes e codigos de conduta, os quais deveriam zadas em Londres, na area (Carver, 1987: 103), que e) permanente. A partir de 191 uma equipa de arqueologii partir de 1968, onde M. Bic ser tidos em devida conta pelos diferentes intervenientes publicos e privados Afirmava-se, assim, 0 prine que tem a responsabilidade de planear, renovar, mas tambem preservar as deveria ser acompanhado p cidades on de vivemos. e Hudson, 1973), devendo Por amor das cidades e em homenagem a Francisco Sande Lemos, pela sua ' participac;:ao activa na defesa do "Projecto de Bracara Augusta" e da arqueologia urbana de Braga, mas tambem pelo seu reconhecido interesse pelo tema, que Ihe mereceu varias reflexoes publicadas em revistas e encontros cientificos, mas tambem na imprensa periodica 2 . realizac;:ao de escavac;:oes o arranque da arqueologic de conceitos, objectivose IT a experiencia de outros pc Com efeito, os anos 70 do dologias e na conceptua arqueologia urbana. CabE A evoluc;:ao da arqueologia urbana no contexto europeu claro para este ramo espe na investigaC;:80 da cidade lidade e longa durac;:ao, pr Nas decadas que se sucederam a 2.a Grande Guerra registou-se 0 aparecimento urbanas a quaisquer outr de uma arqueologia de caracter preventivo e de emergencia nalgumas cidades sua pratica exigia equipas europeias, muito embora se possa considerar que ate aos anos sessenta do presentes no registo arqu 1 seculo xx as intervenc;:oes arqueologicas urbanas foram raras, caracter pontual 3 . assumindo um que Ihes cabia realizar as os dados e produzirconhe A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades De facto, podemos considerar que a realizagao de escavag6es sistematicas nas cidades historicas constitui uma consequencia directa do surto de actividade construtiva do pos-guerra, processo que se encontra particularmente bem documentado no Reino Unido, onde a renovagao urbanistica decorrente do crescimento economico das decadas de 50 e 60 do seculo pass ado, sem quaisquer preocupag6es patrimoniais, acabaria por gerar 0 descontentamento e a alteragao das politicas de uso do solo (McGill, 1995). Neste contexto , podemos considerarque a moderna arqueologia urbana nasceu no Reino Unido, sistematizando-se a partir da experiencia das escavag6es realizadas em Londres, na area da City, entre 1946 e 1963, dirigidas por F. Grimes (Carver, 1987: 103), que exigiu a constituigao de uma equipa de arqueologia permanente . A partir de 1967 tambem a cidade de Oxford passara a dispor de uma equipa de arqueologia urbana, 0 mesmo acontecendo em Winchester, a partir de 1968, onde M. Biddle dirigiu escavag6es entre 1962-1972. Afirmava-se, assim, 0 principio de que 0 desenvolvimento das cidades actuais deveria ser acompanhado por uma correcta investigagao do seu pass ado (Biddle e Hudson, 1973), devendo os novos empreendimentos ser acompanhados da realizagao de escavag6es. o arranque da arqueologia urbana inglesa fez-se acompanhar pela afirmagao de conceitos, ッ「ェ・」エゥカセウ@ e metodologias que viriam a influenciarde forma desigual a experiencia de outros paises europeus. Com efeito , os anos 70 do seculo XX foram proficuos na renovagao das metodologias e na conceptual izagao das bases teoricas que deviam presidir arqueologia urbana . Cabe destacar, desde logo, a definigao de um a ッ「ェ・」エゥカセ@ claro para este ramo especia li zado da disciplina arqueologica, que se traduzia na investigagao da cidade, como fenomeno urbano, na sua integridade, variabilidade e longa duragao , procurando-se, deste modo, equiparar as escavag6es urbanas a quaisquer outras realizadas com fins cientificos. Por ッオエイセ@ lado, a sua pratica exigia equipas interdisciplinares, devido a diversidade dos contextos presentes no registo arqueologico urbano, mas tambem profissionais, uma vez que Ihes cabia realizar as escavag6es , gerir a informagao, elaborar e processar os dados e produzir conhecimento , com mais efi cacia e celeridade que qualquer 153 154 Manuela Martins / Maria do Carma Ribe iro outra arqueologia especializada . Aspecto nao men os importante, sublinhado Enquanto se desenvolvia u por M. Biddle (1974: 95-112), era a defesa de equipas estaveis (urban units) urbanos, que se traduziu nl para empreender os trabalhos arqueologicos, uma vez que a investigagao da urbana evoluia como "arqU cidade se afirmava sempre como um projecto a longo prazo. academica , cronologicame neamente, definiram-se n Ao longo da decada de 70 do seculo XX 0 cenario da arqueologia urbana inglesa quanto a avaliagao da pOtE foi dominado pela proliferagao daquele tipo de equipas, ao mesmo tempo que de cartas de risco, tendo en se registava uma importante renovagao metodologica, adoptando-se 0 metodo de o patrimonio arqueologico escavagao em area, proposto por Ph. Barker (1969: 220-235; 1977) e os novos arqueologos franceses H. sistemas de representagao estratigrafica desenvolvidos por E. C. Harris (1979). (Galinie , 1992: 137-162). A experiencia britanica acabaria por influenciar a realidade francesa quanto Catalogar os recursos do セ@ a necessidade de se formalizarem equipas estaveis afectas as escavag6es planificagao e estabelecer urbanas. 0 exemplo de Tours 4, on de foram os arqueologos universitarios a urbanas, de acordo com c realizar a avaliagao da potencialidade arqueologica da cidade (Galinie e Ran- correntes nalgumas cidade doin , 1979; Galinie, 1982), tornou-se referencial para a pratica da arqueologia desenvolver-se nos diferent urbana francesa. Esta passou para a competencia do Cnau (Centre national com modelos de gestao e d'archeologie urbaine), criado em 1984, organismo estatal formalizado com que outros (Carver, 1983; ッ「ェ・」エゥカセ@ 0 de programar, avaliar e divulgar a investigagao nas cidades francesas 5 C propria historia, quase tod . relativa os avangos e retro o paradigma da arqueologia urbana inglesa dos anos 70, com as suas "urban langamento do "Projecto A decada de 70 do seculo) de Bracara Augusta", em 1976, e com a criagao de uma equipa permanente, 0 ralizado optimismo relative Campo Arqueologico de Braga, cuja direcgao cientifica e tecnica foi entregue tendo sido implementados a Universidade do Minho , atraves do Decreto-Lei 640/76, de 30 de Julho . Na criando-se igualmente un sequencia deste decreto foi criada a Unidade de Arqueologia, que mantem, profissionalizagao de jove desde entao, a supervisao dos trabalhos arqueologicos em Braga , em cola- com units" encontra-se representado em Portugal com boragao, desde 1992, com 0 0 Gabinete de Arqueologia da Camara Municipal. 0 consequente aumer nar um numero crescente ーイッァ・ウゥカセ@ desapare' No entanto, a falta de financiamento para manter uma equipa permanente, um assegurado entre 1976-1980, por varios ministerios, fez-se sentir cruamente urbana, que se tornaram E ao longo dos anos 80 do seculo passado, tendo os elementos da equipa do CampoArqueologico sido integrados nos quadros do Museu D. Diogode Sousa, De facto, e salvo as raras ' rev italizado em 1980 (Lemos et aI, 1995: 153-160; Martins e Lemos , 1997-98). investimentos dos organi No entanto, a equipa directiva do Projecto de Bracara Augusta foi mantida no Franga, Italia, ou dos paisE quadro da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho. tigagao arqueologica tend tornaram-se palco de intel A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades Enquanto se desenvolvia uma crescente ー・イ」セ。ッ@ da fragilidade dos solos urbanos, que se traduziu no conceito de "erosao da historia" 6 , a arqueologia urbana evoluia como "arqueologia militante", distanciando-se da arqueologia academica, cronologicamente orientada e marcadamente sasonal. Simultaneamente, definiram-se novos parametros de quanto a 。カャゥセッ@ 。」エオセッL@ designadamente, da potencialidade informativa dos solos urbanos , atraves de cartas de risco , tendo em vista a ュゥョコ。セッ@ dos impactos negativos sobre o patrimonio arqueologico urbano (Biddle e Hudson , 1973), apelidado pelos arqueologos franceses H. Galinie e B. Randoin (1979) como "arquivos do solo" (Galinie, 1992: 137-162). Catalogar os recursos do subsolo das cidades, integra-los nas normativas de ーャ。ョゥヲ」セッ@ e estabelecer condicionantes sobre a edificabilidade das areas urbanas , de acordo com seu potencial arqueologico, tornaram-se praticas 0 correntes nalgumas cidades europeias. No entanto, a arqueologia urbana viria a desenvolver-se nos diferentes paises europeus e tamMm nas diferentes cidades , com modelos de gestao e ッ「ェ・」エゥカセウ@ diferenciados, uns melhor sucedidos do que outros (Carver, 1983; 1987; Cleere , 1989). Na verdade, para alem da sua propria historia , quase todas as cidades tem tamMm para contar uma historia relativa os 。カョセッウ@ e retrocessos da sua recente pesquisa arqueologica l A decada de 70 do seculo XX pode ser considerada como um periodo de generalizado optimismo relativamente ao desenvolvimento da arqueologia urbana, tendo side implementados novos instrumentos e metodologias de ゥョエ・イカセ。ッL@ criando-se igualmente um importante mercado de trabalho, que permitiu a ーイッヲゥウョ。ャコセ@ de jovens arqueologos. No entanto, a pressao construtiva , com 0 consequente aumento do numero de nar um numero crescente de um ーイッァ・ウゥカセ@ ゥョエ・イカセVウ@ ・ウ」。カセV L@ acabaria por determi- de salva mento, acompanhado por desaparecimento das unidades permanentes de ゥョエ・イカセ。ッ@ urbana, que se tornaram economicamente insustentaveis. De facto, e salvo as raras ・ク」ーセVウ@ em a arqueologia urbana conheceu fortes investimentos dos organismos de tutela , como nos casos do Reino Unido, fイ。ョセL@ エゥァ。セッ@ Italia, ou dos paises nordicos, que empreenderam programas de invesarqueologica tendo em vista estudar a ・カッャオセ。@ tornaram-se palco de ゥョエ・イカセVウ@ das suas cidades, estas maioritariamente casuisticas, reduzindo-se 155 156 Manuela Martins / Maria do Carma Ribeiro por todo 0 lade a capacidade da arqueologia urbana actuar enquadrada em projectos e com os objectivos que pautaram a sua emergencia (Biddle e Hudson, quando existissem 1973; Carver, 1987; Galinie, 1992). inseridos os dados obtidos a semelhanr;:a do Reino Esta situayao acabaria por conduzir, nos anos 80 do seculo XX, a generalizar;:ao de uma pr,Hica traduzida no conceito de "arqueologia em meio urbano", que tutelas no financiamento das designa as escavayoes ad hoc, nao integradas em programas de estudo, aparecimento de escavayoe C legitimadas pela necessidade de realizar intervenyoes previas a execuyao de obras, mas destituidas de qualquer problematica ou objectivos cientificos relacionados com 0 sem qualquer investimento セ@ e terminar 0 cicio do proces estudo das cidades. Os an os 80 e 90 do seculo Apesar das experiencias positivas associadas ao arranque da arqueologia pode ser considerado como urbana esta viria a desenvolver-se nos anos 80 do seculo XX sob signo da logica urbana, reconhecid' heterogeneidade das experiencias e dos resultados, ao mesmo tempo que se mero acto administrativo m 0 tornavam cad a vez mais evidentes as dificuldades as contradiyoes subjacentes a 120), demitindo-se os orga sua pratica (Ruiz Arbulo, 1997; Mar e Ruiz Arbulo, 1999; Lemos, 2000). trabalhos, quer na 」ッョ・ウセ@ dos resultados. Enquanto que a arqueologia de salvamento crescia vertiginosamente nas cidades, sem que fossem desenvolvidos os necessarios mecanismos de prevenyao o vertiginoso desenvolvim ou programayao que acautelassem 0 crescendo de intervenyoes, as escavayoes acompanhado do crescime urbanas forneciam enormes quantidades de dados que nao conseguiam ser capaz de responder as cre: . geridos, processados e estudados em tempo util, de modo a transformarem-se yao de escavayoes previa! seu retorno social (Carver, 1992; a pratica da atribuir os cust em conhecimento cientifico e a permitirem 0 princ 1996). Na verdade, a publicayao dos resultados das escavayoes urbanas passando a vingar nunca constituiu uma prioridade da arqueologia preventiva, situayao que se nos anos 80 do seculo XX 0 viu agravada com a pratica do financiamento garantido maioritariamente pelos promotores, que so muito raramente assumem os encargos com os trabalhos da fase pos-escavayao (Mar et aI, 1999; Rodriguez Temino, 2004). De facto, a publicayao, en 16: Archaeology and Planr ralizada do financiamento o alheamento da arqueologia urbana relativamente ao conhecimento acentuou- promotores a obrigatoried desenvolvimento da arqueologia contratual nos gicos, passando estes a SE -se consideravelmente com 0 paises onde as estruturas estatais de gestao do patrimonio eram mais frageis , (Darvill e Russel, 2002). ou possuiam escassos meios para fazerfrente ao financiamento da arqueologia preventiva, situayao particularmente bem documentada na Peninsula Iberica Por outro lado, (Lemos, 2000; Rodriguez Temino, 2004). como MAP 2 (The Mana' 0 sistema English Heritage, em 1991 A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades Muito embora varios investigadores defendessem que s6 se devia escavar quando existissem programas de investigayao, em cujo ambito deveriam ser inseridos os dados obtidos nas intervenyoes de salvamento, a verdade e que, a semelhanya do Reino Unido, muitos paises europeus registaram, a partir da decada de 80 do seculo passado, uma crescente diminuiyao da intervenyao das tutelas no financiamento das escavayoes arqueol6gicas, facto que favoreceu 0 aparecimento de escavayoes independentes de quaisquer projectos cientificos, sem qualquer investimento de tempo, esforyo ou meios para valorizar os dados e terminar 0 cicio do processo arqueol6gico. Os anos 80 e 90 do seculo passado acabariam por ficar marcados pelo que pode ser considerado como uma grosseira simplificayao da actividade arqueo16gica urbana, reconhecida como altamente complexa, mas gerida como mero acto administrativo na maior parte dos paises (Rodriguez Temino, 2004: 120), demitindo-se os organismos de tutela de investir, quer na regulayao dos trabalhos, quer na concessao dos meios necessarios ao estudo e divulgayao dos resultados. o vertiginoso desenvolvimento da arqueologia de salvamento nas cidades foi acompanhado do crescimento da arqueologia contratual, po is s6 ela parecia ser capaz de responder as crescentes solicitayoes do mercado, relativas a realizayao de escavayoes previas ao inicio das obras, Por outro lado, generalizou-se a pratica da atribuir os custos das intervenyoes arqueol6gicas aos promotores, passando a vingar 0 principio do "poluidor pagador", divulgado em Inglaterra nos anos 80 do seculo XX e rapidamente adoptado noutros paises. De facto, a publicayao, em 1990, do PPG 16 (Planning Policy Guidance Note 16: Archaeology and Planning) vi ria a consignar no Reino Unido a pratica generalizada do financiamento privado da arqueologia urbana, recaindo sobre os promotores a obrigatoriedade de pagar a maior parte dos trabalhos arqueol6gicos, passando estes a ser directamente contratualizados com os arque610gos (Darvill e Russel, 2002). Por outro lado, 0 sistema de gestao dos projectos arqueol6gicos, codificado como MAP 2 (The Management of Archaeological Projects), publicado pelo English Heritage, em 1991, normalizou os procedimentos relativos as diferentes 157 158 A Manuela Martins / Maria do Carmo Ribeiro fases do processo arqueol6gico, tendo em vista optimizar a gestao dos pro- relatorios , muitas vezes dE jectos de arqueologia. divulgac;:ao que B. Cunliffe I Os dois documentos regulam, assim, de forma pragmatica, as relac;:6es entre os arqueologos e os promotores, estabelecendo obrigac;:6es para ambas as partes, designadamente, 0 dever dos privados financiarem os trabalhos da fase pos escavac;:ao. No entanto, apesar do caracter normativo dos referidos documentos e dos mesmos traduzirem uma expressiva preocupac;:ao com a divulgac;:ao dos resultados das intervenC;:6es arqueologicas, eles acabariam por desencadear algumas consequencias perversas, bem diagnosticadas pelos investigadores ingleses (Andrews et aI, 2000; Darvill e Russel, 2002). A separac;:ao entre 0 processo de escavac;:ao, a interpretac;:ao e a fase pos escavac;:ao, consignada no MAP 2, acabaria por transformar as intervenc;:6es arqueol6gicas num linha de montagem, com clara divisao de tarefas especializadas, em que Pese embora a variabilidac dos diferentes paises ・オイッセ@ a reduzir a simples acompc maioritariamente casuistic;: investigac;:ao, servindo qua: carga arqueologica. Esta de "preservac;:ao pelo regil arqueologica , cuja avaliaQ8 ュ。ウ」セッオョXPso@ pela administrac;:ao publica, Tamino, 2004) . uns escavam, outros interpretam e, por vezes , outros publicam . No limite, a Neste sentido a arqueologi grande maioria dos arqueologos que trabalham em empresas nada tem a dizer da potencialidade arqueolc sobre a interpretac;:ao dos vestigios que escavam, circunstancia que os trans- entre planeadores e promo! forma, na pratica, em simples trabalhadores (Everill, 2009: 41). Na verdade, os exigiriam equipas estaveis efeitos combinados da mercantilizac;:ao do trabalho arqueologico, a separac;:ao praticar uma verdadeira "al da escavac;:ao do processo de interpretac;:ao, bem como a generalizada falta trabalho de campo de muitos arqueologos, que se faz A pressao construtiva, a afil sentir no ambito da arqueologia contratual (Croucher et aI, 2008), acabariam quente aligeiramento da intE de preparac;:ao para 0 por criar uma subcultura laboral dentro da arqueologia britanica, traduzida a actividade arqueologica, na expressao "the invisible diggers", usada por P. Everill (2009), num recente directamente pelos promo· estudo dedicado a arqueologia comercial no Reino Unido. prec;:o mais baixo, sem qua de um modelo mercantilist facto da A rapida assimilac;:ao do modelo liberal britanico de gestao da arqueologia de escamotear preventiva por parte de alguns paises, nomeadamente por Espanha e Por- situac;:6es assaz bizarras. a imputac;:ao dos custos das 0 intervenc;:6es mesma cidade, nao raro se arqueologicas aos promotores, nao tirou todas as consequencias do processo, com total desconhecimen· estudo e a trabalham, contribui para Ll tugal, sobretudo no que concerne pois so muito raramente os cadernos de encargos contemplam 0 publicac;:ao dos resultados das escavac;:6es (Rodriguez Tamino, 2004). para uma forte fragmenta cac;:ao da cidade historica Assim, 0 crescendo de escavac;:6es urbanas, que se traduziu numa incomen- suravel acumulac;:ao de dados por tratar, estudar e publicar, nao reverteu num Assim , a dinamica das esc efectivo conhecimento sobre 0 passado das cidades, mas tao s6 em meros tivos de investigac;:ao das A arqueologia urbana e a defesa do patrimoni o das cidades relat6rios, muitas vezes de questionavel qualidade, ou em publicac;:6es de divulgac;:ao que B. Cunliffe (1990) designou de "pop books"B Pese em bora a variabilidade das experiencias e dos enquadramentos legais dos diferentes parses europeus a pratica da arqueologia urbana tem-se vindo a reduzir a simples acompanhamentos e escavac;:6es de caracter preventivo, maioritariamente casuisticas , sem qualquer enquadramento em projectos de investigac;:ao, servindo quase exclusivamente para libertar as cidades da sua carga arqueol6gica . Esta pratica, legitimada pela banalizac;:ao do conceito de "preservac;:ao pelo registo", gera uma ingente documentac;:ao hist6rica e arqueol6gica , cuja avaliac;:ao e valorizac;:ao cientifica exigiria anos de trabalho, mas cujos custos nao sao contemplados nos cadernos de encargos aprovados pela administrac;:ao publica, nao sendo, tambem , porela suportados (Rodriguez Tamino, 2004). Neste sentido a arqueologia urbana alheou-se crescentemente da avaliac;:ao da potencialidade arqueol6gica dos sitios, de uma programac;:ao concertada entre planeadores e promotores e de projectos de estudo das cidades, os quais exigiriam equipas estaveis capazes de coordenar as diferentes intervenc;:6es e praticar uma verdadeira "arqueologia da cidade e para a cidade". A pressao construtiva, a afirmac;:ao do neoliberalismo econ6mico, com 0 conse- quente aligeiramento da intervenc;:ao do Estado e a aplicac;:ao das leis do mercado a actividade arqueol6gica, com a multiplicac;:ao de equipas contratualizadas directamente pelos promotores , quase sempre de acordo com 0 principio do prec;:o mais baixo, sem qualquer coordenac;:ao cientifica, potenciaram a criac;:ao de um modelo mercantilista de gestao da arqueologia urbana , que, para alem de escamotear 0 facto das cidades serem sitios arqueol6gicos unicos , gera situac;:6es assaz bizarras. De facto , a actuac;:ao de equipas diferenciadas na mesma cidade, nao raro sem qualquer coordenac;:ao entre si e, frequentemente , com total des conhecimento dos contextos hist6ricos e sedimentares em que trabalham, contribui para uma assinalavel variedade da qualidade dos registos, para uma forte fragmentac;:ao e dispersao dos dados e para uma desqualificac;:ao da cidade hist6rica como sitio arqueol6gico (Mar e Ruiz Arbulo, 1999). Assim , a dinamica das escavac;:6es urbanas deixou de ser pautada pelos objectivos de investigac;:ao das cidades, ou pela resoluc;:ao de problemas hist6ricos, 159 160 Manuela Martins / Maria do Carma Ribeiro tendo como principal motor os interesses dos promotores, em nome de uma Em Portugal cabe destacal presumivel modernizac;:ao urbana , a qual, sendo desejavel, nao e de todo praticas da arqueologia urbi incompativel com a defesa do patrim6nio arqueol6gico das cidades. com problemas de sobrev entre a realizac;:ao das inte De facto, na ausencia de projectos de investigac;:ao seria necessario reforc;:ar integrac;:ao das ruinas exu a comunicac;:ao entre as diferentes instituic;:6es implicadas nas intervenc;:6es a sua o modelo de gestao da a a qualidade cientifica dos resultados e a preservac;:ao dos vestigios, como um caso particular, considerando que a reduc;:ao do trabalho arqueol6gico a meras actuac;:6es tec- direcc;:ao cientifica, da res a conservac;:ao de ruinas, dade do Minho (Lemos et arqueol6gicas urbanas, bem como execuc;:ao, 0 controlo da tutela relativamente nicas de registo, se conforma como pouco favoravel ou a sua integrac;:ao nos novos espac;:os construidos ou remodelados, sendo invariavelmente consideradas como indesejaveis pelos custos que acarretam e que ninguem deseja suportar. Os resultados praticos de em Braga, bem como de I realizac;:ao das intervenc;:6E Naturalmente que no cenario europeu pontuam exemplos de cidades que logia da Universidade do tentaram controlar a inevitavel "erosao" dos seus subsolos. num importante acervo dE sucessivas fases de ocu Nao cabendo no ambito deste texto referenciar exaustivamente os exemplos matizado, na existencia d de boas praticas em termos de arqueologia urbana europeia, sublinhariamos, distribuidos pela cidade, todavia, os casos de algumas cidades inglesas onde a mesma e praticada, tanto merit6rio de gestao plan com financiamentos privados como publicos, como Bath, ou York, escavada futuro, decorrentes do in pelo York Archaeological Trust, fundado em 1972 (Addyman e Gaynor 1984; licenciamento de obras E Addyman e Jones 1998), oferecendo-se a arqueologia urbana de Londres vestigios, ou atraves da ( como um caso muito particular, on de nao deixam de ser sentidas algumas superficie , em respeito ( das grandes deficiencias da arqueologia urbana, designadamente no ambito da publicac;:ao dos resultados (Wardle, 2005). Cabe igualmente destacar 0 exemplo da arqueologia urbana irlandesa, com enquadramentos legais e modelos de gestao pr6ximos dos ingleses (Lambrick Cartas Recome e Spandl, 2000). de conduta rela No ambito peninsular podemos distinguir 0 caso de Merida como um dos mais interessantes modelos de gestao da arqueologia urbana (Mateos Cruz, 1996; Um dos primeiros doc caso de Zaragoza on de foram monumento historico e realizados importantes investimentos publicos na arqueologia e na integrac;:ao Internacional de Arquitl dos seus resultados no tecido urbano (Yeste Navarro, 2009: 165-196). em Veneza, entre 25 a 1999; 2001), sendo de assinalar, tambem, 0 A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades Em Portugal cabe destacar 0 caso de Mertola como um dos exemplos de boas pn3ticas da arqueologia urbana, onde a existencia de uma equipa estavel, sempre com problemas de sobrevivencia, tem conseguido manter um bom equilibrio entre a realizac;:ao das intervenc;:6es arqueol6gicas, a difusao dos resultados e integrac;:ao das ruinas exumadas nos espac;:os remodelados. o modelo de gestao da arqueologia urbana de Braga oferece-se igualmente como um caso particular, ja que sempre se regeu por um projecto e por uma direcc;:ao cientifica , da responsabilidade da Unidade de Arqueologia Universidade do Minho (Lemos et aI, 1995; Martins e Lemos , 1997-98). Os resultados praticos da existencia de um Projecto de Arqueologia Urbana em Braga, bem como de uma equipa estavel responsavel pelo planeamento e realizac;:ao das intervenc;:6es arqueol6gicas, repartida entre a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho e a Camara Municipal de Braga, saldam-se num importante acervo de dados arqueol6gicos relativos ao conhecimento das sucessivas fases de ocupac;:ao da cidade, centralizado e parcial mente informatizado, na existencia de um significativo conjunto de nucleos arqueol6gicos distribuidos pela cidade, ja musealizados, ou em vias de 0 ser e num esforc;:o merit6rio de gestao planificada de areas arqueol6g icas preservadas para 0 futuro, decorrentes do incentivo ao abandono de projectos de construc;:ao, do licenciamento de obras em cotas superiores aquelas em que se encontram os vestigios, ou atraves da afectac;:ao desses espac;:os a equipamentos sociais de superficie, em respeito dos principios consignados na Carta de Malta. Cartas, Recomenda90eS e C6digos de conduta relativos ao patnm6nio urbano Um dos primeiros documentos que refere a importancia da cidade como monumento hist6rico e a Carta de Veneza , de 1964, aprovada no Congresso Internacional de Arquitectos e Tecnicos de Monumentos Hist6ricos, reunido em Veneza, entre 25 a 31 de Maio daquele ano. 161 162 Manuela Martins / Maria do Carma Ribeiro No artigo 1 do referido documento pode ler-se 0 seguinte: "0 conceito de monumento historico engloba, nao so as criar;6es arquitectonicas iso/adamente, mas tambem as sitios, urbanos au rurais, nos quais sejam patentes as testemunhos de uma civilizar;ao particular, de fixando que ela rnrnnrll!Anlil servar;ao e restauro, adaptar;ao harmoniosa uma fase significativa da evolur;ao au do progresso, au algum acontecimento historico. Este conceito e aplic8vel, a quer as grandes criar;6es, quer as realizar;6es mais modestas que tenham adquirido significado uma vez que eles fixam, cultural com a passar do tempo ". tutela relativamente ao Pela primeira vez os sitios urbanos foram considerados como monumentos historicos, integrando, nao so os edificios artisticos, mas tambem a arquitec- fazer parte tura vernacula . Com este enunciado abriu-se econ6mico 0 caminho para considerar as "· ,Il<1UI' ..... e cidades como sitios arqueologicos , valorizando-se a unidade dos conjuntos urbanos , conceito que estara presente na elaborac;:ao teorica que presidiu ao nascimento da modern a arqueologia urbana inglesa nos anos 70 do seculo XX. Reforc;:ando os principios consignados pel a Carta de Veneza, relativamente as cidades, e face ao explosivo desenvolvimento das mesmas , que ameac;:ava elaborarem os seus descaracteriza-Ias de forma dramatica, a ICOMOS aprovou , em 1987, a "Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Historicas", tambem conhecida por Carta de Washington. No preambulo deste documento pode ler-se: "Em resultado de um desenvolvimento mais au menos espontaneo au de um projecto deliberado, todas as cidades do mundo sao a expressao material da diversidade das sociedades atraves da historia, sendo, por esse facto, historicas. A presente carta diz respeito, mais precisamente, as cidades grandes ou pequenas e aos centros ou bairros historicos, com a seu ambiente natural ou edificado, que, para alem da sua qualidade como documento conservac;:ao do historico, expressam as va/ores proprios das civilizar;6es urbanas tradicionais. (. . .)" como "obras rnrnmn"n_ _ e constituindo espattos Fazendo eco do texto da Recomendac;:ao da UNESCO, aprovado em Varsovia-Nairobi, em 1976, relativa a salvaguarda dos conjuntos historicos ou tradicionais A arqueologia urbana e a defesa do patrim6nio das cidades e ao seu papel na vida contemporanea, estabelece ainda 0 0 preambulo da Carta de Washington que se entende por "salvaguarda das cidades historicas", fixando que ela compreende "as medidas necessarias a sua protecr;ao, con- servar;ao e restauro, assim como ao seu desenvolvimento coerente e adaptar;ao harmoniosa a sua a vida contemporanea ". Vale a pena transcrever alguns dos principios e objectivos da referida Carta, uma vez que eles fixam, de forma clara, 0 modo de actuar das entidades de tutela relativamente ao patrimonio urbano. "1. A salvaguarda das cidades e bairros historicos deve, para ser eficaz, fazer parte integrante de uma politica coerente de desenvolvimento economico e social, e ser considerada nos pIanos de ordenamento e de urbanismo a todos os niveis. 2. Os valores a preservar sao 0 caracter historico da cidade e 0 conjunto dos elementos materiais e espirituais que the determinam a imagem (. . .)" A Carta de Washington sublinha ainda a necessidade das cidades historicas elaborarem os seus pianos de salvaguarda . "5. 0 planeamento da salvaguarda das cidades e bairros historicos deve ser precedido de estudos pluridisciplinares. 0 plano de salvaguarda deve incluir uma analise dos dados , designadamente arqueologicos, historicos, arquitectonicos, tecnicos, sociologicos e economicos, e definir as principais orientar;6es e modalidades de acr;ao a empreender nos campos juridico, administrativo e financeiro". No ambito concreto da salvaguarda das cidades historicas, consignada nos documentos referidos, importa relembrartambem algumas das recomendayoes contidas noutros documentos , designadamente na Convenyao de Granada , promulgada pelo Conselho da Europa , em 1985, que define os principios da conSerVayaO do patrimonio arquitectonico europeu , no qual sao incluidos os monumentos , os conjuntos arquitectonicos e os sitios, estes ultimos definidos como "obras combinadas do homem e da natureza, parcialmente construidas e constituindo espar;os suficientemente caracteristicos e homogeneos para serem objecto de uma delimitar;ao topogratica, notaveis pelo seu interesse historico, arqueologico, artistico, cientifico, social ou tecnico". 163 164 Manuela Martins / Maria do Carmo Ribeiro A Convengao de Granada sublinhou ainda, no seu articulado, a necessidade natureza da 、ッ」オュ・ョエ。セ@ dos estados europeus enraizarem as politicas de conservagao do seu patrimonio logia no processo de plam arquitectonico em criterios culturais, mas tambem em factores ambientais, e publicagao dos resultad( urbanisticos, economicos e sociais . Ainda no ambito do mesm Neste contexto importa igualmente lembrar parte do conteudo do "Brundtland elaborado um 」ッ、ゥァ・オイセ@ Report", de 1987, emitido pela "World Commission on Environment and Deve- lado "Archaeology and the lopment", que sugeriu que crescimento economico dos paises deveria ser adoptado pelo Comite do compatibilizado com a gestao dos recursos, entre os quais se situam os patri- 15. a sessao plenaria de 8 0 moniais. Trata-se de um documentl A segunda Convengao Europeia para a Protecgao do Patrimonio Arqueologico, as regras de coopera y8o ' assinada em La Valette, em 1992, tambem chamada de Convengao de Malta, arqueologico urbano, cone reviu os principios consignados na primeira Convengao, com 0 mesmo nome, realizada em Londres, em 1969, adaptando-os a nova realidade economica e Dez anos volvidos sobre social da Europa de inicios da decada de 90 do seculo passado. crua actualidade, sendo I que afectam a arqueolog o articulado do texto reforga a importancia e 0 valor do patrimonio arqueologico consideragao, querporpc para 0 conhecimento do passado das civilizagoes, reconhecendo, contudo, que logica , quer por parte de o mesmo se encontra fortemente ameagado pelo desenvolvimento economico. falar dos promotores e d( Neste sentido, os principios da Convengao acentuam a necessidade das poli- nos principios consignad ticas de desenvolvimento e planeamento do territorio terem sempre em linha logico, que foi ratificada de conta a protecgao do patrimonio arqueologico. transpostos para os re£ bastante variavel. A confrontagao de experiencias dos diferentes paises, bem como as necessidades de protecgao dos vestigios arqueologicos ficaram inscritas nos programas Permitimo-nos, por isso, de valorizagao do patrimonio cultural aprovados em Malta, no ambito do "Plano relevantes do referido CI europeu para a arqueologia", um dos quais centrado na arqueologia urbana. Assumindo que a urbar estado da buiram de forma drama arqueologia urbana europeia, que avaliou de forma comparativa os modelos da revolugao industrial , de gestao usados nos diferentes paises, bem como as metodologias de estudo vestigios relativos das cidades historicas. Este relatorio, publicado pelo Conselho da Europa, premente necessidade Este programa consistiu na elaboragao de um relatorio sobre 0 a SL titulo "Report on the situation of urban archaeology in Europe", em 1999, em vista corrigir erros ' rastreia a experiencia de vinte e dois paises europeus, referindo as diferentes planificagao consequer definig6es de arqueologia urbana e a cronologia abarcada pela mesma, a do passado nas cidade com 0 A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades natureza da documentac;:ao obt ida pel a arqueologia urbana , 0 papel da arqueologia no processo de planeamento das cidades e as formas de apresentac;:ao e publicac;:ao dos resultados. Ainda no ambito do mesmo programa e, na sequencia do referido relatorio, foi elaborado um codigo europeu de boas praticas para a arqueologia urbana, intitulado "Archaeology and the Urban Project. A European code of good practice", adoptado pelo Comite do Patrim6nio Cultural do Conselho da Europa , na sua 15 .a sessao plena ria de 8 a 10 de Marc;:o de 2000 , realizada em Estrasburg0 9 Trata-se de um documento de inegavel valor normativo e etico, que estabelece as regras de cooperac;:ao entre os principais agentes envolvidos no patrimonio arqueologico urbano, concretamente entre urbanistas, arqueologos e promotores. Dez anos volvidos sobre a publicac;:ao do referido codigo, ele mantem uma crua actualidade, sendo possfvel considerar que grande parte dos problemas que afectam a arqueolog ia urbana nao ex istiriam se ele fosse tido em devida considerac;:ao, quer por parte das instituic;:6es reguladoras da actividade arqueologica , quer por parte dos responsaveis pelo planeamento urbano, para nao falar dos promotores e dos proprios arqueologos. E, no entanto, ele baseia-se nos principios consignados na Carta de Malta , relativos ao patrimonio arqueologico, que foi ratificada por numerosos paises , tendo os seus princfpios sido transpostos para os regimes jurfdico de varios outros , ainda que de forma bastante variavel. Permitimo -nos , por isso, relembrar neste texto, alguns dos considerandos mais relevantes do referido codigo . Assumindo que a urbanizac;:ao e 0 crescimento da populac;:ao urbana contribufram de forma dramatica para a transformac;:ao das cidades criadas antes da revoluc;:ao industrial, que se fez acompanhar pela massiva destruic;:ao de vestfgios relativos a sua historia, reconhece-se , no referido documento, a premente necessidade de repensar as politicas de crescimento urbano, tendo em vista corrigir erros do passado e regular a crise urbana, atraves de uma planificac;:ao consequente que valorize os centros historicos e a importancia do passado nas cidades. 165 166 Manuela Martins / Mari a do Carmo Ribeiro Por outro lado, acentuando a complexidade envolvida no processo urbanistico, patrimonio construido". P o Codigo defende a parceria e estreita colaboragao entre as autoridades publicas, truido e referido 0 seguin os urbanistas , os arquitectos, os promotores e os arqueologos, po is eles sao os intervenientes directamente implicados no processo de planeamento das cidades , 0 qual devera testemunhar e valorizar a sua riqueza historica. "5. Qualquer inten a sua vulnerabilid. envolvente: 0 territ o documento considera ainda que todo 0 projecto urbano deve ser antecedido vagoes devem reo de um estudo arqueologico, apoiado por outras fontes , tendo em vista analisar a deve ser acompan estrutura e a evolugao da cidade, mas tambem arqueol6gicos. 0 seu desenvolvimento social e cultural , reconhecendo, tambem, que a arqueologia e fundamental na avaliagao Tal como em qua/( e compreensao dos processos de dinamica urbana . vagao de achados No entanto, um dos aspectos mais importantes do documento relaciona-se com a questao da preservagao dos depositos e vestigios arqueologicos, principio ja consignado na Carta de Malta, que estabelece que os mesmos devem, sempre que possivel , ser preservados in situ . 0 Codigo refere expressamente que 0 "principio da conservagao" dos vestigios arqueologicos deve ser salvaguardado nos programas de planificagao e desenvolvimento urbano, de forma a evitar a realizac;:ao de escavagoes . Reforga -se , assim , um dos principios mais signifi cativos da Carta de Malta , aplicado aos depositos arqueologicos urbanos , os quais devem apenas ser escavados quando existam claros e fortes cientificos e garantias de financiamento integral de todo 0 ッ「ェ・」エゥカセウ@ processo arqueolo- gico que implica a realizagao de qualquer escavagao. A realidade da arqueologia urbana, tal como vem sendo praticada generalizadamente nas ultimas duas decadas, nao poderia estar mais distanciada deste importante principio. o ーイッァ・ウゥカセ@ 0 profissionais e a rr controladas. Para a protecgao encorajar-se: 0 re dados; a utilizagac de apresentagao \ A Carta de Cracovia sub minimo as escavac;:oes a cupagoes relativas a net ao publico do patrim6ni( minimalismo nas interver TIC's como forma de div A Comissao Europeia vi, reconhecimento da importan cia do patrimonio historico e arqueologi co para vengao minima. o セ@ desenvolvimento economico dos estados europeus , onde facto res ambientais e h promovendo a cooperac;:, o turismo cultural desempenha um papel fundamental , enquanto "industria limpa" e geradora de emprego , levou igualmente a uma defesa pragmatica do patrimonio como recurso para 0 futuro , crescendo as preocupac;:oes com a sua conservagao e apresentagao publica . No que concerne especif sao Europeia lanc;:ou 0 セ@ Preservation and Enhar no ambito da Acc;:ao 4 (C Por isso, vale a pena recordar algurnas das disposigoes contidas na Carta de "Environment and Sustai l Cracovia de 2000, dedicada aos "Principios para a Conservagao e 0 Restauro do mecanismos da sustenl. A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades patrimonio construido". A proposito dos diferentes tipos de patrimonio construido e referido 0 seguinte: "5. Qualquer infervem;ao que afecfe a sua 0 pafrimonio arqueologico, devido vulnerabilidade, deve esfar esfrifamenfe relacionada com a sua envolvenfe: 0 ferriforio e a paisagem. as aspecfos desfrufivos das esca- vagoes devem reduzir-se fanfo quanto seja possivel. Cada escavagao deve ser acompanhada de documentagao completa sobre os trabalhos arqueologicos. Tal como em qualquer interveng80 patrimonial, os trabalhos de conservagao de achados arqueologicos devem basear-se no principio da interveng80 minima. as frabalhos arqueologicos so podem ser realizados por profissionais e a metodologia e tecnicas usadas devem ser estrifamente controladas. Para a protecgao e apresentagao publica de sitios arqueologicos deve encorajar-se: recurso a fecnicas modernas; a criagao de bancos de 0 dados; a ufilizagao de sistemas de informag80 e a utilizagao de tecnicas de apresentagao virtual dos sitios". A Carta de Cracovia sublinha , mais uma vez, a necessidade de se reduzir ao minimo as 」オー。セV・ウ@ ・ウ」。カセV@ arqueologicas. Por outro lado, sao explicitas as preo- relativas a necessidade ーイッエ・」セ。@ de prom over a 。ーイ・ウョエセッ@ e ao publico do patrimonio arqueol6gico, estabelecendo-se como desej<'lVel minimalismo nas ゥョエ・イカセVウ@ de TIC's como forma de 、ゥカオャァ。セッ@ 」ッョウ・イカ。セ@ das dos sitios. A Comissao Europeia vi ria ainda a ャ。ョセイ@ 」ッー・イ。セ@ 。カャゥセッ@ alguns programas de factores ambientais e humanos que promovendo a オエゥャコ。セッ@ dos vestigios e a 0 。ュ・セ@ internacional na sua 0 dos patrim6nio arqueologico , ゥョカ・ウエァ。セッN@ No que concerne especificamente ao patrimonio arqueol6gico urbano a Comisャ。ョセッオ@ sao Europeia 0 projecto APPEAR (Accessibility Project. Sustainable Preservation and Enhancement of Urban Subsoil Archaeological Remains), no ambito da a」セ。ッ@ 4 (City of tomorrow and Cultural Heritage), do Programa "Environment and Sustainable Development", que teve por ッ「ェ・」エゥカセ@ mecanismos da sustentabilidade da 」ッョウ・イカ。セL@ ゥョエ・ァイ。セッ@ analisar os e 。ーイ・ウョエセッ@ 167 168 AI Manuela Martins / Maria do Carma Ribeiro publica dos vestigios arqueologicos nas cidades historicas. Neste sentido, que oferer;:am maior potenci: procurou-se analisar as formas de consolidar;:ao das ruinas, bem como a sua que nao estejam sujeitos a r gestao, tendo em vista valorizar a sua integrar;:ao sociocultural no tecido urbano (Teller e Warnotte, 2003). 0 principal desafio do projecto consistiu em criar instrumentos para tornaros sitios arqueologicos acessiveis ao publico, de modo a que este obtenha informar;:ao cientifica, educacional e estetica, garantindo-se, Podemos considerar que e na origem da moderna arql objectivos (0 estudo das cide ainda ao desenvolvimento I simultaneamente, a maxima protecr;:ao dos vestigios arqueoiogicos 10 permitir uma adequada pro! Na verdade, constitui um problema geral de toda a Europa a forma de valorizar base 0 conhecimento do pol o patrimonio arqueologico urbano, constituido por vestigios particularmente rigorosa avaliar;:ao dos resu complexos e dificeis de integrar no denso tecido das cidades de modo a torna-Ios disponivel. Importa, por iss acessiveis ao grande publico e a transforma-Ios em recurso historico e cultural de modo a que seja pOSSiVE (Bellart, 1997). avanr;:o dos conhecimentos Neste contexto, e importal venr;:6es arqueol6gicas de unico, que termina com a I Em defesa das cidades e da sua hist6ria interpretar;:ao dos dados. セ@ de todo impossivel planific e criar areas de reserva atr A arqueologia urbana deve ser entendida como a investigar;:ao do patrimonio arqueologico da cidade, actuando de forma programada para 0 dos solos. conhecimento da historia urbana (perspectiva pro activa), mas tambem quando novas obras Ecerto que as entidadesdE e infra-estruturas implicam a substituir;:ao de antigos edificados ou a remor;:ao com os problemas de ァ・ウエセ@ dos depositos pluri-estratigrafados que conformam 0 subsolo urbano, quando sobretudo, que os futuros I que imper;:am nao e de todo possivel evitar a sua afectar;:ao. 0 desenvol, que os vestigios arqueol6g No entanto, a arqueologia urbana deve sempre actuar de forma a garantir ou uma fonte de polemica o "principio da conservar;:ao" dos vestigios in situ, em conformidade com os Arbulo e R. Mar (1999) 0 I que implica desenvolver e aplicar alguns servir;:os tecnicos metodologias de analise e registo nao destrutivas e instrumentos, como a orientar-se pelo principiol avaliar;:ao da potencialidade arqueologica dos solos e as cartas de risco, que da passagem dos arquec principios consignados na Carta de Malta, 0 deverao ser tidos em conta na planificar;:ao urbana, de forma a garantir a dimi0 A gestao cientifica da arqu significativo decrescimo deste tipo de escavar;:6es podera permitir reorientar 1997), parece bem menc a arqueologia urbana para a realizar;:ao de trabalhos arqueologicos em sitios aparecimento de vestigi: nuir;:ao das intervenr;:6es de salvamento de caracter preventivo. De facto, so A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades que oferer;:am maior potencial para 0 conhecimento da historia das cidades e que nao estejam sujeitos a renovar;:6es urbanisticas em inentes. Podemos considerar que e indispensavel recuperar 0 paradigma que esteve na origem da moderna arqueologia urbana, quer no que respeita aos seus objectivos (0 estudo das cidade) , quer a constituir;:ao de equipas estaveis, quer ainda ao desenvolvimento de projectos de investigar;:ao. Estes servem para permitir uma adequada programar;:ao dos trabalhos arqueologicos, tendo por base 0 conhecimento do potencial das areas que se pretendem escavar e uma rigorosa avaliar;:ao dos resultados, que devem ser cruzados com a informar;:ao disponivel. Importa, por isso, evitar a dispersao dos registos e dos materiais de modo a que seja possivel revisita-Ios sempre que necessario, permitindo 0 avanr;:o dos conhecimentos. Neste contexto, e importante fazer vingar 0 principio de que todas as intervenr;:6es arqueol6gicas devem ser entendidas como um processo cientifico unico, que termina com a publicar;:ao e que inclui estudos previos e analise e interpretar;:ao dos dados. Se nao houver investigar;:ao dos resultados torna-se de todo impossivel planificar e programar a actividade arqueologica na cidade e criar areas de reserva atraves de uma avaliar;:ao informada da potencialidade dos solos. Ecerto que as entidades de tutela e os promotores parecem pouco preocupados com os problemas de gestao cientifica da arqueologia urbana, interessando-Ihes, sobretudo, que os futuros edificios ou areas a urbanizar nao tenham problemas que imper;:am 0 desenvolvimento dos projectos construtivos, sendo paradoxal que os vestigios arqueol6gicos sejam muitas vezes considerados um "empecilho", ou uma fonte de polemicas e de problemas de gestao. Como afirmaram J. Ruiz Arbulo e R. Mar (1999) 0 entendimento relativo a eficacia da arqueologia para alguns servir;:os tecnicos de engenharia, urbanismo, ou arquitectura, parece orientar-se pelo principio de que os sitios devem estar "Iimpos de ruinas", depois da passagem dos arqueologos. A gestao cientifica da arqueologia urbana , que preocupa os arque610gos (Martins, 1997), parece bem menos importante que a gestao dos custos resultantes do aparecimento de vestigios que merer;:am ser conservados, questao que se 169 170 Manuela Martins I Maria do Carma Ribeiro tornou num terreno fertil de conflitos face a descapitalizar;:ao progress iva dos modelos de organismos de tutela, a demissao das autarquias e ao desinteresse dos promo- contexto de tores, fundamental mente preocupados em amortizar os custos da escavar;:ao quer sociais e e a perca de tempo provocada pelos trabalhos arqueologicos. E igualmente Por isso, para sair do labirinto das multiplas e complexas contradir;:oes que afectam a arqueologia urbana seria importante que 0 principio do "poluidor/pa- gad or" consignado na lei, nao se limitasse a cobrir os encargos com os acompanhamentos e escavar;:oes preventivas, tornando-se extensivel as restantes fases do trabalho arqueologico, situar;:ao que certamente contribuiria para a diminuir;:ao das intervenr;:oes fragmentadas e casuisticas que caracterizam a arqueologia urbana na actualidade. Torna-se, assim, indispensavel responsabilizar os diferentes parceiros envolvidos no processo de urbanizar;:ao, claramente identificados no "Codigo das boas praticas do projecto urbano", de 2000, de modo a permitir que 0 desenvolvi- mento das cidades seja adequadamente planeado em termos sustentaveis e que sejam definidas estrategias de conservar;:ao do patrimonio arqueologico in situ. So deste modo sera possivel evitar-se a delapidar;:ao do subsolo urbano, preservando-o para 0 futuro, de forma a usa-Io em condir;:oes adequadas para resolver os problemas historicos que se colocam ao estudo das cidades. A arqueologia urbana nao pode, nem deve continuar a ser entendida como um mero processo de gestao dos solos e dos equipamentos urbanos, mas sim como um processo de investigar;:ao, de reflexao e de ensaio de novas experiencias de identificar;:ao, conservar;:ao e valorizar;:ao do patrimonio urbano (Martins, 2007). Este deve ser tratado como documento de um arquivo que se encontra oculto, mas que tambem aflora a superficie at raves dos edificados urbanos preservados. Neste sentido, 0 patrimonio arqueologico urbano deve ser catalog ado de forma sistematica a fim de integrar as normativas de actuar;:ao urbanistica e os pianos directores municipais. Importa ainda repensar os ッ「ェ・」エゥカセウ@ e resultados da arqueologia urbana, reorientando-a para novas tematicas de estudo e para novos conceitos que permitam valorizar a cidade como documento historico. Para alem da reconstrur;:ao topogrBfica das cidades ao longo do tempo, interessa desenvolver A arqueologia urbana e a defesa do patrim6nio das cidades model os de analise relativos ao papel desempenhado pelas cidades como contexto de mudanr;:a das sociedades urbanas, quer em termos economicos , quer sociais e ideologicos (Rodriguez Tamino, 2004). E igualmente necessario reflectir sobre as formas de divulgar 0 passado das cidades, quer em termos de conhecimento, quer de interpretar;:ao dos vestigios, de modo a ensaiar novas formas de apresentar;:ao publica das ruinas, que aumentem 0 interesse das populag6es pela identidade dos seus espagos de vivencia . De facto , so a sociabilizagao do passado, porque garante 0 enrique- cimento do presente , podera permitir que sejam as comunidades a pugnar pela defesa do seu patrimonio. Este deve ser usado como referencial de memoria e como heranga para as proximas gerag6es, podendo ainda ser transformado em recurso cultural e turistico, Por amor das cidades , mas tambem por respeito para com um dos mais importantes arquivos da historia . 171 172 Manuela Martins I Maria do Carmo Ribeiro Notas Bt Ito ra , Jacques Le Goff. Por amor das cidades . Conversas com Jean Lebrun , Ed . Teorema , Lisboa , 1999. Addyman, p, e Gaynor, 2 Entre as suas contribui<;6es mais significativas contam-seos seguintes titul os: "A arqueologia urbana em Portugal" (Lemos e Martins, 1992: 93-103) ; "A descoberta de Bracara Augusta: um projecto de arqueologia urbana no Norte de Portugal" (Lemos, Martins e Delgado, 1995: 53-60); "Os caminhos da Arqueologia Urbana em Portugal: da decada de 70 ao rim do milenio" (Lemos, 2000); "Estudoe Divulgar;ao do PalrimonioArqueologico Urbano . Reconstrur;oes em Ambienle Virtual" (Lemos, Bernardes e Martins , 2002); "0 conceilo de arqueologia urbana" (Lemos, 2005 : 95-103 ) "A lei e a Arqueologia Urbana" (Lemos , 2006) . Addyman , P. e Jones, A. ArqueoJogia / 5: 125-138, 3 As escavar;oes realizadas em viuias cidades do Baltico, a partir das decadas de 30 do seculo passado, representam uma excep<;ao deste contexto, de que e exemplo Novgorod , na Russia, cuja investiga<;ao arqueol6gica prosseguiu ate aos nossos dias (Lemos , 2005: 95). Durante 0 Congresso de Tours, dedicado a arqueologia urbana em Fran <;a, foi discutida a de investinecessidade de se hierarquizar os sitios a investigar, tendo por base ッ「ェ・」エゥカセウ@ ga<;ao, tanto cronol6gicos como espaciais. Ja entao se de fendia que nao era possivel escavar tudo , sendo fundamental seleccionar sitios com criterios cientificos para resolver problemas historicos. Esta perspectiva foi retomada anos mais tarde por Carver (1992: 1996). 4 Amea<;ado de extin<;ao no ambito da reorganiza<;ao dos servi<;os da administrar;ao publica francesa , 0 que causou acesa controversia, 0 Cnau viria a ser integrado, a partir de Janeiro de 2010 , no "Bureau de I'elaboration et de I'utilisation des inventaires archeologiques de la sous-direction de I'archeologie de la 'Direction genera Ie des patrimoines", desconhecendo-se se mantem os mesmos ッ「ェ・」エゥカセウ@ e competencias anteriores. Barker, Ph ,(1977), tdLNiセョ BGN@ 5 the arc,nae'o/O!a Este conceito foi usado como titulo de um relatorio , produzido em 1972 , relativo a arqueologia e ao urbanismo de Inglaterra , Pais de Gales e Escocia, que advertiu para a dramatica destrui<;ao do subsolo das cidades historicas , em resultado do desenvolvimento e reorganiza<;ao urbanas. 6 As experiencias de viirias cidades sao avaliadas na obra de sintese dedicada urbana espanhola , da autoria de I. R. Rodriguez Tamiiio (2004). 7 8 a arqueologia Carver, M. 0, H, (1987), Livros com muitas ilustra<;oes e pouco texto, mas com grande exito junto do publico. 90 referido do cumento foi publicado no 'The European Archaeologist", N. o 13 , Summer 2000 Carver, M. O. H. (1992), Ol! estando disponivel on line http://www.e-a-a.org/tea13.pdf. definition, acqufa Algumas das reflexoes produzidas no ambito deste projecto podem ser consultadas on line http://www.in-situ.be/contrib 1 fr.pdf. ArqueoJogia de /, ,0 Carver, M. O. H. (1996). O. Cleere , H. F. (1982).lepatl ArcMoJogie UrbI Paris: 125-128. A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades Bibliografia Addyman , P. e Gaynor, A. (1984). The Jorvick Viking Center. An Experiment in Archaeological site interpretation , International Journal of Museum Management and Curatorship, 3: 7-18 . Addyman, P. e Jones, A. (1998). Archaeology and education in York, II Seminari Arqueologia I ensenyament (BeJlaterra 1998), TrabaJls d'Arqueologia, 5: 125-138. Andrews, G.; Barrett, J. C.; Lewis, J.S.C. (2000). Interpretation not record: the practice of archaeology, Antiquity, 74 : 525-530. Barker, Ph. (1969). Some aspects of the excavation of timer buildings, World Archaeology, 1: 220-235. Barker, Ph . (1977). Techniques ofArchaeological excavation, Batsford, Londres. Biddle, M. (1974). The Future of the Urban Past, in Rathtz, P. (ed), Rescue Archaology, Harmonds-worth : 95-112 . Biddle, M. e Hudson , M. D. (1973). The future of London 's Past. A survey of the archaeological implications of planning and development in the nation's capital, Londres. Carver, M. O. H. (1983). Forthy French Towns: an archaeological site evaluation and historical aims, Oxforg Journal of Archaeology, 2: 339-378. Carver, M. O. H. (1987). Underneath English Towns. Interpreting Urban Archaeology, Blastford, Londres. Carver, M. O. H. (1992). Digg ing for data : archaeological approaches to data definition , acquisition and analysis, Jornadas Internacionales de Arqueologia de Intervencion, Bilbau : 163-175. Carver, M. O. H. (1996). On archaeological value , Antiquity, 70: 45-56. Cleere, H. F. (1982). Le patrimoine archEwlogique urbain en Grande-Bretagne, ArcMologie Urbaine. Actes du CoJloque International, (Tours , 1980), Paris: 125-128. 173 174 Manuela Martins I Maria do Carma Ribeiro Cleere, H. F. ed. (1989). Archaeological Heritage Management in the Modern Lemos, F. S. e Martins, M. (11 Fazer e Oesfazer World, Unwin Hyman, Londres. Croucher, K.; Cobb, H.; Brennan, A. (2008). Investigating the role of fieldwork Lemos, F. S.; Martins, M.; De in teaching and learning archaeology, Liverpool, Higher Education um projeeto de al1 Academy Subject Centre for History, Classics and Archaeology. Braga: 53-60. Lemos, F. S. ; Bernardes, R' Cunliffe, B. (1990). Publishing in the city, Antiquity, 64: 667-671. Darvill, T C. e B. Russel (2002). Archaeology after PPG16: Archaeological monio Arqueol6g1 Investigations in England 1990-1999, Bournemouth University, Institute Aetas do s・ュゥョセ@ of Health & Community Studies Lisboa, IPPAR e I Everill, P. (2009) . The invisible diggers . A study of British Commercial Archae- Mar, R.; Ruiz Arbulo, J.; Su Reeuperar la rTI8fI ology. Heritage Research Series, I, Exeter Galinie, H. (1982). Experience d'archeologie urbaine a Tours (1973-1980), Archeologie Urbaine. Actes du Colloque International, (Tours, 1980), les eiutats histOt#i daci6 "La Caixa". Mar, R. ; Ruiz Arbulo, J. (1 9& Paris : 79-82. Galinie, H. (1992). La gestion des archives du sol en ville , Jornadas Internacionales de Arqueologia de Intervenci6n, (Donostia , 1991), Bilbau : 137-162. Galinie, H. e Randoin, B. (1979). Les archives du sol a Tours, survie et avenir de I'archeologie de la ville, Tours. Galinie, H. e Randoin, B. (1987). L'elaboration des documents d'evaluation du Martins, M. (1997). A patrimoine archeologique urbain, Tours . Harris, E. C. (1979). Principles of Archaeological Stratigraphy, Londres. Le Goff, J. (1999) Por amor das cidades. Conversas com Jean Lebrun, Ed. Teorema, Lisboa, 1999. Lemos, F. S. (2000). Os Caminhos da Arqueologia Urbana em Portugal: da decada de 70 ao fim do milenio", Actas do 3. 0 Congresso de Arqueologia Peninsular, 8, Porto, ADECAP: 22-36. Lemos, F. S. (2005). 0 conceito de arqueologia urbana , in Inventariagao e Classificagao Patrimonial: Conceitos e Metodos e Arqueologia Urbana, Colecgao F6rum, 10, Lisboa: 95-103. Lemos, F. S (2006). A Lei e a Arqueologia Urbana, Praxis Archaeologica 1: 15-21 [PDFJ . Martins, M. e Lemos, F. A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades Lemos, F. S. e Martins, M. (1992). AArqueologia Urbana em Portugal , Penelope. Fazer e Desfazer a Hist6ria, n.o 7, Lisboa: 93-103 Lemos, F. S ; Martins, M. ; Delgado, M. (1995). A descoberta de Bracara Augusta: um projecto de arqueologia urbana no Norte de Portugal. Forum, 17, Braga: 53-60. Lemos , F. S.; Bernardes, P ; Martins, M. (2000). Estudo e Divulga<;:ao do Patrimonio Arqueologico Urbano - Reconstru<;:6es em Ambiente Virtual, Actas do Seminario sobre Patrim6nio Edificado e Novas Tecnologias, Lisboa, IPPAR e Instituto A<;:oriano da Cultura: 97-115. Mar, R.; Ruiz Arbulo, J.; Subias, E., eds . (1999). Viure les ciutats historiques . Recuperar la memoria urbana. L' arqueologia en la rehabilitacio de les ciutats historiques. Tarragona : Universitat Rovira i Virgili / Fun dacio "La Caixa ". Mar, R.; Ruiz Arbulo, J. (1999). Arqueologia i planificacio urbana a Tarragona . Tradicio historiografica i realitat actual , in. Mar, R.; Ruiz Arbulo, J.; Subias, E. (eds.), Recuperar/a memoria urbana . L' arqueologia en la rehabilitaci6 de les ciutats historiques, Tarragona : 131-157 (disponivel on line). Martins , M. (1997) . A gestao da Arqueologia Urbana: Realidades, Problemas e Desafios, in I. ° Coloquio de Gestao do Patrimonio Arqueol6gico. Perspectivas em dialogo , Arkeos, 1, Tomar : 91 -112. Martins , M. e Lemos, F. (1997-98). Duas decadas da vida de um projecto: 0 salvamento de Bracara Augusta, Cadernos de Arqueologia, serie 2, 14-15, Braga: 9-21 (disponivel on line) . Mateos Cruz, P. (1996). Proyecto de arqueologia urbana en Merida . Desarrollo y prim eros resultados, Extremadura arqueol6gica, n.o 4: 191-216 Mateos Cruz, P. (1999). La arqueologia urbana en Merida , Merida , Excavaciones arqueol6gicas, n .o 5: 12-20. Mateos Cruz, P. (2001). Augusta Emerita: la investigacion arqueologica en una ciudad de epoca romana, Archivo Espanol de Arqueologia, 74, n .OS 183-184, Madrid: 183 -208. 175 176 Manuela Martin s I Maria do Ca rm o Ribeiro McGill, G. (1995). Building on the Past. A guide to the archaeology and deve - Resumo lopment process. E & FN Spon, Londres Teller, J. e Warnotte, A . (2003) . La mise en valeur des vestiges archeologiques en milieu urbain, APPEAR Contribution (1) - Novembre 2003 (disponivel on line) Lambrick . G. e Spandl, K. (2000) . Urban Archaeological Practice in Ireland. Dublin: The Heritage Council. Rodriguez Temino, I. R. (2004). Arqueologia urbana en Espana . Barcelona : Ariel Patrimonio . Ruiz Arbulo , J. (1997) . Arqueologia universitaria y actividad profesional a fines Pretende-se com este tra gencia e desenvolvimento caracterizar a evolu9ao re contradi90es . Fornece-se nas principais cartas, con dizem respeito a preserv que podem enquadrarpar vista a obten9ao de conh da sua valorizac;:ao social. del siglo XX , in Mora , G. e Oiaz Andreu, M. (eds .), La cristalizaci6n del pasado: genesis y desarrollo del marco institucional de la Arqueologfa en Espana (Madrid , 1995), Malaga: 657-666 . Palavras-chave: arqueologia de Malta; Carta de W Ruiz Arbulo , J. (2009). Viviendo en un circo romano . Arqueologia urbana en el centro historico de Tarragona , in Actas del Simposio Internacional Ciudad sobre ciudad. Interferencias entre pasado y presente urbano en Europa, Fundacion del Patrimonio Historico de Castilla y Leon, Valladolid: 411-443. Abstract VVAA (1999). Report on the situation ofurban archaeology in Europe , Conselho da Europa. This work provides a brief emerge en Zaragoza , in Actas del Simposio Internacional Ciudad archaeology in Europe: 1 discip line and some of Its sobre ciudad. Interferencias entre pasado y presente urbano en the principles contained il Europa, Fundacion del Patrimonio Historico de Castilla y Leon , recommendations cancer Valladolid: 165-196. heritage, which provide th Yeste Navarro, I. (2009). Oescubriendo Caesaraugusta: La ciudad romana Wardle, A . (2005). The Londinium project, Winchester Conference Programme: 34 (disponivel on line ). order to obtain useful knc valuation . Keywords : urban " ,('10""",1001 A arqueologia urbana e a defesa do patrimonio das cidades Resumo Pretende-se com este trabalho apresentar uma breve sintese sobre a emergencia e desenvolvimento da arqueologia urbana na Europa , procurando-se caracterizar a evolu<;:ao recente da disciplina e algumas das suas principais contradic;:oes. Fornece-se igualmente uma sinopse dos princlpios contidos nas principais cartas, convenc;:oes e outras recomendac;:oes internacionais que dizem respeito a preservayao das cidades e do seu patrimonio arqueologico, que podem enquadrar para as boas praticas na arqueologia urbana, tendo em vista a obtenc;:ao de conhecimento util sobre a historia urbana e a promoc;:ao da sua valorizac;ao social. Palavras-chave: arqueologia urbana ; arqueologia de salvamento; Carta de Veneza; Carta de Malta; Carta de Washington ; historia urbana. Abstract This work provides a brief summary of the emergence and development of urban archaeology in Europe, seeking to characterize the recent evolution of the discipline and some of its major contradictions. It also provides a synopsis of the principles contained in the main cards, conventions and other international recom mendations concerning the preservation of the town and its archaeological heritage, which provide the framework for good practice in urban archaeology, in order to obtain useful knowledge about urban history and promoting its social valuation . Keywords: urban archaeology; rescue archaeology; Venice Charter; Malta Charter; Washington Charter ; urban history. 177