MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO
MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL
PRÉ-FABRICAÇÃO E LIGAÇÕES ESTRUTURAIS – PFLES
LIGAÇÕES SOLDADAS
©Rui de Camposinhos
Setembro de 2018
LIGAÇÕES SOLDADAS
Copyright © 2018
Rui de Sousa Camposinhos
ISEP
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Rui de Camposinhos
(Professor Coordenador com Agregação)
2
LIGAÇÕES SOLDADAS
1
Introdução
A soldadura quando correctamente projectada e executada oferece uma característica e
comportamento no mínimo igual e muitas vezes superior à própria resistência dos elementos
ligados.
É realizada na maioria dos casos em estaleiro devido à facilidade de execução
comparativamente à execução em obra.
São as ligações aparafusadas que geralmente são reservadas para montagem em obra
devido à maior facilidade de controlo na sua efectivação.
A soldadura por arco eléctrico é relativamente simples: ao estabelecer-se um campo eléctrico
entre as peças a ligar e o metal de adição (o eléctrodo) que é encostado às peças, forma-se
um arco eléctrico contínuo que desenvolve calor a uma temperatura de tal forma elevada
que permite fundir tanto as superfícies de contacto dos elementos como a parte do
eléctrodo em contacto.
O metal derretido do eléctrodo funde-se com o dos elementos a ligar formando uma massa
única.
O eléctrodo, ao percorrer lentamente o trajecto da soldadura, deixa uma camada de metal
que após o arrefecimento constitui uma ligação perfeita entre os elementos.
Para elementos de pequena dimensão é suficiente realizar uma passagem única para que o
cordão adquira a espessura. Para elementos com maiores espessuras é necessário mais do
que uma passagem para que se obter a espessura necessária, tendo em atenção que a
espessura máxima dos elementos a ligar é de 30 mm.
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3
LIGAÇÕES SOLDADAS
2 Processos de soldadura
O ar deve ser afastado na altura de soldagem a fim de evitar a oxidação rápida do metal
enquanto líquido. Por isso os eléctrodos são revestidos de um material que ao ser derretido
liberte um vapor e líquido que formam uma barreira de protecção à volta do arco eléctrico
da soldadura (Figura 1).
Existem vários processos sendo os quatro que a seguir se descrevem os mais utilizados:
2.1
MIG/MAG
A soldadura MIG – Metal Inert Gas e MAG – Metal Active Gas são processadas por arco electivo,
no qual se usa um fio eléctrico consumível de alimentação contínua na ponta do qual se
estabelece um arco eléctrico e uma protecção gasosa. O eléctrodo, o arco, a zona fundida e
a peça a soldar são protegidos da contaminação atmosférica por um fluxo de gás inerte (MIG)
ou activo (MAG).
É um processo muito sensível a correntes de ar, sendo por isso difícil de realizar em obra. A
soldadura MAG tem vindo a ser substituída pelo processo FCAW – Flux Cored Aerc WElding,
que possibilita a sua aplicação em ambientes ao ar livre, uma vez que este processo dispensa
a protecção gasosa externa.
2.2
TIG
TIG é o acrónimo de Tungsten Inert Gas. É um processo de soldadura por arco eléctrico em
que o eléctrodo não é consumível em Tungsténio. A soldadura é envolvida no seio de uma
protecção de gás inerte, geralmente Árgon ou Hélio. A função principal do arco eléctrico é a
de fornecer calor para criar um banho de fusão e fundir, se necessário, o material de adição
fornecido separadamente através de uma vareta. Neste processo o material de adição,
quando necessário, é aplicado continuamente por um fio de forma automática ou manual.
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4
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 1 – Representação esquemática de uma soldadura.
2.3
SAW
O Processo de soldadura SAW – Submerged Arc Welding – é também por arco eléctrico, mas
além disso, realiza-se de forma automática ou mecanizada. Utiliza-se em soldaduras
extensas, permitindo grandes velocidades de soldadura e elevadas taxas de depósito. Este
processo exige a utilização de um fio e de um fluxo que actua como elemento de protecção
de banho em fusão e como elemento de calibração ou afinação da composição química do
metal depositado.
A camada é muito espessa e cobre completamente o metal fundido evitando salpicos e
assegura a protecção do banho em fusão. Evita também que a radiação ultravioleta intensa
e os fumos cheguem ao operador. O processo SAW tem como limitação só poder ser utilizado
em soldaduras lineares e na posição horizontal e comprimentos acima de certos limites
mínimos.
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5
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 2 – Esquema representativo de processo de soldadura SAW.
2.4 MMA
O processo MMA – Manual Metal Arc – é desenvolvido através de eléctrodo consumível. O
eléctrodo é um arame mais ou menos espesso constituído por uma “alma” e um
revestimento. O material da alma metálica depende do material a ser soldado podendo ser
da mesma natureza do material de base a soldar, uma vez que o revestimento do eléctrodo
pode complementar a composição química da alma. O diâmetro indicado do arame eléctrodo
corresponde ao diâmetro da alma. O revestimento é uma mistura de várias substâncias, cada
um delas desempenhando um papel definido no escorvamento do arco1.
2.5
Espessura dos cordões
Os cordões, quando possível, devem ser realizados numa só passagem uma vez que são
particularmente económicos.
Em oficina é possível realizar cordões de 8 mm, mas em obra é conveniente reduzir esta
espessura para 6 mm (Figura 3).
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6
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 3 – Cordões simples e de dupla passagem.
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7
LIGAÇÕES SOLDADAS
3 Tipologia das soldaduras
As soldaduras podem classificar-se sob diferentes pontos de vista. As classificações mais
usadas dependem soldabilidade do aço, da geometria e da posição dos cordões e da
penetração da solda nas zonas soldadas.
3.1
Soldabilidade dos aços
Para se verificar a viabilidade de soldadura dos varões em aço dever-se-á conhecer com
exactidão a composição química dos mesmos, designadamente a quantidade em carbono
(C), fósforo (P), enxofre (S), azoto (N) e especialmente a de carbono equivalente (CE).
Ao contrário do que sucede com o aço laminado em chapa (tubos, perfis, chapas) o aço em
varão tem uma elevada quantidade de carbono o que faz com que nem todos os aços em
varão possam ser considerados satisfatoriamente soldáveis. Poder-se-á afirmar que aços
com elevada resistência – acima de 500 MPa – têm de ser de elevada soldabilidade.
A soldabilidade de um aço é determinada pela sua composição química em que o factor
condicionante é a percentagem de carbono equivalente (CE).
Segundo a recomendação da Federação Internacional do Betão (FIB) admite-se a
soldabilidade de varões quando não forem ultrapassados os limites em percentagem
constantes do Quadro 1.
Quadro 1 – Percentagens máximas constituintes em aço de varão soldável
Elemento ou equivalente
C – Carbono
P – Fósforo
S – Enxofre
N – Azoto
CE – Carbono equivalente
Percentagem
máxima
0,240%
0,050%
0,050%
0,012%
0,450%
Sendo o valor do carbono equivalente (CE) dado pela seguinte Expressão (1):
CE =
%C +
%Mn
%Cu
%Ni
%Cr
%Mo
%V
+
+
+
+
+
6
15
15
5
5
5
(1)
Onde as percentagens são referentes aos seguintes metais: Mn – Manganês; Cu – Cobre; Ni
– Níquel; Cr – Crómio; Mo – Molibdeno; V – Vanadio.
3.2
Tipos de juntas
O projectista deve saber distinguir que existem três tipos de juntas soldadas: junta topo a
topo, junta de ângulo e junta sobreposta e quatro tipos de soldadura: de canto, de entalhe,
com penetração total e de penetração parcial (Figura 4).
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8
LIGAÇÕES SOLDADAS
A combinação das diferentes juntas com os diferentes tipos de soldadura obtém-se o nível
de resistência mecânica pretendido e assim o tipo de ligação.
Figura 4 – Processos e tipos de soldadura [1]
3.3
Tipos de cordões de soldadura
É na forma como se materializam os cordões de soldadura que a sua designação é definida.
Assim tem-se os seguintes tipos de cordões:
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9
LIGAÇÕES SOLDADAS
Cordões de topo – unem as peças colocadas topo a topo, no prolongamento umas das
outras, tenham ou não os eixos coincidentes. Desde que as disposições construtivas
apresentadas na Figura 5, Figura 6, Figura 7, Figura 8 e Figura 9 sejam respeitadas não é
necessário comprovar a segurança pelo cálculo, uma vez garantida a fiabilidade da sua
execução [2, 3].
Figura 5 – Definição de cordões de topo
Se a espessura dos elementos a ligar não exceder 6 mm é dispensável a formação de chanfro
(Figura 6).
Figura 6 – Cordões de topo sem chanfro– Quadrado aberto.
Se a espessura for superior a 6 mm e inferior a 15 mm deve ser executado chanfro em V.
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10
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 7 – Cordões de topo com chanfro em V.
No caso de a espessura do cordão exceder 15 mm e ser possível realizar a soldadura pelas
duas faces o cordão deve ter a forma de duplo V (Figura 8).
Figura 8 – Cordões de topo com duplo chanfro X.
Não sendo possível realizar a soldadura pelas duas faces, dever-se-á executar um cordão em
forma de U ou utilizar uma contrachapa (backup) que permita efectuar a soldadura com as
arestas inferiores dos chanfros devidamente afastadas (Figura 9).
Figura 9 – Soldaduras realizadas através de uma face única
3.4 Juntas extensas
Nas juntas de sobreposição o valor de cálculo da resistência de um cordão deve ser reduzido
através de um factor, β Lw , para ter em conta a distribuição não uniforme das tensões ao
longo do seu comprimento, uma vez que o valor máximo das tensões ocorre nas
extremidades das ligações (Figura 10).
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11
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 10 – Distribuição não uniforme das tensões de corte τ // numa ligação extensa
In longitudinally loaded welded connections an uneven load distribution occurs, similar to
that just described for bolted connections. The highest stresses occur at the ends of the
welds, see Figure 4.
Esta premissa não se aplica quando a distribuição de tensões ao longo da soldadura
corresponde à distribuição de tensões no metal de base adjacente como é o caso, por
exemplo, de uma soldadura que liga o banzo e a alma de uma viga cuja secção tem altura
não normalizada (plate girder), ou se a tensão de cedência do metal de base é inferior à da
soldadura, situações em que a a rotura plática ocoore principalmente nas chapas, como é o
caso frequente nas classes de aço com de classe inferior ou igual ao S275. No caso de as
juntas terem um comprimento nominal superior a 150xa o factor de redução, β wL.1 , é dado
por:
1, 2 −
β Lw.1 =
0, 2 × L j
150 × a
≤ 1,0
(2)
Em que:
L j – Comprimento da sobreposição na direcção da força a transferir.
Para cordões com comprimento superiores a 1,7 m ligando rigidizadores de membros
reforçados o factor de redução, β Lw , deve ser considerando com um valor, β Lw.2 dado por:
0,6 ≤ β Lw.2 =1,1 −
onde:
Lw – é o comprimento da soldadura em metros.
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12
Lw
≤ 1,0
17
(3)
LIGAÇÕES SOLDADAS
3.5
Cordões de ângulo
Podem utilizar-se cordões de ângulo quando as faces de soldadura formam um ângulo entre
60º e 120º (Figura 11).
Figura 11 – Soldaduras realizadas através de uma face única
As seguintes considerações dizem respeito a cordões sem interrupções. No caso de haver
descontinuidade do cordão – soldaduras intermitentes – dever-se-á ter em consideração as
disposições construtivas para cordões de ângulo descontínuos (Art.4.3.2.2) do EC 1993-1-8 [4]
Figura 12.
Figura 12 – Disposições construtivas para soldaduras descontínuas
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13
LIGAÇÕES SOLDADAS
Os cordões de ângulo têm uma secção aproximadamente triangular e são aplicadas às
superfícies das chapas. Não é necessária qualquer preparação dos bordos pelo que são o tipo
de cordão mais utilizado e por isso normalmente mais económicos que os cordões de topo.
Em função da posição relativa das partes a soldar definem-se três tipos diferentes de
soldadura de ângulo que se descrevem nas secções seguintes.
3.5.1 Cordões de Transmissão de Esforço Longitudinal
As ligações que asseguram a transmissão de esforços, entre duas ou mais peças, paralelos
aos seus eixos podem ser realizadas com cordões laterais ou frontais, conforme o cordão se
desenvolve paralelamente ou perpendicularmente à direcção da força longitudinal a
transmitir (Figura 13).
Figura 13 – Cordões de ângulos laterais e frontais
Se um cordão se desenvolve com um ângulo nem perpendicular ou paralelo à direcção da
força longitudinal a transmitir o cordão é considerado como cordão oblíquo (Figura 14).
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14
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 14 – Cordões oblíquos.
3.5.2 Soldaduras com cordões solicitados obliquamente
As s condições de solicitação com cordões oblíquos ocorrem frequentemente. Um cordão de
ângulo pode, por si, também estar sujeito a uma solicitação inclinada, como se ilustra na
Figura 14 .
Figura 15 – Cordões solicitados obliquamente.
3.5.3 Juntas em T ou em Cruz
Os cordões em T ou em cruz, como o nome indica, realizam a transmissão de esforços
transversais em que peças a ligar fazem ângulos perpendiculares ou aproximadamente
perpendiculares entre si (Figura 16).
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15
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 16 – Cordões em T ou em cruz.
3.5.4 Cordões de Ligação entre Viga e Pilar
As ligações entre vigas e pilares são normalmente realizadas por diferentes tipos de juntas
soldadas em função do tipo de esforços a transmitir. A ligação deve ser compatível com o
grau de encastramento que se pretende (Figura 17).
Figura 17 – Transmissão de esforços axiais, transverso e de flexão.
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LIGAÇÕES SOLDADAS
4 Dimensionamento de cordões de ângulo
Os cordões de ângulo ocorrem na grande maioria, 80% ou mais, das ligações soldadas.
Para o seu dimensionamento deve ter-se em conta as seguintes considerações:
– As soldaduras são consideradas elementos isotrópicos e homogéneos;
– As partes ligadas pelas soldaduras são rígidas e as suas deformações são, portanto,
desprezáveis;
– Os efeitos devido a tensões residuais, concentração de tensões e efeitos de forma
são desprezados;
– A distribuição de tensões na soldadura é considerada uniforme;
– A rotura de um cordão corresponde a que se atinja ao longo da soldadura a tensão
de cedência.
O Eurocódigo 3 específica que o material de melhoramento, do eléctrodo, deve possuir
características mecânicas (tensão de cedência, tensão de rotura, extensão pós-rotura) iguais
ou superiores às do metal das peças a ligar. Desta forma para o cálculo das soldaduras
admite-se que as tensões do material de base são normalmente tomadas como sendo as
tensões de referência.
4.1
Espessura de um cordão de ângulo
A espessura do cordão de ângulo corresponde à altura do triângulo isósceles inscrito na
secção do cordão. Conforme se ilustra na Figura 18 – Definição da espessura de um cordão
de ângulo., (a) é a espessura do cordão e (b) corresponde à largura efectiva do cordão.
Figura 18 – Definição da espessura de um cordão de ângulo.
A dimensão mínima de um cordão se soldadura é de 3 mm.
4.1.1
Soldaduras de penetração profunda
No caso de cordões que penetrem com profundidade na espessura dos elementos a soldar o
cordão é definido tal como se ilustra na Figura 19, devendo, no entanto, ser confirmado por
testes preliminares de que a profundidade pretendida poder ser obtida com a fiabilidade
desejada.
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17
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 19 – Definição da espessura de um cordão para soldaduras de penetração funda
A espessura efectiva do cordão é dada pela expressão, considerando o valor de s, em mm:
=
aef
s× 2
+ 2 [mm]
2
(4)
4.1.2 Soldaduras de penetração parcial
As soldaduras de penetração parcial são consideradas como sendo de cordões de ângulo e
devem ser dimensionadas como tal.
A sua resistência é determinada em função da sua geometria, uma vez que o triângulo
inscrito na secção do cordão não é necessariamente isósceles, sendo necessário ter em conta
o tipo de aço das peças ligadas, das dimensões s1 e s2 das duas secções em contacto (Figura
20).
Figura 20 – Definição da secção de cálculo dos cordões de soldaduras com penetração parcial
(
No caso de secções de contacto perpendiculares s= a ⋅ ^2
resistência f u ≥ 500 MPa considerar-se-á que:
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18
)
e pra aço com tensão de
LIGAÇÕES SOLDADAS
– A secção de contacto ( s ⋅ l ) é determinante para estabelecer a resistência de um soldadura
no caso de aços S235.
No caso de aços S355 a secção determinante para o cálculo da resistência é a que
corresponde a ( a ⋅ l ) .
4.2 Definição das tensões actuantes num cordão
As tensões que actuam num cordão de soldadura apresentam as componentes paralelas e
transversais ( τ 1 ,τ 2 ) ao eixo longitudinal de soldadura e na componente normal, σ 1 ,
perpendicular ao plano que define a sua espessura (a) conforme se ilustra na Figura 21.
Figura 21 – Definição das componentes da tensão instalada num cordão.
Figura 22 – Definição da tensão equivalente
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19
LIGAÇÕES SOLDADAS
O dimensionamento dos cordões de ângulo é obtido a partir da definição de tensão
equivalente que está espelhado na Figura 22 em função do critério de cedência de Von Mises
conforme Expressão (5):
σ equiv=
σ 1 2 + 3 × (τ 1 2 + τ 2 2 )
(5)
A capacidade resistente de um cordão de soldadura é atingida quando este se encontra sob
um estado de tensão correspondente a qualquer uma das seguintes condições da Expressão
(6) :
σ equiv ≤
fu
βw ⋅ γ M 2
∧ σ1 ≤
fu
γM 2
(6)
sendo:
σ equiv – Tensão equivalente de Von Mises
fu
– Tensão nominal de resistência à tracção do elemento ou peça mais fraca
γ M 2 – Coeficiente parcial de segurança por soldaduras igual a 1,25
βw – Factor de correlação que depende do tipo de aço (Art. 6.6.5.3 – do Eurocódigo 3) e
replica no Quadro (5).
Quadro 2 – Factor de correlação da soldabilidade
βw em função do tipo de aço [4]
4.3 Verificação da segurança
Para verificação da segurança ou dimensionamento de um cordão de soldadura podem ser
utilizados dois métodos. O método simplificado ou o método direccional.
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20
LIGAÇÕES SOLDADAS
O princípio geral que suporta qualquer dos métodos baseia-se na condição de que:
Fw,Ed ≤ Fw,Rd
(7)
Sendo:
Fw,Ed – Valor de cálculo da força actuante por unidade de comprimento;
Fw,Ed – Valor de cálculo da força resistente por unidade de comprimento;
4.3.1 Método simplificado ou da tensão média
No texto principal do EC 1993.1.8 (Art.º 4.5.3.3) [4] é feita referência ao método simplificado
que dispensa a determinação das componentes das tensões no plano da soldadura.
A respectiva fórmula de cálculo baseia-se no método da tensão média em que se considera
que a resistência de soldadura é igual à tensão resistente de corte independentemente da
direcção da força que nela actua.
Uma vez que a menor resistência da soldadura corresponde a um estado de tensão de corte
puro, este método conduz a resultados conservadores.
Assim e considerando:
fvw ,d – Valor de cálculo de tensão resistente ao corte de soldadura conforme Expressão (8)
=
fvwd
fu
×
3
1
β w ⋅ γ Mw
(9)
O valor de cálculo do esforço resistente da ligação da soldadura, independentemente da
orientação do plano da soldadura, é dado pela Expressão (10):
=
FRd
fu
3 × β w ⋅ γ Mw
⋅a
(11)
4.3.1.1 Exemplo de ligação com cordões laterais
Considere-se os cordões de ângulo numa ligação por sobreposição com 2 cordões laterais
conforme esquematizado na Figura 23.
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21
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 23 – Cordões laterais sujeitos a esforço de corte
Os cordões transferem um esforço axial, Fy , numa direcção paralela ao comprimento das
soldaduras.
Cada soldadura transmite uma força igual a
1
× Fy , considerando o método simplificado
2
teremos a seguinte condição de segurança expressões(7) e(11) para uma soldadura com um
dado comprimento, l :
Fy
2× a ⋅l
≤
fu
3 × βw ⋅ γ M 2
(12)
Da expressão (12) pode determinar-se a espessura do cordão em função do seu comprimento
ou vice-versa:
a≥
3 Fy
×
⋅ βw ⋅ γ M 2
2 fu ⋅ l
3 Fy
l≥
×
⋅ βw ⋅ γ M 2
2 fu ⋅ a
(13)
O valor da força solicitante deve ser obtido a partir da resistência dos elementos a ligar e que
de acordo com o EC 1993-1-1 [5]:
N pl =
F=
yd
, Rd
fy ⋅ A
γM0
f y – Valor da tensão característica de cedência do aço;
A – Secção transversa da peça
γ M 0 – Coeficiente parcial de segurança para o aço tomado com o valor 1,1
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22
(14)
LIGAÇÕES SOLDADAS
Os valores de f y são dados no Quadro 3, devendo tomar-se, no caso de ligações com aços
de diferentes tipos, o menor valor da resistência, f u .
Quadro 3 – Valores nominais da tensão de cedência,
f y , e de rotura fu
para aço estrutural [5]
Exercício a resolver:
Dimensionar o cordão de ângulo da ligação da Figura 24 considerando que a sua resistência
=
=
f u 510 MPa.
deverá ser no mínimo igual das chapas que em aço S355 W
– f y 355;
Figura 24 – Exemplo de aplicação – Cordões de ângulo
Resultado: a > 5,69 mm= 6mm.
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23
LIGAÇÕES SOLDADAS
4.3.2 Método direccional ou alternativo.
Neste método as forças transmitidas por um cordão de comprimento unitário são
decompostas em duas componentes tangenciais, τ ⊥ ,τ // , paralelas ao plano da soldadura, na
direcção perpendicular e paralela ao seu eixo, e uma perpendicular, σ ⊥ , perpendicular ao
plano de soldadura.
Figura 25 – Definição das componentes da tensão actuante na secção de um cordão de ângulo
A tensão equivalente considerada é a que resulta do critério de rotura dado pela Expressão
(5) que agora se reescreve com os índices adequados à Figura 25:
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24
LIGAÇÕES SOLDADAS
σ equiv
=
σ ⊥ 2 + 3 × (τ ⊥ 2 + τ // 2 ) ≤
σ ⊥ ≤ 0, 9 ×
fu
γM 2
fu
(15)
γM 2
Considere-se a ligação por cordões de ângulo solicitada obliquamente com uma inclinação,
α , em relação ao eixo de soldadura (Figura 26).
Figura 26 – Cordão de ângulo solicitado obliquamente
O valor do ângulo α pode variar ente 0º e 90º.
Com α = 0º a solicitação é tangencial – paralela ao eixo da soldadura, estando esta
submetida ao corte puro. Esta situação corresponde ao caso da Figura 23.
Sendo, 0 < α ≤ 90º , teremos uma solicitação perpendicular ao eixo do cordão em que as
soldaduras estarão submetidas a um estado de tensão composto por corte e
compressão/tracção.
Assim e com base na nomenclatura da (Figura 26):
F ⋅ cos α
= τ //
a ⋅l
F ⋅ sin α 2
τ⊥
⋅
=
a ⋅l
2
(16)
(17)
e
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25
LIGAÇÕES SOLDADAS
F ⋅ sin α 2
σ⊥
⋅
=
a ⋅l
2
(18)
Sendo a tensão equivalente igual a
2
σ equiv =
2
F ⋅ sin α 2
F ⋅ cos α F ⋅ sin α 2
+
×
⋅
⋅
3
+
⋅
⋅
⋅
2
a
l
2
a
l
a
l
2
(19)
Quando α = 0 tem-se:
F
F ⋅ cos α
=
× 3
3×
a ⋅l
a ⋅l
2
=
σ equiv
(20)
E no caso da Figura 26, com dois cordões tem-se que:
F≤
fu ⋅ 2 ⋅ a ⋅ l
3 × βw ⋅ γ M 2
(21)
Resultando para a espessura mínima do cordão, conhecido F:
a≥
F ⋅ 3 × βw ⋅ γ M 2
fu ⋅ 2 ⋅ l
(22)
O valor de Fy é definido pela secção da peça menos resistente e pela tensão característica
do aço, podendo calcular-se a espessura do cordão substituindo na Expressão (22) Fy pelo
valor óbito da Expressão (14) e:
a≥
3 A fy
× ⋅ ⋅ βw ⋅ γ M 2
2 l fu
(23)
em que:
A – Área da secção da peça de ligação;
f y – Tensão de cedência característica da peça em que a peça é ligada.
2
σ equiv =
2
F ⋅ sin α 2
F ⋅ cos α F ⋅ sin α 2
⋅
⋅
+ 3×
+
2
2
a ⋅ l a ⋅ l
a ⋅l
Quando α = 90º tem-se:
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26
2
(24)
LIGAÇÕES SOLDADAS
2
σ equiv
2
F
F
2
2
F
=
⋅
⋅
+ 3 ×
= × 2
a ⋅l
a ⋅l 2
a ⋅l 2
(25)
Pode, assim, constatar-se que no caso de cordões frontais, α = 90º o método alternativo é
mais económico do que o método da tensão média, numa relação que se compra dividindo
o valor da Expressão (25) com o da Expressão (20) cujo resultado é
2 / 3 82% .
Para valores intermédios de, α , a economia varia conforme se ilustra Figura 27 onde se
marca em ordenadas a relação entre espessuras a ' / a em função do valor do ângulo em que
a força, F, actua.
Figura 27 – Redução relativa (a´/a) da espessura do cordão em função do método de cálculo.
4.3.2.1 Exemplo de ligação com cordões laterais e frontais
Considere-se o mesmo exemplo da Figura 26 que se repete abaixo:
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27
LIGAÇÕES SOLDADAS
Repare-se que o cordão de comprimento L2 com 150 mm é um cordão frontal e para tal
pode-se aproveitar essa circunstância para dimensionar o cordão de ângulo da ligação
considerando que a sua resistência deverá ser no mínimo igual das chapas que em aço
S355W, tal como no exemplo apresentado na página 21.
Resultado: Na resolução do exercício verificar-se-á que com um cordão uniforme d espessura
(a=5.4 mm) a resistência dos cordões laterais é igual a 708.03 kN e do cordão frontal igual a
260.14 kN, sendo a soma dos dois valores a resistência da peça de menor de secção. Em
alternativa fixando-se a espessura do cordão frontal em 6 mm a dos cordões laterais será de
5.2 mm.
4.3.2.2 Exemplo de ligação com cordões laterais e frontais
De uma forma geral e atendendo ao limite geométrico dos cordões de soldadura o projectista
poderá decidir o comprimento e ou a espessura de um cordão. Considere-se o seguinte
exemplo para uma ligação por empalme.
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28
LIGAÇÕES SOLDADAS
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29
LIGAÇÕES SOLDADAS
4.3.3 Soldaduras de ângulo – cordão frontal
Para cordões frontais o método alternativo é mais vantajoso que o método de tensão média,
resultando numa economia da espessura do cordão de cerca de 82%, como se viu.
No caso de ligações constituídas por dois cordões frontais (Figura 28) de comprimento l e
de igual espessura, o valor mínimo da espessura do cordão é dado por:
2× 2 ×
fu ⋅ l ⋅ a
≥F
βw ⋅ γ M 2
(26)
Figura 28 – Soldadura constituída por dois cordões frontais.
Da Expressão (26) pode retirar-se o valor mínimo da espessura dos cordões neste caso
particular:
a≥
2 × 2 γ M 0 ⋅ fu
×
f y ⋅ t βw ⋅ γ M 2
(27)
Esta expressão permite determinar a espessura mínima dos cordões apenas em função do
tipo de aço e da espessura da chapa, t, uma vez que se considere a força, F, por unidade de
comprimento da soldadura.
A comparação entre a espessura equivalente de um cordão frontal ( α = 90º ) e a de um
cordão lateral ( α = 0º ) de acordo com o método de cálculo pode ser deduzida facilmente,
em função do tipo de aço e espessura das chapas conforme se resume no Quadro 4.
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30
LIGAÇÕES SOLDADAS
Quadro 4 – Espessura mínima para dois cordões em função espessura da chapa, t.
Método de
cálculo
Método
alternativo
Método
simplificado
4.3.3.1
S235
S275
Tipo de aço
S355
a ≥ 0, 46 × t
a ≥ 0, 48 × t
a ≥ 0,57 × t
a ≥ 0,59 × t
S420
S460
a ≥ 0,55 × t
a ≥ 0,71× t
a ≥ 0,87 × t
a ≥ 0,68 × t
a ≥ 0,75 × t
a ≥ 0,92 × t
Exemplo de ligação com soldaduras frontais
Determinar o valor do esforço de tracção FSd que pode ser resistido por uma ligação soldada
em aço S355 conforme se ilustra na Figura 29 com base em três pressupostos:
– (a) Soldadura de penetração total ou de topo;
– (b) Soldadura em K de penetração parcial;
– (c) Soldadura de ângulo.
Figura 29 – Exemplo de cálculo
Resposta:
Caso (a): 968 kN; caso (b) Min {968; 733} kN; caso (c) 733 kN
4.3.3.2 Exemplo de ligação com cordões laterais e frontais
Verifique a segurança dos cordões de soldadura da ligação da viga a um pilar através de uma
chapa de acordo com a Figura 30. Considere que o aço utilizado é da Classe S275 (Fe430).
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31
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 30 – Ligação viga – pilar com chapa de interposição
Considere que o esforço transverso VSd é transmitido com a excentricidade indicada.
4.3.4 Ligações por sobreposição com entalhes (Slot And Plug)
Em certos casos há necessidade ou apenas possibilidade, de realizar as soldaduras por
sobreposição realizando furações circulares (plug) ou ovalizadas (slot) na chapa acessível.
As furações podem ser completamente ou par5cialmente preenchidas com o metal de
adição. A resistência destas soldaduras é calculada, em geral, pelo do método da tensão
média, como sucede nos cordões de ângulo. Para efeitos de dimensionamento a área da
secção da soldadura é considerada com o mesmo valor da área das furações circulares (i) ou
ovalizadas (j). De acordo com o esquema da Figura 31 a força resistente de cálculo é dada de
acordo com a seguinte expressão:
q
p π
π
fu
2
= ∑ × d1i + ∑ × d 02 j + L × d 0 j ×
FRdw
i 1=
β ×γ × 3
=
j 1 4
4
w Mw
Sendo, além da simbologia já definida:
d 0 ; di – Diâmetro das furações ovalizadas e circulares;
L – Comprimento da secção recta da furação ovalizadas;
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32
(28)
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 31 – Geometria de furações ovalizadas e distâncias mínimas.
4.3.4.1 Ligação viga – pilar com continuidade
Perfis IPE 300 em aço S235. Secções da classe 1 [5] cf. Figura 32.
Figura 32 – Exercício: Soldadura viga – pilar com continuidade (IPE 300)
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33
LIGAÇÕES SOLDADAS
Começamos por determinar o valor do esforço de tracção máximo, T , no banzo superior da
viga que é o mesmo do banzo exterior do pilar.
T
=
M p wp ⋅ f y
;=
f y 235 MPa
=
hv
hv
wpx 628
=
=
cm3 628000 mm3
hv = 300 mm
=
T
628000 × 235
= 491933 N ~ 491.9 KN
300
Com base neste esforço determina-se o valor da espessura necessária na alma do nó, e :
τ ⋅ e ⋅ hc =491,933 N
f y 235
=
= 135,67 MPa
3
3
491,933
= 12,08 mm=
> twb 7,1 mm
e≥
135,67 × 300
=
τ
Verificando-se que a espessura da alma do perfil não é suficiente tw < e ↔ 7,1 < 12,08
O esforço da tracção, T , terá de ser equilibrado pela resultante de tensões tangenciais na
alma e pela componente horizontal do esforço de nervuras, Fn , de reforço inclinadas a 45º.
Fn ⋅ cos θ= f y ⋅ Ω n ⋅ cos θ
T = F + Fn ⋅ cos θ = τ ⋅ tw ⋅ hp + f y ⋅ Ω n ⋅ cos θ
Pelo que a secção da alma das nervuras, Ω n , deverá ser tal que:
491,933
= 135,67 × 7.1× 300 + 235 × Ω n ⋅
2
[kN]
2
Vindo para a espessura das nervuras:
1
1221,37
=
⋅ Ωn
= 610,68 kN
2
2
610,68
Ωn
= 75 × en → en =
= 8,14 mm
2
75
Adoptando-se um valor en = 10 mm, cf. Figura 33.
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34
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 33 – Nervuras de reforço do nó de ligação de IPE 300 em S235
Cálculo das soldaduras: Tendo presente a nomenclatura definida para as zonas soldadas
(Figura 34) e a expressão da verificação da segurança,
F
fu
≤
:
2×l ⋅ a
3 × β w ⋅ γ Mw
Figura 34 – Cálculo de soldaduras de nó de ligação IPE 300/IPe300 com cordões de ângulo
Nas soldaduras A
a≥
3 F
360 MPa
×
⋅ β w ⋅ γ M 2 ; fu =
2 fu ⋅ l
0,8; γ M=
1, 25 →=
l 278,6 mm; F= 491,933 kN
β=
w
2
a≥
3
491933
×
× 0.8 ×1.25
= 4, 24mm > 3,0 mm
2 360 × 278.6
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35
LIGAÇÕES SOLDADAS
a≥
2
F
×
⋅ βw ⋅ γ M 2 =
2 fu ⋅ l
2
491933
×
⋅ 0,8 ⋅1, 25 ≈ 7 mm
2 360 ⋅142,9
Soldaduras B
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36
LIGAÇÕES SOLDADAS
Soldadura do rigidizador diagonal:
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37
LIGAÇÕES SOLDADAS
5 Ligação viga – pilar (ligações rectas)
Nas ligações entre vigas e pilares em que os seus nós mantêm as secções dos elementos
ligados, i.e., a inércia das secções não varia na intersecção, há que estudar se a transmissão
de esforços de tracção e de compressão é assegurada. Considere-se a designação das
espessuras d de uma secção em I ou H conforme Figura 45.
Figura 35 – Designações em inglês abreviadas das espessuras do banzo e alma de uma secção
5.1
Transmissão de esforços de tracção
Na zona de tracções, assinalada com um círculo na Figura 46, o esforço de tracção do banzo
da viga para a alma do pilar, pode obrigar ou não ao reforço do pilar.
Figura 36 – Transmissão do esforço de tracção do banzo da viga
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38
LIGAÇÕES SOLDADAS
É necessário garantir que a soldadura de ligação tem resistência igual ao superior ao valor da
máxima força de tracção que pode ser transmitida, que não ocorre nem rotura da lma do
pilar e ou plastificação do banzo do pilar (Figura 47).
Figura 37 – Modos de rotura da ligação viga7pilar sem reforço
O valor do esforço de tracção que pode ser transferido sem reforço do pilar dependendo da
sua resistência nesta zona tendo presente diversas configurações de rotura que a seguir se
descrevem
5.1.1
Pilar sem rigidizadores
O dimensionamento, ou a verificação da segurança, consiste em verificar se a resistência
somada de cada uma das zonas do pilar é igual ou superior à resistência à tracção do banzo
da viga, T .
Não existindo qualquer reforço, o valor do esforço de tracção, T , é comparado com dois
esforços de tracção resistentes:
T ≤ FT 1 + FT 2
(29)
FT 1 − Resistência proporcionada pela tracção na alma (web) do pilar (column) em que se
considera que esta tem uma secção efectiva cuja área é dada por:
Aef = t fb ⋅ (twc + 2 ⋅ rc ) em que rc − é o raio de concordância entre a alma e o banzo do pilar,
vindo para FT 1 :
FT 1 = Aef ⋅ f yb = t fb ⋅ (twc + 2 × rc ) ⋅ f yc
(30)
Com f yb − tensão de cedência do aço da viga (beam)
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39
LIGAÇÕES SOLDADAS
f yb − tensão de cedência do aço da viga (beam);
f yc − tensão de cedência do aço do pilar (column).
Figura 38 – Definição da secção efectiva da alma de um pilar
O valor de FT 2 − corresponde à parcela da resistência conferida pela flexão do banzo do
pilar. Para esta parte adopta-se um modelo de cálculo que considera que a resistência
proporcionada pela flexão do banzo do pilar se restringe a um dado comprimento.
Assemelha-se esta resistência ao de uma “placa” apoiada em 3 bordos (Figura 49).
O valor de FT 2 é dado pela expressão semi-empírica:
FT 2 =2 ⋅ m p ⋅ C
em que:
m p − Momento de plastificação do banzo do pilar por unidade de comprimento;
C − Constante igual tomada com um valor igual a 14;
2
Como m p = t yc
/ 4 vem para FT 2 :
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40
(31)
LIGAÇÕES SOLDADAS
FT 2 =7 × f yc ⋅ t 2fc
(32)
Figura 39 – Resistência conferida pelo banzo do pilar
Somando o valor da Expressão (37) com a Expressão(38) obtém-se:
FT 1 + FT 2 = f yb ⋅ t fb ⋅ ( twc + 2 × rc ) + 7 × f yc + t fc 2
(33)
Esta Expressão (40) permite definir uma largura efectiva da alma do pilar considerando as
duas parcelas tal que:
7 × f yc + t fc 2
FT = FT 1 + FT 2 = f yb ⋅ t fb ⋅ ( twc + 2 × rc ) +
f yb ⋅ t fb
(34)
Ou de forma condensada:
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41
LIGAÇÕES SOLDADAS
FT = f yb ⋅ t fb ⋅ beff
(35)
Sendo:
beff = twc + 2 × rc +
7 × f yc + t fc 2
f yb ⋅ t fb
< 7 × t fc
(36)
t fc − Espessura do banzo do pilar
t fc − Espessura do banzo da viga
O valor da largura efectiva, beff , na Expressão (43) deve ser limitada a sete vezes a espessura
do banzo da secção do pilar.
Por outro lado é necessário garantir que o aço do banzo de viga entre em cedência antes da
rotura da soldadura ou do banzo do pilar e que o valor de cálculo da resistência de banzo do
pilar seja pelo menos igual ou superior a 70% da resistência do banzo de viga.
T = t fb ⋅ b fb ≤ f yb ⋅ t fb ⋅ (twc + 2 × rc + 7 × t fc )
FT ≥ 0,70 × f yb ⋅ t fb ⋅ b fb
(37)
5.1.2 Pilar com rigidizadores
Nos casos em que a condição da Expressão (44) não se verifica a ligação tem de ser reforçada
por nervuras de rigidez (Figura 50).
Figura 40 – Reforço da alma do pilar com rigidizadores
A função do rigidizador é transferir directamente para a alma do pilar o esforço de tracção
correspondente ao banzo da viga. O seu comprimento, lrig , depende do comprimento do
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42
LIGAÇÕES SOLDADAS
cordão de soldadura, havendo vantagem que sejam curtos para serem facilmente aplicáveis
entre os banzos do pilar. A sua secção é igual à do banzo da viga (Figura 51).
Figura 41 – Posicionamento de rigidizador na alma de um pilar
5.1.3 Resistência da alma do pilar
A força de tracção , T , da viga distribui-se na alma do pilar ao longo de um comprimento,
beff ,
que depende da geometria da secção do perfil e da espessura dos cordões de
soldadura, a .
A resistência da alma do pilar é dada nestes termos:
FR = f yc ⋅ twc ⋅ beff
(38)
Em que
twc − Espessura da alma do pilar;
beff = t fb + 2 2 × a + 2,5 × (t fc + rc ) ;
a − espessura do cordão de soldadura do banzo da viga ao banzo do pilar.
Devendo verificar-se a condição:
T = f yb ⋅ b f ⋅ t fb ≤ FR
A verificação da condição anterior pode obrigar a reforçar a alma do pilar ( twc ) com placas
de rigidez ou com placas complementares.
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43
LIGAÇÕES SOLDADAS
5.2
Ligação Viga-Pilar Exemplo
HEM
(mm3)
Wp
220 HEM
(mm3)
1419.000
Verificação sem qualquer reforço
O Momento resistente da viga é:
M b = wpl ⋅ f y = 1 419 000 × 235 333, 47 kN × m
E o esforço de tracção no banzo da viga é dado por:
T=
333, 47
1389, 4 kN
0, 24
A resistência proporcionada pela alma do pilar, FT 1 é dada por:
FT 1 = t fb ⋅ (twc + 2 × rc ) ⋅ f yb = 26 × (7,5 + 2 ×18) × 235 = 265,79 kN
FT 2 =7 × f yc ⋅ t fc 2 =7 × 235 ×12,52 =257,03 kN
Como
T > FT 1 + FT 2
1389, 4 > 257,03 + 265,79 (KO)
é necessário reforçar a ligação.
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44
920.000
260
LIGAÇÕES SOLDADAS
Distribuindo a força por nervura nas ligações soldadas em partes iguais obtemos por nervura
um valor igual a Frig =
1394,9
694,7 kN
2
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45
LIGAÇÕES SOLDADAS
Assegurando que a resistência da soldadura do rigidizador é feita com 2 cordões laterais e 2
cordões frontais , tem-se que a resistência das soldaduras deve ser Ffrontal =347,5 KN e
Flatera =347,5 KN.
Pelo método alternativo para os cordões frontais a espessura a num comprimento de 108
mm:
a=
2 347500
×
× 0,8 ×1, 25 = 6.31 mm
2 360 ×108
Mantendo a mesma espessura para os cordões laterais virá para o seu comprimento:
l≥
3 347500
132,5 mm (cf. Esquema)
×
× 0,8 ×1, 25 =
2 360 × 6,31
Resistência da alma do pilar.
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46
LIGAÇÕES SOLDADAS
A espessura de reforço necessária será tal que
beff = 26 + 2 2 × 6,3 + 5 × (12.5 + 24) = 226,32 mm
FR ,td =235 × 226,3 × 7.5 399 kN
=
T 1389.4 kN > F
=
399 kN , pelo que é necessário reforçar a alma do pilar.
R ,td
FReforço= 1389, 4 − 399= 990,5 kN ; tref ⋅ f yk .beff =
990, kN
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47
LIGAÇÕES SOLDADAS
990500
= 18.9 mm
226,3 × 235
=
tref
Considerando que o reforço é realizado por duas chapas de igual espessura,
tref =
18,9
7,5 mm :
2
Adopta-se duas chapas de reforço de 10mm cada pelo que tref = 2 × 10 20 mm
Figura 42 – Posicionamento das chapas de reforço da alma do pilar
Devido ao espaço necessário para realizar a soldadura e à curvatura de transição entre o
banzo e a alma do pilar, a resistência do reforço não é mobilizada integralmente e as
seguintes limitações para o reforço da alma têm de ser atendidas:
tref > twc – a espessura das chapas do reforço tem que ser igual ou superior à espessura da
alma do pilar.
Se se usar apenas uma placa:
(
)
A espessura total efectiva de reforço twc + trefc ≤ 1, 4 × twc
Se usar uma placa de cada lado, a espessura total efectiva de reforço:
(t
wc
+ tref ) ≤ 2,8 × twc
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48
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 43 – Posicionamento dos reforços da alma do pilar
No caso do exemplo decorrente, o valor máximo para a largura efectiva da alma reforçada é:
twc ,eff =
2,8 × 7,5 mm =
21 mm , donde FRTd= 235 × 226,3 × 2= 1116.8 kN
Valor inferior ao necessário T = 1389, 4 kN pelo que não se verifica a segurança, sendo
necessário recorrer a outro tipo de reforço através de rigidizadores oblíquos.
5.3
Transmissão de esforços de compressão
A acção da força de compressão do banzo de viga num pilar sem reforço pode provocar
encurvadura localizada da alma do pilar.
Do mesmo modo que para tensões de tracção, o modelo de cálculo admite que a alma do
pilar não pode enfunar para valores da tensão média superiores à tensão de cedência, ao
longo de um comprimento efectivo beff .
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49
LIGAÇÕES SOLDADAS
FCR = f yc ⋅ twc ⋅ beff ⋅ R sendo:
R – Coeficiente de redução dado por
R = 1, 25 − 0,5 ×
σn
≤ 1,0
f yc
Em que σ n é a tensão no pilar devido ao esforço axial actuante do(s) pisos superiores, só
devendo ser aplicado quando σ n > 0,5 × f yc . No exemplo considera-se que σ n < 0,5 × f yc .
Com bef = 226,3 mm, tem-se:
Fc = 235 × 7,5 × 226.3 = 399 kN < 1389, 4 kN
pelo que o problema do reforço da alma também se põe tal como no esforço de tracção.
Esta impossibilidade de reforçar a alma do pilar obriga a utilização de rigidizadores. Estes
elementos transferem os esforços de tracção na parte que ultrapassa o valor proporcionado
pela resistência da alma do pilar.
O banzo inferior da viga deve ser prolongado para o interior do pilar como se apresenta na
resolução do exemplo que temos vindo a tratar.
A resolução desta ligação terá que passar pela utilização de nervuras de rigidez, rigidizadores,
uma vez que as chapas de reforço alma do pilar não são eficazes.
Utilizando dois rigidizadores, um para cada face da alma e atendendo à figura, o equilíbrio
dos esforços horizontais obriga a que:
2 × Fn cos α =
T − FR
FR e Fn , são respectivamente os esforços de tracção resistidos pela alma do pilar e pelo
rigidizador, sendo T o valor do esforço a transmitir.
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50
LIGAÇÕES SOLDADAS
Sendo α = arctan
220
= 40.23 , virá, portanto que o esforço a que deve resistir cada um dos
260
dois rigidizadores:
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51
LIGAÇÕES SOLDADAS
=
Fn
1389, 4 − 399 1389, 4 − 399
= = 648, 25 kN
2 × cos α
2 × 0,76339
A largura máxima de cada rigidizador é bn =
260 − 10
= 125 mm e assim a espessura mínima
2
de cada rigidizador, tn , é obtida pela expressão:
=
tn
tn ⋅ bn ⋅ f y =
648, 25 kN , donde
648250
= 22 mm
125 × 235
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52
LIGAÇÕES SOLDADAS
6 Ligação viga – pilar com inércia variável
Considere-se o exemplo da Figura 35. Admita-se que os esforços que actuam na secção (1)
são o momento flector, o esforço axial e esforços transversos na secção (1) transmitidos pelo
perfil que constitui a viga e ou o pilar, sendo resultado de dimensionamento elástico realizado
previamente.
Figura 44 – Nó reforçado com goussets rectos.
Os três principais problemas a resolver são:
1 – A resistência à flexão da parte do nó de inércia variável.
2 – A resistência à encurvadura localizada.
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53
LIGAÇÕES SOLDADAS
3 – A transmissão das tensões de corte na parte BDFE da alma e os esforços nos banzos que
envolvem a referida área.
O dimensionamento do nó é baseado em duas hipóteses:
1 – O diagrama de momento é linear desde o ponto de momento nulo ( M = 0 ) até ao centro
do nó (ponto H).
2 – Na extremidade do perfil laminado, (ponto 1) forma-se uma rótula plástica, tal que:
M=
wp ⋅ f y .
p1
As espessuras dos banzos e da alma das partes do nó com inércia variável (gousset), são
como iguais às dos perfis laminados adjacentes 1.
É necessário verificar se na secção 2 – que passa pelo vértice interior da ligação (B) – o módulo
plástico é suficiente para resistir ao Momento M2. Se assim for, não é necessário verificar as
secções intermédias entre as secções (1) e (2). Uma vez que sendo α < β , α corresponde
à variação assumida como linear do diagrama de momentos actuantes e β o ângulo de
inclinação do gousset.
Para o dimensionamento em (2) dever-se-ia corrigir a espessura do banzo superior do
gousset para ter em conta que os banzos não são paralelos de forma a fazer coincidir a
posição do eixo neutro com a das peças laminadas adjacentes, que se situam a uma altura de
tal forma que:
e' =
e
, sendo:
cos β
e' – Espessura do banzo superior do gousset
e – Espessura dos banzos dos perfis laminados
1
Situação que é considerada corrente.
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54
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 45 – Correcção da espessura do banzo (1-2) cf. Figura 35
Para valores correntes da inclinação ( β 20º ) a correcção é desprezável, admitindo-se que
a linha neutra se situa à mesma cota dos perfis adjacentes e que a secção do gousset é
simétrica.
É também necessário materializar um apoio lateral efectivo do banzo inferior (interior) nos
pontos A, B e C.
Como a alma impede a curvatura do banzo em torno do seu eixo de menor inércia
(XX), a questão reside em verificar a encurvadura em torno do eixo de maior inércia
do banzo YY.
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55
LIGAÇÕES SOLDADAS
Admite-se que o banzo está sujeito a uma compressão uniforme ( f y ) com valor igual à
tensão de cedência do aço e que a encurvadura do banzo ocorreria como se tratasse de um
pilar biarticulado entre os pontos de ligação (A-B) e (B-C).
Considerando a carga crítica de Euler:
π2 ⋅E⋅I
Pcr =
e fazendo E = Et o valor módulo de elasticidade tangente, tan β tem-se,
l 2 cr
conforme figura:
σ − σ 2
∆σ
p
=ε ⋅ 1 −
tan β =
, admitindo-se os seguintes valores médios para o
∆ε
σ e − σ p
módulo de elasticidade tangente, Et , em função do tipo de aço (Quadro 5).
Quadro 5 – Valores médios do módulo de elasticidade tangente,
Tipo de aço
S235 (Fe360)
S275 (Fe430)
S375 (Fe510)
Et (MPa)
6300
5600
4360
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56
Et
LIGAÇÕES SOLDADAS
A carga critica no banzo não pode ser inferior à resistência do banzo de largura, b , e
espessura, t .
Figura 46 – Encurvadura de banzo comprimido de largura
Considerando =
I
área A=
2×b
i y 2 ⋅ A , o momento de inércia do banzo comprimido cuja secção tem de
t ⋅ b e sendo o valor da resultante de compressões em regime plástico C= A ⋅ f y ,
obtém-se o valor do comprimento crítico lcr , na situação em que Pcr ≥ C , uma vez que o raio
de giração é b / 12 :
lcr
Et
≥π ⋅
i
fy
→ lcr ≥ b ⋅ π .
Et
12 ⋅ f
(39)
(40)
y
Por exemplo para um aço S235 (Et=6300 MPa e fy =235)
lcr = b ⋅ π ⋅
6300
= 4,7 × b
12 × 235
Podendo organizar-se o seguinte quadro que nos dá o comprimento crítico em função do
tipo de aço e da largura do braço do banzo (Figura 37).
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LIGAÇÕES SOLDADAS
Quadro 6 – Comprimento critico dos banzos compreendidos em goussets rectos, em função da sua
largura (b)
Aço
lcr
4,7 x b
S235 (Fe360)
4,1 x b
S275 (Fe430)
3,2 x b
S375 (Fe510)
A expressão (29) despreza o efeito de travamento dado pela alma e pelo encastramento
elástico do banzo nos banjos adjacentes.
Nos casos em que o comprimento crítico dado pela Expressão (29) seja inferior ao
comprimento do banzo do gousset é necessário dispor de pontos de apoio intermédios
(nervuras) ou aumentar a altura do gousset na secção (2).
Verifica-se que para valores de l / b > 14,8 é necessário dispor de espessuras nos banzos do
gousset cerca de 2.1 vezes a espessura dos banzos dos perfis laminados.
Se admitirmos que a tensão crítica de encurvadura do banzo varia linearmente com o seu
desenvolvimento entre l/b = 4,7 e l/b = 14,8 (para S235), deve-se aumentar o aumento de
espessura relativa ∆e / e da mesma forma:
∆e
L
=k ⋅ − 4,8
e
b
(41)
para:
L / b = 14,8 →
∆e 2,1 − 1
=
= 1,1
e
1
O que significa que na Expressão (31) k = 0,11 , donde resulta que o aumento de espessura
relativa do banzo comprimido do gousset deve obedecer à seguinte expressão:
∆e
L
= 0,11× − 4,8 logo a espessura do banzo terá que ser:
e
b
eg = (e + ∆e) = e ⋅ (1 + 0,11× ( L / b − 4,8) )
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58
(42)
LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 47 – Resistência ao corte da alma
As tensões de corte na alma (BDEF) são analisadas tendo por considerações análogas as que
foram apresentadas para um nó sem “goussets”.
Dimensiona-se a secção das nervuras tomando o caso geral de um nó representado na Figura
38 de um pórtico com dois elementos ligados com inclinações diferentes β1; β 2 .
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59
LIGAÇÕES SOLDADAS
Para o estado limite último de resistência admite-se a formação de rótulas plásticas nas
secções perpendiculares aos eixos dos elementos direcção BD e BE, em que o aço dos
banzos se encontram sob uma tensão com valor igual igual à tensão de cedência ( f y ).
No ângulo reentrante, em B, os banzos interiores exercem um esforço resultante na direcção
BF.
Na ausência de uma nervura de rigidez este esforço terá que ser absorvido pela alma, no
entanto a alma encontra-se totalmente plastificada pelas tensões de flexão que actuam nas
secções BD e BE pelo que não se pode considerar qualquer capacidade resistente. Assim é
necessário dispor de um par de nervuras diagonais ao longo de BF.
No ângulo exterior, em F, a situação é mais favorável já que uma parte do esforço transmitido
pelo banzo pode ser absorvido pela resistência ao corte ao longo das direcções EF e DF, o
que reduz o valor da componente dos esforços nos banzos que deve ser absorvido pelas
nervuras diagonais em F.
Por esta razão a secção das nervuras de rigidez será fixada pela condição de equilíbrio
imposta pelo caso do ângulo reentrante “B”.
O equilíbrio das forças horizontais no nó (ponto B) das forças aí actuantes devido aos banzos
BA e BC e devido à nervura que permitem escrever a equação:
f y ⋅ Ω n ⋅ cos θ − f y ⋅ Ωc1 ⋅ cos( β1 + γ ) + f y ⋅ Ωc 2 ⋅ sin β 2 = 0
Em que:
Ω n − área da nervura de rigidez;
Ωc1 − área do banzo comprimido entre A e B;
Ωc 2 − área do banzo comprimido entre B e C;
β1; β 2 ; γ e θ − Ângulos indicados na Figura 38.
donde se deduz:
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60
(43)
LIGAÇÕES SOLDADAS
Ω ⋅ cos( β1 + γ ) − Ωc 2 ⋅ sin β 2
Ω n = c1
cos θ
(44)
Os esforços máximos que actuam no ângulo exterior F são indicados, a partir do equilíbrio
das respectivas componentes horizontais.
f (a ⋅ hg )
f y ⋅ Ωt1 ⋅ cos γ − v
⋅ cos(θ + γ ) cos γ − f y ⋅ Ω n ⋅ cos θ = 0
cos θ
Pelo critério de rotura de von Mises, f v =
fy
3
, e resolvendo a equação determina-se a área
da secção da nervura Ω n :
Ω ⋅ t1 a ⋅ hg ⋅ cos(θ + γ )
=
Ωn
−
⋅ cos γ
3 ⋅ cos 2 θ
cos θ
(45)
Em que:
t1 – Espessura do banzo exterior
Ωt1 – área do banzo exterior do gousset.
hg – Altura do gousset na secção EB.
a – Espessura da alma do gousset.
Estas nervuras devem ser soldadas à alma e aos banzos do gousset. Se na Expressão (35) se
obtiver um valor negativo, tal significa que a resistência ao corte da alma é suficiente para
transmitir os esforços dos banzos exteriores.
É também conveniente dispor de nervuras nos pontos A e C para absorver as forças de desvio
na ligação dos elementos laminados ao gousset. As secções dessas nervuras estão
determinadas nos esquemas da Figura 39
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LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 48 – Nervuras de ligação nos pontos de desvio do nó
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LIGAÇÕES SOLDADAS
EXERCÍCIO: Reforçar os nós do pórtico da Figura 40 para atender ao diagrama de
esforços, apresentados assumindo que todos os elemento são da série IPE 300, em
aço S235 (Fe 360).
Figura 49 – Exercício de aplicação – Reforço de nó de portico
Na Figura 41 é feita a linearização do diagrama de momentos flectores, permitindo
determinar o valor dos esforços na viga a distância X’ da face externa do pilar, a partir do qual
é necessário reforça a viga e o pilar, calculado o momento de plastificação da secção do IPE
300 e o momento máximo no nó.
M cRd =f y ⋅
wpl
γM0
=235 ×
628000
134,16 kN ⋅ m
1,1
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LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 50 – Linearização do diagrama de momentos flectores
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LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 51 – Exercício – Geometria de nó reforçado
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LIGAÇÕES SOLDADAS
Para o S235, assume-se o módulo de elasticidade tangente, Et = 6300 MPa , pelo que
Et
6300
lcr = b ⋅ π ⋅
= 150 × π ⋅
= 704 mm = 0,704 m > 0,585 m ,O.K., conforme
12 ⋅ f yd
12 × 235
Figura 42.
Cálculo de nervura diagonal ao longo da direcção (3-3)
Com base na Expressão (33) tem-se:
− f y ⋅ Ω n ⋅ cos 45 − f y × (150 ×10,7)sin 20 + f y × (150 ×10.7) × cos 20 =
0
→ Ωn
(150 ×10.7) × (cos 20 − sin 20)
= 1356.6 mm 2
cos 45
considerando a nervura com uma largura igual a dos perfis laminados
=
en
1356.6
= 9, 49 mm 10 mm
150 − 7,1
Resolvendo para os banzos exteriores do nó:
θ = 45º
=
hg 0.50 ≈ 500 mm
γ =0
Obtém-se
a=7,1mm (espessura da alma do gousset igual ao IPE 300)
Resistência ao corte:
150 × 7,1 7,1× 500 × cos(45 + 0)
Ω n =
−
×1 =−1392 mm 2
2
cos
45
3 × cos 45
O valor negativo significa que a resistência ao corte da alma é suficiente para transmitir os
esforços dos banzos exteriores.
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LIGAÇÕES SOLDADAS
Nervuras de ligação do gousset ao perfil (secção (1))
Ωn1 =Ωn ⋅ sin 20º =150 ×10.7) × sin 20º =548.94 mm 2
adoptando a mesma largura que a dos perfis vem para a espessura desta nervura:
=
e
548.94
= 3.84 mm .
(150 − 7,1)
Adopta-se uma espessura para as nervuras nos pontos de transição igual a 4 mm.
Figura 52 – Nervuras de transição – cortes 1 na Figura 42.
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LIGAÇÕES SOLDADAS
Figura 53 – Exercício Esquema final do nó reforçado com inércia variável
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LIGAÇÕES SOLDADAS
1O escorvamento consiste em após ligar a alimentação da máquina de soldar, com a cara protegida
pela máscara de soldadura, esfregar a ponta do eléctrodo na peça a soldar, numa distância de 1 a 2 cm,
o que produzirá faíscas eléctricas, afastar o eléctrodo 4 a 5 mm para estabelecer o arco eléctrico e
aproximar o eléctrodo a 2 ou 3 mm da peça e começar a soldar.
Bibli0grafia
[1] L. S. S. F. Santos, manual de EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS METÁLICAS, CMM - Associação
Portuguesa de Construção Metálica e MIsta, 2011.
[2] ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade, “Inspeção Visula de Soldadura,” 2018. [Online].
Available:
https://formacao.isq.pt/formacao/catalogo/detalhe.asp?id_curso=9794.
[Accessed outubro 2018].
[3] European Standars, Welding - Fusion-welded joints in steel, nickel, titanium and their alloys
(beam welding excluded) - Quality levels for imperfections (ISO 5817:2014), Brussels: EN
ISO Standars, 2014.
[4] EUROPEAN COMMITTE FOR STANDASDIZATION, EN 1993-1-8 EUROPEAN STANDARD,
Brussels: CEN – EUROPEAN COMMITTE FOR STANDASDIZATION, 2005, p. 135.
[5] CEN - Committe Européen de normalization, Eurocode 3: Design of steel structures - Part
1-1: General rules, Brussels: CEN - Committe Européen de normalization, 2005.
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