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1 C749 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas: Uso Público e Biodiversidade: Desafios de gestão e governança em áreas protegidas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo (2. : 2013 : Rio de Janeiro, RJ). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013. Nadja Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello (orgs.). - Rio de Janeiro: Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. 1290 p. ISBN 978-85-88769-56-4 2 1. Uso público e conservação da biodiversidade em áreas protegidas. 2. Manejo de trilhas e sociedade. 3. Manejo e monitoramento da geodiversidade e biodiversidade em áreas protegidas. I. Título. II. Costa, Nadja Mª Castilho da. III. Costa, Vivian Castilho da . IV. Mello, Flávio Augusto Pereira. CDD: 550 CDU: 058 II Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas Uso Público e Biodiversidade: Desafios de gestão e governança em áreas protegidas I Colóquio Brasileiro da Red Latinoamericana de Senderismo 16 a 18 de outubro de 2013 Rio de Janeiro / Rio de Janeiro Comissão executiva GEA- UERJ Flávio Augusto Pereira Mello (Coordenação) Nadja Mª Castilho da Costa Flávia Lopes Oliveira LAGEPRO Vivian Castilho da Costa Marta Foeppel Ribeiro Newton Magalhães Neto Robson Moura Nunes Comissão Científica Eixo 01: Uso Público e Conservação da Biodiversidade em áreas protegidas GEA-UERJ Flávio Augusto Pereira Mello Nadja Mª Castilho da Costa FFP-UERJ Jorge Antônio Lourenço Pontes (Departamento de Ciências) Eixo 02 Manejo de trilhas e Sociedade UFMG Werter Valentim de Moraes – Instituto de Ciências Agrárias – ICA – Campus Montes Claros UNIFESP Zysman Neiman UFJF Múcio do Amaral Figueiredo Leonardo Cristian Rocha (DEGEO/UFSJ) 3 . Eixo 03 Manejo e monitoramento da Geodiversidade e Biodiversidade em áreas protegidas UERJ-IGEOG Vivian Castilho da Costa (LAGEPRO-UERJ) Marta Foeppel Ribeiro (LAGEPRO-UERJ) UFRJ Katia Leite Mansur (-Geologia) UEPG Jasmine Cardozo Moreira (Departamento de Turismo). Apoio Departamento de Turismo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Profª. Amanda Danelli Costa, D. Sc. [Chefe do Departamento de Turismo - DTur] Prof. Thiago Ferreira Pinheiro Dias Pereira, D. Sc Contatos GEA UERJ Rua São Francisco Xavier, 524, sala 4.001-2, bloco D. Maracanã, Rio de Janeiro/ RJ. CEP: 20.550-013 Telefone: + 55 21 2334 0036 http://geauerj.wordpress.com 4 Sumario Apresentação Síntese O I Colóquio Brasileiro da Red Latinoamericana de Senderismo Trabalhos completos GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas. 01 02 03 04 05 06 07 08 . Planejamento de trilha interpretativa em fragmento de Mata Atlântica na Universidade Federal de Sergipe – São Cristóvão. Daniela Monique Guimarães Menezes; Ivana Silva Sobral; Laura Jane Gomes; Lício Valério Vieira Lima O desafio da divulgação de banco de dados geográficos através de SIG-WEB: o Parque Natural Municipal do Curió (ParacambiRJ). Davyd Souza de Paiva Ecoturismo aplicado a unidades de conservação: proposta de roteiro ecoturístico e didáticas de conservação ambiental em fragmento de mata na APA do rio Mamanguape em Rio Tinto – PB. Henrique Bezerra dos Santos; Hugo Yuri Elias Gomes de Assis; Anderson Alves dos Santos Planejamento de uma trilha para Ciclistas de Montanha na área de uso público da “Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade” (FEENA), Rio Claro (SP). Leandro Paulo Leão; Maria Inez Pagani; Denise Zanchetta Análise da capacidade de carga antrópica e planejamento da trilha da Caverna do Maroaga na Area de Proteção Ambiental (APA) do Maroaga/AM. Pedro Henrique Luniere Porto; Rogério Fonseca; João Rodrigo L. dos Reis Validação do modelo de Viewshed como técnica de apoio ao planejamento de trilhas no turismo. Romero Gomes Pereira da Silva; Carlos Henke-Oliveira;Carlos Hiroo Saito;Raquel Fetter;Ronaldo Gomes Barbosa A localização de pontos estratégicos que representam a diversidade paisagística na Trilhas dos Saltos do PNCV. Romero Gomes Pereira da Silva; Carlos Henke-Oliveira; Carlos Hiroo Saito; Everaldo Ferreira Skalinski; Ronaldo Gomes Barbosa Relato de experiências do mapeamento e da documentação de trilhas para a publicação de um guia do Parque Estadual da Pedra Branca, Rio de Janeiro – RJ. Lucas Santa Cruz de Assis Brasil; Vivian Castilho da Costa 5 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas p/a conservação da Biodiversidade 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 . Aves do Parque Marinha do Brasil: Subsídios para um roteiro de observação de fauna em áreas verdes urbanas. Cristina Alves Nascimento; Celson Roberto Canto Silva Concepção da Trilha Continuum – trilha de longo percurso dentro dos parques estaduais de São Paulo. Daniela Midori Kaneshiro; Érika Sayuri Koga; Kátia Pisciotta Planejamento e recuperação das trilhas de acesso às cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva – APA São Thomé – São Thomé das Letras (MG). Ézio Dornela Goulart; Bruno Campos Guilarducci Revitalização da Trilha ‘Morro do Diabo’, no Parque Estadual do Morro do Diabo, São Paulo, Brasil. Helder Henrique de Faria; Andréa Soares Pires Mapeamento dos atrativos e usos nas trilhas do Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo, São Paulo/SP. Jussara Christina Reis; Angela Pellin; Giovana Dominicci Silva Praticas participativas para adequação do uso público – o caso do Parque Nacional dos Campos Gerais/PR. Lilian Vieira Miranda Garcia Propriedades físicas do solo como indicadores de impactos em trilhas na área de proteção ambiental do Cairuçu – Paraty/RJ. Luana de Almeida Rangel; Antonio Jose Teixeira Guerra Percepção dos visitantes sobre as trilhas do Parque Natural Municipal da Taquara – PNMT, Duque de Caxias / RJ. Lucas Julião Mello de Lima; Alexandre Takio Kitagawa; Malena Carvalho da Costa; Hernani Aguiar; Rodrigo de Oliveira lula Salles Turismo adaptado: a acessibilidade no manejo de trilhas. Renato Marchesini; Renata Antunes da Cruz Atividades turísticas e impactos ambientais negativos: uma avaliação da Área de Proteção Ambiental Jenipabu, Extremoz/RN. Sebastiana Guedes Bezerra; Valdeci Pereira da Silva Filho; Anderson Andryolly da Silva Macedo; Isabelle de Fátima Silva Pinheiro Usos e percepções acerca da Trilha das Lagoas na Universidade Federal de Lavras, MG, Brasil. Vinícius do Couto Carvalho; Thiza Falqueto Altoé; José Edimar Vieira Costa Júnior; Marco Aurélio Leite Fontes; Aline Pereira 6 GT 03: Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 . Planejamento de uma trilha interpretativa no fragmento de Cerrado no campus UFT Gurupi – TO. André Ferreira dos Santos; Marcelo Ribeiro Viola; Marcos Giongo Nas trilhas do Horto Botânico (MN-UFRJ): história, diversidade e educação. Arthur Rodrigues Lourenço; Renan Zanobine Zanatta; Juliana dos Santos; Félix Salles; Aline de Jesus Correia; Cristiana Koschnitzke Proposta de implantação de trilhas interpretativas no Parque Estadual da Serra da Tiririca (Niterói-Maricá/ RJ). Camila Pinto Meireles; Stephanie Maia; Mariana Macêdo Barcelos; Douglas de Souza Pimentel O uso de trilhas na Maratona de Educação Ambiental da Est. Ecológica Juréia-Itatins, Peruíbe, SP. Vanessa Cordeiro; Marcos Samuel Macedo; Clécio Rogério da Silva; Claudio de Moura Trilhas do Instituto Federal de Barbacena-MG: um estudo para fins socioeducacionais. Helcio Ribeiro Campos; Sirdilene Aparecida de Paiva Elaboração de roteiro interpretativo para a trilha da Fonte, Parque Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS. Izadora Flores Rech; Celson R. Canto Silva Planejamento, manejo de trilhas e sociedade. Valorar é proteger. Jorcelino Rinalde de Paulo Proposta para a implantação de uma trilha interpretativa na Floresta Estadual “Edmundo Navarro de Andrade” – Rio Claro, SP. Larissa Ikeda Piedade; Solange Terezinha de Lima Guimarães Educação e interpretação ambiental nas trilhas do Pico do Totoró e Cânions dos Apertados, Currais Novos/RN. Sebastiana Guedes Bezerra; Valdeci Pereira da Silva Filho; Wagner Araújo Oliveira; Marcos A. L. do Nascimento Estudo acerca dos indicadores de atratividade da trilha de Carnaubinha, Touros/RN. Wagner Araújo Oliveira; Clébia Bezerra da Silva; Ricardo Farias do Amaral 7 GT 04: Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 . A Educação Ambiental para a preservação das trilhas do Morro da Cambirela / SC. Anastácio da Silva Júnior; Marcos Antonio Garcia; Ana Carolina M. Silva Gestão de áreas verdes: análise do Parque Florestal Municipal Boca da Mata (Ceará-Mirim/RN). Artemísia dos Santos Soares; Fabíola Gomes de Carvalho O sistema de mutirão como alternativa para a implementação e manutenção de trilha na RPPN Foz do Aguapeí, Região Oeste do Estado de São Paulo. Clécio Rogério Silva; Marcos Samuel Macedo; Vanessa Cordeiro; Claudio de Moura Trilhas e ecoturismo em Lumiar: Realidade e possibilidades de sinalização turística. Thiago S. Moreira Leite; Wanessa Heckert Carvalho; Profª Ms. Cristiane Passos de Mattos Percepção turística da comunidade de entorno ao PE Acaraí – São Francisco do Sul, SC. Douglas Macali Souza; Thiago Felipe de Souza; Paloma Fonseca Zorzetto; Luiz A.o Palazzi Steffem Vías verdes y senderos de largo recorrido en Canadá y Chile: evaluación de participación de comunidades y de actores múltiples y su potencial conexión con redes ecológicas para la protección de la biodiversidad biológica. Erich Seydewitz; Dr. Monica Mulrennan Planejamento, manejo de trilhas e sociedade: Turismo de base comunitária no Baixo Acará: interpretando e desenvolvendo trilhas ecoturística. Silvia Helena Ribeiro Cruz; Raimundo Edson Junior SESC SP e a Trilha d’Água – adutora da década de 40 é utilizada como ferramenta de interpretação ambiental. Fábio Luiz Vasconcelos; Emerson Luis Costa; Juarez Michelotti; Marcelo Bokermann Planejamento e implementação de uma trilha interpretativa na Escola Família Agrícola Puris, no município de Araponga, MG. Marcello Pinto de Almeida; Marcos Vinícius Ribeiro de Castro Simão Recuperação e estruturação das trilhas do PE do Forno Grande /ES para visitação pública. Leoni Soares Contaifer; Terence Jorge Caixeta Nascentes Ramos Percepções dos visitantes do Parque Estadual do Ibitipoca em relação ao lixo e sua deposição final. Vinícius do Couto Carvalho; Thiza Falqueto Altoé; Eduardo de Paiva Paula; Marco Aurélio Leite Fontes; José Edimar Vieira Costa Júnior 8 GT 05: Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 . Diagnóstico de trilhas para a visitação ecológica no PE Acaraí, São Francisco do Sul – SC. Douglas Macali Souza; Luiz Anselmo Palazzi Steffem; Paloma Fonseca Zorzetto; Thiago Felipe de Souza Plano de gerenciamento de riscos em unidades de conservação de São Paulo. Daniela Midori Kaneshiro; Érika Sayuri Koga; Kátia Pisciotta Bioindicadores de impactos em trilhas em uma unidade de conservação de proteção integral (PARNA Tijuca), no domínio da Mata Atlântica. Erika Sedlacek de Almeida; Aline Silva Machado; André Scarambone Zaú; Gláucia Maria Alves de Oliveira; Vinícius Gomes da Costa Parque Natural Municipal Montanhas de Teresopólis-PNMMT: potencialidades e fragilidades. Fernanda Priscila Ribeiro Mackert. Análise das taxas de erosão e compactação do solo na trilha do Carteiro, APA Serra São José, Tiradentes – MG. Ítalo Sousa de Sena; Hilton Wagner Teixeira; Múcio do Amaral Figueiredo; Leonardo Cristian Rocha Estudo da gestão de riscos (ABNT NBR 15331:2005) na trilha do Morro do Diabo do PE do Morro do Diabo, Teodoro Sampaio/SP. João Paulo Hordones Faria; Sergio Domingos de Oliveira O impacto na dinâmica do solo através da utilização da trilha Ponta Negra – Praia de Galhetas na Reserva Ecológica da Joatinga em Paraty/RJ. Luana de Almeida Rangel; Antonio Jose Teixeira Guerra Uso de equipamentos transceptores como instrumento de monitoramento e segurança no PN Municipal da Taquara – PNMT, Duque de Caxias / RJ. Lucas Julião Mello de Lima; Malena Carvalho da Costa; Marcos Cunha; Hernani Aguiar; Alexandre Takio Kitagawa Estudo da capacidade de suporte turístico em uma trilha interpretativa na Estação de Pesquisa Mata do Paraíso, Viçosa, MG. Marcello Pinto de Almeida; Gumercindo Souza Lima; Gínia Cesar Bontempo Uso da norma técnica 15331 para Turismo de Aventura e Ecoturismo na atividade de guiamento em área de montanha. Raphael Raine Forni; Cecília Bueno 9 GT 06: Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 . Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque Estadual do Cantão. Benaya Leles; George Georgiadis; Silvana Campello; Beatriz Corrêa; Mauricio Araújo Implantação da primeira trilha interpretativa terrestre e subaquática em Área de Proteção Ambiental na Ilha Grande (Angra dos Reis, RJ). Camila Pinto Meireles; Felipe de Vargas Ribeiro; Amanda Carvalho de Andrade; Yollanda Carolina da Silva Ferreira; Joel Christopher Creed. Análise da capacidade de carga em trilha do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (MG) através da consideração das raízes expostas. Cézar Henrique Barra Rocha; Bruno Campos Guilarducci; Hugo Gavioli de Almeida; Nayra Rosa Coelho; Luíza Fonseca Cortat Plantas exóticas invasoras em trilhas do Morro das Andorinhas, Niterói, RJ, Brasil. Davi Nepomuceno da Silva Machado; Ana Angélica Monteiro de Barros; Leonor de Andrade Ribas Aplicação de conceitos de bioengenharia de solos para recuperação da Trilha Circular – Parque Natural Municipal da Prainha – PNMP /RJ/RJ. Flávio Augusto Pereira Mello Ecologia de trilhas: por uma nova abordagem do uso público em unidades de conservação. Flávio Augusto Pereira Mello Planejamento de trilha induzido pelo aumento da demanda de visitação: Trilha ‘Barreiro da Anta’ no Parque Estadual do Morro do Diabo, São Paulo/SP. Helder Henrique de Faria; Andréa Soares Pires; Juliana Ferreira de Castro Mapeamento dos atrativos e usos nas trilhas do Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo, São Paulo/SP. Jussara Christina Reis; Angela Pellin; Giovana Dominicci Silva Trilhas interpretativas em ambiente de Mata Atlântica: uma análise com base na estrutura da floresta. Marcial Cotes; Marcelo Schramm Mielke Indicadores biofísicos: Diagnóstico Ambiental de uma trilha no Parque Municipal Alfredo Volpi em São Paulo/SP. Thais Torres de Oliveira; Rubens Koloski Chagas Construindo uma nova consciência histórica a partir da construção de uma trilha ecológica: área do Lixão no Campus Paulo VIUEMA. Thiago Diniz Araujo; Cláudio Eduardo de Castro 10 GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: contribuições para o planejamento e manejo de trilhas 01 A importância das trilhas interpretativas para a Educação Ambiental, Geoturismo e Geoconservação – estudo de algumas trilhas do Parque Nacional dos Campos Gerais. Ana Cláudia Folmann 02 03 04 05 06 Considerações preliminares à cerca do potencial geoturístico da Serra do Lenheiro, São João del-Rei/MG. Arlon Cândido Ferreira; Washington Angelo de Souza; Leonardo Cristian Rocha; Múcio do Amaral Figueiredo; André Batista de Negreiros Geoparque Seridó: unindo turismo, conservação e educação. Artemísia dos Santos Soares; Marcos Antônio Leite do Nascimento Potencial da trilha ecológica do Vale vulcânico no município de Cerro Corá/RN. Ednaja Faustino Silva de Moura; Clébia Bezerra da Silva; Ricardo Farias do Amaral Trabalho de campo no Caminho das Águas, Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu/RJ:proposta de roteiro ambiental e subsídio para conservação do patrimônio natural. Flávia Lopes Oliveira; Cristina Maria Alves da Silva; Nadja Maria Castilho da Costa Trilhas subaquaticas em Fernando de Noronha - PE: a importância da interpretação ambiental relacionada á geodiversidade. Jasmine Cardozo Moreira; José Martins da Silva Júnior . ANEXOS Resumos de palestras 11 Apresentação O II Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas é uma iniciativa do Grupo de Estudos Ambientais-GEA e do Laboratorio de Geoprocessamento - LAGEPRO, do Departamento de Geografia Física da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e serão realizados de 16 a 18 de outubro na cidade do Rio de Janeiro em conjunto com o I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, evento este preparatório para a participação nacional no I Congreso de la Red Latinoamericana de Senderismo, que ocorrerá no Chile em 2014, quando será abordado o progresso feito para a rede até o momento. Durante 03 dias foram apresentadas:  02 conferências de abertura (Maria de Jesus Robim (Parque Estadual da Serra do Mar-Núcleo Santa Virgínia - Instituto Florestal / SP e Esteban Delgado (Senderos de Chile / Fund. Senderos de Chile);  05 mesas redondas com 19 palestras de convidados, incluindo a participação de Esteban Delgado (Senderos de Chile / Fund. Senderos de Chile e Robert C. Burns. Ph.D. West Virginia University. Morgantown, WV, US  07 Grupos de trabalho (GTs) com 71 trabalhos apresentados de todas as regiões brasileiras e 17 estados, caracterizando diversas iniciativas e propiciando o conhecimento de variadas realidades e amplos debates, incluindo um trabalho sobre modelos de governança em trilhas d elongo percurso, comparando as iniciativas do projeto Sendero de Chile com a Trans Canadá Trail, desenvolvido na Universidade de Concordia /Quebec/Canadá. o Sudeste: RJ (18); SP (17); MG (09); ES (1) o Nordeste: RN (6); PE (2); BA (1); MA (1); SE (1); PB (1) o Norte: AM(1); PA (1) o Centro-Oeste: TO(1); GO(1) o Sul: RS(2); PR(2); SC(3);  05 Oficinas  01 Mostra fotográfica "Retratos da Trilha" 12 e o I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, onde se concluiu durante e imediatamente após (principais propostas):  Criação de Gt no Congresso da Red Latinoamericana de Senderismo para redação da Carta Internacional para o Manejo de trilhas e Conservação da Biodiversidade  Criação de publicação internacional de Senderismo.  Apoio da Red ao Programa Pega Leve de minimo impacto em áreas naturais. Dentre os trabalhos se destacaram as aplicações em SIGWEB, modelos de gestão de redes de trilhas de longo percurso, gestão de riscos em trilhas, implantação de trilhas terrestres e subaquaticas, proposta da consolidação da área de pesquisa "Ecologia de Trilhas" como alternativa mais especifica que Ecologia da Recreação, divulgação da aplicação de princípios de Bioengenharia de solos na recuperação e manutenção de trilhas e a confirmação da importancia da geodiversidade nas ações de planejamento e manejo de trilhas. Concluindo, na reunião plenária de encerramento se decidiu pela continuidade do Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de trilhas de forma itinerante, bianual, sendo a expressão nacional da Red Latinoamericana de Senderismo. Deste modo considerou-se que o evento contribuiu com a exposição de múltiplos olhares e recursos sobre o tema, através de conferências, mesas redondas, grupos de trabalhos e minicursos e divulgação do estado da arte sobre o tema, consolidando o debate sobre a gestão de áreas protegidas a partir da análise dos aspectos geográficos e ecológicos do manejo de trilhas. Antecedentes: Inspirado no I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas, realizado na UERJ, Rio de Janeiro, aconteceu nos dias 4, 5 e 6 de Outubro de 2012 na cidade de Piriápolis (Maldonado, Uruguai), o primeiro Congreso de Planificación y Manejo de Senderos del Mercosur , com representantes da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Venezuela e Uruguai; onde abordaram várias questões inerentes, concluindo com a 13 assinatura de "Declaração de Piriapolis", um documento que inicia a formação da "Red Latinoamericana de Senderismo", em cujos objetivos se destacam o fomento da pratica democrática da caminhada em países latino-americanos e estímulo à inclusão das práticas de esporte e turismo em trilhas nas políticas públicas, iniciativas privadas e sociedade civil, assim como a extensão da Rede a outros países e atores latinoamericanos. Justificativa Trilhas são as principais estruturas de manejo da visitação em áreas protegidas, atuando como vetores de dispersão e orientação do fluxo de usuários, buscando concentrar os efeitos do uso público em áreas pré-determinadas. Estruturalmente a trilha é uma intervenção linear definida a partir do corte raso da vegetação para o estabelecimento da zona de pisoteio (área útil efetivamente utilizada pelo usuário em seu deslocamento) e a área marginal de manejo, onde a vegetação é mantida controlada para evitar seu fechamento. Esse conjunto compõe o que se chama de "corredor" da trilha. Suas dimensões variam conforme o objetivo, perfil do visitante e zoneamento e as dimensões longitudinais e laterais podem significar maior ou menor "área de sacrifício" e consequentemente seu nível de influência no tecido florestal. Muitas vezes podem atravessar diferentes ambientes naturais com diferentes limiares de fragilidade e consequentemente promover variados espectros de impactos locais. Atualmente assistimos a incremento à visitação em unidades de conservação brasileiras e a popularização das práticas de lazer, esporte e diversas segmentações do turismo na natureza. Contudo, mesmo com a evolução das metodologias de monitoramento e diagnósticos sócio-ambientais para gestão do uso público em áreas protegidas, muitos impactos na flora e na fauna são de difícil percepção e mensuração, tanto por limitações técnicas quanto em recursos humanos e materiais. Para a realidade brasileira, onde a maior parte das atividades de lazer, esporte e turismo na natureza se desenvolvem em áreas protegidas, este é um aspecto que pode comprometer sensivelmente a eficiência funcional de unidades de conservação principalmente para as consolidadas como de proteção integral. Dentre algumas particularidades, destaca-se que a gestão do uso público evoluiu, mas muito da "governança" que se estabelece atualmente como modelos de gestão em algumas unidades de conservação nacionais, tendem a se caracterizar muito mais como uma opção de mediação de conflitos entre diferentes grupos sociais com interesses específicos de uso, do que propriamente com a consolidação de políticas públicas de preservação e/ou conservação do patrimônio genético, habitats e paisagens protegidas, mesmo considerando as limitações impostas legalmente para áreas de proteção integral, onde a manutenção da biodiversidade deveria ter precedência na tomada de decisão assim como consubstanciar ações de conscientização e Educação Ambiental para a solução de conflitos sociais nas áreas protegidas. Neste sentido, observa-se que embora exista uma gama variada de eventos afins ao tema de gestão de áreas protegidas, tanto de turismo e de conservação propriamente 14 dita, o tratamento das trilhas sob a ótica de sua importância no manejo e gestão do uso público em áreas protegidas e da manutenção de sua biodiversidade ainda é muito pouco abordado. Assim, o II CNPMT, com o tema “ Uso Público e Biodiversidade: Desafios de gestão e governança em áreas protegidas” propõe um amplo debate sobre a gestão de áreas protegidas a partir da análise dos aspectos geográficos e ecológicos do manejo de trilhas buscando responder perguntas como:           O fluxo e o comportamento dos visitantes nas trilhas pode interferir na dinâmica de populações animais e vegetais e significar um risco à sua manutenção? As trilhas podem caracterizar efeito de borda a ponto de promover a fragmentação florestal significativamente? As metodologias aplicadas no manejo e monitoramento da visitação e seus impactos são eficazes? A implantação de trilhas para a visitação em áreas com diferentes graus de conservação pode ser um facilitador para a migração de espécies generalistas e animais domésticos ferais, por exemplo, com consequências para as populações protegidas locais? Em discussões sobre uso público e manutenção de espécies ameaçadas ou em risco de extinção, que aspectos de governança podem ser considerados efetivos para a gestão de áreas protegidas? Como a implantação de redes de trilhas ou trilhas de longo percurso contribuem para a inclusão social, a manutenção de culturais locais e promoção da Geodiversidade? Estratégicamente a valoração do patrimônio geológico deve ser associada a conservação da Biodiversidade e vive-versa como forma de preservar estas paisagens? As metodologias aplicadas em Educação e Interpretação Ambiental junto a visitantes em trilhas de áreas protegidas são eficientes para aumentar a Percepção ambiental, valoração e interpretação das paisagens protegidas? Embora muitas questões permaneçam em aberto, acesse os anais do II CNPMT (Acesso rápido):  http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/0-IICNPMT_anais_apres.pdf  http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/1-IICNPMT_anais_GT%2001.pdf  http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/2-IICNPMT_anais_GT%2002.pdf  http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/3-IICNPMT_anais_GT%2003.pdf  http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/4-IICNPMT_anais_GT%2004.pdf  http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/5-IICNPMT_anais_GT%2005.pdf  http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/6-IICNPMT_anais_GT%2006.pdf   http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/7-IICNPMT_anais_GT%2007.pdf http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/8-IICNPMT_anais_anexo.pdf Rio de Janeiro, 16/10/2013 15 GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas. Sumario 01 Planejamento de trilha interpretativa em fragmento de Mata 16 Atlântica na Universidade Federal de Sergipe – São Cristóvão. 02 O desafio da divulgação de banco de dados geográficos através 41 de SIG-WEB: o Parque Natural Municipal do Curió (ParacambiRJ). 03 Ecoturismo aplicado a unidades de conservação: proposta de 64 roteiro ecoturístico e didáticas de conservação ambiental em fragmento de mata na APA do Rio Mamanguape em Rio Tinto – PB. 04 Planejamento de uma trilha para Ciclistas de Montanha na área de 78 uso público da “Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade” (FEENA), Rio Claro (SP). 05 Relato de experiências do mapeamento e da documentação de 92 trilhas para a publicação de um guia do Parque Estadual da Pedra Branca, Rio de Janeiro – RJ 06 Análise da capacidade de carga antrópica e planejamento da trilha 112 da Caverna do Maroaga na Area de Proteção Ambiental (APA) do Maroaga/AM. 07 Validação do modelo de Viewshed como técnica de apoio ao 132 planejamento de trilhas no turismo. 08 A localização de pontos estratégicos que representam a 149 diversidade paisagística na Trilhas dos Saltos do PNCV. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 15 GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas. PLANEJAMENTO DE TRILHA INTERPRETATIVA EM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – SÃO CRISTÓVÃO. Daniela Monique Guimarães Menezes Ivana Silva Sobral Laura Jane Gomes1 Lício Valério Vieira Lima2 Resumo Palavras-chave: Interpretação da natureza; Quantum-Gis; Educação Ambiental; “Matinha” de UFS. A “Matinha” é um pequeno fragmento de Mata Atlântica localizado no entorno do campus da Universidade Federal de Sergipe, entre as coordenadas 19°59'24,3"S e 37°05'59,3"W, possuindo 01 trilha principal e 02 secundárias, sendo a principal utilizada por alunos e funcionários em sua maioria, para atividades pedagógicas e de lazer. Observa-se que a interpretação ambiental é um importante instrumento de educação e percepção da natureza em áreas protegidas levando o visitante/turista a compreender o entorno ecológico e o seu papel enquanto usuário. Para Jesus e Selva (2006), as trilhas de interpretação ambiental enriquecem a experiência do visitante e o sensibiliza para a conservação dos recursos naturais. Neste sentido, foi elaborado um roteiro interpretativo na “Trilha do Teiu”, com 1,5 Km com o objetivo de promover a sensibilização de usuários e práticas pedagógicas relacionadas. Para tanto a área foi reconhecida a partir de caminhadas para mapeamento da trilha e coleta de dados com GPS; os pontos coletados em campo foram aferidos pelo software Quantum-Gis, com dados do Atlas Digital de Sergipe e da imagem de satélite do “Google satellite”. O Sistema de Referência de Coordenadas utilizado na elaboração do mapa foi o WGS84. Em seguida foram instaladas placas e confeccionado um roteiro de visitação com informações sobre a área para a compreensão do visitante no decorrer do trajeto. O mapeamento do local identificou a trilha mais adequada a ser percorrida de forma autoguiada, com auxílio de placas, além da confecção de um “Roteiro de 1 Profª. Drª. Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Sergipe. 2 Geógrafo, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Doutor em Geografia (UFS), Professor do Instituto Federal de Sergipe. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 16 Visitação” com informações essenciais à experiência dos visitantes, constituindo-se em importante recurso pedagógico para a conservação de áreas protegidas e a recuperação de áreas degradadas. A implantação da trilha só será eficiente quando forem concretizadas as sugestões descritas neste trabalho, como modo de solucionar ou, pelo menos, minimizar os impactos ocorrentes e percebidos no local. Resumen Palabras-clave: Interpretación de la naturaleza; Quantum-Gis; Educación Ambiental; “Matinha” de UFS. La “Matinha” es un pequeño fragmento de Mata Atlántica ubicado en el entorno del campus de la Universidad Federal de Sergipe (UFS), entre las coordenadas 19°59'24,3"S y 37°05'59,3"W, poseyendo 01 sendero principal y 02 secundarios, siendo la principal utilizada por alumnos y funcionarios en su mayoría, para actividades pedagógicas y de ocio. Se puede observar que la interpretación ambiental es un importante instrumento de educación y percepción de la naturaleza en áreas protegidas, llevando el visitante/turista a comprender el entorno ecológico y su rol como usuario. Según Jesus y Selva (2006), los senderos de interpretación ambiental enriquecen la experiencia del visitante y lo sensibiliza para la conservación de los recursos naturales. En este sentido, se elaboró un guía interpretativo en “Trilha do Teiu” (“Sendero del Teiu”), con 1,5 km, con el objetivo de promover la sensibilización de usuarios y prácticas pedagógicas relacionadas. Para eso, se exploró el área a partir de caminatas para levantamiento cartográfico del sendero y colecta de datos con GPS; las informaciones colectadas en campo se evaluaron con el software Quantum-Gis, con datos del Atlas Digital de Sergipe y de la imagen de satélite del “Google Satellite”. El Sistema de Referencia de Coordenadas utilizado en la elaboración del mapa fue el WGS84. Enseguida, se instalaron carteles y se confeccionó un guía de visitación con informaciones sobre el área para la comprensión del visitante en todo el recorrido. El levantamiento del sitio permitió identificar el sendero más adecuado a ser recorrido de manera autoguiada, con el auxilio de carteles, además de la confección de un “Guía de Visitación” con informaciones esenciales a la experiencia de los visitantes, constituyéndose en importante recurso pedagógico para la conservación de áreas protegidas y la recuperación de áreas degradadas. La implantación del sendero sólo podrá ser eficiente cuando se concreticen las sugerencias descritas en este trabajo, como manera de solucionar o, por lo menos, minimizar los impactos ocurrentes y percibidos en el sitio. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 17 1. Introdução A relação homem x natureza tem sido amplamente discutido em âmbito mundial desde a década de 60 do século passado. Ao observar as condições atuais do ambiente à nossa volta, nos deparamos com um cenário ameaçador, como por exemplo, áreas verdes cada vez mais diminutas, aumento alarmante da degradação ao ambiente natural e pressões de diferentes segmentos da sociedade acerca da proteção de recursos essenciais à vida humana. Para Chauí (2003), a dicotomia nas relações homem x natureza é datada do século XVIII, com a intensificação da Revolução Industrial que impulsionou atividades industriais, as quais necessitavam de grande quantidade de matéria prima e produziam, da mesma forma, resíduos. Deste modo, percebe-se que as reações naturais não são resultados de atividades recentes, mas de um acúmulo de impactos decorrente de séculos. Como forma de minimizar o efeito dos problemas causados pelo homem, na década de 70 (século XX), surge o termo Educação Ambiental, aliado à discussões que abordavam os problemas ambientais existentes e as maneiras aplicáveis à sociedade que possam evitar que danos sejam causados ao meio ambiente. Inserido na Constituição de 1988, no Capítulo VI, que aborda sobre Meio Ambiente (BRASIL, 1988), esta forma de educação pode ser aplicada tanto nas escolas – educação formal, quanto à sociedade por meio de outras ferramentas – educação informal ou não-formal. Ambos os caminhos são imprescindíveis à possibilidade de mudanças de comportamento e atitude por parte dos seres humanos perante o ambiente natural, visto que, é necessária a participação de todos quando se busca atingir o objetivo da educação ambiental que parte da premissa de que o ser humano deve ter consciência da sua condição em relação ao ambiente e as relações entre o ambiente humano construído e o ambiente natural (VASCONCELOS, 2003). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 18 Um importante instrumento da educação ambiental em áreas protegidas, pode ocorrer por meio da interpretação ambiental, também conhecida como interpretação da natureza. Esta técnica tem como principal função estimular os visitantes a entender o seu entorno ecológico e, consequentemente, possibilitar a compreensão deste ambiente tornando-o um ser consciente do seu papel enquanto usuário e protetor dos recursos naturais (VASCONCELOS, 2003). Em meio às diversas formas de se trabalhar a educação ambiental com visitantes e/ou turistas deve-se enfatizar a eficácia do emprego de técnicas de ecoturismo para interpretação da natureza. No caso da Universidade Federal de Sergipe, Campi São Cristóvão, que possui uma área verde que se enquadra, segundo a Lei de proteção sobre a vegetação (BRASIL, 2012), como Área de Preservação Permanente, popularmente conhecida como “Matinha da UFS”, existe um alto potencial para aplicação das técnicas de interpretação da natureza pelas peculiaridades da área unidas à presença da comunidade universitária, bem como, comunidades do entorno. 19 Nesse contexto, surge como proposta a prática das ações de educação ambiental, utilizando técnicas de interpretação da natureza. Para tal, foi traçado como objetivo geral “Propor o uso sustentável da “matinha” da UFS, por meio da interpretação da natureza”. Tendo como objetivos específicos i) mapear as trilhas já existentes; ii) planejar trilha autoguiada com placas interpretativas e iii) elaborar um manual de visitação. 2. Metodologia A “matinha” da UFS, como é comumente conhecida pela comunidade universitária, está localizada em área da Universidade Federal de Sergipe, no município de São Cristóvão, entre as coordenadas 19°59'24,3"S e 37°05'59,3"W (Figura 1) (MACHADO, 2006), situada às margens do Rio Poxim, que é importante fonte de abastecimento de parte da população da grande Aracaju. Enquadra-se, segundo a Lei Nº 12.651, BRASIL (2012), que define Área de Preservação Permanente (APP) como sendo: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”. 20 Figura 1- Localização geográfica da UFS – São Cristóvão . Fonte: Acácia Souza, 2013 Durante a coleta de dados, houve o reconhecimento da área a partir da realização de 04 (quatro) caminhadas para mapeamento da trilha com o intuito de identificar suas potencialidades e aspectos relativos a interpretação ambiental, tais como a distância, grau de dificuldade da trilha e tempo aproximado para percorrê-la. Os pontos coletados em campo que indicam o início e final da trilha que totalizam 1,5 km, assim como os vértices que indicam os locais de entrada e saída do interior da mata foram aferidos pelo software livre Quantum-Gis, a partir dos dados coletados em campo com GPS Garmin Etrex Summit, e dos dados do Atlas Digital de Sergipe (2012) e da imagem de satélite do “Google satellite”, capturada no ano de 2003 e importada por meio do plug-in do Quantum-Gis denominado OpenLayers. O Sistema de Referência de Coordenadas utilizado na elaboração do mapa foi o WGS84. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Convém ressaltar que foram identificadas outras trilhas já existentes, mas, apenas foi mapeada a trilha mais utilizada no local, pois essa encontra-se mais demarcada pelo uso constante. Trilhas deixadas por animais nativos da área também foram identificadas, mas não georrefrenciadas, apenas registradas junto ao “Roteiro de Visitação”. À medida que a caminhada foi realizada, informações fornecidas pelo mateiro que acompanhou as visitas à área, foram registradas, a exemplo de informações sobre espécies de fauna e flora presentes. Os dados registrados serviram para a confecção do “Roteiro de Visitação” da “Trilha do Teiu”, nome dado pela autora do trabalho, baseando-se nas informações levantadas. O mateiro que acompanhou as visitas à área da “matinha” é o Sr. Pedro Lopes, que trabalhou no Horto Florestal por 08 anos e hoje é funcionário do Viveiro Florestal do Departamento de Ciências Florestais. Tem 54 anos e mora há cerca de 02 anos no entorno da Universidade (Povoado Cabrita), o que facilitou o acesso e o conhecimento das características da fauna e flora da região, bem como a identificação das espécies existentes e o comportamento dos animais lá encontrados. O Roteiro foi confeccionado em forma de folder e tem como objetivo transmitir aos visitantes informações essenciais e mais expressivas da “matinha”. O mapa foi confeccionado com o intuito de facilitar o reconhecimento do local, os pontos inicial e final da trilha, bem como o caminho a ser percorrido e futuramente escolher os melhores locais para a instalação de placas de sinalização. A realização do percurso também será auxiliada pela presença de placas no decorrer da trilha. As fotos das espécies presentes no “Roteiro de Visitação” são uma seleção das mais expressivas do local. 3. Resultados e Discussão 3.1. Mapeamento e planejamento da trilha Após análise da “matinha” da UFS, foi observado um alto potencial para a realização de atividades de interpretação da natureza como forma de disseminação da educação ambiental. A área pode ser utilizada pela sua possibilidade em realizar atividades educativas como a implantação de trilha Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 21 que auxilie os visitantes no desenvolvimento de sensações relativas ao meio ambiente natural. Para o planejamento de atividades na área, inicialmente a principal trilha foi mapeada e seus pontos inicial e final foram georreferenciados. Durante o trajeto da trilha, foram identificadas diversas espécies florestais nativas do bioma Mata Atlântica (Quadro 1), algumas com importante valor econômico, devido sua madeira ser excelente para o uso na movelaria. Outras, como a aroeira, por ser um importante produtor de frutos utilizados nas indústrias alimentícia e farmacêutica, que são exportados para essa finalidade (JESUS et. al, 2011). Quadro 1- Espécies vegetais indicadas pelo mateiro, encontradas na área da “matinha” e seus nomes científicos. Universidade Federal de Sergipe. NOME VULGAR Angelim Mangueira Aroreira Jamelão Embaúba Palmeira (Dendê) Jenipapo Pau-Pombo Graviola Ingá Cajá Cássia Azul (Sombreiro) Jaqueira Massaranduba Fonte: MACHADO, 2006 e MAUAR, 2012 NOME CIENTÍFICO Andira fraxinifolia Benth. Mangifera indica L. Schinus terenbinthifolius Raddi Syzygium jambolanum Cecropia pachystachya Trécul Elaeis guineenses N. J. Jacquin Genipa americana L. Tapirira guianensis Annona muricata L. Inga sp. Spondias mombin Clitoria fairchildiana Artocarphus heterophyllus Lam. Manilkara sp. A trilha planejada para a “matinha” da UFS possui 1,5 Km e tem início nos pontos de coordenadas geográficas 10°55’88,3”S e 37°06’27,7”W, estendendose até as coordenadas 10°55’33,8”S e 37°05’95,6”W (Figura 2). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 22 23 Figura 2 - Pontos de início e final e percurso total da trilha da Matinha da Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2013. Fonte: Acácia Souza, 2013 Devido o seu caráter recreativo e educativo, esta trilha é caracterizada como trilha interpretativa. Quanto à sua forma é classificada como trilha em atalho, já Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 que o início e o fim estão em pontos diferentes, objetivando apresentar ao visitante um caminho alternativo ao principal (VASCONCELLOS, 2006). Esta é uma trilha que pode ser utilizada de acordo com a classificação da Vasconcelos (2003) como autoguiada. Sugere-se que ela seja realizada apenas pelos estudantes e servidores da Universidade Federal de Sergipe, sem a presença do guia e utilizando as informações presentes nas placas no decorrer do percurso. A trilha escolhida para ser implantada tem baixo grau de dificuldade, com base nos parâmetros de classificação utilizados por Vasconcelos (2003), que considera o comprimento da trilha, as características do relevo, necessidade ou não de acampar, características de sinalização e a existência de mapas ou roteiros para a classificação entre caminhada leve, semipesada ou pesada. A partir da observância destes pontos pode-se considerar esta trilha como caminhada leve. O relevo tem alguns aclives e declives suaves que não influenciam no desenvolvimento do trajeto que é fácil de ser percorrido. Os pontos de alagamento durante o período chuvoso na área podem ser considerados como os maiores obstáculos para a realização do percurso, por isso, faz-se necessária a instalação de uma passarela suspensa de madeira com uma distância de 30 cm do nível do solo. 3.2. Engenharia e custos O projeto desta trilha desempenha o papel ambiental de proteção à natureza. Deste modo, é necessária a construção de uma passarela para minimizar as dificuldades advindas do terreno acidentado como aclives e declives. A composição da trilha se dará por meio de uma passarela de madeira suspensa, separada do solo por 30 cm de altura. É importante ressaltar que na área cocorrem trechos alagados em determinadas épocas do ano que Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 24 correspondem ao período de maio a agosto, coincidindo com o período de chuva no município. Como em alguns trechos a água atinge uma altura de 1,50 (metro), torna-se inviável a manutenção da trilha pelo caminho já marcado. Portanto, antes de chegar ao ponto inicial de alagamento a trilha será finalizada e os visitantes terão de voltar ao ponto de bifurcação da trilha para continuar no caminho inicial que os leva ao ponto final. Esse intervalo onde há alagamento, dá acesso à trechos da mata que se encontram degradados ambientalmente, sendo necessário separar essas áreas que posteriormente deverão ser recuperadas, dos locais que estão em condições topográficas e ambientais apropriadas para a realização da caminhada. A madeira escolhida para a confecção deste projeto foi a biossintética, por ser ecologicamente correta e suas propriedades, como a impermeabilidade superior comparada a outros tipos de madeira, maior resistência à deterioração, ao mofo e aos cupins, além de não requerer pintura ou manutenção regular, se enquadram perfeitamente ao projeto (SANTOS et al., 2006). A passarela ficará apoiada sob estacas de ripa que acompanharão a altura da trilha de ambos os lados, visando minimizar os impactos da construção, serão adquiridas 600 unidades. As especificações da passarela são de 2,00 (metros) de largura, em todo o comprimento da trilha. A madeira do piso tem como dimensões 10 (centímetros) x 2,5 (centímetros) x 6,0 (metros) de comprimento e será disposta de modo a não deixar espaços entre si, permitindo uma caminhada segura. Para alcançar as especificações da largura do piso serão necessárias 20 unidades de madeira e do comprimento da trilha serão adquiridas 300 unidades. As bordas serão indicadas por estacas de madeira de 1,00 (metro) de altura, que servirão para compor o guarda corpo. Esse terá a função de proteger dos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 25 transeuntes quando da proximidade com o córrego existente e para servir de apoio ao público, quando for necessário. Serão necessárias 200 unidades de estaca para espalhar por todo o percurso. O guarda corpo será composto por 03 faixas de madeira dispostas horizontalmente, percorrendo toda a trilha, sendo necessária a aquisição de 1800 unidades. Para a construção da estrutura de madeira serão contratados 05 (cinco) marceneiros e 05 (cinco) ajudantes. Todos cumprirão 08 (oito) horas diárias, com 02 (duas) horas para o almoço, obedecendo a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), Lei Nº 5.452 (BRASIL, 1943), para os termos de contratação. Todas as placas também serão instaladas por estes profissionais. O salário de cada marceneiro será de (R$) 1.000,00/mês, seguindo a média do mercado e o salário de cada ajudante será de (R$) 700,00/mês, serão necessários 03 (três) meses para conclusão dos serviços (SINDICATOMARCENEIROS, 2012). Como a principal possibilidade de percorrer a trilha é de maneira independente, sem a presença do guia, é imprescindível a confecção e instalação de placas informativas no decorrer da trilha para facilitar a passagem dos turistas. Tais placas serão de madeira biosintética, dispostas de ambos os lados da trilha, sustentadas em estacas também de madeira, servindo para indicar o caminho a seguir e informando pertinentemente sobre educação ambiental. Placas menores também de madeira biossintética serão colocadas em algumas árvores existentes na trilha com a identificação da espécie. Serão escolhidas espécies que correm algum risco de extinção, tem valor econômico ou cultural na região, são endêmicas na área e que consequentemente, agregam valor à trilha. Todas as placas serão confeccionadas em madeira biossintética, como afirmado acima, cada placa informativa terá o custo unitário de (R$) 87,00 e as placas de identificação das espécies terá o custo unitário de (R$) 33,00, valores presentes na Tabela 1. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 26 Tabela 1 - Material necessário para instalação da trilha suspensa, valores e quantidade dos produtos ATIVIDADE PREÇO UNIDADE (R$) QUANTIDADE PREÇO TOTAL (R$) Madeira – piso R$ 109,00 / Tábua de 6m* 300 tábuas Madeira – sustentação R$ 109,00 / Tábua de 6m* 600 tábuas Madeira – guarda corpo R$ 109,00 / Tábua de 6m* 1.800 tábuas Madeira – estaca do R$ 109,00 / Tábua de 6m* 20 estacas Placa informativa R$ 80,00 / Placa 10 Estrutura de R$ 7,00 / Estrutura 20 Marceneiros R$ 1.000,00 5 Ajudantes de R$ 700,00 5 R$ 32.700,00 R$ 196.200,00 do piso R$ 65.400,00 R$ 2.180,00 guarda corpo R$ 800,00 R$ 140,00 sustentação da placa R$ 5.000,00 R$ 3.500,00 marcenaria Fonte: Sites especializados em madeira biosintética, Sindicato de Marceneiros e marceneiros da região centro-sul do estado de Sergipe, 2013 Com marceneiros da região Centro-sul do estado de Sergipe, foram adquiridas informações sobre valores para a confecção das placas que ficaram espalhadas pela trilha, auxiliando o caminho dos visitantes. Os valores dos Equipamentos de Proteção Individual foram obtidos em lojas da região CentroSul do estado de Sergipe, conforme Tabela 2. Tabela 2 – EPI’s necessários para instalação da trilha suspensa, valores e quantidade ATIVIDADE PREÇO UNIDADE (R$) QUANTIDADE PREÇO TOTAL (R$) Óculos de proteção R$ 6,00 10 R$ 600,00 Luvas R$ 35,00 20 R$ 7.000,00 Botas R$ 20,00 20 R$ 4.000,00 Fardamento R$ 25,00 20 R$ 5.000,00 Capacete R$ 15,00 20 R$ 1.500,00 Fonte: Lojas especializadas da região centro-sul do estado de Sergipe, 2013 O custo total de implantação desta trilha foi de (R$) 324.020,00. Os valores foram obtidos em informações de sites especializados em produção de madeira biossintética, para a aquisição da madeira que compõe o piso, a base de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 27 sustentação do piso, o guarda corpo, as estacas para o guarda corpo e as placas e a base para as placas. 3.3. Interpretação ambiental da trilha – Roteiro de visitação Para auxiliar os visitantes durante a caminhada na “Trilha do Teiu” foi confeccionado um “Roteiro de Visitação” (Figuras 3 e 4) que possui informações significativas e necessárias sobre a área e que podem ser utilizadas para a compreensão do visitante sobre o ambiente no decorrer do trajeto. 28 Figura 3 - Modelo de “Roteiro de Visitação” para a “Trilha do Teiu” (Parte interna do folder) Fonte: Pesquisa de campo, 2013 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 4 - Modelo de “Roteiro de Visitação” para a “Trilha do Teiu” (Parte externa do folder) Fonte: Pesquisa de campo, 2013 Inicialmente foram inseridas informações sobre o que é uma Área de Preservação Permanente, para a compreensão sobre a importância da preservação de matas ciliares. Uma vez que, o local é uma APP, há a necessidade do cuidado com o ambiente e o início desta postura frente ao ambiente natural está na sensibilização por meio da educação ambiental. Como a área é um remanescente de Mata Atlântica, é imprescindível salientar a importância da sua proteção para a manutenção do equilíbrio ecológico e principalmente da biodiversidade já que neste bioma a taxa de espécies de fauna e flora é alta, assim como, é alto o índice de indivíduos endêmicos. No “Roteiro de Visitação” houve uma ênfase na divulgação das espécies da flora existentes no local. Algumas das espécies existentes na “matinha” são indicadoras de estádios iniciais de sucessão, predominando espécies pioneiras e clímax que favorecem a formação de sub-bosques com espécies tolerantes à sombra. Entre os indivíduos identificados estão: Andira fraxinifolia Benth.(angelim), Schinus terenbinthifolius Raddi. (aroeira), Inga sp. (ingá), Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 29 Manilkara sp. (massaranduba), e Clitoria fairchildiana (sombreiro) (Figura 5) (MACHADO, 2006). 30 Figura 5 - Espécies encontradas na “matinha”. No sentido horário: Andira fraxinifolia Benth.(angelim), Schinus terenbinthifolius Raddi (aroeira), Clitoria fairchildiana (sombreiro) e Manilkara sp. (massaranduba). Fonte: Monique Menezes, 2013 Quanto à essas espécies, destacam-se algumas de porte arbóreo, a exemplo da Schinus terenbinthifolius Raddi. (aroeira vermelha) que pertence à família da Anacardiaceae. É uma espécie heliófita e pioneira, comum em beira de rios e córregos, crescendo em terrenos secos e pobres. O tanino da casca da aroeira é utilizado na indústria farmacêutica para a produção de anti-inflamatórios e cicatrizantes naturais de uso ginecológico. A sua semente é conhecida na culinária internacional como pimenta-rosa, apresenta um sabor suave e levemente apimentado. Sergipe é um dos fornecedores dos frutos desta espécie, atualmente coletado de forma extrativista e desordenada (JESUS et al., 2011). A Manilkara sp. (massaranduba) pertence à família das Sapotaceae e devido as propriedades físicas e mecânicas da sua madeira, favorecem o seu Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 emprego, principalmente, na construção de barcos e navios, carpintaria, construção civil, assoalhos, pontes, instrumentos musicais, esportes e atletismo (IBAMA, 2013). A Clitoria fairchildiana (sombreiro) pertence à família Papilionoideae, é utilizada para a arborização urbana e rural, devido a sua frondosa copa, e para a recuperação de áreas degradadas e de preservação permanente (CAÇADOR, 2011). Quanto a fauna, o Tupinambis merianae (teiu), é um animal presente na área da “matinha”, com potencial para interpretação da natureza, podendo ser encontrado em uma simples caminhada ou percebendo seu rastro no terreno (Figura 6). Ocorre na maioria das florestas distribuídas pelo país. Possui hábitos diurnos e terrestres e sua alimentação é onívora e pode incluir invertebrados, vertebrados, ovos e várias espécies de frutos. Quando ameaçado pode ficar imóvel, camuflando-se ou fugindo rapidamente (AMBIENTE BRASIL, 2013). 31 Figura 6 - Rastro do teiu encontrado durante trilha na “matinha” Fonte: Monique Menezes, 2013 O teiu possui corpo cilíndrico e robusto, atingindo até 1,4 metros de comprimento e peso de 5 kg. Sua cabeça é pontiaguda e comprida, a mandíbula é forte e a cauda longa e musculosa é utilizada para defesa deste Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 animal, seja desprendendo-se do corpo, seja golpeando o que lhe causa ameaça. Ocupa principalmente áreas abertas e sua presença está relacionada às áreas de clareiras (DAYRELL, 2009). 3.4. Entraves à aplicação do Projeto Na área da “matinha” foram encontradas algumas ações impactantes ao meio natural e que impedem o desenvolvimento do projeto no momento atual, uma vez que, são problemas que dependem da gestão da Universidade e que necessitam de cuidados urgentes para a recuperação e conservação do local. Segundo o Art. 1º da resolução 01 de 1986, do CONAMA (BRASIL, 2006), afirma que impacto ambiental é qualquer alteração química, física ou biológica ao meio ambiente resultante de qualquer atividade humana, afetando-o direta ou indiretamente. Logo após a entrada na “matinha” pode-se perceber uma grande quantidade de lixo composto por embalagens descartáveis de alimentos e bebidas, entre outros tipos de resíduos. Ao adentrar na área, existe o despejo de dejetos sanitários dos moradores do bairro adjacente (Figura 7). Figura 7 - Embalagens de lixo encontradas na “matinha”. Foto: Monique Menezes, 2013 O qual é agravado pelo despejo dos entulhos das instalações prediais da UFS, tais como alvenaria, cimento, tubulações e demais resíduos advindos da atividade de construção civil existente no Campus (Figura 8). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 32 Figura 8 - Resíduos de construção civil e material de laboratório descartado pelo Departamento de Biologia encontrados na “matinha” da UFS . Foto: Monique Menezes, 2013 A construção do muro de concreto na área da UFS separando a “matinha” da área construída causou um impacto negativo significativo. Este tipo de atividade resulta na alteração da dinâmica ecológica local, há interferência na fauna que tem que mudar hábitos alimentares e de comportamento, bem como, alterações na vegetação, que em alguns pontos precisou ser suprimida, comprometendo a qualidade ambiental local (Figura 9). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 33 Figura 9 - Construção do muro na “matinha” da UFS e toca do tatu-peba existente na região, próxima ao muro. Foto: Monique Menezes, 2013 O afluente que atravessa a “matinha” está comprometido, visto que serve para o despejo de resíduos domésticos oriundos da comunidade do entorno (Bairro Rosa Elze), agravado pelos rejeitos da comunidade universitária frequentadora do Campus. Todo esse material deveria ser previamente tratado pela Prefeitura Municipal de São Cristóvão e pela Universidade Federal de Sergipe e, neste caso, deveria ser encaminhado para lagoa de estabilização da UFS, que hoje é composta por 02 (duas) lagoas de estabilização, sem o tratamento primário necessário, com alta taxa de material sedimentado (lodo) e grande propagação de plantas aquática (tabuas), demonstrando a precária manutenção do sistema (DIPRO/UFS, 2012). Em se tratando de lagoa de estabilização (Figura 10), encontra-se em processo de licitação na Diretoria de Projetos da UFS, a construção de 02 (duas) lagoas. Tal projeto é constituído por um sistema composto por Rede Coletora, Estações Elevatórias, Emissários, Estação de Tratamento e Destinação Final. As lagoas serão instaladas em locais opostos, uma ao norte e a outra ao Sul do Campus (DIPRO/UFS, 2012). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 34 Figura 10 - Lagoa de estabilização abandonada na área da “matinha” Foto: Monique Menezes, 2013 A falta de comprometimento ambiental da comunidade universitária em relação aos resíduos sólidos jogados na área da UFS é grave. O interesse em preservar a área verde da universidade é praticamente inexistente, mesmo com a existência de projetos que tratam da educação ambiental e que buscam soluções para a correta destinação dos resíduos sólidos produzidos na UFS. Mesmo com a falta de envolvimento da comunidade universitária para a realização da coleta seletiva na Universidade, que destina parte dos resíduos coletados de forma correta em parceria com uma Associação de Catadores, outra parte dos resíduos produzidos não é destinada como deveria pelos responsáveis, sendo, na maioria das vezes os resíduos despejados inapropriadamente na área da matinha, prejudicando a fauna e flora do local e em alguns casos soterrando-os, como é o caso dos resíduos de construção civil, negligenciados pelas construtoras responsáveis e móveis inutilizados pelos moradores do entorno da área. Tais comportamentos ante a questão ambiental ferem a Constituição Federal de 1988 que afirma que é dever tanto do Poder Público como da coletividade defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 35 Outra situação que interfere no sucesso de tal projeto é a degradação avançada da vegetação notada em alguns pontos da trilha. Neste caso, antes da implantação de tal projeto, é necessária a recuperação das áreas degradadas que servem para melhorar a condição ambiental através equilíbrio ecológico, proporcionado pelas funções paisagística e recreativa. 4. Conclusão O mapeamento do local identificou a trilha mais adequada a ser percorrida de forma autoguiada, com auxílio de placas, além da confecção de um “Roteiro de Visitação” com informações essenciais à experiência dos visitantes, constituem-se como importante alternativa para a conservação de áreas protegidas e a recuperação de áreas degradadas. O conhecimento sobre níveis de alagamento na trilha, espécies de fauna e flora existentes, o comportamento de animais, em especial o teiu, cuja trilha leva seu nome, só foram adquirida graças a colaboração do mateiro Sr. Pedro Lopes que gentilmente participou de todas as visitas à área. A implantação da trilha só será eficiente quando forem concretizadas as sugestões descritas neste trabalho, como modo de solucionar ou, pelo menos, minimizar os impactos. Entende-se que este será um projeto de sucesso quando houver a sensibilização da comunidade universitária e esta contribuir para a melhoria do ambiente natural da Universidade. 5. 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O DESAFIO DA DIVULGAÇÃO DE BANCO DE DADOS GEOGRÁFICOS ATRAVÉS DE SIG-WEB: O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO CURIÓ (PARACAMBI-RJ) Davyd Souza de Paiva3 Paulo Walter Freire do Nascimento4 Vivian Castilho da Costa5 Resumo Palavras-chave: Sig-Web; Unidades de Conservação; Geoprocessamento; I3GEO. No Brasil as Unidades de Conservação figuram como importantes territórios com o objetivo de preservação/conservação do ambiente legalmente instituído pelo Estado. A conscientização de visitantes e moradores locais sobre a importância de preservar tais territórios, aliado a boas práticas de gestão ambiental por parte do gestor de Unidade de Conservação (UC) são de suma importância para que atinjam seu objetivo principal. Mas como difundir e motivar tal conservação? Um dos meios é fazendo uso de ferramentas que tanto auxiliem o gestor da UC a planejar atividades ecoturísticas, como sirvam também para divulgar os seus atrativos para a comunidade. Nesse sentido a divulgação de mapas interativos na internet é primordial, sendo o objetivo principal do presente trabalho, que ao utilizar o SIG-WEB I3Geo construiu um Atlas Digital Ecoturístico para o Parque Natural Municipal do Curió, localizado no município de Paracambi-RJ. Assim usuários de diferentes níveis de conhecimento podem fazer uso das informações do Guia, partindo desde simples visualizações de mapas à complexas análises, tendo como objetivo o apoio à tomada de decisão. A metodologia do trabalho seguiu os seguintes passos: aquisição e tratamento da base de dados georreferenciada utilizando SIGs livres e tendo como base os requisitos do I3Geo; construção dos Mapfiles (arquivos que “ensinam” o I3Geo a ler a base de dados); ajustes internos dentro do I3Geo e uso do seu sistema de administração. Por fim, como resultados finais, foram realizados testes em um ambiente cliente-servidor instalado na SERAD-SR2-UERJ a fim de simular a consulta do Guia por usuários na internet e estão sendo realizados testes no ambiente cliente3 4 davydsp@gmail.com, Curso de graduação em Geografia, Bolsista voluntário PIBIC-UERJ. paulow-rj@hotmail.com Colaborador. Curso de graduação em Geografia, Bolsista CNPq- PIBIC-UERJ 5 vivianuerj@gmail.com Orientadora: Profa. Adjunta, LAGEPRO, Instituto de Geografia (IGEOG)-UERJ. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 41 servidor (Linux) na Prefeitura Municipal de Paracambi. Para a hospedagem do Atlas, foi criada uma home Page com informações do Parque. Põe-se como desafios futuros o aperfeiçoamento do Atlas e a implementação de metadados geoespaciais (perfil INDE-CONCAR) para o banco de dados geográfico utilizado. Resumen Palabras clave: SIG - Web, Unidades de Conservación, GIS, i3Geo. En Unidades de Conservación de Brasil que figuran como territorios importantes para el fin de la conservación / preservación del medio ambiente establecido legalmente por el Estado. La conciencia de los visitantes y los residentes locales acerca de la importancia de preservar estos territorios , aliada a las buenas prácticas de gestión ambiental por el director de la Unidad de Conservación (UC ) son de vital importancia para lograr su objetivo principal. Pero como tal difusa y motivar la conservación? Una forma de hacerlo es mediante el uso de herramientas que ayudan tanto el gerente de planificación de la UC actividades de ecoturismo , como también sirven para dar a conocer los lugares de interés para la comunidad. En este sentido, la difusión de mapas interactivos en Internet es de suma importancia , con el objetivo principal de este trabajo, que mediante el uso del SIG -WEB i3Geo construyó un Atlas Ecoturístico Parque Natural Municipal Curió Digital , con sede en el municipio de Paracambi -RJ. Así, los usuarios de diferentes niveles de habilidad pueden hacer uso de la información de la Guía , a partir de puntos de vista de los análisis simples mapas complejos , con el objetivo de apoyar la toma de decisiones . La metodología del estudio incluyó las siguientes etapas: adquisición y procesamiento de bases de datos geo -referenciada utilizando GIS libre y en base a los requisitos de i3Geo ; mapfiles construcción ( archivos que " enseñar" al i3Geo para leer la base de datos ), los ajustes internos dentro del i3Geo y uso de su sistema de gestión. Finalmente, como resultado final , las pruebas se realizaron en un servidor de cliente instalado en SERAD - SR2UERJ para simular Guía de la consulta de los usuarios de Internet y las pruebas se llevan a cabo en el entorno de cliente - servidor ( Linux) 1. Introdução Atualmente, ocorre um debate entre homem e natureza que surge de forma distinta e muitas vezes oposta. Do ponto de vista da importância de se construir mecanismos de conservação ambiental esta relação torna-se foco de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 42 discussão entre ambientalistas e especialistas de diversas áreas do conhecimento de todo mundo ao se estabelecer o uso público em Unidades de Conservação (UC), principalmente as que possuem categoria de proteção integral. É necessário que nos atentemos para a relação entre território e as Unidades de conservação, corroborando com o pensamento de Soares (2009), ao qual podemos entender o território como espaço de relações dos subsistemas naturais, construído e social, subsistemas esses que compõe o ambiente, não sendo entendido apenas como entorno físico onde se desenvolve a vida do homem, animal e vegetal e onde são contidos os recursos naturais, mas também compreende a atividade do homem que modifica essas relações. Nessas relações, destacam-se as Unidades de conservação no sentido de estas serem uma delimitação de territórios destinados a garantir a perpetuação dos recursos e a manutenção dos serviços ambientais essenciais para as sociedades (Soares, 2009). O processo de criação e gestão de Unidades de conservação, enquanto uma particularidade do processo de ordenamento territorial evoluiu ao longo da história das sociedades agregando diferentes motivações e responsabilidades. A modernidade trouxe novas motivações, como uma tentativa de evitar a expansão irracional dos processos produtivos sobre os remanescentes dos ecossistemas silvestres garantindo ao mesmo tempo, a conservação da biodiversidade. O Estado, por sua vez, teve que assumir a maior parte da responsabilidade pela criação e gestão das áreas. O Brasil, que incorporou a criação das unidades de conservação como uma das principais ações políticas nas áreas ambientais, não fortaleceu as instituições executivas das políticas e, por isso, muitas delas continuam sendo consideradas “ficções jurídicas” (Pádua, 1986). A sociedade civil, por sua vez, ainda carece de informações básicas sobre o valor e a importância dos espaços preservados. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 43 Neste sentido o objetivo deste trabalho é a divulgação de mapas interativos na internet, que ao utilizar o SIG-WEB I3Geo6 para construiu um Atlas Digital Ecoturístico para o Parque Natural Municipal do Curió, localizado no município de Paracambi no Estado do Rio de Janeiro (figura 01), que permitirá um melhor gerenciamento do Parque considerando seus limites geográficos, físicos, biológicos e socioeconômicos. Assim, é possível registrar fenômeno natural em uma distribuição espacial, identificando sua área de influência e suas limitações. 44 Figura 01: Área de estudo (Parque Natural Municipal do Curió – Município de Paracambi – RJ). Deste modo, usuários de diferentes níveis de conhecimento podem fazer uso das informações do Guia, partindo desde simples visualizações de mapas à 6 O i3Geo é uma plataforma livre para integração de dados georreferenciados sobre o Brasil e é baseado em software livre (MapServer). Sua sigla “i3Geo” significa “Interface Integrada para Internet de Ferramentas de Geoprocessamento”. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 complexas análises, tendo como objetivo o apoio à tomada de decisão e a reflexão sobre o que está sendo exposto. Cada etapa metodológica seguida para a realização da presente pesquisa, com o uso da plataforma i3Geo, será detalhada no item a seguir. 2. Metodologia A metodologia do trabalho seguiu, resumidamente, os seguintes passos: aquisição e tratamento da base de dados georreferenciada utilizando Programas SIGs livres como, por exemplo: Quantum GIS, GPS Track Maker, PostgreSQL/PostGIS, Mapserver e tendo como base os requisitos do I3Geo, além de levantamento bibliográfico, incluindo consultas a manuais, tutoriais e fóruns da Web, a respeito dos softwares livres, tanto de Sistema de Informação Geográfica, como aplicativos ou visualizadores de mapas pela internet; construção dos Mapfiles (arquivos que “ensinam” o I3Geo a ler a base de dados); ajustes internos dentro do I3Geo e o uso do seu sistema de administração em ambiente servidor. 45 A metodologia desenvolvida na construção do Atlas Digital Ecoturístico para o Parque Natural Municipal do Curió utiliza apenas softwares livres (tanto de GIS como de GISWEB), o que isenta o pesquisador de custos de licenciamento com os softwares proprietários correlatos. Outra vantagem em usar os softwares livres (OpenGIS padrão OGC) em relação aos softwares proprietários correlatos são as funcionalidades de aplicativos para GISWEB que encontramos nos softwares livres que não encontramos nos softwares proprietários. E essas funcionalidades foram fundamentais no desenvolvimento do Atlas Digital Ecoturístico para o Parque Natural Municipal do Curió. No entanto, sentiu-se a dificuldade em se trabalhar com sistema operacional Linux em servidores dedicados na UERJ em função destes não permitirem o acesso remoto autorizado para a instalação de softwares livres integrados ao i3Geo, como por exemplo, Mapserver ou Apache. Como testes só foram permitidos, por segurança e tempo limitado, a instalação do i3Geo em servidor com Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Windows 7 existente na SERAD-SR2-UERJ. Portanto, os softwares escolhidos na construção do Atlas digital dentro desse ambiente operacional são a seguir detalhados. O I3Geo7 na sua versão 4.6 (disponível para baixar no sítio da comunidade i3Geo, existente no Portal do Software Público Brasileiro)8 com o objetivo principal de fornecer uma plataforma para o desenvolvimento de mapas interativos e disseminação de dados geoespaciais (Manual do Sistema de Administração do i3Geo, 2013)9. É um aplicativo baseado nas linguagens PHP e Java script e integra diferentes softwares, sendo baseado principalmente no Mapserver, que é um engine open source de renderização de dados geográficos10 cujo objetivo é exibir mapas dinâmicos através da internet. Foi desenvolvido para ser instalado em servidores acessíveis por meio da rede mundial de computadores, mas pode também ser instalado em computadores pessoais (PIMENTA, 2012). O I3Geo se destaca em relação a outros softwares correlatos devido ao oferecimento de um conjunto de funcionalidades pouco comuns a softwares dessa categoria. Nele o usuário final pode alterar a simbologia utilizada na representação dos dados geoespaciais, inserir seus próprios textos e elementos gráficos, algumas opções de análise geográficas são oferecidas, como a geração de buffers, consultas baseadas em tabelas de atributos, entre outras funcionalidades. Além disso, ele supre diversos requisitos comumente necessários na implementação de uma IDE (Infraestrutura de Dados Espaciais), como o fornecimento de serviços nos padrões OGC (Open Geospatial Consortium) ou download de arquivos (MORRETI, 2013). Apesar das vantagens, o I3Geo exige por parte do desenvolvedor um conhecimento 7 Licenciado como GPL (GNU - General Public License - Licença Pública Geral). 8 http://softwarepublico.gov.br. 9 Manual do Sistema de Administração do i3Geo – versão 2.0. Para versão 4.6 do i3Geo. Disponível em: http://mapas.mma.gov.br/i3geo/documentacao/manual_de_%20administracao_do_i3geo.pdf. Acesso em 20 de setembro de 2013. 10 Engine open source de renderização de dados geográficos significa Engrenagem de desenho de dados geográficos em software livre. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 46 técnico apurado para que seja operado de forma eficiente, além de inúmeras configurações, o que dificulta a sua utilização por usuários pouco experientes. Por ser baseado principalmente, no Mapserver, os projetos desenvolvidos no I3Geo tem como parte crucial a criação, edição e controle dos Mapfiles, que por consequência são o coração do Mapserver. Trata-se de um arquivo tipo texto que recebe a extensão ".map" e contém as configurações de um mapa, definindo as relações entre os objetos, apontando onde os dados estão localizados, definindo a forma como as coisas devem ser desenhadas, tudo seguindo uma sintaxe específica criada pelo Mapserver (Manual do Sistema de Administração do i3Geo, 2013) (MAPSERVER, 2012). O mapfile “ensina” o I3Geo a ler a base de dados corretamente, mostrando qual simbologia para representar o dado geoespacial o I3Geo deve usar, se deve permitir o download do dado por parte do usuário final entre outras configurações. Outro software utilizado na construção do Atlas Digital Ecoturístico para o Parque Natural Municipal do Curió foi o Quantum GIS (QGIS) na versão 1.8 11, que é um sistema de informações geográficas (SIG) open source, licenciado sobre GNU GPL (General Public Licence), sendo um projeto oficial da Open Source Geoespatial Foundation (OSGEO, 2012). Ele é um software SIG Desktop livre muito completo, oferecendo inúmeros recursos fornecidos por funções principais e plug-ins (aplicativos). Seu uso e configuração se assemelham muito ao seu software proprietário correlato, o ARCGIS (ESRI 12), que possui uma interface intuitiva e amigável, o que facilita o seu uso por diversos profissionais e economiza tempo com treinamentos específicos sobre o software. O fato de o Quantum GIS possuir tradução para a língua portuguesa é um atrativo a mais para usuários menos experientes. 11 Disponível documentação e download em: http://qgisbrasil.org/. 12 ArcGIS (http://pt.wikipedia.org/wiki/ArcGIS) é o nome de um grupo de programas informáticos e que constitui um Sistema de informação geográfica. É produzido pela ESRI. (http://pt.wikipedia.org/wiki/ESRI) A ESRI (Environmental Systems Research Institute) é uma empresa americana especializada na produção de soluções para a área de informações geográficas. Foi fundada em 1969 por Jack e Laura Dangermond como uma empresa de consultoria em estudos de uso do solo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 47 Com o Quantum GIS pode-se visualizar, gerenciar, editar, analisar dados e compor mapas imprimíveis (NANNI et al., 2012). Dentre suas principais características a que mais beneficiou o projeto foi ajudar na publicação do seu mapa na web usando o QGIS Server ou o plugin “Mapserver Export.”. Por último foi utilizado um software editor de texto livre chamado SciTE 13. Poderia ser utilizado qualquer outro editor de texto para Windows, porém este editor de texto possui funcionalidades para construção e execução de programas, que contam com o recurso adicional de “estilo de sintaxe automática”, facilitando a edição (SCITILLA, 2013). Ele também pode conter vários arquivos/programas na memória, porém apenas um será visível através de um sistema de abas que facilita muito na organização na hora da edição dos arquivos, além de suportar inúmeras linguagens, entre elas, consegue editar e reconhecer arquivos mapfiles. É através desse software que faremos algumas edições nos arquivos mapfiles e em outros arquivos dentro do I3Geo. Após essa breve descrição dos softwares utilizados, destacamos na figura 02 os passos metodológicos executados para a construção do Atlas Digital Ecoturístico do Parque Natural Municipal do Curió. Como podemos observar, para o desenvolvimento do Atlas, a partir desse momento será utilizada a expressão GIS-WEB para nos referirmos a ele, demandando uma série de etapas e ações mais complexas. 1313 SciTE é uma sigla para "Editor de texto baseado no Scintilla" (SCIntilla based Text Editor). Disponível em: http://www.scintilla.org/SciTE.html. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 48 Figura 02: Etapas metodológicas no i3geo para a realização do Atlas Ecoturístico do Parque Natural Municipal do Curió (Paracambi-RJ). Apesar do objetivo central do trabalho ser a divulgação de dados geográficos na internet, uma etapa anterior, a de aquisição e tratamento dessa base, se fez necessária para o correto andamento no desenvolvimento da aplicação GISWEB. Na etapa de aquisição de dados, a principal fonte de dados geoespaciais foi oriunda do plano de manejo do parque, que foi elaborado em 2009 e aprovado em 2010. Esses dados foram escolhidos de acordo com a importância e conveniência em reuniões entre os desenvolvedores e a superintendente de projetos ambientais desenvolvimento da secretaria sustentável municipal (SEMADES) da de meio prefeitura ambiente Municipal e de Paracambi-RJ. Dentro de uma base de dados ampla, foram escolhidos 33 temas que poderão ser consultados e manipulados no I3Geo na Web, divididos em 10 unidades temáticas, a saber:  Unidade temática “Áreas Protegidas” com os temas: Limite do Parque Natural Municipal do Curió; Limite da Zona de Amortecimento do Parque Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 49 Natural Municipal do Curió; Corredores ecológicos e UCs do Estado do Rio de Janeiro;  Unidade temática “Trilhas” com os temas: Trilha do Grotão; Trilha do Jequitibá; Trilha da Biquinha do Costa; Trilha da Cachoeira do Pacheco; Trilha do Bugio e Trilha Caminho dos Escravos;  Unidade temática “Uso do Solo” com os temas: Uso do Solo do Parque Natural Municipal do Curió 2009; Uso do Solo da Zona de Amortecimento do Parque Natural Municipal do Curió 2009; Área urbana;  Unidade temática “Zoneamento do Parque”, com o tema: Zoneamento do Parque Natural Municipal do Curió;  Unidade temática “Topografia” com os temas: Hipsometria do Parque Natural Municipal do Curió; Hipsometria da Zona de Amortecimento do Parque Natural Municipal do Curió;  Unidade temática “Hidrografia” com os temas: Hidrografia linha; Hidrografia polígono;  Unidade temática “Geomorfologia” com os temas: Geomorfologia do Parque Natural Municipal do Curió; Geomorfologia da Zona de Amortecimento do Parque Natural Municipal do Curió; Orientação das encostas do Parque Natural Municipal do Curió; Orientação das encostas da Zona de Amortecimento do Parque Natural Municipal do Curió; Declividade do Parque Natural Municipal do Curió; Declividade da Zona de Amortecimento do Parque Natural Municipal do Curió;  Unidade temática “Pedologia” com os temas: Solos Parque Natural Municipal do Curió CPRM EMBRAPA; Solos Zona de Amortecimento Parque Natural Municipal do Curió CPRM EMBRAPA; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 50  Unidade temática “Infraestrutura do entorno” com os temas: Escolas Públicas; Unidades de Saúde; Edificações; Empreendimentos Comerciais. Após essa etapa, foi feita a manipulação da base de dados cartográfica, com o objetivo de uniformizar os diversos arquivos oriundos da base de dados do plano de manejo do parque. Assim foram feitos ajustes já tendo em vista o seu uso dentro do I3Geo, como a alteração de todos os arquivos para o sistema de coordenadas geográficas e o Datum SAD 69, visto que segundo (MMA, 2010) o I3Geo utiliza o “Scrid 4291” (referente a este sistema de coordenada e datum). Outro tipo de ajuste feito nos dados foi na sua nomenclatura. Com o objetivo de facilitar etapas posteriores de edição de arquivos e mapfiles, foi feita a opção de deixar todos os nomes dos arquivos em letra minúscula, sem acento, sem traço, sem underline e sem caracteres especiais. Assim evitamos eventuais bugs do I3Geo de não reconhecer ou não abrir determinado arquivo e erros de conversão do processo de criação de mapfiles dentro do Quantum GIS. 51 A etapa de consolidação da base de dados em um banco de dados consiste em agruparmos todos esses dados em Sistema Gerenciador de Banco de dados com vista a facilitar o acesso do I3Geo aos dados e deixá-los melhor organizados. O I3Geo permite conexão com o software livre POSTGRE de banco de dados com a sua extensão geográfica POSTGIS. Com isso ele consegue acessar (abrir e manipular) dados oriundos de bancos de dados baseados nesse programa e representá-los no I3Geo desde que os Mapfiles dos dados geoespaciais sejam devidamente configurados para tal. Além disso, o software Quantum GIS utilizando a funcionalidade “Camada/Adicionar camada POSTGIS”, é capaz de abrir e manipular livremente dados dentro de banco de dados sediados no POSTGRE/POSTGIS que é gerenciador de dados geográficos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Apesar de todas as vantagens citadas em usar o software gerenciador de dados geográficos POSTGIS com a extensão POSTGRE, o mesmo não foi utilizado na metodologia do trabalho porque os desenvolvedores não possuem permissão para trabalhar diretamente no computador servidor web, apenas permissão para transferir dados para ele. Como este software demanda instalação e configuração diretamente no computador servidor, seu uso se tornou inviável, já que a SEMADES Paracambi precisou instalar máquina virtual e o Windows 7 para que o i3Geo funcionasse para a rede (web) externa. Os equipamentos de servidores da secretaria só funcionam com versão PUX (Linux voltada para o meio Acadêmico) e, portanto, não compatíveis para a instalação do i3Geo que exige versão Ubuntu e Debian. A alternativa encontrada foi desenvolver a aplicação GIS-WEB baseada apenas nos arquivos vetoriais com a extensão shapefile (.shp) em um diretório único dentro do I3Geo como forma de facilitar o acesso aos dados da base de dados geoespaciais. Assim contornamos nossa limitação de acesso ao servidor, visto que basta transferirmos os arquivos para ele sem necessidade de outras configurações dentro do servidor final. Essa alternativa explora uma característica do I3Geo advinda do seu programa principal, o Mapserver, que consegue representar tanto dados oriundos do software POSTGRE como representar diretamente dados vetoriais e raster. Após essas etapas podemos finalmente começar a desenvolver nossa aplicação GISWEB dentro do I3Geo. Após baixar a versão 4.6 do I3Geo depois de um breve cadastro no Portal Software Público, basta apenas descompactar o arquivo baixado diretamente no drive “C:” do computador e iniciar o programa Apache, que é um programa servidor web livre que compõe o I3Geo, para que o mesmo esteja disponível via navegador. Ao digitar “localhost/curio” no navegador do computador, libera o acesso ao I3Geo. Porém ele ainda apresenta como representação inicial o mapa do Brasil, para que ele apresente a nossa área de estudo como representação inicial é necessária a alteração da extensão do mapa padrão do I3Geo na Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 52 pasta “aplicmap”, para abrir o mapfile básico do I3Geo em um editor de texto, que no nosso caso é o arquivo “geral1windowsv6.map”, e alterar o valor da TAG “EXTENT” para os valores da sua área de estudo conforme é mostrado na figura 03. Figura 03: Alterando o mapa do I3Geo para a área de estudo. 53 Os valores da “EXTENT” devem estar no sistema de coordenadas geográficas SAD 69, os graus devem estar separados dos minutos por pontos (.) e não por vírgula (,) para que o I3Geo entenda corretamente a coordenada e que as mesmas podem ser adquiridas através de dois pontos x,y com o dado sendo visualizado em sua extensão total dentro de qualquer SIG Desktop, onde o primeiro ponto x,y é adquirido no canto inferior esquerdo e o segundo ponto x,y de coordenadas é adquirido no canto superior direito do dado geoespacial em questão. Para que a aplicação GISWEB faça uso de um importante recurso do I3Geo, a API do Google maps, que permite abrir sob os dados a serem representados no I3Geo os mapas do Parque (área de estudo) no Google maps. É necessário a alteração da interface padrão do I3Geo, que originalmente é a API da OpenLayers para a API do Google maps, abrir o arquivo “ms_configura.php” em um editor de texto, procurar a expressão Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 “$interfacePadrao=”openlayers.htm”” e substituir pela expressão “$interfacePadrao=”googlemaps.phtml””, conforme vemos na figura 04. Figura 04: Alterando a interface padrão do I3Geo. O último passo para concluirmos a etapa de criação de um ambiente de produtividade final dentro do I3Geo é a criação de grupos de layers ou planos de informação dentro no menu do I3Geo. Esse passo é importante, pois com ele podemos organizar melhor os dados dentro do I3Geo, indicando a ordem que os mesmos serão dispostos no menu e facilitando o acesso dos dados por parte do usuário final da aplicação GIS-WEB, visto que os planos de informação foram configurados tendo em vista as Unidades temáticas já citadas anteriormente no texto. Concluída a etapa de criação de um ambiente de produtividade final dentro do I3Geo, a próxima etapa é o teste da montagem e configuração de um servidor web. Esta etapa metodológica é complexa e no nosso caso foi superada com o auxílio de suporte técnico da equipe da SERAD-SR2-UERJ, que nos disponibilizou um ambiente teste em servidor configurado sobre uma máquina virtual e com sistema operacional Windows. Assim, foi necessária apenas a migração dos dados do ambiente local onde a aplicação estava sendo desenvolvida para o ambiente servidor. Como o acesso a esse servidor não era totalmente livre no acesso remoto e instalação de softwares, optou-se por não Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 54 usar um software gerenciador de banco de dados livre, a exemplo do POSTGRE com a extensão POSTGIS, que poderia inviabilizar o teste da aplicação GIS-WEB desenvolvida. Após constatar o sucesso do teste do i3Geo na SERAD-SR2-UERJ, foi realizado o mesmo teste no servidor da SEMADES (Paracambi), no entanto com o TI (técnico em informática) da prefeitura já criando um endereço de URL para hospedar os mapas em i3geo, que foi designado como <http://www.i3geo.paracambi.rj.gov.br>. Utilizou-se para o acesso ao servidor também uma máquina virtual com Windows 7 e o pacote ms4w do i3geo (Mapserver, Apache, entre outros) instalado. O diferencial conseguido ao final foi um acesso remoto externo ao servidor da prefeitura de Paracambi com ótima velocidade de acesso aos dados do Atlas do PNMC, proporcionando uma maior rapidez em relação aos testes do servidor da SERAD/SR-2/UERJ. A seguir, temos a etapa mais delicada no desenvolvimento do GIS-WEB, que é a criação dos mapfiles, arquivo tipo texto com a extensão “. map” que ensina o I3Geo a ler os dados geoespaciais, além de conter diversas outras configurações, como por exemplo, permitir o download dos dados. Na figura 05 podemos ver um esquema dos passos de como os mapfiles deste trabalho foram criados. Figura 05: Metodologia para a criação dos mapfiles. O trabalho de criação do mapfile tem início com o uso do software Quantum GIS, onde foram escolhidos os dados geoespaciais que precisavam ser criados Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 55 para o mapfile e elaborada a simbologia padrão para cada layer, a mesma que deverá aparecer como categoria de cada mapa a ser representado no I3Geo, conforme a figura 06. Uma observação importante é que o software requisita que se faça o uso da “simbologia antiga”, visto que apenas com ela o plugin funciona. Depois de elaborada a simbologia, deve-se salvar o projeto. 56 Figura 06: Elaboração de simbologia no QGIS. Nota-se o limite da área de estudo (Parque Natural Municipal do Curió) em linha verde. Realizado esse passo, o próximo é fazer uso do plugin “Mapserver Export.” no QGIS para gerar um primeiro “mapfile bruto” sobre o dado geoespacial, posteriormente refinado, para poder enfim ser usado dentro do I3Geo. Na caixa de diálogo que abrir, deve ser selecionada a opção “Usar projeto atual”, escolher o local onde o mapfile a ser gerado deve ser salvo e marcar a opção “Apenas informação da camada” conforme pode ser observado na figura 07. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 07: Usando o plugin “Mapserver Export.” do QGIS. Após o primeiro refinamento do mapfile no editor de texto, seguimos para o último passo na criação de mapfiles adequados para uso no I3Geo, que é o segundo refinamento do mapfile, feito através do sistema de administração do I3Geo, que é acessível através do navegador com a interface do I3Geo aberta, no menu “admim” na opção “página principal”, conforme vemos na figura 08. Figura 08: Acessando o Sistema de administração do I3Geo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 57 Para que os mapfiles possam ser visualizados e editados dentro do sistema de administração do I3Geo eles devem estar armazenados dentro da pasta “temas”. Com isso poderemos associar (vincular) um tema ao mapfile, registrando-os no banco de dados de administração, pois só assim a árvore de temas, que se encontra na aba catálogo do I3Geo disponível para o usuário final poderá ter acesso aos mapfiles a fim de realizar downloads. Além disso, poderemos editar os mapfiles através do sistema de administração com as diversas opções que ele oferece. Sendo assim, deve-se transferir todos os mapfiles ajustados no primeiro refinamento para a pasta “temas”. 3. Resultados e discussão No Brasil, de um modo geral, as Unidades de Conservação, ainda que possuam ferramental e bases de dados para criar mapas temáticos utilizando softwares de SIG (Sistema de Informação Geográfica), na sua maioria, ainda não contam com mapas virtuais dinâmicos na Web. A alternativa por mapas interativos pode ser proporcionada por um GIS-WEB, com interface mais amigável que outros SIGs, para a disseminação dos atrativos das UCs, além de facilitar a gestão participativa do público em geral. É dentro deste contexto que se insere o presente trabalho, onde utilizou-se do aplicativo servidor de mapas I3geo. Este GIS-WEB por adotar padrões internacionais de interoperabilidade (segue os padrões OGC – Open Geospatial Consotium), foi escolhido no intuito de ser uma opção livre e sem os problemas de compra ou renovação de licenças de outros softwares proprietários. A seguir serão mostrados os resultados obtidos durante o processo de desenvolvimento e elaboração do Atlas Ecoturístico do Parque Natural Municipal do Curió (figuras 9 a 12): Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 58 Figura 09: Edição do mapfile principal no I3Geo. 59 Figura 10: Configuração do grupo de layers que serão visualizados no painel principal do I3Geo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 11: Utilização do plugin “Mapserver Export” do Qgis para gerar um “mapfile bruto”. 60 Figura 12: Apresentação do I3Geo no localhost já constando todos os mapfiles, incluindo os limites do parque e da sua zona de amortecimento. 4. Conclusão Com instalação do I3Geo no servidor da Prefeitura de Paracambi, conseguiuse dessa forma ampliar o acesso aos dados geográficos do parque no site oficial construído para os visitantes e turistas conhecerem o parque. O site está hospedado também no servidor e no portal oficial da Prefeitura do Município de Paracambi, sob a URL <www.curio.paracambi.gov.br> (figura 13). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 13: Site oficial do PNMC construído para a SEMADES-Paracambi, já constando sua RL. No link “Atlas”, o usuário é remetido ao Atlas Digital no ambiente i3Geo modificado <www.i3geo.paracambi.gov.br> (figura 14). 61 Figura 14: O i3geo com o Atlas do Curió pode ser acessado através de seu site oficial hospedado em servidor da Prefeitura de Paracambi. Vê-se a legenda respectiva do mapa na janela do lado esquerdo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 4. Conclusão Conclui-se que com a utilização do GIS-WEB I3Geo foi possível a criação de uma plataforma na internet capaz de divulgar os atrativos ecoturísticos do Parque Natural Municipal do Curió em Paracambi com suas trilhas e seus aspectos físicos, contribuindo assim para o desenvolvimento do turismo (e do ecoturismo) no município e disseminando dados geográficos do parque para futuros estudos por pesquisadores e os técnicos da secretaria municipal do meio ambiente de Paracambi - SEMADES. O I3Geo em sua própria definição, liberdade de uso e funções, permitiu alcançar o pleno objetivo e desenvolvimento do trabalho junto ao apoio da SEMADES. 5. Bibliografia MANUAL DE ADMINISTRAÇÃO DO SOFTWARE I3GEO. Versão 2.0. para versão 4.6 do i3Geo. Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). 2011, 95 p. Disponível em: http://www.softwarepublico.org.br. Acessado em 15 de junho de 2013. MAPSERVER. Open Source Web mapping: Mapserver 6.0.3 documentation. 2012. Disponível em < http://www.mapserver.org>. Acesso em 15/09/2013. MMA. Ministério do Meio Ambiente. PRODUTO 02 – Roteiro para instrutor, uma apostila padrão para capacitação, compilação bibliográfica e formulário de avaliação. André Luciancencov Redivo (consultor). PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Brasília. 10 de agosto de 2010. MORETTI, Edmar. Integração do software I3Geo com o GVSIG. Disponível em <http://downloads.gvsig.org/download/events/jornadas-lac/3as-jornadaslac/articles/Article-Integracao_i3Geo_gvSIG.pdf>. Acesso em 15/09/2013. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 62 NANNI, A. 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ECOTURISMO APLICADO A UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: PROPOSTA DE ROTEIRO ECOTURISTICO E DIDÁTICAS DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL EM FRAGMENTO DE MATA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO RIO MAMANGUAPE EM RIO TINTO – PB. Henrique Bezerra dos Santos14 Hugo Yuri Elias Gomes de Assis15 MSc. Anderson Alves dos Santos16 Resumo Palavras Chave: Conservação; Paisagem; rio Mamanguape; APA; atividades interativas. O ecoturismo é um segmento do turismo que tem como um de seus objetivos proporcionar ao praticante uma experiência mais vívida e um contato mais dinâmico com os ambientes naturais, gerando nas pessoas um senso crítico sobre a necessidade de preservação do meio ambiente e proporcionando conhecimentos sobre ecologia e conservação, enquanto se aprecia belas paisagens, além da riqueza ecológica local. O principal objetivo deste trabalho foi gerar uma base de dados para realização da prática de ecoturismo e educação ambiental não formal em um fragmento de Mata Atlântica na área de proteção ambiental do rio Mamanguape. Foram utilizados conceitos e metodologias adaptadas do Ministério do Turismo e de autores como Costa; M et al, 2012., Silva; T. 2007, e Moraes; 2010. Para este trabalho foi utilizada uma câmera fotográfica e um GPS Garmin Etrex 10 para demarcação de possíveis pontos de interpretação e catalogação de itens relevantes ao ecoturismo baseado no método IAPI (Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos), (Magro, T e Freixedas, V 1998). Após o levantamento em campo, estes dados foram tratados em ambientes SIG, gerando uma carta temática onde se pôde observar a trilha interpretativa levantada. Concluímos que o atual estado de conservação do fragmento de mata está ligado às pressões que ela sofre devido às atividades antrópicas desenvolvidas em seu entorno que vão desde a atividade extrativista à atividade canavieira, e como diferente ecossistemas interagem com as diferentes unidades de paisagem. Também observamos que o ecoturismo é uma forma de educar a população sobre a importância de se conservar o meio ambiente pois o fato de realizar 14 henricariocapb@hotmail.com Graduando em ecologia, UFBP campus IV. hugo.ecologia@gmail.com Graduando em ecologia, UFPB campus IV. E-mail: 16 mailto:geoecoufpb@gmail.com MSc em Geografia da paisagem, professor do curso de Ecologia, UFPB campus IV. 15 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 64 algum tipo de aventura tende a despertar o interesse das pessoas. Há também a possibilidade de instruir as comunidades tradicionais de cultura extrativista sobre como explorar os recursos florestais de forma sustentável. Resumen Palabras clave: Conservación; Paisaje; Río Mamanguape; APA; actividades interactivas. El ecoturismo es una industria turística que tiene como uno de sus objetivos para ofrecer al profesional una experiencia más viva y un contacto más dinámico con el medio natural, creando en las personas un sentido crítico acerca de la necesidad de preservar el medio ambiente y proporcionar conocimientos sobre la ecología y conservación, mientras disfruta de hermosos paisajes, además de la riqueza ecológica local. El objetivo principal de este trabajo fue generar una base de datos para llevar a cabo la práctica del ecoturismo y la educación ambiental no formal en un fragmento de bosque atlántico en lo Patio de protección ambiental de lo río Mamanguape.Utilizamos conceptos y metodologías adaptadas de la Consejería de Turismo y autores como Costa, M et al, 2012., Silva, T. 2007 y Moraes, 2010. Para este trabajo se utilizó una cámara y un GPS Garmin Etrex 10 para la demarcación de los puntos posibles de interpretación y catalogación de los elementos pertinentes para el ecoturismo basado en el método del IAPI (Indicadores de Atractivo Punto de Interpretación) río (Slim, T y Freixedas, V 1998 .). Tras el estudio de campo, estos datos fueron tratados en entornos SIG, generando un tema carta donde se puede observar el sendero interpretativo planteado. Llegamos a la conclusión de que la condición actual del fragmento de bosque está relacionada con las presiones que sufre debido a las actividades humanas desarrolladas en torno a ellos, que van desde la actividad minera para la industria de la caña de azúcar, y cómo los diferentes ecosistemas interactúan con las diferentes unidades de paisaje. También se observó que el ecoturismo es una forma de educar al público sobre la importancia de conservar el medio ambiente debido a que el hecho de realizar algún tipo de aventura tiende a despertar el interés de la gente. También existe la posibilidad de que instruir a las comunidades extractivas tradicionales de cultivo en la forma de explotar los recursos forestales de manera sostenible. 1. Introdução “O ecoturismo é uma atividade estruturada nos moldes da sustentabilidade, por isso, baseia-se na conservação e na conscientização, através da educação ambiental, e no desenvolvimento local mais sustentável” (Costa et al., 2012). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 65 Quando bem planejadas e com a devida manutenção as trilhas protegem o ambiente dos impactos de seu uso, assim como também proporcionam aos visitantes maior conforto, conscientização ambiental, segurança e interatividade. É também um recurso de dispersão, pois retira os turistas de grandes concentrações, o chamado “turismo de massa”, já que havendo maior variedade de locais, evita-se a aglomeração em ambientes sejam eles naturais ou não, esse tipo de turismo ao contrario do ecoturismo é altamente destrutivo aos ambientes e torna o controle das atividades mais difícil. “O ecoturismo é a viagem para áreas geralmente protegidas, frágeis e intocadas, (geralmente) em pequena escala e que busca causar baixo impacto, Ajuda a educar o viajante; proporciona recursos para a conservação; beneficia diretamente o desenvolvimento econômico e o poder político das comunidades locais; e estimula o respeito por culturas diferentes e pelos direitos humanos”. (LASKOSKI; G, 2006). Desde a década de 60 com a obra Silent Spring de Rachel Carson vemos que o mundo enfrenta um colapso ambiental, vemos que pessoas com diferentes ideias discutem sobre como “preservar” o que resta dos ecossistemas, mas na maioria das vezes visando somente o benefício financeiro; e se não fossem as iniciativas de entidades formadas por pessoas preocupadas com a conservação e manutenção dos ambientes naturais e com a formação de uma consciência ecológica, o pouco que nos resta das riquezas de nosso planeta já estariam esgotadas. Dentro dessa perspectiva de conservação há aquelas pessoas que, não por consciência ambiental ou senso de educação, mas por prazer próprio, procuram ambientes naturais na busca de aventuras que os centros urbanos não podem proporcionar. Segundo BOO (1992), “as populações, principalmente urbanas, vêm buscando mais contato com ambientes naturais, aumentando consideravelmente a demanda pelas áreas naturais protegidas ou Unidades de Conservação”. As áreas procuradas para as práticas de ecoturismo geralmente apresentam recursos únicos e muito frágeis que quase sempre, estão propícios a danos irreparáveis, o que pode Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 66 agravar ainda mais o quadro de degradação, dependendo do manejo aplicado pelos órgãos competentes. Quando Planejado de forma correta mediante análise geral de todos os componentes da região, o ecoturismo tem o potencial de gerar mais benefícios econômicos, educativos e empregos, com o menor prejuízo ao meio ambiente do que quaisquer outras formas de desenvolvimento sejam elas tecnológicas ou econômicas; é portanto, uma atividade extremamente lucrativa no regime econômico contemporâneo, que apresentou um elevado crescimento no setor nos últimos anos. O sistema capitalista muito embora tenha criado o conceito de desenvolvimento sustentável não utiliza os princípios deste da forma que deveria ser feito, desse modo o chamado “Marketing verde” tem mascarado atividades que provocam a degradação de vários ambientes naturais. Apesar das divergências existentes entre o regime capitalista e o desenvolvimento sustentável, existe uma relação de interdependência entre esses dois conceitos, pois o ecoturismo utiliza o ambiente como matéria-prima e depende do mesmo para a continuidade dessa atividade (LASKOSKI, G 2006). Tendo em vista os benefícios advindos das atividades sustentáveis, o principal objetivo deste trabalho consiste em gerar uma base de dados para realização da prática de ecoturismo e educação ambiental não-formal em um fragmento de Mata Atlântica na APA do rio Mamanguape. Dentro da perspectiva de conservação, teve-se a iniciativa de mapear a trilha para a realização de práticas ecoturísticas; visando sensibilizar os visitantes acerca da importância dos diferentes ecossistemas remanescentes no mundo, de forma que a comunidade local possa ser beneficiada sendo posteriormente a tutora deste roteiro que se estende da falésia onde se inicia a trilha ao estuário do rio Miriri (Figura 1). Na busca por ambientes que dessem suporte a este tipo de turismo encontramos na APA da Barra do rio Mamanguape um local perfeito, pois caracteriza-se por possuir um bioma costeiro-marinho e dentro de toda uma diversidade de unidades de paisagem encontra-se um fragmento de mata Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 67 Atlântica localizado na região da comunidade de Oiteiro, município de Rio Tinto-PB. Esse fragmento recebeu o mesmo nome da comunidade sendo conhecido como Mata do Oiteiro, localizada a 6^o 〖50〗^' 30“S 〖34〗^o 〖54 〗^' 50" W (coordenadas referentes ao centro da mata). 2. Área de estudo A APA da Barra do Rio Mamanguape foi criada pelo decreto Federal nº 924 de 10 de setembro de 1993 e possui uma área de 14.640 hectares e situa-se na mesorregião da zona da mata, litoral norte do Estado da Paraíba, distante cerca de 80 km da capital João Pessoa, entre as coordenadas geográficas de 6°45’ a 6°50’S e 34°56’ a 35°W. Limita-se ao norte com os municípios de Marcação e Baía da Traição, a oeste com o município de Rio Tinto, ao sul com o município de Lucena e a leste com o Oceano Atlântico. A APA está representada por manguezais, várzeas, arrecifes costeiros de arenito, mata atlântica, mata de restinga, dunas e falésias, MMA 2013. O remanescente de mata estudado tem como principais características o seu atual estado de conservação, a forma como diferentes habitats interagem com as diferentes unidades de paisagem, os indicadores de ação humana como, espécies introduzidas e os materiais antrópicos demarcando posses dentro da Mata e a relação das comunidades tradicionais com o fragmento. Um problema muito comum que vem se instalando em locais com a prática de ecoturismo e turismo de aventura é a urbanização, ou antropização dos ambientes naturais, como no caso da praia do Farol na Ilha de Mosqueiro estado do Pará (Moraes; I 2010). Isso ocorre porque as pessoas tem uma tendência de levar seus hábitos urbanos para os ambientes naturais, é como o clássico exemplo dos amigos que resolvem acampar e levam churrasqueira, equipamento de áudio, eletrônicos desnecessários, etc. Esse tipo de comportamento pode comprometer o ambiente além de impedir que o praticante perceba o que o meio físico à sua volta pode proporcionar. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 68 A trilha interpretativa da mata do Oiteiro apresenta extensão total de aproximadamente 6 Km com uma média de duas horas e meia de caminhada incluindo as paradas interpretativas; apresenta também larguras muito variadas ao longo do percurso, pois contém locais em que não se pode identificar o caminho, principalmente em períodos chuvosos, onde a vegetação se torna mais densa, necessitando a presença de guia; há também larguras superiores a dois metros e meio como no trecho da estrada que passa por dentro da mata a qual também faz parte do percurso. 3. Metodologia A metodologia planejamento e iniciaram-se através de um levantamento bibliográfico sobre ecoturismo e guias da secretaria e Ministério do Turismo gama que trazem de instruções uma para evitar erros como os da praia de Canoa município Figura 1: Traçado da trilha interpretativa. de Quebrada, Aracati-Ce (SOUZA, T e SILVA, E 2010); onde a atividade humana descontrolada e métodos de urbanização planejamento sem fizeram com que a localidade ao invés de mais atrativa se tornasse um lugar nitidamente deteriorado do ponto de vista ambiental. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 69 Outros textos importantes à criação da trilha foram os trabalhos relacionados à composição florística dos fragmentos de mata Atlântica como o de PEREIRA E ALVES (2006), e literaturas relacionadas à ecologia da paisagem. O método principal de trabalho foi o IAPI, MAGRO e FREIXEDAS (1998).Foi utilizada como material de pesquisa uma câmera fotográfica para catalogação de importantes elementos da paisagem e de possíveis pontos de interpretação, também se fez necessário o uso de um GPS modelo Etrex 10 da Garmin, utilizado para demarcar geograficamente o percurso da trilha e as coordenadas aproximadas dos pontos relevantes à prática do ecoturismo. Para determinar a capacidade de carga foi utilizada uma metodologia empírica baseada nas informações passadas pelos locais que nos acompanharam durante as práticas de campo, também foi importante compreender a metodologia apresentada por LAZZAROTTO et al (2006) que aplicou em seu trabalho o método proposto pela FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA (1992); e os efeitos que o tráfego de pessoas provoca no solo SARAIVA (2011). 70 4. Resultados e discussão Os resultados obtidos foram vitais para uma compreensão do atual estado de conservação em que a Mata do Oiteiro se encontra, pois foi observado que a maior parte do fragmento está em estado secundário na sucessão ecológica, já que não são encontradas muitas árvores de grande porte. Há evidencias de queimadas recentes e vestígios de árvores cortadas provavelmente para produção lenha. Observa-se também a presença de espécies de vegetação pioneira, principalmente a Embaúba (Cecropia sp.) por quase todo o percurso. Um ponto positivo foi a percepção de diferentes ecossistemas que se alternam de forma gradual ao longo do percurso, pois a trilha se inicia em local com vegetação arbustiva ainda na falésia e logo dá lugar a vegetação típica de cerrado com muitos arbustos e árvores de tronco retorcido, em seguida a uma área conhecida com “Tabuleiro” que apresenta substrato arenoso de pequena granulometria, essa localidade possui vegetação característica como o Cajueiro Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 (Anarcadium sp.) e a Mangabeira (Hancornia sp.) que são adaptadas ao solo pouco fértil, continuando o percurso a trilha adentra em uma vegetação mais densa, típica de floresta tropical com ambiente úmido, árvores mais altas e com espécies mais lenhosas. Durante o percurso também é encontrado um lago que em período de seca, provavelmente serve como reserva de água, o qual é de grande importância para a trilha como um ponto de parada para interpretação e descanso. Durante o percurso também é marcante a presença da fauna como pequenos lagartos, roedores, saguis e muitos pássaros. O fator determinante para a proposição da trilha foi, a facilidade de circulação e acesso e as condições de conservação do ambiente trabalhado. Conforme PEREIRA; M e ALVES, R (2006) em um levantamento de espécies florísticas, existem no fragmento 46 espécies de plantas arbóreas, 25 de plantas arbustivas e 8 de trepadeiras dentre outras. São encontradas ao longo da trilha plantas que segundo os locais são de utilização histórica principalmente pela comunidade indígena como no caso da planta popularmente conhecida como “Imbé”, uma trepadeira usada para amarrar um tipo de armadilha conhecida como “covo”, utilizada para capturar pequenos peixes e alguns crustáceos, a armadilha pode ser produzida com a palha do “Dendê”. O percurso proposto para a prática do ecoturismo pôde ser dividido em três setores, tendo por base as características do trecho, a primeira parte corresponde ao trecho que se estende do inicio da trilha ao lago, o segundo a partir do lago até à estrada e o ultimo trecho vai da estrada ao estuário do rio Miriri. O primeiro trecho apresenta indícios de tráfego de veículos, principalmente motocicletas e uma grande quantidade de embalagens plásticas deixadas nas bordas da trilha. O segundo trecho também apresenta resíduos sólidos, porém, com indícios de terem sido descartados já há algum tempo, esta parte da trilha é a mais estreita, pois, há muito tempo não é utilizada, o que pode ser confirmado devido à presença de vegetação pioneira com alturas superiores a um metro Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 71 onde antes era o caminho de passagem; vale ressaltar que este trecho da trilha segue o percurso de um canal de escoamento pluvial. Por fim, o terceiro trecho é o de atividade mais intensa, pois contém uma maior quantidade de resíduos sólidos, além de um vilarejo, caminhos abertos por veículos tracionados, e o fato de possuir estrada no local facilita a chegada de turistas que sem a devida orientação tem provocado cada vez mais impactos no local. Dentre todas as dificuldades que esse fragmento encontra, um dos menos notados é a questão da limitação do fluxo gênico, pois o fragmento se encontra isolado de outros. Todas estas características observadas foram as responsáveis pela iniciativa de iniciação deste trabalho, pois descreve com clareza a importância de se ter uma consciência ambiental formada, além de proporcionar um lazer “orgânico” aos praticantes que passarão a compreender melhor o funcionamento de um ecossistema. Ao longo dos monitoramentos da trilha foram encontrados materiais sólidos de origem antrópica, a qual levanta a importância na preocupação sobre a questão do descarte inadequado destes resíduos durante a prática do ecoturismo, o que foi também de grande relevância para a proposição da capacidade de carga, já que; após analisarmos os dados, sugerimos uma prática com no máximo sete pessoas incluindo o guia, pois há muitos trechos estreitos da ordem de 45 cm. Os ruídos das pessoas também perturbam os animais nativos, causando mudanças temporárias no comportamento, e em longo prazo, mudanças definitivas. Também segundo SARAIVA; A (2011) “a utilização de trilhas pelo trânsito de pessoas pode provocar destruição da camada de detritos vegetais sobre a superfície do solo, alterando seu estado estrutural e, dessa forma, causar a compactação do solo”. “Recomenda-se a realização de estudos de capacidade de carga antes da locação e aberturas de trilhas em áreas de preservação ambiental”. (SARAIVA; A 2011). Observamos que a região não possui recursos de suporte turístico, devido a isso os visitantes devem alojar-se na comunidade de Praia de Campina a cerca de 2 km de distância. Aos mais aventureiros, aconselha-se acampar na falésia, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 72 pois possui um belo cenário e possibilita a realização da trilha em um horário onde a temperatura é mais agradável. Após as práticas de campo foi possível também demarcar alguns pontos relevantes a práticas de educação ambiental não-formal, baseados no método IAPI que orienta a escolha de pontos com uma maior gama de atrativos visuais e interativos e que transmitam algum tipo de conforto. Os pontos marcados foram georeferênciados em ambiente SIG com o software ArcGis 9 e possibilitaram a criação de um mapa base (Fig.2). Dentre os pontos levantados, um dos mais interessantes é uma árvore caída no segundo trecho, essa árvore chama atenção por ter se partido literalmente ao meio e rebrotado das partes caídas. Outra área de bastante relevância é um vilarejo que se estende do fim da estrada até bem próximo da praia, o mesmo possuía habitantes de cultura pesqueira e carciniculturista, atividades que tinham seu desenvolvimento facilitado pela proximidade com o mangue, mas por algum motivo migraram da área abandonando suas casas, permanecendo ali alguns poucos que cuidam do local É de fundamental importância que durante o planejamento seja levantada informações a cerca da composição geomorfológica local e um levantamento das espécies animais e vegetais e como esses componentes interagem para que haja o manejo adequado e que também essas informações sejam passadas ao visitante enriquecendo a experiência do trajeto como o zoneamento ambiental feito por (OLIVEIRA, 2003). Que encontrou para a área 25 espécies de anfíbios anuros, 35 de répteis, 80 de aves, 25 de mamíferos e 1 de primata. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 73 74 Figura 2: Mapa de pontos relevantes à pratica do ecoturismo. Conclusão O ecoturismo é impulsionado pelo desejo humano de fugir da rotina e de ter um contato mais intimo com os ambientes naturais, mas acima de tudo são movidos pela ansiedade de encontrar o destino final associado ao percurso que neste caso é o estuário do rio Miriri que por si só, já serve como ambiente de lazer e pesquisa. Concluímos com os trabalhos realizados que as trilhas ecológicas são uma ferramenta eficaz na educação ambiental formal e não-formal, pois possibilitam um ensino interativo para os participantes onde os mesmos podem usufruir de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 uma beleza natural enquanto aprendem sobre conservação ambiental e a importância de se manter um ambiente natural em estado constante de conservação. As práticas ecológicas de turismo sejam elas de geoturismo, ecoturismo, trilhas interpretativas ou qualquer outra, não só são ferramentas didáticas, mas também uma forma geração de renda; proporcionando benefícios às populações locais quando bem planejado e executado, e quando há suporte tanto da área de que possibilitará a atividade quanto das comunidades locais inicia-se um crescimento econômico gerando emprego e desenvolvimento mais dinâmico. Assim sendo, o foco secundário deste trabalho foi entregar à cooperativa de turismo da comunidade de Barra de Mamanguape criada pela diretoria da APA do rio Mamanguape para que a comunidade tivesse direitos legais sobre o turismo que esta trilha gera na região. As trilhas ecológicas são uma das ferramentas de educação ambiental mais eficazes, porém, se mal administradas podem se tornar um agravante na degradação socioambiental de uma área que necessite de manejo adequado. As trilhas devem ser planejadas e manejadas de modo a maximizar a conscientização ambiental do visitante e minimizar os impactos que estes podem acarretar. A melhoria e divulgação da trilha é uma das necessidades mais urgentes da APA, já que envolve o bem-estar de seus visitantes, além de constituir uma importante ferramenta para a educação ambiental. Para que sua implementação tenha um efeito positivo, é recomendável que sejam desenvolvidos outros projetos na Unidade de Conservação, sendo um deles a capacitação de monitores. A APA da Barra do rio de Mamanguape é um importante local para recreação e educação ambiental não-formal no Litoral Norte da Paraíba, proporcionando interação entre a população e o meio ambiente (COSTA et al 2012). O ecoturismo é tão importante que o próprio Ministério de Turismo Brasileiro tem mostrado interesse pela área, tanto pela parte econômica como pela socioambiental, pois os idealizadores de tais projetos acabam por realizar atividades que o próprio governo por medidas burocráticas não faz; logo o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 75 Estado disponibiliza uma boa base informativa para planejamento e pesquisa e apoio às entidades que proponham atividades de cunho sócio ambiental. A trilha panejada foi de fundamental importância para compreensão do modo como o fragmento de mata é explorado e como as unidades de paisagem se relacionam, e também para expor à população local a riqueza de que eles dispõem, mostrando que o ecoturismo e a educação ambiental não-formal são fontes de renda e de manutenção dos ambientes naturais respectivamente. A mata do Oiteiro ainda é um local pouco explorado no campo da ciência, quase não se conhece como esse ecossistema se comporta tratando-se em microescala no que diz respeito às atividades humanas ali exercidas e seu comportamento mediante as pressões antrópicas, logo a trilha também apresentou-se como um cartão de visita para que não só turistas mas também pesquisadores conheçam o local. 5. Bibliografia BOO, E: The ecotourism boom: planning for development and management. Whntechnicalpaper Series. paper 2, Washington, 1992. BRASIL: Decreto nº 924 de 10 de setembro de 1993, criação da área de preservação ambiental da Barra do rio Mamanguape – PB. COSTA, M; SILVA, E; MENESES, L: Proposta de trilha ecológica como atrativo ecoturístico na área de proteção ambiental da Barra do rio Mamanguape – PB. Turismo: estudos e práticas - uern, mossoró/rn, vol. 1, n. 2, jul./dez. 2012. FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA: Análisis de capacidad de carga para visitación en las áreas silvestres de Costa Rica. Centro de Estudios Ambientales y Políticas. San José, CostaRrica, 1992. LASKOSKI, G: Ecoturismo meio ambiente, Curitiba, outubro, 2006, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. LAZZAROTTO, A; SOLDATELI, M; PIMENTA, L: Estudo e aplicação da metodologia de capacidade de carga na trilha interpretativa da restinga do Maciambú, no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, SC, Brasil, I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de tTilhas, 1., 2006, Rio de Janeiro. MAGRO, T; FREIXÊDAS, V: trilhas: Como facilitar a seleção de pontos interpretativos, Departamento de Ciências Florestais ESALQ/USP, Circular Técnica IPEF n. 186, setembro de 1998. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 76 MMA, Instituto Chico Mendes: Orientação para realização de pesquisa na APA do rio Mamanguape. 2013. MORAES, I: Avaliação da qualidade ambiental na Praia do Farol, Ilha de Mosqueiro: um estudo a partir da percepção de seus frequentadores. 2010. OLIVEIRA, J.C, Zoneamento ambiental da APA da Barra do rio Mamanguape, dissertação de mestrado da Universidade Federal da Paraiba. março de 2003. PEREIRA, M; ALVES, R: Composição florística de um remanescente de mata atlântica na área de proteção ambiental da barra do rio mamanguape, paraíba, brasil; revista de biologia e ciências da terra issn 1519-5228 volume 6- número 1 - 2º semestre 2006. SARAIVA, A: Impactos aos atributos físicos do solo em trilhas ocasionados pelo ecoturismo em ubatuba-sp; revista univap, são josé dos campos-sp, v. 17, n. 29, ago.2011. SOUZA, T; SILVA, E: UFC – planejamento e gestão ambiental: análise integrada da praia de canoa quebrada em aracati- ce; ii seminário ibero americano de geografia física, universidade de coimbra, maio de 2010. Agradecimentos Agradecemos à direção da APA do rio Mamanguape que deu todo o apoio e instruções para a realização do trabalho, ao nosso colega de curso e amigo Sebastião Silva que nos apresentou algumas características da trilha junto com alguns residentes locais e a Amanda Stefanie que literalmente deu suor e sangue junto conosco na realização deste trabalho. Ps. E ao meu orientador Anderson Alves que nos deu um “voto de confiança” sendo eu ainda aluno do primeiro período do curso e mesmo assim me confiou a autoria desta pesquisa. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 77 GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas. PLANEJAMENTO DE UMA TRILHA PARA CICLISTAS DE MONTANHA NA ÁREA DE USO PÚBLICO DA “FLORESTA ESTADUAL EDMUNDO NAVARRO DE ANDRADE” (FEENA), RIOCLARO (SP). Leandro Paulo Leão17 Denise Zanchetta18 Maria Inez Pagani19 Resumo Palavras-chaves: Área Protegida; Mountain Bike; Plano de Manejo A “Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade” (FEENA), Rio Claro/SP tem uma demanda crescente para estabelecimento de trilhas adaptadas para a atividade de ciclismo. O presente trabalho teve como objetivo estabelecer o perfil dos ciclistas que utilizam esta unidade de conservação. Para tanto, foi aplicado um questionário com perguntas abertas e fechadas para 50 ciclistas, cujas respostas foram utilizadas como subsídios para proposta do traçado de uma trilha. O plano de manejo da Floresta foi considerado, especialmente os Programas de Uso Público, Recreação e Lazer, Turismo Ecológico e Manejo Florestal. Os resultados indicam que maioria dos ciclistas da área é do sexo masculino da faixa etária entre 30 e 39 anos, residentes na cidade de Rio Claro. Quanto aos atrativos da FEENA apontados pelos ciclistas ressaltam-se os aspectos relacionados a beleza natural da área. Os demais fatores obtidos no questionário foram compilados e os dados nortearam o traçado da trilha proposta, elaborado através de um software de Sistema de Informação (SIG), onde os pontos georreferenciados foram realizados com auxílio de um GPS. Os pontos foram plotados, como uma camada vetorial em um shape criado a partir do mapa do zoneamento da Floresta, no software Quantum GIS 1.8.0Lisboa. A trilha elaborada tem 17 km de extensão e contemplará as zonas de manejo florestal, histórico-cultural, recuperação e uso público. As próximas etapas do trabalho serão a interpretação, sinalização e implantação da referida trilha. Resumen 17 leandrop_leao@hotmail.com Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP (Graduando em Ciências Biológicas- Bolsista CNPq/ PIBIC/IF) 18 dzanchettazanchetta@gmail.com Bióloga, Pesquisadora Científica do Instituto Florestal de São Paulo 19 mipagani@rc.unesp.br Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 78 Palabras-clave: Area Protegida; Mountain Bike; Plan de Manejo La “Reserva Estatal Edmundo Navarro de Andrade”, Rio Claro/SP tiene una demanda creciente para el establecimiento de senderos adaptados para la actividad de ciclismo de montaña. El presente trabajo tuvo como objetivo establecer el perfil de los ciclistas que utilizan esta unidad de conservación. Para esto, fue aplicado un cuestionario con preguntas abiertas y cerradas para 50 ciclistas, cuyas respuestas fueron utilizadas como base para la propuesta de trazado de un sendero. El plan de manejo de la Reserva fue considerado, especialmente los Programas de Uso Público, Recreación y Tiempo Libre, Turismo Ecológico y Manejo Forestal. Los resultados indican que la mayoría de los ciclistas de la zona pertenecen al sexo masculino y la categoría etaria entre 30 y 39 años, residentes en la ciudad de Rio Claro. En cuanto a los atractivos de la Reserva mencionados por los ciclistas se resaltan los aspectos relacionados a la belleza natural de la zona. Los demás factores obtenidos en el cuestionario fueron compilados y los datos guiaron el trazado del sendero propuesto, elaborado a través de un software de Sistema de Información (SIG), donde los puntos georreferenciados fueron realizados con ayuda de un GPS. Los puntos fueron trazados, con una cámara vectorial en un shape creado a partir del mapa de zonificación de la Reserva, en el software Quantum GIS 1.8.0-Lisboa. El sendero elaborado tiene 17 km de extensión e incluirá las zonas de manejo forestal, histórico-cultural, recuperación y uso público. Las próximas etapas del trabajo serán la interpretación, señalización e implementación del sendero ya mencionado. 1. Introdução A Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade possui uma área de 2.230,53 hectares e localiza-se nos Municípios de Rio Claro e Santa Gertrudes, estado de São Paulo. De acordo com o sistema de classificação do IBGE 2012 (VELOSO; RANGEL Fo. e LIMA, 1991) originalmente a Floresta de Rio Claro possuía uma formação vegetacional de Floresta Estacional Semidecidual, que sofreu ação antrópica para fins silviculturais, em especial, o manejo do Eucalyptus. Atualmente, a Floresta possui um mosaico composto de vários talhões de diversas espécies introduzidas, onde se desenvolveu um subbosque rico em espécies nativas que se regeneraram embaixo desses indivíduos da floresta plantada, permitindo com isso que se estabeleça um ambiente propício para o habitat de diversas espécies da fauna, inclusive Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 79 algumas ameaçadas de extinção. Merece mencionar que o Gato-do-mato (Leopardus sp.) e o Tucano-toco (Ramphastos toco) habitam a Floresta (REIS et al., 2005). A Unidade possui um Programa de Público – PUP que tem como objetivo geral estabelecer a integração entre a área protegida, seus gestores e as populações do entorno, buscando apoio à proteção da unidade, proporcionando a integração da comunidade com as áreas naturais, despertando a consciência crítica para as necessidades de conservação dos recursos naturais, culturais e históricos e da valorização das Unidades de Conservação, bem como estimular sua participação no manejo e proteção dessas áreas (TABANEZ, 2000). A maioria das categorias de Unidades de Conservação vigentes pela lei do SNUC prevê a visitação pública em seus domínios. É importante ressaltar que as Unidades de Conservação brasileiras sofrem uma intensa pressão para desenvolver atividades turísticas dentro de seus limites, conforme relatado por Costa, 2002. 80 O Ecoturismo é uma oportunidade cada vez mais explorada no mercado turístico e é definido, de acordo com as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, elaboradas pelo Ministério da Indústria Comércio e Turismo (MICT) e Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA) como: “... um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma consciência ambiental através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas.” (NASCIMENTO, 2003). O Programa de uso público da Floresta compreende os subprogramas de monitoria dos visitantes, educação ambiental, implantação de trilhas e eventos. No entanto, segundo Eagles (2002) para implantar as atividades de Uso Público ocorrentes nos Parque e outras categorias de Unidade de Conservação requer a construção e manutenção de um banco de dados. Mensurar e relatar Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 o Uso Público são elementos fundamentais para o manejo da visitação em áreas protegidas. A Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade - FEENA enquadra-se na categoria das unidades de conservação de uso sustentável, para as quais é amplamente aceito que os recursos florestais devam ser manejados com o objetivo de suprir necessidades sociais, econômicas ou outras geradas pelo ser humano, e onde conhecimentos científicos sobre a área demonstram a existência de benefícios diretos e indiretos associados ao meio ambiente (BRASIL, 2000). Na Unidade existe uma demanda para a implantação de uma trilha para ciclistas desde a criação da unidade, a floresta é um lugar utilizado pelos ciclistas para a prática de algumas modalidades do Mountain Bike, e como não tem nenhuma trilha regulamentada, consequentemente não tem sinalização e nenhuma outra forma de comunicação com os ciclistas, para esclarecer as regras e diretrizes do plano de manejo e seu zoneamento. Assim, eles acabam transitando por áreas não permitidas, correndo riscos e impactando áreas, mais restritivas à visitação, previstas no zoneamento. O Mountain Bike é praticado em áreas naturais, como estradas de terra, trilhas de fazendas, trilhas em montanhas e no interior de áreas protegidas, como parques e reservas. Desta forma vemos que as vantagens desta atividade se consistem em proporcionar benefícios ecológicos, recreacionais e culturais para a comunidade praticante. No que concerne ao ambiente natural, os ciclistas geralmente preferem cenários de beleza cênica, natureza, árvores, corpos d’água, colinas e regiões de topografia irregular. Desta forma, áreas naturais preservadas, como as Unidades de Conservação oferecem todos os quesitos básicos para atrair os ciclistas de montanha (MEENAR, 2013). De acordo com Sun e Walsh (1998, IN GOEFF; ALDER, 2001), os principais impactos ambientais nas trilhas usadas por ciclistas de montanhas são basicamente quanto ao solo e a cobertura vegetal. Compactação do solo, erosão, alargamento de trilhas, distúrbios na vegetação são comumente Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 81 citados como impactos diretos, mas estes podem variar de acordo com a localização, tipo de solo, queda de chuvas e utilização da área. Os autores também relatam que há pouca informação a respeito dos impactos específicos em trilhas de Mountain Bike. Portanto a definição do perfil do ciclista de montanha que se utiliza da área de uso público da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade, bem como o traçado da trilha para uso específico desse importante grupo de visitantes se justifica como medidas imprescindíveis para suprir uma importante lacuna existente no Plano de Manejo da FEENA; bem como para a normatização da visitação nessa unidade. E ainda, compõem-se em importantes subsídios a serem observados na próxima revisão do Plano de Manejo da Floresta Estadual. 2. Material e métodos Como etapa inicial do presente estudo realizamos a elaboração e aplicação de um questionário para definir o perfil dos ciclistas de montanha que utilizam atualmente as áreas de uso público da Floresta. Os procedimentos com relação ao levantamento do perfil e sua análise segue a metodologia utilizada por Richardson (1999) para definir o perfil do visitante da área de uso público da referida unidade. Usando como exemplo esse estudo, o questionário aplicado combinou tanto perguntas fechadas quanto perguntas abertas. Após a elaboração do questionário, o projeto foi encaminhado para avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, do Instituto de Biociências da UNESP, Campus de Rio Claro-SP, para orientar e regulamentar a pesquisa e as atividades práticas com seres humanos. Esse processo foi importante e obrigatório, pois estabelece critérios éticos para a pesquisa, e cria-se uma regulamentação de ética, para combater abusos e maus tratos à integridade física, psíquica e moral da pessoa humana. Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética o questionário foi aplicado para os ciclistas que usavam a FEENA bem como aqueles que pertenciam aos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 82 grupos organizados da cidade de Rio Claro com o objetivo de identificar as problemáticas da atividade na Floresta Estadual. A aplicação dos questionários não se restringiu somente à FEENA devido à dificuldade de parar os ciclistas para responder o questionário, os mesmos relatavam que não poderiam respondê-lo, pois estavam no meio da prática da atividade de ciclismo. A partir daí, elaboramos outra estratégia que consistiu em estabelecer contatos com os grupos organizados que frequentam a FEENA, e então aplicar os questionários nos pontos de partidas para as pedaladas, antes que os mesmos iniciassem suas atividades. Essas saídas dos Grupos de Ciclistas ocorrem em diversos pontos da cidade de Rio Claro, em dias e horários da semana previamente estabelecidos. Após o término da aplicação dos questionários, foram feitas a sistematização e a discussão dos dados obtidos e assim obtiveram-se as características do perfil dos ciclistas que praticam essa atividade na FEENA. A partir das análises do perfil dos ciclistas e o conhecimento das suas expectativas com relação ao uso da Floresta para a prática do ciclismo foi elaborado um traçado de trilha analisado dentro do zoneamento, normas e regulamentos do plano de manejo (REIS et al., 2005) e de um modelo de mínimo impacto e sustentabilidade (MMA, 2003). A metodologia de elaboração do modelo seguiu as orientações apontadas por Magro e Freixêdas (1998), Chavez (2000), Decanini (2001) e Meenar (2007). O traçado (figura 1) foi elaborado através de um software de Sistema de Informação (SIG). Um GPS foi utilizado para coletar os pontos georreferenciados e propor o traçado. Para tanto, esses pontos foram plotados, como uma camada vetorial em um shape do mapa do zoneamento da FEENA, no software Quantum GIS 1.8.0-Lisboa. 3. Resultados e discussão Nos cinquenta questionários aplicados obtiveram-se os seguintes resultados: Na pergunta idade, 17 pessoas ou 34% têm idade entre 30 e 39 anos, seguido pela faixa etária de 40 a 49 anos que possuí 10 pessoas (20%), 8 pessoas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 83 (16%) têm entre 25 a 29 anos, e 6 pessoas (12%) são de 15 a 19 anos, 5 entrevistados (10%) têm idade entre 20 a 24 anos, e por fim 4 pessoas (8%) têm entre 50 a 59 anos. Entre os entrevistados, 45 (90%) são do sexo masculino e 5(10%) do sexo feminino. Do montante de entrevistados, 39 (79%) residem em Rio Claro, e 10 (20%) em outros municípios, sendo que uma pessoa não respondeu este quesito. Das pessoas que visitaram a FEENA, 22 (44%) possuem nível superior completo, 5 (10%) dos entrevistados possuem mestrado e 8 (16%) não concluíram o nível superior, seguido por 5 pessoas com o ensino médio incompleto, e também quanto ao ensino médio e o fundamental, foram 4 (8%) em cada item. E, duas pessoas não responderam. Em relação à renda mensal dos entrevistados, aqueles que recebem na faixa de três a cinco salários mínimos representam 28% ou 14 pessoas, seguido por 11(22%) que recebem de seis a dez salários mínimos, e o restante ficou abaixo desse nível salarial. Da soma dos entrevistados a grande maioria já conhecia a FEENA, ou seja, 48 (96%) já havia estado na Unidade e apenas 2 pessoas (4%) não conheciam. Das pessoas entrevistadas, 29 pessoas ou 58% frequentam a FEENA de uma a três vezes por semana, seguido pelos ciclistas que frequentam de uma a três vezes por mês, que são 6 entrevistados ou (12%). Em relação ao tempo gasto, aqueles que pedalam de duas a quatro horas representam 48% ou 24 pessoas. Do montante de entrevistados 21 pessoas ou (42%) disseram conhecer a FEENA através de amigos, também foi perguntado qual a importância da FEENA na pratica do ciclismo e 12 pessoas ou (24%) responderam que a importância da FEENA são os aspectos relacionados a natureza. Realizou-se uma pergunta no questionário para saber quais atrativos a FEENA possui para os ciclistas. Destes, 20 ou (40%) das pessoas ressaltaram os aspectos relacionados à natureza como os maiores atrativos para a prática de ciclismo. Em seguida ficaram as trilhas, como quesito que a floresta possuí para atrair os ciclistas entrevistados, onde 6 (12%) dos entrevistados emitiram essa opinião. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 84 Sobre os locais que utilizam para a prática na FEENA, 22 pessoas (44%) responderam que utilizam a trilha dos nove e da torre. Em relação ao que elas não gostam na Floresta ou com relação às restrições existentes para os ciclistas na FEENA, 13 (26%) disseram que não gostam da restrição de uso para o ciclista na área de uso público e ainda, apontam como deficiência a falta de profissionalismo dos guardas na fiscalização da área. A avaliação da segurança apresentou 21 pessoas (42%) definindo-a como ruim. Quanto à sinalização, 28 pessoas (56%) disseram também que ela é ruim. Quando questionados sobre as trilhas, a maioria das pessoas 32 (64%) responderam que são boas. Os itens finais a serem avaliados foram referentes à infraestrutura e a manutenção, onde os entrevistados 24 (48%) acham-nas ruim. A maioria dos entrevistados não tinha conhecimento que a FEENA possuía plano de manejo, ou seja, 43 pessoas (86%) não tinham informações da existência do plano de manejo. Por fim, foi perguntado às pessoas por que motivos elas utilizam a bicicleta e 38 (43,6%) disseram para praticar esporte, 29 pessoas (33,3%) responderam para lazer, 19 entrevistados (21,8%) usam-na para transporte. Do total entrevistados na FEENA, 40 pessoas (80%) utilizam capacete para a prática. A análise dos talhões abrangidos pelo traçado da trilha (Figura 1) apontou talhões da zona histórico-cultural que apresentam características peculiares, como por exemplo, o talhão de número 42 que é o único representante da espécie E. umbra na FEENA. Já o talhão número 31 que também compreende a zona histórico cultural, teve suas sementes para o plantio vindas diretamente da Ilha de Flores, localizada na Indonésia. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 85 86 Figura 1 - Mapa zoneamento com o traçado da trilha destacado em azul. Fonte: Plano de Manejo da FEENA. Em relação às diretrizes do plano de manejo, foi realizado um inventário dos talhões por onde passa o traçado da trilha e foram elaboradas as tabela 1 e 2, contendo o número dos talhões, área (ha), espécie, ano de plantio e observações. A zona histórico-cultural é definida no Plano de Manejo da Unidade como aquela onde são encontradas amostras históricas, científicas, culturais, arqueológicas e que serão conservadas e interpretadas para o público. Seu objetivo é proteger sítios históricos e arqueológicos, em harmonia com o meio ambiente, facilitando atividades de pesquisa científica, educação ambiental e interpretação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Talhão N° Área (ha) Espécie Ano de plantio Observações 16 23 33 35d 36a 41 43 43a 44 49 50 51 89 89 1,15 1,1 16,2 5,8 3,05 6,12 1,69 0,97 2,31 2,9 3,19 4,84 12,34 19,63 26,67 91c 92 98 103 110 110a 7,02 4,02 3,92 6,39 5,14 8,54 1983 1922 1984 1916 1950 1911 1911 1911 1935 1937 1911 1968 1952 1919 1919 1920 1920 1959 1967 1975 1917 1940 1940 Origem-Flores¹ 90 E. urophylla Coleções nativas E.urophylla E. tereticornis E. grandis E.saligna/tereticornis E. tereticornis Diversas nativas E. citriodora E. saligna E. tereticornis E. grandis Pinus taeda/caribaea Multiespécies Multiespécies E.spp E. robusta Pinus taeda Pinus spp(diversos) E. shyressi E. tereticornis E. paniculata/propinqua E. urophylla Pomar de sementes Coleção Coleção Coleção 87 Tabela 1 -Talhões da Zona Histório-Cultural onde o traçado vai passar. _____________________ ¹ Sementes provenientes da Ilha de Flores, na Indonésia. A zona de manejo florestal é aquela que compreende as áreas de floresta nativa ou plantada, com potencial econômico para o manejo sustentável dos recursos florestais. Seus objetivos são: o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais, geração de tecnologia e de modelos de manejo florestal, sendo permitidas também atividades de pesquisa, educação ambiental e interpretação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Talhão N° Área (ha) Espécie Ano de plantio 5R 6R 7R 17R 18R 19R 20R 15 17a 18 19 20 25a 26 27 27a 28 29 32 35 35b 35c 36 37 56 108a 108b 116 118 119 120 22,43 8,84 14,16 10,82 9,08 15,7 20,12 28,46 11,85 1,94 4,11 9,19 6,5 9,8 6,49 3,8 9,73 8,71 8,71 20,4 11,75 10,04 13,33 14,01 20,81 12,1 15,8 23,38 12,9 81,43 40,12 E. citriodora E. citriodora E. citriodora E. citriodora E. citriodora E. citriodora E. citriodora E. citriodora E. citriodora E. citriodora E. microcorys E. microcorys E. microcorys E. maculata E. citriodora E. microcorys E. microcorys E. tereticornis E. citriodora E. maculata E. maculata E. paniculata E. citriodora E. propinqua E. microcorys E. tereticornis E. citriodora E. citriodora E. citriodora E. citriodora E. tereticornis 1988 1989 1988 1989 1990 1990 1990 1983 1972 1989 1972 1971 1971 1954 1972 1971 1971 1984 1984 1983 1984 1984 1984 1979 1954 1947 1947 1941 1939 1946 1946 120a 8,22 E. saligna E. paniculata 1921 1946 Tabela 2 - Talhões da Zona de Manejo Florestal onde o traçado vai passar O estabelecimento da trilha foi feito através de um modelo de mínimo impacto e sustentabilidade (MMA, 2003). O traçado totalizou 17 km de extensão e foi proposto em vias que já existiam (aceiros) para separação dos talhões na FEENA, com isso evitamos abrir novos caminhos causando impactos na Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 88 vegetação. E ainda, o percurso se concentrou nas áreas que apresentam menos risco de desmoronamento, evitando assim causar o assoreamento pelas enxurradas das chuvas em terrenos de maior suscetibilidade erosiva evitando o agravamento da erosão pelo uso da área pelos ciclistas. O projeto ainda considerou as regras da cartilha feita pelo Ministério do Meio Ambiente, cartilha de conduta consciente (mínimo impacto) nos ambientes naturais dentro da Unidade de Conservação, estas regras de mínimo impacto contêm oito princípios, que são esses: Planejamento é fundamental; você é responsável por sua segurança; cuide das trilhas e dos locais de acampamento; traga seu lixo de volta; deixe cada coisa em seu lugar; não faça fogueiras; respeite os animais e as plantas e seja cortês com outros visitantes. Esses princípios e regras de comportamento em áreas protegidas serão disseminados para os usuários da trilha, podendo ser feito uma cartilha para ser distribuída aos ciclistas. 4. Conclusões 89 Após esta análise é possível perceber que os ciclistas que frequentam a FEENA são compostos, em média, por indivíduos adultos (30 a 39 anos), a maioria do sexo masculino e (44%) com curso superior completo. Percebe-se que a Floresta é um local muito utilizado pelos ciclistas, e o principal atrativo para os indivíduos que a visitam são os relevantes aspectos relacionados às belezas naturais, que permite o relacionamento do homem com a natureza. Conclui-se ainda que há necessidade de uma trilha exclusiva para ciclistas na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade, e também é imprescindível promover algumas oficinas com os ciclistas para a divulgação das normas e diretrizes do plano de manejo da floresta, e de um modo geral dar conhecimento aos ciclistas das regras da cartilha feita pelo Ministério do Meio Ambiente, cartilha de conduta consciente (mínimo impacto) nos ambientes naturais dentro da Unidade de Conservação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 5. Bibliografia BRASIL. Lei nº. 9.982, julho de 2000. Regulamente o Art 225, 1, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 jul. 2000. Seção I, p. 12026-12027. COSTA, P.C. “Unidades de Conservação: Matéria Prima para o Ecoturismo” São Paulo, Aleph, 2002. CHAVEZ, D. J. “Xtreme uses of trails on public lands: Management issues and Strategies” In. Luft, K. & MacDonald, S., Trends Shaping the Future The5thOutdoor Recreation & Tourism Trends Symposium, pp. 3 – 7, Michigan, 2000. 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ISBN 978-85-88769-56-4 90 SÃO PAULO “Plano de Manejo da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade” Rio Claro: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo/ Instituto Florestal, 2005- 1 CD-ROM. TABANEZ, M. F. Significados para professores de um programa de educação ambiental em unidade de conservação. 2002. 313 f. Dissertação (Mestrado em Metodologia de Ensino) – Universidade federal de São Carlos, São Carlos. VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. & LIMA, J. C. A. 1991. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE, Rio de Janeiro, 123p. 91 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas. RELATO DE EXPERIENCIAS DO MAPEAMENTO E DA DOCUMENTAÇÃO DE TRILHAS PARA A PUBLICAÇÃO DE UM GUIA DO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA, RIO DE JANEIRO – RJ Lucas Santa Cruz de Assis Brasil20 Vivian Castilho da Costa21 Resumo Palavras-chave: Geoprocessamento; Unidades de Conservação; trilhas; planejamento O Parque Estadual da Pedra Branca, localizado na cidade do Rio de Janeiro, entre as baixadas de Jacarepaguá e da Zona Oeste, é o maior parque urbano do município, com 12.400 hectares. Criado em 1973, tem importância histórica por ser o local originário de mudas que reflorestaram a Floresta da Tijuca. Apesar disso, carecia de conservação e orientação das trilhas para o público, o que motivou o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) a produzir um livro de trilhas, com mapas e descrições dos principais caminhos da Unidade de Conservação. Este trabalho relata as vivências e metodologias da participação no mapeamento, criação de banco de dados em SIG e documentação fotográfica das trilhas do Parque Estadual da Pedra Branca. O mapeamento, realizado em fevereiro e março de 2013, utilizou um GPS para marcação de pontos referenciais como início da trilha, rios e córregos que seriam cruzados, mirantes, bifurcações, poços para banho e cachoeiras. O percurso era armazenado pelo tracklog e registrava a distância percorrida, o tempo de duração total da atividade e o tempo de caminhada na trilha. Informações complementares eram registradas em fichas. O registro fotográfico foi uma forma de evidenciar e documentar visualmente as trilhas, destacando pontos aprazíveis, obstáculos e trabalho de mapeamento. As fotografias agregaram mais um elemento gráfico para planejamento das trilhas do PEPB além das imagens de satélite, possibilitando à equipe uma perspectiva mais próxima da ótica do caminhante/frequentador do parque. Além da delimitação das trilhas, este trabalho contribuiu para o processo de levantamento e criação de um banco de dados em SIG. Todas as trilhas do Parque estão agora completamente digitalizadas, o que facilita o seu gerenciamento, com a 20 brasilucas@gmail.com. Graduando do Instituto de Geografia, bolsista monitor da disciplina Geoprocessamento, UERJ, 21 vivianuerj@gmail.com Professora Adjunta do Instituto de Geografia, Coordenadora do LAGEPRO, UERJ, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 92 possibilidade de cruzamentos de informações de diferentes níveis. O emprego de diferentes técnicas foi crucial para uma melhor apreensão das rotas a serem percorridas e demarcadas. Resumen Palabras-clave: Geoprocessamiento; Unidades de Conservación; trilhas; planificación El Parque Estadual da Pedra Branca, ubicado en la ciudad de Rio de Janeiro, entre las tierras bajas de Jacarepaguá y de la zona Occidente, es el mayor parque urbano de la ciudad, con 12.400 hectáreas. Creada en 1973, tiene un significado histórico como el sitio de origen de las plantas de semillero que reforestar el bosque de Tijuca. Sin embargo, carecía de la conservación y la orientación de senderos para el público, que dirigió el Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA) para producir un libro de pistas, con mapas y descripciones de las principales vías de la Unidad de Conservación. Este trabajo presenta las experiencias y metodologías de participación en la cartografía, creación de base de datos en SIG y documentación fotográfica de los senderos de Parque Estadual da Pedra Branca. La cartografía, realizada en febrero y marzo de 2013, utiliza un GPS para marcar los puntos de referencia que en el comienzo del sendero, ríos y arroyos que se cruzaron, miradores, tenedores, pozos para bañarse y cascadas. La ruta se almacena traza y registra la distancia recorrida, el tiempo de duración de la actividad y el tiempo para caminar por el sendero. Información adicional se grabó en hojas de datos. El registro fotográfico fue una manera de resaltar y documentar visualmente los senderos, destacando puntos agradables, los obstáculos y el trabajo de mapeo. Los fotos añadidas otro gráfico para planificar pistas do PEPB, además de imágenes de satélite, lo que permite al equipo un punto de vista más cerca de la óptica del caminante / parque asiduo. Más allá de los límites de los senderos, este trabajo contribuyó al proceso de recopilación y creación de una base de datos GIS. Todos los senderos del Parque están totalmente digitalizados, lo que facilita su gestión, con la posibilidad de cruzar los diferentes niveles de información. El uso de diferentes técnicas es fundamental para una mejor comprensión de las rutas a recorrer y demarcada. 1. Introdução e Objetivos O Ecoturismo é uma atividade que procura utilizar os atrativos turísticos na natureza de forma sustentável. As trilhas seriam atrativos ecoturísticos onde se preveem as práticas de acessibilidade a outros atrativos. Ou seja, a trilha é um Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 93 dos vetores de atividades ecoturísticas mais conhecidos e utilizados por usuários de áreas protegidas. Esses acessos, direta ou indiretamente, possuem em seu traçado uma gama de oportunidades de vivência e interpretação da natureza, além de atividades que envolvem o lazer e a recreação. São mirantes, riachos (sejam eles para contemplação ou para práticas desportivas e ou de lazer) e com estes suas cachoeiras e corredeiras que proporcionam diversas atividades como rapel, escalada, rafting, canoagem, entre outros. A flora e a fauna ao redor das trilhas são atrativos que demandam certo cuidado, principalmente por apresentarem certo grau de fragilidade à presença humana. Muitas trilhas podem sofrer impactos às vezes irreversíveis como pisoteio, alimentação indevida de animais silvestres por resquícios de comida na trilha ou mudanças de hábitos da fauna na passagem por trilhas muito abertas, entre outros. Desta forma, as trilhas podem ser os únicos veículos de educação ambiental de uma área protegida, mas podem ser as “vilãs” ao serem construídas em áreas que ameaçam a perda de biodiversidade, onde o uso público pode ser um agravante dos impactos negativos à UC. Cabe então o manejo e a normatização do uso público a partir do estudo do traçado das trilhas. Uma trilha bem traçada e planejada não é importante somente pelo ponto de vista do estímulo à visitação, ou ainda para redução de impactos. As trilhas são antes de tudo, caminhos que ligam um ponto ao outro, e, portanto, não somente tem função de lazer, mas também de acessibilidade que pode ser o menor caminho ou o caminho mais fácil de uma população ou um povoado chegar ao seu destino. Porém, as trilhas são muitas vezes vistas por um viés reducionista, que as relaciona somente com atividades recreacionais ou ecoturísticas, não dando a devida atenção às outras funções que estes caminhos exercem dentro de uma área natural. Dines e Passold (2008, p. 182) definem as trilhas como: principal infraestrutura necessária para boa parte das atividades terrestres, e sua manutenção periódica é imprescindível para evitar processos de erosão do solo, perda de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 94 vegetação e deterioração de estruturas de contenção e de drenagem. Como bem explica Mello (2008, p. 187): De fato, a compreensão do significado estratégico da malha de trilhas para a gestão dos serviços ofertados e suas consequências ao somatório natural define sua importância como ferramenta de gestão. Nesse caso, como ferramenta de gestão e para sofrer manutenção ou mudanças em seu traçado de forma periódica e a minimizar custos, trazendo benefícios de um modo geral para visitantes, turistas e moradores locais, é que o mapeamento de trilhas e seus atrativos, além de beneficiar diretamente aos gestores de uma Unidade de Conservação, poderá ser objeto de novos estudos sobre o comportamento da biota e do plano de manejo, se a área protegida o possuir. Com esse intuito é que o presente artigo vem, em forma de relato de experiência, ressaltar a importância da realização de mapeamento de trilhas e sua documentação em forma de guias impressos e/ou digitais (disponíveis hoje na Web) que possam contribuir não só com a divulgação das atividades (eco)turísticas de áreas protegidas, como também possibilitar ferramental apropriado para o manejo dessas áreas a fim de auxiliar no ordenamento do uso público e na preservação de sua biodiversidade. Uma das partes mais importantes nos estudos para manejo de trilhas, é, ao fazer a mudança em seu traçado ou mesmo uma manutenção no seu leito e bordas, definir o seu mapeamento em um banco de dados geográfico. Como a cidade do Rio de Janeiro vem atualmente sendo observada por olhares nacionais e estrangeiros, em função de suas transformações em prol da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a visitação de seus parques, não só os mais visitados como o Parque Nacional da Tijuca, mas também os administrados a nível municipal e estadual, vêm sendo discutidas pelos seus órgãos gestores. Nesse sentido, a premência de se realizar o mapeamento das trilhas de uma das mais importantes Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro, o Parque Estadual da Pedra Branca, ocorreu pela iniciativa da administração Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 95 do Instituto Estadual do Ambiente – INEA. Essa preocupação do INEA se deve a posição estratégica que o PEPB possui, ou seja, por este estar encravado na zona oeste, próximo a bairros que estão sofrendo mudanças significativas na sua infraestrutura de transportes, vias de acesso, construção de vilas olímpicas que irão abrigar a maioria das competições dos jogos olímpicos. O PEPB, devido a sua importância estratégica, precisa ter divulgada a conservação de seus remanescentes florestais de Mata Atlântica, já que abriga uma das maiores florestas urbanas do Mundo. Nesse sentido é que se iniciou um projeto de mapeamento de trilhas para a realização do guia de trilhas do PEPB, tendo por objetivo principal não só a divulgação de seus principais atrativos, mas contribuir para a conservação dessa UC, pois recentemente (julho de 2013) veio possuir plano de manejo, após ter sido criada a mais de 40 anos. O mapeamento foi realizado a partir de técnicas de geoprocessamento, com utilização de GPS (Sistema de Posicionamento Global por Satélites) e SIG (Sistema de Informação Geográfica), além de documentação extensa sobre as características de cada trilha, seus principais acessos e traçado, além de um material fotográfico com preocupação em ressaltar as belezas naturais, atrativos ecoturísticos e principais aspectos urbanos e naturais que serão descritos em conteúdo textual do guia. Neste artigo, também serão melhor detalhadas as etapas de realização do projeto do Guia nas atividades de trabalho de campo e gabinete. 2. Caracterização Geral do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) O Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) foi criado em 1973 e hoje responde pela maior Unidade de Conservação (UC) do município do Rio de Janeiro, com aproximadamente 12.400 hectares. Acidente geográfico que divide as baixadas da Zona Oeste (Baixada de Jacarepaguá a oeste e Baixada da Baía de Sepetiba a leste de seus contrafortes), seu limite é definido pela cota altimétrica de 100 m das encostas do Maciço da Pedra Branca e suas matas já foram fonte de mudas nativas para Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 96 o reflorestamento das encostas do Maciço da Tijuca (DRUMMOND, 1988). Juntamente com o Maciço do Gericinó, essas três montanhas rochosas conferem os contornos sinuosos e relevo montanhoso à litorânea cidade do Rio de Janeiro. Seus limites fazem parte de vários bairros que possuem uma história local de formação da cidade do Rio de Janeiro, tais como: Jacarepaguá, Taquara, Vargem Pequena, Vargem Grande, Barra da Tijuca, Recreio, Grumari, Guaratiba, Barra de Guaratiba, Campo Grande, Bangu, Realengo, entre outros. Possui a sede (Núcleo Pau-da-Fome), localizada no bairro da Taquara, e conta com um centro de visitantes com exposição e terminais para consulta, dotado de anfiteatro, áreas de lazer e sinalização. (Figura 1). 97 Figura 1 - Sede Pau da Fome do Parque Estadual da Pedra Branca. Foto: Lucas Brasil, 2013. Apresenta o Núcleo Piraquara, localizada no bairro de Realengo, com visitação dotada de lazer, brinquedos para crianças, poços e cachoeira do Barata para banho e acesso à vias de escalada. E ainda possui o Núcleo do Camorim, também com informações para visitação, sinalização interpretativa sobre sistema de captação e tratamento de água e uma das principais trilhas que leva Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 ao Açude do Camorim, construído para captação de água pela CEDAE (http:// http://www.inea.rj.gov.br/unidades/pqpedra_branca_sede.asp). O PEPB possui vegetação do bioma Mata Atlântica, de floresta ombrófila em diferentes estágios sucessionais e é “uma das poucas Unidades de Conservação que ainda mantém espécies de alta importância ecológica em áreas de desenfreada expansão urbana” (MOURA e COSTA, 2009). Cercado pela cidade, o Parque sofre grandes pressões antrópicas, expressas principalmente por minerações, queimadas, uso indevido de trilhas, expansão da malha urbana, ocupações de terras para fins de moradia e descarte inadequado de resíduos. Bairros situados em sua zona de amortecimento como: Recreio, Campo Grande e Jacarepaguá têm crescido demograficamente acima da média do Município do Rio de Janeiro, e a pressão antrópica sobre o Parque Estadual da Pedra Branca cresce paulatinamente. (Figura 2) Embora sua relevância sócio-ambiental para os bairros do entorno e, para toda cidade efetivamente, enquanto espaço que ofereça serviços de lazer, de aprendizado com a natureza, de práticas esportivas, enquanto provedora de serviços ambientais enfim, seja inegável, somente em julho de 2013 o PEPB veio a possuir um Plano de Manejo, o que dificultou a gestão adequada do uso público e a implementação de estratégias de preservação adequadas a sua realidade. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 98 Figura 2- Mirante da trilha Jesus Vem (bairros de Bangu e Realengo), onde fica claramente expressa a pressão demográfica que o PEPB sofre. Foto: Lucas Brasil, 2013. O Parque carece de uma infraestrutura maior para o público no tocante à conservação e orientação das trilhas – muitas não têm qualquer placa de sinalização. Surgiu assim a iniciativa do INEA (Instituto Estadual do Ambiente) de publicar um livro chamado Guia de Trilhas do Parque Estadual da Pedra Branca, que elencasse os principais caminhos da Unidade de Conservação, provendo mapas e descrições dos mesmos para uso público. Trata-se de um levantamento sobre as condições de suas vias, de suas matas, de seus rios, algo em uma proporção inédita na história do PEPB. Moura e Costa (2009, p. 261) constataram esta carência ao afirmar que: a área do Parque Estadual da Pedra Branca, (...) necessita de avaliações sobre a real capacidade de suporte à visitação, as potencialidades recreacionais e ecoturísticas, assim como fundamentais investimos na sinalização e melhorias na infraestrutura de suas trilhas, bem como a mitigação dos principais impactos erosivos, perceptíveis aos próprios usuários e da falta de preparo da administração em controlar impactos provocados pela visitação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 99 Para então suprir essa carência de material de divulgação para o manejo de trilhas, o guia de trilhas do PEPB (Figura 3) organizado pelo INEA e Instituto Terra Brasil, considera a divisão do PEPB em seis setores, contendo ao todo 23 circuitos, travessias e trilhas, assim distribuídos: 100 Figura 3 - Mapa de Localização do Parque Estadual da Pedra Branca (município do Rio de Janeiro) e suas trilhas. Fonte: Vivian Costa, 2013  setor Pau da Fome: 1. Travessia Pau da Fome x Rio da Prata via Mangalarga, 2. Trilha do Pico da Pedra Branca, 3. Trilha da Pedra do Quilombo, 4. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Travessia Pau da Fome x Camorim, 5. Travessia Pau da Fome x Colônia, 6. Trilha da Pedra Hime, 7. Trilha da Pedra Negra, 8. Trilha do Rio Grande;  setor Camorim e Vargens - 9. Trilha da Pedra Rosilha, 10. Trilha do Açude do Camorim 11. Travessia Camorim x Vargem Grande, 12. Travessia do Vale do Gunza;  setor Rio da Prata - 13. Travessia Rio da Prata x Pau da Fome via Monte Alegre, 14. Travessia Caboclos e Cabungui, 15. Circuito do Vale da Caixa d’Água;  setor Ilha de Guaratiba - 19. Caminho do Morgado  setor Piraquara - 17. Circuito Pedra Jesus Vem, 18. Trilha da Pedra do Ponto, 19. Trilha do Morro do Lameirão e  setor Praias - 20. Travessia Piabas – Grumari, 21. Travessia Grumari – Araçatiba, 22. Travessia Morro de Guaratiba – Grumari e 23. Circuito das Praias de Guaratiba. As trilhas de uma Unidade de Conservação servem à própria área natural, uma vez que definem como deve ser realizado o manejo na flora exótica, o controle de queimadas e de focos de incêndios, ações de fiscalização, bem como pesquisas científicas. As trilhas são o principal meio para se transitar dentro de uma UC. E isso vale para todos. Seja para o guarda-parques auxiliarem no uso público através de suas ações de vistoria nas trilhas, seja para o bombeiro que busca acessar uma área para combater uma queimada, seja para pequenos sitiantes. As pequenas propriedades rurais que ainda sobrevivem no entorno e interior do Parque são, na grande maioria, anteriores à criação do PEPB. Os praticantes de uma agricultura familiar de subsistência ou de pequena criação de gado, fazem “uso intensivo das trilhas e caminhos, neles transitando com burros e cavalos de tração” (MOURA e COSTA, 2009, p.244) (Figura 4). Muitas dessas atividades são impactantes não só a biodiversidade, mas a própria manutenção da trilha e seu traçado, já que o pisoteio do animal de tração pode provocar sérios problemas erosivos à trilha, com perda de solo e disseminação de sementes de espécies invasoras, a exemplo de sementes de jaqueira, altamente prejudicial à outras espécies, pela competição de suas copas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 101 (sombreamento excessivo) e peso de seus frutos que caem e esmagam espécies nativas e em estratos iniciais de crescimento. Figura 4 - Sitiantes retornando para sua casa, com um burro de tração carregando produção de bananas. Foto: Lucas Brasil, 2013 3. Metodologia O levantamento por trabalho de campo às trilhas do PEPB foi realizado desde julho de 2012. No entanto, apenas entre os meses de fevereiro e março de 2013, foram realizados os últimos trabalhos de campo às 23 trilhas (entre circuitos e travessias) a serem inseridas no Livro de Trilhas do Parque Estadual da Pedra Branca, como parte do processo de coleta de dados necessários à confecção do projeto idealizado pelo INEA (http://www.inea.rj.gov.br) e coordenado/organizado pelo Instituto Terra Brasil (http://www.terrabrasil.org.br). A proposta era levantar as características físicas das trilhas, seus traçados (através de GPS), assim como seus principais atrativos, a exemplo da flora/fauna, infraestrutura de lazer e recreação, pontos notáveis, geologia, hidrologia e o histórico da área e publicá-los, incluindo material fotográfico associado ao textual que também envolve escrita de elementos educativos no Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 102 livro, sobre condutas adequadas (comportamento) em trilhas, como ações de prevenção e em casos de emergência. O GPS utilizado foi da marca GARMIN Map 62s para a marcação de pontos em locais relevantes da trilha, que pudessem ser utilizados como referência, tais quais: início da trilha, final da trilha, rios e córregos que seriam cruzados, mirantes, bifurcações, poços para banho e cachoeiras, porteiras, grutas ou furnas, pontos históricos, entre outros. O itinerário realizado era armazenado em tracklogs e waypoints no GPS, criando trajetos em dados vetoriais das trilhas, e registrava a distância percorrida, o tempo de duração total da atividade, o tempo de caminhada empregado na caminhada, presença de bifurcações e os atrativos. Essas informações, por sua vez, eram anotadas em fichas que tinham por objetivo também avaliar as condições da trilha, o nível de dificuldade, os atrativos e percalços encontrados, a estrada, rua ou avenida que dá acesso ao início do caminho entre outros dados pertinentes. O registro fotográfico foi empregado como forma de evidenciar e documentar visualmente as trilhas, destacando os pontos aprazíveis, e também os obstáculos encontrados, assim como o processo do trabalho de mapeamento em si realizado pela equipe. As fotografias permitiram à equipe terem mais um elemento gráfico para planejamento das trilhas do PEPB além das imagens de satélite visualizadas no Google Earth (Figura 5), possibilitando a equipe de realização do projeto ter uma perspectiva mais próxima da ótica do caminhante/frequentador do Parque. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 103 Figura 5 - Visão geral das trilhas do Guia do PEPB no Google Earth. Tais informações também eram relevantes para as edições dos tracklogs e waypoints (no padrão de extensão .gpx do GPS) que eram editadas no Laboratório de Geoprocessamento (LAGEPRO) do Departamento de Geografia Física (DGF-IGEOG) da UERJ, com auxílio do ArcGIS 10.0 e convertidas para o padrão .shp (shape da ESRI). As trilhas após serem editadas em ArcGIS, eram também compostas com outras bases de dados, ou seja, os mapas topográficos da cidade do Rio de Janeiro do Instituto Pereira Passos (IPP) da Prefeitura Municipal na escala de 1:10.000, referendando estradas e logradouros asfaltados, caminhos sem asfalto, drenagem (principais rios dentro e do entorno do PEPB), além de curvas de nível e topos de morro, associados com a toponímia (nome das localidades, bairros, morros, serras, rios, entre outras informações relevantes) e o mapa de Uso do solo e cobertura vegetal, na escala 1:2.000, do ano de 2011 (Plano de Manejo do Parque Estadual da Pedra Branca, INEA, 2013) (Figura 6). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 104 Figura 6 - Traçado da Travessia Pau da Fome-Vargem Grande via Vale do Gunza, após a primeira edição no ArcGIS 10.0 pelo LAGEPRO-UERJ, antes de receber a etapa de tratamento do Instituto Terra Brasil. Fonte: Vivian Costa (2013). Foram realizadas ainda com base nos shapefiles (cartas topográficas) os mapas de relevo (3D Analyst no ArcGIS) e a criação de perfis topográficos das trilhas. Já que algumas trilhas estavam tomadas pela vegetação, e outras se alteraram com a queda de árvores e movimentos de massa, a equipe de campo era, na maioria das vezes, guiada por um “mateiro” (geralmente morador local), guarda-parques do INEA ou ainda por montanhista, que já conhecia a área e evitava que houvesse distanciamento da trilha principal. (Figuras 7 e 8). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 105 Figura 7 - Trilha em desuso, tomada pela vegetação. Foto: Lucas Brasil, 2013 106 Figura 8 - Guarda-parques do INEA guiando durante mapeamento em campo. Foto: Lucas Brasil, 2013 Posteriormente, a composição das fotografias com o textual e os mapas editados em ArcGIS (que eram convertidos para EPS a fim de serem editados graficamente em software Corel Draw), assim como os perfis topográficos, eram verificadas pela equipe de técnicos do INEA, do LAGEPRO e do Instituto Terra Brasil, a fim de finalizar a realização de editoração e revisão de toda a documentação do guia do PEPB. Esta fase de revisão ainda está em processo de finalização e tem como previsão de término o fim do mês de outubro de 2013. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 4. Resultados e discussões A necessidade deste levantamento, documentação e mapeamento detalhado com o uso de Geoprocessamento em escala de detalhe sobre as trilhas, ocorreu devido à falta de demarcação de muitas delas, presença de processos erosivos, além de diversos atalhos e bifurcações, que dificultavam a orientação ao longo dos caminhos. O mapeamento realizado virá a subsidiar ações de manejo e conservação das trilhas para permitir a definição de padrões de uso público mais consciente e menos danoso ao ambiente. O uso público também irá se beneficiar dos mapas das trilhas, a partir de projetos que visem o planejamento de um sistema adequado de sinalização. Projeto de demarcação de locais e confecção de placas de sinalização já está sendo realizado pelo INEA e deverá ser implantado com simbologia, mapas e informações documentadas a partir do material inventariado no projeto de criação do livro Guia de Trilhas do PEPB. O processo de aquisição de dados em campo é imprescindível para qualquer análise que se utilize de Geotecnologia, pois sem tais informações, a geoespacialização não poderia ser realizada de forma sistemática e em banco de dados consistente. Através da pesquisa em campo, foi possível obter o traçado das trilhas por meio dos tracklogs e waypoints armazenados pelo aparelho de GPS com a precisão necessária para confecção apurada de mapas e cartas que não só auxiliam uma visitação consciente, informada e segura, mas também orientam o planejamento e manejo por parte da administração do Parque. Além de possibilitar a publicação de um guia de trilhas desta UC, o mapeamento contribuiu para dar suporte ao zoneamento do PEPB realizado no Plano de Manejo do Parque, agora já em fase de aplicação, ao inserir num banco de dados geográficos as trilhas a UC. Desta forma, todas as trilhas do Parque estão agora completamente digitalizadas, permitindo uma análise das mesmas e do resto do Parque, de forma muito mais dinâmica e acessível, com Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 107 a possibilidade de cruzamentos de informações de diferentes níveis. Inclusive, um planejamento territorial deve ser produto da articulação de informações provenientes das mais diversas esferas do conhecimento sobre o local estudado, a fim de, através de uma visão holística, contemplar os diferentes agentes que atuam sobre o espaço. De acordo com Capra (1996 apud MELLATI & ARCHELA, 2011, p. 3): Como abordagem integradora, a relação entre os elementos se torna fundamental, por estarem interligados e interdependentes, esses elementos não podem ser entendidos isoladamente, são sistêmicos. E para um planejamento integrador, diferentes tipos de informações podem ser utilizadas, e uma vez que essas informações tem base espacial, o SIG, com seu banco de dados geográficos se mostra apto a dar apoio a decisões que envolvem diferentes fatores que estão constantemente se inter-relacionando. Dines e Passold (2008, p. 174) deixam claro que acompanhado do uso das trilhas, está o impacto no ambiente. Assim, “não existe impacto zero” e ainda a questão da minimização do impacto da visitação norteia o manejo da visitação. A responsabilidade da administração da área com essa questão compreende a manutenção das trilhas, acampamentos e demais estruturas, a instalação e manutenção da sinalização de trilhas e a organização da visita. O Parque Estadual da Pedra Branca tem imenso potencial para o lazer, práticas em educação ambiental e práticas esportivas de montanha. Entretanto, encontra-se subutilizado, com diversas trilhas fechadas à visitação enquanto as abertas carecem de placas de direcionamento e localização. Painéis informativos contendo mapas, descrições da fauna e flora local, formação geológica e geomorfológica, hidrografia do maciço e formação histórica da região podem ser empregados, aumentando o nível de informação que o visitante tem contato ao adentrar pelas trilhas da Unidade de Conservação. Os arquivos em formato .gpx e .shp poderão ser disponibilizados pelo site do INEA, juntamente com o produto digital do livro e assim serem utilizados pelos usuários do guia em seus aparelhos GPS e até por tecnologia mobile. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 108 Vieira e Oliveira (2012), indicam que muitos turistas escolhem seu local de destino através da internet e a disponibilidade de informações sobre os atrativos a serem visitados influencia substancialmente nesta decisão. Isto demonstra que além do âmbito de preservação e educação ambiental que a disponibilização de informações sobre as trilhas carrega, outro âmbito, da ordem da atratividade do local, também está relacionada com esta disponibilização. Ainda segundo Costa (2008, p. 158), “Para o visitante, quanto mais detalhadas forem as informações sobre seu destino ecoturístico, melhor, e mais prazeroso, será desfrutar da experiência a que se propõe realizar.”. 5. Conclusões Ainda que o PEPB tenha permanecido nas sombras nas últimas décadas, desconhecido da maioria dos moradores e dos turistas, um novo horizonte se aproxima para esta Unidade de Conservação. O lançamento de um livro Guia de Trilhas do Parque Estadual da Pedra Branca será fundamental para preencher essa lacuna que ficou presente durante muitos anos, e que atrairá entusiastas da natureza para conhecer suas belezas, enquanto promove uma visitação consciente. A participação da equipe do Laboratório de Geoprocessamento (LAGEPROUERJ) não só da elaboração no mapeamento por SIG, mas do uso de GPS nos trabalhos de campo às trilhas, permitiu a compreensão da complexidade que é o planejamento e manejo de trilhas em Unidades de Conservação, quando devem ser considerados os mais diferentes fatores que influenciam no uso e preservação das mesmas, sendo o SIG excelente meio para tratar de volume tão grande de informações. O emprego de técnica de documentação fotográfica permitiu uma apreensão da realidade das trilhas que foi crucial para dar subsídio ao mapeamento das rotas a serem percorridas e demarcadas. O PEPB tem agora condições de realizar um planejamento territorial mais embasado em informações e dados recolhidos recentemente, assim como de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 109 proceder com seu Plano de Manejo e, dessa forma, realizar ações que visem uma melhor vivência do visitante no tocante às trilhas desta UC. O planejamento e manejo adequado de suas trilhas mitigarão os danos advindos da visitação, enquanto que através de práticas de educação ambiental, este dano pode inclusive ser revertido, com a conscientização dos visitantes, adoção de práticas de reciclagem, incentivo à ações de reflorestamento, entre outras. O emprego de diferentes técnicas de geoprocessamento para dar subsídio ao mapeamento foi crucial para uma melhor apreensão das rotas a serem percorridas e demarcadas em trilhas. A confecção de mapas de atrativos em trilhas eminentemente ecoturísticas (no interior de Unidades de Conservação) se torna um ferramental importantíssimo para a disseminação do uso público dessas áreas protegidas, mas não se encerra como um produto único, sendo, portanto, um dos principais instrumentos para o planejamento e manejo dessas atividades. O ordenamento do uso público poderá ser mais facilmente reconhecido e estabelecido sua normatização, baseando-se no uso das informações georreferenciadas das trilhas e seus atrativos, a fim de potencializar mais ainda a sua integridade física e biótica, trazendo maior qualidade à Unidade de Conservação. 6. Bibliografia COSTA, Vivian Castilho da. Planejamento ambiental de trilhas ecoturísticas em Unidades de Conservação no Brasil, utilizando geoprocessamento. Pelas trilhas do ecoturismo. Parte III. São Paulo: Ed. RIMA, p. 147-167, 2008. DRUMMOND, José Augusto. O Jardim Dentro da Máquina. Estudos Históricos, 1988. DINES, Milton; PASSOLD, Anna Júlia. Gestão e manejo da recreação em áreas protegidas: do zoneamento à ordenação das trilhas. Pelas trilhas do ecoturismo. Parte III. São Paulo: Ed. RIMA, p. 169-185, 2008. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 110 MELLATI, Cláudia; ARCHELA, Rosely Sampaio. Contribuição da Geomorfologia ambiental para o planejamento e manejo de trilhas em Unidades de Conservação. Revista Geográfica da América Central, Costa Rica, pp 1-14, Julho, 2011. MELLO, Flávio Augusto Pereira. Manejo de trilhas: mais que fechar atalhos e construir degraus, uma abordagem transdisciplinar. Pelas trilhas do ecoturismo. Parte III. São Paulo: Ed. RIMA, p. 187-201, 2008. MOURA, Josilda Rodrigues da Silva; COSTA, Vivian Castilho da. Parque Estadual da Pedra Branca: o desafio da gestão de uma Unidade de Conservação em área urbana. Unidades de Conservação, Bertrand Brasil, p. 2009. VIEIRA, Laíze Leite; OLIVEIRA, Ivanilton José de. SIGWeb aplicado ao turismo no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros: elementos para a comunicação com o turista. Congresso Latino-Americano de Investigação Turística (5: 2012: São Paulo, SP). Disponível em: http://gtci.com.br/congressos/congresso/2012/pdf/eixo1/VieiraLL_Oliveira IJ.pdf Acesso em 02/09/13 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 111 GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas. ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA ANTRÓPICA E PLANEJAMENTO DA TRILHA DA CAVERNA DO MAROAGA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) DO MAROAGA/AM Pedro Henrique Luniere Porto22 Rogério Fonseca23 João Rodrigo Leitão dos Reis24 RESUMO Palavra-chave: Trilhas, Manejo, Capacidade de Carga, Caverna do Maroaga, Amazônia As trilhas dos atrativos turísticos de Unidades de Conservação (UC) necessitam da determinação da Capacidade de Carga Antrópica (CCA), com intuito de propiciar seu mapeamento, diagnóstico biofísico e definir as medidas apropriadas de gestão ambiental das atividades turístico-recreativas, a fim de evitar impactos ambientais. Nesta pesquisa foi diagnosticada a CCA da trilha de acesso à Caverna do Maroaga, localizada no Município de Presidente Figueiredo-AM e inserida em UC de mesma denominação. Utilizou-se o método de Cifuentes (1992) para determinação da CCA da trilha, por meio de cálculos de capacidade de carga física (CCF), real (CCR) e efetiva (CCE). A trilha foi mapeada e teve sua extensão e largura real calculadas, sendo dividida em 11 pontos de controle a cada 100m. Em cada ponto foi aplicado o questionário de caracterização biofísica, realizada aquisição de pontos de GPS e uso de instrumentos para a detecção do grau de compactação do solo, sendo medida a extensão das áreas com erosão, alagamento, trechos sem cobertura florestal e faixas de declividade. Detectou-se que a trilha possui 2.115m de extensão, sendo de curta distância com tempo médio de deslocamento de 1h e 45 minutos. Como resultado dos cálculos, a CCF corresponde a 11.272,95 visitantes/dia, a CCR a 541 visitantes/dia e a CCE igual a 162,3 visitantes/dia, com capacidade de manejo a 30%. Diagnosticou-se que a trilha encontra-se com o trajeto inadequado às características biofísicas e paisagísticas da área, propiciando seu estado de conservação crítico com a intensificação de processos erosivos e impactos antrópicos ao longo de seu percurso pela falta de planejamento, monitoramento da visitação e manutenção periódica. Sugerese a realização de ações para a recuperação das áreas degradadas, aumento 22 luniere_porto@hotmail.com, Graduando do Curso de Engenharia Florestal (UFAM). Bolsista Fapeam 23 rogeriof_e@yahoo.com Professor do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); 24 jrlreis@gmail.comTécnico da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 112 do número de placas informativas, construção de drenos, fechamento temporário da trilha em dias de chuva e para manutenção, além do desenvolvimento de campanhas de sensibilização ambiental. Resumen Palabra-clave : Senderos, Administración , Capacidad de Carga , Cueva Maroaga , Amazon. Los senderos de los atractivos turísticos de Unidades de Conservación (UC) requieren la determinación de la Capacidad de Carga Antrópico (CCA ) , con el fin de proporcionar a su asignación , el diagnóstico biofísico y definir las medidas adecuadas de gestión ambiental del turismo y las actividades recreativas con el fin de evitar impactos ambientales. Esta investigación fue diagnosticado CCA acceso por la vía Maroaga cueva , situada en el municipio de Presidente Figueiredo-AM y se coloca en la UC del misma denominaccion . Se utilizó el método de Cifuentes ( 1992 ) para determinar la pista CCA a través de cálculos de la capacidad física ( CCF ) , real ( CCR ) y eficaces ( CCE ) . El sendero fue trazado y había su longitud y ancho real calculada, dividida en 11 puntos de control cada 100 metros. A se aplicó cada punto el cuestionario de caracterización biofísica , realizado adquisición de puntos de GPS y el uso de instrumentos para detectar el grado de compactación del suelo, se midió la extensión de las áreas con erosión, inundaciones, e sin cobertura forestal y los niveles de inclinacion . Resultó que el sendero tiene 2.115m de largo , siendo corto , con una media desplazamiento de 1 hora y 45 minutos. Como resultado de los cálculos , la CCF corresponde a 11.272,95 visitantes / día , CCR 541 visitantes / día y CCE igual a 162,3 visitantes / día , con la capacidad de manejo a 30 % . Diagnostica que el sendero tiene características biofísicas inapropiadas y el paisaje de la zona, siempre y cuando su estado crítico con la intensificación de los procesos de erosión y los impactos humanos a lo largo de su recorrido por la falta de planificación, seguimiento y visitas mantenimiento periódico . Se sugiere llevar a cabo acciones para la recuperación de áreas degradadas , aumentando el número de carteles informativos , la construcción de drenajes, pista de cierre temporal de los días de lluvia y para el mantenimiento y el desarrollo de campañas de sensibilización ambiental . 1. Introdução A visitação turística em Unidades de Conservação (UC), em geral, vem aumentando de forma significativa em função do desenvolvimento tecnológico e consequente aumento do tempo de lazer (TAKAHASHI, 2001). Com o aumento do fluxo de turistas, as atividades desenvolvidas em UC requerem Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 113 planejamento e estudo para o manejo dos visitantes. Portanto, torna-se necessário analisar os possíveis impactos (negativos e positivos) ocasionados pelo uso público, visando propor medidas que atenuem os efeitos negativos e garantam a conservação desses locais. No caso das cavidades subterrâneas, enquadradas sob uma tipologia de área protegida no Brasil, possuem um complexo manejo ambiental para fins turísticos, sendo consideradas, pela maioria dos trabalhos publicados sobre o assunto (FIGUEIREDO, 1998; LABEGALLINI, 1995; MARRA, 2001; SESSEGOLO et al. 2004; GADELHA E ALECRIM, 2006; REIS et. al, 2011), como impróprias para o uso massificado, principalmente quanto ao uso de trilhas para acesso a esses atrativos. Para Magro (1999), quando o pisoteio é frequente, o solo é compactado e a matéria fragmentada, aumentando sua susceptibilidade à erosão. Dessa forma, o planejamento e monitoramento de trilhas aliados a estudos de capacidade de carga antrópica mostra-se como alternativa viável, de modo a subsidiar administradores de UC na tomada de decisão (SOUSA, 2006). A capacidade de carga é um conceito que incorpora princípios tanto das ciências biológicas como das ciências exatas e sociais (PECATIELLO, 2007). De acordo com (MAGRO, 1999), o primeiro aspecto relaciona-se com a estabilidade e diversidade de ecossistema natural (capacidade de carga física) e o segundo, refere-se à quantidade de usuários que a área pode receber sem que seja afetada, de forma negativa, a experiência ao ar livre (capacidade de carga social). O turismo praticado em áreas naturais envolve a execução expressiva de atividades recreativas que necessitam de suporte para deslocamento terrestre nos locais de visitação, principalmente com a abertura e consolidação de trilhas de acesso e secundárias, oficiais ou não. Porém grande parte das trilhas em uso são implantadas sem qualquer planejamento e suporte técnico, o que Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 114 propicia a degradação dessas áreas devido o fluxo da visitação, comportamento dos visitantes e fatores biofísicos-locacionais. Esses aspectos podem ser notados na trilha de acesso à Caverna do Maroaga, localizada no Município de Presidente Figueiredo-AM, especificamente na Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual que possui mesma denominação. Essa Caverna é o primeiro atrativo subterrâneo a possuir Plano de Manejo Espeleológico no Estado do Amazonas, porém sem execução das medidas planejadas, apesar de não fazer menção à implantação de trilhas no local. Embora a atual gestão da APA Estadual restrinja o uso da área, ainda não é suficiente para garantir a conservação e manejo das trilhas existentes. Neste artigo é diagnosticada a capacidade de carga antrópica da trilha de acesso a Caverna do Maroaga, assim como, efetuada análise para seu planejamento, estruturação, manejo e conservação. 115 2. Área de Estudo A Caverna do Maroaga (Fig. 1) está localizada no município de Presidente Figueiredo-AM, entre as coordenadas geográficas 02º02’58,7” latitude sul e 59º57’22” longitude oeste, com altitude de 120m (SESSEGOLO et al. 2004). O acesso é realizado a partir de Manaus-AM pela BR-174 (Manaus-Caracaraí), percorrendo cerca de 100 km até o entroncamento com a rodovia estadual AM 240, a margem direita. Na AM 240 segue-se por 6 km até a entrada da caverna, que está devidamente identificada e sinalizada. Está cadastrada como Gruta Refúgio do Maroaga (AM-002) na Sociedade Brasileira de Espeleologia considerada a maior caverna do Estado do Amazonas com 387m e terceiro maior desnível (SBE, 2009). Está inserida na APA Estadual de mesma denominação, e no Geoparque Municipal Cachoeira do Amazonas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 1: Localização da Caverna do Maroaga. Fonte: Reis, J.R.L., 2012. 116 Segundo a classificação de Köppen, o clima da APA é do tipo Amw, ou seja, clima tropical chuvoso, úmido e quente. O volume médio total da precipitação é de 2.075mm. Há predominância de Campinaranas e Floresta Secundária e a rede de drenagem tributária na margem esquerda é do rio Urubu, composta pelos cursos d’água (igarapés) Urubuí, Mutum e da Onça (AMAZONASTUR/PROECOTUR, 2004). 3. Método Foram empregados o método da pesquisa exploratória (MARCONI, 2002), a partir de pesquisa bibliográfica e estudo de caso, sendo objeto da pesquisa a trilha de acesso oficial do atrativo “Caverna do Maroaga”. Na pesquisa foram levantadas informações sobre as condições estruturais e o grau de impacto ambiental causado pela presença humana ao longo do percurso da referida trilha. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Para determinação da estimativa da Capacidade de Carga Turística (CCT) foram aplicados os métodos de Cifuentes (1992), que considera características como declividade, acessibilidade, precipitação, possibilidade de alagamentos, prováveis distúrbios à biodiversidade e prováveis impedimentos temporários, além dos fatores sociais relacionados a cada trilha e a cada grupo de visitantes. A coleta de dados em campo foi realizada nos dias 04 de abril e 10 de maio de 2013 e os dados de visitação foram obtidos dos livros de registros de visitação, referindo-se aos anos de 2012 e 2011. I - Caracterização biofísica da trilha: procedimentos a) Levantamento plani-altimétrico: A extensão real da trilha foi calculada e georeferenciada utilizando-se o GPS (Global Position System), sendo os dados processados com auxílio do programa Trackmaker. Usou-se trena de 50m para medir os trechos impactados. Foram estabelecidos 11 pontos de controle e monitoramento alocados a cada 100m da trilha (Marion, 2004; São Paulo, 2011). Cada ponto foi identificado com a fixação no solo de hastes de madeira contendo fitas de cor vermelha identificadas com um número específico. Para cada ponto, foram aplicados questionários de caracterização biofísica, realizado registro iconográfico e aquisição de pontos de GPS. b) Questionário de caracterização biofísica: O questionário permitiu a coleta das seguintes informações: orientação geográfica, distância percorrida, altitude, identificação geral da vegetação predominante, relevo, tipo de solo, drenagem, resistência do solo a penetração e tempo de percurso. Foram identificados os locais de restrição ao acesso devido a possíveis impedimentos de ordem física, de segurança e de fragilidade (erosão, solo pouco compacto ou alagamentos), que pudessem resultar em fatores limitantes à visitação. Com base nos dados obtidos, a partir da ficha de campo com parâmetros biofísicos, foi possível fazer um diagnóstico do percurso e avaliar os pontos oriundos de impactos naturais e antrópicos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 117 c) Grau de compactação: Para obter uma medida da resistência mecânica da camada superficial do solo será utilizado o Penetrômetro Humbolt MGF, aparelho com uma base de ferro que é introduzido no solo. Foram realizadas cinco leituras para a obtenção de uma média para cada ponto amostral. d) Declividade: Nos mesmos pontos onde foi realizado o levantamento planialtimétrico, realizou-se a medida da declividade de cada trecho ou fração. Para ser estabelecidos os graus de dificuldade de cada trecho das trilhas, adotandose o critério proposto por Cifuentes et al. (1993): baixo grau de dificuldade, valores inferiores a 4,5° (até 10% de declividade); médio grau de dificuldade, valores entre 4,5° e 9° (entre 10% e 20% de declividade); alto grau de dificuldade, valores acima de 9° (acima de 20% de declividade). e) Precipitação: Os níveis de precipitação foram obtidos a partir de levantamento bibliográfico a fim de ser determinado o número de dias e as épocas do ano em que os níveis de precipitação pluviométricos atingiram valores impeditivos ou restritivos à utilização das trilhas para visitação. f) Largura da trilha: Medida tomada entre as duas estacas fincadas nas extremidades da trilha principal. II - Determinação da capacidade de carga da trilha O cálculo da Capacidade de Carga Antrópica (CCA) busca estabelecer uma estimativa do número máximo de visitas que uma área protegida é capaz de receber a partir de suas condições físicas e biológicas que se apresentam no momento do estudo. Com base nas análises anteriores foi calculado e determinado a CCA, comportando três níveis de capacidade de carga (Cifuentes, 1992): Capacidade de Carga Física (CCF), Capacidade de Carga Real (CCR), Capacidade de Carga Efetiva (CCE), os quais se relacionam da seguinte forma: CCF>CCR>CCE. Para a aplicação do método, parte-se de algumas premissas: i) o fluxo de visitante ocorre em dois sentidos – ida e volta – em trilha não circular; ii) cada Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 118 visitante requer, para seu conforto e segurança, 2m de espaço linear na trilha, para mover-se livremente; iii) o número de horas em que a área permanece aberta para a visitação (no horário entre 7 e 15 horas; 8 horas por dias); iv) o tempo necessário para uma visita depende das condições de acessibilidade; v) a capacidade de manejo para a área foi considerada como sendo 30%. a) Capacidade de Carga Física (CCF): Corresponde ao numero máximo de visitas que um determinado sítio pode receber em um intervalo de tempo. Está relacionado a fatores como o horário de funcionamento da unidade, o tempo necessário para visitar cada trilha, o tamanho da trilha e o espaço de conforto requerido por cada visitante. É dada pela equação CCF=(S/sp) x NV, onde S é o tamanho da trilha em metros lineares; SP é o espaço utilizado por cada pessoa (2 m²); e NV é o número de vezes que uma trilha pode ser percorrida por um visitante em um dia. O valor de NV é calculado pela razão entre o período de tempo em horas em que o sítio permanece aberto à visitação pública (Hv) e o período de tempo em horas necessário para que o visitante possa realizar a visita (Tv). Assim, NV=Hv/Tv. b) Capacidade de Carga Real (CCR): É o numero máximo de visitas que um determinado sítio pode receber em um intervalo de tempo definido, considerando sua CCF previamente calculada, acrescida dos Fatores de Correção (FC) definidos em função de características físicas, ecológicas e gerenciais do sitio visitado. É calculado pela equação CCR = CCF (FC1+FC2+FCn). Os fatores de correção introduzidos no cálculo da CCR relacionam-se a determinadas variáveis limitantes à visitação apresentadas para a Caverna do Maroaga foram: o fator social (FCsoc), a precipitação (FCpre), a declividade (FCdecl), a possibilidade de alagamento (FCalag), as características faunísticas (FCfau), erodibilidade(FCero). Os fatores de correção são calculados para cada variável limitante através da equação FC= 1 – (m1n/mtn), onde m1n é a magnitude limitante da variável n e mtn corresponde à magnitude total da variável n. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 119 i) Fator Social (FCsoc) - Para que se consiga uma melhor qualidade na visitação de cada trilha e, com isso, seja aumentando o grau de satisfação do publico, é necessária à organização dos visitantes em grupos. Admitindo-se como 10 o numero máximo de indivíduos por grupo, que cada indivíduos por grupo, que cada individuo necessita de 2m de trilha para seu conforto e segurança e que a distância mínima entre dois grupos deva ser de 100m, calcula-se em 120 metros(10x2+100) o espaço ocupado por cada grupo na trilha. O número de grupos (NG) que pode estar simultaneamente em cada trilha será dado pela razão entre o comprimento total da trilha e a distância requerida por cada grupo (NG= comprimento linear da trilha/distancia requerida por cada grupo). Antes de calcular o fator de correção social é necessário identificar quantas pessoas (P) podem estar simultaneamente dentro de cada trilha. A equação para a obtenção dessa informação é P=NG x numero de pessoas por grupo. Por fim, necessita-se identificar a magnitude limitante (ml) que, nesse caso, é aquela porção da trilha que não pode ser ocupada porque já existem pessoas ocupando. A magnitude limitante é dada por ml=mt-P, onde mt é a magnitude total, o que representa o comprimento total da trilha. Calculase, por fim, o Fator de Correção Social pela equação FCsoc= 1 – (ml/mt). ii) Fator de Correção de Acessibilidade (FCacess) - Leva em consideração a soma dos trechos de cada trilha com um grau de dificuldade médio ou alto para os visitantes, o que pode conduzir a restrições de uso. Com a finalidade de atribuir maios importância a trechos de trilha com grau alto de dificuldade, incorporou-se um fator de ponderação da ordem de 1,5 para esses trechos, de forma que a equação resulta na seguinte: FCdecliv= 1-[(adx1,5)+(md x 1)]/ mt, onde ad é a soma dos trechos de alta dificuldade; e mt é o comprimento total da trilha. iii) Fator de Correção de Precipitação (FCpre) - A grande maioria dos visitantes não esta disposta a percorrer trilhas em dias de chuva sendo, portanto, um fator que impede a visitação normal. Para o estudo foram obtidas informações pelo INMET, as chuvas tem duração média de cerca de 30 minutos e sempre em forma de precipitações isoladas. O mês de maior precipitação é abril e o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 120 mais seco agosto; o semestre mais chuvoso vai de dezembro a maio (182 dias), com precipitação pluviométrica de 200 a 400 mm ao mês, as horas do dia com maior probabilidade de chuvas são de 11h às 16h, com amplitude pluviométrica de cinco horas diárias no período de 182 dias, ou seja, 910 horas por ano (5horas/dia x 182dias/ano). O Fator de Correção de Precipitação é calculado por FCpre = 1- (hc/ht), onde nc corresponde às horas de chuva e ht às horas totais do ano. iv) Fator de Correção Erodibilidae (FCerod) - A metodologia aplicada por Cifuntes (1992) considera como limitantes apenas os setores onde existem evidências de erosão. Desta forma, o fator de correção de erodibilidade é calculado por FCero = 1-(Mpe/Mt), onde Mpe corresponde aos metros da trilha com problema de erosão e Mt à metragem total da trilha. v) Fator de Correção de Alagamento - Para esse fator são considerados os pontos em que a agua tende a se acumular o que, juntamente com o pisoteio, intensifica os danos causados à trilha. Para melhor identificar as áreas com possível alagamento os dados foram coletados em época chuvosa. Levando-se em consideração que entre os pontos 7 e 8 a trilha segue dentro de um curso d’àgua que permanece a maior parte do ano alagado. Calcula-se através da equação: FC alag = 1 – (ma/mt), onde ma é a soma dos trechos da trilha sujeita a alagamentos e mt é o comprimento total da trilha. vi) Fator de Correção Advindo da Fauna (FCfau): A visitação pública pode afetar significamente a fauna de uma região, no que se refere a sua abundância, distribuição e ocorrência. Com isso, a presença de espécies ameaçadas de extinção em áreas sujeitas à visitação deve também ser levada em consideração nos estudos de capacidade de carga turística. Para a região da APA da Caverna do Maroaga foi selecionado a espécie Rupicola rupícola (Galo-da-serra), espécie muito rara que requerem para reprodução um conjunto de componentes essenciais como paredões ou cavernas de face Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 121 seca, presença de umidade, de penumbra e proximidade de água, com base em estudos o período reprodutivo é de cerca de quatro meses (JUNIOR, R.O). Para o cálculo dos Fatores de Correção advindos da Fauna, foi utilizado a seguinte equação FCfau = 1 – (pr/pt), onde pr corresponde ao período de reprodução em meses da espécie em questão e pt é o período total de ocorrência na região. c) Capacidade de Carga Efetiva (CCE): A CCE é o número máximo de visitas permitidas em determinado sítio num intervalo de tempo definido, considerando-se sua CCR previamente calculada e as condições de ordenação e manejo da visitação existente na área protegida. Seu cálculo processa-se através da fórmula: CCE = CCR x CM, onde CM corresponde à Capacidade de Manejo. A CM é um parâmetro expresso em porcentagem, que reflete a condição de manejo realmente disponível na unidade, relacionando-a com condições de manejo ideal para o pleno funcionamento da mesma. Têm importância nessa medição variável como respaldo jurídico e político, equipamentos disponíveis, dotação de pessoal, orçamento anual e condições de infraestrutura para a manutenção e atendimento ao visitante (Cifuentes, 1992). 4. Resultados e discussões Caracterização da trilha A trilha oficial de acesso à Caverna do Maroaga (Fig. 2) possui 2.115m de extensão aproximadamente, com início do percurso na coordenadas 02°03’25.8’’ S e 59°58’25.8’’ W. A trilha é considerada de curta distância com tempo médio de deslocamento de 1h e 45 minutos, sendo utilizada para execução de atividades recreativas vinculadas ao ecoturismo, turismo de natureza, turismo paisagístico, educação ambiental, espeleoturismo, lazer, prática de atividades físicas e observação da fauna e flora. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 122 A largura do piso da trilha varia de 1m a 2m e a largura média é de 1,45m. A largura mínima não obedece ao padrão de 1,20m classificado quanto ao nível técnico por Andrade (2008), como de fácil e leve grau de intensidade. Totalizou-se 205m com declividade média (entre 15° e 30°) ao longo da Trilha e 71m com declividade ruim (acima de 30°), encontrando-se pontos de erosão em sulco e laminar que totalizou 79,7m. Foram contabilizadas 5 bifurcações ocasionada por queda de árvores, presença de clareira também causada por queda de árvore, deixando a trilha sem cobertura em 18m. 123 Figura 2: Trilha de acesso à Caverna do Maroaga. Fonte: Porto, 2013. Ao longo da Trilha foram medidos 151,4m com pontos onde a água (Fig. 3) tende a se acumular, aumentando o impacto às bordas da trilha devido ao desvio praticado pelos usuários, sendo que em 105m a trilha segue dentro de um curso d’água. Ressalta-se importância do replanejamento desse trajeto, como medida de proteção ao recurso hídrico e proporcionar maior segurança e comodidade ao visitante. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 03 A, 03 B e 03C: Trecho da trilha que segue em um curso d`água. Fonte: Porto, 2013. Pôde-se avaliar que o indicador de impacto, em relação às raízes expostas (Fig. 04), foi bastante expressivo, sendo observado nos pontos de monitoramento, devido à presença de solo irregular e falta de planejamento da trilha, provocando maior exposição das raízes. Além disso, obteve-se um índice baixo de serapilheira no percurso de ida da trilha até à Caverna sendo observado em muitos casos, que o retorno dos visitantes acontece a partir do atrativo principal não completando todo o percurso da trilha. Figura 04A, 04B e 04C: Raízes expostas. Fonte: Porto, 2013. Foi observado que parte do percurso da trilha de retorno passa por cima da Caverna, o que possivelmente em longo prazo pode propiciar o surgimento de impactos ambientais. Sugere-se, portanto mudança no traçado de retorno da trilha. Vale ressaltar que em 5 pontos de controle estabelecidos na trilha foi Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 124 observado a presença de arvores caídas dificultando a caminhada ao longo da trilha (Fig. 5). A B Figura 05 A e 05 B: Troncos interceptando a trilha. Fonte: Porto, 2013. Quanto ao grau de resistência à penetração do solo da trilha, medido com o uso de um Penetrômetro Humbolt, variando de macio a pouco macio de 2,75 Kgf/cm² a 3,5kgf/cm² nos pontos com solo areno-argiloso e de 2,5Kgf/cm² a 4 Kgf/cm² em latossolo argiloso. Esses valores expressam o grau de compactação do piso da trilha, que coincidiram serem maiores nos pontos com maior declividade e em pontos onde a cobertura era escassa. Como existe relação da resistência à penetração com a umidade, é um atributo muito variável com o tempo, pois em um período mais seco a resistência à penetração pode ser maior que em períodos mais úmidos (MORALES, 2010). Determinação da capacidade de carga Considerando-se uma extensão de 2.115m e um tempo de 480 minutos em que a trilha permanece aberta ao público, a CCF calculada foi de 11.272,95 visitantes/dia. A CCR calculada foi de 541 visitantes/dia. Em relação à capacidade de manejo, segundo Cifuentes (1993), o critério escalonado como satisfatório possui uma CM de aproximadamente 30% do valor ótimo. Considerou-se para o estudo este percentual, uma vez que o atrativo carece de infraestrutura de recepção e não aplica medidas de manejo, monitoramento e planejamento. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 125 Sendo a CCR e a CM respectivamente iguais a 541 visitantes/dia e 30%, a CCE é igual a 162,3 visitantes/dia. Os fatores de correção social e fauna, juntamente com a CM foram os itens que mais restringiram o número de visitas (Tabela 1), foi desconsiderado o fator de correção brilho solar, uma vez que a mensuração da radiação solar em áreas abertas não é padronizada e a trilha adotada possui cobertura vegetal em todo seu trajeto, possibilitando a visitação normal ainda que em dias ensolarados. Tabela 1. CCA para a visitação do atrativo Caverna do Maroaga Capacidade de Carga Resultado 01 Física (CCF) 11 272.95 02 FCsoc 0.2 03 FCprec 0.62 04 FCacessi 0.85 05 FCalag 0.93 06 FCfau 0.51 07 FCerod 0.96 08 Real (CCR) 541 09 Capacidade de Manejo (CM) 0,3 10 Efetiva (CCE) 162,3 Segundo Takahashi (1997), a CCA pode estimular os administradores das UC a centrarem sua atenção exclusivamente no número de visitas que a unidade é capaz de receber sem causar danos, deixando em segundo plano as providências administrativas e de manejo fundamentais ao seu funcionamento. Porém, a CCA deve ser levada em consideração como um método complementar aliado a outros métodos de planejamento existentes como o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 126 LAC (Limits of Acceptable Changes) proposto por Stankey et. al.(1985) e o VIM (Visitor Impact Management) de Graefe et. al. (1990). De acordo com os registros do ano de 2012 (Fig. 6), a visita turística ao atrativo foi mais acentuada (pico) nos meses de abril e julho, com 169 e 160 visitantes respectivamente, devido a festas populares e início do verão. Detectou-se que as visitas são mais intensificadas nos finais de semana. 180 160 140 120 100 80 Série1 60 40 20 0 127 Figura 06: N° de visitantes mensais (2012) - Caverna do Maroaga. Fonte: SEMTUR-PF, 2013. Sendo necessária maior atenção no monitoramento das trilhas nos mês de abril e maio, uma vez que a precipitação é muito alta nesse mês estando estas mais susceptíveis à erosão. De acordo com os dados, pressupõe-se que atualmente a trilha de acesso da Caverna do Maroaga esteja nos limites calculados para a CCE. Conclusão A trilha oficial de acesso à Caverna do Maroaga encontra-se com o trajeto inadequado às características biofísicas e paisagísticas da área, propiciando seu estado de conservação crítico com a intensificação de processos erosivos e impactos antrópicos ao longo de seu percurso pela falta de planejamento, monitoramento da visitação e manutenção periódica. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 A caverna está inserida na zona de especial interesse ecoturístico da APA, no entanto, apesar de haver portaria oficializando o plano de gestão da referida UC, o mesmo não se encontra disponível e também não é observada as medidas de gestão designadas para o turismo e uso público na UC. Dessa maneira, conclui-se que não houve qualquer planejamento para implantação e não há manutenção da trilha de acesso à Caverna do Maroaga, tendo em vista que em sua área de abrangência há outras trilhas secundárias não oficiais. A mesma situação pode ser encontrada nos outros atrativos. Ao considerar a realidade deste atrativo da APA, e o perfil físico da Trilha de acesso à Caverna, observado a partir deste estudo, sugere-se algumas medidas que visam a conservação da trilha: i – realizar a recuperação das áreas degradadas, com o plantio de mudas de espécies nativas, assim como, promovendo o fechamento de atalhos e de áreas com larguras amplas, e o estreitamento da trilha em áreas sujeitas a deslizamentos decorrentes da erosão; ii - aumento do número de placas informativas ao longo da trilha com informações sobre fauna e flora; iii - construção de drenos para contenção da erosão e minimização dos pontos de alagamento; iv - fechamento temporário da trilha em dias de chuva para não agravar a erosão sobre ela e fechamento durante um dia na semana para que seja feita a manutenção, monitoramento e limpeza; v - planejamento de atividades turísticas orientadas em outros locais adjacentes, para não sobrecarregar à Caverna do Maroaga; vi – desenvolvimento de campanhas de sensibilização junto aos visitantes, com o envolvimento e integração da comunidade do entorno. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 128 Sugere-se a equipe de gestão do atrativo a organização de uma agenda de visitação diária de maneira que respeite os limites de visitação impostos pela CCE da trilha principal, com implementação de medidas de manejo mais efetivas (correção de áreas erodidas, implantações de corrimões, degraus, áreas de descanso, etc.) mitigando os impactos ambientais existentes e consequentemente aumentando a CCE das trilhas. 5. Bibliografia AMAZONASTUR/PROECOTUR. Plano de Manejo Espeleológico e Projetos Específicos de Infra-Estrutura e Sinalização da Caverna do Maroaga. Ecossistema Consultoria Ambiental, Presidente Figueiredo/AM, 2004. ANDRADE, W. J. 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ISBN 978-85-88769-56-4 131 GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas. VALIDAÇÃO DO MODELO DE VIEWSHED COMO TÉCNICA DE APOIO AO PLANEJAMENTO DE TRILHAS NO TURISMO Romero Gomes Pereira da Silva25 Carlos Henke-Oliveira26 Carlos Hiroo Saito27 Raquel Fetter28 Ronaldo Gomes Barbosa29 Resumo Palavras-chave: Campo de Visão; Modelo de Viewshed; Paisagens; Trilhas Os sistemas de informações geográficas podem incorporar à análise ambiental o conceito de viewshed, ou seja, a modelagem do “campo de visão” partindo de um observador. A modelagem de viewshed também pode ser recursiva, servindo para o mapeamento de áreas visíveis de um alvo considerado importante para fins turísticos (ou seja, todos os locais a partir dos quais o referido alvo turístico pode ser visto). Considerando que o feixe de luz propaga em linha reta, haverá similaridade se o modelo partir de um atrativo paisagístico para toda área onde um observador pode visualizá-lo ou viceversa. Estas abordagens são úteis para conduzir o planejamento de trilhas, quantificar a qualidade cênica da paisagem e mapear regiões visíveis. Adicionalmente, é primordial a validação de campo destes modelos, que é o objetivo deste trabalho. O experimento genérico consistiu na adoção de um alvo luminoso (LED) em lugar alto e de relevo bastante acidentado, para o qual buscou visada num percurso de pré-estabelecido. Assim, foi possível coletar dados de regiões visíveis e não visíveis para o alvo luminoso através do registro GPS. Os dados foram armazenados no SAPHIRA (Sistema de Aquisição, Processsamento, Hospedagem e Integração sobre Recursos Ambientais) para a produção de um mapa de análise espacial da visibilidade. A validação foi feita pela comparação dos resultados de campo com o viewshed 25 romerogomes1@gmail.com Engenheiro florestal, mestrando em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília. Pesquisador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília 26 carloshenke@unb.br Biólogo, Doutor em Ecologia, Professor da Universidade de Brasília. Coordenador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília 27 carlos.h.saito@hotmail.com Biólogo, Doutor em Geografia, Professor da Universidade de Brasília. Coordenador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília 28 raquelfetter@yahoo.com.br Bióloga, Doutoranda em Geografia pela Universidade de Brasília. Pesquisadora do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília 29 rgb.bh@terra.com.br Advogado, Funcionário técnico da Universidade de Brasília. Técnico do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 132 previamente modelado no SIG Idrisi-Taiga. Num percurso de 18,5km, se obteve um acerto de 66% entre o modelo e a realidade, sendo que o valor complementar (33%) está dividido entre erros de omissão (7%) e sobrevisão (26%). As causas dos erros foram analisadas diante de aspectos estruturais da vegetação, das imprecisões do MDE e da distância máxima modelada. Recomenda-se o uso de modelos de viewshed no balizamento do planejamento do turismo de observação. Resumen Palabras clave: Campo de Visión; Modelo Cuenca Visual, Paisajes, Senderos Los sistemas de información geográfica pueden incorporar al análisis ambiental el concepto de cuenca visual (viewshed), es decir, modelar el "campo de visión" a partir de un observador. El modelado de cuenca visual también puede ser recursivo, que sirve para el mapeo de las áreas visibles de un objetivo que se considera importante para el turismo (es decir, todos los lugares que un turista puede ver un objetivo). Mientras que el rayo de luz se propaga en línea recta, existe similitud se el modelo salir del atractivo paisajístico para al lugar donde el observador puede visualizarlo o vice versa. Estos enfoques son útiles para orientar la planificación de los senderos, cuantificar la calidad escénica del paisaje y al mapeo de las regiones visibles. Además, es crucial la validación de campo de estos modelos, que es el objetivo de este trabajo. El presente experimento consistió en la adopción de una luz (LED) en un lugar alto y con la topografía muy accidentada, intentado así, visualizar la luz en un camino predeterminado. Por lo tanto, fue posible recopilar datos de las regiones visibles e invisibles para la luz mediante el uso de GPS. Los datos se almacenaron en SAPHIRA (Sistema de Adquisición, Processsamento, Alojamiento e Integración de Recursos Ambientales) para producir un mapa de análisis espacial de la visibilidad. La validación se realizó mediante la comparación de los resultados del campo con el modelado previamente en el SIG Idrisi-Taiga. Una distancia de 18,5 kilometros, se obtuvo um éxito de 66% entre el modelo y la realidad, y el valor complementario (33%) se reparte entre los errores de omisión (7%) y sobrevisión (26%). Las causas de los errores se analizaron de acuerdo con los aspectos estructurales de la vegetación, las inexactitudes de MDT (Modelos Digitales del Terreno) y distancia máxima modelados. Recomendamos el uso de modelos de cuenca visual para la planificación del turismo de observación. 1. Introdução Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 133 A paisagem é um espaço definido por um observador, numa dada escala de tempo e espaço e guarda em si uma heterogeneidade nos seus fatores (METZGER, 2001). Identificar e quantificar o campo visual, partindo de um ponto ou área de observação, é uma forma de analisar tal heterogeneidade e representa uma estratégia particularmente útil no planejamento e ordenamento territorial de áreas urbanas ou naturais. Esse tipo de análise tem sido feita com apoio dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e busca testar a funcionalidade de um sistema para verificar se a localização dos elementos na paisagem está apropriada (SLY; KAY, 2001). Com a facilidade do processamento de informação espacial e mediante o fato de que os dados de elevação do terreno são digitalmente modeláveis, o desenvolvimento de algoritmos de determinação da área visível acabou sendo um dos primeiros investimentos dentro deste tema. Estas funcionalidades, desde então, destacam-se dentre as operações dos SIG (FISHER, 1996). O conhecimento dos locais visíveis (ou dos não visíveis) é importante para a tomada de decisão e implantação de projetos que causam impactos na paisagem (LANDOVSKY; MENDES, 2011). Para o turismo de visitação em áreas naturais é importante obter esse tipo de informação, pois ela pode subsidiar diretrizes de políticas públicas e planejamento integrado no campo da gestão e análise ambiental (GUIMARÃES, 2008). A análise visual para o ecoturismo, por exemplo, possibilita avaliar o desenho de trilhas ecológicas e mirantes em áreas especialmente ricas em termos cênicos. Essa avaliação pode ocorrer de duas formas: a) a partir de pontos previamente definidos (ex. trilhas), comparar os pontos entre si quanto à riqueza e qualidade dos respectivos campos de visão, de modo a hierarquizá-los (FETTER et al., 2012) e b) a partir da definição de pontos de interesse (campos de visão) que recursivamente podem indicar o melhor local de observação, definindo, por exemplo, o traçado de trilhas. O conceito de viewshed designa uma área que é visível aos olhos humanos a partir de um determinado ponto de observação. Nos estudos que envolvem o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 134 uso de SIG, viewshed é a área visível a partir de um ponto específico baseada em valores de elevação de determinado terreno (LANDOVSKY; MENDES, 2011). O viewshed também representa uma geotecnologia que busca especializar o mesmo conceito e, como tal, corresponde a uma operação padrão que necessita de um Modelo Digital de Elevação (MDE), um determinado ponto ou alvo de observação posto a uma altura acima da superfície da terra e um alcance máximo de visibilidade (FISHER, 1993). Após a seleção do ponto de visualização é calculada a linha de visão para todos os outros pontos dentro da área de interesse. Se a superfície da terra se eleva acima da linha de visão, então o alvo está fora de vista, caso contrário, a área está dentro do campo de visão (FISHER, 1996). Muitas são as aplicações da técnica de viewshed, desde a localização propícia para a instalação de parques eólicos (KIDNER et al., 1999; MÖLLER, 2006), monitoramento de incêndios (LEE, 1991; SAWADA et al, 2006), planejamento de tele conexões, proteção de alvos contra ataques terroristas (VANHORN; MOSURINJOHN, 2010), planejamento urbano (Wilson et al, 2008), gestão e avaliação de paisagens (FETTER et al, 2012), conservação de espécies ameaçadas de extinção (CAMP et al., 1997), estudo de sítios arqueológicos (LAKE et al., 1998; JONES, 2006; MASCHNER, 1996), dentre outros. Sua aplicação em estudos para a implementação de atividades ecoturísticas ainda é incipiente e podemos citar os trabalhos de análise da qualidade visual de paisagens (GERMINO et al, 2001), elaboração de guias para visitantes (BARTIE; MACKANESS, 2006), apreciação visual e design de paisagens (JOLY et al, 2009; JONES, 2006) e apreciação visual de áreas em que não é permita visitação (FETTER et al, 2010). A avaliação da eficácia dos modelos de viewshed foi explorada por Fisher (1993) na perspectiva de investigar como MDE é feito, como o ponto de observação ou alvo para observação estão representados, bem como as formulações matemáticas e lógicas internas. Porém pouco se explorou a validação em campo dos modelos. Assim, a avaliação da eficácia dos modelos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 135 de viewshed é de suma importância, principalmente quando os mesmos servirem para orientar projetos de infra-estrutura e gestão ambiental. Diante disto, o presente trabalho propõe uma validação de campo de visão de três modelos de viewshed aplicados ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros-Goiás, uma Unidade de Conservação da Natureza, no qual é desenvolvida a prática do ecoturismo. Adicionalmente, considera-se a necessidade de uma análise sistemática dos fatores que induzem a erros no modelo. A validação de campo proposta neste trabalho visa uma prospecção de elementos que possam ser úteis na discussão e análise da efetividade e do potencial de aplicação do modelo de viewshed em áreas naturais com grande complexidade de relevo e de vegetação, em que se encaixa grande parte das unidades de conservação abertas para visitação. Comparar os dados espacializados em ambiente SIG com aquilo que é observado na realidade é uma forma de melhor entender o efeito das variáveis de entrada do modelo (relevo, o alcance máximo de visibilidade e altura horizontal do olho do observador). Além dessas variáveis é importante agregar à análise a influencia de fatores que não entram na estruturação do modelo estabelecido em ambiente SIG, mas que podem ajudar na melhor calibração e efetividade de modelos de viewshed. 2. Metodologia Ao propor a validação de campo e análise do modelo de viewshed, ressalta-se que os resultados do experimento visam balizar o uso do modelo ao planejamento de trilhas, estudos da paisagem e turismo em áreas naturais. Desta forma, a área de estudo escolhida, Chapada dos Veadeiros, corresponde às aplicações da análise do modelo por se apresentar como um pólo de ecoturismo no estado de Goiás. 2.1 Localização e caracterização da área Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 136 A região da Chapada situa-se a cerca de 250 km ao norte de Brasília, e a 470 km a nordeste de Goiânia. Abrange vários municípios do norte do estado de Goiás, dentre eles, São João d'Aliança, Alto Paraíso de Goiás, Colinas do Sul, Teresina de Goiás e Cavalcante. A Chapada dos Veadeiros abriga o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) situado entre as coordenadas de 47° 53' 54.5604" W a 47° 25' 17.5404" W e 14° 10' 48.5148" S a 13° 53' 14.604" S (LACERDA, 2008). Do ponto de vista geomorfológico, a Chapada dos Veadeiros é uma região que apresenta a maior extensão de terras elevadas do estado de Goiás. Abriga também o seu ponto culminante, na Serra do Pouso Alto, que atinge 1.676m de altitude. A região é marcada por estruturas geológicas ligadas a movimentos tectônicos antigos, como dobramentos, falhamentos e fraturas. Essas estruturas têm marcante papel na elaboração das feições de relevo (OLIVEIRA, 2007). A Chapada dos Veadeiros está inserida no bioma Cerrado e apresenta várias fitofisionomias: campo cerrado, campo sujo, campo limpo, campo rupestre, cerrado arbóreo e cerrado rupestre em decorrência à predominância de solos do tipo, cambissolos, litólicos e latossolos vermelho-amarelo e de variações de altitude da região (FELFILI et al., 2007). Figura 01: Chapada dos Veadeiros vista do Mirante do Abismo. Fonte: www.ecoa.unb.br/siamb, 2.2 Geração de modelos de visibilidade da paisagem em SIG - viewsheds Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 137 A geotecnologia viewshed especializa as áreas mutuamente visíveis entre pontos na paisagem a partir de um Modelo Digital de Elevação (MDE). (KAUCIC; ZALIK, 2008). Kim (2004) considera essas áreas visíveis como regiões de intervisibilidade entre os pontos, definida por “linhas de visão” necessariamente ininterruptas (LLOBERA, 2003). Considerando que a luz que se propaga entre observador e o objeto visualizado é uma linha reta, a afirmação anterior pode ser invertida ao dizer que o viewshed permite a espacialização de um horizonte visível em relação a um alvo (atrativo cênico). O algoritmo de base para gerar um viewshed a partir de dados de elevação baseia-se na estimativa da diferença de elevação dos pixels intermediários entre o pixel que caracteriza o ponto de observação e o pixel que caracteriza o alvo da observação. A determinação de se o pixel alvo pode ser visto a partir do ponto de observação é realizada por análise de cada um dos pixels intermediários entre os dois pontos, para determinar a “linha de visão” (KIM et al, 2004). Se a superfície da terra se eleva acima da linha de visão, o alvo de observação não é visível, caso contrário sim. O conjunto de pixels visíveis a partir do ponto de observação forma o viewshed (BURROUGH; MCDONNEL, 1998) (Figura 2). Figura 2: Representação de um viewshed booleano (visível/não visível). LV – linha de visão. Fonte: Adaptado de Clarke (1990). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 138 A pura análise booleana para o cálculo do viewshed omite os elementos verticais como a vegetação e as construções (SANDER; MANSON, 2007) e, segundo Llobera (2003) esses elementos devem ser considerados e mapeados de volta para o espaço de forma a gerar novas superfícies para aprimorar o modelo. Os trabalhos de Lake et al (2000) e Germino et al (2001) são exemplos da integração de elementos verticais nas análises de viewshed. No presente trabalho foram gerados três modelos de viewshed com pontos de observação localizados em região de topo de morro no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. O primeiro, um ponto fixo de observação correspondendo a um único pixel (1 pixel) e dois modelos compondo conjuntos de pixels que caracterizassem diferentes áreas de deslocamento do turista, ou seja, um pixel e seus vizinhos (1 pixel + borda de 1 pixel) e um conjunto maior de pixel (topo de morro, seguindo uma curva de nível). Os modelos foram gerados no software Idrisi-Taiga a partir de um Modelo Digital de Elevação (MDE) obtido do topodata do INPE, com pixel em resolução de 30 m. Foi considerada uma altura do observador de 7,6 metros e um alcance máximo de 20 km. A escolha de uma altura acima do padrão de um observador em solo (7,6 m) tem por base a necessidade de eliminar o efeito da vegetação adjacente, a fim de proporcionar o teste do modelo, seja em menores ou em maiores distâncias. Na prática, o modelo simula uma condição típica de uma torre de observação, artifício usado tanto no monitoramento ambiental (ex. incêndios) quanto no turismo (ex. mirante elevado). 2.3 Validação dos modelos de viewshed A validação do modelo foi feita, num primeiro momento, pela fixação de uma fita de micro-lâmpadas de LED (Light Emitting Diodes) verdes no topo de um bastão de 7,6 metros, em posição vertical, nas coordenadas do pixel unitário, no qual foi gerado o primeiro modelo de viewshed, já que os demais modelos foram gerados para o entorno desse pixel central (Figura 3). Em particular, a potência programada de luz dos LED esteve na faixa de 1,5 Watts, em regime intermitente, com uma piscada de 0,3 segundos para cada segundo em estado Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 139 apagado. Tais características, associada à cor atípica da luz, teve o objetivo de tornar o dispositivo emissor de luz o mais perceptível possível, no período noturno, em áreas onde houvesse visada direta. 140 Figura 3: A e B - Montagem do equipamento composto por um bastão de 7,6 metros e microlâmpadas de LED. C e D – Representação da visibilidade noturna do LED durante o experimento de validação do modelo de viewshed. Considerou-se que a existência de visada noturna nas condições experimentais simula as mesmas condições diurnas na perspectiva de um observador turístico, visto que os dois fenômenos óticos são regidos pelas mesmas leis físicas. Assim, o aspecto da validação do modelo genérico poderia indicar as propriedades de validação de modelos aplicados ao turismo de observação em trilhas, por exemplo. Num segundo momento, foram percorridos 18,5 Km de estradas da região, a velocidade aproximada de 20 km/hora, em noite sem lua e condições de elevada transparência atmosférica. A equipe contou com um motorista, dois observadores que informavam ao quarto membro (o registrador) as condições de visibilidade ou não-visibilidade da luz verde do LED. Na terceira etapa do experimento os registros de horário e coordenadas GPS de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 aparecimento e desaparecimento do objeto na linha do horizonte foram incorporados no SAPHIRA (Sistema de aquisição, processamento, hospedagem e integração de informações sobre recursos ambientais) (HENKEOLIVEIRA; SAITO, 2012), visando a integração dos dados num sistema de informações geográficas e, confrontados, dados de campo com os dados modelados. 3. Resultados 141 Figura 4: Representação dos três modelos de viewshed e do trajeto percorrido, indicando trechos visíveis e não visíveis. Os modelos se sobrepõem entre si. O modelo tomado por 1 pixel (rosa) está contido nos demais, o modelo tomado por 1 pixel mais a borda de pixels vizinhos (verde) está contido no modelo que considera o topo de morro como ponto de observação (amarelo). Especial atenção deve ser dada ao trajeto de campo e aos registros dos momentos em que o LED esteve visível e não visível. Essa informação ao ser sobreposta à área de abrangência de cada viewshed modelado correspondeu aos percentuais apresentados na Tabela 1, em que a distância percorrida sem a visualização do alvo luminoso foi maior, indicando que ou o trecho da estrada Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 estava fora da área dos viewsheds ou pode ter ocorrido interferência por efeito da altura da vegetação. Tabela 1: Proporção da distância percorrida entre visibilidade e não-visibilidade nos três modelos de viewsheds analisados. Distância percorrida em Km (e % do trajeto) Viewshed visível Viewshed não visível 1 pixel 6,243 (33,7) 12,263 (66,3) 1 pixel + borda de 1 pixel 7,480 (40,4) 11,026 (59,6) Vários pixels (topo de morro) 7,906 (42,7) 10,600 (57,3) Modelo Total 18.506 (100%) Houve situações em que trechos da estrada fizeram parte dos modelos de viewsheds gerados, mas que na validação de campo não correspondeu à observação do LED. Tais situações foram denominadas de “erros de sobrevisão” do modelo. O oposto também foi verificado, em que trechos da estrada não fizeram parte dos modelos, mas a validação de campo constatou a visualização do LED, qualificando os “erros de omissão”. 142 Dessa forma, percebeu-se que aos trechos visíveis dos modelos estavam somados os erros de sobrevisão, em que o modelo visualizou mais do que foi observado na realidade e que aos trechos não visíveis estavam somados os erros de omissão, em que os modelos falharam ao não incorporar os trechos que permitiam a visualização do LED (Tabela 2). Tabela 2: Comparação percentual entre os viewsheds modelados e o experimento de campo. 1 pixel (%) Trechos visíveis Trechos não visíveis Total Erro de omissão Erro de sobrevisão Total 11,7 55 66,7 11,3 22 33,3 1 pixel + borda de 1 pixel (%) 14,3 50,9 65,2 8,7 26,1 34,8 vários pixels – topo de morro (%) 15,9 50,1 66,1 7,1 26,8 33,9 Os erros encontrados pouco variam entre os três viewsehds, indicando que a modelagem é pouco sensível a erros de posicionamento. Em outras situações os resultados poderiam ser diferentes, por exemplo, naquelas áreas distantes Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 de topos de morros, ou em condições topográficas específicas que possam gerar maior variação entre os modelos. Em termos das implicações dos erros dos modelos na gestão do turismo, nos parece que os erros de omissão não são tão graves quanto os do sobrevisão. Isto porque os erros de sobrevisão podem gerar uma falsa expectativa ao gestor (ou ao turista), pois sugerem alocar algo (ou visitar algum local) para observar aquilo que na prática não poderá ser observado. Assim, um dos critérios para a seleção do modelo mais adequado seria com base no menor erro de sobrevisão em relação aos demais. Esta discussão é particularmente importante no caso em estudo, pois o erro de sobrevisão foi menor no modelo de um pixel, exatamente no local de fixação do LED para a validação de campo. Isso configura o modelo de um pixel como o modelo mais fiel à experimentação. Uma evolução nesta linha de raciocínio considera que se o modelo mais fiel à experimentação em campo (modelo de 1 pixel) é o que apresenta menor erro (principalmente o erro de sobrevisão) em relação à experimentação de campo, então o processo de modelagem se configura como coerente. Caso modelos menos fiéis à experimentação (pixels vizinhos e topo de morro) tivessem mais congruência em relação à realidade, todo o processo de modelagem, bem como os modelos resultantes, seriam comprometidos, pois se espera que os resultados mais congruentes a realidade ocorram para os modelos mais fiéis à realidade. O viewshed é uma das tantas ferramentas de SIG que podem contribuir para construção de planos que sejam efetivos e eficazes no correto manejo dos recursos naturais. Pode incorporar as preferências previamente identificadas pelo público inclusive num cenário de movimento em que é considerada a dinâmica de mudança nos elementos e objetos observados no espaço e no tempo, no caso de trilhas, como avaliado por Fetter et al (2012), ao invés de apenas cenários estáticos. Da mesma forma poderiam ser eliminados possíveis efeitos visuais negativos (CHAMBERLAIN; MEITNER, 2013) e outros efeitos que se propagariam na paisagem como a presença de um lixão e o seu odor Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 143 fétido. A vegetação, em circunstâncias específicas pode causar um efeito microtextural no terreno e que teria maior influência na redução da visibilidade quanto mais próxima estiver do observador e quanto maior fosse o seu porte. O efeito da vegetação foi observado por Fetter et al (2012) no estudo do viewshed de uma Unidade de Conservação da Natureza, de uso integral, no interior do Rio Grande do Sul, em região de Floresta Ombrófila Mista. Apesar da validação do viewshed não ser uma meta no trabalho, a equipe de campo procedeu com uma validação informal em que, subindo em árvores, atingiram a altura de 5 metros proposta nos modelos e foi lançada a visão nas direções que indicavam áreas visíveis. No entanto a visibilidade foi prejudicada pela altura da vegetação superior a sete metros de altura. Assim, constata-se que ambientes mais homogêneos de floresta dificultam a visada, a menos que mirantes ultrapassem o dossel, enquanto que fitofisionomias como o cerrado, mais heterogêneas e consideravelmente mais baixas, permitem o maior alcance de observação e, teoricamente, de uma diversidade maior de elementos no ambiente. Podemos deduzir que o efeito da vegetação no presente estudo possa ter aumentado o erro de sobrevisão, já que diferentes trechos de borda da estrada percorrida eram compostos por vegetação de porte variado, de poucos centímetros a mais de 5 metros de altura e com diferentes densidades foliares. Esse estudo é válido também nas situações que denominamos de viewshed recursivo, em que se pretende identificar uma rota que permita a observação de alvos específicos como cachoeiras, locais de repouso de aves, etc. Esse tipo de estudo é ainda mais raro, mas pode ser citado o trabalho de Senaratne et al (2013) que gerou viewsheds que denominou de “inversos” a fim de obter uma medida de qualidade para a correção de referência de localização de fotografias georeferenciadas fornecidas pelo Flickr (uma plataforma de geoinformações) como fonte de dados VGI (informação geográfica voluntária). Fetter et al (2012), modelou viewshed visando a maximização da observação Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 144 das zonas intangíveis em uma área protegida, de forma a proporcionar o maior contato remoto possível, mantendo a maior integridade ecológica. 4. Conclusão As geotecnologias devem ser acompanhadas de cuidados, devendo ir além do mapeamento. A modelagem é frequentemente identificada como uma atividade notável por ser baseada em abstrações conceituais e em métodos matemáticos e lógicos. Porém, modelar demanda de cuidados, visto que os modelos são representações simplificadas e, por isso, imperfeitas da realidade. Disso derivamos duas orientações gerais para os modelos de viewsheds: a) de que se reconheçam que os erros destes modelos são propriedades intrínsecas aos mesmos, em que as implicações dos erros não são necessariamente proporcionais ao tamanho dos erros (ex. erros de omissão são menos piores de sobrevisão); b) que os modelos não devem ser utilizados como comprovação do real, mas como auxiliares na identificação das propriedades do real e do seu significado, exigindo-se também que modelos sejam validados e progressivamente melhorados. 5. Bibliografia BARTIE, P. J.; MACKANESS, W. A. Development of a speech-based augmented reality system to support exploration of a cityscape. Transactions in GIS, v. 10, n. 1, p. 63–86, 2006. BURROUGH, P.; MCDONNELL, R. Principles of geographical information systems. Oxford, UK: Oxford University Press Oxford, 1998. CAMP, R. J.; SINTON, D. T.; KNIGHT, R. L. Viewsheds: a complementary management approach to buffer zones. 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LOCALIZAÇÃO DE PONTOS ESTRATÉGICOS QUE REPRESENTAM A DIVERSIDADE PAISAGÍSTICA NA TRILHA DOS SALTOS DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS Romero Gomes Pereira da Silva30 Carlos Henke-Oliveira31 Carlos Hiroo Saito32 Everaldo Skalinski Ferreira33 Raquel Fetter34 Ronaldo Gomes Barbosa35 Resumo Palavras-chave: Diversidade Paisagística; Campo de Visão; Planejamento; Trilhas O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) é uma das Unidades de Conservação da Natureza que não mais obriga a visitação com auxilio de guias. Assim, o planejamento das suas trilhas requer estratégias que despertem a curiosidade e a interpretação do visitante, visto que o caráter visual das paisagens pode contribuir no melhor planejamento e manejo de trilhas. Através da técnica de viewshed, em ambiente SIG (Idrisi-Taiga), foram mapeados os campos de visão do observador (viewshed modelado) para 17 pontos ao longo da trilha dos Saltos (PNCV). Para os mesmos pontos foram obtidas fotografias panorâmicas (360 graus), representando o viewshed real. Através da análise de cada uma das dezessete áreas de visibilidade, bem como da resultante dos pares de áreas combinadas, foi possível identificar os pontos estratégicos. A análise conjunta de dados modelados e reais permitiu identificar quatro pontos fundamentais para a contemplação da paisagem. Apesar de cobrirem apenas 57% de toda área visível da trilha, as regiões visíveis dos quatros pontos são as mais representativas (regiões mais altas e distantes entre si) e suas áreas de visibilidade são pouco redundantes e 30 romerogomes1@gmail.com Engenheiro florestal, mestrando em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília. Pesquisador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília 31 carloshenke@unb.br Biólogo, Doutor em Ecologia, Professor da Universidade de Brasília. Coordenador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília 32 carlos.h.saito@hotmail.com Biólogo, Doutor em Geografia, Professor da Universidade de Brasília. Coordenador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília 33 eskalinski@yahoo.com.br Geógrafo, Doutorando em Geografia pela Universidade de Brasília. Pesquisador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília 34 raquelfetter@yahoo.com.br Bióloga, Doutoranda em Geografia pela Universidade de Brasília. Pesquisadora do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília 35 rgb.bh@terra.com.br Advogado, Funcionário técnico da Universidade de Brasília. Técnico do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 149 altamente complementares. As fotografias panorâmicas dos quatro pontos representam a maior parte da diversidade paisagística possível de ser registrada ao longo da trilha. Os resultados deste trabalho podem servir para orientar a interpretação da trilha na sua totalidade, e não apenas nas cachoeiras localizadas no seu final. Além disso, podem colaborar no planejamento ao direcionar pontos que seriam alvo para futuras instalações de painéis informativos ou torres de observação. RESUMEN Palabras clave: Diversidad del Paisaje, Campo de Visión; Planificación; Senderos El Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) es una de las Unidades de Conservación de la Naturaleza que hoy no se requiere la visita con la ayuda de guías. Por lo tanto, la planificación de sus pistas requiere estrategias que despiertan la curiosidad y la interpretación de visitantes, ya que el carácter visual del paisaje puede contribuir a una mejor planificación y gestión de los senderos. A través de la técnica de la cuenca visual en GIS (IDRISI-Taiga), fueron asignadas campos de visión del observador (cuenca visual modelado) de 17 puntos a lo largo del sendero “Trilha dos Saltos” (PNCV). En los mismos puntos se obtuvieron fotografías panorámicas (360 grados), que representa la cuenca visual real. Mediante el análisis de cada una de las diecisiete zonas de visibilidad, así como el par resultante de áreas combinadas, se fue posible identificar puntos estratégicos. Un análisis conjunto de los datos modelados y reales identificó cuatro puntos clave para contemplar el paisaje. A pesar de cubrir sólo el 57% de toda el área visible de la pista, las regiones visibles de los cuatro puntos son los más representativos (regiones más altas y distantes entre sí) y sus áreas de visibilidad son poco redundante y altamente complementarias. Las fotografías panorâmicas de los cuatro puntos representan la mayor parte de la diversidad del paisaje que se puede registrar a lo largo del sendero. Los resultados de este estudio pueden servir de guía para la interpretación del sendero en su conjunto, no sólo a las cascadas situadas en su extremo. Además, pueden colaborar en la planificación de los puntos de la ruta que se dirigen a las futuras instalaciones de paneles informativos o torres de observación. 1. INTRODUÇÃO Uma das medidas adotadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para gerir o aumento do fluxo de turista nas Unidades de Conservação da Natureza (UC) foi o fim da obrigatoriedade do acompanhamento de guias turísticos dentro das áreas naturais. Em 2008, o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 150 próprio instituto emitiu uma portaria (Instrução Normativa nº8 - ICMBio, 2008) que estabelece como princípio que, exceto em casos de excepcional fragilidade do ecossistema, a contratação de condutores não deveria ser por imposição, mas apenas uma recomendação. A presença de trilhas autoguiadas e ações que foquem a sinalização nas trilhas e em locais que ofereçam perigo passaram a ser priorizadas nas gestões das UC’s (BRASIL, 2008). O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), em Goiás, primeira UC que criou a obrigatoriedade do turista ter um guia o acompanhando durante a visitação, e uma das últimas que mantinha tal exigência, acabou com a regra no finaldo ano de 2012. O plano de manejo do parque, de 2009, já estabelecia que o serviço fosse apenas uma indicação (ICMBio, 2009). Diante destes fatos é essencial que o planejamento e manejo de trilhas sejam fundamentados em bases racionais e técnico-científicas que compreende inúmeros níveis de análises e avaliações. Qualquer indicação ou estratégia proposta para o melhor uso das trilhas deve levar em conta a magnitude dos riscos, impactos naturais causados pelo homem e as potencialidades locais (GUIMARÃES, 2008). Dentre as potencialidades, um dos elementos mais marcantes do PNCV é a paisagem, marcada por diferentes fitofisionomias do bioma cerrado, pelo relevo, esculpido em formas peculiares, resultante da ação de intempéries tropicais sobre um arcabouço geológico e por rios que se adentram por vales profundos e formam belas cachoeiras em suas quedas (VEIGA, 2000). Considerando que a paisagem tem importância ecológica e demanda social, ela podeser considerada como objeto de análise ao planejamento de áreas naturais onde existe ação humana (GUIMARÃES, 2008). O estudo e análise da paisagem podemcontribuir paraum melhor relacionamento dos turistas e população local com os recursos naturais. Assim, programas de educação ambiental podem ser efetivados a partir de uma base sólida de dados ambientais que descrevam a paisagem e gestores de UC’s podem ter Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 151 elementos concretos para balizar modificações no traçado de trilhas e alocação de mirantes e torres de visualização. Nesse panorama é importante o desenvolvimento de métodos e análises que permitam visualizar a dinâmica da paisagem. A quantificação da estrutura da paisagem que apresenta um arranjo espacial, em um instante de tempo, pode revelar processos que ocorrem e descrevem a diversidade cênica de uma região (SOARES FILHO, 1998). Assim, para realizar análises de padrões espaciais e estruturas da paisagem modelos e métodos vêm sendo mais aprofundados desde o final do século XIX. As principais escolas de forte fundamentação e influência científica do estudo da paisagem estão nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Holanda. Portugal, França, Itália, Espanha, países nórdicos e eslavos (MAGALHÃES, 2007). Os modelos que levam em conta o campo de visão e os índices que dele podem ser derivados constituem uma parte importante do conjunto de ferramentas necessárias para a análise da paisagem. O campo de visão, ou viewshed, é o conjunto de área visível a partir de um ponto de observação. Os modelos de viewshed podem ser representados em um ambiente de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) com o campo de visada comum dos pontosque pertencem a uma área (LANDOVSKY; MENDES, 2011). Análises a partir de intersecções do conjunto de áreas de visão podem direcionar os melhores pontos de observação considerando vários critérios dentre eles: a distribuição espacial do plano visível e invisível, a área de viewshed e o número mínimo e localização de pontos de observação necessários para dar visada uma área (TÉVAR-SANZ; 1996). Dada à importância de elaborar estratégias que maximizem as experiências de contemplação da estética cênica e ecológica, por meio de orientações e estímulos do visitante direcionados para esta finalidade, o presente trabalho teve como objetivo analisar aspectos de singularidade e complementaridade do Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 152 campo de visão de vários pontos da Trilha dos Saltos na área do(PNCV), como forma de subsidiar a adoção de estratégias de gestão da trilha, com enfoque na maximização do potencial de visualização da paisagem. 2. Metodologia 2.1 O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – PNCV O PNCV está localizado no nordeste do estado de Goiás, entre os municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante e Colinas do Sul. É delimitado pelas coordenadas geográficas 47° 53' 54.5604" W a 47° 25' 17.5404" W e 14° 10' 48.5148" S a 13° 53' 14.604" S (Lacerda, 2008). Possui uma diversificada formação vegetal; inúmeros cursos d'água e nascentes de rios; rochas e afloramentos com datações antigas, além de marcantes paisagens, com feições que se alteram ao longo do ano. Dentre os atrativos turísticos no parque, destacam-se as cachoeiras dos Saltos do Rio Preto, tradicionalmente conhecidos como “Saltos do Garimpão”, cachoeiras das Carioquinhas, Canions I e II, corredeiras denominadas de Pedreiras, Salto São Domingos, Salto do Raizama e Cachoeira do Cordovil (ICMBio, 2009). Atualmente, quatro trilhas levam os visitantes aos atrativos do Parque Nacional abertos ao público. As trilhas são denominadas como: Travessia das Sete Quedas, Trilha dos Saltos, Trilha dos Cânions e Trilha da Seriem (ICMBio, 2013). O PNCV é considerado a maior área de conservação ambiental e um importante atrativo ecoturístico da região nordeste do estado de Goiás. O parque, criado em 1961, protege uma área de 65.514 ha do cerrado de altitude além de áreas de antigos garimpos, como parte da história local. A sua área é dotada de atributos excepcionais para garantir a proteção integral da flora e fauna silvestre, dos solos, das águas e das belezas cênicas, com objetivos científicos, educacionais, recreativos e culturais(ICMBio, 2013). (Figura 1). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 153 Figura 1: Localização do PNCV. 2.2 Trilha dos Saltos 154 Segundo o Plano de Manejo do parque (2009, p.309): “a Trilha dos Saltos apresenta 4,5 km de extensão com o nível de dificuldade classificado como moderado a pesado. A capacidade de suporte da trilha adotada é de 250 visitantes por dia. O percurso é feito na maior parte em terreno acidentado e pedregoso. A trilha passa por diversas fitofisionomias: campo rupestre,mata ciliar, campo limpo, campo sujo rupestre e mata seca, já próximo aos saltos. No caminho tem-se uma vista de veredas e o Mirante das Dróseras, planta insetívora endêmica, de onde se tem uma vista privilegiada da Serra de Santana.Durante o primeiro trecho a trilha passa pelo Garimpão, considerado maior garimpo de cristal de quartzo da região quando em atividade (1912 a 1961), com buracos e blocos de cristais expostos. O Salto II possui cerca de 120 metros de queda, a qual só pode ser vista de cima, por um mirante no caminho. A visão deste local mostra parte do Vale do rio Preto, abaixo do Salto.Acima do Salto II está o Salto I. A descida do mirante do Salto I até o Salto I tem cerca de 800 metros, bastante inclinado. O Salto I é, na realidade, uma cachoeira com cerca de 80 metros de queda, com grande quantidade de pedras, onde o rio Preto forma um poço natural. Dependendo da quantidade de água e correnteza é permitida a natação até próximo à base do Salto I, mas, em geral, há uma corda limitando seu acesso desde um acidente por negligencia do visitante, que ocasionou em sua morte.” Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 2.3 Modelagem de viewshed e atividades de campo Ao realizar a análise paisagística da Trilha dos Saltos, foram escolhidos 17 pontos respeitando a aleatoriedade entre os mesmos (Figura 2). Os procedimentos existentes para modelagem docampo de visão foram baseados em Modelos Digitais de Elevação (MDE), um valor de alcance máximo de visibilidade e a altura de observaçãode 6 metros.O Modelo Digital de Elevação (MDE) da região da Chapada dos Veadeiros foi obtido a partir do topodata do INPE (2008), com pixel de 30 m que com o auxílio do software Idrisi-Taiga permitiu a análise do campo de visão para um raio de 20 km. Tais modelos foram gerados para os 17 pontos. Operações de sobreposição de planos de informações (overlay) foram realizadas para o cruzamento de pares de viewsheds, totalizando 136 comparações ilustrativas da sobreposição entre os mesmos. 155 Figura 2: Identificação dos 17 pontos de observação na Trilha dos Saltos. Para os estudos da paisagem, a análise do campo de visão é efetiva quando este é comparado com fotografias tomadas a cada ponto de observação Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 (TÉVAR-SANZ, 1996). O procedimento de comparação do real representado por fotografias panorâmicas com um modelo de viewshed elaborado em ambiente SIG é importante, pois permite ajustes de variáveis para que os resultados aproximem ao máximo da realidade e assim as análises posteriores tornem mais confiáveis (SOARES FILHO, 1998). Desta forma, com uso de GPS, foram visitados todos os 17 pontos, onde foram tomadas fotografias panorâmicas (360 graus), respeitando-se a altura do solo adotada no modelo computacional, e com o auxílio de um bastão de alumínio com comprimento ajustável em até 7,7 metros de altura acoplado de uma câmera fotográfica operada por controle remoto a partir do nível do solo. As fotografias foram tomadas seguindo um padrão que estabeleceu o norte geográfico como início dos registros e o sentido horário para o giro (Figuras 3 e 4). Todo material fotográfico foi armazenado no SAPHIRA (Sistema Armazenamento, Processamento, Hospedagem e Integração de Informações sobre Recursos Ambientais, HENKE-OLIVEIRA; SAITO, 2012), onde os registros básicos de identificação e localização foram preservados para espacialização e análise dos dados. As fotografias de cada ponto passaram pelo processo de mosaicagem no software Panorama-Maker. Figuras 3 e 4: Procedimento de tomadas de fotografias no ponto 1 da trilha. Equipamento utilizado: Bastão de alumínio com uma câmera fotográfica e controle remoto. 3 Resultados e discussão O primeiro dado obtido na análise dos campos visíveis (mapas de viewshed) a partir dos 17 pontos estabelecidos na Trilha dos Saltos foi o de área visível Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 156 absolutade 38,28 km2.De acordo com Tévar-Sanz (1996), este índice representa a superfície total vista de um ponto de observação, sem levar em conta sua forma e distribuição e, quando a área de visualização partir de um conjunto de pontos deve desconsiderar as áreas de sobreposição que acabam sendo redundantes. Nesse sentido pode calcular a área visívelde cada ponto de observação. A soma das áreas independentes resulta em 165,79 Km 2 (Tabela 1). A diferença entre este valor e o de área visível absoluta resultou em um indicador da redundância de 127,51 km2.Este também pode ser expresso em percentual, neste caso, sugerindo uma redundância de 333,02%. Tabela 1: Área de cada viewshed. A soma dessas áreas representa um conjunto de campos visível que sobrepõem entre si. A área visível absoluta foi calculada a partir da união de todos os campos desconsiderando todas as sobreposições. Ponto de Área Visível Observação (Km²) 1 5.99 2 8.27 3 10.33 4 13.12 5 11.20 6 12.31 7 16.00 8 11.42 9 11.51 10 11.71 11 11.70 12 12.69 13 10.89 14 8.92 15 5.73 16 2.99 17 1.02 Soma 165.79 Área visível absoluta 38.28 Redundância km² 127.5 Redundância % 333.08 A rigor, redundância pode estar associada a algo desnecessário ou exagerado, ganhando certa conotação de inadequado. Contudo, tal conotação pode não ser verdadeira em absolutamente todos os sentidos e áreas. Por exemplo, na ecologia, as discussões que se iniciaram na década de 1970 sobre os fatores Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 157 que promovem a estabilidade dos sistemas ecológicos contemplam a redundância (mas especificamente a redundância funcional ou homotaxia congenérica) como um dos mecanismos importantes (ODUM, 1988). Na verdade, considera-se que se havendo redundância de funções em diferentes componentes estruturais, a perda de um dos componentes pode ser prontamente superada pelo funcionamento do componente análogo.O mesmo se aplica para análise de um conjunto de áreas de visibilidade. Um avanço nesta linha pode concluir que algum componente pode ser substituível, ou mesmo que o grau de substuibilidade dos componentes pode ser quantificado. A concepção de que a redundância é boa (ou aproveitável), mas somente até algum grau, nos conduz à busca de um “modelo de otimização”. Por exemplo, considerando os quatro primeiros pontos, é possível selecionar apenas um ponto, o qual representa o campo de visão dado pela soma dos quatro campos, pois há grande redundância entre eles (Figura 4). Ao longo dos 17 pontos, considerando a alta redundância dos pontos próximos é possível localizar um número mínimo de pontos cujas áreas de visibilidade sejam pouco redundantes entre si e que a soma de seus viewshed abranjam grande parte de toda área visível. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 158 Figura 4. Análise dos primeiros quatro pontos de viewshed. As áreas em cinza ao fundo indicam o campo de visão resultante para a totalidade dos quatro viewsheds. Observa-se grande redundância entre pontos próximos. Os resultados apresentados a partir do cruzamento par a par de todos 17 viewsheds incorporam todos os índices de redundância e de pontos singulares ao longo da Trilha dos Saltos (Tabela 2). Os índices de redundância são maiores quando há maior proximidade dos pontos de observação. Os pontos singulares são aqueles que por suas particularidades visuais, se distinguem mais dos outros pontos analisados. Podem ser considerados os que apresentam a maiores diferenças do campo visual entre um conjunto de pontos e representam a diversidade toda área possível de ser vista num trajeto linear (TÉVAR, 1995). Assim, os últimos pontos (14, 15, 16 e 17) apresentaram os menores valores de sobreposição e indicam a singularidade destas regiões. De fato, o final da trilha dos Saltos é marcado por vales, marcados por quebras de relevo e cachoeiras. São áreas vistas apenas nas suas proximidades e locais de maior atração turística por ser possível estabelecer contato direto com as cachoeiras. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 159 Tabela 2: Área e redundância nos 17 viewsheds obtidos. Os valores nas células amarelas 2 (diagonal) indicam a área de cada viewshed (km ), enquanto que as células acima e à direita 2 (verdes) indicam a área (km ) da sobreposição (redundância) entre pares de viewsheds e as células abaixo e à esquerda (cinza) indicam a redundância em valores percentuais. Ponto km2 Ponto % 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1 6.0 4.6 5.1 5.4 4.0 3.7 3.0 1.5 2.0 2.1 1.4 1.2 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 2 64.7 8.3 7.9 7.2 4.1 3.3 2.5 1.1 1.5 1.6 1.0 1.0 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 3 62.1 85.2 10.3 9.4 5.3 4.3 3.0 1.4 1.8 1.9 1.3 1.2 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0 4 56.5 67.6 80.5 13.1 8.1 7.0 5.2 2.9 3.4 3.3 2.0 1.4 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0 5 47.1 42.3 48.8 66.6 11.2 9.7 7.5 4.7 5.0 4.6 2.9 2.2 1.0 0.4 0.0 0.0 0.0 6 40.6 32.1 37.9 54.9 82.6 12.3 9.6 6.4 6.6 6.2 4.0 3.2 1.9 1.0 0.1 0.0 0.0 7 27.0 20.6 22.9 35.6 55.1 67.8 16.0 9.7 10.1 9.2 6.4 5.5 4.0 2.8 1.6 0.5 0.1 8 17.6 10.9 12.7 24.0 41.4 53.8 70.8 11.4 9.7 9.3 6.7 5.8 4.9 3.8 2.4 1.2 0.1 9 22.7 14.7 16.1 27.4 43.7 55.4 73.1 85.0 11.5 9.8 6.7 5.6 4.3 3.0 1.8 0.7 0.1 10 23.9 16.1 17.4 26.3 40.2 51.5 66.4 80.6 84.7 11.7 8.0 6.6 5.1 3.8 2.5 1.2 0.1 11 15.4 10.5 11.4 16.2 25.5 33.5 46.0 58.2 57.7 68.3 11.7 9.5 8.1 6.6 4.2 2.0 0.5 12 12.6 9.5 10.1 10.7 18.3 25.4 38.1 48.0 45.9 54.1 78.0 12.7 10.4 8.4 5.2 2.5 0.7 13 3.8 3.4 3.2 3.0 9.0 16.4 29.9 43.5 38.4 45.6 71.9 88.5 10.9 8.8 5.5 2.8 0.8 14 0.0 0.0 0.0 0.0 4.0 9.4 22.3 37.4 29.8 36.6 64.4 77.8 88.4 8.9 5.4 2.8 0.9 15 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.5 14.9 28.3 20.8 28.1 48.3 56.4 65.6 73.6 5.7 2.9 0.5 16 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.1 5.7 16.8 9.4 16.8 27.2 32.5 39.9 47.1 66.1 3.0 0.3 17 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0 1.4 1.3 1.2 7.4 10.4 13.8 17.2 14.7 14.8 1.0 Apesar do elevado grau de subjetividade nas experiências visuais no turismo de observação/ecológico, é importante estabelecer um número mínimo de pontos de observação (mirantes ou pontos de parada). Os dados de redundância e singularidade de cada região avistada possibilita eliminar subjetividades a cerca da escolha de pontos estratégicos para visualização da paisagem. É importante, portanto, estabelecer um número que não seja baixo a ponto de impedir o acesso do turista a um grande número de elementos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 160 estruturais, e nem elevado demais para causar danos ambientais, entediar o indivíduo ou implicar em gastos elevados em infraestrutura. A ideia de otimizaçãopossibilitou identificar um conjunto restrito de quatro pontos que, se avaliados conjuntamente, permitem observar 57% daquilo que seria visto a partir dos 17 pontos. Tais pontos são representados pelos números 3, 10,16 e 17 (Figura 5), os quais apresentam uma redundância de 9,21% entre eles.Apesar de não ser um valor alto (57%),o importante é que as áreas escolhidas cobrem distintas porções do parque e arredores que são vistas por vários pontos e se complementam entre si. 161 Figura 5. Contribuição para o campo de visão nos quatro pontos selecionados por possuírem alta representatividade e baixa redundância. As áreas em cinza ao fundo indica o campo de visão resultante para a totalidade dos 17 viewsheds. A representação de cada ponto poderia ser alterada por outros que possuem alta redundância com o mesmo. Mais abrangente que definir pontos ou uma Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 regra exata, a presente análise possibilita visualizar um conjunto de áreas que são redundantes e podem ser observadas em pontos diferentes. A flexibilidade na escolha de pontos que avistam áreas de interesse auxilia os planejadores, gestores e tomadores de decisão, na medida em que permitem explorar as implicações de diferentes cenários (PRESSEY, 1999). A referida flexibilidade permite aos planejadores de trilhas escolherem,de um conjunto de pontos, aquele que atenda as melhores demandas do turismo local. Por exemplo, pode ser o ponto que seja mais sombreado devido à proximidade de árvores, próximo de um curso d'água ou que apresenta melhor estrutura física para concentração de pessoas. Uma gestão de trilhas que conduza ao uso destes quatro pontos poderia ser representada pelos quatro mosaicos fotográficos da Figura 6.A análise visual destes mosaicos ratifica o modelo apresentado na Figura 5 onde as áreas escolhidas são pouco redundantes e representam boa parte da diversidade paisagística de toda trilha. Assim a paisagem fotografada pode materializar a singularidade através dos seus elementos constituintes e pelos objetivos de sua produção, ao mesmo tempo dar significado à realidade natural (OLIVEIRA JR, 2010). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 162 Figura 6: Fotomosaicos panorâmicos dos 4 pontos elencados. 4. Conclusão O presente trabalho tratouda redundância como um conceito com forte relação à ideia de complementariedade, (in)substituibilidade, representatividade, vulnerabilidade, eficiência e flexibilidade. Estes conceitos são utilizados em estratégias de conservação, como por exemplo no PSC – Planejamento Sistemático da Conservação (MARGULES; PRESSEY, 2000) e podem ser adaptados para a avaliação dos campos de visibilidade (viewshed) de uma paisagem para fins turísticos. Mediante a existência de redundância entre viewsheds de distintos pontos e de eventuais limitações ambientais para a implementação de mirantes (alta vulnerabilidade do ambiente), o uso de ponto alternativo que mostre algo parecido (alta substituibilidade e flexibilidade) pode gerar um sistema adequado para a experiência turística (alta eficiência das trilhas).A metodologia do trabalho estabeleceu a estratégia de selecionar um número limitado de pontos para a visualização da paisagem levando em consideração a redundânciae a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 163 alta representatividade dos campos visíveis. Os mirantes alocados em tais pontos poderão fornecer, aosobservadores, experiências distintas, exclusivas e não repetitivas (alta complementariedade). Cabe ressaltar que embora o uso de modelos de viewshed ainda seja incipiente no planejamento de trilhas para o turismo de observação e ecoturismo no Brasil, a questão central que destacamos não é a disseminação do método em si. O mais importante é a compreensão do método à luz de que seus resultados podem ser confrontados à real demanda do turista e dos gestores das áreas protegidas, além de que os resultados da técnica, tanto quanto o modelo em si e suas variáveis de entrada, podem ser validados ou contestados frente á realidade ou necessidade. A confecção de modelos de otimização tem sido uma constante em vários campos da ciência, e parece ser viável a construção de abordagens análogas no processo de planejamento e gestão de trilhas em áreas naturais. 164 A discussão deste trabalho deve ser realizada no âmbito acadêmico e gerencial, com vistas á evolução rumo a uma abordagem mais integradora para a conservação e o ecoturismo. No caso específico do PNCV, os resultados obtidos podem servir para orientar a interpretação da trilha na sua totalidade, e não apenas nas cachoeiras localizadas no seu final. Além disso, podem colaborar no planejamento ao direcionar pontos que seriam alvo para futuras instalações de painéis informativos ou torres de observação. 6. Bibliografia BRASIL. ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Instrução normativa nº 08, de 18 de setembro de 2008. GUIMARÃES, S. T. L. Nas trilhas das paisagens: heranças, recursos, valores. In: COSTA, N.M.C.; NEIMAN, Z.; COSTA, V.C. (Org.). 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Goiânia, p.16-26, 2000. 166 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas Sumario 01 Aves do Parque Marinha do Brasil: Subsídios para um roteiro de 168 observação de fauna em áreas verdes urbanas. 02 Concepção da Trilha Continuum – trilha de longo percurso dentro 187 dos parques estaduais de São Paulo. 03 Planejamento e recuperação das trilhas de acesso às cachoeiras 203 Paraíso e Véu da Noiva – APA São Thomé – São Thomé das Letras (MG). 04 Revitalização da Trilha ‘Morro do Diabo’, no Parque Estadual do 218 Morro do Diabo, São Paulo, Brasil. 05 Mapeamento dos atrativos e usos nas trilhas do Parque Natural 248 Municipal Fazenda do Carmo, São Paulo/SP. 06 Práticas participativas para adequação do uso público – o caso do 167 266 Parque Nacional dos Campos Gerais/PR. Lilian Vieira Miranda Garcia 07 Propriedades físicas do solo como indicadores de impactos em 286 trilhas na área de proteção ambiental do Cairuçu – Paraty/RJ. 08 Percepção dos visitantes sobre as trilhas do Parque Natural 310 Municipal da Taquara – PNMT, Duque de Caxias / RJ. 09 Turismo adaptado: a acessibilidade no manejo de trilhas. 325 10 Atividades turísticas e impactos ambientais negativos: uma 345 avaliação da Área de Proteção Ambiental Jenipabu, Extremoz/RN. 11 Usos e percepções acerca da Trilha das Lagoas na Universidade 362 Federal de Lavras, MG, Brasil. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas AVES DO PARQUE MARINHA DO BRASIL: SUBSÍDIOS PARA UM ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DE FAUNA EM ÁREA VERDE URBANA Cristina Alves Nascimento1 Celson Roberto Canto Silva2 Resumo Palavras-chave: Observação de aves; Parque Marinha do Brasil; Educação Ambiental; Interpretação Ambiental. Os Parques urbanos são áreas verdes que minimizam os impactos decorrentes da ação antrópica, influenciando diretamente no bem-estar físico e mental da sociedade. Por outro lado, constituem-se em refúgios para espécies silvestres auxiliando-as no seu fluxo gênico, migração e busca por alimento e território. Os parques urbanos do município de Porto Alegre têm disponibilizado aos seus freqüentadores trilhas ecológicas, nas quais a Secretaria Municipal de Meio Ambiente desenvolve projetos de educação e interpretação ambiental. Uma dessas áreas é o Parque Marinha do Brasil, localizado às margens do lago Guaíba, com aproximadamente 70 ha e grande diversidade de ambientes. A observação de aves poderia ser incorporada aos projetos de interpretação ambiental existentes no Parque, visto que a contemplação da natureza é um dos principais objetivos apontados pelos seus frequentadores. Neste sentido, o objetivo do presente trabalho foi realizar um inventário da avifauna do Parque no intuito de atualizar a lista de espécies registradas para o mesmo, contribuindo assim com subsídios para a implementação da atividade citada. O trabalho foi realizado de novembro de 2012 a janeiro de 2013, com esforço amostral de 20h. As aves foram observadas a partir de adaptação do método de observação direta por pontos fixos. Foram identificadas 41 espécies, compreendidas em 11 ordens e 21 famílias, sendo Passeriforme a ordem mais representativa, com 56% das espécies. Quanto à ocorrência, 46% das espécies foram classificadas como ocasionais, enquanto as abundantes representaram apenas 5% da amostra. A avaliação dos hábitos alimentares das espécies revelou uma grande diversidade na exploração dos recursos alimentares existentes. Os resultados apontam que a observação da ocorrência, distribuição e hábitos alimentares das aves podem ser objeto de interpretação nos programas de educação ambiental em 1 cristina.anascimento@hotmail.com Curso Superior em Tecnologia em Gestão Ambiental, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Porto Alegre 2 celson.silva@poa.ifrs.edu.br Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Porto Alegre Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 168 desenvolvimento, contribuindo para a valorização dessas áreas verdes junto à comunidade. Resumen Palabras clave: Observación de aves, Parque Marinha do Brasil, Educación ambiental, Interpretación ambiental. Los parques urbanos son áreas verdes que minimicen los impactos de las actividades humanas, que influyen directamente en el bienestar mental y la salud física de la sociedad. Por otro lado, constituyen refugios para las especies silvestres en prestarles ayuda para su flujo de genes, la migración y la búsqueda de comida y territorio. Los parques urbanos de la ciudad de Porto Alegre han puesto a disposición de sus patrones senderos, donde el Municipal de Medio Ambiente desarrolla proyectos de educación e interpretación ambiental. Una de ellas es el Parque Marinha do Brasil, situado en las orillas del lago Guaíba, aproximadamente 70 ha y una gran diversidad de ambientes. La observación de aves podría incorporarse en los designios de interpretación ambiental en el Parque, como la contemplación de la naturaleza es uno de los principales objetivos expresados por los visitantes. En este sentido, el objetivo de este trabajo fue estudiar la avifauna del parque con el fin de actualizar la lista de especies registradas para el mismo, contribuyendo de este modo a las subvenciones para la realización de dicha actividad. El estudio se realizó entre noviembre 2012-enero 2013, con muestreo de 20 horas de esfuerzo. Las aves se observaron a partir de la adaptación del método de observación directa por puntos fijos. Se identificaron 41 especies, que van de 11 órdenes y 21 familias, siendo más orden paseriforme representativo, con el 56% de las especies. Como por ejemplo, 46% de las especies fueron clasificados como ocasional, mientras que representa sólo el 5% abundante en la muestra. La evaluación de los hábitos alimenticios de las especies mostraron una gran diversidad en la explotación de los recursos alimentarios existentes. Los resultados indican que la observación de los hábitos de ocurrencia, distribución y la alimentación de las aves puede ser objeto de interpretación en los programas de educación ambiental en el desarrollo, contribuyendo a la promoción de estos espacios verdes en la comunidad. 1. Introdução O Brasil possui uma das mais ricas avifaunas do mundo, compreendendo, de acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CRBO, 2011), 1.832 espécies de aves, das quais 661 ocorrem no Rio Grande do Sul (BENCKE, 2010). Ou seja, o estado possui mais de um terço das aves conhecidas no país, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 169 resultado da variedade de habitats que o compõem graças a sua localização geográfica dentro da zona de transição entre as florestas e os campos sulinos (BELTON, 1993). As aves constituem o grupo de vertebrados mais estudado e conhecido atualmente, devido ao hábito predominantemente diurno, ao padrão colorido conspícuo, à diversidade de espécies e às respostas rápidas as alterações ambientais, sendo utilizadas como bioindicadoras da qualidade do meio (FAVRETTO et al., 2008; PENSE & CARVALHO, 2005; VALADÃO, 2006). Portanto, o estudo da avifauna é uma importante ferramenta para a elaboração de planos de manejo e conservação de áreas naturais, servindo, inclusive, como referência da biodiversidade de determinado local. Na dispersão de sementes, as aves estão entre os organismos mais importantes, compondo uma parcela significativa da biomassa de vertebrados (TERBORGH, 1986 apud SCHERER et al., 2007), pois apresentam vantagens no que diz respeito à mobilidade e à grande diversidade de espécies. Estas interações entre a avifauna e a vegetação são extremamente importantes na dinâmica do ecossistema, à medida que afetam diretamente a capacidade de reprodução e de regeneração dos vegetais (GITHIRU et al., 2002 apud SCHERER et al., 2007). Algumas ordens – tais como: Charadriiformes, Gruiformes, Pelecaniformes, entre outras –, dependentes diretamente do ambiente aquático para alimentação e reprodução, também desempenham uma importante função nas cadeias alimentares locais, atuando como consumidoras terciárias e permitindo a manutenção do fluxo de energia nesses ecossistemas (CARVALHO, 2010). Sick (1997) complementa afirmando que a piscívoria das aves contribui para a seleção natural, visto que elas se alimentam das presas menos aptas. Ou seja, a ausência dessas espécies é um indício de desequilíbrio no meio aquático, servindo como exemplo da importância do grupo na bioindicação da qualidade ambiental. Contudo, segundo Belton (1993), a maior importância das aves está no estímulo espiritual e intelectual que elas oferecem ao homem, proporcionando-lhe a melhor combinação de beleza, hábitos interessantes e fácil observação. Sua plumagem colorida é lendária e mesmo espécies aparentemente monótonas, quando vistas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 170 de perto provarão ter pequenos detalhes tão delicados, esmeros e precisos que ninguém poderá deixar de admirar o fino trabalho da natureza. O canto delas, característico de cada espécie, tem a mesma força para excitar a alma humana que qualquer música previamente selecionada, sendo um estímulo para o ouvinte especular sobre as origens deste fenômeno. Neste sentido, embora pouco representativo no Brasil, o turismo de observação de aves tem grande potencial, necessitando apenas de investimentos e pesquisas que orientem essa implantação de modo sustentável (DIAS & FIGUEIRA, 2010; PIVATTO & SABINO, 2007). A atividade segue a vertente contemplativa do ecoturismo, baseando-se na observação dos animais em seu meio natural e apresentando inúmeros impactos positivos, tais como: atrair incentivos financeiros para a conservação da vida selvagem, gerar menos impactos e maior renda que o turismo da vida selvagem, aumentar o controle local quanto à ocorrência de espécies únicas à área, ampliar a área de turismo local, promover a valorização do conhecimento da história natural e fomentar a educação e o emprego de guias locais (DIAS & FIGUEIRA, 2010). Contudo, na malha urbana, a fragmentação de áreas naturais diminui a qualidade e a quantidade de recursos disponíveis, fazendo com que muitas espécies animais silvestres busquem refúgio em Parques e Praças. Essas áreas verdes urbanas lhes servem de auxiliam no fluxo gênico, na migração e na busca por alimento e território (ANTUNES & ESTON, 2007; GILBERT, 1989 apud FRANCHIN & JÚNIOR, 2003; LOPES & ANJOS, 2006; SCHERER et al., 2005; VALADÃO et al., 2006). A ausência desses ambientes pode influenciar na diminuição da biodiversidade, propiciando até a extinção local de algumas espécies de aves (FAVRETTO et al., 2008; VALADÃO, 2006). Porto Alegre, uma das cidades mais arborizadas do Brasil, possui oito parques e 582 praças, o que se reflete em sua alta qualidade de vida quando comparada as demais capitais do país.Visto isso, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAM), através do Centro de Educação e Informação Ambiental (CEIA), promove Trilhas Ecológicas nos parques da cidade, objetivando conscientizar a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 171 população quanto aos problemas ambientais e formar multiplicadores ambientais, capazes de disseminar conhecimentos e experiências aos mais diversos segmentos da sociedade. As trilhas são realizadas através de caminhadas orientadas por monitores do CEIA, havendo pausas em pontos estratégicos para reflexões, discussões e explicações. Os temas discutidos variam de acordo com o local e o público-alvo, mas procura-se enfatizar a influência antrópica no desenvolvimento do parque e as diferença entre a biodiversidade exótica e nativa, os ambientes naturais e construídos e os diversos microclimas do local (CAMPOS & GUERRA, 2011; MUHLER et al., 2008). O Parque Marinha do Brasil, localizado às margens do Lago Guaíba, possui 70,7 ha e grande diversidade de ambientes, sendo procurado principalmente para caminhadas ao ar livre e para a contemplação da natureza. Neste sentido, além de um ambiente-chave para a manutenção da diversidade faunística de Porto Alegre, é um espaço muito importante para o bem-estar físico e mental da comunidade. Assim, o objetivo do presente trabalho foi determinar a composição e distribuição da avifauna do Parque Marinha do Brasil, contribuindo na atualização do conhecimento sobre o grupo na cidade e na geração de subsídios para a implementação da atividade de observação de aves em projetos de interpretação ambiental desenvolvidos no Parque. 2. Material e métodos Os dados foram obtidos através de visitas ao Parque Marinha do Brasil, entre 16 de novembro de 2012 e 15 de janeiro de 2013, das 10h às 12h, totalizando 20h de esforço amostral. Foram destinadas, em média 1h40min para cada uma das áreas amostradais. Determinou-se onze áreas amostrais, o que permitiu uma amostragem representativa da avifauna de todos os ambientes presentes no Parque. Deste modo, foram selecionadas as seguintes áreas (Figura 1): Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 172 173 Figura 1 - Áreas amostrais do Parque Marinha do Brasil. (1) Quadras esportivas; (2) Área adjacente à pista de Skate; (3) Orla Norte do Lago Guaíba; (4) Túnel Verde Norte; (5) Solarium; (6) Espelho d’Água; (7) Túnel Verde Sul; (8) Heliporto; (9) Orla Sul do Lago Guaíba; (10) Lagoa de Contenção; e, (11) Ala Sul do Parque, próximo ao ginásio esportivo Gigantinho. 1) Quadras esportivas; 2) Área adjacente à pista de Skate (espaço com vegetação herbácea circundado por árvores); 3) Orla Norte do Lago Guaíba; 4) Túnel Verde Norte (alamedas); 5) Solarium (espaço reservado por uma cortina verde e pequeno lago); 6) Espelho d’Água (instalação com piso de concreto e lago artificial); 7) Túnel Verde Sul (alamedas); 8) Heliporto (espaço com vegetação herbácea e árvores esparsas); 9) Orla Sul do Lago Guaíba; 10) Lagoa de Contenção; e, 11) Ala Sul do Parque, próximo ao ginásio esportivo Gigantinho. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 A amostragem foi realizada a partir de uma adaptação do método de observação direta por pontos fixos (Pereira, 2006), em que cada área foi percorrida durante 20 minutos, sendo registradas todas as espécies mediante observação visual ou vocalização. A correta identificação foi feita através de consultas aos guias de campo: Belton (1993) e Efe et. al. (2001). O ordenamento das Ordens e Famílias e a nomenclatura científica adotada foram as mesmas utilizadas na Lista de Referência das Aves do Rio Grande do Sul (BENCKE, 2001). Em caso de dúvidas na identificação em campo, anotou-se em planilha específica (Anexo I) o local de observação, o comportamento, a aparência geral, o tamanho e a coloração do espécime em questão. Posteriormente, utilizou-se a chave de identificação constante no site “Guia Interativo de Aves Urbanas”, da Unicamp (SANTIAGO, 2012). . A estrutura trófica foi determinada conforme a literatura (EFE et al., 2001; SCHERER et al., 2005), adotando-se os seguintes agrupamentos: (IN) insetívoros , alimentação baseada principalmente em insetos, capturados no chão, no ar, entre a vegetação ou na casca de árvores; (FR) frugívoros, alimentação baseada principalmente em frutos; (NE) nectarívoros, alimentação baseada principalmente em néctar; (OM) onívoros, alimentação baseada em frutos, artrópodes e pequenos vertebrados; (GR) granívoros, alimentação baseada na predação de sementes; e (PI) piscívoros, alimentação baseada em peixes. A categoria de ocorrência, designada de acordo com a frequência de ocorrência (FO) de cada espécie, foi baseada em Rodrigues et al. (2005), com algumas adaptações: (A) abundantes, espécies registradas em 75% a 100% das áreas, ou seja, com frequência de ocorrência entre 75 e 100; (C) comuns, com frequência de ocorrência entre 50 e 74; (E) escassa, com frequência de ocorrência entre 25 e 49; (R) raras, com frequência de ocorrência entre 11 e 24; (O) ocasionais, com frequência de ocorrência menor que 10. 3. Resultados e discussão Com base nos trabalhos em campo, foram identificadas 41 espécies de aves compreendidas em 11 ordens e 21 famílias (Tabela 1). Passeriforme foi a ordem Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 174 mais representativa, com 56% das espécies, enquanto as demais ordens distribuíram-se entre os 44% restantes. Entre as famílias, destacam-se nos NãoPasseiriformes a Columbidae, com 10% das espécies, e nos Passeiriformes a Emberizidae e a Tyrannidae, respectivamente, com 15% e 13% das espécies identificadas. O predomínio de Passeiriformes já era esperado, uma vez que 294 das 661 (44,5%) espécies de aves do Rio Grande do Sul pertencem a esta ordem (BENCKE, 2001). Tabela 1 - Espécies de aves registradas no Parque Marinha do Brasil, Porto Alegre, RS. FO Abundânci a Agrupament o Trófico Biguá 18,18 R PI Garça-branca-grande Garça-branca-pequena Socozinho 18,18 9,09 18,18 R O R OM OM OM Ordem, Família e Espécie PELECANIFORMES PHALACROCORACIDAE Phalacrocorax brasilianus CICONIFORMES ARDEIDAE Casmerodius albus Egretta thula Butorides striatus GRUIFORMES RALLIDAE Gallinula chloropus CHARADRIIFORMES CHARADRIIDAE Vanellus chilensis Nome popular 175 Galinhola ou frango d'água 9,09 O OM Quero-quero 54,55 C OM Pombo-doméstico Rolinha-picuí Rolinha-roxa Pomba-de-bando 72,73 27,27 18,18 54,55 C E R C OM GR GR GR Caturrita 9,09 O FR Anu-preto Anu-branco 9,09 18,18 O R OM OM Beija-flor-de-veste-preta Besourinho-de-bicovermelho 9,09 O NE 9,09 O NE COLUMBIFORMES COLUMBIDAE Columba Lívia Columbina picui Columbina talpacoti Zenaida auriculata PSITTACIFORMES PSITTACIDAE Myiopsitta monachus CUCULIFORMES CUCULIDAE Crotophaga ani Guira guira APODIFORMES TROCHILIDAE Anthracothorax nigricollis Chlorostilbon aureoventris Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Hylocharis chrysura CORACIIFORMES ALCEDINIDAE Chloroceryle amazona PICIFORMES PICIDAE Colaptes melanochloros Colaptes campestris PASSERIFORMES FURNARIIDAE Furnarius rufus Syndactyla rufosuperciliata FORMICARIIDAE Thamnophilus ruficapillus TYRANNIDAE Elaenia sp. Machetornis rixosus Pitangus sulphuratus Tyrannus melancholicus Tyrannus savana HIRUNDINIDAE Progne tapera TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus MIMIDAE Mimus saturninus MUSCICAPIDAE Turdus rufiventris Turdus amaurochalinus EMBERIZIDAE Coereba flaveola Paroaria coronata Sicalis flaveola Sporophila caerulescens Thraupis sayaca Zonotrichia capensis PARULIDAE Basileuterus culicivorus ICTERIDAE Molothrus bonariensis PASSERIDAE Passer domesticus Beija-flor-dourado 18,18 R NE Martim-pescador-verde 9,09 O PI Pica-pau-verde-barrado Pica-pau-do-campo 9,09 9,09 O O IN IN A OM Trepador-quiete 100,0 0 9,09 O IN Choca-de-boné-vermelho 9,09 O IN Suiriri-cavaleiro Bem-te-vi Suiriri Tesourinha 9,09 9,09 81,82 27,27 9,09 O O A E O OM IN OM IN IN Andorinha-do-campo 72,73 C FR Corruíra 36,36 E OM Sabiá-do-campo 18,18 R OM Sabiá-laranjeira Sabiá-poca 63,64 9,09 C O OM OM Cambacica Cardeal Canário-da-terra-verdadeiro Coleirinho Sanhaçu-cinzento Tico-tico 9,09 18,18 27,27 9,09 27,27 9,09 O R E O E O IN GR GR GR FR GR Pula-pula 9,09 O IN Vira-bosta 27,27 E IN Pardal 45,45 E OM João-de-barro FO = frequência de ocorrência. Abundância: A = abundante; C = comum; E = escassa; R = rara; O = ocasional. Agrupamento trófico: IN = insetívoro; FR = frugívoro; NE = nectarívoro; OM = onívoro; GR = granívoro; PI = piscívoro. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 176 Efe et al. (2001) registrou 77 espécies de aves no Parque, distribuídas em 31 famílias, enquanto Scherer et al. (2005) encontrou 74 espécies, compreendidos em 29 famílias. Quanto à ocorrência, conforme a Figura 2, 46% das espécies foram classificadas como ocasionais, ou seja, tiveram frequência de ocorrência menor que 10, sendo exclusivas a uma das áreas amostradas. As espécies abundantes, por sua vez, avistadas em mais de 75% das áreas, representaram apenas 5% da amostra (Fig. 2). Tratam-se das espécies Funarius rufus, visualizada em todos área amostradas, e Pitangus sulphuratus, avistada em 10 áreas, ambas pertencentes à Ordem Passeiriforme. 5% 12% 46% 17% Abundante Comum Escassa Rara Ocasional 20% Figura 2 - Ocorrência da avifauna do Parque Marinha do Brasil, Porto Alegre, RS. 177 Segundo Belton (1993), estas espécies são rivais de Vanellus chilensis (queroquero) no que se refere ao título de ave mais popular do Rio Grande do Sul. Esta ampla distribuição reduz a probabilidade de extinção local destas espécies, pois pode indicar a presença de populações numerosas das mesmas na área (PRIMACK & RODRIGUES, 2001 apud FERREIRA et al., 2009). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 a 178 Figura 3 - Espécies da avifauna registradas no Parque Marinha do Brasil, Porto Alegre, RS. (a) Vanellus chilensis; (b) Zenaida auriculata; (c) Columba livia; (d) Guira guira; (e) Progne tapera; (f) Paroaria coronata; (g) Molothrus bonariensis; (h) Turdus rufiventris; (i) Gallinula chloropus; (j) Colaptes melanochloros; (k) Colaptes campestres; (l) Eulaenia sp.; (m) Tyrannus melancholicus; (n) Machetornis rixosus; (o) Tyrannus savana. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 A espécie Furnarius rufus, o joão-de-barro (Figura 4a) tem coloração geral pardacenta, com a região dorsal mais escura e a garganta esbranquiçada, sendo as patas e a ponta do bico negras. Vivem em ambientes campestres e margens de florestas, sendo uma espécie bastante caminhadora (EFE et al., 2001). É notável pelo ninho feito de barro (Figura 4b) e colocado em postes de eletricidade ou grandes galhos de árvores que, inclusive, orgina seu nome popular. (BELTON, 1993). A construção é compartilhada pelo casal, que trabalha o barro úmido, misturado com esterco e palha, com os pés e o bico. Os ninhos abandonados são utilizados por várias espécies, destacando-se a andorinha-do-campo (Progne tapera) e o canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola) (EFE et al., 2001), ambos registrados no presente estudo. 179 Figura 4 - Furnarius rufus (a) e ninho do mesmo (b) observados no Parque Marinha do Brasil. Por sua vez, o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) (Figura 5) é bastante conhecido por sua coloração viva – o topo da cabeça é negro e uma faixa branca, acima dos olhos, circunda toda a cabeça, sendo que abaixo desta, outra faixa negra liga o bico a nuca – e seu canto onomatopeico, que muitas vezes precede sua visualização. Podem ser encontrados em praticamente todos os ambientes, inclusive praias marinhas (BELTON, 1993; EFE et al., 2001). Os ninhos, grandes e fechados, com uma entrada lateral, são construídos essencialmente por capim seco, paina e finos gravetos, material comumente roubado de outros ninhos de aves (EFE et al., 2001). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 5 - Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus). FONTE: EFE et al., 2001. A área amostral 3, referente à orla norte do Lago Guaíba, apresentou a maior riqueza de espécies (16) quando comparada à demais (Figura 6), possivelmente graças à sua maior heterogeneidade espacial, oferecendo uma quantidade maior de micro-habitats, e portanto, permitindo o estabelecimento de um maior número de espécies. Elevada riqueza de espécies também foi observado por Franchin & Junior (2003) no Parque Municipal do Sabía, em Uberlândia (MG), e por Ferreira et. al. (2009) na Reserva Particular do Patrimônio Cultural Mata Samuel de Paula, em Nova Lima (MG), locais com grande heterogeneidade de habitats. 18 16 14 Riqueza 12 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 Pontos amostrais 8 9 10 11 Figura 6 - Riqueza da avifauna do Parque Marinha do Brasil por área amostral. (1) Quadras esportivas; (2) Área adjacente à pista de Skate; (3) Orla Norte do Lago Guaíba; (4) Túnel Verde Norte; (5) Solarium; (6) Espelho d’Água; (7) Túnel Verde Sul; (8) Heliporto; (9) Orla Sul do Lago Guaíba; (10) Lagoa de Contenção; e, (11) Ala Sul do Parque, próximo ao ginásio esportivo Gigantinho. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 180 A orla sul do Lago Guaíba (Figuras 1-9 e 7), onde foi registrado o menor número de espécies (6), conforme a Figura 6, compreende principalmente um ambiente de mata fechada com difícil acesso, dificultando a observação e a identificação da avifauna. Ou seja, a diversidade de aves registrada neste local pode ter sido subestimada em função desta limitação. Figura 7 - Orla Sul do Lago Guaíba (área amostral 9) Os hábitos alimentares predominantes, igualmente ao observado em diversos estudos realizados em ambientes urbanos no Brasil (FAVRETTO et al., 2008; FRANCHIN & JÚNIOR, 2003; RODRIGUES et al., 2005; SCHERER et al., 2005; VALADÃO et al., 2006a e 2006b), foram onívoro (39%) e insetívoro (25%), englobando 64% do total de espécies, conforme evidencia a Figura 8. Isto corrobora com a conclusão de Scherer et al. (2005) de que, mesmo influenciada por ações antrópicas, a avifauna das áreas verdes urbanas, no que se refere à estrutura trófica, é semelhante àquela encontrada em áreas naturais. Assim, é possível que a proximidade do parque com o Lago Guaíba e os remanescentes de vegetação nativa ajudem a manter a constituição trófica da avifauna num estado semelhante. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 181 5% 17% 25% Insetívoro Frugívoro Nectarívoro 7% 7% 39% Onívoro Granívoro Piscívoro Figura 8 - Agrupamento trófico da avifauna do Parque Marinha do Brasil, Porto Alegre, RS. Willis (1979 apud SCHERER et al., 2005) ressalta que a presença de onívoros em fragmentos pequenos é esperada, visto que este agrupamento trófico explora melhor as oscilações de disponibilidade de alimento nestes ambientes, sendo que, segundo Villanueva & Silva (1996 apud VALADÃO, 2006b), ele é normalmente representado por espécies generalistas, beneficiadas pelas alterações do meio urbano. Embora todas as espécies registradas constem na Lista de Referência das Aves do Rio Grande do Sul (BENCKE, 2001), foram obtidos dois novos registros para o Parque Marinha do Brasil: Syndactyla rufosuperciliata e Mimus saturninus. O trepador-quiete (Syndactyla rufosuperciliata) (Figura 9), observado somente na área 2 (Figura 1-2), tem sua parte inferior coberta de riscos na cor creme e calda ferrugínea proeminente, partes superiores marrom-oliváceas, bico curto e robusto e uma listra superciliar avermelhada. Habita os interiores ou as bordas de matas mais densas, sendo geralmente encontrado a pouca altura do solo (BELTON, 1993; EFE et al., 2001). Põem seus ovos em cavidades de árvores, escavadas por eles ao aproveitarem árvores doentes ou oriundas de ocos de pica-paus e buracos naturais (EFE et al., 2001). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 182 Figura 9 - Trepador-quiete (Syndactyla rufosuperciliata) O sabiá-do-campo (Mimus saturninus) (Figura 10), apesar de seu nome popular, não tem nenhum parentesco direto com as espécies de sabiás do gênero Turdus (Família Muscicapidae) (EFE et al., 2001). Ele é predominantemente cinzento e branco, sendo melhor identificado pela sobrancelha branca proeminente e pela cauda comprida com penas externas brancas. Vive em campos e área abertas com árvores e arbustos espalhados, ambiente encontrado nas áreas 2 (Figura 1-2) e 10 (Figura 1-10), onde foi observado. Pode reproduzir-se mais de uma vez ao ano e os ninhos são elaborados com gravetos e fibras vegetais no formato de uma tigela rasa, sendo fixados entre os ramos de árvores baixas ou arbustos (BELTON, 1993; EFE et al., 2001). Seu canto caracteriza-se pela exuberância, mas contém muitos sons ásperos e não musicais (BELTON, 1993). Nenhuma espécie constante na lista é considerada ameaçada de extinção, em qualquer nível, no Rio Grande do Sul (MARQUES et al., 2002), no Brasil (MACHADO et al., 2008) ou no mundo (IUCN, 2013). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 183 Figura 10 - Sabiá-do-campo (Mimus saturninus). FONTE: BELTON, 1993. 4. Conclusão O número de espécies encontradas pode ser considerado baixo, mas reflete o pequeno esforço amostral, pois o levantamento foi realizado durante apenas três meses, não compreendendo um ciclo sazonal completo. Portanto, são imprescindíveis estudos de longo prazo, que permitam um levantamento efetivo das espécies de aves, abrangendo seus horários de maior atividade e todas as estações do ano, preenchendo-se, assim, as lacunas quanto ao conhecimento da avifauna local. Isto é essencial para o planejamento da gestão de áreas urbanas, ameaçadas pelos impactos de um crescimento urbano desordenado. De qualquer modo, apesar de ser uma área pequena e apresentar vegetação alterada, com predominância de espécies exóticas, o Parque Marinha do Brasil abriga um número considerável de espécies de aves, representativo da diversidade encontrada na região, devendo ser visto como uma importante área a ser conservada. A implementação da atividade de observação de aves constituise numa boa estratégia de educação ambiental, visando a valorização dos atrativos naturais do parque e, por conseguinte, incentivando junto ao público a sua conservação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 184 5. Bibliografia ANTUNES, A. Z.; ESTON, M. R. Aves endêmicas e ameaçadas de extinção da Estação Ecológica de Xitué e a contribuição do Taquaruçu Guadua tagoara (Ness) Kunth para a riqueza local. Rev. Inst. Flor., São Paulo, v. 19, n. 2, p. 201-213, 2007. BELTON, W. Aves Silvestres do Rio Grande do Sul. 3. Ed. Porto Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 1993. 172 p. BENCKE, G. A. Lista de referência das aves do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 2001. 104 p. BENCKE, G. A.; DIAS, R. A.; BUGONI, L.; AGNE, C. E.; FONTANA, C. S.; MAURÍCIO, G. N.; MACHADO, D. B. Revisão e atualização da lista das aves do Rio Grande do Sul, Brasil. Ilheringia, Ser. Zool., Porto Alegre. 100 (4): 519-556, 2010. CAMPOS, A. M.; GUERRA, T. Atividades de Educação Ambiental: Estudo de caso da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Porto Alegre, RS. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/35331>. Acesso em 17 ago. 2013. 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Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 186 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas CONCEPÇÃO DA TRILHA CONTINUUM – TRILHA DE LONGO PERCURSO DENTRO DOS PARQUES ESTADUAIS DE SÃO PAULO Daniela Midori Kaneshiro3 Érika Sayuri Koga4 Kátia Pisciotta5 Resumo: Palavras-chave: Unidade de Conservação; ecoturismo; manejo de trilhas; trilhas de longo percurso. Este artigo visa analisar uma experiência inédita no estado de São Paulo: a concepção e o processo de implantação da Trilha do Continuum dentro dos Parques Estaduais “Carlos Botelho”, Intervales e Turístico do Alto Ribeira PETAR. Com o crescimento de adeptos das caminhadas em áreas naturais, aumentou a busca por trilhas dentro das Unidades de Conservação (UC), ao mesmo tempo em que maiores cuidados com o manejo e gestão das trilhas são exigidos. Nesse contexto, por meio do “Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Mata Atlântica”, executado com recursos de contrato de empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo ampliou as oportunidades de visitação nos referidos Parques Estaduais, com foco na promoção do desenvolvimento sustentável na região, aliando a conservação da natureza com oportunidades para as comunidades e empreendedores das áreas envoltórias das UC contempladas. Para tanto, a implantação da trilha incluiu intervenções, plano de gestão, em detalhamento, e sistema de avaliação/monitoramento, tendo sido executadas intervenções nos três primeiros trechos, totalizando 72 km. Resultados esperados: A etapa de planejamento foi superada com sucesso para a atuação prática. Implantar toda a extensão da Trilha do Continuum e fazer a gestão de seu uso requer muitos esforços e recursos específicos. A concretização de experiência bem sucedida com o trecho implantado abrirá novas perspectivas para o uso público dentro das UC, vislumbrando a expansão dessa experiência no 3 Mestranda em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela UFSCAR e Engenheira Ambiental pela UNIFEIMG, Engenheira de Segurança do Trabalho pela Faculdade Oswaldo Cruz e trabalha na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (midorikaneshiro@yahoo.com.br) 4 Mestre em Hospitalidade pela UAM-SP e Bacharel em Turismo pela USP, trabalha na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (kogadinapoli@gmail.com) 5 Mestre em Ciência Ambiental pelo Procam/USP e Zootecnista pela FMVZ/USP, trabalha na Fundação Florestal do Estado de São Paulo (katiapisciotta@gmail.com) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 187 espaço paulista e brasileiro, sendo imprescindível que o contingente da Fundação Florestal tenha o apoio de empresas de turismo e das comunidades locais. Resumen: Palabras clave: unidad de conservación, el ecoturismo, el manejo de senderos, senderos largo. Este artículo se propone analizar una experiencia sin precedentes en el estado de São Paulo: el proceso de diseño y implementación de la Ruta en el Continuum de Parques: Carlos Botelho, Intervales y el Turístico do Alto Ribeira - PETAR. Con el crecimiento de adeptos al senderismo en los espacios naturales se ha incrementado la búsqueda de senderos dentro de las Unidades de Conservación (UC), sin embargo se requiere un cuidado con el manejo y gestión de senderos. En consecuencia, a través del Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Mata Atlântica, con los recursos del préstamo del Banco Interamericano de Desarrollo de acuerdo, el Departamento Ambientale del Estado de São Paulo há ampliado las oportunidades para las visitas en los parques estatales, centrándose en la promoción del desarrollo sostenible en la región, que combina la conservación de la naturaleza con oportunidades para las comunidades y los empresarios en las áreas de UC contempladas. Por lo tanto, la implementación de la ruta incluye intervenciones, plan de manejo en detalle, y la evaluación / monitoreo del sistema, que hasta la fecha suma 72 km de intervenciones en los tres primeros tramos. Resultados esperados: La etapa de planificación fue superada con éxito para la acción práctica. Implementar toda la extensión del Continuum Trail y gestionar su uso requiere muchos esfuerzos y recursos específicos. El logro de la exitosa experiencia con el tramo desplegado abren nuevas perspectivas para el uso público dentro de la UC, vislumbrando la expansión de esta experiencia en São Paulo y en Brasil, siendo indispensable que el contingente de la Fundación Florestal cuente con el apoyo de las empresas y las comunidades de turismo locales. 1. Introdução A necessidade de deslocamento das pessoas fez com que as trilhas surgissem e se espalhassem por todos os lugares, até serem substituídas por outras categorias de trajeto. Mas elas resistem, e o deslocamento de um lugar ao outro pode ser mais agradável se for por uma trilha (Gualtieri et al 2008). Nos dias de hoje, o uso das trilhas está também relacionado à necessidade de contato direto com a natureza, à busca de experiências e de recompensa pelos esforços Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 188 investidos (físicos e mentais), incorporando um sentido ao próprio percurso. O esforço primordial a ser recompensado ao percorrer trilhas de longo percurso em ambientes naturais como florestas e campos, montanhas e rios, praias e mangues, pode ser tanto menor quanto maior forem os preparativos para o enfrentamento das dificuldades, seja como uma prática de caminhada individual ou em grupo, com orientação por meio de mapas, bússola ou aparelhos de navegação e o uso de equipamentos adequados, como vestimentas e calçados, bastão de caminhada, mochilas e barracas leves, além de todo o cuidado na escolha dos alimentos a serem consumidos, da percepção do turista com relação ao tempo e perigos existentes. A demanda por atividades em trilhas de diversas distâncias têm como característica a beleza conjugada à presença de atrativos turísticos. Nos últimos anos verificou-se um crescimento de adeptos das caminhadas em áreas naturais, aumentando a procura por trilhas dentro das Unidades de Conservação (UC)6. “Uso público” é expressão utilizada por órgãos oficiais ligados ao manejo das áreas naturais protegidas no Brasil, sendo definido como o usufruto feito pelo público, seja turista, educador, pesquisador ou religioso (Magro, 1999; SÃO PAULO, 2009b). Tal usufruto consiste em oferecer ao visitante a oportunidade de conhecer, de forma lúdica, os atributos e valores ambientais protegidos pelo local (IBAMA, 2002). Neste documento, a expressão “uso público” é utilizada para definir o uso e as atividades oficialmente permitidas e que são desenvolvidas tanto no interior da UC, como em sua área de entorno. Desde 2005, o Estado de São Paulo vem investindo na otimização e diversificação de atividades de uso público em UCs sob sua administração por meio do “Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Região da Mata Atlântica” (Projeto Ecoturismo). Uma das ações do Projeto foi possibilitar o desenvolvimento 6 Unidade de Conservação, segundo lei Federal n° 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC): espaço territorial e seus recursos ambientais, com características naturais relevantes, instituído pelo Poder Público, com a finalidade de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração para garantir sua adequada proteção. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 189 de estudos para um amplo sistema de trilhas, incluindo a construção e reforma de equipamentos facilitadores de acesso, de segurança e de sinalização, consolidando as trilhas como atrativos geradores de benefício para as comunidades do entorno das UCs. A partir da experiência vivenciada pela equipe do Projeto de Ecoturismo, este artigo analisa o processo desde a concepção até a implantação da Trilha do Continuum, considerando a proposta inicial de ser um produto de promoção do desenvolvimento sustentável, aliando a conservação da natureza ao desenvolvimento socioeconômico regional. Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada pesquisa bibliográfica e documental de todos os estudos relacionados com as trilhas, desde 2004, ano de início da preparação do Projeto de Ecoturismo. Também foram incorporadas as experiências dos técnicos envolvidos com as ações desenvolvidas pela SMA e pela Fundação para a Conservação e Produção Florestal do Estado de São Paulo (FF), entidade que atualmente está incumbida da gestão dos Parques Estaduais abrangidos pelo Projeto. As referências para a Trilha do Continuum foram obtidas em seminário realizado em 2007, no qual foram apresentados casos internacionais de trilhas de longo percurso, como as do Nepal e a Appalachian Trail dos Estados Unidos, além da travessia Petrópolis-Teresópolis, no Rio de Janeiro, que se apresenta como um dos principais atrativos do Parque Nacional (PARNA) Serra dos Órgãos. Outra referência foi o produto Review and Concept Plan for na Ecotourism Strategy. 2. Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Região da Mata Atlântica O Projeto de Ecoturismo abrange seis Parques Estaduais (PE), sendo cinco localizados no Vale do Ribeira e Alto Paranapanema - PE Turístico do Alto Ribeira (PETAR), PE Caverna do Diabo (PECD), PE Ilha do Cardoso (PEIC), PE “Carlos Botelho” (PECB), PE Intervales (PEI) - e um no Litoral Norte - PE Ilhabela (PEIb). O Projeto – cujas atividades administrativas encerraram-se no primeiro semestre de 2013 - foi financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sendo executado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA). Seu objetivo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 190 principal foi o de organizar as UCs como produtos turísticos para atrair, reter e satisfazer um mercado diversificado de visitantes, visando consolidar a vocação do turismo sustentável como estratégia de conservação da Mata Atlântica e em apoio ao desenvolvimento socioeconômico regional (SÃO PAULO, 2005). Em função da Trilha do Continuum localizar-se no Vale do Ribeira, este artigo apresenta abordagens mais específicas para esta região. Apesar desse cenário, a Mata Atlântica remanescente no Estado ainda apresenta inúmeras possibilidades para a conservação da biodiversidade, alternativas de desenvolvimento sustentado, educação ambiental, lazer e pesquisa científica, voltada a novos produtos, como por exemplo, os medicinais, aromáticos, ornamentais, etc. (BRASIL, 1997, p. 13). Quando comparado ao restante do estado de São Paulo, o Vale do Ribeira apresenta deficiências acentuadas no que se refere ao seu desenvolvimento socioeconômico. A região é considerada uma das mais pobres do estado, com carência de investimentos no campo social, em infraestrutura e regularização fundiária. O chamado “Contínuo Ecológico de Paranapiacaba”, que deu origem ao Mosaico de Paranapiacaba – é composto por três dos parques beneficiados pelo Projeto de Ecoturismo7, pelo PE Nascentes do Paranapanema (PENAP), pela Estação Ecológica de Xitué (EEcX) e por parte da Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra do Mar – e representa uma das áreas mais preservadas desta região, abrangendo território superior a 100.000 ha de Mata Atlântica. Este grande remanescente situa-se nos municípios de São Miguel Arcanjo, Capão Bonito, Ribeirão Grande, Guapiara, Tapiraí, Iporanga, Sete Barras, Apiaí e Eldorado, abrangendo porções da planície do rio Ribeira de Iguape, estendendo-se à vertente atlântica da serra de Paranapiacaba e atingindo o divisor de águas entre as bacias dos rios Ribeira de Iguape e Paranapanema. É o segundo e mais importante corredor de Mata Atlântica preservado no estado de São Paulo (SÃO 7 PETAR, PEI e PECB Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 191 PAULO, 2008B). Contíguas a essa área estão, ainda, grandes propriedades cobertas por florestas, grandes extensões territoriais ocupadas por comunidades quilombolas, como a APA dos Quilombos, além de áreas habitadas pela população ribeirinha. Estas características fazem da região do Contínuo de Paranapiacaba um dos principais patrimônios socioambientais do planeta. 2.1 Concepção da Trilha do Contínuo8 A trilha do Continuum acentua e fortalece o imenso valor ambiental desta extensa área de floresta contínua, potencializando a atratividade dos parques e fornecendo instrumentos facilitadores para a educação ambiental. Os estudos relacionados à Trilha do Continuum focaram-se nos aspectos físicos do percurso, de modo que fossem descritas e analisadas as condições de caminhada em cada trecho, até a interligação plena entre os parques estaduais do Projeto que compõem o Contínuo Ecológico de Paranapiacaba - PETAR, PEI e PECB. Desde o início foi indicada a utilização dos trechos já existentes, proposta esta que se viabilizou quando da implantação da trilha: não houve a necessidade de abertura de novos caminhos, apenas de clareamento e ajuste de traçados. Como resultados dos estudos, destacam-se: (i) o panorama dos parques estaduais contemplados pelo Projeto de Ecoturismo, que inclui o registro e análise dos desafios e conflitos para a implantação e o manejo da Trilha do Continuum; e (ii) a descrição e dimensionamento das intervenções necessárias para efetiva implantação. A etapa subsequente foi justamente a de contratação de serviços técnicos para implantação das intervenções indicadas pelo estudo. Como consequência da evolução das discussões sobre a trilha, o projeto passou a ser visto como uma estratégia de gestão dos parques, a partir da perspectiva de maior presença em áreas recônditas e inóspitas, onde a ocorrência de infrações como extração de palmito e plantas ornamentais, caça, queimada, 8 Há alguns estudos sobre a trilha que o nomeiam Contínuo ao invés de Continuum. Neste artigo, foi adotado o termo em latim. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 192 desflorestamento, entre outras, é frequente. Em 2004, o BID contratou um consultor para sintetizar as propostas de ecoturismo, com as opiniões e as necessidades dos parques, além de dar suporte para a preparação do Projeto. 193 Figura 11 – Imagem da Visão Geral do Projeto Ecoturismo (ROBINSON, 2005) Como pode ser observada na Figura 1, a concepção do Projeto de Ecoturismo consistiu em transformar o turismo em base de subsistência das comunidades, substituindo a ideia de mero consumo dos recursos naturais protegidos. Para tanto, houve a conscientização de que, para desenvolver a região, seriam necessárias capacitações em todos os níveis, bem como seria imprescindível o desenvolvimento de atividades para atender melhor os visitantes. Beneficiar a comunidade do entorno foi um dos princípios do Projeto. Na concepção da Trilha do Continuum, a integração social com as comunidades do entorno das UCs foi uma preocupação constante. A proposta original incluía traçado que transpunha os limites das UCs, a fim de motivar uma atividade de aventura planejada e engajada com o contato direto com o entorno, incentivando Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 empreendimentos relacionados com acomodação, alimentação, comércio de artesanatos e outros produtos de necessidade ao caminhante, fomentando também a economia da região. O produto foi inicialmente intitulado de “The 20 days trail”. Contudo, conforme será descrito adiante, as contingências operacionais e administrativas do seu processo de implantação levaram a um traçado delimitado pelas fronteiras dos parques, sem, contudo, deixar de encarar as trilhas como importante atrativo gerador de benefícios para a sociedade situada ao redor das UCs (ROBINSON, 2005). Como visto, o atributo mais importante da Trilha do Continuum é a floresta atlântica. Ou seja, as possibilidades oferecidas ao visitante estão relacionadas principalmente à experiência de percorrer um longo trecho de ambiente florestal, em diversos estágios sucessionais. Como o Projeto teve como principais focos a abertura de novas oportunidades para as comunidades do entorno das UCs e a busca por novos ecoturistas para a região, foram realizadas oficinas de planejamento participativo com as populações locais, visando mobilizar os interessados, levantar as demandas por cursos e quantidade necessária de vagas, envolvendo os grupos, numa gestão pública participativa. As oficinas seguiram os princípios do enfoque participativo, com ênfase no intercâmbio de experiências e conhecimentos, tendo como ferramentas metodológicas a visualização, apresentações, problematização, documentação, trabalhos em grupos e sessões plenárias, gerando como resultado principal o mapeamento das demandas de capacitação. Na sequência, o Projeto Ecoturismo ofereceu cursos em dez temas: Aperfeiçoamento de monitores ambientais, Artesanato tradicional, Gestão de projetos, Organização institucional, Elaboração de plano de manejo agroflorestal, Plano de negócios institucional, Plano de negócios de artesanato, Plano de negócios para produtos agroflorestais, Coleta de sementes e Apicultura e meliponicultura. (KOGA et al, 2013). Os cursos almejaram o envolvimento entre diversos segmentos, formatação de novas parcerias, fomento da cadeia produtiva do turismo e potencialização das UCs como destinos para visitação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 194 2.2 Implantação da Trilha do Contínuo A Figura 2 a seguir ilustra o traçado completo da Trilha do Continuum, percorrendo o PETAR (verde), o PEI (amarelo) e o PECB (azul), e a Tabela 1 descreve cada um dos seus trechos, indicando o percurso total, de 194 km. 195 Figura 12 – Traçado completo da Trilha do Continuum (São Paulo, 2009a) A falta de planos de manejos aprovados e de regularização fundiária no entorno dos parques motivou a mudança do traçado para o interior das UCs durante o estudo e durante a fase de implantação. Além disso, as intervenções do Projeto, pelas Políticas do BID, só podiam ser realizadas no interior das UCs beneficiadas, sendo selecionados, então, os trechos descritos na Tabela 1. Tabela 1. Trechos de levantamento da Trilha do Continuum9 Trecho Percurso: 1 Núcleo Santana / Núcleo Caboclos 2 Núcleo Caboclos / Base Bulha d’água 9 Distância (m) Distância (km) 24.424 72 22.833 O levantamento foi realizado pela empresa Ruschmann Consultores em 2009. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Base Bulha d’ água / Sede PE Intervales Sede PE Intervales / Base São Pedro Base São Pedro / Base Quilombo Base Quilombo / Núcleo Sete Barras Núcleo Sete Barras / São Miguel Arcanjo TOTAL Fonte: São Paulo, 2009a. 3 4 5 6 7 25.006 40.605 24.424 24.345 32.444 194.081 89 33 194 Para cada um dos trechos levantados foram detalhados: principais pontos de interesse, fotos dos locais, riscos identificados10, atrativos, temas para interpretação, locais de acampamento, recomendações para implantação da trilha e conceitos a serem trabalhados na estratégia de marketing. Em 2011, a licitação para elaboração de projeto executivo e implantação das trilhas resultou deserta, pela escassez de empresas de atuação nesse ramo conjugada com o baixo valor estimado da contratação, pouco atrativo para a especialidade das atividades a serem desenvolvidas. Nova licitação foi realizada e bem sucedida em 2012. A etapa de implantação das intervenções teve como 11 objeto os três primeiros trechos, totalizando 72 km de trilhas . Após as obras, planeja-se que serão necessários oito dias de aventura, dependendo do grupo, da experiência e preparo físico de cada caminhante, dos interesses em campo (maior ou menor grau de dedicação à observação de detalhes) e das condições ambientais, entre elas, as meteorológicas. Não será necessário percorrer os 72 km em uma única empreitada, pois há pontos de saída, localizados nos núcleos, bases e sedes dos parques. Os temas gerais relacionados a esta trilha são:  a estrutura da floresta - matas abertas e fechadas, campos de altitude, árvores gigantes, epífitas, flores, liquens, cogumelos; 10 Estudo de Riscos foi realizado pela empresa Módulo Security Solutions em 2009 11 O Projeto de Ecoturismo contratou a empresa TECTOM Serviços Verticais em 2012 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 196  ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica - mata de encosta, além de paredões rochosos;  a observação da fauna e de seus vestígios: aves, mamíferos de grande e médio porte, pequenos mamíferos, terrestres e voadores (morcegos), anfíbios, répteis, invertebrados; rios, corredeiras e cachoeiras;  cavernas e afloramentos rochosos;  além dos inúmeros mirantes (SÃO PAULO, 2005;2008a). Neste momento, em que a Trilha está fisicamente estabelecida, resta organizar sua operação, delimitando como se dará a gestão, propriamente dita, contemplando ações normativas e de controle, cuidado e manutenção, monitoramento de impactos, entre outros tópicos essenciais. 2.3 Dificuldades e Desafios Limitação de recursos financeiros, excesso de demanda nas equipes envolvidas, pressão no cumprimento dos prazos exigidos pelo Contrato de Empréstimo, carência de fornecedores aptos ao atendimento das exigências dos editais, bem como situações de conflitos sociais e territoriais nos limites das UCs foram as dificuldades e desafios verificados durante a elaboração do estudo e a implantação do mesmo. Com recursos do Projeto Ecoturismo, apenas os trechos 1, 2 e 3 foram implantados (SÃO PAULO, 2010). A execução desses serviços incluiu: clareamento das trilhas, colocação de degraus e corrimões, construções de pontes, pinguelas, guarda-corpos, passarelas e mirantes, drenagem e prevenção em áreas alagadas, instalação de totens de KM e sinalização de abertura das trilhas e placas de segurança e contingência. A escolha dos trechos foi justificada: o PEI é um dos parques pioneiros no segmento do ecoturismo no estado de São Paulo, sendo das poucas UCs que oferece infraestrutura de hospedagem em seu interior. É um destino muito procurado por escolas e grupos de estudo do meio. Com a trilha de longo percurso passa a receber visitantes com outro perfil, voltado para o turismo de aventura. Por este motivo foi o ponto final da implantação. O marco zero está no Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 197 PETAR, que tem diversas hospedagens nos bairros do entorno, consistindo numa ótima possibilidade para fomentar ainda mais a cadeia produtiva do turismo, bem como incentivar o já existente fluxo de visitantes com perfil mais aventureiro neste Parque. Os trechos 4 e 5, conforme Tabela 1, não foram implantados em razão da insuficiência de recursos, optando-se por promover melhorias nas trilhas já existentes e utilizadas pela visitação atual. O trecho 6 também não foi viabilizado pela escassez de recursos e diante de riscos, apontados na fase de estudo da trilha, relacionados ao extrativismo de palmito, que impossibilitaram a continuidade dos trabalhos naquela localidade. Verificou-se, diante deste contexto, que o perfil do visitante do Parque Estadual “Carlos Botelho” (famílias e grupos de excursão) indicava a implantação da Trilha das Bromélias, com total acessibilidade para portadores de necessidades especiais. A Trilha estende-se por quase 400 metros, com piso e corrimão de madeira, circundando área da sede do Parque, e terminando no Centro de Visitantes, onde uma exposição temática sobre o Parque pode ser explorada. Para cada UC foi criada um exposição permanente, a partir de temas especialmente relacionados ao local, mas com um mesmo padrão estético. A proposta foi oferecer informações específicas e complementares à vivência de campo, e, ao mesmo tempo, estimular o visitante a conhecer melhor o parque visitado, seu entorno e outras UCs do estado. Embora não contemplado no contrato de implantação de trilhas, o trecho 7 recebeu outro tipo de investimento do Projeto de Ecoturismo: por tratar-se de uma rodovia estadual que liga as cidades de Sete Barras a São Miguel Arcanjo, cortando toda a extensão do PECB, foram 12 infraestrutura implantadas no trecho da estrada-parque sinalização e de lazer para visitantes. Além dos veículos que cruzam a estrada de terra rumo ao Vale do Ribeira e litoral, os públicos mais frequentes são romeiros, trilheiros e ciclistas. 12 Sinalização foi implantada pelas empresas Sinalta Propista e Ecoview, e a Infra-Estrutura pela empresa EBCI Industrial. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 198 Um desafio nesse processo foi conciliar as etapas de elaboração do projeto executivo das trilhas com a implantação das mesmas, diante do prazo remanescente de último desembolso do Projeto. O longo período de tempo entre o estudo e a implantação foi uma das dificuldades, já que as prioridades a serem implantadas na trilha foram alteradas por intempéries ou falta de manutenção. Além disso, o contrato de implantação das trilhas também demandou aditivo qualitativo e quantitativo devido às variações na gestão das UCs durante a execução do mesmo. É importante ressaltar que melhorias foram implantadas, mas o perigo e riscos ainda existem nas trilhas, portanto, manutenção e monitoramento são atividades que devem ser incorporadas na rotina dos parques. 3. Considerações finais Uma vez implantada parte da Trilha do Continuum, está em fase de elaboração seu Plano de gestão e manutenção. Conforme Souza e Martos (2008), quanto melhor o planejamento, melhor será a prestação de serviços. Para tanto, foi realizada uma primeira expedição para subsidiar a definição de parâmetros para implantação, gestão e monitoramento da trilha. Há a necessidade de realizar outras expedições, incluindo, além do contingente da Fundação Florestal, empresas de turismo local e comunidades do entorno, visando contribuições específicas para o funcionamento adequado da trilha, como processo de agendamento, acompanhamento de guias, manutenção das áreas de acampamento e alimentação, fiscalização da visitação, monitoramento do impacto, fomento da cadeia produtiva e do turismo na região. Na categoria de “Travessias de longo percurso”, a Trilha do Continuum soma-se aos outros projetos brasileiros que oferecem aventura, beleza e lazer, alinhados às ações de conservação da biodiversidade e consolidação dos espaços protegidos. O caminhante que percorrer a trilha, em parte ou em sua extensão total, aprenderá muito sobre o Bioma Mata Atlântica e estará, ao mesmo tempo, presente em locais recônditos e de difícil acesso, contribuindo para a proteção da natureza. Em todo o Brasil, muitas das trilhas são utilizadas por infratores, como caçadores e extratores de palmito. Com presença mais intensa e com apoio dos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 199 caminhantes é possível alterar essa realidade. Em sua concepção, o objetivo da trilha do Continuum é modificar o panorama extrativista, fornecendo alternativas para a comunidade trabalhar em prol da conservação, através dos cursos de capacitação oferecidos no entorno do percurso. Implantar toda a extensão da Trilha do Continuum e fazer a gestão de seu uso requer muitos esforços e recursos específicos, bem como a superação das dificuldades de gestão das áreas naturais públicas protegidas. Apesar do reconhecimento da trilha como um produto importante para a interpretação ambiental, agregando valor à conservação da natureza e sua biodiversidade, os investimentos e pessoas qualificadas necessários para o gerenciamento eficaz dessa trilha ainda são escassos. A concretização de uma experiência bem sucedida com o atual trecho implantado da trilha abrirá novas perspectivas para o uso público dentro das UCs, vislumbrando a expansão dessa experiência no espaço paulista e brasileiro. O monitoramento e avaliação dessa experiência contribuirão para enriquecimento da visitação pública em UCs, bem como agregarão conhecimento e solidez para que o manejo de trilhas ganhe corpo dentro das práticas de ecoturismo e também seja objeto de mais pesquisas científicas. Os esforços conjuntos levarão a um objetivo comum de desenvolvimento sustentável das áreas naturais protegidas. Além da trilha de longo percurso, investimentos em estruturas para visitação e ecoturismo dentro dos parques estaduais se fazem urgente para o desenvolvimento do uso público, promovendo o contato com a natureza e a vida ao ar livre. Arvorismo, rapel, bóia-cross, ciclismo, rafting, mergulho, entre tantas outras iniciativas, poderão ser estimulados para congregar a conservação de áreas naturais, aumentar o número de visitantes na região e gerar empregos à sociedade. Além das pesquisas e relatos de experiências, faz-se necessário um maior intercâmbio entre profissionais, guias, monitores, trilheiros e gestores públicos de áreas naturais, a fim de consolidar as trilhas de longo percurso como Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 200 catalisadores de oportunidades para populações do entorno das áreas naturais, sem deixar em segundo plano a preservação do meio ambiente. 4. Bibliografia BRASIL (Ministério do Meio Ambiente - Reserva da Biosfera). Cadernos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica: série conservação e áreas protegidas, 5 - Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado de São Paulo. - São Paulo: Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 1997. 44 p. GUALTIERI PINTO, L.; OLIVEIRA, F. F.; ANDRADE, M. A.; EDROSA, H. F.; SANTANA, W. A.; FIGUEIREDO, M.A. Atividade Erosiva em Trilhas de Unidades de Conservação: Estudo de Caso no Parque Nacional da Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil. Revista e-scientia. v. 1, n. 1 (nov, 2008) Disponível em: http://revistas.unibh.br/index.php/dcbas/issue/view/11 .Acesso em 17 de setembro de 2013. IBAMA. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC. Lei No 9.985, de 18 de julho de 2000. IBAMA/DIREC. Brasília, 2002. 35 p. KOGA, E.S.; OLIVEIRA, C.S.; KANESHIRO, D.M. Programa de capacitação do Projeto de Ecoturismo na Mata Atlântica no entorno dos parques estaduais paulistas. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.6, n.1, jan/abr-2013, pp.255-268 MAGRO, T.C. Impactos do Uso Público em uma Trilha no Planalto do Parque Nacional do Itatiaia. Escola de Engenharia de São Carlos/Universidade de São Paulo. Tese (Doutorado), 1999. 135p. ROBINSON, J. Mata Atlântica: Review and Concept Plan for an Ecotourism Strategy. São Paulo: Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Mata Atlântica, 2005. SÃO PAULO (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Região da Mata Atlântica (Informe Ambiental). 2005. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 201 _____________(Fundação para a Conservação e a Produção Florestal). Plano de Manejo do PECB concluído. 2008A. _____________(Fundação para a Conservação e a Produção Florestal). Plano de Manejo do PEI concluído. 2008B. _____________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Estudo de Trilhas e Atrativos – Trilha do Continuum (relatório). 2009A, p196. Cópia digital. _____________(Fundação para a Conservação e a Produção Florestal). Plano de Manejo do PETAR (em análise no Consema). 2009B. _____________(Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Região da Mata Atlântica (Processo nº 3083/10 – Implantação de Trilhas). 2010. SOUZA, P. C. DE; MARTOS, H. L. Estudo do uso público e análise ambiental das trilhas em uma unidade de conservação de uso sustentável: floresta nacional de Ipanema, Iperó-SP. Revista Árvore. Viçosa-MG. V. 32, N°1. Pg. 91-100, 2008. 202 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas PLANEJAMENTO E RECUPERAÇÃO DAS TRILHAS DE ACESSO ÀS CACHOEIRAS PARAÍSO E VÉU DA NOIVA – APA SÃO THOMÉ – SÃO THOMÉ DAS LETRAS (MG). Ézio Dornela Goulart13 Bruno Campos Guilarducci14 Resumo Palavras-chave: Ecoturismo; uso público; áreas protegidas; manejo de trilhas. De acordo com a realidade econômica do município de São Thomé das Letras, o turismo destaca-se como importante fonte geradora de recursos. Atualmente a cidade recebe um grande número de visitantes nos períodos de temporada, finais de semana e feriados prolongados para conhecerem suas belezas cênicas, naturais e culturais. O número intenso de visitantes nas trilhas de acesso aos atrativos naturais vem acarretando a compactação do solo e no período de chuvas, erosões, perda de solo e assoreamento do leito dos cursos d’água. Estes fatores além de causar impactos negativos ao meio ambiente oferecem risco aos usuários e dificultam a visitação a estes atrativos. Este trabalho teve por objetivo realizar um estudo para elaborar proposta de recuperação e manejo das trilhas de acesso as Cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva, localizadas na APA Municipal São Thomé. A metodologia utilizada foi o ROS (Recreational Oportunities Spectrum). Ela propõe que as experiências recreacionais e os benefícios dela derivados aconteçam dentro de um conjunto particular de eventos que podem ser vistos a partir de um gradiente, desde o primitivo ao urbano (LECHNER, 2006). Inicialmente foram revistos os traçados, elaborado o mapeamento e diagnóstico de aspectos ambientais, através de fichas de campo. Foram identificados aspectos como: erosões, incidência de alterações graves de drenagens e exposição de pedras e raízes. Intervenções foram proposta como a readequação de drenagens e a construção de obras de arte. Para isto foram elaborados croquis iniciais que, posteriormente, foram desenhados e plotados através do programa AutoCAD. Por fim, com base nos objetivos propostos, foram identificadas oportunidades potenciais e restrições a visitação, elaborado o ordenamento das 13 ezio.goulart@hotmail.com Programa de Pós-Graduação em Geografia – Instituto de Geociências – UFMG 14 brunoghilarducci@hotmail.com Programa de Pós-Graduação em Geografia – Instituto de Geociências – UFMG Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 203 trilhas, além de recomendações para a manutenção e recuperação das mesmas. Com isto espera-se conseguir o aumento das oportunidades recreacionais e maior conforto e segurança para os usuários. Resumen Palabras-clave: Ecoturismo; uso publico; areas protegidas; manejo de senderos. De acuerdo con la realidad económica de São Thomé das Letras, el turismo se destaca como una importante fuente de recursos. Actualmente, la ciudad recibe una gran numero de visitantes durante los períodos de temporada, fines de semana y días festivos para conocerem su belleza escénica, natural y cultural. El gran flujo de visitantes en los senderos de acceso a los atractivos naturales está provocando la compactación del suelo y durante la temporada de lluvias, la erosión, la pérdida de suelos y la sedimentación del lecho del curso de agua. Estos factores, además de causar impactos negativos al medio ambiente, ofrecem riesgos y dificultad a los usuarios que van visitar estos sitios. Este trabajo tuvo como objetivo realizar un estudio para elaborar una propuesta de recuperación y gestión de caminos de acceso a las Cascatas Paraiso y Velo de la Novia, ubicadas en APA Municipal São Thomé. La metodología utilizada fue el ROS (oportunidades recreativas Spectrum). Propone que las experiencias recreativas y los beneficios derivados de ellas sucedam a partir de determinado conjunto de eventos que se pueden ver desde una pendiente, desde lo primitivo a lo urbano (Lechner, 2006). Inicialmente trazados fueron revisados , la cartografía elaborada y diagnóstico de los aspectos ambientales a través de los registros de campo. Fueron identificados erosiones, incidencia de los cambios severos en el drenaje y la exposición de las rocas y raíces. A continuación, se propone intervenciones como la mejora del drenaje y la construcción de obras de arte. Se prepararon para esto trazados iniciales que hayan sido deseños y a traves del programa AutoCAD. Finalmente, en base a los objetivos propuestos, se identificaron las oportunidades potenciales y las restricciones a las visitas, sistema de senderos espacial preparada, así como recomendaciones para el mantenimiento y recuperación de los senderos. Con esto, se espera que aumenten las oportunidades de recreación y mayor comodidad y seguridad para los usuarios. 1. Introduçâo São Thomé das Letras está localizado no sul do estado de Minas Gerais, o município faz parte do Circuito Turístico Vale Verde e Quedas D’águas, é integrante da Associação das Cidades Históricas Mineiras e da Rota da Estrada Real. A arquitetura da cidade caracteriza-se por edificações construídas em quartzito (pedra São Thomé), tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA). O Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 204 município se destaca na região por apresentar um relevo característico que propicia a formação de várias cachoeiras, piscinas naturais e corredeiras de grande efeito cênico. A Área de Proteção Ambiental (APA) São Thomé é uma unidade de conservação municipal de uso sustentável, com uma área de 3.115,08 ha tem por objetivo assegurar o bem estar das populações ali existentes, bem como o de todo o município, a melhoria da qualidade de vida, além de proteger e preservar a fauna, flora e os recursos hídricos, promovendo assim o uso sustentado da área para as gerações futuras. Foi criada através do Decreto nº 003 de 29 de janeiro de 2003. As cachoeiras Véu da Noiva e Paraíso podem ser consideradas entre os atrativos mais visitados inseridos na APA. O fluxo intenso de visitantes nas trilhas de acesso as cachoeiras vem acarretando a compactação do solo, e no período de chuvas intensas erosões, perda de solo e assoreamento do leito dos cursos d’água. Estes fatores, além de causar impactos negativos ao meio ambiente, oferecem risco aos usuários e dificultam a visitação a estes atrativos. A elaboração do respectivo estudo teve por objetivo subsidiar os gestores públicos na implementação e no estabelecimento de trilhas estruturadas, otimizando o potencial de visitação e propiciando o desenvolvimento de atividades de cunho educativo, associadas à recreação, proporcionando experiências em contato com o ambiente natural, minimizando e controlando os impactos. Estas áreas de visitação atraem, hoje, um grande número de turistas e admiradores da natureza. Com a construção da infraestrutura necessária, um maior número de pessoas poderá frequentar o local, sem provocar danos sociais e ambientais. Este crescente fluxo de pessoas poderá ser revertido em benefícios aos moradores do município de São Thomé das Letras e toda sua região. Devido às características bióticas e abióticas das trilhas, as mesmas apresentam uma tendência muito grande a ocorrências de erosões superficiais. O solo, devido ao intenso fluxo de visitação, esta compactado ocasionando pouca capacidade de absorção de água, principalmente na época das chuvas. Isto faz com que as intervenções devam ser muito bem planejadas, considerando principalmente as características do terreno, a integridade do ambiente, a segurança dos usuários e o entendimento de como os visitantes se comportam em ambientes naturais. Considera-se que as trilhas de uso público em áreas naturais permitem suprir as necessidades recreativas, com a segurança e o conforto necessários para o visitante e sem prejudicar o meio ambiente. Dentro desse contexto, a implementação e o manejo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 205 das de trilha de acesso às cachoeiras do Paraíso e Véu de Noiva tem como objetivo principal a recuperação das trilhas utilizadas como acesso as cachoeiras. Desta forma, as trilhas também podem ser motivo de encorajamento ao usuário a se manter em um caminho mais fácil, evitando obstáculos e a abertura desnecessária de desvios. Assim, as trilhas são caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes formas, comprimentos e larguras, que possuam o objetivo de aproximar o visitante ao ambiente natural, ou conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu entretenimento ou educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos. Segundo Andrade (2003), o desenvolvimento adequado de trilhas, aliado ao aumento da consciência de que as trilhas em áreas naturais, onde se pratica o ecoturismo, não são apenas caminhos improvisados, “espera-se que não só novas áreas sejam abertas de forma correta, mas também que seja remediada a situação das áreas desenvolvidas de forma incorreta”. Para Lechner (2006), as trilhas e caminhos são provavelmente as rotas de viagem mais disseminadas no mundo. Em locais menos ocupados, particularmente em parques e áreas protegidas, as trilhas podem ser o único meio de acesso fácil à maior parte da área. Sendo assim, ainda de acordo com o autor, as trilhas costumam ser o primeiro dos elementos de infraestrutura desenvolvidos sempre que uma nova área protegida é declarada e, com frequência, isto ocorre antes de qualquer planejamento formal. Desta forma, as trilhas são caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes formas, comprimentos e larguras, que possuam o objetivo de aproximar o visitante ao ambiente natural, ou conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu entretenimento ou educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos. Griffith e Valente (1979) e Griffith (1983), consideram que o planejamento de um sistema de trilhas, sejam estas interpretativas ou cênicas, necessita da análise e avaliação do inventário de sequencias paisagísticas referente a cada trecho ou percurso, buscando uma variação entre diversificadas classes de paisagens, explorando visados ângulos cênicos de observação, de modo a enriquecer a experiência perceptiva do visitante. Embora o planejamento inadequado seja o fator isolado mais importante para o fracasso de trilhas e caminhos em áreas naturais, poucas pessoas percebem a importância ou a magnitude do processo de planificação, mesmo com relação aos aspectos mais básicos. O planejamento de trilhas deve considerar os objetivos da área de inserção da trilha, assim como os aspectos sociais e biofísicos da área destinada a receber a trilha. Isto é necessário tanto para a implantação de novas trilhas como para o melhoramento das já Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 206 existentes. (LECHNER, 2006). Desta forma o planejamento de trilhas deve levar em consideração alguns fatores como: variação das condições da região em decorrência das estações do ano, quais são as informações técnicas (mapas, fotografias, etc.) já existentes sobre a região, qual a probabilidade de volume de uso futuro e quais são as características de drenagem, solo, vegetação, habitat, topografia, uso e exequibilidade do projeto. De acordo com Borges (2004), a atividade de ecoturismo é intrinsecamente relacionada ao uso de trilhas, já que um dos objetivos de quem pratica o ecoturismo é o de vivenciar de forma mais intensa os elementos naturais e culturais de uma determinada região. Trilhas facilitam esta experiência, pois possibilitam o acesso a áreas e monumentos mais isolados e preservados (formações naturais, sítios históricos e arqueológicos, paisagem, etc.); a observação de fauna e flora; experiências educativas ao explorar aspectos geológicos, geográficos ou a história natural; mais segurança ao turista, já que minimiza riscos de acidentes e de se perder e a atividade física em ambiente natural. No que diz respeito aos impactos ambientais decorrentes do uso das trilhas, Guillaumon (1977) afirma que as trilhas de um ponto de vista formal, vêm a ser um novo impacto do homem na natureza e uma oportunidade a mais para se admitir inconscientemente este impacto onipresente. Provoca tanto impacto físico como visual, sonoro e de cheiro. Ao mesmo tempo constituem um meio de canalizar o impacto do homem e de circunscrevêlo a um itinerário restrito. Quando as trilhas atravessam ou estão circunscritas às unidades de conservação, passam normalmente por ambientes naturais muitas vezes frágeis ou carentes de proteção. Os efeitos que uma trilha causa no ambiente ocorrem principalmente na superfície da trilha propriamente dita, mas, segundo Schelhas (1986), a área afetada corresponde normalmente a um metro a partir de cada lado. Em muitos locais, a abertura de clareiras para os acampamentos e de atalhos para os caminhos alternativos, o uso de fogueiras e o desleixo com o lixo, comprometeram seriamente a paisagem, quanto as suas funções ecológicas e espaço para a recreação. Observa-se uma mudança no perfil do turista que visita a área, justamente porque a qualidade ambiental do local não satisfaz as expectativas do público adepto do ecoturismo (FIGUEIREDO, 1998). 2. Materiais e métodos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 207 A metodologia empregada na realização deste estudo é estruturada no método de planejamento de recreação conhecido por ROS (Recreational Oportunites Spectrum Espectro de Oportunidades de Recreação). O método propõe que “as experiências recreacionais e os benefícios dela derivados aconteçam dentro de um conjunto particular de eventos que podem ser visto a partir de um gradiente, desde o primitivo ao urbano” (LECHNER, 2006). Neste método as trilhas classificadas gradualmente em primitiva, semiprimitiva, natural, rural e urbana. As trilhas primitivas caracterizam por condições selvagens, pouco manejo direto, quase nenhum desenvolvimento de infraestrutura. Já as urbanas permitem paisagens alteradas, manejo visível e desenvolvimento de muita infraestrutura, como: pavimentação, interpretação ambiental, infraestrutura destinada ao conforto e segurança. Para cada classificação proposta pelo método são apresentadas suas características quanto ao tipo de atividades indicadas, as instalações necessárias, as experiências proporcionadas e o detalhes de estruturação requerida para as trilhas. Desta forma este estudo realizou inicialmente uma análise de todo o sítio de visitação, com a revisão dos materiais relevantes e das informações disponíveis, além de visitas de campo para verificação das condições ambientais das trilhas. Com base nas condições encontradas foram definidos os traçados e procedido o mapeamento detalhada das trilhas selecionadas. O mapeamento foi realizado com auxilio de fichas de campo, bússola de mapa, clinômetro e trena de fita. Em seguida foram definidos os objetivos de cada trilha e realizado um diagnóstico detalhado de cada um dos trajetos, considerando as ocorrências encontradas em cada trecho, a manutenção ou infraestrutura necessária, bem como o material indicado para a construção das estruturas. O diagnóstico foi fartamente documentado com auxílio de máquina de fotografia digital. Por fim, com base nas informações levantadas no diagnóstico, foi elaborado um croqui das intervenções necessárias que posteriormente foi desenhado e plotado com auxílio do programa AutoCad versão 2009. 3. Resultados e discussões Com base na análise de sítio realizada, que considerou as informações disponíveis sobre a área, as visitas ao local e as informações passadas pelo órgão gestor da APA São Thomé, as trilhas de acesso às cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva foram classificadas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 208 entre “natural” e “rural”, conforme classificação proposta pelo método ROS (Espectro de Oportunidades de Recreação). Nesta classificação, as trilhas permitem atividades de caminhada, acampamento, observação da paisagem, educação ambiental, interpretação da natureza, entre outras. O ambiente é predominantemente natural, com evidencias de níveis moderados de atividade humana. a possibilidade de encontro com outros usuários é alta. O desenvolvimento de instalações pode ser mais intensivo, mas tende a harmonizar com o entrono. O aprendizado e o bem estar familiar são experiências possíveis, sendo que um grau relativamente alto de interação social é provável, com fácil acesso as instalações. Permitem trilhas com 60 a 250 cm e um maior nível de instalações de segurança, pontes para facilitar o acesso, áreas de descanso e instalações para interpretação ambiental. No processo de definição do layout das trilhas, ou seja, a localização exata do seu traçado em campo, no lugar onde vão ser construídas, no caso das trilhas de acesso às cachoeiras do Véu de Noiva e do Paraíso, considerou-se fundamental os seguintes fatores para sua definição:  Parte do atual traçado das trilhas se encontra definido e consolidado em alguns trechos e em outros possui traçado indefinido com a presença de muitas trilhas secundárias.  Nos trechos em que não existe trilha definida observou- se que de acordo com o estado de conservação do trecho a ser transposto, o usuário opta por utilizar outro caminho acarretando a abertura de novas trilhas. Sendo assim, nos trechos onde o traçado já se encontrava definido, os mesmos foram mantidos sofrendo apenas propostas de intervenções necessárias para cada trecho. A abertura de um novo traçado acarretaria em mais impactos negativos ao local, não isentando da recuperação dos danos já existentes, conforme Figura 1, abaixo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 209 210 Figura 1 – Raízes expostas e drenagens superficiais no corredor da trilha. Nos trajetos com incidência de trilhas secundárias e trajetos indefinidos, optou-se pelo fechamento destes definindo um único caminho para direcionar o fluxo de visitantes para o traçado proposto. O fechamento dos caminhos secundários tem como objetivos evitar que ocorra alargamento da trilha, compactação do solo, supressão da vegetação e ao mesmo tempo proporcione a regeneração natural do solo e da vegetação. Todos esses fatores somados ao escoamento das águas no percurso da trilha contribuem efetivamente para a degradação da trilha em todo seu conjunto. Após, a definição do traçado definitivo, iniciou-se o mapeamento que consistiu em dividir a trilha em trechos, levando-se em consideração as mudanças de direção e de declividade, conforme Tabela 1. Para cada trecho foi anotado seu direcionamento, seu desnível, seu comprimento e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 sua largura, além da altitude de cada ponto. Ao final dessa etapa têm-se os dados necessários para conhecer o traçado da trilha. Tabela 1 - Ficha utilizada no mapeamento das trilhas. ACESSO A CACHOEIRA DO PARAÍSO E VÉU DA NOIVA (PARTE BAIXA) TRECHO DIREÇÃO DESNÍVEL METRAGEM DISTANCIA LARGURA ALTITUDE Ini Fim graus percentual metros metros metros Início Desnível Final 1 2 199° -26% 8,20 8,20 1,20 946,296 -2,132 944,164 2 3 191° -14% 13,70 21,90 0,75 944,164 -1,918 942,246 3 4 185° -28% 5,80 27,70 0,80 942,246 -1,624 940,622 4 5 188° -17% 10,40 38,10 0,85 940,622 -1,768 938,854 5 6 175° -19% 16,95 55,05 0,35 938,854 -3,221 935,634 6 7 186° -25% 10,50 65,55 0,45 935,634 -2,625 933,009 7 8 207° -24% 6,30 71,85 0,75 933,009 -1,512 931,497 8 9 230° -20% 6,80 78,65 0,60 931,497 -1,360 930,137 9 10 237° -25% 2,95 81,60 0,45 930,137 -0,738 929,399 10 11 269° -20% 4,60 86,20 0,55 929,399 -0,920 928,479 11 12 222° -15% 5,40 91,60 0,40 928,479 -0,810 927,669 12 13 267° -29% 5,00 96,60 0,80 927,669 -1,450 926,219 13 14 221° -19% 5,70 102,30 1,35 926,219 -1,083 925,136 14 15 255° -23% 5,30 107,60 1,45 925,136 -1,219 923,917 15 16 223° -25% 5,10 112,70 1,70 923,917 -1,275 922,642 16 17 281° -40% 7,00 119,70 0,90 922,642 -2,800 919,842 17 18 272° -32% 6,40 126,10 1,00 919,842 -2,048 917,794 18 19 8° -2% 13,70 139,80 1,20 917,794 -0,274 917,520 19 20 351° -1% 6,70 146,50 0,70 917,520 -0,067 917,453 20 21 9° -2% 16,30 162,80 0,60 917,453 -0,326 917,127 21 22 19° 1% 14,00 176,80 0,70 917,127 0,140 917,267 22 23 6° -5% 5,30 182,10 0,45 917,267 -0,265 917,002 23 24 22° 5% 1,65 183,75 0,60 917,002 0,083 917,085 24 25 44° 28% 2,20 185,95 0,80 917,085 0,616 917,701 25 26 17° -8% 5,00 190,95 0,60 917,701 -0,400 917,301 26 27 16° 4% 10,85 201,80 1,15 917,301 0,434 917,735 27 28 24° 10% 5,55 207,35 0,80 917,735 0,555 918,290 28 29 39° -1% 5,40 212,75 0,60 918,290 -0,054 918,236 Desta forma foram mapeadas duas trilhas e duas variantes, com objetivos e propósitos diferenciados, conforme descrito em seguida. No final da descrição de cada trilha, apresentamos o mapa resultante do mapeamento realizado (Figura 2). Acesso à cachoeira do paraíso e Véu da Noiva (parte baixa) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 211 A trilha de acesso à cachoeira do Paraíso e à parte de baixo da Cachoeira do Véu da Noiva tem início próximo à lanchonete dos proprietários do terreno e seu termino é próximo ao segundo poço da cachoeira Véu da Noiva. Sua extensão total é de 212,75m, sua largura média é de 0,78m e seu desnível máximo é de -40%. O piso predominante é terra, sua forma é linear e seu uso é para dar acesso ao poço das cachoeiras, sendo utilizada predominante por pessoas a pé. O objetivo principal da trilha é dar acesso à parte baixa da cachoeira Véu da Noiva e a queda da cachoeira do Paraíso. Além disso, é utilizada para contemplação da paisagem, pois margeia o rio a partir do ponto 18 e permite uma visualização da queda da cachoeira Véu da Noiva e das corredeiras formadas por suas águas. Variante de acesso à cachoeira do Paraíso Esta é uma variante da trilha anterior e tem início no ponto 18, em uma clareira na mata ciliar próxima a queda da cachoeira do Paraíso e seu termino é na calha do rio, o qual deve ser transposto para ter acesso a um banco de areia em frente ao poço da cachoeira do Paraíso. Sua extensão total é de 34,95m, sua largura média é 0,63m, seu desnível máximo é de -74%, o piso predominante é terra com um trecho de pedras, sua forma é linear e seu uso e seu objetivo principal são dar acesso ao poço da cachoeira do Paraíso. Acesso à cachoeira Véu da Noiva (parte alta) A trilha de acesso a Cachoeira do Véu da Noiva, tem início próximo à lanchonete dos proprietários do terreno e seu termino é no poço formado pela queda da cachoeira. Sua extensão total é 60,30m, sua largura média é 1,42m, seu desnível máximo é de -48%, o piso predominante é terra com trechos intercalados de pedras, sua forma é linear e seu uso é para dar acesso ao poço da cachoeira Véu da Noiva. Sua utilização é feita predominante por pessoas a pé. O objetivo principal da trilha é dar acesso ao poço formado pelas águas da queda da cachoeira Véu de Noiva, além disso, é utilizada como contemplação do visual da queda da cachoeira Véu da Noiva e da corredeira formada por suas águas. Atalho de ligação entre trilhas O atalho tem início no trecho 3-4 da trilha de acesso à cachoeira do Paraíso e Véu da Noiva (parte baixa) e seu termino é no trecho 2-3 da trilha de acesso a parte alta da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 212 cachoeira Véu da Noiva. Sua extensão total é de 42,50m, sua largura média é 0,45m, seu desnível máximo é de 3%, seu piso predominante é terra sua forma é linear, e seu uso e seu objetivo principal é ligar às trilhas de acesso as cachoeiras Véu de Noiva e Paraíso, passando por traz da lanchonete. 213 Figura 2 – Mapa geral do sistema de trilhas de acesso às cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva. Desta forma, uma vez realizado o mapeamento pormenorizado de cada trilha e definida a função de cada uma, procedeu-se a análise de cada trecho de trilha, verificando a ocorrência de drenagens superficiais, piso irregular, raízes expostas, risco a segurança do usuário, dimensões irregulares e trilhas secundárias. Para cada ocorrência verificada propõe-se uma ação de manutenção e/ou a construção de alguma obra de arte, como pontes, corrimão, escadarias, entre outras. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Desta forma os resultados foram anotados em ficha de campo e posteriormente transferidos para uma planilha no computador. A tabela 2 apresenta o resultado de uma das trilhas diagnosticadas. Tabela 2 - Ficha de diagnóstico: ocorrências, manutenção, infraestrutura e materiais. Trecho Ocorrências Drenagens superficiais Infraestrutura barreira oblíqua; caixa de pedra. Material terra; pedras; concreto. regularização e nivelamento - terra - guarda-mão direito madeira alargamento - - Placa sinalização - placa sinalização madeira; pedra Drenagens superficiais - barreira oblíqua; caixa de pedra. terra; pedras; concreto. Piso irregular regularização e nivelamento - terra Dimensões irregulares alargamento - - Piso irregular Risco segurança Dimensões irregulares 01_02 02_03 Manutenção - Foto 214 Uma vez realizado o levantamento completo das intervenções necessárias, no que diz respeito à manutenção e construção de infraestrutura, a etapa seguinte foi a elaboração de croquis de cada trecho, com auxílio de papel quadriculado e trena, as intervenções foram medidas e desenhadas no papel, que posteriormente foram desenhadas com auxilio de programa de computador. Afigura 3 apresenta alguns exemplos dos croquis realizados. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 3 - Croquis das intervenções em cada trecho de trilha, com medidas tomadas em campo. Os croquis serviram com base para a elaboração do projeto final, que foi desenhado com auxilio do programa AutoCad versão 2009 (Figura 4). Com as medidas tomadas em campo e considerando o material recomendado para realizar as intervenções, foi possível também o calculo do material utilizado em cada trecho de trilha. 215 Figura 4 - Parte do projeto de intervenção elaborado a partir das informações coletadas em campo. A plotagem do projeto em planta baixa, das trilhas de acesso as cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva, localizadas na APA São Thomé, em São Thomé das Letras-MG, foi a etapa final deste estudo, que acredita-se ser de fundamental importância para orientar os gestores da área nas intervenções necessárias. O material necessário para o desenvolvimento das intervenções propostas no estudo foi calculados com base nos padrões estabelecidos e para cada trecho do sistema de trilhas, bem como cada tipo de intervenção foi descrita em detalhes, complementando as plantas citadas anteriormente. 4. Considerações finais Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 O bom planejamento de uma área protegida procura maximizar as oportunidades (benefícios) para a conservação e para os usuários, enquanto reconhece e considera as limitações da área e as restrições para minimizar os impactos negativos. Tanto as oportunidades como as restrições podem ser sociais, culturais ou biofísicas. O processo de identificar formalmente as oportunidades e restrições permite que o planejador de trilhas priorize os recursos, faça uma seleção mais acurada de rotas e minimize impactos ambientais negativos. Sendo assim, este estudo foi concebido, dentro dos objetivos propostos, e identificou-se as diversas oportunidades potenciais para as trilhas de acesso às cachoeiras do Paraíso e Véu da Noiva, tais como o aspecto cênico das cachoeiras e da margem do rio, caracterizada por uma mata ciliar em bom estado de regeneração, com a presença de várias epífitas (orquidáceas). Nota-se também a oportunidade de desenvolvimento de atividades educacionais, tendo como instrumento a interpretação da natureza, sendo que a implantação da trilha servirá também de apoio para as atividades de manejo da área, como fiscalização e manejo de visitação. Desta forma, a implantação da trilha poderá gera o aumento de ganhos financeiros pelo acesso facilitado e pelo aumento de oportunidades recreacionais, integrando estas trilhas com as demais existentes em toda a região. Contudo, algumas restrições à implementação do sistema de trilhas de acesso às cachoeira do Paraíso e Véu da Noiva se apresentam, pois estas não permitem acessibilidade plena, uma vez que alguns acessos apresentam declividade muito elevada ou passagens muito perigosas (travessia de rios, subida em pedras). As questões relativas à segurança devem ser muito bem consideradas, pois no local é comum a prática de acender fogo próximo às cachoeiras (churrasqueiras improvisadas), o que acarreta a possibilidade de incêndios. Também existe a possibilidade de enchentes súbitas, apesar de não haver relatos deste fenômeno. Também o comprometimento de pessoal para manutenção das trilhas é fator fundamental, pois como qualquer outra trilha, haverá a necessidade de manutenções periódicas e é preciso que as pessoas responsáveis estejam comprometidas com isso. Por fim, cabe alertar que a implantação das intervenções propostas poderá causar um aumento excessivo do uso, representando dificuldades para o manejo da área. Para isto recomenda-se a utilização de alguma metodologia de monitoramento dos impactos ambientais, como a Capacidade de Carga ou Limite Aceitável de Cambio. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 216 5. Bibliografia ANDRADE, Valdir Joel. 2003. Implantação e manejo de trilhas. 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ISBN 978-85-88769-56-4 217 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas REVITALIZAÇÃO DA TRILHA 'MORRO DO DIABO', NO PARQUE ESTADUAL DO MORRO DO DIABO, SÃO PAULO, BRASIL. Helder Henrique de Faria Dr15 Andréa Soares Pires - MSc16 Resumo Palavras-chaves: Revitalização, Trilha 'Morro do Diabo', Parque Estadual do Morro do Diabo, capacidade de carga O Parque Estadual do Morro do Diabo é uma importante área protegida de São Paulo situada no extremo sudoeste do estado, na região conhecida por Pontal do Paranapanema. A trilha do 'Morro do Diabo' é um caminho que dá acesso ao seu topo, de onde se descortina toda a floresta do parque e seu entorno. Após anos de intenso uso foi possível a execução de uma série de melhorias na trilha mediante interveniência do Ministério Público Estadual. Apesar de os autores deste trabalho terem investido muitas técnicas e métodos derivados do método científico de investigação neste trabalho, este é um artigo executivo que evidencia a decisão de se realizar a manutenção pesada e corretiva do que alterar o traçado original de uma trilha; a decisão de se utilizar os recursos das compensações ambientais para oferecer benefícios diretos à sociedade; a decisão pelo simples, pela harmonia nas intervenções construtivas e na comunicação com o visitante e, sobretudo pelo baixo custo na busca de resultados efetivos e eficazes para o desenvolvimento da área para o ecoturismo e a educação ambiental. Resumen Palabras clave: Revitalización, Sendero "Morro do Diabo", Parque Estatal Morro do Diabo, capacidad decarga El Parque Estatal Morro do Diabo es una importante área protegida de São Paulo localizada en el extremo suroeste del estado, en la región conocida como Pontal do Paranapanema. El sendero del "Morro do Diabo" es un camino que conduce a la cima de esta elevación, de donde se avista todo el bosque del parque y sus alrededores. Después de años de uso intensivo fue posible realizar una serie de mejoras en el camino a través de la intervención del Ministério Publico Estatal, por medio de um mecanismo de compensación ambiental. Aunque los autores de este trabajo han invertido muchas técnicas y métodos derivados del método 15 16 helderdefaria@gmail.com Dr. Pesquisador do Instituto Florestal deapires@yahoo.com.br Pesquisadora do Instituto Florestal Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 218 científico de investigación, el presente trabajo se trata de un artículo ejecutivo que muestra la decisión de no cambiar el diseño original del sendero, la decisión de utilizar los recursos de las compensaciones ambientales para proporcionar beneficios directos a la sociedad y la decisión por el simple, la armonía en las intervenciones constructivas y la comunicación con el visitante, y sobre todo por la busqueda del bajo costo para el desarrollo eficaz y eficiente del ecoturismo y la educación ambiental en el área. 1. Introdução Trilhas interpretativas são importantes instalações para o desenvolvimento das atividades de recreação ao ar livre e a interpretação da natureza nos parques nacionais e reservas equivalentes, dado sua simplicidade, baixo custo e a possibilidade de transmissão de conhecimentos ecológicos e ambientais em primeira mão (Faria et all, 1995; Ferreira, 2005). Sobretudo são ferramentas úteis no manejo das áreas protegidas uma vez que concentram o uso mais intenso em um pequeno sítio da área, evitando-se que outros pontos mais sensíveis ou ecologicamente importantes sejam afetados pela presença humana, principalmente se houver uma abordagem integradora que considere a categoria de manejo, o planejamento, a construção, a manutenção, o monitoramento e a avaliação (Lechner, 2006). As trilhas interpretativas fazem parte do cotidiano dos administradores de áreas silvestres protegidas, pois se trata de um recurso que permite uma melhor compreensão do meio, aguçando a atenção para o quadro de vida cotidiana, para a natureza em que se vive, dinamizando a observação, reflexão e sensibilidade às ciências da natureza. Pelo grau de importância nas relações entre os usuários e os recursos protegidos e dado os objetivos intrínsecos à categoria 'parque nacional' (IUCN, 1994; Brasil, 2000), pode-se afirmar que se uma unidade de conservação desta categoria não possui trilhas é quase certo que se trata ou de um 'parque de papel', aqueles não implantados, ou a área não sofre as demandas da sociedade para desfrutar a natureza. Longe de ser assim, logo que a Reserva Estadual do Morro do Diabo foi elevada à categoria Parque Estadual pelo Decreto No 25.342/1986 (São Paulo, 2000), o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 219 Instituto Florestal a cargo de sua administração tratou de estabelecer estratégias que promovessem a visitação pública à área, o que veio a ser facilitado com a abertura de trilhas na mata. Uma delas, a do 'Morro do Diabo', foi liberada ao uso público em 1988 e desde então recebeu milhares de visitantes, sofrendo os impactos ambientais que normalmente acontecem nestes sítios (Stankey et. all, 1985; Graefe et all, 1990, Lechner, 2006; SMA, 2009). Após 25 anos de funcionamento ininterrupto surgiu uma oportunidade concreta de se executar uma série de adequações na trilha através de recursos de compensação ambiental, um artifício econômico que visa compensar ou minimizar os impactos ambientais decorrentes de empreendimentos públicos ou privados (BRASIL, 2000; Milaré e Artigas, 2006); ou de decisões tomadas pelas partes envolvidas no transcorrer de inquéritos civis públicos, como alternativa à invocação do Judiciário para dirimir o conflito de interesses de ordem coletiva através dos Termos de Ajustamento de Conduta (Gomes, 2003). 220 Tratativas entre o Ministério Público Estadual de Presidente Prudente e a empresa Odebrecht Agroindustrial, unidade Destilaria Alcídia, resultaram em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com fulcro no Parque Estadual do Morro do Diabo (PEMD), cujos investimentos permitiram revitalizar a trilha do Morro (TM) do Diabo. O objetivo deste trabalho é relatar esta experiência. 2. Material e métodos 2.1 Área de estudo 2.1.1 O Parque Estadual do Morro do Diabo é uma unidade de conservação localizada sob as coordenadas 22o 27’ a 22o 40’ de Latitude S e 52o 10’ a 52o 22’ de Longitude W. Com seus quase 34.000ha, situa-se no município de Teodoro Sampaio, unidade de gerenciamento de recursos hídricos Pontal do Paranapanema (UGRHI-22 Presidente Prudente, com mais de 300.000 habitantes Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 é pólo econômico, político e cultural da região e dista de Teodoro Sampaio 120 quilômetros. A área é gerenciada pela Fundação Florestal. Dentro do domínio da Mata Atlântica o tipo Floresta Estacional Semi Decidual é o ecossistema mais ameaçado e, neste contexto encontra-se o PEMD, a maior amostra protegida com este tipo de cobertura vegetal do mundo (Kageyama, 2009), seguramente a maior reserva de perobas rosa (Aspidosperma polyneuron) do sudeste brasileiro. Contém fauna abundante e variada, cujo animal símbolo é o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), primata que encontra em suas matas a maior população livre na natureza e já foi considerado um dos mais ameaçados de extinção do mundo (IF, 2006). Segundo Fernandes et all (2013), a formação geológica do Morro do Diabo é extremadamente especial, tanto que "a preservação de espessuras originais anômalas de arenitos eólicos do deserto neocretáceo, assim como a sustentação de cotas reliquiares da evolução do relevo no intervalo Ks-T justificam sua importância como 'monumento geológico' e paulista" (g.n). Necessário atentar para esses autores, pois os mesmos expressam a síntese das argumentações científicas que embasam a proposta de eleger o Morro do Diabo (Figura 1) como mais um dos monumentos geológicos do Estado de São Paulo, proposta construída e desenvolvida no âmbito do Instituto Geológico de São Paulo e que certamente promoverá maior divulgação da área e, por conseguinte, maior procura turística do local. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 221 Figura 2. Face Sul do Morro do Diabo destacando a trilha que leva a seu cimo. Teodoro Sampaio, São Paulo, Brasil. Foto dos autores. A visitação pública ao PEMD ocorre desde o final dos anos 1980, com diversas opções de lazer, recreação e educação ambiental, cujo objetivo é promover uma articulação positiva com a sociedade, a maior beneficiária da existência das unidades de conservação. Em 2005 o programa de uso público passou por uma completa reestruturação e o resultado imediato foi a significativa elevação da visitação (Pires e Faria, 2013). Há uma grande demanda por parte das escolas públicas e privadas da região, muito embora esse perfil esteja lentamente se alterando, com a presença de outros visitantes que não apenas estudantes, tal como observadores de aves, amantes da natureza, pequenos grupos de turistas, entre outros (Castro et all, 2007). Esta informação é de grande valia, pois indica a necessidade de adaptar a gestão às novas demandas e tratar de promover o ecoturismo e a educação ambiental concomitantemente, tal qual defende Mendonça (2005). 2.1.2 A Trilha do Morro do Diabo é o principal atrativo ecoturístico do Parque Estadual do Morro do Diabo, possui 1200 metros de extensão e um desnível de cerca 250 metros com os terrenos adjacentes, sendo o topo do morro o ponto mais alto da região, 599,50m, de onde é possível avistar toda a floresta do Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 222 parque, a rodovia que o segmenta, o rio Paranapanema e o entorno do parque. O acesso à trilha se dá através da SP-613, rodovia Arlindo Bétio. O caminho foi aberto ainda quando não existia visitação pública à área e servia aos funcionários florestais para acessarem o alto da elevação intuindo observar possíveis focos de incêndios na então Reserva Estadual do Morro do Diabo. Com a transformação da REMD em Parque Estadual o caminho sofreu pequenas alterações de percurso visando facilitar a subida, pois em alguns trechos apresentava-se muito íngreme. Em 1988 a trilha foi aberta à visitação e hoje é o principal atrativo do Parque, recebendo milhares de visitantes anualmente. Além de acessar a paisagem mais deslumbrante do parque é um importante instrumento pedagógico que possibilita o aprendizado sobre a fauna, flora, geografia, processos biológicos, geologia, relações ecológicas, meio ambiente e proteção da natureza. O aumento da visitação, aliada à fragilidade do solo e à inclinação do terreno, resultou erosão, exposição de raízes de árvores, perda de matéria orgânica, pisoteio e compactação do solo, observados empiricamente ao longo dos tempos ou estimados em trabalhos técnicos (Neto, 2007). Outros impactos imperceptíveis podem acontecer, como a perturbação da fauna, degradação da vegetação e a satisfação do usuário (SMA, 2009). Segundo Oliveira et al. (1999), citado por Instituto Florestal (2006), o Morro do Diabo é constituído por solos do tipo Neossolos Litólicos, que são pouco evoluídos, com ausência de horizonte B e afloramento de rochas. São compostos basicamente por material mineral de origem ou por material orgânico pouco espesso. Sob as condições de pisoteio constante e em terreno inclinado este tipo de solo é altamente erodível. Na trilha estão presentes as fitofisionomias 'Floresta Madura Alta' e a 'Floresta em Estágio Avançado de Regeneração', o que confere ao visitante a oportunidade de apreciar no percurso árvores como a peroba rosa (Aspidosperma polyneuron), ipê roxo (Tabebuia heptaphylla), pau marfim (Balfourodendron riedelianum), cedro rosa (Cedrela fissilis), cabreúva (Myroxilon peruiferum) dentre outras. Associados a essa vegetação é possível avistar várias espécies de animais, como o micoAnais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 223 leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), bugio (Alouatta fusca), cotia (Dasyprocta azarae), cateto (Tayassu tajacu), aves e insetos. O zoneamento do parque define este sítio como zona de uso extensivo, "áreas naturais com alguma alteração humana ou áreas usadas tradicionalmente pelos visitantes, sem que as condições ambientais sejam alteradas significativamente. O objetivo do manejo é a manutenção do ambiente natural, oferecendo-se facilidade ao acesso público para fins educativos e recreativos (IF, 2006). As normas de gestão apontam que podem ser instalados equipamentos para a interpretação dos recursos naturais e a recreação, sempre em harmonia com a paisagem e que o local e as atividades devem ser monitoradas de modo sistemático, para a segurança do ambiente e dos usuários. Ademais, a trilha e respectiva zona extensiva está envolta na zona primitiva, cujas normas de uso são ainda mais restrivas. Em trabalho sobre a análise paisagística como subsídio ao planejamento turístico do Parque, Silva (2007) classificou a TM como um elemento paisagístico de importância macro regional e o atrativo mais relevante aos visitantes para as atividades de interpretação, educação ambiental e ecoturismo. O autor qualificou essa trilha como de 'alta qualidade visual' devido à diversidade, singularidade e intensidade dos atributos considerados. Em 2008 a TM passou a integrar o projeto estadual ‘Trilhas de São Paulo’, cujo ideal é mostrar aos visitantes algumas das paisagens que os colonizadores europeus se depararam quando aqui aportaram há mais de cinco séculos. Percorrendo-as os turistas tem contato com amostras significativas da paisagem natural e a biodiversidade de diferentes ambientes que caracterizam a mata atlântica no Estado. Ademais, o Parque oferece outros recursos e equipamentos interpretativos e de lazer ao ar livre: Centro de Visitantes, Museu Natural, Trilha da Lagoa Verde (600 m), Trilha Barreiro da Anta (1600 m), Trilha do Paranapanema (2000 m) e Trilha das Perobeiras (3.500 m), além de outras para cicloturismo (Lopes, 2011). As trilhas estão consideradas no Plano de Contingência do PEMD (Pires, Faria e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 224 Castro, 2008), documento que orienta o trabalho dos guias e monitores ambientais relativo à segurança dos usuários. 2.2 Métodos O mapa básico utilizado neste trabalho foi produzido por Faria (1988), que à época utilizou trena, clinômetro, bussola, papel milímetrado, transferidor, papel vegetal e um mapa planialtimétrico do parque na escala 1:2500. Visando aferir o traçado feito há tantos anos, marcou-se pontos com o Global Position System (GPS) ao longo de toda a trilha, plotando-os sobre ortofotos digitais. Para se propor as intervenções físicas na trilha lançou-se mão das seguintes estratégias:  Participação da equipe do programa de uso público e funcionários do Parque no curso ‘Planejamento e Manutenção de Trilhas’, oferecido pela Fundação Florestal e WWF na sede do PEMD, através do projeto Trilhas de São Paulo, ocorrido em 2008;  Diagnóstico detalhado dos problemas existentes na trilha, com mapeamento e fotografia dos pontos críticos;  Auto-orientação através de consultas aos manuais para construção e manejo de trilhas de Andrade e Rocha (2008) e de Hesselbarth et all (2009). Os princípios adotados para a interpretação da trilha são aqueles defendidos por Tilden (1977), Sam (1992) e Morales-Miranda (1992). Os levantamentos para a interpretação foram efetuados ao longo de toda a trilha, abarcando os espécimes arbóreos distintos, possíveis pontos de paradas para descanso, pontos para visadas panorâmicas e os possíveis tópicos a serem abordados. O custo dos trabalhos foi financiado pela empresa Destilaria Alcídia, da Odebrecht Agroindustrial (mão de obra, transportes, cimento, madeiras, metais, ferramentas e máquinas, equipamentos de proteção individual-EPIs, terra, areia, impressão de painéis, etc.), excetuando o planejamento das intervenções e a interpretação Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 225 ambiental, que foram produzidos pelos autores. Durante os trabalhos de revitalização da trilha a visitação foi proibida ao local, de março de 2011 a agosto de 2012, 17 meses. 3. Resultados 3.1 Diagnóstico para intervenções O curso de construção e manutenção de trilhas foi conduzido por profissionais que atuam em Parques de São Paulo com experiência no assunto, teve a duração de quatro dias, com 20 participantes de várias unidades de conservação do estado, dos quais cinco eram do PEMD (3 monitores e 2 funcionários). Como já se sabia que a TM precisava urgentemente de manutenção corretiva, os trabalhos práticos do curso foram conduzidos neste sitio. Antes de terminado o curso desenvolveu-se uma discussão com o grupo sobre a pertinência de se manter ou não o traçado existente, dado que em determinados pontos havia esta oportunidade em função das mudanças do sentido de caminhamento, que provocavam subidas abruptas e desconfortáveis. Pelo fato desta alteração necessitar trabalhos especializados que demandariam tempo e dinheiro, decidiu-se abandonar esta alternativa a favor da construção de escalões de pedra, recolhendo-as ao longo das margens da trilha, facilitando e barateando a obra e harmonizando-a com o entorno coberto de pedras e rochas. Deste modo, o curso contribuiu para que os funcionários que mais tarde conduziriam as atividades operacionais obtivessem um balizamento grupal dos requerimentos do sítio, além de possibilitar a melhoria do diagnóstico prévio realizado pelos técnicos do PEMD. O Quadro 1 apresenta os levantamentos dos problemas e as possíveis soluções e a Figura 3 o croqui da trilha. Quadro 1. Descrição da situação encontrada e propostas de intervenção para a trilha. Ponto Situação Intervenção 1 Portão de acesso em mal estado de Novo portão em madeira de eucalipto tratado, conservação, difícil visualização, com inscrições em baixo relevo, mantendo-se o com presença de erosão mesmo estilo do original. Cerca de arame farpado nas laterais para evitar pessoas não autorizadas. Recuperação do piso. 2 Guarita em mal estado de Construção de alvenaria rústica com dimensões Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 226 conservação. 3 4, 5, 6, 7 8e9 10 11 ao 19 20 Desmoronamentos de borda superior e inferior, má drenagem. Corredor da trilha com galhos baixos dificultando o transito. Excesso de pedras e raízes expostas na trilha, a água da chuva corre pela trilha levando o solo para baixo deixando descobertas as raízes, a água mal drenada ocasiona o desmoronamento da trilha nas laterais, diminuindo a área de pisoteio e aumentando o impacto nas bordas. Erosão, corrimões em péssimo estado, excesso de raízes expostas. A trilha está em formato de U, ou seja, o centro está mais baixo que as margens e a água da chuva escoa pelo centro da trilha; arremedo de escada Área de Descanso - Bancos em más condições de uso e não corresponde à demanda dos visitantes. Excesso de pedras e raízes expostas na trilha, o centro está mais baixo que as margens e a água da chuva escoa pelo centro da trilha, corrimão em péssimo estado e corredor com excesso de galhos baixos; arremedo de escada. Topo do Morro - Área de Descanso - Bancos em más condições de uso e não corresponde à demanda turística. de 2,50m x 2,50m, com reservatório de água e banheiro caboclo (fossa hermética). Construção de contenção de pedras, solo cimento e madeira, corte total de talude inferior e superior, nivelamento do piso, valas de escoamento e limpeza do corredor. Construção de degraus amplos em ângulo com pedras, madeira e solo cimento. Correção do piso deixando seu centro mais alto que as laterais com caimento para fora.Canais para escoamento da água, contenção para estabilizar o deslizamento da borda. Limpeza da borda e corte parcial de talude superior e inferior. Revestimento com solo-cimento. Barreiras de contenção nas encostas, utilizar solo para esconder as raízes expostas das árvores e solo-cimento para estabilizar pedras. Correção do piso da trilha, deixando-o bem compactado e com caimento para fora. Construção de escadaria em ângulo no trecho onde as raízes estão mais expostas. Instalação de corrimões e barreiras para conter a força da água. Revestimento do piso com solo-cimento. Instalação de 10 bancos com encosto produzidos em eucalipto tratado com capacidade para 40 pessoas, dispostas em semi-circulo. Correção do piso da trilha, deixando seu centro mais alto que as laterais, canais para escoamento da água para facilitar a drenagem, escadaria em ângulo com degraus amplos de pedras, madeira e solo-cimento. Novos corrimãos e contenção de borda. Limpeza do corredor. Revestimento do piso com solocimento. Escadas de pedras. Instalar 10 bancos com encosto de eucalipto tratado, com capacidade para 40 pessoas. Como na maioria dos casos, a erosão é um processo natural que depende do tipo do solo e do padrão de drenagem da água, os quais acarretam uma série de problemas nas trilhas, principalmente nas que possuem declividade acentuada, como é o caso do 'Morro'. Nesta trilha a desagregação do solo pelo pisoteio permite o deslocamento de pequenas quantidades de solo. Para agravar essa Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 227 situação, há ainda alterações no padrão de circulação da água nesse espaço, afinal o solo vem deixando de absorver grande porcentagem da água das chuvas, que tem passado a escorrer preferencialmente ao longo da superfície da trilha em vários pontos do percurso. Como decorrência da erosão, as raízes das plantas ficaram mais expostas e as pedras que compõe o solo afloram a cada dia mais. Diante deste cenário faz-se necessário modificar a direção da água, através de um sistema de drenagem correto para que a água corra por canais de escoamento “pela” e não “ao longo” da superfície da trilha. Além da manutenção da drenagem da água, a trilha do morro (TM) sofre com a deposição de sedimentos em alguns trechos, o que provoca a contração de alguns espaços da trilha. Partes desses sedimentos são oriundos da encosta acima da trilha e outros são trazidos pelas águas das chuvas. Há trechos nos quais a erosão ocorre na trilha, provocando também a contração do percurso. No primeiro caso é necessário realizar reparos na parede de contenção acima da trilha; no segundo os reparos e contenções precisam ser efetuados abaixo da trilha, para servirem como prevenção para a erosão do percurso Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 228 229 Figura 3. Croqui da TM com os pontos analisados para intervenção de regularização, placas e painéis interpretativos instalados. Ainda para conter a erosão, principalmente nos locais onde o afloramento de pedras é mais expressivo, decidiu-se como alternativa a construção de degraus, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 com pedras justapostas unidas com mistura solo-cimento. Esta é uma mistura homogênea de solo e cimento que para solos normais, com 70% de areia e 30% de silte e argila, recomenda-se a proporção 12 a 15 partes de cimento para 100 partes de solo seco (Ferreira Filho, 2013), ou traço 1:6, uma parte de cimento e 6 de solo. Neto (2007) ao estudar a capacidade de carga turística da trilha realizou análises granulométricas dos solos no trecho intermediário da trilha e no topo do Morro do Diabo, encontrando no primeiro local 92% de areias e, no segundo, 89%, o que poderia inviabilizar a utilização da técnica. A alternativa encontrada foi transportar solo de melhor qualidade para os trechos de menor altitude da trilha e 'garimpar' 'terra de formigueiro' nas laterais da trilha para os sítios mais elevados. Mesmo sendo uma das obras mais difíceis da trilha, os degraus seriam uma alternativa frente à erosão e a declividade do terreno. Como se depreende do Quadro 1, quase toda a superfície da trilha se encontrava bastante desgastada, o que conduziu à proposta inicial de se revestir o seu piso com pavers de concreto inter-travados, de modo a assegurar a minimização dos impactos decorrentes do previsível aumento da visitação pública ao Parque, visto que as características pedológicas do terreno favorecem sua continua erosão. Muito embora fossem mais eficientes e duráveis, optou-se por perenizar o piso da trilha, nos trechos mais críticos, com mistura de solo-cimento em função dos custos, haja vista as tratativas entre empreendedor (Odebrecht Agroindústria), mediador (Ministério Público Estadual) e beneficiário (Parque). Para tanto foi instalada uma estrutura de tubulações e bombeamento com motor estacionário para levar água a todos os pontos da trilha e o transporte de materiais (cimento, terra, madeiras, etc.) realizou-se em esquemas de mutirão. Semanalmente caminhões pipa do empreendedor abasteciam reservatórios de água na base do Morro. Nos trechos mais íngremes foram instalados corrimões de eucalipto tratado. O Quadro 2 a seguir mostra um exemplo da situação passada e atual na trilha. Pontos Fig. 3 Quadro 2. Como era e ficou um dos gargalos da Trilha do Morro do Diabo. Antes Pós intervenção Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 230 3 Retificação e perenização do piso com solo-cimento, contenção de encosta. 7 Retificação e perenização do piso, escalões, corrimões. 231 9 Retificação e perenização do piso, escada de rochas, corrimões. Ainda que o 'Morro' em si seja um enorme mirante incrustado na paisagem regional, propôs-se edificar uma plataforma na face Sul do Morro, ponto 20 do Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 croqui da trilha, cujos estudos primários ficaram a cargo dos alunos do curso de Arquitetura da Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE de Presidente Prudente que esboçaram suas idéias e ofereceram um bom projeto. O projeto foi aceito pelo empreendedor e beneficiário da compensação ambiental, mas esbarrou nos custos e na logística necessária para a obra no cume do Morro. Independentemente disto, o empreendedor tem a obrigação de fazer, devendo adotar algum modelo compatível com o lugar. 3.2 Interpretação O Morro do Diabo é o sítio mais procurado pelo público no interior da unidade e isto se deve ao fato de a região, e principalmente o município, não contar com elementos recreativos ao ar livre e outras oportunidades de lazer, aliado à própria condição de alta significância da elevação, que atrai pelo seu porte, distinção no relevo, alcance de visão proporcionado e sua beleza singular. Neste contexto, a interpretação objetivou: i)Diminuir os impactos causados por visitantes, utilizandose de informação persuasiva, educativa e informativa e da adequação da trilha de subida com valorização e humanização de pontos intermediários; ii)Proporcionar às pessoas um melhor desfrute de sua visita tornando possível a compreensão e apreciação dos fenômenos naturais e da paisagem circundante como um todo; iii)Facilitar o trabalho da administração assegurando a cooperação do público para o seu uso adequado, e criar apoio político e popular para a Instituição Administradora. Segundo Andretta et all (2006), a introdução de placas de sinalização em trilhas é uma importante ferramenta de manejo, podendo conter informações sobre localização, acesso, alertas sobre áreas de risco, regras e proibições ou ainda, servir à interpretação e educação ambiental. No presente trabalho elaborou-se uma seqüência de mensagens abordando informações que alcançassem diferentes faixas etárias e níveis de conhecimento, de crianças a público universitário. Foram elaborados 18 painéis interpretativos, feitos em madeira de eucalipto tratado que suportam um quadro/sanduíche de placas de acrílico, que contêm a comunicação ambiental impressa em lona de alta resistência (Fig. 4). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 232 Figura 4. Painéis de eucalipto tratado no cimo do Morro (lenda do nome) Esta opção foi eleita por permitir a fácil troca dos impressos caso estes desbotem ou percam a razão de ser no contexto futuro da trilha, pois as placas de acrílico são seladas com silicone facilmente removível. A cobertura com as telhas ecológicas aumenta a resistência às intempéries e diminui a manutenção do conjunto. Buscou-se harmonizar os painéis ao ambiente, dando certa descontração através das cores e personagens que já serviam como interlocutores em outras placas do PEMD, como o mico-leão-preto, anta, onçapintada e tucano, presentes também nas placas interpretativas da Estrada-Parque Morro do Diabo (Faria e Pires, 2012), na qual o visitante precisa passar para acessar a trilha. O jogo de cores e contrastes está fundamentado em bibliografia especifica sobre marketing, que alude sobre a atenção despendida pelo público para determinadas combinações (Farina,1990; Citelli, 1997; Guimarães, 2000). De acordo com Schmitt e Simonson (2000) dependendo da intensidade da cor e brilho, a comunicação se torna mais efetiva e duplica mais rápido e com maior número possível de entradas na mesma mensagem. Concentrar não apenas em cores isoladas, mas usar várias cores pode criar uma identidade. Além de mera identificação e associação, a cor pode ser usada para criar experiências. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 233 Após discussões entre a equipe técnica do Parque chegou-se ao consenso para cores e ilustrações, fotos e informações para diferentes públicos, obtendo-se o resultado desejado. A lenda que cerca o nome do Morro do Diabo foi traduzida na forma de "história em quadrinhos”, idealizada pelos autores e com desenhos de um cartunista local. Trinta e duas árvores foram identificadas com nome comum e científico em placas de eucalipto tratado. A seguir apresenta-se o Quadro 3 com os tópicos e temas abordados nos painéis, alertando-se apenas que os painéis referentes à geologia do Morro foram produzidos por pesquisadores do Instituto Geológico de São Paulo, uma contribuição excepcional e enriquecedora à interpretação do lugar. Quadro 3. Tópicos e temas dos painéis projetados para a trilha do Morro do Diabo. Tópicos abordados Temas desenvolvidos na forma de painéis Orientação ao  Dados gerais do PEMD visitante  Dados da Trilha Biodiversidade  Mata Atlântica  Peroba Rosa  Aves do parque  Mamíferos do parque  Primatas do parque, com destaque para o Prof. Adelmar Coimbra-Filho, descobridor do mico-leão-preto no PEMD  Painel motivando às pessoas a refletirem se podemos viver sem a biodiversidade  Painel mostrando a conexão entre os seres Geodiversidade  Perfil geológico do Morro (Instituto Geológico)  A formação geológica do Morro (Instituto Geológico)  Processos erosivos Biografia  O cientista Theodoro Fernandes Sampaio, que dá nome ao município sede do PEMD Recursos hídricos  Painel com mapa do rio Panapanema, destacando o PEMD na paisagem História  3 painéis retratando a origem do nome do Morro Paisagem  Painel com foto panorâmica da face Sul do Morro interpretada Fontes de pesquisa: Ab'Saber (1977), Ab'Saber (1992), Carvalho (2004), Duke Energy (2008), Guillaumon et all. (1984), Guillaumon (1991), Instituto Florestal (2006), Lorenzi (1992), Lorenzi (1998), KNP (1993); MMA (2005), Santos (2010). Por fim, construiu-se um totem de madeira de eucalipto tratado informando o sentido de alguns Parques mundo afora: Parque Nacional Braulio Carillo, 6.200km, Costa Rica; Parque Nacional Itatiaia, 950km, Rio Janeiro; Parque Estadual da Cantareira, 670km, São Paulo; Parque Estadual Furnas do Bom Jesus, 640km, São Paulo; Great Barrie Reef Marine Park, 14.500km, Austrália. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 234 Isto permite ao visitante entender que as áreas protegidas fazem parte de um movimento global e o PEMD faz parte deste todo. 3.3 Custos Tentou-se resgatar os valores investidos nas atividades de restauração da trilha e sua interpretação, porém o empreendedor não ofereceu tal informação até o fechamento do presente trabalho. Contudo, o quadro a seguir exprime os materiais e serviços aplicados nestas atividades. Quadro 4. Materiais, serviços e equipamentos investidos na Trilha do Morro* Material/Serviços Quantidade 2 Revestimento de solo com solo-cimento 600 m 2 Revestimento com placas de arenito 200 m Varas de eucalipto tratado de 5 metros e 6-8cm de diâmetro 200 (contenção e corrimões) Esteios de eucalipto tratado de 5 metros e 10-12cm de 200 diâmetro Moirões ou postes pequenos de eucalipto tratado de 5 20 metros e 20 cm de diâmetro (portal da trilha) Tábuas eucalipto tratado de 3 metros e 25cm x 3cm 100 Bancos rusticos de eucalipto tratado com encosto, 4 lugares 24 ou similar Lixeiras 4 Guarita de eucalipto tratado ou similar 2,5m x 3 m 1 Pregos e parafusos bitolas requeridas 10 Kg Cimento 200 sacos Arame galvanizado 3 Kg Arame farpado 1 rolo de 500 m Vernizes e seladores marítimos, tinner 4 latas de 18 litros Impressão em alta resolução de banners lona plástica de 20 alta resistência, 4 cores, nas dimensões 1m x 0,90m Confecção de quadros-suporte em madeira de eucalipto 20 tratado, conforme projeto PEMD Placas de acrílico dupla face nas dimensões 1m x 0,90m 40 Telha ecológica duas águas nas dimensões 1,50m x 0,80m 20 conjuntos Contratação de 8 homens dia/300 dias úteis ou empresa especializada Contratação de serviço de máquina compactadora de solo (SAPO) Contratação de serviço de transporte ao local das atividades Ferramentas necessárias: Motoserra, adaptador para perfuratriz, serrote, arco de púa, enxó, picareta, marreta, martelo, cavadeira, enxada, enxadão, pá, carriola, chave de fenda, pé-deAnais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 235 cabra, etc. *O empreendedor não repassou os valores aos autores, mas estima-se um custo total de R$ 250.000,00 entre materiais, equipamentos e mão de obra, excetuando o mirante, ainda não construído. 3.4 Capacidade de carga Neto (2007) realizou o estudo de capacidade de carga da trilha mediante a metodologia desenvolvida por Cifuentes (1992) e a determinou como sendo de 123 visitantes/dia, ou 44.895 visitantes/ano. Quando o autor desenvolveu seus trabalhos havia uma condição de erosão bastante grave, que foi regularizada com as reparações efetuadas posteriormente. Além disso, o autor utilizou espécies da avifauna como as que poderiam oferecer resistência ecológica à visitação. Partindo deste estudo, refez-se os cálculos considerando a recuperação efetuada na trilha (revestimento dos trechos críticos com solo-cimento, drenagens, contenções de encostas, escadas, corrimões, interpretação, etc.) e substituindo as espécies de aves pelo mico-leão-preto, que foi avistado recentemente no trecho médio da trilha durante uma excursão ao parque (França, 2013). Ou seja, foram alterados os fatores de correção para erodibilidade e para distúrbios da fauna, mantendo-se os demais. Os fatores de correção (FC) expressam-se em termos de porcentagem e para calculá-los usou-se a seguinte fórmula geral: FC= 1 - Ml/Mt ondeFCp = fator de correção precipitação; FCm = fator de correção manutenção; FCf = fator de correção fauna; Ml = magnitude limitante da variável; Mt = magnitude total da variável Fator de correção para erodibilidade da trilha: Após a conclusão dos trabalhos de recuperação e das chuvas do verão de 2013, fez-se levantamento que apontou a permanência de 20 metros com presença sutil de escorrimento superficial de águas pluviais com potencial para provocar erosões futuras. Assim sendo, FCer = 1 - Pe/Mt Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 236 onde 'Pe' refere-se aos pontos com problemas de erosão e 'Mt'à área total disponível, ambas em metros. FCer = 1 - 20/1164,4= 1 - 0,0172 FCer = 0,828 Fator de correção para distúrbio à fauna: Dado a relevância do parque para a conservação biológica do mico-leão-preto, utilizou-se o período de gestação da espécie como uma importante variável que deve restringir o acesso à trilha. Segundo Coimbra-Filho (1976), este período compreende 132 a 134 dias. FCf = 1 - 134 dias limit./ano 365 dias/ano FCf = 1 - 0,367 FCf = 0,633 Feito isto, usa-se estes e demais fatores para corrigir a CCF, conforme a formula a seguir. CCR = CCF * (FCso * FCer * FCf * FCma * FCp) CCR = 4192 * (0,498 * 0,828 * 0,633 * 0,8575 * 0,7771) CCR = 4192 * 0,1739 CCR = 729 visitas/dia De posse da CCR chega-se à capacidade de carga efetiva considerando-se a capacidade de manejo da unidade mediante a fórmula CCE = CCR * CM CCE = 729 * 0,5 CCE = 364 visitas/dia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 237 Considerando que a visita à TM despende duas horas e meia e que a trilha fica aberta oitos horas por dia, é possível que uma mesma pessoa faça até 3,2 visitas em um dia. Isto nos permite saber a quantidade de visitantes que a trilha suporta nas atuais condições de manejo do parque. No Visitantes = 364 / 3,2 = 113 visitantes/dia ou 41.518/ano Apesar de a capacidade de carga física da trilha ter aumentado em função da sua recuperação, a espécie da fauna mico-leão-preto empurrou-a para baixo, assim como a capacidade de manejo do parque diminuiu a capacidade de recepção de visitantes (Quadro 5). Quadro 5. Síntese da capacidade de carga, com destaque para os índices alterados pela recuperação da trilha (1), presença do mico-leão-preto (2) e capacidade de manejo (3). Capacidade de Carga Índices (Neto, 2007) Ìndices atuais CCF 4192 visitas/dia 4192 0,4981 0,4981 0,6841 0,828 0,583 0,633 FCma 0,8575 0,8575 FCp 0,7771 0,7771 CCR 555,19 729 80% 50% Fatores de Correção FCso FCer FCf CM 1 2 3 CCE 444 visitas/dia 113 sitas/dia 3.5 Segurança do usuário Durante a execução das obras de revitalização da TM desenvolveu-se concomitantemente estudo para o enquadramento da trilha aos requisitos da ABNT NBR 15331 (Faria, 2012), contribuindo para a gestão dos riscos e da melhoria contínua na gestão da visitação, haja vista a existência de Plano de Contingência no Parque. Segundo o autor, esta norma tem como objetivo aumentar a satisfação e segurança do cliente por meio da efetiva aplicação do Sistema, de processos de melhoria contínua e de garantia da conformidade com Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 238 os requisitos de segurança do cliente e requisitos regularmente aplicáveis, além de demonstrar a capacidade de assegurar a prática de atividades de turismo de aventura de forma segura. Ademais, a norma foi elaborada na Comissão de Estudo de Gestão de Segurança do Comitê Brasileiro de Turismo (ABNT/CB-54) e seu uso é altamente recomendável, para que se aborde a segurança no turismo de aventura de forma sistêmica. O estudo apresenta a aplicação integral do Sistema de Gestão de Segurança na TM, abordando todos os requisitos exigidos pela Norma. O autor conclui que à época a gestão do PEMD estava aberta ao uso de meios que visassem a segurança no processo de visitação e a melhor transmissão de valores ambientais, basicamente em função do grau de participação de funcionários e membros da equipe do Programa de Uso Público (PUP) no processo de gestão de riscos, com demonstrações de interesse e contribuições significativas. Conclui ainda que a direção e a equipe do PUP, estavam aptos a implementar a Norma ABNT NBR 15331, empregando-a como um veículo na mudança de comportamento dos visitantes e na difusão de informações sobre uma visita segura de acordo com seus critérios. O avanço recomendado pelo autor pode não ser efetivado haja vista a política adotada pela Fundação Florestal a partir de 2011, de indicar 'novos' gestores sem concurso público, os denominados 'cargos comissionados', cuja seleção não é criteriosa e desconsidera o currículo na área de conservação ou gestão ambiental, o mérito e a experiência profissional, trocando-se gestores com tal perfil por indicados políticos (O Estado de São Paulo, 2013a, 2013b), resultando na descontinuidade dos trabalhos. Monitoramento A trilha já está pronta, já foi inaugurada e com uso freqüente. Agora precisa ser adequadamente monitorada visando a responder se... ...a interpretação da trilha está alcançando os visitantes? qual a satisfação? ...as normas de gestão das trilhas estão sendo respeitadas? Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 239 ...a capacidade de carga da trilha é respeitada e corresponde aos impactos? ...o limite aceitável de alteração do ambiente da trilha está sendo observado? ...as infraestruturas estão adequadas ao perfil e segurança dos usuários? ...quais reparos são emergenciais? quando deverão ser os próximos? ... Respostas a essas perguntas são obtidas a partir da observação diária reportada pelas pessoas que guiam as excursões e mediante a utilização de técnicas e metodologias apropriadas, tais como o limite aceitável de mudanças (LAC) e o manejo do impacto do visitante (VIM). No estado de São Paulo o Projeto Trilhas de São Paulo lançou um manual bastante didático com os passos para se aplicar o VIM (SMA, 2009) sendo, por esta razão, recomendado aqui, além do plano de contingência do parque, que deve ser revisto e atualizado periodicamente. 240 4. Conclusão Nada científico, mas necessário sempre afirmar que trabalhar com trilhas interpretativas em meio à natureza é um privilégio, refresca a alma, nos alegra e conduz a uma dimensão às avessas das experiências obtidas na urbe. Melhor é saber que os produtos obtidos deste trabalho incidem sobre a melhoria da qualidade de vida das pessoas e na conservação ambiental das áreas naturais. Reconhecendo-se que as trilhas são uma das principais maneiras de se aproveitar um Parque, entende-se que para proteger o ambiente do impacto do uso e assegurar aos usuários maior conforto e segurança, as trilhas precisam receber manutenção adequada cujos gastos devem ser entendidos como investimentos na medida em que ao longo dos últimos anos emergiu um reconhecimento social sobre a relevância de se proteger áreas naturais à posteridade. As técnicas utilizadas para a recuperação da trilha foram adequadas para os propósitos firmados inicialmente, sendo muito pertinente a decisão de usar pedras Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 de arenito presentes às margens da trilha para a confecção de escalões, por exemplo. Da mesma forma que a decisão por se utilizar terra de formigueiro, com maior teor de argila, na elaboração de massa de solo-cimento, haja vista sua disponibilidade sem que isto ocasionasse impactos ambientais ou visuais. Podese afirmar que na trilha do Morro empreendeu-se não só a interpretação ambiental, mas a comunicação ambiental, pois os painéis e respectivas mensagens vão além dos recursos naturais presentes na trilha. Em função do tema e tópicos selecionados, houve a necessidade de a pesquisa bibliográfica ser mais profunda, estendendo-se sobre a biografia de figuras científicas e adaptando-se eventos pretéritos ao formato adequado para comunicar a mensagem, como as histórias em quadrinhos por exemplo. A capacidade de carga física da trilha aumentou em função do aumento da resistência do seu piso após seu revestimento com massa de solo-cimento e os reparos das drenagens ao longo do percurso. Porém, a capacidade de recepção do Parque foi prejudicada devido à diminuição da efetividade do manejo da área, aspectos que se refletiram nos resultados obtidos com a metodologia adotada. Como as chances de transformar o Morro do Diabo em mais um monumento geológico do estado de São Paulo são reais, a probabilidade de haver um aumento na visitação à trilha é uma realidade. Portanto, cabe à gestão da unidade primar pelo monitoramento dos impactos ambientais e da segurança do usuário utilizando os meios técnicos existentes para tal. E providenciar a manutenção requerida para que a trilha esteja sempre em boas condições de uso. 5. Reconhecimento Os autores desejam saudar todos os monitores ambientais, estagiários e funcionários do PEMD que participaram das atividades relatadas neste trabalho. Saudar em especial David de Souza (Dario) e Wilson Mamédio (Didi), que assimilaram a 'filosofia' adotada e conduziram os trabalhos de campo com dedicação e máxima eficácia. E manifestar o apoio financeiro da empresa Odebrecht Agroindustrial, por intermédio do Ministério Público de São Paulo, e o apoio logístico da Prefeitura Municipal de Teodoro Sampaio, gestão 2008-2012. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 241 6. Bibliografia AB'SABER. A. N. Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na Ame´rica do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários. Paleoclimas. São Paulo, SP. (3). 1977. AB'SABER. A. N. A teoria dos refúgios: Origem e significado. Revista do instituto Florestal. Ed. Especial. São Paulo. 1992. ANDRADE, W. J.; ROCHA, R. F. da. Manual de Trilhas: Um manual para gestores. Série Registros. Instituto Florestal. Secretaria do Meio Ambiente. São Paulo, Br. 35:1-74.2008. ANDRETTA, V.; MACEDO, R. L. G.; VITORINO, M. R.; MARTINS, G. S. Sinalização de Trilhas: Importância e Eficiência. In: Anais do I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas. 07 a 11 de novembro de 2006, UERJ. Rio de Janeiro, Brasil. 2006. –Disponível em http://pt.scribd.com/doc/11566793/SINALIZACAO-DE-TRILHASIMPORTANCIA-E-EFICIENCIA- Acessado em 03/09/2013 BRASIL. Lei Federal no. 9.985, de 18 de julho de 2.000. Diário Oficial da União, 2000. P 1-6, 19 de jul. de 2000.Seção I. Regulamenta o artigo 225, 1o incisos I, II, III e IV da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000. CARVALHO, P. E. R. de. Peroba Rosa - Aspidosperma polyneuron. Circular Técnica. EMBRAPA. Colombo, PR. 2004. CASTRO, J. 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No entanto, sofre com pressões relacionadas à urbanização do entorno e usos conflitantes em seu interior, além do baixo reconhecimento da área enquanto uma UC. Embora o PNMFC não esteja oficialmente aberto à visitação, ele apresenta vários atrativos como trilhas, mirantes, áreas florestais, córregos e quedas d’água. Conta com 09 trilhas que totalizam 16,33 km, implantadas em períodos distintos para finalidades diversas. Atualmente, são utilizadas oficialmente para fiscalização, manutenção e pesquisa, porém, também tem facilitado o acesso à área para usos conflitantes. Os principais desafios associados ao uso das trilhas são os usos religiosos desregrados, caça, consumo de drogas e outros usos associados à criminalidade. Alguns autores destacam que um dos valores das florestas urbanas reside na proximidade às pessoas e possibilidade de sua integração com a sociedade, o que pode ocorrer quando está preparada para receber visitantes e oferecer uma experiência agradável e educativa, na qual as trilhas constituem-se como importantes instrumentos. Neste sentido, o presente trabalho buscou caracterizar o PNMFC, identificando os principais atrativos e impactos relacionados às suas trilhas. Para tanto, foram conduzidas revisão bibliográfica, entrevistas com funcionários da UC e observações diretas em campo. Concluiu-se que o PNMFC apresenta atrativos que poderiam compor um programa estruturado de uso público. Vários impactos foram identificados e parecem estar relacionados à fragilidade da fiscalização atual, mas também, à inexistência de outros usos compatíveis com a categoria da UC. Um programa de uso público estruturado e revisão do atual sistema de trilhas pode constituir um 17 jussara@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas angela@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas 19 giovana@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas 18 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 248 importante instrumento de aproximação da sociedade, já que estas poderão ser utilizadas para possibilitar interações positivas entre os visitantes e a natureza. Resumen Palabras-clave: Sociedad; Uso Publico; Area protegidao; Ambiente Urbano; Mata Atlântica El PNMFC tiene una superficie de 449 hectáreas de Bosque Atlántico en el este de São Paulo, con un importante papel socio ambiental en la región. Sin embargo, sufre de presiones relacionadas con la urbanización de los alrededores y usos conflictivos internamente, además también sufre con su bajo reconocimiento como un área protegida. Aunque PNMFC no este oficialmente abierto a la visitación, presenta varios atractivos como senderos, miradores, bosques, arroyos y cascadas. Tiene un total de 09 rutas con un total de 16,33 kilómetros, implantadas en momentos diferentes para diferentes propósitos. Actualmente, se utilizan oficialmente para la fiscalización, el mantenimiento y la investigación, sin embargo, también ha facilitado el acceso para usos conflictivos. Los principales problemas asociados con el uso de los senderos son los usos religiosos sin control, la caza, el uso de drogas y otros usos relacionados con la criminalidad. Algunos autores señalan que uno de los valores de los bosques urbanos es que se encuentra muy cerca de las personas y tiene la posibilidad de gran integración con la sociedad, lo que puede ocurrir cuando está listo para recibir a los visitantes y proporcionar una experiencia agradable y educativa, con los senderos siendo importantes instrumentos. En este sentido, el presente estudio tuvo como objetivo caracterizar el PNMFC, la identificación de los principales lugares de interés y los impactos relacionados con los senderos. Por lo tanto, se realizó una revisión de la literatura, entrevistas con el personal del área protegida y observaciones directas en el campo. Se concluyó que el PNMFC presenta diversos lugares de interés que podrían componer un programa estructurado para el uso público. Se identificaron varios impactos que parecen estar relacionados con la fragilidad de la fiscalización actual, sino también a la ausencia de otros usos compatibles con la categoría del área protegida. Un programa de uso público estructurado y la revisión del sistema de senderos actual puede ser una herramienta importante para la aproximación de la sociedad, ya que pueden ser utilizados para facilitar las interacciones positivas entre los visitantes y la naturaleza del Parque. 1. Introdução As florestas Atlânticas constituem-se como o segundo maior bloco de florestas tropicais úmidas da América do Sul, elas encontram-se entre as mais ameaçadas do mundo, uma vez que grande parte de sua área de distribuição coincide com as Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 249 regiões brasileiras mais populosas (VIANA e TABANEZ, 1996). Esta realidade torna-se ainda mais complexa quando estendidas às grandes metrópoles, a exemplo da cidade de São Paulo considerada como o maior aglomerado urbano do país (SEADE, 2013). Embora a cidade de São Paulo apresente cerca de 40% de seu território com algum tipo de cobertura vegetal, poucas áreas (20,06%) são cobertas por vegetação nativa e destinadas, efetivamente, para a conservação ambiental (SVMA e IPT, 2004). Esta vegetação está mais conservada e concentrada em regiões de cabeceiras de rios e de proteção aos mananciais, normalmente localizadas nas porções norte e sul do município de São Paulo. Em outras regiões, como na Zona Leste – que abriga o Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo (PNMFC), área de estudo deste trabalho - a vegetação encontra-se bastante fragmentada e dispersa (MALAGOLI et al, 2008). É importante considerar que poucas dessas áreas cobertas por vegetação nativa estão inseridas em algum tipo de unidade de conservação (UC) (MALAGOLI et al, 2008), evidenciando a importância do PNMFC para a conservação do maior fragmento de vegetação da Zona Leste e qualidade socioambiental local. Diversos autores (SOUZA, 2010; MENEZES, MENDES, 2001), analisaram os valores e benefícios das áreas protegidas urbanas e destacaram o grande potencial dessas áreas tanto em sua dimensão ambiental, quanto socioeconômica e cultural, estética e educacional; sendo estes últimos o enfoque deste estudo. McNeely (2001) destaca a proximidade das pessoas às florestas urbanas, como valor fundamental destas áreas. Para o autor, um dos seus grandes potenciais seria a possibilidade de uma maior integração da UC com a sociedade, o que pode ocorrer quando a área está preparada para receber visitantes, oferecendo uma experiência significativa e educativa. De fato, as áreas naturais são locais ideais para processos educativos, uma vez que representam verdadeiros laboratórios vivos que oferecem oportunidades únicas para a (re)aproximação das pessoas aos ambientes naturais, possibilitando reflexões, troca de saberes e aquisição de novos conhecimentos, além de despertar sentimentos de pertencimento, fatores que vão ao encontro dos pressupostos da educação ambiental e da conservação da natureza Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 250 (VASCONCELLOS, 2006). Von Behr (2012) destaca que UCs em áreas urbanas, preparadas para a visitação pública e que estabelecem uma relação inclusiva com a comunidade local, são estratégicas para o alcance do apoio da sociedade para a conservação. Segundo ele, é necessário estimular cada vez mais que as pessoas conheçam e desfrutem desses espaços, pois estas áreas desempenham um papel pedagógico fundamental no sentido de ter a comunidade aliada na defesa do meio ambiente. Dentre as diversas estratégias que podem contribuir para o processo de integração entre UC e sociedade, destacam-se as trilhas por serem espaços que atraem um público diverso e possibilitarem atividades múltiplas, seja para o lazer, cultura, esporte, religião e, conforme Oliveira et al. (1999), para sensibilização e educação ambiental. Destaca-se que as trilhas são reconhecidas como valiosos instrumentos de programas de educação ao ar livre ao propiciar atividades que revelem os significados e as características do ambiente por meio do uso dos elementos físicos, simbólicos, recursos ilustrativos e pela experiência direta (ARAÚJO e FARIAS apud SILVA et al., 2012). Entretanto, o fomento do seu uso também requer planejamento, monitoramento e manejo, já que estas são susceptíveis a vários impactos. Magro e Talora (2006) mencionam que tais impactos podem decorrer tanto de fatores internos quanto externos, podendo estar associados ou não ao uso público. Para as autoras, as transformações antrópicas de cunho não recreacionais, constituem como grande desafio para o manejo desses locais, tendo em vista que as pressões internas relacionadas ao uso público podem ser trabalhadas de forma direta e eficiente, diferentemente das pressões antrópicas externas, as quais são complexas, dinâmicas e tendem a se ampliar, a exemplo dos agentes poluidores e a expansão urbana. O PNMFC encontra-se neste contexto, assim o presente trabalho buscou realizar uma caracterização geral da UC, bem como identificar os principais atrativos, usos, e respectivos impactos, relacionados às suas trilhas, de forma a contribuir para o planejamento do uso público da unidade. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 251 2. Metodologia Foram realizadas revisões bibliográfica, documental e consultados materiais disponibilizados pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo (SVMA). Este levantamento foi complementado com a realização de observações diretas no PNMFC e seus arredores, cujos aspectos de interesse para o estudo foram registrados por meio de coordenadas geográficas, fotografias e anotações. Com o intuito de caracterizar as trilhas e demais atrativos do PNMFC de interesse para visitação pública foram realizadas saídas de campo em março de 2013, e entrevistas não estruturadas junto aos funcionários do PNMFC. Esses dados foram coletados entre fevereiro e março de 2013 durante o processo de diagnóstico para a elaboração do plano de manejo do Parque realizado pela Prefeitura Municipal de São Paulo/ SVMA por meio de consultoria executada pelo IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas. 3. Resultados e discussão Caracterização da Área de Estudos O PNMFC foi criado pelo Decreto Municipal nº 43.329/2003, com o intuito de preservar e recuperar características dos ecossistemas originais de uma área de 449,78ha que já fazia parte da Área de Proteção Ambiental Parque e Fazenda do Carmo. Esta UC está localizada na região da Subprefeitura de Itaquera – cidade de São Paulo (Figura 1), sendo a responsável por abrigar o maior remanescente florestal da Zona Leste da cidade. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 252 Figura 1. Mapa de localização do PNMFC. O seu entorno é constituído principalmente de bairros com altos índices de adensamento populacional, onde as famílias são predominantemente de baixa renda, contendo cerca de 10% das favelas da cidade de São Paulo. Tal informação, aliada aos dados de renda e educação, revela a alta fragilidade social do entorno do Parque. A região apresenta sérios déficits quanto à infraestrutura urbana, principalmente em questões ligadas ao saneamento básico, segurança pública, às áreas verdes e também em equipamentos culturais, de lazer e atrativos turísticos. Os estudos realizados durante o plano de manejo identificaram a presença de pelo menos 507 espécies de plantas, onde 5 se enquadram em alguma categoria de ameaça, incluindo a Campomanesia phaea (o cambuci), uma espécie endêmica e rara, símbolo da cidade de São Paulo. Para a fauna estima-se que o Parque abrigue 166 espécies, sendo 11 répteis; 148 aves, como o jacuaçu (Penelope obscura) e o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), consideradas “quase ameaçadas” de extinção; e 07 mamíferos, como a Preguiça-de-três-dedos (Bradypus variegatus). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 253 Além dos valores associados à biodiversidade, este fragmento de vegetação apresenta um importante papel no equilíbrio ambiental da Zona Leste, uma vez que abriga inúmeras nascentes e funciona como um elemento regulador dos processos hidrológicos, ecológicos, geomorfológicos e climáticos. O PNMFC também apresenta grande importância hídrica com nascentes e córregos que contribuem com a formação do Rio Aricanduva, afluente do Rio Tietê. No entanto, a falta de saneamento adequado nos bairros do entorno tem acarretado graves consequências aos recursos hídricos do interior do Parque, que atualmente apresenta parte dos seus cursos d’água contaminados por esgoto. Outro problema é o depósito inadequado de lixo e entulhos, principalmente nas margens das avenidas que circundam o Parque e nos pontos de entrada desta UC. Como toda floresta urbana, o PNMFC é circundado por uma matriz altamente impermeável, caracterizada por áreas antropizadas e urbanizadas na maior parte de seus limites. Esta questão acarreta constantes pressões em suas bordas e impede praticamente qualquer tipo de troca genética entre as populações da maioria das espécies da fauna e flora ali presentes com populações localizadas em outros remanescentes do município. Essa situação acaba desencadeando um efeito em cascata, pois afeta os processos ecológicos resultando em um gradativo empobrecimento do número de espécies. Intensificando a problemática exposta, vale ressaltar que também são frequentes os relatos de vandalismo, além da abertura de clareiras para usos religiosos e da presença de queimadas e de usos indevidos (uso de drogas, depósito de resíduos, abandono de cadáveres, acampamento/abrigo de andarilhos) no interior dessa UC, provocando impactos diretos sobre a UC. Dentro desse contexto ainda é relevante considerar que a UC conta com poucos recursos humanos e não dispõe de programas estruturados de apoio a fiscalização, manejo / manutenção, pesquisa e uso público. O Parque também se encontra desprovido de qualquer ação e processo de integração, educação e sensibilização ambiental com a comunidade do entorno, havendo, neste sentido, um baixo reconhecimento da área enquanto uma UC. Outro ponto de destaque Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 254 está ligado à insuficiência e precariedade de suas infraestruturas, fato que as tornam inadequadas para a gestão, fiscalização e recepção dos visitantes. 2.1 Caracterização dos atrativos Embora o PNMFC não encontre-se oficialmente aberto à visitação, ele apresenta um significativo potencial para o uso público, com destaque para as trilhas que dão acesso a mirantes, áreas florestais em diferentes estágios de regeneração, córregos e quedas d’água. Mirantes Os mirantes naturais do PNMFC (Figura) oferecem vistas para diversos pontos da região, onde é possível contemplar a floresta e a cidade, reforçando a característica do Parque de ser uma UC urbana. 255 Figura 2. Mirantes do PNMFC acessados por trilhas. Corpos Hídricos Embora o PNMFC encontre-se em uma grande metrópole e região de intenso adensamento populacional, onde corpos hídricos tendem a ser canalizados, soterrados, e apresentar poluições visíveis, a UC resguarda paisagens diferenciadas pela presença de córregos, nascentes e bicas d’água, em sua maioria com aparência cristalina e presença de vegetação ciliar, constituindo como elementos potenciais para a contemplação, interpretação e educação ambiental. Entretanto, a maioria destes locais encontra-se assoreada e com presença de lixo (Figura 3). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 3. Impactos nos recursos hídricos do PNMFC com potencialidades para o uso público. Embora estas áreas não apresentem condições para banho, elas têm sido usadas para essa finalidade. Outras pressões que incidem sobre estas áreas são os usos ilícitos, como consumo de drogas. O local que apresenta maior conflito de uso é um lago, represado artificialmente, o qual é frequentemente utilizado para banho por crianças e adultos mesmo encontrando-se em condições insalubres (Figura 4ª e 4b). Figura 4b. Uso recreativo em lago poluído. Fonte: PNMFC Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 256 Figura 4b. Uso recreativo em lago poluído. Fonte: PNMFC Trilhas O PNMFC possui trilhas abertas em períodos distintos para finalidades diversas, como manutenção das antigas fazendas existentes na área, usos religiosos, acesso aos atrativos da UC e outros locais de lazer da região, além de servirem como caminhos alternativos para moradores do entorno. Estes usos ligados, principalmente, ao lazer e religiosidade diminuíram significativamente após a instalação das bases de proteção e fiscalização do PNMFC há quatro anos, onde a autorização do acesso à UC restringiu-se somente à pesquisa científica. É neste período, também, que as trilhas existentes foram adequadas para o trabalho de fiscalização e manutenção, incluindo a instalação de infraestrutura e abertura de novos caminhos. As trilhas estão também relacionadas à exploração irregular dos recursos naturais como caça, e, ainda utilizadas para ações ilícitas como consumo de drogas e abandono de cadáveres. Como consequência destes usos diversos, o PNMFC encontra-se constituído por trilhas em praticamente toda sua extensão. Esse sistema de trilhas é totalmente conectado, sendo possível acessar praticamente todas as regiões do Parque. Destaca-se que esta característica, embora possa facilitar o acesso às regiões pela equipe de fiscalização e manutenção, também deixa a UC em situação de maior vulnerabilidade às intervenções antrópicas, sobretudo os seus ambientes Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 257 mais frágeis como nascentes e áreas em regeneração. Considerando que atualmente as trilhas são constituídas por inúmeros caminhos alternativos e não encontram-se estruturadas para visitação, optou-se para este levantamento priorizar os trajetos que levassem à regiões distintas do PNMFC e que apresentassem potencialidade para o uso público. Sendo assim, foram mapeadas 09 trilhas, totalizando 16,33 km ( Figura5 e Tabela1). 258 Figura 5. Mapeamento das trilhas e atrativos do PNMFC. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 3.263 3h B Trilha do Urubu I 2.526 2h M X X Trilha do Urubu II 1.310 2h B X X Trilha do Chuchu 2.076 1h40 B X X X X X X X X X X X X X X X X X X X L IA X X X IA IA Principais problemas/ Impactos Trilha da Bica d’Água/Tabor X X Facilidades de acesso X X Potencial Uso Público** B X Ilícitas (drogas/criminalidade) 1h Religiosa 1.626 Fiscalização Ronda do P1 – Aricanduva Banho X Caminhada X Flora M Atividades Fauna 1.737 1h40 Histórico-cultural Mirante Ronda do P1 - I Trilha/Trajeto Corpos d’água Formação rochosa Atrativos Grau de dificuldade* Tempo de percurso (estimativa) Extensão total (m) Tabela 1 Síntese das características das trilhas percorridas no PNMFC. Raízes expostas, vestígios de fogo, lixo, clareiras, atalhos, resíduos de oferendas religiosas. Entulhos, vestígios de fogo, lixo, X resíduos de oferendas religiosas, espécies exóticas e ocupação irregular. Espécies exóticas, lixo, vandalismo, atalho. Clareiras, atalhos, animais exóticos, resíduos de culto religioso, vestígio de X fogo, lixo, áreas alagadas, raízes expostas e erosão. Espécie de flora exótica e áreas alagadas. Entulho, lixo, atalho, e espécie de flora exótica. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-8588769-56-4 259 Principais problemas/ Impactos Facilidades de acesso Potencial Uso Público** Ilícitas (drogas/criminalidade) Religiosa Fiscalização Banho Flora Caminhada Atividades Fauna Histórico-cultural Mirante Corpos d’água Formação rochosa Grau de dificuldade* Tempo de percurso (estimativa) Extensão total (m) Trilha/Trajeto Atrativos Erosão, raízes expostas, atalhos, X clareiras, resíduos de oferendas religiosas com uso de velas. Problemas de drenagem, erosão e Tabor/SESC 1.566 1h40 B X atalho. Espécie de flora exótica, esgoto, Gleba do Pêssego 694 40min B X X X entulhos e lixo. *Definição do grau de dificuldade (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2008): Baixo (B)= O terreno é quase plano, sem trechos difíceis ou exigentes para o usuário. Piscinão II 1.537 1h30 B X X X X X X L IA Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode usá-la sem restrições. No mínimo 80% do percurso são suaves para todo tipo de usuário. Médio (M)= O percurso apresenta alguns trechos mais difíceis e exigentes do que outros. A velocidade do percurso é prejudicada pela necessidade de descanso. A metade do percurso requer um esforço adicional do usuário menos capacitado fisicamente. Alto (A)= As exigências físicas requeridas são um aspecto de segurança para o próprio usuário. Existe uma série de obstáculos físicos que o visitante deve vencer para concluir a trilha. 80% da trilha exigem maiores esforços físicos do que os 20% restantes. **Potencial Uso Público: Lazer (L)= caminhadas de caráter recreativo. Interpretação Ambiental (IA)=caminhadas de caráter educativo, podendo ser guiadas ou autoguiadas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-8588769-56-4 260 Considerações sobre as trilhas Este levantamento visou à caracterização geral das trilhas, incluindo atrativos, usos e principais impactos decorrentes. No que diz respeito ao seu estado de conservação foi possível verificar a existência de trechos que requerem maiores intervenções para sua recuperação por apresentarem problemas de drenagem, erosão e raízes expostas. Também foram identificados trechos com potencialidade de interpretação ambiental que necessitam de infraestrutura de apoio ou facilitação do percurso. Outro problema observado foram os inúmeros atalhos que levam ao mesmo local de destino ou diferentes regiões do PNMFC, que conforme já sinalizado, podem colocar ambientes fragilizados em situação de maior vulnerabilidade com a abertura da UC para visitação. Neste sentido, é recomendável a elaboração de estudos específicos para avaliar a viabilidade deste sistema (Figura 6). 261 Figura 6. Trechos com erosão e atalhos. Além disso, as trilhas apresentam diversos pontos com resíduos sólidos relacionados, sobretudo, aos trechos que margeiam as avenidas e pontos de ônibus, além dos atrativos ligados aos recursos hídricos. Estes últimos concentram os usos mais conflitantes, como banho em local inapropriado, consumo de drogas, uso de fogo e abandono de cadáveres, o que contribui Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 para a insegurança destas trilhas as quais, por sua vez, constituem-se como os principais atrativos da UC. Pelo fato do PNMFC abrigar um dos poucos fragmentos florestais da região, ele apresenta uma procura significativa por religiosos, especialmente por afroreligiosos e evangélicos. Destaca-se que trata-se de um uso antigo que foi drasticamente reduzido com a instalação da segurança no PNMFC. Tais usos religiosos constituem-se como conflitantes na medida em que são utilizadas velas e materiais não biodegradáveis, que acabam gerando impactos sobre o local. O uso de clareiras por grandes grupos evangélicos e novas aberturas, também provocam impactos diretos sobre a vegetação (Erro! Fonte de referência não encontrada. 7). 262 Figura 7. Impactos decorrentes de usos religiosos: resíduos sólidos, uso de fogo e clareiras. Embora esses usos religiosos provoquem impactos sobre o PNMFC, ressaltase, que essas diferentes práticas revelam a importância simbólica de suas áreas naturais para estes grupos, os quais, por sua vez, atribuem um sentido espiritual à UC, podendo constituir-se como importantes parceiros para a proteção do local. Desta forma, o reconhecimento do direito desse grupo em acessar o PNMFC, associado à regulamentação desse uso apontam-se como a melhor alternativa. Para tanto, se faz necessário aprofundar o conhecimento sobre o grupo e iniciar um processo de diálogo e negociação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Destaca-se que as trilhas e demais atrativos fazem com que o PNMFC apresente também, um grande potencial turístico. Além disso, apresenta áreas de floresta em bom estado de conservação e recursos hídricos o que pode atrair visitantes que apreciem o contato com a natureza e educadores ambientais com grupos de estudantes, que tem a oportunidade de utilizar o PNMFC como um verdadeiro laboratório ao ar livre. O Parque ainda pode proporcionar a observação de algumas espécies ameaçadas e espécies carismáticas como o bicho-preguiça (Figura 8). Isso assume ainda mais destaque considerando a localização da UC, no interior de um grande centro urbano. 263 Figura 8. Preguiça-de-três-dedos (Bradypus variegatus) Fonte: PNMFC A partir deste levantamento verificou-se que as trilhas e infraestruturas associadas à visitação no Parque necessitam de investimentos em manutenção e implantação de novas estruturas para atender com mais segurança e conforto os visitantes. Da mesma forma, também são necessárias ações no sentido de incrementar seus recursos humanos dedicados ao atendimento de visitantes e acompanhamento/monitoramento dessa atividade, tanto em relação à quantidade, quanto à capacitação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 4. Conclusão O PNMFC apresenta atrativos que podem compor um programa estruturado de uso público voltado a um público bastante diverso, como moradores, estudantes, religiosos, esportistas, dentre outros. No entanto, vários impactos foram identificados e parecem estar relacionados à falta de estrutura da fiscalização atual, mas também, à falta de outros usos compatíveis com a categoria da UC. A dinâmica urbana em que o Parque encontra-se torna a questão extremamente complexa, requerendo esforços multisetoriais para saná-la. No entanto, a ampliação do diálogo com o entorno, implantação de infraestrutura mínima e ampliação da segurança no local podem contribuir para a construção de um processo de apropriação do Parque pela sociedade e minimização de tais impactos. Um programa de uso público estruturado e a revisão do atual sistema de trilhas podem constituir-se como um importante instrumento, já que estas poderão ser utilizadas para possibilitar interações enriquecedoras entre os visitantes e a natureza. 5. Bibliografia FUNDAÇÃO FLORESTAL. Parque Estadual Carlos Botelho – Plano de Manejo. São Paulo: FF, 2008. MAGRO, T. C. ; TALORA, D. C. Planejamento de manejo de trilhas e impactos na flora. In: I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas, 2006, Rio de Janeiro. Anais do I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2006. MALAGOLI, L.R.; BAJESTEIRO, F.B. e WHATELY, M.A. Biodiversidade no município de São Paulo. In: MAGALOLI, L.R.; BAJESTEIRO, F.B. e WHATELY, M. (Orgs.). Além do concreto: contribuições para a proteção da biodiversidade paulistana. São Paulo Instituto Socioambiental, 2008. p. 15-20. McNEELY, J.A. Cities and protected áreas: an owymoron or a partnership? In: Cities and protected areas (Protected Areas Program), Switzerland, IUCN, v.11, n.3, p.52, 2001. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 264 MENEZES, P.C.; MENDES L.O.T. The mission of protected areas in Brazil. In: Cities and protected areas (Protected Areas Program), Switzerland, IUCN v.11, n.3, p.52, 2001. SEADE. Perfil Municipal. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/ >. Acesso em: 08 jan. 2013. SILVA et al. Trilha Ecológica como Prática de Educação Ambiental. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 5, n. 5, p. 705 - 719, 2012. SOUZA, P.C.A. Funções sociais e ambientais de parque urbano instituído como unidade de conservação: percepção dos usuários do Parque Natural Municipal Barigui em Curitiba, Paraná. Dissertação (mestrado) Programa de Pós Graduação em Gestão Urbana, Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia , Pontifícia Universidade Católica. 146p. 2010. SVMA - SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE; IPT INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. GEO cidade de São Paulo: panorama do meio ambiente urbano. Disponível em: < http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/meio_ambiente/proj etos_acoes/0004/capitulo8.pdf>. Acesso em: 05/11/2012. VIANA, V.M.; TABANEZ, A.A.J. Biology and conservation of forest fragments in the Brazilian Atlantic moist forest. In: W.F. LAURANCE; R.O. BIERREGAARD (eds.). 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ISBN 978-85-88769-56-4 265 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas PRÁTICAS PARTICIPATIVAS PARA ADEQUAÇÃO DO USO PÚBLICO– O CASO DO PARNA CAMPOS GERAIS-PR Lilian Vieira Miranda Garcia20 Jasmine Moreira21 Resumo Palavras-chave: visitação, uso público, parques, trilhas, gestão participativa O Parna Campos Gerais/PR foi criado em 2006 e até o presente momento não possui sua situação fundiária regularizada. Porém, as atividades turísticas proporcionadas, sob responsabilidade dos proprietários, não consideram a minimização de impactos que o uso público está sujeito. Neste contexto, ações que visam o estabelecimento de parcerias são essenciais para a conservação. Em função do exposto, o presente artigo objetiva compreender como a adequação participativa de espaços públicos pode auxiliar na proteção do Parna Campos Gerais, fundamentado nos conceitos de espaço vivido e construção participativa de espaços públicos. A área de estudo é o atrativo da Unidade conhecido como Cachoeira da Mariquinha, que contempla áreas de campo nativo bem preservado e mata de araucária. Para chegar ao objetivo proposto foi realizado diagnóstico biofísico onde identificou-se 03 trilhas utilizadas pelo visitantes que apresentaram impactos relacionados ao manejo inadequado, principalmente, falta de delimitação e considerável elevação em curta distância, fato identificado em campo e através de analise da variação de altitude das trilhas. Além disso, foram identificadas outras atividades/estruturas, incompatíveis, que tem potencial para diminuir a qualidade da visitação como: estacionamento e camping dividindo o mesmo espaço. Para embasar a adequação participativa foram realizadas entrevistas semiestruturadas com atores diretamente interessados (arrendatário e ICMBio) onde constatou-se que todos compartilham do objetivo: a conservação da área. Baseado nos dados levantados foi elaborado priorização dos elementos a serem adequados considerando as expectativas dos atores envolvidos. Conclui-se que a utilização de práticas participativas na promoção da visitação em UC é um caminho que fortalece a relação de pertencimento dos usuários com a área, trazendo como consequência a proteção efetiva da Unidade. 20 lilian.miranda@icmbio.gov.br . Universidade Estadual de Ponta Grossa-UEPG. Mestrado em Gestão do Território. 21 Orientadora, Docednte. Universidade Estadual de Ponta Grossa-UEPG. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 266 RESUMEN Palabras-clave: visitación; uso público; parque; senderos; gestión participativa. El Parna Campos Gerais / PR, Unidad de Conservación creada en 2006 que no tiene su situación agrária regularizada. Sin embargo, las actividades turísticas proporcionadas bajo la responsabilidad de los propietarios, no tienen en cuenta la minimización de los impactos de uso público en UC está sujeto. Por lo tanto, este documento se centra em compreender como la adecuación de los espacios públicos puede ayudar a proteger a la Unidad, fundamentándose en los conceptos de espacio vivido y la construcción participativa de los espacios públicos. El área de estudio , conocido como Cascada Mariquinha, contempla restos de pastizal nativo bien conservados y araucaria. Para alcanzar la meta proposta fue hecho um diagnóstico, que identificó 03 senderos utilizados por los visitantes, los cuales presentan impactos relacionados con la gestión inadecuada , principalmente por la falta de delimitación de senderos y una considerable elevación a poça distancia, hecho reconocido en el campo y mediante el análisis de la variación de altitud. Además, se identificaron otras actividades/estructuras, que ocasionan un impacto negativo en el medio ambiente y/o en la calidad de las visitas como: de aparcamiento y acampada compartiendo el mismo espacio. Para apoyar a adecuación, se realizaron entrevistas con las partes interesadas (arrendatario y ICMBio) donde el análisis parcial de los datos indica que todos comparten el mismo objetivo: la conservación del área. Basado en las experiencias y expectativas de estos actores, a partir de las entrevistas, se hizo la priorización de las acciones de gestión con el fin de minimizar los impactos. Se puede concluir que la elaboración participativa de la adecuación del uso público, con el estudio de las experiencias y expectativas, es una manera que fortalece la relación de pertenencia entre los usuarios y la UC, trayendo como consecuencia la protección efectiva de la Unidad. 1. Introdução A criação de uma área com o objetivo de conservar a biodiversidade é um dever do Estado para salvaguardar um direto da sociedade previsto na Constituição Brasileira (BRASIL, 2013, p.36) “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para às presentes e futuras gerações”. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 267 Assim a Lei do SNUC, instituída no ano 2000, organizou as Unidades de Conservação (UCs) brasileiras em categorias, cada uma com seus objetivos e níveis de uso específicos. Tal Sistema é considerado um dos modelos mais sofisticados de conservação do mundo, pois sua concepção vai além da manutenção da biodiversidade, pois possibilita vários usos do solo e dos recursos naturais (MMA, 2011a). Uma das doze categorias estabelecidas pelo SNUC são os Parques, UCs que visam à preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, onde é possível realização de pesquisas científicas e desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. (BRASIL, 2004) Porém, as atividades de visitação não são exclusividade dos Parques, outras categorias de UC, como as FLONAS (Florestas Nacionais) e RESEX (Reservas Extrativistas), também se utilizam do uso público para aproximar à sociedade ao meio natural. No entanto, em função da beleza cênica já inserida no objeto de sua criação, são os Parques os grandes responsáveis pela visitação das Unidades de Conservação brasileiras. “A utilização das Unidades de Conservação (UC) pelo público é uma maneira de aproximar as pessoas da natureza enquanto gera renda para sua conservação e para seus moradores e os do entorno”. (NELSON, 2013, p.217) A fim de proporcionar visitação e conservação, os Parques devem buscar estimular o vínculo entre individuo e meio, com intuito de sensibilização da sociedade, através da educação ambiental, do desenvolvimento de práticas interpretativas e ações de voluntariado. Para Moreira (2001) a educação ambiental deve ser vista como fonte de transformação, sendo utilizada na conscientização do uso racional dos recursos turísticos naturais. Já interpretação ambiental para MMA (2006, p.10) é “uma maneira de representar a linguagem da natureza, [...] de maneira que o visitante possa compreender e valorizar o ambiente e a cultura local”. A ideia de conhecer para conservar, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 268 expressa o entendimento de que é possível obter benefícios na conservação através do uso das paisagens naturais fomentando a apropriação dos espaços públicos protegidos pela sociedade. Homem apaixonado pelo meio cria a alma do lugar [...]. O próprio planejamento que não reconhece essas dimensões todas (naquilo que é o seu campo) torna-se cúmplice da estetização dos lugares, isto é, da mesmice que vaga pelo território sem cara nem alma. (YÁZIGI, 2001, p.45) Esta perspectiva remete ao conceito de lugar, um dos cinco pilares da ciência geográfica, “produto das relações humanas entre homem e natureza, tecido por relações sociais que se realizam no plano vivido” (CARLOS, 1999, p 28).Para Tuan (1983), ícone da geografia humanista, espaço e lugar não podem ser pensados separadamente, uma vez que o lugar se constrói a partir da identificação e experiência do indivíduo com o espaço. “Quando o espaço nos é inteiramente familiar passa a ser lugar” (TUAN, 1983, p. 83). Assim, o uso público, quando consegue desenvolver tal sentimento na sociedade, torna-se meio de conscientização, extrapolando da área de visitação para a Unidade como um todo, ou ainda para além do território protegido, uma vez que sensibiliza a população da importância da conservação das áreas naturais, o que repercute no seu modo de vida. Ecoturismo deve ser, também, uma ferramenta da Educação Ambiental, empregada no trabalho continuo de sensibilização e conscientização das pessoas, afim de que elas se sintam parte da natureza e se sintam responsáveis pela preservação do meio ambiente, à medida que elas percebem que o mundo é sua casa e precisa ser protegido, para estas e para as próximas gerações. (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010, p. 38). No entanto, algumas formas de construção de espaços fabricam lugares turísticos que não consideram a simbologia original do local, tornando-os sem Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 269 identidade e, consequentemente, sendo sinônimo de não lugar (CARLOS, 1999). Este fenômeno é característico de espaços turísticos que não fomentam a relação entre visitante e atrativo. Esta postura não é interessante, no caso da visitação em Unidades de Conservação, uma vez que o objetivo destas áreas é a conservação através da aproximação do indivíduo ao meio natural. Indiscutivelmente o turismo é uma das atividades econômicas que mais cresce no mundo. Assim, de uma maneira geral, o que se constata atualmente são atrativos turísticos em áreas naturais sendo preparados para integrar o “trade turístico”, o que é justificável uma vez que o turismo é uma atividade que visa o lucro e segue os padrões do modelo capitalista. Segundo Falcão (1999, p.65): O turismo, qualificado como nova modalidade de turismo em massa [...]se expande com a produção de bens e serviços que se integram para o produto final.[...]. O espaço, na dimensão do lugar, assume caráter de objeto de consumo e, como tal, (re) produzido e comercializado. Assim, é evidente que a lógica capitalista seguida pelo turismo de massa não carece de reprodução no interior das Unidades de Conservação. Com isso, os parques brasileiros vivem em um conflito constante entre a ótica do turismo enquanto “atividade que produz espaço e consome espaço” (RODRIGUES, 1999), e a proteção da biodiversidade. É importante considerar esta dicotomia a fim de buscar o caminho intermediário. Este pode estar, justamente, na apropriação, por parte da sociedade, dos espaços protegidos através de atividades ecoturísticas. O conceito de ecoturismo, expressão largamente utilizada pela indústria do turismo para “vender” um produto paradisíaco, e rotineiramente, sem qualquer preocupação com os impactos negativos gerados no ambiente é definido pela Embratur (1994, p 19) como: É um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 270 ambientalista através da interpretação do meio ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas. Assim Serrano (1997) avalia que aatividade ecoturística é uma alternativa à lógica do turismo de massa, tendo preocupação direta com mínimo impacto da atividade. Neste contexto, a tendência, portanto, é o aumento da demanda de visitantes nas unidades de conservação, uma vez que a maioria das belezas naturais do país encontram-se no interior dos Parques. O que reforça ainda mais a necessidade de Plano de Uso Público que organizem a visitação e envolvam a população local. (NELSON, 2012). Cada vez mais se faz necessário à construção de objetivos claros para o uso público das UC e estudos à cerca de impactos da visitação que subsidiem a gestão destas áreas protegidas. Outra forma de fomentar vínculo entre visitante e UC, ou seja, homem e natureza é a participação da sociedade, e muitas vezes divisão de responsabilidades, na gestão das Unidades de Conservação. Através dos conselhos consultivos ou deliberativos, dependendo da categoria da Unidade, a sociedade organizada contribui diretamente na resolução de conflitos e com a própria eficácia da Unidade. (MMA, 2011b). A participação social é considerada uma condição, onde o conhecimento e as experiências dos diferentes atores envolvidos com a UC são levantados, como objetivo de planejar e desenvolver estratégias conjuntas. (DRUMOND; GIOVANETO; GUIMARAES, 2009) No entanto, o mundo real é bem diferente do idealizado pelos legisladores, em parte na criação dos conselhos, e principalmente na arrecadação das terras já legalmente destinadas para a conservação pelo o poder público. Atualmente, a lentidão dos processos de regularização fundiária inviabiliza inúmeras atividades em Unidades de Conservação que ainda não possuem seu processo de desapropriação concluída. Portanto, é comum a existência de parques, que seriam áreas de proteção integral, onde somente é permite o uso indireto dos recursos naturais, apresentarem áreas ainda ocupadas por propriedades particulares. Assim, para a gestão das Unidades, a formalização de parcerias Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 271 pautadas em práticas participativas torna-se um caminho para conservação, tanto no aspecto da participação social como no vínculo criando entre as pessoas e à Unidade. Casos assim são comuns na região sul do Brasil. O aumento das áreas agrícolas juntamente com o crescimento das cidades foram, a ainda são, os maiores responsáveis pela diminuição das áreas de campos nativos da região dos campos gerais do Paraná. Pensando na conservação deste ecossistema foi criado, em 2006, o Parque Nacional dos Campos Gerais, que além do objetivo comum às todas as Unidades de Conservação (UC) busca o desenvolvimento do turismo ecológico. Art. 1o Fica criado o Parque Nacional dos Campos Gerais, localizado nos Municípios de Ponta Grossa, Castro e Carambeí, no Estado do Paraná, com objetivos de preservar os ambientes naturais ali existentes com destaque para os remanescentes de Floresta Ombrófila Mista e de Campos Sulinos, realizar pesquisas científicas e desenvolver atividades de educação ambiental e turismo ecológico.(BRASIL, 2006, p.1) O histórico de visitação nos atrativos inseridos na área do Parque é muito antigo. Quando da criação da Unidade as atividade turísticas já faziam parte da rotina da população da região. Ainda gerenciadas pelos proprietários ou arrendatários, em função do processo de regularização fundiária da Unidade não estar concluído, atualmente, a visitação não tem compromisso com a sustentabilidade ambiental e da própria atividade. “As áreas com maior interesse para uso público (ex buraco do padre, cachoeira do rio São Jorge, furnas gêmeas, cachoeira da Mariquinha e capão da onça) são utilizadas intensamente pela população, algumas das quais exploradas economicamente pelos ocupantes, sem que nenhum ou muito Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 272 poucos cuidados sejam tomados em relação ao patrimônio natural das áreas. Trilhas de motociclistas, áreas de escaladas, camping, turismo religioso, entre outros, complementam os usos em desacordo aos objetivos da unidade atualmente em curso na área.” (OLIVEIRA, 2012) Além disso, a Unidade não possui plano de manejo, o que inviabilizaria o uso público no Parque. Porém, entendendo que a diminuição dos impactos da visitação é uma atividade visa a proteção da biodiversidade local, os procedimentos adotados para esse fim são respaldados pela lei do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação. À vista do exposto, o contexto apresentado indica a construção de parcerias entre o governo, no caso o ICMBio, órgão gestor da UC federais, e os proprietários com o intuito de adequar a visitação nos atrativos. Além disso, é uma boa oportunidade de aproximação da sociedade despertando seu interesse pela conservação da natureza, como sugere MMA (2011a). Objetivando compreender como a adequação participativa do uso público pode contribuir na proteção do Parque Nacional dos Campos Gerais, o presente ensaio propõe o levantamento de expectativas e experiências de indivíduos que desempenham papel importante no atrativo alvo do estudo, a Cachoeira da Mariquinha, aqui identificados como atores e assim construir um espaço público a partir da participação e sua visão destes indivíduos frente á atividades realizadas. O desenvolvimento de processos participativos contribui com a resolução de conflitos em conjunto com todos os atores sociais envolvidos nas áreas, de forma que, por meio do diálogo aberto e da compreensão dos diferentes pontos de vista, se consiga o apoio das populações e instituições locais para o planejamento e manejo das unidades de conservação. (WWF, 2012, p.108) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 273 A área alvo do presente ensaio, denominada Cachoeira da Mariquinha, é um atrativo localizado no polígono sul do Parque Nacional dos Campos Gerais a 30Km da cidade de Ponta Grossa, formada pelo Rio Quebra-Perna sob falha da formação arenítica do Segundo Planalto Paranaense. Pela definição de Maack (1948) o segundo planalto paranaense tem seus limites entre a escarpa devoniana e a escarpa da serra geral, sendo que os campos gerais dos Paraná estão localizados inteiramente nesta delimitação. Assim a“singularidade biogeográfica da desta região está diretamente atrelada à natureza geológica e geomorfológica”. (MELLO, p. 32). Os campos gerais do Paraná são caracterizados por “uma zona originalmente coberta por vegetação de campos limpos e matas, galerias ou capões isolados de Floresta Ombrófila Mista, em solos predominantemente rasos e arenosos”. (BURIGO, 2009, p.48). Trecho significativo do canal principal do Quebra-perna também flui em linha de falha do arenito. O trecho em que o rio se encaixa na linha de falha coincide com o encachoeiramento denominado localmente como cachoeira da Mariquinha, outro sítio intensamente visitado no interior do Parque Nacional, especialmente nos meses mais quentes de verão. Para chegar à cachoeira, o visitante precisa caminhar por cerca de 800 m desde o local disponibilizado pelo proprietário da área como camping, acompanhando exatamente o trecho do Quebraperna comum à linha de falha, existindo no local duas trilhas leves, razoavelmente bem conservadas, uma em ambiente de campo e outra em floresta, tratando-se, pois, de área ímpar para futuras ações de educação ambiental na Unidade de Conservação.(OLIVEIRA, 2012) Além disso, a área apresenta pinturas rupestres em vários estágios de preservação, identificadas como sendo exemplares das tradições planalto e geométrica, localizadas, principalmente, em abrigos areníticos (ROSA, 2004). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 274 Figura 1: Foto da Cachoeira da Mariquinha 275 2. Metodologia Para o diagnóstico da área alvo do presente estudo foram realizados 03 campos com objetivo de mapear as trilhas, identificar as atividades e impactos causados pela visitação. A coleta e analise dos dados para o diagnóstico foram baseada no roteiro metodológico para manejo da visitação do ICMBio. Assim serão respondidas as quatro perguntas básicas indicadas no roteiro:  Quais as atividades de visitação existentes e onde são realizadas?  Quantas pessoas praticam a atividade?  Quais os locais com impactos mais evidentes tanto ambiental como de qualidade da visitação? O mapeamento das trilhas e local de atividades foram realizados através de caminhamento com GPS, e posteriormente plotados sob imagem Google Earth Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 através de softwareGPSTrackmakerPró e ArcMap 9.3. Através deste software foram calculadas as distâncias de cada trilha, bem como os gráficos de altitude. Como práticas participativas, com a finalidade de levantar as experiências e expectativas dos atores inseridos no processo de adequação do uso público da área, foram realizadas entrevistas semiestruturada. A análise dos dados coletados através das entrevistas foi realizada qualitativamente, através de comparação dos discursos, levantando assim expectativas e o visão/relação de cada ator com o atrativo. Das entrevistas, também foram extraídas as prioridades de cada ator, relacionadas a adequação das áreas, a partir daí elaborada a tabela de manejo, priorizado itens comuns. 3. Resultados e discussões 3.1 Diagnóstico O local, alvo do presente estudo, oferece aos seus visitantes 03 trilhas, não circulares, todas de acesso à Cachoeira da Mariquinha, como apresentado no mapa a seguir. No entanto, se estabelecido um roteiro utilizando mais de uma trilha, é possível realizar um caminho circular. Segundo o responsável pela área, são recebidos, aproximadamente, 3800 pessoas por ano, apresentando uma forte sazonalidade. A grande maioria da visitação está concentrada entre os meses de outubro a abril. Nesses meses, a média é de 150 pessoas por final de semana. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 276 Figura 2: Mapa das trilhas e pontos de interesse da área Cachoeira da Mariquinha 277 A trilha denominada “trilha campo”, por estar inserida em um dos remanescentes de campo nativo mais bem preservados da região, foi identificada como o acesso que mais exige esforço físico do visitante, não somente pela sua distância de 1210 m, como também pelo relevo acidentado apresentado em gráfico de declividade abaixo. Figura 3: Gráfico de declividade da trilha campo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 A declividade elevada, juntamente com a falta de equipamentos facilitadores, como escadas, ocasiona erosão na trilha, onde pode ser evidenciando impacto significativo. No entanto esta trilha apresenta algumas inscrições rupestres pintadas nas rochas areníticas ao longo do percurso, o que faz da “trilha campo” um atrativo por si só. Porém, percebe-se que a ação do tempo sob o arenito e a falta de controle das atividades neste local estão provocando a perda deste patrimônio cultural. Na Figura 04 é possível identificar ação de fogo muito próxima à pintura. Outras pinturas, bem preservadas, estão localizadas em pontos mais distantes, no entanto a falta de delimitação e sinalização da trilha pode favorecer a depredação dos últimos exemplares nítidos. Mais adiante, a trilha apresenta um mirante natural de onde pode-se avistar a cachoeira. Assim, considerando dois aspectos: relevo e paisagem, é aconselhável que a trilha seja utilizada na direção estacionamento-cachoeira. 278 Figura 04: Pintura rupestre Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Já a trilha identificada como “trilha ecótono”, por estar inserida em uma área de transição campo floresta, apresenta um relevo mais suave em seus 862,5 m de extensão, como apresenta gráfico abaixo. Figura 05: Gráfico de declividade da “trilha ecótono” Por esse motivo é o acesso mais fácil, salvo, pela travessia que deve ser feita pelo rio sem qualquer equipamento facilitador. Por sua vez, a denominada “trilha floresta” mais utilizada pelos visitantes, apresenta uma distância de 851,45m com algumas lixeiras. No entanto o acesso é um pouco dificultado em função de uma declividade acentuada em uma pequena distância sem o auxilio de equipamento facilitador. Este fato aumenta o impacto em função da erosão do solo. O gráfico a seguir apresenta no Ponto 01 a declividade relatada. Em 45m de trilhas se identifica um declive de 14,17 m. Figura 06 Gráfico de declividade da “trilha floresta” Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 279 Além das atividades de caminhada nas três trilhas apresentadas é comum às descidas de rapel pela lateral da cachoeira. Tal atividade é realizada por grupos que dispões de equipamento próprio. Portanto a responsabilidade da atividade é do grupo e não do responsável pela área. A atividade não é realiza comercialmente. Além disso, o atrativo disponibiliza camping e estacionamento, ambos no mesmo local, o que é alvo de reclamações por parte dos visitantes, segundo o responsável pela área. A atividade de camping, na alta temporada, entre outubro a abril, chega a receber 08 barracas. Ainda, segundo responsável pela área não é permitido acampa e fazer churrasco nas proximidades da cachoeira. 3.2 A percepção do responsável pela área Valdecir Clarindo é arrendatário da área do atrativo ha pelo menos 11 anos. No entanto, seu vínculo com o local vem de sua infância quando já visitava a cachoeira. Em sua fala é nítido o sentimento de pertencimento ao local, e a vontade de adequar a área com o intuito de minimizar os impactos. Entende que seu público alvo são as famílias por acreditar que o comportamento desse grupo especifico causa menos impacto quando comparado a outros. Além disso, vislumbra algumas mudanças na área para atender a demanda de seus visitantes como: a separação do estacionamento das áreas de camping, melhoria na trilha floresta para minimizar impactos de erosão e melhoria na sinalização das trilhas. Além disso, o responsável apresenta uma grande preocupação com as áreas de campo, principalmente em função do lixo que é deixado pelos visitantes e da depredação das pinturas rupestres. Futuramente, pretende organizar um acervo de materiais antigos (fotos, jornais, objetos) para expor aos visitantes. O arrendatário sente falta de materiais informativos sobre o meio natural e cultura da região. Também é de interesse do arrendatário, a exploração comercial das atividades de rapel, porém, não sob sua responsabilidade. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 280 Em relação á criação do Parque Nacional dos Campos Gerais, Sr. Valdecir, relata que suas atividades não foram modificadas após o decreto, e vê possibilidades de parceria já que entende que ele e o ICMBio tem objetivos parecidos. 3.3 A percepção da gestão do Parna Campos Gerais Marcio Ferla, chefe do Parque Nacional dos Campos Gerais, esclarece que a criação da Unidade é um dever da União em dispor ás futuras gerações um ambiente equilibrado, sendo a área do Parque um dos únicos remanescentes de campo nativo entremeado de mata de araucária da região. A categoria parque é justificada pela beleza cênica da região. A maior preocupação em relação à área da Cachoeira da Mariquinha é a proteção do remanescente de campo nativo, que hoje não apresenta nenhum controle das atividades de visitação. Além disso, outro impacto evidente, segundo a gestão da UC, é a questão da erosão nas trilhas. Ainda, é visível a dispersão do pinus taeda, espécie exótica comum na região, nas áreas de campo nativo. Assim, retirada dos indivíduos dessa espécie é um ganho para a conservação da biodiversidade do local e para a paisagem local. Na visão do Parque a parceria é a opção mais promissora para a proteção da Unidade, até que os processos de desapropriação sejam finalizados. Em relação a expectativas para o futuro, a gestão da UC espera a minimização dos impactos decorrentes das atividades e melhoria da qualidade da visitação. Outro aspecto importante, apresentado na entrevista é que sejam desenvolvidas atividades de educação ambiental e meios interpretativos uma vez que o objetivo do uso publico na UC é aproximar a sociedade do meio natural e não somente a recreação. A seguir é apresentada a tabela de prioridades para adequação das atividades turísticas na cachoeira da Marquinha, elaborada considerando as entrevistas realizadas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 281 Tabela 1 – Tabela de prioridades de manejo Objetivo Atividades 0 Proteção do campo nativo  Melhoria na delimitação das trilhas 1  Trabalho de conscientização ou condução  Retirada dos indivíduos de pinus taeda 0 Minimizar Impactos  Manejo das trilhas 2 decorrentes de erosão  Identificar locais para colocação de equipamentos facilitadores. 0 Melhoria da qualidade da  Levantamento de expectativas e experiência dos 3 visitação visitantes  Separação das áreas de camping e estacionamento  Sinalização 0 Fortalecimento do elo entre  Elaboração de plano interpretativo para a área, 4 sociedade e meio natural considerando aspectos culturais. Analisando a perspectiva dos dois atores envolvidos é possível identificar, pelo menos, um objetivo comum: a conservação da área. ICMBio e arrendatário concordam que a proteção das áreas de campo é fundamental. Além disso, considerando que o ICMBio objetiva a melhoria da qualidade da visitação, a separação das áreas de camping e estacionamento é uma boa opção, desde que a informação passada pelo responsável, que está é uma demanda dos visitantes, seja confirmada pelos próprios usuários. Com relação à atividade comercial de rapel, deve-se é prudente submetê-la à uma avaliação mais criteriosa relacionada aos riscos da atividade e questões jurídicas a cerca da responsabilidade de possíveis acidentes e de autorizações por parte do ICMBio. 4. Conclusão Existe uma grande distância entre os meios legais que regem as questão das Unidades de Conservação brasileiras e a realidade. Diante disso, as parcerias entre poder público e proprietários são possíveis e, muitas vezes, apresentamse como a melhor opção para a proteção dessas áreas protegidas. Considerando que o objetivo do uso público em unidades de conservação está em construir uma relação de pertencimento entre sociedade e meio, praticas de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 282 educação ambiental e interpretação devem fazer parte das atividades desenvolvidas nessas áreas. Como exemplo clássico da situação exposta acima, a área alvo do presente estudo, Cachoeira da Mariquinha, localizada no interior do Parna Campos Gerais, apresenta um grande potencial ecoturistico, porém necessita de adequação para sua sustentabilidade. Através da participação dos atores, ICMBio e responsável pela área, foi possível identificar denominadores comuns para priorização da adequação das atividades. Assim, conclui-se que um planejamento embasando em práticas participativas tem grande possibilidade de êxito já que consegue reunir os interesses de ambos atores, e facilitar a caminhada a um objetivo comum: a conservação. 5. Bibliografia BRASIL. Lei n° 9985 de 18 de julho de 2000. Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. Brasília: MMA, SFB/SFB, 2004. 56p. ______. Decreto de criação do Parque Nacional dos Campos Gerais. Decreto Federal s/n°. Brasília, 23 de março de 2006. Senado Federal, Subsecretaria de Informações. 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Nesse sentido, quanto maior for a intensidade de operações sobre o mesmo, maior a porcentagem de microagregados. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o impacto da utilização de trilhas localizadas no sul da APA Cairuçu através dos índices de agregação do solo. Para o desenvolvimento da pesquisa, foram coletados blocos de solo na trilha Laranjeiras - Praia do Sono nas profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm e para efeito de comparação foram coletadas amostras em dois pontos na trilha e na borda da trilha. A trilha da praia do Sono possui aproximadamente 2,6 km de extensão, grau médio de dificuldade, está inserida em área de floresta ombrófila densa, é utilizada para deslocamento da população local e para atividade turística, além disso, ocorre trânsito de animais equinos. Foi realizado o tamisamento úmido para determinação da distribuição de classes (2,0 – 1,0 – 0,5 – 0,25 – 0,125 e < 0,125 mm) de agregados utilizando o método de Yoder (1936). Com os dados obtidos foram calculados o Diâmetro Médio Ponderado (DMP), o Diâmetro Médio Geométrico (DMG) e o Índice de Estabilidade de Agregados (IEA) e para determinar o grau de compactação do solo foram coletadas amostras indeformadas de solo em anel de volume conhecido. Ao analisar os índices de agregação do solo, percebeu-se que a área de borda da trilha está menos degradada, com valores de DMP e IEA aceitáveis, já o leito da trilha possui valores de DMP e IEA mais baixos principalmente na 22 Mestranda em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Bolsista CNPq - Integrante do Lagesolos. E-mail: luarangel@ufrj.br 23 Professor Titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Coordenador do Lagesolos. E-mail: antoniotguerra@gmail.com Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 286 profundidade de 10-20 cm. Com relação à densidade do solo, na trilha foram encontrados valores elevados chegando a 1720 kg/m³. Conclui-se que a utilização intensa na trilha está afetando negativamente as propriedades do solo, compactando-o e diminuindo a agregação do mesmo, dificultando a percolação de água favorecendo o escoamento superficial e a formação de ravinas. Resumen Palabras clave: Área de Protección Ambiental. La calidad del suelo. Estabilidad de los agregados en agua. El intenso pisoteo de los senderos afecte negativamente en la dinámica del suelo, provocando la compactación, la reducción de la porosidad, la pérdida de materia orgánica y la ruptura de los agregados. En consecuencia, cuanto mayor sea la intensidad de las operaciones en el mismo, mayor será el porcentaje de microagregados. Este estudio tiene como objetivo evaluar el impacto del uso de los senderos ubicados en el sur de APA Cairuçu a través de los índices de agregación del suelo. Para desarrollar la investigación, bloques de suelo se recogieron en Sendero Laranjeiras - Praia do Sono em las profundidades 0-10 cm y 10-20 cm y para las muestras de comparación se recogieron en dos puntos en lo sendero y en el borde de lo sendero. El camino a la playa del sueño tiene aproximadamente 2,6 km de longitud, grado medio de dificultad, se inserta en el ámbito de la densa selva tropical, se utiliza para el desplazamiento de la población local y la actividad turística también se produce el tránsito de los équidos. Tamizado en húmedo se llevó a cabo para determinar la distribución de las clases (2,0 - 1,0 a 0,5 - 0,25-0,125 y <0,125 mm) utilizando el método de los agregados Yoder (1936). Con los datos obtenidos se calculó el diámetro medio ponderado (DMP), el diámetro medio geométrico (DMG) y el Índice de estabilidad de los agregados (IEA) y para determinar el grado de compactación de las muestras de suelo se recogieron anillo de suelo no alterado de volumen conocido . Mediante el análisis de los contenidos de agregación del suelo, se observó que la zona del borde de lo sendero es menos degradada, con valores de DMP y IEA aceptables. El sendero tiene valores de DMP y IEA inferior principalmente en la profundidad de 10 - 20 cm. Con respecto a la densidad, em lo sendero se ha encontrado valores de 1.720 kg/m³. Llegamos a la conclusión que el uso intensivo en el sendero está afectando negativamente a las propiedades del suelo, la compactación y la reducción de la agregación de la misma, haciendo que la Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 287 percolación del agua y aguas de escorrentía favoreciendo la formación de barrancos. 1. Introdução O constante crescimento populacional e as elevadas taxas de utilização dos recursos naturais podem motivar as mudanças ambientais globais que caracterizam o período atual. É possível considerar como uma mudança marcante a transformação da cobertura vegetal pelo crescente uso do solo. Segundo, Agarez (2002) não se deve enfatizar apenas a importância da biodiversidade, mas também o papel do espaço geográfico na disposição e na diferenciação da mesma, assim como a dinâmica temporal e histórica e suas interações com homem, que é agente da transformação da biosfera. Assim, o homem torna-se o agente que interfere na formação das paisagens, provocando a redução da diversidade biológica e gerando a fragmentação dos ecossistemas. Frente a esta perspectiva a adoção de práticas de conservação da natureza está se tornando cada vez mais frequente. Uma das formas mais comuns de tentar proteger a biodiversidade de uma determinada área é a criação de Unidades de Conservação (UCs), que são definida como: (...) espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; (BRASIL, 2000. Art. 2) O fato é que o conceito de UC passou a agregar a função de instrumento de recursos naturais e de gestão territorial, adotando desde a proteção integral da natureza, até a gestão ordenada do território e dos bens que o ser humano pode obter dos ecossistemas. Vê-se, portanto, que hoje as unidades de conservação ultrapassam a lógica da proteção isolada de fragmentos de habitats, para uma estratégia de proteção do todo, buscando reorientar opções econômicas e políticas sobre o acesso e uso dos recursos naturais. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 288 Dentro das UCs de Uso Sustentável, destaca-se a Área de Proteção Ambiental (APA), que segundo PHILLIPS (2002), é uma parte da superfície da terra, que pode incluir a parte costeira ou terrestre, na qual a interação da natureza e do ser humano, ao longo do tempo, produziu uma zona definida, com importantes valores estéticos, ecológicos e/ou culturais, e que pode abrigar uma rica diversidade ecológica. Como a maioria das APAs surgiu em áreas que já possuíam ocupação humana, a gestão dessas áreas de proteção é extremamente complexa e conflituosa, pois em muitos casos é preciso administrar interesses divergentes sobre a manipulação e utilização das terras em questão. Considerando que algumas Unidades de Conservação encontram-se em áreas de difícil acesso, são criadas trilhas, que significam “caminho, rastro ou picada” (COSTA, 2006). Essas trilhas possuem diferentes formas, comprimentos e larguras, e possibilitam a aproximação dos visitantes ao ambiente natural, podendo conduzi-los a um atrativo específico, tornando possível seu entretenimento ou educação por meio de sinalizações ou de outros recursos interpretativos (NEIMAN, et. al. 2009). Andrade (2008) destaca que a principal função das trilhas é suprir a necessidade de deslocamento.Cada vez mais, é comum o estudo do impacto que as trilhas causam em áreas que tem como intuito serem protegidas. A partir disso, surge uma questão levantada por Kroeff (2010): As trilhas, que podem ser consideradas forças de tensão, dificultam o alcance dos preceitos das UCs: contribuir para a conservação e preservação da diversidade dos ecossistemas naturais e a recuperação e restauração deles, quando degradados, assim como, a promoção do desenvolvimento sustentável – objetivos estipulados no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, SNUC. (KROEFF, 2010 p. 11) 1.1 - O impacto das Trilhas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 289 Presume-se que a grande quantidade de estudos sobre trilhas, tanto internacionais como nacionais, seja decorrente da controvérsia que elas causam em Unidades de Conservação (UCs). Já que uma área que foi criada com o intuito de ser preservada, sofre com o impacto da utilização das mesmas. Para Lechner (2006) as trilhas e caminhos são, provavelmente, as rotas de viagem mais disseminadas pelo mundo e em áreas naturais protegidas, a trilha pode ser o único acesso à maior parte da área. Passold (2002) enfatiza que além da função básica de suprir a necessidade de deslocamento, a trilha motiva oportunidades de recreação aos visitantes, tornando-se um novo meio de contato com a natureza, além de contribuir com a proteção dos recursos naturais. Incorporando assim uma nova característica e passando a ter um significado próprio.Como já foi dito, a utilização de trilhas pode provocar impactos não só na dinâmica do solo do leito da trilha, mas também, no ecossistema como um todo. O impacto ambiental é segundo Guerra e Guerra (1997): 290 Expressão utilizada para caracterizar uma série de modificações causadas ao meio ambiente, influenciando na estabilidade dos ecossistemas. Os impactos ambientais podem ser negativos ou positivos, mas, nos dias de hoje, quando a expressão é empregada, já está mais ou menos implícito que os impactos são negativos. (GUERRA e GUERRA, 1997 p. 350) Sánchez (2006) reitera que quando negativo, o impacto ambiental causa a degradação ambiental, ou seja, a perda ou deterioração da qualidade ambiental, a redução das condições naturais ou do estado de um ambiente. Os impactos da erosão do solo geram condições indesejáveis nas trilhas que podem afetar negativamente a experiência do usuário. Trilhas com acumulação de água e/ou profundamente erodidas podem gerar diversos problemas sociais, como a diminuição da utilidade funcional da mesma. (JEWELL e HAMMITT, 2000). De acordo com Takahashi (1998), o pisoteio das trilhas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 compacta os solos alterando sua porosidade em razão da redução do volume de macroporos. Este aumento na compactação eleva a resistência mecânica do solo à penetração de raízes e à infiltração de água, reduzindo a regeneração natural. Magro (1999) afirma que quando o pisoteio é freqüente, o solo é compactado provocando a selagem do mesmo e aumentando sua susceptibilidade à erosão e perda de matéria orgânica. 1.2 – Indicadores de Qualidade do Solo O conceito mais simplificado para o termo foi formulado por LARSON & PIERCE (1991), como sendo “apto para o uso”. A partir da intensificação da discussão, Doran (1997) apresentou uma definição mais complexa de QS que é utilizado nos dias atuais, onde: Qualidade do solo é a capacidade de um solo funcionar dentro dos limites de um ecossistema natural ou manejado, para sustentar a produtividade de plantas e animais, manter ou aumentar a qualidade do ar e da água e promover a saúde das plantas, dos animais e dos homens (DORAN, 1997). Vezzani e Mielniczuk (2009) destacam que no conceito proposto por Doran (1997) a qualidade do solo é a integração das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, que o habilita a exercer suas funções na plenitude. Assim, para avaliar QS deve-se estudar algumas de suas propriedades que são consideradas como indicadores (DORAN e PARKIN, 1994). Os indicadores são os próprios atributos do solo que sofrem modificações dentro do sistema. Essas modificações podem melhorar ou causar dano aos componentes do solo. Logo, o monitoramento dessas propriedades é relevante para adequar o manejo do solo, principalmente em áreas degradadas, como é o caso das trilhas. Um indicador eficiente deve ser sensível às variações do manejo, correlacionado com as funções desempenhadas pelo solo e capaz de ilustrar os processos do ecossistema (DORAN e JONES, 1996). No presente trabalho, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 291 serão utilizados como indicadores de qualidade do solo os índices de estabilidade de agregados em água e a densidade do solo. O agregado é um conjunto de partículas primárias (argila, silte, areia) do solo que se aderem umas às outras mais fortemente do que às outras partículas circunvizinhas (KEMPER & ROSENAU, 1986). Logo, ele é um componente importante para a estrutura do solo, pois controla o armazenamento de água, aeração, crescimento da cultura e atividade biológica, bem como os processos erosivos (OADES, 1984). A agregação depende não somente da floculação, mas também da cimentação (HILLEL, 2003), que pode ocorrer, segundo Tisdall e Oades (1982) devido à quantidade de argila, à concentração de matéria orgânica, à presença de raízes, fungos e bactérias. Assim, muitos estudos apontam que as práticas de manejo e uso do solo podem afetar positiva ou negativamente a agregação e as propriedades físicas do solo (CASTRO FILHO et al., 2002). Uma forma de se avaliar a agregação do solo é por meio dos índices de agregação avaliados através da estabilidade em água (YODER, 1936 apud CASTRO FILHO, 1998). Nesse sentido, podem ser usados: o diâmetro médio geométrico (DMG), que é uma estimativa do tamanho médio dos agregados que mais ocorrem no solo, o diâmetro médio ponderado (DMP), que é tanto maior quanto maior for a percentagem de agregados grandes retidos nas peneiras com malhas maiores e o índice de estabilidade de agregados (IEA), que é uma medida da agregação total, mas sem considerar as classes de distribuição de tamanho dos agregados, que pode refletir na resistência do solo à erosão; logo, quanto maior a quantidade de agregados < 0,25 mm, menor será o IEA (CASTRO FILHO et al. 1998). Além disso, os agregados podem ser classificados como macroagregados (> 0,250 mm) ou microagregados (< 0,250 mm) (DENEF e SIX, 2001). A densidade também pode ser considerada um indicador de qualidade do solo, já que reflete compactação do mesmo. Esta ocorre quando é aplicada certa Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 292 pressão à superfície do solo, podendo alterar as propriedades químicas e físicas, e sua estrutura. Segundo Kiehl (1979), a densidade do solo tende a aumentar com a profundidade, já que a compactação é maior, e o teor de matéria orgânica é reduzido e a agregação tende a ser menor 2 – Metodologia 2.1. Área de Proteção Ambiental Cairuçu A Área de Proteção Ambiental Federal de Cairuçu possui 33.800 hectares, está situada no município de Paraty, no litoral Sul do estado do Rio de Janeiro. Ela foi criada em dezembro de 1983 pelo Decreto Federal n. 89.242 e é gerenciada pelo ICMBio. Esta APA é considerada estratégica para a conservação da biodiversidade, pois constitui um corredor ecológico entre as matas primárias da Reserva Ecológica Estadual de Joatinga, o Parque Nacional da Serra da Bocaina e o Parque Estadual da Serra do Mar (Gomes et al., 2004). A região da APA Cairuçu destaca-se pelas elevadas altitudes e grandes amplitudes das formas de relevo, derivado do contraste entre o domínio de Escarpas e Reversos da Serra do Mar com a Planície Costeira, gerando elevações que se estendem do nível do mar até cotas superiores a 1.300 metros de altitude. O arcabouço geológico da região da APA do Cairuçu é formado predominantemente por granitos e gnaisses do Complexo Gnáissico-Granitóide de idade proterozóica, os quais se associam sedimentos de idade cenozóica. (ICMBIO, 2004). O tipo de solo predominante na APA é o Cambissolo Háplico distrófico, ocupando quase toda a escarpa da Serra do Mar. Os outros tipos de solos presentes são associações de Latossolos e Neossolos Flúvicos, onde este último relaciona-se às planícies de inundação e litorânea. A classificação climática regional desta área corresponde ao tipo de clima tropical úmido, com sazonalidade no regime das precipitações (estação chuvosa x seca), onde no município de Paraty, a pluviosidade anual varia entre 768 a 2.045 mm (média de 1.547 mm) (ICMBIO, 2004). Há predominância no domínio de Floresta Ombrófila Densa (VELOSO et al. 1991), ocorrendo também os subtipos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 293 vegetacionais (floresta de restinga e manguezais). A trilha que será analisada está localizada entre a Enseada de Laranjeiras e a Enseada da praia do Sono. Ela foi escolhida por ser considerada, pelo plano de manejo (ICMBIO, 2004) a mais utilizada da APA Cairuçu, devido seu apelo turístico. Essa trilha possui aproximadamente 2,6 km de extensão e é realizada em aproximadamente 1 hora e 30 minutos, e por ser uma área de floresta em estágio avançado, atingindo cotas elevadas, sua dificuldade é de nível médio (Figura 1). 294 Figura 1: Localização da Área de Proteção Ambiental do Cairuçu e da trilha Laranjeiras-Praia do Sono. Elaboração própria. 2.2. Coletas e Análise laboratoriais Para a realização do trabalho, foram coletadas blocos de solo, para realização da estabilidade de agregados; e anéis volumétricos para determinação da densidade aparente. As amostras foram coletadas em dois pontos da trilha Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Laranjeiras – Praia do Sono, na área da trilha e na borda da trilha (para efeito de comparação), nas profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm, sendo que para cada ponto foram feitas três repetições. As coletas foram realizadas em novembro de 2012. A fim de determinar a estabilidade de agregados em água através do método proposto por Yoder (1936), foram coletados blocos de solo, que foram quebrados e homogeneizados com peneiras de 4 mm e 2 mm, antes do tamisamento úmido, para ser determinada a distribuição das classes (2,0 – 1,0 – 0,5 – 0,25 – 0,125 e < 0,125mm) de agregados por via úmida. Cada amostra foi umedecida lentamente e depois de passadas duas horas do início do umedecimento, as mesmas foram transferidas para o aparelho de Yoder, adaptado por Castro Filho (1998) com peneiras de malhas de 2,0, 1,0, 0,5, 0,25 e 0,125 mm de abertura. 295 Figura 2: Processo de coleta e análise das amostras para determinação da estabilidade de agregados em água. Acervo: L. A. Rangel (2012). As amostras oscilaram durante 15 minutos, com aproximadamente 32 rotações por minuto (MADARI, 2004). Após o término das oscilações, o conteúdo retido em cada uma das peneiras foi seco em estufa a 105º C durante 24 horas. Após pesadas, os valores obtidos nos peneiramentos são usados para cálculo do DMP, DMG e IEA, através das equações modificadas por Castro Filho et al. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 (2002) de Kemper e Rosenau (1986):  DMP através da equação abaixo, em que em relação ao total; e = proporção (%) de cada classe = diâmetro médio das classes, expresso em mm:  DMG através da equação abaixo, em que em relação ao total; e = proporção (%) de cada classe = diâmetro médio das classes, expresso em mm: ∑ ∑  IEA (%) obtido pela equação: Para a determinação da densidade do solo, é utilizado o método do anel volumétrico, proposto pela Embrapa (1997). Portanto, foram coletadas amostras em um anel de aço de volume conhecido (100 cm³) em duas profundidades (0-10 cm e 10-20 cm), nos pontos amostrados. As amostras são retiradas do anel e pesadas, após esse processo, as mesmas são levadas a estufa e deixadas a 105°C por 24 horas. Depois de retiradas, as amostras são pesadas e a densidade será determinada a partir da fórmula abaixo, onde D representa a densidade (g/cm³); a = massa da amostra seca a 105°C (g); e b = volume do anel (cm³): Na análise dos dados de estabilidade de agregados são calculados a média e o desvio padrão como expressão sintética dos resultados. O teste estatístico que será realizado para comparar as respostas dos diferentes usos (borda da trilha e trilha) em cada ponto é o Kruskal-Wallis. Ele é usado para testar a hipótese nula de que todas as populações possuem funções de distribuição iguais Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 296 contra a hipótese alternativa de que ao menos duas das populações possuem funções de distribuição diferentes. 3. Resultados A trilha Laranjeiras – Praia do Sono se inicia na Vila Oratório e tem aproximadamente 2,6 km de extensão, ela é bastante utilizada por turistas que desejam chegar a praia do Sono. O acesso a praia do Sono só é possível através da utilização da trilha ou por meio marítimo, como a marina encontra-se na área pertencente ao condomínio Laranjeiras o acesso é restrito, e em períodos de feriados a trilha torna-se o único meio para chegar até a praia, aumentando, portanto, o número de usuários. Por se tratar de uma área de proteção ambiental, não existe uma contagem de visitantes que utilizam a trilha, além disso, a mesma também é utilizada por moradores da praia do Sono para chegar até a Vila Oratório. Segundo o plano de manejo da APA (ICMBIO, 2004) desde 2000 existe um curso que capacita os moradores locais como monitores de ecoturismo, o que contribui para a melhor utilização das trilhas. Porém, mesmo com essa medida, foram encontradas pichações em algumas estruturas de madeira (escadas e muros de contenção) e lixo no leito da trilha.Além disso, na trilha é possível observar diversas feições erosivas, como ravinas que evidenciam a concentração do escoamento de água. O primeiro ponto de coleta está localizado após uma encosta erodida, com vegetação rasteira e blocos rochosos (Figura 3). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 297 Figura 3: Encosta degradada antes do primeiro ponto de coleta, presença de ponte de madeira (esquerda) e blocos rochosos (direita). Acervo: L. A. Rangel (2012). A trilha, neste ponto amostrado, possui aproximadamente 5,48 metros de largura e 1,95 metros de área pisoteada. Foi encontrada, no leito da trilha, uma lata de alumino, provavelmente deixada por algum visitante (Figura 4). Figura 4: Primeiro ponto de coleta (535308E 7420101N) no detalhe em Vermelho lixo encontrado na trilha. Acervo: L. A. Rangel (2012). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 298 É possível afirmar que a erosão é um dos principais processos que evidenciam uma má conservação do solo, sendo assim a concentração do fluxo de água em eventos chuvosos pode agravar esses processos erosivos. Próximo ao primeiro ponto de coleta, foi observada uma ravina que corta o leito da trilha, se divide e se direciona encosta a baixo (Figura 5). 299 Figura 5: Formação de ravina no leito da trilha evidenciado concentração do escoamento de água e ao fundo contenções de madeira formando degraus próximos ao primeiro ponto de coleta. Acervo: L. A. Rangel, 2012. Já o segundo ponto de coleta está localizado em uma área onde há presença de raízes e blocos rochosos - que evidenciam processos erosivos e compactação do solo. Nesse ponto, o limite da área pisoteada é de 1,22 metros e a largura da trilha é de aproximadamente 7,85 metros. Próximo ao ponto de coleta observa-se uma escada de madeira com pichações na estrutura de contenção (Figura 6). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 6: Coleta de solo no leito da trilha no segundo ponto de coleta (536224E e 7419741N) e no detalhe escada de madeira com pichações. Acervo: L. A. Rangel, 2012. Logo após, ao ponto de coleta existe uma bifurcação na trilha, formando uma trilha secundária, com muita serapilheira, evidenciando a não limpeza do seu leito, já na trilha principal, existe pouca serapilheira concentrada, o que pode estar relacionado a uma possível limpeza da trilha (Figura 7). Figura 7: Coleta de solo na borda da trilha (esquerda) e trilha secundária logo após o segundo ponto de coleta (direita). Acervo: L. A. Rangel, 2012. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 300 A partir do segundo ponto de coleta percebe-se que a trilha está num relevo bastante recortado com estreitos vales, e diversas áreas de convergência de fluxo, o que pode estar influenciando na presença de feições erosivas e na baixa estabilidade de agregados. Foi analisada, em cada ponto, a diferença de uso (borda e trilha) para cada profundidade estudada. Como era esperado, os valores de DMP são relativamente baixos na trilha para os dois pontos, o que pode ser causado pelo baixo teor de matéria orgânica no solo, que influenciam diretamente na agregação do mesmo (CASTRO FILHO e LOGAN, 1991). Isto pode estar ocorrendo, devido ao intenso pisoteio da trilha, o que provoca a quebra da estrutura do agregado, principalmente nos primeiros centímetros do solo. No ponto 1, nas duas profundidades observou-se diferença significativa entre a borda da trilha e a trilha, onde o DMP chegou a 1,42 mm na profundidade de 10-20 cm (Tabela 1). Esse valor é baixo e reitera o que foi afirmado por Castro Filho et. al. (1998), que quanto menor for o agregado, menores serão o DMP e os espaços porosos entre agregados, diminuindo, portanto a infiltração e aumentando a erosão.Ao analisar o DMG, verificou-se que para a profundidade de 0-10 cm, no ponto 2 houve diferença significativa entre a trilha e a borda da trilha. Na tabela 1, é possível verificar que na trilha o tamanho da classe de agregado mais representativa no solo é 1,19 mm já na borda é 2,24 mm. Isso evidencia que está havendo a quebra dos macroagregados do solo, originando agregados menores, que favorecem a formação de ravinas na trilha. O IEA só apresentou diferença significativa para o ponto 2 na profundidade de 10-20 cm (49,34% e 58,24% entre a trilha e a borda), esses baixos índices de IEA podem evidenciar pouca concentração de matéria orgânica nos primeiros centímetros do solo. Próximo a esse ponto observa-se presença de palmeiras, seu sistema radicular convergente pode favorecer a concentração de fluxo, gerando baixo IEA e elevada porcentagem de microagregados no solo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 301 Salton (et. al. 2008) destaca que agregados estáveis são importantes para proporcionar boa estrutura do solo, provendo o interior deste com espaços porosos para desenvolvimento das raízes, da fauna do solo e circulação de ar e água. Tabela 1: Resultado da parênteses). DMP e porcentagem. 0-10 cm TRILHA Ponto Ponto 2 1 1,87 1,93 DMP (0,4) (0,1) 1,32 1,19 DMG (0,5) (0,1) 89,6 79,54 IEA (4,8) (10,7) estabilidade de agregados. Média e desvio padrão (em DMG medidos em milímetros e IEA medido em 10-20 cm TRILHA BORDA BORDA Ponto 1 Ponto 2 Ponto 1 Ponto 2 Ponto 1 Ponto 2 2,6 (0,1)* 2,18 (0,3) 94,89 (3,5) 2,17 (0,7) 2,24 (0,2)* 80,82 (4,7) 1,42 (0,1) 1,97 (0,1) 83,63 (2,7) 1,88 (0,06) 1,09 (0,02) 49,34 (6,9) 1,96 (0,3)* 1,41 (0,2)* 91,96 (2,6) 1,88 (0,02) 1,26 (0,2) 58,24 (3,2)* 302 Os números correspondem à média e o desvio padrão (entre parênteses). Quando existe diferença significativa pelo teste de Kruskal-Wallis entre os usos, teste aparece na coluna referente à borda (p<0,05). Com relação aos macro e micro agregados do solo, percebe-se que nas duas profundidades (Figuras 8 e 9) o ponto 2 apresenta maior porcentagem de microagregados no leito da trilha, sendo que na profundidade de 10-20 cm o teor de microagregados (57,65%) supera o de macroagregados (42,35%), evidenciando, portanto, uma má conservação da estrutura do solo. A grande quantidade de microagregados evidencia, segundo Tisdall e Oades (1982), a quebra pelo rápido umedecimento do solo. Logo, em eventos chuvosos, a ação da gota da chuva no solo tende a aumentar os processos erosivos, diminuindo as propriedades químicas e físicas do mesmo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Agregados do Solo (0-10 cm) (%) 100 Ponto 1 Trilha 80 Ponto 1 Borda 60 Ponto 2 Trilha 40 Ponto2 Borda 20 0 Macro Classes Micro Figura 8: Gráfico com a porcentagem de macro e micro agregados do solo na profundidade de 0-10 cm nos pontos amostrados, comparando as porcentagens na trilha e na borda da trilha. Agregados do Solo (10-20 cm) (%) 100 303 80 Ponto 1 Trilha 60 Ponto 1 Borda Ponto 2 Trilha 40 Ponto2 Borda 20 0 Macro Classes Micro Figura 9: Gráfico com a porcentagem de macro e micro agregados do solo na profundidade de 10-20 cm nos pontos amostrados, comparando as porcentagens na trilha e na borda da trilha. De acordo com Takahashi (1998), o pisoteio das trilhas compacta os solos alterando sua porosidade em razão da redução do volume de macroporos. Este aumento na compactação eleva a resistência mecânica do solo à penetração de raízes e à infiltração de água, reduzindo inclusive a regeneração natural. Percebe-se que o ponto que mais sofre com a compactação do solo é o ponto 1, onde a densidade no leito da trilha é de 1760 kg/m³ na profundidade de 10Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 20cm. Na área de borda da trilha, no mesmo ponto, na profundidade de 0-10 cm a densidade é de 1235 kg/m³. Já o ponto 2 apresentou valores praticamente semelhantes para os dois usos (Figura 10). Densidade do Solo (kg/m³) 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 Ponto 1 0-10 cm Ponto 1 10-20 cm Ponto 2 0-10 cm Ponto 2 10-20 cm Trilha Borda Figura 10: Gráfico com os valores de densidade do solo nos pontos amostrados, comparando a área de trilha e de borda da trilha. Magro (1999) afirma que quando o pisoteio é frequente, o solo é compactado provocando a selagem do mesmo, aumentando sua susceptibilidade à erosão e perda de matéria orgânica, favorecendo a formação de microagregados. Sendo assim, verifica-se que, como esperado, a trilha apresentou maior compactação do solo do que a borda da trilha. 4. Conclusões As propriedades físicas do solo estão sofrendo com a intensa utilização das trilhas. O pisoteio no leito da trilha está provocando compactação e aumento da quantidade de microagregados do solo, o que influencia diretamente nos processos erosivos, o que pode ser evidenciado pelo surgimento de ravinas no leito da trilha. A vegetação é um fator importante de formação de agregados, como nas trilhas não há presença de vegetação, a tendência é que os índices de agregação do solo sejam baixos, já que a ação do pisoteio e da gota de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 304 chuva é mais intensa quando o solo não tem vegetação. De forma geral, a trilha é bem conservada, com presença de poucas folhas de árvores, o que pode ser explicado porque existe limpeza frequente da mesma. Além disso, diversas estruturas de manejo foram observadas com o objetivo de melhorar a acessibilidade da trilha - construção de degraus e corrimões sobre alguns pontos de maior declividade. Porém, há pontos de erosão no decorrer da mesma e no seu entorno com a formação de sulcos e pequeninos desmoronamentos. Considerando que o manejo adequado é fundamental para a qualidade do solo, percebe-se que as trilhas, que possuem função não só turística, mas também social, precisam ser mais bem conservadas. Isto deve ocorrer, principalmente quando as mesmas estão inseridas em Unidades de Conservação, já que o objetivo desta é a conservação de recursos naturais e do espaço; e as trilhas, quando degradadas vão contra esse preceito de conservação. Além disso, é fundamental conscientizar os turistas e demais usuários, no sentido de promover a adoção de condutas adequadas e menos impactantes, pois como foi constatado, os próprios usuários deixam lixo e fazem pichações na trilha. Verificou-se, portanto, que os índices de agregação do solo juntamente com a análise da densidade do solo podem ser utilizados como índices de qualidade do solo, já que são indicadores dos atributos do solo. Esses índices exprimem se o solo está ou não degradado. Bibliografia AGAREZ, F. V. Contribuição para a gestão de fragmentos florestais com vista a conservação da biodiversidade em Floresta Atlântica de Tabuleiros. 2002. 237 f. Tese (Doutorado em Geografia) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Rio de Janeiro, 2002. BRASIL. Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000 – Criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). 2000. Disponível em Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 305 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm>. Acesso em: 13 jul. 2012. CASTRO FILHO, C. & LOGAN, T. J. 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ISBN 978-85-88769-56-4 309 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas PERCEPÇÃO DOS VISITANTES SOBRE AS TRILHAS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DA TAQUARA - PNMT, DUQUE DE CAXIAS /RJ Lucas Julião Mello de Lima24 Alexandre Takio Kitagawa25 Malena Carvalho da Costa26 Hernani Aguiar27 Rodrigo de Oliveira lula Salles28 Resumo Palavra Chave: Manejo de trilhas, Uso público, Ecoturismo, Unidade de Conservação As trilhas ecológicas têm uma enorme importância na visitação em unidade de conservação (UC), e precisam ser planejadas adequadamente visando estabelecer uma relação entre os visitantes e os recursos naturais, sem causar grandes impactos de cunho biológico para a região, e sem comprometer a segurança do visitante. O presente estudo foi realizado no Parque Natural Municipal da Taquara, localizado no bairro Taquara, terceiro distrito do município de Duque de Caxias - RJ, com o objetivo de colher informações sobre a percepção das trilhas pelos visitantes, realizou-se um levantamento onde foram utilizados questionários pré-definidos, aplicados em 95 visitantes nos messes de julho e agosto de 2013, a pesquisa registrou que 68% dos visitantes consideram as trilhas boas para caminhar. Quando questionados sobre as mudanças que eles gostariam de presenciar nas trilhas do PNMT, 24% relatou que as trilhas possuíssem mais sinalização e 18% gostariam de mais lixeiras no percurso. Dados interessantes como implantação de degraus nas subidas e descidas e cortes das raízes expostas foram relatados por 6%. Apesar da grande quantidade de visitantes, apenas 4% relataram que a gestão do parque limite o numera de visitante. Parecem ser necessários melhores estudos para obter um planejamento de trilhas adequado, não obstante um programa de educação em turismo de atrativos naturais para a preservação da trilhas. 24 llucasjuliao@gmail.com Téc. Segurança do Trabalho, Docente em Ciências Biológicas – UFRJ 25 alexandrekitagawa@gmail.com Guia de Turismo, Biólogo – Discente da Fundação Educacional de Duque de Caxias – FEUDUC. 26 malena96@ibest.com.br Docente em Ciências Biológicas – UFRJ; 27 abencoadohernani@gmail.comTécnico em Meio Ambiente; 28 sallesbio@gmail.com Biólogo, Mestre em Zoologia e Doutorando em Zoologia – Museu Nacional / UFRJ; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 310 Resumen Palabra clave: Gestión de senderos, Uso público, Ecoturismo, Unidad de Conservación Los senderos tienen una enorme importancia en la unidad de conservación de las visitas (CU), y deben planificarse adecuadamente para establecer una relación entre los visitantes y los recursos naturales sin causar un gran impacto a la naturaleza biológica de la región, y sin comprometer la seguridad visitantes. Este estudio se realizó en el Parque Natural Municipal Taquara Taquara situado en el tercer distrito de Duque de Caxias - RJ, con el objetivo de recabar información sobre la percepción de los senderos de los visitantes llevó a cabo una encuesta en donde fueron utilizados cuestionarios predefinido, aplicada en 95 visitantes se mete en julio y agosto de 2013, la encuesta reveló que el 68% de los visitantes encuentran las mejores rutas para ir de excursión. Cuando se le preguntó acerca de los cambios que les gustaría ser testigo de los senderos de PNMT, el 24% informó que las pistas tienen más señalización y el 18% les gustaría más contenedores en la ruta. Datos de interés, como la implementación de pasos subiendo y bajando las secciones y las raíces expuestas fueron reportados en un 6%. A pesar de la gran cantidad de visitantes, sólo el 4% reportó que el número de visitantes límite de gestión del parque. Los estudios parecen ser necesarios para obtener una mejor planificación de pistas adecuadas, a pesar de un programa de educación en turismo atractivos naturales para la conservación de caminos. 1. Introdução As trilhas e o ecoturismo parecem ter uma enorme importância para a visitação de Unidade de Conservação (UC), visto que podem aproximar o visitante do ambiente natural e através desta experiência pode educa-lo (BORATTO, 2011) O turismo como atividade de lazer, movimenta milhares de pessoas buscando a natureza, com finalidades diversas como: Descanso ou para aprecia-la. Para o visitante usufruir de uma UC é essencial que o local tenha uma infraestrutura que lhe de o apoio necessário (PIETROCHINSKI,2008), pois há a necessidade de ações planejadas, a fim de dar suporte as suas atividades de visitação e na busca de preservação ambiental. Para gerar mudanças em trilhas é preciso obter um planejamento adequado, ou seja, um plano de interpretação elaborado com toda teoria necessária, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 311 contribuindo para um melhor relacionamento entre os visitantes, os moradores da unidade de conservação, e os recursos naturais da região, para ocorrer um equilíbrio dinâmico entre todos Desta forma a trilha será um meio pelo qual as pessoas poderão disfrutar da natureza de maneira planejada e consciente (CAMPOS, 2006). Uma forma de realizar trabalhos em manejo e manutenção das trilhas, pode ser usado o auxilio de voluntários, prática muito comum em outras unidades de conservação, principalmente em países como EUA e Nova Zelândia (SOUZA, 2011.) Deste modo, é importante conhecer a opinião da comunidade a respeito de seus atrativos, e se a mesma está satisfeita (BORATTO, 2011). Para tanto, faz-se necessário uma pesquisa visando analisar essa demanda. Estudos acerca da preferência e percepção dos visitantes em algumas condições ecológicas e de recreação têm se desenvolvido em vários países, a preferência do visitante refere-se a um julgamento a respeito de que se supõe ser correto, ou aceitável, podendo variar de acordo com as suas expectativas, e experiências naturais, algumas dessas experiências podem ser agrupadas em grupos como: grupo social, experiência anterior sobre o assunto, o ambiente estudado, ou até mesmo o estado emocional.(TAKAHASHI,2002). Segundo TAKAHASHI,2002 estudos a respeito de percepção e preferência devem ter um estimulo maior para serem publicados, pois podem auxiliar na escolha de melhores indicadores de impactos em uma determinada área, ou também colaborar para um futuro programa de manejo. 2. Objetivo Identificar a qualidade das trilhas do Parque Natural Municipal da Taquara (PNMT), e posteriormente apresentar propostas de trabalhos de manejo e educação ambiental em trilhas de acordo com a opinião dos visitantes. 3. Material e métodos 3.1. Local de estudo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 312 O estudo foi conduzido no Parque Natural Municipal da Taquara (PNMT), que pode ser estabelecido como uma Unidade de Conservação de proteção integral e possui aproximadamente 20 hectares, estando localizado no bairro da Taquara, 3º distrito do Município de Duque de Caxias/RJ entre as coordenadas UTM - 0681274; 7499842 (SILVA et al., 2010). Limita-se ao Norte com a Área de Proteção Ambiental de Petrópolis e com a Reserva Biológica de Tinguá (Figura 01). 313 Figura 01: Mapa de localização do Parque Natural Municipal da Taquara e Unidades de Conservações adjacentes (Modificado de PUC, 2009). Segundo Leite (2012), o PNMT recebe aproximadamente 4.000 visitantes por mês durante os meses mais quentes de verão. Com um número de visitantes elevado, as trilhas podem ser afetadas, necessitando de um manejo periódico. Vale ressaltar que o PMNT é parte integrante do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense no estado do Rio de Janeiro, sendo que esta última totaliza 233.710 hectares, abrangendo 13 municípios, 22 UC e suas respectivas zonas de amortecimento (LINO; ALBUQUERQUE, 2007). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 3.2 Coleta de dados Os levantamentos foram realizados nos meses de julho e agosto de 2013, sendo entrevistados 95 visitantes em dias aleatórios. Para obtenção dos dados foi utilizado um questionário pré-definido aplicado junto aos visitantes no portão de entrada do PNMT. O entrevistador perguntava e explicava os questionamentos quando estes se faziam necessários. As entrevistas consistiram de uma investigação contendo informações socioculturais, as atividades realizadas pelos visitantes, os aspectos mais positivos e negativos, a frequência de uso, a disponibilidade de se tornarem voluntários em manejo de trilhas, entre outras. Posteriormente, para a obtenção das médias, gráficos e tabelas, os dados foram tabulados e analisados com o auxílio do programa Microsoft Excel. 4. Resultados e discussões 4.1 Finalidades da visitação no PNMT Existem vários motivos para visitação de uma UC. Dos propósitos da visita ao PNMT, 45% (44 entrevistados) citaram o banho, 30% citaram a caminhada (29 entrevistados), seguidos de outras finalidades (Tabela 01). Tabela 1. Finalidade da visitação do PNMT Finalidade da visitação do PNMT Banho Caminhada Culto religioso Pesquisa/estudo Visitar morador Outros/Não souberam dizer Número de pessoas % entrevistadas 44 45% 29 30% 10 10% 4 4% 3 3% 8 8% Embora o principal intuito de visitação ao PNMT seja voltado ao banho de cachoeira, por motivos ligados a algum fator cultural, pois há relatos de moradores antigos de utilizarem a cachoeira para o banho e lazer (KITAGAWA Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 314 et al, 2013). A caminhada também apresenta uma grande porcentagem quando relacionada à finalidade no PNMT. Estudos realizados no Parque Estadual do Morro do Diabo, em São Paulo, também mostraram o interesse de visitantes em realizar caminhadas, onde 72,0% dos visitantes têm como finalidade realização de caminhadas (CASTRO et al, 2007). Podemos também comparar com os resultados do Parque Estadual Pico do Marumbi, Paraná, onde 63% do público eram voltados à caminhada, (TAKAHASHI,1998). A finalidade muda de acordo com cada Unidade de Conservação, No PARNASO, assim como no PNMT, os principais motivos são o banho (59%), seguido de percorrer uma trilha (51%) (RIBEIRO e CRONEMBERGER, 2007). . No entanto em outras UC's, como no PEMD, 72,0% dos visitants Têm como finalizade realizar caminhadas (CASTRO et al., 2007). Além das caminhadas realizadas por conta própria dos visitantes, o PNMT realiza atividades relacionadas com o ecoturismo em escolas municipais da baixada fluminense, com o propósito de educação ambiental destes alunos. Prática geralmente visualizada em parques naturais municipais, como No PNMI - Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu (MACHADO, 2011) e na ÁPA Guapimirim (FUKUDA, 2013). 4.2 Opinião sobre como se encontra as trilhas do PNMT Sobre a situação em que as trilhas se encontram, 68% (53 entrevistados) afirmaram que as trilhas são boas para caminhar, 8% (6 entrevistados) as consideraram razoáveis, 17% (13 entrevistados) as consideram ruins, e 8% (6 entrevistados) não souberam dizer. Tabela 2. Se as trilhas do PNMT são boas para caminhar ( opinião dos entrevistados). Se as trilhas do parque estão boas Número de % para caminhar entrevistados Sim 53 68 Razoavelmente boas 6 8 Não 13 16 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 315 Outros/Não souberam dizer 6 8 Pode-se observar, que somando a opinião dos que consideram ‘’boa para caminhar e ‘’estão razoavelmente boas’’, obtém-se um total de 76%, o que significa ¾ dos visitantes do Parque Natural Municipal da Taquara, esse resultado pode indicar um bom grau de satisfação com as trilhas existentes no PNMT. Estudos realizados no Parque Estadual do Porto Ferreira, SP também mostraram a satisfação dos visitantes com as trilhas ecológicas, onde quando questionados 73% consideraram os atrativos naturais da região ótimos, e 65% mostraram satisfação com a conservação que a trilha que se encontra. (OLIVEIRA, 2012) A maioria dos visitantes que frequentam unidades de conservação vive em cidades, onde são submetidos a um cotidiano caótico, e estressante, estes visitantes vão em busca de variar seus padrões de comportamento. Este turista mostra uma sensibilidade pelo meio ambiente, e busca através das trilhas ecológicas, o contato com o meio ambiente, expandido a sua para o valor e a conservação da natureza, influenciando em sua curiosidade e percepção, esse contato com a natureza causa uma satisfação (SILVEIRA,2009). 4.2 Percepções dos visitantes sobre os objetivos do manejo das trilhas Quando questionados sobre as mudanças que eles gostariam de presenciar nas trilhas do PNMT, foi reportado que as trilhas possuíssem mais sinalização 24% (41 entrevistados); 18% (31 entrevistados) gostariam de mais lixeiras no percurso; 11% (19 entrevistados) gostariam que as trilhas fossem mais largas; 7%(12 entrevistados) disseram que prefeririam que as trilhas possuíssem pavimentos como blocos, pedras e madeiras; 7% (12 entrevistados) gostariam que tivesse corrimão nas trilhas; 6% (11 entrevistados) gostariam de degraus nas subidas e descidas; 6% (11 entrevistados) gostariam que cortassem as arvores caídas nas trilhas, 5% (8 entrevistados) disseram preferir que o PNMT permitam bicicletas nas trilhas, seja por esporte montain bike, ou para facilitar o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 316 acesso; 4% (6 entrevistados) gostariam que cortassem as raízes expostas; 4% (6 entrevistados) gostariam que a gestão do parque limita-se o numero de visitantes; 2% (3 entrevistados) prefeririam trilhas mais estreitas, e 6% (10 entrevistados) não quiseram opinar. (Tab. 3) Tabela 3. Percepções dos visitantes sobre os objetivos do manejo das trilhas no PNMT. Modificações nas trilhas Número de entrevistados Sejam mais sinalizadas 41 Tenham lixeiras no percurso 31 Sejam mais Largas 19 Possuam Pavimento (como blocos, pedras, 12 madeiras...) Possuam corrimão 12 Possuam degraus nas subidas e descidas 11 Cortem as árvores caídas nas trilhas 11 Permitam andar de bicicleta nas trilhas 8 Cortem as raízes expostas 6 Limitem o número de visitantes 6 Sejam mais estreitas 3 Outros/ Não souberam dizer 10 % 24% 18% 11% 7% 7% 6% 6% 5% 4% 4% 2% 6% Apesar de 11% dos entrevistados preferirem usufruir trilhas mais largas, este aumento de trilhas em áreas florestais pode acarretar a diversos fatores prejudiciais a área de conservação como citados por TIVY, 1981. Uma redução da biomassa da flora e grau de cobertura do solo, substituição de espécies menos tolerantes, compactação do solo, redução do teor de matéria orgânica, diminuição da taxa de infiltração e aumento do escoamento superficial. Além de poder causar o aumento de temperatura e luminosidade nas áreas contíguas, principalmente em áreas que retém menor quantidade de água (FIGUEIREDO, 2010). O manejo da vegetação lateral para o corredor de trilhas pode causar a perda e fragmentações de habitats, especialmente de micro habitats, levando a redução de várias espécies, especialmente de anfíbios (HERO, RIDGWAY, 2006). Porém essas espécies não são afetadas da mesma maneira por essas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 317 fragmentações de habitats, enquanto determinado grupo tem a sua população reduzida, ou abandonam a área de reprodução, outras espécies se beneficiam destes impactos, estimulando sua reprodução e tendo um rápido aumento populacional (PONTES; MELLO, 2013; OLIFERS; CERQUEIRA,2006). Os visitantes entrevistados mostraram-se bastante preocupados com a falta de lixeiras no percurso das trilhas. Pode-se visualizar uma maior quantidade de lixeiras nas áreas próximas a sede do PNMT, porém ao decorrer das trilhas carece de lixeiras. O lixo gerado pela visitação quando não descartado da maneira correta pode acarretar a diversos problemas desde poluição visual à redução da fauna, com poluição de habitats, ingestão de materiais como plástico e a intoxicação alimentar (PONTES;MELLO,2013). Além de o lixo ser um grande problema ecológico, ele também prejudica a experiência do usuário em relação à área Um maior cuidado deve ser adotado pois, as próprias lixeiras quando instaladas em UC, pode alterar o comportamento natural de algumas espécies, especialmente de espécies de micro habitats, e FUNCIONAR COMO armadilha fatais para outras, isso ocorre pelo fato de lixeiras serem fonte fácil de alimento à fauna (PONTES;MELLO,2013).Os mesmos autores também afirmam que determinados tipos de lixeiras permitem a escalada de animais durante a noite, impossibilitando sua saída, podendo leva-los a morte por hipotermia, ou afogamento. Os resultados mostram que há uma carência a respeito de sinalizações, sejam de orientação, segurança, informações sobre ecologia de espécies ou regulamentos internos. Segundo PIETROCHINSKI e SILVA (2008) a sinalização é de fundamental importância, visto que o visitante geralmente está em um local desconhecido, portanto a implantação de placas nas trilhas evita que visitantes se percam, além de ser um atrativo para aumentar a quantidade de visitantes ao uso público, elas também podem auxiliar a educação ambiental, informando aos visitantes aspectos da fauna e flora da região. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 318 Segundo JESUS, 2009 o ecoturismo em unidades de conservação têm a sinalização como uma enorme aliada em interpletação ambiental, trazendo as informações a respeito dos recursos ambientais para a linguagem do visitante, para que ocorra o sucesso neste método é necessárioque as sinalizações sejam temáticas, organizadas, significativas, diferenciadas e provocantes. A sinalização valorizou a região onde ocorreu o estudo de caso, e levou a interação íntima entre os visitantes e a natureza, dando-lhe a conscientização de sua conservação. 4.4. Possíveis voluntários para o manejo das trilhas Quando questionados sobre a disponibilidade de atuarem como voluntários em manejo das trilhas do parque 26% (21 entrevistados) disseram que não gostariam de se tornarem voluntários, 10% (8 entrevistados) não souberam dizer, 6% (5 entrevistados) talvez pudessem se tornar voluntários e 58% (47 entrevistados) gostariam de se tornarem voluntários.(Tab.4) Tabela 4. Possíveis voluntários para o manejo das trilhas no PNMT disponibilidade de se tornarem voluntários Sim Não Talvez Outros/Não souberam dizer Número de entrevistados 47 21 6 8 % 58% 26% 6% 10% Segundo AMADOR, A. B. e PALMA, L. M. o trabalho voluntario em unidades de conservação possuem uma enorme função na gestão da unidade de conservação, e possui o intuito de maior envolvimento da população com questões dos recursos naturais, e causas ambientais. A atividade de voluntários em UC’s não é algo novo e desconhecido, países como Nova Zelândia, Itália, e Estados Unidos já adotam propostas de utilização de voluntários para auxiliar na gestão, ou no manejo de trilhas, porém atualmente poucas UC’s federais adotam programas de voluntariados, as UC’s Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 319 que já efetivaram esse tipo de programa são os Parques Nacionais da Tijuca e da Serra dos Órgãos, ambos no estado do Rio de Janeiro. Projetos de voluntariado também já foram implementados em UC’S estaduais e municipais, como em estados como Tocantins e Paraná. (SOUZA; SCHULZE, 2011). O Parque Natural Municipal da Taquara possui apenas 7 voluntários atualmente, necessitaria de um projeto que visasse os voluntários, podendo ter como base os projetos realizados em outras unidades de conservação, sejam de outros países, ou de parques próximos ao município em que o PNMT está situado, como a utilizada pelo Parque Nacional da Tijuca, estruturado desde 2003, refere-se a um programa de trabalho voluntario baseado em passos detalhados e de informações relevantes, Oferece um manual com etapas de cadrastamento, entrevista, preenchimento de termo de adesão, orientação, treinamento, supervisão, avaliaçao e reconhecimento do voluntario, os voluntários passam por um processo de planejamento com a equipe do parque, e depois por outro de divulgação do programa, os multirões de voluntarios realizam diversas tarefas, como a manutenção de trilhas. Atualmente o programa possui cerca de 1500 voluntarios cadastrados, e está sendo bastante sucedido.(AMADOR, 2013) 4.5 Dias que os possíveis voluntários poderiam frequentar o parque Enquanto aos dias que os visitantes geralmente frequentam o parque, apenas 4% dos entrevistados costumam frequentar nos dias de semana, 11% aos feriados, 76% no final de semana. Tabela 5. Dias que os possíveis voluntários poderiam frequentar o PNMT Dias de frequentação Dias da semana Final de semana Feriados Outros Número de entrevistados 3 67 10 8 % 4% 76% 11% 9% A gestão do Parque Natural Municipal da Taquara teria que adequar os Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 320 projetos de manejos de suas trilhas preferencialmente ao final de semana para atender a disponibilidade dos visitantes de irem ao parque. Conclusão Apesar de o banho ser a principal finalidade dos visitantes no Parque Natural Municipal da Taquara, a caminhada também é uma atividade bastante utilizada pelos visitantes, e precisa de gestões para um melhor manejo das trilhas existentes no parque. As maiorias dos entrevistados se mostraram satisfeitos ao estado das trilhas do PNMT. Aspectos como sinalização, lixeiras no percurso, e aumento da área lateral das trilhas são as principais mudanças solicitadas pelos visitantes do PNMT. Porém para a implantação de placas, sejam de segurança, orientação, ou didáticas, é preciso estudar mais o local; para a implementação de lixeiras no percurso das trilhas teria que ser preciso de algo que impeça que os animais da região de procurarem alimentos ou abrigos nas mesmas; e o aumento da área lateral apesar de ser bastante, se for realizado de modo incorreto pode causar diversos fatores negativos para a fauna, solo, e flora da região. Os visitantes mostraram grande interesse em participar de trabalhos voluntários no PNMT, porém o parque teria de se adequar a disponibilidade de dias que os visitantes poderiam frequenta-lo. Bibliografia AMADOR, A. B.; PALMA, L. M. Dez anos do programa de voluntários do parque nacional da tijuca, Rj. In: Uso público em unidades de conservação, Universidade Federal Fluminense n.1, v.1, 2013. BORATTO, J. V.; MOREIRA, J. C.; STACHOWIAK, P. R. B. 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ISBN 978-85-88769-56-4 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas TURISMO ADAPTADO: A ACESSIBILIDADE NO MANEJO DE TRILHAS Renato Marchesini29 Renata Antunes da Cruz30 Resumo Palavras chaves: acessibilidade; ecoturismo; inclusão; turismo adaptado; manejo de trilhas A inclusão é um fator que a sociedade moderna tende a colocar como um avanço, mas que nada mais é do que o resgate de um direito de todo ser humano. A atividade de lazer em ambiente natural pode contribuir em aspectos sociais, culturais e na educação ambiental, além da possibilidade de, dependendo do perfil da deficiência, gerar e estimular a reabilitação e o despertar das potencialidades da pessoa, possibilitando o desenvolvimento de experiências e incentivos e aumentando a qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência em função do conhecimento do potencial que ela adquire graças ao aumento da autoconfiança e autoestima. Neste sentido este projeto busca demonstrar como através da remoção de obstáculos e adequações de trilhas para o aumento da acessibilidade, segurança e mobilidade, podem contribuir positivamente para educação ambiental e a melhora da qualidade de vida de pessoas portadoras de deficiência e/ou mobilidade reduzida. Nessa perspectiva, a busca de novas soluções legais e técnicas que garantam uma política inclusiva de acesso às áreas de interesse natural, se constituem em especial desafio que não raro exige a “flexibilização” de conceitos e posturas quando da interpretação dos espaços que necessariamente devem prever a possibilidade de adaptação e remodelação, de acordo com as necessidades que possam aparecer ao longo da vida das pessoas. Espera-se, com este projeto, fomentar o direito de “ir e vir” das pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida a áreas naturais. Resumen Palabras claves: accesibilidad, ecoturismo, inclusión, turismo adaptado, manejo de sendas. 29 30 renato@caicaraexpedicoes.com Caiçara Expedições renatacruz@caicaraexpedicoes.com Caiçara Expedições Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 325 A inclusión es un factor que la sociedad moderna tiende a colocar como un avance, pero sobre todas las cosas, es un derecho que atinge a todo ser humano. La actividad de entretenimiento en ambientes naturales puede contribuir en aspectos sociales, culturales a la educación ambiental, además de dar posibilidades _ dependiendo de la deficiencia _ a generar o estimular la rehabilitación y potencialidades de la persona portadora de la misma. Estas actividades pueden incentivar y aumentar la calidad de vida de esas personas, gracias al conocimiento potencial que pueden adquirir de ellas mismas, aumentando su confianza y autoestima. En este sentido, este proyecto busca demostrar el cómo a través de remover obstáculos y adecuar las caminos para un mejor acceso, seguridad y movilidad, se puede contribuir positivamente para la educación ambiental. Consideramos que la misma mejora la calidad de vida especialmente, de las personas portadoras de deficiencias o que tienen movilidad reducida. Desde esta perspectiva, la búsqueda de nuevas soluciones legales y técnicas que garanticen una política inclusiva de acceso a áreas de interés natural, constituyen el principal desafío. Exije la flexibilización de conceptos e posturas al mismo tiempo que requiere la interpretación de los espacios que necesariamente deben preveer las posibilidades de adaptación y remodelación, de acuerdo a las necesidades que puedan aparecer a lo largo de la vida de las personas. Con este proyecto, se espera fomentar el derecho de “ir y venir” a áreas naturales, de las personas con deficiencia y/o movilidad reducidas 1. Manejo de trilhas Para proteger o meio ambiente, não bastam somente leis. É necessária também a educação ambiental e a conscientização (ferramentas = ecoturismo + estudo do meio + propostas pedagógicas). A principal função das trilhas sempre foi suprir a necessidade de deslocamento. No entanto, as trilhas surgem como novo meio de contato com a natureza (ANDRADE, 2003). Hoje as atividades de caminhada geram novas possibilidades de uso, como observar ou contemplar paisagens e ainda no estudo do meio que induz a transformação de conceitos, sendo assim a vivência que gera experiências e mudanças de comportamento. Porém a atividade turística (visitação) gera alterações ao ambiente natural. É necessário adotar medidas de planejamento e controle para protegê-lo, e ao mesmo tempo assegurar a qualidade e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 326 segurança da visita. Para que a atividade turística seja sustentável, faz-se necessário o planejamento (estudo), implantação do projeto, elaboração de regras de uso público, treinamento dos condutores, monitoramento e controle de visitação, fiscalização e manutenções preventivas e corretivas. As trilhas bem construídas e devidamente mantidas protegem o ambiente do impacto do uso e ainda asseguram aos visitantes maior conforto e segurança, além de desempenhar um olhar positivo do visitante sobre a lugar e de quem a administra. O investimento em manejo de trilhas para uso público vem de encontro com algo que muito tem sido estudado e aplicado. A economia verde gera “efeitos positivos” sobre a economia (distribuição de renda), a valorização de aspectos sociais (culturais e históricos), a educação ambiental e promove a proteção e conservação do ambiente. O manejo em trilhas para acessibilidade plena é um grande desafio. Tal afirmação é constituída na complexidade e diversidade dos ecossistemas a serem implantados e no público-alvo, pois, cada indivíduo possui uma necessidade diferente, portanto não existe fórmula a ser empregada, e sim um diagnóstico de cada pessoa. E para dificultar mais um pouco não existe muita referência bibliográfica sobre o tema em questão, sendo assim necessário a união/cruzamento dos conhecimentos de manejo em trilhas, acessibilidade, deficiência, mobilidade reduzida, biomas, ecossistemas, educação ambiental, desenho universal, legislações, normas e experiências. “Se o lugar não permitir o acesso a todas pessoas, esse lugar é deficiente” (FROTA, 2013). 2. Turismo adaptado O turismo, permitindo ao indivíduo que se distancie do seu meio e do seu cotidiano, torna-se cada vez mais uma necessidade para o bem-estar do ser humano. Portanto torna-se fundamental adequar os produtos e serviços da cadeia produtiva do turismo às necessidades objetivas imediatas de segmentos específicos da população, pois muitos ainda possuem dificuldades para a prática do mesmo. Facilidades “direitos” que garantirão a plena cidadania a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 327 quem possui condições especiais, momentâneas ou definitivas. Um grande mercado em potencial e pouco explorado. De acordo com o Censo Demográfico 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) mais de 45,6 milhões de brasileiros declararam ter alguma deficiência. O número representa 23,9% da população do país. É imprescindível para a realização da atividade abolir preconceitos, da mesma forma que é essencial não tratar as pessoas deficientes com paternalismo. Como todas as pessoas, este perfil de público está engajado em um meio, onde todos os tipos de experiências são fundamentais. A eles devem ser dadas as chances de vivenciá-las, respeitadas evidentemente suas limitações. A atividade turística possibilita que as pessoas despertem o potencial para ultrapassar as barreiras da deficiência e limitações que vão além do aspecto físico, atingem também o social e psicológico. A questão é integrar e incluir socialmente e, quem sabe, colaborar com a reabilitação. 3. Acessibilidade A acessibilidade é a condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida a ser alcançada, visitado, utilizado e compreendido por qualquer pessoa, inclusive aquelas com deficiência e mobilidade reduzida. Uma sociedade inclusiva é definida pelo respeito e valorização das diferenças; reconhece a igualdade entre as pessoas; considera a diferença um princípio básico, sendo qualquer tipo de discriminação algo inaceitável, inclusive no contato direto com o meio ambiente, seus biomas e ecossistemas; reconhece que a vida de uma pessoa pode ser restringida destas experiências e conhecimentos por falta de estrutura “arquitetura” que lhe permita o acesso. 3.1. Legislação Algumas referências legais demonstram conceitual e historicamente o amadurecimento no país no que se concerne às propostas de acessibilidade e inclusão. O assunto é tão pouco discutido e difundido em áreas naturais que temos a necessidade de utilizar como embasamento, neste trabalho, de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 328 legislações aplicadas para áreas urbanas, sendo essas adaptadas para áreas naturais. O artigo 8º do Decreto Federal nº 5.296/04 define barreiras urbanísticas como “qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade das pessoas se comunicarem ou terem acesso a informações existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público”. O artigo 3º do Decreto Federal nº 10.098/00 estabelece que: O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais espaços de uso público deverão ser concebidos e executados de forma a torná-los acessíveis para as pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. 4. Classificação e conceituação das pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida Pessoas portadoras de deficiência, para os fins desse trabalho, são as pessoas com deficiências ou com mobilidade reduzidas sendo temporárias ou permanentes, que, sem condições especiais de recepção e acessibilidade a determinados locais, não têm como se utilizar, com segurança e autonomia, de participar de atividades ecoturísticas em trilhas em meio natural. Deficiência o termo “deficiência” significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de a pessoa exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social.¹ (Decreto 3.956/01) - Decreto 3.956, de 8 de outubro de 2001, incorpora o texto da Convenção Interamericana para Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Segundo o Manual de Recepção e Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiência a Empreendimentos Turísticos (EMBRATUR, 1999), consideram-se portadores de deficiência as pessoas com: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 329  Deficiência ambulatória total, que lhes obrigue a utilizar, temporária ou permanentemente, cadeira de rodas ou outros;  Deficiência ambulatória parcial, que lhes traga dificuldade ou insegurança de movimentos, obrigando-lhes, ou não, ao uso de aparelhos ortopédicos ou próteses;  Deficiência sensorial visual, com perda total ou parcial da visão, capaz de lhes trazer insegurança ou desorientação;  Deficiência sensorial auditiva, com perda total ou parcial da audição, capaz de lhes trazer idêntica insegurança e desorientação;  Pessoas com graus distintos de deficiência mental e outras capazes de propiciar, igualmente, insegurança ou desorientação. Mobilidade Reduzida: definida como aquela que não se enquadra no conceito de pessoa portadora de deficiência; tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanentemente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. (Decreto 5.296/04, art.5º). Podemos dar como exemplos - reumatismo, artrite, lesões nos braços, mãos, pernas, pés, doenças de coluna ou cardíacas, obesidade, gestação, transporte de bebês em carrinhos, idosos com dificuldade de locomoção e acessibilidade em geral. 5. Manejo de trilha inclusiva O manejo em trilhas é um tema bastante recente no Brasil e ainda pouco aplicado, principalmente quando se trata de percurso inclusivo “para todos”. A falta de conhecimentos, aplicação do conceito e experiências torna a tarefa mais difícil. O tema gera a reflexão sobre a sua importância e benefícios para os usuários. Uma trilha que possui manejo de trilha inclusiva pode ser utilizada por todas as pessoas, inclusive indivíduos com deficiência e mobilidade reduzida, e permite adequações. 5.1. Propostas para adequações Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 330  Propor espaços, objetos e produtos que possam ser utilizados por usuários com capacidades diferentes;  Evitar segregação ou estigmatização de qualquer usuário;  Oferecer segurança e proteção para todos os usuários;  Desenvolver e fornecer produtos atraentes para todos os usuários; o Permitir fácil compreensão e apreensão do espaço, independente da experiência do usuário, de grau de conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração;  Utilizar diferentes meios de comunicação, como símbolos, informações sonoras, táteis entre outras, para compreensão de usuários com dificuldade de audição, visão, cognição ou estrangeiros.  Maximizar com clareza as informações essenciais; 5.2. Atividades para Cadeirantes Considerando a necessidade de contemplar o público-alvo da forma mais ampla possível, o módulo de referência adotado para a definição de fluxos (dimensões mínimas e máximas) é o espaço virtualmente ocupado por uma cadeira de rodas: 80 cm x 1,20 m. Figura 1: Módulo de Referência Fonte: Diretrizes do Desenho Universal, 2010 De acordo com a norma NBR 9050, para que o usuário de cadeira de rodas possa fazer uma manobra e um ambiente público se considera 360º, ou seja 1,50m x 1,50m. Em espaços fechados para que um cadeirante possa entrar e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 331 sair de frente em um ambiente se considera uma manobra de 180º, ou seja 1,20m x 1,50m. Figura 2: Área de Manobra. Fonte: Diretrizes do Desenho Universal, 2010 Para que o usuário possa manipular e interagir comandos de uma sinalização turística interativa ex: totem ou botoeiras, entre outros itens é necessário prever a distância e altura máxima necessária para o alcance e manuseio desses dispositivos. Esse parâmetro define a distância de 50 cm na horizontal, para superfícies de trabalho, e alturas compreendidas entre 40 cm e 1,20 m a partir do piso. Figura 3: Extensão de Alcance Manual Lateral . Fonte: Diretrizes do Desenho Universal, 2010 5.2.1. Declividade No início ou término de cada segmento de rampa, deve-se previsto um patamar com comprimento longitudinal de, no mínimo, 1,20 m, sendo aconselhado 1,50 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 332 m ou mais espaço. Evitar, no traçado inclinações superiores a 8,33 %, respeitando o máximo de 12,5% e sendo aceito em casos especiais 15%. Em muitas das situações é preferível uma rampa com comprimento maior e declividade menor ou então dividir a rampa em vários segmentos e com patamares entre as rampas. Figura 4: Rampa Muito Inclinada. Fonte: CODE, 2006 Planejando a rampa: Às vezes, por falta de espaço, ou para melhor adequação, é necessário fazer várias rampas em sequência, sempre com um patamar de descanso de 1,20m entre elas. Assim se pode economizar espaço e, talvez, até custos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 333 Figura 5: Planejando a Rampa. Fonte: CODE, 2006 5.2.2. Corrimão / Guarda-corpo Instalar corrimão em ambos os lados e em duas alturas, conforme definido na norma de acessibilidade. Como estabelece a NBR 9050, para até 5% de declividade não há necessidade de corrimãos, cuja acomodação deve ser solucionada internamente ao terreno. Formato: devem permitir boa empunhadura e fácil deslizamento, ser preferencialmente, de seção circular, com diâmetro de 3,0cm a 4,5cm, contínuo, com haste de fixação localizada na parte inferior, para permitir o melhor deslizamento da mão, com as extremidades recurvadas/arredondadas a fim de evitar acidentes. Altura: Os corrimãos devem ser instalados em duas alturas: 0,92m e 0,70m do piso conforme ABNT 9050:2004. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 334 Figura 6: Altura do Corrimão. Fonte: CEPAM, 2009 Prolongamento do corrimão: para que as pessoas com dificuldade de locomoção possam utilizar as rampas e escadas com segurança, é imprescindível que os corrimãos laterais se prolonguem por, no mínimo 30cm antes do início e após o término das mesmas, garantindo que essas pessoas iniciem ou terminem o trajeto pela escada ou rampa apoiadas no corrimão. 335 Figura 7: Prolongamento do Corrimão. Fonte: CEPAM, 2009 Para auxiliar o deslocamento de pessoas com baixa acuidade visual, recomenda-se utilizar corrimãos com cor que contraste com a do ambiente. 5.2.3. Piso Devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante, sob qualquer condição. Não podem provocar trepidação em dispositivos com rodas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Recomenda-se evitar o uso de padronagem, na superfície do piso, que possa causar sensação de insegurança, como, por exemplo, desenhos em curvas ou com figuras tridimensionais. Figura 8: Largura para deslocamento em linha reta. Fonte: CEPAM, 2009 5.2.4. Sinalização Devem possuir instruções e informações visuais e auditivas ou táteis; e estar sinalizado com piso tátil. Para garantir boa condição de visibilidade para as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, deve-se analisar o espaço, considerando o ângulo visual a partir do local reservado até o local a ser visualizado. Para fins de exemplificação tratamos como média de altura dos olhos em linha reta de um cadeirante 1,15m, sendo assim o ângulo de visão 30º para cima, para baixo e para os lados. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 336 Figura 9: Módulo de Referência. Fonte: CEPAM, 2009 Sinalização visual – para essa mobilidade de sinalização, as informações necessitam de textura, dimensionamento e contraste de cor, nos textos e nas figuras, para garantir a leitura por pessoas de baixa visão. A iluminação, o contraste e a pureza das cores são condições importantes para a legibilidade da informação visual, como também as distâncias para a leitura e o tamanho das letras e números. Sinalização tátil – uma das formas de sinalização tátil é a braile, que é dirigida aos cegos, e as informações em textos, figuras e pictogramas em relevo, que atendem às necessidades das pessoas com baixa visão. Figura 10: Cela Braile. Fonte: CEPAM, 2009 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 337 Figura 11: Sinalização Tátil. Fonte: CEPAM, 2009 5.3. Atividades para Deficientes Visuais Onde não houver guia de balizamento (a pessoa com baixa visão utiliza a bengala batendo na parede, que serve como guia), deve-se prever sinalização tátil direcional, bem como sinalização tátil de áreas de risco. 5.3.1. Sinalização tátil de piso Suas características de desenho, relevo e dimensões devem seguir as especificações contidas na norma técnica ABNT NBR 9050:2004. O piso adjacente ao piso tátil terá, obrigatoriamente, cor e textura diferenciadas, para facilitar as pessoas com perda visual a identificação dos pisos táteis. 5.3.2. Piso tátil de alerta Deve ser utilizado para sinalizar situações que envolvem risco de segurança. O piso tátil de alerta deve ser cromo diferenciado ou deve estar associado à faixa de cor contrastante com a do piso adjacente. O piso tátil deve ser utilizado e instalado nos seguintes locais. - no início e término de escadas e rampas, - ao longo de toda extensão de desníveis e vãos que possam oferecer riscos de queda as pessoas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 338 Figura 12: Piso Tátil de Alerta. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013 5.3.3. Piso tátil direcional Deve ser utilizado quando da ausência ou descontinuidade de linha guia identificável, como guia de caminhamento, ou quando houver caminhos preferenciais de circulação. 339 Figura 13: Piso Tátil Direcional. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013 5.3.4. Braille para Corrimão. A sinalização no início e fim dos corrimãos. Figura 14: Braille para Corrimão. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013 5.3.5. Anel de Corrimão Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 É recomendável que os corrimãos de escadas e rampas sejam sinalizados através de anel com textura contrastante com a superfície do corrimão, instalado 1m antes das extremidades (ANDALUZIA, 2013). Figura 15: Anel de Corrimão. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013 5.3.6. Sinalização Visual para Escadas e Degraus A sinalização visual para escadas e degraus é utilizada na borda do piso, em cor contrastante com a do acabamento. (ANDALUZIA, 2013). 340 Figura 16: Sinalização Visual para Escadas e Degraus. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013 5.3.7. Mapa Tátil Tem por finalidade demonstrar com traçado em relevo a rota para o deficiente visual ou descritivo do local, acompanha o totem na inclinação normatizada (ANDALUZIA, 2013). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 17: Mapa Tátil. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013 5.3.8. Cão-Guia É proibida a entrada e permanência de animais domésticos ou exóticos em Unidades de Conservação, com exceção dos casos previstos na Lei № 11.126, de 27 de junho de 2005. O cão-guia é um animal castrado e isento de agressividade, de qualquer sexo, de porte adequado, treinado com o fim exclusivo de guiar pessoas com deficiência visual. 341 5.4. Atividades para Deficientes Auditivos Possuir profissional capacitado em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Libras é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão, bem como os outros recursos de expressão a ela associada. 5.5. Viabilidade É necessário estrutura específica que, além da infraestrutura e profissionais (arquiteto, biólogo, turismólogo etc) envolvidos que possuem experiência tanto na preparação e operacionalização de roteiros ecoturísticos (já existentes) é de suma importância o acompanhamento de profissionais na área de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, pedagogia etc. Projeto de manejo adaptado é economicamente viável devido aos benefícios mais amplos que oferece à sociedade, pode ser capaz de atrair subvenções Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 concedidas por órgãos governamentais, organizações, fundações e iniciativa privada. Também é comum que exista parceria no fornecimento de incentivos (subsídios) que torne também o projeto financeiramente atraente àquele que o executa. Porém este tipo de projeto tende a ser inviabilizado devido aos altos custos, quando sem parcerias. O orçamento deste perfil de público, em grande parte, é destinado às necessidades de seu tratamento, o que resulta na falta de recursos para o lazer. Segundo A lei 10.098/2000 – que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida – Art. 23, A Administração Pública Federal direta e indiretamente destinará dotação orçamentária para as adaptações, eliminação de supressões de barreiras arquitetônicas existentes nos edifícios de uso público de sua propriedade e naqueles que estejam sob sua administração ou uso. 6. Conclusão Para efetivar a acessibilidade em áreas naturais é necessário elaborar plano estratégico que garanta a qualidade e continuidade dessas ações. De acordo com as especificidades de cada local, é possível estabelecer prioridades para as intervenções com base em critérios técnicos que considerem, simultaneamente, a viabilidade ao uso do espaço e complexidade de adequação. Sendo assim permite programar as ações e procedimentos que garantam o cumprimento e a qualidade da acessibilidade. Vale atenção especial quanto à “flexibilização”, sendo que os espaços devem prever a possibilidade de adaptação e remodelação, segundo as necessidades que possam surgir ao longo da vida das pessoas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 342 Para se definir uma trilha com rota acessível, é necessário observar as características de piso; a largura e extensão, os desníveis, áreas de manobra, além de outros elementos construtivos que possam representar obstáculos à mobilidade das pessoas. Nessa perspectiva, coloca-se como debate o desafio de buscar novas soluções legais, tecnológicas e projetais que venham a diminuir ainda mais esses impactos, e que garantam uma política inclusiva de acesso às áreas de interesse natural. Acreditamos que todas ações e esforços realizados neste sentido serão mais fortes e eficazes se avançarmos numa proposta comum sobre a acessibilidade em áreas naturais e construirmos alianças e parcerias entre diferentes setores e atores envolvidos. Mas continua necessária a criação de redes promotoras, e linhas de financiamento para este tema, que contribuam para sua disseminação e agendas construtivas, para potencializar os diferentes esforços. 7- Bibliografia ANDALUZIA ACESSIBILIDADE. Disponível em http://www.andaluziacessibilidade.com.br/produtos-e-servicos. Acesso em 15/07/2013. ANDRADE, W. J. Implantação e manejo de trilhas. In: MITRAUD, S. (Ed.) Manual de ecoturismo de base comunitária: ferramentas para um planejamento responsável. Brasília: WWF. p.247- 259. 2003. CODE, CODEFI, Santos para Todos: Guia para eliminação e transposição de barreiras arquitetônicas, Santos, 2006. CEPAM – Fundação Prefeito Faria Lima. Coordenadoria de Gestão de Políticas Públicas – Cogepp. Acessibilidade nos municípios: como aplicar o decreto 5.296/04. 2.ed. São Paulo, 2009. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 343 Diretrizes do desenho universal na habitação de interesse social estado de São Paulo: espaço para todos e por toda a vida / Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Estado de São Paulo, 2010. EMBRATUR. Manual de Recepção e Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiência a Empreendimentos Turísticos, Brasília, 1999. FROTA, T. Frase da home. Disponível em http://thaisfrota.wordpress.com. Acesso em 06/07/2013. IBGE, Censo Demográfico 2010, Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 2010. 344 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas ATIVIDADES TURÍSTICAS E IMPACTOS AMBIENTAIS NEGATIVOS: UMA AVALIAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL JENIPABU, EXTREMOZ/RN Sebastiana Guedes Bezerra31 Valdeci Pereira da Silva Filho32 Anderson Andryolly da Silva Macedo33 Isabelle de Fátima Silva Pinheiro34 Resumo Palavras-chave: Atividades turísticas. Impactos ambientais negativos. Área de Proteção Ambiental Jenipabu. A atividade turística apresenta-se em expansão, sendo que entre os segmentos que mais se sobressaem, encontram-se aqueles que possibilitam contato com a natureza, de modo que isso se dá principalmente pelo aumento na procura por áreas naturais. Uma forma encontrada para suprir essa necessidade foi a implementação das visitas turísticas em áreas naturais protegidas, no caso do Brasil, em Unidades de Conservação. De modo geral, há uma crescente preocupação com os impactos que as atividades podem gerar ou intensificar nos ambientes naturais, sobretudo em áreas como as citadas anteriormente. Diante desse contexto o presente artigo tem por objetivo geral avaliar as principais atividades turísticas existentes na Área de Proteção Ambiental Jenipabu/RN, e como específicos: a) identificar as atividades turísticas desenvolvidas na APA; b) levantar os principais impactos ambientais negativos provocados pelas atividades turísticas; e c) apontar a atividade mais e a menos impactante no ambiente natural. Utilizou-se como método a pesquisa bibliográfica, a visita in loco, onde aconteceu aplicação de instrumento adaptado de Pires (2010), que mede o nível de intensidade dos impactos ambientais, em seguida fez-se a elaboração de gráficos a partir do software 31 anaguedesbezerra@hotmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista do projeto Educação Patrimonial em Meio Natural em Municípios do Geoparque Seridó (RN) Discente do Curso de Turismo 32 valdecifilho30@hotmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Curso de Turismo 33 andersonandryolly@gmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Discente do Curso de Turismo 34 sabelleisp@gmail.com Doutorando em Recursos Naturais/UFCG. Docente Substituta do Curso de Turismo DCSH – CERES – Currais Novos-RN Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 345 Microsoft Office Excel e a análise dos dados. Os resultados apontam que um considerável número de atividades turísticas desenvolvidas no local, como por exemplo: passeio de buggy e de dromedário. Entre as atividades a que se mostra menos e a mais impactante é o passeio a cavalo e o de buggy, respectivamente. Torna-se possível apontar que a área necessita de medidas que minimizem esses impactos, pois caso isso não aconteça possivelmente a comunidade e o turismo sofrerão negativamente. Resumen Palabras-clave: Actividades turísticas. Impactos ambientales negativos. Área de Protección Ambiental Jenipabu. La actividad turística se presenta en expansión, y entre los segmentos que más se destacan, son los que permiten el contacto con la naturaleza, de modo que eso se debe principalmente al aumento de la procura por espacios naturales. Una manera encontrada para superar a esta necesidad fue la implementación de visitas turísticas en áreas naturales protegidas, en el caso de Brasil, en las unidades de conservación. En general, existe una creciente preocupación con los impactos que las actividades puedan generar en los ambientes naturales, en particular en tales áreas como fueron mencionados anteriormente. En este contexto, el presente trabajo tiene como objetivo evaluar las principales actividades turísticas; en el Área de Protección Ambiental Jenipabu /RN, y como específicos: a) identificar las actividades turísticas desarrolladas en APA; b) elevar los principales impactos ambientales negativos causados por las actividades turísticas; y c) apuntar la actividad más y la menos impactante en el ambiente natural. Fue utilizado como método la pesquisa bibliográfica, la visita in loco, donde ocurrió aplicación de instrumentos adaptada de Pires (2010), que mide el nivel de intensidad de los impactos ambientales, y luego hace la elaboración de gráficos en el software Microsoft Office Excel y el análisis de datos. Los resultados indican que hay un considerable número de actividades turísticas desarrolladas en el local, como por ejemplo paseo en buggy y dromedario. Entre las actividades que se muestran menos y la más impactante es el paseo de caballo y de buggy, respectivamente. Es posible señalar que la zona tiene que tomar medidas para minimizar estos impactos, ya que si esto no sucede, posiblemente, la comunidad y el turismo sufren negativamente. 1. Introdução A sociedade em nível mundial encontra-se frente a questões muitas vezes inéditas na história da humanidade, como por exemplo, a velocidade na troca de informações, a disponibilidade de um aparato tecnológico, a busca Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 346 crescente por momentos de lazer, entre outros. Alguns desses pontos surgiram ou se intensificaram devido ao processo de globalização. Acerca dessa maior busca por lazer, nota-se que de modo geral o ser humano necessita de lugares onde possa fugir dos aspectos rotineiros, como: trânsito conturbado, rotinas de trabalho exaustivas, o constante contato com elementos artificiais em detrimento ao natural, tudo isso que despertam a necessidade dos indivíduos entrarem em contato com a natureza em seus momentos de lazer. Contudo, essa nova realidade traz a tona um problema, como destacam Sancho (2001) apud Dias (2008, p. 18) “[...] em muitos casos, com ecossistemas frágeis que correm o risco de uma rápida e irreversível degradação (...) como um paradoxo, essa mudança de interesse pode voltar-se contra os espaços com um elevado valor ecológico”. Outro fator que contribui para a busca por ambientes naturais é justamente a valorização desses. Como se sabe, o mundo na metade do século XX e mais intensamente nas últimas décadas desse século, passou por uma tomada de consciência com relação à necessidade de conservação das áreas naturais, de modo que eventos e/ou documentos passaram a reunir diversos países tentado encontrar soluções práticas de como preservar essas áreas. Nesse contexto, a atividade turística apresenta-se como elemento que possivelmente potencializa a conservação do meio, como também pode configurar-se como forte agente predador dos ambientes naturais. Sendo assim, percebe-se que o turismo mantém uma íntima relação com os elementos naturais, tendo em vista que: [...] O movimento de turistas ao redor do globo é em sua maioria consumidor de produtos compostos por recursos naturais. Viaja-se para as praias ensolaradas dos países que possuem costa marítima; observa-se animais selvagens em diversos ecossistemas; praticam-se esportes radicais em rios, montanhas, florestas e desertos; buscam-se a paz e o ar dos ambientes naturais, entre muitas outras atividades turísticas desenvolvidas e que têm a natureza como a base de sua sustentação (DIAS, 2005, p. 98):. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 347 Como visto, considerável parcela da atividade turística se dá em ambientais naturais, pode-se apontar o ecoturismo, turismo rural, geoturismo, espeleoturismo, entre outros segmentos que proporcionam essa relação entre o turismo e o meio natural. Considera-se que o turismo explora esses ambientes a pouco tempo do ponto de vista histórico, já que a atividade turística ainda é recente. Contudo outras atividades anteriormente já exploravam os recursos naturais, de modo que em certo momento viu-se a necessidade que ambientes naturais fossem preservados. Um marco histórico nas áreas naturais legalmente protegidas foi a criação do Parque Nacional do Yellowstone no ano de 1872, nos Estados Unidos, em seguida outros parques foram surgindo no mundo. No Brasil, em 1808 com a chegada da Família Real foi criado o Real Horto, que sucedeu anos mais tarde outras iniciativas de implantação de áreas naturais, porém não conseguiu-se efetivar estas áreas (HOSAKA, 2010). Do ponto de vista legal, os principais marcos foram a criação do Código Florestal em 1934, o Novo Código Florestal em 1965, a Política Nacional de Meio Ambiente, datada de 1981 e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) de 2000. O SNUC passou a normatizar os aspectos referentes a Unidades de Conservação (UCs) no Brasil, de acordo com o Art. 2º paragrafo 1 desse documento UC é o: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Os SNUC estabelece dois grupos de UCs, de proteção integral e de uso sustentável. No primeiro, há maior restrição quanto as atividades desenvolvidas, e no segundo existe maior flexibilidade com relação aos possíveis usos, de modo que uma das atividades que mais apresentam Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 348 potencial para ser desenvolvidas nesse último grupo é o turismo. Conforme expõe Lindberg; Hawkins (Orgs.) (2005, p. 26): as áreas naturais, em particular as protegidas legalmente, sua paisagem, fauna e flora – justamente com os elementos culturais existentes – constituem grandes atrações, tanto para os habitantes dos países aos quais as áreas pertencem como para os turistas de todo o mundo. [...] Portando, a visitação em áreas naturais protegidas, no caso do Brasil em Ucs, mostra-se como tendência, sendo que essa visitação deve sempre adequar-se aos documentos que regulam cada UC. Em se tratando do cenário brasileiro, Vernalha; Neiman (2010, p. 300), afirmam que “no Brasil já se observa que alguns destinos estão aprendendo a utilizar adequadamente o seu potencial turístico, permitindo a visitação controlada de seus ecossistemas protegidos por UCs. [...]”. O que permite considerar que o Brasil, mesmo de maneira ainda incipiente, já acompanha as tendências internacionais de desenvolvimento do turismo em áreas naturais. Entre as categorias de unidades de uso sustentável estabelecidas pelo SNUC, encontra-se a Área de Proteção Ambiental (APA), nela são permitidas, além de atividades econômicas, a ocupação humana. No local geralmente existe um relevante patrimônio biótico, abiótico e cultural, e a UC tem por objetivo a conservação desses recursos além de disciplinar a ocupação da área (SNUC, 2000). Outra atividade permitida em APAs é o turismo, mais especificamente o segmento ecoturístico, sendo que esse mostra-se como um aliado na conservação dos recursos, quando planejado em bases sustentáveis. “Todavia, apresar da sustentabilidade ser citada nos documentos norteadores do ecoturismo, até o início do século XXI, o número de casos de sucesso existentes é inexpressivo.” (SOARES, 2011, 72). Ver-se então, a relevância de pesquisas que visem contribuir para o aumento do nível de sustentabilidade das atividades praticadas nas Unidades de Conservação, sobretudo que apontem os impactos gerados ou intensificados nesses locais. Diante desse Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 349 contexto, o presente estudo tem por objetivo geral avaliar as principais atividades turísticas existentes na Área de Proteção Ambiental Jenipabu/RN, e como específicos: a) identificar as atividades turísticas desenvolvidas na APA; b) levantar os principais impactos ambientais negativos provocados pelas atividades turísticas e mensurar o nível de impacto; e c) apontar a atividade mais impactante e a menos danosa ao ambiente natural. 2. Materiais e métodos Na pesquisa os processos metodológicos consistiram inicialmente em pesquisa documental e bibliográfica, que segundo Medeiros (2008, p. 39) “é aquela que busca o levantamento de livros, revistas de relevante interesse para pesquisa que será realizada”. Segundo Sanchez (2008) o diagnóstico dos impactos ambientais em determinado espaço físico segue cinco fases, a saber: escolha de indicadores, calibração e validação do método, aplicação do método e obtenção dos resultados e análise e interpretação. A seleção dos indicadores baseou-se no quadro de “Impactos negativos do turismo em relação ao meio físico”, proposto por Pires (2010). Neste quadro, estão esboçados os principais impactos negativos que podem ocorrer nos componentes água, terra, ar e em outros componentes do meio. A mensuração do nível de intensidade dos impactos ambientais detectados decorreu da observação e percepção dos pesquisadores, tendo como dimensões de análise os “critérios de importância de impactos” propostos por Bealands (1993) e Erickson (1994) apud Sánchez (2008), conforme quadro abaixo: Quadro 01: Critérios e níveis de mensuração de impactos CRITÉRIOS E NÍVEIS DE MENSURAÇÃO DE IMPACTOS Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 350 Critério Inexistente Nível de impacto Critério Nível de impacto Critério Impossibilidade de recuperação do ambiente afetado Inexistente Ambiente afetado Ambiente afetado é é de grande pouco importante relevância 0 1 Inexistente Grande extensão Pequena extensão espacial e espacial e temporal temporal Inexistente Grande Pequena magnitude do magnitude do impacto impacto Fonte: Adaptado de Bealands (1993) e Erickson (1994) apud Sánchez (2008). Nível de impacto Possibilidade de recuperação do ambiente afetado 2 Em seguida, no mês de dezembro de 2012 ocorreu a visita in loco e a coleta de dados, a fase de aplicação do método e obtenção dos resultados. havendo a identificação dos impactos negativos e o levantamento do nível de intensidade destes, através da adaptação e aplicação Já a mensuração dos impactos decorreu da percepção dos pesquisadores. Área de Proteção Ambiental Jenipabu A pesquisa foi realizada na Área de Proteção Ambienta Jenipabu (APAJ), essa localiza-se no município de Extremoz/RN, e foi criada em 17 de maio de 1995, pelo Decreto de Lei nº. 12.620. Abrange porções territoriais dos municípios de Extremoz (96,9%) e Natal (3,1%), incluindo as praias de Redinha Nova, Santa Rita e Jenipabu. A área da APAJ tem cerca de 1.739 hectares. (PLANO DE MANEJO APAJ, 2009 apud SOARES, 2010). Figura 1: Imagem de satélite da APAJ. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 351 Fonte: Plano de Manejo da APAJ, 2009. A atividade turística é desenvolvida na APA Jenipabu, tendo como principais recursos: dunas, praias, lagoas, passeios de dromedários, buggys e de jangada. Alguns desses recursos são destaques no cenário turístico nacional, devido sua relevância. 3. Resultados e discussões Durante a visita realizada na Área de Proteção Ambiental Jenipabu, constatouse que nessa UC existem as seguintes atividades ligadas ao turismo: passeio de dromedários, buggys, jangadas, a cavalo, esquiduna35, além da existência de considerável número de casas de segunda residência, ocupação da orla por bares e restaurantes, acrescenta-se também as barracas que comercializam principalmente roupas de praia localizadas em cima das dunas. Os impactos gerados ou intensificados por essas atividades foram divididos por componente afetado, levando-se consideração os seguintes: terra, água, ar e outros 35 Descida nas dunas com uso de uma prancha adaptada. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 352 problemas como barulho, congestionamento, sazonalidade e escassez de água e alimentos. No gráfico 1, é possível visualizar os impactos que incidem no componente terra, bem como o seu nível de intensidade. Gráfico 1: impactos na terra. 7 6 5 4 1 (Baixa) 3 2 (Média) 2 3 (Alta) 1 Não há 0 Conflito de uso Degradação do Consumo do solo solo excessivo de recursos naturais Destruição da Efeitos na vida vegetação selvagem Expansão e poluição arquitetônica Fonte: Pesquisa de campo, 2012. Como mostra o gráfico, o impacto que mais aparece é o consumo excessivos dos recursos naturais, porém com um nível de intensidade 2, enquanto que o conflito de uso do solo, a expansão e poluição arquitetônica, e os efeitos negativos na vida selvagem, são apontados em menor proporção, contudo, com um nível de intensidade 3 que é o mais alto na escala estabelecida. Sendo assim, no componente terra esses três últimos impactos são os mais graves, tendo em vista o estado de intensidade que eles se encontram. Sobre os usos do solo na APAJ, Barros (2010, p. 47), afirma que “os mais recentes mapeamentos de uso e ocupação do solo na APA Jenipabu apontam para a existência de cerca de 12 (doze) tipos de uso do solo [...]”, esses que muitas vezes divergem de interesse, além do Plano de Manejo e Zoneamento Ecológico-Econômico que tentam normatizar essas outras questões, constantemente os órgãos legais aprovam decretos de lei objetivando controlar essa questão. A degradação do solo e a poluição arquitetônica também são negativos, Pires (2010), diz que muitas vezes os equipamentos turísticos não Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 353 se harmonizam com o ambiente natural e que a degradação do solo pode dificultar o fluxo turístico nas localidades. O outro elemento estudado foi a água, o gráfico 2 expõe os principais impactos detectados nesse componente. Gráfico 2: impactos detectados na água. Fonte: Pesquisa de campo, 2012. Pode-se destacar como sendo os principais, a erosão do solo e assoreamento de recursos hídricos, a poluição e contaminação por lixo sólido e por efluentes bioquímicos, pois são esses que apresentam maior intensidade. Acerca desse último impacto Pires (2010, p. 24), afirma que “O turismo, inevitavelmente, produz resíduos sólidos e efluentes orgânicos (esgotos), e a má disposição ou destinação final dos mesmos é um sério problema, principalmente em áreas com alta concentração de turistas. [...]” A poluição dos recursos hídricos pode gerar efeitos nocivos para a saúde dos moradores e dos visitantes, sendo que isso apresenta-se como um forte aspecto negativo para o desenvolvimento do turismo. A erosão do solo também é um sério problema na APAJ, principalmente provocadas pelo constante fluxo de buggys e de visitantes nas dunas de Jenipabu. No local existem dunas móveis e fixas, e seu uso exagerado pode provocar graves efeitos para os aspectos bióticos e abióticos. No tocante ao componente ar, os efeito podem ser percebidos através do gráfico 3. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 354 Gráfico 3: Impactos provocados no ar. Como é possível visualizar nesse último gráfico, os níveis de intensidade dos impactos que incidem no ar então predominantemente em um nível baixo, o que é um fator positivo, pois significa que esse fator até então não sofre muitos impactos do turismo. Contudo a emissão de poluentes pelos meios de transportes utilizados pelo turismo e a emissão de poluentes pelo consumo de energias nos demais serviços turísticos aparecem uma vez com um nível de intensidade 3. Tendo em vista cuja atividade turística que mais gera poluentes no ar são os passeios de buggy, seguido pelos demais poluentes originários do consumo de energia pelas outras atividades. Além desses efeitos foram detectados outros relativos ao turismo existente na APAJ, como apresenta o gráfico 4. Fonte: Pesquisa de campo, 2012. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 355 O gráfico 4 mostra que um grave problema existe no turismo da APAJ, que é a sazonalidade, essa é caracterizada pela alta demanda por produtos turístico em alguns meses do ano e em outros períodos acontece baixa procura pelos produtos. Uma demanda elevada exige da localidade uma série de requisitos que possibilite atender essa demanda, a saber: restaurantes, hotéis, equipamentos de lazer, além da própria infraestrutura básica (fácil acessibilidade, saneamento básico, segurança, entre outros). Com o maior fluxo de turistas, caso o município não dispunha dessas estruturas, possivelmente acarretará em problemas como: congestionamento, má controle sobre os resíduos sólidos gerados, falta de água. De modo que em casos de áreas naturais os principais impactos caem sobre os animais e outros recursos naturais. Sobre esses impactos Machado (2005, p. 78), preconiza que “a atividade deverá estar atenta aos impactos originados da visitação, buscando meios de minimizá-los, seja no cuidado com o ambiente, com os visitantes ou com a comunidade local. [...]” Nota-se assim, a importância que se tem da atividade turística ser controlada. Enquanto isso na baixa estação existe menor procura pelos serviços turísticos, provocando efeitos nocivos para a localidade, tais como: desemprego, baixa ocupação nos meios de hospedagem, menor fluxo em equipamentos de lazer, baixa circulação financeira. Da mesma forma que deve haver um controle acerca do número máximo de visitantes, mostra-se também relevante a busca de metas que estabelecem uma quantia mínima de visitantes, facilitando a manutenção da atividade. Anteriormente, mostrou-se as atividades turísticas que foram possíveis de identificar no presente estudos, entre essas, foi detectada a atividade que menos impacta negativamente na APAJ, como exposto na tabela 1. Tabela 1: Atividade turística menos impactante. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 356 357 Fonte: Pesquisa de campo, 2012. Como mostra a tabela, os impactos gerados pelo passeio a cavalo, em sua maioria estão em um nível considerado baixo, e em alguns casos considera-se que não há impactos. Sendo assim entende-se que essa atividade provoca pouca influência no meio natural da APAJ, portando, entende-se que esse dado aponta um quadro positivo acerca dessa atividade. Ainda sobre os impactos das atividades turísticas, foi possível detectar a atividade mais impactante, como exposto na tabela 2. Tabela 2: Atividade turística mais impactante. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 358 Fonte: Pesquisa de campo, 2012. Nessa tabela estão expostos os impactos gerados pelo passeio de buggy, de modo que a partir da identificação desses, torna-se possível apontar essa atividade como a mais impactante entre as desenvolvidas na APAJ. Tendo em vista que a maioria dos impactos detectados no passeio de buggy estão em nível 3 de intensidade. A partir dessa constatação, pode-se afirma que existe uma eminente necessidade de que aconteça um maior controle dessa atividade, mesmo levando em consideração que existem os documentos administrativos da APAJ que tentam exerce um controle da atividade, além Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 desses, alguns decretos de lei já foram expedidos buscando limitar mais severamente essa atividade. Como fala Pires (2010,) que os danos ao meio ambiente podem provocar queda na qualidade do meio ambiente e consequentemente diminuição do fluxo de visitantes. 4. Considerações finais Diante do exposto, pode-se apontar que alguns atrativos turísticos existentes na APA Jenipabu, configuram-se como de considerável relevância ao desenvolvimento dessa atividade no estado do Rio Grande do Norte, e motivado por esses recursos, atividades turísticas foram implantadas no local. E ao longo do processo de desenvolvimento do turismo, impactos negativos foram sendo gerados ou intensificados por essas atividades ligadas ao turismo, sendo que atualmente pode-se destacar os seguintes impactos: conflito de uso do solo, expansão e poluição arquitetônica, efeitos negativos na vida selvagem, erosão do solo e assoreamento de recursos hídricos, poluição e contaminação por lixo sólido e por efluentes bioquímicos, emissão de poluentes pelos meios de transportes utilizados pelo turismo, emissão de poluentes pelo consumo de energias nos demais serviços turísticos e a sazonalidade. Vale ressaltar que esses impactos estão expostos levando-se em consideração as diversas atividades turísticas da APAJ, contudo de modo geral, torna-se possível apontar que deve-se encontrar meios que possibilitem a minimização desses impactos, em se tratando dos ambientes naturais uma solução seria os estudos de capacidade de carga e impacto ambiental, além de programas de educação ambiental voltados para a comunidade e os visitantes. Salienta-se que o estudo apontou como sendo o passeio a cavalo o menos impactante e o passeio de buggy como o mais. No sentido de minimização dos impactos, percebe-se que a comunidade da APAJ, mobiliza-se com ações que contribuem para a conservação dos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 359 recursos da localidade, com exemplo, pode-se citar o Projeto Jenipabu Limpa, que promove ações de educação ambiental junto as crianças da comunidade. O projeto é desenvolvido pelo Conselho Comunitário da Praia de Genipabu e conta com o apoio dos empresários, escolas, membros do conselho gestor da APA Jenipabu, entre outros segmentos da sociedade. Por fim, entende-se que o presente estudo não trata dos impactos ambientais de cada atividade individualmente, o que abre precedentes para que futuras pesquisas busquem identificar esses impactos, bem como mostrem meios que possibilitem a resolução desses. Mesmo assim, torna-se possível afirma que o trabalho contribui para que melhorias sejam implantadas na APAJ, beneficiando o meio natural, a comunidade e o turismo. ] 5. Bibliografia BARROS, Luis F. F. 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ISBN 978-85-88769-56-4 GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e manejo de trilhas USOS E PERCEPÇÕES ACERCA DA TRILHA DAS LAGOAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS, MINAS GERAIS Vinícius do Couto Carvalho36, Thiza Falqueto Altoé37, José Edimar Vieira Costa Júnior38, Marco Aurélio Leite Fontes39, Aline Pereira40 Resumo Palavras chaves: Planejamento de trilhas; Perfil de visitantes; Lazer; Atividades físicas. O objetivo deste trabalho foi verificar as percepções dos praticantes das atividades físicas, caminhada, corrida e mountain bike, realizadas no campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Lavras - MG, acerca do espaço “Trilha das Lagoas” (percurso não pavimentado inserido na área rural da universidade). Foram aplicados questionários semi-estruturados, durante quinze dias do mês de julho de 2013, na avenida norte da UFLA (área urbanizada do campus, com pavimentação e grande fluxo de praticantes dessas atividades), em turnos diferentes para abranger um número máximo de indivíduos e público diferenciado. Os questionamentos abordaram o conhecimento, uso, frequência de uso, sugestões de melhorias e impedimentos de uso da Trilha das Lagoas (TL). A amostragem foi de 66 entrevistados e os dados coletados foram analisados em porcentagens. A amplitude amostral da idade foi de 15 a 72 anos; 98% dos entrevistados residem em Lavras, sendo 58% do total do gênero masculino. Verificou-se que 67% dos entrevistados conhecem a TL e que, destes, 32% fazem uso dela, porém 29% disseram ir poucas vezes e 21% a utiliza somente nos finais de semana. Do total, 58% das 36 ecosdoturismo@gmail.com , Mestrando, Departamento de Ciências Florestais.,Universidade Federal de Lavras. 37 thizaaltoe@gmail.com , Doutoranda, Departamento de Ciências Florestais, , Universidade Federal de Lavras. 38 jevcjunior@gmail.com , Mestrando, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras. 39 fontes@dcf.ufla.br , Professor, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras. 40 alyneaspereira@hotmail.com , Pesquisador, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 362 pessoas não tinham sugestão para melhoria da TL; 14% sugeriram colocar iluminação, já que praticam atividades à noite e 11% sugeriram melhorar a segurança com aumento da frequência de ronda de vigilantes. Dos entrevistados, 27% afirmaram não terem impedimento para uso da TL; 15% sentem-se inseguros de usá-la por ser um ambiente pouco frequentado; 12% indicaram a falta de iluminação como limitante; para 12% o impedimento é devido à irregularidade do relevo; e outros 11% evitam a TL por terem preferência por local pavimentado. A maioria dos entrevistados tem preferência por realizar atividades físicas nos ambientes mais urbanizados da UFLA, distanciando-os dos benefícios das atividades em áreas naturais, como menor poluição do ar e sonora, apreciação de paisagens diversificadas e de elementos naturais, entre outros. Resumen Palabras clave: planificación de rutas , los visitantes del perfil , ocio , actividades físicas. El objetivo de este estudio fue determinar las percepciones de la práctica de actividades físicas, caminar, correr y montar en bicicleta de montaña, que se celebró en el campus de la Universidad Federal de Lavras ( UFLA ), en el sureste-MG sobre el espacio " Trail of Lakes " ( ruta sin pavimentar insertada en la universidad rural). Los cuestionarios fueron administrados semiestructurada, la quincena del mes de julio de 2013, en North Avenue UFLA (área urbanizada del campus, con la pavimentación y la gran afluencia de practicantes de estas actividades). Las preguntas dirigidas al conocimiento, uso, frecuencia de uso, propuestas de mejora y los obstáculos al uso de la pista de Lagos (TL). La muestra fue de 66 participantes y los datos recogidos fueron analizados en porcentajes. El rango de edad de la muestra fue de 15 a 72 años. Se encontró que el 67% de los encuestados conocen la TL, y que, de éstos, 32% lo utiliza, pero el 29% dijo que ir un par de veces y utiliza sólo el 21% los fines de semana. Del total, el 58% de la gente no tenía ninguna sugerencia para mejorar la TL, 14% sugerido poner iluminación, ya que la práctica de actividades en la noche y el 11% sugirió mejorar la seguridad con una mayor frecuencia de ronda vigilantes. De los encuestados, 27% dijeron que no tenían impedimento para el uso de TL, 15% se siente inseguro de usarlo para ser un entorno escasamente concurrida, el 12% indicó una falta de iluminación como una limitación, el 12% el impedimento se debe a la irregularidad alivio, y otro 11% para evitar TL por tener lugar allanado preferencia. La mayoría de los encuestados tienen una preferencia por las actividades físicas en el UFLA más urbanizada, alejándolas de los beneficios de las actividades en áreas naturales, como menos contaminación atmosférica Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 363 y acústica, la apreciación de la diversidad de paisajes y elementos naturales, entre otros. 1. Introdução O campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Lavras, Minas Gerais, possui uma área de 600 hectares, onde se encontram áreas rurais e urbanizadas, com cultivos, casas de vegetação, hortos, pastagens e prédios, entre outras várias estruturas que trazem a comunidade para seu interior a fim de realizar atividades além das educacionais, como lazer, descanso e atividades físicas em áreas próximas à natureza. Devido ao histórico de uso por alunos e comunidade em geral desses espaços e com a ampliação da área construída, além da criação de espaços direcionados (ciclovia e pistas para caminhadas), a prática de atividades no interior da instituição vem sendo intensificada, e nota-se uma maior busca pelos ambientes para realização de atividades de caminhadas, corridas e ciclismo. 364 A universidade conta atualmente com duas trilhas, uma sendo considerada ambiente urbanizado chamada de trilha alternativa e a segunda inserida no ambiente rural trazendo uma maior proximidade do usuário com a natureza, denominada trilha das Lagoas. A trilha alternativa é asfaltada e pode ser considerada um ambiente de recreação para estudantes e moradores de Lavras, recebendo diariamente um grande número de praticantes de diversas atividades como ciclismo e caminhada. A trilha das Lagoas é constituída por vegetação natural, trilha de terra as margens de lago, conservando a paisagem da área, fato este que traz alguns obstáculos para sua utilização, devido ao variado público que é atraído. O comportamento das pessoas diante da natureza varia constantemente, e as respostas de suas experiências com o mundo natural são tão diversas quanto suas personalidades. Algumas experiências do Homem com o ambiente deixam vívidas lembranças, podendo amalgamar com a natureza, estabelecer um vínculo vitalício, e modificar o comportamento. Estas experiências e encontros constituem-se em dimensões Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 de envolvimento do Homem com a natureza, que são fundamentais para se entender como a mente percebe o meio ambiente (HANAI, 2006). A respeito dos estudos sobre as variações dos comportamentos em diferentes ambientes tendo em vista aspectos correlacionados à qualidade ambiental e de vida, vários autores analisaram situações envolvendo ambientes urbanos e rurais, baseando-se nos diversos níveis da experiência ambiental e das reações decorrentes – descritivas, globais, inferenciais, atitudinais, condutuais e preferenciais (GUIMARÃES, 2005). Atualmente, o contato com a natureza é uma das maiores motivações das viagens de lazer entre os turistas. Fatores como, o crescimento da população mundial; a expectativa de vida mais longa das pessoas; a busca da população (principalmente urbana) por ambientes preservados; a melhoria da situação socioeconômica familiar (pelo menos nos países desenvolvidos); o conseqüente aumento do tempo livre; e as menores barreiras políticas e sociais, influenciam no crescimento observado das atividades turísticas realizadas em espaços rurais e naturais (HANAI, 2006). O ser humano tem usado as trilhas não só com a função de deslocamento, como também de recreação e andar ao longo de um caminho, passar por campos e matas pelo prazer de contemplar a natureza tem sido uma opção do homem moderno, para escapar do tumulto dos grandes centros (CARVALHO et. al., 2002). Porém, a ausência de instalações de facilitação de acesso a áreas naturais dificultam o uso dessas áreas para atender todos os públicos, um dos principais motivos que levam a população a utilizar áreas mais urbanizadas, em sua maioria de asfalto, pela regularidade do relevo, iluminação e amenizando o risco de pequenos acidentes. Se atendidas todas as necessidades podem ocasionar impactos na área e a perda da caracterização de área natural. Estudos abrangeram aspectos voltados à percepção e interpretação da qualidade da experiência ambiental, mais a busca de procedimentos de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 365 mensuração e de avaliações interativas, a exemplo, de categorias, escalas, amplitudes, etc. Também foram desenvolvidos estudos comparativos e aplicados sobre as concordâncias e discordâncias observadas nas reações inferenciais, atitudinais e preferenciais, fossem estas relativas à satisfação individual ou coletiva, respectivas aos ambientes naturais ou construídos e as influências diretas e indiretas, características e atributos, satisfações, insatisfações, etc. (WOHLWILL, 1966; 1970; HEIMSTRA & McFARLING, 1978; GODKIN, 1985), citado por (Guimarães, 2005). Baseado nestas primícias e em uma revisão bibliográfica, buscou-se avaliar neste estudo uma relação entre os usuários da trilha alternativa asfaltada da UFLA e sua percepção em relação à Trilha das Lagoas, quanto ao seu uso e as possíveis modificações necessárias para poder atingir a todos os públicos. 2. Metodologia Para o desenvolvimento da pesquisa optou-se por realizar as entrevistas na trilha alternativa da universidade devido ao número de praticantes de atividades físicas no local ser maior que na Trilha das Lagoas. Para a formulação do questionário foi realizado um pré-teste no mês de abril de 2013, através de questionários semi-estruturados, aplicados durante dois dias nos períodos manhã e noite por componentes do Núcleo de Estudos em Manejo de Unidades de Conservação (NEUC/UFLA), a pessoas que utilizaram a pista alternativa da universidade para suas atividades de lazer. Após adequação dos questionários, iniciaram-se, no mês de maio de 2013, as entrevistas com o uso do questionário semi-estruturado contendo nove questões, as quais tiveram como foco: interesse em estar no local da atividade; preferência em realizar atividades sozinho ou acompanhado; conhecimento, uso, frequência do uso, sugestões ou impedimento para realização de atividades na Trilha das Lagoas; preferência de áreas para uso; e percepção sobre o que são ambientes naturais e ambientes artificiais. Os questionários foram aplicados como entrevistas não-formais por um período de quinze dias (de segunda à sextafeira de cada semana) em turnos diferentes com o intuito de abranger o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 366 número máximo de indivíduos e público diferenciado, totalizando ao fim uma amostragem de 66 indivíduos ao final da pesquisa. Os dados coletados foram analisados em porcentagem. 3. Resultados e Discussão A busca por um maior número amostral, realizando as entrevistas em horários diferenciados, ocasionou um amplo e diversificado público, sendo a faixa etária variada entre 15 e 75 anos de idade com interesses diversificados de motivação à prática de atividades físicas. 16% Porcentagem 14% 12% 10% 8% 6% 4% 367 2% 0% Faixa Etária (anos) Figura1- Porcentagem da faixa etária dos entrevistados. Do total de 66 entrevistados 67% conhecem a Trilha das Lagoas e 33% não, porém esse número é invertido quando quanto ao uso, onde apenas 21% dos entrevistados fazem uso da área quando 79% não fazem. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 90% 79% 80% 67% 70% 60% 50% 40% 33% 30% 21% 20% 10% 0% Conhece a Trilha das Lagoas Não Usa a Trilha das Lagoas Sim Figura 2- Comparação quanto ao conhecimento e uso da Trilha das Lagoas. Uma das questões que compunham o questionário solicitava aos entrevistados que respondessem o motivo que os levaram a escolha da pista alternativa em relação a Trilha das Lagoas, onde um variado número de respostas foram apresentados, destacando a irregularidade do relevo de trilhas de terra, a preferência por áreas iluminadas e demarcadas. Para Ferreti e Lotz (2002), a cultura tem influenciado o comportamento das pessoas em relação ao ambiente e a inter-relação sociedade/natureza é indissolúvel e independe do grau de cultura ou desenvolvimento da sociedade. Contudo, os resultados deste estudo apresentaram o contrário ao exposto, o baixo uso da área da Trilha das Lagoas entre os entrevistados. Porém, um fator de total relevância foi observado quando 58% dos entrevistados afirmaram não ser necessário nenhuma mudança ou melhoria da trilha das Lagoas, alegando a necessidade de ambientes naturais próximos aos centros urbanos, condizendo com o autor (CARVALHO et. al., 2002). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 368 Sinalização 8% Segurança 11% Preservar trilha 2% Nenhuma 58% Lixeiras 2% Limpeza (mato) 6% Iluminação 14% Divulgação 3% Ciclovia 3% Calçar 3% Banheiro 2% Bancos 2% Figura 3 - Amostragem das necessidades de melhorias citadas pelos entrevistados como forma de aumentar o número de usuários da Trilha das Lagoas. Ao analisar as principais causas que impedem que os usuários das trilhas alternativas façam uso também da Trilha das Lagoas se deve a dificuldade de acesso para todos. Como o número de indivíduos que praticam suas atividades pertencem a diferente faixa etária e principalmente condicionamento físico, este se torna um obstáculo. 8% Saúde (esforço físico) 3% 12% 11% Preferência 2% Nenhum 27% 5% Manutenção (poeira) 2% 3% Falta de segurança 15% 2% Falta de Iluminação 12% 2% Difícil acesso (período chuvoso) Cachorro solto Acessibilidade 8% 2% 2% 2% 2% Figura 4 - Fatores que impedem o uso da Trilha das Lagoas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 369 Segundo Mucelin e Bellini (2006), a vivência cotidiana molda padrões comportamentais habituais, neste sentido, o morador urbano tem, na maioria das vezes, situações diárias vivenciadas de forma repetitiva, o que produz uma espécie de máscara, formando uma imagem perceptiva em dois vieses: de um lado o ambiente urbano legível e perceptível vivenciado; de outro, situações e locais imperceptíveis, ocultos ao julgamento perceptivo. 4. Conclusão A partir da realização deste estudo, conclui-se que diante da exaustiva rotina vivenciada pelos seres humanos atualmente, se torna necessário cada dia mais a busca por passar mais tempo em ambientes naturais como forma de minimizar o contato direto com os problemas. Porém, verificou-se que a busca por práticas de atividades físicas engloba uma diversificada faixa etária e com diferentes atrativos, o que contribui para a realização das mesmas em locais com aspectos urbanos como iluminação e relevo plano. Mesmo assim, ao analisar os dados verificou-se que a preferência por locais com mais conforto e acessibilidade não induz ao usuário a necessidade de alterar a estrutura e a paisagem das áreas naturais. 5. Bibliografia CARVALHO.N.F.,WACHTEL.G.,DINIZ.G.M.,CARVALHO.S.G.P.,CARMO.A.V., MOURA.V.,Projeto doces matas, Manual de Introdução à interpretação ambiental, IEF, IBAMA, p.77, 2002. 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Medianeira: UTFPR, 2006. 371 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 03: Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas Sumario 01 Planejamento de uma trilha interpretativa no fragmento de Cerrado 373 no campus UFT Gurupi – TO. 02 Nas trilhas do Horto Botânico (MN-UFRJ): história, diversidade e 385 educação. 03 Proposta de implantação de trilhas interpretativas no Parque 395 Estadual da Serra da Tiririca (Niterói-Maricá/ RJ). 04 O uso de trilhas na Maratona de Educação Ambiental da Estação 415 Ecológica Juréia-Itatins, Peruíbe, SP. 05 Trilhas do Instituto Federal de Barbacena-MG: um estudo para fins 430 socioeducacionais. 06 Elaboração de roteiro interpretativo para a trilha da Fonte, Parque 451 Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS. 07 Planejamento, manejo de trilhas e sociedade. Valorar é proteger. 470 08 Proposta para a implantação de uma trilha interpretativa na 482 Floresta Estadual “Edmundo Navarro de Andrade” – Rio Claro, SP. 09 Educação e interpretação ambiental nas trilhas do Pico do Totoró 503 e Cânions dos Apertados, Currais Novos/RN. 10 Estudo acerca dos indicadores de atratividade da trilha de 515 Carnaubinha, Touros/RN. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 372 GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas Planejamento de uma trilha interpretativa no fragmento de Cerrado no campus UFT Gurupi – TO. André Ferreira dos Santos1 Marcelo Ribeiro Viola2 Marcos Giongo3 Resumo Palavras chaves: Implantação; Cerrado; Conservação da natureza e Educação ambiental. Hoje com a grande necessidade de contato com a natureza, o homem tem buscado criar estruturas que possibilite essa integração. Dentre essas estruturas, as trilhas interpretativas constituem-se como opção de contemplação e aprendizado sobre a preservação e conservação dos recursos naturais. Sendo que as trilhas são roteiros previamente estabelecidos, passando por pontos de interesse, servindo de contato direto com a natureza, mostrando assim a importância de se preservar o ambiente. Para isto as mesmas devem ser bem planejadas e estruturadas, possibilitando assim, cumprir seu papel de interação e sensibilização sobre o ambiente natural. Com a finalidade criar um instrumento de interpretação e sensibilização ambiental, o presente trabalho teve como objetivo planejar a implantação de uma trilha interpretativa, num fragmento de cerrado, localizado dentro do Campus Universitário, como forma de subsidiar atividades de educação ambiental junto à comunidade local e universitária. Para isto, utilizou-se a metodologia de identificação de pontos de interesse, onde estes foram anotados e identificados, onde todos receberam um valor de relevância. Uma vez identificados esses pontos, partiu-se para elaboração do percurso e das estruturas necessárias para a sua implantação. A trilha apresentou um percurso de 600 metros de extensão, com relevo plano, contendo 15 pontos de interpretação ambiental que serviu de orientação para o seu traçado, bem como foi proposto à criação de um ponto de descanso. A mesma recebeu o nome de Trilha dos Buritis, em virtude do percurso final culminar na represa da universidade, local este de grande beleza cênica, devido à existência de dezenas de palmeiras Buriti Mauritia flexuosa L., palmeira bastante 1 andrefs@uft.edu.br. Prof. Adjunto; Curso de Engenharia Florestal; Universidade Federal do Tocantins; Gurupi- TO 2 viola@uft.edu.br. Prof. Adjunto; Curso de Engenharia Florestal; Universidade Federal do Tocantins; Gurupi- TO 3 giongo@uft.edu.br. Prof. Adjunto; Curso de Engenharia Florestal; Universidade Federal do Tocantins; Gurupi- TO Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 373 representativa na região. Esta trilha foi planejada e esta em fase de implantação. Assim que efetivada, a mesma contribuirá na educação ambiental e na sensibilização em preservar e conservar o meio ambiente, junto a comunidade e dos alunos da universidade. Resumen Palabras Clave: Implantación; Cerrado; Conservación la naturaleza y Educación ambiental Hoy día con la gran necesidad de contacto con la naturaleza, el hombre ha tratado de crear estructuras que permitan esta integración. Entre esas estructuras, los senderos interpretativos son una opción de contemplación y de aprendizaje acerca de la preservación y conservación de los recursos naturales. Los senderos son rutas previamente establecidas, pasando por puntos de interés, que actúan como un contacto directo con la naturaleza, lo que demuestra la importancia de preservar el medio ambiente. Para eso deben estar bien planificadas y estructuradas, permitiendo así cumplir con su papel de interacción y conocimiento del entorno natural. Con el fin de crear un instrumento de interpretación y sensibilización ambiental, el presente estudio tuvo como objetivo planificar la implantación de un sendero interpretativo en un fragmento de cerrado, ubicado en el campus universitario, como una forma de ofrecer actividades de educación ambiental con la comunidad local y la universidad. Para alcanzar el objetivo, se utilizó la metodología de identificación de los puntos de interés, donde se han registrado e identificado donde todos recibieron un valor de relevancia. Una vez identificados estos puntos, elaboró se la ruta y las estructuras necesarias para su aplicación. El sendero tiene una distancia de 600 metros de largo, con terreno plano, con 15 puntos de interpretación ambiental que sirvió como guía para el trazado, y también se propuso la creación de un punto de descanso. El mismo se llamó el “Sendero de los Buritis” porque la ruta final culmina en la presa de la universidad, lugar de gran belleza escénica, porque hay decenas de palmas Buriti (Mauritia flexuosa L.), muy representativas de la región. Este sendero fue planeado y se encuentra en la fase de implementación. Una vez efectuado, irá contribuir con la educación y sensibilización ambiental para preservar y conservar el medio ambiente junto a la comunidad y los estudiantes de la universidad. 1. Introdução Com a formação dos centros urbanos, as pessoas deixaram de ter um contato mais próximo com o ambiente natural, com isto perdendo a capacidade de perceberem o quanto a vegetação é importante no seu dia a dia. E para que o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 374 mesmo não perca o contato com a natureza. O homem vem criando estruturas que possibilite uma maior integração com a natureza e com o meio ambiente. Dentre as inúmeras opções de lazer e recreação estão às trilhas ecológicas. Diante disto as trilhas interpretativas constituem-se em um roteiro previamente estabelecido em um sitio natural, passando por pontos de interesse que servem de contato direto com a natureza, mostrando a importância de se manter um ecossistema florestal. Conforme Schelhas (1986) as trilhas são opções onde visitantes de unidades de conservação podem aproveitar e conhecer um ambiente natural; além de desempenhar um importante papel de educação ambiental. Negreiros et al. (1992) diz que na elaboração de um plano de manejo de uma área florestal, devem ser oferecidos meios para que as pessoas possam excursionar nos locais mais interessantes do parque, dessa forma devem ser elaboradas trilhas interpretativas que levem o visitante, de forma segura e orientada, até estes locais. As trilhas interpretativas, vão além de uma simples caminhada em ambientes naturais, pois as mesmas constituem como um instrumento pedagógico, onde proporcione aos visitantes (escolas, grupos de terceira idade, pessoas comuns, etc.) a possibilidade de aprendizado pratico da importância e influencia dos recursos naturais na sobrevivência humana. No planejamento e na implantação de uma trilha interpretativa, é necessários tomar algumas medidas importantes, tudo isto para que a mesma desempenhe sua função de orientação e conhecimento do ambiente onde a mesma esta inserida. Dentre essas medidas, podemos citar duas que tem papel importante no planejamento: a identificação e seleção de pontos interpretativos e as técnicas e equipamentos a serem construídos. Magro e Freixêdas (1998) diz que identificar e selecionar pontos interpretativos ambientais ajuda e muito na hora de planejar trilhas educativas e ecológicas. Desta forma, a escolha destes pontos despertara a curiosidade do visitante Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 375 sobre os recursos naturais e culturais existentes nas áreas silvestres, devendo ter uma preocupação constante em aumentar a qualidade da experiência da visitação. Podemos dizer que quando escolhemos uma área para ser planejada uma trilha, devemos considerar os pontos de interesse, como: espécies de árvores nativas e representativas da área, cachoeiras, bem como pontos a serem evitados: áreas de solos frágeis, regiões íngremes, tudo isto nos auxiliará no traçado principal da trilha interpretativa (HAM, 1992). Segundo Lechner (2006) para que uma trilha execute a função a que se destina é importante que o seu planejamento, implantação e manejo estejam adequados à destinação proposta, especialmente quando ela estiver localizada em uma área natural protegida. O planejamento e a construção desses caminhos através do espaço geográfico, histórico e cultural devem atender tanto as necessidades dos usuários, como da conservação dos seus recursos. Na elaboração de implantação de trilhas, é necessário um levantamento de subsídios utilizando procedimentos metodológicos que auxiliarão na coleta dos dados. Nesta coleta de dados devem ser considerados os seguintes aspectos: definição do traçado, análise da paisagem, extensão, direção, declividade, além de dados extras coletados durante a busca destas informações. A próxima etapa será de implantação, da própria abertura (construção) da trilha, que vai mostrar as intervenções que serão feitas na área, como construção de pontes, bancos, cortes, aterro, limpeza do percurso, obras de drenagem, sinalização, etc. (ANDRADE, 2003). Uma vez bem planejadas, as trilhas, constituem-se como um importante instrumento pedagógico, o qual oferece oportunidade de contato intimo entre o homem e a natureza. Com a finalidade de suprir carência, de um instrumento de interação e sensibilização ambiental, o presente trabalho teve como objetivo de planejamento e propor a criação de uma trilha interpretativa no Campus Universitário de Gurupi como forma de subsidiar atividades de educação ambiental junto à comunidade local e regional. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 376 2. Metodologia O presente trabalho foi realizado no município de Gurupi, sul do Tocantins, dentro de em um fragmento de cerrado localizado no campus da UFT de Gurupi Figura1. 377 Figura 1. Localização do fragmento de cerrado dentro do campus da UFT no município de Gurupi. A identificação de pontos de interesse na trilha foi coletada através de visita em loco e com o auxilio de uma ficha de campo, onde foram anotados e identificados pontos potenciais e de interesse. Nesta fase, com o auxilio do binóculo, lupa, câmera fotográfica foi possível à identificação de pontos de interpretação ambiental em campo, como espécies de árvores e plantas endêmicas, fauna da região, insetos e polinizadores, como dispersores de sementes, identificação de estruturas vegetais presente na mata, mostrando a importância da preservação desses ecossistemas. Todos estes pontos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 receberam um valor de relevância, conforme metodologia de (MAGRO e FREIXÊDAS, 1998), os quais em escritório foram computados e analisados. Após as análises, fez-se uma nova visita na área onde se pode definir um traçado preliminar da futura trilha a ser implantada, contemplando os pontos de interesses ambientais. A metodologia para a elaboração e planejamento deste trabalho baseou se em (ANDRADE e ROCHA, 2003) onde determina procedimentos básicos de planejamento e implantação de trilhas: como classificação; planejamento e a implantação. características Para isto, o traçado da trilha estudada foi baseado nas locais, obedecendo ao traçado pré-existente na área, contribuindo assim na classificação da mesma. Já o planejamento foi elaborado em campo e escritório, através de apoio em mapas topográficos, mapas de solos, e avaliação da vegetação local. Para a implantação da trilha, foram propostas diversas obras as quais puderam contribuir na execução de um projeto seguro e dinâmico.Estas obras foram: a demarcação de locais que necessitavam de algumas estruturas de apoio (pontes, corrimão, etc.). Já a largura do traçado da trilha seguiu orientação de (LECHNER, 2006) apresentando 1,5 m de largura; com 2,5 metros de altura; o piso foi aplainado e feita uma capina nos locais onde a vegetação apresentava-se bastante coberta. As pontes bem como os corrimãos foram feitos de madeira, eucalipto tratado, não recebendo pintura para ficar o mais rústico possível sem causar grandes impactos visuais ao ambiente. Foi previsto a construção de um ponto de descanso, contendo bancos, lixeiras. Foram alocadas as placas informativas dos pontos de interesse interpretativo. Esta trilha teve seu percurso, inteiramente dentro do fragmento do cerrado. Este fragmento fica localizado dentro do campus e na borda da represa do campus. A trilha recebeu o nome de Trilha dos Buritis, devido o seu percurso final culminar na represa, local este onde temos dezenas de palmeiras Buritis, palmeira bastante representativa na região. A totalização do percurso da trilha apresentou um distancia de aproximadamente 1200 metros, com relevo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 378 bastante plano, tornando esta trilha como de fácil percurso e grande diversidade cênica. Ao longo da trilha, foram locados pontos de descanso, onde os visitantes pudessem descansar como também contemplar a natureza. Nestes locais foram locados bancos, lixeiras e placas informativas do percurso restante. Instalaram-se três pontos de descanso, em locais que oferecesse uma maior beleza cênica; a qual o visitante pudesse desfrutar melhor do ambiente, estes pontos apresentavam atrativo como pequenas quedas de águas, local de contemplação da natureza, observação de vestígios de possíveis animais silvestres do local, etc. Foram locadas, placas informativas ao longo de todo percurso da trilha, onde as mesmas continham informações importantes na educação e sensibilização ambiental dos visitantes, sobre o local; como: nomes de espécies de arvores, previamente identificadas e representativas do bioma cerrado. Além de todas essas transformações foram executadas melhorias no seu percurso, as quais facilitariam a caminhada na trilha, como: implantação de pontes, corrimões, escadas, correção de terreno, lixeiras, bancos, etc. Enfim todo o processo da implantação da trilha procurou-se, estabelecer critérios de melhoria do ambiente, levando-se em consideração as características naturais da área bem como a preocupação na preservação do meio ambiente local. Com isto podese traçar o percurso de acordo com as metodologias sugeridas bem como preservar as condições ambientais locais, diminuindo assim o impacto na área. 3. Resultados e Discussões • Pontos de interesse ambiental Foram encontrados 15 pontos possíveis de interesse de interpretação, porem conforme o valor e peso atribuído a cada um foi definido aos seguintes pontos que segue na Tabela 1. Tabela 1. Pontos selecionados de interpretação ambiental. Ponto Epífitas Informações relevantes As epífitas vivem sobre os troncos das arvores, nada retiram delas apenas buscam uma maior luminosidade e ainda retribuem o abrigo atraindo animais polinizadores, como o beija-flor, tem uma relação de simbiose com os vegetais. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 379 Cipó Figura 1 (a) Os Cipos chamam mais a atenção por suas formas retorcidas, emaranhadas, espiraladas, enfeixadas ou trançadas, porem são muito mais: pois guardam remédios e venenos além de servir como cordas e na fabricação de cestos. Arvores morta As arvores morta tem impotência na interpretação ambiental, pois as mesmas vão conferir informações sobre o processo cíclico da natureza, mostrando a importância da decomposição nas formações florestais. Um formigueiro é a habitação de formigas, onde vivem em sociedade, geralmente construído na terra ou em velhos tocos ou troncos de árvores. A maioria das formigas em uma colônia é formada por fêmeas, reprodutoras (rainhas) e não reprodutoras (operárias). Essas últimas fazem o trabalho pesado: constroem o ninho, coletam comida e água, limpam, alimentam machos, larvas, e em alguns casos a rainha, e protegem o formigueiro. O cupinzeiro é um aglomerado de terra e outros resíduos, edificado pelos cupins, constituindo o seu ninho. Os cupins são os grandes construtores do mundo dos insetos. As paredes dos cupinzeiros são feitas de partículas de solo retiradas pelos pequenos cupins operários e misturadas à saliva para formar uma substância dura semelhante ao tijolo, resistente a tudo, exceto a um predador persistente. Árvores cujas copas estão acima do nível geral do povoamento florestal, conferindo informações sobre as espécies que sobressai o dossel das florestas, exemplificando os diferentes extratos da floresta. Ocorre naturalmente isolada ou em grupos, de preferência nos terrenos pantanosos, sendo por isso denominada Palmeira-do-brejo, Buritis Altos, entre outros. No bioma Cerrado é a espécie que caracteriza as veredas, marcante fitofisionomia da região, ocorrendo também em matas de galeria e ciliares, podendo formar densos buritizais, ocorre em solos mal drenados, em áreas de baixa altitude até 1000m, sendo considerada a palmeira mais abundante do país. É a destruição do solo e das rochas e seu transporte, em geral feito pela água da chuva, pelo vento ou, ainda, pela ação do gelo, quando este atua expandindo o material no qual se infiltra a água congelada. A erosão destrói as estruturas (areias, argilas, óxidos e húmus) que compõem o solo. Estas são transportadas para as partes mais baixas dos relevos e em geral vão assorear cursos d'água. Canga pode ser definida como uma rocha porosa, porém resistente, que se forma próxima ou na própria superfície do terreno, constituída por fragmentos detríticos de rochas, comumente hematita ou itabirito, cimentados por uma matriz de limonita porosa. Formigueiros Cupinzeiros Figura 1 (b) Árvores dominantes Palmeira Buriti Erosões Rochas canga) (pedra Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 380 Figura 1 Alguns dos pontos identificados na trilha: Cipo (a) e Cupinzeiros (b). Através do levantamento dos pontos de interesse dentro dá área pudemos, ter noção do que seria interessante termo como pontos de interesse de interpretação ambiental. Uma vez de posse destes pontos pudemos traçar o percurso e a estruturação da trilha. • Percurso e estruturação Além dos pontos de interesse também se levou em conta na hora do traçado o percurso já pré-existente dentro do fragmento. Somente fez algumas alterações para que o mesmo passasse por toso os pontos de identificados. O percurso da trilha ficou totalmente dentro do fragmento, sob o dossel das árvores, sendo de esta totalizou um percurso em 1200 m (trilha de médio percurso). Teve seu formato determinado como Linear, conforme definição de Andrade e Rocha (2008), tendo como principal objetivo com que o visitante chegue a um ponto de interesse final Figura 2. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 381 ENTRADA SAIDA Buritizal Fonte (Google, 2013) Percurso da trilha 382 Figura 2 Ilustração do percurso da trilha na forma de Linear. Quanto à estruturação foram locados diversos equipamentos necessários a segurança, identificação e utilização da mesma. Foram locadas, placas informativas ao longo de todo percurso da trilha, onde as mesmas continham informações importantes na educação e sensibilização ambiental dos visitantes, sobre o local; como: informação sobre trilha (nome da trilha Figura 3, distância, etc.), nomes de espécies de arvores, previamente identificadas e representativas da região. Além de todas essas transformações foram executadas melhorias no seu percurso, as quais facilitariam a caminhada na trilha, como: entrada da trilha (Figura 3) implantação de pontes, corrimões, escadas, correção de terreno, lixeiras, bancos, etc. Enfim todo o processo da implantação da trilha procurou-se, estabelecer critérios de melhoria do ambiente, levando-se em consideração as características naturais da área bem como a preocupação na preservação do meio ambiente local. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 3. Entrada da trilha: Placa do nome da trilha (a); Foto do local de entrada (b) e ilustração da entrada da trilha (c). 4. Conclusões Conclui-se que a implantação de uma trilha interpretativa, vai além do que simplesmente abrir uma “picada” na mata. Devem-se levar em consideração os aspectos ambientais do local, identificar pontos de interesse ambiental, seguir algumas metodologias com menor impacto da área como também ofereça uma opção de lazer e educação ambiental aos visitantes. A implantação da Trilha dos Buritis, no campus contribuiu como mais uma opção de atividade de recreação e educação ambiental, colocando os visitantes em contato maior com a natureza do local, bem como despertando a sensibilização, nessas pessoas a importância de preservação, conservação do meio ambiente. 5. Bibliografia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 383 ANDRADE, W. J. Implantação e Manejo de Trilhas. In: MITRAUD, S.(Org.). Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramenta para um Planejamento responsável. Brasília: WWF Brasil, 2003. Andrade, W. J; Rocha, R. F. Manejo de trilhas: um manual para gestores. São Paulo: Instituto Florestal. n. 35, p. 1-74. 2008. (Serie Registros). HAM, S. H. Interpretacion Ambiental: Uma Guia Practica para Gente com Grandes Ideas y Presupuestos Pequenos. North. Am. Press; Colorado USA. 1992. 473p. LECHNER, L. Planejamento, implantação e manejo de trilhas em unidades de conservação. Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. Cadernos de Conservação, n.3, jun. 2006. MAGRO, T. C.; FREIXÊDAS, V. M. Trilhas: como Facilitar a Seleção de Pontos Interpretativos. Piracicaba: IPEF. 1998. (Circular técnico n. 186) NEGERIROS, O.C. et al.. Plano de manejo para o parque Estadual Ilha do Cardoso. São Paulo: Instituto Florestal, n. 9, 1992, 56 p. (Boletim do Instituto Florestal) SCHELHAS, J. Construção e manutenção de trilhas. São Paulo: Instituto Florestal, n. IV, 1996. 42 p. (Boletim do Instituto Florestal). 384 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas NAS TRILHAS DO HORTO BOTÂNICO (MN-UFRJ): HISTÓRIA, DIVERSIDADE E EDUCAÇÃO Arthur Rodrigues Lourenço4 Renan Zanobine Zanatta5 Juliana dos Santos Félix Salles6 Aline de Jesus Correia7 Cristiana Koschnitzke8 Resumo Palavras-chave: Área verde urbana, escolas, visitas guiadas O Horto Botânico do Museu Nacional (UFRJ) está localizado na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, RJ. Essa área foi anexada em 1896 e tornou-se principalmente um local para experimentos de pesquisa científica. A sua coleção viva apresenta espécies brasileiras e exóticas distribuídas em 20.000m². As trilhas interpretativas estão sendo realizadas desde março de 2013, com alunos da rede municipal de ensino, com o objetivo de conscientizar o público-alvo sobre questões ambientais utilizando a percepção ambiental para estimular a valorização e conservação da natureza. As visitas estão sendo realizadas duas vezes por mês. Um docente, dois biólogos e quatro alunos de graduação se revezam para guiar os visitantes pela trilha onde estão árvores que servem de ponto de parada para explicações. As explicações variam de acordo com a faixa etária dos visitantes. São abordados temas como características ecológicas, econômicas e culturais extrapolando para problemas ambientais dos ecossistemas. A apresentação das informações é de forma dialogada permitindo a participação dos visitantes tirando dúvidas e compartilhando suas próprias experiências. Foram realizadas até o momento seis visitas guiadas com crianças de diversas faixas etárias. As árvores que mais chamam a atenção são aquelas em que o visitante tem contato com produtos industrializados provenientes destas plantas, como Theobroma cacao (chocolate), ou conhecimento familiar, como Genipa americana (jenipapo), ou pelo contato com a arborização urbana da cidade do Rio de Janeiro, como Couroupita guianensis (abricó de macaco). As enormes raízes de algumas 4 arthur.rodrigues_l@yahoo.com.br Graduando em Ciências Biológicas Graduando em Ciências Biológicas 6 Graduando em Ciências Biológicas 7 Graduando em Ciências Biológicas 8 Profa. Departamento de Botânica, Museu Nacional, UFRJ 5 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 385 espécies de Ficus causam grande admiração. Diante da Caesalpinia echinata (pau-brasil), espécie ameaçada de extinção, é ressaltado a necessidade da preservação das espécies. Estas ótimas experiências iniciais, levou-nos a considerar um aumento do número de visitas por mês no futuro e a diversificar os temas abordados durante as trilhas englobando assuntos zoológicos. Resumen Palabras-clave: Area verde urbana, escuelas, visitas guiadas El Jardín Botánico del Museo Nacional ( UFRJ ) se encuentra en Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, RJ . Esta área fue anexada en 1896 y se convirtió en todo un lugar para los experimentos de investigación científica. Su colección en vivo cuenta con especies exóticas de Brasil y se distribuye en 20.000 m². Los senderos interpretativos están llevando a cabo desde marzo de 2013, con los alumnos de las escuelas municipales, con el objetivo de educar a la audiencia acerca de los problemas ambientales mediante la percepción ambiental para estimular el aprecio y la conservación de la naturaleza. Las visitas se llevan a cabo dos veces al mes. Un maestro, dos biólogos y cuatro estudiantes universitarios se turnan para guiar a los visitantes a lo largo de la ruta donde se encuentran los árboles que sirven como parada para explicaciones. Las explicaciones varían según el grupo de edad de los visitantes. Son temas tales como las características ecológicas, los problemas económicos y culturales extrapolar a los ecosistemas ambientales. La presentación de la información es forma de diálogo que permite la participación de los visitantes a hacer preguntas y compartir sus propias experiencias. Ha hecho hasta ahora seis visitas con niños de diferentes edades. Los árboles más sorprendentes son aquellos en los que el visitante tiene contacto con productos industrializados de estas plantas, como Theobroma cacao (chocolate), o conocimiento familiar, como Genipa americana (jenipapo), o por el contacto con la ciudad de silvicultura urbana Río de Janeiro, como Couroupita guianensis (bala de cañón). Las enormes raíces de algunas especies de Ficus causan gran admiración. Dada la Caesalpinia echinata (pau-brasil), una especie en peligro de extinción, se hizo hincapié en la necesidad de preservar la especie. Estos grandes experiencias tempranas llevaron a considerar un aumento en el número de visitas al mes en el futuro y diversificar los temas tratados durante las rutas que cubren temas zoológicos. 1. Introdução: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 386 O Horto Botânico do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro é uma das poucas áreas verdes do bairro de São Cristóvão, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Essa área foi anexada ao Museu Nacional em 1896 e possui 40.748,50m² e uma coleção viva (ca. 20.000m2) de espécies vegetais introduzidas principalmente por pesquisadores e docentes do Museu Nacional. Existem representantes da flora brasileira de diversos ecossistemas como região amazônica e restinga (Azevedo et al. 2008), e também de espécies exóticas, muitas delas ornamentais. Atualmente está vinculado principalmente ao ensino e à pesquisa universitária, sendo local de treinamento de alunos de iniciação científica e fonte de material para aulas práticas de professores universitários. Muitas de suas espécies já foram estudadas em vários aspectos científicos (Mello & Neves 1990, Cunha 2002, Pereira & Carauta 2003, Alves et al. 2005, Conceição 2006). Levantamento parcial de suas espécies foi realizado para alguns grupos de espécies como plantas aquáticas (Moreira & Bove 2008), espécies de Moraceae (Neves & Carauta 2004) e de Urticaceae (Carauta et al. 2004). Também abriga uma variedade de animais como morcegos (Pereira & Lustosa, 2009), anfíbios (Silveira, 2007), maritacas, gaviões, saguis, garças, beija-flores, araras, aranhas, sem falar na gama de insetos que desempenham um papel relevante na polinização de grande número de vegetais. Já possuiu uma relevante representatividade da fauna de odonatas do estado do Rio de Janeiro. O Horto apresenta, em suas dependências, construções históricas como a base de uma estufa inacabada, datada de 1910; tanques construídos em 1911; uma torre provida de uma caixa d´água utilizada, na época, para regular o sistema de canais comunicantes de canteiros para plantas aquáticas inaugurados em 1917; também é dessa época a construção do chafariz, que por causa do problema da falta de água na ocasião, foi interligado ao sistema de água potável da cidade. Outra construção importante corresponde à Casa de Pteridófitas de 1930. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 387 Entre 1997 e 1999 foi executado um projeto de educação ambiental intitulado “No meio de verde, brincando e aprendendo”, onde visitas monitoradas foram realizadas para alunos do ensino fundamental da rede Municipal de Ensino, para grupos de 3a idade da UNATI-UERJ e grupos de deficientes visuais e auditivos, guiadas por professores e biólogos do Departamento de Botânica do Museu Nacional. As visitas consistiam em roteiros pré-estabelecidos onde, durante uma caminhada, eram abordados vários temas ligados ao meio ambiente e sua importância no equilíbrio ecológico do planeta através de informações sobre a vegetação local, em especial árvores, objetivando despertar uma visão preservacionista no educando. Posteriormente o Horto Botânico só era aberto à população em eventos como as festividades do aniversário do Museu Nacional (Figura 1) ou na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (Figura 2), onde os visitantes destes eventos, interessados em conhecer o Horto, se inscreviam e durante as visitas guiadas as pessoas eram levadas a percorrerem a trilha interpretativa. Desde março de 2013, as visitas monitoradas têm sido oferecidas periodicamente, duas vezes por mês, a grupos organizados interessados. O Horto Botânico tem um enorme potencial educacional e científico, como um jardim botânico deve ser um instrumento utilizado para a conservação da natureza. O objetivo nas visitas monitoradas realizadas na trilha do Horto é conscientizar o público-alvo sobre as questões ambientais e difundir ideias que levem ao aumento do comportamento pró-ambiente. 2. Metodologia Os responsáveis pelas escolas interessadas em fazer a visita monitorada no Horto Botânico do Museu Nacional – UFRJ, agendaram suas visitas através do Serviço de Assistência ao Ensino do Museu Nacional – UFRJ. As visitas estão ocorrendo quinzenalmente e tem a duração de aproximadamente 40 minutos. Um docente, dois biólogos e quatro alunos de graduação se revezaram para guiar os visitantes. No início da trilha são abordadas informações históricas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 388 sobre o Horto Botânico e sua atual função dentro do Museu Nacional e da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Posteriormente os visitantes foram conduzidos até as árvores que servem de ponto de parada para explicações. As explicações variaram de acordo com a faixa etária dos visitantes e as informações técnico-científicas foram transmitidas para uma linguagem compreensível pelo público. Foram abordados temas como características ecológicas das espécies em seu ecossistema natural, o perigo de extinção com a destruição das florestas, a questão das espécies invasoras; características econômicas mostrando a importância das plantas em nossas vidas através da utilização, como por exemplo, medicinal, através de cosméticos, alimento, na arborização urbana; e características culturais como o uso destas plantas para rituais religiosos, sua utilização nas manifestações folclóricas e históricas da nossa nação. Sempre que possível foram destacados os problemas ambientais dos ecossistemas relacionando com assuntos mais atuais e da realidade dos visitantes. A apresentação das informações foi feita de forma dialogada permitindo a participação dos visitantes tirando dúvidas e compartilhando suas próprias experiências. Em algumas plantas foi proposto o contato físico dos visitantes para estimular sua curiosidade ou apelar para os seus sentidos (tato, audição, olfato) (Figura 3). 3. Resultados e Discussão: Foram realizadas, até o momento, seis visitas guiadas com crianças de diversas faixas etárias de escolas municipais e seus respectivos professores responsáveis, perfazendo cerca de 240 visitantes. Em geral, na trilha são destacadas 17 espécies de árvores (Tabela 1), contudo outras plantas também foram, conforme o interesse do grupo. As árvores que mais chamam a atenção são aquelas em que o visitante tem contato com produtos industrializados provenientes destas plantas, como Theobroma cacao (chocolate) (Figura 4) normalmente é o primeiro contato com os seus frutos e/ou flores. Os visitantes ao receberem a informação que o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 389 Artocarpus heterophyllus Lam. (jaqueira) é uma espécie exótica ficam surpresos e muitos associam a presença abundante dessa espécie na Floresta da Tijuca como um demonstrativo de que seja nativa, nesta ocasião foi apresentada a história da formação da Floresta da Tijuca. Muitas crianças também nunca viram uma bananeira (Musa sp.), além de disso foi abordado o assunto do perigo de deslizamentos quando são plantadas bananeiras nas encostas devido ao sistema radicular e caulinar que é muito superficial ao solo. Quando foi mostrada uma árvore de Genipa americana (jenipapo) a primeira lembrança de alguns visitantes tinha foi o licor desse fruto que o pai ou avô faziam ou tomavam. A Couroupita guianensis (abricó de macaco), em geral, é bastante conhecida pelos visitantes pelo contato que tiveram com a arborização urbana da cidade do Rio de Janeiro, onde esta espécie foi muito disseminada apesar do risco que os grandes frutos apresentam ao caírem sobre carros e pedestres. As enormes raízes tabulares do Ficus benjamina L. (espécie exótica e muito utilizada como planta ornamental até em vasos), Ficus tomentella (Miq.) Miq. (espécie nativa) e Ficus enormis (Miq.) Miq. (espécie nativa que atinge grandes dimensões) causam grande admiração e a informação que os indígenas se comunicam dentro da floresta batendo nestas raízes tabulares produzindo um som de tambor geralmente leva as crianças a fazerem o mesmo para constatar se realmente é assim. Todos gostam de conhecer a andiroba (Carapa guianensis) por ter se tornado conhecida devido ao uso do óleo das sementes em cosméticos, além disso destaca-se que os povos da floresta amazônica o utilizam como repelente contra insetos. A maior árvore do Horto Botânico, um indivíduo de Hymenea courbaril (jatobá) também provoca impacto nas crianças, nesta espécie é abordado a utilidade comestível de seus frutos que podem até ser adquirido em mercados. Diante da Caesalpinia echinata (pau-brasil) é explicado o motivo de seu nome, a extração de tintura e a ameaça de extermínio desta espécie ressaltando-se a necessidade da preservação das espécies. A importância da Cecropia glaziovii (embaúba) foi muito ressaltada por ser uma espécie pioneira que coloniza Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 390 áreas de mata que sofreram alguma degradação, sua relação de mutualismo com as formigas e por ser fonte de alimento para diversos tipos de animais nas florestas. Foram levados alguns frutos inteiros de sapucaia para que, junto a essa árvore, mostrar como o fruto é antes de abrir e suas sementes caírem, isso porque normalmente observa-se nas árvores frutos já abertos e sem sementes. O contato físico com algumas características das plantas ocorreram principalmente com as folhas do Eucaliptus sp. que foram amassadas para liberação do odor característicos onde foram citadas suas propriedades medicinais. Alguns adultos ficaram surpresos ao ver o diâmetro do tronco dos indivíduos de eucalipto pois estavam acostumados a ver os caules finos dos reflorestamentos. O tronco da Melaleuca sp. é um dos troncos mais tocados durante a trilha (Figura 3) por causa de seu córtex com textura de papel que o faz ser mole. Sempre teve algum visitante que se aproximou dos espinhos do caule da Hura crepitans (assacú) para tocá-los querendo constatar se realmente não saiam com facilidade. No meio do trajeto da trilha existe uma área onde os funcionários que trabalham no Horto Botânico normalmente fazem compostagem para o preparo de terra adubada utilizada nos canteiros. Nesse ponto há uma parada com os visitantes para explicações sobre a problemática dos solos exauridos e da possibilidade de reutilização do lixo orgânico no preparo de húmus através da compostagem. Alguns adultos que acompanharam as crianças durante as visita monitoradas comentaram que já conheciam a Quinta da Boa Vista mas nunca tinham prestado atenção nesta grande área verde do Horto Botânico. Com isso percebemos a necessidade de continuar esse trabalho permitindo a população, através das visitas monitoradas, de não só conhecerem esse acervo vivo do Museu Nacional mas levar os visitantes à reflexão sobre os problemas ambientais e a forma como cada um pode contribuir para resolvêlos. Esperamos que essas informações transmitidas durante as visitas monitoradas tenham sensibilizado os visitantes e provocado o início de um Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 391 processo de mudança de comportamento, incorporando os conhecimentos adquiridos aos seus hábitos cotidianos. 4. Bibliografia ALVES, R. J. V.; PINTO, A. C.; COSTA, A. V. M.; REZENDE, C. M.. Zizyphus mauritiana Lam. (Rhamnaceae) and the Chemical Composition of its Floral Fecal Odor. Journal of the Brazilian Chemical Society, v.16, p. 654-656, 2005. AZEVEDO, N.; CORTES, B. A.; SÁ, M. R. Um caminho para a ciência: a trajetória da botânica Leda Dau. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, V.15, p. 209-229, 2008. CARAUTA, J. P. P.; NEVES, L. J.; DIAZ, B. E.; ROCHA, E. S. F.; MACHADO, A. F. P. Urticineae (Urticales) do Horto do Museu Nacional, Rio de Janeiro, Nota Prévia. Albertoa, Série Urticineae (Urticales) v.17, p. 105109, 2004. CUNHA, M. P. O. Contribuição ao conhecimento da biologia floral de Canna indica L. e experimentos sobre fatores relacionados à produção de frutos e sementes. Monografia de Graduação em Ciências Biológicas, Centro Universitário Augusto Motta, 2004. CONCEIÇÃO, T. P. Estudos reprodutivos de Cascabela thevetia (L.) Lippold (Apocynaceae) no Horto Botânico do Museu Nacional/UFRJ. Monografia de Graduação em Ciências Biológicas, Centro Universitário Celso Lisboa, 2006. MELLO FILHO, L. E.; NEVES, L. J. Caso de nostogamia em Ficus microcarpa L.f. Bradea v. 31, p. 334-337, 1990. MOREIRA, A. D. R.; BOVE, C. P. Plantas aquáticas do Horto Botânico do Museu Nacional do Rio de Janeiro. 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Anexos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 392 Tabela 1- Lista de espécies de plantas, em ordem de apresentação durante a trilha interpretativa no Horto Botânico do Museu Nacional-UFRJ, com seus respectivos nomes populares, localidade de origem e temas abordados durante as explicações. Espécies Nomes populares origem Assuntos abordados Adansonia digitata L. Baobá África Cultural Attalea speciosa Mart. ex Spreng Babaçu Brasil Econômico Ficus spp. Figueira Maioria exóticas Econômico, Cultural Couroupita guianensis Aublet. Abricó-demacaco Região Amazônica Econômico Eucaliptus spp. Eucalipto Austrália Econômico, Medicinal Phoenix dactylifera L. Tamareira Índia Econômico Cecropia glaziovii Snethl. Embaúba Brasil Ecológico Melaleuca sp. Melaleuca Austrália Medicinal Mangifera indica L. Mangueira Índia, Ásia Econômico, Medicinal Genipa americana L. Jenipapo América do Sul Econômico, Medicinal Lecythis pisonis Camb. Sapucaia Região Amazônica Econômico, Medicinal Theobroma cacao L. Cacau Florestas Tropicais Econômico Hura crepitans L. Assacú Região Amazônica Econômico, Cultural, Histórico, Atualidades Carapa guianensis Aubl. Andiroba Região Amazônica Medicinal, Econômico Hymenea courbaril L. Jatobá Brasil Econômico Caesalpinia echinata Pau-brasil Brasil Econômico, Ecológico Calycophyllum spruceanum (Benth) Schum Pau-mulato Região Amazônica Econômico, Cultural 393 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 394 Figuras 1 – Visita monitorada durante o Aniversário do Museu Nacional-UFRJ em 2012. 2 – Visita monitorada durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em 2012. 3 – Visitantes tocando no caule de Melaleuca sp. 4 – Monitora da visita guiada mostrando um indivíduo de Theobroma cacao. GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE TRILHAS INTERPRETATIVAS NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA (NITERÓI-MARICÁ/ RJ) Camila Pinto Meireles1, Stephanie Maia2, Mariana Macêdo Barcellos3, Douglas de Souza Pimentel4 Resumo Palavras-chave: Interpretação Ambiental; Educação Ambiental; Enseada do Bananal; Morro das Andorinhas; Parque Estadual da Serra da Tiririca. Os parques têm como objetivo básico a preservação dos ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas, atividades de educação e interpretação ambiental, recreação e turismo ecológico. Nesse sentido, Trilhas Interpretativas (TIs) podem auxiliar no planejamento e gestão do uso público nos parques e se configurar como importantes estratégias de conservação, pois sensibilizam e colaboram para a tomada de consciência sobre questões socioambientais, minimizam impactos negativos da visitação e envolvem os participantes na conservação da biodiversidade, além de auxiliarem estudantes no processo de ensino-aprendizagem. O presente trabalho apresenta uma proposta de TIs no Parque Estadual da Serra da Tiririca (RJ), objetivando o desenvolvimento de um processo de educação ambiental com alunos de Ensino Médio de Niterói. As TIs foram implantadas na Enseada do Bananal e no Morro das Andorinhas, através da adaptação do método de Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos. O levantamento de atrativos foi realizado em abril/2008 e os testes piloto em junho e setembro/2008. As trilhas foram utilizadas como estratégias metodológicas durante um projeto de educação ambiental sobre o parque, desenvolvido com alunos do C.E. Paulo Assis Ribeiro. Na TI da Enseada do Bananal, 9 pontos interpretativos abordaram principalmente os aspectos históricos, naturais, recreativos e geológicos, e na TI do Morro das Andorinhas, 6 pontos abordaram mais os aspectos sociais, naturais e históricos. Em questionários de percepção ambiental e avaliação foi verificado que nenhum participante conhecia o parque e que todos (n=19) citaram a TI como a melhor atividade do projeto. Houve mudança de percepção da visão de natureza intocada para a visão socioambiental, onde o homem está inserido. As TIs possibilitaram a inserção crítica dos alunos no parque, fator necessário ao debate socioambiental e à conservação da biodiversidade. . Resumen Palabras clave: Interpretación Ambiental; Educación Ambiental; Enseada do Bananal, Morro das Andorinhas; Parque Estadual da Serra da Tiririca. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 395 Los parques tienen como objetivo fundamental la preservación de los ecosistemas naturales de gran valor ecológico y la belleza escénica, lo que permite la realización de investigación científica, actividades de educación y interpretación ambiental, recreación y turismo ecológico. Por lo tanto, senderos interpretativos (SIs) pueden ayudar en la planificación y gestión del uso público en los parques y se establecer como importantes estrategias de conservación, pues colaboran para sensibilizar y crear conciencia, reducen al mínimo los impactos negativos de la visitación y envuelven los participantes en la conservación, así como ayudan a los estudiantes en el proceso de enseñanzaaprendizaje. En este trabajo se presenta una propuesta de SIs en el Parque Estadual da Serra da Tiririca (RJ), cuyo objetivo es el desarrollo de un proceso de educación ambiental con estudiantes. SIs se implantaron en la Enseada do Bananal y en el Morro das Andorinhas, a través del adaptacón del método del Indicadores de atractividade de los Puntos Interpretativos. La encuesta se llevó a cabo en abril de 2008 y el prueba piloto en junio y septiembre de 2008. Las rutas fueran utilizadas como estrategias metodológicas para un proyecto de educación ambiental sobre el parque, desarrollado con estudiantes de de secundaria. En la SI de la Enseada do Bananal, 9 puntos interpretativos dirigidos principalmente a los aspectos históricos, naturales, recreativos y geológicos, y en la SI del Morro das Andorinhas, 6 puntos abordaran más los aspectos sociales, naturales e históricos. En cuestionarios se encontró que ninguno de los participantes conocía el parque y todos (n=19) citaran la SI como la mejor actividad del proyecto de SI. Hubo un cambio de percepción de la visión de la naturaleza virgen para la visión donde se inserta el hombre. Las SIs permiten la inserción crítica de los estudiantes en el parque, un factor necesario para el debate social y ambiental y para la conservación de la biodiversidad. 1. Introdução A história da interpretação ambiental está relacionada aos parques norteamericanos (VASCONCELLOS, 2006), conceitualmente estruturados para favorecer a visitação de áreas naturais. O guia americano Enos Mills foi o primeiro a utilizar o termo “interpretação”, mas foi Freeman Tilden quem formalizou sua filosofia e seus princípios, através da publicação Interpreting Our Heritage, de 1957, na qual definia a interpretação ambiental como (TILDEN, 1977, p.8): Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 396 [...] atividade educativa que aspira revelar os significados e as relações existentes no ambiente, por meio de objetos originais, através de experimentos de primeira mão e meios ilustrativos, em vez de simplesmente comunicar a informação literal. Tilden abordou exemplos práticos e de simples entendimento envolvendo os principais temas da interpretação ambiental, fundamentado em suas experiências no Serviço de Parques Nacionais dos Estados Unidos. Como um instrumento da Educação Ambiental (EA), a interpretação ambiental é uma atividade educativa que, além de proporcionar o contato direto entre o indivíduo e o recurso a ser interpretado, informa, sensibiliza, conscientiza e incentiva a capacidade de observação e reflexão. Além disso, viabiliza experiências inovadoras e dissemina informações biológicas através da estruturação de trilhas interpretativas (TIs) (BEDIM, 2004; LIMA, 1998; PROJETO DOCES MATAS, 2002; VASCONCELLOS, 2006). De acordo com (VASCONCELLOS, 2006, p.46) uma TI: Tem o propósito de desenvolver nos usuários um novo campo de percepções, levando-os a descobrir um novo mundo ainda desconhecido, uma nova forma de olhar e sentir a natureza, estimulando-os a observar objetivamente, pensar criticamente e decidir conscientemente. As TIs, consideradas como uma prática pedagógica em EA, possibilitam uma visão crítica do meio natural, colaborando na formação da consciência ambiental. Além disso, promovem o uso público adequado da área, auxiliando na redução dos impactos da visitação (MENGHINI; GUERRA, 2008; SIQUEIRA, 2004). O Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2006, p. 17) propõe uma série de diretrizes para a elaboração de trilhas interpretativas em unidades de conservação: (2.1) Adotar a interpretação ambiental como uma forma de fortalecer a compreensão sobre a importância da UC e seu papel no desenvolvimento social, econômico, cultural e ambiental; (2.2) Utilizar as diversas técnicas da interpretação ambiental como forma de estimular o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 397 visitante a desenvolver a consciência, a apreciação e o entendimento dos aspectos naturais e culturais, transformando a visita numa experiência enriquecedora e agradável; (2.3) Empregar instrumentos de interpretação ambiental como ferramenta de minimização de impactos negativos naturais e culturais; (2.4) Desenvolver instrumentos interpretativos fundamentados em pesquisas e informações consistentes sobre os aspectos naturais e culturais do local; (2.5) Envolver a sociedade local no processo de elaboração dos instrumentos interpretativos; (2.6) Assegurar que o projeto de interpretação ambiental seja elaborado por equipe multidisciplinar e que utilize uma linguagem acessível ao conjunto dos visitantes. Dentre as unidades de conservação de proteção integral, estão os parques, os quais têm como objetivo básico a preservação dos ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas, atividades de educação e interpretação ambiental, recreação e turismo ecológico (BRASIL, 2002). Nesse sentido, TIs podem auxiliar no planejamento e gestão do uso público nos Parques Nacionais e se configurar como importantes estratégias de conservação, pois sensibilizam e colaboram para a tomada de consciência sobre questões socioambientais, minimizam impactos negativos da visitação e envolvem os participantes na conservação da biodiversidade, além de auxiliarem estudantes no processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, o presente trabalho apresenta uma proposta de implantação de TIs na Enseada do Bananal e no Morro das Andorinhas, localizadas no Parque Estadual da Serra da Tiririca (Niterói-Maricá/ RJ), objetivando o desenvolvimento de um processo de educação ambiental aplicado às características da unidade de conservação. 2. Área de estudo 2.1. Parque Estadual da Serra da Tiririca O Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) foi criado após intensa mobilização popular em 29 de novembro de 1991 (GRAEL et al., 1995) e é Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 398 administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), órgão vinculado ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente abrange 3520 ha, após recente inclusão do Morro da Peça, Reserva Natural Municipal Darcy Ribeiro e as Ilhas Pai, Mãe e Menina (INEA, 2012). Situa-se em cadeia montanhosa perpendicular à costa, na divisa dos municípios de Niterói e Maricá (figura 1). A vegetação, característica do bioma Mata Atlântica, apresenta preponderantemente formações secundárias e relevo acidentado com escarpas rochosas, atingindo até 412 m de altura (Alto Mourão). Em 1992, a Serra da Tiririca foi homologada pela UNESCO como parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (GRAEL et al., 1995). Historicamente é uma região de grande relevância. O naturalista Charles Darwin esteve na Serra da Tiririca em sua passagem pelo Rio em 1832 (SELLES; ABREU, 2002). No que concerne às questões socioambientais, ainda há problemas como a especulação imobiliária, a introdução de espécies exóticas invasoras, a visitação crescente do Parque, entre outras (BARROS, 2008). O PESET apresenta potencial turístico e ecoturístico, devido aos ambientes marinhos próximos, aos sítios arqueológicos, além das belas paisagens observadas dos afloramentos rochosos. Atualmente, o Parque conta com o projeto de “Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da Visitação nos Parques Estaduais do Rio de Janeiro”, realizado pela organização não governamental Instituto Terra de Preservação Ambiental (ITPA) para o INEA. O objetivo do mesmo é proporcionar a visitação segura e de qualidade, a partir da implantação de metas estratégicas de gestão do uso público em nível institucional para a promoção da unidade de conservação como destino turístico e indutor de desenvolvimento local (ITPA, 2012). Esse projeto pretende auxiliar a administração do PESET a se preparar para a crescente visitação relacionada ao afluxo turístico para Copa do Mundo de Futebol em 2014, o que o incluiu na categoria de “Parques da Copa”. Nesse contexto, as trilhas da Enseada do Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 399 Bananal e do Morro das Andorinhas fazem parte do projeto “Trilhas da Copa”, as quais, por sua proximidade ao evento, serão revitalizadas. 400 Figura 1 - Imagem de satélite com a localização de algumas trilhas e informações gerais. Trilha da Enseada do Bananal no número 3 e trilha do Morro das Andorinhas no número 1. Fonte: http://www.parqueserradatiririca.org . 2.2 Enseada do Bananal A trilha da Enseada do Bananal está inserida entre a Pedra de Itacoatiara e o Alto Mourão. O percurso inicia-se na sede do Parque em Itacoatiara e também dá acesso à trilha da Pedra de Itacoatiara (trilha do Costão), em seu ponto mais alto (233 metros). Em levantamento preliminar para o presente trabalho, foi verificado que a trilha da Enseada do Bananal apresenta um percurso de 660 metros, até a base da “pedra do Bananal”, local onde são realizadas diversas técnicas de escalada como rapel, tirolesa e high line. Cova e Pimentel (2013) mapearam a trilha até a última placa de sinalização do parque e registraram 504 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 metros (figura 2), enquanto o site oficial do parque aponta 800 metros para a mesma trilha (PESET, 2012) sem definir o percurso. Segundo Barros (2008) a Enseada do Bananal é alvo de visitação intensa e desordenada, o que gera problemas de compactação do solo, erosão, coleta de plantas para fins comerciais, pichações e introdução de espécies exóticas. 401 Figura 2 - Imagem de satélite com registro do percurso da trilha da Enseada do Bananal, em amarelo. Bifurcação para a trilha da Pedra de Itacoatiara em vermelho. Fonte: Cova e Pimentel (2013). 2.3 Morro das Andorinhas O Morro das Andorinhas, localizado na zona urbana da Região Oceânica do Município de Niterói (RJ), entre os bairros de Itaipu e Itacoatiara (BARROS, 2008; PEREIRA; MELLO, 2011), foi incluído ao PESET em 2007, através da Lei Estadual nº 5079. A trilha do Morro das Andorinhas apresenta 2,6 km de extensão (figura 3), atravessando a cumeeira do Morro de mesmo nome, passando por mirantes com vistas para as praias de Itaipu e Itacoatiara e finalizando em uma área de afloramento rochoso, nomeada Ponta das Andorinhas (BARROS; GARCEZ, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 2003; BARROS et al., 2005). Segundo Cova e Pimentel (2013), até o mirante de Itacoatiara (ponto 17 da figura 3) são 833 metros. 402 Figura 3: Trilha do Morro das Andorinhas. Linha amarela identificando a TI e linha vermelha percurso completo até a Ponta das Andorinhas. Fonte: Imagem adaptada do Google Earth por Bruno Cova (Barcellos et al., 2013). A trilha permite o acesso à pesca pela comunidade tradicional de pescadores artesanais da região, supre a necessidade de deslocamento dos outros moradores (BARROS; GARCEZ, 2003; BARROS et al., 2005), além de ser alvo de visitação turística. Essa comunidade vive no topo do morro, em uma área denominada Sítio das Jaqueiras. A ocupação foi iniciada no século XIX quando o português Leonel de Siqueira e a índia Agapita Dias de Gusmão decidiram viver na localidade. Segundo Barros e Machado (2012), a presença da comunidade, hoje constituída por 14 casas, foi importante para impedir a especulação imobiliária. 3. Materiais e métodos 3.1 Planejamento das Trilhas Interpretativas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 As TIs foram planejadas para a Enseada do Bananal e para o Morro das Andorinhas, através da adaptação do método de Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos, o qual objetiva facilitar a seleção de pontos com potencial interpretativo semelhante na trilha (MAGRO; FREIXEDAS, 1998). O levantamento de atrativos foi realizado pela equipe em abril/ 2008 e os testes piloto foram realizados na Enseada do Bananal em junho/ 2008 e no Morro das Andorinhas em setembro/ 2008, com uma turma de alunos de terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Paulo Assis Ribeiro, em Niterói. As TIs foram percorridas por 19 alunos e utilizadas como estratégias metodológicas durante o desenvolvimento de um projeto de educação ambiental nessa escola, que envolvia a visitação ao Parque. As trilhas projetadas são do tipo guiadas, ou seja, atividades interpretativas “em que o guia intérprete dirige um grupo através de um caminho, com paradas pré-estabelecidas, onde um tema é desenvolvido” (VASCONCELLOS, 2006, p.57). Em um primeiro momento foram levantados todos os pontos potenciais para interpretação, de acordo com o tema escolhido para a trilha. Após a identificação dos atrativos, uma seleção foi feita a fim de evitar pontos muito próximos e repetição de questões já abordadas. A escolha final levou em consideração os pontos mais atrativos de acordo com os indicadores de atratividade para o tema. Não foram atribuídos pesos aos indicadores, embora o método original sugira a adoção desse procedimento. 3.2 Coleta e análise de dados A coleta de dados foi realizada através de questionários de percepção ambiental aplicados com alunos da escola, antes e depois do desenvolvimento do subprojeto “Educação Ambiental como mediadora na mudança de percepção sobre o Parque Estadual da Serra da Tiririca (RJ)”. Este subprojeto foi desenvolvido ao longo de oito meses na escola e fazia parte do projeto de extensão “Parques de Papel e o Papel Social dos Parques: o Caso do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET)”, coordenado pelo Dr. Douglas Pimentel, da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 403 de Janeiro (FFP/UERJ). Na TI da Enseada do Bananal também foram utilizados os “cadernos naturalistas”, ferramentas de coleta de informações inspiradas na passagem do naturalista inglês Charles Darwin pela Serra da Tiririca. Após a atividade, os alunos que não conseguiram utilizar o “caderno naturalista”, preencheram um roteiro de avaliação da trilha em sala de aula. Além dos questionários e cadernos de campo, foram realizadas diversas atividades temáticas na escola, durante as aulas semanais, desenvolvidas através da disciplina “Projeto”, disponível na rede estadual de ensino de Niterói em 2008. Foi feita a transcrição dos questionários e demais atividades em conteúdo textual, constituindo-se o corpus documental para utilização posterior através da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977). As respostas de percepção ambiental passaram pela etapa de leitura flutuante, identificação do núcleo dos sentidos e identificação das unidades de registro (categorização de falas). 4. Resultados e discussão A proposta de implantação das TIs na Enseada do Bananal e no Morro das Andorinhas foi configurada para mostrar aos visitantes os aspectos que justificam a escolha do local como parque, bem como as relações socioambientais presentes na área. A biodiversidade do Bioma Mata Atlântica, a beleza cênica das montanhas e paisagens e as opções de lazer foram os aspectos destacados. Nessa TI foram selecionados nove pontos interpretativos (quadro 1). Quadro 1: Roteiro esquemático da Trilha Interpretativa da Enseada do Bananal. Trilha Interpretativa da Enseada do Bananal: Por que parque? Pontos de Interpretação Descrição/ objetivo • • Ponto 1: Partida • Localização Orientação sobre a conduta na trilha; Informações sobre o percurso e a unidade de conservação; Entrada da trilha na Dinâmica sobre o Darwin com o sede de Itacoatiara. caderno naturalista (Como o naturalista registrava tudo que via em 1832, para elaborar a Teoria da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 404 Evolução?). Ponto 2: Tudo que sobe, tem que descer! Ponto 3: Passeando no sub-bosque... • • Introdução aos aspectos naturais; Ponto de descanso. • • Características de Mata Atlântica (presença de samambaias, fungos, sub-bosque, epífitas e umidade). Presença de Figueira gigante (Ficus sp.); Adaptações ao ambiente (raiz tabular); Abraço à árvore (opcional). • • Ocupação humana no passado; Motivo do nome do local. • Formação rochosa (grutas, matacões); Curiosidades da escalada (bolders). Ambiente de praia (transição entre a floresta e o mar); Paisagem (avistamento do último ponto da trilha). Espécie exótica invasora (capim colonião); Área em recuperação. Características geológicas (formação das montanhas e oceano); Observação da Pedra de Itacoatiara e explicação do nome tupi (ita = pedra, coatiara = riscada). • Ponto 4: Gigante da floresta. Ponto 5: Natureza intocada? Ponto 6: Subindo pelas paredes! Ponto 7: Anfiteatro natural. Ponto 8: Invasores! Ponto 9: Chegada. • • • • • • • • Clareira com bifurcação para a trilha da Pedra de Itacoatiara. Área com samambaias e fungos na descida da trilha. Figueira gigante, área com “ponte” de passagem. Bananal Local dos bolders e grutas. Praia de pedra da Enseada do Bananal. Área de capim colonião. Alto da “Pedra do Bananal”. A TI da Enseada do Bananal, foi realizada em junho de 2008 com 14 alunos (figura 4). Além de ser o primeiro contato dos alunos com a unidade de conservação, foi também uma oportunidade de descobrir, na prática, conteúdos trabalhados em sala de aula por outros professores. Exemplo disso foi a dinâmica sobre o naturalista Charles Darwin realizada antes da caminhada. Os alunos não lembravam do cientista e nem de sua teoria, embora fossem do último ano do ensino médio. Mas, aos poucos, conseguiram imaginar quais Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 405 instrumentos Darwin teria utilizado durante suas expedições pela Serra da Tiririca em 1832. Depois de citarem alguns exemplos, como desenhos no papel, eles puderam observar imagens desses utensílios em cartões do “Jogo do Aprendiz de Evolução”, distribuído para educadores na “Exposição Darwin no Rio”. Durante a trilha, os alunos acabaram registrando no “caderno naturalista” principalmente a fala do educador ambiental, ao invés de suas próprias observações, reproduzindo o contexto escolar tradicional em que o aluno anota o que o professor fala. Ao longo dos nove pontos interpretativos percorridos nos quase 700 metros da TI, os alunos visitaram a exposição de animais típicos da Serra da Tiririca na sede do parque em Itacoatiara, conheceram um pouco sobre as trilhas locais, identificaram espécies de plantas de Mata Atlântica, perceberam resquícios das plantações de bananas do passado (motivo do nome da Enseada), aprenderam curiosidades sobre escalada e formações geológicas, observaram a figueira centenária na mata em regeneração e a presença incômoda da espécie invasora de capim colonião. Os aspectos que mais chamaram a atenção foram as paisagens, fato citado por 12 dos 14 alunos. A maioria se surpreendeu com a preservação do local em meio à cidade, principalmente porque durante o trajeto não era possível observar os aspectos urbanos. Os alunos puderam perceber também que a presença do homem não era proibida no Parque, porque esta categoria de unidade de conservação permite a realização de diversas atividades como a visitação e a prática de esportes. A TI permitiu que os alunos compreendessem os principais fatores que transformaram o local em um parque: a biodiversidade, a beleza cênica e a visitação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 406 Figura 4 - Turma do Colégio Estadual Paulo Assis Ribeiro com equipe de Educação Ambiental do projeto, no último ponto interpretativo da TI na Enseada do Bananal, 12 de junho de 2008. 407 A TI do Morro das Andorinhas consiste em um percurso de aproximadamente 833 metros, com seis pontos interpretativos, os quais destacam a ocupação humana e a relação homem-natureza (quadro 2). As relações socioambientais foram os aspectos mais destacados, através da presença dos moradores tradicionais dentro da unidade de conservação, da ocupação por casas no entorno, da delimitação do PESET, da presença de índios guaranis que ocuparam a área de Sambaqui em Camboinhas, da abertura do canal na laguna de Itaipu, além de outros aspectos históricos e socioambientais. Dos 12 alunos que percorreram a TI, 10 citaram a presença do homem em seus depoimentos sobre o local, seja apontando as casas construídas ou a presença de fiação de luz, lixo ou marcas de fogueiras. A contradição que existe entre a presença de moradores na unidade de conservação e a legislação foi apresentada para os alunos através da leitura do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000, p.16), o qual afirma que Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 os parques são “de posse e domínio públicos, sendo que as áreas incluídas em seus limites devem ser desapropriadas”. A situação dos moradores também foi discutida com os alunos, considerando o conceito de população tradicional e os seus direitos. Autores como Toledo e Pelicione (2008, p.11) acreditam que estas áreas naturais “podem estar melhor protegidas com o envolvimento das comunidades do entorno e da população em geral”. Dessa maneira, sublinhase a importância do conhecimento das comunidades tradicionais do Morro das Andorinhas e dos visitantes sobre as relações socioambientais mantidas com o Parque. Como esta TI apresenta diversos aspectos sociais a serem discutidos, foi importante percorrê-la após a primeira visita ao PESET, pois isso possibilitou uma nova percepção sobre as questões conservacionistas e a relação homem-natureza. Barcellos e colaboradores (2013) afirmam que os visitantes costumam prestar atenção apenas na beleza das paisagens do Morro das Andorinhas, no entanto as TIs permitem que percebam os aspectos sociais e ecológicos. 408 Quadro 2 - Roteiro esquemático da Trilha Interpretativa do Morro das Andorinhas. Trilha Interpretativa do Morro das Andorinhas: relações socioambientais Pontos de Interpretação Ponto 1: Partida Descrição/ objetivo • • Ponto 2: • • Eu nasci aqui, eu cresci aqui! • Ponto 3: • Nativas X • Exóticas Ponto 4: • Localização Orientação sobre a conduta na trilha; Informações sobre o percurso e a unidade de conservação; Presença da urbanização. Leitura do conceito de parques (se é de proteção integral, como há moradores?); Presença da população tradicional. Entrada da trilha. Rua da Amizade. Espécies nativas (orquídea Cyrtopodium polyphyllum (Vell.) Pabst ex F. Barro., bromélia Neoregelia cruenta (R. Graham) L.B. Smith, palmeira Jerivá Syagrus romanzoffiana, (Cham.) Glassman); Espécies exóticas (Pita Agave americana L.; Jaqueira Artocarpus heterophyllus Lam.; ). Afloramento rochoso. Presença de casas na encosta do Morro das Andorinhas e bairro de Itacoatiara (mansões 1° Sítio das Jaqueiras, praça do balanço. Mirante de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Casas para todo lado. • Ponto 5: • Pique-nique histórias Ponto 6: Chegada. e • • • • • x moradores tradicionais); Delimitação do parque. Itacoatiara. Observação da laguna de Itaipu (história da abertura do canal e construções no entorno); Sambaqui e ocupação por índios guaranis; História ambiental (colonização, plantações); Parada de descanso e lanche. Observação da Serra da Tiririca; Fechamento da atividade (“A atividade humana ajudou a conservar o local ou a destruir?”). Mesa de pedra no mirante para Itaipu. Último mirante Itacoatiara. de 409 Figura 5 - Vista do mirante de Itaipu, ponto interpretativo 5, sobre a abertura do canal da laguna de Itaipu e sobre a ocupação humana (setembro de 2008). A seta branca indica a localização das ocas. Em questionários de percepção ambiental e avaliação foi verificado que nenhum participante conhecia o PESET e que todos (n=19) citaram a TI como a melhor atividade do projeto. Dentre os pontos positivos do uso da trilha estão as paisagens e a oportunidade de conhecer o local. Os pontos negativos mais citados foram o calor e os mosquitos. Em depoimentos, alguns alunos afirmaram: 1) “Acho que melhor que falar sobre o parque, é conhecê-lo”; 2) “ Eu Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 conheci muitas coisas que eu não sabia que existia. A gente não só conheceu o parque, mas também nos envolvemos nas questões sociais e ambientais”. Após o desenvolvimento de atividades na escola e a realização das TIs, os alunos apresentaram uma mudança de percepção sobre o parque. A percepção sobre “Parque Natural” de visão “de natureza intocada” (conceituação de natureza preservada, sem influência antrópica) desapareceu depois das atividades. Após as TIs, surgiram as visões “abrangente” (aspectos integrados de forma interdisciplinar) e “socioambiental” (o ser humano ou a sociedade estão inseridos no ambiente). Essa mudança de percepção mostra uma reflexão crítica, fruto das experiências vividas, as quais provaram existir uma inserção humana nesses ambientes. A vivência nas TIs possibilitou a comparação entre diferentes locais da unidade de conservação, proporcionou uma reflexão crítica sobre as questões socioambientais pelas quais o Parque passa e despertou o interesse pela conservação da biodiversidade. Barcellos (2013), também trabalhou com trilhas interpretativas no PESET, consolidando pontos interpretativos na trilha do Morro das Andorinhas. A interpretação proposta pela autora foi direcionada para alunos do 5º ano do ensino fundamental em escola municipal do entorno, que participam das atividades através do Programa de Educação Ambiental (PEA) do Museu de Arqueologia de Itaipu (MAI). Nessa proposta, a autora também elaborou uma trilha guiada com seis pontos interpretativos, para desenvolver aspectos socioambientais, biológicos e paisagísticos. A diferença é que a autora produziu um roteiro, em formato de folder, contendo informações para a caminhada e os principais questionamentos que o educador/ intérprete deve fazer. É considerável ressaltar a importância de trabalhos com esse enfoque envolvendo esforços coletivos para a conservação da natureza, promovendo a compreensão do entorno ecológico e a reflexão crítica sobre a intervenção humana no ambiente natural. A iniciativa de usar duas TIs no contexto do PESET propiciou uma comparação entre ambientes com diferentes aspectos sociais e ambientais, o que culminou Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 410 em uma visão interdisciplinar e uma inserção crítica dos alunos nas discussões referentes ao Parque. 5. Conclusão As atividades na escola e as TIs possibilitaram uma mudança de percepção dos alunos sobre o PESET, bem como houve ampliação do contexto em que a discussão sobre diferentes questões ambientais podem acontecer. O uso das TIs beneficia as escolas no processo de ensino-aprendizagem, ao dar oportunidade dos alunos descobrirem na prática os conteúdos trabalhados em sala de aula, construindo novos conhecimentos. Além disso, forma cidadãos mais críticos e responsáveis pelo seu ambiente. Nesse sentido, os parques podem ser reconhecidos como espaços públicos que cumprem a função de conservação da biodiversidade, direito de todos os cidadãos, aliada ao fomento da participação comunitária nas questões socioambientais locais. Assim, as atividades em TIs não permitem a reprodução de um ideário de áreas protegidas apartadas da realidade social na qual estão inseridas. A proposta de implantação de TIs aqui apresentada deve ser considerada como instrumento de educação ambiental para escolas e unidades de conservação. Dessa maneira, as primeiras podem exercer um processo de ensino realmente interdisciplinar em um espaço não formal de aprendizagem e as últimas encontram um locus de inserção para que efetivamente ocorra a Educação Ambiental preconizada pela legislação nacional. Agradecimentos A diretora Beta e aos funcionários do C.E. Paulo Assis Ribeiro, ao professor Vitor Pombo, ao biólogo Douglas Camelo, aos alunos da turma 3001, aos professores do curso de Especialização em Ensino de Ciências e Biologia do Instituto Bioquímica Médica da UFRJ, aos integrantes do Grupo de Estudos Interdisciplinares do Ambiente (FFP/UERJ), a Luciana Tupinambá e Marcelo Dias (Biológica) e à Faperj. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 411 6. Bibliografia BARCELLOS, M.M. Elaboração da trilha interpretativa no Morro das Andorinhas: uma proposta de educação ambiental no Parque Estadual da Serra da Tiririca, RJ, Brasil. Monografia apresentada ao Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Formação de Professores da UERJ. São Gonçalo: 2013. BARCELLOS, M. M.; MAIA, S.; MEIRELES, C. PIMENTEL, D.S. Elaboração da trilha interpretativa no Morro das Andorinhas: Uma proposta de educação ambiental no Parque Estadual da Serra da Tiririca, RJ. Anais Uso Público em Unidades de Conservação, n.1, v.1, Niterói (RJ). 2013. 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ISBN 978-85-88769-56-4 GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas O USO DE TRILHAS NA MARATONA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA JURÉIA-ITATINS, PERUÍBE, SP. Vanessa Cordeiro9 Marcos Samuel Macedo10 Clécio Rogério Silva11 Claudio de Moura12 Resumo Palavras-chaves: trilhas; interpretação ambiental; estudo do meio; comunidade escolar; Unidade de Conservação. A visitação é instrumento essencial para aproximar a sociedade da natureza e despertar a consciência para conservação dos ambientes e processos naturais. A interpretação ambiental pode ser considerada como um instrumento da educação ambiental, que busca ampliar conhecimento e mudar comportamentos considerados ambientalmente incorretos. A Maratona de Educação Ambiental Juréia Itatins é um projeto do Programa de Uso Público e Educação Ambiental da Estação Ecológica Juréia-Itatins (EEJI), que tem por objetivo aproximar a comunidade escolar da região de Peruíbe às áreas remanescentes de Mata Atlântica. O projeto desenvolveu atividades teóricas e práticas, abordando os temas curriculares de forma inter e multidisciplinar onde as trilhas são uma das principais ferramentas para a interpretação ambiental. A primeira etapa foi a visita da equipe da EEJI às unidades escolares, para divulgação do projeto e convite dos profissionais da educação. Posteriormente foram realizadas visitas técnicas para apresentar as trilhas dos Núcleos Arpoador e Itinguçú e as possibilidades de interação entre o conhecimento abordado na sala de aula e no ambiente natural. E por fim os educadores foram incentivados a desenvolverem atividades de estudo do meio a partir dos temas abordados pelas disciplinas, possibilitando assim a vivência de novas experiências. Participaram do projeto 80 profissionais, dos quais grande parte não conhecia e jamais desenvolveu qualquer atividade na EEJI, dentre as escolas participantes houve predomínio das estaduais. Após as atividades de campo os professores de diversas disciplinas foram orientados e estimulados a elaborarem planos de aula para serem desenvolvidos na EEJI. A maratona 9 vcorde2004@hotmail.com . Turismóloga.Estação Ecológica Juréia-Itatins. Fundação Florestal. suelguarau@hotmail.com .Tecnólogo em Gestão Ambiental.Estação Ecológica Juréia-Itatins. 11 clecioeusou@yahoo.com.br . Graduando em Tecnologia em Gestão deTurismo. Instituto Federal de São Paulo - Cubatão. 12 claudio.moura@bol.com.br .Biólogo. Estação Ecológica Juréia-Itatins. Instituto Florestal. 10 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 415 possibilitou aos participantes um novo olhar sobre a questão ambiental estimulando-os a realizarem projetos sobre essa temática em suas escolas. Resumen Palabras-clave: senderos; interpretación ambiental; estudio del medio; comunidad escolar; Unidad de conservación. La visita es un instrumento esencial para aproximar la sociedad de la naturaleza y despertar la conciencia para la conservación de entornos y procesos naturales. La interpretación ambiental puede considerarse como un instrumento de educación ambiental, que busca ampliar conocimientos y cambiar comportamientos considerados ecológicamente incorrectos. La maratón de la educación ambiental Juréia-Itatins es un proyecto del programa de uso público y educación ambiental de la Estación Ecológica Juréia-Itatins (EEJI), que pretende acercar a la comunidad escolar de la región de Peruíbe de las áreas restantes del Mata Atlântica. El proyecto ha desarrollado actividades teóricas y prácticas, abordando temas curriculares de forma inter y multidisciplinarios donde los senderos son una de las principales herramientas de interpretación ambiental. El primer paso fuela visita del equipo de la EEJI a las escuelas, para la difusión del proyecto y la invitación de los profesionales de la educación. Se realizaron visitas técnicas en una fecha posterior para presentar los senderos de los núcleos Arpoador y Itinguçú y las posibilidades de interacción entre los conocimientos cubiertos en el aula y en el medio natural. Y finalmente los educadores se animó a desarrollar actividades de estudio ambiental de los temas tratados en las disciplinas, permitiendo así experimentar nuevas experiencias. Participaron en el proyecto 80 profesionales, la mayoría de los cuales no sabía y nunca desarrollaron alguna actividad en la EEJI, entre las escuelas participantes huboun predominio del estado. Después de las actividades de campo profesores de distintas disciplinas fueron aconsejó y animó a elaborar planes de lección para ser desarrollado en EEJI. El maratón permitió a los participantes una nueva perspectiva sobre el tema ambiental por estimularlos para llevar a cabo proyectos sobre este tema en sus escuelas. 1. Introdução A visitação é instrumento essencial para aproximar a sociedade da natureza e despertar a consciência para conservação dos ambientes e processos naturais (MMA, 2006). As trilhas podem potencialmente auxiliar a alcançar objetivos conservacionistas e concomitantemente aumentar as oportunidades sociais Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 416 com baixo impacto sobre o ambiente, pois, quando bem e devidamente mantidas, as trilhas protegem o ambiente do impacto do uso e proporcionam aos visitantes conforto e segurança, além de desempenhar papel significativo na impressão que o visitante possa vir a ter sobre a área e a instituição mantedora (SCHELHAS, 1986 apud MENDES et al. 2007). Outros estudos apontam a importância das unidades de conservação e dos ecossistemas terrestres brasileiros para as atividades de educação ambiental e na percepção dos alunos em relação a estes ambientes, independentemente da disciplina escolar ser ciência (SALLES et al., 2002; MOREIRA e SOARES, 2002; PASQUALI et al., 2002). Segundo Santos (2002), as contribuições da aula de campo em um ambiente natural podem ser positivas na aprendizagem dos conceitos á medida que são um estímulo para os professores, que veem uma possibilidade de inovação para seus trabalhos e assim se empenham mais na orientação dos alunos. Para os alunos é importante que o professor conheça bem o ambiente a ser visitado e que este ambiente seja limitado, no sentido espacial e físico, de forma a atender os objetivos da aula. A interpretação ambiental pode ser considerada um instrumento da educação ambiental, que busca ampliar conhecimento e mudar comportamentos considerados ambientalmente incorretos (DELGADO, 2000). A utilização de trilhas interpretativa, adaptada ao conteúdo estudado em sala de aula e as necessidade dos alunos pode se tornar um excelente instrumento de ensino e aprendizagem. A Maratona de Educação Ambiental Juréia Itatins é um projeto do Programa de Uso Público e Educação Ambiental da Estação Ecológica Juréia-Itatins (EEJI), que tem por objetivo aproximar a comunidade escolar da região de Peruíbe ás áreas remanescente de Mata Atlântica. O projeto desenvolveu atividades teóricas e práticas, abordando os temas curriculares de forma inter e multidisciplinar onde as trilhas são uma das principais ferramentas para a interpretação ambiental. 2. Local de estudo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 417 Este estudo foi realizado na Estação Ecológica Juréia-Itatins (EEJI) localizada no litoral sul do Estado de São Paulo que é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, cujos objetivos principais são a realização de pesquisa e de educação ambiental. A EEJI foi criada pelo Decreto Estadual nº 24.646, de 20 de janeiro de 1986, com aproximadamente 82.000 ha. Alterado pela Lei Estadual nº 5.649, de 28 de abril de 1987 que alterou sua área para 79.270 ha, abrangendo parte dos municípios de Peruíbe, Itariri, Miracatu e Iguape com o objetivo de assegurar a integridade dos ecossistemas associados à Mata Atlântica e da fauna e flora nelas existentes, bem como sua utilização para fins educacionais e científicos (SÃO PAULO, 1986; SÃO PAULO, 1987). A Maratona de Educação Ambiental foi realizada em dois núcleos da EEJI, no Núcleo Arpoador e Itinguçú. O Núcleo Arpoador está localizado no município de Peruíbe, e compreende o rio Guaraú, várias praias, Floresta Atlântica, restinga, manguezal e costão rochoso, bastante biodiversos em fauna e flora. Também pode ser utilizado como tema gerador para as disciplinas as ruínas de uma construção do final do século XVII construída por escravos (CALI, 1999). O núcleo dispõe de trilhas que dão acesso a vários destes ambientes, além de hospedaria e auditório, para apoio das atividades de educação ambiental, estudo do meio e pesquisa (Figura 1). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 418 Figura 1 – Localização dos núcleos onde a maratona foi desenvolvida na E.E. Juréia-Itatins. O Núcleo Itinguçú está localizado no município de Iguape, cujo acesso somente é possível pelo município de Peruíbe, engloba o rio Itinguçú, rico em poços d’água, em áreas de mata ciliar e de Floresta Atlântica, tendo como principal atrativo a Cachoeira do Paraíso, cujo acesso se dá através de uma trilha auto guiada em meio a floresta. Este núcleo dispõe de auditório para recepcionar os visitantes nas atividades de Educação Ambiental. 3. Metodologia 3.1 Desenvolvimento da Maratona de Educação Ambiental No município de Peruíbe existem 51 escolas de ensino fundamental e médio, sendo12 estaduais, 32 municipais e sete particulares, todas foram convidadas para participar do projeto. Na primeira etapa houve a visita da equipe da EEJI às unidades escolares, para divulgação do projeto e convite dos profissionais de educação. Para atingir todos os educadores estas visitas eram feitas nos horários de ATPC (Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo). Em um segundo momento foram realizadas visitas técnicas com os educadores para apresentar Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 419 as trilhas dos Núcleos Arpoador e Itinguçú para que os docentes pudessem conhecer todos os ambientes físicos da EEJI e também a historia local. As visitas possibilitaram uma interação entre o conhecimento abordado na sala de aula e no ambiente natural. Cabe mencionar que todas as visitas técnicas foram realizadas aos finais de semana, de modo a não comprometer dias letivos. A administração da EEJI disponibilizou o transporte aos núcleos onde as atividades foram desenvolvidas. Durante as visitas técnicas os educadores foram incentivados a desenvolverem atividades de estudo do meio a partir dos temas abordados nas disciplinas, possibilitando assim aos educandos a vivência de novas experiências. Os técnicos da EEJI realizaram um trabalho de sensibilização com os participantes utilizando nas trilhas a interpretação ambiental e atividades lúdicas como ferramentas. 3.2 Atividade no Núcleo Arpoador A atividade consistiu em uma visita ao manguezal onde os educadores tomaram conhecimento das características do ecossistema, assim como das possibilidades de abordagem com os educandos. Durante a sensibilização foram realizadas dinâmicas para aguçar os sentidos dos participantes, onde os educadores eram vendados e tinham que percorrer uma trilha de 100 metros em silêncio para ouvir e sentir os sons da floresta. Ao final da trilha, e ainda vendados os participantes eram direcionados até o gramado com vista para o mar e convidados a refletirem sobre a atividade. Dando continuidade à atividade de sensibilização os educadores foram vendados novamente, e guiados até uma sala. O objetivo desta dinâmica é aguçar o tato e o olfato dos participantes, e assim foram apresentados caixas com alguns objetos de origem animal e vegetal. Cada educador explorou com o tato e olfato, além de objetos, e depois escreveram em um papel seus comentários. No final da dinâmica os objetos foram apresentados aos educadores. Na segunda parte da visita os docentes caminharam na trilha do Arpoador e observando a trilha como ferramenta pedagógica, é considerada de nível fácil e tem aproximadamente 600 metros. No percurso da trilha os Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 420 educadores tiveram informações sobre a dinâmica da Mata Atlântica e a ecologia de algumas espécies encontradas na trilha. A atividade termina na Praia do Arpoador, onde os educadores tiveram um tempo para contemplar a natureza e caminhar pela praia. 3.3 Atividade no Núcleo Itinguçú A trilha do Itinguçú que dá acesso a Cachoeira do Paraíso é uma outra alternativa de ferramenta pedagógica para desenvolver atividades de estudos do meio. É considerada de nível fácil e possui 300 metros de percurso. Neste núcleo os educadores foram convidados a conhecer uma outra característica da mata atlântica e foram estimulados a desenvolverem atividades sobre a mata ciliar, formação dos rios, análise da qualidade da água e ecoturismo. A realização das visitas técnicas com os educadores em ambos os núcleos tem como principal objetivo incentivar a produção e transferência de conhecimento sobre a temática ambiental de uma forma interdisciplinar e transversal, a partir de uma abordagem local, regional e global. Os educadores foram incentivados a desenvolverem atividades de estudo do meio a partir dos temas abordados pelas disciplinas, possibilitando assim a vivência de novas experiências. 4. Resultados e discussão Das 51 escolas convidadas, aderiram à proposta e participaram da Maratona de Educação Ambiental da EEJI apenas sete escolas, sendo duas municipais e cinco estaduais, representando 13,72% do total. Esta baixa adesão das escolas e consequentemente dos profissionais de educação se deve a alguns fatores relacionados ao desestímulo dos docentes, temor de assumir compromissos fora do horário normal de trabalho, cansaço devido a dupla ou tripla jornada dos docentes que os impedem de participar de atividades extra classe, entre outros. Pôde-se verificar nas reuniões de apresentação da proposta nas escolas, um conflito de opiniões sobre a forma de realização da Maratona, onde um educador entendia que as atividades deveriam ocorrer no horário normal de aula em dia letivo e não no final de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 421 semana, por outro lado uma Diretora de Escola afirmou que “todo dia é dia de aprender e não é só em dia letivo que se aprende”. Após as atividades de campo os professores de diversas disciplinas foram orientados e estimulados a elaborarem planos de aula para serem desenvolvidos na EEJI. Ao todo participaram do projeto 80 profissionais de educação, dos quais grande parte não conhecia e jamais havia desenvolvido qualquer atividade na EEJI. As escolas participantes desenvolveram os seguintes projetos/planos de aulas, conforme apresentado no Quadro 1. Quadro 1 – Escolas participantes da maratona de Educação Ambiental e projetos desenvolvidos na Estação Ecológica Juréia-Itatins. Escola/tipo Nome Plano de aula/projeto Estadual E. E. Portal da Juréia - Portal da Juréia na maratona de Educação Ambiental Estadual E. E. Maya Alice Ekman - O nosso pedacinho da Mata Atlântica; - Projeto Juréia-Itatins: Uma Floresta em minha cidade; - A extraordinária Juréia. Estadual E. E. Prof. Ottoniel - Amar o Mar; Junqueira - Do jundú aos Campos de Altitude. Estadual E. E. Prof. Padre Vitalino - Aprendendo com Ciência. Bernini Estadual E. E. Luiz Abel - Que mato é esse? Municipal E.M.E.F. Prefeito José - Cultura Caiçara. Roberto Preto Municipal E.M.E.F. Pastor Manoel - Educação Ambiental para Investigação e Eustáquio Damacena Conservação. Os resultados das visitas técnicas foram bem diversificados, visto que algumas escolas os projetos ultrapassaram as expectativas, enquanto outras cumpriram estritamente a sua programação prevista no plano de aula. As escolas participantes do projeto iniciaram discussões nas reuniões de ATPC, com a participação dos técnicos da EEJI para auxiliar na elaboração dos planos de aula. Na Escola Estadual Portal da Juréia, que está situada no centro da cidade, foi desenvolvido o projeto “Portal da Juréia na Maratona de Educação Ambiental”. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 422 Nesta escola a professora de Ciências desenvolveu um projeto de pesquisa com seus alunos. Esse projeto teve dois momentos, primeiro os alunos pesquisaram sobre as principais características dos ecossistemas da EEJI e posteriormente os alunos vieram até o auditório da Sede Administrativa da EEJI para apresentar o resultado do trabalho de pesquisa para os técnicos do Programa de Educação Ambiental e Uso Público. Depois da apresentação os alunos foram levados para uma atividade de estudo do meio e vivenciar cada ambiente pesquisado. A Escola Estadual Professor Padre Vitalino Bernini está situada no Bairro do Caraguava, o mais populoso da cidade de Peruíbe, onde o Coordenador Pedagógico com o colegiado de professores desenvolveu o projeto “Aprendendo com Ciência” onde os alunos desenvolviam experimentos nos ambientes naturais, no manguezal os alunos realizavam experimentos medindo o nível de salinidade no solo, analisando também as principais adaptações das espécies presente no ambiente, já na mata de encosta verificavam a temperatura ambiente e a incidência de luz, na restinga mediam a temperatura do solo e observam as principais adaptações das espécies peculiares da restinga. A maneira como tal projeto foi desenvolvido corrobora com o que foi afirmado por Freire (1996): “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Fala-se hoje, com insistência, no professor pesquisador. No meu entender o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescenta a ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa, para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade” (FREIRE, 1996, p.32). Na Escola Estadual Maya Alice Eckmam o Coordenador Pedagógico desenvolveu em conjunto com os professores três projetos, conforme Quadro 1, dentre os quais o denominado “Projeto Juréia Itatins: Uma floresta em minha Cidade”, projeto multidisciplinar onde os alunos produziram um vídeo relatando a experiência vivida pelos mesmos em uma aula na E.E. Juréia-Itatins. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 423 O segundo projeto foi coordenado pela professora de Língua Portuguesa, que desde a visita técnica já havia indicado que elaboraria com seus alunos um livro relatando a experiência da visita dos alunos aos ambientes naturais da EEJI, tal livro foi intitulado como “A extraordinária Juréia”. E no terceiro projeto desta escola ocorreu o protagonismo de uma aluna do segundo ano do ensino médio, que na saída para estudo do meio desenvolveu um projeto de pesquisa que tratou dos ciclos econômicos brasileiros e da devastação da Mata Atlântica até a criação da EEJI, esse projeto foi denominado “O nosso Pedacinho da Mata Atlântica”. O pressuposto aqui é que, se o aluno aprender sobre a dinâmica dos ecossistemas ele estará mais apto a decidir sobre os problemas ambientais e sociais de sua realidade quando for solicitado (SENICIATO e CAVASSAN, 2004). Conforme afirmou Machado (1982) só cuidamos, respeitamos e preservamos aquilo que conhecemos, e que a ignorância traz uma visão distorcida da realidade. A Escola Estadual Professor Ottoniel Junqueira, situada no bairro do Centro, em Peruíbe, tradicionalmente desenvolve aulas práticas de estudo do meio em suas atividades, legado deixado pelo falecido Professor de Ciências, Gino Gaiofatto, que idealizou o projeto denominado “Amar o Mar” para ser desenvolvido pelos alunos do ensino fundamental e médio, que realizavam coleta de lixo na praia do centro, caracterizavam-no e averiguavam a sua procedência através da interpretação do código de barras. Em função deste histórico da E.E. Prof. Ottoniel Junqueira, o Coordenador Pedagógico em conjunto com os Professores de Geografia e Ciências, optaram por adaptar o “Amar o Mar” para ser o projeto de pesquisada escola, e ser desenvolvido ao longo dos 18 quilômetros de extensão da praia do Una, no interior da EEJI, possibilitando assim a discussão sobre a destinação correta de resíduos sólidos, procedência e fatores ambientais que favorecem sua dispersão. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 424 A maratona instigou bastante seus participantes, ao ponto do Professor de Geografia, Tiago Cavalcante, ter desenvolvido um Curso de Especialização em Geografia, através da Rede São Paulo de Formação Docente (REDEFOR), onde apresentou o trabalho intitulado “O estudo do meio em Unidades de Conservação como ferramenta pedagógica para o ensino de Geografia. Reflexões sobre o projeto do Jundu aos Campos de Altitude”, aproveitando a sua experiência no desenvolvimento do plano de aula “Do jundu aos campos de altitude”, que segundo Cavalcante (2012) faz parte de um conjunto de esforços para levar aos educandos da escola a possibilidade de uma reflexão mais profunda sobre seu lugar e seus lugares de vivência, aproximando a teoria da sala de aula ao cotidiano do aluno. A primeira reunião de ATPC em que o projeto foi proposto todos os presentes concordaram com o desenvolvimento do mesmo. Para Pontuschka et al. (2007) o estudo do meio é uma metodologia de ensino interdisciplinar que pretende desvendar a complexidade de um espaço determinado extremamente dinâmico e em constante transformação, cuja totalidade dificilmente uma disciplina isolada poderá dar conta de compreender. Na Escola Estadual Luiz Abel, situada na zona rural da cidade, a Coordenadora Pedagógica desenvolveu um plano de aula que iniciava com uma pesquisa previa do local a ser visitado, onde os alunos tomavam conhecimento sobre a área de estudo, e preparavam material didático para a visita em campo. A segunda fase compreendeu a saída a campo, momento de coleta de dados e intervenção com o ambiente natural. A terceira fase foi desenvolvida em sala de aula onde os alunos exploraram e analisaram os dados coletados, identificando as relações entre o conhecimento empírico e o científico levantado. Neste momento, os alunos através de diferentes formas de linguagem apresentaram suas considerações. O estudo do meio como método que pressupõe o dialogo, a formação de um trabalho coletivo e o professor como pesquisador de sua prática, de seu espaço, de sua história, da vida de sua gente, de seus alunos, tem como meta criar o próprio currículo da escola, estabelecendo vínculo com a vida de seu Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 425 aluno e com a sua própria, como cidadão e como profissional (BACCI e PATACA, 2008). Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Prefeito José Roberto Preto, situada no entorno imediato da EEJI, onde cerca de 20% de seus alunos são descendentes de caiçaras que moravam no interior da EEJI, foi desenvolvido pelos professores o projeto “Cultura Caiçara” que elaborou um roteiro de entrevistas que foi aplicado junto aos moradores mais antigos da Vila Barra do Una, situada no interior da EEJI, pelos alunos em uma saída a campo, com a aplicação deste questionário foi possível caracterizar como era o modo de vida dos caiçaras e a relação com o meio ambiente, suas tradições e festas. No projeto “Cultura Caiçara” foi desenvolvida também uma oficina de música e danças caiçaras, que foram apresentadas em um evento realizado na própria escola para os pais e os mestres. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Pastor Manoel Eustáquio Damacena, situada na zona rural da cidade, foi desenvolvido o projeto “Educação Ambiental para Investigação e Conservação”, que foi idealizado à partir da curiosidade dos alunos em compreender o meio ambiente como condição para sobrevivência humana. Este projeto trabalhou com o “ciclo de indagações” onde os alunos realizaram uma saída de campo conhecendo os ambientes da EEJI, e posteriormente foram divididos em grupos e cada grupo fez perguntas sobre as curiosidades de cada ambiente visitado. Dando sequência os grupos apresentaram as perguntas, a professora selecionou a mais significativa e tentou responder junto com os alunos. A pergunta que direcionou a pesquisa foi sobre a herbivoria, ou seja, a utilização das folhas na alimentação de animais, na trilha do fundão, situada no Núcleo Arpoador da EEJI. Os alunos observaram um arbusto que tinha folhas de coloração diferenciada, onde as folhas mais jovens tinham uma coloração mais avermelhada e não apresentava sinais de herbivoria. Ao voltar para a trilha cada grupo tentou desvendar porque aquelas folhas mais jovens não apresentavam sinais de herbivoria, e então foi levantada a hipótese de que com uma coloração diferente das folhas espantava os herbívoros, isto é, era Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 426 uma defesa da planta produzir folhas jovens de uma coloração diferente, que sem muita possibilidade de análise levou-os a concluir ser a hipótese verdadeira. Tais experiências corroboram com Compiani e Carneiro (1993) que afirmaram que as aulas de campo, têm papel pedagógico fundamental, pois é no campo que ocorre o conflito entre o real (o mundo), o exterior e o interior, as idéias e as representações, gerando um contexto único de observação e interpretação da natureza na busca de informações, no entendimento dos fenômenos e na formulação de conceitos explicativos. Desta maneira a Maratona de Educação Ambiental Juréia-Itatins possibilitou aos participantes um novo olhar sobre a questão ambiental estimulando-os a realizar projetos sobre essa temática em suas escolas. 5. Conclusão O uso de trilhas no projeto Maratona de Educação Ambiental Juréia-Itatins possibilitou a integração entre Unidade de Conservação e a comunidade escolar, onde educadores e educandos puderam vivenciar suas próprias experiências em meio à natureza e aprenderem juntos. A experiência de estudo do meio requer do professor um papel ativo, orientador e mediador que não estão claros nas propostas pedagógicas desenvolvidas nas escolas. Os educadores encontraram dificuldades em enxergar a natureza como recurso pedagógico, no entanto, a Maratona de Educação Ambiental possibilitou que algumas escolas conseguissem formar um elo entre a teoria e a prática, promovendo a reflexão da ação do homem sobre o meio ambiente, sensibilizando educadores e educandos para uma mudança de comportamento e utilizando uma abordagem interdisciplinar. O desenvolvimento de atividades em áreas naturais, tal como a Maratona de Educação Ambiental Juréia-Itatins, são primordiais para gerar e transferir conhecimento além daquele obtido da forma tradicional na sala de aula. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 427 Este trabalho nos permite inferir que as escolas precisam ser mais respaldadas e estimuladas incentivando os seus Coordenadores Pedagógicos e Professores para despertarem o interesse em atividades de estudo do meio, saindo da rotina e do tradicional e entendendo que os alunos podem aprender muito mais quando estão sendo estimulados de diferentes formas, proporcionando assim a construção de um currículo mais significativo também para o aluno. 6. Bibliografia BACCI, D.L.C.; PATACA, E.M. Educação para a água. Estudos Avançados, 22 (63),p. 211-226, 2008. CALI, P. O Processo de Povoamento do Litoral Sul de São Paulo: JuréiaItatins. 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Pesquisamos os seguintes dados sobre seis trilhas: extensão, tempo médio de caminhada, altimetria ao longo do percurso e levantamento de espécies animais (vertebrados e invertebrados) e vegetais. As trilhas puderam ser mapeadas por meio do uso de GPS e depois fizemos os mapas destas, sendo que analisamos a variação altimétrica e a extensão por intermédio dos dados deste aparelho. Com a altitude pudemos fazer gráficos com os perfis altimétricos das trilhas por meio do GPS Trackmaker. De acordo com a diferença de nível, entre o maior e o menor ponto, verificamos o grau de dificuldade dessas trilhas quanto à intensidade (leve) e ao nível técnico (fácil), com base em Pagani (1999). Tais resultados acerca das dificuldades – leve e fácil – permitem que as trilhas do IF tenham amplo alcance quanto aos usuários, por exemplo, abarcando todas as idades. As trilhas estão, atualmente, sob a expectativa da implantação de sinalização, de acordo com o Projeto de Extensão sob nossa coordenação. Assim, os dados sobre extensão, tempo médio de caminhada e altitude serão somados ao inventário sobre as 91 espécies animais encontradas nas matas (distribuídas em 46 famílias e 4 classes) e 140 de vegetais, pertencentes a 9 famílias (correspondentes a 52,14% do total). O inventário sobre as espécies arbóreas e os animais vertebrados e invertebrados conta com o suporte dos professores Ricardo Tayarol (engenheiro florestal), Fernando Martins Costa (biólogo) e Elisa Aiko Miyasato (bióloga), respectivamente. O objetivo final desta pesquisa é equipar as trilhas com informações que possam ser usadas pelo IF Barbacena e pelas demais instituições de ensino do Município, visando proporcionar a educação 13 helcio.campos@ifsudestemg.edu.br Professor do IF Barbacena e Vice Líder do Grupo de Pesquisa em TAS (Território, Ambiente e Socialidades) 14 sirdilene93@hotmail.com – Graduanda em Agronomia no IF Barbacena Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 430 socioambiental por meio de visitas guiadas. Dessa forma, nossa pesquisa também cumpre um papel social, ao servir a uma cidade com cerca de 130 mil habitantes (IBGE, 2013) que não possui jardim botânico nem áreas públicas verdes disponíveis para educação e lazer. Resumen Palabras clave: Trillas IF Barbacena, Mapas y gráficos, Educación social y ambiental, Estudio de las especies animales y vegetales; Senderos de clasificación. El trabajo aborda los senderos existentes en el Mata Atlântica y se inserta en 479 hectáreas de Instituto Federal (IF) Campus de Barbacena - MG. Se realizaron búsquedas en los datos siguientes en seis senderos: extensión tiempo medio de duración de la caminata, la altitud de la ruta y el estudio de las especies animales (vertebrados e invertebrados) y de plantas. Los senderos pueden fueron analizados mediante el uso de la tecnologia GPS y luego nos hicieron estos mapas, y analizar los datos de altimetría variación y extensión a través de este dispositivo. Con la altitud podría hacer gráficos con perfiles altimétricos de senderos a través del GPS TrackMaker. De acuerdo con la diferencia de nivel entre el punto más alto y el más bajo, nos encontramos con el grado de dificultad de estos senderos sobre el nivel de intensidad (leve) y el nivel técnico (fácil), con sede en Pagani (1999). Estos resultados sobre las dificultades - levo y fácil – muestran que las trillas tienen un gran alcance de usuarios, por ejemplo, que abarca todas las edades. Los senderos se encuentran actualmente en la expectativa de la implementación de señalización, según proyecto de extensión bajo nuestra coordinación. Por lo tanto, los datos sobre la duración, el tiempo medio de caminata y la altitud se agregará al inventario de las 91 especies que se encuentran los bosques (y 46 familias y 4 clases) y 140 plantas pertenecientes a 9 familias (correspondientes a 52,14 % del total). El inventario de especies de árboles y vertebrados e invertebrados cuenta con el apoyo de los profesores Ricardo Tayarol (ingeniero forestal), Fernando Martins Costa (biólogo) y Elisa Aiko Miyasato (bióloga), respectivamente. El objetivo final de esta investigación es dotar a las trillas con información que puede ser utilizada por IF Barbacena y por otras instituciones educativas de la ciudad, destinadas a la educación ambiental a través de visitas guiadas. Por lo tanto, nuestra investigación también cumple una función social, para servir a una ciudad de unos 130.000 habitantes (IBGE, 2013), que no tiene jardín botánico o áreas verdes disponibles para la educación y el ocio. 1. Introdução Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 431 A pesquisa em tela surgiu motivada pela existência de trilhas inseridas em áreas remanescentes de Mata Atlântica localizadas nas dependências do Instituto Federal (IF), campus Barbacena-MG. A cidade, que conta com cerca de 130 mil habitantes (IBGE, 2013), é extremamente carente em espaços públicos que poderiam ser utilizados para educação ambiental e lazer. Esta carência foi o outro grande fator motivacional para a presente pesquisa. Além disso, o campus do IF situa-se em plena região central de Barbacena, como mostrado no mapa 1, pois surgiu, em 1910, com destinação para o ensino técnico agrícola (daí sua ampla área), a primeira escola dessa modalidade de ensino no Brasil 432 . Mapa 1: Localização do Instituto Federal no Município de Barbacena. Fonte: Araújo, 2002. Os 479 hectares de área do IF são utilizados para vários fins, divididos em setores: Núcleo de Agricultura (NA), Núcleo de Zootecnia (NZ), Laticínio, Setor Poliesportivo, Abatedouro, Setor de Equoterapia, Núcleo de Química (NQ), Área para Búfalos, Núcleo de Informática (NI), além da Sede. As áreas de mata, onde estão as trilhas deste estudo, podem ser identificadas no mapa 2. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 433 Mapa 2: Mapa de uso do solo na área do Instituto Federal - Barbacena. Fonte: Araújo, 2002. Diante desse quadro foi desenvolvido um projeto de iniciação científica (CAMPOS e FERNANDES, 2011) com a finalidade de estudar as trilhas que já existiam entre as matas do IF, criadas ao longo de sua centenária história. A título de elucidação, concordamos com Murta e Goodey (2002, p. 36), que assim conceituam o que é uma trilha: "é uma rota, já existente ou planejada, que liga pontos de interesse em ambientes urbanos ou naturais". Esta é a visão adotada neste trabalho. Pesquisamos os seguintes dados sobre seis trilhas das matas do IF: extensão, tempo médio de caminhada, altimetria ao longo do percurso e levantamento de espécies animais (vertebrados e invertebrados) e vegetais. As trilhas puderam ser mapeadas por meio do uso de GPS e depois Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 fizemos os mapas destas, sendo que analisamos a variação altimétrica e a extensão por meio dos dados deste aparelho. Com isso disponível, elaboramos os perfis altimétricos de cada trilha por intermédio do GPS Trackmaker. Tais estudos e procedimentos foram realizados entre 2011 e 2013. A segunda etapa de estudos, a partir de 2012, contou com a contribuição de professores de áreas afins ao estudo sobre as trilhas. Desse modo, passamos a contar com o levantamento das espécies de animais invertebrados (por parte da bióloga Elisa Aiko Miyasato) e das espécies arbóreas (a cargo do engenheiro florestal Ricardo Tayarol). As pesquisas acerca dos animais vertebrados já vinham sendo realizadas, impetradas pelo biólogo Fernando Martins Costa, que, gentilmente, cedeu-nos seus resultados e banco de fotos. Em decorrência dessa cooperação e de pesquisas anteriores, já contamos com 91 espécies de animais e 140 espécies de vegetais inventariadas. A terceira e última etapa de trabalho sobre as trilhas do IF Barbacena está inserida em um Projeto de Extensão, em vigência, com o escopo de expor os saberes levantados nas etapas anteriores por intermédio da fixação de placas de sinalização nas seis trilhas: pretende-se implantar a identificação das principais espécies arbóreas das margens e também pórticos nas entradas das trilhas, compostos dos dados de extensão, tempo médio de caminhada, perfil altimétrico, grau de dificuldade, mapeamento, fotos de espécies animais e vegetais presentes no entorno das trilhas. Para a consecução desta etapa, nos apoiamos, dentre outros, em Goodey (2002) e GIA, IEF e IBAMA (2002). Ao se fechar esta última seção de trabalhos, a pesquisa alcançará seu objetivo de equipar as trilhas com informações que possam ser usadas pelo IF Barbacena (sobremaneira pelos cursos superiores de Meio Ambiente, Biologia, Educação Física e Turismo) e usadas também pelas demais instituições de ensino do Município, visando à educação socioambiental por meio de visitas guiadas, cujo objetivo é atrair escolas dos níveis fundamental e médio, conforme o Projeto de Extensão. Dessa forma, nossa pesquisa também cumpre um importante papel educacional e social. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 434 O contato da comunidade discente com as trilhas do IF vem sendo preparado, como vimos. As principais funções históricas das trilhas são as de suprir e encurtar os deslocamentos. Contudo, com o passar dos anos, as trilhas passaram de simples vias de circulação para um meio de contato com a natureza. As trilhas ecológicas têm se mostrado grandes aliadas na sensibilização das pessoas, uma vez que permitem o contato perdido entre indivíduo e meio ambiente, trazendo conhecimentos sobre aquele local, suas características e aspectos, além de proporcionar momentos de recreação e lazer. Destarte, segundo os preceitos do Ecoturismo, é através da Educação Ambiental, favorecida pelo contato das pessoas com os lugares de natureza, que se pode despertar uma consciência ambiental de conservação dos locais. Essa seria a base para uma atividade de sustentabilidade para os locais que a desenvolvem (SANDEVILLE JR. e SUGUIMOTO, 2010). Concorda-se que o contato com a natureza é um grande estímulo à sensibilização sobre o ambiente e à sua conservação, mas existe um espaço a preencher entre essa sensibilização e a Educação Ambiental. Neiman (2002, p.18) afirma que, se o contato com a natureza for proporcionado de forma adequada, estimulando todos os sentidos (sentir o cheiro da mata, olhar os animais, ouvir os barulhos), há uma melhora de sentimentos positivos em relação ao que deve ser conservado, afinal “não é apenas através do sentimento ético de obrigação que se pode trabalhar o gosto pela natureza e pela conservação”. Em nosso trabalho, tivemos como objetivo mapear as trilhas do Núcleo de Zootecnia, verificando o tempo médio necessário para a caminhada, extensão e sua variação altimétrica. Além disso, com nossos parceiros, os professores Ricardo Tayarol e Elisa Miyasato, buscamos a identificação de algumas espécies vegetais e de animais invertebrados nas trilhas já estudadas anteriormente (que ficam próximas ao Complexo Poliesportivo e ao Núcleo de Agricultura) e também nas trilhas que foram estudadas nesta atual etapa do projeto. 2. Metodologia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 435 Foi realizada uma revisão bibliográfica acerca das temáticas relacionadas, sobretudo aquelas envolvendo outros estudos sobre trilhas. As trilhas puderam ser mapeadas por meio do uso de GPS e depois fizemos três mapas destas, sendo que analisamos a variação altimétrica e a extensão por meio dos dados deste aparelho. Com a altitude pudemos fazer gráficos das três trilhas próximas ao Núcleo de Zootecnia. De acordo com esta diferença de nível, entre o maior e o menor ponto, verificamos o grau de dificuldade dessas trilhas, consoante a classificação abaixo indicada. As altitudes de cada ponto foram exportadas do aparelho GPS e processadas com o programa GPS Trackmaker para a criação dos perfis altimétricos. 2.1 – Classificações para as trilhas usadas nesta pesquisa Com a finalidade de caracterizar as trilhas estudadas nas matas do IF Barbacena, adotamos três tipos de classificação de trilhas acerca dos seguintes pontos: 1º) extensão; 2º) grau de dificuldade; 3º) formato geográficoespacial. Tais classificações são apresentadas a seguir. As trilhas podem ser divididas, quanto à extensão, em: a) Trilhas de curta distância: até 2.500 m de extensão. São as chamadas Trilhas de Interpretação ou “Natural Trails”; b) Trilhas de média distância: variam de 2.500 m a 5.000 m; c) Trilhas de longa distância (“Wilderness Trails”): acima de 5.000 m de extensão. As trilhas de curta distância, caso de todas as existentes na matas do IF, têm potencial recreativo e educativo, incluindo o desenvolvimento de programação para interpretação do ambiente natural. De acordo com o GIA, IEF e IBAMA (2002), três métodos básicos podem ser apontados na interpretação de trilhas: a trilha guiada, a trilha autoguiada com placas ou painéis e a trilha autoguiada com roteiros. Os métodos podem ser utilizados independentes um do outro e, também, de maneira mais rica, como complementares. Um local com potencial Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 436 interpretativo, para a instalação de uma trilha, é aquele que apresenta grande diversidade de elementos, ao longo de seu percurso. As trilhas não devem ser visualmente monótonas. Alguns fatores contribuem para assegurar esta diversidade, como: possuir plantas com diferentes cores de folhas, flores e frutos, além de formas e texturas diferentes; uma área exposta ao vento, em contraste com uma área abrigada; ser uma trilha com trechos sombreados, que abram para uma área ensolarada; formas de relevo contrastantes e diferentes aspectos de uma paisagem; mudança de habitat, com transição de cerrado para mata (GIA, IEF e IBAMA, 2002). Uma segunda classificação refere-se ao grau de dificuldade, que é bastante subjetivo, pois pode variar dependendo do condicionamento físico e do peso da bagagem dos praticantes. Pagani (1999, p.160) adota a seguinte classificação quanto: a) à intensidade: leve, regular e semipesada; b) ao nível técnico: fácil; com obstáculos naturais; exige habilidade específica. Todas as trilhas do IF Barbacena são de leve intensidade e de fácil nível técnico, o que aumenta o espectro de possíveis usuários. A terceira classificação das trilhas versa sobre o formato espacial/geográfico que elas possuem, e é derivada de Andrade e Rocha (2008): a) Trilha com forma Circular: quando esta oferece a possibilidade de se voltar ao ponto de partida sem repetir o percurso ou cruzar com outros visitantes. b) Trilha em forma de Oito: são muito eficientes em áreas limitadas, pois aumentam a possibilidade de uso destes espaços. c) Trilha Linear: formato de trilha mais simples e comum. Geralmente seu objetivo é conectar o caminho principal, quando já não é o próprio, a algum destino, como lagos, mirantes, cavernas, picos etc. Apresenta as desvantagens do caminho de volta ser igual ao de ida, e a possibilidade de se cruzar outros visitantes. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 437 d) Trilha em Atalho: é aquela cujo início e fim estão em diferentes pontos de uma trilha ou caminhos principais. Todas as trilhas do IF Barbacena são Lineares. Em duas delas, a Trilha das Borboletas e a Trilha do Lago, também encontramos a forma em Atalho. A pesquisa de campo incluiu, além das marcações com GPS supracitadas, a averiguação do tempo médio para caminhadas e um banco de dados com fotos e observações sobre o estado de conservação das trilhas. Além disso, a pesquisa in loco serviu para a identificação de espécies arbóreas e de animais invertebrados, por meio da colocação de armadilhas aéreas (com iscas de banana fermentada) e de armadilhas de queda (com fezes humanas e baço suíno). Os animais vertebrados estão em estudo, desde 2009, pelo professor Fernando Martins Costa, que disponibilizou seu acervo de fotos e de identificação das espécies, sendo também um eminente colaborador desta pesquisa. 3. Resultados e discussão 438 Depois do estudo de campo, produzimos 3 (três) “mapas” das trilhas já estudadas no Núcleo de Agricultura e outros três para as trilhas pertencentes ao Núcleo de Zootecnia. Apesar de o traçado apresentado nas próximas figuras das trilhas não compor, efetivamente, documentos cartográficos, estão sendo por nós denominados “mapas” pelo motivo central de mostrarem a localização de cada trilha. Com isso considerado, passamos a apresentar os resultados da pesquisa. 3.1 – Trilhas próximas ao Setor Poliesportivo e ao Núcleo de Agricultura 1ª) “Trilha da Quadra” Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 1: Traçado da Trilha da Quadra Fonte: Adaptação do Google Earth Gráfico 1: Variação altimétrica da Trilha da Quadra. Fonte: Campos e Paiva, 2013. Esta trilha passa completamente dentro da mata, e é a mais próxima da Sede do Instituto. Começa e termina ao lado da Quadra Poliesportiva, perfazendo um total de 218, 22 metros. Possui uma diferença altimétrica de 15,14 metros, sendo considerada de fácil caminhada, completada em cerca de 15 minutos. Figuras 2, 3 e 4: Lixo, galho caído e mato na trilha, respectivamente. Suas características estão assim distribuídas: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 439 - parte inicial: estreita, onde encontramos muito lixo, indicando seu uso, e também muito mato, dificultando sua utilização; - parte intermediária: a trilha se alarga, mas existem muitos galhos de árvores caídos no chão, também prejudicando a passagem de visitantes; - parte final da trilha: a saída é muito íngreme, sendo que para a utilização da população ou para estudantes devem ser feitos escada e corrimão para facilitar a subida. Foram encontradas algumas espécies vegetais, como embaúba e bromélias, além de espécies de insetos ainda não identificados. 2ª) “Trilha das Rosas” 440 Figura 5: Traçado da Trilha das Rosas. Fonte: Adaptação do Google Earth Gráfico 2: Variação altimétrica da Trilha das Rosas. Fonte: Campos e Paiva, 2013. Essa trilha começa atrás do complexo esportivo e vai até a estufa de rosas, com 315,74 metros. Seus primeiros metros são muito estreitos e possui muito mato, havendo a necessidade de capina periódica. Apesar disto, é de fácil Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 utilização, pois sua diferença altimétrica é de 28,11 metros, e o tempo médio de caminhada é, em média, de 20 minutos. 3ª) “Trilha da Equoterapia” Figura 6: Traçado da Trilha da Equoterapia. Fonte: Adaptação do Google Earth 441 Gráfico 3: Variação altimétrica da Trilha da Equoterapia. Fonte: Campos e Paiva, 2013. Essa trilha começa na estufa de rosas e termina próximo ao Setor de Equoterapia, com extensão de 453,08 metros. Nela foi visualizado muito mato e também muitas poças de lama, dificultando o uso desta no período chuvoso (outubro a março). Mesmo assim, é uma trilha de fácil acesso – inclusive por ser larga – e com baixa dificuldade de caminhada, sendo sua diferença de nível de 21,63 metros, percorridos em 20 minutos, aproximadamente. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 7: poça de lama na trilha.Fonte: Campos e Paiva, 2013. 3.2 – Trilhas próximas ao Núcleo de Zootecnia 1ª) Trilha das Borboletas 442 Figura 8: Traçado da Trilha das Borboletas. Fonte: Adaptação do Google Earth Essa trilha começa atrás do curral de bovinocultura de leite e termina em um lago no início da mata. Esse começo é dificultado pela presença de esterco e de lama perto da porteira, porém, conta com árvores de grande porte, como o eucalipto e o ipê, além de alguns animais, dentre os quais o caracará. Outros animais são encontrados ao longo da trilha, como vários pássaros (espécies de canário, pica-pau, tucano etc.), além de muitas borboletas, sobretudo na clareira vizinha a um córrego. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Gráfico 1: Variação altimétrica da Trilha das Borboletas Fonte: Campos e Paiva, 2013. 443 Figuras 9,10, 11 e 12: Espécie animal, insetos, córrego e musgo vermelho, respectivamente. Fonte: Campos e Paiva, 2013. Existem musgos vermelhos nas árvores, que são indicativos de ar de boa qualidade. A trilha termina perto de um lago, onde existe uma junção com a “Trilha do Lago”, local com muito mato, sendo que a passagem assim fica difícil e perigosa, visto que podem existir animais peçonhentos. Esta trilha é de fácil Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 acesso e com baixa dificuldade de caminhada, mesmo com sua diferença altimétrica sendo de 80 metros ao longo de seus 951,38 metros de extensão. O tempo médio de caminhada é de 45 minutos. Figura 13: Lago. Fonte: Campos e Paiva, 2013. 2ª) Trilha do Lago 444 Figura 14: Traçado da Trilha do Lago. Fonte: Adaptação do Google Earth Essa trilha começa no meio da Trilha das Borboletas, onde há uma bifurcação, e termina próxima ao lago. Ela não tem muito mato, porém existem muitos galhos de bambu caídos na trilha. Além disso, a trilha está no meio da mata, permitindo a visualização de alguns animais, como pássaros e pequenos mamíferos roedores, e também algumas espécies de árvores nativas da região, a exemplo de embaúbas, araucárias e ipês. Existe uma nascente ao final da trilha, um lugar fresco e com um agradável barulho de água corrente. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Gráfico 2: Variação altimétrica da Trilha do Lago. Fonte: Campos e Paiva, 2013. A Trilha do Lago, com 375,57 metros de extensão, pode ser percorrida em cerca de 30 minutos. Apresenta 28 metros de diferença de nível, isto é, de fácil caminhada. 445 Figura 15 e 16: Galhos caídos e a nascente d’água encontrados na trilha. Fonte: Campos e Paiva, 2013. 3ª) Trilha da Clareira Figura 17: Traçado da Trilha da Clareira. Fonte: Adaptação do Google Earth Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Esta trilha passa completamente dentro da mata, começando no lago e terminando numa propriedade fora da área escolar. Por isso, é possível visualizar alguns animais, como primatas e pequenos anfíbios. Figura 18: Mato na trilha. Fonte: Campos e Paiva, 2013. Um problema dela é ter muito mato e galhos caídos ao longo de sua extensão, que é de 621,32 metros. Pode ser percorrida em cerca de 1 hora. Apresenta, em geral, facilidade para caminhada. Porém, seu trecho final, a partir da clareira, é íngreme (desnível de 10%) em um espaço de 112 metros. Gráfico 3: Variação altimétrica da Trilha da Clareira. Fonte: Campos e Paiva, 2013. 3.3 – Síntese da caracterização das trilhas estudadas no IF Barbacena Ao longo das seis trilhas pesquisadas existem várias espécies animais e vegetais: são 91 espécies de animais encontradas nas matas (distribuídas em 46 famílias e 4 classes) e 140 de vegetais, pertencentes a 9 famílias (correspondentes a 52,14% do total). Parte desse inventário pode ser observada na tabela a seguir. Tabela 1: Lista de animais encontrados nas matas do IF Barbacena. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 446 Classe Nº de Famílias Nº de Espécies Exemplos AMPHIBIA 2 3 Bufoniade REPTILIA 5 9 AVES 31 69 Anguidae Ardeidae MAMMALIA 8 10 Fonte: Campos e Paiva, 2013. Canidae Tabela 2: Famílias de vegetais encontradas nas matas do IF Barbacena. Família Número de espécies % do total Myrtacea 35 12,5 Fabacea 31 11,07 Laurácea 21 7,5 Annonacea 12 4,3 Euphorbiacea 11 3,9 Rubiácea 10 3,57 Sapindácea 10 3,57 Meliácea 8 2,86 Melastomatacea 8 Fonte: Campos e Paiva, 2013. 2,86 447 Todo o conhecimento produzido nesta pesquisa (incluindo o levantamento de espécies animais e vegetais a cargo dos professores colaboradores) será utilizado em um Projeto de Extensão, em andamento, que tem por escopo sinalizar as seis trilhas com totens, contendo mapa, fotos de animais vertebrados e invertebrados, perfil altimétrico e tempo médio de caminhada. Ao longo de cada trilha poderá ser observada a identificação das espécies arbóreas. Pretende-se, ao final desta etapa extensionista, possibilitar o uso das trilhas para fins educacionais do IF e de outras instituições, atendendo a diversas áreas científicas. Os resultados desta pesquisa estão sumariados abaixo, apresentando os dados coletados in loco e as classificações adotadas para as trilhas (Extensão, Intensidade, Nível Técnico e Formato). Tabela 3: Classificação das trilhas quanto à extensão, intensidade, nível técnico e formato. Nome da Trilha Extensão Intensidade Nível técnico Formato Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Trilha da Quadra Curta Leve Fácil Linear Trilha das Rosas Curta Leve Fácil Linear Trilha da Equoterapia Curta Leve Fácil Linear Trilha do Lago Curta Leve Fácil Linear/Atalho Trilha das Borboletas Curta Leve Fácil Linear/Atalho Fácil Linear Trilha da Clareira Curta Leve Fonte: Campos e Paiva, 2013. Tabela 4 Síntese geral das características das trilhas. Nome da Trilha Extensão (m) Desnível (m) Tempo médio de caminhada (min.) Trilha da Quadra 218, 22 15,14 15 Trilha das Rosas 315,74 28,11 20 Trilha da Equoterapia 453,08 21,63 20 Trilha do Lago 375,57 28 30 Trilha das Borboletas 951,38 80 45 448 Trilha da Clareira 621,32 110,79 Fonte: Campos e Paiva, 2013. 60 4. Conclusão As trilhas são de boa acessibilidade e de acordo com as com as classificações adotadas neste estudo, todas elas são consideradas de leve intensidade, de curta distância, com o nível técnico fácil e com o formato linear (exceto a Trilha das Borboletas e a Trilha do Lago, que também têm o formato em “atalho”). Contudo, apresentam um problema em comum, que são os galhos caídos e o mato excessivo em sua extensão, necessitando de capina periódica e recolhimento dos galhos. Elas possuem um ótimo potencial utilizável para educação ambiental, pela presença de espécies vegetais e de animais nativos da região, além de ser uma boa área de lazer, com clareiras, lagos e nascentes. Mesmo assim, para que as trilhas sejam utilizadas de maneira adequada, ainda existe a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 necessidade de serem estudadas para melhor conhecimento de sua fauna e flora, e a consequente exploração de todos os seus recursos. 5. Bibliografia ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2005. ANDRADE, W. J.; ROCHA, R. F. da. Manual de trilhas: um manual para gestores. Instituto Florestal - Governo do Estado de São Paulo: São Paulo, 2008. ARAÚJO, P. O. de L. e C. Metodologia para adequação das Escolas Agrotécnicas à Legislação Ambiental. Dissertação de Mestrado. Lavras: UFLA, 2009. CAMPOS, H. R. e F.ERNANDES, S. A. T. Ecoturismo e meio ambiente no campus Barbacena. Projeto de Iniciação Científica. Barbacena: IF, 2011. GIA, IEF e IBAMA – Grupo Temático de Interpretação Ambiental, Instituto Estadual de Florestas e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Manual de introdução à interpretação ambiental. Belo Horizonte: Projeto Doces Matas, 2002. GOODEY, B. A sinalização interpretativa. In: MURTA, S. M. e ALBANO, C. (Org.). Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: UFMG, p. 181-189, 2002. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Normas de apresentação tabular. Rio de Janeiro, 1993. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE cidades. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=310560& search=minas-gerais|barbacena . Acesso em 13/06/2013. MURTA, S. M. e GOODEY, B. Interpretação do patrimônio para visitantes: um quadro conceituaI. ln: MURTA, S. M. e ALBANO, C. (Org.). Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: UFMG, p. 13-46, 2002. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 449 NEIMAN, Z. (Org.) Meio Ambiente, Educação e Ecoturismo. Barueri: Manole, 2002. PAGANI et al. As trilhas interpretativas da natureza e o ecoturismo. In: LEMOS, A. I. G. (Org.). Turismo: impactos socioambientais. São Paulo: Hucitec, p.152-162, 1999. SANDEVILLE JR., E. e SUGUIMOTTO, F. T. Ecoturismo e (Des)Educação Ambiental. Revista Brasileira de Ecoturismo. São Paulo, v.3, n.1, p.4760, 2010. 450 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas ELABORAÇÃO DE ROTEIRO INTERPRETATIVO PARA A TRILHA DA FONTE, PARQUE NATURAL MORRO DO OSSO, PORTO ALEGRE, RS. Izadora Flores Rech15 Celson Roberto Canto Silva16 Resumo Palavras-chave: Roteiro interpretativo; Trilha ecológica; Interpretação ambiental; Unidades de Conservação; Parque Natural Morro do Osso. Atualmente, a interpretação Ambiental desenvolvida em trilhas ecológicas é um instrumento eficaz de gestão para Unidades de Conservação (UC), podendo fortalecer a compreensão sobre a importância dessas áreas e do seu papel no desenvolvimento das regiões. O Parque Natural Morro do Osso é uma UC de proteção integral localizada na zona urbana de Porto Alegre, RS, que apresenta um programa de interpretação ambiental desenvolvido em trilhas ecológicas. A trilha da Fonte é o principal percurso utilizado neste programa, atendendo grupos de estudantes, universitários e público em geral, mediante agendamento prévio e orientação por parte de condutores credenciados para esse fim. Apesar do pleno funcionamento do programa, ainda não foi sistematizado um roteiro de interpretação ambiental específico para a trilha, de modo a padronizar a orientação dada pelos condutores ou que possa ser facilmente transmitido a eles em sua formação. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi propor um roteiro interpretativo para a Trilha da Fonte, elaborado a partir de metodologias específicas para esse fim. A metodologia consistiu nas seguintes etapas: definição de temas e pontos interpretativos, inventário das oportunidades interpretativas e elaboração do roteiro propriamente dito. Para a definição dos pontos a serem interpretados utilizou-se o método Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos (IAPI). Em função das características locais e interesse da gestão do parque, definiu-se um tema para a trilha relacionado à variação da fisionomia vegetacional típica dos morros graníticos de Porto Alegre. De dezessete pontos inicialmente considerados, foram selecionados dez, nos quais foram investigados diversos aspectos da fauna, flora, história e impacto humano. Por fim, foram elaborados 58 textos 15 Izadora.rech@hotmail.com Curso Superior em Tecnologia em Gestão Ambiental, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Porto Alegre Programa de Bolsas de Iniciação Científica e/ou Tecnológica do IFRS (BICET/BICTES) 16 celson.silva@poa.ifrs.edu.br Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Porto Alegre Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 451 orientadores sobre os aspectos investigados, constituindo-se no roteiro interpretativo proposto. Resumen Palabras clave: Hoja de ruta interpretativa; sendero ecológico; interpretación ambiental; Unidades de Conservación; Parque Natural Morro do Osso. En la actualidad, la interpretación desarrollada en senderos ambientales es una herramienta de gestión eficaz para las Unidades de Conservación (UC), que puede reforzar la comprensión de la importancia de estas áreas y su papel en el desarrollo regional. El Parque Natural del Morro do Osso es una UC de protección integral situado en la zona urbana de Porto Alegre, que presenta un programa de senderos de interpretación ambiental desarrollados. La pista da Fuente es la ruta principal utilizada en este programa, servicio a grupos de estudiantes, académicos y público en general, con cita previa y orientación de controladores certificados para tal fin. Apesar de la plena vigencia del programa, aún no fue sistematizada una hoja de ruta para la interpretación ambiental específica a la pista con el fin de normalizar las orientaciones dadas por los conductores o se puede transmitir fácilmente a ellos en su formación. Por lo tanto, el objetivo de este trabajo fue proponer una hoja de ruta para la Fuente sendero interpretativo, extraídos de metodologías específicas para este fin. La metodología consistió en los siguientes pasos: definir los temas y puntos de interpretación, inventario de oportunidades de interpretación y la preparación de la propia escritura. Para la definición de los puntos a ser interpretados utilizado el método Indicadores de Atractivo por Punto de Interpretación (IAPI). Debido a las características e intereses de la gestión local del parque, crear un tema para la variación ruta relacionada con la vegetación típica fisonomía de colinas graníticas de Porto Alegre. Diecisiete puntos considerados inicialmente, se seleccionaron diez de los cuales se investigaron distintos aspectos de la fauna, flora, historia y el impacto humano. Por último, hemos desarrollado 58 textos de orientación sobre los aspectos investigados, lo que constituye el guión interpretativo propuesto. 1. Introdução Diversas são as definições para interpretação ambiental (IA). A mais conhecida e difundida delas vem de Freeman Tilden, considerado até hoje como precursor dessa atividade. Para Tilden, a interpretação ambiental consiste em “uma atividade educativa, que se propõe a revelar significados e inter-relações por meio do uso de objetos originais, do contato direto com o recurso e de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 452 meios ilustrativos, em vez de simplesmente comunicar informação literal” (TILDEN, 1977 apud PROJETO DOCES MATAS, 2002). Em Unidades de Conservação (UCs), a interpretação ambiental não só tem importância educativa, como também é importante no manejo dessas áreas, podendo fortalecer a compreensão sobre a importância da UC e seu papel no desenvolvimento social, econômico, cultural e ambiental da região (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2006). Muitos são os recursos e meios interpretativos que podem ser utilizados em unidades de conservação, entretanto, o mais comum deles são as trilhas interpretativas, que possibilitam ao observador in loco se sensibilizar, perceber, refletir e compreender elementos, fenômenos e interações no meio natural que aprendem na escola ou com a mídia, mas que normalmente não são percebidos por ele no dia a dia, reformular seus valores e atitudes e também desafiar seu corpo através de uma atividade física (IKEMOTO, 2008; AGUIAR et al, 2010; NASCIMENTO, 2004). 453 Para obter sucesso com uma trilha (ou com qualquer outro recurso de interpretação), é essencial o planejamento do processo interpretativo, constituindo-se na elaboração de um roteiro interpretativo. A elaboração de um roteiro permite que em uma trilha sejam trabalhados temas com enfoques diferenciados através de uma organização lógica, que possa permitir a compreensão do ambiente visitado pelo visitante (IKEMOTO, 2008). Com um roteiro interpretativo, o visitante passa a compreender o ambiente de uma forma integral e desperta para sua conservação. Uma trilha, quando bem planejada, pode contribuir para o despertar da percepção dos visitantes quanto ao ambiente natural em todas as suas escalas (COSTA & MELO, 2005). O Parque Natural Morro do Osso (PNMO) é uma unidade de conservação de proteção integral do município de Porto Alegre, RS. O parque foi criado em 1994, através da Lei Complementar nº 334 de 27 de dezembro de 1994, sendo denominado na época Área Funcional de Parque Natural, com 114 hectares. É rodeado por intensa urbanização, sendo constituído por formações florestais Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 sob influência da Mata Atlântica e apresentando elevada biodiversidade, além de áreas de grande beleza cênica, muito utilizadas pela comunidade do entorno para o contato com a natureza (SESTREN-BASTOS, 2006). No Plano de Manejo do PNMO consta o Subprograma de Interpretação e Educação Ambiental, que tem por objetivo promover a compreensão do ambiente natural do parque pelos seus visitantes, incentivando-os a contribuir na proteção e preservação do mesmo. Segundo esse subprograma, as ações de EA e IA ocorrerão sob a forma de palestras e trilhas orientadas por funcionários do parque ou pessoas credenciadas (SESTREN-BASTOS, 2006). A Trilha da Fonte é o principal percurso utilizado para o desenvolvimento da educação e interpretação ambiental no parque. Trata-se de uma trilha circular, guiada, de aproximadamente 3 km, que percorre as diferentes formações vegetacionais presentes na unidade de conservação. A trilha percorre também ambientes alterados pelo homem, sítios de valor histórico-cultural e locais de rara beleza cênica. Neste sentido, no intuito de qualificar o processo interpretativo, padronizando a orientação dada pelos condutores e facilitando o processo de formação dos mesmos, foi elaborado neste trabalho um roteiro interpretativo para a Trilha da Fonte. Para tal, foram escolhidos temas interpretativos relacionados à trilha, delimitados pontos de interpretação, desenvolvidos tópicos de interpretação a partir do levantamento de dados e, a partir desses, elaboradas as informações que comporão o roteiro interpretativo. 2. Metodologia A metodologia utilizada foi baseada em propostas metodológicas para o planejamento interpretativo de trilhas ecológicas de Magro & Freixêdas (1998) e Vasconcellos (2003). Basicamente, segue as seguintes etapas: definição de pontos interpretativos a partir da determinação dos temas a serem abordados, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 454 levantamento de dados ambientais e elaboração do roteiro interpretativo propriamente dito. 2.1. Definição dos pontos interpretativos Para o desenvolvimento do roteiro interpretativo, foi necessário definir previamente os pontos de interpretação da trilha. Para tal, foi utilizada a metodologia de Indicadores de Atratividade dos Pontos Interpretativos (IAPI), proposta por Magro & Freixêdas (1998). O IAPI tem por objetivo selecionar os pontos mais atrativos para o visitante através de indicadores de atratividade e consistiu na realização de cinco etapas: 1) Levantamento dos pontos iniciais para interpretação O desenvolvimento da metodologia iniciou com a observação dos recursos naturais e culturais encontrados na trilha, através de visitas a campo e com base em informações dos gestores e funcionários do parque sobre a mesma. Foram selecionados 17 pontos previamente, estes coincidentes com os já utilizados pelos condutores do parque no processo de interpretação ambiental, adicionados de dois pontos não utilizados por eles. Após a prévia seleção dos pontos a serem submetidos à avaliação de atratividade, determinou-se o tema a ser interpretado na trilha. Para isso, seguiu-se o sugerido pelo Manual de Interpretação Ambiental do Projeto Doces Matas (PROJETO DOCES MATAS, 2002), que indica primeiramente escolher o tópico mais genérico, depois o tópico mais específico e por fim, o tema interpretativo que deve ser comunicado e compreendido pelo público. A definição do tema foi feita com base nas características da área, em especial a diversidade de formações vegetais, e também no fato da unidade de conservação estar inteiramente circundada pela malha urbana. 2) Levantamento e seleção de indicadores Nesta etapa foi realizado um levantamento dos recursos potencialmente presentes nos pontos pré-selecionados, identificando, portanto, indicadores de atratividade para os mesmos. Foram definidos os seguintes indicadores: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 455 espaço disponível para o visitante, tipo de estímulo, presença de água, vegetação diferenciada, presença ou sinais de animais, beleza cênica, valor histórico-cultural, ocorrência de epífitas, ocorrência de bioindicadores, conforto térmico e abordagem dos temas definidos. 3) Elaboração da ficha de campo A partir da seleção dos indicadores, foi elaborada uma ficha de campo, para a identificação da presença ou ausência dos indicadores nos pontos. Seguindo o proposto por Magro & Freixêdas (1998), a cada indicador foi atribuído um valor que corresponde a sua importância para a qualidade da experiência do observador, variando de 1 (indicadores com pouco potencial de sensibilizar os observadores) a 4 (indicadores com maior potencial de sensibilização). Neste trabalho, alguns indicadores, como espaço disponível, estímulo, presença de água, vegetação diferenciada, beleza cênica e conforto térmico, possuem mais de um valor possível de ser atribuído, variando conforme a percepção do observador (Figura 1). 456 Figura 1. Ficha de campo utilizada para seleção dos pontos de interpretação da Trilha da Fonte do Parque Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS, através do uso da metodologia do IAPI. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 4) Uso da ficha de campo O IAPI foi submetido a dezesseis alunos e um professor do curso Técnico em Meio Ambiente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Porto Alegre. Em campo, a ficha foi utilizada para observar se em cada ponto estavam presentes os indicadores definidos, marcando-se na ficha o valor do indicador caso este estivesse presente no ponto. Além disso, os indicadores presença de água, vegetação diferenciada, beleza cênica e valor histórico-cultural, além de seus valores de atratividade, foram valorados também de acordo com sua intensidade ou abundância (1= presente; 3= predominante). Ao final, foi feito o somatório de cada indicador de atratividade presente nos pontos, resultando no valor total para cada ponto. 5) Seleção final Após a aplicação do IAPI, os dados das dezessete fichas foram repassados para o software Excel, obtendo-se a média aritmética simples de cada ponto. A partir da média final, os pontos foram ordenados de forma decrescente. 2.2. Levantamento de dados ambientais Após a determinação dos pontos interpretativos, a continuidade do trabalho consistiu no inventariamento das oportunidades interpretativas de cada ponto selecionado. Tal inventário foi feito a partir de saídas de campo e consistiu na definição dos tópicos específicos a serem abordados nesses pontos, conforme suas características e em face dos temas escolhidos para a trilha. Posterior à definição dos tópicos, os dados ambientais foram coletados através de levantamento secundário. Para o levantamento secundário foi realizada uma busca no banco de dados disponível na sede administrativa do PNMO e na Biblioteca Jornalista Roberto Eduardo Xavier da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM), a fim de descobrir quais trabalhos já realizados no parque poderiam auxiliar na elaboração do roteiro interpretativo. A principal fonte para o levantamento secundário foi o Plano de Manejo do Parque Natural Morro do Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 457 Osso (SESTREN-BASTOS, 2006), além de livros e artigos publicados em revistas e periódicos. 2.3. Elaboração do roteiro interpretativo A partir do levantamento secundário de informações e de uma avaliação da aplicabilidade das mesmas, foram elaborados e digitalizados textos que auxiliarão na interpretação dos elementos presentes em cada ponto selecionado na trilha. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Definição dos pontos interpretativos Na etapa de determinação dos pontos para a interpretação, em face da riqueza de oportunidades interpretativas que a trilha oferece, foram escolhidos dois temas para orientar a elaboração do roteiro interpretativo, conforme apresentado na Figura 2. 458 Figura 1. Temas selecionados para interpretação ambiental na Trilha da Fonte do Parque Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS. Dos dezessete pontos considerados inicialmente, foram selecionados dez: os oito primeiros que apresentaram melhor desempenho na análise, e outros dois que, apesar de não terem obtido médias altas no IAPI , foram sugeridos pelos gestores do parque para compor o roteiro interpretativo, por tratarem de assuntos específicos e relevantes para o Parque. Constatou-se que a maioria Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 dos observadores relacionou os 10 pontos primeiramente colocados com o tema Diversidade Vegetacional e não com o tema Tensão Urbana. Mesmo os pontos Pedreiras, Toca do sapateiro e Vista para o extremo sul - que apresentam características histórica, cultural e social - foram relacionados à vegetação. Segundo Ikemoto (2008), temas como “Floresta” (ou vegetação) permitem trabalhar diversos aspectos presentes no espaço (flora, fauna, homem, solo, água), suas inter-relações e seus usos possíveis, demonstrando a importância desses recursos naturais no equilíbrio de todo o ecossistema. Mas segundo a autora (op. cit.), é importante numa trilha interpretativa explorar também as questões de cunho histórico e cultural para aproximar o assunto ao cotidiano do observador. 459 Figura 2. Ordenamento dos Pontos Interpretativos da Trilha da Fonte, do Parque Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS, conforme o IAPI, e percepção dos temas abordados. Os pontos selecionados para compor o programa interpretativo estão destacados em negrito. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Percebe-se também que os quatro pontos mais atrativos foram aqueles que apresentam recursos estéticos relevantes, como a presença de um corpo d’água ou vista panorâmica. De acordo com Magro & Freixêdas (1998), esses recursos apresentam efeitos positivos sobre as trilhas, alcançando normalmente as maiores pontuações, pois a beleza estética do sítio incentiva a apreciação do turista pela área que está visitando. Além disso, diversos autores (LITTON et al, 1974; OLIN & BOYLE, 1971; USDA, 1974; ZUBE, 1970;) citados por Griffith (1983) consideram que as paisagens mais variadas quanto as suas formas, texturas, linhas, cores e contrastes são mais valorizadas pelos observadores. Por outro lado, os dois pontos com menor pontuação (Vassoural e Corredor de vegetação) foram aqueles que, apesar de possuírem grande potencial de interpretação, não apresentaram indicadores de atratividade relevantes. Costa & Melo (2005) também consideram que áreas mais impactadas, com menor beleza cênica, podem interferir na apreciação do espaço pelo visitante, como o que ocorre no Vassoural. Observando-se na Figura 4 os pontos selecionados com seus índices de atratividade, conforme sua localização na trilha. Percebe-se que a Trilha da Fonte possui diversidade de elementos no decorrer do seu percurso, o que é importante para que a atividade não se torne monótona para o observador (PROJETO DOCES MATAS, 2002). A trilha começa com o ponto considerado menos atrativo (Vassoural) e vai seguindo seu caminho até atingir o máximo de atratividade, no ponto “Fonte”. Desse ponto em diante a atratividade cai um pouco, mas mantém-se na média até o final da trilha. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 460 Figura 2. Pontos de interpretação e seus índices de atratividade selecionados por meio da aplicação do IAPI para a Trilha da Fonte do Parque Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS, conforme sua localização na trilha. Outro ponto favorável na Trilha da Fonte é que ela é circular, com algumas curvas, ou seja, além de permitir que o visitante possa voltar ao ponto de partida sem repetir o percurso já realizado, as curvas dificultam o observador de avistar o próximo ponto, o que aguça sua curiosidade e deixa o percurso da trilha mais interessante. Além disso, a maior parte dos pontos está localizada na primeira metade da trilha, quando os visitantes ainda estão dispostos e focados na interpretação ambiental (PROJETO DOCES MATAS, 2002). 3.2. Levantamento de dados ambientais Para cada ponto interpretativo foram delimitados os tópicos genéricos conforme suas características e, a partir desses, foram definidos tópicos mais específicos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 461 Os tópicos específicos abordam temas como fauna, flora, aspectos geográficos, geologia, atividades antrópicas, uso de recursos naturais, impactos ambientais, aspectos histórico-culturais, preservação do patrimônio, entre outros. Na figura abaixo pode ser observado os tópicos específicos definidos para cada ponto interpretativo. Ponto interpretativo Vassoural Mata das acácias velhas Entrada da mata higrófila Fonte Tópicos específicos - Sucessão vegetal: • Transição campo-floresta; • Condições ambientais; • Relação sucessão campos-florestas em função da ausência do fogo, do pastejo e do clima mais quente; - Espécies pioneiras; - Estágio inicial - Fauna associada; - Bioindicadores vegetais de impacto da visitação na trilha. - Plantas exóticas; - Fungos em acácias mortas (processo de decomposição); - Produção de serrapilheira; - Acácia negra: • Origem; • Histórico de introdução no parque; • Porque está ali? • Utilidade; • Relação com a sucessão vegetal; • Fase da sucessão vegetal; • Fauna associada; • Fauna não associada; • Problemas relacionados com a acácia. - Sucessão vegetal: • Estágios de transição ou clímax? - Composição florística; - Presença de cipós e outras epífitas - Perfil da vegetação em relação ao terreno; - Fauna associada. - Importância da água em um ecossistema; - Nascente e foz da fonte; - Vegetação associada; • Mata ciliar; • Porte da Mata; • Profundidade do solo; • Umidade do solo; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 462 Pedra no meio do caminho Pedreiras Toca do sapateiro Trilha com vista para o extremo sul Platô Pé-de-Deus - Fauna associada. - O que são matacões?; - Formação geológica do Morro do Osso • Morros graníticos de Porto Alegre; • Como se formam os matacões?; - Intemperismo e formação do solo; - Sucessão ecológica em rochas; - Liquens associados; - Mensagem filosófica; - Diversidade em uma escala espacial reduzida. - Uso do granito; - A extração no passado; - Impacto da extração no ecossistema; - Impacto antrópico (mensagem final); - Recuperação da floresta. - Lendas; - Explicações científicas: • Água; • Paleotocas; - Curiosidade humana. - Vista do relevo (diferentes formações vegetais); - Vista do entorno (outros morros); - Lago Guaíba; - Impacto da visitação e manejo da erosão. - Vegetação de campo: • Características; • Histórico; - Explicação geológica; - Aspectos geográficos: • Delta do Jacuí; • Planalto Sul-Riograndense; • Relação sucessão campos-florestas em função da ausência do fogo, do pastejo e do clima mais quente; • Dinâmica dos mosaicos vegetacionais. - Origem da lenda; - Relação com os índios; - Preservação do patrimônio histórico-cultural; Figura 5. Tópicos específicos utilizadas na elaboração do roteiro interpretativo da Trilha da Fonte, Parque Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS, por ponto interpretativo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 463 3.3. Elaboração do roteiro interpretativo A partir do levantamento secundário, realizado conforme os tópicos específicos e as referências citadas anteriormente, foram elaborados 58 textos, que comporão o roteiro interpretativo para a Trilha da Fonte. A Figura 6 apresenta alguns exemplos do roteiro interpretativo elaborado para a trilha da Fonte. Vassoural O vassoural é uma vegetação que caracteriza a transformação gradativa do campo em mata. Este processo ocorre naturalmente nas áreas do parque perturbadas por fogo ou anteriormente utilizadas para o pastejo do gado. As espécies presentes são adaptadas à alta incidência de luz e a solos arenosos, secos e ácidos. As vassouras vermelhas e as vassouras brancas são as espécies que predominam no estrato arbustivo, enquanto os gravatás e o alecrim do campo são abundantes no estrato herbáceo. Mata das acácias velhas Neste ponto, a espécie que mais se destaca é a acácia-negra (Acacia mearsii), que é uma espécie exótica. Espécies exóticas são aquelas não pertencentes a um determinado local, sendo introduzidas nesses ambientes principalmente através de ações humanas (SETUBAL et al, 2011). Entrada da mata higrófila A mata higrófila é a floresta encontrada nas porções mais baixas, nos vales e nas encostas mais úmidas na porção sul do morro (SETUBAL et al, 2011; BRACK, 2006). Essas condições proporcionam maior proteção à radiação solar e ao ressecamento provocado pelos ventos na porção norte do morro (SESTREN-BASTOS, 2006). Fonte A disponibilidade da água determina a localização e a morfologia dos vegetais (DAJOZ, 2006). Nesse ponto da trilha percebe-se uma maior umidade devido à presença da fonte. A maior profundidade dos solos junto com a umidade e com a maior capacidade de armazenamento de água permitem a presença de árvores de grande porte que continuam a crescer mesmo em períodos mais secos, devido ao seu sistema radicular bem desenvolvido (BACELLAR, 2005). Pedra no meio do caminho Matacões são blocos de rocha superficialmente expostos, com formato normalmente arredondado devido ao intemperismo (CORSINI, 2011). O intemperismo se resume a processos físicos, químicos e biológicos que modificam, desintegram e decompõem a rocha, transformando-a em solo (CHANG; BASTOS, s/d). A ação dos ventos, a variação da temperatura e a ação das chuvas são exemplos de processos envolvidos no intemperismo. Pedreiras Percebeu como estas pedras de granito apresentam formas retilíneas? Vemos isso Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 464 hoje porque o Morro do Osso sofreu extração de granito até a década de 1980, quando os blocos de granito eram partidos com dinamite para facilitar seu posterior transporte e comercialização (SESTREN-BASTOS, 2006; FUHR et al, 2012). O granito é bastante utilizado na construção civil, no calçamento de ruas, e foi usado em obras do patrimônio histórico, cultural e religioso de Porto Alegre, como a Catedral Metropolitana, o Museu Julio de Castilhos, o Museu de Artes do Rio Grande do Sul, entre outros. (FUHR et al, 2012; PHILIPP et al, 2009) Toca do sapateiro Estas cavidades são conhecidas no parque como Toca do Sapateiro. As tocas possuem esse nome, pois, segundo uma lenda, um sapateiro da região cometeu um crime passional e, para se esconder das acusações, acabou passando anos vivendo numa dessas tocas, dando origem ao nome das mesmas (PRADELLA, 2008). Trilha com vista para o extremo sul Você sabia que em Porto Alegre há 44 morros graníticos? Do Morro do Osso é possível observar outros morros de Porto Alegre, como o do Sabiá, o da Ponta Grossa, Santa Tereza, Agudo, das Abertas e Teresópolis. Platô No Morro do Osso, as áreas de topo e com orientação norte apresentam vegetação predominantemente campestre, composta basicamente por gramíneas de folhagem fina e leguminosas. Isso acontece possivelmente porque essas áreas recebem maior insolação e, também, porque o solo é mais raso, o que favorece o desenvolvimento de espécies herbáceo-arbustivas mais tolerantes à escassez de água. Mas o fato da vegetação ser composta em sua maioria por gramíneas não significa que nos campos não haja diversidade, pelo contrário, nos campos do Morro do Osso são encontradas mais de 200 espécies vegetais (SESTREN-BASTOS, 2006; SETUBAL et al, 2011). Pé-de-Deus O Pé-de-Deus é um grande matacão granítico encontrado próximo ao topo do morro, apoiado em outros matacões formando uma pequena gruta (PRADELLA, 2008). Visto de baixo, parece um grande pé pronto a pisar na terra, parecendo o pé de Deus. Figura 6. Exemplos do roteiro interpretativo elaborado para a Trilha da Fonte. 4. Considerações finais A Trilha da Fonte apresenta algumas características próprias da interpretação ambiental: é prazerosa, parcialmente provocante, divertida e significativa. Entretanto, a trilha ainda não possuía um roteiro interpretativo formalmente desenvolvido, não sendo possível avaliar se estava organizada em torno de um tema interpretativo que integrasse a interpretação do ambiente como um todo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 465 A metodologia utilizada para a primeira etapa do trabalho alcançou seu objetivo, proporcionando a seleção dos pontos interpretativos a partir da percepção ambiental de um grupo de visitantes e com base ainda na experiência já acumulada pelos trabalhadores do parque. A partir da aplicação do método IAPI foi possível selecionar com menos subjetividade os pontos de interpretação da trilha que mais apresentam maior atratividade para os observadores. Evidenciou, entretanto, que o IAPI não é um método fechado ou impositivo, mas que visa somente auxiliar na escolha dos pontos interpretativos e não defini-los. Prova disso é que dois dos pontos selecionados para compor o programa interpretativo da Trilha da Fonte não estavam entre aqueles que obtiveram melhores médias de atratividade, mas mesmo assim foram incluídos no roteiro a partir de sugestões dos gestores do parque. Na segunda etapa da metodologia, o levantamento dos dados para a confecção dos textos abordou diversas temáticas, indo além das ciências ambientais, procurando proporcionar ao visitante uma visão holística da trilha em estudo. É preciso ressaltar, entretanto, que existem muitas lacunas de informações a serem preenchidas com relação à trilha abordada, necessitando, dessa forma, que pesquisas sejam desenvolvidas neste sentido. Estas pesquisas, dentro do possível, devem ser direcionadas especificamente ao ambiente da trilha, de modo que os dados obtidos possam ser plenamente aproveitados no processo interpretativo. Informações sobre a identificação de espécies da fauna e flora associadas aos pontos interpretativos são exemplos de estudos que podem ser realizados. A elaboração dos textos para subsidiar o processo interpretativo parece ser uma medida importante para que haja uma maior padronização da atuação dos condutores na trilha. Por outro lado, tais textos facilitarão o processo de formação de novos condutores para a trilha. Espera-se que os resultados obtidos neste trabalho possam contribuir efetivamente para o incremento da Interpretação Ambiental no PNMO. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 466 5. Bibliografia AGUIAR, P.W.; PADUA, S.M.; GOMES, M.A.O.; UEZU, A. Subsídios para o planejamento de trilha no Parque Estadual da Serra Furada (SC). Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.3, n.3, pp.498-527, 2010. BACELLAR, L. A. P. O papel das florestas no regime hidrológico de bacias Hidrográficas. Geo.br, Ouro Preto, n. 1, 2005. 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Monografia (Pós Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 468 Graduação lato sensu em Ecoturismo). Centro de Excelência em Turismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2004. PHILIPP, R. P.; VARGAS, J.A.; DI BENEDETTI, V. A memória geológica do centro antigo de Porto Alegre: o registro da evolução urbana nos prédios históricos e no urbanismo da cidade. Pesquisas em Geociências, Porto Alegre, v. 36, n.1, p.59-77, jan./abr. 2009. Disponível http://www.pesquisasemgeociencias.ufrgs.br/3601/06-3601.pdf. em: Acesso em: 16 fev. 2013. PRADELLA, L. G. S. Tempo, espaço e referência: marcos de ambiência Kaingang no Morro do Osso. In: Reunião Brasileira de Antropologia, 26, 2008, Porto Seguro. Anais... 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GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 469 GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas PLANEJAMENTO, MANEJO DE TRILHAS E SOCIEDADE. VALORAR É PROTEGER Jorcelino Rinalde de Paulo17 Resumo Palavras chaves: Valoração ambiental. Cartilhas digitais. Campos Novos – RJ. Trilhas em locais preservados. Ferramenta inovadora Diante da exploração de trilhas em áreas protegidas surge a necessidade de se buscar elementos que auxiliem uma melhor relação entre o homem e a natureza. Para tanto, alinhado ao pensamento adotado pela Geografia Física Ambiental que enfatiza o estudo da sustentabilidade como principal aliado ao desenvolvimento de tecnologias, estão sendo desenvolvidas Cartilhas Digitais (arquivo digital) para diagnóstico e divulgação do potencial socioambiental da região de Campos Novos – RJ, através de eventos estudantis locais. As Cartilhas são elaboradas em arquivos do LibreOffice Impress, arquivo livre de projeto brasileiro, que possibilita a constante atualização de seu conteúdo, bem como sua distribuição e divulgação direta; Sua estrutura está disposta em tópicos que descrevem os aspectos físicos, geográficos, socioculturais, ambientais e econômicos da região. Espera-se que a utilização destas cartilhas durante o processo da visitação, facilite a assimilação de informações geográficas, ecológicas e sociais para o público participante, contribuindo para o aumento da percepção e valoração ambiental e para uma melhor análise do cenário natural frequentado. . Resumen Palabras clave: Valoración ambiental. Folletos digitales. Campos Novos - RJ. Senderos en sitios conservados herramientas inovadoras 17 rinaldeambiental@hotmail.com.br Gestor Ambiental, Especialista em Gestão Ambiental Empresarial e Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UERJ – (CEDERJ Pólo Niterói – RJ) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 470 Teniendo en cuenta las rutas de exploración en áreas protegidas proviene la necesidad de encontrar los elementos que ayudan a una mejor relación entre el hombre y la naturaleza. Por lo tanto, en línea con el pensamiento adoptada por Geografía Física Ambiental, que hace hincapié en el estudio de la sostenibilidad como principal aliado del desarrollo de las tecnologías se están desarrollando primers digital (archivo digital) para el diagnóstico y divulgación del potencial ambiental de la región de Campos Novos - RJ través eventos estudiantiles locales. Los cebadores se diseñaron en los archivos de LibreOffice Impress, conexión del proyecto brasileño de archivos, que permite la actualización constante de los contenidos, así como su distribución y difusión directa; Su estructura se organiza en temas que describen las características la información de los beneficios geográficos, ecológicos y sociales a los que el público participa, contribuyendo al aumento de la conciencia y la valoración del medio ambiente y un mejor análisis del paisaje natural frecuentado. 1. Introdução. Nos dias atuais a prática de atividades voltadas para a interação do homem com a natureza está inserida em uma longa lista de possibilidades, e dentre elas podemos destacar a realização de trilhas localizadas em regiões ambientalmente protegidas. Durante o exercício desse tipo de atividade é possível identificar que, sob o ponto de vista de seu potencial para a preservação e conservação da área que está sendo visitada, há uma crescente necessidade do surgimento de melhores técnicas de manejo e gestão para sua realização. Visando viabilizar uma pesquisa que colabore para o surgimento de novas tecnologias que permitam um contato com o cenário natural protegido de maneira mais segura e sustentável, este estudo trás uma proposta que aborda o desenvolvimento de Cartilhas digitais, inicialmente projetadas para a localidade de Campos Novos – RJ, que possam ser utilizadas como ferramentas facilitadoras e disseminadoras de informações estratégicas da região visitada, buscando aperfeiçoar o conhecimento local disponível, bem como, tornar a prática de trilhas em áreas preservadas uma atividade mais segura e planejada. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 471 2. Manejo de Trilhas e Cartilhas Digitais. Diante das tecnologias eletrônicas dos tempos modernos é muito importante reconhecer a necessidade de se inserir ferramentas digitais no desenvolvimento e criação de novos estudos e análises científicas, pois suas funcionalidades permitem um maior dinamismo e aplicabilidade dos projetos e pesquisas atuais. Portanto, nesse trabalho o uso de Cartilhas digitais está inclinado em contextualizar o contato do homem com a natureza preservada sob a ótica digital, utilizando-se de suas facilidades e modernizações. De acordo com o pensamento adotado pela Geografia Física Ambiental cujo objeto de análise está nas implicações socioambientais das relações entre as sociedades humanas e o espaço geográfico que estas ocupam, incluindo interações com ambientes naturais, esta pesquisa busca elementos que possam minimizar os impactos ambientais decorrentes do contato direto com o a natureza, bem como o uso sustentável e uma melhor valorização ambiental de suas paisagens naturais. A análise paisagística é o conjunto de métodos e procedimentos técnicoanalíticos que permitem conhecer e explicar a estrutura da paisagem, estudar suas propriedades, índices e parâmetros sobre a dinâmica, a história do desenvolvimento, os estados, os processos de formação e transformação da paisagem e a pesquisa de paisagens naturais, como sistemas manejáveis e administráveis (RODRIGUEZ; SILVA; CAVALCANTI, 2007, p. 40). Sob este enfoque e tomando por base os fundamentos da Geografia Física Ambiental este trabalho trás um estudo parcial do potencial socioambiental que a localidade de Campos Novos, situada no 2º Distrito da Cidade Litorânea de Cabo Frio, Região dos Lagos – RJ, Brasil, possui para colaborar no processo de formação de uma melhor estrutura e gerenciamento de trilhas em locais preservados. A região da pesquisa está situada em uma área de propriedade da União, cujo acesso é restrito e protegido. Tais características permitem que Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 472 o bioma local esteja plenamente conservado, tornando-se assim um importante vetor para realização desta experiência. Durante as primeiras incursões nessa área geográfica foi possível coletar informações que serão utilizadas como subsídio inicial do banco de dados desta pesquisa, viabilizando desta forma o começo da divisão e mapeamento de suas características. Buscando traçar um raciocínio lógico e uma melhor forma para demonstração e discussão do potencial desta localidade no processo de melhoramento de uso e gestão de trilhas em locais ambientalmente protegidos, este trabalho versará, exclusivamente, sobre os aspectos ambientais dessa região, reservando as outras temáticas para futuros estudos que levarão à conclusão desse projeto inovador. Face ao exposto, durante o exercício de trilha no interior daquele território é possível observar que inúmeros espécimes animais peçonhentas habitam aquele lugar e são facilmente avistadas durante a realização dessas atividades. Dentre elas podemos citar a cobra jararaca dormideira, a cobra coral verdadeira, a aranha marrom e a aranha armadeira (todas identificadas por seus nomes populares). Diante dessas informações fica clara a necessidade de uma maior difusão do potencial sustentável e preservador que a pratica de trilha possui ante o local preservado, pois poucas pessoas são capazes de identificar que além de possuírem o dever de manterem conservados os habitat naturais desses animais, suas ações ainda podem contribuir para um potencial risco de acidente com essas espécies, podendo causar sérios riscos para a vida humana. Diante dessas circunstâncias esse estudo busca explicitar que a ausência de informações referentes ao local que está sendo explorado turisticamente, pode contribuir tanto para apontar deficiências na gestão dessa atividade, como para identificar riscos potenciais à saúde de seus praticantes, além de sérios desafios para uma eficaz preservação da fauna existente na região. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 473 O uso de Cartilhas digitais estruturadas em uma base de dados composta de conhecimentos estratégicos sobre a região visitada está sendo elaborado com o propósito de servir como elemento facilitador ou complementar de informações pré-existentes do lugar da visitação, representando não apenas uma forma mais eficiente de interação com o meio natural, mas também como um método mais adequado para valoração e entendimento da importância de se conservar e preservar o meio ambiente local. O protótipo dessa tecnologia está em fase de desenvolvimento inicial, e preliminarmente estruturado no LibreOffice Impress, que é uma plataforma livre, de fácil manuseio e de boa dinâmica para a elaboração de tópicos, tabelas e gráficos descritivos. Este projeto está disposto em temas que descrevem os aspectos físicos, geográficos, socioculturais, ambientais e econômicos da região a ser visitada, possibilitando uma reunião de dados que permitirão uma melhor dinâmica na visualização do espaço geográfico explorado. Um esboço de sua estrutura interna pode ser observado nas figuras 474 abaixo: Campos Novos - RJ ● Aspectos ● Geográficos ● Aspecto Socioculturais Aspectos ● Ambientais ● Aspectos Físicos Aspectos Econômicos ● Aspectos de Riscos Figura: 3 Ilustra o Layout interno principal do protótipo - Cartilha digital. Fonte: Autor da pesquisa. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 ● ● Aspectos Ambientais Flora Local ● Fauna Local ● Animais Peçonhentos ● Espécies Raras ● Qualidade do Ar ● Impactos Ambientais Figura 2: Ilustra o Layout interno secundário do protótipo - Cartilha digital. Fonte: Autor da pesquisa. De acordo com os exemplos acima, essa pesquisa propõe uma variada gama de informações possíveis em cada tópico, que podem contribuir para o aumento futuro da difusão do conhecimento sobre a prática segura de visitação em locais preservados, além de uma reflexão mais profunda sobre o comportamento sustentável nesses espaços naturais. Tais indicadores também permitem a expectativa de uma maior valorização da preservação das espécies nativas de cada região, uma melhor análise e admiração de seu habitat natural, bem como a colaboração direta sobre a importância e real necessidade do incentivo do uso de equipamentos e acessórios adequados de segurança para a realização desse tipo de atividade. 2.1 Abordagens Específicas. Para uma melhor análise e demonstração da viabilidade e eficácia do uso de Cartilhas digitais em trilhas em locais protegidos, este estudo abordará apenas uma do total das variantes que compõe o aspecto ambiental da região de Campos Novos – RJ. A variante selecionada é a que trata dos animais peçonhentos da região, cujo desconhecimento de seus hábitos e características pode ocasionar risco de acidentes ou incidentes durante a realização de trilhas nessa localidade, principalmente pela falta de informações, ao público visitante, da existência dos mesmos em abundância nessa região. Sob esta ótica podemos observar que é de suma importância a elaboração de novos meios tecnológicos de interação para minimizar possíveis impactos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 475 sobre a população dessas espécies, bem como prevenir imprevistos com os adeptos dessa modalidade de contato com natureza. A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais (DONAIRE, 1999). De acordo com esse conceito, o processo sistemático de construção deste estudo foi estruturado em pesquisas exploratórias que proporcionaram a concretização de entrevistas com cerca de 30 (trinta) indivíduos colaboradores, que participaram ativamente desta fase de experimentos preliminares. Esse evento permitiu uma familiarização com os arquivos digitais contendo informações individualizadas sobre os principais tipos de animais venenosos naturais do local da pesquisa. Como metodologia escolhida para coleta de dados resultantes desta etapa do estudo, foi utilizada a técnica de observação em pesquisa de campo, com base na interpretação indutiva, a partir da qual os colaboradores puderam avaliar de forma criteriosa a viabilidade da aplicação das Cartilhas digitais em trilhas realizadas em locais protegidos. Estes experimentos foram realizados na região de campos Novos RJ durante o mês de setembro de 2013. Do total de 100% a. - Dados obtidos na fase preliminar da pesquisa: Jararaca dormideira Coral verdadeira Aranha armadeira Aranha marrom Espécies existentes na região de Campos Novos -RJ Figura 4: indica o percentual de colaboradores que sabiam da existência das espécies. Fonte: o autor da pesquisa. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 476 Podemos perceber que menos de 10% do total de participantes possuíam o conhecimento da existência dessas espécies venenosas em regiões de trilhas situadas naquela localidade geográfica; demonstrando que a falta de informações sobre as características do lugar é uma potencial deficiência na Do total de 100% prática dessa atividade. Jararaca dormideira Coral verdadeira Aranha armadeira Aranha marrom Espécies existentes na região de Campos Novos -RJ Figura 4: indica o percentual de colaboradores que sabiam dos efeitos de um acidente com essas espécies. Fonte: O autor da pesquisa. Diante deste outro indicador podemos analisar que menos de 30% dos participantes possuíam o conhecimento do nível de periculosidade que acidentes com essas espécies podem causar a saúde humana, especialmente as duas espécies de aranhas citadas acima. Como referência segue abaixo algumas características de um acidente com esses dois espécimes animais: Aranha armadeira: A ação de seu veneno é neurotóxica ou cardiotóxica. No Brasil, é a segunda aranha que mais causa acidentes, perdendo apenas para a aranha-marrom. Os pontos de inoculação sobre a pele são vistos acompanhados de inchaço, vermelhidão e sudorese local. A dor é queixa comum, pode ser local ou irradiada tem intensidade variada e é acompanhada e parestesias (formigamento). Dependendo do estado da pessoa, além da dor, os sintomas mais comuns são taquicardia com alterações no eletrocardiograma, hipertensão arterial, sudorese com visão turva e vômitos ocasionais. (Em http://pt.wikipedia.org/wiki/Armadeira) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 477 Aranha-marrom: Conhecidas por sua picada necrosante. No ato da picada há pouca ou nenhuma dor e a marca é praticamente imperceptível. Depois de 12 a 14 horas ocorre um inchaço acompanhado de vermelhidão na região (edema e eritema, respectivamente), que pode ou não coçar. Também pode ocorrer escurecimento da urina e febre. Com o avanço (sem tratamento) da picada, o veneno (dependendo da quantidade inoculada) pode causar necrose do tecido atingido, falência renal e, em alguns casos, morte. (Em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Aranha-marrom) Do total de 100% Maior segurança Melhor uso da trilha Interpretação do espaço Mario preservação Cartilhas digitais em trilhas protegidas na região de Campos Novos -RJ Figura 5: indica os pontos positivos do emprego das Cartilhas digitais. Fonte: o autor da pesquisa. Nesse gráfico, a descrição de elementos favoráveis a aplicação desta tecnologia em trilhas preservadas demonstra indícios significativos de que seu uso aponta para um importante avanço no planejamento desse tipo de atividade, principalmente naquelas regiões que possuem populações de animais como os citados nesta pesquisa. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 478 Do total de 100% Segurança parcial Uso igualitário Interpretação igual Preservação parcial Cartilhas digitais em trilhas protegidas na região de Campos Novos RJ Figura 6: indica os aspectos negativos do emprego das Cartilhas digitais. Fonte: o autor da pesquisa. Tal fato também permite que o praticante de trilha possua um alerta situacional mais aguçado, aumentando a segurança no ecoturismo realizado em ambientes que ainda preservam suas condições naturais. 479 Podemos perceber que menos de 10% dos participantes possuem posição contrária ou não souberam se posicionar sobre a importância dessa técnica em eventos de trilha em local preservado. Alguns questionamentos sobre a utilização dessa ferramenta foram levantados pelos colaboradores, e dentre eles destacamos o que se refere ao uso de aparelhos eletrônicos em meio à natureza, diante de intempéries ou de características climáticas de determinadas épocas do ano. Porém, vale ressaltar que este estudo está pautado para melhoria do processo de uso e gestão de trilhas em ambientes preservados e não possui o objetivo de dirimir todas as questões que envolvem a interação do homem nesses ambientes naturais, mas sim colaborar para que esse processo possa ser feito de uma maneira mais segura e racional. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 3. Conclusão. Por fim, podemos concluir que com base nos resultados preliminares obtidos na região de Campos novos – RJ é possível avaliar que as Cartilhas digitais podem representar, no futuro, uma importante ferramenta para disseminação de características singulares de áreas escolhidas para a prática de trilhas. Essas evidências permitem também apontar que as visitações podem ser analisadas sob outro enfoque ou abordagem, cujo teor produza novas visões referentes aos aspectos de segurança individual e maior viabilidade de informações para realização dessas atividades. Sob a ótica da variante isolada para avaliação é possível analisar, através dos resultados obtidos, que o papel facilitador das Cartilhas digitais apresenta um potencial conservador, assim como um indicativo para uma melhor gestão e uso público de trilhas, pois aumentam as condições de segurança e permitem um maior conhecimento das características particulares da paisagem natural a ser explorada. Portanto, diante desses fatos, este estudo proporciona a possibilidade de reafirmar que o uso de técnicas inovadoras como as empregadas por esses arquivos digitais, serve de parâmetro inicial para um melhor manuseio e prática dessa modalidade de interação entre o ser humano e o ambiente natural conservado e protegido. 4. Bibliografia: A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. Hucitec, São Paulo, 1996. (3ª edição: 1999); RODRIGUEZ, José Manoel Mateo et al. Geoecologia da paisagem: uma análise geossistêmica da análise ambiental. Edições: UFC, Fortaleza, 2007; MORAES, Antonio Carlos Robert. Meio ambiente e ciências humanas. São Paulo; Rio de Janeiro: HUCITEC, 1994. 100p. (Série “Linha de Frente”); DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 1999; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 480 WIKIPEDIA. Armadeira. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Armadeira em 15 de setembro de 2013; WIKIPEDIA. Armadeira-marrom. Disponível em http://pt.wikipedia.org/ wiki/Armadeira em 15 de setembro de 2013; Libreoffice Impress. Disponível em http://pt-br.libreoffice.org/libreoffice/impress/ em 05 de setembro 2013; e A defesa contra o ophidismo: 100 anos depois: comentários./Instituto Vital Brazil;Casa de Vital Brazil;Fundação Butantan. Niterói: Vital Brazil,2011. Agradecimentos: Agradeço profundamente ao professor e pesquisador de animais peçonhentos, reconhecido pela colaboração internacional e nacional em atividades do Instituto Vital Brazil, Ademir da Silva Santana, pela avaliação crítica dos dados deste projeto de pesquisa, contribuindo fundamentalmente para a seriedade e veracidade das informações aqui apresentadas. 481 A minha esposa Ana e aos meus filhos Nícolas e Nathália, os meus mais sinceros agradecimentos; que Deus os abençoe sempre. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas PROPOSTA PARA A IMPLANTAÇÃO DE UMA TRILHA INTERPRETATIVA NA FLORESTA ESTADUAL “EDMUNDO NAVARRO DE ANDRADE” – RIO CLARO, SP Larissa Ikeda Piedade18 Profa. Dra. Solange Terezinha de Lima Guimarães19 Resumo Palavras chave: Trilha interpretativa; Educação ecológica; Pedagogia Waldorf; FEENA; Interpretação ambiental. Numa época em que as pessoas se voltam cada vez mais para as inovações tecnológicas e para as redes virtuais, uma interação de maior proximidade com o meio ambiente pode lhes proporcionar experiências sensibilizadoras. Um dos instrumentos que facilita esta aproximação é a trilha interpretativa: a sua utilização numa Unidade de Conservação (UC) permite maior contato do visitante com os elementos da natureza. Esta pesquisa, em andamento, tem como objetivo propor a implantação de uma trilha interpretativa na Floresta Estadual “Edmundo Navarro de Andrade” (FEENA) em Rio Claro (SP) com bases teóricas da Pedagogia Waldorf. A trilha proposta é destinada a educandos de 07 a 14 anos, período em que a sensibilização está mais apurada no ser, segundo o ensino Waldorf. Ao longo do percurso da trilha, propomos atividades educativas nos pontos de interpretação: contação de história com a temática meio ambiente; “fotografar” o lugar com um desenho; criação de música com sons produzidos pelo corpo e por elementos da natureza; guia com olhos vendados e roda para compartilhar as experiências. Como parte das atividades de uso público, proporcionam um contato mais próximo e harmônico do indivíduo consigo mesmo, com os outros e com o mundo natural, bem como servem de subsídios para os programas de uso público e educação ambiental da UC. O processo de sensibilização ambiental no contexto da FEENA, que possui alta valoração paisagística, se desenvolve através de sensibilidades do mundo exterior e interior e pela geração de imagens, pensamentos, sentimentos e relações de interdependências. Assim, a educação ecológica pode possibilitar mudanças e formação de valores e atitudes sensíveis aos educandos em relação ao meio ambiente. 18 19 larissaikeda@hotmail.com Geografia, IGCE-UNESP, Campus Rio Claro hadra@uol.com.br Depto. de Geografia, IGCE-UNESP, Campus Rio Claro Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 482 Palavras chave: Trilha interpretativa; Educação ecológica; Pedagogia Waldorf; FEENA; Interpretação ambiental. Resumen Palabras clave: Sendero interpretativo; Educación ecológica; Pedagogía Waldorf; Bosque Estatal Edmundo Navarro Andrade; Interpretación ambiental. En una época en que las personas recurren cada vez más hacia a las innovaciones tecnológicas y las redes virtuales, la interación de cercania con el medio ambiente les puede proporcionar experiencias sensibilizadoras. Una herramienta que facilita este enfoque es el sendero de interpretación: su uso en el área de conservación permite un mayor contacto del visitante con los elementos de la naturaleza. La investigación, en curso, tiene como objetivo proponer la implementación de un sendero interpretativo en el Bosque Estatal "Edmundo Navarro de Andrade" (Feena) en Rio Claro / SP con el teórico de la pedagogía Waldorf. La propuesta es dirigida a los estudiantes de siete a 14 años, durante el cual la sensibilización es más fuerte en el ser, de acuerdo a la enseñanza Waldorf. A lo largo del recorrido del sendero, proponemos actividades educativas en los puntos de interpretación: narrativas con temáticas ambientales; "disparar" el ambiente a través de un dibujo; creación de música con los sonidos producidos por el cuerpo y elementos de la naturaleza; guía con los ojos vendados; círculo para que se lo compartam experiencias. Estas actividades buscan un contacto más cercano y armónico de uno con uno mismo, con los demás y con el mundo natural, así como sirvem como subsidios para los programas de uso público y educación ambiental en la área de conservación. El proceso de sensibilización ambiental en el contexto del bosque, que tiene alta valoración del paisaje, se desarolla a través de la sensibilidad del mundo exterior e interior y por medio de la generación de imágenes, pensamientos, sentimientos y relaciones de interdependencias. Por lo tanto, la educación ecológica puede permitir cambios, formaciones de valores y actitudes sensibles a los estudiantes en relación con el medio ambiente. 1. Introdução Ao observarmos a vida cotidiana na contemporaneidade, em seus vários aspectos, torna-se evidente um distanciamento do meio natural, devido a inserção cada vez mais intensa dos seres humanos em ambientes artificializados, nos quais a experiências com as paisagens naturais são Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 483 restringidas, ou em casos extremos, inexistente. A partir dessa realidade, a educação ecológica vem ganhando forças no sentido de sensibilizar e aproximar o homem, resgatando a relação com a Natureza e seus elementos, muitas vezes como um refúgio do caos urbano, entre outras situações. Quanto à sensibilização da sociedade perante a problemática ambiental a qual se tem deparado: Observa-se que há muito tempo o ser humano já se distanciou da Natureza [...] torna-se necessário e premente um reencontro, no sentido de informá-lo da dinâmica dos processos ecológicos, bem como conscientizá-lo para que use sua inteligência na guarda dos recursos não renováveis, pois deles depende sua vida. Deve haver simbiose do ser humano com a natureza, convivência em comum, que permitiria a ele desenvolver suas aptidões materiais, e, mormente, as espirituais, ao máximo de suas capacidades (NEIMAN, 2008, p. 36). Mediante a percepção e interpretação ambiental, considerados também os aspectos culturais, temos processos de valoração objetiva e subjetiva, intrínseca e extrínseca, de um lugar para um indivíduo. Neste sentido, emoções topofílicas, biofílicas e hidrofílicas associadas ao sentido de lugar podem ser despertadas, isto é, o desenvolvimento de uma afetividade, gerando relações marcadas por emoções e sentimento entre o indivíduo e o lugar, seres vivos, e águas. (TUAN, 1974; WILSON; KELLERT, 1993; GUIMARÃES, 2007). Deste modo, surge a proposta para implantação de uma trilha interpretativa na Floresta Estadual “Edmundo Navarro de Andrade” (FEENA), como uma atividade estimulante e participativa de fazer com que as pessoas compreendam o seu entorno e, em decorrência, os valores que atribuem, bem como os seus filtros perceptivos. A FEENA localiza-se na área urbana do município de Rio Claro, na porção Centro-Leste do estado de São Paulo (SP), nas coordenadas 22° 05' e 22° 40' S, 47° 30' e 47° 55' W. É um local que possui cenários paisagísticos estéticos relevantes, adequado para práticas de lazer e recreação – presença de lago, trilhas, museu, entre outros atrativos histórico-arquitetônicos e elementos naturais. No contexto do Sistema Nacional de Unidades de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 484 Conservação (SNUC), a FEENA é uma unidade de conservação de uso sustentável, podendo compatibilizar a conservação do meio natural ao uso sustentável de partes dos seus recursos florestais, visando atender necessidades socioeconômicas, culturais, científicas, dentre outras (BRASIL, 2000). Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo: A – Estado de São Paulo no Brasil; B – Município de Rio Claro no estado de São Paulo; C – Área de Rio Claro, com destaque em seu interior para a FEENA. 485 Elaboração: PIEDADE, L. I., 2013. A trilha interpretativa proposta visa propiciar uma interação de maior proximidade entre o indivíduo e o meio ambiente, pois a sua utilização dentro do programa de uso público da UC permite um maior contato do visitante com os elementos da natureza: além de ser um meio de contemplação da natureza, gera aprendizados através da experiência direta e das vivências adquiridas durante o percurso e, muitas vezes, elucida realidades exteriores e interiores para uma pessoa. A trilha interpretativa é uma atividade interativa que abrange afetividade, cooperação, coletividade e companheirismo relacionado à Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 educação ecológica, aproximando as pessoas com o meio ambiente através de experiências sensibilizadoras (GUIMARÃES, 2007; 2010). O objetivo geral deste estudo é a proposição de implantação de uma trilha interpretativa no percurso da já existente, conhecido como Trilha da Saúde, para educandos de 07 a 14 anos, com enfoque na sensibilização ambiental, tendo como base teórico-metodológica os fundamentos da Pedagogia Waldorf, trazendo mais alternativas de uso para a área, relacionadas aos programas de educação e interpretação ambiental previstos no Plano de Manejo da FEENA, buscando uma relação mais integrada e harmônica entre o meio natural e o cultural, visto a dimensão eclética do seu patrimônio paisagístico. Uma das principais características dessa pedagogia é a importância que se dá para o desenvolvimento do ser humano, respeitando suas características de acordo com a idade, evidenciando suas potencialidades e proporcionando maior liberdade e autonomia ao educando. Busca-se uma articulação entre os pontos de vista científico, estético e artístico bem como dos aspectos ligados ao respeito profundo e à admiração e harmonia pelo e com o mundo. A Pedagogia Waldorf tem como fundamento a Antroposofia, do grego “conhecimento do ser humano”. A ciência antroposófica, introduzida pelo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), tem como particularidade a busca pelo entendimento do ser humano e do universo por uma concepção que amplia o método científico convencional, apresentando-nos outras dimensões de compreensão da paisagem natural e construída. 2. Metodologia Para o desenvolvimento deste estudo, a primeira etapa se constituiu no levantamento e revisão da literatura pertinente à área de estudo, com o intuito de traçar um panorama sobre a discussão de aspectos temáticos relacionados às UCs, educação ecológica, percepção e interpretação ambiental, valoração paisagística por meio das trilhas interpretativas. O estudo busca relacionar a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 486 atividade educativa com as bases da Pedagogia Waldorf, convergindo para maior ênfase à interpretação, sensibilização e percepção ambiental, interligando as esferas física e emocional da integridade do homem. Utilizamse os fundamentos desta pedagogia como embasamento para atingir a finalidade das atividades propostas no percurso da trilha, ou seja, para cada atividade ter um caráter interpretativo, perceptivo e educativo, foram utilizados princípios waldorfianos. Posteriormente, foram realizados trabalhos de campo com visitas à FEENA, nos meses de junho a agosto de 2013, com o percurso da Trilha da Saúde, tendo como enfoque a observação dos recursos paisagísticos existentes no trajeto, demarcando os pontos de interpretação para o desenvolvimento das atividades propostas. Foram selecionadas cinco estações ou pontos interpretativos na trilha e em cada uma delas, cinco atividades distintas foram propostas com embasamento nos fundamentos da Pedagogia Waldorf. A sensibilização dos indivíduos é realizada por meio dos pontos de interpretação, isto é, as “paradas selecionadas” localizadas ao longo da trilha. Esses locais são escolhidos de acordo com os atrativos interpretativos existentes, geralmente relacionados aos recursos paisagísticos, podendo ser um rio, uma árvore, um som, uma fragrância ou um cheiro característico, mesmo um gramado adequado para realização de atividades ludo-educativas. Em cada ponto de interpretação foi proposta uma atividade para ser realizada por indivíduos com idade entre 07 a 14 anos. A trilha a ser desenvolvida é destinada para educandos com esta faixa etária, pois segundo a Pedagogia Waldorf esse é o período em que a sensibilização está mais apurada no indivíduo. Chamado de “segundo setênio” (juventude) na visão waldorfiana, é durante essa fase em que há um desenvolvimento intenso dos sentimentos, das fantasias e das emoções. Por isso, a metodologia voltada para essa idade se baseia em experiências estéticas, para que assim surja uma estrutura imaginativa no pensar do educando (BACH, 2007). De acordo com Lanz (1990, p. 41): “A chave de ouro da educação durante o segundo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 487 setênio consiste, pois, em trabalhar com os sentimentos da criança, em apelar para sua fantasia criadora”. Nesse momento, o registro fotográfico como técnica de documentação também foi considerado para o levantamento e registro de informações, visto que é de extrema importância para a visualização e obtenção de dados imagéticos da área de estudo. A etapa seguinte realizada foi a elaboração de um mapa com o percurso da trilha, destacando-se os cinco pontos interpretativos selecionados. Essa etapa foi desenvolvida com o auxílio de um GPS (Global Position System) modelo Garmim juntamente com os softwares ArcGIS 10 e Google Earth. 3. Resultados e discussão No presente trabalho optamos por adotar o termo educação ecológica ao invés de educação ambiental, já que o primeiro é mais abrangente do que a segunda terminologia. O termo educação ecológica, aqui utilizado, inclui as dimensões de ética, sensibilização, imaginário e espiritualidade, suas relações com o entorno – natureza e cidade – e com o próximo, o meio social. As três dimensões ecológicas: mental, social e ambiental constituem um todo numa relação de interação e dependência mútua, em que uma ação em um âmbito traz consequências para os outros, segundo Bach (2007, p.13). Essa relação com o mundo, sendo este um habitat vivo e orgânico da humanidade, é um dos princípios da Pedagogia Waldorf. O objetivo para a educação não é apenas acumular dados e informações, mas sim a formação do caráter, da mente pensante, da personalidade do ser individual. O educando Waldorf não procura conhecimentos, mas vivências (LANZ, 1990, p. 71), sendo a partir destas que o homem se transforma. As vivências relacionadas às questões ecológicas surgem das relações harmoniosas com plantas, animais e fenômenos da natureza. Essa aproximação interativa com os elementos da natureza é um hábito cultivado na escola Waldorf, presente nos conteúdos das aulas de todas as disciplinas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 488 A partir dessa realidade, surge o encontro entre a presente trilha interpretativa e a Pedagogia Waldorf: uma proposta de experiências e vivências que buscam um contato mais próximo e harmônico do indivíduo consigo mesmo, com os outros e com o mundo natural, a partir das cinco atividades propostas. Por meio da realização destas atividades são abordados elementos que podem despertar maior sensibilização com o ambiente ao entorno visto o contato direto com ele, ao ar livre; maior cooperação entre os participantes, pois existem diversas situações de interação entre estes; momentos de contemplação e introspecção individual, visto a importância de se voltar para o interior de cada um, no sentido de maior reflexão sobre as propostas das atividades realizadas. Figura 2 - Mapa da trilha com os pontos de interpretação selecionados 489 Elaboração: PIEDADE, L. I., 2013. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 A trilha é realizada a pé, por um caminho já existente e previamente estabelecido, constituindo-se de uma atividade dirigida, ou seja, monitorada; sua extensão é de 1,3 km e o tempo de percurso de aproximadamente duas horas, com a realização de todas as atividades propostas. Os cinco pontos interpretativos foram selecionados de acordo com os atrativos paisagísticos presentes e com a disponibilidade de espaços apropriados para a execução das atividades, bem como uma distribuição adequada entre as paradas ao longo do percurso, não permitindo afastamentos extensos entre elas. As atividades propostas ao longo do percurso da trilha interpretativa têm o intuito, de modo geral, estimular nos participantes o desenvolvimento de uma acuidade relativa à percepção ambiental e promover uma maior interação homem/natureza. O desenvolvimento das atividades foi fundamentado em experiências vivenciadas pelas autoras anteriormente em campo; no manual de excursões guiadas, elaborado pelo Projeto Doces Matas e com a adaptação de atividades presentes no currículo da escola Waldorf. • Atividade 1 - “Contando um conto”: contação de história com a temática meio ambiente. Objetivos: contextualizar os educandos no ambiente da floresta e destacar a importância do meio ambiente para a vida humana. Ao chegar à primeira parada da trilha, o guia que estiver conduzindo o grupo deve reunir os participantes para que um conto seja iniciado. Estando todos em silêncio, o guia lê, em voz alta, a história. Essa contação servirá como parte introdutória da atividade como um todo no sentido de contextualizar os indivíduos em relação ao meio ambiente e despertar a valorização do momento no qual estarão no interior de uma floresta, observando, sentindo, experienciando os elementos dela, de modo imediato, direto. Os contos de fada, assim como as rodas de histórias, são muito utilizadas nas escolas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 490 Waldorf como valiosos recursos pedagógicos e terapêuticos. Por meio da ação de escutar uma história, é possível o desenvolvimento de imagens pela mente, permitindo a construção de sentidos, significados e valores. Rudolf Steiner diz que os contos de fadas podem ser considerados “um tesouro espiritual da humanidade. Fruto de vivências primordiais da existência humana, sua atuação tem um efeito inconsciente na alma ao resgatar, por meio de imagens significativas, o longo percurso do amadurecimento humano na Terra.” (STEINER, 1913). Figura 3 - Primeiro ponto de interpretação - “Alameda das essências nativas”, Trilha da Saúde, FEENA 491 Foto: PIEDADE, L. I., Ago/2013. • Atividade 2 – “Musicando”: Criação de música com sons produzidos pelo corpo e por elementos da natureza ao entorno. Objetivos: espontaneidade; criatividade; contato direto com elementos do corpo e do ambiente; estimular percepção sonora; integração dos indivíduos. A proposta desta atividade volta-se para que o grupo de participantes crie uma música a partir das sonoridades produzidas por eles mesmos, utilizando-se das Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 partes dos corpos (mãos, dedos, boca, pés etc.) e de elementos do ambiente ao redor (folhas, galhos, pedras etc.). Todos deverão participar contribuindo com a produção de pelo menos um som. Não há de existir uma ordem exata para cada um contribuir com a música: os sons deverão surgir de maneira espontânea e podem ser emitidos por mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Palavras faladas também serão permitidas. A musicalidade é um elemento fundamental e presente no ensino Waldorf, e está em seu currículo continuamente com 12 anos de duração (GUERREIRO, 2012). A música está no currículo desde o primeiro ano do ensino fundamental e não possui um caráter recreativo, mas sim, de formação do ser. É intrínseca a todo percurso do educando Waldorf, pois está intimamente ligada às relações com o ritmo e repetições mundanas e individuais, como por exemplo, dia e noite, estações do ano, dias da semana, fases da lua, horário de acordar, de ir à escola, de se alimentar etc. Assim sendo, a música, presente na estrutura curricular das escolas Waldorf, tem o intuito de estimular e harmonizar o temperamento do educando, proporcionando não somente um aprendizado individual, mas também melhorias no bem estar para os seres. É através da música que se originam alternativas para que haja o desenvolvimento das potencialidades que equilibram o indivíduo e proporcionam maior criatividade, conforme Terra (2013). Ainda, de acordo com Steiner (2003, p. 19) “O homem nasce no mundo querendo levar sua própria corporalidade do ritmo musical à relação musical com o mundo”. Este pensamento elucida a presença da musicalidade na vida humana relacionada tanto com o corpo quanto ao seu exterior (o mundo). As partes do corpo são interessantes elementos para a produção de sons, já que correspondem a um instrumento musical antigo e com muitas possibilidades para serem exploradas (CZYKIEL et al., 2013) . Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 492 Figura 4 – Segundo ponto de interpretação – “Alameda dos eucaliptos citriodora”, Trilha da Saúde – FEENA Foto: PIEDADE, L. I., Ago/2013. • Atividade 3 – “Uma foto em um desenho”: “fotografar” o lugar desenhando. Objetivos: aguçar a percepção da paisagem; estimular a percepção visual e a arte. Pedir aos participantes que observem, em silêncio, a paisagem ao entorno durante 3 a 5 minutos. Após a observação geral do lugar à procura de imagens interessantes, escolher um ponto desejado para que seja sua “fotografia”. Escolhida a cena, o educando deverá imaginar uma moldura enquadrando a imagem e fazer um desenho representando-a em um papel. Os participantes devem se sentir à vontade para produzirem suas “fotografias” a partir do ângulo desejado, podendo permanecer em pé ou sentados. O material utilizado deverá ser responsabilidade de cada um, prevalecendo a escolha de materiais naturais e simples. A utilização de materiais naturais Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 493 (madeira, pedras e argila) e não artificiais (plástico) reforça, de maneira sutil, a natureza presente no mundo dos educandos. Em contrapartida, os materiais artificiais refletem a presença humana no mundo natural (HUTCHISON, 2000, p. 139). Tendo em vista a relação da educação ecológica com a Pedagogia Waldorf nesta atividade, pode-se dizer que as vivências individuais a partir de imagens são de extrema importância para despertar a percepção do ambiente. Com a realização da “foto” gerada por meio de imagens observadas, sentidas e desenhadas, uma aproximação com o mundo exterior é intensificada. Nesse sentido, Bach Jr. (2008, p. 114) afirma: O essencial no processo pedagógico Waldorf é o desenvolvimento de um pensar vivificado como fundamento para o desabrochar da percepção ecológica. As imagens utilizadas na experiência estética escolar traduziram o conceito à vivência afetiva, a teoria à prática cotidiana de estar diante do mundo. Convém ressaltar a presença da arte como um elemento fundamental na construção de um futuro sustentável, tendo em vista que a estética artística proporciona o desenvolvimento de indivíduos mais criativos, mais inovadores, mais solidários, mais participativos e mais críticos (EÇA, 2010), componentes essenciais na educação waldorfiana. Com essa atividade, podemos voltar ao conceito de topofilia de Tuan: elo afetivo entre o indivíduo e o lugar, já que ocorre a apreciação da paisagem para cada participante, individualmente. É a partir da observação e da procura por uma cena que seja de caráter relevante ao educando que se podem estimular percepções de maneira inesperada e bela: “O despertar profundo para a beleza ambiental, normalmente acontece como uma revelação repentina” (TUAN, 1974, p. 110). Este despertar não depende de outrem, mas sim ocorre como algo essencialmente particular do indivíduo. A forma com que essa relação da criança e do pré-adolescente por um despertar espontâneo para o encanto pela natureza é um aprendizado para como os adultos também deveriam agir: Figura 5 – Terceiro ponto de interpretação – “Corredor de eucaliptos”, Trilha da Saúde – FEENA. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 494 A natureza produz sensações deleitáveis à criança, que tem mente aberta, indiferença por si mesma e falta de preocupação pelas regras de beleza definidas. O adulto deve aprender a ser complacente e descuidado como uma criança, se quiser desfrutar polimorficament e da natureza (TUAN, 1974, p. 111). Foto: PIEDADE, L. I., Ago/2013. • Atividade 4 - “Passeio cego”: guia com olhos vendados Objetivos: estimular a audição, tato e olfato; coletividade; confiança no outro. A partir da divisão da turma em duplas, uma pessoa ficará com os olhos vendados com uma faixa escura, fazendo com que ela não consiga enxergar. A outra pessoa da dupla servirá como guia, conduzindo quem está com os olhos vendados de mãos dadas para caminhar ao redor: percebendo os passos, a textura do chão, apalpando árvores e folhas, atentando aos sons. Ao final de, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 495 pelo menos, cinco minutos a dupla volta ao ponto de partida, a venda é retirada, os papéis são invertidos e a atividade é repetida (PROJETO DOCES MATAS, 2002, p. 69). Logo em seguida, ao retirar a venda dos olhos, questionar os participantes sobre a qualidade das experiências e as transformações da acuidade perceptiva – as sensações e as percepções ao realizar a atividade e também sobre a noção de deslocamento no espaço (sensação de estar completamente perdido? Insegurança? Maior percepção dos sons? Mais sensibilidade ao tocar em algo? Olfato mais aguçado?). A atividade do “passeio cego” visa despertar a confiança no próximo, ou seja, confiar na pessoa que foi o guia por conduzir quem está com os olhos vendados sem deixá-lo cair ou ir ao encontro com alguma árvore ou com outra pessoa; ter a experiência da ação em conjunto com outrem, despertando o espírito da cooperação e coletividade, da solidariedade e do companheirismo. Outra finalidade é se atentar mais à sensibilização dos sentidos: o tato torna-se mais apurado no contato dos pés com o chão, com as texturas percebidas (se o solo está mais macio, pela presença da grama, por exemplo); o contato das mãos com as árvores, folhas e galhos ao redor e com a mão do guia; a audição desperta maior atenção aos sons provenientes do ambiente ao entorno (canto de pássaros; sons de insetos; vento nas folhas das árvores), entre outros aspectos. Segundo os pressupostos da Pedagogia Waldorf, os sentidos são parte central do ser humano. Rudolf Steiner propõe uma teoria com 12 sentidos e não apenas cinco, pois tendo em vista as percepções considera o ser humano como um todo íntegro, isto é, não há somente a participação do homem cognitivo, mas também do homem sentimento e do homem volitivo. Segundo Bach Jr. (2007, p. 25): “A amplitude do que percebemos com o corpo inteiro é a perspectiva de que o ser humano é, em si e em seu todo, um ser sensório”. O estímulo à coletividade e cooperação despertados na atividade vem de encontro a um dos principais fundamentos da Pedagogia Waldorf: uma Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 496 educação por meio de cooperação e não competição, que é a base também de um processo de educação ecológica. Figura 6 - Quarto ponto de interpretação – “Clareira”, Trilha da Saúde – FEENA. 497 Foto: PIEDADE, L. I., Ago/2013. • Atividade 5 – “Grande roda”: círculo para compartilhar as experiências. Objetivos: assimilação das percepções; compartilhamento; saber escutar o outro. A quinta parada interpretativa, localizada nas proximidades dos bambuzais de fronte ao lago central, é realizada em formato de roda, com todos os participantes sentados no chão. É um momento importante para que os participantes consigam assimilar e processar o que foi vivenciado no percurso da trilha. O guia da turma inicia a atividade com questionamentos para estimular a participação interativa e levar os educandos a refletirem sobre tudo que foi realizado até o momento, com perguntas como: o que mais chamou sua atenção ao longo da trilha? Qual a importância de estar mais perto da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 natureza? Os vários sentidos do corpo foram estimulados? A realização da trilha interpretativa pode ajudar as pessoas a se sensibilizarem com a importância da conservação ambiental? A partir das questões propostas, pedir para que as pessoas compartilharem suas contribuições das experiências obtidas com a atividade desenvolvida. É interessante que os participantes se manifestem com naturalidade, não precisando participar por meio de falas no momento; quem se sentir mais confortável para somente ficar em silêncio e refletir sobre as experiências vividas, é permitido. A disposição em formato circular é bastante usada nas escolas Waldorf, já que dessa forma, há uma “sensação” de horizontalidade em relação a todos os educadores e educandos. Outro fator é o posicionamento que dá a oportunidade de ampla visão em uma totalidade, isto é, a possibilidade de maior visibilidade de todos se enxergarem, numa posição face a face, bem como de contemplarem diferentes ângulos da paisagem vivenciada. 498 Figura 7 – Quinto ponto de interpretação – “Bambuzal”, Trilha da Saúde - FEENA Foto: PIEDADE, L. I., Ago/2013. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 4. Conclusão O processo de interpretação se desenvolve através de sensibilidades da paisagem exterior e interior e também, pela geração e construção de simbologias e imagens que combinam espaços e lugares, sentimentos e emoções, gerando relações de territorialidades, identidades e interdependências (GUIMARÃES, 2008, p. 65). Podemos observar que o conceito de interpretação ambiental está intimamente relacionado com a sensibilização ecológica, com os aspectos ludo-educacionais, de habilidades de comunicação, comportamentos proambientais e as ações proativas para a proteção e conservação do ambiente. As mudanças valorativas e de significados correlacionadas à percepção do meio ambiente, através dos estudos sobre experiências com e na paisagem, nos apresentam duas situações mescladas, numa perspectiva fenomenológica – o espaço vivido e mundo vivido. Daí, as transformações nas atitudes e comportamentos individuais e coletivos pertinentes à compreensão do entorno e do papel dos seres humanos na conservação ambiental, envolvendo um despertar para uma melhor atuação e responsabilidade social. Partindo-se da visão de mundo natural na educação Waldorf, o ser humano é uma parte implícita deste mundo, conectado intrinsecamente à sua dinâmica, funcionamento e destino final (HUTCHISON, 2000, p. 43). Por isso “a necessidade de recuperar um sentido de conexão com o mundo natural e com a comunidade da Terra como um todo surge como uma tarefa cultural essencial para que possamos responder efetivamente ao desafio ecológico.“ (HUTCHISON, 2000, p. 136). Portanto, ao tecermos conexões entre a trilha interpretativa, a educação ecológica e a Pedagogia Waldorf, torna-se evidente a importância para uma aproximação do ser humano com seu mundo interior (a partir de atividades educativas que despertem a acuidade perceptiva) e exterior (por meio do contato direto com mundo ambiente externo). Nesse sentido, o precursor da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 499 Pedagogia Waldorf afirma: “Ora, mais importante do que a habilidade prática é a relação da criança com a vida do mundo” (STEINER, p. 122, 2003). É desse relacionamento com o mundo que surge maior contato e sensibilidades com o meio ambiente. 5. Bibliografia BACH JR., J. 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ISBN 978-85-88769-56-4 GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas EDUCAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL NAS TRILHAS DO PICO DO TOTORÓ E CÂNIONS DOS APERTADOS, CURRAIS NOVOS/RN Sebastiana Guedes Bezerra20 Valdeci Pereira da Silva Filho21 Wagner Araújo Oliveira22 Marcos Antônio Leite do Nascimento23 Resumo Palavras-chave: Educação ambiental; Interpretação ambiental; Trilhas; Cânions dos Apertados; Pico do Totoró. No turismo a educação ambiental (EA) pode ser utilizada como estratégia que busca maximizar os impactos positivos oriundos da atividade, como também procurar sensibilizar o indivíduo sobre as questões ambientais, atentando para os impactos negativos que são provocados ou intensificados pela visitação turística. No turismo de natureza, comumente elementos da biodiversidade e geodiversidade, são trabalhados como atrativos turístico, é o que acontece no Pico do Totoró e Cânions dos Apertados do município de Currais Novos/RN. Esses apresentam potencial para o desenvolvimento do ecoturismo e geoturismo. O presente trabalho tem por objetivo geral propor estratégias de educação ambiental para as trilhas que dão acesso ao Pico do Totoró e Cânion dos Apertados e específicos a) caracterizar as trilhas, b) apontar estratégias de educação ambiental e, c) propor ações de interpretação ambiental. Para tanto foi procedido, revisão da literatura, visita in loco, aplicação dos formulários do Invtur (2006) do Ministério do Turismo e Indicadores de Atratividade e Pontos Interpretativos (IAPI) (Magro; Freixêdas, 1998). Nos resultados foi possível detectar que as trilhas necessitam de planejamento de manejo, com implantação de estruturas que deem suporte a visitação (placas, corredores, corrimões). Como estratégias de interpretação ambiental, destacam-se a 20 anaguedesbezerra@hotmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista do projeto Educação Patrimonial em Meio Natural em Municípios do Geoparque Seridó (Região Seridó, RN) Discente do Curso de Turismo. 21 valdecifilho30@hotmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Discente do Curso de Turismo 22 wagnercnrn@hotmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Discente do Curso de Turismo. 23 marcos@geologia.ufrn.br Coordenador do projeto Educação Patrimonial em Meio Natural em Municípios do Geoparque Seridó (Região Seridó, RN). Professor Adjunto II do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 503 implantação de placas interativas em alguns pontos, guias de trilhas com demarcações e pontos interpretativos e painéis interpretativos. Como ações de EA, pode-se apontar capacitação de guias locais, promoção de sensibilização ambiental da comunidade e turistas por meio de palestras abordando os principais aspectos bióticos e abióticos, históricos e culturais, e durante as trilhas distribuição de sacolas recicláveis. Conclui-se que as estratégias podem servir como ferramenta de sensibilização, conservação e valorização do patrimônio natural, histórico-cultural e a comunidade poderá ser beneficiada por meio da geração de renda utilizando o meio natural de forma racional. Resumen Palabras clave: Educación ambiental; Interpretación ambiental; Senderos; Cânions dos Apertados; Pido do Totoró. En el turismo, la educación ambiental (EA) puede ser utilizada como estrategia que busca maximizar los efectos positivos resultantes de la actividad, como también busca sensibilizar al individuo sobre los problemas ambientales, señalando los impactos negativos causados o intensificados por las visitas de turistas. En el turismo de la naturaleza, de la biodiversidad y de la geodiversidad, son trabajados como atractivos turísticos normalmente, es lo que sucede en la cima del “Pico do Totoró” y los “Cânions dos Apertados” de CurraisNovos/RN. Estos presentan potencial para el desarrollo del ecoturismo y geoturismo. Este trabajo tiene como objetivo general proponer estrategias de educación ambiental para los caminos que dan acceso al “Pico do Totoró” y los “Cânions dos Apertados” y como especificamos a) caracterizar las pistas; b) mostrar las estrategias de educación ambiental; y c) proponer acciones para la interpretación ambiental. Para ello se llevó a cabo, una búsqueda de información, trabajo de campo, aplicación de los formularios INVTUR (2006) del Ministerio de Turismo y el Indicadores de Atractivo y Puntos Interpretativos (IAPI) (Slim; Freixedas, 1998). En los resultados se pudo detectar que las pistas necesitan de gestión de planificación, poniendo en práctica las estructuras que dan soporte a las visitas (placas, pasillos, barandas). Como estrategias de interpretación ambiental, se destacan placas interactivas, señales para guiar el camino y puntos y paneles interpretativos. Y como acciones de la (EA), puede destacar, la capacitación de guías locales, promoción y sensibilización ambiental de la comunidad de turistas por medio de conferencias abordando los principales aspectos ambientales (bióticos y abióticos), culturales e históricos y también repartir bolsas reciclables a los visitantes. Concluyendo, las estrategias pueden servir como herramienta para sensibilizar, conservar y valorar el patrimonio natural, histórico y cultural, la Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 504 comunidad se beneficiara con la generación de ingresos mediante el uso racional del medio natural. 1. Introdução Com o crescimento do turismo voltado à natureza, a visitação em áreas naturais vem crescendo consideravelmente desde a década de 1980. Essa modalidade de viagem busca propiciar lazer e recreação em contato com a natureza, privilegiando as áreas naturais protegidas, como também as propriedades privadas que mantêm áreas naturais conservadas. (DINES; PASSOLD, 2008). Por esse motivo existe a necessidade do manejo e controle de visitação de forma adequada, sendo considerada como uma estratégia importante para harmonizar a atividade turística com a natureza. Essa modalidade pode ser representada pelo ecoturismo, que se baseia em três características principais e constitui o chamado tripé da sustentabilidade, a saber: conservação ambiental, educação ambiental e a geração de benefícios para a comunidade receptora. (NEIMAN; FACO, 2010). Do ponto de vista conceitual , segundo a Embratur (1994) ecoturismo é: Um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações. Também existem outros autores que debruçam sobre o conceito do ecoturismo como, Machado (2005), Wearing; Neil (2001), Goodwin (1996), Neiman (2010), Swarbrooke (2000), e entre outros. De modo geral, destacam a atividade como um turismo alternativo, podendo ser capaz de maximizar os benéficos e garantindo o mínimo impacto negativo advindo da visitação turística. Para tanto, no ecoturismo diversas atividades podem ser praticadas, dentre elas estão as trilhas ecológicas, sendo essas as mais frequentes de ser realizadas, tendo em vista que oportunizam que os turistas tenham maior aproximação com a natureza, por meio da interpretação e ações de educação ambiental. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 505 De acordo com Salvati (2003, apud DOUT, 2006), as trilhas são caminhos naturais estreitos, já existentes ou planejadas para tal fim, que podem ser de diferentes formas, comprimentos e larguras. Essas são destinadas principalmente ao transito de pessoas e têm por finalidade a aproximação do visitante/turista com a natureza ou sua condução a um atrativo turístico específico, possibilitando ao visitante entretenimento ou educação, por meio de sinalizações ou de recursos interpretativos. Diante disso, para que a finalidade da trilha seja alcançada é necessário planejamento visando o manejo adequado, com instalações e equipamento almejando a minimização dos impactos negativos da visitação. Outro ponto de extrema relevância para o planejamento das trilhas é a capacidade de carga, pois é importante e fundamental para proteção do ambiente. (NEIMAN; RABINOVICI, 2008). Além disso, outros elementos que devem existir ao se planejar trilhas são as atividades de interpretação e educação ambiental, devendo ser realizadas ao decorrer do caminho, tornando assim uma atividade propensa a geração de conhecimento sobre o ambiente, possibilitando transformação de atitudes e comportamento dos visitantes. Desse modo, a educação ambiental procura preparar o indivíduo para exercer a sua cidadania, seja através da participação individual ou coletiva nos processos sociais, culturais, políticos e econômicos de uma sociedade democrática. Portanto, entra a educação ambiental, como forma de conscientização e sensibilização das pessoas, para que ajam de maneira adequada em relação ao meio natural. Dessa forma Neiman; Rabinovici (2010, p. 64) apud O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidades Global afirmam: Consideramos que Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam entre si relação de interdependência e diversidade. Isto requer responsabilidade individual e coletiva em nível local, nacional e planetário. (GRUPO DE TRABALHO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS NO FÓRUM GLOBAL, 1992, s/p). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 506 Nesse sentido, de acordo com Seabra (2011, p. 245) “a educação ambiental deviria cumprir um papel fundamental na conscientização dos povos, bem como na conservação da sociobiodiversidade e do ambiente em que vivemos”. Portanto, a educação ambiental poderá ser utilizada como estratégia para maximizar os impactos positivos oriundos da atividade, como também sensibilizar os indivíduos sobre as questões ambientais, atentando para os impactos negativos que são provocados ou intensificados pela visitação turística. No planejamento de trilhas outro importante fator, são as atividades de interpretação ambiental, pois como corroboram Neiman; Rabinovici (2008, p. 88) elas podem “[...] auxiliar no desenvolvimento da percepção humana, da valorização ambiental e de uma educação voltada a conservação cultural e paisagística. Em relação à percepção e interpretação ambiental, essas mesmas categorias apresentam paisagem em seus aspectos geográficos, ecológicos, sociológicos, históricos, antropológicos, estéticos, ideológicos e psicológicos, em permanentes e complexas transformações e inter-relações, especialmente aquelas relacionadas à construção de nossos campos de visibilidade, de significados, ao envolver aspectos tangíveis e não tangíveis da experiência humana no conjunto de sua totalidade, influenciando nossos valores, juízos, reflexões e representações , quer objetiva, quer subjetivamente, sendo então a percepção e interpretação do meio ambiente e de suas paisagens culturalmente condicionadas, levadas em conta os significados e as configurações das imagens de mundo vivido. (KLUCKHOHN, 1988apud GUIMARÃES, 2008). Nesse contexto o Pico do Totoró e os Cânions dos Apertados localizados no município de Currais Novos/RN, comumente recebem visitantes, contudo, ainda em fluxo incipiente, mas que devido os locais não disporem de planejamento que ordene as trilhas e a visitação, podem sofrer podem sofre maiores impactos ambientais negativos, desse modo o presente trabalho tem Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 507 por objetivo geral propor estratégias de educação ambiental para as trilhas que dão acesso ao Pico do Totoró e Cânion dos Apertados e específicos a) caracterizar as trilhas, b) apontar estratégias de educação ambiental e, c) propor ações de interpretação ambiental. 2. Metodologia Os processos metodológicos para elaboração do presente artigo consistiram inicialmente na pesquisa documental e bibliográfica, que segundo Medeiros (2008, p. 39) “é aquela que busca o levantamento de livros, revistas de relevante interesse para pesquisa que será realizada”. Dessa forma foram obtidas informações em livros e documento dos autores como Neiman; Rabinovici (2008), Salvati (2003, apud DOUT, 2006), DINES; PASSOLD, 2008), Seabra (2011). A pesquisa se caracteriza como descritiva, que para Dencker (1998, p. 130) “são estudos bem estruturados e planejados que exigem um conhecimento aprofundado do problema estudado por parte do pesquisador.” Posterirormente ocorreu a visita in loco, na oportunidade foram aplicados os formulários do Invtur do Ministério do Turismo(2006) para obtenção de informações gerais e turísticas acerca dos atrativos em questão, como também aplicação da metodologia Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos (IAPI) (Magro; Freixêdas, 1998), que permitiu o levantamento e a seleção de indicadores de atratividade, na qual possibilitou a coleta de dados como as principais características da trilha e a identificação dos principais indicadores de atratividades. 2.1 Área de estudo A Região Seridó é uma microrregião do Rio Grande do Norte (Nordeste do Brasil), é composto por 25 municípios por e tem uma extensão territorial de 10.954,50 Km². Os municípios a formam apresentam características similares entre se, como clima, relevo, atividades econômicas desenvolvidas. Além disso, parte dos municípios da Região Seridó tem também tem comum um rico Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 508 patrimônio histórico-cultural e natural com eminente potencial para o desenvolvimento da atividade turística a partir desses recursos. 2.2 Currais Novos O município de Currais Novos está localizado na mesorregião Central Potiguar e na microrregião Seridó Oriental, distante aproximadamente 172 km de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte.Os limites territoriais da cidade de Currais Novos são: ao norte os municípios de Lagoa Nova e Cerro Corá, ao sul Acari, Estado da Paraíba, ao leste Campo Redondo e São Tomé e ao oeste São Vicente e Acari. (INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE, 2013). A totalidade de seus habitantes a apresenta 42.652 habitantes, com uma área de 864 km2, e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M): 0,724 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010). O clima da região onde Currais Novos está inserida é o semi-árido e apresenta poucas chuvas. A vegetação é caatinga hiperxerófila com abundância de plantas, como: pereiro, favela, facheiro, macambira, mandacaru, xique-xique e jurema-preta. A Caatinga subdesertica do Seridó, essa tem característica ser mais seca sendo árvores baixas e arbustivas. (IDEMA, 2013). Em meio a esse cenário, existem diversos pontos na cidade que configuram-se como aspectos potenciais para a geração de fluxo turístico, como é o caso Pico do Totoró e os Cânions dos Apertados que podem propiciar um maior contato direto com a natureza, por meio das trilhas existentes e da contemplação da paisagem. O Pico do Totoró situa-se no Distrito Totoró, há aproximadamente 10 km do centro de Currais Novos, tem como principal acesso uma estrada de chão batido. Essa localidade foi que onde teve início a expansão populacional da cidade de Currais Novos, por esse motivo é dotado de importância histórico cultural para o município. Neste local ocorrem rochas graníticas e estão situados atrativos que envolvem geoformas, presença de fósseis e pinturas rupestres, com destaque para a Pedra do Caju, Pedra do Letreiro, Pedra Furada, Pedra do Sino, Sítio e a Lagoa do Santo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 509 Contudo o atrativo de maior destaque é o Pico do Totoró. A visita ao atrativo consiste principalmente na subida por meio de uma trilha até o topo, ao longo do percurso existem mirantes onde é possível contemplar a paisagem do local, permitindo também visualizar algumas cidades da região. O outro local em questão são os Cânions dos apertados, eles estão situados a 10 km, a SE, do centro de Currais Novos, na área privativa da Fazenda Aba da Serra, no leito do Rio Picuí, ao longo da Serra da Timbaúba. Uma energia hidráulica elevada em tempos passados produziu o dessecamento do relevo, erodindo superfícies mais frágeis, rebaixando o relevo e escavando o seu próprio leito. O atrativo não dispõe de infraestrutura turística, mesmo assim, recebe visitante regularmente, sobretudo no período de chuvas (janeiro a julho), mas há o controle de visitantes na localidade, de modo que é cobrada um taxa de R$ 10,00 (dez reais) por pessoa. Um aspecto positivo que merece destaque, é fato de os Cânions dos Apertados serem considerados como a sétima maravilha do Rio Grande do Norte, o concurso foi organizado por um jornal da cidade e Natal. 3. Resultados e discussões 3.1 Características das trilhas 3.1.2 Trilha do Pico do Totoró A trilha que dá acesso ao Pico do Totoró tem início encima da parede do Açude do Totoró, e ao pé do Pico é onde começa de fato a subida, a trilha tem um nível de dificuldade que vária de média a alto, sendo que em muitos locais há grandes rochas que necessitam ser escaladas, atrelado a isso, a subida é íngreme. Existem pontos que são adequados para mirantes, atualmente eles são usados como pontos de descanso, neles é possível contemplar a paisagem que circunda a localidade, com destaque para a comunidade e o Açude do Totoró. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 510 Já no cume do Pico do Totoró, há um amplo espaço sob uma rocha, de onde é possível observar a cidade de Currais Novos/RN, algumas montanhas da região, fauna e flora do local, além de outros elementos que compõem a paisagem do ambiente. A visita dura em média uma hora e trinta minutos e não conta com pontos de apoio ou qualquer tipo de infraestrutura que facilite o percurso, o que apresenta-se como um fator negativo e que deve ser melhorado para o desenvolvimento turístico da comunidade. Por questão de segurança e para o melhor aproveitamento da experiência turística, o ideal é que a trilha seja feita com um guia de turismo regional, pois ele exerce um relevante papel para os visites, haja vista que é o responsável por mante o grupo no caminho correto, além de prestar relevantes informações sobre a localidade, como por exemplo, a existência de uma lenda que existe acerca de um tesouro que no passado teria sido enterrado no Pico do Totoró. Mesmo assim, pode-se optar pode fazer a trilha de maneira alto-guiada, contudo o local não conta com nenhum tipo de sinalização, e nem controle de visitantes. 3.1.3 Trilha dos Apertados Cânions dos Apertados O atrativo Cânions dos Apertados fica distante 10km da cidade de Currais Novos/RN, localiza-se na Fazenda Aba da Serra, até um determinado porto é possível seguir de carro, após isso faz-se uma trilha até os cânions. A trilha não dispõe de sinalização, e pode ser feita de maneia autoguiada, o percurso inicialmente tem um nível fácil, porém vai elevando o nível gradativamente, pois de início a caminhada é facilitada pela amplitude da trilha e pela falta de obstáculos, mas o cenário vai mudando mais a frente, haja vista que em alguns pontos faz-se caminhar sob rochas. O objetivo final é chegar até o leito do Rio Acauã, pois o ele está localizados entre os cânions rochosos, isso aliado a fauna e flora atribuem beleza cênica e valorização turística ao local. 3.2 Estratégias de educação ambiental Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 511 Diante desse contexto, serão elencadas algumas propostas de estratégias de educação ambiental para sem implantadas nas trilhas dos dois atrativos em questão. E como ações de EA, pode-se apontar capacitação dos guias locais, pois atualmente existem apenas dois guias de turismo regionais que levam grupos ao atrativo, sendo outras pessoas da comunidade também poderiam ser capacitadas para exercer tal atividade. Outra ação necessária é a busca pela sensibilização ambiental da comunidade e dos turistas, com a comunidade poderiam ser realizadas palestras abordando os principais aspectos ambientais (bióticos e abióticos),bem como precauções que a comunidade poderiam tomar visando a conservação dos recursos naturais que estão presente na localidade. Os moradores podem fazer produtos artesanais dos atrativos, como pedra do caju, do navio e montar uma loja de suvenir e vender aos turistas, assim gerando renda para comunidade. Outro fator importante é a criação de postos de orientação, onde o turista possa obter informação tanto dos atrativos como de noções de educação ambiental para o bom desempenho do passeio, nesse local pode transmitir conhecimento acerca da importância dos recursos naturais para aquela comunidade. Sendo que nessa atividade, poderia participar as crianças da comunidade, para que eles também obtivessem conhecimento, além de propiciarem um contato dos visitantes com os moradores. Especificamente para os visitantes, poderia ser distribuído sacolas plásticas recicláveis que para o lixo gerado durante o tempo de visita fosse nelas colocado e recolhido ao final. 3.3 Estratégias de interpretação ambiental Como propostas de estratégias para a interpretação ambiental, destacam-se a implantação de placas interativas em pontos estratégicos para ser exploradas em momentos de descanso dos visitantes, essas placas seriam fixadas nos pontos de descanso existentes nas trilas. Como também guias de trilhas com Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 512 os mapas interativos exibindo os principais pontos interpretativos e seus elementos constituintes, como fauna, flora, meio físico, lendas e histórias. E o centro de interpretação ambiental, constituindo por um acervo de objetos e fotos que mostrem a relevância ecológica das trilhas, por meio de painéis informativos, exibição de filmes e murais de fotos. Nesse sentido, percebe-se a importância de meios interpretativos, pois torna-se um processo de sensibilização quantos ao meio biótico e abiótico, podendo assim gerar uma transformação nas atitudes e comportamentos dos visitantes. Dessa forma, os visitantes teriam a oportunidade de obter conhecimento acerca do meio onde os atrativos estão inseridos, e principalmente, da importância de preserva-los. 4. Conclusões Feita a análise e com o término dos resultados obtidos, permitiu-se em que alcançamos os objetivos propostos no presente trabalho, na qual foram norteadores para construção da pesquisa. Este teve por objetivo geral propor estratégias de educação ambiental para as trilhas que dão acesso ao Pico do Totoró e Cânion dos Apertados. A pesquisa que campo, foi um elemento na qual possibilitou melhor conhecimento da área estudada, identificando assim as principais características das trilhas. Quanto as metodologias utilizadas para analisar o potencial da trilha, essas foram um aspecto contribuinte para a realização da interpretação ambiental da área, permitindo assim a identificação dos pontos de atratividade e de interpretação. Conclui-se que as estratégias podem servir como ferramenta de sensibilização, conservação e valorização do patrimônio natural, histórico-cultural e a comunidade seja beneficiada por meio da geração de renda utilizando o meio natural de forma racional. 5. Bibliografia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 513 AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE – IDEMA. Disponível em: <http://www.idema.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/idema/socio_ec onomicos/arquivos/Perfil%202008/Currais%20Novos.pdf>. Acesso em: 30 set. 2013. COSTA M. C. ;NEIMAM, Z.;COSTA, V.C. (Org.). Pelas trilhas do ecoturismo. São Carlos: RiMa, 2008. __________. PASSOLD; A. J; DINES, M. Gestão e manejo da recreação em áreas protegidas: zoneamento a ordenação das trilhas. p. 169 a 185. ______. NEIMAM, Z; RABINOVICI, A. Trilhas na natureza e sensibilização ambiental. São Carlos: RiMa, 2008, p. 73-86 DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 6. ed. 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Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 514 GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas UTILIZAÇÃO DEINDICADORES DE ATRATIVIDADE PARA AVALIAÇÃO DE POTENCIAL TURÍSTICODA TRILHA DE CARNAUBINHA TOUROS/RN Wagner Araújo Oliveira24 Clébia Bezerra da Silva25 Ricardo Farias do Amaral26 Resumo Palavras-chaves: Trilha Ecológica; Unidade de Conservação; Planejamento. O presente trabalho tem como objetivo analisar o potencial de atratividade da trilha ecológica de Carnaubinha, em Touros/RN como possível produto turístico contemplando aspectos como: a) Identificação das principais características da trilha; b) Seleção de indicadores de atratividade e c) Identificação dos possíveis usos da trilha. Para tanto foi procedido revisão da literatura e aplicação da metodologia “Indicadores de Atratividade e Pontos Interpretativos (IAPI). Foi utilizado GPS (PGPSMAP 60CSx) para demarcação do percurso da trilhas e pontos de atratividade e para elaboração de mapas. Foi constatado que a trilha de Carnaubinha é linear, com duração média de 2h, com grau de dificuldade moderado devido à subida em dunas. Como conclusão, a trilha de Carnaubinha apresenta-se como um recurso turístico a ser explorado pela comunidade, no entanto, são necessários investimentos, como sua demarcação e sinalização para que os visitantes possam percorrê-la e que proporcione condições básicas a eles afim de que tenha um contato com a natureza e que se torne o elemento gerador de sensibilização quanto à conservação do meio ambiente. Resumen Palabras clave: Sendero ecologico, Unidad de Conservación, Planificación. Este estudio tiene como objetivo analizar el atractivo de potencial sendero ecológico de Carnaubinha de Toros / producto turístico RN como sea posible teniendo en cuenta aspectos tales como: a) Identificación de las principales características de la pista b) La selección de los indicadores de atractivo y c) la identificación de posibles utiliza el rastro. Para esta revisión de la literatura se llevó a cabo y la aplicación de la metodología de "Indicadores de Atractivo y 24 wagnercnrn@hotmail.com Discente do Curso de Turismo. Bolsista de Iniciação Científica. Universidade Federal do Rio Grande do Norte 25 clebia@ufrnet.br Docente do curso de Turismo. Universidade Federal do Rio Grande do Norte 26 ric@ufrnet.br Docente do curso de Geologia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 515 puntos interpretativos (IAPI). Se utilizó GPS (PGPSMAP 60CS) para delimitar la ruta de senderos y puntos de atractivo y la cartografía. Se encontró que el Carnaubinha sendero es lineal, con una duración promedio de 2 horas, con dificultad moderada, debido a la subida de las dunas. En conclusión, el Carnaubinha sendero se presenta como un recurso turístico para ser explotados por la comunidad, sin embargo, se necesitan inversiones, como su demarcación y señalización para que los visitantes pueden caminar y establece las condiciones básicas, a fin de que tiene un contacto con la naturaleza y se convierte en el elemento generador de la conciencia acerca de la conservación del medio ambiente. 1. Introdução Nas últimas décadas pode-se perceber a busca ascendente por lugares de caráter natural e tranquilo, isso se justifica pelo fato que a considerável parte da sociedade moderna vive em uma intensa rotina diária dos grandes centros urbanos, com isso as pessoas tendem a fugir dessa realidade por meio do lazer e pelo contato com a natureza. Para tanto, a atividade turística em meio natural, destaque para as Unidades de Conservação (UCs) que vem destacando nesses aspectos, principalmente, por meio do ecoturismo, que segundo Wearing e Neil (2001, p. 5) “ é descrito como um turismo interpretativo, de mínimo impacto, discreto, em que se busca a conservação, o entendimento e a apreciação do meio ambiente e das culturas”. Ou ainda, podendo ser entendido segundo Faco; Neiman (2010, p. 45) O ecoturismo deve, portanto, garantir que a interação entre o ser humano e a natureza desencadeie, por meio de uma relação vivencial, a reflexão sobre a exploração dos recursos naturais e a compressão de que os mesmos devem ser utilizados de forma sustentável. Nesse sentido, uma das atividades que propicia o desenvolvimento do ecoturismo é a realização de trilhas ecológicas que permitem com que o turista tenha maior contato com a natureza. E que elas tornem-se um elemento de sensibilização quanto a conservação dos recursos naturais. Nesse contexto tem-se as trilhas ecológicas, que, em princípio, sempre foram os meios pelos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 516 quais o homem procurava se deslocar para atender suas devidas necessidades. No entanto, com o passar do tempo esse conceito foi sendo modificado, se tornando mais que um simples deslocamento e sim uma atividade que oportuniza que o visitante o contato e contemplação da natureza. Desse modo, de acordo com Boçon (2002, apud MARGANHOTTO, SANTOS, MIARA, 2009, p. 146): “Trilha é uma palavra decorrente do latim ‘tribulum’ que tem na sua origem o significado de caminho, rumo e direção.” Já para Guillaumon (1977, apud MARGANHOTTO, SANTOS e MUARIA, 2009, p. 146), as trilhas são caminhos em um sítio natural e ou artificial, que podem incluir belezas cênicas, enfocando dentro do possível, aspectos históricos, geomorfológicos, culturais e principalmente ambientais. No tocante as suas características as trilhas podem ter várias classificações. Em linhas gerais, Andrade (2005) classifica trilhas por meio da sua função, forma e grau de dificuldade: • Quanta a sua função: as trilhas podem ser usadas em serviços administrativos, bem como pelo público visitante, em atividades educativas e/ou recreativas, nesses casos, pode ser dividido em trilhas de curta distância, as chamadas "trilhas interpretativas" (NatureTrails) ou de trilhas selvagens e de longa distância (WildernessTrails). • Quanto à forma: as trilhas podem ser circular, em oito, linear e atalho. • Quanto ao grau de dificuldade: presumir afirmar que o grau de dificuldade é bastante relativo, isso dependente dos aspectos e obstáculos geográficos e varia de pessoa para pessoa. Dessa forma, pode ser dividida em duas categorias: guiadas que leva em consideração sua intensidade e seu nível técnico; e auto-guiadas que pode ser classificada como caminhada leve, caminhada semi-pesada, caminhada pesada. De acordo com, Costa (2004, p. 9) as “trilhas devem ser criteriosamente localizadas, planejadas, construídas e manejadas de modo a permitir a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 517 conservação dos recursos naturais e a realização de contatos adequados pelos visitantes”. Portanto, perceber a importância dada ao planejamento de trilhas, uma vez em seu conceito implica que o turista possa atender suas perspectivas quando aos recursos existentes nela tornando um elemento motivador ao contato com a natureza, no entanto, se não planejada pode ocasionar efeitos contrários conforme apontados por Maganhotto et al (2009, p. 146) [...] a implantação de trilhas de forma desordenada e sem planejamento pode contribuir para o desencadeamento de impactos, potencializados pelo não entendimento da dinâmica física de um local. Além disso, a carência de monitoramento e manutenção são fatores determinantes à conservação destes ambientes. Desta forma evidencia-se uma série de problemas inerentes a abertura e utilização deste recurso. Portanto, as trilhas devem estar planejadas e implementadas para atender a públicos diferentes e oferecer experiências mais integradoras no contato a natureza. (RABINOVICI;NEIMAN 2008, p. 81). Visto seu potencial para propiciar educação ambiental, trilhas ecológicas são amplamente planejadas e executadas em Unidades de Conservação (UC) ou nas áreas de seu em torno, possibilitando também a integração das comunidades com a UC. Nesse processo educativo, deve-se atentar para as possibilidades de trilhas mais eficientes de se atingir os objetivos propostos por elas, com, por exemplo, a interpretação ambiental se mostrou menos eficiente em trilhas autoguiadas por placas, conforme mostrou Vasconcelos (2004). Diante desse contexto, o presente artigo tem como objetivo analisar o potencial de atratividade da trilha ecológica de Carnaubinha, em Touros/ RN, como produto turístico comunitário. E como objetivos específicos: a) identificar as principais características da trilha; b) indicar os principais indicadores de atratividade e c) sugerir possíveis usos da trilha. 2. Metodologia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 518 Os processos metodológicos para elaboração do presente artigo consistiram inicialmente na pesquisa documental e bibliográfica, que segundo Medeiros (2008, p. 39) “é aquela que busca o levantamento de livros, revistas de relevante interesse para pesquisa que será realizada”. Dessa forma foram obtidas informações em livros e documento dos autores como Boçon (2002); Costa (2004); Wearing(2001); Maganhotto et al (2009)Magro; Freixêdas (1998) Andrade(2003). A pesquisa se caracteriza como descritiva, que para Dencker (1998, p. 130) “são estudos bem estruturados e planejados que exigem um conhecimento aprofundado do problema estudado por parte do pesquisador.” O instrumento escolhido para coleta foi feito com base na adaptação do formulário da metodologia Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos (IAPI) (Magro; Freixêdas, 1998), que permitiu o levantamento e a seleção de indicadores de atratividade, na qual possibilitou a coleta de dados como as principais características da trilha e a identificação dos principais indicadores 519 de atratividades. Quadro 1 – Caraterização do instrumento de coleta de dados das principais caraterísticas da trilha Carnaubinha Touros/RN. INDICADOR CARACTERÍSTICAS I – Identificação Região Turística Município Tipo de atrativo Nome Localização Duração Dificuldade Atrativos Propósito Geral II – Identificação da trilha III Distância - Caraterísticas da trilha Forma naturais e Caraterização geral da vegetação artificiais Quadro 2 – Relação de Indicadores para Avaliação da Atratividade de Pontos Interpretativos da Trilha Carnaubinha Touros/RN. INDICADOR CARACTERÍSTICAS Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Pontos de parada Posição Lugares onde encontrava maior predominância de elementos em potencial para pontos interpretativos Visualização do horizonte em relação à posição do olhar do observador N = em nível I = Inferior S= Superior Visualização do ponto de parada do observador Estímulo V= Visual S = Sonoro T = Tático 1º Plano: Os elementos melhor analisados encontram-se próximos ao observador, como interpretar uma árvore cujo tronco esteja perto do visitante. A atenção é voltada para a percepção dos detalhes (forma, cor, cheiro, características onde os sentidos são mais apurados). 2º Plano: Média - Escala e distancias intermediárias, podendo-se o Escala ambiente com menos detalhes que no 1º plano. Ex.: Lagoas, mirantes, cachoeiras, etc. 3º Plano: Fundo – Predominam as vistas panorâmicas e espaços abertos. Não há detalhamento dos recursos observados. Ex.: Mirantes, áreas montanhosas (relevo), árvores, etc. A escolha de indicadores de atratividade fundamenta-se na facilidade de sua identificação em campo e na possibilidade de repetição desta Observação avaliação por um segundo observador. (Variedade de vegetação, proximidade de corpos d’água, relevo, áreas históricas... combinados ou não). Fonte: adaptado Costa; Melo 2005 apud Magro; Freixêdas, 1998. E por fim, foi utilizado GPS (PGPSMAP 60CSx) para demarcação do percurso da trilhas e pontos de atratividade e para elaboração de mapas. Área de estudo O município de Touros dista aproximadamente 99 km da Capital do Estado, Natal, o qual, juntamente com os municípios de Maxaranguape e Rio do Fogo fazem parte de uma área de influência direta da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC). Ele é bastante conhecido pelos seus aspectos históricos culturais, nele a história resguardar que o primeiro povoamento do Estado do Rio Grande do Norte foi em Touros por meio do portugueses, além disso é conhecida também por suas pelas praias, como Praia de Perobas, Praia de São José, Praia do Cajueiro e por fim Praia de Carnaubinha. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 520 Figura 01: Área de Estudo, 2013. 3. Resultados e discussões A partir da aplicação do formulário, foi possível caracterizar a trilha Carnaubinha. Ela foi apelidada por esse nome, devido ser uma trilha percorrida nas proximidades da Praia Carnaubinha. Sua duração de percurso fica aproximadamente duas horas. Essa trata-se de uma trilha linear, que de acordo com Andrade (2003), é uma trilha que apresenta formato simples e comum, que geralmente tem como objetivo conectar o caminho principal a algum destino como lagoas, lagos, árvores frutíferas, etc. E como desvantagem apresenta o caminho de volta igual ao de ida e a possibilidade de cruzar com outros visitantes. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 521 Foto 1 – Trilha Foto 2 – Praia Carnaubinha Fonte: Oliveira, 2012. Carnaubinha Fonte: Oliveira, 2012. Inicialmente o ponto de partida da trilha, é em uma antiga construção de viveiro de camarões, essa encontra-se desativada e com sua infraestrutura deteriorada. A distância percorrida é considerada média, com um grau de dificuldade moderada. Durante a trilha é possível encontrar vários elementos naturais e artificiais em potencial para atrativo como também pontos interpretativos. Como naturais, é possível encontrar a própria praia, potencial exuberante para contemplação da paisagem. Vegetação restinga, onde essa apresenta em caráter pouco degradada, e possui árvores de pequeno e médio porte, como também plantas frutíferas, caju e “maça de pobre”. Ainda é observada a presença de falésias, e dunas fixas e móveis. Dentre os elementos artificiais, destaquem-se a antiga construção de viveiro de camarões como já foi citado anteriormente, e Farol da Gameleira, considerado como um ponto de parada para contemplação da natureza, interpretação ambiental e registros fotográficos. Como mostram a fotos a seguir. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 522 Foto 3 – Construção antiga de viveiro camarões Foto 4 – Farol da Gameleira Fonte: Oliveira, 2012. Fonte: Oliveira, 2012. Por fim, ainda foi possível identificar algumas caraterísticas adicionais daquelas que não constavam no formulário de verificação para caraterização da trilha de Carnaubinha. Desse modo, essas podem ser visualizadas na tabela 1 a seguir. 523 Tabela 1 - Características adicionais da trilha de Carnaubinha Touros/RN. • Recreativa FUNÇÃO • Interpretativa • Educativa • Guiada TIPO • Autoguiada • Crianças PÚBLICO ALVO • Jovens • Adultos PERÍODO DE FUNCIONAMENTO • Permanente INFRAESTRUTURA • Não há infraestrutura para apoio • Os espaços naturais encontram-se CONDIÇÕES AMBIENTAIS relativamente conservados. Fonte: Oliveira, 2012. Após a caraterização da trilha, fez necessário avaliar a atratividade da trilha de Carnaubinha, para isso foi aplicado o método Indicadores de Atratividade Pontos Interpretativos – IAPI (adaptado Magro; Freixêdas, 1998), onde a partir disso foi possível apontar os principais pontos interpretativos da trilha conforme previa o formulário, como mostra o quadro 3 a seguir. Quadro 3 – Principais Pontos Interpretativos da Trilha Carnaubinha Touros/RN Fonte: Oliveira, 2013. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 ESTÍMULO PONTOS DE PARADA V x S x Praia x x Farol da Gameleira x x Parada Inicio das Dunas x Mirante Natural x Construção Antiga de um viveiro Camarão POSIÇÃO T I N x ESCALA S x 2 x 3 x x x 1 x x x x x Os pontos interpretativos mostrado no quadro anterior foram escolhidos devidos apresentarem caraterísticas e aspectos naturais, por possuir vegetação expressiva, e pela proximidade com água. A escolha ainda fundamentou-se por serem pontos de acesso e parada fácil e pela possibilidade da contemplação da paisagem e por apresentar potencial de pontos de interpretação e sensibilização ambiental. Como mostra no quadro, a predominância do estímulo dos pontos interpretativas é o visual, podendo assim afirmar que existe uma semelhança entre esses pontos. Com relação à posição dos pontos, pode-se perceber que varia um pouco, pois a trilhas é constituído de um relevo não plano, com descidas e subidas íngremes fazendo com que alguns pontos ficam em posições diferente, sendo evidente afirmar que a trilha possui um nível de dificuldade moderada. E por fim, as escalas dos pontos ficaram entre 1ª e 2ª escala, onde pode-se concluir que a trilha possibilidade ao visitantes/turistas um contato mais próximo com os recursos naturais, facilitando assim a interpretação ambiental desses lugares por meio da sensibilização quanto a valorização e conservação do meio ambiente. 4. Considerações finais Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 524 Com base em suas características, a trilha ecológica de Carnaubinha, em Touros/RN apresenta-se como possível produto turístico. Com base em seus pontos de interpretação apresenta-se como um espaço que propiciar a reflexão sobre os impactos ambientais, bem como, o contato com a natureza. Contudo, ser estruturada, para que possa proporcionar condições básicas de interpretação aos visitantes afim de que eles tenham um contato com a natureza e que se torne o elemento gerador de sensibilização quanto a conservação do meio ambiente. Sendo assim, o planejamento seria o primeiro passo para tornar o produto turisticamente e economicamente viável, e assim promover a conservação do espaço natural e visando a minimização dos impactos que podem vir gerar por meio do uso do meio. Por fim, sugere-se que a trilha de Carnaubinha tenha usos de cunho educativo, interpretativo e científico, para obtenção da geração de renda para comunidade. Para tal, é necessário que com já citado, um planejamento e estruturação da trilha com manejo, e o incentivo dos gestores públicos, bem como o interesse da comunidade, e, por conseguinte a divulgação do atrativo e a inclusão desses em roteiros para fim de comercialização. 5. Bibliografia ANDRADE, Waldir Joel de. Implantação e manejo de trilhas. In: MITRAUD, Sylvia (Org.). Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramenta para um planejamento responsável. Brasília: WWF Brasil, 2003. p. 247 – 260. BOÇON, R. Caracterização de solos, vegetação e público alvo como indicadores no planejamento de trilhas interpretativas. Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação em Agronomia da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial a obtenção do grau e título de mestre em Agronomia. Curitiba, 2002. BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de regionalização do turismo: Roteirizarão Turística (modulo operacional 7). Brasília: Ministério do Turismo, 2007. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 525 COSTA, S. M. As trilhas e o seu papel na dinâmica de uma unidade de conservação: o caso de Maciço Gericinó- Mendanha. 2004. Dissertação ( Mestrado) – PPGG, UFRJ, Rio de Janeiro. MINISTÉRIO do Turismo. Estudo da demanda do turismo internacional no Brasil. [s.l.]: Brasília, 2011. MAGANHOTTO, Ronaldo Ferreira; SANTOS, Leonardo José Cordeiro; MIARA, Marcos Antônio. Planejamento de trilhas em áreas naturais – estudo de caso sítio da alegria, prudentópolis/guarapuava – pr. Revista Geografar. Curitiba, v.4, n.2, p.143-163, jul./dez. 2009. MAGRO,Tereza Cristina; FREIXÊDAS, Valeria. Trilhas: como facilitar a seleção de pontos interpretativos. Revista Circular Tecnica IPEF, nº 186, set 1998. Disponível em: < http://www.infotrilhas.com/Downloads/trilha.pdf>. Acesso em 14 abr 2012. VASCONCELLOS, J. M. O.. Avaliação da eficiência de diferentes tipos de trilhas interpretativas no Parque Estadual Pico do Marumbi e Reserva Natural Salto Morato – PR. Revisa Natureza & Conservação, v.2, n.2, p.48-57, 2004. WEARING, S.; NEIL, J. Ecoturismo: impactos, potencialidades e possibilidades. Barueri: Manole, 2001. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 526 GT 04: Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural. Sumario 01 A Educação Ambiental para a preservação das trilhas do Morro da 528 Cambirela / SC. 02 Gestão de áreas verdes: análise do Parque Florestal Municipal 554 Boca da Mata (Ceará-Mirim/RN). 03 O sistema de mutirão como alternativa para a implementação e 572 manutenção de trilha na RPPN Foz do Aguapeí, Região Oeste do Estado de São Paulo. 04 Trilhas e ecoturismo em Lumiar: Realidade e possibilidades de 579 sinalização turística. 05 Percepção turística da comunidade de entorno ao PE Acaraí – 590 São Francisco do Sul, SC. 06 Vías verdes y senderos de largo recorrido en Canadá y Chile: 603 527 evaluación de participación de comunidades y de actores múltiples y su potencial conexión con redes ecológicas para la protección de la biodiversidad biológica. 07 SESC SP e a Trilha d’Água – adutora da década de 40 é utilizada 628 como ferramenta de interpretação ambiental. 08 Planejamento e implementação de uma trilha interpretativa na 661 Escola Família Agrícola Puris, no município de Araponga, MG. 09 Planejamento, manejo de trilhas e sociedade: Turismo de base 670 comunitária no Baixo Acará: interpretando e desenvolvendo trilhas ecoturística. 10 Recuperação e estruturação das trilhas do PE do Forno Grande 680 /ES para visitação pública. 11 Percepções dos visitantes do Parque Estadual do Ibitipoca em 689 relação ao lixo e sua deposição final Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural. A EDUCAÇAO AMBIENTAL PARA A PRESERVAÇÃO DAS TRILHAS DO MORRO DA CAMBIRELA/SC Anastácio da Silva Júnior1 Marcos Antonio Garcia 2 Ana Carolina Martins Silva 3 Resumo Palavras-chave: Sustentabilidade, Uso Público, Trilhas, Morro do Cambirela. O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (PEST) engloba áreas de nove municípios: Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Garopaba e Paulo Lopes e no município de Palhoça, está situado o morro do Cambirela, que recebe intensa visitação de excursionistas todos os anos, e danos causados às trilhas, como lixo, queimadas, pichações, cortes em arvores, ravinamento e erosão do leito das trilhas, são alguns dos impactos facilmente observados. Apesar de se encontrar em uma área protegida, não existe qualquer controle de visitação e programas de ação ambiental visando a preservação desta montanha. O presente trabalho foi realizado nos anos de 2011 e 2012, com o objetivo de verificar os impactos causados por usuários nas trilhas do Morro do Cambirela (922m), e obter dados que permitam a elaboração de proposta de projeto de Educação Ambiental e Interpretação Ambiental que contribuam para a preservação das trilhas e boas práticas de visitação em áreas protegidas. Para tanto foi realizada a coleta de dados através de levantamento fotográfico e mapeamento das três trilhas existentes, excursões in loco e aplicação de formulários de entrevista aos visitantes e usuários regulares, onde se verificou a necessidade de uma redistribuição no fluxo de visitação, recuperação da sinalização e manutenção das trilhas em diversos pontos, de modo a garantir o uso adequado destes equipamentos. Concluiu-se que para a reversão da atual situação atividades de educação e conscientização ambiental poderão contribuir sobremaneira para os esforços de recuperação e conservação desse patrimônio natural, rico em recursos de fauna e flora, de beleza cênica de grande importância para atividades de lazer e geração de serviços importantes, para o Município e região. 1 anastac@ifsc.edu.brProfessor do Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC. mgarcia@ifsc.edu.brProfessor do Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC. 3 anacarol-ms@hotmail.com Academica do Curso de Arquitetura e Urbanismo – UDESC. 2 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 528 Resumen Palabras clave: Educación ambiental, Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, Uso Publico, Senderos, Cerro do Cambirela. El Parque Estatal da Serra do Tabuleiro (PEST) abarca áreas de nueve condados: Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Garopaba y Paulo Lopes y en Palhoça, se encuentra el Morro do Cambirela, que recibe una intensa visita de excursionistas cada año, y el daño a las pistas, como si fueran basura, quemados, graffiti, cortes los árboles y la erosión en cárcavas de las pistas de cama, algunos de los impactos se observan fácilmente. A pesar de estar en una zona protegida, no hay visitas de control y programas de acción ambiental para la conservación de esta montaña. Este estudio se realizó en los años 2011 y 2012, con el objetivo de verificar los impactos causados por los usuarios de los senderos Del Morro do Cambitela (922m) y la obtención de datos que permitan la preparación de propuestas de proyectos de Educación Ambiental e Interpretación Ambiental que contribuir a la preservación de los senderos y las buenas prácticas de las visitas en las áreas protegidas. Para ello se recogieron los datos mediante una encuesta fotográfica y cartografía de los tres senderos existentes, visitas formularios de solicitud en el sitio y los visitantes de entrevista y los usuarios regulares, en los que había una necesidad de la redistribución de los flujos de visitantes, lo que indica la recuperación y el mantenimiento de las pistas de varios puntos con el fin de asegurar el uso correcto de este equipo. Se concluyó que para la reversión de la situación actual de las actividades de educación y sensibilización ambiental puede contribuir en gran medida a los esfuerzos de recuperación y conservación de este patrimonio natural característica rica flora y fauna, belleza escénica de gran importancia para las actividades de ocio y la generación de importante servicio a la ciudad y la región. 1. Introdução O Morro do Cambirela (922 m), linda montanha na beira do mar, mostrado na Figura 1, localiza-se no Município de Palhoça, próximo de Florianópolis, dentro do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, que é a maior unidade de conservação no Estado de Santa Catarina. O parque ocupa aproximadamente 1% do território de Santa Catarina, com uma extensão de 87.405 hectares. Foi Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 529 criado através de Decreto e abrange áreas de nove municípios: Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Garopaba e Paulo Lopes. Engloba também as ilhas de Fortaleza/Araçatuba, Ilha do Andrade, Papagaio Pequeno, Três Irmãs, Moleques do Sul, Siriú, Coral, dos Cardos e a ponta sul da Ilha de Santa Catarina (SANTA CATARINA, 1975). 530 Morro do Cambirela Figura 1 - Morro do Cambirela e Ilha de Santa Catarina Fonte: Satélite Google Earth (2011). O Parque tem variada vegetação, reunindo cinco das seis composições botânicas do Estado. Começa no litoral, com a paisagem da Restinga, sobe a serra, alcançando o planalto em meio à vegetação dos Pinhais, passando, nessa transição, pela Floresta Pluvial da Encosta Atlântica, vegetação da Matinha Nebular e pelos Campos de Altitude da chapada da serra. Dentre a vegetação formam-se rios e córregos que serão responsáveis pelo fornecimento da água potável utilizada pelos moradores de toda Grande Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Florianópolis. A sede do Parque fica às margens da BR-101, no Município de Palhoça, a 40 km de Florianópolis, em direção ao Sul do Estado onde se localiza o centro de visitação e Educação Ambiental, mostrado na Foto 2. 531 Figura 2 - Centro de Visitação e Educação do PEST Fonte: http://www.nagamboa.com.br/parque/parque.html. O Morro do Cambirela constitui um dos maiores desníveis relativos do estado. De seu topo pode-se ter uma vista espetacular de toda a Ilha de Santa Catarina e do maior aglomerado urbano do estado, formado pelas cidades de Florianópolis, São José e Palhoça. Apesar de estar situado em um parque estadual, cuja área é teoricamente protegida por lei, recebe intensa visitação de escaladores durante todo o ano. O resultado dessa movimentação é o acúmulo de toda a espécie de lixo imaginável e a degradação de sua fauna e flora. Destaca-se então, que nesta montanha, apesar de se encontrar em uma Unidade de Conservação, não há qualquer controle ambiental ou de acesso, nem por parte do poder público nem da sociedade civil. Objetivo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 • Verificar os impactos causados por usuários nas trilhas do Morro do Cambitela. • Obter dados que permitam a elaboração de proposta de projeto de Educação Ambiental e Interpretação Ambiental que contribuam para a preservação das trilhas e boas práticas de visitação no Morro do Cambirela. Justificativa A importância das trilhas remonta ao início da humanidade, e, por milênios, elas foram o modo de deslocamento e ligação entre diferentes povos. Zeferino e Carson (2006) relacionam as trilhas com a própria história e o mundo das relações, pois, um dia, todas as comunidades tiveram suas trilhas e caminhos. Muitos desses traçados viraram estradas, e outros se esvaíram no esquecimento da nova gente que se assentou em diferentes lugares. As trilhas formam um legado que não se pode deixar esquecido no tempo, portando deve-se garantir a continuidade de seu desfrute pela presente e pelas futuras gerações. No Brasil, segundo Bueno (1998), a mais antiga trilha de que se tem registro é a do Peabiru, que ligava o litoral catarinense e o paulista por dois ramais que se uniam no centro do Paraná à serra do Potossi no Peru. Esta trilha era utilizada por povos incas e indígenas Brasileiros, antes do descobrimento. A foi rota trilhada por Aleixo Garcia e posteriormente muito utilizada por importantes personagens históricos, como: Martim Afonso de Sousa, que fundou a cidade de São Vicente, (BUENO,1998), Álvar Núñez Cabeza de Vaca em1541 (MARKUN, 2009), e Ulrich Schmidel em 1553 (BUENO,1998). Atualmente as trilhas são utilizadas nas mais diferentes atividades de contato com a natureza. As atividades em regiões montanhosas fazem parte do turismo de aventura, e são denominadas de montanhismo. Diante do estado crítico das nossas unidades de conservação e suas trilhas, como cita Andrade (2000), é Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 532 compreensível que poucos trabalhos relativos ao assunto tenham sido publicados e, entre esses poucos, praticamente a maioria enfoca apenas a possibilidade de trilhas de interpretação em unidades de conservação. No estado de Santa Catarina, a Serra do Mar, particularmente o Morro do Cambirela, é muito procurada para a prática ecoturística do montanhismo, que consiste em alcançar os cumes das montanhas por meio de escaladas ou caminhadas. Para a prática do montanhismo, a formação de trilhas é uma necessidade, e elas passam pelas mais diversas situações de relevo, solo e vegetação, sendo que a pressão exercida pela prática de caminhadas causa um impacto diferenciado dependendo da condição existente. A história de uso do Cambirela é antiga, conforme Pimenta e Soldateli (2006). A sua base sofreu ações antrópicas como: a retirada de espécies arbóreas por madeireiras, hoje desativadas, e a agricultura, principalmente na produção de mandioca e canade-açúcar, que abastecia os engenhos artesanais familiares na produção de farinha e cachaça. Apesar de grande parte de essas áreas terem sido abandonadas e estarem em processo de regeneração, a montanha ainda vem sofrendo outros impactos, como a mineradora SAIBRITA, no sopé do Morro. Além de estar degradando uma área da base da montanha, a mineradora “recupera” as áreas desmatadas plantando espécies exóticas como pinus e eucaliptus. A ação da SAIBRITA se torna incompatível com o que representa o Parque e contribui com a sua degradação ambiental e perda de valores paisagísticos e cênicos, conforme mostrado na Figura 3. Outro fator de degradação é provocado, mais recentemente, pelo uso recreativo e turístico na região. A visitação ocorre de forma espontânea, por grupos independentes, principalmente moradores da grande Florianópolis e, de forma organizada, através de operadoras de ecoturismo e guias e condutores autônomos. A ação dessa empresa é um exemplo de desenvolvimento não sustentável, ou seja, há uma exploração Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 533 econômica da região sem qualquer beneficio à sustentabilidade dessa região ou à sua população. Figura 3 - Mineradora no Morro do Cambirela Fonte: Pereira (2011). 534 As trilhas que levam ao cume do Cambirela representam, na região da grande Florianópolis, são umas das mais importantes e frequentadas. Elas foram abertas quando não havia ainda a preocupação com os impactos que poderiam ocorrer e nem existiam unidades de conservação. Como não foram planejadas, não existe um plano de manejo. Assim, a importância do conhecimento das condições de uso e dos usuários das trilhas e dos fatores que afetam o morro, como explica Vashchenko (2008), é muito relevante para auxiliar na elaboração dos planos de manejo, na implantação, na recuperação ou na manutenção das trilhas e, consequentemente, do ambiente além da segurança das pessoas que o utilizam. Os fundamentos da educação para o desenvolvimento sustentável partem da problemática da degradação dos recursos naturais e sua consequente escassez para gerações presentes e futuras, como afirma Branco (2011). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Resulta daí a necessidade de uma mudança de posicionamento e de comportamento da sociedade frente ao modelo de crescimento atual – gerador de exclusão social e poluição ambiental. 2. Metodologia Nesta pesquisa foram coletados dados sobre as características da trilhas do Morro do Cambirela, das pessoas que usam essas trilhas e sobre quais os danos causados por essas pessoas, já que este lugar é área de proteção. A partir dos dados coletados e analisados, pôde-se chegar a determinadas conclusões que possibilitarão, no futuro, através da Educação Ambiental, evitar que esses danos aumentem e tragam prejuízos incalculáveis para o desenvolvimento sustentável da região. A pesquisa foi realizada no âmbito do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, Município de Palhoça-SC, no entorno do Morro do Cambirela, em suas trilhas e locais de acampamento, no topo, junto aos excursionistas. 535 Quanto à ciência, essa pesquisa pode ser considerada empírica, uma vez que codificou uma face mensurável de uma determinada realidade social, ou seja, o entorno do Morro do Cambirela e os impactos da ação antrópica em seu entorno. Trata-se também de uma pesquisa prática, uma vez que está voltada à intervenção na realidade social, quando pretende propor ações na área de Educação Ambiental, para diminuir os impactos dessa ação antrópica no ambiente, visando o desenvolvimento sustentável da região. Durante a pesquisa de campo foram realizadas 12 excursões ao Morro do Cambirela, para a aplicação dos formulários. Os dias da semana escolhidos foram sábados e domingos, nos meses de abril a outubro, pois, por se tratar de uma demorada escalada, em torno de 7 horas para subir e descer, os excursionistas a realizam preferencialmente em finais de semana. Para a pesquisa foram aplicados 120 formulários respondidos em campo, no próprio morro do Cambirela, conforme apresentado na Figura . Uma autorização Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Especial da FATMA - Fundação do Meio Ambiente de SC foi necessária para a realização da pesquisa. 536 Figura 4 - Aplicação do Formulário Fonte: Pereira (2011). A Educação Ambiental não se faz de forma sistemática e regular, mas através da linguagem, em todas as suas manifestações e situações de interação. Determinadas idéias só se concretizam a partir do momento em que são revestidas ideologicamente nos indivíduos que passam a orientar suas atitudes de forma mais adequada ao contexto histórico e social. Acredita-se, portanto, que as mudanças sociais com relação ao meio-ambiente vão acontecer Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 lentamente, mas é um processo irreversível, que terá como consequência o desenvolvimento sustentável. 2.1 Trilhas do Cambirela Várias são as trilhas que levam ao cume do Cambirela. As principais, ou seja, as mais utilizadas, denominadas trilhas 1, 2 e 3, são mostradas na fotografia de satélite da Figura 5, em mapeamento realizado durante a pesquisa e estão dentro da Zona de Uso, de acordo com o Mapa de Zoneamento (SOCIOAMBIENTAL, 2002). O autor realizou para este trabalho, o mapeamento das três trilhas estudadas, utilizando um GPS Garmin, modelo Forerunner 305, onde, através dos programas Google Earth e TrackMaker, obteve os traçados das mesmas. Estes mapeamentos são apresentados a seguir: 537 Figura 5 - Mapeamento das trilhas do Cambirela. Fonte: Satélite Google Earth (2011). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 O relevo do Morro do Cambirela e suas curvas de nível podem ser observados na carta topográfica apresentada no onde também estão mostradas as três trilhas. 538 Figura 6 - Mapeamento das trilhas do Cambirela (Curvas de nível, Google Earth) Fonte: Satélite Google Earth (2011). A seguir caracterizam-se cada uma das trilhas. a) Trilha 1 - A via de subida segue pela aresta norte do Cambirela, mostrada na Figura . Inicia na estrada geral da Guarda do Cubatão, ou Rua Jacó Vilain, cruzando com a Rua Dezesseis, seguindo plana por cerca de 500 metros e depois começa a subir de forma quase constante. Após passar a primeira porteira, uma placa indica o caminho, pois lá embaixo nas propriedades particulares é muito fácil errar o acesso. Uma vez na trilha, sobe-se por uma canaleta de chuva com mato bem fechado por cerca de 30 minutos até uma fonte de água, para então retornar 10 metros e entrar na trilha principal. A subida é toda feita na mata até a cota 600 m, e até lá existe apenas uma bifurcação com o caminho correto à esquerda, já que, à direita, a subida é Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 direta até a canaleta de rocha, mas segue por um terreno totalmente erodido e com pedras soltas. 539 Figura 7 - Mapeamento da trilha 1 do Cambirela, face norte. Fonte: Satélite Google Earth (2011). Os primeiros lances de corda começam pouco depois da cota 500 e dão acesso à base da parede que pode ser vista desde o começo da caminhada. Contorna-se um pouco a rocha e então se sobe por uma canaleta de uns 8 metros de altura, que normalmente tem uma corda esticada desde o topo, conforme Figura 8. Depois da corda o terreno é mais inclinado e a vegetação é rasteira, permitindo vista livre para o norte e leste. Segue-se por mais uns 20 minutos em valetas bem erodidas e então chega-se ao 'ombro', a saliência que se vê na aresta norte da montanha. Pouco acima é o local do acampamento principal e dali até o cume é uma caminhada rápida. Esta trilha é a mais problemática das três mapeadas, pois apresenta no seu início um processo de ravinamento e compactação de solo e, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 no seu final, próximo ao cume, movimentação de massa nas altas declividades, com muitos fragmentos de rocha soltos com grande risco aos usuários, mostrado na Figura 9. Além disso, o trecho vertical com corda fixa, sujeita às intempéries e em precárias condições de uso, também oferecem grande risco ao usuário. • Grau de Dificuldade: muito difícil (pela distância e inclinação da trilha, com passagens que apresentam dificuldade técnica e grande risco). • Tempo de Duração (tempo de subida): 3 horas e 30 minutos (Tempo médio estimado). • Distância Estimada (por GPS): 4.550 metros. 540 Figura 8 - Trecho com cordas da Trilha 1 Fonte: Pereira (2011). Figura 9 - Trecho final da Trilha 1 Fonte: Spall (2011). b) Trilha 2 - A via de subida segue pela aresta noroeste do Cambirela, mostrada na Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 10. Inicia na estrada geral da Guarda do Cubatão, ou Rua Jacó Vilain, cruzando com a Rua Quinze. 541 Figura 10 - Mapeamento da trilha 2 do Cambirela, face noroeste Fonte: Satélite Google Earth (2011). A partir da estrada, percorre-se 1,5 km por dentro de propriedades particulares, cercas, criações de gado e charcos alagados. Até esse ponto, a trilha é bem aberta, praticamente plana, passando pelas pastagens na base da montanha, e, a seguir encontram-se trechos de bambuzal onde começa fechar e adentrar na floresta. Já em mata fechada, a trilha começa ganhar inclinação e, após 1 hora até chegar a um lance de corda de aproximadamente 6 metros de altura, conforme Figura 11 termina em uma borda de precipício com uma rocha um pouco delicada, bem estreita e forrada de mato. Neste ponto existem vários trechos de pedras soltas e uma única bifurcação que segue à esquerda (à direita entra-se no leito do rio). Esta trilha ganha altitude mais rapidamente no seu final e é praticamente toda dentro da mata, seguindo pelo leito de um rio normalmente seco. O final da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 trilha 2, também chamada de trilha da cachoeira seca, está em numa rampa de barro e pedras bem inclinada, na cota de 680 m, onde se encontra com a trilha 1 antes do 'ombro', mostrado Erro! Fonte de referência não encontrada., e segue até o cume pelo mesmo caminho.. Esta trilha é a que apresenta as melhores condições de uso, apesar de não ter sido planejada adequadamente. Nos trechos iniciais da trilha, em relevo suave-ondulado não apresenta maiores problemas de erosão. À medida que a encosta se torna mais íngreme, em relevo montanhoso, a trilha segue pelo fundo de um vale sobre rochas com muitas raízes expostas, em terreno úmido e escorregadio, sendo este o fator de maior risco aos usuários. 542 Figura 11 - Trecho com corda da trilha 2 Fonte: Pereira (2011). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 • Grau de Dificuldade: difícil (pela distância e inclinação da trilha, com passagens em terreno escorregadio). • Tempo de Duração (tempo de subida): 2 horas e 45 minutos (Tempo médio estimado). • Distância Estimada (por GPS): 5.000 metros. c) Trilha 3 - A via de subida segue pela aresta leste do Cambirela, mostrada na Figura . Inicia na BR 101, no km 222. 543 Figura 12- Mapeamento da trilha 3 do Cambirela, face leste. Fonte: Satélite Google Earth (2011). Esta trilha, em seu trecho inicial está inserida num relevo suave-ondulado, apresentando em grande parte processo de ravinamento. Após a saída da BR 101, caminha-se por cerca de 600m, até entrar na mata. Em seguida, sob relevo montanhoso entra-se em terreno mais íngreme, sendo necessário em praticamente toda a subida o apoio das mãos, o que oferece médio a grande Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 risco para usuários inexperientes. No decorrer do caminho encontram-se muitas fontes de água corrente e pequenas cascatas, conforme figura 13 544 Figura 13 - Fonte de água corrente da trilha 3 Fonte: Dariva (2011). A trilha 3 possui duas cavernas, eventualmente usadas para acampamento, uma no meio da trilha, dentro da floresta, caverna 1, e outra no final da trilha, caverna 2, onde acaba a mata fechada, mostrada na Figura 14. • Esta trilha apresenta a maior inclinação entre as três estudadas, e se ganha muita altitude rapidamente. Apesar da dificuldade imposta pelo terreno inclinado é a trilha mais curta e rápida. Na cota de 750 m, a trilha sai da floresta, acima da área de acampamento, e se encontra com as trilhas 1 e 2, seguindo até o cume. A composição do solo litólico, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 segundo Pimenta e Soldatelli (2007), apresenta muitos blocos de rochas e grande evidência de raízes expostas. Grau de Dificuldade: difícil (pela distância e grande inclinação da trilha, com passagens que apresentam dificuldade técnica e médio risco). • Tempo de Duração (tempo de subida): 2 horas e 15 minutos. • Distância Estimada (por GPS): 3.920 metros. 545 Figura 14 - Vista a partir da caverna 2, trilha 3. Fonte: Dariva (2011). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O manejo de trilhas é uma ferramenta indispensável às áreas naturais que recebem uso turístico. Para que o manejo das trilhas do Cambirela se efetive é necessário realizar um levantamento de informações e uma coleta de dados sistemática, além de monitoramento desses impactos, buscando adaptar os métodos de monitoramento por indicadores para verificação das condições e de amostragem utilizados. Tal manejo deve ser implementado por técnicos especialista nesta área de atuação sob gerencia do órgão gestor. De maneira Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 concisa, todos os resultados dos formulários aplicados aos visitantes, ressaltaram os seguintes fatos: 1. A Unidade de Conservação recebe um grande número de visitantes, que não passam por qualquer fiscalização, controle ambiental nem sinalização nas trilhas. 2. A maioria reside na Grande Florianópolis e são predominantemente jovens e adultos com elevado nível cultural. 3. A maioria visita pela primeira vez, organizados em grupos pequenos, mas demonstram satisfação apesar do intenso esforço físico e pretendem voltar. 4. O contato com a natureza é a atividade mais relevante e indica o enfoque a ser dado em programas de Educação Ambiental. 5. Tempo de permanência curto. 6. Desconhecimento de normas ambientais e falta de informação do órgão público responsável. 7. Exposição dos visitantes aos perigos inerentes à escalada (falta de equipamento e condicionamento físico adequado). 8. Responsabilidade quanto à preservação da flora, fauna e águas inadequadas (cuidado com as queimadas, depredação, caça, deposito de lixo), conforme Figura 15 Figura 15 - Lixo e resto de fogueira na caverna 2 Fonte: Dariva (2011). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 546 9. Promoção e adequação da área de acampamento, com instalação de infraestrutura dirigida à minimização do impacto ambiental causado, conforme 10. Figura 13 e 17. 547 11. Figura 16 - Lixo na área de acampamento Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Fonte: Silva Júnior (2011). 548 Figura 17 - Restos de Fogueiras e pichações na área de acampamento próxima ao cume Fonte: Silva Júnior (2011). 10. Presença de movimentação de massa nas altas declividades, com muitos fragmentos de rocha soltos e com grande risco aos usuários, além de raízes Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 expostas e erosões, o que demonstra a urgência do plano de manejo, conforme Figura 7 11. Desconhecimento do que seja uma boa ou ruim manutenção e conservação de uma trilha, apontando para um caminho inicial no processo de Educação Ambiental, como o ravinamento mostrado na Figura 7 549 Figura 18 - Trecho com movimentação de massa nas altas declividades. Fonte: Pereira (2011) Figura 19 - Ravinamento na Trilha 1 Fonte: Pereira (2011) 12. Planejamento da distribuição do fluxo de visitantes entre as três trilhas em iguais percentuais, apara evitara degradação e o acumulo de lixo na trilha, conforme Figura 20. 13. Apesar da degradação assustadora do Morro, os visitantes não se sentem responsáveis por essa situação. Outros têm a percepção de que são os causadores dos impactos, demonstrando a falta de conhecimento ambiental e não a falta de consciência ecológica. 14. Implementação de programas de mínimo impacto. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 15. Alto índice de aceitação em relação à utilização de programas de educação, facilitando as possibilidades de implementação destes. 16. Instalação de placas informações sobre trilhas, tempo, dificuldade, fauna, flora, geologia, nome do local, risco de acidentes e possíveis dificuldades, pois este é um anseio dos visitantes. 550 Figura 20 - Lixo ao longo da trilha 1 Fonte: Silva Júnior (2011). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 17. Controle de acesso, pois a visitação descontrolada é um fator gerador de degradação. 18. Criação de serviço de guardas para o Parque e guias ecológicos. Finalmente contata-se que na região do entorno do Cambirela existem pequenas propriedades com criações de gado e agricultura e ainda uma indústria que explora uma fonte de água mineral aos pés do Morro do Cambirela. Para essa região e suas atividades econômicas, a conservação da mata nativa também é vital para a sua sobrevivência, pois a qualidade da água e a manutenção do lençol freático estão relacionadas diretamente à conservação das florestas do Cambirela. 4. Conclusão Como medidas de controle de impactos, além das intervenções de ordem estrutural e de segurança, as trilhas que levam ao Cambirela não devem ser adaptados aos visitantes, estes é que deverão ser preparados para a visitação. Da mesma forma, é importante a implementação de um plano de manejo das áreas de uso do Cambirela, seguida do estabelecimento de técnicas que identifique o impacto potencial e os parâmetros para monitoramento da vida silvestre. Salienta-se ainda que ausência de um plano de manejo no PEST, que contemple o Morro do Cambirela, compromete a conservação e até mesmo a existência futura dessa importante e bela montanha. Portanto, a utilização da Educação Ambiental se torna um instrumento de fundamental importância para minimizar os impactos da visitação. Vários os estudos, como os citados nesta pesquisa, já demonstraram que, com a Educação Ambiental, fiscalização e o controle, as áreas naturais se conservam com impactos reduzidos; proporcionam qualidade a visitação, se esta for organizada e planejada; proporciona aos visitantes contato direto com os recursos naturais conservados e a vivência na natureza; e resulta em benefícios sociais para as populações do entorno, ou seja, a Educação Ambiental é o caminho para a sustentabilidade.A Educação Ambiental, no Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 551 campo da conservação de ambientes naturais, tem por papel a conscientização ambiental das pessoas que utilizam as áreas naturais, assim como proporcionar ao visitante o envolvimento com as questões ecológicas, sociais, econômicas e culturais do local visitado. Constata-se que o Cambirela, em seu atual estado de abandono, requer uma urgente intervenção do órgão governamental responsável por sua conservação, neste caso, a FATMA, no sentido de implementar ações de controle, fiscalização e programas educativos ambientais através de um plano de como a primeira ação a ser efetivada e que contemple: construção de portais para o controle de acesso, distribuição de sacos para lixo e folhetos explicativos, instalação de placas de sinalização e informações e de sinalizações para as trilhas. Além disso, é necessário, também, a colocação de degraus nas áreas expostas mais perigosas, onde hoje existem cordas, e regulamentação na área de acampamento, uma vez que ficou claro que os próprios visitantes querem saber mais sobre o Cambirela e anseiam por informações sistematizadas. 5. Bibliografia ANDRADE, W. J. Manejo de trilhas. FEMESP. São Paulo. 2000. BRANCO, A. Educação para o desenvolvimento sustentável e educação ambiental. Disponível em: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo= 1069&class=02> Acesso em: 25 out. 2011. BUENO, E. Náufragos, traficantes e degredados: as primeiras expedições ao Brasil, 1500-1531. 204p. Objetiva: Rio de Janeiro. 1998. _________. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. 288p. Objetiva: Rio de Janeiro. 1999. PIMENTA, L.; SOLDATELI, M. Mapeamento das trilhas e dos impactos ambientais negativos no pico do Cambirela. PEST-SC. 2006. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 552 SANTA CATARINA. Decreto N/SETMA n. 1.260 DE 1º de Novembro de 1975. Cria o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Diário Oficial do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, v. 40, n. 10.358, p. 4-7, nov. 1975. SOCIOAMBIENTAL CONSULTORES ASSOCIADOS LTDA. Parque Estadual da Serra do Tabuleiro / SC – Diagnóstico socioambiental elaborado para a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FATMA). Florianópolis. 2002. VASHCHENKO, Y. Caracterização da trilha e o impacto do montanhismo nos Picos Camapuã e Tucum - Campina Grande do Sul - PR. 2006. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) – Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. 2006. ZEFERINO, A.C.; CARSON, V. E. Trilhas e caminhos da Ilha de Santa Catarina. Lagoa: Florianópolis. 2005. 553 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural. GESTÃO DE ÁREAS VERDES: ANÁLISE DO PARQUE FLORESTAL MUNICIPAL BOCA DA MATA (CEARÁ-MIRIM/RN) Artemísia dos Santos Soares4 Fabíola Gomes de Carvalho5 Resumo Palavras-chave: Gestão; Unidade de Conservação; Parque Florestal Municipal Boca da Mata; Ceará-Mirim. Este estudo teve o seguinte objetivo geral: averiguar o atual estado de gestão do Parque Florestal Municipal Boca da Mata, localizado no município de Ceará Mirim/RN. Seguindo tendências que colocam o consumo de paisagens e o lazer em Áreas Naturais Protegidas (ANPs) como uma atividade crescente no mercado turístico, observa-se em geral que a criação de parques naturais municipais não são acompanhados de práticas de gestão que possibilitem a exploração de suas potencialidades de forma a integrar eficientemente crescimento econômico, equidade social e conservação. Assim, foi realizada uma pesquisa documental e coleta de dados de campo seguida de diagnóstico preliminar da UC para reconhecimento da área do parque e de seu entorno imediato. Os resultados apontam que o Parque apresenta-se como espaço com potencial de contato com a natureza para: prática da educação e interpretação ambiental, ecoturismo e conservação. Outra constatação é a de que existe um processo de desvalorização dos objetivos de criação da Unidade de Conservação (UC), em virtude dos interesses da cultura canavieira, ainda presente de forma acentuada no município de Ceará-Mirim/RN, e da visão progressista do poder público que prioriza crescimento econômico em detrimento do desenvolvimento sustentável. Propostas de ações foram indicadas para a sustentabilidade do Parque, tais como a recategorização do Parque, ampliação da área do Parque e a aplicação de programas para o 4 artemisiasoares@yahoo.com.br Bacharel em Turismo (UERN - 2008), Mestre em Turismo (UFRN -2011), Pós-Graduanda em Gestão Ambiental (IFRN). Servidora Pública da Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim/RN. 5 fabíola.carvalho@ifrn.edu.br Graduação em Agronomia UFRPE (1992), Mestrado em Agronomia (Ciências do Solo) UFRPE (1996) e Doutorado em Ciências do Solo pela UFRS (2003). Professora de Ensino Básico Técnico e Tecnológico do IFRN e Professora Colaboradora do Dep. de Engenharia Química da UFRN. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 554 manejo da área, para que as atividades ali desenvolvidas sejam realizadas de modo responsável e com uso eficiente dos recursos. Resumen Palabras clave: Gestión. Unidad de Conservación. Parque Forestal Municipal Boca da Mata. Ceará-Mirim. Este estudio tuvo como objetivo general: evaluar el estado actual de la gestión del Parque Forestal Municipal Boca da Mata, ubicada en el municipio de Ceará Mirim / RN. Siguiendo las tendencias que ponen paisajes de consumo y de ocio en las Áreas Naturales Protegidas (ANP) como una actividad cada vez mayor en el mercado turístico, se observa que, en general, la creación de parques municipales no van acompañadas de prácticas de gestión que permitan la exploración de su potencial a fin de integrar de manera eficiente el crecimiento económico, la equidad social y la conservación. Por lo tanto, se realizó una investigación documental y de campo de recolección de datos seguido por el diagnóstico preliminar de la UC para el reconocimiento de la zona del parque y su entorno inmediato. Los resultados indican que el parque se presenta como un espacio con posibilidad de contacto con la naturaleza: la práctica de la educación e interpretación ambiental, el ecoturismo y la conservación. Otra conclusión es que hay un proceso de devaluación de los objetivos de la creación de la Unidad de Conservación (UC), teniendo en cuenta los intereses de la caña de azúcar, sin embargo, esta forma pronunciada en el municipio de Ceará-Mirim/RN y progresiva la visión de gobierno que prioriza el crecimiento económico a costa del desarrollo sostenible. Las acciones propuestas se han indicado para la sostenibilidad del parque, como la re-categorización del Parque, la ampliación del parque y la implementación de programas para la gestión de la zona, por lo que las actividades desarrolladas se llevan a cabo en un uso responsable y eficiente de los recursos. 1 introdução As Unidades de Conservação da Natureza, também conhecidas por UCs, são espaços territoriais que apresentam características naturais relevantes e delimitação instituída pelo poder público para garantir a proteção e conservação dos seus recursos naturais. (SNUC, 2000). De acordo com a lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), as UCs podem ser: de “Proteção Integral”, garantindo a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 555 preservação total da natureza, ou de “Uso Sustentável”, que permitem seu uso de forma controlada. Dentre as diversos categorias de UCs regulamentadas pelo SNUC, o Parque Nacional (PARNA)6, face às demandas ambientais, tem se tornado uma das opções mais visadas para a conservação ambiental e preservação da biodiversidade. Os Parques Nacionais (PARNAs) são identificados como unidades de proteção integral e representam áreas de domínio público de uso indireto, sendo totalmente restringidas à exploração ou aproveitamento dos recursos naturais, admitindo-se apenas o aproveitamento indireto dos seus benefícios. A sua criação objetiva preservar a natureza, em especial, a fauna, a flora e os monumentos naturais, além de proporcionar oportunidade para a pesquisa científica, a educação ambiental, o lazer e o turismo ecológico (BRITO, 1998, p. 82). No Brasil atualmente se dispõe de um extenso quadro de UCs das quais 2,61% são unidades de proteção integral (de uso indireto) e outros 5,52% são áreas protegidas parcialmente (de uso direto). Muitos esforços têm sido feitos para ampliar as áreas protegidos no território nacional, refletindo um esforço considerável para conservação in situ da diversidade biológica. (ibdem). O Rio Grande do Norte (RN) possui atualmente 238 mil hectares em unidades estaduais de conservação, o que corresponde a 4,5% do seu território. Estas unidades estão localizadas, em sua maior parte, ao longo do litoral potiguar, sendo 2,58% no ecossistema marinho, 1,08% no ecossistema costeiro, 0,8% em ecossistema de mata atlântica e o restante na caatinga (IDEMA, 2012). No RN, dentre as UCs existentes, 8 (oito) pertencem à categoria de Parque Nacional. Destas, 4 (quatro) são Parques Estaduais consolidados e 2 (duas) 6 Podendo-se também ser conhecido como Parque Estadual ou Parque Natural Municipal (SNUC, 2000). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 556 estão em fase de criação, cuja gestão compete ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (IDEMA), por meio do seu Núcleo de Unidades de Conservação (NUC). A UC restante desta lista se trata do Parque Nacional Furna Feia, único Parque administrado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) no RN. Ao se levar em consideração a relação entre turismo e áreas naturais protegidas, vale informar que no RN, o turismo tem sido o maior responsável pelo aquecimento da economia local, representando 22,7% do PIB do estado (OLIVEIRA, 2008). A receita proveniente da atividade turística subiu de 216 milhões de dólares em 2002 para 573 milhões de dólares em 2006. No mesmo período, o número de empregos gerados pela atividade subiu de cerca de 50 mil para mais de 120 mil (PSB, 2008). Assim, vale salientar que, seguindo tendências que colocam o consumo e o lazer em relevância, o turismo em Áreas Naturais Protegidas (ANPs) tem se configurado como uma atividade crescente no mercado turístico. Contudo, a criação destes parques parecem não ser acompanhados por uma prática coerente com os conceitos fundamentais da gestão ambiental sustentável, ensejando, assim, a necessidade de uma análise de sua gestão (ou ausência dela) para a concretização dos objetivos para os quais foram criados, sendo um bom exemplo a criação do Parque Florestal Municipal Boca da Mata, localizado no município de Ceará Mirim/RN. Com a finalidade de melhoria da qualidade de vida da população do município de Ceará-Mirim, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), através de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com a Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim, propôs (impôs) a criação do Parque Florestal Municipal Boca da Mata, sob o argumento de medida compensatória em virtude das recorrentes queimadas para o plantio de cana-de-açúcar por esta empresa. A criação do Parque Florestal Boca da Mata desperta os seguintes questionamentos: quais são as suas potencialidades e quais as ações Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 557 aplicáveis à sustentabilidade do parque? Visando responder a este questionamento, este estudo teve o seguinte objetivo geral: averiguar o atual estado do Parque Florestal Municipal Boca da Mata. Para tanto, foram elencados os seguintes objetivos específicos: (a) Contextualizar o Parque Florestal Municipal Boca da Mata; (b) Apresentar os fatores relevantes nos ambientes interno e externo da UC; (c) Estabelecer proposta de ações para implantação e implementação sustentável do Parque. Desse modo, para maior aprofundamento analítico acerca da gestão do Parque Florestal Municipal Boca da Mata, torna-se crucial a análise da atual situação do Parque, visando à indicação de ações e/ou programas que dêem sustentabilidade e valorização à área, inclusive a possibilidade da realização de práticas ecoturísticas. Sob esta perspectiva, este trabalho efetuou análise da gestão do Parque Florestal Municipal Boca da Mata, em especial a necessidade de implementação e implantação de ações e programas que possibilitem a exploração de suas potencialidades de forma a integrar eficientemente: crescimento econômico, equidade social e conservação ambiental. O presente estudo, portanto, visa contribuir para o avanço dos estudos das potencialidades, bem como das fragilidades da área, além de possibilitar a implementação de processos de inserção de atividades sustentáveis no parque e, quiçá, influenciem na formulação e efetivação de políticas que tratem dos aspectos ambientais no município de Ceará-Mirim/RN. 2 GESTÃO AMBIENTAL EM ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS 2.1 A implementação das anps Diversos estudos explicitam as dificuldades para alcançar as metas ambientais propostas pelas áreas protegidas (BRITO, 1998; JAMES, 1999; PÁDUA, 2000; MILANO, 2000). Dentre estas dificuldades, podem-se citar as seguintes: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 558 a) Falta de recursos financeiros e humanos envolvidos nas desapropriações, no planejamento e no gerenciamento das unidades. A exiguidade de recursos para o setor alia-se à sua sistemática redução. Os recursos financeiros destinados às UCs pelos países desenvolvidos contabilizaram, em 1996, aproximadamente U$ 20 por hectare. Nos países em desenvolvimento, este valor equivalia a U$ 1,5 por hectare (JAMES, 1999). Este fato acarreta problemas para manter a integridade física da unidade por meio de fiscalização adequada; elaborar o plano geral e os programas de manejo da UC, definindo suas diretrizes e prioridades; e implantar e manter a infraestrutura necessária de apoio. Por outro lado, esta carência de recursos estaria vinculada a uma série de incapacidades das organizações envolvidas com a gestão, como, por exemplo, dificuldades para viabilizar os recursos a fundo perdido junto às instituições governamentais nacionais e internacionais, devido à falta de planejamento estratégico. Este deveria orientar a efetivação de ações prioritárias que possibilitariam, dentre outras, oferecer contrapartidas a agências internacionais. Os financiamentos internacionais não alocam recursos quando o governo não pode garantir a manutenção das áreas com a presença de pessoal adequado e a longo prazo (PÁDUA, 2000).Atualmente, novas perspectivas de obtenção de recursos públicos se abrem. Referem-se, por exemplo, à evolução de conceitos como o do "poluidor – pagador", que incorporam a compensação ambiental em diversas situações legais, envolvendo a conservação de UCs no processo. Tais possibilidades, todavia, exigem o aparelhamento das unidades gestoras para que possam orientar a aplicação e disponibilização dos recursos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 559 b) Falta de conhecimento dos gestores em relação ao verdadeiro potencial da unidade. O desconhecimento dos usuários ou potenciais 'clientes' da unidade dificulta a avaliação em relação às oportunidades de obtenção de recursos próprios por meio de inúmeras formas de parcerias possíveis. Por outro lado, pode acarretar a expectativa de uma autossustentabilidade total das UCs. Neste sentido, mesmo as unidades de conservação mais eficientes, com planos de negócios muito bem elaborados e com possibilidades de incorporar atividades turísticas e de lazer remuneradas ao rol de serviços oferecidos, não conseguem repor com recursos próprios uma grande parte das suas despesas. c) Subordinação dos objetivos da UC a interesses exclusivamente econômicos. Há conivência das entidades com a realização de atividades econômicas no interior e no entorno das unidades, nitidamente incompatíveis com os objetivos das UCs (BRITO, 1998). Este aspecto explicita a forte conotação patrimonialista que ainda perpassa a elaboração e implementação das políticas públicas. d) Processos participativos muito frágeis. A atuação exclusiva e isolada da sociedade dos setores estatais responsáveis também impede a gestão adequada das ANPs. Existem diversos tipos de entraves no interior destas instâncias que dificultam a participação da sociedade civil nas decisões e no estabelecimento de parcerias para a implementação. Uma conclusão decorrente é a de que o estado estaria desenvolvendo determinadas atividades passíveis de serem realizadas com mais eficiência por setores não-estatais, sem alocação significativa de recursos públicos. Apesar de correta, esta concepção poderia também vir a subestimar o papel dos agentes públicos neste processo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 560 3. metodologia 3.1 Caracterização do estudo O desenvolvimento deste estudo foi orientado para a análise da gestão das áreas verdes, em especial a necessidade de implantação e implementação de ações e programas para a sustentabilidade do Parque Florestal Municipal Boca da Mata, demandando, portanto, uma abordagem de configuração qualitativa. Quanto ao nível de profundidade, a pesquisa realizada pode ser caracterizada como descritiva. Segundo Gil (1999, p. 44, grifo nosso.) “as pesquisas deste tipo tem como objetivo primordial a descrição de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”. Todavia, o mesmo autor informa que pesquisas descritivas podem ir além de simples identificação da existência de relações entre variáveis, visando à compreensão da natureza dessa relação, ensejando nesse sentido a aproximação da pesquisa descritiva à pesquisa explicativa, na qual se tem como preocupação principal identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. 3.2 Local O Parque Florestal Municipal Boca da Mata situa-se em área lindeira à cidade de Ceará-Mirim, mais especificamente as margens da BR 406. O município de Ceará-Mirim situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião Macaíba, limitando-se com os municípios de Maxaranguape, São Gonçalo do Amarante, Ielmo Marinho, Taipu e o Oceano Atlântico, abrangendo uma área de 726 km², inseridos nas folhas Natal (SB.25-V-C-V), Touros (SB.25-V-C-II) e João Câmara (SB.25-V-C-IV), da qual uma área de 68,9 hectares de mata atlântica compreende o Parque Florestal Municipal Boca da Mata (Figura 1). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 561 Figura 1 – Mapa da localização do Parque Florestal Municipal Boca da Mata. Fonte: Dados da pesquisa, 2012. 3.3 Coleta e análise de dados Para a coleta de dados foi realizada uma pesquisa documental que se assemelha à pesquisa bibliográfica, todavia Gil (1999) informa que a diferença entre ambas se encontra no tipo de fontes. Pois, enquanto esta última se dá através de contribuições de diversos autores sobre um mesmo assunto, a pesquisa documental faz uso de materiais que não receberam tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados em conformidade com os objetivos da pesquisa. Em seguida, foi realizado diagnóstico preliminar da UC correspondendo à fase de estudos básicos para planejamento através de reconhecimento e levantamento de campo, realizada na área do parque e de seu entorno imediato, que teve como objetivo identificar de forma expedita os principais aspectos de relevância ecológica da unidade, os principais aspectos de fragilidade e os fatores de pressão a estes associados. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 562 A análise dos dados ocorreu através da intersecção dos dados coletados com a teoria abordada, cujos resultados serão detalhados adiante, evidenciando o processo histórico e econômico no qual a UC em questão está inserida, bem como a situação atual e as ações necessárias para correção das deficiências e consolidação dos aspectos positivos levantados, visando sua sustentabilidade. 4 Resultados e discussão 4.1 Caracterização do parque florestal municipal boca da mata (ceará-mirim/rn) Inicialmente, se faz necessário relatar um breve histórico da criação do Parque Municipal Boca da Mata, contextualizando-o conforme características do município de Ceará-Mirim/RN. O município de Ceará-Mirim conta com uma população total residente de 68.141 habitantes, sendo que 35.494 vivem na área urbana e 32.647 na área rural. As principais atividades econômicas do município são: agropecuária, pesca, extrativismo e comércio. (IBGE, 2010). O município foi criado em 06/06/1755, através do desmembramento7 da cidade do Natal com o nome de Aldeia do Guajiru, mudando seu nome para CearáMirim apenas em 30/7/1858 e, tornando-se cidade pela Lei nº 837 de 09/06/1882. (NOBRE, 1877). Vale ressaltar que, conforme o IDEMA (2008), o solo do município possui aptidão agrícola regular para lavouras e algumas áreas aptas para dois cultivos por ano, bem como aptidão boa para silvicultura. Terras aptas para culturas especiais de ciclo longo, tais como algodão arbóreo, sisal, caju e coco e pequena faixa de terra com aptidão restrita para pastagem. Este panorama possibilitou a inserção da cultura canavieira na região. O plantio de cana de açúcar em Ceará-Mirim, há séculos vem acumulando um déficit ambiental sustentado pelas atuais gerações, não só com os impactos negativos decorrentes das queimadas na época da colheita da cana, que deixa 7 Cabe explicar que, Ceará-Mirim, foi o 2º município (vila) criado do RN, podendo desmembrarse, portanto, somente do 1º, a capital, Natal. (NOBRE, 1877). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 563 o município sob uma densa nuvem de fumaça, mas com o desmatamento que chega, na atualidade, às matas ciliares do Rio Ceará-Mirim, seus afluentes e nascentes, provocando o assoreamento destes rios e as consequentes inundações no Vale do Ceará-Mirim, com perdas consideráveis da flora e fauna da região, assim como comprometendo a qualidade de vida das pessoas que a habitam. Na tentativa de contornar esta situação, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em 04/09/2008, entre o MPRN e a Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim, visando dentre outras coisas, disciplinar a queima da palha da cana-de-açúcar que redundou em várias melhorias ambientais, como também a medida compensatória que obrigou a empresa a doar ao município de Ceará-Mirim uma área de mata atlântica situada na entrada da cidade medindo 68,9 hectares, com o fim único de nela ser criado um Parque Florestal Municipal em decorrência do período de queima indevida da cana-de-açúcar. Assim, o Parque Florestal Municipal Boca da Mata foi criado pelo Decreto Municipal nº 2.132, datado de 23/12/2008, está situado em área lindeira à cidade de Ceará-Mirim, mais especificamente às margens da BR 406, com 68,9 hectares de mata atlântica (Figuras 1, 2, 3 e 4), cujo terreno foi doado ao Município de Ceará-Mirim pela Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim Ltda., como compensação ambiental em TAC firmado com o MPRN, em razão dos danos ambientais decorrentes da queima da palha da cana-de-açúcar. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 564 Figura 1 – BR 406: UC à direita Figura 2 – Entorno da UC: canavial Fonte: Dados da pesquisa, 2012. Figura 3 – Estrada cortando a UC Figura 4 – Flora da UC: mata atlântica. Fonte: Dados da pesquisa, 2012. Atualmente, a UC está sob Ação Civil Pública interposta pelo MPRN contra a Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim (PMCM). Conforme o documento, “o Parque fica próximo ao perímetro urbano e tangencia o plantio de cana, o que deixa, sobremaneira, exposto a degradação necessitando, dessa forma, de medidas urgentes visando a sua preservação, sendo reiterada a requisição para as providências, visando o cercamento” (MPRN, 2011). Tal exigência reitera a solicitação anterior de ações para implantação do parque, como: cercamento, plano de manejo, construção da sede do parque e criação do horto municipal (ver detalhes acerca do Parque no quadro 1). Nome da Unidade de Conservação: Parque Florestal Municipal Boca da Mata Subordinação técnica e administrativa: Secretaria de Turismo, Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim/RN - SETMADE Endereço da UC: Às margens da BR 406 Efetivo de funcionários Ainda não se tem quadro de pessoal designado. Acesso O acesso ao Parque é feito pela BR 406 Natal,– CearáMirim. A entrada do Parque dista aproximadamente 1,5 quilômetros da entrada da cidade de Ceará-Mirim e este percurso é todo feito em estrada asfaltada. Número do instrumento legal e Decreto Municipal nº 2.132, de 23/12/2008. data de criação Superfície 68,9 hectares (não demarcados) Unidade da Federação. Município Estado do Rio Grande do Norte. Município de Ceará-Mirim, e Distritos que abrange entre os distritos de Massaranduba e a sede do município de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 565 Ceará-Mirim. Casarios coloniais Engenhos e usinas de cana-de-açúcar (ativadas e não ativadas) Situação Fundiária A área definida no Decreto de Criação (68,9 hectares) recebeu Certidão de Característica do imóvel doado para fins de criação do citado Parque em maio de 2010. Bioma e ecossistemas Mata Atlântica secundária em estágio avançado de regeneração. Atividades desenvolvidas: Ainda não há ocorrência de atividades na UC, tais como educação ambiental, pesquisa e fiscalização. Atividades conflitantes Em grande escala: monocultura da cana-de-açúcar realizada pela Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim Ltda; caça de pequenos animais silvestres e apanha de aves; invasão por animais domésticos (particularmente cães de caçadores), cavalos e bois (em torno da UC), e despejo do lixo doméstico a céu aberto, dentro e no entorno do Parque. Atividades de uso público Ainda inexistentes. Outros usos No interior do Parque há estrada que liga o canavial à rodovia para acesso dos veículos que transportam cana-deaçúcar para a usina Companhia Açucareira Vale do CearáMirim Ltda. Uma linha de transmissão do sistema COSERN, cruza o Parque com a direção geral norte/sul. Há, ainda, o planejamento para inserção de linhas de transmissão de usinas eólicas Atrativos principais Paisagens e vistas panorâmicas, fauna e flora, entre outros. Origem do nome O Parque Florestal Municipal Boca da Mata recebeu este nome por ser este um dos nomes pelo qual o município foi conhecido no início do século XIX. Quadro 1 - Informações gerais sobre o parque. Fonte: Dados da pesquisa, 2012. Marcos importantes proximidades dos limites nas Vale informar que foi realizado pelo IDEMA levantamento da flora presente no parque, obtendo-se a constatação de que a área é regulamentada pelo Decreto Federal n• 750/93 e Lei Federal 11.428/06, pois se trata de Mata Atlântica secundária em estágio avançado de regeneração, podendo nela ser criado o parque, segundo o estudo. 4.2 Apresentação dos fatores relevantes dos ambientes interno e externo da uc Fatores favoráveis Fatores desfavoráveis Parcerias Pessoal Serviço de Guias Recursos Financeiros Disponibilidade de Pessoal Externo Demarcação e Cercamento Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 566 Recrutamento de colaboradores Ocupação Incompatível Banco de Dados Ambientais Possibilidade de Proliferação de Zoonoses Convênios Proliferação de Espécies Exóticas Recreação em Contato com a Natureza Linhas de Transmissão Ecoturismo Disposição para Invasões Educação Ambiental Propriedades Rurais no Entorno 5. Propostas de ações para a implantação e implementação do parque 5.1 Recategorização do parque Há necessidade de uma nova denominação da UC para que de Parque Florestal Municipal Boca da Mata, passe a se chamar Parque Natural Municipal Boca da Mata como é prevista na Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e estabeleceu os critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. O Artigo 7º desta Lei estabelece dois grupos de UCs: I - Unidades de Proteção Integral; II - Unidades de Uso Sustentável – e define seus objetivos. Dentre as diversas categorias de UCs do grupo de Proteção Integral, o Artigo 11, § 4o, estabelece que para a unidade de categoria – Parque Nacional, quando criada pelo Município, será denominada Parque Natural Municipal. 5.2 Objetivos específicos do parque Considerando o objetivo principal de conservação ambiental da área e as características de uso indireto previstos para esta categoria de manejo, em observância ao SNUC (2000), propõem-se a adequação dos objetivos específicos de manejo do Parque Florestal Municipal Boca da Mata. 5.3 Ampliação da área do parque Em função da pressão antrópica sobre remanescentes naturais na região, notadamente pela forte presente da monocultura de cana-de-açúcar, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 567 considerando-se os impactos existentes, como uso intensivo de agrotóxicos na lavoura, práticas de queimadas, poluição dos rios através de efluentes domésticos, lixo e a ausência de políticas públicas adequadas à minimização dos impactos causados ao meio físico e biológico, a ampliação da área do Parque possibilitará a implantação de área de amortecimento, permitindo a preservação das últimas áreas desse bioma ainda existentes no entorno do parque, bem como de sua biodiversidade. Nesse sentido, a SETMADE/PMCM vem negociando junto aos proprietários do entorno a doação de áreas para fins de ampliação do Parque. 5.4 Proposta de programas para o parque Tendo sempre em vista o cumprimento dos objetivos dessa categoria de Unidade de Conservação acima listados, se faz necessária a proposição de programas de manejo (ver quadro 2) que contemplam, prioritariamente, um conjunto de ações destinadas a assegurar uma maior proteção à área e a 568 orientar o seu uso numa fase inicial. Programa de conhecimento técnico-científico Subprograma de Pesquisa Programa uso público de Programa de manejo do meio ambiente Subprograma de Manejo dos Recursos Programa de integração com a área de entorno Subprograma de Educação Ambiental Programa de gestão operacional Subprograma de Subprograma Recreação e de Ecoturismo Regularização Fundiária Subprograma de Subprograma de Subprograma de Subprograma de Subprograma Monitoramento Interpretação e Proteção Controle de Ambiental Informação Ambiental Ambiental Administração Ambiental e Manutenção Subprograma de Subprograma Incentivo a de Alternativas de Infraestrutura e Desenvolvimento Equipamentos Subprograma de Subprograma Relações de Cooperação Públicas Institucional Quadro 2 - Programas e Subprogramas de Manejo do Parque Florestal Municipal Boca da Mata. Fonte: adaptado de MMA (2001). 6. Conclusão Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Conclui-se através da caracterização e apresentação dos fatores relevantes nos ambientes interno e externo da UC, que o Parque Municipal Florestal Boca da Mata apresenta-se como espaço em potencial de contato com a natureza, lugar de aprendizado, experiência, reflexão, ecoturismo e, claro, conservação, conforme indicado pelos autores revisados e dados coletados. A UC passa também pela desvalorização de seus objetivos de criação face aos interesses da cultura canavieira ainda presente de forma acentuada no município de Ceará-Mirim/RN, bem como da visão progressista do poder público que prioriza crescimento econômico em detrimento do desenvolvimento sustentável. O Parque está, portanto, presente como unidade de conservação com contradições urbanas, sociais e ambientais. Há expansão da exploração do solo pela cultura canavieira, bem como demais usos no interior e entorno do parque que reproduzem a natureza socializada e tecnificada, deixando o parque de ser empecilho ao crescimento da cidade e passando a ser território de consumo, conforme produção e consumo de uma cidade integrante da Região Metropolitana de Natal (RMN). Como única UC do município de CearáMirim/RN, o Parque vem recebendo também olhares preocupados em relação à sua consolidação, manutenção e função social, principalmente para os moradores do entorno, estudantes e turistas que ali, porventura, venham a fazer trilhas e interpretação ambiental. Espera-se, portanto, através deste estudo e das propostas de ações que foram estabelecidas para a sustentabilidade do Parque, que as atividades que nela venham ocorrer sejam embasadas nos princípios do desenvolvimento sustentável, em sua gestão e nos recursos necessários aplicados. Assim, espera-se ainda que, dentre as atividades que poderão ser realizadas no Parque, o ecoturismo seja realizado como ação que envolva comunidades locais/tradicionais, que valorize e respeite os modos de vida e utilize os Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 569 recursos naturais de forma adequada, os quais, na verdade, são os reais atrativos turísticos do Parque Municipal Florestal Boca da Mata. Por fim, vale salientar que para a efetiva conservação da biodiversidade e geodiversidade existentes no município de Ceará-Mirim/RN não se faz necessário somente uma Unidade de Conservação, mesmo que esta UC se mostre significativa, pois o uso dos recursos naturais fora dos limites das áreas protegidas é fundamental para a manutenção dos processos ecológicos. Parte dos desafios que o Parque Municipal Florestal Boca da Mata enfrenta pode ser resolvido com a criação, implementação efetiva, manejo eficiente e democratização da UC, mas o desafio da conservação dos recursos naturais só será vencido com estratégias e políticas mais amplas que lidem com a gestão do território de forma integrada, considerando todos os usos da terra e dos recursos naturais. 7. Bibliografia BRASIL. [MMA] Ministério do Meio Ambiente. Sistema Nacional de Unidades de Conservação– SNUC: lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000; decreto n. 4.340, de 22 de agosto de 2002. Brasília: MMA, 2000. BRITO, Maria Cecília Wey de. 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In: 236 CONGRESSO BRASILEIRO DE Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 570 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 2., 2000, Campo Grande. Anais... Campo Grande: Rede Nacional Pró- Unidades de Conservação; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2000. v. 1, p. 11-25. NOBRE, Ferreira. Breves notícias sobre a província do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Pogenti, 1877. OLIVEIRA, I. Turismo gera 140 mil empregos na grande Natal. Revista RN em Foco. Natal/RN, ano VII, nº. 104, p. 24-26, fev. 2008. PÁDUA, Maria Tereza Jorge. Efetividade das políticas de conservação da natureza. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 2., 2000, Campo Grande. Anais... 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Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 571 GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural. O SISTEMA DE MUTIRÃO COMO ALTERNATIVA PARA A IMPLEMENTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE TRILHA NA RPPN FOZ DO AGUAPEÍ, REGIÃO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO Clécio Rogério Silva8 Marcos Samuel Macedo9 Vanessa Cordeiro10 Claudio de Moura11 Resumo Palavras-chaves: Planejamento de trilhas; trabalho comunitário; áreas protegidas. O trabalho em sistema de mutirão representa a mobilização coletiva de cidadãos, para execução de serviço que beneficie uma comunidade, e tem se mostrado como uma interessante alternativa para implementação e manutenção de trilhas em áreas naturais protegidas, devido a carência de recursos humanos e financeiros destinados para esta finalidade. As trilhas são caminhos utilizados pelo homem desde os primórdios da humanidade até os dias atuais, e são um dos primeiros elementos de infraestrutura utilizados quando se institui uma área protegida, e por diversas vezes esse uso ocorre antes que haja um planejamento formal da área. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o emprego do mutirão como uma alternativa para implementação e manutenção de trilhas na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Foz do Aguapeí, situada região oeste do estado de São Paulo, que além do baixo custo permite a capacitação de pessoas na área de planejamento de trilhas. A gerência da RPPN, que pertence a Companhia Energética de São Paulo, convidou seus funcionários e de outras Unidades de Conservação (UCs) da empresa para participarem do mutirão. As áreas passíveis de intervenção foram visitadas previamente pelo facilitador e os voluntários compareceram para o trabalho na data marcada, após a formação do grupo foi apresentado o plano de atividades e a capacitação teórica e prática foi iniciada. Como resultado da realização do trabalho em sistema de mutirão foi estabelecida uma nova trilha na RPPN Foz do Aguapeí. Tal atividade também contribuiu significativamente para o aumento do conhecimento dos participantes sobre o tema planejamento, manutenção e implementação de trilhas, pois, em 8 clecioeusou@yahoo.com.br .Consultor em Planejamento de Trilhas. Estação Ecológica Juréia-Itatins. 9 suelguarau@hotmail.com .Tecnólogo em Gestão Ambiental. Estação Ecológica Juréia-Itatins. 10 vcorde2004@hotmail.com . Turismóloga. Estação Ecológica Juréia-Itatins. Fundação Florestal. 11 claudio.moura@bol.com.br.Biólogo. Estação Ecológica Juréia-Itatins. Instituto Florestal. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 572 questionário aplicado entre os participantes, 84% afirmaram possuir pouco ou nenhum conhecimento sobre o assunto e após a participação no mutirão afirmaram ser capazes de propor intervenções em suas UCs de origem. Resumen Palabras clave: planificación de rutas; trabajo comunitario; las áreas protegidas. El trabajo en mutirão representa la movilización colectiva de los ciudadanos, para la ejecución del servicio que beneficia a una comunidad y se ha mostrado como una interesante alternativa para la implementación y mantenimiento de senderos en áreas naturales protegidas, debido a la falta de recursos humanos y financieros destinados a este fin. Los senderos son caminos utilizados por el hombre desde los albores de la humanidad hasta la actualidad y son uno de los primeros elementos de la infraestructura utilizada cuando se establece un área protegida, y varias veces este uso se produce antes de que hay una planificación formal de la zona. El objetivo de este trabajo fue caracterizar el uso del mutirão como una alternativa a la aplicación y mantenimiento de senderos en la Reserva Particular del Patrimonio Natural (RPPN) Foz do Aguapeí, situada al oeste del estado de São Paulo, que además el bajo costo permite la formación de personas en el área de planificación de senderos. La gestión de RPPN, que pertenece a Companhia Energética de São Paulo, pidió a su personal y otras unidades de conservación (UCs) de la empresa a participar en el mutirão. Áreas auditables de intervención fueron visitadas previamente por el facilitador y los voluntarios que se presentaron a trabajar en la fecha prevista, después de la formación del grupo fue presentada el plan de actividades y se inició la formación teórica y práctica. Como un resultado de la terminación del trabajo sobre el sistema de articulación se estableció un nuevo sendero en la RPPN Foz do Aguapeí. Esta actividad también contribuyó significativamente al aumento del conocimiento de los participantes sobre el tema Planificación, mantenimiento y implementación de senderos, porque en el cuestionario aplicado entre los participantes, 84% dicen tener poco o ningún conocimiento sobre el tema y después de participar en el mutirão afirmó ser capaz de proponer intervenciones en sus UCs de origen. 1. Introdução O trabalho em sistema de mutirão representa a mobilização coletiva de cidadãos, para execução de serviço que beneficie uma comunidade (FERREIRA, 1999), e tem se mostrado como uma interessante alternativa para implementação e manutenção de trilhas em áreas naturais protegidas, devido à Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 573 carência de recursos humanos e financeiros destinados para esta finalidade (COSTA, 2006; NUNES et al., 2008; AMADOR e PALMA, 2013). Tal situação foi evidenciada por Costa (2006) quando afirmou que infelizmente a maioria das unidades de conservação não dispõem de recursos humanos e materiais para o manejo eficiente da malha de trilhas disponíveis aos visitantes. Na Trilha dos Apalaches, nos Estados Unidos, cerca de 6 mil voluntários contribuem anualmente doando mais de 200 mil horas de trabalho para manutenção da trilha. Os voluntários atuam em todas as etapas do trabalho trilhas, desde a de manutenção básica, como a construção de pontes e abrigos até a construção de novas seções da trilha (APPALACHIAN TRAIL CONSERVANCY, 2013). Amador e Palma (2013) demonstram que a prática do mutirão é uma alternativa viável ao afirmarem que: As atividades de manutenção de trilhas têm sido realizadas nos mutirões tendo várias tarefas: o fechamento de atalhos, a construção de degraus, a abertura de drenos de água para diminuição da erosão, a reposição de sinalização, o corte de mato ou de árvores caídas sobre a trilha, a coleta de lixo e o preenchimento de ficha de monitoramento da trilha (Amador e Palma (2013, p.118). As trilhas são caminhos utilizados pelo homem desde os primórdios da humanidade até os dias atuais, e segundo, Lechner (2004), são um dos primeiros elementos de infraestrutura utilizados quando se institui uma área protegida, e por diversas vezes esse uso ocorre antes que haja um planejamento formal da área. O planejamento de trilhas deve levar em conta os objetivos da área protegida, bem como os aspectos sociais e biofísicos do local proposto para implementação da trilha (LECHNER, 2004). A visitação é instrumento essencial para aproximar a sociedade da natureza e despertar a consciência para conservação dos ambientes e processos naturais (MMA, 2006). As Unidades de Conservação (UCs) são espaços territoriais que possuem recursos ambientais, com características naturais relevantes, com objetivos de conservação e limites definidos, às quais se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2006). O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) prevê 12 categorias de UCs distribuídas em dois grupos, o de proteção integral e o de uso sustentável, onde está inserida categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) que é uma área privada, com o objetivo de conservar a diversidade biológica, onde é permitida a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 574 (BRASIL, 2006). O objetivo deste trabalho foi caracterizar o emprego do mutirão como uma alternativa para implementação e manutenção de trilhas na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Foz do Aguapeí, situada região oeste do estado de São Paulo, que além do baixo custo permite a capacitação de pessoas na área de planejamento de trilhas. 2. Metodologia O estudo foi realizado na RPPN Foz do Aguapeí, que possui área de 13.953,79 hectares, e situa-se na foz do rio Aguapeí e na Ilha Comprida, margem esquerda do rio Paraná nos municípios de Castilhos, São João do Pau D’Alho e Paulicéia, na região oeste do estado de São Paulo, cuja criação ocorreu como forma de compensação ambiental para a construção da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos pela Companhia Energética de São Paulo (CESP) (CESP, 2008). A gerência da RPPN da CESP estabeleceu uma data e convidou funcionários da UC e região a participarem das atividades do mutirão. Também foram convidados representantes da Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” (UNESP), Campus Ilha Solteira e foi disponibilizada uma vaga a Fundação para Produção e Conservação Florestal do estado de São Paulo (FF-SP). O facilitador do mutirão visitou a RPPN previamente para avaliação das áreas definidas pela gerência e passíveis de intervenção. Os voluntários e o facilitador compareceram para o trabalho na data marcada, instituindo o mutirão. Após a formação do grupo foi apresentado o plano de atividades e respectivo cronograma. A capacitação teve início abordando os seguintes conteúdos: Trilhas (fundamentos;, traçados; usuários; infraestrutura); Planejamento (análise de sítio; coleta de informações; equipamentos; trabalho em equipe); Mapeamento (desenho e traçado); Implementação (manutenção e ferramentas; utilidades e manuseio). Formaram-se três equipes, duas delas compostas por cinco e uma por quatro integrantes para realização das atividades práticas, nessa distribuição procurou-se colocar ao menos um funcionário da UC em cada equipe com o intuito de facilitar a realização das atividades em campo devido à experiência dos mesmos na área. O conhecimento dos mateiros, biólogos e técnicos florestais também foi extremamente útil na identificação das espécies ameaçadas de extinção para estabelecimento do desenho da trilha e no correto manuseio das ferramentas. A análise de sítio, o mapeamento e o desenho são etapas importantes do Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 575 planejamento que é fundamental no estabelecimento de uma trilha e as fases desse processo instituem a dinâmica de atividades (LECHNER, 2004). 3. Resultados e discussão O mutirão foi realizado de 01 a 03 de março de 2011, onde participaram 14 pessoas, predominando os funcionários da CESP, além de professores e alunos da UNESP Campus Ilha Solteira e um gerente de uma RPPN do interior paulista. Tal grupo era composto por auxiliares de campo, Engenheiros Agrônomos e Florestais, Biólogos, um Pedagogo e uma Médica Veterinária. A capacitação dos voluntários foi uma etapa fundamental para o bom desempenho do mutirão, onde a exposição teórica sobre os conceitos e técnicas de manutenção, planejamento e implementação de trilhas, seguida de uma vivência para que os participantes pudessem experimentar na prática os conteúdos expostos otimizou a fixação desses conceitos. Como resultado da realização do trabalho em sistema de mutirão foi estabelecida uma nova trilha na RPPN Foz do Aguapeí, denominada trilha da Anta, em decorrência dos constantes avistamentos da Anta Tapirus terrestris no local. Tal atividade também contribuiu significativamente para o aumento do conhecimento dos participantes sobre o tema planejamento, manutenção e implementação de trilhas, pois, em questionário aplicado entre os mesmos, 84% afirmaram possuir pouco ou nenhum conhecimento sobre o assunto (Figura 1), Figura 1 – Grau de conhecimento dos participantes. E após a capacitação afirmaram ser capazes de propor intervenções em suas áreas de origem (Figura 2). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 576 Figura 2 – Capacidade de propor intervenção nas UCs de origem após o curso. Noventa e dois porcento dos participantes afirmaram que os temas abordados terão aplicabilidade no trabalho desenvolvido em suas respectivas unidades (Figura 3). Com a multiplicação das iniciativas de mutirões de limpeza e manutenção de trilhas, cada vez mais pessoas se juntarão à causa do meio ambiente e passarão a exercer sua cidadania ambiental e a cuidar de uma área protegida de sua localidade. (AMADOR e PALMA, 2013). 577 Figura 3 – Aplicabilidade dos temas abordados no curso. Conclusão As trilhas são áreas importantíssimas para as Unidades de Conservação, pois permitem o contato dos visitantes com o ambiente natural, devendo ser o seu planejamento, implementação e manutenção uma prioridade dos gestores e dos órgãos responsáveis pela administração das UCs. O mutirão realmente é uma realidade como alternativa tanto para o exercício da cidadania dos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 voluntários, quanto para suprir a carência de recursos humanos, e em função disto esta prática tem sido utilizada frequentemente tanto no Brasil quanto em outros países, como o Estados Unidos onde este tipo de iniciativa é muito antiga e ocorre desde a década de 1930. Esta prática deve ser estimulada para que os cidadãos possam se envolver mais com a questão ambiental, para que as áreas protegidas possam ser utilizadas de maneira mais proveitosa na visão dos visitantes e funcional na concepção dos planejadores e administradores de UCs. Bibliografia AMADOR, A.B.; PALMA, L.M. Dez anos do programa de voluntários do Parque Nacional da Tijuca, RJ. In: Anais Uso Público em Unidades de Conservação. Núcleo de Pesquisas de Áreas Protegidas (NUPAP) Universidade Federal Fluminense – UFF. n. 1, v. 1, 2013, p. 113-122. Disponível em: http://www.uff.br/usopublico. Acesso em: 25. set. 2013. APPALACHIAN TRAIL CONSERVANCY. Get involved: Volunteer, 2013. Disponível em: <http://www.appalachiantrail.org/get-involved/volunteer>. Acesso em: 22 set. 2013. COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO – CESP. Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Foz do Aguapeí. In: Unidades de Conservação. 2008. Disponível em: <http://www.cesp.com.br/portalCesp/biblio.nsf/V03.01/unidades_conserv acao/$file/unidade_conservacao.pdf>. Acesso em: 24. set. 2013. COSTA, V.C. Proposta de Manejo e Planejamento Ambiental de Trilhas Ecoturísticas: Um Estudo no Maciço da Pedra Branca - Município do Rio de Janeiro (RJ). Tese de Doutorado. 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Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 578 GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural. TRILHAS E ECOTURISMO EM LUMIAR: REALIDADE E POSSIBILIDADES DE SINALIZAÇÃO TURÍSTICA. Thiago S. Moreira Leite12 Wanessa Heckert Carvalho13 Cristiane Passos de Mattos14 Resumo Palavras Chaves: Sinalização em trilhas, Planejamento turístico; Turismo de base comunitária; Turismo de experiência; Macaé de Cima. As trilhas do Gianinni e do Alambique estão localizadas na Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima, em Lumiar, distrito do Município de Nova Friburgo, RJ, Brasil. Esta unidade de conservação possui um grande potencial ecoturístico devido à presença de remanescentes de mata atlântica com espécies endêmicas e pelos rios e cachoeiras existentes neste território propícios ao lazer e recreação na natureza, se destacando o banho nos rios e cachoeiras, práticas de esportes radicais e ecoturismo. Através de pesquisas bibliográficas relacionadas a essa temática e pesquisa exploratória e de campo foi possível verificar a situação atual, a infraestrutura turística e de transportes, assim como os potenciais a serem desenvolvidos pela atividade turística possibilitando sinalizar consequências positivas e negativas que a atividade pode proporcionar ao local e às comunidades residentes além das possibilidades do planejamento das trilhas como interpretativas. Foi analisada a perspectiva do uso das trilhas como atrativos turísticos e os possíveis impactos socioambientais através de abordagem sistêmica contemplando o planejamento e organização do turismo apontando dados técnicos, o potencial existente e o que pode ser aprimorado para o uso público tendo como base a inclusão da comunidade na manutenção dos atrativos principais e acesso à oportunidades de serviços propiciadas pelo Rio Macaé e geração de renda através do desenvolvimento do turismo de experiência no alambique podendo envolver 12 Thiago_sm_leite@hotmail.com, Graduando em Tecnologia em Gestão de Turismo, Bolsista do Projeto de Extensão Identidade Cultural nas Áreas de Proteção Ambiental de Nova Friburgo, CEFET/UnED – Nova Friburgo. 13 Wanessa.hc@hotmail.com, Graduando em Tecnologia em Gestão de Turismo, CEFET/UnED – Nova Friburgo. 14 cristianepassos@yahoo.com.br, Professora, Mestre em Geografia pela UFF no curso superior de tecnologia em Gestão de Turismo, CEFET/UnED – Nova Friburgo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 579 o turista nos processos de fabricação dos derivados da cana de açúcar. Neste sentido, concluiu-se que a implantação de sinalização turística dirigida e ordenada de acordo com a realidade existente contribuirá sobremaneira para a geração de renda e valoração do patrimônio natural e cultural local. Resumen Palabras clave: Señalización en senderos; Planificación turística; Turismo de base comunitaria; Turismo experiencial; Macaé de Cima. Los senderos de Gianinni e de Alambique están ubicados en el Área de Protección Ambiental de Macaé de Cima, en Lumiar, distrito del Municipio de Nova Friburgo, RJ, Brasil. Esta unidad de conservación posee gran capacidad ecoturística a causa de la presencia de remanentes de mata atlántica con especies endémicas y también por ríos y cascadas presentes en este territorio propicio al ocio y entretenimiento en la naturaleza. Se destacan, en ese ámbito, el baño en los ríos y cascadas, las prácticas de deportes extremos y el ecoturismo. Por medio de revisiones bibliográficas relacionadas a dicha materia y estudio exploratorio y de campo, fue posible constatar la actual situación, la infraestructura turística y de transportes, tal como los potenciales de desarrollo a través del área turística. El trabajo de investigación propició señalar consecuencias positivas y negativas que la actividad puede proveer a la zona y a las comunidades que allí viven, además de las posibilidades de planificación de los senderos como interpretativos. Se analizó la perspectiva del uso de las sendas como atractivos turísticos y los posibles impactos socioambientales a través de un enfoque sistémico que contempló la planificación y organización del turismo, subrayando datos técnicos, el potencial existente y lo que se puede perfeccionar para el uso público. La inclusión de la comunidad en el mantenimiento de los principales atractivos, el acceso a oportunidades de servicios propiciados por el Río Macaé y la producción de renta por medio del desarrollo del turismo experiencial en el alambique (lo que puede involucrar al turista en los procesos de fabricación de derivados de caña de azúcar) son los principios del proyecto. Asimismo, se concluye que la instauración de la señalización turística direccionada y ordenada de acuerdo a la realidad existente será de gran contribución a la producción de renta y valoración del patrimonio natural y cultural de la localidad. 1. Introdução: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 580 Em uma das perspectivas em que o turismo possivelmente tenha surgido na vida das pessoas, se encaixa a do interesse em desbravar e conhecer novos lugares, esse entusiasmo está ligado muitas vezes à saturação do ambiente cotidiano, sendo fenômeno constante na atualidade o desligamento da rotina atual e a busca pela alteridade. O ecoturismo é uma forma de atividade turística que proporciona ao ser humano algo além da possibilidade de ter contato com a natureza, há também a chance de conhecer o outro, os modos de vidas, práticas e costumes locais. Portanto esses pólos receptivos devem possuir além de atrativos (que são os motivos da ida do turista a determinado lugar), infra-estrutura básica não apenas para a população autóctone como para a estada dos turistas. Cruz (2003) afirma que “o turismo é a única atividade onde o consumidor vai de encontro ao produto”. E tendo em vista o contexto atual de grande aumento da urbanização acompanhado dos impactos negativos como a violência, o estresse, trânsito e poluição, é que o turista busca cada vez mais contato com a natureza em um ambiente em que seja possível recarregar as energias e encontrar o equilíbrio para suas “necessidades contraditórias” (Krippendorf, 2001, p.35). Segundo Dines e Passold (2008), desde a década de 1980, a visitação em áreas naturais tem aumentado significativamente devido à popularização do turismo voltado à natureza. Neste sentido, a Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima tem sido cada vez mais um destino escolhido pelos turistas, pois é uma unidade de conservação sustentável com maior parte do território localizado no município de Nova Friburgo, RJ, com cerca de 35 mil hectares tendo em sua extensão remanescentes de mata atlântica com espécies endêmicas e nela estão localizados os afluentes dos Rios Macaé, Bonito e Boa Esperança que complementam os atrativos pertencentes à APA. O distrito de Lumiar, pertencente à Nova Friburgo, está localizado dentro da unidade de conservação e recebe um fluxo cada vez mais crescente de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 581 turistas, pois oferece equipamentos turísticos necessários para a permanência no local como pousadas, restaurantes, transporte público, proporcionando ao turista a vivência com o meio ambiente, a possibilidade da prática de esportes radicais unidos à natureza e a ligação com um modo de vida diferente do existente nas cidades grandes. Contudo, duas trilhas bem procuradas pelos turistas são as trilhas conhecidas popularmente como Trilha do Gianinni, que no fim do trajeto proporciona aos visitantes o banho no Rio Macaé, sem pagamento de entrada, e a trilha do Alambique, cujo trajeto finaliza-se no Alambique Dona Marta que fabrica cachaça, açúcar mascavo, rapaduras, entre outros produtos que podem ser adquiridos ao fim da caminhada. Partindo deste principio, verifica-se que Lumiar está enquadrado na tipologia de turismo receptivo onde a atividade faz a movimentação da economia local (DE LA TORRE15 Apud BARRETO, 2011) juntamente com a agricultura, que também é muito presente no distrito, resultando em fonte de renda para a população residente. O Alambique Dona Marta aparece como um potencial atrativo turístico, possível de ser enquadrado na tipologia de turismo de experiência, sendo mais uma possibilidade de renda além da venda dos produtos fabricados, proporcionando assim uma integração maior do turista com o autóctone. Entretanto, as trilhas não foram preparadas com o objetivo de atender a demanda turística, portanto não há referência quanto à capacidade de carga dos atrativos em questão nem adequação ao turismo como por exemplo placas de sinalização, interpretativas, lixeiras, banheiros, manutenção de pinguelas e mirantes. Portanto, a situação atual das trilhas aliadas ao fluxo turístico crescente pode acarretar em grandes impactos sócio ambientais como poluição das margens dos rios, degradação da flora e fauna do entorno das trilhas, erosão, poluição 15 El Turismo, fenómeno social. México: Fondo de Cultura Económica. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 582 dos trajetos, entre outras consequências que podem fazer com que a vida dos residentes do Distrito e o ambiente natural sejam bruscamente modificados. 2. Metodologia: A metodologia utilizada para realização deste artigo é caracterizada a partir de abordagens indutivas, que segundo Alves-Mazzoti e Gewandsznajder (1998), se concretiza com observações mais livres por parte do pesquisador e de seus conhecimentos, e que, no decorrer da análise dos caminhos das trilhas pesquisadas, surgiram pontos de interesse que chamaram atenção dos observadores. Tais características fazem parte de diferentes categorias que compõem dados da pesquisa exploratória em conjunto com levantamentos sistêmicos, uma vez que, segundo Mirian Rejowski em seu livro Turismo e Pesquisa Científica, o turismo atua em campo multidisciplinar, abrangendo diversas áreas: [...]por ser um fenômeno de múltiplas facetas, penetra em muitos aspectos da vida humana, quer de forma direta, quer indireta. Consequentemente, tem-se desenvolvido utilizando métodos e técnicas de várias disciplinas. (REJOWSKI, 2003, p. 18) Como exemplos tem-se categorias observadas que vão desde a abordagem do turismo até as questões de segurança, destino do lixo, sinalização, entre outras. A pesquisa bibliográfica em livros e artigos que relatam conhecimentos associados ao ecoturismo, trilhas e atividades em áreas protegidas também foi um método utilizado. Desta forma conseguiu-se base para iniciar a pesquisa que objetiva relatar o que acontece atualmente nestas trilhas e quais potenciais deseja-se atingir. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 583 3. Resultados e discussão: A realidade das trilhas Quando se utiliza a palavra trilha ligada a Unidades de Conservação logo se imaginam caminhos estreitos e dentro de mata fechada, contudo segundo Campos (2013) “a principal função das trilhas sempre foi suprir a necessidade de deslocamento”. As trilhas trabalhadas no presente artigo se tratam justamente de caminhos que terminam nos atrativos, mas que já são utilizadas cotidianamente, com mais intensidade em alguns trechos, como vias de transporte sem a finalidade turística. Os trajetos das trilhas do Gianinni e do Alambique são fáceis de percorrer não apresentando grandes riscos aos visitantes, podem ser percorridos tanto a pé quanto de bicicleta. Os moradores dispõem dos caminhos para transporte sendo utilizados, com mais frequência em alguns trechos, principalmente carros e motocicletas para a locomoção. O percurso da trilha do Gianinni tem aproximadamente 4 km de extensão desde a Praça de Lumiar até o Rio Macaé, sendo a duração da caminhada de cerca de cinquenta minutos16. É possível ver durante a caminhada exemplares da fauna e da flora característicos da mata atlântica, e ao chegar ao atrativo encontra-se uma entrada com uma descida de pedras, há também um mirante de madeira bastante deteriorado.A escada de pedras termina na margem do Rio Macaé com águas límpidas e mata ciliar preservada em boas partes do trecho, há no rio também muitas rochas que compõe a paisagem natural17. Este rio é propício para banho, as pessoas que o vistam podem ter uma tarde descontraída em meio à natureza, admirando-a, tomando sol, e banhando-se no rio. 16 Tempo realizado com paradas para contemplação e fotografias. Utilizamos neste trabalho referencial teórico sobre paisagem natural a partir de BOULLÓN, 2002, p. 118. 17 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 584 585 Figura 3 - Rio Macaé e turistas no fim da Trilha do Gianinni. Fonte: Autores, 2013. A trilha do Alambique tem aproximadamente 2 km de extensão sendo percorridos em quarenta minutos18. Em uma bifurcação do caminho há uma pequena placa, a única que se refere ao estabelecimento, escrita “Alambique Dona Marta”, indicando o lado que deve ser seguido, logo na descida para a propriedade já é possível ver a plantação de cana de açúcar. Ao chegar ao alambique há a pequena venda onde são armazenados os produtos já fabricados e mais no interior da propriedade há o tacho onde são preparados os derivados da cana. Atualmente as pessoas e turistas não veem ou participam do processo de preparação destes produtos, uma vez que este preparo é realizado durante a semana em dias aleatórios. 18 Tempo realizado com paradas para contemplação e fotografias. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 586 Figura 4 - Alambique Dona Marta. Fonte: Autores, 2013. Embora essas trilhas sejam conhecidas por alguns turistas e moradores do distrito de Lumiar, não são bem sinalizadas no sentido de orientar os visitantes em direção aos atrativos. As placas que são encontradas pelo trajeto se concentram em maior quantidade próximas ao centro de Lumiar, e se referem a estabelecimentos turísticos privados como pousadas e restaurantes. A falta de sinalização neste caso se mostra por vezes perigosa podendo fazer com que o turista sem muitas informações se perca no caminho possibilitando até que este entre na mata fechada expondo-o a grandes perigos. Sobre o descarte de lixo há a existência de lixeiras apenas no perímetro urbano do trajeto mesmo assim em poucas quantidades e algumas tão cheias que o lixo já se espalhava ao seu entorno. Em relação à comunicação há somente um “orelhão” no percurso da Trilha do Gianinni. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 5 - Deterioração de equipamentos e poluição. Fonte: Autores, 2013. 587 Durante a visita também notou-se a ausência de guias orientando turistas e de placas interpretativas que poderiam auxiliar os turistas apresentando informações sobre o espaço visitado, sua história, e curiosidades sobre elementos que compõem o ambiente. Possíveis melhorias Para o desenvolvimento das duas trilhas é necessário que sejam instaladas placas de sinalização da praça de Lumiar até o cruzamento onde localizam-se as entradas para os caminhos que levarão ao banho de rio no Rio Macaé e ao Alambique, sendo necessárias principalmente em esquinas e bifurcações. É primoridal para a trilha do Gianinni que haja a placa indicativa no cruzamento existente na entrada do caminho final para o atrativo, desde então as placas podem ser espaçadas levando em consideração que o trajeto embora seja em caminho reto, tem algumas entradas de propriedades particulares que podem fazer com que os turistas e confundam. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 No local onde há o espaço destinado ao banho de rio, seria indispensável a reforma do mirante existente no local devido ao seu avançado grau de deterioração oferecendo um grande risco de acidentes, para este espaço também seria interessante que houvesse algumas lixeiras, para prevenir que o lixo dos visitantes seja descartado no rio. No cruzamento também é necessária uma placa indicativa para o direcionamento da trilha do Alambique, podendo a partir de então ter placas mais espaçadas, não sendo relevante na ultima bifurcação do percurso já que há a existência da placa. Quanto a possível utilização do alambique para o turismo de experiência os visitantes poderiam acompanhar os diferentes processos desde o cultivo da cana de açúcar ate a embalagem dos produtos. O fato dos processos serem realizados em dias diferentes poderia ser aproveitado como uma ferramenta de organização das visitas, desta forma o turista que gostaria de vivenciar a colheita da cana estaria no local no dia diferente do turista que gostaria de vivenciar o preparo dos produtos. 588 É importante em ambos os trajetos a manutenção e recuperação de alguns lugares, sobretudo em pontos que são caminhos para as duas trilhas como a pinguela que está bem deteriorada, limpeza periódica das lixeiras, É também interessante a inclusão de placas alertando a importância de não se jogar lixo no percurso, principalmente nos trechos onde não há lixeiras. Constatou-se também que não há iluminação nestas trilhas, sugerindo então que o percurso seja executado antes do pôr do sol. 4. Conclusão: As duas trilhas são pontos de interesses turísticos muito importantes para Lumiar, mas necessitam de alterações para auxiliar o turista principalmente com relação ao direcionamento sem que altere drasticamente os percursos e o ambiente local. As sugestões discutidas neste artigo oferecem contribuições que potencializam o turismo e podem ser trabalhadas à curto prazo, otimizando o atrativo natural e o atrativo cultural (alambique). Por fim, pretende-se com as Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 melhorias sugeridas contribuir para a gestão das trilhas em questão colaborando com a minimização dos impactos socioambientais. 5. Bibliografia: ALVES-MAZZOTTI, Alda e GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais. São Paulo; Pioneira, 1998. p.131 BARRETTO, Margarita. Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Ed. Papirus, Campinas, SP. 20 ed. 2011. BOULLÓN, Roberto C. Planejamento do Espaço Turístico. EDUSC, Bauru – SP, 2002. CAMPOS, Angelo Mariano Nunes. O ecoturismo como alternativa de desenvolvimento sustentável. Caderno Virtual de Turismo 5.1 (2005): 2005. Disponível em http://www.espacoacademico.com.br/ 057/57campos.htm. Acessado em 24 set 2013. CRUZ, Rita de Cássia Ariza. Introdução à Geografia do Turismo. Editora Roca, 2003. DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Pesquisa em turismo: planejamento, métodos e técnicas. São Paulo: Futura, 1998. DIEGUES. Antonio Carlos. O mito moderno da natureza intocada. 3ª Edição. São Paulo: HUCITEC, 2001. DINES, Milton; PASSOLD, Anna Júlia. Gestão e manejo da recreação em áreas protegidas: do zoneamento à ordenação de trilhas. 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PERCEPÇÃO TURÍSTICA DA COMUNIDADE DE ENTORNO AO PARQUE ESTADUAL ACARAÍ – SÃO FRANCISCO DO SUL, SC Douglas Macali Souza 19 Thiago Felipe de Souza Paloma Fonseca Zorzetto Luiz Anselmo Palazzi Steffem Resumo Palavras-chave: Ecoturismo, Turismo Ecológico, Parque Estadual Acaraí. A criação de unidades de conservação (UCs) no mundo atual vem se constituindo numa das principais formas de intervenção para a conservação da biodiversidade. Apesar de sua importância, a criação e a gestão de uma UC pode gerar conflitos ambientais diversos, em virtude dos interesses dos diversos grupos quanto ao acesso e uso dos recursos naturais. As comunidades do entorno das UCs, quando não participam do processo, podem desenvolver um posicionamento contrário a elas. Nesse contexto, a sensibilização e a educação ambiental das comunidades de entorno são instrumentos chave para a promoção da conservação desses locais, pois promovem a mudança de atitudes e valores. Para isso, é necessário não somente caracterizar a comunidade, mas também a percepção desta sobre a UC. Sabendo disso, foram realizadas visitas na comunidade de entorno do Parque Estadual Acaraí, São Francisco do Sul-SC, para saber dos moradores suas percepções sobre o desenvolvimento turístico na região. Para registro dos fatos, as conversas foram anotadas e realizadas gravações do diálogo com os moradores. Utilizaram-se alguns elementos do método de análise SWOT para a apresentação e averiguação das forças/fragilidades para o desenvolvimento do turismo na comunidade, considerando a UC como atrativo, incluindo as oportunidades e ameaças, que podem comprometer essa perspectiva. Como resultados percebeu-se que a excessiva procura dos pesquisadores por moradores durante a criação do plano de manejo, além das reuniões feitas pela equipe gestora do Parque Estadual Acaraí, repercutiram no excesso de exposição da comunidade, que os tornou hostis em relação ao Parque. 19 Pesquisadores do Instituto COMAR – Conservação Marinha do Brasil. Rua Helena Degelmann, 104, Costa e Silva, Joinville – SC. CEP 89218-580. (contato@institutocomar.org.br) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 590 Observou-se também que a percepção geral dos informantes é que a geração de emprego e renda através das atividades de ecoturismo, podem evitar que os moradores mais jovens tenham que mudar de cidade a procura de melhores oportunidades de emprego. Resumen Palabras-clave: Ecoturismo, Turismo Ecológico, Parque Estadual Acaraí. La creación de unidades de conservación (UCs) en el mundo actual viene constituyéndose en una de las principales formas de intervención para la conservación de la biodiversidad. A pesar de su importancia, la creación y la gestión de una UC puede generar conflictos ambientales diversos, en virtud de los intereses de los diversos grupos en cuanto al acceso y uso de los recursos naturales. Las comunidades del entorno de las UCs, cuando no participan del proceso, pueden desenvolver un posicionamiento contrario a ellas. En ese contexto, la sensibilización y la educación ambiental de las comunidades del entorno son instrumentos clave para la promoción de la conservación de esos lugares, ya que promueven el cambio de actitudes y valores. Para eso, es necesario no solo caracterizar la comunidad, sino también la percepción de esta sobre la UC. Sabedores de eso, se realizaron visitas a la comunidad del entorno del Parque Estadual Acaraí, São Francisco do Sul-SC, para saber las percepciones de los habitantes sobre el desarrollo turístico en la región. Para el registro de los hechos, las conversaciones fueron anotadas y se realizaron grabaciones de los diálogos con los habitantes. Se utilizaron algunos elementos del método de análisis SWOT para la presentación e indagación de las fuerzas/fragilidades para el desarrollo del turismo en la comunidad, considerando la UC como atractivo, incluyendo las oportunidades y amenazas, que pueden comprometer esa perspectiva. Como resultado se percibe que la excesiva búsqueda de los investigadores por habitantes durante la creación del plan de gestión, además de las reuniones hechas por el equipo gestor del Parque Estadual Acaraí, repercutió en un exceso de exposición de la comunidad, que los convirtió en hostiles en relación al Parque. Se observa también que la percepción general de los informantes es que la generación de empleo y renta a través de las actividades de ecoturismo, pueden evitar que los habitantes más jóvenes tengan que cambiar de ciudad en busca de mejores oportunidades de empleo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 591 1. Introdução A criação das unidades de conservação (UCs) no mundo atual vem se constituindo numa das principais formas de intervenção governamental, visando reduzir as perdas da biodiversidade frente à degradação ambiental decorrente do avanço da sociedade. As áreas protegidas são definidas como “espaços territorialmente demarcados cuja principal função é a conservação e/ou a preservação de recursos, naturais e/ou culturais, a elas associados”. A criação de áreas protegidas estabelece limites e dinâmicas de uso e ocupação específicos e por esse motivo pode ser considerada como uma estratégia relevante de controle do território (MEDEIROS, 2006). Na mesma linha, FARIA & PIRES (2007) destacam que as áreas de preservação nasceram para preservação da natureza em sentido amplo, abrangendo temas como: preservação da diversidade biológica, manutenção de serviços ecológicos essenciais, proteção de monumentos naturais e belezas cênicas, promoção de pesquisa científica, educação, recreação, turismo e desenvolvimento regional. Apesar de sua importância, a criação e a gestão de uma UC pode gerar diversos tipos de conflitos ambientais, em virtude dos interesses dos grupos envolvidos quanto o seu acesso e uso dos recursos naturais. Portanto as comunidades do entorno das UCs, quando deixadas de fora deste processo, podem ou não desenvolver um posicionamento contrário. Nesse contexto, a sensibilização através de ações de educação ambiental aplicadas nas comunidades de entorno são instrumentos importantes para a promoção da conservação em UCs, pois auxiliam na promoção da mudança de atitudes e valores. Para isso, é necessário não somente caracterizar a comunidade, mas também a percepção ambiental desta sobre a UC. Esta caracterização é imprescindível para projetos que abordem as relações entre as pessoas, o ambiente e gestão ambiental (TORRES & OLIVEIRA, 2008). Sendo assim considera-se a percepção ambiental como uma ferramenta de planejamento para a gestão de UCs, através da análise do conhecimento, dos valores e das atitudes das populações (conhecer as interações sensitivas) ou dos atores sociais em relação a uma determinada área (FERREIRA, 2005). Inúmeras são as práticas pedagógicas que visam contribuir para a consciência e compreensão ambiental, como por exemplo, a realização de trilhas interpretativas, que procuram propiciar um entendimento mais crítico do meio natural, despertando valores e atitudes que permitem uma participação responsável na busca de soluções para reverter ou prevenir problemas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 592 socioambientais. De acordo com VASCONCELLOS & OTA (2000), trilha é um caminho através do espaço geográfico, histórico e cultural. E é considerada interpretativa quando seus recursos são traduzidos para os visitantes, com base em temas pré-definidos através de guias especializados, folhetos ou painéis. Em termos práticos, as trilhas interpretativas têm o propósito de estimular os grupos de atores a um novo campo de percepções, com o objetivo de levá-los a observar, questionar, experimentar, sentir e descobrir os vários sentidos e significados relacionados aos temas selecionados Algumas atividades ao “ar livre” quando monitoradas e direcionadas da forma correta (com o auxílio de condutores) permitem contato direto com a natureza. Além disso, quando realizadas com frequência, realçam aspectos econômicos, sociais, políticos, culturais, éticos e ambientais (TOLEDO & PELICIONI, 2005). Em geral, o ecoturismo é um exemplo de atividade saudável e é considerado como uma atividade de baixo impacto ambiental, portando podendo dar base de sustentação econômica para as UCs. Esta base pode servir de auxílio para as regiões onde atividades tradicionais, como a agricultura familiar, o extrativismo e a pesca artesanal são frágeis e insuficientes para a manutenção das populações delas dependentes (SILVEIRA, 2003).O ecoturismo pode ser definido como um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentivando a conservação e a busca da formação de uma consciência ambientalmente correta através da interpretação direta do meio ambiente e bem estar das populações envolvidas (BRASIL, 1995). 2. A unidade de conservação Parque Estadual Acaraí Além da proteção da biodiversidade, as UCs prestam importantes serviços ambientais. Logo, são áreas essenciais, que amenizam o impacto das atividades antrópicas sobre ecossistemas naturais, e contribuem para o bemestar das pessoas (SHIRAISHI, 2010). Atualmente, o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) estabelece os critérios e normas para criação, implantação e gestão das UCs no Brasil de forma integrada visando, dentre outros objetivos, contribuir para a manutenção e restauração da diversidade biológica dos ecossistemas naturais, promover o desenvolvimento sustentável e proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica (BRASIL, 2000). Desta forma, o mesmo define as unidades de conservação como: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 593 “(...)espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000, p. 9)” As UCs integrantes do SNUC são divididas em dois grupos: unidades de conservação de uso sustentável, nas quais é possível compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parte dos recursos naturais, e as unidades de conservação de proteção integral, que visam à preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. A iniciativa de criação do Parque Estadual Acaraí (Figura 1) na planície costeira da ilha de São Francisco do Sul, norte de Santa Catarina, atendeu o vislumbrado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FATMA) em função das características naturais da região, de inúmeras manifestações da comunidade científica e da sociedade francisquense. 594 Figura 6 - Localização do P. E. Acaraí no litoral norte de Santa Catarina (BENINCA, 2011). Este buscaram, por mais de uma década através de grupos da sociedade civil organizada, uma ação governamental no sentido de garantir a preservação de áreas de valor cênico, de relevância em biodiversidade, de funções ecológicas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 e de significativa importância para o conhecimento de nossa história précolonial (STCP, 2009). Nesse contexto, o Parque Estadual Acaraí, tem como objetivo primário: “Promover a conservação de uma amostra importante do Bioma Mata Atlântica (floresta de terras baixas, restingas e mangues) e do complexo hídrico formado pelos rios Acaraí e Perequê e pela lagoa do Capivaru, situados na planície litorânea da ilha de São Francisco, além de proteger uma importante área de reprodução de aves marinhas localizada no Arquipélago dos Tamboretes (STCP, 2009).” Ao tratar sobre as comunidade de entorno do parque, o Plano de Manejo descreve: “A população contemporânea que vive nas comunidades na área do entorno, há várias gerações, vêm paulatinamente se transformando de comunidades rurais de agricultores e pescadores para prestadores de serviços. (...) A formação destas comunidades se deu em épocas diferenciadas. As comunidades de São José do Acaraí e da Gamboa têm vínculos com este espaço, desde o século XVII, quando da fundação da Vila de São Francisco, em um relativo isolamento durante um tempo prolongado, levando-se em conta a distância e a dificuldade de comunicação com o centro urbano da cidade. Já as comunidades da Praia do Ervino e Majorca, datam de uma ocupação mais recente (década de 70). Não se dispõe de maiores informações sobre o cotidiano de todas essas localidades nos século XVIII e XIX - época das grandes propriedades rurais, onde se ergueram “verdadeiros” solares. As comunidades de São José do Acaraí e da Gamboa, no entanto, sob certas perspectivas partilham de uma história em comum, a começar pela longevidade das mesmas, perpassando suas tradições, crenças, tecnologia produtiva entre outras manifestações da cultura imaterial (STCP, 2009).” Sabendo das informações acima, a OSCIP Instituto COMAR – Conservação Marinha do Brasil deu início ao projeto Turismo Ecológico, que tem como principal objetivo criar trilhas e realizar um programa de formação de condutores ambientais locais no Parque Estadual Acaraí, promovendo a integração da comunidade com esse ambiente, na perspectiva de conservá-lo, através do desenvolvimento da atividade ecoturística e de Educação Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 595 Ambiental. Para que o objetivo fosse alcançado, diversas atividades foram realizadas, dentre elas o diagnóstico turístico preliminar, objeto deste artigo. 3. Metodologia Durante os meses de abril e maio de 2012 foram realizadas visitas técnicas de campo às comunidades do entorno do Parque Estadual Acaraí, para obter dos moradores sua visão sobre a Unidade de Conservação e atividade turísticas relacionadas à ela. Os locais visitados foram: • Praia Grande: escritório da Equipe Gestora do Parque Estadual Acaraí; • Praia do Ervino: Associação dos Proprietários e Moradores do Ervino APROMOVER; • Praia do Ervino: casa de coletor de samambaia; • Porto do Rei: casa de pescadores artesanais; • Tapera: casa de moradora da Tapera; • Parque Estadual Acaraí: Visita às trilhas e caminhos existentes no interior da UC e abordagem direta de praticante de sandboard nas dunas da UC; • Majorca: casa de morador que fazia trilha de moto nos caminhos e trilhas existentes no parque; • Majorca: casa de morador pescador profissional. Além das visitas a campo, foram realizados levantamentos de informações através de leitura de documentos técnicos disponibilizados pela FATMA e pela Equipe Gestora do Parque Estadual Acaraí, levantamento de informações em livros, artigos científicos, publicações e monografias sobre a UC. Para registro dos fatos, partes consideradas importantes das conversas foram anotadas e ou gravadas. Para a realização do Diagnóstico Preliminar de Ecoturismo, optou-se por utilizar a análise do discurso coletivo, destacando apenas as frases-chaves e transcrição de trechos dos diálogos gravados extraindo apenas os dados que tenha alguma relação com o turismo e a paisagem do Parque Estadual Acaraí. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 596 Utilizaram-se alguns elementos do método de análise SWOT (sobre as transcrições e trechos de diálogos gravados) para a apresentação e averiguação das forças e fragilidades, bem como as oportunidades e ameaças para o desenvolvimento do turismo em parceria com a comunidade, considerando o Parque Estadual Acaraí como atrativo turístico. 4. Resultados e discussão Foi possível perceber que os moradores estão inseguros em relação às pessoas que não fazem parte da comunidade, especialmente aquelas vinculadas a instituições que de alguma forma tem relação com a UC: Uma moradora do bairro São José do Acaraí (Tapera) revela que existe um clima de hostilidade pelos visitantes do lugar: “(...) fica vindo gente de fora aqui, ninguém ligava para a Tapera, (...) a gente está cansada já de tanta gente vindo aqui, invadindo o nosso espaço, (...)”. Durante o processo de criação do plano de manejo da UC houve uma excessiva procura por moradores pelas universidades da região, por lideranças de outras comunidades e grupos formados por pessoas interessadas na tradicionalidade de alguns moradores, além das reuniões feitas pela Equipe Gestora do Parque Estadual Acaraí, que repercutiram no excesso de exposição dos residentes do lugar, os tornando hostis a algumas decisões comuns. O desabafo da mesma moradora de São José do Acaraí diz que: “a maioria aqui é contra o parque por que eles não vão deixar os moradores pescar e vão cercar tudo depois (...)”. Isto demonstra que na comunidade existiam incertezas sobre a manutenção de seus modos de vida, e de como sua situação será decidida em relação ao parque. Na Praia do Ervino, cuja parte da renda econômica é proveniente da coleta artesanal de uma espécie de samambaia há mais ou menos quarenta anos, reproduz seu modo cultural tradicional associado ao Parque Estadual Acaraí. Por lá os comentários reforçaram a percepção de existência de conflito gerado pelo uso do espaço envolvendo o uso econômico da UC e a comunidade de São José do Acaraí: (...) no parque tem um monte que é contra, contra por que? Porque ele não ganha o ganha pão sofrido como nós vivemos (...) melhor ter o parque, senão nós não temos onde trabalhar, o pessoal da Tapera, a maioria são contra, por que eles acham que o IBAMA vai lacrar depois que Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 597 virar parque, e eles não vão poder usar, não indenizaram o dono da área de terra, eles tem interesse no quê, não no parque, no dinheiro. O que corrobora com outro comentário mas de uma moradora da Tapera, que percebe o Parque e o turismo da seguinte maneira: (...) só para turista de fora ver (...). (...) Só os turistas, para eles vai ser mais uma atração (...). O coletor de samambaia acima citado percebe a paisagem e o turismo na UC da seguinte maneira: “(...) no causo, veja você, onde tem um lugar assim aqui perto? Não tem, só aqui. (...) Uma coisa errada que eu acho sobre a lei, pois, depois destruído que eles vem passar a tesoura, né? Não, tava bonito aquilo ali, e eles entram, para arrumar só depois que fica destruído, eu acho errado isso (...) antes ninguém de fora ligava, agora é importante, todo mundo quer ir lá, esse pessoal que pesquisa, os professores das escolas, mas antes estava lá, do mesmo jeito e no mesmo lugar e ninguém ligava. D’antona (2001, p.82) afirma que: “A criação e abertura de um parque à visitação pública afeta as populações que tradicionalmente residem na região. Considerar que as perspectivas de tais comunidades diferem da perspectiva daqueles “de fora” - que criam as unidades e as visitam - é fundamental para que se preserve o ambiente, se maximizem as atividades turísticas e, obviamente se respeite a diversidade de modos de se relacionar com a natureza.” A maioria dos moradores informantes reconhece a paisagem do Parque Estadual Acaraí como atrativa para visitantes de fora. Salientando a estética, simbólica e cultural. Morador da Praia do Ervino: “O lugar é muito lindo (...), (...) a restinga é raríssima (...), um patrimônio natural (...). Tem os sambaquis, (...), as ruínas do Casqueiro, que é um patrimônio cultural do lugar; (...) a história de São Francisco começou lá (...), antes da colonização pelos europeus (...).” Um pescador artesanal, residente no Porto do Rei, ao falar sobre a paisagem e o potencial turístico da UC afirmou que: “O pessoal da cidade que não tem essas coisas, quando vem para cá se encanta (...) muita gente que mora aqui não liga, eu acho bonito (...), para eles que são da cidade, que nunca viram nada parecido, parece coisa de outro mundo, (...) tem muita coisa bonita para os turistas olharem lá.” Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 598 O morador da Praia Grande e que eventualmente pratica sandboard - prática de descer dunas com pequenas pranchas - percebe o potencial de atratividade turística associada à paisagem do parque da seguinte maneira: “é uma paz (...), sempre vem alguém diferente, (...). (...) um que fala para o outro, e para o outro, (...), quando vê, tá todo mundo junto lá nas dunas (...), é muito linda a vista que dá no mar (...)”. A moradora da Tapera tem a seguinte percepção do potencial da paisagem do Parque para o turismo: “(...) lá tem muita coisa que não foi destruída ainda, (...) tem uns que nunca viram um lugar tão bonito como o Acaraí. É muito bonito mesmo.” Apesar de a moradora da Tapera valorizar os aspectos estéticos e a excepcionalidade da paisagem vista do Rio Acaraí, a mesma não tem uma visão positiva sobre o aumento do fluxo de visitantes na comunidade por causa das atividades turísticas. Um pescador e morador da Praia Grande percebe o turismo na UC da seguinte maneira: “tem muita trilha ali dentro, (...), tem muita beleza, muita mesmo (...), (...) quem mora na cidade às vezes gosta mais de lugares assim (...), (...) muito verde, muita mata e bicho. (...) gostam mais que morador daqui, que nem cuida da própria casa, joga lixo por tudo, na rua, até no terreno do vizinho eles jogam lixo.” Para um morador da Praia Grande, que eventualmente fazia trilhas de moto no Parque, a percepção da paisagem e do turismo no parque é visto da seguinte maneira: “vale a pena ir lá, o lugar tem muitas belezas naturais, é muito tranquilo lá, muito sossego, quando fazia trilha voltava para casa novo, parece que carreguei as baterias, mas agora é proibido, dá rolo se me pegarem lá dentro com a moto, eu andava todo final de semana com o pessoal,”. Sobre os benefícios potenciais do turismo associado ao Parque Estadual Acaraí, a percepção geral dos informantes foi que a geração de emprego e renda pode evitar que os moradores mais jovens tenham que se mudar de cidade para poder ter melhores oportunidades de emprego. Tratando do dos benefícios do turismo, um pescador artesanal residente no Porto do Rei, afirmou que “vai ser bom para os jovens poder trabalhar e não ir embora daqui”. A moradora da Tapera tem a percepção de que o turismo no Parque: “Só para os mais jovens é que vai ser bom depois para poder trabalhar com os turistas”. O morador da Praia Grande e pescador percebe o turismo na UC da seguinte maneira: “eu queria trabalhar levando turista para conhecer lá, já levei uns Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 599 empresários lá, mas por que eles me conheciam e sabiam que eu conheço tudo ali dentro, não foi de caso de trabalho, só levei eles lá e eles gostaram muito do lugar acho que com o parque vai ter mais emprego para os moradores receber os turistas que vierem para a praia conhecer o parque”. Outro morador da Praia Grande, que eventualmente faz trilhas de moto no Parque, tem a percepção de que o turismo no parque: “para uns vai ser muito bom, mais chance de ganhar dinheiro com os turistas que vão querer conhecer o parque (...).” 5. Conclusões As percepções como essas encontradas no discurso coletivo dos moradores em relação ao turismo, geralmente são comuns em apontarem o aumento de renda como principal benefício de se receber turistas na comunidade. No entanto, para isso acontecer é necessário estruturar a comunidade para receber os visitantes; aumentar a oferta de serviços turísticos e melhorar a qualidade dos serviços de hospedagem ofertados; melhorar a infraestrutura de acesso e de apoio ao turismo, diversificar os serviços de transporte e capacitar os moradores para oferecer serviços turísticos e de apoio ao turismo com qualidade. Também é necessário desenvolver alternativas de turismo que não dependem exclusivamente dos atrativos “sol e mar”, garantindo assim a manutenção dos empregos dos anfitriões que atuam diretamente em atividades associadas ao turismo durante o ano todo, dessa forma, driblando a sazonalidade. A expectativa da comunidade em relação à possibilidade de geração de empregos provenientes do turismo é geralmente maior do que a realidade do setor. Nem sempre de imediato os moradores são beneficiados com a abertura de novas frentes de trabalho. Principalmente porque advém dessas oportunidades a necessidade de se contratar mão-de-obra qualificada, sendo assim, quem não tem capacitação para atuar na atividade, normalmente fica a margem do processo. Em um curto espaço de tempo será difícil quantificar quais serão os benefícios econômicos que o ecoturismo poderá gerar nas comunidades vizinhas ao Parque, partindo do pressuposto que não somente a capacitação dos moradores para atuar nesse segmento garantirá o aumento do fluxo de visitantes no lugar. São necessárias ações de “inventariação turística” da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 600 região e planejamento estratégico para o desenvolvimento da atividade, com o intuito de se ter um recorte mais aprofundado das necessidades e expectativas da comunidade em relação ao desenvolvimento do turismo utilizando a UC como atrativo turístico. Ou seja, apurar as intervenções prioritárias que devem ser feitas nessas comunidades a fim de se garantir a existência futura de um produto turístico consolidado envolvendo a unidade de conservação no processo, utilizando-a como Atrativo Turístico principal para se contornar a sazonalidade da atividade turística nas comunidades vizinhas ao Parque e melhor distribuir do fluxo de visitantes em períodos diferentes do ano, evitando desse modo que o limite de capacidade de suporte do lugar seja extrapolado, como já acontece durante o verão nas comunidades vizinhas ao Parque, sobretudo aquelas que são praias. Nesse sentido o projeto Turismo Ecológico tem muito a contribuir para fomentar a discussão dos impactos negativos do turismo na comunidade e apresentar alguns caminhos para o aproveitamento dos atrativos naturais existentes no Parque, pela visitação das trilhas oficiais e das trilhas sinalizadas pelo projeto. Além disso, o projeto pode colaborar com o início do diálogo com a comunidade em relação à possibilidade da mesma se estruturar para operar no segmento do Ecoturismo, quem sabe evitando que jovens moradores tenham que optar pela mudança de cidade por não haver oportunidades e perspectivas de emprego no local. E através de atividades de educação ambiental destinada a valorização da área natural protegida pelos moradores e visitantes de São Francisco do Sul, pode-se inclusive angariar multiplicadores da consciência ambiental acerca da importância do Parque Estadual Acaraí para o meio ambiente e para o desenvolvimento econômico das comunidades vizinhas à área pelo arranjo produtivo associado ao turismo, porém se faz necessário o diálogo de que existem outras funções ambientais e culturais emergentes a área protegida. E justamente por esses motivos se faz necessário ações voltadas a conservação e proteção do Parque Estadual Acaraí. Agradecimentos À Caixa Econômica Federal e Governo Federal pelo financiamento da pesquisa; à FATMA (Fundação Estadual do Meio Ambiente de Santa Catarina) e equipe gestora do Parque Estadual Acaraí, pela colaboração no desenvolvimento e execução das atividades. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 601 6. Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio e Turismo; Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídrico da Amazônia Legal. Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo. MICT/MMA, Brasília/DF: 1995. BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Brasília. 2000. BENINCA, Jamile. Variação espaço-temporal da ictiofauna da Laguna Acaraí e seus afluentes no Parque Estadual Acarai, São Franciso do Sul, SC, Brasil. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Zoologia. 2011. D’ANTONA, Álvaro de oliveira. Turismo em parques nacionais. In: FUNARI, Pedro Paulo; PINSKY, Jaime (orgs). Turismo e patrimônio cultural. São Paulo: Contexto, 2001. FARIA, H.H. de & PIRES, A.S. Atualidade na gestão de unidades de conservação. In: ORTH, D. & DEBETIR, E. [org.] Unidades de Conservação: gestão e conflitos. Florianópolis: Editora Insular, p. 11-42. 2007. FERREIRA, C. P. Percepção Ambiental na Estação Ecológica de Juréia-Itatins. Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) - Universidade de São Paulo, São Paulo/SP, 2005. MEDEIROS, R. Evolução das tipologias e categorias de áreas protegidas no Brasil. Ambiente & Sociedade. vol IX, no 1, p. 41-64. 2006. SHIRAISHI, Juliana Costa. 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Características de la investigación: Investigación en proceso (diseño de tesis aprobado en Julio 2012), con fondos de la Comisión Nacional de Investigación Ciencia y Tecnología (CONICYT), Gobierno de Chile. Resumen Palabras claves: Vías verdes, senderos, participación, biodiversidad, redes ecológicas. Las sociedades modernas viven en un mundo fragmentado en el que los espacios naturales son cada vez más perturbados por la urbanización, la que trae consigo importantes cambios en el uso del suelo. Las vías verdes ofrecen una forma de contrarrestar esta situación. Recientemente, el desarrollo de vías verdes y senderos de largo recorrido ha tomado un gran impulso en Norte América y Latinoamérica. Dos países que se han comprometido con la creación de senderos nacionales de larga distancia son Canadá y Chile. En Canadá se está llevando a cabo un proyecto nacional llamado Trans Canada Trail (TCT), el que incluye la conexión de las diversas provincias y territorios de Canadá a través de una red de senderos de usos múltiples. En Chile se esta implementando un proyecto nacional similar llamado Sendero de Chile (SDC), éste se encuentra en una etapa de desarrollo más preliminar que el TCT. La participación activa de las comunidades locales y actores múltiples en el diseño, planificación y gestión de proyectos de vías verdes es esencial para lograr la sostenibilidad de estas iniciativas. Varios estudios indican el potencial que las vías verdes podrían tener como forma de incrementar la conectividad 20 seydewitzerich@yahoo.es; e_seydew@live.concordia.ca Concordia University, Department of Geography, Planning and Environment (GPE), Montreal, Quebec, Canadá 21 monica.mulrennan@concordia.ca . Supervisor de Maestría:Concordia University, Department of Geography, Planning and Environment (GPE), Montreal, Quebec, Canadá Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 603 de áreas con alta biodiversidad y las redes ecológicas así como también servir como plataforma para la promoción de la educación ambiental y el cambio cultural asociados, que ayudan a favorecer la protección de la biodiversidad biológica. Este artículo presentará a través de una evaluación a nivel macro, algunos de los mecanismos utilizados para apoyar la participación de comunidades locales y actores múltiples, identificando además, los factores que influyen en la capacidad que tienen estos grupos para participar en estos proyectos. Esta evaluación se esta llevando a cabo en base a la revisión bibliografía, documentos, y a través de entrevistas semi-estructuradas con los distintos actores involucrados en los proyectos antes mencionados. Se espera que las lecciones aprendidas, tanto positivas como negativas, de la experiencia de TCT sean instructivas para la planificación, desarrollo e implementación del proyecto SDC, en la participación de las comunidades y actores múltiples. Adicionalmente, este artículo introduce los conceptos básicos sobre redes ecológicas y su potencial rol en la protección de la biodiversidad y los vínculos con proyectos de vías verdes con el fin de abrir la discusión acerca del potencial que tienen las vías verdes en relación con la protección de la biodiversidad. Resumo Palavras-chave: Vias Verdes, trilhas, participação , Biodiversidade, Redes ecológicas . As sociedades modernas vivem em um mundo fragmentado onde as áreas naturais são cada vez mais perturbadas pela urbanização, trazendo grandes mudanças no uso do solo. Contudo, as Vias Verdes oferecem uma maneira de contrariar esta situação. Recentemente, o desenvolvimento de vias verdes e trilhas de longa distancia, tomaram um grande impulso na América do Norte e América Latina. Dois países que se comprometeram com a criação de trilhas nacionais de longa distância nacional são o Canadá e Chile. No Canadá, está realizando um projeto nacional chamado Trans Canada Trail ( TCT ), que inclui a ligação das várias províncias e territórios do Canadá por meio de uma rede de trilhas multi-uso. No Chile está implementando um projeto nacional semelhante chamado Sendero de Chile (SDC ), ele está em uma fase preliminar que o TCT. A participação ativa das comunidades locais e dos vários atores no planejamento, design, e gestão de projeto de vias verdes é essencial para a sustentabilidade dessas iniciativas. Vários estudos indicam o potencial das Vias Verdes como uma forma de aumentar a conectividade de áreas de alta biodiversidade e redes ecológicas , bem como servir como uma plataforma para a promoção da educação ambiental e parceiros de mudança cultural , Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 604 para ajudar a promover proteção da diversidade biológica. Este artigo irá apresentar através de uma avaliação a nivel macro, alguns dos mecanismos utilizados para apoiar a participação das comunidades locais e múltiplas partes interessadas , identificando também os fatores que influenciam a capacidade desses grupos para participar desses projetos. Essa avaliação está sendo realizada com base em revisão de literatura , documentos e através de entrevistas semi-estruturadas com os diferentes atores envolvidos nos projetos anteriores. Espera-se que as lições aprendidas , tanto experiências positivas e negativas, TCT são instrutivas para o planejamento , desenvolvimento e implementação do projeto SDC , a participação das comunidades e dos vários intervenientes. Além disso , este trabalho apresenta os conceitos básicos de redes ecológicas e seu papel potencial na proteção da biodiversidade e ligações a projectos greenways a fim de abrir a discussão sobre o potencial de áreas verdes em relação à protecção dos biodiversidade. 1. Introducción 1.1 Origen y definiciones de las vías verdes Las sociedades modernas viven en un mundo fragmentado en el que los espacios naturales son cada vez más perturbados como consecuencia de la industrialización, la agricultura así como también por los cambios de uso de suelo asociados a la urbanización y la construcción de carreteras y caminos en pueblos y ciudades (BOARDMAN 1981; HELLMUND & SMITH 2006; JONGMAN et al. 2004). Durante siglos y principalmente después de la revolución industrial, las sociedades humanas han buscado maneras para estar en contacto más estrecho con la naturaleza y los espacios verdes, como una forma de reacción al desarrollo industrial (JONGMAN 2007a; SEARNS 1995). En los países desarrollados cerca de 80 % de la población vive en pueblos y ciudades (SAUNDERS 2004). Una situación similar ocurre en los países en vías de desarrollo en donde la población rural migra a las ciudades donde se hace cada vez más evidente las presiones asociadas tanto a la sobrepoblación de estos centros urbanos, como a los impactos ecológicos que se producen en éstos (SAUNDERS 2004). Más aun, y a medida que las zona rurales se van despoblando se van produciendo cambios drásticos en el uso del suelo lo que Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 605 tiene como consecuencia enormes presiones ecológicas en estos paisajes (SAUNDERS 2004). Las vías verdes y senderos ofrecen una manera de mitigar estas presiones asociadas a la industrialización, expansión de la agricultura y la urbanización. Además, ofrecen acceso a espacios naturales y los beneficios recreativos, estéticos, culturales y de movilidad asociados con éstos, los que son valorados enormemente por los habitantes de las ciudades que están sometidos a "las presiones físicas y psicológicas de la urbanización" (SEARNS 1995, p.65). Este acceso a espacios naturales abiertos ayuda también a promover la sensibilización de las personas en temas como la conservación del medio ambiente, la integración de políticas de conservación y uso sostenible, así como también con protección de la biodiversidad biológica que estos espacios naturales albergan (CABEZA 2005; HELLMUND & SMITH 2006). El concepto de vías verdes es muy amplio y diverso y por ende existen numerosas definiciones en función de su finalidad, ubicación, configuración espacial y el contexto cultural en el que se han previsto (AHERN 2004; HELLMUND & SMITH 2006; SEARNS 1995). Los espacios verdes o espacios abiertos, como se les suele llamar en Norte América, están ampliamente asociados a los parques públicos urbanos (BARBOSA et al. 2007; HELLMUND & SMITH 2006; ZUBE 1995). Los espacios abiertos y diversos tipos de parques públicos se han incorporado en la planificación y desarrollo de pueblos y ciudades en Gran Bretaña y América del Norte desde el siglo diecinueve en adelante (CONWAY 1991; HELLMUND & SMITH 2006). Sin embargo, en la literatura sobre vías verdes muchos autores distinguen estas vías de la categoría más general, que las relaciona con los espacios verdes y parques públicos mediante la definición de vías verdes como espacios lineares abiertos o parques lineares (AHERN 1995; LITTLE 1990; SEARNS 1995; ZUBE 1995). Las vías verdes por lo tanto, y como argumenta LITTLE (1990, p.1) son “espacios abiertos de conexión” que vinculan espacios abiertos no lineares Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 606 como parques, reservas naturales, áreas protegidas, parques nacionales y sitios históricos, entre otras categorías. A finales de 1990 las vías verdes comenzaron a ser reconocidas y nombradas como senderos de uso múltiple que permitían entre otras cosas, que diferentes tipos de usuarios experimentaran y disfrutaran de los paisajes naturales, junto con la posibilidad de practicar actividades saludables al aire libre a lo largo de estas rutas que están orientadas a tipos de transporte no motorizados o activos, tales como caminar, montar en bicicleta, a caballo, esquiar y canoa (FLINK et al. 2001; MUNDET & COENDERS 2010). Las vías verdes son redes de terrenos, que son planificados, diseñados y manejados para múltiples propósitos, incluyendo [aspectos ecológicos], recreativos, culturales, estéticos, o de otro tipo que sean compatibles con el concepto de uso sostenible (AHERN 1996, como se cita en AHERN 2004, p.35). Más recientemente, las vías verdes han sido asociadas 607 por los conservacionistas, cientistas sociales y miembros de la sociedad civil con otros beneficios, tales como la protección del paisaje, la recreación, la salud, la educación ambiental, el desarrollo económico local, medios de transporte activo, un mayor sentido de identidad y pertenencia local derivados de la conexión de la gente con su patrimonio natural, cultural y sitios históricos (HELLMUND & SMITH 2006; MOORE & ROSS 1998), así como también con la protección de la biodiversidad biológica a través de la conexión de las vías verdes con redes ecológicas (ANGOLD et al. 2006; CABEZA 2005; HELLMUND & SMITH 2006; JONGMAN 2007a, 2007b; JONGMAN et al. 2004; JONGMAN & Pungetti 2004; OECD 2004). Es importante destacar que para que proyectos de vías verdes, senderos y redes ecológicas puedan desarrollarse y sostenerse en el tiempo, muchos autores señalan que es esencial la participación activa de las comunidades Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 locales y actores múltiples tanto en el diseño, la planificación y la gestión de este tipo de iniciativas (BURNS et al. 2004a; GEBHARD et al. 2007; HOWARD & BAKER 1994; JONGMAN 2007b; SELMAN 2004; SOMMA et al. 2007). La participación promueve la sostenibilidad, ya que cuando los miembros de las comunidades y las organizaciones locales se involucran, éstas reconocen el valor de trabajar en alianzas, tener una voz en la toma de decisiones, y una participación mayor en los beneficios derivados de los proyectos locales (BURNS et al. 2004a; DUGDALE & WEST 1991; FORGIE et al. 2001; HOWARD & BAKER 1994). 1.1 Conceptos básicos y vínculos entre vías verdes y redes ecológicas Según indican JONGMAN y Pungetti (2004, p.1) “los conceptos de redes ecológicas y vías verdes se relacionan con el entorno humano y su desarrollo”. En el contexto actual de cambios dinámicos del medio ambiente global y de paisajes fragmentados y dominados por los seres humanos, los ecosistemas y las especies no pueden vivir en aislamiento (HELLMUND & SMITH 2006; JONGMAN & Pungetti 2004; SEARNS 1995). En consecuencia, la nueva filosofía de las ciencias ambientales está cambiando desde el aislamiento hacia la conexión, es decir, desde un enfoque concéntrico o local, hacia un enfoque mas periférico o global (JONGMAN & Pungetti 2004). En otras palabras, la conservación de la naturaleza está cambiando desde un enfoque que estaba asociado principalmente a la protección de áreas altamente biodiversas como los son los parques nacionales u otro tipo de áreas protegidas, hacia un enfoque que vincula a estas áreas protegidas con otros paisajes dominados por los seres humanos, en los que se incluyen las vías verdes, los senderos y las redes ecológicas, entre otros (JONGMAN & Pungetti 2004). A modo de ejemplo, y como lo indica AHERN (2004) las vías verdes incluyen el concepto de “tierras protegidas” dentro o cerca de zonas urbanas, explícitamente ubicadas en la proximidad de lo espacios donde las personas viven y trabajan. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 608 Más aun, AHERN (2004) plantea que en Norte América la mayoría de los paisajes culturales se encuentran espacialmente asociados a tipos de vías verdes y senderos que se encuentran cercanos a corredores ecológicos, situados a lo largo de ríos, pequeñas sierras, entre otros paisajes. Un ejemplo de lo anterior es el Lewis’ Wisconsin Heritage Trail, el que incluye más de 300km de corredores ambientales o ecológicos, senderos recreativos y senderos patrimoniales (Figura 1). 609 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura.1. Plano del sendero patrimonial Lewis’ Wisconsin, USA (AHERN 2004 en JONGMAN & Pungetti 2004, p.39) Otro buen ejemplo de los vínculos existentes entre redes ecológicas y vías verdes de uso recreativo se da en Alemania. La Figura 2 muestra un mapa de la red Alemana de corredores de hábitat en donde se muestran, en un recuadro correspondiente a una sección del estado de Baviera, distintos tipos de corredores: i) en verde, se muestran corredores para especies de bosque y paisajes semi-abiertos,ii) en azul, corredores para especies de tierras bajas, valles fluviales húmedos y secos y iii) en amarillo, corredores para especies de paisajes secos (BÖTTCHER et al. 2005). 610 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 La Figura 3 muestra una vía verde que tiene como uso su principal la bicicleta, que sigue el curso del río Isar, superponiéndose al trayecto del corredor de hábitat marcado en azul y correspondiente al cauce del río Isar indicado en la Figura 2. Ciclovía y vía verde en río Isar Deggendorf München Mittenwald Figura 3 Mapa de ciclovía (sección resaltada en rojo) que une las localidades de Mittenwald, München y Deggendorf en el estado federado de Bavaria, Alemania y que corre por la rivera del río Isar. (http://ecmaps.de/?Experience=isarradweg#go=XVH) Esto muestra claramente la coexistencia de los corredores de hábitat y las vías verdes en esta zona de Alemania. Según BÖTTCHER et al., (2005) en su artículo titulado “Corredores de Hábitat para el Hombre y la Naturaleza en Alemania”, la red alemana de corredores de hábitat representa un enfoque integrado, que tiene el objetivo de preservar, restaurar y desarrollar interrelaciones ecológicas con el fin de mantener la diversidad de las especies y áreas de usos humano, tales como la recreación. La Figura 4 muestra en mayor detalle un ejemplo del tipo de conexiones e interrelaciones que pueden existir entre los distintos tipos de corredores de hábitat con carreteras, zonas agrícolas productivas, áreas de uso humano y recreativo, entre otras (BÖTTCHER et al. 2005). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 611 Área para desarrollo Corredor de hábitat Carretea Área de uso humano recreativo Área protegida Figura 4 Detalle de corredores de hábitat en Alemania, y sus interrelaciones ecológicas y antropocéntricas (BÖTTCHER et al. 2005, p.164) Una red ecológica puede ser definida como sistemas de reservas naturales interconectadas que dan coherencia a sistemas naturales fragmentados y los ecosistemas que éstos soportan (BISCHOFF & JONGMAN 1993). Según JONGMAN y Pungetti (2004, p.3) estas redes son hoy reconocidas como “un marco de componentes ecológicos, por ejemplo, áreas centrales, corredores y zonas de amortiguamiento, las cuales proporcionan las condiciones físicas necesarias para los ecosistemas y especies para sobrevivir en un paisaje dominado por el hombre”. Es por esta razón que éstos autores sostienen que éstas redes debieran tener un doble propósito: i) el mantener la diversidad biológica y el paisaje y ii) servir como base para asistir a los sectores políticos en la toma de decisiones respecto a la conservación de los ecosistemas naturales (JONGMAN & Pungetti 2004). 1.2. Contexto de investigación de maestría El objetivo de esta investigación es identificar, entre otras cosas, cuáles son los factores que determinan la capacidad de comunidades locales, asociaciones y Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 612 otros grupos de interés para poder participar en proyectos de redes de vías verdes y senderos tanto en Canadá como en Chile, así como cuales son las medidas que se han adoptado para promover la participación de actores múltiples con el fin de poder sacar lecciones aprendidas, tanto positivas como negativas, que podrían inspirar la planificación y gestión del proyecto SDC y de otros en Latinoamérica. Otro objetivo y más reciente, es el de explorar las potencialidades que tienen las vías verdes y senderos con respecto a las interrelaciones que éstos pueden tener con redes ecológicas para favorecer entre otros aspectos, la protección de la biodiversidad biológica. 1.2.1 Contexto de los proyectos de vías verdes y senderos en Canadá y Chile Trans Canada Trail, contexto del proyecto El inicio de TCT fue en 1992, coincidiendo con las celebraciones del 125 aniversario de la confederación canadiense (Trans Canada Trail 2011a). El TCT ha evolucionado desde entonces para convertirse hoy en la mayor red mundial de vías verdes y senderos de usos múltiples y recreativos dentro de un solo país. Una vez finalizado el proyecto, en el año 2017, Canadá estará conectado entre la costa del Pacífico, por el este y la costa Atlántica por el oeste y por el Norte con la costa del Océano Ártico a través un total de 22.500 km de senderos terrestres y acuáticos, uniendo a más de 1000 comunidades en todas las provincias y territorios de Canadá (Trans Canada Trail 2009-2010). Según Cam Clark, Presidente del Comité para el Desarrollo del TCT: El TCT se está construyendo desde una visión de país compartida y con la voluntad de cooperar. Estos aspectos están en el centro de lo que el TCT es, vinculando a todos los canadienses, sus comunidades y paisajes. Este es un legado increíble (Trans Canada Trail 2011b, p.5). El TCT tiene como objetivo inspirar a la gente a que disfrute de las actividades al aire libre como los son el senderismo, excursionismo, ciclismo, canoa, travesías a caballo y esquí de fondo y paseos en moto de nieve durante el Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 613 invierno (sólo en algunos tramos). Al hacerlo, el TCT promueve los siguientes cuatro beneficios (Trans Canada Trail 2011a). Salud: al proporcionar espacios abiertos para que las personas puedan practicar actividad física al aire libre. Medio ambiente: preservando espacios verdes abiertos y la promoción de la conservación ambiental. Educación: al proporcionar información sobre la historia de Canadá y su rico patrimonio natural. Desarrollo económico local: promoviendo el desarrollo del turismo que a su vez crea puestos de trabajo y dinero canalizados en la economía local. 614 Figura 5. Mapa que ilustra la red de vías verdes y senderos del proyecto TCT (16.500km aprox.) a diciembre del 2012. El TCT se compone de dos sub-organizaciones cada una con diferentes directorios y administración (Trans Canada Trail 2012), la organización benéfica TCT (TCTCO por sus siglas en inglés) y la Fundación TCT (TCTF por Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 sus siglas en inglés). El TCTCO es responsable de supervisar el desarrollo y la construcción del TCT en cada provincia y territorio, trabajando en colaboración con distintas organizaciones como lo son sus socios provinciales y territoriales y más de 400 grupos de asociaciones de senderos locales, municipios, así como también autoridades de organismos de conservación, que gestionan y mantienen las secciones locales del TCT (Trans Canada Trail 2012). El TCTCO también proporciona fondos para organizaciones asociadas al TCT, la promoción y comercialización de los senderos, la creación de asociaciones y alianzas estratégicas con otras organizaciones que a su vez, proporcionan las herramientas tales como las aplicaciones de cartografía y señalética para garantizar el acceso público a la información respecto a las condiciones del terreno de los distintos tramos de senderos para todos los usuarios (Trans Canada Trail 2012). Por último, el TCT es una iniciativa basada en las comunidades locales formada por más de 400 senderos comunitarios, en la que todas las secciones del sendero son operados y mantenidos por organizaciones locales, municipios con la ayuda de autoridades provinciales y/o agencias nacionales de Canadá (Trans Canada Trail 2011a). La participación de donantes privados, empresas locales, fundaciones y corporaciones, también juega un papel importante en el financiamiento para el desarrollo de esta red de senderos en Canadá (Trans Canada Trail 2009-2010). Sendero de Chile, contexto del proyecto El Sendero de Chile es una iniciativa pública, multi-sectorial de uso múltiple y multipropósito, que pretende crear un corredor recreativo longitudinal y transversal que eventualmente conectará Chile a través de una red senderos de 8.500 km (Fundación Sendero de Chile 2011a). Las actividades que pueden llevarse a cabo en el SDC incluyen caminatas, senderismo, bicicleta y travesías a caballo. Esta iniciativa se puso en marcha en 2001 como parte de una serie de proyectos (Proyectos Bicentenario), que fueron diseñados para conmemorar Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 615 los 200 años de la independencia de Chile de España en el 2010 (Fundación Sendero de Chile 2011b). Durante el discurso anual presidencial del 21 de mayo del año 2000, el entonces presidente de Chile, Ricardo Lagos Escobar, invitó a los chilenos a construir un sendero longitudinal que atravesara el país, permitiendo que los ciudadanos viajaran a pie, a caballo o en bicicleta, disfrutando y descubriendo el entorno natural y el patrimonio cultural de Chile (Fundación Sendero de Chile 2011a). En 2001, la Comisión Nacional del Medio Ambiente (CONAMA) comenzó a planificar e implementar la iniciativa del SDC, con financiamiento del presupuesto nacional y la estrecha colaboración con distintos ministerios (Fundación Sendero de Chile 2011a). El diseño original del sendero se flexibiliza y modificada en 2004 para incorporar de esta forma, rutas transversales y circuitos asociados con el eje norte-sur Visviri-Cabo de Hornos (Ministerio de Hacienda 2005, p.3). El motivo de este cambio fue proporcionar oportunidades para la autogestión y la inclusión voluntaria de distintos actores, tanto a nivel comunal, regional, así como de actores del sector privado (Ministerio de Hacienda 2005). Luego, en 2008, el directorio nacional del SDC, propuso la creación de una fundación de derecho privado, denominada Fundación SDC, para dar continuidad y mayor eficiencia en el desarrollo de senderos, así como la flexibilidad en capacitación y la gestión de sus recursos (Ministerio del Medio Ambiente 2010, ítem 8.g.) La responsabilidad de la ejecución del proyecto fue transferida a la Fundación SDC en junio del 2009 (Fundación Sendero de Chile 2011a). De acuerdo a la ley de presupuesto del sector público del 2011, la Fundación SDC es una entidad colaboradora del Ministerio del Medio Ambiente (MMA) y por lo tanto receptoras de fondos públicos de transferencia (Fundación Sendero de Chile 2011b) El SDC es una iniciativa de gran envergadura y de interés público, cuyo objetivo es generar una plataforma para el desarrollo de la educación ambiental Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 616 y el ecoturismo en Chile, junto con apoyar la protección del patrimonio cultural y natural, en base a un conjunto de senderos distribuidos en 9 territorios a lo largo del país y que actualmente cuenta con aproximadamente 2.300 km de senderos operativos (Entrevista SDC 2012; Fundación Sendero de Chile 2011a). El objetivo inicial del SDC, tal como se presenta en el año 2001 bajo la administración de la CONAMA, era: "Contribuir a la protección de la naturaleza, posibilitando a las generaciones presentes y futuras conocer, acceder y [disfrutar la diversidad de nuestros ecosistemas]" (Ministerio de Hacienda 2005, p.1). Desde el 2011, la Fundación SDC establece que las funciones principales de la fundación son las siguientes: 1. Promover el recorrido seguro e informado por senderos pedestres, de cabalgata o bicicleta que forman una red nacional, ofreciendo una gama variada de paisajes y culturas del país. 2. Otorgar facilidades para que se formen grupos de senderistas y opciones para organizar excursiones y travesías por el Sendero de Chile, en diversos territorios y para las distintas épocas del año. 3. Gestionar proyectos de senderismo social, educación ambiental y voluntariado para la conservación de la biodiversidad y su correspondiente financiamiento. (Fundación Sendero de Chile 2011b, p.5) 2. Metodología La metodología de esta investigación incluye una evaluación a nivel macro de los proyectos TCT y SDC. Estos proyectos se han escogido como casos de estudio ya que el papel activo y la participación democrática de la población local en la planificación y gestión de proyectos de senderos de usos múltiples y de multipropósito, tales como el TCT y el SDC es considerado por ambas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 617 iniciativas como un aspecto esencial para promover sus respectivos objetivos (Fundación Sendero de Chile 2011a; Trans Canada Trail 2009-2010, 2011b). El TCT se define como una iniciativa de base comunitaria de multi-actores que se ha iniciado desde las bases y en la que la propiedad de los senderos, su gestión y mantenimiento está a cargo organizaciones locales, municipios, apoyados por organismos de los gobiernos provinciales y los organismos del gobierno nacional a través de Canadá (Trans Canada Trail 2011a). Por otra parte el SDC también busca integrar a las comunidades locales y multi-actores que estén interesados en la planificación y gestión local de las actividades turísticas asociadas a esta iniciativa (Fundación Sendero de Chile 2011a). Esta evaluación se está llevando a cabo en base a la revisión de documentos, bibliografía, y entrevistas semi-estructuradas. A la fecha se han completado entrevistas semi-estructuradas con la directora nacional de senderos y con personal técnico de la oficina nacional del TCT, así como también con el representante y socio provincial de TCT en la provincia de Quebec Conseil Québecois du Sentier Transcanadien, con el gerente de la corporación Parc Lineaire P’tit Train du Nord y el actual vice-presidente de desarrollo y asuntos públicos y ex director ejecutivo de la organización Vélo Québec, la que coordina el proyecto Route Verte (RV), una red de vías de verdes de casi 4.000km enfocada principalmente al uso de la bicicleta, a nivel de la provincia de Quebec. En cuanto al SDC se completaron las entrevistas semiestructuradas con el jefe del área de desarrollo y con el director ejecutivo de la Fundación SDC, así como también, con representantes de distintas agencias de gobierno y ministerios que formaron parte del directorio nacional del SDC entre el 2004 y el 2008 (Ministerio de Hacienda 2005; Ministerio del Medio Ambiente 2010). 3. Discusión: 3.1 Mecanismos utilizados y factores que condicionan la participación de comunidades locales y actores múltiples en el SDC y TCT Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 618 En relación a como el proceso de participación de comunidades locales y actores múltiples se ha ido gestando y promoviendo en los proyectos SDC y TCT y en base un análisis preliminar de las entrevistas y documentos revisados, se puede observar que uno de los mecanismos para incentivar la participación a nivel local ha sido la de permitir a actores locales a acceder a fondos públicos y privados a través de las Fundaciones SDC y TCT en Chile y Canadá respectivamente (Entrevista SDC 2012; Entrevitsa TCT 2013; Ministerio del Medio Ambiente 2010; Trans Canada Trail 2010-2011). En el caso de los fondos públicos, estos tienen distintos orígenes. En el caso del proyecto Chileno SDC, los fondos públicos han llegado por diversas fuentes. Básicamente a través de aportes basales del estado recibidos por medio de la CONAMA y el MMA, así como también por parte fondos provenientes de los gobiernos regionales como es el caso de: el fondo nacional de desarrollo regional, el fondo del instituto nacional del deporte y el fondo de protección ambiental, por mencionar algunos (Entrevista SDC 2012; Ministerio del Medio Ambiente 2010). En relación a los fondos provenientes del sector privado, éstos pueden ser recibidos y administrados por la Fundación SDC, sin embargo el volumen de estos fondos ha sido reducido y por lo tanto no alcanzan como para constituir un fondo que permita financiar iniciativas de desarrollo de senderos por si sólo (Entrevista SDC 2012). En al caso del proyecto Canadiense, los fondos públicos provienen tanto del gobierno federal como de los gobiernos provinciales y gobiernos locales a través de distintas agencias como Parks Canada, y Heritage Canada, a nivel Federal, y fondos provenientes del Ministerio de Transportes de Quebec en el caso de la provincia de Quebec, así como también de fondos manejados por los municipios regionales y locales dentro de la misma provincia.(Entrevitsa TCT 2013; Trans Canada Trail 2010-2011, 2011-2012). En cuanto a los factores que influyen en la capacidad de los actores locales para participar, se ha podido observar que la capacidad de gestión de estos de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 619 los actores locales es contextual. Para ambos proyectos el acceso a información y capacidad para postular, gestionar y finalmente para rendir cuentas ante las agencias u organismos que proveen los fondos han sido un factor esencial en la participación de organizaciones y actores locales (Entrevista SDC 2012; Entrevitsa TCT 2013). 3.2 La Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económico (OCDE): Oportunidad e incentivos para el desarrollo de vías verdes y senderos Canadá es uno de los países miembros de la OECD y el primer país en firmar la ratificación de la convención OECD el 10 de abril de 1961 (OECD 2013). Chile se convirtió en un miembro de la OCDE el 7 mayo de 2010 (OECD 2010), una membresía que obtuvo entre otras cosas debido a su estabilidad macroeconomía y el prestigio internacional en estas materias en las últimas décadas. Esta membresía impone ciertas expectativas y, por lo tanto, desafíos para el estado chileno. En cuanto a la sostenibilidad ambiental, la estrategia medioambiental de la OCDE, recomienda a los países miembros a lograr cinco objetivos interrelacionados: i) mantener la integridad de los ecosistemas a través de la gestión eficiente de los recursos naturales (con un enfoque especial sobre el clima, el agua dulce y la biodiversidad); ii ) disociar presiones ambientales del crecimiento económico (con un enfoque especial en la agricultura, el transporte y la energía), iii) mejorar la información para la toma de decisiones y medir el progreso a través de indicadores, iv) abordar enlaces en la interfaz social y ambiental y la mejora de la calidad de vida; y v) fomentar la interdependencia mundial del medio ambiente mediante la mejora de la gobernanza y la cooperación (OECD 2004, p.4). El objetivo 4 de la estrategia de la OECD desafía a todos los países miembros a: hacer frente a los diversos vínculos entre las condiciones ambientales, sociales así como las tendencias y los impactos sociales de las políticas ambientales, con el fin de mejorar la Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 620 salud humana, la equidad del medio ambiente, el empleo, el acceso a la información, la participación pública en la toma de decisiones, el acceso a la justicia en materia de medio ambiente y la educación ambiental, contribuyendo así a mejorar la calidad de vida (OECD 2001, p.17). En lo que respecta a Chile, la OCDE también ha recomendado fortalecer las regiones de Chile con el fin de estimular y descentralizar la economía (OECD 2009). Es por esto que el proyecto SDC, así como otras iniciativas de desarrollo de vías verdes y senderos tienen el enorme potencial de servir como una plataforma para ayudar a mantener la integridad de los ecosistemas y la participación pública junto con estimular el desarrollo económico local, la educación medioambiental y la protección de ecosistemas, a través de actividades relacionadas con el turismo y la recreación. En consecuencia, países en vías de desarrollo, como Chile, que normalmente tienen que optimizar sus recursos económicos y humanos para lograr cumplir con los compromisos adquiridos en acuerdos internacionales, pueden a través de desarrollar proyectos, como las vías verdes y senderos, lograr obtener beneficios simultáneos en lo ambiental, económico y social, así como también crear las instituciones y capacidades necesarias para poder continuar y expandir proyectos que incorporen este tipo de beneficios. 4. Importancia de la investigación y resultados esperados La participación activa de las comunidades en la planificación y gestión de proyectos de base comunitaria es crucial para promover la sostenibilidad de estas iniciativas en el largo plazo (BURNS et al. 2004a; MANNIGEL 2008). Por lo tanto, esta investigación contribuirá a una mejor comprensión de los mecanismos que pueden apoyar la participación de las comunidades y grupos de interés, tanto en la planificación y gestión de proyectos de vías verdes comunitarios y así contribuir con observaciones y lecciones aprendidas que podrían ser utilizadas para el diseño y gestión en otros proyectos similares en Latinoamérica y otras partes del mundo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 621 El desarrollo de vías verdes está cobrando fuerza en Latinoamérica. De hecho, el primer congreso para la planificación y gestión de senderos del Mercado Común del Sur (MERCOSUR) se celebró en Uruguay entre el 4 al 6 octubre del 2012. Este año se celebrará en Octubre el “II Congresso Nacional de Planejamento de Trilhas: Uso Público e Biodiversidade, Desafios de Gestão e Governança”. Los conocimientos y lecciones aprendidas como resultado de esta investigación de maestría aportarán con nuevas perspectivas y potenciales aplicaciones para el emergente movimiento de las vías verdes y senderos de largo recorrido en Latinoamérica y en particular al proyecto SDC, que es la iniciativa más avanzada en la región. Otro aporte de esta investigación tiene relación con el vínculo que se establece entre la literatura sobre la participación pública y gobernanza, en relación con las vías verdes de usos múltiples y multipropósito. Gran parte de la literatura disponible sobre vías verdes de usos múltiples se centra en la planificación, diseño y gestión, así como los beneficios sociales y económicos que éstas aportan a la sociedad. Mi investigación extenderá este horizonte con la ayuda de literatura existente y de gran relevancia sobr Con respecto al vínculo existente entre las vías verdes, senderos y las redes ecológicas es un tema que tiene muchas aristas que deben ser estudiadas y analizadas con detención. La pregunta sobre cómo diseñar y planificar vías verdes, senderos, corredores ecológicos, redes ecológicas u otro tipo de espacios naturales abiertos, que favorezcan las necesidades tanto de la naturaleza y los seres humanos esta todavía por entenderse, analizarse y resolverse según sea el contexto ambiental, ecológico, geográfico, social y económico de los proyectos. El desarrollo de vías verdes y senderos debe estar a la altura de los desafíos que el siglo 21 enfrenta y por lo tanto, es tiempo de expandir esta discusión y aprender de ejemplos concretos donde se están poniendo en práctica modelos que integran e interrelacionan vías verdes de usos recreativos y transporte activo, con redes ecológicas para la protección de la biodiversidad biológica y el tránsito genético. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 622 5. Agradecimientos: Agradezco el continuo apoyo de mi supervisora académica Dr. Monica Mulrennan, así como también a mi esposa e hijo que han sido siempre mi fuente de inspiración y apoyo durante mis estudios de maestría. Agradezco también a quienes hacen posible que yo este realizando estos estudios, y me refiero al programa de becas de magíster en el extranjero BECAS CHILE perteneciente a la Comisión Nacional de Investigación Científica y Tecnológica (CONICYT) del Gobierno de Chile. Agradezco también al Quebec Centre for Biodiversity Science (QCBS), que por medio de su beca QCBS Exellence Award 2013, hace posible que yo pueda viajar desde Montreal y presentar mi trabajo de investigación en el marco del “II Congresso Nacional de Planejamento de Trilhas: Uso Público e Biodiversidade, Desafios de Gestão e Governança” a realizarse en el campus Maracaná de la Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Agradezco también a Flávio Augusto Pereira Mello quien es la cara visible del grupo humano que esta a cargo de la organización de este importante congreso a realizarse en Río de Janeiro, Brasil. 6. Bibliografía AHERN, J. (1995). Greenways as a Planning Strategy. 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SESC SP E A TRILHA D’ÁGUA – ADUTORA DA DÉCADA DE 40 É UTILIZADA COMO FERRAMENTA DE INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL Fábio Luiz Vasconcelos22 Emerson Luis Costa23 Juarez Michelotti2 Marcelo Bokermann2 Resumo Palavras-chave: Trilha d’água. Sesc Bertioga. Interpretação ambiental. Passeios. Educação para a sustentabilidade. O Sesc - Serviço Social do Comércio é uma instituição brasileira, privada, criada e mantida pelos empresários dos setores de comércio de bens, serviços e turismo, com o objetivo de colaborar para a melhoria da qualidade de vida do trabalhador desses setores, seus dependentes e sua comunidade. A ação do Sesc é nacional, todavia cada estado possui sua própria administração regional. No estado de São Paulo, o Sesc SP desenvolve seu trabalho pautado na criação de elos que atam estes três princípios norteadores: a destinação social ao sentido amplo de cultura; a dimensão cultural à ideia de educação permanente; o imperativo educativo à realidade diária de seu trabalho social. Dentre os diversos campos de atuação destacam-se as áreas de: Turismo Social e Educação para a Sustentabilidade. No Sesc Bertioga, estes programas tem presença marcante devido as particularidades do local. Reconhecida como a 1ª Colônia de Férias da América Latina (1948), hoje o Centro de Férias conta com um Centro de Educação Ambiental, que dentre suas diversas dinâmicas educativas, oferecidas tanto para hóspedes, como para comunidade em geral, realiza também atividades em trilhas, tendo a interpretação ambiental como ferramenta de mediação. Com a criação da Série Passeios/Vivências Ambientais, em 2011, foram sistematizados sete passeios que visam a valorização do contexto histórico, da cultura caiçara e da diversidade de paisagens de Bertioga. Realizada desde o início da década de 90, a Trilha d’água é um destes roteiros que se integra a Série Passeios/Vivências Ambientais. Esta trilha utiliza parte do aterro implantado na década de 1940, que liga o Rio Guaxanduba à estação de tratamento de água do Sesc Bertioga e se estende por 5.800m. A trilha, com 2.700 m (ida), está inserida em área 22 23 Gerência de Programas Socioeducativos, Sesc SP Unidade Sesc Bertioga, Sesc SP Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 628 natural em excelente estado de conservação, estendendo-se pela planície costeira e início da encosta da Serra do Mar. O trajeto tem início na travessia, em barco, do rio Itapanhaú e segue em uma caminhada que cruza ecossistemas como mangue, floresta de transição, mata paludosa, mata ciliar e floresta de encosta. Esta trilha tem importante valor para a conservação da natureza, uma vez que seu percurso passa por dois parques estaduais. Este artigo descreve a sistematização do roteiro Trilha d´água, que utiliza para fins turísticos e educativos, o acesso de manutenção da captação de água do Sesc Bertioga. Com essas ações promovidas acredita-se fortalecer a missão institucional onde educação e cultura, convergem para a transformação social, por meio de iniciativas socioeducativas, em prol da edificação de uma cultura de sustentabilidade. Resumen Palabras clave: Ruta del agua. Sesc Bertioga. Interpretación ambiental. Senderos. Educación para la sustentabilidad Sesc - Servicio Social de Comercio es una institución brasileña, privada, creada y mantenida por los empresarios del comercio de bienes, servicios y el turismo, con el fin de contribuir a mejorar la calidad de vida de los trabajadores de estos sectores, su familia y su comunidad. La acción del Sesc es nacional, pero cada estado tiene su propia administración regional. En São Paulo, Sesc SP desarrolla su trabajo basado en la creación de vínculos que unen a estos tres principios rectores: un destino social para un amplio sentido de la cultura, la dimensión cultural a la idea de la educación permanente y el imperativo de la educación a la realidad cotidiana de su trabajo social. Entre los diferentes campos de trabajo incluyen las áreas de Turismo Social y de Educación para la Sustentabilidad. En el Sesc Bertioga, estos programas tienen una fuerte presencia, debido a las particularidades del sitio. Reconocido como la primera Colonia de Vacaciones en América Latina (1948), ahora el Centro de Vacaciones cuenta con un Centro de Educación Ambiental, que, entre sus diversas dinámicas educativas, ofrece tanto para los clientes como para la comunidad en general, actividades en senderos tomando la interpretación ambiental como herramienta de mediación. Con la creación de la "Serie Passeios/Vivências Ambientais" en el 2011, siete viajes se organizan para explorar el contexto histórico, la cultura local (caiçara) y diversidad de paisajes de Bertioga. Realizada desde principios de los años 90, la “Ruta del agua” es uno de los senderos que se incluye en la "Serie Passeios/Vivências Ambientais". Este sendero utiliza parte del terraplén de la década de 1940, que une el Río Guaxanduba con la estación de tratamiento de agua de Sesc Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 629 Bertioga y se extiende por 5.800m. El sendero, con 2.700m (ida), se inserta en una área natural en excelentes condiciones de conservación, que se extiende a lo largo de la planicie costera y las primeras laderas de la Serra do Mar. El sendero empieza en la travesía, en barco, del río Itapanhaú y sigue en una caminada que atraviesa ecosistemas como manglares, bosques de transición, bosques pantanosos, bosques de ribera y laderas. Este sendero tiene un valor importante para la conservación de la naturaleza y su trayecto pasa a través de dos parques estatales. En este artículo describe se la sistematización del sendero “ruta del agua”, que utilizada el acceso de mantenimiento de la captación de agua Sesc Bertioga con objetivos de turísticos y educacionales. Con estas acciones promovidas desease fortalecer la misión institucional donde la educación y la cultura convergen para el cambio social a través de iniciativas sociales y educativas en favor de la construcción de una cultura de la sustentabilidad . 1. Introdução Criado em 1946, o Serviço Social do Comércio - Sesc é uma instituição brasileira de caráter privado, sem fins lucrativos mantida pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo, com atuação em âmbito nacional, que objetiva colaborar para a melhoria da qualidade de vida do comerciário, sua família e de sua comunidade (SESC SP, 2013b). O Sesc é descrito pela primeira vez na Carta da Paz Social, sendo esta resultado da Conferência de Teresópolis, realizada em 1945, que reuniu empresários da agricultura, indústria e comércio. Este documento destacava a necessidade de uma paz social concreta, fundada na ordem econômica, por meio de uma obra educativa. Desde seu nascimento, a instituição esteve alinhada ao sentido de garantia dos direitos sociais básicos, como direito à saúde, educação, alimentação, cultura, o que lhe atribui um forte comprometimento com os valores da cidadania. No final da década de 40 o Sesc instala suas primeiras unidades executivas em diversos estados brasileiros, que ao longo dos anos se transformam em Departamentos Regionais. Entre outros, foi criado o Regional São Paulo – Sesc SP, onde foi Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 630 inaugurada, em 1948, a Colônia de Férias Ruy Fonseca, em Bertioga, litoral paulista. Para o Sesc SP, a cultura e a educação possuem íntimas conexões, e esse valor permeia os programas socioeducativos desenvolvidos pela instituição. Os conceitos de trabalho social, cultura e educação consistem o meio através do qual se movimenta do Sesc, e da articulação deles resultam as pistas a serem seguidas para que a trajetória da instituição coincida, o mais das vezes, com sua missão (SESC SP, 2013a). Em meados dos anos 80, a prioridade de investimentos educacionais no campo do lazer se concentrou na área cultural. Além das linguagens artísticas, também ocorreu uma ampliação de muitos programas como atividade física e saúde e das ações sociais com interface direta com os problemas urbanos. A partir de então, houve uma modernização da política de ações e da metodologia de trabalho do Sesc em São Paulo, que desenvolveu novos conceitos para atualizar seu programa de ações socioculturais: a cidadania e a qualidade de vida. O Sesc SP, valendo-se do caráter situacional e contextualizado das suas ações educativas, elaborou seus programas com um olhar para a sua realidade e seu tempo. A ação propositiva da instituição construiu-se no campo das ações educativas, em especial na educação permanente, também denominada Educação não-formal e/ou Complementar (SESC SP, 2013a). Hoje a base da atuação do Sesc SP é a realização de programas socioeducativos e culturais com o sentido de promover o bem-estar e a qualidade de vida em espaços que valorizam a convivência entre as pessoas, sejam os trabalhadores do comércio e setor de serviços, seu público prioritário, seja a comunidade de maneira geral. O Sesc em São Paulo conta, hoje com 33 centros culturais e esportivos, e uma dessas Unidades é o Centro de Férias Sesc Bertioga. As ações do Sesc Bertioga estão pautadas no favorecimento do convívio social, no respeito às diferenças, no fortalecimento das relações Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 631 humanas e na aproximação de propostas que conduzam o acesso a bens culturais necessários para a promoção da qualidade de vida dos participantes. Quando de sua criação em 1948, para garantir o acesso à água potável, foi necessária a construção de infraestrutura específica para captação e transporte de água, construindo-se então a rede adutora com cerca de 5.800 m de extensão. Este artigo relata a sistematização do roteiro Trilha d´água, que utiliza para fins turísticos e educativos, o acesso de manutenção da captação de água do Sesc Bertioga. Com essas ações promovidas acredita-se fortalecer a missão da instituição onde educação e cultura, convergem para a transformação social, por meio de iniciativas socioeducativas, em prol da edificação de uma cultura de sustentabilidade. 2. Metodologia Este artigo foi desenvolvido a partir de da análise das percepções de técnicos do Sesc SP, tanto do Sesc Bertioga, quanto da Administração Central do Departamento Regional do Sesc em São Paulo, referentes às atividades turísticas e educacionais realizadas em trechos da adutora do Centro de Férias “Ruy Fonseca” Sesc Bertioga, materializado na definição de um roteiro específico para a trilha em questão. Em paralelo a estas análises, foi realizada consulta ao acervo institucional (acervo histórico, materiais de mediação, vídeos, entrevistas, relatos de atividades, etc), que norteou o desenvolvimento do contexto histórico da instituição, assim como da unidade de Bertioga, seus equipamentos e equipes envolvidas no desenvolvimento de atividades de turismo social e educação para sustentabilidade. Complementou-se a pesquisa por meio de revisão bibliográfica para fortalecer, e ratificar a importância e a necessidade de processos permanentes de planejamento, estruturação, execução e análise das atividades realizadas em trilhas interpretativas, especificamente na Trilha d´água. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 632 3. Resultados e discussão 3.1 O Serviço Social do Comércio - Sesc O Sesc foi criado em 1946, no dia 13 de setembro, pelo Decreto-Lei N° 9.853, em que o Presidente Eurico Gaspar Dutra autoriza a Confederação Nacional do Comércio a criar o Serviço Social do Comércio - Sesc. Entre os anos de 1947 – 1949 a instituição expandiu, quando foram instaladas suas primeiras unidades executivas em diversos estados brasileiros, que ao longo dos anos se transformam em Departamentos Regionais. Nesta época foi criado, hoje o denominado, Regional São Paulo e inaugurada uma das primeiras colônias de férias na unidade de Bertioga, litoral paulista. A ação do Sesc é fruto de um sólido projeto cultural e educativo que trouxe, desde sua criação, a marca da inovação e da transformação social. Ao longo dos anos, o Sesc inovou ao introduzir novos modelos de ação cultural e sublinhou, na década de 1980, a educação como pressuposto para a transformação social. Hoje, com 67 anos, a instituição é testemunha de momentos históricos do país, moldando conceitos e ideias que culminam no momento atual que adota a transformação como tema, respeitando o princípio do acolhimento e ação propositiva. 3.2 Sesc SP No Estado de São Paulo, o Sesc conta com uma rede de 33 unidades, em sua maioria centros culturais e desportivos. Cada unidade dispõe de uma programação diferenciada com intuito de agregar cultura, esporte, lazer, cidadania em um processo de educação permanente. Oferece também atividades de turismo social, programas de saúde e de educação ambiental, programas especiais para crianças e terceira idade, além dos pioneiros: Mesa Brasil Sesc São Paulo, de combate à fome e ao desperdício de alimentos, e Internet Livre, de inclusão digital. O Sesc SP desenvolve ação de educação não formal e permanente com intuito de valorizar as pessoas ao estimular a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 633 autonomia pessoal, a interação e o contato com expressões e modos diversos de pensar, agir e sentir. Promovida pela Unesco, a Educação Permanente incentiva a criação de novos programas pautados pela cultura de paz e pela convivência entre as diferenças. Menos formais e mais abrangentes do que a escola, estes programas focaram sua ação na família e na comunidade, e desenvolveram novas metodologias de ação social, atendendo a um público heterogêneo e cosmopolita, incluindo diferentes faixas etárias, origens sociais, condições financeiras, línguas e culturas. Desde a criação da Unesco, na década de 40, a Organização das Nações Unidas tem enfatizado que os valores humanos de uma sociedade são construídos por um processo contínuo de educação, integrados à ciência e à cultura (SILVA, 2011). A ação educativa permanente que caracteriza a instituição apoia-se em valores éticos, democráticos e humanistas, que preconizam o respeito à diversidade cultural, a formação para a autonomia e a interação a partir do contato com diversos modos de pensar, agir, sentir e se expressar. O compromisso com o ambiente no Sesc SP traduz-se na promoção de programas e projetos na área de educação para a sustentabilidade, no que tange as ações tanto para público interno quanto externo, bem como na discussão e adoção de medidas estruturais nos seus equipamentos, como a conservação e recuperação de porções de Mata Atlântica em algumas de suas unidades, além da a adequação de suas instalações de forma a mitigar os impactos ambientais da ação humana. Essa missão, somada à demanda crescente de diversos setores da sociedade em relação à necessidade de incorporação da responsabilidade socioambiental, principalmente nos últimos 20 anos, fez com que a instituição realizasse um conjunto significativo de ações de sensibilização e de conservação em algumas de suas unidades, bem como de adequação de suas instalações de forma fortalecer seu compromisso com a conservação ambiental. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 634 O Sesc SP tem ampliado sua atuação neste campo, por meio da adoção de programas permanentes de atendimento ao público, da ampliação de equipes com perfil voltado à educação para a sustentabilidade de modo a fomentar ainda mais suas ações nesse campo. Tais compromissos com o ambiente também podem ser evidenciados em trabalhos de gestão ambiental em suas unidades como, por exemplo, o programa Lixo: Menos é Mais, ação institucional de gestão de resíduos. Fomentar uma nova mentalidade de inter-relação e aliança entre natureza e cultura, estimulando a participação crítica e criativa no processo de fortalecimento de modos de vida mais sustentáveis balizam os fundamentos da educação para a sustentabilidade no Sesc SP, e que no âmbito da ação educativa pode se traduzir na realização de dinâmicas educativas diversas oficinas, seminários, no atendimento mediado em exposições e instalações lúdicas, nas intervenções artísticas, ou seja, em diferentes modos de criação e expressão, que possuem na sua essência uma intencionalidade educadora. Tratar do modo de vida das sociedades contemporâneas não é tarefa simples, o que coloca para a educação desafio fundamental no enfrentamento do tema, significando estudo e produção de conhecimento acessível a todas as populações. Para tanto é necessária uma abordagem do conhecimento de maneira coletiva, fundamentada em valores socioculturais, determinada por uma conjuntura de forças e inter-relações presentes nos modelos de sociedade em que vivemos. Deste ponto de vista da construção do conhecimento está implícito no processo educativo o caráter socioambiental, em que o estudo do ambiente é uma das principais condições de aprendizado. Nesse sentido, a atuação da instituição, além de qualificar o tempo de lazer dos trabalhadores em seus equipamentos, projeta-se no campo dos valores e da transformação social, pois se volta para as questões de cidadania e para a sustentabilidade por meio de diversas estratégias educativas, destinadas aos mais variados perfis de público. Devido à multiplicidade de aspectos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 635 relacionados ao campo da sustentabilidade, uma característica marcante da ação da instituição no que se refere às questões de educação para a sustentabilidade, versa sobre a necessidade de sustentar espaços de interlocução entre diversas áreas, fortalecendo a agenda socioambiental de forma transversal. É a partir da integração das múltiplas dimensões da sustentabilidade – ecológica, social, ética, cultural, econômica, espacial e política – ao desenvolvimento das ações institucionais que se pode potencializar a participação efetiva na proteção, recuperação e melhoria das condições ambientais e de qualidade de vida (SESC SP, 2013a). A área de Educação para a Sustentabilidade está baseada em um conjunto de princípios e objetivos que orientam ações educativas, tendo como referência a formação para a cidadania e a responsabilidade com o ambiente, seja de caráter interno, seja na ação voltada ao público frequentador de suas unidades. A área de Turismo Social do Sesc SP é orientado por cinco princípios norteadores: democratização do acesso ao turismo, protagonismo dos participantes, a educação pelo turismo, a educação para o turismo e operacionalização ética e sustentável. 3.3 O Município de Bertioga - SP Muito antes da chegada dos colonizadores a região de Bertioga, essa era ocupada por grupos nativos, sendo primeiro os sambaquieiros, mais tarde os tupi. Uma das explicações para a origem do nome Bertioga é ser uma corruptela da denominação da região pelos tupiniquim: Burikioca, “a casa do macaco grande”. O macaco grande era uma referência ao macaco muriqui, ou mono carvoeiro (Brachyteles arachnoides) e sua grande ocorrência na área, na época. Os tupiniquim eram os povos indígenas nativos, que habitavam a região na época da colonização portuguesa e se dirigiam às proximidades para coletar frutos do mar, porém não eram moradores fixos (IBGE, 2013). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 636 Bertioga foi palco de eventos relevantes da história brasileira nos primórdios da colonização portuguesa. Abrigou a primeira fortificação militar do país construída com planta real e em alvenaria, o Forte de São Tiago (hoje Forte São João); testemunhou inúmeras batalhas entre os tupiniquim e seus aliados portugueses contra os tupinambá; aquartelou o alemão Hans Staden que descreveu em livros e xilogravuras seus nove meses de vida como capturado dos tupinambá; recebeu José de Anchieta e Manoel da Nóbrega; presenciou a saída de Estácio de Sá, que fundou a Vila de São Sebastião do Rio de Janeiro; alojou uma grande armação de baleias no século XVIII; e viu a urbanização se desenvolver e seus loteamentos e condomínios espraiarem-se ao final do século XX (CASTRO, 2010). No fim da década de 1940 o Sesc SP criou a Colônia de Férias Ruy Fonseca e em seu Relatório Anual de atividades 1947 (apud. SESC SP, 2008) a Praia de Bertioga é descrita como: ... um dos mais belos e aprazíveis recantos do litoral Paulista – distante apenas uma hora e meia de Santos – que por sua vez tem fácil acesso a São Paulo, ponto de convergência de todo o Estado... um dos lugares mais salubres do litoral paulista com um coeficiente mínimo para não dizer nulo de casos de impaludismo [malária]... Na década de 1950, por causa do crescimento do turismo na região, foi dado início ao processo de melhoria de acesso à região com a construção da estrada estadual SP-61 que corta a porção norte da ilha de Santo Amaro (Guarujá) e termina no Canal de Bertioga. Assim, a ligação aquática feita por balsa tornou possível maior afluxo de turistas em Bertioga atraídos pela natureza e extensas praias conservadas. Nas décadas de 1950 e 1960, foram implantados diversos loteamentos em Bertioga, começando a grande especulação imobiliária para a construção de casas de veraneio (MARTINS et al., 2008). A partir de 1980, com a construção da Rodovia Rio-Santos e, posteriormente da Mogi-Bertioga, intensificou-se o interesse pela comercialização de terras, em forma de loteamentos turísticos (SOUZA, 2008). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 637 Bertioga, antes de ser município, em 1943, foi anexada pelo Governo de São Paulo à cidade de Santos. Elevada a subprefeitura e depois distrito, em 1991 se realizou um plebiscito onde se votou por sua emancipação. Em 1992 ocorreram as primeiras eleições municipais e em 1993 o primeiro prefeito tomou posse (CASTRO, 2010). Ao se considerar a história de Bertioga como município independente, pode-se caracterizá-la como uma “cidade adolescente”. 3.4 Sesc Bertioga – Da Colônia de Férias ao Centro de Férias O Sesc Bertioga é considerado a primeira Colônia de Férias brasileira com instalações próprias. Serviu como modelo para centenas de similares em todo o país e América Latina (SESC SP, 2013b). O Relatório Anual de atividade do Sesc SP de 1947 (apud. SESC SP, 2008) trata da motivação para a criação da Colônia de Férias Ruy Fonseca: Compreendendo a grande necessidade que tem todo trabalhador de um repouso anual para a recuperação das energias gastas no árduo quotidiano – e considerando, outrossim, que esse repouso anual, hoje universalmente reconhecido como um direito – deve ser o quanto possível proporcionado ao beneficiado em lugar diverso e em clima diferente daquele em que o mesmo trabalha – e por outro lado verificando que as condições econômicas do comerciário raramente lhe permitem fazer face às grandes despesas de viagens e hospedagem cujos preços são hoje elevadíssimos como decorrência natural da carestia geral – deliberou o Conselho Regional do Sesc a instalação de uma colônia de férias. Seu maior mérito foi inserir no cotidiano dos trabalhadores a questão do tempo livre, numa época em que poucas pessoas se davam conta da importância desse aspecto para o bem-estar e o desenvolvimento social e cultural dos indivíduos (SESC SP, 2013b). Inaugurada em 30 de outubro de 1948, o Sesc Bertioga é uma das marcas do pioneirismo da instituição, testemunha do constante amadurecimento institucional e conceitual. O constante processo de transformação e amadurecimento faz-se notar não somente nas ações Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 638 educativas desenvolvidas, mas também na denominação da unidade que, incialmente era “Colônia de Férias”, hoje chama-se “Centro de Férias”. As características de sua localização, no sopé da Serra do Mar, com área verde preservada de aproximadamente 330 hectares dividida em cinco glebas, conferem ao Centro de Férias uma vocação natural para o desenvolvimento de ações socioambientais, em que aspectos da biodiversidade e da cultura local são abordados em forma de passeios, vivências e oficinas que estimulam a compreensão da importância das inter-relações entre ambiente e sociedade. Outras linguagens também são contempladas nas diversas atividades propostas: desenvolvimento físico e esportivo, atividades artísticas como apresentações musicais, teatrais, literárias, artes plásticas, dança, oficinas na área da saúde e alimentação, entre outras. Com essa multiplicidade de temas, o Sesc Bertioga oferece aos hóspedes a possibilidade de aliar férias, descanso e divertimento a conteúdos educativos. A programação busca também integrar públicos de faixas etárias diversas, em um ambiente agradável e prazeroso de convivência (SESC SP, 2013b). O Sesc Bertioga evidencia o caráter socioeducativo do Sesc SP, ao gerar opções de lazer, cultura e educação para todos os públicos, em diversas faixas etárias e estratos sociais, envolvendo hóspedes, visitantes e comunidade local, tendo como valores o respeito, a humanização da sociedade, a democratização do acesso, a transformação, o respeito a todas as diferenças e tendências e a sustentabilidade. 3.5 O Centro de Educação Ambiental - CEA do Sesc Bertioga Em 2008 o Sesc Bertioga criou o Centro de Atividades Ambientais – CAA. O espaço foi concebido para servir de referência às atividades ambientais com hospedes e grupos de escolares e tinha por missão, apresentar por meio de elementos cenográficos e expográficos uma caracterização socioambiental da região de Bertioga. Tal espaço surgiu com o objetivo de sensibilizar, informar e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 639 promover vivências socioeducativas que provoquem a compreensão e a interação com as questões socioambientais, tanto no que diz respeito à caracterização natural da região, como no que tange aos processos de interação da cultura local com este ambiente. Na época, o CAA contava com uma equipe composta por três pessoas. Com experiência na área socioambiental e com formações variadas, estes profissionais se dedicavam a receber grupos de escolares em roteiros ambientais, além de hóspedes do Centro de Férias que visitavam o espaço e tinham contato com os conteúdos ali expostos, participavam de oficinas, vivências e outras atividades. Além dessas propostas, alguns passeios com hóspedes eram realizados, com o propósito de apresentar a paisagem local, tendo sempre como base os princípios de uma educação ambiental crítica e problematizadora. Os chamados recursos cenográficos, expográficos, elementos lúdicos e a mediação específica, desenvolvidos animavam as atividades de sensibilização e formação, sempre tendo como norte pressupostos como responsabilidade com o local, respeito à diversidade ambiental e cultural, interação, participação, transversalidade e ludicidade. Com o passar do tempo, já em meados de 2010, a ação educativa se ampliou, assim como, a equipe técnica especializada que passou de três profissionais das áreas de ciências biológicas e agrárias para sete profissionais de diferentes áreas (biologia, engenharia florestal, pedagogia, geografia e história), cujas experiências em ações socioeducativas contribuem diretamente para o caráter multidisciplinar do Centro, além de possuir estratégias de sustentabilidade, que buscam múltiplas abordagens e diferentes dimensões. Estes profissionais são os Agentes de Educação Ambiental do Sesc Bertioga. A partir de então, com a ampliação da equipe técnica, e mais ainda, com a reconfiguração conceitual do espaço, hoje, a estrutura denomina-se Centro de Educação Ambiental - CEA, que pauta-se pelo tema vocativo “Entre a Serra e o Mar” e constitui-se como um espaço que trata a Educação Ambiental como produção de conhecimento com foco na realidade local, promovendo diversos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 640 programas educativos. As experiências oferecidas pelo CEA resultam em ações dentro e fora da unidade. As ações são realizadas tanto em uma instalação própria (composta de acervos, painéis, tanque de toque, núcleo baleia, núcleo ancestral da baleia, núcleo do lixo, maquetes e materiais, espaço de leitura) quanto em outros espaços do Sesc como o viveiro, áreas ajardinadas, o mirante, a praia, estações de tratamento de água e esgoto, lago e casa do caiçara. O CEA elabora e realiza roteiros para atendimento de públicos diversos como os escolares, hóspedes e visitantes, considerando faixas etárias, linguagem e níveis de interesse, orientados pelos seguintes temas: “Água”, “Povos do litoral”, “Biodiversidade” e “Caminhos da Sustentabilidade”. Além dos roteiros, o CEA oferece atividades que atendem a comunidade local como cursos, encontros, capacitações e formações que possibilitem a difusão de valores e atitudes incentivando a relação harmoniosa entre indivíduo e meio, fomentando o sentido de apreço para o local onde se vive. Todavia, essa equipe técnica (Agentes de Educação Ambiental) é responsável pelo planejamento, mediação e avaliação das ações educativas, e pelo desenvolvimento de projetos e programas específicos. As propostas educativas do CEA se firmaram no sentido da construção dos chamados Cardápios de Aprendizagem, que segundo Tonso (2005), podem ser definidos como elenco de atividades que não se limita à questão técnica e objetiva de oferecer informações. Devem propor atividades que tragam à memória a história de cada pessoa, desenvolvendo sentido lúdico, afetivo e estético. O cardápio deve representar a cultura da região na qual está inserido e conter itens: informativos (que tragam informações, conteúdos e diferentes tipos de conhecimentos necessários para fazer com que o participante construa um repertório mínimo que permita participar de modo ativo nas questões socioambientais de sua região) e formativos (que proporcionem a construção de metodologias, valores, percepções e atitudes do próprio educador em formação). Da mesma forma, deve oferecer atividades que permitam o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 641 desenvolvimento do senso estético e ético, e que ajudem o mediador a atuar de modo cooperativo, crítico e como produtor de autonomia no grupo que esta conduzindo. A elaboração de tais cardápios, assim como, a criação de um tema vocativo (Entre a Serra e o Mar) aliado a um plano educativo, motivou a equipe a compreender que a missão desse espaço estaria alinhada aos princípios de um Centro de Educação Ambiental - CEA. Nesse sentido, recorremos a Silva e Sorrentino (2003), e ao entendimento de que os CEAs podem ser definidos como: locais distintos e singulares, que possuem espaços e equipamentos específicos para a promoção de atividades diversas no campo da Educação Ambiental – EA (desde a simples disponibilização de informações até a organização e mobilização comunitária visando sua efetiva participação política). Além disto, devem possuir equipe educativa e desenvolver seu próprio Projeto Político-pedagógico – PPP, objetivando enfatizar seu caráter demonstrativo (tecnologias apropriadas em seus espaços, exemplificação cotidiana do seu discurso proferido), sensibilizador e de referência local/regional no campo da EA. As ações que o CEA do Sesc Bertioga desenvolve, são integradas ao Programa de Turismo Social do Sesc SP. Com a criação de um Centro de Educação Ambiental ampliou-se a prática de promover outras formas de fazer o turismo social pensando a sustentabilidade como eixo. 3.6 Água potável e a Adutora Com a implantação da Colônia de Férias Ruy Fonseca, surgiu a necessidade de acesso à água potável. O Relatório Anual de atividade do Sesc SP de 1947 (apud. SESC SP, 2008) relata que “o serviço de captação natural de água potável exigiria um trabalho de 10 meses”. Este trabalho consistia na implantação do sistema de captação de água no córrego Gaxanduba, no sopé da Serra do Mar, até o interior da Colônia. Para tanto foram implantadas: reentrância no curso da água para captação da água do leito do rio, tanques de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 642 movimento, adutora (aproximadamente 5.800 m), filtros e depósitos de tratamento, além de torres de distribuição. Para a instalação da adutora foi implantada tubulação que, em sua maior parte é subterrânea, apresentando trechos onde esta é suspensa em blocos de concreto, chegando a possuir trecho em pontilhão sobre o leito do próprio rio Guaxanduba, assim como trecho submerso ao cruzar o Rio Itapanhaú. O maior trecho, todavia, é subterrâneo e possui duas situações distintas: 1) tubulação implantada em valas exclusivamente abertas para este fim, sendo posteriormente recobertas por terra; 2) realização de aterro específico em áreas alagadas e manguezal, onde posteriormente foram abertas valas para acomodar a tubulação, sendo posteriormente recobertas por terra. O Sesc SP possui outorga para captação de água e utilização da adutora para fins turísticos de acordo com o Decreto Estadual nº 41.258 de 01/11/1996, da Portaria do DAEE 717 de 12/12/96 e do parecer técnico da Diretoria de Bacia do Alto Tietê e Baixada Santista, inserto no autos DAEE 9 904 280 que define (SÃO PAULO, 2009): Fica o SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO – SESC ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO [...], autorizado a utilizar e interferir em recursos hídricos, no Sesc Bertioga [...] para fins de passagem de pedestres e adutora [...] no Córrego Gaxinduva24. 3.7 A Trilha d'água A utilização de trilhas em atividades do Sesc Bertioga foi, desde sempre uma constante. Há relatos da utilização de trilhas na ação educativa e de lazer no Sesc Bertioga que remontam à década de 50. A Trilha d'água efetivamente passou a ser utilizada com fins turísticos e educacionais na década de 90. A definição do percurso, anteriormente usado exclusivamente de acesso de manutenção da captação de água, se deu em trecho de aproximadamente 24 O Córrego [rio] Guaxinduva apresentou três grafias distintas nos documentos consultados, sendo: Guaxanduba, Guaxanduva e Guaxinduva. Para este artigo optou-se pela utilização da terminilogia Guaxanduba. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 643 2.700 m (ida) dos 5.800 m da adutora inserido em área natural em excelente estado de conservação, estendendo-se pela planície costeira e início da encosta da Serra do Mar. A mesma tem início na travessia, em barco, do rio Itapanhaú, o maior da região e com influências da maré ainda neste trecho, seguido de caminhada que cruza ecossistemas como manguezal, floresta de transição, mata paludosa, mata ciliar e floresta de encosta. Além da beleza cênica da paisagem (entre a serra e o mar) e da ampla gama de ecossistemas caraterizados pelas várias espécies da flora local, o percurso apresenta significativa diversidade de espécies da fauna. De acordo com alguns estudos da Lentz Meio Ambiente (2011), a área da Gleba V (onde se encontra a captação de água) e seu entorno tem registro de 264 espécies de vertebrados silvestres, sendo: 18 mamíferos, 163 aves, 34 repteis, 49 anfíbios considerando-se os dados obtidos em campo e dados secundários existentes. O contexto histórico e cultural também é relevante por conter elementos importantes para a história de toda a região. Aproximadamente, após dois terços do percurso de ida, atravessa-se um trilho de bonde que é o acesso à Usina Hidrelétrica de Itatinga. 3.8 Usina Hidrelétrica de Itatinga A Usina Hidrelétrica de Itatinga, na cidade de Bertioga, na região metropolitana da baixada santista, foi construída para alimentar o Porto de Santos e todo o complexo portuário que o envolve. Isolada na Mata Atlântica, encravada a 1.200m da Serra do Mar, ela apresenta particularidades que estacionaram no tempo e que viraram referência de vida e de trabalho no local. Na Itatinga, como a chamam seus moradores, ou “pedra alta”, como a batizaram seus primeiros habitantes indígenas, há uma queda d’água de aproximadamente 750 m de altura, ladeada por pedras, e de lá se avista toda a cidade de Bertioga e parte da cidade do Guarujá. Essa queda é do rio Itatinga, que nasce no topo da Serra do Mar, no município de Bertioga, região chamada Sertão dos Freires, divisa com a cidade de Mogi das Cruzes (SILVA, 1999). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 644 A história da Hidrelétrica de Itatinga começa em 1903, com a aquisição de parte da Fazenda Pelaes, no sopé da Serra do Mar, em Bertioga, pela Companhia Docas de Santos, então concessionária dos serviços portuários. Sua construção teve início em 1906 e a inauguração ocorreu em 10 de outubro de 1910. Uma das maiores e de maior altura em queda d’água, no Brasil daquela época, a hidrelétrica destinava sua energia para todas as instalações do Porto de Santos - até então movimentado por máquina a vapor - que ia do porto à iluminação do cais, armazéns, escritórios e oficinas. No decorrer dos anos a Usina chegou a fornecer energia aos municípios mais próximos, na Baixada Santista. Hoje, a Usina mantém serviços do Porto de Santos e cerca de setenta consumidores particulares estabelecidos na área portuária. Com a Eletropaulo a Companhia Docas do Estado de São Paulo mantém um contrato de mútuo fornecimento de energia elétrica. Isso significa que a Eletropaulo absorve toda a energia excedente gerada em Itatinga, e fornece suplementação nas ocasiões de redução de carga, manutenção, e outros investimentos de ordem estrutural. Para garantir uma infra-estrutura aos funcionários da Usina Hidrelétrica, foi planejada e construída uma vila com cerca de 100 casas, uma mercearia, cinema e salão de festas, uma escola de ensino básico, um campo e um clube de futebol, um posto médico e a igreja de “Nossa Senhora da Conceição”. Para se chegar a ela é necessário atravessar o Rio Itapanhaú e percorrer sete quilômetros de estrada de ferro, mata adentro. Por isso, os dois únicos meios de transporte são o barco e os bondes (um elétrico, para transporte leve, e um a vapor, para serviços pesados), construídos especialmente para o acesso ao local (SILVA, 1999). Por se tratar de uma área de segurança, todas as visitas devem ser feitas com autorização da Codesp - Companhia Docas do Estado de São Paulo, e com monitoria especializada. Além do contexto histórico do trilho do bonde, hoje ele marca a “fronteira” entre os dois parques estaduais em Bertioga. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 645 3.9 Os Parques Estaduais em Bertioga Bertioga está entre os municípios que possuem a maior cobertura vegetal proporcional de Mata Atlântica em todo o Estado. Seu território comporta grande biodiversidade e abriga o último grande remanescente de vegetação de restinga da Baixada Santista (PÓLIS, 2012). Cerca de 72% da área do município estão integrados ao Parque Estadual da Serra do Mar, criado em 1977 e ao Parque Estadual Restinga de Bertioga, criado em 2010. Somam-se a essas iniciativas a criação da área de Proteção Ambiental (APA) Estadual Marinha Litoral Centro e a criação de quatro Reservas Particulares do Patrimônio Natural por iniciativa de proprietários particulares. A trilha objeto deste artigo tem seu traçado percorrendo áreas de ambos os Parques Estaduais: Serra do Mar e Restinga de Bertioga. 3.10 Interpretação ambiental Tendo em vista o potencial que a trilha d'água apresenta devido à sua riqueza ecológica e cultural, fica evidente sua vocação como ferramenta de interpretação ambiental. Cabe então ressalta que, segundo Tilden (apud IKEMOTO et al, 2009) a Interpretação Ambiental é: [...] uma atividade educativa que se propõe revelar significados e inter-relações por meio de uso de objetos originais, do contato direto com os recursos e de meios ilustrativos, em vez que simplesmente comunicar informação literal. Neste sentido, em 2010, foi elaborada uma proposta de roteiro que para Raimundo (2010): [...] teve como grande objetivo a interpretação ambiental do Sesc-Bertioga criando um conjunto de meios de interpretação visando a sensibilização aos hóspedes sobre os recursos hídricos encontrados no interior e entorno do equipamento: a produção de água na natureza, sua contribuição na produção Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 646 das paisagens litorâneas e a necessidade de sua conservação e uso adequado pela sociedade. Esta proposta norteou a sistematização do roteio da Trilha d’água, principalmente no que diz respeito aos conteúdos abordados durante a atividade e a sensibilização dos participantes quanto às questões socioambientais. 3.11 Série Passeios/Vivências Ambientais Os roteiros dessa Série Passeios/Vivências Ambientais, são desenvolvidos fora das áreas do Centro de Férias Sesc Bertioga e são conduzidas, em sua maioria, pelos Agentes de Educação Ambiental. Estes profissionais mediam as atividades enfatizando aspectos técnicos e históricos. Como forma de preencher a lacuna da vivência na região, o Agente de Educação Ambiental é acompanhado, em cada um dos passeios, por um Monitor Ambiental ligado à Associação de Monitores Locais de Bertioga - AMOLB. Tal acompanhamento está de acordo com o artigo 3º da Lei Municipal Ordinária nº 327 de 09 de fevereiro de 1.999 (BERTIOGA, 1999): Art. 3º Todas as atividades de ecoturismo, em especial as excursões em grupos, por via terrestre ou aquática, somente poderão ser realizadas em trilhas cadastradas pela Secretaria de Meio Ambiente e acompanhadas com monitores credenciados pela Prefeitura. Além de dinamizar as atividades, esse acompanhamento vem de encontro com as Diretrizes para os Órgãos Gestores de Unidades de Conservação (MMA, 2006) na: Promoção e fortalecimento da participação e coresponsabilidade dos atores interessados no planejamento e gestão da visitação [...]; Envolvimento da sociedade local no processo de elaboração dos instrumentos interpretativos; E apoio à capacitação da sociedade local e regional para a sua participação efetiva nas atividades econômicas relacionadas com a visitação na Unidade de Conservação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 647 Estes monitores são moradores da cidade que vivenciaram as mudanças do município no decorrer dos anos, e esta experiência enriquece sobremaneira o discurso sobre o local, sendo este relatado por aqueles que efetivamente pertencem a ele. De acordo com Ikemoto (2008): [...] essa visão não se detém simplesmente à paisagem, mas é acompanhada da compreensão da área à partir de seus uso histórico. Como presenciaram o processo de ocupação, percebem a área como uma floresta já alterada pelo homem e passível de degradação, e não como local inatingível, intocado. Além disso, reconhecem e valorizam a área pela sua relevância histórica, cultural e natural ao município, sendo parte da identidade do morador local. Seguindo com a elaboração dos Cardápios de Aprendizagem, um dos itens desse Cardápio, são as atividades de nome Série Passeios/Vivências Ambientais, que buscam aproximar as pessoas dos ambientes naturais, onde é possível perceber que a natureza tem seus próprios valores econômicos que atribuímos à sua biodiversidade. Estes roteiros foram elaborados tendo como cenários a pluralidade das paisagens de Bertioga (SESC SP, 2011), e a realidade socioambiental e cultural da região, possibilitando experiências de aprendizagem organizadas de modo a captar os significados do lugar, entender o seu processo histórico, valorizar sua riqueza cultural e estabelecer relações da região visitada com sua região de origem, levando o visitante a percebê-la como um patrimônio ambiental, histórico e cultural, possibilitando, assim, uma contribuição ativa na sua conservação. Além disso, para a maioria dos passeios, foram gerados livretos com informações básicas relevantes, como estratégia de mediação. Para definição dos roteiros propriamente ditos, todas as atividades foram sistematizadas com a finalidade organizar os procedimentos, as ideias e as informações disponibilizadas. Ação, que contou com a participação direta do Monitor Ambiental Local, teve como base a definição de procedimentos necessários para a boa condução das atividades como: espaço para falas interpretativas e estímulos a experiências e das definições de: horário Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 648 adequado para sua execução; duração da atividade; meios de deslocamento e grau de dificuldade (caminhada, passeio de barco, city tour, etc.) e objetivos gerais e específicos. Os roteiros que compõem a Série Passeios/Vivências Ambientais são: • Biodiversidade das Águas de Bertioga: Passeio fluvial, realizado em embarcação tipo escuna, que sai das proximidades do Forte São João, onde o visitante tem contato com as riquezas do ambiente natural de Bertioga como: o manguezal, além de fatos e curiosidades sobre a importância histórica da região no processo de colonização do Brasil (a armação de baleias, o forte São João, ruínas e construções do séc XVI). • Alvorada nas Águas: Passeio fluvial, realizado em embarcação tipo escuna, onde o visitante tem a possibilidade de contemplar a aurora a partir da entrada do Canal de Bertioga, além de conhecer um pouco da história do local, lendas e mitos indígenas sobre a água e o Sol, além de curiosidades sobre os diversos ecossistemas encontrados às margens do canal e do rio Itapanhaú. • Tesouros de Itaguaré: A praia de Itaguaré guarda muitos tesouros: a bela foz do rio que dá nome à praia; a grande diversidade de fauna e flora em um raro ecossistema; as paleopraias, que trazem consigo segredos de um passado remoto. Neste passeio, o visitante é convidado a conhecer todas essas riquezas e muitas outras, caminhando por trilhas sinuosas, sombreadas por diversos tons de verde. • Expedição Náutica: Passeio realizado à bordo de canoas canadenses e/ou havaianas, conhece-se o rio Jaguareguava, onde são apresentadas as belezas da Mata Atlântica e suas particularidades, com destaque para o movimento das marés, as florestas ciliares e sua importância para a manutenção do equilíbrio entre rios, pescadores locais e a vida aquática. • Bertioga: História e Poesia: É um convite para um passeio pela história e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 649 poesia brasileira por intermédio dos patrimônios e paisagens de Bertioga. Durante a atividade aborda-se a relevância da história de Bertioga dentro do contexto do Brasil Colônia em visitas ao Parque dos Tupiniquins, Forte de São João. Intervenções poéticas dão o tom de lírico ao passeio. • Expedição Guarani: Muito do que sabemos da cultura indígena nos chega de forma distorcida. Neste passeio realiza-se uma visita à Aldeia Indígena do Rio Silveiras, localizada a aproximadamente 30 km do Sesc Bertioga, onde pode-se perceber que muito dos nossos costumes são, na realidade, heranças desses povos, como o simples fato de tomarmos banho diariamente. • Histórias do Cantão do Indaiá: Passeio histórico literário ao Cantão do Indaiá, em que o visitante pode apreciar a paisagem da Mata Atlântica, as belezas do costão rochoso e a história deste local, onde passaram grandes nomes de nossa literatura, entre eles, Vicente de Carvalho, Euclides da Cunha e Mário de Andrade. • Bertioga e o Mundo das Baleias: Esta atividade inicia-se em quiosque com a ossada de baleia Minke (Baleanoptera acutorostrata), onde há uma fala sobre a biologia das baleias e a história daquela ossada ali em exposição. Na sequência os visitantes embarcam no ônibus que os conduzirá até o Parque dos Tupiniquins, onde, sobre o forte São João, observarão reminiscências da armação de baleias, local onde era feita a manufatura das baleias para a produção do óleo. Trata-se da utilização deste produto, sua importância para um dos ciclos econômicos de Bertioga, assim como o histórico da atividade baleeira e a atual situação da conservação das baleias. • Histórias da Gente: Momentos no Sesc Bertioga: Este passeio, realizado dentro do Centro de Férias, proporciona aos participantes conhecer parte da história do Sesc Bertioga através de suas edificações e os eventos históricos que ajudaram a construir esta história. Esta atividade é interativa Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 650 e depende diretamente da participação dos visitantes. A atividade é finalizada com um vídeo depoimentos de funcionários do Sesc Bertioga. • Bertioga e seus Personagens: Em um passeio pela cidade de Bertioga, mostra-se que existem algumas ruas com nome de pessoas que tiveram importância na história da cidade e do país, entre elas personalidades conhecidas por muitos, e também algumas que não são tão conhecidas, mas que deixaram sua contribuição na história. • Trilha Jaguareguava: Esta atividade proporciona aos participantes o contato direto com o ambiente natural em um passeio por meio de uma caminhada em trilha, estimulando atitudes socioambientais mais responsáveis. Ao final os caminhantes tem a possibilidade de se banhar nas águas do rio Jaguareguava. • Trilha d’Água: A trilha, objeto deste artigo, percorre um trecho de aproximadamente seis quilômetros (ida e volta), em meio à Mata Atlântica e atravessa diversos ecossistemas, desde manguezais até a mata de encosta, onde se localiza a captação de água do Sesc Bertioga. Esta caminhada proporciona lazer, informação e conectividade com o ambiente natural. Os visitantes têm a oportunidade de conhecer de perto aspectos da biodiversidade local e da dinâmica das águas, com a possibilidade de banhar-se em uma cachoeira de águas cristalinas. Tendo em vista esse último passeio ser o objeto deste artigo, optou-se por apresentar na integra o resultado principal do processo de sistematização do roteiro (SESC BERTIOGA, 2011): Roteiro: Trilha d´Água Início: 08h30 Término: 12h30 Duração do passeio: 4h Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 651 Percurso a pé = aproximadamente 6 km Dificuldade: moderada Objetivo: Proporcionar oportunidades de interpretação da natureza pelo contato direto com a fauna e a flora que compõe a Mata Atlântica. Conhecer o processo de captação de água, na Serra do Mar, que abastece o Sesc Bertioga e a história da região, assim como das Unidades de Conservação no município. Equipamentos: coletes salva vidas; mochila com kit de primeiros socorros; protetor solar; repelente de insetos. 1. Recepção Verificação da lista de presença (confirmação dos nomes); - Agente de Educação Ambiental Acomodação do grupo no ônibus, uso do sinto de segurança e avisar dos 5´de tolerância; - Monitor Ambiental Saudação de Boas Vindas; - Agente de Educação Ambiental Apresentação do agente, monitor e motorista; - Agente de Educação Ambiental Orientações sobre o itinerário, local de destino, tempo de duração e horário de retorno; - Agente de Educação Ambiental Recomendações de se manter o grupo unido até o final do passeio para sua segurança e para ouvir as explanações; - Agente de Educação Ambiental Informá-los de que todos devem retornar juntos até a unidade; - Agente de Educação Ambiental Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 652 Recomendações e combinados (não fumar durante o passeio, desligar os aparelhos celulares/vibrar, não jogar lixo no ambiente, pertences pessoais – responsabilidade do visitante). - Agente de Educação Ambiental 2. Deslocamento do ônibus - Abordagens Apresentação da Estação de Tratamento de Esgoto – ETE; - Agente de Educação Ambiental Apresentação da comunidade do Mangue Seco – Palmares (história da ocupação humana e formação do bairro). - Monitor Ambiental 3. Chegada do grupo na margem do Rio Itapanhaú Auxílio da descida do grupo do ônibus; - Monitor Ambiental Alertar sobre a preocupação da postura individual, assim como sugerir que desliguem equipamentos que possam interferir na sonoridade do ambiente; Agente de Educação Ambiental Distribuição dos coletes; - Monitor Ambiental/Agente de Educação Ambiental Comentário sobre a antiga indústria de palmito; - monitor Comentário sobre a importância do rio Itapanhaú para a região e o seu significado (Ita-pedra, panha-mole; ú-preta); - Monitor Ambiental Travessia do grupo para a outra margem do Rio. Orientação sobre a travessia – permanência do grupo na outra margem. 3.1 A Trilha 1º - Manguezal Preparação do grupo para início da caminhada (uso de repelente, protetor solar e solicitação da permanência do grupo entre os monitores/agentes); - Monitor Ambiental Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 653 Orientar o grupo que a maior parte do percurso é realizada em cima da tubulação que conduz a água da Serra até a unidade Sesc Bertioga; - Agente de Educação Ambiental Explanação sobre a importância/conservação dos manguezais e suas adaptações ao meio (mangue branco, vermelho e preto); - Agente de Educação Ambiental Explanação sobre a fauna do manguezal (tipos de caranguejos, peixes, aves e mamíferos); - Agente de Educação Ambiental Explanação da utilização dos recursos naturais do manguezal pelo homem (coleta de caranguejos e mariscos, extração de substâncias do mangue vermelho para tingimento, etc.). - Agente de Educação Ambiental 2º - Transição (manguezal e mata paludosa) - Agente de Educação Ambiental Visualização do paredão Serra do Mar e explanação desta cadeia de montanhas (movimentos das placas tectônicas, separação do continente Africano e surgimento da Serra na costa brasileira); Explanação sobre o Parque Estadual da Restinga de Bertioga; Visualização e explanação sobre a transição da vegetação do manguezal e mata paludosa. 3º - Mata Paludosa - Agente de Educação Ambiental Ao entrar na mata, estimular a percepção sobre as diferenças climáticas (temperatura e umidade) e de vegetação (mata constantemente alagada com predominância de bromélias, palmeiras e caxetas); Explanação sobre as espécies pioneiras (quaresmeiras, manacás da serra, embaúbas, etc.). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 654 4º - Ponte Rio Guaxanduba - Agente de Educação Ambiental Na ponte, abordar sobre o Rio Guaxanduba (corredeiras do rio onde é captada a água do Sesc). 5º - Trilho de Itatinga - Agente de Educação Ambiental Explicação sobre o nome Itatinga, a história, data e a construção da Usina de Itatinga; Visualizar e comentar a divisão dos Parques da Serra do Mar e da Restinga. 6º - Mata de Encosta - Agente de Educação Ambiental Na subida da serra estimular a percepção da mudança do solo/relevo (afloramento rochoso). 7º - Entrada - área captação - Agente de Educação Ambiental Comentar sobre a área que compreende a captação do Sesc (inserida no Parque Estadual da Serra do Mar); Comentar sobre a futura RPPN Sesc Bertioga25; Visualizar e dialogar sobre características da flora local; Conduzir o grupo até a captação de água e explicar sobre o seu funcionamento; Pausa para descanso e utilização de sanitários. 8º - Parada para banho no rio Guaxanduba - Monitor Ambiental 25 RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural. Unidade de Conservação de uso sustentável. O Sesc SP deu início, em 5 de junho de 2012, ao processo de criação de uma RPPN de reconhecimento estadual na área denominada Gleba IV do Sesc Bertioga, no município de Bertioga/SP (processo Fundação Florestal 1150/2012) em conformidade com: Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000; e Decreto Estadual nº 51.150, de 3 de outubro de 2006. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 655 Recomendações gerais para a entrada no poço (profundidade, cuidados com as rochas escorregadias, etc.); 20 minutos de parada para banho no poço Guaxanduba. Retorno pelo mesmo trajeto. 4. Travessia de volta e retorno do ônibus Distribuição dos coletes para a travessia do rio; - Monitor Ambiental Travessia; Acomodação dos participantes no ônibus e conferência; - Monitor Ambiental Fechamento e considerações dos participantes (dúvidas, perguntas e sugestões); - Agente de Educação Ambiental Agradecimentos pela participação de todos; - Agente de Educação Ambiental Sugerir que os passageiros continuem acompanhando as atividades da programação; - Agente de Educação Ambiental Convida-los a visitar o Centro de Educação Ambiental; - Agente de Educação Ambiental Chegada e descida do grupo na marquise do Sesc Bertioga. 4. Conclusão Conclui-se que a sistematização do roteiro Trilha d´água fez parte de um processo amplo, que culminou no desenvolvimento da Série Passeios/Vivências Ambientais, e a posterior criação de materiais de mediação para suporte no desenvolvimento de atividades de interpretação ambiental em uma trilha com grande riqueza natural, histórica e cultural. Cabe ressaltar a afinidade das práticas de interpretação ambiental e animação sociocultural, que segundo Raimundo (2010), configuram-se como um conjunto Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 656 de técnicas que buscam engrandecimento cultural. Assim, tais práticas visam gerar novos tipos de conduta e interação social, levando o indivíduo à vivência cultural e ao questionamento de seus próprios valores. Por serem construídas em campos do conhecimento distintos, acabaram recebendo nomes diferentes. Animação vem de “anima” (alma) e, nessa abordagem, a animação sociocultural é trazer vida, ânimo, esperança, transgressão e mudança. Acredita-se que, não somente a Trilha d'água, mas a Série Passeios/Vivências Ambientais como um todo, consiste em um pertinente instrumento de leitura da paisagem, uma vez que os participantes tem a oportunidade de conhecer os diversos ambientes que compõe estes passeios. Busca-se desse modo, sensibilizar os participantes e demais atores envolvidos na realização dessas atividades quanto a necessidade de se enxergar como cidadão do mundo, assumindo plenamente responsabilidades para proteger, preservar e assegurar o acesso equilibrado aos bens naturais. Desse modo, entende-se que tais atividades desencadeiam processos educativos sobre a importância de construir novos modos de uso sustentável de recursos naturais, estes fundamentais para a garantia de qualidade de vida para a presente e futuras gerações, onde a proteção da biodiversidade é uma das premissas para esse processo de apreço e cuidado com o ambiente. Nesse contexto, entende-se que a responsabilidade com a conservação e a recuperação ambiental, e a formação de valores e atitudes para a cidadania planetária são os princípios que devem orientar um processo de educação socioambiental permanente, uma vez que para o Sesc SP, a atuação educativa voltada às questões ambientais projeta-se, necessariamente, no campo dos valores e da transformação social, pois pressupõe uma mudança global e progressiva em relação ao entendimento das relações de interdependência entre as culturas e os ciclos ecológicos que permitem a existência de todas formas de vida, numa perspectiva sistêmica e transversal. 5. Bibliografia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 657 BERTIOGA. Lei 327 de 9 de fevereiro de 1999. Dispõe sobre a atividade de Ecoturismo nas áreas de proteção ambiental do Município de Bertioga e dá outras providências. Disponível em http://www.bertioga.sp.leg.br/leis Acesso em 15/09/2013. CASTRO, C. E. História de Bertioga. VI Seminário Regional de Cidades Fortificadas e Primeiro Encontro Técnico de Gestores de Fortificações. Bertioga: Prefeitura Municipal de Bertioga, 2010. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Bertioga/SP. Rio de Janeiro, 2013. IKEMOTO, S.M. As trilhas interpretativas e sua relevância para promoção da conservação: Trilha do Jequitibá, Parque Estadual dos Três Picos (PETP), RJ. Dissertação. Rio de Janeiro. Universidade Federal Fluminense, 2008. IKEMOTO, S.M.; MORAES, M.G.; COSTA, V.C. Avaliação do potencial interpretativo da Trilha do Jequitibá, Parque Estadual dos Três Picos, RJ. Sociedade & Natureza, Uberlândia,21 (3): 271—287, dez. 2009. LENTZ MEIO AMBIENTE. 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À Gerencia de Programas Socioeducativos do Sesc SP – GEPSE, por meio de sua gerente Maria Alice Oieno de Oliveira Nassif e gerente adjunta, Flávia Roberta Costa, e as Assistentes Denise de Souza Baena Segura, Denise Minichelli Marçon, Leila Ichikawa, Denise Miréle Kieling, Sílvia Eri Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 659 Hirao e Cyneida Arantes Silva, que representam a coordenação dos programas Educação para a Sustentabilidade e Turismo Social, respectivamente. À Gerência do Sesc Bertioga, Marcos Roberto Laurenti e Débora Rodrigues Teixeira. À Coordenação do Setor de Programação do Sesc Bertioga Maria Augusta Araújo Damiati e à técnica do Núcleo Socioeducativo Marcela Oliveira Fonseca. Aos Agentes de Educação Ambiental Ana Emilia Cruz, Carla Cruz Loba, Rogério Wong e Viviane dos Santos. À Coordenação do Setor de Manutenção do Sesc Bertioga, Pedro Vilaverde Neto e seus técnicos José Lucas de Sousa Gonsalves, Luis Alvarenga, Renato Inácio Zampili e Roberto do Rosário Ferreira (Queijão). Ao historiador Carlos Eduardo Castro (Cadu). À Associação dos Monitores Locais de Bertioga - AMOLB. Ao Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Bertioga e Parque Estadual Restinga de Bertioga Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 660 GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural. PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE UMA TRILHA INTERPRETATIVA NA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA PURIS, NO MUNICÍPIO DE ARAPONGA, MINAS GERAIS Marcello Pinto de Almeida26 Marcos Vinícius Ribeiro de Castro Simão27 Resumo Palavras-chave: Trilhas Interpretativas; Educação Ambiental; Planejamento de Trilhas; Escola Família Agrícola. As trilhas interpretativas servem à Educação Ambiental como instrumento didático que possibilita a percepção, a sensibilização e a reflexão acerca dos elementos naturais presentes durante o seu percurso. O planejamento é etapa fundamental no processo de abertura de uma trilha e deve considerar as especificidades de cada local, permitindo, desta maneira, conciliar seu uso com a conservação dos recursos naturais. O presente trabalho teve como objetivo planejar e implementar uma trilha interpretativa em um remanescente de Floresta Atlântica, com aproximadamente 3 hectares, localizado nos limites da Escola Família Agrícola Puris, no município de Araponga, Minas Gerais. Primeiramente, realizou-se uma visita de reconhecimento no fragmento, onde foi feito um diagnóstico da área, buscando caracterizar a declividade do terreno, a presença de nascentes ou cursos d’água, a existência de animais ou plantas potencialmente perigosos ao público, entre outros aspectos. Posteriormente, realizou-se um levantamento das espécies vegetais do local, visando utilizá-las futuramente como pontos interpretativos durante o trajeto. Na etapa de abertura da trilha, priorizou-se a menor interferência possível no ambiente, para isso procurou-se valorizar os degraus naturais pelo caminho e as áreas menos declivosas, para evitar a perda de solo pela erosão. Como resultados dos levantamentos de campo foram identificadas 7 espécies arbóreas com potencial para se tornarem pontos interpretativos, além da presença de uma nascente. O trajeto da trilha totalizou 620 metros, 26 marcello.almeida@ufv.br Mestrando em Ciência Florestal (Bolsista CAPES) - Universidade Federal de Viçosa; 27 marcos.simao@ufv.br Graduando em Engenharia Florestal (Bolsista PIBIC) - Universidade Federal de Viçosa; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 661 apresentando grau médio de dificuldade, visto que seu percurso possui declividade máxima inferior a 20%, a largura da trilha é inferior a 1 metro e o trajeto apresenta ainda obstáculos naturais, tais como raízes e troncos caídos. Depois de finalizada, em agosto de 2010, a trilha passou a receber visitantes de diversas faixas etárias, cumprindo sua função educativa, em consonância com a proposta pedagógica da Escola Família Agrícola. Resumen Palavras-chave: Senderos interpretativos, Senderos de Planificación de Educación Ambiental; Escola Família Agrícola. Los senderos interpretativos sirven para la Educación Ambiental como una erramienta didáctica que hace posible la percepción, la conciencia y la reflexión sobre los elementos naturales presentes durante su viaje. La planificación es el paso clave en el proceso de apertura de una pista y debe tener en cuenta las características específicas de cada sitio , permitiendo de esta manera de conciliar su uso con la conservación de los recursos naturales. Este estudio tuvo como objetivo diseñar e implementar un sendero interpretativo en un remanente de Mata Atlántica, con aproximadamente 3 hectáreas , situado en las afueras de la Escuela Família Agricola Puris , en el municipio de Araponga , Minas Gerais. En primer lugar, se realizó una visita de reconocimiento en el fragmento , donde se hizo un diagnóstico de la zona , tratando de caracterizar la pendiente del terreno, la presencia de manantiales o arroyos , la existencia de plantas o animales potencialmente peligrosos para el público , entre otros aspectos. Posteriormente, se realizó un estudio de las especies de plantas locales , con el fin de utilizarlos en el futuro como puntos de interpretación en el camino. En la ronda de apertura de la pista, dando prioridad a la menor perturbación posible en el medio ambiente , ya que trató de mejorar los pasos naturales en el camino y las zonas menos inclinadas para evitar la pérdida de suelo por erosión. Los resultados de los estudios de campo se identificaron siete especies de árboles con potencial para convertirse en puntos de interpretación , y la presencia de un resorte . La ruta de pista ascendió a 620 metros , con un grado medio de dificultad , como su viaje tiene la pendiente máxima de menos de 20 % , la anchura de la pista es de menos de 1 m, y la ruta de acceso aún tiene obstáculos naturales tales como raíces y troncos caídos . Una vez que terminó en agosto de 2010, la pista comenzó a recibir visitantes de diferentes grupos de edad , el cumplimiento de su función educativa , de acuerdo con la propuesta pedagógica de la Escuela Família Agricola Puris Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 662 1. Introdução As trilhas em ambientes naturais podem apresentar diversas funções, entre elas, destaca-se interpretativas, o que papel pedagógico constituem uma desempenhado importante pelas ferramenta trilhas para o desenvolvimento da Educação Ambiental (MENGHINI, 2005). Uma vez que possibilita o visitante entrar em contato direto com os recursos naturais, as trilhas interpretativas estimulam o raciocínio lógico e aguçam a capacidade de observação, proporcionando uma maior reflexão quanto à importância da conservação da natureza, além de conciliar a processo educativo a prática recreativa (LEMES et al., 2004; OLIVEIRA, 2010). Para cumprir efetivamente seus objetivos, uma trilha interpretativa deve garantir a conservação da natureza e, ao mesmo tempo, assegurar a satisfação dos visitantes. O planejamento inadequado coloca em risco a integridade do ambiente, podendo causar sérios danos aos recursos naturais, sejam eles provocados por agentes naturais, como a água, ou por agentes antrópicos. O objetivo do presente trabalho foi realizar o planejamento participativo de uma trilha interpretativa, localizada nos limites da Escola Família Agrícola Puris e, posteriormente, implementá-la, respeitando as especificidades do local e valorizando os pontos mais atrativos para o público. 2. Metodologia 2.1. Área de estudo O município de Araponga, onde se localiza a Escola Família Agrícola Puris (EFA Puris), está inserido na mesorregião da Zona da Mata, na porção sudeste do estado de Minas Gerais, ocupando uma área de 303,8 km² de extensão territorial (IBGE, 2013). A área de estudo apresenta fitofisionomia caracterizada como Floresta Estacional Semidecidual, que constitui uma vegetação pertencente ao bioma da Mata Atlântica (Scolforo & Carvalho, 2006). O Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 663 remanescente florestal existente nos limites da EFA Puris possui, aproximadamente, 3 hectares. 2.2. Planejamento e abertura da trilha Na etapa inicial do planejamento procurou-se reunir informações acerca do fragmento florestal onde se localizaria a trilha, por meio do relato de educadores e educandos da Escola Família Agrícola Puris, além de moradores e pessoas que trabalham na região. Posteriormente, procedeu-se uma caminhada de reconhecimento no local, visando à identificação dos pontos relatados pelos entrevistados, bem como a observação e inclusão de novos atrativos naturais ou fatores potencialmente perigosos ao público. Em outra ocasião, realizou-se um levantamento das espécies arbóreas ocorrentes na área, com o intuito de utilizá-las futuramente como pontos interpretativos e, ao mesmo tempo, buscando identificar os pontos de maior fragilidade, tendo em vista as limitações impostas pelo ambiente, sobretudo, em relação à declividade do terreno. Durante as caminhadas de reconhecimento do local, algumas árvores foram marcadas utilizando-se fitas, com duas finalidades principais: primeiramente essa marcação visou identificar potenciais pontos interpretativos, como árvores de grande porte, de grande utilização pelo homem ou outros atributos; e em segundo lugar, as fitas serviram para sinalizar o trajeto, visto que a trilha ainda não estava bem marcada. Os pontos marcados com as fitas foram numerados e fotografados. Este procedimento foi utilizado para auxiliar na identificação das espécies arbóreas, além de fornecer material ilustrativo que poderá ser usado futuramente para a elaboração de materiais, digitais ou impressos, sobre a trilha implementada na EFA Puris. Neste trabalho, o aparelho de GPS (Sistema de Posicionamento Global ou Global Positioning System, em inglês) foi uma ferramenta muito útil, pois nos informou dados do terreno, tais como latitude, longitude e altitude, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 664 determinando a localização exata dos pontos interpretativos, além de ter possibilitado a indicação do percurso da trilha, fornecendo desta forma um mapa da mesma. Cada vez mais, o uso de GPS tem se tornado imprescindível para a realização de trabalhos em trilhas (SÃO PAULO, 2009). Outro objeto essencial para os levantamentos preliminares foi o caderno de campo, onde foram feitas anotações associando o número de cada fita às respectivas numerações das fotos e pontos marcados no GPS, além de outras informações, como nome popular e científico, família botânica e outras observações relevantes. Por fim, na etapa de abertura da trilha, priorizou-se a menor interferência possível no ambiente, para isso procurou-se valorizar os degraus naturais pelo caminho e as áreas menos declivosas, para evitar a perda de solo por processos erosivos. 3. Resultados e discussão A partir do diagnóstico realizado no local, observou-se a existência de uma nascente, localizada sob as seguintes coordenadas geográficas: 20º39’50.564”S e 42º33’57.689”O. Esta nascente é responsável pela formação de um pequeno curso d’água, com largura média inferior a 1 metro, sendo classificado como perene, uma vez que mantém certa vazão de água durante todo o ano. Após o inventário realizado, foram encontradas 7 espécies arbóreas com potencial para se tornarem pontos interpretativos. A lista completa das espécies selecionadas, incluindo seus respectivos nomes populares e científicos, família botânica e coordenadas geográficas, pode ser consultada na Tabela 1. Tabela 1 - Lista das espécies arbóreas selecionadas para pontos interpretativos. COORDENADAS NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA BOTÂNICA GEOGRÁFICAS Canela Amarela Nectandra rigida Lauraceae 20º39’50.480” S Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 665 42°33’58.197” O Croton celtidifolius Euphorbiaceae Dalbergia nigra Fabaceae (Faboideae) Carobinha Jacaranda puberula Bignoniaceae Maminha de Porca Zanthoxillum rhoifolium Rutaceae Bico de Pato Machaerium nyctitans Fabaceae (Faboideae) Jacarandá Branco Platypodium elegans Fabaceae (Faboideae) Sangue de Dragão Jacarandá da Bahia 20°39’49.814” S 42°33’57.139” O 20°39’49.856” S 42°33’56.439” O 20°39’50.398” S 42°33’57.428” O 20°39’50.480” S 42°33’58.197” O 20°39’49.801” S 42°33’56.590” O 20°39’49.856” S 42°33’56.439” O Com base nas informações ecológicas e utilização das espécies arbóreas, fornecidas por Lorenzi (1992), a Tabela 2 apresenta, de forma complementar, sugestões a respeito dos tópicos a serem discutidos nos pontos interpretativos. 666 Tabela 2 - Sugestão de temas a serem abordados durante o percurso da trilha. PONTOS INTERPRETATIVOS ASPECTOS ECOLÓGICOS E UTILIZAÇÃO Canela Amarela Os frutos são muito consumidos por pássaros Sangue de Dragão Jacarandá da Bahia Carobinha Maminha de Porca Bico de Pato Jacarandá Branco Árvore adaptada a terrenos muito úmidos ou brejosos; as flores são melíferas; A madeira é muito utilizada na construção de pianos Espécie muito utilizada na arborização urbana; suas sementes são disseminadas pelo vento A madeira é muito utilizada para confecção de cabos de ferramentas e outras instrumentos agrícolas A madeira é utilizada para confecção de cangas de bois; as flores são perfumadas e melíferas A árvore apresenta características ornamentais, sendo recomendada para paisagismo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Embora os pontos interpretativos sugeridos neste trabalho sejam, em sua totalidade, espécies arbóreas, vale lembrar que é possível realizar outras abordagens. Características do solo, presença de riachos ou nascentes, abrigos de fauna e locais de valor cultural ou histórico, também podem ser usados como pontos para a interpretação.Considerando a adoção do princípio do mínimo impacto sobre o ambiente, se optou por um traçado onde os caminhos de ida e de retorno não coincidam, evitando-se, dessa maneira, que o terreno sofra danos excessivos com o fluxo constante de visitantes. A Figura 1 apresenta, de forma esquemática, a localização da trilha (indicada em azul), que totalizou 620 metros de extensão. O tempo gasto para se percorrer a trilha foi de, aproximadamente, 45 minutos, incluindo as paradas em pontos interpretativos. 667 Figura 1 - Representação espacial da trilha implementada na Escola Família Agrícola Puris. Outro aspecto de grande importância para se definir o traçado final da trilha, foi o perfil de seus usuários, uma vez que para cumprir seus objetivos, de forma Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 plena, a acessibilidade de uma trilha interpretativa deve ser compatível com seu público alvo. Segundo a classificação apresentada por Andrade e Rocha (2008), as condições de acessibilidade definidas para esta trilha foram compatíveis com um grau de dificuldade moderado, uma vez que seu público alvo é composto por adolescentes e adultos, sem limitações de mobilidade. A largura do trajeto estabelecido foi, em média, de 1 metro, sendo que os obstáculos naturais existentes durante todo o trajeto, tais como raízes expostas e troncos caídos, não foram retirados, conferindo um aspecto mais rústico ao ambiente. Por se tratar de uma trilha interpretativa guiada, requer a participação de um monitor. Assim, optou-se por dispensar o uso de placas e outras formas de sinalização. Neste contexto, o papel do monitor é justamente facilitar a interpretação do ambiente, estimulando a curiosidade e provocando a reflexão dos participantes. 668 4. CONCLUSÃO O planejamento da trilha interpretativa envolveu diversos atores, entre educandos, educadores e outros colaboradores da Escola Família Agrícola Puris, permitindo, assim, que este processo ocorresse de forma participativa, valorizando a experiência e o conhecimento de todos os indivíduos, em consonância com a proposta pedagógica da EFA. Após sua implementação, em agosto de 2010, a trilha passou a receber visitantes de diversas faixas etárias, cumprindo sua função educativa. Embora não tenha sido necessário altos investimentos financeiros para o planejamento e implementação da trilha, evidencia-se a necessidade de ações constantes de manutenção, de acordo com a intensidade de uso observada. 5. Referências bibliográficas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 ANDRADE, W. J; ROCHA, R. F. Manejo de trilhas: um manual para gestores. São Paulo, 2008. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente: Instituto Florestal. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. 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O Projeto de Extensão Turismo de Base Comunitária no Baixo Acará: Interpretando e desenvolvendo trilhas ecoturísticas, é desenvolvido no município do Acará, estado do Pará, com inicio no ano de 2013. O objetivo é implantar uma trilha interpretativa na comunidade Santa Maria do Baixo Acará estimulando a cooperação, a inclusão social, a redistribuição de renda e o fortalecimento dos comunitários envolvidos. O turismo é pensado como novo modelo no sistema produtivo, com bases na globalização e fragmentação dos espaços resultando na reestruturação das atividades produtivas, na geração de emprego e renda, relações de organização, provocando uma nova concepção de planejamento e gestão da atividade, que é o turismo de base comunitária, que garante a participação, gestão compartilhada e o planejamento, com envolvimento dos comunitários nos processos de decisão e execução das fases de desenvolvimento do turismo, refutando os processos globalizados. A com metodologia pauta-se nos procedimentos da observação participante, técnicas de abordagem qualitativas e intervenção, considerando a participação comunitária em todos os processos do projeto. Os resultados esperados são os de que a implantação de uma trilha interpretativa, com base no conceito de turismo comunitário, proporcionará à comunidade possibilidades de interação com o mercado turístico, assim como agregar valor à trilha e gerar renda para a comunidade, de modo que desenvolvam uma gestão participativa. Resumen 28 Profª Drª da Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Pará. Pesquisadora CNPq. Grupo de Pesquisa Turismo, Lazer e Desenvolvimento. scruz@ufpa.br 29 Discente-Bolsista de Extensão da Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Pará. juniordreamer@hotmail.com Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 670 Palabras clave: Comunidad Turismo; Senderos; Desarrollo; Acará; El Proyecto de Extensión de Turismo de Base Comunitaria en el Acará inferior: Interpretación y desarrollo de itinerarios ecoturísticos, se desarrolla en la ciudad de Acara, estado de Pará, a partir de 2013. El objetivo es implementar un sendero interpretativo en la comunidad de Santa María bajo la cooperación Acará estimulante, la inclusión social, la redistribución del ingreso y fortalecimiento de la comunidad involucrada. El turismo es considerado como un nuevo modelo en el sistema productivo, con bases en los espacios de la globalización y la fragmentación resultante de la reestructuración de las actividades productivas, la generación de empleo e ingresos, las relaciones de organización, provocando una nueva concepción de la planificación y gestión de la actividad, que es el turismo basado en la comunidad, lo que garantiza la participación, la gestión y la planificación compartida, con la participación de la comunidad en la toma de decisiones y la ejecución de las fases del desarrollo del turismo, refutando los procesos globalizados. La metodología con el personal en los procedimientos de la observación participante técnicas de calidad y enfoque de intervención, considerando la participación comunitaria en todos los procesos del proyecto. Los resultados esperados son que la aplicación de un sendero interpretativo, basado en el concepto de turismo comunitario, la Comunidad proporcionará oportunidades para la interacción con el mercado turístico, así como agregar valor a un seguimiento y generar ingresos para la comunidad con el fin de desarrollar gestión participativa. 1. Introdução Este estudo é o resultado parcial do projeto de extensão Turismo de Base Comunitária no Baixo Acará: interpretando e desenvolvendo trilhas ecoturísticas, que objetiva desenvolver e implementar uma trilha ecológica interpretativa na comunidade de Santa Maria do Baixo Acará, município do Acará, estado do Pará, as margens do rio São Benedito. O município do Acará dista de Belém aproximadamente 65Km, e a comunidade aproximadamente 30km. A implantação da trilha tem como princípio as práticas de sustentabilidade ambiental e social, possibilitando o conhecimento da biodiversidade do local e a preservação do meio ambiente e a participação da comunidade. A comunidade, que possui baixos níveis de desenvolvimento Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 671 socioeconômico, vê na proposta uma possibilidade de melhorias através da atividade turística. O aprofundamento teórico do projeto subsidia-se na lógica de desenvolvimento do turismo em que haja a participação cidadã, que o desenvolvimento local inverta a tendência capitalista de acumulação e que o desenvolvimento local instale práticas em que o povo garanta o seu poder constituinte (Coriolano, 2009). Desse modo, ao refutar a lógica estabelecida do turismo faz-se necessário apresentar o contraponto para o desenvolvimento, neste sentido o turismo comunitário desponta como a inversão da lógica excludente, posto que Coriolano (2009, pág. 66) aponta que, O turismo comunitário é aquele em que as comunidades de forma associativa organizam arranjos produtivos locais, possuindo o controle efetivo das terras e das atividades econômicas associadas à exploração do turismo. Uma das primeiras ações que as comunidades realizam é a elaboração de um pacto interno com os próprios residentes em defesa de suas propriedades. Neste sentido que a comunidade Santa Maria do Baixo Acará aspira por formas de desenvolvimento em que complementem suas atividades tradicionais como o cultivo da mandioca (Manihot esculenta Crant), açaí (Euterpe oleracea) e como o fruto do cutiti (palavra indígena que define árvore). Mas que não conseguem elevar o nível de geração de emprego e renda, por dificuldades, principalmente quanto ao escoamento da produção local. Porém, preocupamse em garantir a propriedade da terra, posto que são imbuídos de forte sentimento de pertencimento àquele lugar, onde estão ocupando através de gerações. E, este estudo tem amparado suas análises também nas teorias da sustentabilidade ambiental, entendendo meio ambiente como um conceito em Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 672 que a relação homem e natureza são consideradas no mesmo grau de importância, assim, tendo como base os problemas existentes e vividos pelo mundo, é posto em discussão a necessidade de um outro parâmetro de desenvolvimento, que durante a conferência - ECO 92 é difundido, tendo como princípio o conceito de desenvolvimento sustentável, conceito que é aceito pelos países como a possível alternativa para a saída da crise ambiental em nível internacional, porém surge a necessidade de todos, entre ricos e pobres, comprometerem-se com tal princípio de desenvolvimento, questão que não tem sido colocada em prática. Antes da ECO 92, e do Relatório Nosso Futuro Comum de 1987, a declaração de Manila sobre o Turismo Mundial, de 1980, expressa essa realidade ao afirmar (OMT, 1980 Apud DIAS e AGUIAR, 2002 e DIAS, 2003, p. 55): Os recursos turísticos de que dispõem os países estão constituídos por sua vez por espaço, bens e valores. Trata-se de recursos cujo emprego não pode deixar-se a uma utilização descontrolada sem correr o risco de sua degradação, e mesmo de sua destruição. A satisfação das necessidades turísticas não deve constituir uma ameaça para os interesses sociais e econômicos das populações das regiões turísticas, para o meio ambiente, especialmente para os recursos naturais, atração essencial do turismo, nem para os lugares históricos e culturais. Todos os recursos turísticos pertencem ao patrimônio da Humanidade. As comunidades nacionais e a comunidade internacional inteira devem desenvolver os esforços necessários para sua preservação. Com base nas discussões internacionais, a Organização Mundial de Turismo – OMT adotou a abordagem sustentável para o turismo, aplicando princípios de desenvolvimento sustentável a todos os seus estudos de planejamento e de desenvolvimento turístico (OMT, 2003, p. 23), inclusive apresentando um conceito que norteia as ações internacionais de programas, planos e projetos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 673 que adotam o turismo sustentável como prática. Sendo, a definição da OMT para o turismo sustentável (2003, p.24): O desenvolvimento do turismo sustentável atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o futuro. É visto como um condutor ao gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida. Portanto, o Projeto de Extensão Turismo de Base Comunitária no Baixo Acará: Interpretando e desenvolvendo trilhas ecoturísticas, foi criado com objetivo de possibilitar a vivência dos discentes no planejamento e execução de trilhas interpretativas, além de criar mecanismos de discussão teórica, aprofundando o conhecimento desenvolvido em sala de aula, além de reafirmar as práticas extensionistas desta UFPA, com vistas a levar o conhecimento às comunidades e assim contribuir com a definição de políticas públicas e projetos de turismo na Amazônia. 2. Metodologia A metodologia desenvolvida para a implantação da trilha interpretativa tem como direcionamento os documentos elaborados pelo Ministério do Turismo, dentre eles o Programa de Regionalização do Turismo e o Plano Nacional de Turismo, assim como as orientações teóricas e conceituais de Bahl (2004) e subsídios das discussões com a comunidade envolvida. Entre as discussões que permeiam a constituição de trilhas e turismo de base comunitária, está a necessidade de envolvimento através de participação ativa dos sujeitos inseridos no processo. Neste sentido, a participação pode ser compreendida enquanto envolvimento da pessoa em uma situação do seu Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 674 cotidiano, buscando desta forma modificar a sociedade e/ou realidade de forma igualitária. Bordenave (1994 apud Farias, p. 35, 2004) destaca que o grau de participação alcançada pelos cidadãos pode ser de sete tipos: informação, consulta facultativa, consulta obrigatória, elaboração, co-gestão, delegação e auto-gestão. Na atividade turística a participação, segundo Drake (apud NELSON; PEREIRA, 2004), se dá em três fases, a fase do planejamento, a da implantação e a de divisão dos benefícios, esta participação deve ocorrer de forma plena nas três fases como afirma Nelson e Pereira (2004, p. 192) “os moradores devem participar desde a fase de planejamento expressando suas ideias e receios, identificando seus interesses, suas necessidades e as maneiras com que gostariam de ser beneficiados.” Para Ashey e Roe (apud NELSON; PEREIRA 2004), a participação na atividade turística pode ocorrer de forma passiva, ativa ou efetiva. Na forma passiva a participação ocorrer somente no contato final com o turista, sendo o restante do planejamento realizado por empresas de turismo, na ativa já se percebe uma maior interferência no planejamento e na efetiva é quando todo o processo é concebido pela comunidade. Percebe-se que é na participação efetiva da comunidade que o turismo se apresenta como um vetor do desenvolvimento sustentável e comunitário, sendo o objetivo final de todos que buscam crescimento nesta atividade. A constituição de uma trilha interpretativa de turismo comunitário na comunidade de Santa Maria do Baixo Acará tem em sua base constituidora a filosofia freireana de educação libertadora, tendo em vista o processo de qualificação. A concepção de formação que orienta o desenvolvimento do projeto será o de educação popular, a qual compreende a educação como construção social, portanto, como direito. É inclusiva, integral (social e profissional), emancipadora e busca integrar trabalho, educação e desenvolvimento. Fundamenta-se na visão dialógica e transformadora, que compreende o ser humano enquanto um ser de relações, sujeito da sua própria Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 675 história, capaz de transcender na busca da construção da cidadania, da consciência crítica e do resgate de sua identidade cultural, valorizando a essência da subjetividade social, do meio ambiente, do saber popular amazônico articulado ao saber cientificamente elaborado, possibilitando assim, uma dimensão político crítica da sociedade em que está inserido. A qualificação situada no âmbito da educação não formal é entendida como processo de construção social, de inclusão social, com geração de trabalho e renda, visando o desenvolvimento local através da integração de uma rede de turismo comunitário. Para garantir o processo de planejamento participativo, e a execução das principais etapas de elaboração do planejamento da trilha estão sendo executadas as leituras comunitárias e técnicas. A leitura comunitária consolida o processo de participação da comunidade no planejamento, expondo, discutindo e analisando os problemas e soluções, e a leitura técnica expressa o diagnóstico do espaço para a execução da trilha, resultando no diagnóstico participativo, e que subsidia a definição da trilha. 3. Resultados e discussões Os resultados preliminares demonstram que a comunidade de Santa Maria do Baixo Acará, possui recursos naturais, culturais e sociais importantes ao aproveitamento da trilha interpretativa. É uma comunidade próxima a capital paraense, com possibilidades facilitados quanto ao acesso, porém as condições estruturais e de logística para a operacionalização da trilha necessitam de melhorias e implantação de novos equipamentos. O número de famílias residindo na comunidade é de cinquenta e cinco, sendo que destas apenas vinte e duas famílias fazem parte da associação dos ribeirinhos do Baixo Acará, fundada em 2009. Esta é uma questão fundamental para consolidação do turismo de base comunitária, visto que a participação, as alianças são necessárias a consolidação deste, e este é um elemento que a comunidade em estudo precisa reforçar. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 676 Por relatos dos moradores anotou-se que houve uma incursão da Coordenadoria Municipal de Turismo na comunidade, com objetivo de avaliar as possibilidades do turismo, porém, apesar de se concluir positivamente a favor do turismo, não houve prosseguimento na proposta. O percurso da trilha está definido, posto que é uma trilha utilizada pelos moradores, em área preservada quanto a vegetação, fauna e flora, com alguns destaques para espécies nativas e em extinção, tanto da fauna quanto da flora. É realizada, aproximadamente, em sessenta minutos de caminhada, mantém-se conservada, por iniciativa da comunidade, sendo uma trilha interpretativa, quando o condutor local informa aos visitantes de que maneira a natureza contribui para a subsistência das famílias, pela extração do açaí, pupunha (Bactris gasipaes), castanha-do-pará (Bertholletia excelsa), cutite, entre outros para o consumo diário. Por falta de incentivo a produção agrícola na comunidade, os moradores estão calcando seus interesses no desenvolvimento do turismo, visando a melhoria de vida para as famílias residentes no local. Com base no levantamento realizado, e nas evidências encontradas faz-se importante sinalizar com proposições que contribuam com a implantação da trilha e a previsão e minimização de impactos na comunidade como: estudo da capacidade de carga da trilha; sinalização de identificação dos atrativos e indicativa; desenvolver programa de educação ambiental; fortalecimento da cultura local; consolidar a participação da comunidade no processo de desenvolvimento do turismo; ações de qualificação; melhorias no porto de acesso e no meio de transporte; potencializar os recursos naturais e culturais agregando valor à trilha e garantir a distribuição de renda. 4. Conclusões A trilha interpretativa, tendo como princípio o turismo de base comunitária é uma questão importante para a comunidade de Santa Maria do Baixo Acará, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 677 posto que o turismo apresenta-se como uma possibilidade de elevar o nível de desenvolvimento local, complementando as atividades econômicas tradicionais existentes como o extrativismo do açaí, outras frutas e a pesca. Porém, o turismo comunitário propugna a não substituição de atividades, fato importante a ser considerado no sentido de que não será a única, transformando-se na “monocultura” de mercado, e substituindo as atividades pré-estabelecidas, esse é um dos principais pontos trabalhado com os membros da comunidade, no sentido de esclarecer sobre a importância das atividades econômicas tradicionais, e tratar o turismo enquanto complementariedade. É notório o potencial natural e cultural, porém a infraestrutura local, assim como a logística de apoio necessitam de melhorias e a qualificação dos trabalhadores do turismo na comunidade. Para garantir a preservação dos recursos, a comunidade tem procurado estabelecer convênios e parcerias visando a fiscalização e controle do uso da área de vegetação. O interesse da comunidade é latente em desenvolver o turismo comunitário, há conflitos internos quanto a preservação do meio natural, uso da terra, especulação imobiliária, uso indevido dos rios pela proximidade com Belém, que mesmo estando tão próximo, ainda configura-se com as características de uma área rural, oferecendo o bucolismo e o bem-estar paisagístico e cultural aos moradores e visitantes. Desse modo, é necessário criar práticas de turismo, que são genericamente economicistas e mercadológicas, mas que possam estar intimamente relacionadas às práticas da economia rural. E, portanto, o turismo comunitário mesmo privilegiando a participação, a valorização dos recursos naturais e culturais, traz a gênese do economicismo do turismo, mesmo que de forma branda e com maior capacidade de distribuição, sem acúmulo de bens e capitais. Mas que sendo planejado com a participação da comunidade local, e tendo a operacionalização das atividades regulamentado, seguindo os princípios básicos e norteadores da sustentabilidade turística é um segmento possível de contribuir com as comunidades no sentido de qualificar o nível de desenvolvimento local. Por fim, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 678 este estudo está em andamento e previsão de conclusão em setembro de 2014, motivo pelo qual não tem conclus 5. Bibliografia CORIOLANO, Luzia N. Arranjos Produtivos Locais do Turismo Comunitário: atores e cenários em Mudança (et. All). Fortaleza: Ed. UECE, 2009. DIAS, Reinaldo. Turismo sustentável e meio ambiente. 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Nas ondas da pororoca: repercussões sócio-espaciais da atividade turística no Município de São Domingos do Capim(Pará), 2006. 128 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano e Regional) Instituto de Filosofia e Ciências Humanas/Faculdade de Geografia, Universidade Federal do Pará, 2006. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural. RECUPERAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DAS TRILHAS DO PARQUE ESTADUAL FORNO GRANDE PARA VISITAÇÃO PÚBLICA Terence Jorge Caixeta Nascentes Ramos,30 Leoni Soares Contaifer,31 Resumo Palavras-chave: Método Scalla; manejo de trilhas, mitigação de impactos; segurança. Desde antes de sua criação em 1998 a região do Parque Estadual do Forno Grande - PEFG, no município de Castelo, Espírito Santo; recebe visitantes de todas as partes do país, principalmente devido suas belezas naturais, com destaque para o pico do Forno Grande, 2º ponto mais alto do Estado com 2039 metros de altitude. Em 2010, durante vistoria realizada por técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - IEMA foi verificado a necessidade de se realizar intervenções no Parque para minimizar impactos causados pela visitação, proporcionar segurança e valorização da experiência dos visitantes, para tanto foi elaborada proposta de recuperação e estruturação das trilhas. Realizou-se avaliação e diagnostico de quatro trilhas existentes, identificação das melhores técnicas de recuperação, manutenção, estruturação e proposição de instalação de equipamentos adequados que visem reduzir impactos ambientais, aumentando a segurança e grau de satisfação dos visitantes. Foi aplicada a metodologia de SCALLA (2003), através de fichas para identificar parâmetros de classificação como comprimento, largura, declividade, grau de dificuldade, finalidade, formato, equipamentos de apoio, entre outros; utilizando trena, estacas, maquina fotográfica e GPS. Foram previstos 75 pontos de intervenção para as 4 trilhas, com mais 3 pontos identificados durante a execução do projeto. Dentre as principais intervenções destacam-se a instalação de equipamentos como passarelas, pontes e mirante, além de contenção de solo, drenagem e alteração de trajeto de trilha. Atualmente nota-se uma considerável redução dos impactos físicos causados pela visitação, assim como o aumento da satisfação dos visitantes após conhecer as novas estruturas. 30 31 terencejorge@gmail.com Graduado em Turismo pela Universidade Federal de Ouro Preto. leonisoares@gmail.com Graduado em Biologia pelo Centro Universitário São Camilo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 680 Resumen Palabras clave: Metodo Scalla; manejo de senderos, mitigación de impacto, de la seguridad. Desde antes de su creación en 1998, la región del Parque Estatal del Forno Grande, en Castelo, Espíritu Santo, recibe visitantes de todas partes del país, principalmente debido a su belleza natural, especialmente el pico Forno Grande, segundo punto más alto en el Estado con 2.039 metros de altitud. En 2010, durante el estudio técnico realizado por el Instituto de Estado de Medio Ambiente y Recursos Hídricos - IEMA se verificó la necesidad de intervenciones en el parque para minimizar el impacto de la visitación, proporcionando seguridad y la mejora de la experiencia del visitante, por tanto se elaboró la recuperación y la estructuración de los senderos. Fue hecha la evaluación y el diagnóstico de cuatro senderos existentes, la identificación de las mejores técnicas de recuperación, el mantenimiento, la estructuración y la propuesta de instalación de equipo adecuado destinado a la reducción de los impactos ambientales, aumentando la seguridad y la satisfacción de los visitantes. Fue aplicada la metodología de Scalla (2003), con uso de hoja de evaluación para identificar los parámetros de clasificación, como la longitud, la anchura, pendiente, grado de dificultad, el propósito, el formato, el equipo de apoyo, entre otros; fue hecho uso de cinta métrica, estacas, equipo fotográfico y GPS. Fueran proporcionados 75 puntos de intervención de los 4 senderos, con 3 puntos identificados durante la ejecución del proyecto. Entre las principales medidas incluyen la instalación de equipos como pasarelas, puentes y miradores, la contención del suelo, el drenaje y cambio de ruta de sendero. Actualmente observamos una considerable reducción de los impactos físicos causados por la visitación, así como el aumento de satisfacción de los visitantes después de ver las nuevas estructuras. 1. Introdução O Parque Estadual Forno Grande (PEFG) está localizado no município de Castelo – ES, foi criado na década de 1960 como Reserva, sofrendo acréscimos em sua área ao longo das décadas de 80 e 90, até ser transformado realmente em Parque Estadual em 1998 com readequações em 2013. Possui hoje uma área de 913,15 ha e perímetro de 17,65 Km, sendo administrado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 681 IEMA. A origem do nome está associada ao seu principal atrativo, o Pico do Forno Grande, maciço rochoso de 2.039 metros de altitude, considerado o 2º ponto mais alto do Estado, só perdendo para o Pico da Bandeira com 2.892m. A consolidação do Parque se justifica não apenas pela conservação dos atributos naturais ali existentes, mas também pelos benefícios sociais gerados através do ecoturismo, seja através do conhecimento adquirido ao se visitar os atrativos naturais ou da geração de renda associada à exploração de trilhas para visitação (IDAF, 2000). As trilhas e caminhos são provavelmente as rotas de viagem mais disseminadas do mundo, e mesmo com a criação das estradas modernas se constituem um importante acesso até os dias de hoje. Costumam ser o primeiro elemento da infra-estrutura turística desenvolvido em áreas naturais protegidas, freqüentemente construídos sem projeto formal e sem considerações quanto ao seu possível impacto sobre o meio ambiente. Portanto o processo de planejamento de trilhas é normalmente impróprio e resulta em impactos negativos, aumentando custos de construção e manutenção (LENCHNER, 2005). Cole (1983) também diz que o planejamento insuficiente é a maior causa de impactos ambientais negativos resultantes da implantação de trilhas. A criação/manutenção de trilhas é prevista no Plano de Manejo do PEFG, tendo como objetivo geral enriquecer as experiências do visitante estabelecendo vínculos de caráter ambiental de acordo com as aptidões dos recursos naturais do Parque, ordenando e direcionando as suas atividades recreativas (IDAF, 2000). Este trabalho tem como objetivo avaliar tecnicamente quatro trilhas existentes na UC, Trilha da Cachoeira, Trilha Gruta da Santinha, Trilha dos Poços Amarelos e Trilha do Mirante da Pedra Azul, propor as alterações necessárias e demonstrar as melhores técnicas a serem utilizadas em sua recuperação e manutenção, minimizando o impacto ambiental, fomentando a segurança e aumento no grau de satisfação dos visitantes. As ações terão o propósito de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 682 estabelecer e ordenar algumas atividades de visitação, de forma a enriquecer as experiências de caráter ambiental dos visitantes e intensificar o aproveitamento do patrimônio natural e cultural. 2. Metodologia Para determinar onde e quais alterações seriam realizadas nas trilhas, inicialmente foi realizada a classificação dos parâmetros quanto aos atributos das trilhas, diagnóstico de impactos e propostas de intervenção, para isso utilizou-se a metodologia proposta por SCALA (2003) nas trilhas do Parque Nacional do Caparaó/MG/ES, que consiste em preencher em campo, para cada trilha, fichas de monitoramento que identificam fatores como, impactos, riscos, manutenção, sinalização e atratividade. FICHA DE MONITORAMENTO DAS TRILHAS DO PARQUE ESTADUAL DO FORNO GRANDE Data: 05/01/2010 Histórico climático recente: tempo aberto, sol o dia todo Equipe: Eduardo, Leoni e Victor Folha: 01 Datum: WGS 84 Trilha: Trilha da Cachoeira (T1) Ponto Dist. Ponto Dist. Total anterior (m) (m) Identificação X Y I 1 0 0 2 19 19 3 7,5 26,5 282606 R 7729953 Alt.: 1155m 282589 7729950 Alt.: 1155m 282584 7729947 X Descrição Intervenções necessárias X Início da trilha Restabelecer largura da trilha, fazer manutenção nos 4,5 metros seguintes. X Ponte Reforçar a ponte, fazendo meio fio de ambos os lados e colocar toras no corrimão fazendo uma estrutura em forma de triângulo. M X S Observações A X Nivelar passagem, realizando a manutenção da trilha, fazer bueiro, colocar placa atrativo (samambaiaçu) Alt.: 1155m 4 7,65 34,15 5 9,5 43,65 6 35 78,65 282582 7729943 Alt.: 1155m 282572 7729932 Alt.: 1156m 282550 X 7729906 X Extensão:9,5m. Nivelar passagem, realizando a manutenção da trilha, e aterrar todo o trajeto do ponto (9,5m) fazendo um degraus no início do aterro. X Extensão:6,5m. Mudar trilha, que necessitará da remoção de duas mudas (palmito e bromélia); quebrar parte da pedra, que se encontra 1,5m antes do ponto para redirecionar e restabelecer largura / ou colocar pedras para nivelar a trilha original X Extensão:12m. Alt.: 1159m 7 28 106,65 8 33 139,65 9 38 177,65 282556 7729878 X Alt.: 1260m 282538 7729851 Alt.: 1161m 282525 7729818 X X X X Alt.: 1165m 10 39 216,65 282502 7729791 X 1m antes do ponto colocar pedra ou tábua e aterrar. Quebrar pedra a 1,9m do ponto, fazendo degraus nos 5 m seguintes, que terão 1m de distância entre si; Restabelecer piso nos 8 metros seguintes; colocar contenção na pedra a 7 m e nivelar a pedra com realização de corte da mesma e aterrando o local Refazer travessia, colocando 2 pranchões de 2m/35cm cada. A 7m do ponto colocar escora na parte do lado da encosta, restabelecer largura, aproveitar terra para nivelar a trilha ou aterrar raízes até o fim do trajeto do ponto. A 20 m do ponto retirar toco seco. A 23m do ponto fazer escada com degraus distando 1m entre si. Construir escada passando ao lado direito da árvore caída composta de 3 degraus com 50 cm de distância entre si, retirando a vegetação que se encontra no local. Colocar pedra logo após o término da escada para nivelar piso. A 3,3m recolocar pedra de forma que fique rente ao piso. A 18,3m do ponto, colocar degrau. A 29,5 m do ponto restabelecer o piso e fazer saída de água. A 20m do ponto colocar placa(Clusia). Até 4 m, estabelecer piso,colocando degraus de 1 m de distância entre si. A 4 m do ponto, colocar estrutura de madeira para desvio de água. De 7 a 11m do ponto, colocar pedras que servirão de passagem;A partir de 11m do ponto fazer escada com 7 degraus; A 12,5m, colocar estrutura de madeira para desvio de água , e fazer saída de água; A 25 m, fazer saída de água. Colocar contenção, estrutura de madeira e nivelar passagem. A distância aterrada para nivelamento do piso será de 2m e ao final deste deve ser construído um degrau. A porção aterrada deverá ter altura de 0,25m na encosta ao lado da saliência da laje (rocha aflorada) e Figura 1 - Ficha de monitoramento Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 683 Coletada estas informações, mede-se as distancias entre os pontos com fita métrica, registra-se a localização de cada ponto através de GPS e marcação física com estaca de madeira contendo o registro e número do ponto georreferenciado e finalmente registro fotográfico e descrição das intervenções necessárias em cada ponto. 3. Resultados e discussão O Parque Estadual do Forno Grande possui atualmente 4 trilhas para visitação, Trilha da Cachoeira, Trilha Gruta da Santinha, Trilha dos Poços Amarelos e Trilha do Mirante da Pedra Azul, com as respectivas extensões, 312m, 184m, 762m e 1105m, totalizando 2363m de trilhas. Após o levantamento das intervenções e marcação dos pontos foi possível medir a real extensão das trilhas e também o percurso total, o que se contrapôs ao plano de manejo do Parque, onde informa possuir 1800m de trilhas no total. Este sistema de trilhas do PEFG tem grande potencial interpretativo, uma vez que apresenta uma quantidade expressiva de atrativos devido às condições ambientais e ecológicas diversificadas. A variação da altitude e da profundidade do solo proporciona a expressão de diferentes ambientes e tipos de formação vegetal. O histórico de uso e ocupação do solo, por sua vez, permite exemplificar ao visitante o processo de sucessão ecológica e de restauração florestal que ocorre em diferentes áreas da Unidade, além da ampla possibilidade de interpretação da fauna, como sons, rastros, fezes e visualização direta ao longo de todo o seu percurso. Considerando ANDRADE E ROCHA (2008), mesmo com tais qualidades o sistema de trilhas do Parque possui uma característica negativa, pois o percurso de ida e volta é limitado ao mesmo trecho, contribuindo para aumentar os impactos sofridos durante a visitação. Dessa forma, para facilitar o acesso aos atrativos considerando a diversidade de públicos e a prevenção de impactos, ao se aplicar a metodologia de SCALA (2003), identificou-se 12 pontos de intervenções na Trilha da Cachoeira, 10 pontos na Trilha Gruta da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 684 Santinha, 31 pontos na Trilha dos Poços Amarelos e 19 pontos na Trilha do Mirante da Pedra Azul. Figura 2 - Intervenção: ponte. Figura 3 - Intervenção: nivelamento de piso. 685 Figura 7 - Intervenção: degraus. Figura 5 - Intervenção: escadas. Figura 6 - Intervenção: mirante. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 4. Conclusão Após identificação e definição dos locais e tipos de intervenções a serem realizadas, deu se inicio à execução do projeto de estruturação e manutenção das trilhas, com uma duração de 6 meses para seu término considerando as interrupções devido as más condições do clima. Como resultado das intervenções foi identificado, através de metodologia de avaliação e monitoramento de impactos, sugerida pelo Plano de Manejo, uma redução dos impactos negativos antes causados pela visitação, como, compactação do solo, erosões, aparecimento de trilhas secundárias e danos a vegetação. Outro fator positivo foi em relação à percepção dos visitantes, que quando questionados sobre as alterações realizadas, manifestaram favoráveis e satisfeitos, seja pela facilidade em acessar os atrativos ou pela sensação de segurança ao percorrer as trilhas. 686 Figura 8 - Intervenção concluída. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 9 - Intervenção concluída. 687 Figura 10 - Intervenção concluída Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 11 - Intervenção concluída. 5. Bibliografia ANDRADE, W.J. ROCHA, R. F. da. Manejo de trilhas: um manual para gestores. In: IF Sér. Reg., São Paulo, n.35, 2008, p. 1-74. COLE, D. N. Assesing and monitoring backcountry trail conditions. Ogden, UT: US Department od Agriculture, Forest Service Intermountain Forest and Range Experiment Station. 1983. ESPÍRITO SANTO. Decreto N° 3385-R, de 20 de setembro de 2013. Institui o Parque Estadual Forno Grande e dá outras providências. Vitória, 2013. INSTITUTO BRASILEIRO DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL - IBDF. Plano de Manejo: Parque Nacional do Caparaó.Brasília, 1981. INSTITUTO DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - IDAF. Plano de Manejo: Parque Estadual Forno Grande. Vitória, 2000. LENCHNER, L. Planejamento e Implantação de trilhas. In: Curso de Planejamento e Implantação de Trilhas. Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. Apostila. Guaraqueçaba, 2005. p. 11-100. 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PERCEPÇÕES DOS VISITANTES DO PARQUE ESTADUAL DO IBITIPOCA EM RELAÇÃO AO LIXO E SUA DEPOSIÇÃO FINAL Vinícius do Couto Carvalho32; ThizaFalquetoAltoé33; Eduardo de Paiva Paula34, Marco Aurélio Leite Fontes35, José Edimar Vieira Costa Júnior36 Resumo: Palavras chaves: Planejamento de trilhas; Manejo de Uso Público; Educação Ambiental; Perfil de visitantes. O objetivo deste trabalho foi analisar a percepção dos visitantes do Parque Estadual do Ibitipoca (PEIb) acerca da presença de lixo em suas trilhas assim como seus hábitos de deposição dos resíduos. Foram aplicados questionáriossemiestruturados, contendo 4 questões objetivas: “Você viu lixo nas trilhas do parque?” “O que você faz com o lixo que você produz no parque?” “Você separa lixos secos de orgânicos?” “Você sabe o destino final do lixo do parque?” A intensidade amostral foi de 33 visitantes em diferentes áreas no PEIb durante os dias 25 e 26 de julho de 2013. Os dados coletados foram analisados em porcentagens.O perfil dos entrevistados consistiu em 58% serem do gênero feminino; 50% do total de visitantes têm idade entre25 e 35 anos;15% residem no estado do Rio de Janeiro e o restante em Minas Gerais, sendo que, desses, 76% são de Juiz de Fora.Verificou-se que 30% dos entrevistados encontraram lixo nas trilhas ou pontos turísticos do parque e, desses, 60% relataram a ocorrência de verem apenas uma vez e os 40% restantes viram resíduos mais de uma vez, porém não em todas as vezes que 32 ecosdoturismo@gmail.com , Mestrando, Programa de Pós Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras. 33 thizaaltoe@gmail.com , Doutoranda, Programa de Pós Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras. 34 eduardo_florestal@yahoo.com.br , Mestrando, Programa de Pós Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras. 35 fontes@dcf.ufla.br , Professor, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras. 36 jevcjunior@gmail.com , Mestrando, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 689 foram ao parque ou em todas as trilhas. O lixo gerado no parque, em 30% dos casos foi descartado somente no local de sua hospedagem e em 58% foi deixado nas lixeiras do parque mesmo.No que diz respeito à separação dos resíduos em secos e orgânicos, 58% dos visitantes afirmaram ter este costume.Sobre o destino final do lixo gerado no parque, 97% dos entrevistados não sabem o que é feito com ele e ao serem questionados verificou-se a deficiência de divulgação de como o parque trata seus resíduos com o intuito de gerar uma maior conscientização dessa prática ecologicamente correta em seus visitantes. Os visitantes apresentaram consciência sobre o descarte adequado de resíduos. Porém, a maioria não sabe o destino final dos resíduos descartados tanto no PEIb quanto em seus locais de hospedagem, o que pode comprometer a cadeia de deposição correta desses resíduos. Resumen Palabras clave: Planificación de rutas;Gestión del uso público; Educación Ambiental;Perfil de los visitantes. El objetivo fue analizar las percepciones de los visitantes del parque estatal Ibitipoca (PEIB) sobre la presencia de basura en sus pistas y los hábitos de eliminación de residuos. Aplicado cuestionarios semi-estructurados, con 4 preguntas objetivas: "¿Viste la basura en los senderos del parque", "¿Qué causa que produce la basura en el parque", "?Residuos orgánicos secos separado", "¿Conoces el destino final la basura del parque? "La intensidad de muestreo fue de 33 visitantes en las diferentes áreas en PEIB durante los días 25 y 26 de julio de 2013. Los datos se analizaron como porcentajes. El perfil de los participantes consistió en 58% eran mujeres, el 50% de los visitantes tenían entre 25 y 35 años, el 15% reside en el estado de Río de Janeiro y el resto en Minas Gerais, y de estos, 76% son Juiz de Fora. Se encontró que el 30% de los encuestados encontró basura en los caminos o lugares de interés del parque y, de ellos, el 60% informó de la ocurrencia de ver sólo una vez y el 40% restante de residuos vio varias veces, pero no todo el tiempo ha sido el parque o en todas las pistas. Los residuos generados en el parque, en el 30% de los casos fueron eliminados sólo en el lugar de su estancia y el 58% se quedó en los mismos contenedores de basura del parque. En la separación de residuos secos y orgánicos, el 58% de los visitantes dijeron que no tenían esta costumbre. Sobre el destino final de los residuos generados en el parque, el 97% de los encuestados no sabe lo que se hace con ella y cuando se le preguntó divulgación discapacidad comprobada de cómo el parque trata sus residuos con el fin de generar una mayor conciencia sobre esta práctica el medio ambiente en sus visitantes. Los visitantes mostraron conciencia sobre la Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 690 correcta eliminación de los residuos. Sin embargo, la mayoría no sabe el destino final de los residuos desechados en PEIB tanto en sus lugares de alojamiento, lo que puede poner en peligro la cadena de la correcta deposición de los residuos. 1. Introdução Lixo é uma palavra latina (lix) que significa cinza, vinculada às cinzas dos fogões. Segundo Ferreira (1999), lixo é tudo o que não presta e se joga fora. Coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor. Jardim e Wells (1995) definem lixo como os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis, ou descartáveis.Segundo Rodrigues e Cavinatto (2003) a quantidade de lixo produzido, anteriormente, era essencialmente sobras de alimentos; após a Revolução Industrial houve um aumento expressivo do volume e diversidade dos resíduos pois foi inserido no cotidiano das pessoas, através da produção em larga escala, produtos e embalagens descartáveis assim como a prática do consumismo. Quando se trata da melhor condição do meio em que se vive, torna-se importante ressaltar que a saúde e o bem-estar dos seres estão diretamente relacionados com a qualidade do meio ambiente, isto é, com suas condições física, química e biológica. Para Fernandez (2004) as alterações ambientais ocorrem por inumeráveis causas, muitas denominadas naturais e outras oriundas de intervenções antropológicas, consideradas não naturais.De acordo com Loureiro (2004), o envolvimento das dimensões social, econômica, política, cultural e ecológica do problema ambiental, em suas conexões territoriais e geopolíticas faz-se importante; buscando não apenas provocar mudanças culturais que possam conduzir à ética ambiental, mas também as mudanças sociais necessárias para a construção de uma sociedade ecologicamente prudente e socialmente justa. Torna-se necessário, incentivar não apenas a ação individual na esfera privada, mas também a ação coletiva na esfera pública. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 691 Conforme a Constituição Federal de 1988, o artigo 225 garante que: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A lei em questão trata-se de uma conquista e reconhecimento da importância do meio ambiente, contudo não representa a garantia da preservação. A problemática do lixo está diretamente relacionada a questão ambiental e a qualidade de vida. Avaliar a percepção dos visitantes, em relação ao lixo, em unidades de conservação permite verificar como pessoas que têm uma maior necessidade e interesse em ambientes naturais agem para que este seja conservado. Dentro do contexto de unidades de conservação (UC) há a categoria dos parques, os quais são os únicos tipo de unidades de conservação do grupo de proteção integral que permite a visitação pública, sendo que nas demais só podem ser feita em casos específicos, como para realização de estudos científicos. Como consta no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (BRASIL, 2000), os parques têm como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisa científica e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação, contato com a natureza e de ecoturismo (COSTA, 2002) . Tendo em vista a particularidade dos parques o objetivo deste trabalho foi analisar a percepção – que pode ser entendida como uma espécie de leitura de mundo, na qual os sentidos perceptivos regem a produção cognitiva de cada um – dos visitantes do Parque Estadual do Ibitipoca (PEIb) a cerca do lixo encontrado ou não nas áreas do parque, como também seus hábitos de deposição final dos resíduos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 692 2. Metodologia O estudo foi desenvolvido no Parque Estadual do Ibitipoca, situado na Zona da Mata mineira, abrangendo os municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca, sendo o povoado mais próximo, o Distrito de Conceição do Ibitipoca, o qual sofre influencia direta do parque por ser “porta de entrada” para o mesmo. O parque é uma unidade de conservação aberta à visitação, criado através da lei estadual nº 6.126, de 4 julho de 1973, sob a guarda e a administração do Instituto Estadual de Florestas-IEF. Abrange uma área de 1.488 ha da Serra do Ibitipoca, com altitudes que variam de 1.050 a 1.784 m. Trata-se da sétima UC estadual mais visitada no Brasil, com um fluxo de 50 mil visitantes por ano (SANTOS et al., 2012). O PEIbé área indicada como prioritária para a conservação da biodiversidade do estado de Minas Gerais (DRUMMOND et al., 2005) e da Mata Atlântica (BRASIL, 2000). Os procedimentos metodológicos para concretização do presente trabalho contemplaram a aplicação de questionários semiestruturados, contendo 04 questões objetivas focadas nas percepções sobre presença de lixo nos atrativos e trilhas do PEIb e hábitos dos visitantes na deposição dos resíduos, sendo as mesmas: Você viu lixo nas trilhas do parque? O que você faz com o lixo que você produz no parque? Você separa secos de orgânicos? Você sabe o destino final do lixo do parque ou de onde você leva? Os questionários foram aplicados a um número de 33 visitantes em diferentes áreas no PEIb durante os dias 25 e 26 de Julho de 2013. Para análise dos resultados, os dados coletados foram considerados em porcentagens. 3. Resultados e Discussão O perfil das 33 pessoas entrevistadas consiste em 58% serem do gênero feminino e, consequentemente, 42% do gênero masculino. Esta predominância Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 693 de visitantes mulheres contrasta com o perfil descrito por Ladeira et al. (2007) para o PEIb (46% de mulheres), mas está em concordância com Moutinho (2000), que afirma que devido à sua emancipação social e econômica, pessoas do gênero feminino, passaram a viajar mais, seja em grupos ou sozinhas. De acordo com a Figura 1, pode-se notar que mais de 50% dos visitantes estão entre as idades de 25 e 35 anos. Observou-se presença reduzida de pessoas idosas e menores de idade, já que a amplitude observada teve como limites as idades de 20 anos e 50 anos. Já crianças não foram contempladas nesta pesquisa. A presença de público mais jovem também foi observada por Ladeira et al. (2007) para o mesmo parque. 3% 3% 20-25 12% 25-30 12% 30-35 27% 18% 35-40 40-45 45-50 50-55 24% Figura 1 Faixa etária dos visitantes entrevistados no Parque Estadual do Ibitipoca. Ainda em relação ao perfil dos entrevistados, verificou-se que 15% destes residiam no estado do Rio de Janeiro e o restante (85%) em Minas Gerais sendo que desse último, 76% dos visitantes eram provenientes da cidade de Juiz de Fora. Nota-se que a visitação do parque em um final de semana normal, ou seja, sem feriados próximos a ele ou em período de férias, é realizada principalmente por pessoas que residem próximas a ele. Ladeira et al. (2007) em pesquisa sobre o perfil dos visitantes do PEIb em período de maior visitação (que ocorre nos meses de janeiro, fevereiro, abril e junho) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 694 também encontraram a predominância de visitantes destes dois estados, com a mesma predominância dos originários da cidade de Juiz de Fora (55%). Em relação aos resíduos, verificou-se que 30% dos entrevistados encontraram lixo nas trilhas ou pontos turísticos do parque e que, dentro deste universo, 60% relataram terem visto apenas uma vez e os 40% restantes viram resíduos mais de uma vez, porém não em todas as vezes que foram ao parque ou em todas as trilhas. De maneira geral, os visitantes estão satisfeitos com a pouca ocorrência de lixo nas trilhas, demonstrando as boas condições do PEIb neste quesito, já que em pesquisa desenvolvida por Takahashi (1998) notou-se que a percepção dos visitantes sobre o lixo espalhado em um parque - Parque Estadual Pico do Marumbi - PR - foi que sua presença influencia muito na qualidade da visita, para 48% dos entrevistados. Já Ladeira (2005) verificou que para 89% dos visitantes do PEIb a presença de lixo influenciava muito na qualidade da visita, e que para a grande maioria o parque estava muito limpo e bem cuidado. O PEIb apresenta visitação superior a sua capacidade de carga turística (LADEIRA, 2005) o que resulta, consequentemente, em um maior impacto da área, porém a reduzida presença de resíduos demostra uma boa conscientização da maioria de seus visitantes e que as lixeiras existentes no parque e o incentivo do uso de sacolas ecológicas, oferecidas pelo mesmo, para os turistas depositarem seu lixo, caracterizam-se por satisfatórias. Quando encontrado lixo no PEIb este era, na maioria das vezes, de dimensão reduzida, como papel de bala, que não impactava tanto a percepção de limpeza de quem o via. Porém, os entrevistados consideraram que o motivo de ainda encontrarem resíduos na natureza está mais relacionado à falta de consciência ambiental e respeito à natureza de alguns visitantes do que uma deficiência do PEIb em termos de estrutura, a exemplo, disponibilidade de lixeiras pelas trilhas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 695 O lixo gerado no parque em 6% é descartado na casa de quem o gerou, essa mesma porcentagem foi obtida nos casos em que as pessoas descartavam, de forma aleatória, tanto no parque como no local onde o visitante estava hospedado, outros 30% descartaram somente no local de sua hospedagem e os 58% restantes deixaram nas lixeiras do parque mesmo, Figura 2. A maior porcentagem de pessoas que deixam o lixo no próprio parque pode ser devido à comodidade de eliminar peso inútil no retorno a pousada ou residência e, ou também, pode ser por causa do parque disponibilizar sacolas ecológicas para que as pessoas depositem seu lixo nelas e indiretamente possa estar incentivando as pessoas a depositarem os resíduos nas lixeiras do próprio parque. 696 Figura 2 Locais onde os visitantes depositaram o lixo gerado no parque. No que diz respeito à separação dos resíduos em secos e orgânicos, prática viabilizada com lixeiras diferentes para cada tipo no PEIb, 58% dos visitantes afirmaram ter este costume. Mucelin e Bellini (2008) em estudo sobre impactos ambientais perceptíveis que os resíduos sólidos potencializam em fragmentos do ambiente urbano na cidade de Medianeira – Paraná, também encontraram resultado semelhante, em que 59% das pessoas fazem a separação do seu lixo. Esta porcentagem de aproximadamente 60% separarem o lixo no PEIb, mostra que as pessoas que em seu momento de lazer têm a necessidade ou vontade de estarem em contato com a natureza (LADEIRA et al., 2007), não necessariamente têm hábitos mais sustentáveis no dia-a-dia, aqui sendo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 considerado apenas a questão da separação do lixo e assim a sua melhor destinação. Sobre o destino final do lixo gerado no parque, 97% dos entrevistados não sabem o que é feito com ele e ao serem questionados verificou-se a deficiência de divulgação de como o parque trata seus resíduos com o intuito de gerar uma maior conscientização dessa prática ecologicamente correta em seus frequentadores. Os outros 3% que responderam positivamente a esse questionamento, só sabiam que o destino do lixo do PEIb estava relacionado com sua coleta pela prefeitura de Lima Duarte. O PEIb possui lixeiras para separação de resíduos secos e resíduos orgânicos, que segundo informações de funcionários do próprio parque, os resíduos orgânicos são utilizados para compostagem e os secos são recolhidos e levados para a cidade de Lima Duarte para seu devido fim. 697 4. Conclusão A Sendo que os visitantes relataram estarem satisfeitos quanto as condições do parque em presença de lixo nas trilhas foi percebida por uma minoria dos visitantes. relação a presença de resíduos nas trilhas, atribuindo as poucas ocorrências a uma falta de conscientização de alguns visitantes e não uma deficiência da administração do parque. Os visitantes apresentaram consciência sobre o descarte adequado de resíduos. Porém, a maioria não sabe o destino final dos resíduos descartados tanto no PEIb quanto em seus locais de hospedagem, o que pode comprometer a cadeia de deposição correta desses resíduos. Agradecimentos Os autores agradecem as agências de fomento CAPES e CNPq pela concessão de bolsas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 5. Bibliografia BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Brasília, 2000. Legislação Federal. Editora IBAMA. COSTA, Patrícia Côrtes. Unidades de Conservação: matéria-prima do ecoturismo. SãoPaulo: Aleph, 2002. DRUMMOND, G.M.; et al. Biodiversidade em Minas Gearais: um altas para sua conservação. 2. Ed. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2005. FERNANDEZ, F. A. dos S. O poema imperfeito: crônicas de Biologia, conservação da natureza, e seus heróis. 2. ed. Curitiba: UFPR, 2004. FERREIRA, A. B. de H.. Dicionário Aurélio eletrônico século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. JARDIM, N. S.; WELLS, C. (Org.).Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento integrado. São Paulo: IPT: CEMPRE, 1995. LADEIRA, Alecia Silva. 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ISBN 978-85-88769-56-4 698 GT 05: Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas Sumario 01 Diagnóstico de trilhas para a visitação ecológica no PE Acaraí, 700 São Francisco do Sul – SC. 02 Plano de gerenciamento de riscos em unidades de conservação 713 de São Paulo. 03 Bioindicadores de impactos em trilhas em uma unidade de 727 conservação de proteção integral (PARNA Tijuca), no domínio da Mata Atlântica. 04 Parque Natural Municipal Montanhas de Teresopólis - PNMMT: 740 potencialidades e fragilidades. 05 Análise das taxas de erosão e compactação do solo na trilha do 758 Carteiro, APA Serra São José, Tiradentes – MG. 06 Estudo da gestão de riscos (ABNT NBR 15331:2005) na trilha do 772 Morro do Diabo do PE do Morro do Diabo, Teodoro Sampaio/SP. 07 O impacto na dinâmica do solo através da utilização da Trilha 790 Ponta Negra - Praia de Galhetas na Reserva Ecológica da Juatinga / Paraty-RJ 08 Uso de equipamentos transceptores como instrumento de 810 monitoramento e segurança no PN Municipal da Taquara – PNMT, Duque de Caxias / RJ. 09 Estudo da capacidade de suporte turístico em uma trilha 819 interpretativa na Estação de Pesquisa Mata do Paraíso, Viçosa, MG. 10 Uso da norma técnica 15331 para Turismo de Aventura e 838 Ecoturismo na atividade de guiamento em área de montanha. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 699 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas DIAGNÓSTICO DE TRILHAS PARA A VISITAÇÃO ECOLÓGICA NO PARQUE ESTADUAL ACARAÍ, SÃO FRANCISCO DO SUL - SANTA CATARINA - BRASIL Douglas Macali Souza Paloma Fonseca Zorzetto Luiz Anselmo Palazzi Steffem Thiago Felipe de Souza Resumo Palavras-chave: Ecoturismo, Trilhas, Parque Estadual Acaraí. As atividades de ecoturismo no Brasil vêm crescendo exponencialmente ao longo dos últimos anos, sendo que este crescimento ocorre, na maioria das vezes, sem planejamento e por consequência sem a devida contribuição para a diminuição dos impactos ambientais na fauna e na flora. Sabendo disso e com o intuito de verificar o potencial ecológico e turístico das trilhas existentes no Parque Estadual Acaraí, São Francisco do Sul – SC, foram realizadas visitas técnicas às trilhas do parque a fim de mapeá-las e estruturar uma estratégia para desenvolvimento de atividades relacionadas ao ecoturismo. As visitas técnicas foram realizadas aos caminhos e trilhas já existentes no parque por uma equipe multidisciplinar, objetivando levantar pontos importantes e críticos de cada trilha, tais como: espaço adequado para passagem de visitantes, capacidade de suporte, classificação de percurso, localização dos atrativos principais, trechos e locais impactados pela visitação, trechos e locais de atenção para segurança, bem como locais para a instalação de sinalização adequada na trilha. Como resultados foram identificados três trilhas (Mirante, Casqueiro e Restinga) consideradas viáveis para uso de atividades de ecoturismo. Cada trilha apresentou características especificas que podem oportunizar seu uso de forma planejada, incluindo os potenciais naturais, históricos e culturais da região. A partir deste resultado, as trilhas mapeadas receberão placas de sinalização de apoio à visitação pública. Desta forma, espera-se que a instalação das placas auxiliem a diminuir os impactos ambientais no ecossistema que compõe a paisagem cênica das trilhas mapeadas, bem como ordenar a visitação pública desses locais. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 700 Resumen Palabras-clave: Ecoturismo, Senderos, Parque Estadual Acaraí. Las actividades de ecoturismo en Brasil vienen creciendo exponencialmente a lo largo de los últimos años, y este crecimiento ocurre, la mayoría de las veces, sin planificación y en consecuencia sin la debida contribución para la disminución de los impactos ambientales en la fauna y flora. Sabiendo eso y con el propósito de verificar el potencial ecológico y turístico de los senderos existentes en el Parque Estadual Acaraí, São Francisco do Sul – SC, se realizaron visitas técnicas a los senderos del parque para mapearlos y organizar una estrategia para el desarrollo de actividades relacionadas al ecoturismo. Las visitas técnicas se realizaron a los caminos y senderos ya existentes en el parque, por un equipo multidisciplinar, con el objetivo de plantear cuestiones importantes y críticas de cada sendero, tales como: espacio adecuado para el paso de visitantes, capacidad de soporte, clasificación del recorrido, localización de los principales atractivos, tramos y lugares impactados por la visita, tramos y lugares de atención para seguridad, así como lugares para la instalación de señalización adecuada en el sendero. Como resultado se identificaron tres senderos (Mirante, Casqueiro y Restinga) considerados viables para uso de actividades de ecoturismo. Cada sendero presentó características específicas que pueden posibilitar su uso de forma planificada, incluyendo los potenciales naturales, históricos y culturales de la región. A partir de este resultado, los senderos mapeados recibirán placas de señalización de apoyo a la visita pública. De esta forma, se espera que la instalación de las placas ayude a disminuir los impactos ambientales en el ecosistema que compone el paisaje de los senderos mapeados, así como ordenar la visita pública de esos lugares. 1. Introdução Atualmente a criação das Unidades de Conservação (UC) constitui uma das principais formas de intervenção governamental, que vislumbra a redução das perdas da biodiversidade enfrentando à degradação ambiental imposta pela sociedade (desterritorialização das espécies da flora e fauna). As UCs são áreas que apresentam características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo Poder Público para a proteção da natureza, com objetivos e limites definidos. Elas prestam importantes serviços ambientais, como a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 701 regulação climática, o fornecimento de água e ar puros, a ciclagem de nutrientes e a proteção da biodiversidade. Portanto, são áreas essenciais servindo para amenizar o impacto das atividades antrópicas sobre ecossistemas naturais. Oferecem ainda, em algumas categorias de manejo, como contrapartida o bem-estar das populações rurais e urbanas vizinhas, possibilitando desta forma um arranjo produtivo econômico, associado à atividade turística. Sabendo disso, em 23 de setembro de 2005 foi criado o Parque Estadual Acaraí, UC com aproximadamente 6.667 hectares localizada no município de São Francisco do Sul, norte de Santa Catarina (Figura 01). 702 Figura 1 – Limites do Parque Estadual Acaraí, em São Francisco do Sul, Santa Catarina (Imagem: Luiz Steffem; Google Earth, 2012). O complexo hídrico existente nesta área é responsável pelo abrigo, reprodução e alimentação de várias espécies aquáticas, que somado a Vegetação de Restinga e de Floresta das Terras Baixas do Domínio da Mata Atlântica, constituem local para proteção da flora e fauna, entre elas as endêmicas e ameaçadas de extinção. Desta forma, a criação do Parque foi uma ação propositiva para o estabelecimento de uma política territorial direcionada, em especial, para atividade de turismo e educação ambiental. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 A percepção ambiental é uma ferramenta importante para a gestão de UC, pois permite analisar o conhecimento, os valores e as atitudes da população ou dos atores sociais em relação a uma determinada área. Nesse contexto, a sensibilização através de ações de educação ambiental aplicadas nas comunidades de entorno são instrumentos importantes para a promoção da conservação em UCs, pois auxiliam na promoção da mudança de atitudes e valores. Para isso, é necessário não somente caracterizar a comunidade, mas também a percepção ambiental desta sobre a UC. Esta caracterização é imprescindível para projetos que abordem as relações entre as pessoas, o ambiente e gestão ambiental (TORRES & OLIVEIRA, 2008). Sendo assim considera-se a percepção ambiental como uma ferramenta de planejamento para a gestão de UCs, através da análise do conhecimento, dos valores e das atitudes das populações (conhecer as interações sensitivas) ou dos atores sociais em relação a uma determinada área (FERREIRA, 2005). A partir da percepção ambiental pode-se identificar a relação existente entre ser humano e natureza, o que faculta a elaboração de uma base de dados para o planejamento e implementação da educação ambiental em UC (TORRES & OLIVEIRA, 2008). Algumas atividades permitem contato direto com a natureza, e propiciam a educação ambiental, como é o caso do ecoturismo. Tais atividades devem ocorrer continuamente, realçando aspectos econômicos, sociais, políticos, culturais e éticos (TOLEDO & PELICIONI, 2005). Em geral, o ecoturismo é considerado como uma atividade de baixo impacto ambiental, uma possibilidade de sustentação econômica para as UC e para as regiões onde atividades tradicionais, como a agricultura familiar, o extrativismo, a pesca artesanal, entre outras, têm revelado fragilidade e insuficiência para a manutenção das populações delas dependentes, especialmente, naqueles espaços submetidos a restrições legais, onde tais atividades são colocadas como incompatíveis com a conservação ambiental, agravando as condições de sobrevivência das populações locais (SILVEIRA, 2003). Desta forma, ecoturismo pode ser definido como um segmento da atividade turística que Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 703 utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, a fim de incentivar sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas (BRASIL, 1995). Baseado nisto, durante os meses de abril e maio de 2012 foram realizadas visitas técnicas de campo à UC Parque Estadual Acaraí, para verificar a viabilidade de implantação de trilhas ecológicas nas dependências da UC. 2. Metodologia Na busca de dados e informações para compor um diagnóstico de viabilidade técnica para implantação de trilhas ecológicas no Parque Estadual Acaraí, foram realizadas 8 (oito) visitas aos caminhos e trilhas já existentes na UC. Estas visitas buscaram levantar pontos importantes e críticos de cada trilha, tais como: espaço adequado para passagem de visitantes, capacidade de suporte de cada trilha, classificação de percurso, localização dos atrativos principais, trechos e locais impactados pela visitação, trechos e locais de atenção para segurança, bem como locais para a instalação de sinalização adequada na trilha. Como material de apoio aos pesquisadores, utilizaram-se pranchetas, canetas esferográficas e fichas de campo, para a coleta de dados e descrição de fotografias e anotações. Como equipamentos de apoio: um automóvel para ida e retorno até as entradas de acesso as trilhas; um GPS Garmin Etrex 30 para a demarcação de pontos, trajetos e coordenadas das trilhas; uma câmera fotográfica digital Nikon D5100 e uma câmera fotográfica digital Canon SX30i; e um par de Walkie Talkie Motorola MC220R, para comunicação entre os pesquisadores. Para melhoramento das imagens e inserção de linhas de contorno e percurso das trilhas visitadas, foram utilizadas imagens de satélite e arquivos de polígonos a partir da interface do programa Google Earth 6.2, e os programas de processamento digital de imagens ENVI 4.5 e de edição de imagem Corel Draw X5. Depois de realizadas as marcações e anotações das trilhas, gerou-se Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 704 um relatório técnico pelos pesquisadores, indicando o perfil de cada trilha visitada. 3. Resultados O relatório técnico apontou a existência de 3 trilhas viáveis para o uso em ecoturismo na UC, sendo: Trilha do Mirante, Trilha do Casqueiro e Trilha da Restinga.  Trilha do Mirante (Figura 2): Trilha circular, de intensidade leve, com distância de 2.050 metros e percurso single track (para uma pessoa). 705 Figura 2 - Percurso da Trilha do Mirante (Imagem modificada por Luiz Steffem; de Google Earth, 2012). Os principais atrativos turísticos desta trilha compõem a paisagem, conforme seus aspectos geográficos em primeiro plano: hidrografia, relevo e vegetação. Estes elementos possibilitam a esta trilha o desenvolvimento de roteiros de visitação temáticos. São os elementos: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 - Rio Acaraí: Principal atrativo desta trilha. Pode ser observado de um mirante natural que proporciona uma visão panorâmica do rio. Temas sugeridos para serem trabalhados com os visitantes: formação geológica do Rio Acaraí; Relação entre pescadores artesanais e a importância da preservação do rio; Espécies marinhas e terrestres associadas ao Rio Acaraí. - Dunas: Atrativo principal. Alguns pontos, onde é permitido o transito de pessoas, possibilitam uma visão panorâmica do parque em geral. Temas sugeridos para serem trabalhados com os visitantes: formação geológica e processos erosivos das dunas e importância da conservação dada zona costeira - Restinga: Atrativo principal composto por vegetação característica de restinga que visualmente forma uma espécie de cordão de isolamento separando o mar e o Rio Acaraí. Temas sugeridos para serem trabalhados com os visitantes: Características principais da vegetação de restinga; Importância da conservação da vegetação; Fauna e flora associada. Como atrativos secundários, pode-se citar: a observação de fauna por indícios (ex.:pegadas), e a observação direta da avifauna e por indícios (vocalização e ninhos).  Trilha do Casqueiro (Figura 3): Trilha linear, de intensidade leve, com distância de 2.332 metros e percurso para duas pessoas. Como atrativos turísticos desta trilha os sítios históricos inseridos na paisagem: ruínas da igreja do casqueiro e cemitério do casqueiro. Os atrativos naturais são caracterizados pelo Rio Acaraí e a flora composta por espécies de bromélias e gravatás associados à restinga. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 706 Figura 3 - Percurso da Trilha do Mirante (Imagem: Luiz Steffem; Google Earth, 2012). - Ruínas da Igreja: Vestígios do passado da história da colonização dessa região no município caracterizado pelas colunas da estrutura física da antiga igreja que existia no lugar. - Cemitério Histórico de São Gonçalo (Praia Grande): É onde os moradores da desativada comunidade local eram enterrados. - Rio Acaraí: Associado a este atrativo está a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas que margeia o leito do rio, porém inacessível a essa trilha, podendo ser apenas avistada desse ponto da UC. - Espécies de flora da Restinga: Atrativos representados pelas espécies de bromélias e gravatás que podem ser visualizadas em alguns trechos do percurso. Em alguns pontos específicos da paisagem da trilha, o solo é encoberto por bromélias formando verdadeiros tapetes, e em alguns pontos é Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 707 possível perceber a mudança de microclima, promovida pela água acumulada nessas plantas, onde o ar se torna mais úmido. Como atrativos secundários da trilha, pode-se citar: observação de fauna por indícios pegadas, observação direta da avifauna e por indícios (vocalização e ninhos) e observação da Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, que pode ser avistada das margens do Rio Acaraí.  Trilha da Restinga (Figura 4): É uma trilha circular, que dá continuidade à Trilha do Casqueiro, de intensidade moderada, com distância de 1.814 metros e percurso para uma pessoa. 708 Figura 4 - Percurso da Trilha da Restinga (Imagem: Luiz Steffem; Google Earth, 2012). Por ser uma continuação da trilha do Casqueiro, os atrativos são similares nesse trechos, incluindo a passagem pela Estrada Histórica e o um nova perspectiva de observação do Rio Acaraí. Neste percurso é perceptível a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 dinâmica geológica que envolve as paisagem como um todo tendo as dunas com grande expressividade. - Estrada Histórica: Estrada usada pelos antigos moradores do entorno do parque. Consiste numa trilha que corta a UC de ponta a ponta (relação nortesul). Era utilizada como via de acesso dos moradores, que residiam onde hoje é o parque, para atividades de agricultura, extrativismo e para se chegar aos engenhos de farinhas mantidos pela antiga comunidade. - Rio Acaraí: Segundo ponto de visão do rio também associado à Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas margeando o leito do rio com vestígios de ocupação de atividades de camping na área. - Vegetação de Restinga: Vegetação de característica edáfica, com microclimas distintos ao longo do percurso da trilha que estão ligados intrinsicamente com a morfologia do solo, seguindo os padrões de restinga arbórea e arbustiva no final da trilha, ponto alto do percurso para se trabalhar alguns temas técnicos desse ambiente. - Dinâmica geológica de Dunas: Formação geológica do período quaternário com características de dunas migratórias que participam do controle do processo erosivo de ambientes costeiros, com granulometria alta, e com elevação, em relação ao nível do mar de 15 metros. 4. Discussão Conforme Vasconcellos (1998), trilha é uma palavra derivada do latim “tribulum” significando caminho, rumo, direção. De acordo com a autora, ao longo dos anos, a humanidade vem abrindo e utilizando estes caminhos para atender suas necessidades, principalmente de deslocamento. Mas, atualmente, as trilhas vêm sendo utilizadas mais como um meio de maior contato com a natureza, uma convivência e um bem-estar maior. De acordo com Vasconcellos & Ota (2000) uma trilha é um caminho através do espaço geográfico, histórico e cultural. A trilha é considerada interpretativa, quando Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 709 seus recursos são traduzidos para os visitantes, com base em temas prédefinidos através de guias especializados, folhetos ou painéis. Em termos práticos, as trilhas interpretativas têm o propósito de estimular os grupos de atores a um novo campo de percepções, com o objetivo de levá-los a observar, questionar, experimentar, sentir e descobrir os vários sentidos e significados relacionados ao tema selecionado (VASCONCELLOS & OTA, 2000). As trilhas que existem com um caráter educativo, possuem normalmente curta extensão e, segundo Ghillaumon (1977), podem ser definidos como sendo um percurso em um sítio natural que consegue promover um contato mais estreito entre o ser humano e a natureza. Consiste num instrumento pedagógico importante que possibilita o conhecimento da fauna, flora, geologia, história, geografia, dos processos biológicos, das relações ecológicas, do meio ambiente e sua proteção, bem como o desenvolvimento de atitudes e valores nos indivíduos. Desta forma, entende-se que as trilhas interpretativas não existem somente para a comunicação de fatos, datas e conceitos, mas também para compartilhar experiências que levem os visitantes, sejam alunos, professores ou turistas a apreciar, a entender, a sensibilizar, a cooperar na conservação de um recurso natural e também a educar. Sabendo disso, as três trilhas levantadas no projeto serão sinalizadas com placas informativas e diretivas de apoio à visitação pública. Estas placas conterão informações como distância, tempo de percurso, normas a serem seguidas no percurso, infográficos das trilhas e características. 4. Conclusões Espera-se que a instalação das placas de sinalização de apoio à visitação pública possa diminuir os impactos ambientais negativos nos ecossistemas da UC, e que estes equipamentos auxiliem no ordenamento da visitação pública das trilhas mapeadas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 710 Pretende-se ainda realizar um curso de condutores ambientais locais, para que sejam formados na comunidade condutores aptos a transmitir aos visitantes informações pertinentes sobre o Parque Estadual Acaraí, e auxiliar na interpretação dos ecossistemas visitados. Trabalhos que envolvem educação ambiental possuem suma importância na construção de uma sociedade preocupada com o meio em que vive. A associação dos conteúdos teóricos com explanações dinâmicas e práticas realizadas em campo auxilia o entendimento das pessoas do porque da valorização e importância dos ecossistemas naturais e seu equilíbrio. Assim, estas trilhas poderão promover a construção do civismo em cidadãos que passarão a valorizar o meio em que vivem, e também, possibilitar o trabalho para a preservação e a recuperação de ecossistemas que estejam em processo de degradação. 6. Referências bibliográficas 711 BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio e Turismo; Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídrico da Amazônia Legal. Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo. MICT/MMA, Brasília/DF: 1995. FERREIRA, C. P. Percepção Ambiental na Estação Ecológica de Juréia-Itatins. Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) - Universidade de São Paulo, São Paulo/SP, 2005. GUILLAUNON, J. R. et al. Análise das trilhas de interpretação. São Paulo, Instituto Florestal, 57 p. (Boletim Técnico. 25). 1977. SILVEIRA, M A. T. da. Ecoturismo, políticas públicas e a estratégia paranaense. In: RODRIGUES, A. B. Ecoturismo. Limites do eco e da ética. São Paulo, Ed. Contexto, 2003. TORRES, D. F.; DE OLIVEIRA, E. S. 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ISBN 978-85-88769-56-4 712 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas PLANO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS NOS PARQUES ESTADUAIS DE SÃO PAULO Daniela Midori Kaneshiro1 Érika Sayuri Koga2 Kátia Pisciotta3 Resumo Palavras-chave: Ecoturismo; Parques Estaduais; Gerenciamento de trilhas; Segurança; Plano de Contingências. O Governo de São Paulo por meio da Secretaria de Meio Ambiente, com investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) implantou o Projeto de Ecoturismo com o propósito de organizar as Unidades de Conservação como produtos turísticos para atrair, reter e satisfazer um mercado diversificado de visitantes. O consequente aumento da visitação acarreta também em possíveis riscos e ocorrência de acidentes. Para minimizar os problemas relacionados à segurança, o Projeto de Ecoturismo elaborou Plano de Gerenciamento de Riscos e Plano de Contingência para os Parques Estaduais Intervales, Carlos Botelho, Caverna do Diabo, Ilha do Cardoso, PETAR e Ilhabela. Este artigo tem o objetivo de analisar os planos efetuados, avaliando os desafios e as dificuldades para implantação, diante da realidade das UC paulistas. Na etapa diagnóstica, foram identificados os atrativos dos seis parques, quantidade de perigos e riscos para os visitantes em cada uma das trilhas, equipamentos necessários para mitigação destes e demanda por cursos de segurança para qualificação das pessoas que atuam na unidade. O Plano de Gerenciamento de Riscos e o Plano de Contingências foram parcialmente implantados com recursos do Projeto de Ecoturismo. Além disso, o estudo foi um projeto piloto que pode ser replicado para outras UC que tenham visitação, visando o manejo seguro das trilhas. Ainda há muita pesquisa a ser feita para melhorar a implantação de trilhas com segurança, assim como devem ser realizadas discussões com guias, monitores locais e trilheiros experientes, formação de equipes de resgate e melhoria na 1 midorikaneshiro@yahoo.com.brMestranda em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela UFSCAR, Engenheira Ambiental pela UNIFEI-MG, Engenheira de Segurança do Trabalho pela Faculdade Oswaldo Cruz e trabalha na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo 2 kogadinapoli@gmail.com Mestre em Hospitalidade pela UAM-SP e Bacharel em Turismo pela USP, trabalha na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo 3 katiapisciotta@gmail.comMestre em Ciência Ambiental pelo Procam/USP e Zootecnista pela FMVZ/USP, trabalha na Fundação Florestal do Estado de São Paulo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 713 comunicação dentro dos parques. Por último, ressalta-se que a gestão e o monitoramento dos riscos são constantes e cíclicos, precisando ser revisado periodicamente. Deste modo, espera-se que os parques consigam gerir trilhas e atrativos com segurança para os usuários e também para os funcionários, tendo documentos que norteiem intervenções, capacitações, aquisições e sinalizações. Resumen Palabras-clave: Ecoturismo; Parques Estatales; Gestión de senderos; Seguridad; Plan de Contingencia El Gobierno del Estado de São Paulo, a través de la Secretaria Estadual de Medio Ambiente , con inversión del Banco Interamericano de Desarrollo (BID) implantó el Proyecto de Ecoturismo con el propósito de organizar Unidade de Conservación como productos turísticos para atraer, retener y satisfacer a un mercado diverso visitantes. El consiguiente aumento de las visitas también lleva riesgos y accidentes potenciales. Para minimizar los problemas de seguridad, el Proyecto de Ecoturismo desarolló el Plan de Gestión de Riesgos y el Plan de Contingencia para Parques Estatales Intervales, Carlos Botelho, Caverna do Diabo, Ilha do Cardoso, PETAR y Ilhabela. Este artículo tiene como objetivo analizar los planes elaborados por la evaluación de los desafíos y las dificultades de ejecución, ante la realidad de UC paulistas . En la etapa de diagnóstico, se identificaron los atractivos de seis parques, la cantidad de peligros y riesgos a los visitantes en cada sendero, el equipo necesario para mitigarlos y la demanda de cursos de seguridad para calificación de las personas que trabajan en la unidad. El Plan de Gestión de Riesgos y el Plan de Contingencia se llevaron a cabo en parte con fondos del Proyecto de Ecoturismo. Además, el estudio fue un proyecto piloto que puede ser replicado en otras UCs que tienen visitación, en busca de la gestión segura de las rutas. Todavía hay mucha investigación por hacer para mejorar la implementación de los senderos de forma segura, asi como se requiere debates con guías, monitores excursionistas locales y con experiencia, con los equipos de rescate de formación y mejora de la comunicación dentro de los parques. Por último, la gestión de los riesgos son constantes y cíclicos y necesitan ser revisadas periódicamente. Por lo tanto, se espera que los parques puedan gestionar senderos y atractivos con seguridad para los usuarios y también para empleados basados en documentos que oriente las intervenciones, formación, contratación de equipos y placas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 714 1. Introdução Os visitantes buscam atrativos, experiências e desafios em Unidades de Conservação (UC) e essas atividades são variadas, tais como: montanhismo, cachoeiras, animais selvagens, cavernas, culturas, canyons/vales, deserto e observação de aves. Junto a essas atividades, há riscos e perigos. (Gualtieri et al, 2008). O risco existe e é intrínseco a qualquer tipo de atividade, seja ela, educacional, profissional, de lazer ou de aventura, sendo necessário minimizálo ou eliminá-lo quando houver a presença humana. A segurança das pessoas envolvidas, se tratada de forma sistêmica, gera um controle das atividades, que passam a ser praticadas com responsabilidade. Apesar das iniciativas de sistematização e gestão dos riscos não serem suficientes para garantir a segurança total das atividades, passa a atender os requisitos legais da organização. Nesse sentido, o Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na região da Mata Atlântica no Estado de São Paulo executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente no período de 2006 a 2013, por meio de contrato firmado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID teve o objetivo de consolidar a vocação do turismo sustentável em sua área de influência como estratégia de conservação da natureza e apoio ao desenvolvimento socioeconômico da região. Para tanto, foram desenvolvidas ações para organizar e consolidar as UC como produtos turísticos com capacidade de atrair e satisfazer um mercado diverso de visitantes. A área de abrangência do Projeto foram seis Parques Estaduais localizados nas regiões do Vale do Ribeira, Alto Paranapanema e Litoral Norte de São Paulo. São eles: “Carlos Botelho”, Intervales, Caverna do Diabo, Turístico Alto Ribeira (PETAR), Ilha do Cardoso e Ilhabela que englobam regiões contínuas de Mata Atlântica - um dos ecossistemas mais rico e ameaçado do mundo reconhecida pela UNESCO como Reserva da Biosfera e Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade. As atividades planejadas pelo Projeto foram divididas em três componentes principais: (i) Estruturação dos parques para a visitação pública, com a implantação de novos serviços e estruturas, além da reorganização administrativa para maior eficiência, controle e incremento da satisfação dos visitantes; (ii) Organização e consolidação do produto turístico na área de influência direta do Projeto, envolvendo comunidades, pequenos empresários e prefeituras, procurando incrementar novos negócios e promover a estruturação da cadeia produtiva do turismo, gerando renda e emprego na região; e, (iii) Fortalecimento da gestão pública, incluindo uma nova política de ecoturismo para os parques, regras de visitação e controle, plano de capacitação de pessoal, monitoramento, entre outros. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 715 Dentro das atividades do componente (i) voltado para o fomento do uso público dentro das UC abrangidas pelo Projeto foram construídas novas estruturas de apoio à visitação, tais como alojamentos, pousadas, restaurantes, Centros de Visitantes, trilhas, mirantes, pontes entre outras edificações. Com a melhoria da oferta física dos parques vislumbra-se um aumento da visitação e maior frequência de pessoas com diversos perfis que buscam atividades diferentes dentro dos espaços naturais. Diante desse quadro, foi contratada consultoria pelo Projeto de Ecoturismo para elaboração de Planos de Gerenciamento de Riscos e de Planos de Contingências para os seis Parques Estaduais. O Plano de Contingência tem o objetivo de descrever as medidas internas a serem tomadas pelos membros da equipe de busca e salvamento, monitores, operadores de turismo e pessoal envolvido em situações de emergência, estabelecendo e definindo a manutenção de planos e procedimentos para atender a acidentes e incidentes, de modo a reduzir as possíveis consequências a eles associadas. E, o Plano de Gerenciamento de Riscos é o processo sistemático e continuo para a prevenção ou redução de ocorrências que envolvam danos e prejuízos aos envolvidos. Implica em identificação e análise dos riscos e o desenvolvimento de medidas preventivas. Manual de criação e organização de grupos voluntários de busca e salvamento (SÃO PAULO, 2010, p. 10) O serviço constituiu-se em sete etapas, a saber: (i) Organização e Planejamento dos serviços; (ii) Levantamentos e Diagnósticos; (iii) Planos de Gerenciamento de Riscos e Planos de Contingências por Parque Estadual e por núcleo de visitação; (iv) Recomendações e informações complementares para criação de espaços, sugestões de sinalizações, treinamentos específicos etc; (v) Recomendações para aquisição de equipamentos e material para atendimento de contingências; (vi) Manual de elaboração de Planos de Gerenciamento de Riscos e Planos de Contingências; (vii) Apresentação dos planos e treinamentos. Os estudos foram concluídos em outubro de 2010 e algumas ações foram implantadas até a conclusão do Projeto de Ecoturismo em fevereiro de 2013. Assim, o atual artigo tem o objetivo de analisar os planos efetuados, avaliando os desafios e as dificuldades para implantação, diante da realidade das UC paulistas. 2. Metodologia 2.1 O Ciclo PDCA e a Norma ABNT 15.331/2005 Para a realização deste trabalho foi realizada pesquisa bibliográfica e documental focados nos estudos de Plano de Gerenciamento de Riscos e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 716 Contingências e dos contratos do Projeto em atendimento ao estudo. Todo o estudo foi baseado na Norma Técnica Brasileira para atender requisitos do sistema de gestão da segurança no turismo de aventura – NBR ABNT 15.331/2005, que engloba como referência o ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Act) com quatro etapas para o controle e melhoria contínua de processos (ABNT, 2005): Figura 5 – Ciclo do PDCA (São Paulo, 2010) Plan (Planejar): estabelece os objetivos e processos necessários para fornecer os resultados de acordo com a política de segurança da organização; Do (Implementar): implementar os processos; Check (Verificar): monitorar e medir o resultado dos processos em relação à política, aos objetivos e metas e reportar os resultados; Act (Agir): tomar ações para melhorar continuamente a performance do sistema de gestão. Esses recursos são justificados para privilegiar uma abordagem preventiva do sistema, assegurando a classificação dos riscos e a identificação dos que devem ser eliminados ou controlados, além de já existir boas práticas oferecidas e empregadas. Seguindo os conceitos determinados pela norma ABNT 15.331/2005 e que são considerados neste artigo, seguem definições:  Acidente: evento não planejado que resulta em morte, doença, lesão, dano ou outra perda. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 717  Perigo: fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente do local de trabalho, ou uma combinação destes.  Risco: combinação da probabilidade da ocorrência de determinado evento e da(s) sua(s) consequência(s).  Segurança: isenção de riscos inaceitáveis de danos. 2.2 Gerenciando riscos nas atividades de ecoturismo Interesse em visitar áreas naturais, experimentar a autêntica vida local e observar a vida selvagem continua a crescer, trazendo oportunidades, mas também pressões e a necessidade crescente de gestão de melhores práticas. De acordo com a Declaração do Ecoturismo de Oslo (TIES, 2007), o número de desembarques mundiais aumentou 23% desde 2002 e a tendência é dobrar até 2020. As comunidades tradicionais e as áreas protegidas continuam recebendo pressão pelas atividades desordenadas de turismo e pela falta de planejamento e organização dos destinos turísticos, principalmente de áreas remotas e ambientalmente frágeis. Focado nessa preocupação, as UC devem incorrer ao desenvolvimento de gestão profissionalizada na área do uso público, objetivando fazer o manejo de suas áreas naturais, combinada com atividades de visitação pública, com planejamento e acompanhamento dos impactos, identificando causas e gerando ações mitigatórias que venham a corrigir os efeitos negativos. E nesse aspecto, deve-se incorporar o gerenciamento dos riscos e tomada de medidas contingenciais para os casos reais. Dentro dessa preocupação, as UC devem incorporar nos seus Planos de Manejo as atividades de uso público e suas diretrizes. O Plano de Manejo é o “projeto dinâmico que, utilizando técnicas de planejamento ecológico, determine o zoneamento de um Parque Estadual, caracterizando cada uma das suas zonas e propondo seu desenvolvimento físico, de acordo com suas finalidades” (SÃO PAULO, 1986). Dentro do Plano de Manejo foram ordenadas diretrizes para diversos setores que compõem a gestão do Parque Estadual. Os chamados Programas de Manejo incluem um específico para Visitação ou Uso Público, Onde deverão compatibilizar a visitação às condições da UC (categoria de manejo, zoneamento, recursos humanos, infraestrutura e características dos atrativos), subsidiando a necessidade de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 718 reformas e construções de edificações, aquisição de equipamentos, contratação de serviços, entre outros (PLANO DE MANEJO PEIC, 1998, p.93). Atividades na natureza despertam o interesse cada vez maior de adeptos a aventura, da aproximação com ambientes remotos ou simplesmente para contemplação. Sem dúvida alguma, os visitantes de áreas naturais estão sujeitos à ocorrência de acidentes, vinculados ao ambiente (raios, avalanches) ou às condutas do próprio visitante (perda de atenção, falta de preparo físico). A partir de exemplos retirados do quadro de acidentes da Associação Férias Vivas – instituição sem fins lucrativos – que dá assistência jurídica a pessoas que sofreram acidentes em atividades turísticas, demonstram que os acidentes são ocasionados geralmente pela falta de equipamentos adequados de segurança e guias capacitados, falta de sinalização dos espaços internos, ausência de equipe preparada para situações emergenciais e de informações sobre as características dos locais visitados (SILVA e LAMAS, 2011). Implantar um sistema de gestão da segurança e plano de contingência dentro de Parques Estaduais implica de um lado a responsabilidade do gestor público em relação às atividades praticadas dentro da UC e de outro, a busca de sensações intensas por parte dos visitantes, como comenta López-Richard at al, 2007: 719 O risco e a motivação, neste tipo de experiência, estão também estreitamente ligados. Considera-se que o risco funciona como estímulo e fonte de emoções prazerosas para os indivíduos envolvidos ou atraídos pelas atividades de aventura. (LÓPEZRICHARD, ALAMINO e SIMÕES, 2007). De acordo com os autores, o risco nas atividades de aventura não é limitador para as práticas, “devendo existir um equilíbrio entre risco e segurança, para que a atividade não se torne irracionalmente perigosa ou segura demais”, desmotivando alguns perfis de praticantes. 2.3 Plano de Gerenciamento de Riscos e de Contingências Durante o planejamento do Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Mata Atlântica, diversas diretrizes foram definidas. O objetivo era transformar os parques em pontos turísticos e apoiar o ecoturismo como ferramenta para o desenvolvimento sustentável, através de questões-chaves como melhoria da gama, qualidade e padrões dos produtos, desenvolvendo capacitações e promovendo a conscientização turística e educação ambiental, além de otimizar os potenciais turísticos para beneficiar comunidades, formar parcerias e criar perspectivas de longa duração sobre sustentabilidade (São Paulo, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 2005). Este último tema envolve a segurança nos parques para os visitantes, em especial, de acordo com as características peculiares de cada UC, que tem como atividades observação de aves, turismo familiar, esportes e turismo de aventura, cavernas interpretativas e cachoeiras, pesquisa científica, lazer e pesca, praia e meio ambiente natural. Uma das metas do Projeto Ecoturismo envolve o aumento do número de visitantes nos parques, inclusive em áreas remotas, mas destinadas para uso público (São Paulo, 2005). A evolução do número de visitantes ano a ano encontra-se detalhada na tabela a seguir: Tabela 1 - Número de visitantes nos Parques Estaduais abrangidos pelo Projeto de Ecoturismo 2007 2008 2009 2010 2011 2012 14.175 16.384 16.288 32.966 35.128 13.327 Caverna do Diabo 27.545 9.198 24.453 26.162 26.871 27.143 Ilha do Cardoso 40.480 64.756 23.242 34.280 27.000 20.378 Ilhabela 22.280 14.756 35.535 39.106 54.606 83.972 Intervales 9.756 7.098 7.175 16.083 15.778 16.718 PETAR 25.794 25.155 21.689 34.980 36.856 20.378 TOTAL 142.037 139.355 128.382 183.577 196.239 198.839 “Carlos Botelho” Fonte: Dados Fundação Florestal (2012) Esse acréscimo aumenta a possibilidade de ocorrer acidentes, seja por riscos do ambiente como humanos. Portanto, há a necessidade de conhecer melhor as adversidades existentes nas trilhas para iniciar um plano de contingências em caso de emergência. Para uma boa gestão do uso público nas UC, é necessário conhecer, avaliar a estabelecer o conjunto de medidas necessárias para evitar danos, reduzir os riscos e orientar os visitantes quanto aos riscos inerentes aos ambientes naturais e às atividades a realizar. A partir dessas características e visando a geração de oportunidades para as comunidades do entorno das UC, o Projeto contratou a Elaboração de Plano de Gerenciamento de Riscos e de Contingências4 para o sistema de Trilhas nas UC abrangidas pelo Projeto. E por se tratar de um projeto piloto, englobava também a elaboração do Manual para a elaboração dos planos, de forma a replicar essa 4 A empresa vencedora da licitação foi a Módulo Soluções para GRC – Governança, Riscos e Compliance. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 720 importante atividade em outras áreas públicas abertas à visitação. O serviço foi realizado em sete fases: 1. Organização e planejamento do projeto – para segurança do trabalho, o escopo foi detalhado e organizado através de reuniões. 2. Levantamento e Diagnósticos – Inventário dos riscos e perigos com tabulação e análise dos dados. 3. Elaboração dos Planos de Gerenciamento de Riscos e de Contingências – detalhamento com a identificação dos riscos, bem como a qualificação e controle dos mesmos para monitoramento e recomendações para mitigação ou eliminação dos riscos, além de fornecer procedimentos para caso de acidentes, reunindo informações e orientações necessárias e básicas para ocorrências 4. Relatório com Recomendações e Informações Complementares – propostas de implantação dos planos de gerenciamento de riscos e de contingências 5. Relatório de Aquisição de Equipamentos e Material para Contingências – Lista de materiais e quantidades de equipamentos necessários para a execução dos planos 6. Manual de Elaboração dos Planos de Gerenciamento de Riscos e Contingências –ferramenta com detalhamento das atividades e materiais para nortear um estudo padronizado para elaboração do Plano para outras UC não abrangidas pelo Projeto 7. Apresentação dos Planos de Gestão de Riscos e Treinamento para contingências – apresentação dos produtos acima relacionados para o Conselho Consultivo de cada UC e interessados no assunto (São Paulo, 2010a) As trilhas e atrativos dos seis parques do Projeto foram identificados, localizados e resultaram em um mapa contendo as seguintes informações: localização, nome e extensão da trilha, orientação cartográfica, hidrografia, curvas de nível, legenda, DATUM e escala utilizada (São Paulo, 2009). Os materiais utilizados para a elaboração foram: trena, GPS, computador, rádio, máquina fotográfica, e, se possível, todos embutidos no GPS (São Paulo, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 721 2010). A partir daí caracterizou-se a trilha com o grau de dificuldade, duração da atividade e os tempos necessários para o deslocamento de uma equipe de resgate. No mapeamento foram indicadas rotas de fuga para melhor atendimento à emergência. 3. Resultados Os resultados geraram conhecimento sobre riscos e segurança, identificou fatores de riscos em trilhas e cavernas. O estudo permite nortear os gestores dos parques quanto às prioridades na gestão de segurança no local. E com o aumento do controle de riscos e de perigos, poderá atuar com mais segurança e transpassar mais conhecimento do local para os visitantes.Um levantamento muito importante realizado no estudo foi o das capacidades e tipos de atendimentos de emergências em cada uma das cidades no entorno dos parques, tais como: hospitais, pronto-socorro, clínicas, corpo de bombeiros, polícia militar e defesa civil e equipamentos disponíveis, além de elencar outros meios de comunicação realizada em cada região. Para a efetividade do Plano de gerenciamento de Riscos, foi identificada a necessidade de formação de parcerias com outros órgãos relacionados à segurança e bem-estar da sociedade, tais como hospitais, polícia, corpo de bombeiros, a fim de unificar forças para o salvamento em caso de acidentes (São Paulo, 2010). Uma deficiência encontrada ao longo do estudo é que as gestões atuais dos Parques não fazem registros dos acidentes e incidentes para mapear os riscos, a fim de permitir a identificação e análise dos dados. O histórico de acidentes mostraria a frequência e o local dos acontecimentos, o que favorece ou justifica uma intervenção a ser realizada para diminuir as ocorrências. Um mapeamento interno da gestão também foi realizado, de forma a analisar os equipamentos existentes, as condições em que se encontram, o que falta e, em relação à mão-de-obra, qual o nível de capacitação existente em cada parque e quais os cursos necessários para atingir um patamar de segurança aos visitantes e aos próprios funcionários. Os riscos nos parques podem ser pontuais, ou seja, em locais específicos nas trilhas ou podem ser geral, podendo ser encontrados em qualquer ponto da trilha. Abaixo segue a Tabela 2 com os perigos e riscos encontrados ao longo das trilhas estudadas e foram listadas como referência para facilitar a aplicação em todos os parques que necessitam realizar a melhoria contínua ou estão iniciando o estudo do mesmo: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 722 Tabela 2 – Lista com perigos e riscos que podem ocorrer em uma Unidade de Conservação Acidente com animal doméstico Contato com atividade ilegal Acidente com animal peçonhento Contato com elemento cortante Desistência da atividade por motivo Acidente com animal selvagem psicológico Acidente com monitor/condutor Desorientação - se perder Doenças infecciosas, endêmicas ou Afogamento não Arrasto por curso d’água Exposição prolongada ao frio Assalto Exposição prolongada ao sol Assédio Falta de equipamento de segurança Ataque de insetos Fobia Inaptidão do turista (capacidade Atropelamento por veículo física, faixa etária...) Aumento repentino do volume da água Indisposição do turista Isolamento por circunstâncias Caminhar sem calçado naturais Longa caminhada sem Choque com madeira condicionamento físico Perda de equipamento e outros Choque com rocha suprimentos Colisão Pisar em buraco pequeno Contaminação Quedas Pisar em pedras cortantes e/ou escorregadias Fonte: São Paulo, 2010. Quanto à análise de riscos, foram adotados critérios para definir a probabilidade de ocorrência do acidente: Tabela 3 – Critérios de probabilidade de consequência de acidente Exemplo de descrição de Exemplo de descrição de Nível Descrição medidas qualitativas de medidas qualitativas de probabilidade consequência Poderá ocorrer somente em circunstâncias excepcionais. Sem lesões. 1 Muito baixa Muito improvável, quase Pequena perda financeira. impossível. Tratamento com primeiros Poderá ocorrer alguma vez. 2 Baixa socorros. Pouco provável, mas possível. Média perda financeira. 3 Média Deverá ocorrer alguma vez. Tratamento médico Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 723 Média possibilidade. necessário. Grande perda financeira. Provavelmente ocorrerá na Graves lesões. maioria das vezes. Grande perda financeira. Muito provável – quase certo. Morte. Espera-se que ocorra na Interrupção da atividade. 5 Muito alta maioria das vezes. Enorme perda financeira. Certo que irá acontecer. Catastrófica. Fonte: São Paulo, 2010 4 Alta Com isso, é realizada a identificação do nível do risco, que pode ser aceitável (verde), moderado (Amarelo) ou crítico (vermelho). Tabela 4 – Identificação de níveis de risco por cores. 724 Fonte: São Paulo, 2010 Foram identificados os riscos e perigos das seis UC, além das probabilidades e dos possíveis danos que podem ocorrer, sejam danos materiais, desconforto psicológico, lesão ou morte. O conjunto dos dados coletados geraram informações suficientes para analisar, planejar e implantar ações para diminuir o risco de acidentes.Parte dos tratamentos foi realizada, tais como capacitação de primeiros socorros a monitores, capacitação das normas de turismo de aventura para gestores de parques, implantação de sinalização com orientações e cuidados, intervenções em trilhas e atrativos para evitar ou minimizar acidentes e compra de materiais de contingências para os parques. De todo o material apresentado, é importante ressaltar que, para o uso público em UC que envolve turismo de aventura e trilhas, a gestão do parque deve Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 exigir dos visitantes o preenchimento de Termo de Conhecimento de Riscos como procedimento operacional de visitação. Este mecanismo serve tanto para assegurar a gestão do parque, quanto para conscientizar os turistas dos riscos e perigos que são conhecidos no meio em que ensejam. Os parques não contam com estruturas completas, nem equipes para o atendimento às emergências e os recursos materiais são limitados. Quando há equipamentos e materiais de primeiros socorros, não há pessoal capacitado para utilizar de forma correta. Portanto, o treinamento realizado durante o investimento do Projeto foi essencial para dar noções de segurança a todos os envolvidos, porém, ainda insuficiente para garantir a segurança como os já existentes em parques no exterior, como nos EUA, Nova Zelândia e Costa Rica, por exemplo. Há também protocolos de atendimento que a administração dos parques precisa incorporar à rotina dos funcionários a fim de diminuir o tempo de resposta para emergências. Isso é melhorado através da articulação com outras instâncias do poder público e privado. Outra ação importante efetuado com recursos do Projeto de Ecoturismo foi a implantação de sinalizações de segurança e de orientações aos visitantes. As placas foram instaladas em todos os núcleos de visitação dos Parques envolvidos, nos idiomas português e inglês. Embora o parque forneça informações de prevenção para uma atividade turística segura, a garantia do lazer depende também do visitante, que, como protagonista, a responsabilidade deve ser compartilhada, tendo sua viagem planejada para minimizar os riscos. 4. Considerações Finais A atuação de grupos voluntários ou o estímulo para a criação destes deve ser considerada e prevista como importante complemento nos serviços públicos, bem como a formação de parcerias com os diversos interessados como as comunidades do entorno, prestadores de serviços e outros voluntários que atuam nas Unidades de Conservação. Embora em meio a muitas dificuldades de material, mão-de-obra e burocracias, espera-se que os parques consigam aproveitar os estudos de Gerenciamento de Riscos e de Contingências para melhorar as estruturas das Unidades de Conservação. Ainda há muito que fazer e estudar sobre os riscos nos parques, especialmente por ser uma área vulnerável a intempéries ambientais constantemente, modificando a geografia da região, ressaltando a importância de um monitoramento cíclico dos planos. O planejamento das atividades nos parques Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 725 projetados pelo próprio turista, tendo as informações necessárias à sua disposição, minimizam os riscos durante a viagem. 5. Bibliografia ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMA TÉCNICA- ABNT/ NBR 15.331:2005. Turismo de aventura — Sistema de gestão da segurança — Requisitos. ABNT: Rio de Janeiro, RJ, 20052ª. edição GUALTIERI PINTO, L.; OLIVEIRA, F. F.; ANDRADE, M. A.; EDROSA, H. F.; SANTANA, W. A.; FIGUEIREDO, M.A. Atividade Erosiva em Trilhas de Unidades de Conservação: Estudo de Caso no Parque Nacional da Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil. Revista e-scientia. v. 1, n. 1 (nov, 2008) Disponível em: http://revistas.unibh.br/index.php/dcbas/issue/view/11 .Acesso em 17 de setembro de 2013. LÓPEZ-RICHARD, V.; ALAMINO, W. R.; SIMÕES, M. A. F; Gerenciamento de riscos em programas de aventura. In: Turismo em Análise. São Paulo: ECA-USP, v. 18, n.1, p. 94-108, maio 2007. PIOVESAN, G. Z.; COUTO, M. Análise preliminar de perigo para o uso público no parque estadual do lajeado – TO. In: Observatório de inovação do turismo. Rio de Janeiro, v. 5, n. 01, março 2010. SÃO PAULO. Decreto estadual nº 25.341, de 04 de junho de 1986. Aprova o Regulamento dos Parques Estaduais Paulistas. ___________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Plano de Manejo do Parque Estadual da Ilha do Cardoso. 1998. ___________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Região da Mata Atlântica (Informe Ambiental). 2005. ___________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Estudo de Trilhas e Atrativos – Trilha do Continuum (relatório). 2009, p196. Cópia digital. ___________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Manual de Elaboração do Plano de Gerenciamento de Riscos (relatório). 2010. Cópia digital. ___________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Plano de Trabalho (relatório). 2010a. Cópia digital. SILVA, L.S.; LAMAS, S.A. Segurança e prevenção de acidentes de atividades ecoturísticas em Unidades de Conservação. Anais do VIII Congresso Nacional de Ecoturismo e do IV Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo em Unidades de Conservação. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.4, n.4, 2011, p. 506. THE INTERNATIONAL ECOTOURISM SOCIETY. Oslo Statement on Ecotourism (2007). Disponível em: <https://www.ecotourism.org/oslostatement-on-ecotourism>. Acesso em 06 de setembro de 2013. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 726 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas BIOINDICADORES DE IMPACTOS EM TRILHAS EM UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL (PARNA TIJUCA), NO DOMÍNIO DA MATA ATLÂNTICA. Erika Sedlacek de Almeida5 André Scarambone Zaú6 Aline Silva Machado7 Gláucia Maria Alves de Oliveira8 Vinícius Gomes da Costa9 Apoio Financeiro: FAPERJ, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UNIRIO / CNPq. Resumo Palavras chave: Efeitos de borda; ecoturismo; vegetação arbóreo-arbustiva. Impactos ambientais de atividades associadas ao ecoturismo apresentam significativas lacunas de conhecimento. Ampliar esse arcabouço é essencial para subsidiar planos de manejo, especialmente no contexto de unidades de conservação. O objetivo deste trabalho é avaliar efeitos de borda sobre a vegetação arbóreo-arbustiva em trilhas de uma unidade de conservação de proteção integral. A área de estudo é o Parque Nacional da Tijuca, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Foram estabelecidas dez parcelas, de 25 m², para amostragem do componente arbóreo-arbustivo, cinco nas bordas das trilhas (BT) e cinco a 40 m de trilhas (IF - interior da floresta). Em cada parcela foi medido o diâmetro a 1,3 m do solo (DAP) como critério de inclusão de indivíduos, sendo amostrados os de DAP ≥ 1 cm e ≤ 5 cm. Foram comparadas as variáveis altura, área basal e densidade de indivíduos entre si e com estudos anteriores no mesmo local em bordas de estradas acima de encosta (BCE) e bordas de estradas abaixo de encosta (BBE). Diferenças significativas foram encontradas apenas na comparação de BT com BBE, onde a segunda apresentou menor densidade de indivíduos. Os resultados preliminares 5 kikaway@hotmail.com, Bacharelando em Ciências Ambientais; Bolsista PIBIC/CNPq; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 6 andrezau@unirio.br; Biólogo Doutor; Professor na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 7 machado.alinesm@gmail.com; Bióloga Mestre; bolsista Bio-Rio; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 8 glauciadeoliveira@gmail.com; Bióloga Mestre; bolsista Bio-Rio; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 9 vinigdc@hotmail.com; Biólogo; bolsista Bio-Rio; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 727 sugerem que as trilhas do setor “A” do PARNA Tijuca não apresentam impactos significativos na estrutura física do sub-bosque. Resumen Palabras-clave: Efectos de borde; ecoturismo; vegetación arbóreo-arbustiva. Los impactos ambientales ocasionados por actividades relacionadas al ecoturismo presentan lagunas de conocimiento importantes. Ampliar este marco es esencial para apoyar los planes de gestión, especialmente en el contexto de la conservación. El objetivo de este estudio es evaluar los efectos del borde sobre la vegetación de árboles y arbustos en los senderos de un área de conservación protegida. El área de estudio se encuentra en el Parque Nacional de Tijuca, en la ciudad de Rio de Janeiro. Se establecieron diez cuotas anuales de 25 m², para tomar muestras de los bordes arbóreoarbustivos de cinco senderos (BT) y de cinco a 40 metros de senderos (IF - el bosque). En cada parcela se midió el diámetro a 1,3 m del suelo (DAP) como un criterio para la inclusión de individuos mostrados a partir de los DAP ≥ 1 cm y ≤ 5 cm. Fueron comparadas las variables de altura, área basal y densidad de los individuos entre sí y con estudios previos en la misma ubicación de los bordes de estradas arriba de laderas (BCE) y bordes abajo de laderas (BBE). Sólo se encontraron diferencias significativas en comparación con BT y BBE, en el que el segundo tuvo una menor densidad de individuos. Los resultados preliminares sugieren que el sector "A" del PARNA Tijuca no tiene impactos significativos en la estructura física del sub-bosque. 1. Introdução A conservação de áreas naturais, em seu sentido mais amplo, envolve aspectos relacionados à preservação, conservação e uso dos espaços, sejam esses considerados “naturais” ou modificados pelo Homem. A conservação da natureza é fundamental para a sobrevivência de milhões de espécies, além de ser essencial para a manutenção de funções dos ecossistemas que possibilitam a melhor qualidade de vida ou mesmo a manutenção de sociedades (TERBORGH et al., 2002). No contexto da alteração da paisagem natural e da fragmentação de habitats, em especial da Mata Atlântica (RIBEIRO et al., 2009), destacam-se os efeitos de borda, que são alterações de origem antrópica (MURCIA, 1995). Estudos conduzidos em bordas de florestas tropicais frequentemente caracterizam Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 728 diferenciações microambientais, e gradientes estrutura borda-interior vegetal, em relação a condições composição biótica e interações (LAURANCE; YENSEN, 1991; BIERREGAARD et al., 2001). Entretanto, impactos ambientais dessa natureza associados às atividades de ecoturismo apresentam lacunas de conhecimento. Ampliar esse arcabouço é essencial para subsidiar planos de manejo, especialmente no contexto de unidades de conservação. O turismo ambiental é muito importante nos processos de educação dos usuários, populações locais e nos processos de fiscalização, contribuindo de forma direta para a conservação de espaços naturais e culturais (TERBORGH, 2002). Dentro de um perfil que adota e valoriza o ambiente natural, o ecoturismo é frequentemente apresentado como um dos poucos exemplos de “desenvolvimento sustentável”, uma vez que pode auxiliar a preservação in situ das áreas naturais, gerar retorno econômico (DAVENPORT; RAO, 2002), além de gerar impactos indiretos, como mudanças positivas na qualidade de vida da população (HAMMER et al., 2001). Além disso, o turismo amplo senso é uma importante atividade econômica em fase de crescimento (DOUROJEANNI; PÁDUA, 2007). Por outro lado, o turismo mal executado, como qualquer outra atividade “não sustentável” de uso do espaço, contribui para a degradação ambiental (LAMB; WILLIS, 2011). Desta forma, as práticas de uso do espaço associadas ao ecoturismo demandam zoneamento adequado, o qual deve considerar a possibilidade de delimitação de trechos nos quais a visitação deve ser desestimulada ou restringida e outros onde deva ser incentivada, pela valorização de aspectos cênicos, ecológicos, educativos ou culturais (DOUROJEANNI; PÁDUA, 2007). Alguns indicadores podem ser utilizados para aferição da capacidade de carga. Dentre estes, são exemplos: a avaliação da frequência de encontros com outros visitantes; aspectos relacionados à erosão e compactação de trilhas; a qualidade da água; alterações na estrutura física da vegetação nas proximidades de trilhas, nas áreas de lazer ou acampamentos; a abundância Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 729 de espécies sensíveis e de espécies exóticas e a quantidade de lixo encontrada (DAVENPORT; RAO, 2002). Num contexto de intensa pressão antrópica, certamente ampliada em decorrência dos grandes eventos que a cidade do Rio de Janeiro está sediando e ainda irá sediar, os processos de degeneração do habitat decorrentes de atividades turísticas acima das capacidades de suporte assumem relevância. Mesmo porque as unidades de conservação em geral não são apenas fundamentais para a preservação da biota, como também para a perpetuação de benefícios ambientais, como fornecimento de água, controle da erosão, amenização de enchentes, atenuação de oscilações térmicas, redução da poluição atmosférica e sonora, manutenção estética da paisagem natural e do próprio espaço como área de lazer, inclusive para uso turístico (ICMBIO, 2008). O objetivo deste estudo é avaliar efeitos de borda sobre a estrutura física da vegetação arbóreo-arbustiva em trilhas para caminhantes no interior de uma unidade de conservação de proteção integral do sudeste do Brasil. 2. Metodologia A área de estudo é um fragmento florestal da Mata Atlântica, localizado no centro urbano da cidade do Rio de Janeiro. O Parque Nacional da Tijuca é uma unidade de conservação de proteção integral de cerca de 4 mil ha que apresenta antigo histórico de alterações antrópicas ao longo dos séculos XVII e XVIII (ICMBIO, 2008). Atualmente é o Parque Nacional mais visitado do Brasil, com mais de 2,5 milhões de visitantes por ano, transitando pelo setor de estudo aproximadamente 316 mil pessoas e 100 mil veículos por ano (Parna Tijuca/ICMBio, dados de visitação não publicados referentes ao ano de 2009 apud. Zaú, 2010, p. 16). Foram estabelecidas dez parcelas de 10 m x 2,5 m para a amostragem do componente arbóreo-arbustivo. As parcelas foram marcadas com seu maior comprimento paralelo às bordas das trilhas, sempre encosta acima no corte de relevo em relação à trilha considerada. A alocação das unidades amostrais foi Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 730 baseada em sorteio de localidades pré-definidas como passíveis de serem amostradas a partir da análise de base cartográfica (INSTITUTO PEREIRA PASSOS, 2004). Para ser passível de amostragem, a localidade deveria estar a pelo menos 50 m de corpos d’água, estradas e clareiras, excluindo-se ainda trechos em linhas de cumeada e fundos de vales, de forma a reduzir a variação natural de uma amostragem realizada em grande heterogeneidade ambiental. A distância de 50 m foi também a mínima entre os pontos de amostragem. Cinco parcelas foram delimitadas nas bordas das trilhas (BT) e as outras cinco distando 40 m da trilha, no interior da floresta (IF). Em cada parcela foi medido o DAP (diâmetro à altura de 1,3 m do solo) como critério de inclusão dos indivíduos vegetais, tanto vivos quanto mortos, sendo amostrados os de DAP ≥ 1 cm e ≤ 5 cm, que tiveram também suas alturas medidas. Para auxiliar a posterior identificação taxonômica, características como presença ou ausência de látex e espinhos foram anotadas, além de forma, coloração e textura dos caules. 731 Os indivíduos mortos foram anotados para posterior análise separada.Foram definidas as variáveis: altura, área basal e densidade de indivíduos vivos e comparadas as diferentes distâncias em relação às trilhas e destas com bordas de estradas acima de encosta (BCE) e bordas de estradas abaixo de encosta (BBE), ambas na mesma localidade (dados de MACHADO, 2012). Foi utilizado o pacote Statistica v. 8.0 (STATSOFT, 2007) para a execução dos testes de normalidade, homocedasticidade das variáveis. Para as comparações de médias, as variáveis que apresentaram características paramétricas (altura e área basal) foram submetidas, no pacote GraphPad Prism v. 6.00 (GRAPHPAD PRISM, 2013), ao teste ANOVA, enquanto a variável com dados não paramétricos (densidade de indivíduos) foi submetida ao teste H de Kruskal-Wallis. Para verificar a existência de diferenças estatísticas sob a ótica multivariada entre as duas distâncias de amostragem adotadas neste estudo (BT e IF), e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 destas com as situações caracterizadas por Machado (2012) (BCE e BBE), foi conduzido o Procedimento de permutação de resposta múltipla (MRPP) utilizando a distância Euclidiana relativa e a Ordenação do Escalonamento multidimensional não paramétrico (NMS), com a distância Euclidiana simples, após padronização dos dados. A primeira análise foi realizada com o pacote PC-ORD v. 5.1 (MCCUNE; MEFFORD, 2002) e a segunda com o PAST v. 2.17c (HAMMER; HARPER; RYAN, 2001). 3. Resultados e Discussão Nas comparações entre BT, IF, BCE e BBE não foram encontradas diferenças significativas para as variáveis altura e área basal (Figura 1 e Tabela 1). Para a densidade de indivíduos foram observadas diferenças entre IF e BBE, sendo menor na segunda (Figura 2). 732 (A) (B) Figura 1: Distribuição comparativa da altura (m) (A) e da área basal de indivíduos (mm²) (B) na comunidade vegetal arbóreo-arbustiva. Altura (F=1,337; p= 0,2839) e área basal (F=1,312; p= 0,2916). BT= borda de trilha; IF= interior da floresta; BCE= bordas de estradas acima de encosta; BBE= bordas de estradas abaixo de encosta. Linhas horizontais: média e desviopadrão. Letras iguais indicam ausência de diferenças. PARNA Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. Tabela 1: Valores da comparação da densidade da vegetação arbóreo-arbustiva em bordas de trilhas (BT) e interior da floresta (IF), este estudo, e bordas de estradas acima (BCE) e abaixo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 de encosta (BBE), obtidos a partir de Machado (2012). Sombreado (à direita) valores do teste a posteriori de Dunn e não sombreado (esquerda) os de “p”. PARNA Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. Localidades BT IF BCE BBE BT - 0,7723 0,9851 2,6338 IF 1,0000 - 1,8768 3,5256 BCE 1,0000 0,3632 - 2,0193 BBE 0,0506 0,0025 0,2607 - D e n s id a d e ( in d ./m ²) 1 .2 a ,b a a ,b b ,c BT IF BCE BBE 1 .0 0 .8 0 .6 0 .4 0 .2 0 .0 L o c a lid a d e s Figura 2: Distribuição comparativa da densidade (ind./m²) na comunidade vegetal arbóreoarbustiva. KW = 14,8805; p=0,0019. BT= borda de trilha; IF= interior da floresta; BCE= bordas de estradas acima de encosta; BBE= bordas de estradas abaixo de encosta. Linhas horizontais representam mediana e quartis. Letras iguais indicam ausência de diferenças e letras diferentes indicam diferenças significativas. PARNA Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. A análise de NMS (Figura 3) sugere uma tendência de proximidade multidimensional entre as localidades IF. Porém, a MRPP (A = 0,024, T = 0,522, p = 0,2522), não apontou diferenças significativas para essa possível distinção (Tabela 2). A eventual ausência de percepção de impactos negativos, considerando os trechos estudados e as variáveis analisadas, pode estar associada à maior amplitude de variáveis e a complexidade de fatores ambientais que influenciam a ocorrência, abundância, distribuição e estrutura física dos indivíduos no local. Em bordas localizadas em encostas abaixo das Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 733 estradas são maiores as alterações, tanto florísticas quanto estruturais (MACHADO, 2012). BBE1 0.06 BBE7 BT4 BBE8 BBE5 BCE8 BCE5 BBE3 BBE2 BCE3 IF4 BCE4 BBE8 BCE9 -0.2BCE1 0.2BCE10 BCE6 BCE7 BBE4 BT3 BCE2 BT2 -0.4 Eixo 2 BBE6 BBE10 IF1 IF3 BT5 -0.06 BT1 IF5 -0.12 IF2 734 -0.18 Eixo 1 Figura 3: Ordenação do Escalonamento multidimensional não-paramétrico (NMS), baseada nas alturas, áreas basais e densidade de indivíduos, utilizando a distância Euclidiana simples. Estresse = 0; r² Eixo 1 = 0,9807 e r² Eixo 2 = 0,02209. BT= borda de trilha; IF= interior da floresta; BCE= bordas de estradas acima de encosta; BBE= bordas de estradas abaixo de encosta. PARNA Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. Assim, a menor densidade de indivíduos encontrada nestes locais, em comparação com bordas de trilhas pode estar associada a uma variedade de interferências específicas em consequência das alterações que a estrada causa nos fluxos associados ao relevo. Tabela 2: Resultados do Procedimento de permutação multi-resposta (MRPP) de testes pareados usando a dissimilaridade Euclidiana relativa na comparação das três variáveis: altura, área basal e densidade da vegetação arbóreo-arbustiva em bordas de trilhas (BT) e interior da floresta (IF) – este estudo; e bordas de estradas acima (BCE) e abaixo de encosta (BBE) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 obtidos a partir de Machado (2012). Os grupos correspondem às respectivas comparações par a par, o “T” é o teste estatístico de separação, o “A” indica a homogeneidade dos grupos comparados e o p é o valor da probabilidade para o erro tipo 1. Os resultados gerais foram A = 0,024, T = -0,522 e p = 0,252. PARNA Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. Grupos comparados T A p BT x BCE -0,12850132 0,01144040 0,31424105 BT x BBE 0,64834984 -0,03728467 0,70511396 BT x IF 0,70754244 -0,03371639 0,73692519 BCE x BBE -0,70067977 0,04214066 0,17953977 BCE x IF -2,26266165 0,11797907 0,03764734 BBE x IF -0,00526979 0,00022071 0,34815327 No caso particular de estradas florestais de encosta, estas interferências estão relacionadas à interceptação da precipitação e alteração dos fluxos de água, sedimentos e detritos para encosta abaixo (GUCINSKI et al., 2001, WEMPLE; SWANSON; JONES, 2000, JONES et al., 2000, FORMAN et al., 2003). Tais distúrbios são recorrentes, sendo mais intensos em picos de vazão (JONES et al., 2000), com precipitações mais fortes, podendo ser esta recorrência responsável pela não recuperação da densidade de indivíduos nas bordas a jusante. Pouca influência na altura e área basal do sub-bosque foi encontrada em estudos de bordas lineares (PRIETO, 2008; LIMA, 2012; MACHADO, 2012). Já a densidade de indivíduos em bordas lineares de matriz mais ampla ou bordas externas em ambientes muito contrastantes frequentemente é maior que no interior da floresta (POHLMAN, 2006; PRIETO, 2008; LIMA, 2012), o que não foi encontrado em nosso estudo até o momento. Diferenças na composição e diversidade de espécies entre borda e interior de floresta são comumente retratadas em estudos de efeitos de bordas lineares (POHLMAN, 2006; PRIETO, 2008; MACIEL; SILES; BITENCOURT, 2011; LIMA, 2012; MACHADO, 2012), assim como diferenças em fatores abióticos (MAGRO, 1999; POHLMAN, 2006). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 735 Na análise multivariada comparativa da MRPP, levando em consideração as três variáveis medidas até o momento, foram encontradas diferenças entre IF e BCE. Também pode ser observada uma tendência de proximidade das amostras IF entre si, não descartando a possibilidade de haver diferenciação entre estruturas arbustivo-arbóreas em beirada de bordas lineares e locais distantes destas. Alterações na comunidade são mais claramente observadas nos primeiros anos após a abertura da borda (LAURANCE et al., 1998, D’ANGELO et al., 2004). A eventual ausência de diferenças estruturais entre as localidades, exceto BBE e BT, pode decorrer do longo período de tempo, desde a criação do suposto distúrbio, no caso a abertura das trilhas. Entretanto, tais resultados não podem ser extrapolados para outras localidades ou condições ecológicas e de usos distintos. Para o aprofundamento da análise é fundamental a ampliação das unidades amostrais e a inclusão de outras variáveis bióticas, derivadas da identificação taxonômica dos indivíduos coletados, como riqueza, proporção de espécies exóticas, síndrome de dispersão e forma de vida. Devem também ser incorporadas ao estudo outras variáveis como profundidade de serapilheira e cobertura de dossel, além da declividade, grau de compactação do solo e largura das trilhas. 4. Conclusões Ao não serem encontradas diferenças significativas para altura, área basal e densidade da vegetação da borda da trilha em relação ao interior da floresta, acreditamos que os trechos borda acima das trilhas do setor “A” do PARNA Tijuca não apresentam evidentes impactos na estrutura física do sub-bosque. Tais resultados não podem ser extrapolados para outras localidades ou condições ecológicas e de usos distintos, pois é essencial o refinamento do diagnóstico com o aumento das unidades amostrais e a inserção de outros bioindicadores, como a composição florística e abertura do dossel e a inclusão de variáveis abióticas, como declividade, grau de compactação do solo, largura da trilha, profundidade de serrapilheira e cobertura de dossel. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 736 5. Bibliografia BIERREGAARD Jr. R. O.; GASCON, C.; LOVEJOY, T. E.; MESQUITA, R. C. G. (Ed.). Lessons from Amazonia: the ecology and conservation of a fragmented forest. Michigan: Sheridan Books, 2001. 475 p. D’ANGELO, S. A.; ANDRADE, A. C. S.; LAURANCE, S. G.; LAURANCE, W. F. E.; MESQUITA, R. C. G. Inferred causes of tree mortality in fragmented and intact Amazonian forests. Journal of Tropical Ecology, Cambridge, v. 20, n. 2, p. 243-246, 2004. DAVENPORT, L.; RAO, M. A História da Proteção: Paradoxos do Passado e Desafios do Futuro. In: TERBORGH, J.; VAN SCHAIK, C.; DAVENPORT, L.; MADHU, R. (Ed.). 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Tornando os parques eficientes: estratégias para a conservação da natureza nos trópicos. Curitiba: UFPR / Fundação O Boticário, 2002. 518 p. WEMPLE, B. C.; SWANSON, F. J.; JONES, J. A. Forest roads and geomorphic process interactions, Cascade Range, Oregon. Earth Surface Processes and Landforms, v. 26, n. 2, p. 191–204, 2000. 739 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas PARQUE NATURAL MUNICIPAL MONTANHAS DE TERESOPÓLIS: POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES Fernanda Priscila Ribeiro Mackert10 Resumo: Palavras-chaves: Unidades de Conservação. Uso Público. Teresópolis. Trilhas. PNMMT Neste trabalho será apresentado o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis – PNMMT, localizado em área anteriormente usada para competição de motocross e atividades agrícolas. A unidade foi criada após intensas reivindicações da população para proteção da área. O processo de criação da primeira unidade de conservação de proteção integral municipal representou um passo importante para a ampliação da conservação da biodiversidade da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro e com papel fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento do turismo em Teresópolis. O objetivo do presente trabalho é apresentar e discutir as fragilidades e potencialidades do PNMMT que, apesar de existir há cerca quatro anos, recebe ainda pouca atenção dos governantes locais fazendo com que o parque não cumpra todos os seus objetivos. De fato o PNMMT ainda não é considerado, na prática, uma área de lazer para muitos teresopolitanos, apesar de seu potencial. Os resultados obtidos por este trabalho mostram um exemplo da preocupação inicial em criar a UC, porém não se investiu em condições básicas para a visitação e conservação. Resumem Palavras-chaves: Areas protegidas. Uso Publico. Teresópolis. senderos. PNMMT En este trabajo se presenta el Municipal Parque Montañas Teresopolis Naturales - PNMMT, previamente utilizadas para la competición de motocross y las actividades agrícolas. La unidad fue creada después de intensas demandas de la población para la protección de la zona (Fuente: Raimundo Lopes, Asesor de la Secretaría de Medio Ambiente de Teresópolis). El proceso de creación de la primera unidad de la protección integral de conservación municipal representó un paso importante en la expansión de la conservación de la biodiversidad en la región montañosa del estado de Río de Janeiro y su papel clave en el desarrollo y fortalecimiento del turismo en Teresópolis. El objetivo 10 fernandaprm@hotmail.com Graduação em andamento em Turismo. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, Brasil. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 740 de este trabajo es presentar y discutir las debilidades y fortalezas PNMMT que aunque existen alrededor de cuatro años, también recibe poca atención de los gobiernos locales que hacen el parque no cumple con todas sus metas. En efecto PNMMT aún no se considera en la práctica, una zona de recreo para muchas teresopolitanos, a pesar de su potencial. Los resultados de este trabajo muestran un ejemplo de la creación de la preocupación inicial de la UC, pero no invierten en las condiciones básicas para el régimen de visitas. 1. Introdução Segundo o Plano Nacional de Turismo (2013-2016) do Ministério do Turismo [...] a participação do turismo na economia brasileira já representa 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do nosso país. De 2003 a 2009, o setor de turismo cresceu 32,4%, enquanto a economia brasileira apresentou expansão de 24,6% (MTUR, 2012). Considerando o contexto de realização de grandes eventos como a Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude, que foi realizada na cidade do Rio de Janeiro em julho/2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, pode-se observar o quanto o Brasil está passando por mudanças contínuas, o que comprova também o potencial para o turismo e demonstram que grandes empresas estão querendo investir no país. Há 91 km da cidade do Rio de Janeiro (Fonte: Portal de Turismo de Teresópolis), Teresópolis é um dos destinos que certamente sofrerá impactos do esperado aumento de turistas que os grandes eventos trarão para o estado do Rio de Janeiro. Está localizado na Serra Verde Imperial, segundo classificação da TURISRIO (classificação em regiões turísticas), e na Área Turística da Serra de Turismo Consolidado, segundo Base Cartográfica do IBGE- 2009. Possui uma população de 163.746 mil habitantes e uma área de 770.601 km2, segundo dados do censo de 2010. O Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis (PNMMT) possui uma rica cadeia de montanhas, variedades de fauna e flora nativas da Mata Atlântica e várias nascentes, o que propicia, além de uma identidade regional, uma forte indução turística. A região se torna importante e especial por integrar o Mosaico de Unidades de Conservação da Mata Atlântica Central Fluminense Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 741 e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, ou seja, na mesma cidade tem-se uma unidade de proteção federal (Parque Nacional da Serra dos Órgãos), estadual (Parque Estadual dos Três Picos) e municipal (PNMMT). O PNMMT foi criado por meio do Decreto Municipal n° 3.693 no dia 6 de julho de 2009, com uma área total de 4.397 hectares. O Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis é a maior unidade de conservação de proteção integral criada por um município do Estado do Rio de Janeiro e sua área abrange parcialmente seis bairros. 742 Dimensão do PNMMT/ Figura 1 O PNMMT está situado na porção noroeste do município, parcialmente inserido no Primeiro e Segundo Distritos e limitando-se com os municípios de Petrópolis e São Jose do Vale do Rio Preto. O Parque é a primeira unidade de conservação de proteção integral criada pelo município. Nesse contexto, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 representa um passo importante para a ampliação da conservação da biodiversidade da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. 2. Objetivos O objetivo do presente trabalho é apresentar e discutir as fragilidades e potencialidades da atual situação do uso público do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis. Através deste estudo exploratório, o PNMMT será apresentado e discutido, tendo como base o trabalho de campo e os dados coletados ems entrevistas, no sentido de oferecer subsídios para futuros estudos relacionados à área. Apesar de esforços recentes no sentido de desenvolver iniciativas que permitam a melhor experiência de uso público, o PNMMT foi inaugurado há quatro anos, mas ainda não recebe atenção merecida por parte da administração pública local. Por essa razão, este estudo pretende oferecer subsídios para identificação de prioridades para ações de melhoria futuras. Espera-se, portanto, que este trabalho chegue à população através de trabalhos sociais ou pesquisa cientifica. 3. Metodologia O turismo e a natureza possuem uma estreita relação de dependência. Podese dizer, inclusive, que o meio ambiente é a base de um amplo segmento do turismo, quando o homem desloca-se para outros lugares em busca do contato com a natureza, do desconhecido, da aventura e de novas culturas. Entretanto, toda atividade turística gera impactos, que podem ser negativos ou positivos, quer em termos ambientais como sociais (III Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade, Bonito/2013). Sob este ponto de vista a pesquisa terá como justificativa a importância da UC para a biodiversidade da região trazendo o equilíbrio para as espécies nativas que ali habitam. O uso público no PNMMT é um desafio para os gestores, já que existe uma preocupação em controlar o número de visitantes da mesma forma que se reconhece a necessidade de aumentar o número de visitantes na sede do parque e nos demais núcleos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 743 Foi realizada uma revisão bibliográfica dos principais autores e estudiosos do turismo e ecoturismo, utilização de sites referente ao assunto como o próprio blog do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis e o site da Secretaria de Meio Ambiente. Foram realizadas entrevistas com o assessor da unidade de conservação, Raimundo Lopes, conversas informais com turistas e pessoas que trabalham no PNMMT, além de visitas técnicas no núcleo Pedra da Tartaruga. Houve dificuldade em encontrar material bibliográfico e até mesmo online para este estudo visto que o parque analisado é uma UC recente, sem nenhum ou pouquíssimos estudos na região. 4. Discussões e resultados Segundo relato do Sr. Raimundo Lopes, assessor técnico da Secretaria de Meio Ambiente de Teresópolis e participante ativo da criação do PNMMT desde sua fase de decisão e implementação, o parque é um desejo antigo dos moradores do município, principalmente para demarcar a área que anteriormente era utilizada para fins ilícitos e estava degradando a área dos bairros que compõem o PNMMT. De acordo com o decreto de criação do PNMMT seus principais objetivos são: I – Assegurar a preservação dos remanescentes da Mata Atlântica da porção fluminense da Serra do Mar e recuperar as áreas degradadas ali existentes. II – Proteger espécies raras, endêmicas, e ameaçadas de extinção ou insuficientemente conhecidas da fauna e da flora nativa. III – Integrar o Mosaico de Unidades de Conservação da Natureza Mata Atlântica Central Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro IV – Promover atividades de recreação, educação ambiental e pesquisa científica quando compatíveis com os demais objetivos do Parque. V – Contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população por meio do fornecimento, indireto, de serviços e produtos ambientais. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 744 A seguir, serão destacados o principais pontos encontrados no decorrer desta pesquisa, especialmente as ações que resultaram na criação da área, as trilhas atualmente existentes, os usos atuais, as fragilidades e potencialidades para uso público do parque. 4.1 Criação e Implementação do PNMMT - São aplicados recursos predominantemente oriundos de parcerias com instituições nacionais e internacionais, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da Defesa Civil. - Existem cerca de 10 (dez) funcionários para a gestão e manejo, especialmente para a realização de atividades de educação ambiental, reflorestamento e fiscalização. - A UC já possui o número de material e equipamentos suficientes para a realização de suas atividades básicas, tais como: veículos, rádios transmissores, GPS, máquinas fotográficas e computadores. O Parque também dispõe de identidade visual, constituída de Logomarca e Manual de Utilização. 4.2 Trilhas A principal função das trilhas sempre foi o deslocamento, porém isso tem mudado. Atualmente, as trilhas não são locais de passagem para chegar ao destino, muitas vezes é o próprio destino. Infelizmente as trilhas no Brasil não recebem a atenção que deveriam, o que podemos observar são trilhas que não recebem a manutenção periódica, influenciando até mesmo na segurança dos turistas. Trilhas com bifurcações sem explicações, trilhas que não levam a lugar nenhum, tomado pelo mato, lixo no caminho e vandalismo são alguns problemas que encontramos nas trilhas. (Manual de Construção e Manutenção das Trilhas. 2009). Uma trilha ajuda-nos a sair da rotina, colocando-nos em harmonia com o meio ambiente. Nos recordam coisas boas vividas, desafiam nosso corpo, fazem meditar, permite-nos praticar atividades não exigidas no cotidiano, apreciação Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 745 estética e relacionando ao turismo, atividades de educação ambiental. (Manual de Construção e Manutenção das Trilhas. 2009). A grande maioria das trilhas já existia quando o PNMMT foi criado, mas houve um cuidado em adequá-las para a visitação, observando sua declividade e erosão, existente desde o período em que a área era utilizada indevidamente para atividades de motocross. Não há qualquer tipo de facilidade ou infraestrutura que permita a mobilidade para cadeirantes. Da maneira como estão atualmente deve-se ter muito cuidado com idosos e crianças ao longo das trilhas, pois existem muitos galhos retorcidos ou que foram podados e permaneceram no caminho, tocos e raízes que atrapalham o percurso e representam perigo. Algumas trilhas existentes hoje possuem valas, ou seja, não é adequado para a prática do turismo. Este tipo de trilha que oferece risco ao turista está fechada, é sinalizada para que o turista não passe. Outras que possuem um mínimo de desgaste por conta das motos, ainda são abertas ao público. A gestão do PNMMT deve dar uma atenção especial para este problema, visto que pode ocasionar acidentes, denegrindo a imagem do parque perante os visitantes. Em geral, as trilhas são em áreas abertas, poucos são os trechos onde encontramos mata fechada. No caso do PNMMT, existem duas trilhas oficiais: Pedra da Tartaruga e do Camelo, ambas sinalizadas adequadamente. No geral são amplas e abertas. As trilhas desativadas devido ao mau uso e falta de conservação estão bloqueadas a qualquer tráfego e as razões são explicadas aos usuários através de placas, porém não existem barreiras físicas que impeçam o uso. Várias trilhas foram realocadas devido ao uso indevido durante anos de atividades de motocross praticados no parque. 4.3 I- Potencialidades Atividades de escaladas e caminhadas. II- Abrigam importantes espécies da fauna e flora regional. III- Remanescentes florestais e nascentes de rios. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 746 IV- Desenvolvimento local sustentável. V- Planejar e fomentar o turismo de observação VI- São mais de 200 espécies que convivem no local (principalmente no núcleo Ponte Nova onde a interferência humana é mínima) VII- Atividades relacionadas à recreação (potencial a ser explorado) 4.4 Fragilidades 1. Poucos recursos e não possui um orçamento próprio (para melhoria estética, da infraestrutura e condições de acesso); 2. Inexistência do Plano de Manejo; 3. Necessidade de estruturação do setor de fiscalização; 4. Falta de Regularização Fundiária; 5. Recuperação de áreas degradadas; 6. Recuperação e criação de trilhas interpretativas. 7. Necessidade de melhoria na segurança; 8. Falta de padronização das placas de sinalização 9. Construção do centro de informação ao turista 10. Aumento da área de camping 11. Manutenção das trilhas 12. Subidas muito íngremes impossibilitam a visitação de deficientes e idosos 13. Melhoria no entorno (favelização) e acesso (melhorar condições das vias e oferecer mais linhas de ônibus) 4.5 Usos atuais do PNMMT 1. Área Urbana. 2. Uso Público/Recreação e Lazer 3. Educação Ambiental 4. Antrópico (armazenamento dos cultivos). 5. Agricultura/Pastagem. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 747 6. Mineração e extração. 4.6 Medidas para conservação/ manutenção e valorização do PNMMT:  Recuperação ambiental (principalmente das trilhas)  Realocação de moradores que vivem em áreas preservadas ou no entorno muito próximo ao parque.  Ciclovias para facilitar o acesso ao parque  Construção de um centro de educação ambiental. 4.7 Necessidade de envolvimento com a comunidade:  Hotel e restaurantes mais próximos.  Criação de cooperativas para a reutilização do óleo de cozinha na geração de fontes alternativas de energia.  Planejamento participativo e educação ambiental.  Combate aos crimes ambientais e preservação das espécies.  Fortalecer a fiscalização e estimular a visitação.  Conservação da biodiversidade. 5. Resultados preliminares Primeiramente é importante ressaltar que o processo de criação da UC foi participativo e democrático. Ou seja, era um desejo antigo da população que se criasse ali um local para atividades que pudessem dar aos moradores maior segurança. em contrapartida eles não queriam grandes investimentos para tal feito, o que queriam na verdade era apenas o cercamento e a limitação na entrada de pessoas, pois vinha causando efeitos negativos para o bairro Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 748 principalmente no núcleo que fica mais próximo da cidade de Teresópolis (Núcleo Pedra da Tartaruga). Quanto à questão do planejamento é necessário cuidados na hora de elaborar a gestão das UC do Brasil. As atividades turísticas são usadas como oportunidade de sustentabilidade nas áreas protegidas “[...]Entretanto, toda atividade turística gera impactos, que podem ser negativos ou positivos, quer em termos ambientais como sociais. [..]” (III Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade, Bonito/2013) Os impactos negativos de projetos turísticos incluem a degradação ambiental e a possível descaracterização dos costumes das comunidades locais, neste sentido é preciso cautela para que isso não prejudique o entorno. No entanto é possível gerenciar o desenvolvimento do turismo para minimizar seus impactos negativos e potencializar os benefícios para o ambiente e a sociedade juntamente com o trabalho de um Planejador só assim o turismo torna-se aliado da conservação da natureza. [...] Quando se fala em turismo e sustentabilidade, é preciso reconhecer a importância de planejar em longo prazo e utilizar indicadores de desempenho que avaliem aspectos econômicos, ambientais e sociais. Além disso, é preciso investir em práticas e tecnologias que permitam minimizar e monitorar os impactos negativos do turismo sobre o ambiente e as comunidades locais. [..] (Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade, Bonito/2013) No PNMMT observamos a prática ecoturística para atrair turistas, pois é uma alternativa sustentável e sem muitos custos, mas é necessário entender que esta não é a única riqueza que o parque possui. É importante ter outras atividades para não desgastar ou sobrecarregar alguma atividade afetando o seu valor natural e estético. Podemos destacar as seguintes atividades que poderiam ser praticadas no PNMMT: tirolesa, cavalgada, observação de aves, cicloturismo entre outras. É uma “[...] proposta associada aos princípios de conservação e benefício comunitário. Preocupante devido à velocidade de sua Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 749 disseminação e crescimento como negócio [...]” (Manual de Ecoturismo de Base Comunitária, 2003, pág 12). O PNMMT possui vários pontos atrativos de interesse ecológico e turístico que poderiam ser aproveitados. Primeiramente é importante destacar que o PNMMT não possui Plano de Manejo demonstrando o oposto que é dito pelo SNUC (Lei nº 9.985/2000) que estabelece que a visitação em UC somente deva ser permitida em unidades que tenha Plano de Manejo. Tal Plano é importante para contribuir no alcance dos objetivos de criação da UC através do controle da visitação e dos impactos negativos assim como controlar as alterações nos recursos naturais e culturais produzidos pela atividade. O manejo ou gestão de Unidades de Conservação compreende o conjunto de ações e atividades necessárias ao alcance dos objetivos de conservação das áreas protegidas (IBAMA, 2000). O PNMMT precisa de um profissional para monitorar as trilhas, criar o controle da declividade do terreno (onde em certos pontos pode ser feito pela população em geral, mas chegando a certos pontos idosos nem crianças conseguem se movimentar sem ajuda), manejo das trilhas para aproveitar os recursos naturais no parque, drenagem para manter longe a água, que prejudica a trilha em qualquer circunstância. Por ser uma cidade serrana, em Teresópolis chove praticamente o ano todo é necessário muito cuidado na manutenção das trilhas, várias delas possuem os bolsões de escoamento (lugares quase plano) e valetas de drenagem (íngremes) que são canaletas acompanhando as trilhas, quase imperceptíveis. É necessário esforço para manejar a visitação com a minimização de impactos sem deixar de oferecer conforto ao turista oferecendo atividades e oportunidades recreativas de alta qualidade em ambientes naturais que propiciem o contato com a vivência local e a natureza. Esta metodologia tem sido empreendida desde os anos 70, em diferentes países do mundo, inclusive da América Latina. (Fonte: Roteiro Metodológico da Visitação, ICMBIO, 2011) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 750 O manejo da visitação é responsabilidade da equipe de gestão da UC, pesquisadores e especialistas contribuirão na definição de indicadores e de padrões, na realização de pesquisas para monitoramento de indicadores e poderiam opinar na forma de execução de ações de manejo; excursionistas, montanhistas, escaladores, na sensibilização e educação ambiental de outros visitantes, prestadores de serviços de apoio à visitação também poderão contribuir no monitoramento e na realização de ações de manejo; lideranças locais e pessoas experientes da comunidade poderão contribuir com informações históricas.( Fonte: Roteiro Metodológico da Visitação, ICMBIO, 2011). Atualmente observa-se que a população tem buscado mais contato com ambientes naturais, principalmente os de área protegidas, na minha concepção por oferecer maior segurança e por conter recursos raros. O PNMMT possui alguns problemas tais como: falta de padronização das placas de sinalização assim como das trilhas, centro de informação ao turista, a área de camping é pequena em relação ao potencial do parque e ocupação de algumas áreas do parque por agricultura, somado ao fato da unidade não possuir orçamento próprio e poucos recursos dificultam qualquer melhoria em infraestrutura, vias de acesso, segurança, informação. Ressalta-se ainda que muitas das trilhas sofrem com processos erosivos que dificultam o acesso do turista a alguns atrativos. Creio que seja um problema de muitas UC brasileiras que possuem recursos limitados. Foi realizado no ano de implementação do PNMMT um levantamento ecológico que nos comprova a importância da UC para a região e para o sustento da biodiversidade da região. Levantamento Ecológico no PNMMT (06/ 2009): 1. Mamíferos - 31 espécies; 2. Aves – 121 Espécies; 3. Peixes – 9 espécies; 4. Insetos – 8 grupos; 5. Répteis – 19 espécies; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 751 6. Anfíbios – 10 espécies. (Dados fornecidos pela Secretaria de Meio Ambiente de Teresópolis) 6. Conclusão Os resultados obtidos com este trabalho nos mostram que é necessário um maior comprometimento com a gestão do PNMMT; é importante destacar que uma UC não deve ser trabalhada de forma isolada. Há uma preocupação em protegê-las, porém não se sabe como tampouco com qual verba. No PNMMT há uma intranquilidade quanto a divulgação intensiva já que isto pode levar a um turismo massificado e com um determinado público que não tem consciência acerca da importância da UC. Em contrapartida, existe a possibilidade em oportunizar a entrada de pessoas com maior frequência sendo um público assíduo na UC, porém há uma preocupação com a localidade que não dispõe de infraestrutura nem de aparência estética favorável ao crescimento da atividade turística. O parque ainda não é considerado uma área de lazer para muitos teresopolitanos apesar de ter potencial em atividades como escaladas, caminhadas, atividades de contemplação da fauna e flora local, locais onde existem nascentes de rios e remanescentes florestais. O município vem tentando se consolidar no desenvolvimento do turismo, mas pode-se afirmar que o que a cidade possui hoje é pouco para alavancar a cidade como destino turístico. Teresópolis possui potencial, mas infelizmente as perspectivas de crescimento dos empresários e até mesmo da população precisam ser mais otimistas. O CONTUR da cidade ficou durante anos abandonado, se trabalhava de forma segmentada cada um com seus interesses, hoje se tenta mudar este quadro através de reuniões com foco no Turismo. Observamos que o parque possui diversos usos, dentre eles a agricultura e até mesmo mineração, essa atividades eram realizadas anteriores a criação do Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 752 parque, porém como ainda não existe verba para desapropriação essas pessoas continuam a utilizar da área, ainda existem muitas famílias morando dentro da unidade, é um problema enfrentado pelos gestores, mas não há muito que se fazer em curto prazo, o processo de retirada dessas pessoas é lento e burocrático. Este trabalho teve como base um trabalho acadêmico executado no município de Teresópolis no final do ano de 2012. De acordo com os resultados da pesquisa, temos base para dizer que a cidade de Teresópolis possui potencialidade para o turismo, porém o que se observa é falta de políticas públicas adequadas para a região. 7- Bibliografia Hesselbarth, Woody. Vachowski, Brian. Manual de Construção e Manutenção de Trilhas. Documento traduzido e adaptado a partir do original: Trail Construction and Maintenance Notebook – 2007, acessado em 04/09/2013. São Paulo, 2009 ICMBIO. Roteiro Metodológico da Visitação. Disponível em: < http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/Roteiro_Imp actos_de_Visitacao_WEB.pdf >. Acessado em 06 set.2013 Ignarra, Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. Editora Pioneira Manual Ecoturismo. WWF. 2003 INEA. As Áreas Protegidas no Estado do http://www.inea.rj.gov.br/unidades/conteudo.asp Rio , de Janeiro. acessado em 15/04/2013 Ministério do Meio Ambiente. Manejo Florestal Sustentável. http://www.mma.gov.br/florestas/manejo-florestal-sustent%C3%A1vel , acessado em 18/08/2013 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 753 Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade Brasileira. http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-brasileira , acessado em 10/09/2013 Mistério do Meio Ambiente. Espécies ameaçadas de extinção http://www.mma.gov.br/biodiversidade/esp%C3%A9ciesamea%C3%A7adas-de-extin%C3%A7%C3%A3o , acessado em 10/09/2013 Ministério do Meio Ambiente. Política de Educação Ambiental. http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacaoambiental , acessado em 28/08/2013 Ministério do Meio Ambiente. 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Unidades de Conservação. http://www.wwf.org.br/natureza_ brasileira/ questoes_ambientais/unid/, acessado em 18/04/2013. 8- Anexos: 1- Fotos PNMMT: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Vista da Pedra da Tartaruga/ Figura 2 755 Placa localizada na entrada do PNMMT/ Figura 3 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Placa sinalizadora/ Figura 4 Fotos do entorno: Ponto de ônibus mais próximo do PNMMT/ Figura 5 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 756 Foto tirado na Pedra da Tartaruga com vista externa do PNMMT/ Figura 6 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 757 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas ANÁLISE DAS TAXAS DE EROSÃO E COMPACTAÇÃO DO SOLO NA TRILHA DO CARTEIRO, APA SERRA SÃO JOSÉ, TIRADENTES – MG Ítalo Sousa de Sena11 Hilton Wagner Teixeira12 Múcio do Amaral Figueiredo13 Leonardo Cristian Rocha14 Resumo Palavras chave: erosão; compactação do solo; trilhas; APA Serra São José O trânsito de pessoas em áreas protegidas se dá, principalmente, nos trajetos de trilhas existentes para esse fim. Contudo, as trilhas servem também como vetores de propagação de diversos desequilíbrios ambientais, tais como introdução e propagação de espécies vegetais exóticas, pisoteio na vegetação, exposição, compactação e erosão do solo. Como forma de compreender estes dois últimos processos citados, foi utilizada como área de estudo a Trilha do Carteiro, localizada na APA Serra São José, próximo à cidade de Tiradentes, Minas Gerais. A análise se baseou na utilização do método de Área Seccional Transversal (AST), e cálculo das taxas de compactação (penetrometria) do solo no leito e nas bordas da trilha com uso de um penetrômetro de cone com anel dinamométrico. Os resultados sugerem ser necessário efetuar um manejo integrado em toda a extensão da trilha, abrangendo não somente problemas como a intensificação dos processos erosivos, mas também com a dinâmica ecogeossistêmica que circunda todo o percurso, passível de desequilíbrios oriundos da intensificação da utilização e visitação turística da trilha. Resumen Palabras clave: erosión; compactación del suelo; senderos; APA Serra São José El movimiento de personas en las áreas protegidas se presenta principalmente en los senderos de las vías existentes para este fin. Sin embargo, los senderos también sirven como vectores para la propagación de muchos desequilibrios ambientales, tales como la introducción y propagación de especies vegetales exóticas, pisoteando la vegetación, la exposición, la compactación del suelo y 11 italosena@gmail.com Bolsista de Iniciação Científica Fapemig. Curso de Geografia, Departamento de Geociências, Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) 12 hwt.geografia@gmail.com Bolsista de Iniciação Científica Fapemig, 13 muciofigueiredo@ufsj.edu.br Orientador 14 rochageo@ufsj.edu.br Colaborador Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 758 la erosión. Con el fin de entender estos dos últimos casos citados, se utilizó como un área de estudio el Sendero del Carteiro, ubicado en área de protección ambiental (APA) Serra São José, cerca de la ciudad de Tiradentes, Minas Gerais. El análisis se basa en el uso del método de área de sección transversal (AST), y la estimación de la compactación del suelo (penetrómetro) en el lecho y en los bordes de lo sendero utilizando un penetrómetro de cono con el anillo de dinamómetro. Los resultados sugieren la necesidad de realizar la gestión integrada a lo largo del sendero, que abarca no sólo cuestiones tales como la intensificación de los procesos de erosión, sino también con la dinámica ecogeossistêmica que rodea toda la ruta, con sujeción a los desequilibrios resultantes del aumento en el uso y las visitas de la ruta turística. 1. Introdução A humanidade tem introduzido cada vez mais em seu cotidiano, a conscientização e atitudes ecológicas. Como grande parte da população mundial vive atualmente em áreas urbanas, a sensibilização cada vez maior com os valores ecológicos, tem levado um crescente contingente de pessoas a buscar um contato mais estreito espaços naturais. A procura por atividades de lazer, esportes ou simples contemplação, intensifica continuamente a visitação pública em áreas protegidas. Isso é um fator positivo no ponto de vista da divulgação do patrimônio natural, bem como para a conscientização da população. No entanto, o aumento do contingente de pessoas nas áreas silvestres deveria ser acompanhado de planejamento de gerenciamento, principalmente quando se trata de áreas protegidas (SENA et al, 2013). O trânsito de pessoas nas áreas protegidas, em sua maioria, ocorre através de trilhas existentes para esse fim. Assim, tais percursos (as trilhas) têm sido cada vez mais utilizados, pois nas últimas décadas tem havido um crescente contingente de pessoas buscando a prática e o contato com o meio natural (COLE, 1993; COLE & LANDRES, 1995; HAMMITT & COLE, 1998). No entanto, assim como as trilhas servem como elo entre as pessoas e a natureza, servem também como vetores de propagação de diversos desequilíbrios ambientais, tais como introdução e propagação de espécies vegetais exóticas, pisoteio na vegetação, exposição, compactação e erosão do solo (LIDDLE, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 759 1975). A compactação tem desdobramentos, pois afeta o desenvolvimento de raízes vegetais, interfere nas taxas de infiltração hídrica, além de favorecer processos erosivos (HAMMITT & COLE, 1998). Quando tais fenômenos se intensificam, passam a ser um sério problema gerencial para os administradores das áreas protegidas. A principal função inicial das trilhas foi de suprir a necessidade de deslocamento, assim como ocorreu durante um período na Trilha do Carteiro, área de investigação deste trabalho, onde o trajeto era realizado como comunicação entre diferentes vilas da região, fazendo parte do circuito de caminhos do Brasil Colonial em Minas Gerais, conhecido como Estrada Real (SENA et al, 2013). Contudo, verifica-se que ao longo dos anos houve uma alteração de valores em relação às trilhas. De simples meio de deslocamento, as trilhas surgem como novo meio de contato com a natureza. A caminhada incorpora um novo sentido, passa a ter um sentido em si próprio e recebe um grande número de adeptos (ANDRADE, 2003). 760 A trilha investigada é historicamente conhecida como Trilha do Carteiro, que segundo guias locais, serviria de acesso às vilas que circundam o monumento geoturístico Serra de São José, que abriga a Área de Proteção Ambiental (APA) de mesmo nome. Por se tratar de uma trilha de secular utilização, é possível perceber que em determinados trechos existem estruturas criadas para facilitar o trajeto assim como evitar a degradação da trilha, podendo-se observar blocos de rocha metarenítica local servindo como calçamento do leito da trilha, principalmente em locais de declividade mais acentuada, inclusive com pequenas de engenharia históricas para desvio de drenagem pluvial do leito da trilha, atuantes até a atualidade (SENA et al, 2013). 2. Metodologia A Serra de São José situa-se entre os municípios de São João del-Rei, Tiradentes, Coronel Xavier Chaves, Santa Cruz de Minas e Prados. O clima da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 região enquadra-se no tipo Cwb, segundo a classificação de Köppen, ou seja, subtropical moderado úmido, também chamado tropical de altitude (Silva et al, 2004), com temperatura média dos meses mais quente e mais frio, respectivamente, de 22 e de 15 °C, apresentando duas estações bem definidas (verão quente e úmido e inverno frio e seco). A vegetação natural é bastante diversificada (Radambrasil, 1983), apresentando vários ecótipos em um raio de 1 km. No talus da escarpa da serra, a Floresta Estacional Semidecidual é a vegetação dominante, mas nas proximidades são encontradas florestas mistas, com a ocorrência de Araucárias. A norte e a leste da serra, predominam os cerrados (Cerrado Stricto sensu, Campo cerrado e Cerradão) (Silva et al, 2004). A partir de 1.250 m de altitude, no maciço metarenítico, predominam os Campos Rupestres, caracterizados por apresentar ampla variedade de espécies de Orchidaceae, Bromeliaceae, Xyridaceaee Velloziaceae (Alves & Kolbek, 1994) se desenvolvendo sobre as rochas metareníticas e sobre solos pouco desenvolvidos. Geologicamente, as litologias da Formação Tiradentes compõem a Serra São de José e são constituídas por metarenitos puros com níveis ortoconglomeráticos e estruturas preservadas como ripples (marcas de ondas). Saadi (1991) identificou a ação da tectônica ressurgente na dinâmica da paisagem das adjacências da área estudada, analisando a descrição de um Graben formado no contato entre os metarenitos da Formação Tiradentes e metassiltitos da Formação Prados. Os solos predominantes na região são os Cambissolos cascalhentos, formados a partir das litologias metassedimentares do Grupo São João Del Rei. Nos topos concordantes do nível topográfico regional (em torno de 1.000 m), são encontrados Latossolos formados a partir de materiais retrabalhados (Silva et al, 2004). No maciço metarenítico e em seus talus, predominam a floramentos de rochas, Neossolos Litólicos e Neossolos Quartzarênicos. Em áreas do topo, são encontrados solos arenosos com singular alternância de camadas enriquecidas com matéria orgânica em profundidade (Silva et al, 2004). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 761 Para realização do estudo, utilizou-se o método do cálculo da Área Seccional Transversal (AST) (COLE, 1983; MARION & OLIVE, 2006) aplicado no leito da Trilha do Carteiro para a apuração dos dados de perda ou acúmulo de solo. A trilha foi mapeada com o auxílio de um GPS e uma trena de 30 metros, totalizando um trajeto de 6,3 km. Para um melhor acompanhamento, foram selecionados pontos ao longo da trilha (Figura 1), facilitando o acompanhamento e otimizando o processo de análise comparativa (COLE, 1983). Porém, para o presente trabalho foram selecionados 6 trechos específicos dentre os 19 marcados ao longo da trilha, estes trechos foram escolhidos por apresentarem resultados consideráveis em relação às análises propostas. 762 Figura 1: Mapa de localização da trilha. O método do cálculo da AST se baseia em selecionar dois pontos fixos nas laterais da trilha, de maneira que formem uma linha perpendicular à trilha, para que, com o auxílio de uma trena, sejam realizados os cálculos de altura da fita em relação ao solo, sendo estas medidas retiradas no intervalo de 10 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 centímetros ao longo da fita (Figura 2). Foi possível gerar gráficos de cortes transversais ao longo da trilha utilizando uma fórmula descrita por Cole (1983), onde o mesmo é expresso por: A = V1+2V2+.......+2Vn+Vn+1 x L/2 Onde: A = Área Seccional Transversal (AST). V1 - Vn+1 = Medidas verticais começando em V1, e terminando em Vn+1. L = Intervalo horizontal entre as medidas verticais. 763 Figura 2: Exemplo de fixação da linha horizontal para cálculo da AST, tendo como ponto fixo piquetes ou caules de plantas nas laterais da trilha (COLE, 1983). Para a obtenção das medidas das taxas de compactação do solo foi utilizado um penetrômetro de cone com anel dinamométrico da marca Solotest. Foram feitas medições no leito da trilha (área impactada) e à 1m de distância de cada borda da mesma (área de controle), com três repetições de penetrometria para cada local analisado, finalizando um valor único através de cálculo de média aritmética para cada local escolhido (FIGUEIREDO et al, 2010), sendo os pontos de coleta de dados os mesmos escolhidos para a realização dos cálculos da AST. A fim de uma leitura mais fiel dos dados, posicionou-se o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 penetrômetro verticalmente, pressionando-o contra o solo de forma contínua até que o cone penetrasse inteiramente no solo. Os dados foram coletados em Kgf (quilograma-força), sendo a resistência de penetração (qc em Kgf/cm²) obtida dividindo-se a carga de penetração (em Kgf) pela área da base do cone (em cm²). Sendo o diâmetro do cone 28,4mm, a área da base será 6,33cm² (FIGUEIREDO et al, 2010). Os valores finais foram transformados em MPa (megapascal) com a finalidade de padronizar os dados com esta unidade de medida, utilizada internacionalmente. 3. Resultados e discussões Os dados foram coletados em três etapas, sendo a primeira etapa realizada no mês de julho de 2012, a segunda etapa em dezembro de 2012 e a terceira em setembro de 2013. Com base na Tabela 1, é possível perceber a evolução dos processos erosivos e deposicionais ocorridos nos pontos de controle ao longo da trilha. Tabela 1 Resultados dos cálculos de AST Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 764 Do total de pontos analisados foi possível acompanhar durante as três etapas apenas 6. Os demais pontos não puderam ser analisados durante a segunda e terceira etapa devido à retirada dos piquetes - provavelmente por vandalismo, problema também verificado por Cole (1983), durante o período de execução de sua investigação – comprometendo os resultados da aplicação do método da AST nos referidos pontos, prejudicando o processo metodológico conjuntural proposto. Optou-se por não utilizar os pontos coletados com o GPS para a recuperação dos pontos de análise devido ao déficit de precisão do equipamento utilizado, o que comprometeria a confiabilidade dos dados coletados. De acordo com os dados coletados, percebeu-se que alguns pontos apresentaram variações quanto aos processos erosivos. Os pontos 2, 6, 7 apresentaram perda de solo no intervalo entre a 1ª e 2ª etapa de coleta de dados e deposição no intervalo da 2ª e 3ª etapa. O ponto 5 apresentou uma perda de solo ao longo das três etapas e no ponto 19 percebeu-se inicialmente um processo deposicional, acompanhando de um processo erosivo na 3ª etapa (Figura 3). O ponto 3, encontra-se a 700m do início da trilha, apresentou maiores taxas de erosão ao longo de todo acompanhamento, totalizando uma perda total de 16927,5 cm² de solo (Figura 4), o que pode ser explicado pelo fato deste trecho ter sofrido intenso processo erosivo histórico, apresentando pronunciado aprofundamento do leito, com taludes laterais de cerca de 3m de altura. Por consequência, verificou-se instabilidade dos taludes laterais, devido à sua subverticalidade e exposição do saprolito. Verificou-se nesse trecho de trilha, uma série de pequenos deslizamentos de terra (Figura 5). O referido trecho da Trilha do Carteiro encontra-se fora da Unidade de Conservação APA Serra São José, e cruza trechos de propriedades particulares, onde foi possível observar indícios de pisoteio de animais, o que contribui ainda mais os problemas verificados, cujo resultado pode ser a intensificação da compactação e erosão do solo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 765 766 Figuras 3 e 4: Gráficos demonstrativos dos processos erosivos e deposicionais ocorridos na trilha. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 5: Desmoronamentos nos taludes laterais ao longo do trecho correspondente ao ponto 3. Foto: Ítalo Sena Além do cálculo da AST para verificação da perda de solo no leito da trilha, foram efetuadas medidas de compactação do solo. A compactação é definida como diminuição do volume do solo ocasionado por compressão, causando um rearranjo mais denso das partículas do solo e consequente redução da porosidade (CURI, 1993). Este processo faz com que o solo fique mais vulnerável a outros tipos de processos. Por consequência da diminuição das taxas de infiltração, o excedente hídrico, não infiltrado, potencializa o escoamento superficial, intensificando a drenagem pluvial que, ao ser interceptada pelo leito da trilha, este se transforma num caminho preferencial, concentrando o escoamento, e resultando, consequentemente, no aumento da quantidade de sedimentos nas zonas de deposição. A retirada da vegetação acompanhado do pisoteio (por pessoas, animais de montaria e de criação, bicicletas e motocicletas off-road) dos horizontes superficiais do solo, são os principais vetores para a intensificação dos processos erosivos no leito da trilha. Para entender melhor este processo, procedeu-se o levantamento de dados penetrométricos dentro e fora da trilha, como forma de comparar as Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 767 taxas de compactação do solo. Com base nos dados tabulados (Tabela 2), é perceptível uma padrão de maior compactação do solo no leito da trilha. A compactação é resultado de intenso rearranjamento das partículas componentes do solo, resultando na diminuição da sua porosidade e permeabilidade hídrica, cujos desdobramentos, já citados, originam processos erosivos. Tabela 2 Resultados das coletas de dados penetrométricos 768 4. Conclusões A erosão do solo é um importante e significativo indicador da degradação da trilha. A utilização do método do cálculo da Área Seccional Transversal (AST) é provavelmente o método replicável mais frequentemente utilizado para monitorar segmentos da trilha afetados por erosão. Esse método pode ser aplicado sistematicamente em posições fixas para redes inteiras de monitoramento de trilhas. A erosão ou a deposição de solos e sedimentos pode ser medida com muito mais precisão e exatidão com esse método, e os dados coletados usando este método são adequados para os gestores que precisam Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 tomar decisões a respeito da manutenção e conservação das trilhas monitoradas (GUALTIERI-PINTO et al, 2008). Foi percebido que locais com solos mais propícios para erosão apresentaram maiores taxas de perda de solo, influenciados pela declividade do local e pelo caráter psamítico do solo. As taxas de compactação do solo apresentaram o esperado, taxas mais elevadas de compactação no interior da trilha e menos acentuadas nas bordas da mesma. Diante do exposto, percebe-se que é necessário pensar um manejo integrado de toda a trilha, que abranja não somente problemas como a intensificação dos processos erosivos, mas também com a dinâmica ecogeossistêmica que circunda todo o percurso da trilha, passível de desequilíbrios originados a partir da intensificação da utilização e visitação turística da trilha (SENA et al, 2013). Para que a crescente utilização ecogeoturística seja ambiental e economicamente viável, há de se investir em conservação da trilha. Contudo, tais ações poderiam ser otimizadas, se precedidas de monitoramento da sua qualidade ambiental, com o intuito de adequá-la para que a visitação ecogeoturística cause menos impactos. Portanto, um manejo sustentável se faz necessário quando é perceptível que os níveis de degradação erosiva da trilha tendem a um ambiente de desequilíbrio, aumentando os impactos geoambientais, podendo alterar seus níveis de dificuldade. Dentre os problemas observados ao longo do trajeto, destacam-se o aprofundamento do leito da trilha; a instabilidade de taludes laterais, ocasionando deslizamentos de terra; formação de lamaçais nas zonas deposicionais nos períodos chuvosos, o que pode dificultar ou até mesmo impedir a circulação dos visitantes. O equacionamento do problema está no contínuo monitoramento das condições físicas da trilha, de modo que os dados apurados possam subsidiar as decisões sobre as intervenções necessárias à correta manutenção das condições de sua utilização pública, o que propicia um ambiente favorável para a exploração ecogeoturística. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 769 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------Agradecimentos: Os autores agradecem à Fapemig pelo suporte financeiro, à UFSJ pelo suporte logístico, e ao IEF-MG pela concessão das licenças de pesquisa na APA Serra São José. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------5. Bibliografia ALVES, R. J. V. & KOLBEK, J. Plant species endemism in savanna vegetation on table mountains (Campo Rupestre) in Brazil. Vegetatio, 113: 125-139. 1994. ANDRADE, W. J. Implantação e manejo de trilhas. In: MITRAUD, S. (Ed.) Manual de ecoturismo de base comunitária: ferramentas para um planejamento responsável. Brasília: WWF. p.247- 259. 2003. COLE, D. N. Assessing and monitoring backcountry trail conditions. Research Paper INT-303. U. S. Dept. of Agriculture, Forest Service, Intermountain Forest and Range Experiment Station, Ogden, 10p. 1983. COLE, D. N. 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Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 770 HAMMITT, W. E.; COLE, D. N. Wildland recreation: ecology and management. 2 ed. New York: John Wiley & Sons, 1998. 361 p. GUALTIERI-PINTO, L.; OLIVEIRA, F. F.; ALMEIDA-ANDRADE, M.; PEDRSOSA, H. F.; SANTANA, W. A.; FIGUEIREDO M. do A. Atividade Erosiva em Trilhas de Unidades de Conservação: Estudo de Caso no Parque Nacional da Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil. e-Scientia, 1(1): 1-16. 2008. HAMMITT, W. E.; COLE, D. N. Wildland recreation: ecology and management. 2 ed. New York: John Wiley & Sons, 1998. 361 p. LIDDLE, M. J. A selective review of the ecological effects of human trampling on natural ecosystems. Biological Conservation, 7(1): 17-39. 1975. MARION, J. L. & OLIVE, N. Assessing and understanding trail degradation: results from Big South Fork National River and recreational area. Final Research Report. U. S. Dept. of the Interior, U. S. 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Solo, 28: 455-466, 2004. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 771 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas ESTUDO DA GESTÃO DE RISCOS (ABNT NBR 15331:2005) NA TRILHA DO MORRO DO DIABO DO PARQUE ESTADUAL DO MORRO DO DIABO – TEODORO SAMPAIO-SP João Paulo Hordones Faria15 Sergio Domingos de Oliveira16 Resumo Palavras – chave: Turismo de Aventura; Unidade de Conservação; Sistema de Gestão da Segurança; Parque Estadual do Morro do Diabo; Trilha do Morro do Diabo. O Parque Estadual do Morro do Diabo é o maior representante de mata atlântica do interior que antes recobria o Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do estado de São Paulo, garantindo a proteção de 33.845,33 hectares do bioma. Apesar dos empenhos realizados por sua gestão e pela Secretaria de Meio Ambiente no uso público da Trilha do Morro do Diabo, a gestão sofre com perigos e riscos intrínsecos a sua operação, potencializado pelos hábitos de vida dos visitantes, deliberadamente urbanos. A normalização do turismo de aventura é uma alternativa ao processo de gestão dessa atividade, principalmente o Sistema de Gestão da Segurança – SGS (ABNT NBR 15331:2005). Neste trabalho, buscou-se realizar o estudo da gestão de riscos do SGS na Trilha do Morro do Diabo; discutindo o Programa de Uso Público da área, com posterior descrição da Trilha e o manejo de sua visitação, além de uma discussão sobre as políticas estaduais relacionadas à sua visitação. Utilizou-se da pesquisa exploratória, composta de revisão bibliográfica e uma entrevista semiestrutura com responsável da área sobre a política de segurança da Unidade, além de saídas a campo e observação participante, onde ao final se reuniu e se organizou todos os subsídios, para posterior análise e interpretação. Os resultados apontam que as políticas estaduais e a gestão do Parque, caminham na direção da normalização do segmento. Ademais, durante o processo de gestão de riscos, identificaram-se oito perigos analisados e avaliados como temporariamente aceitos e somente dois como críticos, num total de cinquenta e quatro perigos considerados, estabelecendose assim, o tratamento de riscos. A relevância deste estudo é a de contribuir com mais um gradiente de segurança no uso público da Trilha do Morro do Diabo, fornecendo subsídios para a minimização de incidentes com potencial 15 jpfaria85@hotmail.com Bacharel em Turismo UNESP - Universidade Estadual Paulista – Campus de Rosana 16 sedoliveira@yahoo.com Doutor UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 772 para se tornarem acidentes, além de possibilitar o processo de melhoria contínua da segurança de todo o processo de visitação. Resumen Palabras – clave: Turismo de Aventura; Unidad de Conservación; Sistema de Gestión de la Seguridad; Parque Estadual do Morro do Diabo; Trilha do Morro do Diabo. El Parque Estadual do Morro do Diabo es el mayor representante de la mata atlántica del interior que antes cubría todo el Pontal do Paranapanema, en el extremo oeste del estado de São Paulo, garantizando la protección de 33.845,33 hectáreas del bioma. A pesar de los empeños realizados por su gestión y de la Secretaría de Medio Ambiente en el uso público de la Trilha do Morro do Diabo, la gestión sufre con peligros y riesgos intrínsecos a su operación, potencializado por los hábitos de vida de los visitantes, deliberadamente urbanos. La normalización del turismo de aventura es una alternativa al proceso de gestión de esa actividad, principalmente el Sistema de Gestão da Segurança – SGS (ABNT NBR 15331:2005). En este trabajo, se buscó realizar el estudio de la gestión de riesgos del SGS en la Trilha do Morro do Diabo; discutiendo el Programa de Uso Público del área, con descripción posterior de la Trilha y el manejo de su visitación, más allá de una discusión sobre las políticas estaduales relacionadas a su visitación. Se utilizó la investigación exploratoria, compuesta de revisión bibliográfica y una entrevista medio estructurada con el responsable del área sobre la política de seguridad de la Unidad, además de las salidas al campo y observación participante, donde al final se reunió e se organizó todos los subsidios, para análisis e interpretación posterior. Los resultados apuntan que las políticas estaduales y la gestión del Parque, caminan en la dirección de la normalización del segmento. Además, durante el proceso de gestión de riesgos, se identificaron ocho peligros analizados y examinados como temporalmente aceptados e solamente dos como críticos, en una lista de cincuenta y cuatro peligros considerados, estableciéndose así, el tratamiento de riesgos. La relevancia de este estudio es la de contribuir con más una garantía de seguridad en el uso público de la Trilha do Morro do Diabo, forneciendo subsidios para la minimización de incidentes con potencial en accidentes, más allá de posibilitar el proceso de mejora continua de la seguridad de todo el proceso de visitación. 1. Introdução A segurança é fator de relevante importância na operação de atividades turísticas, principalmente quando realizadas no meio natural, pois apresentam Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 773 condições arriscadas, já que são desenvolvidas em locais remotos e de difícil acesso, como as trilhas das Unidades de Conservação (UC’s), gerando preocupação para o poder público e as instituições ligadas ao setor. Dessa forma, o perigo que a realização de percorrer uma trilha pode oferecer a turistas não familiarizadas a interagir com o meio natural, é uma realidade.Os Parques e suas trilhas são áreas de proteção integral acessível à visitação pública e apta ao desenvolvimento de atividades turísticas como o turismo de aventura (BRASIL, 2006a). O Parque Estadual do Morro do Diabo (PEMD) com seus 33.845,33 hectares, localizado na Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema (extremo sudoeste paulista), município de Teodoro Sampaio, insere-se nesse contexto. Transformado em Parque em 1986 pelo Decreto 25.342/86, é vinculado à Fundação Florestal (FF) e ao Instituto Florestal (IF), autarquias da Secretaria de Meio Ambiente – SMA (IF, 2006). Dessa forma, constata-se a necessidade de elaboração do estudo da gestão de riscos na Trilha do Morro do Diabo, como objetivo geral deste trabalho, por meio do requisito 5 da Norma ABNT NBR 15331:2005. Buscou-se, como, objetivos específicos: discutir o Programa de Uso Público (PUP) do PEMD; descrever a Trilha do Morro do Diabo e o manejo de sua visitação e; relacionar as políticas estaduais ligadas a sua visitação. Este estudo justifica-se devido ao grande potencial de geração de incidentes e/ou acidentes não desejáveis na operação em trilhas de UC’s (BRASIL, 2005), associado ao número crescente de visitantes que chegam ao PEMD, aumentando, consequentemente, o uso das trilhas da Unidade (IF, 2006). Tal trabalho adotou a linha de pesquisa exploratória, pois envolve levantamento bibliográfico e familiarização com o tema e objeto estudado através de materiais relacionados, além do emprego de entrevista semiestruturada com responsável da área sobre a problemática investigada (GIL, 2002), uma conversa sem restrições sobre temas propostos (objeto ou objetivo) (SCHLÜTER, 2003). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 774 Simultaneamente foi utilizado o estudo de campo, realizando assim as saídas a campo e obtendo-se nesses momentos relevante contato com a realidade estudada (GIL, 2002), principalmente nas reuniões realizadas com a equipe do PUP sobre o processo da gestão de riscos. Assim sendo, visitou-se o Parque e a Trilha do Morro do Diabo, verificando-se rotineiramente sua realidade, a fim de estabelecer uma melhor compreensão do funcionamento, da gestão turística da área e os processos adotados na Trilha. Todavia se optou pelo uso da observação participante, por sua forma de proporcionar uma visão próxima e confiável sobre o objeto estudado, que por meio do contato direto, proporciona uma compreensão das ações e de seus atores em seu contexto natural (CHIZZOTTI, 2005). O emprego de tal técnica se passou uma vez que se acompanhou o contexto de visitação desenvolvido pelo PUP. Com o transcorrer do trabalho, a pesquisa de dados, das informações e de conceitos relevantes foram reunidos e organizados para análise e interpretação (LAKATOS; MARCONI, 2009). Então, durante esta fase, todos os subsídios coletados, juntamente com as informações adquiridos no estudo da gestão de riscos, foram analisados e interpretados. 2. Turismo de aventura e UC A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define o turismo de aventura como sendo uma atividade de caráter comercial, geralmente adaptada das atividades de Esporte de Aventura, que tenha ao mesmo tempo filosofia recreativa e que envolva riscos avaliados, controlados e assumidos (ABNT, 2005b). O relatório diagnóstico do segmento (BRASIL, 2005), aponta que entre as modalidades mais praticadas em média nos Parques (nacionais e estaduais), a “caminhada de um dia” tem percentual médio de 23% (primeiro lugar) e o maior número de vítimas fatais e não fatais nos números gerais do resumo de acidentes por modalidade. A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) define as UC’s como territórios de terra ou mar, dedicados à proteção e manutenção da biodiversidade e os serviços Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 775 ecológicos, desde os recursos naturais até os culturais a ela associados. Menciona ainda que tais áreas são administradas por meio de mecanismos legais ou medidas que tornem possível alcançar tais objetivos (PHILLIPS, 2004). Nesse contexto, Brasil (2006b) apresenta um conjunto de princípios, recomendações e diretrizes práticas de segurança, na ordenação à visitação em UC’s e aponta para uma busca cada vez maior pela segurança que deve ser realizada pelos gestores, sendo o uso da normalização, em especial a norma aqui tratada, uma opção nessa vertente.O uso de técnicas de gestão de risco, procedimentos de melhoria e de condições de segurança, é aplicável a qualquer organização de diferentes condições geográficas, culturais ou sociais (ABNT, 2005a). A “(...) gestão de riscos, inclui compreender a fundo as características da operação, identificando e avaliando as situações de risco a fim de diferenciar os riscos menores dos maiores e encontrar formas de tratamento desses eventos indesejados. (...)” (ABETA, 2009, p. 25). 776 Assim sendo, tendo como base as pesquisas realizadas sobre o tema e seu processo de normalização, parte-se, então, para a construção de um conceito de Turismo Responsável nas UC’s, concebido por meio de planejamento comunitário e participativo, de acordo com as limitações do plano de manejo, conjugado com a capacidade de suporte destes locais, considerando condições socioculturais e econômicas, além de respeitar e valorizar as especificidades locais ao desenvolver a atividade turística (OLIVEIRA, 2005). 3. Resultados e discussões O PEMD está localizado entre os paralelos 22º 27’ a 22º 40’ de latitude sul e os meridianos 52º 10’ a 52º 22’ de longitude oeste (IF, 2006). O recente projeto de revitalização dos aspectos físicos da Trilha do Morro do Diabo realizado, restaurou com métodos e técnicas adequadas, todo o caminho, reabrindo-o ao público. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 A visitação pública ao Parque data do fim da década de 1980, porém somente após a elaboração do plano de manejo e o estabelecimento do PUP em 2006, as atividades começaram a ser monitoradas e planejadas, tendo, como um de seus objetivos, o planejamento da segurança nas trilhas para o público visitante. Com isso, os subprogramas pautados no caráter educativo e voltadas a comunidade local/regional, tiveram um aumento espantoso na visitação (maioria de estudantes), gerido por meio de um sistema de visitas agendadas, que coleta o perfil dos visitantes, suas debilidades e expectativas (IF, 2006). Observou-se nas atividades do PUP que, um briefing sempre é realizado antes do início das visitas, elucidando dados da área com recomendações de comportamento e segurança ao adentrar as trilhas. A falta de alguns itens de atividade laboral exigidos para cada monitor (apito, canivete etc.), e outros de segurança para os visitantes (calçados, refil de água etc.) foi verificado, assim como a não elucidação, aos visitantes, de inclusão do seguro para a atividade e o não aquecimento/alongamento para o seu início. 777 A Trilha do Morro do Diabo se localiza na zona de uso extensivo do PEMD e tem origem anterior ao uso público, sofreu pequenas alterações de percurso para facilitar o acesso à visitação. Monitores conduzem a caminhada, entre subidas, declives, ondulações e curvas, de dificuldade média e limitação de 77 visitantes/dia (IF, 2006). Dentre as políticas estaduais relacionadas à visitação da Trilha, tem-se: a distribuição de folhetaria com premissas de mínimo impacto aos visitantes (IF, 2006); o emprego da política estadual de uso público para UC’s (Resolução Nº 59), com medidas para o desenvolvimento seguro da atividade (SÃO PAULO, 2008); a participação no programa “Trilhas de São Paulo” (publicação, sinalização etc.), do Projeto Estratégico de Ecoturismo, que visa consolidar o ecoturismo para preservar o meio natural, coordenado pela Gerência de Ecoturismo e Visitação Pública da SMA que; também tem estabelecido Termos de Cooperação para reconhecer e disseminar a normalização do turismo de aventura nas UC’s estaduais (SÃO PAULO, 2012). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Na entrevista realizada com responsável da área17, esclareceu-se que a política de segurança do PEMD (Plano de Contingência) usada no uso público é pouco requisitada na prática, dada a ausência de registros de acidentes/incidentes. Percebe-se que, a necessidade do uso de tal política se faz somente em momentos de real precisão e não de forma preventiva. 4. Gestão de riscos da trilha do morro do diabo No processo de gestão de riscos, a definição do contexto realiza-se antes d as demais etapas (Tabela 1), caracterizando a gestão dos riscos e a atividade trabalhada com informações essenciais. Tabela 1 – Contexto da gestão de riscos da Trilha do Morro do Diabo CONTEXTO DA GESTÃO DE RISCOS PRODUTO: Trilha do Morro do Diabo. ATIVIDADES: Deslocamento em transporte; Caminhada e; Observação de Vida Silvestre e de Paisagem. LOCAL REALIZAÇÃO: DE Início/fim da trilha no km 16 da SP-613 (sentido Teodoro Sampaio x Rosana). OBJETIVOS DA GESTÃO DE RISCOS: Manter a constante mensuração dos riscos e a documentação necessária, aperfeiçoando todo o processo da gestão de riscos, a fim de torná-la um padrão na visitação da Trilha do Morro do Diabo. DESCRIÇÃO TÉCNICA: Trilha sombreada que leva ao pico do Morro do Diabo, passando por ponto de descanso. É monitorada. Piso: terra, pedregoso. Desnível de Subida: 250 metros. Desnível de Descida: 250 metros. Distância: 2.500 metros de superfície, incluído o retorno (ida/volta), que se realiza no mesmo fluxo de subida. Existem ainda duas trilhas adjacentes no cume do Morro, uma com 100 metros e outra com 300 metros de comprimento, aumentando-se assim o deslocamento e o percurso total da trilha. LIMITANTE: DURAÇÃO: ATENÇÃO: INTERFACES/FRONTEI RAS COM OUTRAS ATIVIDADES: 08 anos. 2 a 3 horas. Usar protetor solar e repelente. Tênis obrigatório. Encontro repentino com visitantes invasores (caçadores ou visitantes intrusos) e com fauna silvestre. Chuva com raios. IDENTIFICAÇÃO ESTUDOS NECESSÁRIOS: PUP e Plano de Manejo. Todos os monitores têm responsabilidade para identificar o perigo da atividade e fazer uso dos controles operacionais existentes (Plano de Contingência). DOS Versão: 1.0 (Este documento deve ser revisado anualmente). Data do documento: 1º Semestre/2012. 17 Dr. Helder Henrique de Faria (Gestor do PEMD, responde pela Fundação Florestal de São Paulo). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 778 Fonte: Faria (2012). Fez-se então, na definição do contexto, uso de meios disponíveis e já estabelecidos sobre a norma em questão, adotando-se instrumentos como: os perigos à vida associados à atividade de caminhada e a base teórica utilizada na análise de riscos, onde se fez uso das tabelas de: escala de classificação da probabilidade de ocorrência, que classifica a probabilidade/frequência de ocorrência dos perigos por níveis com procedentes descrições; escala de classificação da consequência do evento, que classifica a consequência dos perigos por níveis e procedentes descrições; escala de avaliação e classificação de nível de risco, que apontam o nível de risco das situações de perigo (Probabilidade x Consequência) e; a categoria de danos, que classifica e categoriza os danos por níveis, com posteriores descrições (ABETA, 2009). Em reuniões realizadas no Centro de Visitantes do PEMD (Figura 1), durante os dias 14, 16 e 25/05/2012, foi feito, respectivamente, a identificação, análise/avaliação e tratamento dos perigos associados à atividade, com a presença dos monitores da Unidade, responsáveis pelo desenvolvimento do PUP. Figura1 – Reunião do processo de gestão de riscos (FARIA, 2012). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 779 Foram identificados, 26 perigos dentre os 53 apreciados da lista de “(...) Perigos à vida associados à atividade de caminhada que devem ser levados em consideração na gestão de riscos (...)” (ABETA, 2009, p. 89). Todavia, outros dois perigos foram incluídos pela especificidade de deslocamento em transporte da Trilha (problema mecânico, elétrico ou pneumático e; acidente de trânsito), uma vez que não compõem a lista de perigos considerados. Na análise dos riscos outras fontes de informações são levadas em conta, além da estimativa do nível de risco (P x C), como o Plano de Contingência do PEMD para controle operacional, a escala de categoria do dano e seu exterior causador, as experiências decorrentes das práticas dos monitores e suas consequentes opiniões (especificas e precisas). Já a avaliação dos riscos, considera a aceitabilidade ou não dos 28 perigos identificados, avaliados segundo a aceitabilidade ou não de cada risco, como ilustrado a seguir (Fig 2). 780 Figura 2 – Esquema do Processo de Avaliação de Riscos (ABNT, 2005a). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Apresenta-se a seguir (Tabela 2), uma lista dos perigos e riscos trabalhados, identificados com suas posteriores análises e aceitabilidade. Tabela 2 – Lista de avaliação dos riscos identificados da gestão de riscos da Trilha do Morro do Diabo AVALIAÇÃO DOS RISCOS IDENTIFICADOS Análise Aceitabili Perigo Avaliação do Risco de Risco dade 1) Queda da própria altura durante 9 Ac. temporariamente Não caminhada 2) Escorregão durante caminhada 9 Ac. temporariamente Não 3) Tropeção durante caminha 9 Ac.temporariamente Não 4) Queda em terrenos muito inclinados 6 Aceito Sim 5) Mal súbito 4 Aceito Sim 6) Ausência de água para 1 Aceito Sim consumo/desidratação 7) Ausência de alimentação para consumo 2 Aceito Sim 8) Ser atingido por queda de galhos 4 Aceito Sim 9) Contato com espinhos 2 Aceito Sim 10) Galho retornar contra a pessoa após 2 Aceito Sim passagem de quem vai à frente 11) Ataque de abelhas ou insetos do 5 Aceito Sim gênero 12) Ataque de cobras 10 Ac.temporariamente Não 13) Ataque de aranhas 6 Aceito Sim 14) Ataque de escorpiões 6 Aceito Sim 15) Ataque de carrapatos 20 Crítico Não 16) Ataque de insetos 3 Aceito Sim 17) Atrito de roupa molhada com o corpo 6 Aceito Sim 18)Uso de calçado não apropriado para as 15 Crítico Não características da atividade 19) Ataque de animais silvestres 6 Aceito Sim 20) Violência de humanos 12 Ac.temporariamente Não 21) Ingestão de frutos venenosos 3 Aceito Sim 22) Engasgar com alimentos 2 Aceito Sim 23) Uso incorreto de utensílios de corte 3 Aceito Sim como faca, canivetes, facão etc. 24) Atropelamento (por veículos, bicicletas, 12 Ac.temporariamente Não animais domésticos etc.) 25) Ingestão de medicamentos sem 8 Ac.temporariamente Não conhecimentos de contra indicações 26) Realizar esforço acima dos níveis de 12 Ac.temporariamente Não condicionamento físico – assalto 27) Problema mecânico, elétrico ou pneumático do transporte (motor fundir, 3 Aceito Sim bateria fraca, furar pneu etc.) 28) Acidente de trânsito (batida com outro veículo, perda da direção por parte do 6 Aceito Sim motorista etc.) Versão: 1.0 (Este documento deve ser revisado anualmente). Data do documento: 1º Semestre/2012. Fonte: Faria (2012). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 781 Finalmente, parte-se para os tratamentos, que devem considerar os diferentes pontos do risco, como suas condições operacionais, impactos ambientais negativos entre outros que, tenham como causadores as medidas de controle estabelecidas (ABNT, 2005a). A seguir é apresentado (figura 3), o esquema que demonstra esse processo. 782 Figura 3 – Esquema do Processo de Tratamento de Riscos (ABNT, 2005a). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Genericamente o tratamento de riscos envolve duas etapas, os Procedimentos para Tratamentos de Riscos e os Planos de Tratamento de Riscos. Em relação aos procedimentos a autoridade máxima é a Direção do PEMD, seguido pela Direção Administrativa/Financeira (2º autoridade do SGS) e ainda a Coordenação do PUP (3º autoridade do SGS), que responde pela visitação na Trilha do Morro do Diabo. Todos possuem autoridade para definir, implementar, monitorar, registrar e analisar criticamente os tratamentos de riscos. No tocante aos recursos, o setor administrativo é responsável pela aprovação da alocação de recursos para implementação dos tratamentos de riscos, que deverão ser avaliados quanto a sua eficácia. Dessa forma elaboram-se os planos de tratamento de riscos (Tabela 3). Tabela 3 – Plano de tratamento de riscos da gestão de riscos da Trilha do Morro do Diabo Produto: Perigo: Tratament o: Risco em ordem de prioridade 15 PLANO DE TRATAMENTO DE RISCOS Trilha do Morro do Diabo Análise Riscos classificados Todos os perigos avaliados como críticos do risco: acima de 8. ou temporariamente aceitos. Pré-atividade; durante e; pós-atividade com posterior analise das ocorrências. Ações: Plano de Contingênci a; Instrução aos visitantes e; Manutenção preventiva. Responsável : Condutores / Monitores; Coordenaçã o e; Braçais Prazo: Recursos: Status: Uso imediato. Alto benefício e sem custo. Crítico Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 783 20 24 26 12 Plano de Contingênci a; Instrução aos visitantes; Manutenção preventiva e; Uso de contratos. Decisão de cancelament o da atividade e; Instrução aos visitantes. Instrução aos visitantes; Treinamento de condutores e; Plano de Contingênci a. Supervisão e; Plano de Contingênci a. Minimização da exposição a fontes de risco; Treinamento de condutores; Instrução aos visitantes e; utilização de equipamento s de proteção Coordenaçã o; Responsável pelo grupo e; Condutores / Monitores; Uso imediato. Alto benefício e sem custo. Crítico. Responsável pelo grupo e; Condutores / Monitores; Uso imediato. Baixo benefício e sem custo. Temporariame nte aceito. Responsável pelo grupo; Condutores / Monitores e; Coordenaçã o. Uso imediato e à médio prazo Médio benefício e baixo custo. Temporariame nte aceito. 784 Responsável pelo grupo e; Condutores / Monitores. Condutores / Monitores Uso imediato. Médio benefício e baixo custo. Temporariame nte aceito. Uso imediato e médio prazo Baixo benefício e médio custo. Temporariame nte aceito. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1 2 3 25 individual. Instrução dos clientes; Treinamento dos membros da equipe; Engenharia e barreiras estruturais. Instrução aos visitantes. Instrução aos visitantes e; Manutenção preventiva. Instrução aos visitantes. Condutores / Monitores e; Coordenaçã o. Uso imediato e em médio prazo. Alto beneficio e baixo custo. Temporariame nte aceito. Responsável pelo grupo e; Condutores / Monitores. Responsável pelo grupo e; Condutores / Monitores. Uso imediato. Alto beneficio e sem custo. Temporariame nte aceito. Uso imediato. Alto beneficio e sem custo Temporariame nte aceito. Responsável Uso Alto Temporariame pelo grupo imediato. beneficio nte aceito. e; e sem Condutores / custo Monitores. Resultados esperados: Espera-se com a aplicação destes planos, que todos os perigos fiquem classificados como aceitos, com exceção do perigo “Ataque de Carrapatos (15)” reclassificado como temporariamente aceito, devido sua especificidade natural e sua alta taxa de ocorrência, fazendo com que seu tratamento seja extremamente delicado. Indicadore Medidas de eliminação, Análise Níveis abaixo de 8, com redução de probabilidade e após o s exceção do perigo mais conseqüência e tratamento utilizados: crítico, reclassificado com transferência de risco. : nível 9. Monitoramento / Análise Crítica: O monitoramento deve ser realizado especialmente pelos monitores e a coordenação do PUP, porém com auxílio dos guarda-parques e funcionários braçais do PEMD (Subprogramas de Proteção e Manutenção) e dependendo do perigo e da situação, contar com o auxílio dos líderes responsáveis pelo grupo visitante. Compilado Reunião PUP Data: 25/05/2012 por: Versão: 1.0 (Este documento deve ser revisado anualmente). Data do documento: 1º Semestre/2012. Fonte: Faria (2012). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 785 Todavia, se faz pertinente que tal trabalho, enquanto situada nas dependências de uma UC, se enquadre no arcabouço legal nacional e estadual, as políticas públicas relacionas ao SNUC, a SMA, ao plano de manejo do PEMD, ao município e a própria Norma aqui trabalhada. Por fim, são estabelecidos para implementação e manutenção, objetivos e metas, a fim de se atingir a segurança pretendida, estabelecendo-se uma revisão anual que devem sofrer os objetivos. Há de se mencionar que este estudo, não exerceu todo o proposto pela gestão de riscos, uma vez que esta parte de seu conteúdo (requisitos 5.3 e 5.4) são de caráter experimentado e mensuráveis em longo prazo para posterior análise e melhoria do Sistema. Portanto, não se apresenta um resultado detalhado nesses pontos. 5. Conclusões Sobre a metodologia utilizada neste trabalho, deve-se mencionar que a mesma apresentou-se pertinente, uma vez que se alcançaram os objetivos propostos, sugerindo-se o real uso dos critérios propostos, ampliando-se o cenário aqui descrito, pois uma vez aplicado, pode-se visualizar melhor todo o seu panorama. A criação de um mapa de pontos críticos propensos à ocorrência de perigos e de potenciais riscos deve ser pontuada, para o estabelecimento de zonas de maior ou menor atenção com o publico. Ademais conhecimentos básicos, como o uso de calçado, roupas e chapeis próprios, além da comunicação de todos os riscos intrínsecos a visita, devem ser transmitidos, pois essas informações abrandarão possíveis riscos que geram os perigos identificados e não aceitos. Foi verificado que a gestão do PEMD está aberta para fazer uso de meios que venham a dirigir a segurança no processo de visitação e que propiciem uma melhor transmissão de valores ambientais. Tal afirmação é verificada nos objetivos do PUP, na abertura dada pela direção da Unidade durante a realização deste trabalho e na participação dos monitores no processo de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 786 gestão de riscos. Entende-se então, que as políticas estaduais caminham na direção da normalização do turismo de aventura nas UC’s. Os resultados deste trabalho contribuirão para fomentar a gestão da segurança na visitação do Parque. O uso de mais um gradiente de segurança no uso público da Trilha do Morro do Diabo, fornecerá subsídios também para a minimização de demais problemas no processo de visitação, para assim se possam desenvolver novos projetos de educação ambiental de acordo com os problemas locais. 6. Bibliografia ABETA, Associação Brasileira de Empresas de Turismo de Aventura e Ecoturismo. Manual de boas práticas de sistema de gestão da segurança. Belo Horizonte: Ed. dos autores, 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICASa, ABNT NBR 15331:2005 – Turismo de aventura – Sistema de gestão de segurança – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. ________b. ABNT NBR 15286:2005 – Turismo de Aventura – Informações mínimas preliminares ao cliente. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. BRASIL. Regulamentação, normalização e certificação em turismo de aventura. Relatório diagnóstico. Brasília: Ministério do Turismo, 2005. ________a. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Diretoria de Áreas Protegidas. SNUC: Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000: decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. 6 ed. Brasília: MMA/SBF, 2006. ________b. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Diretoria de Áreas Protegidas. Diretrizes para visitação em unidades de conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006. CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humana e sociais. 7.ed. São Paulo: Cortez, 2005. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 787 FARIA, João Paulo Hordones. Estudo do SGS (ABNT NBR 15331 – Turismo de aventura – Sistema de gestão da segurança – Requisitos) na Trilha do Morro do Diabo do Parque Estadual do Morro do Diabo – Teodoro Sampaio-SP. Rosana: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus Experimental de Rosana, 2012. Monografia (Graduação em Turismo). GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. INSTITUTO FLORESTAL. Parque Estadual do Morro do Diabo - Plano de Manejo. Instituto Florestal. Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Coord. Editorial Helder Henrique de Faria e Andréa Soares Pires. Vários autores. Editora Viena. Santa Cruz do Rio Pardo, SP. 2006. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia científica. 6. ed. 7.reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. OLIVEIRA, Sérgio Domingos de. Certificação de Atividades Turísticas Responsáveis em Unidades de Conservação. Estudo de Caso: o Parque Estadual Morro do Diabo, Pontal do Paranapanema, SP. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2005. (Tese de Doutorado). PHILLIPS. Adrian. The History of the International Systen of Protected Area Management Categories. In: Revista da União Internacional para a Conservação da Natureza. Protected Area Categories. Gland, 2004: Suiça. vol. 14 (nº 3). SÃO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente. Regulamenta os procedimentos administrativos de gestão e fiscalização do uso público nas Unidades de Conservação de proteção integral do Sistema Estadual de Florestas do Estado de São Paulo, e dá outras providências. Resolução SMA Nº 059 de 27 de agosto de 2008. São Paulo: SMA, 2008. Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/legislacao/estadual/resolucoes/Resoluca o_SMA_59_2008. pdf>. Acesso em: 8 jun. 2012. ________. Secretaria do Meio Ambiente. Fundação Florestal. Gerência de Ecoturismo e Visitação Pública. Apresenta informações sobre os Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 788 projetos desenvolvidos nas unidades de conservação paulistas. Disponível em: <http://www.fflorestal.sp.gov.br/ecoturismo Apresentacao.php>. Acesso em: 30 abril 2012. SCHÜLETER, Regina G. Metodologia da Pesquisa Turismo e Hotelaria. Tradução Tereza Jardini. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2003. 789 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas O IMPACTO NA DINÂMICA DO SOLO ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DA TRILHA PONTA NEGRA-PRAIA DE GALHETAS NA RESERVA ECOLÓGICA DA JUATINGA EM PARATY Luana de Almeida Rangel18 Antonio Jose Teixeira Guerra19 Resumo Palavras chaves: Feições Erosivas, Compactação do solo, Porosidade. Com 8000 hectares, a Reserva Ecológica da Juatinga, está situada no município de Paraty, o relevo varia do nível do mar até 1300 metros, e tem como vegetação predominante floresta ombrófila densa. Apesar de sua condição de reserva ecológica, a utilização de trilhas é constante devido ao uso da população local e apelo turístico da área. Neste trabalho avaliou-se mudanças causadas na dinâmica do solo na trilha Ponta Negra-Praia de Galhetas. Em novembro de 2012, analisou-se e mapeou-se as degradações de uso presentes na trilha, onde em seus 350 metros de extensão foram constatadas encostas erodidas, vegetação queimada, presença de lixo, formação de degraus, exposição de blocos e raízes no leito da trilha. Coletaram-se amostras de solo em duas profundidades (0-10 cm e 10-20 cm) em três pontos da trilha a fim de determinar a porosidade, textura e densidade do solo. Após análise, constatou-se maior compactação do solo no ponto 3 nas duas profundidades (1470 e 1610 kg/cm³). Já no ponto 1, existe formação de degraus, a textura é argilo-arenosa e a porosidade é elevada devido a porcentagem de areia grossa (37,05% e 32,30%). Conclui-se que a formação de degraus que ocorre no ponto 1, localizado no divisor da encosta, está associada a concentração do fluxo de água da chuva. A compactação no ponto 3 ocorre devido à drenagem do solo, sendo ainda um ponto de sobreuso devido à convergência de fluxo para a praia de Galhetas. É recomendável que seja feita recuperação da trilha com ordenamento do sistema de drenagem, para diminuir a velocidade e volume do fluxo de água que percorre a trilha e através de colocação de barreiras d’água e diques, retendo os sedimentos; nas áreas escalonadas devem-se colocar degraus de madeira de modo a garantir acessibilidade e orientar o fluxo de visitantes. Além disso, se faz 18 luarangel@ufrj.br Mestranda em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Bolsista CNPq - Integrante do Lagesolos. 19 antoniotguerra@gmail.com Professor Titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Coordenador do Lagesolos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 790 necessária a recuperação das encostas através do reflorestamento, protegendo o talude e regulando o volume de solo e água que pode sobrecarregar o leito e drenagem da trilha. Resumen Palabras clave: erosión, compactación del suelo, porosidad. Con 8.000 hectáreas, Reserva Ecológica da Juatinga se encuentra en el municipio de Paraty, la altitud del relieve varía desde el nivel del mar hasta 1.300 metros, y su vegetación predominante de bosques densos. A pesar de su estatus como una reserva ecológica, el uso de senderos es constante debido al uso de la población local y el atractivo turístico de la zona. En este estudio se evaluaron los cambios causados en la dinámica del suelo em el sendero Ponta Negra-Praia de Galhetas. En noviembre de 2012, fueron analizadas y asignadas las degradaciones presentes en el sendero, donde en sus 350 metros de largo se encontraron laderas erosionadas, la vegetación quemada, la presencia de basura, escaleras, bloques de roca y raíces. Las muestras se recogieron a partir de dos capas de tierra (0-10 cm y 10-20 cm) en tres puntos de el sendero con el fin de determinar la porosidad, textura y densidad aparente. Se encontró una mayor compactación del suelo en la Sección 3 en dos profundidades (1470 y 1610 kg/cm ³). Ya en el punto 1, hay formación de escalones, la textura es de arena y arcilla y la porosidad es alta debido a que el porcentaje de arena gruesa (37,05% y 32,30%). Se concluyó que la formación de escalon se produce en el punto 1, situado en el divisor de la ladera está asociada con la concentración de flujo del agua de lluvia. La compresión en el punto 3 se produce debido al drenaje del suelo, siendo todavía un punto de sobreexplotación debido a la convergencia del flujo a la playa de Galhetas. Se recomienda que se realice la disposición del sistema de drenaje para disminuir la velocidad y volumen del flujo de agua mediante la colocación de diques y barreras de retención de agua y de los sedimentos. En las zonas con escaleras se deben colocar soportes de madera para guiar el flujo de visitantes. Además, es necesario recuperar las laderas mediante la reforestación, la protección de el talud y la regulación del volumen de suelo y agua que pueden sobrecargar el sendero. 1. Introdução A criação de Unidades de Conservação (UC) está se tornando cada vez mais frequente já que o constante desenvolvimento econômico eleva a preocupação Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 791 com a proteção de áreas silvestres e recursos naturais. Uma Unidade de Conservação é um espaço territorial instituído pelo poder público com a finalidade específica de conservar características naturais relevantes presentes na área, podendo ser de Proteção Integral ou de Uso Sustentável (BRASIL, 2000). O fato é que o conceito de UC passou a agregar a função de instrumento de recursos naturais e de gestão territorial, adotando desde a proteção integral da natureza, até a gestão ordenada do território e dos bens que o ser humano pode obter dos ecossistemas. Antes da criação do SNUC (2000), existia uma categoria de área protegida chamada Reserva Ecológica, porém após sua criação, essa categoria foi extinta. Conforme estabelecido, haveria necessidade de reclassificação das antigas nomenclaturas ao novo sistema. Entretanto, nem todas as denominações foram modificadas pelos governos. Um desses casos é o da Reserva Ecológica da Juatinga/RJ, Unidade de Conservação estadual e objeto deste estudo. Considerando que algumas Unidades de Conservação encontram-se em áreas de difícil acesso, são criadas trilhas, que significam “caminho,rastro ou picada” (COSTA, 2006). Essas trilhas possuem diferentes formas, comprimentos e larguras, e possibilitam a aproximação dos visitantes ao ambiente natural, podendo conduzi-los a um atrativo específico, tornando possível seu entretenimento ou educação por meio de sinalizações ou de outros recursos interpretativos (NEIMAN, et. al. 2009). Andrade (2009) destaca que a principal função das trilhas é suprir a necessidade de deslocamento. Cada vez mais, é comum o estudo do impacto que as trilhas causam em áreas que tem como intuito serem protegidas. A partir disso, surge uma questão levantada por Kroeff (2010) As trilhas, que podem ser consideradas forças de tensão, dificultam o alcance dos preceitos das UCs: contribuir para a conservação e preservação da diversidade dos ecossistemas naturais e a recuperação e restauração deles, quando degradados, assim como, a promoção do desenvolvimento sustentável – objetivos estipulados no Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 792 Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, SNUC. (KROEFF, 2010 p. 11) Pensando na utilização das trilhas em áreas protegidas, o presente trabalho tem como objetivo avaliar os impactos na dinâmica do solo em uma trilha localizada ao sul da Reserva Ecológica da Juatinga, em Paraty: a trilha Enseada de Ponta Negra – Praia de Galhetas. 1.1 – A Reserva Ecológica da Juatinga A criação das Reservas Ecológicas (RE) data de janeiro de 1987, sendo, portanto, anterior a criação do SNUC. No decreto de criação fica determinado que as Reservas Ecológicas são: “(...) áreas de preservação permanente, públicas ou particulares, que tem por finalidade manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos da conservação ambiental”. (BRASIL, 1984) Conforme, explicitado anteriormente, após a criação do SNUC (2000), essa categoria foi extinta. No caso da Reserva Ecológica da Juatinga existe a necessidade de recategorização, processo que já está em andamento. A Reserva Ecológica da Juatinga (REJ), em seu decreto de criação (1992), prevê que o órgão administrador da Unidade deverá promover o fomento da cultura caiçara residente, compatibilizando seu modo de vida e a utilização dos recursos naturais com a conservação ambiental, de acordo com os preceitos conservacionistas. Sendo assim, a REJ possui condições especiais na sua criação, por ser uma área com intensos conflitos fundiários, onde a população caiçara sofre ameaças de grileiros e a ocupação irregular vem crescendo ao longo do tempo. Portanto, enquanto não é decidida sua recategorização, a Reserva sofre com diversos problemas fundiários. O aumento da atividade turística - que gera renda para a população local, através de aluguel de casas; capacitação de moradores como guias, que auxiliam na utilização das trilhas; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 793 entre outros serviços – e a manutenção da atividade pesqueira gera um impasse para a resolução dos conflitos da área. 1.2 – A Importância da Utilização de Trilhas A grande quantidade de estudos sobre trilhas, tanto internacionais como nacionais, é decorrente da controvérsia que elas causam em Unidades de Conservação (UCs), já que uma área que foi criada com o intuito de ser preservada sofre com o impacto da utilização das mesmas. O termo “trilha” foi utilizado pela primeira vez no Brasil na década de 1970 e foi adaptado da palavra inglesa “trail”, que significa caminho, rastro ou picada (COSTA, 2006). Em todos os estudos feitos sobre trilhas, percebe-se a procura cada vez maior por áreas naturais, o que ameaça a conservação dessas e preconiza a necessidade de se combater ou atenuar os impactos causados pelas trilhas e por seus usuários (KROEFF, 2010). As trilhas são, muitas vezes, criadas com o objetivo de melhorar ou proteger os recursos naturais e culturais de uma comunidade. Em termos de benefícios econômicos, as trilhas proporcionam diversas atividades - como recreação, contato com a natureza, entre outros - que podem aumentar a atividade turística de determinada área, assim como o valor de propriedades na proximidade das trilhas (CORRELL, et al., 1978). Segundo Samir Costa (2004, p.9): “as trilhas devem ser criteriosamente localizadas, planejadas, construídas e manejadas de modo a permitir a conservação dos recursos naturais e a realização de contatos adequados pelos visitantes". Sendo assim, o planejamento e a construção desses caminhos através do espaço geográfico, histórico e cultural devem atender às necessidades dos usuários e das conservação dos seus recursos (NEIMAN, et al. 2009). A intensa utilização de trilhas pode provocar impactos não só na dinâmica do solo do leito da trilha, mas também, no ecossistema como um todo. O impacto ambiental é segundo Guerra e Guerra (1997): Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 794 Expressão utilizada para caracterizar uma série de modificações causadas ao meio ambiente, influenciando na estabilidade dos ecossistemas. Os impactos ambientais podem ser negativos ou positivos, mas, nos dias de hoje, quando a expressão é empregada, já está mais ou menos implícito que os impactos são negativos. (GUERRA e GUERRA, 1997 p. 350) Sánchez (2006) reitera que quando negativo, o impacto ambiental causa a degradação ambiental, ou seja, a perda ou deterioração da qualidade ambiental, a redução das condições naturais ou do estado de um ambiente. É comum, nas áreas de trilha, deparar-se com ambientes degradados, com a presença de lixo, pichação, erosão, entre outros, em um ambiente natural que objetiva a conservação, aparenta ser uma afronta aos olhos dos visitantes e administradores de áreas protegidas. Vivian Costa (2008) destaca que a erosão pode gerar trilhas com elevado nível de dificuldade podendo criar problemas de assoreamento em rios e em corpos d’água. De acordo com Takahashi (1998), o pisoteio das trilhas compacta os solos alterando sua porosidade em razão da redução do volume de macroporos. Este aumento na compactação eleva a resistência mecânica do solo à penetração de raízes e à infiltração de água, reduzindo a regeneração natural. Magro (1999) afirma que quando o pisoteio é frequente, o solo é compactado provocando a selagem do mesmo e aumentando sua susceptibilidade à erosão e perda de matéria orgânica. 2 – Metodologia 2.1. Localização da Área de Estudo A Reserva Ecológica da Juatinga (REJ) foi criada pelo governo do estado do Rio de Janeiro através do Decreto Estadual nº 17.981, de 30 de outubro de 1992. Ela está localizada no sul do estado do Rio de Janeiro, no município de Paraty e possui aproximadamente 8.000 hectares. (Figura 1). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 795 796 Figura 1: Localização da Reserva Ecológica da Juatinga e da trilha Ponta Negra-Praia de Galhetas. Elaboração própria. De acordo com o Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE, 2004), a vegetação da REJ apresenta as subclassificações de Florestas Ombrófila Densa Montana e Floresta Ombrófila Densa Submontana. As vertentes apresentam afloramentos rochosos cobertos por gramíneas. (ICMBIO, 2004). A REJ está situada na vertente oceânica da Serra do Mar. Possui relevo acidentado, variando desde ondulado, montanhoso e escarpado, com altitudes que vão até quase 1.100 m, no Pico do Cairuçu. O tipo de clima é super-úmido, com pouco ou nenhum déficit hídrico. Os solos que ocorrem na parte movimentada do relevo são, em geral, de elevada acidez e com indicativos de baixa fertilidade. Em áreas planas, em pequenas várzeas, os solos são também ácidos, hidromórficos, argilosos e muito argilosos sendo influenciados pelo elevado lençol freático (MARQUES, 1997). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Como foi dito anteriormente, a trilha analisada foi a Ponta Negra – Galhetas. Buscou-se através da pesquisa descritiva - onde parâmetros de solo e vegetação são mensurados e correlacionados com as características de uso avaliar as condições das trilhas (COLE, 1987). Foram utilizados também, indicadores como largura e erosão da trilha, existência de múltiplas trilhas e a compactação do solo (LEUNG e MARION, 1996). Além disso, a qualidade física dos solos foi analisada através da densidade, textura, e porosidade. 2.2. Análises laboratoriais e Mapeamento das Feições Erosivas Para análise das propriedades físicas do solo foram coletadas amostras deformadas, para o processo de granulometria, e amostras em anéis volumétricos para determinação da densidade aparente. As amostras foram coletadas em três pontos no leito da trilha, nas profundidades de 0-10 cm e 1020 cm. As coletas foram realizadas em novembro de 2012. Para análise da textura foi utilizado o método de dispersão total (pipeta), que “se baseia na velocidade de queda das partículas que compõem o solo” (EMBRAPA, 1997, p. 43). As amostras serão classificadas de acordo com o triangulo textural elaborado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (LEMOS e SANTOS, 1996). Primeiramente, o solo é destorroado e homogeneizado na peneira de 2 mm. Posteriormente, são pesadas 20 gramas de solo e adicionados 10 ml de dispersante (hidróxido de sódio) e 100 ml de água destilada; a solução é agitada com um bastão de vidro e permanece em repouso durante 12 horas. Decorrido o tempo, a amostra é levada ao agitador elétrico por 15 minutos (solos argilosos e de textura média) e lavada na peneira de 0,053mm, onde a areia fica retida e a fração silte+argila irá para uma proveta de 1000 ml. Após esse procedimento, a solução é agitada por 20 segundos, mede-se a temperatura e marca-se o tempo após a conclusão da agitação. Transcorrido o tempo de acordo com a temperatura, é introduzida uma pipeta de 50 ml até a profundidade de 5 cm, onde coleta-se a fração argila. As frações de areia e argila são levadas à estufa por 24 horas a 105°C. Por fim, a amostra de areia é Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 797 passada na peneira de 0,2mm para separar areia fina da areia grossa. Sendo assim, as frações de areia, silte e argila são calculadas. Já para a determinação da densidade do solo, é utilizado o método do anel volumétrico, proposto pela Embrapa (1997). Portanto, foram coletadas amostras em um anel de aço de volume conhecido (100 cm³) em duas profundidades (0-10 cm e 10-20 cm), nos pontos amostrados. As amostras são retiradas do anel e pesadas, após esse processo, as mesmas são levadas a estufa e deixadas a 105°C por 24 horas. Depois de retiradas, as amostras são pesadas e a densidade será determinada a partir da fórmula abaixo, onde D representa a densidade (g/cm³); a = massa da amostra seca a 105°C (g); e b = volume do anel (cm³): 3. Resultados A enseada de Ponta Negra possui aproximadamente 25 famílias (ICMBIO, 2004). O acesso à enseada só é possível através da trilha que se inicia na vila Oratório e passa pela praia do Sono, praia de Antigos, praia de Galhetas e finalmente chega à enseada de Ponta Negra. Também é possível chegar à enseada por embarcações. A vegetação predominante na trilha é arbustiva e espaçada. A área de pisoteio possui tamanho que varia de 0,84 a 1,60 metros. Já a largura, que segundo Cole (1993) está relacionada ao tamanho total da trilha, que inclui a área pisoteada e a área não-pisoteada, varia de 1,16 metros a 2,35 metros. A trilha que se inicia na enseada e vai até a praia de Galhetas tem aproximadamente 350 metros de extensão. Foram analisados três pontos na trilha e as feições erosivas foram mapeadas (Figura 02). Percebe-se que a maioria das feições erosivas está na vertente da encosta que drena para a praia de Galhetas, isso pode estar ocorrendo devido a convergência dos fluxos para a praia. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 798 799 Figura 02: Mapa com os pontos de coleta e as feições erosivas da trilha. Elaboração própria. Os principais fatores que influenciam a intensidade do impacto são frequência do uso, tipo e comportamento do usuário, estação climática e condições ambientais (COLE, 1987). Cole (2004) acrescenta que logo após a abertura de uma trilha, pequenos aumentos na frequência do uso causam intensificação dos impactos, no entanto, o nível de degradação decresce com o aumento do uso. Kroeff (2010) destaca que ao longo das trilhas é comum deparar-se com ambientes degradados, presença de lixo, pichações, queimadas, entre outros, contradizendo os objetivos de um ambiente natural de conservação. É importante destacar que os visitantes, muitas vezes, são responsáveis por essa degradação, já que, eles próprios jogam lixo, picham e geram outros impactos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Na trilha Ponta-Negra - Galhetas a presença de lixo é constante, conforme observado na figura 03. 800 Figura 03: Presença de lixo no leito da trilha. Acervo: L. A. RANGEL, 2012. Outros impactos são perceptíveis, como encostas queimadas (Figura 04) e a presença de degraus, variando entre 10 e 30 cm, próximos ao primeiro ponto de coleta (Figura 05). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 04: Área queimada, no divisor da encosta, com pequeno processo erosivo que permite o fluxo preferencial de água para o leito da trilha. Acervo: L. A. RANGEL, 2012. Os degraus são caminhos preferenciais da água que podem causar maior turbulência ao fluxo e se aprofundar devido ao pisoteio, pois, os usuários preferem utilizar-los em áreas mais íngremes. Figura 05: Presença de degraus no leito da trilha. Acervo: L. A. RANGEL, 2012. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 801 O segundo ponto de coleta está localizado em um ambiente com vegetação em estágio médio de sucessão, com a presença de blocos rochosos de diversos tamanhos, chegando a quase 1 metro de altura. O limite da área pisoteada é de aproximadamente 0,91 metros (Figura 06). Figura 06: Segundo ponto de coleta (esquerda). Bloco rochoso próximo ao leito da trilha (direita). Acervo: L. A. RANGEL, 2012. 802 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Além dos impactos ocasionados pela concentração de água e pela compactação do solo, observou-se, uma fogueira ao lado do final da trilha (Figura 07). Sendo uma prática comum, além de prejudicar as propriedades físicas e químicas do solo, ela coloca em risco a vegetação do entorno. Figura 07: Terceiro ponto de coleta próximo ao final da trilha na praia de Galhetas (esquerda). Fogueira ao lado da trilha (direita). Acervo: L. A. RANGEL, 2012. 803 Ao observar a Tabela 1 com os valores de textura, percebe-se que o ponto 1, possui elevado teor de argila nas duas profundidades analisadas. Já ponto 3 apresenta teor de areia (areia fina + areia grossa) superior aos demais, isso pode estar ocorrendo devido sua proximidade com a praia de Galhetas. Tabela 1: Textura do solo medida em porcentagem nas duas profundidades analisadas (0-10 cm e 10-20 cm). Ponto de Profundidade Coleta Areia Fina (%) Areia Grossa (%) Argila (%) Silte (%) Textura Ponto 1 0 -10 cm 9,07 37,05 36,80 17,09 Argilo - Arenosa Ponto 1 10-20 cm 16,23 32,30 40,80 12,42 Argilo - Arenosa 15,97 36,73 30,10 17,20 12,29 47,73 29,30 10,60 Ponto 2 0 -10 cm Franco Arenosa Franco Arenosa - Argilo - - Argilo - Ponto 2 10-20 cm Ponto 3 0 -10 cm 20,13 37,51 18,80 22,69 Franco - Arenosa Ponto 3 10-20 cm 24,37 35,57 19,60 20,32 Franco - Arenosa Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 A densidade está relacionada à compactação do mesmo. Sendo assim, a pressão exercida sobre o solo altera as suas propriedades, principalmente porosidade e permeabilidade, impedindo, portanto, a circulação do ar e da água no solo, reduzindo a disponibilidade destes e prejudicando o crescimento das raízes. É possível observar isso no ponto 3 que possui densidade de 1468 km/m³ na profundidade de 10-20 cm e de 1606 km/m³ na profundidade de 1020 cm e porosidade de 39,81% e 34,15% respectivamente. Kroeff (2010) destaca que quando a capacidade de retenção de água do solo diminui, os rendimentos decrescem, o escoamento de água aumenta e o solo se torna mais vulnerável à erosão. Tabela 2: Densidade e Porosidade do solo nas duas profundidades analisadas (0-10 cm e 1020 cm). Ponto de Coleta Profundidade Densidade do Solo (kg/m³) Porosidade Total (%) Ponto 1 0 -10 cm 1450 43,45 Ponto 1 10-20 cm 1479 40,84 Ponto 2 0 -10 cm 1456 42,47 Ponto 2 10-20 cm 1540 39,17 Ponto 3 0 -10 cm 1468 39,81 Ponto 3 10-20 cm 1606 34,15 804 Como já foi observado em diversos trabalhos (KROEFF, 2010 e COSTA, 2006) a densidade aparente, em geral, aumenta com a profundidade do perfil devido às pressões exercidas pelas camadas superiores. Em todos os pontos coletados observou-se que a densidade segue esse padrão, evidenciado maior compactação no solo na profundidade de 10-20 cm. Apesar disso, os valores de densidade e de porosidade não são extremos, sendo considerados aceitáveis segundo alguns autores (SENGIK, 2005 e JORGE, 1986). 4. Conclusões Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Conclui-se que as propriedades do solo estão sofrendo com a utilização da trilha. O pisoteio no leito está provocando compactação e a declividade da encosta está influenciando na concentração do fluxo de água. Sendo assim, a formação de degraus que ocorre no ponto 1, localizado no divisor da encosta, está associada a concentração do fluxo de água da chuva. Já a textura e a compactação do solo no ponto 3 estão associadas ao sobreuso, devido a proximidade com a praia de Galhetas. É recomendável que seja feita recuperação da trilha com ordenamento do sistema de drenagem, para diminuir a velocidade e volume do fluxo de água que percorre a mesma. Para isso, podem ser utilizadas barreiras d’água e diques que irão reter os sedimentos; nas áreas escalonadas devem-se colocar degraus de madeira de modo a garantir acessibilidade e orientar o fluxo de visitantes. Faz-se necessária também, a recuperação das encostas através do reflorestamento, protegendo o talude e regulando o volume de solo e água que pode sobrecarregar o leito e drenagem da trilha. Considerando que o manejo adequado é fundamental para a qualidade do solo, percebe-se que as trilhas, que possuem função não só turística, mas também social, precisam ser mais bem conservadas. Isto deve ocorrer, principalmente quando as mesmas estão inseridas em Unidades de Conservação, já que o objetivo desta é a conservação de recursos naturais e do espaço; e as trilhas, quando degradadas vão contra esse preceito de conservação. Além disso, é fundamental conscientizar os turistas e demais usuários, no sentido de promover a adoção de condutas adequadas e menos impactantes, pois como foi constatado, os próprios usuários deixam lixo e fazem fogueiras na trilha. 5. Agradecimentos Ao CNPq pelo financiamento do projeto “Diagnóstico de danos ambientais em unidades de conservação: Parque Estadual da Serra do Mar (Núcleo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 805 Picinguaba) e Parque Nacional da Serra da Bocaina (Área de Proteção Ambiental do Cairuçu) e Reserva Ecológica da Juatinga”, ao qual está ligado esse trabalho. 6. Bibliografia ANDRADE, J. V. Turismo: Fundamentos e dimensões. São Paulo: Ed. Ática, 1997. ANDRADE, M. R. M. de. Planejamento Ambiental da APA Cabuçu-Tanque Grande Guarulhos-SP. 2009. Tese (Doutorado em Geografia Física) Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. BRASIL. Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000 – Criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). 2000. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm. Acesso em: 13 jul. 2012. COLE, D.N. Research on soil and vegetation in wilderness: a state-ofknowledge review. In: LUCAS, R.C. Proceedings - National Wilderness Research Conference: Issues, State-of-knowledge, Future Directions. General Technical Report INT-220. U.S. Department of Agriculture, Forest Service. 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Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 809 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas USO DE EQUIPAMENTOS TRANSCEPTORES COMO INSTRUMENTO DE MONITORAMENTO E SEGURANÇA NO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DA TAQUARA – PNMT, DUQUE DE CAXIAS / RJ Lucas Julião Mello de Lima20 Malena Carvalho da Costa21 Marcos Cunha22 Hernani Aguiar23 Alexandre Takio Kitagawa24 Resumo Palavras chave: Radiocomunicação, Uso público, Área de Proteção Ambiental de Petrópolis, Turismo. O PNMT está localizado no bairro Taquara, terceiro distrito do Município de Duque de Caxias – RJ, ocupando uma área aproximada de 20 hectares, e limitando, com a Área de Proteção Ambiental (APA) de Petrópolis. Dentre os vários segmentos do turismo que surgem no mercado, tem-se o turismo de atrativos naturais, também chamado de ecoturismo, turismo ecológico ou turismo de natureza. Um importante recurso para o monitoramento e prestação de serviços aos visitantes, é a utilização de equipamento de telefonia móvel pelo guia, monitor ambiental e guardas florestais, mas o uso de radiocomunicador portátil, também, chamados de rádio transceptores portáteis, HT (Handy Trasnceiver) ou walk-talk, são de grande valia, principalmente quando o serviço de aparelhos de telefonia móvel é limitado. Embora muitos frequentadores do PNMT como visitantes, estudantes, professores, pesquisadores, entre outros, não optem pela visitação guiada, a segurança destes usuários é uma atribuição e preocupação do poder público. Neste sentido foi elaborado um projeto piloto de comunicação com os usuários das trilhas no PNMT. Para tanto, foi escolhida a trilha do Véu da Noiva muito utilizada pelos visitantes e pesquisadores, onde foram utilizados transceptores de UHF que operam na frequência de 462 a 467 MHz, que são de uso livre e 20 llucasjuliao@gmail.com - Técnico em Segurança do Trabalho, Docente em Ciências Biológicas – UFRJ 21 malena96@ibest.com.br - Docente em Ciências Biológicas – UFRJ 22 Responsável pelos Serviços Ambientais do PNMT, Docente em Direito – UNESA 23 abencoadohernani@gmail.com - Técnico em Química e Meio Ambiente – UTB Cursos & Treinamentos 24 alexandrekitagawa@gmail.com - Guia de Turismo, Biólogo – Discente da Fundação Educacional de Duque de Caxias – FEUDUC Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 810 fácil aquisição. Foram escolhidos 10 pontos de maior relevância para realização dos testes e, em 8, foi possível a comunicação com a sede via transceptor com os quais se elaborou um mapa identificando as áreas com conexão e de sombra (sem sinal para rádio). Os resultados preliminares demonstram a aceitação pelo gestor do PNMT, guardas florestais, moradores da APA Petrópolis, professores e voluntários. Além disso, podem ser considerados satisfatórios quando considerado a relação custo/benefício desses equipamentos. Para maior abrangência do serviço, pode ser necessário à instalação de uma torre com antena externa. Resumen Palabras clave: Radio Comunicación, Uso Público, Área de Protección Ambiental del turismo Petropolis. El PNMT está situado en Taquara, tercer distrito de Duque de Caxias - RJ , que ocupa una área de aproximadamente 20 hectáreas y limita con el Área de Protección Ambiental (APA) de Petrópolis. Entre los diversos segmentos turísticos que aparecen en el mercado, tiene el turismo de atractivos naturales, también llamados ecoturismo, o turismo de naturaleza. Un recurso importante para el seguimiento y la prestación de servicios a los visitantes, es el uso de equipos de telefonía móvil por el guía de turismo y guardabosques, pero el uso de la radio portátil en el campo, también llamado transceptores de radio portátiles , HT (Handy Trasnceiver) o walk-talk, son de gran valor, sobre todo cuando el servicio de la telefonía móvil es limitada. Aunque muchos asistentes del PNMT como visitantes , estudiantes, profesores , investigadores, y otros, no optan por las visitas guiadas, la seguridad de estos usuarios es una tarea y preocupación del gobierno. En este sentido se diseñó un proyecto piloto para comunicarse con los usuarios de los senderos en PNMT. Por lo tanto, se optó por realizar un seguimiento Véu da Novia muy utilizado por los visitantes y los investigadores, en el que se utilizaron equipo que operan en la frecuencia UHF 462-467 MHz, que son libres y fácil de comprar. Se eligieron 10 puntos más relevantes para la realización de las pruebas, y 8 , era posible comunicarse con la sede a través de transceptor con las que produjeron un mapa identificando las zonas con sombra (no hay señal de radio) y conexión. Los resultados preliminares muestran aceptación por parte del gerente del PNMT, guardabosques, los residentes de la APA Petropolis, profesores y voluntarios. Además, se puede considerar satisfactoria al considerar el costo / beneficio de estos equipos. Para una mayor cobertura de los servicios, es posible que tenga que instalar una torre de antena externa. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 811 1. Introdução Entre os vários segmentos do turismo, o turismo de atrativos naturais, também chamado de ecoturismo, está tendo um crescimento nos últimos anos (PINTO,2010), este setor do turismo se propõe a possibilitar o contato entre indivíduos e espaços naturais, o ecoturismo surgiu com a finalidade de alcançar o desenvolvimento sustentável de regiões que apresentam significativos conjuntos naturais, de valor ecológico, e paisagístico, e de conservação de culturas locais (MENDONÇA, 2002). O turismo pode oferecer riscos ao ambiente, alguns autores afirmam que em lugares onde ocorrem atividades turísticas, existe degradação do meio ambiente, de fato o turismo pode causar alguns impactos negativos para a área, entretanto a atividade turística também pode representar uma fonte de renda para o desenvolvimento econômico das comunidades locais, além de poder também auxiliar na proteção de ambientes naturais e educação ambiental (PINTO, 2010). Segundo o art. 144 da constituição federal, a respeito da segurança pública: 812 “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio’’ É então de responsabilidade da Unidade de Conservação (UC), a utilização de meios para a segurança de seus visitantes, sem comprometer os atrativos da região. Segundo Bellinassi (2011), há diversas formas de gestão de UC, é uma discursão que leva várias propostas de metodologias de manejo, que auxiliam na preservação, manutenção, e também em segurança, esse é um dos objetivos de uma UC, Uma gestão participativa que gera mobilização da comunidade ao conflito que ocorre no local, e ajudando assim na equipe gestora. As UC são geralmente procuradas por permitirem que os visitantes possuam um contato mais próximo com áreas naturais, porém, entre a satisfação proporcionada por essa visita, está o desprazer de acidentes que podem vir a ocorrer. Esses possíveis acidentes podem ser ocasionados por ausência de equipamentos adequados de segurança, de guias incapacitados, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 carência de sinalizações, falta de informação a respeito do local que esta sendo visitado e ausência de equipe preparada para alguma situação de emergência, entretanto negligencias a respeito do descumprimento de regras pelos frequentadores, ou ações que estão fora do controle de gestores, também podem ocasionar acidentes. O conhecimento dos reais riscos de acidentes por pessoas comprometidas com a atividade turística é de extrema importância para a mudanças nestes comportamentos incorretos que afetam os mesmos, já que a segurança é um direito de todos (SILVA, 2011). Segundo Guerra et al. (2008), os cinco eventos que apresentam potencial de risco de acidente para usuários de UC são: Picadas de animais peçonhentos, torção, escorregão, queda de árvores e queda de usuários. Os riscos são minimizados por meio de duas estratégias essenciais, que segundo Spink et al. (2004) são o uso de equipamentos de segurança e a experiência de treinamento por guias e monitores ambientais, que geram no visitante a sensação de segurança. A utilização de equipamentos de segurança pode ser por meio tecnológico que auxiliam na comunicação, possuindo finalidade de minimizar os riscos, e dar mais conforto a visitação, no qual são os que estão mais expostos aos riscos, no entanto esse recurso não imune os visitantes de lidarem com os tais (SILVA, 2010). Um dos sistemas tecnológicos mais convencionais de comunicação são os rádios transceptores, esses rádios podem ser portáteis, fixos ou veiculares. Os rádios portáteis são geralmente pequenos e leves, podendo facilitar sua utilização em trilhas (JUNIOR,2006). Para tanto o objetivo do presente estudo é Identificar os locais onde é possível a comunicação entre rádios transceptores portáteis, na trilha do véu da noiva, para serem usados por guias de turismo, monitores ambientais, guardas florestais entre outros a fim de garantir a segurança dos visitantes do Parque Natural Municipal da Taquara. 2. Material e métodos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 813 O Parque Natural Municipal da Taquara (PNMT) é uma UC de proteção integral e possui aproximadamente 20 hectares, estando localizado no bairro da Taquara, 3º distrito do Município de Duque de Caxias/RJ entre as coordenadas UTM - 0681274; 7499842 (SILVA et al., 2010). Segundo Leite (2012), o PNMT recebe aproximadamente 4.000 visitantes por mês durante os meses mais quentes de verão. O PNMT limita-se ao Norte com a Área de Proteção Ambiental de Petrópolis, primeira Área de Preservação Ambiental criada no país e a segunda maior do Estado do Rio de Janeiro, onde também foi realizado parte do estudo, a APA Petrópolis possui aproximadamente 60.000 hectares, fica localizado na porção centro-oeste do Estado do Rio de Janeiro, abrange parcela significativa do município de Petrópolis seguida de áreas menores dos municípios de Magé, Guapimirim e Duque de Caxias (SANTOS, et al., 2011). Ambas, são parte integrante do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense no Estado do Rio de Janeiro, sendo que esta última totaliza 233.710 hectares, abrangendo 13 municípios, 22 UC e suas respectivas zonas de amortecimento (LINO; ALBUQUERQUE, 2007).  Identificação e Seleção das trilhas O presente estudo foi realizado na trilha do Véu da noiva, situada entre o PNMT e a APA Petrópolis. Esta trilha foi escolhida por ser a mais utilizada pelos visitantes e passar em pontos de relevância. Foram definidos dez pontos por apresentarem um maior número de passagem de visitantes, ou por serem atrativos turísticos para os frequentadores do PNMT: O Mirante do lago; Trilha buriti; Trilha da jaqueira; Poço da baleia; véu da noiva; Trilha dos escravos; IEST; e entrada do IEST, Além da base, localizada na sede do PNMT.  Coleta de dados Foram utilizados um rádio transceptor fixo modelo Audiovox GMRS2000 e um rádio transceptor portátil modelo Intelbras Twin, localizado na sede do PNMT e dois rádios transceptores portáteis modelo Intelbras Twin utilizadas no decorrer Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 814 da trilha do véu da noiva, onde foram definidos dez pontos. A trilha foi percorrida e nos pontos determinados era realizada a tentativa de comunicação com a sede do PNMT. 3. Resultado e discussão Foi observado que em 8 pontos da trilha do Véu da noiva (Mirante do lago; Trilha Buriti; Trilha da jaqueira; Véu da noiva; IEST; Entrada do IEST; Barragem; e na Ponte) o sinal dos dois rádios transceptores portáteis foram captados corretamente pelos rádio transceptor portátil e fixo localizados na sede do PNMT. Porém a transmissão em dois pontos da trilha (Poço da baleia e Trilha dos escravos) não foram recebidos pelos rádios localizados na sede do PNMT (Tab.1). Tabela 1. Pontos escolhidos para o teste com os equipamentos transceptores. Ponto de referência Mirante do lago Trilha buriti Trilha das jaqueiras Poço da baleia Véu da noiva Trilha dos escravos IEST Entrada IEST Barragem Ponte Recepção Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Os rádios transceptores são dispositivos que convertem um estímulo em uma resposta, um sinal de entrada em um sinal de saída. É esperado que este rádio transmitisse a energia do sinal de entrada para o de saída ao longo do tempo sem falhar, porém a exposição a intempéries pode reduzir a sua confiabilidade (MULLER, 2008). O ponto Véu da Noiva, localizado na parte elevada da trilha do Véu da noiva, apesar de ser o ponto que tem a localização mais distante da sede do PNMT, foi possível a sua comunicação com os rádios transceptores localizados na sede, enquanto nos pontos Poço da baleia e Trilha dos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 815 escravos, quando comparados com o ponto do Véu da noiva, se localizam mais próximo da sede, não conseguiram manter contato. Este resultado pode ser causado devido às intempéries presentes nos pontos Poço da baleia, e Trilha dos escravos, que segundo Muller (2008), podem reduzir a confiabilidade do sinal. A comunicação com Rádio Frequência pode transmitir informações de voz, e dados utilizando uma frequência característica para outros rádios sintonizados nesta mesma frequência. A maioria dos sistemas de comunicação para a segurança pública transmite na faixa de frequência assimilada entre 30 a 900 MHz (JUNIOR, 2006). Cada grupo de usuário do rádio recebe um canal, ou par de frequências única para determinado este determinado grupo, podendo transmitir e obter por esse canal, quando o canal estiver em uso, os demais usuários do grupo não poderá transmitir (JUNIOR, 2006). O PNMT possui como par de frequências único, o canal 1 (462,5625 MHz), portanto os rádios transceptores da região que estiverem sintonizados nesse canal poderão transmitir e receptar sinais com os demais transceptores que também estiverem sintonizados no mesmo canal. Os rádios comunicadores portáteis facilitam consideravelmente o controle de atividades realizadas em uma propriedade, evitando a necessidade de deslocamentos, ou mesmo da utilização de aparelhos celulares, onde possuem um custo elevado de manutenção quando comparados com os rádios transceptores, sua utilização é simples, e de grande eficiência na economia de tempo e de recursos (SCOARIZE, 2006). 4. Conclusão O uso de rádio comunicadores portáteis em UC é um enorme aliado a comunicação e segurança; Os pontos: mirante do lago, trilha buriti, trilha da jaqueira, Véu da noiva, IEST, entrada do IEST, barragem e ponte, conseguem manter facilmente o contato com a sede do PNMT, porém no poço da baleia e trilha dos escravos a comunicação é prejudicada; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 816 A construção de uma torre poderia facilitar a transmissão de sinais entre os rádios comunicadores portáteis. 5. Bibliografia BELLINASSI, S.; PAVÃO, A. C.; CARDOSO, L. E. Gestão e Uso Público de Unidades de Conservação: um olhar sobre os desafios e possibilidades. 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ISBN 978-85-88769-56-4 818 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA TURÍSTICA EM UMA TRILHA INTERPRETATIVA NA ESTAÇÃO DE PESQUISA MATA DO PARAÍSO, VIÇOSA, MINAS GERAIS Marcello Pinto de Almeida25 Gínia Cesar Bontempo26 Gumercindo Souza Lima27 Resumo Palavras-chave: Uso Público; Capacidade de Suporte Turístico; Trilhas Interpretativas; Mata do Paraíso. A procura por ambientes naturais para atividades recreativas e de lazer vem aumentando consideravelmente a cada ano, sobretudo, nas unidades de conservação. Contudo, para conciliar o uso público destes locais com a conservação da natureza é necessário conhecer os impactos negativos que a visitação pode causar a esses ambientes e, assim, evitá-los, controlá-los e minimizá-los. Entre as formas de monitoramento e gestão dos impactos da visitação, destacam-se os cálculos de capacidade de suporte turístico. O principal objetivo deste trabalho foi determinar a capacidade de carga para uma trilha interpretativa, localizada na Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental (EPTEA) Mata do Paraíso, no município de Viçosa, Minas Gerais. Este estudo foi desenvolvido utilizando-se a metodologia desenvolvida por Miguel Cifuentes, adaptada às condições locais que melhor representam os impactos ambientais negativos existentes no percurso avaliado. Os fatores de correção considerados foram: social, vulnerabilidade à erosão, fechamento temporal à visitação e capacidade de manejo. O cálculo destes fatores permitiu a análise das condições físicas da trilha e de alguns aspectos administrativos relacionados à gestão da área, tais como recursos humanos, infraestrutura e equipamentos. Desta maneira, foram calculadas a capacidade de carga física (CCF), capacidade de carga real (CCR) e a capacidade de carga efetiva (CCE), resultando em uma capacidade de carga turística de 189 visitantes por dia. A partir dos resultados foram elaboradas recomendações para a administração da EPTEA Mata do Paraíso, fornecendo subsídios técnicos para a gestão do local. 25 marcello.almeida@ufv.br Mestrando em Ciência Florestal (Bolsista CAPES) - Universidade Federal de Viçosa 26 ginia.bontempo@ufv.br Professora no Departamento de Biologia Geral - Universidade Federal de Viçosa 27 gslima@ufv.br Professor no Departamento de Engenharia Florestal - Universidade Federal de Viçosa Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 819 Resumen Palabras clave : Públicas ; Capacidad de Carga Turística ; senderos interpretativos , Mata do Paraíso . La demanda de los entornos naturales para atividades de recreo y de ocio están aumentando considerablemente cada año, principalmente en las áreas protegidas . Sin embargo , para conciliar el uso público de estos sitios con la conservación de la naturaleza es necesario conocer el impacto negativo que las visitas pueden causar estos entornos y así evitarlos, controlarlos y minimizarlos.Entre las formas de controlar y gestionar los impactos de las visitas, destacan los cálculos de capacidad de soporte turístico. El objetivo principal de esta investigación fue determinar la capacidad de carga de un sendero de interpretación, ubicado en la Estación de Investigación, Formación y Educación Ambiental ( EPTEA ) Mata do Paraíso, en Viçosa , Minas Gerais. La investigación se realizó utilizando la metodología desarrollada por Miguel Cifuentes , adaptado a las condiciones locales que mejor representan los impactos ambientales negativos sobre la ruta existente evaluado. Se consideraron los factores de corrección : la vulnerabilidad social a la erosión , el tiempo para las visitas y gestión de la capacidad de cierre. El cálculo de estos factores permitió que el análisis de las condiciones físicas de la pista y algunos asuntos administrativos relacionados con la gestión de la zona, tales como recursos humanos, infraestructura y equipamiento. Por lo tanto , se calculó la capacidad física (TLC ) , la capacidad de carga real (CCR ) y la capacidad efectiva ( CEC) , dando lugar a un turismo de la capacidad de carga de 189 visitantes por día . Los resultados se elaboraron recomendaciones para la gestión de EPTEA Mata do Paraíso , la prestación de apoyo técnico para la gestión del sitio . 1. Introdução No Brasil há uma crescente preocupação com a preservação e conservação do meio ambiente, o que pode ser comprovada observando a quantidade de unidades de conservação criadas nas últimas duas décadas (RYLANDS; BRANDON, 2005). De acordo com as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, documento elaborado pelo Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o estabelecimento de áreas naturais protegidas é um importante mecanismo para a manutenção da imensa diversidade biológica existente em todo o território nacional (EMBRATUR, 1994). Neste sentido, o país possui destaque internacional, uma vez que abriga de 15% a 20% das 1,5 milhão de espécies descritas em todo o planeta (LEWINSOHN; PRADO, 2000, apud MMA, 2002, p. 12). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 820 As unidades de conservação constituem-se em um dos mais importantes instrumentos para manutenção dos recursos naturais e são divididas em 12 categorias, estando todas sujeitas a regimes específicos de funcionamento, de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), estabelecido pela Lei 9.985, de 18 de julho de 2000. Segundo o Quarto Relatório Nacional para a Convenção sobre Diversidade Biológica, atualmente, existem 1.963 unidades de conservação no país, incluindo as unidades federais, estaduais e municipais, totalizando uma área de 1.539.416 km², ou seja, 17,4% do espaço terrestre brasileiro (MMA, 2010). A procura por ambientes naturais para atividades recreativas e de lazer vem aumentando a cada ano de forma considerável. A opção mais frequente tem sido, na maioria dos casos, as unidades de conservação (SÃO PAULO, 2010). De acordo com Zimmermann (2006), os três Parques Nacionais mais visitados no Brasil são: Parque Nacional do Iguaçu, Parque Nacional da Tijuca e Parque Nacional de Brasília, com respectivamente, 1.084.241, 1.069.066 e 281.016 visitantes por ano. Entretanto, para garantir a conservação destas áreas e assegurar a efetiva proteção das espécies de fauna e flora nativas, assim como das singularidades dos ecossistemas, se faz necessário adotar estratégias no sentido de disciplinar as ações ali desenvolvidas. Dentre as atividades realizadas em áreas naturais protegidas, Andrade (2003) destaca as trilhas interpretativas, uma vez que através destas, o visitante tem a oportunidade de interagir de forma direta com os diversos recursos naturais. A Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental (EPTEA) Mata do Paraíso, localizada no município de Viçosa, Minas Gerais, é um significativo remanescente florestal, com aproximadamente 200 hectares, de extrema importância por ser uma das poucas áreas com grande extensão de floresta nativa na região (CASTRO et al., 2006). Ainda de acordo com Castro et al. (2006), apesar da Mata do Paraíso ser uma área protegida, ela não se enquadra em nenhuma categoria pertencente ao SNUC, mas possui objetivos semelhantes aos das unidades de conservação, como proteção da fauna e flora, realização de pesquisas científicas, visitação e desenvolvimento de atividades de interpretação e educação ambiental. Na EPTEA Mata do Paraíso, algumas atividades ainda acontecem de forma pouco ordenada. Não existe, atualmente, nenhuma norma que limite ou controle o número de pessoas que visitam as trilhas do local; torna-se indispensável conhecer os impactos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 821 negativos que o uso público pode causar a esse ambiente e, assim, evitá-los, controlálos e minimizá-los, sobretudo nos percursos onde se desenvolvem atividades frequentes, sejam elas realizadas por pesquisadores, visitantes ou mesmo por funcionários. Considerando os diversos usos e atividades realizadas dentro dos limites das áreas naturais protegidas, surge o desafio de conciliar o uso público destes locais com a conservação da natureza. Entre as formas de controle e planejamento do suporte ecoturístico, destaca-se o cálculo de capacidade de carga (ROCHA et al., 2007). Boo (1990) define a capacidade de carga como sendo a quantidade máxima de visitantes que uma determinada área pode suportar, sem apresentar danos significativos sobre os recursos naturais e, ao mesmo tempo, sem afetar a satisfação dos visitantes. 2. Objetivos 2.1. Objetivo geral O objetivo geral do presente trabalho foi determinar a capacidade de carga turística para a Trilha Caminho das Águas, localizada na Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental Mata do Paraíso. 2.2. Objetivos específicos  Realizar o mapeamento da trilha, utilizando técnicas de geoprocessamento;  Realizar o levantamento das condições físicas da trilha, quanto à erosão e acessibilidade;  Identificar os pontos de maior fragilidade do percurso, reconhecendo as limitações impostas pelo ambiente;  Fornecer subsídios referentes à quantidade máxima desejável de visitantes na trilha;  Servir de parâmetro para estudos futuros de monitoramento e gestão da visitação na EPTEA Mata do Paraíso. 3. Metodologia 3.1. Área de estudo A Mata do Paraíso é um fragmento florestal de alta importância biológica, abrigando espécies ameaçadas de extinção, como o gato mourisco (Felis yagouaroundi) e o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 822 macaco sauá (Calicebus personatus). Estão presentes ainda, importantes nascentes do ribeirão São Bartolomeu, fonte de grande parte do abastecimento de água do município de Viçosa (CASTRO et al., 2006). No passado, esta área foi afetada por práticas degradantes, com destaque para a atividade exploratória de recursos madeireiros e da pedreira existente no local, além de práticas agrícolas, como a cultura do café e uso de pastagens (VOLPATO, 1994). A vegetação natural da área é classificada como Floresta Estacional Semidecidual (VELOSO et al., 1991), compondo uma paisagem formada por estágios sucessionais distintos e pequenos trechos de brejo (SILVA JUNIOR et al., 2004). Vale ressaltar que desde 1963, não há registros de ocorrência de extração de madeira, incêndio florestal ou outros tipos de intervenção humana (LEAL FILHO, 1992), com exceção de um incêndio que atingiu uma área reduzida em 1999 (RIBON, 2005). A EPTEA possui quatro trilhas que podem ser utilizadas pelos visitantes, sendo elas: Trilha do Aceiro, Trilha da Gameleira, Trilha dos Gigantes e Trilha Caminho das Águas. Em 2003, foi inaugurada uma sede administrativa; sua infraestrutura inclui: centro de visitantes, escritório, sala de aula, banheiros e cozinha (CASTRO et al., 2006). Durante o ano de 2010, o local recebeu aproximadamente 2.000 visitantes, sendo a Trilha Caminho das Águas, o trajeto que recebeu maior fluxo de pessoas (informação verbal).28 3.2. Determinação da capacidade de carga A determinação da capacidade de carga da Trilha Caminho das Águas se baseou na metodologia proposta por Cifuentes (1992), adaptada às condições físicas, biológicas e de infraestrutura presentes na área de estudo, buscando desta maneira obter um resultado mais fidedigno. A metodologia estabelecida pelo autor citado acima é composta por seis etapas, contudo, considerando o fato de que a EPTEA Mata do Paraíso ainda não possui Plano de Manejo, foram desenvolvidas neste trabalho especificamente as duas últimas etapas da metodologia, a saber: identificação de fatores e características que influenciam o local destinado ao uso público e a determinação de sua capacidade de 28 Dados fornecidos pelo Grupo de Educação e Interpretação Ambiental Mata do Paraíso (GEIA-MATA), responsável pela recepção dos visitantes na EPTEA Mata do Paraíso. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 823 carga turística, sendo esta última etapa composta por três grandezas, descritas a seguir. 3.2.1. Capacidade de carga física (ccf) A capacidade de carga física é o limite máximo de pessoas que podem visitar uma determinada trilha durante o período de um dia. A CCF é influenciada pela superfície disponível durante o trajeto, pelo espaço requerido por visitante para sua locomoção e pelas características da atividade de visitação, quanto ao horário e duração em que esta ocorre. Para o cálculo desta grandeza utilizou-se a seguinte fórmula: Em que: S = superfície disponível durante o percurso da trilha, expressa em metros lineares sn = superfície utilizada individualmente por cada visitante, em metros lineares NV = número de vezes que uma determinada trilha pode ser percorrida por uma mesma pessoa no período de um dia. Este valor foi obtido pela seguinte fórmula: ⁄ Em que: Hv = número de horas diárias em que o local se encontra aberto à visitação Tv = tempo necessário para o visitante percorrer uma determinada trilha 3.2.2. Capacidade de carga real (ccr) A capacidade de carga real é o limite máximo de visitantes que um local pode receber, sendo obtida a partir da CCF, depois de submetida a uma série de fatores de correção, previamente definidos de acordo com as características do percurso avaliado. Estes fatores de correção são determinados através de variáveis físicas, ambientais, ecológicas, sociais e de manejo. O cálculo destes fatores foi realizado utilizando-se a seguinte fórmula geral: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 824 Em que: FCX = fator de correção para a variável “x” MLX = magnitude limitante da variável “x” MTX = magnitude total da variável “x” De acordo com as características observadas na área de estudo, alguns fatores se apresentaram relevantes para a conservação das trilhas. Assim, os fatores de correção propostos para este trabalho foram: fator social (FCSOC), fator de vulnerabilidade à erosão (FCERO) e fator de fechamento temporal à visitação (FCFT). A capacidade de carga real (CCR) foi determinada através da seguinte fórmula: 825 3.2.2.1. Fator social (fcsoc) Considerando os aspectos referentes à qualidade da visitação, levantou-se a necessidade de manejar os visitantes por meio de grupos, para possibilitar um controle mais efetivo do fluxo de pessoas na trilha e ao mesmo tempo, garantir a satisfação dos visitantes. Desta forma, recomendou-se que a visitação seja realizada sob as seguintes condições:  Grupos de no máximo 15 pessoas, incluindo o monitor;  A distância mínima entre grupos subsequentes deve ser de 250 metros, para evitar interferências indesejáveis;  O espaço requerido para cada visitante movimentar-se adequadamente em uma trilha foi considerado como 1m², o que se traduz em 1 metro linear, visto que a largura máxima da trilha não ultrapassa 2 metros. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Diante dos requisitos estabelecidos, cada grupo de visitantes requer 265 metros do trajeto da trilha, visto que além da distância necessária entre grupos, cada visitante ocupa 1 metro linear do percurso. Neste caso, a magnitude total (MTSOC) corresponde ao comprimento da trilha, enquanto a magnitude limitante (MLSOC) é o trecho do percurso que está indisponível, uma vez que deve se manter uma distância mínima entre grupos e entre pessoas dentro do grupo. A magnitude limitante deste fator foi obtida pela seguinte fórmula: Onde P equivale ao número máximo de pessoas permitidas simultaneamente no trajeto da trilha, sendo obtido através da seguinte fórmula: Em que: NG = número de grupos 826 NP = número de pessoas por grupo Por fim, o número de grupos permitidos simultaneamente na trilha (NG) foi obtido pela fórmula a seguir: ⁄ Em que: CT = comprimento total da trilha EG = espaço requerido por cada grupo, levando-se em conta a necessidade de espaço entre grupos e o espaço requerido entre as pessoas dentro do grupo 3.2.2.2. Fator de vulnerabilidade à erosão (fcero) Este fator de correção levou em conta a inclinação do terreno, classificando esta característica de acordo com três intervalos estabelecidos previamente, cada um Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 destes intervalos corresponde a um determinado grau de vulnerabilidade à erosão, que varia conforme mostra a Tabela 1, proposta por Cifuentes et al. (1999). Tabela 1 - Intervalos de inclinação propostos e seus respectivos graus de vulnerabilidade à erosão. Inclinação < 10% 10% - 20% > 20% Grau de vulnerabilidade Baixo Médio Alto Fonte: Cifuentes et al. (1999). Os trechos que apresentam risco médio ou alto de erosão foram os únicos considerados significativos para se estabelecer restrições de uso. Atribui-se um índice de ponderação igual a 1 para o grau médio de vulnerabilidade à erosão e um índice de ponderação igual a 1,5 para o alto grau de vulnerabilidade à erosão, visto que nesta última situação o risco de erosão é maior. Deste modo, o fator de vulnerabilidade à erosão foi determinado pela seguinte fórmula: Em que: EAE = extensão da trilha com declividade maior que 20% EME = extensão da trilha com declividade entre 10% e 20% CT = comprimento total da trilha 3.2.2.3. Fator de fechamento temporal a visitação (fcft) Este fator de correção foi considerado devido à necessidade de manutenção, normalmente apresentada pelas áreas naturais protegidas, ocasionando a interrupção do seu funcionamento e, deste modo, limitando a visitação a certos períodos. Este fator foi calculado através da seguinte fórmula: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 827 Em que: DF = número de dias por ano em que o local está fechado ao uso público DA = número de dias no ano 3.2.3. Capacidade de carga efetiva (cce) A capacidade de carga efetiva é o limite máximo de visitantes permitido em uma determinada área, considerando a capacidade de manejo apresentada pela administração do local. Para se determinar a CCE utilizou-se a seguinte fórmula: Em que: CCR = capacidade de carga real CM = capacidade de manejo 3.2.4. Capacidade de manejo (cm) Segundo Cifuentes (1992), a capacidade de manejo ótima é definida como a melhor condição que a administração de uma área natural protegida pode apresentar para desenvolver suas atividades e alcançar seus objetivos. A capacidade de manejo de uma área protegida é influenciada por variáveis como: diretrizes políticas, disponibilidade de recursos humanos e recursos financeiros, equipamentos, além da infraestrutura (CIFUENTES, 1992). Devido à inexistência de algumas informações, as variáveis selecionadas neste trabalho para a avaliação da capacidade de manejo da EPTEA Mata do Paraíso foram: recursos humanos, equipamentos e infraestrutura. Para se obter uma estimativa mais objetiva da capacidade de manejo é importante padronizar o sistema de classificação para todas as variáveis, sendo estas variáveis Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 828 avaliadas segundo quatro critérios, a saber: quantidade, estado de conservação, localização e funcionalidade. Cada um desses critérios foi classificado conforme descrito na Tabela 2, elaborada por Cifuentes et al. (1999). Tabela 2 - Escala de classificação para os quatro critérios avaliados. Porcentagem (%) Valor Classificação ≤ 35 0 Insatisfatório 36 – 50 1 Pouco satisfatório 51 – 75 2 Medianamente satisfatório 76 – 89 3 Satisfatório ≥ 90 4 Muito satisfatório Fonte: Cifuentes et al. (1999). Para avaliar o critério quantidade, levou-se em conta a relação percentual entre a quantidade existente e quantidade ótima dos itens analisados, sendo que a porcentagem obtida foi classificada de acordo com a Tabela 2, em uma escala entre 0 e 4. Os outros critérios foram avaliados segundo as observações realizadas pela equipe de trabalho, considerando a classificação estabelecida para cada um dos critérios. Visando minimizar os erros e tornar o resultado mais confiável, a determinação da quantidade ótima para cada item foi realizada por uma equipe multidisciplinar, composta por um monitor do GEIA-MATA, uma pesquisadora e um dos responsáveis pela administração da área, com base em suas experiências e percepções, apoiando-se ainda nas informações obtidas em entrevistas com os visitantes e funcionários da EPTEA Mata do Paraíso. Para efetuar os cálculos, obteve-se a avaliação acumulada para cada um dos itens. O valor acumulado obtido foi então comparado ao valor ótimo, ou seja, o valor máximo que o item poderia alcançar, caso cada critério fosse avaliado com a maior pontuação existente. A relação entre as avaliações observada e ótima, explicitada anteriormente, foi então considerada como o fator do item correspondente, sendo que a média dos fatores de cada item constituiu o fator da variável analisada. Finalmente, determinou-se a capacidade de manejo a partir da média dos fatores das três variáveis, expressos em porcentagem, da seguinte maneira: ( ) Em que: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 829 RH = fator da variável “recursos humanos” EQ = fator da variável “equipamentos” IE = fator da variável “infraestrutura” 4. Resultados 4.1. Capacidade de carga física A superfície disponível durante o percurso da Trilha Caminho das Águas foi de 634 metros. Para o cálculo da capacidade de carga física, considerou-se que cada pessoa necessita de 1m² para movimentar-se adequadamente na trilha, o que corresponde a 1 metro linear, visto que sua largura máxima não ultrapassa 2 metros de comprimento. O período diário disponível para a visitação na EPTEA é de 9 horas e o tempo necessário para o visitante percorrer a trilha é de 20 minutos, em média. O quadro a seguir apresenta os resultados obtidos para a capacidade de carga física, incluindo todas as variáveis necessárias para este cálculo. 830 Quadro 1 - Capacidade de carga física e suas respectivas variáveis. Variável S sn Hv Tv NV CCF Valor 634 1 9 0,333 27,0 17.118,0 Unidade metros metros horas horas - visitante/dia 4.2. Capacidade de carga real 4.2.1. Fator social O fator de correção social se baseou na garantia da qualidade da experiência do visitante durante a visita. Considerando o comprimento total da trilha, o número de grupos admitidos simultaneamente em seu percurso foi 2,39 grupos. Sendo assim, o número de pessoas que visitam a Trilha Caminho das Águas, ao mesmo tempo, foi de 35 pessoas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Os segmentos de trilha que não são efetivamente ocupados pelos visitantes, devido ao espaço entre grupos, foram considerados como magnitude limitante do fator social, uma vez que estes trechos não podem ser utilizados por outras pessoas, correspondendo a 599 metros do trajeto. 4.2.2. Fator de vulnerabilidade à erosão O quadro a seguir apresenta os resultados obtidos para o cálculo do fator de vulnerabilidade à erosão. Quadro 2 - Extensão dos segmentos de trilha, segundo as categorias de declividade propostas e seus respectivos fatores de ponderação. Extensão da Trilha Declividade Fator de Ponderação 55,3 10% - 20% 1,0 0,0 > 20% 1,5 4.2.3. Fator de fechamento temporal à visitação Para obtenção deste fator considerou-se que a EPTEA Mata do Paraíso se encontra fechada para visitação por 165 dias no ano, incluindo finais de semana, feriados e durante o período de férias escolares da Universidade Federal de Viçosa, instituição responsável por administrar o local. Os resultados relativos à capacidade de carga real, bem como os fatores de correção obtidos, se encontram resumidos no quadro a seguir. Quadro 3 - Capacidade de carga física, fatores de correção e capacidade de carga real. CAPACIDADE DE CARGA Trilha Caminho das Águas Física (CCF) 17.118 Fatores de correção FSOC 0,055 FERO 0,913 FFT 0,548 Real (CCR) 472 A capacidade de carga física foi influenciada, sobretudo, pelo comprimento da trilha e pelo tempo gasto para percorrê-la. Observou-se uma acentuada redução na CCF ao submetê-la aos fatores de correção, principalmente o fator social e o fator de fechamento temporal à visitação. No primeiro caso, isto se deve à distância exigida entre os grupos que realizam a trilha simultaneamente. Este espaçamento pode ser Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 831 revisto periodicamente, de acordo com os objetivos da visitação e as características dos visitantes. No caso do fator de fechamento temporal a visitação, o seu baixo valor é decorrente do elevado número de dias ao ano em que a EPTEA Mata do Paraíso permanece fechada ao uso público. Cabe ressaltar que o fator de vulnerabilidade à erosão não contribuiu para reduções expressivas na capacidade de carga física. A Trilha Caminho das Águas pode ser considerada de baixo grau de dificuldade, uma vez que o percurso possui declividade moderada (nenhum trecho com declividade superior a 20%), não apresentando obstáculos naturais, tais como raízes e troncos caídos, sendo, portanto, indicada para visitantes de praticamente todas as faixas etárias. 4.3. Capacidade de carga efetiva Para o cálculo da capacidade de carga efetiva considerou-se a capacidade de manejo apresentada pela administração da EPTEA Mata do Paraíso. A lista completa de cada variável, itens analisados e os respectivos valores atribuídos a eles em cada critério de avaliação é apresentada nos anexos deste trabalho. O quadro a seguir apresenta o resumo dos resultados obtidos para as três variáveis da capacidade de manejo. Quadro 4 - Capacidade de manejo e seus componentes. Variável Infraestrutura Equipamentos Recursos Humanos Capacidade de Manejo Valor 0,569 0,381 0,250 0,400 A capacidade de manejo observada reduziu em 60% a capacidade de carga real. Dentre as variáveis analisadas, pode-se perceber que a variável referente aos recursos humanos foi a que mais contribuiu para a redução da capacidade de manejo e, consequentemente, da capacidade de carga real. A capacidade de carga turística, que inicialmente era de 17.118 visitantes por dia (CCF), foi reduzida para 189 (CCE) visitantes diários. Além dos fatores de correção considerados para o cálculo da capacidade de carga real, a capacidade de manejo foi outro fator que contribuiu para a expressiva diminuição da capacidade de carga turística, evidenciando a necessidade de melhoria das condições de infraestrutura do local, bem como a manutenção dos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 832 equipamentos ou aquisição de novos, além da contratação de novos funcionários ou capacitação dos atuais. Considerando que a Mata do Paraíso recebe cerca de 2.000 visitantes por ano e que o local permanece aberto para o público durante 200 dias ao ano, a média de visitantes por dia está expressivamente abaixo da capacidade de carga turística estabelecida neste estudo. Entretanto, deve-se considerar a sazonalidade da visitação, que muitas vezes tende a se concentrar em certos dias da semana ou épocas do ano. O público que visita a EPTEA é composto principalmente por estudantes de ensino fundamental e médio das escolas de Viçosa e região. Sendo assim, as visitas ocorrem de segunda à sexta-feira e se concentram nos meses de período letivo dessas escolas. Na estação chuvosa, que compreende os meses de outubro a março, a visitação é menor do que nos demais meses do ano, em que a chuvas são menos frequentes. 5. Conclusões A atual intensidade de visitação que ocorre na Trilha Caminho das Águas excede sua capacidade de carga turística em raras ocasiões, sendo que durante a maior parte do ano o número de visitantes diários se encontra abaixo do valor máximo estabelecido neste trabalho. Por ainda não dispor de um Plano de Manejo, a EPTEA Mata do Paraíso apresenta limitações com relação ao planejamento e monitoramento da visitação que ocorre nas trilhas existentes no local. Visto que o limite de visitantes em uma área natural protegida, aberta ao uso público, não deve ser estabelecida arbitrariamente, o presente estudo auxilia a administração da EPTEA na tomada de decisão, além de constituir subsídio para elaboração de um Plano de Manejo. O resultado do presente trabalho representa uma importante ferramenta de gestão, porém, é fundamental que este estudo seja revisado periodicamente, ajustando os resultados às reais condições existentes no local. 7. Referências bibliográficas ANDRADE, W. J. A. 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Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Manual de monitoramento e gestão dos impactos da visitação em unidades de conservação. São Paulo, 2010. 78 p. SILVA Jr, W. M.; MARTINS, S. V.; SILVA, A. F.; JÚNIOR, P. M. Regeneração natural de espécies arbustivo-arbóreas em dois trechos de uma Floresta Estacional Semidecidual, Viçosa, MG. Scientia Florestais, nº 66, p. 169-179, dezembro, 2004. VELOSO, H. P.; RANGEL-FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira, adaptação a um sistema Universal. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1991. 123p. VOLPATO, M. M. L. 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ISBN 978-85-88769-56-4 835 Quantidade ótima (B) Relação A/B Estado de conservação Localização Funcionalidade Somatório (S) Fator (S/16) EQUIPAMENTOS Quantidade atual (A) ANEXO I - Avaliação da variável “equipamentos” para determinação da capacidade de manejo da EPTEA Mata do Paraíso. 1 4 0 0 1 0 0 0 1 1 - 3 6 1 2 1 4 1 4 1 1 - 0 2 0 0 4 0 0 0 4 4 - 4 3 4 4 4 - 1 4 1 4 4 - 1 3 4 3 3 - 6 12 13 15 15 - 0,375 0,750 0 0 0,812 0 0 0 0,937 0,937 0,381 Veículo Rádio comunicador Fax Computador Motosserra Extintor de incêndio Kit primeiros socorros Lanterna Data show Tela de projeção MÉDIA 836 Relação A/B Estado de conservação Localização Funcionalidade Somatório (S) Fator (S/16) Portaria Centro de Visitantes Escritório Ponto de Telefone Banheiro Auditório Estacionamento Alojamento Depósito Cozinha Bebedouro Quantidade ótima (B) INFRAESTRUTURA Quantidade atual (A) ANEXO II - Avaliação da variável “infraestrutura” para determinação da capacidade de manejo da EPTEA Mata do Paraíso. 1 1 1 1 4 0 2 0 3 2 3 1 1 1 2 5 1 2 1 3 2 6 4 4 4 1 3 0 4 0 4 4 1 2 1 2 2 3 3 2 2 3 4 4 1 2 4 4 4 4 2 1 1 3 3 2 2 2 2 3 11 10 10 8 12 13 12 12 9 0,687 0,625 0,625 0,500 0,750 0 0,812 0 0,750 0,750 0,562 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Pia para lavar as mãos Refeitório Área de piquenique Lixeira Ponte Sinalização Maquete Trilha Mirante MÉDIA 9 0 1 4 2 17 1 5 1 - 9 1 1 8 2 17 1 5 3 - 4 0 4 1 4 4 4 4 0 - 3 2 1 2 1 1 2 0 - 4 3 2 4 4 4 4 2 - 4 2 2 4 3 3 3 0 - 15 11 6 14 12 12 13 2 - 0,937 0 0,687 0,375 0,875 0,750 0,750 0,812 0,125 0,569 Relação A/B Funcionalidade Somatório (S) Fator (S/8) Gestor/Educador Recepcionista/Secretária Vigia Auxiliar de serviços gerais/campo Guia (condutor) MÉDIA Quantidade ótima (B) RECURSOS HUMANOS Quantidade atual (A) ANEXO III - Avaliação da variável “recursos humanos” para determinação da capacidade de manejo da EPTEA Mata do Paraíso. 0 0 2 3 15 - 1 2 5 7 15 - 0 0 1 1 4 - 1 1 2 - 2 2 6 - 0 0 0,250 0,250 0,750 0,250 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 837 GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas USO DA NORMA TÉCNICA 15331 PARA TURISMO DE AVENTURA E ECOTURISMO NA ATIVIDADE DE GUIAMENTO EM ÁREA DE MONTANHA Raphael Raine Forni29 Cecília Bueno30 Resumo Palavras-chaves: Turismo de Aventura; Ecoturismo; Normas técnicas; Guiamento. A profissão de guia de turismo foi regulamentada em 1993 pela lei n°8.263, 28 de Janeiro (Bueno at al, 2011). É fato corrente que, no Brasil, muitas empresas de turismo começam a oferecer seus serviços sem planejamento e sem conhecer as legislações do turismo brasileiro (Goidanich & Moleta, 2003). A adequação das atividades em acordo com a Lei Geral do Turismo no artigo 34, no que tange a comercialização de produtos de turismo de aventura e de ecoturismo aplicando como base na norma técnica 15331 de sistema de gestão de segurança em roteiros de ecoturismo, é um fato que irá aumentar a qualidade dos serviços de guiamento em ambientes naturais, em todo território nacional. O objetivo deste trabalho é mostrar os benefícios da aplicação da norma técnica 15331, de Sistema de Gestão de Segurança em roteiros de ecoturismo e turismo de aventura na gestão da proteção aos ambientes visitados e na gestão de riscos melhorando a segurança e preservação dos ambientes naturais visitados nas atividades profissionais em guiamento de roteiros do turismo em áreas naturais. Para a obtenção das informações para este estudo, foi adotado o uso da norma técnica NBR 15331 em roteiros de guiamento de caminhadas em ambiente de montanha, por alunos de um curso técnico de guia de turismo. Eles aplicaram a planilha de gestão de riscos em conformidade com a norma técnica 15331 em guiamentos, onde foram avaliados os seguintes pontos: segurança, gestão ambiental e operação do roteiro. Após análises preliminares das planilhas de gestão de segurança, observamos a crescente melhora no controle dos riscos da atividade e a minimização dos impactos no ambiente visitado, como a adequação desta técnica no guiamento realizado pelos alunos do curso técnico de guia de turismo, sendo necessário, no entanto, aprofundamento e estudos 29 raphael@curtirio.net, Mestrando em Ciências do Meio Ambiente do Programa de Pós Graduação da Universidade Veiga de Almeida 30 cecília.bueno@pobox.com Professora Adjunta, Programa de Pós Graduação da Universidade Veiga de Almeida Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 838 complementares para avaliação mais definitiva da aplicação desta norma na prática de condução em ambientes de montanha. Resumen Palavras-chaves: Turismo Aventura; Ecoturismo; Normas técnicas; Condución La profesión de guía de turismo fue regulado en 1993 por la Ley N º 8263, 28 de enero (Bueno et al , 2011 ) . Es un hecho que la cadena en Brasil, muchas compañías de turismo comienzan a ofrecer sus servicios sin planificación y sin conocer las leyes del turismo brasileño (Goidanich y Moleta, 2003). La idoneidad de las actividades de acuerdo con la Ley General de Turismo en el artículo 34, en relación con la comercialización del turismo de aventura y el ecoturismo basado en la aplicación de la norma técnica 15331 del sistema de gestión de seguridad hojas de ruta de ecoturismo es una un hecho que aumentará la calidad de los servicios de orientación en el medio natural, en todo el país. El objetivo de este trabajo es mostrar los beneficios de la norma técnica de ejecución 15331, Sistema de Gestión de Seguridad de hojas de ruta de ecoturismo y turismo de aventura en la gestión y protección del medio ambiente visitados en la gestión de riesgos para mejorar la seguridad y la conservación de los entornos naturales visitados actividades profesionales en viajes de turismo guía en áreas naturales. Para obtener información para este estudio,hemos adoptado el uso de la norma técnica NBR 15331 en la orientación de excursiones de senderismo en entorno de montaña para los estudiantes de una guía técnica. Aplicaron la gestión del riesgo de hoja de cálculo, de acuerdo con la norma técnica en 15.331 leadings fueron evaluados en los siguientes aspectos: la seguridad, la gestión ambiental y el funcionamiento de la secuencia de comandos. Después de un análisis preliminar de la gestión de seguridad hojas de cálculo, observar la creciente mejora de la actividad de control de riesgos y minimizar los impactos sobre el medio ambiente nos han visitado ya la idoneidad de esta técnica en la orientación realizado por los alumnos de guía técnica, si es necesario, en Sin embargo, estudios adicionales y complementarios a la evaluación más definitiva de la aplicación de esta práctica estándar de conducción en ambientes de montaña. 1. Introdução: A profissão de guia de turismo foi regulamentada em 1993 pela lei n°8.263, 28 de Janeiro (Bueno at al, 2011). É fato corrente que, no Brasil, muitas empresas de turismo começam a oferecer seus serviços sem planejamento e sem conhecer as legislações do turismo brasileiro (Goidanich & Moleta, 2003). A Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 839 adequação das atividades em acordo com a Lei Geral do Turismo no artigo 34, no que tange a comercialização de produtos de turismo de aventura e de ecoturismo aplicando como base na norma técnica 15331 de sistema de gestão de segurança em roteiros de ecoturismo, é um fato que irá aumentar a qualidade dos serviços de guiamento em ambientes naturais, em todo território nacional. O Brasil é referência internacional em relação a normatização do setor de turismo de aventura e ecoturismo, mas as agências e operadoras de ecoturismo e turismo de aventura se desenvolveram pelas novas exigências dessa demanda específica. Porém, o crescimento rápido deste mercado não acompanhou necessariamente os padrões de qualidade eficiência na prestação de serviços ao consumidor; o que contribuiu para o aumento do número de acidentes durante a prática de tais atividades (Farah, 2005). Para ressaltar algumas experiências em outros países, ASPAS (2000:133) verifica que a partir da crescente prática do ecoturismo e do turismo de aventura na Espanha, o governo da Catalunha criou o Decreto n° 81/1991, que estabelece requisitos obrigatórios para empresas começarem a atuar neste segmento. Dentre as modalidades de turismo, o ecoturismo e o turismo de aventura talvez seja as que mais se aproxime de uma relação ideal entre exploração dos espaços naturais e auto satisfação humana. Segundo Organização Mundial de Turismo (OMT) (2011), estima que 10% dos turistas em todo o mundo tenham como demanda modalidades de turismo relacionadas ao meio ambiente, com faturamento anual, em nível mundial, estimado em US$ 260 bilhões, do qual o Brasil se apropriaria de cerca de US$ 70 milhões. Com o aumento da preocupação mundial com a conservação de biodiversidade, esta estimativa deve aumentar ainda mais. As Unidades de Conservação, como Parques Nacionais, vem estimulando o aumento da visitação de suas áreas protegidas, incentivando assim o ecoturismo em todo o Brasil. Muitos parques apresentam grande potencial para este segmento e o de Turismo de Aventura, de acordo com Chagas (2011). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 840 No ecoturismo e no turismo de aventura, viagem, prazer, conhecimento, desafio, superação e natureza se fundem, condicionando a experiência e o contentamento do turista à conservação e a regulamentação de uso do patrimônio natural (De Carvalho, 2011). Por meio de ações que tiveram início em 2006, o Programa Aventura Segura buscou qualificar as empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura Brasileiras e orientá-las na implementação do SGS em conformidade com a Norma Técnica da ABNT NBR 15331 – Turismo de Aventura – Sistema de Gestão da Segurança – Requisitos. Uma das maneiras para demonstrar aos clientes e público em geral que este processo foi bem sucedido é a certificação. As empresas recebem o certificado dos seus sistemas a partir de uma auditoria. Para realizar as auditorias nas empresas que implementaram o SGS, o Inmetro acreditou dois organismos certificadores: a ABNT Certificadora e o Instituto Falcão Bauer de Qualidade. Os resultados obtidos até agora superaram expectativas dos responsáveis, pelo Programa Aventura Segura e também dos auditores, que elogiaram a agilidade e o comprometimento dos empresários envolvidos. Até o final do ano, 130 empresas aderidas ao PAS devem ser auditadas pelos organismos certificadores responsáveis. O Programa Aventura Segura é uma iniciativa do Ministério do Turismo em parceria com o SEBRAE Nacional, executado pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA). O objetivo deste trabalho é mostrar os benefícios da aplicação da norma técnica 15331, de Sistema de Gestão de Segurança em roteiros de ecoturismo e turismo de aventura na gestão da proteção aos ambientes visitados e na gestão de riscos melhorando a segurança e preservação dos ambientes naturais visitados nas atividades profissionais em guiamento de roteiros do turismo em áreas naturais. 2. Metodologia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 841 Para a obtenção das informações para este estudo, foi adotado o uso da norma técnica NBR 15331 em roteiros de guiamento de caminhadas em ambiente de montanha, por alunos de um curso técnico de guia de turismo. Eles aplicaram a planilha de gestão de riscos em conformidade com a norma técnica 15331 em guiamentos, onde foram avaliados os seguintes pontos: segurança, gestão ambiental e operação do roteiro. Após análises preliminares das planilhas de gestão de segurança, observamos a crescente melhora no controle dos riscos da atividade e a minimização dos impactos no ambiente visitado, como a adequação desta técnica no guiamento realizado pelos alunos do curso técnico de guia de turismo, sendo necessário, no entanto, aprofundamento e estudos complementares para avaliação mais definitiva da aplicação desta norma na prática de condução em ambientes de montanha. A aplicação da Norma técnica 15331 de Sistema de gestão de Segurança se divide em 5 etapas: A primeira etapa: Elaboração de uma planilha de classificação dos riscos e perigos em roteiro de ecoturismo ou turismo de aventura, classificando os riscos em diferentes níveis. Declara-se uma classificação para a probabilidade do acontecimento deste risco. Adotam-se parâmetros para a classificação da severidade do acontecimento destes riscos e a partir da multiplicação do nível da probabilidade vezes o nível da severidade, classificamos o grau do risco. Após a classificação do grau do risco cria-se uma tabela para classificação do grau do risco para executar a ação do tratamento para o risco da atividade, desta maneira podemos avaliar se é prudente realizarmos a atividade para a segurança dos clientes que façam a opção por este roteiro, é sempre necessário observar que esta planilha é abastecida sempre de novas informações por se tratar de atividades na natureza os riscos são mutáveis e diferem de acordo com o clima e condições metereológicas. Exemplos: Probabilidade (P) de acontecimento do risco (acidente ou incidente): Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 842  Nível 1 - Para probabilidade pequena;  Nível 2 - Para probabilidade media;  Nível 3 - Para probabilidade alta; Severidade (S) caso aconteça o risco (acidente ou incidente):  Nível 1 - para severidade pequena;  Nível 2 - para severidade média;  Nível 3 - para severidade alta; Cálculo do grau do risco: P x S = GR Para a classificação do grau do risco adotamos parâmetros em níveis de acordo com o resultado da equação apresentada acima. Exemplo da classificação do grau do risco: Obs: mesmo com o grau do risco baixo é necessário realizar um tratamento de risco para a atividade  Grau do Risco do nível 1 ao 3 - Grau de risco pequeno  Grau do Risco do nível 4 ao 5 - Grau de risco médio  Grau do Risco do nível 6 ao 9 - Grau de risco alto. Esta etapa é avaliada pelo guia que conduz pessoas por terrenos naturais e ele é o responsável pelo preenchimento desta planilha com base no tipo de terreno, severidade do meio ambiente, esforço físico e grau de orientação do roteiro. Neste momento o guia deve ter a clara definição do que significa perigo e risco e a diferença entre acidente e incidente, para avaliar suas decisões e adotar um planejamento para seu guiamento, a fim de reconhecer a impossibilidade de operação no roteiro se for necessário, estas avaliações se relacionam com o nível de experiência do guia da atividade, por este motivo caso não haja este profissional na equipe se faz necessário à contratação de consultoria de profissionais especializados e certificados nas atividades oferecidas à sociedade. Tabela 1 - Legendas de classificação de riscos e perigos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 843 Planilha do Sistema de Gestão de Segurança – Classificação de perigos e riscos NBR – 15331 – SGS – Normas Brasileiras de Gestão de Segurança para roteiros.  (P) - Grau de Probabilidade: 1 - Pequeno/ 2 - Médio / 3 - Alto.  (S) - Grau de Severidade: 1 - Pequeno/ 2 - Médio/ 3 - Alto.  (GR) - Grau de risco: 1 – 3 (risco pequeno)/ 4 - 5 (risco médio)/ 6 - 9 (risco grande).  (P) Perigo.  (R) Risco.  (D) Dano no cliente.  (TR) Tratamento do risco.  Cálculo do grau do risco = P x S = Grau do risco. Segunda etapa – Elaboração da planilha de gestão de riscos do roteiro de ecoturismo ou turismo de aventura de acordo com a legenda formatada na planilha de classificação de níveis de risco e perigos. Tabela 2 - Planilha de controle de perigos e riscos. 844 Roteiro: ________________________________________________________ Perigo Risco Dano P S GR TR A terceira etapa: Uma planilha de controle de gestão dos equipamentos utilizados na operação destes roteiros, onde o guia da atividade gerencia como ele avalia a qualidade dos seus equipamentos em relação à manutenção e a vida útil dos mesmos. Nesta planilha é relacionado à função de quem faz esta atividade de avaliação dos equipamentos utilizados na operação da atividade de ecoturismo ou turismo de aventura como: Qual o item a ser avaliado, quem é o responsável pela avaliação deste item, periodicidade da avaliação, como é realizado o procedimento de avaliação e por fim se há custos nesta avaliação. Tabela 3 - Planilha de gestão de equipamentos da empresa ou guia de turismo. Equipamento Pessoa responsável Periodicidade Procedimentos custos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Quarta etapa: Uma planilha de gestão de fatos de acidentes e incidentes ocorridos durante a operação do roteiro, citando como ocorreu o fato, roteiro onde ocorreu o fato, pessoas envolvidas na atividade, horários e condições climáticas, guia da atividade, como se comportou o guia perante a cena, qual foi a sua ação diante do fato e como poderia ser evitado. Esta planilha trás um relatório de acidentes e incidentes a ajuda a empresa e seus guias a refletirem sobre sua gestão e terem uma melhora continua em suas atividades. Tabela 4 - Relatório de acidentes e incidentes. Roteiro: ( ) acidente ( ) incidente Onde ocorreu: Como ocorreu: Clientes envolvidos: Guias da atividade Solução do problema Como poderia ter sido evitado Esta planilha é de extrema importância, porque nela será o armazenado informações que trarão a melhoria continua nos serviços prestados, e uma base para novos guias sobre os roteiros a serem guiados. Quanto mais obtemos informações sobre o ambiente visitado, melhor será a prevenção de acidentes e incidentes em roteiros turísticos de ecoturismo ou turismo de aventura. A pesquisa foi aplicada em um curso técnico de guia de turismo no município do Rio de Janeiro, na avaliação dos alunos no módulo de guiamento em atrativos naturais na etapa de aprendizagem de técnicas de montanhismo para guiamento de caminhadas em ambientes de montanha. 3. Resultados: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 845 Com base na NBR 15331 os alunos puderam identificar todos os riscos da atividade e assim conseguiram gerenciar os riscos e perigos dos produtos turísticos de ecoturismo na atividade de caminhada em ambiente de montanha. Eles aplicaram a planilha de gestão de riscos em conformidade com a norma técnica 15331 em guiamentos, em dois roteiros na cidade do Rio de Janeiro. O primeiro foi na unidade de conservação do Monumento Natural do Pão de Açúcar e Morro da Urca, na trilha de acesso ao cume do Morro da Urca e o segundo roteiro a ascensão pela face leste ao cume do Pão de Açúcar, onde foram avaliados os perigos e riscos e dado um tratamento para minimizar estes riscos e tornar a operação segura e viável. Primeiramente realizamos a ascensão da trilha do Morro da Urca sem as informações coletadas pela aplicação da planilha. Onde os alunos tiveram dificuldades de transpor alguns trechos devido a inclinações e terrenos irregulares escorregadios com possibilidade de queda, escorregões que poderiam acarretar em acidentes aos participantes. 846 Em outro dia realizamos a ascensão da face leste do Pão de Açúcar, onde os perigos foram diferentes, tais como locais de extrema exposição à altura e transposição de trechos verticais de escalada, onde um escorregão ou queda resultaria em fatalidades bem mais graves que as do roteiro anterior. O resultado foi à impossibilidade da transposição total do trajeto pela totalidade dos alunos participantes. Na semana seguinte os alunos registraram os perigos e riscos dos locais visitados e identificaram o tratamento ideal para os perigos dos dois trajetos a fim de tornar a atividade segura e viável para o oferecimento aos futuros clientes que eles possam trazer a estas regiões. Na subida da trilha do Morro da Urca, nos trecho de subida e transposição de área de solo rochosos e escorregadio, os alunos fixaram uma corda tornando muito mais confortável e segura a transposição deste trechos e todos puderam tranqüilamente passar. Nos trechos de erosão do terreno os alunos auxiliaram Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 os outros membros, onde e como deveria se pisar e se apoiar para transpor o trecho, novamente o local foi transposto com segurança e tranqüilidade. Na ascensão pela face leste do Pão de Açúcar os alunos mapearam os trechos onde seria necessária a utilização de equipamentos de proteção individual e coletiva de escalada e as corretas técnicas aplicadas para transpor estes trechos, além de mapear e fazer a gestão do roteiro, também foi montado a gestão de segurança dos equipamentos utilizados nesta ascensão, avaliando a saúde dos materiais têxteis como: cordas, fitas e cadeirinhas, além dos mosquetões e peças de segurança utilizadas. Estas medidas foram tomadas antes e após a realização da atividade foram registradas nas planilhas de gestão de segurança de equipamentos. O resultado foi à possibilidade de passar por estes lances de perigo em segurança e conseqüentemente com mais tranqüilidade. Os alunos montaram e projetaram um roteiro com maior qualidade na segurança e produziram roteiros ecoturisticos mais responsáveis e profissionais, levando em conta a diminuição na carga de pessoas nos roteiros para melhor assessoria e gestão de segurança no local, a gestão dos equipamentos utilizados em operações onde haja a necessidade da sua utilização e uma melhor maneira de registrar os perigos e riscos do local, em um documento oficial em acordo com a legislação brasileira para guiamento destas atividades. Considerações Finais: Foi demonstrado que estes estudos colaboram para um profissionalismo em alto nível da atividade de condução em ambientes de montanha, mas ainda necessitamos de mais estudos para a viabilidade deste projeto. Na cidade e estado do Rio de Janeiro somente uma entidade educacional que qualifica guias de turismo aplica em sua ementa e no plano de aula o aprendizado destas técnicas dentro das normas vigentes no Brasil para guiamento em ambientes naturais, o que é muito pouco para a potencialidade do Estado do Rio de Janeiro. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 847 A aplicação desta análise de segurança e risco é fundamental para redução de acidentes e incidentes, agravados pelo fato dos locais afastados de grandes centros, o que em muitas vezes, dificulta o socorro ou resgate. A demora no resgate influencia no desenvolvimento do acidente ou incidente acarretando situações desagradáveis. Vale ressaltar que as normas técnicas são de ordenamento jurídico e contemplado na Lei Geral do Turismo, legislação federal, ou seja, o descumprimento das recomendações do Ministério do Turismo na legislação é crime. Com fiscalização ou não, o guia de turismo deve seguir estas normas para evitar problemas futuros em sua atividade profissional. O Estado Brasileiro deve promover e incentivar o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico. É o que determina a Constituição Federal. A chegada da Lei Geral do Turismo - Lei nº 11.771, de 17 de setembro de 2008. Esta Lei foi regulamentada pelo Decreto 7.381 de 02 de dezembro de 2010, com o Decreto de regulamentação há de se destacar a especial vitória do Turismo de Aventura contemplado no art 34. O INEA Instituto Estadual do Ambiente, adotou o uso obrigatório das normas técnicas vigentes no Brasil para atividades de guiamento dentro das unidades de conservação estaduais no estado do Rio de Janeiro (INEA, 2013), o que é mais um passo em direção a atividades ecoturistica e de aventura mais seguras. Bibliografia ASPAS, J.M.A. Los Deportes de Aventura: Consideraciones Jurídicas sobre el turismo Activo, Zaragoza: Prames, 2000. BUENOCecília; LEO PARDO, F.; REIFF & VINHA. da. Ecoturismo Responsável e seus fundamentos. Editora Technical Books, 2011. CARVALHO, Caio Luiz de Presidente da SP Turis S.A, Ex Ministro de Esporte e Turismo). Turismo de Aventura: reflexões e tendências in Uvinha R.R. (Org.). São Paulo: Aleph, 2005. CHAGAS, M.A. Potencial de Ecoturismo do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (AP). Anais do VIII Congresso Nacional de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 848 Ecoturismo e do IV Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo em Unidades de Conservação. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.4, n.4, 2011, p. 562. FARAH, S.D. Turismo de Aventura: reflexões e tendências in Uvinha R.R. (Org.). São Paulo: Aleph, 2005. GOIDANICH, K.L. &MOLETA, V.F.2003, Turismo esportivo, 2 ed. Porto Alegre: Sebrae/RS, 2000. RESOLUÇÃO INEA Nº 61 DE 04 DE OUTUBRO DE 2012 849 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos Sumario 01 Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque Estadual do 851 Cantão”. 02 Implantação da primeira trilha interpretativa terrestre e 863 subaquática em Área de Proteção Ambiental na Ilha Grande (Angra dos Reis, RJ). 03 Análise da capacidade de carga em trilha do Parque Estadual 882 da Serra do Brigadeiro (MG) através da consideração das raízes expostas 04 Plantas exóticas invasoras em trilhas do Morro das Andorinhas, 899 Niterói, RJ, Brasil 05 Aplicação de conceitos de bioengenharia de solos para 920 recuperação da Trilha Circular – Parque Natural Municipal da Prainha – PNMP / Rio de Janeiro/RJ 06 Ecologia de trilhas: por uma nova abordagem do uso público em 938 Unidades de Conservação 07 Planejamento de trilha induzido pelo aumento da demanda de 957 visitação: Trilha ‘Barreiro da Anta’ no Parque Estadual do Morro do Diabo, São Paulo - Brasil 08 Mapeamento dos atrativos e usos nas trilhas do Parque Natural 992 municipal Fazenda do Carmo, São Paulo/SP 09 Trilhas interpretativas em ambiente de Mata Atlântica: uma 1010 análise com base na estrutura da floresta 10 11 Indicadores biofísicos: diagnóstico ambiental de uma trilha no 1035 Parque Municipal Alfredo Volpi em São Paulo/SP. Construindo uma nova consciência histórica a partir da 1061 construção de uma trilha ecológica: área do lixão no campus Paulo VI-UEMA. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 850 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos “Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque Estadual do Cantão” Benaya Leles1 George Georgiadis¹ Silvana Campello¹ Resumo Palavras-Chave: ecoturismo; conservação; trilhas; Pteronura brasiliensis O Parque Estadual do Cantão (PEC) possui aproximadamente 90 mil hectares, localizado entre os municípios de Caseara e Pium no Estado do Tocantins. Para implementação das atividades de visitação e ecoturismo previstas no plano de manejo, foi criado o projeto “Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque Estadual do Cantão” (ProCantão) através de parceria entre o Instituto Araguaia, Associação Onça D’água, e o órgão gestor Naturatins, sob patrocínio do FUNBIO. O projeto foi iniciado em julho de 2012através de uma série de oficinas de planejamento com a participação de técnicos das instituições parceiras e convidados. Nessas oficinas foram definidos os impactos aceitáveis, normas de uso e procedimentos de monitoramento específicos para cada atrativo e um roteiro interpretativo, com enfoque às avistagens de ariranhas (Pteronura brasiliensis), espécie-bandeira do PEC, onde se procurou ordenar as trilhas e uso público de forma a causar o menor impacto no comportamento de ariranhas que freqüentam os lagos abertos à visitação. As trilhas receberam infraestrutura de apoio e foi produzido material interpretativo para os membros da comunidade local, treinados para atuar como guias locais e providenciada uma canoa tradicional com motor elétrico, uma modalidade identificada como de baixo impacto. No primeiro ano do projeto o equipamento é disponibilizado gratuitamente; a partir do segundo ano será disponibilizado em regime de fundo rotativo, com cada guia ou agente se comprometendo a retornar recursos ao fundo para aquisição de novos kits para novos participantes do projeto. Para o monitoramento dos impactos do uso público, a bióloga Benaya Leles percorre as trilhas duas vezes por semana, visando orientar o planejamento das atividades de proteção e estabelecer o impacto da visitação sobre o ecossistema, monitorando o comportamento das ariranhas e grau de satisfação dos visitantes, e ajustes serão feitos nas normas de uso conforme necessário. Resumen 1 institutoaraguaia@araguaia.org Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 851 Palabras clave: ecoturismo , conservación, senderos ; Pteronura brasiliensis El Parque Estatal de Cantão (PEC) tiene cerca de 90 mil hectáreas , ubicado entre las localidades de Caseara y Pium en el estado de Tocantins. Para la ejecución de las actividades previstas en el régimen de visitas y un plan de manejo del ecoturismo , donde se creó el proyecto "Protección, monitoreo y Uso Público del Parque Estadual del Cantão (ProCantão ) a través de una colaboración entre el Instituto de Araguaia , Asociación Onça d’Água y el órgano gerente Naturatins , bajo el patrocinio de FUNBIO. El proyecto se inició en julio de 2012 a través una serie de talleres de planificación con la participación de expertos de las instituciones socias e invitados. Em estos talleres se definieron impactos aceptables, normas de uso y procedimientos específicos para cada atracción y um roteiro interpretativo, centrándose en los avistamientos de la nutria (Pteronura brasiliensis), especies emblemáticas del PEC, donde se intentó ordenar los senderos y el uso público a fin de causar el menor impacto en el comportamiento de las nutrias que frecuentan los lagos abiertos a los visitantes. Los senderos han recibido la infraestructura de apoyo y material interpretativo fue producido para los miembros de la comunidad local , entrenados para actuar como guías locales y provisto de una canoa tradicional con motor eléctrico, una modalidad identificado como de bajo impacto. En el primer año del proyecto, el equipo está disponible de forma gratuita, a partir del segundo año se pondrá a disposición en virtud de un fondo rotatorio , con cada guía o un agente de comprometer recursos para devolver los fondos para comprar nuevos equipos para los nuevos participantes en el proyecto . Para monitorear los impactos de uso público, el biólogo Benaya Leles ejecuta las pistas dos veces por semana con el fin de orientar la planificación de las actividades para proteger y establecer el impacto de las visitas sobre el ecosistema mediante la supervisión del comportamiento de la nutria y la satisfacción de los visitantes y los ajustes se efectuarán en las condiciones de uso según sea necesario. 1. Introdução O Parque Estadual do Cantão (PEC), de 90.000 hectares, é uma das áreas protegidas mais importantes do Brasil central. Localizado na ponta norte da Ilha do Bananal (Figura 1), na Lat 9-10S and Long 50W, o PEC situa-se precisamente no triplo ecótono formado pelo encontro entre o Cerrado, a Floresta Amazônica e as áreas inundáveis da planície do Rio Araguaia (Figura 1). O extremo leste do Parque, incluindo a zona de sua sede e Centro de Visitantes, consiste de campos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 852 cerrados e cerradões. O restante da área consiste de um mosaico de floresta estacional semidecidual e floresta inundável, entrecortado por canais e composto por 860 lagos, que representam 80% dos lagos de toda a bacia do Rio Araguaia. Como resultado desse complexo sistema, a biota do parque é uma combinação única, onde é possível observar a fauna de mamíferos terrestres endêmica do Cerrado convivendo com espécies aquáticas típicas da bacia amazônica, evidenciando uma riqueza biológica diversificada. Os registros de fauna para o PEC até agora apontam a ocorrência de 396 espécies de aves, 60 de repteis e anfíbios, 51 espécies de mamíferos e surpreendentes 301 espécies de peixes, mais do que em todo do Pantanal Matogrossense e mais do que em todo o continente Europeu. 853 Figura 1. Localização do Parque Estadual do Cantão, TO, Brasil Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Os peixes são a base da cadeia trófica da região e o principal alimento de animais ameaçados. Assim, os 860 lagos e canais do Cantão abrigam populações significativas de espécies ameaçadas e predadores de topo de cadeia, incluindo a ariranha (Pteronura brasiliensis), o boto-cor-de-rosa (Inea geoffrensis) e a onçapintada (Panthera onca), entre outros. Até mesmo a harpia (Harpia harpyja) no Cantão inclui peixes e jacarés em sua dieta. Algumas espécies típicas do Cerrado, como o jacú-de-barriga-castanha (Penelope ochrogaster), têm nas matas do PEC um de seus últimos refúgios e a população de ariranhas do Parque é possivelmente uma das maiores já registradas para a bacia amazônica. A maior ameaça atual ao ecossistema do PEC é a intensificação do turismo desordenado e da pesca ilegal. O Tocantins é um dos estados que mais crescem no Brasil, tanto em termos econômicos como populacionais, e a população crescente busca cada vez mais o lazer em áreas naturais como o Cantão. Nos últimos anos observou-se um grande crescimento tanto na procura por atividades ecoturísticas como pelo turismo tradicional da região, que em geral ocorre de forma desordenada, consistindo principalmente na instalação de acampamentos temporários nas praias que circundam o PEC. Os usuários destes acampamentos freqüentemente (e ilegalmente) invadem o parque para pescar e caçar, depredam ninhos de quelônios, deixam lixo nas praias, e provocam incêndios. Alguns pescadores vêm na ariranha um animal “competidor” pelos peixes, e terminam por expulsá-las de suas tocas, ou matá-las. Estas ocorrências são freqüentes e pouco contornadas mesmo com um trabalho duradouro de fiscalização na área. A proteção do Parque a longo prazo exige o fomento ao ecoturismo de baixo impacto como alternativa econômica, implementando assim seu Plano de Manejo, o qual prevê: “o desenvolvimento de atividades de proteção, ecoturismo e incentivos a alternativas de desenvolvimento, buscando a preservação dos seus recursos naturais e o envolvimento com o entorno humano da unidade”. Desta forma, o programa de Proteção, Monitoramento e Uso Público o Parque Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 854 Estadual do Cantão, realizado em parceria entre o Instituto Araguaia, Associação Onça D’água, e o órgão gestor Naturatins, sob patrocínio do FUNBIO, busca introduzir o visitante aos elementos principais do ambiente natural do Parque de forma sustentável, e, portanto, toda atividade de instalação e construção deve facilitar esse processo. Como conseqüência, o programa deve: enfocar na educação dos visitantes sobre os recursos naturais e culturais do Parque e seu entorno; fomentar a revalorização da cultura local e dos valores e técnicas tradicionais; mostrar técnicas inovadoras e práticas para minimizar os impactos do homem sobre o meio ambiente, e, dessa forma, oferecer oportunidades para recreação e lazer, informando ao visitante a valorização do conhecimento sobre o meio ambiente e como atuar de maneira ambientalmente responsável. 2. Metodologia A implementação do uso público do Parque Estadual do Cantão teve início com uma série de oficinas de planejamento, das quais participaram os técnicos das instituições parceiras, membros da comunidade local e especialistas convidados. Nestas foram estabelecidos os indicadores e procedimentos para monitorar os impactos da visitação sobre o ecossistema, utilizando como padrão de comparação a área de pesquisas do Instituto Araguaia, a qual vem sendo protegida e monitorada desde 2003 e não recebe uso público. Em seguida foram selecionadas duas áreas para ecoturismo na Zona de Uso Intensivo do PEC (ZUI): uma área a ser visitada de forma auto-guiada (nas cercanias do Centro de Visitantes), de ambiente predominantemente Cerrado e outra área, no interior do PEC, para visitas acompanhadas por condutores em ambiente predominantemente Amazônico. Nessa ultima, foi efetuado um microzoneamento dos lagos a serem visitados, com definição de procedimentos para a observação de espécies carismáticas, porém frágeis, como ariranhas e ciganas (Ophistocomus hoazin), incluindo zonas de refúgio onde não é permitida a entrada de canoas. Em seguida, foram elaborados roteiros interpretativos para as visitas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 855 O Centro de Visitantes foi equipado com uma série de painéis e vídeos interpretativos do ecossistema do Cantão e suas espécies mais carismáticas. Paralelamente, foram conduzidas oficinas de treinamento de guias e condutores locais na interpretação dos ecossistemas do Cantão, e como transmitir essa informação para visitantes. Esse treinamento, em campo, incluiu: informação e observação de fauna; familiarização com o zoneamento das trilhas dos lagos da Zona de Uso Intensivo; familiarização com as normas e procedimentos de uso; e uso de motor elétrico. O projeto disponibilizou um kit contendo salva-vidas, binóculo, bateria e motor elétrico para os guias. Enquanto que a canoa fica posicionada (com corrente e cadeado) no Lago da Benta, esse kit deve ser retirado pelo guia mediante preenchimento de uma ficha de visitação no Centro de Visitantes, e devolvido ao final do passeio. Em parceria com o Naturatins e o Instituto Araguaia, a Prefeitura de Caseara alocou no Centro de Visitantes um funcionário em tempo integral para recepcionar e encaminhar os interessados. 3. Resultados e Discussão No ambiente Amazônico no interior do parque, foi aberta uma malha de trilhas, com aproximadamente 7.500 metros de extensão (Figura 1). Estas trilhas margeiam uma série de quatro lagos (Lago da Benta, Lago das Três Pernas, Lago do Cega-Machado e Lago da Cabana). Este circuito foi denominado de Circuito do Cega-Machado, nome do principal lago das trilhas. Foi implantada infraestrutura de observação e descanso ao longo do percurso (fotos 1 e 2), respeitando o zoneamento que estabeleceu áreas de refúgio de fauna. Nas oficinas de planejamento do projeto, que deram início a implantação do uso público do Parque Estadual do Cantão, foram estabelecidos os indicadores e procedimentos para monitorar os impactos da visitação sobre o ecossistema, além do número de visitantes por dia e por grupo. Ficou definido que o tamanho máximo para grupos de visitantes no Circuito do Cega-Machado é de oito pessoas, na companhia de um condutor e um assistente (total: dez pessoas). O Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 856 número máximo de grupos permitidos por dia é dois grupos, os quais devem realizar o passeio de forma sincronizada para não se encontrarem. São permitidos no máximo quatro pessoas por canoa. Grupos especiais, como grupos escolares, etc., podem exceder esses limites com autorização especial do Gerente do PEC, sendo obrigatoriamente acompanhados por um guarda-parques para cada dez visitantes. Durante o passeio devem ser seguidas as seguintes normas: 1. Permanecer nas trilhas e rotas de canoagem designadas para uso. 2. Conversar em voz baixa, e manter o silêncio ao aproximar-se de animais silvestres. 3. Não jogar lixo, não consumir bebidas alcoólicas e não fumar devido ao risco de incêndio. 4. Percorrer os lagos e trilhas somente com embarcações a remo ou movidos a motor elétrico. 5. Canoas devem movimentar-se lentamente quando estiverem a cem metros ou menos de uma ariranha, e parar permanecendo imóvel quando a cinqüenta metros ou menos de uma ariranha. 6. Procedimentos para aproximação de qualquer exemplar de fauna nativa: a. Ao avistar o animal, manter o silêncio e evitar movimentos bruscos; b. Aproximar-se lentamente, observando atentamente o comportamento do animal; c. Cessar a aproximação ao primeiro sinal de alerta do animal; d. Recuar e desistir da aproximação se o animal exibir comportamento de alarme; e. Jamais provocar a fuga ou perseguir qualquer animal. 7. É proibido alimentar a fauna ou interferir no seu comportamento natural, assim como coletar ou danificar a flora. A partir de estudos realizados no Parque Nacional de Manu (Peru), e de dados coletados nos lagos destinados ao ecoturismo, foi feito o microzoneamento Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 857 definindo este Circuito, respeitando áreas que continham terreiros e tocas de ariranhas, estabelecendo áreas de acesso restrito, visando criar condições para a permanência e eventual reprodução da espécie mesmo após iniciada a visitação. Em um dos lagos foi construída uma plataforma, com vista para a área do lago destinada à zona de refúgio. Os lagos que desempenham a função de área de refúgio são fechados para o público de maio a dezembro, podendo ser percorridas de canoa de janeiro a abril, quando a área toda está inundada e a fauna do lago se dispersa pelo interior da floresta. Esses critérios foram estabelecidos com base no sucesso da metodologia utilizada no Parque Nacional de Manu por mais de 20 anos. 858 Figura 2: Zoneamento das trilhas da ZUI destinadas ao ecoturismo. A malha de trilhas do Cega-Machado foi dividida em dois grandes circuitos, um perfazendo o Lago do Cega-Machado e Lago da Cabana, onde os grupos de visitantes podem fazer o passeio por trilha, com intervalos para observação de fauna, ou parte dele de canoa de pau com motor elétrico, que é a modalidade de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 visitação identificada pelo Plano de Manejo do PEC como ideal em termos de baixo impacto e satisfação do visitante. Da plataforma implantada com vista para o lago ao final deste percurso, pode-se observar fauna e relaxar ou até mesmo ter um pernoite rústico mediante autorização do Naturatins (foto 1). 859 Foto 1. A área de refúgio de fauna vista da plataforma no Lago da Cabana Durante a estação da cheia, entre janeiro a abril, há uma ligação da água entre os lagos, e se tem a opção de fazer o passeio totalmente de canoa, passando de um lago para outro, por entre a floresta inundada do igapó, na altura da copada das árvores. A outra perna do circuito, o Lago das Três Pernas e Lago da Benta, possui uma malha de trilhas que circunda os lagos, passando por áreas de terreiros antigos de ariranhas, chegando a casa de um antigo “torrãozeiro”, ou morador local, oferecendo a oportunidade de vivenciar a cultura e moradia típica dos ribeirinhos da região. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Foto 2. Infra-estrutura de descanso e observação do Circuito Cega-Machado Foram elaborados roteiros interpretativos para visitas auto-guiadas pela trilha de Cerrado próxima ao Centro de Visitantes, e para visitas acompanhadas de condutores na Zona de Uso Intensivo do PEC. Estes roteiros contêm informações sobre o ecossistema do Cantão, com ênfase nas espécies e comunidades naturais que podem ser encontradas nas trilhas tendo a função de enriquecer a experiência dos visitantes, e ao mesmo tempo contextualizar aquilo que o visitante está vendo no ecossistema do Cantão como um todo. A ariranha (Pteronura brasiliensis), espécie bandeira do PEC, é o animal mais procurado e que mais chama a atenção dos turistas. Porém o roteiro também enfoca se em espécies mais fáceis de serem encontradas e muito apreciadas por ecoturistas, como as exóticas ciganas, o jacaré-açú (Cayman Níger, que no Cantão chega a atingir 6 metros) e o pirarucu (Arapaima gigas), alem de aspectos relevantes desse ambiente Amazônico. Para que os guias e condutores saibam proceder durante as visitas, foram feitas oficinas de treinamento. Estas enfocaram nas normas e procedimentos, além da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 860 interpretação dos ecossistemas do Cantão: características de cada um e épocas do ano que podem ser observados; como se comportarem para o sucesso de observação de fauna, nas trilhas e de canoa; além do zoneamento de trilhas dos lagos da Zona de Uso Intensivo e uso de motor elétrico. No primeiro ano do projeto o equipamento com motor elétrico, baterias, binóculos e salva-vidas utilizados pelos guias e condutores, é disponibilizado gratuitamente. Dessa forma, pessoas da comunidade local com vocação e experiência necessárias para conduzir passeios de canoa terão acesso ao treinamento específico e condições para participar da nova economia gerada pelo Parque. 4. Conclusão Mesmo com pouca divulgação na mídia, desde a abertura do PEC à visitação pública há apenas três meses, mais de 1.074 pessoas visitaram o Centro de Visitantes do Parque Estadual do Cantão, e 35 grupos de tamanhos variados foram conduzidos pelo Circuito do Cega-Machado. Pelos relatos e observações, o grupo de ariranhas com território estabelecido na área de refúgio nos lagos de ecoturismo parece estar se acostumando com a presença pacífica dos visitantes, apresentando comportamento calmo, e, em 60% dos casos, aproximando-se espontaneamente dos grupos ou simplesmente agindo naturalmente na presença de pessoas com comportamento correto. Esse fato indica o sucesso da metodologia escolhida, com baixo impacto nas ariranhas do Cantão. Será iniciado em 2014 um programa de monitoramento dos impactos dessa atividade sobre as áreas visitadas e sobre os próprios visitantes. Serão administrados questionários aos visitantes para aferir seu grau de satisfação e os efeitos que a visita teve sobre sua opinião sobre o PEC e a natureza em geral. Os resultados desse monitoramento serão discutidos em oficinas adicionais, e ajustes às normas e procedimentos serão efetuados conforme necessário. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 861 5. Referências Bibliográficas Tocantins (2004) Avaliação Ecológica Rápida do Parque Estadual do Cantão. Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente do Estado do Tocantins, Palmas. Instituto Araguaia (2012) Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque Estadual do Cantão –Monitoramento de Áreas Críticas - Relatório Semestral de Monitoramento – Junho-Novembro 2012. Instituto Araguaia (2013) Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque Estadual do Cantão –Monitoramento de Áreas Críticas - Relatório Semestral de Monitoramento – Janeiro a Junho 2013. Schenck, C. 1999. Lobo de Rio Pteronura brasiliensis - Presencia, uso del habitat protección en el Peru. Tese de doutorado, Ludwig- MaximiliansUniversitat, Munique, Alemanha. Tocantins (2001) Plano de Manejo do Parque Estadual do Cantão. Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente do Estado do Tocantins, Palmas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 862 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos IMPLANTAÇÃO DA PRIMEIRA TRILHA INTERPRETATIVA TERRESTRE E SUBAQUÁTICA EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NA ILHA GRANDE (ANGRA DOS REIS, RJ) Camila Pinto Meireles1, Felipe de Vargas Ribeiro2, Amanda Carvalho de Andrade3, Yollanda Carolina da Silva Ferreira4 Joel Christopher Creed5. Resumo Palavras-chave: Trilha Interpretativa; Educação Ambiental; Área de Proteção Ambiental de Tamoios; Espécies exóticas Invasoras; Ilha Grande. A Ilha Grande (RJ) apresenta rica biodiversidade, a qual atrai mais de 300 mil turistas por ano. A grande visitação e o turismo desordenado podem impactar negativamente os ambientes terrestres e marinhos. Além do turismo, existem outras ameaças à biodiversidade como, por exemplo, as espécies exóticas invasoras, as quais competem com as espécies nativas causando prejuízos ecológicos e sociais. Nesse contexto, o Projeto Coral-Sol (PCS), iniciativa socioambiental para controle de espécies invasoras marinhas (Tubastraea spp.), implantou uma Trilha Interpretativa (TI) terrestre e subaquática no percurso costeiro Abraão-Abraãozinho, com o tema “Biodiversidade e Bioinvasão”. TIs desenvolvem nos participantes novas percepções, estimulando a observação objetiva, crítica e consciente. O objetivo do presente trabalho foi utilizar a TI como estratégia de educação ambiental para auxiliar o processo de formação de agentes multiplicadores sobre a temática de biodiversidade e bioinvasão. A trilha é do tipo guiada e foi implantada na Área de Proteção Ambiental de Tamoios, através da adaptação do método de Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos. O levantamento de atrativos foi realizado em jan/2011 e o teste piloto em fev/2011. Após ajustes, a TI passou a ser oferecida gratuitamente pelo Centro de Visitantes do PCS, além de ser utilizada como treinamento prático de universitários voluntários e educadores participantes do projeto. De fev/2011 a nov/2012, visitaram a trilha: 947 turistas e moradores, 103 educadores e 60 universitários voluntários. Em questionários de percepção ambiental aplicados com os educadores, todos afirmaram ter conhecido algo novo após realizar a TI, sendo a diversidade de espécies, as espécies exóticas e os corais-sol invasores os aspectos mais citados. A implantação da TI possibilitou a conduta consciente Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 863 de turistas e visitantes, contribuiu para o preenchimento de lacunas de conhecimento dos educadores e promoveu a práxis com universitários. Resumen Palabras clave: Sendero Interpretativo; Educación Ambiental; Área de Proteção Ambiental de Tamoios; Especies Exóticas Invasoras; Ilha Grande. Ilha Grande (RJ) presenta una rica biodiversidad, que atrae más de 300.000 turistas al año. El gran número de visitantes y el turismo desordenado puede influir negativamente en los ambientes terrestres y marinos. Además del turismo, existen otras amenazas a la biodiversidad, por ejemplo, las especies exóticas invasoras que compiten con las especies nativas causando daños ecológicos y sociales. En este contexto, el Proyecto Coral-Sol (PCS) una iniciativa social y ambiental para el control de las especies marinas invasoras (Tubastraea spp.), puso en marcha un sendero interpretativo (SI) terrestre y submarino en la ruta costera Abrão-Abraãozinho, con el tema "Biodiversidad y bioinvasión". Este desarrolla en los participantes nuevas ideas, estimulando la observación objetiva, crítica y consciente. El objetivo de este estudio fue utilizar las SIs como una estrategia de educación ambiental para al proceso de formación de multiplicadores en el tema de la biodiversidad y las invasiones biológicas. El camino es guiado, en el Área de Protecão Ambiental de Tamoios, mediante la adaptación del método de Indicadores de Atractividad de Puntos Interpretativos. El levantamiento de atractivos se llevó a cabo en ENE/2011 y las pruebas piloto en FEB/2011. La SI empezó a ser ofrecida de forma gratuita por el sede del PCS, además de ser utilizada como formación práctica para los educadores universitarios y voluntarios que participan del proyecto. Entre FEB/2011 y NOV/2012 visitaron la pista 947 turistas y residentes, 103 profesores y 60 voluntarios universitarios. En los cuestionarios de percepción aplicados a los educadores ambientales, todos afirmaron haber conocido algo nuevo después de hacerlo. Los aspectos más citados fueron la diversidad de especies, las especies exóticas y los coral-sol. El establecimiento de SI permitió la conducta responsable de los turistas y visitantes, ayudó a llenar los vacíos en el conocimiento de los educadores y a promover la práctica con los estudiantes 1. Introdução A interpretação ambiental surgiu no contexto dos parques nacionais americanos e foi definida por Freeman Tilden em uma publicação clássica de 1957, Interpreting Our Heritage, como (TILDEN, 1977, p. 8): Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 864 [...] atividade educativa que aspira revelar os significados e as relações existentes no ambiente, por meio de objetos originais, através de experimentos de primeira mão e meios ilustrativos, em vez de simplesmente comunicar a informação literal. No Brasil, a interpretação ambiental se disseminou principalmente através das trilhas interpretativas (TIs). O interesse pela implantação de TIs nas várias regiões do país vem acompanhando o desenvolvimento do ecoturismo e a crescente estruturação das áreas de visitação nas unidades de conservação (VASCONCELLOS, 2006). Apesar da demanda por atividades de interpretação ambiental, há um potencial pouco aproveitado, especialmente ao se considerar a dimensão da atividade do ecoturismo no Brasil. TIs podem ser realizadas em áreas terrestres, aquáticas ou subaquáticas, sendo guiadas ou autoguiadas e acessadas através de caminhadas, cavalgadas, navegação, mergulho livre contemplativo, entre outros. No Brasil, a grande maioria das atividades é realizada no contexto terrestre, através de caminhadas. No ambiente marinho, algumas iniciativas se destacam pelo pioneirismo, como a implantação de trilhas subaquáticas em Santa Catarina (WEGNER, 2003) e o Projeto Trilha Subaquática, implantado no litoral de São Paulo (BERCHEZ et al, 2007). Embora mais de 50 milhões de pessoas habitem municípios da zona costeira brasileira (IBGE, 2011), ainda há poucos trabalhos publicados sobre o tema. Pedrini e colaboradores (2010 a) afirmam que o meio acadêmico reconhece que existem muitas experiências de Interpretação Ambiental e/ ou Educação Ambiental na zona costeira e marinha que não são publicadas no Brasil e no exterior. Segundo Pedrini e colaboradores (2010 b, p. 434) “em termos de trilhas marinhas há limitadíssimos trabalhos sobre o tema no país, possivelmente pela inexistência da prática de ecoturismo marinho, apesar do imenso litoral brasileiro”. Na Ilha Grande (Angra dos Reis, RJ) não há registros de trilhas interpretativas subaquáticas, apesar de seu potencial para a atividade. Até 2010, a principal Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 865 atividade de interpretação ambiental na ilha era a visita guiada terrestre, realizada na Trilha Circular do Parque Estadual da Ilha Grande ou Circuito do Abraão (T1), por funcionários da unidade de conservação e guias de turismo. A Ilha Grande apresenta rica biodiversidade, a qual atrai mais de 300 mil turistas por ano (INEA, 2010). A grande visitação e o turismo desordenado podem impactar negativamente os ambientes terrestres e marinhos (DAVENPORT & DAVENPORT, 2006). Além do turismo, existem outras ameaças à biodiversidade como, por exemplo, as espécies exóticas invasoras, as quais competem com as espécies nativas causando prejuízos ecológicos e sociais (DE PAULA & CREED, 2005). Nesse contexto, o Projeto Coral-Sol (PCS), iniciativa socioambiental para controle de espécies invasoras marinhas (Tubastraea spp.), implantou uma TI terrestre e subaquática na Ilha Grande, com o tema “Biodiversidade e Bioinvasão”. A TI implantada na Área de Proteção Ambiental de Tamoios foi uma iniciativa única, a qual uniu a tipologia de trilhas terrestre e subaquática no percurso AbraãoAbraãozinho. O objetivo do presente trabalho foi utilizar a TI como estratégia de educação ambiental para auxiliar o processo de formação de agentes multiplicadores sobre a temática de biodiversidade e bioinvasão, com turistas, moradores, educadores e universitários. 2. Materiais e métodos 2.1 Área de Estudo A Ilha Grande (figura 1) está localizada na Baía da Ilha Grande (BIG) (22°50’ – 23°20’S; 44°00’ – 44°45’W) no município de Angra dos Reis, litoral sul do Estado do Rio de Janeiro (INEA, 2010). A BIG abrange uma área de 65.258 ha e cerca de 350 km de perímetro na linha d’água, abrigando uma grande beleza paisagística e uma rica fauna e flora. Por este motivo, a região é considerada um santuário de biodiversidade singular (hot-spot) (CREED et al., 2007). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 866 A Ilha Grande abriga quatro unidades de conservação; Parque Estadual da Ilha Grande, Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, Parque Estadual Marinho do Aventureiro e Área de Proteção Ambiental de Tamoios (INEA, 2010). A Área de Proteção Ambiental de Tamoios abrange as mais de 100 ilhas que se distribuem pelos 900 km² da BIG, havendo sobreposição com 19 ilhas integrantes da Estação Ecológica de Tamoios e da própria Ilha Grande (INEA, 2013). A APA de Tamoios foi criada pelo Decreto Estadual 9.452 de 5 de dezembro de 1982 e em seu território estão representados todos os ecossistemas característicos do Estado do Rio de Janeiro (INEA, 2013). 867 Figura 1 – Localização da Baía da Ilha Grande. Fonte: Adaptado do Google Maps e Google Earth. 2.2 TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãozinho A TI (figura 2) se localiza na Área de Proteção Ambiental de Tamoios, no percurso Abraão-Abraãozinho (Ilha Grande). O trajeto de aproximadamente 2,6 km começa no Centro de Visitantes do PCS, passa pelas praias do Canto, da Júlia, da Biquinha, Comprida e Crena, até o costão do Abraãozinho. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 868 Figura 2: Em vermelho, localização da TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãzinho na Ilha Grande (acima) e o seu percurso completo (abaixo). 2.3 Método de Implantação das Trilhas Interpretativas A TI foi implantada através da adaptação do método de Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos (MAGRO & FREIXEDAS, 1998). Em um primeiro momento foram levantados todos os pontos potenciais para interpretação, de acordo com o tema escolhido para a trilha. Após a identificação dos atrativos, uma seleção foi feita a fim de evitar pontos muito próximos e não repetir questões já abordadas. A escolha final levou em consideração os pontos mais atrativos de acordo com indicadores para o tema. Não foi necessário atribuir Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 pesos aos indicadores, embora o método original sugira a adoção desse procedimento. O levantamento de atrativos foi realizado pela equipe de educação ambiental do PCS em 12 de janeiro de 2011. Os pontos de interpretação foram testados em 11 e 25 de fevereiro de 2011, com duas turmas de universitários do Programa de Estágio Voluntário do projeto. A atividade começou a ser oferecida ao público gratuitamente em 19 de fevereiro de 2011, após a inauguração do Centro de Visitantes do PCS, na Vila do Abraão (Ilha Grande). A trilha implantada é do tipo guiada, ou seja, atividade interpretativa “em que o guia intérprete dirige um grupo através de um caminho, com paradas pré-estabelecidas, onde um tema é desenvolvido” (VASCONCELLOS, 2006). 2.4 Estratégias metodológicas e análise dos dados A base metodológica foi a Pesquisa Qualitativa (TRIVIÑOS, 1987), caracterizada por seu cunho descritivo, por ter o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento-chave e por ser preocupada com o processo e não apenas com o resultado ou produto. A TI foi realizada com universitários como treinamento prático do Programa de Estágio Voluntário; com turistas e moradores, como atividade do Centro de Visitantes; e com educadores, como prática de curso de qualificação. Os voluntários preencheram um roteiro de trilha durante a atividade, para incentivar a observação crítica. Com os educadores foram aplicados questionários diagnósticos de percepção ambiental, roteiro de trilha e avaliação da atividade. Verificou-se a percepção ambiental dos educadores sobre a biodiversidade dos biomas Mata Atlântica e Zona Costeira e Marinha da região, sobre espécies exóticas e invasoras, entre outros. Com os turistas e moradores, optou-se por não aplicar questionários, já que o objetivo principal da atividade neste caso, não era a pesquisa. Como os visitantes estavam em sua hora de lazer, foram feitos apenas registros em vídeo de depoimentos espontâneos sobre a atividade. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 869 Os questionários e demais atividades registradas foram transcritas em conteúdo textual, constituindo-se o corpus documental para utilização posterior através da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977). As respostas de percepção ambiental passaram pela etapa de leitura flutuante, identificação do núcleo dos sentidos e identificação das unidades de registro (categorização de falas). 3. Resultados e discussão 3.1 TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãozinho Implantar uma TI é resignificar um caminho, direcionar uma visitação em ambiente natural e desvelar informações de forma interdisciplinar. Segundo Feinsinger e colaboradores (1997 apud VASCONCELLOS, 2006. p. 46) uma TI: Tem o propósito de desenvolver nos usuários um novo campo de percepções, levando-os a descobrir um mundo ainda desconhecido, uma nova forma de olhar e sentir a natureza, estimulando-os a observar objetivamente, pensar criticamente e decidir conscientemente. Desta forma, a TI elaborada com o tema “Biodiversidade e Bioinvasão”, procurou construir conhecimentos junto com os participantes, relacionando saberes acadêmicos, tradicionais e locais, para uma mudança de percepção ambiental. Os pontos interpretativos tornaram visíveis aspectos que passavam despercebidos para os visitantes, mesmo para aqueles que moravam na região. As espécies nativas e exóticas da fauna e flora dos ambientes terrestres e marinhos, as relações ecológicas, as adaptações dos organismos a cada ambiente e as relações homem-natureza puderam ser desvelados pela interpretação ambiental. As descobertas dos participantes eram estimuladas pelo modo como os monitores conduziam a TI; não como uma aula de campo, mas sim como uma investigação. A equipe foi treinada para desenvolver os conceitos mais pelos questionamentos do que pelas respostas prontas. Como a atividade estava relacionada ao processo de educação ambiental desenvolvido pelo PCS orientado pelas vertentes Crítica e Práxica, a TI foi Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 870 utilizada como instrumento para a reflexão e construção de valores e conhecimentos para sociedades sustentáveis. Nesse sentido, os pontos interpretativos (tabela 1) contribuíram para a formação de agentes multiplicadores da temática de biodiversidade e bioinvasão no contexto da Ilha Grande. Tabela 1: Roteiro da Trilha Interpretativa Abraão-Abraãozinho Tema da TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãozinho: Biodiversidade e Bioinvasão Pontos de Interpretação Descrição/ objetivos   Ponto 1: Partida Caminhar é preciso, sofrer não é preciso!      Ponto 2: Águas de março... de janeiro a dezembro?   Ponto 3: Terra à vista...     Ponto 4: Alienígenas por toda a parte!   Apresentação da equipe e do grupo; Preenchimento de termo de responsabilidade e ficha médica; Informação sobre a atividade (duração e nível de dificuldade); Escolha do equipamento para mergulho; Informações sobre a Ilha Grande (histórico, ocupações, povos, presídios, etc.); Apresentação das quatro unidades de conservação presentes na Ilha Grande (através de mapa). Observação e comparação da situação ambiental dos rios da Vila do Abraão; Identificação de impactos negativos (poluição, desmatamento da mata ciliar, presença de construções em Área de Preservação Permanente, ocorrência de espécies exóticas e invasoras e canalização). Início (propriamente dito) da trilha terrestre (informações sobre o percurso); Recomendação de conduta consciente na trilha; Questionamento sobre os biomas presentes no entorno (Mata Atlântica e Zona Costeira e Marinha); História da relação do Guapuruvu (Schizolobium parahyba (Vell.) S.F. Blake) com os caiçaras. Identificação de espécies vegetais exóticas como bananeiras (Musa sp.), Capim colonião (Panicum maximum Jacq.) e Jaqueiras (Jaqueira Artocarpus heterophyllus Lam.); Identificação de espécies vegetais nativas como o Cobi (Anadenanthera colubrine (Vell.)Brenan) e a Embaúba (Cecropia sp.); Identificação de fator de risco de desabamento, em área erodida de “barranco”, com a presença de bananeiras. Localização Centro de Visitantes do Projeto CoralSol, Vila do Abraão Rios da Vila do Abraão – Avenida Getúlio Vargas Praia do Canto Entrada da trilha (placa de sinalização da T10). Área com espécies vegetais exóticas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 871  Ponto 5: Inferno na terra?   Ponto 6: Para o alto, e avante!    Ponto 7: Segurando a encosta Ponto 8: Gigante da floresta.  Apontar as diferenças entre uma área acima da trilha (ainda com um sub-bosque) e uma área abaixo (onde o sub-bosque foi removido).  Questionamento sobre o formato e a função das raízes tabulares da Figueira (Ficus sp.) e sobre o seu tamanho maior em relação às outras árvores; Contação de histórias sobre figueiras (utilização das raízes pelos índios tupinambás como tambor para comunicação, passagem bíblica e lendas locais); Convite aos visitantes para contarem histórias que conhecem sobre figueiras. Observação dos diferentes tamanhos de sedimentos com identificação de suas fontes de origem; Observação da matéria orgânica acumulada na areia da praia e de “pulgas-da-praia” (Amphipoda) presentes nela.   Ponto 9: Ponto de encontro entre o mar e a mata Questionamento sobre a sobrevivência dos organismos nesses ecossistemas durante um ciclo de poça de maré; Esclarecimento sobre as adaptações de diversos organismos para sobreviver em condições “extremas” de temperatura, salinidade e exposição ao sol. Identificação da árvore nativa Paineira (Ceiba speciosa (St-Hill.) Ravenna); Identificação de plantas epífitas e liquens; Caracterização da morfologia e fisiologia da bromélia Barba-de-velho (Tillandsia usneoides) L. Basionônio; Observação de outras bromélias (Vriesea sp., Neoregelia cruenta (R. Graham)).   Ponto 10: Campo minado com bombardeio!  Ponto 11: Chegada Agora! Nós “vamô” invadir sua praia!!!     Observação de um bosque de Jaqueira (alelopatia); Identificação do prejuízo ambiental causado por uma espécie exótica invasora. Realização da oficina de mergulho em apnéia, trilha subaquática e dinâmica de finalização da atividade; Familiarização com o equipamento de mergulho; Identificação dos organismos através do uso de Fichas de identificação de organismos marinhos. Área de poças de Maré Paineira – Praia Comprida Encosta – trilha entre as praias Comprida e Crena. Figueira – antes da praia da Crena, na bifurcação das trilhas. Praia da Crena Bosque de jaqueiras – caminho para a Praia do Abraãozinho Praia do Abraãozinho Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 872 Durante a atividade os participantes entenderam o conceito de biodiversidade, o qual compreende não só as variedades de espécies, como também de ecossistemas. Os visitantes também observaram a transição entre a Mata Atlântica e a Zona Costeira e Marinha e como seus componentes estão relacionados. Além disso, o conceito de sociobiodiversidade foi trabalhado indiretamente, através das histórias locais, como a do caiçara que planta o Guapuruvu quando um filho homem nasce e corta a árvore após 18 anos, para fazer uma canoa. Esta árvore apresenta crescimento rápido e morre por volta de 30 anos. Assim, o nativo realiza uma prática sustentável ao remover uma árvore que não permaneceria compondo a floresta por muito tempo. Desta forma interdisciplinar foi tratada a ocupação humana, da época pré-histórica, até os dias atuais. Vários aspectos são tratados nos pontos interpretativos para desmistificar muitos conceitos inadequados que as pessoas têm como, por exemplo, o fato de acreditarem que bromélias são parasitas (figura 3). 873 Figura 3: Ponto interpretativo 6; paineira nativa (Ceiba speciosa) com bromélias epífitas como a Barba-de-velho (Tillandsia usneoides). No ponto interpretativo da Figueira, os visitantes são estimulados a usar a imaginação para descobrir por que essa árvore é muito maior do que as outras em volta. Assim vão descobrindo que se trata de uma árvore centenária, bem mais velha que as outras, e que provavelmente escapou do corte na época das roças das populações que haviam no local. Esses aspectos sociais foram estudados por Svorc (2007) no Parque Estadual da Ilha Grande, a qual aponta Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 questões religiosas e crenças como motivos para a preservação de árvores de Ficus sp. (figura 4). Figura 4: O biólogo e guia de turismo, Felipe Ribeiro, demonstrando como os índios usavam as raízes tabulares, de acordo com as histórias locais. Fonte: Arquivo PCS. Ao final do percurso terrestre, os visitantes participam de uma oficina de mergulho livre (apnéia), recebem orientações sobre uma conduta consciente no ambiente marinho e começam a trilha subaquática (figura 5a). Durante a oficina os participantes são treinados para se familiarizar com o equipamento e realizar um mergulho seguro. Os treinamentos são feitos em duplas com auxílio dos monitores. Cada dupla ou trio é acompanhado por um monitor durante a trilha subaquática. Foram adotadas práticas para um mergulho de mínimo impacto negativo. Para isso, os participantes não podem usar nadadeiras, devem seguir a trilha subaquática conduzidos pelos monitores e com apoio de pranchas de natação, não podem tocar voluntariamente em nenhum organismo e devem evitar colocar os pés no fundo. Os participantes são orientados a identificar os organismos marinhos através do uso de fichas de identificação com imagens, as quais apresentam os seres de fácil visualização no local (tabela 2). Um dos atrativos da trilha subaquática são as espécies nativas de coral babão (Palythoa caribaeorum) e as duas espécies invasoras de coral-sol (Tubastraea spp.) (figura 5b). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 874 Tabela 2: Espécies conspícuas durante o mergulho contemplativo. Tipos de organismos Macrófitas Angiospermas Porifera Cnidaria Arthropoda Echinodermata Chordata (Urochordata) Chordata (Vertebrata) Peixes. Espécie/ nome vulgar ]Galaxaura marginata (Alga vermelha) Caulerpa racemosa (Alga verde) Asparagopsis sistaxiformis (Alga vermelha) Halodule wrightii (Grama marinha) Desmapsamma anchorata (Esponja laranja) Mycale spp.(Esponja) Mussismilia hispida (Coral cérebro) Tubastraea coccinea (Coral-sol laranja) Tubastraea tagusensis (Coral-sol amarelo) Phyllactis praetexta (Anêmona) Carijoa riisei (Coral) Aiptasia pallida (Anêmona) Zoanthus sociatus (Zoantídeo) Palythoa caribaeorum (Coral babão) Stenorhynchus seticornis (Caranguejo-aranha) Lythechinus variegatus (Ouriço lilás) Echinometra lucunter (Ouriço preto) Isostichopus badionotus (Pepino do mar) Echinaster (Othilia) brasiliensis (Estrela-do-mar) Tropiometra carinata (Lírio do mar) Phallusia nigra (Ascídia preta) Hippocampus spp. (Cavalo-marinho) Narcine brasiliensis (Raia treme-treme) Chaetodon striatus (Peixe borboleta) Abudefduf saxatilis (Sargentinho) Gymnothorax funebris (Moréia verde) Chilomycterus spinosus (Baiacu de espinhos) Figura 5: a) oficina de mergulho para a trilha subaquática no Abraãozinho; b) espécies invasoras de coral-sol (Tubastraea spp) e nativas de coral-babão (P. caribaeorum) no canto esquerdo. Fonte: Arquivo Lara Vidon. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 875 3.2 Públicos-alvo Segundo Tilden (1977), para públicos diferentes (crianças, adultos, formações), deve haver programas diferentes. Desta forma, pode-se obter um maior aproveitamento quando a TI se molda ao interesse do público. A TI AbraãoAbraãozinho foi implantada de forma a levar os visitantes a um mundo desconhecido, mesmo para aqueles, que na condição de moradores, frequentam o local. Vasconcellos (2006, p. 46) afirma que TIs “traduzem para o visitante os fatos que estão além das aparências (leis naturais, interações, história, cultura) ou fatos aparentes que não são comumente percebidos (singularidades, detalhes, vestígios, entre outros)”. De fev/2011 a nov/2012, visitaram a trilha: 947 turistas e moradores, 103 educadores e 60 universitários voluntários. Durante esse tempo, as atividades foram sendo delineadas de acordo com o objetivo de cada público. Os universitários voluntários receberam informações mais técnicas (relações ecológicas, nomes científicos), experimentaram a coleta de dados abióticos (salinidade e temperatura da água) e aprenderam métodos para leitura de diversidade em costões (transecto e quadrado). Tais atividades foram importantes para a aplicação dos conceitos aprendidos em sala de aula. Os universitários também foram treinados para se tornarem monitores da TI, conduzindo os turistas durante a atividade. Para isso, foi elaborado um manual com o roteiro dos pontos interpretativos chamado de “Guia do Guia para a TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãozinho”. Os educadores participaram da trilha através do curso de qualificação oferecido gratuitamente pelo PCS, em parceria com a Prefeitura de Angra dos Reis. Após agendamento das turmas, eles eram levados do continente para o Centro de Visitantes na Ilha Grande, onde assistiam à palestra “Por que a bioinvasão ameaça a biodiversidade?”, percorriam a TI e elaboravam propostas de atividades para a escola sobre biodiversidade e bioinvasão. Os educadores participavam da trilha buscando descobrir na prática, os aspectos abordados durante a palestra. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 876 Dos 103 educadores participantes da TI, 102 responderam aos questionários de percepção ambiental. Ao serem perguntados se conheceram algo novo após fazerem a TI, todos afirmaram que sim (n= 100 respostas válidas). Dentre os conhecimentos novos mais citados, destacam-se a diversidade de espécies (57%); as espécies exóticas invasoras (16%) e os corais invasores (16%). Como exemplo da diversidade descoberta os educadores citaram: corais, coral cérebro, ascídia, estrela-do-mar, ouriço-do-mar e barba-de-velho. Sobre as espécies exóticas invasoras afirmaram: “percebi que espécies invasoras estão presentes em abundância no ambiente marinho e terrestre”; “me surpreendi ao saber que algumas espécies tão comuns de serem encontradas são exóticas e não nativas”. Além desses aspectos, os educadores também afirmaram (8%) ter aprendido curiosidades como, por exemplo, as histórias sobre figueiras e o fato da mata da Ilha Grande ser a maior parte resultado de regeneração. Em análise preliminar sobre o aproveitamento da atividade prática, 53 educadores foram questionados se a vivência na TI Terrestre e Subaquática foi proveitosa. Todos afirmaram que sim, sendo os aspectos mais citados na justificativa o: 1) conhecimento adquirido (35%), por exemplo; “um vasto conhecimento da fauna e flora”; “agregou novos conhecimentos para serem utilizados motivando os alunos”; “adquiri conhecimento útil para a minha atividade docente”; 2) a vivência prática (27%), “porque consolidou o ensino teórico”; “vivenciamos os conceitos da palestra ao longo da trilha”; “pois o conteúdo é fixado melhor com a prática”; e 3) a biodiversidade (12%), “a trilha apresentou diversos novos organismos e relações”; “devido a possibilidade de perceber a variedade de seres diferentes existentes”; “conhecer novas espécies de seres e suas interferências no local onde vivem”. Os poucos moradores que participaram da TI, se surpreenderam por julgarem já conhecer tudo sobre o local. Em depoimento informal, uma antiga moradora Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 877 adorou a atividade, porque não esperava descobrir tantas novidades em um local que costuma frequentar. Os turistas também ficavam surpresos, pois alguns já conheciam a trilha ao tê-la percorrido para acessar as praias. Após a TI, afirmavam que iriam aplicar as recomendações para conduta consciente nos próximos mergulhos. O Abraãozinho é bastante frequentado por banhistas e mergulhadores e, na alta temporada, a visitação enorme e desordenada chama atenção. É possível observar com facilidade os impactos negativos na fauna e flora locais. Durante as TIs, os monitores já precisaram abordar mergulhadores que não participavam da atividade para proteger os organismos marinhos. Os problemas mais comuns são pisoteio da comunidade bentônica; remoção de organismos, principalmente estrelas-do-mar e cavalos-marinhos; presença de bronzeador e filtro solar na água, movimentação muito próxima dos organismos, os quais deixam de se alimentar e reproduzir quando perturbados. Pedrini e colaboradores (2011) observaram alguns desses problemas em Búzios (RJ), no local onde implantaram atividades de Educação Ambiental Marinha e Costeira. O turismo desenfreado pode afetar de forma irreversível a biota marinha, sendo mais um argumento para que se busque maior planejamento da visitação em locais como o Abraãozinho, os quais são Áreas de Proteção Ambiental. Nesse sentido, a implantação de TIs pode minimizar os impactos da visitação, não apenas no local em questão, mas em qualquer local visitado pelo participante que reproduzir a conduta consciente aprendida na atividade, seja em ambiente terrestre ou marinho. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A implantação da TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãozinho funcionou como instrumento de educação ambiental relevante para a conservação da biodiversidade. Os participantes puderam conhecer a biodiversidade, identificar as Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 878 ameaças e entender a importância de sua preservação. Desta forma, a atividade contribuiu para a formação de agentes multiplicadores sobre a temática da biodiversidade e bioinvasão. A TI possibilitou a conduta consciente de turistas e visitantes, contribuiu para o preenchimento de lacunas de conhecimento dos educadores e promoveu a práxis com universitários. Como instrumento de educação ambiental, deve ser considerada no uso público das unidades de conservação, nas atividades de Ecoturismo e na integração de teoria e prática em uma formação interdisciplinar de cidadãos mais responsáveis pelo ambiente. Agradecimentos Ao patrocínio Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental; à FAPERJ pela bolsa de mestrado; a CAPES e CNPq pelo apoio; à Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia de Angra dos Reis por divulgar e intermediar o curso de educadores, a Alexandre Cuellar (guia de turismo e administrador do CV do PCS) por guiar e informar a equipe sobre a trilha; a Paula Araujo (recepcionista do CV) por divulgar a atividade aos turistas; a Lívia Corrêa (estagiária de Educação Ambiental do PCS) por participar nas monitorias e na tabulação e análise dos dados; a Daniel de Oliveira Czernocha (administrador do CV) por divulgar e auxiliar os grupos na TI; a Marcelo Mantelatto (oceanógrafo do PCS) por dar continuidade à visitação de turistas na TI e participar do treinamento dos voluntários; a Fabiana Santos (bióloga colaboradora do PCS) por auxiliar no levantamento dos pontos interpretativos; a Fernanda França, Amanda Guilherme e Larissa Marques (colaboradoras do PCS) por auxiliarem a visita de grupos e a todos os voluntários do PCS que realizaram a TI como monitores. 5. Bibliografia BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977c. 229p. BERCHEZ, F.A.S.; GUILARDI, N.; ROBIM, M. de J.; PEDRINI, A. de G.; HADEL, V.F; FLUKIGER, G.; SIMÕES, M.; MAZZARO, R.; KLAUSENER,C.; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 879 SANCHES, C. BESPALEC, P. Projeto Trilha Subaquática – Sugestão de diretrizes para a criação de modelos de educação ambiental para ecossistemas marinhos. Revista OLAM, Ciência e Tecnologia, Rio Claro (SP), v.7, n.2, p. 181-208, 2007. CREED, J.C.; PIRES, D.O & FIGUEIREDO, M.A.O. 2007. Biodiversidade Marinha da Baía da Ilha Grande. Brasília: MMA / SBF, 2007. 416p. DAVENPORT J.; DAVENPORT J.L. 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ISBN 978-85-88769-56-4 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA EM TRILHA DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO BRIGADEIRO (MG) ATRAVÉS DA CONSIDERAÇÃO DAS RAÍZES EXPOSTAS Cézar Henrique Barra Rocha2 Bruno Campos Guilarducci3 Hugo Gavioli de Almeida4 Nayra Rosa Coelho5 Luíza Fonseca Cortat6 Resumo Palavras-chave: impactos ambientais; raiz exposta; trilhas; capacidade de carga Este trabalho teve por objetivo realizar os cálculos da capacidade de carga antrópica nas trilhas do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (MG) estabelecendo-se limites para visitação pública. O PESB está situado na porção norte da Zona da Mata mineira. A obtenção dos dados foi realizada durante trabalhos de campo nas trilhas em junho de 2012, iniciando pela Trilha do Pico do Grama, aplicando a Metodologia de Cifuentes (1992) com modificações. Para cada trilha foi realizado o levantamento de locais com erosão, alagamento, cobertura vegetal, condições de acessibilidade (modificado por ROCHA et al.,2006 e ROCHA et al.,2007) e raízes expostas (ROCHA et al.,2010). Para a marcação destes pontos foram utilizados receptores GPS com altímetro e antena sensível para áreas com vegetação. A marcação de pontos foi realizada no início e no final das ocorrências citadas, sendo também medidas através do odômetro do GPS. As trilhas foram mapeadas com captação de pontos de trajeto a cada 1 segundo (ROCHA, 2003). Os níveis de acessibilidade foram obtidos por meio dos perfis de cada trilha. A distância e o tempo necessários para o deslocamento na trilha foram medidos e cronometrados por meio do GPS. Os dados coletados foram descarregados em computador com auxílio do programa Trackmaker (GPSTM, 2008) com posterior edição em programas de desenho. O valor encontrado foi de 151 VD (visitantes diários) suportados pela Trilha Pico do Grama sem considerar o Fator Raízes Expostas. Ao incluir este Fator, o resultado diminuiu 24,5%, resultando 114 VD, valor considerado sustentável para este trecho do Parque e importante instrumento de gestão que poderá ser adotado pelos gerentes do PESB. A recuperação de trechos com problemas deve ser prioridade dos gestores. O planejamento e controle de fluxo de visitantes são medidas fundamentais para a conservação destes ambientes, além do 2 barra.rocha@gmail.com - UFJF/NAGEA brunoghilarducci@hotmail.com - UFJF/NAGEA 4 hugogav@hotmail.com - UFJF/NAGEA 5 nayracoelho@hotmail.com - UFJF/NAGEA 6 luizacortat@bol.com.br - UFJF/NAGEA 3 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 882 monitoramento de indicadores de impacto. Outras pesquisas com utilização de mais fatores de correção ou propostas de novas metodologias devem ser desenvolvidas para que se tenha maior confiabilidade na análise destes ambientes. Resumen Palabras clave : impactos ambientales, la raíz expuesta , senderos , capacidad de Esta ivestigación tuvo como objetivo realizar los cálculos de capacidad de carga de senderos hechos por el hombre en el Parque Estatal de Serra do Brigadeiro (MG ) mediante el establecimiento de límites para el uso público . El PESB está situado en la parte norte de la Zona da Mata de Minas Gerais. La recolección de datos se llevó a cabo el trabajo de campo en los senderos en junio de 2012, comenzando con el sendero del Pico do Grama, aplicando las metodologías Cifuentes ( 1992 ) con modificaciones. Para cada sendero se encuestó sitios con la erosión , alagamiento, vegetación, las condiciones de accesibilidad (modificada por Rocha et al. , 2006 y Rocha et al. , 2007 ) y las raíces expuestas ( Rocha et al. , 2010 ) . Para marcar estos puntos fueron utilizados con receptores GPS y altímetro com antena sensible a áreas de vegetación. Los puntos de marcado fueron realizados al principio y al final de los eventos mencionados anteriormente , también se miden por el odómetro del GPS. Los senderos se asignan puntos cada 1 segundo (Rocha , 2003 ) . Nivel de accesibilidad se han obtenido a través de los perfiles de cada sendero. Se midieron la distancia y el tiempo requerido para cambiar el sendero y sincronizados por GPS. Los datos recogidos se descargan en el ordenador utilizando el programa TrackMaker ( GPSTM , 2008 ) con la posterior edición en programas de dibujo. El valor encontrado fue de 151 DV ( visitantes diarios ) con el apoyo de Sendero Pico sin tener en cuenta las bases expuestas factor. Con la inclusión de este factor , el resultado disminuyó un 24,5% , lo que resulta RV 114 , que se considera sostenible para este tramo del Parque e importante herramienta de gestión que pueden ser adoptadas por los directivos de la PESB .La sección de recuperación de los problemas debe ser una prioridad para los directivos.La planificación y el control del flujo de visitantes constituye una medida fundamental para la conservación de estos ambientes , así como el seguimiento de los indicadores de impacto. Otra investigación utilizando más factores de corrección o nuevas metodologías propuestas se debe desarrollar con el fin de tener una mayor fiabilidad en el análisis de estos ambientes. 1. Introdução Atualmente, áreas naturais têm sido utilizadas como locais para lazer, passeios e educação ambiental. A crescente procura por estes locais tem ocasionado degradação ambiental devido ao uso intenso das trilhas, a falta de planejamento e de controle sobre o número de visitantes, assim como a falta de orientação ao Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 883 público visitante (FONTOURA & SIMIQUELI, 2006; PECCATIELLO, 2007; ROCHA et al., 2007; VIANA, 2008). O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro está situado nos municípios de Araponga, Divino, Ervália, Muriaé, Fervedouro, Miradouro, Pedra Bonita, Rosário de Limeira e Sericita. Sua área total é de 2.944 km 2, abrangendo as microrregiões de Ponte Nova, Manhuaçu, Viçosa e Muriaé pertencentes a Minas Gerais (Figura 1). Foi criada infra-estrutura de apoio recentemente com duas portarias (Araponga e Fervedouro), centro de visitantes, alojamento para pesquisadores, entre outras obras. Contudo, ainda é um Parque pouco estudado. Apesar de ter um Plano de Manejo, não foi contemplado o estudo de capacidade de carga. Com a liberação para visitação, não haverá parâmetros para os gestores monitorarem a quantidade de turistas por trilha. 884 Figura 1 : Localização do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro - PESB. Fonte: VERONESE ( 2009). O excesso de visitação traz consequências tais como a destruição das trilhas ecológicas e seus arredores, a diminuição da biodiversidade e o aumento da poluição nas áreas de maior circulação. Esses problemas, associados a carência de leis que assegurem as unidades de conservação fiscalização sobre a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 exploração de recursos naturais e mantutenção da integridade dos ecossistemas, contribuem para o aumento da degradação ambiental dos parques (COSTA, 2003; FONTOURA & SIMIQUELI, 2006; PECCATIELLO, 2007). De modo a prevenir maiores danos ambientais e estabelecer um controle sobre o uso das trilhas de um parque, uma medida fundamental a ser adotada é a tentativa de minimização dos impactos causados pelo turismo nestas áreas por meio da limitação à visitação (FONTOURA & SILVEIRA, 2006; FONTOURA & SIMIQUELI, 2006; PECCATIELLO, 2007; PRADO et al., 2008; VIANA, 2008; ROCHA & PECHINCHA, 2010; HOLDERBAUM & SILVA, 2010). Tendo conhecimento do impacto causado pelo excesso de pessoas, órgãos de proteção ambiental como ICMBIO, IEF, entre outros, podem tomar medidas que visem a diminuição destes danos, entre elas, a limitação do número de visitantes. Esta medida serve para implementação de medidas de regeneração e conservação da biodiversidade local. A utilização excessiva de trilhas provocam o aumento do processo erosivo e das raízes expostas nas proximidades das trilhas que ligam locais de maior freqüência de visitação, além de gerar alterações diretas na biodiversidade local. Ainda faltam esforços para que sejam alcançados os benefícios econômicos, sociais e ambientais na prática do Ecoturismo. Para que suas metas sejam cumpridas será necessário um melhor planejamento e gestão destas áreas mediante o controle de visitantes diários juntamente com a conscientização do público visitante e o monitoramento das áreas do parque através de indicadores estrategicamente escolhidos, evitando o impacto ambiental e promovendo uma integridade sustentável entre a natureza e seus visitantes (MORAES, 2007; FONTOURA & SIMIQUELI, 2006; PECCATIELLO, 2007; ROCHA et al.,2010; ROCHA & PECHINCHA, 2010; HOLDERBAUM & SILVA, 2010; ROCHA et al.,2010a; VIANA, 2010). 2. Metodologia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 885 A obtenção dos dados foi realizada durante trabalhos de campo nas trilhas do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB) entre 06 e 10/06/2012. Iniciou-se pela Trilha do Pico do Grama (Figura 2) que parte da MG 482 e segue até uma Torre de Comunicação. Foi aplicada a Metodologia de Cifuentes (1992) com modificações através do levantamento de locais com erosão, alagamento, cobertura vegetal, condições de acessibilidade (modificado por ROCHA et al.,2006 e ROCHA et al.,2007) e raízes expostas (ROCHA et al.,2010; ROCHA & PECHINCHA, 2010; HOLDERBAUM & SILVA, 2010). Para a marcação destes pontos foram utilizados receptores Garmin GPS Map76CSX que possuem altímetro (sigla S) e antena sensível para áreas com vegetação (sigla X). A marcação de pontos (waypoints) foi realizada no início e no final das ocorrências, sendo também medidos os comprimentos através do odômetro do GPS. As trilhas foram mapeadas com captação de pontos (trackpoints) a cada 1 segundo (ROCHA, 2003). 886 Figura 2: Trilha do Pico do Grama - PESB. (Fonte: autores). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Os níveis de acessibilidade foram obtidos por meio dos perfis de cada trilha, através das distâncias e altitudes que foram armazenadas no GPS, processadas no software GPSTrackmaker e exportadas para o Excel, possibilitando-se a construção de gráficos (ROCHA et al.,2006 e ROCHA et al., 2007). A distância e o tempo necessários para o deslocamento na trilha foram medidos e cronometrados por meio da utilização do GPS. Os dados obtidos foram descarregados em computador com auxílio do programa Trackmaker (GPSTM, 2008) sendo posteriormente editados com a utilização de programas de CAD e CorelDraw. Os dados sobre a planta e o perfil das trilhas foram armazenados e disponibilizados neste trabalho no formato Datum Horizontal WGS 1984 e Datum Vertical Imbituba (SC). Durante o percurso foram observados os impactos físicos, dentre eles: trechos e pontos com alagamentos; erosão; bifurcações de trilha e impactos biológicos sendo estes determinados pela extensão da cobertura vegetal, existência de raízes arbóreas expostas e presença de espécies ruderais exóticas no estrato herbáceo. Os dados necessários aos cálculos de capacidade de carga foram obtidos por meio das análises do estado ambiental das trilhas acrescidos de fatores de correção (ROCHA et al., 2007). Para realização do cálculo de capacidade de carga foi utilizada de forma crítica a metodologia de Cifuentes (1992), propondo modificações em alguns fatores para adaptá-la melhor a realidade do PESB. Rocha et al. (2010), com base em observações de campo, criaram o fator de correção raízes expostas para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) - RJ. Ele foi aplicado de forma pioneira neste Parque tendo em vista a quantidade de raízes expostas nas trilhas (HOLDERBAUM & SILVA, 2010; ROCHA & PECHINCHA, 2010; ROCHA et al., 2010a). Em alguns casos, existia risco para o indivíduo arbóreo, exigindo intervenção naqueles trechos de trilha através da proteção daquelas raízes (Figura 3). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 887 Figura 3 Ocorrência pontual de raiz exposta em trilha do PESB. (Fonte: autores). Outra modificação proposta na Metodologia foi a conversão das ocorrências pontuais em lineares considerando a evolução natural destes fatores ao longo do tempo. Um exemplo simples é a erosão pontual que se não for corrigida torna-se linear. No caso das ocorrências pontuais, o local foi marcado com GPS e depois convertido para linear considerando-se o comprimento de um metro (ROCHA et al., 2010). Os fatores de correção funcionam diminuindo o número de visitantes proporcionalmente aos problemas encontrados. Se estes problemas forem minimizados ou sanados, pode-se efetuar novo cálculo e modificar os valores. Uma alternativa para diminuir os impactos do pisoteio em áreas sensíveis é a construção de passarelas suspensas (Figura 4). A experiência obtida nos parques estudados pelo NAGEA mostra que as ocorrências tendem a aumentar, o que coloca em risco a sustentabilidade da trilha e a segurança do visitante. Pesquisa Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 888 realizada por Viana (2010) no Parque Estadual do Ibitipoca em Minas Gerais propõe o monitoramento de indicadores de impacto como complemento aos estudos de capacidade de carga. 889 Figura 4 Passarela suspensa em trilha do PESB. (Fonte: autores). A Metodologia de Cifuentes (1992) com modificações quantifica dados relativos à capacidade de carga física, real e efetiva, finalizando com os visitantes diários e anuais das trilhas. Devido ao tamanho do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 (PESB) foram escolhidas trilhas com maior facilidade logística, iniciando pela Trilha do Pico do Grama com extensão de 1681 metros. 3. Resultados e discussão A Trilha do Pico do Grama tem comprimento aproximado de 1681 metros e demanda um tempo de percurso de aproximadamente 1 hora e 30 minutos (ida). Na Metodologia de Cifuentes considera-se o tempo de ida e volta, resultando 3 horas. CAPACIDADE DE CARGA FÍSICA - (CCF) S = Superfície disponível em metros lineares SP = Superfície utilizado por cada pessoa 890 Dessa forma, Nv equivale à: Hv = Horário de visitação do local Tv = Tempo necessário para cada visita ( ) ( ) CALCULO DA CAPACIDADE DE CARGA REAL (CCR) Fatores de correção: Fator de correção social - FCsoc Fator de correção erodibilidade – Fcero Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Fator de correção acessibilidade – Fcac Fator de correção precipitação – FCpre Fator de correção alagamento – Fcalag Fator de correção brilho solar – FCsol Fator de correção raízes expostas – Fcraiz – incluído neste trabalho Todos os fatores de correção são calculado através da formula geral: FC = Fator de correção Ml = Magnitude limitante Mt = Magnitude total Fator de Correção Social - FCsoc Número máximo de pessoas a cada visita = 10 pessoas Distância mínima entre grupos de visitante = 50m Soma das distâncias para cada grupo = 50m + 1m por pessoa = 60m ( ) Np = 28,01 x 10 = (280 pessoas) Ml = 1681 - 280 = (1401) ( ) FATOR DE CORREÇÃO ERODIBILIDADE - FCero Mpe = Metros total da trilha com problemas de erosão Mt = Metragem total da trilha ( ) FATOR DE CORREÇÃO ACESSIBILIDADE – Fcac Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 891 Segundo Rocha et al.,2006 e Rocha et al.,2007, consideraram-se através dos perfis das trilhas obtido com o altímetro do GPS as classes de rampa média de 10 a 20% (grau médio) e de 20 a 100% (grau ruim). A fórmula proposta por Cifuentes (1992) multiplica por 1,5 os comprimentos de rampa ruim e por 1,0 os comprimentos de rampa média. O cálculo da inclinação (rampa) segue a expressão: ( ) ( ) ( ( ) ) ( ) ( ) ( ) FATOR DE CORREÇÃO PRECIPITAÇÃO Períodos chuvosos: novembro a março – 151 dias Precipitação média horas/dia = 5h 892 Hl = Horas de chuva limitante por ano Ht = Horas por ano em que o parque se encontra aberto Calculando Hl = 5 (horas de variação pluviométrica) x 151 (dias de período chuvoso) = (Hl = 755) Ht = 9 (total de horas funcionamento do parque por dia) x 365 (dias do ano) = (Ht = 3285) ( ) FATOR DE CORREÇÃO ALAGAMENTO – FCAL Ma = Metros da trilha com problema de alagamento Mt = Metros totais da trilha Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 ( ) FATOR DE CORREÇÃO BRILHO SOLAR – Fcsol Hsl = Horas de sol limitantes por ano (1737) Ht = 9 (total de horas de funcionamento do parque por dia) x 365 (dias ano) = (Ht = 3285) Ms = Metragem da trilha sem cobertura vegetal = (Ht = 894) Mt = Metragem total da trilha 1681 ( ) FATOR DE CORREÇÃO RAÍZES EXPOSTAS – Fcraiz Mraiz = Metros da trilha com a ocorrência de raízes expostas Mt = Metragem total da trilha 893 ( ) CALCULO DA CAPACIDADE DE CARGA REAL – CCR ( ( ) ) ( ) ( ) CAPACIDADE DE MANEJO – CM O método considera as variáveis pessoas (funcionários), equipamentos (utilizados nas atividades de manejo) e infra-estrutura (intervenções antrópicas – pontes, corrimãos, abrigos, entre outros) para o cálculo, classificando como insatisfatório (0), pouco satisfatório (0,25), satisfação média (0,5), satisfatório (0,75) e muito satisfatório (1) Classificação: Insatisfatório (0), Pouco satisfatório (0,25), Satisfação média (0,5), Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Satisfatório (0,75) Muito satisfatório (1) Pontuação: Pessoal: (0,75) Infraestrutura: (1) Equipamentos: (0,75) ( ) CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA EFETIVA – CCE ( ) VISITANTES DIÁRIOS (VD) E ANUAIS (VA) ( ( ) ( ) ) ( 894 ) A relação visitas/visitantes/dia é estabelecida levando em consideração o tempo gasto para a realização do trajeto. Adotou-se nos cálculos o tempo que foi gasto na atividade de campo, ou seja, tal fator depende do preparo físico e do objetivo de cada visitante, podendo variar. Contudo este tempo representa uma média bem próxima dos dados apresentados como “duração estimada” pela divulgação do próprio PESB.O cálculo sem considerar o Fator de Correção Raízes Expostas resulta: CALCULO DA CAPACIDADE DE CARGA REAL – CCR ( ( ) ) ( ) ( ) CAPACIDADE DE MANEJO – CM ( ) CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA EFETIVA – CCE Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 ( ) ( ) ( ) VISITANTES DIÁRIOS (VD) E ANUAIS (VA) ( ) ( ) ( ( ) ( ) ( ) ( ) ) 4. Conclusão 5. A inclusão do Fator de Correção Raízes Expostas reduziu 24,5 % o número de visitantes diários de 151 VD para 114 VD. As raízes expostas são muito comuns em trilhas de parques situados no Bioma Mata Atlântica. O pisoteio contínuo pode diminuir as espécies vegetais existentes nas trilhas levando muitos indivíduos arbóreos ao declínio prematuro. O manejo destas trilhas com construção de passarelas suspensas, aumento da camada de solo de forma a proteger as raízes, manutenção dos sistemas de drenagem e outras iniciativas devem ser buscadas na tentativa de preservar as espécies vegetais nas trilhas e margens de trilhas. Os benefícios ecológicos da vegetação são diversos, atraindo a fauna, armazenando, absorvendo e transpirando água (influência no ciclo hidrológico), atenuando as precipitações sobre o solo (reduz erosão) e fornecendo um bem estar ao caminhante que busca a integração com a natureza. A capacidade de carga é um instrumento de gestão que precisa ser adotado pelos gerentes dos parques. Estes trabalhos feitos com base em Geoprocessamento constituem-se inventários de ocorrências que devem ser utilizados pelos gestores para recuperação de trechos com problemas. O monitoramento de indicadores de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 895 impacto deve complementar as metodologias de capacidade de carga de forma a se ter periodicamente um diagnóstico atualizado da situação das trilhas. Outras pesquisas com utilização de mais fatores de correção ou propostas de novas metodologias devem ser desenvolvidas para que se tenha maior confiabilidade na análise destes ambientes. 6. Bibliografia CIFUENTES, M. Determinación de Capacidad de Carga Turística em Áreas Protegidas. Centro Agronômico Tropical de Investigación y Ensenãnza CATIE, Turrialba, Costa Rica, 1992. COSTA, F. A. P. L. Efeitos negativos do ecoturismo. Universidade On-line de Viçosa - UOV. 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B.; HOLDERBAUM, L. S. ; SILVA, T. M. Análise Ambiental de Capacidade de Carga Antrópica no Roteiro Travessia PetrópolisTeresópolis no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, RJ. In: VIII Encontro de Pesquisadores do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, 2010, Teresópolis, RJ, ICMBIO, 2010a. VERONESE, J. V. Análise de fragmentos florestais e proposição de corredores ecológicos com base no código florestal – lei 4.771/65: aplicação na Serra do Brigadeiro – MG. Monografia (Especialização em Análise Ambiental). Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2009. VIANA, F. M. F. Análise Ambiental da Capacidade de Carga antrópica na trilhas do Circuito janela do céu – Parque Estadual do Ibitipoca, MG. Monografia (Especialização em Análise Ambiental). Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2008. VIANA, F. M. F. Indicadores biológicos, físicos e sociais de impacto ambiental: caracterização e aplicação para as trilhas do Parque Estadual do Ibitipoca, MG – Brasil, 2010. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ecologia) - Universidade Federal de Juiz de Fora.Juiz de Fora, 2010. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 897 Agradecimentos Ao Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF) por fornecer licença para pesquisa. Aos funcionários do PESB pelo apoio logístico para os trabalhos de campo; a UFJF pela bolsa de iniciação científica do Programa BIC; aos organizadores do II CNPMT; aos pesquisadores do Grupo NAGEA/UFJF pelo trabalho contínuo iniciado desde 2005 com reflexões, propostas e discussões presentes em diversos trabalhos realizados e que alimentam a continuação desta caminhada em busca de uma metodologia mais eficaz que propicie a sustentabilidade das nossas trilhas. 898 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos PLANTAS EXÓTICAS INVASORAS EM TRILHAS NO MORRO DAS ANDORINHAS, NITERÓI, RJ, BRASIL Davi Nepomuceno da Silva Machado7 Ana Angélica Monteiro de Barros8 Leonor de Andrade Ribas9 Resumo Palavras-chave: Invasão biológica; Mata Atlântica, Afloramento rochoso. As espécies exóticas invasoras configuram mundialmente a segunda causa de perda de diversidade biológica, assumindo o primeiro lugar quando ocorrem em unidades de conservação de proteção integral. O trabalho visa à avaliação dos impactos da contaminação biológica causados por plantas exóticas invasoras no Morro das Andorinhas, Niterói, RJ. A análise foi realizada em vinte transectos de tamanho variando entre 20 e 50 m, dispostos adjacentes à trilha principal (Trilha das Andorinhas). Foi utilizado o método de interseção de linha, onde estas foram estendidas sobre a vegetação, sendo anotado o comprimento interceptado por cada espécie exótica ao longo do transecto. O material testemunho foi incorporado ao acervo do Herbário da Faculdade de Formação de Professores (RFFP). Os parâmetros fitossociológicos foram calculados com auxílio do programa Excel 97-2003. Foram registradas oito espécies de plantas exóticas invasoras pertencentes a cinco famílias. A família com maior riqueza foi Poaceae (três espécies), presentes principalmente, em áreas afetadas por incêndios frequentes como, por exemplo, Megathyrsus maximus (Jacq.) Simon & Jacobs (capim-colonião) (VI 29,43%). Phyllostachys aurea Rivière & C. Rivière (bambude-jardim) (VI 47,06%), entretanto, foi plantado por um morador numa área de afloramento rochoso que funciona como mirante, apresentando uma expansão agressiva nesse local. Destacaram-se Oeceoclades maculata (Lindley) Lindley (orquídea-de-solo) (VI 42,80%) e Agave americana L. (pita) (VI 47,08%), cujos 7 machado.davi@hotmail.com Biólogo, Bolsista PROATEC (CETREINA/UERJ). Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Faculdade de Formação de Professores – Departamento de Ciências – Grupo de Estudos Interdisciplinares do Ambiente. 8 angmb@uerj.br Professora adjunta/pesquisadora. Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Faculdade de Formação de Professores – Departamento de Ciências – Grupo de Estudos Interdisciplinares do Ambiente. 9 leonorribas@hotmail.com Estudante de Doutorado. Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT/JBRJ), Instituto Brasileiro do Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 899 mecanismos de reprodução tem ampliado sua expansão para o interior da mata. A invasão por plantas exóticas introduzidas acidental ou propositalmente constitui um problema ambiental relevante, colocando em risco a diversidade presente neste local, bastante frágil, que abriga espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Resumen Palabras clave : invasión biológica ; Mata Atlántica , afloramiento rocoso. Las especies exóticas invasoras constituyen en todo el mundo la segunda causa de pérdida de la diversidad biológica, teniendo en primer lugar cuando se producen en las unidades de conservación de protección integral.El estudio tiene como objetivo evaluar los impactos de la contaminación biológica causada por las plantas exóticas invasoras en Morro das Golondrinas , Niterói , RJ. El análisis se realizó en veinte transectos tamaño que varía entre 20 y 50 m, dispuesto junto a la pista principal (Camino de las golondrinas). Se utilizó el método de la línea de intersección , donde se extendieron sobre la vegetación , y señaló la longitud interceptada por cada especie exóticas a lo largo del transecto. El testigo se incorporó a la colección del Herbario de la Facultad de Formación del Profesorado (RFFP ). Los parámetros fitosociologicos se calcularon utilizando el programa Excel 97-2003 . Se registraron ocho especies de plantas invasoras que pertenecen a cinco familias. La familia más rica era Poaceae (tres especies), presentes principalmente en las zonas afectadas por los incendios frecuentes, por ejemplo, Megathyrsus maximus (Jacq.) Simon & Jacobs (guinea) (VI 29,43 %). Phyllostachys aurea Rivière & C. Rivière (Bamboo-de-jardin) (VI 47,06 %), sin embargo, fue plantado por un residente en un área de afloramiento rocoso que sirve de mirador , con una expansión agresiva allí. Se destacaron Oeceoclades maculata (Lindley) Lindley (orquídeas de tierra) (VI 42,80 %) y Agave americana L. (Pita) (VI 47,08 %), cuyos mecanismos de la reproducción ha ampliado su expansión en el bosque. La invasión por plantas exóticas introducidas accidentalmente o deliberadamente es un importante problema ambiental , poniendo en peligro la diversidad presente aquí, muy frágil , que alberga especies endémicas y en peligro de extinción. 1. Introdução As florestas tropicais cobrem apenas 7% da superfície emersa da Terra, contudo, justamente nesse ambiente é que estão contidas mais da metade da biota global. Mesmo com sua indiscutível importância, essas florestas estão sendo destruídas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 900 tão velozmente que seu desaparecimento poderá levar centenas de milhares de espécies à extinção (WILSON, 1988). O Brasil detém entre 15 a 17% da riqueza de espécies da flora mundial (FORZZA et al., 2010), estando inserido no grupo dos cinco países com maior cobertura vegetal e abrigando a maior extensão de floresta tropical continua (FAO, 2010). Dentre essas, a Mata Atlântica representa o bioma com maior diversidade biológica do planeta, constituindo um mosaico de várias formações florestais e ecossistemas associados (BRASIL, 2008). MYERS et al. (2000) inseriu a Mata Atlântica entre os 25 hotspots existentes na época, sendo que atualmente somam-se 34 (MITTERMEIER et al., 2004). Isso se deve ao intenso processo de fragmentação da floresta para uso agrícola e urbano. Entretanto, na atualidade a invasão biológica vem contribuindo de forma decisiva para ampliar esse estado de degradação. No estado do Rio de Janeiro os remanescentes florestais somam uma área total de cerca de 680.000 hectares, distribuídos em aproximadamente 270 unidades de conservação (UCs), que se encontram sob grande pressão de antrópica, seja interna ou externa no seu entorno (ROCHA et al., 2003; UZÊDA et al., 2009). Um dos fatores que agravam essa degradação é a contaminação biológica por plantas exóticas, que configuram a segunda causa de perda de biodiversidade mundial, sendo nas UCs de proteção integral considerada a primeira (CATHARINO & SILVA, 2007). Define-se uma espécie como exótica quando a mesma é levada, intencional ou acidentalmente a um ambiente onde não tinha ocorrência histórica, seja de um país para outro ou dentro do próprio país, mas entre áreas heterogêneas, podendo ali tornar-se invasora. Nesse processo pode se naturalizar e formar novas populações, independentemente da intervenção humana. As espécies que se estabelecem, passam por várias fases até serem consideradas invasoras: fase de introdução, quando saem de sua área de distribuição natural e chegam a um novo ambiente; fase de estabelecimento, quando se adaptam e começam a se reproduzir, garantindo a sustentabilidade de suas populações e iniciam o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 901 processo de invasão, quando os mecanismos de dispersão lhes permitem expandir-se além do ponto de introdução e exercer dominância sobre as espécies nativas (ZILLER & DECHOUM, 2007). Algumas características da planta favorecem a contaminação biológica, permitindo o estabelecimento e disseminação das espécies, tais como: reprodução acelerada por ausência de predadores; competição pelos recursos locais com espécies nativas; ótima colonização, principalmente em ambientes perturbados; apresentam rápido período juvenil e diminuto intervalo entre grandes produções de sementes; beneficiam-se de polinizadores e dispersores bióticos do local invadido (PETENON, 2006). Dessa forma, o deslocamento humano em busca de novos territórios teve como consequência a introdução de diversas espécies com essas características fazendo com que várias se tornassem quase indispensáveis à subsistência de muitas sociedades (OLIVEIRA & MACHADO, 2009). Assim, as primeiras translocações de espécies de uma região para outra tiveram a intenção de suprir necessidades agrícolas, florestais e outras de uso direto (ZILLER, 2001). Dois decretos reais, datados do início do século XIX, ofereciam prêmios e isenções de impostos a todos que introduzissem em no país plantas de valor econômico (DEAN, 1996). Em consequência dessas ações, a dominância exercida pelas plantas exóticas invasoras está se mostrando um fenômeno tão agressivo que alguns estudos já apontam para um segundo processo que acarreta a homogeneização da flora mundial. Está se estabelecendo um lento movimento de globalização ambiental, intrinsecamente ligado às mudanças climáticas, que leva a exclusão e extinção de espécies, perda direta de diversidade biológica e, consequente, descaracterização da estrutura dos ecossistemas (MATOS & PIVELLO, 2009). Dessa forma, a Convenção da Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário, estabeleceu um alerta para “impedir que se introduzam, controlar e erradicar espécies exóticas que ameacem os ecossistemas, habitats ou espécies” (MMA, 2000). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 902 São escassos os estudos que enfocam as áreas de afloramentos rochosos e, mais insipientes ainda, os que correlacionam essas áreas com as invasões biológicas, o que ressalta a necessidade de trabalhos nessa vertente (BARROS & MACHADO, 2012). Assim, o objetivo desse trabalho é avaliar os impactos da contaminação biológica causados por plantas exóticas invasoras em trilhas adjacentes a trilha principal do Morro das Andorinhas. 2- Área de estudo O Morro das Andorinhas (196 msm) encontra-se localizado na Região Oceânica do município de Niterói, RJ, separando os bairros de Itaipu e Itacoatiara (Fig. 1). O nome é uma referência a uma gruta localizada no seu topo, onde as andorinhas se refugiam de predadores naturais e de mudanças climáticas. É considerado ponto de observação de pesca, onde pescadores artesanais avistam os cardumes e se tem boa percepção do mar (LEITE, 2003). Essa região foi incluída pela Lei Estadual nº 5079 de 03 de setembro de 2007 no Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) (BARROS, 2008). Também faz parte da Área de Proteção Ambiental das Lagunas e Florestas de Niterói e da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica homologada pela UNESCO em 10 de outubro de 1992 (BARROS & GARCEZ, 2003). Figura 1: Localização do Morro das Andorinhas, na Região Oceânica do município de Niterói (RJ). Imagem Google Earth (2013). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 903 O Morro das Andorinhas é um inselberg da porção litorânea da Serra do Mar entre as restingas de Itaipu e Itacoatiara, constituindo um conjunto com formação geológica de gnaisse facoidal com as Ilhas do Pai, Mãe e Menina. Essas formações recebem o nome de mendip ou inselberg, expressão de origem alemã (insel, ilha e berg, montanha), que se refere a afloramentos rochosos em montanhas, normalmente monolíticas, de granito ou gnaisse de origem PréCambriana (POREMBSKI et al., 2002). Ecologicamente funcionam como ilhas terrestres com a rocha exposta rodeada por vegetação arbóreo-arbustiva (POREMBSKI, 2007). De forma análoga equivalem as ilhas oceânicas por apresentarem multiplicidade de formas, tamanhos e graus de isolamento (CONCEIÇÃO et al., 2007). Apresenta rochas com cerca de 600 milhões de anos, compreendidas nas unidades geológicas gnaisse facoidal e Cassorotiba (PENHA, 1999), com presença de migmatitos, gnaisse granitóide e diques basálticos (CUNHA & FRANCISCO, 1981). Os solos são do tipo alissolo crômico, luvissolo hipocrômico, neossolo litólico (MULTISERVICE, 1995), sendo a classificação adaptada de acordo com Zimback (2003). O tipo de formação florestal corresponde a Floresta Ombrófila Densa Submontana e vegetação de afloramento rochoso, segundo classificação do Serviço Florestal Brasileiro (2013), estando inserida no bioma Mata Atlântica (BARROS, 2008). Abriga um valioso patrimônio da diversidade florística e faunística fluminense como mostram os estudos de Araujo & Vilaça (1981), Sousa, Rezende & Souza (2003), Barros et al. (2004) e Barros (2008). Segundo a classificação de Köppen (KOTTEK et al. 2006), o clima é do tipo Aw, ou seja, quente e úmido, com estação chuvosa no verão e seca no inverno (maio e junho). Entre dezembro e janeiro ocorre intensa precipitação pluviométrica, correspondendo a 60% do total anual, porém não excede 171 mm/mês. A menor precipitação se dá nos meses de julho e agosto, quando fica abaixo de 60 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 904 mm/mês. A temperatura média é de 22oC, sendo janeiro e fevereiro os meses mais quentes e junho o mais frio (BARBIÉRE & COE-NETO, 1999). Atualmente, no topo do morro, vive uma comunidade tradicional de pescadores artesanais, cujo histórico de ocupação remonta ao século XIX. O português Leonel de Siqueira e a índia Agapita Dias de Gusmão se instalaram na área, sendo que seus descendentes moram até hoje no Morro das Andorinhas (LEITE, 2003). Estes se dedicavam à pesca artesanal e à agricultura de subsistência. Criavam animais como galinhas e porcos, além de cultivar mandioca, milho, feijão, batata, banana, abóbora, melancia, quiabo e café. Compravam de fora apenas sal, querosene e fósforo, segundo relato de antigos moradores. No Morro das Andorinhas também existem ocupações de média e alta classe nas partes mais baixas das encostas voltadas tanto para Praia de Itaipu, quanto para a Praia de Itacoatiara. São realidades distintas da população caiçara tradicional, que muitas vezes é hostilizada por esses moradores, tendo seus caminhos de pesca obstruídos pelos condomínios de luxo fechados (Village Itacoatiara na Rua das Orquídeas). Na vertente de Itaipu, com acesso pela Rua da Amizade, existe uma comunidade de baixa renda que não é considerada de pescadores tradicionais, mas sim posseiros que invadiram a área. E na Praia de Itaipu, o morro é ocupado por bares e antigas casas de pescadores associados à Colônia de Pesca Z-8. Contudo, muito descaracterizadas, uma vez que boa parte foi vendida para terceiros. A atual situação ambiental do Morro das Andorinhas é resultante do processo histórico da ocupação da Região Oceânica de Niterói (BARROS & MACHADO, 2012). 3. Metodologia O mapeamento das plantas exóticas foi realizado em 20 transectos adjacentes à trilha principal (Trilha das Andorinhas), sendo que o tamanho variou entre 20 e 50 m. A escolha dos pontos amostrados baseou-se numa avaliação prévia da trilha principal onde foi detectada a presença de espécies exóticas. Foi utilizado o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 905 método de interseção de linha (CANFIELD, 1941), onde foram estendidos transectos sobre a vegetação e anotado o comprimento de linha interceptado por cada espécie exótica presente. Os parâmetros fitossociológicos foram calculados com auxílio do programa Excel 2010, sendo o valor de importância das espécies resultante dos parâmetros de dominância e frequência (BROWER & ZAR, 1984). O material testemunho fértil foi coletado para registro de ocorrência, segundo técnicas usuais em botânica (GUEDES-BRUNI et al., 2002), exceto Dracaena marginata Hort. que não foi coletada pois estava estéril. As espécies foram identificadas através de bibliografia especializada e consulta aos especialistas do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A listagem das espécies foi organizada segundo o APG III (2009) e Souza & Lorenzi (2012). A grafia dos nomes das espécies foi confirmada com auxílio do banco de dados disponível na internet The Plant List (2010). O material testemunho encontra-se depositado no Herbário da Faculdade de Formação de Professores (RFFP), com duplicatas no Herbário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB). 4. Resultados e discussão Nas trilhas adjacentes a trilha principal do Morro das Andorinhas foram registradas oito espécies exóticas invasoras pertencentes a cinco famílias (Tabela 1). A família mais representativa foi Poaceae (3 spp.), totalizando cerca 40% das espécies registradas. A principal forma de crescimento foi erva, seguida de arbusto. Tabela 1: Lista de plantas exóticas potencialmente invasoras registradas nos transectos do Morro das Andorinhas, Itaipu, Niterói, RJ. FAMÍLIA ESPÉCIE ASPARAGACEAE Agave americana L. Dracaena marginata NOME ORIGEM POPULAR Sisal, pita América do Norte Dracena- HÁBITO Erva COLETO R DNS Machado 64 Madagascar Arbusto Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 906 Hort. COMMELINACEAE Tradescantia zebrina Bosse tricolor Zebrina LAMIACEAE Plectranthus barbatus Andrews Falsoboldo ORCHIDACEAE Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. Megathyrsus maximus (Jacq.) Simon & Jacobs Melinis repens (Willd.) Zizka Phyllostachys aurea Rivière & C. Riviere POACEAE América Central e México Índia Erva Orquideade-solo África Erva Capimcolonião África Erva Capimfavorito África Erva Bambude-jardim Ásia Erva Erva DNS Machado 02 DNS Machado 72 DNS Machado 98 DNS Machado 333 DNS Machado 97 DNS Machado 93 Fonte: Dados tabulados pelos autores. O trabalho realizado por Barros & Machado (2012) ao longo da trilha principal nessa mesma localização utilizando a metodologia de ponto transecto, mapeou um número maior de espécies (14 spp.). Contudo quatro não foram observadas no referido mapeamento, sendo detectadas em locais adjacentes no presente estudo (Dracaena marginata Hort., Melinis repens (Willd.) Zizka, Phyllostachys aurea Rivière & C. Riviere e Plectranthus barbatus Andrews). Em ambos os levantamentos foi registrada a presença de Tradescantia zebrina Bosse, incluída por Zenni & Ziller (2011) entre as principais espécies exóticas invasoras brasileiras com hábito herbáceo em florestas costeiras da Serra do Mar. As principais espécies em valor de importância (VI) registradas foram Agave americana L. (sisal, pita), Phyllostachys aurea Rivière & C. Riviere (bambu-dejardim), Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. (orquídea-de-solo), Megathyrsus maximus (Jacq.) Simon & Jacobs (capim-colonião) e Tradescantia zebrina Bosse (zebrina) (Tabela 2). Excetuando P. aurea, as demais espécies também foram detectadas por Barros & Machado (2012) no mapeamento realizado na trilha Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 907 principal, o que sugere que estão se alastrando para o interior da floresta. Essas trilhas foram criadas por pescadores em busca de pontos de observação de pesca nas áreas de afloramento rochoso (mirantes) ou ainda por moradores que procuram plantas com algum uso específico. Tabela 2: Parâmetros fitossociológicos das espécies exóticas potencialmente invasoras registradas nos transectos do Morro das Andorinhas, Itaipu, Niterói, RJ, apresentados em ordem decrescente de valor de importância (VI). F = frequência, FR = freqüência relativa (%), IC = índice de cobertura, RC = dominância relativa. ESPÉCIE Agave americana L. FAMÍLIA ASPARAGACEA E Phyllostachys aurea RivièrePOACEAE & C. Riviere Oeceoclades maculata ORCHIDACEAE F 11 FR 25,0 1 2,3 18 40,9 Megathyrsus maximus (Jacq.) Simon & Jacobs Tradescantia zebrina Bosse Melinis repens (Willd.) Zizka Plectranthus barbatus Andrews Dracaena marginata Hort. POACEAE 3 6,8 COMMELINACE AE POACEAE 6 13,6 1 2,3 LAMIACEAE 3 6,8 ASPARAGACEA E 1 2,3 IC 2,86 % 5,79 % 0,24 % 2,92 % 0,05 % 0,90 % 0,10 % 0,07 % RC 22,08 VI 47,08 44,79 47,06 1,89 42,80 22,61 29,43 0,37 14,01 908 6,93 9,20 0,80 7,62 0,53 2,81 Fonte: Dados tabulados pelos autores. Poaceae se destacou no presente estudo como a família com maior riqueza de espécies, a maioria com origem no continente africano. No século XVIII muitas gramíneas de origem africana já eram registradas próximas à cidade do Rio de Janeiro, sendo grande parte delas coletadas pela primeira vez no Brasil e a partir daí foram descritas para ciência (DEAN, 1996). Martins (2011) destaca algumas características que contribuem para o comportamento invasor apresentado pelas espécies desta família como metabolismo C4, sendo adaptadas para colonizar áreas abertas e ensolaradas; alta eficiência fotossintética, o que aperfeiçoa a utilização dos nutrientes e favorece a colonização de solos menos férteis; altas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 taxas de crescimento, rebrotamento e regeneração, tolerarem bem o desfolhamento e a herbivoria; ciclo reprodutivo rápido, além de produzirem sementes com alta viabilidade, algumas podem se reproduzir por touceiras, onde pequenos propágulos são suficientes para garantir a rebrota do indivíduo. O capim-colonião (Megathyrsus maximus (Jacq.) Simon & Jacobs) foi introduzido no Brasil com fins comerciais de forrageamento (OLIVEIRA & SILVA, 2011), contudo tornou-se um sério problema ambiental, pois em determinadas épocas do ano, quando a temperatura atmosférica aumenta, pode levar a incêndios descontrolados, como já foi observado no Morro das Andorinhas (BARROS & MACHADO, 2012). Em áreas com vegetação de afloramento rochoso isso representa a eliminação de espécies nativas, que por si só são extremamente frágeis. Dentro do PESET, situação similar a esta foi evidenciada na área de afloramento rochoso no vale da Enseada do Bananal, onde parte da floresta foi destruída por incêndios, sendo posteriormente substituída pelo capimcolonião (BARROS, 2008). Também Meirelles (1990), ao realizar estudo em ilhas de solo de 12 áreas de afloramento rochoso no estado do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, constatou em cinco delas a presença dessa espécie, resultado de incêndios que ocorriam com frequência nessas áreas. O bambu-de-jardim (Phyllostachys aurea Rivière & C. Riviere), originário da Ásia, ocupa uma significativa área de afloramento rochoso no Morro das Andorinhas num dos mirantes voltados para Praia de Itaipu, tendo sido plantado por um morador local como ornamental. Atualmente expandiu-se sem controle, competindo com as espécies nativas. Na Reserva Biológica do Alto da Serra de Paranapiacaba, no Planalto da Serra do Mar, em Santo André (SP), essa espécie foi introduzida para conter o processo erosivo em área de relevo acidentado, tornando-se bastante agressiva no local e alastrando-se para as proximidades da Rodovia SP-122 e da ferrovia local (PASTORE et al., 2012). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 909 O capim-favorito, Melinis repens (Willd.) Zizka desenvolve-se bem em solos arenosos e ácidos, tolerando períodos secos e dessa forma compete agressivamente com espécies nativas (KISSMANN, 1997). Foi mapeado em locais planos e bordas de trilhas próximas a afloramentos rochosos com bastante incidência luminosa e, geralmente, onde estão gramíneas ruderais e outras espécies também exóticas. Meirelles (1990) revelou a presença desta espécie em todas as 12 áreas de afloramento rochoso inventariadas, sempre associado com perturbações causadas pelo fogo nessas áreas. A orquídea-de-solo (Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.) foi descrita pela primeira vez a partir de uma coleta feita no Brasil, entre os anos 1820 e 1830, sem localização precisa. Entretanto, sua posição atual no gênero Oeceoclades reforça a discussão sobre sua introdução, visto ser a única espécie do gênero que existe fora da África, Madagascar e várias pequenas ilhas adjacentes (COHEN & ACKERMAN, 2009). Acredita-se que tenha sido introduzida com fins ornamentais e ritualísticos (OLIVEIRA & SILVA, 2011), sendo que no Brasil encontra-se amplamente distribuída, ocorrendo em vários tipos de vegetação (UENO, 2013). Essa espécie, embora de pequeno porte, foi a mais frequente na amostragem, demonstrando uma ocorrência preocupante nos transectos mapeados. Situação similar a esta foi relatada por Garcia-Gonzalez & Marquez (2011) no estudo sobre a família Orchidaceae na Reserva da Biosfera Serra do Rosário (RBSR), localizada no leste de Cuba. Foi verificada a expressiva abundância de espécies dessa família na região. Dentre essas, O. maculata tem significativa ocorrência nos pontos estudados, sendo registrada pela primeira vez a pouco mais de duas décadas nesse país e atualmente já está presente em todas as formações florestais. O mesmo foi verificado em estudo realizado nas Montanhas Luquillo, em Porto Rico, onde a espécie ocupa áreas mais perturbadas e também aquelas com impacto antrópico menor. Observou-se que onde esta era mais abundante, orquídeas nativas eram menos comuns (COHEN & ACKERMAN, 2009). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 910 O sisal (Agave americana L.) e a dracena-tricolor (Dracaena marginata Hort.) são Asparagaceae, família que reúne espécies amplamente utilizadas como ornamentais e ritualísticas. O gênero Agave é muitas vezes confundido com o gênero Furcraea, devido a difícil delimitação taxonômica e carência de estudos botânicos para a família. Agave é muito importante economicamente, não só pelo uso ornamental, mas também por ser fonte para produção de fibras. A agaveicultura é uma atividade econômica relevante em algumas regiões do semiárido nordestino, sendo o Brasil o maior produtor e exportador de fibras de sisal, cujos usos abrangem desde o doméstico ao industrial (NETO, 2012). Também é utilizado como fitoterápico por apresentar atividades antiinflamatória e analgésica (NETO, 2012), além da possível utilização como inseticida contra larvas de mosquitos dos gêneros Aedes e Culex (PIZARRO et al., 1999). Agave americana L. no Morro das Andorinhas ocupa muitas áreas de afloramento rochoso, seja em locais planos no interior da mata e/ou onde a declividade é elevada, suportando bem a condições de extrema incidência luminosa e estresse hídrico. Compete com as espécies nativas e endêmicas ameaçadas de extinção que só ocorrem nesses locais. Além disso, sua inflorescência de grande porte atingir alguns metros de altura, sendo que no período de frutificação forma numerosos bulbilhos nas suas extremidades com alto poder de propagação. Esses propágulos se espalham por uma considerável área ao seu redor, gerando novos indivíduos dessa espécie. A zebrina (Tradescantia zebrina Bosse) é espécie herbácea rasteira, muito utilizada como ornamental e foi mapeada nas bordas das trilhas, principalmente em áreas sombreadas. Reproduz-se por meio de propágulos e tem crescimento vegetativo, espalhando-se e formando extensos “tapetes”. O falso-boldo (Plectranthus barbatus Andrews) é um arbusto, cujas folhas têm propriedades medicinais e são utilizadas para aliviar males do fígado e problemas de digestão (LORENZI, 2008). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 911 Estas espécies, empregadas em diversos usos, refletem a introdução devido à proximidade de algumas residências, a exemplo do observado por Ribas et al. (2010) no Parque Estadual da Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ. 5. Conclusão O presente trabalho, somado ao de Barros & Machado (2012), representa um diagnóstico e mapeamento da invasão biológica por espécies vegetais exóticas em área de afloramento rochoso com floresta estabelecida em solo raso. O Morro das Andorinhas, parte de uma UC de proteção integral, representa uma ilha entremeada a matriz urbana, onde a presença de plantas exóticas invasoras em processo de expansão é extremamente preocupante em termos conservacionistas. A metodologia empregada pode ser utilizada como diagnóstico visando o manejo e remoção de plantas exóticas, permitindo concentrar esforços naquelas que apresentam maior potencial de invasão e modificação de ecossistemas naturais, concomitantemente levando a substituição por espécies nativas (BARROS & GARCEZ, 2003). O esclarecimento da população em geral e dos visitantes sobre o nativo e o exótico, além dos problemas acarretados pelas espécies invasoras é imprescindível para o êxito da recuperação e conservação da área natural remanescente. Agradecimentos A comunidade tradicional do Morro das Andorinhas por nos receber e dialogar conosco sobre sua vivência nessa área. Aos membros do Grupo de Estudos Interdisciplinares do Ambiente (GEIA) pelo auxílio nos trabalhos de campo, herborização do material coletado e sua posterior identificação e inclusão ao acervo do Herbário da Faculdade de Formação de Professores. A doutoranda da Escola de Botânica Tropical (ENBT/JBRJ) Barbara Toncic Neves pela Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 912 identificação das coletas da família Poaceae. Ao CETREINA/UERJ pela bolsa de Estágio Interno Complementar concedida ao primeiro autor. 6. Bibliografia APG III (ANGIOSPERM PROGRAM GROUP). An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. 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ISBN 978-85-88769-56-4 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos APLICAÇÃO DE CONCEITOS DE BIOENGENHARIA DE SOLOS PARA RECUPERAÇÃO DA TRILHA CIRCULAR – PARQUE NATURAL MUNICIPAL DA PRAINHA – PNMP / RIO DE JANEIRO/RJ Flávio Augusto Pereira Mello10 Resumo Palavras-chaves: Manejo de trilhas, bioengenharia, conservação de solo. Bioengenharia de solos, Engenharia biotécnica ou Engenharia Natural, são termos utilizados como sinônimos para a utilização de técnicas de combinação de elementos inertes como blocos de concreto, rochas, troncos, solos e plantas como estruturas para estabilização das estruturas, contenção de processos erosivos, estabilização de encostas, dentre outros, do modo a garantir a preservação da vegetação nessas estruturas e manter a estética destas. Estes conceitos foram então aplicados durante recuperação da trilha Circular do PNMP, no primeiro semestre de 2012. Com aproximadamente 735 metros e apesar da baixa altimetria, esta trilha se localiza em encostas elevadas e abruptas, com solo de profundidade variável, de forte a imperfeitamente drenados, de cores avermelhadas ou amareladas, com textura que varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre havendo aumento de argila do primeiro para o segundo, onde a forte diferença textural entre os horizontes A e Bt torna esses solos especialmente propensos à instalação de processos erosivos e de rápida resposta a estímulos como retirada da cobertura vegetal, cortes ou abertura de vias, entre outros, confirmada pela forte ocorrência de eventos erosivos ao longo da trilha. Para tanto em um ponto foi utilizando moirões de eucalipto tratado, rochas e restos de cimento de tubulação desativada, para reconstrução de um talude perdido e manutenção de canal central para condução da água de drenagem e revegetado com espécies locais e adquiridas. As intervenções foram capazes de estabilizar o processos erosivo e suportar as chuvas de verão (2012/2013) confirmando a eficiência das iniciativas. Resumen Palabras-clave: Manejo de senderos, Ingeniería Naturalisitica, conservación de suelos 10 infotrilhas@gmail.com Programa de Pós-graduação em Geografia / Universidade do estado do Rio de Janeiro - Campus Maracanã Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 920 Bioingeniería, Ingeniería biofisica o Ingeniería Naturalisitica, entre otros, son términos utilizados indistintamente para el uso de técnicas combinadas elementos inertes, tales como bloques de hormigón , rocas , estructuras de troncos , suelos y plantas para estabilizar y conservar pendientes y estructuras de contención de erosión y asegurar la vegetación para mantener la estética del mismo . Estos conceptos se aplicaron durante la recuperación del sendero Circular en el primer semestre de 2012. Con cerca de 735 metros, estan localizada en baja altitud, pero se encuentran en pendientes altas y abruptas , con suelos de profundidad variable , de fuerte a imperfectamente drenados , rojizo o amarillento , con textura que van desde la arena a la arcilla en el horizonte y medio a muy arcillosos en el horizonte Bt , siempre con el aumento de la arcilla de la primera a la segunda , donde la fuerte diferencia de textura entre la a y horizontes Bt hace que estos suelos especialmente propensos a la instalación de la erosión y la rápida respuesta a los estímulos tales como la eliminación de los vegetación , cortes o caminos abiertos, entre otros, confirman la fuerte incidencia de los eventos erosivos en el camino. Em este sendero,en de los puntos fué tratado con conceptos de bioingenieria, a traves de la utilización de postes de cerca de eucalipto, piedras y resíduos de tuberia de hormigon armado de una captación de agua desabilitada cerca. Estos materiales fueran utilizados para la reconstrucción de una pendiente y um canal central de mantenimiento para conducir el agua de drenaje y revegetada con especies locales y adquiridas. La intervencions fue capaz de estabilizar la erosión y soportar las lluvias de verano (2012/2013) que confirmó la eficacia de la iniciativa. 1. Introdução Em termos de paisagem, a trilha é uma intervenção linear definida a partir do corte raso da vegetação para o estabelecimento da zona de pisoteio (área útil efetivamente utilizada pelo usuário em seu deslocamento) e a área marginal de manejo, onde a vegetação é mantida controlada para evitar seu fechamento. Esse conjunto compõe o que se chama de “corredor” da trilha (MELLO & COSTA, 2012) e suas dimensões variam conforme o objetivo, perfil do visitante e zoneamento, onde as dimensões longitudinais e laterais podem atravessar diferentes ambientes naturais com limiares distintos de fragilidade, significando maior ou menor “área de sacrifício” do ambiente local. Funcionalmente as trilhas determinam o padrão de dispersão de concentração de usuários, possuindo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 921 grande importância estratégica no manejo do uso público em unidades de conservação. Nestes sentido, Barros (2003) ressalta que caminhadas, cavalgadas, esportes de aventuras, são atividades que potencializam os impactos negativos em trilhas. Para Gualtieri-Pinto et al (2008) a erosão nas trilhas de áreas protegidas abertas ao uso público pode afetar significativamente ambientes ecológicos, sociais e administrativos; sendo um tipo de impacto que merece maior atenção dos gestores dessas áreas naturais; referindo diversos autores que destacam o as alterações no solo em áreas naturais de recreação como o principal impacto resultante do pisoteio e uso de veículos como bicicletas, motocicletas. Estes impactos se traduzem em compactação e mudanças na estrutura do solo, perdas na serrapilheira e no conteúdo de húmus, com redução nas taxas de infiltração, aumento do escoamento hídrico superficial, e aumento de processos erosivos. Além disso, com mudanças nas propriedades físicas, o pisoteio pode levar a mudanças na biologia e na química do solo. Os macro e microhabitats do solo e da serrapilheira alterados resultam em importantes mudanças na composição das espécies da microflora e da fauna do solo. De fato, os eventos erosivos em trilhas são extremamente comuns e decorrem muitas vezes de erros e restrições de planejamento estabelecidas pela necessidade de se alcançar determinado atrativo, sem os recursos técnicos e materiais necessários; fato que também incidem nas práticas de recuperação e manutenção destes equipamentos. Ressalta-se que a mobilização de recursos materiais em trilhas é complexa e trabalhosa e exige não raro o transporte de material, podendo ser limitado de acordo com a capacidade física dos carregadores (funcionários, voluntários, contratados), e assim comprometendo as ações de manutenção e recuperação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 922 Deste modo, a utilização de recursos locais constituem muitas vezes em fator determinante da viabilidade técnica das ações a serem efetivadas. Observa-se ainda que nas unidades de conservação nacionais, não raro percebe-se também a baixa participação e capacitação do voluntariado de usuários nestas atividades, que poderiam otimizar os esforços das equipes locais além de seu papel como ferramenta de educação ambiental e exercício da cidadania. Cabe destacar ainda, que de modo geral, os manuais de manutenção de trilhas usuais, tendem a se concentrar em abordagens mais simples, que embora essenciais para a manutenção das trilhas em limiares aceitáveis, não contemplam, estratégias de conservação e intervenção a longo prazo ou para eventos maiores e mais complexos de acidentes erosivos expressivos com formação de degraus e sulcos por exemplo, que podem requer aporte considerável de material e trabalho para sua mitigação. Estes aspectos envolvendo recuperação e mitigação de impactos em ambientes locais somadas as dificuldades operacionais, apontam para o uso da Bioengenharia como opção a ser considerada, cujo princípio básico compreende a utilização de elementos inertes como concreto, madeira, aço e fibras sintéticas em sinergismo com elementos biológicos como a vegetação no controle da erosão (Couto et al., 2010). Para o autor, dentre as vantagens do uso de tecnologias baseadas na bioengenharia dos solos, destacam-se: a) Menor requerimento de maquinário: as técnicas de bioengenharia de solos podem ser classificadas como trabalho-técnico intensivas, em oposição à engenharia convencional, predominantemente energético-capital intensivas. Por conseguinte, requerem maior utilização de mão-de-obra e têm custo final comparativamente menor, oferecendo ainda maior retorno social, já que além de utilizar maior quantidade de mão-de-obra braçal ela requer menor qualificação do que as práticas tradicionais de engenharia civil. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 923 b) Utilização de materiais naturais e locais: madeira, pedras, compostos orgânicos, dentre outros, reduzem os custos de transporte, além de gerarem diversos outros benefícios locais. c) Relação custo/benefício: as técnicas de bioengenharia de solos apresentam, na maioria das vezes, uma relação custo/ benefício melhor do que as técnicas tradicionais de engenharia. d) Compatibilidade ambiental: as técnicas de bioengenharia de solos geralmente requerem a utilização mínima de equipamentos e da movimentação de terra, o que ocasiona menor perturbação durante a execução das obras de proteção de taludes e controle de erosão. Além disso, são atributos favoráveis em áreas sensíveis, como parques, reservas naturais, áreas ripárias e corredores naturais, onde a estética constitui fator de grande importância, fornecendo ainda habitat para a fauna nativa, restauração ecológica e conforto ambiental. e) Execução em locais de acesso precário ou inexistente: em locais de difícil acesso, ou inacessíveis para o maquinário, as técnicas de bioengenharia de solos podem constituir a única alternativa viável para a execução de obras de proteção de taludes e controle de erosão Deste modo, as aplicações práticas e conceituais da Bioengenharia se mostram extremamente adequadas à manutenção e recuperação de trilhas, sobretudo em áreas protegidas, considerando aspectos como menor requerimento de maquinário e mão de obra qualificada, utilização de materiais naturais e locais, compatibilidade ambiental podendo fornecer habitat para a fauna nativa, restauração ecológica e conforto ambiental; execução em locais de acesso precário ou inexistente e sobretudo relação custo/ benefício melhor do que as técnicas tradicionais de engenharia convencional. 2. Contextualização Conforme referencias do plano de manejo da unidade, o Parque Natural Municipal da Prainha está localizado no município do Rio de Janeiro, inserido na Área de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 924 Proteção Ambiental da Prainha, com área aproximada de 157,08 hectares, ambos sob tutela da Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro – SMAC, sendo que à Gerência de Gestão de Unidades de Conservação (GUC) possuindo áreas sobrepostas ao Parque Estadual da Pedra Branca (acima da cota 100 metros de altitude). 925 Figura 1 Localização do Parque Natural Municipal da Prainha no município do Rio de Janeiro. Fonte: Detzel Consulting, 2011. Confronta-se e limita-se respectivamente: ao sul com a APA da Orla Marítima; ao norte por uma linha reta imaginária traçada para a esquerda e para a direita, a partir do topo do Morro da Boa Vista; a oeste com a APA de Grumari; e a leste com o Recreio dos Bandeirantes. A UC é constituída por uma área de aproximadamente 126,30 hectares, o parque é cercado pelas cumeeiras dos morros do Caeté e da Boa Vista e a Pedra dos Cabritos. Nessa área se localiza a praia que dá nome à UC, praia da Prainha, ou Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 simplesmente Prainha. O parque engloba ecossistemas de restinga, costão rochoso, praia arenosa, alagados e floresta ombrófila densa submontana. Morro do Caeté Morro da Pedra dos Cabritos Figura 2 PNM da Prainha e elevações adjacentes. Fonte: http://www.viajarpelomundo.com/2009/06/ 926 O PNM da Prainha encontra-se em parte de um maciço com geometria semicircular, vertentes de forte inclinação que compõem o Morro da Pedra dos Cabritos, o Morro Boa Vista e o Morro do Caeté, formados por gnaisses da Unidade Rio Negro, granitos indiferenciados da Unidade Rochas Graníticas e depósitos recentes da Unidade Sedimentos Quaternários, apresentando altimetrias que variam entre o mínimo de zero m e máximo de 435 m, predominando as cotas acima de 100m, com ocorrência significativa de cotas entre 30 e 100m e ocorrência menos expressiva de cotas inferiores a 30m, apresentando declividades que variam entre 0 o e 81o, com ocorrência significativa nos valores 15,1 -25° e 25,1 a 45° valor médio de 20,5o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 3 Mapa hipsométrico do PNM de Grumari e PNM da Prainha. Fonte: Detzel Consulting, 2011. Modificado pelo autor 927 Figura 4 Mapa clinográfico do PNM de Grumari e PNM da Prainha. Fonte: Detzel Consulting, 2011. Modificado pelo autor Prevalecem a ocorrência de argissolos como categoria PVAe5, representando a associação argissolos vermelho-amarelo eutrófico câmbico ou típico + argissolo amarelo eutrófico saprolítico ou abrúptico, ambos de textura média/argilosa, ocorrendo também neossolos quartzarênico como categoria RQg, representando Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 uma associação de neossolo quartzarênico hidromórfico êutrico ou típico, espodossolos como categoria ESKg2, representando uma associação de espodossolo ferrihumilúvico hidromórfico típico ou dúrico, e ainda afloramentos de rocha e as praias. De acordo com as avaliações efetuadas pela Embrapa (2004) referidas no plano de manjo, os argissolos que ocorrem no PNM da Prainha apresentam grau de limitação forte ou muito forte relacionado com suscetibilidade à erosão, uma vez que apresentam caráter câmbico ou saprolítico em relevo forte ondulado. Segundo a classificação de Koppen, a UC está incluída na região delimitada como subtipo Aw, clima tropical com uma estação seca em que a precipitação média mensal é inferior a 60 mm em pelo menos um mês por ano, na época de Sol mais baixo e dias mais curtos (inverno). A UC situa-se majoritariamente na faixa de precipitação de 1.001 a 1.200 mm, com valores de 1.201 a 1.400 mm nas áreas elevadas, com uma insolação na faixa entre 1.800 h e 2.000 h por ano. As temperaturas médias mínimas variam entre 18°C e 20°C, enquanto as temperaturas médias máximas situam-se entre 27°C e 29°C, com temperaturas médias anuais entre 22°C e 24°C. O PNM da Prainha está incluído integralmente na região da Floresta Ombrófila Densa ou floresta atlântica, notadamente representada pela sua formação submontana (10 a 500 m s.n.m.), com áreas de Formações Pioneiras marinhas (restingas), entremeada por áreas de Refúgios Vegetacionais (campos e vegetação rupestre) nos costões rochosos e nas porções mais íngremes do parque. Na floresta que recobre o chamado anfiteatro da Prainha, formado pelos morros do Caeté e da Boa Vista e pela Pedra dos Cabritos, verifica-se espécies arbóreas como Guarea guidonea (Meliaceae) carrapateira, as moráceas Ficus guaranitica, F. clusiaefolia e F. gomelleira -, as figueiras, Piptadenia gonoacantha (Fabaceae) - pau-jacaré, Gallesia integrifolia (Phytolaccacea) - pau-d’alho, Cedrela fissilis (Meliaceae) - cedrinho, e Cecropia lyratiloba (Urticaceae), a embaúba, entre outras. Destaca-se a ocorrência de 26 espécies da família Orchidaceae, incluindo as espécies Cattleya forbesii e C. guttata, citadas na Lista de Espécies Ameaçadas para o município do Rio de Janeiro. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 928 3. Metodologia e discussão Os exemplos de intervenção em trilhas utilizando conceitos de Bioengenharia de solos citados no presente trabalho ocorreram durante recuperação da Trilha Circular conduzidas pela SMAC entre dezembro de 2012 e julho de 2013 em evento erosivo localizados na distancia D415 metros (erosão no canal de drenagem), na altura do entroncamento com a trilha do Caeté, considerando o inicio da trilha a entrada próxima à sede. 929 Local da intervenção: D 415 Figura 05: Mapa de localização das seções de trabalho O ponto D 415 m da Trilha circular, corta transversalmente uma canal de drenagem natural em encosta de aproximadamente 45º, ocasionando um processo erosivo semicircular que avança sobre o traçado da trilha podendo ocasionar sua interrupção. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Direção da drenagem Figura 06: Processo erosivo semi-circular em D 415 mts Foi observado ainda que na parte central do processo erosivo a retirada do solo expos uma laje rochosa, que impedia a implantação de moirões para a reconstituição da borda crítica, conforme tentativas anteriores. Embora a Bioengenharia de solos compreenda elementos muito mais complexos de decisão, como geotecnia, pedologia, estudos hidroclimáticos incluindo hidrologia superficial e subterrânea e avaliação, levantamento topográfico, e detalhamento da solução de engenharia com especificações técnicas precisas, incluindo as características biofísicas dos elementos vivos como biorretentores e seleção de vegetação conforme performance do sistema radicular sobre a resistência ao cisalhamento dos solos, entre outros; guardando as devidas proporções com o problema estabelecido, buscou-se aplicar, a partir de conceitos gerais como a utilização de materiais naturais e locais e a introdução de mudas de espécies locais para reconstrução do talude, buscando testar a viabilidade da aplicação destes elementos na rotina de pequenas intervenções em trilhas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 930 Figura 07: inicio do processo, limpeza e detalhe de material utilizado (moirões de eucalipto tratado e restos de manilhas de cimento Para tanto, considerou-se que pelas características da drenagem e regime de chuvas, o local sofre com grandes volumes de água em curtos espaços de tempo, notadamente nas chuvas de verão, que no Rio de Janeiro ocorrem com mais intensidade nos períodos de janeiro a março. Posto que o objetivo principal era garantir uma faixa de solo, suficiente para a manutenção da continuidade da trilha, a qual cruza transversalmente a drenagem, foi inferido que dada a dificuldade de se quantificar o volume de água, a alternativa seria facilitar o escoamento por sobre a trilha direcionando para um canal central e ao mesmo tempo, protegendo as laterais para tentar limitar o processo erosivo e consolidar a manutenção do traçado. Para a construção da grade de vegetação foram utilizados moirões de eucalipto tratado de 2,3 metros com diâmetro médio de 12 cm. Onde 08 peças foram plantadas em covas nas áreas onde a camada de terra era mais expressiva. Em Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 931 seguida, as peças horizontais forma montadas entrelaçadas, buscando travar a possível movimentação com moirões colocados em diagonal e travados com moirões na posição perpendicular, concluindo com amarração leve de arame galvanizado (figura 08), apenas para manter ajuste de posição, entendendo que o peso do material depositado e o travamento entre as peças são responsáveis pela estabilidade da disposição dos moirões. 932 Figura 08, confecção de grade de vegetação Após a conclusão da montagem a grade, procedeu-se o enchimento com resíduos das manilhas, para garantir sustentação e drenagem e em seguida foi conduzido o enchimento com terra retirada de corte de barranco próximo (figura 09). O volume de terra utilizado foi depositado visando cobrir integralmente a grade de vegetação, com exceção do canal central, de modo a se recuperar a pendente natural, através do assentamento espontâneo do material terroso. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 09, confecção de grade de vegetação, colocação dos resíduos de manilhas e enchimento com terra. Após a deposição deste material, procedeu-se uma leve compactação e o recobrimento com serapilheira (figura 10) visando proteger o solo do efeito “splash” das gotas de chuva e garantir a umidade da terra para o recebimento e fixação das mudas de espécies coletadas localmente, propiciando ainda abrigo para eventuais sementes e plântulas já existentes ou em deposição futura. O critério de seleção das mudas de vegetação foi baseado na observação de condições similares e se aguardou a ocorrência de um dia chuvoso para os transplantes e plantio de mudas doadas pelo reflorestamento, conduzido em outras áreas do parque. Inicialmente se optou por espécies rasteiras para conter a camada superficial do solo, protegida inicialmente pela serapilheira. Em seguida foram transplantadas mudas espécies arbóreas de pequeno porte com encontradas localmente. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 933 Figura 10: nivelamento do talude e deposição de serapilheira. (proteção da camada superficial do solo e micro-clima para sementes e plântulas. Figura 11: Detalhe do canal central e cobertura com serrapilheira 4. Conclusão Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 934 Tendo como objetivo estabelecido a manutenção da continuidade e traçado da trilha circular em D 415 metros, confirmou-se que este foi plenamente atingido, através da confirmação da interrupção do processo erosivo estabelecido anteriormente e com efeitos estéticos aceitáveis, passando desapercebido por muitos visitantes. Conforme previsto, o volume d’agua carreado pela drenagem tende a passar diretamente sobre a vegetação rasteira e se concentrando no canal central, sem prejuízo das laterais do talude recomposto. Destaca-se ainda o baixo custo do investimento em recursos materiais, limitados a 22 moirões de eucalipto tratado, incluindo 03 peças de proteção de borda e colocadas como barreiras d’agua para diminuição da velocidade da água, aproximadamente 3 metros cúbicos de resíduos de manilhas metros cúbicos de terra para enchimento da grade de vegetação, tendo consumido 40 horas homem, incluindo transporte de moirões por 350 metros. 935 Figura 12 (Detalhe): Rrecuperação do talude, 6 meses após, durante o período chuvoso (jan, 2013) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 13: Rrecuperação do talude, 6 meses após, durante o período chuvoso (jane, 2013) Desta forma, conclui-se que os princípios da Bioengenharia de solos podem de fato ser uma opção técnica de fácil acesso e baixa complexidade de aplicação, aliadas ao baixo custo e volume de material, cujos efeitos estéticos são destacados incluindo satisfatória adequação ambiental na manutenção e recuperação de trilhas. Observa-se ainda que a percepção da função e utilização de matérias vivos em conjunto com a avaliação das dinâmicas de vertentes, qualidade e sensibilidade do solo à processos erosivos, devem ser considerados ainda no fase de planejamento e implantação de trilhas e, considerando a manutenção, a recuperação da flora marginal devem ser considerada como parte das estratégias de recuperação das trilhas. 5. Bibliografia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 936 BARROS, Maria. I. A. Caracterização da visitação, dos visitantes e avaliação dos impactos ecológicos e recreativos do planalto do Parque Nacional do Itatiaia. 2003. 121 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) – Escola Superior de Agricultura Luiz Queiros, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003. COUTO, L.; GONÇALVES, W.; COELHO, A. T.; PAULA, C. C.; GARCIA, R. AZEVEDO, R. F.; LOCATELLI, M. V.; ADVÕNCULA, T. G. L.; BRUNETTA, J. M. F.; COSTA, C. A. B.; GOMIDE, L. C.; MOTTA, P. H. Técnicas de Bioengenharia para Revegetação de Taludes no Brasil. Boletim Técnico CBCN, Viçosa, n.1, 2010. FLORINETH, Florin; MOLON, Marco. Ingegneria naturalística. Dispensa di Ingegneria Naturalistica 2004/2005. Universitá di Bodenkultur, Viena. Istituto di Ingegneria Naturalistica e Construzione del Paesaggio MELLO, F. A. P.; COSTA, N. M. C. da . Reflexões sobre as relações entre trilhas e a biodiversidade em áreas protegidas brasileiras. In: Anais Primer Congreso de Planificación y Manejo se Senderos del MERCOSUR, 2012, Piriápolis - Uruguay. GUALTIERI-PINTO, Laura; OLIVEIRA, Felipe Fonseca de; ALMEIDA-ANDRADE, Manuela de; PEDROSA, Hilton Ferreira; SANTANA, Wellington Aguilar de; FIGUEIREDO, Múcio do Amaral. Atividade Erosiva em Trilhas de Unidades de Conservação: Estudo de Caso no Parque Nacional da Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil. E-scientia, v.1, n.1, novembro, 2008 SMAC - Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio de Janeiro– Plano de Manejo do Parque Natural Municipal da Prainha - Módulo 2 (Contextualização e Análise Regional do PNM da Prainha e do PNM de Grumari). Detzel Consulting 2012 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 937 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos ECOLOGIA DE TRILHAS: POR UMA NOVA ABORDAGEM DO USO PÚBLICO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Flávio Augusto Pereira Mello11 Resumo Palavras-chaves: Ecologia de Trilhas; Uso Público; Unidades de Conservação, Biodiversidade Atualmente o incremento da visitação em unidades de conservação (UC) nacionais é reforçado pela crescente popularização das práticas recreativas e por diversas segmentações do turismo na natureza. Contudo, mesmo com a evolução das metodologias de monitoramento e diagnósticos sócio-ambientais para gestão do uso público em áreas protegidas, muitos impactos na flora e na fauna são de difícil percepção e mensuração. Para a realidade brasileira, este é um aspecto que pode comprometer sensivelmente a eficiência funcional de unidades de conservação principalmente para aquelas consolidadas como de proteção integral. De modo geral, o debate atual sobre o tema não responde muitas questões de interesse e outras desta natureza não raro são sufocadas pela concepção de que o espaço natural deve ser territorializado, sem restrições, por oportunidades recreativas e que as UC necessitam de visitantes pagantes para sua sustentabilidade financeira. Embora a gestão do uso público tenha evoluído, a “governança” tende a se caracterizar muito mais como uma opção de mediação de conflitos entre diferentes atores com interesses específicos de uso, do que propriamente com a consolidação de políticas públicas de preservação/conservação do patrimônio genético, habitats e paisagens protegidas, mesmo considerando as limitações impostas legalmente para áreas de proteção integral onde a manutenção da biodiversidade deveria ter precedência na tomada de decisão assim como, consubstanciar ações de conscientização e Educação Ambiental para a solução de conflitos sociais nas áreas protegidas. De fato, guardando a devida escala, a especificidade do tema deveria ter a mesma intepretação que a Ecologia de Estradas possui, pois assim como esta área de pesquisa busca interpretar os efeitos que as estradas promovem na paisagem, habitats e populações da flora e da fauna local, uma abordagem mais sistêmica do manejo do uso público considerando a trilha como unidade de análise, se faz necessária como uma área especifica de pesquisa. 11 infotrilhas@gmail.com Doutorando. Programa de Pós-graduação em Geografia. Universidade do estado do Rio de Janeiro - Campus Maracanã Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 938 Resumen Palabras clave: Ecologia de senderos, Uso publico , Areas protegidas, Biodiversidad Actualmente, el aumento de la visitación en las áreas protegidas brasileñas ( UC) es impuesta por la cresciente popularización de las prácticas recreativas y diversas segmentaciones del ecoturismo. Sin embargo, aunque el desarrollo de metodologías de monitoreo y diagnóstico de gestión socio- ambiental del uso público en áreas protegidas sean evidentes, muchos impactos en la flora y la fauna son difíciles de detectar y medir. En la realidad brasileña , este es un aspecto que puede afectar significativamente la eficiencia funcional de las unidades de conservación , principalmente aquellas de protección integral de la categoria parque. El debate actual sobre el tema no responde a muchas preguntas de interés y otros de esta naturaleza son sofocados por la concepción de que el parque debe ser territorializado para las oportunidades recreativas y argumentación de que la UC requiere visitantes pagantes para su sostenibilidad financiera. Aunque la gestión del uso público ha evolucionado, la practica tiende a caracterizarse más como una opción para la mediación de conflictos entre los diferentes actores con interesses específicos, que propiamente con la consolidación de las políticas públicas para la conservación de la preservación/patrimonio genéticos, paisajes protegidos y los hábitats; incluso teniendo en cuenta las limitaciones impuestas legalmente a las áreas estrictamente protegidas , donde el mantenimiento de la biodiversidad debe prevalecer en la toma de decisiones, así como dar contenido a las acciones de sensibilización y educación ambiental para la solución de los conflictos sociales en las zonas protegidas. De hecho, manteniendo la escala adecuada, la especificidad de la materia deberia tener la misma interpretación de la ecología de rutas, donde como área de investigación tiene por objeto la interpretación de los efectos que las carreteras promueven el paisaje, los hábitats y las poblaciones de flora y fauna. Asi, se necesita un enfoque más sistemático de la gestión del uso público, entendendo el sendero como la unidad de análisis para las relaciones del uso publico y áreas protegida.. 1. Introdução Embora conceitualmente controverso, os limites do uso público em UC de proteção integral é sobretudo uma discussão política, pois envolve conhecimento, percepção e valores que definem os limites que a sociedade, junto ao poder gestor, decide estabelecer para o uso da área protegida. Considerando as UC da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 939 categoria parque, segundo o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) ambas as condições, uso publico e conservação in situ de espécies, são necessárias e previstas legalmente para os esforços para a conservação da biodiversidade e cumprimento da função social da unidade, dentro dos parâmetros definidos legalmente e pelo plano de manejo quando há. Se entende que se por um lado a criação destas áreas busca garantir espaços e territórios para as espécies protegidas, por outro deve aproximar a sociedade do ambiente natural para que esta proximidade crie e fortaleça significados e valores éticos biofílicos, assim como reforcem e justifiquem o posicionamento politico para a criação e manutenção de áreas protegidas e conservação da biodiversidade junto às instâncias decisórias. Deste modo, o cenário que se estabelece e o desafio que se configura para os gestores e sociedade, é como e a que tempo articular os diferentes territórios existentes das espécies protegidas com a consolidação ou implantação de uma nova territorialidade definida pelo uso público em um ambiente supostamente em equilíbrio. De fato, embora os esforços da Educação Ambiental e de boas práticas para minimizar os impactos da visitação pressuponha uma possível coexistência pacifica entre as espécies protegidas e o uso público; restrições técnicas, metodológicas e de recursos não possibilitam a necessária confiança, principalmente quando consideramos o diagnóstico de ocorrência, riqueza, abundância e equitabilidade das populações protegidas nestas áreas ou em um sentido mais especifico do status local de espécies raras, ameaçadas, endêmicas e mesmo as desconhecidas ou não descritas, que não raro ainda são descobertas. Neste sentido, as trilhas tendem a ser as instalações mais utilizadas para orientar e distribuir o fluxo de usuários nas áreas protegidas, definindo o padrão de dispersão, territorialização e construção de lugares, enquanto relação subjetiva do homem com o espaço e o ambiente; cuja condição se expressa necessariamente em apropriação social destes espaços e inevitavelmente por alterações Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 940 ambientais em diferentes escalas, com efeitos na biota que podem ser mais ou menos importante de acordo com sua intensidade, característica da interferência e resiliência das espécies afetadas. Assim, mesmo antes de se entrar no mérito das repercussões funcionais nos ecossistemas, comunidades e espécie em questão, basicamente a implantação do uso público determina uma competição por espaços e consequentemente territórios, que podem ser traduzidos como sobreposição de nichos, onde o uso público (guardando as devidas peculiaridades) pode se caracteriza também como um nicho, onde pode se estabelecer tanto como um competidor interespecífico por recursos, direta ou indiretamente, como no caso da caça; ou por interferência, quando sua presença, mesmo que não caracterize a competição por um recurso definido, mas cuja interferência se traduz como antagônica, como a determinada pela impossibilidade de espécies pouco tolerantes à presença humana, de conviverem no mesmo espaço, ou de sobreporem seus nichos ecológicos a 941 despeito da amplitude de interferência em seus habitats. Outro aspecto a ser considerado envolve as alterações físicas propriamente ditas na paisagem que recebe a implantação das trilhas, onde de acordo com as escala as repercussões podem se traduzir desde efeitos de incremento nos processos erosivos, ao efeito de borda no tecido florestal onde se localiza, assim como as consequências para as dinâmicas de dispersão das populações nestas áreas, por exemplo. Deste modo, a necessidade imperativa de se interpretar os efeitos ecológicos e biogeográficos da implantação e manejo de trilhas em áreas protegidas, que mormente tende a se concentrar a partir da perspectiva de efeitos antrópicos, como muitas vezes abordada na Ecologia da Recreação. FIGUEIREDO et al, 2012, p.230) citando alguns autores, refere que a Ecologia da Recreação é a área do conhecimento que estuda dos impactos da recreação ao ar livre e do ecoturismo em ambientes naturais e semi-naturais (MONZ et al, 2010; HAMMITT e COLE, 1998; LIDDLE, 1997), destaca ainda que para MONZ et al. (2010), a recreação ao ar livre e o ecoturismo têm sido reconhecidos como Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 agentes de mudanças ecológicas nos sistemas naturais, com potencial para afetar o solo, a vegetação, a qualidade da vida selvagem e a água. Contudo, é desejável em alguns aspectos que a consolidação da trilha como unidade de análise, possa estabelecer uma padronização de perspectivas, a exemplo do que ocorre na Ecologia de Estradas. Desta forma, a adoção da terminologia “Ecologia de Trilhas” se configura como bastante adequada como área de pesquisa, ao envolver aspectos bióticos e abióticos e processos, tanto verticais, como fluxo de energia e ciclagem de nutrientes, previstas nas abordagens ecológicas estritas; como horizontais, conforme interpretação da Biogegrafia quando aborda a distribuição, estrutura e dinâmica da organização espacial, onde as geobiocenoses são componentes dos geossistemas (Troppmair, 2012. p.6) e não somente como consequencia das atividades de recreação, que nem sempre será o enfoque, pois o uso das trilhas ´pe multivariado e muitas vezes, mesmo em atividades recreativas e esportivas, é de fato apenas um meio de deslocamento, mas permanece como equipamento, assim como suas consequências ecossistêmicas. Neste sentido, a Ecologia de trilhas pode se definida como a área de estudo que interpreta este equipamento como um vetor de territorialização e dispersão de visitantes com consequencias funcionais para a ecologia e biogeografia da biota protegida. 2. A trilha Na Ecologia de Trilhas, duas variáveis estão sempre presentes, direta ou indiretamente e são definidas pelo Uso Público e Biodiversidade relacionada. Desta forma, abordagens diferenciadas, isto é, considerando enfoques tanto do homem para a natureza quanto o inverso, são necessárias para a análise mais profunda das relações que se estabelecem com a trilha como eixo de análise. 2.1 Uma abordagem antrópica Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 942 De modo geral, as trilhas são as vias mais utilizadas por usuários para o deslocamento para os atrativos em UC, onde o próprio ato de andar já faz parte do lazer. MENDONÇA (2003, p. 95) citando HILMAN (1993, p.55) refere que em um espaço urbano, o ato de caminhar é apenas uma maneira lenta e ineficiente de nos aproximar daquilo que os olhos já viram. Em contrapartida destaca que no “espaço natural” para caminhar: “nossa maneira de ser, de estar, de posicionar nossos corpos é convidada a se modificar. O espaço natural não supõe anterioridade nem dos olhos nem dos pés. Ele é como é. Se a trilha foi planejada, é porque se tornou adequada às curvas de nível, à declividade natural do terreno, e contornou rochas e raízes das arvores maiores. Nossos corpos devem se integrar as curvas do caminho e nosso olhar deve redobrar esforços para localizar obstáculos e apreciar a beleza, tanto pequena, dos pequenos seres, das pequenas gotas, como as amplas, das paisagens abertas. Mas, sobretudo, deve esforçar-se para olhar para cima, para a copa das arvores, para o cume das montanhas, para as nuvens”. Neste sentido ANDRADE (2005, apud COSTA, 2006, p. 4) refere que as trilhas “oferecem oportunidade do contato efetivo com a natureza...”. Para BECK (1989, p.10) a prática de caminhar como uma manifestação de ócio ou recreação possui motivação muito próxima destas referências, embora possam ser subliminares os motivos para tanto. O autor refere ainda que a facilidade de acesso a trilhas urbanas ou próximas a centros urbanos possibilita a uma grande diversidade de pessoas e expectativas, onde, “há os que buscam as montanhas pela beleza do cenário, pela pura contemplação do dia e da paisagem, pelo prazer do exercício, da mudança de ares, da companhia dos amigos, das fotos que trarão para mostrar”. O autor prossegue afirmando que qualquer trilha fácil, cênica e que traga satisfação ao visitante além de se prestar ao lazer, indica que caminhar por trilhas é uma aventura essencial para o ser humano, pois oferece “a incerteza do desfecho, a excitação de novas descobertas e a magia de revelar em si novas habilidades e forças de cuja existência ele não suspeitava” destacando Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 943 ainda que psicólogos apontam que esta busca por aventura – distante da aventura inconseqüente e sem sentido – está ligada a um nível de risco calculado, consciente, que permite uma resposta cerebral de satisfação e ampliação da percepção. Assim, os territórios e lugares proporcionados pelas trilhas, de fato, podem se traduzir em uma gama de experiências e oportunidades de ócio e recreação, incluindo práticas pedagógicas, como por exemplo, as atividades de Educação ambiental, a exemplo do que coloca GUIMARÃES (2007, p.123), onde a utilização da paisagem como fio condutor em programas de Educação Ambiental tem como marcos aspectos como: a. Motivação: cenários e elementos componentes que incitam e animam à exploração e o desfrutar; b. Estimulação dos sentidos: despertar de capacidades contemplativas e de interiorização das vivências ambientais; c. Interdisciplinaridade: a paisagem se converte em lugar de encontro de disciplinas distintas de modo multi e interdisciplinar; d. Decifração de mensagens: infinidade de estímulos que escondem informações múltiplas obre o entorno que podem ser decifrados pelo conhecimento e treinamento; e. Globalização: permite uma análise sistemática e global do médio; f. Realista e concreto: vantagens dos estudos das unidades paisagísticas graças a sua visibilidade; g. Desencadeamento de juízos e valores: estéticos, éticos e adaptativos direcionados à conservação ambiental; h. Implicações na ação e intervenção: relacionadas aos impactos ambientais. Deste modo, a motivação para caminhar em áreas naturais e sobretudo em trilhas, atende não só as demandas de lazer e recreação mas também interfere na psique do caminhante e em sua saúde, o que acaba por se traduzir em mais Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 944 uma motivação, pois os benefícios físicos de caminhar são vários, relacionando desde a integração social quanto benefícios diretos como aumento do vigor físico MELLO (2008, p.61), evidenciando assim a importância que as atividades em trilhas e a experiência ao ar livre adquire para os usuários, ultrapassando a função primária de propiciar acesso a atrativos ou servir apenas como meios de ligação. De fato, para Dines e Passold (2008, p. 182) as trilhas são a “principal infraestrutura necessária para boa parte das atividades terrestres...” e MELLO (2008, p. 187) destaca que: “..a compreensão do significado estratégico da malha de trilhas para a gestão dos serviços ofertados e suas consequências ao somatório natural define sua importância como ferramenta de gestão.” COSTA et al (2009, p.6) destaca como as práticas de lazer e de recreação na natureza, são percebidas no Brasil a partir da década de 1980, através da figura do chamado “mochileiro” que, realizando viagens para locais distantes, buscava novas experiências, particularmente em áreas naturais, aos quais intensificou-se a atuação dos montanhistas. A autora refere ainda que PIRES (2002) rotulou como “neo-naturalistas” os viajantes com interesses científicos, voltados para estudos da fauna e flora, fora de seus países de origem e observa que embora montanhismo tenha passado a estar associado ao turismo de natureza, cita MACHADO (2003, p. 29) para o qual o turismo de natureza: “[...] representa, na realidade, uma idéia incompleta da utilização do espaço natural para a atividade turística, devendo ser repensado a fim de garantir qualidade para o produto e segurança para o destino, evitando desgastes desnecessários e investimentos inadequados, passíveis de gerar insatisfação e descrédito.” Neste sentido, os objetivos de cada grupo na visitação se manifestam em diferentes gradientes de percepção ambiental e podem representar um problema para os gestores quando buscam estabelecer normas para o uso de determinadas áreas ou restrições de acesso. Na prática, a percepção da riqueza Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 945 de espécies protegidas também é um problema ao gestor, devido ao volume de conhecimento e recursos financeiros, materiais e humanos que dispõe. Entretanto a dificuldade de se estabelecer bioindicadores e metodologias de monitoramento acessíveis ao gestor se configura como o maior entrave no manejo da área protegida como um todo, visto que usualmente o monitoramento dos efeitos do uso público tende a se concentrar na qualidade da visitação e nos aspectos/processos físicos mais evidentes como erosão, alargamento do leito e corredor das trilhas, dificuldade de acesso e presença de lixo, por exemplo. Segundo PIRES et al. (2004, p.23-24), as atividades humanas são os principais fatores de comprometimento da integridade ecológica dos ecossistemas naturais e continuidade dos processos ecológicos ao longo do tempo. MELLO & COSTA (2012, p.4) consideram que não obstante campanhas de conduta consciente em ambientes naturais como o exitoso programa “Pega Leve”, a percepção dos impactos potenciais relacionados à dinâmica ecológica das trilhas no tecido florestal é bastante reduzida entre usuários em geral e são modulados por variáveis como intensidade da visitação, comportamento e objetivos frente aos elementos naturais. Tais variáveis podem interferir na visualização e consequentemente na percepção da biodiversidade local que pode se afastar ou passar desapercebida quando não são evidentes ou objeto de atenção, como por exemplo a presença de anfíbios em bromélias ou mamíferos transitando no dossel. Em principio esta condição se traduz em uma experiência mais pobre com a realidade local e a consequente percepção de menor riqueza e mesmo abundância de espécies locais. Estes aspectos são mais observados em grupos cujo foco de atenção é o consumo de paisagens e oportunidades de lazer, recreação ou esportes em ambientes naturais, onde a observação da biodiversidade é eventualmente complementar; de acordo com a visão de WEARING & NEIL (2001, p.18) para os quais os parques podem ser interpretados tanto como catedral, um monumento a ser apreciado e contemplado; quanto Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 946 como ginásio desportivo com amplas possibilidades de atividades. SOUZA & NORONHA-OLIVEIRA (2012, p.201) ressaltam ainda que tem prevalecido a visão antropocêntrica no que diz respeito à prática do turismo nas áreas protegidas, ao se atribuir apenas valor utilitário à natureza enquanto meio de satisfação das necessidades de recreação humana através de uma leitura obliqua da Lei Federal 9.985/2000 que instituiu o SNUC. Para os autores, a dimensão ecocêntrica é desvalorizada em função do antropocentrismo que advoga o fim da perspectiva “santuário”, reforçados pela escassez conveniente de recursos financeiros que reforçam apelos “comerciais onde o turismo é então propagado como um instrumento para a resolução dos problemas financeiros das áreas naturais”. Para YOUNÉS, et al (2006, p.58) a compreensão inadequada da complexidade das questões ambientais, principalmente quando não comtemplados aspectos humanos (e sociais) comprometem a implantação de politicas públicas de conservação do patrimônio cultural e da biodiversidade, para as quais as pesquisas devem conjugar, segundo as autoras, no estudo do impacto das atividades humanas sobre as mudanças globais notadamente as relativas à biodiversidade; a análise do impacto das mudanças globais sobre as populações humanas, seus modos de vida e suas diversidades biológicas e culturais e ainda a compreensão das bases psicológicas, sociais e culturais da percepção sobre o meio-ambiente. A importância destes aspectos quanto à função de conservação da biodiversidade dos parques torna-se particularmente relevante quando se considera o posicionamento do Panorama Global da Biodiversidade 3 (CDB 2010, p. 9), para o qual “existem múltiplas indicações de contínuo declínio da biodiversidade em todos os três dos seus principais componentes – genes, espécies e ecossistemas”. O documento cita diversas evidências para esse diagnóstico como declínio das populações e ameaça de extinção de espécies; queda na abundância de vertebrados, sobretudo nas regiões tropicais e entre as espécies de água Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 947 doce; extensas perdas de hábitat, principalmente florestas tropicais, manguezais, zonas úmidas de água doce, dentre outros. Percepção corroborada por PRIMACK E RODRIGUES (2005, p.10) que argumentam ainda que “todos os níveis de diversidade biológica são necessários para a sobrevivência contínua das espécies e das comunidades naturais e todos são importantes para a espécie humana”. De fato, dada a sua característica geográfica mais evidente, quando se considera como parâmetros comunidades e ecossistemas é que ficam mais evidentes os conflitos de apropriação e disputa dos territórios naturais entre o uso publico e as espécies protegidas, cujos hábitats devem ser preservados sobre pena de impactos em suas populações. De fato, as metodologias de monitoramento da visitação mais acessíveis raramente contemplam bioindicadores, se restringindo a percepção de alterações da qualidade da visitação, alterações da paisagem, efeitos erosivos nas trilhas, conservação de equipamentos, entre outros. Conceitos como fragmentação florestal direta e indireta, efeito de borda, destruição de micro-habitats e alteração na composição das populações locais, incremento do fluxo de espécies invasoras e generalistas para habitats antes isolados e sobretudo o efeito indireto da visitação sobre espécies sensíveis à presença humana e as consequências para sua abundância e isolamento destas populações; de modo geral são ignorados, dada a complexidade de aquisição e tratamento dos dados, induzindo a se privilegiar as oportunidades recreativas e de lazer em detrimento da preservação de espécies nas unidades de conservação de proteção integral, motivo primário de sua criação e objetivo. Observa-se ainda que a averiguação e o monitoramento desses impactos não raro carecem de recursos humanos e materiais, muitas vezes distantes das possibilidades de gestão da unidade de conservação ou, em algumas circunstâncias, simplesmente são impraticáveis devido às impossibilidades técnicas, o que indicaria uma maior atenção ao uso do “principio da precaução”. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 948 Para DERANI (1997, p.167) a consagração do princípio da precaução no ordenamento jurídico brasileiro representa a adoção de uma nova postura em relação à degradação do meio ambiente, onde a precaução exige que sejam tomadas por parte do Estado e parte da sociedade em geral, de medidas ambientais que a princípio impeçam a ocorrência de atividades potencialmente e/ou lesivas ao meio ambiente, e também atuando quando o dano ambiental já está concretizado; desenvolvendo ações que façam cessar esse dano ou minimizem seus efeitos” Cabe destacar que a popularização de guias de trilhas tanto impressos quanto das ferramentas digitais de compartilhamento de roteiros, raramente observam o zoneamento das áreas protegidas e os objetivos de conservação e preservação estabelecidos pelos planos de manejo e pelos gestores, se restringindo a orientar o fluxo de visitantes pautados apenas em seu potencial turístico e de lazer. Neste sentido, embora possam conferir um ar de “legalidade” ao acesso, de fato podem contribuir negativamente para a gestão da área protegida, podendo potencializar os impactos do uso público e nem sempre a área protegida dispõe de recursos humanos e materiais para monitorar ou mesmo mitigar o dano. Deste modo os fluxos de visitantes podem reforçar a disputa territorial entre usuários e espécies da flora/fauna locais (muitas não descritas, estudadas ou descobertas), configurando um problema adicional a ser enfrentado pelos gestores e pesquisadores. Eventualmente grupos mais organizados podem pressionar social e politicamente por seus interesses pontuais, ignorando o aparato legal que induz o gestor à precaução. 2.2 A trilha para a fauna e a flora A despeito das inúmeras definições aplicadas as trilhas, sobre os diferentes enfoques, em termos de paisagem, a trilha é: “uma intervenção linear definida a partir do corte raso da vegetação para o estabelecimento da zona de pisoteio (área Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 949 útil efetivamente utilizada pelo usuário em seu deslocamento) e a área marginal de manejo, onde a vegetação é mantida controlada para evitar seu fechamento. Esse conjunto compõe o que se chama de “corredor” da trilha e suas dimensões variam conforme o objetivo, perfil do visitante e zoneamento. As dimensões longitudinais e laterais podem atravessar diferentes ambientes naturais com limiares distintos de fragilidade, significando maior ou menor “área de sacrifício” do ambiente local. Para o manejo do uso público em unidades de conservação, funcionalmente as trilhas determinam o padrão de dispersão e concentração de usuários, possuindo grande importância estratégica, pois possibilitam preservar habitats e nichos de interesse, preservando populações protegidas de efeitos da visitação indesejados”. Para PONTES & MELLO (2013, p. 224), em breve revisão sobre impactos da implantação e uso de trilhas em áreas naturais, destacam que a necessidade de corte raso da vegetação para o estabelecimento da zona de pisoteio e manejo da vegetação lateral para manutenção do corredor das trilhas, per si confere a condição de fragmentação de hábitats, especialmente de micro hábitats. Desta forma, uma faixa livre de vegetação e serrapilheira, mesmo que estreita como uma trilha, pode dificultar a dispersão de pequenos animais que possuam uma reduzida capacidade de locomoção, como os anfíbios anuros que vivem na camada de serrapilheira das florestas ombrófilas (e.g., espécies das famílias Brachycephalidae e Leiuperidae. Observam que os efeitos antropogênicos diretos como o efeito de borda, a perda e fragmentação de hábitats, estão entre os principais problemas enfrentados pela fauna, levando diversas espécies ao declínio, especialmente os anfíbios. Os autores frisam ainda que algumas espécies de vegetais, como as orquídeas e vertebrados terrestres, especialmente pequenos anfíbios, mamíferos e aves, constituem bons bioindicadores da qualidade ambiental de uma área natural mas salientam que as espécies animais não são afetadas da mesma maneira pela fragmentação de hábitats; determinados grupos têm suas populações reduzidas ou abandonam as áreas de reprodução, enquanto que outras podem ser favorecidas por estes impactos, estimulando sua reprodução com o rápido Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 950 aumento populacional, destacando que muitos destes impactos não são percebidos por administradores e usuários, pois escapam da sua atenção. Como certas espécies animais são mais tolerantes à presença humana, a percepção da riqueza de espécies locais pode estar fora da realidade. EISENLOHR et al (2013, p.412) refere ainda que as trilhas podem funcionar também como vetores para espécies exóticas invasoras em ecossistemas até então conservados (citando BARET & STRASBERG 2005, POTITO & BEATTY 2005). Salienta que essas aberturas na vegetação funcionam como corredores que facilitam a dispersão e o estabelecimento dessas espécies, por formarem linhas de habitat perturbado contínuo (citando CAMPBELL & GIBSON 2001, NEMEC et al. 2011). Neste sentido destaca que dependendo da escala na qual essa invasão biológica ocorre, pode-se esperar uma alteração dos padrões florísticos da área invadida, por meio da diminuição da riqueza e de alterações estruturais, como demonstrado por (citando) BARET & STRASBERG (2005) na ilha "La Réunion", pertencente ao arquipélago Mascarenho, no Oceano Índico. Esses mesmos autores também avaliaram como a largura da trilha é capaz de determinar o grau de invasão: trilhas mais largas permitem que maior intensidade de radiação solar chegue ao solo, favorecendo a ativação do banco de sementes de espécies invasoras. De fato, MELLO & COSTA, (op cit 2012, p.3) observa que dentre os eventos importante e mais genéricos percebidos na implantação e operação das trilhas podem ser citados: a. Efeito de borda: Para Metzger (1999), a borda é a área de transição entre unidades de paisagem, cujas características depende da escala espaçotemporal e das interações que agem sobre estas unidades. São as áreas mais expostas à perturbação externa e do ponto de funcional é onde a intensidade dos fluxos biológicos entre as unidades de paisagem se modifica de forma abrupta, embora nem sempre estas propiedades se apliquem a todas as Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 951 bordas. O efeito de borda pode ser caracterizado como o espectro de alterações microclimáticas onde o aumento da luminosidade, e velocidade do vento, aumentam a temperatura e evapotranspiração, reduzindo a umidade do ar e do solo, com consequencias nas comunidades vegetais e animais que podem se instalar nestas areas (espécies pioneiras, ruderais e invasoras) ou ter seu desenvolvimento comprometido conforme a resiliência à estas alterações. Estas alterações também se refletem na composição e riqueza da fuana e suas interações. Sua extensão varia conforme as condições ambientais locais, espécies envolvidas e fatores ecológicos considerados. Ao se considerar a estrutura das trilhas, observa-se que seu corredor cria duas bordas onde suas dimensões são definidas de acordo com o zoneamento, função e usuário previsto, podendo ainda serem alteradas pela intensidade de uso e qualidade do manejo. Desta forma, podem configurar maior ou menor efeito de borda e 952 vir a caracterizar a fragmentação do tecido florestal. b. Fragmentação florestal: Um fragmento florestal é definido como uma área de vegetação natural, interrompida por barreiras antrópicas (estradas, povoados,culturas agrícolas, culturas florestais,pastagens, dentre outras) ou por barreiras naturais (montanhas, lagos, represas, ou outrasformações vegetais) capazes de diminuir significativamente o fluxo de animais, pólen ou sementes (citando Viana, 1990). Os autores citam ainda que para RODRIGUES et al (2006) as fragmentação e perda discussões de habitat acerca da distinção entre onde alguns autores consideram a fragmentação apenas uma progressiva subdivisão do habitat, sem vinculála diretamente a perda de habitat, outros utilizam o termo de forma genérica tanto indicando perda ou fragmentação de hábitats. Cabe destacar ainda que o comportamento do visitante e ou grau de resiliência do comportamento da fauna à presença destes ou das alterações Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 provocadas pela implantação e manejo das trilhas, podem caracterizar uma área de influência que mesmo que as alterações na percepção estética da paisagem não seja sgnificativa, de fato a presença da trilha funcional pode ter o efeito de isolamento e fragmentação das populações e funcionar como efeito barreira em uma matriz definida, conforme aponta CORRÊA (2011, p.39) indicando que mudanças no comportamento da avifauna local, onde espécies florestais, sensíveis a alterações de hábitats, como as chocas da mata (Thamnophilidae), sanhaços (Thraupis sp.) e gaturamos (Euphonia sp.) (Thraupidae), tendem a se deslocar destes ambientes alterados para mais íntegros, caso não consigam se adaptar aos recursos disponíveis após a ocorrência do impacto ambiental. Outro efeito que pode ser observado é a utilização das trilha para o deslocamento da fauna, sobretudo espécies generalistas como Cerdocyon Thous. Para HARMSEN et al (2010, p.126) mamíferos neotropicais variaram muito em sua tendência de seguir ou atravessar trilhas, tendo observado em estudo conduzido em Belize, que Suçuaranas (Puma concolor) tendem a seguir trilhas mais completamente do que onças pintadas (Panthera onca) mais propensas a desviar das trilhas, sendo mais dispostos a usar a matriz florestal longe de trilhas diferentemente das suçuaranas. O que poderia ter consequências importantes para os nichos relacionados. Assim, a trilha, pelas alterações físicas que provoca, pode caracterizar a fragmentação do tecido florestal de forma direta e indireta quando se considera as alterações no comportamento de espécies locais que podem se afastar das areas de maior alteração, isolando suas populações ou impedindo o seu transito original. 3. Conclusão A importância de se utilizar o principal equipamento de ordenamento da dispersão de visitantes em áreas protegidas, como referência para análise, não somente de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 953 impactos, mas também e principalmente dos aspectos dinâmicos das relações ecológicas e biogeográficas que se estabelecem entre o uso público e a biota protegida, podem nortear de maneira mais eficiente o uso público e as politicas de conservação em áreas protegidas abertas a visitação, sendo esta a proposta pela consolidação da Ecologia de trilhas como área de conhecimento. De fato, espera-se alterar a abordagem mais percebida na gestão das áreas protegidas a partir da inclusão politica da biodiversidade (quadro01) como elemento de decisão, mas para tanto necessitamos conhecer as relações entre o uso público e a biota, não só considerando o foco a partir das relações das atividades recreativas em meio natural, mas a análise que aborde as relações antrópicas em um cenário geossistêmico, onde o homem passe a fazer parte da paisagem e sua presença seja interpretada em diferentes escalas, considerando sempre seu papel ecológico e biogeográfico assim como suas relações estabelecidas, tendo sempre a trilha como seu principal vetor de territorialização e 954 ocupação da área protegida. Abordagem social Abordagem Ecossistêmica Fundamentação do planejamento na ocupação territorial antrópica, orientando-se significativamente pelas oportunidades de lazer e turismo. Escala espaço-temporal é determinada em função do uso público, considerando preferencialmente macroescalas de apelo turístico ou de lazer. Gestão superficial das populações protegidas face percepção ambiental existente e recursos disponíveis (humanos e financeiros), privilegiando o uso público. Zoneamento político do espaço protegido, com ênfase na gestão de conflitos e interesses de atores sociais. A fundamentação do planejamento da ocupação territorial busca a proteção de hábitats e espécies chaves ou estratégicas Ênfase na gestão por unidades de paisagem considerando macro-escalas antrópicas e escalas de comunidades, populações ou espé-cies relevantes Gestão integrada do uso público, introduzindo a conservação como elemento de decisão. Ênfase politica na introdução de condicionantes ambientais para proteção do patrimônio protegido e fomento de uma cultura biofílica. Quadro 01: Modelos de abordagem de gestão de áreas protegidas 4. Bibliografia BECK, Sérgio. 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ISBN 978-85-88769-56-4 956 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos PLANEJAMENTO DE TRILHA INDUZIDO PELO AUMENTO DA DEMANDA DE VISITAÇÃO: TRILHA ‘BARREIRO DA ANTA’ NO PARQUE ESTADUAL DO MORRO DO DIABO, SÃO PAULO-BRASIL Helder Henrique de Faria Dr12 Andréa Soares Pires - MSc13 Juliana Ferreira de Castro14 Resumo Palavras-chave: Planejamento de trilhas, Parque Estadual Morro do Diabo, Trilhas interpretativas Capacidade de carga As unidades de conservação da natureza cujas categorias permitem a visitação pública quase sempre possuem as trilhas interpretativas como um dos componentes mais acessíveis e baratos, possibilitando aos visitantes um pouco de conhecimento sobre a natureza guardada nestas áreas. No Parque Estadual do Morro do Diabo, situado no Pontal do Paranapanema, estado de São Paulo o incremento da visitação e a demanda social por mais informações sobre seu ecossistema induziu a sua administração a planejar e implantar um novo percurso ecológico, a trilha 'Barreiro da Anta'. Este artigo apresenta uma experiência concreta de planejamento e implantação de uma trilha interpretativa que contribui para identificar variáveis e processos relevantes para iniciativas congêneres, considerando, contudo, a limitação dos estudos de caso no sentido de oferecer um modelo que possa ser replicado em situações tão diversas quanto as dos parques nacionais brasileiros. Utilizaram-se ferramentas que vão do facão a sistemas de informações geográficas, obtendo-se uma trilha com grau de dificuldade baixo, recheada de informações que conduzem o cidadão a refletir sobre a importância da biodiversidade florestal e desta na produção de água em quantidade e qualidade. Resumen Palabras clave: Planificación de senderos, Morro do Diabo State Park, senderos interpretativos, capacidad de carga 12 helderdefaria@gmail.com Dr. Pesquisador do Instituto Florestal deapires@yahoo.com.br Pesquisadora do Instituto Florestal 14juboraceia@yahoo.com.br Analista Ambiental do CEA/SMA 13 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 957 Las áreas protegidas categorías permite visitas del público casi siempre tiene los senderos interpretativos como uno de los componentes más baratos y accesibles, permitiendo a los visitantes un poco de comprensión de la naturaleza almacenada en estas áreas. El Parque Estatal Morro do Diabo, situado en el Pontal do Paranapanema, estado de São Paulo, tuvo la visitación aumentada, bien como elevación de la demanda social por más información sobre el ecosistema su ecosistema indujo la administración a planear e implementar um nuevo sendero interpretativo, el circuito "Barreiro da Anta". En este artículo se presenta una planificación concreta y la ejecución de un sendero interpretativo que ayuda a identificar las variables y procesos relacionados con iniciativas similares, considerando, no obstante, la limitación de los estudios de casos con el fin de proporcionar un modelo que pueda ser replicado en situaciones tan diversas como las de los parques nacionales brasileños. Utilizamos herramientas que van desde machetes a los sistemas de información geográfica, resultando um sendero con grado de dificultad bajo, lleno de información que hace que los ciudadanos reflexionem sobre la importancia de la diversidad biológica forestal y de esta em la producción de la agua em cantidad y calidad. 1. Introdução Salvo as estações ecológicas e as reservas biológicas, unidades com maiores restrições à visitação pública, todas as demais categorias de manejo do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (BRASIL, 2000) podem ser abertas à visitação, sendo os parques nacionais a categoria mais tradicional e com maiores condições de prestar esse beneficio à sociedade (Dourojeanni e Pádua, 2001). Contudo, esta visitação não pode ocorrer sem critérios e para isto as primeiras restrições devem ser impostas por um adequado zoneamento e normas de gestão ambiental expresso em planos de manejo (Miller, 1980; Milano, 2006), pois em áreas de elevado valor em biodiversidade o grande desafio é compatibilizar as demandas de uso público com a conservação ambiental. Para tanto, o desenvolvimento de programas de uso público têm grande importância por organizar e monitorar estes usos, ademais de oferecer visibilidade às UCs. Através destes programas as UCs cumprem sua função social, oferecendo espaços de lazer e recreação, riqueza de estímulos sonoros, auditivos, táteis e sinestésicos que tem efeitos físicos, psíquicos, na saúde e na qualidade de vida do ser humano (Ikemoto, 2008). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 958 Neste sentido, as trilhas interpretativas são os componentes de comunicação mais comuns de serem implantados nas áreas protegidas dado sua simplicidade, baixo custo e a possibilidade de transmissão de conhecimentos ecológicos e ambientais em primeira mão (Faria et all, 1995; Ferreira, 2005). Elas são uma ferramenta útil no manejo das áreas protegidas, uma vez que concentram o uso mais intenso em um pequeno sítio da área, evitando-se que outros pontos mais sensíveis ou ecologicamente importantes sejam afetados pela presença humana, principalmente se houver uma abordagem integradora que considere a categoria de manejo, o planejamento, a construção, a manutenção, o monitoramento e a avaliação (Magro, 1999; Lechner, 2006; Leuzingner, 2007). As trilhas ganham mais relevância ainda ao se considerar as pesquisas científicas ligadas ao conceito de biofilia, uma teoria que defende que, ao longo da evolução humana, fomos programados para amar tudo o que é vivo e, por isso, a natureza simplesmente nos faz sentir melhor em relação à diminuição de estresse, pressão sanguínea, infecções e outras enfermidades (O Globo, 2013). Para as trilhas existem várias modalidades de estudos que visam compatibilizar a conservação ambiental e a presença humana, dentre eles a capacidade de carga ecoturistica (Cifuentes, 1992), o LAC, limite aceitável de mudanças (Stankey et. all, 1985) e o VIM, manejo do impacto do visitante (Graefe et all, 1990). Por sua vez, a interpretação ambiental é um conjunto de técnicas que a rigor permite que as áreas protegidas interajam com seus visitantes, de tal maneira que as pessoas percebam as razões principais da existência da área protegida, seus objetivos de conservação, seus valores e benefícios, sua história e a interação com a sociedade (Ham, 1992). Tilden (1977) provavelmente tenha sido um dos pioneiros em analisar os processos e procedimentos interpretativos em áreas protegidas, o que lhe permitiu estabelecer os princípios primordiais da interpretação ambiental, enfatizando que o seu objetivo principal não é instruir as pessoas ou repassar informações, mas provocar diretamente, pois a interpretação Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 959 é uma arte que combina muitas artes a partir de elementos presentes na paisagem ao redor. Mormente a interpretação deve ser dirigida, presencial e descontraída, caso contrário repete-se as salas de aula. Não existe uma trilha ideal nem características desejáveis "a priori", mas estas são determinadas pelo ambiente em que se insere, os objetivos de manejo da unidade e o usuário potencial (Morales-Miranda, 1992), aspectos que são pontos de partida na determinação de seu tamanho, seqüência interpretativas, grau de dificuldade, sofisticação, entre outras. Contudo, recomenda-se que as mesmas possuam um único tema, observando-se que cada parada ou estação enfoque um sub-tema por vez, de tal forma que haja um fio condutor para que os usuários aproveitem o melhor da atividade (Ham, 1992). Para tanto, é importante que se defina com clareza o que se deseja que o visitante tome conhecimento ao percorrer a trilha. Relativo ao ecoturismo, as áreas protegidas possuem um papel especial em seu desenvolvimento. Porém, todas as atividades devem se cercar de muitos cuidados para que estes usos não se transformem em ameaças à conservação, ou vistos como redentores financeiros dessas áreas. Pois afinal, se esta fosse a sua razão de ser teríamos que desenvolver uma atividade ecoturistica intensa, em grande escala, que produzisse elevados rendimentos para o financiamento dessas áreas, com conseqüente impacto para a conservação das mesmas (Londoño, 2013). O presente trabalho apresenta a experiência concreta de planejamento e implantação de uma trilha interpretativa no Parque Estadual do Morro do Diabo, no qual a decisão de se implementar uma nova trilha decorreu de duas justificativas e abordagens distintas: primeiro porque aconteceu um aumento muito rápido na visitação a partir do ano 2005 (Figura 1), fato que promoveu uma maior utilização das duas únicas trilhas que lá existiam, as trilhas do Lago Verde e a do Morro do Diabo, está última a mais procurada pelos visitantes. Isto fez com Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 960 que houvesse elevação do impacto dos visitantes sobre os recursos, observado empiricamente pelo alargamento de trilhas, exposição de raízes, erosão e compactação de solo. Uma das maneiras de diluir este impacto é dispersando os visitantes em outros espaços adequados ao uso publico (SMA, 2009). Outra justificativa importante, além de simplesmente a elevação quantitativa, advém da elevação da demanda por novos conhecimentos (Castro et. al., 2007) aspecto apreendido pela gestão à época. 961 Figura 1. Visitação do PEMD, com notável elevação a partir de 2005 (Pires e Faria, 2013) 2. Materiais e métodos 2.1 Área de estudo O Parque Estadual do Morro do Diabo é uma unidade de conservação localizada sob as coordenadas 22o 27’ a 22o 40’ de Latitude S e 52o 10’ a 52o 22’ de Longitude W, no Pontal do Paranapanema, estado de São Paulo. Segundo seu plano de manejo (Instituto Florestal, 2006), a floresta que o recobre é o tipo Floresta Estacional Semi Decidual, formação intrínseca à Mata Atlântica brasileira. O PEMD possui cerca de 34.000 hectares e preserva a maior área Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 contínua remanescente da floresta que recobria a porção ocidental do estado de São Paulo e de estados vizinhos e é administrado pela Fundação Florestal. Sua grande biodiversidade tem como expoente a maior população de micos-leõespretos (Leontophitecus chrysopygus) livres na natureza, primata que já foi considerado o mais ameaçado do planeta (IF, 2006). Os principais objetivos de gestão do parque são: i) Proteger a maior amostra de Mata Atlântica de Interior do Estado de São Paulo, sua biodiversidade e os recursos genéticos de que dispõe, ii) Proteger e conservar a população de Leontophitecus chrysopygus, iii) Proporcionar condições para o desenvolvimento de pesquisas científicas sobre o ecossistema protegido, assim como suas interações com o entorno, condizentes com a categoria de manejo e com o zoneamento proposto, e iv) Propiciar condições para atividades de educação e interpretação ambiental sobre os recursos protegidos na Unidade, apoiando as iniciativas para a implantação do ecoturismo regional (g.n.). 962 2.2 Métodos Valendo-se de ortofotos digitais, de alta resolução e de imagens LandSat 7TM, fez-se uma varredura no entorno da sede em busca da paisagem que poderia dar suporte à abordagem da trilha, analisando e sobrepondo os shapes vegetação recursos hídricos e zoneamento. Um sobrevôo do sitio sob os auspícios do IBAMA, cujo helicóptero estava em operação de fiscalização na região do Pontal, foi determinante na escolha do local e do trajeto a ser feito por terra. Sobre ortofoto traçou-se um esboço de caminhamento e coordenadas de referência para facilitar o direcionamento para a abertura da picada. Sobre imagem de satélite traçou-se um esboço tendo por referência as copas das grandes árvores e foram delimitadas as coordenadas de referência para facilitar o direcionamento para a abertura da picada. Buscou-se, neste momento, direcionar o traçado da trilha para que ela se iniciasse em um lugar aprazível e acessível e terminasse próximo de um local com infra-estrutura, como banheiro e água potável. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Foram feitas caminhadas de reconhecimento pela floresta buscando-se as coordenadas de referência com aparelho GPS (Global Position System), belos espécimes arbóreos e os pontos de menor distância entre as margens da lagoa intermitente contida no baixio do terreno, evitando-se carrascais, cipoais, formigueiros e outros obstáculos naturais do piso florestal e evitando também vespeiros, colméias e demais elementos naturais que pudessem oferecer risco a integridade do visitante Após a definição do traçado procedeu-se a abertura da picada principal, executada por funcionários do PEMD por meio de facões, foices e enxadas. Ao longo do terreno plano da picada mediu-se as distâncias horizontais com roda métrica e marcou-se pontos com o Global Position System (GPS) aonde fosse possível, visando a elaboração do mapa da trilha. Os princípios adotados para a interpretação natural da trilha são aqueles defendidos por Tilden (1977), Sam (1992) e Morales-Miranda (1992). Os levantamentos para a interpretação foram efetuados ao longo de toda a picada, abarcando os elementos da paisagem mais atrativos e as obras e facilidades necessárias. Para a definição destas últimas procuraram-se casos similares na literatura disponível (Hesselbarth et all, 2009; Andrade e Rocha, 2008; Ham, 1992), assim como na experiência dos autores e outros especialistas. As espécies vegetais selecionadas para interpretação foram identificadas por mateiro local, seguida de checagem em bibliografia especifica (Lorenzi, 1992, vol. I e II) e consulta à pesquisadores em visita ao parque. A temática escolhida para ser abordada na trilha foi a relação entre “Floresta e Água”. As fontes para a elaboração dos painéis interpretativos foram a cartilha do Comitê de Bacias Hidrográficas do Pontal do Paranapanema (http://www.comitepp.sp.gov.br/trab_pub.html), (Berkmüller, 1984) e adaptações de informações presentes no Centro de Visitantes 'Ybyrá-retá', do Parque Nacional Yguazú, Argentina. Para determinar a capacidade de carga da trilha utilizou-se a metodologia proposta por Cifuentes (1992). Para calcular a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 963 capacidade de manejo adotou-se o método EMAP de Cifuentes, Izurieta e De Faria (2000). A Figura 2 expõe sucintamente os procedimentos adotados. 964 Figura 2. Fluxograma geral dos procedimentos metodológicos adotados 3. Resultados 3.1 Implicações técnicas na seleção do sítio Para o atendimento pleno dos objetivos de gestão do PEMD, no Plano de Manejo do Parque (Instituto Florestal, 2006) foram definidas nove zonas e suas respectivas normas de gestão. As definições para cada zona são encontradas no Regulamento de Parques Nacionais (Brasil. Leis, decretos, etc., 2000 apud IF, 2006), no Regulamento de Parques Estaduais (São Paulo, Leis, decretos, etc., 1986 apud Instituto Florestal, 2006) e no Roteiro Metodológico do IBAMA (IBAMA, 2002 apud Instituto Florestal, 2006). Observa-se na Tabela 1 que os espaços reservados ao uso público abarcam 687,65 hectares, ou apenas 1,8% da totalidade da superfície do parque, em Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 gradientes diferenciados de uso conforme a zona utilizada e as respectivas normas de gestão. A seleção recaiu sobre a Zona de Uso Extensivo, que permite e privilegia a visitação. Tabela 1. Zonas do PEMD e respectivas áreas (IF, 2006) ZONA Área % da área total 1.431,34 3,91% Uso Conflitante 209,20 0,57% Uso Especial 328,24 0,90% Uso Extensivo 444,63 1,22% Uso Intensivo 27,90 0,08% Histórico-cultural 75,15 0,21% Intangível 18.042,25 49,34% Primitiva 16.008,20 43,78% Recuperação Total 36.566,91 15 1000 Na seleção do sítio, além do zoneamento considerou-se a segurança do usuário e a logística de atuação do programa de uso público e da manutenção, presentes no Plano de Contingência (Pires, Faria e Castro, 2008) da unidade, além da capacidade de manejo local. O Plano de Contingência estabelece parâmetros e procedimentos para o desenvolvimento seguro da atividade de visitação dentro da Unidade. Alicerçados no referido documento, nos conhecimentos que possuem dos espaços cogitados para abertura da nova trilha e nos conhecimentos acerca do comportamento da demanda de usuários, primou-se pela segurança dos visitantes na definição do novo espaço de visitação. Os perigos passíveis de existirem na nova trilha foram avaliados e analisados, bem como os procedimentos que podem ser adotados no A somatória dessas áreas ultrapassa a área oficial do Parque (33.845,33 ha.) porque no zoneamento ficou incluída uma área que foi desapropriada pela CESP e, entretanto, não inundada pelo lago de Rosana (1000 ha), bem como as áreas da rodovia e da ferrovia internas ao parque. Outro fato que colaborou com este desvio foi elaborar-se os mapas temáticos a partir de imagens e mapas em escalas diferentes (Instituto Florestal, 2006) 15 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 965 tratamento destes riscos. Isto para que fosse implantada uma trilha em que a administração da área pudesse manter um controle da conservação, da manutenção e de seu uso no que diz respeito à segurança dos usuários. A logística de visitação na Unidade foi um fator muito relevante na determinação da localização geográfica da trilha. O padrão de visitação do Parque é de grandes grupos que, em sua maior parte, passam de quatro a seis horas na Unidade. Cerca de quatro a seis horas são dedicadas para se conhecer a Sede da Unidade, e cerca de duas horas são destinadas para se conhecer a trilha do Morro do Diabo, distante da Sede do Parque cerca de vinte e cinco quilômetros (Castro et. al, 2007). Assim sendo, uma trilha que também objetiva atender a crescente demanda de usuários deve ser instalada em um local de fácil acesso aos visitantes Por sua vez, atualmente o número de funcionários do Estado na Unidade é de vinte e oito (28), distribuídos em vários cargos diferentes, sendo que três estão afastados por motivos de saúde. Contudo, em função das idades avançadas os afazeres de fiscalização e manutenção ficam prejudicados. Além destes, o parque conta com três monitores ambientais com formação superior, contratados pela Fundação Florestal para o atendimento ao público (Ramos, 2013). As instalações físicas estão em condições razoáveis de uso, mas o sistema de comunicação deixa a desejar, com internet e telefonia comprometidos. Existem veículos e equipamentos inerentes à gestão dessas áreas, porém há um descompasso no que tange à manutenção dos mesmos, principalmente em função da morosidade da tomada de decisão e dos tramites burocráticos da Fundação Florestal. No momento de redigir este artigo, o centro de visitantes da unidade estava inoperante por falta de manutenção na parte elétrica do prédio, assim como vários veículos e máquinas ociosas pela mesma razão. Há evidências de que o Plano de Manejo necessita ser atualizado, mesmo sendo de 2006, e não há conselho consultivo na atualidade, que existiu até o ano 2011. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 966 Esses critérios indicaram que a trilha deveria ser implementada nas proximidades da sede do parque, conforme Figura 2. 967 Figura 2. Localização da Trilha 'Barreiro da Anta' no entorno da sede do Parque Estadual do Morro do Diabo, com indicação dos traçados de prospecção e final, pontos interpretativos e coordenadas de referência. 3.2 Interpretação O sitio onde foi projetada a trilha fica na 'zona de uso extensivo' próxima à sede, no limite desta com a 'zona primitiva. Analisando-se o mapa de vegetação nota-se que a trilha está nas confluências da 'floresta madura alta com árvores emergentes' e a 'floresta em estágio avançado de regeneração'. Nas caminhadas para definição do melhor traçado para a trilha as escolhas recaíram por um serpenteio que privilegiou as características do primeiro tipo florestal, mas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 também seccionou partes do segundo, onde é possível ver fugazes evidências de que no passado incêndios assolaram a área: um ou outro toco em carvão visto por olhos treinados ao lusco-fusco da mata. Segundo antigos funcionários, a razão de existir ali este tipo florestal de menor qualidade decorre de um dos incêndios da década de 1960, que assolou o sítio na qualidade de fogo rasteiro, de menor intensidade, dado que a floresta resistiu e hoje se apresenta-se pujante. A presença de espécies indicadoras, como pau d'alho (Gallesia integrifolia), flor roxa (Bouganvillea glabra) e carrapateira (Metrodorea nigra) sugere a existência de solos mais férteis do que no restante do Parque (IF, 2006), provavelmente com profundidade rasa e lençol freático superficial pelo fato de nas proximidades se localizarem o que no plano de manejo se designou como 'lagoas intermitentes'. O encontro ou avistamento de nobres espécies arbóreas é um fato, como peroba rosa (Aspidosperma polyneuron), ipê roxo (Tabebuia heptaphylla), pau marfim (Balfourodendron riedelianum), cedro rosa (Cedrela fissilis) cabreúva (Myroxilon peruiferum), guaritá (Astronium graveolens), jatobá (Hymenaea courbaril), canelas entre outras. Contudo, é possível encontrar clareiras sendo colonizadas por espécies pioneiras (Croton floribundus), oportunistas ou emaranhados de cipós que evidenciam ciclos ecológicos da sucessão e regeneração da floresta. As 'lagoas intermitentes' surgem principalmente na porção sudeste do Parque, nas proximidades do rio Paranapanema onde ocorrem áreas mais planas e baixas que o restante do parque. Essas lagoas estão associadas ao lençol freático superficial, ao surgimento de nascentes d'água e ao regime hídrico da florestal ao redor, pois no período chuvoso a água se acumula no piso e solo florestal e lentamente percola entre solos e raízes para os locais de menores níveis altimétricos. Nos longos períodos de estiagem estes sítios são os últimos a secarem, mantendo quase sempre 'olhos d'água' onde os animais se socorrem e refrescam. A vegetação da 'lagoa' é formada basicamente por samambaias (Pteridum sp.) e capim rabo-de-burro (Andropogon sp.), que conforme Embrapa (2013) são indicadoras de solos ácidos com alto teor de alumínio, impermeáveis Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 968 entre 60 e 120 centímetros de profundidade, típicos de terras abandonadas ou gastas e de áreas úmidas Em um parque onde o maior atrativo é a própria floresta, sua riqueza e seus significados, uma trilha deve privilegiar que o visitante encontre e revele seus segredos. Visando causar um impacto aos usuários decidiu-se que a trilha tivesse o formato circular e avançasse sobre a peculiar formação paisagística dessas 'lagoas intermitentes', de onde é possível ter uma visão diferenciada da floresta, algo novo, pois se sai do abrigo da mata para cruzar um sítio aparentemente inóspito, mas que, no entanto, é habitat de alguns animais haja vista a presença de rastros de antas, veados e onças. Pelas características já descritas do ambiente, somada ao fato de o PEMD ter sido palco de dois grandes eventos comemorativos do Dia Mundial da Água, em 2005 e 2011, a abordagem definida para a trilha foi a relação 'Floresta e Água', com a confecção de painéis contendo mensagens sobre este tema e outros relativos à conexão deste com o Parque. Ao longo de toda a trilha foram indicados os nomes comuns e científicos dos espécimes arbóreos selecionados e propostos doze pontos interpretativos, a partir dos sub temas Água, Vegetação e Biodiversidade (Quadro 1). Quadro 1. Pontos interpretativos da trilha Barreiro da Anta, PEMD. Painel 1 Tema Conteúdo Painel  Informações gerais sobre o "Apresentação" percurso, tempo de duração, nível de dificuldade e normas de conduta;  Totem de boas vindas 2 Painel "Terra: Planeta Água"  Surgimento do planeta;  Evolução dos animais a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 969 partir da água;  Constituição do planeta e,  Gráfico representativo sobre a diferença de água salgada e doce na constituição do planeta.  Totem sobre a quantidade de água no nosso corpo 3 Painel "Água da nossa região"  Bacia hidrográfica do Pontal do Paranapanema;  Proteção de mananciais;  Economia de água;  Estados da água;  Aqüífero Guarani  Infográfico sobre a distribuição de água no país e na região; 970  Totem sobre água potável 4 Painel "Águas do  Micro-bacias do Parque; Parque Estadual do  Proteção das águas Morro do Diabo"  Totem sobre a poluição das águas 5 Painel "A Água Vai e  Ciclo da água nas florestas; Vem"  Importância da mata ciliar;  O que é orvalho;  Totem sobre a representatividade da água na nossa vida. 6 Painel "Organizada em estratos"  Os estratos da vegetação na floresta; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4  Incidência de luz;  Relação entre estratos e habitat;  Totem sobre respiração e fotossíntese 7 Tronco de Cabreúva  O Ecossistema (Myroxylon  Tudo peruiferun) caída natureza  Porque se é relaciona na importante a queda de árvores na floresta?  Bioma, o que será isso? 8 "A Imensidão da Floresta"  Diferença de ambientes florestais.  Germinação  Famílias de vegetais  Pteridófitas (samambaias existentes onde a passarela está instalada) 9 Painel "Esperando a  Conceito de sucessão oportunidade" ecológica;  A influencia da disponibilidade de recursos e condições favoráveis;  Plantas r e k estrategistas;  Totem para interpretar o conceito de fotossíntese Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 971 10 Painel "A  Conceito de biodiversidade; biodiversidade  Número de espécies no global" planeta;  Gráficos sobre a biodiversidade;  Fauna;  Totem sobre a diferença entre animais vertebrados e invertebrados;  Animais domésticos e silvestres; 11 Placa "A  Número de espécies biodiversidade do registradas na área, por classe; Parque Estadual do  Caixa de pegadas, com a Morro do Diabo" placa correspondente aos principais rastros encontrados na trilha;  Totem sobre a importância da preservação de animais silvestres 12 Encerramento  Conclusão sobre a importância dos três tópicos e seus temas abordados no percurso. Após todos os levantamentos a trilha foi batizada de “Barreiro da Anta”, pois na parte desprovida de vegetação florestal, na 'lagoa intermitente', observou-se uma maior concentração de vestígios dessa espécie, que certamente transitam ali na época de seca (inverno) e se refrescam em época de cheia (verão), o que desperta a curiosidade dos visitantes. Os objetivos fixados para a trilha foram: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 972  Melhorar a compreensão a respeito da temática “florestas” e “águas”;  Aumentar a percepção da importância do PEMD e da conservação da natureza;  Melhorar a capacidade de recepção do PEMD;  Melhorar a compreensão a respeito da temática "Floresta e Água”. No desenvolver do projeto surgiu uma grande oportunidade e a trilha "Barreiro da Anta" foi adotada pelo Projeto Estratégico Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente denominado "Criança Ecológica". A trilha recebeu totens especiais, as personagens do "Criança Ecológica" que interagem com os visitantes através de mensagens e provocações ambientais, além de um folder impresso especialmente para esta trilha. 3.3 Intervenções construtivas Apesar do solo da trilha e arredores ser arenoso, o piso da trilha é plano e não foi necessário intervenções para minimizar erosões e ravinas, mas toda a área destinada aos pedestres foi limpa, sendo retirados cipós, galhadas e sobras pontiagudas das limpezas anteriores. Para a mínima infraestrutura projetada foi levada em consideração a harmonia dos materiais utilizados com o ambiente natural. Foram construídos seis painéis interpretativos em madeira de eucalipto tratado que suportam um sanduíche de placas de acrílico com o impresso no meio, este confeccionado em lona de alta resistência (fotos do Quadro 1). Esta opção foi eleita por permitir a fácil troca dos impressos caso estes desbotem ou percam a razão de ser no contexto futuro da trilha, além de aumentar a resistência às intempéries e ser de baixo custo. Para o inicio da trilha construiu-se um painel em madeira com as características básicas da trilha. Placas de identificação de espécies de árvores foram confeccionadas em tabuas de eucalipto tratado, pirografadas, letras pintadas de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 973 branco e envernizadas. A fonte utilizada foi a Balloon XBd BT do Windows, mantendo-se o padrão de fonte utilizada em outras placas do Parque. Para acessar com comodidade e segurança um ecossistema florestal diferenciado, no meio da trilha construiu-se uma passarela suspensa de 220 metros de extensão por um metro de largura sob a vegetação que viceja na 'lagoa intermitente' (Figura 3). 974 Figura 3. Passarela suspensa na trilha Barreiro da Anta (foto dos autores) A seguir a planilha dos custos da trilha (Quadro 2), na qual não incide lucros ou benefícios e despesas indiretas, o famoso 'BDI' praticado pela iniciativa privada. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Os recursos foram obtidos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos-FEHIDRO e compensação ambiental incidente sobre o PEMD. Quadro 2. Custo real de implantação da trilha Barreiro da Anta (ano de referência 2008). Material/Serviços Quantidade $ Impressão em alta resolução de banners 6 800,00 12 600,00 3 kg 600,00 6 400,00 lona plástica de alta resistência, 4 cores, nas dimensões 1m x 0,90m Confecção de painéis em acrílico dupla face nas dimensões 1m x 0,90m Pregos, parafusos e congêneres Telha ecológica duas águas nas dimensões 1,50m x 0,80m mais cumeeira Tábuas eucalipto tratado, 20-25cm x 3cm 200m 2 6040,00 x 1,5m Palanques de eucalipto tratado 8-10cm e 14.600,00 13-15cm de diâmetro Vernizes e seladores marítimos, tinner 40 galões 3.123,00 Trator 10 horas 300,00 270* 18.900,00 Mão-de-obra de execução (R$70,00/homem/dia) Planejamento/Interpretação/coordenação** TOTAL homens/dia Técnicos 20.000,00 65.363,00 * 6 homens x 45 dias de trabalho **Equipe com um eng. florestal, uma bióloga e uma turismóloga (valor fictício). 3.4 Capacidade de Carga Segundo o método proposto por Cifuentes et. all. (1990, 1999), a capacidade de carga divide-se em três cenários distintos de capacidades: capacidade de carga física, capacidade de carga real e capacidade de carga efetiva ou permissível. A primeira é definida como o limite máximo de visitantes que podem ocupar um espaço em determinado tempo; a capacidade de carga real é a capacidade de carga física corrigida por uma série de fatores que oferecem resistência Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 975 ambiental, que são definidos em função das características do lugar; e a capacidade de carga efetiva é o limite máximo de visitas permitidas em um sítio conforme a capacidade de manejo da administração. O primeiro passo foi o estabelecimento de critérios e definição de variáveis físicas, ambientais, ecológicas e de manejo que possam influenciar e limitar a quantidade de visitantes do sítio estudado. A partir destes critérios calculou-se a capacidade de carga física (CCF) do sítio, aplicando-se a formula correspondente. Critérios básicos estabelecidos para CCF a) o fluxo de visitantes se dá em um único sentido, não havendo encontros entre grupos; b) Cada pessoa necessita de 1 metro linear de trilha. Se a largura média do percurso é de 1 metro, cada pessoa ocupa 1 m2 de superfície mínima para que o mesmo possa se movimentar confortavelmente; c) A distância ideal entre grupos é de no mínimo 500 metros para que os grupos não se perturbem mutuamente. Aqui já se insere um 'fator social' como uma das limitantes da capacidade de carga física, que pode ser utilizada como um fator limitante para o calculo da capacidade de carga real, tal como fez Neto (2007). d) O horário de visitas é de sete horas e meia (7:30h), pois o parque funciona das 8:00h às 17:00h, com intervalo de 1:30h para almoço e café; e) A trilha será usada por grupos guiados de no máximo 50 pessoas, correspondente a um ônibus de excursão; f) É necessário pelo menos uma hora e meia (1:30h) para uma visita razoável (com monitor/interprete), sendo possível a realização de 5 períodos de visita (7:30/1:30). Ou seja, durante o dia um visitante pode fazer a mesma trilha cinco vezes. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 976 g) Dimensões da trilha: 1600 metros de extensão; um metro de largura média. Em sendo que o uso da trilha será feito em grupos, inicialmente foi necessário saber quantos grupos podem ocupá-la ao mesmo tempo, procedendo-se da seguinte maneira: .número de pessoas/grupo=50 .comprimento ocupado/grupo=50 m .espaço entre grupos=500 m .espaço necessário/grupo=550 m .número de grupos=1600/550m= 2,9 grupos ≈ 3 grupos Multiplicando a quantidade de grupos pelo número de pessoas por grupo chegouse à quantidade de visitantes que podem estar presentes na trilha ao mesmo tempo. Este valor multiplicado pela quantidade de visitas possíveis de serem realizadas no período de abertura da trilha resulta na capacidade de carga física. 3 grupos x 50 pessoas/grupo x 5 períodos de visita = 750 A fórmula original apresentada por Cifuentes (1992) encontra-se diluída nos cálculos acima, senão vejamos. CCF=V/a*S*t, onde V/a= quantidade de pessoas por grupo/espaço ocupado grupo= 50/550 S=superfície total disponível = 1600 m2 t=tempo disponível para visitas = 5 períodos de visitas/dia CCF=50/550 x 1600 x 5 = 727 CCF= 727 visitas/dia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 977 A pequena diferença esta em função das aproximações numéricas e não é significativa (0,3%). A seguir calcula-se a Capacidade de Carga Real (CCR) e, para tanto, estabeleceu-se as seguintes variáveis limitantes à visitação: Precipitação: o PEMD está localizado numa região relativamente seca, porém o diagrama climático presente no Plano de Manejo (Instituto Florestal, 2006, pg. 95) mostra que durante seis meses há precipitações acima de 100 milímetros mensais, com pelo menos um mês apresentando chuvas superiores a 150 milímetros entre novembro e janeiro. Manutenção: fechamento temporário estabelecido em comum acordo com a administração do Parque visando à manutenção da trilha, sendo o período uma limitante para o uso. Convencionou-se que todas as segundas-feiras seriam dedicadas a estes serviços e supervisões de segurança. Distúrbio à fauna: apesar do sitio selecionado estar dentro da 'zona de uso extensivo' no parque, a floresta por onde o traçado final foi estabelecido é exuberante e é possível encontros com indivíduos da fauna como bugios, macacos prego, antas, cotias, veado mateiro, aves, quatis e, sobretudo, o micoleão-preto, primata que já esteve na lista dos mais ameaçados de extinção do mundo. Dado sua relevância para a conservação da biodiversidade do PEMD, utilizou-se o período de gestação da espécie como uma importante variável biológica que deve restringir o acesso à trilha. Segundo Coimbra-Filho (1976), este período compreende 132 a 134 dias e os partos acontecem com maior freqüência de setembro a dezembro. Os fatores de correção (FC) expressam-se em termos de porcentagem e para calculá-los usou-se a seguinte fórmula geral: FC=Ml/Mt*100 onde Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 978 FCp = fator de correção precipitação FCm = fator de correção manutenção FCf = fator de correção fauna Ml = magnitude limitante da variável Mt = magnitude total da variável a) FCprecipitação Considerou-se que apenas 30 dias do ano limitam de fato a realização de excursões à trilha, quando as precipitações atingem os valores máximos registrados no PEMD. Deste modo, o fator de correção para precipitação é: FCp= 30dias limit./ano*100 365 dias/ano FCp= 8,22 % b) FCmanutenção Se todas as segundas feiras serão fechadas para manutenção, então 52 dias limitam a visitação. FCm= 52 dias limit./ano *100 365 dias/ano FCm = 14,24 % c) FCfauna FCf = 134 dias limit./ano * 100 365 dias/ano Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 979 FCf = 36,71% Feito isto, usa-se estes fatores para corrigir a CCF, conforme a formula a seguir CCR=CCF*100-FCp*100-FCm*100-FCf 100 100 100 CCR = 727 * (100-8,22/100 * 100-14,24/100 * 100-36,71/100) CCR = 727 * 0,92 * 0,86 * 0,63 CCR = 362 visitas/dia A capacidade de carga real para a trilha é de 362 visitas por dia, ou seja este é o limite máximo que a trilha pode suportar dadas as características e fatores considerados para seu cálculo. A capacidade de carga efetiva é o produto da comparação entre a capacidade de carga real (CCR) com a capacidade de manejo da unidade (CM) através da formula CCE=CCR*CM/100, onde CM é a porcentagem da capacidade de manejo mínima definida. Visando a quali-quantificação da capacidade de manejo da unidade lançou-se mão do método preconizado por Cifuentes, Izurieta e De Faria (2000), adaptandoo aos requerimentos do presente trabalho, cotejando a avaliação atual ao apresentado por Pires, Faria e Monteiro (2007) com a avaliação de variáveis de gestão mais sensíveis à gestão per si (Quadro 3). Quadro 3. Avaliação atual da gestão e comparação com o apresentado por Pires, Faria e Monteiro (2007), com pontuações variando de 0 a 4. Indicadores Plano de Manejo Zoneamento Nível de planejamento Usos x objetivos 2005 2013* 3,50 3 4,00 4 4,00 2 3,00 2 ...Continuação Indicadores Normatização de procedimentos Situação fundiária 2005 4,00 4,00 2013 2* 4 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 980 Programas de manejo Administrador, pessoal Corpo de funcionários técnico e administrativo Financiamento Organização Infra-estrutura Equipamentos e materiais Aceiros corta fogo Demarcação física da UC Continua... 3,10 4,00 3,16 2,30 3,75 3,00 4,00 3,00 4,00 1 1 2,5 1,5 2 2 1 2 3 Apoio e participação Relações Inter-institucional comunitária Relações Intra-institucionais Respaldo ao pessoal Programa de capacitação Informações biofísicas Informações cartográficas Informações socioeconômicas Informação legal Pesquisas e projetos Monitoramento/Retroalimentaçã Total alcançado o Total ótimo % do ótimo * Avaliação fruto da percepção dos autores referente a julho de 2013. 4,00 3,00 2,00 1,00 1,00 4,00 4,00 4,00 3,00 3,00 3,00 84,81 104 81,54 1 1 2 1 0 2 4 2 4 1 0 52 104 50% % CCE = 362 * 50/100 CCE = 181 visitas/dia 981 O Quadro 3 demonstra que a gestão do PEMD teve uma queda bastante significativa em sua eficácia, o que compromete todos os trabalhos levados a termo para se acercar dos objetivos de manejo. Nas atuais condições gerenciais, as pessoas que trabalham com o uso público no PEMD devem considerar esta limitação como um importante mecanismo para o efetivo manejo do visitante e dos impactos da visitação na unidade. Vale considerar que os valores obtidos são resultado dos critérios estabelecidos para proceder ao calculo da capacidade de carga e que alterações de manejo, como por exemplo o tempo da visita, o tamanho dos grupos, o comportamento do grupo, ou a distância mínima entre grupos, vai alterar significativamente esta capacidade. Certamente foram tais observações que induziram o idealizador do método a afirmar que esses estudos não devem ser considerados como a solução aos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 problemas da visitação (Cifuentes 1992, p. 4), mas sim uma das ferramentas que minimizam os impactos das atividades de uso sobre as áreas protegidas. Monitoramento A trilha já está pronta, já foi inaugurada e com uso freqüente. Agora precisa ser adequadamente monitorada visando a responder se... ...a interpretação da trilha está alcançando os visitantes? qual a satisfação? ...as normas de gestão das trilhas estão sendo respeitadas? ...a capacidade de carga da trilha é respeitada e corresponde aos impactos? ...o limite aceitável de alteração do ambiente da trilha está sendo observado? ...as infraestruturas estão adequadas ao perfil e segurança dos usuários? ... Respostas a essas perguntas são obtidas a partir de técnicas e metodologias apropriadas, tais como o limite aceitável de mudanças (LAC) e o manejo do impacto do visitante (VIM). No estado de São Paulo o Projeto Trilhas de São Paulo lançou um manual bastante didático com os passos para se aplicar o VIM (SMA, 2009) sendo, por esta razão, recomendado aqui, além do plano de contingência do parque, que deve ser revisto e atualizado periodicamente. Infelizmente, em recente evento ocorrido à época de redigir este trabalho, os cicloturistas participantes não foram adequadamente orientados pela gestão do parque e utilizaram as trilhas de pedestres durante o dia e à noite, inclusive a do Barreiro da Anta, ocorrendo uma queda noturna que poderia ter sido muito grave, seja para o usuário, para o gestor e mesmo para a instituição gestora (Figura 4). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 982 983 Figura 4. Uso inadequado da trilha Barreiro da Anta. Imagens retiradas do Facebook, 2013. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 4. Conclusão O uso de sistemas de informações geográficas é cada vez mais presente no planejamento e manejo de trilhas e neste trabalho não foi exceção, ao contrário, foi o auxilio dessa ferramenta, com ortofotos digitais georreferenciadas de alta resolução e precisão que permitiram o melhor traçado da trilha, com seleção de recursos interpretativos importantes, "avistados" de cima, como as copas das grandes árvores por exemplo. Ir a campo com um mapa gerado com as variáveis necessárias para o melhor traçado foi uma facilidade que minimiza o tempo gasto na seleção do sitio. O aparelho de GPS (Global Position System) foi fundamental para conciliar o que foi planejado no escritório com o que era encontrado no campo. Normalmente esses recursos são utilizados para preparar mapas de trilhas existentes e nós fizemos o caminho inverso e certo. Era evidente o potencial do ambiente para se desenvolver o tópico “Floresta e Água”, dado a existência da “lagoa intermitente”, considerada o ápice da trilha por ser a paisagem ecossistêmica diferenciada. Por sua vez, a seleção de três temas principais foi fundamental para a compreensão do ambiente da trilha como um todo: água, flora e biodiversidade, permitindo ao visitante descortinar de forma prazerosa um pouco da dinâmica do ambiente florestal. A inserção da trilha no Programa Criança Ecológica possibilitou a inclusão de novos e curiosos meios interpretativos que despertam a curiosidade e a imaginação das pessoas. A aceitação da trilha foi imediata após sua inauguração, sendo que o público em geral demonstrou satisfação em conhecer novos ambientes do Parque. A instalação dos painéis interpretativos foi uma estratégia bem interessante, pois abriu a possibilidade para aqueles visitantes que não desejam estar acompanhados de um monitor.Uma das principais estratégias pensadas ao abrir essa trilha foi a dispersão dos impactos frente a grande demanda de visitação, pois até o ano de 2008 existiam apenas duas trilhas, aspecto que foi fundamental para a melhoria da manutenção das demais trilhas do Parque, como a trilha do Morro do Diabo enfocada em outro artigo deste mesmo evento. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 984 A implantação desta trilha soma-se a outras ferramentas que visam consolidar o objetivo de gestão do PEMD referente à educação ambiental e ao ecoturismo. Os benefícios oriundos da manutenção de áreas protegidas têm relação direta com a qualidade de vida das pessoas, mas a maior parcela da população não os compreende, o que acarreta em posturas inadequadas frente ao uso dos recursos naturais. Os visitantes que adentram as matas do PEMD desfrutam de momentos de lazer, constituem uma demanda positiva, o que os torna mais abertos para novas experiências, diálogos, novas intervenções que possam acarretar uma mudança positiva de comportamento tendo em vista atitudes mais cidadãs. Em uma trilha a informação deve ser passada de forma prazerosa e lúdica, leve e agradável, conforme os princípios da interpretação citados neste artigo. A qualidade da experiência implicará na mudança de postura que tanto se espera, por isso esse novo atrativo, fundamentado em metodologias que preconizam tanto a conservação do ambiente natural quanto a qualidade da visita, se mostrou uma estratégia eficiente para se cumprir com mais efetividade a promoção da educação ambiental e do ecoturismo. Uma boa gestão de áreas protegidas passa necessariamente por conhecimentos técnicos, pela legislação ambiental e uma boa gestão de pessoas. A gestão das Áreas Protegidas é a gestão da questão humana, afinal as Áreas estão protegidas da ação humana, para que sejam manejadas tendo em vista a melhoria da qualidade de vida humana a partir do seu uso racional, ou inteligente. Afinal, do ponto de vista da natureza a terra não possui limites. Os limites somos nós que criamos dentro de um arranjo político do território, e qualquer política de conservação têm de levar em conta que hoje a população da Terra supera os sete bilhões de habitantes. Serão os interesses de usos destes habitantes que irão gerar as pressões e as oportunidades para se gerenciar o uso público nas Unidades de Conservação. A realidade é dinâmica e a conservação da natureza tem de considerar esta dinâmica. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 985 Reconhecimento Os autores desejam abraçar todos os monitores ambientais, estagiários e funcionários do PEMD que participaram das atividades relatadas neste trabalho e, em especial, saudar o mateiro 'Miquilica', Valdemar Martins de Carvalho, que emprestou seu entusiasmo e alegria nas fases de abertura de picadas e limpeza da trilha. Que seu espírito ilumine os que por lá andarem. E agradecer o apoio do Fundo Estadual de Recursos Hídricos de São Paulo, ao IBAMA e à Prefeitura Municipal de Teodoro Sampaio. 5. Bibliografia ANDRADE, W. J.; ROCHA, R. F. da. Manual de Trilhas: Um manual para gestores. Série Registros. Instituto Florestal. Secretaria do Meio Ambiente. São Paulo, Br. 35:1-74. 2008. BERKMÜLLER, K.. Educación ambiental sobre el bosque lluvioso. IUCN/WF. Traduzido por Hernán Torres. 127 p. 1984. BRASIL. Lei n.o 9.985, de 18 de julho de 2000. Diário Oficial da União. p. 1202612027, 19 de jul. 2000. Seção I. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.2000. CASTRO, J. F. de, FARIA, H. H. de, PIRES, A. S. El perfil de los visitantes del Parque Estadual do Morro do Diabo, Estado de São Paulo, Sudeste de Brasil. Anais do 2o Congreso Latinoamericano de Parques Nacionales y Otras Áreas Protegidas. San Carlos de Bariloche. 30 de setembro a 06 de outubro de 2007. Republica Argentina. CD-ROM. 2007 CIFUENTES, M.A ; ALPIZAR, F.; BARROSO, F.; COURRAU, J.; FALCK, L.; JIMENEZ, R.; ORTIZ, P.; RODRIGUEZ, V.; ROMERO, J.C.; TEJADA, J. 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No entanto, sofre com pressões relacionadas à urbanização do entorno e usos conflitantes em seu interior, além do baixo reconhecimento da área enquanto uma UC. Embora o PNMFC não esteja oficialmente aberto à visitação, ele apresenta vários atrativos como trilhas, mirantes, áreas florestais, córregos e quedas d’água. Conta com 09 trilhas que totalizam 16,33 km, implantadas em períodos distintos para finalidades diversas. Atualmente, são utilizadas oficialmente para fiscalização, manutenção e pesquisa, porém, também tem facilitado o acesso à área para usos conflitantes. Os principais desafios associados ao uso das trilhas são os usos religiosos desregrados, caça, consumo de drogas e outros usos associados à criminalidade. Alguns autores destacam que um dos valores das florestas urbanas reside na proximidade às pessoas e possibilidade de sua integração com a sociedade, o que pode ocorrer quando está preparada para receber visitantes e oferecer uma experiência agradável e educativa, na qual as trilhas constituem-se como importantes instrumentos. Neste sentido, o presente trabalho buscou caracterizar o PNMFC, identificando os principais atrativos e impactos relacionados às suas trilhas. Para tanto, foram conduzidas revisão bibliográfica, entrevistas com funcionários da UC e observações diretas em campo. Concluiu-se que o PNMFC apresenta atrativos que poderiam compor um programa estruturado de uso público. Vários impactos foram identificados e parecem estar relacionados à fragilidade da fiscalização atual, mas também, à inexistência de outros usos compatíveis com a categoria da UC. Um programa de uso público estruturado e revisão do atual sistema de trilhas pode constituir um importante instrumento de aproximação da sociedade, já que estas poderão ser utilizadas para possibilitar interações positivas entre os visitantes e a natureza. Resumen 16 jussara@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas angela@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas 18 giovana@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas 17 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 992 Sociedad; Uso Publico; Area protegida; Ambiente Urbano; Mata Atlântica. El PNMFC tiene una superficie de 449 hectáreas de Bosque Atlántico en el este de São Paulo, con un importante papel socio ambiental en la región. Sin embargo, sufre de presiones relacionadas con la urbanización de los alrededores y usos conflictivos internamente, además también sufre con su bajo reconocimiento como un área protegida. Aunque PNMFC no este oficialmente abierto a la visitación, presenta varios atractivos como senderos, miradores, bosques, arroyos y cascadas. Tiene un total de 09 rutas con un total de 16,33 kilómetros, implantadas en momentos diferentes para diferentes propósitos. Actualmente, se utilizan oficialmente para la fiscalización, el mantenimiento y la investigación, sin embargo, también ha facilitado el acceso para usos conflictivos. Los principales problemas asociados con el uso de los senderos son los usos religiosos sin control, la caza, el uso de drogas y otros usos relacionados con la criminalidad. Algunos autores señalan que uno de los valores de los bosques urbanos es que se encuentra muy cerca de las personas y tiene la posibilidad de gran integración con la sociedad, lo que puede ocurrir cuando está listo para recibir a los visitantes y proporcionar una experiencia agradable y educativa, con los senderos siendo importantes instrumentos. En este sentido, el presente estudio tuvo como objetivo caracterizar el PNMFC, la identificación de los principales lugares de interés y los impactos relacionados con los senderos. Por lo tanto, se realizó una revisión de la literatura, entrevistas con el personal del área protegida y observaciones directas en el campo. Se concluyó que el PNMFC presenta diversos lugares de interés que podrían componer un programa estructurado para el uso público. Se identificaron varios impactos que parecen estar relacionados con la fragilidad de la fiscalización actual, sino también a la ausencia de otros usos compatibles con la categoría del área protegida. Un programa de uso público estructurado y la revisión del sistema de senderos actual puede ser una herramienta importante para la aproximación de la sociedad, ya que pueden ser utilizados para facilitar las interacciones positivas entre los visitantes y la naturaleza del Parque. 1. Introdução Embora as florestas Atlânticas constituem-se como o segundo maior bloco de florestas tropicais úmidas da América do Sul, elas encontram-se entre as mais ameaçadas do mundo, uma vez que grande parte de sua área de distribuição coincide com as regiões brasileiras mais populosas (VIANA e TABANEZ, 1996). Esta realidade torna-se ainda mais complexa quando estendidas às grandes metrópoles, a exemplo da cidade de São Paulo considerada como o maior aglomerado urbano do país (SEADE, 2013). Embora a cidade de São Paulo apresente cerca de 40% de seu território com algum tipo de cobertura vegetal, poucas áreas (20,06%) são cobertas por Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 993 vegetação nativa e destinadas, efetivamente, para a conservação ambiental (SVMA e IPT, 2004). Esta vegetação está mais conservada e concentrada em regiões de cabeceiras de rios e de proteção aos mananciais, normalmente localizadas nas porções norte e sul do município de São Paulo. Em outras regiões, como na Zona Leste – que abriga o Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo (PNMFC), área de estudo deste trabalho - a vegetação encontra-se bastante fragmentada e dispersa (MALAGOLI et al, 2008). É importante considerar que poucas dessas áreas cobertas por vegetação nativa estão inseridas em algum tipo de unidade de conservação (UC) (MALAGOLI et al, 2008), evidenciando a importância do PNMFC para a conservação do maior fragmento de vegetação da Zona Leste e qualidade socioambiental local. Diversos autores (SOUZA, 2010; MENEZES, MENDES, 2001), analisaram os valores e benefícios das áreas protegidas urbanas e destacaram o grande potencial dessas áreas tanto em sua dimensão ambiental, quanto socioeconômica e cultural, estética e educacional; sendo estes últimos o enfoque deste estudo. McNeely (2001) destaca a proximidade das pessoas às florestas urbanas, como valor fundamental destas áreas. Para o autor, um dos seus grandes potenciais seria a possibilidade de uma maior integração da UC com a sociedade, o que pode ocorrer quando a área está preparada para receber visitantes, oferecendo uma experiência significativa e educativa. De fato, as áreas naturais são locais ideais para processos educativos, uma vez que representam verdadeiros laboratórios vivos que oferecem oportunidades únicas para a (re)aproximação das pessoas aos ambientes naturais, possibilitando reflexões, troca de saberes e aquisição de novos conhecimentos, além de despertar sentimentos de pertencimento, fatores que vão ao encontro dos pressupostos da educação ambiental e da conservação da natureza (VASCONCELLOS, 2006). Von Behr (2012) destaca que UCs em áreas urbanas, preparadas para a visitação pública e que estabelecem uma relação inclusiva com a comunidade local, são Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 994 estratégicas para o alcance do apoio da sociedade para a conservação. Segundo ele, é necessário estimular cada vez mais que as pessoas conheçam e desfrutem desses espaços, pois estas áreas desempenham um papel pedagógico fundamental no sentido de ter a comunidade aliada na defesa do meio ambiente. Dentre as diversas estratégias que podem contribuir para o processo de integração entre UC e sociedade, destacam-se as trilhas por serem espaços que atraem um público diverso e possibilitarem atividades múltiplas, seja para o lazer, cultura, esporte, religião e, conforme Oliveira et al. (1999), para sensibilização e educação ambiental. Destaca-se que as trilhas são reconhecidas como valiosos instrumentos de programas de educação ao ar livre ao propiciar atividades que revelem os significados e as características do ambiente por meio do uso dos elementos físicos, simbólicos, recursos ilustrativos e pela experiência direta (ARAÚJO e FARIAS apud SILVA et al., 2012). Entretanto, o fomento do seu uso também requer planejamento, monitoramento e manejo, já que estas são susceptíveis a vários impactos. Magro e Talora (2006) mencionam que tais impactos podem decorrer tanto de fatores internos quanto externos, podendo estar associados ou não ao uso público. Para as autoras, as transformações antrópicas de cunho não recreacionais, constituem como grande desafio para o manejo desses locais, tendo em vista que as pressões internas relacionadas ao uso público podem ser trabalhadas de forma direta e eficiente, diferentemente das pressões antrópicas externas, as quais são complexas, dinâmicas e tendem a se ampliar, a exemplo dos agentes poluidores e a expansão urbana. O PNMFC encontra-se neste contexto, assim o presente trabalho buscou realizar uma caracterização geral da UC, bem como identificar os principais atrativos, usos, e respectivos impactos, relacionados às suas trilhas, de forma a contribuir para o planejamento do uso público da unidade. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 995 2. Metodologia Foram realizadas revisões bibliográfica, documental e consultados materiais disponibilizados pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo (SVMA). Este levantamento foi complementado com a realização de observações diretas no PNMFC e seus arredores, cujos aspectos de interesse para o estudo foram registrados por meio de coordenadas geográficas, fotografias e anotações. Com o intuito de caracterizar as trilhas e demais atrativos do PNMFC de interesse para visitação pública foram realizadas saídas de campo em março de 2013, e entrevistas não estruturadas junto aos funcionários do PNMFC. Esses dados foram coletados entre fevereiro e março de 2013 durante o processo de diagnóstico para a elaboração do plano de manejo do Parque realizado pela Prefeitura Municipal de São Paulo/ SVMA por meio de consultoria executada pelo IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas. 3. Resultados e discussão Caracterização da Área de Estudos O PNMFC foi criado pelo Decreto Municipal nº 43.329/2003, com o intuito de preservar e recuperar características dos ecossistemas originais de uma área de 449,78ha que já fazia parte da Área de Proteção Ambiental Parque e Fazenda do Carmo. Esta UC está localizada na região da Subprefeitura de Itaquera – cidade de São Paulo (Figura 1), sendo a responsável por abrigar o maior remanescente florestal da Zona Leste da cidade. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 996 Figura 1. Mapa de localização do PNMFC. 997 O seu entorno é constituído principalmente de bairros com altos índices de adensamento populacional, onde as famílias são predominantemente de baixa renda, contendo cerca de 10% das favelas da cidade de São Paulo. Tal informação, aliada aos dados de renda e educação, revela a alta fragilidade social do entorno do Parque. A região apresenta sérios déficits quanto à infraestrutura urbana, principalmente em questões ligadas ao saneamento básico, segurança pública, às áreas verdes e também em equipamentos culturais, de lazer e atrativos turísticos. Os estudos realizados durante o plano de manejo identificaram a presença de pelo menos 507 espécies de plantas, onde 5 se enquadram em alguma categoria de ameaça, incluindo a Campomanesia phaea (o cambuci), uma espécie endêmica e rara, símbolo da cidade de São Paulo. Para a fauna estima-se que o Parque abrigue 166 espécies, sendo 11 répteis; 148 aves, como o jacuaçu (Penelope obscura) e o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), consideradas “quase ameaçadas” de extinção; e 07 mamíferos, como a Preguiça-de-três-dedos (Bradypus variegatus). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Além dos valores associados à biodiversidade, este fragmento de vegetação apresenta um importante papel no equilíbrio ambiental da Zona Leste, uma vez que abriga inúmeras nascentes e funciona como um elemento regulador dos processos hidrológicos, ecológicos, geomorfológicos e climáticos. O PNMFC também apresenta grande importância hídrica com nascentes e córregos que contribuem com a formação do Rio Aricanduva, afluente do Rio Tietê. No entanto, a falta de saneamento adequado nos bairros do entorno tem acarretado graves consequências aos recursos hídricos do interior do Parque, que atualmente apresenta parte dos seus cursos d’água contaminados por esgoto. Outro problema é o depósito inadequado de lixo e entulhos, principalmente nas margens das avenidas que circundam o Parque e nos pontos de entrada desta UC. Como toda floresta urbana, o PNMFC é circundado por uma matriz altamente impermeável, caracterizada por áreas antropizadas e urbanizadas na maior parte de seus limites. Esta questão acarreta constantes pressões em suas bordas e impede praticamente qualquer tipo de troca genética entre as populações da maioria das espécies da fauna e flora ali presentes com populações localizadas em outros remanescentes do município. Essa situação acaba desencadeando um efeito em cascata, pois afeta os processos ecológicos resultando em um gradativo empobrecimento do número de espécies. Intensificando a problemática exposta, vale ressaltar que também são frequentes os relatos de vandalismo, além da abertura de clareiras para usos religiosos e da presença de queimadas e de usos indevidos (uso de drogas, depósito de resíduos, abandono de cadáveres, acampamento/abrigo de andarilhos) no interior dessa UC, provocando impactos diretos sobre a UC. Dentro desse contexto ainda é relevante considerar que a UC conta com poucos recursos humanos e não dispõe de programas estruturados de apoio a fiscalização, manejo / manutenção, pesquisa e uso público. O Parque também se encontra desprovido de qualquer ação e processo de integração, educação e sensibilização ambiental com a comunidade do entorno, havendo, neste sentido, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 998 um baixo reconhecimento da área enquanto uma UC. Outro ponto de destaque está ligado à insuficiência e precariedade de suas infraestruturas, fato que as tornam inadequadas para a gestão, fiscalização e recepção dos visitantes. Caracterização dos atrativos Embora o PNMFC não encontre-se oficialmente aberto à visitação, ele apresenta um significativo potencial para o uso público, com destaque para as trilhas que dão acesso a mirantes, áreas florestais em diferentes estágios de regeneração, córregos e quedas d’água. Mirantes Os mirantes naturais do PNMFC (Figura) oferecem vistas para diversos pontos da região, onde é possível contemplar a floresta e a cidade, reforçando a característica do Parque de ser uma UC urbana. 999 Figura 2. Mirantes do PNMFC acessados por trilhas. Corpos Hídricos Embora o PNMFC encontre-se em uma grande metrópole e região de intenso adensamento populacional, onde corpos hídricos tendem a ser canalizados, soterrados, e apresentar poluições visíveis, a UC resguarda paisagens diferenciadas pela presença de córregos, nascentes e bicas d’água, em sua maioria com aparência cristalina e presença de vegetação ciliar, constituindo como elementos potenciais para a contemplação, interpretação e educação ambiental. Entretanto, a maioria destes locais encontra-se assoreada e com presença de lixo (Figura 3). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1000 Figura 3. Impactos nos recursos hídricos do PNMFC com potencialidades para o uso público. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Embora estas áreas não apresentem condições para banho, elas têm sido usadas para essa finalidade. Outras pressões que incidem sobre estas áreas são os usos ilícitos, como consumo de drogas. O local que apresenta maior conflito de uso é um lago, represado artificialmente, o qual é frequentemente utilizado para banho por crianças e adultos mesmo encontrando-se em condições insalubres (Figura 4). 1001 Figura 4. Uso recreativo em lago poluído. Fonte: PNMFC Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Trilhas O PNMFC possui trilhas abertas em períodos distintos para finalidades diversas, como manutenção das antigas fazendas existentes na área, usos religiosos, acesso aos atrativos da UC e outros locais de lazer da região, além de servirem como caminhos alternativos para moradores do entorno. Estes usos ligados, principalmente, ao lazer e religiosidade diminuíram significativamente após a instalação das bases de proteção e fiscalização do PNMFC há quatro anos, onde a autorização do acesso à UC restringiu-se somente à pesquisa científica. É neste período, também, que as trilhas existentes foram adequadas para o trabalho de fiscalização e manutenção, incluindo a instalação de infraestrutura e abertura de novos caminhos. As trilhas estão também relacionadas à exploração irregular dos recursos naturais como caça, e, ainda utilizadas para ações ilícitas como consumo de drogas e abandono de cadáveres. Como consequência destes usos diversos, o PNMFC encontra-se constituído por trilhas em praticamente toda sua extensão. Esse sistema de trilhas é totalmente conectado, sendo possível acessar praticamente todas as regiões do Parque. Destaca-se que esta característica, embora possa facilitar o acesso às regiões pela equipe de fiscalização e manutenção, também deixa a UC em situação de maior vulnerabilidade às intervenções antrópicas, sobretudo os seus ambientes mais frágeis como nascentes e áreas em regeneração. Considerando que atualmente as trilhas são constituídas por inúmeros caminhos alternativos e não encontram-se estruturadas para visitação, optou-se para este levantamento priorizar os trajetos que levassem à regiões distintas do PNMFC e que apresentassem potencialidade para o uso público. Sendo assim, foram mapeadas 09 trilhas, totalizando 16,33 km (Figura5 e Tabela1). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1002 1003 Figura 5. Mapeamento das trilhas e atrativos do PNMFC. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-8588769-56-4 3.263 3h B Trilha do Urubu I 2.526 2h M X X Trilha do Urubu II 1.310 2h B X X Trilha do Chuchu 2.076 1h40 B X Piscinão II 1.537 1h30 B X Tabor/SESC 1.566 1h40 B X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X IA IA L IA Principais problemas/ Impactos Trilha da Bica d’Água/Tabor X L IA Facilidades de acesso X X Potencial Uso Público** B X Ilícitas (drogas/criminalidade) 1h Religiosa 1.626 X Fiscalização Ronda do P1 – Aricanduva X Banho X Caminhada X Flora M Atividades Fauna 1.737 1h40 Histórico-cultural Mirante Ronda do P1 - I Trilha/Trajeto Corpos d’água Formação rochosa Atrativos Grau de dificuldade* Tempo de percurso (estimativa) Extensão total (m) Tabela 1 Síntese das características das trilhas percorridas no PNMFC. Raízes expostas, vestígios de fogo, lixo, clareiras, atalhos, resíduos de oferendas religiosas. Entulhos, vestígios de fogo, lixo, X resíduos de oferendas religiosas, espécies exóticas e ocupação irregular. Espécies exóticas, lixo, vandalismo, atalho. Clareiras, atalhos, animais exóticos, resíduos de culto religioso, vestígio de X fogo, lixo, áreas alagadas, raízes expostas e erosão. Espécie de flora exótica e áreas alagadas. Entulho, lixo, atalho, e espécie de flora exótica. Erosão, raízes expostas, atalhos, X clareiras, resíduos de oferendas religiosas com uso de velas. Problemas de drenagem, erosão e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-8588769-56-4 1004 Principais problemas/ Impactos Facilidades de acesso Potencial Uso Público** Ilícitas (drogas/criminalidade) Religiosa Fiscalização Banho Caminhada Flora Atividades Fauna Histórico-cultural Mirante Corpos d’água Formação rochosa Grau de dificuldade* Tempo de percurso (estimativa) Extensão total (m) Trilha/Trajeto Atrativos atalho. Espécie de flora exótica, esgoto, Gleba do Pêssego 694 40min B X X X entulhos e lixo. *Definição do grau de dificuldade (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2008): Baixo (B)= O terreno é quase plano, sem trechos difíceis ou exigentes para o usuário. Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode usá-la sem restrições. No mínimo 80% do percurso são suaves para todo tipo de usuário. Médio (M)= O percurso apresenta alguns trechos mais difíceis e exigentes do que outros. A velocidade do percurso é prejudicada pela necessidade de descanso. A metade do percurso requer um esforço adicional do usuário menos capacitado fisicamente. Alto (A)= As exigências físicas requeridas são um aspecto de segurança para o próprio usuário. Existe uma série de obstáculos físicos que o visitante deve vencer para concluir a trilha. 80% da trilha exigem maiores esforços físicos do que os 20% restantes. **Potencial Uso Público: Lazer (L)= caminhadas de caráter recreativo. Interpretação Ambiental (IA)=caminhadas de caráter educativo, podendo ser guiadas ou autoguiadas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-8588769-56-4 1005 Considerações sobre as trilhas Este levantamento visou à caracterização geral das trilhas, incluindo atrativos, usos e principais impactos decorrentes. No que diz respeito ao seu estado de conservação foi possível verificar a existência de trechos que requerem maiores intervenções para sua recuperação por apresentarem problemas de drenagem, erosão e raízes expostas. Também foram identificados trechos com potencialidade de interpretação ambiental que necessitam de infraestrutura de apoio ou facilitação do percurso. Outro problema observado foram os inúmeros atalhos que levam ao mesmo local de destino ou diferentes regiões do PNMFC, que conforme já sinalizado, podem colocar ambientes fragilizados em situação de maior vulnerabilidade com a abertura da UC para visitação. Neste sentido, é recomendável a elaboração de estudos específicos para avaliar a viabilidade deste sistema (Figura 6). 1006 Figura 6. Trechos com erosão e atalhos. Além disso, as trilhas apresentam diversos pontos com resíduos sólidos relacionados, sobretudo, aos trechos que margeiam as avenidas e pontos de ônibus, além dos atrativos ligados aos recursos hídricos. Estes últimos concentram os usos mais conflitantes, como banho em local inapropriado, consumo de drogas, uso de fogo e abandono de cadáveres, o que contribui para a insegurança destas trilhas as quais, por sua vez, constituem-se como os principais atrativos da UC. Pelo fato do PNMFC abrigar um dos poucos fragmentos florestais da região, ele apresenta uma procura significativa por religiosos, especialmente por afro-religiosos e evangélicos. Destaca-se que trata-se de um uso antigo que foi drasticamente reduzido com a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 instalação da segurança no PNMFC. Tais usos religiosos constituem-se como conflitantes na medida em que são utilizadas velas e materiais não biodegradáveis, que acabam gerando impactos sobre o local. O uso de clareiras por grandes grupos evangélicos e novas aberturas, também provocam impactos diretos sobre a vegetação (Erro! Fonte de referência não encontrada. 7). Figura 7. Impactos decorrentes de usos religiosos: resíduos sólidos, uso de fogo e clareiras. Embora esses usos religiosos provoquem impactos sobre o PNMFC, ressalta-se, que essas diferentes práticas revelam a importância simbólica de suas áreas naturais para estes grupos, os quais, por sua vez, atribuem um sentido espiritual à UC, podendo constituir-se como importantes parceiros para a proteção do local. Desta forma, o reconhecimento do direito desse grupo em acessar o PNMFC, associado à regulamentação desse uso apontam-se como a melhor alternativa. Para tanto, se faz necessário aprofundar o conhecimento sobre o grupo e iniciar um processo de diálogo e negociação. Destaca-se que as trilhas e demais atrativos fazem com que o PNMFC apresente também, um grande potencial turístico. Além disso, apresenta áreas de floresta em bom estado de conservação e recursos hídricos o que pode atrair visitantes que apreciem o contato com a natureza e educadores ambientais com grupos de estudantes, que tem a oportunidade de utilizar o PNMFC como um verdadeiro laboratório ao ar livre. O Parque ainda pode proporcionar a observação de algumas espécies ameaçadas e espécies carismáticas como o bicho-preguiça (Figura 8). Isso assume ainda mais destaque considerando a localização da UC, no interior de um grande centro urbano. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1007 Figura 8. Preguiça-de-três-dedos (Bradypus variegatus) Fonte: PNMFC A partir deste levantamento verificou-se que as trilhas e infraestruturas associadas à visitação no Parque necessitam de investimentos em manutenção e implantação de novas estruturas para atender com mais segurança e conforto os visitantes. Da mesma forma, também são necessárias ações no sentido de incrementar seus recursos humanos dedicados ao atendimento de visitantes e acompanhamento/monitoramento dessa atividade, tanto em relação à quantidade, quanto à capacitação. 4. Conclusão O PNMFC apresenta atrativos que podem compor um programa estruturado de uso público voltado a um público bastante diverso, como moradores, estudantes, religiosos, esportistas, dentre outros. No entanto, vários impactos foram identificados e parecem estar relacionados à falta de estrutura da fiscalização atual, mas também, à falta de outros usos compatíveis com a categoria da UC. A dinâmica urbana em que o Parque encontra-se torna a questão extremamente complexa, requerendo esforços multisetoriais para saná-la. No entanto, a ampliação do diálogo com o entorno, implantação de infraestrutura mínima e ampliação da segurança no local Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1008 podem contribuir para a construção de um processo de apropriação do Parque pela sociedade e minimização de tais impactos. Um programa de uso público estruturado e a revisão do atual sistema de trilhas podem constituir-se como um importante instrumento, já que estas poderão ser utilizadas para possibilitar interações enriquecedoras entre os visitantes e a natureza. 5. Bibliografia FUNDAÇÃO FLORESTAL. Parque Estadual Carlos Botelho – Plano de Manejo. São Paulo: FF, 2008. MAGRO, T. C. ; TALORA, D. C. Planejamento de manejo de trilhas e impactos na flora. In: I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas, 2006, Rio de Janeiro. Anais do I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2006. MALAGOLI, L.R.; BAJESTEIRO, F.B. e WHATELY, M.A. Biodiversidade no município de São Paulo. In: MAGALOLI, L.R.; BAJESTEIRO, F.B. e WHATELY, M. (Orgs.). Além do concreto: contribuições para a proteção da biodiversidade paulistana. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2008. p. 1520. McNEELY, J.A. Cities and protected áreas: an owymoron or a partnership? In: Cities and protected areas (Protected Areas Program), Switzerland, IUCN, v.11, n.3, p.52, 2001. MENEZES, P.C.; MENDES L.O.T. The mission of protected areas in Brazil. In: Cities and protected areas (Protected Areas Program), Switzerland, IUCN v.11, n.3, p.52, 2001. SEADE. Perfil Municipal. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/ produtos/perfil/ >. Acesso em: 08 jan. 2013. SILVA et al. Trilha Ecológica como Prática de Educação Ambiental. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 5, n. 5, p. 705 719, 2012. SOUZA, P.C.A. Funções sociais e ambientais de parque urbano instituído como unidade de conservação: percepção dos usuários do Parque Natural Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1009 Municipal Barigui em Curitiba, Paraná. Dissertação (mestrado) Programa de Pós Graduação em Gestão Urbana, Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia , Pontifícia Universidade Católica. 146p. 2010. SVMA - SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE; IPT INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. GEO cidade de São Paulo: panorama do meio ambiente urbano. Disponível em: < http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/ secretarias/meio_ambiente/projetos_acoes/0004/capitulo8.pdf>. Acesso em: 05/11/2012. VIANA, V.M.; TABANEZ, A.A.J. Biology and conservation of forest fragments in the Brazilian Atlantic moist forest. In: W.F. LAURANCE; R.O. BIERREGAARD (eds.). Forest patches in tropical landscapes. Island Press, Washington, DC, p. 151-167,1996. VON BEHR, M. 2012. A RENURB na visão de Miguel Von Behr. Disponível em: <http://3gestaoambiental-unisantos.blogspot.com.br/2012/12/prote cao- ambiental-rede-nacional-de.html>. Acesso em: 16/12/2012. Agradecimentos À Prefeitura Municipal de São Paulo, Secretaria do Verde e Meio Ambiente e equipe do PNMFC. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1010 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos TRILHAS INTERPRETATIVAS EM AMBIENTE DE MATA ATLÂNTICA: UMA ANÁLISE COM BASE NA ESTRUTURA DA FLORESTA Ddo. Marcial Cotes19 Dr. Marcelo Schramm Mielke20 Resumo Palavras chave: Abertura do Dossel. Fotografias Hemisféricas. Cobertura Florestal. Trilhas são caminhos abertos ou existentes que apresentam variação na forma, função, distância, nível de dificuldade e objetivos. Quanto à forma são classificadas em circular, em oito, linear e atalho. Trilhas interpretativas (TI) são aquelas que, considerando seus recursos naturais e culturais, selecionam-se indicadores de atratividade para serem interpretados por guias, folhetos explicativos ou painéis. Os pontos interpretativos são utilizados para propiciar a percepção do mundo natural. A busca por contato com a natureza vem proporcionando uma demanda para TI no mercado ecoturístico, de atividades de aventura e esportes que utilizam áreas naturais. A abertura do dossel (AD) obtida por meio de fotografias hemisféricas (FH) é um parâmetro amplamente utilizado por ecólogos que estudam ecossistemas florestais. A AD tem sido empregada, por exemplo, em estudos que visam determinar os padrões de espaço no interior de florestas, o nível de regeneração em clareiras e a análise da influência das condições microclimáticas no interior de fragmentos. O objetivo desse trabalho foi verificar a viabilidade das FH como ferramenta para avaliar a cobertura florestal de TI, contribuindo para caracterização e formatação de trilhas em ambientes florestais de Mata Atlântica (MA). Os dados foram coletadas em duas TI localizadas no sul da Bahia, mas distintas em termos de classificação, distância percorrida, público alvo e pontos interpretativos. As análises dos dados sugerem que ambas as trilhas investigadas têm percentual de AD compatível com os encontrados na literatura, ou seja, entre 2% e 18%. Os resultados indicam a possibilidade do uso das FH como ferramenta simples e eficaz para a elaboração de planos de manejo e formatação, bem como, para o monitoramento do impacto de uso de TI em ambientes florestais. 19 cotesmarcial@yahoo.com.br Especialista em Biologia de Florestas Topicais e Me. em Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Santa Cruz / UESC Doutorando no programa de PósGraduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina / UFSC Docente do Departamento de Ciências da Saúde / UESC 20 msmielke@uesc.br Docente do Departamento de Ciências Biológicas / UESC Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1011 Resumen Palabras clave: Abertura Del Dosel. Fotografías Hemisféricas. Cobertura Forestal. Los senderos son caminos abiertos o variación programa existente de forma, función, distancia, nivel de dificultad y objetivos. En cuanto a la forma en que se clasifican en circular en ocho lineal y de acceso directo. Senderos interpretativos (SI) son aquellas que, teniendo en cuenta sus recursos naturales y culturales, se seleccionan los indicadores del atractivo de ser interpretada por guías, folletos o paneles. Los puntos de interpretación se utilizan para proporcionar la percepción del mundo natural. La búsqueda de contacto con la naturaleza ha proporcionado una demanda de mercado de SI ecoturismo, actividades de aventura y los deportes que utilizan los espacios naturales. La abertura del dosel (AD) obtenida mediante fotografías hemisféricas (FH) es un parámetro muy utilizado por los ecologistas que estudian los ecosistemas forestales. La AD se ha utilizado, por ejemplo, en los estudios para determinar los patrones de espacio en el interior de los bosques, el nivel de la regeneración en los claros y el análisis de la influencia de las condiciones microclimáticas dentro de fragmentos. El objetivo de este trabajo fue verificar la viabilidad de FH como una herramienta para evaluar la cobertura forestal de SI, la que contribuye a la caracterización y el formato de senderos en el bosque entornos Bosque Atlántico (BA). Los datos fueron recolectados en dos, situado en el sur de Bahia, pero distintas en cuanto a la clasificación, la distancia, público objetivo y puntos de interpretación. El análisis de los datos sugiere que las dos senderos han investigado porcentaje de AD consistentes con la literatura, o entre 2% y 18%. Los resultados indican la posibilidad de usar FH como herramienta simple y eficaz para la preparación de planes de manejo y de formato, así como para controlar el impacto de uso de SI en entornos forestales. 1. Introdução A diversidade de vida na terra tem padrões heterogêneos. Os estudos apontam alguns aspectos para considerar como latitude, longitude, altitude, relevo, espaço, tempo, distância da borda, relações de espécies-energia e de riqueza local e regional e grau de isolamento, que podem motivar a diversidade de riqueza de espécies em uma determinada região (GASTON, 2000; BERRY, 2002). Tonhasca Jr. (2004; 2005) estima os valores culturais, estéticos, artísticos, científicos, espirituais e de recreação do ecoturismo. Para o autor a demanda pelas atividades de lazer como caminhadas, ciclismo, canoagem, acampamentos, alpinismo etc. em Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1012 áreas de Mata Atlântica (MA), caracteriza “a identidade afetiva dos brasileiros com essa floresta (2004, p. 67)”. O que fica evidente quando analisamos o denso povoamento urbano nos domínios da MA brasileira (MAURY, 2002). Trilhas interpretativas (TI) são aquelas que, após trabalho minucioso dos pontos potenciais para serem interpretados, considerando seus recursos naturais e culturais, levantamento e seleção de indicadores de atratividade, fatores naturais como diversidade de vegetação, corpos d’água adjacentes, áreas históricas ou arqueológicas, presença de animal silvestre são formatadas e abertas para o uso público (MAGRO; FREIXÊDAS, 1998). Outro aspecto interessante é que possam ser interpretadas por guias, folhetos explicativos ou painéis, considerando a facilidade de identificar no campo os pontos para uma posterior escolha dos mais atraentes e educativos para serem formatados (LECHNER, 2006). Os pontos interpretativos são utilizados com o objetivo de propiciar aos visitantes um momento de percepção do mundo natural e suas sutilezas e exuberância (HESSELBARTH; VACHOWSKI,1999). 1013 As trilhas são caminhos abertos ou que já existem, onde apresentam variações nas formas, funções, distâncias e níveis de dificuldade (COTES et al., 2007). Quanto à forma, podem ser classificadas em trilha circular, em oito, linear e atalho (LECHNER, 2006). Para Guillaumon et al. (1977) trilhas são consideradas um impacto do ser humano no meio ambiente natural. Os autores defendem que o ser humano causa impactos físicos, visual e sonoro no meio ambiente natural. Trilhas em UC’s utilizam áreas com vegetação frágeis e com o uso os impactos são notados, principalmente, no solo pelo processo de pisotear/compactação. Alterando o fluxo hídrico entre um lado e outro da trilha, sua capacidade de reter água e inviabilizando os processos de regeneração da flora e da microfauna do solo (MAGRO, 1999; LECHNER, 2006). O dossel florestal é o termo utilizado para designar o conjunto de copas de árvores, abrangendo grande diversidade de interações bioquímicas, físicas e químicas, sendo a porção receptora da maior parte da energia que sustentam esses ecossistemas (GCP, 2004). Estudos para determinar o nível de luminosidade e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 abertura do dossel (AD) são empregados há algum tempo, entretanto, nas últimas décadas estes trabalhos estão sendo utilizados com mais frequência, pela facilidade proporcionada no uso de câmeras digitais. Dentre estas pesquisas, encontra-se o emprego de fotografias hemisféricas (FH) para determinar padrões de espaço no interior de FT (TRICHON et al.,1998); comparações das variações espaciais e temporais e o grau de cobertura do dossel (BIANCHINI et al., 2001); nível de regeneração em clareiras de floreta Atlântica na reserva de Santa Genebra no município de Campinas, estado de São Paulo (MARTINS; RODRIGUES, 2002); comparação dos resultados de AD com a utilização de diferentes tipos de máquinas fotografias e lentes hemisféricas (INOUE et al., 2004); checagem da influência das condições climáticas em distintos fragmentos em escala regional, se a formação de borda nestes fragmentos determina mudanças na AD em fragmentos de florestas Atlânticas, no estado do Rio de Janeiro (RAMOS; SANTOS, 2006); e estimativa de AD e índice de área foliar (NASCIMENTO; FELFILI; FAGG, 2007). Nesta pesquisa, foram utilizadas FH para comparar duas TI em área de MA, no sul da Bahia. As TI são um dos produtos emergentes no mercado ecoturístico e de atividades físicas de aventura na natureza (AFAN) (COTES et al., 2007; BETRÁN; BETRÁN, 1995); todavia, os estudos desenvolvidos até o momento, não se preocuparam em analisar o dossel florestal. Além disto, não há trabalhos para TI utilizando FH como ferramenta para sua formatação, avaliação do impacto da abertura de trilhas e de uso, o que revela uma lacuna na área. O objetivo da investigação foi propor a utilização do recurso de FH, como mais uma ferramenta, para formatação e avaliação de TI voltadas para o ecoturismo e para as AFAN. 2. Material e métodos Os dados da pesquisa foram coletados entre dois de agosto e oito de outubro de 2007, em duas TI em área de MA – floresta tropical úmida – no sul da Bahia. O clima da região e do tipo tropical úmido, quente com chuvas de verão e outono, segundo Wilhem Köppen. Para Frota (1972), o clima é quente e úmido, sem estação seca e com pluviosidade superior a 1.300mm/ano. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1014 O clima do município de Ilhéus apresenta temperaturas médias anuais que variam entre 22º a 25ºC, sendo na faixa litorânea maiores e com menor amplitude térmica. O índice de precipitação apresenta gradiente com total anual superiores a 1.000mm, podendo a atingir 2.700mm na faixa litorânea (dados coletados na CEPLAC/CEPEC/CLIMATOLOGIA). Em função das características climáticas, a vegetação é denominada floresta perenifólia latifoliada higrófila hileana, nomeada de MA (CEPLAC,1975). A TRILHA INTERPRETATIVA DA RPPN ECOPARQUE DE UNA A TI da RPPN Ecoparque de Una (coordenadas geográficas 15°10'16"S/39°3'31"W), localizada no município de Una, tem como principal diferencial trecho de passarelas suspensas entre copas de árvores (COTES et al., 2007). A trilha tem 2.100 m de distância total e trecho de passarelas suspensas com 97 m de estruturas, aproximadamente (FIGURA 1). Onde, encontram-se quatro pontes, em forma de L, intercaladas por três plataformas (COTES et al. 2007). A estrutura de passarelas suspensas interconectadas por plataformas possibilita ao visitante, ter a perspectiva da floresta vista de cima, o que influencia no nível de satisfação. As passarelas são seguras, há constante manutenção e não é necessária a utilização de equipamentos de segurança (COTES; FONTOURA, 2006). No início pode ser observada uma plantação de seringueiras e visualizar a extração do látex, após uns 220 m aproximadamente, tem início o trecho considerado de mata em regeneração para, somente após 545 m de seu início, aproximadamente, entrarmos na área denominada mata primária Figura 1 (COTES et al., 2007). Entrada Figura 1 A TRILHA INTERPRETATIVA DA RPPN JANELA DA GINDIBA A TI da RPPN Janela da Gindiba é localizada na fazenda Bela Vista (coordenadas geográficas 14° 12’ 01’ W e 39° 01’ 04’’ S) no município de Serra Grande, sul da Bahia. Conta com aproximadamente 1650 m de distância, destes 425 m é de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1015 sistema agroflorestal (SAF) no início, para somente depois entrar no trecho de mata primária (Figura 3). O trecho de SAF é o mesmo do percurso de retorno, após o trecho de mata. Seu grande atrativo é uma gindiba (Sloanea sp.) de aproximadamente 25 m de altura, que curiosamente tem uma janela natural – buraco de aproximadamente 30 cm de diâmetro – em sua raiz tabular. Quanto ao formato da trilha em seus 425 m iniciais é linear, para depois entrar em trecho circular de mata com aproximadamente 800 m, e retornar ao trecho inicial de SAF, Figura 2. Entrada Figura 2 FOTOGRAFIAS HEMISFÉRICAS (FH) Foram tiradas FH com uma câmera fotográfica digital Nikon Coolpix 4300, munida de lente olho-de-peixe (180°), armada sobre tripé a aproximadamente 1,5 m de altura com nível do tipo bolha. Todas as fotos foram tiradas com marca na lente direcionada por bússola comum para o norte magnético. Foram produzidos cliques de 50 em 50 m aproximadamente, em todo percurso da trilha, além das fotos nos pontos interpretativos. Na análise das FH foi utilizado o programa Gap Light Analyzer (GLA – FRAZER et al., 1999), além de descrição das trilhas através do percentual de AD, apresentado em tabelas. Ciente da subjetividade que implica a decisão para definir o limiar no tratamento das FH (MARTINI, 2002; INOUE et al., 2004), as mesmas passarão pela análise de três avaliadores que determinarão, individualmente, seus valores para esse limiar, para posteriormente utilizarmos uma média dos valores obtidos. 3. Resultados ANÁLISE DO PERCENTUAL DE ABERTURA DO DOSSEL FLORESTAL NA TRILHA INTERPRETATIVA DA RPPN ECOPARQUE DE UNA No ponto inicial, área na borda da estrada que corta a trilha em dois trechos, o índice de AD registrou 11,3%. O segundo ponto, a aproximadamente 50 m, registrou-se o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1016 percentual de AD na TI de 35,5%. Os valores encontrados para o terceiro, quarto e quinto pontos, referentes a 100, 150 e 200 m foram respectivamente 37,0, 45,0 e 15,0% de AD. Aqui foi registrado para TI da RPPN Ecoparque de Una o maior valor de AD com 45,0%, distante 150 m do início da trilha (TABELA 1). Entrada Tabela 1 Para o segundo Ponto Interpretativo (PI), aproximadamente 204 m do início da TI, registrou-se AD com percentual de 17,6%. Distante aproximadamente 500 m do início da trilha, tivemos o registro para AD de 4,7%. Aproximadamente 25 m a frente deste ponto, temos o terceiro PI, com AD de 5,3%. A uma distância aproximada de 611 m do início da TI, esta o quarto PI com um percentual de AD de 6,1%. A 114 m aproximadamente, à frente deste último ponto, encontra-se o quinto PI, onde o registro do percentual de AD foi de 4,5%. O sexto PI, localizado a uma distância aproximada de 833 m do início da trilha, o registro apresenta 4,9% de AD. Após este ponto, distante aproximada 17 m, temos o primeiro quiosque, onde se encontra a estrutura do início do trecho de passarelas suspensas no dossel florestal. Neste ponto o registro de AD foi de 3,3%. Entrada Figura 1 Dezoito metros a frente, já no trecho de passarelas suspensas foi registrada a AD na 1ª plataforma suspensa com valor de 6,5%. Da 1ª a 2ª plataforma o vão de passarela é de 32 m, distante aproximadamente 900 m do início da trilha com AD de 17,2%21. A 36 m à frente da 2ª plataforma, esta a 3ª plataforma com o registro de AD de 6,1%. Distante desta plataforma 14 m a sua frente, ainda no trecho de passarelas suspensas, foi registrado o ponto referente a 950 m de distância, do início da trilha com AD de 5,5%. O sétimo PI uma pequena queda d’água localizada no ribeirão das Lontras, distante 1.222 m aproximadamente do início da TI, registro-se índice de AD de 5,0%. A uma 21 Os registros de AD, para as passarelas, foram efetuados no meio. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1017 distância aproximada de 1.550 m do início da trilha, temos o registro do menor valor de AD para TI da RPPN Ecoparque de Una com 2,4%, Figura 2. À frente 41 m deste ponto, esta o oitavo e último PI, com AD de 7,0%, e distância do início da trilha de 1.591 m, aproximadamente. Entrada Figura 2 Nove metros a frente deste último PI, distante 1.600 m do começo da trilha o valor encontrado foi 4,6% de AD. No final da TI, a aproximadamente 2.100 m do seu início, registrou-se o valor de 9,3% de AD. ANÁLISE DO PERCENTUAL DE ABERTURA DO DOSSEL FLORESTAL NA TRILHA INTERPRETATIVA DA RPPN JANELA DA GINDIBA EM ITACARÉ Para levantamento de AD foi utilizada a mesma metodologia empregada na RPPN Ecoparque de Una. No ponto inicial da trilha obteve-se AD no valor de 39,1%. O valor encontrado a uma distância de 300 m do início da trilha para AD foi de 62,0%, sendo este o maior valor encontrado na TI da RPPN Janela da Gindiba. Distante 400 m aproximadamente do início da TI, no trecho correspondente ao final da área de SAF, o registro de AD foi de 43,8%. No início da área de mata, a frente deste último ponto 50 m aproximadamente, obteve-se 11,1% de AD, Tabela 2. Entrada Tabela 2 Para o primeiro PI situado a aproximadamente 496 m do início da TI, o valor de AD registrou 8,3%. Distante deste ponto aproximadamente 67 m, encontra-se o segundo PI com AD de 6,2%. O valor de 4,8% de AD foi obtido no terceiro PI, acerca de 618 m do início da TI. Entrada Figura 3 No ponto distante, 750 m do início da TI, registrou-se o menor valor de AD para trilha da RPPN Janela da Gindiba, com 4,3% (FIGURA 4). Para o quarto PI, situado a aproximadamente 990 m do início da trilha, registrou-se o valor 6,1% de AD. Quinze Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1018 metros antes do ponto de bifurcação da TI – início da área de mata –, o valor para AD registrado foi 33,5%. Entrada Figura 4 4. Discussão Os dados analisados na pesquisa sugerem que para ambas as trilhas investigadas, excluindo as áreas de SAF, o percentual de AD é compatível com resultados encontrados por Ramos e Santos (2006) e Martins e Rodrigues (2002) em florestas Atlânticas. Na RPPN Ecoparque de Una no trecho da trilha correspondente a área de SAF, registrou-se o valor de 11,3% para AD, percentual este abaixo dos valores encontrados para floresta Atlântica (MARTINS; RODRIGUES, 2002). Como o objeto da pesquisa é propor a utilização do recurso de FH como mais uma ferramenta para contribuir na formatação e avaliação de trilhas interpretativas voltadas para o ecoturismo e para as AFAN, ressalta-se que houve dificuldades pelo fato de não existir na literatura trabalhos com FH voltados para esta temática. Com relação aos dados referentes a distâncias percorridas nas duas trilhas, encontrou-se uma diferença entre as TI das RPPN’s Ecoparque de Una (2.100 m) e Janela da Gindiba (1.650 m) de 450 m, aproximadamente. Todavia, este dado não é o objeto da investigação, servindo de subsídio para outras pesquisas, como avaliação do nível de dificuldade (COTES et al., 2007) em diferentes TI. Quando analisado o percentual de abertura AD da RPPN Ecoparque de Una, no ponto inicial da trilha, o registro de 11,3% pode ser considerado um valor baixo de AD, pois este trecho é de SAF, comparado com os valores de AD de floresta Atlântica encontrado por Martins e Rodrigues (2002) entre 8,7 e 17,3% e Ramos e Santos (2006) com percentual de AD entre 4,0 e 18,9% em áreas de floretas Atlânticas. Todavia, ao levar em consideração o tempo de plantio e a localização da área na borda da estrada, podemos considerar um valor significativamente positivo para AD, haja vista que é uma área de SAF. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1019 Os valores encontrados para o segundo, terceiro e quarto pontos são altos devido ao plantio espaçado das seringueiras, e os trechos se encontram com a vegetação raleada por ação antrópica de limpeza do seringal. Este trecho recebe constante manutenção devido à grande quantidade de ciperáceas na trilha. No quarto ponto foi registrado o maior valor de AD para TI da RPPN Ecoparque de Una com 45,0%. O que se pode atribuir ao manejo da área. O segundo PI, localizado a 204 m da entrada da trilha, área em estado de regeneração há aproximadamente 20 anos, o valor registrado foi de 14,95%, o que pode ser considerado dentro dos valores encontrados por Ramos e Santos (2006) e Martins e Rodrigues (2002) para áreas de floresta Atlântica. Quando iniciamos o trecho considerado mata primária, distante 500 m do início da trilha registrou-se o valor para AD de 4,7% no segundo PI. Para o terceiro PI, 25 m a frente deste último ponto, encontrou-se 5,3% AD. No quarto, quinto e sexto PI os valores para AD foram 6,1, 4,5 e 4,9%, respectivamente. Os valores encontrados no segundo, terceiro, quarto, quinto e sexto PI, estão de acordo com os encontrados para FT primárias (MARTINS; RODRIGUES, 2002), e menores quando comparados com os resultados de Ramos e Santos (2006). No trecho referente ao início das passarelas suspensas o registro de AD foi 3,3%, valor abaixo dos encontrados por Ramos e Santos (2006) e Martins e Rodrigues (2002) para áreas de floresta Atlântica. O baixo valor encontrado se justifica, pois neste registro fotográfico aparece parte da cobertura do quiosque, de acesso ao trecho de plataformas, intercaladas por passarelas suspensas no dossel. O que pode ter interferido no baixo valor. Para o registro de AD na 1ª plataforma foi encontrado 6,5%, dentro dos valores achados na literatura para áreas de floresta Atlântica. Esta plataforma localizada em um Angelim pedra – Andira nitida –, a uma altura de 8,6 m do nível do solo e tem densa copa, o que pode explicar o valor baixo para AD nesta FH. Outro fator a ser considerado neste trecho de passarelas e plataformas é o relevo. As passarelas suspensas foram estrategicamente montadas, saindo da encosta Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1020 superior de um vale em linha reta até um Angelim coco – Andira stipulacea –, onde está a 2ª plataforma, com um vão de passarela de 32 m de extensão entre a 1ª e a 2ª plataforma, localizada no fundo do vale, fixada a 16 m de altura do nível do solo. O valor registrado para AD, nesta 2ª plataforma foi de 17,2%. Este valor corrobora os registro de Ramos e Santos (2006) e extrapola em 0,1% o maior valor de AD encontrado por Martins e Rodrigues (2002). Desta plataforma, a passarela tem um ângulo de 90º, para prosseguir em direção a outra encosta do vale. A 36 m a frente da 2ª plataforma, fixada em um jatobá – Hymenaea oblongifolia – com altura de 9,50 m aproximadamente, está à 3ª plataforma com o registro de AD de 6,1%, valor dentro da literatura segundo Ramos e Santos (2006) e Martins e Rodrigues (2002) para áreas de floresta Atlântica. Distante 14 m a frente desta plataforma, a 950 m do início da trilha, o registro para AD foi de 5,5%. Valor este considerado normal para floresta Atlântica (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006). O sétimo PI, apesar de localizado na margem do ribeirão das Lontras com quatro a cinco metros de largura, teve o registro de 5,0% de AD. Apesar da coleta do dado ter sido na margem do ribeirão, a vegetação neste trecho cobre quase que totalmente o ribeirão, de uma margem a outra. Este registro está dentro da literatura para área de floresta Atlântica (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006). Distante aproximadamente 1.550 m do início da trilha, registrou-se o menor valor de AD para TI da RPPN Ecoparque de Una, com 2,4%. A área tem como característica ocorrência do cipó-escada-de-macaco – gênero Bauhinia, família das leguminosas da subfamília cesalpinioidea –, espécie indicativa de área primária. O valor registrado está abaixo dos registros que a literatura trás para áreas de floresta Atlântica (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006). Aproximadamente 41 m a frente deste ponto, esta o oitavo e último PI, formigueiro de saúvas – Atta atta – com AD de 7,0% que corrobora com a literatura (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006). Nove metros a frente deste último PI, distante 1.600 m do começo da trilha, inicia-se um novo trecho com plantação de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1021 seringueiras, onde foi registrado o valor de 4,6 % de AD, o que pode ser considerado um baixo valor comparado com os dados de Martins e Rodrigues (2002) e para os registros de Ramos e Santos (2006). O baixo valor desta área pode ser justificado, pelo fato de ter sido implantada há mais tempo, quando comparada com a área de seringueiras do início da TI, e por este motivo apresenta altura e copas maiores, além de ficar em trecho de transição entre área primária e SAF. No final da TI a aproximadamente 2.100 m do seu início, área de mata secundária, foi obtido o valor de 9,3% de AD, compatível com os valores que a literatura trás para áreas de florestas Atlânticas (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006). Os dados registrados para TI da RPPN Janela da Gindiba nas áreas de SAF, que corresponde ao início e final da trilha, estão acima dos valores encontrados na literatura para áreas de florestas Atlânticas (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006). Entretanto, este SAF encontra-se em fase de implantação, visando recuperar área de pasto. O que pode justificar os valores encontrados. Para a área de floresta Atlântica da TI da RPPN Janela da Gindiba, no seu início, registrou-se o valor de 11,1% de AD, valor este dentro da literatura para áreas de florestas Atlânticas (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006). No primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto pontos interpretativos, em áreas de mata da trilha da RPPN Janela da Gindiba, os valores para AD foram de 8,3, 6,2, 4,8, 4,3 e 6,1%, respectivamente. Os resultados estão abaixo dos valores encontrados por Martins e Rodrigues (2002) e dentro dos registros de Ramos e Santos (2006) para áreas de florestas Atlânticas. Para o último registro da trilha da RPPN Janela da Gindiba, dentro do trecho de floresta Atlântica, o valor encontrado foi de 33,5%, valor este considerado alto quando comparado com os valores da literatura para áreas de florestas Atlânticas (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006). Contudo, este valor Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1022 pode ser justificado por ter sido registrado na margem da represa, influenciando o resultado negativamente. Sugere-se que os valores das duas TI dentro dos trechos respectivos de floresta Atlântica corroboram com a literatura para valores de AD, com percentuais maiores registrados na trilha da RPPN Janela da Gindiba, quando comparada com a trilha da RPPN Ecoparque de Una, tanto em áreas de floresta Atlântica como nas áreas de SAF. Para áreas de SAF o tempo de implantação pode ter interferido nos resultados, entretanto para áreas de floresta, o tamanho das áreas de ambas RPPN’s, pode ter sido o fator preponderante para os maiores valores registrado na RPPN Janela da Gindiba, quando comparada com a RPPN Ecoparque de Una. A pesquisa sugere que o registro de AD florestal, com FH pode ser mais uma ferramenta de grande significância para as análises dos impactos de visitação no uso de trilhas interpretativas em áreas de floresta Atlântica. Entende-se, que ao utilizar a analise de AD, concomitante com o nível de compactação do solo (MAGRO,1999), pode-se lidar com o amálgama de uma ferramenta expressiva para mensurar o nível de impacto de TI em florestas Atlânticas, contribuindo para preservação e manejo destas áreas. Os resultados permitem sugerir a ferramenta de análise de AD, através de FH, para ser utilizada na avaliação do impacto em trilhas interpretativas, como preponderante para um plano de manejo. Outro aspecto pertinente seria ampliar está pesquisa para um número maior de TI em áreas de floresta Atlântica. Uma medida interessante para trilhas autoguiadas é disponibilizar o mapa de AD (Figuras 1 e 3) em trecho previamente estabelecidos – locais com maior e menor abertura de dossel, pontos interpretativos existentes na trilha –, permitindo que o visitante possa parar para observar as diferentes formas de estruturação do dossel florestal. Sugere-se incluir placas explicativas do que venha ser o dossel florestal e sua biodiversidade, associada aos valores de AD em cada ponto interpretativo, o que pode gerar um impacto positivo na visitação. É conexo salientar, que valores de AD, obtidos através de FH, podem ser utilizados em trilhas de ambiente florestal, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1023 como conteúdo para educação ambiental, o que não é possível em trilhas, por exemplo, de campos de atitude, onde a vegetação e os pontos interpretativos têm outras características. 5. Considerações finais A grande área das ciências sociais tem em uma de suas linhas de investigação as estruturas do imaginário (COTES; MOREL, 2011; DURAND, 1997). Na área do conhecimento em Educação Física temos pesquisas desenvolvidas com a temática do imaginário e representações de símbolos entre a cultura e a natureza, além do imaginário da presença do risco nas atividades físicas de aventura na natureza (COTES; MOREL, 2011; FERREIRA; COSTA, 2003; COSTA, 2002; 2000; 1999). Nesse sentido, a pesquisa realizada por Cotes e Morel (2011) registrou os relatos dos visitantes a respeito da luminosidade na trilha da RPPN Ecoparque de Una, onde os visitantes, nos dois turnos da coleta de dados, relatam que a luminosidade, no período da tarde, fascina mais os visitantes quando comparada com a da manhã. Tal fato sugere a possibilidade da realização de novas pesquisas, analisando os dois turnos por meio da incidência de radiação luminosa. Assim, o uso de FH poder ser mais uma ferramenta para comparar a sensação de bem estar nos trechos de maior luminosidade, quando confrontados com os trechos de menor incidência de luz. 6. Bibliografia BETRÁN, J. O.; BETRÁN, A. O. Las crisis de la modernidad y el advenimiento de la posmodernidad: el deporte y las prácticas físicas alternativas en el tiempo de ocio activo. Apunts: Educación Física y Deportes. Barcelona, n. 41, p. 10 – 29, 1995. BERRY, P. E. Diversidad y endemismo em los bosques neotropicales de bajura. In: Manuel R. Guariguata; Gustavo H. Kattan. Ecología y conservación de bosques neotropicales. Catargo: Ediciones LUR, 2002. BIANCHINI, E.; PIMENTA, J.A.; SANTOS, F.A.M. Spatial and temporal variation in the canopy cover in a tropical semi-deciduous forest. Brazilian Archives of Biology and Technology, 44:269-276, 2001. 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Interciência, 2005. 1027 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1028 FIGURA 1. Caracterização da Trilha Interpretativa da RPPN Ecoparque de Una em distância percorrida, abertura do dossel (%) e Pontos Interpretativos (PI). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1029 FIGURA 2. Fotografia hemisférica colorida sem tratamento e com tratamento em preto e branco do ponto correspondente a 1550 metros do início da trilha da RPPN Ecoparque de Una, com o menor valor de abertura de dossel (2,3 %) para esta Trilha Interpretativa. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1030 FIGURA 3. Caracterização da Trilha Interpretativa da RPPN Janela da Gindiba em distância percorrida, abertura do dossel e Pontos Interpretativos (PI). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1032 FIGURA 4. Fotografia hemisférica colorida sem tratamento e com tratamento em preto e branco do ponto correspondente a 750 metros do início da trilha da RPPN Janela da Gindiba, com o menor valor de abertura de dossel (4,3 %) para esta trilha interpretativa. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Tabela 1. Caracterização geral da Trilha Interpretativa (TI) da RPPN Ecoparque de Una, Una/BA, indicando ponto inicial e final da trilha, os pontos de caracterização de vegetação, início de passarelas suspensas e plataformas, os Pontos Interpretativos (PI), a distância, aproximadamente e o percentual de abertura do dossel (AD) nos PI, durante o período de coleta dos dados, entre os meses de agosto e outubro de 2007. Distância percorrida(1) 1– Início da TI 1º PI 0 2 – Início Seringueiras – Hevea brasiliensis 50 3 – Maior valor de AD registrado na trilha 150 4 – Início da Mata em regeneração 200 5 – 2º PI Biriba 204 6 – Início da área de Mata considerada primaria 500 7 – 3º PI Bromeliáceas 525 8 – 4º PI madeira em decomposição – Sclerolobium 611 densiflosum 9 – 5º PI Pequi Amarelo – Terminalia glabrescens 725 10 – 6º PI Copaíba – Copaifera langsdorfii 833 11 – Início das passarealas no dossel 850 12 – 1ª Plataforma no dossel 868 13– 2ª Plataforma no dossel 900 14 – 3ª Plataforma no dossel 936 15 – Quatro metros antes do final das passarelas 950 16 – 7º PI Cachoeira 1222 17 – Menor valor de AD registrado na trilha 1550 18 – 8ª PI – Formigas Atta atta 1591 19 – Início seringal 1600 20 – Final da TI 2.100 Pontos Interpretativos e locais de registro de AD AD (%) (1) 11,3 35,5 45,0 14,9 17,6 4,7 5,2 6,1 4,5 4,9 3,2 6,5 17,2 6,1 5,5 5,0 2,4 7,0 4,6 9,3 (1) Percentual de AD florestal. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1033 Tabela 2. Caracterização geral da Trilha Interpretativa (TI) da RPPN Janela da Gindiba, Itacaré / BA, indicando ponto inicial e final da trilha, os pontos de caracterização de vegetação, os Pontos Interpretativos (PI) a distância, aproximadamente e o percentual de abertura do dossel (AD) nos PI, durante o período de coleta dos dados, entre os meses de agosto e outubro de 2007. Pontos Interpretativos 1 – Início da TI área de SAF – INÍCIO 2 – Final da área de SAF 3 – Início da Mata 4 – 1º PI em área de Mata (AM) 5 – 2º PI em AM – Conduru e Angelin Coco (Andira stipulacea) 6 – 3º PI em AM Janéla da Gindiba (Sloanea sp.) 7 – 4º PI em AM menor valor de AD da trilha 8 – 5º PI em AM árvore c/ câncer / homem elefante 9 – Final da represa 15 m antes da saída da Mata 10 – Início da área de SAF 11 – Final da trilha SAF Distância percorrida 0 400 450 496 563 AD(%) (1) 618 750 990 1200 1250 1650 4,8 4,3 6,1 33,5 43,8 39,1 39,1 43,8 11,1 8,3 6,2 (1) Percentual de AD florestal. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1034 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos INDICADORES BIOFÍSICOS: DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DE UMA TRILHA NO PARQUE MUNICIPAL ALFREDO VOLPI EM SÃO PAULO/SP. Thais Torres de Oliveira22 Rubens Koloski Chagas23 Resumo Palavras-chave: Trilhas; áreas verdes, parques urbanos; unidades de conservação; Visitor Impact Management (VIM). Áreas verdes urbanas são consideradas como importantes locais para conservação da vegetação nativa que abriga e serve de refúgio para a fauna, para o fluxo genético das espécies e para atenuação da poluição atmosférica, sonora, visual, balanço microclimático e qualidade de vida. A crescente demanda por atividades de lazer em áreas verdes causa o aumento da pressão antrópica nessas áreas e, consequentemente, ocasiona alterações nas estruturas ecossistêmicas. Algumas áreas verdes ainda representam, dentro do Município de São Paulo, fragmentos remanescentes de Mata Atlântica, propiciando lazer e bem estar, portanto o presente trabalho pretende correlacionar indicadores microclimáticos como temperatura e umidade do ar, temperatura do solo, compactação do solo, velocidade do vento e ruídos no interior do Parque Municipal Alfredo Volpi (PMAV), com parâmetros climáticos obtidos a partir da estação meteorológica do IAG-USP. Trata-se de uma adaptação do método Visitor Impact Management (VIM) onde os resultados buscarão averiguar a qualidade ambiental proporcionada pelo PMAV em relação à malha urbana onde está inserido. Os resultados preliminares indicaram que há um balanço microclimático na trilha no interior do parque mais estável quando comparado com os parâmetros climáticos do IAG/USP. Essa condição pode ser mais bem notada quando as variações de temperatura e umidade do ar são comparadas. A amplitude térmica do IAG-USP é em média duas vezes maior, bem como, a variação da umidade do ar é em média três vezes maior em relação às respectivas medições obtidas no parque. No dia 29 de abril de 2013, por exemplo, a variação da umidade do ar no parque 22 23 thaisinha.torres@hotmail.com Engenharia Ambiental, CNPq, Centro Universitário SENAC. chagasrk@yahoo.com.br Engenharia Ambiental, CNPq, Centro Universitário SENAC. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1035 foi de 12,1% e na estação do IAG de 39%. A amplitude térmica no parque no mesmo dia foi de 5,2ºC e na estação do IAG de 8,3ºC. Esses valores exemplificam a importância das áreas verdes como atenuadoras de temperatura e balanço de umidade do ar, contribuindo para amenização do efeito das ilhas de calor nas proximidades do parque. Resumen Palabras Llave: Sendero; zonas verdes, parques urbanos; unidad de conservación; Visitor Impact Management (VIM). Zonas verdes urbanas, generalmente representados por los parques municipales, son lugares que mitigan la polución atmosférica, sonora, visual, y contribuyen para el equilibrio microclimático del entorno, o sea, los parques urbanos desempeñan un papel fundamental, ya que mejoran la calidad de vida. Todavía, la creciente demanda por actividades de ocio en los parques originan impactos. El Parque Municipal Alfredo Volpi (PMAV) en el barrio de Morumbi – SP es un importante remanente de bosque Atlántico. El PMAV tiene dos senderos, el principal hay 1,2 km, conocida como ''Pista-de-Caminatas''. Esa pista fue usada para el levantamiento de dados como: la temperatura y la humedad del aire; la evapotranspiración: la temperatura y la compactación del suelo; la velocidad del viento; y el ruido. Los datos fueran recogidos por semana durante un año, serán comparados con los dados de la estación meteorológica, IAG/USP. Serán aplicadas cuestiones adaptadas al método Visitor Impact Management (VIM), permitiendo evaluar los impactos derivados por la utilización de la Pista-de-Caminata y así realizar la análisis del estado de conservación. Los resultados preliminares fueron obtenidos durante los meses de abril a agosto de 2013 y señalan que los cambios en la temperatura y la humedad del aire del PMAV, cuando comparados con los datos de IAG/USP, son menores. En promedio, la variación de la temperatura del aire medida por el IAG-USP es dos veces mayor en relación con la variación obtenida en del PMAV e la variación de la humedad del aire es tres veces mayor en relación as mediciones en el PMAV. Estos valores muestran diferencias microclimáticas que se encuentran en la Pista-de-Caminata, comparados con los parámetros del IAG/USP. Por lo tanto, es de suma importancia la conservación y la ampliación de las zonas verdes en los centros urbanos, con el fin de mejorar la calidad de vida y en mantenimiento de los servicios ambientales propuestos por estos sistemas. 1. Introdução Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1036 A cobertura vegetal existente no Município de São Paulo é constituída basicamente por fragmentos da vegetação natural secundária da Mata Atlântica, no entanto, se concentram em sua grande maioria nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e Parques Estaduais localizados dentro da cidade (PMSP/SVMA, 2008). Parques Urbanos possuem um papel fundamental, pois contribuem de diversas formas para a sociedade e para o meio ambiente através de suas inúmeras funções sejam elas naturais, históricas, de lazer, entre outras (ISA, 2008). Muitos dos parques municipais de São Paulo originaram-se de antigas chácaras ou mesmo fazendas, que se viram cercadas pela urbanização. Alguns deles ainda possuem expressões do mundo rural. Outros ainda proporcionam uma sensação de afastamento da cidade, mesmo que esteja no meio urbano, por possuir remanescentes de matas, lagos, córregos, brejo, varias expressões do meio físico original da cidade (PMSP/SVMA, 2007). Apesar dos inúmeros e inegáveis benefícios que os Parques proporcionam a quantidade de áreas destinadas a esse fim no município de São Paulo não atende à demanda, provocando um “excesso de carga” e modificações nos espaços naturais dessas áreas (MALAGODI, 2010) Entre os benefícios oferecidos, alguns parques possuem atividades voltadas para a contemplação da natureza, através de caminhadas e práticas esportivas como a corrida ao ar livre, ambas realizadas em trilhas abertas. O surgimento dessas atividades agregou às trilhas, a função de ser um instrumento de interação entre o visitante e o meio natural (MITRAUD, 2003 apud FIGUEIREDO, 2009; ROCHA et al., 2009). Essa interação permite o melhor proveito do meio ambiente, fazendo das trilhas um instrumento de conscientização, preservação, apreciação e educação ambiental (LECHNER, 2006). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1037 As trilhas naturais são, portanto, caminhos ou percursos existentes ou estabelecidos com diferentes formas, comprimentos e larguras, cuja principal função é facilitar o deslocamento de pessoas geralmente conduzindo-as a um atrativo específico. Além disso, as trilhas muitas vezes são a própria atração (FIGUEIREDO, 2009; ROCHA et al., 2009). As trilhas devem ser criteriosamente localizadas, planejadas, construídas e mantidas de modo a permitir a conservação dos recursos naturais e a realização de experiências adequadas pelos visitantes. Trilhas em más condições pode ser resultado de deficiência em qualquer fator como a localização, construção, etc., ou ainda o resultado de atividade de uso público que excedam a capacidade de carga física de um determinado segmento da trilha (Hammitt & Cole, 1998 apud BARROS, 2003). RONCERO-SILES (2003) descreveu os impactos das trilhas sobre a vegetação como sendo diretos ou indiretos. Diretos, pelo dano mecânico causado pela presença antrópica e indiretos, pelas mudanças nas propriedades físicas e químicas do solo, como por exemplo, o aumento da compactação. O solo, a vegetação, a fauna e os recursos hídricos são diretamente atingidos pelas atividades recreativas (HAMMITT; COLE, 1998, apud RONCERO-SILES, 2008). LEMOS (1999) mencionou os principais impactos ambientais decorrentes da implantação e uso de trilhas inadequadamente relacionados, principalmente, a três fatores ambientais sob a ação direta da sua utilização, que são: solo, os principais impactos são a compactação e a erosão; vegetação, destruição das plantas por choque mecânico direto e indiretamente por compactação do solo, introdução de espécies exóticas; e fauna. Portanto o levantamento de informações relativas ao meio biofísico, à avaliação dos impactos e o planejamento prévio são fundamentais na implantação das trilhas para uso público (ECHELBERGER et al., 1978); (CHAVERRI e CRISTOPHER, 1981; AGATE, 1993). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1038 O Parque Municipal Alfredo Volpi (PMAV), um dos últimos remanescentes que está inserido na malha urbana do ecossistema da Mata Atlântica. Dento do PMAV há um grande número de espécies características de florestas conservadas como, por exemplo, os jequitibás, que podem ter mais de cem anos, bromélias, as Canelas-sassafráz, os Ipês, os Cedros, os Jatobás, os Guarantãs, os Guamirins, os Jasmins-domato, além de espécies como o Tapiáguaçu, a Cuvitinga e a Crindiúva (TRISTÃO, 2010). Existem também plantas e animais de espécies exóticas, além das nascentes que dão origem a três lagos, criando um ambiente muito agradável e de extrema importância para a cidade de São Paulo e para a qualidade de vida da população. (TRISTÃO, 2010). Visando a proteção desse remanescente florestal, o Conselho Gestor do Parque entrou com processo de tombamento, conforme Resolução nº 10/CONPRESP/92, sendo considerada a área do Parque e do seu entorno protegidos conforme a Lei nº 10.032/85. Portanto, o Parque Alfredo Volpi tem assegurada sua integridade, apesar do processo de tombamento ser provisório. (Parecer Técnico 93/0 CAO 07055/05 – 3008/5-4-CJMAC). A elaboração, planejamento, implantação e eficácia de um plano de ações, baseado em indicadores da qualidade ambiental, poderão auxiliar no desenvolvimento de alternativas de conservação, assegurando a dinâmica natural do PMAV e auxiliando em programas para conservação da fauna e flora local. O projeto tem como objetivo utilizar indicadores biofísicos como: temperatura e compactação do solo, temperatura e umidade do ar, ruídos, velocidade do vento e evapotranspiração, bem como, a percepção dos usuários em relação à trilha do PMAV, possibilitando averiguar a contribuição de um remanescente de Mata Atlântica, bem conservado, cuja área verde, inserida na malha urbana de São Paulo, representa um importante indicador de qualidade ambiental. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1039 2. Metodologia 2.1. Área de estudos O Parque Alfredo Volpi localiza-se na Av. Engenheiro Oscar Americano no Bairro do Morumbi, no Município de São Paulo nas coordenadas geográficas aproximadamente 23035.S e 46042.W. Inserido numa área residencial de média e alta renda, ocupa o espaço de 142.432,78 m², sendo grande parte florestada (Figura 1). 1040 Figura 1 – Parque Municipal Alfredo Volpi. Fonte: Google Earth O circuito da trilha e os pontos amostrais serão mapeados através do GPS Etrex da Garmin e plotados para o software com acesso livre GPS Trackmaker@ e Google Earth@. Para a coleta de dados serão utilizados os equipamentos cedidos pelo Centro Universitário SENAC como: trena, penetrômetro, decibelímetro, termohigroanemômetro, geotermômetro e evaporímetro de Pichet. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 2.2. Localização da trilha A trilha escolhida para o estudo corresponde ao circuito proposto para a trilha de corrida, de 1,2 km de extensão, descrita na Figura 2, o inicio desta trilha fica bem próximo ao estacionamento do parque. Para o desenvolvimento do projeto, a trilha de corrida foi dividida em 24 pontos equidistantes entre si em 50metros. Os pontos indicados no croqui são os principais pontos de medição. Para a medição dos ruídos foram escolhidos os pontos: Estacionamento, por ser um ponto bem próximo à avenida de acesso ao PMAV; o Ponto 7 por estar próximo ao centro do PMAV; e Ponto 14 que está em uma das áreas mais vegetadas do Parque, a 800m do Ponto Estacionamento. Para as medições de Temperatura e Umidade do ar, Temperatura do Solo e Velocidade do Vento, foi escolhido o Ponto 7 porque ele está no centro do Parque, porém não tão próximo ao lago para que as medições não sofram interferências diretas. 1041 Figura 2 - Croqui do Parque Alfredo Volpi. Fonte: Arquitetos do DEPAVE-1, 2010. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 2.3. Indicadores Biofísicos O uso de indicadores biofísicos (DANIEL et al., 1999a) é atualmente a metodologia mais utilizada para avaliar a sustentabilidade de sistemas em geral, pois fornecem um simples meio de explicá-la e de aumentar a consciência pública para a necessidade de mudanças de comportamento diante dos resultados. (HART, 1995). Segundo Merigliano (1990), os indicadores podem ser vistos como meio de reduzir uma grande quantidade de informação de maneira simples e de forma compreensível, servindo como uma ferramenta bastante eficiente para examinar tendências, salientar problemas e funcionar como um sistema de aviso precoce para prever condições futuras. Para o alcance do objetivo proposto será utilizado uma adaptação do método Visitor Impact Management (VIM). Este método avalia qualitativamente a distribuição dos impactos, relacionando-os as formas de utilização da Trilha de corrida pelos usuários ao longo do tempo. Contudo, seu foco não está necessariamente centrado nos impactos da utilização e em sua mitigação, mas também, nos limites aceitáveis de mudança do ambiente. Dessa forma, serão considerados os indicadores biofísicos, além da percepção dos usuários, gerando uma avaliação geral do estado de conservação da trilha (PENIDO et. al., 2005). Alguns critérios como presença de bromélias, problema com drenagem, vandalismo, inscrições em árvores, lixo em lixeiras, serão registradas através de uma escala de 0 a 3, onde 0 corresponde à ausência de percepção do dado, 1 baixa percepção, 2 moderada percepção e 3 alta percepção. A percepção dos frequentadores do parque sobre o estado de conservação da Trilha de corrida será avaliada a partir de questões elaboradas a partir dos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1042 resultados observados no Guia de Parques Urbanos Municipais de São Paulo (2008). Os indicadores como a temperatura e umidade do ar, compactação e temperatura do solo, velocidade do vento, ruídos e evapotranspiração obtidos nos pontos amostrais serão anotados em uma planilha de campo (Anexo 1). Os dados anotados em campo serão analisados para verificação de possíveis variações entre as medições obtidas na PMAV e do IAG/USP. Serão registradas informações em um formulário periódico, que será aplicado três vezes durante o projeto, sobre a percepção do estado de conservação da trilha (Anexo 2). 2.3.1. Umidade relativa do ar e temperatura do ar e do solo Conforme Batista (2009) a temperatura e um dos principais fatores que afeta os padrões de evaporação e o aumento da temperatura do ar é responsável pelo aquecimento da superfície da terra, provocando o fenômeno da evaporação das massas líquidas expostas (superfície) e no interior do solo. As trilhas nas matas são abertas com a remoção da vegetação, podendo resultar no aumento da incidência de luz solar e aumento da temperatura do ar e do solo, maior ventilação e diminuição da umidade relativa do ar nas áreas de entorno dessas trilhas. Algumas vezes a abertura de trilhas também causa a remoção da serapilheira, deixando o solo exposto à ação direta da chuva e levando à lixiviação e erosão do solo. (NEWTON, 2007). A umidade do ar e a temperatura do ar são medidas em um ponto próximo ao centro do PMAV, ponto 7 indicado no Figura 2, cerca de 400 metros da entrada principal. Na direção deste mesmo ponto, esses parâmetros também serão medidos a 10 metros no sentido da vegetação, para esquerda e para direita, para verificação de possíveis variações desse parâmetro na trilha e no interior da mata (Figura 3). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1043 Figura 3 - Transecto utilizado para as medições dos parâmetros na trilha-de-corrida. As medições serão realizadas através de um termohigroanemômetro INSTRUTHERM/THAR 185, aparelho que mede a umidade relativa do ar, a velocidade do vento e a temperatura do ar, cedido pelo Centro Universitário SENAC. A temperatura e a umidade do ar são medidas às 8 horas, às 12 horas e às 17 horas, toda segunda feira durante o período de um ano. O cálculo da temperatura média segue a equação proposta abaixo por Pezzopane (2009): Tmed do ar = (Ta8h + Ta12h + 2.Ta17h) / 4 Onde, Tmed = temperatura média do ar Ta = Temperatura do ar O cálculo da umidade relativa média segue a equação proposta abaixo: Umed do ar = (U8h + U12h + U 17h) / 3 Onde, Umed = Umidade relativa média do ar U = Umidade relativa do ar Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1044 Os valores de temperatura e umidade relativa do ar obtido nas trilhas serão registrados e comparados com a temperatura média e a umidade relativa do ar obtida nos respectivos dias de fornecidos pela estação meteorológica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas – USP (IAG/USP). A temperatura do solo será medida através de geotermômetros INSTRUTHERM/TE 300, cedido pelo Centro Universitário SENAC. As medições são feitas às 8 horas, às 12 horas e às 17 horas, seguindo o transecto da Figura 3. A temperatura do solo média é feita de acordo com a equação abaixo proposta por Pezzopane (2009). Tmed do Solo = (Ts8h + Ts12h + Ts17h) / 3 Onde, Tmed = temperatura média do solo Ts = Temperatura do solo 2.3.2. Evapotranspiração A evapotranspiração compreende simultaneamente a evaporação (água evaporada do solo e da transpiração das plantas) e a transpiração (RIGHI et al., 2002). As plantas, através de suas raízes, retiram do solo a água para suas atividades vitais, e parte dessa água é cedida à atmosfera, sob a forma de vapor, na superfície das folhas (BATISTA, 2009). Os elementos de tempo que oferecem maior impacto neste processo são: radiação solar, temperatura da superfície, temperatura e umidade relativa do ar e a velocidade do vento (PEREIRA et al., 2002). A evapotranspiração é observada através do evaporímetro de Pichet, instalado no ponto 7 (Figura 2). O evaporímetro é instalado às 8 horas e finalizando às 17 horas do mesmo dia. As medições da evapotranspiração serão repetidas semanalmente e os dados do PMAV serão comparados com dados do IAG/USP. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1045 2.3.3. Resistência do solo à penetração (compactação do solo) O solo é um dos componentes fundamentais existente no sistema terrestre, pois, além de fornecer nutrientes para o desenvolvimento de toda a vegetação, fornece água, ar e nutrientes para a mesma. Este, também atua no processo de escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação, com ação filtrante e protetora da qualidade da água e do ar (ODUM, 1983). Entende-se por compactação de um solo qualquer redução do índice de vazios, por processos mecânicos. Essa redução ocorre em face da expulsão ou compressão do ar dos vazios dos poros (MASSAD, 2003). As manifestações da compactação podem ser observadas nos solos pela erosão hídrica excessiva, presença de zonas endurecidas empoçamento de água e presença de resíduos vegetais parcialmente decompostos meses após a incorporação (BATISTA, 2009). Ainda conforme Batista (2009), manifestações devido à compactação do solo também podem ser observadas na vegetação, pela baixa emergência das plantas, folhas amarelecidas e com variação de tamanho e raízes mal formadas e/ou tortas, pois um solo compactado oferece maior resistência à penetração das raízes, tem menor capacidade de aeração e maior dificuldade para a infiltração da água, tendo uma maior sensibilidade a doenças. A compactação do solo é verificada por meio de um penetrômetro SOLOTEST, cedido pelo Centro Universitário SENAC. O aparelho será utilizado para medir da compactação do solo da trilha de corrida nos 24 pontos. 2.3.4. Velocidade do Vento O vento é também responsável pela circulação atmosférica e é importantíssimo para a determinação do microclima. Para SOUZA FILHO (2006), os maiores valores na velocidade do vento são favoráveis ao aumento da evapotranspiração, pois o processo de transferência de vapor d’água é facilitado. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1046 A velocidade do vento interfere complementarmente nos parâmetros de umidade relativa do ar, temperatura do ar e evapotranspiração, portanto esse parâmetro será medido com um termohigroanemômetro INSTRUTHERM/THAR 185, cedido pelo Centro Universitário SENAC. O instrumento será utilizado para medições da velocidade do vento, considerando os quatro quadrantes orientados pelos pontos cardeais. As medições ocorrem às 8 horas, às 12 horas e às 17 horas, no ponto 7, seguindo o transecto (Figura 3). A velocidade do vento medida no PMAV será comparada com o valor médio da velocidade do vento fornecido pelo IAG/USP. A equação usada para obter a médias diárias é: Vmed do Vento = (V8h + V12h + V17h) / 3 Onde, 1047 Vmed = Velocidade média do vento V = Velocidade do vento 2.3.5. Ruídos Sanches (1995) comenta que as condições topográficas e atmosféricas (vento, temperatura e umidade do ar) afetam bastante a propagação do som. O próprio ar absorve parte da energia, principalmente em altas frequências. Também a natureza do terreno entre a fonte e o receptor, assim como a distância, pode ter um efeito sobre o nível de pressão sonora (NPS) medido no receptor. No caso da intensidade de ruído em ambientes naturais, portanto sem a presença de barreiras construídas para atenuação sonora, podemos considerar a distância, o relevo e a vegetação como os fatores mais significativos para o decaimento do nível sonoro (SANCHES, 1995). A atenuação causada pela vegetação é geralmente maior nas altas frequências. Quando existe grama densa e folhagem no solo, ocorre um Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 aumento do potencial de atenuação (GERGES, 1992). Apesar de a vegetação colaborar para a atenuação acústica, ela não gera resultados muito significativos, porém pode servir como isolador visual do receptor, fornecendo um efeito psicológico favorável. No Brasil, a legislação pertinente aos níveis de ruído é representada pela Resolução a NBR 10.151 - Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas, Visando o Conforto da Comunidade, para ruídos emitidos em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas. O PMAV está inserido em um bairro residencial e também está próximo a um hospital. Essa classificação tem como de Nível de Critério de Avaliação (NCA) estabelecido pela NBR 10.151 de 50 dB no período diurno, período em que as medições foram realizadas no Parque. Para a realização das medições da intensidade de ruído, é utilizado um medidor de nível sonoro EMPORIONET/IEC 651 TYPE II. Os pontos ao longo de um transecto passando pelo interior do PMAV serão analisados, começando pela entrada do parque próximo a Avenida Engenheiro Oscar Americano até a extremidade norte da trilha de corrida. Os pontos estão equidistantes 400 metros possibilitando averiguação da variação da intensidade sonora em relação à vegetação. Os pontos estão indicados na Figura 2, são eles o Estacionamento, Ponto 7 e o Ponto 14. Em cada ponto selecionado são feitas medições da intensidade sonora com um período de amostragem de 5 minutos, adotando o critério de estabilização da NBR 10.151. As medições serão realizadas três vezes durante o projeto. 3. Resultado e discussão A partir da pesquisa realizada pelo Data Folha em 2008, constatou-se que o perfil dos frequentadores dos parques públicos de São Paulo, são pessoas entre 25 a 45 anos, de classe média, que frequentam os parques de 3 a 6 dias por semana para realização de atividades físicas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1048 O formulário periódico (Anexo 2) foi aplicado nos 24 pontos marcados na trilha de corrida do PMAV para avaliação da organização e estrutura do parque. O resultado mostrou que a parte de limpeza e organização está em um nível ótimo e as drenagens estão bem conservadas. As medições dos parâmetros biofísicos serão realizadas durante um ano entre os meses de abril de 2013 a abril de 2014, contudo os resultados preliminares referentes ao período entre os meses de abril a agosto de 2013 são apresentados a seguir. 3.1. Umidade relativa do ar e temperatura do ar e do solo Segundo Monteiro (1991) a umidade relativa do ar é inversamente proporcional à temperatura do ar, sendo a umidade do ar alta no início da manhã, baixa no começo da tarde, voltando a subir no final da tarde e início da noite, diferentemente da temperatura do ar. Essa relação dos parâmetros pode ser notada na Figura 4. Porém, o que se nota de diferente entre a umidade do ar no PMAV e a medida pelo IAG/USP é a variação desses parâmetros entre os períodos. No IAG/USP a perda, tanto de temperatura como de umidade relativa do ar, representam valores de variação maiores quando comparados à trilha de corrida do PMAV. Isso mostra como a vegetação possui uma importante função na melhoria e estabilidade microclimática devido à redução das amplitudes térmicas, redução da insolação direta (MILANO & DALCIN, 2000). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1049 Figura 4 – Resultados Preliminares do período entre abril e agosto de 2013. As medidas da temperatura do solo na trilha de corrida apresentaram valores relativamente menores quando comparados com o IAG/USP, confirmando a função quanto à estabilidade microclimática. Essa estabilidade do clima proporcionada pela presença de vegetação fica evidenciada na Figura 4. Percebe-se que quanto maior a umidade do ar e quanto menor a sua variação, menores são as mudanças nas temperaturas do solo e do ar, mostrando que estas áreas verdes contribuem para um ambiente mais sadio e harmonioso, interferindo de maneira direta em alguns fatores ambientais, bem como no conforto térmico. 3.2. Evapotranspiração O período de medição da evapotranspiração foi realizado entre as 8 horas da manhã até às 17 horas, totalizando um período de 9 horas. Os resultados são apresentados na Tabela 1 e indicam uma evapotranspiração média de 0,8 mm na trilha de corrida e 2,8 mm na estação metereológica do IAG/USP. Esses valores mostram que quanto maior for à área vegetada, menor é a evapotranspiração, pois a vegetação protege o solo. Em um lugar com a temperatura do ar mais amena e com maior umidade do ar apresentam resultados de evapotranspiração menores que é o caso do PMAV. A relação entre evapotranspiração e a área vegetada é diretamente proporcional (UDA 2010). A quantidade de umidade do ar e importante fator que influencia nas taxas de evapotranspiraçao. A taxa de evapotranspiraçao é Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1050 determinada pela disponibilidade de umidade na superfície, pela capacidade da atmosfera de vaporizar a água, remover e transportar o vapor e o principal que esta em função de diversos outros fatores incluindo a radiação solar, temperatura, velocidade do vento e umidade. Em geral os dias que correspondem aos maiores valores medidos da evapotranspiração, são os dias cuja temperatura do ar foi mais alta, por exemplo, no dia 26 de agosto com uma temperatura de 22 °C no PMAV e 23,6 °C no IAG/USP a evapotranspiração medida durante o período de 9 horas foi de respectivamente 2,6mm e 4mm, demonstrando que há uma relação entre maiores temperaturas do ar, menor umidade do ar e consequentemente maior a evapotanspiração. Tabela 1 – Evapotranspiração diária entre abril e agosto de 2013. Data 22/abr 29/abr 06/mai 13/mai 20/mai 27/mai 03/jun 10/jun 17/jun 24/jun 01/jul 08/jul 15/jul 22/jul 29/jul 05/ago 12/ago 19/ago 26/ago Alfredo Volpi 08:00 às 17:00 1,5 0 1 1,1 1 0,5 0 1 0 0 0 0 1,8 0,3 1 1,4 2,2 1,1 2,6 IAG/USP 08:00 17:002 3,85 3,9 1,1 5,4 3,3 1 0,35 3,6 2,4 1,1 0,4 1,05 3 1,2 4,75 2,2 7,65 4,6 4 às Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1051 3.3. Compactação do Solo Ainda não há parâmetros suficientes uma para análise. 3.4. Velocidade do Vento As plantas, formando uma cortina de vegetação, modificam os ventos pela obstrução, deflexão, condução ou filtragem do seu fluxo. O grau de redução da velocidade do vento, devido a uma cortina de vegetação, depende do tipo de espécie vegetal, altura, densidade, forma, e largura dessa cortina. As cortinas de vegetação canalizam as brisas de vento para outra direção provocando resfriamento. (WALKER 1975) As medições na trilha de corrida do PMAV não apresentaram variações na velocidade do vento, enquanto as medições da estação metereológica do IAG/USP variam de 0,2 a 2 m/s. As correntes de ar que são formadas na área externa ao parque acabam sendo barradas pela vegetação de porte alto. A ausência de correntes de ar propicia um microclima semelhante a uma casa de vegetação. Contudo, em épocas de temporais as espécies arbóreas de maior porte não suportam a força do vento e tendem a cair, causando grandes danos à regeneração, senão na infraestrutura do parque e, ou danos à fiação elétrica e aos bens privados como veículos e casas no entorno, principalmente na Rua Circular do Bosque onde encontram-se Eucaliptus spp com mais de 15 metros de altura (Relatos do integrantes Gestão do PMAV) 3.5. Ruídos O ponto estacionamento do PMAV está próximo a Avenida Engenheiro Oscar Americano, cujo trafego de ligação entre a Zona Sul e o Centro de São Paulo é muito intenso, originando ruído proveniente dos veículos que trafegam nessa via nos horários de pico as 8 horas da manhã e a tarde por volta das 17 horas. Comparando os valores da NBR 10.151/00 para áreas de uso estritamente residencial urbana com presença de hospitais o nível de ruído é muito superior Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1052 no ponto estacionamento (62,9 dB), ou seja, uma diferença de 12,9 dB acima do estabelecido para essa categoria na NBR 10.151/00. Contudo, na segunda medição no ponto 7, cerca de 400 metros do ponto estacionamento, a medição do ruído apresentou uma diminuição considerável de 10dB, chegando bem próximo ao recomendável pela NBR 10.151/00 e, finalmente no terceiro ponto de medição cerca 800 metros da Avenida, onde a vegetação é mais densa, a atenuação dos ruídos chegou em 17dB em relação à medição no estacionamento. Os resultados preliminares observados na Tabela 2 demonstram a função da vegetação como atenuadora de ruídos no meio urbano. Tabela 2 – Dados comparativos do Ruído entre o PMAV e a NBR 10.151/00. 1053 4. Bibliografia AGATE, E. Footpaths: a preatical conservation hand-book. Berkshire, Wembley Press. 1993. 192p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.151 (revisão de 2000) – Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas, Visando o Conforto da Comunidade. Rio de Janeiro, 2000. BARROS, M. I. A. 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Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/2319/19 97. Acesso em 08/09/13 RIGHI, E. Z.; ANGELOCCI, L. R.; BURIOL, G. A.; HELDWEIN, A. B. Transpiração do tomateiro cultivado em estufa plástica e suas relações com a radiação solar e déficit de saturação do ar. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v.10, p.9-18, 2002. ROCHA, C. H. B.; FONTOURA, L. M.; SIMIQUELI, R. F. Proposta de classificação de trilhas em Parques através do critério da rampa média: Estudo de caso no Circuito das Águas - Ibitipoca / MG, 2009. RONCERO-SILES, M. Fr. Efeitos do pisoteio humano experimental sobre vegetação em fragmento de Floresta Pluvial Tropical Atlântica, São Paulo, 2008. RONCERO-SILES, M. F. Modelagem espacial para atividades de visitação publica em áreas naturais. São Paulo, 2003. SANCHES, L.E. Ruído y Sobrepresión Atmosférica. In: REPETTO, F.; KAREZ, C (Orgs.). 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Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1057 TRISTÃO, V. el al. Parque Alfredo Volpi. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/alfre dovolpi_frente_1317328327.pdf. Acesso em: 14/06/2012 TUCCI C. & MENDES, A.C. 2006. Avaliação ambiental integrada de bacia hidrográfica. MMA; PNUD, 311p. UDA P. K.; ANÁLISE DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL DISTRIBUÍDA POR MEIO DE IMAGENS NDVI, NA BACIA DO RIO NEGRINHO - SC. 2010 WALKER, T.,1975. Funtional and aesthetic uses of plants in design. In: Carpenter, P.L.; Walker, T.D. (Eds.), Plants in the landscape. W.H. Freeman and Company, New York, p. 165. WHITAKER C. AVALIAÇÃO DE RUÍDO EM AMBIENTES NATURAIS. São Paulo, 2011 YAMAMOTO, M. A.; STEINBERG, J.. Levantamento qualiquantitativo de público aos finais de semana no Parque Alfredo Volpi em São Paulo-SP, 2006. 5. Agradecimentos Ao Centro Universitário Senac, pela oportunidade e pelo apoio para desenvolver o projeto de Iniciação Científica; Ao Professor e Orientador Rubens Koloski Chagas, pela orientação, paciência, atenção e comprometimento na construção do projeto; Aos meus pais e a minha irmã, que sempre estiveram juntos comigo para que este sonho se virasse realidade. A todos dos funcionários do Parque Alfredo Volpi, principalmente ao Gestor do Parque, Sr. Cesar Pegoraro; Ao DEPAVE, pela autorização dada para a realização do trabalho no PMAV; Ao Professor Rodrigo Buenos, pelo auxílio na análise dos dados de ruído do projeto; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1058 Ao Professor Caio Augusto Magalhães, pelo auxílio na análise dos dados de climatológicos e pelo apoio na construção do projeto; À Professora Eliane Cabariti, pelo auxílio nas análises matemáticas dos dados do projeto; Aos Auxiliares do Laboratório, Rafaela Teixeira e Leandro Caminada, pela paciência e dedicação na disponibilização dos equipamentos do Centro Universitario SENAC utilizados no projeto; Aos Colegas e Companheiros de Sala: Allan Adinolfi, Alana Martinelli, Fabio Cesar Fernandes, Marco Aurélio, Giovanna Cappellano, Paula da Silva Santos, Susana Ouro, Priscila Assunção, Felipe Paoli de Moraes, pela ajuda e colaboração na obtenção de dados no PMAV. 6. Anexos Anexo 1 – Tabela de registros dos indicadores da trilha de corrida Transecto Esquerda Temperatura do Solo (°C) 8h Temperatura do Ar (°C) 8h Umidade do Ar (%) 8h Velocidade do Vento (m/s) 8h Meio da (Ponto 7) Trilha Transecto Direita 8h 12h 17h 8h 12h 17h 17h 8h 12h 17h 8h 12h 17h 12h 17h 8h 12h 17h 8h 12h 17h 12h 17h 8h 12h 17h 8h 12h 17h 12h 17h 12h Ponto 7 8h - 17h Evapotransipiração (°C) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1059 Anexo 2 – Informações complementares da trilha. 1 PARÂMETROS 2 3 ... 24 PONTOS N° DE RAÍZES EXPOSTAS N° DE ÁRVORES COM BROMÉLIAS-EPÍFITAS LARGURA DA TRILHA (M) PROBLEMA DE DRENAGEM VANDALISMO INSCRIÇÕES EM ÁRVORES LIXO EM LIXEIRAS 1060 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos CONSTRUINDO UMA NOVA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA A PARTIR DA CONSTRUÇÃO DE UMA TRILHA ECOLÓGICA: ÁREA DO LIXÃO NO CAMPUS PAULO VI-UEMA. Thiago Diniz Araujo24 Cláudio Eduardo de Castro25 Resumo Palavras-chave: Trilha Educativa; Recurso Didático-Pedagógico; Planejamento de Trilha. A interação homem-ambiente sempre propiciou a atribuição de valores ao espaço, produzindo transformações que foram acontecendo conforme o interesse e necessidade. As trilhas fazem parte destas transformações, configurando-se em inúmeros fins, desde local de passagem ou caminho de pedestre, quanto voltado a fins educacionais, possibilitando a interpretação da natureza e seus significados. No Brasil, as primeiras publicações tratam dos caminhos de penetração na serra do Mar no período da colonização. O objeto deste trabalho compreende uma área da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) - Campus Paulo VI em interatividade com o conjunto habitacional Dom Ricardo, no município de São Luís, Estado do Maranhão, na qual foram despejados resíduos sólidos produzidos no campus, causando problemas decorrentes gerados pelo lixão que se configurou no local. Apresenta uma proposta de criação de uma trilha educativa após a recuperação natural da área. O planejamento da implantação de trilhas visa assegurar que os impactos negativos estarão dentro dos limites aceitáveis de mudança, por isso a forma escolhida foi a circular com um trajeto total de 701 metros, constituídos por pontos de marcação que totalizaram 54 balizas de madeira, apresentando atrativos voltados à recuperação natural da vegetação, dificuldades orográficas, observação de áreas de recarga hídrica além de vegetação arbórea como Tucunzeiros e Babaçuais. Portanto uma trilha ecológica, desde a sua construção, já se caracteriza como interessante recurso didático-pedagógico, contribuindo para aproximar a população com o ambiente natural que está inserido. Resumen 24 tdinizaraujo@gmail.com Pós Graduando em Meio Ambiente e Recursos Aquáticos da Universidade Estadual do Maranhão. 25 clanaros@yahoo.com.br Doutor em Geografia. Professor Adjunto da Universidade Estadual do Maranhão. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1061 Palabras clave: sendero educativo, recursos didácticos y pedagógicos, Trail Planificación. El medio ambiente humano siempre ha permitido la asignación de valores al espacio, produciendo cambios que estaban ocurriendo en concepto de intereses y necesidades. Los senderos son parte de estos cambios, y esto presenta numerosos propósitos, desde la pasarela peatonal local o ruta, tal como se preveía para fines educativos, lo que permite la interpretación de la naturaleza y sus significados. En Brasil, las primeras publicaciones sobre los caminos de penetración en la Serra do Mar durante el período de la colonización. El objetivo de este trabajo consiste en un espacio de la Universidad del Estado de Maranhão (UEMA) - Campus de Paulo VI en la interactividad con el alojamiento de Dom Ricardo, en São Luís, Maranhão, en el que se vierten los residuos sólidos generados en el campus, causando problemas generado por el vertedero resultante se configura en el sitio. Presenta una propuesta para la creación de una pista de la educación después de la zona de recuperación natural. Planificación de la implementación de senderos diseñados para asegurar que los impactos negativos dentro de los límites aceptables de cambio, por lo que la forma fue elegida trayectoria circular con un total de 701 metros, que consiste en puntos de la trama por un total de 54 objetivos de la madera, con atractivos se centró en la recuperación natural de la vegetación, las dificultades orográficas, observando las zonas de recarga de agua, así como la vegetación leñosa Tucunzeiros y babasú. Por lo tanto un circuito ecológico, ya que su construcción, ya caracterizada como interesante recurso pedagógico-didáctico, contribuyendo a la población más cerca del entorno natural que se inserta. 1. Introdução Ao longo da história da humanidade tem sido constante a interação homemambiente, visto que tal interação se define pela necessidade de recursos para sobrevivência ou para atender o bem-estar humano. O homem, através da percepção do ambiente, atribuiu valores ao espaço, transformando-o de acordo com seus interesses. Entretanto, se apropriou de áreas com maior riqueza de recursos naturais, tornando inevitável o surgimento de impactos ambientais, motivando, posteriormente, a apreensão do homem com relação ao futuro do planeta e sua própria existência. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1062 A partir da intensa produtividade humana tornou-se inevitável o aparecimento de resíduos ou sobras, que, por conseguinte são depositados em ambientes inadequados e que ocasionam mudanças no equilíbrio de um ecossistema. O objeto de estudo compreende uma área da Universidade Estadual do Maranhão - Campus Paulo VI em interatividade com o conjunto habitacional Dom Ricardo, na qual foram despejados resíduos sólidos produzidos no campus, causando todos os problemas decorrentes gerados pelo lixão que se configurou no local. Este trabalho constitui-se na realização de um projeto mais amplo de recuperação natural na área de depósito dos resíduos na perspectiva de trabalho em conjunto de uma equipe multidisciplinar com a comunidade circunvizinha, para que este ambiente possa posteriormente recuperar o mais próximo possível do seu status natural e consequentemente melhorar a qualidade de vida dos moradores e dos frequentadores da universidade. Apresenta ainda uma proposta posterior com a criação de uma trilha com fins de educação ambiental após a recuperação da área, com o objetivo de integrar a sociedade civil com o meio acadêmico, além de serem utilizados por graduandos, estudantes secundaristas, ou outros que utilizem a percepção e educação ambiental como meio importante na sensibilização quanto à preservação do meio natural. Recuperar uma área é contribuir com a qualidade de um ambiente no qual a vegetação é um fator importante para manter um ambiente equilibrado. Para complementar, construir uma trilha para Educação Ambiental (EA) na área do campus universitário tem pertinência na relação universidade e sociedade, proporcionando aos estudantes do ensino básico, universitários, frequentadores e outros, conhecer algumas espécies nativas da região, percorrendo um circuito que contará com informações sobre cada espécie, contribuindo desta maneira na construção de novas formas de relação homemnatureza. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1063 2. Trilhas ecológicas Concepções As trilhas ecológicas caracterizam-se por ser uma forma de interação entre o homem e o ambiente, considerando-se que possui inúmeros fins, podendo ser tanto um local de passagem ou caminho de pedestre, quanto voltado a fins educacionais. Enquanto instrumentos pedagógicos para a E.A., as trilhas devem explorar o raciocínio lógico, incentivar a capacidade de observação e reflexão, além de apresentar conceitos ecológicos e estimular a prática investigatória (LEMES et al., 2004). Diferenciam-se ainda na dinâmica da educação, como afirmativa de Pádua & Tabanez (1998), traduzindo para os alunos visitantes das áreas naturais os fatores que estão além das transparências, como as leis naturais, histórias e fatos. O trilhar em áreas naturais produz em seu bojo trabalhar a percepção ambiental de cada indivíduo. Percepção esta que se baseia em informações estabelecidas pela sociedade a qual ele faz parte e/ou correspondente a partir das sensações que são influenciadas pela sua cognição. Perceber o ambiente se constitui em uma forma de conhecimento, tornando-se um processo ativo de representação que vai muito além do que se observa ou absorve através dos sentidos, envolve uma escolha orientada por valores. Nesta perspectiva, Vasconcelos (1998) afirma que o propósito de estimular os grupos de atores a um novo campo de percepções tem como objetivo levá-los a observar, experimentar, questionar, sentir e descobrir os vários sentidos e significados relacionados ao tema selecionado. A percepção ambiental supõe a capacidade que o ser humano possui de gerar informações a partir dos problemas ambientais que constituem seu cotidiano. A partir dessa produção, aumenta a capacidade de produzir significados e ações sobre o ambiente. A paisagem percebida em uma trilha de interpretação é apenas uma breve amostragem de suas sequências, estruturas e dinamismo, porém, as experiências ambientais envolvidas trazem uma lição pertinente à compreensão mais profunda de nossas próprias percepções e vivências Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1064 ambientais, diante de tantos e tão diferenciados ecossistemas naturais e construídos (LIMA, 1998). Medina (1999) expõe que não se trata tão somente de ensinar sobre a natureza, mas de educar “para” e “com” a natureza, para compreender e agir corretamente ante os problemas das relações do homem com o ambiente. Dessa forma, os conhecimentos e valores trabalhados tendem mais facilmente a serem percebidos e assimilados em termos da conscientização ambiental. A interpretação da natureza no contexto de uma trilha ecológica é atividade educativa que tem como objetivo a revelação de significados, relações ou fenômenos naturais por intermédio de experiências práticas e meios interpretativos, ao invés de simples comunicação de fatos e datas (DIAS, 2001). Para Pagani et al (2001), um sistema de trilha é formado por um conjunto de caminhos e percursos construídos com diversas funções, desde a vigilância até o turismo. Quando utilizada como fim de entretenimento turístico, as trilhas ecológicas interpretativas são relevantes ferramentas de apoio para esse tipo de atividade, no que se refere à utilização dos recursos naturais, seja de forma sustentável. Histórico de Trilhas e suas funções As trilhas existem desde quando o ser humano começou a realizar as primeiras migrações, utilizando-as como forma de passagem de um lugar ao outro em busca de abrigo e alimento, também como ferramenta de identificação de mudanças de ecossistemas durante seu translado. Segundo Moreira (1975) os cartagineses teriam sido os primeiros a revestir seus caminhos com pedras rústicas, nos locais pantanosos. Alguns séculos antes da era cristã Apius Cláudius, imperador romano, construiu notável estrada de quase duzentos quilômetros de extensão entre Roma e Cápua, no sul da península itálica. O seu leito era revestido por diversas camadas de lajes e lajotas de pedra, dando grande consistência aos trechos que cruzavam os banhados litorâneos. Tal estrada, obra de grande valor arquitetônico, passou Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1065 para a história com o nome de "Via Ápia". No mesmo trabalho, o autor afirma que outros caminhos deixaram sinais evidentes de natureza lítica na era da pré-história árabe, babilônica, persa e grega, como também entre os povos asiáticos. No Brasil, as primeiras publicações a respeito de trilhas tratam dos caminhos de penetração na serra do Mar no período da colonização. Em épocas précabralinas o caminho mais importante foi o de Peabiru (ape + abiru = caminho batido), que teria sido um conjunto de trilhas vicinais, supostamente desde a costa de São Vicente até o Paraguai; ou uma longa estrada, tronco de um primitivo sistema de viação geral que, segundo Pinto (1903) permitia o contato das tribos da nação Guarani, da bacia do Paraguai, com tribos do sul do Brasil, entre elas as que habitavam os campos de Piratininga. O Peabiru, no qual os jesuítas teriam denominado Caminho de São Tomé, constituiria o mais importante caminho pré-colombiano, excetuando-se o eixo viário incaico (PETRONE, 1965). A primeira trilha a ser utilizada pelo colonizador para, da costa vicentina alcançar os Campos de Piratininga, foi a dos Tupiniquins. Depois se passou a utilizar o Caminho do Padre José e sua variante do rio das Pedras (PINTO, 1903; WENDEL, 1952; PETRONE, 1965). Naqueles tempos, as trilhas e a natureza tornavam a sua percepção indissociável, em tempos modernos, as trilhas ecológicas elucidam a questão de preservação e sustentabilidade, que em sua preparação deve levar em consideração alguns fatores como segurança, conforto, redução do impacto ambiental e instalação de equipamentos necessários para cada tipo de trilha e público alvo. Segundo Vasconcellos (1997), em áreas naturais, as trilhas desempenham importantes funções e, entre estas, destaca-se a de conectar os visitantes com o lugar, criando maior compreensão e apreciação dos recursos naturais e culturais, provocando mudanças de atitude, atraindo e envolvendo as pessoas nas tarefas de conservação, que aumente a satisfação dos usuários, criando Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1066 uma impressão positiva sobre a área tornando-a planejada e menos impactante. Atividades que antecedem à visitação das trilhas são importantes, pois proporcionam às pessoas conhecer características principais da área, aumentando a capitação de detalhes durante o percurso. Quando realizado em grupo, facilita ainda a interação entre os participantes com a perspectiva de menor impactação destes sobre o ambiente. Os trabalhos prévios são alicerçados com palestras conceituais na qual são oferecidas orientações gerais para a caminhada. É necessária a elaboração do material de apoio, para informação e para suscitar a reflexão e para subsidiar monitores, guias, professores, estudantes e a comunidade como um todo na visitação à área. Constituem este tipo de material, roteiros, formulários de acompanhamento de aulas práticas, relatórios, cartilhas, manuais, panfletos ou folders explicativos. Assim, as trilhas são guiadas e durante o percurso o monitor interpreta o ambiente utilizando as placas e o material de apoio. É necessário estimar sempre a participação do grupo alvo e despertando o interesse do mesmo. O grupo deixa de ser passivo para ser ativo “descobridor” do meio natural (PÁDUA & TABANEZ, 1997). Classificação e uso das Trilhas Ao planejar as trilhas interpretativas deve-se despertar a curiosidade do visitante sobre os recursos existentes na área, suscitando os objetivos de sua criação, tendo uma preocupação constante em aumentar a qualidade da experiência da visitação. As trilhas classificam-se quanto à função, podendo ser utilizadas em serviços administrativos, patrulhamento ou pelo visitante em atividades educativas e/ou recreativas. Pode ser dividida em curta e média distância quando apresentam caráter recreativo e educativo, com programação desenvolvida para Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1067 interpretação do ambiente natural. E ainda as de longa distância, que valorizam a experiência do visitante que busca deslocar-se por espaços mais longos, praticando ou não de forma esportiva a travessia de uma região ou a subida de uma montanha. (RODRIGUES e TORVES, 2007). Para a classificação quanto à forma, Andrade (2003) descreve suas características, como se vê na figura 1. 1068 Figura 1: Classificação das Trilhas Fonte: Adaptado de Andrade (2003). Quanto ao grau de dificuldade, Rodrigues e Torves (2007), afirmam que essa classificação é elaborada a partir dos aspectos de intensidade da trilha e nível técnico que possuem os visitantes para realizar o trajeto, podendo variar Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 durante o percurso e levando em consideração a extensão dos trechos, inclinação do terreno, qualidade da trilha e obstáculos. Ha três níveis de dificuldade: o Difícil, na qual as trilhas apresentam uma declividade acima de 20%, com mais de 10 obstáculos a cada 500m, com subidas em morros altos, trechos muito longos e que requerem habilidade na caminhada e bom condicionamento físico; o Médio, que possui trilhas com declividade entre 12% e 20%, obstáculos que variam de 5 a 9 por cada 500m, com subidas em morros de porte médio, e ainda caminhadas curtas em mata nativa não requerendo habilidades; e o Fácil, onde as trilhas constam com declividade inferior a 12%, com 4 obstáculos no máximo a cada 500m e com pouco esforço físico (RODRIGUES e TORVES, 2007). Serrano (2000) afirma que o componente fundamental para uma integração entre o conteúdo teórico e o exercício prático referente à conscientização ambiental é a afetividade, caracterizada pela emoção. No caso específico das ciências naturais e da educação ambiental para estudantes, Seniciato e Cavassan (2003, p. 51) afirmam que “[...] a importância das emoções no estabelecimento de vínculos afetivos tanto em relação à própria disciplina quanto à natureza, são favoráveis à qualidade daquilo que está sendo ensinado e a uma convivência mais harmoniosa com o mundo natural”. 3. Trilhas como veículo de educação ambiental Área de Estudo Com o intuito de se construir uma trilha que cumpra com as funções de interpretação, percepção, conscientização e sensibilização ambiental, buscou-se um local na Universidade Estadual do Maranhão - Campus Paulo VI, localizada no município de São Luís, Estado do Maranhão, que se prestasse a isso. A área escolhida situa-se nas proximidades com o conjunto habitacional Dom Ricardo, tendo como coordenadas geográficas: 02º34'47'' de latitude sul e 44º12'47'' de longitude oeste, e ainda com Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1069 uma elevação de aproximadamente 36m em relação ao nível do mar em seu ponto de entrada. A Universidade está localizada próxima à região central de São Luís, capital do Estado. A área em enfoque localiza-se a sudoeste da entrada principal da universidade estando a uma distância de aproximadamente 800 m. (mapa 1). 1070 Mapa 1: Deslocamento até a trilha, área do antigo Lixão. Fonte: Adaptado de Esri Legal Information, 2012. Sítio da Trilha: a área do lixão recuperada As trilhas devem possuir algo que seja atrativo aos visitantes, como cachoeira, rio, mar, entre outros recursos naturais, porém a área em estudo tem sua grandiosidade atrativa pela sua recuperação ante a problemática do lixão, através da revegetação, criação de trilhas educativas e da relação com a comunidade Dom Ricardo. Este trabalho tem como objeto a criação de uma trilha focada na E.A., já que na área já se evidencia uma vegetação regenerativa existente e, faz-se necessário uma recuperação natural da vegetação, a partir da extinção do lixão a céu aberto, da limpeza e crescimento natural das espécies associado à revegetação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Da Silva et al. (2006) afirmam que o contato e a observação direta tornam as pessoas mais sensíveis para perceber a ação do ser humano no meio ambiente. Muitos participantes não reconhecem o patrimônio natural original, confundindo plantas e animais exóticos como nativos e não percebendo a influência cultural na paisagem da região. Neste trabalho delimitou-se um caminho que se configurou em uma trilha. No mapa 2 podemos observar o traçado elaborado com os pontos relevantes de observação. Segue-se uma perspectiva de se criar uma amostragem natural das espécies relevantes do Estado a fim de familiarizar os visitantes com este tipo de flora, proporcionando um maior conhecimento deste ambiente. Di Tullio (2005, p. 10), afirma que: As trilhas interpretativas são também uma estratégia utilizada para maior integração entre o ser humano e o meio natural, proporcionando um melhor conhecimento do ambiente local, dos seus aspectos históricos, geomorfológicos, culturais e naturais. 1071 As vantagens das trilhas residem no ônus relativamente baixo para sua estruturação, providencial em um país como o Brasil, onde há uma alta diversidade biológica e uma grande escassez de recursos. Constituem ainda, um instrumento pedagógico prático e dinâmico, sendo de relevante importância para quem transita pela área, com fim de reduzir o impacto ocasionado e despertando uma dinâmica de observação, de reflexão e de sensibilização. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1072 Mapa 2: Localização da trilha na UEMA. Fonte: ARAUJO e CASTRO. 4. Metodologia O presente estudo é elaborado com fundamentação no método indutivo como fundamento na observação dos elementos naturais e humanos da paisagem (GUERRA e GUERRA, 1997) e apoiado no método qualitativo (TUAN, 1980; KAPLAN, 1975). O planejamento da implantação de trilhas visa assegurar que os impactos negativos estarão dentro dos limites aceitáveis de mudança, ou seja, um determinado nível de uso que um sítio ou uma área possa suportar sem causar danos significativos aos seus recursos naturais necessários para o seu equilíbrio, garantindo a qualidade da experiência do visitante. Para tal circunstância Andrade (2003) afirma que é imprescindível: avaliar o local, impactos e objetivos; definir tipo de público; decidir se a trilha será mais Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 informativa, sensibilizadora e/ou educadora possível; ter mensagem simples, abrindo horizontes, suscitando a observação e o respeito à vida. Já a forma, segundo o autor, deve ter materiais simples, sem agredir ou poluir visualmente o ambiente; preferencialmente de formas circulares ou ovais; não serem longas e que viabilizem uma interpretação com informações necessárias, concisas, transmitidas de forma mais completa. Outras metodologias utilizadas para o monitoramento da trilha após aberta ao público no geral são o estudo da Capacidade de Carga de Usuário – CC, Sistema de Planejamento Limite de Câmbio – LAC e Monitoramento de Impacto de Usuário – MIV, especificamente utilizados em implantação de trilhas. A capacidade de carga simboliza o nível que uma trilha pode suportar sem que um grau inaceitável de deterioração dos recursos seja atingido. Tem sua quantificação de maneira bem complexa, sendo divida em CC Ecológica, relacionada aos danos na fauna, flora e solos; CC Física, relacionada ao tamanho e largura da trilha; e CC Perceptiva, que depende da combinação entre as condições físicas e o número de pessoas que a utilizam ao mesmo tempo sem que a mesma tenha uma aparência de "lotada" (CIFUENTES, 1992; ANDRADE, 2003). O Sistema de Planejamento Limite Aceitável de Câmbio – LAC, estabelecido por Stankey et al. (1985), determina o limite aceitável das mudanças provocadas pelo uso público através dos indicadores de impactos, que são mensurados a partir do Monitoramento de Impacto de Usuário, servindo estrategicamente para a manutenção do equilíbrio ecológico do ambiente mesmo com a presença antrópica. Com o objetivo de apresentar subsídios para a implantação de trilha ecológica na área do campus Paulo VI da Universidade Estadual do Maranhão, o estudo é dividido em etapas: I) Reconhecimento da área do lixão; II) Fundamentação teórica; III) Planejamento a partir da sua forma e função; IV) Implantação de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1073 trilha ecológica alicerçada no plano de recuperação natural vegetal nas áreas necessárias. Para os levantamentos de campo e topografia utilizamos trena de 30 metros, GPS, Bússola, estacas de madeiras com 50 cm de comprimento, prancheta de anotações, facões, martelo, pincel e caneta além de máquina fotográfica para registro de imagens da atividade realizada. 5. Resultados e discussões Os resultados alcançados foram referentes à definição dos objetivos propostos pela trilha, sua forma e sua distribuição na área do antigo lixão a partir dos respectivos pontos interpretativos. Quanto aos objetivos, a trilha propõe a experiencialização da percepção ambiental de cada visitante, cujo processo de adequação se restringe à idade de quem a frequenta, devido ao seu grau médio de dificuldades. A trilha valoriza a integração e conservação ambiental mediante o conhecimento, não se privando a apenas informações superficiais e imediatas. Sendo interpretativa, vai além dos conteúdos referentes aos ecossistemas, ciclos vitais, recuperação e proteção, poluição e degradação, entre outros. Mostrará que é possível se recuperar uma área impactada negativamente pelo homem, através de soluções práticas, que revitalizem e permitam interação humana com aquele meio através de visitações. Descrevendo a trilha geologicamente, ela é constituída por rochas da Formação Barreiras (Terciária), com origem entre o Mioceno e o Plioceno, onde a porção aflorante é composta essencialmente de arenitos e siltitos, seguido de argilitos e folhelhos (MACHADO JÚNIOR, 2005). Os níveis de argilito e folhelhos estão sempre em condições subordinadas, intercalando arenitos e siltitos (MARANHÃO, 1998). A vegetação da área da trilha segue o padrão do estado do Maranhão, na qual se reflete os aspectos transacionais do clima e das condições edáficas da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1074 região, dos quais resultaram ecossistemas associados, desde ambientes salinos com presença de manguezais, passando por campos inundáveis, restingas, cerrados e babaçuais, até vegetação florestal de grande porte com características amazônicas (MUNIZ, 2006). A forma da trilha planejada é a circular, conforme as possibilidades encontradas no ambiente permitindo a entrada e saída no mesmo ponto sem se repetir o percurso no retorno, tendo um sentido único de uso, o que evita o encontro de outros grupos durante o caminho. O trajeto total apresenta 701 metros, sendo delimitado por pontos de marcação que totalizaram 54 balizas de madeira, das quais foram marcadas as distâncias com trena e o azimunte que foram marcados sobre foto aérea d área para confeccionar o mapa 3. Os pontos interpretativos apresentam algumas áreas em destaque que servirão como ponto de repouso e observação minuciosa dos atributos da trilha. É importante ressaltar a recuperação natural do ambiente como ponto para a interpretação e percepção dos visitantes. Inicialmente, destacamos o ponto 1 no qual dá-se o começo da caminhada e realização das primeiras indagações e análises sobre a questão ambiental para os visitantes (foto 1). Nele uma plataforma em madeira deverá ser erguida para a saída e chegada dos grupos (figura 2) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1075 1076 Mapa 3: Pontos interpretativos da trilha. Fonte: ARAUJO e CASTRO. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Foto 1: Vista panorâmica do ponto inicial após a retirada parcial de resíduos. Fonte: ARAUJO e CASTRO. Figura 2: Croqui de deck a ser construído para início e final da visita à trilha. Material: madeira e teto em folha de Babaçu. Fonte: elaborado por ARAUJO e CASTRO. Após o início da caminhada, o primeiro ponto de observação é o 6, que tem como destaque a vegetação em período de recuperação (foto 2). Nele uma placa com a explicativa com a vegetação secundária deve ser afixada, como se vê na figura 3. Foto 2: Vegetação em recuperação. Fonte: ARAUJO e CASTRO. Figura 3: Placa explicativa do ponto 6. Fonte: elaborado por ARAUJO e CASTRO. Durante todo o trajeto se encontram dificuldades para o deslocamento advindo da variação geomorfológica. O ponto em destaque inicial é o de número 16 (foto 4) que motiva a transição de uma área mais plana para outra com Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1077 moderadas sinuosidades. Ali uma escada em madeira foi planejada para evitarse a remoção do solo pelo pisoteio, como se vê na figura 3. Foto 4: Descida moderada no ponto 16. Fonte: ARAUJO e CASTRO. . Figura 3: Escada em madeira para aclive no ponto 16. Fonte: Elaborado por ARAUJO e CASTRO. O ponto 19 é o terceiro local de parada por tratar das questões de territorialidade e relação da universidade com a população circunvizinha, tendo o muro limítrofe (foto 5) como referência. Aqui uma placa com desenhos de espécies da flora e fauna nativas será implantada. Os desenhos serão elaborados por alunos de escola da comunidade ou por artistas locais (figura 4). Foto 5: Muro limítrofe da Universidade. Fonte: ARAUJO e CASTRO. Figura 4: Placa com desenhos da comunidade Fonte: Elaborado por ARAUJO e CASTRO. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1078 A metade do percurso é marcada pelo ponto 27, que serve para diferenciar a vegetação observada. Deste ponto até o final, a natureza já apresenta maior exuberância e menos impacto originado pelo lixão. Por conseguinte, a topografia também é alterada no ponto 28, apresentando alta declividade, exigindo colocação de outra escada. No ponto 30, em que se encontra um Mourão de Concreto no meio da vegetação, uma nova parada foi elaborada, proporcionando ao visitante perceber que em outro tempo a área servia a uma fazenda de pecuária antes mesmo de haver sido adquirida pelo estado para construção do campus universitário (foto 6). Passando pelo ponto 40, outro Mourão de Concreto é encontrado fortalecendo a perspectiva do ponto 30 na qual outro exemplar deste material está presente de forma isolada, servindo apenas de mera ilustração. A próxima parada é realizada no ponto 37, que se caracteriza pela observação de uma área de recarga hídrica com pequeno volume, perceptível em períodos de maior pluviosidade. Esta área simboliza um mirante de observação do local (foto 7). Foto 6: Área de parada para visualização do Mourão de Concreto. Fonte: ARAUJO e CASTRO. Foto 7: Mirante de observação. Fonte: ARAUJO e CASTRO. Em continuidade, o próximo ponto de parada apresenta a vegetação em seu estágio adulto, árvores com características de transição como o Tucunzeiro e o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1079 Babaçu (foto 8), e solo com serrapilheira e alta umidade. Representa a penúltima parada de observação que fica entre os pontos 48 e 49. Logo após, entre os pontos 51 e 52, encontra-se uma área suscetível a alagamentos que apresenta uma pequena declividade e um pequeno espaçamento para o escoamento superficial da água em período de intensas chuvas. (foto 9). Este lugar terá uma pequena ponte quando iniciado o processo de estruturação da trilha. Por fim, a trilha se finda no ponto 54 com as considerações finais sobre a importância da Educação Ambiental na preservação do meio ambiente. Ali uma placa contará ainda com o mapa de toda a área percorrida e seus pontos interpretativos (foto 10, figura 5). 1080 Foto 8: Vegetação exuberante. Fonte: ARAUJO e CASTRO. Foto 9: Área suscetível a alagamentos. Fonte: ARAUJO e CASTRO. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Foto 10: Parte final da trilha. Fonte: ARAUJO e CASTRO. Figura 5: Placa com pontos interpretativos. Fonte: Elaborado por ARAÚJO e CASTRO. A trilha já está delimitada, porém adequada apenas para pessoas com alguma experiência nestas atividades ou que possuem uma noção sobre caminhadas em ambientes com balizadores azimutais para referência e os que representam os pontos interpretativos. Quando da abertura da visitação para todas as faixas etárias, a trilha poderá ser guiada por acadêmicos da própria universidade que já demonstraram interesse nesta modalidade, mas também poderá ser autoguiada, pois o emplacamento permite essa perspectiva. Capacidade de carga e Limite Aceitável de Câmbio A teoria de carga que utilizamos é de Miguel Cifuentes (1992). Nessa teoria, a trilha pode ter uma Capacidade de Carga Física (CCF) que considera o número de grupos que podem transitar sem encontros e sem perturbação uns dos outros. A partir dela, descontam-se os impeditivos como erosão, infraestrutura para mitigação de impactos negativos não efetuados e encontros entre grupos, resultando nas capacidades Reais (CCR) e Efetivas (CCE). Se o planejamento Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1081 da trilha não conseguir evitar os aspectos negativos, as Cargas têm que ser niveladas assim: CCF > CCR ≥ CCE. No planejamento desta trilha, consideramos duas formas de uso, a primeira na qual há impeditivos ao uso, que segue a regra acima, a segunda, ideal, com a implantação das infraestruturas propostas, portanto igual à CCF. Para a Carga Física dividimos os grupos em 10 integrantes (1 monitor e 9 visitantes) com intervalos de 20 minutos em um período de 6 horas (das 8:00 às 11:00 e das 14:00 às 17:00). O número total de visitas foi de 10 grupos em cada período, totalizando 200 visitantes diariamente, suficientes para atender grupos de escolas e à universidade. Os impeditivos a pratica da totalidade da CCF foram o solo exposto, a declividade em alguns pontos, a presença de lixo, a presença de espinhos em pontos do percurso e a inexistência de emplacamento. Considerando-se todos esses aspectos a CCE ficou em apenas 15% da CCF, 30 visitas. Por apresentar número muito baixo os grupos podem ser de 5 visitantes. A CCE deve ser utilizada até que o planejamento seja completamente executado, mas não impede a utilização da trilha nessas condições. O limite de Câmbio (LAC) para este caso é positivo, não se considerando ‘perdas’ ambientais com a visitação, já que se trata de área altamente degradada a ser recuperada. 6. Conclusão A área na qual a trilha foi implantada apresentava um grande desequilíbrio ambiental, na qual se configurava em um lixão a céu aberto com resíduos oriundos tanto da universidade quanto da população circunvizinha. Este trabalho propôs, através da construção de uma trilha ecológica, motivar as pessoas a favor de uma nova perspectiva que envolve a preservação da natureza a partir da Educação Ambiental. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1082 Com a criação da trilha, a área de estudo se recupera naturalmente e de forma gradativa, apesar da existência de alguns resíduos dispostos no local. Para uma recuperação satisfatória é imprescindível a fiscalização e manutenção permanente da trilha, pois por localizar-se em área de grande ocupação urbana nas adjacências, os impactos pelo lixo podem tornar-se novamente significantes e prejudicar as etapas de desenvolvimento deste ambiente. A trilha elaborada para uso da área do lixão desativado pode contribuir na efetivação da interpretação, percepção, conscientização e sensibilização ambiental dos envolvidos, tanto da universidade quanto da comunidade de entorno, por apresentar pontos de interpretação que remetem aos territórios passados e presentes. A sua estruturação foi pensada sob a ótica de inserção na paisagem, cumprindo as premissas das teorias de Limite Aceitável de Câmbio e de Capacidade de Carga, uma exigência contemporânea para a gestão das trilhas. Portanto esta trilha ecológica, desde a sua construção, já se caracteriza como interessante recurso didático-pedagógico, contribuindo para aproximar a população com o ambiente natural que está inserido. Bibliografia ANDRADE, W.J. Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramenta para um planejamento responsável. WWF Brasil, Brasília, 2003. ANDRADE, Waldir Joel de. Implantação e Manejo de Trilhas. In: MITRAUD, Sylvia (Org.). Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramenta para um planejamento responsável. Brasília: WWF Brasil, 2003. CIFUENTES, M. Determinación da Capacidad de Carga Turística en Áreas Protegidas. Publicação patrocinada pelo Fundo Mundial para a Natureza – WWF, Turrialba, Costa Rica, 1992. DA SILVA, F.B; CECCON, S.; GÜNTZEL-RISSATO, C.; DA SILVEIRA, T.R.; TEDESCO, C.D.; GRANDO, J.V. Educação ambiental: interação no campus universitário através de trilha ecológica. Rev. eletrônica Mestr. Educ. Amb., v.17, p.20-40, 2006. DIAS, G.F. 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ISBN 978-85-88769-56-4 1085 GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: contribuições para o planejamento e manejo de trilhas Sumario 01 A importância das trilhas interpretativas para a Educação 1087 Ambiental, Geoturismo e Geoconservação – estudo de algumas trilhas do Parque Nacional dos Campos Gerais. 02 Considerações preliminares à cerca do potencial geoturístico da 1133 Serra do Lenheiro, São João del-Rei/MG. 03 Geoparque Seridó: unindo turismo, conservação e educação. 1146 04 Potencial da trilha ecológica do Vale vulcânico no município de 1169 Cerro Corá/RN. 05 Trabalho de campo no Caminho das Águas, Parque Natural 1182 Municipal de Nova Iguaçu/RJ:proposta de roteiro ambiental e subsídio para conservação do patrimônio natural. 06 Trilhas subaquaticas em Fernando de Noronha - PE: a importância 1203 da interpretação ambiental relacionada á geodiversidade. 07 Capacitação de condutores de visitantes do Parque Nacional 1220 Marinho de Fernando de Noronha em Geoturismo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1086 GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e manejo de trilhas A importância das trilhas interpretativas para a Educação Ambiental, Geoturismo e Geoconservação – estudo de algumas trilhas do Parque Nacional dos Campos Gerais Ana Cláudia Folmann1 Resumo Palavras chave: Trilhas interpretativas, Geoturismo, Educação ambiental, Geodiversidade. As trilhas interpretativas em unidades de conservação podem tornar a atividade turística mais enriquecedora, pois esses espaços são extremamente propícios para a disseminação da educação ambiental. O objetivo do trabalho é discutir a importância das trilhas como ferramentas de geoturismo e geoconservação, a partir do estudo de algumas trilhas localizadas nos Campos Gerais do Paraná – a Trilha do Salto São Jorge, Trilha da Cachoeira da Mariquinha e Trilha do Buraco do Padre. A área de estudo está localizada no Parque Nacional dos Campos Gerais, o que ressalta a importância da localidade e a necessidade de intervenções ecológicas e ações de educação ambiental. Muitas vezes, a falta de conhecimento sobre a geologia, e as ciências da terra em geral, faz com que certos comportamentos humanos depreciativos comprometam o patrimônio natural de forma irreversível. Grupos de visitantes chegam às UC observam o ambiente e não tem sua percepção ampliada ou não se sentem sensibilizados. Isso porque há poucos meios interpretativos que favoreçam a compreensão do local e neste sentido, faz-se necessário um maior esforço para a divulgação da biogeodiversidade nas trilhas. A metodologia da pesquisa utilizada compreendeu o levantamento bibliográfico e documental, investigações de campo com uma equipe multidisciplinar, e o georreferenciamento com um receptor GPS. Percebeu-se que os meios interpretativos são peças fundamentais para a compreensão dos processos formadores da paisagem e suas peculiaridades, pois podem despertar a curiosidade dos visitantes e provocar a mudança de comportamento significativa a favor da proteção da natureza. Observou-se também que estas trilhas têm diversos elementos de interesse didático, principalmente em relação à geologia, porém seu potencial como instrumento de geoconservação e educação ambiental ainda é pouco explorado. Resumen 1 acfolmann@hotmail.com Professora colaboradora do curso de Turismo UEPG Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1087 Palabras clave: Senderos Interpretativos, Geoturismo, Educación Ambiental, Geodiversidad. Los senderos interpretativos en las áreas protegidas pueden hacer un turismo más rico, porque estos espacios son muy propicios para la difusión de la educación ambiental. El objetivo es discutir la importancia de los senderos como herramientas geoturísticas y de conservación geológica, desde el estudio de algunos senderos ubicados en Campos Gerais do Paraná – el Sendero del Salto São Jorge, Sendero del Buraco do Padre y Sendero da Cachoeira da Mariquinha. El área de estudio se encuentra en el Parque Nacional de Campos Gerais, que hace hincapié en la importancia de la ubicación y de la necesidad de intervenciones ecológicas y de educación ambiental. A menudo, la falta de conocimientos sobre la geología y ciencias de la tierra en general, hacen que ciertos comportamientos humanos despreciativos destrozan el patrimonio natural de forma irreversible. Muchos grupos de visitantes que llegan a la UC observar el medio ambiente y no tienen ampliada su percepción o no se sienten sensibilizados. Eso es porque hay algunas maneras que favorezcan la comprensión interpretativa del lugar y en este sentido, es necesario un mayor esfuerzo para dar a conocer la biogeodiversidade de los senderos. La metodología de investigación utilizada incluyó los fondos bibliográficos y documentales, investigaciones de campo con un equipo multidisciplinario, y georeferenciación con un receptor GPS. Se dio cuenta que los medios de interpretación son fundamentales para la comprensión de los procesos de formación del paisaje y de sus peculiaridades, porque pueden despertar la curiosidad de los visitantes y provocar un cambio de comportamiento significativo a favor de la protección de la naturaleza. También se observó que estos caminos tienen muchos elementos de interés educativo, especialmente en relación a la geología , pero su potencial como herramienta de conservación geológica y la educación ambiental es todavía poco explorado. 1. Introdução As visitas turísticas têm aumentado nos últimos anos, e fazem parte das buscas do homem moderno, que vive em constante estresse e tensões relativas ao trabalho e à vida nas grandes cidades. O turista atualmente está mais exigente e bem informado, e procura experiências diferenciadas, em que tenha acesso a informações e lazer com consciência. Nesse sentido destacase o Geoturismo, que pode ser definido, de maneira simplificada, como o turismo relacionado às rochas, relevo, água, fósseis, arqueologia, solos, entre outros. O crescimento expressivo do turismo de natureza, e especificamente o Geoturismo, está relacionado com a procura pela melhoria da qualidade de vida, e as caminhadas em trilhas podem contribuir para essa melhora. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1088 O ser humano sempre estabeleceu trilhas, e estas têm fins diversos, que vão desde a procura de alimento e água até ações comerciais e peregrinações religiosas. Segundo o Instituto Brasileiro de Turismo - EMBRATUR (1994, p. 9), as trilhas são corredores de circulação bem definidos dentro de uma área e através dos quais os visitantes são conduzidos a locais de grande beleza natural para observação da natureza. Entre as vantagens de percorrer as trilhas estão os benefícios da atividade física para a saúde física e mental. Em tempos em que a população sofre com problemas cardiovasculares, obesidade, estresse, depressão e outras doenças que se agravam com o sedentarismo, as caminhadas em trilhas também representam um meio agradável de praticar um esporte, relaxar e manter-se saudável. As trilhas interpretativas em unidades de conservação podem tornar a atividade turística mais enriquecedora. Esses espaços são extremamente propícios para a disseminação da educação ambiental, inclusive de pessoas economicamente desprivilegiadas e de pessoas portadoras de necessidades especiais, um público geralmente esquecido pelos gestores das trilhas. Grupos de visitantes chegam às UC, observam o ambiente e não tem sua percepção ampliada ou não se sentem sensibilizados. Isso porque há poucos meios interpretativos que favoreçam a compreensão do local e neste sentido, faz-se necessário um maior esforço para a divulgação da biogeodiversidade nas trilhas. Também ocorre que muitos deficientes visuais e usuários de cadeira de rodas não têm acesso aos atrativos. Além disso, a falta de conhecimento sobre a geologia, e as ciências da terra em geral, faz com que certos comportamentos humanos depreciativos comprometam o patrimônio natural de forma irreversível. Talvez isso ocorra, muitas vezes, porque desde a infância, aprendemos a ter uma visão fragmentada do meio ambiente, como se estivéssemos à parte dele. O estilo de vida do homem moderno caracteriza-se pelo consumo excessivo de bens Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1089 materiais e de informações, que chegam via rede mundial de computadores ou outros meios de comunicação. Notícias internacionais são rapidamente transmitidas, objetos importados são facilmente adquiridos, e assim desenhase um mundo sem fronteiras e de distâncias mínimas. Entretanto, as pessoas dificilmente sabem de onde vêm os recursos minerais que constituem materiais que utilizam em seu dia-a-dia, como telefones celulares, microcomputadores, eletrodomésticos, utensílios gerais e tantos outros. A necessidade de reconexão com a terra torna-se cada vez maior. Muitas vezes o sentimento de vazio interior é comum entre os jovens, que parecem ter acesso a todo tipo de tecnologias, mas estão distantes de suas próprias raízes, de seu ser natural. Conhecer aspectos relativos às geociências, aos processos formadores das paisagens e dos elementos da geodiversidade auxilia o entendimento da história da Terra, e consequentemente, da história do próprio ser humano. No meio ambiente tudo está interligado, e a visão fragmentada que comumente é ensinada nas escolas só faz distanciar as pessoas da natureza e dificultar a compreensão do valor e sentido da vida. Nesse contexto, Gray (2004) atribui alguns valores à geodiversidade: os valores intrínsecos, culturais, estéticos, econômicos, funcionais, científicos e didáticos. A área estudada, localizada nos Campos Gerais do Paraná, possui geossítios que correspondem a estes sete valores, como será visto adiante, aqui com destaque para os valores estéticos, científicos e didáticos. Assim como a biodiversidade, a geodiversidade também está exposta a situações que provocam a descaracterização e/ou a depredação de seus elementos. O seu aspecto robusto não esconde suas várias fragilidades às intervenções antrópicas, que muitas vezes podem resultar de conflitos gerados pela própria admissão de valores à geodiversidade (GRAY, 2004, citado por GUIMARÃES et al, 2009). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1090 Dessa forma, conhecer a realidade de algumas trilhas e o seu potencial geoturístico poderá dar subsídios para que sejam elaboradas estratégias eficientes para trilhas em relação ao geoturismo, geoconservação e educação ambiental. Os objetivos desse trabalho são analisar a importância das trilhas como ferramentas de geoturismo e geoconservação. Além disso, o trabalho visa o estudo de algumas trilhas localizadas nos Campos Gerais do Paraná para contribuir com o aprofundamento dos estudos relativos ao aproveitamento didático de elementos presentes nas trilhas e à geoconservação dos atrativos do Parque Nacional dos Campos Gerais, buscando a disseminação dos conhecimentos geológicos à comunidade. 1.1 Fundamentação Teórica Os geossítios, ou, locais de interesse geológico, são locais que se destacam pelo valor singular e pela representatividade que apresentam em termos estéticos, pedagógicos, científicos, culturais, entre outros. Alguns tipos de relevo específicos dos Campos Gerais podem ser considerados geossítios, por exemplo, os escarpamentos (Escarpa Devoniana); os canyons (do Rio São Jorge, do Guartelá); e as cachoeiras e corredeiras (Salto São Jorge; Buraco do Padre, Salto Santa Rosa; Cachoeira da Mariquinha). Os geossítios, muitas vezes apresentam elementos de interesse didático, e podem ser utilizados como instrumentos de educação ambiental. A Educação Ambiental (EA) sempre esteve presente na vida do homem, desde os tempos mais primitivos. Talvez, desde que os primeiros seres deram-se conta que os seus rejeitos os incomodavam, seja pelo odor, ou outros motivos, e trataram de eliminá-los, enterrando-os. Ao ensinar essa prática aos seus filhos, mesmo sem saber, eles estavam aplicando a EA em suas vidas (ABREU, 2000). A Constituição Federal de 1987, no artigo 225, prevê um Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1091 ambiente saudável a todos. Além disso, em 1999, o governo federal decretou a Lei 9795/99, que afirma que a EA deve ser implementada em todos os níveis e idades. A EA tem fundamental importância para a geoconservação nas trilhas por ser uma ferramenta básica na construção de novos valores e comportamentos. Para Dias (2004, p.148) a Educação Ambiental é considerada um processo permanente pelo qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências que os tornam aptos a agir - individual e coletivamente - e resolver problemas ambientais presentes e futuros. A EA é multidisciplinar, envolve conhecimentos técnicos de variadas disciplinas para chegar à compreensão das relações do homem com a natureza. E para ampliar esses conhecimentos, nada mais propício do que os ambientes das Unidades de Conservação, que, de acordo com Struminski (2001), são locais enriquecedores e facilitadores para o desenvolvimento de diversos programas de EA, pois configuram a melhor paisagem bem conservada de uma região. Tendo em vista essas características, acredita-se que as informações e aprendizados pertinentes à EA podem vir de uma forma descontraída, pois quando as pessoas buscam as trilhas, muitas vezes não se preocupam tanto com a informação formal, e sim, buscam o relaxamento e a apreciação da paisagem. Para aliar o entretenimento e aquisição de conhecimentos sobre o local visitado pode-se fazer uso da interpretação ambiental. A interpretação ambiental refere-se a um conjunto de princípios e técnicas que visam estimular as pessoas para o entendimento do ambiente pela experiência prática direta (FONTES et al., 2003). Ainda entende-se por Interpretação Ambiental, ou da paisagem, atividades que possam acentuar a satisfação, o interesse e a compreensão do visitante pela área visitada. Para Freeman Tilden (apud VASCONCELLOS, 1997), filósofo e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1092 dramaturgo americano, considerado o ‘pai’ da interpretação ambiental, esta é uma “atividade educativa que pretende revelar significados e inter-relações através de um contato direto com o recurso ou por meios ilustrativos, não sendo limitado a dar uma informação do ambiente”. Tilden foi o primeiro estudioso a propor esta definição formal e estabeleceu os princípios da interpretação, entre os quais se destacam: - A interpretação deve relacionar os fatos com a personalidade ou com experiências anteriores a quem se dirige; não sendo assim, é estéril; - O objetivo fundamental da interpretação não é a instrução, mas a provocação; deve despertar curiosidade, ressaltando o que parece insignificante; - A informação como tal, não é interpretação. A interpretação é uma revelação que vai além da informação, tratando dos significados, inter relações e questionamentos. Porém toda a interpretação inclui informação; - A interpretação é uma arte que combina muitas artes, (sejam científicas, históricas, arquitetônicas) para explicar os temas, utilizando todos os sentidos para construir conceitos e provocar reações nos indivíduos; - A interpretação deve tratar do todo em conjunto e não de partes isoladas; os temas devem estar inter-relacionados; - A interpretação para crianças não pode ser apenas uma diluição da apresentação para adultos; deve ter uma abordagem fundamentalmente diferente. Para diferentes públicos (crianças, adultos, interesses, formações) deve haver programas diferentes. Em relação às trilhas de interpretação da natureza, estas podem ser consideradas caminhos estabelecidos, com diferentes formas, comprimentos e larguras, que possuam o objetivo de aproximar o visitante do ambiente natural, ou conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu entretenimento ou educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos (SALVATI, 2003). Nesse contexto, concorda-se com Rodrigues e Carvalho (2009), que afirmam que a interpretação da geodiversidade é a base para que haja realmente uma aprendizagem, inclusive em um contexto não formal. As trilhas devem ser equipadas com meios interpretativos pertinentes a cada tipo de público. Pode-se optar por recorrer a um guia para acompanhar o percurso, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1093 uso de publicações, recursos audiovisuais, centro de visitantes ou painéis, só para citar os meios mais utilizados. a) Publicações: Os materiais informativos impressos, como folhetos, apresentam as vantagens de terem um baixo custo e proporcionarem maiores detalhes sobre o local visitado. Os turistas podem levar o material para casa e complementar as informações sobre os atrativos, porém muitas vezes esse material é gratuito e acaba sendo descartado como lixo na própria trilha. Para evitar essa situação os materiais podem ser cobrados, mesmo que seja um valor simbólico, pois assim seriam mais valorizados. Outra opção interessante são os cartões postais com fotos e informações geológicas e geomorfológicas do geossítio. Ressalta-se que é preciso pensar na infraestrutura de distribuição/venda das publicações. b) Recursos Audiovisuais: Esses recursos têm como vantagem o fato de que em pouco tempo sintetizam a informação. Ainda podem ser em mais de um idioma, simplificam o acesso à informação para pessoas portadoras de deficiência visual e também podem ser usadas salas que exibem vídeos curtos continuamente, tornando fácil para o turista obter informações. A desvantagem é que podem ser relativamente caros. c) Centro de Visitantes: Estes podem ser um grande atrativo e atingir grande audiência, mas são caros e podem competir com outras infraestruturas. Há uma infinidade de recursos que podem ser utilizados em um centro de visitantes, é possível optar por aqueles que estimulam o uso de todos os sentidos, que despertem a curiosidade e sejam interativos. Para o público infantil esses espaços podem ser muito estimulantes, pois se pode fazer uso de jogos, maquetes, réplicas de animais ou brinquedos com características do espaço visitado, entre outros. d) Visitas guiadas: As visitas guiadas, por terem a presença do guia durante a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1094 caminhada, apresentam a vantagem da possibilidade de tirar dúvidas no momento em que elas surgem, além do benefício da flexibilidade. Quando o guia é bem preparado, geralmente é o meio interpretativo que mais satisfaz o público, porém, caso o guia não atenda às expectativas do visitante, poderá fazer com que este não retorne mais ao local. O guia geralmente estará atento caso algum visitante queira depredar o patrimônio, a estrutura, tirar algum espécime de fauna, flora, rocha ou outro elemento da paisagem, podendo atuar como protetor da biogeodiversidade. Se o guia fizer parte da comunidade local poderá haver geração de renda para a mesma. O envolvimento da comunidade local é um dos requisitos da atividade ecoturística, e é também muito importante para que o geoturismo seja bem-sucedido. A desvantagem da visita guiada é que atende a um número limitado de pessoas de cada vez (BRILHA, 2009). e) Painéis interpretativos : Os painéis interpretativos são meios que, instalados no percurso das trilhas, podem transmitir as informações pertinentes à geoconservação aos visitantes. O geoturista costuma observar os painéis interpretativos ao ar livre durante curto período de tempo. A realidade é que muitas interpretações não são apresentadas de forma interessante para o turista, pois enfocam apenas o seu valor científico, sem atender princípios básicos da interpretação. Para Nascimento (et al. , 2008, p.42), A grande vantagem da interpretação in situ é que o geoturista tem a oportunidade de conhecer o patrimônio geológico no seu contexto de ocorrência, tornando o entendimento sobre o seu significado, mais fácil. É importante que o patrimônio geológico seja apresentado de forma interessante, proporcionando seu conhecimento e sua apreciação para todos os tipos de geoturistas para que estes possam ter interesse em aprender mais sobre os processos geológicos. Ao instalar os painéis interpretativos devem-se ter certos cuidados como a escolha dos materiais, que devem ter durabilidade e não agredir o meio ambiente; caso sejam de madeira, que essa seja de origem confiável, ou seja, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1095 não proveniente de desmatamento ilegal. As cores dos painéis não devem contrastar muito com as cores do ambiente natural, são recomendados tons de verde, marrom e bege. Segundo pesquisas, para a mensagem ser acessível ao público, o vocabulário dos painéis deve ser compreendido por pessoas de 13 anos (MOREIRA, 2009). Se a linguagem for incompreensível para os adolescentes, talvez boa parte do público não possa entender. Os painéis retangulares e horizontais são mais agradáveis que verticais ou quadrados; e ainda devem ser ricos em figuras, pobres em texto e com espaços em branco, numa proporção 2:1:1. A localização dos painéis é essencial para a sua efetividade (MOREIRA, 2009, comunicação oral). Entre as vantagens do uso de painéis interpretativos estão o baixo custo de manutenção e a facilidade com que podem ser usadas pelo público. Os painéis podem ajudar a orientar visitantes e facilitam a interação a públicos especiais como portadores de necessidades especiais e estrangeiros, quando são adaptados. Ainda permitem que o visitante percorra a trilha no seu próprio ritmo, proporcionando certa liberdade que não seria possível em uma visita guiada. É ideal para famílias, pois permite aos pais explicar aos filhos aspectos de seu interesse e em seu nível de compreensão. As desvantagens são o impacto negativo que podem causar na paisagem e a suscetibilidade ao vandalismo. Ainda podem ser de má qualidade e não despertar curiosidade nos visitantes, além de não haver a possibilidade de tirar dúvidas que surgem no momento. Muitos painéis apresentam textos muito longos ou uso de muitos termos científicos que não são atrativos para o público leigo (BRILHA, 2009). Conhecendo os benefícios e desvantagens de cada um dos meios interpretativos têm-se subsídios para avaliar qual(is) deles seria(m) mais eficiente(s) para estratégias que favoreçam o geoturismo, geoconservação e EA na área estudada. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1096 1.2 Caracterização da área de estudo A área de estudo localiza-se na região dos Campos Gerais do Paraná, no município de Ponta Grossa, nos domínios do Parque Nacional dos Campos Gerais. A região dos Campos Gerais, de acordo com Guimarães et al. (2009), localiza-se no centro-leste do Estado do Paraná como uma faixa em forma de crescente com o lado convexo voltado para oeste (figura 1), ocupando quase 12.000 km² desde a divisa com São Paulo, na altura do município de Sengés, até o limite com Santa Catarina, em Rio Negro. 1097 Figura 1: Localização dos Campos Gerais do Paraná Fonte: Adaptado de Melo (et al, 2007), baseado em Maack (1948) Nos Campos Gerais o clima é temperado a subtropical - Cfa e Cfb, segundo a classificação de Köeppen. O Cfa abrange matas pluviais e matas de araucária acima de 500 m; e o Cfb engloba campos limpos com seus capões de araucária e matas ciliares de córregos e rios, matas de declive das escarpas e os matos secundários da região das araucárias do Segundo Planalto. A temperatura média no mês mais frio é inferior a 18°C, enquanto que a temperatura média no mês mais quente está abaixo de 22°C (SEMA, 2004). As Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 temperaturas mais baixas ocorrem em julho, quando normalmente ocorrem geadas noturnas. A identidade histórica e cultural desta região remete ao século XVII, com a convivência e lutas entre culturas indígenas Kaingang e Guarani, missões jesuíticas e as incursões das bandeiras paulistas (SAHR e SAHR, 2001). Posteriormente, nos séculos XVIII - XIX a região foi rota do tropeirismo (figura 2), fazendo parte do Caminho de Viamão. O relevo suave, os fartos pastos naturais e abundância de água boa propiciavam o transporte de tropas de muares e gado de abate provenientes do Rio Grande do Sul, com destino aos mercados de São Paulo e Minas Gerais (SAHR e SAHR, 2001; MELO e MENEGUZZO, 2001; PIEKARZ e LICCARDO, 2007). Nos séculos XIX-XX chegaram e se instalaram os imigrantes europeus e também os fazendeiros, caboclos, escravos e quilombeiros provenientes do Caminho de Viamão. (SAHR e SAHR, 2001). 1098 Figura 2 – Acampamento noturno dos tropeiros – pintura de Jean B. Debret, 1827 Fonte: http://blogdetropeiros.blogspot.com.br Em relação aos aspectos socioeconômicos dos Campos Gerais, a região se destaca nacionalmente devido à atividade agropecuária de alta tecnologia. Os solos da região, tradicionalmente utilizados como pastagens naturais, são também ocupados, já há algumas décadas, por agricultura intensiva, no sistema de plantio direto, e reflorestamentos de Pinus spp (SEMA, 2004). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Entre os rios mais importantes da região estão o rio Tibagi, Iapó e Pitangui, que muitas vezes têm seu curso controlado por estruturas rúpteis (falhas, fraturas, diques) de direção predominante noroeste-sudeste, associadas ao Arco de Ponta Grossa. O Arco de Ponta Grossa, de acordo com MELO (et al., 2007), é uma importante estrutura de direção noroeste-sudeste (NW-SE) da Bacia do Paraná. Constitui um arqueamento na forma de alto estrutural com eixo inclinado para noroeste (NW), expondo à superfície rochas que se achavam soterradas. O arqueamento, ativo desde o Paleozóico, foi palco de intensa atividade tectônica desde o Mesozóico. A região dos Campos Gerais abrange unidades geológicas paleozóicas da Bacia do Paraná. O seu patrimônio geológico é extremamente relevante, com geossítios que contam a história paleoambiental, geomorfologia didática e riqueza em fósseis do Devoniano (RUCHKYS et al., 2009). De acordo com Guimarães (et al,, 2009), diversas instituições de ensino, paranaenses ou não, elegeram esta região como laboratório prático para atividades variadas nas Geociências. Os autores consideram que os geossítios aí existentes possuem uma singularidade que faz com que a geodiversidade dos Campos Gerais ultrapasse a relevância regional, atingindo importância nacional e mesmo internacional. Alguns aspectos dos Campos Gerais são motivo de visitações de cursos superiores de Geografia, Geologia, Biologia, Turismo e outros, provindos de todo o Brasil, como destacam Melo e Meneguzzo (2001): a coexistência de ecossistemas diferentes - campos, floresta de araucária, refúgios de cerrado, relevos de exceção (Vila Velha, Furnas, Escarpa Devoniana) e excelentes exposições de unidades sedimentares silurodevonianas da Bacia do Paraná (Formações Iapó, Furnas, Ponta Grossa). Formações campestres e florestais coexistem num equilíbrio dinâmico dirigido pelas transformações climáticas quaternárias. Os campos apresentam zonações diferentes e bem distintas, às quais correspondem agrupamentos vegetais específicos. A vegetação é dividida em campos secos, campos com afloramentos rochosos, campos pedregosos, campos úmidos e brejosos, além Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1099 das várzeas, capões, matas de galeria e bosques mistos com araucária (MORO, 2001). Na região dos Campos Gerais e vizinhanças predominam os campos limpos do tipo savana gramíneo-lenhosa, que ocupam a maioria dos topos das elevações e encostas (MORO, 2001). As matas com araucária interrompem a uniformidade da paisagem de campos; estas aparecem em capões isolados ou na forma de matas ciliares, muitas vezes encaixadas no fundo de vales na forma de canyons. 2. Metodologia A metodologia da pesquisa compreendeu o levantamento bibliográfico e documental, investigações de campo com uma equipe multidisciplinar, e o georreferenciamento com um receptor GPS. Além disso, foram feitas entrevistas informais com frequentadores das trilhas e pessoas que trabalham voluntariamente na manutenção das mesmas. Foram estabelecidos alguns critérios para a escolha das trilhas analisadas: 1100 - A área do presente estudo compreende três trilhas que fazem parte do Parque Nacional dos Campos Gerais. Este parque, decretado em 2006, ainda está em processo de implantação. Os parques nacionais são espaços com vocação turística, e no caso dos Campos Gerais, uma das vocações que se destaca é o geoturismo. - Potencial para a prática do geoturismo: Além de possuir relevância geológica e significativa beleza cênica, as áreas onde se encontram as trilhas devem possibilitar serviços e facilidades ao turista; - Elevada representatividade como recurso didático: A trilha deve ter, em seu percurso, aspectos representativos para aprendizagem em geologia, geomorfologia, ciências ambientais, ou no mínimo, de geoconservação; - Frequência de visitantes: O fluxo turístico nas trilhas é um fator que indica a possibilidade de atingir um grande número de pessoas em relação à educação ambiental e venda do conteúdo cultural da geologia. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 3. Resultados Parciais e discussão As três trilhas analisadas vão de encontro aos atrativos turísticos do Parque Nacional dos Campos Gerais (figura 3) e se destacam2 pela beleza cênica de suas paisagens, são elas: a Trilha da Cachoeira da Mariquinha, Trilha do Buraco do Padre, e Trilha do Salto São Jorge. 1101 Figura 3: Localização dos principais atrativos do Parque Nacional dos Campos Gerais, com destaque para o Salto São Jorge 3.1 Trilha da Cachoeira da Mariquinha A Cachoeira da Mariquinha está localizada a aproximadamente 32 quilômetros do centro de Ponta Grossa, no distrito de Itaiacoca. É originada pelas águas do 2 Duas das trilhas analisadas vão de encontro a atrativos que são sítios da SIGEP (Comissão Brasileira dos Sítios Geológicos e Paleobiológicos do Brasil): Buraco do Padre e Salto São Jorge. Este fato quer dizer que eles têm relevância geológica reconhecida. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Rio Quebra Perna, e tem aproximados 30 metros de altura. A área de entorno é composta por afloramentos rochosos com algumas manchas de campos, além de áreas de cultivo e pastoreio. Este geossítio é um dos principais atrativos turísticos naturais da cidade, e, assim como o Buraco do Padre e o Salto São Jorge, é muito procurado para atividades de lazer da população local, como pic nic, camping e banhos. Existe potencialidade para atividades de turismo de aventura, como cachoeirismo, por exemplo. Há controle de acesso e cobrança de ingresso (R$5,00), porém existe pouca infraestrutura no local; há apenas algumas lixeiras, churrasqueiras, mesas e bancos; e os banheiros são muito precários. 1102 Figura 4: Perfil altimétrico da trilha para a cachoeira da Mariquinha Para chegar até a cachoeira pode se percorrer uma trilha do tipo linear (figura 4), com aproximados 875m de comprimento, em sua maior parte sombreada, em meio a um bosque. Em relação ao grau de dificuldade3, a trilha pode ser considerada de nível leve quanto à intensidade, e fácil quanto ao nível técnico. O local tem vegetação nativa com ecossistemas associados de Floresta Ombrófila Mista (mata de Araucária) e estepe gramíneo lenhosa (vegetação de 3 Optou-se por utilizar uma classificação simplificada para as trilhas, baseada em Andrade (2004). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 campos). Também há a possibilidade de se fazer um circuito circular, utilizando outra trilha (figura 5) que era mais usada anteriormente, em solo arenoso e sobre afloramento rochoso, quase toda em área de estepe, sendo que essa tem um trecho onde é preciso cruzar o rio. Estima-se que aproximadamente 500 pessoas percorram a trilha nos finais de semana (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012), sendo que no verão o número aumenta significativamente. A atividade turística já acontecia de forma incipiente na propriedade, mas intensificou a partir do ano de 2002, quando se iniciou a divulgação, colocação de placas de orientação e cobrança de entrada. 1103 Figura 5: Visitantes saindo da trilha das pinturas rupestres e seguindo em direção à cachoeira, esta com aproximados 30m de altura Fonte: Folmann, 2013 Há necessidade de intervenções ecológicas para um turismo sustentável, já que falta infraestrutura, e a trilha apresenta alguns sinais de impactos como exposição de raízes e compactação do solo.O local possui potencial didático devido a alguns fatores, como os escarpamentos do arenito Furnas e relevo ruiniforme, que compõem uma paisagem de grande beleza cênica (CARVALHO, 2004). Segundo Melo (et al., 2001, p.103-105) estes tipos de feições geomorfológicas constituem sítios singulares, com significativo patrimônio natural, e significam: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 - escarpamentos: são os penhascos verticalizados, na região sustentados pela Formação Furnas, que podem alcançar desníveis superiores a uma centena de metros; os escarpamentos formam os canyons, morros testemunhos e o fronte da Escarpa Devoniana; - relevos ruiniformes (ruiniform landscapes segundo MAINGUET, 1972, apud WRAY, 1997): a expressão foi cunhada para a região de Roraima, no sul da Venezuela, com paisagens desfeitas, com muitos penhascos de até um quilômetro em ortoquartzitos proterozóicos; na região dos Campos Gerais os relevos ruiniformes aparecem no Arenito Furnas e em arenitos do Grupo Itararé; os principais exemplos são os arenitos de Vila Velha. Há também as informações arqueológicas, representadas pelas pinturas rupestres (figura 6). Provavelmente estiveram ali grupos caçadores coletores, da tradição Planalto, cujos integrantes procuravam nas lapas rochosas abrigo para acampamentos temporários, proteção contra intempéries e bons pontos de observação para caça (SILVA et al , 2007). A Tradição Planalto é caracterizada por grafismos que representam principalmente animais (cervídeos, aves, peixes, tatus, etc.), raramente seres humanos, e mais raramente ainda cenas que sugerem fatos da vida da época. São elaborados principalmente com pigmento vermelho – hematita (MELO et al, 2005). Figura 6: Foto e decalque de pintura da tradição geométrica nas proximidades da Cachoeira da Mariquinha. Fonte: Alessandro Chagas, 2013 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1104 Não há muitos estudos específicos sobre esse geossítio, e considera-se importantes pesquisas aprofundadas em relação à capacidade de suporte das trilhas, entre outros temas. As ameaças que podem comprometer a biogeodiversidade da área estão relacionadas, entre outras, às pichações próximas às pinturas rupestres, à contaminação das águas devido à plantação com uso de agroquímicos à beira do rio Quebra Perna e à rápida proliferação de árvores de pinus (pinus ellioti) no local. 3.2 Trilha do Buraco do Padre Localizado a 26 km do centro da cidade de Ponta Grossa, o geossítio é uma espécie de anfiteatro subterrâneo, que apresenta em seu interior uma imponente cascata. O Buraco do Padre é uma furna notável, por permitir facilmente o acesso, a pé, ao interior da mesma, através do leito subterrâneo do Rio Quebra-Pedra, que é controlado por falha de direção NE-SW (MELO et al, 2005). Faz parte de uma propriedade particular, e é, sem dúvida, um dos mais belos atrativos naturais dos Campos Gerais. A furna Buraco do Padre tem 30m de diâmetro e 43 m de profundidade. A trilha até o atrativo (figura 7) ocorre em trechos de mata, campos e sobre afloramento rochoso e degraus de pedra. Tem aproximadamente 780 m, e sua largura média é de 1m. Pode ser considerada de nível leve quanto à intensidade, e fácil quanto ao nível técnico. Nas áreas alagadas há que se ter cuidados com as rochas escorregadias. Há um pequeno trecho em que é preciso andar pelo rio (normalmente o nível da água é raso), já bem próximo à queda d’água. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1105 Figura 7: Perfil altimétrico da trilha do Buraco do Padre Na área do Buraco do Padre predomina vegetação rasteira de pequeno porte (gramíneas), mas também há presença de campos brejosos. As matas de araucária aparecem em forma de mata ciliar ou em capões isolados. Os capões apresentam variados estágios de sucessão, com núcleos pioneiros e núcleos mais evoluídos (MELO et al, 2005). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1106 Figura 8: Aspectos da vegetação, da trilha e da queda d’água em dias ensolarado e chuvoso Fonte: Folmann, 2013 As atividades praticadas atualmente são visitação, banho, rapel, escalada e camping, este sem autorização do proprietário. Antes da criação do parque essa área contava com certa infraestrutura, como luz elétrica, banheiros e área de estacionamento, mas após o decreto de criação do parque o local foi abandonado. Não há controle de visitação e a estimativa de usuários por fim de semana é de aproximadamente 500 pessoas (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012). A trilha principal, que dá acesso à queda d’água é do tipo linear, e apresenta sinais de erosão como raízes expostas em vários trechos (figura 9). Nos períodos chuvosos a fragilidade da trilha aumenta, há alguns pontos de alagamento (figura 8), e muitas vezes, as visitas de grupos só irão acelerar os processos erosivos e danificar o ambiente. De acordo com Pontes (et al, 2010), há grande impacto causado pelo pisoteio, o que acelera o abatimento do solo e do corpo rochoso. Há alguns trechos em que foram colocadas pedras - uma Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1107 boa alternativa, já que evita erosão do solo e tem a vantagem da durabilidade, além da questão estética. Figura 9: Detalhes da trilha para o Buraco do Padre – sinais de erosão nos trechos em que há grande pisoteio no solo e trechos com pedras Certa quantidade de lixo é frequentemente encontrada na trilha. Em 2005 houve um mutirão para revitalização do local, organizado pelo Grupo de Escalada Cidade de Pedra, com a participação dos cursos técnicos de Meio Ambiente e de Turismo e do Grupo Fauna de Ponta Grossa. Houve confecção de placas, oficinas de artesanato e reciclagem, retirada de lixo, plantio de 250 mudas de espécies nativas e ações para manutenção da trilha. Este tipo de ação, porém, deveria ocorrer de forma contínua, assim como também seriam importantes estudos de capacidade de carga e controle da visitação. O local possui potencial didático e científico, visto que é uma formação incomum, constituída por furnas que são feições de erosão subterrânea que se estendem à superfície do terreno, típicas dos arenitos da Formação Furnas, o qual apresenta cimento argiloso que sofre dissolução, favorecendo a decomposição da rocha (MELO et al, 2005). Ainda segundo os autores, O rio entra na furna através de outro trecho subterrâneo, controlado por fraturas de direção NW-SE. Nas proximidades da furna principal observam-se ainda outra furna menor, túneis, fendas e escarpas associados às falhas e fraturas. Este conjunto de feições é muito ilustrativo das cavidades Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1108 subterrâneas encontráveis nos arenitos da Formação Furnas, unidade geológica com importância como aqüífero estrutural em uma região com crescente demanda de recursos hídricos. Além disso, também há diversas pinturas rupestres em paredes de arenito Furnas, nas proximidades do atrativo, inclusive nas paredes em que estão as vias de escalada. 1109 Figura 10: Prática de escalada em uma das vias do Setor Favo. Fonte: Pacheco, 2010 Existem atualmente 13 vias de escalada nos arredores do Buraco do Padre (figura 10), sendo que 9 estão no setor denominado Favo. E ainda, a 2,6 km ao sudeste deste local, há um setor chamado Macarrão, com mais de 40 vias, que tem atraído escaladores de diversas cidades do Paraná e do Brasil. Nas proximidades do Buraco do Padre há dois estabelecimentos que oferecem produtos alimentícios de qualidade, e são praticamente os únicos consolidados e em funcionamento até o momento – há a opção do café colonial em uma das propriedades, e na outra, há degustação e venda de licores e outros produtos derivados das amoras produzidas no local, além de lanches diferenciados. 3.3 Trilha do Salto São Jorge Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 O Salto São Jorge, ou Cachoeira de Santa Bárbara, como também é conhecida, localiza-se na propriedade de Lourenço Zapotoczny, cerca de 18 km a nordeste do centro de Ponta Grossa. A área está compreendida no curso inferior da bacia do rio São Jorge. O acesso é por estrada de terra, rumo ao bairro Rio Verde, adentrando a Vila San Martin pela estrada Arichernes Carlos Gobbo.Para chegar até a sede da fazenda há que se ter cuidado com as vias de acesso, que estão mal conservadas. Há valetas que aumentam gradativamente nos dois lados da estrada, o que representa risco de atolamento do automóvel. Além disso, não há sinalização adequada para indicar o caminho ao visitante que não conhece a região. O local também não apresenta nenhum tipo de adaptação para portadores de necessidades especiais, ou seja, não há infraestrutura que facilite o acesso para receber este público. Atividades como escalada, rapel, piquenique, banhos, motocross e caminhadas são frequentes. A fazenda possui alguma infraestrutura como banheiros, churrasqueiras, lixeiras, mesas, bancos, área para camping e lanchonete, porém são muito precários, e não se encontram em bom estado de conservação. São cobradas taxas para entrada e acampamento no local4. Os banheiros e a lanchonete foram construídos muito próximos ao rio e não respeitam a área de preservação permanente (APP). Árvores exóticas, como pinus e eucalipto foram plantadas para fazer sombra nos locais de estacionamento e acampamento. A trilha mais procurada por turistas que visitam o rio São Jorge e seu entorno é a que vai de encontro ao salto, a partir do centro de recepção da fazenda Santa Bárbara. Segundo o proprietário, o número de visitantes que frequenta a fazenda é estimado entre 1000 a 1200 (mil a mil e duzentas) pessoas por final de semana nos meses do verão. Mesmo assim o local dispõe de uma infraestrutura muito precária. A forma da trilha é linear, com dois braços de 4 Os valores das taxas estão disponíveis no endereço eletrônico da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa <http://www.pontagrossa.pr.gov.br/cannyon-e-cachoeira-do-rio-sao-jorge> Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1110 trilha para mirantes/ atrativos. O caminho de ida é o mesmo da volta, o que causa certa pressão ao meio ambiente. Em relação ao grau de dificuldade, a trilha pode ser considerada de nível leve quanto à intensidade, e com obstáculos naturais, quanto ao nível técnico. A trilha não exige habilidades específicas de montanhismo, porém apresenta alguns trechos com relevo acidentado e com pedras escorregadias. Embora o percurso seja curto e na maior parte em terreno plano, o trecho final, próximo do canyon, apresenta maiores dificuldades para idosos, pessoas com problemas de locomoção e crianças. A extensão da trilha, desde o local do início (estacionamento) até a base da cachoeira é de 788 m. A largura da trilha varia de 40 cm a 2 m em geral, mas em certo trecho a trilha se expande e chega a atingir 10 m de largura. Sua altitude média é de 950 m (inicia a 958 m e finaliza a 899 m). A trilha, em sua maior parte, encontra-se em área de campos, margeando o rio São Jorge (figura 11), e próxima a uma extensa área de cultivo agrícola 5. Um fato que chama a atenção é que o proprietário utiliza agrotóxicos na plantação, atualmente de soja. A contaminação das estepes por agroquímicos é uma ameaça à qualidade da vegetação e das águas do rio e do lençol freático. Figura 11: Na maior parte da trilha tem-se a visão do rio São Jorge e é possível ouvir o som das quedas d’água Fonte: Folmann, 2010 5 Culturas como feijão e soja não se desenvolvem muito bem nos solos da região dos Campos Gerais, devido à sua acidez característica. É necessária a correção destes solos, principalmente por meio de calagem. O solo é o destino final dos produtos químicos usados na agricultura, sejam eles aplicados diretamente no solo ou aplicados na parte aérea das plantas (DALAZOANA, 2010). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1111 Há várias lixeiras espalhadas em boa parte do percurso da trilha, mas estas não estão em bom estado de conservação. A sinalização da trilha é deficiente, há algumas placas no local, como a placa que alerta sobre escaladas e rapel (recomendando a presença de instrutor); outra indicando a direção da cachoeira e algumas que atentam para a questão do lixo. Não há nenhum tipo de informação sobre o percurso da trilha, nem sobre aspectos de fauna, flora e geologia/ geomorfologia local. Entre as espécies vegetais nativas destacam-se a sempre-viva Paepalanthus albo-vaginatus; a Drosera brevifolia, planta insetívora que ocorre em solos pobres em Nitrogênio, e é comum em beira de rios (figura 12), entre outras. 1112 Figura 12 - Drosera brevifolia, (planta insetívora) e Paepalanthus albo-vaginatus: amostras da biodiversidade do local Fonte: a autora, 2009 O local da cachoeira apresenta patrimônio natural de relevância turística, científica e pedagógica; há exposição de rochas do contato entre a Bacia do Paraná e seu embasamento e formas singulares de relevo, como cascatas, cachoeira, lajeados, relevos ruiniformes, fendas, lapas, escarpas, canyons e cavernas. Ainda destacam-se os sítios arqueológicos com pinturas rupestres (figura 13). As trilhas de acesso aos sítios arqueológicos encontram-se interditadas para recuperação. É importante que haja a recuperação natural da trilha antes de incluir este ponto na visitação turística ordenada, pois é um patrimônio cultural de relevante interesse que agrega valor à interpretação da trilha. As ameaças à geodiversidade neste local são evidentes, há pichações e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 fuligem de fogueira sobre algumas pinturas. Infelizmente parte deste patrimônio foi perdida de forma irreversível. Figura 13 - Pinturas rupestres em lapas, inscritas há cerca de 10 mil anos atrás. Fonte: a autora, 2010 Com o intuito de evitar mais impactos, desgaste do ambiente e perda da qualidade do ambiente é importante que se estabeleça a capacidade de carga 6 da trilha. Para informações mais detalhadas há o estudo da capacidade de suporte da trilha principal do Salto São Jorge (FOLMANN, 2010). Entre os tipos de relevo observados na trilha destacam-se as panelas ou bacias de dissolução (figura 14), que são cavidades formadas sobre a plataforma rochosa devido ao acúmulo de água das chuvas acidificadas pela decomposição de organismos que se proliferam nessas poças, favorecendo a desagregação do arenito, principalmente na dissolução do cimento que mantém o arenito coeso. Estão frequentemente associadas a outras feições de relevo ruiniforme como as caneluras e as juntas poligonais (MELO, 2007). Os solos na área do Salto São Jorge são delgados e arenosos e, muitas vezes, expõem o substrato rochoso; são provenientes do intemperismo do Arenito 6 Capacidade de suporte, ou capacidade de carga turística, de uma trilha é o nível de uso, ou seja, o número de caminhantes que uma área pode suportar sem acarretar deterioração excessiva. Esta capacidade varia conforme as suas características, qualidade dos recursos naturais e experiência recreativa do grupo de visitantes e seu comportamento (PAGANI et al., 2001). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1113 Furnas. Os neossolos litólicos são predominantes, mas aparecem também com freqüência gleissolos e organossolos onde os terrenos são mais encharcados (MASSUQUETO et al., 2009). 1114 Figura 14 - As bacias de dissolução são encontradas em vários trechos da trilha Fonte: a autora, 2008 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Melo (2007) afirma que os solos litólicos são rasos, jovens e têm o horizonte A diretamente sobre a rocha. Possuem espessura inferior a 30 cm, e segundo recomendações do plano de manejo da APA da Escarpa Devoniana, esse tipo de solo deve ser destinado à preservação, devido à sua fragilidade ambiental e alta suscetibilidade à erosão (SEMA, 2004). 1115 Figura 15 - Salto São Jorge com paredões em arenito da Formação Furnas. Fonte: Prieto, 2004 Com relação às unidades de rochas, o Salto São Jorge (figura15) é um dos raros locais da região onde há exposição do contato geológico entre o Complexo Granítico Cunhaporanga, Formação Iapó e Formação Furnas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 No local da cachoeira, em um desnível topográfico de cerca de 40 m, aparecem da base para o topo: (1) o embasamento da Bacia do Paraná, ali representado por granitóide porfirítico do Complexo Granítico Cunhaporanga; (2) diamictitos da Formação Iapó e (3) conglomerados e arenitos da Formação Furnas (MASSUQUETO et al., 2009). O Complexo Granítico Cunhaporanga está localizado sob as formações Furnas e Iapó. As rochas dessa unidade granítica testemunham magmatismo do final do Ciclo Brasiliano, de idade neoproterozóica. Já a Formação Iapó é resultante da glaciação no limite Ordoviciano/ Siluriano e apresenta sequência basal de pequena espessura (geralmente inferior a 20 m), de natureza descontínua, que se assenta diretamente sobre o embasamento. (ASSINE et al, 1998). No Paraná há poucos afloramentos desta formação. Há presença de seixos caídos, o que caracteriza a presença de material transportado por gelo flutuante. A Formação Iapó aflora na base de uma parede do Arenito Furnas, que tem cerca de 50 metros de altura, ao lado da cachoeira (MASSUQUETO et al, 2009). As rochas da formação Furnas (Siluriano a Devoniano Inferior) são as mais jovens, estas aparecem no topo e configuram a maior parte da cachoeira do São Jorge. Esta formação é composta por rochas originadas desde o final do Siluriano até o início do Devoniano, provavelmente em ambientes transicionais marinhos rasos ou fluvio-marítimos. Uma de suas características são as estratificações cruzadas que apresenta.Informações complementares sobre a geologia local podem ser encontradas nas obras de ROCHA (1995), ASSINE (1998, 1999) e MASSUQUETO et al (2009). O Salto São Jorge é uma das principais atrações turísticas naturais da cidade. Apesar do elevado número de aspectos relevantes para uso didático, o local ainda é pouco utilizado com essa finalidade. Este local é considerado um laboratório de geologia ao ar livre, por proporcionar a visualização da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1116 geodiversidade, ali representada por rochas de três períodos diferentes, e por estimular o entendimento da sua história geológica. Pensando nisso, alguns pontos de interpretação foram definidos ao longo da trilha. Os pontos foram estabelecidos por meio de saídas a campo e análises que vão de encontro aos objetivos da pesquisa. Buscou-se dar visibilidade aos atrativos que realçam a beleza cênica do local, e favorecem a compreensão dos processos de formação da paisagem e de elementos da geodiversidade. Para melhor visualizar os pontos de interpretação na trilha foi elaborado um croqui com algumas fotos dos pontos de interpretação (figura 16). 1117 Figura 16 - Croqui da trilha do Salto São Jorge com os pontos de interpretação Fonte: Folmann, Forbeck, Sawczyn, 2010 O quadro a seguir mostra os locais dos pontos de interpretação observados na trilha. Tais pontos referem-se aos processos formadores da paisagem, que incluem diferentes feições de relevo, características da geodiversidade local, e efeitos da ação da água dos rios, uma vez que estes são os agentes mais importantes na erosão, transporte e deposição dos sedimentos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Quadro 1 - Relação entre os pontos de interpretação e assuntos de interesse geoturístico Pontos de interpretação Exemplos de assuntos que podem ser explorados na interpretação I Solos, ciclo das rochas, diagênese, tectonismo, falhas e fraturas, estratificação, evolução do Arco de Ponta Grossa. II III Processos erosivos; Organização das camadas do Arenito Furnas nas paredes rochosas. Feições e micro-feições de relevo; intemperismo químico e biológico; relevo ruiniforme; falha geológica; processo de formação do canyon. IV Evolução das vertentes, rupturas de nível e divisores de águas; granulometria dos sedimentos. V Geodiversidade; contato geológico. Fonte: a autora 3.4. Os Meios Interpretativos e as Trilhas da Cachoeira da Mariquinha, Buraco do Padre e Salto São Jorge As três trilhas, recebem, juntas, aproximadamente 2.000 visitantes por mês nas estações mais quentes do ano. Supõe-se que uma parte desses turistas gostaria de agregar valor à sua visita e obter informações sobre a fauna, flora, a formação da paisagem, entre outros. Porém como não há meios interpretativos nos locais as pessoas podem retornar com a sensação de que ficou faltando algo, de que a visita poderia ter sido mais rica.Algumas idéias iniciais foram buscadas para a interpretação ambiental dos geossítios Cachoeira da Mariquinha, Buraco do Padre e Salto São Jorge, como forma de incrementar a atividade turística e contribuir para a geoconservação do local. É importante frisar que, para um trabalho mais eficiente é necessário realizar um estudo detalhado a respeito do perfil do geoturista que visita a região. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1118 No caso de um planejamento a médio ou longo prazo poderia ser construído um centro de visitantes no local onde será a sede do Parque Nacional dos Campos Gerais. Aí seria feito o uso de recursos audiovisuais e também maquetes, jogos e outros instrumentos que favoreçam o uso dos sentidos para que haja uma verdadeira interação do visitante com o local. No Brasil há uma carência deste tipo de recursos (MOREIRA, 2008), algumas das exceções são o Jogo Memória Piraí da Serra e o Jogo do Tropeiro7, que, de forma pacífica e lúdica, educam. Baseando-se em outras temáticas do Parque Nacional dos Campos Gerais poderiam ser criados diversos jogos e atividades interativas que complementassem o aprendizado e ressaltassem os elementos didáticos presentes nas trilhas. Seguem algumas considerações sobre os meios interpretativos adequados às trilhas analisadas, que, por não exigirem tantos recursos, seriam mais apropriados em um primeiro momento: visitas guiadas, painéis e folhetos interpretativos. - Visitas guiadas Para que as visitas sejam de qualidade, com informações variadas e corretas sobre o local, faz-se necessário investir na capacitação dos guias de turismo. Estes, preferencialmente, devem fazer parte da comunidade local, já que um dos princípios do geoturismo refere-se ao bem estar dos residentes. Moradores de Ponta Grossa e das proximidades dos geossítios podem transmitir informações peculiares sobre a região, pois conhecem as particularidades do espaço que habitam. Além disso, há os aspectos histórico-culturais associados aos recursos geológicos, como histórias e lendas ligadas ao tempo que os índios, e depois os jesuítas, habitaram a região. O nome “Buraco do Padre”, 7 Mais informações em: http://www.academia.edu/472927/A_ELABORACAO_DE_UM_JOGO_DA_MEMORIA_COMO_ MEIO_INTERPRETATIVO_PARA_A_REGIAO_DE_PIRAI_DA_SERRA_-_PR; e http://www.silvestrealves.com.br/jogo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1119 inclusive está relacionado com o local onde os jesuítas faziam suas meditações. Há também todo o contexto do tropeirismo. O guia capacitado deve saber atender aos primeiros socorros para zelar pela segurança dos clientes. A fluência em outros idiomas é um diferencial, assim como o conhecimento sobre os cuidados necessários para atender às especificidades das pessoas com deficiência. Adaptar a linguagem utilizada para a comunicação infantil também é uma habilidade que um bom guia deve ter. Ainda se espera que o guia tenha sensibilidade (para descobrir na trilha elementos naturais que possam ser interpretados, além dos sugeridos normalmente) e certa flexibilidade, que fará a experiência mais rica e satisfatória aos visitantes. Por exemplo, em dias de chuva ou pós-chuva, o leito da trilha do Salto São Jorge e outros trechos no entorno da trilha apresentam modelos dos diferentes tipos de canais fluviais. Pode-se observar, em menor escala, evidentemente, como se formam os meandros do rio e seus canais anastomosados. Em situações como essa o guia preparado faz a diferença, caso tenha conhecimento especializado pode aproveitar situações inusitadas na trilha para ensinar aspectos relevantes aos diferentes públicos que estiver guiando.Nos períodos chuvosos a fragilidade das trilhas aumenta, e cabe ao guia também ter o bom senso para evitar que tais danos ocorram; além disso, deve-se estar atento às enchentes dos rios São Jorge e Quebra Perna, que rapidamente têm seu fluxo d’água aumentado, podendo comprometer a segurança do turista. Conhecer nomes populares e tipos de uso das espécies vegetais nativas dos Campos Gerais, e mais especificamente as que se desenvolvem nos solos predominantes na área das trilhas; saber reconhecer pegadas ou sinais de animais que passaram pelas proximidades do geossítio; ou avistar e explicar sobre diferentes tipos de aves que fazem parte do ecossistema, especialmente aquelas que nidificam em rochas, como o andorinhão; saber revelar Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1120 significados em um clima de mistério, atraindo e mantendo a atenção dos visitantes durante o trajeto. Esses itens fazem parte da interpretação ambiental das trilhas. Mais do que transmitir a informação literal, é interessante que a comunicação do guia leve à reflexão, que provoque a curiosidade e estimule o visitante a perceber com todos os seus sentidos o meio ambiente. Para tanto seria de grande valia um treinamento para pessoas que já atuam como guias no município e para aquelas interessadas e com aptidão para guiarem à trilha do Salto São Jorge e outras trilhas de interesse geoturístico da região dos Campos Gerais. Há em Ponta Grossa um curso técnico em guia de turismo que poderá oferecer aulas para capacitação de condutores em geoturismo – essa proposta deve ser colocada em prática no 1º semestre de 2014. - Painéis interpretativos 1121 Com exceção dos geólogos, acadêmicos e colecionadores, que têm um nível de compreensão maior, o público em geral necessita de uma linguagem simples. Pesquisas realizadas por Thomas Hose, na Grã-Bretanha, revelam um perfil dos geoturistas, que geralmente são: - turistas acidentais, que descobrem o patrimônio geológico por acaso; - os adultos frequentemente têm mais de 30 anos de idade e viajam em casais ou em pequenos grupos de famílias com crianças; - muito poucos conhecem geologia; - centros com painéis interpretativos os agradam, e estão dispostos a pagar apenas por entradas moderadas; - observam os painéis de interpretação por um pequeno momento de tempo. (Nascimento et al. , 2008) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Visto que os painéis interpretativos podem ser bastante atraentes para os geoturistas, deve-se pensar em estratégias para manter a sua atenção no sentido de que ‘absorvam’ a mensagem que se deseja passar. Os textos devem estar em linguagem acessível, em letras grandes para os títulos e textos principais, e com espaço entre as linhas para tornar fácil a leitura. Além disso, mapas e esquemas, intercalados com os textos, ilustrando os processos geológicos dos atrativos são interessantes. A escolha dos materiais que serão utilizados para fabricar os painéis não é uma tarefa simples, pois requer pesquisa que envolve a relação custo/benefício, a resistência ao vandalismo e às condições climáticas, cuidados com a manutenção, entre outros. Para a elaboração dos painéis também se pode usar como base a experiência adquirida em ações tomadas por parte da MINEROPAR, da Universidade Estadual de Ponta Grossa e da Universidade Federal do Paraná, desde 2003. Como parte do programa “Sítios Geológicos e Paleontológicos do Paraná” foram instalados alguns painéis em cidades como Palmeira (colônia de Witmarsun), Foz do Iguaçu e Ilha do Mel. De acordo com Guimarães (et al, 2009), detalhes físicos destes painéis como materiais utilizados, dimensões e localização, altura da estrutura devem ser continuamente revistos, assim como os textos, analisando a quantidade e complexidade das informações, ilustrações mais apropriadas, entre outros.Podem-se instalar painéis de 1 m x 90 cm próximos aos pontos de interpretação referenciados no quadro 2. Como exemplo sugere-se títulos para os textos e questionamentos para despertar a curiosidade dos visitantes da trilha do Salto São Jorge: - Ponto de interpretação I: “O que é o Arco de Ponta Grossa e qual a sua influência no relevo da região dos Campos Gerais”; “Como ocorre a movimentação das placas tectônicas?” - Ponto de interpretação II: “Tipos de rochas e seu ciclo: conhecendo o Arenito Furnas” Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1122 - Ponto de interpretação III: “Você sabe como se formou esse canyon?” - Ponto de interpretação IV: “Olhe para esta paisagem... você consegue imaginar que ela um dia já foi coberta de gelo e posteriormente, pelo mar?” - Ponto de interpretação V: “O que é um contato geológico?”; “A rara presença da Formação Iapó, glaciação e tempo geológico”. A autora, em parceria com uma equipe multidisciplinar, elaborou um painel que foi concebido pela MINEROPAR, como parte do programa “Sítios Geológicos e Paleontológicos do Paraná”, sobre o sítio geológico do Salto São Jorge. O painel ainda não está instalado na trilha, o que deve acontecer num futuro próximo, mas já está exposto no campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde, em conjunto com variados objetos, rochas, painéis e outros recursos, configura uma exposição que faz parte do projeto “Geodiversidade na Educação”8. - Folhetos interpretativos 1123 Muitas vezes ocorre de o turista não recordar de atrativos naturais que conheceu, ou de as lembranças se tornarem bastante difusas. Os folhetos interpretativos apresentam a vantagem de que as informações estão impressas e podem ser levadas com ele para casa, possibilitando consultas posteriores. Detalhes que passaram despercebidos durante a caminhada na trilha podem ser vistos após, complementando o conhecimento adquirido. Entretanto, para que as informações sejam corretamente captadas é importante que o folheto transmita adequadamente a mensagem, fato esse que nem sempre acontece. Boullón (2002, p.113) afirma que o turista observador é assolado “por uma série de folhetos que acrescentam a algumas fotografias comentários triviais, em que se insiste em destacar a importância do que se promove mediante adjetivos qualificativos”. 8 Para mais informações acessar: https://www.facebook.com/GeodiversidadeNaEducacao Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Para corrigir o processo de comunicação falha, as mensagens sobre o ambiente natural devem basear-se em conhecimento técnico sobre esse ambiente e na utilização de códigos de fácil apreensão. A participação do visitante assim, não é anulada, mas sim, incentivada, facilitando a compreensão do que vê, mediante a indicação das características morfológicas mais destacadas do ambiente (BOULLÓN, 2002). Recomenda-se, para os geossítios do Buraco do Padre, Cachoeira da Mariquinha e Salto São Jorge, que sejam elaborados folhetos, escritos em português, inglês, espanhol e Braille, com informações geológicas, mapas de localização e ilustrações que possam facilitar o entendimento da formação das paisagens dos locais. As dimensões do folheto podem ser de 30 x 21 cm. Sugere-se que o folheto seja distribuído aos visitantes, mas o custo do mesmo deve ser incluído no valor cobrado na entrada; ou então o folheto deve ser vendido à parte. Mensagens sobre atitudes de proteção ao meio ambiente e conduta para evitar acidentes também podem constar no folheto. Além disso, informações sobre a infraestrutura do local (área para camping, lanchonete, vias de acesso, entre outros) complementam as informações para o turista. 4. Considerações Finais A área que abrange as trilhas estudadas tem sido ameaçada de algumas formas e faz-se urgente medidas que venham a conter tais riscos e que sejam favoráveis a um turismo sustentável. Os geossítios da Cachoeira da Mariquinha, Salto São Jorge e Buraco do Padre apresentam sítios arqueológicos em abrigos sob rocha, que indicam a passagem de grupos nômades de indígenas pré-históricos caçadores e coletores, que se deslocavam pela região procurando alimento ou fazendo a travessia entre a costa e o interior. Este patrimônio muitas vezes é ameaçado de desaparecer devido a fogueiras feitas em locais inadequados e pichações. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1124 Além dessa ameaça à geodiversidade, há outras, como ressalta Guimarães (et al, 2009): um cenário típico dos Campos Gerais que compromete os geossítios – a prática extensiva de reflorestamento com espécies exóticas nas áreas originais de campo (pinus e eucalipto) que compromete a visão das particularidades geomorfológicas que constroem as paisagens das trilhas. A proliferação principalmente de Pinus spp é uma ameaça, pois sua disseminação é crescente e atrapalha a regeneração da vegetação natural. Segundo Ziller e Galvão (2002) é essencial a compreensão de que o problema da invasão do Pinus spp aumenta gradativamente e se agrava com o passar do tempo, principalmente quando não são tomadas medidas para sua contenção. Muitos animais q habitam o entorno das trilhas têm seus hábitos atrapalhados devido à poluição sonora causada por turistas, dispersão do lixo e destruição de seu habitat por conta da ação humana. Representantes da fauna que podem ser avistados ao percorrer estas trilhas são aves como curucaca (Theristicus caudatus); pica-pau-do-campo (Colaptes campestres); tucano-debico-verde (Ramphastos Dicolorus); quero-quero (Vanelius chilensis); gavião (Caracara plancus); sulphuratus); urubu (Coragyps coruja-buraqueira atratus); (Speotyto bem-te-vi cunicularia); (Pitangus andorinha (Notiochelidon cyanoleuca), etc. Graxains (Pseudalopex gymnocercus), lobosguará (Chrysocyon brachyurus), lebres (Lepus europaeus), veados (Ozotocercus bezoarticus), e bugios (Alouatta guariba) também marcam presença na área do Parque Nacional dos Campos Gerais, embora seja mais difícil avistá-los; além disso, há répteis como a cobra peçonhenta jararaca (Bothrops jararaca) e insetos como borboleta azul (morpho aega), entre outros (SEMA, 2004). O tipo de público que frequenta as três trilhas analisadas, muitas vezes, traz para estes ambientes os hábitos urbanos que possui. Alguns optam por fazer churrasco, consumir bebidas alcoólicas e fazer uso de equipamentos sonoros em alto volume. Eis o desafio para uma gestão que busque a conservação Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1125 ambiental – fazer com que este tipo de visitante possa se interessar por um contato prazeroso, porém de maior respeito com a natureza, ou ao menos, minimize os seus impactos ambientais no local. Nesse sentido há uma maneira de provocar a mudança de comportamento desejável para a manutenção do meio ambiente - a Educação Ambiental. Seus propósitos incluem desenvolver a conscientização ambiental, mudar hábitos, ampliar o conhecimento sobre a interação dos fatores ambientais regionais e aumentar a identidade e autoestima, sobretudo da população local (MELO, 2006). Além da EA, a Geologia, por causa de seu caráter interpretativo e histórico da natureza, é uma ciência adequada para a apreensão do conceito de sistema natural, em que múltiplos componentes e fatores interagem de forma única dentro de contextos variados. Assim, podem-se sugerir os seguintes temas relacionados com as Geociências para o desenvolvimento de atividades nas trilhas analisadas: - noção de escalas de tempo, fenômenos geradores de rochas, do relevo e escala de observação humana; - noção de escalas espaciais: ocorrência de fenômenos naturais, observação macro a microscópica dos fenômenos e seus produtos, representação em mapas e gráficos; - desenvolvimento de linguagens adequadas para a descrição de fenômenos e feições da natureza; - compreensão do papel do ser humano como agente transformador da natureza; - compreensão do ciclo das rochas e fontes de energia relacionadas; - compreensão do papel da água superficial e do subsolo na gênese e decomposição das rochas e na formação e dinâmica do relevo; - relação organismo versus rocha. (Adaptado de MELO, 2006) As trilhas têm atrativos interessantes para diferentes tipos de público, com variadas faixas etárias e oferece também oportunidade de aprendizado específico para grupos de estudantes das áreas de geografia, biologia, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1126 geologia, turismo e alunos de ensino médio e fundamental. Para estudantes de geografia pode-se tratar de assuntos como uso do solo, áreas degradadas, feições de relevo, processos erosivos, entre outros; já estudantes de geologia possivelmente se interessarão pelos perfis estratigráficos, ambientes de sedimentação, geologia estrutural, lineamentos (relativos ao Arco de Ponta Grossa ou não), geologia histórica, geoturismo e geoconservação. Os alunos de biologia podem aprender sobre coexistência de diferentes ecossistemas, espécies endêmicas, bioindicadores, estágios sucessionais e outros. Enquanto que acadêmicos de turismo podem compreender mais sobre planejamento turístico, capacidade de carga, lazer e recreação em áreas naturais, gestão ambiental, geoturismo, entre outros assuntos. Alunos do ensino fundamental e médio terão como complementar aulas de geografia em que aprendem sobre tipos de rochas, ciclo das rochas, teoria da Deriva Continental e teoria da Tectônica de Placas, minerais e rochas, hidrologia e erosão, entre muitos outros, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais. As crianças disseminam os conhecimentos que recebem; sendo que muitas gostam de brincar com água e rochas, que juntamente com o tempo, são temas centrais da geologia. Isso dá a oportunidade de aprender mais sobre a Terra e as belezas naturais que a compõem, e deve ser estimulado desde cedo (FREY, 2006, citado por MOREIRA, 2008). Em relação a outras potencialidades das trilhas constata-se que elas também podem trazer vantagens para as comunidades de entorno. Locais com relevantes atrativos naturais cujo acesso se dá por meio de trilhas apresentam oportunidade de trabalho para guias de turismo. Com o fluxo de visitantes aparecem possibilidades para outras pessoas da comunidade rural, por meio da venda de artesanato, alimentos, produtos coloniais, entre outros. O geoturismo apresenta certas vantagens em relação aos outros tipos de turismo porque as pessoas que o praticam geralmente possuem uma consciência Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1127 ambiental e hábitos conservacionistas. Além disso, não é uma atividade sazonal, ou seja, pode ser praticado durante o ano inteiro. Após a adequação dos equipamentos turísticos e capacitação dos recursos humanos, pode-se investir na divulgação dos geossítios e das trilhas. A análise das trilhas da Cachoeira da Mariquinha, do Buraco do Padre e do Salto São Jorge possibilitou conhecer melhor suas potencialidades e fragilidades no contexto do geoturismo. Observa-se que nas trilhas do Buraco do Padre e da Cachoeira da Mariquinha os estudos podem ser aprofundados, destacando alguns pontos específicos para interpretação; traçando o perfil altimétrico da trilha da Cachoeira da Mariquinha em sua forma circular; entre outros.Apesar dos diversos elementos de interesse didático e da localização próxima ao centro da cidade, as trilhas não tem recebido os devidos cuidados para que sejam conservadas suas características culturais e naturais. O uso dos sítios naturais dos Campos Gerais, de uma forma geral, com fins turísticos, científicos e didáticos não é adequadamente organizado. Eles ainda são pouco conhecidos, não há orientação, estudos de capacidade de carga, planejamento e nem avaliação dos impactos ambientais. No Parque Nacional dos Campos Gerais encontram-se diversas trilhas que possuem um apelo geológico muito grande, além das paisagens belíssimas em que estão inseridas, porém elas não possuem nenhum instrumento interpretativo que auxilie os visitantes a irem além da apreciação estética. Espera-se que as informações contidas nessa pesquisa possam ser utilizadas pelos gestores de trilhas dos Campos Gerais, para que as mesmas possam ser desfrutadas por diferentes tipos de turistas. 5. Bibliografia ABREU, D. Sem ela, nada feito: educação ambiental e a ISO 14001. Salvador: Casa da Qualidade, 2000. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1128 ANDRADE, W. J. Implantação e Manejo de Trilhas. 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A Serra do Lenheiro, localizada na cidade de São João del-Rei, tem um grande potencial para exploração desse ramo turístico, onde se destaca sua biodiversidade, geodiversidade e patrimônio histórico-cultural. Porem, esse grande potencial, necessita de medidas que resultam em ações voltadas para a conservação ambiental, destacando-se a necessidade de um plano de manejo e gestão do uso da área. Resumen Palabras clave: Serra do Lenheiro, geoecoturismo, la conservación ambiental El turismo de naturaleza ha ido creciendo en las últimas décadas, se trataba de nuevas formas de turismo, como el geoturismo, con miras a la mejora del medio ambiente natural y proponer una manera de aprender a conservar. La Sierra del almacén de madera, ubicada en São João del Rei, tiene un gran potencial para la exploración de esta rama del turismo, lo que pone de relieve su biodiversidad, la geodiversidad y el patrimonio histórico y cultural. Sin 9 arloncf@gmail.com Graduando do Curso de Geografia da Universidade Federal de São João del-Rei 10 washingtonangelodesouza@hotmail.com Graduando em Controle Ambiental – Instituto Federal Sudeste de Minas 11 rochageo@ufsj.edu.br Professor do Departamento de Geociências – Universidade Federal de São João del-Rei 12 mucio.figueiredo@gmail.com Professor do Departamento de Geociências – Universidade Federal de São João del-Rei 13 andrebnegreiros@globo.com Professor do Departamento de Geociências – Universidade Federal de São João del-Rei Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1133 embargo, este gran potencial, necesita medidas que se traducen en acciones para la conservación del medio ambiente, poniendo de relieve la necesidad de un plan de manejo y gestión del área de uso. 1. Introdução Com a necessidade da aproximação do homem com o meio ambiente, o turismo convencional vem perdendo espaço e foram surgindo outras formas de fazer turismo, tais como: Ecoturismo, Turismo de Aventura, Turismo Técnico Cientifico e Geoturismo, esse ultimo podendo ser definido como um novo seguimento de turismo em áreas naturais a qual, realizado por pessoas que tem o interesse em conhecer mais os aspectos geológicos e geomorfológicos de um determinando local. (Moreira, 2010). Sua criação se justifica pela necessidade premente de valorização aproveitamento dos recursos que a natureza nos oferece, alem do reconhecimento de que as paisagens naturais, monumentos geológicos e outros aspectos geológicos precisam ser preservados antes que se percam. Muitas pessoas que não possuem conhecimento sobre geologia, veem esse aspectos como um componente curioso e interessante da paisagem, sendo que no Geoturismo se entendo que não há somente a apreciação da paisagem, mas também sua compreensão, através dos diversos meios interpretativos. (Moreira & Bigarella, 2008). Hose 2000, define dois tipos de pessoas que visitam tais áreas:  Geoturistas dedicados: Aqueles que visitam os sítios geológicos e exibições com propósito educativo;  Geoturistas Casuais: São aqueles que visitam casualmente, sendo visitas não planejadas ou acidentais. Segundo Silva, (2004), tornar esses atrativos visíveis e passiveis de interesse e entendimento é fundamental para despertar o interesse do turismo nesses locais, sendo um trabalho duro para considerando a grandiosidade e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1134 diversidade do acervo geológico disponível e a ampla tradução “árida” e densa da terminologia geológica. Portanto, diante do exposto, podemos compreender que o geoturismo emerge como um grande potencial de valorização da Geodiversidade, considerando que o geoturismo possibilita uma visitação que permite aos turistas um entendimento do local visitado, disseminando na sociedade os diferentes valores que esta possui, levando-a a compreender a necessidade de sua conservação. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é destacar o potencial geoturístico que a Serra do Lenheiro tem, representando área de grande interesse sob vários aspectos: geográficos, geológicos, biológicos, econômicos, histórico, cultural, turístico, entre outros. Localização da área A Serra do Lenheiro está localizada no Município de São João del-Rei, na Mesorregião do Campo das Vertentes, Minas Gerais. O município se destaca pelo seu conjunto histórico/arquitetônico/cultural formado por suas ruas, casarios, igrejas e por estar localizado próximo ao caminho velho da Estrada Real. Além disso, a história da cidade e do município se mistura à história do Brasil Colonial. A beleza cênica dos atributos naturais do município e região de influência é notória, destacando-se a Serra de São José e a Serra do Lenheiro. Esta última ainda carente de estudos voltados para seu potencial ecogeoturístico. 2. Metodologia Os procedimentos metodológicos utilizados para as considerações preliminares foram três: revisão bibliográfica a respeito da Serra do Lenheiro, trabalhos de campo e de gabinete. A revisão bibliográfica compreendeu o levantamento de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1135 publicações referentes ao tema. Os trabalhos de campo tiveram como objetivo principal reconhecer os aspectos que denotam potencial geoturístico. 3. Potencial geoturistico da Serra do Lenheiro A Serra do Lenheiro esta localizado na região Noroeste do Município de São João del-Rei, a cerca de 5 km do perímetro urbano. Recebeu esse nome devido aos lenhadores, que extraíram a madeira dos arbustos da serra. A Serra do Lenheiro foi cenário na historia da conquista e do povoamento de Minas Gerais. Por ela passava o antigo Caminho Geral do Sertão, posteriormente conhecido como Caminho Velho, por onde transitaram os Bandeirantes Fernão Dias Paes e sua histórica “Bandeira das Esmeraldas”, Borba Gato, Matias Cardoso e o fundador de São João del-Rei, Tomé Portes del-Rei. (Tavares 2011). A região é tombada para efeito de preservação paisagística através do Decreto 1.654 de 20 de Abril de 1988. O referido tombamento considerou a necessidade em preservar as tradições históricas da cidade. Com uma área bem menor que a prevista, no dia 01 de abril de 1998, foi promulgada a lei municipal 3.356, que criou o Parque Ecológico Municipal, com a finalidade de preservação do patrimônio histórico, paisagístico, cultural, proteção e preservação dos mananciais, cobertura vegetal (cerrado, áreas remanescentes da Mata Atlântica) e da fauna silvestre (Fig. 01). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1136 1137 Figura 01: Mapa de Localização da Área de Preservação Paisagística e do Parque Ecológico Municipal. As formações vegetais nativas identificadas na área são áreas de transição entre Mata Atlântica com o Cerrado, com presença de campo rupestre nos níveis mais elevados. O clima é tropical de altitude com invernos frios e secos e verões quentes e úmidos, Cwa segundo classificação de Köppen. A temperatura média anual varia de 18ºC a 19ºC apresentando clima quente monçonal, chuvas concentradas em poucos meses do ano, sendo a precipitação média anual variando de 1.200 a 1500mm por ano. (Antunes et. al., 1982). Os solos da área de estudo foram classificados como neossolos litólicos e quatzarênicos. EMBRAPA (2006). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 4. Atrativos da Serra do Lenheiro 4.1 Trilhas As trilhas surgiram como consequência dos movimentos migratórios. A principal função das trilhas sempre foi suprir as necessidades de deslocamento. Porem, com o passar dos anos houve uma alteração de valores em relação ao uso das trilhas. Passaram de simples instrumento de deslocamento, para um novo meio de contato com a natureza. (ANDRADE, 2003). Na Serra do Lenheiro, existem diversos trilhas com aspectos diferentes de sua origem. Algumas foram criadas para o simples deslocamento e contato com a natureza, mas outras serviram como passagem de bandeirantes que desbravaram o estado de Minas Gerais. Entre as trilhas (Figura 02), podem ser destacadas seis delas com grande potencial de aproveitamento ecogeoturístico:  Trilha do CEMONTA: Trilha que liga ao CEMONTA (Campo Escola de Montanhismo do 11° Batalhão de Infantaria de Montanha) á uma área com presença de pinturas rupestres;  Trilha dos Bandeirantes: Foi utilizada pelos bandeirantes vindos de São Paulo, a qual utilizavam para ter acesso ao Curral del-Rei e a uma área de trânsito de cargas;  Trilha dos Vales das formas: Trilha de acesso que os bandeirantes utilizavam para ter acesso a São Gonçalo do Amarante. Destaca-se nessa trilha as formações geológicas no percurso;  Trilha do Cruzeirinho: Historicamente sempre foi utilizada durante a tradicional Semana Santa do município, onde é realizada uma via sacra em seu percurso. A mesma dá acesso a um dos mirantes mais altimetricamente proeminentes da Serra. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1138  Trilha Estrada Real: Utilizada como percurso da estrada real, a referida trilha dá acesso ao local de nascimento da primeira Santa Brasileira (Nhá Chica), no distrito deo Rio das Mortes;  Trilha dos Lenhadores: Utilizada pelos lenhadores que buscavam matériaprima (madeira) na serra. Esta trilha que originou o nome da serra. Atualmente essa trilha, liga o Córrego São Francisco Xavier ao povoado do Fé. 1139 Figura 02: a) Trilha para a Cachoeira do Rudá b) Trilha do CEMONTA 4.2 Sítio arqueológico b) 4.3 Na Serra do Lenheiro encontra-se um sítio rupestre cuja composição das cenas combina a presença de seres zoomorfos e antropomorfo (uma família de seres humanos esquematizados) (Resende et. al., 2010). Esse sítio arqueológico localiza-se dentro da Escola de Escalada do Exército Brasileiro (Fig. 03). A datação das pinturas na Serra do Lenheiro deixa ainda a desejar. No entanto, “a elaboração da composição sugere ser do Holoceno Médio, estimado entre oito e dois mil AP. (Resende et. al., 2010) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 03: Pinturas Rupestres encontradas no final da trilha 4.4 Biodiversidade No perímetro da Serra a vegetação dominante é a transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado com presença de áreas de Campos Rupestres, onde são encontradas diversas espécies da flora e fauna nativa (figura 04), tais como: - Flora: Palmeira Buriti (Mauritia flexuosa), Briófitas (Sphagnidae), Candeia (Eremanthus erithropappus), além de outras espécies endêmicas da região. - Fauna: Tatu canastra (Tolypeutes tricinctus), Cascavel (crotalus durissus), Mico-estrela (Callithrix penicillata) espécie em extinção em seu habitat natural, entre outras espécies de pássaros, anfíbios, mamíferos endêmicos da região. Figura 04: Flora e fauna da região 4.5 Quedas d’água Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1140 As quedas d’água são atrativos ecogeoturísticos de forte expressividade nas paisagens naturais. Devido a sua beleza cênica, proporciona ao turista um pouco mais de aprendizado sobre a geologia e relevo locais, tornando-se potencial multiplicador da conservação de ambientes. (Bento et. al. 2012). Entre as quedas d’água da Serra do Lenheiro (Fig. 05), destacam-se seis delas com grande potencial de aproveitamento ecogeoturístico:  Cachoeira Véu da Noiva: Com aproximadamente 180 metros, a referida cachoeira é composta por diversos tombos;  Cachoeira dos 7 metros: Uma das principais nascentes do Córrego do Lenheiro (leito esquerdo) é composta por várias sequências de tombos.  Cachoeira da Virgem: Cachoeira bem preservada, devido ao fato de ser pouca visitada e de difícil acesso, com uma longa caminhada.  Cachoeira do Rudá: Conta a lenda que um índio foi caçar e foi morto por animais silvestres. Quando a noiva ficou sabendo, chorou tanto que a natureza em solidariedade ao sofrimento da índia fez chover durante 30 dias. Essa chuva carregou sentimentos do alto da Serra, formando um caminho de areia branca, que serviria de caminho para o encontro dos dois.  Cachoeira do Urubu: Cachoeira com grande abundância de água, pelo fácil acesso, é utilizada como local de lazer da população;  Cachoeira dos 3 poços: Grande abundância de água, pelo fácil acesso e próximo ao centro urbano, também é utilizada como área de lazer pela população. Além do potencial ecogeoturístico, as quedas d’água abastecem o principal córrego do município, Córrego do Lenheiro, ocupando um papel histórico relevante, pois foi uma das principais causas para a atual localização do município de São João del-Rei, por onde os colonizadores subiram e povoaram as suas margens em busco de ouro. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1141 Figura 05: a) Cachoeira da Virgem; b)Cachoeira do véu da noiva 4.6 Geologia/geomorfologia a) b) A Serra do Lenheiro está sobre a Formação Tiradentes, com diferentes tipos de metarenitos, metassiltitos e conglomerados que possuem diferentes espessuras, sendo a rocha predominante o quartizito. Segundo a Federação Mineira de Montanhismo (Fig. 06), na área, notável para escaladas, destacase:  Fendas verticais, como exemplo, a da via Lúcifer;  Fendas da parte inferior da via Sublime Inconsequência, que possui bordas angulosas, originada provavelmente pelo deslocamento de um bloco de rocha;  As formações de enormes agarras, algumas no formado de cogumelo, como são encontradas nas Vias Portal do Delírio, Alta Tensão, Rota das Ancoras, etc. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1142 Figura 06: Paredões utilizados para escalada 4.6 outras atrações Canal dos ingleses: Motivados pela fartura de ouro, ricos mineradores setecentistas investiram na construção de várias obras propicias a exploração dessa riqueza, destacando-se o Canal dos Ingleses. Trata-se de um aqueduto, construído por mão de obra escrava, que percorria uma longa extensão que trazia água do alto da Serra para fazer a limpeza do cascalho, conseguindo assim, a extração do ouro. Segundo Miranda (2013), parte do ouro extraído da região foi enviado para a Inglaterra durante a Revolução Industrial. Vestígios de um aqueduto, construído por volta de 1740, podem ser encontrados na Serra do Lenheiro. (Gaio Sobrinho, 1996) Além do aqueduto, a região concentra grande presença de betas (redes de túneis), algumas para exploração do ouro, outras abertas pelos escravos para esconderem do serviço pesado da construção. 5. Considerações finais Apesar de muitos moradores de São João del-Rei e região conhecerem pouco esse potencial da Serra do Lenheiro, é necessário observar que muito precisa Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1143 ser feito em relação à preservação e a conservação ambiental antes de se definir essa região como atrativo turístico. Planejar com, ao invés de para (a comunidade), conforme Hogan (1992), não é fácil, sendo necessárias ações voltadas para a conservação ambiental, destacando-se a necessidade de um plano de manejo e gestão do local. 6. Bibliografia ANTUNES, F.Z; SANTANA, D.P; BOUÇADA, A.V. et. al. Atlas Climatológico do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: EPAMIG, 1982. s.p. 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ISBN 978-85-88769-56-4 GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e manejo de trilhas GEOPARQUE SERIDÓ: UNINDO TURISMO, CONSERVAÇÃO E EDUCAÇÃO Artemísia dos Santos Soares14 Marcos Antônio Leite do Nascimento15 Resumo Palavras-chave: Geoparque Desenvolvimento. Seridó; Geoturismo; Geoconservação; Geodiversidade; Este estudo teve o seguinte objetivo geral: apresentar o potencial e a importância da criação do Geoparque Seridó, no Rio Grande do Norte. Geoparque é um território com limites definidos que apresenta geossítios de especial valor científico/educativo. Além de sua importância para preservação da memória geológica (geoconservação), a presença de valores ecológicos, arqueológicos, históricos, culturais e turísticos inseridos num processo de desenvolvimento sustentável que fomente projetos geoturísticos e educacionais e de valorização do patrimônio cultural local, agregando valor à proposta de criação do geoparque. Assim, foi realizada uma pesquisa documental e coleta de dados de campo através de inventário de 25 Geossítios na região do Seridó, estes localizados nos municípios de Cerro Corá, Lagoa Nova, Currais Novos, São Vicente, Florânia, Caicó, Cruzeta, Acari, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó e Parelhas. A proposta de geoparque contempla uma área que incluem ainda os municípios de Bodó, Tenente Laurentino Cruz e São José do Seridó. O caráter excepcional do patrimônio geológico do Seridó Potiguar, associado aos aspectos turístico, biológico, cultural e histórico é uma região que demonstra ter grande potencial para a criação de um geoparque. Os resultados apontam que um total de 25 geossítios foram cadastrados na região, principalmente com fins científico. Contudo, 15 desses geossítios possuem apelo turístico. Na área que contempla o Geoparque Seridó já existem inúmeras ações que direta ou indiretamente contribuem para o desenvolvimento desta região, com destaque para o Pólo Turístico do Seridó (MTUR), o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS/RN), a inserção no Programa Territórios da Cidadania do Governo 14 artemisiasoares@yahoo.com.br Bacharel em Turismo (UERN - 2008), Mestre em Turismo (UFRN -2011), Pós-Graduanda em Gestão Ambiental (IFRN). Servidora Pública da Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim/RN. 15 marcos@geologia.ufrn.br Graduação em Geologia UFRN (1998), com mestrado (2000) e doutorado (2003) em Geodinâmica e Geofísica pela UFRN. Professor do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DG/UFRN). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1146 Federal e as ações do IPHAN/RN tem garantido a preservação do patrimônio arqueológico da região do Seridó Potiguar. Resumen Palabras-clave: Geopark Seridó; Geoturismo; Geoconservación; geodiversidad; Desarrollo. Este estudio tuvo como objetivo general: presentar el potencial y la importancia de la creación del Geoparque Seridó en Rio Grande do Norte. Geoparque es un territorio con límites definidos que presenta sitios geológicos de valor especial / educación científica. Además de su importancia para la preservación de la memoria geológica (geoconservación), la presencia de lo ecológico, arqueológico, histórico, cultural y turístico se inserta en un proceso de desarrollo sostenible que promueve proyectos de geoturismo y la educación y la apreciación del patrimonio cultural local, agregando valor a la propuesta Creación del geoparque. Por lo tanto, se realizó una investigación y recopilación de datos de escritorio a través de inventario de campo de 25 lugares de interés geológico Seridó región, éstos ubicados en los municipios de Cerro Cora, Lagoa Nova, Currais Novos, São Vicente, Florânia, Caicó, Cruzeta, Acari, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó y Parelhas. El Geoparque propuesto cubre un área que incluye los municipios de Bodó, Tenente Laurentino Cruz y São José do Seridó. El carácter excepcional del patrimonio geológico Seridó Potiguar aspectos relacionados con el turismo, biológico, cultural e histórico es una región que muestra un alto potencial para la creación de un parque geológico. Los resultados indican que se registró un total de 25 sitios geológicos en la región, principalmente para fines científicos. Sin embargo, 15 de ellos tienen sitios geológicos atractivo turístico. En el área que comprende el Geoparque Seridó ahora hay numerosos actos que directa o indirectamente contribuyen al desarrollo de esta región, en especial el Polo Turístico Seridó (MTur), el Plan de Desarrollo Integral de Turismo Sostenible (PDITS/RN), la inserción los territorios del Programa de Ciudadanía del Gobierno Federal y las acciones del IPHAN/RN ha asegurado la preservación de la herencia arqueológica Seridó Potiguar. 1. Introdução Geoparque é um território com limites definidos que apresenta geossítios de especial valor científico/educativo. Além de sua importância para preservação da memória geológica (geoconservação), a presença de valores ecológicos, arqueológicos, históricos, culturais e turísticos inseridos num processo de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1147 desenvolvimento sustentável que fomente projetos geoturísticos e educacionais e de valorização do patrimônio cultural local, agrega valor à proposta de criação do geoparque. O Seridó apresenta um dos mais completos e belos patrimônios geológicos encontrados no Nordeste do Brasil, o qual é decorrente de inúmeros processos naturais a que esta região foi submetida ao longo da história da Terra, cujo registro pode ser observado nas diversas formas de relevo, tais como as serras e picos, ou exposições rochosas menores constituídas por granitos, gnaisses, mármores, quartzitos e arenitos. Tendo em vista o caráter excepcional deste patrimônio geológico, associado ao aspecto cultural da região, esta área do Seridó atende as necessidades para criação de um geoparque. Vale salientar que na região existe um Pólo e Conselho de Turismo, fomentado pelo SEBRAE e Secretaria de Turismo do RN, que criaram em 2004 o Projeto Roteiro Seridó e está integrado ao Programa Territórios da Cidadania do Governo Federal. A região também já apresenta painéis geoturísticos do Projeto Monumentos Geológicos do RN, criado pelo IDEMA/RN para divulgar o patrimônio geológico potiguar. O referido projeto conta com a sinalização de 16 monumentos, tendo na região Seridó 3 painéis já instalados (Mina Brejuí, Plúton de Acari e Pegmatito de Parelhas). Na região em lide a economia foi estruturada sobre o tripé composto pela pecuária extensiva, agricultura e mineração, esta última baseada na exploração da scheelita, tantalita, berilo e cassiterita. Mais recentemente novas atividades foram introduzidas e/ou ampliadas, tais como a produção leiteira, a modernização e ampliação da caprino-ovinocultura, a atividade ceramista e o desenvolvimento do setor terciário, com destaque para o comércio e a diversificação de serviços (principalmente o turismo)., 2. O Geoparque Seridó Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1148 Em acordo com os objetivos do Projeto Geoparques do Serviço Geológico do Brasil – CPRM (SCHOBBENHAUS; SILVA, 2012) que é identificar, classificar, descrever, catalogar, georreferenciar e divulgar os parques geológicos do Brasil, bem como sugerir diretrizes para seu desenvolvimento sustentável, seguindo os preceitos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a região do Seridó potiguar foi escolhida para um estudo técnico e diagnóstico com a finalidade de embasar proposta de criação do Geoparque Seridó (NASCIMENTO; FERREIRA, 2012). Assim, a parceria entre o Serviço Geológico do Brasil e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte resultou no inventário de 25 Geossítios na região do Seridó, estes localizados nos municípios de Cerro Corá, Lagoa Nova, Currais Novos, São Vicente, Florânia, Caicó, Cruzeta, Acari, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó e Parelhas. A proposta de geoparque contempla uma área que incluem ainda os municípios de Bodó, Tenente Laurentino Cruz e São José do Seridó. Tendo em vista o caráter excepcional do patrimônio geológico do Seridó Potiguar, associado aos aspectos turístico, biológico, cultural e histórico, esta é uma região com grande potencial para a criação de um geoparque. 2.1 Localização A área do proposto Geoparque Seridó situa-se no semiárido nordestino, região centro-sul do estado do Rio Grande do Norte, envolvendo totalmente os territórios dos municípios de Bodó, Cerro Corá, Lagoa Nova, Currais Novos, São Vicente, Tenente Laurentino Cruz, Florânia, Caicó, São José do Seridó, Cruzeta, Acari, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó e Parelhas (Figura 1). Estes municípios fazem parte da mesorregião Central Potiguar e englobam partes das microrregiões Serra de Santana, Seridó Oriental e Seridó Ocidental. O acesso a partir de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, se dá pela BR-226 até a cidade de Currais Novos, tomando-se em seguida inúmeras outras rodovias (BRs 104, 427) e (RNs 087, 288) para ter acessos aos demais municípios da área (Figura 1). O portão de entrada do Geoparque Seridó, para Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1149 quem vem de Natal, pode ser considerado a cidade de Currais Novos que está a 172 km da capital potiguar. Caicó é dentre as cidades da região do Seridó, a mais afastada da capital, distando 256 km. Já a distância entre os municípios situados em pontos extremos do referido geoparque não ultrapassa os 100 km, como é o caso de Cerro Corá (extremo norte da área) até Parelhas (extremo sul). 1150 Figura 1 – Localização do proposto Geoparque Seridó. 2.2 Geossítios Um total de 25 geossítios, estes compreendendo a ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorante devido a resultado da ação de processos naturais ou por intervenção humana), bem delimitado geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista científico, didático, cultural, turístico ou outro (BRILHA, 2005; NASCIMENTO et al. 2008) foram cadastrados na região principalmente com fins científicos. Contudo 15 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 desses geossítios possuem apelo turístico (dos 25 geossítios cadastrados vários já possuem interesse turístico com destaque para: 2.2.1 Serra Verde – Cerro Corá: O Geossítio Serra Verde está situado a 11 km do centro de Cerro Corá, na borda da Serra de Santana. No local ocorrem rochas graníticas como com atrativos geoturísticos que envolvem geoformas (criadas pela atuação de processos erosivos e esculpidas pela ação do vento e da chuva), tanques fossilíferos e pinturas rupestres, com destaque para: i) Pedra do Nariz; ii) Pedra Cabeça Dinossauro; iii) Lagoa/Tanque Azul (tanque contendo água, onde foram encontrados fósseis da megafauna pré-históricas); iv) Casa de Pedra (conjunto de blocos rochosos de diversos tamanhos e formas que lembram edificações construídas pelo homem; e v) Sítio Arqueológico (local em forma de gruta onde abrigava homens préhistóricos, com inúmeras pinturas rupestres de animais e pessoas) (Figs 2 e 3). Figura 2 – Geoforma conhecida por Pedra do Nariz. Figura 3 – Exemplos de pinturas rupestres encontradas no Geossítio Serra Verde. 2.2.2 Cruzeiro de Cerro Corá - Cerro Corá: O Geossítio Cruzeiro de Cerro Corá está situado na área urbana do município No local possui um Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1151 cruzeiro assentado em rochas de natureza granítica, o qual apresenta uma altitude em torno de 610 metros. A maior atração do geossítio é a vista panorâmica do município, onde se pode contemplar toda a extensão urbana e vizinhanças, incluindo parte do pico vulcânico do Cabugi que está a 40 km na direção norte (Figura 4). Figura 4 – Visão panorâmica da cidade de Cerro Corá e do seu entorno visto do alto do Geossítio Cruzeiro de Cerro Corá. 2.2.3 Vale Vulcânico – Cerro Corá: O Geossítio Vale Vulcânico está situado 15 km a SW do centro de Cerro Corá, na borda SE da Serra de Santana. O acesso ao local é feito por estradas não pavimentadas que levam a uma trilha turística. Esta trilha com cerca de 2 km dá acesso ao leito do Riacho da Pedreira, onde são encontradas rochas vulcânicas (basaltos). Estes basaltos possuem idade de 27 milhões de anos, pouco mais velho do que os basaltos do Pico do Cabugi, com 25 milhões de anos.Da trilha observa-se o relevo da região denotado pela escarpa erosiva da Serra de Santana. Em alguns pontos ao longo da trilha existem mirantes para observação da paisagem (Figura 5). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1152 Figura 5 – Visão geral do mirante com vista para a Muralha Vulcânica formada por basaltos (lado esquerdo da figura) e ao fundo o platô da Serra de Santana formado por arenitos da Formação Serra do Martins. 2.2.4 Mirante de Santa Rita – Lagoa Nova: Mirante de Santa Rita está situado a 3,5 km, a ESE, do centro de Lagoa Nova, na RN-087, sentido Lagoa Nova - Cerro Corá, sobre a Serra de Santana. O referido Geossítio fica em frente à Pousada Chalés dos Cajueiros cerca de 150 metros da estrada, na parte sul da Serra da Santana, a 733 metros de altitude. No Geossítio ocorrem arenitos, sendo possível ainda ter uma visão geral da cidade de Currais Novos (a cerca de 20 km a SW), além de visualizar parte da Serra da Umburana (ao fundo), formada por quartzitos e o Pico do Totoró (Figura 6). Figura 6 – Visão panorâmica do Mirante de Santa Rita com vista da cidade de Currais Novos, da Serra da Umburana (ao fundo) e do Pico do Totoró (a direita). 2.2.5 Pico do Totoró – Currais Novos: O Geossítio Pico do Totoró está situado a 10 km do centro de Currais Novos. O acesso ao local se dá através de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1153 estradas não pavimentadas que leva ao distrito do Totoró, localidade que deu início a expansão populacional da cidade de Currais Novos. Neste geossítio ocorrem rochas graníticas e estão situados atrativos geoturísticos que envolvem geoformas, presença de fósseis e pinturas rupestres, com destaque para: i) Pedra do Caju (sua forma lembra um enorme caju com a castanha); ii) Pedra do Letreiro (antigo abrigo de homens pré-históricos que viveram na região, contendo pinturas rupestres com diferentes formas geométricas); iii) Pedra Furada (cavidade formada no granito, contendo também pinturas rupestres de pessoas e animais);, iv) Pedra do Sino (nome dado a um rocha que foi quebrada ao meio e um do seus lados emite um som quando percutida); v) Sítio Paleontológico/Arqueológico Lagoa do Santo, local onde foram encontrados inúmeros fósseis de mamíferos gigantes (megafauna), como preguiças, mastodontes, gliptodontes, entre outros, bem como pinturas rupestres com diferentes formas geométricas (Figuras 7 e 8). Figura 7 – Pico do Totoró formado predominantemente por granito porfirítico ao lado do açude homônimo. Figura 8 – Geoforma conhecida como Pedra do Caju, formada por atuação predominante do intemperismo físico e por erosão diferencial. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1154 2.2.6 Morro do Cruzeiro – Currais Novos: O Geossítio Morro do Cruzeiro está situado na área urbana do município de Currais Novos, próximo a entrada da cidade. No local existe um cruzeiro assentado em pegmatito. Do Geossítio é possível contemplar a cidade de Currais Novos e outros Geossítios como o Pico do Totoró, a aba da Serra que forma o Cânion dos Apertados, a Serra de Sant’Ana e no local são comuns peregrinações religiosas (Figura 9). 1155 Figura 9 – Morro do Cruzeiro formado por um dique de pegmatito contendo biotita, muscovita e textura gráfica. 2.2.7 Mina Brejuí – Currais Novos: A Mina Brejuí está situada a 10 km do centro de Currais Novos, na margem direita da BR-427 que liga Currais Novos a Acari. Neste Geossítio estão situados atrativos turísticos que compõem o Parque Temático Mina Brejuí com destaque para: i) os Túneis e as Galerias [passeio por cerca de 300 metros de túneis e galerias devidamente adaptados à visitação turística, onde o visitante conhece as rochas da região, podendo visualizar a scheelita com o auxílio do mineralight (equipamento usado no estudo da fluorescência dos minerais)], as chaminés (por onde passava o minério de um nível para outro da mina) e as colunas de sustentação da mina; ii) Memorial Tomaz Salustino (museu que conta a história do fundador da mina); Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 iii) Museu Mineral Mário Porto (local com inúmeros exemplos de minerais e rochas); iv) Mirante das Dunas (dunas formadas pelo acúmulo de rejeito da mina); v) Igreja de Santa Tereza (construída na vila dos operários da mina); e vi) Gruta de Santa Bárbara (construída em homenagem a santa) (Fig 10 e 11). Figura 10 – Visão de uma das salas do Museu Mineral Mário Porto. Foto: G. Medeiros. Figura 11 – Um dos salões visitados dentro da Mina Brejuí. Foto: J. Virgens Neto. 2.2.8 Cânions dos Apertados – Currais Novos: Os Cânions dos Apertados estão situados a 10 km, a SE, do centro de Currais Novos, na área privativa da Fazenda Aba da Serra, no leito do Rio Picuí, ao longo da Serra da Timbaúba. Uma energia hidráulica elevada em tempos passados produziu o dessecamento do relevo, erodindo superfícies mais frágeis, rebaixando o relevo e escavando o seu próprio leito. No local observam-se quartzitos e pegmatitos e foi considerado a 7ª maravilha do RN (Figura 12). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1156 Figura 12 – Quartzito da Formação Equador cortados pelo Rio Picuí próximo ao final do cânion. 2.2.9 Monte das Graças – Florânia: O Monte das Graças está situado a 1,5 km do centro municipal de Florânia. Além do aspecto geológico (formado por rochas gnáissicas) a região tem um apelo histórico e turismo religioso, que teve início devido ao sonho do frade Otavio (em 1946), sobre uma menina que havia falecido de fome e sede no alto da serra. Naquela localidade foi construída uma pequena capela no alto do Monte, que hoje conta com um centro de treinamento e reflexões, as estações da via sacra, um horto, a gruta de Nossa Senhora de Lourdes e local para celebrar missas campais, sendo palco de várias romarias, peregrinações e demais manifestações de fé (Figuras 13 e 14). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1157 Figura 13 – Visão panorâmica do Monte Nossa Senhora das Graças. Figura 14 – Capela do Monte Nossa Senhora das Graças. Foto: G. Medeiros. 2.2.10 Gruta da Caridade – Caicó: O Geossítio Gruta da Caridade está situado no município de Caicó, localizado há 35 km da cidade, cujo acesso é feito pela RN-118, que liga Caicó a Jucurutu. Na parte externa da gruta ocorre um painel de gravuras rupestres retratando figuras geométricas, características da Tradição Itacoatiara. Já no interior na gruta observa-se uma "sala de visita" com formações de estalactites e uma pequena lagoa formada por água que corre em fraturas formadas no mármore. O acesso a outras áreas da caverna se dá por um pequeno orifício na rocha. Um mapeamento realizado pela equipe da Sociedade Espeleológica Potiguar, em 2008, definiu a gruta como um longo corredor com cerca de 300 metros de comprimento, muitas vezes inundada por água devido a inúmeros meandros de um rio que corre nos subterrâneos da Serra da Cruz. É importante ressaltar a necessidade do uso de equipamentos de proteção e o acompanhamento de guias para entrar nesta gruta (Figuras 15 e 16). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1158 Figura 15 – Detalhe da gravura correlacionada a Tradição Itaquatiara. Figura 16 – Visão interna de parte da gruta, com foliação subhorizontal nos mármores. Foto: Almeida Netto. 2.2.11 Açude Gargalheiras – Acari: O Geossítio Açude Gargalheiras está situado a 4,5 km, do centro de Acari, no entorno do Açude público Marechal Dutra (mais conhecido como Açude Gargalheiras, devido ao gargalo formado entre as serras). A região se destaca por um expressivo relevo, formado em rochas graníticas com cerca de 575 milhões de anos, definido pelas serras do Pai Pedro, Minador e da Lagoa, com altitudes entre 600 e 650 metros, por onde passa o Rio Acauã. Na década de 1940, neste local, foi construído o açude, que possui uma área de 780 ha e capacidade de acumulação de água de até 40.000.000,00 m3. Este açude, pelo grandioso conjunto de suas belezas naturais constituiu-se num dos pontos turísticos mais conhecidos e visitados na região do Seridó. O local foi considerado a 3ª maravilha do RN dentre as 133 finalistas do Concurso as 7 Maravilhas do RN (Figura 17). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1159 Figura 17 – Visão panorâmica do Geossítio Açude Gargalheiras e da Serra do Pai Pedro. Foto: P. Costa. 2.2.12 Monte do Galo - Carnaúba dos Dantas: O Geossítio Monte do Galo está situado a 1 km, do centro de Carnaúba dos Dantas. O acesso ao local é por estrada pavimentada que leva ao Cruzeiro do Monte do Galo. Além de geológico, formado por um grande pegmatito, a região tem um apelo religioso. Inaugurado em 25/10/1927, o Monte do Galo recebe fiéis em romarias com bênçãos de Nossa Senhora das Vitórias. É um dos principais pontos turísticos religioso do RN. No local há capela, cruzeiro, estátua do galo, sala dos ex-votos e os 12 passos de Cristo ao longo da subida. Possui altura média de 155 metros, possibilitando o visitante apreciar a vista panorâmica da cidade e das inúmeras serras da região (Figura 18). Figura 18 – Visão panorâmica do Monte do Galo. Foto: www.carnaubadosdantas.com/n oticias/?p=1193 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1160 2.2.13 Xiquexique - Carnaúba dos Dantas: O Geossítio Xiquexique está situado a 3,5 km do centro de Carnaúba dos Dantas, na serra homônima, lado esquerdo do Rio Carnaúba. O geossítio, formado por rochas quartzíticas, abriga pinturas rupestres em diferentes tons de vermelho, classificadas como Tradição Nordeste, subtradição Seridó. Elas retratam humanos (em cenas de festa, caça e sexo), cervídeos, felinos e aves (emas, papagaios). Essas pinturas foram registradas inicialmente por José de Azevedo Dantas, na década de 1920 (Figuras 19 e 20). 1161 Figura 19 – Projeto de acessibilidade aos sítios arqueológicos desenvolvido pelo IPHAN/RN. Figura 20 – Exemplos de pinturas rupestres encontradas no quartzito da Formação Equador. 2.2.14 Açude Boqueirão – Parelhas: O Geossítio Açude Boqueirão está situado 2,5 km do centro de Parelhas. Neste geossítio estão situados atrativos geoturísticos que envolvem geoformas, além de uma diversidade de minerais e mirantes, com destaque para: i) Pedra da Princesa Encantada (o relevo da parte norte da Serra das Queimadas define o perfil de uma princesa deitada, segundo o imaginário popular); ii) Pedra do Príncipe que virou Sapo (sua forma lembra um sapo); iii) Esfinge da Princesa (rocha com silhueta que lembra um esfinge egípcia, com cabeça de gato e corpo de humano); iv) Diversidade Mineral (turmalina, água marinha, granada, ametista, feldspatos e quartzo alguns considerados preciosos, sendo essa diversidade utilizada como matériaAnais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 prima na confecção de artesanatos e jóias); v) Mirante da Capelinha (mirante no alto da Serra das Queimadas com vista para toda cidade e região, com desnível de 500 metros em relação a base da serra) (Figuras 21 e 22). Neste local foi construído o açude Boqueirão, com área de 1.326,68 ha e capacidade de acumulação de 85.012.750 m 3. Este açude, pelo grandioso conjunto de suas belezas naturais constituiuse num dos pontos turísticos mais conhecidos e visitados na região do Seridó. 1162 Figura 21 – Visão geral da parte norte da Serra das Queimadas com destaque para o boqueirão, bem como a silhueta da Princesa adormecida. Foto: Z. Lima. Figura 22 – Vista do Açude Boqueirão com o sangradouro ao fundo. No primeiro plano parte de um pegmatito rico em biotita. 2.2.15 Mirador – Parelhas: O Geossítio Mirador está situado a 4 km do centro de Parelhas, próximo ao Açude Boqueirão. O local é importante e mais conhecido por abrigar o Sítio Arqueológico Mirador. Neste estão presentes inúmeras pinturas rupestres, classificadas como Tradição Nordeste, subtradição Seridó. As pinturas são de humanos, cervídeos, felinos e aves (emas, papagaios) e foram realizadas sobre metaconglomerados. Pesquisas realizadas pelo Núcleo de Estudos Arqueológicos da UFPE, no início da década de 1980, também descobriram um cemitério indígena infantil, ossos de roedores e contas de colar (de ossos e conchas), além de carvão. A datação Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 radiocarbônica do carvão associado aos restos de enterramentos infantis foi de 9410 anos antes do presente. Figura 23 – Parte da Serra das Queimadas com a geoforma Pedra da Boca. No canto inferior esquerdo ocorrem as pinturas rupestres e o cemitério indígena infantil. Figura 24 – Exemplo de uma as pinturas rupestres retratada sobre metaconglomerado da Formação Equador. 1163 2.3 ações já encontradas na área do Geoparque Seridó Na área que contempla o Geoparque Seridó já existem inúmeras ações que direta ou indiretamente contribuem para o desenvolvimento desta região, com destaque para: i) Pólo Turístico do Seridó instituído pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio do Decreto No 18.429, de 15 de agosto de 2005, sendo representado por um espaço sócio econômico homogêneo com vantagens competitivas e vocacionais, com o objetivo de integrar a cadeia produtiva do turismo. Este Pólo é composto pelos municípios de Acari, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Parelhas, Jardim do Seridó, Florânia, Tenente Laurentino, Lagoa Nova, Timbaúba dos Batistas, Ouro Branco, Equador, Santana do Seridó, São João do Sabugi, Serra Negra do Norte, Jucurutu. As atividades pertinentes ao Pólo são administradas por um Conselho Regional de Turismo formado paritariamente por representantes dos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 setores público e privado, sendo coordenadas pela Secretaria de Estado do Turismo (SETUR/RN). Todavia, desde 2004 já existe o Projeto Roteiro Seridó, fomentado pelo SEBRAE/RN e a SETUR/RN em consonância com o Programa de Regionalização do Turismo promovido pelo Ministério do Turismo do Governo Federal. desenvolvimento O Roteiro turístico da Seridó região, tem com como objetivo bases apoiar assentadas o na sustentabilidade, com ações nas áreas de turismo, educação ambiental, tecnologia de alimentos, gestão de cooperativas e outras associações, qualidade e comercialização do artesanato, empreendedorismo no espaço rural e natural, promoção e marketing, capacitação técnica e gerencial, tendo como públicos-alvo empresários, gestores municipais, professores, estudantes e produtores rurais, entre outros. Na primeira fase foram contemplados sete municípios: Acari, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Parelhas e Jardim do Seridó. Recentemente Lagoa Nova integrou-se ao referido Roteiro. ii) O Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS/RN) realizado sob os cuidados da Start Pesquisa e Consultoria Técnica Ltda. O PDITS é o instrumento de planejamento do turismo em uma área geográfica selecionada que tem por objetivo principal orientar o crescimento do setor em bases sustentáveis, em curto, médio e longo prazo, estabelecendo as bases para a definição de ações, as prioridades, e a tomada de decisão. Deve, portanto, constituir o instrumento técnico de gestão, coordenação e condução das decisões da política turística e de apoio ao setor privado, de modo a dirigir seus investimentos e melhorar a capacidade empresarial e o acesso ao mercado turístico. O PDITS Seridó constituiu-se esforço de Planejamento do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, como requisito fundamental para as ações e investimentos do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste PRODETUR, com o apoio do Banco do Nordeste, PRODETUR/RN e Secretaria Estadual de Turismo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1164 iii) A região integra o Programa Territórios da Cidadania do Governo Federal. Este programa insere 135 ações nas áreas rurais e cidades mais pobres do país, através de projetos que inclui a geração de trabalho e renda, visa assegurar infra-estrutura e estimular as economias locais promovendo a emancipação econômica e social da população. Busca assim, garantir direitos de cidadania à população concentrada nos bolsões de pobreza do país. No Rio Grande do Norte, inicialmente foram trabalhados três territórios: Açu-Mossoró, Mato Grande e Sertão do Apodi (Chapada do Apodi). Porém, face aos resultados obtidos com projetos em execução e à necessidade de ampliação das ações com foco no desenvolvimento econômico, promovendo a cultura empreendedora e contribuindo para o desenvolvimento sustentável, o SEBRAE/RN considerou relevante implantar este projeto, no Seridó. Assim, o projeto Território Seridó se propõe a contribuir para desenvolvimento sócio econômico sustentável no território do Seridó, no Rio Grande do Norte, buscando alavancar ações integradas às vocações identificadas, tendo como ponto focal o resgate, a valorização e a divulgação da marca regional, prioritariamente nas cadeias produtivas do turismo, cultura, moveis, têxtil, alimentos e artesanato. iv) Além das ações citadas anteriormente, vale salientar que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/RN) tem garantido a preservação do patrimônio arqueológico da região do Seridó Potiguar, seja pela atuação para o fiel cumprimento da legislação relacionada à arqueologia preventiva, seja pela execução de obras de socialização que garantam a visitação controlada dos sítios arqueológicos de arte rupestre. A instalação da infra-estrutura básica promovida pela superintendência do IPHAN/RN nos sítios arqueológicos Xiquexique I e II, localizados na cidade de Carnaúba dos Dantas/RN, permite compatibilizar usos sociais mais amplos com a preservação e o uso científico do patrimônio arqueológico do Seridó. Para preparar os locais como pontos turísticos-educativos, estão sendo implantados estacionamento, ponto de apoio, trilhas com pontos de descanso e de observação, passarelas, guarda-corpos e placas de identificação. Os sítios Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1165 dessa região têm uma grande importância científico-cultural e grande significação para os moradores da região, antes conhecidos como “letreiros”, “pedras pintadas”, hoje já são reconhecidos como sítios arqueológicos. A conservação destes, porém, não vem sendo efetiva devido a fatores como o turismo desordenado, o desmatamento da área de entorno e agentes naturais que atingem o suporte rochoso. Adicionalmente, as mudanças nas condições do micro-clima do ambiente que envolve os sítios arqueológicos têm acelerado o processo de degradação das pinturas rupestres. A preservação desse patrimônio cultural requer ações de preservação e conservação aliadas à manutenção do equilíbrio do ambiente natural. Um agravante social da mesma ordem de importância é constituído pela limitação dos recursos econômicos da população local. Os indicadores socioeconômicos do município refletem a falta de alternativas de geração de emprego e renda. Faz-se necessário, portanto, encontrar alternativas através da atividade turística em um modelo sustentável. 1166 3 considerações finais A partir da apresentação do valor geológico e turístico da região do Seridó torna-se possível inferir que o geoturismo apresenta múltiplas facetas, podendo ser considerado tanto uma tendência atual como uma necessidade real para uma região que apresenta, na atualidade, dificuldades econômicas inerentes aos aspectos climáticos ali existentes, principalmente, os relativos à seca. É uma tendência atual na medida em que é reflexo da procura crescente por áreas naturais (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010) e esse crescimento é acompanhado por uma nova segmentação que busca atender às diferentes demandas por parte dos turistas. Por outro lado, o turismo realizado no âmbito dos geoparques também pode ser encarado como uma necessidade, tendo em vista os objetivos da criação destes, tais como a geoconservação, a educação ambiental e a inclusão social. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Nesse sentido, o geoturismo acaba contribuindo em três aspectos: educativo, socioeconômico e de conservação. O aspecto educativo diz respeito à promoção do conhecimento dos aspectos abióticos da natureza, um dos principais objetivos do geoturismo. A partir desse viés educativo se possibilita a valoração e valorização da geodiversidade, gerando um sentimento de respeito e co-responsabilidade pela manutenção da conservação ambiental. Por fim, ao se estimular o desenvolvimento do geoturismo no Seridó, de forma integrada aos demais segmentos já existentes, haverá a ampliação do tempo de permanência dos turistas, permitindo, consequentemente, a diversificação econômica da região através do incremento econômico decorrente do turismo. Apesar de todos esses aspectos contribuírem de forma positiva para o desenvolvimento territorial da região do Seridó, vale ressaltar a necessidade que este segmento seja planejado, buscando uma utilização racional dos recursos da geodiversidade, garantindo a viabilidade do geoturismo e a manutenção da área, beneficiando, assim todos os envolvidos: o meio natural como principal atrativo, a população autóctone como protagonista, os geoturistas como interessados, bem como o trade turístico, no papel de intermediadores. 3. Bibliografia BRASIL [MINISTÉRIO DO TURISMO – MTUR]. Ecoturismo: orientações básicas. 2. ed. Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publi cacoes/downloads_publicacoes/Livro_Ecoturismo.pdf.> Acesso em: 29 de set 2013. BRILHA J. Património geológico e geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. Palimage Editores, 2005. 190p. NASCIMENTO, M.A.L.; RUCHKYS, Ú.A.; MANTESSO NETO, V. 2008. Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: trinômio importante para proteção do patrimônio geológico. Sociedade Brasileira de Geologia, 82p. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1167 NASCIMENTO, M.A.L.; FERREIRA, R.V. 2012. Geoparque Seridó. In: SCHOBBENHAUS, C.; SILVA, C.R. (eds), Geoparques do Brasil: propostas. CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 361-416p. ROTEIRO Seridó. 2005. Disponível em: <www.roteiroserido.com.br>. Acesso em: 16 nov. 2009. SCHOBBENHAUS, C.; SILVA, C.R. Geoparques do Brasil: propostas. CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2012. 745p. SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS - SEBRAE. Roteiro Seridó. SEBRAE: Natal/RN, 2005. ______. Roteiro Seridó: plano de turismo sustentável. SEBRAE: Natal, 2004. ______. Perfil do turista: roteiro Seridó. SEBRAE: Natal, 2006. 1168 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e manejo de trilhas POTENCIAL DA TRILHA ECOLÓGICA DO VALE VULCÂNICO NO MUNICÍPIO DE CERRO CORÁ/RN Ednaja Faustino Silva de Moura16 Msc. Clébia Bezerra da Silva17 Dr. Ricardo Farias do Amaral18 Resumo Palavras-chave:Trilhas Interpretativas; Educação ambiental; Vale Vulcânico; Indicadores de atratividade; O município de Cerro Corá/RN está localizado a 180 km de distância de Natal capital do Estado do Rio Grande do Norte.A economia local é baseada no comércio e na agricultura, o turismo ainda é incipiente, no entanto, o município dispõe de potencialidades relevantes para sua prática, como a trilha ecológica do Vale Vulcânico, cujo vulcão extinto a 25 milhões de anos, proporciona vários testemunhos derochas características de ambientes vulcânicos como o Basalto. Caminhadas em trilhas ecológicasintegram o contato humano com o meio ambiente, tendo como premissa o respeito e a sensibilização dos praticantes em relação à conservação do meio ambiente, ondeestãopautadas a contemplação da paisagem, bem como da fauna e da flora local, dentre outras atividades que permitam o contato com a natureza. Neste sentido o presente trabalho objetivou identificar o potencial da trilha ecológica do Vale Vulcânico analisando suas potencialidades. Para tanto foi utilizada a metodologia “Indicadores de Atratividade e Pontos Interpretativos (IAPI)”, visitas de campo e pesquisa bibliográfica em livros, sites e artigos científicos. A trilha do Vale Vulcânico é circular, com duração média de 1 hora e 30 minutos, com aproximadamente 800m, seu grau de dificuldade é difícil. Desse modo, pode-se concluir que a trilha do Vale Vulcânico pode ser explorada e comercializada, porém, são pertinentes melhorias na acessibilidade para aumentar o espectro do perfil de usuários,sinalização, pontos de apoio com paradas estratégicas para que os visitantes possam praticá-la de maneira segura e que contemple a natureza de modo sustentável. Resumen Palabras clave: senderos interpretativos, la educación ambiental, valle volcánico; Indicadores de atractivo; El municipio de Cerro Cora / RN se encuentra a 180 km de capital Navidad del Estado de Rio Grande do Norte.A economía local se basa en el comercio y la agricultura, el 16 ednajaturismoufrn@gmail.com Discente do curso de Turismo Bolsista de Extensão Universidade Federal do Rio Grande do Norte 17 clebia@ufrnet.br Docente do curso de Turismo Universidade Federal do Rio Grande do Norte 18 projeto_corais@yahoo.com.br Docente do curso de Geologia Universidade Federal do Rio Grande do Norte Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1169 turismo es todavía en su infancia, sin embargo, el municipio tiene potencial relevancia para su práctica, ya que el sendero ecológico del valle volcánico, cuyo extinto hace 25 millones de años, ofrece diversos testimonios derochas características de ambientes como el basalto volcánico. Rutas de senderismo ecológicasintegram contacto humano con el medio ambiente, teniendo como premisa el respeto y el conocimiento de los profesionales en relación con la conservación del medio ambiente, ondeestãopautadas contemplación del paisaje, así como la flora y la fauna locales, entre otras actividades que permiten el contacto con la naturaleza. En este sentido, el presente estudio tuvo como objetivo identificar el potencial de la eco-trail Valle Volcánico análisis de su potencial. Por esta metodología se utilizó "Indicadores de Atractivo y puntos interpretativos (IAPI)", visitas de campo y la investigación en los libros, sitios web y artículos científicos. El Valle Volcánico pista es circular, con una duración media de 1 hora y 30 minutos, con aproximadamente 800 metros, su grado de dificultad es difícil. Por lo tanto, podemos concluir que la pista Volcanic Valley puede ser explotada y comercializada, sin embargo, son las mejoras pertinentes en la accesibilidad para aumentar el espectro de perfil de usuario, la señalización, puntos de apoyo con paradas estratégicas para que los visitantes pueden practicar de forma segura, y contemplar la naturaleza de una forma sostenible. 1. Introdução O contato do homem com a natureza sempre foi uma temática bastante discutida por estudiosos de diversas áreas, isto porque diante do contexto atual e do problema ambiental elencada nos últimos anos, os indivíduos começaram a perceber que o uso abusivo dos espaços estava degradando os ecossistemas mais frágeis, como dunas, manguezais e as trilhas ecológicas por conterem diversas espécies da fauna e flora parcialmente ou totalmente degradadas Sendo diversos os municípios que vem trabalhando com este segmento pautado no respeito e conservação dos ambientes visitados, primando pela sustentabilidade ambiental das localidades e o envolvimento da comunidade local neste processo, por meio de cursos e projetos que mostrem o potencial dos espaços e a utilidade dos mesmos. Neste contexto o presente trabalho objetivou identificar o potencial da trilha ecológica do Vale Vulcânico analisando suas potencialidades e entraves para o melhoramento da referida trilha como infraestrutura de apoio ao turista e outros.O referencial teórico consiste em dois tópicos, a saber: trilhas: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1170 planejamento, origens e usos, que traz uma abordagem geral das trilhas mostrando a importância do planejamento para estas, a origem, ou seja, a partir de quando se começou a utilizar o termo trilhas e quais seus primeiros usuários e os usos destas trilhas como vem sendo feito e a maneira correta para que isto aconteça. No segundo tópico do referencial teórico a discussão é sobre as trilhas como forma de diversificação do produto turístico, logo, investiga-se como as trilhas podem contribuir para diversificar o produto turístico local dimensionando as visitações no ambiente de turistas vindouros de diferentes localidades, com a motivação de desenvolver atividades de contato com a natureza e contemplação de paisagens de relevante beleza cênica. Entretanto, após o referencial teórico destaca-se a metodologia utilizada neste trabalho, e posteriormente a caracterização da área de estudo para melhor entendimento. Em seguida, é feita a apresentação e discussão dos resultados coletados e discute-se as considerações finais desta pesquisa. Assim, a pesquisa mostrase relevante por abordar um tema ainda pouco explorado no âmbito do município de Cerro Corá/RN, bem como na comunidade acadêmica do curso de Turismo do Campus Currais Novos/RN, mas que mostrou-se importante por apresentar potencialidade comercializada pela ainda comunidade pouco explorada e que local, instigando novos pode ser estudantes, pesquisadores, poder público e trade turístico a trabalhar com este segmento em toda região do Seridó Potiguar. 2. Trilhas: planejamento, origens e usos O planejamento é uma ferramenta que prima por organizar os objetivos que são desejados para o futuro, e as ações que serão desempenhadas para que isto aconteça isto porque planejar significa mensurar os problemas que poderão acontecer e o que pode ser feito para que todas as metas posam acontecer em tempo hábil.As trilhas é um tipo de ecossistema composto por espécies da fauna e flora, que primordialmente necessita de planejamento para Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1171 que os problemas com a visitação nestes ambientes sejam minimizados, a fim de corroborar com a conservação do ambiente e das espécies vigentes no lugar. Com isso, Petrocchi (1998, p.20) propõe que: O planejamento – a visão do futuro próximo ou distante – contribui para que as tarefas sejam melhor realizadas e objetivos sejam mais facilmente atingidos, por pessoas ou organizações. Ordena as ações e dá prioridade a elas. Permite mapear dificuldades ou obstáculos e, assim, escolher previamente caminhos alternativos. Entretanto, as trilhas podem ser de dois tipos, guiada eautoguiada, sendo que a trilha interpretativa do Vale Vulcânico no município de Cerro Corá/RN é do tipo autoguiada, pois necessita da presença de um guia local para subsidiar as visitações no espaço. Além disso, a implantação das trilhas interpretativas pode decorrer em compactação e erosão do solo, composição da vegetação local, lixo, vandalismo, perda da fauna e da flora entre outros efeitos que podem ser minimizados por meio de um bom planejamento nestes ambientes.Assim, conforme diz Vasconcellos (1997) as trilhas interpretativas, quando bem planejadas e inseridas, conectam o visitante com o lugar, aumentando a compreensão e apreciação sobre os recursos naturais e culturais protegidos, abrandando assim as pressões negativas sobre o lugar. Logo, percebe-se a relevância do planejamento no ordenamento e proposição da trilha ecológica, haja vista que é por meio deste instrumento que os impactos negativos das visitações no ambiente poderão ser minimizados, e obter maior aproveitamento do lugar onde esta sendo realizada a referida trilha. Vale salientar, que por meio da trilha ecológica é possível ainda que o turista/visitante tenha contato com as tradições locais, fator este que elenca a este indivíduo a preponderância de conservar o lugar para que outras pessoas também possam desfrutar da contemplação da paisagem, flora e fauna local nos próximos anos. Para tanto devem ser analisados vários aspectos para que as trilhas ecológicas ocorram de maneira adequada como, por exemplo, a distância, a infraestrutura de apoio como bancos ou coberturas para descanso, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1172 venda de água ou sucos, tendo em vista que algumas trilhas são desenvolvidas em ambientes quentes exigindo maior cuidado do indivíduo com o equilíbrio líquido do corpo, entre outros aspectos que devem ser mencionados para que a trilha ocorra demasiadamente bem. De acordo com o Manual de Ecoturismo de Base Comunitária (2003, p.247) As trilhas existentes, principalmente de longa distância, não recebem manutenção adequada, quase todas sofrem o problema de erosão e há pontos críticos com relação à segurança. Surgem não se sabe de onde e frequentemente desaparecem, tomadas pelo mato, devido ao desuso. Algumas ainda apresentam bifurcações que não levam a lugar algum. Some-se a isso a constante ausência de mapas, sinalização e meios interpretativos. Deste modo, apresenta-se vários entraves para que as trilhas possam acontecer em consonância com os parâmetros adequados, não infligindo o meio ambiente e isto pode ser alcançado por meio da capacitação dos guias locais, e de palestras sobre a sensibilidade das áreas visitadas para que assim estes sejam sensibilizados e possam transmitir as informações para os praticantes das atividades relacionadas as trilhas ecológicas. Vale salientar, que é importante analisar o entorno da trilha a vegetação que a compõe, se é uma área com a presença de serras ou outro tipo de relevo, verificando as tipologias de animais existentes como forma de acentuar e preparar a área para visitação. A capacidade de carga da trilha é um item crucial para ser analisado pelo planejador, uma vez que como descrito anteriormente as trilhas são compostas por ecossistemas em muitos casos frágeis que necessitam de análises para que assim se possa idealizar a trilha. Assim, “a capacidade de carga é definida primeiramente para cada trilha ou área de visitação” (WWF, 2001, p.50), ou seja, cada trilha possui suas peculiaridades sendo por meio destas que é possível elaborar o cálculo desta capacidade para que não ultrapasse o número permitido de visitantes. Desta maneira, verifica-se a importância da atuação do planejamento para que as trilhas ecológicas possam acontecer de maneira adequada, trazendo assim benefícios para a população local uma vez que as trilhas podem ser Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1173 trabalhadas e comercializadas, tornando-se então um importante produto turístico do lugar, diversificando as atividades relacionadas ao turismo já desenvolvidas no município. 3. As trilhas como forma de diversificação do produto turistico É perceptível que o turismo é uma atividade cada vez mais crescente gerando renda para as localidades onde é desenvolvido. Na região do Seridó o turismo vem ganhando espaço como uma atividade que contribui na renda familiar, com os serviços de guia de turismo, venda de souvenirs, doces, pousadas, hotéis entre outros que são necessários para que a atividade turística possa se desenvolver.Para tanto as trilhas contribuem diretamente neste processo de desenvolvimento turístico, principalmente ao tratar-se da diversificação do produto turístico nas localidades haja vista que por meio destas é possível levar os visitantes a terem o contato com a natureza, bem como entender a importância de conservar os espaços naturais para esta prática. Cabe ressaltar 1174 que de acordo com Silva et al, 2012,p.708 O ambiente por onde passa uma trilha deve apresentar um mínimo de alterações realizadas pelo homem. Aviários, criação de porcos ou áreas de plantio devem ser evitados. No caso de trilhas próximo de riachos, açudes ou rios e fundamental a certificação da qualidade da agua, principalmente, se existe a possibilidade de banho ou travessia. Logo, as trilhas interpretativas não precisam de muito para acontecer em um destino, sendo, portanto, imprescindível que se tenha um espaço natural com pouca ou nenhuma alteração humana, e que mesmo com a atividade turística no local a fauna e a flora sejam permanentemente conservadas, para que assim não haja danos ao ecossistema. Vale salientar, que para realizar qualquer tipo de trilha é preciso analisar aspectos como se existe algum tipo de infraestrutura de apoio ao turista como, por exemplo, uma cobertura simples com água ou frutas, analisando-se ainda os equipamentos de segurança necessários para realizar a trilha, e o público de cada trilha uma vez que nem todos os tipos de trilhas se adequam ao turista que deseja realiza-la, por Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 exemplo, trilhas muito extensa não são recomendadas para crianças, adultos com alguma limitação e idosos, pois algumas trilhas são extensas e consequentemente exigem um pouco mais de esforço físico dos praticantes. Entretanto, conforme aborda Silva et al, 2012,p.709 A preparação de uma trilha deve levar em consideração alguns fatores na hora da confecção das mesmas: segurança, conforto, redução do impacto ambiental e instalação de equipamentos necessários para cada tipo de trilha e publico alvo. Desse modo, as trilhas se forem utilizadas de maneira adequada poderão tornar-se um produto turístico competitivo em relação a outros destinos, uma vez que se bem planejada poderá trazer benefícios tanto para o ambiente natural a qual está ligada, como para comunidade local que começam a ver nas trilhas uma oportunidade de usufruir da natureza de maneira sustentável, conseguindo assim um novo recurso financeiro a partir da divulgação e comercialização de tais trilhas. 4. Metodologia Para este trabalho foi utilizada a metodologia “Indicadores de Atratividade e Pontos Interpretativos (IAPI)”, que permite caracterizar a trilha e identificar sua potencialidade para fins de visitação turística, as visitas de campo foram necessárias para que se pudesse realizar o trajeto que o turista faz para chegar ao Vale Vulcânico, bem como porque possibilitou conhecer o entorno da trilha. Já a pesquisa bibliográfica em livros, sites e artigos científicos, possibilitaram a construção do embasamento teórico presente nesta pesquisa, e a relação teórico-prática do tema abordado neste artigo. 4.1 Caracterização da área de estudo O município de Cerro Corá/RN fica a 180 km de distância em relação à capital do Estado Natal, tendo em sua população 10.916 hab.(IBGE, 2012). O Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1175 povoamento de Cerro Corá/RN se deu quando os índios Canindés e Janduís, os primeiros habitantes da localidade, começaram uma sublevação no final do século XVII, e uma expedição dirigiu-se à região com o objetivo de reprimir o levante. Mas os grupos de povoamento só chegaram à localidade com a fixação de colonizadores, apenas no século seguinte, dedicados à agricultura e à pecuária (IDEMA-RN, 2008). A área estudada do município, a Serra de Santana localiza-se a sul da Bacia Potiguar, nas porções centro e extremo sudoeste do Estado do Rio Grande do Norte, correspondendo respectivamente às serras de Santana, Portalegre e Martins (figura 1), onde afloram os depósitos mais expressivos da Formação Serra do Martins. 1176 Figura 1 – Serra de Santana. O capeamento sedimentar da Formação Serra do Martins (FSM) nos platôs de Santana, é constituído por arenitos conglomeráticos, arenitos grossos a finos e síltico-argilosos. Na base da Serra de Santana afloram diques diabásicos do Vulcanismo Rio Ceará-Mirim, nas localidades de Trangola e Grota da Fervedeira. Mais a nordeste e sudeste da Serra de Santana também afloram plugs vulcânicos, correlacionados por Fortes (1987) ao vulcanismo miocênico da Bacia Potiguar (basaltos do Vulcanismo Macau, datado entre 29 e 45 Ma; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Mizusaki, 1987; apud Araripe e Feijó 1994). No Riacho da Pedreira, porção sudeste da Serra de Santana esses corpos basálticos afloram como paredões do riacho, em altitudes próximas às cotas da interface embasamento/sedimento (550 a 600 m). Desagregações filonianas (disjunções colunares) subhorizontais e, localmente, seu contato intrusivo com xistos da Formação Seridó, também são observados em uma porção topograficamente inferior no riacho (cerca de 550 m de altitude). Na serra de Santana, o relevo em chapada, caracterizado pelo topo tipicamente tabular, é definido a partir das curvas de nível 600 a 650 m, atingindo altitudes entre 700 e 750 m (figuras). Nesses platôs as cotas mais elevadas se concentram preferencialmente na porção sul, atingindo 739 m na porção sudoeste da Serra de Santana. A diferença de relevo entre as bordas norte e sul da referida serra evidencia um basculamento da mesma para norte também corroborado pela diferença de cotas do embasamento cristalino sotoposto, entre as porções norte e sul dos platôs. No platô de Santana essa interface é observada a partir da curva de nível 600 m. Nas cotas entre 300 e 600 m as feições mais características são os inselbergs..constituídos pelas litologias do embasamento cristalino, principalmente pelos granitos. Na base da serra de Santana, o relevo é definido por uma superfície arrasada a ondulada, cujas cotas variam entre 80 e 300 m de altitude. Nestas cotas afloram metassedimentos do Grupo Seridó e migmatitos do Complexo Caicó. Sobre essa superfície arrasada são encontrados os maiores trechos das drenagens, que em geral têm suas nascentes na interface "embasamento cristalino/rochas sedimentares. No platô de Santana as drenagens fluem de forma radialcentrífuga. 5. Resultados e discussão A partir do embasamento teórico deste trabalho e da pesquisa de campo foi possível analisar que o município de Cerro Corá/RN dispõe de relevante potencial turístico, e que se bem planejado o turismo pode ser uma atividade Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1177 capaz de agregar valor ao lugar. Além disso, identificou-se que a trilha do Vale Vulcânico tem forma circular, ou seja, é possível fazer o trajeto da trilha por caminhos diferentes levando ao visitante a opção de voltar pelo mesmo caminho, ou seguir outro diferente sendo que ambos dão acesso ao Vale Vulcânico. Quanto a distância da trilha a mesma é média e seu grau de dificuldade é difícil haja vista que o caminho é composto de pedras e descidas que exigem do visitante agilidade e paciência para realizá-la (figura 2). 1178 figura 2 Para tanto, os atrativos naturais que podem ser encontrados na trilha do Vale Vulcânico são animais e uma bonita paisagem. Dentre suas principais características pode-se destacar a vegetação nativa da Caatinga, esta pouco degradada com árvores de médio e pequeno porte, sendo que as principais são a Caatingueira, Mameleiro, Pereiro e Facheiro, este último em grande quantidade no ambiente. Todavia, encontrou-se ainda animais tais como, pássaros da espécie nativa da Caatinga como a Juriti ave típica de ambientes serranos. Detectou-se também um mirante natural com uma visão geral do Vale Vulcânico e da paisagem que contempla o espaço do Vale. Diante da Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 literatura apresentada e dos comentários anteriormente mencionados, na trilha do Vale Vulcânico detectou-se as seguintes peculiaridades (tabela 1), que mostra as características principais da trilha para que o leitor possa inteirar-se da estrutura da referida trilha. Tabela 1: Características da trilha do Vale Vulcânico Posição: Escala: Estímulo: I = Inferior N = Em 1 = 1° Plano 2 = Médio Plano V = Visual S = Nível S = Superior 3 = Fundo Sonoro T = Tátil Os pesos devem ser multiplicados pela intensidade do atrativo 1 = Presente 2 = Grande Quantidade 3 = Predominância Atrativo PONTOS DE ESTIMULO POSIÇÃO ESCALA PARADA PESO DO INDICADOR Ponto de parada a ser V S T I N S 1 2 3 aplicado Entrada x x x x Alto da Serra x x x x Paredão x x x Saída do Riacho x x x x x x Fonte: Pesquisa de campo, 2013. Encontrou-se ainda rochas típicas de ambientes vulcânicos como o Basalto. Os pontos de parada foram identificados 4 a saber: portão de entrada do Vale Vulcânico em que se tem o estímulo visual pela bela paisagem e sonoro pelo canto dos pássaros, sua posição é superior e sua escala é 1º plano. Outro ponto foi o alto da serra em que se tem o estímulo visual pela paisagem, sonoro, canto das aves e tátil uma vez que a equipe tocou alguma plantas como o Mameleiro e a Caatinga para sentir o odor destas, sua posição é superior e sua escala é 1º plano. O paredão foi outro ponto destacado em que se teve o estímulo visual, relevante beleza cênica da paisagem e o sonoro vários pássaros cantando, sua posição também é superior e a escala é 1º Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1179 plano. O último ponto foi a saída do riacho que tem sua escala em médio plano, os estímulos presentes são o visual pela paisagem bonita e o sonoro barulho das árvores e dos pássaros. Assim, percebe-se que a trilha do Vale Vulcânico no município de Cerro Corá/RN dispõe de peculiaridades que a tornam diferenciada dos outros atrativos do município e que se bem planejada e divulgada, poderá receber ainda mais visitantes para apreciar da paisagem e contemplar a natureza presente na trilha. 6. Considerações finais Com a realização deste estudo pode-se perceber que o município de Cerro Corá/RN dispõe de relevante potencial turístico, especialmente no âmbito dos recursos naturais, no entanto, pela falta de planejamento principalmente nos ambientes naturais e uma política pública municipal de incentivo a conservação dos recursos naturais provenientes na localidade estes ambientes não são comercializados. Porém, observou-se que atrativos como o Vale Vulcânico e a trilha existente no mesmo atrai visitantes e estudiosos de diversas localidades, fator este que mostra a importância do referido atrativo para o desenvolvimento turístico do município. Deste modo, a trilha do Vale Vulcânico traz contribuições naturais, históricas e culturais para os visitantes desta, elencando assim mais valor ao atrativo e consequentemente aqueles que trabalham com a atividade turística na localidade como guias locais, agências e outros atores que veem no turismo uma possibilidade de emprego e renda para os destinos. 7. Bibliografia BRASIL. Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte. Municípios: Cerro Corá/RN. Disponível em: <http://www.idema.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/idema/socio_ec Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1180 onomicos/arquivos/Perfil%202008/Cerro%20Cor%C3%A1.pdf> Acesso em 03 set. 2013. 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Uso Recreativo no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha: um exemplo de planejamento e implementação. [Coordenação: Sylvia F. Mitraud]. Brasília: WWF Brasil, 2001. 100p. WWF BRASIL. Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramentas para um planejamento responsável. [Organização: Sylvia Mitraud]. Brasília: WWF Brasil, 2003. 470p. . Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1181 GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e manejo de trilhas TRABALHO DE CAMPO NO CAMINHO DAS ÁGUAS, PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE NOVA IGUAÇU/RJ: PROPOSTA DE ROTEIRO AMBIENTAL E SUBSÍDIO PARA CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL Flávia Lopes Oliveira19 Cristina Maria Alves da Silva20 Nadja Maria Castilho da Costa21 Resumo O trabalho de campo no Ensino Fundamental é uma ferramenta de aprendizado que visa aproximar o indivíduo da realidade, podendo levar a uma visão ambiental mais holística e conscientizadora. O presente artigo tem por objetivo discutir a importância do trabalho de campo como método de ensinoaprendizagem de educação ambiental na Educação Básica, tendo como área de estudo o Caminho das Águas, localizado no Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, RJ. O Caminho das Águas, nome dado por margear o rio Dona Eugênia, é conhecido também como Estrada da Cachoeira, sendo esta a principal via de circulação da Unidade de Conservação. Tal roteiro foi aplicado a uma turma do sexto ano do Ensino Fundamental da Educação Básica de uma escola particular da cidade do Rio de Janeiro no ano de 2011. Inicialmente, foram ministradas aulas teóricas na escola sobre o conteúdo que seria trabalhado no campo e, uma semana depois, foi realizado um trabalho de campo com os alunos no Parque. Os resultados desse trabalho foram avaliados através de observações de campo e de questionários dirigidos aos alunos, e mostraram que a maior parte do alunado que visitou o roteiro interpretativo construiu conhecimento, percebendo o ambiente de forma tanto individual como socializada, o que comprova a relevância do trabalho de campo como um método significativo no processo de aprendizagem do ambiente natural, além de possibilitar a prática turística. Os alunos citaram o contato direto com os elementos da natureza como o principal atrativo, o que segundo eles leva a uma melhor percepção ambiental, podendo contribuir para valoração e conscientização do patrimônio natural. Palavras-chave: Trabalho de Campo; Educação Ambiental; Unidade de Conservação; Roteiro Interpretativo; Turismo Educativo. Resumen Palabras clave: Trabajo de Campo; Educación Ambiental; Unidad de Conservación; Itinerario Interpretativo; Turismo Educativo. 19 E-mail: flavialopes@oi.com.br Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ. 20 E-mail: cristinatalhate@yahoo.com.br Professora Especialista de Geografia, docente da rede pública do Estado do Rio de Janeiro-SEEDUC. 21 E-mail: nadjacastilho@gmail.com Professora Doutora Adjunta do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1182 El trabajo de campo en la Educación Primaria es una herramienta de aprendizaje que pretende acercar al individuo a la realidad y puede dar lugar a una visión más global y a conciencia del medio ambiente. Este artículo tiene como objetivo discutir la importancia del trabajo de campo como método de enseñanza y aprendizaje de la educación ambiental en la Educación Básica, teniendo como campo de estudio del Caminho das Águas, ubicado en el Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, RJ. El Caminho das Águas, cuyo nombre se debe a que sigue el río Dona Eugênia, también conocido como la Estrada da Cachoeira, que es la vía principal de la Unidad de Conservación. Este Itinerario se aplicó a una clase de sexto grado de Educación Básica en una escuela privada de la ciudad de Río de Janeiro, en 2011. Primero, se dieron clases en la escuela sobre el contenido que se trabajaría en el campo y, una semana después, se llevó a cabo el trabajo de campo con los estudiantes en el Parque. Los resultados se evaluaron a través de observaciones de campo y cuestionarios para los estudiantes. Estos demostraron que la mayoría de los estudiantes que visitaron el itinerario interpretativo construyeron conocimiento, percibiendo el medio ambiente desde de la perspectiva individual y social, lo que demuestra la relevancia del trabajo de campo como un método importante en el proceso de aprendizaje del medio natural, además de proporcionar la práctica turística. Los estudiantes dijeron que el contacto directo con los elementos de la naturaleza es la principal atracción, ya que brinda una mejor percepción del medio ambiente, lo que puede contribuir a la valoración y el conocimiento del patrimonio natural. 1. Introdução Atividades realizadas fora do ambiente escolar podem ser excelentes maneiras de aprendizado, à medida que promovem uma maior interação do indivíduo com o objeto de estudo, podendo levar a uma visão ambiental mais holística e integrada. Nesse sentido, temas trabalhados em sala de aula podem ser mais explorados em campo permitindo, assim, despertar um maior interesse, tanto do alunado, quanto do professor. Dentre os assuntos que podem ser estudados em campo estão os relacionados aos ambientes naturais, como: rocha, relevo, clima, hidrografia, flora e fauna; que são ensinados pelos professores da Educação Básica, principalmente, os das disciplinas Geografia, Ciências e Biologia. Os conceitos relacionados aos fatores endógenos e exógenos, transformadores do relevo, começam a ser vistos na Educação Básica, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1183 sobretudo, no sexto ano do Ensino Fundamental. Tais tópicos são extremamente importantes para ampla apreensão do estudante em relação à composição natural do meio ambiente, à medida que, o processo de ensinoaprendizagem pode levar a uma construção do conhecimento, com agregação de significados, valores e postura em relação ao meio. Diante disso, o presente artigo busca discutir a importância do trabalho de campo como uma medida de ação educativa, ambiental e turística, através de experiências no ambiente natural e possível conscientização do meio, tendo como área de estudo o Caminho das Águas, localizado no Parque Natural Municipal (PNM) de Nova Iguaçu, RJ (Figura 1). 1184 Figura 1: Localização da área de estudo. Fonte: modificado pelas autoras de NIMA (2013). PNM de Nova Iguaçu Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 O PNM de Nova Iguaçu (Figura 1) é uma Unidade de Conservação (UC) criada em 05 de junho de 1998 pelo Decreto Municipal nº 6.001. Está localizado na Vertente Iguaçuana da Serra de Madureira do Maciço do Gericinó, na Área de Proteção Ambiental do Gericinó-Mendanha, entre os municípios de Mesquita e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro (PREFEITURA DA CIDADE DE NOVA IGUAÇU, 2000; MELLO, 2008; OLIVEIRA et al., 2010; SILVA et al., 2011). A escolha desta UC para realização da pesquisa deve-se principalmente à existência de feições geológicas e geomorfológicas que denunciam o acontecimento de atividades vulcânicas pretéritas, a exemplo: diques, brechas e poços, o que faz desse Parque ainda mais relevante didática e patrimonialmente. Tais feições vêm sendo discutidas ao longo dos anos (KLEIN; VIEIRA, 1980a/b; KLEIN et al., 1984; MOTOKI et al., 2007; 2008; DRM/RJ, 2013). No intuito de reconhecer como patrimônio natural, áreas interessantes sob o ponto de vista geológico e turístico o Departamento de Recursos Minerais/RJ, criou em 2001 o projeto Caminhos Geológicos que visa transmitir informações científicas à sociedade em linguagem acessível, através de placas explicativas, sendo fixadas no PNM de Nova Iguaçu seis placas interpretativas (MANSUR et al., 2004; GHIZI et al., 2004; DRM/RJ, 2013). De acordo Guimarães (2002), a criação de UCs Nacionais (1930 a 1960) foi o marco dos primórdios da formação do patrimônio natural no Brasil, sendo elas uma forma de conservação do espaço patrimonial. Para fins de convenção foram considerados como patrimônio natural, entre outras, segundo a Art. 2, § 2 o: “As formações geológicas e fisiográficas e as zonas estritamente delimitadas que constituem habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas, com valor universal excepcional do ponto de vista da ciência ou da conservação” (UNESCO, 1972). Posteriormente, a Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio-92 trouxe uma maior complexidade à noção de patrimônio natural, com base na utilização do ambiente de forma sustentável. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1185 Diante disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais ressaltam a importância do trabalho com o tema meio ambiente e patrimônio na contribuição para que os alunos, ao final do Ensino Fundamental, sejam capazes de: “perceber, apreciar e valorizar a diversidade natural e sociocultural, adotando posturas de respeito aos diferentes aspectos e formas do patrimônio natural, étnico e cultural”. (PCN, 1998, p.197). Dentre as atividades que podem ser desenvolvidas, na conscientização ambiental e consequente atribuição de valor patrimonial, estão o trabalho de campo e o turismo educativo, que a partir da visitação podem gerar maior interação entre o indivíduo e o lugar, podendo suscitar, assim, uma educação ambiental mais significativa e por seguinte mais complexa, conscientizadora e conservadora, num processo de construção de uma educação patrimonial22. Trabalho de Campo e Turismo Educativo: Meios de Ensino-Aprendizagem de Educação Ambiental Em tempos de virtualidade, onde as pessoas passam muitas horas na frente de um computador se relacionando com um mundo de forma abstrata, sem tocar, sem sentir cheiros, sem experimentar texturas e temperaturas, sem observar a vida em movimento, práticas escolares, como: trabalho de campo e turismo educativo são atividades que podem conquistar os alunos a participarem de um mundo real e a se relacionarem com o mesmo. Como destaca o naturalista Cornell (1996, p.5), "as crianças entendem e gravam mais na memória os conceitos quando aprendem por meio da experiência direta e pessoal". Além da aprendizagem, as experiências adquiridas no ambiente natural através da inclusão de atividades extraclasse, podem despertar mudanças conceituais, atitudinais e comportamentais em relação ao meio ambiente, atribuindo assim um novo valor ao mesmo e consequente, conservação patrimonial (BENI, 2002; RAYKIL; RAYKIL, 2005; VINHA, 2005; COSTA; COSTA, 2008; GEERDINK; NEIMAN, 2010; MACHADO; COSTA, 2013). Quanto mais cedo os 22 IPHAN-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, definição constante na página http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=15481&retorno=paginaIphan. Acesso em 30/10/2013. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1186 alunos se perceberem como agentes atuantes do meio, maiores serão as chances de se envolverem com este. Diante disso, se torna indispensável que o aluno conheça os objetivos de uma atividade de campo. “O envolvimento emocional também é importante para o bom aproveitamento da atividade” (SCHULZ, 2004, p.60). Neste sentido, o ambiente natural pode proporcionar ao sujeito o estímulo da acuidade perceptiva, e tal contribuir para uma maior cognição e compreensão do meio e dos seus elementos, podendo proporcionar, também, uma visão integrada e sistêmica (OLIVEIRA; MACHADO, 2004; COSTA, et al. 2005; COSTA, 2008; OLIVEIRA, 2013). O corpo físico do alunado agora, fora da sala de aula, em um ambiente aberto, tendo contato direto com o mesmo, participará de todo processo de ensino-aprendizagem, através dos estímulos gerados pelo ambiente por onde passam (SILVA; OLIVEIRA, 2013, p.5). A sensibilização ambiental, e consequentemente a conservação de patrimônios naturais, ganha maior força quando ocorre a realização de visitas no real. Quando o que foi visto na sala de aula, agora em campo, ganha movimento, vida, cores, formas, ângulos, sensações e sentimentos. Os alunos passam a se entender como atores de uma realidade que existe além dos livros. São necessários espaços físicos [...], aulas fora da classe, em outros espaços da escola, do campo e da cidade. Porque o bosque, o museu, o rio, o lago [...], bem aproveitados, convertem-se em excelentes cenários de aprendizagem (CARBONELL, 2002, p.88). Neste caminho, o professor tem papel fundamental, pois ele poderá despertar este pensamento no alunado. Segundo Freire (1996, p.26), não basta apenas “ensinar os conteúdos, mas também ensinar a pensar certo”. Diante disso, se a conservação do patrimônio natural não for relevante para o professor, tendo como o trabalho de campo e/ou turismo educativo uma prática essencial para o desenvolvimento de uma consciência ambiental, poucos serão aqueles alunos que assumirão um compromisso com o ambiente. Cabe lembrar que o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1187 professor não tem a função de repassar informações, como uma educação bancária. Não deve apenas “transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p.26). O professor ao alimentar uma observação reflexiva da realidade, dos fatos, dos acontecimentos e do ambiente que cerca o aluno, estará levando o mesmo a pensar, permitindo assim que esse comportamento se torne parte do seu processo de produção/construção do conhecimento (SILVA, 2011, p.20). Desta forma, se torna imprescindível o conhecimento prévio pelo professor/guia de onde será realizada a atividade de campo, com a elaboração de um roteiro didático para a mesma e seleção dos pontos interpretativos que serão vistos, como também das informações que serão trabalhadas, de acordo com os objetivos traçados. Porém, tal seleção não pode impedir o despertar de novos conhecimentos no ato da atividade, uma vez que a mesma é realizada em um ambiente real e dinâmico. 2. Metodologia No dia 30 de agosto de 2011 foi realizada uma aula/trabalho23 de campo com 56 alunos, de 11 a 14 anos de idade, matriculados por ocasião do campo em duas turmas do sexto ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede particular de ensino, localizada no município do Rio de Janeiro, RJ. Inicialmente, foram ministradas aulas teóricas na escola sobre o conteúdo que seria trabalhado no campo e, uma semana depois, foi realizada uma aula de campo no PNM de Nova Iguaçu. Para a aula/trabalho de campo foi elaborado um roteiro didático ambiental, que será apresentado no próximo tópico. Os resultados deste artigo foram produzidos através de observações no campo e pela aplicação de questionários junto aos alunos após a aula de campo. Para a 23 Para uma melhor compreensão dos alunos em relação à atividade realizada no PNM de Nova Iguaçu, foi utilizado no questionário o termo aula de campo ao invés de trabalho de campo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1188 análise e discussão foram feitas revisões bibliográficas conceituais, sendo selecionadas para este artigo as seguintes questões: 1a) “Você gostou da aula de campo? ( ) Sim ( ) Não. Em caso afirmativo, do que mais gostou? Por quê?” 2a) “O que você aprendeu na aula de campo?” 3a) “Você acredita aprender melhor na aula de campo ( ) ou em sala de aula ( )? Por quê?” Roteiro Didático Ambiental Para esse roteiro foram selecionados três pontos com atrativos do patrimônio geológico do PNM de Nova Iguaçu (Figura 2). Tais são passíveis de serem identificadas pelo alunado, são de fácil acesso e tiveram como base bibliográfica: Oliveira et al. (2010); Silva et al. (2011); Oliveira (2013) as interpretações feitas por Motoki et al. (2007; 2008), e a pela equipe do Projeto Caminhos Geológicos do DRM/RJ (2013). Ponto 1 - Pedreira desativada São José:  Acesso: após a guarita de entrada do Parque, siga até a bifurcação da Estrada da Cachoeira, entre à direita e encontrará a pedreira desativada (Figura 3a). Distância aproximada 200 metros.  Roteiro interpretativo: nesta primeira parada o alunado tem oportunidade de observar uma pedreira de brita desativada há mais de 40 anos que era chamada Pedreira São José (Figura 3a). A brita é a rocha quebrada em fragmentos menores, usada principalmente para construção civil. Nesse ponto, as rochas podem ser mostradas, bem como podem ser comentados os aspectos de sua formação, composição, localização e distribuição. Sendo possível também levar os alunos a compreender a transformação da paisagem natural pelas atividades econômicas anteriormente ligadas a sua mineração (ou seja, atividade de extração de substâncias minerais para fins econômicos) e como tal atividade pode impactar o ambiente. Os alunos poderão segurar pedaços de rochas percebendo o seu peso, textura (aspectos da superfície), cor e minerais. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1189 1190  Figura 2 – Pontos do roteiro didático ambiental. Fonte: modificado pelas autoras de MELLO (2008). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1191 Figura 3 - a) Pedreira desativada São José (maio, 2012). b) Sienito da Pedreira desativada São José (agosto, 2011). c) Dique no Poço do Escorrega (agosto, 2011). d)Traço do dique que foi erodido formando o Poço do Escorrega (agosto, 2011). e) Afloramento com traquitos e brechas vulcânicas (agosto, 2011). f) Afloramento com traquitos e brechas vulcânicas (maio, 2012). Fonte: acervo das autoras. A pedreira é composta principalmente pela rocha sienito (Figura3b) que é de origem ígnea plutônica, alcalina (rica em sódio e potássio), de coloração cinza, contendo principalmente os minerais: feldspatos (cinza e brilho de perola) e anfibólios (verde-escuros, quase pretos, que brilham como vidro e máficas – Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 com elementos químicos pesados). As rochas alcalinas são muito raras, mas no Estado do Rio de Janeiro há várias ocorrências deste tipo de rocha. A formação do sienito se dá pela cristalização do magma em profundidade (rochas plutônicas) na câmara magmática. Com a erosão dos materiais superiores, tais são expostas. Quando formadas em diques ou derrames vulcânicos são chamadas de traquitos. Ponto 2 – Poço do Escorrega  Acesso: retorne e prossiga pelo Caminho das Águas por aproximadamente 400 metros. O Poço do Escorrega fica antes da entrada da Sede do PNM de Nova Iguaçu, descendo uma pequena trilha à esquerda.  Roteiro interpretativo: além do poço, neste ponto podem ser observados diques e brechas (Figura 3c). Nele, os alunos terão a oportunidade de entender sobre a formação dos diques e a erosão das rochas; assim observar e tocar em diferentes texturas.  Os diques são estruturas tabulares, facilmente destacados, preenchidos por rochas ígneas intrusivas em outra rocha hospedeira denominada encaixante (aproveitando as zonas de fraquezas, que recebem uma injeção de magma). Os diques quando erodidos pela ação das águas, formam poços (Figura 3d). Nesse caso a rocha encaixante é a brecha. Ela é uma rocha clástica, ou seja, compostas por fragmentos de materiais derivados de outras rochas, tais clastos são de tamanho variável, desde milimétrico até 30 cm de diâmetro, sendo constituídos por traquito e sienito, os maiores tendem a ser arredondados ou semi-arredondados e os menores são angulosos. Os clastos são unidos por um cimento de granulometria mais fina denominada matriz (fluxos de magma). Ponto 3 – Afloramento Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1192  Acesso: prosseguindo pelo Caminho das Águas, após a sede, siga para a travessia do rio Dona Eugênia. Logo após a ponte, o caminho faz uma curva à direita e aproximadamente 100 metros da ponte, na encosta à esquerda, observa-se um afloramento (Figura 3e), em frente a um poste de luz e a placa do Projeto Caminhos Geológicos (DRM/RJ) intitulada: ‘Lavas e brechas vulcânicas’.  Roteiro interpretativo: na terceira parada os alunos poderão olhar e tocar o afloramento (Figura 3f), aprofundando os seus conhecimentos a respeito de diferentes texturas das rochas traquito e brecha, como também observarem rochas que estão em um estado avançado de alteração intempérica (transformação em solo).  Na parte inferior do afloramento observa-se um material mais homogêneo e consistente (traquito). Aproximadamente, 120 cm acima se encontra uma camada de brechas, sendo esta de aspecto mais heterogêneo, e aproximadamente, 100 cm acima, outra camada de traquito. 3. Resultados e discussão No trabalho/aula de campo foi aplicado o roteiro, sendo a análise da aula feita no local pela professora e pela aplicação de questionários junto aos alunos após o campo, as questões avaliaram as contribuições da atividade em uma UC para aprendizagem sobre elementos da Geografia Física em uma perspectiva ambiental. Ao analisar a 1a questão: “Você gostou da aula de campo?”, 89% dos alunos que participaram da aula/trabalho de campo disseram ter gostado e somente 11% (Figura 4) alegaram não ter se agradado devido ao calor, a caminhada e aos colegas que atrapalhavam com bagunça: “Estava muito quente, nem consegui prestar atenção direito” (SFS/ 11 anos/ out., 2011); “Porque estava muito quente, nós andávamos muito com a cabeça quente e os pés doendo” (PS/ 12 anos/ out., 2011); “Porque não deu para entender algumas coisas que a professora falou, por causa de alguns alunos e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1193 porque meu pé ficou doendo” (AFM/ 11 anos/ out., 2011). Porém, para outros alunos a caminhada e as brincadeiras dos colegas se tornaram mais um atrativo para o campo: “Porque tinha um vulcão de muito tempo lá, brincamos e andamos...” (CCBA/ 14 anos/ out., 2011); “A caminhada e as rochas que são enormes” (VPD/ 11 anos/ out., 2011). 1ª “Você gostou da aula de campo? 2ª O que você aprendeu na aula de campo 3ª “Você acredita aprender melhor na aula de campo ou na sala de aula? Figura 4 – Frequência das respostas dos alunos, em porcentagem, em relação ao questionário aplicado. Mesmo para os alunos que justificaram não gostar da aula no campo devido ao calor, houve produção de conhecimento sobre o meio natural, uma vez que, com a percepção das condições climáticas, ocorreu estímulo da acuidade perceptiva sensorial, o que permitiu sentirem e viverem experiências próprias relacionadas ao tempo atmosférico e o clima local de um ambiente natural. Como ressalta Tuan (1983), a experiência é constituída de sentimento e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1194 pensamento. O sentimento humano não é uma sucessão de emoções distintas; mais precisamente a memória e a intuição são capazes de produzir impactos sensoriais no cambiante fluxo da experiência. Dentre as justificativas apresentadas sobre do que mais gostou na aula de campo, as respostas citando elementos fisiográficos foram as mais frequentes, sendo eles: vulcão, rochas, pedreira, rios, poços e vegetação (Figura 5): “De saber que já existiu um vulcão” (AL/ 12 anos/ out., 2011); “Tem muito mato, rochas e muitas coisas legais” (FG/ 12 anos/ out., 2011); “Quando nós fomos à pedreira” (FG/ 12 anos/ out., 2011); “Daquele paredão enorme, muito lindo!” (MAL/ 12 anos/ out., 2011); “Do poço do escorrega” (SAB/ 11 anos/ out., 2011); “Das árvores, eu gostei muito” (AASB/ 13 anos/ out., 2011). 1195 Figura 5: Frequência, em porcentagem, das respostas que citaram os elementos fisiográficos como justificativos sobre do que mais gostou na aula de campo. A observação de tais elementos no real e dentro do contexto próprio contribui segundo Seniciato; Cavassan (2004) para superação da fragmentação do conhecimento e consequentemente melhor compreensão do meio ambiente como um todo, permitindo assim, a sua visão holística e estimulando nos alunos a habilidade de perceber o espaço a partir de referências concretas. Tal Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 perspectiva pode fornecer embasamentos para uma postura mais conservacionista em relação à natureza. Na 2a questão, “O que você aprendeu na aula de campo?”, 52% das respostas dos alunos afirmaram ter aprendido sobre vulcão (seus processos e feições); 23% sobre rochas (seus tipos e formações); 14% sobre a natureza (e sua conservação) e 11% sobre outros aspectos, sendo eles: fauna, flora, pedreira desativada São José, minerais, minérios, estrutura interna da Terra e meio ambiente (Figura 4). As respostas dadas pelos alunos revelam que houve uma aquisição de conhecimento na aula de campo, à medida que, citaram informações visualizadas por eles: “Aprendi que aquele lugar foi uma câmara magmática” (PS/ 12 anos/ out., 2011); “Aprendi sobre o vulcão, minerais, minérios etc.” (BIR/ 12 anos/ out., 2011); “Aprendi que as rochas magmáticas ou ígneas são formadas pelo resfriamento do magma” (BB/ 12 anos/ out., 2011); “Aprendi sobre vulcões, rochas e animais que eu nunca tinha visto na minha vida” (GMS/ 13 anos/ out., 2011); “Que muitos animais vivem ali e que não podemos desmatar” (AASB/ 13 anos/ out., 2011); “Eu aprendi que na aula de campo nós podemos aprender sobre a natureza” (VH/ 12 anos/ out., 2011). Na 3a questão: “Você acredita aprender melhor na aula de campo ou em sala de aula?”, 75% (Figura 4) dos alunos declararam acreditar aprender melhor na aula de campo, com justificativas que remetem aos aspectos lúdicos e emocionais que a aula no ambiente natural proporciona e ao contato direto com o conteúdo que está sendo ensinado. Os demais 25% (Figura 4) do alunado disseram acreditar aprender melhor na sala de aula, principalmente por se concentrarem mais e não precisarem andar: “A turma se concentra mais” (AL/ 12 anos/ out., 2011); “Porque na sala de aula nós sentamos e aprendemos, no campo tem distrações, não que não seja aula, mas se aprende mais em sala de aula” (NGF/ 11 anos/ out., 2011); “Porque na aula de campo cansa muito as pernas e na sala de aula só fica sentado Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1196 prestando atenção” (TFBV/ 12 anos/ out., 2011); “Na aula de campo não tem Sol e não precisamos andar muito, na sala tem teto e ar condicionado” (LPA/ 13 anos/ out., 2011). Ou seja, ao comparar com a sala de aula, o ambiente natural representou, para esses alunos, um lugar de menor conforto e maior dispersão; isso os fez acreditar aprender melhor na sala de aula. Dos 75% dos alunos que acreditaram aprender melhor na aula de campo, 52% (Figura 6) declararam ser por motivos lúdicos e emocionais: legal, divertida, aventureira, socializada, ao ar livre, na natureza, com paisagem, em um ambiente de paz e tranquilidade: “Porque é uma aula diferenciada, mais legal e divertida” (MAL/ 12 anos/ out., 2011); “Porque vemos melhor como as coisas acontecem e nos aventuramos mais” (SAB/ 11 anos/ out., 2011); “Porque lá eu estava com amigos de ambas as turmas” (ML/ 12 anos/ out., 2011); “Porque é uma aula em lugar livre, na natureza. É mil vezes melhor” (QCO/ 13 anos/ out., 2011); “Porque é muito melhor do que ficar na sala. Na aula de campo nos sentimos livres, com um ar gostoso” (KJ/ 11 anos/ out., 2011); “Porque a gente sente o ar natural que é mais fresco, mas eu gosto da sala de aula também” (VPD/ 11 anos/ out., 2011); “Porque tem a paisagem e dá para entender melhor” (KCSN/ 11 anos/ out., 2011); “Porque é um lugar calmo, onde tem lugares que a professora pode nos mostrar coisas interessantes” (JCA/ 11 anos/ out., 2011); “Porque tem mais tranquilidade e o contato com a natureza é ótimo, além de conhecer o que veio para conhecer” (BJS/ 11 anos/ out., 2011); “Porque normalmente a gente vê no livro. Lá a gente sente o prazer de estudar” (AASB/ 12 anos/ out., 2011). Tais justificativas declaradas pelos alunos remetem a sensações vividas na aula de campo, de acordo Vygotsky (2003), sensações motivam as emoções e consequentemente modificam o pensamento. Para o autor, a emoção é um processo de interação entre o organismo e o ambiente, ou seja, as sensações de ansiedade, satisfação, felicidade, que são estimuladas nos ambientes naturais geram um maior investimento de energia pelo indivíduo em relação ao meio, o que pode contribuir para uma maior relação dos alunos com o lugar Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1197 estudado, relação esta que vai estar baseada em conhecimento, valorização, respeito e consequente conscientização ambiental. Figura 6 – Frequência, em porcentagem, das justificativas dadas pelos alunos que acreditam aprender melhor na aula de campo. E dos 75% dos alunos que acreditaram aprender melhor na aula de campo, 48% (Figura 6) disseram que foi por um contato direto com o conteúdo, como por exemplo: “Porque na aula de campo vemos tudo de pertinho e conseguimos entender melhor” (BDSB/ 11 anos/ out., 2011); “Porque a gente na sala estuda teorias e no campo temos contato com os objetos” (YP/ 11 anos/ out., 2011); “Porque na aula de campo nós vivenciamos o que estamos aprendendo” (FG/ 12 anos/ out., 2011); “Porque na aula de campo nós vemos com os próprios olhos o que a professora diz” (BB/ 12 anos/ out., 2011); “Porque você está mais perto do que está aprendendo” (CLAO/ 11 anos/ out., 2011); “Com o espaço livre e mais coisas reais ajudaram mais ao aprendizado” (DC/ 11 anos/ out., 2011); “Porque vemos os objetos e estudamos sobre eles pessoalmente, ficando mais divertido e mais fácil para aprender” (VH/ 12 anos/ out., 2011); “Porque a gente aprendeu com a professora e via ao ar livre e a cores” (BFPA/ 11 anos/ out., 2011); “Porque é melhor ver na nossa frente o que Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1198 acontece” (GMS/ 13 anos/ out., 2011). Tais justificativas corroboraram com a ideia de que a atividade em campo contribui para a aprendizagem. 4. Conclusões Diante da sua dinâmica o ambiente real permite sempre um novo olhar sobre o que está sendo aprendido e consequentemente uma nova compreensão, o que poderá suceder respeito e conservação. Essa nova visão ocorre, na medida em que, são acumuladas experiências, e estas por sua vez acontecem quando nos misturamos com o ambiente que nos cerca, sem a pretensão de somente explorá-lo. A análise dos resultados obtidos no presente artigo permitiu constatar que o trabalho/aula de campo é uma prática que promove aproximação real do alunado com o conteúdo aprendido, podendo levar a uma maior sensibilização e conscientização ambiental, à medida que as aulas em ambientes naturais promovem uma relação direta do indivíduo com o meio, contribuindo, assim, para mudanças de significados, valores e postura em relação ao ambiente, ou seja, uma eficaz educação ambiental que poderá cooperar para conservação do ambiente. Desta forma, a pesquisa permite indicar que o trabalho de campo é uma metodologia de educação ambiental que pode oferecer subsídios para proteção e gestão do patrimônio natural, além de possibilitar a prática turística educativa. 5. Bibliografia BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: SENAC. 7 ed. 2002, 516 p. CARBONELL, Jaume. A aventura de inovar: a mudança na escola. Porto Alegre: Artmed. 2002, 120p. CORNELL, Joseph. 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ISBN 978-85-88769-56-4 1202 GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e manejo de trilhas TRILHAS SUBAQUATICAS EM FERNANDO DE NORONHA – PE: A IMPORTÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL RELACIONADA Á GEODIVERSIDADE Jasmine Cardozo Moreira 24 José Martins da Silva Júnior 25 Resumo Palavras-chave: Trilhas subaquáticas; Fernando de Noronha; geodiversidade; interpretação ambiental; O Arquipélago de Fernando de Noronha é considerado por muitos visitantes um dos melhores lugares do mundo para a prática de mergulho livre e autônomo, principalmente pela facilidade de se ter acesso a excelentes pontos de mergulho, com pouco esforço físico, pouco tempo de navegação e pouco perigo na operação. O Arquipélago engloba duas Unidades de Conservação, um Parque Nacional Marinho e uma Área de Proteção Ambiental. Ambas possuem Plano de Manejo e a atividade é regulamentada. Diariamente, na saída das operações realizadas pelas três operadoras de mergulho locais, o ponto de mergulho a ser utilizado depende das condições de mar e da carga de suporte de cada local onde é permitido o mergulho em Fernando de Noronha. Como o mergulho autônomo sem instrutores não é permitido, nos pontos definidos são realizadas trilhas subaquáticas. Apesar de não ter essa formação específica, os instrutores de mergulho acabam realizando o papel de um condutor: normalmente é seguido o mesmo trajeto, há instrutores que lideram e fecham o grupo e a interpretação do ambiente é realizada antes do mergulho. Entretanto, foi observado que nas informações repassadas pelos instrutores comenta-se sobre a biodiversidade e praticamente não há informações relacionadas à geodiversidade. Em Fernando de Noronha, a paisagem subaquática é considerada das mais belas do Brasil. Para preencher essa lacuna existente na interpretação do ambiente, o trabalho teve como objetivo realizar observações in loco e a coleta de informações sobre aspectos relativos à geologia e geomorfologia dos pontos de mergulho. Este trabalho teve o patrocínio da Petrobrás e a metodologia utilizada envolveu consulta a documentos como Planos de Manejo e bibliografia pertinente, e a realização de mergulhos livres e 35 mergulhos autônomos nos pontos em que as condições climáticas permitiram. Como resultados são descritos os pontos utilizados, aspectos relativos á geodiversidade das ilhas e são realizadas propostas visando incrementar a interpretação do ambiente subaquático. Por fim, sabe-se que essa é uma atividade que gera impactos, no caso das trilhas visando a conservação, sejam terrestres ou aquáticas, é importante que o ambiente seja compreendido como um todo. 24 jasmine@uepg.br Docente Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Turismo. 25 rotador@golfinhorotador.org.br Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Centro Mamíferos Aquáticos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1203 Resumen Palabras clave: senderos subacuáticos, Fernando de Noronha , la geodiversidad ; interpretación ambiental ; El archipiélago de Fernando de Noronha es considerado por muchos visitantes uno de los mejores lugares del mundo para la práctica de distintos niveles de buceo , sobre todo la facilidad de tener acceso a los excelentes lugares de buceo , con poco esfuerzo físico , poco tiempo navegando y pequeños en peligro la operación .El archipiélago se compone de dos áreas protegidas, un Parque Nacional y Área Marina de Protección Ambiental. Ambos cuentan con Plan de Manejo y la actividad está regulada . Producción diaria de las operaciones realizadas por los tres operadores de buceo locales , la inmersión a utilizar depende de las condiciones del mar y el soporte de carga de cada lugar en el que se permite el buceo en Fernando de Noronha .Como no se permite el buceo sin instructores , los puntos de ajuste se realizan senderos subacuáticos. A pesar de no tener esa formación, los instructores fin específico de buceo a realizar el papel de un conductor: por lo general se sigue el mismo camino , hay instructores que conducen y cierran el grupo y la interpretación del entorno se realiza antes de la inmersión. Sin embargo , se observó que la información transmitida por los instructores dijo a la biodiversidad y no hay prácticamente ninguna información relacionada con la geodiversidad .Fernando de Noronha , el paisaje bajo el agua es considerada como la más bella de Brasil . Para llenar este vacío en la interpretación del medio ambiente, el trabajo tiene como objetivo realizar observaciones in situ y la recogida de información sobre los aspectos de la geología y geomorfología de la inmersión.Este trabajo ha sido patrocinado por la metodología de los documentos de consulta de este tipo tales como los planes de gestión y de la literatura relevante y Petrobras , y la realización de inmersiones libres y 35 inmersiones de buceo en los puntos en el tiempo permitido.Los resultados se describen como puntos utilizados , aspectos serán geodiversidad de las islas y se realizan propuestas para mejorar la interpretación del entorno submarino . Por último , se sabe que esta es una actividad que genera impactos en el caso de los senderos a promover la conservación , la tierra o el agua , es importante que el medio ambiente se entiende como un conjunto. 1. Introdução Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1204 Fernando de Noronha (FN) é um arquipélago localizado no Nordeste do Brasil, em Pernambuco. É um dos destinos mais consagrados de ecoturismo no país, considerado por muitos visitantes um dos melhores lugares do mundo para a prática de mergulho livre e autônomo. O Arquipélago engloba duas Unidades de Conservação, um Parque Nacional Marinho e uma Área de Proteção Ambiental. Ambas possuem Plano de Manejo e a atividade do mergulho segue a regulamentação e diretrizes do ICMBio. Como o mergulho autônomo sem instrutores não é permitido, nos pontos definidos são realizadas trilhas subaquáticas. Apesar de não ter essa formação específica, os mergulhadores que lideram o grupo acabam realizando o papel de um condutor: normalmente é seguido o mesmo trajeto, há mergulhadores que lideram e fecham o grupo e a interpretação do ambiente é realizada antes do mergulho. Entretanto, foi observado que biodiversidade nas e informações praticamente não repassadas há comenta-se informações sobre a relacionadas à geodiversidade. Em FN a paisagem subaquática também é considerada das mais belas do Brasil. Segundo Silva-Jr (2010), da costa para o fundo tem primeiro uma zona com algas e moluscos em forma de colônia, depois coral-de-fogo e coral-mole e, por fim, os corais tipo cérebro, estando os menores mais no raso e os maiores mais no fundo. Para preencher essa lacuna existente na interpretação do ambiente, o trabalho teve como objetivo realizar observações in loco e a coleta de informações sobre aspectos relativos à geologia e geomorfologia dos pontos de mergulho, no sentido de elaborar um quadro e auxiliar nessa interpretação. 2. Metodologia Para a realização deste trabalho foram realizadas consultas a documentos como Planos de Manejo e bibliografia pertinente e foram coletadas informações sobre aspectos básicos relativos à geologia e geomorfologia do arquipélago, bem como mergulhos livres e autônomos. Deste modo, com o apoio das operadoras de mergulho locais, foram feitos 35 mergulhos autônomos nos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1205 pontos em que as condições climáticas permitiram. Muitos deles não puderam ser visitados e assim a informação é descrita com base em bibliografia. Figura 01: Pontos de mergulho autônomo em FN. Fonte: Atlantis Divers (2006). Como resultados são descritos os pontos visitados, aspectos relativos á geodiversidade e é apresentado um quadro incluindo os pontos de mergulho livre (em que a atividade é permitida) e os pontos de mergulho autônomo são os apresentados na Figura 01. O quadro engloba a formação geológica a que pertence, características, em qual UC está localizado e quais os tipos de mergulho realizados. Cabe ressaltar que há outros pontos de mergulho em FN, que não estão no mapa e não foram visitados devido às condições climáticas. 3. Resultados e Discussão 3.1 Aspectos geológicos e geomorfológicos de Fernando de Noronha O Arquipélago de FN é formado pela ilha principal, Fernando de Noronha, e as ilhas secundárias, Cuscuz, Rasa, São Jose, Sela Ginete, do Meio e Rata. No chamado mar de dentro há as ilhas Morro de Fora (ou Ilha da Conceição), e os Dois Irmãos. No mar de fora há a Ilha do Morro do Leão, Viuvinha, Chapéu do Sueste, Cabeluda, dos Ovos e do Frade. Pelo fato de ser uma montanha submersa, participando de um alinhamento de montes vulcânicos submarinos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1206 que compõem a Cadeia de Fernando de Noronha, orientada a E-W, na zona de fratura que possui o mesmo nome, e devido ao rebaixamento do nível do mar em até aproximadamente 100 metros, ocasionado pelas glaciações que ocorreram no período quaternário, isso fez com que a plataforma marinha fosse esculpida com cerca de 20 km de diâmetro, rodeando todo o arquipélago, em uma profundidade aproximada de 100 metros (IBAMA et al, 2005). Segundo Almeida (2002) FN é um arquipélago em que se expõem rochas vulcânicas de idades miocênica e pliocênica. São rochas piroclásticas, penetradas por grande variedade de magmáticas alcalinas que, após um longo período de tempo, foram recobertas por novos derrames de rochas ultrabásicas nefelinícas (ankaratritos) e seus piroclastos. Como sedimentos ocorrem nas ilhas reduzidos depósitos litorâneos, marinhos e eólicos, pertencentes ao ciclo atual e a outros, do Quaternário. Pelo fato de estar localizado ao longo de estruturas alinhadas de diversos montes vulcânicos submarinos e altos fundos do pavimento oceânico, esses montes, originados pela atividade de um hot spot, estendem-se até próximo à costa do Ceará. Em FN os dois últimos ciclos de vulcanismo ocorreram no intervalo de dez milhões de anos, produzindo alem das rochas piroclásticas, derrames, diques e plugs (TEIXEIRA et al, 2003). As unidades litológicas de FN enquadram-se em dois grandes grupos de 1a ordem, de acordo com sua origem, que correspondem ao das rochas vulcânicas (Formação Remédios e Formação Quixaba,) e ao das rochas sedimentares (Arenito das Caracas): * Formação Remédios: Esta Formação, segundo Almeida (1955), é a mais antiga do Arquipélago, corresponde à atividade vulcânica ocorrida há mais de 12 milhões de anos. São fragmentos de diversos tamanhos, onde destacam-se rochas fonolíticas, traquíticas e essexíticas. De acordo com o Plano de Manejo da APA (IBAMA et al, 2005), são rochas eruptivas alcalinas e material piroclástico encaixante. Esse material piroclástico é formado por aglomerados, brechas e tufos vulcânicos, contendo também lapillis e bombas vulcânicas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1207 Essa Formação apresenta também rochas intrusivas alcalinas, representadas por fonolitos porfíricos e afíricos, como o Morro do Pico. FIGURA 1- Rocha da Formação Quixaba que apresenta decomposição esferoidal (a) e ao lado o Arenito Caracas próximo a Ilha do Meio (b). - Formação Quixaba: Após a Formação Remédios, houve um longo período erosivo. Só entre 3,3 e 1,7 milhões de anos atrás é que ocorreu uma nova atividade magmática, as lavas ankaratríticas da Formação Quixaba. Como houve esse grande período erosivo, essas lavas se assentaram em superfícies irregulares, preenchendo diversas depressões e apresentando espessuras variadas (de poucos centímetros a mais de 40 metros). As rochas efusivas (que vem em estado de fusão até a superficie) pertencentes à Formação Quixaba têm aparência de rocha negra, grande uniformidade textural e mineralógica, e granulação muito fina (IBAMA et al, 2005) (Figura 01-A). Almeida (1955), conclui que esta Formação é um empilhamento de negros derrames de lava ankaratrítica alternados com piroclastos de componentes da própria lava. As rochas piroclásticas (material de origem vulcânica lançada na atmosfera nas erupções) são tufos, tufo-brechas, lapilli-tufos e aglomerados, constituídos de componentes provenientes dos derrames. - Formação Caracas: Nesta formação, os depósitos sedimentares são resultantes de processos pleistocênicos e modernos, envolvendo o Arenito das Caracas (ou calcarenito Caracas). São sedimentos com coloração bege clara ou cinzenta, com textura arenosa granular fina e estratificação cruzada. São antigas dunas móveis e os grãos de areia são constituídos por restos de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1208 organismos marinhos, principalmente algas calcárias e também minerais essenciais das rochas vulcânicas. Entre esses grãos encontra-se a calcita microcristalina, que serve como um cimento, dando consistência aos arenitos (IBAMA et al, 2005; Almeida, 2002). (Figura 01-B) 1209 Figura 2 - Mapa geológico de FN, simplificado a partir de Almeida (1955). Em vermelho estão destacados geossítios que integram a proposta do Geoparque Fernando de Noronha. Fonte: Wildner & Ferreira, 2012. As diversas ilhas do arquipélago possuem aspectos diferentes conforme a sua constituição geológica. Muitos dos pontos de mergulho são próximos a essas ilhas e sem dúvida a sua constituição auxilia na beleza do ponto em relação aos aspectos geológicos. Segundo Almeida (2002), as ilhas fonoliticas são a Ilha do Frade, Sela Ginete e Cabeluda e apresentam-se como picos destacados. Já as de derrames de lava são tabulares, como é o caso da Ilha Rata e São José, ou são rochedos escarpados, como os Dois Irmãos. E por fim, as ilhas formadas por calcarenitos (Arenito Caracas) são baixas e de relevo tabular (Ilhas do Meio e Rasa) (Figura 02). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 3.2 A atividade de Mergulho em FN: Trilhas subaquáticas e aspectos geológicos O sistema de ingresso no Parque Nacional FN foi concessionado e agora os serviços são de responsabilidade da empresa Econoronha. Deste modo, o acesso para algumas praias onde são realizados mergulhos é restrito, deve-se apresentar o ingresso nos PICs (Posto de Informação e Controle) na Praia do Sueste e na Praia do Sancho. No PIC Sueste é disponibilizado equipamento de mergulho livre para locação, e estão disponíveis serviços de condutores especializados. No porto, no embarque para a realização do mergulho autônomo, o controle também é realizado. Em 2009, foi realizado um trabalho por Luiz Júnior, em que são feitas recomendações para as atividades de mergulho em FN. Para este autor, o guia de mergulho é uma estratégia eficaz para diminuir o impacto físico dos mergulhadores com o recife e portanto é recomendado que em FN todos os mergulhos sejam guiados e supervisionados por guias locais. É feita uma recomendação em relação ao tamanho do grupo considerado ideal, sendo de doze visitantes por grupo mais três condutores de mergulho, respeitando uma razão um condutor para cada quatro visitantes. De qualquer modo, cabe destacar que a interpretação do ambiente deve ocorrer tanto em trilhas terrestres quanto em trilhas subaquáticas. Em ambos os casos é importante que a informação repassada seja correta. Em FN o mergulho livre é uma das atividades mais realizadas. É necessário uma máscara de mergulho, um snorkel, nadadeiras e em alguns casos coletes salva-vidas, que podem ser alugados. Já o mergulho autônomo é uma atividade que se caracteriza pela fato da fonte de ar estar junto com o mergulhador. Para tanto são utilizados equipamentos como cilindro, colete e regulador. São diversos os locais onde o mergulho livre e autônomo pode ser praticado no Arquipélago, em áreas tanto do PN quanto da APA. Há três operadoras de mergulho autônomo autorizadas a realizar operações na área Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1210 do Parque Nacional Marinho de FN (onde são realizadas a maioria das saídas) e na área da APA (mergulhos no Morro de Fora). Todas são autorizadas pelo ICMBio, obedecem a padrões técnicos internacionais, e oferecem serviços de filmagem e fotografia submarina. Deste modo, são apresentadas as características dos pontos abaixo. 3.2.1 Baía de Santo Antônio : Em uma parte da enseada desta praia existem paredões ankaratriticos e calcários marinhos afloram sob a forma de pequena mancha nesta área. São camadas delgadas assentadas sobre uma base irregular de lavas e rochas piroclásticas, acumulando no máximo 6 metros de espessura. Sua estratificação horizontal é planoparalela e está bem consolidada por forte cimento calcário. A coloração é creme, podendo ser também avermelhada e correspondem a registros de deposição subaquática, marinha. O fundo observado nessa área em boa parte é arenoso e os seixos encontrados são fortemente cimentados. No Porto está localizado um naufrágio, que apresenta as caldeiras e o túnel do eixo, entre profundidades de 1 a 7 metros.Nesta área é melhor mergulhar durante a maré cheia ou quando ela está enchendo, para evitar as águas turvas que vêm de dentro dos molhes quando a maré está secando. 3.2.2 Ilha do Morro de Fora: Nesta ilha fonolitica observam-se muitos fragmentos rochosos, dos mais variados tamanhos. Há diversas passagens pelos grandes matacões desagregados, rochas intrusivas alcalinas, caracterizadas por fonolitos provindos de atividades magmáticas com aproximadamente nove milhões de anos. Recomenda-se contornar a ilha, saindo da Praia do Meio e chegando à Praia da Conceição. Esta área também é utilizada para mergulho autônomo e neste caso a trilha feita pelos mergulhadores costeia o Morro no seu lado esquerdo (Praia da Conceição) quando é um batismo e ao redor de todo o Morro quando é um mergulho para credenciados. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1211 3.2.3 Baía dos Porcos: Nesta Baía são observadas lavas ankaratriticas da Formação Quixaba, com intercalação piroclástica (CORDANI et al, 2003). É uma baía bem fechada, com águas tranqüilas e grande visibilidade para a prática do mergulho livre. Próximo à falésia podem ser observados os depósitos de talude, originados pela queda de grandes massas de lava fraturada por juntas colunares. 3.2.4 Baía do Sancho: Considerada uma das praias mais bonitas do Brasil, possui em sua extensão um penhasco de basanito de aproximadamente 50 metros de altura. O acesso é feito por mar ou por uma fenda na rocha, por onde se desce com o auxilio de escadas de ferro. O aglomerado mais próximo à praia, com profundidade de até 5 metros, é o mais indicado para o mergulho livre. 3.2.5 Baía do Sueste: Aqui estão reunidas todas as formações do arquipélago, podendo-se observar o contraste geomorfológico entre elas. A esquerda está a Formação Remédios, evidenciada pelos morros de fonolitos e traquitos, circundada por rochas piroclásticas intemperizadas já erodidas, a Ilha Sela Gineta (fonolitica), e alguns diques. Do lado direito (onde os mergulhos são permitidos) está a Formação Quixaba, suas lavas ankaratriticas, paredões negros e colunares. Já na Ilha Chapéu do Sueste podem ser observados os calcarenitos da Formação Caracas. No Sueste os seixos estão no lado esquerdo da praia, há dunas e um manguezal. Na época de chuva, (normalmente de março a julho), a pressão das águas abre o canal de ligação do Mangue do Sueste com o mar e a água pode ficar turva. O Sueste é melhor para a prática do mergulho livre durante a maré cheia. 3.2.6 Praia do Atalaia: A praia tem esse nome por causa da ilha do Frade à sua frente, um domo fonolítico da formação Remédios. Para os pioneiros, esta ilha era semelhante a um monge ajoelhado fazendo sentinela (atalaia).No lado esquerdo há o contato entre as formações Remédios e Quixaba, e na parte emersa um pequeno trecho de areia e a predominância de seixos. A Formação Remédios predomina, sendo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1212 observada na maré baixa nos diques. No canto direito da praia, há blocos da Formação Caracas, com estratificação cruzada e que possuem idade entre 42.000 e 28.000 anos atrás (ALMEIDA, 1955).Há fiscalização por parte do ICMBio e limitação no número de pessoas ao mesmo tempo na área da piscina natural. 3.2.7 Ilha Rata: A Ilha Rata é de origem basáltica, caracterizada por derrames de lava tabulares da Formação Quixaba. É uma plataforma ankaratritica parcialmente coberta por sedimentos modernos. Possui calcarenitos da Formação Caracas e depósitos de fosfatos de cálcio, que tem sua origem nos excrementos de aves marinhas. Nesta Ilha, a segunda maior do arquipélago, há diversos pontos de mergulho. No Buraco do Inferno há muitos fragmentos rochosos rolados, grandes matacões e uma pequena gruta marinha, de aproximadamente sete metros de extensão e quatro de altura, originária da ação erosiva. Em seu teto forma-se uma bolha de ar, sendo possível respirar sem regulador. Apesar do nome este é um local de grande visibilidade que possibilita um mergulho em profundidade de até 25 metros. Já a Ressurreta, em sua área emersa, apresenta calcarenitos em desagregação, alguns já caídos enquanto outros vem sofrendo a ação do solapamento das ondas. O mergulho é realizado na margem norte do canal entre a Ilha Rata e a Ilha do Meio, numa enseada abrigada, principal passagem do Mar de Fora para o Mar de Dentro. A ação da corrente na encosta da Ilha Rata cavou pequenas grutas e também é possível observar entulhos de construções, como telhas, tijolos, escada, tambores e até grandes blocos construídos (conhecido entre os mergulhadores como “Pedra Quadrada”), denotando a antiga ocupação humana na Ilha Rata. Na área da Ressurreta são realizados batismos, mergulho noturno e mergulho de corrente (drift-dive). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1213 No local conhecido como Cagarras Rasa há fragmentos rochosos angulosos e rolados, de variados tamanhos e um paredão íngreme, com aproximadamente 15 metros de altura. O local é utilizado para mergulhos de batismo e o costão rochoso é propício para a iniciação em mergulhos profundos e em multinível. Em Cagarras Funda, há encostas rochosas abruptas e verticais, originadas dos derrames de lava, que chegam a atingir 35 metros de profundidade. O mergulho é realizado na faixa dos 18 metros, podendo chegar a 30 metros. 3.2.8 Ilha do Meio: A Ilha do Meio é inteiramente constituída por calcarenitos, sendo baixa e de relevo tabular. Sua espessura é de aproximadamente 20 metros e apresenta inclinação para SE, com nítida estratificação cruzada de grande porte e granulometria fina e bem selecionada, indicando características de antigas dunas. Esses grãos estão fortemente cimentados, sendo seus interstícios preenchidos por calcita microcristalina (ALMEIDA, 1955). Neste mergulho são observados esses calcarenitos e seus túneis escavados pelo solapamento das ondas, o que favorece ainda mais o abrigo de espécies como moréias, lagostas e o tubarão-lixa. A profundidade máxima dos mergulhos é de 15 metros. 3.2.9 Laje dos Dois Irmãos: Localiza-se próximo a Praia da Cacimba do Padre, entre profundidades de 15 e 24 metros, sendo um mergulho em boa parte sobre fundo rochoso. São rochas vulcânicas ankaratríticas, com grandes colunas formadas devido ao diaclasamento das rochas, e que demonstram o resfriamento das lavas nessas estruturas em prismas ou colunas, comum em rochas ígneas. 3.2.10 Caverna da Sapata: Na extremidade da ilha, esta é uma gruta marinha, que possui fundo arenoso e está localizada a 15 metros de profundidade com 15 metros de comprimento. Durante o mergulho neste local observa-se o substrato rochoso e também alguns paredões abruptos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1214 com características colunares, além de blocos desagregados. O relevo é acidentado, característico neste caso de derrames de ankaratritos, tufos e brechas vulcânicas. A trilha margeia o costão rochoso interno por aproximadamente cem metros, até chegar-se a entrada da Caverna. 3.2.11 Pedras Secas I e II: Neste ponto de mergulho são observados calcarenitos, com muitas formações pontiagudas, que favoreceram a criação de tuneis, pequenas cavernas e reentrâncias, que tornam este um dos pontos de mergulho mais bonitos do Brasil. A paisagem é diferente e consegue-se observar que as rochas são sedimentares. O nome “Pedras Secas” vem da maneira que os pescadores denominam um local mais raso, para eles, mais seco. 3.2.12 Iuias No caso de Iuias observa-se grandes blocos desagregados, e a trilha subaquática utiliza passagens entre as rochas. Aqui a Formação é a Quixaba. 3.2.13 Ilha do Frade: Este mergulho possui aproximadamente 15 metros de profundidade e é realizado em torno da ilha, da Formação Remédios, fonolitica. Há grandes blocos desagregados. 3.2.14 Buraco das cabras:Neste mergulho podem ser vistos seixos da Formação Quixaba, fundo arenoso no canal, como “cidade e um local conhecido de pedra”. Algumas rochas empilhadas indicam nível do mar mais baixo, o que favoreceu a cimentação entre os seixos dando formas inusitadas a eles. Há também blocos de calcarenitos desagregados, tal como na superficie. Assim, após esta breve descrição, baseando-se nos dados obtidos, tem-se o seguinte quadro: Ponto Formação Caracteristicas Lado UC da Tipo de mergulho ilha 01 Baía de Santo Quixaba Naufrágio Trator MD APA Batismo Básico Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1215 Antonio Derrames ankaratríticos 02 Morro de Remédios Fora Ilha Fonolítica MD APA Matacões Batismo Credencia do 03 Baía dos Quixaba Porcos Derrames MD PN Livre MD PN Livre MF PN Livre ankaratríticos É proibido entrar na piscina no canto esquerdo 04 Baía do Quixaba Sancho Controle através do PIC do Sancho Acessível através dos passeios de barco 05 Baía do Remédios, Controle através do Sueste Quixaba, PIC do Sueste Caracas Tartarugas 1216 Guia Usar colete Mergulho só no lado direito 06 07 Praia da Remédios, Possui RESTRIÇÕES Atalaia Quixaba, Colete Caracas. Horários Quixaba Quixaba Pontal do MF PN Livre Não visitado MD PN Avançado Derrames MD PN Básico Norte 08 Buraco do Inferno 09 Buraco das ankaratríticos Batismo Quixaba Não visitado MF PN Básico Quixaba Derrames MD PN Básico Cabras 11 Cagarras Rasa ankaratríticos Batismo Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 12 Cagarras Quixaba Funda 13 Ressurreta Derrames MD PN Básico MD PN Básico ankaratríticos Caracas Fosfatos organógenos Batismo 14 Ilha do Meio Caracas Arenitos Eólicos MD PN Básico Batismo 15 Laje Dois Quixaba Irmãos 16 Caverna da Derrames MD PN ankaratríticos Quixaba Sapata Derrames Básico / Avançado MD PN Avançado ankaratríticos Caverna submarina 17 Cabeço da Quixaba Não visitado MD PN Avançado Sapata 18 Iuias Quixaba Não visitado MF PN Avançado 19 Cabeço Remédios Não visitado MF PN Avançado Remédios Ilha fonolítica MF PN Básico / Submarino 20 Ilha do Frade 21 Pedras Avançado Caracas Calcarenitos MF PN Avançado Secas Os pontos de mergulho Caieiras, Cabeço das Cordas, Cabeço Submarino, Cordilheiras, Ponta da Macaxeira e 30 réis, não foram visitados em mergulhos devido as condições atmosféricas e a forma de escolha dos pontos que é realizada pelo ICMBio. 4. Conclusão Mergulhos em Unidades de Conservação devem seguir as diretrizes do ICMBio (ICMBio, 2008). Entretanto, nessas diretrizes não há menção sobre a interpretação que pode ser realizada com o auxilio de condutores subaquáticos. O mergulho, assim como outras atividades realizadas em áreas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1217 naturais, é uma atividade que gera impacto negativo. Para evitar alguns desses impactos, no caso das trilhas, sejam terrestres ou aquáticas, é importante que o ambiente seja compreendido e conservado como um todo. Para tanto, é importante que a capacitação dos mergulhadores, que atuam como condutores de trilhas subaquáticas, englobe também os aspectos relativos ao patrimônio geológico de FN. Deste modo, com a realização deste trabalho, buscou-se a compilação de informações em um quadro, a respeito de aspectos básicos que podem ser observados quando se pratica algum tipo de mergulho no arquipélago. Tais informações podem ser repassadas em capacitações a serem feitas com a comunidade, bem como serem disponibilizadas em sites, no sentido de propagar ainda mais esse conhecimento. Ao sensibilizar mergulhadores (visitantes e condutores) para que conheçam mais esse patrimônio geológico, espera-se que a sua importância seja reconhecida e tal patrimônio valorizado como importante para a conservação de FN como um todo. 1218 5. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA,F.F.M. Geologia e petrologia do arquipélago de Fernando de Noronha. DNPM/DGM. Rio de Janeiro. 181 p. 1955. ______. Arquipélago de Fernando de Noronha. In: Schobbenhaus,C.; Campos,D.A.; Queiroz,E.T.; Winge,M.; Berbert-Born,M. (Edit.) Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. DNPM, CPRM e SIGEP, Brasília: DNPM, 2002. ATLANTIS. 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Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1219 GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e manejo de trilhas CAPACITAÇÃO DE CONDUTORES DE VISITANTES DO PARQUE NACIONAL MARINHO DE FERNANDO DE NORONHA EM GEOTURISMO José Martins da Silva Júnior 26 Ricardo Araujo27 Jasmine Cardozo Moreira 28 Resumo Palavras-chave: Capacitação; Geoturismo; Ecoturismo; Fernando de Noronha. O Projeto Golfinho Rotador, patrocinado pela Petrobras, desenvolve desde 1990 ações de pesquisa, educação ambiental e envolvimento comunitário em benefício da conservação dos golfinhos-rotadores, do Arquipélago de Fernando de Noronha e da biodiversidade marinha. O método que o Projeto Golfinho Rotador escolheu para participar com a comunidade na busca do desenvolvimento sustentável de Fernando de Noronha foi a capacitação profissional dos ilhéus em ecoturismo. Em 2012 e 2013, entre outros cursos, foram ministrados quatro cursos do Programa de Capacitação e Formação de Condutores de Visitantes do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (Parnamar-FN) abordando aspectos geológicos com o objetivo de fortalecer o Geoturismo em Fernando de Noronha e capacitar os condutores de visitantes para a interpretação geológica das trilhas do Parnamar-FN. O conteúdo de geologia abordou tópicos como conhecimentos gerais de geologia, vulcanismo e formação e estrutura geológica do Arquipélago. Em 2012 e 2013, entre agentes do turismo e funcionários do Parnamar-FN, foram 239 inscritos, sendo que 158 concluíram os cursos. Cada turma de cada curso teve carga horária de 9 horas. O curso “Geografia Regional” teve 2 turmas, totalizando 91 inscritos, sendo que 67 (74%) foram aprovados. O curso “Ecossistema Marinho de Fernando de Noronha” teve 1 turma, totalizando 60 inscritos, sendo que 51 (85%) foram aprovados. O curso “Ecossistema Terrestre de Fernando de Noronha” teve uma turma, totalizando 50 inscritos, sendo que 15 (30%) foram aprovados. O curso “Ecossistema de Fernando de Noronha” teve 1 turma, totalizando 38 (66%) inscritos, sendo que 25 foram aprovados. O índice de aprovação total dos cursos foi de 66%. A inclusão da temática “geologia” no 26 rotador@golfinhorotador.org.br Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Centro Mamíferos Aquáticos. 27 ricardo.araujo@icmbio.gov.br Parnamar-FN / ICMBio 28 jasmine@uepg.br Docente Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Turismo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1220 Programa de Capacitação e Formação de Condutores de Visitantes do Parnamar-FN, o grande interesse por parte dos condutores sobre o tema e a busca crescente dos visitantes por geoturismo, demonstram que o ParnamarFN está no caminho certo para se tornar uma geoparque. Resumen Palabras-clave: Capacitación; Geoturismo; Ecoturismo; Fernando de Noronha. El Projeto Golfinho Rotador, patrocinado por Petrobras, se desarrolla desde 1990 investigación acciones, educación ambiental y participación comunitaria en beneficio de la conservación de delfines, el archipiélago de Fernando de Noronha y la biodiversidad marina. El método que el proyecto Spinner Dolphin decidió participar con la comunidad en la búsqueda del desarrollo sostenible de Fernando de Noronha fue la cualificación profesional de los isleños en el ecoturismo. En 2012 y 2013, entre otros, cursos fueron impartidos cuatro cursos del programa de formación y capacitación de los conductores de los visitantes de lel Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha Noronha (Parnamar-FN) abordando aspectos geológicos con el objetivo de fortalecer el geoturismo en Fernando de Noronha y conductores de trenes de visitantes para la interpretación geológica de temas de contenido geología se acercó a Parnamar-FN. El contenido de Geología trataron temas como el conocimiento general de la geología, volcanismo y estructura geológica y la formación del archipiélago. En 2012 y 2013, entre agentes de turismo y los empleados de Parnamar FN, se registraron, de cuales 158 239 finalizaron los cursos. Cada clase de cada curso tuvo tiempo de carga de 9:0. El curso "Geografía Regional" tuvo 2 clases, con un total de 91 entradas, y 67 (74%) fueron aprobadas. El curso "Ecosistema Marino de Fernando de Noronha" tuvo 1 clase, totalizando 60 suscriptores, con 51 (85%) fueron aprobado. El curso "ecosistema terrestre de Fernando de Noronha" tuvo una clase, un total de 50 suscriptores, con 15 (30%) fueron aprobados. El curso "ecosistema de Fernando de Noronha" tuvo 1 clase, por un total de 38 (66%) se ha matriculado, 25 de los cuales fueron aprobados. La calificación global de aprobación del 66% de los cursos. La inclusión del tema "Geología" en el programa de capacitación y formación de los conductores de Parnamar FN-visitantes, el gran interés por parte de conductores en el tema y la búsqueda creciente de visitantes de geoturismo, demuestran que el FN Parnamar está en camino de convertirse en un Geoparque. 1. Introdução Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1221 O Arquipélago de Fernando de Noronha (3°51' Sul de latitude e 32°25' Oeste de longitude) está distante 345 km do Cabo de São Roque no Rio Grande do Norte e situa-se na altura da bifurcação da corrente Sul Equatorial, que corre no sentido oeste com águas caracterizadas pela salinidade elevada, pelas baixas concentrações de sedimentos, matéria orgânica, nutrientes e plâncton (IBAMA, 2005), pela alta transparência, com profundidade de extinção da luz de 87 m (COSTA, 1991) e por apresentar temperatura em torno de 27 0C (TEIXEIRA et al., 2003). Fernando de Noronha possui um clima tropical com duas estações pluviométricas bem definidas: período seco, de agosto a fevereiro; e período chuvoso, de março a julho. A precipitação média anual é de 1.300 mm 3, oscilando de 500 mm3 a 2.000 mm3 (TEIXEIRA et al., 2003). A temperatura do ar oscila entre 23,5°C' e 31,5°C' e apresenta amplitude térmica média de 4,1°C'. Predominam os ventos alísios de sudeste e leste (IBAMA, 2005). O Arquipélago é o que resta do alto de um vasto edifício vulcânico, cuja base repousa no assoalho oceânico, a 4.000 metros de profundidade, com as ilhas secundárias elevando-se de uma rasa plataforma com até 5 km de largura (ALMEIDA, 1958). O Arquipélago é constituído por uma ilha principal, Fernando de Noronha, e 17 ilhas secundárias, totalizando uma área de 26 km2 (IBAMA, 2005). A Ilha de Fernando de Noronha possui 17 km 2, distribuídos longitudinalmente na direção sudoeste-nordeste, formando duas faces com 11 km de extensão. A face noroeste, denominada de Mar de Dentro, fica protegida dos ventos predominantes. No Mar de Fora, a face sudeste, o mar é mais agitado. Quase todo o litoral da Ilha é rochoso e escarpado, principalmente na face sudeste e na extremidade oeste da face noroeste (Figura 01). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1222 Figura 01 – Localização do Arquipélago de Fernando de Noronha (adaptada das Cartas Náuticas 50 e 52 da Marinha do Brasil) 1223 As características ambientais de Fernando de Noronha são as esperadas para um arquipélago oceânico tropical, com alto dinamismo e ciclos bem definidos. Fernando de Noronha possui um clima tropical com duas estações pluviométricas bem definidas. O período seco normalmente vai de agosto a janeiro e o período chuvoso corresponde aos meses de fevereiro a julho. Predominam os ventos alísios de sudeste e leste. A direção e a intensidade dos ventos variam de acordo com a estação do ano. Na estação seca, predominam ventos do quadrante sul e com maiores velocidades, e na estação das chuvas, o vento ronda para o quadrante leste e sopra mais fraco. O Arquipélago é o que resta do alto de vasto edifício vulcânico, de longa e complexa história, cuja base repousa a 4000 metros de profundidade no assoalho oceânico. A base desse edifício tem 60 km de diâmetro, no sentido NNE-SSW. As ilhas secundárias ao redor da ilha principal elevam-se de uma Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 rasa plataforma com não mais de 4 ou 5 km de largura, além da qual as profundidades crescem rapidamente, conforme descreveu Almeida (1958). Silva (1992) é quem melhor relata a história de Fernando de Noronha. O primeiro registro oficial do descobrimento do Arquipélago ocorreu em 1502, mas o mesmo permaneceu pouco habitado ou com ocupação de franceses (em 1556, em 1612 e em 1736) e holandeses (de 1629 a 1654). Até que em 1737, Portugal ocupou efetivamente Fernando de Noronha, instalando uma Colônia Correcional e um destacamento militar e iniciando a construção de fortificações, de prédios coloniais e da Igreja Nossa Senhora dos Remédios. Em 1942, foi criado o Território Federal de Fernando de Noronha, que durou até 1988, quando o Arquipélago foi reanexado ao estado de Pernambuco, na categoria de Distrito Estadual. Atualmente, vivem aproximadamente 2 000 pessoas na Ilha de Fernando de Noronha que têm como principal atividade econômica o turismo, sendo que o passeio marítimo para observar os golfinhos é a principal atração turística do Arquipélago. 1224 Em função da situação geográfica, importância ecológica, grau de preservação e grande beleza cênica é que entidades ambientalistas e a comunidade científica nacional e internacional iniciaram, no início da década de oitenta, o movimento para a criação de uma unidade de conservação em Fernando de Noronha, seguindo recomendação do documento Estratégia Mundial para Conservação (IUCN/PNUMA/WWF). A primeira vitória desse movimento foi a criação da área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha (APA-FN) em 1986. Mas, o sucesso do movimento só chegou com o Decreto-Lei N° 96693, de 14/09/88, que cria o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (Parnamar-FN). A área total do Parnamar-FN é de 11.270 hectares, sendo 85% no mar, e os 15% terrestres correspondem a aproximadamente 65% das terras do Arquipélago. Os restantes 35% de terras do Arquipélago estão na Ilha de Fernando de Noronha e constituem a APA-FN. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 O Parnamar-FN tem os seguintes objetivos: proteger amostra representativa dos ecossistemas marinhos e terrestres do Arquipélago; assegurar a preservação de sua fauna, flora e demais recursos naturais; proporcionar oportunidades controladas para a pesquisa científica, educação ambiental e visitação pública; contribuir para a proteção de sítios e estruturas de interesse histórico-cultural. A beleza natural do Arquipélago e o aumento da demanda por ecoturismo em unidades de conservação fizeram com que o número de turistas em Fernando de Noronha aumentasse de 21.315 no ano de 1995, para cerca de 70 mil por ano em 2012. Fernando de Noronha transformou-se em um pólo turístico nacional e internacional. Segundo dados do Controle Migratório da Administração do Distrito Estadual de Fernando de Noronha, cerca de 85% dos turistas que visitaram FN são brasileiros, sendo destes cerca de 65% dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro ou Rio Grande do Sul. O número de turistas estrangeiros vem aumentando ano a ano. Entre as características predominantes do turista estão: nível escolar superior completo, ter entre 31 e 40 anos de idade e possuir renda mensal acima de 40 salários mínimos. O “Ecoturismo” foi a principal motivação da viagem. Embora a legislação de proteção às Unidades de Conservação (UCs) garanta normas que minimizem impactos ambientais em Fernando de Noronha, o Arquipélago vem sofrendo com o incremento do turismo e o crescimento demográfico. A ocupação humana na ilha tem oscilado em quantidade e diversidade cultural desde seu descobrimento oficial, em 10 de agosto de 1503, e com a implementação de grandes meios de hospedagem por empresários de fora da ilha. Ao mesmo tempo em que é negativo o impacto ambiental e social do turismo, a atividade é um forte agente sensibilizador das questões ambientais e principal sustento econômico local. Para cumprir essas duas funções, é fundamental que a visitação seja orientada por condutor consciente e que a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1225 população local seja capacitada para ocupar os postos de serviços criados pelo turismo. O crescimento populacional artificial, por meio do fluxo de pessoas que vêm ocupar os postos de serviços criados pelo incremento do turismo, elevou a população local de 1.500 pessoas em 1988 para cerca de 5000 em 2013, causando graves problemas sociais e ambientais. A carência de capacitação profissional da população local faz com que os ilhéus sejam preteridos em relação às pessoas que vêm do continente, atraídas por esses postos. Tendo a Ilha uma capacidade de suporte limitada, já se assiste hoje a um colapso na ocupação do solo e nos serviços básicos, como fornecimento de água e luz, saneamento e tratamento de lixo. Em 1988, havia no arquipélago apenas um hotel e duas hospedarias domiciliares na ilha, totalizando 120 leitos. Em 2013, eram 106 meios de hospedagem reconhecidos oficialmente pela Administração do Distrito Estadual de Fernando de Noronha, com 551 unidades habitacionais com capacidade de hospedar 1.454 pessoas. Também existiam em 2013, 43 meios de hospedagem informais, com 115 unidades habitacionais e 355 leitos. O Arquipélago é indicado para a visitação de pessoas que desejam ter um contato direto com paisagens naturais. Foram implantadas cinco trilhas terrestres dentro da área do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, que são: Mirante dos Golfinhos - Praia do Sancho, Ponta da Sapata Praia do Leão; Praia da Caieira - Praia da Atalaia; Vila do Trinta - Praia da Atalaia. As caminhadas nessas trilhas só são permitidas acompanhadas por guias autorizados pelo ICMBio. Fora da área do Parque, existem as seguintes trilhas: Jardim Elizabeth (no Sítio Histórico da Vila dos Remédios), a Costa Azul (Praia da Conceição - Praia do Boldró) e a Costa Esmeralda (Forte de São Pedro do Boldró - Cacimba do Padre). A Figura 02 apresenta um mapa com as orientações à visitação turística no Parnamar-FN e na APA-FN Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1226 1227 Figura 02 – Mapa com as orientações à visitação turística no Parnamar-FN e na APA-FN O crescimento do número de meios de hospedagem e de leitos foi aleatório, em função da não existência de marcos legais que controlassem o turismo, o uso do solo e o uso dos imóveis em FN. Ao mesmo tempo em que o impacto ambiental negativo do turismo é evidente, a atividade é um forte agente sensibilizador das questões ambientais e principal sustento econômico local. Mas, para que essa conscientização aconteça, é fundamental que a visitação seja orientada por condutor consciente e capacitado e que haja uma ampla distribuição de informações. A orientação à visitação dos turistas também minimiza o impacto da visitação em si e diminui a frequência de infrações à legislação ambiental. O Parnamar-FN vem exigindo o cumprimento da Instrução Normativa do ICMBio Nº 8/2008, que determina que os condutores de visitantes dentro de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Unidades de Conservação (UC) tenham que ser credenciados pela UC, após realizarem cursos específicos de formação. Em 2012, o Centro Golfinho Rotador, em parceria com a Base Avançada do Centro Mamíferos Aquáticos (CMA-FN) e o Parnamar-FN realizaram um programa de formação de condutores terrestres de visitantes, capacitando 80 ilhéus para exercerem esta atividade. Desde 1990, o Projeto Golfinho Rotador desenvolve atividades de pesquisa sobre a ecologia comportamental dos golfinhos-rotadores e atividades de educação ambiental e envolvimento comunitário em Fernando de Noronha. Um dos sub-programas do Envolvimento Comunitário é o de Capacitação Profissional, que tem como público alvo os jovens noronhenses e objetiva combater dois graves problemas socioambientais de Fernando de Noronha: a falta de perspectiva profissional, e consequentemente econômica, dos jovens ilhéus, e o crescimento demográfico artificial decorrente da migração de pessoas do continente. Este programa tem como “efeito colateral” minimizar a ação de dois grandes problemas que atingem a juventude brasileira, prostituição infantil e drogas. Em 2007 no PNMFN foi oferecido um Curso de condutor específico em Geoturismo em que participaram adolescentes e condutores de visitantes cadastrados pelo ICMBio. O curso também foi organizado pelo Projeto Golfinho Rotador e patrocínio pelo Ministério do Turismo/ Fundação Banco do Brasil e Petrobrás. A linguagem utilizada foi a mais acessível possível, no sentido de facilitar a compreensão e os temas tratados envolveram aspectos geológicos e geomorfológicos da UC, geoturismo e envolvimento com a comunidade, além de noções sobre a interpretação do ambiente em trilhas, posturas profissionais e recomendações aos condutores (MOREIRA & BIGARELLA, 2008). 2. Metodologia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1228 Os cursos profissionalizantes em ecoturismo foram ministrados para os moradores “permanentes” de Fernando de Noronha e seus cônjuges. O Estado de Pernambuco define como moradores “permanentes” aqueles que são: nascido em Fernando de Noronha (noronhenses), filhos de noronhenses, casados com noronhenses ou moradores de Fernando de Noronha há mais de 15 anos. Esse critério de seleção de alunos deve-se ao fato de que o objetivo principal do sub-programa Capacitação Profissional é priorizar a inserção no mercado de turismo dos moradores permanentes, minimizando com isso o inchaço populacional por migração para a Ilha e a falta de perspectiva profissional e econômica dos ilhéus, fatos que levam ao aumento do uso de drogas e à prostituição infantil. Outro critério de seleção é o de que, para todos os cursos, os alunos têm que ter mais de 16 anos completos. A escolha dos cursos para serem executados nesta proposta se deu em função de uma pesquisa realizada com os jovens noronhenses e com empresários, entre os apontamentos se destacaram os cursos de conversação em inglês e Guia de Turismo Regional. Os demais cursos (8) foram selecionados em função das diretrizes da Instrução Normativa (IN) do ICMBio Nº 8/2008, que estabelece normas e procedimentos para a prestação de serviços vinculados à visitação e ao turismo em Unidades de Conservação Federais por condutores de visitantes. Por esta IN, para conduzir visitantes em unidades de conservação os profissionais tem que ter conhecimento sobre: história e geografia regional; ambiente da unidade de conservação; turismo e sustentabilidade; legislação pertinente; técnicas de condução; atividade de interpretação ambiental; monitoramento de impactos; ética, apresentação pessoal e relações interpessoais; primeiros socorros/resgate/combate a incêndios; sexualidade/ DST/ drogas. Em 2012 e 2013, entre outros cursos, com o objetivo de fortalecer o Geoturismo em Fernando de Noronha e capacitar os condutores de visitantes para a interpretação geológica das trilhas do Parnamar-FN, foram ministrados quatro cursos do Programa de Capacitação e Formação de Condutores de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1229 Visitantes do Parnamar-FN. O conteúdo de geologia destes cursos abordou tópicos como conhecimentos gerais de geologia, vulcanismo e formação e estrutura geológica do Arquipélago, conformo informações de ALMEIDA (1955), ALMEIDA (2002), CORDANI et al. (2003), IBAMA (2005), SILVA-JR (2010), TEIXEIRA et al. (2003), WILDNER e FERREIRA (2012). Os cursos foram ministrados por professores especializados em cada área e o Centro Golfinho Rotador foi o responsável pela coordenação dos cursos e pela certificação dos participantes, em conjunto com o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Cada turma de cada curso teve carga horária de 9 horas. O conteúdo dos cursos tratou dos temas geologia, climatologia, oceanografia e biodiversidade do arquipélago. Dentro da temática geologia, foram ministrados conteúdos de modo a possibilitar os condutores de visitantes e os funcionários do ICMBio de Fernando de Noronha entenderem a importância do conhecimento geológico para a compreensão dos ambientes, bem como para estes alunos conhecerem os processos e as teorias sobre: formação do Universo, formação da Terra, composição interna da Terra, teoria Tectônica de Placas, tempo geológico, unidades básicas do relevo do planeta, episódios vulcânicos e as unidades estratigráficas de FN, fenômenos e produtos vulcânicos de FN, relevo de FN e ambientes geológicos de FN. O geoturismo foi abordado por meio de exemplos de locais de visitação em Fernando de Noronha com importância geológica e as informações geológicas pertinentes de cada um destes locais, como o Buraco da Raquel, Alagados, Praia do leão, Ponta das Caracas e Baía do Sueste, locais de grande relevância geológica e beleza cênica singular (Figuras 02 e 03). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1230 Figura 02 – Buraco da Raquel e Alagados 1231 Figura 03 – Praia do leão, Ponta das Caracas e Baía do Sueste. 3. Resultados e Discussão Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Em 2012 e 2013, entre agentes do turismo e funcionários do Parnamar-FN, foram 239 inscritos. A análise do perfil socioeconômico dos condutores formados pelo programa de capacitação profissional do Projeto Golfinho Rotador revela as seguintes características dos alunos dos cursos: 95% eram do sexo masculino e 5% do sexo feminino; a faixa etária dos entrevistados está entre 19 e 59 anos de idade; 52% nasceram em FN, 28% nasceram no território continental de Pernambuco, 9% eram do Rio Grande do Norte e 2% eram de São Paulo; 91% já atuavam como condutores antes dos cursos de formação profissional e 7% ainda não trabalhavam como condutores. Sobre a temática geologia, os quatro cursos ministrados foram: Geografia Regional, Ecossistema Marinho de Fernando de Noronha, Ecossistema Terrestre de Fernando de Noronha e Ecossistema de Fernando de Noronha. 1232 Figura 03 – Aula do curso Ecossistema Terrestre de Fernando de Noronha O curso Geografia Regional teve duas turmas, totalizando 91 inscritos, sendo que 67 (74%) foram aprovados. O curso Ecossistema Marinho de Fernando de Noronha teve uma turma, totalizando 60 inscritos, sendo que 51 (85%) foram aprovados. O curso Ecossistema Terrestre de Fernando de Noronha teve uma turma, totalizando 50 inscritos, sendo que 15 (30%) foram aprovados. O curso Ecossistema de Fernando de Noronha teve uma turma, totalizando 38 (66%) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 inscritos, sendo que 25 foram aprovados. O índice de aprovação médio de todos os quatro cursos foi de 66% dos inscritos, nos cursos. Como resultado positivo do curso tivemos um alto grau de acerto (75%) nas questões das provas que mediam o conhecimento sobre as Unidades Geomorfológicas de Fernando de Noronha, como ilustrado na Figura 04. 1233 Figura 04 – Unidades Geomorfológicas da APA de Fernando de Noronha, adaptado do Plano de manejo da APA de FN (IBAMA, 2005) 4. Conclusão O perfil dos condutores de turismo atuantes no Arquipélago de Fernando de Noronha é predominantemente de homens jovens com escolaridade fundamental, sendo mais da metade deles nativos da ilha e atuantes diretamente com o turismo em formas diversas, podendo acumular atividades para complementar a renda familiar. Foi observado por meio dos profissionais capacitados nascidos no Arquipélago de Fernando de Noronha que há um elevado interesse da população em realizar os cursos de capacitação, a fim de se tornarem aptos a trabalhar com o turismo. Essa situação contribui para reduzir o crescimento artificial de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Fernando de Noronha por meio de contratações de profissionais vindos de fora do arquipélago. O quatro cursos ministrados pelo Projeto Golfinho Rotador alcançaram o objetivo fazer com que os noronhenses que trabalham com turismo tenham noções sobre aspectos de geografia física de Fernando de Noronha e se despertassem para incluírem o discurso geológico nas informações passadas aos visitantes. A inclusão da temática “geologia” no Programa de Capacitação e Formação de Condutores de Visitantes do Parnamar-FN, o grande interesse por parte dos condutores sobre o tema e a busca crescente dos visitantes por geoturismo, demonstram que o Parnamar-FN está no caminho certo para se tornar uma geoparque. Ao mesmo tempo que o impacto negativo do crescimento do turismo é evidente, esta atividade é a principal fonte de renda dos ilhéus e Noronha é um dos destinos turísticos mais desejados pelos brasileiros. Além disto, o ecoturismo tem um caráter educativo ambiental. A felicidade dos visitantes ao contemplarem a paisagem e conhecerem os aspectos geológicos e biológicos é um forte agente conscientizador das questões ambientais. O ecoturismo é fundamental para o desenvolvimento sustentável de Fernando de Noronha e o geoturismo está inserido nesta realidade. Entendemos como desenvolvimento sustentável em Fernando de Noronha aquele que melhorará a qualidade da vida dos ilhéus, dos que estão prestando serviço na Ilha e dos visitantes, ao mesmo tempo em que respeitará a capacidade de ocupação do ecossistema insular. O desenvolvimento sustentável deste grande navio vulcânico só existirá com preservação ambiental, respeito cultural e cidadania. 5. Bibliografia Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1234 ALMEIDA, F.F.M. Geologia e petrologia do arquipélago de Fernando de Noronha. DNPM/DGM. Rio de Janeiro. 181 p. 1955. ALMEIDA, F.F.M. Arquipélago de Fernando de Noronha. In: Schobbenhaus,C.; Campos,D.A.; Queiroz,E.T.; Winge,M.; Berbert-Born,M. (Edit.) Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. DNPM, CPRM e SIGEP, Brasília: DNPM, 2002. BIGARELLA, J. J., MOREIRA, J. C. Cursos de Capacitação de Condutores de Geoturismo: As experiencias do Parque Nacional do Iguaçu (PR) e Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE) In: 44º Congresso Brasileiro de Geologia, 2008, Curitiba - PR. Anais do 44º Congresso Brasileiro de Geologia. , 2008. p.389 – 389. CORDANI, U.G.; ULBRICH, M. N.; MENOR, E. A.; LOPES, R. P. Cenozoicalkalinevolcanismof Fernando de Noronha island. In: SOUTH AMERICAN SYPOSIUM ON ISOTOPE GEOLOGY, 4., 2003. Salvador. Field Trip Guide .Salvador: CBPM/IRD, 2003. p. 1-24. 1235 COSTA, K. M. P. Hidrologia e Biomassa Primária da Região Nordeste do Brasil entre as latitudes de 8°00’00’’ e 2°44’30’’ S e as Longitudes de 35°56’30’’ e 31°56’30’’ W. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1991. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Oceanografia, Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1991. IBAMA. Plano de Manejo APA Fernando de Noronha- Rocas – São Pedro e São Paulo. Fernando de Noronha, 2005. SILVA-JR, J. M. Os golfinhos de Noronha. São Paulo: Bambu. 192 p. 2010. SILVA, M.J.B.L. Programa de Resgate Documental sobre Fernando de Noronha. Recife: MEC - Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 1992. 102 p. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 TEIXEIRA, W.; CORDANI, U. G.; MENOR, E. A.; TEIXEIRA, M. G.; LINSKER, R. (Eds.) Arquipélago Fernando de Noronha o paraíso do vulcão.São Paulo: Terra Virgem, 2003. 167 p. WILDNER, W; FERREIRA, R. V; Geoparque Fernando de Noronha (PE). In: Geoparques do Brasil - Propostas.1 ed. Rio de Janeiro: CPRM, 2012, v.01, p. 317-360. AGRADECIMENTOS Para a elaboração deste trabalho agradecemos o apoio da Petrobrás e a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, por meio do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos. 1236 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 [ANEXOS] 1237 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 01 02 03 04 05 ANEXOS Caminhadas na natureza. Diversificação do produto TRAF. Turismo rural na agricultura familiar. Airton Violento - Anda Brasil North Umpqua, Oregon, EUA, Percepções nos padrões de uso das trilhas para caminhada/ciclismo: motivações, aglomeração, conflito e satisfação. Robert C. Burns; Christopher Caplinger. West Virginia University, Morgantown, WV, EUA Senderos y uso público: ¿modelos? de gestión y gobernanza en áreas protegidas. La experiencia del Sendero de Chile. Esteban Delgado A.Fundación Sendero de Chile Reflexões sobre a utilização do Patrimônio Geológico em trilhas. Jasmine Cardozo Moreira - Departamento de Turismo / UEPG Trilhas Marinhas no Brasil; uma Síntese para a Educação Ambiental. Alexandre de Gusmão Pedrini. Departamento de Biologia Vegetal Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes. Universidade do Estado do Rio de Janeiro Nota: 1238 O II Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas solicitou aos palestrantes que, havendo possibilidade, pudessem encaminhar um resumo do objeto de suas apresentações . Agradecemos a colaboração (Organizadores) Rio de Janeiro, 16/10/2013 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 CAMINHADAS NA NATUREZA. DIVERSIFICAÇÃO DO PRODUTO TRAF. TURISMO RURAL NA AGRICULTURA FAMILIAR Airton Violento Anda Brasil violento@andabrasil.com.br 1- Apresentação Nos últimos anos, as populações urbanas tem intensificado o hábito de realizar caminhadas, é cada vez maior o número de pessoas que lotam as ruas, praças, parques, clubes e academias, para praticar esta atividade. Concomitantemente, cresce também a procura por ambientes naturais para a realização de atividades de lazer e descanso, visto o crescimento dos centros urbanos e o aceleramento do ritmo de vida da população. Diante deste panorama, as Caminhadas na Natureza aparecem como uma alternativa de lazer e atividade física em ambientes rurais com grande diversidade paisagística e de elementos culturais, proporcionando aos caminhantes, além dos benefícios auferidos pelo exercício físico, a interação com comunidades locais, sua cultura em um espaço propício para a realização de caminhadas, considerando que em muitos municípios inexiste equipamentos adequados para a prática, como parques e pistas urbanas. O projeto objetiva também ampliar o entendimento sobre o meio rural, mostrando suas múltiplas funções além da produção agropecuária, como sua vocação para a conservação ambiental, sua função social e cultural. A partir desta visão da multifuncionalidade do meio rural é que se estabelecem outras atividades econômicas que suportarão o crescimento de um modelo de desenvolvimento rural, o qual não se detém apenas nos processos produtivos e considera estas outras alternativas de desenvolvimento, como a atividade turística. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1239 2- Projeto Caminhadas na Natureza O Projeto CAMINHADAS NA NATUREZA é uma proposta para estimular e promover o desenvolvimento territorial sustentável por meio da realização de caminhadas no meio rural, as quais são internacionalmente conhecidas como “Esportes Populares”. A idéia nasceu na França após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de estimular as atividades comerciais no interior das províncias e na periferia das grandes cidades destruídas pela guerra. Com o crescimento da atividade turística e em função da riqueza cultural e paisagística destas regiões, tais atividades começaram a ser utilizadas como fator de integração e inclusão social entre as populações regionais, caracterizando-as, assim, como atividades populares e democráticas. Atualmente, as Caminhadas são praticadas por 22 milhões de pessoas em 50 países, sempre organizadas localmente em circuitos, regionalmente em federações, nacionalmente em confederações e com a normalização internacional do Internacionaler Volksporter Verbander – Federação Internacional dos Esportes Populares – IVV, com sede na Alemanha. No Brasil, em 2006, fundou-se a ANDA BRASIL - Confederação Brasileira de Esportes Populares, Caminhadas na Natureza e Inclusão Social. A organização nãogovernamental organiza, cadastra e credencia os circuitos nacionais, sendo que, atualmente, existem mais de 450 circuitos cadastrados em 19 Estados brasileiros. 3- Normas Internacionais das Caminhadas Na Natureza Serão descritas a seguir as características das Caminhadas, de acordo com as normas internacionais do IVV para eventos não competitivos.  Horário determinado de início e de término - O evento deve ter um horário de início e término definidos, porém o caminhante é livre para permanecer no circuito e/ou nos equipamentos disponíveis, estando ciente de que a estrutura do evento possui um tempo de funcionamento limitado. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1240  Balizamento com sinalização temática, padrão internacional – O IVV dispõe de modelos de placas de sinalização, as quais devem ser fixadas em lugares visíveis e estratégicos durante o percurso. Em cruzamentos a sinalização faz-se fundamental.  Trajeto viável para ser praticado por todos os públicos (crianças, idosos, portadores de deficiências) – O percurso deve ser acessível, em casos de trajetos severos deve-se informar o caminhante e viabilizar formas de apoio para pessoas com dificuldades de locomoção.  Cada caminhante pode realizar a caminhada de acordo com sua capacidade física.  Trajeto, preferencialmente circular, de aproximados 10km – Em casos de trajetos não circulares, recomenda-se que ao final do percurso seja disponibilizado um veículo para locomoção dos caminhantes ao ponto de início do circuito, evitando que o caminho de ida seja o mesmo utilizado na volta durante a caminhada, o que o torna repetitivo.  Postos de controle com serviços de fornecimento de água, complementação alimentar, comercialização de artesanato, agroindústria familiar e/ou manifestações culturais locais – Os postos de controle devem ser fixados em locais estratégicos, onde haja estrutura adequada para a permanência dos atendentes, os quais devem estar devidamente instruídos para fornecer informações sobre o circuito e características geográficas e culturais da região.  Equipes de resgate e atendimento médico – A organização local deve disponibilizar equipes de resgate e atendimento médico para os caminhantes e equipe local. Este auxílio é imprescindível para garantir a segurança da atividade. Sugere-se que a equipe organizadora disponha de equipamentos para comunicação móvel.  Numeração exclusiva de carimbo por caminhada (numeração internacional fornecida pelo IVV) – ao final do circuito a caderneta internacional deve ser Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1241 carimbada com o carimbo exclusivo do circuito.  Caderneta de caminhante (Passaporte IVV) - A caderneta de caminhante internacional, padrão IVV, é entregue na 1ª primeira caminhada do participante e deve ser transportada pelo mesmo a cada circuito para que seja carimbada a cada caminhada. Ao ser preenchida, com 10 carimbos de circuitos diferentes, a caderneta deve ser encaminhada à ANDA BRASIL para o recebimento de 1 diploma oficial ANDABRASIL, 1 pin, 1 caderneta nova de 20 participações e 1 bordado da ANDABRASIL - IVV.  Carimbos de confirmação de passagem nos postos de controle – A organização local pode providenciar uma pequena caderneta do circuito, a qual será carimbada a cada posto de controle. Lembrando que estes carimbos também são de responsabilidade da organização local e diferenciados do carimbo oficial do circuito (padrão IVV).  Plano de premiação ao final de cada caminhada - Sugere-se que ao final de cada caminhada seja realizada uma premiação aos participantes, como o caminhante mais jovem, mais idoso, maior grupo, entre outros. Este plano é apenas uma sugestão, uma forma de incentivar os caminhantes, e não um pré-requesito obrigatório.  Plano de estímulos para que caminhantes estejam sempre presentes em outras Caminhadas – A organização local e regional podem elaborar planos de estímulos para os caminhantes, o qual consiste em entrega de brindes, gratificações, diplomas e realização de divulgação integrada entre os circuitos, possibilitando que o caminhante tenha acesso às informações das caminhadas da região.  Divulgação internacional – todos os circuitos são cadastrados no site da ANDA BRASIL, possibilitando a promoção internacional das caminhadas. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1242 4- Ações e Responsabilidades ESTRUTURA BÁSICA PARA A FORMATAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E REALIZAÇÃO DE UMA CAMINHADA Ações ANDA BRASIL . reunir os atores sociais locais envolvidos . definir previamente o trajeto Ações Circuito . mobilizar os atores sociais locais para reuniões de formatação . articular as parcerias . constituí-lo como atrativo . implantar a caminhada no turístico padrão IVV . capacitar os atores sociais locais para a . treinar guias locais para implantação da caminhada acompanhamento do trajeto (Ex: anfitriões- mirins) . acionar o carimbo exclusivo da caminhada e . divulgar a caminhada para entregar ao Circuito suas redes . credenciar internacionalmente . realizar a caminhada . divulgar no calendário . registrar o nº de anual nacional e internacional caminhantes . divulgar na mídia eletrônica, inclusive, em eventos e feiras de turismo e através da rede ANDA BRASIL . realizar a premiação . fechar evento realizando reunião de avaliação e relatório final Articulações e Parceiros . diretamente com os empreendedores, produtores e comerciantes do Circuito . com os demais Circuitos filiados à ANDA BRASIL. a partir de apoio das prefeituras . das entidades de classe locais (Associação Comercial, sindicatos rurais) 1243 . da iniciativa privada local. . do Sistema S (SebraeSesc-Senac) 5. Organização. Vamos descrever as características de uma caminhada, como um evento metodológico, onde se promove o meio rural, com a valorização das atividades e aliando os negócios gerados a partir de um aumento da demanda do turismo. 5.1 Circuito Os circuitos de Caminhadas no meio rural ocorrem preferencialmente em ambientes da agricultura familiar, percorrendo as comunidades rurais, como um coletivo dos agricultores familiares. A formatação do trajeto do circuito segue Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 uma lógica, que permite o caminhante a observar as características geográficas do lugar, a existência de práticas agriculturas agroecológicas, a valorização da arquitetura local e que privilegie a paisagem rural do local. A definição do percurso pode se adequar aos diferentes públicos que participarão desta atividade. Para definir o percurso pode se utilizar dos recursos tecnológicos que estão disponíveis, 5.2 - Inscrição Os caminhantes se inscrevem no evento previamente, através da internet ou pessoalmente. A ficha cadastral pode estar disponível das duas maneiras. A inscrição realizada no dia do evento deve estar organizada para o atendimento da demanda, com vários postos de inscrição e todos preparados para dar um atendimento uniforme a todos os participantes. Os inscritos serão adicionados a uma lista de Caminhantes da região. Este e o público da caminhada. De uma maneira geral, o cadastro deve ter a identidade pessoal, e o endereço físico e virtual. No ato da inscrição, os participantes recebe a carteira local, que pode ser um folheto, com as informações básicas do percurso. A organização do evento pode produzir um folheto muito rico em informação ao caminhante. 5.3 - Postos de Controle e Informações. São unidades de controle dos participantes da caminhada, que estão distribuídos em todo o percurso e são dotados de uma estrutura de apoio ao caminhante, como serviços de banheiros, alimentação, comercialização de bens e também devem fornecer informações básicas do percurso. Neste local, o caminhante pode receber informações de caráter de educação ambiental, aumentando a riqueza do evento. O registro da passagem do caminhante nestes pontos de controle e realizado por carimbos que tenham a identidade local. 5.4 - Feira da Produção Associada. No local da inscrição dos participantes da Caminhada, a existência de uma feira de artesanato e de produtos agroecológicos proporciona uma maior Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1244 riqueza ao evento e permite a comunidade local se beneficiar de mais um negócio gerador de renda. A oferta de produtos naturais e transformado de origem local permitem a exposição dos produtos e facilitam os negócios futuros. A organização desta feira pode ser construída ao longo do processo de organização do evento. 5.5 - Agroindústrias As agroindústrias familiares podem se beneficiar do evento da Caminhada, participando das feiras, ou estando presente ao longo do percurso da caminhada. Pode ser conjugados os postos de controles nestas unidades, desde que a organização local consiga fazer as adequações necessárias para estes serviços 5.6 - Festa Popular A realização de Festa comunitária, em ambientes de domínios públicos, facilitam e permitem a conjugação de serviços de alimentação e de apoio aos caminhantes. E um atrativo que pode ser importante na formatação da Caminhada. Quando a realização e coordenação destas Festas se aliam e eventos de caráter religioso, facilita a organização e a conjugação destes eventos. 5.7 - Sinalização Toda a sinalização segue as orientações da entidade nacional, ANDABRASIL, para termos um produto nacional. Pode ser enriquecida, com informações de caráter ambiental, valorizando a fauna, a flora e a geografia local. Também pode ser produzida, informações do percurso, da distância percorrida etc... 6- Indicadores , ,Para monitorar o processo das Caminhadas, e necessário a uniformização de indicadores do evento. Este indicadores, vai fornecer elementos de comparação, de análise e gerenciamento deste produto Turístico. 6.1- Caminhantes Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1245 Entendemos como Caminhante, toda pessoa que se inscreveu na atividade. Se a informação coletada permite uma distinção entre idade e local de residência poderemos fazer uma avaliação mais qualitativa do evento. Assim, o indicador deste gênero e a unidade. 6.2- Número De Participantes Da Feira Os participantes da Feira são distinguidos entre agricultores familiares orgânicos, e artesões dos produtos ofertados. O indicador deste gênero e unidade. Neste caso, podemos também ter como indicador, a quantidade de itens dos produtos ofertados, bem como a quantidade comercializado. 6.3- Serviços Complementares Durante a realização do evento da Caminhada, podemos ofertar de passeios a cavalos, passeios de charretes e outros produtos para trabalhar com o lazer dos participantes. Neste caso, os indicadores da atividade são a quantidade (Unidade) destes produtos ofertados. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1246 NORTH UMPQUA, OREGON, EUA, PERCEPÇÕES NOS PADRÕES DE USO DAS TRILHAS PARA CAMINHADA/CICLISMO: MOTIVAÇÕES, AGLOMERAÇÃO, CONFLITO E SATISFAÇÃO Robert C. Burns robert.burns@mail.wvu.edu Professor Adjunto West Virginia University, Morgantown, WV, EUA Christopher Caplinger caplingernvum@gmail.com Mestrando West Virginia University, Morgantown, WV, EUA Palavras-chave: uso da trilha, recreação ao ar livre, manejo de visitantes, aglomeração, satisfação 1. Introdução Durante a temporada de recreação de verão de 2012, pesquisadores da Universidade de West Virginia realizaram um estudo sobre o uso de recreação da Floresta Nacional Umpqua, Oregon, EUA. A Floresta Nacional de Umpqua abrange 500.000 ha da Cordilheira Western Cascades. A Floresta inclui 900 km de trilhas, três áreas selvagens, e 57 áreas de camping dentro de seus limites. Os visitantes podem encontrar uma riqueza de oportunidades de lazer o ano todo, incluindo, mas não limitado a, caminhadas, pesca, rafting e cavalgadas. Com relativamente baixo número de visitantes, a 30.000 ha de área dentro de a floresta selvagem oferecer aos visitantes a oportunidade de experimentar isolamento. Os Objetivos O foco principal deste estudo de recreação foi avaliar as percepções dos recreacionistas de motivações e conflitos entre os visitantes. A trilha Umpqua Norte segue o rio Norte Umpqua, com 12 trailheads para acessar os Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1247 segmentos de trilha com comprimento variando de 6 a 26 km. Oportunidades de recreação para os caminhantes, ciclistas e cavaleiros são fornecidas. 2. Fundamentação Teórica Capacidade de carga social foi a base teórica para este estudo. Três perguntas foram feitas para a pesquisa: R1: Quais são as características dos usuários de lazer? R2: Qual é o nível de satisfação entre os usuários de lazer? R3: Quais são as percepções dos usuários de aglomeração e conflito no lago? 2.1 Revisão da Literatura Os Estados Unidos proveem configurações e serviços de recursos naturais gerenciados pelo governo federal para centenas de milhões de recreacionistas todo ano. Por exemplo, o Bereau of Land Manegment (Secretaria de Manejo de Terra - BLM) provê acesso a recreação para 258 milhões de acres, e ambos, o National Park Service (Serviço de Parques Nacionais) e o US Forest Service (Serviço de Florestas dos EUA) servem a mais de 200 milhões de visitantes anualmente. A maioria das agencias de recursos naturais tendem a gerir os parques e florestas usando uma das estruturas tradicionais desenhadas por pesquisadores americanos e testadas em parques a florestas nos EUA, que também abordou a qualidade dos serviços prestados. Essas estruturas incluem tipicamente o Recreation Opportunity Spectrum (Espectro de Oportunidades de Recreação – ROS), Visitor Impact Manegment (Manejo de Impacto de Visitante – VIM) e Visitor Experience and Resource Protection (Experiência do Visitante e Proteção de Recursos – VERP) (Graefe et al., 1990; Stankey, 1973; National Park Service, 1997). Muito da pesquisa conduzida na América do Norte foi conduzida utilizando essas estruturas mencionadas acima focando em aglomeração de usuários, conflito, características de viagem, sócio demografia e satisfação. Somente nos anos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1248 recentes as variáveis associadas com o monitoramento do uso do visitante tem sido incluídas no entendimento da capacidade de carga social na América do Norte (Zarnoch et al., 2005; Manning, 2007). Enquanto pouca pesquisa tem sido conduzida em trilhas e capacidade de carga social nas terras públicas brasileiras, estudos recentes indicam que há muito trabalho a ser feito nessa área (Burns and Moreira, 2013). 3. Os Métodos Este estudo pôde ser considerado um “clássico” estudo de capacidade de carga social em sua abordagem. Usando aglomeração e escalas de conflito de longa data como padrões contidos na literatura de recreação ao ar livre foram usadas para entender a percepção dos usuários das condições sociais da Trilha Norte Umpqua. Levantamentos no local foram conduzidos entre maio e outubro de 2012 como parte de um estudo maior durante três estações nos estados de Washington e Oregon. Um total de 421 entrevistas foram feitas nessa parte do estudo. O instrumento do levantamento mediu percepções de aglomeração, conflito, tempo de espera, tolerância ao ver outros grupos de recreacionistas e experiência de viagem. Uma serie de variáveis sócio demográficas foram incluídas para averiguar a participação e experiência dos visitantes. Aglomeração foi medida em uma escala de 9 pontos (vazio a extremamente cheio), variáveis de qualidade foram medidas em uma escala de 5 pontos (discordo fortemente a concordo fortemente). Finalmente, motivação do visitante para recrear foi medida em uma escala de 5 pontos (não importante absolutamente a extremamente importante). Experiência de viagem foi medida em uma escala de “fraca” a “excelente”. A taxa media de resposta para este estudo é de cerca de 92 por cento. Os entrevistados foram selecionados aleatoriamente entre os adultos, com no mínimo 16 anos de idade. Os dias de pesquisa foram estratificados em fim de semana e dias de semana, durante a manhã, meio-dia e noite. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1249 4. Os Resultados Perfil demográfico do visitante, características de grupo e viagem Algumas diferenças significantes foram notadas a respeito do perfil dos visitantes dos dois grupos. Ciclistas eram mais prováveis ser do sexo feminino (23,3%) do que caminhantes (45,2%). Metade dos ciclistas indicou estar viajando com amigos, comparado com somente 9,4% dos caminhantes. Um quinto (20,3%) dos ciclistas estavam se recreando sozinhos, comparado com somente 11,4% dos caminhantes. A característica de viagem predominante dos caminhantes e família e amigos, com a vasta maioria participando com família (48,9%), amigos (22,3%) ou família e amigos (17,5%). Proporcionalmente, ciclistas (14,5%) eram muito mais propensos a usar guias particulares contratados do que caminhantes (<1%). Ciclistas (15,6%) eram mais prováveis a indicar que não teriam participado da viajem sem um guia do que caminhantes (3,9%). Esse resultado e esperado pois alguns ciclistas alugam bicicletas em empresas especializadas, enquanto caminhantes não tem necessidade de equipamento especifico. Ciclistas também eram mais prováveis a estarem em sua primeira visita (46,9%) do que caminhantes (60,2%). Usuários pela primeira vez são mais propensos a fazer uso de guias contratados do que visitantes frequentes, sugerindo um outro motivo para a alta proporção de guias contratados para os ciclistas. Também houve uma concordância entre os dois grupos a respeito da experiência que deveria ter sido fornecida ao longo da Trilha Norte Umpqua, com 49% sugerindo que a área deveria ser manejada como “semisselvagem” e outro quarto (26,3%) sugerindo “não desenvolvida”, o que ligeiramente mais próximo do fim desenvolvido pelo Recreation Oppotunity Spectrum (ROC) contínuo. Poucas diferenças foram notadas na quantidade de tempo que os visitantes participaram da atividade de sua escolha, tal como o numero de dias de recreação por ano e numero de dias nessa viagem. Caminhantes reportaram uma estada ligeiramente mais longa (3,69 horas) do que ciclistas (3,45 horas), embora isso seja negligenciável. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1250 As Motivações Os entrevistados foram questionados quanto as suas percepções acerca do aglomerado de pessoas que visitam a trilha (local, atividade e/ou social). Um diferença significante no foi encontrada entre os dois grupos. 46.7% dos entrevistados responderam que para eles, as atividades eram o mais importante. Apenas um terço dos entrevistados (31.8%), declararam que o motivo mais importante era exclusivamente o lugar. O Aglomerado Enquanto visitavam a trilha Umpqua Norte, os visitantes foram extensamente entrevistados quanto as suas percepções relacionadas ao aglomerado de pessoas. Os entrevistados perceberam pouca aglomeração, tanto na trilha quanto nos passeios. No geral, a metade de ambos grupos (média=51.2%), compartilharam que o número de recreadores que estes viram foi o que esperavam ver. Coincidentemente, não houve diferença na proporção de ciclistas e caminhantes (hikers); os quais viram menos pessoas que o esperado (média=23.2%). Os ciclistas informaram um nível de aglomeração um pouco maior em comparação ao comunicado pelos caminhantes (hikers). Todavia, ambos níveis de aglomeração foram baixos. , Os caminhantes informaram que de alguma forma eles sentiram-se mais aglomerados devido ao impacto dos ciclistas que os ciclistas em relação aos caminhantes. Os caminhantes pareciam inclinados a cientificar que o ciclismo não era apropriado e que as bicicletas não deveriam compartilhar a mesma trilha. Nesse mesmo cenário, os ciclistas foram negativamente impactados por caminhantes que não respeitam o direito de passagem ou comportam-se de forma desrespeitosa perante os ciclistas. Satisfação Enquanto a literatura sugeriria uma forte relação entre aglomeração, conflito e satisfação; este estudo reexamina essas variáveis, especificamente as Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1251 relacionadas a trilha Umpqua Norte. Assim como pesquisas anteriores adequadamente administração estabeleceram do teste de satisfação tornassol, devido a a sessão bem sucedida seguinte avalia quantitativamente o quão relevantes para a satisfação seriam vários desses itens são (particularmente os relacionados a aglomeração e conflito). Os itens de satisfação foram divididos em três categorias: satisfação, aglomerado e conflito. Cada categoria foi comparada separadamente e de forma que primeiramente os níveis de credibilidade e concordância entre os itens na mesma fossem testados. Declarações negativas tai como “Eu fiquei insatisfeito com alguns aspectos da minha ida a trilha,” foram codificados como ‘5 pontos’ na escala de Likert afim de estabelecer um comparativos com declarações positivas. Os resultados obtidos para os três grupos, com base na formula de Alpha de Chronbach’s, oscilaram entre o mínimo de 0.530 e o máximo de 0.557. Este revelou que os itens realmente estava relacionados e que a medição de cada categoria, como previamente apresentado, seria fidedigna. Um modelo de regressão linear foi desenvolvido afim de testar até que nível essas categorias afetam o coeficiente geral de satisfação. Os categorias de satisfação foram criadas com base em aglomeração, e também conflito. Ambos foram avaliados tendo como base o coeficiente geral de satisfação, o qual também serviu como a variável dependente em três analises individuais de regressão. Os itens de satisfação (Tabela 1) contaram como 17 por cento no geral da variação de satisfação (ajustado R² = 0.173, F-valor = 41.303). Dos quatro itens de satisfação individual, três foram considerados como preditores satisfatórios do coeficiente geral de satisfação entre os visitantes da trilha Umpqua Norte. A declaração “Eu aproveitei muito a minha visita a esta trilha” foi a mais significante e demonstrou uma correlação positiva com o nível de satisfação geral (r = 0.373, Beta = 0.243, p< 0.001). No mesmo contexto, a declaração “Eu fiquei insatisfeito com alguns aspectos da minha visita” foi considerado o Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1252 mais significante, mas foi negativamente trelado ao coeficiente de satisfação geral (r = -0.304, Beta = -0.174, p < 0.001). Entretanto, a declaração “Minha viagem para essa trilha valeu todo o dinheiro que eu gastei” foi somente significante para o nível 0.05, mas foi positivamente relacionada ao coeficiente de satisfação geral dos visitantes (r = 0.305, Beta = 0.087, p < 0.05). Os resultados da categoria de aglomeração (Tabela 2), mostraram que os fatores de aglomeração contabilizaram para somente oito por cento da variação no coeficiente geral de satisfação (ajustado R² = 0.077, Valor-F = 11.768). Dos seis itens relacionados a aglomeração, dois mostraram resultados significantes. “Eu tive a oportunidade de recrear sem sentir-me aglomerado” (r = 0.249, Beta = 0.185, p < 0.001) foi o preditor mais forte e teve uma correlação positiva com o coeficiente geral de satisfação. Outra declaração significativa, “O número de pessoas na trilha diminuiu meu divertimento” (r = -0.217, Beta = 0.123, p < 0.01), mostrou uma correlação negativa em relação ao coeficiente geral de satisfação entre os visitantes. O conflito (Tabela 3) foi analisado através do modelo de regressão afim de determinar seu impacto no coeficiente geral de satisfação e este contabilizou para oito por cento da variação (ajuste R² = 0.082, F-value = 24.060). Três itens de conflito foram mensurados e desses, dois mostraram-se significantes. A primeira declaração significante, “Eu pude encontrar lugares para divertir-me sem a interferência de outros visitantes,” foi positivamente relacionada ao coeficiente geral de satisfação (r = 0.222, Beta = 0.176, p < 0.001 ). A declaração, “As atividades recreativas na trilha não foram compatíveis,” foi considerada relevante, mesmo não exercendo qualquer feito negativo no coeficiente geral de satisfação (r = -0.227, Beta = 0.172, p < 0.001). Com base nos resultados dessa analise regressiva, pôde ser determinado que existem sete itens que prognosticam o nível de satisfação na trilha Umpqua Norte. Desses itens, três estavam relacionados a satisfação, dois relacionados a aglomeração e os outros dois a conflito. O modelo apresentado na Figura 1 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1253 (Figure 1), foi formulado afim de demonstrar como cada categoria e seus respectivos itens o nível de satisfação geral entre os visitantes na trilha Umpqua Norte. Conclusões No geral, este estudo foi bem sucedido ao demonstrar a relação entre aglomeração, conflito, e satisfação e sua importância para princípios administrativos. A trilha Umpqua Norte é administrada de maneira apropriada e os visitantes se mostram satisfeitos com suas experiências na mesma. Os resultados mostram algumas diferenças importantes entre os dois grupos de usuários; com os ciclistas apresentando certo nível de intolerância sutilmente mais alto que o apresentado pelos caminhantes. Inferências com base nos resultados desse estudo permite que os administradores da trilha Umpqua Norte interfiram apropriadamente e melhorem a experiência dos visitantes ao parque. Desta mesma forma, esta pesquisa expande e contribui para a literatura que examina os conceitos de aglomeração, conflito, e satisfação. 5. Bibliografia Burns, R.C. and Moreira, J.C. (2013). Visitor Management in Brazil’s Protected Areas: Benchmarking for Best Practices in Resource Management. The George Wright Forum, 30(2), pp 1663—170. Graefe, A.R.; F.R. Kuss; and J.J. Vaske. (1990). Visitor Impact Management: The Planning Framework. Washington DC: National Parks and Conservation Association. Manning, R. E. (2011). Studies in Outdoor Recreation: Search and Research for Satisfaction. Third Edition. Corvallis: Oregon State University Press. National Park Service. (1997). VERP: Visitor Experience and Resource Protection Framework. Denver, CO: U.S. National Park Service, Denver Service Center. Stankey G.H., and D.W. Lime. (1973). Visitor Perceptions of Wilderness Recreation Carrying Capacity. USDA Forest Service, Intermountain Forest and Range experiment station, INT-142, Ogden, UT. Silva, M. (2005). The Brazilian Protected Areas Program. Conservation Biology, 19(3), pp. 608–611. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1254 English, Donald B.K., S.M. Kocis, J.R. Arnold, S.J. Zarnoch, and L. Warren. (2003). The effectiveness of visitation proxy variables in improving recreation use estimates for the USDA Forest Service Journal for Nature Conservation, 11(4), 2003, pp. 332–338. 6. Anexos Tabela 1. Análise da Regressão das Categorias de Satisfação como Indicadores de Satisfação Eu aproveitei muito a minha viagem para a esta trilha. Todo o dinheiro que gastei para fazer esta viagem value a pena. Eu fiquei insatisfeito com alguns aspectos da minha visita a trilha. As demais pessoas na trilha contribuiram para a minha diversão. r 0.373*** Beta 0.243*** 0.305*** 0.087* -0.304*** -0.174*** 0.121*** 0.058 Valor-F Ajuste R² *p < 0.05, **p < 0.01, ***p < 0.001 41.303 0.173 Tabela 2. Análise da Regressão das Categorias de Aglomeração como Indicadores de Satisfação Porcentagem de tempo a vista de outros grupos Porcentagem de tempo aceitavel a vista de outros grupos Aglomeração esperada vs. Aglomeração real Eu tive a oportunidade de recrear-me sem sentir-me aglomerado. Eu evitei alguns lugares na trilha devido ao excess de pessoas. O número de pessoas na trilha diminuiu o meu divertimento. Valor-F Ajuste R² *p < 0.05, **p < 0.01, ***p < 0.001 r 0.050 Beta 0.007 0.136*** 0.059 -0.037 0.005 0.249*** 0.185*** -0.159*** -0.023 -0.217*** -0.123** 11.768 0.077 Tabela 3. Análise da Regressão das Categorias de Conflito como Indicadores de Satisfação r Beta Eu pude encontrar lugares para recrearme sem a 0.222*** 0.176*** interferência de outros visitantes. As atividades de recreação na trilha não foram -0.227*** -0.172*** Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1255 compatíveis. O comportamento de outras pessoas na trilha interferiram na qualidade da minha experiência. -0.163*** Valor-F Ajuste R² *p < 0.05, **p < 0.01, ***p < 0.001 -0.049 24.060 0.082 Figura 1. A Relação entre Satisfacao, Aglomeracao, & Conflito para o Coeficiente de Satisfação Geral Satisfação (Ajuste R² = 0.173 ) -Eu aproveitei muito a minha viagem para a esta trilha. Aglomeração (Ajuste R² = 0.077) -Eu tive a oportunidade de recrear-me sem sentir-me aglomerado. -Todo o dinheiro que gastei para fazer esta viagem value a pena. -Eu fiquei insatisfeito com alguns aspectos da minha visita a trilha. -O número de pessoas na trilha diminuiu o meu divertimento. Coeficiente de Satisfação Geral na Trilha Umpqua Norte Conflito (Ajuste R² = 0.082) -Eu pude encontrar lugares para recrear-me sem a interferência de outros visitantes. -As atividades de recreação na trilha não foram compatíveis. Preparado para a Apresentação no II Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilha, Rio de Janeiro, de 16 a 18 de outubro de 2013. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1256 SENDEROS Y USO PÚBLICO: ¿MODELOS? DE GESTIÓN Y GOBERNANZA EN ÁREAS PROTEGIDAS. LA EXPERIENCIA DEL SENDERO DE CHILE Esteban Delgado A. Geógrafo Fundación Sendero de Chile esteban.delgado@senderodechile.cl ‘Dame un punto de apoyo y moveré al mundo’ (Arquímedes de Siracusa, 287-212 aC) 1. La experiencia internacional sobre gestión y modelos de gobernanza de senderos A nivel internacional, tanto en el ámbito urbano, como rural, existen múltiples iniciativas destinadas a la generación y operación de redes de senderos para la práctica del senderismo, principalmente en países de Europa, Norte América, Asia y Oceanía. Su origen esta asociado principalmente a las prácticas históricas de excursión y trashumancia, a la conservación del acceso público a áreas de interés natural e histórico y a la necesidad de recreación al aire libre. En las últimas décadas, y de manera muy importante, la gestión de áreas protegidas, el turismo de intereses especiales, además de la educación e interpretación ambiental y patrimonial también han jugado un rol relevante en su origen. En términos generales, para un conjunto importante de estas iniciativas, fundamentalmente para aquellas ubicadas en espacios rurales, seminaturales o naturales (y no obstante sus diferencias), es posible distinguir coincidencias, tanto en lo relativo a sus objetivos, como en la expresión institucional que adoptan para abordarlos. Respecto de esto último, es posible observar diversas formulas e instrumentos entre los que destacan por su recurrencia y éxito los siguientes: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1257 (i) Los derechos consuetudinarios y el ordenamiento jurídico nacional sobre tenencia y gestión del territorio. Esto ha permitido en los países del Reino Unido (Escocia, Gales e Inglaterra) la permanencia y desarrollo de sistemas de rutas y senderos históricos basados en “derechos de paso”, que permiten a los ciudadanos recorrer el área rural de estos países. La designación de estos senderos y la clasificación de los mismos esta en manos de la Countryside Agency (Agencia de Tierras Rurales), la cual asigna a cada una de estas sendas el carácter de local, regional o nacional y en coordinación con la autoridad de caminos y las autoridades locales, definen el sistema de administración y gestión de cada una de ellas, a través de un Programa Nacional de Senderos (National Trails, www.nationaltrail.co.uk). (ii) La acción filantrópica colectiva expresada en la colaboración económica de “Land-Trusts” para conservación de tierras; o por la vía del “Make a donation” a partir del cual las personas “compran” (donan1) metros o infraestructura de sendero a la comunidad (Canadá, Nueva Zelandia); o por medio de alianzas estratégicas comerciales (Trail Affinity MasterCard®) donde por cada compra realizada con tarjeta de crédito, un pequeño porcentaje de la transacción es donada a la institución matriz del sendero (generalmente una fundación sin fines de lucro). Ejemplos de este tipo de mecanismo de implementación e institucionalidad son el Trans Canada Trail (www.tctrail.ca) y el sendero neozelandés Te Araroa (www.teararoa.org.nz). El Trans Canada Trail es concebido como una confederación de senderos existentes, los que una vez unidos, darán vida a este proyecto. Se trata de un proyecto de carácter comunitario cuya propiedad y administración corresponde a organizaciones locales, municipalidades, autoridades provinciales a lo largo de Canadá. La Fundación Trans Canadá Trail que se ha constituido para la promoción de esta iniciativa, no será la propietaria ni 1 Muchas veces estas donaciones generan exenciones en las cargas tributarias del donante. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1258 administrará el sendero, su misión es promover y coordinar la planificación, diseño, construcción, mantenimiento y administración del sendero (AYLWIN et al, 2002). (iii) La acción subsidiaria y promotora del Estado en la creación y mantenimiento de un sistema de senderos para el uso público. En estos casos, independiente de las diversas modalidades de incorporación de instituciones privadas, ONGs, organizaciones de base u otras, el Estado asume un rol protagonista en todas las fases de implementación de redes de senderos para uso público. Algunos de los ejemplos más significativos de este tipo de modalidad son el sistema nacional de senderos, creado por el Congreso de Estados Unidos a través de la aprobación de The National Trails System Act. Mediante este acuerdo, el país creó un sistema de senderos de recreación, escénicos e históricos y designó al Appalachian Trail (administrado por la Secretaria de Agricultura) y el Pacific Crest Trail (administrado por la secretaria de Interior), como sus componentes iniciales (www.americantrails.org; www.appalachiantrail.org). (iv) La acción del voluntariado ambiental estructurada y coordinada a través de organizaciones privadas sin fines de lucro, las cuales impulsan y promueven la conservación y desarrollo de senderos para asegurar que las generaciones futuras disfruten del aire y agua limpia, de los paisajes, de la vida silvestre y de oportunidades para la simple recreación (www.ontariotrails.on.ca, Canadá). (v) El posicionamiento de las iniciativas de desarrollo de senderos nacionales ante la opinión pública, como medios para desarrollar la actividad física y el turismo, a través de planes de marketing y comunicaciones (e.g. www.celtrail.com) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1259 2. La situación de Latinoamérica y del Sendero de Chile No obstante su inmemorable existencia, al igual que en la mayoría de los países de America Latina, en Chile, tanto los senderos, como el senderismo son objetos de reciente interés para la política pública. Con un poco más de una década formando parte de la política pública nacional, el Sendero de Chile como sustantivo (sujeto/persona) y el senderismo como verbo (acción) han ido paulatinamente ganando espacio en la agenda de diversas instituciones estatales, ya sea como vía de comunicación, instrumentos de manejo de áreas protegidas, promotores del turismo de naturaleza, de una vida saludable o para la valoración del patrimonio natural o cultural de los territorios involucrados. En el periodo 2001-2013, diversos son los modelos de gestión que han intentado conducir los procesos de implementación del Sendero de Chile, tanto en el ámbito administrativo, como territorial, comercial y ambiental, a escala nacional y local. Se ha enfrentado también su materialización haciendo énfasis 1260 en sus cualidades, ventajas y potencialidades desde la perspectiva ambiental, educativa, turística, recreativa y social, entre otras. Se han aplicado para ello enfoques y metodologías de ‘planificación estratégica’, del tipo ‘sectorial’, multisectorial’, ‘público – privadas’, ‘centralizadas’ y ‘participativas con base local’. Una cronología general no exhaustiva puede ser apreciada en la siguiente tabla (N° 1). Tabla N° 1: Modelos y énfasis de gestión del Sendero de Chile en el periodo 2001-2013* Año Modelo Énfasis 2000-2005 Sectorial participativo - Construcción de eje principal - Participación ciudadana y desarrollo local - Conservación ambiental - Educación ambiental formal 2006- 2008 Multisectorial público - Turismo (búsqueda de la sostenibilidad económica, desde el enfoque de ‘destinos turísticos’ para garantizar mantenimiento de senderos - Crecimiento en red por adhesión voluntaria 2009 - 2010 Público- privado (ONG) - Gestión por destinos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 - Comercio Justo - Voluntariado ambiental 2011- Públicoa la privado (ONG) - Recreación fecha - Valoración patrimonial - Educación ambiental no formal y conciencia pública *Listado referencial no exhaustivo Fuente: Elaboración propia En relación con los espacios geográficos o territorios involucrados (incluidas las áreas protegidas), se han efectuado ejercicios de planificación y diseños institucionales para su gobernanza, utilizando como marco también la planificación estratégica, la planificación participativa, el enfoque de ecosistemas, entre otras corrientes de pensamiento. Indistintamente, y respecto de sus objetivos formales declarados, los resultados de todos estos ejercicios de planificación han tenido el mismo destino: No han sido aplicados. Es decir, desde la perspectiva formal, han fracasado. Si bien no existe una evaluación sistemática y profunda de las razones para el fracaso de estos ejercicios de planificación, a partir de nuestra experiencia podemos entrever y esbozar algunas explicaciones para ello, entre ellas: (i) Desconocimiento, incredulidad y subestimación de los beneficios potenciales de los senderos y el senderismo, por parte de los actores locales y principalmente por las instituciones del estado; (ii) Por un lado, voluntarismo y sobrevaloración de los beneficios y por otro, subestimación de costos de parte de los promotores directos; (iii) Clientelismo marcado en muchos de los actores locales vinculados, o potencialmente vinculables, a las iniciativas de senderos; (iv) Escasa cultura de trabajo cooperativo a nivel local, en el ámbito individual e institucional, tanto en actores públicos, como privados, y; (v) Inconsistencia temporal y de metas en el diseño y aplicación de estrategias, planes, proyectos y acciones, respecto de los desafíos que pretenden acometer; Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1261 (vi) Escasez de recursos financieros y técnicos calificados para asumir los desafíos de puesta en marcha y operación de iniciativas de sendero y senderismo; En la práctica, la mezcla de todos estos hechos genera escenarios extremadamente complejos, frágiles e inestables, que se traducen en ejercicios de planificación cuyas expresiones formales –cuando llegan a tenerlas- suelen presentar ciertas debilidades comunes. Entre las que se pueden mencionar de manera general: (i) Problemas en la definición de las problemáticas principales, los objetivos y metas de planificación; (ii) Problemas en la determinación de la información relevante para analizar las problemáticas y planificar, y; (iii) Problemas en el diseño o determinación de la institucionalidad 1262 (modelo de gobernanza) que viabilice la planificación elaborada. Sin embargo, y no obstante lo oscuro del panorama anterior, paradójica y afortunadamente la experiencia del Sendero de Chile en materia de gestión a escala local, puede ser catalogada como exitosa en diversos aspectos. Entre los más interesantes y significativos de mencionar se encuentran: (i) La instalación a escala nacional de los senderos y el senderismo como objetos de política pública e interés privado; (ii) La instalación de una visión estratégica y positiva de los senderos como instrumentos de gestión de áreas protegidas; (iii) El afianzamiento de la convicción sobre su rol crítico en materia de educación, recreación y turismo en espacios naturales y seminaturales, y Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 (iv) El fortalecimiento de la convicción de la utilidad de los senderos y el senderismo como instrumentos para la conservación y valoración del patrimonio natural y cultural del país. La instalación del senderismo en la agenda pública y la valoración positiva de este en el ámbito ciudadano, ha creado condiciones para el surgimiento de necesidades de cooperación y planificación genuinamente locales. La cooperación emergida en estos contextos, a su vez, ha formado pequeñas aglomeraciones de actores locales que han mostrado una resiliencia muy alta a las dificultades propias de las iniciativas locales (obtención de logros en el corto plazo, falta de apoyo político y financiero, principalmente). La dinámica de ‘cooperación en la dificultad’, si se mantiene por sobre una suerte de ‘umbral de sobrevivencia mínimo’ por su parte, parece estimular la creación de estrategias innovadoras y alternativas para alcanzar los logros que cada aglomeración se va proponiendo en el camino. 1263 3. Conclusiones En comparación con las iniciativas europeas, norteamericanas, asiáticas y de Oceanía, la experiencia del Sendero de Chile es reciente. Sin embargo, respecto de la situación de America Latina y el Caribe, esta iniciativa puede ser considerada como pionera. En el ámbito de los modelos de gestión y gobernanza, el Sendero de Chile ha probado diversas formulas las que, más allá de sus aplicaciones o éxitos parciales, han dotado a la iniciativa de un valioso conocimiento y experiencia en la materia, hecho que le permite sopesar en la actualidad con mayor claridad y precisión las fortalezas, debilidades, potencialidades y viabilidad de cada modelo, en distintos contextos socioterritoriales. Considerando las similitudes que existen en America Latina, en términos de desarrollo del senderismo, la experiencia del Sendero de Chile puede resultar Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 de valor ilustrativo para otras iniciativas regionales y, en tal sentido, de forma resumida, ciertos aprendizajes pueden ser enunciados a manera de conclusión. En particular, los siguientes: (i) En ausencia de una ‘cultura de senderismo’ generalizada y de marcos institucionales robustos (instituciones, normas), la existencia de una institución de carácter permanente, con dedicación exclusiva y una base de recursos técnicos y financieros, para promover la creación de esa cultura es indispensable. (ii) A despecho de la complejidad que pueda adquirir la administración nacional, la aplicación de un único modelo/estrategia de gobernanza local no es recomendable. Cada sendero es una realidad única y requiere un tratamiento único. Los modelos simplificados, regularmente se estrellan con la complejidad de la realidad; (iii) La urgencia no es buena consejera. Al igual que la conservación, la gobernanza de iniciativas o materias sobre las que no existe experiencia previa, debe aprenderse y requiere tiempo y práctica. La construcción de confianzas y acumulación de conocimiento incremental ha demostrados ser el sendero más firme para la gobernanza compartida; (iv) Pequeños logros provocan aumentos significativos en apoyo y fidelidad a las iniciativas de senderismo, que permiten a su vez, escalar paulatinamente los desafíos, por lo tanto, metas sencillas, en el corto plazo, fortalecen institucionalmente las iniciativas; (v) En contra partida, metas sobredimensionadas, no cumplidas, generan una merma también significativa en fidelidad y apoyo, por lo tanto se deben evitar a toda costa, y por último; (vi) La comunicación y las nuevas tecnologías (web, Facebook, Twitter) pueden jugar un rol crítico en la creación de un entorno favorable hacia el público objetivo, creando escenarios propicios para la sensibilización e incorporación de actores claves en cada iniciativa. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1264 4. Bibliografia AYLWIN J., VALDEBENITO P. y YAÑEZ N. (2002): Informe Final Componentes Jurídicos del Sendero de Chile. GOBIERNO DE CHILE –COMISIÓN NACIONAL DEL MEDIO AMBIENTE (2005, Inédito). Estrategia intersectorial para la implementación del programa Sendero de Chile en el periodo 2006 – 2010. GOBIERNO DE CHILE - DIRECCIÓN DE PRESUPUESTOS DEL MINISTERIO DE HACIENDA DE CHILE (2005). Informe final de evaluación del Programa Sendero de Chile. Ministerio Secretaría General de la Presidencia, Comisión Nacional del Medio Ambiente. Sitios web www.nationaltrail.co.uk [Visitado el 03/08/2013] www.tctrail.ca [Visitado el 04/08/2013] www.teararoa.org.nz [Visitado el 10/08/2013] www.americantrails.org [Visitado el 20/09/2013] www.appalachiantrail.org [Visitado el 03/10/2013] www.ontariotrails.on.ca [Visitado el 07/09/2013] www.celtrail.com [Visitado el 05/09/2013] Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1265 Reflexões sobre a utilização do Patrimônio Geológico em trilhas Jasmine Cardozo Moreira Departamento de Turismo / UEPG jasminecardozo@gmail.com Entende-se por Patrimônio Geológico o conjunto de geosítios de um local, delimitado geograficamente, onde ocorrem elementos de geodiversidade, com valores singulares do ponto de vista científico, pedagógico, cultural ou turístico. É constituído por todos os recursos naturais não-renováveis, quer sejam formações geológicas ou geomorfológicas, mineralógicos e paleontológicos (BRILHA, 2005). paisagens, afloramentos E foi o interesse na conservação do Patrimônio Geológico e conseqüentemente dos processos geológicos ativos no Parque Nacional de Yellowstone (EUA) que foram importantes na sua declaração como primeira Unidade de Conservação mundial, em 1872. A conservação do Patrimônio Geológico em todo o mundo também se faz necessária porque a evolução da História da Terra está gravada em um grande numero de peças, como num quebra-cabeça, onde as peças somente têm coerência quando vistas em conjunto. Mas infelizmente, os danos causados pelos homens na superfície da Terra vêm ocasionando aceleradamente a destruição de muitas peças-chave de nosso passado geológico. Portanto, a eficiência na geoconservação depende urgentemente da mudança de estratégias relacionadas ao Patrimônio Geológico, sendo que essas mudanças passam por três pontos principais: a educação, o uso adequado dos recursos e ações coordenadas por pessoas e instituições envolvidas na geoconservação (CARRERAS & DRUGUET, 2000). Sharples (2002), em relação à geoconservação a classifica como “a metade esquecida” da conservação da natureza, pois o foco principal sempre esteve nos elementos vivos, ou seja, na biodiversidade. Para Brilha (2005) a Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1266 geoconservação tem como objetivo a caracterização, conservação, gestão e divulgação do patrimônio geológico e processos naturais associados e pretende manter os geosítios de modo a permitir seu uso. O termo geoconservação vem sendo utilizado com mais freqüência somente nos últimos anos e tornou-se mais popular principalmente após a criação da Rede Mundial de Geoparques em 2004. Mondejar e Remo (2004b) afirmam que a pouca divulgação é decorrente do fato de que os termos geológicos não estão presentes na linguagem cotidiana e são pouco utilizados por outros profissionais, por isso é necessário adaptar o vocabulário geológico, conservando o rigor cientifico, à divulgação, conservação e conscientização. Trata-se de tentar criar uma cultura geológica na sociedade de uma forma em geral, fazendo com que os termos geológicos mais comuns comecem a fazer parte do vocabulário cotidiano dos cidadãos. Hoje em dia publicações sobre o tema geoturismo e geoconservação começaram a surgir pelo mundo, o tema entrou em debate em diversos congressos, conferências e encontros a nível mundial e nacional e cada vez mais iniciativas vem sendo tomadas visando a geoconservação, a divulgação e a utilização de forma consciente desse patrimônio. De qualquer modo, é importante que a Terra seja entendida e interpretada como um todo, tanto pelos seus aspectos de biodiversidade, quanto de geodiversidade. E é a difusão de conhecimentos sobre o Patrimônio Geológico que pode ser uma ferramenta para a sua conservação (MOREIRA, 2008). Em relação a interpretação desse patrimônio, “à medida em que cresce o interesse em conhecer mais a natureza, na mesma proporção maior informação é requerida para satisfazê-lo” (MOLINA, 2001, p. 81). Portanto, em áreas protegidas a principal preocupação do manejo deveria ser além da proteção, a promoção de atividades educativas, e recreativas (DAVENPORT et al, 2002). Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1267 Para tanto, meios interpretativos podem ser utilizados. Um dos meios interpretativos mais eficientes são as trilhas interpretativas conduzidas, pois têm a finalidade de enriquecer as experiências dos visitantes, podendo favorecer a conscientização ambiental de todos, visto que o condutor pode realizar um trabalho educativo voltado para as questões ambientais. O condutor, fazendo o papel de intérprete, proporciona a vantagem do contato pessoal, a formulação de perguntas e um maior controle do comportamento do público. Além disso, as trilhas interpretativas servem como meio de acesso para grande parte dos atrativos naturais e podem funcionar como instrumento para minimizar impactos negativos. A primeira trilha estabelecida com finalidade educativa exclusiva de interpretação do patrimônio geológico citada na literatura é a Trilha Geológica da Floresta Mortimer, em Ludlow, implantada em 1977 (HOSE, 2000). A efetividade da interpretação ambiental em trilhas depende da capacitação e do interesse do condutor, pois há a necessidade de que a pessoa que fará a interpretação tenha sido treinada, para que ao acompanhar os visitantes, possa levá-los a observar, sentir, experimentar, questionar e descobrir os fatos relacionados ao tema estabelecido. No Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, Parque Nacional do Iguaçu e Parque Estadual de Vila Velha, foram oferecidos cursos para condutores, em que foram abordados detalhadamente os aspectos geológicos e geomorfológicos (MOREIRA, 2003; MOREIRA & BIGARELLA, 2008). Tanto em áreas protegidas como em municípios que queiram aproveitar seu potencial geológico em atividades turísticas e interpretativas, a realização de cursos periodicamente e envolvendo profissionais da área de geociências é fundamental. Um Geoparque, segundo a definição da UNESCO (2006) é um território de limites bem definidos, com uma área suficientemente grande para servir de apoio ao desenvolvimento socioeconômico local. Deve abranger um Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1268 determinado número de sítios geológicos relevantes ou um mosaico de aspectos geológicos de especial importância cientifica, raridade e beleza, que seja representativo de uma região e da sua história geológica, eventos e processos. Além do significado geológico, deve também possuir outros significados, ligados à ecologia, arqueologia, história e cultura. Seu conceito está baseado no fornecimento de informações, educação, Turismo e a pesquisa geocientífica. No sentido de verificar quais são os meios interpretativos mais eficazes no que diz respeito a uma melhor transmissão da mensagem para o visitante, do ponto de vista de seus representantes foi realizada uma análise sobre os recursos interpretativos oferecidos em 37 Geoparks de 18 países, membros da Rede Mundial de Geoparks, sob os auspícios da UNESCO. Os questionários foram aplicados durante eventos na Noruega e Portugal, bem como diretamente em Geoparques. Os resultados mostram que o recurso mais eficaz são as trilhas com guias em 55% dos casos (MOREIRA & MELLENDEZ, 2012). O Brasil tem potencial para criar Geoparques devido à sua grande geodiversidade, aspectos peculiares das suas paisagens, atividade turística e à infraestrutura disponível. No entanto, ainda faltam aspectos de interpretação ambiental de um modo geral. Bibliografia BRILHA J. Património geológico e geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica.Viseu:Palimage Editores, 2005.190p. CARRERAS, J; DRUGUET, E. Geological Heritage, an essential part of the integral management of World Heritage in Protected Sites. In: BARETTINO, D; WINBLEDON, W.A.P; GALLEGO, E. (Eds.). Geological Heritage: its conservation and management. Madrid: Sociedad Geológica de España. 2000. p. 95-110. DAVENPORT, L; BROCKELMAN, W; WRIGHT, P; RUF, K; DEL VALLE, F. Ferramentas de Ecoturismo em Parques. In: TERBORGH, J; SCHAIK, Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1269 C; DAVENPORT, L; RAO, M. 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Cursos de capacitação de condutores de geoturismo: as experiências do Parque Nacional do Iguaçu (PR) e Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 44., 2008, Curitiba. Anais... Curitiba: SBG, 2008a. p. 389. SHARPLES, C (comp.) Concepts and principles of geoconservation. Tasmanian Parks & Wildlife Service, 2002. 81p. UNESCO. The criteria for selection. Disponível em: <http://whc.unesco.org/en/criteria/>. Acesso em: 1 nov. 2006. 1271 Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Trilhas Marinhas no Brasil; uma Síntese para a Educação Ambiental Alexandre de Gusmão Pedrini Departamento de Biologia Vegetal Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes Universidade do Estado do Rio de Janeiro pedrini@globo.com Resumo Palavras-chave: área protegida, trilha, mar, biodiversidade. Os oceanos, em particular, os tropicais e subtropicais situam-se essencialmente em países do terceiro mundo. Eles vêm sofrendo efeitos antrópicos nefastos cada vez maiores em número e amplitude. Os governos vêm criando áreas protegidas marinhas com o fim de garantir a perpetuação não só de ecossistemas como de espécies de sua biodiversidade. Porém a falência quase total de gestão nas áreas protegidas marinhas enseja a introdução de novos instrumentos com sustentabilidade financeira e socioambiental. A Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis -paradigma contemporâneo brasileiro - se insurge nesse contexto de destruição socioambiental com premissas renovadoras. A educação ambiental marinha pode ser desenvolvida por trilhas por dois modelos: a) emancipatório através do ecoturismo de base comunitária; b) pedagógico através de preleções instrucionais. Ambas demandam trilhas marinhas como percurso indispensável e previamente planejado. Dentre os doze relatos de adoção de trilhas marinhas no Brasil, a quase totalidade trata-as como percurso para fins (eco)turísticos. Foram selecionados dois estudos de casos dentre os dez relatos existentes no Brasil para apresentar as metodologias desenvolvidas no contexto brasileiro: a) planejamento participativo para criação de trilhas; b) monitoramento sobre impactos negativos causados por banhistas e mergulhadores com “snorkel”. Resultados recentes de pesquisas acadêmicas no planejamento e monitoração de trilhas marinhas no Brasil são apresentados. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1272 Resumen Palabras clave: área protegida, sendero marino, biodiversidad del mar. Los océanos, en particular las regiones tropicales y subtropicales se encuentran principalmente en los países del tercer mundo. Han sufrido los efectos antropogénicos adversos crecientes en número y amplitud. Con esta condición, los gobiernos han creado de áreas marinas protegidas con el fin de no sólo asegurar la perpetuación de los ecosistemas y las especies de la biodiversidad. Pero el fracaso casi total de la gestión en las áreas protegidas marinas implica la introducción de nuevos instrumentos financieros y de sostenibilidad ambiental. Em este sentido, la Educación Ambiental para Sociedades Sustentables - paradigma contemporáneo-brasileño – contesta la destrucción del medio ambiente con premisas inovadoras. La educación ambiental em este meio puede ser desarrollada por senderos marinos en dos modelos: a) emancipatorio a través del ecoturismo basado en la comunidad; b) Pedagógico a través de prelaciones educativas. Ambos temas requieren la vía marítima como esenciales y previamente planeadas. Entre los doce informes de aprobación de senderos marinos en Brasil, casi todos tratan de itinerarios (eco) turisticos. Se seleccionaron dos estudios de caso entre los diez informes existentes en Brasil para presentar las metodologías desarrolladas en el contexto brasileño: a) la planificación participativa para la creación de senderos; b) el seguimiento de los impactos negativos causados por los bañistas y buceadores con esnórquel. Se presentan los resultados recientes de la investigación académica en la planificación y monitoreo de senderos marinos en Brasil. 1. Introdução O planeta Terra demanda urgentemente a criação e manutenção de áreas protegidas em todos os ecossistemas em face de sua gradual destruição socioambientais. Os ambientes costeiros e marinhos são dos mais necessitados. Existia a cerca de dez anos apenas cerca de 4500 áreas protegidas no mundo (PRATES et al., 2007), sendo 20% de ambientes marinhos. Áreas protegidas marinhas são muito escassas no Brasil e quando existem, em geral, são mal conservadas e sem recursos adequados para seu sustento. Um dos públicos que mais impactam negativamente áreas protegidas Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1273 marinhas é justamente o turístico que é aquele para o qual essas áreas têm como meta receber Em face da deseducação ambiental cotidiana e da ausência de amplos e permanentes programas de Educação Ambiental Marinha, as áreas protegidas que têm dentre suas metas acolher turistas, estão sendo destruídas também por parte deles. (Coutinho et al. 1993; Berchez et al. 2005; Pedrini et al., 2007, 2008; Silva e Ghilardi-Lopes 2012; Tunala et al. 2013). Isso pressupõe uma inadequada gestão governamental que detém a maior representação geográfica de áreas protegidas em nosso país. Há várias medidas administrativas possíveis de serem tomadas pelos gestores de áreas protegidas marinhas. Destacam-se: a) solução das questões fundiárias; b) dotação permanente de verbas adequadas ao sustento da unidade de conservação da natureza; c) garantia permanente de um corpo representativo de fiscais devidamente qualificados; d) instalações físicas aparelhadas com equipamentos modernos e funcionando; e) desenvolvimento de programas de ecoturismo marinho de base comunitária (PEMBC); f) realização de programas permanentes de educação ambiental marinha (PEAM). Para desenvolver PEMBC e PEAM a área protegida poderia se beneficiar do planejamento e criação de trilhas marinhas, enquanto que gestores de outras áreas marinhas de estado como o Parque Nacional de Fernando de Noronha excluiu a criação de trilhas marinhas (Mitraud, 2001). Porém, na área de mergulho subaquático não se tem usado o termo trilha e sim roteiros. Um exemplo típico é a publicação do governo de São Paulo (sem data) no contexto do programa estatal “Trilhas de São Paulo”. A publicação de pequeno porte e própria para se levar no bolso é intitulada Roteiros de Mergulho. Se esse tipo de atividade for considerado como tradução de mergulho em trilhas marinhas, então existem milhares delas no país. Igualmente, a delimitação do conceito de trilha subaquática é questão urgente para debate no contexto do ecoturismo brasileiro. A seguir será apresentada uma proposta de tipologia de trilhas marinhas com breve cronologia de suas citações no Brasil. Trilhas Marinhas como um caminho para a Educação Ambiental e o Turismo Uma das formas para a gestão autossustentada dos bens naturais marinhos em áreas protegidas são a implantação e o desenvolvimento de produtos em ecoturismo marinho (Pedrini et al., 2011). Para que possa ser desenvolvido ele Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1274 demanda a adoção e manutenção permanente de caminhos espontaneamente selecionados para mergulhos ou de trilhas marinhas previamente planejadas. Segundo Lechner (2006) o caminho planejado e construído através do espaço geográfico, histórico e cultural para ser entendido como uma trilha demanda o atendimento de: a) demandas dos usuários; b) conservação dos seus bens naturais. Segundo Salvati (2008) uma trilha seria a única possibilidade de acesso no contexto de uma área protegida. Ela poderia ser conceituada como um caminho existente ou estabelecido de variadas formas com o fim de aproximar um visitante ao ambiente natural, ou levá-lo a um atrativo específico. Teria como meta primordial o entretenimento ou educação via sinalizações ou meios interpretativos. Porém, mesmo no ambiente terrestre apenas caminhos em qualquer ecossistema também vem sendo denominado de trilha. Ou seja, um caminho desprovido de equipamentos ou investimentos também é chamado pela população como trilha. Em ambientes aquáticos como o mar ou rios de águas límpidas um percurso frequentemente visitado por usuários também tem sido denominado de trilha subaquática. Mas ao contrário do ambiente terrestre a trilha marinha a não é aberta nem conservada por usuários ou gestores da região em que se insere. Ela também se confunde com termos adotados pelo turismo de mergulho com SCUBA como roteiros ou percursos subaquáticos Para Lima (1998) o componente artificial agrega valor ao conceito de trilha. A trilha denominada de interpretativa seria: "... um trajeto de curta distância (500 até 1.000 metros) com o fim de otimizar a "compreensão das características naturais e/ou construídas e culturais da seqüência paisagística determinada pelo seu traçado finalidades ludo-pedagógicas direcionadas a educação ambiental, ou à humanização de terapias, funcionando como fator de integração ou reintegração, de adaptação e de valoração, de tomada de consciência em relação ao meio ambiente; Lima, 1998, p.40 ". A definição de Lima (1998) traz importantes contribuições ao tema, alargando as funções das trilhas. Então, do mesmo modo que há inconsistências na definição de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1275 trilha subaquática ou terrestre o conceito de trilha marinha não vem também aderindo adequadamente ao que já está consagrado. Desse modo, no presente trabalho será arrolado apenas os trabalhos que citem claramente que se tratam de trilhas subaquáticas ou marinhas por seus autores. É desejável que a trilha marinha receba uma definição clara. A adoção de trilhas marinhas tanto como instrumento para atividades pedagógicas (Berchez et al., 2007; Hadel, 2010) como turísticas (São Paulo, 2008; Pedrini et al., 2011) ainda é rara em todo o mundo (Platong et al. 2000; Hannak, 2008; Oliveira et al., 2011; Baud et al., 2012; Rios-Jara et al., 2013). No quadro 1 pode-se vislumbrar uma tipologia de trilhas marinhas, no Brasil, segundo suas características e propósitos de uso, adaptado de Pedrini et al. (2010). Quadro 1 - Características e finalidades das trilhas marinhas descritas na literatura brasileira (adaptado de Pedrini et al., 2010). Características Autor 1.Wegner (2002) 2.Wegner et al. (2004) 3. Berchez et al. (2005) 4.Lima et al (2006) 5. Berchez et al. (2007) 6. São Paulo (2008) 7. Hadel (2010) 8.Machado et al. (2010) 9.Pedrini et al. (2010) 10.Lima et al. (2010) 11.Pedrini et al. (2011) 12. Meireles et al. (2013) Total 12 Estado SC SC SP SC SP SP SP SP SP SP RJ RJ SP/SC/RJ Propósitos Essencialmente Essencialmente pedagógicas turísticas x x x x x x x x x x x x 4 8 Percebe-se que nos onze relatos de trilhas marinhas existentes no Quadro 1 que a maioria absoluta delas (67%) traduz-se como instrumento contextualizado para o (eco)turismo (essencialmente de base comunitária) e na região sul e sudeste. O critério para arrolar relatos de trilha marinha teve por base a existência de fontes de informação como resumo, ou trabalhos de eventos, documentos acadêmicos ou artigos de periódicos. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1276 A trilha adequada para adoção como instrumento para a EAM (tanto para aplicação no ecoturismo como no ensino de biologia marinha) demanda preparo e para ser de qualidade exige, segundo Pedrini (2006) as seguintes características: a) cobrir um espaço geográfico natural/construído num determinado tempo; b) ser planejada para aplicar os pressupostos pedagógicos conceituais da Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis; c) ser planejada participativamente, incluindo diferentes atores sociais envolvidos na atividade (eco)turística, principalmente a comunidade local ou próxima ao percurso; d) ter seus bens naturais levantados previamente, envolvendo os componentes (geodiversidade, meteorologia, recursos hídricos, etc e bióticos (biodiversidade) caracterizados taxonômica e ecologicamente, recebendo placas ilustrativas de sua existência com seus nomes científicos e populares; e) ter seus impactos antrópicos e naturais negativos avaliados permanentemente acompanhadas de providências para sua mitigação ou extinção; f) ser monitorada continuamente com o fim de receber manutenção, atualização e recuperação de seus equipamentos. Pedrini (2006) também criou indicadores conceituais para que as atividades realizadas numa trilha possam ser consideradas como de mínima qualidade possível em EAM: a) transformadoras que permitam ao ecoturista adquirir conhecimentos e habilidades, via experiências que o torne apto a enfrentar, resolver e evitar problemas socioambientais, inclusive os da região do percurso ecoturístico; b) abrangentes, envolvendo a totalidade dos grupos sociais da área sob influência do percurso; c) globalizadoras, com o ecoturista abordando o ambiente, integrando as escalas global, nacional e local; d) contextualizadoras, de modo que o ecoturista receba conhecimentos sobre a realidade local da atividade ecoturística; e) éticas em que o ecoturista passe a respeitar todas as formas de vida do planeta Terra. Atendendo, minimamente, às essas características a EAM realizada com o apoio de uma trilha devidamente planejada com fins interpretativos ela poderá atingir suas metas. É fato o restrito acúmulo de conhecimento publicado sobre trilhas marinhas no litoral brasileiro. Especialmente quanto a metodologias de seu planejamento. Assim, será apresentada a seguir uma das metodologias para se planejar uma trilha marinha com fins ecoturísticos de base comunitária em áreas protegidas costeiras. 2. Estudos de caso: Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1277 Com o fim de apresentar exemplos brasileiros sobre o planejamento, utilização e avaliação de trilhas marinhas, foram selecionados dois estudos de caso para escrutínio público: a) planejamento de uma trilha marinha no contexto do ecoturismo no estado de São Paulo; b) monitoramento de impactos ambientais negativos numa trilha marinha por parte de mergulhadores com “snorkel” no estado do Rio de Janeiro. 1. Planejamento de uma trilha marinha no Parque Estadual da Serra do Mar, Picinguaba, Ubatuba, São Paulo. O trabalho de Machado et al. (2010) foi desenvolvido no Núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar. Foi desenvolvido como subsídio para a implantação de uma trilha marinha com uma comunidade tradicional inserida em uma unidade de conservação da natureza costeira. A intenção era de aliar a Educação Ambiental Marinha Comunitária (EAM) às atividades da comunidade local, mas com geração de renda para os locais. Ou seja, desenvolver uma EA emancipatória (Pedrini et al., 2011). A Figura 1 apresenta as etapas principais para se proceder a um estudo para planejar participativamente uma trilha subaquática para uso em EA. Cada uma das 1278 etapas será detalhada, a seguir, para o caso estudado. Primeira parte DIAGNÓSTICO PRELIMINAR Existência e disponibilidade de local para a atividade; levantamento das características da comunidade residente e existência de mercado para o produto. Autorização para a realização da pesquisa e contato com a comunidade local Segunda parte LEVANTAMENTO DAS BASES NORTEADORAS Seleção do local por biólogos e moradores Entrevista com moradores perfil dos futuros gestores da atividade Possibilidade de uso e manejo do local selecionado Adaptação da infra estrutura existente Interesse pela atividade Entrevista com visitantes perfil do visitante Interesse pela atividade Necessidade de capacitação Formas de divulgação Terceira parte Conhecimento prévio do ambiente marinho RETORNO ÀS PARTES Divulgação dos resultados das etapas anteriores para a administração da UC e para a comunidade envolvida. Estabelecimento de parcerias Figura 1: Esquema da seqüência de abordagens realizadas para o estudo de Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 implantação da trilha subaquática na Unidade de Conservação (transcrita do trabalho de Machado et al., 2010). A primeira parte envolveu uma sondagem inicial onde o grupo buscou, de forma informal, as condições básicas para o funcionamento de uma trilha subaquática, ou seja, verificar: a) a existência e disponibilidade de um local adequado com atrativos submarinos para instalar uma trilha marinha; b) as características e interesse da comunidade residente; e c) a existência de mercado para consumo do ecoturismo marinho (trilha submarina). Essa parte envolveu levantamentos bibliográficos que forneceram a base para a construção das pesquisas, formas de consulta e acesso aos grupos envolvidos. As informações foram direcionadas ao conhecimento da extensão da área geográfica, características do ambiente natural, origem étnica das comunidades, legislação e entidades legais direta e indiretamente envolvidas. Para a escolha do local para a implantação da trilha subaquática foram realizados mergulhos autônomos e em apnéia, entre outubro de 2006 e abril de 2007. Durante os mergulhos foram feitas observações e registro da geobiodiversidade com as respectivas imagens dos locais, a fim de selecionar os pontos de relevância interpretativa. As áreas investigadas estavam todas inseridas na enseada do Cambury. Foram visitados cinco pontos nesta enseada, todos eles sugeridos pelos moradores. Durante o processo de seleção foram considerados aspectos relacionados à distribuição e associação das principais espécies presentes nos costões (rocha, flora e fauna local) e beleza cênica. Além destes, foram ainda considerados: segurança, presença de pontos de interpretação sócio-ambiental, distância do ponto de acesso e formas de deslocamento disponíveis. Em seguida passou-se a estabelecer contato com a direção da unidade de conservação, para participar do planejamento da atividade e desenhar as primeiras ações para o início do projeto. Foram também realizados contatos com os representantes das comunidades e associações existentes no local. Com a sinalização positiva das partes envolvidas (gestores da UC e comunidade) foi realizada uma pesquisa de opinião/percepção sobre a aceitação da atividade pela comunidade local. Nessa segunda parte do projeto, o processo ganhou um caráter investigativo onde foram levantadas as necessidades quanto ao: a) uso e manejo do ambiente Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1279 selecionado; b) capacitação das comunidades envolvidas para atuar diretamente na manutenção e monitoramento do ambiente local; c) contato e parcerias necessárias para as campanhas de capacitação da comunidade para atuar na atividade; d) interesse do visitante pela atividade; e) perfil do visitante e as formas de divulgação da atividade; f) local para recepção, palestras e treinamentos. Foram realizadas cinqüenta entrevistas com visitantes da região, enfocando dois aspectos principais: o perfil do visitante e o mercado para o produto. O grau de aceitação da atividade por parte dos moradores foi obtido através de pesquisa aplicada entre a comunidade quilombola e caiçara do Cambury, totalizando trinta questionários, de um total de 70 famílias. Esta pesquisa enfocou três aspectos: a) o perfil da comunidade; b) o interesse da comunidade na atividade e c) conhecimento da rotina da atividade. Essas informações forneceram os dados que determinou se a comunidade teria interesse em atuar na trilha e a disponibilidade em receber treinamento. A entrevista teve ainda o objetivo de avaliar o real envolvimento da comunidade com o turismo local. Nessa fase do trabalho, as entrevistas foram realizadas pelos monitores do Núcleo Picinguaba, também moradores do bairro. 1280 O resultado dessa etapa forneceu; a) as expectativas da comunidade para a implantação de uma nova atividade para o (eco) turismo marinho; b) a visão do mercado e da abrangência da atividade na economia local; c) as necessidades de adaptação ao novo perfil exigido pela atividade. Os moradores puderam ainda expor seus conhecimentos quanto ao ambiente natural que envolve a atividade, suas limitações para a prática da atividade e a existência de infraestrutura local (recepção, armazenamento de equipamento, palestra e exposição). O estudo buscou ainda, avaliar o conhecimento prévio dos visitantes e moradores sobre o ambiente marinho de costões rochosos. Foram realizadas atividades lúdicas (figura 2) como: a) jogo-da-velha com algas; b) Quebra-cabeça de seis faces; c) Jogoda-memória com organismos marinhos; d) “Seu Mestre mandou” catar o lixo na praia de maior visitação. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 2: Atividades lúdicas realizadas na praia de maior visitação na UC. (transcritas do trabalho de Machado et al., 2010). Em uma terceira etapa os resultados foram apresentados por meio de relatórios e reuniões aos gestores do parque e a comunidade local, com adequações de linguagem ao público alvo. As atividades desenvolvidas pelos moradores naquele momento (Figura 3) se dividiram entre aquelas relacionadas ao turismo (30%), trabalhos realizados na comunidade (20%) e aqueles que se encontram desempregados (20%). A expectativa da comunidade em relação à trilha marinha foi expectativa interessante, como pode ser observado na Figura 3. alta media baixa Figura 3: Expectativa da comunidade em relação à implantação da trilha marinha. (transcrita do trabalho de Machado et al., 2010) Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1281 A maioria entendeu que a trilha marinha será importante para: a) propiciar conscientização socioambiental da comunidade; c) mudar a percepção da comunidade para crer no turismo inclusivo socialmente local; d) gerar fonte de renda para os moradores. No entanto, acreditou que a trilha marinha não iria atrair o turismo. Isso se explica pelo fato de que anteriormente outros grupos tentaram desenvolver projetos nesse sentido, mas que foram abandonados, gerando frustrações. A falta de energia elétrica local era também um ponto marcante no cotidiano da comunidade. Há também no conhecimento acumulado sobre trilhas terrestres no Brasil variados modelos para o planejamento e avaliação de trilhas. O mais adotado para a criação de pontos interpretativos numa trilha a metodologia denominada de Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos (IAPI). Ela só foi adotada no campo das trilhas marinhas no trabalho de Meireles et al. (2013), pois a trilha tem parte terrestre, além da marinha. No planejamento de trilhas marinhas o critério mais importante tem sido a beleza cênica. Desse modo, o planejamento de trilhas marinhas no contexto de oferta de produtos ecoturísticos, envolvendo os principais atores sociais locais de uma área protegida é factível. Pode, inclusive, aumentar as probabilidades para o desenvolvimento da educação ambiental marinha tanto no contexto do ecoturismo como no pedagógico. 2. Monitoramento de uma trilha marinha na Área de Proteção Ambiental Marinha de Armação de Búzios (APAMAB), estado do Rio de Janeiro. A trilha marinha da APAMAB foi criada com o fim de ser o caminho entre as praias de João Fernandes e João Fernandinho (vide Fig. 4). Ela foi selecionada através critérios que constam no Quadro 2, segundo Pedrini et al. (2011). O Quadro 2 apresenta uma tipologia de seleção de local para escolha de sítio para planejar a instalação de uma trilha marinha baseada em critérios intrínsecos e extrínsecos. Os critérios intrínsecos são aqueles naturais do sítio como as características da água marinha adequadas para o mergulho com máscara e respirador. São exemplos de critérios intrínsecos a visibilidade submersa e o grau de agitação das correntes e batimento das ondas. São exemplos de critérios extrínsecos a presença visual de resíduos (lixo) na água. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1282 Consultando esse quadro o planejador poderá decidir qual critério deverá preponderar sobre os outros e tomar sua decisão. Quadro 2 – Apresentação dos critérios para seleção da trilha marinha de João Fernandes e J. Fernandinho, APAMAB, RJ. (transcrito de Pedrini et al., 2011). 1283 Segundo Pedrini et al. (2011) o caminho natural e espontâneo que os praticantes de mergulho com “snorkel” faziam entre as praias de J. Fernandes/J. Fernandinho teve sua geobiodiversidade marinha inventariada. O objetivo era a partir dela se selecionar atrativos ecoturísticos marinhos. Em seguida através de estudos locais e consulta documental a literatura foi traçada uma teia trófica contextual. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 4 – a: Vista aérea da Área de Proteção Ambiental Marinha de Armação de Búzios, Rio de Janeiro (área inclusa no polígono amarelo); b: Detalhe das praias de João Fernandes e João Fernandinho onde se encontram marcadas as três áreas interpretativas. Fonte: Pedrini et al. (2011)/Google Earth, 2011. As figuras 5ª e 5b ilustram à esquerda a área interpretativa 1 onde há mais afluência de banhistas e mergulhadores com “snorkel” e a área 3 com menor visitação na Praia de João Fernandinho. Fig. 5a e 5b – À esquerda, área interpretativa marinha “1” (costão) na Praia de João Fernandes e área interpretativa marinha “3” localizada a esquerda da praia João Fernandinho, mostrando regiões calmas nos costões (transcrito de Pedrini et al., 2011) Exemplos da fauna e flora marinhas adotadas como atrativos podem ser visualizadas nas figuras 6 e 7, respectivamente. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1284 Figura 6ª e 6b: Colônia do cnidário Leptogorgia sarmentosa à esquerda e à direita um alcionário. (transcrito de Pedrini et al., 2011) A figura 7 apresenta parte dos vinte táxons identificados na trilha marinha. A 7ª à esquerda representa a alga calcária vermelha Amphiroa sp. e a figura 7b à direita a alga verde Ulva fasciata com os marimbas que são peixes herbívoros identificados como Diplodeus argenteus 1285 Figura 7: A 7ª à esquerda representa a alga calcária vermelha Amphiroa sp. e a figura 7b à direita a alga verde Ulva fasciata com os marimbás que são peixes herbívoros identificados como Diplodeus argenteus (transcrito de Pedrini et al., 2011). Caracterizada sua geobiodiversidade marinha foram selecionados os organismos que serviriam como atrativos ecoturísticos. Em paralelo, Tunala et al. (2013) monitoraram a presença de banhistas e mergulhadores com ‘snorkel” e seus efeitos físicos. Alguns deles são ilustrados pelas figuras 8ª, 8b e 8c. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 Figura 8 – 8ª: Turista adolescente estrangeiro importunando animais vágeis como caranguejos; 8b: banhista sentado sobre algas; 8c: banhistas pisoteando algas, além de sua presença física, incomodando peixes territorialistas como o marimbá. (transcrito de Pedrini et al., 2011). Tunala et al. (2013) identificaram um total de 232 eventos sobre os organismos, traduzindo-se por: a) 106 pisoteios (46%); b) 68 toques (29%); c) 55 ressuspensões de sedimento fino (24%); d) 3 arrancamentos (1%). Esses eventos foram intencionais em 76% das ações voluntárias e 24% involuntárias. Os impactos negativos mais frequentes, tanto voluntária quanto involuntariamente, foram: a) pisoteios em exemplares da rodófita ereta calcária de Amphiroa anastomosans e no coral Mussismilia hispida; b) os toques nos cnidários Phyllogorgia dilatata e Palythoa caribaeorum e em exemplares da ocrófita ereta Sargassum sp. A maioria absoluta (75%) dos impactos negativos totais foi de toque e pisoteio nos organismos presentes na trilha. 3. Conclusão As trilhas marinhas tanto para utilização pedagógica como ecoturística vêm sendo utilizadas timidamente no Brasil, sendo relatadas em apenas oito publicações. Há métodos desenvolvidos no Brasil para planejar de modo participativo uma trilha e para monitorá-las, identificando os impactos antrópicos. As trilhas marinhas relatadas situam-se essencialmente na região sul e sudeste brasileiros. Elas estão sendo utilizadas majoritariamente no contexto do ecoturismo marinho como recurso interpretativo. Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4 1286 Agradecimentos Ao prof. Dr. Carlos Hiroo Saito da Universidade Nacional de Brasília pela revisão do texto. À Comissão Organizadora do II Congresso Nacional de Planejamento e Trilhas realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro em outubro de 2013 pelo convite para nele participar. A FAPERJ pelo auxílio concedido e ao CEBIO/IBRAG pelo apoio laboratorial. Ao Flávio "Zen" pelo Resumen. 4. Bibliografia BAUD, J. L.; BLOUET, S.; DUPUY DE LA GRANDIVE, R.; JOURDAN, E; IANTE, C. Underwater Trails Handbook. MARSEILLE: MedPAN North Project/WWFFrance, 2012, 80 p. BERCHEZ, F., CARVALHAL, F.; ROBIM, M. J. 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