Férvedes
ISSN: 1134-6787
Nº 9, 2018
Vilalba (Lugo)
Nº 9
SEPARATA
2018
Férvedes
Vilalba (Lugo)
Número 9
Año 2018
Pp.: 145-153
ISSN 1134-6787
Suásticas gravadas no Norte de Portugal. Reflexões sobre
a arte rupestre da Idade do Ferro.
Swastikas recorded in the North of Portugal. Reflections on the Iron Age rock art.
Daniela CARDOSO, Ana M.S. BETTENCOURT, Nuno OLIVEIRA
RESUMO
A propósito da publicação de dois afloramentos gravados com suásticas de braços retos ou
praticamente retos, encontrados recentemente no Norte de Portugal, nomeadamente no Alto do Castro, no
concelho de Vila Nova de Cerveira e no Monte de Novais, no concelho de Caminha (ambos inéditos), os autores
fazem uma revisão sobre os lugares gravados com esta imagética no norte de Portugal e sul da Galiza.
Esta revisão tem como objetivos propor balizas cronológicas para este fenómeno; equacionar a sua
origem nestes territórios setentrionais e interpretar este tipo de lugares, no quadro das dinâmicas de povoamento
da proto-história.
ABSTRACT
With regard to the publication of two outcrops recorded with swastikas with straight or practically
straight arms, recently found in Northern Portugal, namely Alto do Castro, Vila Nova de Cerveira, and Monte
de Novais, in the municipality of Caminha (both unpublished), the authors make a review on the places recorded
with this imagery in the north of Portugal and south of Galicia.
This review aims to propose timelines for this phenomenon; to equate their origin in these northern
territories and to interpret these types of places, within the framework of the settlement dynamics of
protohistory.
Palavras-chave:
Keywords:
Proto-história, gravuras rupestres, suásticas, cronologia, origem, significados.
Protohistory, rock engravings, swastikas, chronology, origin, meanings.
1.- Introdução.
As suásticas, de quatro braços, de lados curvos
ou retos, apesar de conhecidas na arte rupestre do
Noroeste da Península Ibérica são uma temática
raramente representada neste contexto. Até à data,
conheciam-se, apenas, quatro afloramentos gravados onde tal motivo se manifestou, localizando-se,
três deles, no sul do território galego, e o quarto, no
norte de Portugal. Na Galiza encontram-se os loci de
Os Covelos, em Coruxo, concelho de Vigo (Costas
Goberna et al., 1984); a Laxe das Cruces, em Tourón, concelho de Ponte Caldelas (Peña Santos et al.,
1996) e a Portela da Laxe, em Viascón, concelho de
Cotobade, todos na província de Pontevedra (Peña
Santos, Vázquez Varela, 1979; García Alén, Peña
Santos, 1980). No Norte de Portugal, destacamos a
Laje dos Sinais, em Carvalhos, concelho de Barcelos, distrito de Braga (Sarmento, F., 1895; Cardoso,
M., 1951; Coimbra, F., 2001, 2004; Cardoso, D.,
2015). Conhece-se, ainda, uma suástica, realizada de
forma invulgar, num bloco granítico reaproveitado
numa construção do povoado fortificado de Guifões,
no concelho litoral de Matosinhos, distrito do Porto
(Coimbra, F., 1999).
A partir de dois novos afloramentos gravados
com esta imagética, encontrados, recentemente, no
Noroeste de Portugal, nomeadamente o do Alto do
Castro, em Vila Nova de Cerveira e o do Monte de
Novais, em Caminha (ambos inéditos) pretende-se,
com base nos paralelos conhecidos no Norte de
Portugal e no sul da Galiza, equacionar algumas
hipóteses sobre a cronologia, origem e significado
deste fenómeno, no quadro do povoamento protohistórico.
Em termos metodológicos, esta abordagem
passa pela análise dos contextos físicos e arqueológicos onde se localizam esses locais, pela análise das
superfícies onde foram gravados, pela sua interação
com estilos de arte rupestre, comuns no território em
análise e, pela comparação dos motivos gravados
com outras materialidades onde se representam.
2.- Os novos casos de estudo.
Os casos de estudo que aqui se noticiam foram
descobertos em 2017, por um aficionado de arqueologia, morador em A Guardia, Galiza. Trata-se do
senhor Cândido Verde, que gentilmente deu conta do
achado a um dos autores deste artigo e, mais tarde,
acompanhou a totalidade dos autores ao local da
descoberta. O local mais a norte foi designado por
Alto do Castro e o mais a sul, por Monte de Novais,
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SUÁSTICAS GRAVADAS NO NORTE DE PORTUGAL. REFLEXÕES SOBRE A ARTE RUPESTRE DA...
Fig.: 1. Localização do afloramento gravado do Alto do Castro, Carta Militar de Portugal, nº 7, na escala 1: 25.0000, 1997, (IGEO).
por serem estes os topónimos dos montes onde se localizam. Esta opção resultou do facto de, em nenhum
dos locais, ter sido possível identificar micro-topónimos correspondentes aos afloramentos gravados.
Alto do Castro.
Localização e contexto físico e ambiental.
O afloramento gravado do Alto do Castro localiza-se nos limites das uniões de freguesias de Candemil-Gondar e Lobelhe-Vila Nova de Cerveira,
concelho de Vila Nova de Cerveira, distrito de Viana
do Castelo. As suas coordenadas geográficas são: 8.702910X, 41.930723Y (WGS84). A cerca de 95
metros de altitude (Fig.: 1).
Em termos geomorfológicos o locus localizase no início de uma vertente virada a oeste, na extre-
Fig.: 2. Vista geral do afloramento gravado (em primeiro
plano) e do povoado da Idade do Ferro do Monte ou Alto
Castro (em último plano).
midade sul do monte, conhecido popularmente como
Alto do Castro ou Monte do Castro, no que na Carta
Militar de Portugal, nº 7, de 1997, se considera a
serra da Salgosa, mas que se insere numa unidade
geomorfológica maior, conhecida como serra da
Gávea (Fig.: 2).
De acordo com as informações recolhidas na
Carta Geológica de Portugal, na escala 1: 50.000,
folha 1-C, Caminha, de 1962, e respetiva notícia
explicativa (Teixeira, Assunção, 1961) a área corresponde a uma zona de contacto entre xistos andaluzíticos, granitos alcalinos de duas micas de grão
grosseiro, filões e massas de quartzo e filões e
massas aplito-pegmatíticos e pegmatíticos que aflo-
Fig.: 3. Perspetiva visual para a foz do rio Minho, desde o
afloramento gravado.
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ram, abundantemente, por vezes, de forma impressiva, principalmente os xistos e as massas de quartzo
que, pela sua tonalidade clara, sobressaem no meio
físico (Fig.: 2). Trata-se, ainda de uma área rica em
recursos mineiros, pois, num raio de 10 km ocorrem
diversas jazidas primárias de estanho e de chumbo.
Em termos ambientais o local é provido de vegetação arbustiva e herbácea, de pequeno porte, pelo
facto da área ter sofrido um incêndio recente (Fig.:
2).
Do afloramento gravado obtém-se uma ampla
perspetiva visual para a foz do rio Minho, assim
como para o povoado da Idade do Ferro do Alto do
Castro (Fig.: 3).
Contexto arqueológico.
Numa área de várias centenas de metros conhecem-se algumas gravuras rupestres com composições circulares, inseríveis no estilo atlântico, inéditas, cuja origem se deverá situar no Neolítico, comforme tem vindo a ser defendido por vários autores
(Alves, L., 2003, 2017; Santos-Estévez, M., 2012;
Fig.: 4. Aspeto do afloramento visto de frente onde se pode
visualizar a gravura da suástica, uma data e alfabetiformes.
Cardoso, D., 2015). A cerca de 800 m para nornoroeste, localiza-se o povoado do Alto ou Monte do
Castro (Oliveira, E., 1981; Silva, A., 1986: 70, nº 22)
(Fig.: 2) onde se observaram dois panos de muralha,
vestígios de prováveis habitações circulares e cerâmicas apenas atribuíveis à Idade do Ferro.
Descrição do afloramento gravado e
motivos.
O afloramento do Alto do Castro, em xisto
avermelhado, apresenta dois declives virados para
oeste e este, e é bastante sobrelevado em relação ao
solo atual, pelo menos, pelo lado oeste, onde tem
mais do que 2 m de altura. Encontra-se disposto de
norte para sul, medindo 14,40 m neste sentido e 3,15
m, de este para oeste. A sua superfície tem um aspeto
irregular, em algumas áreas, com várias diaclases, no
sentido este-oeste, e alguns filonetes de quartzo, no
sentido noroeste-sudeste (Fig.: 4)
Embora, na pendente oeste, pareçam existir
motivos muito erodidos que, pelas condições de luminosidade, não se tornaram perceptíveis nesta visi-
Fig.: 5. Modelo 3D, a partir do levantamento fotogramétrico,
do painel gravado.
ta, no declive oeste, foi gravada uma suástica, uma
data e alguns alfabetiformes, formando palavras ou
siglas. A suástica situa-se, sensivelmente, no centro
do painel, enquanto os restantes motivos se localizam na sua parte inferior. O motivo da suástica é
maior, medindo 18 cm de altura por 19 cm de largura, pelo que se apresenta ao observador como o motivo central desta composição. Foi gravada através da
técnica do picotado, seguida de polimento parcial,
pelo que o seu sulco apresenta seção em U, irregular.
A largura dos sulcos varia entre 1,5 e 2 cm e a sua
profundidade entre 0,9 mm e 1 cm (Fig.: 5, 6).
Parte dos alfabetiformes parecem formar a palavra AICETO, embora o I seja duvidoso, pelo que
fica a dúvida se não será ANICETO, mal escrito.
Esta palavra foi seguida de um R e, imediatamente
abaixo, do nome CAMPOS. Em associação com este
nome está gravada a data de 1941, que pelas características técnicas parece ter sido gravada na mesma
altura do nome. A algumas dezenas de centímetros
desta data, para sul, gravaram-se as letras OU, que
poderão corresponder a uma sigla. Os alfabetiformes
e os números foram executados através da incisão,
provavelmente realizado com pico metálico, uma
técnica de gravação distinta da que foi usada para a
suástica. Os sulcos são, também, na generalidade,
menos profundos e estreitos do que os usados no
motivo abstrato, possuindo 1 a 1,4 cm de largura,
embora a possível sigla OU seja constituída por cara-
Fig.: 6. Decalque da suástica do Alto do Castro.
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Fig.: 7. Carta Militar de Portugal de Portugal, nº 27, na esc. 1: 27.000, 1997 (IGEO), com a localização do afloramento gravado no
Monte de Novais.
teres maiores do que os restantes (Fig.: 5).
A observação das gravuras implica uma audiência de costas para a foz do rio Minho e de frente
para o cume pedregoso, em xisto, e impressivo do
monte (Fig.: 4).
Considerações cronológicas.
Apesar da associação da suástica com um nome
e a data de 1941, é possível que este motivo, por ser
de técnica distinta dos restantes, e se encontrar nas
imediações de um povoado da Idade do Ferro, seja
deste período genérico e não a representação da
ideologia nazi por parte de um simpatizante. De destacar que a suástica nazi é sempre representada de
forma oblíqua, ou seja, com uma inclinação de cerca
de 45 graus. Assim, é possível que esta suástica, que
se crê antiga, tenha sido apropriada por alguém que,
em 1941, a identificou erroneamente.
- Monte de Novais.
Localização e contexto físico e ambiental.
As gravuras rupestres do Monte de Novais
ficam no lugar de Trás-os-Rios, freguesia de Riba de
Âncora, concelho de Caminha, distrito de Viana do
Castelo, no noroeste de Portugal. As suas coordenadas geográficas são: -8.814003X, 41.815732Y
(WGS84), a cerca de 93 m de altitude (Fig.: 7).
A rocha gravada encontra-se na base da vertente sul do monte, conhecido popularmente como de
Novais, em área profusamente pedregosa e irrigada,
pois nas imediações correm dois cursos de água que
vão desaguar na margem direita do rio Âncora. O
local está a cerca de 4 km da costa, nomeadamente
da praia e do porto natural da Vila Praia de Âncora.
Segundo a Carta Geológica de Portugal, na escala 1: 50 000, folha 2-A, Viana do Castelo, de 1970
e sua respetiva notícia explicativa (Teixeira, C., et
al., 1972) o substrato geológico local é com-posto
por granitos alcalinos de grão médio ou fino a médio,
embora nas proximidades ocorram xistos andaluzíticos e filões aplito-pegmatíticos e pegamíticos. A
área é rica em recursos primários de estanho e em
explorações mineiras abandonadas ou suspensas
deste minério, que ocorrem a montante do local, em
ambas as margens do rio Âncora.
Em termos ambientais o local está povoado de
denso eucaliptal, existindo, nas imediações, campos
agrícolas e casas.
Do afloramento obtém-se uma ampla visibilidade para o vale do Âncora e para o oceano, a oeste,
sudoeste e sul; para a serra de Santa Luzia, a sul e
sudoeste; para as vertentes e cumes do Monte de
Novais, a este, norte e noroeste.
Contexto arqueológico.
No aro desta freguesia são conhecidos vários
afloramentos gravados com composições circulares,
inéditos, inseríveis na arte atlântica de origem neolítica, assim como um punhal gravado e figuras reticuladas, inseríveis na Idade do Bronze. Referimo-nos
à Bouça dos Feitos, noticiada por Bettencourt (20
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Fig.: 8. Visualização do Castro do Monte de Santo Amaro (ao
fundo, em primeiro plano), desde o afloramento gravado.
Fig.: 9. Extremidade este do afloramento gravado onde se
podem ver bem três motivos gravados e um quarto, pouco
perceptível (Fot. de Cândido Verde).
17). Conhece-se, ainda, no vale, o povoado da Idade
do Bronze da Enxurreira (Loureiro, L., Magalhães,
I., 2006) e, no topo de um esporão, o povoado da
Idade do Ferro do Monte de Santo Amaro (Sarmento, F., 1980; 1883-84), que se avista do local das
gravuras e que dista delas, cerca de 800 m a 1 km
para oeste-sudoeste (Fig.: 8).
segmento de reta virado para a direita, o que sugere
uma suástica incompleta, neste caso, de orientação
contrária às restantes, que se encontram viradas para
a esquerda. A oeste dos três motivos que se visualizam bem, parece existir outro motivo cruciforme, de
braços iguais aos das suásticas, gravado de forma
menos profunda. A sua identificação precisa exigirá
observação com luz artificial (Fig.: 10, 11).
Dos três motivos interpretados como suásticas
ou pseudo-suásticas, o maior mede 32 cm de altura
por 32 cm de largura, e o menor, 27 cm de altura por
27 cm de largura. Todos eles foram gravadas através
da técnica de percussão seguida de abrasão, pelo que
apresentam sulcos de seção em U. A largura dos sulcos varia entre os 2 a 3 cm e a sua profundidade é de
cerca de 0,6 cm no máximo e 0,2 cm no mínimo. De
salientar que os braços das suásticas foram, sempre,
gravados menos profundamente do que os restantes
sulcos.
Para o estudo deste afloramento gravado procedeu-se à sua limpeza superficial, ao seu levantamento fotográfico diurno com máquina digital e a
um decalque direto, preliminar. Utilizou-se, para este efeito, plástico cristal, com 0,8 mm de espessura,
e canetas de acetato de várias cores e espessuras.
Durante o processo de registo deu-se especial impor-
Descrição do afloramento gravado e
motivos.
As gravuras do Monte de Novais situam-se
num afloramento granítico de grão fino, disposto na
horizontal. Este foi fraturado, intencionalmente, nos
quadrantes oeste e sul, embora a oeste, a parte partida do afloramento, se encontre no local. É destacado
em relação ao solo atual, tendo de altura, 0,70 m.
Mede 2,50 m, no sentido este-oeste, e 1,55 m, no
semtido norte-sul (Fig.: 9).
A superfície gravada, no topo do afloramento,
tem um aspeto regular e é tendencialmente aplanada.
Aí apenas se identificou um painel, localizado na sua
extremidade nascente. Neste foram observadas duas
suásticas de braços retos, uma delas incompleta, porque não possuía uma das extremidades. No meio
destes dois motivos encontra-se um cruciforme de
braços iguais, contendo numa das extremidades um
Fig.: 10. Modelo 3D do afloramento gravado através do
programa Agisoft Photoscan.
Fig.: 11.Decalque das suásticas do Monte de Santo Amaro.
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Fig.: 12. Suástica de Os Covelos (Costas Goberna et al.,
1984, adaptado).
tância a todos os detalhes do motivo gravado, em
especial à existência ou não de picotados, pelo facto
dessa informação ser importante para um maior
entendimento do processo de execução. Foi ainda
realizado um modelo 3D do afloramento através do
programa Agisoft Photoscan.
braços retos, quer orientadas à direita quer à esquerda. Trata-se de um motivo com paralelo no afloramento gravado de Os Covelos, na paróquia de Coruxo, concelho de Vigo, onde também se gravou uma
suastica de braços retos, associada a diversas covinhas (Costas Goberna, et al., 1984) (Fig.: 12), e no
da Portela da Laxe, na paróquia de Viascón, concelho de Cotobade (García Alén, Peña Santos, 1980),
onde uma suástica, também de braços retos, e outra
de braços ligeiramente curvos, se associam a quatro
paletas quadrangulares e uma circular (espelho?),
emtre outros motivos quiçá contemporâneos, como
motivos em U, com e sem covinha central1, entre
outros difíceis de determinar (Fig.: 13).
As suásticas em estudo também apresentam
similitudes com a de braços ligeiramente curvos, da
Laje dos Sinais, na freguesia de Carvalhos, Barcelos
(Cardoso, M., 1951; Coimbra, F., 2001, 2004; Car-
Considerações cronológicas.
As suásticas e pseudo-suásticas aqui representadas, pela técnica usada na sua execução, e pela
proximidade deste afloramento com um povoado da
Idade do Ferro, deverá integrar-se nessa cronologia
genérica.
3.- Discussão dos dados e interpretações.
Estes dois afloramentos gravados do Norte de
Portugal, com exceção dos motivos históricos do
Alto do Castro, são excecionais no contexto da arte
rupestre proto-histórica desta região, porque apresentam apenas suásticas ou pseudo-suásticas de
Fig.: 14. Decalque das gravuras rupestres da Serra de Sicó,
em Ancião (Caninas et al, 2010).
Fig.: 13. Portela da Laxe (Peña Santos, et al., 1980,
adaptado).
doso, D., 2015) que se encontra no interior de um
círculo, na periferia de composições circulares de
arte atlântica (Fig.: 14).
A única suástica que se afasta considerávelmente é a de braços curvos da Laxe das Cruces, em
Tourón, concelho de Ponte Caldelas, também conhecida como Coto das Sombriñas (Peña Santos et al.,
1996).
É de notar que os quatro lugares com suásticas
similares se localizam em áreas próximas ou relativamente próximas do litoral (Fig.: 3, 8, 12, 13). O
caso mais evidente é o do Monte de Novais, a cerca
de 4 km do porto natural de Vila Praia de Âncora,
seguido do sítio de Os Covelos, a cerca de 8 km da
desembocadura da ria de Vigo. O lugar do Alto do
Castro fica a cerca de 14 km do litoral, embora
próximo da margem esquerda do rio Minho, ainda
hoje navegável até à foz, apesar do assoreamento
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Fig.: 15. Decalque das gravuras rupestres da Serra de Sicó
em Ancião segundo Caninas et al, 2010.
intenso. O afloramento da Portela da Laxe, também
a cerca de 14 km da ria de Pontevedra, fica, igualmente, nas proximidades do vale do Lérez. O afloramento gravado mais afastado do litoral é o da Laje
dos Sinais, a cerca de 21 km do mar, mas de fácil
acessibilidade à margem esquerda do rio Cávado,
junto a Barcelos, em troço navegável até à foz, no
séc. XVIII, embora por pequenos barcos (CasteloBranco, F., 1979: 304). De notar, que de todos eles,
há excelente visibilidade para os vales e para o
litoral.
A sua excecionalidade na arte rupestre do Noroeste, a sua distribuição litoral, também percebida
em contextos mais meridionais, como é o caso das
gravuras rupestres da serra de Sicó, em Ancião2 (Caninas, J., et al, 2010) (Fig.: 15) e da fíbula do povoado da Pirreitas, em Alcobaça (Ponte, S., 1984) (Fig.
16), possibilita colocar a hipótese de que este motivo
possa materializar uma nova imagética, de origem
mediterrânica e não Indo-Europeia, conforme é defendido por Coimbra (2009) e por González Ruibal
(2006a).
No Noroeste associam-se a contextos de significação simbólica ancestral (como são os casos da
Portela da Laxe e da Laje dos Sinais), enquanto, noutros casos, se grava em afloramentos, aparentemente
sem “estória” (Os Covelos, Alto do Castro e Monte
de Novais), criando novos espaços signifi-cantes.
A sua introdução no Noroeste Ibérico é problemática, embora tenha sido considerada dos meados
do 1º milénio a.C., ou seja, da IIª Idade do Ferro
(González Ruibal, 2006b). No entanto, há alguns
dados que permitem colocar a hipótese de que a data
do seu aparecimento possa ter sido mais antiga, isto
é, desde os finais da Idade do Bronze e durante os
inícios da Idade do Ferro, tendo em conta apenas as
suásticas de quatro braços (retos ou ligeiramente
curvos), e excluindo outros motivos aparentados, como as suásticas de braços totalmente curvos, os trísceles, os tetrásceles, estes sim, comuns na arquitetura, na plástica e em objetos da IIª Idade do Ferro, na
Europa atlântica e continental.
Os dados que suportam esta hipótese são a
associação da suástica da serra de Sicó, na zona Centro de Portugal, com antropomorfos de mãos gran-
des, comuns em estelas do Sudoeste, nomeadamente
dos vales do Guadalquivir e do Guadiana, datadas
dos finais da Idade do Bronze e inícios do Ferro
(Díaz-Guardarmino, M., 2010); a associação das
suásticas da Portela da Laxe, com o que parece um
espelho, também comum nas referidas estelas; e o
aparecimento das suásticas na fíbula de origem mediterrânica do Castro de Pirreitas, datável de fi-nais
do séc. IX a.C. ao séc. VIII a.C. (Ponte, S., 1999).
Este período é, também, aquele onde se assiste,
em termos europeus, à difusão das colónias fenícias
e gregas pelo mediterrânio ocidental, contribuindo,
através do intercâmbio suprarregional, para a difusão de ideologias e temas mediterrânicos, quer pela
europa continental, quer pela fachada mais ocidental
da Ibéria.
Este motivo terá perdurado ao longo de todo o
1º milénio a.C.3, podendo, por exemplo, observar-se
em cerâmicas de um depósito, em fossa, associado a
um santuário, no Cerro do Castelo de Garvão, em
Ourique, o qual se tem inserido no séc. IV ou III a.C.
(Gomes, M., 2012). No entanto, e tal como afirma
González Ruibal (2006b), os santuários da IIª Idade
do Ferro, no Noroeste, implicam construções e alterações significativas dos afloramentos, situação bem
distinta dos casos aqui estudados, que parecem perpetuar gestos e lugares ancestrais.
Além da cronologia é importante chamar a
atenção para o facto de que estes locais seriam lugares cerimoniais que materializariam, pelo menos, em
parte, o mundo simbólico da Idade do Ferro e constituir-se iam como mais um lugar significante, na rede
de povoamento deste vasto período cronológicocultural. Por este motivo, as representações de suasticas aqui noticiadas, devem ser protegidas e alvo de
valorização turística e ditática.
4.- Agradecimentos.
Este trabalho foi realizado no âmbito do projeto
Rock Art of the Northwest Iberia. Liminality and
Heterothopy/Arte Rupestre do Noroeste Ibérico. Liminaridade e Heterotopia, apoiado pela FCT (referência SFRH/BSAB/114296/2016)
Fig.:16. Fíbula do castro de Pirreitas, Alcobaça (Ponte, S.,
1984).
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Férvedes, 9 (2018), ISSN 1134-6787, pp.: 145-153
153
SUÁSTICAS GRAVADAS NO NORTE DE PORTUGAL. REFLEXÕES SOBRE A ARTE RUPESTRE DA...
6.- Notas.
1.
2.
Este conjunto de motivos localiza-se na extremidade noroeste de um afloramento com composições circulares típicas
da arte atlântica, num processo que se crê de adição.
Nos três afloramentos publicados por Caninas et al, 2010
um deles apresenta uma suástica e dois antropomorfos de
mãos grandes, motivos que poderão ser proto-históricos,
por paralelos com antroporficos similares encontrados em
3.
estelas do sudoeste ibérico. (Guardamino Diaz, 2010).
Comtudo, este afloramento tem igualmente simbologia
mais recente e histórica, como uma cruz com peanha e um
alfabetiforme.
Perdura durante a época romana e medieval, sempre de
forma excecional.
Daniela Cardoso.
Sociedade Martins Sarmento, Guimarães.
Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT).
danyrest@gmail.com
Nuno Oliveira.
Mestre em Arqueologia. Arqueólogo.
nunoesqui@gmail.com
Ana M.S. Bettencourt.
Departamento de História da Universidade do Minho, Braga,
Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT).
anabett@uaum.uminho.pt
Recibido:
Aceptado:
01/06/2018
20/06/2018
Férvedes, 9 (2018), ISSN 1134-6787, pp.: 145-153
Nº 9, 2018
ISSN: 1134-6787. Dep. Legal: LU-243-2010
Museo de Prehistoria e Arqueoloxía de Vilalba
E-27800 Vilalba (Lugo)
fervedes@museovilalba.org
Sumario
Sumario / Summary.
Introducción. E. Ramil Rego.
3
7
Comunicaciones / Artículos.
9
Contextualización de los bifaces achelenses de Louselas (Ribadeo, Lugo). Aprovechamiento tipométrico hacia una clasificación
automática. Eduardo Ramil Rego, Alberto Ramil Rego, Ana Neira Campos, Ana Jesús López Díaz, Mª Natividad Fuertes Prieto. .............. 11-19
Acumulaciones faunísticas y sus implicaciones socioculturales. Nuevos datos del registro arqueofaunístico en la cueva de A Valiña
(Castroverde, Lugo). Carlos Fernández Rodríguez, Lluís Lloveras, Paula Escosteguy, Eduardo Ramil Rego, Jordi Nadal. .......................... 21-29
Caracterización e dinámica dos agrosistemas no NW Ibérico durante o Holoceno e o Antropoceno Pablo Ramil Rego, Luis GómezOrellana. .............................................................................................................................................................................................................. 31-40
Aproximación al estudio de las industrias líticas de la Prehistoria Reciente en el noroeste de la cuenca sedimentaria del Duero
(León). Mª Natividad Fuertes Prieto, Diego Herrero Alonso, Azucena Martín Fernández, Pablo Victoriano Redondo Álvarez, Ana
Neira Campos. .................................................................................................................................................................................................... 41-50
Arqueología y geología con una mención especial a la relación entre sustrato rocoso y arte rocoso (petroglifos). Juan Ramón Vidal
Romani, Jorge Sanjurjo Sánchez, Aurora Grandal D’Anglade, Marcos Vaqueiro Rodríguez, Reinaldo Costas Vázquez. .............................. 51-57
Práticas funerárias do Calcolítico e da Idade do Bronze na gruta da Lorga de Dine (Vinhais, Norte de Portugal): estudo
antropológico. Tânia Pereira, Hugo A. Sampaio, Ana M.S. Bettencourt, João P. Cunha-Ribeiro, Mário Brito (✝). .......................................... 59-66
Un asentamiento de la primera Edad del Hierro en la cuenca del Narcea: El castro de Pena Aguda (Belmonte de Miranda, Asturias).
Ángel Villa Valdés, Rubén Montes López. ......................................................................................................................................................... 67-74
Una aproximación a la morfología de ciertos asentamientos castreños de la provincia de León. Julio Manuel Vidal Encinas ....................... 75-86
Contributos para o estudo do povoamento da Idade do Ferro no rio Lima: resultados das escavações dos sectores A - D do
povoado de Terronha, Viana do Castelo (Portugal). Nuno Tiago Correia de Oliveira ....................................................................................... 87-96
Las excavaciones en La Peña del Castro (La Ercina,León). Campañas de 2015 a 2017. Eduardo González Gómez de Agüero,
Víctor Bejega García, Fernando Muñoz Villarejo. ............................................................................................................................................ 97-106
Re-excavando Santa Tegra (A Guarda, Pontevedra). Nuevos datos y conclusiones del Barrio Mergelina. Rafael María Rodríguez
Martínez .......................................................................................................................................................................................................... 107-116
Las saunas rituales de la Edad del Hierro de tipo Cantábrico y su efímera perduración bajo dominio romano. Ángel Villa Valdés ........... 117-123
O castro de San Lourenzo (Cereixa, A Pobra do Brollón, Lugo): unha coroa mineira romana no val do río Saa. Xurxo M. Ayán Vila,
Manoel A. Franco Fernández, Xosé Gago García-Brabo, Sonia García Rodríguez, Rui Gomes Coelho, Alejandro Laíño Piñeiro,
Rosa Martínez Valcárcel, Carlos Otero Vilariño, Yolanda Porto Tenreiro, Pedro Rodríguez Simón, José M. Señorán Martín. .................. 125-134
Un novo Monumento con Forno na Comarca de Ortegal. O Castro do Sarridal (Cedeira, A Coruña). Emilio Ramil González ................... 135-143
Suásticas gravadas no Noroeste Ibérico. Reflexões sobre a arte rupestre da Idade do Ferro. Daniela Cardoso, Ana M. S.
Bettencourt, Nuno Oliveira .............................................................................................................................................................................. 145-153
Producciones cerámicas altoimperiales con decoración de arquillos estampillados en los castros de la cuenca del Navia (Asturias).
Estado de la cuestión. Susana Hevia González, Rubén Montes López. ....................................................................................................... 155-162
Ocultar el presente, falsear el pasado. La sinuosa edificación de un engaño histórico irreversible en el Castro de Elviña (A Coruña).
José María Bello Diéguez. .............................................................................................................................................................................. 163-172
Los horizontes arqueológicos de Época Romana en el Monte Castrelo de Pelóu (Grandas de Salime, Asturias). Ángel Villa Valdés,
Rubén Montes López, Susana Hevia González. ............................................................................................................................................ 173-178
Un horno en Esteiro (Ribadeo, Lugo). Contribución al estudio de la producción cerámica de época romana en el occidente
Cantábrico. Hugo Lozano Hermida, Eduardo Ramil Rego, Sara Barbazán Domínguez ............................................................................... 179-185
Nuevos elementos sobre la vida y la muerte en Brigantium a finales del Imperio Romano. La tumba de la Casa Martelo (A Coruña).
Aurora Grandal D’Anglade, José María Bello Diéguez .................................................................................................................................. 187-196
Estudio de un conjunto de materiales arqueológicos de Edad Media y Moderna de San Martiño de Moaña (Pontevedra). Carlos
Fernández Rodríguez, Eduardo González Gómez de Agüero, Raquel Martínez Peñín. .............................................................................. 197-207
Nas orixes da Ribeira Sacra: a necrópole medieval do castro de San Lourenzo (Cereixa, A Pobra do Brollón, Lugo). Xurxo M. Ayán
Vila, Manoel A. Franco Fernández, Xosé Gago García-Brabo, Sonia García Rodríguez, Rui Gomes Coelho, Alejandro Laíño Piñeiro,
Rosa Martínez Valcárcel, Carlos Otero Vilariño, Patxi Pérez Ramallo, Patrick Roberts, Pedro Rodríguez Simón, José M. Señorán
Martín. ............................................................................................................................................................................................................. 209-218
Arqueoloxía da guerrilla antifranquista en Galicia: o combate de Repil (Chavaga, Monforte de Lemos, Lugo). Xurxo M. Ayán Vila. ......... 219-228
Resúmenes de Pósteres.
Normas de publicación.
Catálogo publicaciones.
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233
237
ISSN 1134 – 6787
9 771134 678007
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