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C749
Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas: Uso Público e
Biodiversidade: Desafios de gestão e governança em áreas protegidas / I
Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo (2. : 2013 : Rio
de Janeiro, RJ).
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I
Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro
de 2013. Nadja Castilho da Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira
Mello (orgs.). - Rio de Janeiro: Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. 1290 p.
ISBN 978-85-88769-56-4
2
1. Uso público e conservação da biodiversidade em áreas protegidas. 2.
Manejo de trilhas e sociedade. 3. Manejo e monitoramento da geodiversidade e
biodiversidade em áreas protegidas. I. Título. II. Costa, Nadja Mª Castilho da. III.
Costa, Vivian Castilho da . IV. Mello, Flávio Augusto Pereira.
CDD: 550
CDU: 058
II Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas
Uso Público e Biodiversidade: Desafios de gestão e governança em áreas
protegidas
I Colóquio Brasileiro da Red Latinoamericana de Senderismo
16 a 18 de outubro de 2013
Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Comissão executiva
GEA- UERJ Flávio Augusto Pereira Mello (Coordenação)
Nadja Mª Castilho da Costa
Flávia Lopes Oliveira
LAGEPRO
Vivian Castilho da Costa
Marta Foeppel Ribeiro
Newton Magalhães Neto
Robson Moura Nunes
Comissão Científica
Eixo 01:
Uso Público e Conservação da Biodiversidade em áreas
protegidas
GEA-UERJ
Flávio Augusto Pereira Mello
Nadja Mª Castilho da Costa
FFP-UERJ
Jorge Antônio Lourenço Pontes (Departamento de Ciências)
Eixo 02
Manejo de trilhas e Sociedade
UFMG
Werter Valentim de Moraes – Instituto de Ciências Agrárias – ICA
– Campus Montes Claros
UNIFESP
Zysman Neiman
UFJF
Múcio do Amaral Figueiredo
Leonardo Cristian Rocha (DEGEO/UFSJ)
3
.
Eixo 03
Manejo e monitoramento da Geodiversidade e
Biodiversidade em áreas protegidas
UERJ-IGEOG Vivian Castilho da Costa (LAGEPRO-UERJ)
Marta Foeppel Ribeiro (LAGEPRO-UERJ)
UFRJ
Katia Leite Mansur (-Geologia)
UEPG
Jasmine Cardozo Moreira (Departamento de Turismo).
Apoio
Departamento de Turismo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Profª. Amanda Danelli Costa, D. Sc.
[Chefe do Departamento de Turismo - DTur]
Prof. Thiago Ferreira Pinheiro Dias Pereira, D. Sc
Contatos
GEA UERJ
Rua São Francisco Xavier, 524, sala 4.001-2, bloco D. Maracanã,
Rio de Janeiro/ RJ. CEP: 20.550-013
Telefone: + 55 21 2334 0036
http://geauerj.wordpress.com
4
Sumario
Apresentação
Síntese
O I Colóquio Brasileiro da Red Latinoamericana de Senderismo
Trabalhos completos
GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em
áreas protegidas.
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Planejamento de trilha interpretativa em fragmento de Mata
Atlântica na Universidade Federal de Sergipe – São Cristóvão.
Daniela Monique Guimarães Menezes; Ivana Silva Sobral; Laura
Jane Gomes; Lício Valério Vieira Lima
O desafio da divulgação de banco de dados geográficos através
de SIG-WEB: o Parque Natural Municipal do Curió (ParacambiRJ). Davyd Souza de Paiva
Ecoturismo aplicado a unidades de conservação: proposta de
roteiro ecoturístico e didáticas de conservação ambiental em
fragmento de mata na APA do rio Mamanguape em Rio Tinto –
PB. Henrique Bezerra dos Santos; Hugo Yuri Elias Gomes de
Assis; Anderson Alves dos Santos
Planejamento de uma trilha para Ciclistas de Montanha na área de
uso público da “Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade”
(FEENA), Rio Claro (SP). Leandro Paulo Leão; Maria Inez Pagani;
Denise Zanchetta
Análise da capacidade de carga antrópica e planejamento da trilha
da Caverna do Maroaga na Area de Proteção Ambiental (APA) do
Maroaga/AM. Pedro Henrique Luniere Porto; Rogério Fonseca;
João Rodrigo L. dos Reis
Validação do modelo de Viewshed como técnica de apoio ao
planejamento de trilhas no turismo. Romero Gomes Pereira da
Silva;
Carlos
Henke-Oliveira;Carlos
Hiroo
Saito;Raquel
Fetter;Ronaldo Gomes Barbosa
A localização de pontos estratégicos que representam a
diversidade paisagística na Trilhas dos Saltos do PNCV. Romero
Gomes Pereira da Silva; Carlos Henke-Oliveira; Carlos Hiroo
Saito; Everaldo Ferreira Skalinski; Ronaldo Gomes Barbosa
Relato de experiências do mapeamento e da documentação de
trilhas para a publicação de um guia do Parque Estadual da Pedra
Branca, Rio de Janeiro – RJ. Lucas Santa Cruz de Assis Brasil;
Vivian Castilho da Costa
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas:
impactos, monitoramento e manejo de trilhas p/a conservação da
Biodiversidade
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Aves do Parque Marinha do Brasil: Subsídios para um roteiro de
observação de fauna em áreas verdes urbanas. Cristina Alves
Nascimento; Celson Roberto Canto Silva
Concepção da Trilha Continuum – trilha de longo percurso dentro
dos parques estaduais de São Paulo. Daniela Midori Kaneshiro;
Érika Sayuri Koga; Kátia Pisciotta
Planejamento e recuperação das trilhas de acesso às cachoeiras
Paraíso e Véu da Noiva – APA São Thomé – São Thomé das
Letras (MG). Ézio Dornela Goulart; Bruno Campos Guilarducci
Revitalização da Trilha ‘Morro do Diabo’, no Parque Estadual do
Morro do Diabo, São Paulo, Brasil. Helder Henrique de Faria;
Andréa Soares Pires
Mapeamento dos atrativos e usos nas trilhas do Parque Natural
Municipal Fazenda do Carmo, São Paulo/SP. Jussara Christina
Reis; Angela Pellin; Giovana Dominicci Silva
Praticas participativas para adequação do uso público – o caso do
Parque Nacional dos Campos Gerais/PR. Lilian Vieira Miranda
Garcia
Propriedades físicas do solo como indicadores de impactos em
trilhas na área de proteção ambiental do Cairuçu – Paraty/RJ.
Luana de Almeida Rangel; Antonio Jose Teixeira Guerra
Percepção dos visitantes sobre as trilhas do Parque Natural
Municipal da Taquara – PNMT, Duque de Caxias / RJ. Lucas
Julião Mello de Lima; Alexandre Takio Kitagawa; Malena Carvalho
da Costa; Hernani Aguiar; Rodrigo de Oliveira lula Salles
Turismo adaptado: a acessibilidade no manejo de trilhas. Renato
Marchesini; Renata Antunes da Cruz
Atividades turísticas e impactos ambientais negativos: uma
avaliação da Área de Proteção
Ambiental Jenipabu,
Extremoz/RN. Sebastiana Guedes Bezerra; Valdeci Pereira da
Silva Filho; Anderson Andryolly da Silva Macedo; Isabelle de
Fátima Silva Pinheiro
Usos e percepções acerca da Trilha das Lagoas na Universidade
Federal de Lavras, MG, Brasil. Vinícius do Couto Carvalho; Thiza
Falqueto Altoé; José Edimar Vieira Costa Júnior; Marco Aurélio
Leite Fontes; Aline Pereira
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GT 03: Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e
Cultural em Trilhas
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Planejamento de uma trilha interpretativa no fragmento de Cerrado
no campus UFT Gurupi – TO. André Ferreira dos Santos; Marcelo
Ribeiro Viola; Marcos Giongo
Nas trilhas do Horto Botânico (MN-UFRJ): história, diversidade e
educação. Arthur Rodrigues Lourenço; Renan Zanobine Zanatta;
Juliana dos Santos; Félix Salles; Aline de Jesus Correia; Cristiana
Koschnitzke
Proposta de implantação de trilhas interpretativas no Parque
Estadual da Serra da Tiririca (Niterói-Maricá/ RJ). Camila Pinto
Meireles; Stephanie Maia; Mariana Macêdo Barcelos; Douglas de
Souza Pimentel
O uso de trilhas na Maratona de Educação Ambiental da Est.
Ecológica Juréia-Itatins, Peruíbe, SP. Vanessa Cordeiro; Marcos
Samuel Macedo; Clécio Rogério da Silva; Claudio de Moura
Trilhas do Instituto Federal de Barbacena-MG: um estudo para fins
socioeducacionais. Helcio Ribeiro Campos; Sirdilene Aparecida de
Paiva
Elaboração de roteiro interpretativo para a trilha da Fonte, Parque
Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS. Izadora Flores Rech;
Celson R. Canto Silva
Planejamento, manejo de trilhas e sociedade. Valorar é proteger.
Jorcelino Rinalde de Paulo
Proposta para a implantação de uma trilha interpretativa na
Floresta Estadual “Edmundo Navarro de Andrade” – Rio Claro,
SP. Larissa Ikeda Piedade; Solange Terezinha de Lima
Guimarães
Educação e interpretação ambiental nas trilhas do Pico do Totoró
e Cânions dos Apertados, Currais Novos/RN. Sebastiana Guedes
Bezerra; Valdeci Pereira da Silva Filho; Wagner Araújo Oliveira;
Marcos A. L. do Nascimento
Estudo acerca dos indicadores de atratividade da trilha de
Carnaubinha, Touros/RN. Wagner Araújo Oliveira; Clébia Bezerra
da Silva; Ricardo Farias do Amaral
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GT 04: Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de
Base Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e
cultural.
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A Educação Ambiental para a preservação das trilhas do Morro da
Cambirela / SC. Anastácio da Silva Júnior; Marcos Antonio Garcia;
Ana Carolina M. Silva
Gestão de áreas verdes: análise do Parque Florestal Municipal
Boca da Mata (Ceará-Mirim/RN). Artemísia dos Santos Soares;
Fabíola Gomes de Carvalho
O sistema de mutirão como alternativa para a implementação e
manutenção de trilha na RPPN Foz do Aguapeí, Região Oeste do
Estado de São Paulo. Clécio Rogério Silva; Marcos Samuel
Macedo; Vanessa Cordeiro; Claudio de Moura
Trilhas e ecoturismo em Lumiar: Realidade e possibilidades de
sinalização turística. Thiago S. Moreira Leite; Wanessa Heckert
Carvalho; Profª Ms. Cristiane Passos de Mattos
Percepção turística da comunidade de entorno ao PE Acaraí –
São Francisco do Sul, SC. Douglas Macali Souza; Thiago Felipe
de Souza; Paloma Fonseca Zorzetto; Luiz A.o Palazzi Steffem
Vías verdes y senderos de largo recorrido en Canadá y Chile:
evaluación de participación de comunidades y de actores múltiples
y su potencial conexión con redes ecológicas para la protección
de la biodiversidad biológica. Erich Seydewitz; Dr. Monica
Mulrennan
Planejamento, manejo de trilhas e sociedade: Turismo de base
comunitária no Baixo Acará: interpretando e desenvolvendo trilhas
ecoturística. Silvia Helena Ribeiro Cruz; Raimundo Edson Junior
SESC SP e a Trilha d’Água – adutora da década de 40 é utilizada
como ferramenta de interpretação ambiental. Fábio Luiz
Vasconcelos; Emerson Luis Costa; Juarez Michelotti; Marcelo
Bokermann
Planejamento e implementação de uma trilha interpretativa na
Escola Família Agrícola Puris, no município de Araponga, MG.
Marcello Pinto de Almeida; Marcos Vinícius Ribeiro de Castro
Simão
Recuperação e estruturação das trilhas do PE do Forno Grande
/ES para visitação pública. Leoni Soares Contaifer; Terence Jorge
Caixeta Nascentes Ramos
Percepções dos visitantes do Parque Estadual do Ibitipoca em
relação ao lixo e sua deposição final. Vinícius do Couto Carvalho;
Thiza Falqueto Altoé; Eduardo de Paiva Paula; Marco Aurélio Leite
Fontes; José Edimar Vieira Costa Júnior
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GT 05: Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
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Diagnóstico de trilhas para a visitação ecológica no PE Acaraí,
São Francisco do Sul – SC. Douglas Macali Souza; Luiz Anselmo
Palazzi Steffem; Paloma Fonseca Zorzetto; Thiago Felipe de
Souza
Plano de gerenciamento de riscos em unidades de conservação
de São Paulo. Daniela Midori Kaneshiro; Érika Sayuri Koga; Kátia
Pisciotta
Bioindicadores de impactos em trilhas em uma unidade de
conservação de proteção integral (PARNA Tijuca), no domínio da
Mata Atlântica. Erika Sedlacek de Almeida; Aline Silva Machado;
André Scarambone Zaú; Gláucia Maria Alves de Oliveira; Vinícius
Gomes da Costa
Parque Natural Municipal Montanhas de Teresopólis-PNMMT:
potencialidades e fragilidades. Fernanda Priscila Ribeiro Mackert.
Análise das taxas de erosão e compactação do solo na trilha do
Carteiro, APA Serra São José, Tiradentes – MG. Ítalo Sousa de
Sena; Hilton Wagner Teixeira; Múcio do Amaral Figueiredo;
Leonardo Cristian Rocha
Estudo da gestão de riscos (ABNT NBR 15331:2005) na trilha do
Morro do Diabo do PE do Morro do Diabo, Teodoro Sampaio/SP.
João Paulo Hordones Faria; Sergio Domingos de Oliveira
O impacto na dinâmica do solo através da utilização da trilha
Ponta Negra – Praia de Galhetas na Reserva Ecológica da
Joatinga em Paraty/RJ. Luana de Almeida Rangel; Antonio Jose
Teixeira Guerra
Uso de equipamentos transceptores como instrumento de
monitoramento e segurança no PN Municipal da Taquara – PNMT,
Duque de Caxias / RJ. Lucas Julião Mello de Lima; Malena
Carvalho da Costa; Marcos Cunha; Hernani Aguiar; Alexandre
Takio Kitagawa
Estudo da capacidade de suporte turístico em uma trilha
interpretativa na Estação de Pesquisa Mata do Paraíso, Viçosa,
MG. Marcello Pinto de Almeida; Gumercindo Souza Lima; Gínia
Cesar Bontempo
Uso da norma técnica 15331 para Turismo de Aventura e
Ecoturismo na atividade de guiamento em área de montanha.
Raphael Raine Forni; Cecília Bueno
9
GT 06: Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da
Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos
ecológicos
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Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque Estadual do
Cantão. Benaya Leles; George Georgiadis; Silvana Campello;
Beatriz Corrêa; Mauricio Araújo
Implantação da primeira trilha interpretativa terrestre e
subaquática em Área de Proteção Ambiental na Ilha Grande
(Angra dos Reis, RJ). Camila Pinto Meireles; Felipe de Vargas
Ribeiro; Amanda Carvalho de Andrade; Yollanda Carolina da Silva
Ferreira; Joel Christopher Creed.
Análise da capacidade de carga em trilha do Parque Estadual da
Serra do Brigadeiro (MG) através da consideração das raízes
expostas. Cézar Henrique Barra Rocha; Bruno Campos
Guilarducci; Hugo Gavioli de Almeida; Nayra Rosa Coelho; Luíza
Fonseca Cortat
Plantas exóticas invasoras em trilhas do Morro das Andorinhas,
Niterói, RJ, Brasil. Davi Nepomuceno da Silva Machado; Ana
Angélica Monteiro de Barros; Leonor de Andrade Ribas
Aplicação de conceitos de bioengenharia de solos para
recuperação da Trilha Circular – Parque Natural Municipal da
Prainha – PNMP /RJ/RJ. Flávio Augusto Pereira Mello
Ecologia de trilhas: por uma nova abordagem do uso público em
unidades de conservação. Flávio Augusto Pereira Mello
Planejamento de trilha induzido pelo aumento da demanda de
visitação: Trilha ‘Barreiro da Anta’ no Parque Estadual do Morro do
Diabo, São Paulo/SP. Helder Henrique de Faria; Andréa Soares
Pires; Juliana Ferreira de Castro
Mapeamento dos atrativos e usos nas trilhas do Parque Natural
Municipal Fazenda do Carmo, São Paulo/SP. Jussara Christina
Reis; Angela Pellin; Giovana Dominicci Silva
Trilhas interpretativas em ambiente de Mata Atlântica: uma análise
com base na estrutura da floresta. Marcial Cotes; Marcelo
Schramm Mielke
Indicadores biofísicos: Diagnóstico Ambiental de uma trilha no
Parque Municipal Alfredo Volpi em São Paulo/SP. Thais Torres de
Oliveira; Rubens Koloski Chagas
Construindo uma nova consciência histórica a partir da construção
de uma trilha ecológica: área do Lixão no Campus Paulo VIUEMA. Thiago Diniz Araujo; Cláudio Eduardo de Castro
10
GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: contribuições
para o planejamento e manejo de trilhas
01
A importância das trilhas interpretativas para a Educação
Ambiental, Geoturismo e Geoconservação – estudo de algumas
trilhas do Parque Nacional dos Campos Gerais. Ana Cláudia
Folmann
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Considerações preliminares à cerca do potencial geoturístico da
Serra do Lenheiro, São João del-Rei/MG. Arlon Cândido Ferreira;
Washington Angelo de Souza; Leonardo Cristian Rocha; Múcio do
Amaral Figueiredo; André Batista de Negreiros
Geoparque Seridó: unindo turismo, conservação e educação.
Artemísia dos Santos Soares; Marcos Antônio Leite do
Nascimento
Potencial da trilha ecológica do Vale vulcânico no município de
Cerro Corá/RN. Ednaja Faustino Silva de Moura; Clébia Bezerra
da Silva; Ricardo Farias do Amaral
Trabalho de campo no Caminho das Águas, Parque Natural
Municipal de Nova Iguaçu/RJ:proposta de roteiro ambiental e
subsídio para conservação do patrimônio natural. Flávia Lopes
Oliveira; Cristina Maria Alves da Silva; Nadja Maria Castilho da
Costa
Trilhas subaquaticas em Fernando de Noronha - PE: a importância
da interpretação ambiental relacionada á geodiversidade. Jasmine
Cardozo Moreira; José Martins da Silva Júnior
.
ANEXOS
Resumos de palestras
11
Apresentação
O II Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas é uma iniciativa
do Grupo de Estudos Ambientais-GEA e do Laboratorio de Geoprocessamento
- LAGEPRO, do Departamento de Geografia Física da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro e serão realizados de 16 a 18 de outubro na cidade do Rio
de Janeiro em conjunto com o I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, evento este preparatório para a participação
nacional no I Congreso de la Red Latinoamericana de Senderismo, que
ocorrerá no Chile em 2014, quando será abordado o progresso feito para a
rede até o momento. Durante 03 dias foram apresentadas:
02 conferências de abertura (Maria de Jesus Robim (Parque Estadual da
Serra do Mar-Núcleo Santa Virgínia - Instituto Florestal / SP e Esteban
Delgado (Senderos de Chile / Fund. Senderos de Chile);
05 mesas redondas com 19 palestras de convidados, incluindo a
participação de Esteban Delgado (Senderos de Chile / Fund. Senderos
de Chile e Robert C. Burns. Ph.D. West Virginia University.
Morgantown, WV, US
07 Grupos de trabalho (GTs) com 71 trabalhos apresentados de todas
as regiões brasileiras e 17 estados, caracterizando diversas iniciativas e
propiciando o conhecimento de variadas realidades e amplos debates,
incluindo um trabalho sobre modelos de governança em trilhas d elongo
percurso, comparando as iniciativas do projeto Sendero de Chile com a
Trans Canadá Trail, desenvolvido na Universidade de Concordia
/Quebec/Canadá.
o Sudeste: RJ (18); SP (17); MG (09); ES (1)
o Nordeste: RN (6); PE (2); BA (1); MA (1); SE (1); PB (1)
o Norte: AM(1); PA (1)
o Centro-Oeste: TO(1); GO(1)
o Sul: RS(2); PR(2); SC(3);
05 Oficinas
01 Mostra fotográfica "Retratos da Trilha"
12
e o I Colóquio Brasileiro para a Red Latinoamericana de Senderismo, onde se
concluiu durante e imediatamente após (principais propostas):
Criação de Gt no Congresso da Red Latinoamericana de Senderismo
para redação da Carta Internacional para o Manejo de trilhas e
Conservação da Biodiversidade
Criação de publicação internacional de Senderismo.
Apoio da Red ao Programa Pega Leve de minimo impacto em áreas
naturais.
Dentre os trabalhos se destacaram as aplicações em SIGWEB, modelos de
gestão de redes de trilhas de longo percurso, gestão de riscos em trilhas,
implantação de trilhas terrestres e subaquaticas, proposta da consolidação da
área de pesquisa "Ecologia de Trilhas" como alternativa mais especifica que
Ecologia
da
Recreação,
divulgação
da
aplicação
de
princípios
de
Bioengenharia de solos na recuperação e manutenção de trilhas e a
confirmação da importancia da geodiversidade nas ações de planejamento e
manejo de trilhas. Concluindo, na reunião plenária de encerramento se decidiu
pela continuidade do Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de trilhas
de
forma
itinerante,
bianual,
sendo
a
expressão
nacional
da
Red
Latinoamericana de Senderismo. Deste modo considerou-se que o evento
contribuiu com a exposição de múltiplos olhares e recursos sobre o tema,
através de conferências, mesas redondas, grupos de trabalhos e minicursos e
divulgação do estado da arte sobre o tema, consolidando o debate sobre a
gestão de áreas protegidas a partir da análise dos aspectos geográficos e
ecológicos do manejo de trilhas.
Antecedentes:
Inspirado no I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas, realizado na
UERJ, Rio de Janeiro, aconteceu nos dias 4, 5 e 6 de Outubro de 2012 na cidade de
Piriápolis (Maldonado, Uruguai), o primeiro Congreso de Planificación y Manejo de
Senderos del Mercosur , com representantes da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai,
Venezuela e Uruguai; onde abordaram várias questões inerentes, concluindo com a
13
assinatura de "Declaração de Piriapolis", um documento que inicia a formação da "Red
Latinoamericana de Senderismo", em cujos objetivos se destacam o fomento da
pratica democrática da caminhada em países latino-americanos e estímulo à inclusão
das práticas de esporte e turismo em trilhas nas políticas públicas, iniciativas privadas
e sociedade civil, assim como a extensão da Rede a outros países e atores
latinoamericanos.
Justificativa
Trilhas são as principais estruturas de manejo da visitação em áreas protegidas,
atuando como vetores de dispersão e orientação do fluxo de usuários, buscando
concentrar os efeitos do uso público em áreas pré-determinadas. Estruturalmente a
trilha é uma intervenção linear definida a partir do corte raso da vegetação para o
estabelecimento da zona de pisoteio (área útil efetivamente utilizada pelo usuário em
seu deslocamento) e a área marginal de manejo, onde a vegetação é mantida
controlada para evitar seu fechamento. Esse conjunto compõe o que se chama de
"corredor" da trilha. Suas dimensões variam conforme o objetivo, perfil do visitante e
zoneamento e as dimensões longitudinais e laterais podem significar maior ou menor
"área de sacrifício" e consequentemente seu nível de influência no tecido florestal.
Muitas vezes podem atravessar diferentes ambientes naturais com diferentes limiares
de fragilidade e consequentemente promover variados espectros de impactos locais.
Atualmente assistimos a incremento à visitação em unidades de conservação
brasileiras e a popularização das práticas de lazer, esporte e diversas segmentações
do turismo na natureza. Contudo, mesmo com a evolução das metodologias de
monitoramento e diagnósticos sócio-ambientais para gestão do uso público em áreas
protegidas, muitos impactos na flora e na fauna são de difícil percepção e
mensuração, tanto por limitações técnicas quanto em recursos humanos e materiais.
Para a realidade brasileira, onde a maior parte das atividades de lazer, esporte e
turismo na natureza se desenvolvem em áreas protegidas, este é um aspecto que
pode comprometer sensivelmente a eficiência funcional de unidades de conservação
principalmente para as consolidadas como de proteção integral.
Dentre algumas particularidades, destaca-se que a gestão do uso público evoluiu, mas
muito da "governança" que se estabelece atualmente como modelos de gestão em
algumas unidades de conservação nacionais, tendem a se caracterizar muito mais
como uma opção de mediação de conflitos entre diferentes grupos sociais com
interesses específicos de uso, do que propriamente com a consolidação de políticas
públicas de preservação e/ou conservação do patrimônio genético, habitats e
paisagens protegidas, mesmo considerando as limitações impostas legalmente para
áreas de proteção integral, onde a manutenção da biodiversidade deveria ter
precedência na tomada de decisão assim como consubstanciar ações de
conscientização e Educação Ambiental para a solução de conflitos sociais nas áreas
protegidas.
Neste sentido, observa-se que embora exista uma gama variada de eventos afins ao
tema de gestão de áreas protegidas, tanto de turismo e de conservação propriamente
14
dita, o tratamento das trilhas sob a ótica de sua importância no manejo e gestão do
uso público em áreas protegidas e da manutenção de sua biodiversidade ainda é
muito pouco abordado. Assim, o II CNPMT, com o tema “ Uso Público e
Biodiversidade: Desafios de gestão e governança em áreas protegidas” propõe um
amplo debate sobre a gestão de áreas protegidas a partir da análise dos aspectos
geográficos e ecológicos do manejo de trilhas buscando responder perguntas como:
O fluxo e o comportamento dos visitantes nas trilhas pode interferir na dinâmica
de populações animais e vegetais e significar um risco à sua manutenção?
As trilhas podem caracterizar efeito de borda a ponto de promover a
fragmentação florestal significativamente?
As metodologias aplicadas no manejo e monitoramento da visitação e seus
impactos são eficazes?
A implantação de trilhas para a visitação em áreas com diferentes graus de
conservação pode ser um facilitador para a migração de espécies generalistas
e animais domésticos ferais, por exemplo, com consequências para as
populações protegidas locais?
Em discussões sobre uso público e manutenção de espécies ameaçadas ou
em risco de extinção, que aspectos de governança podem ser considerados
efetivos para a gestão de áreas protegidas?
Como a implantação de redes de trilhas ou trilhas de longo percurso
contribuem para a inclusão social, a manutenção de culturais locais e
promoção da Geodiversidade?
Estratégicamente a valoração do patrimônio geológico deve ser associada a
conservação da Biodiversidade e vive-versa como forma de preservar estas
paisagens?
As metodologias aplicadas em Educação e Interpretação Ambiental junto a
visitantes em trilhas de áreas protegidas são eficientes para aumentar a
Percepção ambiental, valoração e interpretação das paisagens protegidas?
Embora muitas questões permaneçam em aberto, acesse os anais do II
CNPMT (Acesso rápido):
http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/0-IICNPMT_anais_apres.pdf
http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/1-IICNPMT_anais_GT%2001.pdf
http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/2-IICNPMT_anais_GT%2002.pdf
http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/3-IICNPMT_anais_GT%2003.pdf
http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/4-IICNPMT_anais_GT%2004.pdf
http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/5-IICNPMT_anais_GT%2005.pdf
http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/6-IICNPMT_anais_GT%2006.pdf
http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/7-IICNPMT_anais_GT%2007.pdf
http://infotrilhas.com/anais_IICNPMT/8-IICNPMT_anais_anexo.pdf
Rio de Janeiro, 16/10/2013
15
GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em
áreas protegidas.
Sumario
01
Planejamento de trilha interpretativa em fragmento de Mata 16
Atlântica na Universidade Federal de Sergipe – São Cristóvão.
02
O desafio da divulgação de banco de dados geográficos através 41
de SIG-WEB: o Parque Natural Municipal do Curió (ParacambiRJ).
03
Ecoturismo aplicado a unidades de conservação: proposta de 64
roteiro ecoturístico e didáticas de conservação ambiental em
fragmento de mata na APA do Rio Mamanguape em Rio Tinto –
PB.
04
Planejamento de uma trilha para Ciclistas de Montanha na área de 78
uso público da “Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade”
(FEENA), Rio Claro (SP).
05
Relato de experiências do mapeamento e da documentação de 92
trilhas para a publicação de um guia do Parque Estadual da Pedra
Branca, Rio de Janeiro – RJ
06
Análise da capacidade de carga antrópica e planejamento da trilha 112
da Caverna do Maroaga na Area de Proteção Ambiental (APA) do
Maroaga/AM.
07
Validação do modelo de Viewshed como técnica de apoio ao 132
planejamento de trilhas no turismo.
08
A localização de pontos estratégicos que representam a 149
diversidade paisagística na Trilhas dos Saltos do PNCV.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
15
GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas.
PLANEJAMENTO DE TRILHA INTERPRETATIVA EM FRAGMENTO DE
MATA ATLÂNTICA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – SÃO
CRISTÓVÃO.
Daniela Monique Guimarães Menezes
Ivana Silva Sobral
Laura Jane Gomes1
Lício Valério Vieira Lima2
Resumo
Palavras-chave: Interpretação da natureza; Quantum-Gis; Educação Ambiental; “Matinha” de
UFS.
A “Matinha” é um pequeno fragmento de Mata Atlântica localizado no entorno
do campus da Universidade Federal de Sergipe, entre as coordenadas
19°59'24,3"S e 37°05'59,3"W, possuindo 01 trilha principal e 02 secundárias,
sendo a principal utilizada por alunos e funcionários em sua maioria, para
atividades pedagógicas e de lazer. Observa-se que a interpretação ambiental é
um importante instrumento de educação e percepção da natureza em áreas
protegidas levando o visitante/turista a compreender o entorno ecológico e o
seu papel enquanto usuário. Para Jesus e Selva (2006), as trilhas de
interpretação ambiental enriquecem a experiência do visitante e o sensibiliza
para a conservação dos recursos naturais. Neste sentido, foi elaborado um
roteiro interpretativo na “Trilha do Teiu”, com 1,5 Km com o objetivo de
promover a sensibilização de usuários e práticas pedagógicas relacionadas.
Para tanto a área foi reconhecida a partir de caminhadas para mapeamento da
trilha e coleta de dados com GPS; os pontos coletados em campo foram
aferidos pelo software Quantum-Gis, com dados do Atlas Digital de Sergipe e
da imagem de satélite do “Google satellite”. O Sistema de Referência de
Coordenadas utilizado na elaboração do mapa foi o WGS84. Em seguida foram
instaladas placas e confeccionado um roteiro de visitação com informações
sobre a área para a compreensão do visitante no decorrer do trajeto. O
mapeamento do local identificou a trilha mais adequada a ser percorrida de
forma autoguiada, com auxílio de placas, além da confecção de um “Roteiro de
1
Profª. Drª. Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Sergipe.
2
Geógrafo, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Doutor em Geografia (UFS),
Professor do Instituto Federal de Sergipe.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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Visitação” com informações essenciais à experiência dos visitantes,
constituindo-se em importante recurso pedagógico para a conservação de
áreas protegidas e a recuperação de áreas degradadas. A implantação da trilha
só será eficiente quando forem concretizadas as sugestões descritas neste
trabalho, como modo de solucionar ou, pelo menos, minimizar os impactos
ocorrentes e percebidos no local.
Resumen
Palabras-clave: Interpretación de la naturaleza; Quantum-Gis; Educación Ambiental; “Matinha”
de UFS.
La “Matinha” es un pequeño fragmento de Mata Atlántica ubicado en el entorno
del campus de la Universidad Federal de Sergipe (UFS), entre las coordenadas
19°59'24,3"S y 37°05'59,3"W, poseyendo 01 sendero principal y 02
secundarios, siendo la principal utilizada por alumnos y funcionarios en su
mayoría, para actividades pedagógicas y de ocio. Se puede observar que la
interpretación ambiental es un importante instrumento de educación y
percepción de la naturaleza en áreas protegidas, llevando el visitante/turista a
comprender el entorno ecológico y su rol como usuario. Según Jesus y Selva
(2006), los senderos de interpretación ambiental enriquecen la experiencia del
visitante y lo sensibiliza para la conservación de los recursos naturales. En este
sentido, se elaboró un guía interpretativo en “Trilha do Teiu” (“Sendero del
Teiu”), con 1,5 km, con el objetivo de promover la sensibilización de usuarios y
prácticas pedagógicas relacionadas. Para eso, se exploró el área a partir de
caminatas para levantamiento cartográfico del sendero y colecta de datos con
GPS; las informaciones colectadas en campo se evaluaron con el software
Quantum-Gis, con datos del Atlas Digital de Sergipe y de la imagen de satélite
del “Google Satellite”. El Sistema de Referencia de Coordenadas utilizado en la
elaboración del mapa fue el WGS84. Enseguida, se instalaron carteles y se
confeccionó un guía de visitación con informaciones sobre el área para la
comprensión del visitante en todo el recorrido. El levantamiento del sitio
permitió identificar el sendero más adecuado a ser recorrido de manera
autoguiada, con el auxilio de carteles, además de la confección de un “Guía de
Visitación” con informaciones esenciales a la experiencia de los visitantes,
constituyéndose en importante recurso pedagógico para la conservación de
áreas protegidas y la recuperación de áreas degradadas. La implantación del
sendero sólo podrá ser eficiente cuando se concreticen las sugerencias
descritas en este trabajo, como manera de solucionar o, por lo menos,
minimizar los impactos ocurrentes y percibidos en el sitio.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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1. Introdução
A relação homem x natureza tem sido amplamente discutido em âmbito
mundial desde a década de 60 do século passado. Ao observar as condições
atuais do ambiente à nossa volta, nos deparamos com um cenário ameaçador,
como por exemplo, áreas verdes cada vez mais diminutas, aumento alarmante
da degradação ao ambiente natural e pressões de diferentes segmentos da
sociedade acerca da proteção de recursos essenciais à vida humana. Para
Chauí (2003), a dicotomia nas relações homem x natureza é datada do século
XVIII, com a intensificação da Revolução Industrial que impulsionou atividades
industriais, as quais necessitavam de grande quantidade de matéria prima e
produziam, da mesma forma, resíduos. Deste modo, percebe-se que as
reações naturais não são resultados de atividades recentes, mas de um
acúmulo de impactos decorrente de séculos. Como forma de minimizar o efeito
dos problemas causados pelo homem, na década de 70 (século XX), surge o
termo Educação Ambiental, aliado à discussões que abordavam os problemas
ambientais existentes e as maneiras aplicáveis à sociedade que possam evitar
que danos sejam causados ao meio ambiente.
Inserido na Constituição de 1988, no Capítulo VI, que aborda sobre Meio
Ambiente (BRASIL, 1988), esta forma de educação pode ser aplicada tanto nas
escolas – educação formal, quanto à sociedade por meio de outras ferramentas
– educação informal ou não-formal. Ambos os caminhos são imprescindíveis à
possibilidade de mudanças de comportamento e atitude por parte dos seres
humanos perante o ambiente natural, visto que, é necessária a participação de
todos quando se busca atingir o objetivo da educação ambiental que parte da
premissa de que o ser humano deve ter consciência da sua condição em
relação ao ambiente e as relações entre o ambiente humano construído e o
ambiente natural (VASCONCELOS, 2003).
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Um importante instrumento da educação ambiental em áreas protegidas, pode
ocorrer por meio da interpretação ambiental, também conhecida como
interpretação da natureza. Esta técnica tem como principal função estimular os
visitantes a entender o seu entorno ecológico e, consequentemente, possibilitar
a compreensão deste ambiente tornando-o um ser consciente do seu papel
enquanto usuário e protetor dos recursos naturais (VASCONCELOS, 2003).
Em meio às diversas formas de se trabalhar a educação ambiental com
visitantes e/ou turistas deve-se enfatizar a eficácia do emprego de técnicas de
ecoturismo para interpretação da natureza. No caso da Universidade Federal
de Sergipe, Campi São Cristóvão, que possui uma área verde que se
enquadra, segundo a Lei de proteção sobre a vegetação (BRASIL, 2012), como
Área de Preservação Permanente, popularmente conhecida como “Matinha da
UFS”, existe um alto potencial para aplicação das técnicas de interpretação da
natureza pelas peculiaridades da área unidas à presença da comunidade
universitária, bem como, comunidades do entorno.
19
Nesse contexto, surge como proposta a prática das ações de educação
ambiental, utilizando técnicas de interpretação da natureza. Para tal, foi traçado
como objetivo geral “Propor o uso sustentável da “matinha” da UFS, por meio
da interpretação da natureza”. Tendo como objetivos específicos i) mapear as
trilhas já existentes; ii) planejar trilha autoguiada com placas interpretativas e iii)
elaborar um manual de visitação.
2. Metodologia
A “matinha” da UFS, como é comumente conhecida pela comunidade
universitária, está localizada em área da Universidade Federal de Sergipe, no
município
de
São
Cristóvão,
entre
as
coordenadas
19°59'24,3"S
e 37°05'59,3"W (Figura 1) (MACHADO, 2006), situada às margens do Rio
Poxim, que é importante fonte de abastecimento de parte da população da
grande Aracaju. Enquadra-se, segundo a Lei Nº 12.651, BRASIL (2012), que
define Área de Preservação Permanente (APP) como sendo:
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“área protegida, coberta ou não por vegetação nativa,
com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas”.
20
Figura 1- Localização geográfica da UFS – São Cristóvão . Fonte: Acácia Souza, 2013
Durante a coleta de dados, houve o reconhecimento da área a partir da
realização de 04 (quatro) caminhadas para mapeamento da trilha com o intuito
de identificar suas potencialidades e aspectos relativos a interpretação
ambiental, tais como a distância, grau de dificuldade da trilha e tempo
aproximado para percorrê-la. Os pontos coletados em campo que indicam o
início e final da trilha que totalizam 1,5 km, assim como os vértices que indicam
os locais de entrada e saída do interior da mata foram aferidos pelo software
livre Quantum-Gis, a partir dos dados coletados em campo com GPS Garmin
Etrex Summit, e dos dados do Atlas Digital de Sergipe (2012) e da imagem de
satélite do “Google satellite”, capturada no ano de 2003 e importada por meio
do plug-in do Quantum-Gis denominado OpenLayers. O Sistema de Referência
de Coordenadas utilizado na elaboração do mapa foi o WGS84.
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Convém ressaltar que foram identificadas outras trilhas já existentes, mas,
apenas foi mapeada a trilha mais utilizada no local, pois essa encontra-se mais
demarcada pelo uso constante. Trilhas deixadas por animais nativos da área
também foram identificadas, mas não georrefrenciadas, apenas registradas
junto ao “Roteiro de Visitação”. À medida que a caminhada foi realizada,
informações fornecidas pelo mateiro que acompanhou as visitas à área, foram
registradas, a exemplo de informações sobre espécies de fauna e flora
presentes. Os dados registrados serviram para a confecção do “Roteiro de
Visitação” da “Trilha do Teiu”, nome dado pela autora do trabalho, baseando-se
nas informações levantadas. O mateiro que acompanhou as visitas à área da
“matinha” é o Sr. Pedro Lopes, que trabalhou no Horto Florestal por 08 anos e
hoje é funcionário do Viveiro Florestal do Departamento de Ciências Florestais.
Tem 54 anos e mora há cerca de 02 anos no entorno da Universidade
(Povoado Cabrita), o que facilitou o acesso e o conhecimento das
características da fauna e flora da região, bem como a identificação das
espécies existentes e o comportamento dos animais lá encontrados.
O Roteiro foi confeccionado em forma de folder e tem como objetivo transmitir
aos visitantes informações essenciais e mais expressivas da “matinha”. O
mapa foi confeccionado com o intuito de facilitar o reconhecimento do local, os
pontos inicial e final da trilha, bem como o caminho a ser percorrido e
futuramente escolher os melhores locais para a instalação de placas de
sinalização. A realização do percurso também será auxiliada pela presença de
placas no decorrer da trilha. As fotos das espécies presentes no “Roteiro de
Visitação” são uma seleção das mais expressivas do local.
3. Resultados e Discussão
3.1. Mapeamento e planejamento da trilha
Após análise da “matinha” da UFS, foi observado um alto potencial para a
realização de atividades de interpretação da natureza como forma de
disseminação da educação ambiental. A área pode ser utilizada pela sua
possibilidade em realizar atividades educativas como a implantação de trilha
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que auxilie os visitantes no desenvolvimento de sensações relativas ao meio
ambiente natural. Para o planejamento de atividades na área, inicialmente a
principal
trilha
foi
mapeada
e
seus
pontos
inicial
e
final
foram
georreferenciados. Durante o trajeto da trilha, foram identificadas diversas
espécies florestais nativas do bioma Mata Atlântica (Quadro 1), algumas com
importante valor econômico, devido sua madeira ser excelente para o uso na
movelaria. Outras, como a aroeira, por ser um importante produtor de frutos
utilizados nas indústrias alimentícia e farmacêutica, que são exportados para
essa finalidade (JESUS et. al, 2011).
Quadro 1- Espécies vegetais indicadas pelo mateiro, encontradas na área da “matinha” e seus
nomes científicos. Universidade Federal de Sergipe.
NOME VULGAR
Angelim
Mangueira
Aroreira
Jamelão
Embaúba
Palmeira (Dendê)
Jenipapo
Pau-Pombo
Graviola
Ingá
Cajá
Cássia Azul (Sombreiro)
Jaqueira
Massaranduba
Fonte: MACHADO, 2006 e MAUAR, 2012
NOME CIENTÍFICO
Andira fraxinifolia Benth.
Mangifera indica L.
Schinus terenbinthifolius Raddi
Syzygium jambolanum
Cecropia pachystachya Trécul
Elaeis guineenses N. J. Jacquin
Genipa americana L.
Tapirira guianensis
Annona muricata L.
Inga sp.
Spondias mombin
Clitoria fairchildiana
Artocarphus heterophyllus Lam.
Manilkara sp.
A trilha planejada para a “matinha” da UFS possui 1,5 Km e tem início nos
pontos de coordenadas geográficas 10°55’88,3”S e 37°06’27,7”W, estendendose até as coordenadas 10°55’33,8”S e 37°05’95,6”W (Figura 2).
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Figura 2 - Pontos de início e final e percurso total da trilha da Matinha da Universidade Federal
de Sergipe, São Cristóvão, 2013. Fonte: Acácia Souza, 2013
Devido o seu caráter recreativo e educativo, esta trilha é caracterizada como
trilha interpretativa. Quanto à sua forma é classificada como trilha em atalho, já
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que o início e o fim estão em pontos diferentes, objetivando apresentar ao
visitante um caminho alternativo ao principal (VASCONCELLOS, 2006).
Esta é uma trilha que pode ser utilizada de acordo com a classificação da
Vasconcelos (2003) como autoguiada. Sugere-se que ela seja realizada
apenas pelos estudantes e servidores da Universidade Federal de Sergipe,
sem a presença do guia e utilizando as informações presentes nas placas no
decorrer do percurso.
A trilha escolhida para ser implantada tem baixo grau de dificuldade, com base
nos parâmetros de classificação utilizados por Vasconcelos (2003), que
considera o comprimento da trilha, as características do relevo, necessidade ou
não de acampar, características de sinalização e a existência de mapas ou
roteiros para a classificação entre caminhada leve, semipesada ou pesada. A
partir da observância destes pontos pode-se considerar esta trilha como
caminhada leve.
O relevo tem alguns aclives e declives suaves que não influenciam no
desenvolvimento do trajeto que é fácil de ser percorrido. Os pontos de
alagamento durante o período chuvoso na área podem ser considerados como
os maiores obstáculos para a realização do percurso, por isso, faz-se
necessária a instalação de uma passarela suspensa de madeira com uma
distância de 30 cm do nível do solo.
3.2. Engenharia e custos
O projeto desta trilha desempenha o papel ambiental de proteção à natureza.
Deste modo, é necessária a construção de uma passarela para minimizar as
dificuldades advindas do terreno acidentado como aclives e declives.
A composição da trilha se dará por meio de uma passarela de madeira
suspensa, separada do solo por 30 cm de altura. É importante ressaltar que na
área cocorrem trechos alagados em determinadas épocas do ano que
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correspondem ao período de maio a agosto, coincidindo com o período de
chuva no município.
Como em alguns trechos a água atinge uma altura de 1,50 (metro), torna-se
inviável a manutenção da trilha pelo caminho já marcado. Portanto, antes de
chegar ao ponto inicial de alagamento a trilha será finalizada e os visitantes
terão de voltar ao ponto de bifurcação da trilha para continuar no caminho
inicial que os leva ao ponto final.
Esse intervalo onde há alagamento, dá acesso à trechos da mata que se
encontram degradados ambientalmente, sendo necessário separar essas áreas
que posteriormente deverão ser recuperadas, dos locais que estão em
condições topográficas e ambientais apropriadas para a realização da
caminhada.
A madeira escolhida para a confecção deste projeto foi a biossintética, por ser
ecologicamente correta e suas propriedades, como a impermeabilidade
superior comparada a outros tipos de madeira, maior resistência à
deterioração, ao mofo e aos cupins, além de não requerer pintura ou
manutenção regular, se enquadram perfeitamente ao projeto (SANTOS et al.,
2006).
A passarela ficará apoiada sob estacas de ripa que acompanharão a altura da
trilha de ambos os lados, visando minimizar os impactos da construção, serão
adquiridas 600 unidades. As especificações da passarela são de 2,00 (metros)
de largura, em todo o comprimento da trilha. A madeira do piso tem como
dimensões 10 (centímetros) x 2,5 (centímetros) x 6,0 (metros) de comprimento
e será disposta de modo a não deixar espaços entre si, permitindo uma
caminhada segura. Para alcançar as especificações da largura do piso serão
necessárias 20 unidades de madeira e do comprimento da trilha serão
adquiridas 300 unidades.
As bordas serão indicadas por estacas de madeira de 1,00 (metro) de altura,
que servirão para compor o guarda corpo. Esse terá a função de proteger dos
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transeuntes quando da proximidade com o córrego existente e para servir de
apoio ao público, quando for necessário. Serão necessárias 200 unidades de
estaca para espalhar por todo o percurso. O guarda corpo será composto por
03 faixas de madeira dispostas horizontalmente, percorrendo toda a trilha,
sendo necessária a aquisição de 1800 unidades.
Para a construção da estrutura de madeira serão contratados 05 (cinco)
marceneiros e 05 (cinco) ajudantes. Todos cumprirão 08 (oito) horas diárias,
com 02 (duas) horas para o almoço, obedecendo a CLT (Consolidação das
Leis do Trabalho), Lei Nº 5.452 (BRASIL, 1943), para os termos de
contratação. Todas as placas também serão instaladas por estes profissionais.
O salário de cada marceneiro será de (R$) 1.000,00/mês, seguindo a média do
mercado e o salário de cada ajudante será de (R$) 700,00/mês, serão
necessários
03
(três)
meses
para
conclusão
dos
serviços
(SINDICATOMARCENEIROS, 2012).
Como a principal possibilidade de percorrer a trilha é de maneira independente,
sem a presença do guia, é imprescindível a confecção e instalação de placas
informativas no decorrer da trilha para facilitar a passagem dos turistas. Tais
placas serão de madeira biosintética, dispostas de ambos os lados da trilha,
sustentadas em estacas também de madeira, servindo para indicar o caminho
a seguir e informando pertinentemente sobre educação ambiental.
Placas menores também de madeira biossintética serão colocadas em algumas
árvores existentes na trilha com a identificação da espécie. Serão escolhidas
espécies que correm algum risco de extinção, tem valor econômico ou cultural
na região, são endêmicas na área e que consequentemente, agregam valor à
trilha.
Todas as placas serão confeccionadas em madeira biossintética, como
afirmado acima, cada placa informativa terá o custo unitário de (R$) 87,00 e as
placas de identificação das espécies terá o custo unitário de (R$) 33,00,
valores presentes na Tabela 1.
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Tabela 1 - Material necessário para instalação da trilha suspensa, valores e quantidade dos
produtos
ATIVIDADE
PREÇO UNIDADE (R$)
QUANTIDADE
PREÇO TOTAL
(R$)
Madeira – piso
R$ 109,00 / Tábua de 6m*
300 tábuas
Madeira – sustentação
R$ 109,00 / Tábua de 6m*
600 tábuas
Madeira – guarda corpo
R$ 109,00 / Tábua de 6m*
1.800 tábuas
Madeira – estaca do
R$ 109,00 / Tábua de 6m*
20 estacas
Placa informativa
R$ 80,00 / Placa
10
Estrutura de
R$ 7,00 / Estrutura
20
Marceneiros
R$ 1.000,00
5
Ajudantes de
R$ 700,00
5
R$ 32.700,00
R$ 196.200,00
do piso
R$ 65.400,00
R$ 2.180,00
guarda corpo
R$ 800,00
R$ 140,00
sustentação da placa
R$ 5.000,00
R$ 3.500,00
marcenaria
Fonte: Sites especializados em madeira biosintética, Sindicato de Marceneiros e marceneiros
da região centro-sul do estado de Sergipe, 2013
Com marceneiros da região Centro-sul do estado de Sergipe, foram adquiridas
informações sobre valores para a confecção das placas que ficaram
espalhadas pela trilha, auxiliando o caminho dos visitantes. Os valores dos
Equipamentos de Proteção Individual foram obtidos em lojas da região CentroSul do estado de Sergipe, conforme Tabela 2.
Tabela 2 – EPI’s necessários para instalação da trilha suspensa, valores e quantidade
ATIVIDADE
PREÇO UNIDADE (R$)
QUANTIDADE
PREÇO TOTAL (R$)
Óculos de proteção
R$ 6,00
10
R$ 600,00
Luvas
R$ 35,00
20
R$ 7.000,00
Botas
R$ 20,00
20
R$ 4.000,00
Fardamento
R$ 25,00
20
R$ 5.000,00
Capacete
R$ 15,00
20
R$ 1.500,00
Fonte: Lojas especializadas da região centro-sul do estado de Sergipe, 2013
O custo total de implantação desta trilha foi de (R$) 324.020,00. Os valores
foram obtidos em informações de sites especializados em produção de madeira
biossintética, para a aquisição da madeira que compõe o piso, a base de
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sustentação do piso, o guarda corpo, as estacas para o guarda corpo e as
placas e a base para as placas.
3.3. Interpretação ambiental da trilha – Roteiro de visitação
Para auxiliar os visitantes durante a caminhada na “Trilha do Teiu” foi
confeccionado um “Roteiro de Visitação” (Figuras 3 e 4) que possui
informações significativas e necessárias sobre a área e que podem ser
utilizadas para a compreensão do visitante sobre o ambiente no decorrer do
trajeto.
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Figura 3 - Modelo de “Roteiro de Visitação” para a “Trilha do Teiu” (Parte interna do folder)
Fonte: Pesquisa de campo, 2013
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Figura 4 - Modelo de “Roteiro de Visitação” para a “Trilha do Teiu” (Parte externa do folder)
Fonte: Pesquisa de campo, 2013
Inicialmente foram inseridas informações sobre o que é uma Área de
Preservação Permanente, para a compreensão sobre a importância da
preservação de matas ciliares. Uma vez que, o local é uma APP, há a
necessidade do cuidado com o ambiente e o início desta postura frente ao
ambiente natural está na sensibilização por meio da educação ambiental.
Como a área é um remanescente de Mata Atlântica, é imprescindível salientar
a importância da sua proteção para a manutenção do equilíbrio ecológico e
principalmente da biodiversidade já que neste bioma a taxa de espécies de
fauna e flora é alta, assim como, é alto o índice de indivíduos endêmicos.
No “Roteiro de Visitação” houve uma ênfase na divulgação das espécies da
flora existentes no local. Algumas das espécies existentes na “matinha” são
indicadoras de estádios iniciais de sucessão, predominando espécies pioneiras
e clímax que favorecem a formação de sub-bosques com espécies tolerantes à
sombra.
Entre
os
indivíduos
identificados
estão:
Andira
fraxinifolia
Benth.(angelim), Schinus terenbinthifolius Raddi. (aroeira), Inga sp. (ingá),
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
29
Manilkara sp. (massaranduba), e Clitoria fairchildiana (sombreiro) (Figura 5)
(MACHADO, 2006).
30
Figura 5 - Espécies encontradas na “matinha”. No sentido horário: Andira fraxinifolia
Benth.(angelim), Schinus terenbinthifolius Raddi (aroeira), Clitoria fairchildiana (sombreiro) e
Manilkara sp. (massaranduba). Fonte: Monique Menezes, 2013
Quanto à essas espécies, destacam-se algumas de porte arbóreo, a exemplo
da Schinus terenbinthifolius Raddi. (aroeira vermelha) que pertence à família da
Anacardiaceae. É uma espécie heliófita e pioneira, comum em beira de rios e
córregos, crescendo em terrenos secos e pobres. O tanino da casca da aroeira
é utilizado na indústria farmacêutica para a produção de anti-inflamatórios e
cicatrizantes naturais de uso ginecológico. A sua semente é conhecida na
culinária internacional como pimenta-rosa, apresenta um sabor suave e
levemente apimentado. Sergipe é um dos fornecedores dos frutos desta
espécie, atualmente coletado de forma extrativista e desordenada (JESUS et
al., 2011).
A Manilkara sp. (massaranduba) pertence à família das Sapotaceae e devido
as propriedades físicas e mecânicas da sua madeira, favorecem o seu
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emprego, principalmente, na construção de barcos e navios, carpintaria,
construção civil, assoalhos, pontes, instrumentos musicais, esportes e atletismo
(IBAMA, 2013). A Clitoria fairchildiana (sombreiro) pertence à família
Papilionoideae, é utilizada para a arborização urbana e rural, devido a sua
frondosa copa, e para a recuperação de áreas degradadas e de preservação
permanente (CAÇADOR, 2011).
Quanto a fauna, o Tupinambis merianae (teiu), é um animal presente na área
da “matinha”, com potencial para interpretação da natureza, podendo ser
encontrado em uma simples caminhada ou percebendo seu rastro no terreno
(Figura 6). Ocorre na maioria das florestas distribuídas pelo país. Possui
hábitos diurnos e terrestres e sua alimentação é onívora e pode incluir
invertebrados, vertebrados, ovos e várias espécies de frutos. Quando
ameaçado pode ficar imóvel, camuflando-se ou fugindo rapidamente
(AMBIENTE BRASIL, 2013).
31
Figura 6 - Rastro do teiu encontrado durante trilha na “matinha”
Fonte: Monique Menezes, 2013
O teiu possui corpo cilíndrico e robusto, atingindo até 1,4 metros de
comprimento e peso de 5 kg. Sua cabeça é pontiaguda e comprida, a
mandíbula é forte e a cauda longa e musculosa é utilizada para defesa deste
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animal, seja desprendendo-se do corpo, seja golpeando o que lhe causa
ameaça. Ocupa principalmente áreas abertas e sua presença está relacionada
às áreas de clareiras (DAYRELL, 2009).
3.4. Entraves à aplicação do Projeto
Na área da “matinha” foram encontradas algumas ações impactantes ao meio
natural e que impedem o desenvolvimento do projeto no momento atual, uma
vez que, são problemas que dependem da gestão da Universidade e que
necessitam de cuidados urgentes para a recuperação e conservação do local.
Segundo o Art. 1º da resolução 01 de 1986, do CONAMA (BRASIL, 2006),
afirma que impacto ambiental é qualquer alteração química, física ou biológica
ao meio ambiente resultante de qualquer atividade humana, afetando-o direta
ou indiretamente. Logo após a entrada na “matinha” pode-se perceber uma
grande quantidade de lixo composto por embalagens descartáveis de alimentos
e bebidas, entre outros tipos de resíduos. Ao adentrar na área, existe o despejo
de dejetos sanitários dos moradores do bairro adjacente (Figura 7).
Figura 7 - Embalagens de lixo encontradas na “matinha”.
Foto: Monique Menezes, 2013
O qual é agravado pelo despejo dos entulhos das instalações prediais da UFS,
tais como alvenaria, cimento, tubulações e demais resíduos advindos da
atividade de construção civil existente no Campus (Figura 8).
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Figura 8 - Resíduos de construção civil e material de laboratório descartado pelo Departamento
de Biologia encontrados na “matinha” da UFS . Foto: Monique Menezes, 2013
A construção do muro de concreto na área da UFS separando a “matinha” da
área construída causou um impacto negativo significativo. Este tipo de
atividade resulta na alteração da dinâmica ecológica local, há interferência na
fauna que tem que mudar hábitos alimentares e de comportamento, bem como,
alterações na vegetação, que em alguns pontos precisou ser suprimida,
comprometendo a qualidade ambiental local (Figura 9).
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Figura 9 - Construção do muro na “matinha” da UFS e toca do tatu-peba existente na região,
próxima ao muro. Foto: Monique Menezes, 2013
O afluente que atravessa a “matinha” está comprometido, visto que serve para
o despejo de resíduos domésticos oriundos da comunidade do entorno (Bairro
Rosa Elze), agravado pelos rejeitos da comunidade universitária frequentadora
do Campus. Todo esse material deveria ser previamente tratado pela Prefeitura
Municipal de São Cristóvão e pela Universidade Federal de Sergipe e, neste
caso, deveria ser encaminhado para lagoa de estabilização da UFS, que hoje é
composta por 02 (duas) lagoas de estabilização, sem o tratamento primário
necessário, com alta taxa de material sedimentado (lodo) e grande propagação
de plantas aquática (tabuas), demonstrando a precária manutenção do sistema
(DIPRO/UFS, 2012).
Em se tratando de lagoa de estabilização (Figura 10), encontra-se em processo
de licitação na Diretoria de Projetos da UFS, a construção de 02 (duas) lagoas.
Tal projeto é constituído por um sistema composto por Rede Coletora,
Estações Elevatórias, Emissários, Estação de Tratamento e Destinação Final.
As lagoas serão instaladas em locais opostos, uma ao norte e a outra ao Sul do
Campus (DIPRO/UFS, 2012).
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Figura 10 - Lagoa de estabilização abandonada na área da “matinha”
Foto: Monique Menezes, 2013
A falta de comprometimento ambiental da comunidade universitária em relação
aos resíduos sólidos jogados na área da UFS é grave. O interesse em
preservar a área verde da universidade é praticamente inexistente, mesmo com
a existência de projetos que tratam da educação ambiental e que buscam
soluções para a correta destinação dos resíduos sólidos produzidos na UFS.
Mesmo com a falta de envolvimento da comunidade universitária para a
realização da coleta seletiva na Universidade, que destina parte dos resíduos
coletados de forma correta em parceria com uma Associação de Catadores,
outra parte dos resíduos produzidos não é destinada como deveria pelos
responsáveis, sendo, na maioria das vezes os resíduos despejados
inapropriadamente na área da matinha, prejudicando a fauna e flora do local e
em alguns casos soterrando-os, como é o caso dos resíduos de construção
civil, negligenciados pelas construtoras responsáveis e móveis inutilizados
pelos moradores do entorno da área.
Tais comportamentos ante a questão ambiental ferem a Constituição Federal
de 1988 que afirma que é dever tanto do Poder Público como da coletividade
defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
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Outra situação que interfere no sucesso de tal projeto é a degradação
avançada da vegetação notada em alguns pontos da trilha. Neste caso, antes
da implantação de tal projeto, é necessária a recuperação das áreas
degradadas que servem para melhorar a condição ambiental através equilíbrio
ecológico, proporcionado pelas funções paisagística e recreativa.
4. Conclusão
O mapeamento do local identificou a trilha mais adequada a ser percorrida de
forma autoguiada, com auxílio de placas, além da confecção de um “Roteiro de
Visitação”
com
informações
essenciais
à
experiência
dos
visitantes,
constituem-se como importante alternativa para a conservação de áreas
protegidas e a recuperação de áreas degradadas.
O conhecimento sobre
níveis de alagamento na trilha, espécies de fauna e flora existentes, o
comportamento de animais, em especial o teiu, cuja trilha leva seu nome, só
foram adquirida graças a colaboração do mateiro Sr. Pedro Lopes que
gentilmente participou de todas as visitas à área.
A implantação da trilha só será eficiente quando forem concretizadas as
sugestões descritas neste trabalho, como modo de solucionar ou, pelo menos,
minimizar os impactos.
Entende-se que este será um projeto de sucesso
quando houver a sensibilização da comunidade universitária e esta contribuir
para a melhoria do ambiente natural da Universidade.
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GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas.
O DESAFIO DA DIVULGAÇÃO DE BANCO DE DADOS GEOGRÁFICOS
ATRAVÉS DE SIG-WEB: O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO CURIÓ
(PARACAMBI-RJ)
Davyd Souza de Paiva3
Paulo Walter Freire do Nascimento4
Vivian Castilho da Costa5
Resumo
Palavras-chave: Sig-Web; Unidades de Conservação; Geoprocessamento; I3GEO.
No Brasil as Unidades de Conservação figuram como importantes territórios
com o objetivo de preservação/conservação do ambiente legalmente instituído
pelo Estado. A conscientização de visitantes e moradores locais sobre a
importância de preservar tais territórios, aliado a boas práticas de gestão
ambiental por parte do gestor de Unidade de Conservação (UC) são de suma
importância para que atinjam seu objetivo principal. Mas como difundir e
motivar tal conservação? Um dos meios é fazendo uso de ferramentas que
tanto auxiliem o gestor da UC a planejar atividades ecoturísticas, como sirvam
também para divulgar os seus atrativos para a comunidade. Nesse sentido a
divulgação de mapas interativos na internet é primordial, sendo o objetivo
principal do presente trabalho, que ao utilizar o SIG-WEB I3Geo construiu um
Atlas Digital Ecoturístico para o Parque Natural Municipal do Curió, localizado
no município de Paracambi-RJ. Assim usuários de diferentes níveis de
conhecimento podem fazer uso das informações do Guia, partindo desde
simples visualizações de mapas à complexas análises, tendo como objetivo o
apoio à tomada de decisão. A metodologia do trabalho seguiu os seguintes
passos: aquisição e tratamento da base de dados georreferenciada utilizando
SIGs livres e tendo como base os requisitos do I3Geo; construção dos Mapfiles
(arquivos que “ensinam” o I3Geo a ler a base de dados); ajustes internos
dentro do I3Geo e uso do seu sistema de administração. Por fim, como
resultados finais, foram realizados testes em um ambiente cliente-servidor
instalado na SERAD-SR2-UERJ a fim de simular a consulta do Guia por
usuários na internet e estão sendo realizados testes no ambiente cliente3
4
davydsp@gmail.com, Curso de graduação em Geografia, Bolsista voluntário PIBIC-UERJ.
paulow-rj@hotmail.com Colaborador. Curso de graduação em Geografia, Bolsista CNPq-
PIBIC-UERJ
5
vivianuerj@gmail.com Orientadora: Profa. Adjunta, LAGEPRO, Instituto de Geografia
(IGEOG)-UERJ.
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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servidor (Linux) na Prefeitura Municipal de Paracambi. Para a hospedagem do
Atlas, foi criada uma home Page com informações do Parque. Põe-se como
desafios futuros o aperfeiçoamento do Atlas e a implementação de metadados
geoespaciais (perfil INDE-CONCAR) para o banco de dados geográfico
utilizado.
Resumen
Palabras clave: SIG - Web, Unidades de Conservación, GIS, i3Geo.
En Unidades de Conservación de Brasil que figuran como territorios
importantes para el fin de la conservación / preservación del medio ambiente
establecido legalmente por el Estado. La conciencia de los visitantes y los
residentes locales acerca de la importancia de preservar estos territorios ,
aliada a las buenas prácticas de gestión ambiental por el director de la Unidad
de Conservación (UC ) son de vital importancia para lograr su objetivo principal.
Pero como tal difusa y motivar la conservación? Una forma de hacerlo es
mediante el uso de herramientas que ayudan tanto el gerente de planificación
de la UC actividades de ecoturismo , como también sirven para dar a conocer
los lugares de interés para la comunidad. En este sentido, la difusión de mapas
interactivos en Internet es de suma importancia , con el objetivo principal de
este trabajo, que mediante el uso del SIG -WEB i3Geo construyó un Atlas
Ecoturístico Parque Natural Municipal Curió Digital , con sede en el municipio
de Paracambi -RJ. Así, los usuarios de diferentes niveles de habilidad pueden
hacer uso de la información de la Guía , a partir de puntos de vista de los
análisis simples mapas complejos , con el objetivo de apoyar la toma de
decisiones . La metodología del estudio incluyó las siguientes etapas:
adquisición y procesamiento de bases de datos geo -referenciada utilizando
GIS libre y en base a los requisitos de i3Geo ; mapfiles construcción ( archivos
que " enseñar" al i3Geo para leer la base de datos ), los ajustes internos dentro
del i3Geo y uso de su sistema de gestión. Finalmente, como resultado final , las
pruebas se realizaron en un servidor de cliente instalado en SERAD - SR2UERJ para simular Guía de la consulta de los usuarios de Internet y las
pruebas se llevan a cabo en el entorno de cliente - servidor ( Linux)
1. Introdução
Atualmente, ocorre um debate entre homem e natureza que surge de forma
distinta e muitas vezes oposta. Do ponto de vista da importância de se construir
mecanismos de conservação ambiental esta relação torna-se foco de
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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discussão entre ambientalistas e especialistas de diversas áreas do
conhecimento de todo mundo ao se estabelecer o uso público em Unidades de
Conservação (UC), principalmente as que possuem categoria de proteção
integral.
É necessário que nos atentemos para a relação entre território e as Unidades
de conservação, corroborando com o pensamento de Soares (2009), ao qual
podemos entender o território como espaço de relações dos subsistemas
naturais, construído e social, subsistemas esses que compõe o ambiente, não
sendo entendido apenas como entorno físico onde se desenvolve a vida do
homem, animal e vegetal e onde são contidos os recursos naturais, mas
também compreende a atividade do homem que modifica essas relações.
Nessas relações, destacam-se as Unidades de conservação no sentido de
estas serem uma delimitação de territórios destinados a garantir a perpetuação
dos recursos e a manutenção dos serviços ambientais essenciais para as
sociedades (Soares, 2009). O processo de criação e gestão de Unidades de
conservação, enquanto uma particularidade do processo de ordenamento
territorial evoluiu ao longo da história das sociedades agregando diferentes
motivações e responsabilidades.
A modernidade trouxe novas motivações, como uma tentativa de evitar a
expansão irracional dos processos produtivos sobre os remanescentes dos
ecossistemas silvestres garantindo ao mesmo tempo, a conservação da
biodiversidade. O Estado, por sua vez, teve que assumir a maior parte da
responsabilidade pela criação e gestão das áreas. O Brasil, que incorporou a
criação das unidades de conservação como uma das principais ações políticas
nas áreas ambientais, não fortaleceu as instituições executivas das políticas e,
por isso, muitas delas continuam sendo consideradas “ficções jurídicas”
(Pádua, 1986). A sociedade civil, por sua vez, ainda carece de informações
básicas sobre o valor e a importância dos espaços preservados.
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Neste sentido o objetivo deste trabalho é a divulgação de mapas interativos na
internet, que ao utilizar o SIG-WEB I3Geo6 para construiu um Atlas Digital
Ecoturístico para o Parque Natural Municipal do Curió, localizado no município
de Paracambi no Estado do Rio de Janeiro (figura 01), que permitirá um melhor
gerenciamento do Parque considerando seus limites geográficos, físicos,
biológicos e socioeconômicos. Assim, é possível registrar fenômeno natural em
uma distribuição espacial, identificando sua área de influência e suas
limitações.
44
Figura 01: Área de estudo (Parque Natural Municipal do Curió – Município de Paracambi – RJ).
Deste modo, usuários de diferentes níveis de conhecimento podem fazer uso
das informações do Guia, partindo desde simples visualizações de mapas à
6
O i3Geo é uma plataforma livre para integração de dados georreferenciados sobre o Brasil e
é baseado em software livre (MapServer). Sua sigla “i3Geo” significa “Interface Integrada para
Internet de Ferramentas de Geoprocessamento”.
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complexas análises, tendo como objetivo o apoio à tomada de decisão e a
reflexão sobre o que está sendo exposto. Cada etapa metodológica seguida
para a realização da presente pesquisa, com o uso da plataforma i3Geo, será
detalhada no item a seguir.
2. Metodologia
A metodologia do trabalho seguiu, resumidamente, os seguintes passos:
aquisição e tratamento da base de dados georreferenciada utilizando
Programas SIGs livres como, por exemplo: Quantum GIS, GPS Track Maker,
PostgreSQL/PostGIS, Mapserver e tendo como base os requisitos do I3Geo,
além de levantamento bibliográfico, incluindo consultas a manuais, tutoriais e
fóruns da Web, a respeito dos softwares livres, tanto de Sistema de Informação
Geográfica, como aplicativos ou visualizadores de mapas pela internet;
construção dos Mapfiles (arquivos que “ensinam” o I3Geo a ler a base de
dados); ajustes internos dentro do I3Geo e o uso do seu sistema de
administração em ambiente servidor.
45
A metodologia desenvolvida na construção do Atlas Digital Ecoturístico para o
Parque Natural Municipal do Curió utiliza apenas softwares livres (tanto de GIS
como de GISWEB), o que isenta o pesquisador de custos de licenciamento
com os softwares proprietários correlatos. Outra vantagem em usar os
softwares
livres
(OpenGIS
padrão
OGC) em
relação
aos softwares
proprietários correlatos são as funcionalidades de aplicativos para GISWEB
que encontramos nos softwares livres que não encontramos nos softwares
proprietários. E essas funcionalidades foram fundamentais no desenvolvimento
do Atlas Digital Ecoturístico para o Parque Natural Municipal do Curió. No
entanto, sentiu-se a dificuldade em se trabalhar com sistema operacional Linux
em servidores dedicados na UERJ em função destes não permitirem o acesso
remoto autorizado para a instalação de softwares livres integrados ao i3Geo,
como por exemplo, Mapserver ou Apache. Como testes só foram permitidos,
por segurança e tempo limitado, a instalação do i3Geo em servidor com
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Windows 7 existente na SERAD-SR2-UERJ. Portanto, os softwares escolhidos
na construção do Atlas digital dentro desse ambiente operacional são a seguir
detalhados.
O I3Geo7 na sua versão 4.6 (disponível para baixar no sítio da comunidade
i3Geo, existente no Portal do Software Público Brasileiro)8 com o objetivo
principal de fornecer uma plataforma para o desenvolvimento de mapas
interativos e disseminação de dados geoespaciais (Manual do Sistema de
Administração do i3Geo, 2013)9. É um aplicativo baseado nas linguagens PHP
e Java script e integra diferentes softwares, sendo baseado principalmente no
Mapserver, que é um engine open source de renderização de dados
geográficos10 cujo objetivo é exibir mapas dinâmicos através da internet. Foi
desenvolvido para ser instalado em servidores acessíveis por meio da rede
mundial de computadores, mas pode também ser instalado em computadores
pessoais (PIMENTA, 2012).
O I3Geo se destaca em relação a outros softwares correlatos devido ao
oferecimento de um conjunto de funcionalidades pouco comuns a softwares
dessa categoria. Nele o usuário final pode alterar a simbologia utilizada na
representação dos dados geoespaciais, inserir seus próprios textos e
elementos gráficos, algumas opções de análise geográficas são oferecidas,
como a geração de buffers, consultas baseadas em tabelas de atributos, entre
outras funcionalidades. Além disso, ele supre diversos requisitos comumente
necessários na implementação de uma IDE (Infraestrutura de Dados
Espaciais), como o fornecimento de serviços nos padrões OGC (Open
Geospatial Consortium) ou download de arquivos (MORRETI, 2013). Apesar
das vantagens, o I3Geo exige por parte do desenvolvedor um conhecimento
7
Licenciado como GPL (GNU - General Public License - Licença Pública Geral).
8
http://softwarepublico.gov.br.
9
Manual do Sistema de Administração do i3Geo – versão 2.0. Para versão 4.6 do i3Geo.
Disponível em:
http://mapas.mma.gov.br/i3geo/documentacao/manual_de_%20administracao_do_i3geo.pdf.
Acesso em 20 de setembro de 2013.
10
Engine open source de renderização de dados geográficos significa Engrenagem de desenho
de dados geográficos em software livre.
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técnico apurado para que seja operado de forma eficiente, além de inúmeras
configurações, o que dificulta a sua utilização por usuários pouco experientes.
Por ser baseado principalmente, no Mapserver, os projetos desenvolvidos no
I3Geo tem como parte crucial a criação, edição e controle dos Mapfiles, que
por consequência são o coração do Mapserver. Trata-se de um arquivo tipo
texto que recebe a extensão ".map" e contém as configurações de um mapa,
definindo as relações entre os objetos, apontando onde os dados estão
localizados, definindo a forma como as coisas devem ser desenhadas, tudo
seguindo uma sintaxe específica criada pelo Mapserver (Manual do Sistema de
Administração do i3Geo, 2013) (MAPSERVER, 2012). O mapfile “ensina” o
I3Geo a ler a base de dados corretamente, mostrando qual simbologia para
representar o dado geoespacial o I3Geo deve usar, se deve permitir o
download do dado por parte do usuário final entre outras configurações.
Outro software utilizado na construção do Atlas Digital Ecoturístico para o
Parque Natural Municipal do Curió foi o Quantum GIS (QGIS) na versão 1.8 11,
que é um sistema de informações geográficas (SIG) open source, licenciado
sobre GNU GPL (General Public Licence), sendo um projeto oficial da Open
Source Geoespatial Foundation (OSGEO, 2012). Ele é um software SIG
Desktop livre muito completo, oferecendo inúmeros recursos fornecidos por
funções principais e plug-ins (aplicativos). Seu uso e configuração se
assemelham muito ao seu software proprietário correlato, o ARCGIS (ESRI 12),
que possui uma interface intuitiva e amigável, o que facilita o seu uso por
diversos profissionais e economiza tempo com treinamentos específicos sobre
o software. O fato de o Quantum GIS possuir tradução para a língua
portuguesa é um atrativo a mais para usuários menos experientes.
11
Disponível documentação e download em: http://qgisbrasil.org/.
12
ArcGIS (http://pt.wikipedia.org/wiki/ArcGIS) é o nome de um grupo de programas
informáticos e que constitui um Sistema de informação geográfica. É produzido pela ESRI.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/ESRI) A ESRI (Environmental Systems Research Institute) é uma
empresa americana especializada na produção de soluções para a área de informações
geográficas. Foi fundada em 1969 por Jack e Laura Dangermond como uma empresa de
consultoria em estudos de uso do solo.
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Com o Quantum GIS pode-se visualizar, gerenciar, editar, analisar dados e
compor mapas imprimíveis (NANNI et al., 2012). Dentre suas principais
características a que mais beneficiou o projeto foi ajudar na publicação do seu
mapa na web usando o QGIS Server ou o plugin “Mapserver Export.”.
Por último foi utilizado um software editor de texto livre chamado SciTE 13.
Poderia ser utilizado qualquer outro editor de texto para Windows, porém este
editor de texto possui funcionalidades para construção e execução de
programas, que contam com o recurso adicional de “estilo de sintaxe
automática”, facilitando a edição (SCITILLA, 2013). Ele também pode conter
vários arquivos/programas na memória, porém apenas um será visível através
de um sistema de abas que facilita muito na organização na hora da edição dos
arquivos, além de suportar inúmeras linguagens, entre elas, consegue editar e
reconhecer arquivos mapfiles. É através desse software que faremos algumas
edições nos arquivos mapfiles e em outros arquivos dentro do I3Geo. Após
essa breve descrição dos softwares utilizados, destacamos na figura 02 os
passos metodológicos executados para a construção do Atlas Digital
Ecoturístico do Parque Natural Municipal do Curió.
Como podemos observar, para o desenvolvimento do Atlas, a partir desse
momento será utilizada a expressão GIS-WEB para nos referirmos a ele,
demandando uma série de etapas e ações mais complexas.
1313
SciTE é uma sigla para "Editor de texto baseado no Scintilla" (SCIntilla based Text Editor).
Disponível em: http://www.scintilla.org/SciTE.html.
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Figura 02: Etapas metodológicas no i3geo para a realização do Atlas Ecoturístico do Parque
Natural Municipal do Curió (Paracambi-RJ).
Apesar do objetivo central do trabalho ser a divulgação de dados geográficos
na internet, uma etapa anterior, a de aquisição e tratamento dessa base, se fez
necessária para o correto andamento no desenvolvimento da aplicação GISWEB.
Na etapa de aquisição de dados, a principal fonte de dados geoespaciais foi
oriunda do plano de manejo do parque, que foi elaborado em 2009 e aprovado
em 2010. Esses dados foram escolhidos de acordo com a importância e
conveniência em reuniões entre os desenvolvedores e a superintendente de
projetos
ambientais
desenvolvimento
da
secretaria
sustentável
municipal
(SEMADES)
da
de
meio
prefeitura
ambiente
Municipal
e
de
Paracambi-RJ. Dentro de uma base de dados ampla, foram escolhidos 33
temas que poderão ser consultados e manipulados no I3Geo na Web, divididos
em 10 unidades temáticas, a saber:
Unidade temática “Áreas Protegidas” com os temas: Limite do Parque
Natural Municipal do Curió; Limite da Zona de Amortecimento do Parque
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Natural Municipal do Curió; Corredores ecológicos e UCs do Estado do
Rio de Janeiro;
Unidade temática “Trilhas” com os temas: Trilha do Grotão; Trilha do
Jequitibá; Trilha da Biquinha do Costa; Trilha da Cachoeira do Pacheco;
Trilha do Bugio e Trilha Caminho dos Escravos;
Unidade temática “Uso do Solo” com os temas: Uso do Solo do Parque
Natural Municipal do Curió 2009; Uso do Solo da Zona de
Amortecimento do Parque Natural Municipal do Curió 2009; Área
urbana;
Unidade temática “Zoneamento do Parque”, com o tema: Zoneamento
do Parque Natural Municipal do Curió;
Unidade temática “Topografia” com os temas: Hipsometria do Parque
Natural Municipal do Curió; Hipsometria da Zona de Amortecimento do
Parque Natural Municipal do Curió;
Unidade temática “Hidrografia” com os temas: Hidrografia linha;
Hidrografia polígono;
Unidade temática “Geomorfologia” com os temas: Geomorfologia do
Parque Natural Municipal do Curió; Geomorfologia da Zona de
Amortecimento do Parque Natural Municipal do Curió; Orientação das
encostas do Parque Natural Municipal do Curió; Orientação das
encostas da Zona de Amortecimento do Parque Natural Municipal do
Curió; Declividade do Parque Natural Municipal do Curió; Declividade da
Zona de Amortecimento do Parque Natural Municipal do Curió;
Unidade temática “Pedologia” com os temas: Solos Parque Natural
Municipal do Curió CPRM EMBRAPA; Solos Zona de Amortecimento
Parque Natural Municipal do Curió CPRM EMBRAPA;
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Unidade temática “Infraestrutura do entorno” com os temas: Escolas
Públicas;
Unidades
de
Saúde;
Edificações;
Empreendimentos
Comerciais.
Após essa etapa, foi feita a manipulação da base de dados cartográfica, com o
objetivo de uniformizar os diversos arquivos oriundos da base de dados do
plano de manejo do parque. Assim foram feitos ajustes já tendo em vista o seu
uso dentro do I3Geo, como a alteração de todos os arquivos para o sistema de
coordenadas geográficas e o Datum SAD 69, visto que segundo (MMA, 2010) o
I3Geo utiliza o “Scrid 4291” (referente a este sistema de coordenada e datum).
Outro tipo de ajuste feito nos dados foi na sua nomenclatura. Com o objetivo de
facilitar etapas posteriores de edição de arquivos e mapfiles, foi feita a opção
de deixar todos os nomes dos arquivos em letra minúscula, sem acento, sem
traço, sem underline e sem caracteres especiais. Assim evitamos eventuais
bugs do I3Geo de não reconhecer ou não abrir determinado arquivo e erros de
conversão do processo de criação de mapfiles dentro do Quantum GIS.
51
A etapa de consolidação da base de dados em um banco de dados consiste
em agruparmos todos esses dados em Sistema Gerenciador de Banco de
dados com vista a facilitar o acesso do I3Geo aos dados e deixá-los melhor
organizados.
O I3Geo permite conexão com o software livre POSTGRE de banco de dados
com a sua extensão geográfica POSTGIS. Com isso ele consegue acessar
(abrir e manipular) dados oriundos de bancos de dados baseados nesse
programa e representá-los no I3Geo desde que os Mapfiles dos dados
geoespaciais sejam devidamente configurados para tal. Além disso, o software
Quantum
GIS
utilizando
a
funcionalidade
“Camada/Adicionar
camada
POSTGIS”, é capaz de abrir e manipular livremente dados dentro de banco de
dados sediados no POSTGRE/POSTGIS que é gerenciador de dados
geográficos.
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Apesar de todas as vantagens citadas em usar o software gerenciador de
dados geográficos POSTGIS com a extensão POSTGRE, o mesmo não foi
utilizado na metodologia do trabalho porque os desenvolvedores não possuem
permissão para trabalhar diretamente no computador servidor web, apenas
permissão para transferir dados para ele. Como este software demanda
instalação e configuração diretamente no computador servidor, seu uso se
tornou inviável, já que a SEMADES Paracambi precisou instalar máquina virtual
e o Windows 7 para que o i3Geo funcionasse para a rede (web) externa. Os
equipamentos de servidores da secretaria só funcionam com versão PUX
(Linux voltada para o meio Acadêmico) e, portanto, não compatíveis para a
instalação do i3Geo que exige versão Ubuntu e Debian.
A alternativa encontrada foi desenvolver a aplicação GIS-WEB baseada
apenas nos arquivos vetoriais com a extensão shapefile (.shp) em um diretório
único dentro do I3Geo como forma de facilitar o acesso aos dados da base de
dados geoespaciais. Assim contornamos nossa limitação de acesso ao
servidor, visto que basta transferirmos os arquivos para ele sem necessidade
de outras configurações dentro do servidor final. Essa alternativa explora uma
característica do I3Geo advinda do seu programa principal, o Mapserver, que
consegue representar tanto dados oriundos do software POSTGRE como
representar diretamente dados vetoriais e raster.
Após essas etapas podemos finalmente começar a desenvolver nossa
aplicação GISWEB dentro do I3Geo. Após baixar a versão 4.6 do I3Geo depois
de um breve cadastro no Portal Software Público, basta apenas descompactar
o arquivo baixado diretamente no drive “C:” do computador e iniciar o programa
Apache, que é um programa servidor web livre que compõe o I3Geo, para que
o mesmo esteja disponível via navegador.
Ao digitar “localhost/curio” no navegador do computador, libera o acesso ao
I3Geo. Porém ele ainda apresenta como representação inicial o mapa do
Brasil, para que ele apresente a nossa área de estudo como representação
inicial é necessária a alteração da extensão do mapa padrão do I3Geo na
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pasta “aplicmap”, para abrir o mapfile básico do I3Geo em um editor de texto,
que no nosso caso é o arquivo “geral1windowsv6.map”, e alterar o valor da
TAG “EXTENT” para os valores da sua área de estudo conforme é mostrado na
figura 03.
Figura 03: Alterando o mapa do I3Geo para a área de estudo.
53
Os valores da “EXTENT” devem estar no sistema de coordenadas geográficas
SAD 69, os graus devem estar separados dos minutos por pontos (.) e não por
vírgula (,) para que o I3Geo entenda corretamente a coordenada e que as
mesmas podem ser adquiridas através de dois pontos x,y com o dado sendo
visualizado em sua extensão total dentro de qualquer SIG Desktop, onde o
primeiro ponto x,y é adquirido no canto inferior esquerdo e o segundo ponto x,y
de coordenadas é adquirido no canto superior direito do dado geoespacial em
questão.
Para que a aplicação GISWEB faça uso de um importante recurso do I3Geo, a
API do Google maps, que permite abrir sob os dados a serem representados
no I3Geo os mapas do Parque (área de estudo) no Google maps. É necessário
a alteração da interface padrão do I3Geo, que originalmente é a API da
OpenLayers para a API do Google maps, abrir o arquivo “ms_configura.php”
em
um
editor
de
texto,
procurar
a
expressão
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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“$interfacePadrao=”openlayers.htm””
e
substituir
pela
expressão
“$interfacePadrao=”googlemaps.phtml””, conforme vemos na figura 04.
Figura 04: Alterando a interface padrão do I3Geo.
O último passo para concluirmos a etapa de criação de um ambiente de
produtividade final dentro do I3Geo é a criação de grupos de layers ou planos
de informação dentro no menu do I3Geo. Esse passo é importante, pois com
ele podemos organizar melhor os dados dentro do I3Geo, indicando a ordem
que os mesmos serão dispostos no menu e facilitando o acesso dos dados por
parte do usuário final da aplicação GIS-WEB, visto que os planos de
informação foram configurados tendo em vista as Unidades temáticas já
citadas anteriormente no texto.
Concluída a etapa de criação de um ambiente de produtividade final dentro do
I3Geo, a próxima etapa é o teste da montagem e configuração de um servidor
web. Esta etapa metodológica é complexa e no nosso caso foi superada com o
auxílio de suporte técnico da equipe da SERAD-SR2-UERJ, que nos
disponibilizou um ambiente teste em servidor configurado sobre uma máquina
virtual e com sistema operacional Windows. Assim, foi necessária apenas a
migração dos dados do ambiente local onde a aplicação estava sendo
desenvolvida para o ambiente servidor. Como o acesso a esse servidor não era
totalmente livre no acesso remoto e instalação de softwares, optou-se por não
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usar um software gerenciador de banco de dados livre, a exemplo do
POSTGRE com a extensão POSTGIS, que poderia inviabilizar o teste da
aplicação GIS-WEB desenvolvida.
Após constatar o sucesso do teste do i3Geo na SERAD-SR2-UERJ, foi
realizado o mesmo teste no servidor da SEMADES (Paracambi), no entanto
com o TI (técnico em informática) da prefeitura já criando um endereço de URL
para
hospedar
os
mapas
em
i3geo,
que
foi
designado
como
<http://www.i3geo.paracambi.rj.gov.br>. Utilizou-se para o acesso ao servidor
também uma máquina virtual com Windows 7 e o pacote ms4w do i3geo
(Mapserver, Apache, entre outros) instalado. O diferencial conseguido ao final
foi um acesso remoto externo ao servidor da prefeitura de Paracambi com
ótima velocidade de acesso aos dados do Atlas do PNMC, proporcionando
uma maior rapidez em relação aos testes do servidor da SERAD/SR-2/UERJ.
A seguir, temos a etapa mais delicada no desenvolvimento do GIS-WEB, que é
a criação dos mapfiles, arquivo tipo texto com a extensão “. map” que ensina o
I3Geo a ler os dados geoespaciais, além de conter diversas outras
configurações, como por exemplo, permitir o download dos dados. Na figura
05 podemos ver um esquema dos passos de como os mapfiles deste trabalho
foram criados.
Figura 05: Metodologia para a criação dos mapfiles.
O trabalho de criação do mapfile tem início com o uso do software Quantum
GIS, onde foram escolhidos os dados geoespaciais que precisavam ser criados
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para o mapfile e elaborada a simbologia padrão para cada layer, a mesma que
deverá aparecer como categoria de cada mapa a ser representado no I3Geo,
conforme a figura 06. Uma observação importante é que o software requisita
que se faça o uso da “simbologia antiga”, visto que apenas com ela o plugin
funciona. Depois de elaborada a simbologia, deve-se salvar o projeto.
56
Figura 06: Elaboração de simbologia no QGIS. Nota-se o limite da área de estudo (Parque
Natural Municipal do Curió) em linha verde.
Realizado esse passo, o próximo é fazer uso do plugin “Mapserver Export.” no
QGIS para gerar um primeiro “mapfile bruto” sobre o dado geoespacial,
posteriormente refinado, para poder enfim ser usado dentro do I3Geo. Na caixa
de diálogo que abrir, deve ser selecionada a opção “Usar projeto atual”,
escolher o local onde o mapfile a ser gerado deve ser salvo e marcar a opção
“Apenas informação da camada” conforme pode ser observado na figura 07.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
Figura 07: Usando o plugin “Mapserver Export.” do QGIS.
Após o primeiro refinamento do mapfile no editor de texto, seguimos para o
último passo na criação de mapfiles adequados para uso no I3Geo, que é o
segundo refinamento do mapfile, feito através do sistema de administração do
I3Geo, que é acessível através do navegador com a interface do I3Geo aberta,
no menu “admim” na opção “página principal”, conforme vemos na figura 08.
Figura 08: Acessando o Sistema de administração do I3Geo.
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Para que os mapfiles possam ser visualizados e editados dentro do sistema de
administração do I3Geo eles devem estar armazenados dentro da pasta
“temas”.
Com isso poderemos associar (vincular) um tema ao mapfile,
registrando-os no banco de dados de administração, pois só assim a árvore de
temas, que se encontra na aba catálogo do I3Geo disponível para o usuário
final poderá ter acesso aos mapfiles a fim de realizar downloads. Além disso,
poderemos editar os mapfiles através do sistema de administração com as
diversas opções que ele oferece. Sendo assim, deve-se transferir todos os
mapfiles ajustados no primeiro refinamento para a pasta “temas”.
3. Resultados e discussão
No Brasil, de um modo geral, as Unidades de Conservação, ainda que
possuam ferramental e bases de dados para criar mapas temáticos utilizando
softwares de SIG (Sistema de Informação Geográfica), na sua maioria, ainda
não contam com mapas virtuais dinâmicos na Web. A alternativa por mapas
interativos pode ser proporcionada por um GIS-WEB, com interface mais
amigável que outros SIGs, para a disseminação dos atrativos das UCs, além
de facilitar a gestão participativa do público em geral.
É dentro deste contexto que se insere o presente trabalho, onde utilizou-se do
aplicativo servidor de mapas I3geo. Este GIS-WEB por adotar padrões
internacionais de interoperabilidade (segue os padrões OGC – Open
Geospatial Consotium), foi escolhido no intuito de ser uma opção livre e sem os
problemas de compra ou renovação de licenças de outros softwares
proprietários.
A seguir serão mostrados os resultados obtidos durante o processo de
desenvolvimento e elaboração do Atlas Ecoturístico do Parque Natural
Municipal do Curió (figuras 9 a 12):
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Figura 09: Edição do mapfile principal no I3Geo.
59
Figura 10: Configuração do grupo de layers que serão visualizados no painel principal do
I3Geo.
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Figura 11: Utilização do plugin “Mapserver Export” do Qgis para gerar um “mapfile bruto”.
60
Figura 12: Apresentação do I3Geo no localhost já constando todos os mapfiles, incluindo os
limites do parque e da sua zona de amortecimento.
4. Conclusão
Com instalação do I3Geo no servidor da Prefeitura de Paracambi, conseguiuse dessa forma ampliar o acesso aos dados geográficos do parque no site
oficial construído para os visitantes e turistas conhecerem o parque. O site está
hospedado também no servidor e no portal oficial da Prefeitura do Município de
Paracambi, sob a URL <www.curio.paracambi.gov.br> (figura 13).
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Figura 13: Site oficial do PNMC construído para a SEMADES-Paracambi, já constando sua RL.
No link “Atlas”, o usuário é remetido ao Atlas Digital no ambiente i3Geo modificado
<www.i3geo.paracambi.gov.br> (figura 14).
61
Figura 14: O i3geo com o Atlas do Curió pode ser acessado através de seu site oficial
hospedado em servidor da Prefeitura de Paracambi. Vê-se a legenda respectiva do mapa na
janela do lado esquerdo.
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4. Conclusão
Conclui-se que com a utilização do GIS-WEB I3Geo foi possível a criação de
uma plataforma na internet capaz de divulgar os atrativos ecoturísticos do
Parque Natural Municipal do Curió em Paracambi com suas trilhas e seus
aspectos físicos, contribuindo assim para o desenvolvimento do turismo (e do
ecoturismo) no município e disseminando dados geográficos do parque
para futuros estudos por pesquisadores e os técnicos da secretaria municipal
do meio ambiente de Paracambi - SEMADES.
O I3Geo em sua própria definição, liberdade de uso e funções, permitiu
alcançar o pleno objetivo e desenvolvimento do trabalho junto ao apoio da
SEMADES.
5. Bibliografia
MANUAL DE ADMINISTRAÇÃO DO SOFTWARE I3GEO. Versão 2.0. para
versão 4.6 do i3Geo. Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e Organização
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas.
ECOTURISMO APLICADO A UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: PROPOSTA
DE ROTEIRO ECOTURISTICO E DIDÁTICAS DE CONSERVAÇÃO
AMBIENTAL EM FRAGMENTO DE MATA NA ÁREA DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL DO RIO MAMANGUAPE EM RIO TINTO – PB.
Henrique Bezerra dos Santos14
Hugo Yuri Elias Gomes de Assis15
MSc. Anderson Alves dos Santos16
Resumo
Palavras Chave: Conservação; Paisagem; rio Mamanguape; APA; atividades interativas.
O ecoturismo é um segmento do turismo que tem como um de seus objetivos
proporcionar ao praticante uma experiência mais vívida e um contato mais
dinâmico com os ambientes naturais, gerando nas pessoas um senso crítico
sobre a necessidade de preservação do meio ambiente e proporcionando
conhecimentos sobre ecologia e conservação, enquanto se aprecia belas
paisagens, além da riqueza ecológica local. O principal objetivo deste trabalho
foi gerar uma base de dados para realização da prática de ecoturismo e
educação ambiental não formal em um fragmento de Mata Atlântica na área de
proteção ambiental do rio Mamanguape. Foram utilizados conceitos e
metodologias adaptadas do Ministério do Turismo e de autores como Costa; M
et al, 2012., Silva; T. 2007, e Moraes; 2010. Para este trabalho foi utilizada uma
câmera fotográfica e um GPS Garmin Etrex 10 para demarcação de possíveis
pontos de interpretação e catalogação de itens relevantes ao ecoturismo
baseado no método IAPI (Indicadores de Atratividade de Pontos
Interpretativos), (Magro, T e Freixedas, V 1998). Após o levantamento em
campo, estes dados foram tratados em ambientes SIG, gerando uma carta
temática onde se pôde observar a trilha interpretativa levantada. Concluímos
que o atual estado de conservação do fragmento de mata está ligado às
pressões que ela sofre devido às atividades antrópicas desenvolvidas em seu
entorno que vão desde a atividade extrativista à atividade canavieira, e como
diferente ecossistemas interagem com as diferentes unidades de paisagem.
Também observamos que o ecoturismo é uma forma de educar a população
sobre a importância de se conservar o meio ambiente pois o fato de realizar
14
henricariocapb@hotmail.com Graduando em ecologia, UFBP campus IV.
hugo.ecologia@gmail.com Graduando em ecologia, UFPB campus IV. E-mail:
16
mailto:geoecoufpb@gmail.com MSc em Geografia da paisagem, professor do curso de
Ecologia, UFPB campus IV.
15
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algum tipo de aventura tende a despertar o interesse das pessoas. Há também
a possibilidade de instruir as comunidades tradicionais de cultura extrativista
sobre como explorar os recursos florestais de forma sustentável.
Resumen
Palabras clave: Conservación; Paisaje; Río Mamanguape; APA; actividades interactivas.
El ecoturismo es una industria turística que tiene como uno de sus objetivos
para ofrecer al profesional una experiencia más viva y un contacto más
dinámico con el medio natural, creando en las personas un sentido crítico
acerca de la necesidad de preservar el medio ambiente y proporcionar
conocimientos sobre la ecología y conservación, mientras disfruta de hermosos
paisajes, además de la riqueza ecológica local. El objetivo principal de este
trabajo fue generar una base de datos para llevar a cabo la práctica del
ecoturismo y la educación ambiental no formal en un fragmento de bosque
atlántico en lo Patio de protección ambiental de lo río Mamanguape.Utilizamos
conceptos y metodologías adaptadas de la Consejería de Turismo y autores
como Costa, M et al, 2012., Silva, T. 2007 y Moraes, 2010. Para este trabajo se
utilizó una cámara y un GPS Garmin Etrex 10 para la demarcación de los
puntos posibles de interpretación y catalogación de los elementos pertinentes
para el ecoturismo basado en el método del IAPI (Indicadores de Atractivo
Punto de Interpretación) río (Slim, T y Freixedas, V 1998 .). Tras el estudio de
campo, estos datos fueron tratados en entornos SIG, generando un tema carta
donde se puede observar el sendero interpretativo planteado.
Llegamos a la conclusión de que la condición actual del fragmento de bosque
está relacionada con las presiones que sufre debido a las actividades humanas
desarrolladas en torno a ellos, que van desde la actividad minera para la
industria de la caña de azúcar, y cómo los diferentes ecosistemas interactúan
con las diferentes unidades de paisaje. También se observó que el ecoturismo
es una forma de educar al público sobre la importancia de conservar el medio
ambiente debido a que el hecho de realizar algún tipo de aventura tiende a
despertar el interés de la gente. También existe la posibilidad de que instruir a
las comunidades extractivas tradicionales de cultivo en la forma de explotar los
recursos forestales de manera sostenible.
1. Introdução
“O ecoturismo é uma atividade estruturada nos moldes da sustentabilidade, por
isso, baseia-se na conservação e na conscientização, através da educação
ambiental, e no desenvolvimento local mais sustentável” (Costa et al., 2012).
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Quando bem planejadas e com a devida manutenção as trilhas protegem o
ambiente dos impactos de seu uso, assim como também proporcionam aos
visitantes
maior
conforto,
conscientização
ambiental,
segurança
e
interatividade. É também um recurso de dispersão, pois retira os turistas de
grandes concentrações, o chamado “turismo de massa”, já que havendo maior
variedade de locais, evita-se a aglomeração em ambientes sejam eles naturais
ou não, esse tipo de turismo ao contrario do ecoturismo é altamente destrutivo
aos ambientes e torna o controle das atividades mais difícil.
“O ecoturismo é a viagem para áreas geralmente protegidas, frágeis e
intocadas, (geralmente) em pequena escala e que busca causar baixo impacto,
Ajuda a educar o viajante; proporciona recursos para a conservação; beneficia
diretamente o desenvolvimento econômico e o poder político das comunidades
locais; e estimula o respeito por culturas diferentes e pelos direitos humanos”.
(LASKOSKI; G, 2006).
Desde a década de 60 com a obra Silent Spring de Rachel Carson vemos que
o mundo enfrenta um colapso ambiental, vemos que pessoas com diferentes
ideias discutem sobre como “preservar” o que resta dos ecossistemas, mas na
maioria das vezes visando somente o benefício financeiro; e se não fossem as
iniciativas
de
entidades formadas
por
pessoas preocupadas
com
a
conservação e manutenção dos ambientes naturais e com a formação de uma
consciência ecológica, o pouco que nos resta das riquezas de nosso planeta já
estariam esgotadas. Dentro dessa perspectiva de conservação há aquelas
pessoas que, não por consciência ambiental ou senso de educação, mas por
prazer próprio, procuram ambientes naturais na busca de aventuras que os
centros urbanos não podem proporcionar. Segundo BOO (1992), “as
populações, principalmente urbanas, vêm buscando mais contato com
ambientes naturais, aumentando consideravelmente a demanda pelas áreas
naturais protegidas ou Unidades de Conservação”. As áreas procuradas para
as práticas de ecoturismo geralmente apresentam recursos únicos e muito
frágeis que quase sempre, estão propícios a danos irreparáveis, o que pode
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agravar ainda mais o quadro de degradação, dependendo do manejo aplicado
pelos órgãos competentes.
Quando Planejado de forma correta mediante análise geral de todos os
componentes da região, o ecoturismo tem o potencial de gerar mais benefícios
econômicos, educativos e empregos, com o menor prejuízo ao meio ambiente
do que quaisquer outras formas de desenvolvimento sejam elas tecnológicas
ou econômicas; é portanto, uma atividade extremamente lucrativa no regime
econômico contemporâneo, que apresentou um elevado crescimento no setor
nos últimos anos. O sistema capitalista muito embora tenha criado o conceito
de desenvolvimento sustentável não utiliza os princípios deste da forma que
deveria ser feito, desse modo o chamado “Marketing verde” tem mascarado
atividades que provocam a degradação de vários ambientes naturais. Apesar
das divergências existentes entre o regime capitalista e o desenvolvimento
sustentável, existe uma relação de interdependência entre esses dois
conceitos, pois o ecoturismo utiliza o ambiente como matéria-prima e depende
do mesmo para a continuidade dessa atividade (LASKOSKI, G 2006).
Tendo em vista os benefícios advindos das atividades sustentáveis, o principal
objetivo deste trabalho consiste em gerar uma base de dados para realização
da prática de ecoturismo e educação ambiental não-formal em um fragmento
de Mata Atlântica na APA do rio Mamanguape. Dentro da perspectiva de
conservação, teve-se a iniciativa de mapear a trilha para a realização de
práticas ecoturísticas; visando sensibilizar os visitantes acerca da importância
dos diferentes ecossistemas remanescentes no mundo, de forma que a
comunidade local possa ser beneficiada sendo posteriormente a tutora deste
roteiro que se estende da falésia onde se inicia a trilha ao estuário do rio Miriri
(Figura 1).
Na busca por ambientes que dessem suporte a este tipo de turismo
encontramos na APA da Barra do rio Mamanguape um local perfeito, pois
caracteriza-se por possuir um bioma costeiro-marinho e dentro de toda uma
diversidade de unidades de paisagem encontra-se um fragmento de mata
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Atlântica localizado na região da comunidade de Oiteiro, município de Rio
Tinto-PB. Esse fragmento recebeu o mesmo nome da comunidade sendo
conhecido como Mata do Oiteiro, localizada a 6^o 〖50〗^' 30“S 〖34〗^o 〖54
〗^' 50" W (coordenadas referentes ao centro da mata).
2. Área de estudo
A APA da Barra do Rio Mamanguape foi criada pelo decreto Federal nº 924 de
10 de setembro de 1993 e possui uma área de 14.640 hectares e situa-se na
mesorregião da zona da mata, litoral norte do Estado da Paraíba, distante
cerca de 80 km da capital João Pessoa, entre as coordenadas geográficas de
6°45’ a 6°50’S e 34°56’ a 35°W. Limita-se ao norte com os municípios de
Marcação e Baía da Traição, a oeste com o município de Rio Tinto, ao sul com
o município de Lucena e a leste com o Oceano Atlântico. A APA está
representada por manguezais, várzeas, arrecifes costeiros de arenito, mata
atlântica, mata de restinga, dunas e falésias, MMA 2013.
O remanescente de mata estudado tem como principais características o seu
atual estado de conservação, a forma como diferentes habitats interagem com
as diferentes unidades de paisagem, os indicadores de ação humana como,
espécies introduzidas e os materiais antrópicos demarcando posses dentro da
Mata e a relação das comunidades tradicionais com o fragmento.
Um problema muito comum que vem se instalando em locais com a prática de
ecoturismo e turismo de aventura é a urbanização, ou antropização dos
ambientes naturais, como no caso da praia do Farol na Ilha de Mosqueiro
estado do Pará (Moraes; I 2010). Isso ocorre porque as pessoas tem uma
tendência de levar seus hábitos urbanos para os ambientes naturais, é como o
clássico exemplo dos amigos que resolvem acampar e levam churrasqueira,
equipamento de áudio, eletrônicos desnecessários, etc. Esse tipo de
comportamento pode comprometer o ambiente além de impedir que o
praticante perceba o que o meio físico à sua volta pode proporcionar.
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A trilha interpretativa da mata do Oiteiro apresenta extensão total de
aproximadamente 6 Km com uma média de duas horas e meia de caminhada
incluindo as paradas interpretativas; apresenta também larguras muito variadas
ao longo do percurso, pois contém locais em que não se pode identificar o
caminho, principalmente em períodos chuvosos, onde a vegetação se torna
mais densa, necessitando a presença de guia; há também larguras superiores
a dois metros e meio como no trecho da estrada que passa por dentro da mata
a qual também faz parte do
percurso.
3. Metodologia
A
metodologia
planejamento
e
iniciaram-se
através de um levantamento
bibliográfico
sobre
ecoturismo
e
guias
da
secretaria e Ministério do
Turismo
gama
que trazem
de
instruções
uma
para
evitar erros como os da praia
de
Canoa
município
Figura 1: Traçado da trilha interpretativa.
de
Quebrada,
Aracati-Ce
(SOUZA, T e SILVA, E 2010);
onde a atividade humana
descontrolada e métodos de
urbanização
planejamento
sem
fizeram
com
que a localidade ao invés de
mais atrativa se tornasse um
lugar nitidamente deteriorado
do ponto de vista ambiental.
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Outros textos importantes à criação da trilha foram os trabalhos relacionados à
composição florística dos fragmentos de mata Atlântica como o de PEREIRA E
ALVES (2006), e literaturas relacionadas à ecologia da paisagem. O método
principal de trabalho foi o IAPI, MAGRO e FREIXEDAS (1998).Foi utilizada
como material de pesquisa uma câmera fotográfica para catalogação de
importantes elementos da paisagem e de possíveis pontos de interpretação,
também se fez necessário o uso de um GPS modelo Etrex 10 da Garmin,
utilizado para demarcar geograficamente o percurso da trilha e as coordenadas
aproximadas dos pontos relevantes à prática do ecoturismo.
Para determinar a capacidade de carga foi utilizada uma metodologia empírica
baseada nas informações passadas pelos locais que nos acompanharam
durante as práticas de campo, também foi importante compreender a
metodologia apresentada por LAZZAROTTO et al (2006) que aplicou em seu
trabalho o método proposto pela FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA (1992); e os
efeitos que o tráfego de pessoas provoca no solo SARAIVA (2011).
70
4. Resultados e discussão
Os resultados obtidos foram vitais para uma compreensão do atual estado de
conservação em que a Mata do Oiteiro se encontra, pois foi observado que a
maior parte do fragmento está em estado secundário na sucessão ecológica, já
que não são encontradas muitas árvores de grande porte. Há evidencias de
queimadas recentes e vestígios de árvores cortadas provavelmente para
produção lenha. Observa-se também a presença de espécies de vegetação
pioneira, principalmente a Embaúba (Cecropia sp.) por quase todo o percurso.
Um ponto positivo foi a percepção de diferentes ecossistemas que se alternam
de forma gradual ao longo do percurso, pois a trilha se inicia em local com
vegetação arbustiva ainda na falésia e logo dá lugar a vegetação típica de
cerrado com muitos arbustos e árvores de tronco retorcido, em seguida a uma
área conhecida com “Tabuleiro” que apresenta substrato arenoso de pequena
granulometria, essa localidade possui vegetação característica como o Cajueiro
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(Anarcadium sp.) e a Mangabeira (Hancornia sp.) que são adaptadas ao solo
pouco fértil, continuando o percurso a trilha adentra em uma vegetação mais
densa, típica de floresta tropical com ambiente úmido, árvores mais altas e com
espécies mais lenhosas.
Durante o percurso também é encontrado um lago que em período de seca,
provavelmente serve como reserva de água, o qual é de grande importância
para a trilha como um ponto de parada para interpretação e descanso. Durante
o percurso também é marcante a presença da fauna como pequenos lagartos,
roedores, saguis e muitos pássaros.
O fator determinante para a proposição da trilha foi, a facilidade de circulação e
acesso e as condições de conservação do ambiente trabalhado. Conforme
PEREIRA; M e ALVES, R (2006) em um levantamento de espécies florísticas,
existem no fragmento 46 espécies de plantas arbóreas, 25 de plantas
arbustivas e 8 de trepadeiras dentre outras. São encontradas ao longo da trilha
plantas que segundo os locais são de utilização histórica principalmente pela
comunidade indígena como no caso da planta popularmente conhecida como
“Imbé”, uma trepadeira usada para amarrar um tipo de armadilha conhecida
como “covo”, utilizada para capturar pequenos peixes e alguns crustáceos, a
armadilha pode ser produzida com a palha do “Dendê”.
O percurso proposto para a prática do ecoturismo pôde ser dividido em três
setores, tendo por base as características do trecho, a primeira parte
corresponde ao trecho que se estende do inicio da trilha ao lago, o segundo a
partir do lago até à estrada e o ultimo trecho vai da estrada ao estuário do rio
Miriri. O primeiro trecho apresenta indícios de tráfego de veículos,
principalmente motocicletas e uma grande quantidade de embalagens plásticas
deixadas nas bordas da trilha.
O segundo trecho também apresenta resíduos sólidos, porém, com indícios de
terem sido descartados já há algum tempo, esta parte da trilha é a mais
estreita, pois, há muito tempo não é utilizada, o que pode ser confirmado
devido à presença de vegetação pioneira com alturas superiores a um metro
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onde antes era o caminho de passagem; vale ressaltar que este trecho da trilha
segue o percurso de um canal de escoamento pluvial. Por fim, o terceiro trecho
é o de atividade mais intensa, pois contém uma maior quantidade de resíduos
sólidos, além de um vilarejo, caminhos abertos por veículos tracionados, e o
fato de possuir estrada no local facilita a chegada de turistas que sem a devida
orientação tem provocado cada vez mais impactos no local.
Dentre todas as dificuldades que esse fragmento encontra, um dos menos
notados é a questão da limitação do fluxo gênico, pois o fragmento se encontra
isolado de outros. Todas estas características observadas foram as
responsáveis pela iniciativa de iniciação deste trabalho, pois descreve com
clareza a importância de se ter uma consciência ambiental formada, além de
proporcionar um lazer “orgânico” aos praticantes que passarão a compreender
melhor o funcionamento de um ecossistema. Ao longo dos monitoramentos da
trilha foram encontrados materiais sólidos de origem antrópica, a qual levanta a
importância na preocupação sobre a questão do descarte inadequado destes
resíduos durante a prática do ecoturismo, o que foi também de grande
relevância para a proposição da capacidade de carga, já que; após
analisarmos os dados, sugerimos uma prática com no máximo sete pessoas
incluindo o guia, pois há muitos trechos estreitos da ordem de 45 cm.
Os ruídos das pessoas também perturbam os animais nativos, causando
mudanças temporárias no comportamento, e em longo prazo, mudanças
definitivas. Também segundo SARAIVA; A (2011) “a utilização de trilhas pelo
trânsito de pessoas pode provocar destruição da camada de detritos vegetais
sobre a superfície do solo, alterando seu estado estrutural e, dessa forma,
causar a compactação do solo”. “Recomenda-se a realização de estudos de
capacidade de carga antes da locação e aberturas de trilhas em áreas de
preservação ambiental”. (SARAIVA; A 2011).
Observamos que a região não possui recursos de suporte turístico, devido a
isso os visitantes devem alojar-se na comunidade de Praia de Campina a cerca
de 2 km de distância. Aos mais aventureiros, aconselha-se acampar na falésia,
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pois possui um belo cenário e possibilita a realização da trilha em um horário
onde a temperatura é mais agradável. Após as práticas de campo foi possível
também demarcar alguns pontos relevantes a práticas de educação ambiental
não-formal, baseados no método IAPI que orienta a escolha de pontos com
uma maior gama de atrativos visuais e interativos e que transmitam algum tipo
de conforto. Os pontos marcados foram georeferênciados em ambiente SIG
com o software ArcGis 9 e possibilitaram a criação de um mapa base (Fig.2).
Dentre os pontos levantados, um dos mais interessantes é uma árvore caída
no segundo trecho, essa árvore chama atenção por ter se partido literalmente
ao meio e rebrotado das partes caídas. Outra área de bastante relevância é um
vilarejo que se estende do fim da estrada até bem próximo da praia, o mesmo
possuía habitantes de cultura pesqueira e carciniculturista, atividades que
tinham seu desenvolvimento facilitado pela proximidade com o mangue, mas
por algum motivo migraram da área abandonando suas casas, permanecendo
ali alguns poucos que cuidam do local
É de fundamental importância que durante o planejamento seja levantada
informações a cerca da composição geomorfológica local e um levantamento
das espécies animais e vegetais e como esses componentes interagem para
que haja o manejo adequado e que também essas informações sejam
passadas ao visitante enriquecendo a experiência do trajeto como o
zoneamento ambiental feito por (OLIVEIRA, 2003). Que encontrou para a área
25 espécies de anfíbios anuros, 35 de répteis, 80 de aves, 25 de mamíferos e 1
de primata.
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Figura 2: Mapa de pontos relevantes à pratica do ecoturismo.
Conclusão
O ecoturismo é impulsionado pelo desejo humano de fugir da rotina e de ter um
contato mais intimo com os ambientes naturais, mas acima de tudo são
movidos pela ansiedade de encontrar o destino final associado ao percurso que
neste caso é o estuário do rio Miriri que por si só, já serve como ambiente de
lazer e pesquisa.
Concluímos com os trabalhos realizados que as trilhas ecológicas são uma
ferramenta eficaz na educação ambiental formal e não-formal, pois possibilitam
um ensino interativo para os participantes onde os mesmos podem usufruir de
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uma beleza natural enquanto aprendem sobre conservação ambiental e a
importância de se manter um ambiente natural em estado constante de
conservação. As práticas ecológicas de turismo sejam elas de geoturismo,
ecoturismo, trilhas interpretativas ou qualquer outra, não só são ferramentas
didáticas, mas também uma forma geração de renda; proporcionando
benefícios às populações locais quando bem planejado e executado, e quando
há suporte tanto da área de que possibilitará a atividade quanto das
comunidades locais inicia-se um crescimento econômico gerando emprego e
desenvolvimento mais dinâmico. Assim sendo, o foco secundário deste
trabalho foi entregar à cooperativa de turismo da comunidade de Barra de
Mamanguape criada pela diretoria da APA do rio Mamanguape para que a
comunidade tivesse direitos legais sobre o turismo que esta trilha gera na
região.
As trilhas ecológicas são uma das ferramentas de educação ambiental mais
eficazes, porém, se mal administradas podem se tornar um agravante na
degradação socioambiental de uma área que necessite de manejo adequado.
As trilhas devem ser planejadas e manejadas de modo a maximizar a
conscientização ambiental do visitante e minimizar os impactos que estes
podem acarretar. A melhoria e divulgação da trilha é uma das necessidades
mais urgentes da APA, já que envolve o bem-estar de seus visitantes, além de
constituir uma importante ferramenta para a educação ambiental. Para que sua
implementação tenha um efeito positivo, é recomendável que sejam
desenvolvidos outros projetos na Unidade de Conservação, sendo um deles a
capacitação de monitores. A APA da Barra do rio de Mamanguape é um
importante local para recreação e educação ambiental não-formal no Litoral
Norte da Paraíba, proporcionando interação entre a população e o meio
ambiente (COSTA et al 2012).
O ecoturismo é tão importante que o próprio Ministério de Turismo Brasileiro
tem mostrado interesse pela área, tanto pela parte econômica como pela
socioambiental, pois os idealizadores de tais projetos acabam por realizar
atividades que o próprio governo por medidas burocráticas não faz; logo o
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Estado disponibiliza uma boa base informativa para planejamento e pesquisa e
apoio às entidades que proponham atividades de cunho sócio ambiental.
A trilha panejada foi de fundamental importância para compreensão do modo
como o fragmento de mata é explorado e como as unidades de paisagem se
relacionam, e também para expor à população local a riqueza de que eles
dispõem, mostrando que o ecoturismo e a educação ambiental não-formal são
fontes de renda e de manutenção dos ambientes naturais respectivamente. A
mata do Oiteiro ainda é um local pouco explorado no campo da ciência, quase
não se conhece como esse ecossistema se comporta tratando-se em
microescala no que diz respeito às atividades humanas ali exercidas e seu
comportamento mediante as pressões antrópicas, logo a trilha também
apresentou-se como um cartão de visita para que não só turistas mas também
pesquisadores conheçam o local.
5. Bibliografia
BOO, E: The ecotourism boom: planning for development and management.
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BRASIL: Decreto nº 924 de 10 de setembro de 1993, criação da área de
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2003.
PEREIRA, M; ALVES, R: Composição florística de um remanescente de mata
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paraíba, brasil; revista de biologia e ciências da terra issn 1519-5228
volume 6- número 1 - 2º semestre 2006.
SARAIVA, A: Impactos aos atributos físicos do solo em trilhas ocasionados
pelo ecoturismo em ubatuba-sp; revista univap, são josé dos campos-sp,
v. 17, n. 29, ago.2011.
SOUZA, T; SILVA, E: UFC – planejamento e gestão ambiental: análise
integrada da praia de canoa quebrada em aracati- ce; ii seminário ibero
americano de geografia física, universidade de coimbra, maio de 2010.
Agradecimentos
Agradecemos à direção da APA do rio Mamanguape que deu todo o apoio e
instruções para a realização do trabalho, ao nosso colega de curso e amigo
Sebastião Silva que nos apresentou algumas características da trilha junto com
alguns residentes locais e a Amanda Stefanie que literalmente deu suor e
sangue junto conosco na realização deste trabalho.
Ps. E ao meu orientador Anderson Alves que nos deu um “voto de confiança”
sendo eu ainda aluno do primeiro período do curso e mesmo assim me confiou
a autoria desta pesquisa.
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GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas.
PLANEJAMENTO DE UMA TRILHA PARA CICLISTAS DE MONTANHA NA
ÁREA DE USO PÚBLICO DA “FLORESTA ESTADUAL EDMUNDO
NAVARRO DE ANDRADE” (FEENA), RIOCLARO (SP).
Leandro Paulo Leão17
Denise Zanchetta18
Maria Inez Pagani19
Resumo
Palavras-chaves: Área Protegida; Mountain Bike; Plano de Manejo
A “Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade” (FEENA), Rio Claro/SP
tem uma demanda crescente para estabelecimento de trilhas adaptadas para a
atividade de ciclismo. O presente trabalho teve como objetivo estabelecer o
perfil dos ciclistas que utilizam esta unidade de conservação. Para tanto, foi
aplicado um questionário com perguntas abertas e fechadas para 50 ciclistas,
cujas respostas foram utilizadas como subsídios para proposta do traçado de
uma trilha. O plano de manejo da Floresta foi considerado, especialmente os
Programas de Uso Público, Recreação e Lazer, Turismo Ecológico e Manejo
Florestal. Os resultados indicam que maioria dos ciclistas da área é do sexo
masculino da faixa etária entre 30 e 39 anos, residentes na cidade de Rio
Claro. Quanto aos atrativos da FEENA apontados pelos ciclistas ressaltam-se
os aspectos relacionados a beleza natural da área. Os demais fatores obtidos
no questionário foram compilados e os dados nortearam o traçado da trilha
proposta, elaborado através de um software de Sistema de Informação (SIG),
onde os pontos georreferenciados foram realizados com auxílio de um GPS.
Os pontos foram plotados, como uma camada vetorial em um shape criado a
partir do mapa do zoneamento da Floresta, no software Quantum GIS 1.8.0Lisboa. A trilha elaborada tem 17 km de extensão e contemplará as zonas de
manejo florestal, histórico-cultural, recuperação e uso público. As próximas
etapas do trabalho serão a interpretação, sinalização e implantação da referida
trilha.
Resumen
17
leandrop_leao@hotmail.com Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
UNESP (Graduando em Ciências Biológicas- Bolsista CNPq/ PIBIC/IF)
18
dzanchettazanchetta@gmail.com Bióloga, Pesquisadora Científica do Instituto Florestal de
São Paulo
19
mipagani@rc.unesp.br Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências - Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
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Palabras-clave: Area Protegida; Mountain Bike; Plan de Manejo
La “Reserva Estatal Edmundo Navarro de Andrade”, Rio Claro/SP tiene una
demanda creciente para el establecimiento de senderos adaptados para la
actividad de ciclismo de montaña. El presente trabajo tuvo como objetivo
establecer el perfil de los ciclistas que utilizan esta unidad de conservación.
Para esto, fue aplicado un cuestionario con preguntas abiertas y cerradas para
50 ciclistas, cuyas respuestas fueron utilizadas como base para la propuesta de
trazado de un sendero. El plan de manejo de la Reserva fue considerado,
especialmente los Programas de Uso Público, Recreación y Tiempo Libre,
Turismo Ecológico y Manejo Forestal. Los resultados indican que la mayoría de
los ciclistas de la zona pertenecen al sexo masculino y la categoría etaria entre
30 y 39 años, residentes en la ciudad de Rio Claro. En cuanto a los atractivos
de la Reserva mencionados por los ciclistas se resaltan los aspectos
relacionados a la belleza natural de la zona. Los demás factores obtenidos en
el cuestionario fueron compilados y los datos guiaron el trazado del sendero
propuesto, elaborado a través de un software de Sistema de Información (SIG),
donde los puntos georreferenciados fueron realizados con ayuda de un GPS.
Los puntos fueron trazados, con una cámara vectorial en un shape creado a
partir del mapa de zonificación de la Reserva, en el software Quantum GIS
1.8.0-Lisboa. El sendero elaborado tiene 17 km de extensión e incluirá las
zonas de manejo forestal, histórico-cultural, recuperación y uso público. Las
próximas etapas del trabajo serán la interpretación, señalización e
implementación del sendero ya mencionado.
1. Introdução
A Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade possui uma área de
2.230,53 hectares e localiza-se nos Municípios de Rio Claro e Santa Gertrudes,
estado de São Paulo. De acordo com o sistema de classificação do IBGE 2012
(VELOSO; RANGEL Fo. e LIMA, 1991) originalmente a Floresta de Rio Claro
possuía uma formação vegetacional de Floresta Estacional Semidecidual, que
sofreu ação antrópica para fins silviculturais, em especial, o manejo do
Eucalyptus. Atualmente, a Floresta possui um mosaico composto de vários
talhões de diversas espécies introduzidas, onde se desenvolveu um subbosque rico em espécies nativas que se regeneraram embaixo desses
indivíduos da floresta plantada, permitindo com isso que se estabeleça um
ambiente propício para o habitat de diversas espécies da fauna, inclusive
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algumas ameaçadas de extinção. Merece mencionar que o Gato-do-mato
(Leopardus sp.) e o Tucano-toco (Ramphastos toco) habitam a Floresta (REIS
et al., 2005).
A Unidade possui um Programa de Público – PUP que tem como objetivo geral
estabelecer a integração entre a área protegida, seus gestores e as populações
do entorno, buscando apoio à proteção da unidade, proporcionando a
integração da comunidade com as áreas naturais, despertando a consciência
crítica para as necessidades de conservação dos recursos naturais, culturais e
históricos e da valorização das Unidades de Conservação, bem como estimular
sua participação no manejo e proteção dessas áreas (TABANEZ, 2000).
A maioria das categorias de Unidades de Conservação vigentes pela lei do
SNUC prevê a visitação pública em seus domínios. É importante ressaltar que
as Unidades de Conservação brasileiras sofrem uma intensa pressão para
desenvolver atividades turísticas dentro de seus limites, conforme relatado por
Costa, 2002.
80
O Ecoturismo é uma oportunidade cada vez mais explorada no mercado
turístico e é definido, de acordo com as Diretrizes para uma Política Nacional
de Ecoturismo, elaboradas pelo Ministério da Indústria Comércio e Turismo
(MICT) e Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal (MMA) como: “... um segmento da atividade turística que utiliza de forma
sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva a sua conservação e
busca a formação de uma consciência ambiental através da interpretação do
ambiente,
promovendo
o
bem
estar
das
populações
envolvidas.”
(NASCIMENTO, 2003).
O Programa de uso público da Floresta compreende os subprogramas de
monitoria dos visitantes, educação ambiental, implantação de trilhas e eventos.
No entanto, segundo Eagles (2002) para implantar as atividades de Uso
Público ocorrentes nos Parque e outras categorias de Unidade de Conservação
requer a construção e manutenção de um banco de dados. Mensurar e relatar
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o Uso Público são elementos fundamentais para o manejo da visitação em
áreas protegidas.
A Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade - FEENA enquadra-se na
categoria das unidades de conservação de uso sustentável, para as quais é
amplamente aceito que os recursos florestais devam ser manejados com o
objetivo de suprir necessidades sociais, econômicas ou outras geradas pelo ser
humano, e onde conhecimentos científicos sobre a área demonstram a
existência de benefícios diretos e indiretos associados ao meio ambiente
(BRASIL, 2000).
Na Unidade existe uma demanda para a implantação de uma trilha para
ciclistas desde a criação da unidade, a floresta é um lugar utilizado pelos
ciclistas para a prática de algumas modalidades do Mountain Bike, e como não
tem nenhuma trilha regulamentada, consequentemente não tem sinalização e
nenhuma outra forma de comunicação com os ciclistas, para esclarecer as
regras e diretrizes do plano de manejo e seu zoneamento. Assim, eles acabam
transitando por áreas não permitidas, correndo riscos e impactando áreas, mais
restritivas à visitação, previstas no zoneamento.
O Mountain Bike é praticado em áreas naturais, como estradas de terra, trilhas
de fazendas, trilhas em montanhas e no interior de áreas protegidas, como
parques e reservas. Desta forma vemos que as vantagens desta atividade se
consistem em proporcionar benefícios ecológicos, recreacionais e culturais
para a comunidade praticante. No que concerne ao ambiente natural, os
ciclistas geralmente preferem cenários de beleza cênica, natureza, árvores,
corpos d’água, colinas e regiões de topografia irregular. Desta forma, áreas
naturais preservadas, como as Unidades de Conservação oferecem todos os
quesitos básicos para atrair os ciclistas de montanha (MEENAR, 2013).
De acordo com Sun e Walsh (1998, IN GOEFF; ALDER, 2001), os principais
impactos ambientais nas trilhas usadas por ciclistas de montanhas são
basicamente quanto ao solo e a cobertura vegetal. Compactação do solo,
erosão, alargamento de trilhas, distúrbios na vegetação são comumente
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citados como impactos diretos, mas estes podem variar de acordo com a
localização, tipo de solo, queda de chuvas e utilização da área. Os autores
também relatam que há pouca informação a respeito dos impactos específicos
em trilhas de Mountain Bike.
Portanto a definição do perfil do ciclista de montanha que se utiliza da área de
uso público da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade, bem como o
traçado da trilha para uso específico desse importante grupo de visitantes se
justifica como medidas imprescindíveis para suprir uma importante lacuna
existente no Plano de Manejo da FEENA; bem como para a normatização da
visitação nessa unidade. E ainda, compõem-se em importantes subsídios a
serem observados na próxima revisão do Plano de Manejo da Floresta
Estadual.
2. Material e métodos
Como etapa inicial do presente estudo realizamos a elaboração e aplicação de
um questionário para definir o perfil dos ciclistas de montanha que utilizam
atualmente as áreas de uso público da Floresta. Os procedimentos com
relação ao levantamento do perfil e sua análise segue a metodologia utilizada
por Richardson (1999) para definir o perfil do visitante da área de uso público
da referida unidade. Usando como exemplo esse estudo, o questionário
aplicado combinou tanto perguntas fechadas quanto perguntas abertas.
Após a elaboração do questionário, o projeto foi encaminhado para avaliação
do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, do Instituto de
Biociências da UNESP, Campus de Rio Claro-SP, para orientar e regulamentar
a pesquisa e as atividades práticas com seres humanos. Esse processo foi
importante e obrigatório, pois estabelece critérios éticos para a pesquisa, e
cria-se uma regulamentação de ética, para combater abusos e maus tratos à
integridade física, psíquica e moral da pessoa humana.
Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética o questionário foi aplicado
para os ciclistas que usavam a FEENA bem como aqueles que pertenciam aos
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grupos organizados da cidade de Rio Claro com o objetivo de identificar as
problemáticas da atividade na Floresta Estadual.
A aplicação dos questionários não se restringiu somente à FEENA devido à
dificuldade de parar os ciclistas para responder o questionário, os mesmos
relatavam que não poderiam respondê-lo, pois estavam no meio da prática da
atividade de ciclismo. A partir daí, elaboramos outra estratégia que consistiu
em estabelecer contatos com os grupos organizados que frequentam a
FEENA, e então aplicar os questionários nos pontos de partidas para as
pedaladas, antes que os mesmos iniciassem suas atividades. Essas saídas
dos Grupos de Ciclistas ocorrem em diversos pontos da cidade de Rio Claro,
em dias e horários da semana previamente estabelecidos.
Após o término da aplicação dos questionários, foram feitas a sistematização e
a discussão dos dados obtidos e assim obtiveram-se as características do perfil
dos ciclistas que praticam essa atividade na FEENA.
A partir das análises do perfil dos ciclistas e o conhecimento das suas
expectativas com relação ao uso da Floresta para a prática do ciclismo foi
elaborado um traçado de trilha analisado dentro do zoneamento, normas e
regulamentos do plano de manejo (REIS et al., 2005) e de um modelo de
mínimo impacto e sustentabilidade (MMA, 2003). A metodologia de elaboração
do modelo seguiu as orientações apontadas por Magro e Freixêdas (1998),
Chavez (2000), Decanini (2001) e Meenar (2007).
O traçado (figura 1) foi elaborado através de um software de Sistema de
Informação
(SIG).
Um
GPS
foi
utilizado
para
coletar
os
pontos
georreferenciados e propor o traçado. Para tanto, esses pontos foram plotados,
como uma camada vetorial em um shape do mapa do zoneamento da FEENA,
no software Quantum GIS 1.8.0-Lisboa.
3. Resultados e discussão
Nos cinquenta questionários aplicados obtiveram-se os seguintes resultados:
Na pergunta idade, 17 pessoas ou 34% têm idade entre 30 e 39 anos, seguido
pela faixa etária de 40 a 49 anos que possuí 10 pessoas (20%), 8 pessoas
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(16%) têm entre 25 a 29 anos, e 6 pessoas (12%) são de 15 a 19 anos, 5
entrevistados (10%) têm idade entre 20 a 24 anos, e por fim 4 pessoas (8%)
têm entre 50 a 59 anos.
Entre os entrevistados, 45 (90%) são do sexo masculino e 5(10%) do sexo
feminino. Do montante de entrevistados, 39 (79%) residem em Rio Claro, e 10
(20%) em outros municípios, sendo que uma pessoa não respondeu este
quesito. Das pessoas que visitaram a FEENA, 22 (44%) possuem nível
superior completo, 5 (10%) dos entrevistados possuem mestrado e 8 (16%)
não concluíram o nível superior, seguido por 5 pessoas com o ensino médio
incompleto, e também quanto ao ensino médio e o fundamental, foram 4 (8%)
em cada item. E, duas pessoas não responderam.
Em relação à renda mensal dos entrevistados, aqueles que recebem na faixa
de três a cinco salários mínimos representam 28% ou 14 pessoas, seguido por
11(22%) que recebem de seis a dez salários mínimos, e o restante ficou abaixo
desse nível salarial. Da soma dos entrevistados a grande maioria já conhecia a
FEENA, ou seja, 48 (96%) já havia estado na Unidade e apenas 2 pessoas
(4%) não conheciam.
Das pessoas entrevistadas, 29 pessoas ou 58% frequentam a FEENA de uma
a três vezes por semana, seguido pelos ciclistas que frequentam de uma a três
vezes por mês, que são 6 entrevistados ou (12%). Em relação ao tempo gasto,
aqueles que pedalam de duas a quatro horas representam 48% ou 24 pessoas.
Do montante de entrevistados 21 pessoas ou (42%) disseram conhecer a
FEENA através de amigos, também foi perguntado qual a importância da
FEENA na pratica do ciclismo e 12 pessoas ou (24%) responderam que a
importância da FEENA são os aspectos relacionados a natureza. Realizou-se
uma pergunta no questionário para saber quais atrativos a FEENA possui para
os ciclistas. Destes, 20 ou (40%) das pessoas ressaltaram os aspectos
relacionados à natureza como os maiores atrativos para a prática de ciclismo.
Em seguida ficaram as trilhas, como quesito que a floresta possuí para atrair os
ciclistas entrevistados, onde 6 (12%) dos entrevistados emitiram essa opinião.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
84
Sobre os locais que utilizam para a prática na FEENA, 22 pessoas (44%)
responderam que utilizam a trilha dos nove e da torre. Em relação ao que elas
não gostam na Floresta ou com relação às restrições existentes para os
ciclistas na FEENA, 13 (26%) disseram que não gostam da restrição de uso
para o ciclista na área de uso público e ainda, apontam como deficiência a falta
de profissionalismo dos guardas na fiscalização da área. A avaliação da
segurança apresentou 21 pessoas (42%) definindo-a como ruim. Quanto à
sinalização, 28 pessoas (56%) disseram também que ela é ruim. Quando
questionados sobre as trilhas, a maioria das pessoas 32 (64%) responderam
que são boas. Os itens finais a serem avaliados foram referentes à
infraestrutura e a manutenção, onde os entrevistados 24 (48%) acham-nas
ruim. A maioria dos entrevistados não tinha conhecimento que a FEENA
possuía plano de manejo, ou seja, 43 pessoas (86%) não tinham informações
da existência do plano de manejo.
Por fim, foi perguntado às pessoas por que motivos elas utilizam a bicicleta e
38 (43,6%) disseram para praticar esporte, 29 pessoas (33,3%) responderam
para lazer, 19 entrevistados (21,8%) usam-na para transporte. Do total
entrevistados na FEENA, 40 pessoas (80%) utilizam capacete para a prática. A
análise dos talhões abrangidos pelo traçado da trilha (Figura 1) apontou talhões
da zona histórico-cultural que apresentam características peculiares, como por
exemplo, o talhão de número 42 que é o único representante da espécie E.
umbra na FEENA. Já o talhão número 31 que também compreende a zona
histórico cultural, teve suas sementes para o plantio vindas diretamente da Ilha
de Flores, localizada na Indonésia.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
85
86
Figura 1 - Mapa zoneamento com o traçado da trilha destacado em azul. Fonte: Plano de
Manejo da FEENA.
Em relação às diretrizes do plano de manejo, foi realizado um inventário dos
talhões por onde passa o traçado da trilha e foram elaboradas as tabela 1 e 2,
contendo o número dos talhões, área (ha), espécie, ano de plantio e
observações. A zona histórico-cultural é definida no Plano de Manejo da
Unidade como aquela onde são encontradas amostras históricas, científicas,
culturais, arqueológicas e que serão conservadas e interpretadas para o
público. Seu objetivo é proteger sítios históricos e arqueológicos, em harmonia
com o meio ambiente, facilitando atividades de pesquisa científica, educação
ambiental e interpretação.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Talhão N°
Área (ha)
Espécie
Ano de plantio
Observações
16
23
33
35d
36a
41
43
43a
44
49
50
51
89
89
1,15
1,1
16,2
5,8
3,05
6,12
1,69
0,97
2,31
2,9
3,19
4,84
12,34
19,63
26,67
91c
92
98
103
110
110a
7,02
4,02
3,92
6,39
5,14
8,54
1983
1922
1984
1916
1950
1911
1911
1911
1935
1937
1911
1968
1952
1919
1919
1920
1920
1959
1967
1975
1917
1940
1940
Origem-Flores¹
90
E. urophylla
Coleções nativas
E.urophylla
E. tereticornis
E. grandis
E.saligna/tereticornis
E. tereticornis
Diversas nativas
E. citriodora
E. saligna
E. tereticornis
E. grandis
Pinus taeda/caribaea
Multiespécies
Multiespécies
E.spp
E. robusta
Pinus taeda
Pinus spp(diversos)
E. shyressi
E. tereticornis
E. paniculata/propinqua
E. urophylla
Pomar de sementes
Coleção
Coleção
Coleção
87
Tabela 1 -Talhões da Zona Histório-Cultural onde o traçado vai passar.
_____________________
¹ Sementes provenientes da Ilha de Flores, na Indonésia.
A zona de manejo florestal é aquela que compreende as áreas de floresta
nativa ou plantada, com potencial econômico para o manejo sustentável dos
recursos florestais. Seus objetivos são: o uso múltiplo sustentável dos recursos
florestais, geração de tecnologia e de modelos de manejo florestal, sendo
permitidas
também
atividades
de
pesquisa,
educação
ambiental
e
interpretação.
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Talhão N°
Área (ha)
Espécie
Ano de plantio
5R
6R
7R
17R
18R
19R
20R
15
17a
18
19
20
25a
26
27
27a
28
29
32
35
35b
35c
36
37
56
108a
108b
116
118
119
120
22,43
8,84
14,16
10,82
9,08
15,7
20,12
28,46
11,85
1,94
4,11
9,19
6,5
9,8
6,49
3,8
9,73
8,71
8,71
20,4
11,75
10,04
13,33
14,01
20,81
12,1
15,8
23,38
12,9
81,43
40,12
E. citriodora
E. citriodora
E. citriodora
E. citriodora
E. citriodora
E. citriodora
E. citriodora
E. citriodora
E. citriodora
E. citriodora
E. microcorys
E. microcorys
E. microcorys
E. maculata
E. citriodora
E. microcorys
E. microcorys
E. tereticornis
E. citriodora
E. maculata
E. maculata
E. paniculata
E. citriodora
E. propinqua
E. microcorys
E. tereticornis
E. citriodora
E. citriodora
E. citriodora
E. citriodora
E. tereticornis
1988
1989
1988
1989
1990
1990
1990
1983
1972
1989
1972
1971
1971
1954
1972
1971
1971
1984
1984
1983
1984
1984
1984
1979
1954
1947
1947
1941
1939
1946
1946
120a
8,22
E. saligna
E. paniculata
1921
1946
Tabela 2 - Talhões da Zona de Manejo Florestal onde o traçado vai passar
O estabelecimento da trilha foi feito através de um modelo de mínimo impacto e
sustentabilidade (MMA, 2003). O traçado totalizou 17 km de extensão e foi
proposto em vias que já existiam (aceiros) para separação dos talhões na
FEENA, com isso evitamos abrir novos caminhos causando impactos na
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vegetação. E ainda, o percurso se concentrou nas áreas que apresentam
menos risco de desmoronamento, evitando assim causar o assoreamento
pelas enxurradas das chuvas em terrenos de maior suscetibilidade erosiva
evitando o agravamento da erosão pelo uso da área pelos ciclistas.
O projeto ainda considerou as regras da cartilha feita pelo Ministério do Meio
Ambiente, cartilha de conduta consciente (mínimo impacto) nos ambientes
naturais dentro da Unidade de Conservação, estas regras de mínimo impacto
contêm oito princípios, que são esses: Planejamento é fundamental; você é
responsável por sua segurança; cuide das trilhas e dos locais de
acampamento; traga seu lixo de volta; deixe cada coisa em seu lugar; não faça
fogueiras; respeite os animais e as plantas e seja cortês com outros visitantes.
Esses princípios e regras de comportamento em áreas protegidas serão
disseminados para os usuários da trilha, podendo ser feito uma cartilha para
ser distribuída aos ciclistas.
4. Conclusões
89
Após esta análise é possível perceber que os ciclistas que frequentam a
FEENA são compostos, em média, por indivíduos adultos (30 a 39 anos), a
maioria do sexo masculino e (44%) com curso superior completo.
Percebe-se que a Floresta é um local muito utilizado pelos ciclistas, e o
principal atrativo para os indivíduos que a visitam são os relevantes aspectos
relacionados às belezas naturais, que permite o relacionamento do homem
com a natureza.
Conclui-se ainda que há necessidade de uma trilha exclusiva para ciclistas na
Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade, e também é imprescindível
promover algumas oficinas com os ciclistas para a divulgação das normas e
diretrizes do plano de manejo da floresta, e de um modo geral dar
conhecimento aos ciclistas das regras da cartilha feita pelo Ministério do Meio
Ambiente, cartilha de conduta consciente (mínimo impacto) nos ambientes
naturais dentro da Unidade de Conservação.
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5. Bibliografia
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Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da
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vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE, Rio de
Janeiro, 123p.
91
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Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas.
RELATO DE EXPERIENCIAS DO MAPEAMENTO E DA DOCUMENTAÇÃO
DE TRILHAS PARA A PUBLICAÇÃO DE UM GUIA DO PARQUE ESTADUAL
DA PEDRA BRANCA, RIO DE JANEIRO – RJ
Lucas Santa Cruz de Assis Brasil20
Vivian Castilho da Costa21
Resumo
Palavras-chave: Geoprocessamento; Unidades de Conservação; trilhas; planejamento
O Parque Estadual da Pedra Branca, localizado na cidade do Rio de Janeiro,
entre as baixadas de Jacarepaguá e da Zona Oeste, é o maior parque urbano
do município, com 12.400 hectares. Criado em 1973, tem importância histórica
por ser o local originário de mudas que reflorestaram a Floresta da Tijuca.
Apesar disso, carecia de conservação e orientação das trilhas para o público, o
que motivou o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) a produzir um livro de
trilhas, com mapas e descrições dos principais caminhos da Unidade de
Conservação. Este trabalho relata as vivências e metodologias da participação
no mapeamento, criação de banco de dados em SIG e documentação
fotográfica das trilhas do Parque Estadual da Pedra Branca. O mapeamento,
realizado em fevereiro e março de 2013, utilizou um GPS para marcação de
pontos referenciais como início da trilha, rios e córregos que seriam cruzados,
mirantes, bifurcações, poços para banho e cachoeiras. O percurso era
armazenado pelo tracklog e registrava a distância percorrida, o tempo de
duração total da atividade e o tempo de caminhada na trilha. Informações
complementares eram registradas em fichas. O registro fotográfico foi uma
forma de evidenciar e documentar visualmente as trilhas, destacando pontos
aprazíveis, obstáculos e trabalho de mapeamento. As fotografias agregaram
mais um elemento gráfico para planejamento das trilhas do PEPB além das
imagens de satélite, possibilitando à equipe uma perspectiva mais próxima da
ótica do caminhante/frequentador do parque. Além da delimitação das trilhas,
este trabalho contribuiu para o processo de levantamento e criação de um
banco de dados em SIG. Todas as trilhas do Parque estão agora
completamente digitalizadas, o que facilita o seu gerenciamento, com a
20
brasilucas@gmail.com. Graduando do Instituto de Geografia, bolsista monitor da disciplina
Geoprocessamento, UERJ,
21
vivianuerj@gmail.com Professora Adjunta do Instituto de Geografia, Coordenadora do
LAGEPRO, UERJ,
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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possibilidade de cruzamentos de informações de diferentes níveis. O emprego
de diferentes técnicas foi crucial para uma melhor apreensão das rotas a serem
percorridas e demarcadas.
Resumen
Palabras-clave: Geoprocessamiento; Unidades de Conservación; trilhas; planificación
El Parque Estadual da Pedra Branca, ubicado en la ciudad de Rio de Janeiro,
entre las tierras bajas de Jacarepaguá y de la zona Occidente, es el mayor
parque urbano de la ciudad, con 12.400 hectáreas. Creada en 1973, tiene un
significado histórico como el sitio de origen de las plantas de semillero que
reforestar el bosque de Tijuca. Sin embargo, carecía de la conservación y la
orientación de senderos para el público, que dirigió el Instituto Estadual do
Meio Ambiente (INEA) para producir un libro de pistas, con mapas y
descripciones de las principales vías de la Unidad de Conservación. Este
trabajo presenta las experiencias y metodologías de participación en la
cartografía, creación de base de datos en SIG y documentación fotográfica de
los senderos de Parque Estadual da Pedra Branca. La cartografía, realizada en
febrero y marzo de 2013, utiliza un GPS para marcar los puntos de referencia
que en el comienzo del sendero, ríos y arroyos que se cruzaron, miradores,
tenedores, pozos para bañarse y cascadas. La ruta se almacena traza y
registra la distancia recorrida, el tiempo de duración de la actividad y el tiempo
para caminar por el sendero. Información adicional se grabó en hojas de datos.
El registro fotográfico fue una manera de resaltar y documentar visualmente los
senderos, destacando puntos agradables, los obstáculos y el trabajo de mapeo.
Los fotos añadidas otro gráfico para planificar pistas do PEPB, además de
imágenes de satélite, lo que permite al equipo un punto de vista más cerca de
la óptica del caminante / parque asiduo. Más allá de los límites de los senderos,
este trabajo contribuyó al proceso de recopilación y creación de una base de
datos GIS. Todos los senderos del Parque están totalmente digitalizados, lo
que facilita su gestión, con la posibilidad de cruzar los diferentes niveles de
información. El uso de diferentes técnicas es fundamental para una mejor
comprensión de las rutas a recorrer y demarcada.
1. Introdução e Objetivos
O Ecoturismo é uma atividade que procura utilizar os atrativos turísticos na
natureza de forma sustentável. As trilhas seriam atrativos ecoturísticos onde se
preveem as práticas de acessibilidade a outros atrativos. Ou seja, a trilha é um
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dos vetores de atividades ecoturísticas mais conhecidos e utilizados por
usuários de áreas protegidas.
Esses acessos, direta ou indiretamente,
possuem em seu traçado uma gama de oportunidades de vivência e
interpretação da natureza, além de atividades que envolvem o lazer e a
recreação. São mirantes, riachos (sejam eles para contemplação ou para
práticas desportivas e ou de lazer) e com estes suas cachoeiras e corredeiras
que
proporcionam
diversas
atividades
como
rapel,
escalada,
rafting,
canoagem, entre outros. A flora e a fauna ao redor das trilhas são atrativos
que demandam certo cuidado, principalmente por apresentarem certo grau de
fragilidade à presença humana. Muitas trilhas podem sofrer impactos às vezes
irreversíveis como pisoteio, alimentação indevida de animais silvestres por
resquícios de comida na trilha ou mudanças de hábitos da fauna na passagem
por trilhas muito abertas, entre outros.
Desta forma, as trilhas podem ser os únicos veículos de educação ambiental
de uma área protegida, mas podem ser as “vilãs” ao serem construídas em
áreas que ameaçam a perda de biodiversidade, onde o uso público pode ser
um agravante dos impactos negativos à UC. Cabe então o manejo e a
normatização do uso público a partir do estudo do traçado das trilhas. Uma
trilha bem traçada e planejada não é importante somente pelo ponto de vista do
estímulo à visitação, ou ainda para redução de impactos. As trilhas são antes
de tudo, caminhos que ligam um ponto ao outro, e, portanto, não somente tem
função de lazer, mas também de acessibilidade que pode ser o menor caminho
ou o caminho mais fácil de uma população ou um povoado chegar ao seu
destino. Porém, as trilhas são muitas vezes vistas por um viés reducionista,
que as relaciona somente com atividades recreacionais ou ecoturísticas, não
dando a devida atenção às outras funções que estes caminhos exercem dentro
de uma área natural.
Dines e Passold (2008, p. 182) definem as trilhas como: principal infraestrutura
necessária para boa parte das atividades terrestres, e sua manutenção
periódica é imprescindível para evitar processos de erosão do solo, perda de
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vegetação e deterioração de estruturas de contenção e de drenagem. Como
bem explica Mello (2008, p. 187):
De fato, a compreensão do significado estratégico da malha de trilhas
para a gestão dos serviços ofertados e suas consequências ao
somatório natural define sua importância como ferramenta de gestão.
Nesse caso, como ferramenta de gestão e para sofrer manutenção ou
mudanças em seu traçado de forma periódica e a minimizar custos, trazendo
benefícios de um modo geral para visitantes, turistas e moradores locais, é que
o mapeamento de trilhas e seus atrativos, além de beneficiar diretamente aos
gestores de uma Unidade de Conservação, poderá ser objeto de novos
estudos sobre o comportamento da biota e do plano de manejo, se a área
protegida o possuir. Com esse intuito é que o presente artigo vem, em forma de
relato de experiência, ressaltar a importância da realização de mapeamento de
trilhas e sua documentação em forma de guias impressos e/ou digitais
(disponíveis hoje na Web) que possam contribuir não só com a divulgação das
atividades (eco)turísticas de áreas protegidas, como também possibilitar
ferramental apropriado para o manejo dessas áreas a fim de auxiliar no
ordenamento do uso público e na preservação de sua biodiversidade.
Uma das partes mais importantes nos estudos para manejo de trilhas, é, ao
fazer a mudança em seu traçado ou mesmo uma manutenção no seu leito e
bordas, definir o seu mapeamento em um banco de dados geográfico. Como a
cidade do Rio de Janeiro vem atualmente sendo observada por olhares
nacionais e estrangeiros, em função de suas transformações em prol da Copa
do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a visitação de seus parques,
não só os mais visitados como o Parque Nacional da Tijuca, mas também os
administrados a nível municipal e estadual, vêm sendo discutidas pelos seus
órgãos gestores.
Nesse sentido, a premência de se realizar o mapeamento das trilhas de uma
das mais importantes Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro,
o Parque Estadual da Pedra Branca, ocorreu pela iniciativa da administração
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do Instituto Estadual do Ambiente – INEA. Essa preocupação do INEA se deve
a posição estratégica que o PEPB possui, ou seja, por este estar encravado na
zona oeste, próximo a bairros que estão sofrendo mudanças significativas na
sua infraestrutura de transportes, vias de acesso, construção de vilas olímpicas
que irão abrigar a maioria das competições dos jogos olímpicos. O PEPB,
devido a sua importância estratégica, precisa ter divulgada a conservação de
seus remanescentes florestais de Mata Atlântica, já que abriga uma das
maiores florestas urbanas do Mundo.
Nesse sentido é que se iniciou um projeto de mapeamento de trilhas para a
realização do guia de trilhas do PEPB, tendo por objetivo principal não só a
divulgação de seus principais atrativos, mas contribuir para a conservação
dessa UC, pois recentemente (julho de 2013) veio possuir plano de manejo,
após ter sido criada a mais de 40 anos. O mapeamento foi realizado a partir de
técnicas de geoprocessamento, com utilização de GPS (Sistema de
Posicionamento Global por Satélites) e SIG (Sistema de Informação
Geográfica), além de documentação extensa sobre as características de cada
trilha, seus principais acessos e traçado, além de um material fotográfico com
preocupação em ressaltar as belezas naturais, atrativos ecoturísticos e
principais aspectos urbanos e naturais que serão descritos em conteúdo textual
do guia.
Neste artigo, também serão melhor detalhadas as etapas de
realização do projeto do Guia nas atividades de trabalho de campo e gabinete.
2. Caracterização Geral do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB)
O Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) foi criado em 1973 e hoje
responde pela maior Unidade de Conservação (UC) do município do Rio de
Janeiro, com aproximadamente 12.400 hectares.
Acidente geográfico que divide as baixadas da Zona Oeste (Baixada de
Jacarepaguá a oeste e Baixada da Baía de Sepetiba a leste de seus
contrafortes), seu limite é definido pela cota altimétrica de 100 m das encostas
do Maciço da Pedra Branca e suas matas já foram fonte de mudas nativas para
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o reflorestamento das encostas do Maciço da Tijuca (DRUMMOND, 1988).
Juntamente com o Maciço do Gericinó, essas três montanhas rochosas
conferem os contornos sinuosos e relevo montanhoso à litorânea cidade do Rio
de Janeiro.
Seus limites fazem parte de vários bairros que possuem uma história local de
formação da cidade do Rio de Janeiro, tais como: Jacarepaguá, Taquara,
Vargem Pequena, Vargem Grande, Barra da Tijuca, Recreio, Grumari,
Guaratiba, Barra de Guaratiba, Campo Grande, Bangu, Realengo, entre outros.
Possui a sede (Núcleo Pau-da-Fome), localizada no bairro da Taquara, e conta
com um centro de visitantes com exposição e terminais para consulta, dotado
de anfiteatro, áreas de lazer e sinalização. (Figura 1).
97
Figura 1 - Sede Pau da Fome do Parque Estadual da Pedra Branca. Foto: Lucas Brasil, 2013.
Apresenta o Núcleo Piraquara, localizada no bairro de Realengo, com visitação
dotada de lazer, brinquedos para crianças, poços e cachoeira do Barata para
banho e acesso à vias de escalada. E ainda possui o Núcleo do Camorim,
também com informações para visitação, sinalização interpretativa sobre
sistema de captação e tratamento de água e uma das principais trilhas que leva
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ao Açude do Camorim, construído para captação de água pela CEDAE (http://
http://www.inea.rj.gov.br/unidades/pqpedra_branca_sede.asp).
O PEPB possui vegetação do bioma Mata Atlântica, de floresta ombrófila em
diferentes estágios sucessionais e é “uma das poucas Unidades de
Conservação que ainda mantém espécies de alta importância ecológica em
áreas de desenfreada expansão urbana” (MOURA e COSTA, 2009). Cercado
pela cidade, o Parque sofre grandes pressões antrópicas, expressas
principalmente por minerações, queimadas, uso indevido de trilhas, expansão
da malha urbana, ocupações de terras para fins de moradia e descarte
inadequado de resíduos. Bairros situados em sua zona de amortecimento
como: Recreio, Campo Grande e Jacarepaguá têm crescido demograficamente
acima da média do Município do Rio de Janeiro, e a pressão antrópica sobre o
Parque Estadual da Pedra Branca cresce paulatinamente. (Figura 2)
Embora sua relevância sócio-ambiental para os bairros do entorno e, para toda
cidade efetivamente, enquanto espaço que ofereça serviços de lazer, de
aprendizado com a natureza, de práticas esportivas, enquanto provedora de
serviços ambientais enfim, seja inegável, somente em julho de 2013 o PEPB
veio a possuir um Plano de Manejo, o que dificultou a gestão adequada do uso
público e a implementação de estratégias de preservação adequadas a sua
realidade.
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Figura 2- Mirante da trilha Jesus Vem (bairros de Bangu e Realengo), onde fica claramente
expressa a pressão demográfica que o PEPB sofre. Foto: Lucas Brasil, 2013.
O Parque carece de uma infraestrutura maior para o público no tocante à
conservação e orientação das trilhas – muitas não têm qualquer placa de
sinalização. Surgiu assim a iniciativa do INEA (Instituto Estadual do Ambiente)
de publicar um livro chamado Guia de Trilhas do Parque Estadual da Pedra
Branca, que elencasse os principais caminhos da Unidade de Conservação,
provendo mapas e descrições dos mesmos para uso público. Trata-se de um
levantamento sobre as condições de suas vias, de suas matas, de seus rios,
algo em uma proporção inédita na história do PEPB. Moura e Costa (2009, p.
261) constataram esta carência ao afirmar que:
a área do Parque Estadual da Pedra Branca, (...) necessita de
avaliações sobre a real capacidade de suporte à visitação, as
potencialidades
recreacionais
e
ecoturísticas,
assim
como
fundamentais investimos na sinalização e melhorias na infraestrutura
de suas trilhas, bem como a mitigação dos principais impactos
erosivos, perceptíveis aos próprios usuários e da falta de preparo da
administração em controlar impactos provocados pela visitação.
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Para então suprir essa carência de material de divulgação para o manejo de
trilhas, o guia de trilhas do PEPB (Figura 3) organizado pelo INEA e Instituto
Terra Brasil, considera a divisão do PEPB em seis setores, contendo ao todo
23 circuitos, travessias e trilhas, assim distribuídos:
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Figura 3 - Mapa de Localização do Parque Estadual da Pedra Branca (município do Rio de
Janeiro) e suas trilhas. Fonte: Vivian Costa, 2013
setor Pau da Fome: 1. Travessia Pau da Fome x Rio da Prata via Mangalarga, 2. Trilha do Pico da Pedra Branca, 3. Trilha da Pedra do Quilombo, 4.
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Travessia Pau da Fome x Camorim, 5. Travessia Pau da Fome x Colônia, 6.
Trilha da Pedra Hime, 7. Trilha da Pedra Negra, 8. Trilha do Rio Grande;
setor Camorim e Vargens - 9. Trilha da Pedra Rosilha, 10. Trilha do Açude
do Camorim 11. Travessia Camorim x Vargem Grande, 12. Travessia do
Vale do Gunza;
setor Rio da Prata - 13. Travessia Rio da Prata x Pau da Fome via Monte
Alegre, 14. Travessia Caboclos e Cabungui, 15. Circuito do Vale da Caixa
d’Água;
setor Ilha de Guaratiba - 19. Caminho do Morgado
setor Piraquara - 17. Circuito Pedra Jesus Vem, 18. Trilha da Pedra do
Ponto, 19. Trilha do Morro do Lameirão e
setor Praias - 20. Travessia Piabas – Grumari, 21. Travessia Grumari –
Araçatiba, 22. Travessia Morro de Guaratiba – Grumari e 23. Circuito das
Praias de Guaratiba.
As trilhas de uma Unidade de Conservação servem à própria área natural,
uma vez que definem como deve ser realizado o manejo na flora exótica, o
controle de queimadas e de focos de incêndios, ações de fiscalização, bem
como pesquisas científicas.
As trilhas são o principal meio para se transitar dentro de uma UC. E isso vale
para todos. Seja para o guarda-parques auxiliarem no uso público através de
suas ações de vistoria nas trilhas, seja para o bombeiro que busca acessar
uma área para combater uma queimada, seja para pequenos sitiantes. As
pequenas propriedades rurais que ainda sobrevivem no entorno e interior do
Parque são, na grande maioria, anteriores à criação do PEPB. Os praticantes
de uma agricultura familiar de subsistência ou de pequena criação de gado,
fazem “uso intensivo das trilhas e caminhos, neles transitando com burros e
cavalos de tração” (MOURA e COSTA, 2009, p.244) (Figura 4). Muitas dessas
atividades são impactantes não só a biodiversidade, mas a própria manutenção
da trilha e seu traçado, já que o pisoteio do animal de tração pode provocar
sérios problemas erosivos à trilha, com perda de solo e disseminação de
sementes de espécies invasoras, a exemplo de sementes de jaqueira,
altamente prejudicial à outras espécies, pela competição de suas copas
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(sombreamento excessivo) e peso de seus frutos que caem e esmagam
espécies nativas e em estratos iniciais de crescimento.
Figura 4 - Sitiantes retornando para sua casa, com um burro de tração carregando produção de
bananas. Foto: Lucas Brasil, 2013
3. Metodologia
O levantamento por trabalho de campo às trilhas do PEPB foi realizado desde
julho de 2012. No entanto, apenas entre os meses de fevereiro e março de
2013, foram realizados os últimos trabalhos de campo às 23 trilhas (entre
circuitos e travessias) a serem inseridas no Livro de Trilhas do Parque Estadual
da Pedra Branca, como parte do processo de coleta de dados necessários à
confecção do projeto idealizado pelo INEA (http://www.inea.rj.gov.br) e
coordenado/organizado pelo Instituto Terra Brasil (http://www.terrabrasil.org.br).
A proposta era levantar as características físicas das trilhas, seus traçados
(através de GPS), assim como seus principais atrativos, a exemplo da
flora/fauna, infraestrutura de lazer e recreação, pontos notáveis, geologia,
hidrologia e o histórico da área e publicá-los, incluindo material fotográfico
associado ao textual que também envolve escrita de elementos educativos no
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livro, sobre condutas adequadas (comportamento) em trilhas, como ações de
prevenção e em casos de emergência.
O GPS utilizado foi da marca GARMIN Map 62s para a marcação de pontos em
locais relevantes da trilha, que pudessem ser utilizados como referência, tais
quais: início da trilha, final da trilha, rios e córregos que seriam cruzados,
mirantes, bifurcações, poços para banho e cachoeiras, porteiras, grutas ou
furnas, pontos históricos, entre outros. O itinerário realizado era armazenado
em tracklogs e waypoints no GPS, criando trajetos em dados vetoriais das
trilhas, e registrava a distância percorrida, o tempo de duração total da
atividade, o tempo de caminhada empregado na caminhada, presença de
bifurcações e os atrativos. Essas informações, por sua vez, eram anotadas em
fichas que tinham por objetivo também avaliar as condições da trilha, o nível de
dificuldade, os atrativos e percalços encontrados, a estrada, rua ou avenida
que dá acesso ao início do caminho entre outros dados pertinentes.
O registro fotográfico foi empregado como forma de evidenciar e documentar
visualmente as trilhas, destacando os pontos aprazíveis, e também os
obstáculos encontrados, assim como o processo do trabalho de mapeamento
em si realizado pela equipe. As fotografias permitiram à equipe terem mais um
elemento gráfico para planejamento das trilhas do PEPB além das imagens de
satélite visualizadas no Google Earth (Figura 5), possibilitando a equipe de
realização do projeto ter uma perspectiva mais próxima da ótica do
caminhante/frequentador do Parque.
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Figura 5 - Visão geral das trilhas do Guia do PEPB no Google Earth.
Tais informações também eram relevantes para as edições dos tracklogs e
waypoints (no padrão de extensão .gpx do GPS) que eram editadas no
Laboratório de Geoprocessamento (LAGEPRO) do Departamento de Geografia
Física (DGF-IGEOG) da UERJ, com auxílio do ArcGIS 10.0 e convertidas para
o padrão .shp (shape da ESRI). As trilhas após serem editadas em ArcGIS,
eram também compostas com outras bases de dados, ou seja, os mapas
topográficos da cidade do Rio de Janeiro do Instituto Pereira Passos (IPP) da
Prefeitura Municipal na escala de 1:10.000, referendando estradas e
logradouros asfaltados, caminhos sem asfalto, drenagem (principais rios dentro
e do entorno do PEPB), além de curvas de nível e topos de morro, associados
com a toponímia (nome das localidades, bairros, morros, serras, rios, entre
outras informações relevantes) e o mapa de Uso do solo e cobertura vegetal,
na escala 1:2.000, do ano de 2011 (Plano de Manejo do Parque Estadual da
Pedra Branca, INEA, 2013) (Figura 6).
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Figura 6 - Traçado da Travessia Pau da Fome-Vargem Grande via Vale do Gunza, após a
primeira edição no ArcGIS 10.0 pelo LAGEPRO-UERJ, antes de receber a etapa de tratamento
do Instituto Terra Brasil. Fonte: Vivian Costa (2013).
Foram realizadas ainda com base nos shapefiles (cartas topográficas) os
mapas de relevo (3D Analyst no ArcGIS) e a criação de perfis topográficos das
trilhas.
Já que algumas trilhas estavam tomadas pela vegetação, e outras se alteraram
com a queda de árvores e movimentos de massa, a equipe de campo era, na
maioria das vezes, guiada por um “mateiro” (geralmente morador local),
guarda-parques do INEA ou ainda por montanhista, que já conhecia a área e
evitava que houvesse distanciamento da trilha principal. (Figuras 7 e 8).
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Figura 7 - Trilha em desuso, tomada pela vegetação. Foto: Lucas Brasil, 2013
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Figura 8 - Guarda-parques do INEA guiando durante mapeamento em campo. Foto: Lucas
Brasil, 2013
Posteriormente, a composição das fotografias com o textual e os mapas
editados em ArcGIS (que eram convertidos para EPS a fim de serem editados
graficamente em software Corel Draw), assim como os perfis topográficos,
eram verificadas pela equipe de técnicos do INEA, do LAGEPRO e do Instituto
Terra Brasil, a fim de finalizar a realização de editoração e revisão de toda a
documentação do guia do PEPB. Esta fase de revisão ainda está em processo
de finalização e tem como previsão de término o fim do mês de outubro de
2013.
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4. Resultados e discussões
A necessidade deste levantamento, documentação e mapeamento detalhado
com o uso de Geoprocessamento em escala de detalhe sobre as trilhas,
ocorreu devido à falta de demarcação de muitas delas, presença de processos
erosivos, além de diversos atalhos e bifurcações, que dificultavam a orientação
ao longo dos caminhos.
O mapeamento realizado virá a subsidiar ações de manejo e conservação das
trilhas para permitir a definição de padrões de uso público mais consciente e
menos danoso ao ambiente. O uso público também irá se beneficiar dos mapas
das trilhas, a partir de projetos que visem o planejamento de um sistema
adequado de sinalização. Projeto de demarcação de locais e confecção de
placas de sinalização já está sendo realizado pelo INEA e deverá ser
implantado com simbologia, mapas e informações documentadas a partir do
material inventariado no projeto de criação do livro Guia de Trilhas do PEPB.
O processo de aquisição de dados em campo é imprescindível para qualquer
análise que se utilize de Geotecnologia, pois sem tais informações, a
geoespacialização não poderia ser realizada de forma sistemática e em banco
de dados consistente. Através da pesquisa em campo, foi possível obter o
traçado das trilhas por meio dos tracklogs e waypoints armazenados pelo
aparelho de GPS com a precisão necessária para confecção apurada de
mapas e cartas que não só auxiliam uma visitação consciente, informada e
segura, mas também orientam o planejamento e manejo por parte da
administração do Parque.
Além de possibilitar a publicação de um guia de trilhas desta UC, o
mapeamento contribuiu para dar suporte ao zoneamento do PEPB realizado no
Plano de Manejo do Parque, agora já em fase de aplicação, ao inserir num
banco de dados geográficos as trilhas a UC. Desta forma, todas as trilhas do
Parque estão agora completamente digitalizadas, permitindo uma análise das
mesmas e do resto do Parque, de forma muito mais dinâmica e acessível, com
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a possibilidade de cruzamentos de informações de diferentes níveis. Inclusive,
um planejamento territorial deve ser produto da articulação de informações
provenientes das mais diversas esferas do conhecimento sobre o local
estudado, a fim de, através de uma visão holística, contemplar os diferentes
agentes que atuam sobre o espaço. De acordo com Capra (1996 apud
MELLATI & ARCHELA, 2011, p. 3):
Como abordagem integradora, a relação entre os elementos se torna
fundamental, por estarem interligados e interdependentes, esses elementos
não podem ser entendidos isoladamente, são sistêmicos.
E para um
planejamento integrador, diferentes tipos de informações podem ser utilizadas,
e uma vez que essas informações tem base espacial, o SIG, com seu banco de
dados geográficos se mostra apto a dar apoio a decisões que envolvem
diferentes fatores que estão constantemente se inter-relacionando. Dines e
Passold (2008, p. 174) deixam claro que acompanhado do uso das trilhas, está
o impacto no ambiente. Assim, “não existe impacto zero” e ainda a questão da
minimização do impacto da visitação norteia o manejo da visitação. A
responsabilidade da administração da área com essa questão compreende a
manutenção das trilhas, acampamentos e demais estruturas, a instalação e
manutenção da sinalização de trilhas e a organização da visita.
O Parque Estadual da Pedra Branca tem imenso potencial para o lazer,
práticas em educação ambiental e práticas esportivas de montanha. Entretanto,
encontra-se subutilizado, com diversas trilhas fechadas à visitação enquanto as
abertas carecem de placas de direcionamento e localização. Painéis
informativos contendo mapas, descrições da fauna e flora local, formação
geológica e geomorfológica, hidrografia do maciço e formação histórica da
região podem ser empregados, aumentando o nível de informação que o
visitante tem contato ao adentrar pelas trilhas da Unidade de Conservação. Os
arquivos em formato .gpx e .shp poderão ser disponibilizados pelo site do
INEA, juntamente com o produto digital do livro e assim serem utilizados pelos
usuários do guia em seus aparelhos GPS e até por tecnologia mobile.
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Vieira e Oliveira (2012), indicam que muitos turistas escolhem seu local de
destino através da internet e a disponibilidade de informações sobre os
atrativos a serem visitados influencia substancialmente nesta decisão. Isto
demonstra que além do âmbito de preservação e educação ambiental que a
disponibilização de informações sobre as trilhas carrega, outro âmbito, da
ordem da atratividade do local, também está relacionada com esta
disponibilização. Ainda segundo Costa (2008, p. 158), “Para o visitante, quanto
mais detalhadas forem as informações sobre seu destino ecoturístico, melhor,
e mais prazeroso, será desfrutar da experiência a que se propõe realizar.”.
5. Conclusões
Ainda que o PEPB tenha permanecido nas sombras nas últimas décadas,
desconhecido da maioria dos moradores e dos turistas, um novo horizonte se
aproxima para esta Unidade de Conservação. O lançamento de um livro Guia
de Trilhas do Parque Estadual da Pedra Branca será fundamental para
preencher essa lacuna que ficou presente durante muitos anos, e que atrairá
entusiastas da natureza para conhecer suas belezas, enquanto promove uma
visitação consciente.
A participação da equipe do Laboratório de Geoprocessamento (LAGEPROUERJ) não só da elaboração no mapeamento por SIG, mas do uso de GPS
nos trabalhos de campo às trilhas, permitiu a compreensão da complexidade
que é o planejamento e manejo de trilhas em Unidades de Conservação,
quando devem ser considerados os mais diferentes fatores que influenciam no
uso e preservação das mesmas, sendo o SIG excelente meio para tratar de
volume tão grande de informações.
O emprego de técnica de documentação fotográfica permitiu uma apreensão
da realidade das trilhas que foi crucial para dar subsídio ao mapeamento das
rotas a serem percorridas e demarcadas.
O PEPB tem agora condições de realizar um planejamento territorial mais
embasado em informações e dados recolhidos recentemente, assim como de
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proceder com seu Plano de Manejo e, dessa forma, realizar ações que visem
uma melhor vivência do visitante no tocante às trilhas desta UC. O
planejamento e manejo adequado de suas trilhas mitigarão os danos advindos
da visitação, enquanto que através de práticas de educação ambiental, este
dano pode inclusive ser revertido, com a conscientização dos visitantes,
adoção de práticas de reciclagem, incentivo à ações de reflorestamento, entre
outras. O emprego de diferentes técnicas de geoprocessamento para dar
subsídio ao mapeamento foi crucial para uma melhor apreensão das rotas a
serem percorridas e demarcadas em trilhas.
A confecção de mapas de atrativos em trilhas eminentemente ecoturísticas (no
interior de Unidades de Conservação) se torna um ferramental importantíssimo
para a disseminação do uso público dessas áreas protegidas, mas não se
encerra como um produto único, sendo, portanto, um dos principais
instrumentos para o planejamento e manejo dessas atividades.
O
ordenamento do uso público poderá ser mais facilmente reconhecido e
estabelecido sua normatização, baseando-se no uso das informações
georreferenciadas das trilhas e seus atrativos, a fim de potencializar mais ainda
a sua integridade física e biótica, trazendo maior qualidade à Unidade de
Conservação.
6. Bibliografia
COSTA, Vivian Castilho da. Planejamento ambiental de trilhas ecoturísticas em
Unidades de Conservação no Brasil, utilizando geoprocessamento.
Pelas trilhas do ecoturismo. Parte III. São Paulo: Ed. RIMA, p. 147-167,
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DRUMMOND, José Augusto. O Jardim Dentro da Máquina. Estudos Históricos,
1988.
DINES, Milton; PASSOLD, Anna Júlia. Gestão e manejo da recreação em
áreas protegidas: do zoneamento à ordenação das trilhas. Pelas trilhas
do ecoturismo. Parte III. São Paulo: Ed. RIMA, p. 169-185, 2008.
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MELLATI,
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ARCHELA,
Rosely
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Contribuição
da
Geomorfologia ambiental para o planejamento e manejo de trilhas em
Unidades de Conservação. Revista Geográfica da América Central,
Costa Rica, pp 1-14, Julho, 2011.
MELLO, Flávio Augusto Pereira. Manejo de trilhas: mais que fechar atalhos e
construir degraus, uma abordagem transdisciplinar. Pelas trilhas do
ecoturismo. Parte III. São Paulo: Ed. RIMA, p. 187-201, 2008.
MOURA, Josilda Rodrigues da Silva; COSTA, Vivian Castilho da. Parque
Estadual da Pedra Branca: o desafio da gestão de uma Unidade de
Conservação em área urbana. Unidades de Conservação, Bertrand
Brasil, p. 2009.
VIEIRA, Laíze Leite; OLIVEIRA, Ivanilton José de. SIGWeb aplicado ao turismo
no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros: elementos para a
comunicação com o turista. Congresso Latino-Americano de
Investigação Turística (5: 2012: São Paulo, SP). Disponível em:
http://gtci.com.br/congressos/congresso/2012/pdf/eixo1/VieiraLL_Oliveira
IJ.pdf Acesso em 02/09/13
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas.
ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA ANTRÓPICA E PLANEJAMENTO
DA TRILHA DA CAVERNA DO MAROAGA NA ÁREA DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL (APA) DO MAROAGA/AM
Pedro Henrique Luniere Porto22
Rogério Fonseca23
João Rodrigo Leitão dos Reis24
RESUMO
Palavra-chave: Trilhas, Manejo, Capacidade de Carga, Caverna do Maroaga, Amazônia
As trilhas dos atrativos turísticos de Unidades de Conservação (UC)
necessitam da determinação da Capacidade de Carga Antrópica (CCA), com
intuito de propiciar seu mapeamento, diagnóstico biofísico e definir as medidas
apropriadas de gestão ambiental das atividades turístico-recreativas, a fim de
evitar impactos ambientais. Nesta pesquisa foi diagnosticada a CCA da trilha
de acesso à Caverna do Maroaga, localizada no Município de Presidente
Figueiredo-AM e inserida em UC de mesma denominação. Utilizou-se o
método de Cifuentes (1992) para determinação da CCA da trilha, por meio de
cálculos de capacidade de carga física (CCF), real (CCR) e efetiva (CCE). A
trilha foi mapeada e teve sua extensão e largura real calculadas, sendo dividida
em 11 pontos de controle a cada 100m. Em cada ponto foi aplicado o
questionário de caracterização biofísica, realizada aquisição de pontos de GPS
e uso de instrumentos para a detecção do grau de compactação do solo, sendo
medida a extensão das áreas com erosão, alagamento, trechos sem cobertura
florestal e faixas de declividade. Detectou-se que a trilha possui 2.115m de
extensão, sendo de curta distância com tempo médio de deslocamento de 1h e
45 minutos. Como resultado dos cálculos, a CCF corresponde a 11.272,95
visitantes/dia, a CCR a 541 visitantes/dia e a CCE igual a 162,3 visitantes/dia,
com capacidade de manejo a 30%. Diagnosticou-se que a trilha encontra-se
com o trajeto inadequado às características biofísicas e paisagísticas da área,
propiciando seu estado de conservação crítico com a intensificação de
processos erosivos e impactos antrópicos ao longo de seu percurso pela falta
de planejamento, monitoramento da visitação e manutenção periódica. Sugerese a realização de ações para a recuperação das áreas degradadas, aumento
22
luniere_porto@hotmail.com, Graduando do Curso de Engenharia Florestal (UFAM). Bolsista
Fapeam
23
rogeriof_e@yahoo.com Professor do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal
do Amazonas (UFAM);
24
jrlreis@gmail.comTécnico da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (SDS)
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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do número de placas informativas, construção de drenos, fechamento
temporário da trilha em dias de chuva e para manutenção, além do
desenvolvimento de campanhas de sensibilização ambiental.
Resumen
Palabra-clave : Senderos, Administración , Capacidad de Carga , Cueva Maroaga , Amazon.
Los senderos de los atractivos turísticos de Unidades de Conservación (UC)
requieren la determinación de la Capacidad de Carga Antrópico (CCA ) , con el
fin de proporcionar a su asignación , el diagnóstico biofísico y definir las
medidas adecuadas de gestión ambiental del turismo y las actividades
recreativas con el fin de evitar impactos ambientales. Esta investigación fue
diagnosticado CCA acceso por la vía Maroaga cueva , situada en el municipio
de Presidente Figueiredo-AM y se coloca en la UC del misma denominaccion .
Se utilizó el método de Cifuentes ( 1992 ) para determinar la pista CCA a través
de cálculos de la capacidad física ( CCF ) , real ( CCR ) y eficaces ( CCE ) . El
sendero fue trazado y había su longitud y ancho real calculada, dividida en 11
puntos de control cada 100 metros. A se aplicó cada punto el cuestionario de
caracterización biofísica , realizado adquisición de puntos de GPS y el uso de
instrumentos para detectar el grado de compactación del suelo, se midió la
extensión de las áreas con erosión, inundaciones, e sin cobertura forestal y los
niveles de inclinacion . Resultó que el sendero tiene 2.115m de largo , siendo
corto , con una media desplazamiento de 1 hora y 45 minutos. Como resultado
de los cálculos , la CCF corresponde a 11.272,95 visitantes / día , CCR 541
visitantes / día y CCE igual a 162,3 visitantes / día , con la capacidad de
manejo a 30 % . Diagnostica que el sendero tiene características biofísicas
inapropiadas y el paisaje de la zona, siempre y cuando su estado crítico con la
intensificación de los procesos de erosión y los impactos humanos a lo largo de
su recorrido por la falta de planificación, seguimiento y visitas mantenimiento
periódico . Se sugiere llevar a cabo acciones para la recuperación de áreas
degradadas , aumentando el número de carteles informativos , la construcción
de drenajes, pista de cierre temporal de los días de lluvia y para el
mantenimiento y el desarrollo de campañas de sensibilización ambiental .
1. Introdução
A visitação turística em Unidades de Conservação (UC), em geral, vem
aumentando de forma significativa em função do desenvolvimento tecnológico
e consequente aumento do tempo de lazer (TAKAHASHI, 2001). Com o
aumento do fluxo de turistas, as atividades desenvolvidas em UC requerem
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planejamento e estudo para o manejo dos visitantes. Portanto, torna-se
necessário analisar os possíveis impactos (negativos e positivos) ocasionados
pelo uso público, visando propor medidas que atenuem os efeitos negativos e
garantam a conservação desses locais.
No caso das cavidades subterrâneas, enquadradas sob uma tipologia de área
protegida no Brasil, possuem um complexo manejo ambiental para fins
turísticos, sendo consideradas, pela maioria dos trabalhos publicados sobre o
assunto
(FIGUEIREDO,
1998;
LABEGALLINI,
1995;
MARRA,
2001;
SESSEGOLO et al. 2004; GADELHA E ALECRIM, 2006; REIS et. al, 2011),
como impróprias para o uso massificado, principalmente quanto ao uso de
trilhas para acesso a esses atrativos.
Para Magro (1999), quando o pisoteio é frequente, o solo é compactado e a
matéria fragmentada, aumentando sua susceptibilidade à erosão. Dessa forma,
o planejamento e monitoramento de trilhas aliados a estudos de capacidade de
carga antrópica mostra-se como alternativa viável, de modo a subsidiar
administradores de UC na tomada de decisão (SOUSA, 2006).
A capacidade de carga é um conceito que incorpora princípios tanto das
ciências biológicas como das ciências exatas e sociais (PECATIELLO, 2007).
De acordo com (MAGRO, 1999), o primeiro aspecto relaciona-se com a
estabilidade e diversidade de ecossistema natural (capacidade de carga física)
e o segundo, refere-se à quantidade de usuários que a área pode receber sem
que seja afetada, de forma negativa, a experiência ao ar livre (capacidade de
carga social).
O turismo praticado em áreas naturais envolve a execução expressiva de
atividades recreativas que necessitam de suporte para deslocamento terrestre
nos locais de visitação, principalmente com a abertura e consolidação de trilhas
de acesso e secundárias, oficiais ou não. Porém grande parte das trilhas em
uso são implantadas sem qualquer planejamento e suporte técnico, o que
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propicia
a
degradação
dessas
áreas
devido
o
fluxo
da
visitação,
comportamento dos visitantes e fatores biofísicos-locacionais.
Esses aspectos podem ser notados na trilha de acesso à Caverna do Maroaga,
localizada no Município de Presidente Figueiredo-AM, especificamente na Área
de Proteção Ambiental (APA) Estadual que possui mesma denominação. Essa
Caverna é o primeiro atrativo subterrâneo a possuir Plano de Manejo
Espeleológico no Estado do Amazonas, porém sem execução das medidas
planejadas, apesar de não fazer menção à implantação de trilhas no local.
Embora a atual gestão da APA Estadual restrinja o uso da área, ainda não é
suficiente para garantir a conservação e manejo das trilhas existentes.
Neste artigo é diagnosticada a capacidade de carga antrópica da trilha de
acesso a Caverna do Maroaga, assim como, efetuada análise para seu
planejamento, estruturação, manejo e conservação.
115
2. Área de Estudo
A Caverna do Maroaga (Fig. 1) está localizada no município de Presidente
Figueiredo-AM, entre as coordenadas geográficas 02º02’58,7” latitude sul e
59º57’22” longitude oeste, com altitude de 120m (SESSEGOLO et al. 2004). O
acesso é realizado a partir de Manaus-AM pela BR-174 (Manaus-Caracaraí),
percorrendo cerca de 100 km até o entroncamento com a rodovia estadual AM
240, a margem direita. Na AM 240 segue-se por 6 km até a entrada da
caverna, que está devidamente identificada e sinalizada.
Está cadastrada como Gruta Refúgio do Maroaga (AM-002) na Sociedade
Brasileira de Espeleologia considerada a maior caverna do Estado do
Amazonas com 387m e terceiro maior desnível (SBE, 2009). Está inserida na
APA Estadual de mesma denominação, e no Geoparque Municipal Cachoeira
do Amazonas.
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Figura 1: Localização da Caverna do Maroaga. Fonte: Reis, J.R.L., 2012.
116
Segundo a classificação de Köppen, o clima da APA é do tipo Amw, ou seja,
clima tropical chuvoso, úmido e quente. O volume médio total da precipitação é
de 2.075mm. Há predominância de Campinaranas e Floresta Secundária e a
rede de drenagem tributária na margem esquerda é do rio Urubu, composta
pelos
cursos
d’água
(igarapés)
Urubuí,
Mutum
e
da
Onça
(AMAZONASTUR/PROECOTUR, 2004).
3. Método
Foram empregados o método da pesquisa exploratória (MARCONI, 2002), a
partir de pesquisa bibliográfica e estudo de caso, sendo objeto da pesquisa a
trilha de acesso oficial do atrativo “Caverna do Maroaga”. Na pesquisa foram
levantadas informações sobre as condições estruturais e o grau de impacto
ambiental causado pela presença humana ao longo do percurso da referida
trilha.
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Para determinação da estimativa da Capacidade de Carga Turística (CCT)
foram aplicados os métodos de Cifuentes (1992), que considera características
como declividade, acessibilidade, precipitação, possibilidade de alagamentos,
prováveis distúrbios à biodiversidade e prováveis impedimentos temporários,
além dos fatores sociais relacionados a cada trilha e a cada grupo de
visitantes.
A coleta de dados em campo foi realizada nos dias 04 de abril e 10 de maio de
2013 e os dados de visitação foram obtidos dos livros de registros de visitação,
referindo-se aos anos de 2012 e 2011.
I - Caracterização biofísica da trilha: procedimentos
a) Levantamento plani-altimétrico: A extensão real da trilha foi calculada e
georeferenciada utilizando-se o GPS (Global Position System), sendo os dados
processados com auxílio do programa Trackmaker. Usou-se trena de 50m para
medir os trechos impactados. Foram estabelecidos 11 pontos de controle e
monitoramento alocados a cada 100m da trilha (Marion, 2004; São Paulo,
2011). Cada ponto foi identificado com a fixação no solo de hastes de madeira
contendo fitas de cor vermelha identificadas com um número específico. Para
cada ponto, foram aplicados questionários de caracterização biofísica,
realizado registro iconográfico e aquisição de pontos de GPS.
b) Questionário de caracterização biofísica: O questionário permitiu a coleta
das seguintes informações: orientação geográfica, distância percorrida, altitude,
identificação geral da vegetação predominante, relevo, tipo de solo, drenagem,
resistência do solo a penetração e tempo de percurso. Foram identificados os
locais de restrição ao acesso devido a possíveis impedimentos de ordem física,
de segurança e de fragilidade (erosão, solo pouco compacto ou alagamentos),
que pudessem resultar em fatores limitantes à visitação. Com base nos dados
obtidos, a partir da ficha de campo com parâmetros biofísicos, foi possível fazer
um diagnóstico do percurso e avaliar os pontos oriundos de impactos naturais e
antrópicos.
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c) Grau de compactação: Para obter uma medida da resistência mecânica da
camada superficial do solo será utilizado o Penetrômetro Humbolt MGF,
aparelho com uma base de ferro que é introduzido no solo. Foram realizadas
cinco leituras para a obtenção de uma média para cada ponto amostral.
d) Declividade: Nos mesmos pontos onde foi realizado o levantamento planialtimétrico, realizou-se a medida da declividade de cada trecho ou fração. Para
ser estabelecidos os graus de dificuldade de cada trecho das trilhas, adotandose o critério proposto por Cifuentes et al. (1993): baixo grau de dificuldade,
valores inferiores a 4,5° (até 10% de declividade); médio grau de dificuldade,
valores entre 4,5° e 9° (entre 10% e 20% de declividade); alto grau de
dificuldade, valores acima de 9° (acima de 20% de declividade).
e) Precipitação: Os níveis de precipitação foram obtidos a partir de
levantamento bibliográfico a fim de ser determinado o número de dias e as
épocas do ano em que os níveis de precipitação pluviométricos atingiram
valores impeditivos ou restritivos à utilização das trilhas para visitação.
f) Largura da trilha: Medida tomada entre as duas estacas fincadas nas
extremidades da trilha principal.
II - Determinação da capacidade de carga da trilha
O cálculo da Capacidade de Carga Antrópica (CCA) busca estabelecer uma
estimativa do número máximo de visitas que uma área protegida é capaz de
receber a partir de suas condições físicas e biológicas que se apresentam no
momento do estudo. Com base nas análises anteriores foi calculado e
determinado a CCA, comportando três níveis de capacidade de carga
(Cifuentes, 1992): Capacidade de Carga Física (CCF), Capacidade de Carga
Real (CCR), Capacidade de Carga Efetiva (CCE), os quais se relacionam da
seguinte forma: CCF>CCR>CCE.
Para a aplicação do método, parte-se de algumas premissas: i) o fluxo de
visitante ocorre em dois sentidos – ida e volta – em trilha não circular; ii) cada
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visitante requer, para seu conforto e segurança, 2m de espaço linear na trilha,
para mover-se livremente; iii) o número de horas em que a área permanece
aberta para a visitação (no horário entre 7 e 15 horas; 8 horas por dias); iv) o
tempo necessário para uma visita depende das condições de acessibilidade; v)
a capacidade de manejo para a área foi considerada como sendo 30%.
a) Capacidade de Carga Física (CCF): Corresponde ao numero máximo de
visitas que um determinado sítio pode receber em um intervalo de tempo. Está
relacionado a fatores como o horário de funcionamento da unidade, o tempo
necessário para visitar cada trilha, o tamanho da trilha e o espaço de conforto
requerido por cada visitante. É dada pela equação CCF=(S/sp) x NV, onde S é
o tamanho da trilha em metros lineares; SP é o espaço utilizado por cada
pessoa (2 m²); e NV é o número de vezes que uma trilha pode ser percorrida
por um visitante em um dia. O valor de NV é calculado pela razão entre o
período de tempo em horas em que o sítio permanece aberto à visitação
pública (Hv) e o período de tempo em horas necessário para que o visitante
possa realizar a visita (Tv). Assim, NV=Hv/Tv.
b) Capacidade de Carga Real (CCR): É o numero máximo de visitas que um
determinado sítio pode receber em um intervalo de tempo definido,
considerando sua CCF previamente calculada, acrescida dos Fatores de
Correção (FC) definidos em função de características físicas, ecológicas e
gerenciais do sitio visitado. É calculado pela equação CCR = CCF
(FC1+FC2+FCn). Os fatores de correção introduzidos no cálculo da CCR
relacionam-se a determinadas variáveis limitantes à visitação apresentadas
para a Caverna do Maroaga foram: o fator social (FCsoc), a precipitação
(FCpre), a declividade (FCdecl), a possibilidade de alagamento (FCalag), as
características faunísticas (FCfau), erodibilidade(FCero). Os fatores de
correção são calculados para cada variável limitante através da equação FC= 1
– (m1n/mtn), onde m1n é a magnitude limitante da variável n e mtn
corresponde à magnitude total da variável n.
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i) Fator Social (FCsoc) - Para que se consiga uma melhor qualidade na
visitação de cada trilha e, com isso, seja aumentando o grau de satisfação do
publico, é necessária à organização dos visitantes em grupos. Admitindo-se
como 10 o numero máximo de indivíduos por grupo, que cada indivíduos por
grupo, que cada individuo necessita de 2m de trilha para seu conforto e
segurança e que a distância mínima entre dois grupos deva ser de 100m,
calcula-se em 120 metros(10x2+100) o espaço ocupado por cada grupo na
trilha. O número de grupos (NG) que pode estar simultaneamente em cada
trilha será dado pela razão entre o comprimento total da trilha e a distância
requerida por cada grupo (NG= comprimento linear da trilha/distancia requerida
por cada grupo). Antes de calcular o fator de correção social é necessário
identificar quantas pessoas (P) podem estar simultaneamente dentro de cada
trilha. A equação para a obtenção dessa informação é P=NG x numero de
pessoas por grupo. Por fim, necessita-se identificar a magnitude limitante (ml)
que, nesse caso, é aquela porção da trilha que não pode ser ocupada porque
já existem pessoas ocupando. A magnitude limitante é dada por ml=mt-P, onde
mt é a magnitude total, o que representa o comprimento total da trilha. Calculase, por fim, o Fator de Correção Social pela equação FCsoc= 1 – (ml/mt).
ii) Fator de Correção de Acessibilidade (FCacess) - Leva em consideração a
soma dos trechos de cada trilha com um grau de dificuldade médio ou alto para
os visitantes, o que pode conduzir a restrições de uso. Com a finalidade de
atribuir maios importância a trechos de trilha com grau alto de dificuldade,
incorporou-se um fator de ponderação da ordem de 1,5 para esses trechos, de
forma que a equação resulta na seguinte: FCdecliv= 1-[(adx1,5)+(md x 1)]/ mt,
onde ad é a soma dos trechos de alta dificuldade; e mt é o comprimento total
da trilha.
iii) Fator de Correção de Precipitação (FCpre) - A grande maioria dos visitantes
não esta disposta a percorrer trilhas em dias de chuva sendo, portanto, um
fator que impede a visitação normal. Para o estudo foram obtidas informações
pelo INMET, as chuvas tem duração média de cerca de 30 minutos e sempre
em forma de precipitações isoladas. O mês de maior precipitação é abril e o
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mais seco agosto; o semestre mais chuvoso vai de dezembro a maio (182
dias), com precipitação pluviométrica de 200 a 400 mm ao mês, as horas do
dia com maior probabilidade de chuvas são de 11h às 16h, com amplitude
pluviométrica de cinco horas diárias no período de 182 dias, ou seja, 910 horas
por ano (5horas/dia x 182dias/ano). O Fator de Correção de Precipitação é
calculado por FCpre = 1- (hc/ht), onde nc corresponde às horas de chuva e ht
às horas totais do ano.
iv) Fator de Correção Erodibilidae (FCerod) - A metodologia aplicada por
Cifuntes (1992) considera como limitantes apenas os setores onde existem
evidências de erosão. Desta forma, o fator de correção de erodibilidade é
calculado por FCero = 1-(Mpe/Mt), onde Mpe corresponde aos metros da trilha
com problema de erosão e Mt à metragem total da trilha.
v) Fator de Correção de Alagamento - Para esse fator são considerados os
pontos em que a agua tende a se acumular o que, juntamente com o pisoteio,
intensifica os danos causados à trilha. Para melhor identificar as áreas com
possível alagamento os dados foram coletados em época chuvosa. Levando-se
em consideração que entre os pontos 7 e 8 a trilha segue dentro de um curso
d’àgua que permanece a maior parte do ano alagado. Calcula-se através da
equação: FC alag = 1 – (ma/mt), onde ma é a soma dos trechos da trilha
sujeita a alagamentos e mt é o comprimento total da trilha.
vi) Fator de Correção Advindo da Fauna (FCfau): A visitação pública pode
afetar significamente a fauna de uma região, no que se refere a sua
abundância, distribuição e ocorrência. Com isso, a presença de espécies
ameaçadas de extinção em áreas sujeitas à visitação deve também ser levada
em consideração nos estudos de capacidade de carga turística. Para a região
da APA da Caverna do Maroaga foi selecionado a espécie Rupicola rupícola
(Galo-da-serra), espécie muito rara que requerem para reprodução um
conjunto de componentes essenciais como paredões ou cavernas de face
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seca, presença de umidade, de penumbra e proximidade de água, com base
em estudos o período reprodutivo é de cerca de quatro meses (JUNIOR, R.O).
Para o cálculo dos Fatores de Correção advindos da Fauna, foi utilizado a
seguinte equação FCfau = 1 – (pr/pt), onde pr corresponde ao período de
reprodução em meses da espécie em questão e pt é o período total de
ocorrência na região.
c) Capacidade de Carga Efetiva (CCE): A CCE é o número máximo de visitas
permitidas
em
determinado
sítio
num
intervalo
de
tempo
definido,
considerando-se sua CCR previamente calculada e as condições de ordenação
e manejo da visitação existente na área protegida. Seu cálculo processa-se
através da fórmula: CCE = CCR x CM, onde CM corresponde à Capacidade de
Manejo. A CM é um parâmetro expresso em porcentagem, que reflete a
condição de manejo realmente disponível na unidade, relacionando-a com
condições de manejo ideal para o pleno funcionamento da mesma. Têm
importância nessa medição variável como respaldo jurídico e político,
equipamentos disponíveis, dotação de pessoal, orçamento anual e condições
de infraestrutura para a manutenção e atendimento ao visitante (Cifuentes,
1992).
4. Resultados e discussões
Caracterização da trilha
A trilha oficial de acesso à Caverna do Maroaga (Fig. 2) possui 2.115m de
extensão aproximadamente,
com início
do percurso na coordenadas
02°03’25.8’’ S e 59°58’25.8’’ W. A trilha é considerada de curta distância com
tempo médio de deslocamento de 1h e 45 minutos, sendo utilizada para
execução de atividades recreativas vinculadas ao ecoturismo, turismo de
natureza, turismo paisagístico, educação ambiental, espeleoturismo, lazer,
prática de atividades físicas e observação da fauna e flora.
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A largura do piso da trilha varia de 1m a 2m e a largura média é de 1,45m. A
largura mínima não obedece ao padrão de 1,20m classificado quanto ao nível
técnico por Andrade (2008), como de fácil e leve grau de intensidade.
Totalizou-se 205m com declividade média (entre 15° e 30°) ao longo da Trilha e
71m com declividade ruim (acima de 30°), encontrando-se pontos de erosão
em sulco e laminar que totalizou 79,7m. Foram contabilizadas 5 bifurcações
ocasionada por queda de árvores, presença de clareira também causada por
queda de árvore, deixando a trilha sem cobertura em 18m.
123
Figura 2: Trilha de acesso à Caverna do Maroaga. Fonte: Porto, 2013.
Ao longo da Trilha foram medidos 151,4m com pontos onde a água (Fig. 3)
tende a se acumular, aumentando o impacto às bordas da trilha devido ao
desvio praticado pelos usuários, sendo que em 105m a trilha segue dentro de
um curso d’água. Ressalta-se importância do replanejamento desse trajeto,
como medida de proteção ao recurso hídrico e proporcionar maior segurança e
comodidade ao visitante.
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Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
Figura 03 A, 03 B e 03C: Trecho da trilha que segue em um curso d`água. Fonte:
Porto, 2013.
Pôde-se avaliar que o indicador de impacto, em relação às raízes expostas
(Fig. 04), foi bastante expressivo, sendo observado nos pontos de
monitoramento, devido à presença de solo irregular e falta de planejamento da
trilha, provocando maior exposição das raízes. Além disso, obteve-se um índice
baixo de serapilheira no percurso de ida da trilha até à Caverna sendo
observado em muitos casos, que o retorno dos visitantes acontece a partir do
atrativo principal não completando todo o percurso da trilha.
Figura 04A, 04B e 04C: Raízes expostas. Fonte: Porto, 2013.
Foi observado que parte do percurso da trilha de retorno passa por cima da
Caverna, o que possivelmente em longo prazo pode propiciar o surgimento de
impactos ambientais. Sugere-se, portanto mudança no traçado de retorno da
trilha. Vale ressaltar que em 5 pontos de controle estabelecidos na trilha foi
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observado a presença de arvores caídas dificultando a caminhada ao longo da
trilha (Fig. 5).
A
B
Figura 05 A e 05 B: Troncos interceptando a trilha. Fonte: Porto, 2013.
Quanto ao grau de resistência à penetração do solo da trilha, medido com o
uso de um Penetrômetro Humbolt, variando de macio a pouco macio de 2,75
Kgf/cm² a 3,5kgf/cm² nos pontos com solo areno-argiloso e de 2,5Kgf/cm² a 4
Kgf/cm² em latossolo argiloso. Esses valores expressam o grau de
compactação do piso da trilha, que coincidiram serem maiores nos pontos com
maior declividade e em pontos onde a cobertura era escassa. Como existe
relação da resistência à penetração com a umidade, é um atributo muito
variável com o tempo, pois em um período mais seco a resistência à
penetração pode ser maior que em períodos mais úmidos (MORALES, 2010).
Determinação da capacidade de carga
Considerando-se uma extensão de 2.115m e um tempo de 480 minutos em
que a trilha permanece aberta ao público, a CCF calculada foi de 11.272,95
visitantes/dia. A CCR calculada foi de 541 visitantes/dia.
Em relação à capacidade de manejo, segundo Cifuentes (1993), o critério
escalonado como satisfatório possui uma CM de aproximadamente 30% do
valor ótimo. Considerou-se para o estudo este percentual, uma vez que o
atrativo carece de infraestrutura de recepção e não aplica medidas de manejo,
monitoramento e planejamento.
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Sendo a CCR e a CM respectivamente iguais a 541 visitantes/dia e 30%, a
CCE é igual a 162,3 visitantes/dia. Os fatores de correção social e fauna,
juntamente com a CM foram os itens que mais restringiram o número de visitas
(Tabela 1), foi desconsiderado o fator de correção brilho solar, uma vez que a
mensuração da radiação solar em áreas abertas não é padronizada e a trilha
adotada possui cobertura vegetal em todo seu trajeto, possibilitando a visitação
normal ainda que em dias ensolarados.
Tabela 1. CCA para a visitação do atrativo Caverna do
Maroaga
Capacidade de Carga
Resultado
01
Física (CCF)
11 272.95
02
FCsoc
0.2
03
FCprec
0.62
04
FCacessi
0.85
05
FCalag
0.93
06
FCfau
0.51
07
FCerod
0.96
08
Real (CCR)
541
09
Capacidade de Manejo (CM)
0,3
10
Efetiva (CCE)
162,3
Segundo Takahashi (1997), a CCA pode estimular os administradores das UC
a centrarem sua atenção exclusivamente no número de visitas que a unidade é
capaz de receber sem causar danos, deixando em segundo plano as
providências administrativas e de manejo fundamentais ao seu funcionamento.
Porém, a CCA deve ser levada em consideração como um método
complementar aliado a outros métodos de planejamento existentes como o
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LAC (Limits of Acceptable Changes) proposto por Stankey et. al.(1985) e o VIM
(Visitor Impact Management) de Graefe et. al. (1990).
De acordo com os registros do ano de 2012 (Fig. 6), a visita turística ao atrativo
foi mais acentuada (pico) nos meses de abril e julho, com 169 e 160 visitantes
respectivamente, devido a festas populares e início do verão. Detectou-se que
as visitas são mais intensificadas nos finais de semana.
180
160
140
120
100
80
Série1
60
40
20
0
127
Figura 06: N° de visitantes mensais (2012) - Caverna do Maroaga.
Fonte: SEMTUR-PF, 2013.
Sendo necessária maior atenção no monitoramento das trilhas nos mês de abril
e maio, uma vez que a precipitação é muito alta nesse mês estando estas mais
susceptíveis à erosão. De acordo com os dados, pressupõe-se que atualmente
a trilha de acesso da Caverna do Maroaga esteja nos limites calculados para a
CCE.
Conclusão
A trilha oficial de acesso à Caverna do Maroaga encontra-se com o trajeto
inadequado às características biofísicas e paisagísticas da área, propiciando
seu estado de conservação crítico com a intensificação de processos erosivos
e impactos antrópicos ao longo de seu percurso pela falta de planejamento,
monitoramento da visitação e manutenção periódica.
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A caverna está inserida na zona de especial interesse ecoturístico da APA, no
entanto, apesar de haver portaria oficializando o plano de gestão da referida
UC, o mesmo não se encontra disponível e também não é observada as
medidas de gestão designadas para o turismo e uso público na UC.
Dessa maneira, conclui-se que não houve qualquer planejamento para
implantação e não há manutenção da trilha de acesso à Caverna do Maroaga,
tendo em vista que em sua área de abrangência há outras trilhas secundárias
não oficiais. A mesma situação pode ser encontrada nos outros atrativos.
Ao considerar a realidade deste atrativo da APA, e o perfil físico da Trilha de
acesso à Caverna, observado a partir deste estudo, sugere-se algumas
medidas que visam a conservação da trilha:
i – realizar a recuperação das áreas degradadas, com o plantio de mudas de
espécies nativas, assim como, promovendo o fechamento de atalhos e de
áreas com larguras amplas, e o estreitamento da trilha em áreas sujeitas a
deslizamentos decorrentes da erosão;
ii - aumento do número de placas informativas ao longo da trilha com
informações sobre fauna e flora;
iii - construção de drenos para contenção da erosão e minimização dos pontos
de alagamento;
iv - fechamento temporário da trilha em dias de chuva para não agravar a
erosão sobre ela e fechamento durante um dia na semana para que seja feita a
manutenção, monitoramento e limpeza;
v - planejamento de atividades turísticas orientadas em outros locais
adjacentes, para não sobrecarregar à Caverna do Maroaga;
vi – desenvolvimento de campanhas de sensibilização junto aos visitantes, com
o envolvimento e integração da comunidade do entorno.
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Sugere-se a equipe de gestão do atrativo a organização de uma agenda de
visitação diária de maneira que respeite os limites de visitação impostos pela
CCE da trilha principal, com implementação de medidas de manejo mais
efetivas (correção de áreas erodidas, implantações de corrimões, degraus,
áreas de descanso, etc.) mitigando os impactos ambientais existentes e
consequentemente aumentando a CCE das trilhas.
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GT 01: Geotecnologias aplicadas ao planejamento e manejo de trilhas em áreas protegidas.
VALIDAÇÃO DO MODELO DE VIEWSHED COMO TÉCNICA DE APOIO AO
PLANEJAMENTO DE TRILHAS NO TURISMO
Romero Gomes Pereira da Silva25
Carlos Henke-Oliveira26
Carlos Hiroo Saito27
Raquel Fetter28
Ronaldo Gomes Barbosa29
Resumo
Palavras-chave: Campo de Visão; Modelo de Viewshed; Paisagens; Trilhas
Os sistemas de informações geográficas podem incorporar à análise ambiental
o conceito de viewshed, ou seja, a modelagem do “campo de visão” partindo de
um observador. A modelagem de viewshed também pode ser recursiva,
servindo para o mapeamento de áreas visíveis de um alvo considerado
importante para fins turísticos (ou seja, todos os locais a partir dos quais o
referido alvo turístico pode ser visto). Considerando que o feixe de luz propaga
em linha reta, haverá similaridade se o modelo partir de um atrativo
paisagístico para toda área onde um observador pode visualizá-lo ou viceversa. Estas abordagens são úteis para conduzir o planejamento de trilhas,
quantificar a qualidade cênica da paisagem e mapear regiões visíveis.
Adicionalmente, é primordial a validação de campo destes modelos, que é o
objetivo deste trabalho. O experimento genérico consistiu na adoção de um
alvo luminoso (LED) em lugar alto e de relevo bastante acidentado, para o qual
buscou visada num percurso de pré-estabelecido. Assim, foi possível coletar
dados de regiões visíveis e não visíveis para o alvo luminoso através do
registro GPS. Os dados foram armazenados no SAPHIRA (Sistema de
Aquisição, Processsamento, Hospedagem e Integração sobre Recursos
Ambientais) para a produção de um mapa de análise espacial da visibilidade. A
validação foi feita pela comparação dos resultados de campo com o viewshed
25
romerogomes1@gmail.com Engenheiro florestal, mestrando em Desenvolvimento
Sustentável pela Universidade de Brasília. Pesquisador do Laboratório de Ecologia Aplicada,
Universidade de Brasília
26
carloshenke@unb.br Biólogo, Doutor em Ecologia, Professor da Universidade de Brasília.
Coordenador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília
27
carlos.h.saito@hotmail.com Biólogo, Doutor em Geografia, Professor da Universidade de
Brasília. Coordenador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília
28
raquelfetter@yahoo.com.br Bióloga, Doutoranda em Geografia pela Universidade de
Brasília. Pesquisadora do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília
29
rgb.bh@terra.com.br Advogado, Funcionário técnico da Universidade de Brasília. Técnico do
Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília
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previamente modelado no SIG Idrisi-Taiga. Num percurso de 18,5km, se
obteve um acerto de 66% entre o modelo e a realidade, sendo que o valor
complementar (33%) está dividido entre erros de omissão (7%) e sobrevisão
(26%). As causas dos erros foram analisadas diante de aspectos estruturais da
vegetação, das imprecisões do MDE e da distância máxima modelada.
Recomenda-se o uso de modelos de viewshed no balizamento do
planejamento do turismo de observação.
Resumen
Palabras clave: Campo de Visión; Modelo Cuenca Visual, Paisajes, Senderos
Los sistemas de información geográfica pueden incorporar al análisis ambiental
el concepto de cuenca visual (viewshed), es decir, modelar el "campo de
visión" a partir de un observador. El modelado de cuenca visual también puede
ser recursivo, que sirve para el mapeo de las áreas visibles de un objetivo que
se considera importante para el turismo (es decir, todos los lugares que un
turista puede ver un objetivo). Mientras que el rayo de luz se propaga en línea
recta, existe similitud se el modelo salir del atractivo paisajístico para al lugar
donde el observador puede visualizarlo o vice versa. Estos enfoques son útiles
para orientar la planificación de los senderos, cuantificar la calidad escénica del
paisaje y al mapeo de las regiones visibles. Además, es crucial la validación de
campo de estos modelos, que es el objetivo de este trabajo. El presente
experimento consistió en la adopción de una luz (LED) en un lugar alto y con la
topografía muy accidentada, intentado así, visualizar la luz en un camino
predeterminado. Por lo tanto, fue posible recopilar datos de las regiones
visibles e invisibles para la luz mediante el uso de GPS. Los datos se
almacenaron en SAPHIRA (Sistema de Adquisición, Processsamento,
Alojamiento e Integración de Recursos Ambientales) para producir un mapa de
análisis espacial de la visibilidad. La validación se realizó mediante la
comparación de los resultados del campo con el modelado previamente en el
SIG Idrisi-Taiga. Una distancia de 18,5 kilometros, se obtuvo um éxito de 66%
entre el modelo y la realidad, y el valor complementario (33%) se reparte entre
los errores de omisión (7%) y sobrevisión (26%). Las causas de los errores se
analizaron de acuerdo con los aspectos estructurales de la vegetación, las
inexactitudes de MDT (Modelos Digitales del Terreno) y distancia máxima
modelados. Recomendamos el uso de modelos de cuenca visual para la
planificación del turismo de observación.
1. Introdução
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A paisagem é um espaço definido por um observador, numa dada escala de
tempo e espaço e guarda em si uma heterogeneidade nos seus fatores
(METZGER, 2001). Identificar e quantificar o campo visual, partindo de um
ponto ou área de observação, é uma forma de analisar tal heterogeneidade e
representa uma estratégia particularmente útil no planejamento e ordenamento
territorial de áreas urbanas ou naturais. Esse tipo de análise tem sido feita com
apoio dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e busca testar a
funcionalidade de um sistema para verificar se a localização dos elementos na
paisagem está apropriada (SLY; KAY, 2001). Com a facilidade do
processamento de informação espacial e mediante o fato de que os dados de
elevação do terreno são digitalmente modeláveis, o desenvolvimento de
algoritmos de determinação da área visível acabou sendo um dos primeiros
investimentos dentro deste tema. Estas funcionalidades, desde então,
destacam-se dentre as operações dos SIG (FISHER, 1996).
O conhecimento dos locais visíveis (ou dos não visíveis) é importante para a
tomada de decisão e implantação de projetos que causam impactos na
paisagem (LANDOVSKY; MENDES, 2011). Para o turismo de visitação em
áreas naturais é importante obter esse tipo de informação, pois ela pode
subsidiar diretrizes de políticas públicas e planejamento integrado no campo da
gestão e análise ambiental (GUIMARÃES, 2008). A análise visual para o
ecoturismo, por exemplo, possibilita avaliar o desenho de trilhas ecológicas e
mirantes em áreas especialmente ricas em termos cênicos. Essa avaliação
pode ocorrer de duas formas: a) a partir de pontos previamente definidos (ex.
trilhas), comparar os pontos entre si quanto à riqueza e qualidade dos
respectivos campos de visão, de modo a hierarquizá-los (FETTER et al., 2012)
e b) a partir da definição de pontos de interesse (campos de visão) que
recursivamente podem indicar o melhor local de observação, definindo, por
exemplo, o traçado de trilhas.
O conceito de viewshed designa uma área que é visível aos olhos humanos a
partir de um determinado ponto de observação. Nos estudos que envolvem o
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uso de SIG, viewshed é a área visível a partir de um ponto específico baseada
em valores de elevação de determinado terreno (LANDOVSKY; MENDES,
2011). O viewshed também representa uma geotecnologia que busca
especializar o mesmo conceito e, como tal, corresponde a uma operação
padrão que necessita de um Modelo Digital de Elevação (MDE), um
determinado ponto ou alvo de observação posto a uma altura acima da
superfície da terra e um alcance máximo de visibilidade (FISHER, 1993). Após
a seleção do ponto de visualização é calculada a linha de visão para todos os
outros pontos dentro da área de interesse. Se a superfície da terra se eleva
acima da linha de visão, então o alvo está fora de vista, caso contrário, a área
está dentro do campo de visão (FISHER, 1996).
Muitas são as aplicações da técnica de viewshed, desde a localização propícia
para a instalação de parques eólicos (KIDNER et al., 1999; MÖLLER, 2006),
monitoramento de incêndios (LEE, 1991; SAWADA et al, 2006), planejamento
de tele conexões, proteção de alvos contra ataques terroristas (VANHORN;
MOSURINJOHN, 2010), planejamento urbano (Wilson et al, 2008), gestão e
avaliação de paisagens (FETTER et al, 2012), conservação de espécies
ameaçadas de extinção (CAMP et al., 1997), estudo de sítios arqueológicos
(LAKE et al., 1998; JONES, 2006; MASCHNER, 1996), dentre outros. Sua
aplicação em estudos para a implementação de atividades ecoturísticas ainda
é incipiente e podemos citar os trabalhos de análise da qualidade visual de
paisagens (GERMINO et al, 2001), elaboração de guias para visitantes
(BARTIE; MACKANESS, 2006), apreciação visual e design de paisagens
(JOLY et al, 2009; JONES, 2006) e apreciação visual de áreas em que não é
permita visitação (FETTER et al, 2010).
A avaliação da eficácia dos modelos de viewshed foi explorada por Fisher
(1993) na perspectiva de investigar como MDE é feito, como o ponto de
observação ou alvo para observação estão representados, bem como as
formulações matemáticas e lógicas internas. Porém pouco se explorou a
validação em campo dos modelos. Assim, a avaliação da eficácia dos modelos
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de viewshed é de suma importância, principalmente quando os mesmos
servirem para orientar projetos de infra-estrutura e gestão ambiental. Diante
disto, o presente trabalho propõe uma validação de campo de visão de três
modelos de viewshed aplicados ao Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros-Goiás, uma Unidade de Conservação da Natureza, no qual é
desenvolvida a prática do ecoturismo. Adicionalmente, considera-se a
necessidade de uma análise sistemática dos fatores que induzem a erros no
modelo.
A validação de campo proposta neste trabalho visa uma prospecção de
elementos que possam ser úteis na discussão e análise da efetividade e do
potencial de aplicação do modelo de viewshed em áreas naturais com grande
complexidade de relevo e de vegetação, em que se encaixa grande parte das
unidades de conservação abertas para visitação. Comparar os dados
espacializados em ambiente SIG com aquilo que é observado na realidade é
uma forma de melhor entender o efeito das variáveis de entrada do modelo
(relevo, o alcance máximo de visibilidade e altura horizontal do olho do
observador). Além dessas variáveis é importante agregar à análise a influencia
de fatores que não entram na estruturação do modelo estabelecido em
ambiente SIG, mas que podem ajudar na melhor calibração e efetividade de
modelos de viewshed.
2. Metodologia
Ao propor a validação de campo e análise do modelo de viewshed, ressalta-se
que os resultados do experimento visam balizar o uso do modelo ao
planejamento de trilhas, estudos da paisagem e turismo em áreas naturais.
Desta forma, a área de estudo escolhida, Chapada dos Veadeiros, corresponde
às aplicações da análise do modelo por se apresentar como um pólo de
ecoturismo no estado de Goiás.
2.1 Localização e caracterização da área
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A região da Chapada situa-se a cerca de 250 km ao norte de Brasília, e a 470
km a nordeste de Goiânia. Abrange vários municípios do norte do estado de
Goiás, dentre eles, São João d'Aliança, Alto Paraíso de Goiás, Colinas do
Sul, Teresina de Goiás e Cavalcante. A Chapada dos Veadeiros abriga
o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) situado entre as
coordenadas de 47° 53' 54.5604" W a 47° 25' 17.5404" W e 14° 10' 48.5148" S
a 13° 53' 14.604" S (LACERDA, 2008). Do ponto de vista geomorfológico, a
Chapada dos Veadeiros é uma região que apresenta a maior extensão de
terras elevadas do estado de Goiás. Abriga também o seu ponto culminante, na
Serra do Pouso Alto, que atinge 1.676m de altitude. A região é marcada por
estruturas geológicas ligadas a movimentos tectônicos antigos, como
dobramentos, falhamentos e fraturas. Essas estruturas têm marcante papel na
elaboração das feições de relevo (OLIVEIRA, 2007).
A Chapada dos
Veadeiros está inserida no bioma Cerrado e apresenta várias fitofisionomias:
campo cerrado, campo sujo, campo limpo, campo rupestre, cerrado arbóreo e
cerrado rupestre em decorrência à predominância de solos do tipo,
cambissolos, litólicos e latossolos vermelho-amarelo e de variações de altitude
da região (FELFILI et al., 2007).
Figura 01: Chapada dos Veadeiros vista do Mirante do Abismo.
Fonte: www.ecoa.unb.br/siamb,
2.2 Geração de modelos de visibilidade da paisagem em SIG - viewsheds
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A geotecnologia viewshed especializa as áreas mutuamente visíveis entre
pontos na paisagem a partir de um Modelo Digital de Elevação (MDE).
(KAUCIC; ZALIK, 2008). Kim (2004) considera essas áreas visíveis como
regiões de intervisibilidade entre os pontos, definida por “linhas de visão”
necessariamente ininterruptas (LLOBERA, 2003). Considerando que a luz que
se propaga entre observador e o objeto visualizado é uma linha reta, a
afirmação anterior pode ser invertida ao dizer que o viewshed permite a
espacialização de um horizonte visível em relação a um alvo (atrativo cênico).
O algoritmo de base para gerar um viewshed a partir de dados de elevação
baseia-se na estimativa da diferença de elevação dos pixels intermediários
entre o pixel que caracteriza o ponto de observação e o pixel que caracteriza o
alvo da observação. A determinação de se o pixel alvo pode ser visto a partir
do ponto de observação é realizada por análise de cada um dos pixels
intermediários entre os dois pontos, para determinar a “linha de visão” (KIM et
al, 2004). Se a superfície da terra se eleva acima da linha de visão, o alvo de
observação não é visível, caso contrário sim. O conjunto de pixels visíveis a
partir do ponto de observação forma o viewshed (BURROUGH; MCDONNEL,
1998) (Figura 2).
Figura 2: Representação de um viewshed booleano (visível/não visível). LV – linha de visão.
Fonte: Adaptado de Clarke (1990).
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A pura análise booleana para o cálculo do viewshed omite os elementos
verticais como a vegetação e as construções (SANDER; MANSON, 2007) e,
segundo Llobera (2003) esses elementos devem ser considerados e mapeados
de volta para o espaço de forma a gerar novas superfícies para aprimorar o
modelo. Os trabalhos de Lake et al (2000) e Germino et al (2001) são exemplos
da integração de elementos verticais nas análises de viewshed.
No presente trabalho foram gerados três modelos de viewshed com pontos de
observação localizados em região de topo de morro no Parque Nacional da
Chapada dos Veadeiros. O primeiro, um ponto fixo de observação
correspondendo a um único pixel (1 pixel) e dois modelos compondo conjuntos
de pixels que caracterizassem diferentes áreas de deslocamento do turista, ou
seja, um pixel e seus vizinhos (1 pixel + borda de 1 pixel) e um conjunto maior
de pixel (topo de morro, seguindo uma curva de nível). Os modelos foram
gerados no software Idrisi-Taiga a partir de um Modelo Digital de Elevação
(MDE) obtido do topodata do INPE, com pixel em resolução de 30 m. Foi
considerada uma altura do observador de 7,6 metros e um alcance máximo de
20 km. A escolha de uma altura acima do padrão de um observador em solo
(7,6 m) tem por base a necessidade de eliminar o efeito da vegetação
adjacente, a fim de proporcionar o teste do modelo, seja em menores ou em
maiores distâncias. Na prática, o modelo simula uma condição típica de uma
torre de observação, artifício usado tanto no monitoramento ambiental (ex.
incêndios) quanto no turismo (ex. mirante elevado).
2.3 Validação dos modelos de viewshed
A validação do modelo foi feita, num primeiro momento, pela fixação de uma
fita de micro-lâmpadas de LED (Light Emitting Diodes) verdes no topo de um
bastão de 7,6 metros, em posição vertical, nas coordenadas do pixel unitário,
no qual foi gerado o primeiro modelo de viewshed, já que os demais modelos
foram gerados para o entorno desse pixel central (Figura 3). Em particular, a
potência programada de luz dos LED esteve na faixa de 1,5 Watts, em regime
intermitente, com uma piscada de 0,3 segundos para cada segundo em estado
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apagado. Tais características, associada à cor atípica da luz, teve o objetivo de
tornar o dispositivo emissor de luz o mais perceptível possível, no período
noturno, em áreas onde houvesse visada direta.
140
Figura 3: A e B - Montagem do equipamento composto por um bastão de 7,6 metros e microlâmpadas de LED. C e D – Representação da visibilidade noturna do LED durante o
experimento de validação do modelo de viewshed.
Considerou-se que a existência de visada noturna nas condições experimentais
simula as mesmas condições diurnas na perspectiva de um observador
turístico, visto que os dois fenômenos óticos são regidos pelas mesmas leis
físicas. Assim, o aspecto da validação do modelo genérico poderia indicar as
propriedades de validação de modelos aplicados ao turismo de observação em
trilhas, por exemplo. Num segundo momento, foram percorridos 18,5 Km de
estradas da região, a velocidade aproximada de 20 km/hora, em noite sem lua
e condições de elevada transparência atmosférica. A equipe contou com um
motorista, dois observadores que informavam ao quarto membro (o registrador)
as condições de visibilidade ou não-visibilidade da luz verde do LED. Na
terceira etapa do experimento os registros de horário e coordenadas GPS de
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aparecimento e desaparecimento do objeto na linha do horizonte foram
incorporados
no
SAPHIRA
(Sistema
de
aquisição,
processamento,
hospedagem e integração de informações sobre recursos ambientais) (HENKEOLIVEIRA; SAITO, 2012), visando a integração dos dados num sistema de
informações geográficas e, confrontados, dados de campo com os dados
modelados.
3. Resultados
141
Figura 4: Representação dos três modelos de viewshed e do trajeto percorrido, indicando
trechos visíveis e não visíveis. Os modelos se sobrepõem entre si. O modelo tomado por 1
pixel (rosa) está contido nos demais, o modelo tomado por 1 pixel mais a borda de pixels
vizinhos (verde) está contido no modelo que considera o topo de morro como ponto de
observação (amarelo).
Especial atenção deve ser dada ao trajeto de campo e aos registros dos
momentos em que o LED esteve visível e não visível. Essa informação ao ser
sobreposta à área de abrangência de cada viewshed modelado correspondeu
aos percentuais apresentados na Tabela 1, em que a distância percorrida sem
a visualização do alvo luminoso foi maior, indicando que ou o trecho da estrada
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estava fora da área dos viewsheds ou pode ter ocorrido interferência por efeito
da altura da vegetação.
Tabela 1: Proporção da distância percorrida entre visibilidade e não-visibilidade nos três
modelos de viewsheds analisados.
Distância percorrida em Km (e % do trajeto)
Viewshed visível
Viewshed não visível
1 pixel
6,243 (33,7)
12,263 (66,3)
1 pixel + borda de 1 pixel
7,480 (40,4)
11,026 (59,6)
Vários pixels (topo de morro) 7,906 (42,7)
10,600 (57,3)
Modelo
Total
18.506
(100%)
Houve situações em que trechos da estrada fizeram parte dos modelos de
viewsheds gerados, mas que na validação de campo não correspondeu à
observação do LED. Tais situações foram denominadas de “erros de
sobrevisão” do modelo. O oposto também foi verificado, em que trechos da
estrada não fizeram parte dos modelos, mas a validação de campo constatou a
visualização do LED, qualificando os “erros de omissão”.
142
Dessa forma, percebeu-se que aos trechos visíveis dos modelos estavam
somados os erros de sobrevisão, em que o modelo visualizou mais do que foi
observado na realidade e que aos trechos não visíveis estavam somados os
erros de omissão, em que os modelos falharam ao não incorporar os trechos
que permitiam a visualização do LED (Tabela 2).
Tabela 2: Comparação percentual entre os viewsheds modelados e o experimento de campo.
1 pixel (%)
Trechos visíveis
Trechos não visíveis
Total
Erro de omissão
Erro de sobrevisão
Total
11,7
55
66,7
11,3
22
33,3
1 pixel + borda
de 1 pixel (%)
14,3
50,9
65,2
8,7
26,1
34,8
vários pixels –
topo de morro (%)
15,9
50,1
66,1
7,1
26,8
33,9
Os erros encontrados pouco variam entre os três viewsehds, indicando que a
modelagem é pouco sensível a erros de posicionamento. Em outras situações
os resultados poderiam ser diferentes, por exemplo, naquelas áreas distantes
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de topos de morros, ou em condições topográficas específicas que possam
gerar maior variação entre os modelos.
Em termos das implicações dos erros dos modelos na gestão do turismo, nos
parece que os erros de omissão não são tão graves quanto os do sobrevisão.
Isto porque os erros de sobrevisão podem gerar uma falsa expectativa ao
gestor (ou ao turista), pois sugerem alocar algo (ou visitar algum local) para
observar aquilo que na prática não poderá ser observado. Assim, um dos
critérios para a seleção do modelo mais adequado seria com base no menor
erro de sobrevisão em relação aos demais.
Esta discussão é particularmente importante no caso em estudo, pois o erro de
sobrevisão foi menor no modelo de um pixel, exatamente no local de fixação do
LED para a validação de campo. Isso configura o modelo de um pixel como o
modelo mais fiel à experimentação. Uma evolução nesta linha de raciocínio
considera que se o modelo mais fiel à experimentação em campo (modelo de 1
pixel) é o que apresenta menor erro (principalmente o erro de sobrevisão) em
relação à experimentação de campo, então o processo de modelagem se
configura como coerente. Caso modelos menos fiéis à experimentação (pixels
vizinhos e topo de morro) tivessem mais congruência em relação à realidade,
todo o processo de modelagem, bem como os modelos resultantes, seriam
comprometidos, pois se espera que os resultados mais congruentes a
realidade ocorram para os modelos mais fiéis à realidade.
O viewshed é uma das tantas ferramentas de SIG que podem contribuir para
construção de planos que sejam efetivos e eficazes no correto manejo dos
recursos naturais. Pode incorporar as preferências previamente identificadas
pelo público inclusive num cenário de movimento em que é considerada a
dinâmica de mudança nos elementos e objetos observados no espaço e no
tempo, no caso de trilhas, como avaliado por Fetter et al (2012), ao invés de
apenas cenários estáticos. Da mesma forma poderiam ser eliminados possíveis
efeitos visuais negativos (CHAMBERLAIN; MEITNER, 2013) e outros efeitos
que se propagariam na paisagem como a presença de um lixão e o seu odor
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fétido. A vegetação, em circunstâncias específicas pode causar um efeito
microtextural no terreno e que teria maior influência na redução da visibilidade
quanto mais próxima estiver do observador e quanto maior fosse o seu porte.
O efeito da vegetação foi observado por Fetter et al (2012) no estudo do
viewshed de uma Unidade de Conservação da Natureza, de uso integral, no
interior do Rio Grande do Sul, em região de Floresta Ombrófila Mista. Apesar
da validação do viewshed não ser uma meta no trabalho, a equipe de campo
procedeu com uma validação informal em que, subindo em árvores, atingiram a
altura de 5 metros proposta nos modelos e foi lançada a visão nas direções
que indicavam áreas visíveis. No entanto a visibilidade foi prejudicada pela
altura da vegetação superior a sete metros de altura. Assim, constata-se que
ambientes mais homogêneos de floresta dificultam a visada, a menos que
mirantes ultrapassem o dossel, enquanto que fitofisionomias como o cerrado,
mais heterogêneas e consideravelmente mais baixas, permitem o maior
alcance de observação e, teoricamente, de uma diversidade maior de
elementos no ambiente.
Podemos deduzir que o efeito da vegetação no presente estudo possa ter
aumentado o erro de sobrevisão, já que diferentes trechos de borda da estrada
percorrida eram compostos por vegetação de porte variado, de poucos
centímetros a mais de 5 metros de altura e com diferentes densidades foliares.
Esse estudo é válido também nas situações que denominamos de viewshed
recursivo, em que se pretende identificar uma rota que permita a observação
de alvos específicos como cachoeiras, locais de repouso de aves, etc. Esse
tipo de estudo é ainda mais raro, mas pode ser citado o trabalho de Senaratne
et al (2013) que gerou viewsheds que denominou de “inversos” a fim de obter
uma medida de qualidade para a correção de referência de localização de
fotografias georeferenciadas fornecidas pelo Flickr (uma plataforma de geoinformações) como fonte de dados VGI (informação geográfica voluntária).
Fetter et al (2012), modelou viewshed visando a maximização da observação
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das zonas intangíveis em uma área protegida, de forma a proporcionar o maior
contato remoto possível, mantendo a maior integridade ecológica.
4. Conclusão
As geotecnologias devem ser acompanhadas de cuidados, devendo ir além do
mapeamento. A modelagem é frequentemente identificada como uma atividade
notável por ser baseada em abstrações conceituais e em métodos matemáticos
e lógicos. Porém, modelar demanda de cuidados, visto que os modelos são
representações simplificadas e, por isso, imperfeitas da realidade. Disso
derivamos duas orientações gerais para os modelos de viewsheds: a) de que
se reconheçam que os erros destes modelos são propriedades intrínsecas aos
mesmos, em que as implicações dos erros não são necessariamente
proporcionais ao tamanho dos erros (ex. erros de omissão são menos piores
de sobrevisão); b) que os modelos não devem ser utilizados como
comprovação do real, mas como auxiliares na identificação das propriedades
do real e do seu significado, exigindo-se também que modelos sejam validados
e progressivamente melhorados.
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LOCALIZAÇÃO DE PONTOS ESTRATÉGICOS QUE REPRESENTAM A
DIVERSIDADE PAISAGÍSTICA NA TRILHA DOS SALTOS DO PARQUE
NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS
Romero Gomes Pereira da Silva30
Carlos Henke-Oliveira31
Carlos Hiroo Saito32
Everaldo Skalinski Ferreira33
Raquel Fetter34
Ronaldo Gomes Barbosa35
Resumo
Palavras-chave: Diversidade Paisagística; Campo de Visão; Planejamento; Trilhas
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) é uma das Unidades de
Conservação da Natureza que não mais obriga a visitação com auxilio de
guias. Assim, o planejamento das suas trilhas requer estratégias que
despertem a curiosidade e a interpretação do visitante, visto que o caráter
visual das paisagens pode contribuir no melhor planejamento e manejo de
trilhas. Através da técnica de viewshed, em ambiente SIG (Idrisi-Taiga), foram
mapeados os campos de visão do observador (viewshed modelado) para 17
pontos ao longo da trilha dos Saltos (PNCV). Para os mesmos pontos foram
obtidas fotografias panorâmicas (360 graus), representando o viewshed real.
Através da análise de cada uma das dezessete áreas de visibilidade, bem
como da resultante dos pares de áreas combinadas, foi possível identificar os
pontos estratégicos. A análise conjunta de dados modelados e reais permitiu
identificar quatro pontos fundamentais para a contemplação da paisagem.
Apesar de cobrirem apenas 57% de toda área visível da trilha, as regiões
visíveis dos quatros pontos são as mais representativas (regiões mais altas e
distantes entre si) e suas áreas de visibilidade são pouco redundantes e
30
romerogomes1@gmail.com Engenheiro florestal, mestrando em Desenvolvimento
Sustentável pela Universidade de Brasília. Pesquisador do Laboratório de Ecologia Aplicada,
Universidade de Brasília
31
carloshenke@unb.br Biólogo, Doutor em Ecologia, Professor da Universidade de Brasília.
Coordenador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília
32
carlos.h.saito@hotmail.com Biólogo, Doutor em Geografia, Professor da Universidade de
Brasília. Coordenador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília
33
eskalinski@yahoo.com.br Geógrafo, Doutorando em Geografia pela Universidade de Brasília.
Pesquisador do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília
34
raquelfetter@yahoo.com.br Bióloga, Doutoranda em Geografia pela Universidade de
Brasília. Pesquisadora do Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília
35
rgb.bh@terra.com.br Advogado, Funcionário técnico da Universidade de Brasília. Técnico do
Laboratório de Ecologia Aplicada, Universidade de Brasília
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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altamente complementares. As fotografias panorâmicas dos quatro pontos
representam a maior parte da diversidade paisagística possível de ser
registrada ao longo da trilha. Os resultados deste trabalho podem servir para
orientar a interpretação da trilha na sua totalidade, e não apenas nas
cachoeiras localizadas no seu final. Além disso, podem colaborar no
planejamento ao direcionar pontos que seriam alvo para futuras instalações de
painéis informativos ou torres de observação.
RESUMEN
Palabras clave: Diversidad del Paisaje, Campo de Visión; Planificación; Senderos
El Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) es una de las Unidades
de Conservación de la Naturaleza que hoy no se requiere la visita con la ayuda
de guías. Por lo tanto, la planificación de sus pistas requiere estrategias que
despiertan la curiosidad y la interpretación de visitantes, ya que el carácter
visual del paisaje puede contribuir a una mejor planificación y gestión de los
senderos. A través de la técnica de la cuenca visual en GIS (IDRISI-Taiga),
fueron asignadas campos de visión del observador (cuenca visual modelado)
de 17 puntos a lo largo del sendero “Trilha dos Saltos” (PNCV). En los mismos
puntos se obtuvieron fotografías panorámicas (360 grados), que representa la
cuenca visual real. Mediante el análisis de cada una de las diecisiete zonas de
visibilidad, así como el par resultante de áreas combinadas, se fue posible
identificar puntos estratégicos. Un análisis conjunto de los datos modelados y
reales identificó cuatro puntos clave para contemplar el paisaje. A pesar de
cubrir sólo el 57% de toda el área visible de la pista, las regiones visibles de los
cuatro puntos son los más representativos (regiones más altas y distantes entre
sí) y sus áreas de visibilidad son poco redundante y altamente
complementarias. Las fotografías panorâmicas de los cuatro puntos
representan la mayor parte de la diversidad del paisaje que se puede registrar
a lo largo del sendero. Los resultados de este estudio pueden servir de guía
para la interpretación del sendero en su conjunto, no sólo a las cascadas
situadas en su extremo. Además, pueden colaborar en la planificación de los
puntos de la ruta que se dirigen a las futuras instalaciones de paneles
informativos o torres de observación.
1. INTRODUÇÃO
Uma das medidas adotadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) para gerir o aumento do fluxo de turista nas Unidades
de Conservação da Natureza (UC) foi o fim da obrigatoriedade do
acompanhamento de guias turísticos dentro das áreas naturais. Em 2008, o
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150
próprio instituto emitiu uma portaria (Instrução Normativa nº8 - ICMBio, 2008)
que estabelece como princípio que, exceto em casos de excepcional fragilidade
do ecossistema, a contratação de condutores não deveria ser por imposição,
mas apenas uma recomendação. A presença de trilhas autoguiadas e ações
que foquem a sinalização nas trilhas e em locais que ofereçam perigo
passaram a ser priorizadas nas gestões das UC’s (BRASIL, 2008). O Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), em Goiás, primeira UC que criou
a obrigatoriedade do turista ter um guia o acompanhando durante a visitação, e
uma das últimas que mantinha tal exigência, acabou com a regra no finaldo
ano de 2012. O plano de manejo do parque, de 2009, já estabelecia que o
serviço fosse apenas uma indicação (ICMBio, 2009).
Diante destes fatos é essencial que o planejamento e manejo de trilhas sejam
fundamentados em bases racionais e técnico-científicas que compreende
inúmeros níveis de análises e avaliações. Qualquer indicação ou estratégia
proposta para o melhor uso das trilhas deve levar em conta a magnitude dos
riscos, impactos naturais causados pelo homem e as potencialidades locais
(GUIMARÃES, 2008). Dentre as potencialidades, um dos elementos mais
marcantes do PNCV é a paisagem, marcada por diferentes fitofisionomias do
bioma cerrado, pelo relevo, esculpido em formas peculiares, resultante da ação
de intempéries tropicais sobre um arcabouço geológico e por rios que se
adentram por vales profundos e formam belas cachoeiras em suas quedas
(VEIGA, 2000).
Considerando que a paisagem tem importância ecológica e demanda social,
ela podeser considerada como objeto de análise ao planejamento de áreas
naturais onde existe ação humana (GUIMARÃES, 2008). O estudo e análise da
paisagem podemcontribuir paraum melhor relacionamento dos turistas e
população local com os recursos naturais. Assim, programas de educação
ambiental podem ser efetivados a partir de uma base sólida de dados
ambientais que descrevam a paisagem e gestores de UC’s podem ter
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elementos concretos para balizar modificações no traçado de trilhas e alocação
de mirantes e torres de visualização.
Nesse panorama é importante o desenvolvimento de métodos e análises que
permitam visualizar a dinâmica da paisagem. A quantificação da estrutura da
paisagem que apresenta um arranjo espacial, em um instante de tempo, pode
revelar processos que ocorrem e descrevem a diversidade cênica de uma
região (SOARES FILHO, 1998). Assim, para realizar análises de padrões
espaciais e estruturas da paisagem modelos e métodos vêm sendo mais
aprofundados desde o final do século XIX. As principais escolas de forte
fundamentação e influência científica do estudo da paisagem estão nos
Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Holanda. Portugal, França, Itália,
Espanha, países nórdicos e eslavos (MAGALHÃES, 2007).
Os modelos que levam em conta o campo de visão e os índices que dele
podem ser derivados constituem uma parte importante do conjunto de
ferramentas necessárias para a análise da paisagem. O campo de visão, ou
viewshed, é o conjunto de área visível a partir de um ponto de observação. Os
modelos de viewshed podem ser representados em um ambiente de Sistemas
de Informação Geográfica (SIG) com o campo de visada comum dos
pontosque pertencem a uma área (LANDOVSKY; MENDES, 2011). Análises a
partir de intersecções do conjunto de áreas de visão podem direcionar os
melhores pontos de observação considerando vários critérios dentre eles: a
distribuição espacial do plano visível e invisível, a área de viewshed e o número
mínimo e localização de pontos de observação necessários para dar visada
uma área (TÉVAR-SANZ; 1996).
Dada à importância de elaborar estratégias que maximizem as experiências de
contemplação da estética cênica e ecológica, por meio de orientações e
estímulos do visitante direcionados para esta finalidade, o presente trabalho
teve como objetivo analisar aspectos de singularidade e complementaridade do
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campo de visão de vários pontos da Trilha dos Saltos na área do(PNCV), como
forma de subsidiar a adoção de estratégias de gestão da trilha, com enfoque na
maximização do potencial de visualização da paisagem.
2. Metodologia
2.1 O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – PNCV
O PNCV está localizado no nordeste do estado de Goiás, entre os municípios
de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante e Colinas do Sul. É delimitado pelas
coordenadas geográficas 47° 53' 54.5604" W a 47° 25' 17.5404" W e 14° 10'
48.5148" S a 13° 53' 14.604" S (Lacerda, 2008). Possui uma diversificada
formação vegetal; inúmeros cursos d'água e nascentes de rios; rochas e
afloramentos com datações antigas, além de marcantes paisagens, com
feições que se alteram ao longo do ano. Dentre os atrativos turísticos no
parque, destacam-se as cachoeiras dos Saltos do Rio Preto, tradicionalmente
conhecidos como “Saltos do Garimpão”, cachoeiras das Carioquinhas, Canions
I e II, corredeiras denominadas de Pedreiras, Salto São Domingos, Salto do
Raizama e Cachoeira do Cordovil (ICMBio, 2009). Atualmente, quatro trilhas
levam os visitantes aos atrativos do Parque Nacional abertos ao público. As
trilhas são denominadas como: Travessia das Sete Quedas, Trilha dos Saltos,
Trilha dos Cânions e Trilha da Seriem (ICMBio, 2013).
O PNCV é considerado a maior área de conservação ambiental e um
importante atrativo ecoturístico da região nordeste do estado de Goiás. O
parque, criado em 1961, protege uma área de 65.514 ha do cerrado de altitude
além de áreas de antigos garimpos, como parte da história local. A sua área é
dotada de atributos excepcionais para garantir a proteção integral da flora e
fauna silvestre, dos solos, das águas e das belezas cênicas, com objetivos
científicos, educacionais, recreativos e culturais(ICMBio, 2013). (Figura 1).
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153
Figura 1: Localização do PNCV.
2.2 Trilha dos Saltos
154
Segundo o Plano de Manejo do parque (2009, p.309):
“a Trilha dos Saltos apresenta 4,5 km de extensão com o nível de
dificuldade classificado como moderado a pesado. A capacidade de
suporte da trilha adotada é de 250 visitantes por dia. O percurso é
feito na maior parte em terreno acidentado e pedregoso. A trilha
passa por diversas fitofisionomias: campo rupestre,mata ciliar, campo
limpo, campo sujo rupestre e mata seca, já próximo aos saltos. No
caminho tem-se uma vista de veredas e o Mirante das Dróseras,
planta insetívora endêmica, de onde se tem uma vista privilegiada da
Serra de Santana.Durante o primeiro trecho a trilha passa pelo
Garimpão, considerado maior garimpo de cristal de quartzo da região
quando em atividade (1912 a 1961), com buracos e blocos de cristais
expostos. O Salto II possui cerca de 120 metros de queda, a qual só
pode ser vista de cima, por um mirante no caminho. A visão deste
local mostra parte do Vale do rio Preto, abaixo do Salto.Acima do
Salto II está o Salto I. A descida do mirante do Salto I até o Salto I
tem cerca de 800 metros, bastante inclinado. O Salto I é, na
realidade, uma cachoeira com cerca de 80 metros de queda, com
grande quantidade de pedras, onde o rio Preto forma um poço
natural. Dependendo da quantidade de água e correnteza é permitida
a natação até próximo à base do Salto I, mas, em geral, há uma
corda limitando seu acesso desde um acidente por negligencia do
visitante, que ocasionou em sua morte.”
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2.3 Modelagem de viewshed e atividades de campo
Ao realizar a análise paisagística da Trilha dos Saltos, foram escolhidos 17
pontos respeitando a aleatoriedade entre os mesmos (Figura 2). Os
procedimentos existentes para modelagem docampo de visão foram baseados
em Modelos Digitais de Elevação (MDE), um valor de alcance máximo de
visibilidade e a altura de observaçãode 6 metros.O Modelo Digital de Elevação
(MDE) da região da Chapada dos Veadeiros foi obtido a partir do topodata do
INPE (2008), com pixel de 30 m que com o auxílio do software Idrisi-Taiga
permitiu a análise do campo de visão para um raio de 20 km. Tais modelos
foram gerados para os 17 pontos. Operações de sobreposição de planos de
informações (overlay) foram realizadas para o cruzamento de pares de
viewsheds, totalizando 136 comparações ilustrativas da sobreposição entre os
mesmos.
155
Figura 2: Identificação dos 17 pontos de observação na Trilha dos Saltos.
Para os estudos da paisagem, a análise do campo de visão é efetiva quando
este é comparado com fotografias tomadas a cada ponto de observação
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(TÉVAR-SANZ, 1996). O procedimento de comparação do real representado
por fotografias panorâmicas com um modelo de viewshed elaborado em
ambiente SIG é importante, pois permite ajustes de variáveis para que os
resultados aproximem ao máximo da realidade e assim as análises posteriores
tornem mais confiáveis (SOARES FILHO, 1998).
Desta forma, com uso de GPS, foram visitados todos os 17 pontos, onde foram
tomadas fotografias panorâmicas (360 graus), respeitando-se a altura do solo
adotada no modelo computacional, e com o auxílio de um bastão de alumínio
com comprimento ajustável em até 7,7 metros de altura acoplado de uma
câmera fotográfica operada por controle remoto a partir do nível do solo.
As fotografias foram tomadas seguindo um padrão que estabeleceu o norte
geográfico como início dos registros e o sentido horário para o giro (Figuras 3 e
4). Todo material fotográfico foi armazenado no SAPHIRA (Sistema
Armazenamento, Processamento, Hospedagem e Integração de Informações
sobre Recursos Ambientais, HENKE-OLIVEIRA; SAITO, 2012), onde os
registros básicos de identificação e localização foram preservados para
espacialização e análise dos dados. As fotografias de cada ponto passaram
pelo processo de mosaicagem no software Panorama-Maker.
Figuras 3 e 4: Procedimento de tomadas de fotografias no ponto 1 da trilha. Equipamento
utilizado: Bastão de alumínio com uma câmera fotográfica e controle remoto.
3 Resultados e discussão
O primeiro dado obtido na análise dos campos visíveis (mapas de viewshed) a
partir dos 17 pontos estabelecidos na Trilha dos Saltos foi o de área visível
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absolutade 38,28 km2.De acordo com Tévar-Sanz (1996), este índice
representa a superfície total vista de um ponto de observação, sem levar em
conta sua forma e distribuição e, quando a área de visualização partir de um
conjunto de pontos deve desconsiderar as áreas de sobreposição que acabam
sendo redundantes. Nesse sentido pode calcular a área visívelde cada ponto
de observação. A soma das áreas independentes resulta em 165,79 Km 2
(Tabela 1). A diferença entre este valor e o de área visível absoluta resultou em
um indicador da redundância de 127,51 km2.Este também pode ser expresso
em percentual, neste caso, sugerindo uma redundância de 333,02%.
Tabela 1: Área de cada viewshed.
A soma dessas áreas representa
um conjunto de campos visível que
sobrepõem entre si. A área visível
absoluta foi calculada a partir da
união de todos os campos
desconsiderando
todas
as
sobreposições.
Ponto de
Área Visível
Observação
(Km²)
1
5.99
2
8.27
3
10.33
4
13.12
5
11.20
6
12.31
7
16.00
8
11.42
9
11.51
10
11.71
11
11.70
12
12.69
13
10.89
14
8.92
15
5.73
16
2.99
17
1.02
Soma
165.79
Área visível absoluta
38.28
Redundância km²
127.5
Redundância %
333.08
A rigor, redundância pode estar associada a algo desnecessário ou exagerado,
ganhando certa conotação de inadequado. Contudo, tal conotação pode não
ser verdadeira em absolutamente todos os sentidos e áreas. Por exemplo, na
ecologia, as discussões que se iniciaram na década de 1970 sobre os fatores
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que promovem a estabilidade dos sistemas ecológicos contemplam a
redundância (mas especificamente a redundância funcional ou homotaxia
congenérica) como um dos mecanismos importantes (ODUM, 1988).
Na verdade, considera-se que se havendo redundância de funções em
diferentes componentes estruturais, a perda de um dos componentes pode ser
prontamente superada pelo funcionamento do componente análogo.O mesmo
se aplica para análise de um conjunto de áreas de visibilidade. Um avanço
nesta linha pode concluir que algum componente pode ser substituível, ou
mesmo que o grau de substuibilidade dos componentes pode ser quantificado.
A concepção de que a redundância é boa (ou aproveitável), mas somente até
algum grau, nos conduz à busca de um “modelo de otimização”. Por exemplo,
considerando os quatro primeiros pontos, é possível selecionar apenas um
ponto, o qual representa o campo de visão dado pela soma dos quatro campos,
pois há grande redundância entre eles (Figura 4). Ao longo dos 17 pontos,
considerando a alta redundância dos pontos próximos é possível localizar um
número mínimo de pontos cujas áreas de visibilidade sejam pouco redundantes
entre si e que a soma de seus viewshed abranjam grande parte de toda área
visível.
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Figura 4. Análise dos primeiros quatro pontos de viewshed. As áreas em cinza ao fundo
indicam o campo de visão resultante para a totalidade dos quatro viewsheds. Observa-se
grande redundância entre pontos próximos.
Os resultados apresentados a partir do cruzamento par a par de todos 17
viewsheds incorporam todos os índices de redundância e de pontos singulares
ao longo da Trilha dos Saltos (Tabela 2). Os índices de redundância são
maiores quando há maior proximidade dos pontos de observação. Os pontos
singulares são aqueles que por suas particularidades visuais, se distinguem
mais dos outros pontos analisados. Podem ser considerados os que
apresentam a maiores diferenças do campo visual entre um conjunto de pontos
e representam a diversidade toda área possível de ser vista num trajeto linear
(TÉVAR, 1995). Assim, os últimos pontos (14, 15, 16 e 17) apresentaram os
menores valores de sobreposição e indicam a singularidade destas regiões. De
fato, o final da trilha dos Saltos é marcado por vales, marcados por quebras de
relevo e cachoeiras. São áreas vistas apenas nas suas proximidades e locais
de maior atração turística por ser possível estabelecer contato direto com as
cachoeiras.
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Tabela 2: Área e redundância nos 17 viewsheds obtidos. Os valores nas células amarelas
2
(diagonal) indicam a área de cada viewshed (km ), enquanto que as células acima e à direita
2
(verdes) indicam a área (km ) da sobreposição (redundância) entre pares de viewsheds e as
células abaixo e à esquerda (cinza) indicam a redundância em valores percentuais.
Ponto
km2
Ponto
%
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
1
6.0
4.6
5.1
5.4
4.0
3.7
3.0
1.5
2.0
2.1
1.4
1.2
0.3
0.0
0.0
0.0
0.0
2
64.7
8.3
7.9
7.2
4.1
3.3
2.5
1.1
1.5
1.6
1.0
1.0
0.3
0.0
0.0
0.0
0.0
3
62.1 85.2 10.3
9.4
5.3
4.3
3.0
1.4
1.8
1.9
1.3
1.2
0.3
0.0
0.0
0.0
0.0
4
56.5 67.6 80.5 13.1
8.1
7.0
5.2
2.9
3.4
3.3
2.0
1.4
0.4
0.0
0.0
0.0
0.0
5
47.1 42.3 48.8 66.6 11.2
9.7
7.5
4.7
5.0
4.6
2.9
2.2
1.0
0.4
0.0
0.0
0.0
6
40.6 32.1 37.9 54.9 82.6 12.3
9.6
6.4
6.6
6.2
4.0
3.2
1.9
1.0
0.1
0.0
0.0
7
27.0 20.6 22.9 35.6 55.1 67.8 16.0
9.7
10.1
9.2
6.4
5.5
4.0
2.8
1.6
0.5
0.1
8
17.6 10.9 12.7 24.0 41.4 53.8 70.8 11.4
9.7
9.3
6.7
5.8
4.9
3.8
2.4
1.2
0.1
9
22.7 14.7 16.1 27.4 43.7 55.4 73.1 85.0 11.5
9.8
6.7
5.6
4.3
3.0
1.8
0.7
0.1
10 23.9 16.1 17.4 26.3 40.2 51.5 66.4 80.6 84.7 11.7
8.0
6.6
5.1
3.8
2.5
1.2
0.1
11 15.4 10.5 11.4 16.2 25.5 33.5 46.0 58.2 57.7 68.3 11.7
9.5
8.1
6.6
4.2
2.0
0.5
12 12.6
9.5
10.1 10.7 18.3 25.4 38.1 48.0 45.9 54.1 78.0 12.7 10.4
8.4
5.2
2.5
0.7
13
3.8
3.4
3.2
3.0
9.0
16.4 29.9 43.5 38.4 45.6 71.9 88.5 10.9
8.8
5.5
2.8
0.8
14
0.0
0.0
0.0
0.0
4.0
9.4
22.3 37.4 29.8 36.6 64.4 77.8 88.4
8.9
5.4
2.8
0.9
15
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
1.5
14.9 28.3 20.8 28.1 48.3 56.4 65.6 73.6
5.7
2.9
0.5
16
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.1
5.7
16.8
9.4
16.8 27.2 32.5 39.9 47.1 66.1
3.0
0.3
17
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
1.0
1.4
1.3
1.2
7.4
10.4 13.8 17.2 14.7 14.8 1.0
Apesar do elevado grau de subjetividade nas experiências visuais no turismo
de observação/ecológico, é importante estabelecer um número mínimo de
pontos de observação (mirantes ou pontos de parada). Os dados de
redundância e singularidade de cada região avistada possibilita eliminar
subjetividades a cerca da escolha de pontos estratégicos para visualização da
paisagem. É importante, portanto, estabelecer um número que não seja baixo a
ponto de impedir o acesso do turista a um grande número de elementos
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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160
estruturais, e nem elevado demais para causar danos ambientais, entediar o
indivíduo ou implicar em gastos elevados em infraestrutura.
A ideia de otimizaçãopossibilitou identificar um conjunto restrito de quatro
pontos que, se avaliados conjuntamente, permitem observar 57% daquilo que
seria visto a partir dos 17 pontos. Tais pontos são representados pelos
números 3, 10,16 e 17 (Figura 5), os quais apresentam uma redundância de
9,21% entre eles.Apesar de não ser um valor alto (57%),o importante é que as
áreas escolhidas cobrem distintas porções do parque e arredores que são
vistas por vários pontos e se complementam entre si.
161
Figura 5. Contribuição para o campo de visão nos quatro pontos selecionados por possuírem
alta representatividade e baixa redundância. As áreas em cinza ao fundo indica o campo de
visão resultante para a totalidade dos 17 viewsheds.
A representação de cada ponto poderia ser alterada por outros que possuem
alta redundância com o mesmo. Mais abrangente que definir pontos ou uma
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regra exata, a presente análise possibilita visualizar um conjunto de áreas que
são redundantes e podem ser observadas em pontos diferentes.
A flexibilidade na escolha de pontos que avistam áreas de interesse auxilia os
planejadores, gestores e tomadores de decisão, na medida em que permitem
explorar as implicações de diferentes cenários (PRESSEY, 1999). A referida
flexibilidade permite aos planejadores de trilhas escolherem,de um conjunto de
pontos, aquele que atenda as melhores demandas do turismo local. Por
exemplo, pode ser o ponto que seja mais sombreado devido à proximidade de
árvores, próximo de um curso d'água ou que apresenta melhor estrutura física
para concentração de pessoas.
Uma gestão de trilhas que conduza ao uso destes quatro pontos poderia ser
representada pelos quatro mosaicos fotográficos da Figura 6.A análise visual
destes mosaicos ratifica o modelo apresentado na Figura 5 onde as áreas
escolhidas são pouco redundantes e representam boa parte da diversidade
paisagística de toda trilha. Assim a paisagem fotografada pode materializar a
singularidade através dos seus elementos constituintes e pelos objetivos de
sua produção, ao mesmo tempo dar significado à realidade natural (OLIVEIRA
JR, 2010).
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162
Figura 6: Fotomosaicos panorâmicos dos 4 pontos elencados.
4. Conclusão
O presente trabalho tratouda redundância como um conceito com forte relação
à ideia de complementariedade, (in)substituibilidade, representatividade,
vulnerabilidade, eficiência e flexibilidade. Estes conceitos são utilizados em
estratégias de conservação, como por exemplo no PSC – Planejamento
Sistemático da Conservação (MARGULES; PRESSEY, 2000) e podem ser
adaptados para a avaliação dos campos de visibilidade (viewshed) de uma
paisagem para fins turísticos.
Mediante a existência de redundância entre viewsheds de distintos pontos e de
eventuais limitações ambientais para a implementação de mirantes (alta
vulnerabilidade do ambiente), o uso de ponto alternativo que mostre algo
parecido (alta substituibilidade e flexibilidade) pode gerar um sistema adequado
para a experiência turística (alta eficiência das trilhas).A metodologia do
trabalho estabeleceu a estratégia de selecionar um número limitado de pontos
para a visualização da paisagem levando em consideração a redundânciae a
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163
alta representatividade dos campos visíveis. Os mirantes alocados em tais
pontos poderão fornecer, aosobservadores, experiências distintas, exclusivas e
não repetitivas (alta complementariedade).
Cabe ressaltar que embora o uso de modelos de viewshed ainda seja
incipiente no planejamento de trilhas para o turismo de observação e
ecoturismo no Brasil, a questão central que destacamos não é a disseminação
do método em si. O mais importante é a compreensão do método à luz de que
seus resultados podem ser confrontados à real demanda do turista e dos
gestores das áreas protegidas, além de que os resultados da técnica, tanto
quanto o modelo em si e suas variáveis de entrada, podem ser validados ou
contestados frente á realidade ou necessidade. A confecção de modelos de
otimização tem sido uma constante em vários campos da ciência, e parece ser
viável a construção de abordagens análogas no processo de planejamento e
gestão de trilhas em áreas naturais.
164
A discussão deste trabalho deve ser realizada no âmbito acadêmico e
gerencial, com vistas á evolução rumo a uma abordagem mais integradora para
a conservação e o ecoturismo. No caso específico do PNCV, os resultados
obtidos podem servir para orientar a interpretação da trilha na sua totalidade, e
não apenas nas cachoeiras localizadas no seu final. Além disso, podem
colaborar no planejamento ao direcionar pontos que seriam alvo para futuras
instalações de painéis informativos ou torres de observação.
6. Bibliografia
BRASIL. ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas:
impactos, monitoramento e manejo de trilhas
Sumario
01
Aves do Parque Marinha do Brasil: Subsídios para um roteiro de
168
observação de fauna em áreas verdes urbanas.
02
Concepção da Trilha Continuum – trilha de longo percurso dentro 187
dos parques estaduais de São Paulo.
03
Planejamento e recuperação das trilhas de acesso às cachoeiras 203
Paraíso e Véu da Noiva – APA São Thomé – São Thomé das
Letras (MG).
04
Revitalização da Trilha ‘Morro do Diabo’, no Parque Estadual do 218
Morro do Diabo, São Paulo, Brasil.
05
Mapeamento dos atrativos e usos nas trilhas do Parque Natural 248
Municipal Fazenda do Carmo, São Paulo/SP.
06
Práticas participativas para adequação do uso público – o caso do
167
266
Parque Nacional dos Campos Gerais/PR. Lilian Vieira Miranda
Garcia
07
Propriedades físicas do solo como indicadores de impactos em 286
trilhas na área de proteção ambiental do Cairuçu – Paraty/RJ.
08
Percepção dos visitantes sobre as trilhas do Parque Natural 310
Municipal da Taquara – PNMT, Duque de Caxias / RJ.
09
Turismo adaptado: a acessibilidade no manejo de trilhas.
325
10
Atividades turísticas e impactos ambientais negativos: uma 345
avaliação da Área de Proteção Ambiental Jenipabu, Extremoz/RN.
11
Usos e percepções acerca da Trilha das Lagoas na Universidade 362
Federal de Lavras, MG, Brasil.
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e
manejo de trilhas
AVES DO PARQUE MARINHA DO BRASIL: SUBSÍDIOS PARA UM ROTEIRO
DE OBSERVAÇÃO DE FAUNA EM ÁREA VERDE URBANA
Cristina Alves Nascimento1
Celson Roberto Canto Silva2
Resumo
Palavras-chave: Observação de aves; Parque Marinha do Brasil; Educação Ambiental;
Interpretação Ambiental.
Os Parques urbanos são áreas verdes que minimizam os impactos decorrentes
da ação antrópica, influenciando diretamente no bem-estar físico e mental da
sociedade. Por outro lado, constituem-se em refúgios para espécies silvestres
auxiliando-as no seu fluxo gênico, migração e busca por alimento e território. Os
parques urbanos do município de Porto Alegre têm disponibilizado aos seus
freqüentadores trilhas ecológicas, nas quais a Secretaria Municipal de Meio
Ambiente desenvolve projetos de educação e interpretação ambiental. Uma
dessas áreas é o Parque Marinha do Brasil, localizado às margens do lago
Guaíba, com aproximadamente 70 ha e grande diversidade de ambientes. A
observação de aves poderia ser incorporada aos projetos de interpretação
ambiental existentes no Parque, visto que a contemplação da natureza é um dos
principais objetivos apontados pelos seus frequentadores. Neste sentido, o
objetivo do presente trabalho foi realizar um inventário da avifauna do Parque no
intuito de atualizar a lista de espécies registradas para o mesmo, contribuindo
assim com subsídios para a implementação da atividade citada. O trabalho foi
realizado de novembro de 2012 a janeiro de 2013, com esforço amostral de 20h.
As aves foram observadas a partir de adaptação do método de observação direta
por pontos fixos. Foram identificadas 41 espécies, compreendidas em 11 ordens e
21 famílias, sendo Passeriforme a ordem mais representativa, com 56% das
espécies. Quanto à ocorrência, 46% das espécies foram classificadas como
ocasionais, enquanto as abundantes representaram apenas 5% da amostra. A
avaliação dos hábitos alimentares das espécies revelou uma grande diversidade
na exploração dos recursos alimentares existentes. Os resultados apontam que a
observação da ocorrência, distribuição e hábitos alimentares das aves podem ser
objeto de interpretação nos programas de educação ambiental em
1
cristina.anascimento@hotmail.com Curso Superior em Tecnologia em Gestão Ambiental,
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Porto Alegre
2
celson.silva@poa.ifrs.edu.br Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande
do Sul – Campus Porto Alegre
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desenvolvimento, contribuindo para a valorização dessas áreas verdes junto à
comunidade.
Resumen
Palabras clave: Observación de aves, Parque Marinha do Brasil, Educación ambiental,
Interpretación ambiental.
Los parques urbanos son áreas verdes que minimicen los impactos de las
actividades humanas, que influyen directamente en el bienestar mental y la salud
física de la sociedad. Por otro lado, constituyen refugios para las especies
silvestres en prestarles ayuda para su flujo de genes, la migración y la búsqueda
de comida y territorio. Los parques urbanos de la ciudad de Porto Alegre han
puesto a disposición de sus patrones senderos, donde el Municipal de Medio
Ambiente desarrolla proyectos de educación e interpretación ambiental. Una de
ellas es el Parque Marinha do Brasil, situado en las orillas del lago Guaíba,
aproximadamente 70 ha y una gran diversidad de ambientes. La observación de
aves podría incorporarse en los designios de interpretación ambiental en el
Parque, como la contemplación de la naturaleza es uno de los principales
objetivos expresados por los visitantes. En este sentido, el objetivo de este trabajo
fue estudiar la avifauna del parque con el fin de actualizar la lista de especies
registradas para el mismo, contribuyendo de este modo a las subvenciones para
la realización de dicha actividad. El estudio se realizó entre noviembre 2012-enero
2013, con muestreo de 20 horas de esfuerzo. Las aves se observaron a partir de
la adaptación del método de observación directa por puntos fijos. Se identificaron
41 especies, que van de 11 órdenes y 21 familias, siendo más orden paseriforme
representativo, con el 56% de las especies. Como por ejemplo, 46% de las
especies fueron clasificados como ocasional, mientras que representa sólo el 5%
abundante en la muestra. La evaluación de los hábitos alimenticios de las
especies mostraron una gran diversidad en la explotación de los recursos
alimentarios existentes. Los resultados indican que la observación de los hábitos
de ocurrencia, distribución y la alimentación de las aves puede ser objeto de
interpretación en los programas de educación ambiental en el desarrollo,
contribuyendo a la promoción de estos espacios verdes en la comunidad.
1. Introdução
O Brasil possui uma das mais ricas avifaunas do mundo, compreendendo, de
acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CRBO, 2011), 1.832
espécies de aves, das quais 661 ocorrem no Rio Grande do Sul (BENCKE, 2010).
Ou seja, o estado possui mais de um terço das aves conhecidas no país,
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resultado da variedade de habitats que o compõem graças a sua localização
geográfica dentro da zona de transição entre as florestas e os campos sulinos
(BELTON, 1993). As aves constituem o grupo de vertebrados mais estudado e
conhecido atualmente, devido ao hábito predominantemente diurno, ao padrão
colorido conspícuo, à diversidade de espécies e às respostas rápidas as
alterações ambientais, sendo utilizadas como bioindicadoras da qualidade do
meio (FAVRETTO et al., 2008; PENSE & CARVALHO, 2005; VALADÃO, 2006).
Portanto, o estudo da avifauna é uma importante ferramenta para a elaboração de
planos de manejo e conservação de áreas naturais, servindo, inclusive, como
referência da biodiversidade de determinado local.
Na dispersão de sementes, as aves estão entre os organismos mais importantes,
compondo uma parcela significativa da biomassa de vertebrados (TERBORGH,
1986 apud SCHERER et al., 2007), pois apresentam vantagens no que diz
respeito à mobilidade e à grande diversidade de espécies. Estas interações entre
a avifauna e a vegetação são extremamente importantes na dinâmica do
ecossistema, à medida que afetam diretamente a capacidade de reprodução e de
regeneração dos vegetais (GITHIRU et al., 2002 apud SCHERER et al., 2007).
Algumas ordens – tais como: Charadriiformes, Gruiformes, Pelecaniformes, entre
outras –, dependentes diretamente do ambiente aquático para alimentação e
reprodução, também desempenham uma importante função nas cadeias
alimentares locais, atuando como consumidoras terciárias e permitindo a
manutenção do fluxo de energia nesses ecossistemas (CARVALHO, 2010). Sick
(1997) complementa afirmando que a piscívoria das aves contribui para a seleção
natural, visto que elas se alimentam das presas menos aptas. Ou seja, a ausência
dessas espécies é um indício de desequilíbrio no meio aquático, servindo como
exemplo da importância do grupo na bioindicação da qualidade ambiental.
Contudo, segundo Belton (1993), a maior importância das aves está no estímulo
espiritual e intelectual que elas oferecem ao homem, proporcionando-lhe a melhor
combinação de beleza, hábitos interessantes e fácil observação. Sua plumagem
colorida é lendária e mesmo espécies aparentemente monótonas, quando vistas
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de perto provarão ter pequenos detalhes tão delicados, esmeros e precisos que
ninguém poderá deixar de admirar o fino trabalho da natureza. O canto delas,
característico de cada espécie, tem a mesma força para excitar a alma humana
que qualquer música previamente selecionada, sendo um estímulo para o ouvinte
especular sobre as origens deste fenômeno.
Neste sentido, embora pouco representativo no Brasil, o turismo de observação
de aves tem grande potencial, necessitando apenas de investimentos e pesquisas
que orientem essa implantação de modo sustentável (DIAS & FIGUEIRA, 2010;
PIVATTO & SABINO, 2007). A atividade segue a vertente contemplativa do
ecoturismo, baseando-se na observação dos animais em seu meio natural e
apresentando inúmeros impactos positivos, tais como: atrair incentivos financeiros
para a conservação da vida selvagem, gerar menos impactos e maior renda que o
turismo da vida selvagem, aumentar o controle local quanto à ocorrência de
espécies únicas à área, ampliar a área de turismo local, promover a valorização
do conhecimento da história natural e fomentar a educação e o emprego de guias
locais (DIAS & FIGUEIRA, 2010).
Contudo, na malha urbana, a fragmentação de áreas naturais diminui a qualidade
e a quantidade de recursos disponíveis, fazendo com que muitas espécies
animais silvestres busquem refúgio em Parques e Praças. Essas áreas verdes
urbanas lhes servem de auxiliam no fluxo gênico, na migração e na busca por
alimento e território (ANTUNES & ESTON, 2007; GILBERT, 1989 apud
FRANCHIN & JÚNIOR, 2003; LOPES & ANJOS, 2006; SCHERER et al., 2005;
VALADÃO et al., 2006). A ausência desses ambientes pode influenciar na
diminuição da biodiversidade, propiciando até a extinção local de algumas
espécies de aves (FAVRETTO et al., 2008; VALADÃO, 2006).
Porto Alegre, uma das cidades mais arborizadas do Brasil, possui oito parques e
582 praças, o que se reflete em sua alta qualidade de vida quando comparada as
demais capitais do país.Visto isso, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente
(SMAM), através do Centro de Educação e Informação Ambiental (CEIA),
promove Trilhas Ecológicas nos parques da cidade, objetivando conscientizar a
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população quanto aos problemas ambientais e formar multiplicadores ambientais,
capazes de disseminar conhecimentos e experiências aos mais diversos
segmentos da sociedade.
As trilhas são realizadas através de caminhadas orientadas por monitores do
CEIA, havendo pausas em pontos estratégicos para reflexões, discussões e
explicações. Os temas discutidos variam de acordo com o local e o público-alvo,
mas procura-se enfatizar a influência antrópica no desenvolvimento do parque e
as diferença entre a biodiversidade exótica e nativa, os ambientes naturais e
construídos e os diversos microclimas do local (CAMPOS & GUERRA, 2011;
MUHLER et al., 2008).
O Parque Marinha do Brasil, localizado às margens do Lago Guaíba, possui 70,7
ha e grande diversidade de ambientes, sendo procurado principalmente para
caminhadas ao ar livre e para a contemplação da natureza. Neste sentido, além
de um ambiente-chave para a manutenção da diversidade faunística de Porto
Alegre, é um espaço muito importante para o bem-estar físico e mental da
comunidade. Assim, o objetivo do presente trabalho foi determinar a composição
e distribuição da avifauna do Parque Marinha do Brasil, contribuindo na
atualização do conhecimento sobre o grupo na cidade e na geração de subsídios
para a implementação da atividade de observação de aves em projetos de
interpretação ambiental desenvolvidos no Parque.
2. Material e métodos
Os dados foram obtidos através de visitas ao Parque Marinha do Brasil, entre 16
de novembro de 2012 e 15 de janeiro de 2013, das 10h às 12h, totalizando 20h
de esforço amostral. Foram destinadas, em média 1h40min para cada uma das
áreas amostradais. Determinou-se onze áreas amostrais, o que permitiu uma
amostragem representativa da avifauna de todos os ambientes presentes no
Parque. Deste modo, foram selecionadas as seguintes áreas (Figura 1):
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173
Figura 1 - Áreas amostrais do Parque Marinha do Brasil. (1) Quadras esportivas; (2) Área
adjacente à pista de Skate; (3) Orla Norte do Lago Guaíba; (4) Túnel Verde Norte; (5) Solarium;
(6) Espelho d’Água; (7) Túnel Verde Sul; (8) Heliporto; (9) Orla Sul do Lago Guaíba; (10) Lagoa de
Contenção; e, (11) Ala Sul do Parque, próximo ao ginásio esportivo Gigantinho.
1) Quadras esportivas; 2) Área adjacente à pista de Skate (espaço com
vegetação herbácea circundado por árvores); 3) Orla Norte do Lago Guaíba; 4)
Túnel Verde Norte (alamedas); 5) Solarium (espaço reservado por uma cortina
verde e pequeno lago); 6) Espelho d’Água (instalação com piso de concreto e
lago artificial); 7) Túnel Verde Sul (alamedas); 8) Heliporto (espaço com
vegetação herbácea e árvores esparsas); 9) Orla Sul do Lago Guaíba; 10) Lagoa
de Contenção; e, 11) Ala Sul do Parque, próximo ao ginásio esportivo Gigantinho.
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
A amostragem foi realizada a partir de uma adaptação do método de observação
direta por pontos fixos (Pereira, 2006), em que cada área foi percorrida durante 20
minutos, sendo registradas todas as espécies mediante observação visual ou
vocalização. A correta identificação foi feita através de consultas aos guias de
campo: Belton (1993) e Efe et. al. (2001). O ordenamento das Ordens e Famílias
e a nomenclatura científica adotada foram as mesmas utilizadas na Lista de
Referência das Aves do Rio Grande do Sul (BENCKE, 2001). Em caso de dúvidas
na identificação em campo, anotou-se em planilha específica (Anexo I) o local de
observação, o comportamento, a aparência geral, o tamanho e a coloração do
espécime em questão. Posteriormente, utilizou-se a chave de identificação
constante no site “Guia Interativo de Aves Urbanas”, da Unicamp (SANTIAGO,
2012). .
A estrutura trófica foi determinada conforme a literatura (EFE et al., 2001;
SCHERER et al., 2005), adotando-se os seguintes agrupamentos: (IN) insetívoros
, alimentação baseada principalmente em insetos, capturados no chão, no ar,
entre a vegetação ou na casca de árvores; (FR) frugívoros, alimentação baseada
principalmente em frutos; (NE) nectarívoros, alimentação baseada principalmente
em néctar; (OM) onívoros, alimentação baseada em frutos, artrópodes e
pequenos vertebrados; (GR) granívoros, alimentação baseada na predação de
sementes; e (PI) piscívoros, alimentação baseada em peixes. A categoria de
ocorrência, designada de acordo com a frequência de ocorrência (FO) de cada
espécie, foi baseada em Rodrigues et al. (2005), com algumas adaptações: (A)
abundantes, espécies registradas em 75% a 100% das áreas, ou seja, com
frequência de ocorrência entre 75 e 100; (C) comuns, com frequência de
ocorrência entre 50 e 74; (E) escassa, com frequência de ocorrência entre 25 e
49; (R) raras, com frequência de ocorrência entre 11 e 24; (O) ocasionais, com
frequência de ocorrência menor que 10.
3. Resultados e discussão
Com base nos trabalhos em campo, foram identificadas 41 espécies de aves
compreendidas em 11 ordens e 21 famílias (Tabela 1). Passeriforme foi a ordem
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174
mais representativa, com 56% das espécies, enquanto as demais ordens
distribuíram-se entre os 44% restantes. Entre as famílias, destacam-se nos NãoPasseiriformes a Columbidae, com 10% das espécies, e nos Passeiriformes a
Emberizidae e a Tyrannidae, respectivamente, com 15% e 13% das espécies
identificadas. O predomínio de Passeiriformes já era esperado, uma vez que 294
das 661 (44,5%) espécies de aves do Rio Grande do Sul pertencem a esta ordem
(BENCKE, 2001).
Tabela 1 - Espécies de aves registradas no Parque Marinha do Brasil, Porto Alegre, RS.
FO
Abundânci
a
Agrupament
o Trófico
Biguá
18,18
R
PI
Garça-branca-grande
Garça-branca-pequena
Socozinho
18,18
9,09
18,18
R
O
R
OM
OM
OM
Ordem, Família e Espécie
PELECANIFORMES
PHALACROCORACIDAE
Phalacrocorax brasilianus
CICONIFORMES
ARDEIDAE
Casmerodius albus
Egretta thula
Butorides striatus
GRUIFORMES
RALLIDAE
Gallinula chloropus
CHARADRIIFORMES
CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis
Nome popular
175
Galinhola ou frango d'água
9,09
O
OM
Quero-quero
54,55
C
OM
Pombo-doméstico
Rolinha-picuí
Rolinha-roxa
Pomba-de-bando
72,73
27,27
18,18
54,55
C
E
R
C
OM
GR
GR
GR
Caturrita
9,09
O
FR
Anu-preto
Anu-branco
9,09
18,18
O
R
OM
OM
Beija-flor-de-veste-preta
Besourinho-de-bicovermelho
9,09
O
NE
9,09
O
NE
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE
Columba Lívia
Columbina picui
Columbina talpacoti
Zenaida auriculata
PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE
Myiopsitta monachus
CUCULIFORMES
CUCULIDAE
Crotophaga ani
Guira guira
APODIFORMES
TROCHILIDAE
Anthracothorax nigricollis
Chlorostilbon aureoventris
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Hylocharis chrysura
CORACIIFORMES
ALCEDINIDAE
Chloroceryle amazona
PICIFORMES
PICIDAE
Colaptes melanochloros
Colaptes campestris
PASSERIFORMES
FURNARIIDAE
Furnarius rufus
Syndactyla rufosuperciliata
FORMICARIIDAE
Thamnophilus ruficapillus
TYRANNIDAE
Elaenia sp.
Machetornis rixosus
Pitangus sulphuratus
Tyrannus melancholicus
Tyrannus savana
HIRUNDINIDAE
Progne tapera
TROGLODYTIDAE
Troglodytes musculus
MIMIDAE
Mimus saturninus
MUSCICAPIDAE
Turdus rufiventris
Turdus amaurochalinus
EMBERIZIDAE
Coereba flaveola
Paroaria coronata
Sicalis flaveola
Sporophila caerulescens
Thraupis sayaca
Zonotrichia capensis
PARULIDAE
Basileuterus culicivorus
ICTERIDAE
Molothrus bonariensis
PASSERIDAE
Passer domesticus
Beija-flor-dourado
18,18
R
NE
Martim-pescador-verde
9,09
O
PI
Pica-pau-verde-barrado
Pica-pau-do-campo
9,09
9,09
O
O
IN
IN
A
OM
Trepador-quiete
100,0
0
9,09
O
IN
Choca-de-boné-vermelho
9,09
O
IN
Suiriri-cavaleiro
Bem-te-vi
Suiriri
Tesourinha
9,09
9,09
81,82
27,27
9,09
O
O
A
E
O
OM
IN
OM
IN
IN
Andorinha-do-campo
72,73
C
FR
Corruíra
36,36
E
OM
Sabiá-do-campo
18,18
R
OM
Sabiá-laranjeira
Sabiá-poca
63,64
9,09
C
O
OM
OM
Cambacica
Cardeal
Canário-da-terra-verdadeiro
Coleirinho
Sanhaçu-cinzento
Tico-tico
9,09
18,18
27,27
9,09
27,27
9,09
O
R
E
O
E
O
IN
GR
GR
GR
FR
GR
Pula-pula
9,09
O
IN
Vira-bosta
27,27
E
IN
Pardal
45,45
E
OM
João-de-barro
FO = frequência de ocorrência. Abundância: A = abundante; C = comum; E = escassa; R = rara;
O = ocasional. Agrupamento trófico: IN = insetívoro; FR = frugívoro; NE = nectarívoro; OM =
onívoro; GR = granívoro; PI = piscívoro.
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Efe et al. (2001) registrou 77 espécies de aves no Parque, distribuídas em 31
famílias, enquanto Scherer et al. (2005) encontrou 74 espécies, compreendidos
em 29 famílias. Quanto à ocorrência, conforme a Figura 2, 46% das espécies
foram classificadas como ocasionais, ou seja, tiveram frequência de ocorrência
menor que 10, sendo exclusivas a uma das áreas amostradas. As espécies
abundantes, por sua vez, avistadas em mais de 75% das áreas, representaram
apenas 5% da amostra (Fig. 2). Tratam-se das espécies Funarius rufus,
visualizada em todos área amostradas, e Pitangus sulphuratus, avistada em 10
áreas, ambas pertencentes à Ordem Passeiriforme.
5%
12%
46%
17%
Abundante
Comum
Escassa
Rara
Ocasional
20%
Figura 2 - Ocorrência da avifauna do Parque Marinha do Brasil, Porto Alegre, RS.
177
Segundo Belton (1993), estas espécies são rivais de Vanellus chilensis (queroquero) no que se refere ao título de ave mais popular do Rio Grande do Sul. Esta
ampla distribuição reduz a probabilidade de extinção local destas espécies, pois
pode indicar a presença de populações numerosas das mesmas na área
(PRIMACK & RODRIGUES, 2001 apud FERREIRA et al., 2009).
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a
178
Figura 3 - Espécies da avifauna registradas no Parque Marinha do Brasil, Porto Alegre, RS. (a)
Vanellus chilensis; (b) Zenaida auriculata; (c) Columba livia; (d) Guira guira; (e) Progne tapera; (f)
Paroaria coronata; (g) Molothrus bonariensis; (h) Turdus rufiventris; (i) Gallinula chloropus; (j)
Colaptes melanochloros; (k) Colaptes campestres; (l) Eulaenia sp.; (m) Tyrannus melancholicus;
(n) Machetornis rixosus; (o) Tyrannus savana.
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A espécie Furnarius rufus, o joão-de-barro (Figura 4a) tem coloração geral
pardacenta, com a região dorsal mais escura e a garganta esbranquiçada, sendo
as patas e a ponta do bico negras. Vivem em ambientes campestres e margens
de florestas, sendo uma espécie bastante caminhadora (EFE et al., 2001). É
notável pelo ninho feito de barro (Figura 4b) e colocado em postes de eletricidade
ou grandes galhos de árvores que, inclusive, orgina seu nome popular. (BELTON,
1993). A construção é compartilhada pelo casal, que trabalha o barro úmido,
misturado com esterco e palha, com os pés e o bico. Os ninhos abandonados são
utilizados por várias espécies, destacando-se a andorinha-do-campo (Progne
tapera) e o canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola) (EFE et al., 2001), ambos
registrados no presente estudo.
179
Figura 4 - Furnarius rufus (a) e ninho do mesmo (b) observados no Parque Marinha do
Brasil.
Por sua vez, o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) (Figura 5) é bastante conhecido
por sua coloração viva – o topo da cabeça é negro e uma faixa branca, acima dos
olhos, circunda toda a cabeça, sendo que abaixo desta, outra faixa negra liga o
bico a nuca – e seu canto onomatopeico, que muitas vezes precede sua
visualização. Podem ser encontrados em praticamente todos os ambientes,
inclusive praias marinhas (BELTON, 1993; EFE et al., 2001). Os ninhos, grandes
e fechados, com uma entrada lateral, são construídos essencialmente por capim
seco, paina e finos gravetos, material comumente roubado de outros ninhos de
aves (EFE et al., 2001).
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Figura 5 - Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus). FONTE: EFE et al., 2001.
A área amostral 3, referente à orla norte do Lago Guaíba, apresentou a maior
riqueza de espécies (16) quando comparada à demais (Figura 6), possivelmente
graças à sua maior heterogeneidade espacial, oferecendo uma quantidade maior
de micro-habitats, e portanto, permitindo o estabelecimento de um maior número
de espécies. Elevada riqueza de espécies também foi observado por Franchin &
Junior (2003) no Parque Municipal do Sabía, em Uberlândia (MG), e por Ferreira
et. al. (2009) na Reserva Particular do Patrimônio Cultural Mata Samuel de Paula,
em Nova Lima (MG), locais com grande heterogeneidade de habitats.
18
16
14
Riqueza
12
10
8
6
4
2
0
1
2
3
4
5
6
7
Pontos amostrais
8
9
10
11
Figura 6 - Riqueza da avifauna do Parque Marinha do Brasil por área amostral. (1)
Quadras esportivas; (2) Área adjacente à pista de Skate; (3) Orla Norte do Lago Guaíba; (4) Túnel
Verde Norte; (5) Solarium; (6) Espelho d’Água; (7) Túnel Verde Sul; (8) Heliporto; (9) Orla Sul do
Lago Guaíba; (10) Lagoa de Contenção; e, (11) Ala Sul do Parque, próximo ao ginásio esportivo
Gigantinho.
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A orla sul do Lago Guaíba (Figuras 1-9 e 7), onde foi registrado o menor número
de espécies (6), conforme a Figura 6, compreende principalmente um ambiente
de mata fechada com difícil acesso, dificultando a observação e a identificação da
avifauna. Ou seja, a diversidade de aves registrada neste local pode ter sido
subestimada em função desta limitação.
Figura 7 - Orla Sul do Lago Guaíba (área amostral 9)
Os hábitos alimentares predominantes, igualmente ao observado em diversos
estudos realizados em ambientes urbanos no Brasil (FAVRETTO et al., 2008;
FRANCHIN & JÚNIOR, 2003; RODRIGUES et al., 2005; SCHERER et al., 2005;
VALADÃO et al., 2006a e 2006b), foram onívoro (39%) e insetívoro (25%),
englobando 64% do total de espécies, conforme evidencia a Figura 8. Isto
corrobora com a conclusão de Scherer et al. (2005) de que, mesmo influenciada
por ações antrópicas, a avifauna das áreas verdes urbanas, no que se refere à
estrutura trófica, é semelhante àquela encontrada em áreas naturais. Assim, é
possível que a proximidade do parque com o Lago Guaíba e os remanescentes
de vegetação nativa ajudem a manter a constituição trófica da avifauna num
estado semelhante.
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181
5%
17%
25%
Insetívoro
Frugívoro
Nectarívoro
7%
7%
39%
Onívoro
Granívoro
Piscívoro
Figura 8 - Agrupamento trófico da avifauna do Parque Marinha do Brasil, Porto Alegre, RS.
Willis (1979 apud SCHERER et al., 2005) ressalta que a presença de onívoros em
fragmentos pequenos é esperada, visto que este agrupamento trófico explora
melhor as oscilações de disponibilidade de alimento nestes ambientes, sendo
que, segundo Villanueva & Silva (1996 apud VALADÃO, 2006b), ele é
normalmente representado por espécies generalistas, beneficiadas pelas
alterações do meio urbano. Embora todas as espécies registradas constem na
Lista de Referência das Aves do Rio Grande do Sul (BENCKE, 2001), foram
obtidos dois novos registros para o Parque Marinha do Brasil: Syndactyla
rufosuperciliata e Mimus saturninus.
O trepador-quiete (Syndactyla rufosuperciliata) (Figura 9), observado somente na
área 2 (Figura 1-2), tem sua parte inferior coberta de riscos na cor creme e calda
ferrugínea proeminente, partes superiores marrom-oliváceas, bico curto e robusto
e uma listra superciliar avermelhada. Habita os interiores ou as bordas de matas
mais densas, sendo geralmente encontrado a pouca altura do solo (BELTON,
1993; EFE et al., 2001). Põem seus ovos em cavidades de árvores, escavadas
por eles ao aproveitarem árvores doentes ou oriundas de ocos de pica-paus e
buracos naturais (EFE et al., 2001).
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Figura 9 - Trepador-quiete (Syndactyla rufosuperciliata)
O sabiá-do-campo (Mimus saturninus) (Figura 10), apesar de seu nome popular,
não tem nenhum parentesco direto com as espécies de sabiás do gênero Turdus
(Família Muscicapidae) (EFE et al., 2001). Ele é predominantemente cinzento e
branco, sendo melhor identificado pela sobrancelha branca proeminente e pela
cauda comprida com penas externas brancas.
Vive em campos e área abertas com árvores e arbustos espalhados, ambiente
encontrado nas áreas 2 (Figura 1-2) e 10 (Figura 1-10), onde foi observado. Pode
reproduzir-se mais de uma vez ao ano e os ninhos são elaborados com gravetos
e fibras vegetais no formato de uma tigela rasa, sendo fixados entre os ramos de
árvores baixas ou arbustos (BELTON, 1993; EFE et al., 2001). Seu canto
caracteriza-se pela exuberância, mas contém muitos sons ásperos e não musicais
(BELTON, 1993). Nenhuma espécie constante na lista é considerada ameaçada
de extinção, em qualquer nível, no Rio Grande do Sul (MARQUES et al., 2002),
no Brasil (MACHADO et al., 2008) ou no mundo (IUCN, 2013).
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Figura 10 - Sabiá-do-campo (Mimus saturninus). FONTE: BELTON, 1993.
4. Conclusão
O número de espécies encontradas pode ser considerado baixo, mas reflete o
pequeno esforço amostral, pois o levantamento foi realizado durante apenas três
meses, não compreendendo um ciclo sazonal completo. Portanto, são
imprescindíveis estudos de longo prazo, que permitam um levantamento efetivo
das espécies de aves, abrangendo seus horários de maior atividade e todas as
estações do ano, preenchendo-se, assim, as lacunas quanto ao conhecimento da
avifauna local. Isto é essencial para o planejamento da gestão de áreas urbanas,
ameaçadas pelos impactos de um crescimento urbano desordenado.
De qualquer modo, apesar de ser uma área pequena e apresentar vegetação
alterada, com predominância de espécies exóticas, o Parque Marinha do Brasil
abriga um número considerável de espécies de aves, representativo da
diversidade encontrada na região, devendo ser visto como uma importante área a
ser conservada. A implementação da atividade de observação de aves constituise numa boa estratégia de educação ambiental, visando a valorização dos
atrativos naturais do parque e, por conseguinte, incentivando junto ao público a
sua conservação.
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Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e
manejo de trilhas
CONCEPÇÃO DA TRILHA CONTINUUM – TRILHA DE LONGO PERCURSO
DENTRO DOS PARQUES ESTADUAIS DE SÃO PAULO
Daniela Midori Kaneshiro3
Érika Sayuri Koga4
Kátia Pisciotta5
Resumo:
Palavras-chave: Unidade de Conservação; ecoturismo; manejo de trilhas; trilhas
de longo percurso.
Este artigo visa analisar uma experiência inédita no estado de São Paulo: a
concepção e o processo de implantação da Trilha do Continuum dentro dos
Parques Estaduais “Carlos Botelho”, Intervales e Turístico do Alto Ribeira PETAR. Com o crescimento de adeptos das caminhadas em áreas naturais,
aumentou a busca por trilhas dentro das Unidades de Conservação (UC), ao
mesmo tempo em que maiores cuidados com o manejo e gestão das trilhas são
exigidos. Nesse contexto, por meio do “Projeto de Desenvolvimento do
Ecoturismo na Mata Atlântica”, executado com recursos de contrato de
empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento, a Secretaria de Meio
Ambiente do Estado de São Paulo ampliou as oportunidades de visitação nos
referidos Parques Estaduais, com foco na promoção do desenvolvimento
sustentável na região, aliando a conservação da natureza com oportunidades
para as comunidades e empreendedores das áreas envoltórias das UC
contempladas. Para tanto, a implantação da trilha incluiu intervenções, plano de
gestão, em detalhamento, e sistema de avaliação/monitoramento, tendo sido
executadas intervenções
nos três primeiros trechos, totalizando 72 km.
Resultados esperados: A etapa de planejamento foi superada com sucesso para
a atuação prática. Implantar toda a extensão da Trilha do Continuum e fazer a
gestão de seu uso requer muitos esforços e recursos específicos. A concretização
de experiência bem sucedida com o trecho implantado abrirá novas perspectivas
para o uso público dentro das UC, vislumbrando a expansão dessa experiência no
3
Mestranda em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela UFSCAR e Engenheira Ambiental pela UNIFEIMG, Engenheira de Segurança do Trabalho pela Faculdade Oswaldo Cruz e trabalha na Secretaria do Meio
Ambiente do Estado de São Paulo (midorikaneshiro@yahoo.com.br)
4
Mestre em Hospitalidade pela UAM-SP e Bacharel em Turismo pela USP, trabalha na Secretaria do Meio
Ambiente do Estado de São Paulo (kogadinapoli@gmail.com)
5
Mestre em Ciência Ambiental pelo Procam/USP e Zootecnista pela FMVZ/USP, trabalha na Fundação
Florestal do Estado de São Paulo (katiapisciotta@gmail.com)
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espaço paulista e brasileiro, sendo imprescindível que o contingente da Fundação
Florestal tenha o apoio de empresas de turismo e das comunidades locais.
Resumen:
Palabras clave: unidad de conservación, el ecoturismo, el manejo de senderos,
senderos largo.
Este artículo se propone analizar una experiencia sin precedentes en el estado de
São Paulo: el proceso de diseño y implementación de la Ruta en el Continuum de
Parques: Carlos Botelho, Intervales y el Turístico do Alto Ribeira - PETAR. Con el
crecimiento de adeptos al senderismo en los espacios naturales se ha
incrementado la búsqueda de senderos dentro de las Unidades de Conservación
(UC), sin embargo se requiere un cuidado con el manejo y gestión de senderos.
En consecuencia, a través del Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na
Mata Atlântica, con los recursos del préstamo del Banco Interamericano de
Desarrollo de acuerdo, el Departamento Ambientale del Estado de São Paulo há
ampliado las oportunidades para las visitas en los parques estatales, centrándose
en la promoción del desarrollo sostenible en la región, que combina la
conservación de la naturaleza con oportunidades para las comunidades y los
empresarios en las áreas de UC contempladas. Por lo tanto, la implementación de
la ruta incluye intervenciones, plan de manejo en detalle, y la evaluación /
monitoreo del sistema, que hasta la fecha suma 72 km de intervenciones en los
tres primeros tramos. Resultados esperados: La etapa de planificación fue
superada con éxito para la acción práctica. Implementar toda la extensión del
Continuum Trail y gestionar su uso requiere muchos esfuerzos y recursos
específicos. El logro de la exitosa experiencia con el tramo desplegado abren
nuevas perspectivas para el uso público dentro de la UC, vislumbrando la
expansión de esta experiencia en São Paulo y en Brasil, siendo indispensable que
el contingente de la Fundación Florestal cuente con el apoyo de las empresas y
las comunidades de turismo locales.
1. Introdução
A necessidade de deslocamento das pessoas fez com que as trilhas surgissem e
se espalhassem por todos os lugares, até serem substituídas por outras
categorias de trajeto. Mas elas resistem, e o deslocamento de um lugar ao outro
pode ser mais agradável se for por uma trilha (Gualtieri et al 2008). Nos dias de
hoje, o uso das trilhas está também relacionado à necessidade de contato direto
com a natureza, à busca de experiências e de recompensa pelos esforços
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investidos (físicos e mentais), incorporando um sentido ao próprio percurso. O
esforço primordial a ser recompensado ao percorrer trilhas de longo percurso em
ambientes naturais como florestas e campos, montanhas e rios, praias e
mangues, pode ser tanto menor quanto maior forem os preparativos para o
enfrentamento das dificuldades, seja como uma prática de caminhada individual
ou em grupo, com orientação por meio de mapas, bússola ou aparelhos de
navegação e o uso de equipamentos adequados, como vestimentas e calçados,
bastão de caminhada, mochilas e barracas leves, além de todo o cuidado na
escolha dos alimentos a serem consumidos, da percepção do turista com relação
ao tempo e perigos existentes. A demanda por atividades em trilhas de diversas
distâncias têm como característica a beleza conjugada à presença de atrativos
turísticos. Nos últimos anos verificou-se um crescimento de adeptos das
caminhadas em áreas naturais, aumentando a procura por trilhas dentro das
Unidades de Conservação (UC)6.
“Uso público” é expressão utilizada por órgãos oficiais ligados ao manejo das
áreas naturais protegidas no Brasil, sendo definido como o usufruto feito pelo
público, seja turista, educador, pesquisador ou religioso (Magro, 1999; SÃO
PAULO, 2009b). Tal usufruto consiste em oferecer ao visitante a oportunidade de
conhecer, de forma lúdica, os atributos e valores ambientais protegidos pelo local
(IBAMA, 2002). Neste documento, a expressão “uso público” é utilizada para
definir o uso e as atividades oficialmente permitidas e que são desenvolvidas
tanto no interior da UC, como em sua área de entorno.
Desde 2005, o Estado de São Paulo vem investindo na otimização e
diversificação de atividades de uso público em UCs sob sua administração por
meio do “Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Região da Mata Atlântica”
(Projeto Ecoturismo). Uma das ações do Projeto foi possibilitar o desenvolvimento
6
Unidade de Conservação, segundo lei Federal n° 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação (SNUC): espaço territorial e seus recursos ambientais, com características naturais
relevantes, instituído pelo Poder Público, com a finalidade de conservação e limites definidos, sob regime
especial de administração para garantir sua adequada proteção.
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de estudos para um amplo sistema de trilhas, incluindo a construção e reforma de
equipamentos facilitadores de acesso, de segurança e de sinalização,
consolidando as trilhas como atrativos geradores de benefício para as
comunidades do entorno das UCs. A partir da experiência vivenciada pela equipe
do Projeto de Ecoturismo, este artigo analisa o processo desde a concepção até a
implantação da Trilha do Continuum, considerando a proposta inicial de ser um
produto de promoção do desenvolvimento sustentável, aliando a conservação da
natureza ao desenvolvimento socioeconômico regional.
Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada pesquisa bibliográfica e
documental de todos os estudos relacionados com as trilhas, desde 2004, ano de
início da preparação do Projeto de Ecoturismo. Também foram incorporadas as
experiências dos técnicos envolvidos com as ações desenvolvidas pela SMA e
pela Fundação para a Conservação e Produção Florestal do Estado de São Paulo
(FF), entidade que atualmente está incumbida da gestão dos Parques Estaduais
abrangidos pelo Projeto. As referências para a Trilha do Continuum foram obtidas
em seminário realizado em 2007, no qual foram apresentados casos
internacionais de trilhas de longo percurso, como as do Nepal e a Appalachian
Trail dos Estados Unidos, além da travessia Petrópolis-Teresópolis, no Rio de
Janeiro, que se apresenta como um dos principais atrativos do Parque Nacional
(PARNA) Serra dos Órgãos. Outra referência foi o produto Review and Concept
Plan for na Ecotourism Strategy.
2. Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Região da Mata Atlântica
O Projeto de Ecoturismo abrange seis Parques Estaduais (PE), sendo cinco
localizados no Vale do Ribeira e Alto Paranapanema - PE Turístico do Alto Ribeira
(PETAR), PE Caverna do Diabo (PECD), PE Ilha do Cardoso (PEIC), PE “Carlos
Botelho” (PECB), PE Intervales (PEI) - e um no Litoral Norte - PE Ilhabela (PEIb).
O Projeto – cujas atividades administrativas encerraram-se no primeiro semestre
de 2013 - foi financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
sendo executado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA). Seu objetivo
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principal foi o de organizar as UCs como produtos turísticos para atrair, reter e
satisfazer um mercado diversificado de visitantes, visando consolidar a vocação
do turismo sustentável como estratégia de conservação da Mata Atlântica e em
apoio ao desenvolvimento socioeconômico regional (SÃO PAULO, 2005).
Em função da Trilha do Continuum localizar-se no Vale do Ribeira, este artigo
apresenta abordagens mais específicas para esta região.
Apesar desse cenário, a Mata Atlântica remanescente no Estado ainda
apresenta inúmeras possibilidades para a conservação da
biodiversidade, alternativas de desenvolvimento sustentado, educação
ambiental, lazer e pesquisa científica, voltada a novos produtos, como
por exemplo, os medicinais, aromáticos, ornamentais, etc. (BRASIL,
1997, p. 13).
Quando comparado ao restante do estado de São Paulo, o Vale do Ribeira
apresenta deficiências acentuadas no que se refere ao seu
desenvolvimento
socioeconômico. A região é considerada uma das mais pobres do estado, com
carência de investimentos no campo social, em infraestrutura e regularização
fundiária.
O chamado “Contínuo Ecológico de Paranapiacaba”, que deu origem ao Mosaico
de Paranapiacaba – é composto por três dos parques beneficiados pelo Projeto
de Ecoturismo7, pelo PE Nascentes do Paranapanema (PENAP), pela Estação
Ecológica de Xitué (EEcX) e por parte da Área de Proteção Ambiental (APA) da
Serra do Mar – e representa uma das áreas mais preservadas desta região,
abrangendo território superior a 100.000 ha de Mata Atlântica. Este grande
remanescente situa-se nos municípios de São Miguel Arcanjo, Capão Bonito,
Ribeirão Grande, Guapiara, Tapiraí, Iporanga, Sete Barras, Apiaí e Eldorado,
abrangendo porções da planície do rio Ribeira de Iguape, estendendo-se à
vertente atlântica da serra de Paranapiacaba e atingindo o divisor de águas entre
as bacias dos rios Ribeira de Iguape e Paranapanema. É o segundo e mais
importante corredor de Mata Atlântica preservado no estado de São Paulo (SÃO
7
PETAR, PEI e PECB
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PAULO, 2008B). Contíguas a essa área estão, ainda, grandes propriedades
cobertas por florestas, grandes extensões territoriais ocupadas por comunidades
quilombolas, como a APA dos Quilombos, além de áreas habitadas pela
população ribeirinha. Estas características fazem da região do Contínuo de
Paranapiacaba um dos principais patrimônios socioambientais do planeta.
2.1 Concepção da Trilha do Contínuo8
A trilha do Continuum acentua e fortalece o imenso valor ambiental desta extensa
área de floresta contínua, potencializando a atratividade dos parques e
fornecendo instrumentos facilitadores para a educação ambiental. Os estudos
relacionados à Trilha do Continuum focaram-se nos aspectos físicos do percurso,
de modo que fossem descritas e analisadas as condições de caminhada em cada
trecho, até a interligação plena entre os parques estaduais do Projeto que
compõem o Contínuo Ecológico de Paranapiacaba - PETAR, PEI e PECB. Desde
o início foi indicada a utilização dos trechos já existentes, proposta esta que se
viabilizou quando da implantação da trilha: não houve a necessidade de abertura
de novos caminhos, apenas de clareamento e ajuste de traçados.
Como resultados dos estudos, destacam-se: (i) o panorama dos parques
estaduais contemplados pelo Projeto de Ecoturismo, que inclui o registro e análise
dos desafios e conflitos para a implantação e o manejo da Trilha do Continuum; e
(ii) a descrição e dimensionamento das intervenções necessárias para efetiva
implantação. A etapa subsequente foi justamente a de contratação de serviços
técnicos para implantação das intervenções indicadas pelo estudo.
Como consequência da evolução das discussões sobre a trilha, o projeto passou
a ser visto como uma estratégia de gestão dos parques, a partir da perspectiva de
maior presença em áreas recônditas e inóspitas, onde a ocorrência de infrações
como
extração
de
palmito
e
plantas
ornamentais,
caça,
queimada,
8
Há alguns estudos sobre a trilha que o nomeiam Contínuo ao invés de Continuum. Neste artigo, foi
adotado o termo em latim.
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desflorestamento, entre outras, é frequente. Em 2004, o BID contratou um
consultor para sintetizar as propostas de ecoturismo, com as opiniões e as
necessidades dos parques, além de dar suporte para a preparação do Projeto.
193
Figura 11 – Imagem da Visão Geral do Projeto Ecoturismo (ROBINSON, 2005)
Como pode ser observada na Figura 1, a concepção do Projeto de Ecoturismo
consistiu em transformar o turismo em base de subsistência das comunidades,
substituindo a ideia de mero consumo dos recursos naturais protegidos. Para
tanto, houve a conscientização de que, para desenvolver a região, seriam
necessárias capacitações em todos os níveis, bem como seria imprescindível o
desenvolvimento de atividades para atender melhor os visitantes. Beneficiar a
comunidade do entorno foi um dos princípios do Projeto.
Na concepção da Trilha do Continuum, a integração social com as comunidades
do entorno das UCs foi uma preocupação constante. A proposta original incluía
traçado que transpunha os limites das UCs, a fim de motivar uma atividade de
aventura planejada e engajada com o contato direto com o entorno, incentivando
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empreendimentos relacionados com acomodação, alimentação, comércio de
artesanatos e outros produtos de necessidade ao caminhante, fomentando
também a economia da região. O produto foi inicialmente intitulado de “The 20
days trail”. Contudo, conforme será descrito adiante, as contingências
operacionais e administrativas do seu processo de implantação levaram a um
traçado delimitado pelas fronteiras dos parques, sem, contudo, deixar de encarar
as trilhas como importante atrativo gerador de benefícios para a sociedade
situada ao redor das UCs (ROBINSON, 2005). Como visto, o atributo mais
importante da Trilha do Continuum é a floresta atlântica. Ou seja, as
possibilidades oferecidas ao visitante estão relacionadas principalmente à
experiência de percorrer um longo trecho de ambiente florestal, em diversos
estágios sucessionais.
Como o Projeto teve como principais focos a abertura de novas oportunidades
para as comunidades do entorno das UCs e a busca por novos ecoturistas para a
região, foram realizadas oficinas de planejamento participativo com as populações
locais, visando mobilizar os interessados, levantar as demandas por cursos e
quantidade necessária de vagas, envolvendo os grupos, numa gestão pública
participativa. As oficinas seguiram os princípios do enfoque participativo, com
ênfase no intercâmbio de experiências e conhecimentos, tendo como ferramentas
metodológicas a visualização, apresentações, problematização, documentação,
trabalhos em grupos e sessões plenárias, gerando como resultado principal o
mapeamento das demandas de capacitação. Na sequência, o Projeto Ecoturismo
ofereceu cursos em dez temas: Aperfeiçoamento de monitores ambientais,
Artesanato tradicional, Gestão de projetos, Organização institucional, Elaboração
de plano de manejo agroflorestal, Plano de negócios institucional, Plano de
negócios de artesanato, Plano de negócios para produtos agroflorestais, Coleta
de sementes e Apicultura e meliponicultura. (KOGA et al, 2013). Os cursos
almejaram o envolvimento entre diversos segmentos, formatação de novas
parcerias, fomento da cadeia produtiva do turismo e potencialização das UCs
como destinos para visitação.
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2.2 Implantação da Trilha do Contínuo
A Figura 2 a seguir ilustra o traçado completo da Trilha do Continuum,
percorrendo o PETAR (verde), o PEI (amarelo) e o PECB (azul), e a Tabela 1
descreve cada um dos seus trechos, indicando o percurso total, de 194 km.
195
Figura 12 – Traçado completo da Trilha do Continuum (São Paulo, 2009a)
A falta de planos de manejos aprovados e de regularização fundiária no entorno
dos parques motivou a mudança do traçado para o interior das UCs durante o
estudo e durante a fase de implantação. Além disso, as intervenções do Projeto,
pelas Políticas do BID, só podiam ser realizadas no interior das UCs beneficiadas,
sendo selecionados, então, os trechos descritos na Tabela 1.
Tabela 1. Trechos de levantamento da Trilha do Continuum9
Trecho Percurso:
1
Núcleo Santana / Núcleo Caboclos
2
Núcleo Caboclos / Base Bulha d’água
9
Distância (m) Distância (km)
24.424
72
22.833
O levantamento foi realizado pela empresa Ruschmann Consultores em 2009.
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Base Bulha d’ água / Sede PE Intervales
Sede PE Intervales / Base São Pedro
Base São Pedro / Base Quilombo
Base Quilombo / Núcleo Sete Barras
Núcleo Sete Barras / São Miguel Arcanjo
TOTAL
Fonte: São Paulo, 2009a.
3
4
5
6
7
25.006
40.605
24.424
24.345
32.444
194.081
89
33
194
Para cada um dos trechos levantados foram detalhados: principais pontos de
interesse, fotos dos locais, riscos identificados10, atrativos, temas para
interpretação, locais de acampamento, recomendações para implantação da trilha
e conceitos a serem trabalhados na estratégia de marketing.
Em 2011, a licitação para elaboração de projeto executivo e implantação das
trilhas resultou deserta, pela escassez de empresas de atuação nesse ramo
conjugada com o baixo valor estimado da contratação, pouco atrativo para a
especialidade das atividades a serem desenvolvidas. Nova licitação foi realizada e
bem sucedida em 2012. A etapa de implantação das intervenções teve como
11
objeto os três primeiros trechos, totalizando 72 km de trilhas . Após as obras,
planeja-se que serão necessários oito dias de aventura, dependendo do grupo, da
experiência e preparo físico de cada caminhante, dos interesses em campo
(maior ou menor grau de dedicação à observação de detalhes) e das condições
ambientais, entre elas, as meteorológicas. Não será necessário percorrer os 72
km em uma única empreitada, pois há pontos de saída, localizados nos núcleos,
bases e sedes dos parques.
Os temas gerais relacionados a esta trilha são:
a estrutura da floresta - matas abertas e fechadas, campos de altitude,
árvores gigantes, epífitas, flores, liquens, cogumelos;
10
Estudo de Riscos foi realizado pela empresa Módulo Security Solutions em 2009
11
O Projeto de Ecoturismo contratou a empresa TECTOM Serviços Verticais em 2012
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196
ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica - mata de encosta, além
de paredões rochosos;
a observação da fauna e de seus vestígios: aves, mamíferos de grande e
médio porte, pequenos mamíferos, terrestres e voadores (morcegos),
anfíbios, répteis, invertebrados; rios, corredeiras e cachoeiras;
cavernas e afloramentos rochosos;
além dos inúmeros mirantes (SÃO PAULO, 2005;2008a).
Neste momento, em que a Trilha está fisicamente estabelecida, resta organizar
sua operação, delimitando como se dará a gestão, propriamente dita,
contemplando ações normativas e de controle, cuidado e manutenção,
monitoramento de impactos, entre outros tópicos essenciais.
2.3 Dificuldades e Desafios
Limitação de recursos financeiros, excesso de demanda nas equipes envolvidas,
pressão no cumprimento dos prazos exigidos pelo Contrato de Empréstimo,
carência de fornecedores aptos ao atendimento das exigências dos editais, bem
como situações de conflitos sociais e territoriais nos limites das UCs foram as
dificuldades e desafios verificados durante a elaboração do estudo e a
implantação do mesmo. Com recursos do Projeto Ecoturismo, apenas os trechos
1, 2 e 3 foram implantados (SÃO PAULO, 2010). A execução desses serviços
incluiu: clareamento das trilhas, colocação de degraus e corrimões, construções
de pontes, pinguelas, guarda-corpos, passarelas e mirantes, drenagem e
prevenção em áreas alagadas, instalação de totens de KM e sinalização de
abertura das trilhas e placas de segurança e contingência.
A escolha dos trechos foi justificada: o PEI é um dos parques pioneiros no
segmento do ecoturismo no estado de São Paulo, sendo das poucas UCs que
oferece infraestrutura de hospedagem em seu interior. É um destino muito
procurado por escolas e grupos de estudo do meio. Com a trilha de longo
percurso passa a receber visitantes com outro perfil, voltado para o turismo de
aventura. Por este motivo foi o ponto final da implantação. O marco zero está no
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PETAR, que tem diversas hospedagens nos bairros do entorno, consistindo numa
ótima possibilidade para fomentar ainda mais a cadeia produtiva do turismo, bem
como incentivar o já existente fluxo de visitantes com perfil mais aventureiro neste
Parque. Os trechos 4 e 5, conforme Tabela 1, não foram implantados em razão da
insuficiência de recursos, optando-se por promover
melhorias nas trilhas já
existentes e utilizadas pela visitação atual. O trecho 6 também não foi viabilizado
pela escassez de recursos e diante de riscos, apontados na fase de estudo da
trilha,
relacionados ao
extrativismo
de palmito,
que
impossibilitaram
a
continuidade dos trabalhos naquela localidade.
Verificou-se, diante deste contexto, que o perfil do visitante do Parque Estadual
“Carlos Botelho” (famílias e grupos de excursão) indicava a implantação da Trilha
das Bromélias, com total acessibilidade para portadores de necessidades
especiais. A Trilha estende-se por quase 400 metros, com piso e corrimão de
madeira, circundando área da sede do Parque, e terminando no Centro de
Visitantes, onde uma exposição temática sobre o Parque pode ser explorada.
Para cada UC foi criada um exposição permanente, a partir de temas
especialmente relacionados ao local, mas com um mesmo padrão estético. A
proposta foi oferecer informações específicas e complementares à vivência de
campo, e, ao mesmo tempo, estimular o visitante a conhecer melhor o parque
visitado, seu entorno e outras UCs do estado. Embora não contemplado no
contrato de implantação de trilhas, o trecho 7 recebeu outro tipo de investimento
do Projeto de Ecoturismo: por tratar-se de uma rodovia estadual que liga as
cidades de Sete Barras a São Miguel Arcanjo, cortando toda a extensão do
PECB,
foram
12
infraestrutura
implantadas
no
trecho
da
estrada-parque
sinalização
e
de lazer para visitantes. Além dos veículos que cruzam a estrada
de terra rumo ao Vale do Ribeira e litoral, os públicos mais frequentes são
romeiros, trilheiros e ciclistas.
12
Sinalização foi implantada pelas empresas Sinalta Propista e Ecoview, e a Infra-Estrutura pela empresa
EBCI Industrial.
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Um desafio nesse processo foi conciliar as etapas de elaboração do projeto
executivo das trilhas com a implantação das mesmas, diante do prazo
remanescente de último desembolso do Projeto. O longo período de tempo entre
o estudo e a implantação foi uma das dificuldades, já que as prioridades a serem
implantadas na trilha foram alteradas por intempéries ou falta de manutenção.
Além disso, o contrato de implantação das trilhas também demandou aditivo
qualitativo e quantitativo devido às variações na gestão das UCs durante a
execução do mesmo. É importante ressaltar que melhorias foram implantadas,
mas o perigo e riscos ainda existem nas trilhas, portanto, manutenção e
monitoramento são atividades que devem ser incorporadas na rotina dos parques.
3. Considerações finais
Uma vez implantada parte da Trilha do Continuum, está em fase de elaboração
seu Plano de gestão e manutenção. Conforme Souza e Martos (2008), quanto
melhor o planejamento, melhor será a prestação de serviços. Para tanto, foi
realizada uma primeira expedição para subsidiar a definição de parâmetros para
implantação, gestão e monitoramento da trilha. Há a necessidade de realizar
outras expedições, incluindo, além do contingente da Fundação Florestal,
empresas de turismo local e comunidades do entorno, visando contribuições
específicas para o funcionamento adequado da trilha, como processo de
agendamento,
acompanhamento
de
guias,
manutenção
das
áreas
de
acampamento e alimentação, fiscalização da visitação, monitoramento do
impacto, fomento da cadeia produtiva e do turismo na região.
Na categoria de “Travessias de longo percurso”, a Trilha do Continuum soma-se
aos outros projetos brasileiros que oferecem aventura, beleza e lazer, alinhados
às ações de conservação da biodiversidade e consolidação dos espaços
protegidos. O caminhante que percorrer a trilha, em parte ou em sua extensão
total, aprenderá muito sobre o Bioma Mata Atlântica e estará, ao mesmo tempo,
presente em locais recônditos e de difícil acesso, contribuindo para a proteção da
natureza. Em todo o Brasil, muitas das trilhas são utilizadas por infratores, como
caçadores e extratores de palmito. Com presença mais intensa e com apoio dos
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caminhantes é possível alterar essa realidade. Em sua concepção, o objetivo da
trilha do Continuum é modificar o panorama extrativista, fornecendo alternativas
para a comunidade trabalhar em prol da conservação, através dos cursos de
capacitação oferecidos no entorno do percurso.
Implantar toda a extensão da Trilha do Continuum e fazer a gestão de seu uso
requer muitos esforços e recursos específicos, bem como a superação das
dificuldades de gestão das áreas naturais públicas protegidas. Apesar do
reconhecimento da trilha como um produto importante para a interpretação
ambiental, agregando valor à conservação da natureza e sua biodiversidade, os
investimentos e pessoas qualificadas necessários para o gerenciamento eficaz
dessa trilha ainda são escassos. A concretização de uma experiência bem
sucedida com o atual trecho implantado da trilha abrirá novas perspectivas para o
uso público dentro das UCs, vislumbrando a expansão dessa experiência no
espaço paulista e brasileiro.
O monitoramento e avaliação dessa experiência contribuirão para enriquecimento
da visitação pública em UCs, bem como agregarão conhecimento e solidez para
que o manejo de trilhas ganhe corpo dentro das práticas de ecoturismo e também
seja objeto de mais pesquisas científicas. Os esforços conjuntos levarão a um
objetivo comum de desenvolvimento sustentável das áreas naturais protegidas.
Além da trilha de longo percurso, investimentos em estruturas para visitação e
ecoturismo
dentro
dos
parques
estaduais
se
fazem
urgente
para
o
desenvolvimento do uso público, promovendo o contato com a natureza e a vida
ao ar livre. Arvorismo, rapel, bóia-cross, ciclismo, rafting, mergulho, entre tantas
outras iniciativas, poderão ser estimulados para congregar a conservação de
áreas naturais, aumentar o número de visitantes na região e gerar empregos à
sociedade.
Além das pesquisas e relatos de experiências,
faz-se necessário um maior
intercâmbio entre profissionais, guias, monitores, trilheiros e gestores públicos de
áreas naturais, a fim de consolidar as trilhas de longo percurso como
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200
catalisadores de oportunidades para populações do entorno das áreas naturais,
sem deixar em segundo plano a preservação do meio ambiente.
4. Bibliografia
BRASIL (Ministério do Meio Ambiente - Reserva da Biosfera). Cadernos da
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica: série conservação e áreas
protegidas, 5 - Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado de
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jan/abr-2013, pp.255-268
MAGRO, T.C. Impactos do Uso Público em uma Trilha no Planalto do Parque
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de São Paulo. Tese (Doutorado), 1999. 135p.
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Atlântica, 2005.
SÃO
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(Secretaria
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Estado
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Meio
Ambiente).
Projeto
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Ambiental). 2005.
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Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
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_____________(Fundação para a Conservação e a Produção Florestal). Plano
de Manejo do PECB concluído. 2008A.
_____________(Fundação para a Conservação e a Produção Florestal). Plano
de Manejo do PEI concluído. 2008B.
_____________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Estudo de Trilhas e
Atrativos – Trilha do Continuum (relatório). 2009A, p196. Cópia digital.
_____________(Fundação para a Conservação e a Produção Florestal). Plano
de Manejo do PETAR (em análise no Consema). 2009B.
_____________(Secretaria
de
Estado
do
Meio
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Projeto
de
Desenvolvimento do Ecoturismo na Região da Mata Atlântica
(Processo nº 3083/10 – Implantação de Trilhas). 2010.
SOUZA, P. C. DE; MARTOS, H. L. Estudo do uso público e análise ambiental
das trilhas em uma unidade de conservação de uso sustentável:
floresta nacional de Ipanema, Iperó-SP. Revista Árvore. Viçosa-MG. V.
32, N°1. Pg. 91-100, 2008.
202
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e
manejo de trilhas
PLANEJAMENTO E RECUPERAÇÃO DAS TRILHAS DE ACESSO ÀS
CACHOEIRAS PARAÍSO E VÉU DA NOIVA – APA SÃO THOMÉ – SÃO
THOMÉ DAS LETRAS (MG).
Ézio Dornela Goulart13
Bruno Campos Guilarducci14
Resumo
Palavras-chave: Ecoturismo; uso público; áreas protegidas; manejo de trilhas.
De acordo com a realidade econômica do município de São Thomé das Letras, o
turismo destaca-se como importante fonte geradora de recursos. Atualmente a
cidade recebe um grande número de visitantes nos períodos de temporada, finais
de semana e feriados prolongados para conhecerem suas belezas cênicas,
naturais e culturais. O número intenso de visitantes nas trilhas de acesso aos
atrativos naturais vem acarretando a compactação do solo e no período de
chuvas, erosões, perda de solo e assoreamento do leito dos cursos d’água. Estes
fatores além de causar impactos negativos ao meio ambiente oferecem risco aos
usuários e dificultam a visitação a estes atrativos. Este trabalho teve por objetivo
realizar um estudo para elaborar proposta de recuperação e manejo das trilhas de
acesso as Cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva, localizadas na APA Municipal São
Thomé. A metodologia utilizada foi o ROS (Recreational Oportunities Spectrum).
Ela propõe que as experiências recreacionais e os benefícios dela derivados
aconteçam dentro de um conjunto particular de eventos que podem ser vistos a
partir de um gradiente, desde o primitivo ao urbano (LECHNER, 2006).
Inicialmente foram revistos os traçados, elaborado o mapeamento e diagnóstico
de aspectos ambientais, através de fichas de campo. Foram identificados
aspectos como: erosões, incidência de alterações graves de drenagens e
exposição de pedras e raízes. Intervenções foram proposta como a readequação
de drenagens e a construção de obras de arte. Para isto foram elaborados croquis
iniciais que, posteriormente, foram desenhados e plotados através do programa
AutoCAD. Por fim, com base nos objetivos propostos, foram identificadas
oportunidades potenciais e restrições a visitação, elaborado o ordenamento das
13
ezio.goulart@hotmail.com Programa de Pós-Graduação em Geografia – Instituto de
Geociências – UFMG
14
brunoghilarducci@hotmail.com Programa de Pós-Graduação em Geografia – Instituto de
Geociências – UFMG
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trilhas, além de recomendações para a manutenção e recuperação das mesmas.
Com isto espera-se conseguir o aumento das oportunidades recreacionais e
maior conforto e segurança para os usuários.
Resumen
Palabras-clave: Ecoturismo; uso publico; areas protegidas; manejo de senderos.
De acuerdo con la realidad económica de São Thomé das Letras, el turismo se
destaca como una importante fuente de recursos. Actualmente, la ciudad recibe
una gran numero de visitantes durante los períodos de temporada, fines de
semana y días festivos para conocerem su belleza escénica, natural y cultural. El
gran flujo de visitantes en los senderos de acceso a los atractivos naturales está
provocando la compactación del suelo y durante la temporada de lluvias, la
erosión, la pérdida de suelos y la sedimentación del lecho del curso de agua.
Estos factores, además de causar impactos negativos al medio ambiente, ofrecem
riesgos y dificultad a los usuarios que van visitar estos sitios. Este trabajo tuvo
como objetivo realizar un estudio para elaborar una propuesta de recuperación y
gestión de caminos de acceso a las Cascatas Paraiso y Velo de la Novia,
ubicadas en APA Municipal São Thomé. La metodología utilizada fue el ROS
(oportunidades recreativas Spectrum). Propone que las experiencias recreativas y
los beneficios derivados de ellas sucedam a partir de determinado conjunto de
eventos que se pueden ver desde una pendiente, desde lo primitivo a lo urbano
(Lechner, 2006). Inicialmente trazados fueron revisados , la cartografía elaborada
y diagnóstico de los aspectos ambientales a través de los registros de campo.
Fueron identificados erosiones, incidencia de los cambios severos en el drenaje y
la exposición de las rocas y raíces. A continuación, se propone intervenciones
como la mejora del drenaje y la construcción de obras de arte. Se prepararon para
esto trazados iniciales que hayan sido deseños y a traves del programa AutoCAD.
Finalmente, en base a los objetivos propuestos, se identificaron las oportunidades
potenciales y las restricciones a las visitas, sistema de senderos espacial
preparada, así como recomendaciones para el mantenimiento y recuperación de
los senderos. Con esto, se espera que aumenten las oportunidades de recreación
y mayor comodidad y seguridad para los usuarios.
1. Introduçâo
São Thomé das Letras está localizado no sul do estado de Minas Gerais, o município faz
parte do Circuito Turístico Vale Verde e Quedas D’águas, é integrante da Associação das
Cidades Históricas Mineiras e da Rota da Estrada Real. A arquitetura da cidade
caracteriza-se por edificações construídas em quartzito (pedra São Thomé), tombadas
pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA). O
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município se destaca na região por apresentar um relevo característico que propicia a
formação de várias cachoeiras, piscinas naturais e corredeiras de grande efeito cênico.
A Área de Proteção Ambiental (APA) São Thomé é uma unidade de conservação
municipal de uso sustentável, com uma área de 3.115,08 ha tem por objetivo assegurar o
bem estar das populações ali existentes, bem como o de todo o município, a melhoria da
qualidade de vida, além de proteger e preservar a fauna, flora e os recursos hídricos,
promovendo assim o uso sustentado da área para as gerações futuras. Foi criada através
do Decreto nº 003 de 29 de janeiro de 2003. As cachoeiras Véu da Noiva e Paraíso
podem ser consideradas entre os atrativos mais visitados inseridos na APA. O fluxo
intenso de visitantes nas trilhas de acesso as cachoeiras vem acarretando a
compactação do solo, e no período de chuvas intensas erosões, perda de solo e
assoreamento do leito dos cursos d’água. Estes fatores, além de causar impactos
negativos ao meio ambiente, oferecem risco aos usuários e dificultam a visitação a estes
atrativos. A elaboração do respectivo estudo teve por objetivo subsidiar os gestores
públicos na implementação e no estabelecimento de trilhas estruturadas, otimizando o
potencial de visitação e propiciando o desenvolvimento de atividades de cunho educativo,
associadas à recreação, proporcionando experiências em contato com o ambiente
natural, minimizando e controlando os impactos.
Estas áreas de visitação atraem, hoje, um grande número de turistas e admiradores da
natureza. Com a construção da infraestrutura necessária, um maior número de pessoas
poderá frequentar o local, sem provocar danos sociais e ambientais. Este crescente fluxo
de pessoas poderá ser revertido em benefícios aos moradores do município de São
Thomé das Letras e toda sua região. Devido às características bióticas e abióticas das
trilhas, as mesmas apresentam uma tendência muito grande a ocorrências de erosões
superficiais. O solo, devido ao intenso fluxo de visitação, esta compactado ocasionando
pouca capacidade de absorção de água, principalmente na época das chuvas. Isto faz
com que as intervenções devam ser muito bem planejadas, considerando principalmente
as características do terreno, a integridade do ambiente, a segurança dos usuários e o
entendimento de como os visitantes se comportam em ambientes naturais.
Considera-se que as trilhas de uso público em áreas naturais permitem suprir as
necessidades recreativas, com a segurança e o conforto necessários para o visitante e
sem prejudicar o meio ambiente. Dentro desse contexto, a implementação e o manejo
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das de trilha de acesso às cachoeiras do Paraíso e Véu de Noiva tem como objetivo
principal a recuperação das trilhas utilizadas como acesso as cachoeiras. Desta forma, as
trilhas também podem ser motivo de encorajamento ao usuário a se manter em um
caminho mais fácil, evitando obstáculos e a abertura desnecessária de desvios. Assim,
as trilhas são caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes formas,
comprimentos e larguras, que possuam o objetivo de aproximar o visitante ao ambiente
natural, ou conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu entretenimento ou
educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos.
Segundo Andrade (2003), o desenvolvimento adequado de trilhas, aliado ao aumento da
consciência de que as trilhas em áreas naturais, onde se pratica o ecoturismo, não são
apenas caminhos improvisados, “espera-se que não só novas áreas sejam abertas de
forma correta, mas também que seja remediada a situação das áreas desenvolvidas de
forma incorreta”. Para Lechner (2006), as trilhas e caminhos são provavelmente as rotas
de viagem mais disseminadas no mundo. Em locais menos ocupados, particularmente
em parques e áreas protegidas, as trilhas podem ser o único meio de acesso fácil à maior
parte da área. Sendo assim, ainda de acordo com o autor, as trilhas costumam ser o
primeiro dos elementos de infraestrutura desenvolvidos sempre que uma nova área
protegida é declarada e, com frequência, isto ocorre antes de qualquer planejamento
formal. Desta forma, as trilhas são caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes
formas, comprimentos e larguras, que possuam o objetivo de aproximar o visitante ao
ambiente
natural,
ou conduzi-lo
a
um
atrativo
específico,
possibilitando
seu
entretenimento ou educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos.
Griffith e Valente (1979) e Griffith (1983), consideram que o planejamento de um sistema
de trilhas, sejam estas interpretativas ou cênicas, necessita da análise e avaliação do
inventário de sequencias paisagísticas referente a cada trecho ou percurso, buscando
uma variação entre diversificadas classes de paisagens, explorando visados ângulos
cênicos de observação, de modo a enriquecer a experiência perceptiva do visitante.
Embora o planejamento inadequado seja o fator isolado mais importante para o fracasso
de trilhas e caminhos em áreas naturais, poucas pessoas percebem a importância ou a
magnitude do processo de planificação, mesmo com relação aos aspectos mais básicos.
O planejamento de trilhas deve considerar os objetivos da área de inserção da trilha,
assim como os aspectos sociais e biofísicos da área destinada a receber a trilha. Isto é
necessário tanto para a implantação de novas trilhas como para o melhoramento das já
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existentes. (LECHNER, 2006). Desta forma o planejamento de trilhas deve levar em
consideração alguns fatores como: variação das condições da região em decorrência das
estações do ano, quais são as informações técnicas (mapas, fotografias, etc.) já
existentes sobre a região, qual a probabilidade de volume de uso futuro e quais são as
características de drenagem, solo, vegetação, habitat, topografia, uso e exequibilidade do
projeto.
De acordo com Borges (2004), a atividade de ecoturismo é intrinsecamente relacionada
ao uso de trilhas, já que um dos objetivos de quem pratica o ecoturismo é o de vivenciar
de forma mais intensa os elementos naturais e culturais de uma determinada região.
Trilhas facilitam esta experiência, pois possibilitam o acesso a áreas e monumentos mais
isolados e preservados (formações naturais, sítios históricos e arqueológicos, paisagem,
etc.); a observação de fauna e flora; experiências educativas ao explorar aspectos
geológicos, geográficos ou a história natural; mais segurança ao turista, já que minimiza
riscos de acidentes e de se perder e a atividade física em ambiente natural.
No que diz respeito aos impactos ambientais decorrentes do uso das trilhas, Guillaumon
(1977) afirma que as trilhas de um ponto de vista formal, vêm a ser um novo impacto do
homem na natureza e uma oportunidade a mais para se admitir inconscientemente este
impacto onipresente. Provoca tanto impacto físico como visual, sonoro e de cheiro. Ao
mesmo tempo constituem um meio de canalizar o impacto do homem e de circunscrevêlo a um itinerário restrito. Quando as trilhas atravessam ou estão circunscritas às
unidades de conservação, passam normalmente por ambientes naturais muitas vezes
frágeis ou carentes de proteção. Os efeitos que uma trilha causa no ambiente ocorrem
principalmente na superfície da trilha propriamente dita, mas, segundo Schelhas (1986), a
área afetada corresponde normalmente a um metro a partir de cada lado.
Em muitos locais, a abertura de clareiras para os acampamentos e de atalhos para os
caminhos alternativos, o uso de fogueiras e o desleixo com o lixo, comprometeram
seriamente a paisagem, quanto as suas funções ecológicas e espaço para a recreação.
Observa-se uma mudança no perfil do turista que visita a área, justamente porque a
qualidade ambiental do local não satisfaz as expectativas do público adepto do
ecoturismo (FIGUEIREDO, 1998).
2. Materiais e métodos
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A metodologia empregada na realização deste estudo é estruturada no método de
planejamento de recreação conhecido por ROS (Recreational Oportunites Spectrum Espectro de Oportunidades de Recreação). O método propõe que “as experiências
recreacionais e os benefícios dela derivados aconteçam dentro de um conjunto particular
de eventos que podem ser visto a partir de um gradiente, desde o primitivo ao urbano”
(LECHNER, 2006).
Neste método as trilhas classificadas gradualmente em primitiva, semiprimitiva, natural,
rural e urbana. As trilhas primitivas caracterizam por condições selvagens, pouco manejo
direto, quase nenhum desenvolvimento de infraestrutura. Já as urbanas permitem
paisagens alteradas, manejo visível e desenvolvimento de muita infraestrutura, como:
pavimentação, interpretação ambiental, infraestrutura destinada ao conforto e segurança.
Para cada classificação proposta pelo método são apresentadas suas características
quanto ao tipo de atividades indicadas, as instalações necessárias, as experiências
proporcionadas e o detalhes de estruturação requerida para as trilhas. Desta forma este
estudo realizou inicialmente uma análise de todo o sítio de visitação, com a revisão dos
materiais relevantes e das informações disponíveis, além de visitas de campo para
verificação das condições ambientais das trilhas. Com base nas condições encontradas
foram definidos os traçados e procedido o mapeamento detalhada das trilhas
selecionadas. O mapeamento foi realizado com auxilio de fichas de campo, bússola de
mapa, clinômetro e trena de fita.
Em seguida foram definidos os objetivos de cada trilha e realizado um diagnóstico
detalhado de cada um dos trajetos, considerando as ocorrências encontradas em cada
trecho, a manutenção ou infraestrutura necessária, bem como o material indicado para a
construção das estruturas. O diagnóstico foi fartamente documentado com auxílio de
máquina de fotografia digital. Por fim, com base nas informações levantadas no
diagnóstico, foi elaborado um croqui das intervenções necessárias que posteriormente foi
desenhado e plotado com auxílio do programa AutoCad versão 2009.
3. Resultados e discussões
Com base na análise de sítio realizada, que considerou as informações disponíveis sobre
a área, as visitas ao local e as informações passadas pelo órgão gestor da APA São
Thomé, as trilhas de acesso às cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva foram classificadas
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entre “natural” e “rural”, conforme classificação proposta pelo método ROS (Espectro de
Oportunidades de Recreação). Nesta classificação, as trilhas permitem atividades de
caminhada, acampamento, observação da paisagem, educação ambiental, interpretação
da natureza, entre outras. O ambiente é predominantemente natural, com evidencias de
níveis moderados de atividade humana. a possibilidade de encontro com outros usuários
é alta. O desenvolvimento de instalações pode ser mais intensivo, mas tende a
harmonizar com o entrono. O aprendizado e o bem estar familiar são experiências
possíveis, sendo que um grau relativamente alto de interação social é provável, com fácil
acesso as instalações. Permitem trilhas com 60 a 250 cm e um maior nível de instalações
de segurança, pontes para facilitar o acesso, áreas de descanso e instalações para
interpretação ambiental.
No processo de definição do layout das trilhas, ou seja, a localização exata do seu
traçado em campo, no lugar onde vão ser construídas, no caso das trilhas de acesso às
cachoeiras do Véu de Noiva e do Paraíso, considerou-se fundamental os seguintes
fatores para sua definição:
Parte do atual traçado das trilhas se encontra definido e consolidado em alguns
trechos e em outros possui traçado indefinido com a presença de muitas trilhas
secundárias.
Nos trechos em que não existe trilha definida observou- se que de acordo com o
estado de conservação do trecho a ser transposto, o usuário opta por utilizar outro
caminho acarretando a abertura de novas trilhas.
Sendo assim, nos trechos onde o traçado já se encontrava definido, os mesmos foram
mantidos sofrendo apenas propostas de intervenções necessárias para cada trecho. A
abertura de um novo traçado acarretaria em mais impactos negativos ao local, não
isentando da recuperação dos danos já existentes, conforme Figura 1, abaixo.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
209
210
Figura 1
– Raízes expostas e drenagens superficiais no corredor da trilha.
Nos trajetos com incidência de trilhas secundárias e trajetos indefinidos, optou-se pelo
fechamento destes definindo um único caminho para direcionar o fluxo de visitantes para
o traçado proposto. O fechamento dos caminhos secundários tem como objetivos evitar
que ocorra alargamento da trilha, compactação do solo, supressão da vegetação e ao
mesmo tempo proporcione a regeneração natural do solo e da vegetação. Todos esses
fatores somados ao escoamento das águas no percurso da trilha contribuem
efetivamente para a degradação da trilha em todo seu conjunto. Após, a definição do
traçado definitivo, iniciou-se o mapeamento que consistiu em dividir a trilha em trechos,
levando-se em consideração as mudanças de direção e de declividade, conforme Tabela
1. Para cada trecho foi anotado seu direcionamento, seu desnível, seu comprimento e
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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sua largura, além da altitude de cada ponto. Ao final dessa etapa têm-se os dados
necessários para conhecer o traçado da trilha.
Tabela 1 - Ficha utilizada no mapeamento das trilhas.
ACESSO A CACHOEIRA DO PARAÍSO E VÉU DA NOIVA (PARTE BAIXA)
TRECHO
DIREÇÃO
DESNÍVEL
METRAGEM
DISTANCIA
LARGURA
ALTITUDE
Ini
Fim
graus
percentual
metros
metros
metros
Início
Desnível
Final
1
2
199°
-26%
8,20
8,20
1,20
946,296
-2,132
944,164
2
3
191°
-14%
13,70
21,90
0,75
944,164
-1,918
942,246
3
4
185°
-28%
5,80
27,70
0,80
942,246
-1,624
940,622
4
5
188°
-17%
10,40
38,10
0,85
940,622
-1,768
938,854
5
6
175°
-19%
16,95
55,05
0,35
938,854
-3,221
935,634
6
7
186°
-25%
10,50
65,55
0,45
935,634
-2,625
933,009
7
8
207°
-24%
6,30
71,85
0,75
933,009
-1,512
931,497
8
9
230°
-20%
6,80
78,65
0,60
931,497
-1,360
930,137
9
10
237°
-25%
2,95
81,60
0,45
930,137
-0,738
929,399
10
11
269°
-20%
4,60
86,20
0,55
929,399
-0,920
928,479
11
12
222°
-15%
5,40
91,60
0,40
928,479
-0,810
927,669
12
13
267°
-29%
5,00
96,60
0,80
927,669
-1,450
926,219
13
14
221°
-19%
5,70
102,30
1,35
926,219
-1,083
925,136
14
15
255°
-23%
5,30
107,60
1,45
925,136
-1,219
923,917
15
16
223°
-25%
5,10
112,70
1,70
923,917
-1,275
922,642
16
17
281°
-40%
7,00
119,70
0,90
922,642
-2,800
919,842
17
18
272°
-32%
6,40
126,10
1,00
919,842
-2,048
917,794
18
19
8°
-2%
13,70
139,80
1,20
917,794
-0,274
917,520
19
20
351°
-1%
6,70
146,50
0,70
917,520
-0,067
917,453
20
21
9°
-2%
16,30
162,80
0,60
917,453
-0,326
917,127
21
22
19°
1%
14,00
176,80
0,70
917,127
0,140
917,267
22
23
6°
-5%
5,30
182,10
0,45
917,267
-0,265
917,002
23
24
22°
5%
1,65
183,75
0,60
917,002
0,083
917,085
24
25
44°
28%
2,20
185,95
0,80
917,085
0,616
917,701
25
26
17°
-8%
5,00
190,95
0,60
917,701
-0,400
917,301
26
27
16°
4%
10,85
201,80
1,15
917,301
0,434
917,735
27
28
24°
10%
5,55
207,35
0,80
917,735
0,555
918,290
28
29
39°
-1%
5,40
212,75
0,60
918,290
-0,054
918,236
Desta forma foram mapeadas duas trilhas e duas variantes, com objetivos e propósitos
diferenciados, conforme descrito em seguida. No final da descrição de cada trilha,
apresentamos o mapa resultante do mapeamento realizado (Figura 2).
Acesso à cachoeira do paraíso e Véu da Noiva (parte baixa)
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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211
A trilha de acesso à cachoeira do Paraíso e à parte de baixo da Cachoeira do Véu da
Noiva tem início próximo à lanchonete dos proprietários do terreno e seu termino é
próximo ao segundo poço da cachoeira Véu da Noiva. Sua extensão total é de 212,75m,
sua largura média é de 0,78m e seu desnível máximo é de -40%. O piso predominante é
terra, sua forma é linear e seu uso é para dar acesso ao poço das cachoeiras, sendo
utilizada predominante por pessoas a pé. O objetivo principal da trilha é dar acesso à
parte baixa da cachoeira Véu da Noiva e a queda da cachoeira do Paraíso. Além disso, é
utilizada para contemplação da paisagem, pois margeia o rio a partir do ponto 18 e
permite uma visualização da queda da cachoeira Véu da Noiva e das corredeiras
formadas por suas águas.
Variante de acesso à cachoeira do Paraíso
Esta é uma variante da trilha anterior e tem início no ponto 18, em uma clareira na mata
ciliar próxima a queda da cachoeira do Paraíso e seu termino é na calha do rio, o qual
deve ser transposto para ter acesso a um banco de areia em frente ao poço da cachoeira
do Paraíso. Sua extensão total é de 34,95m, sua largura média é 0,63m, seu desnível
máximo é de -74%, o piso predominante é terra com um trecho de pedras, sua forma é
linear e seu uso e seu objetivo principal são dar acesso ao poço da cachoeira do Paraíso.
Acesso à cachoeira Véu da Noiva (parte alta)
A trilha de acesso a Cachoeira do Véu da Noiva, tem início próximo à lanchonete dos
proprietários do terreno e seu termino é no poço formado pela queda da cachoeira. Sua
extensão total é 60,30m, sua largura média é 1,42m, seu desnível máximo é de -48%, o
piso predominante é terra com trechos intercalados de pedras, sua forma é linear e seu
uso é para dar acesso ao poço da cachoeira Véu da Noiva. Sua utilização é feita
predominante por pessoas a pé. O objetivo principal da trilha é dar acesso ao poço
formado pelas águas da queda da cachoeira Véu de Noiva, além disso, é utilizada como
contemplação do visual da queda da cachoeira Véu da Noiva e da corredeira formada por
suas águas.
Atalho de ligação entre trilhas
O atalho tem início no trecho 3-4 da trilha de acesso à cachoeira do Paraíso e Véu da
Noiva (parte baixa) e seu termino é no trecho 2-3 da trilha de acesso a parte alta da
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212
cachoeira Véu da Noiva. Sua extensão total é de 42,50m, sua largura média é 0,45m, seu
desnível máximo é de 3%, seu piso predominante é terra sua forma é linear, e seu uso e
seu objetivo principal é ligar às trilhas de acesso as cachoeiras Véu de Noiva e Paraíso,
passando por traz da lanchonete.
213
Figura 2 – Mapa geral do sistema de trilhas de acesso às cachoeiras Paraíso e Véu da Noiva.
Desta forma, uma vez realizado o mapeamento pormenorizado de cada trilha e definida a
função de cada uma, procedeu-se a análise de cada trecho de trilha, verificando a
ocorrência de drenagens superficiais, piso irregular, raízes expostas, risco a segurança
do usuário, dimensões irregulares e trilhas secundárias. Para cada ocorrência verificada
propõe-se uma ação de manutenção e/ou a construção de alguma obra de arte, como
pontes, corrimão, escadarias, entre outras.
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Desta forma os resultados foram anotados em ficha de campo e posteriormente
transferidos para uma planilha no computador. A tabela 2 apresenta o resultado de uma
das trilhas diagnosticadas.
Tabela 2 - Ficha de diagnóstico: ocorrências, manutenção, infraestrutura e materiais.
Trecho
Ocorrências
Drenagens
superficiais
Infraestrutura
barreira oblíqua;
caixa de pedra.
Material
terra; pedras;
concreto.
regularização e
nivelamento
-
terra
-
guarda-mão
direito
madeira
alargamento
-
-
Placa
sinalização
-
placa sinalização
madeira;
pedra
Drenagens
superficiais
-
barreira oblíqua;
caixa de pedra.
terra; pedras;
concreto.
Piso irregular
regularização e
nivelamento
-
terra
Dimensões
irregulares
alargamento
-
-
Piso irregular
Risco
segurança
Dimensões
irregulares
01_02
02_03
Manutenção
-
Foto
214
Uma vez realizado o levantamento completo das intervenções necessárias, no que diz
respeito à manutenção e construção de infraestrutura, a etapa seguinte foi a elaboração
de croquis de cada trecho, com auxílio de papel quadriculado e trena, as intervenções
foram medidas e desenhadas no papel, que posteriormente foram desenhadas com
auxilio de programa de computador. Afigura 3 apresenta alguns exemplos dos croquis
realizados.
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Figura 3 - Croquis das intervenções em cada trecho de trilha, com medidas tomadas em campo.
Os croquis serviram com base para a elaboração do projeto final, que foi desenhado com
auxilio do programa AutoCad versão 2009 (Figura 4). Com as medidas tomadas em
campo e considerando o material recomendado para realizar as intervenções, foi possível
também o calculo do material utilizado em cada trecho de trilha.
215
Figura 4 - Parte do projeto de intervenção elaborado a partir das informações coletadas em
campo.
A plotagem do projeto em planta baixa, das trilhas de acesso as cachoeiras Paraíso e
Véu da Noiva, localizadas na APA São Thomé, em São Thomé das Letras-MG, foi a
etapa final deste estudo, que acredita-se ser de fundamental importância para orientar os
gestores da área nas intervenções necessárias. O material necessário para o
desenvolvimento das intervenções propostas no estudo foi calculados com base nos
padrões estabelecidos e para cada trecho do sistema de trilhas, bem como cada tipo de
intervenção foi descrita em detalhes, complementando as plantas citadas anteriormente.
4. Considerações finais
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O bom planejamento de uma área protegida procura maximizar as oportunidades
(benefícios) para a conservação e para os usuários, enquanto reconhece e considera as
limitações da área e as restrições para minimizar os impactos negativos. Tanto as
oportunidades como as restrições podem ser sociais, culturais ou biofísicas. O processo
de identificar formalmente as oportunidades e restrições permite que o planejador de
trilhas priorize os recursos, faça uma seleção mais acurada de rotas e minimize impactos
ambientais negativos. Sendo assim, este estudo foi concebido, dentro dos objetivos
propostos, e identificou-se as diversas oportunidades potenciais para as trilhas de acesso
às cachoeiras do Paraíso e Véu da Noiva, tais como o aspecto cênico das cachoeiras e
da margem do rio, caracterizada por uma mata ciliar em bom estado de regeneração,
com a presença de várias epífitas (orquidáceas).
Nota-se também a oportunidade de desenvolvimento de atividades educacionais, tendo
como instrumento a interpretação da natureza, sendo que a implantação da trilha servirá
também de apoio para as atividades de manejo da área, como fiscalização e manejo de
visitação. Desta forma, a implantação da trilha poderá gera o aumento de ganhos
financeiros pelo acesso facilitado e pelo aumento de oportunidades recreacionais,
integrando estas trilhas com as demais existentes em toda a região. Contudo, algumas
restrições à implementação do sistema de trilhas de acesso às cachoeira do Paraíso e
Véu da Noiva se apresentam, pois estas não permitem acessibilidade plena, uma vez que
alguns acessos apresentam declividade muito elevada ou passagens muito perigosas
(travessia de rios, subida em pedras). As questões relativas à segurança devem ser
muito bem consideradas, pois no local é comum a prática de acender fogo próximo às
cachoeiras (churrasqueiras improvisadas), o que acarreta a possibilidade de incêndios.
Também existe a possibilidade de enchentes súbitas, apesar de não haver relatos deste
fenômeno.
Também o comprometimento de pessoal para manutenção das trilhas é fator
fundamental, pois como qualquer outra trilha, haverá a necessidade de manutenções
periódicas e é preciso que as pessoas responsáveis estejam comprometidas com isso.
Por fim, cabe alertar que a implantação das intervenções propostas poderá causar um
aumento excessivo do uso, representando dificuldades para o manejo da área. Para isto
recomenda-se a utilização de alguma metodologia de monitoramento dos impactos
ambientais, como a Capacidade de Carga ou Limite Aceitável de Cambio.
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e
manejo de trilhas
REVITALIZAÇÃO DA TRILHA 'MORRO DO DIABO', NO PARQUE ESTADUAL
DO MORRO DO DIABO, SÃO PAULO, BRASIL.
Helder Henrique de Faria Dr15
Andréa Soares Pires - MSc16
Resumo
Palavras-chaves: Revitalização, Trilha 'Morro do Diabo', Parque Estadual do Morro do Diabo,
capacidade de carga
O Parque Estadual do Morro do Diabo é uma importante área protegida de São
Paulo situada no extremo sudoeste do estado, na região conhecida por Pontal do
Paranapanema. A trilha do 'Morro do Diabo' é um caminho que dá acesso ao seu
topo, de onde se descortina toda a floresta do parque e seu entorno. Após anos
de intenso uso foi possível a execução de uma série de melhorias na trilha
mediante interveniência do Ministério Público Estadual. Apesar de os autores
deste trabalho terem investido muitas técnicas e métodos derivados do método
científico de investigação neste trabalho, este é um artigo executivo que evidencia
a decisão de se realizar a manutenção pesada e corretiva do que alterar o traçado
original de uma trilha; a decisão de se utilizar os recursos das compensações
ambientais para oferecer benefícios diretos à sociedade; a decisão pelo simples,
pela harmonia nas intervenções construtivas e na comunicação com o visitante e,
sobretudo pelo baixo custo na busca de resultados efetivos e eficazes para o
desenvolvimento da área para o ecoturismo e a educação ambiental.
Resumen
Palabras clave: Revitalización, Sendero "Morro do Diabo", Parque Estatal Morro do Diabo,
capacidad decarga
El Parque Estatal Morro do Diabo es una importante área protegida de São Paulo
localizada en el extremo suroeste del estado, en la región conocida como Pontal
do Paranapanema. El sendero del "Morro do Diabo" es un camino que conduce a
la cima de esta elevación, de donde se avista todo el bosque del parque y sus
alrededores. Después de años de uso intensivo fue posible realizar una serie de
mejoras en el camino a través de la intervención del Ministério Publico Estatal, por
medio de um mecanismo de compensación ambiental. Aunque los autores de
este trabajo han invertido muchas técnicas y métodos derivados del método
15
16
helderdefaria@gmail.com Dr. Pesquisador do Instituto Florestal
deapires@yahoo.com.br Pesquisadora do Instituto Florestal
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científico de investigación, el presente trabajo se trata de un artículo ejecutivo que
muestra la decisión de no cambiar el diseño original del sendero, la decisión de
utilizar los recursos de las compensaciones ambientales para proporcionar
beneficios directos a la sociedad y la decisión por el simple, la armonía en las
intervenciones constructivas y la comunicación con el visitante, y sobre todo por la
busqueda del bajo costo para el desarrollo eficaz y eficiente del ecoturismo y la
educación ambiental en el área.
1. Introdução
Trilhas interpretativas são importantes instalações para o desenvolvimento das
atividades de recreação ao ar livre e a interpretação da natureza nos parques
nacionais e reservas equivalentes, dado sua simplicidade, baixo custo e a
possibilidade de transmissão de conhecimentos ecológicos e ambientais em
primeira mão (Faria et all, 1995; Ferreira, 2005). Sobretudo são ferramentas úteis
no manejo das áreas protegidas uma vez que concentram o uso mais intenso em
um pequeno sítio da área, evitando-se que outros pontos mais sensíveis ou
ecologicamente
importantes
sejam
afetados
pela
presença
humana,
principalmente se houver uma abordagem integradora que considere a categoria
de manejo, o planejamento, a construção, a manutenção, o monitoramento e a
avaliação (Lechner, 2006).
As trilhas interpretativas fazem parte do cotidiano dos administradores de áreas
silvestres protegidas, pois se trata de um recurso que permite uma melhor
compreensão do meio, aguçando a atenção para o quadro de vida cotidiana, para
a natureza em que se vive, dinamizando a observação, reflexão e sensibilidade às
ciências da natureza. Pelo grau de importância nas relações entre os usuários e
os recursos protegidos e dado os objetivos intrínsecos à categoria 'parque
nacional' (IUCN, 1994; Brasil, 2000), pode-se afirmar que se uma unidade de
conservação desta categoria não possui trilhas é quase certo que se trata ou de
um 'parque de papel', aqueles não implantados, ou a área não sofre as demandas
da sociedade para desfrutar a natureza.
Longe de ser assim, logo que a Reserva Estadual do Morro do Diabo foi elevada
à categoria Parque Estadual pelo Decreto No 25.342/1986 (São Paulo, 2000), o
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219
Instituto Florestal a cargo de sua administração tratou de estabelecer estratégias
que promovessem a visitação pública à área, o que veio a ser facilitado com a
abertura de trilhas na mata. Uma delas, a do 'Morro do Diabo', foi liberada ao uso
público em 1988 e desde então recebeu milhares de visitantes, sofrendo os
impactos ambientais que normalmente acontecem nestes sítios (Stankey et. all,
1985; Graefe et all, 1990, Lechner, 2006; SMA, 2009).
Após 25 anos de funcionamento ininterrupto surgiu uma oportunidade concreta de
se executar uma série de adequações na trilha através de recursos de
compensação ambiental, um artifício econômico que visa compensar ou minimizar
os impactos ambientais decorrentes de empreendimentos públicos ou privados
(BRASIL, 2000; Milaré e Artigas, 2006); ou de decisões tomadas pelas partes
envolvidas no transcorrer de inquéritos civis
públicos, como alternativa à invocação do
Judiciário para dirimir o conflito de interesses
de ordem coletiva através dos Termos de
Ajustamento de Conduta (Gomes, 2003).
220
Tratativas entre o Ministério Público Estadual
de Presidente Prudente e a empresa Odebrecht Agroindustrial, unidade Destilaria
Alcídia, resultaram em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com fulcro
no Parque Estadual do Morro do Diabo (PEMD), cujos investimentos permitiram
revitalizar a trilha do Morro (TM) do Diabo. O objetivo deste trabalho é relatar esta
experiência.
2. Material e métodos
2.1 Área de estudo
2.1.1 O Parque Estadual do Morro do Diabo é uma unidade de conservação
localizada sob as coordenadas 22o 27’ a 22o 40’ de Latitude S e 52o 10’ a 52o 22’
de Longitude W. Com seus quase 34.000ha, situa-se no município de Teodoro
Sampaio,
unidade
de
gerenciamento
de
recursos
hídricos
Pontal
do
Paranapanema (UGRHI-22 Presidente Prudente, com mais de 300.000 habitantes
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é pólo econômico, político e cultural da região e dista de Teodoro Sampaio 120
quilômetros. A área é gerenciada pela Fundação Florestal.
Dentro do domínio da Mata Atlântica o tipo Floresta Estacional Semi Decidual é o
ecossistema mais ameaçado e, neste contexto encontra-se o PEMD, a maior
amostra protegida com este tipo de cobertura vegetal do mundo (Kageyama,
2009), seguramente a maior reserva de perobas rosa (Aspidosperma polyneuron)
do sudeste brasileiro. Contém fauna abundante e variada, cujo animal símbolo é o
mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), primata que encontra em suas
matas a maior população livre na natureza e já foi considerado um dos mais
ameaçados de extinção do mundo (IF, 2006).
Segundo Fernandes et all (2013), a formação geológica do Morro do Diabo é
extremadamente especial, tanto que "a preservação de espessuras originais
anômalas de arenitos eólicos do deserto neocretáceo, assim como a sustentação
de cotas reliquiares da evolução do relevo no intervalo Ks-T justificam sua
importância como 'monumento geológico' e paulista" (g.n). Necessário atentar
para esses autores, pois os mesmos expressam a síntese das argumentações
científicas que embasam a proposta de eleger o Morro do Diabo (Figura 1) como
mais um dos monumentos geológicos do Estado de São Paulo, proposta
construída e desenvolvida no âmbito do Instituto Geológico de São Paulo e que
certamente promoverá maior divulgação da área e, por conseguinte, maior
procura turística do local.
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Figura 2. Face Sul do Morro do Diabo destacando a trilha que leva a seu cimo. Teodoro Sampaio,
São Paulo, Brasil. Foto dos autores.
A visitação pública ao PEMD ocorre desde o final dos anos 1980, com diversas
opções de lazer, recreação e educação ambiental, cujo objetivo é promover uma
articulação positiva com a sociedade, a maior beneficiária da existência das
unidades de conservação. Em 2005 o programa de uso público passou por uma
completa reestruturação e o resultado imediato foi a significativa elevação da
visitação (Pires e Faria, 2013).
Há uma grande demanda por parte das escolas públicas e privadas da região,
muito embora esse perfil esteja lentamente se alterando, com a presença de
outros visitantes que não apenas estudantes, tal como observadores de aves,
amantes da natureza, pequenos grupos de turistas, entre outros (Castro et all,
2007). Esta informação é de grande valia, pois indica a necessidade de adaptar a
gestão às novas demandas e tratar de promover o ecoturismo e a educação
ambiental concomitantemente, tal qual defende Mendonça (2005).
2.1.2 A Trilha do Morro do Diabo é o principal atrativo ecoturístico do Parque
Estadual do Morro do Diabo, possui 1200 metros de extensão e um desnível de
cerca 250 metros com os terrenos adjacentes, sendo o topo do morro o ponto
mais alto da região, 599,50m, de onde é possível avistar toda a floresta do
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parque, a rodovia que o segmenta, o rio Paranapanema e o entorno do parque. O
acesso à trilha se dá através da SP-613, rodovia Arlindo Bétio. O caminho foi
aberto ainda quando não existia visitação pública à área e servia aos funcionários
florestais para acessarem o alto da elevação intuindo observar possíveis focos de
incêndios na então Reserva Estadual do Morro do Diabo.
Com a transformação da REMD em Parque Estadual o caminho sofreu pequenas
alterações de percurso visando facilitar a subida, pois em alguns trechos
apresentava-se muito íngreme. Em 1988 a trilha foi aberta à visitação e hoje é o
principal atrativo do Parque, recebendo milhares de visitantes anualmente. Além
de acessar a paisagem mais deslumbrante do parque é um importante
instrumento pedagógico que possibilita o aprendizado sobre a fauna, flora,
geografia, processos biológicos, geologia, relações ecológicas, meio ambiente e
proteção da natureza.
O aumento da visitação, aliada à fragilidade do solo e à inclinação do terreno,
resultou erosão, exposição de raízes de árvores, perda de matéria orgânica,
pisoteio e compactação do solo, observados empiricamente ao longo dos tempos
ou estimados em trabalhos técnicos (Neto, 2007). Outros impactos imperceptíveis
podem acontecer, como a perturbação da fauna, degradação da vegetação e a
satisfação do usuário (SMA, 2009).
Segundo Oliveira et al. (1999), citado por Instituto Florestal (2006), o Morro do
Diabo é constituído por solos do tipo Neossolos Litólicos, que são pouco
evoluídos, com ausência de horizonte B e afloramento de rochas. São compostos
basicamente por material mineral de origem ou por material orgânico pouco
espesso. Sob as condições de pisoteio constante e em terreno inclinado este tipo
de solo é altamente erodível.
Na trilha estão presentes as fitofisionomias 'Floresta Madura Alta' e a 'Floresta em
Estágio Avançado de Regeneração', o que confere ao visitante a oportunidade de
apreciar no percurso árvores como a peroba rosa (Aspidosperma polyneuron), ipê
roxo (Tabebuia heptaphylla), pau marfim (Balfourodendron riedelianum), cedro
rosa (Cedrela fissilis), cabreúva (Myroxilon peruiferum) dentre outras. Associados
a essa vegetação é possível avistar várias espécies de animais, como o micoAnais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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leão-preto
(Leontopithecus
chrysopygus),
bugio
(Alouatta
fusca),
cotia
(Dasyprocta azarae), cateto (Tayassu tajacu), aves e insetos.
O zoneamento do parque define este sítio como zona de uso extensivo, "áreas
naturais com alguma alteração humana ou áreas usadas tradicionalmente pelos
visitantes, sem que as condições ambientais sejam alteradas significativamente.
O objetivo do manejo é a manutenção do ambiente natural, oferecendo-se
facilidade ao acesso público para fins educativos e recreativos (IF, 2006). As
normas de gestão apontam que podem ser instalados equipamentos para a
interpretação dos recursos naturais e a recreação, sempre em harmonia com a
paisagem e que o local e as atividades devem ser monitoradas de modo
sistemático, para a segurança do ambiente e dos usuários. Ademais, a trilha e
respectiva zona extensiva está envolta na zona primitiva, cujas normas de uso
são ainda mais restrivas.
Em trabalho sobre a análise paisagística como subsídio ao planejamento turístico
do Parque, Silva (2007) classificou a TM como um elemento paisagístico de
importância macro regional e o atrativo mais relevante aos visitantes para as
atividades de interpretação, educação ambiental e ecoturismo. O autor qualificou
essa trilha como de 'alta qualidade visual' devido à diversidade, singularidade e
intensidade dos atributos considerados.
Em 2008 a TM passou a integrar o projeto estadual ‘Trilhas de São Paulo’, cujo
ideal é mostrar aos visitantes algumas das paisagens que os colonizadores
europeus se depararam quando aqui aportaram há mais de cinco séculos.
Percorrendo-as os turistas tem contato com amostras significativas da paisagem
natural e a biodiversidade de diferentes ambientes que caracterizam a mata
atlântica no Estado.
Ademais, o Parque oferece outros recursos e equipamentos interpretativos e de
lazer ao ar livre: Centro de Visitantes, Museu Natural, Trilha da Lagoa Verde (600
m), Trilha Barreiro da Anta (1600 m), Trilha do Paranapanema (2000 m) e Trilha
das Perobeiras (3.500 m), além de outras para cicloturismo (Lopes, 2011). As
trilhas estão consideradas no Plano de Contingência do PEMD (Pires, Faria e
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Castro, 2008), documento que orienta o trabalho dos guias e monitores
ambientais relativo à segurança dos usuários.
2.2 Métodos
O mapa básico utilizado neste trabalho foi produzido por Faria (1988), que à
época utilizou trena, clinômetro, bussola, papel milímetrado, transferidor, papel
vegetal e um mapa planialtimétrico do parque na escala 1:2500. Visando aferir o
traçado feito há tantos anos, marcou-se pontos com o Global Position System
(GPS) ao longo de toda a trilha, plotando-os sobre ortofotos digitais. Para se
propor as intervenções físicas na trilha lançou-se mão das seguintes estratégias:
Participação da equipe do programa de uso público e funcionários do
Parque no curso ‘Planejamento e Manutenção de Trilhas’, oferecido pela
Fundação Florestal e WWF na sede do PEMD, através do projeto Trilhas
de São Paulo, ocorrido em 2008;
Diagnóstico
detalhado
dos
problemas
existentes
na
trilha,
com
mapeamento e fotografia dos pontos críticos;
Auto-orientação através de consultas aos manuais para construção e
manejo de trilhas de Andrade e Rocha (2008) e de Hesselbarth et all
(2009).
Os princípios adotados para a interpretação da trilha são aqueles defendidos por
Tilden (1977), Sam (1992) e Morales-Miranda (1992). Os levantamentos para a
interpretação foram efetuados ao longo de toda a trilha, abarcando os espécimes
arbóreos distintos, possíveis pontos de paradas para descanso, pontos para
visadas panorâmicas e os possíveis tópicos a serem abordados.
O custo dos trabalhos foi financiado pela empresa Destilaria Alcídia, da Odebrecht
Agroindustrial (mão de obra, transportes, cimento, madeiras, metais, ferramentas
e máquinas, equipamentos de proteção individual-EPIs, terra, areia, impressão de
painéis, etc.), excetuando o planejamento das intervenções e a interpretação
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ambiental, que foram produzidos pelos autores. Durante os trabalhos de
revitalização da trilha a visitação foi proibida ao local, de março de 2011 a agosto
de 2012, 17 meses.
3. Resultados
3.1 Diagnóstico para intervenções
O curso de construção e manutenção de trilhas foi conduzido por profissionais
que atuam em Parques de São Paulo com experiência no assunto, teve a duração
de quatro dias, com 20 participantes de várias unidades de conservação do
estado, dos quais cinco eram do PEMD (3 monitores e 2 funcionários). Como já
se sabia que a TM precisava urgentemente de manutenção corretiva, os trabalhos
práticos do curso foram conduzidos neste sitio.
Antes de terminado o curso desenvolveu-se uma discussão com o grupo sobre a
pertinência de se manter ou não o traçado existente, dado que em determinados
pontos havia esta oportunidade em função das mudanças do sentido de
caminhamento, que provocavam subidas abruptas e desconfortáveis. Pelo fato
desta alteração necessitar trabalhos especializados que demandariam tempo e
dinheiro, decidiu-se abandonar esta alternativa a favor da construção de escalões
de pedra, recolhendo-as ao longo das margens da trilha, facilitando e barateando
a obra e harmonizando-a com o entorno coberto de pedras e rochas. Deste modo,
o curso contribuiu para que os funcionários que mais tarde conduziriam as
atividades operacionais obtivessem um balizamento grupal dos requerimentos do
sítio, além de possibilitar a melhoria do diagnóstico prévio realizado pelos técnicos
do PEMD. O Quadro 1 apresenta os levantamentos dos problemas e as possíveis
soluções e a Figura 3 o croqui da trilha.
Quadro 1. Descrição da situação encontrada e propostas de intervenção para a trilha.
Ponto
Situação
Intervenção
1
Portão de acesso em mal estado de Novo portão em madeira de eucalipto tratado,
conservação, difícil visualização, com inscrições em baixo relevo, mantendo-se o
com presença de erosão
mesmo estilo do original. Cerca de arame
farpado nas laterais para evitar pessoas não
autorizadas. Recuperação do piso.
2
Guarita em mal estado de Construção de alvenaria rústica com dimensões
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conservação.
3
4, 5,
6, 7
8e9
10
11 ao
19
20
Desmoronamentos
de
borda
superior e inferior, má drenagem.
Corredor da trilha com galhos
baixos dificultando o transito.
Excesso de pedras e raízes
expostas na trilha, a água da chuva
corre pela trilha levando o solo para
baixo deixando descobertas as
raízes, a água mal drenada
ocasiona o desmoronamento da
trilha nas laterais, diminuindo a área
de pisoteio e aumentando o
impacto nas bordas.
Erosão, corrimões em péssimo
estado,
excesso
de
raízes
expostas. A trilha está em formato
de U, ou seja, o centro está mais
baixo que as margens e a água da
chuva escoa pelo centro da trilha;
arremedo de escada
Área de Descanso - Bancos em
más condições de uso e não
corresponde à demanda dos
visitantes.
Excesso de pedras e raízes
expostas na trilha, o centro está
mais baixo que as margens e a
água da chuva escoa pelo centro
da trilha, corrimão em péssimo
estado e corredor com excesso de
galhos
baixos;
arremedo
de
escada.
Topo do Morro - Área de Descanso
- Bancos em más condições de uso
e não corresponde à demanda
turística.
de 2,50m x 2,50m, com reservatório de água e
banheiro caboclo (fossa hermética).
Construção de contenção de pedras, solo
cimento e madeira, corte total de talude inferior e
superior, nivelamento do piso, valas de
escoamento e limpeza do corredor.
Construção de degraus amplos em ângulo com
pedras, madeira e solo cimento. Correção do
piso deixando seu centro mais alto que as
laterais com caimento para fora.Canais para
escoamento da água, contenção para estabilizar
o deslizamento da borda. Limpeza da borda e
corte parcial de talude superior e inferior.
Revestimento com solo-cimento.
Barreiras de contenção nas encostas, utilizar
solo para esconder as raízes expostas das
árvores e solo-cimento para estabilizar pedras.
Correção do piso da trilha, deixando-o bem
compactado e com caimento para fora.
Construção de escadaria em ângulo no trecho
onde as raízes estão mais expostas. Instalação
de corrimões e barreiras para conter a força da
água. Revestimento do piso com solo-cimento.
Instalação de 10 bancos com encosto
produzidos
em
eucalipto
tratado
com
capacidade para 40 pessoas, dispostas em
semi-circulo.
Correção do piso da trilha, deixando seu centro
mais alto que as laterais, canais para
escoamento da água para facilitar a drenagem,
escadaria em ângulo com degraus amplos de
pedras, madeira e solo-cimento. Novos
corrimãos e contenção de borda. Limpeza do
corredor. Revestimento do piso com solocimento. Escadas de pedras.
Instalar 10 bancos com encosto de eucalipto
tratado, com capacidade para 40 pessoas.
Como na maioria dos casos, a erosão é um processo natural que depende do tipo
do solo e do padrão de drenagem da água, os quais acarretam uma série de
problemas nas trilhas, principalmente nas que possuem declividade acentuada,
como é o caso do 'Morro'. Nesta trilha a desagregação do solo pelo pisoteio
permite o deslocamento de pequenas quantidades de solo. Para agravar essa
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situação, há ainda alterações no padrão de circulação da água nesse espaço,
afinal o solo vem deixando de absorver grande porcentagem da água das chuvas,
que tem passado a escorrer preferencialmente ao longo da superfície da trilha em
vários pontos do percurso. Como decorrência da erosão, as raízes das plantas
ficaram mais expostas e as pedras que compõe o solo afloram a cada dia mais.
Diante deste cenário faz-se necessário modificar a direção da água, através de
um sistema de drenagem correto para que a água corra por canais de
escoamento “pela” e não “ao longo” da superfície da trilha. Além da manutenção
da drenagem da água, a trilha do morro (TM) sofre com a deposição de
sedimentos em alguns trechos, o que provoca a contração de alguns espaços da
trilha. Partes desses sedimentos são oriundos da encosta acima da trilha e outros
são trazidos pelas águas das chuvas. Há trechos nos quais a erosão ocorre na
trilha, provocando também a contração do percurso. No primeiro caso é
necessário realizar reparos na parede de contenção acima da trilha; no segundo
os reparos e contenções precisam ser efetuados abaixo da trilha, para servirem
como prevenção para a erosão do percurso
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Figura 3. Croqui da TM com os pontos analisados para intervenção
de regularização, placas e painéis interpretativos instalados.
Ainda para conter a erosão, principalmente nos locais onde o afloramento de
pedras é mais expressivo, decidiu-se como alternativa a construção de degraus,
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com pedras justapostas unidas com mistura solo-cimento. Esta é uma mistura
homogênea de solo e cimento que para solos normais, com 70% de areia e 30%
de silte e argila, recomenda-se a proporção 12 a 15 partes de cimento para 100
partes de solo seco (Ferreira Filho, 2013), ou traço 1:6, uma parte de cimento e 6
de solo. Neto (2007) ao estudar a capacidade de carga turística da trilha realizou
análises granulométricas dos solos no trecho intermediário da trilha e no topo do
Morro do Diabo, encontrando no primeiro local 92% de areias e, no segundo,
89%, o que poderia inviabilizar a utilização da técnica. A alternativa encontrada foi
transportar solo de melhor qualidade para os trechos de menor altitude da trilha e
'garimpar' 'terra de formigueiro' nas laterais da trilha para os sítios mais elevados.
Mesmo sendo uma das obras mais difíceis da trilha, os degraus seriam uma
alternativa frente à erosão e a declividade do terreno.
Como se depreende do Quadro 1, quase toda a superfície da trilha se encontrava
bastante desgastada, o que conduziu à proposta inicial de se revestir o seu piso
com pavers de concreto inter-travados, de modo a assegurar a minimização dos
impactos decorrentes do previsível aumento da visitação pública ao Parque, visto
que as características pedológicas do terreno favorecem sua continua erosão.
Muito embora fossem mais eficientes e duráveis, optou-se por perenizar o piso da
trilha, nos trechos mais críticos, com mistura de solo-cimento em função dos
custos, haja vista as tratativas entre empreendedor (Odebrecht Agroindústria),
mediador (Ministério Público Estadual) e beneficiário (Parque). Para tanto foi
instalada uma estrutura de tubulações e bombeamento com motor estacionário
para levar água a todos os pontos da trilha e o transporte de materiais (cimento,
terra, madeiras, etc.) realizou-se em esquemas de mutirão. Semanalmente
caminhões pipa do empreendedor abasteciam reservatórios de água na base do
Morro. Nos trechos mais íngremes foram instalados corrimões de eucalipto
tratado. O Quadro 2 a seguir mostra um exemplo da situação passada e atual na
trilha.
Pontos
Fig. 3
Quadro 2. Como era e ficou um dos gargalos da Trilha do Morro do Diabo.
Antes
Pós intervenção
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3
Retificação e
perenização
do piso com
solo-cimento,
contenção de
encosta.
7
Retificação e
perenização
do
piso,
escalões,
corrimões.
231
9
Retificação e
perenização
do
piso,
escada
de
rochas,
corrimões.
Ainda que o 'Morro' em si seja um enorme mirante incrustado na paisagem
regional, propôs-se edificar uma plataforma na face Sul do Morro, ponto 20 do
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croqui da trilha, cujos estudos primários ficaram a cargo dos alunos do curso de
Arquitetura da Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE de Presidente
Prudente que esboçaram suas idéias e ofereceram um bom projeto. O projeto foi
aceito pelo empreendedor e beneficiário da compensação ambiental, mas
esbarrou nos custos e na logística necessária para a obra no cume do Morro.
Independentemente disto, o empreendedor tem a obrigação de fazer, devendo
adotar algum modelo compatível com o lugar.
3.2 Interpretação
O Morro do Diabo é o sítio mais procurado pelo público no interior da unidade e
isto se deve ao fato de a região, e principalmente o município, não contar com
elementos recreativos ao ar livre e outras oportunidades de lazer, aliado à própria
condição de alta significância da elevação, que atrai pelo seu porte, distinção no
relevo, alcance de visão proporcionado e sua beleza singular. Neste contexto, a
interpretação objetivou: i)Diminuir os impactos causados por visitantes, utilizandose de informação persuasiva, educativa e informativa e da adequação da trilha de
subida com valorização e humanização de pontos intermediários; ii)Proporcionar
às pessoas um melhor desfrute de sua visita tornando possível a compreensão e
apreciação dos fenômenos naturais e da paisagem circundante como um todo;
iii)Facilitar o trabalho da administração assegurando a cooperação do público
para o seu uso adequado, e criar apoio político e popular para a Instituição
Administradora.
Segundo Andretta et all (2006), a introdução de placas de sinalização em trilhas é
uma importante ferramenta de manejo, podendo conter informações sobre
localização, acesso, alertas sobre áreas de risco, regras e proibições ou ainda,
servir à interpretação e educação ambiental. No presente trabalho elaborou-se
uma seqüência de mensagens abordando informações que alcançassem
diferentes faixas etárias e níveis de conhecimento, de crianças a público
universitário. Foram elaborados 18 painéis interpretativos, feitos em madeira de
eucalipto tratado que suportam um quadro/sanduíche de placas de acrílico, que
contêm a comunicação ambiental impressa em lona de alta resistência (Fig. 4).
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
232
Figura 4. Painéis de eucalipto tratado no cimo do Morro (lenda do nome)
Esta opção foi eleita por permitir a fácil troca dos impressos caso estes desbotem
ou percam a razão de ser no contexto futuro da trilha, pois as placas de acrílico
são seladas com silicone facilmente removível. A cobertura com as telhas
ecológicas aumenta a resistência às intempéries e diminui a manutenção do
conjunto.
Buscou-se
harmonizar
os
painéis
ao
ambiente,
dando
certa
descontração através das cores e personagens que já serviam como
interlocutores em outras placas do PEMD, como o mico-leão-preto, anta, onçapintada e tucano, presentes também nas placas interpretativas da Estrada-Parque
Morro do Diabo (Faria e Pires, 2012), na qual o visitante precisa passar para
acessar a trilha.
O jogo de cores e contrastes está fundamentado em bibliografia especifica sobre
marketing, que alude sobre a atenção despendida pelo público para determinadas
combinações (Farina,1990; Citelli, 1997; Guimarães, 2000). De acordo com
Schmitt e Simonson (2000) dependendo da intensidade da cor e brilho, a
comunicação se torna mais efetiva e duplica mais rápido e com maior número
possível de entradas na mesma mensagem. Concentrar não apenas em cores
isoladas, mas usar várias cores pode criar uma identidade. Além de mera
identificação e associação, a cor pode ser usada para criar experiências.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Após discussões entre a equipe técnica do Parque chegou-se ao consenso para
cores e ilustrações, fotos e informações para diferentes públicos, obtendo-se o
resultado desejado. A lenda que cerca o nome do Morro do Diabo foi traduzida na
forma de "história em quadrinhos”, idealizada pelos autores e com desenhos de
um cartunista local. Trinta e duas árvores foram identificadas com nome comum e
científico em placas de eucalipto tratado. A seguir apresenta-se o Quadro 3 com
os tópicos e temas abordados nos painéis, alertando-se apenas que os painéis
referentes à geologia do Morro foram produzidos por pesquisadores do Instituto
Geológico de São Paulo, uma contribuição excepcional e enriquecedora à
interpretação do lugar.
Quadro 3. Tópicos e temas dos painéis projetados para a trilha do Morro do Diabo.
Tópicos abordados
Temas desenvolvidos na forma de painéis
Orientação
ao
Dados gerais do PEMD
visitante
Dados da Trilha
Biodiversidade
Mata Atlântica
Peroba Rosa
Aves do parque
Mamíferos do parque
Primatas do parque, com destaque para o Prof. Adelmar
Coimbra-Filho, descobridor do mico-leão-preto no PEMD
Painel motivando às pessoas a refletirem se podemos viver
sem a biodiversidade
Painel mostrando a conexão entre os seres
Geodiversidade
Perfil geológico do Morro (Instituto Geológico)
A formação geológica do Morro (Instituto Geológico)
Processos erosivos
Biografia
O cientista Theodoro Fernandes Sampaio, que dá nome ao
município sede do PEMD
Recursos hídricos
Painel com mapa do rio Panapanema, destacando o PEMD na
paisagem
História
3 painéis retratando a origem do nome do Morro
Paisagem
Painel com foto panorâmica da face Sul do Morro interpretada
Fontes de pesquisa: Ab'Saber (1977), Ab'Saber (1992), Carvalho (2004), Duke Energy (2008),
Guillaumon et all. (1984), Guillaumon (1991), Instituto Florestal (2006), Lorenzi (1992), Lorenzi
(1998), KNP (1993); MMA (2005), Santos (2010).
Por fim, construiu-se um totem de madeira de eucalipto tratado informando o
sentido de alguns Parques mundo afora: Parque Nacional Braulio Carillo,
6.200km, Costa Rica; Parque Nacional Itatiaia, 950km, Rio Janeiro; Parque
Estadual da Cantareira, 670km, São Paulo; Parque Estadual Furnas do Bom
Jesus, 640km, São Paulo; Great Barrie Reef Marine Park, 14.500km, Austrália.
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Isto permite ao visitante entender que as áreas protegidas fazem parte de um
movimento global e o PEMD faz parte deste todo.
3.3 Custos
Tentou-se resgatar os valores investidos nas atividades de restauração da trilha e
sua interpretação, porém o empreendedor não ofereceu tal informação até o
fechamento do presente trabalho. Contudo, o quadro a seguir exprime os
materiais e serviços aplicados nestas atividades.
Quadro 4. Materiais, serviços e equipamentos investidos na Trilha do Morro*
Material/Serviços
Quantidade
2
Revestimento de solo com solo-cimento
600 m
2
Revestimento com placas de arenito
200 m
Varas de eucalipto tratado de 5 metros e 6-8cm de diâmetro
200
(contenção e corrimões)
Esteios de eucalipto tratado de 5 metros e 10-12cm de
200
diâmetro
Moirões ou postes pequenos de eucalipto tratado de 5
20
metros e 20 cm de diâmetro (portal da trilha)
Tábuas eucalipto tratado de 3 metros e 25cm x 3cm
100
Bancos rusticos de eucalipto tratado com encosto, 4 lugares
24
ou similar
Lixeiras
4
Guarita de eucalipto tratado ou similar 2,5m x 3 m
1
Pregos e parafusos bitolas requeridas
10 Kg
Cimento
200 sacos
Arame galvanizado
3 Kg
Arame farpado
1 rolo de 500 m
Vernizes e seladores marítimos, tinner
4 latas de 18 litros
Impressão em alta resolução de banners lona plástica de
20
alta resistência, 4 cores, nas dimensões 1m x 0,90m
Confecção de quadros-suporte em madeira de eucalipto
20
tratado, conforme projeto PEMD
Placas de acrílico dupla face nas dimensões 1m x 0,90m
40
Telha ecológica duas águas nas dimensões 1,50m x 0,80m
20 conjuntos
Contratação de 8 homens dia/300 dias úteis ou empresa especializada
Contratação de serviço de máquina compactadora de solo (SAPO)
Contratação de serviço de transporte ao local das atividades
Ferramentas necessárias: Motoserra, adaptador para perfuratriz, serrote, arco de púa, enxó,
picareta, marreta, martelo, cavadeira, enxada, enxadão, pá, carriola, chave de fenda, pé-deAnais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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cabra, etc.
*O empreendedor não repassou os valores aos autores, mas estima-se um custo total de R$
250.000,00 entre materiais, equipamentos e mão de obra, excetuando o mirante, ainda não
construído.
3.4 Capacidade de carga
Neto (2007) realizou o estudo de capacidade de carga da trilha mediante a
metodologia desenvolvida por Cifuentes (1992) e a determinou como sendo de
123 visitantes/dia, ou 44.895 visitantes/ano. Quando o autor desenvolveu seus
trabalhos havia uma condição de erosão bastante grave, que foi regularizada com
as reparações efetuadas posteriormente. Além disso, o autor utilizou espécies da
avifauna como as que poderiam oferecer resistência ecológica à visitação.
Partindo deste estudo, refez-se os cálculos considerando a recuperação efetuada
na trilha (revestimento dos trechos críticos com solo-cimento, drenagens,
contenções de encostas, escadas, corrimões, interpretação, etc.) e substituindo
as espécies de aves pelo mico-leão-preto, que foi avistado recentemente no
trecho médio da trilha durante uma excursão ao parque (França, 2013). Ou seja,
foram alterados os fatores de correção para erodibilidade e para distúrbios da
fauna, mantendo-se os demais.
Os fatores de correção (FC) expressam-se em termos de porcentagem e para
calculá-los usou-se a seguinte fórmula geral:
FC= 1 - Ml/Mt ondeFCp = fator de correção precipitação; FCm = fator de correção
manutenção; FCf = fator de correção fauna; Ml = magnitude limitante da variável;
Mt = magnitude total da variável
Fator de correção para erodibilidade da trilha: Após a conclusão dos trabalhos de
recuperação e das chuvas do verão de 2013, fez-se levantamento que apontou a
permanência de 20 metros com presença sutil de escorrimento superficial de
águas pluviais com potencial para provocar erosões futuras. Assim sendo,
FCer = 1 - Pe/Mt
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onde 'Pe' refere-se aos pontos com problemas de erosão e 'Mt'à área total
disponível, ambas em metros.
FCer = 1 - 20/1164,4= 1 - 0,0172
FCer = 0,828
Fator de correção para distúrbio à fauna: Dado a relevância do parque para a
conservação biológica do mico-leão-preto, utilizou-se o período de gestação da
espécie como uma importante variável que deve restringir o acesso à trilha.
Segundo Coimbra-Filho (1976), este período compreende 132 a 134 dias.
FCf = 1 - 134 dias limit./ano
365 dias/ano
FCf = 1 - 0,367
FCf = 0,633
Feito isto, usa-se estes e demais fatores para corrigir a CCF, conforme a formula
a seguir.
CCR = CCF * (FCso * FCer * FCf * FCma * FCp)
CCR = 4192 * (0,498 * 0,828 * 0,633 * 0,8575 * 0,7771)
CCR = 4192 * 0,1739
CCR = 729 visitas/dia
De posse da CCR chega-se à capacidade de carga efetiva considerando-se a
capacidade de manejo da unidade mediante a fórmula
CCE = CCR * CM
CCE = 729 * 0,5
CCE = 364 visitas/dia
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Considerando que a visita à TM despende duas horas e meia e que a trilha fica
aberta oitos horas por dia, é possível que uma mesma pessoa faça até 3,2 visitas
em um dia. Isto nos permite saber a quantidade de visitantes que a trilha suporta
nas atuais condições de manejo do parque.
No Visitantes = 364 / 3,2 = 113 visitantes/dia ou 41.518/ano
Apesar de a capacidade de carga física da trilha ter aumentado em função da sua
recuperação, a espécie da fauna mico-leão-preto empurrou-a para baixo, assim
como a capacidade de manejo do parque diminuiu a capacidade de recepção de
visitantes (Quadro 5).
Quadro 5. Síntese da capacidade de carga, com destaque para os índices alterados pela
recuperação da trilha (1), presença do mico-leão-preto (2) e capacidade de manejo (3).
Capacidade de Carga
Índices (Neto, 2007)
Ìndices atuais
CCF
4192 visitas/dia
4192
0,4981
0,4981
0,6841
0,828
0,583
0,633
FCma
0,8575
0,8575
FCp
0,7771
0,7771
CCR
555,19
729
80%
50%
Fatores de Correção
FCso
FCer
FCf
CM
1
2
3
CCE
444 visitas/dia
113 sitas/dia
3.5 Segurança do usuário
Durante a execução das obras de revitalização da TM desenvolveu-se
concomitantemente estudo para o enquadramento da trilha aos requisitos da
ABNT NBR 15331 (Faria, 2012), contribuindo para a gestão dos riscos e da
melhoria contínua na gestão da visitação, haja vista a existência de Plano de
Contingência no Parque. Segundo o autor, esta norma tem como objetivo
aumentar a satisfação e segurança do cliente por meio da efetiva aplicação do
Sistema, de processos de melhoria contínua e de garantia da conformidade com
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os requisitos de segurança do cliente e requisitos regularmente aplicáveis, além
de demonstrar a capacidade de assegurar a prática de atividades de turismo de
aventura de forma segura. Ademais, a norma foi elaborada na Comissão de
Estudo de Gestão de Segurança do Comitê Brasileiro de Turismo (ABNT/CB-54)
e seu uso é altamente recomendável, para que se aborde a segurança no turismo
de aventura de forma sistêmica.
O estudo apresenta a aplicação integral do Sistema de Gestão de Segurança na
TM, abordando todos os requisitos exigidos pela Norma. O autor conclui que à
época a gestão do PEMD estava aberta ao uso de meios que visassem a
segurança no processo de visitação e a melhor transmissão de valores
ambientais, basicamente em função do grau de participação de funcionários e
membros da equipe do Programa de Uso Público (PUP) no processo de gestão
de riscos, com demonstrações de interesse e contribuições significativas.
Conclui ainda que a direção e a equipe do PUP, estavam aptos a implementar a
Norma ABNT NBR 15331, empregando-a como um veículo na mudança de
comportamento dos visitantes e na difusão de informações sobre uma visita
segura de acordo com seus critérios. O avanço recomendado pelo autor pode não
ser efetivado haja vista a política adotada pela Fundação Florestal a partir de
2011, de indicar 'novos' gestores sem concurso público, os denominados 'cargos
comissionados', cuja seleção não é criteriosa e desconsidera o currículo na área
de conservação ou gestão ambiental, o mérito e a experiência profissional,
trocando-se gestores com tal perfil por indicados políticos (O Estado de São
Paulo, 2013a, 2013b), resultando na descontinuidade dos trabalhos.
Monitoramento
A trilha já está pronta, já foi inaugurada e com uso freqüente. Agora precisa ser
adequadamente monitorada visando a responder se...
...a interpretação da trilha está alcançando os visitantes? qual a satisfação?
...as normas de gestão das trilhas estão sendo respeitadas?
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...a capacidade de carga da trilha é respeitada e corresponde aos impactos?
...o limite aceitável de alteração do ambiente da trilha está sendo observado?
...as infraestruturas estão adequadas ao perfil e segurança dos usuários?
...quais reparos são emergenciais? quando deverão ser os próximos?
...
Respostas a essas perguntas são obtidas a partir da observação diária reportada
pelas pessoas que guiam as excursões e mediante a utilização de técnicas e
metodologias apropriadas, tais como o limite aceitável de mudanças (LAC) e o
manejo do impacto do visitante (VIM). No estado de São Paulo o Projeto Trilhas
de São Paulo lançou um manual bastante didático com os passos para se aplicar
o VIM (SMA, 2009) sendo, por esta razão, recomendado aqui, além do plano de
contingência do parque, que deve ser revisto e atualizado periodicamente.
240
4. Conclusão
Nada científico, mas necessário sempre afirmar que trabalhar com trilhas
interpretativas em meio à natureza é um privilégio, refresca a alma, nos alegra e
conduz a uma dimensão às avessas das experiências obtidas na urbe. Melhor é
saber que os produtos obtidos deste trabalho incidem sobre a melhoria da
qualidade de vida das pessoas e na conservação ambiental das áreas naturais.
Reconhecendo-se que as trilhas são uma das principais maneiras de se
aproveitar um Parque, entende-se que para proteger o ambiente do impacto do
uso e assegurar aos usuários maior conforto e segurança, as trilhas precisam
receber manutenção adequada cujos gastos devem ser entendidos como
investimentos na medida em que ao longo dos últimos anos emergiu um
reconhecimento social sobre a relevância de se proteger áreas naturais à
posteridade.
As técnicas utilizadas para a recuperação da trilha foram adequadas para os
propósitos firmados inicialmente, sendo muito pertinente a decisão de usar pedras
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de arenito presentes às margens da trilha para a confecção de escalões, por
exemplo. Da mesma forma que a decisão por se utilizar terra de formigueiro, com
maior teor de argila, na elaboração de massa de solo-cimento, haja vista sua
disponibilidade sem que isto ocasionasse impactos ambientais ou visuais. Podese afirmar que na trilha do Morro empreendeu-se não só a interpretação
ambiental, mas a comunicação ambiental, pois os painéis e respectivas
mensagens vão além dos recursos naturais presentes na trilha. Em função do
tema e tópicos selecionados, houve a necessidade de a pesquisa bibliográfica ser
mais profunda, estendendo-se sobre a biografia de figuras científicas e
adaptando-se eventos pretéritos ao formato adequado para comunicar a
mensagem, como as histórias em quadrinhos por exemplo.
A capacidade de carga física da trilha aumentou em função do aumento da
resistência do seu piso após seu revestimento com massa de solo-cimento e os
reparos das drenagens ao longo do percurso. Porém, a capacidade de recepção
do Parque foi prejudicada devido à diminuição da efetividade do manejo da área,
aspectos que se refletiram nos resultados obtidos com a metodologia adotada.
Como as chances de transformar o Morro do Diabo em mais um monumento
geológico do estado de São Paulo são reais, a probabilidade de haver um
aumento na visitação à trilha é uma realidade. Portanto, cabe à gestão da unidade
primar pelo monitoramento dos impactos ambientais e da segurança do usuário
utilizando os meios técnicos existentes para tal. E providenciar a manutenção
requerida para que a trilha esteja sempre em boas condições de uso.
5. Reconhecimento
Os autores desejam saudar todos os monitores ambientais, estagiários e
funcionários do PEMD que participaram das atividades relatadas neste trabalho.
Saudar em especial David de Souza (Dario) e Wilson Mamédio (Didi), que
assimilaram a 'filosofia' adotada e conduziram os trabalhos de campo com
dedicação e máxima eficácia. E manifestar o apoio financeiro da empresa
Odebrecht Agroindustrial, por intermédio do Ministério Público de São Paulo, e o
apoio logístico da Prefeitura Municipal de Teodoro Sampaio, gestão 2008-2012.
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento e
manejo de trilhas
MAPEAMENTO DOS ATRATIVOS E USOS NAS TRILHAS DO PARQUE
NATURAL MUNICIPAL FAZENDA DO CARMO, SÃO PAULO/SP
Jussara Christina Reis17
Angela Pellin18
Giovana Dominicci Silva19
Resumo
Palavras-chave: Sociedade; Uso Público; Unidade de Conservação; Ambiente Urbano; Mata
Atlântica
O PNMFC abriga uma área de 449 ha de Mata Atlântica na zona leste de São
Paulo, desempenhando importantes funções socioambientais na região. No
entanto, sofre com pressões relacionadas à urbanização do entorno e usos
conflitantes em seu interior, além do baixo reconhecimento da área enquanto uma
UC. Embora o PNMFC não esteja oficialmente aberto à visitação, ele apresenta
vários atrativos como trilhas, mirantes, áreas florestais, córregos e quedas d’água.
Conta com 09 trilhas que totalizam 16,33 km, implantadas em períodos distintos
para finalidades diversas. Atualmente, são utilizadas oficialmente para
fiscalização, manutenção e pesquisa, porém, também tem facilitado o acesso à
área para usos conflitantes. Os principais desafios associados ao uso das trilhas
são os usos religiosos desregrados, caça, consumo de drogas e outros usos
associados à criminalidade. Alguns autores destacam que um dos valores das
florestas urbanas reside na proximidade às pessoas e possibilidade de sua
integração com a sociedade, o que pode ocorrer quando está preparada para
receber visitantes e oferecer uma experiência agradável e educativa, na qual as
trilhas constituem-se como importantes instrumentos. Neste sentido, o presente
trabalho buscou caracterizar o PNMFC, identificando os principais atrativos e
impactos relacionados às suas trilhas. Para tanto, foram conduzidas revisão
bibliográfica, entrevistas com funcionários da UC e observações diretas em
campo. Concluiu-se que o PNMFC apresenta atrativos que poderiam compor um
programa estruturado de uso público. Vários impactos foram identificados e
parecem estar relacionados à fragilidade da fiscalização atual, mas também, à
inexistência de outros usos compatíveis com a categoria da UC. Um programa de
uso público estruturado e revisão do atual sistema de trilhas pode constituir um
17
jussara@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas
angela@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas
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giovana@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas
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importante instrumento de aproximação da sociedade, já que estas poderão ser
utilizadas para possibilitar interações positivas entre os visitantes e a natureza.
Resumen
Palabras-clave: Sociedad; Uso Publico; Area protegidao; Ambiente Urbano; Mata Atlântica
El PNMFC tiene una superficie de 449 hectáreas de Bosque Atlántico en el este
de São Paulo, con un importante papel socio ambiental en la región. Sin embargo,
sufre de presiones relacionadas con la urbanización de los alrededores y usos
conflictivos internamente, además también sufre con su bajo reconocimiento
como un área protegida. Aunque PNMFC no este oficialmente abierto a la
visitación, presenta varios atractivos como senderos, miradores, bosques, arroyos
y cascadas. Tiene un total de 09 rutas con un total de 16,33 kilómetros,
implantadas en momentos diferentes para diferentes propósitos. Actualmente, se
utilizan oficialmente para la fiscalización, el mantenimiento y la investigación, sin
embargo, también ha facilitado el acceso para usos conflictivos. Los principales
problemas asociados con el uso de los senderos son los usos religiosos sin
control, la caza, el uso de drogas y otros usos relacionados con la criminalidad.
Algunos autores señalan que uno de los valores de los bosques urbanos es que
se encuentra muy cerca de las personas y tiene la posibilidad de gran integración
con la sociedad, lo que puede ocurrir cuando está listo para recibir a los visitantes
y proporcionar una experiencia agradable y educativa, con los senderos siendo
importantes instrumentos. En este sentido, el presente estudio tuvo como objetivo
caracterizar el PNMFC, la identificación de los principales lugares de interés y los
impactos relacionados con los senderos. Por lo tanto, se realizó una revisión de la
literatura, entrevistas con el personal del área protegida y observaciones directas
en el campo. Se concluyó que el PNMFC presenta diversos lugares de interés
que podrían componer un programa estructurado para el uso público. Se
identificaron varios impactos que parecen estar relacionados con la fragilidad de
la fiscalización actual, sino también a la ausencia de otros usos compatibles con
la categoría del área protegida. Un programa de uso público estructurado y la
revisión del sistema de senderos actual puede ser una herramienta importante
para la aproximación de la sociedad, ya que pueden ser utilizados para facilitar las
interacciones positivas entre los visitantes y la naturaleza del Parque.
1. Introdução
As florestas Atlânticas constituem-se como o segundo maior bloco de florestas
tropicais úmidas da América do Sul, elas encontram-se entre as mais ameaçadas
do mundo, uma vez que grande parte de sua área de distribuição coincide com as
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regiões brasileiras mais populosas (VIANA e TABANEZ, 1996). Esta realidade
torna-se ainda mais complexa quando estendidas às grandes metrópoles, a
exemplo da cidade de São Paulo considerada como o maior aglomerado urbano
do país (SEADE, 2013). Embora a cidade de São Paulo apresente cerca de 40%
de seu território com algum tipo de cobertura vegetal, poucas áreas (20,06%) são
cobertas por vegetação nativa e destinadas, efetivamente, para a conservação
ambiental (SVMA e IPT, 2004). Esta vegetação está mais conservada e
concentrada em regiões de cabeceiras de rios e de proteção aos mananciais,
normalmente localizadas nas porções norte e sul do município de São Paulo. Em
outras regiões, como na Zona Leste – que abriga o Parque Natural Municipal
Fazenda do Carmo (PNMFC), área de estudo deste trabalho - a vegetação
encontra-se bastante fragmentada e dispersa (MALAGOLI et al, 2008).
É importante considerar que poucas dessas áreas cobertas por vegetação nativa
estão inseridas em algum tipo de unidade de conservação (UC) (MALAGOLI et al,
2008), evidenciando a importância do PNMFC para a conservação do maior
fragmento de vegetação da Zona Leste e qualidade socioambiental local.
Diversos autores (SOUZA, 2010; MENEZES, MENDES, 2001), analisaram os
valores e benefícios das áreas protegidas urbanas e destacaram o grande
potencial dessas áreas tanto em sua dimensão ambiental, quanto socioeconômica
e cultural, estética e educacional; sendo estes últimos o enfoque deste estudo.
McNeely (2001) destaca a proximidade das pessoas às florestas urbanas, como
valor fundamental destas áreas. Para o autor, um dos seus grandes potenciais
seria a possibilidade de uma maior integração da UC com a sociedade, o que
pode ocorrer quando a área está preparada para receber visitantes, oferecendo
uma experiência significativa e educativa.
De fato, as áreas naturais são locais ideais para processos educativos, uma vez
que representam verdadeiros laboratórios vivos que oferecem oportunidades
únicas
para
a
(re)aproximação
das
pessoas
aos
ambientes
naturais,
possibilitando reflexões, troca de saberes e aquisição de novos conhecimentos,
além de despertar sentimentos de pertencimento, fatores que vão ao encontro
dos pressupostos da educação ambiental e da conservação da natureza
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(VASCONCELLOS, 2006). Von Behr (2012) destaca que UCs em áreas urbanas,
preparadas para a visitação pública e que estabelecem uma relação inclusiva com
a comunidade local, são estratégicas para o alcance do apoio da sociedade para
a conservação. Segundo ele, é necessário estimular cada vez mais que as
pessoas conheçam e desfrutem desses espaços, pois estas áreas desempenham
um papel pedagógico fundamental no sentido de ter a comunidade aliada na
defesa do meio ambiente.
Dentre as diversas estratégias que podem contribuir para o processo de
integração entre UC e sociedade, destacam-se as trilhas por serem espaços que
atraem um público diverso e possibilitarem atividades múltiplas, seja para o lazer,
cultura, esporte, religião e, conforme Oliveira et al. (1999), para sensibilização e
educação ambiental. Destaca-se que as trilhas são reconhecidas como valiosos
instrumentos de programas de educação ao ar livre ao propiciar atividades que
revelem os significados e as características do ambiente por meio do uso dos
elementos físicos, simbólicos, recursos ilustrativos e pela experiência direta
(ARAÚJO e FARIAS apud SILVA et al., 2012).
Entretanto, o fomento do seu uso também requer planejamento, monitoramento e
manejo, já que estas são susceptíveis a vários impactos. Magro e Talora (2006)
mencionam que tais impactos podem decorrer tanto de fatores internos quanto
externos, podendo estar associados ou não ao uso público. Para as autoras, as
transformações antrópicas de cunho não recreacionais, constituem como grande
desafio para o manejo desses locais, tendo em vista que as pressões internas
relacionadas ao uso público podem ser trabalhadas de forma direta e eficiente,
diferentemente das pressões antrópicas externas, as quais são complexas,
dinâmicas e tendem a se ampliar, a exemplo dos agentes poluidores e a
expansão urbana. O PNMFC encontra-se neste contexto, assim o presente
trabalho buscou realizar uma caracterização geral da UC, bem como identificar os
principais atrativos, usos, e respectivos impactos, relacionados às suas trilhas, de
forma a contribuir para o planejamento do uso público da unidade.
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2. Metodologia
Foram realizadas revisões bibliográfica, documental e consultados materiais
disponibilizados pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo
(SVMA). Este levantamento foi complementado com a realização de observações
diretas no PNMFC e seus arredores, cujos aspectos de interesse para o estudo
foram registrados por meio de coordenadas geográficas, fotografias e anotações.
Com o intuito de caracterizar as trilhas e demais atrativos do PNMFC de interesse
para visitação pública foram realizadas saídas de campo em março de 2013, e
entrevistas não estruturadas junto aos funcionários do PNMFC. Esses dados
foram coletados entre fevereiro e março de 2013 durante o processo de
diagnóstico para a elaboração do plano de manejo do Parque realizado pela
Prefeitura Municipal de São Paulo/ SVMA por meio de consultoria executada pelo
IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas.
3. Resultados e discussão
Caracterização da Área de Estudos
O PNMFC foi criado pelo Decreto Municipal nº 43.329/2003, com o intuito de
preservar e recuperar características dos ecossistemas originais de uma área de
449,78ha que já fazia parte da Área de Proteção Ambiental Parque e Fazenda do
Carmo. Esta UC está localizada na região da Subprefeitura de Itaquera – cidade
de São Paulo (Figura 1), sendo a responsável por abrigar o maior remanescente
florestal da Zona Leste da cidade.
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Figura 1. Mapa de localização do PNMFC.
O seu entorno é constituído principalmente de bairros com altos índices de
adensamento populacional, onde as famílias são predominantemente de baixa
renda, contendo cerca de 10% das favelas da cidade de São Paulo. Tal
informação, aliada aos dados de renda e educação, revela a alta fragilidade social
do entorno do Parque. A região apresenta sérios déficits quanto à infraestrutura
urbana, principalmente em questões ligadas ao saneamento básico, segurança
pública, às áreas verdes e também em equipamentos culturais, de lazer e
atrativos turísticos. Os estudos realizados durante o plano de manejo
identificaram a presença de pelo menos 507 espécies de plantas, onde 5 se
enquadram em alguma categoria de ameaça, incluindo a Campomanesia phaea
(o cambuci), uma espécie endêmica e rara, símbolo da cidade de São Paulo. Para
a fauna estima-se que o Parque abrigue 166 espécies, sendo 11 répteis; 148
aves, como o jacuaçu (Penelope obscura) e o papagaio-verdadeiro (Amazona
aestiva), consideradas “quase ameaçadas” de extinção; e 07 mamíferos, como a
Preguiça-de-três-dedos (Bradypus variegatus).
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Além dos valores associados à biodiversidade, este fragmento de vegetação
apresenta um importante papel no equilíbrio ambiental da Zona Leste, uma vez
que abriga inúmeras nascentes e funciona como um elemento regulador dos
processos hidrológicos, ecológicos, geomorfológicos e climáticos. O PNMFC
também apresenta grande importância hídrica com nascentes e córregos que
contribuem com a formação do Rio Aricanduva, afluente do Rio Tietê. No entanto,
a falta de saneamento adequado nos bairros do entorno tem acarretado graves
consequências aos recursos hídricos do interior do Parque, que atualmente
apresenta parte dos seus cursos d’água contaminados por esgoto. Outro
problema é o depósito inadequado de lixo e entulhos, principalmente nas margens
das avenidas que circundam o Parque e nos pontos de entrada desta UC.
Como toda floresta urbana, o PNMFC é circundado por uma matriz altamente
impermeável, caracterizada por áreas antropizadas e urbanizadas na maior parte
de seus limites. Esta questão acarreta constantes pressões em suas bordas e
impede praticamente qualquer tipo de troca genética entre as populações da
maioria das espécies da fauna e flora ali presentes com populações localizadas
em outros remanescentes do município. Essa situação acaba desencadeando um
efeito em cascata, pois afeta os processos ecológicos resultando em um gradativo
empobrecimento do número de espécies. Intensificando a problemática exposta,
vale ressaltar que também são frequentes os relatos de vandalismo, além da
abertura de clareiras para usos religiosos e da presença de queimadas e de usos
indevidos (uso de drogas, depósito de resíduos, abandono de cadáveres,
acampamento/abrigo de andarilhos) no interior dessa UC, provocando impactos
diretos sobre a UC.
Dentro desse contexto ainda é relevante considerar que a UC conta com poucos
recursos humanos e não dispõe de programas estruturados de apoio a
fiscalização, manejo / manutenção, pesquisa e uso público. O Parque também se
encontra desprovido de qualquer ação e processo de integração, educação e
sensibilização ambiental com a comunidade do entorno, havendo, neste sentido,
um baixo reconhecimento da área enquanto uma UC. Outro ponto de destaque
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está ligado à insuficiência e precariedade de suas infraestruturas, fato que as
tornam inadequadas para a gestão, fiscalização e recepção dos visitantes.
2.1 Caracterização dos atrativos
Embora o PNMFC não encontre-se oficialmente aberto à visitação, ele apresenta
um significativo potencial para o uso público, com destaque para as trilhas que
dão acesso a mirantes, áreas florestais em diferentes estágios de regeneração,
córregos e quedas d’água.
Mirantes
Os mirantes naturais do PNMFC (Figura) oferecem vistas para diversos pontos da
região, onde é possível contemplar a floresta e a cidade, reforçando a
característica do Parque de ser uma UC urbana.
255
Figura 2. Mirantes do PNMFC acessados por trilhas.
Corpos Hídricos
Embora o PNMFC encontre-se em uma grande metrópole e região de intenso
adensamento populacional, onde corpos hídricos tendem a ser canalizados,
soterrados, e apresentar poluições visíveis, a UC resguarda paisagens
diferenciadas pela presença de córregos, nascentes e bicas d’água, em sua
maioria com aparência cristalina e presença de vegetação ciliar, constituindo
como elementos potenciais para a contemplação, interpretação e educação
ambiental. Entretanto, a maioria destes locais encontra-se assoreada e com
presença de lixo (Figura 3).
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Figura 3. Impactos nos recursos hídricos do
PNMFC com potencialidades para o uso público.
Embora estas áreas não apresentem condições para banho, elas têm sido usadas
para essa finalidade. Outras pressões que incidem sobre estas áreas são os usos
ilícitos, como consumo de drogas. O local que apresenta maior conflito de uso é
um lago, represado artificialmente, o qual é frequentemente utilizado para banho
por crianças e adultos mesmo encontrando-se em condições insalubres (Figura 4ª
e 4b).
Figura 4b. Uso recreativo em lago poluído.
Fonte: PNMFC
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Figura 4b. Uso recreativo em lago poluído.
Fonte: PNMFC
Trilhas
O PNMFC possui trilhas abertas em períodos distintos para finalidades diversas,
como manutenção das antigas fazendas existentes na área, usos religiosos,
acesso aos atrativos da UC e outros locais de lazer da região, além de servirem
como caminhos alternativos para moradores do entorno. Estes usos ligados,
principalmente, ao lazer e religiosidade diminuíram significativamente após a
instalação das bases de proteção e fiscalização do PNMFC há quatro anos, onde
a autorização do acesso à UC restringiu-se somente à pesquisa científica. É neste
período, também, que as trilhas existentes foram adequadas para o trabalho de
fiscalização e manutenção, incluindo a instalação de infraestrutura e abertura de
novos caminhos. As trilhas estão também relacionadas à exploração irregular dos
recursos naturais como caça, e, ainda utilizadas para ações ilícitas como
consumo de drogas e abandono de cadáveres.
Como consequência destes usos diversos, o PNMFC encontra-se constituído por
trilhas em praticamente toda sua extensão. Esse sistema de trilhas é totalmente
conectado, sendo possível acessar praticamente todas as regiões do Parque.
Destaca-se que esta característica, embora possa facilitar o acesso às regiões
pela equipe de fiscalização e manutenção, também deixa a UC em situação de
maior vulnerabilidade às intervenções antrópicas, sobretudo os seus ambientes
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mais frágeis como nascentes e áreas em regeneração. Considerando que
atualmente as trilhas são constituídas por inúmeros caminhos alternativos e não
encontram-se estruturadas para visitação, optou-se para este levantamento
priorizar os trajetos que levassem à regiões distintas do PNMFC e que
apresentassem potencialidade para o uso público. Sendo assim, foram mapeadas
09 trilhas, totalizando 16,33 km ( Figura5 e Tabela1).
258
Figura 5. Mapeamento das trilhas e atrativos do PNMFC.
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3.263
3h
B
Trilha do Urubu I
2.526
2h
M
X
X
Trilha do Urubu II
1.310
2h
B
X
X
Trilha do Chuchu
2.076 1h40
B
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
L
IA
X
X
X
IA
IA
Principais problemas/ Impactos
Trilha da Bica
d’Água/Tabor
X
X
Facilidades de acesso
X
X
Potencial Uso Público**
B
X
Ilícitas (drogas/criminalidade)
1h
Religiosa
1.626
Fiscalização
Ronda do P1 –
Aricanduva
Banho
X
Caminhada
X
Flora
M
Atividades
Fauna
1.737 1h40
Histórico-cultural
Mirante
Ronda do
P1 - I
Trilha/Trajeto
Corpos d’água
Formação rochosa
Atrativos
Grau de dificuldade*
Tempo de percurso (estimativa)
Extensão total (m)
Tabela 1 Síntese das características das trilhas percorridas no PNMFC.
Raízes expostas, vestígios de fogo, lixo,
clareiras, atalhos, resíduos de oferendas
religiosas.
Entulhos, vestígios de fogo, lixo,
X resíduos de oferendas religiosas,
espécies exóticas e ocupação irregular.
Espécies exóticas, lixo, vandalismo,
atalho.
Clareiras, atalhos, animais exóticos,
resíduos de culto religioso, vestígio de
X
fogo, lixo, áreas alagadas, raízes
expostas e erosão.
Espécie de flora exótica e áreas
alagadas.
Entulho, lixo, atalho, e espécie de flora
exótica.
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Principais problemas/ Impactos
Facilidades de acesso
Potencial Uso Público**
Ilícitas (drogas/criminalidade)
Religiosa
Fiscalização
Banho
Flora
Caminhada
Atividades
Fauna
Histórico-cultural
Mirante
Corpos d’água
Formação rochosa
Grau de dificuldade*
Tempo de percurso (estimativa)
Extensão total (m)
Trilha/Trajeto
Atrativos
Erosão, raízes expostas, atalhos,
X clareiras,
resíduos
de
oferendas
religiosas com uso de velas.
Problemas de drenagem, erosão e
Tabor/SESC
1.566 1h40
B
X
atalho.
Espécie de flora exótica, esgoto,
Gleba do Pêssego 694 40min B
X
X
X
entulhos e lixo.
*Definição do grau de dificuldade (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2008): Baixo (B)= O terreno é quase plano, sem trechos difíceis ou exigentes para o usuário.
Piscinão II
1.537 1h30
B
X
X
X
X
X
X
L
IA
Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode usá-la sem restrições. No mínimo 80% do percurso são suaves para todo tipo de usuário. Médio (M)= O percurso
apresenta alguns trechos mais difíceis e exigentes do que outros. A velocidade do percurso é prejudicada pela necessidade de descanso. A metade do percurso
requer um esforço adicional do usuário menos capacitado fisicamente. Alto (A)= As exigências físicas requeridas são um aspecto de segurança para o próprio
usuário. Existe uma série de obstáculos físicos que o visitante deve vencer para concluir a trilha. 80% da trilha exigem maiores esforços físicos do que os 20%
restantes. **Potencial Uso Público: Lazer (L)= caminhadas de caráter recreativo. Interpretação Ambiental (IA)=caminhadas de caráter educativo, podendo
ser guiadas ou autoguiadas.
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Considerações sobre as trilhas
Este levantamento visou à caracterização geral das trilhas, incluindo atrativos,
usos e principais impactos decorrentes. No que diz respeito ao seu estado de
conservação foi possível verificar a existência de trechos que requerem
maiores intervenções para sua recuperação por apresentarem problemas de
drenagem, erosão e raízes expostas. Também foram identificados trechos com
potencialidade de interpretação ambiental que necessitam de infraestrutura de
apoio ou facilitação do percurso.
Outro problema observado foram os inúmeros atalhos que levam ao mesmo
local de destino ou diferentes regiões do PNMFC, que conforme já sinalizado,
podem colocar ambientes fragilizados em situação de maior vulnerabilidade
com a abertura da UC para visitação. Neste sentido, é recomendável a
elaboração de estudos específicos para avaliar a viabilidade deste sistema
(Figura 6).
261
Figura 6. Trechos com erosão e atalhos.
Além disso, as trilhas apresentam diversos pontos com resíduos sólidos
relacionados, sobretudo, aos trechos que margeiam as avenidas e pontos de
ônibus, além dos atrativos ligados aos recursos hídricos. Estes últimos
concentram os usos mais conflitantes, como banho em local inapropriado,
consumo de drogas, uso de fogo e abandono de cadáveres, o que contribui
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para a insegurança destas trilhas as quais, por sua vez, constituem-se como os
principais atrativos da UC.
Pelo fato do PNMFC abrigar um dos poucos fragmentos florestais da região,
ele apresenta uma procura significativa por religiosos, especialmente por afroreligiosos e evangélicos. Destaca-se que trata-se de um uso antigo que foi
drasticamente reduzido com a instalação da segurança no PNMFC.
Tais usos religiosos constituem-se como conflitantes na medida em que são
utilizadas velas e materiais não biodegradáveis, que acabam gerando impactos
sobre o local. O uso de clareiras por grandes grupos evangélicos e novas
aberturas, também provocam impactos diretos sobre a vegetação (Erro! Fonte
de referência não encontrada. 7).
262
Figura 7. Impactos decorrentes de usos religiosos: resíduos sólidos, uso de fogo e clareiras.
Embora esses usos religiosos provoquem impactos sobre o PNMFC, ressaltase, que essas diferentes práticas revelam a importância simbólica de suas
áreas naturais para estes grupos, os quais, por sua vez, atribuem um sentido
espiritual à UC, podendo constituir-se como importantes parceiros para a
proteção do local. Desta forma, o reconhecimento do direito desse grupo em
acessar o PNMFC, associado à regulamentação desse uso apontam-se como
a melhor alternativa. Para tanto, se faz necessário aprofundar o conhecimento
sobre o grupo e iniciar um processo de diálogo e negociação.
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Destaca-se que as trilhas e demais atrativos fazem com que o PNMFC
apresente também, um grande potencial turístico. Além disso, apresenta áreas
de floresta em bom estado de conservação e recursos hídricos o que pode
atrair visitantes que apreciem o contato com a natureza e educadores
ambientais com grupos de estudantes, que tem a oportunidade de utilizar o
PNMFC como um verdadeiro laboratório ao ar livre. O Parque ainda pode
proporcionar a observação de algumas espécies ameaçadas e espécies
carismáticas como o bicho-preguiça (Figura 8). Isso assume ainda mais
destaque considerando a localização da UC, no interior de um grande centro
urbano.
263
Figura 8. Preguiça-de-três-dedos
(Bradypus variegatus) Fonte: PNMFC
A partir deste levantamento verificou-se que as trilhas e infraestruturas
associadas à visitação
no
Parque
necessitam de
investimentos em
manutenção e implantação de novas estruturas para atender com mais
segurança e conforto os visitantes. Da mesma forma, também são necessárias
ações no sentido de incrementar seus recursos humanos dedicados ao
atendimento de visitantes e acompanhamento/monitoramento dessa atividade,
tanto em relação à quantidade, quanto à capacitação.
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4. Conclusão
O PNMFC apresenta atrativos que podem compor um programa estruturado de
uso público voltado a um público bastante diverso, como moradores,
estudantes, religiosos, esportistas, dentre outros. No entanto, vários impactos
foram identificados e parecem estar relacionados à falta de estrutura da
fiscalização atual, mas também, à falta de outros usos compatíveis com a
categoria da UC. A dinâmica urbana em que o Parque encontra-se torna a
questão extremamente complexa, requerendo esforços multisetoriais para
saná-la. No entanto, a ampliação do diálogo com o entorno, implantação de
infraestrutura mínima e ampliação da segurança no local podem contribuir para
a construção de um processo de apropriação do Parque pela sociedade e
minimização de tais impactos. Um programa de uso público estruturado e a
revisão do atual sistema de trilhas podem constituir-se como um importante
instrumento, já que estas poderão ser utilizadas para possibilitar interações
enriquecedoras entre os visitantes e a natureza.
5. Bibliografia
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento
e manejo de trilhas
PRÁTICAS PARTICIPATIVAS PARA ADEQUAÇÃO DO USO PÚBLICO– O
CASO DO PARNA CAMPOS GERAIS-PR
Lilian Vieira Miranda Garcia20
Jasmine Moreira21
Resumo
Palavras-chave: visitação, uso público, parques, trilhas, gestão participativa
O Parna Campos Gerais/PR foi criado em 2006 e até o presente momento não
possui sua situação fundiária regularizada. Porém, as atividades turísticas
proporcionadas, sob responsabilidade dos proprietários, não consideram a
minimização de impactos que o uso público está sujeito. Neste contexto, ações
que visam o estabelecimento de parcerias são essenciais para a conservação.
Em função do exposto, o presente artigo objetiva compreender como a
adequação participativa de espaços públicos pode auxiliar na proteção do
Parna Campos Gerais, fundamentado nos conceitos de espaço vivido e
construção participativa de espaços públicos. A área de estudo é o atrativo da
Unidade conhecido como Cachoeira da Mariquinha, que contempla áreas de
campo nativo bem preservado e mata de araucária. Para chegar ao objetivo
proposto foi realizado diagnóstico biofísico onde identificou-se 03 trilhas
utilizadas pelo visitantes que apresentaram impactos relacionados ao manejo
inadequado, principalmente, falta de delimitação e considerável elevação em
curta distância, fato identificado em campo e através de analise da variação de
altitude das trilhas. Além disso, foram identificadas outras atividades/estruturas,
incompatíveis, que tem potencial para diminuir a qualidade da visitação como:
estacionamento e camping dividindo o mesmo espaço. Para embasar a
adequação participativa foram realizadas entrevistas semiestruturadas com
atores diretamente interessados (arrendatário e ICMBio) onde constatou-se
que todos compartilham do objetivo: a conservação da área. Baseado nos
dados levantados foi elaborado priorização dos elementos a serem adequados
considerando as expectativas dos atores envolvidos. Conclui-se que a
utilização de práticas participativas na promoção da visitação em UC é um
caminho que fortalece a relação de pertencimento dos usuários com a área,
trazendo como consequência a proteção efetiva da Unidade.
20
lilian.miranda@icmbio.gov.br . Universidade Estadual de Ponta Grossa-UEPG. Mestrado em
Gestão do Território.
21
Orientadora, Docednte. Universidade Estadual de Ponta Grossa-UEPG.
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RESUMEN
Palabras-clave: visitación; uso público; parque; senderos; gestión participativa.
El Parna Campos Gerais / PR, Unidad de Conservación creada en 2006 que no
tiene su situación agrária regularizada. Sin embargo, las actividades turísticas
proporcionadas bajo la responsabilidad de los propietarios, no tienen en cuenta
la minimización de los impactos de uso público en UC está sujeto. Por lo tanto,
este documento se centra em compreender como la adecuación de los
espacios públicos puede ayudar a proteger a la Unidad, fundamentándose en
los conceptos de espacio vivido y la construcción participativa de los espacios
públicos. El área de estudio , conocido como Cascada Mariquinha, contempla
restos de pastizal nativo bien conservados y araucaria. Para alcanzar la meta
proposta fue hecho um diagnóstico, que identificó 03 senderos utilizados por
los visitantes, los cuales presentan impactos relacionados con la gestión
inadecuada , principalmente por la falta de delimitación de senderos y una
considerable elevación a poça distancia, hecho reconocido en el campo y
mediante el análisis de la variación de altitud. Además, se identificaron otras
actividades/estructuras, que ocasionan un impacto negativo en el medio
ambiente y/o en la calidad de las visitas como: de aparcamiento y acampada
compartiendo el mismo espacio. Para apoyar a adecuación, se realizaron
entrevistas con las partes interesadas (arrendatario y ICMBio) donde el análisis
parcial de los datos indica que todos comparten el mismo objetivo: la
conservación del área. Basado en las experiencias y expectativas de estos
actores, a partir de las entrevistas, se hizo la priorización de las acciones de
gestión con el fin de minimizar los impactos. Se puede concluir que la
elaboración participativa de la adecuación del uso público, con el estudio de las
experiencias y expectativas, es una manera que fortalece la relación de
pertenencia entre los usuarios y la UC, trayendo como consecuencia la
protección efectiva de la Unidad.
1. Introdução
A criação de uma área com o objetivo de conservar a biodiversidade é um
dever do Estado para salvaguardar um direto da sociedade previsto na
Constituição Brasileira (BRASIL, 2013, p.36) “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para às presentes e futuras gerações”.
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Assim a Lei do SNUC, instituída no ano 2000, organizou as Unidades de
Conservação (UCs) brasileiras em categorias, cada uma com seus objetivos e
níveis de uso específicos. Tal Sistema é considerado um dos modelos mais
sofisticados de conservação do mundo, pois sua concepção vai além da
manutenção da biodiversidade, pois possibilita vários usos do solo e dos
recursos naturais (MMA, 2011a).
Uma das doze categorias estabelecidas pelo SNUC são os Parques, UCs que
visam à preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica
e beleza cênica, onde é possível realização de pesquisas científicas e
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de
recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. (BRASIL, 2004)
Porém, as atividades de visitação não são exclusividade dos Parques, outras
categorias de UC, como as FLONAS (Florestas Nacionais) e RESEX (Reservas
Extrativistas), também se utilizam do uso público para aproximar à sociedade
ao meio natural. No entanto, em função da beleza cênica já inserida no objeto
de sua criação, são os Parques os grandes responsáveis pela visitação das
Unidades de Conservação brasileiras. “A utilização das Unidades de
Conservação (UC) pelo público é uma maneira de aproximar as pessoas da
natureza enquanto gera renda para sua conservação e para seus moradores e
os do entorno”. (NELSON, 2013, p.217)
A fim de proporcionar visitação e conservação, os Parques devem buscar
estimular o vínculo entre individuo e meio, com intuito de sensibilização da
sociedade, através da educação ambiental, do desenvolvimento de práticas
interpretativas e ações de voluntariado. Para Moreira (2001) a educação
ambiental deve ser vista como fonte de transformação, sendo utilizada na
conscientização do uso racional dos recursos turísticos naturais. Já
interpretação ambiental para MMA (2006, p.10) é “uma maneira de representar
a linguagem da natureza, [...] de maneira que o visitante possa compreender e
valorizar o ambiente e a cultura local”. A ideia de conhecer para conservar,
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expressa o entendimento de que é possível obter benefícios na conservação
através do uso das paisagens naturais fomentando a apropriação dos espaços
públicos protegidos pela sociedade.
Homem apaixonado pelo meio cria a alma do lugar [...]. O
próprio planejamento que não reconhece essas dimensões
todas (naquilo que é o seu campo) torna-se cúmplice da
estetização dos lugares, isto é, da mesmice que vaga pelo
território sem cara nem alma. (YÁZIGI, 2001, p.45)
Esta perspectiva remete ao conceito de lugar, um dos cinco pilares da ciência
geográfica, “produto das relações humanas entre homem e natureza, tecido por
relações sociais que se realizam no plano vivido” (CARLOS, 1999, p 28).Para
Tuan (1983), ícone da geografia humanista, espaço e lugar não podem ser
pensados separadamente, uma vez que o lugar se constrói a partir da
identificação e experiência do indivíduo com o espaço. “Quando o espaço nos
é inteiramente familiar passa a ser lugar” (TUAN, 1983, p. 83).
Assim, o uso público, quando consegue desenvolver tal sentimento na
sociedade, torna-se meio de conscientização, extrapolando da área de
visitação para a Unidade como um todo, ou ainda para além do território
protegido, uma vez que sensibiliza a população da importância da conservação
das áreas naturais, o que repercute no seu modo de vida.
Ecoturismo deve ser, também, uma ferramenta da Educação
Ambiental, empregada no trabalho continuo de sensibilização e
conscientização das pessoas, afim de que elas se sintam parte
da natureza e se sintam responsáveis pela preservação do
meio ambiente, à medida que elas percebem que o mundo é
sua casa e precisa ser protegido, para estas e para as
próximas gerações. (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010, p. 38).
No entanto, algumas formas de construção de espaços fabricam lugares
turísticos que não consideram a simbologia original do local, tornando-os sem
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identidade e, consequentemente, sendo sinônimo de não lugar (CARLOS,
1999). Este fenômeno é característico de espaços turísticos que não fomentam
a relação entre visitante e atrativo. Esta postura não é interessante, no caso da
visitação em Unidades de Conservação, uma vez que o objetivo destas áreas é
a conservação através da aproximação do indivíduo ao meio natural.
Indiscutivelmente o turismo é uma das atividades econômicas que mais cresce
no mundo. Assim, de uma maneira geral, o que se constata atualmente são
atrativos turísticos em áreas naturais sendo preparados para integrar o “trade
turístico”, o que é justificável uma vez que o turismo é uma atividade que visa o
lucro e segue os padrões do modelo capitalista. Segundo Falcão (1999, p.65):
O turismo, qualificado como nova modalidade de turismo em
massa [...]se expande com a produção de bens e serviços que
se integram para o produto final.[...]. O espaço, na dimensão do
lugar, assume caráter de objeto de consumo e, como tal, (re)
produzido e comercializado.
Assim, é evidente que a lógica capitalista seguida pelo turismo de massa não
carece de reprodução no interior das Unidades de Conservação. Com isso, os
parques brasileiros vivem em um conflito constante entre a ótica do turismo
enquanto “atividade que produz espaço e consome espaço” (RODRIGUES,
1999), e a proteção da biodiversidade. É importante considerar esta dicotomia
a fim de buscar o caminho intermediário. Este pode estar, justamente, na
apropriação, por parte da sociedade, dos espaços protegidos através de
atividades ecoturísticas. O conceito de ecoturismo, expressão largamente
utilizada pela indústria do turismo para “vender” um produto paradisíaco, e
rotineiramente, sem qualquer preocupação com os impactos negativos gerados
no ambiente é definido pela Embratur (1994, p 19) como:
É um segmento da atividade turística que utiliza, de forma
sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua
conservação e busca a formação de uma consciência
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ambientalista através da interpretação do meio ambiente,
promovendo o bem estar das populações envolvidas.
Assim Serrano (1997) avalia que aatividade ecoturística é uma alternativa à
lógica do turismo de massa, tendo preocupação direta com mínimo impacto da
atividade. Neste contexto, a tendência, portanto, é o aumento da demanda de
visitantes nas unidades de conservação, uma vez que a maioria das belezas
naturais do país encontram-se no interior dos Parques. O que reforça ainda
mais a necessidade de Plano de Uso Público que organizem a visitação e
envolvam a população local. (NELSON, 2012). Cada vez mais se faz
necessário à construção de objetivos claros para o uso público das UC e
estudos à cerca de impactos da visitação que subsidiem a gestão destas áreas
protegidas. Outra forma de fomentar vínculo entre visitante e UC, ou seja,
homem e natureza é a participação da sociedade, e muitas vezes divisão de
responsabilidades, na gestão das Unidades de Conservação.
Através dos
conselhos consultivos ou deliberativos, dependendo da categoria da Unidade, a
sociedade organizada contribui diretamente na resolução de conflitos e com a
própria eficácia da Unidade. (MMA, 2011b). A participação social é considerada
uma condição, onde o conhecimento e as experiências dos diferentes atores
envolvidos com a UC são levantados, como objetivo de planejar e desenvolver
estratégias conjuntas. (DRUMOND; GIOVANETO; GUIMARAES, 2009)
No entanto, o mundo real é bem diferente do idealizado pelos legisladores, em
parte na criação dos conselhos, e principalmente na arrecadação das terras já
legalmente destinadas para a conservação pelo o poder público. Atualmente, a
lentidão dos processos de regularização fundiária inviabiliza inúmeras
atividades em Unidades de Conservação que ainda não possuem seu processo
de desapropriação concluída. Portanto, é comum a existência de parques, que
seriam áreas de proteção integral, onde somente é permite o uso indireto dos
recursos naturais, apresentarem áreas ainda ocupadas por propriedades
particulares. Assim, para a gestão das Unidades, a formalização de parcerias
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pautadas em práticas participativas torna-se um caminho para conservação,
tanto no aspecto da participação social como no vínculo criando entre as
pessoas e à Unidade.
Casos assim são comuns na região sul do Brasil. O aumento das áreas
agrícolas juntamente com o crescimento das cidades foram, a ainda são, os
maiores responsáveis pela diminuição das áreas de campos nativos da região
dos campos gerais do Paraná. Pensando na conservação deste ecossistema
foi criado, em 2006, o Parque Nacional dos Campos Gerais, que além do
objetivo comum às todas as Unidades de Conservação (UC) busca o
desenvolvimento do turismo ecológico.
Art. 1o Fica criado o Parque Nacional dos Campos Gerais,
localizado nos Municípios de Ponta Grossa, Castro e
Carambeí, no Estado do Paraná, com objetivos de preservar os
ambientes naturais ali existentes com destaque para os
remanescentes de Floresta Ombrófila Mista e de Campos
Sulinos, realizar pesquisas científicas e desenvolver atividades
de educação ambiental e turismo ecológico.(BRASIL, 2006,
p.1)
O histórico de visitação nos atrativos inseridos na área do Parque é muito
antigo. Quando da criação da Unidade as atividade turísticas já faziam parte da
rotina da população da região. Ainda gerenciadas pelos proprietários ou
arrendatários, em função do processo de regularização fundiária da Unidade
não estar concluído, atualmente, a visitação não tem compromisso com a
sustentabilidade ambiental e da própria atividade.
“As áreas com maior interesse para uso público (ex buraco do
padre, cachoeira do rio São Jorge, furnas gêmeas, cachoeira
da Mariquinha e capão da onça) são utilizadas intensamente
pela
população,
algumas
das
quais
exploradas
economicamente pelos ocupantes, sem que nenhum ou muito
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poucos cuidados sejam tomados em relação ao patrimônio
natural das áreas. Trilhas de motociclistas, áreas de escaladas,
camping, turismo religioso, entre outros, complementam os
usos em desacordo aos objetivos da unidade atualmente em
curso na área.” (OLIVEIRA, 2012)
Além disso, a Unidade não possui plano de manejo, o que inviabilizaria o uso
público no Parque. Porém, entendendo que a diminuição dos impactos da
visitação é uma atividade visa a proteção da biodiversidade local, os
procedimentos adotados para esse fim são respaldados pela lei do SNUC –
Sistema Nacional de Unidades de Conservação. À vista do exposto, o contexto
apresentado indica a construção de parcerias entre o governo, no caso o
ICMBio, órgão gestor da UC federais, e os proprietários com o intuito de
adequar a visitação nos atrativos. Além disso, é uma boa oportunidade de
aproximação da sociedade despertando seu interesse pela conservação da
natureza, como sugere MMA (2011a).
Objetivando compreender como a adequação participativa do uso público pode
contribuir na proteção do Parque Nacional dos Campos Gerais, o presente
ensaio propõe o levantamento de expectativas e experiências de indivíduos
que desempenham papel importante no atrativo alvo do estudo, a Cachoeira da
Mariquinha, aqui identificados como atores e assim construir um espaço
público a partir da participação e sua visão destes indivíduos frente á atividades
realizadas.
O desenvolvimento de processos participativos contribui com a
resolução de conflitos em conjunto com todos os atores sociais
envolvidos nas áreas, de forma que, por meio do diálogo aberto
e da compreensão dos diferentes pontos de vista, se consiga o
apoio das populações e instituições locais para o planejamento
e manejo das unidades de conservação. (WWF, 2012, p.108)
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A área alvo do presente ensaio, denominada Cachoeira da Mariquinha, é um
atrativo localizado no polígono sul do Parque Nacional dos Campos Gerais a
30Km da cidade de Ponta Grossa, formada pelo Rio Quebra-Perna sob falha
da formação arenítica do Segundo Planalto Paranaense. Pela definição de
Maack (1948) o segundo planalto paranaense tem seus limites entre a escarpa
devoniana e a escarpa da serra geral, sendo que os campos gerais dos Paraná
estão localizados inteiramente nesta delimitação. Assim a“singularidade
biogeográfica da desta região está diretamente atrelada à natureza geológica e
geomorfológica”. (MELLO, p. 32). Os campos gerais do Paraná são
caracterizados por “uma zona originalmente coberta por vegetação de campos
limpos e matas, galerias ou capões isolados de Floresta Ombrófila Mista, em
solos predominantemente rasos e arenosos”. (BURIGO, 2009, p.48).
Trecho significativo do canal principal do Quebra-perna
também flui em linha de falha do arenito. O trecho em que o rio
se encaixa na linha de falha coincide com o encachoeiramento
denominado localmente como cachoeira da Mariquinha, outro
sítio intensamente visitado no interior do Parque Nacional,
especialmente nos meses mais quentes de verão. Para chegar
à cachoeira, o visitante precisa caminhar por cerca de 800 m
desde o local disponibilizado pelo proprietário da área como
camping, acompanhando exatamente o trecho do Quebraperna comum à linha de falha, existindo no local duas trilhas
leves, razoavelmente bem conservadas, uma em ambiente de
campo e outra em floresta, tratando-se, pois, de área ímpar
para futuras ações de educação ambiental na Unidade de
Conservação.(OLIVEIRA, 2012)
Além disso, a área apresenta pinturas rupestres em vários estágios de
preservação, identificadas como sendo exemplares das tradições planalto e
geométrica, localizadas, principalmente, em abrigos areníticos (ROSA, 2004).
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Figura 1: Foto da Cachoeira da Mariquinha
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2. Metodologia
Para o diagnóstico da área alvo do presente estudo foram realizados 03
campos com objetivo de mapear as trilhas, identificar as atividades e impactos
causados pela visitação. A coleta e analise dos dados para o diagnóstico foram
baseada no roteiro metodológico para manejo da visitação do ICMBio. Assim
serão respondidas as quatro perguntas básicas indicadas no roteiro:
Quais as atividades de visitação existentes e onde são realizadas?
Quantas pessoas praticam a atividade?
Quais os locais com impactos mais evidentes tanto ambiental como de
qualidade da visitação?
O mapeamento das trilhas e local de atividades foram realizados através de
caminhamento com GPS, e posteriormente plotados sob imagem Google Earth
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através de softwareGPSTrackmakerPró e ArcMap 9.3. Através deste software
foram calculadas as distâncias de cada trilha, bem como os gráficos de altitude.
Como práticas participativas, com a finalidade de levantar as experiências e
expectativas dos atores inseridos no processo de adequação do uso público da
área, foram realizadas entrevistas semiestruturada. A análise dos dados
coletados através das entrevistas foi realizada qualitativamente, através de
comparação dos discursos, levantando assim expectativas e o visão/relação de
cada ator com o atrativo. Das entrevistas, também foram extraídas as
prioridades de cada ator, relacionadas a adequação das áreas, a partir daí
elaborada a tabela de manejo, priorizado itens comuns.
3. Resultados e discussões
3.1 Diagnóstico
O local, alvo do presente estudo, oferece aos seus visitantes 03 trilhas, não
circulares, todas de acesso à Cachoeira da Mariquinha, como apresentado no
mapa a seguir. No entanto, se estabelecido um roteiro utilizando mais de uma
trilha, é possível realizar um caminho circular. Segundo o responsável pela
área, são recebidos, aproximadamente, 3800 pessoas por ano, apresentando
uma forte sazonalidade. A grande maioria da visitação está concentrada entre
os meses de outubro a abril. Nesses meses, a média é de 150 pessoas por
final de semana.
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Figura 2: Mapa das trilhas e pontos de interesse da área
Cachoeira da Mariquinha
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A trilha denominada “trilha campo”, por estar inserida em um dos
remanescentes de campo nativo mais bem preservados da região, foi
identificada como o acesso que mais exige esforço físico do visitante, não
somente pela sua distância de 1210 m, como também pelo relevo acidentado
apresentado em gráfico de declividade abaixo.
Figura 3: Gráfico de declividade da trilha campo
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A declividade elevada, juntamente com a falta de equipamentos facilitadores,
como escadas, ocasiona erosão na trilha, onde pode ser evidenciando impacto
significativo. No entanto esta trilha apresenta algumas inscrições rupestres
pintadas nas rochas areníticas ao longo do percurso, o que faz da “trilha
campo” um atrativo por si só. Porém, percebe-se que a ação do tempo sob o
arenito e a falta de controle das atividades neste local estão provocando a
perda deste patrimônio cultural. Na Figura 04 é possível identificar ação de
fogo muito próxima à pintura.
Outras pinturas, bem preservadas, estão
localizadas em pontos mais distantes, no entanto a falta de delimitação e
sinalização da trilha pode favorecer a depredação dos últimos exemplares
nítidos. Mais adiante, a trilha apresenta um mirante natural de onde pode-se
avistar a cachoeira. Assim, considerando dois aspectos: relevo e paisagem, é
aconselhável que a trilha seja utilizada na direção estacionamento-cachoeira.
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Figura 04: Pintura rupestre
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Já a trilha identificada como “trilha ecótono”, por estar inserida em uma área de
transição campo floresta, apresenta um relevo mais suave em seus 862,5 m de
extensão, como apresenta gráfico abaixo.
Figura 05: Gráfico de declividade da “trilha ecótono”
Por esse motivo é o acesso mais fácil, salvo, pela travessia que deve ser feita
pelo rio sem qualquer equipamento facilitador. Por sua vez, a denominada
“trilha floresta” mais utilizada pelos visitantes, apresenta uma distância de
851,45m com algumas lixeiras. No entanto o acesso é um pouco dificultado em
função de uma declividade acentuada em uma pequena distância sem o auxilio
de equipamento facilitador. Este fato aumenta o impacto em função da erosão
do solo. O gráfico a seguir apresenta no Ponto 01 a declividade relatada. Em
45m de trilhas se identifica um declive de 14,17 m.
Figura 06 Gráfico de declividade da “trilha floresta”
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Além das atividades de caminhada nas três trilhas apresentadas é comum às
descidas de rapel pela lateral da cachoeira. Tal atividade é realizada por
grupos que dispões de equipamento próprio. Portanto a responsabilidade da
atividade é do grupo e não do responsável pela área. A atividade não é realiza
comercialmente. Além disso, o atrativo disponibiliza camping e estacionamento,
ambos no mesmo local, o que é alvo de reclamações por parte dos visitantes,
segundo o responsável pela área. A atividade de camping, na alta temporada,
entre outubro a abril, chega a receber 08 barracas. Ainda, segundo
responsável pela área não é permitido acampa e fazer churrasco nas
proximidades da cachoeira.
3.2 A percepção do responsável pela área
Valdecir Clarindo é arrendatário da área do atrativo ha pelo menos 11 anos. No
entanto, seu vínculo com o local vem de sua infância quando já visitava a
cachoeira. Em sua fala é nítido o sentimento de pertencimento ao local, e a
vontade de adequar a área com o intuito de minimizar os impactos. Entende
que seu público alvo são as famílias por acreditar que o comportamento desse
grupo especifico causa menos impacto quando comparado a outros. Além
disso, vislumbra algumas mudanças na área para atender a demanda de seus
visitantes como: a separação do estacionamento das áreas de camping,
melhoria na trilha floresta para minimizar impactos de erosão e melhoria na
sinalização das trilhas. Além disso, o responsável apresenta uma grande
preocupação com as áreas de campo, principalmente em função do lixo que é
deixado pelos visitantes e da depredação das pinturas rupestres. Futuramente,
pretende organizar um acervo de materiais antigos (fotos, jornais, objetos) para
expor aos visitantes. O arrendatário sente falta de materiais informativos sobre
o meio natural e cultura da região. Também é de interesse do arrendatário, a
exploração comercial das atividades de rapel, porém, não sob sua
responsabilidade.
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Em relação á criação do Parque Nacional dos Campos Gerais, Sr. Valdecir,
relata que suas atividades não foram modificadas após o decreto, e vê
possibilidades de parceria já que entende que ele e o ICMBio tem objetivos
parecidos.
3.3 A percepção da gestão do Parna Campos Gerais
Marcio Ferla, chefe do Parque Nacional dos Campos Gerais, esclarece que a
criação da Unidade é um dever da União em dispor ás futuras gerações um
ambiente equilibrado, sendo a área do Parque um dos únicos remanescentes
de campo nativo entremeado de mata de araucária da região. A categoria
parque é justificada pela beleza cênica da região.
A maior preocupação em relação à área da Cachoeira da Mariquinha é a
proteção do remanescente de campo nativo, que hoje não apresenta nenhum
controle das atividades de visitação. Além disso, outro impacto evidente,
segundo a gestão da UC, é a questão da erosão nas trilhas.
Ainda, é visível a dispersão do pinus taeda, espécie exótica comum na região,
nas áreas de campo nativo. Assim, retirada dos indivíduos dessa espécie é um
ganho para a conservação da biodiversidade do local e para a paisagem local.
Na visão do Parque a parceria é a opção mais promissora para a proteção da
Unidade, até que os processos de desapropriação sejam finalizados.
Em relação a expectativas para o futuro, a gestão da UC espera a minimização
dos impactos decorrentes das atividades e melhoria da qualidade da visitação.
Outro
aspecto
importante,
apresentado
na
entrevista
é
que
sejam
desenvolvidas atividades de educação ambiental e meios interpretativos uma
vez que o objetivo do uso publico na UC é aproximar a sociedade do meio
natural e não somente a recreação.
A seguir é apresentada a tabela de prioridades para adequação das atividades
turísticas na cachoeira da Marquinha, elaborada considerando as entrevistas
realizadas.
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Tabela 1 – Tabela de prioridades de manejo
Objetivo
Atividades
0
Proteção do campo nativo
Melhoria na delimitação das trilhas
1
Trabalho de conscientização ou condução
Retirada dos indivíduos de pinus taeda
0
Minimizar
Impactos Manejo das trilhas
2
decorrentes de erosão
Identificar locais para colocação de equipamentos
facilitadores.
0
Melhoria da qualidade da Levantamento de expectativas e experiência dos
3
visitação
visitantes
Separação
das
áreas
de
camping
e
estacionamento
Sinalização
0
Fortalecimento do elo entre Elaboração de plano interpretativo para a área,
4
sociedade e meio natural
considerando aspectos culturais.
Analisando a perspectiva dos dois atores envolvidos é possível identificar, pelo
menos, um objetivo comum: a conservação da área. ICMBio e arrendatário
concordam que a proteção das áreas de campo é fundamental. Além disso,
considerando que o ICMBio objetiva a melhoria da qualidade da visitação, a
separação das áreas de camping e estacionamento é uma boa opção, desde
que a informação passada pelo responsável, que está é uma demanda dos
visitantes, seja confirmada pelos próprios usuários. Com relação à atividade
comercial de rapel, deve-se é prudente submetê-la à uma avaliação mais
criteriosa relacionada aos riscos da atividade e questões jurídicas a cerca da
responsabilidade de possíveis acidentes e de autorizações por parte do
ICMBio.
4. Conclusão
Existe uma grande distância entre os meios legais que regem as questão das
Unidades de Conservação brasileiras e a realidade. Diante disso, as parcerias
entre poder público e proprietários são possíveis e, muitas vezes, apresentamse como a melhor opção para a proteção dessas áreas protegidas.
Considerando que o objetivo do uso público em unidades de conservação está
em construir uma relação de pertencimento entre sociedade e meio, praticas de
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educação ambiental e interpretação devem fazer parte das atividades
desenvolvidas nessas áreas.
Como exemplo clássico da situação exposta acima, a área alvo do presente
estudo, Cachoeira da Mariquinha, localizada no interior do Parna Campos
Gerais, apresenta um grande potencial ecoturistico, porém necessita de
adequação para sua sustentabilidade.
Através da participação dos atores, ICMBio e responsável pela área, foi
possível identificar denominadores comuns para priorização da adequação das
atividades.
Assim, conclui-se que um planejamento embasando em práticas participativas
tem grande possibilidade de êxito já que consegue reunir os interesses de
ambos atores, e facilitar a caminhada a um objetivo comum: a conservação.
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento
e manejo de trilhas
PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO COMO INDICADORES DE IMPACTOS
EM TRILHAS NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO CAIRUÇU PARATY
Luana de Almeida Rangel22
Antonio Jose Teixeira Guerra23
Resumo:
Palavras chaves: Área de Proteção Ambiental. Qualidade do solo. Estabilidade de agregados
em água.
O intenso pisoteio das trilhas impacta negativamente na dinâmica do solo,
causando compactação, diminuição da porosidade, perda de matéria orgânica
e quebra dos agregados do solo. Nesse sentido, quanto maior for a intensidade
de operações sobre o mesmo, maior a porcentagem de microagregados. O
presente trabalho tem como objetivo avaliar o impacto da utilização de trilhas
localizadas no sul da APA Cairuçu através dos índices de agregação do solo.
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram coletados blocos de solo na trilha
Laranjeiras - Praia do Sono nas profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm e para
efeito de comparação foram coletadas amostras em dois pontos na trilha e na
borda da trilha. A trilha da praia do Sono possui aproximadamente 2,6 km de
extensão, grau médio de dificuldade, está inserida em área de floresta
ombrófila densa, é utilizada para deslocamento da população local e para
atividade turística, além disso, ocorre trânsito de animais equinos. Foi realizado
o tamisamento úmido para determinação da distribuição de classes (2,0 – 1,0 –
0,5 – 0,25 – 0,125 e < 0,125 mm) de agregados utilizando o método de Yoder
(1936). Com os dados obtidos foram calculados o Diâmetro Médio Ponderado
(DMP), o Diâmetro Médio Geométrico (DMG) e o Índice de Estabilidade de
Agregados (IEA) e para determinar o grau de compactação do solo foram
coletadas amostras indeformadas de solo em anel de volume conhecido. Ao
analisar os índices de agregação do solo, percebeu-se que a área de borda da
trilha está menos degradada, com valores de DMP e IEA aceitáveis, já o leito
da trilha possui valores de DMP e IEA mais baixos principalmente na
22
Mestranda em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Bolsista CNPq - Integrante do
Lagesolos. E-mail: luarangel@ufrj.br
23
Professor Titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro –
Coordenador do Lagesolos. E-mail: antoniotguerra@gmail.com
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profundidade de 10-20 cm. Com relação à densidade do solo, na trilha foram
encontrados valores elevados chegando a 1720 kg/m³. Conclui-se que a
utilização intensa na trilha está afetando negativamente as propriedades do
solo, compactando-o e diminuindo a agregação do mesmo, dificultando a
percolação de água favorecendo o escoamento superficial e a formação de
ravinas.
Resumen
Palabras clave: Área de Protección Ambiental. La calidad del suelo. Estabilidad de los
agregados en agua.
El intenso pisoteo de los senderos afecte negativamente en la dinámica del
suelo, provocando la compactación, la reducción de la porosidad, la pérdida de
materia orgánica y la ruptura de los agregados. En consecuencia, cuanto
mayor sea la intensidad de las operaciones en el mismo, mayor será el
porcentaje de microagregados. Este estudio tiene como objetivo evaluar el
impacto del uso de los senderos ubicados en el sur de APA Cairuçu a través de
los índices de agregación del suelo. Para desarrollar la investigación, bloques
de suelo se recogieron en Sendero Laranjeiras - Praia do Sono em las
profundidades 0-10 cm y 10-20 cm y para las muestras de comparación se
recogieron en dos puntos en lo sendero y en el borde de lo sendero. El camino
a la playa del sueño tiene aproximadamente 2,6 km de longitud, grado medio
de dificultad, se inserta en el ámbito de la densa selva tropical, se utiliza para el
desplazamiento de la población local y la actividad turística también se produce
el tránsito de los équidos. Tamizado en húmedo se llevó a cabo para
determinar la distribución de las clases (2,0 - 1,0 a 0,5 - 0,25-0,125 y <0,125
mm) utilizando el método de los agregados Yoder (1936). Con los datos
obtenidos se calculó el diámetro medio ponderado (DMP), el diámetro medio
geométrico (DMG) y el Índice de estabilidad de los agregados (IEA) y para
determinar el grado de compactación de las muestras de suelo se recogieron
anillo de suelo no alterado de volumen conocido . Mediante el análisis de los
contenidos de agregación del suelo, se observó que la zona del borde de lo
sendero es menos degradada, con valores de DMP y IEA aceptables. El
sendero tiene valores de DMP y IEA inferior principalmente en la profundidad
de 10 - 20 cm. Con respecto a la densidad, em lo sendero se ha encontrado
valores de 1.720 kg/m³. Llegamos a la conclusión que el uso intensivo en el
sendero está afectando negativamente a las propiedades del suelo, la
compactación y la reducción de la agregación de la misma, haciendo que la
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percolación del agua y aguas de escorrentía favoreciendo la formación de
barrancos.
1. Introdução
O constante crescimento populacional e as elevadas taxas de utilização dos
recursos naturais podem motivar as mudanças ambientais globais que
caracterizam o período atual. É possível considerar como uma mudança
marcante a transformação da cobertura vegetal pelo crescente uso do solo.
Segundo, Agarez (2002) não se deve enfatizar apenas a importância da
biodiversidade, mas também o papel do espaço geográfico na disposição e na
diferenciação da mesma, assim como a dinâmica temporal e histórica e suas
interações com homem, que é agente da transformação da biosfera. Assim, o
homem torna-se o agente que interfere na formação das paisagens,
provocando a redução da diversidade biológica e gerando a fragmentação dos
ecossistemas. Frente a esta perspectiva a adoção de práticas de conservação
da natureza está se tornando cada vez mais frequente. Uma das formas mais
comuns de tentar proteger a biodiversidade de uma determinada área é a
criação de Unidades de Conservação (UCs), que são definida como:
(...) espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de
proteção; (BRASIL, 2000. Art. 2)
O fato é que o conceito de UC passou a agregar a função de instrumento de
recursos naturais e de gestão territorial, adotando desde a proteção integral da
natureza, até a gestão ordenada do território e dos bens que o ser humano
pode obter dos ecossistemas. Vê-se, portanto, que hoje as unidades de
conservação ultrapassam a lógica da proteção isolada de fragmentos de
habitats, para uma estratégia de proteção do todo, buscando reorientar opções
econômicas e políticas sobre o acesso e uso dos recursos naturais.
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Dentro das UCs de Uso Sustentável, destaca-se a Área de Proteção Ambiental
(APA), que segundo PHILLIPS (2002), é uma parte da superfície da terra, que
pode incluir a parte costeira ou terrestre, na qual a interação da natureza e do
ser humano, ao longo do tempo, produziu uma zona definida, com importantes
valores estéticos, ecológicos e/ou culturais, e que pode abrigar uma rica
diversidade ecológica. Como a maioria das APAs surgiu em áreas que já
possuíam ocupação humana, a gestão dessas áreas de proteção é
extremamente complexa e conflituosa, pois em muitos casos é preciso
administrar interesses divergentes sobre a manipulação e utilização das terras
em questão.
Considerando que algumas Unidades de Conservação encontram-se em áreas
de difícil acesso, são criadas trilhas, que significam “caminho, rastro ou picada”
(COSTA, 2006). Essas trilhas possuem diferentes formas, comprimentos e
larguras, e possibilitam a aproximação dos visitantes ao ambiente natural,
podendo conduzi-los a um atrativo específico, tornando possível seu
entretenimento ou educação por meio de sinalizações ou de outros recursos
interpretativos (NEIMAN, et. al. 2009). Andrade (2008) destaca que a principal
função das trilhas é suprir a necessidade de deslocamento.Cada vez mais, é
comum o estudo do impacto que as trilhas causam em áreas que tem como
intuito serem protegidas. A partir disso, surge uma questão levantada por
Kroeff (2010):
As trilhas, que podem ser consideradas forças de tensão,
dificultam o alcance dos preceitos das UCs: contribuir para a
conservação e preservação da diversidade dos ecossistemas
naturais e a recuperação e restauração deles, quando
degradados, assim como, a promoção do desenvolvimento
sustentável – objetivos estipulados no Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza, SNUC. (KROEFF,
2010 p. 11)
1.1 - O impacto das Trilhas
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Presume-se que a grande quantidade de estudos sobre trilhas, tanto
internacionais como nacionais, seja decorrente da controvérsia que elas
causam em Unidades de Conservação (UCs). Já que uma área que foi criada
com o intuito de ser preservada, sofre com o impacto da utilização das
mesmas. Para Lechner (2006) as trilhas e caminhos são, provavelmente, as
rotas de viagem mais disseminadas pelo mundo e em áreas naturais
protegidas, a trilha pode ser o único acesso à maior parte da área. Passold
(2002) enfatiza que além da função básica de suprir a necessidade de
deslocamento, a trilha motiva oportunidades de recreação aos visitantes,
tornando-se um novo meio de contato com a natureza, além de contribuir com
a proteção dos recursos naturais. Incorporando assim uma nova característica
e passando a ter um significado próprio.Como já foi dito, a utilização de trilhas
pode provocar impactos não só na dinâmica do solo do leito da trilha, mas
também, no ecossistema como um todo. O impacto ambiental é segundo
Guerra e Guerra (1997):
290
Expressão utilizada para caracterizar uma série de
modificações causadas ao meio ambiente, influenciando
na
estabilidade
dos
ecossistemas.
Os
impactos
ambientais podem ser negativos ou positivos, mas, nos
dias de hoje, quando a expressão é empregada, já está
mais ou menos implícito que os impactos são negativos.
(GUERRA e GUERRA, 1997 p. 350)
Sánchez (2006) reitera que quando negativo, o impacto ambiental causa a
degradação ambiental, ou seja, a perda ou deterioração da qualidade
ambiental, a redução das condições naturais ou do estado de um ambiente. Os
impactos da erosão do solo geram condições indesejáveis nas trilhas que
podem afetar negativamente a experiência do usuário. Trilhas com acumulação
de água e/ou profundamente erodidas podem gerar diversos problemas
sociais, como a diminuição da utilidade funcional da mesma. (JEWELL e
HAMMITT, 2000). De acordo com Takahashi (1998), o pisoteio das trilhas
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compacta os solos alterando sua porosidade em razão da redução do volume
de macroporos. Este aumento na compactação eleva a resistência mecânica
do solo à penetração de raízes e à infiltração de água, reduzindo a
regeneração natural. Magro (1999) afirma que quando o pisoteio é freqüente, o
solo é compactado provocando a selagem do mesmo e aumentando sua
susceptibilidade à erosão e perda de matéria orgânica.
1.2 – Indicadores de Qualidade do Solo
O conceito mais simplificado para o termo foi formulado por LARSON &
PIERCE (1991), como sendo “apto para o uso”. A partir da intensificação da
discussão, Doran (1997) apresentou uma definição mais complexa de QS que
é utilizado nos dias atuais, onde:
Qualidade do solo é a capacidade de um solo funcionar dentro
dos limites de um ecossistema natural ou manejado, para
sustentar a produtividade de plantas e animais, manter ou
aumentar a qualidade do ar e da água e promover a saúde das
plantas, dos animais e dos homens (DORAN, 1997).
Vezzani e Mielniczuk (2009) destacam que no conceito proposto por Doran
(1997) a qualidade do solo é a integração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo, que o habilita a exercer suas funções na plenitude. Assim,
para avaliar QS deve-se estudar algumas de suas propriedades que são
consideradas como indicadores (DORAN e PARKIN, 1994). Os indicadores são
os próprios atributos do solo que sofrem modificações dentro do sistema.
Essas modificações podem melhorar ou causar dano aos componentes do
solo. Logo, o monitoramento dessas propriedades é relevante para adequar o
manejo do solo, principalmente em áreas degradadas, como é o caso das
trilhas.
Um indicador eficiente deve ser sensível às variações do manejo,
correlacionado com as funções desempenhadas pelo solo e capaz de ilustrar
os processos do ecossistema (DORAN e JONES, 1996). No presente trabalho,
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serão utilizados como indicadores de qualidade do solo os índices de
estabilidade de agregados em água e a densidade do solo.
O agregado é um conjunto de partículas primárias (argila, silte, areia) do solo
que se aderem umas às outras mais fortemente do que às outras partículas
circunvizinhas (KEMPER & ROSENAU, 1986). Logo, ele é um componente
importante para a estrutura do solo, pois controla o armazenamento de água,
aeração, crescimento da cultura e atividade biológica, bem como os processos
erosivos (OADES, 1984). A agregação depende não somente da floculação,
mas também da cimentação (HILLEL, 2003), que pode ocorrer, segundo Tisdall
e Oades (1982) devido à quantidade de argila, à concentração de matéria
orgânica, à presença de raízes, fungos e bactérias. Assim, muitos estudos
apontam que as práticas de manejo e uso do solo podem afetar positiva ou
negativamente a agregação e as propriedades físicas do solo (CASTRO FILHO
et al., 2002).
Uma forma de se avaliar a agregação do solo é por meio dos índices de
agregação avaliados através da estabilidade em água (YODER, 1936 apud
CASTRO FILHO, 1998). Nesse sentido, podem ser usados: o diâmetro médio
geométrico (DMG), que é uma estimativa do tamanho médio dos agregados
que mais ocorrem no solo, o diâmetro médio ponderado (DMP), que é tanto
maior quanto maior for a percentagem de agregados grandes retidos nas
peneiras com malhas maiores e o índice de estabilidade de agregados (IEA),
que é uma medida da agregação total, mas sem considerar as classes de
distribuição de tamanho dos agregados, que pode refletir na resistência do solo
à erosão; logo, quanto maior a quantidade de agregados < 0,25 mm, menor
será o IEA (CASTRO FILHO et al. 1998). Além disso, os agregados podem ser
classificados como macroagregados (> 0,250 mm) ou microagregados (< 0,250
mm) (DENEF e SIX, 2001).
A densidade também pode ser considerada um indicador de qualidade do solo,
já que reflete compactação do mesmo. Esta ocorre quando é aplicada certa
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pressão à superfície do solo, podendo alterar as propriedades químicas e
físicas, e sua estrutura. Segundo Kiehl (1979), a densidade do solo tende a
aumentar com a profundidade, já que a compactação é maior, e o teor de
matéria orgânica é reduzido e a agregação tende a ser menor
2 – Metodologia
2.1. Área de Proteção Ambiental Cairuçu
A Área de Proteção Ambiental Federal de Cairuçu possui 33.800 hectares, está
situada no município de Paraty, no litoral Sul do estado do Rio de Janeiro. Ela
foi criada em dezembro de 1983 pelo Decreto Federal n. 89.242 e é gerenciada
pelo ICMBio. Esta APA é considerada estratégica para a conservação da
biodiversidade, pois constitui um corredor ecológico entre as matas primárias
da Reserva Ecológica Estadual de Joatinga, o Parque Nacional da Serra da
Bocaina e o Parque Estadual da Serra do Mar (Gomes et al., 2004). A região
da APA Cairuçu destaca-se pelas elevadas altitudes e grandes amplitudes das
formas de relevo, derivado do contraste entre o domínio de Escarpas e
Reversos da Serra do Mar com a Planície Costeira, gerando elevações que se
estendem do nível do mar até cotas superiores a 1.300 metros de altitude.
O arcabouço geológico da região da APA do Cairuçu é formado
predominantemente por granitos e gnaisses do Complexo Gnáissico-Granitóide
de idade proterozóica, os quais se associam sedimentos de idade cenozóica.
(ICMBIO, 2004). O tipo de solo predominante na APA é o Cambissolo Háplico
distrófico, ocupando quase toda a escarpa da Serra do Mar. Os outros tipos de
solos presentes são associações de Latossolos e Neossolos Flúvicos, onde
este último relaciona-se às planícies de inundação e litorânea. A classificação
climática regional desta área corresponde ao tipo de clima tropical úmido, com
sazonalidade no regime das precipitações (estação chuvosa x seca), onde no
município de Paraty, a pluviosidade anual varia entre 768 a 2.045 mm (média
de 1.547 mm) (ICMBIO, 2004). Há predominância no domínio de Floresta
Ombrófila Densa (VELOSO et al. 1991), ocorrendo também os subtipos
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vegetacionais (floresta de restinga e manguezais). A trilha que será analisada
está localizada entre a Enseada de Laranjeiras e a Enseada da praia do Sono.
Ela foi escolhida por ser considerada, pelo plano de manejo (ICMBIO, 2004) a
mais utilizada da APA Cairuçu, devido seu apelo turístico. Essa trilha possui
aproximadamente 2,6 km de extensão e é realizada em aproximadamente 1
hora e 30 minutos, e por ser uma área de floresta em estágio avançado,
atingindo cotas elevadas, sua dificuldade é de nível médio (Figura 1).
294
Figura 1: Localização da Área de Proteção Ambiental do Cairuçu e da trilha Laranjeiras-Praia
do Sono. Elaboração própria.
2.2. Coletas e Análise laboratoriais
Para a realização do trabalho, foram coletadas blocos de solo, para realização
da estabilidade de agregados; e anéis volumétricos para determinação da
densidade aparente. As amostras foram coletadas em dois pontos da trilha
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Laranjeiras – Praia do Sono, na área da trilha e na borda da trilha (para efeito
de comparação), nas profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm, sendo que para
cada ponto foram feitas três repetições. As coletas foram realizadas em
novembro de 2012. A fim de determinar a estabilidade de agregados em água
através do método proposto por Yoder (1936), foram coletados blocos de solo,
que foram quebrados e homogeneizados com peneiras de 4 mm e 2 mm, antes
do tamisamento úmido, para ser determinada a distribuição das classes (2,0 –
1,0 – 0,5 – 0,25 – 0,125 e < 0,125mm) de agregados por via úmida. Cada
amostra foi umedecida lentamente e depois de passadas duas horas do início
do umedecimento, as mesmas foram transferidas para o aparelho de Yoder,
adaptado por Castro Filho (1998) com peneiras de malhas de 2,0, 1,0, 0,5, 0,25
e 0,125 mm de abertura.
295
Figura 2: Processo de coleta e análise das amostras para determinação da estabilidade de
agregados em água. Acervo: L. A. Rangel (2012).
As amostras oscilaram durante 15 minutos, com aproximadamente 32 rotações
por minuto (MADARI, 2004). Após o término das oscilações, o conteúdo retido
em cada uma das peneiras foi seco em estufa a 105º C durante 24 horas. Após
pesadas, os valores obtidos nos peneiramentos são usados para cálculo do
DMP, DMG e IEA, através das equações modificadas por Castro Filho et al.
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(2002) de Kemper e Rosenau (1986):
DMP através da equação abaixo, em que
em relação ao total; e
= proporção (%) de cada classe
= diâmetro médio das classes, expresso em mm:
DMG através da equação abaixo, em que
em relação ao total; e
= proporção (%) de cada classe
= diâmetro médio das classes, expresso em mm:
∑
∑
IEA (%) obtido pela equação:
Para a determinação da densidade do solo, é utilizado o método do anel
volumétrico, proposto pela Embrapa (1997). Portanto, foram coletadas
amostras em um anel de aço de volume conhecido (100 cm³) em duas
profundidades (0-10 cm e 10-20 cm), nos pontos amostrados. As amostras são
retiradas do anel e pesadas, após esse processo, as mesmas são levadas a
estufa e deixadas a 105°C por 24 horas. Depois de retiradas, as amostras são
pesadas e a densidade será determinada a partir da fórmula abaixo, onde D
representa a densidade (g/cm³); a = massa da amostra seca a 105°C (g); e b =
volume do anel (cm³):
Na análise dos dados de estabilidade de agregados são calculados a média e o
desvio padrão como expressão sintética dos resultados. O teste estatístico que
será realizado para comparar as respostas dos diferentes usos (borda da trilha
e trilha) em cada ponto é o Kruskal-Wallis. Ele é usado para testar a hipótese
nula de que todas as populações possuem funções de distribuição iguais
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contra a hipótese alternativa de que ao menos duas das populações possuem
funções de distribuição diferentes.
3. Resultados
A trilha Laranjeiras – Praia do Sono se inicia na Vila Oratório e tem
aproximadamente 2,6 km de extensão, ela é bastante utilizada por turistas que
desejam chegar a praia do Sono. O acesso a praia do Sono só é possível
através da utilização da trilha ou por meio marítimo, como a marina encontra-se
na área pertencente ao condomínio Laranjeiras o acesso é restrito, e em
períodos de feriados a trilha torna-se o único meio para chegar até a praia,
aumentando, portanto, o número de usuários. Por se tratar de uma área de
proteção ambiental, não existe uma contagem de visitantes que utilizam a
trilha, além disso, a mesma também é utilizada por moradores da praia do
Sono para chegar até a Vila Oratório.
Segundo o plano de manejo da APA (ICMBIO, 2004) desde 2000 existe um
curso que capacita os moradores locais como monitores de ecoturismo, o que
contribui para a melhor utilização das trilhas. Porém, mesmo com essa medida,
foram encontradas pichações em algumas estruturas de madeira (escadas e
muros de contenção) e lixo no leito da trilha.Além disso, na trilha é possível
observar diversas feições erosivas, como ravinas que evidenciam a
concentração do escoamento de água. O primeiro ponto de coleta está
localizado após uma encosta erodida, com vegetação rasteira e blocos
rochosos (Figura 3).
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Figura 3: Encosta degradada antes do primeiro ponto de coleta, presença de ponte de madeira
(esquerda) e blocos rochosos (direita). Acervo: L. A. Rangel (2012).
A trilha, neste ponto amostrado, possui aproximadamente 5,48 metros de
largura e 1,95 metros de área pisoteada. Foi encontrada, no leito da trilha, uma
lata de alumino, provavelmente deixada por algum visitante (Figura 4).
Figura 4: Primeiro ponto de coleta (535308E 7420101N) no detalhe em
Vermelho lixo encontrado na trilha. Acervo: L. A. Rangel (2012).
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É possível afirmar que a erosão é um dos principais processos que evidenciam
uma má conservação do solo, sendo assim a concentração do fluxo de água
em eventos chuvosos pode agravar esses processos erosivos. Próximo ao
primeiro ponto de coleta, foi observada uma ravina que corta o leito da trilha, se
divide e se direciona encosta a baixo (Figura 5).
299
Figura 5: Formação de ravina no leito da trilha evidenciado concentração do escoamento de
água e ao fundo contenções de madeira formando degraus próximos ao primeiro ponto de
coleta. Acervo: L. A. Rangel, 2012.
Já o segundo ponto de coleta está localizado em uma área onde há presença
de raízes e blocos rochosos - que evidenciam processos erosivos e
compactação do solo. Nesse ponto, o limite da área pisoteada é de 1,22 metros
e a largura da trilha é de aproximadamente 7,85 metros. Próximo ao ponto de
coleta observa-se uma escada de madeira com pichações na estrutura de
contenção (Figura 6).
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Figura 6: Coleta de solo no leito da trilha no segundo ponto de coleta (536224E e 7419741N)
e no detalhe escada de madeira com pichações. Acervo: L. A. Rangel, 2012.
Logo após, ao ponto de coleta existe uma bifurcação na trilha, formando uma
trilha secundária, com muita serapilheira, evidenciando a não limpeza do seu
leito, já na trilha principal, existe pouca serapilheira concentrada, o que pode
estar relacionado a uma possível limpeza da trilha (Figura 7).
Figura 7: Coleta de solo na borda da trilha (esquerda) e trilha secundária
logo após o segundo ponto de coleta (direita). Acervo: L. A. Rangel, 2012.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
300
A partir do segundo ponto de coleta percebe-se que a trilha está num relevo
bastante recortado com estreitos vales, e diversas áreas de convergência de
fluxo, o que pode estar influenciando na presença de feições erosivas e na
baixa estabilidade de agregados. Foi analisada, em cada ponto, a diferença de
uso (borda e trilha) para cada profundidade estudada. Como era esperado, os
valores de DMP são relativamente baixos na trilha para os dois pontos, o que
pode ser causado pelo baixo teor de matéria orgânica no solo, que influenciam
diretamente na agregação do mesmo (CASTRO FILHO e LOGAN, 1991). Isto
pode estar ocorrendo, devido ao intenso pisoteio da trilha, o que provoca a
quebra da estrutura do agregado, principalmente nos primeiros centímetros do
solo.
No ponto 1, nas duas profundidades observou-se diferença significativa entre a
borda da trilha e a trilha, onde o DMP chegou a 1,42 mm na profundidade de
10-20 cm (Tabela 1). Esse valor é baixo e reitera o que foi afirmado por Castro
Filho et. al. (1998), que quanto menor for o agregado, menores serão o DMP e
os espaços porosos entre agregados, diminuindo, portanto a infiltração e
aumentando a erosão.Ao analisar o DMG, verificou-se que para a profundidade
de 0-10 cm, no ponto 2 houve diferença significativa entre a trilha e a borda da
trilha. Na tabela 1, é possível verificar que na trilha o tamanho da classe de
agregado mais representativa no solo é 1,19 mm já na borda é 2,24 mm. Isso
evidencia que está havendo a quebra dos macroagregados do solo, originando
agregados menores, que favorecem a formação de ravinas na trilha.
O IEA só apresentou diferença significativa para o ponto 2 na profundidade de
10-20 cm (49,34% e 58,24% entre a trilha e a borda), esses baixos índices de
IEA podem evidenciar pouca concentração de matéria orgânica nos primeiros
centímetros do solo. Próximo a esse ponto observa-se presença de palmeiras,
seu sistema radicular convergente pode favorecer a concentração de fluxo,
gerando baixo IEA e elevada porcentagem de microagregados no solo.
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Salton (et. al. 2008) destaca que agregados estáveis são importantes para
proporcionar boa estrutura do solo, provendo o interior deste com espaços
porosos para desenvolvimento das raízes, da fauna do solo e circulação de ar
e água.
Tabela 1: Resultado da
parênteses). DMP e
porcentagem.
0-10 cm
TRILHA
Ponto
Ponto 2
1
1,87
1,93
DMP
(0,4)
(0,1)
1,32
1,19
DMG
(0,5)
(0,1)
89,6
79,54
IEA
(4,8)
(10,7)
estabilidade de agregados. Média e desvio padrão (em
DMG medidos em milímetros e IEA medido em
10-20 cm
TRILHA
BORDA
BORDA
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 1 Ponto 2 Ponto 1 Ponto 2
2,6
(0,1)*
2,18
(0,3)
94,89
(3,5)
2,17
(0,7)
2,24
(0,2)*
80,82
(4,7)
1,42
(0,1)
1,97
(0,1)
83,63
(2,7)
1,88
(0,06)
1,09
(0,02)
49,34
(6,9)
1,96
(0,3)*
1,41
(0,2)*
91,96
(2,6)
1,88
(0,02)
1,26
(0,2)
58,24
(3,2)*
302
Os números correspondem à média e o desvio padrão (entre parênteses).
Quando existe diferença significativa pelo teste de Kruskal-Wallis entre os
usos, teste aparece na coluna referente à borda (p<0,05).
Com relação aos macro e micro agregados do solo, percebe-se que nas duas
profundidades (Figuras 8 e 9) o ponto 2 apresenta maior porcentagem de
microagregados no leito da trilha, sendo que na profundidade de 10-20 cm o
teor de microagregados (57,65%) supera o de macroagregados (42,35%),
evidenciando, portanto, uma má conservação da estrutura do solo. A grande
quantidade de microagregados evidencia, segundo Tisdall e Oades (1982), a
quebra pelo rápido umedecimento do solo. Logo, em eventos chuvosos, a ação
da gota da chuva no solo tende a aumentar os processos erosivos, diminuindo
as propriedades químicas e físicas do mesmo.
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Agregados do Solo (0-10 cm)
(%)
100
Ponto 1 Trilha
80
Ponto 1 Borda
60
Ponto 2 Trilha
40
Ponto2 Borda
20
0
Macro
Classes
Micro
Figura 8: Gráfico com a porcentagem de macro e micro agregados do solo na profundidade de
0-10 cm nos pontos amostrados, comparando as porcentagens na trilha e na borda da trilha.
Agregados do Solo (10-20 cm)
(%)
100
303
80
Ponto 1 Trilha
60
Ponto 1 Borda
Ponto 2 Trilha
40
Ponto2 Borda
20
0
Macro
Classes
Micro
Figura 9: Gráfico com a porcentagem de macro e micro agregados do solo na profundidade de
10-20 cm nos pontos amostrados, comparando as porcentagens na trilha e na borda da trilha.
De acordo com Takahashi (1998), o pisoteio das trilhas compacta os solos
alterando sua porosidade em razão da redução do volume de macroporos. Este
aumento na compactação eleva a resistência mecânica do solo à penetração
de raízes e à infiltração de água, reduzindo inclusive a regeneração natural.
Percebe-se que o ponto que mais sofre com a compactação do solo é o ponto
1, onde a densidade no leito da trilha é de 1760 kg/m³ na profundidade de 10Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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20cm. Na área de borda da trilha, no mesmo ponto, na profundidade de 0-10
cm a densidade é de 1235 kg/m³. Já o ponto 2 apresentou valores
praticamente semelhantes para os dois usos (Figura 10).
Densidade do Solo
(kg/m³) 2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
Ponto 1 0-10 cm
Ponto 1 10-20 cm
Ponto 2 0-10 cm
Ponto 2 10-20 cm
Trilha
Borda
Figura 10: Gráfico com os valores de densidade do solo nos pontos amostrados, comparando a
área de trilha e de borda da trilha.
Magro (1999) afirma que quando o pisoteio é frequente, o solo é compactado
provocando a selagem do mesmo, aumentando sua susceptibilidade à erosão
e perda de matéria orgânica, favorecendo a formação de microagregados.
Sendo assim, verifica-se que, como esperado, a trilha apresentou maior
compactação do solo do que a borda da trilha.
4. Conclusões
As propriedades físicas do solo estão sofrendo com a intensa utilização das
trilhas. O pisoteio no leito da trilha está provocando compactação e aumento da
quantidade de microagregados do solo, o que influencia diretamente nos
processos erosivos, o que pode ser evidenciado pelo surgimento de ravinas no
leito da trilha. A vegetação é um fator importante de formação de agregados,
como nas trilhas não há presença de vegetação, a tendência é que os índices
de agregação do solo sejam baixos, já que a ação do pisoteio e da gota de
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chuva é mais intensa quando o solo não tem vegetação. De forma geral, a
trilha é bem conservada, com presença de poucas folhas de árvores, o que
pode ser explicado porque existe limpeza frequente da mesma. Além disso,
diversas estruturas de manejo foram observadas com o objetivo de melhorar a
acessibilidade da trilha - construção de degraus e corrimões sobre alguns
pontos de maior declividade. Porém, há pontos de erosão no decorrer da
mesma e no seu entorno com a formação de sulcos e pequeninos
desmoronamentos.
Considerando que o manejo adequado é fundamental para a qualidade do solo,
percebe-se que as trilhas, que possuem função não só turística, mas também
social, precisam ser mais bem conservadas. Isto deve ocorrer, principalmente
quando as mesmas estão inseridas em Unidades de Conservação, já que o
objetivo desta é a conservação de recursos naturais e do espaço; e as trilhas,
quando degradadas vão contra esse preceito de conservação. Além disso, é
fundamental conscientizar os turistas e demais usuários, no sentido de
promover a adoção de condutas adequadas e menos impactantes, pois como
foi constatado, os próprios usuários deixam lixo e fazem pichações na trilha.
Verificou-se, portanto, que os índices de agregação do solo juntamente com a
análise da densidade do solo podem ser utilizados como índices de qualidade
do solo, já que são indicadores dos atributos do solo. Esses índices exprimem
se o solo está ou não degradado.
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento
e manejo de trilhas
PERCEPÇÃO DOS VISITANTES SOBRE AS TRILHAS DO PARQUE
NATURAL MUNICIPAL DA TAQUARA - PNMT, DUQUE DE CAXIAS /RJ
Lucas Julião Mello de Lima24
Alexandre Takio Kitagawa25
Malena Carvalho da Costa26
Hernani Aguiar27
Rodrigo de Oliveira lula Salles28
Resumo
Palavra Chave: Manejo de trilhas, Uso público, Ecoturismo, Unidade de Conservação
As trilhas ecológicas têm uma enorme importância na visitação em unidade de
conservação (UC), e precisam ser planejadas adequadamente visando
estabelecer uma relação entre os visitantes e os recursos naturais, sem causar
grandes impactos de cunho biológico para a região, e sem comprometer a
segurança do visitante. O presente estudo foi realizado no Parque Natural
Municipal da Taquara, localizado no bairro Taquara, terceiro distrito do
município de Duque de Caxias - RJ, com o objetivo de colher informações
sobre a percepção das trilhas pelos visitantes, realizou-se um levantamento
onde foram utilizados questionários pré-definidos, aplicados em 95 visitantes
nos messes de julho e agosto de 2013, a pesquisa registrou que 68% dos
visitantes consideram as trilhas boas para caminhar. Quando questionados
sobre as mudanças que eles gostariam de presenciar nas trilhas do PNMT,
24% relatou que as trilhas possuíssem mais sinalização e 18% gostariam de
mais lixeiras no percurso. Dados interessantes como implantação de degraus
nas subidas e descidas e cortes das raízes expostas foram relatados por 6%.
Apesar da grande quantidade de visitantes, apenas 4% relataram que a gestão
do parque limite o numera de visitante. Parecem ser necessários melhores
estudos para obter um planejamento de trilhas adequado, não obstante um
programa de educação em turismo de atrativos naturais para a preservação da
trilhas.
24
llucasjuliao@gmail.com Téc. Segurança do Trabalho, Docente em Ciências Biológicas –
UFRJ
25
alexandrekitagawa@gmail.com Guia de Turismo, Biólogo – Discente da Fundação
Educacional de Duque de Caxias – FEUDUC.
26
malena96@ibest.com.br Docente em Ciências Biológicas – UFRJ;
27
abencoadohernani@gmail.comTécnico em Meio Ambiente;
28
sallesbio@gmail.com Biólogo, Mestre em Zoologia e Doutorando em Zoologia – Museu
Nacional / UFRJ;
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Resumen
Palabra clave: Gestión de senderos, Uso público, Ecoturismo, Unidad de Conservación
Los senderos tienen una enorme importancia en la unidad de conservación de
las visitas (CU), y deben planificarse adecuadamente para establecer una
relación entre los visitantes y los recursos naturales sin causar un gran impacto
a la naturaleza biológica de la región, y sin comprometer la seguridad
visitantes. Este estudio se realizó en el Parque Natural Municipal Taquara
Taquara situado en el tercer distrito de Duque de Caxias - RJ, con el objetivo
de recabar información sobre la percepción de los senderos de los visitantes
llevó a cabo una encuesta en donde fueron utilizados cuestionarios predefinido, aplicada en 95 visitantes se mete en julio y agosto de 2013, la
encuesta reveló que el 68% de los visitantes encuentran las mejores rutas para
ir de excursión. Cuando se le preguntó acerca de los cambios que les gustaría
ser testigo de los senderos de PNMT, el 24% informó que las pistas tienen más
señalización y el 18% les gustaría más contenedores en la ruta. Datos de
interés, como la implementación de pasos subiendo y bajando las secciones y
las raíces expuestas fueron reportados en un 6%. A pesar de la gran cantidad
de visitantes, sólo el 4% reportó que el número de visitantes límite de gestión
del parque. Los estudios parecen ser necesarios para obtener una mejor
planificación de pistas adecuadas, a pesar de un programa de educación en
turismo atractivos naturales para la conservación de caminos.
1. Introdução
As trilhas e o ecoturismo parecem ter uma enorme importância para a visitação
de Unidade de Conservação (UC), visto que podem aproximar o visitante do
ambiente natural e através desta experiência pode educa-lo (BORATTO, 2011)
O turismo como atividade de lazer, movimenta milhares de pessoas buscando
a natureza, com finalidades diversas como: Descanso ou para aprecia-la. Para
o visitante usufruir de uma UC é essencial que o local tenha uma infraestrutura
que lhe de o apoio necessário (PIETROCHINSKI,2008), pois há a necessidade
de ações planejadas, a fim de dar suporte as suas atividades de visitação e na
busca de preservação ambiental.
Para gerar mudanças em trilhas é preciso obter um planejamento adequado,
ou seja, um plano de interpretação elaborado com toda teoria necessária,
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contribuindo para um melhor relacionamento entre os visitantes, os moradores
da unidade de conservação, e os recursos naturais da região, para ocorrer um
equilíbrio dinâmico entre todos Desta forma a trilha será um meio pelo qual as
pessoas poderão disfrutar da natureza de maneira planejada e consciente
(CAMPOS, 2006). Uma forma de realizar trabalhos em manejo e manutenção
das trilhas, pode ser usado o auxilio de voluntários, prática muito comum em
outras unidades de conservação, principalmente em países como EUA e Nova
Zelândia (SOUZA, 2011.) Deste modo, é importante conhecer a opinião da
comunidade a respeito de seus atrativos, e se a mesma está satisfeita
(BORATTO, 2011). Para tanto, faz-se necessário uma pesquisa visando
analisar essa demanda.
Estudos acerca da preferência e percepção dos visitantes em algumas
condições ecológicas e de recreação têm se desenvolvido em vários países, a
preferência do visitante refere-se a um julgamento a respeito de que se supõe
ser correto, ou aceitável, podendo variar de acordo com as suas expectativas,
e experiências naturais, algumas dessas experiências podem ser agrupadas
em grupos como: grupo social, experiência anterior sobre o assunto, o
ambiente estudado, ou até mesmo o estado emocional.(TAKAHASHI,2002).
Segundo TAKAHASHI,2002 estudos a respeito de percepção e preferência
devem ter um estimulo maior para serem publicados, pois podem auxiliar na
escolha de melhores indicadores de impactos em uma determinada área, ou
também colaborar para um futuro programa de manejo.
2. Objetivo
Identificar a qualidade das trilhas do Parque Natural Municipal da Taquara
(PNMT), e posteriormente apresentar propostas de trabalhos de manejo e
educação ambiental em trilhas de acordo com a opinião dos visitantes.
3. Material e métodos
3.1. Local de estudo
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
312
O estudo foi conduzido no Parque Natural Municipal da Taquara (PNMT), que
pode ser estabelecido como uma Unidade de Conservação de proteção integral
e possui aproximadamente 20 hectares, estando localizado no bairro da
Taquara, 3º distrito do Município de Duque de Caxias/RJ entre as coordenadas
UTM - 0681274; 7499842 (SILVA et al., 2010). Limita-se ao Norte com a Área
de Proteção Ambiental de Petrópolis e com a Reserva Biológica de Tinguá
(Figura 01).
313
Figura 01: Mapa de localização do Parque Natural Municipal da Taquara e
Unidades de Conservações adjacentes (Modificado de PUC, 2009).
Segundo Leite (2012), o PNMT recebe aproximadamente 4.000 visitantes por
mês durante os meses mais quentes de verão. Com um número de visitantes
elevado, as trilhas podem ser afetadas, necessitando de um manejo periódico.
Vale ressaltar que o PMNT é parte integrante do Mosaico da Mata Atlântica
Central Fluminense no estado do Rio de Janeiro, sendo que esta última totaliza
233.710 hectares, abrangendo 13 municípios, 22 UC e suas respectivas zonas
de amortecimento (LINO; ALBUQUERQUE, 2007).
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
3.2 Coleta de dados
Os levantamentos foram realizados nos meses de julho e agosto de 2013,
sendo entrevistados 95 visitantes em dias aleatórios. Para obtenção dos dados
foi utilizado um questionário pré-definido aplicado junto aos visitantes no portão
de
entrada
do
PNMT.
O
entrevistador
perguntava
e
explicava
os
questionamentos quando estes se faziam necessários. As entrevistas
consistiram de uma investigação contendo informações socioculturais, as
atividades realizadas pelos visitantes, os aspectos mais positivos e negativos, a
frequência de uso, a disponibilidade de se tornarem voluntários em manejo de
trilhas, entre outras. Posteriormente, para a obtenção das médias, gráficos e
tabelas, os dados foram tabulados e analisados com o auxílio do programa
Microsoft Excel.
4. Resultados e discussões
4.1 Finalidades da visitação no PNMT
Existem vários motivos para visitação de uma UC. Dos propósitos da visita ao
PNMT, 45% (44 entrevistados) citaram o banho, 30% citaram a caminhada (29
entrevistados), seguidos de outras finalidades (Tabela 01).
Tabela 1. Finalidade da visitação do PNMT
Finalidade da visitação do
PNMT
Banho
Caminhada
Culto religioso
Pesquisa/estudo
Visitar morador
Outros/Não
souberam
dizer
Número de pessoas %
entrevistadas
44
45%
29
30%
10
10%
4
4%
3
3%
8
8%
Embora o principal intuito de visitação ao PNMT seja voltado ao banho de
cachoeira, por motivos ligados a algum fator cultural, pois há relatos de
moradores antigos de utilizarem a cachoeira para o banho e lazer (KITAGAWA
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
314
et al, 2013). A caminhada também apresenta uma grande porcentagem quando
relacionada à finalidade no PNMT.
Estudos realizados no Parque Estadual do Morro do Diabo, em São Paulo,
também mostraram o interesse de visitantes em realizar caminhadas, onde
72,0% dos visitantes têm como finalidade realização de caminhadas (CASTRO
et al, 2007). Podemos também comparar com os resultados do Parque
Estadual Pico do Marumbi, Paraná, onde 63% do público eram voltados à
caminhada, (TAKAHASHI,1998). A finalidade muda de acordo com cada
Unidade de Conservação, No PARNASO, assim como no PNMT, os principais
motivos são o banho (59%), seguido de percorrer uma trilha (51%) (RIBEIRO e
CRONEMBERGER, 2007). . No entanto em outras UC's, como no PEMD,
72,0% dos visitants Têm como finalizade realizar caminhadas (CASTRO et al.,
2007). Além das caminhadas realizadas por conta própria dos visitantes, o
PNMT realiza atividades relacionadas com o ecoturismo em escolas municipais
da baixada fluminense, com o propósito de educação ambiental destes alunos.
Prática geralmente visualizada em parques naturais municipais, como No PNMI
- Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu (MACHADO, 2011) e na ÁPA
Guapimirim (FUKUDA, 2013).
4.2 Opinião sobre como se encontra as trilhas do PNMT
Sobre a situação em que as trilhas se encontram, 68% (53 entrevistados)
afirmaram que as trilhas são boas para caminhar, 8% (6 entrevistados) as
consideraram razoáveis, 17% (13 entrevistados) as consideram ruins, e 8% (6
entrevistados) não souberam dizer.
Tabela 2. Se as trilhas do PNMT são boas para caminhar ( opinião dos entrevistados).
Se as trilhas do parque estão boas Número de
%
para caminhar
entrevistados
Sim
53
68
Razoavelmente boas
6
8
Não
13
16
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Outros/Não souberam dizer
6
8
Pode-se observar, que somando a opinião dos que consideram ‘’boa para
caminhar e ‘’estão razoavelmente boas’’, obtém-se um total de 76%, o que
significa ¾ dos visitantes do Parque Natural Municipal da Taquara, esse
resultado pode indicar um bom grau de satisfação com as trilhas existentes no
PNMT. Estudos realizados no Parque Estadual do Porto Ferreira, SP também
mostraram a satisfação dos visitantes com as trilhas ecológicas, onde quando
questionados 73% consideraram os atrativos naturais da região ótimos, e 65%
mostraram satisfação com a conservação que a trilha que se encontra.
(OLIVEIRA, 2012)
A maioria dos visitantes que frequentam unidades de conservação vive em
cidades, onde são submetidos a um cotidiano caótico, e estressante, estes
visitantes vão em busca de variar seus padrões de comportamento. Este turista
mostra uma sensibilidade pelo meio ambiente, e busca através das trilhas
ecológicas, o contato com o meio ambiente, expandido a sua para o valor e a
conservação da natureza, influenciando em sua curiosidade e percepção, esse
contato com a natureza causa uma satisfação (SILVEIRA,2009).
4.2 Percepções dos visitantes sobre os objetivos do manejo das trilhas
Quando questionados sobre as mudanças que eles gostariam de presenciar
nas trilhas do PNMT, foi reportado que as trilhas possuíssem mais sinalização
24% (41 entrevistados); 18% (31 entrevistados) gostariam de mais lixeiras no
percurso; 11% (19 entrevistados) gostariam que as trilhas fossem mais largas;
7%(12 entrevistados) disseram que prefeririam que as trilhas possuíssem
pavimentos como blocos, pedras e madeiras; 7% (12 entrevistados) gostariam
que tivesse corrimão nas trilhas; 6% (11 entrevistados) gostariam de degraus
nas subidas e descidas; 6% (11 entrevistados) gostariam que cortassem as
arvores caídas nas trilhas, 5% (8 entrevistados) disseram preferir que o PNMT
permitam bicicletas nas trilhas, seja por esporte montain bike, ou para facilitar o
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acesso; 4% (6 entrevistados) gostariam que cortassem as raízes expostas; 4%
(6 entrevistados) gostariam que a gestão do parque limita-se o numero de
visitantes; 2% (3 entrevistados) prefeririam trilhas mais estreitas, e 6% (10
entrevistados) não quiseram opinar. (Tab. 3)
Tabela 3. Percepções dos visitantes sobre os objetivos do manejo das trilhas no PNMT.
Modificações nas trilhas
Número de
entrevistados
Sejam mais sinalizadas
41
Tenham lixeiras no percurso
31
Sejam mais Largas
19
Possuam Pavimento (como blocos, pedras, 12
madeiras...)
Possuam corrimão
12
Possuam degraus nas subidas e descidas
11
Cortem as árvores caídas nas trilhas
11
Permitam andar de bicicleta nas trilhas
8
Cortem as raízes expostas
6
Limitem o número de visitantes
6
Sejam mais estreitas
3
Outros/ Não souberam dizer
10
%
24%
18%
11%
7%
7%
6%
6%
5%
4%
4%
2%
6%
Apesar de 11% dos entrevistados preferirem usufruir trilhas mais largas, este
aumento de trilhas em áreas florestais pode acarretar a diversos fatores
prejudiciais a área de conservação como citados por TIVY, 1981. Uma redução
da biomassa da flora e grau de cobertura do solo, substituição de espécies
menos tolerantes, compactação do solo, redução do teor de matéria orgânica,
diminuição da taxa de infiltração e aumento do escoamento superficial. Além de
poder causar o aumento de temperatura e luminosidade nas áreas contíguas,
principalmente em áreas que retém menor quantidade de água (FIGUEIREDO,
2010).
O manejo da vegetação lateral para o corredor de trilhas pode causar a perda e
fragmentações de habitats, especialmente de micro habitats, levando a
redução de várias espécies, especialmente de anfíbios (HERO, RIDGWAY,
2006). Porém essas espécies não são afetadas da mesma maneira por essas
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fragmentações de habitats, enquanto determinado grupo tem a sua população
reduzida, ou abandonam a área de reprodução, outras espécies se beneficiam
destes impactos, estimulando sua reprodução e tendo um rápido aumento
populacional (PONTES; MELLO, 2013; OLIFERS; CERQUEIRA,2006).
Os visitantes entrevistados mostraram-se bastante preocupados com a falta de
lixeiras no percurso das trilhas. Pode-se visualizar uma maior quantidade de
lixeiras nas áreas próximas a sede do PNMT, porém ao decorrer das trilhas
carece de lixeiras. O lixo gerado pela visitação quando não descartado da
maneira correta pode acarretar a diversos problemas desde poluição visual à
redução da fauna, com poluição de habitats, ingestão de materiais como
plástico e a intoxicação alimentar (PONTES;MELLO,2013). Além de o lixo ser
um grande problema ecológico, ele também prejudica a experiência do usuário
em relação à área
Um maior cuidado deve ser adotado pois, as próprias lixeiras quando
instaladas em UC, pode alterar o comportamento natural de algumas espécies,
especialmente
de espécies de micro habitats, e FUNCIONAR COMO
armadilha fatais para outras, isso ocorre pelo fato de lixeiras serem fonte fácil
de alimento à fauna (PONTES;MELLO,2013).Os mesmos autores também
afirmam que determinados tipos de lixeiras permitem a escalada de animais
durante a noite, impossibilitando sua saída, podendo leva-los a morte por
hipotermia, ou afogamento. Os resultados mostram que há uma carência a
respeito de sinalizações, sejam de orientação, segurança, informações sobre
ecologia de espécies ou regulamentos internos. Segundo PIETROCHINSKI e
SILVA (2008) a sinalização é de fundamental importância, visto que o visitante
geralmente está em um local desconhecido, portanto a implantação de placas
nas trilhas evita que visitantes se percam, além de ser um atrativo para
aumentar a quantidade de visitantes ao uso público, elas também podem
auxiliar a educação ambiental, informando aos visitantes aspectos da fauna e
flora da região.
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Segundo JESUS, 2009 o ecoturismo em unidades de conservação têm a
sinalização como uma enorme aliada em interpletação ambiental, trazendo as
informações a respeito dos recursos ambientais para a linguagem do visitante,
para que ocorra o sucesso neste método é necessárioque as sinalizações
sejam temáticas, organizadas, significativas, diferenciadas e provocantes. A
sinalização valorizou a região onde ocorreu o estudo de caso, e levou a
interação íntima entre os visitantes e a natureza, dando-lhe a conscientização
de sua conservação.
4.4. Possíveis voluntários para o manejo das trilhas
Quando questionados sobre a disponibilidade de atuarem como voluntários em
manejo das trilhas do parque 26% (21 entrevistados) disseram que não
gostariam de se tornarem voluntários, 10% (8 entrevistados) não souberam
dizer, 6% (5 entrevistados) talvez pudessem se tornar voluntários e 58% (47
entrevistados) gostariam de se tornarem voluntários.(Tab.4)
Tabela 4. Possíveis voluntários para o manejo das trilhas no PNMT
disponibilidade de se tornarem
voluntários
Sim
Não
Talvez
Outros/Não souberam dizer
Número de
entrevistados
47
21
6
8
%
58%
26%
6%
10%
Segundo AMADOR, A. B. e PALMA, L. M. o trabalho voluntario em unidades de
conservação possuem uma enorme função na gestão da unidade de
conservação, e possui o intuito de maior envolvimento da população com
questões dos recursos naturais, e causas ambientais.
A atividade de voluntários em UC’s não é algo novo e desconhecido, países
como Nova Zelândia, Itália, e Estados Unidos já adotam propostas de utilização
de voluntários para auxiliar na gestão, ou no manejo de trilhas, porém
atualmente poucas UC’s federais adotam programas de voluntariados, as UC’s
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que já efetivaram esse tipo de programa são os Parques Nacionais da Tijuca e
da Serra dos Órgãos, ambos no estado do Rio de Janeiro. Projetos de
voluntariado também já foram implementados em UC’S estaduais e municipais,
como em estados como Tocantins e Paraná. (SOUZA; SCHULZE, 2011). O
Parque Natural Municipal da Taquara possui apenas 7 voluntários atualmente,
necessitaria de um projeto que visasse os voluntários, podendo ter como base
os projetos realizados em outras unidades de conservação, sejam de outros
países, ou de parques próximos ao município em que o PNMT está situado,
como a utilizada pelo Parque Nacional da Tijuca, estruturado desde 2003,
refere-se a um programa de trabalho voluntario baseado em passos detalhados
e
de
informações
relevantes,
Oferece
um
manual
com
etapas
de
cadrastamento, entrevista, preenchimento de termo de adesão, orientação,
treinamento, supervisão, avaliaçao e reconhecimento do voluntario, os
voluntários passam por um processo de planejamento com a equipe do parque,
e depois por outro de divulgação do programa, os multirões de voluntarios
realizam diversas tarefas, como a manutenção de trilhas. Atualmente o
programa possui cerca de 1500 voluntarios cadastrados, e está sendo bastante
sucedido.(AMADOR, 2013)
4.5 Dias que os possíveis voluntários poderiam frequentar o parque
Enquanto aos dias que os visitantes geralmente frequentam o parque, apenas
4% dos entrevistados costumam frequentar nos dias de semana, 11% aos
feriados, 76% no final de semana.
Tabela 5. Dias que os possíveis voluntários poderiam frequentar o PNMT
Dias de frequentação
Dias da semana
Final de semana
Feriados
Outros
Número de entrevistados
3
67
10
8
%
4%
76%
11%
9%
A gestão do Parque Natural Municipal da Taquara teria que adequar os
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projetos de manejos de suas trilhas preferencialmente ao final de semana para
atender a disponibilidade dos visitantes de irem ao parque.
Conclusão
Apesar de o banho ser a principal finalidade dos visitantes no Parque Natural
Municipal da Taquara, a caminhada também é uma atividade bastante utilizada
pelos visitantes, e precisa de gestões para um melhor manejo das trilhas
existentes no parque. As maiorias dos entrevistados se mostraram satisfeitos
ao estado das trilhas do PNMT.
Aspectos como sinalização, lixeiras no percurso, e aumento da área lateral das
trilhas são as principais mudanças solicitadas pelos visitantes do PNMT. Porém
para a implantação de placas, sejam de segurança, orientação, ou didáticas, é
preciso estudar mais o local; para a implementação de lixeiras no percurso das
trilhas teria que ser preciso de algo que impeça que os animais da região de
procurarem alimentos ou abrigos nas mesmas; e o aumento da área lateral
apesar de ser bastante, se for realizado de modo incorreto pode causar
diversos fatores negativos para a fauna, solo, e flora da região. Os visitantes
mostraram grande interesse em participar de trabalhos voluntários no PNMT,
porém o parque teria de se adequar a disponibilidade de dias que os visitantes
poderiam frequenta-lo.
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324
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento
e manejo de trilhas
TURISMO ADAPTADO: A ACESSIBILIDADE NO MANEJO DE TRILHAS
Renato Marchesini29
Renata Antunes da Cruz30
Resumo
Palavras chaves: acessibilidade; ecoturismo; inclusão; turismo adaptado;
manejo de trilhas
A inclusão é um fator que a sociedade moderna tende a colocar como um
avanço, mas que nada mais é do que o resgate de um direito de todo ser
humano. A atividade de lazer em ambiente natural pode contribuir em aspectos
sociais, culturais e na educação ambiental, além da possibilidade de,
dependendo do perfil da deficiência, gerar e estimular a reabilitação e o
despertar das potencialidades da pessoa, possibilitando o desenvolvimento de
experiências e incentivos e aumentando a qualidade de vida da pessoa
portadora de deficiência em função do conhecimento do potencial que ela
adquire graças ao aumento da autoconfiança e autoestima. Neste sentido este
projeto busca demonstrar como através da remoção de obstáculos e
adequações de trilhas para o aumento da acessibilidade, segurança e
mobilidade, podem contribuir positivamente para educação ambiental e a
melhora da qualidade de vida de pessoas portadoras de deficiência e/ou
mobilidade reduzida. Nessa perspectiva, a busca de novas soluções legais e
técnicas que garantam uma política inclusiva de acesso às áreas de interesse
natural, se constituem em especial desafio que não raro exige a “flexibilização”
de conceitos e posturas quando da interpretação dos espaços que
necessariamente devem prever a possibilidade de adaptação e remodelação,
de acordo com as necessidades que possam aparecer ao longo da vida das
pessoas. Espera-se, com este projeto, fomentar o direito de “ir e vir” das
pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida a áreas naturais.
Resumen
Palabras claves: accesibilidad, ecoturismo, inclusión, turismo adaptado, manejo
de sendas.
29
30
renato@caicaraexpedicoes.com Caiçara Expedições
renatacruz@caicaraexpedicoes.com Caiçara Expedições
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A inclusión es un factor que la sociedad moderna tiende a colocar como un
avance, pero sobre todas las cosas, es un derecho que atinge a todo ser
humano. La actividad de entretenimiento en ambientes naturales puede
contribuir en aspectos sociales, culturales a la educación ambiental, además de
dar posibilidades _ dependiendo de la deficiencia _ a generar o estimular la
rehabilitación y potencialidades de la persona portadora de la misma. Estas
actividades pueden incentivar y aumentar la calidad de vida de esas personas,
gracias al conocimiento potencial que pueden adquirir de ellas mismas,
aumentando su confianza y autoestima. En este sentido, este proyecto busca
demostrar el cómo a través de remover obstáculos y adecuar las caminos para
un mejor acceso, seguridad y movilidad, se puede contribuir positivamente para
la educación ambiental. Consideramos que la misma mejora la calidad de vida
especialmente, de las personas portadoras de deficiencias o que tienen
movilidad reducida. Desde esta perspectiva, la búsqueda de nuevas soluciones
legales y técnicas que garanticen una política inclusiva de acceso a áreas de
interés natural, constituyen el principal desafío. Exije la flexibilización de
conceptos e posturas al mismo tiempo que requiere la interpretación de los
espacios que necesariamente deben preveer las posibilidades de adaptación y
remodelación, de acuerdo a las necesidades que puedan aparecer a lo largo de
la vida de las personas. Con este proyecto, se espera fomentar el derecho de
“ir y venir” a áreas naturales, de las personas con deficiencia y/o movilidad
reducidas
1. Manejo de trilhas
Para proteger o meio ambiente, não bastam somente leis. É necessária
também a educação ambiental e a conscientização (ferramentas = ecoturismo
+ estudo do meio + propostas pedagógicas). A principal função das trilhas
sempre foi suprir a necessidade de deslocamento. No entanto, as trilhas
surgem como novo meio de contato com a natureza (ANDRADE, 2003). Hoje
as atividades de caminhada geram novas possibilidades de uso, como
observar ou contemplar paisagens e ainda no estudo do meio que induz a
transformação de conceitos, sendo assim a vivência que gera experiências e
mudanças de comportamento. Porém a atividade turística (visitação) gera
alterações ao ambiente natural. É necessário adotar medidas de planejamento
e controle para protegê-lo, e ao mesmo tempo assegurar a qualidade e
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segurança da visita. Para que a atividade turística seja sustentável, faz-se
necessário o planejamento (estudo), implantação do projeto, elaboração de
regras de uso público, treinamento dos condutores, monitoramento e controle
de visitação, fiscalização e manutenções preventivas e corretivas.
As trilhas bem construídas e devidamente mantidas protegem o ambiente do
impacto do uso e ainda asseguram aos visitantes maior conforto e segurança,
além de desempenhar um olhar positivo do visitante sobre a lugar e de quem a
administra. O investimento em manejo de trilhas para uso público vem de
encontro com algo que muito tem sido estudado e aplicado. A economia verde
gera “efeitos positivos” sobre a economia (distribuição de renda), a valorização
de aspectos sociais (culturais e históricos), a educação ambiental e promove a
proteção e conservação do ambiente.
O manejo em trilhas para acessibilidade plena é um grande desafio. Tal
afirmação é constituída na complexidade e diversidade dos ecossistemas a
serem implantados e no público-alvo, pois, cada indivíduo possui uma
necessidade diferente, portanto não existe fórmula a ser empregada, e sim um
diagnóstico de cada pessoa. E para dificultar mais um pouco não existe muita
referência bibliográfica sobre o tema em questão, sendo assim necessário a
união/cruzamento dos conhecimentos de manejo em trilhas, acessibilidade,
deficiência, mobilidade reduzida, biomas, ecossistemas, educação ambiental,
desenho universal, legislações, normas e experiências. “Se o lugar não permitir
o acesso a todas pessoas, esse lugar é deficiente” (FROTA, 2013).
2. Turismo adaptado
O turismo, permitindo ao indivíduo que se distancie do seu meio e do seu
cotidiano, torna-se cada vez mais uma necessidade para o bem-estar do ser
humano. Portanto torna-se fundamental adequar os produtos e serviços da
cadeia produtiva do turismo às necessidades objetivas imediatas de segmentos
específicos da população, pois muitos ainda possuem dificuldades para a
prática do mesmo. Facilidades “direitos” que garantirão a plena cidadania a
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quem possui condições especiais, momentâneas ou definitivas. Um grande
mercado em potencial e pouco explorado. De acordo com o Censo
Demográfico 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2010) mais de 45,6 milhões de brasileiros declararam ter alguma
deficiência.
O número
representa
23,9%
da população do
país.
É
imprescindível para a realização da atividade abolir preconceitos, da mesma
forma que é essencial não tratar as pessoas deficientes com paternalismo.
Como todas as pessoas, este perfil de público está engajado em um meio,
onde todos os tipos de experiências são fundamentais. A eles devem ser dadas
as chances de vivenciá-las, respeitadas evidentemente suas limitações.
A atividade turística possibilita que as pessoas despertem o potencial para
ultrapassar as barreiras da deficiência e limitações que vão além do aspecto
físico, atingem também o social e psicológico. A questão é integrar e incluir
socialmente e, quem sabe, colaborar com a reabilitação.
3. Acessibilidade
A acessibilidade é a condição para utilização, com segurança e autonomia,
total ou assistida a ser alcançada, visitado, utilizado e compreendido por
qualquer pessoa, inclusive aquelas com deficiência e mobilidade reduzida.
Uma sociedade inclusiva é definida pelo respeito e valorização das diferenças;
reconhece a igualdade entre as pessoas; considera a diferença um princípio
básico, sendo qualquer tipo de discriminação algo inaceitável, inclusive no
contato direto com o meio ambiente, seus biomas e ecossistemas; reconhece
que a vida de uma pessoa pode ser restringida destas experiências e
conhecimentos por falta de estrutura “arquitetura” que lhe permita o acesso.
3.1. Legislação
Algumas referências legais demonstram conceitual e historicamente o
amadurecimento no país no que se concerne às propostas de acessibilidade e
inclusão. O assunto é tão pouco discutido e difundido em áreas naturais que
temos a necessidade de utilizar como embasamento, neste trabalho, de
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legislações aplicadas para áreas urbanas, sendo essas adaptadas para áreas
naturais.
O artigo 8º do Decreto Federal nº 5.296/04 define barreiras
urbanísticas como “qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o
acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a
possibilidade das pessoas se comunicarem ou terem acesso a informações
existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público”. O artigo 3º do
Decreto Federal nº 10.098/00 estabelece que: O planejamento e a urbanização
das vias públicas, dos parques e dos demais espaços de uso público deverão
ser concebidos e executados de forma a torná-los acessíveis para as pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
4. Classificação e conceituação das pessoas com deficiência e com
mobilidade reduzida
Pessoas portadoras de deficiência, para os fins desse trabalho, são as pessoas
com deficiências ou com mobilidade reduzidas sendo temporárias ou
permanentes, que, sem condições especiais de recepção e acessibilidade a
determinados locais, não têm como se utilizar, com segurança e autonomia, de
participar de atividades ecoturísticas em trilhas em meio natural.
Deficiência o termo “deficiência” significa uma restrição física, mental ou
sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de a
pessoa exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou
agravada pelo ambiente econômico e social.¹ (Decreto 3.956/01)
- Decreto 3.956, de 8 de outubro de 2001, incorpora o texto da Convenção
Interamericana para Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra
as Pessoas Portadoras de Deficiência.
Segundo o Manual de Recepção e Acessibilidade de Pessoas Portadoras de
Deficiência a Empreendimentos Turísticos (EMBRATUR, 1999), consideram-se
portadores de deficiência as pessoas com:
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Deficiência ambulatória total, que lhes obrigue a utilizar, temporária ou
permanentemente, cadeira de rodas ou outros;
Deficiência
ambulatória
parcial,
que
lhes
traga
dificuldade
ou
insegurança de movimentos, obrigando-lhes, ou não, ao uso de
aparelhos ortopédicos ou próteses;
Deficiência sensorial visual, com perda total ou parcial da visão, capaz
de lhes trazer insegurança ou desorientação;
Deficiência sensorial auditiva, com perda total ou parcial da audição,
capaz de lhes trazer idêntica insegurança e desorientação;
Pessoas com graus distintos de deficiência mental e outras capazes de
propiciar, igualmente, insegurança ou desorientação.
Mobilidade Reduzida: definida como aquela que não se enquadra no conceito
de pessoa portadora de deficiência; tenha, por qualquer motivo, dificuldade de
movimentar-se, permanentemente ou temporariamente, gerando redução
efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. (Decreto
5.296/04, art.5º). Podemos dar como exemplos - reumatismo, artrite, lesões
nos braços, mãos, pernas, pés, doenças de coluna ou cardíacas, obesidade,
gestação, transporte de bebês em carrinhos, idosos com dificuldade de
locomoção e acessibilidade em geral.
5. Manejo de trilha inclusiva
O manejo em trilhas é um tema bastante recente no Brasil e ainda pouco
aplicado, principalmente quando se trata de percurso inclusivo “para todos”. A
falta de conhecimentos, aplicação do conceito e experiências torna a tarefa
mais difícil. O tema gera a reflexão sobre a sua importância e benefícios para
os usuários. Uma trilha que possui manejo de trilha inclusiva pode ser utilizada
por todas as pessoas, inclusive indivíduos com deficiência e mobilidade
reduzida, e permite adequações.
5.1. Propostas para adequações
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Propor espaços, objetos e produtos que possam ser utilizados por
usuários com capacidades diferentes;
Evitar segregação ou estigmatização de qualquer usuário;
Oferecer segurança e proteção para todos os usuários;
Desenvolver e fornecer produtos atraentes para todos os usuários;
o Permitir fácil compreensão e apreensão do espaço, independente
da experiência do usuário, de grau de conhecimento, habilidade
de linguagem ou nível de concentração;
Utilizar diferentes meios de comunicação, como símbolos, informações
sonoras, táteis entre outras, para compreensão de usuários com
dificuldade de audição, visão, cognição ou estrangeiros.
Maximizar com clareza as informações essenciais;
5.2. Atividades para Cadeirantes
Considerando a necessidade de contemplar o público-alvo da forma mais
ampla possível, o módulo de referência adotado para a definição de fluxos
(dimensões mínimas e máximas) é o espaço virtualmente ocupado por uma
cadeira de rodas: 80 cm x 1,20 m.
Figura 1: Módulo de Referência Fonte: Diretrizes do Desenho Universal, 2010
De acordo com a norma NBR 9050, para que o usuário de cadeira de rodas
possa fazer uma manobra e um ambiente público se considera 360º, ou seja
1,50m x 1,50m. Em espaços fechados para que um cadeirante possa entrar e
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sair de frente em um ambiente se considera uma manobra de 180º, ou seja
1,20m x 1,50m.
Figura 2: Área de Manobra. Fonte: Diretrizes do Desenho Universal, 2010
Para que o usuário possa manipular e interagir comandos de uma sinalização
turística interativa ex: totem ou botoeiras, entre outros itens é necessário prever
a distância e altura máxima necessária para o alcance e manuseio desses
dispositivos. Esse parâmetro define a distância de 50 cm na horizontal, para
superfícies de trabalho, e alturas compreendidas entre 40 cm e 1,20 m a partir
do piso.
Figura 3: Extensão de Alcance Manual Lateral . Fonte: Diretrizes do Desenho Universal, 2010
5.2.1. Declividade
No início ou término de cada segmento de rampa, deve-se previsto um patamar
com comprimento longitudinal de, no mínimo, 1,20 m, sendo aconselhado 1,50
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m ou mais espaço. Evitar, no traçado inclinações superiores a 8,33 %,
respeitando o máximo de 12,5% e sendo aceito em casos especiais 15%. Em
muitas das situações é preferível uma rampa com comprimento maior e
declividade menor ou então dividir a rampa em vários segmentos e com
patamares entre as rampas.
Figura 4: Rampa Muito Inclinada. Fonte: CODE, 2006
Planejando a rampa:
Às vezes, por falta de espaço, ou para melhor adequação, é necessário fazer
várias rampas em sequência, sempre com um patamar de descanso de 1,20m
entre elas. Assim se pode economizar espaço e, talvez, até custos.
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Figura 5: Planejando a Rampa. Fonte: CODE, 2006
5.2.2. Corrimão / Guarda-corpo
Instalar corrimão em ambos os lados e em duas alturas, conforme definido na
norma de acessibilidade. Como estabelece a NBR 9050, para até 5% de
declividade não há necessidade de corrimãos, cuja acomodação deve ser
solucionada internamente ao terreno.
Formato: devem permitir boa empunhadura e fácil deslizamento, ser
preferencialmente, de seção circular, com diâmetro de 3,0cm a 4,5cm,
contínuo, com haste de fixação localizada na parte inferior, para permitir o
melhor deslizamento da mão, com as extremidades recurvadas/arredondadas a
fim de evitar acidentes.
Altura: Os corrimãos devem ser instalados em duas alturas: 0,92m e 0,70m do
piso conforme ABNT 9050:2004.
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Figura 6: Altura do Corrimão. Fonte: CEPAM, 2009
Prolongamento do corrimão: para que as pessoas com dificuldade de
locomoção possam utilizar as rampas e escadas com segurança, é
imprescindível que os corrimãos laterais se prolonguem por, no mínimo 30cm
antes do início e após o término das mesmas, garantindo que essas pessoas
iniciem ou terminem o trajeto pela escada ou rampa apoiadas no corrimão.
335
Figura 7: Prolongamento do Corrimão. Fonte: CEPAM, 2009
Para auxiliar o deslocamento de pessoas com baixa acuidade visual,
recomenda-se utilizar corrimãos com cor que contraste com a do ambiente.
5.2.3. Piso
Devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante, sob qualquer
condição. Não podem provocar trepidação em dispositivos com rodas.
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Recomenda-se evitar o uso de padronagem, na superfície do piso, que possa
causar sensação de insegurança, como, por exemplo, desenhos em curvas ou
com figuras tridimensionais.
Figura 8: Largura para deslocamento em linha reta. Fonte: CEPAM, 2009
5.2.4. Sinalização
Devem possuir instruções e informações visuais e auditivas ou táteis; e estar
sinalizado com piso tátil.
Para garantir boa condição de visibilidade para as pessoas com deficiência ou
com mobilidade reduzida, deve-se analisar o espaço, considerando o ângulo
visual a partir do local reservado até o local a ser visualizado. Para fins de
exemplificação tratamos como média de altura dos olhos em linha reta de um
cadeirante 1,15m, sendo assim o ângulo de visão 30º para cima, para baixo e
para os lados.
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Figura 9: Módulo de Referência. Fonte: CEPAM, 2009
Sinalização visual – para essa mobilidade de sinalização, as informações
necessitam de textura, dimensionamento e contraste de cor, nos textos e nas
figuras, para garantir a leitura por pessoas de baixa visão. A iluminação, o
contraste e a pureza das cores são condições importantes para a legibilidade
da informação visual, como também as distâncias para a leitura e o tamanho
das letras e números.
Sinalização tátil – uma das formas de sinalização tátil é a braile, que é dirigida
aos cegos, e as informações em textos, figuras e pictogramas em relevo, que
atendem às necessidades das pessoas com baixa visão.
Figura 10: Cela Braile. Fonte: CEPAM, 2009
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Figura 11: Sinalização Tátil. Fonte: CEPAM, 2009
5.3. Atividades para Deficientes Visuais
Onde não houver guia de balizamento (a pessoa com baixa visão utiliza a
bengala batendo na parede, que serve como guia), deve-se prever sinalização
tátil direcional, bem como sinalização tátil de áreas de risco.
5.3.1. Sinalização tátil de piso
Suas características de desenho, relevo e dimensões devem seguir as
especificações contidas na norma técnica ABNT NBR 9050:2004.
O piso adjacente ao piso tátil terá, obrigatoriamente, cor e textura
diferenciadas, para facilitar as pessoas com perda visual a identificação dos
pisos táteis.
5.3.2. Piso tátil de alerta
Deve ser utilizado para sinalizar situações que envolvem risco de segurança. O
piso tátil de alerta deve ser cromo diferenciado ou deve estar associado à faixa
de cor contrastante com a do piso adjacente.
O piso tátil deve ser utilizado e instalado nos seguintes locais.
- no início e término de escadas e rampas,
- ao longo de toda extensão de desníveis e vãos que possam oferecer riscos
de queda as pessoas.
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Figura 12: Piso Tátil de Alerta. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013
5.3.3. Piso tátil direcional
Deve ser utilizado quando da ausência ou descontinuidade de linha guia
identificável, como guia de caminhamento, ou quando houver caminhos
preferenciais de circulação.
339
Figura 13: Piso Tátil Direcional. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013
5.3.4. Braille para Corrimão. A sinalização no início e fim dos corrimãos.
Figura 14: Braille para Corrimão. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013
5.3.5. Anel de Corrimão
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É recomendável que os corrimãos de escadas e rampas sejam sinalizados
através de anel com textura contrastante com a superfície do corrimão,
instalado 1m antes das extremidades (ANDALUZIA, 2013).
Figura 15: Anel de Corrimão. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013
5.3.6. Sinalização Visual para Escadas e Degraus
A sinalização visual para escadas e degraus é utilizada na borda do piso, em
cor contrastante com a do acabamento.
(ANDALUZIA, 2013).
340
Figura 16: Sinalização Visual para Escadas e Degraus. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013
5.3.7. Mapa Tátil
Tem por finalidade demonstrar com traçado em relevo a rota para o deficiente
visual ou descritivo do local, acompanha o totem na inclinação normatizada
(ANDALUZIA, 2013).
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Figura 17: Mapa Tátil. Foto: Andaluzia Acessibilidade, 2013
5.3.8. Cão-Guia
É proibida a entrada e permanência de animais domésticos ou exóticos em
Unidades de Conservação, com exceção dos casos previstos na Lei № 11.126,
de 27 de junho de 2005. O cão-guia é um animal castrado e isento de
agressividade, de qualquer sexo, de porte adequado, treinado com o fim
exclusivo de guiar pessoas com deficiência visual.
341
5.4. Atividades para Deficientes Auditivos
Possuir profissional capacitado em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Libras é
reconhecida como meio legal de comunicação e expressão, bem como os
outros recursos de expressão a ela associada.
5.5. Viabilidade
É necessário estrutura específica que, além da infraestrutura e profissionais
(arquiteto, biólogo, turismólogo etc) envolvidos que possuem experiência tanto
na preparação e operacionalização de roteiros ecoturísticos (já existentes) é de
suma importância o acompanhamento de profissionais na área de fisioterapia,
fonoaudiologia, psicologia, pedagogia etc.
Projeto de manejo adaptado é economicamente viável devido aos benefícios
mais amplos que oferece à sociedade, pode ser capaz de atrair subvenções
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concedidas por órgãos governamentais, organizações, fundações e iniciativa
privada.
Também é comum que exista parceria no fornecimento de incentivos
(subsídios) que torne também o projeto financeiramente atraente àquele que o
executa.
Porém este tipo de projeto tende a ser inviabilizado devido aos altos custos,
quando sem parcerias. O orçamento deste perfil de público, em grande parte, é
destinado às necessidades de seu tratamento, o que resulta na falta de
recursos para o lazer.
Segundo A lei 10.098/2000 – que estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida – Art. 23, A Administração Pública Federal direta e
indiretamente destinará dotação orçamentária para as adaptações, eliminação
de supressões de barreiras arquitetônicas existentes nos edifícios de uso
público de sua propriedade e naqueles que estejam sob sua administração ou
uso.
6. Conclusão
Para efetivar a acessibilidade em áreas naturais é necessário elaborar plano
estratégico que garanta a qualidade e continuidade dessas ações. De acordo
com as especificidades de cada local, é possível estabelecer prioridades para
as
intervenções
com
base
em
critérios
técnicos
que
considerem,
simultaneamente, a viabilidade ao uso do espaço e complexidade de
adequação. Sendo assim permite programar as ações e procedimentos que
garantam o cumprimento e a qualidade da acessibilidade.
Vale atenção especial quanto à “flexibilização”, sendo que os espaços devem
prever a possibilidade de adaptação e remodelação, segundo as necessidades
que possam surgir ao longo da vida das pessoas.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
342
Para se definir uma trilha com rota acessível, é necessário observar as
características de piso; a largura e extensão, os desníveis, áreas de manobra,
além de outros elementos construtivos que possam representar obstáculos à
mobilidade das pessoas.
Nessa perspectiva, coloca-se como debate o desafio de buscar novas soluções
legais, tecnológicas e projetais que venham a diminuir ainda mais esses
impactos, e que garantam uma política inclusiva de acesso às áreas de
interesse natural.
Acreditamos que todas ações e esforços realizados neste sentido serão mais
fortes e eficazes se avançarmos numa proposta comum sobre a acessibilidade
em áreas naturais e construirmos alianças e parcerias entre diferentes setores
e atores envolvidos. Mas continua necessária a criação de redes promotoras, e
linhas de financiamento para este tema, que contribuam para sua
disseminação e agendas construtivas, para potencializar os diferentes
esforços.
7- Bibliografia
ANDALUZIA ACESSIBILIDADE. Disponível em
http://www.andaluziacessibilidade.com.br/produtos-e-servicos. Acesso
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FROTA, T. Frase da home. Disponível em http://thaisfrota.wordpress.com.
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IBGE, Censo Demográfico 2010, Características gerais da população, religião e
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344
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GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento
e manejo de trilhas
ATIVIDADES TURÍSTICAS E IMPACTOS AMBIENTAIS NEGATIVOS: UMA
AVALIAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL JENIPABU,
EXTREMOZ/RN
Sebastiana Guedes Bezerra31
Valdeci Pereira da Silva Filho32
Anderson Andryolly da Silva Macedo33
Isabelle de Fátima Silva Pinheiro34
Resumo
Palavras-chave: Atividades turísticas. Impactos ambientais negativos. Área de Proteção
Ambiental Jenipabu.
A atividade turística apresenta-se em expansão, sendo que entre os segmentos
que mais se sobressaem, encontram-se aqueles que possibilitam contato com
a natureza, de modo que isso se dá principalmente pelo aumento na procura
por áreas naturais. Uma forma encontrada para suprir essa necessidade foi a
implementação das visitas turísticas em áreas naturais protegidas, no caso do
Brasil, em Unidades de Conservação. De modo geral, há uma crescente
preocupação com os impactos que as atividades podem gerar ou intensificar
nos ambientes naturais, sobretudo em áreas como as citadas anteriormente.
Diante desse contexto o presente artigo tem por objetivo geral avaliar as
principais atividades turísticas existentes na Área de Proteção Ambiental
Jenipabu/RN, e como específicos: a) identificar as atividades turísticas
desenvolvidas na APA; b) levantar os principais impactos ambientais negativos
provocados pelas atividades turísticas; e c) apontar a atividade mais e a menos
impactante no ambiente natural. Utilizou-se como método a pesquisa
bibliográfica, a visita in loco, onde aconteceu aplicação de instrumento
adaptado de Pires (2010), que mede o nível de intensidade dos impactos
ambientais, em seguida fez-se a elaboração de gráficos a partir do software
31
anaguedesbezerra@hotmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista do
projeto Educação Patrimonial em Meio Natural em Municípios do Geoparque Seridó (RN)
Discente do Curso de Turismo
32
valdecifilho30@hotmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Curso de
Turismo
33
andersonandryolly@gmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Discente do
Curso de Turismo
34
sabelleisp@gmail.com Doutorando em Recursos Naturais/UFCG. Docente Substituta do
Curso de Turismo DCSH – CERES – Currais Novos-RN
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Microsoft Office Excel e a análise dos dados. Os resultados apontam que um
considerável número de atividades turísticas desenvolvidas no local, como por
exemplo: passeio de buggy e de dromedário. Entre as atividades a que se
mostra menos e a mais impactante é o passeio a cavalo e o de buggy,
respectivamente. Torna-se possível apontar que a área necessita de medidas
que minimizem esses impactos, pois caso isso não aconteça possivelmente a
comunidade e o turismo sofrerão negativamente.
Resumen
Palabras-clave: Actividades turísticas. Impactos ambientales negativos. Área de Protección
Ambiental Jenipabu.
La actividad turística se presenta en expansión, y entre los segmentos que más
se destacan, son los que permiten el contacto con la naturaleza, de modo que
eso se debe principalmente al aumento de la procura por espacios naturales.
Una manera encontrada para superar a esta necesidad fue la implementación
de visitas turísticas en áreas naturales protegidas, en el caso de Brasil, en las
unidades de conservación. En general, existe una creciente preocupación con
los impactos que las actividades puedan generar en los ambientes naturales,
en particular en tales áreas como fueron mencionados anteriormente. En este
contexto, el presente trabajo tiene como objetivo evaluar las principales
actividades turísticas; en el Área de Protección Ambiental Jenipabu /RN, y
como específicos: a) identificar las actividades turísticas desarrolladas en APA;
b) elevar los principales impactos ambientales negativos causados por las
actividades turísticas; y c) apuntar la actividad más y la menos impactante en el
ambiente natural. Fue utilizado como método la pesquisa bibliográfica, la visita
in loco, donde ocurrió aplicación de instrumentos adaptada de Pires (2010),
que mide el nivel de intensidad de los impactos ambientales, y luego hace la
elaboración de gráficos en el software Microsoft Office Excel y el análisis de
datos. Los resultados indican que hay un considerable número de actividades
turísticas desarrolladas en el local, como por ejemplo paseo en buggy y
dromedario. Entre las actividades que se muestran menos y la más impactante
es el paseo de caballo y de buggy, respectivamente. Es posible señalar que la
zona tiene que tomar medidas para minimizar estos impactos, ya que si esto no
sucede, posiblemente, la comunidad y el turismo sufren negativamente.
1. Introdução
A sociedade em nível mundial encontra-se frente a questões muitas vezes
inéditas na história da humanidade, como por exemplo, a velocidade na troca
de informações, a disponibilidade de um aparato tecnológico, a busca
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crescente por momentos de lazer, entre outros. Alguns desses pontos surgiram
ou se intensificaram devido ao processo de globalização.
Acerca dessa maior busca por lazer, nota-se que de modo geral o ser humano
necessita de lugares onde possa fugir dos aspectos rotineiros, como: trânsito
conturbado, rotinas de trabalho exaustivas, o constante contato com elementos
artificiais em detrimento ao natural, tudo isso que despertam a necessidade dos
indivíduos entrarem em contato com a natureza em seus momentos de lazer.
Contudo, essa nova realidade traz a tona um problema, como destacam
Sancho (2001) apud Dias (2008, p. 18) “[...] em muitos casos, com
ecossistemas frágeis que correm o risco de uma rápida e irreversível
degradação (...) como um paradoxo, essa mudança de interesse pode voltar-se
contra os espaços com um elevado valor ecológico”.
Outro fator que contribui para a busca por ambientes naturais é justamente a
valorização desses. Como se sabe, o mundo na metade do século XX e mais
intensamente nas últimas décadas desse século, passou por uma tomada de
consciência com relação à necessidade de conservação das áreas naturais, de
modo que eventos e/ou documentos passaram a reunir diversos países tentado
encontrar soluções práticas de como preservar essas áreas. Nesse contexto, a
atividade turística apresenta-se como elemento que possivelmente potencializa
a conservação do meio, como também pode configurar-se como forte agente
predador dos ambientes naturais. Sendo assim, percebe-se que o turismo
mantém uma íntima relação com os elementos naturais, tendo em vista que:
[...] O movimento de turistas ao redor do globo é em sua
maioria consumidor de produtos compostos por recursos
naturais. Viaja-se para as praias ensolaradas dos países que
possuem costa marítima; observa-se animais selvagens em
diversos ecossistemas; praticam-se esportes radicais em rios,
montanhas, florestas e desertos; buscam-se a paz e o ar dos
ambientes naturais, entre muitas outras atividades turísticas
desenvolvidas e que têm a natureza como a base de sua
sustentação (DIAS, 2005, p. 98):.
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Como visto, considerável parcela da atividade turística se dá em ambientais
naturais,
pode-se
apontar
o
ecoturismo,
turismo
rural,
geoturismo,
espeleoturismo, entre outros segmentos que proporcionam essa relação entre
o turismo e o meio natural. Considera-se que o turismo explora esses
ambientes a pouco tempo do ponto de vista histórico, já que a atividade
turística ainda é recente. Contudo outras atividades anteriormente já
exploravam os recursos naturais, de modo que em certo momento viu-se a
necessidade que ambientes naturais fossem preservados.
Um marco histórico nas áreas naturais legalmente protegidas foi a criação do
Parque Nacional do Yellowstone no ano de 1872, nos Estados Unidos, em
seguida outros parques foram surgindo no mundo. No Brasil, em 1808 com a
chegada da Família Real foi criado o Real Horto, que sucedeu anos mais tarde
outras iniciativas de implantação de áreas naturais, porém não conseguiu-se
efetivar estas áreas (HOSAKA, 2010). Do ponto de vista legal, os principais
marcos foram a criação do Código Florestal em 1934, o Novo Código Florestal
em 1965, a Política Nacional de Meio Ambiente, datada de 1981 e o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) de 2000. O SNUC passou a
normatizar os aspectos referentes a Unidades de Conservação (UCs) no Brasil,
de acordo com o Art. 2º paragrafo 1 desse documento UC é o:
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de
proteção.
Os SNUC estabelece dois grupos de UCs, de proteção integral e de uso
sustentável.
No
primeiro,
há
maior
restrição
quanto
as
atividades
desenvolvidas, e no segundo existe maior flexibilidade com relação aos
possíveis usos, de modo que uma das atividades que mais apresentam
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potencial para ser desenvolvidas nesse último grupo é o turismo. Conforme
expõe Lindberg; Hawkins (Orgs.) (2005, p. 26):
as áreas naturais, em particular as protegidas legalmente, sua
paisagem, fauna e flora – justamente com os elementos
culturais existentes – constituem grandes atrações, tanto para
os habitantes dos países aos quais as áreas pertencem como
para os turistas de todo o mundo. [...]
Portando, a visitação em áreas naturais protegidas, no caso do Brasil em Ucs,
mostra-se como tendência, sendo que essa visitação deve sempre adequar-se
aos documentos que regulam cada UC. Em se tratando do cenário brasileiro,
Vernalha; Neiman (2010, p. 300), afirmam que “no Brasil já se observa que
alguns destinos estão aprendendo a utilizar adequadamente o seu potencial
turístico, permitindo a visitação controlada de seus ecossistemas protegidos
por UCs. [...]”. O que permite considerar que o Brasil, mesmo de maneira ainda
incipiente, já acompanha as tendências internacionais de desenvolvimento do
turismo em áreas naturais. Entre as categorias de unidades de uso sustentável
estabelecidas pelo SNUC, encontra-se a Área de Proteção Ambiental (APA),
nela são permitidas, além de atividades econômicas, a ocupação humana. No
local geralmente existe um relevante patrimônio biótico, abiótico e cultural, e a
UC tem por objetivo a conservação desses recursos além de disciplinar a
ocupação da área (SNUC, 2000).
Outra atividade permitida em APAs é o turismo, mais especificamente o
segmento ecoturístico, sendo que esse mostra-se como um aliado na
conservação dos recursos, quando planejado em bases sustentáveis. “Todavia,
apresar da sustentabilidade ser citada nos documentos norteadores do
ecoturismo, até o início do século XXI, o número de casos de sucesso
existentes é inexpressivo.” (SOARES, 2011, 72). Ver-se então, a relevância de
pesquisas que visem contribuir para o aumento do nível de sustentabilidade
das atividades praticadas nas Unidades de Conservação, sobretudo que
apontem os impactos gerados ou intensificados nesses locais. Diante desse
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
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contexto, o presente estudo tem por objetivo geral avaliar as principais
atividades turísticas existentes na Área de Proteção Ambiental Jenipabu/RN, e
como específicos:
a) identificar as atividades turísticas desenvolvidas na APA;
b) levantar os principais impactos ambientais negativos provocados pelas
atividades turísticas e mensurar o nível de impacto; e c) apontar a atividade
mais impactante e a menos danosa ao ambiente natural.
2. Materiais e métodos
Na pesquisa os processos metodológicos consistiram inicialmente em pesquisa
documental e bibliográfica, que segundo Medeiros (2008, p. 39) “é aquela que
busca o levantamento de livros, revistas de relevante interesse para pesquisa
que será realizada”. Segundo Sanchez (2008) o diagnóstico dos impactos
ambientais em determinado espaço físico segue cinco fases, a saber: escolha
de indicadores, calibração e validação do método, aplicação do método e
obtenção dos resultados e análise e interpretação. A seleção dos indicadores
baseou-se no quadro de “Impactos negativos do turismo em relação ao meio
físico”, proposto por Pires (2010). Neste quadro, estão esboçados os principais
impactos negativos que podem ocorrer nos componentes água, terra, ar e em
outros componentes do meio.
A mensuração do nível de intensidade dos impactos ambientais detectados
decorreu da observação e percepção dos pesquisadores, tendo como
dimensões de análise os “critérios de importância de impactos” propostos por
Bealands (1993) e Erickson (1994) apud Sánchez (2008), conforme quadro
abaixo:
Quadro 01: Critérios e níveis de mensuração de impactos
CRITÉRIOS E NÍVEIS DE MENSURAÇÃO DE IMPACTOS
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Critério
Inexistente
Nível de
impacto
Critério
Nível de
impacto
Critério
Impossibilidade
de recuperação
do ambiente
afetado
Inexistente
Ambiente afetado
Ambiente afetado é
é de grande
pouco importante
relevância
0
1
Inexistente
Grande extensão
Pequena extensão
espacial e
espacial e temporal
temporal
Inexistente
Grande
Pequena magnitude do
magnitude do
impacto
impacto
Fonte: Adaptado de Bealands (1993) e Erickson (1994) apud Sánchez (2008).
Nível de
impacto
Possibilidade de
recuperação do ambiente
afetado
2
Em seguida, no mês de dezembro de 2012 ocorreu a visita in loco e a coleta de
dados, a fase de aplicação do método e obtenção dos resultados. havendo a
identificação dos impactos negativos e o levantamento do nível de intensidade
destes, através da adaptação e aplicação Já a mensuração dos impactos
decorreu da percepção dos pesquisadores.
Área de Proteção Ambiental Jenipabu
A pesquisa foi realizada na Área de Proteção Ambienta Jenipabu (APAJ), essa
localiza-se no município de Extremoz/RN, e foi criada em 17 de maio de 1995,
pelo Decreto de Lei nº. 12.620. Abrange porções territoriais dos municípios de
Extremoz (96,9%) e Natal (3,1%), incluindo as praias de Redinha Nova, Santa
Rita e Jenipabu. A área da APAJ tem cerca de 1.739 hectares. (PLANO DE
MANEJO APAJ, 2009 apud SOARES, 2010).
Figura 1: Imagem de satélite da APAJ.
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Fonte: Plano de Manejo da APAJ, 2009.
A atividade turística é desenvolvida na APA Jenipabu, tendo como principais
recursos: dunas, praias, lagoas, passeios de dromedários, buggys e de
jangada. Alguns desses recursos são destaques no cenário turístico nacional,
devido sua relevância.
3. Resultados e discussões
Durante a visita realizada na Área de Proteção Ambiental Jenipabu, constatouse que nessa UC existem as seguintes atividades ligadas ao turismo: passeio
de dromedários, buggys, jangadas, a cavalo, esquiduna35, além da existência
de considerável número de casas de segunda residência, ocupação da orla por
bares e restaurantes, acrescenta-se também as barracas que comercializam
principalmente roupas de praia localizadas em cima das dunas. Os impactos
gerados ou intensificados por essas atividades foram divididos por componente
afetado, levando-se consideração os seguintes: terra, água, ar e outros
35
Descida nas dunas com uso de uma prancha adaptada.
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problemas como barulho, congestionamento, sazonalidade e escassez de água
e alimentos. No gráfico 1, é possível visualizar os impactos que incidem no
componente terra, bem como o seu nível de intensidade.
Gráfico 1: impactos na terra.
7
6
5
4
1 (Baixa)
3
2 (Média)
2
3 (Alta)
1
Não há
0
Conflito de uso Degradação do
Consumo
do solo
solo
excessivo de
recursos
naturais
Destruição da Efeitos na vida
vegetação
selvagem
Expansão e
poluição
arquitetônica
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
Como mostra o gráfico, o impacto que mais aparece é o consumo excessivos
dos recursos naturais, porém com um nível de intensidade 2, enquanto que o
conflito de uso do solo, a expansão e poluição arquitetônica, e os efeitos
negativos na vida selvagem, são apontados em menor proporção, contudo,
com um nível de intensidade 3 que é o mais alto na escala estabelecida. Sendo
assim, no componente terra esses três últimos impactos são os mais graves,
tendo em vista o estado de intensidade que eles se encontram.
Sobre os usos do solo na APAJ, Barros (2010, p. 47), afirma que “os mais
recentes mapeamentos de uso e ocupação do solo na APA Jenipabu apontam
para a existência de cerca de 12 (doze) tipos de uso do solo [...]”, esses que
muitas vezes divergem de interesse, além do Plano de Manejo e Zoneamento
Ecológico-Econômico
que
tentam
normatizar
essas
outras
questões,
constantemente os órgãos legais aprovam decretos de lei objetivando controlar
essa questão. A degradação do solo e a poluição arquitetônica também são
negativos, Pires (2010), diz que muitas vezes os equipamentos turísticos não
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se harmonizam com o ambiente natural e que a degradação do solo pode
dificultar o fluxo turístico nas localidades. O outro elemento estudado foi a
água, o gráfico 2 expõe os principais impactos detectados nesse componente.
Gráfico 2: impactos detectados na água.
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
Pode-se destacar como sendo os principais, a erosão do solo e assoreamento
de recursos hídricos, a poluição e contaminação por lixo sólido e por efluentes
bioquímicos, pois são esses que apresentam maior intensidade. Acerca desse
último impacto Pires (2010, p. 24), afirma que “O turismo, inevitavelmente,
produz resíduos sólidos e efluentes orgânicos (esgotos), e a má disposição ou
destinação final dos mesmos é um sério problema, principalmente em áreas
com alta concentração de turistas. [...]”
A poluição dos recursos hídricos pode gerar efeitos nocivos para a saúde dos
moradores e dos visitantes, sendo que isso apresenta-se como um forte
aspecto negativo para o desenvolvimento do turismo. A erosão do solo também
é um sério problema na APAJ, principalmente provocadas pelo constante fluxo
de buggys e de visitantes nas dunas de Jenipabu. No local existem dunas
móveis e fixas, e seu uso exagerado pode provocar graves efeitos para os
aspectos bióticos e abióticos. No tocante ao componente ar, os efeito podem
ser percebidos através do gráfico 3.
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Gráfico 3: Impactos provocados no ar.
Como é possível visualizar nesse último gráfico, os níveis de intensidade dos
impactos que incidem no ar então predominantemente em um nível baixo, o
que é um fator positivo, pois significa que esse fator até então não sofre muitos
impactos do turismo. Contudo a emissão de poluentes pelos meios de
transportes utilizados pelo turismo e a emissão de poluentes pelo consumo de
energias nos demais serviços turísticos aparecem uma vez com um nível de
intensidade 3. Tendo em vista cuja atividade turística que mais gera poluentes
no ar são os passeios de buggy, seguido pelos demais poluentes originários do
consumo de energia pelas outras atividades. Além desses efeitos foram
detectados outros relativos ao turismo existente na APAJ, como apresenta o
gráfico 4.
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
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O gráfico 4 mostra que um grave problema existe no turismo da APAJ, que é a
sazonalidade, essa é caracterizada pela alta demanda por produtos turístico
em alguns meses do ano e em outros períodos acontece baixa procura pelos
produtos. Uma demanda elevada exige da localidade uma série de requisitos
que possibilite atender essa demanda, a saber: restaurantes, hotéis,
equipamentos
de
lazer,
além
da
própria
infraestrutura
básica
(fácil
acessibilidade, saneamento básico, segurança, entre outros). Com o maior
fluxo de turistas, caso o município não dispunha dessas estruturas,
possivelmente acarretará em problemas como: congestionamento, má controle
sobre os resíduos sólidos gerados, falta de água. De modo que em casos de
áreas naturais os principais impactos caem sobre os animais e outros recursos
naturais.
Sobre esses impactos Machado (2005, p. 78), preconiza que “a
atividade deverá estar atenta aos impactos originados da visitação, buscando
meios de minimizá-los, seja no cuidado com o ambiente, com os visitantes ou
com a comunidade local. [...]” Nota-se assim, a importância que se tem da
atividade turística ser controlada.
Enquanto isso na baixa estação existe menor procura pelos serviços turísticos,
provocando efeitos nocivos para a localidade, tais como: desemprego, baixa
ocupação nos meios de hospedagem, menor fluxo em equipamentos de lazer,
baixa circulação financeira. Da mesma forma que deve haver um controle
acerca do número máximo de visitantes, mostra-se também relevante a busca
de metas que estabelecem uma quantia mínima de visitantes, facilitando a
manutenção da atividade. Anteriormente, mostrou-se as atividades turísticas
que foram possíveis de identificar no presente estudos, entre essas, foi
detectada a atividade que menos impacta negativamente na APAJ, como
exposto na tabela 1.
Tabela 1: Atividade turística menos impactante.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
356
357
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
Como mostra a tabela, os impactos gerados pelo passeio a cavalo, em sua
maioria estão em um nível considerado baixo, e em alguns casos considera-se
que não há impactos. Sendo assim entende-se que essa atividade provoca
pouca influência no meio natural da APAJ, portando, entende-se que esse
dado aponta um quadro positivo acerca dessa atividade. Ainda sobre os
impactos das atividades turísticas, foi possível detectar a atividade mais
impactante, como exposto na tabela 2.
Tabela 2: Atividade turística mais impactante.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
358
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
Nessa tabela estão expostos os impactos gerados pelo passeio de buggy, de
modo que a partir da identificação desses, torna-se possível apontar essa
atividade como a mais impactante entre as desenvolvidas na APAJ. Tendo em
vista que a maioria dos impactos detectados no passeio de buggy estão em
nível 3 de intensidade. A partir dessa constatação, pode-se afirma que existe
uma eminente necessidade de que aconteça um maior controle dessa
atividade, mesmo levando em consideração que existem os documentos
administrativos da APAJ que tentam exerce um controle da atividade, além
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desses, alguns decretos de lei já foram expedidos buscando limitar mais
severamente essa atividade.
Como fala Pires (2010,) que os danos ao meio ambiente podem provocar
queda na qualidade do meio ambiente e consequentemente diminuição do
fluxo de visitantes.
4. Considerações finais
Diante do exposto, pode-se apontar que alguns atrativos turísticos existentes
na APA Jenipabu, configuram-se como de considerável relevância ao
desenvolvimento dessa atividade no estado do Rio Grande do Norte, e
motivado por esses recursos, atividades turísticas foram implantadas no local.
E ao longo do processo de desenvolvimento do turismo, impactos negativos
foram sendo gerados ou intensificados por essas atividades ligadas ao turismo,
sendo que atualmente pode-se destacar os seguintes impactos: conflito de uso
do solo, expansão e poluição arquitetônica, efeitos negativos na vida selvagem,
erosão do solo e assoreamento de recursos hídricos, poluição e contaminação
por lixo sólido e por efluentes bioquímicos, emissão de poluentes pelos meios
de transportes utilizados pelo turismo, emissão de poluentes pelo consumo de
energias nos demais serviços turísticos e a sazonalidade.
Vale ressaltar que esses impactos estão expostos levando-se em consideração
as diversas atividades turísticas da APAJ, contudo de modo geral, torna-se
possível apontar que deve-se encontrar meios que possibilitem a minimização
desses impactos, em se tratando dos ambientes naturais uma solução seria os
estudos de capacidade de carga e impacto ambiental, além de programas de
educação ambiental voltados para a comunidade e os visitantes.
Salienta-se que o estudo apontou como sendo o passeio a cavalo o menos
impactante e o passeio de buggy como o mais.
No sentido de minimização dos impactos, percebe-se que a comunidade da
APAJ, mobiliza-se com ações que contribuem para a conservação dos
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recursos da localidade, com exemplo, pode-se citar o Projeto Jenipabu Limpa,
que promove ações de educação ambiental junto as crianças da comunidade.
O projeto é desenvolvido pelo Conselho Comunitário da Praia de Genipabu e
conta com o apoio dos empresários, escolas, membros do conselho gestor da
APA Jenipabu, entre outros segmentos da sociedade.
Por fim, entende-se que o presente estudo não trata dos impactos ambientais
de cada atividade individualmente, o que abre precedentes para que futuras
pesquisas busquem identificar esses impactos, bem como mostrem meios que
possibilitem a resolução desses. Mesmo assim, torna-se possível afirma que o
trabalho
contribui
para
que
melhorias sejam
implantadas na
APAJ,
beneficiando o meio natural, a comunidade e o turismo. ]
5. Bibliografia
BARROS, Luis F. F. O uso e ocupação sobre áreas de preservação
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361
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
GT 02: Lazer, esportes e turismo na natureza em áreas protegidas: impactos, monitoramento
e manejo de trilhas
USOS E PERCEPÇÕES ACERCA DA TRILHA DAS LAGOAS NA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS, MINAS GERAIS
Vinícius do Couto Carvalho36,
Thiza Falqueto Altoé37,
José Edimar Vieira Costa Júnior38,
Marco Aurélio Leite Fontes39,
Aline Pereira40
Resumo
Palavras chaves: Planejamento de trilhas; Perfil de visitantes; Lazer; Atividades físicas.
O objetivo deste trabalho foi verificar as percepções dos praticantes das
atividades físicas, caminhada, corrida e mountain bike, realizadas no campus
da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Lavras - MG, acerca do espaço
“Trilha das Lagoas” (percurso não pavimentado inserido na área rural da
universidade). Foram aplicados questionários semi-estruturados, durante
quinze dias do mês de julho de 2013, na avenida norte da UFLA (área
urbanizada do campus, com pavimentação e grande fluxo de praticantes
dessas atividades), em turnos diferentes para abranger um número máximo de
indivíduos e público diferenciado. Os questionamentos abordaram o
conhecimento, uso, frequência de uso, sugestões de melhorias e impedimentos
de uso da Trilha das Lagoas (TL). A amostragem foi de 66 entrevistados e os
dados coletados foram analisados em porcentagens. A amplitude amostral da
idade foi de 15 a 72 anos; 98% dos entrevistados residem em Lavras, sendo
58% do total do gênero masculino. Verificou-se que 67% dos entrevistados
conhecem a TL e que, destes, 32% fazem uso dela, porém 29% disseram ir
poucas vezes e 21% a utiliza somente nos finais de semana. Do total, 58% das
36
ecosdoturismo@gmail.com , Mestrando, Departamento de Ciências Florestais.,Universidade
Federal de Lavras.
37
thizaaltoe@gmail.com , Doutoranda, Departamento de Ciências Florestais, , Universidade
Federal de Lavras.
38
jevcjunior@gmail.com , Mestrando, Departamento de Ciências Florestais, Universidade
Federal de Lavras.
39
fontes@dcf.ufla.br , Professor, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de
Lavras.
40
alyneaspereira@hotmail.com , Pesquisador, Departamento de Ciências Florestais,
Universidade Federal de Lavras.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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362
pessoas não tinham sugestão para melhoria da TL; 14% sugeriram colocar
iluminação, já que praticam atividades à noite e 11% sugeriram melhorar a
segurança com aumento da frequência de ronda de vigilantes. Dos
entrevistados, 27% afirmaram não terem impedimento para uso da TL; 15%
sentem-se inseguros de usá-la por ser um ambiente pouco frequentado; 12%
indicaram a falta de iluminação como limitante; para 12% o impedimento é
devido à irregularidade do relevo; e outros 11% evitam a TL por terem
preferência por local pavimentado. A maioria dos entrevistados tem preferência
por realizar atividades físicas nos ambientes mais urbanizados da UFLA,
distanciando-os dos benefícios das atividades em áreas naturais, como menor
poluição do ar e sonora, apreciação de paisagens diversificadas e de
elementos naturais, entre outros.
Resumen
Palabras clave: planificación de rutas , los visitantes del perfil , ocio , actividades físicas.
El objetivo de este estudio fue determinar las percepciones de la práctica de
actividades físicas, caminar, correr y montar en bicicleta de montaña, que se
celebró en el campus de la Universidad Federal de Lavras ( UFLA ), en el
sureste-MG sobre el espacio " Trail of Lakes " ( ruta sin pavimentar insertada
en la universidad rural). Los cuestionarios fueron administrados semiestructurada, la quincena del mes de julio de 2013, en North Avenue UFLA
(área urbanizada del campus, con la pavimentación y la gran afluencia de
practicantes de estas actividades). Las preguntas dirigidas al conocimiento,
uso, frecuencia de uso, propuestas de mejora y los obstáculos al uso de la
pista de Lagos (TL). La muestra fue de 66 participantes y los datos recogidos
fueron analizados en porcentajes. El rango de edad de la muestra fue de 15 a
72 años. Se encontró que el 67% de los encuestados conocen la TL, y que, de
éstos, 32% lo utiliza, pero el 29% dijo que ir un par de veces y utiliza sólo el
21% los fines de semana. Del total, el 58% de la gente no tenía ninguna
sugerencia para mejorar la TL, 14% sugerido poner iluminación, ya que la
práctica de actividades en la noche y el 11% sugirió mejorar la seguridad con
una mayor frecuencia de ronda vigilantes. De los encuestados, 27% dijeron que
no tenían impedimento para el uso de TL, 15% se siente inseguro de usarlo
para ser un entorno escasamente concurrida, el 12% indicó una falta de
iluminación como una limitación, el 12% el impedimento se debe a la
irregularidad alivio, y otro 11% para evitar TL por tener lugar allanado
preferencia. La mayoría de los encuestados tienen una preferencia por las
actividades físicas en el UFLA más urbanizada, alejándolas de los beneficios
de las actividades en áreas naturales, como menos contaminación atmosférica
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y acústica, la apreciación de la diversidad de paisajes y elementos naturales,
entre otros.
1. Introdução
O campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Lavras, Minas
Gerais, possui uma área de 600 hectares, onde se encontram áreas rurais e
urbanizadas, com cultivos, casas de vegetação, hortos, pastagens e prédios,
entre outras várias estruturas que trazem a comunidade para seu interior a fim
de realizar atividades além das educacionais, como lazer, descanso e
atividades físicas em áreas próximas à natureza. Devido ao histórico de uso
por alunos e comunidade em geral desses espaços e com a ampliação da área
construída, além da criação de espaços direcionados (ciclovia e pistas para
caminhadas), a prática de atividades no interior da instituição vem sendo
intensificada, e nota-se uma maior busca pelos ambientes para realização de
atividades de caminhadas, corridas e ciclismo.
364
A universidade conta atualmente com duas trilhas, uma sendo considerada
ambiente urbanizado chamada de trilha alternativa e a segunda inserida no
ambiente rural trazendo uma maior proximidade do usuário com a natureza,
denominada trilha das Lagoas. A trilha alternativa é asfaltada e pode ser
considerada um ambiente de recreação para estudantes e moradores de
Lavras, recebendo diariamente um grande número de praticantes de diversas
atividades como ciclismo e caminhada. A trilha das Lagoas é constituída por
vegetação natural, trilha de terra as margens de lago, conservando a paisagem
da área, fato este que traz alguns obstáculos para sua utilização, devido ao
variado público que é atraído. O comportamento das pessoas diante da
natureza varia constantemente, e as respostas de suas experiências com o
mundo natural são tão diversas quanto suas personalidades. Algumas
experiências do Homem com o ambiente deixam vívidas lembranças, podendo
amalgamar com a natureza, estabelecer um vínculo vitalício, e modificar o
comportamento. Estas experiências e encontros constituem-se em dimensões
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de envolvimento do Homem com a natureza, que são fundamentais para se
entender como a mente percebe o meio ambiente (HANAI, 2006).
A respeito dos estudos sobre as variações dos comportamentos em diferentes
ambientes tendo em vista aspectos correlacionados à qualidade ambiental e de
vida, vários autores analisaram situações envolvendo ambientes urbanos e
rurais, baseando-se nos diversos níveis da experiência ambiental e das
reações decorrentes – descritivas, globais, inferenciais, atitudinais, condutuais
e preferenciais (GUIMARÃES, 2005).
Atualmente, o contato com a natureza é uma das maiores motivações das
viagens de lazer entre os turistas. Fatores como, o crescimento da população
mundial; a expectativa de vida mais longa das pessoas; a busca da população
(principalmente urbana) por ambientes preservados; a melhoria da situação
socioeconômica
familiar
(pelo
menos
nos
países
desenvolvidos);
o
conseqüente aumento do tempo livre; e as menores barreiras políticas e
sociais, influenciam no crescimento observado das atividades turísticas
realizadas em espaços rurais e naturais (HANAI, 2006).
O ser humano tem usado as trilhas não só com a função de deslocamento,
como também de recreação e andar ao longo de um caminho, passar por
campos e matas pelo prazer de contemplar a natureza tem sido uma opção do
homem moderno, para escapar do tumulto dos grandes centros (CARVALHO
et. al., 2002). Porém, a ausência de instalações de facilitação de acesso a
áreas naturais dificultam o uso dessas áreas para atender todos os públicos,
um dos principais motivos que levam a população a utilizar áreas mais
urbanizadas, em sua maioria de asfalto, pela regularidade do relevo,
iluminação e amenizando o risco de pequenos acidentes. Se atendidas todas
as necessidades podem ocasionar impactos na área e a perda da
caracterização de área natural.
Estudos abrangeram aspectos voltados à percepção e interpretação da
qualidade da experiência ambiental, mais a busca de procedimentos de
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mensuração e de avaliações interativas, a exemplo, de categorias, escalas,
amplitudes, etc. Também foram desenvolvidos estudos comparativos e
aplicados sobre as concordâncias e discordâncias observadas nas reações
inferenciais, atitudinais e preferenciais, fossem estas relativas à satisfação
individual ou coletiva, respectivas aos ambientes naturais ou construídos e as
influências diretas e indiretas, características e atributos, satisfações,
insatisfações, etc. (WOHLWILL, 1966; 1970; HEIMSTRA & McFARLING, 1978;
GODKIN, 1985), citado por (Guimarães, 2005). Baseado nestas primícias e em
uma revisão bibliográfica, buscou-se avaliar neste estudo uma relação entre os
usuários da trilha alternativa asfaltada da UFLA e sua percepção em relação à
Trilha das Lagoas, quanto ao seu uso e as possíveis modificações necessárias
para poder atingir a todos os públicos.
2. Metodologia
Para o desenvolvimento da pesquisa optou-se por realizar as entrevistas na
trilha alternativa da universidade devido ao número de praticantes de atividades
físicas no local ser maior que na Trilha das Lagoas. Para a formulação do
questionário foi realizado um pré-teste no mês de abril de 2013, através de
questionários semi-estruturados, aplicados durante dois dias nos períodos
manhã e noite por componentes do Núcleo de Estudos em Manejo de
Unidades de Conservação (NEUC/UFLA), a pessoas que utilizaram a pista
alternativa da universidade para suas atividades de lazer. Após adequação dos
questionários, iniciaram-se, no mês de maio de 2013, as entrevistas com o uso
do questionário semi-estruturado contendo nove questões, as quais tiveram
como foco: interesse em estar no local da atividade; preferência em realizar
atividades sozinho ou acompanhado; conhecimento, uso, frequência do uso,
sugestões ou impedimento para realização de atividades na Trilha das Lagoas;
preferência de áreas para uso; e percepção sobre o que são ambientes
naturais e ambientes artificiais. Os questionários foram aplicados como
entrevistas não-formais por um período de quinze dias (de segunda à sextafeira de cada semana) em turnos diferentes com o intuito de abranger o
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número máximo de indivíduos e público diferenciado, totalizando ao fim uma
amostragem de 66 indivíduos ao final da pesquisa. Os dados coletados foram
analisados em porcentagem.
3. Resultados e Discussão
A busca por um maior número amostral, realizando as entrevistas em horários
diferenciados, ocasionou um amplo e diversificado público, sendo a faixa etária
variada entre 15 e 75 anos de idade com interesses diversificados de
motivação à prática de atividades físicas.
16%
Porcentagem
14%
12%
10%
8%
6%
4%
367
2%
0%
Faixa Etária (anos)
Figura1- Porcentagem da faixa etária dos entrevistados.
Do total de 66 entrevistados 67% conhecem a Trilha das Lagoas e 33% não,
porém esse número é invertido quando quanto ao uso, onde apenas 21% dos
entrevistados fazem uso da área quando 79% não fazem.
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90%
79%
80%
67%
70%
60%
50%
40%
33%
30%
21%
20%
10%
0%
Conhece a Trilha das Lagoas
Não
Usa a Trilha das Lagoas
Sim
Figura 2- Comparação quanto ao conhecimento e uso da Trilha das Lagoas.
Uma das questões que compunham o questionário solicitava aos entrevistados
que respondessem o motivo que os levaram a escolha da pista alternativa em
relação a Trilha das Lagoas, onde um variado número de respostas foram
apresentados, destacando a irregularidade do relevo de trilhas de terra, a
preferência por áreas iluminadas e demarcadas.
Para Ferreti e Lotz (2002), a cultura tem influenciado o comportamento das
pessoas em relação ao ambiente e a inter-relação sociedade/natureza é
indissolúvel e independe do grau de cultura ou desenvolvimento da sociedade.
Contudo, os resultados deste estudo apresentaram o contrário ao exposto, o
baixo uso da área da Trilha das Lagoas entre os entrevistados. Porém, um fator
de total relevância foi observado quando 58% dos entrevistados afirmaram não
ser necessário nenhuma mudança ou melhoria da trilha das Lagoas, alegando
a necessidade de ambientes naturais próximos aos centros urbanos,
condizendo com o autor (CARVALHO et. al., 2002).
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Sinalização
8%
Segurança
11%
Preservar trilha
2%
Nenhuma
58%
Lixeiras
2%
Limpeza (mato)
6%
Iluminação
14%
Divulgação
3%
Ciclovia
3%
Calçar
3%
Banheiro
2%
Bancos
2%
Figura 3 - Amostragem das necessidades de melhorias citadas pelos entrevistados como forma
de aumentar o número de usuários da Trilha das Lagoas.
Ao analisar as principais causas que impedem que os usuários das trilhas
alternativas façam uso também da Trilha das Lagoas se deve a dificuldade de
acesso para todos. Como o número de indivíduos que praticam suas atividades
pertencem a diferente faixa etária e principalmente condicionamento físico, este
se torna um obstáculo.
8%
Saúde (esforço físico)
3%
12%
11%
Preferência
2%
Nenhum
27%
5%
Manutenção (poeira)
2%
3%
Falta de segurança
15%
2%
Falta de Iluminação
12%
2%
Difícil acesso (período chuvoso)
Cachorro solto
Acessibilidade
8%
2%
2%
2%
2%
Figura 4 - Fatores que impedem o uso da Trilha das Lagoas.
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369
Segundo Mucelin e Bellini (2006), a vivência cotidiana molda padrões
comportamentais habituais, neste sentido, o morador urbano tem, na maioria
das vezes, situações diárias vivenciadas de forma repetitiva, o que produz uma
espécie de máscara, formando uma imagem perceptiva em dois vieses: de um
lado o ambiente urbano legível e perceptível vivenciado; de outro, situações e
locais imperceptíveis, ocultos ao julgamento perceptivo.
4. Conclusão
A partir da realização deste estudo, conclui-se que diante da exaustiva rotina
vivenciada pelos seres humanos atualmente, se torna necessário cada dia
mais a busca por passar mais tempo em ambientes naturais como forma de
minimizar o contato direto com os problemas. Porém, verificou-se que a busca
por práticas de atividades físicas engloba uma diversificada faixa etária e com
diferentes atrativos, o que contribui para a realização das mesmas em locais
com aspectos urbanos como iluminação e relevo plano. Mesmo assim, ao
analisar os dados verificou-se que a preferência por locais com mais conforto e
acessibilidade não induz ao usuário a necessidade de alterar a estrutura e a
paisagem das áreas naturais.
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GT 03: Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural
em Trilhas
Sumario
01
Planejamento de uma trilha interpretativa no fragmento de Cerrado 373
no campus UFT Gurupi – TO.
02
Nas trilhas do Horto Botânico (MN-UFRJ): história, diversidade e 385
educação.
03
Proposta de implantação de trilhas interpretativas no Parque 395
Estadual da Serra da Tiririca (Niterói-Maricá/ RJ).
04
O uso de trilhas na Maratona de Educação Ambiental da Estação 415
Ecológica Juréia-Itatins, Peruíbe, SP.
05
Trilhas do Instituto Federal de Barbacena-MG: um estudo para fins 430
socioeducacionais.
06
Elaboração de roteiro interpretativo para a trilha da Fonte, Parque 451
Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS.
07
Planejamento, manejo de trilhas e sociedade. Valorar é proteger.
470
08
Proposta para a implantação de uma trilha interpretativa na 482
Floresta Estadual “Edmundo Navarro de Andrade” – Rio Claro,
SP.
09
Educação e interpretação ambiental nas trilhas do Pico do Totoró 503
e Cânions dos Apertados, Currais Novos/RN.
10
Estudo acerca dos indicadores de atratividade da trilha de 515
Carnaubinha, Touros/RN.
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372
GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas
Planejamento de uma trilha interpretativa no fragmento de Cerrado no
campus UFT Gurupi – TO.
André Ferreira dos Santos1
Marcelo Ribeiro Viola2
Marcos Giongo3
Resumo
Palavras chaves: Implantação; Cerrado; Conservação da natureza e Educação ambiental.
Hoje com a grande necessidade de contato com a natureza, o homem tem
buscado criar estruturas que possibilite essa integração. Dentre essas
estruturas, as trilhas interpretativas constituem-se como opção de
contemplação e aprendizado sobre a preservação e conservação dos recursos
naturais. Sendo que as trilhas são roteiros previamente estabelecidos,
passando por pontos de interesse, servindo de contato direto com a natureza,
mostrando assim a importância de se preservar o ambiente. Para isto as
mesmas devem ser bem planejadas e estruturadas, possibilitando assim,
cumprir seu papel de interação e sensibilização sobre o ambiente natural. Com
a finalidade criar um instrumento de interpretação e sensibilização ambiental, o
presente trabalho teve como objetivo planejar a implantação de uma trilha
interpretativa, num fragmento de cerrado, localizado dentro do Campus
Universitário, como forma de subsidiar atividades de educação ambiental junto
à comunidade local e universitária. Para isto, utilizou-se a metodologia de
identificação de pontos de interesse, onde estes foram anotados e
identificados, onde todos receberam um valor de relevância. Uma vez
identificados esses pontos, partiu-se para elaboração do percurso e das
estruturas necessárias para a sua implantação. A trilha apresentou um
percurso de 600 metros de extensão, com relevo plano, contendo 15 pontos de
interpretação ambiental que serviu de orientação para o seu traçado, bem
como foi proposto à criação de um ponto de descanso. A mesma recebeu o
nome de Trilha dos Buritis, em virtude do percurso final culminar na represa da
universidade, local este de grande beleza cênica, devido à existência de
dezenas de palmeiras Buriti Mauritia flexuosa L., palmeira bastante
1
andrefs@uft.edu.br. Prof. Adjunto; Curso de Engenharia Florestal; Universidade Federal do
Tocantins; Gurupi- TO
2
viola@uft.edu.br. Prof. Adjunto; Curso de Engenharia Florestal; Universidade Federal do
Tocantins; Gurupi- TO
3
giongo@uft.edu.br. Prof. Adjunto; Curso de Engenharia Florestal; Universidade Federal do
Tocantins; Gurupi- TO
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373
representativa na região. Esta trilha foi planejada e esta em fase de
implantação. Assim que efetivada, a mesma contribuirá na educação ambiental
e na sensibilização em preservar e conservar o meio ambiente, junto a
comunidade e dos alunos da universidade.
Resumen
Palabras Clave: Implantación; Cerrado; Conservación la naturaleza y Educación ambiental
Hoy día con la gran necesidad de contacto con la naturaleza, el hombre ha
tratado de crear estructuras que permitan esta integración. Entre esas
estructuras, los senderos interpretativos son una opción de contemplación y de
aprendizaje acerca de la preservación y conservación de los recursos
naturales. Los senderos son rutas previamente establecidas, pasando por
puntos de interés, que actúan como un contacto directo con la naturaleza, lo
que demuestra la importancia de preservar el medio ambiente. Para eso deben
estar bien planificadas y estructuradas, permitiendo así cumplir con su papel de
interacción y conocimiento del entorno natural. Con el fin de crear un
instrumento de interpretación y sensibilización ambiental, el presente estudio
tuvo como objetivo planificar la implantación de un sendero interpretativo en un
fragmento de cerrado, ubicado en el campus universitario, como una forma de
ofrecer actividades de educación ambiental con la comunidad local y la
universidad. Para alcanzar el objetivo, se utilizó la metodología de identificación
de los puntos de interés, donde se han registrado e identificado donde todos
recibieron un valor de relevancia. Una vez identificados estos puntos, elaboró
se la ruta y las estructuras necesarias para su aplicación. El sendero tiene una
distancia de 600 metros de largo, con terreno plano, con 15 puntos de
interpretación ambiental que sirvió como guía para el trazado, y también se
propuso la creación de un punto de descanso. El mismo se llamó el “Sendero
de los Buritis” porque la ruta final culmina en la presa de la universidad, lugar
de gran belleza escénica, porque hay decenas de palmas Buriti (Mauritia
flexuosa L.), muy representativas de la región. Este sendero fue planeado y se
encuentra en la fase de implementación. Una vez efectuado, irá contribuir con
la educación y sensibilización ambiental para preservar y conservar el medio
ambiente junto a la comunidad y los estudiantes de la universidad.
1. Introdução
Com a formação dos centros urbanos, as pessoas deixaram de ter um contato
mais próximo com o ambiente natural, com isto perdendo a capacidade de
perceberem o quanto a vegetação é importante no seu dia a dia. E para que o
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mesmo não perca o contato com a natureza. O homem vem criando estruturas
que possibilite uma maior integração com a natureza e com o meio ambiente.
Dentre as inúmeras opções de lazer e recreação estão às trilhas ecológicas.
Diante disto as trilhas interpretativas constituem-se em um roteiro previamente
estabelecido em um sitio natural, passando por pontos de interesse que
servem de contato direto com a natureza, mostrando a importância de se
manter um ecossistema florestal.
Conforme Schelhas (1986) as trilhas são opções onde visitantes de unidades
de conservação podem aproveitar e conhecer um ambiente natural; além de
desempenhar um importante papel de educação ambiental. Negreiros et al.
(1992) diz que na elaboração de um plano de manejo de uma área florestal,
devem ser oferecidos meios para que as pessoas possam excursionar nos
locais mais interessantes do parque, dessa forma devem ser elaboradas trilhas
interpretativas que levem o visitante, de forma segura e orientada, até estes
locais.
As trilhas interpretativas, vão além de uma simples caminhada em ambientes
naturais, pois as mesmas constituem como um instrumento pedagógico, onde
proporcione aos visitantes (escolas, grupos de terceira idade, pessoas comuns,
etc.) a possibilidade de aprendizado pratico da importância e influencia dos
recursos naturais na sobrevivência humana. No planejamento e na implantação
de uma trilha interpretativa, é necessários tomar algumas medidas importantes,
tudo isto para que a mesma desempenhe sua função de orientação e
conhecimento do ambiente onde a mesma esta inserida. Dentre essas
medidas, podemos citar duas que tem papel importante no planejamento: a
identificação e seleção de pontos interpretativos e as técnicas e equipamentos
a serem construídos.
Magro e Freixêdas (1998) diz que identificar e selecionar pontos interpretativos
ambientais ajuda e muito na hora de planejar trilhas educativas e ecológicas.
Desta forma, a escolha destes pontos despertara a curiosidade do visitante
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sobre os recursos naturais e culturais existentes nas áreas silvestres, devendo
ter uma preocupação constante em aumentar a qualidade da experiência da
visitação.
Podemos dizer que quando escolhemos uma área para ser planejada uma
trilha, devemos considerar os pontos de interesse, como: espécies de árvores
nativas e representativas da área, cachoeiras, bem como pontos a serem
evitados: áreas de solos frágeis, regiões íngremes, tudo isto nos auxiliará no
traçado principal da trilha interpretativa (HAM, 1992). Segundo Lechner (2006)
para que uma trilha execute a função a que se destina é importante que o seu
planejamento, implantação e manejo estejam adequados à destinação
proposta, especialmente quando ela estiver localizada em uma área natural
protegida. O planejamento e a construção desses caminhos através do espaço
geográfico, histórico e cultural devem atender tanto as necessidades dos
usuários, como da conservação dos seus recursos.
Na elaboração de implantação de trilhas, é necessário um levantamento de
subsídios utilizando procedimentos metodológicos que auxiliarão na coleta dos
dados. Nesta coleta de dados devem ser considerados os seguintes aspectos:
definição do traçado, análise da paisagem, extensão, direção, declividade,
além de dados extras coletados durante a busca destas informações. A
próxima etapa será de implantação, da própria abertura (construção) da trilha,
que vai mostrar as intervenções que serão feitas na área, como construção de
pontes, bancos, cortes, aterro, limpeza do percurso, obras de drenagem,
sinalização, etc. (ANDRADE, 2003).
Uma vez bem planejadas, as trilhas, constituem-se como um importante
instrumento pedagógico, o qual oferece oportunidade de contato intimo entre o
homem e a natureza. Com a finalidade de suprir carência, de um instrumento
de interação e sensibilização ambiental, o presente trabalho teve como objetivo
de planejamento e propor a criação de uma trilha interpretativa no Campus
Universitário de Gurupi como forma de subsidiar atividades de educação
ambiental junto à comunidade local e regional.
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2. Metodologia
O presente trabalho foi realizado no município de Gurupi, sul do Tocantins,
dentro de em um fragmento de cerrado localizado no campus da UFT de
Gurupi Figura1.
377
Figura 1. Localização do fragmento de cerrado dentro do campus da UFT
no município de Gurupi.
A identificação de pontos de interesse na trilha foi coletada através de visita em
loco e com o auxilio de uma ficha de campo, onde foram anotados e
identificados pontos potenciais e de interesse. Nesta fase, com o auxilio do
binóculo, lupa, câmera fotográfica foi possível à identificação de pontos de
interpretação ambiental em campo, como espécies de árvores e plantas
endêmicas, fauna da região, insetos e polinizadores, como dispersores de
sementes, identificação de estruturas vegetais presente na mata, mostrando a
importância da preservação desses ecossistemas. Todos estes pontos
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receberam um valor de relevância, conforme metodologia de (MAGRO e
FREIXÊDAS, 1998), os quais em escritório foram computados e analisados.
Após as análises, fez-se uma nova visita na área onde se pode definir um
traçado preliminar da futura trilha a ser implantada, contemplando os pontos de
interesses ambientais.
A metodologia para a elaboração e planejamento deste trabalho baseou se em
(ANDRADE e ROCHA, 2003) onde determina procedimentos básicos de
planejamento e implantação de trilhas: como classificação; planejamento e a
implantação.
características
Para isto, o traçado da trilha estudada foi baseado nas
locais,
obedecendo
ao
traçado
pré-existente na
área,
contribuindo assim na classificação da mesma. Já o planejamento foi elaborado
em campo e escritório, através de apoio em mapas topográficos, mapas de
solos, e avaliação da vegetação local. Para a implantação da trilha, foram
propostas diversas obras as quais puderam contribuir na execução de um
projeto seguro e dinâmico.Estas obras foram: a demarcação de locais que
necessitavam de algumas estruturas de apoio (pontes, corrimão, etc.). Já a
largura do traçado da trilha seguiu orientação de (LECHNER, 2006)
apresentando 1,5 m de largura; com 2,5 metros de altura; o piso foi aplainado e
feita uma capina nos locais onde a vegetação apresentava-se bastante
coberta. As pontes bem como os corrimãos foram feitos de madeira, eucalipto
tratado, não recebendo pintura para ficar o mais rústico possível sem causar
grandes impactos visuais ao ambiente. Foi previsto a construção de um ponto
de descanso, contendo bancos, lixeiras. Foram alocadas as placas informativas
dos pontos de interesse interpretativo.
Esta trilha teve seu percurso, inteiramente dentro do fragmento do cerrado.
Este fragmento fica localizado dentro do campus e na borda da represa do
campus. A trilha recebeu o nome de Trilha dos Buritis, devido o seu percurso
final culminar na represa, local este onde temos dezenas de palmeiras Buritis,
palmeira bastante representativa na região. A totalização do percurso da trilha
apresentou um distancia de aproximadamente 1200 metros, com relevo
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bastante plano, tornando esta trilha como de fácil percurso e grande
diversidade cênica. Ao longo da trilha, foram locados pontos de descanso,
onde os visitantes pudessem descansar como também contemplar a natureza.
Nestes locais foram locados bancos, lixeiras e placas informativas do percurso
restante. Instalaram-se três pontos de descanso, em locais que oferecesse
uma maior beleza cênica; a qual o visitante pudesse desfrutar melhor do
ambiente, estes pontos apresentavam atrativo como pequenas quedas de
águas, local de contemplação da natureza, observação de vestígios de
possíveis animais silvestres do local, etc.
Foram locadas, placas informativas ao longo de todo percurso da trilha, onde
as mesmas continham informações importantes na educação e sensibilização
ambiental dos visitantes, sobre o local; como: nomes de espécies de arvores,
previamente identificadas e representativas do bioma cerrado. Além de todas
essas transformações foram executadas melhorias no seu percurso, as quais
facilitariam a caminhada na trilha, como: implantação de pontes, corrimões,
escadas, correção de terreno, lixeiras, bancos, etc. Enfim todo o processo da
implantação da trilha procurou-se, estabelecer critérios de melhoria do
ambiente, levando-se em consideração as características naturais da área bem
como a preocupação na preservação do meio ambiente local. Com isto podese traçar o percurso de acordo com as metodologias sugeridas bem como
preservar as condições ambientais locais, diminuindo assim o impacto na área.
3. Resultados e Discussões
•
Pontos de interesse ambiental
Foram encontrados 15 pontos possíveis de interesse de interpretação, porem
conforme o valor e peso atribuído a cada um foi definido aos seguintes pontos
que segue na Tabela 1.
Tabela 1. Pontos selecionados de interpretação ambiental.
Ponto
Epífitas
Informações relevantes
As epífitas vivem sobre os troncos das arvores, nada retiram delas
apenas buscam uma maior luminosidade e ainda retribuem o abrigo
atraindo animais polinizadores, como o beija-flor, tem uma relação de
simbiose com os vegetais.
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379
Cipó Figura 1
(a)
Os Cipos chamam mais a atenção por suas formas retorcidas,
emaranhadas, espiraladas, enfeixadas ou trançadas, porem são muito
mais: pois guardam remédios e venenos além de servir como cordas e
na fabricação de cestos.
Arvores morta
As arvores morta tem impotência na interpretação ambiental, pois as
mesmas vão conferir informações sobre o processo cíclico da
natureza, mostrando a importância da decomposição nas formações
florestais.
Um formigueiro é a habitação de formigas, onde vivem em sociedade,
geralmente construído na terra ou em velhos tocos ou troncos de
árvores. A maioria das formigas em uma colônia é formada por
fêmeas, reprodutoras (rainhas) e não reprodutoras (operárias). Essas
últimas fazem o trabalho pesado: constroem o ninho, coletam comida
e água, limpam, alimentam machos, larvas, e em alguns casos a
rainha, e protegem o formigueiro.
O cupinzeiro é um aglomerado de terra e outros resíduos, edificado
pelos cupins, constituindo o seu ninho. Os cupins são os grandes
construtores do mundo dos insetos. As paredes dos cupinzeiros são
feitas de partículas de solo retiradas pelos pequenos cupins operários
e misturadas à saliva para formar uma substância dura semelhante ao
tijolo, resistente a tudo, exceto a um predador persistente.
Árvores cujas copas estão acima do nível geral do povoamento
florestal, conferindo informações sobre as espécies que sobressai o
dossel das florestas, exemplificando os diferentes extratos da floresta.
Ocorre naturalmente isolada ou em grupos, de preferência nos
terrenos pantanosos, sendo por isso denominada Palmeira-do-brejo,
Buritis Altos, entre outros. No bioma Cerrado é a espécie que
caracteriza as veredas, marcante fitofisionomia da região, ocorrendo
também em matas de galeria e ciliares, podendo formar densos
buritizais, ocorre em solos mal drenados, em áreas de baixa altitude
até 1000m, sendo considerada a palmeira mais abundante do país.
É a destruição do solo e das rochas e seu transporte, em geral feito
pela água da chuva, pelo vento ou, ainda, pela ação do gelo, quando
este atua expandindo o material no qual se infiltra a água congelada.
A erosão destrói as estruturas (areias, argilas, óxidos e húmus) que
compõem o solo. Estas são transportadas para as partes mais baixas
dos relevos e em geral vão assorear cursos d'água.
Canga pode ser definida como uma rocha porosa, porém resistente,
que se forma próxima ou na própria superfície do terreno, constituída
por fragmentos detríticos de rochas, comumente hematita ou itabirito,
cimentados por uma matriz de limonita porosa.
Formigueiros
Cupinzeiros
Figura 1 (b)
Árvores
dominantes
Palmeira Buriti
Erosões
Rochas
canga)
(pedra
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Figura 1 Alguns dos pontos identificados na trilha: Cipo (a) e Cupinzeiros (b).
Através do levantamento dos pontos de interesse dentro dá área pudemos, ter
noção do que seria interessante termo como pontos de interesse de
interpretação ambiental. Uma vez de posse destes pontos pudemos traçar o
percurso e a estruturação da trilha.
•
Percurso e estruturação
Além dos pontos de interesse também se levou em conta na hora do traçado o
percurso já pré-existente dentro do fragmento. Somente fez algumas alterações
para que o mesmo passasse por toso os pontos de identificados.
O percurso da trilha ficou totalmente dentro do fragmento, sob o dossel das
árvores, sendo de esta totalizou um percurso em 1200 m (trilha de médio
percurso). Teve seu formato determinado como Linear, conforme definição de
Andrade e Rocha (2008), tendo como principal objetivo com que o visitante
chegue a um ponto de interesse final Figura 2.
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ENTRADA
SAIDA
Buritizal
Fonte (Google, 2013)
Percurso da trilha
382
Figura 2 Ilustração do percurso da trilha na forma de Linear.
Quanto à estruturação foram locados diversos equipamentos necessários a
segurança, identificação e utilização da mesma.
Foram locadas, placas informativas ao longo de todo percurso da trilha, onde
as mesmas continham informações importantes na educação e sensibilização
ambiental dos visitantes, sobre o local; como: informação sobre trilha (nome da
trilha Figura 3, distância, etc.), nomes de espécies de arvores, previamente
identificadas e representativas da região. Além de todas essas transformações
foram executadas melhorias no seu percurso, as quais facilitariam a caminhada
na trilha, como: entrada da trilha (Figura 3) implantação de pontes, corrimões,
escadas, correção de terreno, lixeiras, bancos, etc. Enfim todo o processo da
implantação da trilha procurou-se, estabelecer critérios de melhoria do
ambiente, levando-se em consideração as características naturais da área bem
como a preocupação na preservação do meio ambiente local.
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
Figura 3. Entrada da trilha: Placa do nome da trilha (a); Foto do local de entrada (b) e ilustração
da entrada da trilha (c).
4. Conclusões
Conclui-se que a implantação de uma trilha interpretativa, vai além do que
simplesmente abrir uma “picada” na mata. Devem-se levar em consideração os
aspectos ambientais do local, identificar pontos de interesse ambiental, seguir
algumas metodologias com menor impacto da área como também ofereça uma
opção de lazer e educação ambiental aos visitantes. A implantação da Trilha
dos Buritis, no campus contribuiu como mais uma opção de atividade de
recreação e educação ambiental, colocando os visitantes em contato maior
com a natureza do local, bem como despertando a sensibilização, nessas
pessoas a importância de preservação, conservação do meio ambiente.
5. Bibliografia
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Florestal, n. IV, 1996. 42 p. (Boletim do Instituto Florestal).
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GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas
NAS TRILHAS DO HORTO BOTÂNICO (MN-UFRJ): HISTÓRIA,
DIVERSIDADE E EDUCAÇÃO
Arthur Rodrigues Lourenço4
Renan Zanobine Zanatta5
Juliana dos Santos Félix Salles6
Aline de Jesus Correia7
Cristiana Koschnitzke8
Resumo
Palavras-chave: Área verde urbana, escolas, visitas guiadas
O Horto Botânico do Museu Nacional (UFRJ) está localizado na Quinta da Boa
Vista, Rio de Janeiro, RJ. Essa área foi anexada em 1896 e tornou-se
principalmente um local para experimentos de pesquisa científica. A sua
coleção viva apresenta espécies brasileiras e exóticas distribuídas em
20.000m². As trilhas interpretativas estão sendo realizadas desde março de
2013, com alunos da rede municipal de ensino, com o objetivo de conscientizar
o público-alvo sobre questões ambientais utilizando a percepção ambiental
para estimular a valorização e conservação da natureza. As visitas estão sendo
realizadas duas vezes por mês. Um docente, dois biólogos e quatro alunos de
graduação se revezam para guiar os visitantes pela trilha onde estão árvores
que servem de ponto de parada para explicações. As explicações variam de
acordo com a faixa etária dos visitantes. São abordados temas como
características ecológicas, econômicas e culturais extrapolando para
problemas ambientais dos ecossistemas. A apresentação das informações é de
forma dialogada permitindo a participação dos visitantes tirando dúvidas e
compartilhando suas próprias experiências. Foram realizadas até o momento
seis visitas guiadas com crianças de diversas faixas etárias. As árvores que
mais chamam a atenção são aquelas em que o visitante tem contato com
produtos industrializados provenientes destas plantas, como Theobroma cacao
(chocolate), ou conhecimento familiar, como Genipa americana (jenipapo), ou
pelo contato com a arborização urbana da cidade do Rio de Janeiro, como
Couroupita guianensis (abricó de macaco). As enormes raízes de algumas
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arthur.rodrigues_l@yahoo.com.br Graduando em Ciências Biológicas
Graduando em Ciências Biológicas
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Graduando em Ciências Biológicas
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Graduando em Ciências Biológicas
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Profa. Departamento de Botânica, Museu Nacional, UFRJ
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Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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espécies de Ficus causam grande admiração. Diante da Caesalpinia echinata
(pau-brasil), espécie ameaçada de extinção, é ressaltado a necessidade da
preservação das espécies. Estas ótimas experiências iniciais, levou-nos a
considerar um aumento do número de visitas por mês no futuro e a diversificar
os temas abordados durante as trilhas englobando assuntos zoológicos.
Resumen
Palabras-clave: Area verde urbana, escuelas, visitas guiadas
El Jardín Botánico del Museo Nacional ( UFRJ ) se encuentra en Quinta da Boa
Vista, Rio de Janeiro, RJ . Esta área fue anexada en 1896 y se convirtió en
todo un lugar para los experimentos de investigación científica. Su colección en
vivo cuenta con especies exóticas de Brasil y se distribuye en 20.000 m². Los
senderos interpretativos están llevando a cabo desde marzo de 2013, con los
alumnos de las escuelas municipales, con el objetivo de educar a la audiencia
acerca de los problemas ambientales mediante la percepción ambiental para
estimular el aprecio y la conservación de la naturaleza. Las visitas se llevan a
cabo dos veces al mes. Un maestro, dos biólogos y cuatro estudiantes
universitarios se turnan para guiar a los visitantes a lo largo de la ruta donde se
encuentran los árboles que sirven como parada para explicaciones. Las
explicaciones varían según el grupo de edad de los visitantes. Son temas tales
como las características ecológicas, los problemas económicos y culturales
extrapolar a los ecosistemas ambientales. La presentación de la información es
forma de diálogo que permite la participación de los visitantes a hacer
preguntas y compartir sus propias experiencias. Ha hecho hasta ahora seis
visitas con niños de diferentes edades. Los árboles más sorprendentes son
aquellos en los que el visitante tiene contacto con productos industrializados de
estas plantas, como Theobroma cacao (chocolate), o conocimiento familiar,
como Genipa americana (jenipapo), o por el contacto con la ciudad de
silvicultura urbana Río de Janeiro, como Couroupita guianensis (bala de
cañón). Las enormes raíces de algunas especies de Ficus causan gran
admiración. Dada la Caesalpinia echinata (pau-brasil), una especie en peligro
de extinción, se hizo hincapié en la necesidad de preservar la especie. Estos
grandes experiencias tempranas llevaron a considerar un aumento en el
número de visitas al mes en el futuro y diversificar los temas tratados durante
las rutas que cubren temas zoológicos.
1. Introdução:
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O Horto Botânico do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de
Janeiro é uma das poucas áreas verdes do bairro de São Cristóvão, zona norte
da cidade do Rio de Janeiro. Essa área foi anexada ao Museu Nacional em
1896 e possui 40.748,50m² e uma coleção viva (ca. 20.000m2) de espécies
vegetais introduzidas principalmente por pesquisadores e docentes do Museu
Nacional. Existem representantes da flora brasileira de diversos ecossistemas
como região amazônica e restinga (Azevedo et al. 2008), e também de
espécies exóticas, muitas delas ornamentais. Atualmente está vinculado
principalmente ao ensino e à pesquisa universitária, sendo local de treinamento
de alunos de iniciação científica e fonte de material para aulas práticas de
professores universitários. Muitas de suas espécies já foram estudadas em
vários aspectos científicos (Mello & Neves 1990, Cunha 2002, Pereira &
Carauta 2003, Alves et al. 2005, Conceição 2006). Levantamento parcial de
suas espécies foi realizado para alguns grupos de espécies como plantas
aquáticas (Moreira & Bove 2008), espécies de Moraceae (Neves & Carauta
2004) e de Urticaceae (Carauta et al. 2004).
Também abriga uma variedade de animais como morcegos (Pereira & Lustosa,
2009), anfíbios (Silveira, 2007), maritacas, gaviões, saguis, garças, beija-flores,
araras, aranhas, sem falar na gama de insetos que desempenham um papel
relevante na polinização de grande número de vegetais. Já possuiu uma
relevante representatividade da fauna de odonatas do estado do Rio de
Janeiro.
O Horto apresenta, em suas dependências, construções históricas como a
base de uma estufa inacabada, datada de 1910; tanques construídos em 1911;
uma torre provida de uma caixa d´água utilizada, na época, para regular o
sistema de canais comunicantes de canteiros para plantas aquáticas
inaugurados em 1917; também é dessa época a construção do chafariz, que
por causa do problema da falta de água na ocasião, foi interligado ao sistema
de água potável da cidade. Outra construção importante corresponde à Casa
de Pteridófitas de 1930.
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Entre 1997 e 1999 foi executado um projeto de educação ambiental intitulado
“No meio de verde, brincando e aprendendo”, onde visitas monitoradas foram
realizadas para alunos do ensino fundamental da rede Municipal de Ensino,
para grupos de 3a idade da UNATI-UERJ e grupos de deficientes visuais e
auditivos, guiadas por professores e biólogos do Departamento de Botânica do
Museu Nacional. As visitas consistiam em roteiros pré-estabelecidos onde,
durante uma caminhada, eram abordados vários temas ligados ao meio
ambiente e sua importância no equilíbrio ecológico do planeta através de
informações sobre a vegetação local, em especial árvores, objetivando
despertar uma visão preservacionista no educando.
Posteriormente o Horto Botânico só era aberto à população em eventos como
as festividades do aniversário do Museu Nacional (Figura 1) ou na Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia (Figura 2), onde os visitantes destes eventos,
interessados em conhecer o Horto, se inscreviam e durante as visitas guiadas
as pessoas eram levadas a percorrerem a trilha interpretativa. Desde março de
2013, as visitas monitoradas têm sido oferecidas periodicamente, duas vezes
por mês, a grupos organizados interessados.
O Horto Botânico tem um enorme potencial educacional e científico, como um
jardim botânico deve ser um instrumento utilizado para a conservação da
natureza. O objetivo nas visitas monitoradas realizadas na trilha do Horto é
conscientizar o público-alvo sobre as questões ambientais e difundir ideias que
levem ao aumento do comportamento pró-ambiente.
2. Metodologia
Os responsáveis pelas escolas interessadas em fazer a visita monitorada no
Horto Botânico do Museu Nacional – UFRJ, agendaram suas visitas através do
Serviço de Assistência ao Ensino do Museu Nacional – UFRJ. As visitas estão
ocorrendo quinzenalmente e tem a duração de aproximadamente 40 minutos.
Um docente, dois biólogos e quatro alunos de graduação se revezaram para
guiar os visitantes. No início da trilha são abordadas informações históricas
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sobre o Horto Botânico e sua atual função dentro do Museu Nacional e da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Posteriormente os visitantes foram
conduzidos até as árvores que servem de ponto de parada para explicações.
As explicações variaram de acordo com a faixa etária dos visitantes e as
informações técnico-científicas foram transmitidas para uma linguagem
compreensível pelo público. Foram abordados temas como características
ecológicas das espécies em seu ecossistema natural, o perigo de extinção com
a destruição das florestas, a questão das espécies invasoras; características
econômicas mostrando a importância das plantas em nossas vidas através da
utilização, como por exemplo, medicinal, através de cosméticos, alimento, na
arborização urbana; e características culturais como o uso destas plantas para
rituais religiosos, sua utilização nas manifestações folclóricas e históricas da
nossa nação. Sempre que possível foram destacados os problemas ambientais
dos ecossistemas relacionando com assuntos mais atuais e da realidade dos
visitantes. A apresentação das informações foi feita de forma dialogada
permitindo a participação dos visitantes tirando dúvidas e compartilhando suas
próprias experiências. Em algumas plantas foi proposto o contato físico dos
visitantes para estimular sua curiosidade ou apelar para os seus sentidos (tato,
audição, olfato) (Figura 3).
3. Resultados e Discussão:
Foram realizadas, até o momento, seis visitas guiadas com crianças de
diversas faixas etárias de escolas municipais e seus respectivos professores
responsáveis, perfazendo cerca de 240 visitantes. Em geral, na trilha são
destacadas 17 espécies de árvores (Tabela 1), contudo outras plantas também
foram, conforme o interesse do grupo.
As árvores que mais chamam a atenção são aquelas em que o visitante tem
contato com produtos industrializados provenientes destas plantas, como
Theobroma cacao (chocolate) (Figura 4) normalmente é o primeiro contato com
os seus frutos e/ou flores. Os visitantes ao receberem a informação que o
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Artocarpus heterophyllus Lam. (jaqueira) é uma espécie exótica ficam
surpresos e muitos associam a presença abundante dessa espécie na Floresta
da Tijuca como um demonstrativo de que seja nativa, nesta ocasião foi
apresentada a história da formação da Floresta da Tijuca. Muitas crianças
também nunca viram uma bananeira (Musa sp.), além de disso foi abordado o
assunto do perigo de deslizamentos quando são plantadas bananeiras nas
encostas devido ao sistema radicular e caulinar que é muito superficial ao solo.
Quando foi mostrada uma árvore de Genipa americana (jenipapo) a primeira
lembrança de alguns visitantes tinha foi o licor desse fruto que o pai ou avô
faziam ou tomavam. A Couroupita guianensis (abricó de macaco), em geral, é
bastante conhecida pelos visitantes pelo contato que tiveram com a
arborização urbana da cidade do Rio de Janeiro, onde esta espécie foi muito
disseminada apesar do risco que os grandes frutos apresentam ao caírem
sobre carros e pedestres. As enormes raízes tabulares do Ficus benjamina L.
(espécie exótica e muito utilizada como planta ornamental até em vasos), Ficus
tomentella (Miq.) Miq. (espécie nativa) e Ficus enormis (Miq.) Miq. (espécie
nativa que atinge grandes dimensões) causam grande admiração e a
informação que os indígenas se comunicam dentro da floresta batendo nestas
raízes tabulares produzindo um som de tambor geralmente leva as crianças a
fazerem o mesmo para constatar se realmente é assim. Todos gostam de
conhecer a andiroba (Carapa guianensis) por ter se tornado conhecida devido
ao uso do óleo das sementes em cosméticos, além disso destaca-se que os
povos da floresta amazônica o utilizam como repelente contra insetos.
A maior árvore do Horto Botânico, um indivíduo de Hymenea courbaril (jatobá)
também provoca impacto nas crianças, nesta espécie é abordado a utilidade
comestível de seus frutos que podem até ser adquirido em mercados. Diante
da Caesalpinia echinata (pau-brasil) é explicado o motivo de seu nome, a
extração de tintura e a ameaça de extermínio desta espécie ressaltando-se a
necessidade da preservação das espécies. A importância da Cecropia glaziovii
(embaúba) foi muito ressaltada por ser uma espécie pioneira que coloniza
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áreas de mata que sofreram alguma degradação, sua relação de mutualismo
com as formigas e por ser fonte de alimento para diversos tipos de animais nas
florestas. Foram levados alguns frutos inteiros de sapucaia para que, junto a
essa árvore, mostrar como o fruto é antes de abrir e suas sementes caírem,
isso porque normalmente observa-se nas árvores frutos já abertos e sem
sementes.
O contato físico com algumas características das plantas ocorreram
principalmente com as folhas do Eucaliptus sp. que foram amassadas para
liberação do odor característicos onde foram citadas suas propriedades
medicinais. Alguns adultos ficaram surpresos ao ver o diâmetro do tronco dos
indivíduos de eucalipto pois estavam acostumados a ver os caules finos dos
reflorestamentos. O tronco da Melaleuca sp. é um dos troncos mais tocados
durante a trilha (Figura 3) por causa de seu córtex com textura de papel que o
faz ser mole. Sempre teve algum visitante que se aproximou dos espinhos do
caule da Hura crepitans (assacú) para tocá-los querendo constatar se
realmente não saiam com facilidade.
No meio do trajeto da trilha existe uma área onde os funcionários que
trabalham no Horto Botânico normalmente fazem compostagem para o preparo
de terra adubada utilizada nos canteiros. Nesse ponto há uma parada com os
visitantes para explicações sobre a problemática dos solos exauridos e da
possibilidade de reutilização do lixo orgânico no preparo de húmus através da
compostagem.
Alguns adultos que acompanharam as crianças durante as
visita monitoradas comentaram que já conheciam a Quinta da Boa Vista mas
nunca tinham prestado atenção nesta grande área verde do Horto Botânico.
Com isso percebemos a necessidade de continuar esse trabalho permitindo a
população, através das visitas monitoradas, de não só conhecerem esse
acervo vivo do Museu Nacional mas levar os visitantes à reflexão sobre os
problemas ambientais e a forma como cada um pode contribuir para resolvêlos. Esperamos que essas informações transmitidas durante as visitas
monitoradas tenham sensibilizado os visitantes e provocado o início de um
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processo de mudança de comportamento, incorporando os conhecimentos
adquiridos aos seus hábitos cotidianos.
4. Bibliografia
ALVES, R. J. V.; PINTO, A. C.; COSTA, A. V. M.; REZENDE, C. M.. Zizyphus
mauritiana Lam. (Rhamnaceae) and the Chemical Composition of its
Floral Fecal Odor. Journal of the Brazilian Chemical Society, v.16, p.
654-656, 2005.
AZEVEDO, N.; CORTES, B. A.; SÁ, M. R. Um caminho para a ciência: a
trajetória da botânica Leda Dau. História, Ciências, Saúde –
Manguinhos, Rio de Janeiro, V.15, p. 209-229, 2008.
CARAUTA, J. P. P.; NEVES, L. J.; DIAZ, B. E.; ROCHA, E. S. F.; MACHADO,
A. F. P. Urticineae (Urticales) do Horto do Museu Nacional, Rio de
Janeiro, Nota Prévia. Albertoa, Série Urticineae (Urticales) v.17, p. 105109, 2004.
CUNHA, M. P. O. Contribuição ao conhecimento da biologia floral de Canna
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e sementes. Monografia de Graduação em Ciências Biológicas, Centro
Universitário Augusto Motta, 2004.
CONCEIÇÃO, T. P. Estudos reprodutivos de Cascabela thevetia (L.) Lippold
(Apocynaceae) no Horto Botânico do Museu Nacional/UFRJ. Monografia
de Graduação em Ciências Biológicas, Centro Universitário Celso
Lisboa, 2006.
MELLO FILHO, L. E.; NEVES, L. J. Caso de nostogamia em Ficus microcarpa
L.f. Bradea v. 31, p. 334-337, 1990.
MOREIRA, A. D. R.; BOVE, C. P. Plantas aquáticas do Horto Botânico do
Museu Nacional do Rio de Janeiro. Arquivos do Museu Nacional v. 66, p.
459-476, 2008.
NEVES, L. J.; CARAUTA, J. P. P. Moraceae do Horto do Museu Nacional, Rio
de Janeiro. Albertoa Sér. Urticineae (Urticales) v. 18, p. 113-128, 2004.
PEREIRA, A. F.; LUSTOSA, C. E. Captura de morcegos frugívoros junto à
Ficus tomentella (Moraceae). Zoociências v. 11, p. 19-23, 2009.
PEREIRA, R. A. S.; CARAUTA, J. P. P. Ficus tomentella (Moraceae), the host
of Pegoscapus lopesi (Hymenoptera, Agaonidae). Albertoa, Série
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SILVEIRA, M. B. N. Comportamento acústico de Dendropsophus meridianus
(B.Lutz, 1954) (Amphibia, anura). Dissertação de Mestrado, Programa
de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Museu Nacional,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.
5. Anexos
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Tabela 1- Lista de espécies de plantas, em ordem de apresentação durante a trilha
interpretativa no Horto Botânico do Museu Nacional-UFRJ, com seus respectivos nomes
populares, localidade de origem e temas abordados durante as explicações.
Espécies
Nomes populares
origem
Assuntos abordados
Adansonia digitata L.
Baobá
África
Cultural
Attalea speciosa Mart. ex
Spreng
Babaçu
Brasil
Econômico
Ficus spp.
Figueira
Maioria exóticas
Econômico, Cultural
Couroupita guianensis
Aublet.
Abricó-demacaco
Região
Amazônica
Econômico
Eucaliptus spp.
Eucalipto
Austrália
Econômico, Medicinal
Phoenix dactylifera L.
Tamareira
Índia
Econômico
Cecropia glaziovii Snethl.
Embaúba
Brasil
Ecológico
Melaleuca sp.
Melaleuca
Austrália
Medicinal
Mangifera indica L.
Mangueira
Índia, Ásia
Econômico, Medicinal
Genipa americana L.
Jenipapo
América do Sul
Econômico, Medicinal
Lecythis pisonis Camb.
Sapucaia
Região
Amazônica
Econômico, Medicinal
Theobroma cacao L.
Cacau
Florestas
Tropicais
Econômico
Hura crepitans L.
Assacú
Região
Amazônica
Econômico, Cultural,
Histórico, Atualidades
Carapa guianensis Aubl.
Andiroba
Região
Amazônica
Medicinal, Econômico
Hymenea courbaril L.
Jatobá
Brasil
Econômico
Caesalpinia echinata
Pau-brasil
Brasil
Econômico, Ecológico
Calycophyllum
spruceanum (Benth)
Schum
Pau-mulato
Região
Amazônica
Econômico, Cultural
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Figuras 1 – Visita monitorada durante o Aniversário do Museu Nacional-UFRJ em 2012. 2 –
Visita monitorada durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em 2012. 3 – Visitantes
tocando no caule de Melaleuca sp. 4 – Monitora da visita guiada mostrando um indivíduo de
Theobroma cacao.
GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas
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PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE TRILHAS INTERPRETATIVAS NO
PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA (NITERÓI-MARICÁ/ RJ)
Camila Pinto Meireles1,
Stephanie Maia2,
Mariana Macêdo Barcellos3,
Douglas de Souza Pimentel4
Resumo
Palavras-chave: Interpretação Ambiental; Educação Ambiental; Enseada do Bananal; Morro
das Andorinhas; Parque Estadual da Serra da Tiririca.
Os parques têm como objetivo básico a preservação dos ecossistemas naturais
de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de
pesquisas científicas, atividades de educação e interpretação ambiental,
recreação e turismo ecológico. Nesse sentido, Trilhas Interpretativas (TIs)
podem auxiliar no planejamento e gestão do uso público nos parques e se
configurar como importantes estratégias de conservação, pois sensibilizam e
colaboram para a tomada de consciência sobre questões socioambientais,
minimizam impactos negativos da visitação e envolvem os participantes na
conservação da biodiversidade, além de auxiliarem estudantes no processo de
ensino-aprendizagem. O presente trabalho apresenta uma proposta de TIs no
Parque Estadual da Serra da Tiririca (RJ), objetivando o desenvolvimento de
um processo de educação ambiental com alunos de Ensino Médio de Niterói.
As TIs foram implantadas na Enseada do Bananal e no Morro das Andorinhas,
através da adaptação do método de Indicadores de Atratividade de Pontos
Interpretativos. O levantamento de atrativos foi realizado em abril/2008 e os
testes piloto em junho e setembro/2008. As trilhas foram utilizadas como
estratégias metodológicas durante um projeto de educação ambiental sobre o
parque, desenvolvido com alunos do C.E. Paulo Assis Ribeiro. Na TI da
Enseada do Bananal, 9 pontos interpretativos abordaram principalmente os
aspectos históricos, naturais, recreativos e geológicos, e na TI do Morro das
Andorinhas, 6 pontos abordaram mais os aspectos sociais, naturais e
históricos. Em questionários de percepção ambiental e avaliação foi verificado
que nenhum participante conhecia o parque e que todos (n=19) citaram a TI
como a melhor atividade do projeto. Houve mudança de percepção da visão de
natureza intocada para a visão socioambiental, onde o homem está inserido.
As TIs possibilitaram a inserção crítica dos alunos no parque, fator necessário
ao debate socioambiental e à conservação da biodiversidade.
.
Resumen
Palabras clave: Interpretación Ambiental; Educación Ambiental; Enseada do Bananal, Morro
das Andorinhas; Parque Estadual da Serra da Tiririca.
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Los parques tienen como objetivo fundamental la preservación de los
ecosistemas naturales de gran valor ecológico y la belleza escénica, lo que
permite la realización de investigación científica, actividades de educación y
interpretación ambiental, recreación y turismo ecológico. Por lo tanto, senderos
interpretativos (SIs) pueden ayudar en la planificación y gestión del uso público
en los parques y se establecer como importantes estrategias de conservación,
pues colaboran para sensibilizar y crear conciencia, reducen al mínimo los
impactos negativos de la visitación y envuelven los participantes en la
conservación, así como ayudan a los estudiantes en el proceso de enseñanzaaprendizaje. En este trabajo se presenta una propuesta de SIs en el Parque
Estadual da Serra da Tiririca (RJ), cuyo objetivo es el desarrollo de un proceso
de educación ambiental con estudiantes. SIs se implantaron en la Enseada do
Bananal y en el Morro das Andorinhas, a través del adaptacón del método del
Indicadores de atractividade de los Puntos Interpretativos. La encuesta se llevó
a cabo en abril de 2008 y el prueba piloto en junio y septiembre de 2008. Las
rutas fueran utilizadas como estrategias metodológicas para un proyecto de
educación ambiental sobre el parque, desarrollado con estudiantes de de
secundaria. En la SI de la Enseada do Bananal, 9 puntos interpretativos
dirigidos principalmente a los aspectos históricos, naturales, recreativos y
geológicos, y en la SI del Morro das Andorinhas, 6 puntos abordaran más los
aspectos sociales, naturales e históricos. En cuestionarios se encontró que
ninguno de los participantes conocía el parque y todos (n=19) citaran la SI
como la mejor actividad del proyecto de SI. Hubo un cambio de percepción de
la visión de la naturaleza virgen para la visión donde se inserta el hombre. Las
SIs permiten la inserción crítica de los estudiantes en el parque, un factor
necesario para el debate social y ambiental y para la conservación de la
biodiversidad.
1. Introdução
A história da interpretação ambiental está relacionada aos parques norteamericanos (VASCONCELLOS, 2006), conceitualmente estruturados para
favorecer a visitação de áreas naturais. O guia americano Enos Mills foi o
primeiro a utilizar o termo “interpretação”, mas foi Freeman Tilden quem
formalizou sua filosofia e seus princípios, através da publicação Interpreting
Our Heritage, de 1957, na qual definia a interpretação ambiental como
(TILDEN, 1977, p.8):
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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[...] atividade educativa que aspira revelar os significados
e as relações existentes no ambiente, por meio de
objetos originais, através de experimentos de primeira
mão e meios ilustrativos, em vez de simplesmente
comunicar a informação literal.
Tilden abordou exemplos práticos e de simples entendimento envolvendo os
principais
temas
da interpretação
ambiental, fundamentado em
suas
experiências no Serviço de Parques Nacionais dos Estados Unidos. Como um
instrumento da Educação Ambiental (EA), a interpretação ambiental é uma
atividade educativa que, além de proporcionar o contato direto entre o indivíduo
e o recurso a ser interpretado, informa, sensibiliza, conscientiza e incentiva a
capacidade de observação e reflexão. Além disso, viabiliza experiências
inovadoras e dissemina informações biológicas através da estruturação de
trilhas interpretativas (TIs) (BEDIM, 2004; LIMA, 1998; PROJETO DOCES
MATAS, 2002; VASCONCELLOS, 2006). De acordo com (VASCONCELLOS,
2006, p.46) uma TI:
Tem o propósito de desenvolver nos usuários um novo
campo de percepções, levando-os a descobrir um novo
mundo ainda desconhecido, uma nova forma de olhar e
sentir a natureza, estimulando-os a observar
objetivamente,
pensar
criticamente
e
decidir
conscientemente.
As TIs, consideradas como uma prática pedagógica em EA, possibilitam uma
visão crítica do meio natural, colaborando na formação da consciência
ambiental. Além disso, promovem o uso público adequado da área, auxiliando
na redução dos impactos da visitação (MENGHINI; GUERRA, 2008;
SIQUEIRA, 2004). O Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2006, p. 17) propõe
uma série de diretrizes para a elaboração de trilhas interpretativas em unidades
de conservação:
(2.1) Adotar a interpretação ambiental como uma forma
de fortalecer a compreensão sobre a importância da UC e
seu papel no desenvolvimento social, econômico, cultural
e ambiental; (2.2) Utilizar as diversas técnicas da
interpretação ambiental como forma de estimular o
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397
visitante a desenvolver a consciência, a apreciação e o
entendimento dos aspectos naturais e culturais,
transformando a visita numa experiência enriquecedora e
agradável; (2.3) Empregar instrumentos de interpretação
ambiental como ferramenta de minimização de impactos
negativos naturais e culturais; (2.4) Desenvolver
instrumentos
interpretativos
fundamentados
em
pesquisas e informações consistentes sobre os aspectos
naturais e culturais do local; (2.5) Envolver a sociedade
local no processo de elaboração dos instrumentos
interpretativos; (2.6) Assegurar que o projeto de
interpretação ambiental seja elaborado por equipe
multidisciplinar e que utilize uma linguagem acessível ao
conjunto dos visitantes.
Dentre as unidades de conservação de proteção integral, estão os parques, os
quais têm como objetivo básico a preservação dos ecossistemas naturais de
grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de
pesquisas científicas, atividades de educação e interpretação ambiental,
recreação e turismo ecológico (BRASIL, 2002). Nesse sentido, TIs podem
auxiliar no planejamento e gestão do uso público nos Parques Nacionais e se
configurar como importantes estratégias de conservação, pois sensibilizam e
colaboram para a tomada de consciência sobre questões socioambientais,
minimizam impactos negativos da visitação e envolvem os participantes na
conservação da biodiversidade, além de auxiliarem estudantes no processo de
ensino-aprendizagem.
Desta forma, o presente trabalho apresenta uma proposta de implantação de
TIs na Enseada do Bananal e no Morro das Andorinhas, localizadas no Parque
Estadual
da
Serra
da
Tiririca
(Niterói-Maricá/
RJ),
objetivando
o
desenvolvimento de um processo de educação ambiental aplicado às
características da unidade de conservação.
2. Área de estudo
2.1. Parque Estadual da Serra da Tiririca
O Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) foi criado após intensa
mobilização popular em 29 de novembro de 1991 (GRAEL et al., 1995) e é
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administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), órgão vinculado ao
Governo do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente abrange 3520 ha, após
recente inclusão do Morro da Peça, Reserva Natural Municipal Darcy Ribeiro e
as Ilhas Pai, Mãe e Menina (INEA, 2012).
Situa-se em cadeia montanhosa perpendicular à costa, na divisa dos municípios
de Niterói e Maricá (figura 1). A vegetação, característica do bioma Mata
Atlântica, apresenta preponderantemente formações secundárias e relevo
acidentado com escarpas rochosas, atingindo até 412 m de altura (Alto
Mourão). Em 1992, a Serra da Tiririca foi homologada pela UNESCO como
parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (GRAEL et al., 1995).
Historicamente é uma região de grande relevância. O naturalista Charles Darwin
esteve na Serra da Tiririca em sua passagem pelo Rio em 1832 (SELLES;
ABREU, 2002). No que concerne às questões socioambientais, ainda há
problemas como a especulação imobiliária, a introdução de espécies exóticas
invasoras, a visitação crescente do Parque, entre outras (BARROS, 2008). O
PESET apresenta potencial turístico e ecoturístico, devido aos ambientes
marinhos próximos, aos sítios arqueológicos, além das belas paisagens
observadas dos afloramentos rochosos.
Atualmente, o Parque conta com o projeto de “Fortalecimento e Implantação da
Gestão do Uso Público para o Incremento da Visitação nos Parques Estaduais
do Rio de Janeiro”, realizado pela organização não governamental Instituto
Terra de Preservação Ambiental (ITPA) para o INEA. O objetivo do mesmo é
proporcionar a visitação segura e de qualidade, a partir da implantação de
metas estratégicas de gestão do uso público em nível institucional para a
promoção da unidade de conservação como destino turístico e indutor de
desenvolvimento local (ITPA, 2012). Esse projeto pretende auxiliar a
administração do PESET a se preparar para a crescente visitação relacionada
ao afluxo turístico para Copa do Mundo de Futebol em 2014, o que o incluiu na
categoria de “Parques da Copa”. Nesse contexto, as trilhas da Enseada do
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Bananal e do Morro das Andorinhas fazem parte do projeto “Trilhas da Copa”,
as quais, por sua proximidade ao evento, serão revitalizadas.
400
Figura 1 - Imagem de satélite com a localização de algumas trilhas e informações gerais. Trilha
da Enseada do Bananal no número 3 e trilha do Morro das Andorinhas no número 1. Fonte:
http://www.parqueserradatiririca.org .
2.2 Enseada do Bananal
A trilha da Enseada do Bananal está inserida entre a Pedra de Itacoatiara e o
Alto Mourão. O percurso inicia-se na sede do Parque em Itacoatiara e também
dá acesso à trilha da Pedra de Itacoatiara (trilha do Costão), em seu ponto mais
alto (233 metros). Em levantamento preliminar para o presente trabalho, foi
verificado que a trilha da Enseada do Bananal apresenta um percurso de 660
metros, até a base da “pedra do Bananal”, local onde são realizadas diversas
técnicas de escalada como rapel, tirolesa e high line. Cova e Pimentel (2013)
mapearam a trilha até a última placa de sinalização do parque e registraram 504
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metros (figura 2), enquanto o site oficial do parque aponta 800 metros para a
mesma trilha (PESET, 2012) sem definir o percurso.
Segundo Barros (2008) a Enseada do Bananal é alvo de visitação intensa e
desordenada, o que gera problemas de compactação do solo, erosão, coleta
de plantas para fins comerciais, pichações e introdução de espécies exóticas.
401
Figura 2 - Imagem de satélite com registro do percurso da trilha da Enseada do Bananal, em
amarelo. Bifurcação para a trilha da Pedra de Itacoatiara em vermelho. Fonte: Cova e Pimentel
(2013).
2.3 Morro das Andorinhas
O Morro das Andorinhas, localizado na zona urbana da Região Oceânica do
Município de Niterói (RJ), entre os bairros de Itaipu e Itacoatiara (BARROS,
2008; PEREIRA; MELLO, 2011), foi incluído ao PESET em 2007, através da
Lei Estadual nº 5079.
A trilha do Morro das Andorinhas apresenta 2,6 km de extensão (figura 3),
atravessando a cumeeira do Morro de mesmo nome, passando por mirantes
com vistas para as praias de Itaipu e Itacoatiara e finalizando em uma área de
afloramento rochoso, nomeada Ponta das Andorinhas (BARROS; GARCEZ,
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2003; BARROS et al., 2005). Segundo Cova e Pimentel (2013), até o mirante
de Itacoatiara (ponto 17 da figura 3) são 833 metros.
402
Figura 3: Trilha do Morro das Andorinhas. Linha amarela identificando a TI e linha vermelha
percurso completo até a Ponta das Andorinhas. Fonte: Imagem adaptada do Google Earth por
Bruno Cova (Barcellos et al., 2013).
A trilha permite o acesso à pesca pela comunidade tradicional de pescadores
artesanais da região, supre a necessidade de deslocamento dos outros
moradores (BARROS; GARCEZ, 2003; BARROS et al., 2005), além de ser alvo
de visitação turística. Essa comunidade vive no topo do morro, em uma área
denominada Sítio das Jaqueiras. A ocupação foi iniciada no século XIX quando
o português Leonel de Siqueira e a índia Agapita Dias de Gusmão decidiram
viver na localidade. Segundo Barros e Machado (2012), a presença da
comunidade, hoje constituída por 14 casas, foi importante para impedir a
especulação imobiliária.
3. Materiais e métodos
3.1 Planejamento das Trilhas Interpretativas
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As TIs foram planejadas para a Enseada do Bananal e para o Morro das
Andorinhas, através da adaptação do método de Indicadores de Atratividade de
Pontos Interpretativos, o qual objetiva facilitar a seleção de pontos com
potencial interpretativo semelhante na trilha (MAGRO; FREIXEDAS, 1998). O
levantamento de atrativos foi realizado pela equipe em abril/ 2008 e os testes
piloto foram realizados na Enseada do Bananal em junho/ 2008 e no Morro das
Andorinhas em setembro/ 2008, com uma turma de alunos de terceiro ano do
ensino médio do Colégio Estadual Paulo Assis Ribeiro, em Niterói. As TIs
foram percorridas por 19 alunos e utilizadas como estratégias metodológicas
durante o desenvolvimento de um projeto de educação ambiental nessa escola,
que envolvia a visitação ao Parque.
As trilhas projetadas são do tipo guiadas, ou seja, atividades interpretativas “em
que o guia intérprete dirige um grupo através de um caminho, com paradas
pré-estabelecidas, onde um tema é desenvolvido” (VASCONCELLOS, 2006,
p.57). Em um primeiro momento foram levantados todos os pontos potenciais
para interpretação, de acordo com o tema escolhido para a trilha. Após a
identificação dos atrativos, uma seleção foi feita a fim de evitar pontos muito
próximos e repetição de questões já abordadas. A escolha final levou em
consideração os pontos mais atrativos de acordo com os indicadores de
atratividade para o tema. Não foram atribuídos pesos aos indicadores, embora
o método original sugira a adoção desse procedimento.
3.2 Coleta e análise de dados
A coleta de dados foi realizada através de questionários de percepção
ambiental aplicados com alunos da escola, antes e depois do desenvolvimento
do subprojeto “Educação Ambiental como mediadora na mudança de
percepção sobre o Parque Estadual da Serra da Tiririca (RJ)”. Este subprojeto
foi desenvolvido ao longo de oito meses na escola e fazia parte do projeto de
extensão “Parques de Papel e o Papel Social dos Parques: o Caso do Parque
Estadual da Serra da Tiririca (PESET)”, coordenado pelo Dr. Douglas Pimentel,
da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio
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de Janeiro (FFP/UERJ). Na TI da Enseada do Bananal também foram
utilizados os “cadernos naturalistas”, ferramentas de coleta de informações
inspiradas na passagem do naturalista inglês Charles Darwin pela Serra da
Tiririca. Após a atividade, os alunos que não conseguiram utilizar o “caderno
naturalista”, preencheram um roteiro de avaliação da trilha em sala de aula.
Além dos questionários e cadernos de campo, foram realizadas diversas
atividades temáticas na escola, durante as aulas semanais, desenvolvidas
através da disciplina “Projeto”, disponível na rede estadual de ensino de Niterói
em 2008. Foi feita a transcrição dos questionários e demais atividades em
conteúdo textual, constituindo-se o corpus documental para utilização posterior
através da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977). As respostas de percepção
ambiental passaram pela etapa de leitura flutuante, identificação do núcleo dos
sentidos e identificação das unidades de registro (categorização de falas).
4. Resultados e discussão
A proposta de implantação das TIs na Enseada do Bananal e no Morro das
Andorinhas foi configurada para mostrar aos visitantes os aspectos que
justificam a escolha do local como parque, bem como as relações
socioambientais presentes na área. A biodiversidade do Bioma Mata Atlântica,
a beleza cênica das montanhas e paisagens e as opções de lazer foram os
aspectos destacados. Nessa TI foram selecionados nove pontos interpretativos
(quadro 1).
Quadro 1: Roteiro esquemático da Trilha Interpretativa da Enseada do Bananal.
Trilha Interpretativa da Enseada do Bananal: Por que parque?
Pontos de
Interpretação
Descrição/ objetivo
•
•
Ponto 1:
Partida
•
Localização
Orientação sobre a conduta na trilha;
Informações sobre o percurso e a
unidade de conservação;
Entrada da trilha na
Dinâmica sobre o Darwin com o
sede de Itacoatiara.
caderno naturalista (Como o
naturalista registrava tudo que via em
1832, para elaborar a Teoria da
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404
Evolução?).
Ponto 2:
Tudo que sobe,
tem que descer!
Ponto 3:
Passeando no
sub-bosque...
•
•
Introdução aos aspectos naturais;
Ponto de descanso.
•
•
Características de Mata Atlântica
(presença de samambaias, fungos,
sub-bosque, epífitas e umidade).
Presença de Figueira gigante (Ficus
sp.);
Adaptações ao ambiente (raiz
tabular);
Abraço à árvore (opcional).
•
•
Ocupação humana no passado;
Motivo do nome do local.
•
Formação rochosa (grutas,
matacões);
Curiosidades da escalada (bolders).
Ambiente de praia (transição entre a
floresta e o mar);
Paisagem (avistamento do último
ponto da trilha).
Espécie exótica invasora (capim
colonião);
Área em recuperação.
Características geológicas (formação
das montanhas e oceano);
Observação da Pedra de Itacoatiara
e explicação do nome tupi (ita =
pedra, coatiara = riscada).
•
Ponto 4:
Gigante da
floresta.
Ponto 5:
Natureza
intocada?
Ponto 6:
Subindo pelas
paredes!
Ponto 7:
Anfiteatro natural.
Ponto 8:
Invasores!
Ponto 9:
Chegada.
•
•
•
•
•
•
•
•
Clareira com
bifurcação para a
trilha da Pedra de
Itacoatiara.
Área com
samambaias e fungos
na descida da trilha.
Figueira gigante, área
com “ponte” de
passagem.
Bananal
Local dos bolders e
grutas.
Praia de pedra da
Enseada do Bananal.
Área de capim
colonião.
Alto da “Pedra do
Bananal”.
A TI da Enseada do Bananal, foi realizada em junho de 2008 com 14 alunos
(figura 4). Além de ser o primeiro contato dos alunos com a unidade de
conservação, foi também uma oportunidade de descobrir, na prática, conteúdos
trabalhados em sala de aula por outros professores. Exemplo disso foi a
dinâmica sobre o naturalista Charles Darwin realizada antes da caminhada. Os
alunos não lembravam do cientista e nem de sua teoria, embora fossem do
último ano do ensino médio. Mas, aos poucos, conseguiram imaginar quais
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405
instrumentos Darwin teria utilizado durante suas expedições pela Serra da
Tiririca em 1832. Depois de citarem alguns exemplos, como desenhos no
papel, eles puderam observar imagens desses utensílios em cartões do “Jogo
do Aprendiz de Evolução”, distribuído para educadores na “Exposição Darwin
no Rio”. Durante a trilha, os alunos acabaram registrando no “caderno
naturalista” principalmente a fala do educador ambiental, ao invés de suas
próprias observações, reproduzindo o contexto escolar tradicional em que o
aluno anota o que o professor fala.
Ao longo dos nove pontos interpretativos percorridos nos quase 700 metros da
TI, os alunos visitaram a exposição de animais típicos da Serra da Tiririca na
sede do parque em Itacoatiara, conheceram um pouco sobre as trilhas locais,
identificaram espécies de plantas de Mata Atlântica, perceberam resquícios das
plantações de bananas do passado (motivo do nome da Enseada), aprenderam
curiosidades sobre escalada e formações geológicas, observaram a figueira
centenária na mata em regeneração e a presença incômoda da espécie
invasora de capim colonião. Os aspectos que mais chamaram a atenção foram
as paisagens, fato citado por 12 dos 14 alunos. A maioria se surpreendeu com
a preservação do local em meio à cidade, principalmente porque durante o
trajeto não era possível observar os aspectos urbanos. Os alunos puderam
perceber também que a presença do homem não era proibida no Parque,
porque esta categoria de unidade de conservação permite a realização de
diversas atividades como a visitação e a prática de esportes.
A TI permitiu que os alunos compreendessem os principais fatores que
transformaram o local em um parque: a biodiversidade, a beleza cênica e a
visitação.
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406
Figura 4 - Turma do Colégio Estadual Paulo Assis Ribeiro com equipe de Educação Ambiental
do projeto, no último ponto interpretativo da TI na Enseada do Bananal, 12 de junho de 2008.
407
A TI do Morro das Andorinhas consiste em um percurso de aproximadamente
833 metros, com seis pontos interpretativos, os quais destacam a ocupação
humana e a relação homem-natureza (quadro 2). As relações socioambientais
foram os aspectos mais destacados, através da presença dos moradores
tradicionais dentro da unidade de conservação, da ocupação por casas no
entorno, da delimitação do PESET, da presença de índios guaranis que
ocuparam a área de Sambaqui em Camboinhas, da abertura do canal na
laguna de Itaipu, além de outros aspectos históricos e socioambientais.
Dos 12 alunos que percorreram a TI, 10 citaram a presença do homem em
seus depoimentos sobre o local, seja apontando as casas construídas ou a
presença de fiação de luz, lixo ou marcas de fogueiras. A contradição que
existe entre a presença de moradores na unidade de conservação e a
legislação foi apresentada para os alunos através da leitura do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000, p.16), o qual afirma que
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os parques são “de posse e domínio públicos, sendo que as áreas incluídas em
seus limites devem ser desapropriadas”. A situação dos moradores também foi
discutida com os alunos, considerando o conceito de população tradicional e os
seus direitos. Autores como Toledo e Pelicione (2008, p.11) acreditam que
estas áreas naturais “podem estar melhor protegidas com o envolvimento das
comunidades do entorno e da população em geral”. Dessa maneira, sublinhase a importância do conhecimento das comunidades tradicionais do Morro das
Andorinhas e dos visitantes sobre as relações socioambientais mantidas com o
Parque. Como esta TI apresenta diversos aspectos sociais a serem discutidos,
foi importante percorrê-la após a primeira visita ao PESET, pois isso
possibilitou uma nova percepção sobre as questões conservacionistas e a
relação homem-natureza. Barcellos e colaboradores (2013) afirmam que os
visitantes costumam prestar atenção apenas na beleza das paisagens do
Morro das Andorinhas, no entanto as TIs permitem que percebam os aspectos
sociais e ecológicos.
408
Quadro 2 - Roteiro esquemático da Trilha Interpretativa do Morro das Andorinhas.
Trilha Interpretativa do Morro das Andorinhas: relações socioambientais
Pontos de
Interpretação
Ponto 1:
Partida
Descrição/ objetivo
•
•
Ponto 2:
•
•
Eu nasci aqui, eu
cresci aqui!
•
Ponto 3:
•
Nativas
X
•
Exóticas
Ponto 4:
•
Localização
Orientação sobre a conduta na trilha;
Informações sobre o percurso e a unidade de
conservação;
Presença da urbanização.
Leitura do conceito de parques (se é de
proteção integral, como há moradores?);
Presença da população tradicional.
Entrada da trilha. Rua
da Amizade.
Espécies nativas (orquídea Cyrtopodium
polyphyllum (Vell.) Pabst ex F. Barro.,
bromélia Neoregelia cruenta (R. Graham) L.B.
Smith,
palmeira
Jerivá
Syagrus
romanzoffiana, (Cham.) Glassman);
Espécies exóticas (Pita Agave americana L.;
Jaqueira Artocarpus heterophyllus Lam.; ).
Afloramento rochoso.
Presença de casas na encosta do Morro das
Andorinhas e bairro de Itacoatiara (mansões
1°
Sítio das Jaqueiras,
praça do balanço.
Mirante
de
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Casas para todo
lado.
•
Ponto 5:
•
Pique-nique
histórias
Ponto 6:
Chegada.
e
•
•
•
•
•
x moradores tradicionais);
Delimitação do parque.
Itacoatiara.
Observação da laguna de Itaipu (história da
abertura do canal e construções no entorno);
Sambaqui e ocupação por índios guaranis;
História ambiental (colonização, plantações);
Parada de descanso e lanche.
Observação da Serra da Tiririca;
Fechamento da atividade (“A atividade
humana ajudou a conservar o local ou a
destruir?”).
Mesa de pedra no
mirante para Itaipu.
Último mirante
Itacoatiara.
de
409
Figura 5 - Vista do mirante de Itaipu, ponto interpretativo 5, sobre a abertura do canal da
laguna de Itaipu e sobre a ocupação humana (setembro de 2008). A seta branca indica a
localização das ocas.
Em questionários de percepção ambiental e avaliação foi verificado que
nenhum participante conhecia o PESET e que todos (n=19) citaram a TI como
a melhor atividade do projeto. Dentre os pontos positivos do uso da trilha estão
as paisagens e a oportunidade de conhecer o local. Os pontos negativos mais
citados foram o calor e os mosquitos. Em depoimentos, alguns alunos
afirmaram: 1) “Acho que melhor que falar sobre o parque, é conhecê-lo”; 2) “ Eu
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conheci muitas coisas que eu não sabia que existia. A gente não só conheceu o
parque, mas também nos envolvemos nas questões sociais e ambientais”.
Após o desenvolvimento de atividades na escola e a realização das TIs, os
alunos apresentaram uma mudança de percepção sobre o parque. A
percepção
sobre
“Parque
Natural”
de
visão
“de
natureza
intocada”
(conceituação de natureza preservada, sem influência antrópica) desapareceu
depois das atividades. Após as TIs, surgiram as visões “abrangente” (aspectos
integrados de forma interdisciplinar) e “socioambiental” (o ser humano ou a
sociedade estão inseridos no ambiente). Essa mudança de percepção mostra
uma reflexão crítica, fruto das experiências vividas, as quais provaram existir
uma inserção humana nesses ambientes.
A vivência nas TIs possibilitou a comparação entre diferentes locais da unidade
de conservação, proporcionou uma reflexão crítica sobre as questões
socioambientais pelas quais o Parque passa e despertou o interesse pela
conservação da biodiversidade. Barcellos (2013), também trabalhou com trilhas
interpretativas no PESET, consolidando pontos interpretativos na trilha do
Morro das Andorinhas. A interpretação proposta pela autora foi direcionada
para alunos do 5º ano do ensino fundamental em escola municipal do entorno,
que participam das atividades através do Programa de Educação Ambiental
(PEA) do Museu de Arqueologia de Itaipu (MAI). Nessa proposta, a autora
também elaborou uma trilha guiada com seis pontos interpretativos, para
desenvolver aspectos socioambientais, biológicos e paisagísticos. A diferença
é que a autora produziu um roteiro, em formato de folder, contendo
informações para a caminhada e os principais questionamentos que o
educador/ intérprete deve fazer. É considerável ressaltar a importância de
trabalhos com esse enfoque envolvendo esforços coletivos para a conservação
da natureza, promovendo a compreensão do entorno ecológico e a reflexão
crítica sobre a intervenção humana no ambiente natural.
A iniciativa de usar duas TIs no contexto do PESET propiciou uma comparação
entre ambientes com diferentes aspectos sociais e ambientais, o que culminou
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em uma visão interdisciplinar e uma inserção crítica dos alunos nas discussões
referentes ao Parque.
5. Conclusão
As atividades na escola e as TIs possibilitaram uma mudança de percepção dos
alunos sobre o PESET, bem como houve ampliação do contexto em que a
discussão sobre diferentes questões ambientais podem acontecer.
O uso das TIs beneficia as escolas no processo de ensino-aprendizagem, ao
dar oportunidade dos alunos descobrirem na prática os conteúdos trabalhados
em sala de aula, construindo novos conhecimentos.
Além disso, forma
cidadãos mais críticos e responsáveis pelo seu ambiente. Nesse sentido, os
parques podem ser reconhecidos como espaços públicos que cumprem a
função de conservação da biodiversidade, direito de todos os cidadãos, aliada
ao fomento da participação comunitária nas questões socioambientais locais.
Assim, as atividades em TIs não permitem a reprodução de um ideário de áreas
protegidas apartadas da realidade social na qual estão inseridas.
A proposta de implantação de TIs aqui apresentada deve ser considerada como
instrumento de educação ambiental para escolas e unidades de conservação.
Dessa maneira, as primeiras podem exercer um processo de ensino realmente
interdisciplinar em um espaço não formal de aprendizagem e as últimas
encontram um locus de inserção para que efetivamente ocorra a Educação
Ambiental preconizada pela legislação nacional.
Agradecimentos
A diretora Beta e aos funcionários do C.E. Paulo Assis Ribeiro, ao professor
Vitor Pombo, ao biólogo Douglas Camelo, aos alunos da turma 3001, aos
professores do curso de Especialização em Ensino de Ciências e Biologia do
Instituto Bioquímica Médica da UFRJ, aos integrantes do Grupo de Estudos
Interdisciplinares do Ambiente (FFP/UERJ), a Luciana Tupinambá e Marcelo
Dias (Biológica) e à Faperj.
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GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas
O USO DE TRILHAS NA MARATONA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA
ESTAÇÃO ECOLÓGICA JURÉIA-ITATINS, PERUÍBE, SP.
Vanessa Cordeiro9
Marcos Samuel Macedo10
Clécio Rogério Silva11
Claudio de Moura12
Resumo
Palavras-chaves: trilhas; interpretação ambiental; estudo do meio; comunidade escolar;
Unidade de Conservação.
A visitação é instrumento essencial para aproximar a sociedade da natureza e
despertar a consciência para conservação dos ambientes e processos naturais.
A interpretação ambiental pode ser considerada como um instrumento da
educação ambiental, que busca ampliar conhecimento e mudar
comportamentos considerados ambientalmente incorretos. A Maratona de
Educação Ambiental Juréia Itatins é um projeto do Programa de Uso Público e
Educação Ambiental da Estação Ecológica Juréia-Itatins (EEJI), que tem por
objetivo aproximar a comunidade escolar da região de Peruíbe às áreas
remanescentes de Mata Atlântica. O projeto desenvolveu atividades teóricas e
práticas, abordando os temas curriculares de forma inter e multidisciplinar onde
as trilhas são uma das principais ferramentas para a interpretação ambiental. A
primeira etapa foi a visita da equipe da EEJI às unidades escolares, para
divulgação do projeto e convite dos profissionais da educação. Posteriormente
foram realizadas visitas técnicas para apresentar as trilhas dos Núcleos
Arpoador e Itinguçú e as possibilidades de interação entre o conhecimento
abordado na sala de aula e no ambiente natural. E por fim os educadores
foram incentivados a desenvolverem atividades de estudo do meio a partir dos
temas abordados pelas disciplinas, possibilitando assim a vivência de novas
experiências. Participaram do projeto 80 profissionais, dos quais grande parte
não conhecia e jamais desenvolveu qualquer atividade na EEJI, dentre as
escolas participantes houve predomínio das estaduais. Após as atividades de
campo os professores de diversas disciplinas foram orientados e estimulados a
elaborarem planos de aula para serem desenvolvidos na EEJI. A maratona
9
vcorde2004@hotmail.com . Turismóloga.Estação Ecológica Juréia-Itatins. Fundação Florestal.
suelguarau@hotmail.com .Tecnólogo em Gestão Ambiental.Estação Ecológica Juréia-Itatins.
11
clecioeusou@yahoo.com.br . Graduando em Tecnologia em Gestão deTurismo. Instituto
Federal de São Paulo - Cubatão.
12
claudio.moura@bol.com.br .Biólogo. Estação Ecológica Juréia-Itatins. Instituto Florestal.
10
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possibilitou aos participantes um novo olhar sobre a questão ambiental
estimulando-os a realizarem projetos sobre essa temática em suas escolas.
Resumen
Palabras-clave: senderos; interpretación ambiental; estudio del medio; comunidad escolar;
Unidad de conservación.
La visita es un instrumento esencial para aproximar la sociedad de la
naturaleza y despertar la conciencia para la conservación de entornos y
procesos naturales. La interpretación ambiental puede considerarse como un
instrumento de educación ambiental, que busca ampliar conocimientos y
cambiar comportamientos considerados ecológicamente incorrectos. La
maratón de la educación ambiental Juréia-Itatins es un proyecto del programa
de uso público y educación ambiental de la Estación Ecológica Juréia-Itatins
(EEJI), que pretende acercar a la comunidad escolar de la región de Peruíbe
de las áreas restantes del Mata Atlântica. El proyecto ha desarrollado
actividades teóricas y prácticas, abordando temas curriculares de forma inter y
multidisciplinarios donde los senderos son una de las principales herramientas
de interpretación ambiental. El primer paso fuela visita del equipo de la EEJI a
las escuelas, para la difusión del proyecto y la invitación de los profesionales de
la educación. Se realizaron visitas técnicas en una fecha posterior para
presentar los senderos de los núcleos Arpoador y Itinguçú y las posibilidades
de interacción entre los conocimientos cubiertos en el aula y en el medio
natural. Y finalmente los educadores se animó a desarrollar actividades de
estudio ambiental de los temas tratados en las disciplinas, permitiendo así
experimentar nuevas experiencias. Participaron en el proyecto 80
profesionales, la mayoría de los cuales no sabía y nunca desarrollaron alguna
actividad en la EEJI, entre las escuelas participantes huboun predominio del
estado. Después de las actividades de campo profesores de distintas
disciplinas fueron aconsejó y animó a elaborar planes de lección para ser
desarrollado en EEJI. El maratón permitió a los participantes una nueva
perspectiva sobre el tema ambiental por estimularlos para llevar a cabo
proyectos sobre este tema en sus escuelas.
1. Introdução
A visitação é instrumento essencial para aproximar a sociedade da natureza e
despertar a consciência para conservação dos ambientes e processos naturais
(MMA, 2006). As trilhas podem potencialmente auxiliar a alcançar objetivos
conservacionistas e concomitantemente aumentar as oportunidades sociais
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com baixo impacto sobre o ambiente, pois, quando bem e devidamente
mantidas, as trilhas protegem o ambiente do impacto do uso e proporcionam
aos visitantes conforto e segurança, além de desempenhar papel significativo
na impressão que o visitante possa vir a ter sobre a área e a instituição
mantedora (SCHELHAS, 1986 apud MENDES et al. 2007).
Outros estudos apontam a importância das unidades de conservação e dos
ecossistemas terrestres brasileiros para as atividades de educação ambiental e
na percepção dos alunos em relação a estes ambientes, independentemente
da disciplina escolar ser ciência (SALLES et al., 2002; MOREIRA e SOARES,
2002; PASQUALI et al., 2002). Segundo Santos (2002), as contribuições da
aula de campo em um ambiente natural podem ser positivas na aprendizagem
dos conceitos á medida que são um estímulo para os professores, que veem
uma possibilidade de inovação para seus trabalhos e assim se empenham
mais na orientação dos alunos. Para os alunos é importante que o professor
conheça bem o ambiente a ser visitado e que este ambiente seja limitado, no
sentido espacial e físico, de forma a atender os objetivos da aula.
A interpretação ambiental pode ser considerada um instrumento da educação
ambiental, que busca ampliar conhecimento e mudar comportamentos
considerados ambientalmente incorretos (DELGADO, 2000). A utilização de
trilhas interpretativa, adaptada ao conteúdo estudado em sala de aula e as
necessidade dos alunos pode se tornar um excelente instrumento de ensino e
aprendizagem. A Maratona de Educação Ambiental Juréia Itatins é um projeto
do Programa de Uso Público e Educação Ambiental da Estação Ecológica
Juréia-Itatins (EEJI), que tem por objetivo aproximar a comunidade escolar da
região de Peruíbe ás áreas remanescente de Mata Atlântica. O projeto
desenvolveu atividades teóricas e práticas, abordando os temas curriculares de
forma inter e multidisciplinar onde as trilhas são uma das principais ferramentas
para a interpretação ambiental.
2. Local de estudo
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Este estudo foi realizado na Estação Ecológica Juréia-Itatins (EEJI) localizada
no litoral sul do Estado de São Paulo que é uma Unidade de Conservação de
Proteção Integral, cujos objetivos principais são a realização de pesquisa e de
educação ambiental. A EEJI foi criada pelo Decreto Estadual nº 24.646, de 20
de janeiro de 1986, com aproximadamente 82.000 ha. Alterado pela Lei
Estadual nº 5.649, de 28 de abril de 1987 que alterou sua área para 79.270 ha,
abrangendo parte dos municípios de Peruíbe, Itariri, Miracatu e Iguape com o
objetivo de assegurar a integridade dos ecossistemas associados à Mata
Atlântica e da fauna e flora nelas existentes, bem como sua utilização para fins
educacionais e científicos (SÃO PAULO, 1986; SÃO PAULO, 1987).
A Maratona de Educação Ambiental foi realizada em dois núcleos da EEJI, no
Núcleo Arpoador e Itinguçú. O Núcleo Arpoador está localizado no município
de Peruíbe, e compreende o rio Guaraú, várias praias, Floresta Atlântica,
restinga, manguezal e costão rochoso, bastante biodiversos em fauna e flora.
Também pode ser utilizado como tema gerador para as disciplinas as ruínas de
uma construção do final do século XVII construída por escravos (CALI, 1999).
O núcleo dispõe de trilhas que dão acesso a vários destes ambientes, além de
hospedaria e auditório, para apoio das atividades de educação ambiental,
estudo do meio e pesquisa (Figura 1).
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Figura 1 – Localização dos núcleos onde a maratona foi desenvolvida na E.E. Juréia-Itatins.
O Núcleo Itinguçú está localizado no município de Iguape, cujo acesso
somente é possível pelo município de Peruíbe, engloba o rio Itinguçú, rico em
poços d’água, em áreas de mata ciliar e de Floresta Atlântica, tendo como
principal atrativo a Cachoeira do Paraíso, cujo acesso se dá através de uma
trilha auto guiada em meio a floresta. Este núcleo dispõe de auditório para
recepcionar os visitantes nas atividades de Educação Ambiental.
3. Metodologia
3.1 Desenvolvimento da Maratona de Educação Ambiental
No município de Peruíbe existem 51 escolas de ensino fundamental e médio,
sendo12 estaduais, 32 municipais e sete particulares, todas foram convidadas
para participar do projeto. Na primeira etapa houve a visita da equipe da EEJI
às unidades escolares, para divulgação do projeto e convite dos profissionais
de educação. Para atingir todos os educadores estas visitas eram feitas nos
horários de ATPC (Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo). Em um segundo
momento foram realizadas visitas técnicas com os educadores para apresentar
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as trilhas dos Núcleos Arpoador e Itinguçú para que os docentes pudessem
conhecer todos os ambientes físicos da EEJI e também a historia local. As
visitas possibilitaram uma interação entre o conhecimento abordado na sala de
aula e no ambiente natural. Cabe mencionar que todas as visitas técnicas
foram realizadas aos finais de semana, de modo a não comprometer dias
letivos. A administração da EEJI disponibilizou o transporte aos núcleos onde
as atividades foram desenvolvidas. Durante as visitas técnicas os educadores
foram incentivados a desenvolverem atividades de estudo do meio a partir dos
temas abordados nas disciplinas, possibilitando assim aos educandos a
vivência de novas experiências. Os técnicos da EEJI realizaram um trabalho de
sensibilização com os participantes utilizando nas trilhas a interpretação
ambiental e atividades lúdicas como ferramentas.
3.2 Atividade no Núcleo Arpoador
A atividade consistiu em uma visita ao manguezal onde os educadores
tomaram conhecimento das características do ecossistema, assim como das
possibilidades de abordagem com os educandos. Durante a sensibilização
foram realizadas dinâmicas para aguçar os sentidos dos participantes, onde os
educadores eram vendados e tinham que percorrer uma trilha de 100 metros
em silêncio para ouvir e sentir os sons da floresta. Ao final da trilha, e ainda
vendados os participantes eram direcionados até o gramado com vista para o
mar e convidados a refletirem sobre a atividade.
Dando continuidade à atividade de sensibilização os educadores foram
vendados novamente, e guiados até uma sala. O objetivo desta dinâmica é
aguçar o tato e o olfato dos participantes, e assim foram apresentados caixas
com alguns objetos de origem animal e vegetal. Cada educador explorou com o
tato e olfato, além de objetos, e depois escreveram em um papel seus
comentários. No final da dinâmica os objetos foram apresentados aos
educadores. Na segunda parte da visita os docentes caminharam na trilha do
Arpoador e observando a trilha como ferramenta pedagógica, é considerada de
nível fácil e tem aproximadamente 600 metros. No percurso da trilha os
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educadores tiveram informações sobre a dinâmica da Mata Atlântica e a
ecologia de algumas espécies encontradas na trilha. A atividade termina na
Praia do Arpoador, onde os educadores tiveram um tempo para contemplar a
natureza e caminhar pela praia.
3.3 Atividade no Núcleo Itinguçú
A trilha do Itinguçú que dá acesso a Cachoeira do Paraíso é uma outra
alternativa de ferramenta pedagógica para desenvolver atividades de estudos
do meio. É considerada de nível fácil e possui 300 metros de percurso. Neste
núcleo os educadores foram convidados a conhecer uma outra característica
da mata atlântica e foram estimulados a desenvolverem atividades sobre a
mata ciliar, formação dos rios, análise da qualidade da água e ecoturismo. A
realização das visitas técnicas com os educadores em ambos os núcleos tem
como principal objetivo incentivar a produção e transferência de conhecimento
sobre a temática ambiental de uma forma interdisciplinar e transversal, a partir
de uma abordagem local, regional e global. Os educadores foram incentivados
a desenvolverem atividades de estudo do meio a partir dos temas abordados
pelas disciplinas, possibilitando assim a vivência de novas experiências.
4. Resultados e discussão
Das 51 escolas convidadas, aderiram à proposta e participaram da Maratona
de Educação Ambiental da EEJI apenas sete escolas, sendo duas municipais e
cinco estaduais, representando 13,72% do total.
Esta baixa adesão das escolas e consequentemente dos profissionais de
educação se deve a alguns fatores relacionados ao desestímulo dos docentes,
temor de assumir compromissos fora do horário normal de trabalho, cansaço
devido a dupla ou tripla jornada dos docentes que os impedem de participar de
atividades extra classe, entre outros. Pôde-se verificar nas reuniões de
apresentação da proposta nas escolas, um conflito de opiniões sobre a forma
de realização da Maratona, onde um educador entendia que as atividades
deveriam ocorrer no horário normal de aula em dia letivo e não no final de
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semana, por outro lado uma Diretora de Escola afirmou que “todo dia é dia de
aprender e não é só em dia letivo que se aprende”.
Após as atividades de campo os professores de diversas disciplinas foram
orientados e estimulados a elaborarem planos de aula para serem
desenvolvidos na EEJI. Ao todo participaram do projeto 80 profissionais de
educação, dos quais grande parte não conhecia e jamais havia desenvolvido
qualquer atividade na EEJI. As escolas participantes desenvolveram os
seguintes projetos/planos de aulas, conforme apresentado no Quadro 1.
Quadro 1 – Escolas participantes da maratona de Educação Ambiental e projetos
desenvolvidos na Estação Ecológica Juréia-Itatins.
Escola/tipo
Nome
Plano de aula/projeto
Estadual
E. E. Portal da Juréia
- Portal da Juréia na maratona de
Educação Ambiental
Estadual
E. E. Maya Alice Ekman
- O nosso pedacinho da Mata Atlântica;
- Projeto Juréia-Itatins: Uma Floresta em
minha cidade;
- A extraordinária Juréia.
Estadual
E. E. Prof. Ottoniel
- Amar o Mar;
Junqueira
- Do jundú aos Campos de Altitude.
Estadual
E. E. Prof. Padre Vitalino
- Aprendendo com Ciência.
Bernini
Estadual
E. E. Luiz Abel
- Que mato é esse?
Municipal
E.M.E.F. Prefeito José
- Cultura Caiçara.
Roberto Preto
Municipal
E.M.E.F. Pastor Manoel
- Educação Ambiental para Investigação e
Eustáquio Damacena
Conservação.
Os resultados das visitas técnicas foram bem diversificados, visto que algumas
escolas os projetos ultrapassaram as expectativas, enquanto outras cumpriram
estritamente a sua programação prevista no plano de aula. As escolas
participantes do projeto iniciaram discussões nas reuniões de ATPC, com a
participação dos técnicos da EEJI para auxiliar na elaboração dos planos de
aula.
Na Escola Estadual Portal da Juréia, que está situada no centro da cidade, foi
desenvolvido o projeto “Portal da Juréia na Maratona de Educação Ambiental”.
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422
Nesta escola a professora de Ciências desenvolveu um projeto de pesquisa
com seus alunos. Esse projeto teve dois momentos, primeiro os alunos
pesquisaram sobre as principais características dos ecossistemas da EEJI e
posteriormente os alunos vieram até o auditório da Sede Administrativa da
EEJI para apresentar o resultado do trabalho de pesquisa para os técnicos do
Programa de Educação Ambiental e Uso Público. Depois da apresentação os
alunos foram levados para uma atividade de estudo do meio e vivenciar cada
ambiente pesquisado.
A Escola Estadual Professor Padre Vitalino Bernini está situada no Bairro do
Caraguava, o mais populoso da cidade de Peruíbe, onde o Coordenador
Pedagógico com o colegiado de professores desenvolveu o projeto
“Aprendendo com Ciência” onde os alunos desenvolviam experimentos nos
ambientes naturais, no manguezal os alunos realizavam experimentos medindo
o nível de salinidade no solo, analisando também as principais adaptações das
espécies presente no ambiente, já na mata de encosta verificavam a
temperatura ambiente e a incidência de luz, na restinga mediam a temperatura
do solo e observam as principais adaptações das espécies peculiares da
restinga. A maneira como tal projeto foi desenvolvido corrobora com o que foi
afirmado por Freire (1996):
“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Fala-se
hoje, com insistência, no professor pesquisador. No meu
entender o que há de pesquisador no professor não é uma
qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescenta
a ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a
indagação, a busca, a pesquisa, para constatar, constatando,
intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para
conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a
novidade” (FREIRE, 1996, p.32).
Na Escola Estadual Maya Alice Eckmam o Coordenador Pedagógico
desenvolveu em conjunto com os professores três projetos, conforme Quadro
1, dentre os quais o denominado “Projeto Juréia Itatins: Uma floresta em minha
Cidade”, projeto multidisciplinar onde os alunos produziram um vídeo relatando
a experiência vivida pelos mesmos em uma aula na E.E. Juréia-Itatins.
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O segundo projeto foi coordenado pela professora de Língua Portuguesa, que
desde a visita técnica já havia indicado que elaboraria com seus alunos um
livro relatando a experiência da visita dos alunos aos ambientes naturais da
EEJI, tal livro foi intitulado como “A extraordinária Juréia”.
E no terceiro projeto desta escola ocorreu o protagonismo de uma aluna do
segundo ano do ensino médio, que na saída para estudo do meio desenvolveu
um projeto de pesquisa que tratou dos ciclos econômicos brasileiros e da
devastação da Mata Atlântica até a criação da EEJI, esse projeto foi
denominado “O nosso Pedacinho da Mata Atlântica”.
O pressuposto aqui é que, se o aluno aprender sobre a dinâmica dos
ecossistemas ele estará mais apto a decidir sobre os problemas ambientais e
sociais de sua realidade quando for solicitado (SENICIATO e CAVASSAN,
2004). Conforme afirmou Machado (1982) só cuidamos, respeitamos e
preservamos aquilo que conhecemos, e que a ignorância traz uma visão
distorcida da realidade.
A Escola Estadual Professor Ottoniel Junqueira, situada no bairro do Centro,
em Peruíbe, tradicionalmente desenvolve aulas práticas de estudo do meio em
suas atividades, legado deixado pelo falecido Professor de Ciências, Gino
Gaiofatto, que idealizou o projeto denominado “Amar o Mar” para ser
desenvolvido pelos alunos do ensino fundamental e médio, que realizavam
coleta de lixo na praia do centro, caracterizavam-no e averiguavam a sua
procedência através da interpretação do código de barras.
Em função deste histórico da E.E. Prof. Ottoniel Junqueira, o Coordenador
Pedagógico em conjunto com os Professores de Geografia e Ciências, optaram
por adaptar o “Amar o Mar” para ser o projeto de pesquisada escola, e ser
desenvolvido ao longo dos 18 quilômetros de extensão da praia do Una, no
interior da EEJI, possibilitando assim a discussão sobre a destinação correta de
resíduos sólidos, procedência e fatores ambientais que favorecem sua
dispersão.
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A maratona instigou bastante seus participantes, ao ponto do Professor de
Geografia, Tiago Cavalcante, ter desenvolvido um Curso de Especialização em
Geografia, através da Rede São Paulo de Formação Docente (REDEFOR),
onde apresentou o trabalho intitulado “O estudo do meio em Unidades de
Conservação como ferramenta pedagógica para o ensino de Geografia.
Reflexões sobre o projeto do Jundu aos Campos de Altitude”, aproveitando a
sua experiência no desenvolvimento do plano de aula “Do jundu aos campos
de altitude”, que segundo Cavalcante (2012) faz parte de um conjunto de
esforços para levar aos educandos da escola a possibilidade de uma reflexão
mais profunda sobre seu lugar e seus lugares de vivência, aproximando a
teoria da sala de aula ao cotidiano do aluno.
A primeira reunião de ATPC em que o projeto foi proposto todos os presentes
concordaram com o desenvolvimento do mesmo. Para Pontuschka et al. (2007)
o estudo do meio é uma metodologia de ensino interdisciplinar que pretende
desvendar a complexidade de um espaço determinado extremamente dinâmico
e em constante transformação, cuja totalidade dificilmente uma disciplina
isolada poderá dar conta de compreender. Na Escola Estadual Luiz Abel,
situada na zona rural da cidade, a Coordenadora Pedagógica desenvolveu um
plano de aula que iniciava com uma pesquisa previa do local a ser visitado,
onde os alunos tomavam conhecimento sobre a área de estudo, e preparavam
material didático para a visita em campo. A segunda fase compreendeu a saída
a campo, momento de coleta de dados e intervenção com o ambiente natural.
A terceira fase foi desenvolvida em sala de aula onde os alunos exploraram e
analisaram os dados coletados, identificando as relações entre o conhecimento
empírico e o científico levantado. Neste momento, os alunos através de
diferentes formas de linguagem apresentaram suas considerações.
O estudo do meio como método que pressupõe o dialogo, a formação de um
trabalho coletivo e o professor como pesquisador de sua prática, de seu
espaço, de sua história, da vida de sua gente, de seus alunos, tem como meta
criar o próprio currículo da escola, estabelecendo vínculo com a vida de seu
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aluno e com a sua própria, como cidadão e como profissional (BACCI e
PATACA, 2008). Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Prefeito José
Roberto Preto, situada no entorno imediato da EEJI, onde cerca de 20% de
seus alunos são descendentes de caiçaras que moravam no interior da EEJI,
foi desenvolvido pelos professores o projeto “Cultura Caiçara” que elaborou um
roteiro de entrevistas que foi aplicado junto aos moradores mais antigos da Vila
Barra do Una, situada no interior da EEJI, pelos alunos em uma saída a campo,
com a aplicação deste questionário foi possível caracterizar como era o modo
de vida dos caiçaras e a relação com o meio ambiente, suas tradições e festas.
No projeto “Cultura Caiçara” foi desenvolvida também uma oficina de música e
danças caiçaras, que foram apresentadas em um evento realizado na própria
escola para os pais e os mestres. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental
Pastor Manoel Eustáquio Damacena, situada na zona rural da cidade, foi
desenvolvido
o
projeto
“Educação
Ambiental
para
Investigação
e
Conservação”, que foi idealizado à partir da curiosidade dos alunos em
compreender o meio ambiente como condição para sobrevivência humana.
Este projeto trabalhou com o “ciclo de indagações” onde os alunos realizaram
uma saída de campo conhecendo os ambientes da EEJI, e posteriormente
foram divididos em grupos e cada grupo fez perguntas sobre as curiosidades
de cada ambiente visitado.
Dando sequência os grupos apresentaram as perguntas, a professora
selecionou a mais significativa e tentou responder junto com os alunos. A
pergunta que direcionou a pesquisa foi sobre a herbivoria, ou seja, a utilização
das folhas na alimentação de animais, na trilha do fundão, situada no Núcleo
Arpoador da EEJI. Os alunos observaram um arbusto que tinha folhas de
coloração diferenciada, onde as folhas mais jovens tinham uma coloração mais
avermelhada e não apresentava sinais de herbivoria. Ao voltar para a trilha
cada grupo tentou desvendar porque aquelas folhas mais jovens não
apresentavam sinais de herbivoria, e então foi levantada a hipótese de que
com uma coloração diferente das folhas espantava os herbívoros, isto é, era
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uma defesa da planta produzir folhas jovens de uma coloração diferente, que
sem muita possibilidade de análise levou-os a concluir ser a hipótese
verdadeira.
Tais experiências corroboram com Compiani e Carneiro (1993) que afirmaram
que as aulas de campo, têm papel pedagógico fundamental, pois é no campo
que ocorre o conflito entre o real (o mundo), o exterior e o interior, as idéias e
as representações, gerando um contexto único de observação e interpretação
da natureza na busca de informações, no entendimento dos fenômenos e na
formulação de conceitos explicativos. Desta maneira a Maratona de Educação
Ambiental Juréia-Itatins possibilitou aos participantes um novo olhar sobre a
questão ambiental estimulando-os a realizar projetos sobre essa temática em
suas escolas.
5. Conclusão
O uso de trilhas no projeto Maratona de Educação Ambiental Juréia-Itatins
possibilitou a integração entre Unidade de Conservação e a comunidade
escolar, onde educadores e educandos puderam vivenciar suas próprias
experiências em meio à natureza e aprenderem juntos. A experiência de
estudo do meio requer do professor um papel ativo, orientador e mediador que
não estão claros nas propostas pedagógicas desenvolvidas nas escolas.
Os educadores encontraram dificuldades em enxergar a natureza como
recurso pedagógico, no entanto, a Maratona de Educação Ambiental
possibilitou que algumas escolas conseguissem formar um elo entre a teoria e
a prática, promovendo a reflexão da ação do homem sobre o meio ambiente,
sensibilizando educadores e educandos para uma mudança de comportamento
e utilizando uma abordagem interdisciplinar.
O desenvolvimento de atividades em áreas naturais, tal como a Maratona de
Educação Ambiental Juréia-Itatins, são primordiais para gerar e transferir
conhecimento além daquele obtido da forma tradicional na sala de aula.
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Este trabalho nos permite inferir que as escolas precisam ser mais respaldadas
e
estimuladas
incentivando
os
seus
Coordenadores
Pedagógicos
e
Professores para despertarem o interesse em atividades de estudo do meio,
saindo da rotina e do tradicional e entendendo que os alunos podem aprender
muito
mais
quando
estão
sendo
estimulados
de
diferentes
formas,
proporcionando assim a construção de um currículo mais significativo também
para o aluno.
6. Bibliografia
BACCI, D.L.C.; PATACA, E.M. Educação para a água. Estudos Avançados, 22
(63),p. 211-226, 2008.
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Curso de Especialização em Geografia - Rede São Paulo de Formação
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Oficial do Estado de São Paulo, v. 96, n. 014, de 21 de janeiro de
1986.
SÃO PAULO. Lei Estadual nº 5.649, de 28 de abril de 1987. Cria a Estação
Ecológica da Juréia-Itatins e dá outras providências. Diário Oficial do
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Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
429
GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas
TRILHAS DO INSTITUTO FEDERAL BARBACENA-MG: UM ESTUDO PARA
FINS SOCIOEDUCACIONAIS
Helcio Ribeiro Campos13
Sirdilene Aparecida de Paiva 14
Resumo
Palavras-chave: Trilhas do IF Barbacena; Mapas e gráficos; Educação socioambiental;
Levantamento de espécies animais e vegetais; Classificação de trilhas.
o trabalho versa sobre as trilhas existentes em áreas de Mata Atlântica e
inseridas nos 479 ha do Campus do Instituto Federal (IF) de Barbacena-MG.
Pesquisamos os seguintes dados sobre seis trilhas: extensão, tempo médio de
caminhada, altimetria ao longo do percurso e levantamento de espécies
animais (vertebrados e invertebrados) e vegetais. As trilhas puderam ser
mapeadas por meio do uso de GPS e depois fizemos os mapas destas, sendo
que analisamos a variação altimétrica e a extensão por intermédio dos dados
deste aparelho. Com a altitude pudemos fazer gráficos com os perfis
altimétricos das trilhas por meio do GPS Trackmaker. De acordo com a
diferença de nível, entre o maior e o menor ponto, verificamos o grau de
dificuldade dessas trilhas quanto à intensidade (leve) e ao nível técnico (fácil),
com base em Pagani (1999). Tais resultados acerca das dificuldades – leve e
fácil – permitem que as trilhas do IF tenham amplo alcance quanto aos
usuários, por exemplo, abarcando todas as idades. As trilhas estão,
atualmente, sob a expectativa da implantação de sinalização, de acordo com o
Projeto de Extensão sob nossa coordenação. Assim, os dados sobre extensão,
tempo médio de caminhada e altitude serão somados ao inventário sobre as 91
espécies animais encontradas nas matas (distribuídas em 46 famílias e 4
classes) e 140 de vegetais, pertencentes a 9 famílias (correspondentes a
52,14% do total). O inventário sobre as espécies arbóreas e os animais
vertebrados e invertebrados conta com o suporte dos professores Ricardo
Tayarol (engenheiro florestal), Fernando Martins Costa (biólogo) e Elisa Aiko
Miyasato (bióloga), respectivamente. O objetivo final desta pesquisa é equipar
as trilhas com informações que possam ser usadas pelo IF Barbacena e pelas
demais instituições de ensino do Município, visando proporcionar a educação
13
helcio.campos@ifsudestemg.edu.br Professor do IF Barbacena e Vice Líder do Grupo de
Pesquisa em TAS (Território, Ambiente e Socialidades)
14
sirdilene93@hotmail.com – Graduanda em Agronomia no IF Barbacena
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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430
socioambiental por meio de visitas guiadas. Dessa forma, nossa pesquisa
também cumpre um papel social, ao servir a uma cidade com cerca de 130 mil
habitantes (IBGE, 2013) que não possui jardim botânico nem áreas públicas
verdes disponíveis para educação e lazer.
Resumen
Palabras clave: Trillas IF Barbacena, Mapas y gráficos, Educación social y ambiental, Estudio
de las especies animales y vegetales; Senderos de clasificación.
El trabajo aborda los senderos existentes en el Mata Atlântica y se inserta en
479 hectáreas de Instituto Federal (IF) Campus de Barbacena - MG. Se
realizaron búsquedas en los datos siguientes en seis senderos: extensión
tiempo medio de duración de la caminata, la altitud de la ruta y el estudio de las
especies animales (vertebrados e invertebrados) y de plantas. Los senderos
pueden fueron analizados mediante el uso de la tecnologia GPS y luego nos
hicieron estos mapas, y analizar los datos de altimetría variación y extensión a
través de este dispositivo. Con la altitud podría hacer gráficos con perfiles
altimétricos de senderos a través del GPS TrackMaker. De acuerdo con la
diferencia de nivel entre el punto más alto y el más bajo, nos encontramos con
el grado de dificultad de estos senderos sobre el nivel de intensidad (leve) y el
nivel técnico (fácil), con sede en Pagani (1999). Estos resultados sobre las
dificultades - levo y fácil – muestran que las trillas tienen un gran alcance de
usuarios, por ejemplo, que abarca todas las edades. Los senderos se
encuentran actualmente en la expectativa de la implementación de
señalización, según proyecto de extensión bajo nuestra coordinación. Por lo
tanto, los datos sobre la duración, el tiempo medio de caminata y la altitud se
agregará al inventario de las 91 especies que se encuentran los bosques (y 46
familias y 4 clases) y 140 plantas pertenecientes a 9 familias (correspondientes
a 52,14 % del total). El inventario de especies de árboles y vertebrados e
invertebrados cuenta con el apoyo de los profesores Ricardo Tayarol (ingeniero
forestal), Fernando Martins Costa (biólogo) y Elisa Aiko Miyasato (bióloga),
respectivamente. El objetivo final de esta investigación es dotar a las trillas con
información que puede ser utilizada por IF Barbacena y por otras instituciones
educativas de la ciudad, destinadas a la educación ambiental a través de
visitas guiadas. Por lo tanto, nuestra investigación también cumple una función
social, para servir a una ciudad de unos 130.000 habitantes (IBGE, 2013), que
no tiene jardín botánico o áreas verdes disponibles para la educación y el ocio.
1. Introdução
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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A pesquisa em tela surgiu motivada pela existência de trilhas inseridas em
áreas remanescentes de Mata Atlântica localizadas nas dependências do
Instituto Federal (IF), campus Barbacena-MG. A cidade, que conta com cerca
de 130 mil habitantes (IBGE, 2013), é extremamente carente em espaços
públicos que poderiam ser utilizados para educação ambiental e lazer. Esta
carência foi o outro grande fator motivacional para a presente pesquisa. Além
disso, o campus do IF situa-se em plena região central de Barbacena, como
mostrado no mapa 1, pois surgiu, em 1910, com destinação para o ensino
técnico agrícola (daí sua ampla área), a primeira escola dessa modalidade de
ensino no Brasil
432
.
Mapa 1: Localização do Instituto Federal no Município de Barbacena. Fonte: Araújo, 2002.
Os 479 hectares de área do IF são utilizados para vários fins, divididos em
setores: Núcleo de Agricultura (NA), Núcleo de Zootecnia (NZ), Laticínio, Setor
Poliesportivo, Abatedouro, Setor de Equoterapia, Núcleo de Química (NQ),
Área para Búfalos, Núcleo de Informática (NI), além da Sede. As áreas de
mata, onde estão as trilhas deste estudo, podem ser identificadas no mapa 2.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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433
Mapa 2: Mapa de uso do solo na área do Instituto Federal - Barbacena. Fonte: Araújo, 2002.
Diante desse quadro foi desenvolvido um projeto de iniciação científica
(CAMPOS e FERNANDES, 2011) com a finalidade de estudar as trilhas que já
existiam entre as matas do IF, criadas ao longo de sua centenária história. A
título de elucidação, concordamos com Murta e Goodey (2002, p. 36), que
assim conceituam o que é uma trilha: "é uma rota, já existente ou planejada,
que liga pontos de interesse em ambientes urbanos ou naturais". Esta é a visão
adotada neste trabalho. Pesquisamos os seguintes dados sobre seis trilhas
das matas do IF: extensão, tempo médio de caminhada, altimetria ao longo do
percurso e levantamento de espécies animais (vertebrados e invertebrados) e
vegetais. As trilhas puderam ser mapeadas por meio do uso de GPS e depois
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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fizemos os mapas destas, sendo que analisamos a variação altimétrica e a
extensão por meio dos dados deste aparelho. Com isso disponível, elaboramos
os perfis altimétricos de cada trilha por intermédio do GPS Trackmaker. Tais
estudos e procedimentos foram realizados entre 2011 e 2013.
A segunda etapa de estudos, a partir de 2012, contou com a contribuição de
professores de áreas afins ao estudo sobre as trilhas. Desse modo, passamos
a contar com o levantamento das espécies de animais invertebrados (por parte
da bióloga Elisa Aiko Miyasato) e das espécies arbóreas (a cargo do
engenheiro florestal Ricardo Tayarol). As pesquisas acerca dos animais
vertebrados já vinham sendo realizadas, impetradas pelo biólogo Fernando
Martins Costa, que, gentilmente, cedeu-nos seus resultados e banco de fotos.
Em decorrência dessa cooperação e de pesquisas anteriores, já contamos com
91 espécies de animais e 140 espécies de vegetais inventariadas.
A terceira e última etapa de trabalho sobre as trilhas do IF Barbacena está
inserida em um Projeto de Extensão, em vigência, com o escopo de expor os
saberes levantados nas etapas anteriores por intermédio da fixação de placas
de sinalização nas seis trilhas: pretende-se implantar a identificação das
principais espécies arbóreas das margens e também pórticos nas entradas das
trilhas, compostos dos dados de extensão, tempo médio de caminhada, perfil
altimétrico, grau de dificuldade, mapeamento, fotos de espécies animais e
vegetais presentes no entorno das trilhas. Para a consecução desta etapa, nos
apoiamos, dentre outros, em Goodey (2002) e GIA, IEF e IBAMA (2002).
Ao se fechar esta última seção de trabalhos, a pesquisa alcançará seu objetivo
de equipar as trilhas com informações que possam ser usadas pelo IF
Barbacena (sobremaneira pelos cursos superiores de Meio Ambiente, Biologia,
Educação Física e Turismo) e usadas também pelas demais instituições de
ensino do Município, visando à educação socioambiental por meio de visitas
guiadas, cujo objetivo é atrair escolas dos níveis fundamental e médio,
conforme o Projeto de Extensão. Dessa forma, nossa pesquisa também
cumpre um importante papel educacional e social.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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434
O contato da comunidade discente com as trilhas do IF vem sendo preparado,
como vimos. As principais funções históricas das trilhas são as de suprir e
encurtar os deslocamentos. Contudo, com o passar dos anos, as trilhas
passaram de simples vias de circulação para um meio de contato com a
natureza. As trilhas ecológicas têm se mostrado grandes aliadas na
sensibilização das pessoas, uma vez que permitem o contato perdido entre
indivíduo e meio ambiente, trazendo conhecimentos sobre aquele local, suas
características e aspectos, além de proporcionar momentos de recreação e
lazer. Destarte, segundo os preceitos do Ecoturismo, é através da Educação
Ambiental, favorecida pelo contato das pessoas com os lugares de natureza,
que se pode despertar uma consciência ambiental de conservação dos locais.
Essa seria a base para uma atividade de sustentabilidade para os locais que a
desenvolvem (SANDEVILLE JR. e SUGUIMOTO, 2010).
Concorda-se que o contato com a natureza é um grande estímulo à
sensibilização sobre o ambiente e à sua conservação, mas existe um espaço a
preencher entre essa sensibilização e a Educação Ambiental. Neiman (2002,
p.18) afirma que, se o contato com a natureza for proporcionado de forma
adequada, estimulando todos os sentidos (sentir o cheiro da mata, olhar os
animais, ouvir os barulhos), há uma melhora de sentimentos positivos em
relação ao que deve ser conservado, afinal “não é apenas através do
sentimento ético de obrigação que se pode trabalhar o gosto pela natureza e
pela conservação”.
Em nosso trabalho, tivemos como objetivo mapear as
trilhas do Núcleo de Zootecnia, verificando o tempo médio necessário para a
caminhada, extensão e sua variação altimétrica. Além disso, com nossos
parceiros, os professores Ricardo Tayarol e Elisa Miyasato, buscamos a
identificação de algumas espécies vegetais e de animais invertebrados nas
trilhas já estudadas anteriormente (que ficam próximas ao Complexo
Poliesportivo e ao Núcleo de Agricultura) e também nas trilhas que foram
estudadas nesta atual etapa do projeto.
2. Metodologia
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Foi realizada uma revisão bibliográfica acerca das temáticas relacionadas,
sobretudo aquelas envolvendo outros estudos sobre trilhas. As trilhas puderam
ser mapeadas por meio do uso de GPS e depois fizemos três mapas destas,
sendo que analisamos a variação altimétrica e a extensão por meio dos dados
deste aparelho. Com a altitude pudemos fazer gráficos das três trilhas próximas
ao Núcleo de Zootecnia. De acordo com esta diferença de nível, entre o maior
e o menor ponto, verificamos o grau de dificuldade dessas trilhas, consoante a
classificação abaixo indicada. As altitudes de cada ponto foram exportadas do
aparelho GPS e processadas com o programa GPS Trackmaker para a criação
dos perfis altimétricos.
2.1 – Classificações para as trilhas usadas nesta pesquisa
Com a finalidade de caracterizar as trilhas estudadas nas matas do IF
Barbacena, adotamos três tipos de classificação de trilhas acerca dos
seguintes pontos: 1º) extensão; 2º) grau de dificuldade; 3º) formato geográficoespacial. Tais classificações são apresentadas a seguir. As trilhas podem ser
divididas, quanto à extensão, em:
a) Trilhas de curta distância: até 2.500 m de extensão. São as chamadas
Trilhas de Interpretação ou “Natural Trails”;
b) Trilhas de média distância: variam de 2.500 m a 5.000 m;
c) Trilhas de longa distância (“Wilderness Trails”): acima de 5.000 m de
extensão.
As trilhas de curta distância, caso de todas as existentes na matas do IF, têm
potencial recreativo e educativo, incluindo o desenvolvimento de programação
para interpretação do ambiente natural. De acordo com o GIA, IEF e IBAMA
(2002), três métodos básicos podem ser apontados na interpretação de trilhas:
a trilha guiada, a trilha autoguiada com placas ou painéis e a trilha autoguiada
com roteiros. Os métodos podem ser utilizados independentes um do outro e,
também, de maneira mais rica, como complementares. Um local com potencial
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interpretativo, para a instalação de uma trilha, é aquele que apresenta grande
diversidade de elementos, ao longo de seu percurso. As trilhas não devem ser
visualmente monótonas. Alguns fatores contribuem para assegurar esta
diversidade, como: possuir plantas com diferentes cores de folhas, flores e
frutos, além de formas e texturas diferentes; uma área exposta ao vento, em
contraste com uma área abrigada; ser uma trilha com trechos sombreados, que
abram para uma área ensolarada; formas de relevo contrastantes e diferentes
aspectos de uma paisagem; mudança de habitat, com transição de cerrado
para mata (GIA, IEF e IBAMA, 2002).
Uma segunda classificação refere-se ao grau de dificuldade, que é bastante
subjetivo, pois pode variar dependendo do condicionamento físico e do peso da
bagagem dos praticantes. Pagani (1999, p.160) adota a seguinte classificação
quanto:
a) à intensidade: leve, regular e semipesada;
b) ao nível técnico: fácil; com obstáculos naturais; exige habilidade específica.
Todas as trilhas do IF Barbacena são de leve intensidade e de fácil nível
técnico, o que aumenta o espectro de possíveis usuários. A terceira
classificação das trilhas versa sobre o formato espacial/geográfico que elas
possuem, e é derivada de Andrade e Rocha (2008):
a) Trilha com forma Circular: quando esta oferece a possibilidade de se voltar
ao ponto de partida sem repetir o percurso ou cruzar com outros visitantes.
b) Trilha em forma de Oito: são muito eficientes em áreas limitadas, pois
aumentam a possibilidade de uso destes espaços.
c) Trilha Linear: formato de trilha mais simples e comum. Geralmente seu
objetivo é conectar o caminho principal, quando já não é o próprio, a algum
destino, como lagos, mirantes, cavernas, picos etc. Apresenta as desvantagens
do caminho de volta ser igual ao de ida, e a possibilidade de se cruzar outros
visitantes.
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d) Trilha em Atalho: é aquela cujo início e fim estão em diferentes pontos de
uma trilha ou caminhos principais.
Todas as trilhas do IF Barbacena são Lineares. Em duas delas, a Trilha das
Borboletas e a Trilha do Lago, também encontramos a forma em Atalho. A
pesquisa de campo incluiu, além das marcações com GPS supracitadas, a
averiguação do tempo médio para caminhadas e um banco de dados com fotos
e observações sobre o estado de conservação das trilhas. Além disso, a
pesquisa in loco serviu para a identificação de espécies arbóreas e de animais
invertebrados, por meio da colocação de armadilhas aéreas (com iscas de
banana fermentada) e de armadilhas de queda (com fezes humanas e baço
suíno). Os animais vertebrados estão em estudo, desde 2009, pelo professor
Fernando Martins Costa, que disponibilizou seu acervo de fotos e de
identificação das espécies, sendo também um eminente colaborador desta
pesquisa.
3. Resultados e discussão
438
Depois do estudo de campo, produzimos 3 (três) “mapas” das trilhas já
estudadas no Núcleo de Agricultura e outros três para as trilhas pertencentes
ao Núcleo de Zootecnia. Apesar de o traçado apresentado nas próximas
figuras das trilhas não compor, efetivamente, documentos cartográficos, estão
sendo por nós denominados “mapas” pelo motivo central de mostrarem a
localização de cada trilha. Com isso considerado, passamos a apresentar os
resultados da pesquisa.
3.1 – Trilhas próximas ao Setor Poliesportivo e ao Núcleo de Agricultura
1ª) “Trilha da Quadra”
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Figura 1: Traçado da Trilha da Quadra Fonte: Adaptação do Google Earth
Gráfico 1: Variação altimétrica da Trilha da Quadra. Fonte: Campos e Paiva,
2013.
Esta trilha passa completamente dentro da mata, e é a mais próxima da Sede
do Instituto. Começa e termina ao lado da Quadra Poliesportiva, perfazendo um
total de 218, 22 metros. Possui uma diferença altimétrica de 15,14 metros,
sendo considerada de fácil caminhada, completada em cerca de 15 minutos.
Figuras 2, 3 e 4: Lixo, galho caído e mato na trilha, respectivamente.
Suas características estão assim distribuídas:
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- parte inicial: estreita, onde encontramos muito lixo, indicando seu uso, e
também muito mato, dificultando sua utilização;
- parte intermediária: a trilha se alarga, mas existem muitos galhos de árvores
caídos no chão, também prejudicando a passagem de visitantes;
- parte final da trilha: a saída é muito íngreme, sendo que para a utilização da
população ou para estudantes devem ser feitos escada e corrimão para facilitar
a subida.
Foram encontradas algumas espécies vegetais, como embaúba e bromélias,
além de espécies de insetos ainda não identificados.
2ª) “Trilha das Rosas”
440
Figura 5: Traçado da Trilha das Rosas. Fonte: Adaptação do Google Earth
Gráfico 2: Variação altimétrica da Trilha das Rosas. Fonte: Campos e Paiva, 2013.
Essa trilha começa atrás do complexo esportivo e vai até a estufa de rosas,
com 315,74 metros. Seus primeiros metros são muito estreitos e possui muito
mato, havendo a necessidade de capina periódica. Apesar disto, é de fácil
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utilização, pois sua diferença altimétrica é de 28,11 metros, e o tempo médio de
caminhada é, em média, de 20 minutos.
3ª) “Trilha da Equoterapia”
Figura 6: Traçado da Trilha da Equoterapia. Fonte: Adaptação do Google Earth
441
Gráfico 3: Variação altimétrica da Trilha da Equoterapia. Fonte: Campos e Paiva, 2013.
Essa trilha começa na estufa de rosas e termina próximo ao Setor de
Equoterapia, com extensão de 453,08 metros. Nela foi visualizado muito mato
e também muitas poças de lama, dificultando o uso desta no período chuvoso
(outubro a março). Mesmo assim, é uma trilha de fácil acesso – inclusive por
ser larga – e com baixa dificuldade de caminhada, sendo sua diferença de nível
de 21,63 metros, percorridos em 20 minutos, aproximadamente.
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Figura 7: poça de lama na trilha.Fonte: Campos e Paiva, 2013.
3.2 – Trilhas próximas ao Núcleo de Zootecnia
1ª) Trilha das Borboletas
442
Figura 8: Traçado da Trilha das Borboletas. Fonte: Adaptação do Google Earth
Essa trilha começa atrás do curral de bovinocultura de leite e termina em um
lago no início da mata. Esse começo é dificultado pela presença de esterco e
de lama perto da porteira, porém, conta com árvores de grande porte, como o
eucalipto e o ipê, além de alguns animais, dentre os quais o caracará. Outros
animais são encontrados ao longo da trilha, como vários pássaros (espécies de
canário, pica-pau, tucano etc.), além de muitas borboletas, sobretudo na
clareira vizinha a um córrego.
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Gráfico 1: Variação altimétrica da Trilha das Borboletas Fonte: Campos e Paiva, 2013.
443
Figuras 9,10, 11 e 12: Espécie animal, insetos, córrego e musgo vermelho, respectivamente.
Fonte: Campos e Paiva, 2013.
Existem musgos vermelhos nas árvores, que são indicativos de ar de boa
qualidade. A trilha termina perto de um lago, onde existe uma junção com a
“Trilha do Lago”, local com muito mato, sendo que a passagem assim fica difícil
e perigosa, visto que podem existir animais peçonhentos. Esta trilha é de fácil
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acesso e com baixa dificuldade de caminhada, mesmo com sua diferença
altimétrica sendo de 80 metros ao longo de seus 951,38 metros de extensão. O
tempo médio de caminhada é de 45 minutos.
Figura 13: Lago. Fonte: Campos e Paiva, 2013.
2ª) Trilha do Lago
444
Figura 14: Traçado da Trilha do Lago. Fonte: Adaptação do Google Earth
Essa trilha começa no meio da Trilha das Borboletas, onde há uma bifurcação,
e termina próxima ao lago. Ela não tem muito mato, porém existem muitos
galhos de bambu caídos na trilha. Além disso, a trilha está no meio da mata,
permitindo a visualização de alguns animais, como pássaros e pequenos
mamíferos roedores, e também algumas espécies de árvores nativas da região,
a exemplo de embaúbas, araucárias e ipês. Existe uma nascente ao final da
trilha, um lugar fresco e com um agradável barulho de água corrente.
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
Gráfico 2: Variação altimétrica da Trilha do Lago. Fonte: Campos e Paiva, 2013.
A Trilha do Lago, com 375,57 metros de extensão, pode ser percorrida em
cerca de 30 minutos. Apresenta 28 metros de diferença de nível, isto é, de fácil
caminhada.
445
Figura 15 e 16: Galhos caídos e a nascente d’água encontrados na trilha. Fonte:
Campos e Paiva, 2013.
3ª) Trilha da Clareira
Figura 17: Traçado da Trilha da Clareira. Fonte: Adaptação do Google Earth
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Esta trilha passa completamente dentro da mata, começando no lago e
terminando numa propriedade fora da área escolar. Por isso, é possível
visualizar alguns animais, como primatas e pequenos anfíbios.
Figura 18: Mato na trilha. Fonte: Campos e Paiva, 2013.
Um problema dela é ter muito mato e galhos caídos ao longo de sua extensão,
que é de 621,32 metros. Pode ser percorrida em cerca de 1 hora. Apresenta,
em geral, facilidade para caminhada. Porém, seu trecho final, a partir da
clareira, é íngreme (desnível de 10%) em um espaço de 112 metros.
Gráfico 3: Variação altimétrica da Trilha da Clareira. Fonte: Campos e Paiva, 2013.
3.3 – Síntese da caracterização das trilhas estudadas no IF Barbacena
Ao longo das seis trilhas pesquisadas existem várias espécies animais e
vegetais: são 91 espécies de animais encontradas nas matas (distribuídas em
46 famílias e 4 classes) e 140 de vegetais, pertencentes a 9 famílias
(correspondentes a 52,14% do total). Parte desse inventário pode ser
observada na tabela a seguir.
Tabela 1: Lista de animais encontrados nas matas do IF Barbacena.
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446
Classe
Nº de Famílias
Nº de Espécies
Exemplos
AMPHIBIA
2
3
Bufoniade
REPTILIA
5
9
AVES
31
69
Anguidae
Ardeidae
MAMMALIA
8
10
Fonte: Campos e Paiva, 2013.
Canidae
Tabela 2: Famílias de vegetais encontradas nas matas do IF Barbacena.
Família
Número de espécies
% do total
Myrtacea
35
12,5
Fabacea
31
11,07
Laurácea
21
7,5
Annonacea
12
4,3
Euphorbiacea
11
3,9
Rubiácea
10
3,57
Sapindácea
10
3,57
Meliácea
8
2,86
Melastomatacea
8
Fonte: Campos e Paiva, 2013.
2,86
447
Todo o conhecimento produzido nesta pesquisa (incluindo o levantamento de
espécies animais e vegetais a cargo dos professores colaboradores) será
utilizado em um Projeto de Extensão, em andamento, que tem por escopo
sinalizar as seis trilhas com totens, contendo mapa, fotos de animais
vertebrados e invertebrados, perfil altimétrico e tempo médio de caminhada. Ao
longo de cada trilha poderá ser observada a identificação das espécies
arbóreas. Pretende-se, ao final desta etapa extensionista, possibilitar o uso das
trilhas para fins educacionais do IF e de outras instituições, atendendo a
diversas áreas científicas.
Os resultados desta pesquisa estão sumariados abaixo, apresentando os
dados coletados in loco e as classificações adotadas para as trilhas (Extensão,
Intensidade, Nível Técnico e Formato).
Tabela 3: Classificação das trilhas quanto à extensão, intensidade, nível técnico e formato.
Nome da Trilha
Extensão
Intensidade
Nível técnico
Formato
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Trilha da Quadra
Curta
Leve
Fácil
Linear
Trilha das Rosas
Curta
Leve
Fácil
Linear
Trilha da Equoterapia
Curta
Leve
Fácil
Linear
Trilha do Lago
Curta
Leve
Fácil
Linear/Atalho
Trilha das Borboletas
Curta
Leve
Fácil
Linear/Atalho
Fácil
Linear
Trilha da Clareira
Curta
Leve
Fonte: Campos e Paiva, 2013.
Tabela 4
Síntese geral das características das trilhas.
Nome da Trilha
Extensão (m)
Desnível
(m)
Tempo médio de
caminhada (min.)
Trilha da Quadra
218, 22
15,14
15
Trilha das Rosas
315,74
28,11
20
Trilha da Equoterapia
453,08
21,63
20
Trilha do Lago
375,57
28
30
Trilha das Borboletas
951,38
80
45
448
Trilha da Clareira
621,32
110,79
Fonte: Campos e Paiva, 2013.
60
4. Conclusão
As trilhas são de boa acessibilidade e de acordo com as com as classificações
adotadas neste estudo, todas elas são consideradas de leve intensidade, de
curta distância, com o nível técnico fácil e com o formato linear (exceto a Trilha
das Borboletas e a Trilha do Lago, que também têm o formato em “atalho”).
Contudo, apresentam um problema em comum, que são os galhos caídos e o
mato excessivo em sua extensão, necessitando de capina periódica e
recolhimento dos galhos.
Elas possuem um ótimo potencial utilizável para educação ambiental, pela
presença de espécies vegetais e de animais nativos da região, além de ser
uma boa área de lazer, com clareiras, lagos e nascentes. Mesmo assim, para
que as trilhas sejam utilizadas de maneira adequada, ainda existe a
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necessidade de serem estudadas para melhor conhecimento de sua fauna e
flora, e a consequente exploração de todos os seus recursos.
5. Bibliografia
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Ambiental. Revista Brasileira de Ecoturismo. São Paulo, v.3, n.1, p.4760, 2010.
450
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas
ELABORAÇÃO DE ROTEIRO INTERPRETATIVO PARA A TRILHA DA
FONTE, PARQUE NATURAL MORRO DO OSSO, PORTO ALEGRE, RS.
Izadora Flores Rech15
Celson Roberto Canto Silva16
Resumo
Palavras-chave: Roteiro interpretativo; Trilha ecológica; Interpretação ambiental; Unidades de
Conservação; Parque Natural Morro do Osso.
Atualmente, a interpretação Ambiental desenvolvida em trilhas ecológicas é um
instrumento eficaz de gestão para Unidades de Conservação (UC), podendo
fortalecer a compreensão sobre a importância dessas áreas e do seu papel no
desenvolvimento das regiões. O Parque Natural Morro do Osso é uma UC de
proteção integral localizada na zona urbana de Porto Alegre, RS, que
apresenta um programa de interpretação ambiental desenvolvido em trilhas
ecológicas. A trilha da Fonte é o principal percurso utilizado neste programa,
atendendo grupos de estudantes, universitários e público em geral, mediante
agendamento prévio e orientação por parte de condutores credenciados para
esse fim. Apesar do pleno funcionamento do programa, ainda não foi
sistematizado um roteiro de interpretação ambiental específico para a trilha, de
modo a padronizar a orientação dada pelos condutores ou que possa ser
facilmente transmitido a eles em sua formação. Dessa forma, o objetivo deste
trabalho foi propor um roteiro interpretativo para a Trilha da Fonte, elaborado a
partir de metodologias específicas para esse fim. A metodologia consistiu nas
seguintes etapas: definição de temas e pontos interpretativos, inventário das
oportunidades interpretativas e elaboração do roteiro propriamente dito. Para a
definição dos pontos a serem interpretados utilizou-se o método Indicadores de
Atratividade de Pontos Interpretativos (IAPI). Em função das características
locais e interesse da gestão do parque, definiu-se um tema para a trilha
relacionado à variação da fisionomia vegetacional típica dos morros graníticos
de Porto Alegre. De dezessete pontos inicialmente considerados, foram
selecionados dez, nos quais foram investigados diversos aspectos da fauna,
flora, história e impacto humano. Por fim, foram elaborados 58 textos
15
Izadora.rech@hotmail.com Curso Superior em Tecnologia em Gestão Ambiental, Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Porto Alegre
Programa de Bolsas de Iniciação Científica e/ou Tecnológica do IFRS (BICET/BICTES)
16
celson.silva@poa.ifrs.edu.br Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul – Campus Porto Alegre
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orientadores sobre os aspectos investigados, constituindo-se no roteiro
interpretativo proposto.
Resumen
Palabras clave: Hoja de ruta interpretativa; sendero ecológico; interpretación
ambiental; Unidades de Conservación; Parque Natural Morro do Osso.
En la actualidad, la interpretación desarrollada en senderos ambientales es una
herramienta de gestión eficaz para las Unidades de Conservación (UC), que
puede reforzar la comprensión de la importancia de estas áreas y su papel en
el desarrollo regional. El Parque Natural del Morro do Osso es una UC de
protección integral situado en la zona urbana de Porto Alegre, que presenta un
programa de senderos de interpretación ambiental desarrollados. La pista da
Fuente es la ruta principal utilizada en este programa, servicio a grupos de
estudiantes, académicos y público en general, con cita previa y orientación de
controladores certificados para tal fin. Apesar de la plena vigencia del
programa, aún no fue sistematizada una hoja de ruta para la interpretación
ambiental específica a la pista con el fin de normalizar las orientaciones dadas
por los conductores o se puede transmitir fácilmente a ellos en su formación.
Por lo tanto, el objetivo de este trabajo fue proponer una hoja de ruta para la
Fuente sendero interpretativo, extraídos de metodologías específicas para este
fin. La metodología consistió en los siguientes pasos: definir los temas y puntos
de interpretación, inventario de oportunidades de interpretación y la
preparación de la propia escritura. Para la definición de los puntos a ser
interpretados utilizado el método Indicadores de Atractivo por Punto de
Interpretación (IAPI). Debido a las características e intereses de la gestión local
del parque, crear un tema para la variación ruta relacionada con la vegetación
típica fisonomía de colinas graníticas de Porto Alegre. Diecisiete puntos
considerados inicialmente, se seleccionaron diez de los cuales se investigaron
distintos aspectos de la fauna, flora, historia y el impacto humano. Por último,
hemos desarrollado 58 textos de orientación sobre los aspectos investigados,
lo que constituye el guión interpretativo propuesto.
1. Introdução
Diversas são as definições para interpretação ambiental (IA). A mais conhecida
e difundida delas vem de Freeman Tilden, considerado até hoje como
precursor dessa atividade. Para Tilden, a interpretação ambiental consiste em
“uma atividade educativa, que se propõe a revelar significados e inter-relações
por meio do uso de objetos originais, do contato direto com o recurso e de
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meios ilustrativos, em vez de simplesmente comunicar informação literal”
(TILDEN, 1977 apud PROJETO DOCES MATAS, 2002). Em Unidades de
Conservação (UCs), a interpretação ambiental não só tem importância
educativa, como também é importante no manejo dessas áreas, podendo
fortalecer a compreensão sobre a importância da UC e seu papel no
desenvolvimento
social,
econômico,
cultural
e
ambiental
da
região
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2006).
Muitos são os recursos e meios interpretativos que podem ser utilizados em
unidades de conservação, entretanto, o mais comum deles são as trilhas
interpretativas, que possibilitam ao observador in loco se sensibilizar, perceber,
refletir e compreender elementos, fenômenos e interações no meio natural que
aprendem na escola ou com a mídia, mas que normalmente não são
percebidos por ele no dia a dia, reformular seus valores e atitudes e também
desafiar seu corpo através de uma atividade física (IKEMOTO, 2008; AGUIAR
et al, 2010; NASCIMENTO, 2004).
453
Para obter sucesso com uma trilha (ou com qualquer outro recurso de
interpretação), é essencial o planejamento do processo interpretativo,
constituindo-se na elaboração de um roteiro interpretativo. A elaboração de um
roteiro permite que em uma trilha sejam trabalhados temas com enfoques
diferenciados através de uma organização lógica, que possa permitir a
compreensão do ambiente visitado pelo visitante (IKEMOTO, 2008). Com um
roteiro interpretativo, o visitante passa a compreender o ambiente de uma
forma integral e desperta para sua conservação. Uma trilha, quando bem
planejada, pode contribuir para o despertar da percepção dos visitantes quanto
ao ambiente natural em todas as suas escalas (COSTA & MELO, 2005).
O Parque Natural Morro do Osso (PNMO) é uma unidade de conservação de
proteção integral do município de Porto Alegre, RS. O parque foi criado em
1994, através da Lei Complementar nº 334 de 27 de dezembro de 1994, sendo
denominado na época Área Funcional de Parque Natural, com 114 hectares. É
rodeado por intensa urbanização, sendo constituído por formações florestais
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sob influência da Mata Atlântica e apresentando elevada biodiversidade, além
de áreas de grande beleza cênica, muito utilizadas pela comunidade do
entorno para o contato com a natureza (SESTREN-BASTOS, 2006).
No Plano de Manejo do PNMO consta o Subprograma de Interpretação e
Educação Ambiental, que tem por objetivo promover a compreensão do
ambiente natural do parque pelos seus visitantes, incentivando-os a contribuir
na proteção e preservação do mesmo. Segundo esse subprograma, as ações
de EA e IA ocorrerão sob a forma de palestras e trilhas orientadas por
funcionários do parque ou pessoas credenciadas (SESTREN-BASTOS, 2006).
A Trilha da Fonte é o principal percurso utilizado para o desenvolvimento da
educação e interpretação ambiental no parque. Trata-se de uma trilha circular,
guiada, de aproximadamente 3 km, que percorre as diferentes formações
vegetacionais presentes na unidade de conservação. A trilha percorre também
ambientes alterados pelo homem, sítios de valor histórico-cultural e locais de
rara beleza cênica.
Neste sentido, no intuito de qualificar o processo interpretativo, padronizando a
orientação dada pelos condutores e facilitando o processo de formação dos
mesmos, foi elaborado neste trabalho um roteiro interpretativo para a Trilha da
Fonte. Para tal, foram escolhidos temas interpretativos relacionados à trilha,
delimitados pontos de interpretação, desenvolvidos tópicos de interpretação a
partir do levantamento de dados e, a partir desses, elaboradas as informações
que comporão o roteiro interpretativo.
2. Metodologia
A metodologia utilizada foi baseada em propostas metodológicas para o
planejamento interpretativo de trilhas ecológicas de Magro & Freixêdas (1998)
e Vasconcellos (2003). Basicamente, segue as seguintes etapas: definição de
pontos interpretativos a partir da determinação dos temas a serem abordados,
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levantamento de dados ambientais e elaboração do roteiro interpretativo
propriamente dito.
2.1.
Definição dos pontos interpretativos
Para o desenvolvimento do roteiro interpretativo, foi necessário definir
previamente os pontos de interpretação da trilha. Para tal, foi utilizada a
metodologia de Indicadores de Atratividade dos Pontos Interpretativos (IAPI),
proposta por Magro & Freixêdas (1998). O IAPI tem por objetivo selecionar os
pontos mais atrativos para o visitante através de indicadores de atratividade e
consistiu na realização de cinco etapas:
1) Levantamento dos pontos iniciais para interpretação
O desenvolvimento da metodologia iniciou com a observação dos recursos
naturais e culturais encontrados na trilha, através de visitas a campo e com
base em informações dos gestores e funcionários do parque sobre a mesma.
Foram selecionados 17 pontos previamente, estes coincidentes com os já
utilizados pelos condutores do parque no processo de interpretação ambiental,
adicionados de dois pontos não utilizados por eles. Após a prévia seleção dos
pontos a serem submetidos à avaliação de atratividade, determinou-se o tema
a ser interpretado na trilha.
Para isso, seguiu-se o sugerido pelo Manual de Interpretação Ambiental do
Projeto Doces Matas (PROJETO DOCES MATAS, 2002), que indica
primeiramente escolher o tópico mais genérico, depois o tópico mais específico
e por fim, o tema interpretativo que deve ser comunicado e compreendido pelo
público. A definição do tema foi feita com base nas características da área, em
especial a diversidade de formações vegetais, e também no fato da unidade de
conservação estar inteiramente circundada pela malha urbana.
2) Levantamento e seleção de indicadores
Nesta etapa foi realizado um levantamento dos recursos potencialmente
presentes nos pontos pré-selecionados, identificando, portanto, indicadores de
atratividade para os mesmos. Foram definidos os seguintes indicadores:
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espaço disponível para o visitante, tipo de estímulo, presença de água,
vegetação diferenciada, presença ou sinais de animais, beleza cênica, valor
histórico-cultural, ocorrência de epífitas, ocorrência de bioindicadores, conforto
térmico e abordagem dos temas definidos.
3) Elaboração da ficha de campo
A partir da seleção dos indicadores, foi elaborada uma ficha de campo, para a
identificação da presença ou ausência dos indicadores nos pontos. Seguindo o
proposto por Magro & Freixêdas (1998), a cada indicador foi atribuído um valor
que corresponde a sua importância para a qualidade da experiência do
observador, variando de 1 (indicadores com pouco potencial de sensibilizar os
observadores) a 4 (indicadores com maior potencial de sensibilização). Neste
trabalho, alguns indicadores, como espaço disponível, estímulo, presença de
água, vegetação diferenciada, beleza cênica e conforto térmico, possuem mais
de um valor possível de ser atribuído, variando conforme a percepção do
observador (Figura 1).
456
Figura 1. Ficha de campo utilizada para seleção dos pontos de interpretação da Trilha da Fonte
do Parque Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS, através do uso da metodologia do IAPI.
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4) Uso da ficha de campo
O IAPI foi submetido a dezesseis alunos e um professor do curso Técnico em
Meio Ambiente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul (IFRS), Campus Porto Alegre. Em campo, a ficha foi utilizada
para observar se em cada ponto estavam presentes os indicadores definidos,
marcando-se na ficha o valor do indicador caso este estivesse presente no
ponto. Além disso, os indicadores presença de água, vegetação diferenciada,
beleza cênica e valor histórico-cultural, além de seus valores de atratividade,
foram valorados também de acordo com sua intensidade ou abundância (1=
presente; 3= predominante). Ao final, foi feito o somatório de cada indicador de
atratividade presente nos pontos, resultando no valor total para cada ponto.
5) Seleção final
Após a aplicação do IAPI, os dados das dezessete fichas foram repassados
para o software Excel, obtendo-se a média aritmética simples de cada ponto. A
partir da média final, os pontos foram ordenados de forma decrescente.
2.2.
Levantamento de dados ambientais
Após a determinação dos pontos interpretativos, a continuidade do trabalho
consistiu no inventariamento das oportunidades interpretativas de cada ponto
selecionado. Tal inventário foi feito a partir de saídas de campo e consistiu na
definição dos tópicos específicos a serem abordados nesses pontos, conforme
suas características e em face dos temas escolhidos para a trilha. Posterior à
definição dos tópicos, os dados ambientais foram coletados através de
levantamento secundário. Para o levantamento secundário foi realizada uma
busca no banco de dados disponível na sede administrativa do PNMO e na
Biblioteca Jornalista Roberto Eduardo Xavier da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente (SMAM), a fim de descobrir quais trabalhos já realizados no parque
poderiam auxiliar na elaboração do roteiro interpretativo. A principal fonte para
o levantamento secundário foi o Plano de Manejo do Parque Natural Morro do
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Osso (SESTREN-BASTOS, 2006), além de livros e artigos publicados em
revistas e periódicos.
2.3.
Elaboração do roteiro interpretativo
A partir do levantamento secundário de informações e de uma avaliação da
aplicabilidade das mesmas, foram elaborados e digitalizados textos que
auxiliarão na interpretação dos elementos presentes em cada ponto
selecionado na trilha.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1.
Definição dos pontos interpretativos
Na etapa de determinação dos pontos para a interpretação, em face da riqueza
de oportunidades interpretativas que a trilha oferece, foram escolhidos dois
temas para orientar a elaboração do roteiro interpretativo, conforme
apresentado na Figura 2.
458
Figura 1. Temas selecionados para interpretação ambiental na Trilha da Fonte do Parque
Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS.
Dos dezessete pontos considerados inicialmente, foram selecionados dez: os
oito primeiros que apresentaram melhor desempenho na análise, e outros dois
que, apesar de não terem obtido médias altas no IAPI , foram sugeridos pelos
gestores do parque para compor o roteiro interpretativo, por tratarem de
assuntos específicos e relevantes para o Parque. Constatou-se que a maioria
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dos observadores relacionou os 10 pontos primeiramente colocados com o
tema Diversidade Vegetacional e não com o tema Tensão Urbana. Mesmo os
pontos Pedreiras, Toca do sapateiro e Vista para o extremo sul - que
apresentam características histórica, cultural e social - foram relacionados à
vegetação. Segundo Ikemoto (2008), temas como “Floresta” (ou vegetação)
permitem trabalhar diversos aspectos presentes no espaço (flora, fauna,
homem, solo, água), suas inter-relações e seus usos possíveis, demonstrando
a importância desses recursos naturais no equilíbrio de todo o ecossistema.
Mas segundo a autora (op. cit.), é importante numa trilha interpretativa explorar
também as questões de cunho histórico e cultural para aproximar o assunto ao
cotidiano do observador.
459
Figura 2. Ordenamento dos Pontos Interpretativos da Trilha da Fonte, do Parque Natural Morro do Osso,
Porto Alegre, RS, conforme o IAPI, e percepção dos temas abordados. Os pontos selecionados para
compor o programa interpretativo estão destacados em negrito.
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Percebe-se também que os quatro pontos mais atrativos foram aqueles que
apresentam recursos estéticos relevantes, como a presença de um corpo
d’água ou vista panorâmica. De acordo com Magro & Freixêdas (1998), esses
recursos
apresentam
efeitos
positivos
sobre
as
trilhas,
alcançando
normalmente as maiores pontuações, pois a beleza estética do sítio incentiva a
apreciação do turista pela área que está visitando.
Além disso, diversos autores (LITTON et al, 1974; OLIN & BOYLE, 1971;
USDA, 1974; ZUBE, 1970;) citados por Griffith (1983) consideram que as
paisagens mais variadas quanto as suas formas, texturas, linhas, cores e
contrastes são mais valorizadas pelos observadores. Por outro lado, os dois
pontos com menor pontuação (Vassoural e Corredor de vegetação) foram
aqueles que, apesar de possuírem grande potencial de interpretação, não
apresentaram indicadores de atratividade relevantes. Costa & Melo (2005)
também consideram que áreas mais impactadas, com menor beleza cênica,
podem interferir na apreciação do espaço pelo visitante, como o que ocorre no
Vassoural.
Observando-se na Figura 4 os pontos selecionados com seus índices de
atratividade, conforme sua localização na trilha. Percebe-se que a Trilha da
Fonte possui diversidade de elementos no decorrer do seu percurso, o que é
importante para que a atividade não se torne monótona para o observador
(PROJETO DOCES MATAS, 2002).
A trilha começa com o ponto considerado menos atrativo (Vassoural) e vai
seguindo seu caminho até atingir o máximo de atratividade, no ponto “Fonte”.
Desse ponto em diante a atratividade cai um pouco, mas mantém-se na média
até o final da trilha.
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Figura 2. Pontos de interpretação e seus índices de atratividade selecionados por meio da
aplicação do IAPI para a Trilha da Fonte do Parque Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS,
conforme sua localização na trilha.
Outro ponto favorável na Trilha da Fonte é que ela é circular, com algumas
curvas, ou seja, além de permitir que o visitante possa voltar ao ponto de
partida sem repetir o percurso já realizado, as curvas dificultam o observador
de avistar o próximo ponto, o que aguça sua curiosidade e deixa o percurso da
trilha mais interessante. Além disso, a maior parte dos pontos está localizada
na primeira metade da trilha, quando os visitantes ainda estão dispostos e
focados na interpretação ambiental (PROJETO DOCES MATAS, 2002).
3.2.
Levantamento de dados ambientais
Para cada ponto interpretativo foram delimitados os tópicos genéricos conforme
suas características e, a partir desses, foram definidos tópicos mais
específicos.
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Os tópicos específicos abordam temas como fauna, flora, aspectos
geográficos, geologia, atividades antrópicas, uso de recursos naturais,
impactos ambientais, aspectos histórico-culturais, preservação do patrimônio,
entre outros. Na figura abaixo pode ser observado os tópicos específicos
definidos para cada ponto interpretativo.
Ponto interpretativo
Vassoural
Mata das acácias
velhas
Entrada da mata
higrófila
Fonte
Tópicos específicos
- Sucessão vegetal:
• Transição campo-floresta;
• Condições ambientais;
• Relação sucessão campos-florestas em função da ausência
do fogo, do pastejo e do clima mais quente;
- Espécies pioneiras;
- Estágio inicial
- Fauna associada;
- Bioindicadores vegetais de impacto da visitação na trilha.
- Plantas exóticas;
- Fungos em acácias mortas (processo de decomposição);
- Produção de serrapilheira;
- Acácia negra:
• Origem;
• Histórico de introdução no parque;
• Porque está ali?
• Utilidade;
• Relação com a sucessão vegetal;
• Fase da sucessão vegetal;
• Fauna associada;
• Fauna não associada;
• Problemas relacionados com a acácia.
- Sucessão vegetal:
• Estágios de transição ou clímax?
- Composição florística;
- Presença de cipós e outras epífitas
- Perfil da vegetação em relação ao terreno;
- Fauna associada.
- Importância da água em um ecossistema;
- Nascente e foz da fonte;
- Vegetação associada;
• Mata ciliar;
• Porte da Mata;
• Profundidade do solo;
• Umidade do solo;
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Pedra no meio do
caminho
Pedreiras
Toca do sapateiro
Trilha com vista para
o extremo sul
Platô
Pé-de-Deus
- Fauna associada.
- O que são matacões?;
- Formação geológica do Morro do Osso
• Morros graníticos de Porto Alegre;
• Como se formam os matacões?;
- Intemperismo e formação do solo;
- Sucessão ecológica em rochas;
- Liquens associados;
- Mensagem filosófica;
- Diversidade em uma escala espacial reduzida.
- Uso do granito;
- A extração no passado;
- Impacto da extração no ecossistema;
- Impacto antrópico (mensagem final);
- Recuperação da floresta.
- Lendas;
- Explicações científicas:
• Água;
• Paleotocas;
- Curiosidade humana.
- Vista do relevo (diferentes formações vegetais);
- Vista do entorno (outros morros);
- Lago Guaíba;
- Impacto da visitação e manejo da erosão.
- Vegetação de campo:
• Características;
• Histórico;
- Explicação geológica;
- Aspectos geográficos:
• Delta do Jacuí;
• Planalto Sul-Riograndense;
• Relação sucessão campos-florestas em função da ausência
do fogo, do pastejo e do clima mais quente;
• Dinâmica dos mosaicos vegetacionais.
- Origem da lenda;
- Relação com os índios;
- Preservação do patrimônio histórico-cultural;
Figura 5. Tópicos específicos utilizadas na elaboração do roteiro interpretativo da Trilha da Fonte, Parque
Natural Morro do Osso, Porto Alegre, RS, por ponto interpretativo.
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3.3.
Elaboração do roteiro interpretativo
A partir do levantamento secundário, realizado conforme os tópicos específicos
e as referências citadas anteriormente, foram elaborados 58 textos, que
comporão o roteiro interpretativo para a Trilha da Fonte. A Figura 6 apresenta
alguns exemplos do roteiro interpretativo elaborado para a trilha da Fonte.
Vassoural
O vassoural é uma vegetação que caracteriza a transformação gradativa do campo
em mata. Este processo ocorre naturalmente nas áreas do parque perturbadas por
fogo ou anteriormente utilizadas para o pastejo do gado. As espécies presentes são
adaptadas à alta incidência de luz e a solos arenosos, secos e ácidos. As vassouras
vermelhas e as vassouras brancas são as espécies que predominam no estrato
arbustivo, enquanto os gravatás e o alecrim do campo são abundantes no estrato
herbáceo.
Mata das acácias velhas
Neste ponto, a espécie que mais se destaca é a acácia-negra (Acacia mearsii), que é
uma espécie exótica. Espécies exóticas são aquelas não pertencentes a um
determinado local, sendo introduzidas nesses ambientes principalmente através de
ações humanas (SETUBAL et al, 2011).
Entrada da mata higrófila
A mata higrófila é a floresta encontrada nas porções mais baixas, nos vales e nas
encostas mais úmidas na porção sul do morro (SETUBAL et al, 2011; BRACK, 2006).
Essas condições proporcionam maior proteção à radiação solar e ao ressecamento
provocado pelos ventos na porção norte do morro (SESTREN-BASTOS, 2006).
Fonte
A disponibilidade da água determina a localização e a morfologia dos vegetais
(DAJOZ, 2006). Nesse ponto da trilha percebe-se uma maior umidade devido à
presença da fonte. A maior profundidade dos solos junto com a umidade e com a
maior capacidade de armazenamento de água permitem a presença de árvores de
grande porte que continuam a crescer mesmo em períodos mais secos, devido ao
seu sistema radicular bem desenvolvido (BACELLAR, 2005).
Pedra no meio do caminho
Matacões são blocos de rocha superficialmente expostos, com formato normalmente
arredondado devido ao intemperismo (CORSINI, 2011). O intemperismo se resume a
processos físicos, químicos e biológicos que modificam, desintegram e decompõem a
rocha, transformando-a em solo (CHANG; BASTOS, s/d). A ação dos ventos, a
variação da temperatura e a ação das chuvas são exemplos de processos envolvidos
no intemperismo.
Pedreiras
Percebeu como estas pedras de granito apresentam formas retilíneas? Vemos isso
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
464
hoje porque o Morro do Osso sofreu extração de granito até a década de 1980,
quando os blocos de granito eram partidos com dinamite para facilitar seu posterior
transporte e comercialização (SESTREN-BASTOS, 2006; FUHR et al, 2012). O
granito é bastante utilizado na construção civil, no calçamento de ruas, e foi usado
em obras do patrimônio histórico, cultural e religioso de Porto Alegre, como a
Catedral Metropolitana, o Museu Julio de Castilhos, o Museu de Artes do Rio Grande
do Sul, entre outros. (FUHR et al, 2012; PHILIPP et al, 2009)
Toca do sapateiro
Estas cavidades são conhecidas no parque como Toca do Sapateiro. As tocas
possuem esse nome, pois, segundo uma lenda, um sapateiro da região cometeu um
crime passional e, para se esconder das acusações, acabou passando anos vivendo
numa dessas tocas, dando origem ao nome das mesmas (PRADELLA, 2008).
Trilha com vista para o extremo sul
Você sabia que em Porto Alegre há 44 morros graníticos? Do Morro do Osso é
possível observar outros morros de Porto Alegre, como o do Sabiá, o da Ponta
Grossa, Santa Tereza, Agudo, das Abertas e Teresópolis.
Platô
No Morro do Osso, as áreas de topo e com orientação norte apresentam vegetação
predominantemente campestre, composta basicamente por gramíneas de folhagem
fina e leguminosas. Isso acontece possivelmente porque essas áreas recebem maior
insolação e, também, porque o solo é mais raso, o que favorece o desenvolvimento
de espécies herbáceo-arbustivas mais tolerantes à escassez de água. Mas o fato da
vegetação ser composta em sua maioria por gramíneas não significa que nos
campos não haja diversidade, pelo contrário, nos campos do Morro do Osso são
encontradas mais de 200 espécies vegetais (SESTREN-BASTOS, 2006; SETUBAL
et al, 2011).
Pé-de-Deus
O Pé-de-Deus é um grande matacão granítico encontrado próximo ao topo do morro,
apoiado em outros matacões formando uma pequena gruta (PRADELLA, 2008). Visto
de baixo, parece um grande pé pronto a pisar na terra, parecendo o pé de Deus.
Figura 6. Exemplos do roteiro interpretativo elaborado para a Trilha da Fonte.
4. Considerações finais
A Trilha da Fonte apresenta algumas características próprias da interpretação
ambiental: é prazerosa, parcialmente provocante, divertida e significativa.
Entretanto, a trilha ainda não possuía um roteiro interpretativo formalmente
desenvolvido, não sendo possível avaliar se estava organizada em torno de um
tema interpretativo que integrasse a interpretação do ambiente como um todo.
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A metodologia utilizada para a primeira etapa do trabalho alcançou seu
objetivo, proporcionando a seleção dos pontos interpretativos a partir da
percepção ambiental de um grupo de visitantes e com base ainda na
experiência já acumulada pelos trabalhadores do parque. A partir da aplicação
do método IAPI foi possível selecionar com menos subjetividade os pontos de
interpretação da trilha que mais apresentam maior atratividade para os
observadores. Evidenciou, entretanto, que o IAPI não é um método fechado ou
impositivo, mas que visa somente auxiliar na escolha dos pontos interpretativos
e não defini-los. Prova disso é que dois dos pontos selecionados para compor
o programa interpretativo da Trilha da Fonte não estavam entre aqueles que
obtiveram melhores médias de atratividade, mas mesmo assim foram incluídos
no roteiro a partir de sugestões dos gestores do parque.
Na segunda etapa da metodologia, o levantamento dos dados para a
confecção dos textos abordou diversas temáticas, indo além das ciências
ambientais, procurando proporcionar ao visitante uma visão holística da trilha
em estudo. É preciso ressaltar, entretanto, que existem muitas lacunas de
informações a serem preenchidas com relação à trilha abordada, necessitando,
dessa forma, que pesquisas sejam desenvolvidas neste sentido. Estas
pesquisas, dentro do possível, devem ser direcionadas especificamente ao
ambiente da trilha, de modo que os dados obtidos possam ser plenamente
aproveitados no processo interpretativo. Informações sobre a identificação de
espécies da fauna e flora associadas aos pontos interpretativos são exemplos
de estudos que podem ser realizados.
A elaboração dos textos para subsidiar o processo interpretativo parece ser
uma medida importante para que haja uma maior padronização da atuação dos
condutores na trilha. Por outro lado, tais textos facilitarão o processo de
formação de novos condutores para a trilha.
Espera-se que os resultados obtidos neste trabalho possam contribuir
efetivamente para o incremento da Interpretação Ambiental no PNMO.
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GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas
PLANEJAMENTO, MANEJO DE TRILHAS E SOCIEDADE. VALORAR É
PROTEGER
Jorcelino Rinalde de Paulo17
Resumo
Palavras chaves: Valoração ambiental. Cartilhas digitais. Campos Novos – RJ. Trilhas em
locais preservados. Ferramenta inovadora
Diante da exploração de trilhas em áreas protegidas surge a necessidade de se
buscar elementos que auxiliem uma melhor relação entre o homem e a
natureza. Para tanto, alinhado ao pensamento adotado pela Geografia Física
Ambiental que enfatiza o estudo da sustentabilidade como principal aliado ao
desenvolvimento de tecnologias, estão sendo desenvolvidas Cartilhas Digitais
(arquivo digital) para diagnóstico e divulgação do potencial socioambiental da
região de Campos Novos – RJ, através de eventos estudantis locais. As
Cartilhas são elaboradas em arquivos do LibreOffice Impress, arquivo livre de
projeto brasileiro, que possibilita a constante atualização de seu conteúdo, bem
como sua distribuição e divulgação direta; Sua estrutura está disposta em
tópicos que descrevem os aspectos físicos, geográficos, socioculturais,
ambientais e econômicos da região. Espera-se que a utilização destas cartilhas
durante o processo da visitação, facilite a assimilação de informações
geográficas, ecológicas e sociais para o público participante, contribuindo para
o aumento da percepção e valoração ambiental e para uma melhor análise do
cenário natural frequentado.
.
Resumen
Palabras clave: Valoración ambiental. Folletos digitales. Campos Novos - RJ. Senderos en
sitios conservados herramientas inovadoras
17
rinaldeambiental@hotmail.com.br Gestor Ambiental, Especialista em Gestão Ambiental
Empresarial e Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UERJ – (CEDERJ Pólo Niterói – RJ)
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Teniendo en cuenta las rutas de exploración en áreas protegidas proviene la
necesidad de encontrar los elementos que ayudan a una mejor relación entre el
hombre y la naturaleza. Por lo tanto, en línea con el pensamiento adoptada por
Geografía Física Ambiental, que hace hincapié en el estudio de la
sostenibilidad como principal aliado del desarrollo de las tecnologías se están
desarrollando primers digital (archivo digital) para el diagnóstico y divulgación
del potencial ambiental de la región de Campos Novos - RJ través eventos
estudiantiles locales. Los cebadores se diseñaron en los archivos de
LibreOffice Impress, conexión del proyecto brasileño de archivos, que permite
la actualización constante de los contenidos, así como su distribución y difusión
directa; Su estructura se organiza en temas que describen las características la
información de los beneficios geográficos, ecológicos y sociales a los que el
público participa, contribuyendo al aumento de la conciencia y la valoración del
medio ambiente y un mejor análisis del paisaje natural frecuentado.
1. Introdução.
Nos dias atuais a prática de atividades voltadas para a interação do homem
com a natureza está inserida em uma longa lista de possibilidades, e dentre
elas podemos destacar a realização de trilhas localizadas em regiões
ambientalmente protegidas. Durante o exercício desse tipo de atividade é
possível identificar que, sob o ponto de vista de seu potencial para a
preservação e conservação da área que está sendo visitada, há uma crescente
necessidade do surgimento de melhores técnicas de manejo e gestão para sua
realização. Visando viabilizar uma pesquisa que colabore para o surgimento de
novas tecnologias que permitam um contato com o cenário natural protegido de
maneira mais segura e sustentável, este estudo trás uma proposta que aborda
o desenvolvimento de Cartilhas digitais, inicialmente projetadas para a
localidade de Campos Novos – RJ, que possam ser utilizadas como
ferramentas facilitadoras e disseminadoras de informações estratégicas da
região visitada, buscando aperfeiçoar o conhecimento local disponível, bem
como, tornar a prática de trilhas em áreas preservadas uma atividade mais
segura e planejada.
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2. Manejo de Trilhas e Cartilhas Digitais.
Diante das tecnologias eletrônicas dos tempos modernos é muito importante
reconhecer
a
necessidade
de
se
inserir
ferramentas
digitais
no
desenvolvimento e criação de novos estudos e análises científicas, pois suas
funcionalidades permitem um maior dinamismo e aplicabilidade dos projetos e
pesquisas atuais. Portanto, nesse trabalho o uso de Cartilhas digitais está
inclinado em contextualizar o contato do homem com a natureza preservada
sob a ótica digital, utilizando-se de suas facilidades e modernizações.
De acordo com o pensamento adotado pela Geografia Física Ambiental cujo
objeto de análise está nas implicações socioambientais das relações entre as
sociedades humanas e o espaço geográfico que estas ocupam, incluindo
interações com ambientes naturais, esta pesquisa busca elementos que
possam minimizar os impactos ambientais decorrentes do contato direto com o
a natureza, bem como o uso sustentável e uma melhor valorização ambiental
de suas paisagens naturais.
A análise paisagística é o conjunto de métodos e procedimentos técnicoanalíticos que permitem conhecer e explicar a estrutura da paisagem, estudar
suas propriedades, índices e parâmetros sobre a dinâmica, a história do
desenvolvimento, os estados, os processos de formação e transformação da
paisagem e a pesquisa de paisagens naturais, como sistemas manejáveis e
administráveis (RODRIGUEZ; SILVA; CAVALCANTI, 2007, p. 40).
Sob este enfoque e tomando por base os fundamentos da Geografia Física
Ambiental este trabalho trás um estudo parcial do potencial socioambiental que
a localidade de Campos Novos, situada no 2º Distrito da Cidade Litorânea de
Cabo Frio, Região dos Lagos – RJ, Brasil, possui para colaborar no processo
de formação de uma melhor estrutura e gerenciamento de trilhas em locais
preservados. A região da pesquisa está situada em uma área de propriedade
da União, cujo acesso é restrito e protegido. Tais características permitem que
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o bioma local esteja plenamente conservado, tornando-se assim um importante
vetor para realização desta experiência.
Durante as primeiras incursões nessa área geográfica foi possível coletar
informações que serão utilizadas como subsídio inicial do banco de dados
desta pesquisa, viabilizando desta forma o começo da divisão e mapeamento
de suas características. Buscando traçar um raciocínio lógico e uma melhor
forma para demonstração e discussão do potencial desta localidade no
processo de melhoramento de uso e gestão de trilhas em locais
ambientalmente protegidos, este trabalho versará, exclusivamente, sobre os
aspectos ambientais dessa região, reservando as outras temáticas para futuros
estudos que levarão à conclusão desse projeto inovador.
Face ao exposto, durante o exercício de trilha no interior daquele território é
possível observar que inúmeros espécimes animais peçonhentas habitam
aquele lugar e são facilmente avistadas durante a realização dessas atividades.
Dentre elas podemos citar a cobra jararaca dormideira, a cobra coral
verdadeira, a aranha marrom e a aranha armadeira (todas identificadas por
seus nomes populares). Diante dessas informações fica clara a necessidade de
uma maior difusão do potencial sustentável e preservador que a pratica de
trilha possui ante o local preservado, pois poucas pessoas são capazes de
identificar que além de possuírem o dever de manterem conservados os habitat
naturais desses animais, suas ações ainda podem contribuir para um potencial
risco de acidente com essas espécies, podendo causar sérios riscos para a
vida humana.
Diante dessas circunstâncias esse estudo busca explicitar que a ausência de
informações referentes ao local que está sendo explorado turisticamente, pode
contribuir tanto para apontar deficiências na gestão dessa atividade, como para
identificar riscos potenciais à saúde de seus praticantes, além de sérios
desafios para uma eficaz preservação da fauna existente na região.
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473
O uso de Cartilhas digitais estruturadas em uma base de dados composta de
conhecimentos estratégicos sobre a região visitada está sendo elaborado com
o propósito de servir como elemento facilitador ou complementar de
informações pré-existentes do lugar da visitação, representando não apenas
uma forma mais eficiente de interação com o meio natural, mas também como
um método mais adequado para valoração e entendimento da importância de
se conservar e preservar o meio ambiente local.
O protótipo dessa tecnologia está em fase de desenvolvimento inicial, e
preliminarmente estruturado no LibreOffice Impress, que é uma plataforma
livre, de fácil manuseio e de boa dinâmica para a elaboração de tópicos,
tabelas e gráficos descritivos. Este projeto está disposto em temas que
descrevem os aspectos físicos, geográficos, socioculturais, ambientais e
econômicos da região a ser visitada, possibilitando uma reunião de dados que
permitirão uma melhor dinâmica na visualização do espaço geográfico
explorado. Um esboço de sua estrutura interna pode ser observado nas figuras
474
abaixo:
Campos Novos - RJ
●
Aspectos
●
Geográficos
●
Aspecto
Socioculturais
Aspectos
●
Ambientais
●
Aspectos
Físicos
Aspectos
Econômicos
●
Aspectos de
Riscos
Figura: 3 Ilustra o Layout interno principal do protótipo - Cartilha digital.
Fonte: Autor da pesquisa.
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●
●
Aspectos Ambientais
Flora Local
●
Fauna Local
●
Animais
Peçonhentos
●
Espécies
Raras
●
Qualidade do
Ar
●
Impactos
Ambientais
Figura 2: Ilustra o Layout interno secundário do protótipo - Cartilha digital.
Fonte: Autor da pesquisa.
De acordo com os exemplos acima, essa pesquisa propõe uma variada gama
de informações possíveis em cada tópico, que podem contribuir para o
aumento futuro da difusão do conhecimento sobre a prática segura de visitação
em locais preservados, além de uma reflexão mais profunda sobre o
comportamento sustentável nesses espaços naturais. Tais indicadores também
permitem a expectativa de uma maior valorização da preservação das espécies
nativas de cada região, uma melhor análise e admiração de seu habitat natural,
bem como a colaboração direta sobre a importância e real necessidade do
incentivo do uso de equipamentos e acessórios adequados de segurança para
a realização desse tipo de atividade.
2.1 Abordagens Específicas.
Para uma melhor análise e demonstração da viabilidade e eficácia do uso de
Cartilhas digitais em trilhas em locais protegidos, este estudo abordará apenas
uma do total das variantes que compõe o aspecto ambiental da região de
Campos Novos – RJ. A variante selecionada é a que trata dos animais
peçonhentos
da
região,
cujo
desconhecimento
de
seus
hábitos
e
características pode ocasionar risco de acidentes ou incidentes durante a
realização de trilhas nessa localidade, principalmente pela falta de informações,
ao público visitante, da existência dos mesmos em abundância nessa região.
Sob esta ótica podemos observar que é de suma importância a elaboração de
novos meios tecnológicos de interação para minimizar possíveis impactos
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475
sobre a população dessas espécies, bem como prevenir imprevistos com os
adeptos dessa modalidade de contato com natureza.
A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de
pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no
caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais
(DONAIRE, 1999). De acordo com esse conceito, o processo sistemático de
construção deste estudo foi estruturado em pesquisas exploratórias que
proporcionaram a concretização de entrevistas com cerca de 30 (trinta)
indivíduos colaboradores, que participaram ativamente desta fase de
experimentos preliminares. Esse evento permitiu uma familiarização com os
arquivos digitais contendo informações individualizadas sobre os principais
tipos de animais venenosos naturais do local da pesquisa. Como metodologia
escolhida para coleta de dados resultantes desta etapa do estudo, foi utilizada
a técnica de observação em pesquisa de campo, com base na interpretação
indutiva, a partir da qual os colaboradores puderam avaliar de forma criteriosa
a viabilidade da aplicação das Cartilhas digitais em trilhas realizadas em locais
protegidos. Estes experimentos foram realizados na região de campos Novos RJ durante o mês de setembro de 2013.
Do total de 100%
a. - Dados obtidos na fase preliminar da pesquisa:
Jararaca dormideira
Coral verdadeira
Aranha armadeira
Aranha marrom
Espécies existentes na região de Campos Novos -RJ
Figura 4: indica o percentual de colaboradores que sabiam da existência das espécies.
Fonte: o autor da pesquisa.
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476
Podemos perceber que menos de 10% do total de participantes possuíam o
conhecimento da existência dessas espécies venenosas em regiões de trilhas
situadas naquela localidade geográfica; demonstrando que a falta de
informações sobre as características do lugar é uma potencial deficiência na
Do total de 100%
prática dessa atividade.
Jararaca dormideira
Coral verdadeira
Aranha armadeira
Aranha marrom
Espécies existentes na região de Campos Novos -RJ
Figura 4: indica o percentual de colaboradores que sabiam dos efeitos de um acidente com
essas espécies.
Fonte: O autor da pesquisa.
Diante deste outro indicador podemos analisar que menos de 30% dos
participantes possuíam o conhecimento do nível de periculosidade que
acidentes com essas espécies podem causar a saúde humana, especialmente
as duas espécies de aranhas citadas acima. Como referência segue abaixo
algumas características de um acidente com esses dois espécimes animais:
Aranha armadeira: A ação de seu veneno é neurotóxica ou cardiotóxica. No
Brasil, é a segunda aranha que mais causa acidentes, perdendo apenas para a
aranha-marrom. Os pontos de
inoculação
sobre a pele são
vistos
acompanhados de inchaço, vermelhidão e sudorese local. A dor é queixa
comum, pode ser local ou irradiada tem intensidade variada e é acompanhada
e parestesias (formigamento). Dependendo do estado da pessoa, além da dor,
os
sintomas
mais
comuns
são
taquicardia
com
alterações
no
eletrocardiograma, hipertensão arterial, sudorese com visão turva e vômitos
ocasionais. (Em http://pt.wikipedia.org/wiki/Armadeira)
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
477
Aranha-marrom: Conhecidas por sua picada necrosante. No ato da picada há
pouca ou nenhuma dor e a marca é praticamente imperceptível. Depois de 12 a
14 horas ocorre um inchaço acompanhado de vermelhidão na região (edema e
eritema, respectivamente), que pode ou não coçar. Também pode ocorrer
escurecimento da urina e febre. Com o avanço (sem tratamento) da picada, o
veneno (dependendo da quantidade inoculada) pode causar necrose do tecido
atingido,
falência
renal
e,
em
alguns
casos,
morte.
(Em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aranha-marrom)
Do total de 100%
Maior segurança
Melhor uso da trilha
Interpretação do
espaço
Mario preservação
Cartilhas digitais em trilhas protegidas na região de Campos
Novos -RJ
Figura 5: indica os pontos positivos do emprego das Cartilhas digitais.
Fonte: o autor da pesquisa.
Nesse gráfico, a descrição de elementos favoráveis a aplicação desta
tecnologia em trilhas preservadas demonstra indícios significativos de que seu
uso aponta para um importante avanço no planejamento desse tipo de
atividade, principalmente naquelas regiões que possuem populações de
animais como os citados nesta pesquisa.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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Do total de 100%
Segurança parcial
Uso igualitário
Interpretação igual
Preservação parcial
Cartilhas digitais em trilhas protegidas na região de Campos Novos RJ
Figura 6: indica os aspectos negativos do emprego das Cartilhas digitais.
Fonte: o autor da pesquisa.
Tal fato também permite que o praticante de trilha possua um alerta situacional
mais aguçado, aumentando a segurança no ecoturismo realizado em
ambientes que ainda preservam suas condições naturais.
479
Podemos perceber que menos de 10% dos participantes possuem posição
contrária ou não souberam se posicionar sobre a importância dessa técnica em
eventos de trilha em local preservado. Alguns questionamentos sobre a
utilização dessa ferramenta foram levantados pelos colaboradores, e dentre
eles destacamos o que se refere ao uso de aparelhos eletrônicos em meio à
natureza,
diante
de
intempéries
ou
de
características
climáticas
de
determinadas épocas do ano.
Porém, vale ressaltar que este estudo está pautado para melhoria do processo
de uso e gestão de trilhas em ambientes preservados e não possui o objetivo
de dirimir todas as questões que envolvem a interação do homem nesses
ambientes naturais, mas sim colaborar para que esse processo possa ser feito
de uma maneira mais segura e racional.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
3. Conclusão.
Por fim, podemos concluir que com base nos resultados preliminares obtidos
na região de Campos novos – RJ é possível avaliar que as Cartilhas digitais
podem representar, no futuro, uma importante ferramenta para disseminação
de características singulares de áreas escolhidas para a prática de trilhas.
Essas evidências permitem também apontar que as visitações podem ser
analisadas sob outro enfoque ou abordagem, cujo teor produza novas visões
referentes aos aspectos de segurança individual e maior viabilidade de
informações para realização dessas atividades.
Sob a ótica da variante isolada para avaliação é possível analisar, através dos
resultados obtidos, que o papel facilitador das Cartilhas digitais apresenta um
potencial conservador, assim como um indicativo para uma melhor gestão e
uso público de trilhas, pois aumentam as condições de segurança e permitem
um maior conhecimento das características particulares da paisagem natural a
ser explorada.
Portanto, diante desses fatos, este estudo proporciona a
possibilidade de reafirmar que o uso de técnicas inovadoras como as
empregadas por esses arquivos digitais, serve de parâmetro inicial para um
melhor manuseio e prática dessa modalidade de interação entre o ser humano
e o ambiente natural conservado e protegido.
4. Bibliografia:
A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. Hucitec, São
Paulo, 1996. (3ª edição: 1999);
RODRIGUEZ, José Manoel Mateo et al. Geoecologia da paisagem: uma
análise geossistêmica da análise ambiental. Edições: UFC, Fortaleza,
2007;
MORAES, Antonio Carlos Robert. Meio ambiente e ciências humanas. São
Paulo; Rio de Janeiro: HUCITEC, 1994. 100p. (Série “Linha de Frente”);
DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 1999;
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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WIKIPEDIA. Armadeira. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Armadeira em
15 de setembro de 2013;
WIKIPEDIA.
Armadeira-marrom.
Disponível
em
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Armadeira em 15 de setembro de 2013;
Libreoffice Impress. Disponível em http://pt-br.libreoffice.org/libreoffice/impress/ em
05 de setembro 2013; e
A defesa contra o ophidismo: 100 anos depois: comentários./Instituto Vital
Brazil;Casa de Vital Brazil;Fundação Butantan. Niterói: Vital Brazil,2011.
Agradecimentos:
Agradeço profundamente ao professor e pesquisador de animais peçonhentos,
reconhecido pela colaboração internacional e nacional em atividades do
Instituto Vital Brazil, Ademir da Silva Santana, pela avaliação crítica dos dados
deste projeto de pesquisa, contribuindo fundamentalmente para a seriedade e
veracidade das informações aqui apresentadas.
481
A minha esposa Ana e aos meus filhos Nícolas e Nathália, os meus mais
sinceros agradecimentos; que Deus os abençoe sempre.
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GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas
PROPOSTA PARA A IMPLANTAÇÃO DE UMA TRILHA INTERPRETATIVA
NA FLORESTA ESTADUAL “EDMUNDO NAVARRO DE ANDRADE”
– RIO CLARO, SP
Larissa Ikeda Piedade18
Profa. Dra. Solange Terezinha de Lima Guimarães19
Resumo
Palavras chave: Trilha interpretativa; Educação ecológica; Pedagogia Waldorf; FEENA;
Interpretação ambiental.
Numa época em que as pessoas se voltam cada vez mais para as inovações
tecnológicas e para as redes virtuais, uma interação de maior proximidade com
o meio ambiente pode lhes proporcionar experiências sensibilizadoras. Um dos
instrumentos que facilita esta aproximação é a trilha interpretativa: a sua
utilização numa Unidade de Conservação (UC) permite maior contato do
visitante com os elementos da natureza. Esta pesquisa, em andamento, tem
como objetivo propor a implantação de uma trilha interpretativa na Floresta
Estadual “Edmundo Navarro de Andrade” (FEENA) em Rio Claro (SP) com
bases teóricas da Pedagogia Waldorf. A trilha proposta é destinada a
educandos de 07 a 14 anos, período em que a sensibilização está mais
apurada no ser, segundo o ensino Waldorf. Ao longo do percurso da trilha,
propomos atividades educativas nos pontos de interpretação: contação de
história com a temática meio ambiente; “fotografar” o lugar com um desenho;
criação de música com sons produzidos pelo corpo e por elementos da
natureza; guia com olhos vendados e roda para compartilhar as experiências.
Como parte das atividades de uso público, proporcionam um contato mais
próximo e harmônico do indivíduo consigo mesmo, com os outros e com o
mundo natural, bem como servem de subsídios para os programas de uso
público e educação ambiental da UC. O processo de sensibilização ambiental
no contexto da FEENA, que possui alta valoração paisagística, se desenvolve
através de sensibilidades do mundo exterior e interior e pela geração de
imagens, pensamentos, sentimentos e relações de interdependências. Assim, a
educação ecológica pode possibilitar mudanças e formação de valores e
atitudes sensíveis aos educandos em relação ao meio ambiente.
18
19
larissaikeda@hotmail.com Geografia, IGCE-UNESP, Campus Rio Claro
hadra@uol.com.br Depto. de Geografia, IGCE-UNESP, Campus Rio Claro
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Palavras chave: Trilha interpretativa; Educação ecológica; Pedagogia Waldorf;
FEENA; Interpretação ambiental.
Resumen
Palabras clave: Sendero interpretativo; Educación ecológica; Pedagogía
Waldorf; Bosque Estatal Edmundo Navarro Andrade; Interpretación ambiental.
En una época en que las personas recurren cada vez más hacia a las
innovaciones tecnológicas y las redes virtuales, la interación de cercania con el
medio ambiente les puede proporcionar experiencias sensibilizadoras. Una
herramienta que facilita este enfoque es el sendero de interpretación: su uso en
el área de conservación permite un mayor contacto del visitante con los
elementos de la naturaleza. La investigación, en curso, tiene como objetivo
proponer la implementación de un sendero interpretativo en el Bosque Estatal
"Edmundo Navarro de Andrade" (Feena) en Rio Claro / SP con el teórico de la
pedagogía Waldorf. La propuesta es dirigida a los estudiantes de siete a 14
años, durante el cual la sensibilización es más fuerte en el ser, de acuerdo a la
enseñanza Waldorf. A lo largo del recorrido del sendero, proponemos
actividades educativas en los puntos de interpretación: narrativas con temáticas
ambientales; "disparar" el ambiente a través de un dibujo; creación de música
con los sonidos producidos por el cuerpo y elementos de la naturaleza; guía
con los ojos vendados; círculo para que se lo compartam experiencias. Estas
actividades buscan un contacto más cercano y armónico de uno con uno
mismo, con los demás y con el mundo natural, así como sirvem como subsidios
para los programas de uso público y educación ambiental en la área de
conservación. El proceso de sensibilización ambiental en el contexto del
bosque, que tiene alta valoración del paisaje, se desarolla a través de la
sensibilidad del mundo exterior e interior y por medio de la generación de
imágenes, pensamientos, sentimientos y relaciones de interdependencias. Por
lo tanto, la educación ecológica puede permitir cambios, formaciones de
valores y actitudes sensibles a los estudiantes en relación con el medio
ambiente.
1. Introdução
Ao observarmos a vida cotidiana na contemporaneidade, em seus vários
aspectos, torna-se evidente um distanciamento do meio natural, devido a
inserção cada vez mais intensa dos seres humanos em ambientes
artificializados, nos quais a experiências com as paisagens naturais são
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restringidas, ou em casos extremos, inexistente. A partir dessa realidade, a
educação ecológica vem ganhando forças no sentido de sensibilizar e
aproximar o homem, resgatando a relação com a Natureza e seus elementos,
muitas vezes como um refúgio do caos urbano, entre outras situações.
Quanto à sensibilização da sociedade perante a problemática ambiental a qual
se tem deparado:
Observa-se que há muito tempo o ser humano já se distanciou
da Natureza [...] torna-se necessário e premente um
reencontro, no sentido de informá-lo da dinâmica dos
processos ecológicos, bem como conscientizá-lo para que use
sua inteligência na guarda dos recursos não renováveis, pois
deles depende sua vida. Deve haver simbiose do ser humano
com a natureza, convivência em comum, que permitiria a ele
desenvolver suas aptidões materiais, e, mormente, as
espirituais, ao máximo de suas capacidades (NEIMAN, 2008, p.
36).
Mediante a percepção e interpretação ambiental, considerados também os
aspectos culturais, temos processos de valoração objetiva e subjetiva,
intrínseca e extrínseca, de um lugar para um indivíduo. Neste sentido, emoções
topofílicas, biofílicas e hidrofílicas associadas ao sentido de lugar podem ser
despertadas, isto é, o desenvolvimento de uma afetividade, gerando relações
marcadas por emoções e sentimento entre o indivíduo e o lugar, seres vivos, e
águas. (TUAN, 1974; WILSON; KELLERT, 1993; GUIMARÃES, 2007). Deste
modo, surge a proposta para implantação de uma trilha interpretativa na
Floresta Estadual “Edmundo Navarro de Andrade” (FEENA), como uma
atividade estimulante e participativa de fazer com que as pessoas
compreendam o seu entorno e, em decorrência, os valores que atribuem, bem
como os seus filtros perceptivos.
A FEENA localiza-se na área urbana do município de Rio Claro, na porção
Centro-Leste do estado de São Paulo (SP), nas coordenadas 22° 05' e 22° 40'
S, 47° 30' e 47° 55' W. É um local que possui cenários paisagísticos estéticos
relevantes, adequado para práticas de lazer e recreação – presença de lago,
trilhas, museu, entre outros atrativos histórico-arquitetônicos e elementos
naturais.
No
contexto
do
Sistema
Nacional
de
Unidades
de
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
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Conservação (SNUC), a FEENA é uma unidade de conservação de uso
sustentável, podendo compatibilizar a conservação do meio natural ao uso
sustentável de partes dos seus recursos florestais, visando atender
necessidades socioeconômicas, culturais, científicas, dentre outras (BRASIL,
2000).
Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo: A – Estado de São Paulo no Brasil; B –
Município de Rio Claro no estado de São Paulo; C – Área de Rio Claro, com destaque em seu
interior para a FEENA.
485
Elaboração: PIEDADE, L. I., 2013.
A trilha interpretativa proposta visa propiciar uma interação de maior
proximidade entre o indivíduo e o meio ambiente, pois a sua utilização dentro
do programa de uso público da UC permite um maior contato do visitante com
os elementos da natureza: além de ser um meio de contemplação da natureza,
gera aprendizados através da experiência direta e das vivências adquiridas
durante o percurso e, muitas vezes, elucida realidades exteriores e interiores
para uma pessoa. A trilha interpretativa é uma atividade interativa que abrange
afetividade, cooperação, coletividade e companheirismo relacionado à
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educação ecológica, aproximando as pessoas com o meio ambiente através de
experiências sensibilizadoras (GUIMARÃES, 2007; 2010).
O objetivo geral deste estudo é a proposição de implantação de uma trilha
interpretativa no percurso da já existente, conhecido como Trilha da Saúde,
para educandos de 07 a 14 anos, com enfoque na sensibilização ambiental,
tendo como base teórico-metodológica os fundamentos da Pedagogia Waldorf,
trazendo mais alternativas de uso para a área, relacionadas aos programas de
educação e interpretação ambiental previstos no Plano de Manejo da FEENA,
buscando uma relação mais integrada e harmônica entre o meio natural e o
cultural, visto a dimensão eclética do seu patrimônio paisagístico.
Uma das principais características dessa pedagogia é a importância que se dá
para o desenvolvimento do ser humano, respeitando suas características de
acordo com a idade, evidenciando suas potencialidades e proporcionando
maior liberdade e autonomia ao educando. Busca-se uma articulação entre os
pontos de vista científico, estético e artístico bem como dos aspectos ligados
ao respeito profundo e à admiração e harmonia pelo e com o mundo. A
Pedagogia Waldorf tem como fundamento a Antroposofia, do grego
“conhecimento do ser humano”. A ciência antroposófica, introduzida pelo
austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), tem como particularidade a busca pelo
entendimento do ser humano e do universo por uma concepção que amplia o
método científico convencional, apresentando-nos outras dimensões de
compreensão da paisagem natural e construída.
2. Metodologia
Para o desenvolvimento deste estudo, a primeira etapa se constituiu no
levantamento e revisão da literatura pertinente à área de estudo, com o intuito
de traçar um panorama sobre a discussão de aspectos temáticos relacionados
às UCs, educação ecológica, percepção e interpretação ambiental, valoração
paisagística por meio das trilhas interpretativas. O estudo busca relacionar a
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atividade educativa com as bases da Pedagogia Waldorf, convergindo para
maior
ênfase
à
interpretação,
sensibilização
e
percepção
ambiental,
interligando as esferas física e emocional da integridade do homem. Utilizamse os fundamentos desta pedagogia como embasamento para atingir a
finalidade das atividades propostas no percurso da trilha, ou seja, para cada
atividade ter um caráter interpretativo, perceptivo e educativo, foram utilizados
princípios waldorfianos. Posteriormente, foram realizados trabalhos de campo
com visitas à FEENA, nos meses de junho a agosto de 2013, com o percurso
da Trilha da Saúde, tendo como enfoque a observação dos recursos
paisagísticos existentes no trajeto, demarcando os pontos de interpretação
para o desenvolvimento das atividades propostas. Foram selecionadas cinco
estações ou pontos interpretativos na trilha e em cada uma delas, cinco
atividades distintas foram propostas com embasamento nos fundamentos da
Pedagogia Waldorf.
A sensibilização dos indivíduos é realizada por meio dos pontos de
interpretação, isto é, as “paradas selecionadas” localizadas ao longo da trilha.
Esses locais são escolhidos de acordo com os atrativos interpretativos
existentes, geralmente relacionados aos recursos paisagísticos, podendo ser
um rio, uma árvore, um som, uma fragrância ou um cheiro característico,
mesmo um gramado adequado para realização de atividades ludo-educativas.
Em cada ponto de interpretação foi proposta uma atividade para ser realizada
por indivíduos com idade entre 07 a 14 anos.
A trilha a ser desenvolvida é destinada para educandos com esta faixa etária,
pois segundo a Pedagogia Waldorf esse é o período em que a sensibilização
está mais apurada no indivíduo. Chamado de “segundo setênio” (juventude) na
visão waldorfiana, é durante essa fase em que há um desenvolvimento intenso
dos sentimentos, das fantasias e das emoções. Por isso, a metodologia voltada
para essa idade se baseia em experiências estéticas, para que assim surja
uma estrutura imaginativa no pensar do educando (BACH, 2007). De acordo
com Lanz (1990, p. 41): “A chave de ouro da educação durante o segundo
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setênio consiste, pois, em trabalhar com os sentimentos da criança, em apelar
para sua fantasia criadora”. Nesse momento, o registro fotográfico como
técnica de documentação também foi considerado para o levantamento e
registro de informações, visto que é de extrema importância para a visualização
e obtenção de dados imagéticos da área de estudo. A etapa seguinte realizada
foi a elaboração de um mapa com o percurso da trilha, destacando-se os cinco
pontos interpretativos selecionados. Essa etapa foi desenvolvida com o auxílio
de um GPS (Global Position System) modelo Garmim juntamente com os
softwares ArcGIS 10 e Google Earth.
3. Resultados e discussão
No presente trabalho optamos por adotar o termo educação ecológica ao invés
de educação ambiental, já que o primeiro é mais abrangente do que a segunda
terminologia. O termo educação ecológica, aqui utilizado, inclui as dimensões
de ética, sensibilização, imaginário e espiritualidade, suas relações com o
entorno – natureza e cidade – e com o próximo, o meio social. As três
dimensões ecológicas: mental, social e ambiental constituem um todo numa
relação de interação e dependência mútua, em que uma ação em um âmbito
traz consequências para os outros, segundo Bach (2007, p.13). Essa relação
com o mundo, sendo este um habitat vivo e orgânico da humanidade, é um dos
princípios da Pedagogia Waldorf. O objetivo para a educação não é apenas
acumular dados e informações, mas sim a formação do caráter, da mente
pensante, da personalidade do ser individual. O educando Waldorf não procura
conhecimentos, mas vivências (LANZ, 1990, p. 71), sendo a partir destas que o
homem se transforma. As vivências relacionadas às questões ecológicas
surgem das relações harmoniosas com plantas, animais e fenômenos da
natureza. Essa aproximação interativa com os elementos da natureza é um
hábito cultivado na escola Waldorf, presente nos conteúdos das aulas de todas
as disciplinas.
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A partir dessa realidade, surge o encontro entre a presente trilha interpretativa
e a Pedagogia Waldorf: uma proposta de experiências e vivências que buscam
um contato mais próximo e harmônico do indivíduo consigo mesmo, com os
outros e com o mundo natural, a partir das cinco atividades propostas. Por
meio da realização destas atividades são abordados elementos que podem
despertar maior sensibilização com o ambiente ao entorno visto o contato
direto com ele, ao ar livre; maior cooperação entre os participantes, pois
existem
diversas
situações
de
interação
entre
estes;
momentos
de
contemplação e introspecção individual, visto a importância de se voltar para o
interior de cada um, no sentido de maior reflexão sobre as propostas das
atividades realizadas.
Figura 2 - Mapa da trilha com os pontos de interpretação selecionados
489
Elaboração: PIEDADE, L. I., 2013.
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A trilha é realizada a pé, por um caminho já existente e previamente
estabelecido, constituindo-se de uma atividade dirigida, ou seja, monitorada;
sua extensão é de 1,3 km e o tempo de percurso de aproximadamente duas
horas, com a realização de todas as atividades propostas.
Os cinco pontos interpretativos foram selecionados de acordo com os atrativos
paisagísticos presentes e com a disponibilidade de espaços apropriados para a
execução das atividades, bem como uma distribuição adequada entre as
paradas ao longo do percurso, não permitindo afastamentos extensos entre
elas.
As atividades propostas ao longo do percurso da trilha interpretativa têm o
intuito, de modo geral, estimular nos participantes o desenvolvimento de uma
acuidade relativa à percepção ambiental e promover uma maior interação
homem/natureza.
O desenvolvimento das atividades foi fundamentado em experiências
vivenciadas pelas autoras anteriormente em campo; no manual de excursões
guiadas, elaborado pelo Projeto Doces Matas e com a adaptação de atividades
presentes no currículo da escola Waldorf.
•
Atividade 1 - “Contando um conto”: contação de história com a temática
meio ambiente.
Objetivos: contextualizar os educandos no ambiente da floresta e destacar a
importância do meio ambiente para a vida humana.
Ao chegar à primeira parada da trilha, o guia que estiver conduzindo o grupo
deve reunir os participantes para que um conto seja iniciado. Estando todos em
silêncio, o guia lê, em voz alta, a história. Essa contação servirá como parte
introdutória da atividade como um todo no sentido de contextualizar os
indivíduos em relação ao meio ambiente e despertar a valorização do momento
no qual estarão no interior de uma floresta, observando, sentindo,
experienciando os elementos dela, de modo imediato, direto. Os contos de
fada, assim como as rodas de histórias, são muito utilizadas nas escolas
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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Waldorf como valiosos recursos pedagógicos e terapêuticos. Por meio da ação
de escutar uma história, é possível o desenvolvimento de imagens pela mente,
permitindo a construção de sentidos, significados e valores. Rudolf Steiner diz
que os contos de fadas podem ser considerados “um tesouro espiritual da
humanidade. Fruto de vivências primordiais da existência humana, sua atuação
tem um efeito inconsciente na alma ao resgatar, por meio de imagens
significativas, o longo percurso do amadurecimento humano na Terra.”
(STEINER, 1913).
Figura 3 - Primeiro ponto de interpretação - “Alameda das essências nativas”, Trilha da Saúde,
FEENA
491
Foto: PIEDADE, L. I., Ago/2013.
•
Atividade 2 – “Musicando”: Criação de música com sons produzidos pelo
corpo e por elementos da natureza ao entorno.
Objetivos: espontaneidade; criatividade; contato direto com elementos do corpo
e do ambiente; estimular percepção sonora; integração dos indivíduos.
A proposta desta atividade volta-se para que o grupo de participantes crie uma
música a partir das sonoridades produzidas por eles mesmos, utilizando-se das
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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partes dos corpos (mãos, dedos, boca, pés etc.) e de elementos do ambiente
ao redor (folhas, galhos, pedras etc.).
Todos deverão participar contribuindo com a produção de pelo menos um som.
Não há de existir uma ordem exata para cada um contribuir com a música: os
sons deverão surgir de maneira espontânea e podem ser emitidos por mais de
uma pessoa ao mesmo tempo. Palavras faladas também serão permitidas.
A musicalidade é um elemento fundamental e presente no ensino Waldorf, e
está em seu currículo continuamente com 12 anos de duração (GUERREIRO,
2012).
A música está no currículo desde o primeiro ano do ensino fundamental e não
possui um caráter recreativo, mas sim, de formação do ser. É intrínseca a todo
percurso do educando Waldorf, pois está intimamente ligada às relações com o
ritmo e repetições mundanas e individuais, como por exemplo, dia e noite,
estações do ano, dias da semana, fases da lua, horário de acordar, de ir à
escola, de se alimentar etc. Assim sendo, a música, presente na estrutura
curricular das escolas Waldorf, tem o intuito de estimular e harmonizar o
temperamento do educando, proporcionando não somente um aprendizado
individual, mas também melhorias no bem estar para os seres. É através da
música que se originam alternativas para que haja o desenvolvimento das
potencialidades que equilibram o indivíduo e proporcionam maior criatividade,
conforme Terra (2013).
Ainda, de acordo com Steiner (2003, p. 19) “O homem nasce no mundo
querendo levar sua própria corporalidade do ritmo musical à relação musical
com o mundo”. Este pensamento elucida a presença da musicalidade na vida
humana relacionada tanto com o corpo quanto ao seu exterior (o mundo). As
partes do corpo são interessantes elementos para a produção de sons, já que
correspondem a um instrumento musical antigo e com muitas possibilidades
para serem exploradas (CZYKIEL et al., 2013) .
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Figura 4 – Segundo ponto de interpretação – “Alameda dos eucaliptos citriodora”, Trilha da Saúde –
FEENA
Foto: PIEDADE, L. I., Ago/2013.
•
Atividade 3 – “Uma foto em um desenho”: “fotografar” o lugar
desenhando.
Objetivos: aguçar a percepção da paisagem; estimular a percepção visual e a
arte.
Pedir aos participantes que observem, em silêncio, a paisagem ao entorno
durante 3 a 5 minutos. Após a observação geral do lugar à procura de imagens
interessantes, escolher um ponto desejado para que seja sua “fotografia”.
Escolhida a cena, o educando deverá imaginar uma moldura enquadrando a
imagem e fazer um desenho representando-a em um papel. Os participantes
devem se sentir à vontade para produzirem suas “fotografias” a partir do ângulo
desejado, podendo permanecer em pé ou sentados.
O material utilizado deverá ser responsabilidade de cada um, prevalecendo a
escolha de materiais naturais e simples. A utilização de materiais naturais
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(madeira, pedras e argila) e não artificiais (plástico) reforça, de maneira sutil, a
natureza presente no mundo dos educandos. Em contrapartida, os materiais
artificiais refletem a presença humana no mundo natural (HUTCHISON, 2000,
p. 139). Tendo em vista a relação da educação ecológica com a Pedagogia
Waldorf nesta atividade, pode-se dizer que as vivências individuais a partir de
imagens são de extrema importância para despertar a percepção do ambiente.
Com a realização da “foto” gerada por meio de imagens observadas, sentidas e
desenhadas, uma aproximação com o mundo exterior é intensificada. Nesse
sentido, Bach Jr. (2008, p. 114) afirma:
O essencial no processo pedagógico Waldorf é o
desenvolvimento de um pensar vivificado como fundamento
para o desabrochar da percepção ecológica. As imagens
utilizadas na experiência estética escolar traduziram o conceito
à vivência afetiva, a teoria à prática cotidiana de estar diante do
mundo.
Convém ressaltar a presença da arte como um elemento fundamental na
construção de um futuro sustentável, tendo em vista que a estética artística
proporciona o desenvolvimento de indivíduos mais criativos, mais inovadores,
mais solidários, mais participativos e mais críticos (EÇA, 2010), componentes
essenciais na educação waldorfiana. Com essa atividade, podemos voltar ao
conceito de topofilia de Tuan: elo afetivo entre o indivíduo e o lugar, já que
ocorre a apreciação da paisagem para cada participante, individualmente. É a
partir da observação e da procura por uma cena que seja de caráter relevante
ao educando que se podem estimular percepções de maneira inesperada e
bela: “O despertar profundo para a beleza ambiental, normalmente acontece
como uma revelação repentina” (TUAN, 1974, p. 110).
Este despertar não depende de outrem, mas sim ocorre como algo
essencialmente particular do indivíduo. A forma com que essa relação da
criança e do pré-adolescente por um despertar espontâneo para o encanto pela
natureza é um aprendizado para como os adultos também deveriam agir:
Figura 5 – Terceiro ponto de interpretação – “Corredor de eucaliptos”, Trilha da Saúde –
FEENA.
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A natureza
produz
sensações
deleitáveis à
criança, que tem
mente aberta,
indiferença por
si mesma e falta
de preocupação
pelas regras de
beleza
definidas.
O adulto deve
aprender a ser
complacente e
descuidado
como uma
criança, se
quiser desfrutar
polimorficament
e da natureza
(TUAN, 1974, p.
111).
Foto: PIEDADE, L. I., Ago/2013.
•
Atividade 4 - “Passeio cego”: guia com olhos vendados
Objetivos: estimular a audição, tato e olfato; coletividade; confiança no outro.
A partir da divisão da turma em duplas, uma pessoa ficará com os olhos
vendados com uma faixa escura, fazendo com que ela não consiga enxergar. A
outra pessoa da dupla servirá como guia, conduzindo quem está com os olhos
vendados de mãos dadas para caminhar ao redor: percebendo os passos, a
textura do chão, apalpando árvores e folhas, atentando aos sons. Ao final de,
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pelo menos, cinco minutos a dupla volta ao ponto de partida, a venda é
retirada, os papéis são invertidos e a atividade é repetida (PROJETO DOCES
MATAS, 2002, p. 69). Logo em seguida, ao retirar a venda dos olhos,
questionar os participantes sobre a qualidade das experiências e as
transformações da acuidade perceptiva – as sensações e as percepções ao
realizar a atividade e também sobre a noção de deslocamento no espaço
(sensação de estar completamente perdido? Insegurança? Maior percepção
dos sons? Mais sensibilidade ao tocar em algo? Olfato mais aguçado?).
A atividade do “passeio cego” visa despertar a confiança no próximo, ou seja,
confiar na pessoa que foi o guia por conduzir quem está com os olhos
vendados sem deixá-lo cair ou ir ao encontro com alguma árvore ou com outra
pessoa; ter a experiência da ação em conjunto com outrem, despertando o
espírito da cooperação e coletividade, da solidariedade e do companheirismo.
Outra finalidade é se atentar mais à sensibilização dos sentidos: o tato torna-se
mais apurado no contato dos pés com o chão, com as texturas percebidas (se
o solo está mais macio, pela presença da grama, por exemplo); o contato das
mãos com as árvores, folhas e galhos ao redor e com a mão do guia; a audição
desperta maior atenção aos sons provenientes do ambiente ao entorno (canto
de pássaros; sons de insetos; vento nas folhas das árvores), entre outros
aspectos.
Segundo os pressupostos da Pedagogia Waldorf, os sentidos são parte central
do ser humano. Rudolf Steiner propõe uma teoria com 12 sentidos e não
apenas cinco, pois tendo em vista as percepções considera o ser humano
como um todo íntegro, isto é, não há somente a participação do homem
cognitivo, mas também do homem sentimento e do homem volitivo. Segundo
Bach Jr. (2007, p. 25): “A amplitude do que percebemos com o corpo inteiro é a
perspectiva de que o ser humano é, em si e em seu todo, um ser sensório”.
O estímulo à coletividade e cooperação despertados na atividade vem de
encontro a um dos principais fundamentos da Pedagogia Waldorf: uma
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educação por meio de cooperação e não competição, que é a base também de
um processo de educação ecológica.
Figura 6 - Quarto ponto de interpretação – “Clareira”, Trilha da Saúde – FEENA.
497
Foto: PIEDADE, L. I., Ago/2013.
•
Atividade 5 – “Grande roda”: círculo para compartilhar as experiências.
Objetivos: assimilação das percepções; compartilhamento; saber escutar o
outro.
A quinta parada interpretativa, localizada nas proximidades dos bambuzais de
fronte ao lago central, é realizada em formato de roda, com todos os
participantes sentados no chão. É um momento importante para que os
participantes consigam assimilar e processar o que foi vivenciado no percurso
da trilha. O guia da turma inicia a atividade com questionamentos para
estimular a participação interativa e levar os educandos a refletirem sobre tudo
que foi realizado até o momento, com perguntas como: o que mais chamou sua
atenção ao longo da trilha? Qual a importância de estar mais perto da
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natureza? Os vários sentidos do corpo foram estimulados? A realização da
trilha interpretativa pode ajudar as pessoas a se sensibilizarem com a
importância da conservação ambiental?
A partir das questões propostas, pedir para que as pessoas compartilharem
suas contribuições das experiências obtidas com a atividade desenvolvida. É
interessante que os participantes se manifestem com naturalidade, não
precisando participar por meio de falas no momento; quem se sentir mais
confortável para somente ficar em silêncio e refletir sobre as experiências
vividas, é permitido. A disposição em formato circular é bastante usada nas
escolas Waldorf, já que dessa forma, há uma “sensação” de horizontalidade em
relação a todos os educadores e educandos. Outro fator é o posicionamento
que dá a oportunidade de ampla visão em uma totalidade, isto é, a
possibilidade de maior visibilidade de todos se enxergarem, numa posição face
a face, bem como de contemplarem diferentes ângulos da paisagem
vivenciada.
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Figura 7 – Quinto ponto de interpretação – “Bambuzal”, Trilha da Saúde - FEENA
Foto: PIEDADE, L. I., Ago/2013.
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4. Conclusão
O processo de interpretação se desenvolve através de sensibilidades da
paisagem exterior e interior e também, pela geração e construção de
simbologias e imagens que combinam espaços e lugares, sentimentos e
emoções,
gerando
relações
de
territorialidades,
identidades
e
interdependências (GUIMARÃES, 2008, p. 65). Podemos observar que o
conceito de interpretação ambiental está intimamente relacionado com a
sensibilização ecológica, com os aspectos ludo-educacionais, de habilidades
de comunicação, comportamentos proambientais e as ações proativas para a
proteção e conservação do ambiente.
As mudanças valorativas e de significados correlacionadas à percepção do
meio ambiente, através dos estudos sobre experiências com e na paisagem,
nos apresentam duas situações mescladas, numa perspectiva fenomenológica
– o espaço vivido e mundo vivido. Daí, as transformações nas atitudes e
comportamentos individuais e coletivos pertinentes à compreensão do entorno
e do papel dos seres humanos na conservação ambiental, envolvendo um
despertar para uma melhor atuação e responsabilidade social.
Partindo-se da visão de mundo natural na educação Waldorf, o ser humano é
uma parte implícita deste mundo, conectado intrinsecamente à sua dinâmica,
funcionamento e destino final (HUTCHISON, 2000, p. 43). Por isso “a
necessidade de recuperar um sentido de conexão com o mundo natural e com
a comunidade da Terra como um todo surge como uma tarefa cultural
essencial para que possamos responder efetivamente ao desafio ecológico.“
(HUTCHISON, 2000, p. 136).
Portanto, ao tecermos conexões entre a trilha interpretativa, a educação
ecológica e a Pedagogia Waldorf, torna-se evidente a importância para uma
aproximação do ser humano com seu mundo interior (a partir de atividades
educativas que despertem a acuidade perceptiva) e exterior (por meio do
contato direto com mundo ambiente externo). Nesse sentido, o precursor da
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Pedagogia Waldorf afirma: “Ora, mais importante do que a habilidade prática é
a relação da criança com a vida do mundo” (STEINER, p. 122, 2003). É desse
relacionamento com o mundo que surge maior contato e sensibilidades com o
meio ambiente.
5. Bibliografia
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GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas
EDUCAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL NAS TRILHAS DO PICO DO
TOTORÓ E CÂNIONS DOS APERTADOS, CURRAIS NOVOS/RN
Sebastiana Guedes Bezerra20
Valdeci Pereira da Silva Filho21
Wagner Araújo Oliveira22
Marcos Antônio Leite do Nascimento23
Resumo
Palavras-chave: Educação ambiental; Interpretação ambiental; Trilhas; Cânions dos Apertados;
Pico do Totoró.
No turismo a educação ambiental (EA) pode ser utilizada como estratégia que
busca maximizar os impactos positivos oriundos da atividade, como também
procurar sensibilizar o indivíduo sobre as questões ambientais, atentando para
os impactos negativos que são provocados ou intensificados pela visitação
turística. No turismo de natureza, comumente elementos da biodiversidade e
geodiversidade, são trabalhados como atrativos turístico, é o que acontece no
Pico do Totoró e Cânions dos Apertados do município de Currais Novos/RN.
Esses apresentam potencial para o desenvolvimento do ecoturismo e
geoturismo. O presente trabalho tem por objetivo geral propor estratégias de
educação ambiental para as trilhas que dão acesso ao Pico do Totoró e Cânion
dos Apertados e específicos a) caracterizar as trilhas, b) apontar estratégias de
educação ambiental e, c) propor ações de interpretação ambiental. Para tanto
foi procedido, revisão da literatura, visita in loco, aplicação dos formulários do
Invtur (2006) do Ministério do Turismo e Indicadores de Atratividade e Pontos
Interpretativos (IAPI) (Magro; Freixêdas, 1998). Nos resultados foi possível
detectar que as trilhas necessitam de planejamento de manejo, com
implantação de estruturas que deem suporte a visitação (placas, corredores,
corrimões). Como estratégias de interpretação ambiental, destacam-se a
20
anaguedesbezerra@hotmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista do
projeto Educação Patrimonial em Meio Natural em Municípios do Geoparque Seridó (Região
Seridó, RN) Discente do Curso de Turismo.
21
valdecifilho30@hotmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Discente do
Curso de Turismo
22
wagnercnrn@hotmail.com Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Discente do Curso
de Turismo.
23
marcos@geologia.ufrn.br Coordenador do projeto Educação Patrimonial em Meio Natural em
Municípios do Geoparque Seridó (Região Seridó, RN). Professor Adjunto II do Departamento
de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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implantação de placas interativas em alguns pontos, guias de trilhas com
demarcações e pontos interpretativos e painéis interpretativos. Como ações de
EA, pode-se apontar capacitação de guias locais, promoção de sensibilização
ambiental da comunidade e turistas por meio de palestras abordando os
principais aspectos bióticos e abióticos, históricos e culturais, e durante as
trilhas distribuição de sacolas recicláveis. Conclui-se que as estratégias podem
servir como ferramenta de sensibilização, conservação e valorização do
patrimônio natural, histórico-cultural e a comunidade poderá ser beneficiada por
meio da geração de renda utilizando o meio natural de forma racional.
Resumen
Palabras clave: Educación ambiental; Interpretación ambiental; Senderos; Cânions dos
Apertados; Pido do Totoró.
En el turismo, la educación ambiental (EA) puede ser utilizada como estrategia
que busca maximizar los efectos positivos resultantes de la actividad, como
también busca sensibilizar al individuo sobre los problemas ambientales,
señalando los impactos negativos causados o intensificados por las visitas de
turistas. En el turismo de la naturaleza, de la biodiversidad y de la
geodiversidad, son trabajados como atractivos turísticos normalmente, es lo
que sucede en la cima del “Pico do Totoró” y los “Cânions dos Apertados” de
CurraisNovos/RN. Estos presentan potencial para el desarrollo del ecoturismo y
geoturismo. Este trabajo tiene como objetivo general proponer estrategias de
educación ambiental para los caminos que dan acceso al “Pico do Totoró” y los
“Cânions dos Apertados” y como especificamos a) caracterizar las pistas; b)
mostrar las estrategias de educación ambiental; y c) proponer acciones para la
interpretación ambiental. Para ello se llevó a cabo, una búsqueda de
información, trabajo de campo, aplicación de los formularios INVTUR (2006) del
Ministerio de Turismo y el Indicadores de Atractivo y Puntos Interpretativos
(IAPI) (Slim; Freixedas, 1998). En los resultados se pudo detectar que las
pistas necesitan de gestión de planificación, poniendo en práctica las
estructuras que dan soporte a las visitas (placas, pasillos, barandas). Como
estrategias de interpretación ambiental, se destacan placas interactivas,
señales para guiar el camino y puntos y paneles interpretativos. Y como
acciones de la (EA), puede destacar, la capacitación de guías locales,
promoción y sensibilización ambiental de la comunidad de turistas por medio de
conferencias abordando los principales aspectos ambientales (bióticos y
abióticos), culturales e históricos y también repartir bolsas reciclables a los
visitantes. Concluyendo, las estrategias pueden servir como herramienta para
sensibilizar, conservar y valorar el patrimonio natural, histórico y cultural, la
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comunidad se beneficiara con la generación de ingresos mediante el uso
racional del medio natural.
1. Introdução
Com o crescimento do turismo voltado à natureza, a visitação em áreas
naturais vem crescendo consideravelmente desde a década de 1980. Essa
modalidade de viagem busca propiciar lazer e recreação em contato com a
natureza, privilegiando as áreas naturais protegidas, como também as
propriedades privadas que mantêm áreas naturais conservadas. (DINES;
PASSOLD, 2008). Por esse motivo existe a necessidade do manejo e controle
de visitação de forma adequada, sendo considerada como uma estratégia
importante para harmonizar a atividade turística com a natureza.
Essa modalidade pode ser representada pelo ecoturismo, que se baseia em
três características principais e constitui o chamado tripé da sustentabilidade, a
saber: conservação ambiental, educação ambiental e a geração de benefícios
para a comunidade receptora. (NEIMAN; FACO, 2010). Do ponto de vista
conceitual , segundo a Embratur (1994) ecoturismo é:
Um segmento da atividade turística que utiliza de forma
sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua
conservação e busca a formação de uma consciência
ambientalista através da interpretação do ambiente,
promovendo o bem estar das populações.
Também existem outros autores que debruçam sobre o conceito do ecoturismo
como, Machado (2005), Wearing; Neil (2001), Goodwin (1996), Neiman (2010),
Swarbrooke (2000), e entre outros. De modo geral, destacam a atividade como
um turismo alternativo, podendo ser capaz de maximizar os benéficos e
garantindo o mínimo impacto negativo advindo da visitação turística. Para
tanto, no ecoturismo diversas atividades podem ser praticadas, dentre elas
estão as trilhas ecológicas, sendo essas as mais frequentes de ser realizadas,
tendo em vista que oportunizam que os turistas tenham maior aproximação
com a natureza, por meio da interpretação e ações de educação ambiental.
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De acordo com Salvati (2003, apud DOUT, 2006), as trilhas são caminhos
naturais estreitos, já existentes ou planejadas para tal fim, que podem ser de
diferentes
formas,
comprimentos
e
larguras.
Essas
são
destinadas
principalmente ao transito de pessoas e têm por finalidade a aproximação do
visitante/turista com a natureza ou sua condução a um atrativo turístico
específico, possibilitando ao visitante entretenimento ou educação, por meio de
sinalizações ou de recursos interpretativos. Diante disso, para que a finalidade
da trilha seja alcançada é necessário planejamento visando o manejo
adequado, com instalações e equipamento almejando a minimização dos
impactos negativos da visitação. Outro ponto de extrema relevância para o
planejamento das trilhas é a capacidade de carga, pois é importante e
fundamental para proteção do ambiente. (NEIMAN; RABINOVICI, 2008).
Além disso, outros elementos que devem existir ao se planejar trilhas são as
atividades de interpretação e educação ambiental, devendo ser realizadas ao
decorrer do caminho, tornando assim uma atividade propensa a geração de
conhecimento sobre o ambiente, possibilitando transformação de atitudes e
comportamento dos visitantes. Desse modo, a educação ambiental procura
preparar o indivíduo para exercer a sua cidadania, seja através da participação
individual ou coletiva nos processos sociais, culturais, políticos e econômicos
de uma sociedade democrática.
Portanto, entra a educação ambiental, como forma de conscientização e
sensibilização das pessoas, para que ajam de maneira adequada em relação
ao meio natural. Dessa forma Neiman; Rabinovici (2010, p. 64) apud O Tratado
de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidades
Global afirmam:
Consideramos que Ela estimula a formação de sociedades
socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que
conservam entre si relação de interdependência e diversidade.
Isto requer responsabilidade individual e coletiva em nível local,
nacional e planetário. (GRUPO DE TRABALHO DE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL DAS ORGANIZAÇÕES NÃO
GOVERNAMENTAIS NO FÓRUM GLOBAL, 1992, s/p).
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Nesse sentido, de acordo com Seabra (2011, p. 245) “a educação ambiental
deviria cumprir um papel fundamental na conscientização dos povos, bem
como na conservação da sociobiodiversidade e do ambiente em que vivemos”.
Portanto, a educação ambiental poderá ser utilizada como estratégia para
maximizar os impactos positivos oriundos da atividade, como também
sensibilizar os indivíduos sobre as questões ambientais, atentando para os
impactos negativos que são provocados ou intensificados pela visitação
turística.
No planejamento de trilhas outro importante fator, são as atividades de
interpretação ambiental, pois como corroboram Neiman; Rabinovici (2008, p.
88) elas podem “[...] auxiliar no desenvolvimento da percepção humana, da
valorização ambiental e de uma educação voltada a conservação cultural e
paisagística.
Em relação à percepção e interpretação ambiental, essas mesmas categorias
apresentam paisagem em seus aspectos geográficos, ecológicos, sociológicos,
históricos,
antropológicos,
estéticos,
ideológicos
e
psicológicos,
em
permanentes e complexas transformações e inter-relações, especialmente
aquelas relacionadas à construção de nossos campos de visibilidade, de
significados, ao envolver aspectos tangíveis e não tangíveis da experiência
humana no conjunto de sua totalidade, influenciando nossos valores,
juízos, reflexões e representações , quer objetiva, quer subjetivamente, sendo
então a percepção e interpretação do meio ambiente e de suas paisagens
culturalmente condicionadas, levadas em conta os significados e as
configurações
das
imagens
de
mundo
vivido.
(KLUCKHOHN,
1988apud GUIMARÃES, 2008).
Nesse contexto o Pico do Totoró e os Cânions dos Apertados localizados no
município de Currais Novos/RN, comumente recebem visitantes, contudo,
ainda em fluxo incipiente, mas que devido os locais não disporem de
planejamento que ordene as trilhas e a visitação, podem sofrer podem sofre
maiores impactos ambientais negativos, desse modo o presente trabalho tem
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por objetivo geral propor estratégias de educação ambiental para as trilhas que
dão acesso ao Pico do Totoró e Cânion dos Apertados e específicos a)
caracterizar as trilhas, b) apontar estratégias de educação ambiental e, c)
propor ações de interpretação ambiental.
2. Metodologia
Os processos metodológicos para elaboração do presente artigo consistiram
inicialmente na pesquisa documental e bibliográfica, que segundo Medeiros
(2008, p. 39) “é aquela que busca o levantamento de livros, revistas de
relevante interesse para pesquisa que será realizada”. Dessa forma foram
obtidas informações em livros e documento dos autores como Neiman;
Rabinovici (2008), Salvati (2003, apud DOUT, 2006), DINES; PASSOLD,
2008), Seabra (2011). A pesquisa se caracteriza como descritiva, que para
Dencker (1998, p. 130) “são estudos bem estruturados e planejados que
exigem um conhecimento aprofundado do problema estudado por parte do
pesquisador.”
Posterirormente ocorreu a visita in loco, na oportunidade foram aplicados os
formulários do Invtur do Ministério do Turismo(2006) para obtenção de
informações gerais e turísticas acerca dos atrativos em questão, como também
aplicação da metodologia Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos
(IAPI) (Magro; Freixêdas, 1998), que permitiu o levantamento e a seleção de
indicadores de atratividade, na qual possibilitou a coleta de dados como as
principais características da trilha e a identificação dos principais indicadores
de atratividades.
2.1 Área de estudo
A Região Seridó é uma microrregião do Rio Grande do Norte (Nordeste do
Brasil), é composto por 25 municípios por e tem uma extensão territorial de
10.954,50 Km². Os municípios a formam apresentam características similares
entre se, como clima, relevo, atividades econômicas desenvolvidas. Além
disso, parte dos municípios da Região Seridó tem também tem comum um rico
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patrimônio histórico-cultural e natural com eminente potencial para o
desenvolvimento da atividade turística a partir desses recursos.
2.2 Currais Novos
O município de Currais Novos está localizado na mesorregião Central Potiguar
e na microrregião Seridó Oriental, distante aproximadamente 172 km de Natal,
capital do Estado do Rio Grande do Norte.Os limites territoriais da cidade de
Currais Novos são: ao norte os municípios de Lagoa Nova e Cerro Corá, ao sul
Acari, Estado da Paraíba, ao leste Campo Redondo e São Tomé e ao oeste
São Vicente e Acari. (INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E
MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE, 2013). A totalidade de seus
habitantes a apresenta 42.652 habitantes, com uma área de 864 km2, e o
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M): 0,724 (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010).
O clima da região onde Currais Novos está inserida é o semi-árido e apresenta
poucas chuvas. A vegetação é caatinga hiperxerófila com abundância de
plantas, como: pereiro, favela, facheiro, macambira, mandacaru, xique-xique e
jurema-preta. A Caatinga subdesertica do Seridó, essa tem característica ser
mais seca sendo árvores baixas e arbustivas. (IDEMA, 2013). Em meio a esse
cenário, existem diversos pontos na cidade que configuram-se como aspectos
potenciais para a geração de fluxo turístico, como é o caso Pico do Totoró e os
Cânions dos Apertados que podem propiciar um maior contato direto com a
natureza, por meio das trilhas existentes e da contemplação da paisagem.
O Pico do Totoró situa-se no Distrito Totoró, há aproximadamente 10 km do
centro de Currais Novos, tem como principal acesso uma estrada de chão
batido. Essa localidade foi que onde teve início a expansão populacional da
cidade de Currais Novos, por esse motivo é dotado de importância histórico
cultural para o município. Neste local ocorrem rochas graníticas e estão
situados atrativos que envolvem geoformas, presença de fósseis e pinturas
rupestres, com destaque para a Pedra do Caju, Pedra do Letreiro, Pedra
Furada, Pedra do Sino, Sítio e a Lagoa do Santo.
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Contudo o atrativo de maior destaque é o Pico do Totoró. A visita ao atrativo
consiste principalmente na subida por meio de uma trilha até o topo, ao longo
do percurso existem mirantes onde é possível contemplar a paisagem do local,
permitindo também visualizar algumas cidades da região.
O outro local em questão são os Cânions dos apertados, eles estão situados a
10 km, a SE, do centro de Currais Novos, na área privativa da Fazenda Aba da
Serra, no leito do Rio Picuí, ao longo da Serra da Timbaúba. Uma energia
hidráulica elevada em tempos passados produziu o dessecamento do relevo,
erodindo superfícies mais frágeis, rebaixando o relevo e escavando o seu
próprio leito. O atrativo não dispõe de infraestrutura turística, mesmo assim,
recebe visitante regularmente, sobretudo no período de chuvas (janeiro a
julho), mas há o controle de visitantes na localidade, de modo que é cobrada
um taxa de R$ 10,00 (dez reais) por pessoa.
Um aspecto positivo que merece destaque, é fato de os Cânions dos Apertados
serem considerados como a sétima maravilha do Rio Grande do Norte, o
concurso foi organizado por um jornal da cidade e Natal.
3. Resultados e discussões
3.1 Características das trilhas
3.1.2 Trilha do Pico do Totoró
A trilha que dá acesso ao Pico do Totoró tem início encima da parede do Açude
do Totoró, e ao pé do Pico é onde começa de fato a subida, a trilha tem um
nível de dificuldade que vária de média a alto, sendo que em muitos locais há
grandes rochas que necessitam ser escaladas, atrelado a isso, a subida é
íngreme.
Existem pontos que são adequados para mirantes, atualmente eles são usados
como pontos de descanso, neles é possível contemplar a paisagem que
circunda a localidade, com destaque para a comunidade e o Açude do Totoró.
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Já no cume do Pico do Totoró, há um amplo espaço sob uma rocha, de onde é
possível observar a cidade de Currais Novos/RN, algumas montanhas da
região, fauna e flora do local, além de outros elementos que compõem a
paisagem do ambiente.
A visita dura em média uma hora e trinta minutos e não conta com pontos de
apoio ou qualquer tipo de infraestrutura que facilite o percurso, o que
apresenta-se como um fator negativo e que deve ser melhorado para o
desenvolvimento turístico da comunidade. Por questão de segurança e para o
melhor aproveitamento da experiência turística, o ideal é que a trilha seja feita
com um guia de turismo regional, pois ele exerce um relevante papel para os
visites, haja vista que é o responsável por mante o grupo no caminho correto,
além de prestar relevantes informações sobre a localidade, como por exemplo,
a existência de uma lenda que existe acerca de um tesouro que no passado
teria sido enterrado no Pico do Totoró. Mesmo assim, pode-se optar pode fazer
a trilha de maneira alto-guiada, contudo o local não conta com nenhum tipo de
sinalização, e nem controle de visitantes.
3.1.3 Trilha dos Apertados Cânions dos Apertados
O atrativo Cânions dos Apertados fica distante 10km da cidade de Currais
Novos/RN, localiza-se na Fazenda Aba da Serra, até um determinado porto é
possível seguir de carro, após isso faz-se uma trilha até os cânions. A trilha não
dispõe de sinalização, e pode ser feita de maneia autoguiada, o percurso
inicialmente tem um nível fácil, porém vai elevando o nível gradativamente, pois
de início a caminhada é facilitada pela amplitude da trilha e pela falta de
obstáculos, mas o cenário vai mudando mais a frente, haja vista que em alguns
pontos faz-se caminhar sob rochas. O objetivo final é chegar até o leito do Rio
Acauã, pois o ele está localizados entre os cânions rochosos, isso aliado a
fauna e flora atribuem beleza cênica e valorização turística ao local.
3.2 Estratégias de educação ambiental
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Diante desse contexto, serão elencadas algumas propostas de estratégias de
educação ambiental para sem implantadas nas trilhas dos dois atrativos em
questão. E como ações de EA, pode-se apontar capacitação dos guias locais,
pois atualmente existem apenas dois guias de turismo regionais que levam
grupos ao atrativo, sendo outras pessoas da comunidade também poderiam
ser capacitadas para exercer tal atividade.
Outra ação necessária é a busca pela sensibilização ambiental da comunidade
e dos turistas, com a comunidade poderiam ser realizadas palestras abordando
os principais aspectos ambientais (bióticos e abióticos),bem como precauções
que a comunidade poderiam tomar visando a conservação dos recursos
naturais que estão presente na localidade.
Os moradores podem fazer
produtos artesanais dos atrativos, como pedra do caju, do navio e montar uma
loja de suvenir e vender aos turistas, assim gerando renda para comunidade.
Outro fator importante é a criação de postos de orientação, onde o turista
possa obter informação tanto dos atrativos como de noções de educação
ambiental para o bom desempenho do passeio, nesse local pode transmitir
conhecimento acerca da importância dos recursos naturais para aquela
comunidade. Sendo que nessa atividade, poderia participar as crianças da
comunidade, para que eles também obtivessem conhecimento, além de
propiciarem um contato dos visitantes com os moradores.
Especificamente para os visitantes, poderia ser distribuído sacolas plásticas
recicláveis que para o lixo gerado durante o tempo de visita fosse nelas
colocado e recolhido ao final.
3.3 Estratégias de interpretação ambiental
Como propostas de estratégias para a interpretação ambiental, destacam-se a
implantação de placas interativas em pontos estratégicos para ser exploradas
em momentos de descanso dos visitantes, essas placas seriam fixadas nos
pontos de descanso existentes nas trilas. Como também guias de trilhas com
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os mapas interativos exibindo os principais pontos interpretativos e seus
elementos constituintes, como fauna, flora, meio físico, lendas e histórias.
E o centro de interpretação ambiental, constituindo por um acervo de objetos e
fotos que mostrem a relevância ecológica das trilhas, por meio de painéis
informativos, exibição de filmes e murais de fotos. Nesse sentido, percebe-se a
importância de meios interpretativos, pois torna-se um processo de
sensibilização quantos ao meio biótico e abiótico, podendo assim gerar uma
transformação nas atitudes e comportamentos dos visitantes.
Dessa forma, os visitantes teriam a oportunidade de obter conhecimento
acerca do meio onde os atrativos estão inseridos, e principalmente, da
importância de preserva-los.
4. Conclusões
Feita a análise e com o término dos resultados obtidos, permitiu-se em que
alcançamos os objetivos propostos no presente trabalho, na qual foram
norteadores para construção da pesquisa. Este teve por objetivo geral propor
estratégias de educação ambiental para as trilhas que dão acesso ao Pico do
Totoró e Cânion dos Apertados.
A pesquisa que campo, foi um elemento na qual possibilitou melhor
conhecimento
da
área
estudada,
identificando
assim
as
principais
características das trilhas. Quanto as metodologias utilizadas para analisar o
potencial da trilha, essas foram um aspecto contribuinte para a realização da
interpretação ambiental da área, permitindo assim a identificação dos pontos
de atratividade e de interpretação.
Conclui-se que as estratégias podem servir como ferramenta de sensibilização,
conservação e valorização do patrimônio natural, histórico-cultural e a
comunidade seja beneficiada por meio da geração de renda utilizando o meio
natural de forma racional.
5. Bibliografia
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GT 03 - Educação Ambiental e Interpretação do patrimônio Natural e Cultural em Trilhas
UTILIZAÇÃO DEINDICADORES DE ATRATIVIDADE PARA AVALIAÇÃO DE
POTENCIAL TURÍSTICODA TRILHA DE CARNAUBINHA TOUROS/RN
Wagner Araújo Oliveira24
Clébia Bezerra da Silva25
Ricardo Farias do Amaral26
Resumo
Palavras-chaves: Trilha Ecológica; Unidade de Conservação; Planejamento.
O presente trabalho tem como objetivo analisar o potencial de atratividade da
trilha ecológica de Carnaubinha, em Touros/RN como possível produto turístico
contemplando aspectos como: a) Identificação das principais características da
trilha; b) Seleção de indicadores de atratividade e c) Identificação dos possíveis
usos da trilha. Para tanto foi procedido revisão da literatura e aplicação da
metodologia “Indicadores de Atratividade e Pontos Interpretativos (IAPI). Foi
utilizado GPS (PGPSMAP 60CSx) para demarcação do percurso da trilhas e
pontos de atratividade e para elaboração de mapas. Foi constatado que a trilha
de Carnaubinha é linear, com duração média de 2h, com grau de dificuldade
moderado devido à subida em dunas. Como conclusão, a trilha de Carnaubinha
apresenta-se como um recurso turístico a ser explorado pela comunidade, no
entanto, são necessários investimentos, como sua demarcação e sinalização
para que os visitantes possam percorrê-la e que proporcione condições básicas
a eles afim de que tenha um contato com a natureza e que se torne o elemento
gerador de sensibilização quanto à conservação do meio ambiente.
Resumen
Palabras clave: Sendero ecologico, Unidad de Conservación, Planificación.
Este estudio tiene como objetivo analizar el atractivo de potencial sendero
ecológico de Carnaubinha de Toros / producto turístico RN como sea posible
teniendo en cuenta aspectos tales como: a) Identificación de las principales
características de la pista b) La selección de los indicadores de atractivo y c) la
identificación de posibles utiliza el rastro. Para esta revisión de la literatura se
llevó a cabo y la aplicación de la metodología de "Indicadores de Atractivo y
24
wagnercnrn@hotmail.com Discente do Curso de Turismo. Bolsista de Iniciação Científica.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
25
clebia@ufrnet.br Docente do curso de Turismo. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte
26
ric@ufrnet.br Docente do curso de Geologia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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puntos interpretativos (IAPI). Se utilizó GPS (PGPSMAP 60CS) para delimitar
la ruta de senderos y puntos de atractivo y la cartografía. Se encontró que el
Carnaubinha sendero es lineal, con una duración promedio de 2 horas, con
dificultad moderada, debido a la subida de las dunas. En conclusión, el
Carnaubinha sendero se presenta como un recurso turístico para ser
explotados por la comunidad, sin embargo, se necesitan inversiones, como su
demarcación y señalización para que los visitantes pueden caminar y establece
las condiciones básicas, a fin de que tiene un contacto con la naturaleza y se
convierte en el elemento generador de la conciencia acerca de la conservación
del medio ambiente.
1. Introdução
Nas últimas décadas pode-se perceber a busca ascendente por lugares de
caráter natural e tranquilo, isso se justifica pelo fato que a considerável parte da
sociedade moderna vive em uma intensa rotina diária dos grandes centros
urbanos, com isso as pessoas tendem a fugir dessa realidade por meio do
lazer e pelo contato com a natureza. Para tanto, a atividade turística em meio
natural, destaque para as Unidades de Conservação (UCs) que vem
destacando nesses aspectos, principalmente, por meio do ecoturismo, que
segundo Wearing e Neil (2001, p. 5) “ é descrito como um turismo
interpretativo, de mínimo impacto, discreto, em que se busca a conservação, o
entendimento e a apreciação do meio ambiente e das culturas”. Ou ainda,
podendo ser entendido segundo Faco; Neiman (2010, p. 45)
O ecoturismo deve, portanto, garantir que a interação entre o
ser humano e a natureza desencadeie, por meio de uma
relação vivencial, a reflexão sobre a exploração dos recursos
naturais e a compressão de que os mesmos devem ser
utilizados de forma sustentável.
Nesse sentido, uma das atividades que propicia o desenvolvimento do
ecoturismo é a realização de trilhas ecológicas que permitem com que o turista
tenha maior contato com a natureza. E que elas tornem-se um elemento de
sensibilização quanto a conservação dos recursos naturais. Nesse contexto
tem-se as trilhas ecológicas, que, em princípio, sempre foram os meios pelos
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quais o homem procurava se deslocar para atender suas devidas
necessidades.
No entanto, com o passar do tempo esse conceito foi sendo modificado, se
tornando mais que um simples deslocamento e sim uma atividade que
oportuniza que o visitante o contato e contemplação da natureza. Desse modo,
de acordo com Boçon (2002, apud MARGANHOTTO, SANTOS, MIARA, 2009,
p. 146): “Trilha é uma palavra decorrente do latim ‘tribulum’ que tem na sua
origem o significado de caminho, rumo e direção.” Já para Guillaumon (1977,
apud MARGANHOTTO, SANTOS e MUARIA, 2009, p. 146), as trilhas são
caminhos em um sítio natural e ou artificial, que podem incluir belezas cênicas,
enfocando dentro do possível, aspectos históricos, geomorfológicos, culturais e
principalmente ambientais. No tocante as suas características as trilhas podem
ter várias classificações. Em linhas gerais, Andrade (2005) classifica trilhas por
meio da sua função, forma e grau de dificuldade:
• Quanta a sua função: as trilhas podem ser usadas em serviços
administrativos, bem como pelo público visitante, em atividades educativas
e/ou recreativas, nesses casos, pode ser dividido em trilhas de curta distância,
as chamadas "trilhas interpretativas" (NatureTrails) ou de trilhas selvagens e de
longa distância (WildernessTrails).
• Quanto à forma: as trilhas podem ser circular, em oito, linear e atalho.
• Quanto ao grau de dificuldade: presumir afirmar que o grau de dificuldade é
bastante relativo, isso dependente dos aspectos e obstáculos geográficos e
varia de pessoa para pessoa. Dessa forma, pode ser dividida em duas
categorias: guiadas que leva em consideração sua intensidade e seu nível
técnico; e auto-guiadas que pode ser classificada como caminhada leve,
caminhada semi-pesada, caminhada pesada.
De acordo com, Costa (2004, p. 9) as “trilhas devem ser criteriosamente
localizadas, planejadas, construídas e manejadas de modo a permitir a
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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conservação dos recursos naturais e a realização de contatos adequados pelos
visitantes”. Portanto, perceber a importância dada ao planejamento de trilhas,
uma vez em seu conceito implica que o turista possa atender suas perspectivas
quando aos recursos existentes nela tornando um elemento motivador ao
contato com a natureza, no entanto, se não planejada pode ocasionar efeitos
contrários conforme apontados por Maganhotto et al (2009, p. 146)
[...] a implantação de trilhas de forma desordenada e sem
planejamento pode contribuir para o desencadeamento de
impactos, potencializados pelo não entendimento da dinâmica
física de um local. Além disso, a carência de monitoramento e
manutenção são fatores determinantes à conservação destes
ambientes. Desta forma evidencia-se uma série de problemas
inerentes a abertura e utilização deste recurso.
Portanto, as trilhas devem estar planejadas e implementadas para atender a
públicos diferentes e oferecer experiências mais integradoras no contato a
natureza. (RABINOVICI;NEIMAN 2008, p. 81). Visto seu potencial para
propiciar educação ambiental, trilhas ecológicas são amplamente planejadas e
executadas em Unidades de Conservação (UC) ou nas áreas de seu em torno,
possibilitando também a integração das comunidades com a UC. Nesse
processo educativo, deve-se atentar para as possibilidades de trilhas mais
eficientes de se atingir os objetivos propostos por elas, com, por exemplo, a
interpretação ambiental se mostrou menos eficiente em trilhas autoguiadas por
placas, conforme mostrou Vasconcelos (2004).
Diante desse contexto, o presente artigo tem como objetivo analisar o potencial
de atratividade da trilha ecológica de Carnaubinha, em Touros/ RN, como
produto turístico comunitário. E como objetivos específicos: a) identificar as
principais características da trilha; b) indicar os principais indicadores de
atratividade e c) sugerir possíveis usos da trilha.
2. Metodologia
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Os processos metodológicos para elaboração do presente artigo consistiram
inicialmente na pesquisa documental e bibliográfica, que segundo Medeiros
(2008, p. 39) “é aquela que busca o levantamento de livros, revistas de
relevante interesse para pesquisa que será realizada”. Dessa forma foram
obtidas informações em livros e documento dos autores como Boçon (2002);
Costa (2004); Wearing(2001); Maganhotto et al (2009)Magro; Freixêdas (1998)
Andrade(2003).
A pesquisa se caracteriza como descritiva, que para Dencker (1998, p. 130)
“são estudos bem estruturados e planejados que exigem um conhecimento
aprofundado do problema estudado por parte do pesquisador.” O instrumento
escolhido para coleta foi feito com base na adaptação do formulário da
metodologia Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos (IAPI)
(Magro; Freixêdas, 1998), que permitiu o levantamento e a seleção de
indicadores de atratividade, na qual possibilitou a coleta de dados como as
principais características da trilha e a identificação dos principais indicadores
519
de atratividades.
Quadro 1 – Caraterização do instrumento de coleta de dados das principais caraterísticas da
trilha Carnaubinha Touros/RN.
INDICADOR
CARACTERÍSTICAS
I – Identificação
Região Turística
Município
Tipo de atrativo
Nome
Localização
Duração
Dificuldade
Atrativos
Propósito
Geral
II – Identificação
da trilha
III
Distância
-
Caraterísticas
da trilha
Forma
naturais
e
Caraterização geral
da vegetação
artificiais
Quadro 2 – Relação de Indicadores para Avaliação da Atratividade de Pontos Interpretativos da
Trilha Carnaubinha Touros/RN.
INDICADOR
CARACTERÍSTICAS
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Pontos
de
parada
Posição
Lugares onde encontrava maior predominância de elementos em potencial
para pontos interpretativos
Visualização do horizonte em relação à posição do olhar do observador
N = em nível
I = Inferior
S= Superior
Visualização do ponto de parada do observador
Estímulo
V= Visual
S = Sonoro
T = Tático
1º Plano: Os elementos melhor analisados encontram-se próximos ao
observador, como interpretar uma árvore cujo tronco esteja perto do
visitante. A atenção é voltada para a percepção dos detalhes (forma, cor,
cheiro, características onde os sentidos são mais apurados).
2º
Plano: Média - Escala e distancias intermediárias, podendo-se o
Escala
ambiente com menos detalhes que no 1º plano. Ex.: Lagoas, mirantes,
cachoeiras, etc.
3º Plano: Fundo – Predominam as vistas panorâmicas e espaços abertos.
Não há detalhamento dos recursos observados. Ex.: Mirantes, áreas
montanhosas (relevo), árvores, etc.
A escolha de indicadores de atratividade fundamenta-se na facilidade de
sua identificação em campo e na possibilidade de repetição desta
Observação
avaliação por um segundo observador. (Variedade de vegetação,
proximidade de corpos d’água, relevo, áreas históricas... combinados ou
não).
Fonte: adaptado Costa; Melo 2005 apud Magro; Freixêdas, 1998.
E por fim, foi utilizado GPS (PGPSMAP 60CSx) para demarcação do percurso
da trilhas e pontos de atratividade e para elaboração de mapas.
Área de estudo
O município de Touros dista aproximadamente 99 km da Capital do Estado,
Natal, o qual, juntamente com os municípios de Maxaranguape e Rio do Fogo
fazem parte de uma área de influência direta da Área de Proteção Ambiental
dos Recifes de Corais (APARC). Ele é bastante conhecido pelos seus aspectos
históricos culturais, nele a história resguardar que o primeiro povoamento do
Estado do Rio Grande do Norte foi em Touros por meio do portugueses, além
disso é conhecida também por suas pelas praias, como Praia de Perobas,
Praia de São José, Praia do Cajueiro e por fim Praia de Carnaubinha.
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Figura 01: Área de Estudo, 2013.
3. Resultados e discussões
A partir da aplicação do formulário, foi possível caracterizar a trilha
Carnaubinha. Ela foi apelidada por esse nome, devido ser uma trilha percorrida
nas proximidades da Praia Carnaubinha. Sua duração de percurso fica
aproximadamente duas horas.
Essa trata-se de uma trilha linear, que de acordo com Andrade (2003), é uma
trilha que apresenta formato simples e comum, que geralmente tem como
objetivo conectar o caminho principal a algum destino como lagoas, lagos,
árvores frutíferas, etc. E como desvantagem apresenta o caminho de volta
igual ao de ida e a possibilidade de cruzar com outros visitantes.
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Foto
1
–
Trilha
Foto 2 – Praia Carnaubinha
Fonte: Oliveira, 2012.
Carnaubinha
Fonte: Oliveira, 2012.
Inicialmente o ponto de partida da trilha, é em uma antiga construção de viveiro
de camarões, essa encontra-se desativada e com sua infraestrutura
deteriorada. A distância percorrida é considerada média, com um grau de
dificuldade moderada. Durante a trilha é possível encontrar vários elementos
naturais e artificiais em potencial para atrativo como também pontos
interpretativos. Como naturais, é possível encontrar a própria praia, potencial
exuberante para contemplação da paisagem. Vegetação restinga, onde essa
apresenta em caráter pouco degradada, e possui árvores de pequeno e médio
porte, como também plantas frutíferas, caju e “maça de pobre”. Ainda é
observada a presença de falésias, e dunas fixas e móveis.
Dentre os elementos artificiais, destaquem-se a antiga construção de viveiro de
camarões como já foi citado anteriormente, e Farol da Gameleira, considerado
como um ponto de parada para contemplação da natureza, interpretação
ambiental e registros fotográficos. Como mostram a fotos a seguir.
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Foto 3 – Construção antiga de viveiro camarões Foto 4 – Farol da Gameleira
Fonte: Oliveira, 2012.
Fonte: Oliveira, 2012.
Por fim, ainda foi possível identificar algumas caraterísticas adicionais daquelas
que não constavam no formulário de verificação para caraterização da trilha de
Carnaubinha. Desse modo, essas podem ser visualizadas na tabela 1 a seguir.
523
Tabela 1 - Características adicionais da trilha de Carnaubinha Touros/RN.
• Recreativa
FUNÇÃO
• Interpretativa
• Educativa
• Guiada
TIPO
• Autoguiada
• Crianças
PÚBLICO ALVO
• Jovens
• Adultos
PERÍODO DE FUNCIONAMENTO
• Permanente
INFRAESTRUTURA
• Não há infraestrutura para apoio
• Os espaços naturais encontram-se
CONDIÇÕES AMBIENTAIS
relativamente conservados.
Fonte: Oliveira, 2012.
Após a caraterização da trilha, fez necessário avaliar a atratividade da
trilha de Carnaubinha, para isso foi aplicado o método Indicadores de
Atratividade Pontos Interpretativos – IAPI (adaptado Magro; Freixêdas, 1998),
onde a partir disso foi possível apontar os principais pontos interpretativos da
trilha conforme previa o formulário, como mostra o quadro 3 a seguir.
Quadro 3 – Principais Pontos Interpretativos da Trilha Carnaubinha Touros/RN
Fonte: Oliveira, 2013.
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ESTÍMULO
PONTOS DE PARADA
V
x
S
x
Praia
x
x
Farol da Gameleira
x
x
Parada Inicio das Dunas
x
Mirante Natural
x
Construção Antiga de um
viveiro Camarão
POSIÇÃO
T
I
N
x
ESCALA
S
x
2
x
3
x
x
x
1
x
x
x
x
x
Os pontos interpretativos mostrado no quadro anterior foram escolhidos
devidos apresentarem caraterísticas e aspectos naturais, por possuir
vegetação expressiva, e pela proximidade com água. A escolha ainda
fundamentou-se por serem pontos de acesso e parada fácil e pela
possibilidade da contemplação da paisagem e por apresentar potencial de
pontos de interpretação e sensibilização ambiental. Como mostra no quadro, a
predominância do estímulo dos pontos interpretativas é o visual, podendo
assim afirmar que existe uma semelhança entre esses pontos.
Com relação à posição dos pontos, pode-se perceber que varia um pouco, pois
a trilhas é constituído de um relevo não plano, com descidas e subidas
íngremes fazendo com que alguns pontos ficam em posições diferente, sendo
evidente afirmar que a trilha possui um nível de dificuldade moderada. E por
fim, as escalas dos pontos ficaram entre 1ª e 2ª escala, onde pode-se concluir
que a trilha possibilidade ao visitantes/turistas um contato mais próximo com os
recursos naturais, facilitando assim a interpretação ambiental desses lugares
por meio da sensibilização quanto a valorização e conservação do meio
ambiente.
4. Considerações finais
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Com base em suas características, a trilha ecológica de Carnaubinha, em
Touros/RN apresenta-se como possível produto turístico. Com base em seus
pontos de interpretação apresenta-se como um espaço que propiciar a reflexão
sobre os impactos ambientais, bem como, o contato com a natureza. Contudo,
ser estruturada, para que possa proporcionar condições básicas de
interpretação aos visitantes afim de que eles tenham um contato com a
natureza e que se torne o elemento gerador de sensibilização quanto a
conservação do meio ambiente. Sendo assim, o planejamento seria o primeiro
passo para tornar o produto turisticamente e economicamente viável, e assim
promover a conservação do espaço natural e visando a minimização dos
impactos que podem vir gerar por meio do uso do meio.
Por fim, sugere-se que a trilha de Carnaubinha tenha usos de cunho educativo,
interpretativo e científico, para obtenção da geração de renda para
comunidade. Para tal, é necessário que com já citado, um planejamento e
estruturação da trilha com manejo, e o incentivo dos gestores públicos, bem
como o interesse da comunidade, e, por conseguinte a divulgação do atrativo e
a inclusão desses em roteiros para fim de comercialização.
5. Bibliografia
ANDRADE, Waldir Joel de. Implantação e manejo de trilhas. In: MITRAUD,
Sylvia (Org.). Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramenta
para um planejamento responsável. Brasília: WWF Brasil, 2003. p. 247 –
260.
BOÇON, R. Caracterização de solos, vegetação e público alvo como
indicadores no planejamento de trilhas interpretativas. Dissertação
apresentada
ao
Curso
de
Pós
Graduação
em
Agronomia
da
Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial a obtenção do
grau e título de mestre em Agronomia. Curitiba, 2002.
BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de regionalização do turismo:
Roteirizarão Turística (modulo operacional 7). Brasília: Ministério do
Turismo, 2007.
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COSTA, S. M. As trilhas e o seu papel na dinâmica de uma unidade de
conservação: o caso de Maciço Gericinó- Mendanha. 2004. Dissertação
( Mestrado) – PPGG, UFRJ, Rio de Janeiro.
MINISTÉRIO do Turismo. Estudo da demanda do turismo internacional no
Brasil. [s.l.]: Brasília, 2011.
MAGANHOTTO, Ronaldo Ferreira; SANTOS, Leonardo José Cordeiro; MIARA,
Marcos Antônio. Planejamento de trilhas em áreas naturais – estudo de
caso sítio da alegria, prudentópolis/guarapuava – pr. Revista Geografar.
Curitiba, v.4, n.2, p.143-163, jul./dez. 2009.
MAGRO,Tereza Cristina; FREIXÊDAS, Valeria. Trilhas: como facilitar a seleção
de
pontos interpretativos. Revista Circular Tecnica IPEF, nº 186, set 1998.
Disponível
em:
<
http://www.infotrilhas.com/Downloads/trilha.pdf>.
Acesso em 14 abr 2012.
VASCONCELLOS, J. M. O.. Avaliação da eficiência de diferentes tipos de
trilhas interpretativas no Parque Estadual Pico do Marumbi e Reserva
Natural Salto Morato – PR. Revisa Natureza & Conservação, v.2, n.2,
p.48-57, 2004.
WEARING, S.; NEIL, J. Ecoturismo: impactos, potencialidades e possibilidades.
Barueri: Manole, 2001.
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GT 04: Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base
Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
Sumario
01
A Educação Ambiental para a preservação das trilhas do Morro da 528
Cambirela / SC.
02
Gestão de áreas verdes: análise do Parque Florestal Municipal 554
Boca da Mata (Ceará-Mirim/RN).
03
O sistema de mutirão como alternativa para a implementação e 572
manutenção de trilha na RPPN Foz do Aguapeí, Região Oeste do
Estado de São Paulo.
04
Trilhas e ecoturismo em Lumiar: Realidade e possibilidades de 579
sinalização turística.
05
Percepção turística da comunidade de entorno ao PE Acaraí – 590
São Francisco do Sul, SC.
06
Vías verdes y senderos de largo recorrido en Canadá y Chile: 603
527
evaluación de participación de comunidades y de actores múltiples
y su potencial conexión con redes ecológicas para la protección
de la biodiversidad biológica.
07
SESC SP e a Trilha d’Água – adutora da década de 40 é utilizada 628
como ferramenta de interpretação ambiental.
08
Planejamento e implementação de uma trilha interpretativa na 661
Escola Família Agrícola Puris, no município de Araponga, MG.
09
Planejamento, manejo de trilhas e sociedade: Turismo de base 670
comunitária no Baixo Acará: interpretando e desenvolvendo trilhas
ecoturística.
10
Recuperação e estruturação das trilhas do PE do Forno Grande
680
/ES para visitação pública.
11
Percepções dos visitantes do Parque Estadual do Ibitipoca em
689
relação ao lixo e sua deposição final
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GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base
Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
A EDUCAÇAO AMBIENTAL PARA A PRESERVAÇÃO
DAS TRILHAS DO MORRO DA CAMBIRELA/SC
Anastácio da Silva Júnior1
Marcos Antonio Garcia 2
Ana Carolina Martins Silva 3
Resumo
Palavras-chave: Sustentabilidade, Uso Público, Trilhas, Morro do Cambirela.
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (PEST) engloba áreas de nove
municípios: Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas,
São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Garopaba e Paulo Lopes e no município
de Palhoça, está situado o morro do Cambirela, que recebe intensa
visitação de excursionistas todos os anos, e danos causados às trilhas, como
lixo, queimadas, pichações, cortes em arvores, ravinamento e erosão do leito
das trilhas, são alguns dos impactos facilmente observados. Apesar de se
encontrar em uma área protegida, não existe qualquer controle de visitação e
programas de ação ambiental visando a preservação desta montanha. O
presente trabalho foi realizado nos anos de 2011 e 2012, com o objetivo de
verificar os impactos causados por usuários nas trilhas do Morro do Cambirela
(922m), e obter dados que permitam a elaboração de proposta de projeto de
Educação Ambiental e Interpretação Ambiental que contribuam para a
preservação das trilhas e boas práticas de visitação em áreas protegidas. Para
tanto foi realizada a coleta de dados através de levantamento fotográfico e
mapeamento das três trilhas existentes, excursões in loco e aplicação de
formulários de entrevista aos visitantes e usuários regulares, onde se verificou
a necessidade de uma redistribuição no fluxo de visitação, recuperação da
sinalização e manutenção das trilhas em diversos pontos, de modo a garantir o
uso adequado destes equipamentos. Concluiu-se que para a reversão da atual
situação atividades de educação e conscientização ambiental poderão
contribuir sobremaneira para os esforços de recuperação e conservação desse
patrimônio natural, rico em recursos de fauna e flora, de beleza cênica de
grande importância para atividades de lazer e geração de serviços importantes,
para o Município e região.
1
anastac@ifsc.edu.brProfessor do Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC.
mgarcia@ifsc.edu.brProfessor do Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC.
3
anacarol-ms@hotmail.com Academica do Curso de Arquitetura e Urbanismo – UDESC.
2
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Resumen
Palabras clave: Educación ambiental, Parque Estadual da Serra do Tabuleiro,
Uso Publico, Senderos, Cerro do Cambirela.
El Parque Estatal da Serra do Tabuleiro (PEST) abarca áreas de nueve
condados: Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas,
São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Garopaba y Paulo Lopes y en Palhoça, se
encuentra el Morro do Cambirela, que recibe una intensa visita de
excursionistas cada año, y el daño a las pistas, como si fueran basura,
quemados, graffiti, cortes los árboles y la erosión en cárcavas de las pistas de
cama, algunos de los impactos se observan fácilmente. A pesar de estar en
una zona protegida, no hay visitas de control y programas de acción ambiental
para la conservación de esta montaña. Este estudio se realizó en los años
2011 y 2012, con el objetivo de verificar los impactos causados por los usuarios
de los senderos Del Morro do Cambitela (922m) y la obtención de datos que
permitan la preparación de propuestas de proyectos de Educación Ambiental e
Interpretación Ambiental que contribuir a la preservación de los senderos y las
buenas prácticas de las visitas en las áreas protegidas. Para ello se recogieron
los datos mediante una encuesta fotográfica y cartografía de los tres senderos
existentes, visitas formularios de solicitud en el sitio y los visitantes de
entrevista y los usuarios regulares, en los que había una necesidad de la
redistribución de los flujos de visitantes, lo que indica la recuperación y el
mantenimiento de las pistas de varios puntos con el fin de asegurar el uso
correcto de este equipo. Se concluyó que para la reversión de la situación
actual de las actividades de educación y sensibilización ambiental puede
contribuir en gran medida a los esfuerzos de recuperación y conservación de
este patrimonio natural característica rica flora y fauna, belleza escénica de
gran importancia para las actividades de ocio y la generación de importante
servicio a la ciudad y la región.
1. Introdução
O Morro do Cambirela (922 m), linda montanha na beira do mar, mostrado na
Figura 1, localiza-se no Município de Palhoça, próximo de Florianópolis, dentro
do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, que é a maior unidade de
conservação no Estado de Santa Catarina. O parque ocupa aproximadamente
1% do território de Santa Catarina, com uma extensão de 87.405 hectares. Foi
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criado através de Decreto e abrange áreas de nove municípios: Florianópolis,
Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São
Martinho, Imaruí, Garopaba e Paulo Lopes. Engloba também as ilhas de
Fortaleza/Araçatuba, Ilha do Andrade, Papagaio Pequeno, Três Irmãs,
Moleques do Sul, Siriú, Coral, dos Cardos e a ponta sul da Ilha de Santa
Catarina (SANTA CATARINA, 1975).
530
Morro do Cambirela
Figura 1 - Morro do Cambirela e Ilha de Santa Catarina
Fonte: Satélite Google Earth (2011).
O Parque tem variada vegetação, reunindo cinco das seis composições
botânicas do Estado. Começa no litoral, com a paisagem da Restinga, sobe a
serra, alcançando o planalto em meio à vegetação dos Pinhais, passando,
nessa transição, pela Floresta Pluvial da Encosta Atlântica, vegetação da
Matinha Nebular e pelos Campos de Altitude da chapada da serra. Dentre a
vegetação
formam-se
rios
e
córregos
que
serão
responsáveis
pelo
fornecimento da água potável utilizada pelos moradores de toda Grande
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Florianópolis. A sede do Parque fica às margens da BR-101, no Município de
Palhoça, a 40 km de Florianópolis, em direção ao Sul do Estado onde se
localiza o centro de visitação e Educação Ambiental, mostrado na Foto 2.
531
Figura 2 - Centro de Visitação e Educação do PEST
Fonte: http://www.nagamboa.com.br/parque/parque.html.
O Morro do Cambirela constitui um dos maiores desníveis relativos do estado.
De seu topo pode-se ter uma vista espetacular de toda a Ilha de Santa Catarina
e do maior aglomerado urbano do estado, formado pelas cidades de
Florianópolis, São José e Palhoça. Apesar de estar situado em um parque
estadual, cuja área é teoricamente protegida por lei, recebe intensa visitação
de escaladores durante todo o ano. O resultado dessa movimentação é o
acúmulo de toda a espécie de lixo imaginável e a degradação de sua fauna e
flora. Destaca-se então, que nesta montanha, apesar de se encontrar em uma
Unidade de Conservação, não há qualquer controle ambiental ou de acesso,
nem por parte do poder público nem da sociedade civil.
Objetivo
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•
Verificar os impactos causados por usuários nas trilhas do Morro do
Cambitela.
•
Obter dados que permitam a elaboração de proposta de projeto de
Educação Ambiental e Interpretação Ambiental que contribuam para a
preservação das trilhas e boas práticas de visitação no Morro do
Cambirela.
Justificativa
A importância das trilhas remonta ao início da humanidade, e, por milênios,
elas foram o modo de deslocamento e ligação entre diferentes povos. Zeferino
e Carson (2006) relacionam as trilhas com a própria história e o mundo das
relações, pois, um dia, todas as comunidades tiveram suas trilhas e caminhos.
Muitos desses traçados viraram estradas, e outros se esvaíram no
esquecimento da nova gente que se assentou em diferentes lugares. As trilhas
formam um legado que não se pode deixar esquecido no tempo, portando
deve-se garantir a continuidade de seu desfrute pela presente e pelas futuras
gerações. No Brasil, segundo Bueno (1998), a mais antiga trilha de que se tem
registro é a do Peabiru, que ligava o litoral catarinense e o paulista por dois
ramais que se uniam no centro do Paraná à serra do Potossi no Peru. Esta
trilha era utilizada por povos incas e indígenas Brasileiros, antes do
descobrimento. A foi rota trilhada por Aleixo Garcia e posteriormente muito
utilizada por importantes personagens históricos, como: Martim Afonso de
Sousa, que fundou a cidade de São Vicente, (BUENO,1998), Álvar Núñez
Cabeza de Vaca em1541 (MARKUN, 2009), e Ulrich Schmidel em 1553
(BUENO,1998).
Atualmente as trilhas são utilizadas nas mais diferentes atividades de contato
com a natureza. As atividades em regiões montanhosas fazem parte do turismo
de aventura, e são denominadas de montanhismo. Diante do estado crítico das
nossas unidades de conservação e suas trilhas, como cita Andrade (2000), é
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532
compreensível que poucos trabalhos relativos ao assunto tenham sido
publicados e, entre esses poucos, praticamente a maioria enfoca apenas a
possibilidade de trilhas de interpretação em unidades de conservação.
No estado de Santa Catarina, a Serra do Mar, particularmente o Morro do
Cambirela, é muito procurada para a prática ecoturística do montanhismo, que
consiste em alcançar os cumes das montanhas por meio de escaladas ou
caminhadas. Para a prática do montanhismo, a formação de trilhas é uma
necessidade, e elas passam pelas mais diversas situações de relevo, solo e
vegetação, sendo que a pressão exercida pela prática de caminhadas causa
um impacto diferenciado dependendo da condição existente. A história de uso
do Cambirela é antiga, conforme Pimenta e Soldateli (2006). A sua base sofreu
ações antrópicas como: a retirada de espécies arbóreas por madeireiras, hoje
desativadas, e a agricultura, principalmente na produção de mandioca e canade-açúcar, que abastecia os engenhos artesanais familiares na produção de
farinha e cachaça.
Apesar de grande parte de essas áreas terem sido abandonadas e estarem em
processo de regeneração, a montanha ainda vem sofrendo outros impactos,
como a mineradora SAIBRITA, no sopé do Morro. Além de estar degradando
uma área da base da montanha, a mineradora “recupera” as áreas desmatadas
plantando espécies exóticas como pinus e eucaliptus. A ação da SAIBRITA se
torna incompatível com o que representa o Parque e contribui com a sua
degradação ambiental e perda de valores paisagísticos e cênicos, conforme
mostrado na Figura 3. Outro fator de degradação é provocado, mais
recentemente, pelo uso recreativo e turístico na região. A visitação ocorre de
forma espontânea, por grupos independentes, principalmente moradores da
grande Florianópolis e, de forma organizada, através de operadoras de
ecoturismo e guias e condutores autônomos. A ação dessa empresa é um
exemplo de desenvolvimento não sustentável, ou seja, há uma exploração
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533
econômica da região sem qualquer beneficio à sustentabilidade dessa região
ou à sua população.
Figura 3 - Mineradora no Morro do Cambirela
Fonte: Pereira (2011).
534
As trilhas que levam ao cume do Cambirela representam, na região da grande
Florianópolis, são umas das mais importantes e frequentadas.
Elas foram
abertas quando não havia ainda a preocupação com os impactos que poderiam
ocorrer e nem existiam unidades de conservação. Como não foram planejadas,
não existe um plano de manejo. Assim, a importância do conhecimento das
condições de uso e dos usuários das trilhas e dos fatores que afetam o morro,
como explica Vashchenko (2008), é muito relevante para auxiliar na elaboração
dos planos de manejo, na implantação, na recuperação ou na manutenção das
trilhas e, consequentemente, do ambiente além da segurança das pessoas que
o utilizam.
Os fundamentos da educação para o desenvolvimento sustentável partem da
problemática da degradação dos recursos naturais e sua consequente
escassez para gerações presentes e futuras, como afirma Branco (2011).
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Resulta daí a necessidade de uma mudança de posicionamento e de
comportamento da sociedade frente ao modelo de crescimento atual – gerador
de exclusão social e poluição ambiental.
2. Metodologia
Nesta pesquisa foram coletados dados sobre as características da trilhas do
Morro do Cambirela, das pessoas que usam essas trilhas e sobre quais os
danos causados por essas pessoas, já que este lugar é área de proteção. A
partir dos dados coletados e analisados, pôde-se chegar a determinadas
conclusões que possibilitarão, no futuro, através da Educação Ambiental, evitar
que esses danos aumentem e tragam prejuízos incalculáveis para o
desenvolvimento sustentável da região. A pesquisa foi realizada no âmbito do
Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, Município de Palhoça-SC, no entorno
do Morro do Cambirela, em suas trilhas e locais de acampamento, no topo,
junto aos excursionistas.
535
Quanto à ciência, essa pesquisa pode ser considerada empírica, uma vez que
codificou uma face mensurável de uma determinada realidade social, ou seja, o
entorno do Morro do Cambirela e os impactos da ação antrópica em seu
entorno. Trata-se também de uma pesquisa prática, uma vez que está voltada
à intervenção na realidade social, quando pretende propor ações na área de
Educação Ambiental, para diminuir os impactos dessa ação antrópica no
ambiente, visando o desenvolvimento sustentável da região.
Durante a pesquisa de campo foram realizadas 12 excursões ao Morro do
Cambirela, para a aplicação dos formulários. Os dias da semana escolhidos
foram sábados e domingos, nos meses de abril a outubro, pois, por se tratar de
uma demorada escalada, em torno de 7 horas para subir e descer, os
excursionistas a realizam preferencialmente em finais de semana. Para a
pesquisa foram aplicados 120 formulários respondidos em campo, no próprio
morro do Cambirela, conforme apresentado na Figura . Uma autorização
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Especial da FATMA - Fundação do Meio Ambiente de SC foi necessária para a
realização da pesquisa.
536
Figura 4 - Aplicação do Formulário
Fonte: Pereira (2011).
A Educação Ambiental não se faz de forma sistemática e regular, mas através
da linguagem, em todas as suas manifestações e situações de interação.
Determinadas idéias só se concretizam a partir do momento em que são
revestidas ideologicamente nos indivíduos que passam a orientar suas atitudes
de forma mais adequada ao contexto histórico e social. Acredita-se, portanto,
que as mudanças sociais com relação ao meio-ambiente vão acontecer
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lentamente, mas é um processo irreversível, que terá como consequência o
desenvolvimento sustentável.
2.1 Trilhas do Cambirela
Várias são as trilhas que levam ao cume do Cambirela. As principais, ou seja,
as mais utilizadas, denominadas trilhas 1, 2 e 3, são mostradas na fotografia de
satélite da Figura 5, em mapeamento realizado durante a pesquisa e estão
dentro da Zona de Uso, de acordo com o Mapa de Zoneamento
(SOCIOAMBIENTAL, 2002).
O autor realizou para este trabalho, o
mapeamento das três trilhas estudadas, utilizando um GPS Garmin, modelo
Forerunner 305, onde, através dos programas Google Earth e TrackMaker,
obteve os traçados das mesmas. Estes mapeamentos são apresentados a
seguir:
537
Figura 5 - Mapeamento das trilhas do Cambirela. Fonte: Satélite Google Earth (2011).
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O relevo do Morro do Cambirela e suas curvas de nível podem ser observados
na carta topográfica apresentada no onde também estão mostradas as três
trilhas.
538
Figura 6 - Mapeamento das trilhas do Cambirela (Curvas de nível, Google Earth)
Fonte: Satélite Google Earth (2011).
A seguir caracterizam-se cada uma das trilhas.
a) Trilha 1 - A via de subida segue pela aresta norte do Cambirela, mostrada na
Figura . Inicia na estrada geral da Guarda do Cubatão, ou Rua Jacó Vilain,
cruzando com a Rua Dezesseis, seguindo plana por cerca de 500 metros e
depois começa a subir de forma quase constante. Após passar a primeira
porteira, uma placa indica o caminho, pois lá embaixo nas propriedades
particulares é muito fácil errar o acesso. Uma vez na trilha, sobe-se por uma
canaleta de chuva com mato bem fechado por cerca de 30 minutos até uma
fonte de água, para então retornar 10 metros e entrar na trilha principal. A
subida é toda feita na mata até a cota 600 m, e até lá existe apenas uma
bifurcação com o caminho correto à esquerda, já que, à direita, a subida é
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direta até a canaleta de rocha, mas segue por um terreno totalmente erodido e
com pedras soltas.
539
Figura 7 - Mapeamento da trilha 1 do Cambirela, face norte.
Fonte: Satélite Google Earth (2011).
Os primeiros lances de corda começam pouco depois da cota 500 e dão
acesso à base da parede que pode ser vista desde o começo da caminhada.
Contorna-se um pouco a rocha e então se sobe por uma canaleta de uns 8
metros de altura, que normalmente tem uma corda esticada desde o topo,
conforme Figura 8. Depois da corda o terreno é mais inclinado e a vegetação é
rasteira, permitindo vista livre para o norte e leste. Segue-se por mais uns 20
minutos em valetas bem erodidas e então chega-se ao 'ombro', a saliência que
se vê na aresta norte da montanha.
Pouco acima é o local do acampamento principal e dali até o cume é uma
caminhada rápida. Esta trilha é a mais problemática das três mapeadas, pois
apresenta no seu início um processo de ravinamento e compactação de solo e,
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no seu final, próximo ao cume, movimentação de massa nas altas declividades,
com muitos fragmentos de rocha soltos com grande risco aos usuários,
mostrado na Figura 9. Além disso, o trecho vertical com corda fixa, sujeita às
intempéries e em precárias condições de uso, também oferecem grande risco
ao usuário.
•
Grau de Dificuldade: muito difícil (pela distância e inclinação da trilha,
com passagens que apresentam dificuldade técnica e grande risco).
•
Tempo de Duração (tempo de subida): 3 horas e 30 minutos (Tempo
médio estimado).
•
Distância Estimada (por GPS): 4.550 metros.
540
Figura 8 - Trecho com cordas da Trilha 1
Fonte: Pereira (2011).
Figura 9 - Trecho final da Trilha 1 Fonte: Spall
(2011).
b) Trilha 2 - A via de subida segue pela aresta noroeste do Cambirela,
mostrada na
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Figura 10. Inicia na estrada geral da Guarda do Cubatão, ou Rua Jacó Vilain,
cruzando com a Rua Quinze.
541
Figura 10 - Mapeamento da trilha 2 do Cambirela, face noroeste
Fonte: Satélite Google Earth (2011).
A partir da estrada, percorre-se 1,5 km por dentro de propriedades particulares,
cercas, criações de gado e charcos alagados. Até esse ponto, a trilha é bem
aberta, praticamente plana, passando pelas pastagens na base da montanha,
e, a seguir encontram-se trechos de bambuzal onde começa fechar e adentrar
na floresta. Já em mata fechada, a trilha começa ganhar inclinação e, após 1
hora até chegar a um lance de corda de aproximadamente 6 metros de altura,
conforme Figura 11 termina em uma borda de precipício com uma rocha um
pouco delicada, bem estreita e forrada de mato. Neste ponto existem vários
trechos de pedras soltas e uma única bifurcação que segue à esquerda (à
direita entra-se no leito do rio).
Esta trilha ganha altitude mais rapidamente no seu final e é praticamente toda
dentro da mata, seguindo pelo leito de um rio normalmente seco. O final da
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trilha 2, também chamada de trilha da cachoeira seca, está em numa rampa de
barro e pedras bem inclinada, na cota de 680 m, onde se encontra com a trilha
1 antes do 'ombro', mostrado Erro! Fonte de referência não encontrada., e
segue até o cume pelo mesmo caminho.. Esta trilha é a que apresenta as
melhores condições de uso, apesar de não ter sido planejada adequadamente.
Nos trechos iniciais da trilha, em relevo suave-ondulado não apresenta maiores
problemas de erosão. À medida que a encosta se torna mais íngreme, em
relevo montanhoso, a trilha segue pelo fundo de um vale sobre rochas com
muitas raízes expostas, em terreno úmido e escorregadio, sendo este o fator
de maior risco aos usuários.
542
Figura 11 - Trecho com corda da trilha 2 Fonte: Pereira (2011).
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•
Grau de Dificuldade: difícil (pela distância e inclinação da trilha, com
passagens em terreno escorregadio).
•
Tempo de Duração (tempo de subida): 2 horas e 45 minutos (Tempo
médio estimado).
•
Distância Estimada (por GPS): 5.000 metros.
c) Trilha 3 - A via de subida segue pela aresta leste do Cambirela, mostrada na
Figura . Inicia na BR 101, no km 222.
543
Figura 12- Mapeamento da trilha 3 do Cambirela, face leste.
Fonte: Satélite Google Earth (2011).
Esta trilha, em seu trecho inicial está inserida num relevo suave-ondulado,
apresentando em grande parte processo de ravinamento. Após a saída da BR
101, caminha-se por cerca de 600m, até entrar na mata. Em seguida, sob
relevo montanhoso entra-se em terreno mais íngreme, sendo necessário em
praticamente toda a subida o apoio das mãos, o que oferece médio a grande
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risco para usuários inexperientes. No decorrer do caminho encontram-se
muitas fontes de água corrente e pequenas cascatas, conforme figura 13
544
Figura 13 - Fonte de água corrente da trilha 3
Fonte: Dariva (2011).
A trilha 3 possui duas cavernas, eventualmente usadas para acampamento,
uma no meio da trilha, dentro da floresta, caverna 1, e outra no final da trilha,
caverna 2, onde acaba a mata fechada, mostrada na Figura 14.
•
Esta trilha apresenta a maior inclinação entre as três estudadas, e se
ganha muita altitude rapidamente. Apesar da dificuldade imposta pelo
terreno inclinado é a trilha mais curta e rápida. Na cota de 750 m, a trilha
sai da floresta, acima da área de acampamento, e se encontra com as
trilhas 1 e 2,
seguindo até o cume. A composição do solo litólico,
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segundo Pimenta e Soldatelli (2007), apresenta muitos blocos de rochas
e grande evidência de raízes expostas. Grau de Dificuldade: difícil (pela
distância e grande inclinação da trilha, com passagens que apresentam
dificuldade técnica e médio risco).
•
Tempo de Duração (tempo de subida): 2 horas e 15 minutos.
•
Distância Estimada (por GPS): 3.920 metros.
545
Figura 14 - Vista a partir da caverna 2, trilha 3. Fonte: Dariva (2011).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O manejo de trilhas é uma ferramenta indispensável às áreas naturais que
recebem uso turístico. Para que o manejo das trilhas do Cambirela se efetive é
necessário realizar um levantamento de informações e uma coleta de dados
sistemática, além de monitoramento desses impactos, buscando adaptar os
métodos de monitoramento por indicadores para verificação das condições e
de amostragem utilizados. Tal manejo deve ser implementado por técnicos
especialista nesta área de atuação sob gerencia do órgão gestor. De maneira
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concisa, todos os resultados dos formulários aplicados aos visitantes,
ressaltaram os seguintes fatos:
1. A Unidade de Conservação recebe um grande número de visitantes, que
não passam por qualquer fiscalização, controle ambiental nem sinalização
nas trilhas.
2. A maioria reside na Grande Florianópolis e são predominantemente jovens
e adultos com elevado nível cultural.
3. A maioria visita pela primeira vez, organizados em grupos pequenos, mas
demonstram satisfação apesar do intenso esforço físico e pretendem voltar.
4. O contato com a natureza é a atividade mais relevante e indica o enfoque a
ser dado em programas de Educação Ambiental.
5. Tempo de permanência curto.
6. Desconhecimento de normas ambientais e falta de informação do órgão
público responsável.
7. Exposição dos visitantes aos perigos inerentes à escalada (falta de
equipamento e condicionamento físico adequado).
8. Responsabilidade quanto à preservação da flora, fauna e águas
inadequadas (cuidado com as queimadas, depredação, caça, deposito de lixo),
conforme Figura 15
Figura 15 - Lixo e resto de fogueira na caverna 2
Fonte: Dariva (2011).
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546
9. Promoção e adequação da área de acampamento, com instalação de
infraestrutura dirigida à minimização do impacto ambiental causado,
conforme
10. Figura 13 e 17.
547
11.
Figura 16 - Lixo na área de acampamento
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Fonte: Silva Júnior (2011).
548
Figura 17 - Restos de Fogueiras e pichações na área de acampamento
próxima ao cume Fonte: Silva Júnior (2011).
10. Presença de movimentação de massa nas altas declividades, com muitos
fragmentos de rocha soltos e com grande risco aos usuários, além de raízes
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expostas e erosões, o que demonstra a urgência do plano de manejo,
conforme Figura 7
11. Desconhecimento do que seja uma boa ou ruim manutenção e
conservação de uma trilha, apontando para um caminho inicial no processo de
Educação
Ambiental,
como
o
ravinamento
mostrado
na
Figura
7
549
Figura 18 - Trecho com movimentação
de massa nas altas declividades. Fonte:
Pereira (2011)
Figura 19 - Ravinamento na Trilha 1
Fonte: Pereira (2011)
12. Planejamento da distribuição do fluxo de visitantes entre as três trilhas em
iguais percentuais, apara evitara degradação e o acumulo de lixo na trilha,
conforme Figura 20.
13. Apesar da degradação assustadora do Morro, os visitantes não se sentem
responsáveis por essa situação. Outros têm a percepção de que são os
causadores dos impactos, demonstrando a falta de conhecimento ambiental e
não a falta de consciência ecológica.
14. Implementação de programas de mínimo impacto.
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15. Alto índice de aceitação em relação à utilização de programas de
educação, facilitando as possibilidades de implementação destes.
16. Instalação de placas informações sobre trilhas, tempo, dificuldade, fauna,
flora, geologia, nome do local, risco de acidentes e possíveis dificuldades, pois
este é um anseio dos visitantes.
550
Figura 20 - Lixo ao longo da trilha 1 Fonte: Silva Júnior (2011).
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17. Controle de acesso, pois a visitação descontrolada é um fator gerador de
degradação.
18. Criação de serviço de guardas para o Parque e guias ecológicos.
Finalmente contata-se que na região do entorno do Cambirela existem
pequenas propriedades com criações de gado e agricultura e ainda uma
indústria que explora uma fonte de água mineral aos pés do Morro do
Cambirela. Para essa região e suas atividades econômicas, a conservação da
mata nativa também é vital para a sua sobrevivência, pois a qualidade da água
e a manutenção do lençol freático estão relacionadas diretamente à
conservação das florestas do Cambirela.
4. Conclusão
Como medidas de controle de impactos, além das intervenções de ordem
estrutural e de segurança, as trilhas que levam ao Cambirela não devem ser
adaptados aos visitantes, estes é que deverão ser preparados para a visitação.
Da mesma forma, é importante a implementação de um plano de manejo das
áreas de uso do Cambirela, seguida do estabelecimento de técnicas que
identifique o impacto potencial e os parâmetros para monitoramento da vida
silvestre. Salienta-se ainda que ausência de um plano de manejo no PEST, que
contemple o Morro do Cambirela, compromete a conservação e até mesmo a
existência futura dessa importante e bela montanha. Portanto, a utilização da
Educação Ambiental se torna um instrumento de fundamental importância para
minimizar os impactos da visitação.
Vários os estudos, como os citados nesta pesquisa, já demonstraram que, com
a Educação Ambiental, fiscalização e o controle, as áreas naturais se
conservam com impactos reduzidos; proporcionam qualidade a visitação, se
esta for organizada e planejada; proporciona aos visitantes contato direto com
os recursos naturais conservados e a vivência na natureza; e resulta em
benefícios sociais para as populações do entorno, ou seja, a Educação
Ambiental é o caminho para a sustentabilidade.A Educação Ambiental, no
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campo da conservação de ambientes naturais, tem por papel a conscientização
ambiental das pessoas que utilizam as áreas naturais, assim como
proporcionar ao visitante o envolvimento com as questões ecológicas, sociais,
econômicas e culturais do local visitado.
Constata-se que o Cambirela, em seu atual estado de abandono, requer uma
urgente
intervenção
do
órgão
governamental
responsável
por
sua
conservação, neste caso, a FATMA, no sentido de implementar ações de
controle, fiscalização e programas educativos ambientais através de um plano
de como a primeira ação a ser efetivada e que contemple: construção de
portais para o controle de acesso, distribuição de sacos para lixo e folhetos
explicativos, instalação de placas de sinalização e informações e de
sinalizações para as trilhas. Além disso, é necessário, também, a colocação de
degraus nas áreas expostas mais perigosas, onde hoje existem cordas, e
regulamentação na área de acampamento, uma vez que ficou claro que os
próprios visitantes querem saber mais sobre o Cambirela e anseiam por
informações sistematizadas.
5. Bibliografia
ANDRADE, W. J. Manejo de trilhas. FEMESP. São Paulo. 2000.
BRANCO, A. Educação para o desenvolvimento sustentável e educação
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GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base
Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
GESTÃO DE ÁREAS VERDES: ANÁLISE DO
PARQUE FLORESTAL MUNICIPAL BOCA DA MATA (CEARÁ-MIRIM/RN)
Artemísia dos Santos Soares4
Fabíola Gomes de Carvalho5
Resumo
Palavras-chave: Gestão; Unidade de Conservação; Parque Florestal Municipal Boca da Mata;
Ceará-Mirim.
Este estudo teve o seguinte objetivo geral: averiguar o atual estado de gestão
do Parque Florestal Municipal Boca da Mata, localizado no município de Ceará
Mirim/RN. Seguindo tendências que colocam o consumo de paisagens e o
lazer em Áreas Naturais Protegidas (ANPs) como uma atividade crescente no
mercado turístico, observa-se em geral que a criação de parques naturais
municipais não são acompanhados de práticas de gestão que possibilitem a
exploração de suas potencialidades de forma a integrar eficientemente
crescimento econômico, equidade social e conservação. Assim, foi realizada
uma pesquisa documental e coleta de dados de campo seguida de diagnóstico
preliminar da UC para reconhecimento da área do parque e de seu entorno
imediato. Os resultados apontam que o Parque apresenta-se como espaço
com potencial de contato com a natureza para: prática da educação e
interpretação ambiental, ecoturismo e conservação. Outra constatação é a de
que existe um processo de desvalorização dos objetivos de criação da Unidade
de Conservação (UC), em virtude dos interesses da cultura canavieira, ainda
presente de forma acentuada no município de Ceará-Mirim/RN, e da visão
progressista do poder público que prioriza crescimento econômico em
detrimento do desenvolvimento sustentável. Propostas de ações foram
indicadas para a sustentabilidade do Parque, tais como a recategorização do
Parque, ampliação da área do Parque e a aplicação de programas para o
4
artemisiasoares@yahoo.com.br Bacharel em Turismo (UERN - 2008), Mestre em Turismo
(UFRN -2011), Pós-Graduanda em Gestão Ambiental (IFRN). Servidora Pública da Prefeitura
Municipal de Ceará-Mirim/RN.
5
fabíola.carvalho@ifrn.edu.br Graduação em Agronomia UFRPE (1992), Mestrado em
Agronomia (Ciências do Solo) UFRPE (1996) e Doutorado em Ciências do Solo pela UFRS
(2003). Professora de Ensino Básico Técnico e Tecnológico do IFRN e Professora
Colaboradora do Dep. de Engenharia Química da UFRN.
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manejo da área, para que as atividades ali desenvolvidas sejam realizadas de
modo responsável e com uso eficiente dos recursos.
Resumen
Palabras clave: Gestión. Unidad de Conservación. Parque Forestal Municipal Boca da Mata.
Ceará-Mirim.
Este estudio tuvo como objetivo general: evaluar el estado actual de la gestión
del Parque Forestal Municipal Boca da Mata, ubicada en el municipio de Ceará
Mirim / RN. Siguiendo las tendencias que ponen paisajes de consumo y de ocio
en las Áreas Naturales Protegidas (ANP) como una actividad cada vez mayor
en el mercado turístico, se observa que, en general, la creación de parques
municipales no van acompañadas de prácticas de gestión que permitan la
exploración de su potencial a fin de integrar de manera eficiente el crecimiento
económico, la equidad social y la conservación. Por lo tanto, se realizó una
investigación documental y de campo de recolección de datos seguido por el
diagnóstico preliminar de la UC para el reconocimiento de la zona del parque y
su entorno inmediato. Los resultados indican que el parque se presenta como
un espacio con posibilidad de contacto con la naturaleza: la práctica de la
educación e interpretación ambiental, el ecoturismo y la conservación. Otra
conclusión es que hay un proceso de devaluación de los objetivos de la
creación de la Unidad de Conservación (UC), teniendo en cuenta los intereses
de la caña de azúcar, sin embargo, esta forma pronunciada en el municipio de
Ceará-Mirim/RN y progresiva la visión de gobierno que prioriza el crecimiento
económico a costa del desarrollo sostenible. Las acciones propuestas se han
indicado para la sostenibilidad del parque, como la re-categorización del
Parque, la ampliación del parque y la implementación de programas para la
gestión de la zona, por lo que las actividades desarrolladas se llevan a cabo en
un uso responsable y eficiente de los recursos.
1 introdução
As Unidades de Conservação da Natureza, também conhecidas por UCs, são
espaços territoriais que apresentam características naturais relevantes e
delimitação instituída pelo poder público para garantir a proteção e
conservação dos seus recursos naturais. (SNUC, 2000). De acordo com a lei nº
9.985 de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC), as UCs podem ser: de “Proteção Integral”, garantindo a
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preservação total da natureza, ou de “Uso Sustentável”, que permitem seu uso
de forma controlada.
Dentre as diversos categorias de UCs regulamentadas pelo SNUC, o Parque
Nacional (PARNA)6, face às demandas ambientais, tem se tornado uma das
opções mais visadas para a conservação ambiental e preservação da
biodiversidade. Os Parques Nacionais (PARNAs) são identificados como
unidades de proteção integral e representam áreas de domínio público de uso
indireto, sendo totalmente restringidas à exploração ou aproveitamento dos
recursos naturais, admitindo-se apenas o aproveitamento indireto dos seus
benefícios. A sua criação objetiva preservar a natureza, em especial, a fauna, a
flora e os monumentos naturais, além de proporcionar oportunidade para a
pesquisa científica, a educação ambiental, o lazer e o turismo ecológico
(BRITO, 1998, p. 82).
No Brasil atualmente se dispõe de um extenso quadro de UCs das quais 2,61%
são unidades de proteção integral (de uso indireto) e outros 5,52% são áreas
protegidas parcialmente (de uso direto). Muitos esforços têm sido feitos para
ampliar as áreas protegidos no território nacional, refletindo um esforço
considerável para conservação in situ da diversidade biológica. (ibdem). O Rio
Grande do Norte (RN) possui atualmente 238 mil hectares em unidades
estaduais de conservação, o que corresponde a 4,5% do seu território. Estas
unidades estão localizadas, em sua maior parte, ao longo do litoral potiguar,
sendo 2,58% no ecossistema marinho, 1,08% no ecossistema costeiro, 0,8%
em ecossistema de mata atlântica e o restante na caatinga (IDEMA, 2012).
No RN, dentre as UCs existentes, 8 (oito) pertencem à categoria de Parque
Nacional. Destas, 4 (quatro) são Parques Estaduais consolidados e 2 (duas)
6
Podendo-se também ser conhecido como Parque Estadual ou Parque Natural Municipal
(SNUC, 2000).
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estão
em
fase
de
criação,
cuja
gestão
compete
ao
Instituto
de
Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (IDEMA), por meio do
seu Núcleo de Unidades de Conservação (NUC). A UC restante desta lista se
trata do Parque Nacional Furna Feia, único Parque administrado pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) no
RN. Ao se levar em consideração a relação entre turismo e áreas naturais
protegidas, vale informar que no RN, o turismo tem sido o maior responsável
pelo aquecimento da economia local, representando 22,7% do PIB do estado
(OLIVEIRA, 2008).
A receita proveniente da atividade turística subiu de 216 milhões de dólares em
2002 para 573 milhões de dólares em 2006. No mesmo período, o número de
empregos gerados pela atividade subiu de cerca de 50 mil para mais de 120
mil (PSB, 2008). Assim, vale salientar que, seguindo tendências que colocam o
consumo e o lazer em relevância, o turismo em Áreas Naturais Protegidas
(ANPs) tem se configurado como uma atividade crescente no mercado
turístico. Contudo, a criação destes parques parecem não ser acompanhados
por uma prática coerente com os conceitos fundamentais da gestão ambiental
sustentável, ensejando, assim, a necessidade de uma análise de sua gestão
(ou ausência dela) para a concretização dos objetivos para os quais foram
criados, sendo um bom exemplo a criação do Parque Florestal Municipal Boca
da Mata, localizado no município de Ceará Mirim/RN.
Com a finalidade de melhoria da qualidade de vida da população do município
de Ceará-Mirim, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), através
de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com a Cia. Açucareira
Vale do Ceará-Mirim, propôs (impôs) a criação do Parque Florestal Municipal
Boca da Mata, sob o argumento de medida compensatória em virtude das
recorrentes queimadas para o plantio de cana-de-açúcar por esta empresa. A
criação
do
Parque
Florestal
Boca
da
Mata
desperta
os
seguintes
questionamentos: quais são as suas potencialidades e quais as ações
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aplicáveis à sustentabilidade do parque? Visando responder a este
questionamento, este estudo teve o seguinte objetivo geral: averiguar o atual
estado do Parque Florestal Municipal Boca da Mata. Para tanto, foram
elencados os seguintes objetivos específicos: (a) Contextualizar o Parque
Florestal Municipal Boca da Mata; (b) Apresentar os fatores relevantes nos
ambientes interno e externo da UC; (c) Estabelecer proposta de ações para
implantação e implementação sustentável do Parque.
Desse modo, para maior aprofundamento analítico acerca da gestão do Parque
Florestal Municipal Boca da Mata, torna-se crucial a análise da atual situação
do Parque, visando à indicação de ações e/ou programas que dêem
sustentabilidade e valorização à área, inclusive a possibilidade da realização de
práticas ecoturísticas. Sob esta perspectiva, este trabalho efetuou análise da
gestão do Parque Florestal Municipal Boca da Mata, em especial a
necessidade de implementação e implantação de ações e programas que
possibilitem a exploração de suas potencialidades de forma a integrar
eficientemente: crescimento econômico, equidade social e conservação
ambiental.
O presente estudo, portanto, visa contribuir para o avanço dos estudos das
potencialidades, bem como das fragilidades da área, além de possibilitar a
implementação de processos de inserção de atividades sustentáveis no parque
e, quiçá, influenciem na formulação e efetivação de políticas que tratem dos
aspectos ambientais no município de Ceará-Mirim/RN.
2 GESTÃO AMBIENTAL EM ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS
2.1 A implementação das anps
Diversos estudos explicitam as dificuldades para alcançar as metas ambientais
propostas pelas áreas protegidas (BRITO, 1998; JAMES, 1999; PÁDUA, 2000;
MILANO, 2000). Dentre estas dificuldades, podem-se citar as seguintes:
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a) Falta de recursos financeiros e humanos envolvidos nas desapropriações,
no planejamento e no gerenciamento das unidades. A exiguidade de
recursos para o setor alia-se à sua sistemática redução. Os recursos
financeiros destinados às UCs pelos países desenvolvidos contabilizaram,
em 1996, aproximadamente U$ 20 por hectare.
Nos países em desenvolvimento, este valor equivalia a U$ 1,5 por hectare
(JAMES, 1999). Este fato acarreta problemas para manter a integridade
física da unidade por meio de fiscalização adequada; elaborar o plano geral
e os programas de manejo da UC, definindo suas diretrizes e prioridades; e
implantar e manter a infraestrutura necessária de apoio.
Por outro lado, esta carência de recursos estaria vinculada a uma série de
incapacidades das organizações envolvidas com a gestão, como, por
exemplo, dificuldades para viabilizar os recursos a fundo perdido junto às
instituições governamentais nacionais e internacionais, devido à falta de
planejamento estratégico. Este deveria orientar a efetivação de ações
prioritárias que possibilitariam, dentre outras, oferecer contrapartidas a
agências internacionais.
Os financiamentos internacionais não alocam recursos quando o governo
não pode garantir a manutenção das áreas com a presença de pessoal
adequado e a longo prazo (PÁDUA, 2000).Atualmente, novas perspectivas
de obtenção de recursos públicos se abrem. Referem-se, por exemplo, à
evolução de conceitos como o do "poluidor – pagador", que incorporam a
compensação ambiental em diversas situações legais, envolvendo a
conservação de UCs no processo. Tais possibilidades, todavia, exigem o
aparelhamento das unidades gestoras para que possam orientar a
aplicação e disponibilização dos recursos.
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b) Falta de conhecimento dos gestores em relação ao verdadeiro potencial da
unidade. O desconhecimento dos usuários ou potenciais 'clientes' da
unidade dificulta a avaliação em relação às oportunidades de obtenção de
recursos próprios por meio de inúmeras formas de parcerias possíveis. Por
outro lado, pode acarretar a expectativa de uma autossustentabilidade total
das UCs.
Neste sentido, mesmo as unidades de conservação mais eficientes, com
planos de negócios muito bem elaborados e com possibilidades de
incorporar atividades turísticas e de lazer remuneradas ao rol de serviços
oferecidos, não conseguem repor com recursos próprios uma grande parte
das suas despesas.
c) Subordinação
dos
objetivos
da
UC
a
interesses
exclusivamente
econômicos. Há conivência das entidades com a realização de atividades
econômicas
no
interior
e
no
entorno
das
unidades,
nitidamente
incompatíveis com os objetivos das UCs (BRITO, 1998). Este aspecto
explicita a forte conotação patrimonialista que ainda perpassa a elaboração
e implementação das políticas públicas.
d) Processos participativos muito frágeis. A atuação exclusiva e isolada da
sociedade dos setores estatais responsáveis também impede a gestão
adequada das ANPs. Existem diversos tipos de entraves no interior destas
instâncias que dificultam a participação da sociedade civil nas decisões e no
estabelecimento de parcerias para a implementação.
Uma conclusão decorrente é a de que o estado estaria desenvolvendo
determinadas atividades passíveis de serem realizadas com mais eficiência
por setores não-estatais, sem alocação significativa de recursos públicos.
Apesar de correta, esta concepção poderia também vir a subestimar o papel
dos agentes públicos neste processo.
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3. metodologia
3.1 Caracterização do estudo
O desenvolvimento deste estudo foi orientado para a análise da gestão das
áreas verdes, em especial a necessidade de implantação e implementação de
ações e programas para a sustentabilidade do Parque Florestal Municipal Boca
da Mata, demandando, portanto, uma abordagem de configuração qualitativa.
Quanto ao nível de profundidade, a pesquisa realizada pode ser caracterizada
como descritiva. Segundo Gil (1999, p. 44, grifo nosso.) “as pesquisas deste
tipo tem como objetivo primordial a descrição de determinada população ou
fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”.
Todavia, o mesmo autor informa que pesquisas descritivas podem ir além de
simples identificação da existência de relações entre variáveis, visando à
compreensão da natureza dessa relação, ensejando nesse sentido a
aproximação da pesquisa descritiva à pesquisa explicativa, na qual se tem
como preocupação principal identificar os fatores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos.
3.2 Local
O Parque Florestal Municipal Boca da Mata situa-se em área lindeira à cidade
de Ceará-Mirim, mais especificamente as margens da BR 406. O município de
Ceará-Mirim situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião
Macaíba, limitando-se com os municípios de Maxaranguape, São Gonçalo do
Amarante, Ielmo Marinho, Taipu e o Oceano Atlântico, abrangendo uma área
de 726 km², inseridos nas folhas Natal (SB.25-V-C-V), Touros (SB.25-V-C-II) e
João Câmara (SB.25-V-C-IV), da qual uma área de 68,9 hectares de mata
atlântica compreende o Parque Florestal Municipal Boca da Mata (Figura 1).
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Figura 1 – Mapa da localização do Parque Florestal Municipal Boca da Mata.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
3.3 Coleta e análise de dados
Para a coleta de dados foi realizada uma pesquisa documental que se
assemelha à pesquisa bibliográfica, todavia Gil (1999) informa que a diferença
entre ambas se encontra no tipo de fontes. Pois, enquanto esta última se dá
através de contribuições de diversos autores sobre um mesmo assunto, a
pesquisa documental faz uso de materiais que não receberam tratamento
analítico, ou que ainda podem ser reelaborados em conformidade com os
objetivos da pesquisa. Em seguida, foi realizado diagnóstico preliminar da UC
correspondendo à fase de estudos básicos para planejamento através de
reconhecimento e levantamento de campo, realizada na área do parque e de
seu entorno imediato, que teve como objetivo identificar de forma expedita os
principais aspectos de relevância ecológica da unidade, os principais aspectos
de fragilidade e os fatores de pressão a estes associados.
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A análise dos dados ocorreu através da intersecção dos dados coletados com
a teoria abordada, cujos resultados serão detalhados adiante, evidenciando o
processo histórico e econômico no qual a UC em questão está inserida, bem
como a situação atual e as ações necessárias para correção das deficiências e
consolidação dos aspectos positivos levantados, visando sua sustentabilidade.
4 Resultados e discussão
4.1 Caracterização do parque florestal municipal boca da mata (ceará-mirim/rn)
Inicialmente, se faz necessário relatar um breve histórico da criação do Parque
Municipal Boca da Mata, contextualizando-o conforme características do
município de Ceará-Mirim/RN. O município de Ceará-Mirim conta com uma
população total residente de 68.141 habitantes, sendo que 35.494 vivem na
área urbana e 32.647 na área rural. As principais atividades econômicas do
município são: agropecuária, pesca, extrativismo e comércio. (IBGE, 2010). O
município foi criado em 06/06/1755, através do desmembramento7 da cidade
do Natal com o nome de Aldeia do Guajiru, mudando seu nome para CearáMirim apenas em 30/7/1858 e, tornando-se cidade pela Lei nº 837 de
09/06/1882. (NOBRE, 1877). Vale ressaltar que, conforme o IDEMA (2008), o
solo do município possui aptidão agrícola regular para lavouras e algumas
áreas aptas para dois cultivos por ano, bem como aptidão boa para silvicultura.
Terras aptas para culturas especiais de ciclo longo, tais como algodão arbóreo,
sisal, caju e coco e pequena faixa de terra com aptidão restrita para pastagem.
Este panorama possibilitou a inserção da cultura canavieira na região.
O plantio de cana de açúcar em Ceará-Mirim, há séculos vem acumulando um
déficit ambiental sustentado pelas atuais gerações, não só com os impactos
negativos decorrentes das queimadas na época da colheita da cana, que deixa
7
Cabe explicar que, Ceará-Mirim, foi o 2º município (vila) criado do RN, podendo desmembrarse, portanto, somente do 1º, a capital, Natal. (NOBRE, 1877).
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o município sob uma densa nuvem de fumaça, mas com o desmatamento que
chega, na atualidade, às matas ciliares do Rio Ceará-Mirim, seus afluentes e
nascentes, provocando o assoreamento destes rios e as consequentes
inundações no Vale do Ceará-Mirim, com perdas consideráveis da flora e fauna
da região, assim como comprometendo a qualidade de vida das pessoas que a
habitam.
Na tentativa de contornar esta situação, o Ministério Público do Rio Grande do
Norte (MPRN) firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em 04/09/2008,
entre o MPRN e a Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim, visando dentre outras
coisas, disciplinar a queima da palha da cana-de-açúcar que redundou em
várias melhorias ambientais, como também a medida compensatória que
obrigou a empresa a doar ao município de Ceará-Mirim uma área de mata
atlântica situada na entrada da cidade medindo 68,9 hectares, com o fim único
de nela ser criado um Parque Florestal Municipal em decorrência do período de
queima indevida da cana-de-açúcar. Assim, o Parque Florestal Municipal Boca
da Mata foi criado pelo Decreto Municipal nº 2.132, datado de 23/12/2008, está
situado em área lindeira à cidade de Ceará-Mirim, mais especificamente às
margens da BR 406, com 68,9 hectares de mata atlântica (Figuras 1, 2, 3 e 4),
cujo terreno foi doado ao Município de Ceará-Mirim pela Companhia Açucareira
Vale do Ceará-Mirim Ltda., como compensação ambiental em TAC firmado
com o MPRN, em razão dos danos ambientais decorrentes da queima da palha
da cana-de-açúcar.
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Figura 1 – BR 406: UC à direita
Figura 2 – Entorno da UC: canavial
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Figura 3 – Estrada cortando a UC
Figura 4 – Flora da UC: mata atlântica.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Atualmente, a UC está sob Ação Civil Pública interposta pelo MPRN contra a
Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim (PMCM). Conforme o documento, “o
Parque fica próximo ao perímetro urbano e tangencia o plantio de cana, o que
deixa, sobremaneira, exposto a degradação necessitando, dessa forma, de
medidas urgentes visando a sua preservação, sendo reiterada a requisição
para as providências, visando o cercamento” (MPRN, 2011). Tal exigência
reitera a solicitação anterior de ações para implantação do parque, como:
cercamento, plano de manejo, construção da sede do parque e criação do
horto municipal (ver detalhes acerca do Parque no quadro 1).
Nome da Unidade de Conservação: Parque Florestal Municipal Boca da Mata
Subordinação técnica e administrativa: Secretaria de Turismo, Meio Ambiente e Desenvolvimento
Econômico da Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim/RN - SETMADE
Endereço da UC:
Às margens da BR 406
Efetivo de funcionários
Ainda não se tem quadro de pessoal designado.
Acesso
O acesso ao Parque é feito pela BR 406 Natal,– CearáMirim. A entrada do Parque dista aproximadamente 1,5
quilômetros da entrada da cidade de Ceará-Mirim e este
percurso é todo feito em estrada asfaltada.
Número do instrumento legal e Decreto Municipal nº 2.132, de 23/12/2008.
data de criação
Superfície
68,9 hectares (não demarcados)
Unidade da Federação. Município Estado do Rio Grande do Norte. Município de Ceará-Mirim,
e Distritos que abrange
entre os distritos de Massaranduba e a sede do município de
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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Ceará-Mirim.
Casarios coloniais
Engenhos e usinas de cana-de-açúcar (ativadas e não
ativadas)
Situação Fundiária
A área definida no Decreto de Criação (68,9 hectares)
recebeu Certidão de Característica do imóvel doado para fins
de criação do citado Parque em maio de 2010.
Bioma e ecossistemas
Mata Atlântica secundária em estágio avançado de
regeneração.
Atividades desenvolvidas:
Ainda não há ocorrência de atividades na UC, tais como
educação ambiental, pesquisa e fiscalização.
Atividades conflitantes
Em grande escala: monocultura da cana-de-açúcar realizada
pela Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim Ltda; caça
de pequenos animais silvestres e apanha de aves; invasão
por animais domésticos (particularmente cães de
caçadores), cavalos e bois (em torno da UC), e despejo do
lixo doméstico a céu aberto, dentro e no entorno do Parque.
Atividades de uso público
Ainda inexistentes.
Outros usos
No interior do Parque há estrada que liga o canavial à
rodovia para acesso dos veículos que transportam cana-deaçúcar para a usina Companhia Açucareira Vale do CearáMirim Ltda.
Uma linha de transmissão do sistema COSERN, cruza o
Parque com a direção geral norte/sul.
Há, ainda, o planejamento para inserção de linhas de
transmissão de usinas eólicas
Atrativos principais
Paisagens e vistas panorâmicas, fauna e flora, entre outros.
Origem do nome
O Parque Florestal Municipal Boca da Mata recebeu este
nome por ser este um dos nomes pelo qual o município foi
conhecido no início do século XIX.
Quadro 1 - Informações gerais sobre o parque.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Marcos
importantes
proximidades dos limites
nas
Vale informar que foi realizado pelo IDEMA levantamento da flora presente no
parque, obtendo-se a constatação de que a área é regulamentada pelo Decreto
Federal n• 750/93 e Lei Federal 11.428/06, pois se trata de Mata Atlântica
secundária em estágio avançado de regeneração, podendo nela ser criado o
parque, segundo o estudo.
4.2 Apresentação dos fatores relevantes dos ambientes interno e externo da uc
Fatores favoráveis
Fatores desfavoráveis
Parcerias
Pessoal
Serviço de Guias
Recursos Financeiros
Disponibilidade de Pessoal Externo
Demarcação e Cercamento
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Recrutamento de colaboradores
Ocupação Incompatível
Banco de Dados Ambientais
Possibilidade de Proliferação de Zoonoses
Convênios
Proliferação de Espécies Exóticas
Recreação em Contato com a Natureza
Linhas de Transmissão
Ecoturismo
Disposição para Invasões
Educação Ambiental
Propriedades Rurais no Entorno
5. Propostas de ações para a implantação e implementação do parque
5.1 Recategorização do parque
Há necessidade de uma nova denominação da UC para que de Parque
Florestal Municipal Boca da Mata, passe a se chamar Parque Natural
Municipal Boca da Mata como é prevista na Lei nº 9.985, de 18 de julho de
2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (SNUC) e estabeleceu os critérios e normas para a criação,
implantação e gestão das unidades de conservação. O Artigo 7º desta Lei
estabelece dois grupos de UCs: I - Unidades de Proteção Integral; II - Unidades
de Uso Sustentável – e define seus objetivos.
Dentre as diversas categorias de UCs do grupo de Proteção Integral, o Artigo
11, § 4o, estabelece que para a unidade de categoria – Parque Nacional,
quando criada pelo Município, será denominada Parque Natural Municipal.
5.2 Objetivos específicos do parque
Considerando o objetivo principal de conservação ambiental da área e as
características de uso indireto previstos para esta categoria de manejo, em
observância ao SNUC (2000), propõem-se a adequação dos objetivos
específicos de manejo do Parque Florestal Municipal Boca da Mata.
5.3 Ampliação da área do parque
Em função da pressão antrópica sobre remanescentes naturais na região,
notadamente pela forte presente da monocultura de cana-de-açúcar,
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considerando-se os impactos existentes, como uso intensivo de agrotóxicos na
lavoura, práticas de queimadas, poluição dos rios através de efluentes
domésticos, lixo e a ausência de políticas públicas adequadas à minimização
dos impactos causados ao meio físico e biológico, a ampliação da área do
Parque possibilitará a implantação de área de amortecimento, permitindo a
preservação das últimas áreas desse bioma ainda existentes no entorno do
parque, bem como de sua biodiversidade. Nesse sentido, a SETMADE/PMCM
vem negociando junto aos proprietários do entorno a doação de áreas para fins
de ampliação do Parque.
5.4 Proposta de programas para o parque
Tendo sempre em vista o cumprimento dos objetivos dessa categoria de
Unidade de Conservação acima listados, se faz necessária a proposição de
programas de manejo (ver quadro 2) que contemplam, prioritariamente, um
conjunto de ações destinadas a assegurar uma maior proteção à área e a
568
orientar o seu uso numa fase inicial.
Programa
de
conhecimento
técnico-científico
Subprograma de
Pesquisa
Programa
uso público
de
Programa
de
manejo do meio
ambiente
Subprograma de
Manejo
dos
Recursos
Programa
de
integração com a
área de entorno
Subprograma de
Educação
Ambiental
Programa
de
gestão
operacional
Subprograma de
Subprograma
Recreação
e
de
Ecoturismo
Regularização
Fundiária
Subprograma de Subprograma de Subprograma de Subprograma de Subprograma
Monitoramento
Interpretação e Proteção
Controle
de
Ambiental
Informação
Ambiental
Ambiental
Administração
Ambiental
e Manutenção
Subprograma de Subprograma
Incentivo
a de
Alternativas
de Infraestrutura e
Desenvolvimento Equipamentos
Subprograma de Subprograma
Relações
de Cooperação
Públicas
Institucional
Quadro 2 - Programas e Subprogramas de Manejo do Parque Florestal Municipal Boca da
Mata.
Fonte: adaptado de MMA (2001).
6. Conclusão
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Conclui-se através da caracterização e apresentação dos fatores relevantes
nos ambientes interno e externo da UC, que o Parque Municipal Florestal Boca
da Mata apresenta-se como espaço em potencial de contato com a natureza,
lugar de aprendizado, experiência, reflexão, ecoturismo e, claro, conservação,
conforme indicado pelos autores revisados e dados coletados. A UC passa
também pela desvalorização de seus objetivos de criação face aos interesses
da cultura canavieira ainda presente de forma acentuada no município de
Ceará-Mirim/RN, bem como da visão progressista do poder público que prioriza
crescimento econômico em detrimento do desenvolvimento sustentável.
O Parque está, portanto, presente como unidade de conservação com
contradições urbanas, sociais e ambientais. Há expansão da exploração do
solo pela cultura canavieira, bem como demais usos no interior e entorno do
parque que reproduzem a natureza socializada e tecnificada, deixando o
parque de ser empecilho ao crescimento da cidade e passando a ser território
de consumo, conforme produção e consumo de uma cidade integrante da
Região Metropolitana de Natal (RMN). Como única UC do município de CearáMirim/RN, o Parque vem recebendo também olhares preocupados em relação
à sua consolidação, manutenção e função social, principalmente para os
moradores do entorno, estudantes e turistas que ali, porventura, venham a
fazer trilhas e interpretação ambiental.
Espera-se, portanto, através deste estudo e das propostas de ações que foram
estabelecidas para a sustentabilidade do Parque, que as atividades que nela
venham ocorrer sejam embasadas nos princípios do desenvolvimento
sustentável, em sua gestão e nos recursos necessários aplicados.
Assim, espera-se ainda que, dentre as atividades que poderão ser realizadas
no Parque, o ecoturismo seja realizado como ação que envolva comunidades
locais/tradicionais, que valorize e respeite os modos de vida e utilize os
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recursos naturais de forma adequada, os quais, na verdade, são os reais
atrativos turísticos do Parque Municipal Florestal Boca da Mata.
Por fim, vale salientar que para a efetiva conservação da biodiversidade e
geodiversidade existentes no município de Ceará-Mirim/RN não se faz
necessário somente uma Unidade de Conservação, mesmo que esta UC se
mostre significativa, pois o uso dos recursos naturais fora dos limites das áreas
protegidas é fundamental para a manutenção dos processos ecológicos. Parte
dos desafios que o Parque Municipal Florestal Boca da Mata enfrenta pode ser
resolvido com a criação, implementação efetiva, manejo eficiente e
democratização da UC, mas o desafio da conservação dos recursos naturais
só será vencido com estratégias e políticas mais amplas que lidem com a
gestão do território de forma integrada, considerando todos os usos da terra e
dos recursos naturais.
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GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas
práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
O SISTEMA DE MUTIRÃO COMO ALTERNATIVA PARA A
IMPLEMENTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE TRILHA NA RPPN FOZ DO
AGUAPEÍ, REGIÃO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
Clécio Rogério Silva8
Marcos Samuel Macedo9
Vanessa Cordeiro10
Claudio de Moura11
Resumo
Palavras-chaves: Planejamento de trilhas; trabalho comunitário; áreas protegidas.
O trabalho em sistema de mutirão representa a mobilização coletiva de
cidadãos, para execução de serviço que beneficie uma comunidade, e tem se
mostrado como uma interessante alternativa para implementação e
manutenção de trilhas em áreas naturais protegidas, devido a carência de
recursos humanos e financeiros destinados para esta finalidade. As trilhas são
caminhos utilizados pelo homem desde os primórdios da humanidade até os
dias atuais, e são um dos primeiros elementos de infraestrutura utilizados
quando se institui uma área protegida, e por diversas vezes esse uso ocorre
antes que haja um planejamento formal da área. O objetivo deste trabalho foi
caracterizar o emprego do mutirão como uma alternativa para implementação e
manutenção de trilhas na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Foz
do Aguapeí, situada região oeste do estado de São Paulo, que além do baixo
custo permite a capacitação de pessoas na área de planejamento de trilhas. A
gerência da RPPN, que pertence a Companhia Energética de São Paulo,
convidou seus funcionários e de outras Unidades de Conservação (UCs) da
empresa para participarem do mutirão. As áreas passíveis de intervenção
foram visitadas previamente pelo facilitador e os voluntários compareceram
para o trabalho na data marcada, após a formação do grupo foi apresentado o
plano de atividades e a capacitação teórica e prática foi iniciada. Como
resultado da realização do trabalho em sistema de mutirão foi estabelecida
uma nova trilha na RPPN Foz do Aguapeí. Tal atividade também contribuiu
significativamente para o aumento do conhecimento dos participantes sobre o
tema planejamento, manutenção e implementação de trilhas, pois, em
8 clecioeusou@yahoo.com.br .Consultor em Planejamento de Trilhas. Estação Ecológica Juréia-Itatins.
9 suelguarau@hotmail.com .Tecnólogo em Gestão Ambiental. Estação Ecológica Juréia-Itatins.
10 vcorde2004@hotmail.com . Turismóloga. Estação Ecológica Juréia-Itatins. Fundação Florestal.
11 claudio.moura@bol.com.br.Biólogo. Estação Ecológica Juréia-Itatins. Instituto Florestal.
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questionário aplicado entre os participantes, 84% afirmaram possuir pouco ou
nenhum conhecimento sobre o assunto e após a participação no mutirão
afirmaram ser capazes de propor intervenções em suas UCs de origem.
Resumen
Palabras clave: planificación de rutas; trabajo comunitario; las áreas protegidas.
El trabajo en mutirão representa la movilización colectiva de los ciudadanos,
para la ejecución del servicio que beneficia a una comunidad y se ha mostrado
como una interesante alternativa para la implementación y mantenimiento de
senderos en áreas naturales protegidas, debido a la falta de recursos humanos
y financieros destinados a este fin. Los senderos son caminos utilizados por el
hombre desde los albores de la humanidad hasta la actualidad y son uno de los
primeros elementos de la infraestructura utilizada cuando se establece un área
protegida, y varias veces este uso se produce antes de que hay una
planificación formal de la zona. El objetivo de este trabajo fue caracterizar el
uso del mutirão como una alternativa a la aplicación y mantenimiento de
senderos en la Reserva Particular del Patrimonio Natural (RPPN) Foz do
Aguapeí, situada al oeste del estado de São Paulo, que además el bajo costo
permite la formación de personas en el área de planificación de senderos. La
gestión de RPPN, que pertenece a Companhia Energética de São Paulo, pidió
a su personal y otras unidades de conservación (UCs) de la empresa a
participar en el mutirão. Áreas auditables de intervención fueron visitadas
previamente por el facilitador y los voluntarios que se presentaron a trabajar en
la fecha prevista, después de la formación del grupo fue presentada el plan de
actividades y se inició la formación teórica y práctica. Como un resultado de la
terminación del trabajo sobre el sistema de articulación se estableció un nuevo
sendero en la RPPN Foz do Aguapeí. Esta actividad también contribuyó
significativamente al aumento del conocimiento de los participantes sobre el
tema Planificación, mantenimiento y implementación de senderos, porque en el
cuestionario aplicado entre los participantes, 84% dicen tener poco o ningún
conocimiento sobre el tema y después de participar en el mutirão afirmó ser
capaz de proponer intervenciones en sus UCs de origen.
1. Introdução
O trabalho em sistema de mutirão representa a mobilização coletiva de
cidadãos, para execução de serviço que beneficie uma comunidade
(FERREIRA, 1999), e tem se mostrado como uma interessante alternativa para
implementação e manutenção de trilhas em áreas naturais protegidas, devido à
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carência de recursos humanos e financeiros destinados para esta finalidade
(COSTA, 2006; NUNES et al., 2008; AMADOR e PALMA, 2013). Tal situação
foi evidenciada por Costa (2006) quando afirmou que infelizmente a maioria
das unidades de conservação não dispõem de recursos humanos e materiais
para o manejo eficiente da malha de trilhas disponíveis aos visitantes.
Na Trilha dos Apalaches, nos Estados Unidos, cerca de 6 mil voluntários
contribuem anualmente doando mais de 200 mil horas de trabalho para
manutenção da trilha. Os voluntários atuam em todas as etapas do trabalho
trilhas, desde a de manutenção básica, como a construção de pontes e abrigos
até a construção de novas seções da trilha (APPALACHIAN TRAIL
CONSERVANCY, 2013). Amador e Palma (2013) demonstram que a prática do
mutirão é uma alternativa viável ao afirmarem que:
As atividades de manutenção de trilhas têm sido realizadas nos
mutirões tendo várias tarefas: o fechamento de atalhos, a
construção de degraus, a abertura de drenos de água para
diminuição da erosão, a reposição de sinalização, o corte de
mato ou de árvores caídas sobre a trilha, a coleta de lixo e o
preenchimento de ficha de monitoramento da trilha (Amador e
Palma (2013, p.118).
As trilhas são caminhos utilizados pelo homem desde os primórdios da
humanidade até os dias atuais, e segundo, Lechner (2004), são um dos
primeiros elementos de infraestrutura utilizados quando se institui uma área
protegida, e por diversas vezes esse uso ocorre antes que haja um
planejamento formal da área. O planejamento de trilhas deve levar em conta os
objetivos da área protegida, bem como os aspectos sociais e biofísicos do local
proposto para implementação da trilha (LECHNER, 2004). A visitação é
instrumento essencial para aproximar a sociedade da natureza e despertar a
consciência para conservação dos ambientes e processos naturais (MMA,
2006).
As Unidades de Conservação (UCs) são espaços territoriais que possuem
recursos ambientais, com características naturais relevantes, com objetivos de
conservação e limites definidos, às quais se aplicam garantias adequadas de
proteção (BRASIL, 2006). O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (SNUC) prevê 12 categorias de UCs distribuídas em dois grupos, o
de proteção integral e o de uso sustentável, onde está inserida categoria
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) que é uma área privada, com
o objetivo de conservar a diversidade biológica, onde é permitida a pesquisa
científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais
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(BRASIL, 2006). O objetivo deste trabalho foi caracterizar o emprego do
mutirão como uma alternativa para implementação e manutenção de trilhas na
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Foz do Aguapeí, situada
região oeste do estado de São Paulo, que além do baixo custo permite a
capacitação de pessoas na área de planejamento de trilhas.
2. Metodologia
O estudo foi realizado na RPPN Foz do Aguapeí, que possui área de 13.953,79
hectares, e situa-se na foz do rio Aguapeí e na Ilha Comprida, margem
esquerda do rio Paraná nos municípios de Castilhos, São João do Pau D’Alho
e Paulicéia, na região oeste do estado de São Paulo, cuja criação ocorreu
como forma de compensação ambiental para a construção da Usina
Hidrelétrica de Três Irmãos pela Companhia Energética de São Paulo (CESP)
(CESP, 2008). A gerência da RPPN da CESP estabeleceu uma data e
convidou funcionários da UC e região a participarem das atividades do mutirão.
Também foram convidados representantes da Universidade Estadual Paulista
“Júlio Mesquita Filho” (UNESP), Campus Ilha Solteira e foi disponibilizada uma
vaga a Fundação para Produção e Conservação Florestal do estado de São
Paulo (FF-SP).
O facilitador do mutirão visitou a RPPN previamente para avaliação das áreas
definidas pela gerência e passíveis de intervenção. Os voluntários e o
facilitador compareceram para o trabalho na data marcada, instituindo o
mutirão. Após a formação do grupo foi apresentado o plano de atividades e
respectivo cronograma. A capacitação teve início abordando os seguintes
conteúdos: Trilhas (fundamentos;, traçados; usuários; infraestrutura);
Planejamento (análise de sítio; coleta de informações; equipamentos; trabalho
em equipe); Mapeamento (desenho e traçado); Implementação (manutenção e
ferramentas; utilidades e manuseio). Formaram-se três equipes, duas delas
compostas por cinco e uma por quatro integrantes para realização das
atividades práticas, nessa distribuição procurou-se colocar ao menos um
funcionário da UC em cada equipe com o intuito de facilitar a realização das
atividades em campo devido à experiência dos mesmos na área.
O conhecimento dos mateiros, biólogos e técnicos florestais também foi
extremamente útil na identificação das espécies ameaçadas de extinção para
estabelecimento do desenho da trilha e no correto manuseio das ferramentas.
A análise de sítio, o mapeamento e o desenho são etapas importantes do
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planejamento que é fundamental no estabelecimento de uma trilha e as fases
desse processo instituem a dinâmica de atividades (LECHNER, 2004).
3. Resultados e discussão
O mutirão foi realizado de 01 a 03 de março de 2011, onde participaram 14
pessoas, predominando os funcionários da CESP, além de professores e
alunos da UNESP Campus Ilha Solteira e um gerente de uma RPPN do interior
paulista. Tal grupo era composto por auxiliares de campo, Engenheiros
Agrônomos e Florestais, Biólogos, um Pedagogo e uma Médica Veterinária. A
capacitação dos voluntários foi uma etapa fundamental para o bom
desempenho do mutirão, onde a exposição teórica sobre os conceitos e
técnicas de manutenção, planejamento e implementação de trilhas, seguida de
uma vivência para que os participantes pudessem experimentar na prática os
conteúdos expostos otimizou a fixação desses conceitos. Como resultado da
realização do trabalho em sistema de mutirão foi estabelecida uma nova trilha
na RPPN Foz do Aguapeí, denominada trilha da Anta, em decorrência dos
constantes avistamentos da Anta Tapirus terrestris no local. Tal atividade
também contribuiu significativamente para o aumento do conhecimento dos
participantes sobre o tema planejamento, manutenção e implementação de
trilhas, pois, em questionário aplicado entre os mesmos, 84% afirmaram
possuir pouco ou nenhum conhecimento sobre o assunto (Figura 1),
Figura 1 – Grau de conhecimento dos participantes.
E após a capacitação afirmaram ser capazes de propor intervenções em suas
áreas de origem (Figura 2).
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Figura 2 – Capacidade de propor intervenção nas UCs de origem após o curso.
Noventa e dois porcento dos participantes afirmaram que os temas abordados
terão aplicabilidade no trabalho desenvolvido em suas respectivas unidades
(Figura 3). Com a multiplicação das iniciativas de mutirões de limpeza e
manutenção de trilhas, cada vez mais pessoas se juntarão à causa do meio
ambiente e passarão a exercer sua cidadania ambiental e a cuidar de uma área
protegida de sua localidade. (AMADOR e PALMA, 2013).
577
Figura 3 – Aplicabilidade dos temas abordados no curso.
Conclusão
As trilhas são áreas importantíssimas para as Unidades de Conservação, pois
permitem o contato dos visitantes com o ambiente natural, devendo ser o seu
planejamento, implementação e manutenção uma prioridade dos gestores e
dos órgãos responsáveis pela administração das UCs. O mutirão realmente é
uma realidade como alternativa tanto para o exercício da cidadania dos
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voluntários, quanto para suprir a carência de recursos humanos, e em função
disto esta prática tem sido utilizada frequentemente tanto no Brasil quanto em
outros países, como o Estados Unidos onde este tipo de iniciativa é muito
antiga e ocorre desde a década de 1930. Esta prática deve ser estimulada para
que os cidadãos possam se envolver mais com a questão ambiental, para que
as áreas protegidas possam ser utilizadas de maneira mais proveitosa na visão
dos visitantes e funcional na concepção dos planejadores e administradores de
UCs.
Bibliografia
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GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas
práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
TRILHAS E ECOTURISMO EM LUMIAR: REALIDADE E
POSSIBILIDADES DE SINALIZAÇÃO TURÍSTICA.
Thiago S. Moreira Leite12
Wanessa Heckert Carvalho13
Cristiane Passos de Mattos14
Resumo
Palavras Chaves: Sinalização em trilhas, Planejamento turístico; Turismo de base
comunitária; Turismo de experiência; Macaé de Cima.
As trilhas do Gianinni e do Alambique estão localizadas na Área de
Proteção Ambiental de Macaé de Cima, em Lumiar, distrito do Município de
Nova Friburgo, RJ, Brasil. Esta unidade de conservação possui um grande
potencial ecoturístico devido à presença de remanescentes de mata
atlântica com espécies endêmicas e pelos rios e cachoeiras existentes
neste território propícios ao lazer e recreação na natureza, se destacando o
banho nos rios e cachoeiras, práticas de esportes radicais e ecoturismo.
Através de pesquisas bibliográficas relacionadas a essa temática e
pesquisa exploratória e de campo foi possível verificar a situação atual, a
infraestrutura turística e de transportes, assim como os potenciais a serem
desenvolvidos pela atividade turística possibilitando sinalizar consequências
positivas e negativas que a atividade pode proporcionar ao local e às
comunidades residentes além das possibilidades do planejamento das
trilhas como interpretativas. Foi analisada a perspectiva do uso das trilhas
como atrativos turísticos e os possíveis impactos socioambientais através
de abordagem sistêmica contemplando o planejamento e organização do
turismo apontando dados técnicos, o potencial existente e o que pode ser
aprimorado para o uso público tendo como base a inclusão da comunidade
na manutenção dos atrativos principais e acesso à oportunidades de
serviços propiciadas pelo Rio Macaé e geração de renda através do
desenvolvimento do turismo de experiência no alambique podendo envolver
12
Thiago_sm_leite@hotmail.com, Graduando em Tecnologia em Gestão de Turismo, Bolsista
do Projeto de Extensão Identidade Cultural nas Áreas de Proteção Ambiental de Nova
Friburgo, CEFET/UnED – Nova Friburgo.
13
Wanessa.hc@hotmail.com, Graduando em Tecnologia em Gestão de Turismo, CEFET/UnED
– Nova Friburgo.
14
cristianepassos@yahoo.com.br, Professora, Mestre em Geografia pela UFF no curso superior
de tecnologia em Gestão de Turismo, CEFET/UnED – Nova Friburgo.
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o turista nos processos de fabricação dos derivados da cana de açúcar.
Neste sentido, concluiu-se que a implantação de sinalização turística
dirigida e ordenada de acordo com a realidade existente contribuirá
sobremaneira para a geração de renda e valoração do patrimônio natural e
cultural local.
Resumen
Palabras clave: Señalización en senderos; Planificación turística; Turismo de base
comunitaria; Turismo experiencial; Macaé de Cima.
Los senderos de Gianinni e de Alambique están ubicados en el Área de
Protección Ambiental de Macaé de Cima, en Lumiar, distrito del Municipio
de Nova Friburgo, RJ, Brasil. Esta unidad de conservación posee gran
capacidad ecoturística a causa de la presencia de remanentes de mata
atlántica con especies endémicas y también por ríos y cascadas presentes
en este territorio propicio al ocio y entretenimiento en la naturaleza. Se
destacan, en ese ámbito, el baño en los ríos y cascadas, las prácticas de
deportes extremos y el ecoturismo. Por medio de revisiones bibliográficas
relacionadas a dicha materia y estudio exploratorio y de campo, fue posible
constatar la actual situación, la infraestructura turística y de transportes, tal
como los potenciales de desarrollo a través del área turística. El trabajo de
investigación propició señalar consecuencias positivas y negativas que la
actividad puede proveer a la zona y a las comunidades que allí viven,
además de las posibilidades de planificación de los senderos como
interpretativos. Se analizó la perspectiva del uso de las sendas como
atractivos turísticos y los posibles impactos socioambientales a través de un
enfoque sistémico que contempló la planificación y organización del turismo,
subrayando datos técnicos, el potencial existente y lo que se puede
perfeccionar para el uso público. La inclusión de la comunidad en el
mantenimiento de los principales atractivos, el acceso a oportunidades de
servicios propiciados por el Río Macaé y la producción de renta por medio
del desarrollo del turismo experiencial en el alambique (lo que puede
involucrar al turista en los procesos de fabricación de derivados de caña de
azúcar) son los principios del proyecto. Asimismo, se concluye que la
instauración de la señalización turística direccionada y ordenada de acuerdo
a la realidad existente será de gran contribución a la producción de renta y
valoración del patrimonio natural y cultural de la localidad.
1. Introdução:
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Em uma das perspectivas em que o turismo possivelmente tenha surgido na
vida das pessoas, se encaixa a do interesse em desbravar e conhecer novos
lugares, esse entusiasmo está ligado muitas vezes à saturação do ambiente
cotidiano, sendo fenômeno constante na atualidade o desligamento da rotina
atual e a busca pela alteridade. O ecoturismo é uma forma de atividade
turística que proporciona ao ser humano algo além da possibilidade de ter
contato com a natureza, há também a chance de conhecer o outro, os
modos de vidas, práticas e costumes locais. Portanto esses pólos receptivos
devem possuir além de atrativos (que são os motivos da ida do turista a
determinado lugar), infra-estrutura básica não apenas para a população
autóctone como para a estada dos turistas.
Cruz (2003) afirma que “o turismo é a única atividade onde o consumidor vai
de encontro ao produto”. E tendo em vista o contexto atual de grande
aumento da urbanização acompanhado dos impactos negativos como a
violência, o estresse, trânsito e poluição, é que o turista busca cada vez mais
contato com a natureza em um ambiente em que seja possível recarregar as
energias e encontrar o equilíbrio para suas “necessidades contraditórias”
(Krippendorf, 2001, p.35).
Segundo Dines e Passold (2008), desde a década de 1980, a visitação em
áreas naturais tem aumentado significativamente devido à popularização do
turismo voltado à natureza. Neste sentido, a Área de Proteção Ambiental de
Macaé de Cima tem sido cada vez mais um destino escolhido pelos turistas,
pois é uma unidade de conservação sustentável com maior parte do território
localizado no município de Nova Friburgo, RJ, com cerca de 35 mil hectares
tendo em sua extensão remanescentes de mata atlântica com espécies
endêmicas e nela estão localizados os afluentes dos Rios Macaé, Bonito e
Boa Esperança que complementam os atrativos pertencentes à APA.
O distrito de Lumiar, pertencente à Nova Friburgo, está localizado dentro da
unidade de conservação e recebe um fluxo cada vez mais crescente de
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turistas, pois oferece equipamentos turísticos necessários para a permanência
no local como pousadas, restaurantes, transporte público, proporcionando ao
turista a vivência com o meio ambiente, a possibilidade da prática de esportes
radicais unidos à natureza e a ligação com um modo de vida diferente do
existente nas cidades grandes.
Contudo, duas trilhas bem procuradas pelos turistas são as trilhas conhecidas
popularmente como Trilha do Gianinni, que no fim do trajeto proporciona aos
visitantes o banho no Rio Macaé, sem pagamento de entrada, e a trilha do
Alambique, cujo trajeto finaliza-se no Alambique Dona Marta que fabrica
cachaça, açúcar mascavo, rapaduras, entre outros produtos que podem ser
adquiridos ao fim da caminhada. Partindo deste principio, verifica-se que
Lumiar está enquadrado na tipologia de turismo receptivo onde a atividade faz
a movimentação da economia local (DE LA TORRE15 Apud BARRETO, 2011)
juntamente com a agricultura, que também é muito presente no distrito,
resultando em fonte de renda para a população residente.
O Alambique Dona Marta aparece como um potencial atrativo turístico, possível
de ser enquadrado na tipologia de turismo de experiência, sendo mais uma
possibilidade de renda além da venda dos produtos fabricados, proporcionando
assim uma integração maior do turista com o autóctone. Entretanto, as trilhas
não foram preparadas com o objetivo de atender a demanda turística, portanto
não há referência quanto à capacidade de carga dos atrativos em questão nem
adequação ao turismo como por exemplo placas de sinalização, interpretativas,
lixeiras, banheiros, manutenção de pinguelas e mirantes.
Portanto, a situação atual das trilhas aliadas ao fluxo turístico crescente pode
acarretar em grandes impactos sócio ambientais como poluição das margens
dos rios, degradação da flora e fauna do entorno das trilhas, erosão, poluição
15
El Turismo, fenómeno social. México: Fondo de Cultura Económica.
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dos trajetos, entre outras consequências que podem fazer com que a vida dos
residentes do Distrito e o ambiente natural sejam bruscamente modificados.
2. Metodologia:
A metodologia utilizada para realização deste artigo é caracterizada a partir
de abordagens indutivas, que segundo Alves-Mazzoti e Gewandsznajder
(1998), se concretiza com observações mais livres por parte do pesquisador
e de seus conhecimentos, e que, no decorrer da análise dos caminhos das
trilhas pesquisadas, surgiram pontos de interesse que chamaram atenção
dos observadores. Tais características fazem parte de diferentes categorias
que compõem dados da pesquisa exploratória em conjunto com
levantamentos sistêmicos, uma vez que, segundo Mirian Rejowski em seu
livro
Turismo
e
Pesquisa
Científica,
o
turismo
atua
em
campo
multidisciplinar, abrangendo diversas áreas:
[...]por ser um fenômeno de múltiplas facetas, penetra em
muitos aspectos da vida humana, quer de forma direta, quer
indireta. Consequentemente, tem-se desenvolvido utilizando
métodos e técnicas de várias disciplinas. (REJOWSKI, 2003, p.
18)
Como exemplos tem-se categorias observadas que vão desde a abordagem
do turismo até as questões de segurança, destino do lixo, sinalização, entre
outras. A pesquisa bibliográfica em livros e artigos que relatam
conhecimentos associados ao ecoturismo, trilhas e atividades em áreas
protegidas também foi um método utilizado. Desta forma conseguiu-se base
para iniciar a pesquisa que objetiva relatar o que acontece atualmente
nestas trilhas e quais potenciais deseja-se atingir.
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3. Resultados e discussão:
A realidade das trilhas
Quando se utiliza a palavra trilha ligada a Unidades de Conservação logo se
imaginam caminhos estreitos e dentro de mata fechada, contudo segundo
Campos (2013) “a principal função das trilhas sempre foi suprir a necessidade
de deslocamento”.
As trilhas trabalhadas no presente artigo se tratam justamente de caminhos
que terminam nos atrativos, mas que já são utilizadas cotidianamente, com
mais intensidade em alguns trechos, como vias de transporte sem a finalidade
turística. Os trajetos das trilhas do Gianinni e do Alambique são fáceis de
percorrer não apresentando grandes riscos aos visitantes, podem ser
percorridos tanto a pé quanto de bicicleta. Os moradores dispõem dos
caminhos para transporte sendo utilizados, com mais frequência em alguns
trechos, principalmente carros e motocicletas para a locomoção.
O percurso da trilha do Gianinni tem aproximadamente 4 km de extensão
desde a Praça de Lumiar até o Rio Macaé, sendo a duração da caminhada de
cerca de cinquenta minutos16. É possível ver durante a caminhada exemplares
da fauna e da flora característicos da mata atlântica, e ao chegar ao atrativo
encontra-se uma entrada com uma descida de pedras, há também um mirante
de madeira bastante deteriorado.A escada de pedras termina na margem do
Rio Macaé com águas límpidas e mata ciliar preservada em boas partes do
trecho, há no rio também muitas rochas que compõe a paisagem natural17.
Este rio é propício para banho, as pessoas que o vistam podem ter uma tarde
descontraída em meio à natureza, admirando-a, tomando sol, e banhando-se
no rio.
16
Tempo realizado com paradas para contemplação e fotografias.
Utilizamos neste trabalho referencial teórico sobre paisagem natural a partir de BOULLÓN, 2002, p.
118.
17
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Figura 3 - Rio Macaé e turistas no fim da Trilha do Gianinni. Fonte: Autores, 2013.
A trilha do Alambique tem aproximadamente 2 km de extensão sendo
percorridos em quarenta minutos18. Em uma bifurcação do caminho há uma
pequena placa, a única que se refere ao estabelecimento, escrita “Alambique
Dona Marta”, indicando o lado que deve ser seguido, logo na descida para a
propriedade já é possível ver a plantação de cana de açúcar. Ao chegar ao
alambique há a pequena venda onde são armazenados os produtos já
fabricados e mais no interior da propriedade há o tacho onde são preparados
os derivados da cana. Atualmente as pessoas e turistas não veem ou
participam do processo de preparação destes produtos, uma vez que este
preparo é realizado durante a semana em dias aleatórios.
18
Tempo realizado com paradas para contemplação e fotografias.
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Figura 4 - Alambique Dona Marta. Fonte: Autores, 2013.
Embora essas trilhas sejam conhecidas por alguns turistas e moradores do
distrito de Lumiar, não são bem sinalizadas no sentido de orientar os visitantes
em direção aos atrativos. As placas que são encontradas pelo trajeto se
concentram em maior quantidade próximas ao centro de Lumiar, e se referem a
estabelecimentos turísticos privados como pousadas e restaurantes. A falta de
sinalização neste caso se mostra por vezes perigosa podendo fazer com que o
turista sem muitas informações se perca no caminho possibilitando até que
este entre na mata fechada expondo-o a grandes perigos. Sobre o descarte de
lixo há a existência de lixeiras apenas no perímetro urbano do trajeto mesmo
assim em poucas quantidades e algumas tão cheias que o lixo já se espalhava
ao seu entorno. Em relação à comunicação há somente um “orelhão” no
percurso da Trilha do Gianinni.
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Figura 5 - Deterioração de equipamentos e poluição. Fonte: Autores, 2013.
587
Durante a visita também notou-se a ausência de guias orientando turistas e de
placas interpretativas que poderiam auxiliar os turistas apresentando
informações sobre o espaço visitado, sua história, e curiosidades sobre
elementos que compõem o ambiente.
Possíveis melhorias
Para o desenvolvimento das duas trilhas é necessário que sejam instaladas
placas de sinalização da praça de Lumiar até o cruzamento onde localizam-se
as entradas para os caminhos que levarão ao banho de rio no Rio Macaé e ao
Alambique, sendo necessárias principalmente em esquinas e bifurcações. É
primoridal para a trilha do Gianinni que haja a placa indicativa no cruzamento
existente na entrada do caminho final para o atrativo, desde então as placas
podem ser espaçadas levando em consideração que o trajeto embora seja em
caminho reto, tem algumas entradas de propriedades particulares que podem
fazer com que os turistas e confundam.
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No local onde há o espaço destinado ao banho de rio, seria indispensável a
reforma do mirante existente no local devido ao seu avançado grau de
deterioração oferecendo um grande risco de acidentes, para este espaço
também seria interessante que houvesse algumas lixeiras, para prevenir que o
lixo dos visitantes seja descartado no rio. No cruzamento também é necessária
uma placa indicativa para o direcionamento da trilha do Alambique, podendo a
partir de então ter placas mais espaçadas, não sendo relevante na ultima
bifurcação do percurso já que há a existência da placa. Quanto a possível
utilização do alambique para o turismo de experiência os visitantes poderiam
acompanhar os diferentes processos desde o cultivo da cana de açúcar ate a
embalagem dos produtos. O fato dos processos serem realizados em dias
diferentes poderia ser aproveitado como uma ferramenta de organização das
visitas, desta forma o turista que gostaria de vivenciar a colheita da cana
estaria no local no dia diferente do turista que gostaria de vivenciar o preparo
dos produtos.
588
É importante em ambos os trajetos a manutenção e recuperação de alguns
lugares, sobretudo em pontos que são caminhos para as duas trilhas como a
pinguela que está bem deteriorada, limpeza periódica das lixeiras, É também
interessante a inclusão de placas alertando a importância de não se jogar lixo
no percurso, principalmente nos trechos onde não há lixeiras. Constatou-se
também que não há iluminação nestas trilhas, sugerindo então que o percurso
seja executado antes do pôr do sol.
4. Conclusão:
As duas trilhas são pontos de interesses turísticos muito importantes para
Lumiar, mas necessitam de alterações para auxiliar o turista principalmente
com relação ao direcionamento sem que altere drasticamente os percursos e o
ambiente local. As sugestões discutidas neste artigo oferecem contribuições
que potencializam o turismo e podem ser trabalhadas à curto prazo, otimizando
o atrativo natural e o atrativo cultural (alambique). Por fim, pretende-se com as
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melhorias sugeridas contribuir para a gestão das trilhas em questão
colaborando com a minimização dos impactos socioambientais.
5. Bibliografia:
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ciências naturais e sociais. São Paulo; Pioneira, 1998. p.131
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GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base Local: Boas
práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
PERCEPÇÃO TURÍSTICA DA COMUNIDADE DE ENTORNO AO PARQUE
ESTADUAL ACARAÍ – SÃO FRANCISCO DO SUL, SC
Douglas Macali Souza 19
Thiago Felipe de Souza
Paloma Fonseca Zorzetto
Luiz Anselmo Palazzi Steffem
Resumo
Palavras-chave: Ecoturismo, Turismo Ecológico, Parque Estadual Acaraí.
A criação de unidades de conservação (UCs) no mundo atual vem se
constituindo numa das principais formas de intervenção para a conservação da
biodiversidade. Apesar de sua importância, a criação e a gestão de uma UC
pode gerar conflitos ambientais diversos, em virtude dos interesses dos
diversos grupos quanto ao acesso e uso dos recursos naturais. As
comunidades do entorno das UCs, quando não participam do processo, podem
desenvolver um posicionamento contrário a elas. Nesse contexto, a
sensibilização e a educação ambiental das comunidades de entorno são
instrumentos chave para a promoção da conservação desses locais, pois
promovem a mudança de atitudes e valores. Para isso, é necessário não
somente caracterizar a comunidade, mas também a percepção desta sobre a
UC. Sabendo disso, foram realizadas visitas na comunidade de entorno do
Parque Estadual Acaraí, São Francisco do Sul-SC, para saber dos moradores
suas percepções sobre o desenvolvimento turístico na região. Para registro dos
fatos, as conversas foram anotadas e realizadas gravações do diálogo com os
moradores. Utilizaram-se alguns elementos do método de análise SWOT para
a apresentação e averiguação das forças/fragilidades para o desenvolvimento
do turismo na comunidade, considerando a UC como atrativo, incluindo as
oportunidades e ameaças, que podem comprometer essa perspectiva. Como
resultados percebeu-se que a excessiva procura dos pesquisadores por
moradores durante a criação do plano de manejo, além das reuniões feitas pela
equipe gestora do Parque Estadual Acaraí, repercutiram no excesso de
exposição da comunidade, que os tornou hostis em relação ao Parque.
19
Pesquisadores do Instituto COMAR – Conservação Marinha do Brasil. Rua
Helena Degelmann, 104, Costa e Silva, Joinville – SC. CEP 89218-580.
(contato@institutocomar.org.br)
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Observou-se também que a percepção geral dos informantes é que a geração
de emprego e renda através das atividades de ecoturismo, podem evitar que os
moradores mais jovens tenham que mudar de cidade a procura de melhores
oportunidades de emprego.
Resumen
Palabras-clave: Ecoturismo, Turismo Ecológico, Parque Estadual Acaraí.
La creación de unidades de conservación (UCs) en el mundo actual viene
constituyéndose en una de las principales formas de intervención para la
conservación de la biodiversidad. A pesar de su importancia, la creación y la
gestión de una UC puede generar conflictos ambientales diversos, en virtud de
los intereses de los diversos grupos en cuanto al acceso y uso de los recursos
naturales. Las comunidades del entorno de las UCs, cuando no participan del
proceso, pueden desenvolver un posicionamiento contrario a ellas. En ese
contexto, la sensibilización y la educación ambiental de las comunidades del
entorno son instrumentos clave para la promoción de la conservación de esos
lugares, ya que promueven el cambio de actitudes y valores. Para eso, es
necesario no solo caracterizar la comunidad, sino también la percepción de
esta sobre la UC. Sabedores de eso, se realizaron visitas a la comunidad del
entorno del Parque Estadual Acaraí, São Francisco do Sul-SC, para saber las
percepciones de los habitantes sobre el desarrollo turístico en la región. Para el
registro de los hechos, las conversaciones fueron anotadas y se realizaron
grabaciones de los diálogos con los habitantes. Se utilizaron algunos
elementos del método de análisis SWOT para la presentación e indagación de
las fuerzas/fragilidades para el desarrollo del turismo en la comunidad,
considerando la UC como atractivo, incluyendo las oportunidades y amenazas,
que pueden comprometer esa perspectiva. Como resultado se percibe que la
excesiva búsqueda de los investigadores por habitantes durante la creación del
plan de gestión, además de las reuniones hechas por el equipo gestor del
Parque Estadual Acaraí, repercutió en un exceso de exposición de la
comunidad, que los convirtió en hostiles en relación al Parque. Se observa
también que la percepción general de los informantes es que la generación de
empleo y renta a través de las actividades de ecoturismo, pueden evitar que los
habitantes más jóvenes tengan que cambiar de ciudad en busca de mejores
oportunidades de empleo.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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1. Introdução
A criação das unidades de conservação (UCs) no mundo atual vem se
constituindo numa das principais formas de intervenção governamental,
visando reduzir as perdas da biodiversidade frente à degradação ambiental
decorrente do avanço da sociedade. As áreas protegidas são definidas como
“espaços territorialmente demarcados cuja principal função é a conservação
e/ou a preservação de recursos, naturais e/ou culturais, a elas associados”. A
criação de áreas protegidas estabelece limites e dinâmicas de uso e ocupação
específicos e por esse motivo pode ser considerada como uma estratégia
relevante de controle do território (MEDEIROS, 2006). Na mesma linha, FARIA
& PIRES (2007) destacam que as áreas de preservação nasceram para
preservação da natureza em sentido amplo, abrangendo temas como:
preservação da diversidade biológica, manutenção de serviços ecológicos
essenciais, proteção de monumentos naturais e belezas cênicas, promoção de
pesquisa científica, educação, recreação, turismo e desenvolvimento regional.
Apesar de sua importância, a criação e a gestão de uma UC pode gerar
diversos tipos de conflitos ambientais, em virtude dos interesses dos grupos
envolvidos quanto o seu acesso e uso dos recursos naturais. Portanto as
comunidades do entorno das UCs, quando deixadas de fora deste processo,
podem ou não desenvolver um posicionamento contrário. Nesse contexto, a
sensibilização através de ações de educação ambiental aplicadas nas
comunidades de entorno são instrumentos importantes para a promoção da
conservação em UCs, pois auxiliam na promoção da mudança de atitudes e
valores. Para isso, é necessário não somente caracterizar a comunidade, mas
também a percepção ambiental desta sobre a UC. Esta caracterização é
imprescindível para projetos que abordem as relações entre as pessoas, o
ambiente e gestão ambiental (TORRES & OLIVEIRA, 2008). Sendo assim
considera-se a percepção ambiental como uma ferramenta de planejamento
para a gestão de UCs, através da análise do conhecimento, dos valores e das
atitudes das populações (conhecer as interações sensitivas) ou dos atores
sociais em relação a uma determinada área (FERREIRA, 2005).
Inúmeras são as práticas pedagógicas que visam contribuir para a consciência
e compreensão ambiental, como por exemplo, a realização de trilhas
interpretativas, que procuram propiciar um entendimento mais crítico do meio
natural, despertando valores e atitudes que permitem uma participação
responsável na busca de soluções para reverter ou prevenir problemas
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socioambientais. De acordo com VASCONCELLOS & OTA (2000), trilha é um
caminho através do espaço geográfico, histórico e cultural. E é considerada
interpretativa quando seus recursos são traduzidos para os visitantes, com
base em temas pré-definidos através de guias especializados, folhetos ou
painéis. Em termos práticos, as trilhas interpretativas têm o propósito de
estimular os grupos de atores a um novo campo de percepções, com o objetivo
de levá-los a observar, questionar, experimentar, sentir e descobrir os vários
sentidos e significados relacionados aos temas selecionados
Algumas atividades ao “ar livre” quando monitoradas e direcionadas da forma
correta (com o auxílio de condutores) permitem contato direto com a natureza.
Além disso, quando realizadas com frequência, realçam aspectos econômicos,
sociais, políticos, culturais, éticos e ambientais (TOLEDO & PELICIONI, 2005).
Em geral, o ecoturismo é um exemplo de atividade saudável e é considerado
como uma atividade de baixo impacto ambiental, portando podendo dar base
de sustentação econômica para as UCs. Esta base pode servir de auxílio para
as regiões onde atividades tradicionais, como a agricultura familiar, o
extrativismo e a pesca artesanal são frágeis e insuficientes para a manutenção
das populações delas dependentes (SILVEIRA, 2003).O ecoturismo pode ser
definido como um segmento da atividade turística que utiliza de forma
sustentável o patrimônio natural e cultural, incentivando a conservação e a
busca da formação de uma consciência ambientalmente correta através da
interpretação direta do meio ambiente e bem estar das populações envolvidas
(BRASIL, 1995).
2. A unidade de conservação Parque Estadual Acaraí
Além da proteção da biodiversidade, as UCs prestam importantes serviços
ambientais. Logo, são áreas essenciais, que amenizam o impacto das
atividades antrópicas sobre ecossistemas naturais, e contribuem para o bemestar das pessoas (SHIRAISHI, 2010). Atualmente, o SNUC (Sistema Nacional
de Unidades de Conservação) estabelece os critérios e normas para criação,
implantação e gestão das UCs no Brasil de forma integrada visando, dentre
outros objetivos, contribuir para a manutenção e restauração da diversidade
biológica dos ecossistemas naturais, promover o desenvolvimento sustentável
e proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica
(BRASIL, 2000). Desta forma, o mesmo define as unidades de conservação
como:
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“(...)espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de
proteção (BRASIL, 2000, p. 9)”
As UCs integrantes do SNUC são divididas em dois grupos: unidades de
conservação de uso sustentável, nas quais é possível compatibilizar a
conservação da natureza com o uso sustentável de parte dos recursos
naturais, e as unidades de conservação de proteção integral, que visam à
preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus
recursos naturais. A iniciativa de criação do Parque Estadual Acaraí (Figura 1)
na planície costeira da ilha de São Francisco do Sul, norte de Santa Catarina,
atendeu o vislumbrado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FATMA)
em função das características naturais da região, de inúmeras manifestações
da comunidade científica e da sociedade francisquense.
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Figura 6 - Localização do P. E. Acaraí no litoral norte de Santa Catarina (BENINCA, 2011).
Este buscaram, por mais de uma década através de grupos da sociedade civil
organizada, uma ação governamental no sentido de garantir a preservação de
áreas de valor cênico, de relevância em biodiversidade, de funções ecológicas
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e de significativa importância para o conhecimento de nossa história précolonial (STCP, 2009). Nesse contexto, o Parque Estadual Acaraí, tem como
objetivo primário:
“Promover a conservação de uma amostra importante do
Bioma Mata Atlântica (floresta de terras baixas, restingas e
mangues) e do complexo hídrico formado pelos rios Acaraí e
Perequê e pela lagoa do Capivaru, situados na planície
litorânea da ilha de São Francisco, além de proteger uma
importante área de reprodução de aves marinhas localizada no
Arquipélago dos Tamboretes (STCP, 2009).”
Ao tratar sobre as comunidade de entorno do parque, o Plano de Manejo
descreve:
“A população contemporânea que vive nas comunidades na
área do entorno, há várias gerações, vêm paulatinamente se
transformando de comunidades rurais de agricultores e
pescadores para prestadores de serviços. (...) A formação
destas comunidades se deu em épocas diferenciadas. As
comunidades de São José do Acaraí e da Gamboa têm
vínculos com este espaço, desde o século XVII, quando da
fundação da Vila de São Francisco, em um relativo isolamento
durante um tempo prolongado, levando-se em conta a distância
e a dificuldade de comunicação com o centro urbano da
cidade. Já as comunidades da Praia do Ervino e Majorca,
datam de uma ocupação mais recente (década de 70). Não se
dispõe de maiores informações sobre o cotidiano de todas
essas localidades nos século XVIII e XIX - época das grandes
propriedades rurais, onde se ergueram “verdadeiros” solares.
As comunidades de São José do Acaraí e da Gamboa, no
entanto, sob certas perspectivas partilham de uma história em
comum, a começar pela longevidade das mesmas,
perpassando suas tradições, crenças, tecnologia produtiva
entre outras manifestações da cultura imaterial (STCP, 2009).”
Sabendo das informações acima, a OSCIP Instituto COMAR – Conservação
Marinha do Brasil deu início ao projeto Turismo Ecológico, que tem como
principal objetivo criar trilhas e realizar um programa de formação de
condutores ambientais locais no Parque Estadual Acaraí, promovendo a
integração da comunidade com esse ambiente, na perspectiva de conservá-lo,
através do desenvolvimento da atividade ecoturística e de Educação
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Ambiental. Para que o objetivo fosse alcançado, diversas atividades foram
realizadas, dentre elas o diagnóstico turístico preliminar, objeto deste artigo.
3. Metodologia
Durante os meses de abril e maio de 2012 foram realizadas visitas técnicas de
campo às comunidades do entorno do Parque Estadual Acaraí, para obter dos
moradores sua visão sobre a Unidade de Conservação e atividade turísticas
relacionadas à ela. Os locais visitados foram:
• Praia Grande: escritório da Equipe Gestora do Parque Estadual Acaraí;
• Praia do Ervino: Associação dos Proprietários e Moradores do Ervino APROMOVER;
• Praia do Ervino: casa de coletor de samambaia;
• Porto do Rei: casa de pescadores artesanais;
• Tapera: casa de moradora da Tapera;
• Parque Estadual Acaraí: Visita às trilhas e caminhos existentes no interior da
UC e abordagem direta de praticante de sandboard nas dunas da UC;
• Majorca: casa de morador que fazia trilha de moto nos caminhos e trilhas
existentes no parque;
• Majorca: casa de morador pescador profissional.
Além das visitas a campo, foram realizados levantamentos de informações
através de leitura de documentos técnicos disponibilizados pela FATMA e pela
Equipe Gestora do Parque Estadual Acaraí, levantamento de informações em
livros, artigos científicos, publicações e monografias sobre a UC. Para registro
dos fatos, partes consideradas importantes das conversas foram anotadas e ou
gravadas.
Para a realização do Diagnóstico Preliminar de Ecoturismo, optou-se por
utilizar a análise do discurso coletivo, destacando apenas as frases-chaves e
transcrição de trechos dos diálogos gravados extraindo apenas os dados que
tenha alguma relação com o turismo e a paisagem do Parque Estadual Acaraí.
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Utilizaram-se alguns elementos do método de análise SWOT (sobre as
transcrições e trechos de diálogos gravados) para a apresentação e
averiguação das forças e fragilidades, bem como as oportunidades e ameaças
para o desenvolvimento do turismo em parceria com a comunidade,
considerando o Parque Estadual Acaraí como atrativo turístico.
4. Resultados e discussão
Foi possível perceber que os moradores estão inseguros em relação às
pessoas que não fazem parte da comunidade, especialmente aquelas
vinculadas a instituições que de alguma forma tem relação com a UC:
Uma moradora do bairro São José do Acaraí (Tapera) revela que existe um
clima de hostilidade pelos visitantes do lugar: “(...) fica vindo gente de fora aqui,
ninguém ligava para a Tapera, (...) a gente está cansada já de tanta gente
vindo aqui, invadindo o nosso espaço, (...)”.
Durante o processo de criação do plano de manejo da UC houve uma
excessiva procura por moradores pelas universidades da região, por lideranças
de outras comunidades e grupos formados por pessoas interessadas na
tradicionalidade de alguns moradores, além das reuniões feitas pela Equipe
Gestora do Parque Estadual Acaraí, que repercutiram no excesso de exposição
dos residentes do lugar, os tornando hostis a algumas decisões comuns.
O desabafo da mesma moradora de São José do Acaraí diz que: “a maioria
aqui é contra o parque por que eles não vão deixar os moradores pescar e vão
cercar tudo depois (...)”. Isto demonstra que na comunidade existiam incertezas
sobre a manutenção de seus modos de vida, e de como sua situação será
decidida em relação ao parque.
Na Praia do Ervino, cuja parte da renda econômica é proveniente da coleta
artesanal de uma espécie de samambaia há mais ou menos quarenta anos,
reproduz seu modo cultural tradicional associado ao Parque Estadual Acaraí.
Por lá os comentários reforçaram a percepção de existência de conflito gerado
pelo uso do espaço envolvendo o uso econômico da UC e a comunidade de
São José do Acaraí: (...) no parque tem um monte que é contra, contra por
que? Porque ele não ganha o ganha pão sofrido como nós vivemos (...) melhor
ter o parque, senão nós não temos onde trabalhar, o pessoal da Tapera, a
maioria são contra, por que eles acham que o IBAMA vai lacrar depois que
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virar parque, e eles não vão poder usar, não indenizaram o dono da área de
terra, eles tem interesse no quê, não no parque, no dinheiro.
O que corrobora com outro comentário mas de uma moradora da Tapera, que
percebe o Parque e o turismo da seguinte maneira: (...) só para turista de fora
ver (...). (...) Só os turistas, para eles vai ser mais uma atração (...).
O coletor de samambaia acima citado percebe a paisagem e o turismo na UC
da seguinte maneira: “(...) no causo, veja você, onde tem um lugar assim aqui
perto? Não tem, só aqui. (...) Uma coisa errada que eu acho sobre a lei, pois,
depois destruído que eles vem passar a tesoura, né? Não, tava bonito aquilo
ali, e eles entram, para arrumar só depois que fica destruído, eu acho errado
isso (...) antes ninguém de fora ligava, agora é importante, todo mundo quer ir
lá, esse pessoal que pesquisa, os professores das escolas, mas antes estava
lá, do mesmo jeito e no mesmo lugar e ninguém ligava.
D’antona (2001, p.82) afirma que:
“A criação e abertura de um parque à visitação pública afeta
as populações que tradicionalmente residem na região.
Considerar que as perspectivas de tais comunidades diferem
da perspectiva daqueles “de fora” - que criam as unidades e
as visitam - é fundamental para que se preserve o ambiente,
se maximizem as atividades turísticas e, obviamente se
respeite a diversidade de modos de se relacionar com a
natureza.”
A maioria dos moradores informantes reconhece a paisagem do Parque
Estadual Acaraí como atrativa para visitantes de fora. Salientando a estética,
simbólica e cultural. Morador da Praia do Ervino: “O lugar é muito lindo (...), (...)
a restinga é raríssima (...), um patrimônio natural (...). Tem os sambaquis, (...),
as ruínas do Casqueiro, que é um patrimônio cultural do lugar; (...) a história de
São Francisco começou lá (...), antes da colonização pelos europeus (...).”
Um pescador artesanal, residente no Porto do Rei, ao falar sobre a paisagem e
o potencial turístico da UC afirmou que: “O pessoal da cidade que não tem
essas coisas, quando vem para cá se encanta (...) muita gente que mora aqui
não liga, eu acho bonito (...), para eles que são da cidade, que nunca viram
nada parecido, parece coisa de outro mundo, (...) tem muita coisa bonita para
os turistas olharem lá.”
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O morador da Praia Grande e que eventualmente pratica sandboard - prática
de descer dunas com pequenas pranchas - percebe o potencial de atratividade
turística associada à paisagem do parque da seguinte maneira: “é uma paz
(...), sempre vem alguém diferente, (...). (...) um que fala para o outro, e para o
outro, (...), quando vê, tá todo mundo junto lá nas dunas (...), é muito linda a
vista que dá no mar (...)”.
A moradora da Tapera tem a seguinte percepção do potencial da paisagem do
Parque para o turismo: “(...) lá tem muita coisa que não foi destruída ainda, (...)
tem uns que nunca viram um lugar tão bonito como o Acaraí. É muito bonito
mesmo.” Apesar de a moradora da Tapera valorizar os aspectos estéticos e a
excepcionalidade da paisagem vista do Rio Acaraí, a mesma não tem uma
visão positiva sobre o aumento do fluxo de visitantes na comunidade por causa
das atividades turísticas.
Um pescador e morador da Praia Grande percebe o turismo na UC da seguinte
maneira: “tem muita trilha ali dentro, (...), tem muita beleza, muita mesmo (...),
(...) quem mora na cidade às vezes gosta mais de lugares assim (...), (...) muito
verde, muita mata e bicho. (...) gostam mais que morador daqui, que nem cuida
da própria casa, joga lixo por tudo, na rua, até no terreno do vizinho eles jogam
lixo.”
Para um morador da Praia Grande, que eventualmente fazia trilhas de moto no
Parque, a percepção da paisagem e do turismo no parque é visto da seguinte
maneira: “vale a pena ir lá, o lugar tem muitas belezas naturais, é muito
tranquilo lá, muito sossego, quando fazia trilha voltava para casa novo, parece
que carreguei as baterias, mas agora é proibido, dá rolo se me pegarem lá
dentro com a moto, eu andava todo final de semana com o pessoal,”.
Sobre os benefícios potenciais do turismo associado ao Parque Estadual
Acaraí, a percepção geral dos informantes foi que a geração de emprego e
renda pode evitar que os moradores mais jovens tenham que se mudar de
cidade para poder ter melhores oportunidades de emprego. Tratando do dos
benefícios do turismo, um pescador artesanal residente no Porto do Rei,
afirmou que “vai ser bom para os jovens poder trabalhar e não ir embora
daqui”. A moradora da Tapera tem a percepção de que o turismo no Parque:
“Só para os mais jovens é que vai ser bom depois para poder trabalhar com os
turistas”.
O morador da Praia Grande e pescador percebe o turismo na UC da seguinte
maneira: “eu queria trabalhar levando turista para conhecer lá, já levei uns
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empresários lá, mas por que eles me conheciam e sabiam que eu conheço
tudo ali dentro, não foi de caso de trabalho, só levei eles lá e eles gostaram
muito do lugar acho que com o parque vai ter mais emprego para os moradores
receber os turistas que vierem para a praia conhecer o parque”. Outro morador
da Praia Grande, que eventualmente faz trilhas de moto no Parque, tem a
percepção de que o turismo no parque: “para uns vai ser muito bom, mais
chance de ganhar dinheiro com os turistas que vão querer conhecer o parque
(...).”
5. Conclusões
As percepções como essas encontradas no discurso coletivo dos moradores
em relação ao turismo, geralmente são comuns em apontarem o aumento de
renda como principal benefício de se receber turistas na comunidade. No
entanto, para isso acontecer é necessário estruturar a comunidade para
receber os visitantes; aumentar a oferta de serviços turísticos e melhorar a
qualidade dos serviços de hospedagem ofertados; melhorar a infraestrutura de
acesso e de apoio ao turismo, diversificar os serviços de transporte e capacitar
os moradores para oferecer serviços turísticos e de apoio ao turismo com
qualidade.
Também é necessário desenvolver alternativas de turismo que não dependem
exclusivamente dos atrativos “sol e mar”, garantindo assim a manutenção dos
empregos dos anfitriões que atuam diretamente em atividades associadas ao
turismo durante o ano todo, dessa forma, driblando a sazonalidade.
A expectativa da comunidade em relação à possibilidade de geração de
empregos provenientes do turismo é geralmente maior do que a realidade do
setor. Nem sempre de imediato os moradores são beneficiados com a abertura
de novas frentes de trabalho. Principalmente porque advém dessas
oportunidades a necessidade de se contratar mão-de-obra qualificada, sendo
assim, quem não tem capacitação para atuar na atividade, normalmente fica a
margem do processo.
Em um curto espaço de tempo será difícil quantificar quais serão os benefícios
econômicos que o ecoturismo poderá gerar nas comunidades vizinhas ao
Parque, partindo do pressuposto que não somente a capacitação dos
moradores para atuar nesse segmento garantirá o aumento do fluxo de
visitantes no lugar. São necessárias ações de “inventariação turística” da
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região e planejamento estratégico para o desenvolvimento da atividade, com o
intuito de se ter um recorte mais aprofundado das necessidades e expectativas
da comunidade em relação ao desenvolvimento do turismo utilizando a UC
como atrativo turístico. Ou seja, apurar as intervenções prioritárias que devem
ser feitas nessas comunidades a fim de se garantir a existência futura de um
produto turístico consolidado envolvendo a unidade de conservação no
processo, utilizando-a como Atrativo Turístico principal para se contornar a
sazonalidade da atividade turística nas comunidades vizinhas ao Parque e
melhor distribuir do fluxo de visitantes em períodos diferentes do ano, evitando
desse modo que o limite de capacidade de suporte do lugar seja extrapolado,
como já acontece durante o verão nas comunidades vizinhas ao Parque,
sobretudo aquelas que são praias.
Nesse sentido o projeto Turismo Ecológico tem muito a contribuir para fomentar
a discussão dos impactos negativos do turismo na comunidade e apresentar
alguns caminhos para o aproveitamento dos atrativos naturais existentes no
Parque, pela visitação das trilhas oficiais e das trilhas sinalizadas pelo projeto.
Além disso, o projeto pode colaborar com o início do diálogo com a
comunidade em relação à possibilidade da mesma se estruturar para operar no
segmento do Ecoturismo, quem sabe evitando que jovens moradores tenham
que optar pela mudança de cidade por não haver oportunidades e perspectivas
de emprego no local.
E através de atividades de educação ambiental destinada a valorização da
área natural protegida pelos moradores e visitantes de São Francisco do Sul,
pode-se inclusive angariar multiplicadores da consciência ambiental acerca da
importância do Parque Estadual Acaraí para o meio ambiente e para o
desenvolvimento econômico das comunidades vizinhas à área pelo arranjo
produtivo associado ao turismo, porém se faz necessário o diálogo de que
existem outras funções ambientais e culturais emergentes a área protegida. E
justamente por esses motivos se faz necessário ações voltadas a conservação
e proteção do Parque Estadual Acaraí.
Agradecimentos
À Caixa Econômica Federal e Governo Federal pelo financiamento da
pesquisa; à FATMA (Fundação Estadual do Meio Ambiente de Santa Catarina)
e equipe gestora do Parque Estadual Acaraí, pela colaboração no
desenvolvimento e execução das atividades.
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trilhas interpretativas. Maringá: Departamento de Agronomia, UEM,
2000.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
602
GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base
Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
VÍAS VERDES Y SENDEROS DE LARGO RECORRIDO EN CANADÁ Y
CHILE: EVALUACIÓN DE PARTICIPACIÓN DE COMUNIDADES Y DE
ACTORES MÚLTIPLES Y SU POTENCIAL CONEXIÓN CON REDES
ECOLÓGICAS PARA LA PROTECCIÓN DE LA BIODIVERSIDAD
BIOLÓGICA
Erich Seydewitz20
Dr. Monica Mulrennan21.
Características de la investigación: Investigación en proceso (diseño de tesis
aprobado en Julio 2012), con fondos de la Comisión Nacional de Investigación
Ciencia y Tecnología (CONICYT), Gobierno de Chile.
Resumen
Palabras claves: Vías verdes, senderos, participación, biodiversidad, redes ecológicas.
Las sociedades modernas viven en un mundo fragmentado en el que los
espacios naturales son cada vez más perturbados por la urbanización, la que
trae consigo importantes cambios en el uso del suelo. Las vías verdes ofrecen
una forma de contrarrestar esta situación. Recientemente, el desarrollo de vías
verdes y senderos de largo recorrido ha tomado un gran impulso en Norte
América y Latinoamérica. Dos países que se han comprometido con la creación
de senderos nacionales de larga distancia son Canadá y Chile. En Canadá se
está llevando a cabo un proyecto nacional llamado Trans Canada Trail (TCT),
el que incluye la conexión de las diversas provincias y territorios de Canadá a
través de una red de senderos de usos múltiples. En Chile se esta
implementando un proyecto nacional similar llamado Sendero de Chile (SDC),
éste se encuentra en una etapa de desarrollo más preliminar que el TCT. La
participación activa de las comunidades locales y actores múltiples en el
diseño, planificación y gestión de proyectos de vías verdes es esencial para
lograr la sostenibilidad de estas iniciativas. Varios estudios indican el potencial
que las vías verdes podrían tener como forma de incrementar la conectividad
20
seydewitzerich@yahoo.es; e_seydew@live.concordia.ca Concordia University, Department
of Geography, Planning and Environment (GPE), Montreal, Quebec, Canadá
21
monica.mulrennan@concordia.ca . Supervisor de Maestría:Concordia University, Department
of Geography, Planning and Environment (GPE), Montreal, Quebec, Canadá
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de áreas con alta biodiversidad y las redes ecológicas así como también servir
como plataforma para la promoción de la educación ambiental y el cambio
cultural asociados, que ayudan a favorecer la protección de la biodiversidad
biológica. Este artículo presentará a través de una evaluación a nivel macro,
algunos de los mecanismos utilizados para apoyar la participación de
comunidades locales y actores múltiples, identificando además, los factores
que influyen en la capacidad que tienen estos grupos para participar en estos
proyectos. Esta evaluación se esta llevando a cabo en base a la revisión
bibliografía, documentos, y a través de entrevistas semi-estructuradas con los
distintos actores involucrados en los proyectos antes mencionados. Se espera
que las lecciones aprendidas, tanto positivas como negativas, de la experiencia
de TCT sean instructivas para la planificación, desarrollo e implementación del
proyecto SDC, en la participación de las comunidades y actores múltiples.
Adicionalmente, este artículo introduce los conceptos básicos sobre redes
ecológicas y su potencial rol en la protección de la biodiversidad y los vínculos
con proyectos de vías verdes con el fin de abrir la discusión acerca del
potencial que tienen las vías verdes en relación con la protección de la
biodiversidad.
Resumo
Palavras-chave: Vias Verdes, trilhas, participação , Biodiversidade, Redes
ecológicas .
As sociedades modernas vivem em um mundo fragmentado onde as áreas
naturais são cada vez mais perturbadas pela urbanização, trazendo grandes
mudanças no uso do solo. Contudo, as Vias Verdes oferecem uma maneira de
contrariar esta situação. Recentemente, o desenvolvimento de vias verdes e
trilhas de longa distancia, tomaram um grande impulso na América do Norte e
América Latina. Dois países que se comprometeram com a criação de trilhas
nacionais de longa distância nacional são o Canadá e Chile. No Canadá, está
realizando um projeto nacional chamado Trans Canada Trail ( TCT ), que inclui
a ligação das várias províncias e territórios do Canadá por meio de uma rede
de trilhas multi-uso. No Chile está implementando um projeto nacional
semelhante chamado Sendero de Chile (SDC ), ele está em uma fase
preliminar que o TCT. A participação ativa das comunidades locais e dos vários
atores no planejamento, design, e gestão de projeto de vias verdes é essencial
para a sustentabilidade dessas iniciativas. Vários estudos indicam o potencial
das Vias Verdes como uma forma de aumentar a conectividade de áreas de
alta biodiversidade e redes ecológicas , bem como servir como uma plataforma
para a promoção da educação ambiental e parceiros de mudança cultural ,
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para ajudar a promover proteção da diversidade biológica. Este artigo irá
apresentar através de uma avaliação a nivel macro, alguns dos mecanismos
utilizados para apoiar a participação das comunidades locais e múltiplas partes
interessadas , identificando também os fatores que influenciam a capacidade
desses grupos para participar desses projetos. Essa avaliação está sendo
realizada com base em revisão de literatura , documentos e através de
entrevistas semi-estruturadas com os diferentes atores envolvidos nos projetos
anteriores. Espera-se que as lições aprendidas , tanto experiências positivas e
negativas, TCT são instrutivas para o planejamento , desenvolvimento e
implementação do projeto SDC , a participação das comunidades e dos vários
intervenientes. Além disso , este trabalho apresenta os conceitos básicos de
redes ecológicas e seu papel potencial na proteção da biodiversidade e
ligações a projectos greenways a fim de abrir a discussão sobre o potencial de
áreas verdes em relação à protecção dos biodiversidade.
1. Introducción
1.1 Origen y definiciones de las vías verdes
Las sociedades modernas viven en un mundo fragmentado en el que los
espacios naturales son cada vez más perturbados como consecuencia de la
industrialización, la agricultura así como también por los cambios de uso de
suelo asociados a la urbanización y la construcción de carreteras y caminos en
pueblos y ciudades (BOARDMAN 1981; HELLMUND & SMITH 2006;
JONGMAN et al. 2004). Durante siglos y principalmente después de la
revolución industrial, las sociedades humanas han buscado maneras para estar
en contacto más estrecho con la naturaleza y los espacios verdes, como una
forma de reacción al desarrollo industrial (JONGMAN 2007a; SEARNS 1995).
En los países desarrollados cerca de 80 % de la población vive en pueblos y
ciudades (SAUNDERS 2004). Una situación similar ocurre en los países en
vías de desarrollo en donde la población rural migra a las ciudades donde se
hace cada vez más evidente las presiones asociadas tanto a la sobrepoblación
de estos centros urbanos, como a los impactos ecológicos que se producen en
éstos (SAUNDERS 2004). Más aun, y a medida que las zona rurales se van
despoblando se van produciendo cambios drásticos en el uso del suelo lo que
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tiene como consecuencia enormes presiones ecológicas en estos paisajes
(SAUNDERS 2004).
Las vías verdes y senderos ofrecen una manera de mitigar estas presiones
asociadas a la industrialización, expansión de la agricultura y la urbanización.
Además, ofrecen acceso a espacios naturales y los beneficios recreativos,
estéticos, culturales y de movilidad asociados con éstos, los que son valorados
enormemente por los habitantes de las ciudades que están sometidos a "las
presiones físicas y psicológicas de la urbanización" (SEARNS 1995, p.65). Este
acceso a espacios naturales abiertos ayuda también a promover la
sensibilización de las personas en temas como la conservación del medio
ambiente, la integración de políticas de conservación y uso sostenible, así
como también con protección de la biodiversidad biológica que estos espacios
naturales albergan (CABEZA 2005; HELLMUND & SMITH 2006).
El concepto de vías verdes es muy amplio y diverso y por ende existen
numerosas definiciones en función de su finalidad, ubicación, configuración
espacial y el contexto cultural en el que se han previsto (AHERN 2004;
HELLMUND & SMITH 2006; SEARNS 1995). Los espacios verdes o espacios
abiertos, como se les suele llamar en Norte América, están ampliamente
asociados a los parques públicos urbanos (BARBOSA et al. 2007; HELLMUND
& SMITH 2006; ZUBE 1995). Los espacios abiertos y diversos tipos de parques
públicos se han incorporado en la planificación y desarrollo de pueblos y
ciudades en Gran Bretaña y América del Norte desde el siglo diecinueve en
adelante (CONWAY 1991; HELLMUND & SMITH 2006). Sin embargo, en la
literatura sobre vías verdes muchos autores distinguen estas vías de la
categoría más general, que las relaciona con los espacios verdes y parques
públicos mediante la definición de vías verdes como espacios lineares abiertos
o parques lineares (AHERN 1995; LITTLE 1990; SEARNS 1995; ZUBE 1995).
Las vías verdes por lo tanto, y como argumenta LITTLE (1990, p.1) son
“espacios abiertos de conexión” que vinculan espacios abiertos no lineares
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como parques, reservas naturales, áreas protegidas, parques nacionales y
sitios históricos, entre otras categorías.
A finales de 1990 las vías verdes comenzaron a ser reconocidas y nombradas
como senderos de uso múltiple que permitían entre otras cosas, que diferentes
tipos de usuarios experimentaran y disfrutaran de los paisajes naturales, junto
con la posibilidad de practicar actividades saludables al aire libre a lo largo de
estas rutas que están orientadas a tipos de transporte no motorizados o
activos, tales como caminar, montar en bicicleta, a caballo, esquiar y canoa
(FLINK et al. 2001; MUNDET & COENDERS 2010).
Las vías verdes son redes de terrenos, que son
planificados, diseñados y manejados para múltiples
propósitos,
incluyendo
[aspectos
ecológicos],
recreativos, culturales, estéticos, o de otro tipo que sean
compatibles con el concepto de uso sostenible (AHERN
1996, como se cita en AHERN 2004, p.35).
Más
recientemente,
las
vías
verdes
han
sido
asociadas
607
por
los
conservacionistas, cientistas sociales y miembros de la sociedad civil con otros
beneficios, tales como la protección del paisaje, la recreación, la salud, la
educación ambiental, el desarrollo económico local, medios de transporte
activo, un mayor sentido de identidad y pertenencia local derivados de la
conexión de la gente con su patrimonio natural, cultural y sitios históricos
(HELLMUND & SMITH 2006; MOORE & ROSS 1998), así como también con la
protección de la biodiversidad biológica a través de la conexión de las vías
verdes con redes ecológicas (ANGOLD et al. 2006; CABEZA 2005;
HELLMUND & SMITH 2006; JONGMAN 2007a, 2007b; JONGMAN et al. 2004;
JONGMAN & Pungetti 2004; OECD 2004).
Es importante destacar que para que proyectos de vías verdes, senderos y
redes ecológicas puedan desarrollarse y sostenerse en el tiempo, muchos
autores señalan que es esencial la participación activa de las comunidades
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locales y actores múltiples tanto en el diseño, la planificación y la gestión de
este tipo de iniciativas (BURNS et al. 2004a; GEBHARD et al. 2007; HOWARD
& BAKER 1994; JONGMAN 2007b; SELMAN 2004; SOMMA et al. 2007). La
participación promueve la sostenibilidad, ya que cuando los miembros de las
comunidades y las organizaciones locales se involucran, éstas reconocen el
valor de trabajar en alianzas, tener una voz en la toma de decisiones, y una
participación mayor en los beneficios derivados de los proyectos locales
(BURNS et al. 2004a; DUGDALE & WEST 1991; FORGIE et al. 2001;
HOWARD & BAKER 1994).
1.1 Conceptos básicos y vínculos entre vías verdes y redes ecológicas
Según indican JONGMAN y Pungetti (2004, p.1) “los conceptos de redes
ecológicas y vías verdes se relacionan con el entorno humano y su desarrollo”.
En el contexto actual de cambios dinámicos del medio ambiente global y de
paisajes fragmentados y dominados por los seres humanos, los ecosistemas y
las especies no pueden vivir en aislamiento (HELLMUND & SMITH 2006;
JONGMAN & Pungetti 2004; SEARNS 1995). En consecuencia, la nueva
filosofía de las ciencias ambientales está cambiando desde el aislamiento hacia
la conexión, es decir, desde un enfoque concéntrico o local, hacia un enfoque
mas periférico o global (JONGMAN & Pungetti 2004). En otras palabras, la
conservación de la naturaleza está cambiando desde un enfoque que estaba
asociado principalmente a la protección de áreas altamente biodiversas como
los son los parques nacionales u otro tipo de áreas protegidas, hacia un
enfoque que vincula a estas áreas protegidas con otros paisajes dominados por
los seres humanos, en los que se incluyen las vías verdes, los senderos y las
redes ecológicas, entre otros (JONGMAN & Pungetti 2004). A modo de
ejemplo, y como lo indica AHERN (2004) las vías verdes incluyen el concepto
de “tierras protegidas” dentro o cerca de zonas urbanas, explícitamente
ubicadas en la proximidad de lo espacios donde las personas viven y trabajan.
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Más aun, AHERN (2004) plantea que en Norte América la mayoría de los
paisajes culturales se encuentran espacialmente asociados a tipos de vías
verdes y senderos que se encuentran cercanos a corredores ecológicos,
situados a lo largo de ríos, pequeñas sierras, entre otros paisajes. Un ejemplo
de lo anterior es el Lewis’ Wisconsin Heritage Trail, el que incluye más de
300km de corredores ambientales o ecológicos, senderos recreativos y
senderos patrimoniales (Figura 1).
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Figura.1. Plano del sendero patrimonial Lewis’ Wisconsin, USA (AHERN 2004 en JONGMAN &
Pungetti 2004, p.39)
Otro buen ejemplo de los vínculos existentes entre redes ecológicas y vías
verdes de uso recreativo se da en Alemania. La Figura 2 muestra un mapa de
la red Alemana de corredores de hábitat en donde se muestran, en un recuadro
correspondiente a una sección del estado de Baviera, distintos tipos de
corredores: i) en verde, se muestran corredores para especies de bosque y
paisajes semi-abiertos,ii) en azul, corredores para especies de tierras bajas,
valles fluviales húmedos y secos y iii) en amarillo, corredores para especies de
paisajes secos (BÖTTCHER et al. 2005).
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La Figura 3 muestra una vía verde que tiene como uso su principal la bicicleta,
que sigue el curso del río Isar, superponiéndose al trayecto del corredor de
hábitat marcado en azul y correspondiente al cauce del río Isar indicado en la
Figura 2.
Ciclovía y vía verde
en río Isar
Deggendorf
München
Mittenwald
Figura 3 Mapa de ciclovía (sección resaltada en rojo) que une las localidades de Mittenwald,
München y Deggendorf en el estado federado de Bavaria, Alemania y que corre por la rivera
del río Isar. (http://ecmaps.de/?Experience=isarradweg#go=XVH)
Esto muestra claramente la coexistencia de los corredores de hábitat y las vías
verdes en esta zona de Alemania. Según BÖTTCHER et al., (2005) en su
artículo titulado “Corredores de Hábitat para el Hombre y la Naturaleza en
Alemania”, la red alemana de corredores de hábitat representa un enfoque
integrado, que tiene el objetivo de preservar, restaurar y desarrollar
interrelaciones ecológicas con el fin de mantener la diversidad de las especies
y áreas de usos humano, tales como la recreación.
La Figura 4 muestra en mayor detalle un ejemplo del tipo de conexiones e
interrelaciones que pueden existir entre los distintos tipos de corredores de
hábitat con carreteras, zonas agrícolas productivas, áreas de uso humano y
recreativo, entre otras (BÖTTCHER et al. 2005).
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Área para
desarrollo
Corredor de
hábitat
Carretea
Área de uso
humano
recreativo
Área
protegida
Figura 4 Detalle de corredores de hábitat en Alemania, y sus interrelaciones ecológicas y
antropocéntricas (BÖTTCHER et al. 2005, p.164)
Una red ecológica puede ser definida como sistemas de reservas naturales
interconectadas que dan coherencia a sistemas naturales fragmentados y los
ecosistemas que éstos soportan (BISCHOFF & JONGMAN 1993). Según
JONGMAN y Pungetti (2004, p.3) estas redes son hoy reconocidas como “un
marco de componentes ecológicos, por ejemplo, áreas centrales, corredores y
zonas de amortiguamiento, las cuales proporcionan las condiciones físicas
necesarias para los ecosistemas y especies para sobrevivir en un paisaje
dominado por el hombre”. Es por esta razón que éstos autores sostienen que
éstas redes debieran tener un doble propósito: i) el mantener la diversidad
biológica y el paisaje y ii) servir como base para asistir a los sectores políticos
en la toma de decisiones respecto a la conservación de los ecosistemas
naturales (JONGMAN & Pungetti 2004).
1.2. Contexto de investigación de maestría
El objetivo de esta investigación es identificar, entre otras cosas, cuáles son los
factores que determinan la capacidad de comunidades locales, asociaciones y
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otros grupos de interés para poder participar en proyectos de redes de vías
verdes y senderos tanto en Canadá como en Chile, así como cuales son las
medidas que se han adoptado para promover la participación de actores
múltiples con el fin de poder sacar lecciones aprendidas, tanto positivas como
negativas, que podrían inspirar la planificación y gestión del proyecto SDC y de
otros en Latinoamérica. Otro objetivo y más reciente, es el de explorar las
potencialidades que tienen las vías verdes y senderos con respecto a las
interrelaciones que éstos pueden tener con redes ecológicas para favorecer
entre otros aspectos, la protección de la biodiversidad biológica.
1.2.1 Contexto de los proyectos de vías verdes y senderos en Canadá y Chile
Trans Canada Trail, contexto del proyecto
El inicio de TCT fue en 1992, coincidiendo con las celebraciones del 125
aniversario de la confederación canadiense (Trans Canada Trail 2011a). El
TCT ha evolucionado desde entonces para convertirse hoy en la mayor red
mundial de vías verdes y senderos de usos múltiples y recreativos dentro de un
solo país. Una vez finalizado el proyecto, en el año 2017, Canadá estará
conectado entre la costa del Pacífico, por el este y la costa Atlántica por el
oeste y por el Norte con la costa del Océano Ártico a través un total de 22.500
km de senderos terrestres y acuáticos, uniendo a más de 1000 comunidades
en todas las provincias y territorios de Canadá (Trans Canada Trail 2009-2010).
Según Cam Clark, Presidente del Comité para el Desarrollo del TCT:
El TCT se está construyendo desde una visión de país
compartida y con la voluntad de cooperar. Estos aspectos
están en el centro de lo que el TCT es, vinculando a
todos los canadienses, sus comunidades y paisajes. Este
es un legado increíble (Trans Canada Trail 2011b, p.5).
El TCT tiene como objetivo inspirar a la gente a que disfrute de las actividades
al aire libre como los son el senderismo, excursionismo, ciclismo, canoa,
travesías a caballo y esquí de fondo y paseos en moto de nieve durante el
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invierno (sólo en algunos tramos). Al hacerlo, el TCT promueve los siguientes
cuatro beneficios (Trans Canada Trail 2011a).
Salud: al proporcionar espacios abiertos para que las personas puedan
practicar actividad física al aire libre.
Medio ambiente: preservando espacios verdes abiertos y la promoción
de la conservación ambiental.
Educación: al proporcionar información sobre la historia de Canadá y su
rico patrimonio natural.
Desarrollo económico local: promoviendo el desarrollo del turismo que a
su vez crea puestos de trabajo y dinero canalizados en la economía
local.
614
Figura 5. Mapa que ilustra la red de vías verdes y senderos del proyecto TCT (16.500km
aprox.) a diciembre del 2012.
El TCT se compone de dos sub-organizaciones cada una con diferentes
directorios y administración (Trans Canada Trail 2012), la organización
benéfica TCT (TCTCO por sus siglas en inglés) y la Fundación TCT (TCTF por
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sus siglas en inglés). El TCTCO es responsable de supervisar el desarrollo y la
construcción del TCT en cada provincia y territorio, trabajando en colaboración
con distintas organizaciones como lo son sus socios provinciales y territoriales
y más de 400 grupos de asociaciones de senderos locales, municipios, así
como también autoridades de organismos de conservación, que gestionan y
mantienen las secciones locales del TCT (Trans Canada Trail 2012). El TCTCO
también proporciona fondos para organizaciones asociadas al TCT, la
promoción y comercialización de los senderos, la creación de asociaciones y
alianzas estratégicas con otras organizaciones que a su vez, proporcionan las
herramientas tales como las aplicaciones de cartografía y señalética para
garantizar el acceso público a la información respecto a las condiciones del
terreno de los distintos tramos de senderos para todos los usuarios (Trans
Canada Trail 2012).
Por último, el TCT es una iniciativa basada en las comunidades locales
formada por más de 400 senderos comunitarios, en la que todas las secciones
del sendero son operados y mantenidos por organizaciones locales, municipios
con la ayuda de autoridades provinciales y/o agencias nacionales de Canadá
(Trans Canada Trail 2011a). La participación de donantes privados, empresas
locales, fundaciones y corporaciones, también juega un papel importante en el
financiamiento para el desarrollo de esta red de senderos en Canadá (Trans
Canada Trail 2009-2010).
Sendero de Chile, contexto del proyecto
El Sendero de Chile es una iniciativa pública, multi-sectorial de uso múltiple y
multipropósito, que pretende crear un corredor recreativo longitudinal y
transversal que eventualmente conectará Chile a través de una red senderos
de 8.500 km (Fundación Sendero de Chile 2011a). Las actividades que pueden
llevarse a cabo en el SDC incluyen caminatas, senderismo, bicicleta y travesías
a caballo. Esta iniciativa se puso en marcha en 2001 como parte de una serie
de proyectos (Proyectos Bicentenario), que fueron diseñados para conmemorar
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los 200 años de la independencia de Chile de España en el 2010 (Fundación
Sendero de Chile 2011b).
Durante el discurso anual presidencial del 21 de mayo del año 2000, el
entonces presidente de Chile, Ricardo Lagos Escobar, invitó a los chilenos a
construir un sendero longitudinal que atravesara el país, permitiendo que los
ciudadanos viajaran a pie, a caballo o en bicicleta, disfrutando y descubriendo
el entorno natural y el patrimonio cultural de Chile (Fundación Sendero de Chile
2011a). En 2001, la Comisión Nacional del Medio Ambiente (CONAMA)
comenzó a planificar e implementar la iniciativa del SDC, con financiamiento
del presupuesto nacional y la estrecha colaboración con distintos ministerios
(Fundación Sendero de Chile 2011a).
El diseño original del sendero se flexibiliza y modificada en 2004 para
incorporar de esta forma, rutas transversales y circuitos asociados con el eje
norte-sur Visviri-Cabo de Hornos (Ministerio de Hacienda 2005, p.3). El motivo
de este cambio fue proporcionar oportunidades para la autogestión y la
inclusión voluntaria de distintos actores, tanto a nivel comunal, regional, así
como de actores del sector privado (Ministerio de Hacienda 2005). Luego, en
2008, el directorio nacional del SDC, propuso la creación de una fundación de
derecho privado, denominada Fundación SDC, para dar continuidad y mayor
eficiencia en el desarrollo de senderos, así como la flexibilidad en capacitación
y la gestión de sus recursos (Ministerio del Medio Ambiente 2010, ítem 8.g.) La
responsabilidad de la ejecución del proyecto fue transferida a la Fundación
SDC en junio del 2009 (Fundación Sendero de Chile 2011a). De acuerdo a la
ley de presupuesto del sector público del 2011, la Fundación SDC es una
entidad colaboradora del Ministerio del Medio Ambiente (MMA) y por lo tanto
receptoras de fondos públicos de transferencia (Fundación Sendero de Chile
2011b)
El SDC es una iniciativa de gran envergadura y de interés público, cuyo
objetivo es generar una plataforma para el desarrollo de la educación ambiental
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y el ecoturismo en Chile, junto con apoyar la protección del patrimonio cultural y
natural, en base a un conjunto de senderos distribuidos en 9 territorios a lo
largo del país y que actualmente cuenta con aproximadamente 2.300 km de
senderos operativos (Entrevista SDC 2012; Fundación Sendero de Chile
2011a). El objetivo inicial del SDC, tal como se presenta en el año 2001 bajo la
administración de la CONAMA, era:
"Contribuir
a
la
protección
de
la
naturaleza,
posibilitando a las generaciones presentes y futuras
conocer, acceder y [disfrutar la diversidad de
nuestros ecosistemas]" (Ministerio de Hacienda
2005, p.1).
Desde el 2011, la Fundación SDC establece que las funciones principales de la
fundación son las siguientes:
1. Promover el recorrido seguro e informado por senderos pedestres, de
cabalgata o bicicleta que forman una red nacional, ofreciendo una gama
variada de paisajes y culturas del país.
2. Otorgar facilidades para que se formen grupos de senderistas y
opciones para organizar excursiones y travesías por el Sendero de
Chile, en diversos territorios y para las distintas épocas del año.
3. Gestionar proyectos de senderismo social, educación ambiental y
voluntariado para la conservación de la biodiversidad y su
correspondiente financiamiento.
(Fundación Sendero de Chile 2011b, p.5)
2. Metodología
La metodología de esta investigación incluye una evaluación a nivel macro de
los proyectos TCT y SDC. Estos proyectos se han escogido como casos de
estudio ya que el papel activo y la participación democrática de la población
local en la planificación y gestión de proyectos de senderos de usos múltiples y
de multipropósito, tales como el TCT y el SDC es considerado por ambas
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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iniciativas como un aspecto esencial para promover sus respectivos objetivos
(Fundación Sendero de Chile 2011a; Trans Canada Trail 2009-2010, 2011b).
El TCT se define como una iniciativa de base comunitaria de multi-actores que
se ha iniciado desde las bases y en la que la propiedad de los senderos, su
gestión y mantenimiento está a cargo organizaciones locales, municipios,
apoyados por organismos de los gobiernos provinciales y los organismos del
gobierno nacional a través de Canadá (Trans Canada Trail 2011a). Por otra
parte el SDC también busca integrar a las comunidades locales y multi-actores
que estén interesados en la planificación y gestión local de las actividades
turísticas asociadas a esta iniciativa (Fundación Sendero de Chile 2011a).
Esta evaluación se está llevando a cabo en base a la revisión de documentos,
bibliografía, y entrevistas semi-estructuradas. A la fecha se han completado
entrevistas semi-estructuradas con la directora nacional de senderos y con
personal técnico de la oficina nacional del TCT, así como también con el
representante y socio provincial de TCT en la provincia de Quebec Conseil
Québecois du Sentier Transcanadien, con el gerente de la corporación Parc
Lineaire P’tit Train du Nord y el actual vice-presidente de desarrollo y asuntos
públicos y ex director ejecutivo de la organización Vélo Québec, la que
coordina el proyecto Route Verte (RV), una red de vías de verdes de casi
4.000km enfocada principalmente al uso de la bicicleta, a nivel de la provincia
de Quebec. En cuanto al SDC se completaron las entrevistas semiestructuradas con el jefe del área de desarrollo y con el director ejecutivo de la
Fundación SDC, así como también, con representantes de distintas agencias
de gobierno y ministerios que formaron parte del directorio nacional del SDC
entre el 2004 y el 2008 (Ministerio de Hacienda 2005; Ministerio del Medio
Ambiente 2010).
3. Discusión:
3.1 Mecanismos utilizados y factores que condicionan la participación de
comunidades locales y actores múltiples en el SDC y TCT
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En relación a como el proceso de participación de comunidades locales y
actores múltiples se ha ido gestando y promoviendo en los proyectos SDC y
TCT y en base un análisis preliminar de las entrevistas y documentos
revisados, se puede observar que uno de los mecanismos para incentivar la
participación a nivel local ha sido la de permitir a actores locales a acceder a
fondos públicos y privados a través de las Fundaciones SDC y TCT en Chile y
Canadá respectivamente (Entrevista SDC 2012; Entrevitsa TCT 2013;
Ministerio del Medio Ambiente 2010; Trans Canada Trail 2010-2011).
En el caso de los fondos públicos, estos tienen distintos orígenes. En el caso
del proyecto Chileno SDC, los fondos públicos han llegado por diversas
fuentes. Básicamente a través de aportes basales del estado recibidos por
medio de la CONAMA y el MMA, así como también por parte fondos
provenientes de los gobiernos regionales como es el caso de: el fondo nacional
de desarrollo regional, el fondo del instituto nacional del deporte y el fondo de
protección ambiental, por mencionar algunos (Entrevista SDC 2012; Ministerio
del Medio Ambiente 2010). En relación a los fondos provenientes del sector
privado, éstos pueden ser recibidos y administrados por la Fundación SDC, sin
embargo el volumen de estos fondos ha sido reducido y por lo tanto no
alcanzan como para constituir un fondo que permita financiar iniciativas de
desarrollo de senderos por si sólo (Entrevista SDC 2012).
En al caso del proyecto Canadiense, los fondos públicos provienen tanto del
gobierno federal como de los gobiernos provinciales y gobiernos locales a
través de distintas agencias como Parks Canada, y Heritage Canada, a nivel
Federal, y fondos provenientes del Ministerio de Transportes de Quebec en el
caso de la provincia de Quebec, así como también de fondos manejados por
los municipios regionales y locales dentro de la misma provincia.(Entrevitsa
TCT 2013; Trans Canada Trail 2010-2011, 2011-2012).
En cuanto a los factores que influyen en la capacidad de los actores locales
para participar, se ha podido observar que la capacidad de gestión de estos de
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los actores locales es contextual. Para ambos proyectos el acceso a
información y capacidad para postular, gestionar y finalmente para rendir
cuentas ante las agencias u organismos que proveen los fondos han sido un
factor esencial en la participación de organizaciones y actores locales
(Entrevista SDC 2012; Entrevitsa TCT 2013).
3.2 La Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económico (OCDE):
Oportunidad e incentivos para el desarrollo de vías verdes y senderos
Canadá es uno de los países miembros de la OECD y el primer país en firmar
la ratificación de la convención OECD el 10 de abril de 1961 (OECD 2013).
Chile se convirtió en un miembro de la OCDE el 7 mayo de 2010 (OECD 2010),
una membresía que obtuvo entre otras cosas debido a su estabilidad
macroeconomía y el prestigio internacional en estas materias en las últimas
décadas. Esta membresía impone ciertas expectativas y, por lo tanto, desafíos
para el estado chileno. En cuanto a la sostenibilidad ambiental, la estrategia
medioambiental de la OCDE, recomienda a los países miembros a lograr cinco
objetivos interrelacionados: i) mantener la integridad de los ecosistemas a
través de la gestión eficiente de los recursos naturales (con un enfoque
especial sobre el clima, el agua dulce y la biodiversidad); ii ) disociar presiones
ambientales del crecimiento económico (con un enfoque especial en la
agricultura, el transporte y la energía), iii) mejorar la información para la toma
de decisiones y medir el progreso a través de indicadores, iv) abordar enlaces
en la interfaz social y ambiental y la mejora de la calidad de vida; y v) fomentar
la interdependencia mundial del medio ambiente mediante la mejora de la
gobernanza y la cooperación (OECD 2004, p.4).
El objetivo 4 de la estrategia de la OECD desafía a todos los países miembros
a:
hacer frente a los diversos vínculos entre las condiciones
ambientales, sociales así como las tendencias y los impactos
sociales de las políticas ambientales, con el fin de mejorar la
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salud humana, la equidad del medio ambiente, el empleo, el
acceso a la información, la participación pública en la toma de
decisiones, el acceso a la justicia en materia de medio ambiente
y la educación ambiental, contribuyendo así a mejorar la calidad
de vida (OECD 2001, p.17).
En lo que respecta a Chile, la OCDE también ha recomendado fortalecer las
regiones de Chile con el fin de estimular y descentralizar la economía (OECD
2009). Es por esto que el proyecto SDC, así como otras iniciativas de
desarrollo de vías verdes y senderos tienen el enorme potencial de servir como
una plataforma para ayudar a mantener la integridad de los ecosistemas y la
participación pública junto con estimular el desarrollo económico local, la
educación medioambiental y la protección de ecosistemas, a través de
actividades relacionadas con el turismo y la recreación. En consecuencia,
países en vías de desarrollo, como Chile, que normalmente tienen que
optimizar sus recursos económicos y humanos para lograr cumplir con los
compromisos adquiridos en acuerdos internacionales, pueden a través de
desarrollar proyectos, como las vías verdes y senderos, lograr obtener
beneficios simultáneos en lo ambiental, económico y social, así como también
crear las instituciones y capacidades necesarias para poder continuar y
expandir proyectos que incorporen este tipo de beneficios.
4. Importancia de la investigación y resultados esperados
La participación activa de las comunidades en la planificación y gestión de
proyectos de base comunitaria es crucial para promover la sostenibilidad de
estas iniciativas en el largo plazo (BURNS et al. 2004a; MANNIGEL 2008). Por
lo tanto, esta investigación contribuirá a una mejor comprensión de los
mecanismos que pueden apoyar la participación de las comunidades y grupos
de interés, tanto en la planificación y gestión de proyectos de vías verdes
comunitarios y así contribuir con observaciones y lecciones aprendidas que
podrían ser utilizadas para el diseño y gestión en otros proyectos similares en
Latinoamérica y otras partes del mundo.
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El desarrollo de vías verdes está cobrando fuerza en Latinoamérica. De hecho,
el primer congreso para la planificación y gestión de senderos del Mercado
Común del Sur (MERCOSUR) se celebró en Uruguay entre el 4 al 6 octubre del
2012. Este año se celebrará en Octubre el “II Congresso Nacional de
Planejamento de Trilhas: Uso Público e Biodiversidade, Desafios de Gestão e
Governança”. Los conocimientos y lecciones aprendidas como resultado de
esta investigación de maestría aportarán con nuevas perspectivas y
potenciales aplicaciones para el emergente movimiento de las vías verdes y
senderos de largo recorrido en Latinoamérica y en particular al proyecto SDC,
que es la iniciativa más avanzada en la región.
Otro aporte de esta investigación tiene relación con el vínculo que se establece
entre la literatura sobre la participación pública y gobernanza, en relación con
las vías verdes de usos múltiples y multipropósito. Gran parte de la literatura
disponible sobre vías verdes de usos múltiples se centra en la planificación,
diseño y gestión, así como los beneficios sociales y económicos que éstas
aportan a la sociedad. Mi investigación extenderá este horizonte con la ayuda
de literatura existente y de gran relevancia sobr
Con respecto al vínculo existente entre las vías verdes, senderos y las redes
ecológicas es un tema que tiene muchas aristas que deben ser estudiadas y
analizadas con detención. La pregunta sobre cómo diseñar y planificar vías
verdes, senderos, corredores ecológicos, redes ecológicas u otro tipo de
espacios naturales abiertos, que favorezcan las necesidades tanto de la
naturaleza y los seres humanos esta todavía por entenderse, analizarse y
resolverse según sea el contexto ambiental, ecológico, geográfico, social y
económico de los proyectos. El desarrollo de vías verdes y senderos debe
estar a la altura de los desafíos que el siglo 21 enfrenta y por lo tanto, es
tiempo de expandir esta discusión y aprender de ejemplos concretos donde se
están poniendo en práctica modelos que integran e interrelacionan vías verdes
de usos recreativos y transporte activo, con redes ecológicas para la protección
de la biodiversidad biológica y el tránsito genético.
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5. Agradecimientos:
Agradezco el continuo apoyo de mi supervisora académica Dr. Monica
Mulrennan, así como también a mi esposa e hijo que han sido siempre mi
fuente de inspiración y apoyo durante mis estudios de maestría. Agradezco
también a quienes hacen posible que yo este realizando estos estudios, y me
refiero al programa de becas de magíster en el extranjero BECAS CHILE
perteneciente a la Comisión Nacional de Investigación Científica y Tecnológica
(CONICYT) del Gobierno de Chile. Agradezco también al Quebec Centre for
Biodiversity Science (QCBS), que por medio de su beca QCBS Exellence
Award 2013, hace posible que yo pueda viajar desde Montreal y presentar mi
trabajo de investigación en el marco del “II Congresso Nacional de
Planejamento de Trilhas: Uso Público e Biodiversidade, Desafios de Gestão e
Governança” a realizarse en el campus Maracaná de la Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Agradezco también a Flávio Augusto Pereira Mello quien es la cara visible del
grupo humano que esta a cargo de la organización de este importante
congreso a realizarse en Río de Janeiro, Brasil.
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GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base
Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
SESC SP E A TRILHA D’ÁGUA – ADUTORA DA DÉCADA DE 40 É
UTILIZADA COMO FERRAMENTA DE INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Fábio Luiz Vasconcelos22
Emerson Luis Costa23
Juarez Michelotti2
Marcelo Bokermann2
Resumo
Palavras-chave: Trilha d’água. Sesc Bertioga. Interpretação ambiental. Passeios. Educação
para a sustentabilidade.
O Sesc - Serviço Social do Comércio é uma instituição brasileira, privada,
criada e mantida pelos empresários dos setores de comércio de bens, serviços
e turismo, com o objetivo de colaborar para a melhoria da qualidade de vida do
trabalhador desses setores, seus dependentes e sua comunidade. A ação do
Sesc é nacional, todavia cada estado possui sua própria administração
regional. No estado de São Paulo, o Sesc SP desenvolve seu trabalho pautado
na criação de elos que atam estes três princípios norteadores: a destinação
social ao sentido amplo de cultura; a dimensão cultural à ideia de educação
permanente; o imperativo educativo à realidade diária de seu trabalho social.
Dentre os diversos campos de atuação destacam-se as áreas de: Turismo
Social e Educação para a Sustentabilidade. No Sesc Bertioga, estes programas
tem presença marcante devido as particularidades do local. Reconhecida como
a 1ª Colônia de Férias da América Latina (1948), hoje o Centro de Férias conta
com um Centro de Educação Ambiental, que dentre suas diversas dinâmicas
educativas, oferecidas tanto para hóspedes, como para comunidade em geral,
realiza também atividades em trilhas, tendo a interpretação ambiental como
ferramenta de mediação. Com a criação da Série Passeios/Vivências
Ambientais, em 2011, foram sistematizados sete passeios que visam a
valorização do contexto histórico, da cultura caiçara e da diversidade de
paisagens de Bertioga. Realizada desde o início da década de 90, a Trilha
d’água é um destes roteiros que se integra a Série Passeios/Vivências
Ambientais. Esta trilha utiliza parte do aterro implantado na década de 1940,
que liga o Rio Guaxanduba à estação de tratamento de água do Sesc Bertioga
e se estende por 5.800m. A trilha, com 2.700 m (ida), está inserida em área
22
23
Gerência de Programas Socioeducativos, Sesc SP
Unidade Sesc Bertioga, Sesc SP
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628
natural em excelente estado de conservação, estendendo-se pela planície
costeira e início da encosta da Serra do Mar. O trajeto tem início na travessia,
em barco, do rio Itapanhaú e segue em uma caminhada que cruza
ecossistemas como mangue, floresta de transição, mata paludosa, mata ciliar e
floresta de encosta. Esta trilha tem importante valor para a conservação da
natureza, uma vez que seu percurso passa por dois parques estaduais. Este
artigo descreve a sistematização do roteiro Trilha d´água, que utiliza para fins
turísticos e educativos, o acesso de manutenção da captação de água do Sesc
Bertioga. Com essas ações promovidas acredita-se fortalecer a missão
institucional onde educação e cultura, convergem para a transformação social,
por meio de iniciativas socioeducativas, em prol da edificação de uma cultura
de sustentabilidade.
Resumen
Palabras clave: Ruta del agua. Sesc Bertioga. Interpretación ambiental. Senderos. Educación
para la sustentabilidad
Sesc - Servicio Social de Comercio es una institución brasileña, privada, creada
y mantenida por los empresarios del comercio de bienes, servicios y el turismo,
con el fin de contribuir a mejorar la calidad de vida de los trabajadores de estos
sectores, su familia y su comunidad. La acción del Sesc es nacional, pero cada
estado tiene su propia administración regional. En São Paulo, Sesc SP
desarrolla su trabajo basado en la creación de vínculos que unen a estos tres
principios rectores: un destino social para un amplio sentido de la cultura, la
dimensión cultural a la idea de la educación permanente y el imperativo de la
educación a la realidad cotidiana de su trabajo social. Entre los diferentes
campos de trabajo incluyen las áreas de Turismo Social y de Educación para la
Sustentabilidad. En el Sesc Bertioga, estos programas tienen una fuerte
presencia, debido a las particularidades del sitio. Reconocido como la primera
Colonia de Vacaciones en América Latina (1948), ahora el Centro de
Vacaciones cuenta con un Centro de Educación Ambiental, que, entre sus
diversas dinámicas educativas, ofrece tanto para los clientes como para la
comunidad en general, actividades en senderos tomando la interpretación
ambiental como herramienta de mediación. Con la creación de la "Serie
Passeios/Vivências Ambientais" en el 2011, siete viajes se organizan para
explorar el contexto histórico, la cultura local (caiçara) y diversidad de paisajes
de Bertioga. Realizada desde principios de los años 90, la “Ruta del agua” es
uno de los senderos que se incluye en la "Serie Passeios/Vivências
Ambientais". Este sendero utiliza parte del terraplén de la década de 1940, que
une el Río Guaxanduba con la estación de tratamiento de agua de Sesc
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bertioga y se extiende por 5.800m. El sendero, con 2.700m (ida), se inserta en
una área natural en excelentes condiciones de conservación, que se extiende a
lo largo de la planicie costera y las primeras laderas de la Serra do Mar. El
sendero empieza en la travesía, en barco, del río Itapanhaú y sigue en una
caminada que atraviesa ecosistemas como manglares, bosques de transición,
bosques pantanosos, bosques de ribera y laderas. Este sendero tiene un valor
importante para la conservación de la naturaleza y su trayecto pasa a través de
dos parques estatales. En este artículo describe se la sistematización del
sendero “ruta del agua”, que utilizada el acceso de mantenimiento de la
captación de agua Sesc Bertioga con objetivos de turísticos y educacionales.
Con estas acciones promovidas desease fortalecer la misión institucional
donde la educación y la cultura convergen para el cambio social a través de
iniciativas sociales y educativas en favor de la construcción de una cultura de la
sustentabilidad .
1. Introdução
Criado em 1946, o Serviço Social do Comércio - Sesc é uma instituição
brasileira de caráter privado, sem fins lucrativos mantida pelos empresários do
comércio de bens, serviços e turismo, com atuação em âmbito nacional, que
objetiva colaborar para a melhoria da qualidade de vida do comerciário, sua
família e de sua comunidade (SESC SP, 2013b).
O Sesc é descrito pela primeira vez na Carta da Paz Social, sendo esta
resultado da Conferência de Teresópolis, realizada em 1945, que reuniu
empresários da agricultura, indústria e comércio. Este documento destacava a
necessidade de uma paz social concreta, fundada na ordem econômica, por
meio de uma obra educativa.
Desde seu nascimento, a instituição esteve
alinhada ao sentido de garantia dos direitos sociais básicos, como direito à
saúde,
educação,
alimentação,
cultura,
o
que
lhe
atribui
um
forte
comprometimento com os valores da cidadania. No final da década de 40 o
Sesc instala suas primeiras unidades executivas em diversos estados
brasileiros, que ao longo dos anos se transformam em Departamentos
Regionais. Entre outros, foi criado o Regional São Paulo – Sesc SP, onde foi
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inaugurada, em 1948, a Colônia de Férias Ruy Fonseca, em Bertioga, litoral
paulista.
Para o Sesc SP, a cultura e a educação possuem íntimas conexões, e esse
valor permeia os programas socioeducativos desenvolvidos pela instituição. Os
conceitos de trabalho social, cultura e educação consistem o meio através do
qual se movimenta do Sesc, e da articulação deles resultam as pistas a serem
seguidas para que a trajetória da instituição coincida, o mais das vezes, com
sua missão (SESC SP, 2013a).
Em meados dos anos 80, a prioridade de investimentos educacionais no
campo do lazer se concentrou na área cultural. Além das linguagens artísticas,
também ocorreu uma ampliação de muitos programas como atividade física e
saúde e das ações sociais com interface direta com os problemas urbanos. A
partir de então, houve uma modernização da política de ações e da
metodologia de trabalho do Sesc em São Paulo, que desenvolveu novos
conceitos para atualizar seu programa de ações socioculturais: a cidadania e a
qualidade de vida. O Sesc SP, valendo-se do caráter situacional e
contextualizado das suas ações educativas, elaborou seus programas com um
olhar para a sua realidade e seu tempo. A ação propositiva da instituição
construiu-se no campo das ações educativas, em especial na educação
permanente, também denominada Educação não-formal e/ou Complementar
(SESC SP, 2013a).
Hoje a base da atuação do Sesc SP é a realização de programas
socioeducativos e culturais com o sentido de promover o bem-estar e a
qualidade de vida em espaços que valorizam a convivência entre as pessoas,
sejam os trabalhadores do comércio e setor de serviços, seu público prioritário,
seja a comunidade de maneira geral. O Sesc em São Paulo conta, hoje com
33 centros culturais e esportivos, e uma dessas Unidades é o Centro de Férias
Sesc Bertioga. As ações do Sesc Bertioga estão pautadas no favorecimento do
convívio social, no respeito às diferenças, no fortalecimento das relações
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humanas e na aproximação de propostas que conduzam o acesso a bens
culturais necessários para a promoção da qualidade de vida dos participantes.
Quando de sua criação em 1948, para garantir o acesso à água potável, foi
necessária a construção de infraestrutura específica para captação e transporte
de água, construindo-se então a rede adutora com cerca de 5.800 m de
extensão.
Este artigo relata a sistematização do roteiro Trilha d´água, que utiliza para fins
turísticos e educativos, o acesso de manutenção da captação de água do Sesc
Bertioga. Com essas ações promovidas acredita-se fortalecer a missão da
instituição onde educação e cultura, convergem para a transformação social,
por meio de iniciativas socioeducativas, em prol da edificação de uma cultura
de sustentabilidade.
2. Metodologia
Este artigo foi desenvolvido a partir de da análise das percepções de técnicos
do Sesc SP, tanto do Sesc Bertioga, quanto da Administração Central do
Departamento Regional do Sesc em São Paulo, referentes às atividades
turísticas e educacionais realizadas em trechos da adutora do Centro de Férias
“Ruy Fonseca” Sesc Bertioga, materializado na definição de um roteiro
específico para a trilha em questão.
Em paralelo a estas análises, foi realizada consulta ao acervo institucional
(acervo histórico, materiais de mediação, vídeos, entrevistas, relatos de
atividades, etc), que norteou o desenvolvimento do contexto histórico da
instituição, assim como da unidade de Bertioga, seus equipamentos e equipes
envolvidas no desenvolvimento de atividades de turismo social e educação
para sustentabilidade. Complementou-se a pesquisa por meio de revisão
bibliográfica para fortalecer, e ratificar a importância e a necessidade de
processos permanentes de planejamento, estruturação, execução e análise
das atividades realizadas em trilhas interpretativas, especificamente na Trilha
d´água.
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3. Resultados e discussão
3.1 O Serviço Social do Comércio - Sesc
O Sesc foi criado em 1946, no dia 13 de setembro, pelo Decreto-Lei N° 9.853,
em que o Presidente Eurico Gaspar Dutra autoriza a Confederação Nacional do
Comércio a criar o Serviço Social do Comércio - Sesc. Entre os anos de 1947 –
1949 a instituição expandiu, quando foram instaladas suas primeiras unidades
executivas em diversos estados brasileiros, que ao longo dos anos se
transformam em Departamentos Regionais. Nesta época foi criado, hoje o
denominado, Regional São Paulo e inaugurada uma das primeiras colônias de
férias na unidade de Bertioga, litoral paulista.
A ação do Sesc é fruto de um sólido projeto cultural e educativo que trouxe,
desde sua criação, a marca da inovação e da transformação social. Ao longo
dos anos, o Sesc inovou ao introduzir novos modelos de ação cultural e
sublinhou, na década de 1980, a educação como pressuposto para a
transformação social. Hoje, com 67 anos, a instituição é testemunha de
momentos históricos do país, moldando conceitos e ideias que culminam no
momento atual que adota a transformação como tema, respeitando o princípio
do acolhimento e ação propositiva.
3.2 Sesc SP
No Estado de São Paulo, o Sesc conta com uma rede de 33 unidades, em sua
maioria centros culturais e desportivos. Cada unidade dispõe de uma
programação diferenciada com intuito de agregar cultura, esporte, lazer,
cidadania em um processo de educação permanente. Oferece também
atividades de turismo social, programas de saúde e de educação ambiental,
programas especiais para crianças e terceira idade, além dos pioneiros: Mesa
Brasil Sesc São Paulo, de combate à fome e ao desperdício de alimentos, e
Internet Livre, de inclusão digital. O Sesc SP desenvolve ação de educação
não formal e permanente com intuito de valorizar as pessoas ao estimular a
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autonomia pessoal, a interação e o contato com expressões e modos diversos
de pensar, agir e sentir.
Promovida pela Unesco, a Educação Permanente incentiva a criação de novos
programas pautados pela cultura de paz e pela convivência entre as
diferenças. Menos formais e mais abrangentes do que a escola, estes
programas focaram sua ação na família e na comunidade, e desenvolveram
novas metodologias de ação social, atendendo a um público heterogêneo e
cosmopolita, incluindo diferentes faixas etárias, origens sociais, condições
financeiras, línguas e culturas. Desde a criação da Unesco, na década de 40, a
Organização das Nações Unidas tem enfatizado que os valores humanos de
uma sociedade são construídos por um processo contínuo de educação,
integrados à ciência e à cultura (SILVA, 2011).
A ação educativa permanente que caracteriza a instituição apoia-se em valores
éticos, democráticos e humanistas, que preconizam o respeito à diversidade
cultural, a formação para a autonomia e a interação a partir do contato com
diversos modos de pensar, agir, sentir e se expressar. O compromisso com o
ambiente no Sesc SP traduz-se na promoção de programas e projetos na área
de educação para a sustentabilidade, no que tange as ações tanto para público
interno quanto externo, bem como na discussão e adoção de medidas
estruturais nos seus equipamentos, como a conservação e recuperação de
porções de Mata Atlântica em algumas de suas unidades, além da a
adequação de suas instalações de forma a mitigar os impactos ambientais da
ação humana. Essa missão, somada à demanda crescente de diversos setores
da sociedade em relação à necessidade de incorporação da responsabilidade
socioambiental, principalmente nos últimos 20 anos, fez com que a instituição
realizasse um conjunto significativo de ações de sensibilização e de
conservação em algumas de suas unidades, bem como de adequação de suas
instalações de forma fortalecer seu compromisso com a conservação
ambiental.
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O Sesc SP tem ampliado sua atuação neste campo, por meio da adoção de
programas permanentes de atendimento ao público, da ampliação de equipes
com perfil voltado à educação para a sustentabilidade de modo a fomentar
ainda mais suas ações nesse campo. Tais compromissos com o ambiente
também podem ser evidenciados em trabalhos de gestão ambiental em suas
unidades como, por exemplo, o programa Lixo: Menos é Mais, ação
institucional de gestão de resíduos.
Fomentar uma nova mentalidade de inter-relação e aliança entre natureza e
cultura, estimulando a participação crítica e criativa no processo de
fortalecimento de modos de vida mais sustentáveis balizam os fundamentos da
educação para a sustentabilidade no Sesc SP, e que no âmbito da ação
educativa pode se traduzir na realização de dinâmicas educativas diversas
oficinas, seminários, no atendimento mediado em exposições e instalações
lúdicas, nas intervenções artísticas, ou seja, em diferentes modos de criação e
expressão, que possuem na sua essência uma intencionalidade educadora.
Tratar do modo de vida das sociedades contemporâneas não é tarefa simples,
o que coloca para a educação desafio fundamental no enfrentamento do tema,
significando estudo e produção de conhecimento acessível a todas as
populações. Para tanto é necessária uma abordagem do conhecimento de
maneira coletiva, fundamentada em valores socioculturais, determinada por
uma conjuntura de forças e inter-relações presentes nos modelos de sociedade
em que vivemos. Deste ponto de vista da construção do conhecimento está
implícito no processo educativo o caráter socioambiental, em que o estudo do
ambiente é uma das principais condições de aprendizado.
Nesse sentido, a atuação da instituição, além de qualificar o tempo de lazer dos
trabalhadores em seus equipamentos, projeta-se no campo dos valores e da
transformação social, pois se volta para as questões de cidadania e para a
sustentabilidade por meio de diversas estratégias educativas, destinadas aos
mais variados perfis de público. Devido à multiplicidade de aspectos
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relacionados ao campo da sustentabilidade, uma característica marcante da
ação da instituição no que se refere às questões de educação para a
sustentabilidade, versa sobre a necessidade de sustentar espaços de
interlocução entre diversas áreas, fortalecendo a agenda socioambiental de
forma transversal. É a partir da integração das múltiplas dimensões da
sustentabilidade – ecológica, social, ética, cultural, econômica, espacial e
política – ao desenvolvimento das ações institucionais que se pode
potencializar a participação efetiva na proteção, recuperação e melhoria das
condições ambientais e de qualidade de vida (SESC SP, 2013a).
A área de Educação para a Sustentabilidade está baseada em um conjunto de
princípios e objetivos que orientam ações educativas, tendo como referência a
formação para a cidadania e a responsabilidade com o ambiente, seja de
caráter interno, seja na ação voltada ao público frequentador de suas unidades.
A área de Turismo Social do Sesc SP é orientado por cinco princípios
norteadores: democratização do acesso ao turismo, protagonismo dos
participantes, a educação pelo turismo, a educação para o turismo e
operacionalização ética e sustentável.
3.3 O Município de Bertioga - SP
Muito antes da chegada dos colonizadores a região de Bertioga, essa era
ocupada por grupos nativos, sendo primeiro os sambaquieiros, mais tarde os
tupi. Uma das explicações para a origem do nome Bertioga é ser uma
corruptela da denominação da região pelos tupiniquim: Burikioca, “a casa do
macaco grande”. O macaco grande era uma referência ao macaco muriqui, ou
mono carvoeiro (Brachyteles arachnoides) e sua grande ocorrência na área, na
época. Os tupiniquim eram os povos indígenas nativos, que habitavam a região
na época da colonização portuguesa e se dirigiam às proximidades para coletar
frutos do mar, porém não eram moradores fixos (IBGE, 2013).
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Bertioga foi palco de eventos relevantes da história brasileira nos primórdios
da colonização portuguesa. Abrigou a primeira fortificação militar do país
construída com planta real e em alvenaria, o Forte de São Tiago (hoje Forte
São João); testemunhou inúmeras batalhas entre os tupiniquim e seus aliados
portugueses contra os tupinambá; aquartelou o alemão Hans Staden que
descreveu em livros e xilogravuras seus nove meses de vida como capturado
dos tupinambá; recebeu José de Anchieta e Manoel da Nóbrega; presenciou a
saída de Estácio de Sá, que fundou a Vila de São Sebastião do Rio de Janeiro;
alojou uma grande armação de baleias no século XVIII; e viu a urbanização se
desenvolver e seus loteamentos e condomínios espraiarem-se ao final do
século XX (CASTRO, 2010).
No fim da década de 1940 o Sesc SP criou a Colônia de Férias Ruy Fonseca e
em seu Relatório Anual de atividades 1947 (apud. SESC SP, 2008) a Praia de
Bertioga é descrita como:
... um dos mais belos e aprazíveis recantos do litoral Paulista –
distante apenas uma hora e meia de Santos – que por sua vez
tem fácil acesso a São Paulo, ponto de convergência de todo o
Estado... um dos lugares mais salubres do litoral paulista com
um coeficiente mínimo para não dizer nulo de casos de
impaludismo [malária]...
Na década de 1950, por causa do crescimento do turismo na região, foi dado
início ao processo de melhoria de acesso à região com a construção da
estrada estadual SP-61 que corta a porção norte da ilha de Santo Amaro
(Guarujá) e termina no Canal de Bertioga. Assim, a ligação aquática feita por
balsa tornou possível maior afluxo de turistas em Bertioga atraídos pela
natureza e extensas praias conservadas. Nas décadas de 1950 e 1960, foram
implantados diversos loteamentos em Bertioga, começando a grande
especulação imobiliária para a construção de casas de veraneio (MARTINS et
al., 2008). A partir de 1980, com a construção da Rodovia Rio-Santos e,
posteriormente
da
Mogi-Bertioga,
intensificou-se
o
interesse
pela
comercialização de terras, em forma de loteamentos turísticos (SOUZA, 2008).
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Bertioga, antes de ser município, em 1943, foi anexada pelo Governo de São
Paulo à cidade de Santos. Elevada a subprefeitura e depois distrito, em 1991
se realizou um plebiscito onde se votou por sua emancipação. Em 1992
ocorreram as primeiras eleições municipais e em 1993 o primeiro prefeito
tomou posse (CASTRO, 2010). Ao se considerar a história de Bertioga como
município
independente,
pode-se
caracterizá-la
como
uma
“cidade
adolescente”.
3.4 Sesc Bertioga – Da Colônia de Férias ao Centro de Férias
O Sesc Bertioga é considerado a primeira Colônia de Férias brasileira com
instalações próprias. Serviu como modelo para centenas de similares em todo
o país e América Latina (SESC SP, 2013b). O Relatório Anual de atividade do
Sesc SP de 1947 (apud. SESC SP, 2008) trata da motivação para a criação da
Colônia de Férias Ruy Fonseca:
Compreendendo a grande necessidade que tem todo
trabalhador de um repouso anual para a recuperação das
energias gastas no árduo quotidiano – e considerando,
outrossim, que esse repouso anual, hoje universalmente
reconhecido como um direito – deve ser o quanto possível
proporcionado ao beneficiado em lugar diverso e em clima
diferente daquele em que o mesmo trabalha – e por outro lado
verificando que as condições econômicas do comerciário
raramente lhe permitem fazer face às grandes despesas de
viagens e hospedagem cujos preços são hoje elevadíssimos
como decorrência natural da carestia geral – deliberou o
Conselho Regional do Sesc a instalação de uma colônia de
férias.
Seu maior mérito foi inserir no cotidiano dos trabalhadores a questão do tempo
livre, numa época em que poucas pessoas se davam conta da importância
desse aspecto para o bem-estar e o desenvolvimento social e cultural dos
indivíduos (SESC SP, 2013b). Inaugurada em 30 de outubro de 1948, o Sesc
Bertioga é uma das marcas do pioneirismo da instituição, testemunha do
constante amadurecimento institucional e conceitual. O constante processo de
transformação e amadurecimento faz-se notar não somente nas ações
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educativas desenvolvidas, mas também na denominação da unidade que,
incialmente era “Colônia de Férias”, hoje chama-se “Centro de Férias”.
As características de sua localização, no sopé da Serra do Mar, com área
verde preservada de aproximadamente 330 hectares dividida em cinco glebas,
conferem ao Centro de Férias uma vocação natural para o desenvolvimento de
ações socioambientais, em que aspectos da biodiversidade e da cultura local
são abordados em forma de passeios, vivências e oficinas que estimulam a
compreensão da importância das inter-relações entre ambiente e sociedade.
Outras linguagens também são contempladas nas diversas atividades
propostas: desenvolvimento físico e esportivo, atividades artísticas como
apresentações musicais, teatrais, literárias, artes plásticas, dança, oficinas na
área da saúde e alimentação, entre outras.
Com essa multiplicidade de temas, o Sesc Bertioga oferece aos hóspedes a
possibilidade de aliar férias, descanso e divertimento a conteúdos educativos.
A programação busca também integrar públicos de faixas etárias diversas, em
um ambiente agradável e prazeroso de convivência (SESC SP, 2013b). O Sesc
Bertioga evidencia o caráter socioeducativo do Sesc SP, ao gerar opções de
lazer, cultura e educação para todos os públicos, em diversas faixas etárias e
estratos sociais, envolvendo hóspedes, visitantes e comunidade local, tendo
como valores o respeito, a humanização da sociedade, a democratização do
acesso, a transformação, o respeito a todas as diferenças e tendências e a
sustentabilidade.
3.5 O Centro de Educação Ambiental - CEA do Sesc Bertioga
Em 2008 o Sesc Bertioga criou o Centro de Atividades Ambientais – CAA. O
espaço foi concebido para servir de referência às atividades ambientais com
hospedes e grupos de escolares e tinha por missão, apresentar por meio de
elementos cenográficos e expográficos uma caracterização socioambiental da
região de Bertioga. Tal espaço surgiu com o objetivo de sensibilizar, informar e
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promover vivências socioeducativas que provoquem a compreensão e a
interação com as questões socioambientais, tanto no que diz respeito à
caracterização natural da região, como no que tange aos processos de
interação da cultura local com este ambiente. Na época, o CAA contava com
uma equipe composta por três pessoas. Com experiência na área
socioambiental e com formações variadas, estes profissionais se dedicavam a
receber grupos de escolares em roteiros ambientais, além de hóspedes do
Centro de Férias que visitavam o espaço e tinham contato com os conteúdos
ali expostos, participavam de oficinas, vivências e outras atividades. Além
dessas propostas, alguns passeios com hóspedes eram realizados, com o
propósito de apresentar a paisagem local, tendo sempre como base os
princípios de uma educação ambiental crítica e problematizadora.
Os chamados recursos cenográficos, expográficos, elementos lúdicos e a
mediação específica, desenvolvidos animavam as atividades de sensibilização
e formação, sempre tendo como norte pressupostos como responsabilidade
com o local, respeito à diversidade ambiental e cultural, interação, participação,
transversalidade e ludicidade. Com o passar do tempo, já em meados de 2010,
a ação educativa se ampliou, assim como, a equipe técnica especializada que
passou de três profissionais das áreas de ciências biológicas e agrárias para
sete
profissionais
de
diferentes
áreas
(biologia,
engenharia
florestal,
pedagogia, geografia e história), cujas experiências em ações socioeducativas
contribuem diretamente para o caráter multidisciplinar do Centro, além de
possuir estratégias de sustentabilidade, que buscam múltiplas abordagens e
diferentes dimensões. Estes profissionais são os Agentes de Educação
Ambiental do Sesc Bertioga.
A partir de então, com a ampliação da equipe técnica, e mais ainda, com a
reconfiguração conceitual do espaço, hoje, a estrutura denomina-se Centro de
Educação Ambiental - CEA, que pauta-se pelo tema vocativo “Entre a Serra e o
Mar” e constitui-se como um espaço que trata a Educação Ambiental como
produção de conhecimento com foco na realidade local, promovendo diversos
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programas educativos. As experiências oferecidas pelo CEA resultam em
ações dentro e fora da unidade. As ações são realizadas tanto em uma
instalação própria (composta de acervos, painéis, tanque de toque, núcleo
baleia, núcleo ancestral da baleia, núcleo do lixo, maquetes e materiais, espaço
de leitura) quanto em outros espaços do Sesc como o viveiro, áreas
ajardinadas, o mirante, a praia, estações de tratamento de água e esgoto, lago
e casa do caiçara.
O CEA elabora e realiza roteiros para atendimento de públicos diversos como
os escolares, hóspedes e visitantes, considerando faixas etárias, linguagem e
níveis de interesse, orientados pelos seguintes temas: “Água”, “Povos do
litoral”, “Biodiversidade” e “Caminhos da Sustentabilidade”. Além dos roteiros, o
CEA oferece atividades que atendem a comunidade local como cursos,
encontros, capacitações e formações que possibilitem a difusão de valores e
atitudes incentivando a relação harmoniosa entre indivíduo e meio, fomentando
o sentido de apreço para o local onde se vive. Todavia, essa equipe técnica
(Agentes de Educação Ambiental) é responsável pelo planejamento, mediação
e avaliação das ações educativas, e pelo desenvolvimento de projetos e
programas específicos.
As propostas educativas do CEA se firmaram no sentido da construção dos
chamados Cardápios de Aprendizagem, que segundo Tonso (2005), podem ser
definidos como elenco de atividades que não se limita à questão técnica e
objetiva de oferecer informações. Devem propor atividades que tragam à
memória a história de cada pessoa, desenvolvendo sentido lúdico, afetivo e
estético. O cardápio deve representar a cultura da região na qual está inserido
e conter itens: informativos (que tragam informações, conteúdos e diferentes
tipos de conhecimentos necessários para fazer com que o participante construa
um repertório mínimo que permita participar de modo ativo nas questões
socioambientais de sua região) e formativos (que proporcionem a construção
de metodologias, valores, percepções e atitudes do próprio educador em
formação). Da mesma forma, deve oferecer atividades que permitam o
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desenvolvimento do senso estético e ético, e que ajudem o mediador a atuar
de modo cooperativo, crítico e como produtor de autonomia no grupo que esta
conduzindo.
A elaboração de tais cardápios, assim como, a criação de um tema vocativo
(Entre a Serra e o Mar) aliado a um plano educativo, motivou a equipe a
compreender que a missão desse espaço estaria alinhada aos princípios de um
Centro de Educação Ambiental - CEA. Nesse sentido, recorremos a Silva e
Sorrentino (2003), e ao entendimento de que os CEAs podem ser definidos
como: locais distintos e singulares, que possuem espaços e equipamentos
específicos para a promoção de atividades diversas no campo da Educação
Ambiental – EA (desde a simples disponibilização de informações até a
organização e mobilização comunitária visando sua efetiva participação
política). Além disto, devem possuir equipe educativa e desenvolver seu próprio
Projeto Político-pedagógico
–
PPP,
objetivando enfatizar seu
caráter
demonstrativo (tecnologias apropriadas em seus espaços, exemplificação
cotidiana
do
seu
discurso
proferido),
sensibilizador
e
de
referência
local/regional no campo da EA. As ações que o CEA do Sesc Bertioga
desenvolve, são integradas ao Programa de Turismo Social do Sesc SP. Com
a criação de um Centro de Educação Ambiental ampliou-se a prática de
promover outras formas de fazer o turismo social pensando a sustentabilidade
como eixo.
3.6 Água potável e a Adutora
Com a implantação da Colônia de Férias Ruy Fonseca, surgiu a necessidade
de acesso à água potável. O Relatório Anual de atividade do Sesc SP de 1947
(apud. SESC SP, 2008) relata que “o serviço de captação natural de água
potável exigiria um trabalho de 10 meses”. Este trabalho consistia na
implantação do sistema de captação de água no córrego Gaxanduba, no sopé
da Serra do Mar, até o interior da Colônia. Para tanto foram implantadas:
reentrância no curso da água para captação da água do leito do rio, tanques de
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movimento, adutora (aproximadamente 5.800 m), filtros e depósitos de
tratamento, além de torres de distribuição. Para a instalação da adutora foi
implantada tubulação que, em sua maior parte é subterrânea, apresentando
trechos onde esta é suspensa em blocos de concreto, chegando a possuir
trecho em pontilhão sobre o leito do próprio rio Guaxanduba, assim como
trecho submerso ao cruzar o Rio Itapanhaú. O maior trecho, todavia, é
subterrâneo e possui duas situações distintas: 1) tubulação implantada em
valas exclusivamente abertas para este fim, sendo posteriormente recobertas
por terra; 2) realização de aterro específico em áreas alagadas e manguezal,
onde posteriormente foram abertas valas para acomodar a tubulação, sendo
posteriormente recobertas por terra.
O Sesc SP possui outorga para captação de água e utilização da adutora para
fins turísticos de acordo com o Decreto Estadual nº 41.258 de 01/11/1996, da
Portaria do DAEE 717 de 12/12/96 e do parecer técnico da Diretoria de Bacia
do Alto Tietê e Baixada Santista, inserto no autos DAEE 9 904 280 que define
(SÃO PAULO, 2009):
Fica o SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO – SESC
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
[...], autorizado a utilizar e interferir em recursos hídricos, no
Sesc Bertioga [...] para fins de passagem de pedestres e
adutora [...] no Córrego Gaxinduva24.
3.7 A Trilha d'água
A utilização de trilhas em atividades do Sesc Bertioga foi, desde sempre uma
constante. Há relatos da utilização de trilhas na ação educativa e de lazer no
Sesc Bertioga que remontam à década de 50. A Trilha d'água efetivamente
passou a ser utilizada com fins turísticos e educacionais na década de 90. A
definição do percurso, anteriormente usado exclusivamente de acesso de
manutenção da captação de água, se deu em trecho de aproximadamente
24
O Córrego [rio] Guaxinduva apresentou três grafias distintas nos documentos consultados,
sendo: Guaxanduba, Guaxanduva e Guaxinduva. Para este artigo optou-se pela utilização da
terminilogia Guaxanduba.
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2.700 m (ida) dos 5.800 m da adutora inserido em área natural em excelente
estado de conservação, estendendo-se pela planície costeira e início da
encosta da Serra do Mar. A mesma tem início na travessia, em barco, do rio
Itapanhaú, o maior da região e com influências da maré ainda neste trecho,
seguido de caminhada que cruza ecossistemas como manguezal, floresta de
transição, mata paludosa, mata ciliar e floresta de encosta.
Além da beleza cênica da paisagem (entre a serra e o mar) e da ampla gama
de ecossistemas caraterizados pelas várias espécies da flora local, o percurso
apresenta significativa diversidade de espécies da fauna. De acordo com
alguns estudos da Lentz Meio Ambiente (2011), a área da Gleba V (onde se
encontra a captação de água) e seu entorno tem registro de 264 espécies de
vertebrados silvestres, sendo: 18 mamíferos, 163 aves, 34 repteis, 49 anfíbios
considerando-se os dados obtidos em campo e dados secundários existentes.
O contexto histórico e cultural também é relevante por conter elementos
importantes para a história de toda a região. Aproximadamente, após dois
terços do percurso de ida, atravessa-se um trilho de bonde que é o acesso à
Usina Hidrelétrica de Itatinga.
3.8 Usina Hidrelétrica de Itatinga
A Usina Hidrelétrica de Itatinga, na cidade de Bertioga, na região metropolitana
da baixada santista, foi construída para alimentar o Porto de Santos e todo o
complexo portuário que o envolve. Isolada na Mata Atlântica, encravada a
1.200m da Serra do Mar, ela apresenta particularidades que estacionaram no
tempo e que viraram referência de vida e de trabalho no local. Na Itatinga,
como a chamam seus moradores, ou “pedra alta”, como a batizaram seus
primeiros habitantes indígenas, há uma queda d’água de aproximadamente
750 m de altura, ladeada por pedras, e de lá se avista toda a cidade de
Bertioga e parte da cidade do Guarujá. Essa queda é do rio Itatinga, que nasce
no topo da Serra do Mar, no município de Bertioga, região chamada Sertão dos
Freires, divisa com a cidade de Mogi das Cruzes (SILVA, 1999).
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A história da Hidrelétrica de Itatinga começa em 1903, com a aquisição de
parte da Fazenda Pelaes, no sopé da Serra do Mar, em Bertioga, pela
Companhia Docas de Santos, então concessionária dos serviços portuários.
Sua construção teve início em 1906 e a inauguração ocorreu em 10 de outubro
de 1910. Uma das maiores e de maior altura em queda d’água, no Brasil
daquela época, a hidrelétrica destinava sua energia para todas as instalações
do Porto de Santos - até então movimentado por máquina a vapor - que ia do
porto à iluminação do cais, armazéns, escritórios e oficinas. No decorrer dos
anos a Usina chegou a fornecer energia aos municípios mais próximos, na
Baixada Santista.
Hoje, a Usina mantém serviços do Porto de Santos e cerca de setenta
consumidores particulares estabelecidos na área portuária. Com a Eletropaulo
a Companhia Docas do Estado de São Paulo mantém um contrato de mútuo
fornecimento de energia elétrica. Isso significa que a Eletropaulo absorve toda
a energia excedente gerada em Itatinga, e fornece suplementação nas
ocasiões de redução de carga, manutenção, e outros investimentos de ordem
estrutural. Para garantir uma infra-estrutura aos funcionários da Usina
Hidrelétrica, foi planejada e construída uma vila com cerca de 100 casas, uma
mercearia, cinema e salão de festas, uma escola de ensino básico, um campo
e um clube de futebol, um posto médico e a igreja de “Nossa Senhora da
Conceição”. Para se chegar a ela é necessário atravessar o Rio Itapanhaú e
percorrer sete quilômetros de estrada de ferro, mata adentro. Por isso, os dois
únicos meios de transporte são o barco e os bondes (um elétrico, para
transporte leve, e um a vapor, para serviços pesados), construídos
especialmente para o acesso ao local (SILVA, 1999).
Por se tratar de uma área de segurança, todas as visitas devem ser feitas com
autorização da Codesp - Companhia Docas do Estado de São Paulo, e com
monitoria especializada. Além do contexto histórico do trilho do bonde, hoje ele
marca a “fronteira” entre os dois parques estaduais em Bertioga.
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3.9 Os Parques Estaduais em Bertioga
Bertioga está entre os municípios que possuem a maior cobertura vegetal
proporcional de Mata Atlântica em todo o Estado. Seu território comporta
grande biodiversidade e abriga o último grande remanescente de vegetação de
restinga da Baixada Santista (PÓLIS, 2012).
Cerca de 72% da área do município estão integrados ao Parque Estadual da
Serra do Mar, criado em 1977 e ao Parque Estadual Restinga de Bertioga,
criado em 2010. Somam-se a essas iniciativas a criação da área de Proteção
Ambiental (APA) Estadual Marinha Litoral Centro e a criação de quatro
Reservas Particulares do Patrimônio Natural por iniciativa de proprietários
particulares.
A trilha objeto deste artigo tem seu traçado percorrendo áreas de ambos os
Parques Estaduais: Serra do Mar e Restinga de Bertioga.
3.10 Interpretação ambiental
Tendo em vista o potencial que a trilha d'água apresenta devido à sua riqueza
ecológica e cultural, fica evidente sua vocação como ferramenta de
interpretação ambiental. Cabe então ressalta que, segundo Tilden (apud
IKEMOTO et al, 2009) a Interpretação Ambiental é:
[...] uma atividade educativa que se propõe revelar significados
e inter-relações por meio de uso de objetos originais, do
contato direto com os recursos e de meios ilustrativos, em vez
que simplesmente comunicar informação literal.
Neste sentido, em 2010, foi elaborada uma proposta de roteiro que para
Raimundo (2010):
[...] teve como grande objetivo a interpretação ambiental do
Sesc-Bertioga criando um conjunto de meios de interpretação
visando a sensibilização aos hóspedes sobre os recursos
hídricos encontrados no interior e entorno do equipamento: a
produção de água na natureza, sua contribuição na produção
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das paisagens litorâneas e a necessidade de sua conservação
e uso adequado pela sociedade.
Esta proposta norteou a sistematização do roteio da Trilha d’água,
principalmente no que diz respeito aos conteúdos abordados durante a
atividade
e
a
sensibilização
dos
participantes
quanto
às
questões
socioambientais.
3.11 Série Passeios/Vivências Ambientais
Os roteiros dessa Série Passeios/Vivências Ambientais, são desenvolvidos fora
das áreas do Centro de Férias Sesc Bertioga e são conduzidas, em sua
maioria, pelos Agentes de Educação Ambiental. Estes profissionais mediam as
atividades enfatizando aspectos técnicos e históricos. Como forma de
preencher a lacuna da vivência na região, o Agente de Educação Ambiental é
acompanhado, em cada um dos passeios, por um Monitor Ambiental ligado à
Associação de Monitores Locais de Bertioga - AMOLB. Tal acompanhamento
está de acordo com o artigo 3º da Lei Municipal Ordinária nº 327 de 09 de
fevereiro de 1.999 (BERTIOGA, 1999):
Art. 3º Todas as atividades de ecoturismo, em especial as
excursões em grupos, por via terrestre ou aquática, somente
poderão ser realizadas em trilhas cadastradas pela Secretaria
de Meio Ambiente e acompanhadas com monitores
credenciados pela Prefeitura.
Além de dinamizar as atividades, esse acompanhamento vem de encontro com
as Diretrizes para os Órgãos Gestores de Unidades de Conservação (MMA,
2006) na:
Promoção e fortalecimento da participação e coresponsabilidade dos atores interessados no planejamento e
gestão da visitação [...]; Envolvimento da sociedade local no
processo de elaboração dos instrumentos interpretativos; E
apoio à capacitação da sociedade local e regional para a sua
participação efetiva nas atividades econômicas relacionadas
com a visitação na Unidade de Conservação.
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Estes monitores são moradores da cidade que vivenciaram as mudanças do
município no decorrer dos anos, e esta experiência enriquece sobremaneira o
discurso sobre o local, sendo este relatado por aqueles que efetivamente
pertencem a ele. De acordo com Ikemoto (2008):
[...] essa visão não se detém simplesmente à paisagem, mas é
acompanhada da compreensão da área à partir de seus uso
histórico. Como presenciaram o processo de ocupação,
percebem a área como uma floresta já alterada pelo homem e
passível de degradação, e não como local inatingível, intocado.
Além disso, reconhecem e valorizam a área pela sua relevância
histórica, cultural e natural ao município, sendo parte da
identidade do morador local.
Seguindo com a elaboração dos Cardápios de Aprendizagem, um dos itens
desse Cardápio, são as atividades de nome Série Passeios/Vivências
Ambientais, que buscam aproximar as pessoas dos ambientes naturais, onde é
possível perceber que a natureza tem seus próprios valores econômicos que
atribuímos à sua biodiversidade. Estes roteiros foram elaborados tendo como
cenários a pluralidade das paisagens de Bertioga (SESC SP, 2011), e a
realidade socioambiental e cultural da região, possibilitando experiências de
aprendizagem organizadas de modo a captar os significados do lugar, entender
o seu processo histórico, valorizar sua riqueza cultural e estabelecer relações
da região visitada com sua região de origem, levando o visitante a percebê-la
como um patrimônio ambiental, histórico e cultural, possibilitando, assim, uma
contribuição ativa na sua conservação. Além disso, para a maioria dos
passeios, foram gerados livretos com informações básicas relevantes, como
estratégia de mediação.
Para definição dos roteiros propriamente ditos, todas as atividades foram
sistematizadas com a finalidade organizar os procedimentos, as ideias e as
informações disponibilizadas. Ação, que contou com a participação direta do
Monitor Ambiental Local, teve como base a definição de procedimentos
necessários para a boa condução das atividades como: espaço para falas
interpretativas e estímulos a experiências e das definições de: horário
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adequado para sua execução; duração da atividade; meios de deslocamento e
grau de dificuldade (caminhada, passeio de barco, city tour, etc.) e objetivos
gerais e específicos.
Os roteiros que compõem a Série Passeios/Vivências Ambientais são:
•
Biodiversidade das Águas de Bertioga: Passeio fluvial, realizado em
embarcação tipo escuna, que sai das proximidades do Forte São João,
onde o visitante tem contato com as riquezas do ambiente natural de
Bertioga como: o manguezal, além de fatos e curiosidades sobre a
importância histórica da região no processo de colonização do Brasil (a
armação de baleias, o forte São João, ruínas e construções do séc XVI).
•
Alvorada nas Águas: Passeio fluvial, realizado em embarcação tipo escuna,
onde o visitante tem a possibilidade de contemplar a aurora a partir da
entrada do Canal de Bertioga, além de conhecer um pouco da história do
local, lendas e mitos indígenas sobre a água e o Sol, além de curiosidades
sobre os diversos ecossistemas encontrados às margens do canal e do rio
Itapanhaú.
•
Tesouros de Itaguaré: A praia de Itaguaré guarda muitos tesouros: a bela
foz do rio que dá nome à praia; a grande diversidade de fauna e flora em
um raro ecossistema; as paleopraias, que trazem consigo segredos de um
passado remoto. Neste passeio, o visitante é convidado a conhecer todas
essas riquezas e muitas outras, caminhando por trilhas sinuosas,
sombreadas por diversos tons de verde.
•
Expedição Náutica: Passeio realizado à bordo de canoas canadenses e/ou
havaianas, conhece-se o rio Jaguareguava, onde são apresentadas as
belezas da Mata Atlântica e suas particularidades, com destaque para o
movimento das marés, as florestas ciliares e sua importância para a
manutenção do equilíbrio entre rios, pescadores locais e a vida aquática.
•
Bertioga: História e Poesia: É um convite para um passeio pela história e
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poesia brasileira por intermédio dos patrimônios e paisagens de Bertioga.
Durante a atividade aborda-se a relevância da história de Bertioga dentro do
contexto do Brasil Colônia em visitas ao Parque dos Tupiniquins, Forte de
São João. Intervenções poéticas dão o tom de lírico ao passeio.
•
Expedição Guarani: Muito do que sabemos da cultura indígena nos chega
de forma distorcida. Neste passeio realiza-se uma visita à Aldeia Indígena
do Rio Silveiras, localizada a aproximadamente 30 km do Sesc Bertioga,
onde pode-se perceber que muito dos nossos costumes são, na realidade,
heranças desses povos, como o simples fato de tomarmos banho
diariamente.
•
Histórias do Cantão do Indaiá: Passeio histórico literário ao Cantão do
Indaiá, em que o visitante pode apreciar a paisagem da Mata Atlântica, as
belezas do costão rochoso e a história deste local, onde passaram grandes
nomes de nossa literatura, entre eles, Vicente de Carvalho, Euclides da
Cunha e Mário de Andrade.
•
Bertioga e o Mundo das Baleias: Esta atividade inicia-se em quiosque com
a ossada de baleia Minke (Baleanoptera acutorostrata), onde há uma fala
sobre a biologia das baleias e a história daquela ossada ali em exposição.
Na sequência os visitantes embarcam no ônibus que os conduzirá até o
Parque dos Tupiniquins, onde, sobre o forte São João, observarão
reminiscências da armação de baleias, local onde era feita a manufatura
das baleias para a produção do óleo. Trata-se da utilização deste produto,
sua importância para um dos ciclos econômicos de Bertioga, assim como o
histórico da atividade baleeira e a atual situação da conservação das
baleias.
•
Histórias da Gente: Momentos no Sesc Bertioga: Este passeio, realizado
dentro do Centro de Férias, proporciona aos participantes conhecer parte
da história do Sesc Bertioga através de suas edificações e os eventos
históricos que ajudaram a construir esta história. Esta atividade é interativa
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e depende diretamente da participação dos visitantes. A atividade é
finalizada com um vídeo depoimentos de funcionários do Sesc Bertioga.
•
Bertioga e seus Personagens: Em um passeio pela cidade de Bertioga,
mostra-se que existem algumas ruas com nome de pessoas que tiveram
importância na história da cidade e do país, entre elas personalidades
conhecidas por muitos, e também algumas que não são tão conhecidas,
mas que deixaram sua contribuição na história.
•
Trilha Jaguareguava: Esta atividade proporciona aos participantes o contato
direto com o ambiente natural em um passeio por meio de uma caminhada
em trilha, estimulando atitudes socioambientais mais responsáveis. Ao final
os caminhantes tem a possibilidade de se banhar nas águas do rio
Jaguareguava.
•
Trilha d’Água: A trilha, objeto deste artigo, percorre um trecho de
aproximadamente seis quilômetros (ida e volta), em meio à Mata Atlântica e
atravessa diversos ecossistemas, desde manguezais até a mata de
encosta, onde se localiza a captação de água do Sesc Bertioga. Esta
caminhada proporciona lazer, informação e conectividade com o ambiente
natural. Os visitantes têm a oportunidade de conhecer de perto aspectos da
biodiversidade local e da dinâmica das águas, com a possibilidade de
banhar-se em uma cachoeira de águas cristalinas.
Tendo em vista esse último passeio ser o objeto deste artigo, optou-se por
apresentar na integra o resultado principal do processo de sistematização do
roteiro (SESC BERTIOGA, 2011):
Roteiro: Trilha d´Água
Início: 08h30
Término: 12h30
Duração do passeio: 4h
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Percurso a pé = aproximadamente 6 km
Dificuldade: moderada
Objetivo: Proporcionar oportunidades de interpretação da natureza pelo contato
direto com a fauna e a flora que compõe a Mata Atlântica. Conhecer o
processo de captação de água, na Serra do Mar, que abastece o Sesc Bertioga
e a história da região, assim como das Unidades de Conservação no município.
Equipamentos: coletes salva vidas; mochila com kit de primeiros socorros;
protetor solar; repelente de insetos.
1. Recepção
Verificação da lista de presença (confirmação dos nomes); - Agente de
Educação Ambiental
Acomodação do grupo no ônibus, uso do sinto de segurança e avisar dos 5´de
tolerância; - Monitor Ambiental
Saudação de Boas Vindas; - Agente de Educação Ambiental
Apresentação do agente, monitor e motorista; - Agente de Educação Ambiental
Orientações sobre o itinerário, local de destino, tempo de duração e horário de
retorno; - Agente de Educação Ambiental
Recomendações de se manter o grupo unido até o final do passeio para sua
segurança e para ouvir as explanações; - Agente de Educação Ambiental
Informá-los de que todos devem retornar juntos até a unidade; - Agente de
Educação Ambiental
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Recomendações e combinados (não fumar durante o passeio, desligar os
aparelhos celulares/vibrar, não jogar lixo no ambiente, pertences pessoais –
responsabilidade do visitante). - Agente de Educação Ambiental
2. Deslocamento do ônibus - Abordagens
Apresentação da Estação de Tratamento de Esgoto – ETE; - Agente de
Educação Ambiental
Apresentação da comunidade do Mangue Seco – Palmares (história da
ocupação humana e formação do bairro). - Monitor Ambiental
3. Chegada do grupo na margem do Rio Itapanhaú
Auxílio da descida do grupo do ônibus; - Monitor Ambiental
Alertar sobre a preocupação da postura individual, assim como sugerir que
desliguem equipamentos que possam interferir na sonoridade do ambiente; Agente de Educação Ambiental
Distribuição dos coletes; - Monitor Ambiental/Agente de Educação Ambiental
Comentário sobre a antiga indústria de palmito; - monitor
Comentário sobre a importância do rio Itapanhaú para a região e o seu
significado (Ita-pedra, panha-mole; ú-preta); - Monitor Ambiental
Travessia do grupo para a outra margem do Rio.
Orientação sobre a travessia – permanência do grupo na outra margem.
3.1 A Trilha
1º - Manguezal
Preparação do grupo para início da caminhada (uso de repelente, protetor solar
e solicitação da permanência do grupo entre os monitores/agentes); - Monitor
Ambiental
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Orientar o grupo que a maior parte do percurso é realizada em cima da
tubulação que conduz a água da Serra até a unidade Sesc Bertioga; - Agente
de Educação Ambiental
Explanação sobre a importância/conservação dos manguezais e suas
adaptações ao meio (mangue branco, vermelho e preto); - Agente de Educação
Ambiental
Explanação sobre a fauna do manguezal (tipos de caranguejos, peixes, aves e
mamíferos); - Agente de Educação Ambiental
Explanação da utilização dos recursos naturais do manguezal pelo homem
(coleta de caranguejos e mariscos, extração de substâncias do mangue
vermelho para tingimento, etc.). - Agente de Educação Ambiental
2º - Transição (manguezal e mata paludosa) - Agente de Educação
Ambiental
Visualização do paredão Serra do Mar e explanação desta cadeia de
montanhas (movimentos das placas tectônicas, separação do continente
Africano e surgimento da Serra na costa brasileira);
Explanação sobre o Parque Estadual da Restinga de Bertioga;
Visualização e explanação sobre a transição da vegetação do manguezal e
mata paludosa.
3º - Mata Paludosa - Agente de Educação Ambiental
Ao entrar na mata, estimular a percepção sobre as diferenças climáticas
(temperatura e umidade) e de vegetação (mata constantemente alagada com
predominância de bromélias, palmeiras e caxetas);
Explanação sobre as espécies pioneiras (quaresmeiras, manacás da serra,
embaúbas, etc.).
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
654
4º - Ponte Rio Guaxanduba - Agente de Educação Ambiental
Na ponte, abordar sobre o Rio Guaxanduba (corredeiras do rio onde é captada
a água do Sesc).
5º - Trilho de Itatinga - Agente de Educação Ambiental
Explicação sobre o nome Itatinga, a história, data e a construção da Usina de
Itatinga;
Visualizar e comentar a divisão dos Parques da Serra do Mar e da Restinga.
6º - Mata de Encosta - Agente de Educação Ambiental
Na subida da serra estimular a percepção da mudança do solo/relevo
(afloramento rochoso).
7º - Entrada - área captação - Agente de Educação Ambiental
Comentar sobre a área que compreende a captação do Sesc (inserida no
Parque Estadual da Serra do Mar);
Comentar sobre a futura RPPN Sesc Bertioga25;
Visualizar e dialogar sobre características da flora local;
Conduzir o grupo até a captação de água e explicar sobre o seu
funcionamento;
Pausa para descanso e utilização de sanitários.
8º - Parada para banho no rio Guaxanduba - Monitor Ambiental
25
RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural. Unidade de Conservação de uso sustentável. O Sesc
SP deu início, em 5 de junho de 2012, ao processo de criação de uma RPPN de reconhecimento estadual
na área denominada Gleba IV do Sesc Bertioga, no município de Bertioga/SP (processo Fundação
Florestal 1150/2012) em conformidade com: Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000; e Decreto
Estadual nº 51.150, de 3 de outubro de 2006.
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Recomendações gerais para a entrada no poço (profundidade, cuidados com
as rochas escorregadias, etc.);
20 minutos de parada para banho no poço Guaxanduba.
Retorno pelo mesmo trajeto.
4. Travessia de volta e retorno do ônibus
Distribuição dos coletes para a travessia do rio; - Monitor Ambiental
Travessia;
Acomodação dos participantes no ônibus e conferência; - Monitor Ambiental
Fechamento e considerações dos participantes (dúvidas, perguntas e
sugestões); - Agente de Educação Ambiental
Agradecimentos pela participação de todos; - Agente de Educação Ambiental
Sugerir que os passageiros continuem acompanhando as atividades da
programação; - Agente de Educação Ambiental
Convida-los a visitar o Centro de Educação Ambiental; - Agente de Educação
Ambiental
Chegada e descida do grupo na marquise do Sesc Bertioga.
4. Conclusão
Conclui-se que a sistematização do roteiro Trilha d´água fez parte de um
processo
amplo,
que
culminou
no
desenvolvimento
da
Série
Passeios/Vivências Ambientais, e a posterior criação de materiais de mediação
para suporte no desenvolvimento de atividades de interpretação ambiental em
uma trilha com grande riqueza natural, histórica e cultural.
Cabe ressaltar a afinidade das práticas de interpretação ambiental e animação
sociocultural, que segundo Raimundo (2010), configuram-se como um conjunto
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de técnicas que buscam engrandecimento cultural. Assim, tais práticas visam
gerar novos tipos de conduta e interação social, levando o indivíduo à vivência
cultural e ao questionamento de seus próprios valores. Por serem construídas
em campos do conhecimento distintos, acabaram recebendo nomes diferentes.
Animação vem de “anima” (alma) e, nessa abordagem, a animação
sociocultural é trazer vida, ânimo, esperança, transgressão e mudança.
Acredita-se que, não somente a Trilha d'água, mas a Série Passeios/Vivências
Ambientais como um todo, consiste em um pertinente instrumento de leitura da
paisagem, uma vez que os participantes tem a oportunidade de conhecer os
diversos ambientes que compõe estes passeios. Busca-se desse modo,
sensibilizar os participantes e demais atores envolvidos na realização dessas
atividades quanto a necessidade de se enxergar como cidadão do mundo,
assumindo plenamente responsabilidades para proteger, preservar e assegurar
o acesso equilibrado aos bens naturais.
Desse modo, entende-se que tais atividades desencadeiam processos
educativos sobre a importância de construir novos modos de uso sustentável
de recursos naturais, estes fundamentais para a garantia de qualidade de vida
para a presente e futuras gerações, onde a proteção da biodiversidade é uma
das premissas para esse processo de apreço e cuidado com o ambiente.
Nesse contexto, entende-se que a responsabilidade com a conservação e a
recuperação ambiental, e a formação de valores e atitudes para a cidadania
planetária são os princípios que devem orientar um processo de educação
socioambiental permanente, uma vez que para o Sesc SP, a atuação educativa
voltada às questões ambientais projeta-se, necessariamente, no campo dos
valores e da transformação social, pois pressupõe uma mudança global e
progressiva em relação ao entendimento das relações de interdependência
entre as culturas e os ciclos ecológicos que permitem a existência de todas
formas de vida, numa perspectiva sistêmica e transversal.
5. Bibliografia
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SÃO PAULO. Processo DAEE 9 904 208. Aprova estudos de interferência em
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TONSO, S. Cardápio de aprendizagem. in: Ministério Do Meio Ambiente MMA. Encontros e caminhos: formação de educadoras(es) ambientais e
coletivos educadores, Brasília, 2005.
AGRADECIMENTOS
Ao Sesc São Paulo, por meio de seu Diretor Regional Professor Danilo Santos
de Miranda e ao Superintendente Técnico Social Joel Naimayer Padula.
À Gerencia de Programas Socioeducativos do Sesc SP – GEPSE, por meio de
sua gerente Maria Alice Oieno de Oliveira Nassif e gerente adjunta,
Flávia Roberta Costa, e as Assistentes Denise de Souza Baena Segura,
Denise Minichelli Marçon, Leila Ichikawa, Denise Miréle Kieling, Sílvia Eri
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Hirao e Cyneida Arantes Silva, que representam a coordenação dos
programas Educação para a Sustentabilidade e Turismo Social,
respectivamente.
À Gerência do Sesc Bertioga, Marcos Roberto Laurenti e Débora Rodrigues
Teixeira.
À Coordenação do Setor de Programação do Sesc Bertioga Maria Augusta
Araújo Damiati e à técnica do Núcleo Socioeducativo Marcela Oliveira
Fonseca.
Aos Agentes de Educação Ambiental Ana Emilia Cruz, Carla Cruz Loba,
Rogério Wong e Viviane dos Santos.
À Coordenação do Setor de Manutenção do Sesc Bertioga, Pedro Vilaverde
Neto e seus técnicos José Lucas de Sousa Gonsalves, Luis Alvarenga,
Renato Inácio Zampili e Roberto do Rosário Ferreira (Queijão).
Ao historiador Carlos Eduardo Castro (Cadu).
À Associação dos Monitores Locais de Bertioga - AMOLB.
Ao Conselho Consultivo
do Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo
Bertioga e Parque Estadual Restinga de Bertioga
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GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base
Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE UMA TRILHA
INTERPRETATIVA NA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA PURIS, NO
MUNICÍPIO DE ARAPONGA, MINAS GERAIS
Marcello Pinto de Almeida26
Marcos Vinícius Ribeiro de Castro Simão27
Resumo
Palavras-chave: Trilhas Interpretativas; Educação Ambiental; Planejamento de Trilhas; Escola
Família Agrícola.
As trilhas interpretativas servem à Educação Ambiental como instrumento
didático que possibilita a percepção, a sensibilização e a reflexão acerca dos
elementos naturais presentes durante o seu percurso. O planejamento é etapa
fundamental no processo de abertura de uma trilha e deve considerar as
especificidades de cada local, permitindo, desta maneira, conciliar seu uso com
a conservação dos recursos naturais. O presente trabalho teve como objetivo
planejar e implementar uma trilha interpretativa em um remanescente de
Floresta Atlântica, com aproximadamente 3 hectares, localizado nos limites da
Escola Família Agrícola Puris, no município de Araponga, Minas Gerais.
Primeiramente, realizou-se uma visita de reconhecimento no fragmento, onde
foi feito um diagnóstico da área, buscando caracterizar a declividade do
terreno, a presença de nascentes ou cursos d’água, a existência de animais ou
plantas potencialmente perigosos ao público, entre outros aspectos.
Posteriormente, realizou-se um levantamento das espécies vegetais do local,
visando utilizá-las futuramente como pontos interpretativos durante o trajeto.
Na etapa de abertura da trilha, priorizou-se a menor interferência possível no
ambiente, para isso procurou-se valorizar os degraus naturais pelo caminho e
as áreas menos declivosas, para evitar a perda de solo pela erosão. Como
resultados dos levantamentos de campo foram identificadas 7 espécies
arbóreas com potencial para se tornarem pontos interpretativos, além da
presença de uma nascente. O trajeto da trilha totalizou 620 metros,
26
marcello.almeida@ufv.br Mestrando em Ciência Florestal (Bolsista CAPES) - Universidade
Federal de Viçosa;
27
marcos.simao@ufv.br Graduando em Engenharia Florestal (Bolsista PIBIC) - Universidade
Federal de Viçosa;
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apresentando grau médio de dificuldade, visto que seu percurso possui
declividade máxima inferior a 20%, a largura da trilha é inferior a 1 metro e o
trajeto apresenta ainda obstáculos naturais, tais como raízes e troncos caídos.
Depois de finalizada, em agosto de 2010, a trilha passou a receber visitantes
de diversas faixas etárias, cumprindo sua função educativa, em consonância
com a proposta pedagógica da Escola Família Agrícola.
Resumen
Palavras-chave: Senderos interpretativos, Senderos de Planificación de Educación Ambiental;
Escola Família Agrícola.
Los senderos interpretativos sirven para la Educación Ambiental como una
erramienta didáctica que hace posible la percepción, la conciencia y la reflexión
sobre los elementos naturales presentes durante su viaje. La planificación es el
paso clave en el proceso de apertura de una pista y debe tener en cuenta las
características específicas de cada sitio , permitiendo de esta manera de
conciliar su uso con la conservación de los recursos naturales. Este estudio
tuvo como objetivo diseñar e implementar un sendero interpretativo en un
remanente de Mata Atlántica, con aproximadamente 3 hectáreas , situado en
las afueras de la Escuela Família Agricola Puris , en el municipio de Araponga ,
Minas Gerais. En primer lugar, se realizó una visita de reconocimiento en el
fragmento , donde se hizo un diagnóstico de la zona , tratando de caracterizar
la pendiente del terreno, la presencia de manantiales o arroyos , la existencia
de plantas o animales potencialmente peligrosos para el público , entre otros
aspectos. Posteriormente, se realizó un estudio de las especies de plantas
locales , con el fin de utilizarlos en el futuro como puntos de interpretación en el
camino. En la ronda de apertura de la pista, dando prioridad a la menor
perturbación posible en el medio ambiente , ya que trató de mejorar los pasos
naturales en el camino y las zonas menos inclinadas para evitar la pérdida de
suelo por erosión. Los resultados de los estudios de campo se identificaron
siete especies de árboles con potencial para convertirse en puntos de
interpretación , y la presencia de un resorte . La ruta de pista ascendió a 620
metros , con un grado medio de dificultad , como su viaje tiene la pendiente
máxima de menos de 20 % , la anchura de la pista es de menos de 1 m, y la
ruta de acceso aún tiene obstáculos naturales tales como raíces y troncos
caídos . Una vez que terminó en agosto de 2010, la pista comenzó a recibir
visitantes de diferentes grupos de edad , el cumplimiento de su función
educativa , de acuerdo con la propuesta pedagógica de la Escuela Família
Agricola Puris
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1. Introdução
As trilhas em ambientes naturais podem apresentar diversas funções, entre
elas,
destaca-se
interpretativas,
o
que
papel
pedagógico
constituem
uma
desempenhado
importante
pelas
ferramenta
trilhas
para
o
desenvolvimento da Educação Ambiental (MENGHINI, 2005). Uma vez que
possibilita o visitante entrar em contato direto com os recursos naturais, as
trilhas interpretativas estimulam o raciocínio lógico e aguçam a capacidade de
observação, proporcionando uma maior reflexão quanto à importância da
conservação da natureza, além de conciliar a processo educativo a prática
recreativa (LEMES et al., 2004; OLIVEIRA, 2010). Para cumprir efetivamente
seus objetivos, uma trilha interpretativa deve garantir a conservação da
natureza e, ao mesmo tempo, assegurar a satisfação dos visitantes. O
planejamento inadequado coloca em risco a integridade do ambiente,
podendo causar sérios danos aos recursos naturais, sejam eles provocados
por agentes naturais, como a água, ou por agentes antrópicos.
O objetivo do presente trabalho foi realizar o planejamento participativo de uma
trilha interpretativa, localizada nos limites da Escola Família Agrícola Puris e,
posteriormente, implementá-la, respeitando as especificidades do local e
valorizando os pontos mais atrativos para o público.
2. Metodologia
2.1. Área de estudo
O município de Araponga, onde se localiza a Escola Família Agrícola Puris
(EFA Puris), está inserido na mesorregião da Zona da Mata, na porção sudeste
do estado de Minas Gerais, ocupando uma área de 303,8 km² de extensão
territorial (IBGE, 2013). A área de estudo apresenta fitofisionomia caracterizada
como Floresta Estacional Semidecidual, que constitui uma vegetação
pertencente ao bioma da Mata Atlântica (Scolforo & Carvalho, 2006). O
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remanescente
florestal
existente
nos
limites
da
EFA
Puris
possui,
aproximadamente, 3 hectares.
2.2. Planejamento e abertura da trilha
Na etapa inicial do planejamento procurou-se reunir informações acerca do
fragmento florestal onde se localizaria a trilha, por meio do relato de
educadores e educandos da Escola Família Agrícola Puris, além de moradores
e pessoas que trabalham na região. Posteriormente, procedeu-se uma
caminhada de reconhecimento no local, visando à identificação dos pontos
relatados pelos entrevistados, bem como a observação e inclusão de novos
atrativos naturais ou fatores potencialmente perigosos ao público.
Em outra ocasião, realizou-se um levantamento das espécies arbóreas
ocorrentes na área, com o intuito de utilizá-las futuramente como pontos
interpretativos e, ao mesmo tempo, buscando identificar os pontos de maior
fragilidade, tendo em vista as limitações impostas pelo ambiente, sobretudo,
em
relação
à
declividade
do
terreno.
Durante
as
caminhadas
de
reconhecimento do local, algumas árvores foram marcadas utilizando-se fitas,
com duas finalidades principais: primeiramente essa marcação visou identificar
potenciais pontos interpretativos, como árvores de grande porte, de grande
utilização pelo homem ou outros atributos; e em segundo lugar, as fitas
serviram para sinalizar o trajeto, visto que a trilha ainda não estava bem
marcada.
Os pontos marcados com as fitas foram numerados e fotografados. Este
procedimento foi utilizado para auxiliar na identificação das espécies arbóreas,
além de fornecer material ilustrativo que poderá ser usado futuramente para a
elaboração de materiais, digitais ou impressos, sobre a trilha implementada na
EFA Puris. Neste trabalho, o aparelho de GPS (Sistema de Posicionamento
Global ou Global Positioning System, em inglês) foi uma ferramenta muito útil,
pois nos informou dados do terreno, tais como latitude, longitude e altitude,
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determinando a localização exata dos pontos interpretativos, além de ter
possibilitado a indicação do percurso da trilha, fornecendo desta forma um
mapa da mesma. Cada vez mais, o uso de GPS tem se tornado imprescindível
para a realização de trabalhos em trilhas (SÃO PAULO, 2009). Outro objeto
essencial para os levantamentos preliminares foi o caderno de campo, onde
foram feitas anotações associando o número de cada fita às respectivas
numerações das fotos e pontos marcados no GPS, além de outras
informações, como nome popular e científico, família botânica e outras
observações relevantes. Por fim, na etapa de abertura da trilha, priorizou-se a
menor interferência possível no ambiente, para isso procurou-se valorizar os
degraus naturais pelo caminho e as áreas menos declivosas, para evitar a
perda de solo por processos erosivos.
3. Resultados e discussão
A partir do diagnóstico realizado no local, observou-se a existência de uma
nascente,
localizada
sob
as
seguintes
coordenadas
geográficas:
20º39’50.564”S e 42º33’57.689”O. Esta nascente é responsável pela formação
de um pequeno curso d’água, com largura média inferior a 1 metro, sendo
classificado como perene, uma vez que mantém certa vazão de água durante
todo o ano. Após o inventário realizado, foram encontradas 7 espécies
arbóreas com potencial para se tornarem pontos interpretativos.
A lista completa das espécies selecionadas, incluindo seus respectivos nomes
populares e científicos, família botânica e coordenadas geográficas, pode ser
consultada na Tabela 1.
Tabela 1 - Lista das espécies arbóreas selecionadas para pontos interpretativos.
COORDENADAS
NOME POPULAR
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA BOTÂNICA
GEOGRÁFICAS
Canela Amarela
Nectandra rigida
Lauraceae
20º39’50.480” S
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42°33’58.197” O
Croton celtidifolius
Euphorbiaceae
Dalbergia nigra
Fabaceae (Faboideae)
Carobinha
Jacaranda puberula
Bignoniaceae
Maminha de Porca
Zanthoxillum rhoifolium
Rutaceae
Bico de Pato
Machaerium nyctitans
Fabaceae (Faboideae)
Jacarandá Branco
Platypodium elegans
Fabaceae (Faboideae)
Sangue de Dragão
Jacarandá da
Bahia
20°39’49.814” S
42°33’57.139” O
20°39’49.856” S
42°33’56.439” O
20°39’50.398” S
42°33’57.428” O
20°39’50.480” S
42°33’58.197” O
20°39’49.801” S
42°33’56.590” O
20°39’49.856” S
42°33’56.439” O
Com base nas informações ecológicas e utilização das espécies arbóreas,
fornecidas por Lorenzi (1992), a Tabela 2 apresenta, de forma complementar,
sugestões a respeito dos tópicos a serem discutidos nos pontos interpretativos.
666
Tabela 2 - Sugestão de temas a serem abordados durante o percurso da trilha.
PONTOS INTERPRETATIVOS
ASPECTOS ECOLÓGICOS E UTILIZAÇÃO
Canela Amarela
Os frutos são muito consumidos por pássaros
Sangue de Dragão
Jacarandá da Bahia
Carobinha
Maminha de Porca
Bico de Pato
Jacarandá Branco
Árvore adaptada a terrenos muito úmidos ou brejosos;
as flores são melíferas;
A madeira é muito utilizada na construção de pianos
Espécie muito utilizada na arborização urbana;
suas sementes são disseminadas pelo vento
A madeira é muito utilizada para confecção de cabos de
ferramentas e outras instrumentos agrícolas
A madeira é utilizada para confecção de cangas de bois;
as flores são perfumadas e melíferas
A árvore apresenta características ornamentais, sendo
recomendada para paisagismo
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Embora os pontos interpretativos sugeridos neste trabalho sejam, em sua
totalidade, espécies arbóreas, vale lembrar que é possível realizar outras
abordagens. Características do solo, presença de riachos ou nascentes,
abrigos de fauna e locais de valor cultural ou histórico, também podem ser
usados como pontos para a interpretação.Considerando a adoção do princípio
do mínimo impacto sobre o ambiente, se optou por um traçado onde os
caminhos de ida e de retorno não coincidam, evitando-se, dessa maneira, que
o terreno sofra danos excessivos com o fluxo constante de visitantes. A Figura
1 apresenta, de forma esquemática, a localização da trilha (indicada em azul),
que totalizou 620 metros de extensão. O tempo gasto para se percorrer a trilha
foi de, aproximadamente, 45 minutos, incluindo as paradas em pontos
interpretativos.
667
Figura 1 - Representação espacial da trilha implementada na Escola Família Agrícola Puris.
Outro aspecto de grande importância para se definir o traçado final da trilha, foi
o perfil de seus usuários, uma vez que para cumprir seus objetivos, de forma
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
plena, a acessibilidade de uma trilha interpretativa deve ser compatível com
seu público alvo. Segundo a classificação apresentada por Andrade e Rocha
(2008), as condições de acessibilidade definidas para esta trilha foram
compatíveis com um grau de dificuldade moderado, uma vez que seu público
alvo é composto por adolescentes e adultos, sem limitações de mobilidade. A
largura do trajeto estabelecido foi, em média, de 1 metro, sendo que os
obstáculos naturais existentes durante todo o trajeto, tais como raízes expostas
e troncos caídos, não foram retirados, conferindo um aspecto mais rústico ao
ambiente.
Por se tratar de uma trilha interpretativa guiada, requer a participação de um
monitor. Assim, optou-se por dispensar o uso de placas e outras formas de
sinalização. Neste contexto, o papel do monitor é justamente facilitar a
interpretação do ambiente, estimulando a curiosidade e provocando a reflexão
dos participantes.
668
4. CONCLUSÃO
O planejamento da trilha interpretativa envolveu diversos atores, entre
educandos, educadores e outros colaboradores da Escola Família Agrícola
Puris, permitindo, assim, que este processo ocorresse de forma participativa,
valorizando a experiência e o conhecimento de todos os indivíduos, em
consonância com a proposta pedagógica da EFA. Após sua implementação,
em agosto de 2010, a trilha passou a receber visitantes de diversas faixas
etárias, cumprindo sua função educativa. Embora não tenha sido necessário
altos investimentos financeiros para o planejamento e implementação da trilha,
evidencia-se a necessidade de ações constantes de manutenção, de acordo
com a intensidade de uso observada.
5. Referências bibliográficas
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base
Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
PLANEJAMENTO, MANEJO DE TRILHAS E SOCIEDADE
TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA NO BAIXO ACARÁ: INTERPRETANDO
E DESENVOLVENDO TRILHAS ECOTURÍSTICAS
Silvia Helena Ribeiro Cruz28
Raimundo Edson Junior29
Resumo
Palavras-chave: Turismo comunitário; Trilhas; Desenvolvimento; Acará; Manejo.
O Projeto de Extensão Turismo de Base Comunitária no Baixo Acará: Interpretando e
desenvolvendo trilhas ecoturísticas, é desenvolvido no município do Acará,
estado do Pará, com inicio no ano de 2013. O objetivo é implantar uma trilha
interpretativa na comunidade Santa Maria do Baixo Acará estimulando a
cooperação, a inclusão social, a redistribuição de renda e o fortalecimento dos
comunitários envolvidos. O turismo é pensado como novo modelo no sistema
produtivo, com bases na globalização e fragmentação dos espaços resultando
na reestruturação das atividades produtivas, na geração de emprego e renda,
relações de organização, provocando uma nova concepção de planejamento e
gestão da atividade, que é o turismo de base comunitária, que garante a
participação, gestão compartilhada e o planejamento, com envolvimento dos
comunitários nos processos de decisão e execução das fases de
desenvolvimento do turismo, refutando os processos globalizados. A com
metodologia pauta-se nos procedimentos da observação participante, técnicas
de abordagem qualitativas e intervenção, considerando a participação
comunitária em todos os processos do projeto. Os resultados esperados são
os de que a implantação de uma trilha interpretativa, com base no conceito de
turismo comunitário, proporcionará à comunidade possibilidades de interação
com o mercado turístico, assim como agregar valor à trilha e gerar renda para a
comunidade, de modo que desenvolvam uma gestão participativa.
Resumen
28
Profª Drª da Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Pará. Pesquisadora CNPq.
Grupo de Pesquisa Turismo, Lazer e Desenvolvimento. scruz@ufpa.br
29
Discente-Bolsista de Extensão da Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Pará.
juniordreamer@hotmail.com
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Palabras clave: Comunidad Turismo; Senderos; Desarrollo; Acará;
El Proyecto de Extensión de Turismo de Base Comunitaria en el Acará inferior:
Interpretación y desarrollo de itinerarios ecoturísticos, se desarrolla en la ciudad
de Acara, estado de Pará, a partir de 2013. El objetivo es implementar un
sendero interpretativo en la comunidad de Santa María bajo la cooperación
Acará estimulante, la inclusión social, la redistribución del ingreso y
fortalecimiento de la comunidad involucrada. El turismo es considerado como
un nuevo modelo en el sistema productivo, con bases en los espacios de la
globalización y la fragmentación resultante de la reestructuración de las
actividades productivas, la generación de empleo e ingresos, las relaciones de
organización, provocando una nueva concepción de la planificación y gestión
de la actividad, que es el turismo basado en la comunidad, lo que garantiza la
participación, la gestión y la planificación compartida, con la participación de la
comunidad en la toma de decisiones y la ejecución de las fases del desarrollo
del turismo, refutando los procesos globalizados. La metodología con el
personal en los procedimientos de la observación participante técnicas de
calidad y enfoque de intervención, considerando la participación comunitaria en
todos los procesos del proyecto. Los resultados esperados son que la
aplicación de un sendero interpretativo, basado en el concepto de turismo
comunitario, la Comunidad proporcionará oportunidades para la interacción con
el mercado turístico, así como agregar valor a un seguimiento y generar
ingresos para la comunidad con el fin de desarrollar gestión participativa.
1. Introdução
Este estudo é o resultado parcial do projeto de extensão Turismo de Base
Comunitária
no
Baixo
Acará:
interpretando
e
desenvolvendo
trilhas
ecoturísticas, que objetiva desenvolver e implementar uma trilha ecológica
interpretativa na comunidade de Santa Maria do Baixo Acará, município do
Acará, estado do Pará, as margens do rio São Benedito. O município do Acará
dista de Belém aproximadamente 65Km, e a comunidade aproximadamente
30km. A implantação da trilha tem como princípio as práticas de
sustentabilidade ambiental e social, possibilitando o conhecimento da
biodiversidade do local e a preservação do meio ambiente e a participação da
comunidade.
A comunidade, que possui baixos níveis de desenvolvimento
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socioeconômico, vê na proposta uma possibilidade de melhorias através da
atividade turística.
O aprofundamento teórico do projeto subsidia-se na lógica de desenvolvimento
do turismo em que haja a participação cidadã, que o desenvolvimento local
inverta a tendência capitalista de acumulação e que o desenvolvimento local
instale práticas em que o povo garanta o seu poder constituinte (Coriolano,
2009). Desse modo, ao refutar a lógica estabelecida do turismo faz-se
necessário apresentar o contraponto para o desenvolvimento, neste sentido o
turismo comunitário desponta como a inversão da lógica excludente, posto que
Coriolano (2009, pág. 66) aponta que,
O turismo comunitário é aquele em que as comunidades
de forma associativa organizam arranjos produtivos
locais, possuindo o controle efetivo das terras e das
atividades econômicas associadas à exploração do
turismo. Uma das primeiras ações que as comunidades
realizam é a elaboração de um pacto interno com os
próprios residentes em defesa de suas propriedades.
Neste sentido que a comunidade Santa Maria do Baixo Acará aspira por formas
de desenvolvimento em que complementem suas atividades tradicionais como
o cultivo da mandioca (Manihot esculenta Crant), açaí (Euterpe oleracea) e
como o fruto do cutiti (palavra indígena que define árvore). Mas que não
conseguem elevar o nível de geração de emprego e renda, por dificuldades,
principalmente quanto ao escoamento da produção local. Porém, preocupamse em garantir a propriedade da terra, posto que são imbuídos de forte
sentimento de pertencimento àquele lugar, onde estão ocupando através de
gerações.
E, este estudo tem amparado suas análises também nas teorias da
sustentabilidade ambiental, entendendo meio ambiente como um conceito em
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que a relação homem e natureza são consideradas no mesmo grau de
importância, assim, tendo como base os problemas existentes e vividos pelo
mundo, é posto em discussão a necessidade de um outro parâmetro de
desenvolvimento, que durante a conferência - ECO 92 é difundido, tendo como
princípio o conceito de desenvolvimento sustentável, conceito que é aceito
pelos países como a possível alternativa para a saída da crise ambiental em
nível internacional, porém surge a necessidade de todos, entre ricos e pobres,
comprometerem-se com tal princípio de desenvolvimento, questão que não tem
sido colocada em prática.
Antes da ECO 92, e do Relatório Nosso Futuro Comum de 1987, a declaração
de Manila sobre o Turismo Mundial, de 1980, expressa essa realidade ao
afirmar (OMT, 1980 Apud DIAS e AGUIAR, 2002 e DIAS, 2003, p. 55):
Os recursos turísticos de que dispõem os países estão
constituídos por sua vez por espaço, bens e valores.
Trata-se de recursos cujo emprego não pode deixar-se a
uma utilização descontrolada sem correr o risco de sua
degradação, e mesmo de sua destruição. A satisfação
das necessidades turísticas não deve constituir uma
ameaça para os interesses sociais e econômicos das
populações das regiões turísticas, para o meio ambiente,
especialmente para os recursos naturais, atração
essencial do turismo, nem para os lugares históricos e
culturais. Todos os recursos turísticos pertencem ao
patrimônio da Humanidade. As comunidades nacionais e
a comunidade internacional inteira devem desenvolver os
esforços necessários para sua preservação.
Com base nas discussões internacionais, a Organização Mundial de Turismo –
OMT adotou a abordagem sustentável para o turismo, aplicando princípios de
desenvolvimento sustentável a todos os seus estudos de planejamento e de
desenvolvimento turístico (OMT, 2003, p. 23), inclusive apresentando um
conceito que norteia as ações internacionais de programas, planos e projetos
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que adotam o turismo sustentável como prática. Sendo, a definição da OMT
para o turismo sustentável (2003, p.24):
O desenvolvimento do turismo sustentável atende às
necessidades dos turistas de hoje e das regiões
receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as
oportunidades para o futuro. É visto como um condutor
ao gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que
as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam
ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da
integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais,
da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a
vida.
Portanto, o Projeto de Extensão Turismo de Base Comunitária no Baixo Acará:
Interpretando e desenvolvendo trilhas ecoturísticas, foi criado com objetivo de
possibilitar a vivência dos discentes no planejamento e execução de trilhas
interpretativas, além de criar mecanismos de discussão teórica, aprofundando
o conhecimento desenvolvido em sala de aula, além de reafirmar as práticas
extensionistas desta UFPA, com vistas a levar o conhecimento às
comunidades e assim contribuir com a definição de políticas públicas e projetos
de turismo na Amazônia.
2. Metodologia
A metodologia desenvolvida para a implantação da trilha interpretativa tem
como direcionamento os documentos elaborados pelo Ministério do Turismo,
dentre eles o Programa de Regionalização do Turismo e o Plano Nacional de
Turismo, assim como as orientações teóricas e conceituais de Bahl (2004) e
subsídios das discussões com a comunidade envolvida.
Entre as discussões que permeiam a constituição de trilhas e turismo de base
comunitária, está a necessidade de envolvimento através de participação ativa
dos sujeitos inseridos no processo. Neste sentido, a participação pode ser
compreendida enquanto envolvimento da pessoa em uma situação do seu
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cotidiano, buscando desta forma modificar a sociedade e/ou realidade de forma
igualitária. Bordenave (1994 apud Farias, p. 35, 2004) destaca que o grau de
participação alcançada pelos cidadãos pode ser de sete tipos: informação,
consulta facultativa, consulta obrigatória, elaboração, co-gestão, delegação e
auto-gestão. Na atividade turística a participação, segundo Drake (apud
NELSON; PEREIRA, 2004), se dá em três fases, a fase do planejamento, a da
implantação e a de divisão dos benefícios, esta participação deve ocorrer de
forma plena nas três fases como afirma Nelson e Pereira (2004, p. 192) “os
moradores devem participar desde a fase de planejamento expressando suas
ideias e receios, identificando seus interesses, suas necessidades e as
maneiras com que gostariam de ser beneficiados.”
Para Ashey e Roe (apud NELSON; PEREIRA 2004), a participação na
atividade turística pode ocorrer de forma passiva, ativa ou efetiva. Na forma
passiva a participação ocorrer somente no contato final com o turista, sendo o
restante do planejamento realizado por empresas de turismo, na ativa já se
percebe uma maior interferência no planejamento e na efetiva é quando todo o
processo é concebido pela comunidade. Percebe-se que é na participação
efetiva da comunidade que o turismo se apresenta como um vetor do
desenvolvimento sustentável e comunitário, sendo o objetivo final de todos que
buscam crescimento nesta atividade.
A constituição de uma trilha interpretativa de turismo comunitário na
comunidade de Santa Maria do Baixo Acará tem em sua base constituidora a
filosofia freireana de educação libertadora, tendo em vista o processo de
qualificação. A concepção de formação que orienta o desenvolvimento do
projeto será o de educação popular, a qual compreende a educação como
construção social, portanto, como direito. É inclusiva, integral (social e
profissional),
emancipadora
e
busca
integrar
trabalho,
educação
e
desenvolvimento. Fundamenta-se na visão dialógica e transformadora, que
compreende o ser humano enquanto um ser de relações, sujeito da sua própria
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história, capaz de transcender na busca da construção da cidadania, da
consciência crítica e do resgate de sua identidade cultural, valorizando a
essência da subjetividade social, do meio ambiente, do saber popular
amazônico articulado ao saber cientificamente elaborado, possibilitando assim,
uma dimensão político crítica da sociedade em que está inserido.
A qualificação situada no âmbito da educação não formal é entendida como
processo de construção social, de inclusão social, com geração de trabalho e
renda, visando o desenvolvimento local através da integração de uma rede de
turismo comunitário. Para garantir o processo de planejamento participativo, e
a execução das principais etapas de elaboração do planejamento da trilha
estão sendo executadas as leituras comunitárias e técnicas. A leitura
comunitária consolida o processo de participação da comunidade no
planejamento, expondo, discutindo e analisando os problemas e soluções, e a
leitura técnica expressa o diagnóstico do espaço para a execução da trilha,
resultando no diagnóstico participativo, e que subsidia a definição da trilha.
3. Resultados e discussões
Os resultados preliminares demonstram que a comunidade de Santa Maria do
Baixo Acará, possui recursos naturais, culturais e sociais importantes ao
aproveitamento da trilha interpretativa. É uma comunidade próxima a capital
paraense, com possibilidades facilitados quanto ao acesso, porém as
condições estruturais e de logística para a operacionalização da trilha
necessitam de melhorias e implantação de novos equipamentos. O número de
famílias residindo na comunidade é de cinquenta e cinco, sendo que destas
apenas vinte e duas famílias fazem parte da associação dos ribeirinhos do
Baixo Acará, fundada em 2009. Esta é uma questão fundamental para
consolidação do turismo de base comunitária, visto que a participação, as
alianças são necessárias a consolidação deste, e este é um elemento que a
comunidade em estudo precisa reforçar.
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Por relatos dos moradores anotou-se que houve uma incursão da
Coordenadoria Municipal de Turismo na comunidade, com objetivo de avaliar
as possibilidades do turismo, porém, apesar de se concluir positivamente a
favor do turismo, não houve prosseguimento na proposta. O percurso da trilha
está definido, posto que é uma trilha utilizada pelos moradores, em área
preservada quanto a vegetação, fauna e flora, com alguns destaques para
espécies nativas e em extinção, tanto da fauna quanto da flora. É realizada,
aproximadamente,
em
sessenta
minutos
de
caminhada,
mantém-se
conservada, por iniciativa da comunidade, sendo uma trilha interpretativa,
quando o condutor local informa aos visitantes de que maneira a natureza
contribui para a subsistência das famílias, pela extração do açaí, pupunha
(Bactris gasipaes), castanha-do-pará (Bertholletia excelsa), cutite, entre outros
para o consumo diário. Por falta de incentivo a produção agrícola na
comunidade,
os
moradores
estão
calcando
seus
interesses
no
desenvolvimento do turismo, visando a melhoria de vida para as famílias
residentes no local.
Com base no levantamento realizado, e nas evidências encontradas faz-se
importante sinalizar com proposições que contribuam com a implantação da
trilha e a previsão e minimização de impactos na comunidade como: estudo da
capacidade de carga da trilha; sinalização de identificação dos atrativos e
indicativa; desenvolver programa de educação ambiental; fortalecimento da
cultura local; consolidar a participação da comunidade no processo de
desenvolvimento do turismo; ações de qualificação; melhorias no porto de
acesso e no meio de transporte; potencializar os recursos naturais e culturais
agregando valor à trilha e garantir a distribuição de renda.
4. Conclusões
A trilha interpretativa, tendo como princípio o turismo de base comunitária é
uma questão importante para a comunidade de Santa Maria do Baixo Acará,
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posto que o turismo apresenta-se como uma possibilidade de elevar o nível de
desenvolvimento local, complementando as atividades econômicas tradicionais
existentes como o extrativismo do açaí, outras frutas e a pesca. Porém, o
turismo comunitário propugna a não substituição de atividades, fato importante
a ser considerado no sentido de que não será a única, transformando-se na
“monocultura” de mercado, e substituindo as atividades pré-estabelecidas, esse
é um dos principais pontos trabalhado com os membros da comunidade, no
sentido de esclarecer sobre a importância das atividades econômicas
tradicionais, e tratar o turismo enquanto complementariedade. É notório o
potencial natural e cultural, porém a infraestrutura local, assim como a logística
de apoio necessitam de melhorias e a qualificação dos trabalhadores do
turismo na comunidade. Para garantir a preservação dos recursos, a
comunidade tem procurado estabelecer convênios e parcerias visando a
fiscalização e controle do uso da área de vegetação.
O interesse da comunidade é latente em desenvolver o turismo comunitário, há
conflitos internos quanto a preservação do meio natural, uso da terra,
especulação imobiliária, uso indevido dos rios pela proximidade com Belém,
que mesmo estando tão próximo, ainda configura-se com as características de
uma área rural, oferecendo o bucolismo e o bem-estar paisagístico e cultural
aos moradores e visitantes. Desse modo, é necessário criar práticas de
turismo, que são genericamente economicistas e mercadológicas, mas que
possam estar intimamente relacionadas às práticas da economia rural. E,
portanto, o turismo comunitário mesmo privilegiando a participação, a
valorização dos recursos naturais e culturais, traz a gênese do economicismo
do turismo, mesmo que de forma branda e com maior capacidade de
distribuição, sem acúmulo de bens e capitais. Mas que sendo planejado com a
participação da comunidade local, e tendo a operacionalização das atividades
regulamentado,
seguindo
os
princípios
básicos
e
norteadores
da
sustentabilidade turística é um segmento possível de contribuir com as
comunidades no sentido de qualificar o nível de desenvolvimento local. Por fim,
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este estudo está em andamento e previsão de conclusão em setembro de
2014, motivo pelo qual não tem conclus
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GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base
Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
RECUPERAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DAS TRILHAS DO PARQUE
ESTADUAL FORNO GRANDE PARA VISITAÇÃO PÚBLICA
Terence Jorge Caixeta Nascentes Ramos,30
Leoni Soares Contaifer,31
Resumo
Palavras-chave: Método Scalla; manejo de trilhas, mitigação de impactos; segurança.
Desde antes de sua criação em 1998 a região do Parque Estadual do Forno
Grande - PEFG, no município de Castelo, Espírito Santo; recebe visitantes de
todas as partes do país, principalmente devido suas belezas naturais, com
destaque para o pico do Forno Grande, 2º ponto mais alto do Estado com 2039
metros de altitude. Em 2010, durante vistoria realizada por técnicos do Instituto
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - IEMA foi verificado a
necessidade de se realizar intervenções no Parque para minimizar impactos
causados pela visitação, proporcionar segurança e valorização da experiência
dos visitantes, para tanto foi elaborada proposta de recuperação e estruturação
das trilhas. Realizou-se avaliação e diagnostico de quatro trilhas existentes,
identificação das melhores técnicas de recuperação, manutenção, estruturação
e proposição de instalação de equipamentos adequados que visem reduzir
impactos ambientais, aumentando a segurança e grau de satisfação dos
visitantes. Foi aplicada a metodologia de SCALLA (2003), através de fichas
para identificar parâmetros de classificação como comprimento, largura,
declividade, grau de dificuldade, finalidade, formato, equipamentos de apoio,
entre outros; utilizando trena, estacas, maquina fotográfica e GPS. Foram
previstos 75 pontos de intervenção para as 4 trilhas, com mais 3 pontos
identificados durante a execução do projeto. Dentre as principais intervenções
destacam-se a instalação de equipamentos como passarelas, pontes e mirante,
além de contenção de solo, drenagem e alteração de trajeto de trilha.
Atualmente nota-se uma considerável redução dos impactos físicos causados
pela visitação, assim como o aumento da satisfação dos visitantes após
conhecer as novas estruturas.
30
31
terencejorge@gmail.com Graduado em Turismo pela Universidade Federal de Ouro Preto.
leonisoares@gmail.com Graduado em Biologia pelo Centro Universitário São Camilo.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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Resumen
Palabras clave: Metodo Scalla; manejo de senderos, mitigación de impacto, de la seguridad.
Desde antes de su creación en 1998, la región del Parque Estatal del Forno
Grande, en Castelo, Espíritu Santo, recibe visitantes de todas partes del país,
principalmente debido a su belleza natural, especialmente el pico Forno
Grande, segundo punto más alto en el Estado con 2.039 metros de altitud. En
2010, durante el estudio técnico realizado por el Instituto de Estado de Medio
Ambiente y Recursos Hídricos - IEMA se verificó la necesidad de
intervenciones en el parque para minimizar el impacto de la visitación,
proporcionando seguridad y la mejora de la experiencia del visitante, por tanto
se elaboró la recuperación y la estructuración de los senderos. Fue hecha la
evaluación y el diagnóstico de cuatro senderos existentes, la identificación de
las mejores técnicas de recuperación, el mantenimiento, la estructuración y la
propuesta de instalación de equipo adecuado destinado a la reducción de los
impactos ambientales, aumentando la seguridad y la satisfacción de los
visitantes. Fue aplicada la metodología de Scalla (2003), con uso de hoja de
evaluación para identificar los parámetros de clasificación, como la longitud, la
anchura, pendiente, grado de dificultad, el propósito, el formato, el equipo de
apoyo, entre otros; fue hecho uso de cinta métrica, estacas, equipo fotográfico
y GPS. Fueran proporcionados 75 puntos de intervención de los 4 senderos,
con 3 puntos identificados durante la ejecución del proyecto. Entre las
principales medidas incluyen la instalación de equipos como pasarelas,
puentes y miradores, la contención del suelo, el drenaje y cambio de ruta de
sendero. Actualmente observamos una considerable reducción de los impactos
físicos causados por la visitación, así como el aumento de satisfacción de los
visitantes después de ver las nuevas estructuras.
1. Introdução
O Parque Estadual Forno Grande (PEFG) está localizado no município de
Castelo – ES, foi criado na década de 1960 como Reserva, sofrendo
acréscimos em sua área ao longo das décadas de 80 e 90, até ser
transformado realmente em Parque Estadual em 1998 com readequações em
2013. Possui hoje uma área de 913,15 ha e perímetro de 17,65 Km, sendo
administrado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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IEMA. A origem do nome está associada ao seu principal atrativo, o Pico do
Forno Grande, maciço rochoso de 2.039 metros de altitude, considerado o 2º
ponto mais alto do Estado, só perdendo para o Pico da Bandeira com 2.892m.
A consolidação do Parque se justifica não apenas pela conservação dos
atributos naturais ali existentes, mas também pelos benefícios sociais gerados
através do ecoturismo, seja através do conhecimento adquirido ao se visitar os
atrativos naturais ou da geração de renda associada à exploração de trilhas
para visitação (IDAF, 2000).
As trilhas e caminhos são provavelmente as rotas de viagem mais
disseminadas do mundo, e mesmo com a criação das estradas modernas se
constituem um importante acesso até os dias de hoje. Costumam ser o primeiro
elemento da infra-estrutura turística desenvolvido em áreas naturais protegidas,
freqüentemente construídos sem projeto formal e sem considerações quanto
ao seu possível impacto sobre o meio ambiente. Portanto o processo de
planejamento de trilhas é normalmente impróprio e resulta em impactos
negativos, aumentando custos de construção e manutenção (LENCHNER,
2005). Cole (1983) também diz que o planejamento insuficiente é a maior
causa de impactos ambientais negativos resultantes da implantação de trilhas.
A criação/manutenção de trilhas é prevista no Plano de Manejo do PEFG,
tendo
como
objetivo
geral
enriquecer
as
experiências
do
visitante
estabelecendo vínculos de caráter ambiental de acordo com as aptidões dos
recursos naturais do Parque, ordenando e direcionando as suas atividades
recreativas (IDAF, 2000).
Este trabalho tem como objetivo avaliar tecnicamente quatro trilhas existentes
na UC, Trilha da Cachoeira, Trilha Gruta da Santinha, Trilha dos Poços
Amarelos e Trilha do Mirante da Pedra Azul, propor as alterações necessárias
e demonstrar as melhores técnicas a serem utilizadas em sua recuperação e
manutenção, minimizando o impacto ambiental, fomentando a segurança e
aumento no grau de satisfação dos visitantes. As ações terão o propósito de
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estabelecer e ordenar algumas atividades de visitação, de forma a enriquecer
as experiências de caráter ambiental dos visitantes e intensificar o
aproveitamento do patrimônio natural e cultural.
2. Metodologia
Para determinar onde e quais alterações seriam realizadas nas trilhas,
inicialmente foi realizada a classificação dos parâmetros quanto aos atributos
das trilhas, diagnóstico de impactos e propostas de intervenção, para isso
utilizou-se a metodologia proposta por SCALA (2003) nas trilhas do Parque
Nacional do Caparaó/MG/ES, que consiste em preencher em campo, para
cada trilha, fichas de monitoramento que identificam fatores como, impactos,
riscos, manutenção, sinalização e atratividade.
FICHA DE MONITORAMENTO DAS TRILHAS DO PARQUE ESTADUAL DO FORNO GRANDE
Data: 05/01/2010
Histórico climático recente: tempo aberto, sol o dia todo
Equipe: Eduardo, Leoni e Victor
Folha: 01
Datum: WGS 84
Trilha: Trilha da Cachoeira (T1)
Ponto
Dist. Ponto Dist. Total
anterior (m) (m)
Identificação
X
Y
I
1
0
0
2
19
19
3
7,5
26,5
282606
R
7729953
Alt.: 1155m
282589
7729950
Alt.: 1155m
282584
7729947
X
Descrição
Intervenções necessárias
X
Início da trilha
Restabelecer largura da trilha, fazer manutenção nos 4,5 metros seguintes.
X
Ponte
Reforçar a ponte, fazendo meio fio de ambos os lados e colocar toras no corrimão fazendo uma estrutura em forma de triângulo.
M
X
S
Observações
A
X
Nivelar passagem, realizando a manutenção da trilha, fazer bueiro, colocar placa atrativo (samambaiaçu)
Alt.: 1155m
4
7,65
34,15
5
9,5
43,65
6
35
78,65
282582
7729943
Alt.: 1155m
282572
7729932
Alt.: 1156m
282550
X
7729906
X
Extensão:9,5m.
Nivelar passagem, realizando a manutenção da trilha, e aterrar todo o trajeto do ponto (9,5m) fazendo um degraus no início do aterro.
X
Extensão:6,5m.
Mudar trilha, que necessitará da remoção de duas mudas (palmito e bromélia); quebrar parte da pedra, que se encontra 1,5m antes do
ponto para redirecionar e restabelecer largura / ou colocar pedras para nivelar a trilha original
X
Extensão:12m.
Alt.: 1159m
7
28
106,65
8
33
139,65
9
38
177,65
282556
7729878
X
Alt.: 1260m
282538
7729851
Alt.: 1161m
282525
7729818
X
X
X
X
Alt.: 1165m
10
39
216,65
282502
7729791
X
1m antes do ponto colocar pedra ou tábua e aterrar. Quebrar pedra a 1,9m do ponto, fazendo degraus nos 5 m seguintes, que terão 1m
de distância entre si; Restabelecer piso nos 8 metros seguintes; colocar contenção na pedra a 7 m e nivelar a pedra com realização de
corte da mesma e aterrando o local
Refazer travessia, colocando 2 pranchões de 2m/35cm cada. A 7m do ponto colocar escora na parte do lado da encosta, restabelecer
largura, aproveitar terra para nivelar a trilha ou aterrar raízes até o fim do trajeto do ponto. A 20 m do ponto retirar toco seco. A 23m do
ponto fazer escada com degraus distando 1m entre si.
Construir escada passando ao lado direito da árvore caída composta de 3 degraus com 50 cm de distância entre si, retirando a vegetação
que se encontra no local. Colocar pedra logo após o término da escada para nivelar piso. A 3,3m recolocar pedra de forma que fique rente
ao piso. A 18,3m do ponto, colocar degrau. A 29,5 m do ponto restabelecer o piso e fazer saída de água. A 20m do ponto colocar
placa(Clusia).
Até 4 m, estabelecer piso,colocando degraus de 1 m de distância
entre si. A 4 m do ponto, colocar estrutura de madeira para desvio de
água. De 7 a 11m do ponto, colocar pedras que servirão de passagem;A partir de 11m do ponto fazer escada com 7 degraus; A 12,5m,
colocar estrutura de madeira para desvio de água , e fazer saída de água; A 25 m, fazer saída de água.
Colocar contenção, estrutura de madeira e nivelar passagem. A distância aterrada para nivelamento do piso será de 2m e ao final deste
deve ser construído um degrau. A porção aterrada deverá ter altura de 0,25m na encosta ao lado da saliência da laje (rocha aflorada) e
Figura 1 - Ficha de monitoramento
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Coletada estas informações, mede-se as distancias entre os pontos com fita
métrica, registra-se a localização de cada ponto através de GPS e marcação
física com estaca de madeira contendo o registro e número do ponto
georreferenciado e finalmente registro fotográfico e descrição das intervenções
necessárias em cada ponto.
3. Resultados e discussão
O Parque Estadual do Forno Grande possui atualmente 4 trilhas para visitação,
Trilha da Cachoeira, Trilha Gruta da Santinha, Trilha dos Poços Amarelos e
Trilha do Mirante da Pedra Azul, com as respectivas extensões, 312m, 184m,
762m e 1105m, totalizando 2363m de trilhas. Após o levantamento das
intervenções e marcação dos pontos foi possível medir a real extensão das
trilhas e também o percurso total, o que se contrapôs ao plano de manejo do
Parque, onde informa possuir 1800m de trilhas no total.
Este sistema de trilhas do PEFG tem grande potencial interpretativo, uma vez
que apresenta uma quantidade expressiva de atrativos devido às condições
ambientais e ecológicas diversificadas. A variação da altitude e da
profundidade do solo proporciona a expressão de diferentes ambientes e tipos
de formação vegetal. O histórico de uso e ocupação do solo, por sua vez,
permite exemplificar ao visitante o processo de sucessão ecológica e de
restauração florestal que ocorre em diferentes áreas da Unidade, além da
ampla possibilidade de interpretação da fauna, como sons, rastros, fezes e
visualização direta ao longo de todo o seu percurso.
Considerando ANDRADE E ROCHA (2008), mesmo com tais qualidades o
sistema de trilhas do Parque possui uma característica negativa, pois o
percurso de ida e volta é limitado ao mesmo trecho, contribuindo para
aumentar os impactos sofridos durante a visitação. Dessa forma, para facilitar
o acesso aos atrativos considerando a diversidade de públicos e a prevenção
de impactos, ao se aplicar a metodologia de SCALA (2003), identificou-se 12
pontos de intervenções na Trilha da Cachoeira, 10 pontos na Trilha Gruta da
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Santinha, 31 pontos na Trilha dos Poços Amarelos e 19 pontos na Trilha do
Mirante da Pedra Azul.
Figura 2 - Intervenção: ponte.
Figura 3 - Intervenção: nivelamento de piso.
685
Figura 7 - Intervenção: degraus.
Figura 5 - Intervenção: escadas.
Figura 6 - Intervenção: mirante.
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4. Conclusão
Após identificação e definição dos locais e tipos de intervenções a serem
realizadas, deu se inicio à execução do projeto de estruturação e manutenção
das trilhas, com uma duração de 6 meses para seu término considerando as
interrupções devido as más condições do clima. Como resultado das
intervenções foi identificado, através de metodologia de avaliação e
monitoramento de impactos, sugerida pelo Plano de Manejo, uma redução dos
impactos negativos antes causados pela visitação, como, compactação do
solo, erosões, aparecimento de trilhas secundárias e danos a vegetação. Outro
fator positivo foi em relação à percepção dos visitantes, que quando
questionados sobre as alterações realizadas, manifestaram favoráveis e
satisfeitos, seja pela facilidade em acessar os atrativos ou pela sensação de
segurança ao percorrer as trilhas.
686
Figura 8 - Intervenção concluída.
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Figura 9 - Intervenção concluída.
687
Figura 10 - Intervenção concluída
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
Figura 11 - Intervenção concluída.
5. Bibliografia
ANDRADE, W.J. ROCHA, R. F. da. Manejo de trilhas: um manual para
gestores. In: IF Sér. Reg., São Paulo, n.35, 2008, p. 1-74.
COLE, D. N. Assesing and monitoring backcountry trail conditions. Ogden, UT:
US Department od Agriculture, Forest Service Intermountain Forest and
Range Experiment Station. 1983.
ESPÍRITO SANTO. Decreto N° 3385-R, de 20 de setembro de 2013. Institui o
Parque Estadual Forno Grande e dá outras providências. Vitória, 2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL - IBDF.
Plano de Manejo: Parque Nacional do Caparaó.Brasília, 1981.
INSTITUTO DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO - IDAF. Plano de Manejo: Parque Estadual Forno Grande.
Vitória, 2000.
LENCHNER, L. Planejamento e Implantação de trilhas. In: Curso de
Planejamento e Implantação de Trilhas. Fundação O Boticário de
Proteção à Natureza. Apostila. Guaraqueçaba, 2005. p. 11-100.
SÃO PAULO, Gov. do Estado. Manual de Construção e Manutenção de Trilhas.
2009. 172p.
SCALA, Renato Tieppo. Projeto de implantação, recuperação e sinalização de
trilhas para o Parque Nacional do Caparaó/MG/ES. Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e Recursos Renováveis. 2003.
TAKAHASHI, L. Conceitos Gerais de Conservação da Natureza. In: Curso de
Planejamento e Implantação de Trilhas. Fundação O Boticário de
Proteção à Natureza. Apostila. Guaraqueçaba, 2005. p.1-9.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
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GT 04 Contribuição do planejamento e manejo de trilhas ao Turismo de Base
Local: Boas práticas p/ a conservação do patrimônio natural e cultural.
PERCEPÇÕES DOS VISITANTES DO PARQUE ESTADUAL DO IBITIPOCA
EM RELAÇÃO AO LIXO E SUA DEPOSIÇÃO FINAL
Vinícius do Couto Carvalho32;
ThizaFalquetoAltoé33;
Eduardo de Paiva Paula34,
Marco Aurélio Leite Fontes35,
José Edimar Vieira Costa Júnior36
Resumo:
Palavras chaves: Planejamento de trilhas; Manejo de Uso Público; Educação Ambiental; Perfil
de visitantes.
O objetivo deste trabalho foi analisar a percepção dos visitantes do Parque
Estadual do Ibitipoca (PEIb) acerca da presença de lixo em suas trilhas assim
como seus hábitos de deposição dos resíduos. Foram aplicados
questionáriossemiestruturados, contendo 4 questões objetivas: “Você viu lixo
nas trilhas do parque?” “O que você faz com o lixo que você produz no
parque?” “Você separa lixos secos de orgânicos?” “Você sabe o destino final
do lixo do parque?” A intensidade amostral foi de 33 visitantes em diferentes
áreas no PEIb durante os dias 25 e 26 de julho de 2013. Os dados coletados
foram analisados em porcentagens.O perfil dos entrevistados consistiu em 58%
serem do gênero feminino; 50% do total de visitantes têm idade entre25 e 35
anos;15% residem no estado do Rio de Janeiro e o restante em Minas Gerais,
sendo que, desses, 76% são de Juiz de Fora.Verificou-se que 30% dos
entrevistados encontraram lixo nas trilhas ou pontos turísticos do parque e,
desses, 60% relataram a ocorrência de verem apenas uma vez e os 40%
restantes viram resíduos mais de uma vez, porém não em todas as vezes que
32
ecosdoturismo@gmail.com , Mestrando, Programa de Pós Graduação em Engenharia
Florestal, Universidade Federal de Lavras.
33
thizaaltoe@gmail.com , Doutoranda, Programa de Pós Graduação em Engenharia Florestal,
Universidade Federal de Lavras.
34
eduardo_florestal@yahoo.com.br , Mestrando, Programa de Pós Graduação em Engenharia
Florestal, Universidade Federal de Lavras.
35
fontes@dcf.ufla.br , Professor, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de
Lavras.
36
jevcjunior@gmail.com , Mestrando, Departamento de Ciências Florestais, Universidade
Federal de Lavras.
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foram ao parque ou em todas as trilhas. O lixo gerado no parque, em 30% dos
casos foi descartado somente no local de sua hospedagem e em 58% foi
deixado nas lixeiras do parque mesmo.No que diz respeito à separação dos
resíduos em secos e orgânicos, 58% dos visitantes afirmaram ter este
costume.Sobre o destino final do lixo gerado no parque, 97% dos entrevistados
não sabem o que é feito com ele e ao serem questionados verificou-se a
deficiência de divulgação de como o parque trata seus resíduos com o intuito
de gerar uma maior conscientização dessa prática ecologicamente correta em
seus visitantes. Os visitantes apresentaram consciência sobre o descarte
adequado de resíduos. Porém, a maioria não sabe o destino final dos resíduos
descartados tanto no PEIb quanto em seus locais de hospedagem, o que pode
comprometer a cadeia de deposição correta desses resíduos.
Resumen
Palabras clave: Planificación de rutas;Gestión del uso público; Educación Ambiental;Perfil de
los visitantes.
El objetivo fue analizar las percepciones de los visitantes del parque estatal
Ibitipoca (PEIB) sobre la presencia de basura en sus pistas y los hábitos de
eliminación de residuos. Aplicado cuestionarios semi-estructurados, con 4
preguntas objetivas: "¿Viste la basura en los senderos del parque", "¿Qué
causa que produce la basura en el parque", "?Residuos orgánicos secos
separado", "¿Conoces el destino final la basura del parque? "La intensidad de
muestreo fue de 33 visitantes en las diferentes áreas en PEIB durante los días
25 y 26 de julio de 2013. Los datos se analizaron como porcentajes. El perfil de
los participantes consistió en 58% eran mujeres, el 50% de los visitantes tenían
entre 25 y 35 años, el 15% reside en el estado de Río de Janeiro y el resto en
Minas Gerais, y de estos, 76% son Juiz de Fora. Se encontró que el 30% de los
encuestados encontró basura en los caminos o lugares de interés del parque y,
de ellos, el 60% informó de la ocurrencia de ver sólo una vez y el 40% restante
de residuos vio varias veces, pero no todo el tiempo ha sido el parque o en
todas las pistas. Los residuos generados en el parque, en el 30% de los casos
fueron eliminados sólo en el lugar de su estancia y el 58% se quedó en los
mismos contenedores de basura del parque. En la separación de residuos
secos y orgánicos, el 58% de los visitantes dijeron que no tenían esta
costumbre. Sobre el destino final de los residuos generados en el parque, el
97% de los encuestados no sabe lo que se hace con ella y cuando se le
preguntó divulgación discapacidad comprobada de cómo el parque trata sus
residuos con el fin de generar una mayor conciencia sobre esta práctica el
medio ambiente en sus visitantes. Los visitantes mostraron conciencia sobre la
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correcta eliminación de los residuos. Sin embargo, la mayoría no sabe el
destino final de los residuos desechados en PEIB tanto en sus lugares de
alojamiento, lo que puede poner en peligro la cadena de la correcta deposición
de los residuos.
1. Introdução
Lixo é uma palavra latina (lix) que significa cinza, vinculada às cinzas dos
fogões. Segundo Ferreira (1999), lixo é tudo o que não presta e se joga fora.
Coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor. Jardim e Wells (1995) definem lixo
como os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como
inúteis, indesejáveis, ou descartáveis.Segundo Rodrigues e Cavinatto (2003) a
quantidade de lixo produzido, anteriormente, era essencialmente sobras de
alimentos; após a Revolução Industrial houve um aumento expressivo do
volume e diversidade dos resíduos pois foi inserido no cotidiano das pessoas,
através da produção em larga escala, produtos e embalagens descartáveis
assim como a prática do consumismo.
Quando se trata da melhor condição do meio em que se vive, torna-se
importante ressaltar que a saúde e o bem-estar dos seres estão diretamente
relacionados com a qualidade do meio ambiente, isto é, com suas condições
física, química e biológica. Para Fernandez (2004) as alterações ambientais
ocorrem por inumeráveis causas, muitas denominadas naturais e outras
oriundas de intervenções antropológicas, consideradas não naturais.De acordo
com Loureiro (2004), o envolvimento das dimensões social, econômica,
política, cultural e ecológica do problema ambiental, em suas conexões
territoriais e geopolíticas faz-se importante; buscando não apenas provocar
mudanças culturais que possam conduzir à ética ambiental, mas também as
mudanças sociais necessárias para a construção de uma sociedade
ecologicamente prudente e socialmente justa. Torna-se necessário, incentivar
não apenas a ação individual na esfera privada, mas também a ação coletiva
na esfera pública.
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Conforme a Constituição Federal de 1988, o artigo 225 garante que: todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações. A lei em questão trata-se de uma conquista e reconhecimento da
importância do meio ambiente, contudo não representa a garantia da
preservação. A problemática do lixo está diretamente relacionada a questão
ambiental e a qualidade de vida. Avaliar a percepção dos visitantes, em relação
ao lixo, em unidades de conservação permite verificar como pessoas que têm
uma maior necessidade e interesse em ambientes naturais agem para que este
seja conservado.
Dentro do contexto de unidades de conservação (UC) há a categoria dos
parques, os quais são os únicos tipo de unidades de conservação do grupo de
proteção integral que permite a visitação pública, sendo que nas demais só
podem ser feita em casos específicos, como para realização de estudos
científicos. Como consta no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (BRASIL, 2000), os parques têm como objetivo básico a preservação
de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica,
possibilitando a realização de pesquisa científica e o desenvolvimento de
atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação, contato com a
natureza e de ecoturismo (COSTA, 2002)
.
Tendo em vista a particularidade dos parques o objetivo deste trabalho foi
analisar a percepção – que pode ser entendida como uma espécie de leitura de
mundo, na qual os sentidos perceptivos regem a produção cognitiva de cada
um – dos visitantes do Parque Estadual do Ibitipoca (PEIb) a cerca do lixo
encontrado ou não nas áreas do parque, como também seus hábitos de
deposição final dos resíduos.
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2. Metodologia
O estudo foi desenvolvido no Parque Estadual do Ibitipoca, situado na Zona da
Mata mineira, abrangendo os municípios de Lima Duarte e Santa Rita do
Ibitipoca, sendo o povoado mais próximo, o Distrito de Conceição do Ibitipoca,
o qual sofre influencia direta do parque por ser “porta de entrada” para o
mesmo. O parque é uma unidade de conservação aberta à visitação, criado
através da lei estadual nº 6.126, de 4 julho de 1973, sob a guarda e a
administração do Instituto Estadual de Florestas-IEF. Abrange uma área de
1.488 ha da Serra do Ibitipoca, com altitudes que variam de 1.050 a 1.784 m.
Trata-se da sétima UC estadual mais visitada no Brasil, com um fluxo de 50 mil
visitantes por ano (SANTOS et al., 2012). O PEIbé área indicada como
prioritária para a conservação da biodiversidade do estado de Minas Gerais
(DRUMMOND et al., 2005) e da Mata Atlântica (BRASIL, 2000).
Os procedimentos metodológicos para concretização do presente trabalho
contemplaram a aplicação de questionários semiestruturados, contendo 04
questões objetivas focadas nas percepções sobre presença de lixo nos
atrativos e trilhas do PEIb e hábitos dos visitantes na deposição dos resíduos,
sendo as mesmas: Você viu lixo nas trilhas do parque? O que você faz com o
lixo que você produz no parque? Você separa secos de orgânicos? Você sabe
o destino final do lixo do parque ou de onde você leva?
Os questionários foram aplicados a um número de 33 visitantes em diferentes
áreas no PEIb durante os dias 25 e 26 de Julho de 2013. Para análise dos
resultados, os dados coletados foram considerados em porcentagens.
3. Resultados e Discussão
O perfil das 33 pessoas entrevistadas consiste em 58% serem do gênero
feminino e, consequentemente, 42% do gênero masculino. Esta predominância
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de visitantes mulheres contrasta com o perfil descrito por Ladeira et al. (2007)
para o PEIb (46% de mulheres), mas está em concordância com Moutinho
(2000), que afirma que devido à sua emancipação social e econômica, pessoas
do gênero feminino, passaram a viajar mais, seja em grupos ou sozinhas.
De acordo com a Figura 1, pode-se notar que mais de 50% dos visitantes estão
entre as idades de 25 e 35 anos. Observou-se presença reduzida de pessoas
idosas e menores de idade, já que a amplitude observada teve como limites as
idades de 20 anos e 50 anos. Já crianças não foram contempladas nesta
pesquisa. A presença de público mais jovem também foi observada por Ladeira
et al. (2007) para o mesmo parque.
3% 3%
20-25
12%
25-30
12%
30-35
27%
18%
35-40
40-45
45-50
50-55
24%
Figura 1
Faixa etária dos visitantes entrevistados no Parque Estadual do Ibitipoca.
Ainda em relação ao perfil dos entrevistados, verificou-se que 15% destes
residiam no estado do Rio de Janeiro e o restante (85%) em Minas Gerais
sendo que desse último, 76% dos visitantes eram provenientes da cidade de
Juiz de Fora. Nota-se que a visitação do parque em um final de semana
normal, ou seja, sem feriados próximos a ele ou em período de férias, é
realizada principalmente por pessoas que residem próximas a ele. Ladeira et
al. (2007) em pesquisa sobre o perfil dos visitantes do PEIb em período de
maior visitação (que ocorre nos meses de janeiro, fevereiro, abril e junho)
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também encontraram a predominância de visitantes destes dois estados, com a
mesma predominância dos originários da cidade de Juiz de Fora (55%).
Em relação aos resíduos, verificou-se que 30% dos entrevistados encontraram
lixo nas trilhas ou pontos turísticos do parque e que, dentro deste universo,
60% relataram terem visto apenas uma vez e os 40% restantes viram resíduos
mais de uma vez, porém não em todas as vezes que foram ao parque ou em
todas as trilhas.
De maneira geral, os visitantes estão satisfeitos com a pouca ocorrência de lixo
nas trilhas, demonstrando as boas condições do PEIb neste quesito, já que em
pesquisa desenvolvida por Takahashi (1998) notou-se que a percepção dos
visitantes sobre o lixo espalhado em um parque - Parque Estadual Pico do
Marumbi - PR - foi que sua presença influencia muito na qualidade da visita,
para 48% dos entrevistados. Já Ladeira (2005) verificou que para 89% dos
visitantes do PEIb a presença de lixo influenciava muito na qualidade da visita,
e que para a grande maioria o parque estava muito limpo e bem cuidado.
O PEIb apresenta visitação superior a sua capacidade de carga turística
(LADEIRA, 2005) o que resulta, consequentemente, em um maior impacto da
área,
porém
a
reduzida
presença
de
resíduos
demostra
uma
boa
conscientização da maioria de seus visitantes e que as lixeiras existentes no
parque e o incentivo do uso de sacolas ecológicas, oferecidas pelo mesmo,
para os turistas depositarem seu lixo, caracterizam-se por satisfatórias.
Quando encontrado lixo no PEIb este era, na maioria das vezes, de dimensão
reduzida, como papel de bala, que não impactava tanto a percepção de
limpeza de quem o via. Porém, os entrevistados consideraram que o motivo de
ainda encontrarem resíduos na natureza está mais relacionado à falta de
consciência ambiental e respeito à natureza de alguns visitantes do que uma
deficiência do PEIb em termos de estrutura, a exemplo, disponibilidade de
lixeiras pelas trilhas.
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O lixo gerado no parque em 6% é descartado na casa de quem o gerou, essa
mesma porcentagem foi obtida nos casos em que as pessoas descartavam, de
forma aleatória, tanto no parque como no local onde o visitante estava
hospedado, outros 30% descartaram somente no local de sua hospedagem e
os 58% restantes deixaram nas lixeiras do parque mesmo, Figura 2. A maior
porcentagem de pessoas que deixam o lixo no próprio parque pode ser devido
à comodidade de eliminar peso inútil no retorno a pousada ou residência e, ou
também, pode ser por causa do parque disponibilizar sacolas ecológicas para
que as pessoas depositem seu lixo nelas e indiretamente possa estar
incentivando as pessoas a depositarem os resíduos nas lixeiras do próprio
parque.
696
Figura 2
Locais onde os visitantes depositaram o lixo gerado no parque.
No que diz respeito à separação dos resíduos em secos e orgânicos, prática
viabilizada com lixeiras diferentes para cada tipo no PEIb, 58% dos visitantes
afirmaram ter este costume. Mucelin e Bellini (2008) em estudo sobre impactos
ambientais perceptíveis que os resíduos sólidos potencializam em fragmentos
do ambiente urbano na cidade de Medianeira – Paraná, também encontraram
resultado semelhante, em que 59% das pessoas fazem a separação do seu
lixo. Esta porcentagem de aproximadamente 60% separarem o lixo no PEIb,
mostra que as pessoas que em seu momento de lazer têm a necessidade ou
vontade de estarem em contato com a natureza (LADEIRA et al., 2007), não
necessariamente têm hábitos mais sustentáveis no dia-a-dia, aqui sendo
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considerado apenas a questão da separação do lixo e assim a sua melhor
destinação.
Sobre o destino final do lixo gerado no parque, 97% dos entrevistados não
sabem o que é feito com ele e ao serem questionados verificou-se a deficiência
de divulgação de como o parque trata seus resíduos com o intuito de gerar
uma maior conscientização dessa prática ecologicamente correta em seus
frequentadores. Os outros 3% que responderam positivamente a esse
questionamento, só sabiam que o destino do lixo do PEIb estava relacionado
com sua coleta pela prefeitura de Lima Duarte. O PEIb possui lixeiras para
separação de resíduos secos e resíduos orgânicos, que segundo informações
de funcionários do próprio parque, os resíduos orgânicos são utilizados para
compostagem e os secos são recolhidos e levados para a cidade de Lima
Duarte para seu devido fim.
697
4. Conclusão
A Sendo que os visitantes relataram estarem satisfeitos quanto as condições
do parque em presença de lixo nas trilhas foi percebida por uma minoria dos
visitantes. relação a presença de resíduos nas trilhas, atribuindo as poucas
ocorrências a uma falta de conscientização de alguns visitantes e não uma
deficiência
da
administração
do
parque.
Os
visitantes
apresentaram
consciência sobre o descarte adequado de resíduos. Porém, a maioria não
sabe o destino final dos resíduos descartados tanto no PEIb quanto em seus
locais de hospedagem, o que pode comprometer a cadeia de deposição correta
desses resíduos.
Agradecimentos
Os autores agradecem as agências de fomento CAPES e CNPq pela
concessão de bolsas.
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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GT 05: Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
Sumario
01
Diagnóstico de trilhas para a visitação ecológica no PE Acaraí, 700
São Francisco do Sul – SC.
02
Plano de gerenciamento de riscos em unidades de conservação 713
de São Paulo.
03
Bioindicadores de impactos em trilhas em uma unidade de 727
conservação de proteção integral (PARNA Tijuca), no domínio da
Mata Atlântica.
04
Parque Natural Municipal Montanhas de Teresopólis - PNMMT: 740
potencialidades e fragilidades.
05
Análise das taxas de erosão e compactação do solo na trilha do 758
Carteiro, APA Serra São José, Tiradentes – MG.
06
Estudo da gestão de riscos (ABNT NBR 15331:2005) na trilha do 772
Morro do Diabo do PE do Morro do Diabo, Teodoro Sampaio/SP.
07
O impacto na dinâmica do solo através da utilização da Trilha 790
Ponta Negra - Praia de Galhetas na Reserva Ecológica da
Juatinga / Paraty-RJ
08
Uso de equipamentos transceptores como instrumento de 810
monitoramento e segurança no PN Municipal da Taquara – PNMT,
Duque de Caxias / RJ.
09
Estudo da capacidade de suporte turístico em uma trilha 819
interpretativa na Estação de Pesquisa Mata do Paraíso, Viçosa,
MG.
10
Uso da norma técnica 15331 para Turismo de Aventura e 838
Ecoturismo na atividade de guiamento em área de montanha.
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GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
DIAGNÓSTICO DE TRILHAS PARA A VISITAÇÃO ECOLÓGICA NO
PARQUE ESTADUAL ACARAÍ, SÃO FRANCISCO DO SUL - SANTA
CATARINA - BRASIL
Douglas Macali Souza
Paloma Fonseca Zorzetto
Luiz Anselmo Palazzi Steffem
Thiago Felipe de Souza
Resumo
Palavras-chave: Ecoturismo, Trilhas, Parque Estadual Acaraí.
As atividades de ecoturismo no Brasil vêm crescendo exponencialmente ao longo dos
últimos anos, sendo que este crescimento ocorre, na maioria das vezes, sem
planejamento e por consequência sem a devida contribuição para a diminuição
dos impactos ambientais na fauna e na flora. Sabendo disso e com o intuito de
verificar o potencial ecológico e turístico das trilhas existentes no Parque
Estadual Acaraí, São Francisco do Sul – SC, foram realizadas visitas técnicas
às trilhas do parque a fim de mapeá-las e estruturar uma estratégia para
desenvolvimento de atividades relacionadas ao ecoturismo. As visitas técnicas
foram realizadas aos caminhos e trilhas já existentes no parque por uma
equipe multidisciplinar, objetivando levantar pontos importantes e críticos de
cada trilha, tais como: espaço adequado para passagem de visitantes,
capacidade de suporte, classificação de percurso, localização dos atrativos
principais, trechos e locais impactados pela visitação, trechos e locais de
atenção para segurança, bem como locais para a instalação de sinalização
adequada na trilha. Como resultados foram identificados três trilhas (Mirante,
Casqueiro e Restinga) consideradas viáveis para uso de atividades de
ecoturismo. Cada trilha apresentou características especificas que podem
oportunizar seu uso de forma planejada, incluindo os potenciais naturais,
históricos e culturais da região. A partir deste resultado, as trilhas mapeadas
receberão placas de sinalização de apoio à visitação pública. Desta forma,
espera-se que a instalação das placas auxiliem a diminuir os impactos
ambientais no ecossistema que compõe a paisagem cênica das trilhas
mapeadas, bem como ordenar a visitação pública desses locais.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Resumen
Palabras-clave: Ecoturismo, Senderos, Parque Estadual Acaraí.
Las actividades de ecoturismo en Brasil vienen creciendo exponencialmente a
lo largo de los últimos años, y este crecimiento ocurre, la mayoría de las veces,
sin planificación y en consecuencia sin la debida contribución para la
disminución de los impactos ambientales en la fauna y flora. Sabiendo eso y
con el propósito de verificar el potencial ecológico y turístico de los senderos
existentes en el Parque Estadual Acaraí, São Francisco do Sul – SC, se
realizaron visitas técnicas a los senderos del parque para mapearlos y
organizar una estrategia para el desarrollo de actividades relacionadas al
ecoturismo. Las visitas técnicas se realizaron a los caminos y senderos ya
existentes en el parque, por un equipo multidisciplinar, con el objetivo de
plantear cuestiones importantes y críticas de cada sendero, tales como:
espacio adecuado para el paso de visitantes, capacidad de soporte,
clasificación del recorrido, localización de los principales atractivos, tramos y
lugares impactados por la visita, tramos y lugares de atención para seguridad,
así como lugares para la instalación de señalización adecuada en el sendero.
Como resultado se identificaron tres senderos (Mirante, Casqueiro y Restinga)
considerados viables para uso de actividades de ecoturismo. Cada sendero
presentó características específicas que pueden posibilitar su uso de forma
planificada, incluyendo los potenciales naturales, históricos y culturales de la
región. A partir de este resultado, los senderos mapeados recibirán placas de
señalización de apoyo a la visita pública. De esta forma, se espera que la
instalación de las placas ayude a disminuir los impactos ambientales en el
ecosistema que compone el paisaje de los senderos mapeados, así como
ordenar la visita pública de esos lugares.
1. Introdução
Atualmente a criação das Unidades de Conservação (UC) constitui uma das
principais formas de intervenção governamental, que vislumbra a redução das
perdas da biodiversidade enfrentando à degradação ambiental imposta pela
sociedade (desterritorialização das espécies da flora e fauna). As UCs são
áreas
que
apresentam
características
naturais
relevantes,
legalmente
instituídas pelo Poder Público para a proteção da natureza, com objetivos e
limites definidos. Elas prestam importantes serviços ambientais, como a
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regulação climática, o fornecimento de água e ar puros, a ciclagem de
nutrientes e a proteção da biodiversidade. Portanto, são áreas essenciais
servindo
para
amenizar
o
impacto
das
atividades
antrópicas
sobre
ecossistemas naturais. Oferecem ainda, em algumas categorias de manejo,
como contrapartida o bem-estar das populações rurais e urbanas vizinhas,
possibilitando desta forma um arranjo produtivo econômico, associado à
atividade turística. Sabendo disso, em 23 de setembro de 2005 foi criado o
Parque Estadual Acaraí, UC com aproximadamente 6.667 hectares localizada
no município de São Francisco do Sul, norte de Santa Catarina (Figura 01).
702
Figura 1 – Limites do Parque Estadual Acaraí, em São Francisco do Sul, Santa Catarina
(Imagem: Luiz Steffem; Google Earth, 2012).
O complexo hídrico existente nesta área é responsável pelo abrigo, reprodução
e alimentação de várias espécies aquáticas, que somado a Vegetação de
Restinga e de Floresta das Terras Baixas do Domínio da Mata Atlântica,
constituem local para proteção da flora e fauna, entre elas as endêmicas e
ameaçadas de extinção. Desta forma, a criação do Parque foi uma ação
propositiva para o estabelecimento de uma política territorial direcionada, em
especial, para atividade de turismo e educação ambiental.
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A percepção ambiental é uma ferramenta importante para a gestão de UC, pois
permite analisar o conhecimento, os valores e as atitudes da população ou dos
atores sociais em relação a uma determinada área. Nesse contexto, a
sensibilização através de ações de educação ambiental aplicadas nas
comunidades de entorno são instrumentos importantes para a promoção da
conservação em UCs, pois auxiliam na promoção da mudança de atitudes e
valores. Para isso, é necessário não somente caracterizar a comunidade, mas
também a percepção ambiental desta sobre a UC. Esta caracterização é
imprescindível para projetos que abordem as relações entre as pessoas, o
ambiente e gestão ambiental (TORRES & OLIVEIRA, 2008). Sendo assim
considera-se a percepção ambiental como uma ferramenta de planejamento
para a gestão de UCs, através da análise do conhecimento, dos valores e das
atitudes das populações (conhecer as interações sensitivas) ou dos atores
sociais em relação a uma determinada área (FERREIRA, 2005).
A partir da percepção ambiental pode-se identificar a relação existente entre
ser humano e natureza, o que faculta a elaboração de uma base de dados para
o planejamento e implementação da educação ambiental em UC (TORRES &
OLIVEIRA, 2008). Algumas atividades permitem contato direto com a natureza,
e propiciam a educação ambiental, como é o caso do ecoturismo. Tais
atividades devem ocorrer continuamente, realçando aspectos econômicos,
sociais, políticos, culturais e éticos (TOLEDO & PELICIONI, 2005).
Em geral, o ecoturismo é considerado como uma atividade de baixo impacto
ambiental, uma possibilidade de sustentação econômica para as UC e para as
regiões onde atividades tradicionais, como a agricultura familiar, o extrativismo,
a pesca artesanal, entre outras, têm revelado fragilidade e insuficiência para a
manutenção das populações delas dependentes, especialmente, naqueles
espaços submetidos a restrições legais, onde tais atividades são colocadas
como incompatíveis com a conservação ambiental, agravando as condições de
sobrevivência das populações locais (SILVEIRA, 2003). Desta forma,
ecoturismo pode ser definido como um segmento da atividade turística que
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utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, a fim de incentivar
sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista
através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das
populações envolvidas (BRASIL, 1995). Baseado nisto, durante os meses de
abril e maio de 2012 foram realizadas visitas técnicas de campo à UC Parque
Estadual Acaraí, para verificar a viabilidade de implantação de trilhas
ecológicas nas dependências da UC.
2. Metodologia
Na busca de dados e informações para compor um diagnóstico de viabilidade
técnica para implantação de trilhas ecológicas no Parque Estadual Acaraí,
foram realizadas 8 (oito) visitas aos caminhos e trilhas já existentes na UC.
Estas visitas buscaram levantar pontos importantes e críticos de cada trilha,
tais como: espaço adequado para passagem de visitantes, capacidade de
suporte de cada trilha, classificação de percurso, localização dos atrativos
principais, trechos e locais impactados pela visitação, trechos e locais de
atenção para segurança, bem como locais para a instalação de sinalização
adequada na trilha. Como material de apoio aos pesquisadores, utilizaram-se
pranchetas, canetas esferográficas e fichas de campo, para a coleta de dados
e descrição de fotografias e anotações. Como equipamentos de apoio: um
automóvel para ida e retorno até as entradas de acesso as trilhas; um GPS
Garmin Etrex 30 para a demarcação de pontos, trajetos e coordenadas das
trilhas; uma câmera fotográfica digital Nikon D5100 e uma câmera fotográfica
digital Canon SX30i; e um par de Walkie Talkie Motorola MC220R, para
comunicação entre os pesquisadores.
Para melhoramento das imagens e inserção de linhas de contorno e percurso
das trilhas visitadas, foram utilizadas imagens de satélite e arquivos de
polígonos a partir da interface do programa Google Earth 6.2, e os programas
de processamento digital de imagens ENVI 4.5 e de edição de imagem Corel
Draw X5. Depois de realizadas as marcações e anotações das trilhas, gerou-se
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um relatório técnico pelos pesquisadores, indicando o perfil de cada trilha
visitada.
3. Resultados
O relatório técnico apontou a existência de 3 trilhas viáveis para o uso em
ecoturismo na UC, sendo: Trilha do Mirante, Trilha do Casqueiro e Trilha da
Restinga.
Trilha do Mirante (Figura 2):
Trilha circular, de intensidade leve, com
distância de 2.050 metros e percurso single track (para uma pessoa).
705
Figura 2 - Percurso da Trilha do Mirante (Imagem modificada por Luiz Steffem; de Google
Earth, 2012).
Os principais atrativos turísticos desta trilha compõem a paisagem, conforme
seus aspectos geográficos em primeiro plano: hidrografia, relevo e vegetação.
Estes elementos possibilitam a esta trilha o desenvolvimento de roteiros de
visitação temáticos. São os elementos:
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- Rio Acaraí: Principal atrativo desta trilha. Pode ser observado de um mirante
natural que proporciona uma visão panorâmica do rio. Temas sugeridos para
serem trabalhados com os visitantes: formação geológica do Rio Acaraí;
Relação entre pescadores artesanais e a importância da preservação do rio;
Espécies marinhas e terrestres associadas ao Rio Acaraí.
- Dunas: Atrativo principal. Alguns pontos, onde é permitido o transito de
pessoas, possibilitam uma visão panorâmica do parque em geral. Temas
sugeridos para serem trabalhados com os visitantes: formação geológica e
processos erosivos das dunas e importância da conservação dada zona
costeira
- Restinga: Atrativo principal composto por vegetação característica de restinga
que visualmente forma uma espécie de cordão de isolamento separando o mar
e o Rio Acaraí. Temas sugeridos para serem trabalhados com os visitantes:
Características
principais
da
vegetação
de
restinga;
Importância
da
conservação da vegetação; Fauna e flora associada.
Como atrativos secundários, pode-se citar: a observação de fauna por indícios
(ex.:pegadas), e a observação direta da avifauna e por indícios (vocalização e
ninhos).
Trilha do Casqueiro (Figura 3): Trilha linear, de intensidade leve, com
distância de 2.332 metros e percurso para duas pessoas.
Como atrativos turísticos desta trilha os sítios históricos inseridos na paisagem:
ruínas da igreja do casqueiro e cemitério do casqueiro. Os atrativos naturais
são caracterizados pelo Rio Acaraí e a flora composta por espécies de
bromélias e gravatás associados à restinga.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
706
Figura 3 - Percurso da Trilha do Mirante (Imagem: Luiz Steffem; Google Earth, 2012).
- Ruínas da Igreja: Vestígios do passado da história da colonização dessa
região no município caracterizado pelas colunas da estrutura física da antiga
igreja que existia no lugar. - Cemitério Histórico de São Gonçalo (Praia
Grande): É onde os moradores da desativada comunidade local eram
enterrados.
- Rio Acaraí: Associado a este atrativo está a Floresta Ombrófila Densa de
Terras Baixas que margeia o leito do rio, porém inacessível a essa trilha,
podendo ser apenas avistada desse ponto da UC.
- Espécies de flora da Restinga: Atrativos representados pelas espécies de
bromélias e gravatás que podem ser visualizadas em alguns trechos do
percurso. Em alguns pontos específicos da paisagem da trilha, o solo é
encoberto por bromélias formando verdadeiros tapetes, e em alguns pontos é
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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possível perceber a mudança de microclima, promovida pela água acumulada
nessas plantas, onde o ar se torna mais úmido.
Como atrativos secundários da trilha, pode-se citar: observação de fauna por
indícios pegadas, observação direta da avifauna e por indícios (vocalização e
ninhos) e observação da Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, que pode
ser avistada das margens do Rio Acaraí.
Trilha da Restinga (Figura 4): É uma trilha circular, que dá continuidade à
Trilha do Casqueiro, de intensidade moderada, com distância de 1.814
metros e percurso para uma pessoa.
708
Figura 4 - Percurso da Trilha da Restinga (Imagem: Luiz Steffem; Google Earth, 2012).
Por ser uma continuação da trilha do Casqueiro, os atrativos são similares
nesse trechos, incluindo a passagem pela Estrada Histórica e o um nova
perspectiva de observação do Rio Acaraí. Neste percurso é perceptível a
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dinâmica geológica que envolve as paisagem como um todo tendo as dunas
com grande expressividade.
- Estrada Histórica: Estrada usada pelos antigos moradores do entorno do
parque. Consiste numa trilha que corta a UC de ponta a ponta (relação nortesul). Era utilizada como via de acesso dos moradores, que residiam onde hoje
é o parque, para atividades de agricultura, extrativismo e para se chegar aos
engenhos de farinhas mantidos pela antiga comunidade.
- Rio Acaraí: Segundo ponto de visão do rio também associado à Floresta
Ombrófila Densa de Terras Baixas margeando o leito do rio com vestígios de
ocupação de atividades de camping na área.
- Vegetação de Restinga: Vegetação de característica edáfica, com
microclimas distintos ao longo do percurso da trilha que estão ligados
intrinsicamente com a morfologia do solo, seguindo os padrões de restinga
arbórea e arbustiva no final da trilha, ponto alto do percurso para se trabalhar
alguns temas técnicos desse ambiente.
- Dinâmica geológica de Dunas: Formação geológica do período quaternário
com características de dunas migratórias que participam do controle do
processo erosivo de ambientes costeiros, com granulometria alta, e com
elevação, em relação ao nível do mar de 15 metros.
4. Discussão
Conforme Vasconcellos (1998), trilha é uma palavra derivada do latim
“tribulum” significando caminho, rumo, direção. De acordo com a autora, ao
longo dos anos, a humanidade vem abrindo e utilizando estes caminhos para
atender suas necessidades, principalmente de deslocamento. Mas, atualmente,
as trilhas vêm sendo utilizadas mais como um meio de maior contato com a
natureza, uma convivência e um bem-estar maior. De acordo com
Vasconcellos & Ota (2000) uma trilha é um caminho através do espaço
geográfico, histórico e cultural. A trilha é considerada interpretativa, quando
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seus recursos são traduzidos para os visitantes, com base em temas prédefinidos através de guias especializados, folhetos ou painéis. Em termos
práticos, as trilhas interpretativas têm o propósito de estimular os grupos de
atores a um novo campo de percepções, com o objetivo de levá-los a observar,
questionar, experimentar, sentir e descobrir os vários sentidos e significados
relacionados ao tema selecionado (VASCONCELLOS & OTA, 2000).
As trilhas que existem com um caráter educativo, possuem normalmente curta
extensão e, segundo Ghillaumon (1977), podem ser definidos como sendo um
percurso em um sítio natural que consegue promover um contato mais estreito
entre o ser humano e a natureza. Consiste num instrumento pedagógico
importante que possibilita o conhecimento da fauna, flora, geologia, história,
geografia, dos processos biológicos, das relações ecológicas, do meio
ambiente e sua proteção, bem como o desenvolvimento de atitudes e valores
nos indivíduos. Desta forma, entende-se que as trilhas interpretativas não
existem somente para a comunicação de fatos, datas e conceitos, mas também
para compartilhar experiências que levem os visitantes, sejam alunos,
professores ou turistas a apreciar, a entender, a sensibilizar, a cooperar na
conservação de um recurso natural e também a educar.
Sabendo disso, as três trilhas levantadas no projeto serão sinalizadas com
placas informativas e diretivas de apoio à visitação pública. Estas placas
conterão informações como distância, tempo de percurso, normas a serem
seguidas no percurso, infográficos das trilhas e características.
4. Conclusões
Espera-se que a instalação das placas de sinalização de apoio à visitação
pública possa diminuir os impactos ambientais negativos nos ecossistemas da
UC, e que estes equipamentos auxiliem no ordenamento da visitação pública
das trilhas mapeadas.
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Pretende-se ainda realizar um curso de condutores ambientais locais, para que
sejam formados na comunidade condutores aptos a transmitir aos visitantes
informações pertinentes sobre o Parque Estadual Acaraí, e auxiliar na
interpretação dos ecossistemas visitados.
Trabalhos que envolvem educação ambiental possuem suma importância na
construção de uma sociedade preocupada com o meio em que vive. A
associação dos conteúdos teóricos com explanações dinâmicas e práticas
realizadas em campo auxilia o entendimento das pessoas do porque da
valorização e importância dos ecossistemas naturais e seu equilíbrio. Assim,
estas trilhas poderão promover a construção do civismo em cidadãos que
passarão a valorizar o meio em que vivem, e também, possibilitar o trabalho
para a preservação e a recuperação de ecossistemas que estejam em
processo de degradação.
6. Referências bibliográficas
711
BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio e Turismo; Ministério do Meio
Ambiente, dos Recursos Hídrico da Amazônia Legal. Diretrizes para uma
Política Nacional de Ecoturismo. MICT/MMA, Brasília/DF: 1995.
FERREIRA, C. P. Percepção Ambiental na Estação Ecológica de Juréia-Itatins.
Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) - Universidade de São
Paulo, São Paulo/SP, 2005.
GUILLAUNON, J. R. et al. Análise das trilhas de interpretação. São Paulo,
Instituto Florestal, 57 p. (Boletim Técnico. 25). 1977.
SILVEIRA, M A. T. da. Ecoturismo, políticas públicas e a estratégia
paranaense. In: RODRIGUES, A. B. Ecoturismo. Limites do eco e da
ética. São Paulo, Ed. Contexto, 2003.
TORRES, D. F.; DE OLIVEIRA, E. S. Percepção ambiental: instrumento para
educação ambiental em Unidades de Conservação. Rev. Eletrônica
Mestrado em Educação Ambiental. V. 21. jul-dez. 2008.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
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TOLEDO, R. F.; PELICIONI, M. C. F. Educação Ambiental em Unidades de
Conservação. In: PHILLIPPI Jr, A.; PELICIONI, M. C. F. Educação
ambiental e sustentabilidade. Barueri: Malone. p. 749-769, 2005.
VASCONCELLOS, J. M. O. Avaliação da visitação pública e da eficiência de
diferentes tipos de trilhas interpretativas no Parque Estadual Pico do
Marumbi e Reserva Natural Salto Morato – PR. Curitiba. 141fls. Tese
(Doutorado em Ciências Florestais). Pós-Graduação em Engenharia
Florestal, Universidade Federal do Paraná.1998.
VASCONCELLOS, J. M. O.; OTA, S. Atividades ecológicas e planejamento de
trilhas interpretativas. Maringá: Departamento de Agronomia, UEM,
2000.
Agradecimentos
À Caixa Econômica Federal e Governo Federal pelo financiamento da
pesquisa; à FATMA (Fundação Estadual do Meio Ambiente de Santa Catarina)
e equipe gestora do Parque Estadual Acaraí, pela colaboração no
desenvolvimento e execução das atividades.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
PLANO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS NOS PARQUES ESTADUAIS
DE SÃO PAULO
Daniela Midori Kaneshiro1
Érika Sayuri Koga2
Kátia Pisciotta3
Resumo
Palavras-chave: Ecoturismo; Parques Estaduais; Gerenciamento de trilhas; Segurança; Plano
de Contingências.
O Governo de São Paulo por meio da Secretaria de Meio Ambiente, com
investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) implantou o
Projeto de Ecoturismo com o propósito de organizar as Unidades de
Conservação como produtos turísticos para atrair, reter e satisfazer um
mercado diversificado de visitantes. O consequente aumento da visitação
acarreta também em possíveis riscos e ocorrência de acidentes. Para
minimizar os problemas relacionados à segurança, o Projeto de Ecoturismo
elaborou Plano de Gerenciamento de Riscos e Plano de Contingência para os
Parques Estaduais Intervales, Carlos Botelho, Caverna do Diabo, Ilha do
Cardoso, PETAR e Ilhabela. Este artigo tem o objetivo de analisar os planos
efetuados, avaliando os desafios e as dificuldades para implantação, diante da
realidade das UC paulistas. Na etapa diagnóstica, foram identificados os
atrativos dos seis parques, quantidade de perigos e riscos para os visitantes
em cada uma das trilhas, equipamentos necessários para mitigação destes e
demanda por cursos de segurança para qualificação das pessoas que atuam
na unidade. O Plano de Gerenciamento de Riscos e o Plano de Contingências
foram parcialmente implantados com recursos do Projeto de Ecoturismo. Além
disso, o estudo foi um projeto piloto que pode ser replicado para outras UC que
tenham visitação, visando o manejo seguro das trilhas. Ainda há muita
pesquisa a ser feita para melhorar a implantação de trilhas com segurança,
assim como devem ser realizadas discussões com guias, monitores locais e
trilheiros experientes, formação de equipes de resgate e melhoria na
1
midorikaneshiro@yahoo.com.brMestranda em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela UFSCAR,
Engenheira Ambiental pela UNIFEI-MG, Engenheira de Segurança do Trabalho pela Faculdade Oswaldo
Cruz e trabalha na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
2
kogadinapoli@gmail.com Mestre em Hospitalidade pela UAM-SP e Bacharel em Turismo pela USP,
trabalha na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
3
katiapisciotta@gmail.comMestre em Ciência Ambiental pelo Procam/USP e Zootecnista pela
FMVZ/USP, trabalha na Fundação Florestal do Estado de São Paulo
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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comunicação dentro dos parques. Por último, ressalta-se que a gestão e o
monitoramento dos riscos são constantes e cíclicos, precisando ser revisado
periodicamente. Deste modo, espera-se que os parques consigam gerir trilhas
e atrativos com segurança para os usuários e também para os funcionários,
tendo documentos que norteiem intervenções, capacitações, aquisições e
sinalizações.
Resumen
Palabras-clave: Ecoturismo; Parques Estatales; Gestión de senderos; Seguridad; Plan de
Contingencia
El Gobierno del Estado de São Paulo, a través de la Secretaria Estadual de
Medio Ambiente , con inversión del Banco Interamericano de Desarrollo (BID)
implantó el Proyecto de Ecoturismo con el propósito de organizar Unidade de
Conservación como productos turísticos para atraer, retener y satisfacer a un
mercado diverso visitantes. El consiguiente aumento de las visitas también
lleva riesgos y accidentes potenciales. Para minimizar los problemas de
seguridad, el Proyecto de Ecoturismo desarolló el Plan de Gestión de Riesgos
y el Plan de Contingencia para Parques Estatales Intervales, Carlos Botelho,
Caverna do Diabo, Ilha do Cardoso, PETAR y Ilhabela. Este artículo tiene como
objetivo analizar los planes elaborados por la evaluación de los desafíos y las
dificultades de ejecución, ante la realidad de UC paulistas . En la etapa de
diagnóstico, se identificaron los atractivos de seis parques, la cantidad de
peligros y riesgos a los visitantes en cada sendero, el equipo necesario para
mitigarlos y la demanda de cursos de seguridad para calificación de las
personas que trabajan en la unidad. El Plan de Gestión de Riesgos y el Plan de
Contingencia se llevaron a cabo en parte con fondos del Proyecto de
Ecoturismo. Además, el estudio fue un proyecto piloto que puede ser replicado
en otras UCs que tienen visitación, en busca de la gestión segura de las rutas.
Todavía hay mucha investigación por hacer para mejorar la implementación de
los senderos de forma segura, asi como se requiere debates con guías,
monitores excursionistas locales y con experiencia, con los equipos de rescate
de formación y mejora de la comunicación dentro de los parques. Por último, la
gestión de los riesgos son constantes y cíclicos y necesitan ser revisadas
periódicamente. Por lo tanto, se espera que los parques puedan gestionar
senderos y atractivos con seguridad para los usuarios y también para
empleados basados en documentos que oriente las intervenciones, formación,
contratación de equipos y placas.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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1. Introdução
Os visitantes buscam atrativos, experiências e desafios em Unidades de
Conservação (UC) e essas atividades são variadas, tais como: montanhismo,
cachoeiras, animais selvagens, cavernas, culturas, canyons/vales, deserto e
observação de aves. Junto a essas atividades, há riscos e perigos. (Gualtieri et
al, 2008). O risco existe e é intrínseco a qualquer tipo de atividade, seja ela,
educacional, profissional, de lazer ou de aventura, sendo necessário minimizálo ou eliminá-lo quando houver a presença humana. A segurança das pessoas
envolvidas, se tratada de forma sistêmica, gera um controle das atividades, que
passam a ser praticadas com responsabilidade. Apesar das iniciativas de
sistematização e gestão dos riscos não serem suficientes para garantir a
segurança total das atividades, passa a atender os requisitos legais da
organização. Nesse sentido, o Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na
região da Mata Atlântica no Estado de São Paulo executado pela Secretaria de
Estado do Meio Ambiente no período de 2006 a 2013, por meio de contrato
firmado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID teve o objetivo
de consolidar a vocação do turismo sustentável em sua área de influência
como estratégia de conservação da natureza e apoio ao desenvolvimento
socioeconômico da região. Para tanto, foram desenvolvidas ações para
organizar e consolidar as UC como produtos turísticos com capacidade de
atrair e satisfazer um mercado diverso de visitantes.
A área de abrangência do Projeto foram seis Parques Estaduais localizados
nas regiões do Vale do Ribeira, Alto Paranapanema e Litoral Norte de São
Paulo. São eles: “Carlos Botelho”, Intervales, Caverna do Diabo, Turístico Alto
Ribeira (PETAR), Ilha do Cardoso e Ilhabela que englobam regiões contínuas
de Mata Atlântica - um dos ecossistemas mais rico e ameaçado do mundo reconhecida pela UNESCO como Reserva da Biosfera e Sítio do Patrimônio
Natural da Humanidade. As atividades planejadas pelo Projeto foram divididas
em três componentes principais: (i) Estruturação dos parques para a visitação
pública, com a implantação de novos serviços e estruturas, além da
reorganização administrativa para maior eficiência, controle e incremento da
satisfação dos visitantes; (ii) Organização e consolidação do produto turístico
na área de influência direta do Projeto, envolvendo comunidades, pequenos
empresários e prefeituras, procurando incrementar novos negócios e promover
a estruturação da cadeia produtiva do turismo, gerando renda e emprego na
região; e, (iii) Fortalecimento da gestão pública, incluindo uma nova política de
ecoturismo para os parques, regras de visitação e controle, plano de
capacitação de pessoal, monitoramento, entre outros.
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Dentro das atividades do componente (i) voltado para o fomento do uso público
dentro das UC abrangidas pelo Projeto foram construídas novas estruturas de
apoio à visitação, tais como alojamentos, pousadas, restaurantes, Centros de
Visitantes, trilhas, mirantes, pontes entre outras edificações. Com a melhoria da
oferta física dos parques vislumbra-se um aumento da visitação e maior
frequência de pessoas com diversos perfis que buscam atividades diferentes
dentro dos espaços naturais. Diante desse quadro, foi contratada consultoria
pelo Projeto de Ecoturismo para elaboração de Planos de Gerenciamento de
Riscos e de Planos de Contingências para os seis Parques Estaduais.
O Plano de Contingência tem o objetivo de descrever as medidas
internas a serem tomadas pelos membros da equipe de busca e
salvamento, monitores, operadores de turismo e pessoal envolvido
em situações de emergência, estabelecendo e definindo a
manutenção de planos e procedimentos para atender a acidentes e
incidentes, de modo a reduzir as possíveis consequências a eles
associadas. E, o Plano de Gerenciamento de Riscos é o processo
sistemático e continuo para a prevenção ou redução de ocorrências
que envolvam danos e prejuízos aos envolvidos. Implica em
identificação e análise dos riscos e o desenvolvimento de medidas
preventivas. Manual de criação e organização de grupos voluntários
de busca e salvamento (SÃO PAULO, 2010, p. 10)
O serviço constituiu-se em sete etapas, a saber: (i) Organização e
Planejamento dos serviços; (ii) Levantamentos e Diagnósticos; (iii) Planos de
Gerenciamento de Riscos e Planos de Contingências por Parque Estadual e
por núcleo de visitação; (iv) Recomendações e informações complementares
para criação de espaços, sugestões de sinalizações, treinamentos específicos
etc; (v) Recomendações para aquisição de equipamentos e material para
atendimento de contingências; (vi) Manual de elaboração de Planos de
Gerenciamento de Riscos e Planos de Contingências; (vii) Apresentação dos
planos e treinamentos. Os estudos foram concluídos em outubro de 2010 e
algumas ações foram implantadas até a conclusão do Projeto de Ecoturismo
em fevereiro de 2013. Assim, o atual artigo tem o objetivo de analisar os planos
efetuados, avaliando os desafios e as dificuldades para implantação, diante da
realidade das UC paulistas.
2. Metodologia
2.1 O Ciclo PDCA e a Norma ABNT 15.331/2005
Para a realização deste trabalho foi realizada pesquisa bibliográfica e
documental focados nos estudos de Plano de Gerenciamento de Riscos e
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Contingências e dos contratos do Projeto em atendimento ao estudo. Todo o
estudo foi baseado na Norma Técnica Brasileira para atender requisitos do
sistema de gestão da segurança no turismo de aventura – NBR ABNT
15.331/2005, que engloba como referência o ciclo PDCA (Plan – Do – Check –
Act) com quatro etapas para o controle e melhoria contínua de processos
(ABNT, 2005):
Figura 5 – Ciclo do PDCA (São Paulo, 2010)
Plan (Planejar): estabelece os objetivos e processos necessários para fornecer
os resultados de acordo com a política de segurança da organização;
Do (Implementar): implementar os processos;
Check (Verificar): monitorar e medir o resultado dos processos em relação à
política, aos objetivos e metas e reportar os resultados;
Act (Agir): tomar ações para melhorar continuamente a performance do
sistema de gestão.
Esses recursos são justificados para privilegiar uma abordagem preventiva do
sistema, assegurando a classificação dos riscos e a identificação dos que
devem ser eliminados ou controlados, além de já existir boas práticas
oferecidas e empregadas.
Seguindo os conceitos determinados pela norma ABNT 15.331/2005 e que são
considerados neste artigo, seguem definições:
Acidente: evento não planejado que resulta em morte, doença, lesão,
dano ou outra perda.
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Perigo: fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos
de lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente do local
de trabalho, ou uma combinação destes.
Risco: combinação da probabilidade da ocorrência de determinado
evento e da(s) sua(s) consequência(s).
Segurança: isenção de riscos inaceitáveis de danos.
2.2 Gerenciando riscos nas atividades de ecoturismo
Interesse em visitar áreas naturais, experimentar a autêntica vida local e
observar a vida selvagem continua a crescer, trazendo oportunidades, mas
também pressões e a necessidade crescente de gestão de melhores práticas.
De acordo com a Declaração do Ecoturismo de Oslo (TIES, 2007), o número
de desembarques mundiais aumentou 23% desde 2002 e a tendência é dobrar
até 2020. As comunidades tradicionais e as áreas protegidas continuam
recebendo pressão pelas atividades desordenadas de turismo e pela falta de
planejamento e organização dos destinos turísticos, principalmente de áreas
remotas e ambientalmente frágeis. Focado nessa preocupação, as UC devem
incorrer ao desenvolvimento de gestão profissionalizada na área do uso
público, objetivando fazer o manejo de suas áreas naturais, combinada com
atividades de visitação pública, com planejamento e acompanhamento dos
impactos, identificando causas e gerando ações mitigatórias que venham a
corrigir os efeitos negativos. E nesse aspecto, deve-se incorporar o
gerenciamento dos riscos e tomada de medidas contingenciais para os casos
reais.
Dentro dessa preocupação, as UC devem incorporar nos seus Planos de
Manejo as atividades de uso público e suas diretrizes. O Plano de Manejo é o
“projeto dinâmico que, utilizando técnicas de planejamento ecológico,
determine o zoneamento de um Parque Estadual, caracterizando cada uma
das suas zonas e propondo seu desenvolvimento físico, de acordo com suas
finalidades” (SÃO PAULO, 1986).
Dentro do Plano de Manejo foram ordenadas diretrizes para diversos setores
que compõem a gestão do Parque Estadual. Os chamados Programas de
Manejo incluem um específico para Visitação ou Uso Público,
Onde deverão compatibilizar a visitação às condições da UC
(categoria de manejo, zoneamento, recursos humanos, infraestrutura
e características dos atrativos), subsidiando a necessidade de
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reformas e construções de edificações, aquisição de equipamentos,
contratação de serviços, entre outros (PLANO DE MANEJO PEIC,
1998, p.93).
Atividades na natureza despertam o interesse cada vez maior de adeptos a
aventura, da aproximação com ambientes remotos ou simplesmente para
contemplação. Sem dúvida alguma, os visitantes de áreas naturais estão
sujeitos à ocorrência de acidentes, vinculados ao ambiente (raios, avalanches)
ou às condutas do próprio visitante (perda de atenção, falta de preparo físico).
A partir de exemplos retirados do quadro de acidentes da Associação Férias
Vivas – instituição sem fins lucrativos – que dá assistência jurídica a pessoas
que sofreram acidentes em atividades turísticas, demonstram que os acidentes
são ocasionados geralmente pela falta de equipamentos adequados de
segurança e guias capacitados, falta de sinalização dos espaços internos,
ausência de equipe preparada para situações emergenciais e de informações
sobre as características dos locais visitados (SILVA e LAMAS, 2011). Implantar
um sistema de gestão da segurança e plano de contingência dentro de
Parques Estaduais implica de um lado a responsabilidade do gestor público em
relação às atividades praticadas dentro da UC e de outro, a busca de
sensações intensas por parte dos visitantes, como comenta López-Richard at
al, 2007:
719
O risco e a motivação, neste tipo de experiência, estão também
estreitamente ligados. Considera-se que o risco funciona como
estímulo e fonte de emoções prazerosas para os indivíduos
envolvidos ou atraídos pelas atividades de aventura. (LÓPEZRICHARD, ALAMINO e SIMÕES, 2007).
De acordo com os autores, o risco nas atividades de aventura não é limitador
para as práticas, “devendo existir um equilíbrio entre risco e segurança, para
que a atividade não se torne irracionalmente perigosa ou segura demais”,
desmotivando alguns perfis de praticantes.
2.3 Plano de Gerenciamento de Riscos e de Contingências
Durante o planejamento do Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na Mata
Atlântica, diversas diretrizes foram definidas. O objetivo era transformar os
parques em pontos turísticos e apoiar o ecoturismo como ferramenta para o
desenvolvimento sustentável, através de questões-chaves como melhoria da
gama, qualidade e padrões dos produtos, desenvolvendo capacitações e
promovendo a conscientização turística e educação ambiental, além de
otimizar os potenciais turísticos para beneficiar comunidades, formar parcerias
e criar perspectivas de longa duração sobre sustentabilidade (São Paulo,
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
2005). Este último tema envolve a segurança nos parques para os visitantes,
em especial, de acordo com as características peculiares de cada UC, que tem
como atividades observação de aves, turismo familiar, esportes e turismo de
aventura, cavernas interpretativas e cachoeiras, pesquisa científica, lazer e
pesca, praia e meio ambiente natural. Uma das metas do Projeto Ecoturismo
envolve o aumento do número de visitantes nos parques, inclusive em áreas
remotas, mas destinadas para uso público (São Paulo, 2005). A evolução do
número de visitantes ano a ano encontra-se detalhada na tabela a seguir:
Tabela 1 - Número de visitantes nos Parques Estaduais abrangidos pelo
Projeto de Ecoturismo
2007
2008
2009
2010
2011
2012
14.175
16.384
16.288
32.966
35.128
13.327
Caverna do Diabo 27.545
9.198
24.453
26.162
26.871
27.143
Ilha do Cardoso
40.480
64.756
23.242
34.280
27.000
20.378
Ilhabela
22.280
14.756
35.535
39.106
54.606
83.972
Intervales
9.756
7.098
7.175
16.083
15.778
16.718
PETAR
25.794
25.155
21.689
34.980
36.856
20.378
TOTAL
142.037 139.355 128.382 183.577 196.239 198.839
“Carlos Botelho”
Fonte: Dados Fundação Florestal (2012)
Esse acréscimo aumenta a possibilidade de ocorrer acidentes, seja por riscos
do ambiente como humanos. Portanto, há a necessidade de conhecer melhor
as adversidades existentes nas trilhas para iniciar um plano de contingências
em caso de emergência. Para uma boa gestão do uso público nas UC, é
necessário conhecer, avaliar a estabelecer o conjunto de medidas necessárias
para evitar danos, reduzir os riscos e orientar os visitantes quanto aos riscos
inerentes aos ambientes naturais e às atividades a realizar. A partir dessas
características e visando a geração de oportunidades para as comunidades do
entorno das UC, o Projeto contratou a Elaboração de Plano de Gerenciamento
de Riscos e de Contingências4 para o sistema de Trilhas nas UC abrangidas
pelo Projeto. E por se tratar de um projeto piloto, englobava também a
elaboração do Manual para a elaboração dos planos, de forma a replicar essa
4
A empresa vencedora da licitação foi a Módulo Soluções para GRC – Governança, Riscos e Compliance.
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importante atividade em outras áreas públicas abertas à visitação. O serviço foi
realizado em sete fases:
1. Organização e planejamento do projeto – para segurança do trabalho, o
escopo foi detalhado e organizado através de reuniões.
2. Levantamento e Diagnósticos – Inventário dos riscos e perigos com
tabulação e análise dos dados.
3. Elaboração dos Planos de Gerenciamento de Riscos e de Contingências
– detalhamento com a identificação dos riscos, bem como a qualificação
e controle dos mesmos para monitoramento e recomendações para
mitigação ou eliminação dos riscos, além de fornecer procedimentos
para caso de acidentes, reunindo informações e orientações necessárias
e básicas para ocorrências
4. Relatório com Recomendações e Informações Complementares –
propostas de implantação dos planos de gerenciamento de riscos e de
contingências
5. Relatório de Aquisição de Equipamentos e Material para Contingências
– Lista de materiais e quantidades de equipamentos necessários para a
execução dos planos
6. Manual de Elaboração dos Planos de Gerenciamento de Riscos e
Contingências –ferramenta com detalhamento das atividades e materiais
para nortear um estudo padronizado para elaboração do Plano para
outras UC não abrangidas pelo Projeto
7. Apresentação dos Planos de Gestão de Riscos e Treinamento para
contingências – apresentação dos produtos acima relacionados para o
Conselho Consultivo de cada UC e interessados no assunto (São Paulo,
2010a)
As trilhas e atrativos dos seis parques do Projeto foram identificados,
localizados e resultaram em um mapa contendo as seguintes informações:
localização, nome e extensão da trilha, orientação cartográfica, hidrografia,
curvas de nível, legenda, DATUM e escala utilizada (São Paulo, 2009). Os
materiais utilizados para a elaboração foram: trena, GPS, computador, rádio,
máquina fotográfica, e, se possível, todos embutidos no GPS (São Paulo,
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2010). A partir daí caracterizou-se a trilha com o grau de dificuldade, duração
da atividade e os tempos necessários para o deslocamento de uma equipe de
resgate. No mapeamento foram indicadas rotas de fuga para melhor
atendimento à emergência.
3. Resultados
Os resultados geraram conhecimento sobre riscos e segurança, identificou
fatores de riscos em trilhas e cavernas. O estudo permite nortear os gestores
dos parques quanto às prioridades na gestão de segurança no local. E com o
aumento do controle de riscos e de perigos, poderá atuar com mais segurança
e transpassar mais conhecimento do local para os visitantes.Um levantamento
muito importante realizado no estudo foi o das capacidades e tipos de
atendimentos de emergências em cada uma das cidades no entorno dos
parques, tais como: hospitais, pronto-socorro, clínicas, corpo de bombeiros,
polícia militar e defesa civil e equipamentos disponíveis, além de elencar outros
meios de comunicação realizada em cada região.
Para a efetividade do Plano de gerenciamento de Riscos, foi identificada a
necessidade de formação de parcerias com outros órgãos relacionados à
segurança e bem-estar da sociedade, tais como hospitais, polícia, corpo de
bombeiros, a fim de unificar forças para o salvamento em caso de acidentes
(São Paulo, 2010).
Uma deficiência encontrada ao longo do estudo é que as gestões atuais dos
Parques não fazem registros dos acidentes e incidentes para mapear os riscos,
a fim de permitir a identificação e análise dos dados. O histórico de acidentes
mostraria a frequência e o local dos acontecimentos, o que favorece ou justifica
uma intervenção a ser realizada para diminuir as ocorrências. Um mapeamento
interno da gestão também foi realizado, de forma a analisar os equipamentos
existentes, as condições em que se encontram, o que falta e, em relação à
mão-de-obra, qual o nível de capacitação existente em cada parque e quais os
cursos necessários para atingir um patamar de segurança aos visitantes e aos
próprios funcionários.
Os riscos nos parques podem ser pontuais, ou seja, em locais específicos nas
trilhas ou podem ser geral, podendo ser encontrados em qualquer ponto da
trilha. Abaixo segue a Tabela 2 com os perigos e riscos encontrados ao longo
das trilhas estudadas e foram listadas como referência para facilitar a aplicação
em todos os parques que necessitam realizar a melhoria contínua ou estão
iniciando o estudo do mesmo:
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Tabela 2 – Lista com perigos e riscos que podem ocorrer em uma Unidade de
Conservação
Acidente com animal doméstico
Contato com atividade ilegal
Acidente com animal peçonhento
Contato com elemento cortante
Desistência da atividade por motivo
Acidente com animal selvagem
psicológico
Acidente com monitor/condutor
Desorientação - se perder
Doenças infecciosas, endêmicas ou
Afogamento
não
Arrasto por curso d’água
Exposição prolongada ao frio
Assalto
Exposição prolongada ao sol
Assédio
Falta de equipamento de segurança
Ataque de insetos
Fobia
Inaptidão do turista (capacidade
Atropelamento por veículo
física, faixa etária...)
Aumento repentino do volume da água Indisposição do turista
Isolamento
por
circunstâncias
Caminhar sem calçado
naturais
Longa
caminhada
sem
Choque com madeira
condicionamento físico
Perda de equipamento e outros
Choque com rocha
suprimentos
Colisão
Pisar em buraco pequeno
Contaminação
Quedas
Pisar em pedras cortantes e/ou
escorregadias
Fonte: São Paulo, 2010.
Quanto à análise de riscos, foram adotados critérios para definir a
probabilidade de ocorrência do acidente:
Tabela 3 – Critérios de probabilidade de consequência de acidente
Exemplo de descrição de Exemplo de descrição de
Nível
Descrição medidas
qualitativas
de medidas
qualitativas
de
probabilidade
consequência
Poderá ocorrer somente em
circunstâncias excepcionais.
Sem lesões.
1
Muito baixa
Muito
improvável,
quase Pequena perda financeira.
impossível.
Tratamento com primeiros
Poderá ocorrer alguma vez.
2
Baixa
socorros.
Pouco provável, mas possível.
Média perda financeira.
3
Média
Deverá ocorrer alguma vez.
Tratamento
médico
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Média possibilidade.
necessário.
Grande perda financeira.
Provavelmente ocorrerá na
Graves lesões.
maioria das vezes.
Grande perda financeira.
Muito provável – quase certo.
Morte.
Espera-se que ocorra na
Interrupção
da
atividade.
5
Muito alta
maioria das vezes.
Enorme
perda
financeira.
Certo que irá acontecer.
Catastrófica.
Fonte: São Paulo, 2010
4
Alta
Com isso, é realizada a identificação do nível do risco, que pode ser aceitável
(verde), moderado (Amarelo) ou crítico (vermelho).
Tabela 4 – Identificação de níveis de risco por cores.
724
Fonte: São Paulo, 2010
Foram identificados os riscos e perigos das seis UC, além das probabilidades e
dos possíveis danos que podem ocorrer, sejam danos materiais, desconforto
psicológico, lesão ou morte. O conjunto dos dados coletados geraram
informações suficientes para analisar, planejar e implantar ações para diminuir
o risco de acidentes.Parte dos tratamentos foi realizada, tais como capacitação
de primeiros socorros a monitores, capacitação das normas de turismo de
aventura para gestores de parques, implantação de sinalização com
orientações e cuidados, intervenções em trilhas e atrativos para evitar ou
minimizar acidentes e compra de materiais de contingências para os parques.
De todo o material apresentado, é importante ressaltar que, para o uso público
em UC que envolve turismo de aventura e trilhas, a gestão do parque deve
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exigir dos visitantes o preenchimento de Termo de Conhecimento de Riscos
como procedimento operacional de visitação. Este mecanismo serve tanto para
assegurar a gestão do parque, quanto para conscientizar os turistas dos riscos
e perigos que são conhecidos no meio em que ensejam. Os parques não
contam com estruturas completas, nem equipes para o atendimento às
emergências e os recursos materiais são limitados. Quando há equipamentos e
materiais de primeiros socorros, não há pessoal capacitado para utilizar de
forma correta. Portanto, o treinamento realizado durante o investimento do
Projeto foi essencial para dar noções de segurança a todos os envolvidos,
porém, ainda insuficiente para garantir a segurança como os já existentes em
parques no exterior, como nos EUA, Nova Zelândia e Costa Rica, por exemplo.
Há também protocolos de atendimento que a administração dos parques
precisa incorporar à rotina dos funcionários a fim de diminuir o tempo de
resposta para emergências. Isso é melhorado através da articulação com
outras instâncias do poder público e privado.
Outra ação importante efetuado com recursos do Projeto de Ecoturismo foi a
implantação de sinalizações de segurança e de orientações aos visitantes. As
placas foram instaladas em todos os núcleos de visitação dos Parques
envolvidos, nos idiomas português e inglês. Embora o parque forneça
informações de prevenção para uma atividade turística segura, a garantia do
lazer depende também do visitante, que, como protagonista, a
responsabilidade deve ser compartilhada, tendo sua viagem planejada para
minimizar os riscos.
4. Considerações Finais
A atuação de grupos voluntários ou o estímulo para a criação destes deve ser
considerada e prevista como importante complemento nos serviços públicos,
bem como a formação de parcerias com os diversos interessados como as
comunidades do entorno, prestadores de serviços e outros voluntários que
atuam nas Unidades de Conservação. Embora em meio a muitas dificuldades
de material, mão-de-obra e burocracias, espera-se que os parques consigam
aproveitar os estudos de Gerenciamento de Riscos e de Contingências para
melhorar as estruturas das Unidades de Conservação.
Ainda há muito que fazer e estudar sobre os riscos nos parques, especialmente
por ser uma área vulnerável a intempéries ambientais constantemente,
modificando a geografia da região, ressaltando a importância de um
monitoramento cíclico dos planos. O planejamento das atividades nos parques
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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projetados pelo próprio turista, tendo as informações necessárias à sua
disposição, minimizam os riscos durante a viagem.
5. Bibliografia
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMA TÉCNICA- ABNT/ NBR 15.331:2005.
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ABNT: Rio de Janeiro, RJ, 20052ª. edição
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SANTANA, W. A.; FIGUEIREDO, M.A. Atividade Erosiva em Trilhas de
Unidades de Conservação: Estudo de Caso no Parque Nacional da
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2008)
Disponível
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http://revistas.unibh.br/index.php/dcbas/issue/view/11 .Acesso em 17 de
setembro de 2013.
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SÃO PAULO. Decreto estadual nº 25.341, de 04 de junho de 1986. Aprova o
Regulamento dos Parques Estaduais Paulistas.
___________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Plano de Manejo do
Parque Estadual da Ilha do Cardoso. 1998.
___________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Projeto de
Desenvolvimento do Ecoturismo na Região da Mata Atlântica (Informe
Ambiental). 2005.
___________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Estudo de Trilhas e
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___________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Manual de Elaboração
do Plano de Gerenciamento de Riscos (relatório). 2010. Cópia digital.
___________ (Secretaria de Estado do Meio Ambiente). Plano de Trabalho
(relatório). 2010a. Cópia digital.
SILVA, L.S.; LAMAS, S.A. Segurança e prevenção de acidentes de atividades
ecoturísticas em Unidades de Conservação. Anais do VIII Congresso
Nacional de Ecoturismo e do IV Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo
em Unidades de Conservação. Revista Brasileira de Ecoturismo, São
Paulo, v.4, n.4, 2011, p. 506.
THE INTERNATIONAL ECOTOURISM SOCIETY. Oslo Statement on
Ecotourism (2007). Disponível em: <https://www.ecotourism.org/oslostatement-on-ecotourism>. Acesso em 06 de setembro de 2013.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
BIOINDICADORES DE IMPACTOS EM TRILHAS EM UMA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL (PARNA TIJUCA), NO
DOMÍNIO DA MATA ATLÂNTICA.
Erika Sedlacek de Almeida5
André Scarambone Zaú6
Aline Silva Machado7
Gláucia Maria Alves de Oliveira8
Vinícius Gomes da Costa9
Apoio Financeiro: FAPERJ, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UNIRIO / CNPq.
Resumo
Palavras chave: Efeitos de borda; ecoturismo; vegetação arbóreo-arbustiva.
Impactos ambientais de atividades associadas ao ecoturismo apresentam
significativas lacunas de conhecimento. Ampliar esse arcabouço é essencial
para subsidiar planos de manejo, especialmente no contexto de unidades de
conservação. O objetivo deste trabalho é avaliar efeitos de borda sobre a
vegetação arbóreo-arbustiva em trilhas de uma unidade de conservação de
proteção integral. A área de estudo é o Parque Nacional da Tijuca, localizado
na cidade do Rio de Janeiro. Foram estabelecidas dez parcelas, de 25 m², para
amostragem do componente arbóreo-arbustivo, cinco nas bordas das trilhas
(BT) e cinco a 40 m de trilhas (IF - interior da floresta). Em cada parcela foi
medido o diâmetro a 1,3 m do solo (DAP) como critério de inclusão de
indivíduos, sendo amostrados os de DAP ≥ 1 cm e ≤ 5 cm. Foram comparadas
as variáveis altura, área basal e densidade de indivíduos entre si e com
estudos anteriores no mesmo local em bordas de estradas acima de encosta
(BCE) e bordas de estradas abaixo de encosta (BBE). Diferenças significativas
foram encontradas apenas na comparação de BT com BBE, onde a segunda
apresentou menor densidade de indivíduos. Os resultados preliminares
5
kikaway@hotmail.com, Bacharelando em Ciências Ambientais; Bolsista PIBIC/CNPq;
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro;
6
andrezau@unirio.br; Biólogo Doutor; Professor na Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro;
7
machado.alinesm@gmail.com; Bióloga Mestre; bolsista Bio-Rio; Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro;
8
glauciadeoliveira@gmail.com; Bióloga Mestre; bolsista Bio-Rio; Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro;
9
vinigdc@hotmail.com; Biólogo; bolsista Bio-Rio; Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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sugerem que as trilhas do setor “A” do PARNA Tijuca não apresentam
impactos significativos na estrutura física do sub-bosque.
Resumen
Palabras-clave: Efectos de borde; ecoturismo; vegetación arbóreo-arbustiva.
Los impactos ambientales ocasionados por actividades relacionadas al
ecoturismo presentan lagunas de conocimiento importantes. Ampliar este
marco es esencial para apoyar los planes de gestión, especialmente en el
contexto de la conservación. El objetivo de este estudio es evaluar los efectos
del borde sobre la vegetación de árboles y arbustos en los senderos de un área
de conservación protegida. El área de estudio se encuentra en el Parque
Nacional de Tijuca, en la ciudad de Rio de Janeiro. Se establecieron diez
cuotas anuales de 25 m², para tomar muestras de los bordes arbóreoarbustivos de cinco senderos (BT) y de cinco a 40 metros de senderos (IF - el
bosque). En cada parcela se midió el diámetro a 1,3 m del suelo (DAP) como
un criterio para la inclusión de individuos mostrados a partir de los DAP ≥ 1 cm
y ≤ 5 cm. Fueron comparadas las variables de altura, área basal y densidad de
los individuos entre sí y con estudios previos en la misma ubicación de los
bordes de estradas arriba de laderas (BCE) y bordes abajo de laderas (BBE).
Sólo se encontraron diferencias significativas en comparación con BT y BBE,
en el que el segundo tuvo una menor densidad de individuos. Los resultados
preliminares sugieren que el sector "A" del PARNA Tijuca no tiene impactos
significativos en la estructura física del sub-bosque.
1. Introdução
A conservação de áreas naturais, em seu sentido mais amplo, envolve
aspectos relacionados à preservação, conservação e uso dos espaços, sejam
esses considerados “naturais” ou modificados pelo Homem. A conservação da
natureza é fundamental para a sobrevivência de milhões de espécies, além de
ser essencial para a manutenção de funções dos ecossistemas que
possibilitam a melhor qualidade de vida ou mesmo a manutenção de
sociedades (TERBORGH et al., 2002).
No contexto da alteração da paisagem natural e da fragmentação de habitats,
em especial da Mata Atlântica (RIBEIRO et al., 2009), destacam-se os efeitos
de borda, que são alterações de origem antrópica (MURCIA, 1995). Estudos
conduzidos em bordas de florestas tropicais frequentemente caracterizam
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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diferenciações
microambientais,
e
gradientes
estrutura
borda-interior
vegetal,
em
relação
a
condições
composição
biótica
e
interações
(LAURANCE; YENSEN, 1991; BIERREGAARD et al., 2001). Entretanto,
impactos ambientais dessa natureza associados às atividades de ecoturismo
apresentam lacunas de conhecimento. Ampliar esse arcabouço é essencial
para subsidiar planos de manejo, especialmente no contexto de unidades de
conservação.
O turismo ambiental é muito importante nos processos de educação dos
usuários, populações locais e nos processos de fiscalização, contribuindo de
forma direta para a conservação de espaços naturais e culturais (TERBORGH,
2002). Dentro de um perfil que adota e valoriza o ambiente natural, o
ecoturismo é frequentemente apresentado como um dos poucos exemplos de
“desenvolvimento sustentável”, uma vez que pode auxiliar a preservação in situ
das áreas naturais, gerar retorno econômico (DAVENPORT; RAO, 2002), além
de gerar impactos indiretos, como mudanças positivas na qualidade de vida da
população (HAMMER et al., 2001).
Além disso, o turismo amplo senso é uma importante atividade econômica em
fase de crescimento (DOUROJEANNI; PÁDUA, 2007). Por outro lado, o
turismo mal executado, como qualquer outra atividade “não sustentável” de uso
do espaço, contribui para a degradação ambiental (LAMB; WILLIS, 2011).
Desta forma, as práticas de uso do espaço associadas ao ecoturismo
demandam zoneamento adequado, o qual deve considerar a possibilidade de
delimitação de trechos nos quais a visitação deve ser desestimulada ou
restringida e outros onde deva ser incentivada, pela valorização de aspectos
cênicos, ecológicos, educativos ou culturais (DOUROJEANNI; PÁDUA, 2007).
Alguns indicadores podem ser utilizados para aferição da capacidade de carga.
Dentre estes, são exemplos: a avaliação da frequência de encontros com
outros visitantes; aspectos relacionados à erosão e compactação de trilhas; a
qualidade da água; alterações na estrutura física da vegetação nas
proximidades de trilhas, nas áreas de lazer ou acampamentos; a abundância
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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de espécies sensíveis e de espécies exóticas e a quantidade de lixo
encontrada (DAVENPORT; RAO, 2002).
Num contexto de intensa pressão antrópica, certamente ampliada em
decorrência dos grandes eventos que a cidade do Rio de Janeiro está sediando
e ainda irá sediar, os processos de degeneração do habitat decorrentes de
atividades turísticas acima das capacidades de suporte assumem relevância.
Mesmo porque as unidades de conservação em geral não são apenas
fundamentais para a preservação da biota, como também para a perpetuação
de benefícios ambientais, como fornecimento de água, controle da erosão,
amenização de enchentes, atenuação de oscilações térmicas, redução da
poluição atmosférica e sonora, manutenção estética da paisagem natural e do
próprio espaço como área de lazer, inclusive para uso turístico (ICMBIO, 2008).
O objetivo deste estudo é avaliar efeitos de borda sobre a estrutura física da
vegetação arbóreo-arbustiva em trilhas para caminhantes no interior de uma
unidade de conservação de proteção integral do sudeste do Brasil.
2. Metodologia
A área de estudo é um fragmento florestal da Mata Atlântica, localizado no
centro urbano da cidade do Rio de Janeiro. O Parque Nacional da Tijuca é uma
unidade de conservação de proteção integral de cerca de 4 mil ha que
apresenta antigo histórico de alterações antrópicas ao longo dos séculos XVII e
XVIII (ICMBIO, 2008). Atualmente é o Parque Nacional mais visitado do Brasil,
com mais de 2,5 milhões de visitantes por ano, transitando pelo setor de estudo
aproximadamente 316 mil pessoas e 100 mil veículos por ano (Parna
Tijuca/ICMBio, dados de visitação não publicados referentes ao ano de 2009
apud. Zaú, 2010, p. 16).
Foram estabelecidas dez parcelas de 10 m x 2,5 m para a amostragem do
componente arbóreo-arbustivo. As parcelas foram marcadas com seu maior
comprimento paralelo às bordas das trilhas, sempre encosta acima no corte de
relevo em relação à trilha considerada. A alocação das unidades amostrais foi
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730
baseada em sorteio de localidades pré-definidas como passíveis de serem
amostradas a partir da análise de base cartográfica (INSTITUTO PEREIRA
PASSOS, 2004). Para ser passível de amostragem, a localidade deveria estar
a pelo menos 50 m de corpos d’água, estradas e clareiras, excluindo-se ainda
trechos em linhas de cumeada e fundos de vales, de forma a reduzir a variação
natural de uma amostragem realizada em grande heterogeneidade ambiental.
A distância de 50 m foi também a mínima entre os pontos de amostragem.
Cinco parcelas foram delimitadas nas bordas das trilhas (BT) e as outras cinco
distando 40 m da trilha, no interior da floresta (IF). Em cada parcela foi medido
o DAP (diâmetro à altura de 1,3 m do solo) como critério de inclusão dos
indivíduos vegetais, tanto vivos quanto mortos, sendo amostrados os de DAP ≥
1 cm e ≤ 5 cm, que tiveram também suas alturas medidas. Para auxiliar a
posterior identificação taxonômica, características como presença ou ausência
de látex e espinhos foram anotadas, além de forma, coloração e textura dos
caules.
731
Os indivíduos mortos foram anotados para posterior análise separada.Foram
definidas as variáveis: altura, área basal e densidade de indivíduos vivos e
comparadas as diferentes distâncias em relação às trilhas e destas com bordas
de estradas acima de encosta (BCE) e bordas de estradas abaixo de encosta
(BBE), ambas na mesma localidade (dados de MACHADO, 2012).
Foi utilizado o pacote Statistica v. 8.0 (STATSOFT, 2007) para a execução dos
testes de normalidade, homocedasticidade das variáveis. Para as comparações
de médias, as variáveis que apresentaram características paramétricas (altura
e área basal) foram submetidas, no pacote GraphPad Prism v. 6.00
(GRAPHPAD PRISM, 2013), ao teste ANOVA, enquanto a variável com dados
não paramétricos (densidade de indivíduos) foi submetida ao teste H de
Kruskal-Wallis.
Para verificar a existência de diferenças estatísticas sob a ótica multivariada
entre as duas distâncias de amostragem adotadas neste estudo (BT e IF), e
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destas com as situações caracterizadas por Machado (2012) (BCE e BBE), foi
conduzido o Procedimento de permutação de resposta múltipla (MRPP)
utilizando a distância Euclidiana relativa e a Ordenação do Escalonamento
multidimensional não paramétrico (NMS), com a distância Euclidiana simples,
após padronização dos dados. A primeira análise foi realizada com o pacote
PC-ORD v. 5.1 (MCCUNE; MEFFORD, 2002) e a segunda com o PAST v.
2.17c (HAMMER; HARPER; RYAN, 2001).
3. Resultados e Discussão
Nas comparações entre BT, IF, BCE e BBE não foram encontradas diferenças
significativas para as variáveis altura e área basal (Figura 1 e Tabela 1). Para a
densidade de indivíduos foram observadas diferenças entre IF e BBE, sendo
menor na segunda (Figura 2).
732
(A)
(B)
Figura 1: Distribuição comparativa da altura (m) (A) e da área basal de indivíduos (mm²) (B) na
comunidade vegetal arbóreo-arbustiva. Altura (F=1,337; p= 0,2839) e área basal (F=1,312; p=
0,2916). BT= borda de trilha; IF= interior da floresta; BCE= bordas de estradas acima de
encosta; BBE= bordas de estradas abaixo de encosta. Linhas horizontais: média e desviopadrão. Letras iguais indicam ausência de diferenças. PARNA Tijuca, Rio de Janeiro, RJ.
Tabela 1: Valores da comparação da densidade da vegetação arbóreo-arbustiva em bordas de
trilhas (BT) e interior da floresta (IF), este estudo, e bordas de estradas acima (BCE) e abaixo
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de encosta (BBE), obtidos a partir de Machado (2012). Sombreado (à direita) valores do teste a
posteriori de Dunn e não sombreado (esquerda) os de “p”. PARNA Tijuca, Rio de Janeiro, RJ.
Localidades
BT
IF
BCE
BBE
BT
-
0,7723
0,9851
2,6338
IF
1,0000
-
1,8768
3,5256
BCE
1,0000
0,3632
-
2,0193
BBE
0,0506
0,0025
0,2607
-
D e n s id a d e ( in d ./m ²)
1 .2
a ,b
a
a ,b
b ,c
BT
IF
BCE
BBE
1 .0
0 .8
0 .6
0 .4
0 .2
0 .0
L o c a lid a d e s
Figura 2: Distribuição comparativa da densidade (ind./m²) na comunidade vegetal arbóreoarbustiva. KW = 14,8805; p=0,0019. BT= borda de trilha; IF= interior da floresta; BCE= bordas
de estradas acima de encosta; BBE= bordas de estradas abaixo de encosta. Linhas horizontais
representam mediana e quartis. Letras iguais indicam ausência de diferenças e letras
diferentes indicam diferenças significativas. PARNA Tijuca, Rio de Janeiro, RJ.
A análise de NMS (Figura 3) sugere uma tendência de proximidade
multidimensional entre as localidades IF. Porém, a MRPP (A = 0,024, T = 0,522, p = 0,2522), não apontou diferenças significativas para essa possível
distinção (Tabela 2). A eventual ausência de percepção de impactos negativos,
considerando os trechos estudados e as variáveis analisadas, pode estar
associada à maior amplitude de variáveis e a complexidade de fatores
ambientais que influenciam a ocorrência, abundância, distribuição e estrutura
física dos indivíduos no local. Em bordas localizadas em encostas abaixo das
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estradas são maiores as alterações, tanto florísticas quanto estruturais
(MACHADO, 2012).
BBE1
0.06
BBE7
BT4
BBE8
BBE5
BCE8
BCE5
BBE3
BBE2
BCE3
IF4
BCE4
BBE8
BCE9
-0.2BCE1
0.2BCE10
BCE6
BCE7
BBE4
BT3
BCE2
BT2
-0.4
Eixo 2
BBE6
BBE10
IF1
IF3
BT5
-0.06
BT1
IF5
-0.12
IF2
734
-0.18
Eixo 1
Figura 3: Ordenação do Escalonamento multidimensional não-paramétrico (NMS), baseada
nas alturas, áreas basais e densidade de indivíduos, utilizando a distância Euclidiana simples.
Estresse = 0; r² Eixo 1 = 0,9807 e r² Eixo 2 = 0,02209. BT= borda de trilha; IF= interior da
floresta; BCE= bordas de estradas acima de encosta; BBE= bordas de estradas abaixo de
encosta. PARNA Tijuca, Rio de Janeiro, RJ.
Assim, a menor densidade de indivíduos encontrada nestes locais, em
comparação com bordas de trilhas pode estar associada a uma variedade de
interferências específicas em consequência das alterações que a estrada
causa nos fluxos associados ao relevo.
Tabela 2: Resultados do Procedimento de permutação multi-resposta (MRPP) de testes
pareados usando a dissimilaridade Euclidiana relativa na comparação das três variáveis: altura,
área basal e densidade da vegetação arbóreo-arbustiva em bordas de trilhas (BT) e interior da
floresta (IF) – este estudo; e bordas de estradas acima (BCE) e abaixo de encosta (BBE)
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obtidos a partir de Machado (2012). Os grupos correspondem às respectivas comparações par
a par, o “T” é o teste estatístico de separação, o “A” indica a homogeneidade dos grupos
comparados e o p é o valor da probabilidade para o erro tipo 1. Os resultados gerais foram A =
0,024, T = -0,522 e p = 0,252. PARNA Tijuca, Rio de Janeiro, RJ.
Grupos comparados
T
A
p
BT
x
BCE
-0,12850132
0,01144040
0,31424105
BT
x
BBE
0,64834984
-0,03728467
0,70511396
BT
x
IF
0,70754244
-0,03371639
0,73692519
BCE
x
BBE
-0,70067977
0,04214066
0,17953977
BCE
x
IF
-2,26266165
0,11797907
0,03764734
BBE
x
IF
-0,00526979
0,00022071
0,34815327
No caso particular de estradas florestais de encosta, estas interferências estão
relacionadas à interceptação da precipitação e alteração dos fluxos de água,
sedimentos e detritos para encosta abaixo (GUCINSKI et al., 2001, WEMPLE;
SWANSON; JONES, 2000, JONES et al., 2000, FORMAN et al., 2003). Tais
distúrbios são recorrentes, sendo mais intensos em picos de vazão (JONES et
al., 2000), com precipitações mais fortes, podendo ser esta recorrência
responsável pela não recuperação da densidade de indivíduos nas bordas a
jusante.
Pouca influência na altura e área basal do sub-bosque foi encontrada em
estudos de bordas lineares (PRIETO, 2008; LIMA, 2012; MACHADO, 2012). Já
a densidade de indivíduos em bordas lineares de matriz mais ampla ou bordas
externas em ambientes muito contrastantes frequentemente é maior que no
interior da floresta (POHLMAN, 2006; PRIETO, 2008; LIMA, 2012), o que não
foi encontrado em nosso estudo até o momento. Diferenças na composição e
diversidade de espécies entre borda e interior de floresta são comumente
retratadas em estudos de efeitos de bordas lineares (POHLMAN, 2006;
PRIETO,
2008;
MACIEL;
SILES;
BITENCOURT,
2011;
LIMA,
2012;
MACHADO, 2012), assim como diferenças em fatores abióticos (MAGRO,
1999; POHLMAN, 2006).
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Na análise multivariada comparativa da MRPP, levando em consideração as
três variáveis medidas até o momento, foram encontradas diferenças entre IF e
BCE. Também pode ser observada uma tendência de proximidade das
amostras IF entre si, não descartando a possibilidade de haver diferenciação
entre estruturas arbustivo-arbóreas em beirada de bordas lineares e locais
distantes destas.
Alterações na comunidade são mais claramente observadas nos primeiros
anos após a abertura da borda (LAURANCE et al., 1998, D’ANGELO et al.,
2004). A eventual ausência de diferenças estruturais entre as localidades,
exceto BBE e BT, pode decorrer do longo período de tempo, desde a criação
do suposto distúrbio, no caso a abertura das trilhas. Entretanto, tais resultados
não podem ser extrapolados para outras localidades ou condições ecológicas e
de usos distintos. Para o aprofundamento da análise é fundamental a
ampliação das unidades amostrais e a inclusão de outras variáveis bióticas,
derivadas da identificação taxonômica dos indivíduos coletados, como riqueza,
proporção de espécies exóticas, síndrome de dispersão e forma de vida.
Devem
também
ser
incorporadas
ao
estudo
outras
variáveis
como
profundidade de serapilheira e cobertura de dossel, além da declividade, grau
de compactação do solo e largura das trilhas.
4. Conclusões
Ao não serem encontradas diferenças significativas para altura, área basal e
densidade da vegetação da borda da trilha em relação ao interior da floresta,
acreditamos que os trechos borda acima das trilhas do setor “A” do PARNA
Tijuca não apresentam evidentes impactos na estrutura física do sub-bosque.
Tais resultados não podem ser extrapolados para outras localidades ou
condições ecológicas e de usos distintos, pois é essencial o refinamento do
diagnóstico com o aumento das unidades amostrais e a inserção de outros
bioindicadores, como a composição florística e abertura do dossel e a inclusão
de variáveis abióticas, como declividade, grau de compactação do solo, largura
da trilha, profundidade de serrapilheira e cobertura de dossel.
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GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
PARQUE NATURAL MUNICIPAL MONTANHAS DE TERESOPÓLIS:
POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES
Fernanda Priscila Ribeiro Mackert10
Resumo:
Palavras-chaves: Unidades de Conservação. Uso Público. Teresópolis. Trilhas. PNMMT
Neste trabalho será apresentado o Parque Natural Municipal Montanhas de
Teresópolis – PNMMT, localizado em área anteriormente usada para
competição de motocross e atividades agrícolas. A unidade foi criada após
intensas reivindicações da população para proteção da área. O processo de
criação da primeira unidade de conservação de proteção integral municipal
representou um passo importante para a ampliação da conservação da
biodiversidade da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro e com papel
fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento do turismo em
Teresópolis. O objetivo do presente trabalho é apresentar e discutir as
fragilidades e potencialidades do PNMMT que, apesar de existir há cerca
quatro anos, recebe ainda pouca atenção dos governantes locais fazendo com
que o parque não cumpra todos os seus objetivos. De fato o PNMMT ainda não
é considerado, na prática, uma área de lazer para muitos teresopolitanos,
apesar de seu potencial. Os resultados obtidos por este trabalho mostram um
exemplo da preocupação inicial em criar a UC, porém não se investiu em
condições básicas para a visitação e conservação.
Resumem
Palavras-chaves: Areas protegidas. Uso Publico. Teresópolis. senderos. PNMMT
En este trabajo se presenta el Municipal Parque Montañas Teresopolis
Naturales - PNMMT, previamente utilizadas para la competición de motocross y
las actividades agrícolas. La unidad fue creada después de intensas demandas
de la población para la protección de la zona (Fuente: Raimundo Lopes, Asesor
de la Secretaría de Medio Ambiente de Teresópolis). El proceso de creación de
la primera unidad de la protección integral de conservación municipal
representó un paso importante en la expansión de la conservación de la
biodiversidad en la región montañosa del estado de Río de Janeiro y su papel
clave en el desarrollo y fortalecimiento del turismo en Teresópolis. El objetivo
10
fernandaprm@hotmail.com Graduação em andamento em Turismo. Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, UERJ, Brasil.
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de este trabajo es presentar y discutir las debilidades y fortalezas PNMMT que
aunque existen alrededor de cuatro años, también recibe poca atención de los
gobiernos locales que hacen el parque no cumple con todas sus metas. En
efecto PNMMT aún no se considera en la práctica, una zona de recreo para
muchas teresopolitanos, a pesar de su potencial. Los resultados de este trabajo
muestran un ejemplo de la creación de la preocupación inicial de la UC, pero
no invierten en las condiciones básicas para el régimen de visitas.
1. Introdução
Segundo o Plano Nacional de Turismo (2013-2016) do Ministério do Turismo
[...] a participação do turismo na economia brasileira já representa 3,7% do
Produto Interno Bruto (PIB) do nosso país. De 2003 a 2009, o setor de turismo
cresceu 32,4%, enquanto a economia brasileira apresentou expansão de
24,6% (MTUR, 2012). Considerando o contexto de realização de grandes
eventos como a Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude,
que foi realizada na cidade do Rio de Janeiro em julho/2013, a Copa do Mundo
de 2014 e as Olimpíadas de 2016, pode-se observar o quanto o Brasil está
passando por mudanças contínuas, o que comprova também o potencial para o
turismo e demonstram que grandes empresas estão querendo investir no país.
Há 91 km da cidade do Rio de Janeiro (Fonte: Portal de Turismo de
Teresópolis), Teresópolis é um dos destinos que certamente sofrerá impactos
do esperado aumento de turistas que os grandes eventos trarão para o estado
do Rio de Janeiro. Está localizado na Serra Verde Imperial, segundo
classificação da TURISRIO (classificação em regiões turísticas), e na Área
Turística da Serra de Turismo Consolidado, segundo Base Cartográfica do
IBGE- 2009. Possui uma população de 163.746 mil habitantes e uma área de
770.601 km2, segundo dados do censo de 2010.
O Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis (PNMMT) possui uma
rica cadeia de montanhas, variedades de fauna e flora nativas da Mata
Atlântica e várias nascentes, o que propicia, além de uma identidade regional,
uma forte indução turística. A região se torna importante e especial por integrar
o Mosaico de Unidades de Conservação da Mata Atlântica Central Fluminense
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
741
e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, ou seja, na mesma cidade tem-se
uma unidade de proteção federal (Parque Nacional da Serra dos Órgãos),
estadual (Parque Estadual dos Três Picos) e municipal (PNMMT). O PNMMT
foi criado por meio do Decreto Municipal n° 3.693 no dia 6 de julho de 2009,
com uma área total de 4.397 hectares. O Parque Natural Municipal Montanhas
de Teresópolis é a maior unidade de conservação de proteção integral criada
por um município do Estado do Rio de Janeiro e sua área abrange
parcialmente seis bairros.
742
Dimensão do PNMMT/ Figura 1
O PNMMT está situado na porção noroeste do município, parcialmente inserido
no Primeiro e Segundo Distritos e limitando-se com os municípios de Petrópolis
e São Jose do Vale do Rio Preto.
O Parque é a primeira unidade de
conservação de proteção integral criada pelo município. Nesse contexto,
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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representa um passo importante para a ampliação da conservação da
biodiversidade da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro.
2. Objetivos
O objetivo do presente trabalho é apresentar e discutir as fragilidades e
potencialidades da atual situação do uso público do Parque Natural Municipal
Montanhas de Teresópolis. Através deste estudo exploratório, o PNMMT será
apresentado e discutido, tendo como base o trabalho de campo e os dados
coletados ems entrevistas, no sentido de oferecer subsídios para futuros
estudos relacionados à área. Apesar de esforços recentes no sentido de
desenvolver iniciativas que permitam a melhor experiência de uso público, o
PNMMT foi inaugurado há quatro anos, mas ainda não recebe atenção
merecida por parte da administração pública local. Por essa razão, este estudo
pretende oferecer subsídios para identificação de prioridades para ações de
melhoria futuras. Espera-se, portanto, que este trabalho chegue à população
através de trabalhos sociais ou pesquisa cientifica.
3. Metodologia
O turismo e a natureza possuem uma estreita relação de dependência. Podese dizer, inclusive, que o meio ambiente é a base de um amplo segmento do
turismo, quando o homem desloca-se para outros lugares em busca do contato
com a natureza, do desconhecido, da aventura e de novas culturas. Entretanto,
toda atividade turística gera impactos, que podem ser negativos ou positivos,
quer em termos ambientais como sociais (III Congresso de Natureza, Turismo
e Sustentabilidade, Bonito/2013). Sob este ponto de vista a pesquisa terá como
justificativa a importância da UC para a biodiversidade da região trazendo o
equilíbrio para as espécies nativas que ali habitam. O uso público no PNMMT é
um desafio para os gestores, já que existe uma preocupação em controlar o
número de visitantes da mesma forma que se reconhece a necessidade de
aumentar o número de visitantes na sede do parque e nos demais núcleos.
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Foi realizada uma revisão bibliográfica dos principais autores e estudiosos do
turismo e ecoturismo, utilização de sites referente ao assunto como o próprio
blog do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis e o site da
Secretaria de Meio Ambiente. Foram realizadas entrevistas com o assessor da
unidade de conservação, Raimundo Lopes, conversas informais com turistas e
pessoas que trabalham no PNMMT, além de visitas técnicas no núcleo Pedra
da Tartaruga. Houve dificuldade em encontrar material bibliográfico e até
mesmo online para este estudo visto que o parque analisado é uma UC
recente, sem nenhum ou pouquíssimos estudos na região.
4. Discussões e resultados
Segundo relato do Sr. Raimundo Lopes, assessor técnico da Secretaria de
Meio Ambiente de Teresópolis e participante ativo da criação do PNMMT desde
sua fase de decisão e implementação, o parque é um desejo antigo dos
moradores
do município,
principalmente para
demarcar a área
que
anteriormente era utilizada para fins ilícitos e estava degradando a área dos
bairros que compõem o PNMMT.
De acordo com o decreto de criação do PNMMT seus principais objetivos são:
I – Assegurar a preservação dos remanescentes da Mata Atlântica da porção
fluminense da Serra do Mar e recuperar as áreas degradadas ali existentes.
II – Proteger espécies raras, endêmicas, e ameaçadas de extinção ou
insuficientemente conhecidas da fauna e da flora nativa.
III – Integrar o Mosaico de Unidades de Conservação da Natureza Mata
Atlântica Central Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro
IV – Promover atividades de recreação, educação ambiental e pesquisa
científica quando compatíveis com os demais objetivos do Parque.
V – Contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população por meio do
fornecimento, indireto, de serviços e produtos ambientais.
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A seguir, serão destacados o principais pontos encontrados no decorrer desta
pesquisa, especialmente as ações que resultaram na criação da área, as trilhas
atualmente existentes, os usos atuais, as fragilidades e potencialidades para
uso público do parque.
4.1 Criação e Implementação do PNMMT
- São aplicados recursos predominantemente oriundos de parcerias com
instituições nacionais e internacionais, da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e da Defesa Civil.
- Existem cerca de 10 (dez) funcionários para a gestão e manejo,
especialmente para a realização de atividades de educação ambiental,
reflorestamento e fiscalização.
- A UC já possui o número de material e equipamentos suficientes para a
realização
de
suas
atividades
básicas,
tais
como:
veículos,
rádios
transmissores, GPS, máquinas fotográficas e computadores. O Parque também
dispõe de identidade visual, constituída de Logomarca e Manual de Utilização.
4.2 Trilhas
A principal função das trilhas sempre foi o deslocamento, porém isso tem
mudado. Atualmente, as trilhas não são locais de passagem para chegar ao
destino, muitas vezes é o próprio destino. Infelizmente as trilhas no Brasil não
recebem a atenção que deveriam, o que podemos observar são trilhas que não
recebem a manutenção periódica, influenciando até mesmo na segurança dos
turistas. Trilhas com bifurcações sem explicações, trilhas que não levam a lugar
nenhum, tomado pelo mato, lixo no caminho e vandalismo são alguns
problemas que encontramos nas trilhas. (Manual de Construção e Manutenção
das Trilhas. 2009).
Uma trilha ajuda-nos a sair da rotina, colocando-nos em harmonia com o meio
ambiente. Nos recordam coisas boas vividas, desafiam nosso corpo, fazem
meditar, permite-nos praticar atividades não exigidas no cotidiano, apreciação
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estética e relacionando ao turismo, atividades de educação ambiental. (Manual
de Construção e Manutenção das Trilhas. 2009).
A grande maioria das trilhas já existia quando o PNMMT foi criado, mas houve
um cuidado em adequá-las para a visitação, observando sua declividade e
erosão, existente desde o período em que a área era utilizada indevidamente
para atividades de motocross. Não há qualquer tipo de facilidade ou
infraestrutura que permita a mobilidade para cadeirantes. Da maneira como
estão atualmente deve-se ter muito cuidado com idosos e crianças ao longo
das trilhas, pois existem muitos galhos retorcidos ou que foram podados e
permaneceram no caminho, tocos e raízes que atrapalham o percurso e
representam perigo. Algumas trilhas existentes hoje possuem valas, ou seja,
não é adequado para a prática do turismo. Este tipo de trilha que oferece risco
ao turista está fechada, é sinalizada para que o turista não passe. Outras que
possuem um mínimo de desgaste por conta das motos, ainda são abertas ao
público. A gestão do PNMMT deve dar uma atenção especial para este
problema, visto que pode ocasionar acidentes, denegrindo a imagem do parque
perante os visitantes. Em geral, as trilhas são em áreas abertas, poucos são os
trechos onde encontramos mata fechada.
No caso do PNMMT, existem duas trilhas oficiais: Pedra da Tartaruga e do
Camelo, ambas sinalizadas adequadamente. No geral são amplas e abertas.
As trilhas desativadas devido ao mau uso e falta de conservação estão
bloqueadas a qualquer tráfego e as razões são explicadas aos usuários através
de placas, porém não existem barreiras físicas que impeçam o uso. Várias
trilhas foram realocadas devido ao uso indevido durante anos de atividades de
motocross praticados no parque.
4.3
I-
Potencialidades
Atividades de escaladas e caminhadas.
II- Abrigam importantes espécies da fauna e flora regional.
III- Remanescentes florestais e nascentes de rios.
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IV- Desenvolvimento local sustentável.
V- Planejar e fomentar o turismo de observação
VI- São mais de 200 espécies que convivem no local (principalmente no núcleo
Ponte Nova onde a interferência humana é mínima)
VII- Atividades relacionadas à recreação (potencial a ser explorado)
4.4 Fragilidades
1. Poucos recursos e não possui um orçamento próprio (para melhoria
estética, da infraestrutura e condições de acesso);
2. Inexistência do Plano de Manejo;
3. Necessidade de estruturação do setor de fiscalização;
4. Falta de Regularização Fundiária;
5. Recuperação de áreas degradadas;
6. Recuperação e criação de trilhas interpretativas.
7. Necessidade de melhoria na segurança;
8. Falta de padronização das placas de sinalização
9. Construção do centro de informação ao turista
10. Aumento da área de camping
11. Manutenção das trilhas
12. Subidas muito íngremes impossibilitam a visitação de deficientes e idosos
13. Melhoria no entorno (favelização) e acesso (melhorar condições das vias
e oferecer mais linhas de ônibus)
4.5 Usos atuais do PNMMT
1. Área Urbana.
2. Uso Público/Recreação e Lazer
3. Educação Ambiental
4. Antrópico (armazenamento dos cultivos).
5. Agricultura/Pastagem.
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6. Mineração e extração.
4.6 Medidas para conservação/ manutenção e valorização do PNMMT:
Recuperação ambiental (principalmente das trilhas)
Realocação de moradores que vivem em áreas preservadas ou no entorno
muito próximo ao parque.
Ciclovias para facilitar o acesso ao parque
Construção de um centro de educação ambiental.
4.7 Necessidade de envolvimento com a comunidade:
Hotel e restaurantes mais próximos.
Criação de cooperativas para a reutilização do óleo de cozinha na geração
de fontes alternativas de energia.
Planejamento participativo e educação ambiental.
Combate aos crimes ambientais e preservação das espécies.
Fortalecer a fiscalização e estimular a visitação.
Conservação da biodiversidade.
5. Resultados preliminares
Primeiramente é importante ressaltar que o processo de criação da UC foi
participativo e democrático. Ou seja, era um desejo antigo da população que se
criasse ali um local para atividades que pudessem dar aos moradores maior
segurança. em contrapartida eles não queriam grandes investimentos para tal
feito, o que queriam na verdade era apenas o cercamento e a limitação na
entrada de pessoas, pois vinha causando efeitos negativos para o bairro
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principalmente no núcleo que fica mais próximo da cidade de Teresópolis
(Núcleo Pedra da Tartaruga).
Quanto à questão do planejamento é necessário cuidados na hora de elaborar
a gestão das UC do Brasil. As atividades turísticas são usadas como
oportunidade de sustentabilidade nas áreas protegidas “[...]Entretanto, toda
atividade turística gera impactos, que podem ser negativos ou positivos, quer
em termos ambientais como sociais. [..]” (III Congresso de Natureza, Turismo e
Sustentabilidade, Bonito/2013)
Os impactos negativos de projetos turísticos incluem a degradação ambiental
e a possível descaracterização dos costumes das comunidades locais, neste
sentido é preciso cautela para que isso não prejudique o entorno. No entanto é
possível gerenciar o desenvolvimento do turismo para minimizar seus impactos
negativos e potencializar os benefícios para o ambiente e a sociedade
juntamente com o trabalho de um Planejador só assim o turismo torna-se
aliado da conservação da natureza. [...] Quando se fala em turismo e
sustentabilidade, é preciso reconhecer a importância de planejar em longo
prazo e utilizar indicadores de desempenho que avaliem aspectos econômicos,
ambientais e sociais. Além disso, é preciso investir em práticas e tecnologias
que permitam minimizar e monitorar os impactos negativos do turismo sobre o
ambiente e as comunidades locais. [..] (Congresso de Natureza, Turismo e
Sustentabilidade, Bonito/2013)
No PNMMT observamos a prática ecoturística para atrair turistas, pois é uma
alternativa sustentável e sem muitos custos, mas é necessário entender que
esta não é a única riqueza que o parque possui. É importante ter outras
atividades para não desgastar ou sobrecarregar alguma atividade afetando o
seu valor natural e estético. Podemos destacar as seguintes atividades que
poderiam ser praticadas no PNMMT: tirolesa, cavalgada, observação de aves,
cicloturismo entre outras. É uma “[...] proposta associada aos princípios de
conservação e benefício comunitário. Preocupante devido à velocidade de sua
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disseminação e crescimento como negócio [...]” (Manual de Ecoturismo de
Base Comunitária, 2003, pág 12).
O PNMMT possui vários pontos atrativos de interesse ecológico e turístico que
poderiam ser aproveitados. Primeiramente é importante destacar que o
PNMMT não possui Plano de Manejo demonstrando o oposto que é dito pelo
SNUC (Lei nº 9.985/2000) que estabelece que a visitação em UC somente
deva ser permitida em unidades que tenha Plano de Manejo. Tal Plano é
importante para contribuir no alcance dos objetivos de criação da UC através
do controle da visitação e dos impactos negativos assim como controlar as
alterações nos recursos naturais e culturais produzidos pela atividade.
O manejo ou gestão de Unidades de Conservação compreende o conjunto de
ações e atividades necessárias ao alcance dos objetivos de conservação das
áreas protegidas (IBAMA, 2000).
O PNMMT precisa de um profissional para monitorar as trilhas, criar o controle
da declividade do terreno (onde em certos pontos pode ser feito pela população
em geral, mas chegando a certos pontos idosos nem crianças conseguem se
movimentar sem ajuda), manejo das trilhas para aproveitar os recursos naturais
no parque, drenagem para manter longe a água, que prejudica a trilha em
qualquer circunstância. Por ser uma cidade serrana, em Teresópolis chove
praticamente o ano todo é necessário muito cuidado na manutenção das
trilhas, várias delas possuem os bolsões de escoamento (lugares quase plano)
e valetas de drenagem (íngremes) que são canaletas acompanhando as trilhas,
quase imperceptíveis.
É necessário esforço para manejar a visitação com a minimização de impactos
sem deixar de oferecer conforto ao turista oferecendo atividades e
oportunidades recreativas de alta qualidade em ambientes naturais que
propiciem o contato com a vivência local e a natureza. Esta metodologia tem
sido empreendida desde os anos 70, em diferentes países do mundo, inclusive
da América Latina. (Fonte: Roteiro Metodológico da Visitação, ICMBIO, 2011)
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O manejo da visitação é responsabilidade da equipe de gestão da UC,
pesquisadores e especialistas contribuirão na definição de indicadores e de
padrões, na realização de pesquisas para monitoramento de indicadores e
poderiam opinar na forma de execução de ações de manejo; excursionistas,
montanhistas, escaladores, na sensibilização e educação ambiental de outros
visitantes, prestadores de serviços de apoio à visitação também poderão
contribuir no monitoramento e na realização de ações de manejo; lideranças
locais e pessoas experientes da comunidade poderão contribuir com
informações históricas.( Fonte: Roteiro Metodológico da Visitação, ICMBIO,
2011). Atualmente observa-se que a população tem buscado mais contato com
ambientes naturais, principalmente os de área protegidas, na minha concepção
por oferecer maior segurança e por conter recursos raros.
O PNMMT possui alguns problemas tais como: falta de padronização das
placas de sinalização assim como das trilhas, centro de informação ao turista, a
área de camping é pequena em relação ao potencial do parque e ocupação de
algumas áreas do parque por agricultura, somado ao fato da unidade não
possuir orçamento próprio e poucos recursos dificultam qualquer melhoria em
infraestrutura, vias de acesso, segurança, informação. Ressalta-se ainda que
muitas das trilhas sofrem com processos erosivos que dificultam o acesso do
turista a alguns atrativos. Creio que seja um problema de muitas UC brasileiras
que possuem recursos limitados.
Foi realizado no ano de implementação do PNMMT um levantamento ecológico
que nos comprova a importância da UC para a região e para o sustento da
biodiversidade da região.
Levantamento Ecológico no PNMMT (06/ 2009):
1. Mamíferos - 31 espécies;
2. Aves – 121 Espécies;
3. Peixes – 9 espécies;
4. Insetos – 8 grupos;
5. Répteis – 19 espécies;
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6. Anfíbios – 10 espécies.
(Dados fornecidos pela Secretaria de Meio Ambiente de Teresópolis)
6. Conclusão
Os resultados obtidos com este trabalho nos mostram que é necessário um
maior comprometimento com a gestão do PNMMT; é importante destacar que
uma UC não deve ser trabalhada de forma isolada. Há uma preocupação em
protegê-las, porém não se sabe como tampouco com qual verba. No PNMMT
há uma intranquilidade quanto a divulgação intensiva já que isto pode levar a
um turismo massificado e com um determinado público que não tem
consciência acerca da importância da UC. Em contrapartida, existe a
possibilidade em oportunizar a entrada de pessoas com maior frequência
sendo um público assíduo na UC, porém há uma preocupação com a
localidade que não dispõe de infraestrutura nem de aparência estética
favorável ao crescimento da atividade turística.
O parque ainda não é considerado uma área de lazer para muitos
teresopolitanos apesar de ter potencial em atividades como escaladas,
caminhadas, atividades de contemplação da fauna e flora local, locais onde
existem nascentes de rios e remanescentes florestais.
O município vem tentando se consolidar no desenvolvimento do turismo, mas
pode-se afirmar que o que a cidade possui hoje é pouco para alavancar a
cidade como destino turístico. Teresópolis possui potencial, mas infelizmente
as perspectivas de crescimento dos empresários e até mesmo da população
precisam ser mais otimistas. O CONTUR da cidade ficou durante anos
abandonado, se trabalhava de forma segmentada cada um com seus
interesses, hoje se tenta mudar este quadro através de reuniões com foco no
Turismo.
Observamos que o parque possui diversos usos, dentre eles a agricultura e até
mesmo mineração, essa atividades eram realizadas anteriores a criação do
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parque, porém como ainda não existe verba para desapropriação essas
pessoas continuam a utilizar da área, ainda existem muitas famílias morando
dentro da unidade, é um problema enfrentado pelos gestores, mas não há
muito que se fazer em curto prazo, o processo de retirada dessas pessoas é
lento e burocrático.
Este trabalho teve como base um trabalho acadêmico executado no município
de Teresópolis no final do ano de 2012. De acordo com os resultados da
pesquisa, temos base para dizer que a cidade de Teresópolis possui
potencialidade para o turismo, porém o que se observa é falta de políticas
públicas adequadas para a região.
7- Bibliografia
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8- Anexos:
1- Fotos PNMMT:
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
Vista da Pedra da Tartaruga/ Figura 2
755
Placa localizada na entrada do PNMMT/ Figura 3
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
Placa sinalizadora/ Figura 4
Fotos do entorno:
Ponto de ônibus mais próximo do PNMMT/ Figura 5
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Foto tirado na Pedra da Tartaruga com vista externa do PNMMT/ Figura 6
GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
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GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
ANÁLISE DAS TAXAS DE EROSÃO E COMPACTAÇÃO DO SOLO NA
TRILHA DO CARTEIRO, APA SERRA SÃO JOSÉ, TIRADENTES – MG
Ítalo Sousa de Sena11
Hilton Wagner Teixeira12
Múcio do Amaral Figueiredo13
Leonardo Cristian Rocha14
Resumo
Palavras chave: erosão; compactação do solo; trilhas; APA Serra São José
O trânsito de pessoas em áreas protegidas se dá, principalmente, nos trajetos
de trilhas existentes para esse fim. Contudo, as trilhas servem também como
vetores de propagação de diversos desequilíbrios ambientais, tais como
introdução e propagação de espécies vegetais exóticas, pisoteio na vegetação,
exposição, compactação e erosão do solo. Como forma de compreender estes
dois últimos processos citados, foi utilizada como área de estudo a Trilha do
Carteiro, localizada na APA Serra São José, próximo à cidade de Tiradentes,
Minas Gerais. A análise se baseou na utilização do método de Área Seccional
Transversal (AST), e cálculo das taxas de compactação (penetrometria) do solo
no leito e nas bordas da trilha com uso de um penetrômetro de cone com anel
dinamométrico. Os resultados sugerem ser necessário efetuar um manejo
integrado em toda a extensão da trilha, abrangendo não somente problemas
como a intensificação dos processos erosivos, mas também com a dinâmica
ecogeossistêmica que circunda todo o percurso, passível de desequilíbrios
oriundos da intensificação da utilização e visitação turística da trilha.
Resumen
Palabras clave: erosión; compactación del suelo; senderos; APA Serra São José
El movimiento de personas en las áreas protegidas se presenta principalmente
en los senderos de las vías existentes para este fin. Sin embargo, los senderos
también sirven como vectores para la propagación de muchos desequilibrios
ambientales, tales como la introducción y propagación de especies vegetales
exóticas, pisoteando la vegetación, la exposición, la compactación del suelo y
11
italosena@gmail.com Bolsista de Iniciação Científica Fapemig. Curso de Geografia,
Departamento de Geociências, Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)
12
hwt.geografia@gmail.com Bolsista de Iniciação Científica Fapemig,
13
muciofigueiredo@ufsj.edu.br Orientador
14
rochageo@ufsj.edu.br Colaborador
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la erosión. Con el fin de entender estos dos últimos casos citados, se utilizó
como un área de estudio el Sendero del Carteiro, ubicado en área de
protección ambiental (APA) Serra São José, cerca de la ciudad de Tiradentes,
Minas Gerais. El análisis se basa en el uso del método de área de sección
transversal (AST), y la estimación de la compactación del suelo (penetrómetro)
en el lecho y en los bordes de lo sendero utilizando un penetrómetro de cono
con el anillo de dinamómetro. Los resultados sugieren la necesidad de realizar
la gestión integrada a lo largo del sendero, que abarca no sólo cuestiones tales
como la intensificación de los procesos de erosión, sino también con la
dinámica ecogeossistêmica que rodea toda la ruta, con sujeción a los
desequilibrios resultantes del aumento en el uso y las visitas de la ruta turística.
1. Introdução
A humanidade tem introduzido cada vez mais em seu cotidiano, a
conscientização e atitudes ecológicas. Como grande parte da população
mundial vive atualmente em áreas urbanas, a sensibilização cada vez maior
com os valores ecológicos, tem levado um crescente contingente de pessoas a
buscar um contato mais estreito espaços naturais. A procura por atividades de
lazer, esportes ou simples contemplação, intensifica continuamente a visitação
pública em áreas protegidas. Isso é um fator positivo no ponto de vista da
divulgação do patrimônio natural, bem como para a conscientização da
população. No entanto, o aumento do contingente de pessoas nas áreas
silvestres deveria ser acompanhado de planejamento de gerenciamento,
principalmente quando se trata de áreas protegidas (SENA et al, 2013).
O trânsito de pessoas nas áreas protegidas, em sua maioria, ocorre através de
trilhas existentes para esse fim. Assim, tais percursos (as trilhas) têm sido cada
vez mais utilizados, pois nas últimas décadas tem havido um crescente
contingente de pessoas buscando a prática e o contato com o meio natural
(COLE, 1993; COLE & LANDRES, 1995; HAMMITT & COLE, 1998). No
entanto, assim como as trilhas servem como elo entre as pessoas e a natureza,
servem também como vetores de propagação de diversos desequilíbrios
ambientais, tais como introdução e propagação de espécies vegetais exóticas,
pisoteio na vegetação, exposição, compactação e erosão do solo (LIDDLE,
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1975). A compactação tem desdobramentos, pois afeta o desenvolvimento de
raízes vegetais, interfere nas taxas de infiltração hídrica, além de favorecer
processos erosivos (HAMMITT & COLE, 1998). Quando tais fenômenos se
intensificam,
passam
a
ser
um
sério
problema
gerencial
para
os
administradores das áreas protegidas.
A principal função inicial das trilhas foi de suprir a necessidade de
deslocamento, assim como ocorreu durante um período na Trilha do Carteiro,
área de investigação deste trabalho, onde o trajeto era realizado como
comunicação entre diferentes vilas da região, fazendo parte do circuito de
caminhos do Brasil Colonial em Minas Gerais, conhecido como Estrada Real
(SENA et al, 2013). Contudo, verifica-se que ao longo dos anos houve uma
alteração de valores em relação às trilhas. De simples meio de deslocamento,
as trilhas surgem como novo meio de contato com a natureza. A caminhada
incorpora um novo sentido, passa a ter um sentido em si próprio e recebe um
grande número de adeptos (ANDRADE, 2003).
760
A trilha investigada é historicamente conhecida como Trilha do Carteiro, que
segundo guias locais, serviria de acesso às vilas que circundam o monumento
geoturístico Serra de São José, que abriga a Área de Proteção Ambiental
(APA) de mesmo nome. Por se tratar de uma trilha de secular utilização, é
possível perceber que em determinados trechos existem estruturas criadas
para facilitar o trajeto assim como evitar a degradação da trilha, podendo-se
observar blocos de rocha metarenítica local servindo como calçamento do leito
da trilha, principalmente em locais de declividade mais acentuada, inclusive
com pequenas de engenharia históricas para desvio de drenagem pluvial do
leito da trilha, atuantes até a atualidade (SENA et al, 2013).
2. Metodologia
A Serra de São José situa-se entre os municípios de São João del-Rei,
Tiradentes, Coronel Xavier Chaves, Santa Cruz de Minas e Prados. O clima da
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região enquadra-se no tipo Cwb, segundo a classificação de Köppen, ou seja,
subtropical moderado úmido, também chamado tropical de altitude (Silva et al,
2004), com temperatura média dos meses mais quente e mais frio,
respectivamente, de 22 e de 15 °C, apresentando duas estações bem definidas
(verão quente e úmido e inverno frio e seco). A vegetação natural é bastante
diversificada (Radambrasil, 1983), apresentando vários ecótipos em um raio de
1 km. No talus da escarpa da serra, a Floresta Estacional Semidecidual é a
vegetação dominante, mas nas proximidades são encontradas florestas mistas,
com a ocorrência de Araucárias. A norte e a leste da serra, predominam os
cerrados (Cerrado Stricto sensu, Campo cerrado e Cerradão) (Silva et al,
2004). A partir de 1.250 m de altitude, no maciço metarenítico, predominam os
Campos Rupestres, caracterizados por apresentar ampla variedade de
espécies de Orchidaceae, Bromeliaceae, Xyridaceaee Velloziaceae (Alves &
Kolbek, 1994) se desenvolvendo sobre as rochas metareníticas e sobre solos
pouco desenvolvidos.
Geologicamente, as litologias da Formação Tiradentes compõem a Serra São
de
José
e
são
constituídas
por
metarenitos
puros
com
níveis
ortoconglomeráticos e estruturas preservadas como ripples (marcas de ondas).
Saadi (1991) identificou a ação da tectônica ressurgente na dinâmica da
paisagem das adjacências da área estudada, analisando a descrição de um
Graben formado no contato entre os metarenitos da Formação Tiradentes e
metassiltitos da Formação Prados. Os solos predominantes na região são os
Cambissolos cascalhentos, formados a partir das litologias metassedimentares
do Grupo São João Del Rei. Nos topos concordantes do nível topográfico
regional (em torno de 1.000 m), são encontrados Latossolos formados a partir
de materiais retrabalhados (Silva et al, 2004). No maciço metarenítico e em
seus talus, predominam a floramentos de rochas, Neossolos Litólicos e
Neossolos Quartzarênicos. Em áreas do topo, são encontrados solos arenosos
com singular alternância de camadas enriquecidas com matéria orgânica em
profundidade (Silva et al, 2004).
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Para realização do estudo, utilizou-se o método do cálculo da Área Seccional
Transversal (AST) (COLE, 1983; MARION & OLIVE, 2006) aplicado no leito da
Trilha do Carteiro para a apuração dos dados de perda ou acúmulo de solo. A
trilha foi mapeada com o auxílio de um GPS e uma trena de 30 metros,
totalizando um trajeto de 6,3 km. Para um melhor acompanhamento, foram
selecionados
pontos
ao
longo
da
trilha
(Figura
1),
facilitando
o
acompanhamento e otimizando o processo de análise comparativa (COLE,
1983). Porém, para o presente trabalho foram selecionados 6 trechos
específicos dentre os 19 marcados ao longo da trilha, estes trechos foram
escolhidos por apresentarem resultados consideráveis em relação às análises
propostas.
762
Figura 1: Mapa de localização da trilha.
O método do cálculo da AST se baseia em selecionar dois pontos fixos nas
laterais da trilha, de maneira que formem uma linha perpendicular à trilha, para
que, com o auxílio de uma trena, sejam realizados os cálculos de altura da fita
em relação ao solo, sendo estas medidas retiradas no intervalo de 10
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centímetros ao longo da fita (Figura 2). Foi possível gerar gráficos de cortes
transversais ao longo da trilha utilizando uma fórmula descrita por Cole (1983),
onde o mesmo é expresso por:
A = V1+2V2+.......+2Vn+Vn+1 x L/2
Onde:
A = Área Seccional Transversal (AST).
V1 - Vn+1 = Medidas verticais começando em V1, e terminando em Vn+1.
L = Intervalo horizontal entre as medidas verticais.
763
Figura 2: Exemplo de fixação da linha horizontal para cálculo da AST, tendo como ponto fixo
piquetes ou caules de plantas nas laterais da trilha (COLE, 1983).
Para a obtenção das medidas das taxas de compactação do solo foi utilizado
um penetrômetro de cone com anel dinamométrico da marca Solotest. Foram
feitas medições no leito da trilha (área impactada) e à 1m de distância de cada
borda da mesma (área de controle), com três repetições de penetrometria para
cada local analisado, finalizando um valor único através de cálculo de média
aritmética para cada local escolhido (FIGUEIREDO et al, 2010), sendo os
pontos de coleta de dados os mesmos escolhidos para a realização dos
cálculos da AST. A fim de uma leitura mais fiel dos dados, posicionou-se o
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penetrômetro verticalmente, pressionando-o contra o solo de forma contínua
até que o cone penetrasse inteiramente no solo. Os dados foram coletados em
Kgf (quilograma-força), sendo a resistência de penetração (qc em Kgf/cm²)
obtida dividindo-se a carga de penetração (em Kgf) pela área da base do cone
(em cm²). Sendo o diâmetro do cone 28,4mm, a área da base será 6,33cm²
(FIGUEIREDO et al, 2010). Os valores finais foram transformados em MPa
(megapascal) com a finalidade de padronizar os dados com esta unidade de
medida, utilizada internacionalmente.
3. Resultados e discussões
Os dados foram coletados em três etapas, sendo a primeira etapa realizada no
mês de julho de 2012, a segunda etapa em dezembro de 2012 e a terceira em
setembro de 2013. Com base na Tabela 1, é possível perceber a evolução dos
processos erosivos e deposicionais ocorridos nos pontos de controle ao longo
da trilha.
Tabela 1 Resultados dos cálculos de AST
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Do total de pontos analisados foi possível acompanhar durante as três etapas
apenas 6. Os demais pontos não puderam ser analisados durante a segunda e
terceira etapa devido à retirada dos piquetes - provavelmente por vandalismo,
problema também verificado por Cole (1983), durante o período de execução
de sua investigação – comprometendo os resultados da aplicação do método
da AST nos referidos pontos, prejudicando o processo metodológico
conjuntural proposto. Optou-se por não utilizar os pontos coletados com o GPS
para a recuperação dos pontos de análise devido ao déficit de precisão do
equipamento utilizado, o que comprometeria a confiabilidade dos dados
coletados.
De acordo com os dados coletados, percebeu-se que alguns pontos
apresentaram variações quanto aos processos erosivos. Os pontos 2, 6, 7
apresentaram perda de solo no intervalo entre a 1ª e 2ª etapa de coleta de
dados e deposição no intervalo da 2ª e 3ª etapa. O ponto 5 apresentou uma
perda de solo ao longo das três etapas e no ponto 19 percebeu-se inicialmente
um processo deposicional, acompanhando de um processo erosivo na 3ª etapa
(Figura 3).
O ponto 3, encontra-se a 700m do início da trilha, apresentou maiores taxas de
erosão ao longo de todo acompanhamento, totalizando uma perda total de
16927,5 cm² de solo (Figura 4), o que pode ser explicado pelo fato deste trecho
ter sofrido intenso processo erosivo histórico, apresentando pronunciado
aprofundamento do leito, com taludes laterais de cerca de 3m de altura. Por
consequência, verificou-se instabilidade dos taludes laterais, devido à sua subverticalidade e exposição do saprolito.
Verificou-se nesse trecho de trilha, uma série de pequenos deslizamentos de
terra (Figura 5). O referido trecho da Trilha do Carteiro encontra-se fora da
Unidade de Conservação APA Serra São José, e cruza trechos de
propriedades particulares, onde foi possível observar indícios de pisoteio de
animais, o que contribui ainda mais os problemas verificados, cujo resultado
pode ser a intensificação da compactação e erosão do solo.
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Figuras 3 e 4: Gráficos demonstrativos dos processos erosivos e deposicionais ocorridos na
trilha.
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Figura 5: Desmoronamentos nos taludes laterais ao longo do trecho correspondente ao ponto
3. Foto: Ítalo Sena
Além do cálculo da AST para verificação da perda de solo no leito da trilha,
foram efetuadas medidas de compactação do solo. A compactação é definida
como diminuição do volume do solo ocasionado por compressão, causando um
rearranjo mais denso das partículas do solo e consequente redução da
porosidade (CURI, 1993). Este processo faz com que o solo fique mais
vulnerável a outros tipos de processos. Por consequência da diminuição das
taxas de infiltração, o excedente hídrico, não infiltrado, potencializa o
escoamento superficial, intensificando a drenagem pluvial que, ao ser
interceptada pelo leito da trilha, este se transforma num caminho preferencial,
concentrando o escoamento, e resultando, consequentemente, no aumento da
quantidade de sedimentos nas zonas de deposição. A retirada da vegetação
acompanhado do pisoteio (por pessoas, animais de montaria e de criação,
bicicletas e motocicletas off-road) dos horizontes superficiais do solo, são os
principais vetores para a intensificação dos processos erosivos no leito da
trilha. Para entender melhor este processo, procedeu-se o levantamento de
dados penetrométricos dentro e fora da trilha, como forma de comparar as
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taxas de compactação do solo. Com base nos dados tabulados (Tabela 2), é
perceptível uma padrão de maior compactação do solo no leito da trilha. A
compactação
é
resultado
de
intenso
rearranjamento
das
partículas
componentes do solo, resultando na diminuição da sua porosidade e
permeabilidade hídrica, cujos desdobramentos, já citados, originam processos
erosivos.
Tabela 2 Resultados das coletas de dados penetrométricos
768
4. Conclusões
A erosão do solo é um importante e significativo indicador da degradação da
trilha. A utilização do método do cálculo da Área Seccional Transversal (AST) é
provavelmente o método replicável mais frequentemente utilizado para
monitorar segmentos da trilha afetados por erosão. Esse método pode ser
aplicado sistematicamente em posições fixas para redes inteiras de
monitoramento de trilhas. A erosão ou a deposição de solos e sedimentos pode
ser medida com muito mais precisão e exatidão com esse método, e os dados
coletados usando este método são adequados para os gestores que precisam
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tomar decisões a respeito da manutenção e conservação das trilhas
monitoradas (GUALTIERI-PINTO et al, 2008).
Foi percebido que locais com solos mais propícios para erosão apresentaram
maiores taxas de perda de solo, influenciados pela declividade do local e pelo
caráter psamítico do solo. As taxas de compactação do solo apresentaram o
esperado, taxas mais elevadas de compactação no interior da trilha e menos
acentuadas nas bordas da mesma.
Diante do exposto, percebe-se que é necessário pensar um manejo integrado
de toda a trilha, que abranja não somente problemas como a intensificação dos
processos erosivos, mas também com a dinâmica ecogeossistêmica que
circunda todo o percurso da trilha, passível de desequilíbrios originados a partir
da intensificação da utilização e visitação turística da trilha (SENA et al, 2013).
Para
que
a
crescente
utilização
ecogeoturística
seja
ambiental
e
economicamente viável, há de se investir em conservação da trilha. Contudo,
tais ações poderiam ser otimizadas, se precedidas de monitoramento da sua
qualidade ambiental, com o intuito de adequá-la para que a visitação
ecogeoturística cause menos impactos. Portanto, um manejo sustentável se faz
necessário quando é perceptível que os níveis de degradação erosiva da trilha
tendem
a
um
ambiente
de
desequilíbrio,
aumentando
os
impactos
geoambientais, podendo alterar seus níveis de dificuldade. Dentre os
problemas observados ao longo do trajeto, destacam-se o aprofundamento do
leito da trilha; a instabilidade de taludes laterais, ocasionando deslizamentos de
terra; formação de lamaçais nas zonas deposicionais nos períodos chuvosos, o
que pode dificultar ou até mesmo impedir a circulação dos visitantes.
O equacionamento do problema está no contínuo monitoramento das
condições físicas da trilha, de modo que os dados apurados possam subsidiar
as decisões sobre as intervenções necessárias à correta manutenção das
condições de sua utilização pública, o que propicia um ambiente favorável para
a exploração ecogeoturística.
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---------------------------------------------------------------------------------------------------------Agradecimentos: Os autores agradecem à Fapemig pelo suporte financeiro, à
UFSJ pelo suporte logístico, e ao IEF-MG pela concessão das licenças de
pesquisa na APA Serra São José.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------5. Bibliografia
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
771
GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
ESTUDO DA GESTÃO DE RISCOS (ABNT NBR 15331:2005) NA TRILHA DO
MORRO DO DIABO DO PARQUE ESTADUAL DO MORRO DO DIABO –
TEODORO SAMPAIO-SP
João Paulo Hordones Faria15
Sergio Domingos de Oliveira16
Resumo
Palavras – chave: Turismo de Aventura; Unidade de Conservação; Sistema de Gestão da
Segurança; Parque Estadual do Morro do Diabo; Trilha do Morro do Diabo.
O Parque Estadual do Morro do Diabo é o maior representante de mata
atlântica do interior que antes recobria o Pontal do Paranapanema, no extremo
oeste do estado de São Paulo, garantindo a proteção de 33.845,33 hectares do
bioma. Apesar dos empenhos realizados por sua gestão e pela Secretaria de
Meio Ambiente no uso público da Trilha do Morro do Diabo, a gestão sofre com
perigos e riscos intrínsecos a sua operação, potencializado pelos hábitos de
vida dos visitantes, deliberadamente urbanos. A normalização do turismo de
aventura é uma alternativa ao processo de gestão dessa atividade,
principalmente o Sistema de Gestão da Segurança – SGS (ABNT NBR
15331:2005). Neste trabalho, buscou-se realizar o estudo da gestão de riscos
do SGS na Trilha do Morro do Diabo; discutindo o Programa de Uso Público da
área, com posterior descrição da Trilha e o manejo de sua visitação, além de
uma discussão sobre as políticas estaduais relacionadas à sua visitação.
Utilizou-se da pesquisa exploratória, composta de revisão bibliográfica e uma
entrevista semiestrutura com responsável da área sobre a política de
segurança da Unidade, além de saídas a campo e observação participante,
onde ao final se reuniu e se organizou todos os subsídios, para posterior
análise e interpretação. Os resultados apontam que as políticas estaduais e a
gestão do Parque, caminham na direção da normalização do segmento.
Ademais, durante o processo de gestão de riscos, identificaram-se oito perigos
analisados e avaliados como temporariamente aceitos e somente dois como
críticos, num total de cinquenta e quatro perigos considerados, estabelecendose assim, o tratamento de riscos. A relevância deste estudo é a de contribuir
com mais um gradiente de segurança no uso público da Trilha do Morro do
Diabo, fornecendo subsídios para a minimização de incidentes com potencial
15
jpfaria85@hotmail.com Bacharel em Turismo UNESP - Universidade Estadual Paulista –
Campus de Rosana
16
sedoliveira@yahoo.com Doutor UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
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772
para se tornarem acidentes, além de possibilitar o processo de melhoria
contínua da segurança de todo o processo de visitação.
Resumen
Palabras – clave: Turismo de Aventura; Unidad de Conservación; Sistema de
Gestión de la Seguridad; Parque Estadual do Morro do Diabo; Trilha do Morro
do Diabo.
El Parque Estadual do Morro do Diabo es el mayor representante de la mata
atlántica del interior que antes cubría todo el Pontal do Paranapanema, en el
extremo oeste del estado de São Paulo, garantizando la protección de
33.845,33 hectáreas del bioma. A pesar de los empeños realizados por su
gestión y de la Secretaría de Medio Ambiente en el uso público de la Trilha do
Morro do Diabo, la gestión sufre con peligros y riesgos intrínsecos a su
operación, potencializado por los hábitos de vida de los visitantes,
deliberadamente urbanos. La normalización del turismo de aventura es una
alternativa al proceso de gestión de esa actividad, principalmente el Sistema de
Gestão da Segurança – SGS (ABNT NBR 15331:2005). En este trabajo, se
buscó realizar el estudio de la gestión de riesgos del SGS en la Trilha do Morro
do Diabo; discutiendo el Programa de Uso Público del área, con descripción
posterior de la Trilha y el manejo de su visitación, más allá de una discusión
sobre las políticas estaduales relacionadas a su visitación. Se utilizó la
investigación exploratoria, compuesta de revisión bibliográfica y una entrevista
medio estructurada con el responsable del área sobre la política de seguridad
de la Unidad, además de las salidas al campo y observación participante,
donde al final se reunió e se organizó todos los subsidios, para análisis e
interpretación posterior. Los resultados apuntan que las políticas estaduales y
la gestión del Parque, caminan en la dirección de la normalización del
segmento. Además, durante el proceso de gestión de riesgos, se identificaron
ocho peligros analizados y examinados como temporalmente aceptados e
solamente dos como críticos, en una lista de cincuenta y cuatro peligros
considerados, estableciéndose así, el tratamiento de riesgos. La relevancia de
este estudio es la de contribuir con más una garantía de seguridad en el uso
público de la Trilha do Morro do Diabo, forneciendo subsidios para la
minimización de incidentes con potencial en accidentes, más allá de posibilitar
el proceso de mejora continua de la seguridad de todo el proceso de visitación.
1. Introdução
A segurança é fator de relevante importância na operação de atividades
turísticas, principalmente quando realizadas no meio natural, pois apresentam
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condições arriscadas, já que são desenvolvidas em locais remotos e de difícil
acesso, como as trilhas das Unidades de Conservação (UC’s), gerando
preocupação para o poder público e as instituições ligadas ao setor. Dessa
forma, o perigo que a realização de percorrer uma trilha pode oferecer a
turistas não familiarizadas a interagir com o meio natural, é uma realidade.Os
Parques e suas trilhas são áreas de proteção integral acessível à visitação
pública e apta ao desenvolvimento de atividades turísticas como o turismo de
aventura (BRASIL, 2006a). O Parque Estadual do Morro do Diabo (PEMD) com
seus 33.845,33 hectares, localizado na Bacia Hidrográfica do Pontal do
Paranapanema (extremo sudoeste paulista), município de Teodoro Sampaio,
insere-se nesse contexto. Transformado em Parque em 1986 pelo Decreto
25.342/86, é vinculado à Fundação Florestal (FF) e ao Instituto Florestal (IF),
autarquias da Secretaria de Meio Ambiente – SMA (IF, 2006).
Dessa forma, constata-se a necessidade de elaboração do estudo da gestão
de riscos na Trilha do Morro do Diabo, como objetivo geral deste trabalho, por
meio do requisito 5 da Norma ABNT NBR 15331:2005. Buscou-se, como,
objetivos específicos: discutir o Programa de Uso Público (PUP) do PEMD;
descrever a Trilha do Morro do Diabo e o manejo de sua visitação e; relacionar
as políticas estaduais ligadas a sua visitação.
Este estudo justifica-se devido ao grande potencial de geração de incidentes
e/ou acidentes não desejáveis na operação em trilhas de UC’s (BRASIL, 2005),
associado ao número crescente de visitantes que chegam ao PEMD,
aumentando, consequentemente, o uso das trilhas da Unidade (IF, 2006). Tal
trabalho adotou a linha de pesquisa exploratória, pois envolve levantamento
bibliográfico e familiarização com o tema e objeto estudado através de
materiais relacionados, além do emprego de entrevista semiestruturada com
responsável da área sobre a problemática investigada (GIL, 2002), uma
conversa sem restrições sobre temas propostos (objeto ou objetivo)
(SCHLÜTER, 2003).
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Simultaneamente foi utilizado o estudo de campo, realizando assim as saídas a
campo e obtendo-se nesses momentos relevante contato com a realidade
estudada (GIL, 2002), principalmente nas reuniões realizadas com a equipe do
PUP sobre o processo da gestão de riscos. Assim sendo, visitou-se o Parque e
a Trilha do Morro do Diabo, verificando-se rotineiramente sua realidade, a fim
de estabelecer uma melhor compreensão do funcionamento, da gestão turística
da área e os processos adotados na Trilha. Todavia se optou pelo uso da
observação participante, por sua forma de proporcionar uma visão próxima e
confiável sobre o objeto estudado, que por meio do contato direto, proporciona
uma compreensão das ações e de seus atores em seu contexto natural
(CHIZZOTTI, 2005).
O emprego de tal técnica se passou uma vez que se acompanhou o contexto
de visitação desenvolvido pelo PUP.
Com o transcorrer do trabalho, a
pesquisa de dados, das informações e de conceitos relevantes foram reunidos
e organizados para análise e interpretação (LAKATOS; MARCONI, 2009).
Então, durante esta fase, todos os subsídios coletados, juntamente com as
informações adquiridos no estudo da gestão de riscos, foram analisados e
interpretados.
2. Turismo de aventura e UC
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define o turismo de
aventura como sendo uma atividade de caráter comercial, geralmente
adaptada das atividades de Esporte de Aventura, que tenha ao mesmo tempo
filosofia recreativa e que envolva riscos avaliados, controlados e assumidos
(ABNT, 2005b). O relatório diagnóstico do segmento (BRASIL, 2005), aponta
que entre as modalidades mais praticadas em média nos Parques (nacionais e
estaduais), a “caminhada de um dia” tem percentual médio de 23% (primeiro
lugar) e o maior número de vítimas fatais e não fatais nos números gerais do
resumo de acidentes por modalidade. A União Internacional para a
Conservação da Natureza (UICN) define as UC’s como territórios de terra ou
mar, dedicados à proteção e manutenção da biodiversidade e os serviços
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ecológicos, desde os recursos naturais até os culturais a ela associados.
Menciona ainda que tais áreas são administradas por meio de mecanismos
legais ou medidas que tornem possível alcançar tais objetivos (PHILLIPS,
2004).
Nesse contexto, Brasil (2006b) apresenta um conjunto de princípios,
recomendações e diretrizes práticas de segurança, na ordenação à visitação
em UC’s e aponta para uma busca cada vez maior pela segurança que deve
ser realizada pelos gestores, sendo o uso da normalização, em especial a
norma aqui tratada, uma opção nessa vertente.O uso de técnicas de gestão de
risco, procedimentos de melhoria e de condições de segurança, é aplicável a
qualquer organização de diferentes condições geográficas, culturais ou sociais
(ABNT, 2005a). A “(...) gestão de riscos, inclui compreender a fundo as
características da operação, identificando e avaliando as situações de risco a
fim de diferenciar os riscos menores dos maiores e encontrar formas de
tratamento desses eventos indesejados. (...)” (ABETA, 2009, p. 25).
776
Assim sendo, tendo como base as pesquisas realizadas sobre o tema e seu
processo de normalização, parte-se, então, para a construção de um conceito
de Turismo Responsável nas UC’s, concebido por meio de planejamento
comunitário e participativo, de acordo com as limitações do plano de manejo,
conjugado com a capacidade de suporte destes locais, considerando condições
socioculturais e econômicas, além de respeitar e valorizar as especificidades
locais ao desenvolver a atividade turística (OLIVEIRA, 2005).
3. Resultados e discussões
O PEMD está localizado entre os paralelos 22º 27’ a 22º 40’ de latitude sul e os
meridianos 52º 10’ a 52º 22’ de longitude oeste (IF, 2006). O recente projeto de
revitalização dos aspectos físicos da Trilha do Morro do Diabo realizado,
restaurou com métodos e técnicas adequadas, todo o caminho, reabrindo-o ao
público.
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A visitação pública ao Parque data do fim da década de 1980, porém somente
após a elaboração do plano de manejo e o estabelecimento do PUP em 2006,
as atividades começaram a ser monitoradas e planejadas, tendo, como um de
seus objetivos, o planejamento da segurança nas trilhas para o público
visitante. Com isso, os subprogramas pautados no caráter educativo e voltadas
a comunidade local/regional, tiveram um aumento espantoso na visitação
(maioria de estudantes), gerido por meio de um sistema de visitas agendadas,
que coleta o perfil dos visitantes, suas debilidades e expectativas (IF, 2006).
Observou-se nas atividades do PUP que, um briefing sempre é realizado antes
do início das visitas, elucidando dados da área com recomendações de
comportamento e segurança ao adentrar as trilhas.
A falta de alguns itens de atividade laboral exigidos para cada monitor (apito,
canivete etc.), e outros de segurança para os visitantes (calçados, refil de água
etc.) foi verificado, assim como a não elucidação, aos visitantes, de inclusão do
seguro para a atividade e o não aquecimento/alongamento para o seu início.
777
A Trilha do Morro do Diabo se localiza na zona de uso extensivo do PEMD e
tem origem anterior ao uso público, sofreu pequenas alterações de percurso
para facilitar o acesso à visitação. Monitores conduzem a caminhada, entre
subidas, declives, ondulações e curvas, de dificuldade média e limitação de 77
visitantes/dia (IF, 2006). Dentre as políticas estaduais relacionadas à visitação
da Trilha, tem-se: a distribuição de folhetaria com premissas de mínimo
impacto aos visitantes (IF, 2006); o emprego da política estadual de uso público
para UC’s (Resolução Nº 59), com medidas para o desenvolvimento seguro da
atividade (SÃO PAULO, 2008); a participação no programa “Trilhas de São
Paulo” (publicação, sinalização etc.), do Projeto Estratégico de Ecoturismo, que
visa consolidar o ecoturismo para preservar o meio natural, coordenado pela
Gerência de Ecoturismo e Visitação Pública da SMA que; também tem
estabelecido Termos de Cooperação para reconhecer e disseminar a
normalização do turismo de aventura nas UC’s estaduais (SÃO PAULO, 2012).
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Na entrevista realizada com responsável da área17, esclareceu-se que a
política de segurança do PEMD (Plano de Contingência) usada no uso público
é
pouco
requisitada
na
prática,
dada a
ausência
de
registros
de
acidentes/incidentes. Percebe-se que, a necessidade do uso de tal política se
faz somente em momentos de real precisão e não de forma preventiva.
4. Gestão de riscos da trilha do morro do diabo
No processo de gestão de riscos, a definição do contexto realiza-se antes d as
demais etapas (Tabela 1), caracterizando a gestão dos riscos e a atividade
trabalhada com informações essenciais.
Tabela 1 – Contexto da gestão de riscos da Trilha do Morro do Diabo
CONTEXTO DA GESTÃO DE RISCOS
PRODUTO:
Trilha do Morro do Diabo.
ATIVIDADES:
Deslocamento em transporte; Caminhada e; Observação de Vida
Silvestre e de Paisagem.
LOCAL
REALIZAÇÃO:
DE
Início/fim da trilha no km 16 da SP-613 (sentido Teodoro Sampaio x
Rosana).
OBJETIVOS
DA
GESTÃO DE RISCOS:
Manter a constante mensuração dos riscos e a documentação
necessária, aperfeiçoando todo o processo da gestão de riscos, a fim
de torná-la um padrão na visitação da Trilha do Morro do Diabo.
DESCRIÇÃO TÉCNICA:
Trilha sombreada que leva ao pico do Morro do Diabo, passando por
ponto de descanso. É monitorada. Piso: terra, pedregoso.
Desnível de Subida: 250 metros. Desnível de Descida: 250 metros.
Distância: 2.500 metros de superfície, incluído o retorno (ida/volta),
que se realiza no mesmo fluxo de subida. Existem ainda duas trilhas
adjacentes no cume do Morro, uma com 100 metros e outra com 300
metros de comprimento, aumentando-se assim o deslocamento e o
percurso total da trilha.
LIMITANTE:
DURAÇÃO:
ATENÇÃO:
INTERFACES/FRONTEI
RAS COM OUTRAS
ATIVIDADES:
08 anos.
2 a 3 horas.
Usar protetor solar e repelente. Tênis obrigatório.
Encontro repentino com visitantes invasores (caçadores ou visitantes
intrusos) e com fauna silvestre. Chuva com raios.
IDENTIFICAÇÃO
ESTUDOS
NECESSÁRIOS:
PUP e Plano de Manejo. Todos os monitores têm responsabilidade
para identificar o perigo da atividade e fazer uso dos controles
operacionais existentes (Plano de Contingência).
DOS
Versão: 1.0 (Este documento deve ser revisado anualmente).
Data do documento: 1º Semestre/2012.
17
Dr. Helder Henrique de Faria (Gestor do PEMD, responde pela Fundação Florestal de São
Paulo).
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Fonte: Faria (2012).
Fez-se então, na definição do contexto, uso de meios disponíveis e já
estabelecidos sobre a norma em questão, adotando-se instrumentos como: os
perigos à vida associados à atividade de caminhada e a base teórica utilizada
na análise de riscos, onde se fez uso das tabelas de: escala de classificação da
probabilidade de ocorrência, que classifica a probabilidade/frequência de
ocorrência dos perigos por níveis com procedentes descrições; escala de
classificação da consequência do evento, que classifica a consequência dos
perigos por níveis e procedentes descrições; escala de avaliação e
classificação de nível de risco, que apontam o nível de risco das situações de
perigo (Probabilidade x Consequência) e; a categoria de danos, que classifica e
categoriza os danos por níveis, com posteriores descrições (ABETA, 2009). Em
reuniões realizadas no Centro de Visitantes do PEMD (Figura 1), durante os
dias 14, 16 e 25/05/2012, foi feito, respectivamente, a identificação,
análise/avaliação e tratamento dos perigos associados à atividade, com a
presença dos monitores da Unidade, responsáveis pelo desenvolvimento do
PUP.
Figura1 – Reunião do processo de gestão de riscos (FARIA, 2012).
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Foram identificados, 26 perigos dentre os 53 apreciados da lista de “(...)
Perigos à vida associados à atividade de caminhada que devem ser levados
em consideração na gestão de riscos (...)” (ABETA, 2009, p. 89). Todavia,
outros dois perigos foram incluídos pela especificidade de deslocamento em
transporte da Trilha (problema mecânico, elétrico ou pneumático e; acidente de
trânsito), uma vez que não compõem a lista de perigos considerados.
Na análise dos riscos outras fontes de informações são levadas em conta, além
da estimativa do nível de risco (P x C), como o Plano de Contingência do
PEMD para controle operacional, a escala de categoria do dano e seu exterior
causador, as experiências decorrentes das práticas dos monitores e suas
consequentes opiniões (especificas e precisas). Já a avaliação dos riscos,
considera a aceitabilidade ou não dos 28 perigos identificados, avaliados
segundo a aceitabilidade ou não de cada risco, como ilustrado a seguir (Fig 2).
780
Figura 2 – Esquema do Processo de Avaliação de Riscos (ABNT, 2005a).
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Apresenta-se a seguir (Tabela 2), uma lista dos perigos e riscos trabalhados,
identificados com suas posteriores análises e aceitabilidade.
Tabela 2 – Lista de avaliação dos riscos identificados da gestão de riscos da Trilha do
Morro do Diabo
AVALIAÇÃO DOS RISCOS IDENTIFICADOS
Análise
Aceitabili
Perigo
Avaliação do Risco
de Risco
dade
1) Queda da própria altura durante
9
Ac. temporariamente
Não
caminhada
2) Escorregão durante caminhada
9
Ac. temporariamente
Não
3) Tropeção durante caminha
9
Ac.temporariamente
Não
4) Queda em terrenos muito inclinados
6
Aceito
Sim
5) Mal súbito
4
Aceito
Sim
6)
Ausência
de
água
para
1
Aceito
Sim
consumo/desidratação
7) Ausência de alimentação para consumo
2
Aceito
Sim
8) Ser atingido por queda de galhos
4
Aceito
Sim
9) Contato com espinhos
2
Aceito
Sim
10) Galho retornar contra a pessoa após
2
Aceito
Sim
passagem de quem vai à frente
11) Ataque de abelhas ou insetos do
5
Aceito
Sim
gênero
12) Ataque de cobras
10
Ac.temporariamente
Não
13) Ataque de aranhas
6
Aceito
Sim
14) Ataque de escorpiões
6
Aceito
Sim
15) Ataque de carrapatos
20
Crítico
Não
16) Ataque de insetos
3
Aceito
Sim
17) Atrito de roupa molhada com o corpo
6
Aceito
Sim
18)Uso de calçado não apropriado para as
15
Crítico
Não
características da atividade
19) Ataque de animais silvestres
6
Aceito
Sim
20) Violência de humanos
12
Ac.temporariamente
Não
21) Ingestão de frutos venenosos
3
Aceito
Sim
22) Engasgar com alimentos
2
Aceito
Sim
23) Uso incorreto de utensílios de corte
3
Aceito
Sim
como faca, canivetes, facão etc.
24) Atropelamento (por veículos, bicicletas,
12
Ac.temporariamente
Não
animais domésticos etc.)
25) Ingestão de medicamentos sem
8
Ac.temporariamente
Não
conhecimentos de contra indicações
26) Realizar esforço acima dos níveis de
12
Ac.temporariamente
Não
condicionamento físico – assalto
27) Problema mecânico, elétrico ou
pneumático do transporte (motor fundir,
3
Aceito
Sim
bateria fraca, furar pneu etc.)
28) Acidente de trânsito (batida com outro
veículo, perda da direção por parte do
6
Aceito
Sim
motorista etc.)
Versão: 1.0 (Este documento deve ser revisado anualmente).
Data do documento: 1º Semestre/2012.
Fonte: Faria (2012).
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781
Finalmente, parte-se para os tratamentos, que devem considerar os diferentes
pontos do risco, como suas condições operacionais, impactos ambientais
negativos entre outros que, tenham como causadores as medidas de controle
estabelecidas (ABNT, 2005a). A seguir é apresentado (figura 3), o esquema
que demonstra esse processo.
782
Figura 3 – Esquema do Processo de Tratamento de Riscos (ABNT, 2005a).
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Genericamente o tratamento de riscos envolve duas etapas, os Procedimentos
para Tratamentos de Riscos e os Planos de Tratamento de Riscos. Em relação
aos procedimentos a autoridade máxima é a Direção do PEMD, seguido pela
Direção Administrativa/Financeira (2º autoridade do SGS) e ainda a
Coordenação do PUP (3º autoridade do SGS), que responde pela visitação na
Trilha do Morro do Diabo. Todos possuem autoridade para definir, implementar,
monitorar, registrar e analisar criticamente os tratamentos de riscos.
No tocante aos recursos, o setor administrativo é responsável pela aprovação
da alocação de recursos para implementação dos tratamentos de riscos, que
deverão ser avaliados quanto a sua eficácia. Dessa forma elaboram-se os
planos de tratamento de riscos (Tabela 3).
Tabela 3 – Plano de tratamento de riscos da gestão de riscos da Trilha do Morro do
Diabo
Produto:
Perigo:
Tratament
o:
Risco em
ordem de
prioridade
15
PLANO DE TRATAMENTO DE RISCOS
Trilha do Morro do Diabo
Análise
Riscos
classificados
Todos os perigos avaliados como críticos do risco:
acima de 8.
ou temporariamente aceitos.
Pré-atividade; durante e; pós-atividade com posterior analise das
ocorrências.
Ações:
Plano de
Contingênci
a; Instrução
aos
visitantes e;
Manutenção
preventiva.
Responsável
:
Condutores /
Monitores;
Coordenaçã
o e; Braçais
Prazo:
Recursos:
Status:
Uso
imediato.
Alto
benefício
e sem
custo.
Crítico
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
783
20
24
26
12
Plano de
Contingênci
a; Instrução
aos
visitantes;
Manutenção
preventiva e;
Uso de
contratos.
Decisão de
cancelament
o da
atividade e;
Instrução
aos
visitantes.
Instrução
aos
visitantes;
Treinamento
de
condutores
e; Plano de
Contingênci
a.
Supervisão
e; Plano de
Contingênci
a.
Minimização
da
exposição a
fontes de
risco;
Treinamento
de
condutores;
Instrução
aos
visitantes e;
utilização de
equipamento
s de
proteção
Coordenaçã
o;
Responsável
pelo grupo
e;
Condutores /
Monitores;
Uso
imediato.
Alto
benefício
e sem
custo.
Crítico.
Responsável
pelo grupo
e;
Condutores /
Monitores;
Uso
imediato.
Baixo
benefício
e sem
custo.
Temporariame
nte aceito.
Responsável
pelo grupo;
Condutores /
Monitores e;
Coordenaçã
o.
Uso
imediato e
à médio
prazo
Médio
benefício
e baixo
custo.
Temporariame
nte aceito.
784
Responsável
pelo grupo
e;
Condutores /
Monitores.
Condutores /
Monitores
Uso
imediato.
Médio
benefício
e baixo
custo.
Temporariame
nte aceito.
Uso
imediato e
médio
prazo
Baixo
benefício
e médio
custo.
Temporariame
nte aceito.
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1
2
3
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individual.
Instrução
dos clientes;
Treinamento
dos
membros da
equipe;
Engenharia
e barreiras
estruturais.
Instrução
aos
visitantes.
Instrução
aos
visitantes e;
Manutenção
preventiva.
Instrução
aos
visitantes.
Condutores /
Monitores e;
Coordenaçã
o.
Uso
imediato e
em médio
prazo.
Alto
beneficio
e baixo
custo.
Temporariame
nte aceito.
Responsável
pelo grupo
e;
Condutores /
Monitores.
Responsável
pelo grupo
e;
Condutores /
Monitores.
Uso
imediato.
Alto
beneficio
e sem
custo.
Temporariame
nte aceito.
Uso
imediato.
Alto
beneficio
e sem
custo
Temporariame
nte aceito.
Responsável
Uso
Alto
Temporariame
pelo grupo
imediato.
beneficio
nte aceito.
e;
e sem
Condutores /
custo
Monitores.
Resultados esperados: Espera-se com a aplicação destes planos, que todos os
perigos fiquem classificados como aceitos, com exceção do perigo “Ataque de
Carrapatos (15)” reclassificado como temporariamente aceito, devido sua
especificidade natural e sua alta taxa de ocorrência, fazendo com que seu
tratamento seja extremamente delicado.
Indicadore
Medidas de eliminação,
Análise
Níveis abaixo de 8, com
redução de probabilidade e após o
s
exceção do perigo mais
conseqüência
e
tratamento
utilizados:
crítico, reclassificado com
transferência de risco.
:
nível 9.
Monitoramento / Análise Crítica:
O monitoramento deve ser realizado especialmente pelos monitores e a
coordenação do PUP, porém com auxílio dos guarda-parques e funcionários braçais
do PEMD (Subprogramas de Proteção e Manutenção) e dependendo do perigo e da
situação, contar com o auxílio dos líderes responsáveis pelo grupo visitante.
Compilado Reunião PUP
Data:
25/05/2012
por:
Versão: 1.0 (Este documento deve ser revisado anualmente).
Data do documento: 1º Semestre/2012.
Fonte: Faria (2012).
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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Todavia, se faz pertinente que tal trabalho, enquanto situada nas dependências
de uma UC, se enquadre no arcabouço legal nacional e estadual, as políticas
públicas relacionas ao SNUC, a SMA, ao plano de manejo do PEMD, ao
município e a própria Norma aqui trabalhada.
Por fim, são estabelecidos para implementação e manutenção, objetivos e
metas, a fim de se atingir a segurança pretendida, estabelecendo-se uma
revisão anual que devem sofrer os objetivos. Há de se mencionar que este
estudo, não exerceu todo o proposto pela gestão de riscos, uma vez que esta
parte de seu conteúdo (requisitos 5.3 e 5.4) são de caráter experimentado e
mensuráveis em longo prazo para posterior análise e melhoria do Sistema.
Portanto, não se apresenta um resultado detalhado nesses pontos.
5. Conclusões
Sobre a metodologia utilizada neste trabalho, deve-se mencionar que a mesma
apresentou-se pertinente, uma vez que se alcançaram os objetivos propostos,
sugerindo-se o real uso dos critérios propostos, ampliando-se o cenário aqui
descrito, pois uma vez aplicado, pode-se visualizar melhor todo o seu
panorama. A criação de um mapa de pontos críticos propensos à ocorrência de
perigos e de potenciais riscos deve ser pontuada, para o estabelecimento de
zonas de maior ou menor atenção com o publico. Ademais conhecimentos
básicos, como o uso de calçado, roupas e chapeis próprios, além da
comunicação de todos os riscos intrínsecos a visita, devem ser transmitidos,
pois essas informações abrandarão possíveis riscos que geram os perigos
identificados e não aceitos.
Foi verificado que a gestão do PEMD está aberta para fazer uso de meios que
venham a dirigir a segurança no processo de visitação e que propiciem uma
melhor transmissão de valores ambientais. Tal afirmação é verificada nos
objetivos do PUP, na abertura dada pela direção da Unidade durante a
realização deste trabalho e na participação dos monitores no processo de
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gestão de riscos. Entende-se então, que as políticas estaduais caminham na
direção da normalização do turismo de aventura nas UC’s.
Os resultados deste trabalho contribuirão para fomentar a gestão da segurança
na visitação do Parque. O uso de mais um gradiente de segurança no uso
público da Trilha do Morro do Diabo, fornecerá subsídios também para a
minimização de demais problemas no processo de visitação, para assim se
possam desenvolver novos projetos de educação ambiental de acordo com os
problemas locais.
6. Bibliografia
ABETA, Associação Brasileira de Empresas de Turismo de Aventura e
Ecoturismo. Manual de boas práticas de sistema de gestão da
segurança. Belo Horizonte: Ed. dos autores, 2009.
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE
NORMAS
TÉCNICASa,
ABNT
NBR
15331:2005 – Turismo de aventura – Sistema de gestão de segurança –
Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
________b. ABNT NBR 15286:2005 – Turismo de Aventura – Informações
mínimas preliminares ao cliente. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
BRASIL. Regulamentação, normalização e certificação em turismo de aventura.
Relatório diagnóstico. Brasília: Ministério do Turismo, 2005.
________a. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e
Florestas. Diretoria de Áreas Protegidas. SNUC: Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza. Lei nº 9.985, de 18 de julho de
2000: decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. 6 ed. Brasília:
MMA/SBF, 2006.
________b. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e
Florestas. Diretoria de Áreas Protegidas. Diretrizes para visitação em
unidades de conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006.
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humana e sociais. 7.ed. São Paulo:
Cortez, 2005.
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FARIA, João Paulo Hordones. Estudo do SGS (ABNT NBR 15331 – Turismo de
aventura – Sistema de gestão da segurança – Requisitos) na Trilha do
Morro do Diabo do Parque Estadual do Morro do Diabo – Teodoro
Sampaio-SP. Rosana: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” – Campus Experimental de Rosana, 2012. Monografia (Graduação
em Turismo).
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
INSTITUTO FLORESTAL. Parque Estadual do Morro do Diabo - Plano de
Manejo. Instituto Florestal. Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
Coord. Editorial Helder Henrique de Faria e Andréa Soares Pires. Vários
autores. Editora Viena. Santa Cruz do Rio Pardo, SP. 2006.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da
metodologia científica. 6. ed. 7.reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.
OLIVEIRA, Sérgio Domingos de. Certificação de Atividades Turísticas
Responsáveis em Unidades de Conservação. Estudo de Caso: o Parque
Estadual Morro do Diabo, Pontal do Paranapanema, SP. Florianópolis:
Universidade Federal de Santa Catarina, 2005. (Tese de Doutorado).
PHILLIPS. Adrian. The History of the International Systen of Protected Area
Management Categories. In: Revista da União Internacional para a
Conservação da Natureza. Protected Area Categories. Gland, 2004:
Suiça. vol. 14 (nº 3).
SÃO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente. Regulamenta os procedimentos
administrativos de gestão e fiscalização do uso público nas Unidades de
Conservação de proteção integral do Sistema Estadual de Florestas do
Estado de São Paulo, e dá outras providências. Resolução SMA Nº 059
de 27 de agosto de 2008. São Paulo: SMA, 2008. Disponível em:
<http://www.ambiente.sp.gov.br/legislacao/estadual/resolucoes/Resoluca
o_SMA_59_2008. pdf>. Acesso em: 8 jun. 2012.
________. Secretaria do Meio Ambiente. Fundação Florestal. Gerência de
Ecoturismo e Visitação Pública. Apresenta informações sobre os
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
788
projetos desenvolvidos nas unidades de conservação paulistas.
Disponível
em:
<http://www.fflorestal.sp.gov.br/ecoturismo
Apresentacao.php>. Acesso em: 30 abril 2012.
SCHÜLETER, Regina G. Metodologia da Pesquisa Turismo e Hotelaria.
Tradução Tereza Jardini. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2003.
789
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
O IMPACTO NA DINÂMICA DO SOLO ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DA
TRILHA PONTA NEGRA-PRAIA DE GALHETAS NA RESERVA ECOLÓGICA
DA JUATINGA EM PARATY
Luana de Almeida Rangel18
Antonio Jose Teixeira Guerra19
Resumo
Palavras chaves: Feições Erosivas, Compactação do solo, Porosidade.
Com 8000 hectares, a Reserva Ecológica da Juatinga, está situada no
município de Paraty, o relevo varia do nível do mar até 1300 metros, e tem
como vegetação predominante floresta ombrófila densa. Apesar de sua
condição de reserva ecológica, a utilização de trilhas é constante devido ao uso
da população local e apelo turístico da área. Neste trabalho avaliou-se
mudanças causadas na dinâmica do solo na trilha Ponta Negra-Praia de
Galhetas. Em novembro de 2012, analisou-se e mapeou-se as degradações de
uso presentes na trilha, onde em seus 350 metros de extensão foram
constatadas encostas erodidas, vegetação queimada, presença de lixo,
formação de degraus, exposição de blocos e raízes no leito da trilha.
Coletaram-se amostras de solo em duas profundidades (0-10 cm e 10-20 cm)
em três pontos da trilha a fim de determinar a porosidade, textura e densidade
do solo. Após análise, constatou-se maior compactação do solo no ponto 3 nas
duas profundidades (1470 e 1610 kg/cm³). Já no ponto 1, existe formação de
degraus, a textura é argilo-arenosa e a porosidade é elevada devido a
porcentagem de areia grossa (37,05% e 32,30%). Conclui-se que a formação
de degraus que ocorre no ponto 1, localizado no divisor da encosta, está
associada a concentração do fluxo de água da chuva. A compactação no ponto
3 ocorre devido à drenagem do solo, sendo ainda um ponto de sobreuso
devido à convergência de fluxo para a praia de Galhetas. É recomendável que
seja feita recuperação da trilha com ordenamento do sistema de drenagem,
para diminuir a velocidade e volume do fluxo de água que percorre a trilha
e através de colocação de barreiras d’água e diques, retendo os sedimentos;
nas áreas escalonadas devem-se colocar degraus de madeira de modo a
garantir acessibilidade e orientar o fluxo de visitantes. Além disso, se faz
18
luarangel@ufrj.br Mestranda em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Bolsista CNPq - Integrante do Lagesolos.
19
antoniotguerra@gmail.com Professor Titular do Departamento de Geografia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro – Coordenador do Lagesolos.
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necessária a recuperação das encostas através do reflorestamento,
protegendo o talude e regulando o volume de solo e água que pode
sobrecarregar o leito e drenagem da trilha.
Resumen
Palabras clave: erosión, compactación del suelo, porosidad.
Con 8.000 hectáreas, Reserva Ecológica da Juatinga se encuentra en el
municipio de Paraty, la altitud del relieve varía desde el nivel del mar hasta
1.300 metros, y su vegetación predominante de bosques densos. A pesar de su
estatus como una reserva ecológica, el uso de senderos es constante debido al
uso de la población local y el atractivo turístico de la zona. En este estudio se
evaluaron los cambios causados en la dinámica del suelo em el sendero Ponta
Negra-Praia de Galhetas. En noviembre de 2012, fueron analizadas y
asignadas las degradaciones presentes en el sendero, donde en sus 350
metros de largo se encontraron laderas erosionadas, la vegetación quemada, la
presencia de basura, escaleras, bloques de roca y raíces. Las muestras se
recogieron a partir de dos capas de tierra (0-10 cm y 10-20 cm) en tres puntos
de el sendero con el fin de determinar la porosidad, textura y densidad
aparente. Se encontró una mayor compactación del suelo en la Sección 3 en
dos profundidades (1470 y 1610 kg/cm ³). Ya en el punto 1, hay formación de
escalones, la textura es de arena y arcilla y la porosidad es alta debido a que el
porcentaje de arena gruesa (37,05% y 32,30%). Se concluyó que la formación
de escalon se produce en el punto 1, situado en el divisor de la ladera está
asociada con la concentración de flujo del agua de lluvia. La compresión en el
punto 3 se produce debido al drenaje del suelo, siendo todavía un punto de
sobreexplotación debido a la convergencia del flujo a la playa de Galhetas. Se
recomienda que se realice la disposición del sistema de drenaje para disminuir
la velocidad y volumen del flujo de agua mediante la colocación de diques y
barreras de retención de agua y de los sedimentos. En las zonas con escaleras
se deben colocar soportes de madera para guiar el flujo de visitantes. Además,
es necesario recuperar las laderas mediante la reforestación, la protección de
el talud y la regulación del volumen de suelo y agua que pueden sobrecargar el
sendero.
1. Introdução
A criação de Unidades de Conservação (UC) está se tornando cada vez mais
frequente já que o constante desenvolvimento econômico eleva a preocupação
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com a proteção de áreas silvestres e recursos naturais. Uma Unidade de
Conservação é um espaço territorial instituído pelo poder público com a
finalidade específica de conservar características naturais relevantes presentes
na área, podendo ser de Proteção Integral ou de Uso Sustentável (BRASIL,
2000). O fato é que o conceito de UC passou a agregar a função de
instrumento de recursos naturais e de gestão territorial, adotando desde a
proteção integral da natureza, até a gestão ordenada do território e dos bens
que o ser humano pode obter dos ecossistemas. Antes da criação do SNUC
(2000), existia uma categoria de área protegida chamada Reserva Ecológica,
porém após sua criação, essa categoria foi extinta. Conforme estabelecido,
haveria necessidade de reclassificação das antigas nomenclaturas ao novo
sistema. Entretanto, nem todas as denominações foram modificadas pelos
governos. Um desses casos é o da Reserva Ecológica da Juatinga/RJ,
Unidade de Conservação estadual e objeto deste estudo.
Considerando que algumas Unidades de Conservação encontram-se em áreas
de difícil acesso, são criadas trilhas, que significam “caminho,rastro ou picada”
(COSTA, 2006). Essas trilhas possuem diferentes formas, comprimentos e
larguras, e possibilitam a aproximação dos visitantes ao ambiente natural,
podendo conduzi-los a um atrativo específico, tornando possível seu
entretenimento ou educação por meio de sinalizações ou de outros recursos
interpretativos (NEIMAN, et. al. 2009). Andrade (2009) destaca que a principal
função das trilhas é suprir a necessidade de deslocamento. Cada vez mais, é
comum o estudo do impacto que as trilhas causam em áreas que tem como
intuito serem protegidas. A partir disso, surge uma questão levantada por
Kroeff (2010)
As trilhas, que podem ser consideradas forças de tensão, dificultam o
alcance dos preceitos das UCs: contribuir para a conservação e
preservação
da
diversidade
dos
ecossistemas
naturais
e
a
recuperação e restauração deles, quando degradados, assim como, a
promoção do desenvolvimento sustentável – objetivos estipulados no
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Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, SNUC.
(KROEFF, 2010 p. 11)
Pensando na utilização das trilhas em áreas protegidas, o presente trabalho
tem como objetivo avaliar os impactos na dinâmica do solo em uma trilha
localizada ao sul da Reserva Ecológica da Juatinga, em Paraty: a trilha
Enseada de Ponta Negra – Praia de Galhetas.
1.1 – A Reserva Ecológica da Juatinga
A criação das Reservas Ecológicas (RE) data de janeiro de 1987, sendo,
portanto, anterior a criação do SNUC. No decreto de criação fica determinado
que as Reservas Ecológicas são:
“(...)
áreas
de
preservação
permanente,
públicas
ou
particulares, que tem por finalidade manter os ecossistemas
naturais de importância regional ou local e regular o uso
admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os
objetivos da conservação ambiental”. (BRASIL, 1984)
Conforme, explicitado anteriormente, após a criação do SNUC (2000), essa
categoria foi extinta. No caso da Reserva Ecológica da Juatinga existe a
necessidade de recategorização, processo que já está em andamento.
A Reserva Ecológica da Juatinga (REJ), em seu decreto de criação (1992),
prevê que o órgão administrador da Unidade deverá promover o fomento da
cultura caiçara residente, compatibilizando seu modo de vida e a utilização dos
recursos naturais com a conservação ambiental, de acordo com os preceitos
conservacionistas. Sendo assim, a REJ possui condições especiais na sua
criação, por ser uma área com intensos conflitos fundiários, onde a população
caiçara sofre ameaças de grileiros e a ocupação irregular vem crescendo ao
longo do tempo. Portanto, enquanto não é decidida sua recategorização, a
Reserva sofre com diversos problemas fundiários. O aumento da atividade
turística - que gera renda para a população local, através de aluguel de casas;
capacitação de moradores como guias, que auxiliam na utilização das trilhas;
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entre outros serviços – e a manutenção da atividade pesqueira gera um
impasse para a resolução dos conflitos da área.
1.2 – A Importância da Utilização de Trilhas
A grande quantidade de estudos sobre trilhas, tanto internacionais como
nacionais, é decorrente da controvérsia que elas causam em Unidades de
Conservação (UCs), já que uma área que foi criada com o intuito de ser
preservada sofre com o impacto da utilização das mesmas. O termo “trilha” foi
utilizado pela primeira vez no Brasil na década de 1970 e foi adaptado da
palavra inglesa “trail”, que significa caminho, rastro ou picada (COSTA, 2006).
Em todos os estudos feitos sobre trilhas, percebe-se a procura cada vez maior
por áreas naturais, o que ameaça a conservação dessas e preconiza a
necessidade de se combater ou atenuar os impactos causados pelas trilhas e
por seus usuários (KROEFF, 2010).
As trilhas são, muitas vezes, criadas com o objetivo de melhorar ou proteger os
recursos naturais e culturais de uma comunidade. Em termos de benefícios
econômicos, as trilhas proporcionam diversas atividades - como recreação,
contato com a natureza, entre outros - que podem aumentar a atividade
turística de determinada área, assim como o valor de propriedades na
proximidade das trilhas (CORRELL, et al., 1978). Segundo Samir Costa (2004,
p.9): “as trilhas devem ser criteriosamente localizadas, planejadas, construídas
e manejadas de modo a permitir a conservação dos recursos naturais e a
realização de contatos adequados pelos visitantes". Sendo assim, o
planejamento e a construção desses caminhos através do espaço geográfico,
histórico e cultural devem atender às necessidades dos usuários e das
conservação dos seus recursos (NEIMAN, et al. 2009). A intensa utilização de
trilhas pode provocar impactos não só na dinâmica do solo do leito da trilha,
mas também, no ecossistema como um todo. O impacto ambiental é segundo
Guerra e Guerra (1997):
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Expressão
utilizada
para
caracterizar
uma
série
de
modificações causadas ao meio ambiente, influenciando na
estabilidade dos ecossistemas. Os impactos ambientais podem
ser negativos ou positivos, mas, nos dias de hoje, quando a
expressão é empregada, já está mais ou menos implícito que
os impactos são negativos. (GUERRA e GUERRA, 1997 p.
350)
Sánchez (2006) reitera que quando negativo, o impacto ambiental causa a
degradação ambiental, ou seja, a perda ou deterioração da qualidade
ambiental, a redução das condições naturais ou do estado de um ambiente. É
comum, nas áreas de trilha, deparar-se com ambientes degradados, com a
presença de lixo, pichação, erosão, entre outros, em um ambiente natural que
objetiva a conservação, aparenta ser uma afronta aos olhos dos visitantes e
administradores de áreas protegidas. Vivian Costa (2008) destaca que a
erosão pode gerar trilhas com elevado nível de dificuldade podendo criar
problemas de assoreamento em rios e em corpos d’água.
De acordo com Takahashi (1998), o pisoteio das trilhas compacta os solos
alterando sua porosidade em razão da redução do volume de macroporos. Este
aumento na compactação eleva a resistência mecânica do solo à penetração
de raízes e à infiltração de água, reduzindo a regeneração natural. Magro
(1999) afirma que quando o pisoteio é frequente, o solo é compactado
provocando a selagem do mesmo e aumentando sua susceptibilidade à erosão
e perda de matéria orgânica.
2 – Metodologia
2.1. Localização da Área de Estudo
A Reserva Ecológica da Juatinga (REJ) foi criada pelo governo do estado do
Rio de Janeiro através do Decreto Estadual nº 17.981, de 30 de outubro de
1992. Ela está localizada no sul do estado do Rio de Janeiro, no município de
Paraty e possui aproximadamente 8.000 hectares. (Figura 1).
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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Figura 1: Localização da Reserva Ecológica da Juatinga e da trilha Ponta Negra-Praia de
Galhetas. Elaboração própria.
De acordo com o Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE, 2004), a vegetação da
REJ apresenta as subclassificações de Florestas Ombrófila Densa Montana e
Floresta Ombrófila Densa Submontana. As vertentes apresentam afloramentos
rochosos cobertos por gramíneas. (ICMBIO, 2004). A REJ está situada na
vertente oceânica da Serra do Mar. Possui relevo acidentado, variando desde
ondulado, montanhoso e escarpado, com altitudes que vão até quase 1.100 m,
no Pico do Cairuçu. O tipo de clima é super-úmido, com pouco ou nenhum
déficit hídrico. Os solos que ocorrem na parte movimentada do relevo são, em
geral, de elevada acidez e com indicativos de baixa fertilidade. Em áreas
planas, em pequenas várzeas, os solos são também ácidos, hidromórficos,
argilosos e muito argilosos sendo influenciados pelo elevado lençol freático
(MARQUES, 1997).
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Como foi dito anteriormente, a trilha analisada foi a Ponta Negra – Galhetas.
Buscou-se através da pesquisa descritiva - onde parâmetros de solo e
vegetação são mensurados e correlacionados com as características de uso avaliar as condições das trilhas (COLE, 1987). Foram utilizados também,
indicadores como largura e erosão da trilha, existência de múltiplas trilhas e a
compactação do solo (LEUNG e MARION, 1996). Além disso, a qualidade
física dos solos foi analisada através da densidade, textura, e porosidade.
2.2. Análises laboratoriais e Mapeamento das Feições Erosivas
Para análise das propriedades físicas do solo foram coletadas amostras
deformadas, para o processo de granulometria, e amostras em anéis
volumétricos para determinação da densidade aparente. As amostras foram
coletadas em três pontos no leito da trilha, nas profundidades de 0-10 cm e 1020 cm. As coletas foram realizadas em novembro de 2012. Para análise da
textura foi utilizado o método de dispersão total (pipeta), que “se baseia na
velocidade de queda das partículas que compõem o solo” (EMBRAPA, 1997, p.
43). As amostras serão classificadas de acordo com o triangulo textural
elaborado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (LEMOS e SANTOS,
1996).
Primeiramente, o solo é destorroado e homogeneizado na peneira de 2 mm.
Posteriormente, são pesadas 20 gramas de solo e adicionados 10 ml de
dispersante (hidróxido de sódio) e 100 ml de água destilada; a solução é
agitada com um bastão de vidro e permanece em repouso durante 12 horas.
Decorrido o tempo, a amostra é levada ao agitador elétrico por 15 minutos
(solos argilosos e de textura média) e lavada na peneira de 0,053mm, onde a
areia fica retida e a fração silte+argila irá para uma proveta de 1000 ml. Após
esse procedimento, a solução é agitada por 20 segundos, mede-se a
temperatura e marca-se o tempo após a conclusão da agitação. Transcorrido o
tempo de acordo com a temperatura, é introduzida uma pipeta de 50 ml até a
profundidade de 5 cm, onde coleta-se a fração argila. As frações de areia e
argila são levadas à estufa por 24 horas a 105°C. Por fim, a amostra de areia é
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passada na peneira de 0,2mm para separar areia fina da areia grossa. Sendo
assim, as frações de areia, silte e argila são calculadas.
Já para a determinação da densidade do solo, é utilizado o método do anel
volumétrico, proposto pela Embrapa (1997). Portanto, foram coletadas
amostras em um anel de aço de volume conhecido (100 cm³) em duas
profundidades (0-10 cm e 10-20 cm), nos pontos amostrados. As amostras são
retiradas do anel e pesadas, após esse processo, as mesmas são levadas a
estufa e deixadas a 105°C por 24 horas. Depois de retiradas, as amostras são
pesadas e a densidade será determinada a partir da fórmula abaixo, onde D
representa a densidade (g/cm³); a = massa da amostra seca a 105°C (g); e b =
volume do anel (cm³):
3. Resultados
A enseada de Ponta Negra possui aproximadamente 25 famílias (ICMBIO,
2004). O acesso à enseada só é possível através da trilha que se inicia na vila
Oratório e passa pela praia do Sono, praia de Antigos, praia de Galhetas e
finalmente chega à enseada de Ponta Negra. Também é possível chegar à
enseada por embarcações.
A vegetação predominante na trilha é arbustiva e espaçada. A área de pisoteio
possui tamanho que varia de 0,84 a 1,60 metros. Já a largura, que segundo
Cole (1993) está relacionada ao tamanho total da trilha, que inclui a área
pisoteada e a área não-pisoteada, varia de 1,16 metros a 2,35 metros.
A trilha que se inicia na enseada e vai até a praia de Galhetas tem
aproximadamente 350 metros de extensão. Foram analisados três pontos na
trilha e as feições erosivas foram mapeadas (Figura 02). Percebe-se que a
maioria das feições erosivas está na vertente da encosta que drena para a
praia de Galhetas, isso pode estar ocorrendo devido a convergência dos fluxos
para a praia.
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Figura 02: Mapa com os pontos de coleta e as feições erosivas da trilha. Elaboração própria.
Os principais fatores que influenciam a intensidade do impacto são frequência
do uso, tipo e comportamento do usuário, estação climática e condições
ambientais (COLE, 1987). Cole (2004) acrescenta que logo após a abertura de
uma trilha, pequenos aumentos na frequência do uso causam intensificação
dos impactos, no entanto, o nível de degradação decresce com o aumento do
uso. Kroeff (2010) destaca que ao longo das trilhas é comum deparar-se com
ambientes degradados, presença de lixo, pichações, queimadas, entre outros,
contradizendo os objetivos de um ambiente natural de conservação. É
importante destacar que os visitantes, muitas vezes, são responsáveis por essa
degradação, já que, eles próprios jogam lixo, picham e geram outros impactos.
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Na trilha Ponta-Negra - Galhetas a presença de lixo é constante, conforme
observado na figura 03.
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Figura 03: Presença de lixo no leito da trilha. Acervo: L. A. RANGEL, 2012.
Outros impactos são perceptíveis, como encostas queimadas (Figura 04) e a
presença de degraus, variando entre 10 e 30 cm, próximos ao primeiro ponto
de coleta (Figura 05).
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Figura 04: Área queimada, no divisor da encosta, com pequeno processo erosivo que permite o
fluxo preferencial de água para o leito da trilha. Acervo: L. A. RANGEL, 2012.
Os degraus são caminhos preferenciais da água que podem causar maior
turbulência ao fluxo e se aprofundar devido ao pisoteio, pois, os usuários
preferem utilizar-los em áreas mais íngremes.
Figura 05: Presença de degraus no leito da trilha.
Acervo: L. A. RANGEL, 2012.
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O segundo ponto de coleta está localizado em um ambiente com vegetação em
estágio médio de sucessão, com a presença de blocos rochosos de diversos
tamanhos, chegando a quase 1 metro de altura. O limite da área pisoteada é
de aproximadamente 0,91 metros (Figura 06).
Figura 06: Segundo ponto de
coleta (esquerda). Bloco rochoso
próximo ao leito da trilha (direita).
Acervo: L. A. RANGEL, 2012.
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Além dos impactos ocasionados pela concentração de água e pela
compactação do solo, observou-se, uma fogueira ao lado do final da trilha
(Figura 07). Sendo uma prática comum, além de prejudicar as propriedades
físicas e químicas do solo, ela coloca em risco a vegetação do entorno.
Figura 07: Terceiro ponto de coleta próximo ao final da trilha na praia de Galhetas (esquerda).
Fogueira ao lado da trilha (direita). Acervo: L. A. RANGEL, 2012.
803
Ao observar a Tabela 1 com os valores de textura, percebe-se que o ponto 1,
possui elevado teor de argila nas duas profundidades analisadas. Já ponto 3
apresenta teor de areia (areia fina + areia grossa) superior aos demais, isso
pode estar ocorrendo devido sua proximidade com a praia de Galhetas.
Tabela 1: Textura do solo medida em porcentagem nas duas profundidades analisadas (0-10
cm e 10-20 cm).
Ponto de
Profundidade
Coleta
Areia
Fina (%)
Areia
Grossa
(%)
Argila (%)
Silte (%)
Textura
Ponto 1
0 -10 cm
9,07
37,05
36,80
17,09
Argilo - Arenosa
Ponto 1
10-20 cm
16,23
32,30
40,80
12,42
Argilo - Arenosa
15,97
36,73
30,10
17,20
12,29
47,73
29,30
10,60
Ponto 2
0 -10 cm
Franco
Arenosa
Franco
Arenosa
-
Argilo
-
-
Argilo
-
Ponto 2
10-20 cm
Ponto 3
0 -10 cm
20,13
37,51
18,80
22,69
Franco - Arenosa
Ponto 3
10-20 cm
24,37
35,57
19,60
20,32
Franco - Arenosa
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A densidade está relacionada à compactação do mesmo. Sendo assim, a
pressão exercida sobre o solo altera as suas propriedades, principalmente
porosidade e permeabilidade, impedindo, portanto, a circulação do ar e da
água no solo, reduzindo a disponibilidade destes e prejudicando o crescimento
das raízes. É possível observar isso no ponto 3 que possui densidade de 1468
km/m³ na profundidade de 10-20 cm e de 1606 km/m³ na profundidade de 1020 cm e porosidade de 39,81% e 34,15% respectivamente.
Kroeff (2010) destaca que quando a capacidade de retenção de água do solo
diminui, os rendimentos decrescem, o escoamento de água aumenta e o solo
se torna mais vulnerável à erosão.
Tabela 2: Densidade e Porosidade do solo nas duas profundidades analisadas (0-10 cm e 1020 cm).
Ponto de Coleta
Profundidade
Densidade do Solo (kg/m³)
Porosidade Total (%)
Ponto 1
0 -10 cm
1450
43,45
Ponto 1
10-20 cm
1479
40,84
Ponto 2
0 -10 cm
1456
42,47
Ponto 2
10-20 cm
1540
39,17
Ponto 3
0 -10 cm
1468
39,81
Ponto 3
10-20 cm
1606
34,15
804
Como já foi observado em diversos trabalhos (KROEFF, 2010 e COSTA, 2006)
a densidade aparente, em geral, aumenta com a profundidade do perfil devido
às pressões exercidas pelas camadas superiores. Em todos os pontos
coletados observou-se que a densidade segue esse padrão, evidenciado maior
compactação no solo na profundidade de 10-20 cm. Apesar disso, os valores
de densidade e de porosidade não são extremos, sendo considerados
aceitáveis segundo alguns autores (SENGIK, 2005 e JORGE, 1986).
4. Conclusões
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Conclui-se que as propriedades do solo estão sofrendo com a utilização da
trilha. O pisoteio no leito está provocando compactação e a declividade da
encosta está influenciando na concentração do fluxo de água.
Sendo assim, a formação de degraus que ocorre no ponto 1, localizado no
divisor da encosta, está associada a concentração do fluxo de água da chuva.
Já a textura e a compactação do solo no ponto 3 estão associadas
ao
sobreuso, devido a proximidade com a praia de Galhetas.
É recomendável que seja feita recuperação da trilha com ordenamento do
sistema de drenagem, para diminuir a velocidade e volume do fluxo de água
que percorre a mesma. Para isso, podem ser utilizadas barreiras d’água e
diques que irão reter os sedimentos; nas áreas escalonadas devem-se colocar
degraus de madeira de modo a garantir acessibilidade e orientar o fluxo de
visitantes. Faz-se necessária também, a recuperação das encostas através do
reflorestamento, protegendo o talude e regulando o volume de solo e água que
pode sobrecarregar o leito e drenagem da trilha.
Considerando que o manejo adequado é fundamental para a qualidade do solo,
percebe-se que as trilhas, que possuem função não só turística, mas também
social, precisam ser mais bem conservadas. Isto deve ocorrer, principalmente
quando as mesmas estão inseridas em Unidades de Conservação, já que o
objetivo desta é a conservação de recursos naturais e do espaço; e as trilhas,
quando degradadas vão contra esse preceito de conservação.
Além disso, é fundamental conscientizar os turistas e demais usuários, no
sentido de promover a adoção de condutas adequadas e menos impactantes,
pois como foi constatado, os próprios usuários deixam lixo e fazem fogueiras
na trilha.
5. Agradecimentos
Ao CNPq pelo financiamento do projeto “Diagnóstico de danos ambientais em
unidades de conservação: Parque Estadual da Serra do Mar (Núcleo
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Picinguaba) e Parque Nacional da Serra da Bocaina (Área de Proteção
Ambiental do Cairuçu) e Reserva Ecológica da Juatinga”, ao qual está ligado
esse trabalho.
6. Bibliografia
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GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
USO DE EQUIPAMENTOS TRANSCEPTORES COMO INSTRUMENTO DE
MONITORAMENTO E SEGURANÇA NO PARQUE NATURAL MUNICIPAL
DA TAQUARA – PNMT, DUQUE DE CAXIAS / RJ
Lucas Julião Mello de Lima20
Malena Carvalho da Costa21
Marcos Cunha22
Hernani Aguiar23
Alexandre Takio Kitagawa24
Resumo
Palavras chave: Radiocomunicação, Uso público, Área de Proteção Ambiental de Petrópolis,
Turismo.
O PNMT está localizado no bairro Taquara, terceiro distrito do Município de
Duque de Caxias – RJ, ocupando uma área aproximada de 20 hectares, e
limitando, com a Área de Proteção Ambiental (APA) de Petrópolis. Dentre os
vários segmentos do turismo que surgem no mercado, tem-se o turismo de
atrativos naturais, também chamado de ecoturismo, turismo ecológico ou
turismo de natureza. Um importante recurso para o monitoramento e prestação
de serviços aos visitantes, é a utilização de equipamento de telefonia móvel
pelo guia, monitor ambiental e guardas florestais, mas o uso de
radiocomunicador portátil, também, chamados de rádio transceptores portáteis,
HT (Handy Trasnceiver) ou walk-talk, são de grande valia, principalmente
quando o serviço de aparelhos de telefonia móvel é limitado. Embora muitos
frequentadores do PNMT como visitantes, estudantes, professores,
pesquisadores, entre outros, não optem pela visitação guiada, a segurança
destes usuários é uma atribuição e preocupação do poder público. Neste
sentido foi elaborado um projeto piloto de comunicação com os usuários das
trilhas no PNMT. Para tanto, foi escolhida a trilha do Véu da Noiva muito
utilizada pelos visitantes e pesquisadores, onde foram utilizados transceptores
de UHF que operam na frequência de 462 a 467 MHz, que são de uso livre e
20
llucasjuliao@gmail.com - Técnico em Segurança do Trabalho, Docente em Ciências
Biológicas – UFRJ
21
malena96@ibest.com.br - Docente em Ciências Biológicas – UFRJ
22
Responsável pelos Serviços Ambientais do PNMT, Docente em Direito – UNESA
23
abencoadohernani@gmail.com - Técnico em Química e Meio Ambiente – UTB Cursos &
Treinamentos
24
alexandrekitagawa@gmail.com - Guia de Turismo, Biólogo – Discente da Fundação
Educacional de Duque de Caxias – FEUDUC
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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fácil aquisição. Foram escolhidos 10 pontos de maior relevância para
realização dos testes e, em 8, foi possível a comunicação com a sede via
transceptor com os quais se elaborou um mapa identificando as áreas com
conexão e de sombra (sem sinal para rádio). Os resultados preliminares
demonstram a aceitação pelo gestor do PNMT, guardas florestais, moradores
da APA Petrópolis, professores e voluntários. Além disso, podem ser
considerados satisfatórios quando considerado a relação custo/benefício
desses equipamentos. Para maior abrangência do serviço, pode ser necessário
à instalação de uma torre com antena externa.
Resumen
Palabras clave: Radio Comunicación, Uso Público, Área de Protección Ambiental del turismo
Petropolis.
El PNMT está situado en Taquara, tercer distrito de Duque de Caxias - RJ , que
ocupa una área de aproximadamente 20 hectáreas y limita con el Área de
Protección Ambiental (APA) de Petrópolis. Entre los diversos segmentos
turísticos que aparecen en el mercado, tiene el turismo de atractivos naturales,
también llamados ecoturismo, o turismo de naturaleza. Un recurso importante
para el seguimiento y la prestación de servicios a los visitantes, es el uso de
equipos de telefonía móvil por el guía de turismo y guardabosques, pero el uso
de la radio portátil en el campo, también llamado transceptores de radio
portátiles , HT (Handy Trasnceiver) o walk-talk, son de gran valor, sobre todo
cuando el servicio de la telefonía móvil es limitada. Aunque muchos asistentes
del PNMT como visitantes , estudiantes, profesores , investigadores, y otros, no
optan por las visitas guiadas, la seguridad de estos usuarios es una tarea y
preocupación del gobierno. En este sentido se diseñó un proyecto piloto para
comunicarse con los usuarios de los senderos en PNMT. Por lo tanto, se optó
por realizar un seguimiento Véu da Novia muy utilizado por los visitantes y los
investigadores, en el que se utilizaron equipo que operan en la frecuencia UHF
462-467 MHz, que son libres y fácil de comprar. Se eligieron 10 puntos más
relevantes para la realización de las pruebas, y 8 , era posible comunicarse con
la sede a través de transceptor con las que produjeron un mapa identificando
las zonas con sombra (no hay señal de radio) y conexión. Los resultados
preliminares muestran aceptación por parte del gerente del PNMT,
guardabosques, los residentes de la APA Petropolis, profesores y voluntarios.
Además, se puede considerar satisfactoria al considerar el costo / beneficio de
estos equipos. Para una mayor cobertura de los servicios, es posible que tenga
que instalar una torre de antena externa.
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1. Introdução
Entre os vários segmentos do turismo, o turismo de atrativos naturais, também
chamado de ecoturismo, está tendo um crescimento nos últimos anos
(PINTO,2010), este setor do turismo se propõe a possibilitar o contato entre
indivíduos e espaços naturais, o ecoturismo surgiu com a finalidade de
alcançar
o
desenvolvimento
sustentável
de
regiões
que
apresentam
significativos conjuntos naturais, de valor ecológico, e paisagístico, e de
conservação de culturas locais (MENDONÇA, 2002). O turismo pode oferecer
riscos ao ambiente, alguns autores afirmam que em lugares onde ocorrem
atividades turísticas, existe degradação do meio ambiente, de fato o turismo
pode causar alguns impactos negativos para a área, entretanto a atividade
turística também pode representar uma fonte de renda para o desenvolvimento
econômico das comunidades locais, além de poder também auxiliar na
proteção de ambientes naturais e educação ambiental (PINTO, 2010). Segundo
o art. 144 da constituição federal, a respeito da segurança pública:
812
“A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
e do patrimônio’’
É então de responsabilidade da Unidade de Conservação (UC), a utilização de
meios para a segurança de seus visitantes, sem comprometer os atrativos da
região. Segundo Bellinassi (2011), há diversas formas de gestão de UC, é uma
discursão que leva várias propostas de metodologias de manejo, que auxiliam
na preservação, manutenção, e também em segurança, esse é um dos
objetivos de uma UC, Uma gestão participativa que gera mobilização da
comunidade ao conflito que ocorre no local, e ajudando assim na equipe
gestora. As UC são geralmente procuradas por permitirem que os visitantes
possuam um contato mais próximo com áreas naturais, porém, entre a
satisfação proporcionada por essa visita, está o desprazer de acidentes que
podem vir a ocorrer. Esses possíveis acidentes podem ser ocasionados por
ausência de equipamentos adequados de segurança, de guias incapacitados,
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carência de sinalizações, falta de informação a respeito do local que esta
sendo visitado e ausência de equipe preparada para alguma situação de
emergência, entretanto negligencias a respeito do descumprimento de regras
pelos frequentadores, ou ações que estão fora do controle de gestores,
também podem ocasionar acidentes.
O conhecimento dos reais riscos de acidentes por pessoas comprometidas
com a atividade turística é de extrema importância para a mudanças nestes
comportamentos incorretos que afetam os mesmos, já que a segurança é um
direito de todos (SILVA, 2011). Segundo Guerra et al. (2008), os cinco eventos
que apresentam potencial de risco de acidente para usuários de UC são:
Picadas de animais peçonhentos, torção, escorregão, queda de árvores e
queda de usuários.
Os riscos são minimizados por meio de duas estratégias essenciais, que
segundo Spink et al. (2004) são o uso de equipamentos de segurança e a
experiência de treinamento por guias e monitores ambientais, que geram no
visitante a sensação de segurança. A utilização de equipamentos de segurança
pode ser por meio tecnológico que auxiliam na comunicação, possuindo
finalidade de minimizar os riscos, e dar mais conforto a visitação, no qual são
os que estão mais expostos aos riscos, no entanto esse recurso não imune os
visitantes de lidarem com os tais (SILVA, 2010). Um dos sistemas tecnológicos
mais convencionais de comunicação são os rádios transceptores, esses rádios
podem ser portáteis, fixos ou veiculares. Os rádios portáteis são geralmente
pequenos e leves, podendo facilitar sua utilização em trilhas (JUNIOR,2006).
Para tanto o objetivo do presente estudo é Identificar os locais onde é possível
a comunicação entre rádios transceptores portáteis, na trilha do véu da noiva,
para serem usados por guias de turismo, monitores ambientais, guardas
florestais entre outros a fim de garantir a segurança dos visitantes do Parque
Natural Municipal da Taquara.
2. Material e métodos
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O Parque Natural Municipal da Taquara (PNMT) é uma UC de proteção integral
e possui aproximadamente 20 hectares, estando localizado no bairro da
Taquara, 3º distrito do Município de Duque de Caxias/RJ entre as coordenadas
UTM - 0681274; 7499842 (SILVA et al., 2010). Segundo Leite (2012), o PNMT
recebe aproximadamente 4.000 visitantes por mês durante os meses mais
quentes de verão. O PNMT limita-se ao Norte com a Área de Proteção
Ambiental de Petrópolis, primeira Área de Preservação Ambiental criada no
país e a segunda maior do Estado do Rio de Janeiro, onde também foi
realizado parte do estudo, a APA Petrópolis possui aproximadamente 60.000
hectares, fica localizado na porção centro-oeste do Estado do Rio de Janeiro,
abrange parcela significativa do município de Petrópolis seguida de áreas
menores dos municípios de Magé, Guapimirim e Duque de Caxias (SANTOS,
et al., 2011).
Ambas, são parte integrante do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense
no Estado do Rio de Janeiro, sendo que esta última totaliza 233.710 hectares,
abrangendo 13 municípios, 22 UC e suas respectivas zonas de amortecimento
(LINO; ALBUQUERQUE, 2007).
Identificação e Seleção das trilhas
O presente estudo foi realizado na trilha do Véu da noiva, situada entre o
PNMT e a APA Petrópolis. Esta trilha foi escolhida por ser a mais utilizada
pelos visitantes e passar em pontos de relevância. Foram definidos dez pontos
por apresentarem um maior número de passagem de visitantes, ou por serem
atrativos turísticos para os frequentadores do PNMT: O Mirante do lago; Trilha
buriti; Trilha da jaqueira; Poço da baleia; véu da noiva; Trilha dos escravos;
IEST; e entrada do IEST, Além da base, localizada na sede do PNMT.
Coleta de dados
Foram utilizados um rádio transceptor fixo modelo Audiovox GMRS2000 e um
rádio transceptor portátil modelo Intelbras Twin, localizado na sede do PNMT e
dois rádios transceptores portáteis modelo Intelbras Twin utilizadas no decorrer
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da trilha do véu da noiva, onde foram definidos dez pontos. A trilha foi
percorrida e nos pontos determinados era realizada a tentativa de comunicação
com a sede do PNMT.
3. Resultado e discussão
Foi observado que em 8 pontos da trilha do Véu da noiva (Mirante do lago;
Trilha Buriti; Trilha da jaqueira; Véu da noiva; IEST; Entrada do IEST;
Barragem; e na Ponte) o sinal dos dois rádios transceptores portáteis foram
captados corretamente pelos rádio transceptor portátil e fixo localizados na
sede do PNMT. Porém a transmissão em dois pontos da trilha (Poço da baleia
e Trilha dos escravos) não foram recebidos pelos rádios localizados na sede do
PNMT (Tab.1).
Tabela 1. Pontos escolhidos para o teste com os equipamentos transceptores.
Ponto de referência
Mirante do lago
Trilha buriti
Trilha das jaqueiras
Poço da baleia
Véu da noiva
Trilha dos escravos
IEST
Entrada IEST
Barragem
Ponte
Recepção
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Os rádios transceptores são dispositivos que convertem um estímulo em uma
resposta, um sinal de entrada em um sinal de saída. É esperado que este rádio
transmitisse a energia do sinal de entrada para o de saída ao longo do tempo
sem falhar, porém a exposição a intempéries pode reduzir a sua confiabilidade
(MULLER, 2008). O ponto Véu da Noiva, localizado na parte elevada da trilha
do Véu da noiva, apesar de ser o ponto que tem a localização mais distante da
sede do PNMT, foi possível a sua comunicação com os rádios transceptores
localizados na sede, enquanto nos pontos Poço da baleia e Trilha dos
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escravos, quando comparados com o ponto do Véu da noiva, se localizam mais
próximo da sede, não conseguiram manter contato. Este resultado pode ser
causado devido às intempéries presentes nos pontos Poço da baleia, e Trilha
dos escravos, que segundo Muller (2008), podem reduzir a confiabilidade do
sinal.
A comunicação com Rádio Frequência pode transmitir informações de voz, e
dados utilizando uma frequência característica para outros rádios sintonizados
nesta mesma frequência. A maioria dos sistemas de comunicação para a
segurança pública transmite na faixa de frequência assimilada entre 30 a 900
MHz (JUNIOR, 2006). Cada grupo de usuário do rádio recebe um canal, ou par
de frequências única para determinado este determinado grupo, podendo
transmitir e obter por esse canal, quando o canal estiver em uso, os demais
usuários do grupo não poderá transmitir (JUNIOR, 2006). O PNMT possui
como par de frequências único, o canal 1 (462,5625 MHz), portanto os rádios
transceptores da região que estiverem sintonizados nesse canal poderão
transmitir e receptar sinais com os demais transceptores que também
estiverem sintonizados no mesmo canal.
Os rádios comunicadores portáteis facilitam consideravelmente o controle de
atividades realizadas em uma propriedade, evitando a necessidade de
deslocamentos, ou mesmo da utilização de aparelhos celulares, onde possuem
um custo elevado de manutenção quando comparados com os rádios
transceptores, sua utilização é simples, e de grande eficiência na economia de
tempo e de recursos (SCOARIZE, 2006).
4. Conclusão
O uso de rádio comunicadores portáteis em UC é um enorme aliado a
comunicação e segurança;
Os pontos: mirante do lago, trilha buriti, trilha da jaqueira, Véu da noiva, IEST,
entrada do IEST, barragem e ponte, conseguem manter facilmente o contato
com a sede do PNMT, porém no poço da baleia e trilha dos escravos a
comunicação é prejudicada;
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A construção de uma torre poderia facilitar a transmissão de sinais entre os
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GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA TURÍSTICA EM UMA TRILHA
INTERPRETATIVA NA ESTAÇÃO DE PESQUISA MATA DO PARAÍSO, VIÇOSA,
MINAS GERAIS
Marcello Pinto de Almeida25
Gínia Cesar Bontempo26
Gumercindo Souza Lima27
Resumo
Palavras-chave: Uso Público; Capacidade de Suporte Turístico; Trilhas Interpretativas;
Mata do Paraíso.
A procura por ambientes naturais para atividades recreativas e de lazer vem
aumentando consideravelmente a cada ano, sobretudo, nas unidades de conservação.
Contudo, para conciliar o uso público destes locais com a conservação da natureza é
necessário conhecer os impactos negativos que a visitação pode causar a esses
ambientes e, assim, evitá-los, controlá-los e minimizá-los. Entre as formas de
monitoramento e gestão dos impactos da visitação, destacam-se os cálculos de
capacidade de suporte turístico. O principal objetivo deste trabalho foi determinar a
capacidade de carga para uma trilha interpretativa, localizada na Estação de Pesquisa,
Treinamento e Educação Ambiental (EPTEA) Mata do Paraíso, no município de
Viçosa, Minas Gerais. Este estudo foi desenvolvido utilizando-se a metodologia
desenvolvida por Miguel Cifuentes, adaptada às condições locais que melhor
representam os impactos ambientais negativos existentes no percurso avaliado. Os
fatores de correção considerados foram: social, vulnerabilidade à erosão, fechamento
temporal à visitação e capacidade de manejo. O cálculo destes fatores permitiu a
análise das condições físicas da trilha e de alguns aspectos administrativos
relacionados à gestão da área, tais como recursos humanos, infraestrutura e
equipamentos. Desta maneira, foram calculadas a capacidade de carga física (CCF),
capacidade de carga real (CCR) e a capacidade de carga efetiva (CCE), resultando
em uma capacidade de carga turística de 189 visitantes por dia. A partir dos resultados
foram elaboradas recomendações para a administração da EPTEA Mata do Paraíso,
fornecendo subsídios técnicos para a gestão do local.
25
marcello.almeida@ufv.br Mestrando em Ciência Florestal (Bolsista CAPES) - Universidade
Federal de Viçosa
26
ginia.bontempo@ufv.br Professora no Departamento de Biologia Geral - Universidade
Federal de Viçosa
27
gslima@ufv.br Professor no Departamento de Engenharia Florestal - Universidade Federal
de Viçosa
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Resumen
Palabras clave : Públicas ; Capacidad de Carga Turística ; senderos interpretativos , Mata do
Paraíso .
La demanda de los entornos naturales para atividades de recreo y de ocio están
aumentando considerablemente cada año, principalmente en las áreas protegidas .
Sin embargo , para conciliar el uso público de estos sitios con la conservación de la
naturaleza es necesario conocer el impacto negativo que las visitas pueden causar
estos entornos y así evitarlos, controlarlos y minimizarlos.Entre las formas de controlar
y gestionar los impactos de las visitas, destacan los cálculos de capacidad de soporte
turístico. El objetivo principal de esta investigación fue determinar la capacidad de
carga de un sendero de interpretación, ubicado en la Estación de Investigación,
Formación y Educación Ambiental ( EPTEA ) Mata do Paraíso, en Viçosa , Minas
Gerais. La investigación se realizó utilizando la metodología desarrollada por Miguel
Cifuentes , adaptado a las condiciones locales que mejor representan los impactos
ambientales negativos sobre la ruta existente evaluado. Se consideraron los factores
de corrección : la vulnerabilidad social a la erosión , el tiempo para las visitas y gestión
de la capacidad de cierre. El cálculo de estos factores permitió que el análisis de las
condiciones físicas de la pista y algunos asuntos administrativos relacionados con la
gestión de la zona, tales como recursos humanos, infraestructura y equipamiento. Por
lo tanto , se calculó la capacidad física (TLC ) , la capacidad de carga real (CCR ) y la
capacidad efectiva ( CEC) , dando lugar a un turismo de la capacidad de carga de 189
visitantes por día . Los resultados se elaboraron recomendaciones para la gestión de
EPTEA Mata do Paraíso , la prestación de apoyo técnico para la gestión del sitio .
1. Introdução
No Brasil há uma crescente preocupação com a preservação e conservação do meio
ambiente, o que pode ser comprovada observando a quantidade de unidades de
conservação criadas nas últimas duas décadas (RYLANDS; BRANDON, 2005). De
acordo com as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, documento
elaborado pelo Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) em conjunto com o
Ministério do Meio Ambiente (MMA), o estabelecimento de áreas naturais protegidas é
um importante mecanismo para a manutenção da imensa diversidade biológica
existente em todo o território nacional (EMBRATUR, 1994). Neste sentido, o país
possui destaque internacional, uma vez que abriga de 15% a 20% das 1,5 milhão de
espécies descritas em todo o planeta (LEWINSOHN; PRADO, 2000, apud MMA, 2002,
p. 12).
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As unidades de conservação constituem-se em um dos mais importantes instrumentos
para manutenção dos recursos naturais e são divididas em 12 categorias, estando
todas sujeitas a regimes específicos de funcionamento, de acordo com o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), estabelecido pela Lei
9.985, de 18 de julho de 2000. Segundo o Quarto Relatório Nacional para a
Convenção sobre Diversidade Biológica, atualmente, existem 1.963 unidades de
conservação no país, incluindo as unidades federais, estaduais e municipais,
totalizando uma área de 1.539.416 km², ou seja, 17,4% do espaço terrestre brasileiro
(MMA, 2010).
A procura por ambientes naturais para atividades recreativas e de lazer vem
aumentando a cada ano de forma considerável. A opção mais frequente tem sido, na
maioria dos casos, as unidades de conservação (SÃO PAULO, 2010). De acordo com
Zimmermann (2006), os três Parques Nacionais mais visitados no Brasil são: Parque
Nacional do Iguaçu, Parque Nacional da Tijuca e Parque Nacional de Brasília, com
respectivamente, 1.084.241, 1.069.066 e 281.016 visitantes por ano. Entretanto, para
garantir a conservação destas áreas e assegurar a efetiva proteção das espécies de
fauna e flora nativas, assim como das singularidades dos ecossistemas, se faz
necessário adotar estratégias no sentido de disciplinar as ações ali desenvolvidas.
Dentre as atividades realizadas em áreas naturais protegidas, Andrade (2003) destaca
as trilhas interpretativas, uma vez que através destas, o visitante tem a oportunidade
de interagir de forma direta com os diversos recursos naturais.
A Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental (EPTEA) Mata do
Paraíso, localizada no município de Viçosa, Minas Gerais, é um significativo
remanescente florestal, com aproximadamente 200 hectares, de extrema importância
por ser uma das poucas áreas com grande extensão de floresta nativa na região
(CASTRO et al., 2006). Ainda de acordo com Castro et al. (2006), apesar da Mata do
Paraíso ser uma área protegida, ela não se enquadra em nenhuma categoria
pertencente ao SNUC, mas possui objetivos semelhantes aos das unidades de
conservação, como proteção da fauna e flora, realização de pesquisas científicas,
visitação e desenvolvimento de atividades de interpretação e educação ambiental.
Na EPTEA Mata do Paraíso, algumas atividades ainda acontecem de forma pouco
ordenada. Não existe, atualmente, nenhuma norma que limite ou controle o número de
pessoas que visitam as trilhas do local; torna-se indispensável conhecer os impactos
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negativos que o uso público pode causar a esse ambiente e, assim, evitá-los, controlálos e minimizá-los, sobretudo nos percursos onde se desenvolvem atividades
frequentes, sejam elas realizadas por pesquisadores, visitantes ou mesmo por
funcionários.
Considerando os diversos usos e atividades realizadas dentro dos limites das áreas
naturais protegidas, surge o desafio de conciliar o uso público destes locais com a
conservação da natureza. Entre as formas de controle e planejamento do suporte
ecoturístico, destaca-se o cálculo de capacidade de carga (ROCHA et al., 2007). Boo
(1990) define a capacidade de carga como sendo a quantidade máxima de visitantes
que uma determinada área pode suportar, sem apresentar danos significativos sobre
os recursos naturais e, ao mesmo tempo, sem afetar a satisfação dos visitantes.
2. Objetivos
2.1. Objetivo geral
O objetivo geral do presente trabalho foi determinar a capacidade de carga turística
para a Trilha Caminho das Águas, localizada na Estação de Pesquisa, Treinamento e
Educação Ambiental Mata do Paraíso.
2.2. Objetivos específicos
Realizar o mapeamento da trilha, utilizando técnicas de geoprocessamento;
Realizar o levantamento das condições físicas da trilha, quanto à erosão e
acessibilidade;
Identificar os pontos de maior fragilidade do percurso, reconhecendo as limitações
impostas pelo ambiente;
Fornecer subsídios referentes à quantidade máxima desejável de visitantes na
trilha;
Servir de parâmetro para estudos futuros de monitoramento e gestão da visitação
na EPTEA Mata do Paraíso.
3. Metodologia
3.1. Área de estudo
A Mata do Paraíso é um fragmento florestal de alta importância biológica, abrigando
espécies ameaçadas de extinção, como o gato mourisco (Felis yagouaroundi) e o
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macaco sauá (Calicebus personatus). Estão presentes ainda, importantes nascentes
do ribeirão São Bartolomeu, fonte de grande parte do abastecimento de água do
município de Viçosa (CASTRO et al., 2006). No passado, esta área foi afetada por
práticas degradantes, com destaque para a atividade exploratória de recursos
madeireiros e da pedreira existente no local, além de práticas agrícolas, como a
cultura do café e uso de pastagens (VOLPATO, 1994). A vegetação natural da área é
classificada como Floresta Estacional Semidecidual (VELOSO et al., 1991), compondo
uma paisagem formada por estágios sucessionais distintos e pequenos trechos de
brejo (SILVA JUNIOR et al., 2004).
Vale ressaltar que desde 1963, não há registros de ocorrência de extração de
madeira, incêndio florestal ou outros tipos de intervenção humana (LEAL FILHO,
1992), com exceção de um incêndio que atingiu uma área reduzida em 1999 (RIBON,
2005). A EPTEA possui quatro trilhas que podem ser utilizadas pelos visitantes, sendo
elas: Trilha do Aceiro, Trilha da Gameleira, Trilha dos Gigantes e Trilha Caminho das
Águas. Em 2003, foi inaugurada uma sede administrativa; sua infraestrutura inclui:
centro de visitantes, escritório, sala de aula, banheiros e cozinha (CASTRO et al.,
2006). Durante o ano de 2010, o local recebeu aproximadamente 2.000 visitantes,
sendo a Trilha Caminho das Águas, o trajeto que recebeu maior fluxo de pessoas
(informação verbal).28
3.2. Determinação da capacidade de carga
A determinação da capacidade de carga da Trilha Caminho das Águas se baseou na
metodologia proposta por Cifuentes (1992), adaptada às condições físicas, biológicas
e de infraestrutura presentes na área de estudo, buscando desta maneira obter um
resultado mais fidedigno.
A metodologia estabelecida pelo autor citado acima é composta por seis etapas,
contudo, considerando o fato de que a EPTEA Mata do Paraíso ainda não possui
Plano de Manejo, foram desenvolvidas neste trabalho especificamente as duas últimas
etapas da metodologia, a saber: identificação de fatores e características que
influenciam o local destinado ao uso público e a determinação de sua capacidade de
28
Dados fornecidos pelo Grupo de Educação e Interpretação Ambiental Mata do Paraíso
(GEIA-MATA), responsável pela recepção dos visitantes na EPTEA Mata do Paraíso.
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carga turística, sendo esta última etapa composta por três grandezas, descritas a
seguir.
3.2.1. Capacidade de carga física (ccf)
A capacidade de carga física é o limite máximo de pessoas que podem visitar uma
determinada trilha durante o período de um dia. A CCF é influenciada pela superfície
disponível durante o trajeto, pelo espaço requerido por visitante para sua locomoção e
pelas características da atividade de visitação, quanto ao horário e duração em que
esta ocorre. Para o cálculo desta grandeza utilizou-se a seguinte fórmula:
Em que:
S = superfície disponível durante o percurso da trilha, expressa em metros lineares
sn = superfície utilizada individualmente por cada visitante, em metros lineares
NV = número de vezes que uma determinada trilha pode ser percorrida por uma
mesma pessoa no período de um dia. Este valor foi obtido pela seguinte fórmula:
⁄
Em que:
Hv = número de horas diárias em que o local se encontra aberto à visitação
Tv = tempo necessário para o visitante percorrer uma determinada trilha
3.2.2. Capacidade de carga real (ccr)
A capacidade de carga real é o limite máximo de visitantes que um local pode receber,
sendo obtida a partir da CCF, depois de submetida a uma série de fatores de
correção, previamente definidos de acordo com as características do percurso
avaliado. Estes fatores de correção são determinados através de variáveis físicas,
ambientais, ecológicas, sociais e de manejo. O cálculo destes fatores foi realizado
utilizando-se a seguinte fórmula geral:
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Em que:
FCX = fator de correção para a variável “x”
MLX = magnitude limitante da variável “x”
MTX = magnitude total da variável “x”
De acordo com as características observadas na área de estudo, alguns fatores se
apresentaram relevantes para a conservação das trilhas. Assim, os fatores de
correção propostos para este trabalho foram: fator social (FCSOC), fator de
vulnerabilidade à erosão (FCERO) e fator de fechamento temporal à visitação (FCFT).
A capacidade de carga real (CCR) foi determinada através da seguinte fórmula:
825
3.2.2.1. Fator social (fcsoc)
Considerando os aspectos referentes à qualidade da visitação, levantou-se a
necessidade de manejar os visitantes por meio de grupos, para possibilitar um controle
mais efetivo do fluxo de pessoas na trilha e ao mesmo tempo, garantir a satisfação dos
visitantes. Desta forma, recomendou-se que a visitação seja realizada sob as
seguintes condições:
Grupos de no máximo 15 pessoas, incluindo o monitor;
A distância mínima entre grupos subsequentes deve ser de 250 metros, para
evitar interferências indesejáveis;
O espaço requerido para cada visitante movimentar-se adequadamente em
uma trilha foi considerado como 1m², o que se traduz em 1 metro linear, visto
que a largura máxima da trilha não ultrapassa 2 metros.
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Diante dos requisitos estabelecidos, cada grupo de visitantes requer 265 metros do
trajeto da trilha, visto que além da distância necessária entre grupos, cada visitante
ocupa 1 metro linear do percurso.
Neste caso, a magnitude total (MTSOC) corresponde ao comprimento da trilha,
enquanto a magnitude limitante (MLSOC) é o trecho do percurso que está indisponível,
uma vez que deve se manter uma distância mínima entre grupos e entre pessoas
dentro do grupo. A magnitude limitante deste fator foi obtida pela seguinte fórmula:
Onde P equivale ao número máximo de pessoas permitidas simultaneamente no
trajeto da trilha, sendo obtido através da seguinte fórmula:
Em que:
NG = número de grupos
826
NP = número de pessoas por grupo
Por fim, o número de grupos permitidos simultaneamente na trilha (NG) foi obtido pela
fórmula a seguir:
⁄
Em que:
CT = comprimento total da trilha
EG = espaço requerido por cada grupo, levando-se em conta a necessidade de
espaço entre grupos e o espaço requerido entre as pessoas dentro do grupo
3.2.2.2. Fator de vulnerabilidade à erosão (fcero)
Este fator de correção levou em conta a inclinação do terreno, classificando esta
característica de acordo com três intervalos estabelecidos previamente, cada um
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destes intervalos corresponde a um determinado grau de vulnerabilidade à erosão,
que varia conforme mostra a Tabela 1, proposta por Cifuentes et al. (1999).
Tabela 1 - Intervalos de inclinação propostos e seus
respectivos graus de vulnerabilidade à erosão.
Inclinação
< 10%
10% - 20%
> 20%
Grau de vulnerabilidade
Baixo
Médio
Alto
Fonte: Cifuentes et al. (1999).
Os trechos que apresentam risco médio ou alto de erosão foram os únicos
considerados significativos para se estabelecer restrições de uso. Atribui-se um índice
de ponderação igual a 1 para o grau médio de vulnerabilidade à erosão e um índice de
ponderação igual a 1,5 para o alto grau de vulnerabilidade à erosão, visto que nesta
última situação o risco de erosão é maior. Deste modo, o fator de vulnerabilidade à
erosão foi determinado pela seguinte fórmula:
Em que:
EAE = extensão da trilha com declividade maior que 20%
EME = extensão da trilha com declividade entre 10% e 20%
CT = comprimento total da trilha
3.2.2.3. Fator de fechamento temporal a visitação (fcft)
Este fator de correção foi considerado devido à necessidade de manutenção,
normalmente apresentada pelas áreas naturais protegidas, ocasionando a interrupção
do seu funcionamento e, deste modo, limitando a visitação a certos períodos. Este
fator foi calculado através da seguinte fórmula:
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Em que:
DF = número de dias por ano em que o local está fechado ao uso público
DA = número de dias no ano
3.2.3. Capacidade de carga efetiva (cce)
A capacidade de carga efetiva é o limite máximo de visitantes permitido em uma
determinada área, considerando a capacidade de manejo apresentada pela
administração do local. Para se determinar a CCE utilizou-se a seguinte fórmula:
Em que:
CCR = capacidade de carga real
CM = capacidade de manejo
3.2.4. Capacidade de manejo (cm)
Segundo Cifuentes (1992), a capacidade de manejo ótima é definida como a melhor
condição que a administração de uma área natural protegida pode apresentar para
desenvolver suas atividades e alcançar seus objetivos. A capacidade de manejo de
uma área protegida é influenciada por variáveis como: diretrizes políticas,
disponibilidade de recursos humanos e recursos financeiros, equipamentos, além da
infraestrutura (CIFUENTES, 1992). Devido à inexistência de algumas informações, as
variáveis selecionadas neste trabalho para a avaliação da capacidade de manejo da
EPTEA Mata do Paraíso foram: recursos humanos, equipamentos e infraestrutura.
Para se obter uma estimativa mais objetiva da capacidade de manejo é importante
padronizar o sistema de classificação para todas as variáveis, sendo estas variáveis
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avaliadas segundo quatro critérios, a saber: quantidade, estado de conservação,
localização e funcionalidade. Cada um desses critérios foi classificado conforme
descrito na Tabela 2, elaborada por Cifuentes et al. (1999).
Tabela 2 - Escala de classificação para os quatro critérios avaliados.
Porcentagem (%)
Valor
Classificação
≤ 35
0
Insatisfatório
36 – 50
1
Pouco satisfatório
51 – 75
2
Medianamente satisfatório
76 – 89
3
Satisfatório
≥ 90
4
Muito satisfatório
Fonte: Cifuentes et al. (1999).
Para avaliar o critério quantidade, levou-se em conta a relação percentual entre a
quantidade existente e quantidade ótima dos itens analisados, sendo que a
porcentagem obtida foi classificada de acordo com a Tabela 2, em uma escala entre 0
e 4. Os outros critérios foram avaliados segundo as observações realizadas pela
equipe de trabalho, considerando a classificação estabelecida para cada um dos
critérios. Visando minimizar os erros e tornar o resultado mais confiável, a
determinação da quantidade ótima para cada item foi realizada por uma equipe
multidisciplinar, composta por um monitor do GEIA-MATA, uma pesquisadora e um
dos responsáveis pela administração da área, com base em suas experiências e
percepções, apoiando-se ainda nas informações obtidas em entrevistas com os
visitantes e funcionários da EPTEA Mata do Paraíso.
Para efetuar os cálculos, obteve-se a avaliação acumulada para cada um dos itens. O
valor acumulado obtido foi então comparado ao valor ótimo, ou seja, o valor máximo
que o item poderia alcançar, caso cada critério fosse avaliado com a maior pontuação
existente. A relação entre as avaliações observada e ótima, explicitada anteriormente,
foi então considerada como o fator do item correspondente, sendo que a média dos
fatores de cada item constituiu o fator da variável analisada.
Finalmente, determinou-se a capacidade de manejo a partir da média dos fatores das
três variáveis, expressos em porcentagem, da seguinte maneira:
(
)
Em que:
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RH = fator da variável “recursos humanos”
EQ = fator da variável “equipamentos”
IE = fator da variável “infraestrutura”
4. Resultados
4.1. Capacidade de carga física
A superfície disponível durante o percurso da Trilha Caminho das Águas foi de 634
metros. Para o cálculo da capacidade de carga física, considerou-se que cada pessoa
necessita de 1m² para movimentar-se adequadamente na trilha, o que corresponde a
1 metro linear, visto que sua largura máxima não ultrapassa 2 metros de comprimento.
O período diário disponível para a visitação na EPTEA é de 9 horas e o tempo
necessário para o visitante percorrer a trilha é de 20 minutos, em média. O quadro a
seguir apresenta os resultados obtidos para a capacidade de carga física, incluindo
todas as variáveis necessárias para este cálculo.
830
Quadro 1 - Capacidade de carga física e suas respectivas variáveis.
Variável
S
sn
Hv
Tv
NV
CCF
Valor
634
1
9
0,333
27,0
17.118,0
Unidade
metros
metros
horas
horas
-
visitante/dia
4.2. Capacidade de carga real
4.2.1. Fator social
O fator de correção social se baseou na garantia da qualidade da experiência do
visitante durante a visita. Considerando o comprimento total da trilha, o número de
grupos admitidos simultaneamente em seu percurso foi 2,39 grupos. Sendo assim, o
número de pessoas que visitam a Trilha Caminho das Águas, ao mesmo tempo, foi de
35 pessoas.
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Os segmentos de trilha que não são efetivamente ocupados pelos visitantes, devido
ao espaço entre grupos, foram considerados como magnitude limitante do fator social,
uma vez que estes trechos não podem ser utilizados por outras pessoas,
correspondendo a 599 metros do trajeto.
4.2.2. Fator de vulnerabilidade à erosão
O quadro a seguir apresenta os resultados obtidos para o cálculo do fator de
vulnerabilidade à erosão.
Quadro 2 - Extensão dos segmentos de trilha, segundo as categorias
de declividade propostas e seus respectivos fatores de ponderação.
Extensão da Trilha
Declividade
Fator de Ponderação
55,3
10% - 20%
1,0
0,0
> 20%
1,5
4.2.3. Fator de fechamento temporal à visitação
Para obtenção deste fator considerou-se que a EPTEA Mata do Paraíso se encontra
fechada para visitação por 165 dias no ano, incluindo finais de semana, feriados e
durante o período de férias escolares da Universidade Federal de Viçosa, instituição
responsável por administrar o local. Os resultados relativos à capacidade de carga
real, bem como os fatores de correção obtidos, se encontram resumidos no quadro a
seguir.
Quadro 3 - Capacidade de carga física, fatores de correção e capacidade de carga real.
CAPACIDADE DE CARGA
Trilha Caminho das Águas
Física (CCF)
17.118
Fatores de correção
FSOC
0,055
FERO
0,913
FFT
0,548
Real (CCR)
472
A capacidade de carga física foi influenciada, sobretudo, pelo comprimento da trilha e
pelo tempo gasto para percorrê-la. Observou-se uma acentuada redução na CCF ao
submetê-la aos fatores de correção, principalmente o fator social e o fator de
fechamento temporal à visitação. No primeiro caso, isto se deve à distância exigida
entre os grupos que realizam a trilha simultaneamente. Este espaçamento pode ser
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revisto periodicamente, de acordo com os objetivos da visitação e as características
dos visitantes. No caso do fator de fechamento temporal a visitação, o seu baixo valor
é decorrente do elevado número de dias ao ano em que a EPTEA Mata do Paraíso
permanece fechada ao uso público. Cabe ressaltar que o fator de vulnerabilidade à
erosão não contribuiu para reduções expressivas na capacidade de carga física. A
Trilha Caminho das Águas pode ser considerada de baixo grau de dificuldade, uma
vez que o percurso possui declividade moderada (nenhum trecho com declividade
superior a 20%), não apresentando obstáculos naturais, tais como raízes e troncos
caídos, sendo, portanto, indicada para visitantes de praticamente todas as faixas
etárias.
4.3. Capacidade de carga efetiva
Para o cálculo da capacidade de carga efetiva considerou-se a capacidade de manejo
apresentada pela administração da EPTEA Mata do Paraíso. A lista completa de cada
variável, itens analisados e os respectivos valores atribuídos a eles em cada critério de
avaliação é apresentada nos anexos deste trabalho. O quadro a seguir apresenta o
resumo dos resultados obtidos para as três variáveis da capacidade de manejo.
Quadro 4 - Capacidade de manejo e seus componentes.
Variável
Infraestrutura
Equipamentos
Recursos Humanos
Capacidade de Manejo
Valor
0,569
0,381
0,250
0,400
A capacidade de manejo observada reduziu em 60% a capacidade de carga real.
Dentre as variáveis analisadas, pode-se perceber que a variável referente aos
recursos humanos foi a que mais contribuiu para a redução da capacidade de manejo
e, consequentemente, da capacidade de carga real. A capacidade de carga turística,
que inicialmente era de 17.118 visitantes por dia (CCF), foi reduzida para 189 (CCE)
visitantes diários. Além dos fatores de correção considerados para o cálculo da
capacidade de carga real, a capacidade de manejo foi outro fator que contribuiu para a
expressiva diminuição da capacidade de carga turística, evidenciando a necessidade
de melhoria das condições de infraestrutura do local, bem como a manutenção dos
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equipamentos ou aquisição de novos, além da contratação de novos funcionários ou
capacitação dos atuais.
Considerando que a Mata do Paraíso recebe cerca de 2.000 visitantes por ano e que o
local permanece aberto para o público durante 200 dias ao ano, a média de visitantes
por dia está expressivamente abaixo da capacidade de carga turística estabelecida
neste estudo. Entretanto, deve-se considerar a sazonalidade da visitação, que muitas
vezes tende a se concentrar em certos dias da semana ou épocas do ano. O público
que visita a EPTEA é composto principalmente por estudantes de ensino fundamental
e médio das escolas de Viçosa e região. Sendo assim, as visitas ocorrem de segunda
à sexta-feira e se concentram nos meses de período letivo dessas escolas. Na
estação chuvosa, que compreende os meses de outubro a março, a visitação é menor
do que nos demais meses do ano, em que a chuvas são menos frequentes.
5. Conclusões
A atual intensidade de visitação que ocorre na Trilha Caminho das Águas excede sua
capacidade de carga turística em raras ocasiões, sendo que durante a maior parte do
ano o número de visitantes diários se encontra abaixo do valor máximo estabelecido
neste trabalho. Por ainda não dispor de um Plano de Manejo, a EPTEA Mata do
Paraíso apresenta limitações com relação ao planejamento e monitoramento da
visitação que ocorre nas trilhas existentes no local. Visto que o limite de visitantes em
uma área natural protegida, aberta ao uso público, não deve ser estabelecida
arbitrariamente, o presente estudo auxilia a administração da EPTEA na tomada de
decisão, além de constituir subsídio para elaboração de um Plano de Manejo.
O resultado do presente trabalho representa uma importante ferramenta de gestão,
porém, é fundamental que este estudo seja revisado periodicamente, ajustando os
resultados às reais condições existentes no local.
7. Referências bibliográficas
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
835
Quantidade ótima
(B)
Relação A/B
Estado de
conservação
Localização
Funcionalidade
Somatório (S)
Fator (S/16)
EQUIPAMENTOS
Quantidade atual
(A)
ANEXO I - Avaliação da variável “equipamentos” para determinação da capacidade de
manejo da EPTEA Mata do Paraíso.
1
4
0
0
1
0
0
0
1
1
-
3
6
1
2
1
4
1
4
1
1
-
0
2
0
0
4
0
0
0
4
4
-
4
3
4
4
4
-
1
4
1
4
4
-
1
3
4
3
3
-
6
12
13
15
15
-
0,375
0,750
0
0
0,812
0
0
0
0,937
0,937
0,381
Veículo
Rádio comunicador
Fax
Computador
Motosserra
Extintor de incêndio
Kit primeiros socorros
Lanterna
Data show
Tela de projeção
MÉDIA
836
Relação A/B
Estado de
conservação
Localização
Funcionalidade
Somatório (S)
Fator (S/16)
Portaria
Centro de Visitantes
Escritório
Ponto de Telefone
Banheiro
Auditório
Estacionamento
Alojamento
Depósito
Cozinha
Bebedouro
Quantidade
ótima (B)
INFRAESTRUTURA
Quantidade
atual (A)
ANEXO II - Avaliação da variável “infraestrutura” para determinação da capacidade de
manejo da EPTEA Mata do Paraíso.
1
1
1
1
4
0
2
0
3
2
3
1
1
1
2
5
1
2
1
3
2
6
4
4
4
1
3
0
4
0
4
4
1
2
1
2
2
3
3
2
2
3
4
4
1
2
4
4
4
4
2
1
1
3
3
2
2
2
2
3
11
10
10
8
12
13
12
12
9
0,687
0,625
0,625
0,500
0,750
0
0,812
0
0,750
0,750
0,562
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
Pia para lavar as mãos
Refeitório
Área de piquenique
Lixeira
Ponte
Sinalização
Maquete
Trilha
Mirante
MÉDIA
9
0
1
4
2
17
1
5
1
-
9
1
1
8
2
17
1
5
3
-
4
0
4
1
4
4
4
4
0
-
3
2
1
2
1
1
2
0
-
4
3
2
4
4
4
4
2
-
4
2
2
4
3
3
3
0
-
15
11
6
14
12
12
13
2
-
0,937
0
0,687
0,375
0,875
0,750
0,750
0,812
0,125
0,569
Relação A/B
Funcionalidade
Somatório (S)
Fator (S/8)
Gestor/Educador
Recepcionista/Secretária
Vigia
Auxiliar de serviços gerais/campo
Guia (condutor)
MÉDIA
Quantidade ótima
(B)
RECURSOS HUMANOS
Quantidade atual
(A)
ANEXO III - Avaliação da variável “recursos humanos” para determinação da
capacidade de manejo da EPTEA Mata do Paraíso.
0
0
2
3
15
-
1
2
5
7
15
-
0
0
1
1
4
-
1
1
2
-
2
2
6
-
0
0
0,250
0,250
0,750
0,250
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
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GT 05 Análise de risco, vulnerabilidade e impactos ambientais em trilhas
USO DA NORMA TÉCNICA 15331 PARA TURISMO DE AVENTURA E
ECOTURISMO NA ATIVIDADE DE GUIAMENTO EM ÁREA DE MONTANHA
Raphael Raine Forni29
Cecília Bueno30
Resumo
Palavras-chaves: Turismo de Aventura; Ecoturismo; Normas técnicas; Guiamento.
A profissão de guia de turismo foi regulamentada em 1993 pela lei n°8.263, 28
de Janeiro (Bueno at al, 2011). É fato corrente que, no Brasil, muitas empresas
de turismo começam a oferecer seus serviços sem planejamento e sem
conhecer as legislações do turismo brasileiro (Goidanich & Moleta, 2003). A
adequação das atividades em acordo com a Lei Geral do Turismo no artigo 34,
no que tange a comercialização de produtos de turismo de aventura e de
ecoturismo aplicando como base na norma técnica 15331 de sistema de gestão
de segurança em roteiros de ecoturismo, é um fato que irá aumentar a
qualidade dos serviços de guiamento em ambientes naturais, em todo território
nacional. O objetivo deste trabalho é mostrar os benefícios da aplicação da
norma técnica 15331, de Sistema de Gestão de Segurança em roteiros de
ecoturismo e turismo de aventura na gestão da proteção aos ambientes
visitados e na gestão de riscos melhorando a segurança e preservação dos
ambientes naturais visitados nas atividades profissionais em guiamento de
roteiros do turismo em áreas naturais. Para a obtenção das informações para
este estudo, foi adotado o uso da norma técnica NBR 15331 em roteiros de
guiamento de caminhadas em ambiente de montanha, por alunos de um curso
técnico de guia de turismo. Eles aplicaram a planilha de gestão de riscos em
conformidade com a norma técnica 15331 em guiamentos, onde foram
avaliados os seguintes pontos: segurança, gestão ambiental e operação do
roteiro. Após análises preliminares das planilhas de gestão de segurança,
observamos a crescente melhora no controle dos riscos da atividade e a
minimização dos impactos no ambiente visitado, como a adequação desta
técnica no guiamento realizado pelos alunos do curso técnico de guia de
turismo, sendo necessário, no entanto, aprofundamento e estudos
29
raphael@curtirio.net, Mestrando em Ciências do Meio Ambiente do Programa de Pós
Graduação da Universidade Veiga de Almeida
30
cecília.bueno@pobox.com Professora Adjunta, Programa de Pós Graduação da Universidade
Veiga de Almeida
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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complementares para avaliação mais definitiva da aplicação desta norma na
prática de condução em ambientes de montanha.
Resumen
Palavras-chaves: Turismo Aventura; Ecoturismo; Normas técnicas; Condución
La profesión de guía de turismo fue regulado en 1993 por la Ley N º 8263, 28
de enero (Bueno et al , 2011 ) . Es un hecho que la cadena en Brasil, muchas
compañías de turismo comienzan a ofrecer sus servicios sin planificación y sin
conocer las leyes del turismo brasileño (Goidanich y Moleta, 2003). La
idoneidad de las actividades de acuerdo con la Ley General de Turismo en el
artículo 34, en relación con la comercialización del turismo de aventura y el
ecoturismo basado en la aplicación de la norma técnica 15331 del sistema de
gestión de seguridad hojas de ruta de ecoturismo es una un hecho que
aumentará la calidad de los servicios de orientación en el medio natural, en
todo el país. El objetivo de este trabajo es mostrar los beneficios de la norma
técnica de ejecución 15331, Sistema de Gestión de Seguridad de hojas de ruta
de ecoturismo y turismo de aventura en la gestión y protección del medio
ambiente visitados en la gestión de riesgos para mejorar la seguridad y la
conservación de los entornos naturales visitados actividades profesionales en
viajes de turismo guía en áreas naturales. Para obtener información para este
estudio,hemos adoptado el uso de la norma técnica NBR 15331 en la
orientación de excursiones de senderismo en entorno de montaña para los
estudiantes de una guía técnica. Aplicaron la gestión del riesgo de hoja de
cálculo, de acuerdo con la norma técnica en 15.331 leadings fueron evaluados
en los siguientes aspectos: la seguridad, la gestión ambiental y el
funcionamiento de la secuencia de comandos. Después de un análisis
preliminar de la gestión de seguridad hojas de cálculo, observar la creciente
mejora de la actividad de control de riesgos y minimizar los impactos sobre el
medio ambiente nos han visitado ya la idoneidad de esta técnica en la
orientación realizado por los alumnos de guía técnica, si es necesario, en Sin
embargo, estudios adicionales y complementarios a la evaluación más
definitiva de la aplicación de esta práctica estándar de conducción en
ambientes de montaña.
1. Introdução:
A profissão de guia de turismo foi regulamentada em 1993 pela lei n°8.263, 28
de Janeiro (Bueno at al, 2011). É fato corrente que, no Brasil, muitas empresas
de turismo começam a oferecer seus serviços sem planejamento e sem
conhecer as legislações do turismo brasileiro (Goidanich & Moleta, 2003). A
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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adequação das atividades em acordo com a Lei Geral do Turismo no artigo 34,
no que tange a comercialização de produtos de turismo de aventura e de
ecoturismo aplicando como base na norma técnica 15331 de sistema de gestão
de segurança em roteiros de ecoturismo, é um fato que irá aumentar a
qualidade dos serviços de guiamento em ambientes naturais, em todo território
nacional. O Brasil é referência internacional em relação a normatização do
setor de turismo de aventura e ecoturismo, mas as agências e operadoras de
ecoturismo e turismo de aventura se desenvolveram pelas novas exigências
dessa demanda específica. Porém, o crescimento rápido deste mercado não
acompanhou necessariamente os padrões de qualidade eficiência na prestação
de serviços ao consumidor; o que contribuiu para o aumento do número de
acidentes durante a prática de tais atividades (Farah, 2005).
Para ressaltar algumas experiências em outros países, ASPAS (2000:133)
verifica que a partir da crescente prática do ecoturismo e do turismo de
aventura na Espanha, o governo da Catalunha criou o Decreto n° 81/1991, que
estabelece requisitos obrigatórios para empresas começarem a atuar neste
segmento.
Dentre as modalidades de turismo, o ecoturismo e o turismo de aventura talvez
seja as que mais se aproxime de uma relação ideal entre exploração dos
espaços naturais e auto satisfação humana. Segundo Organização Mundial de
Turismo (OMT) (2011), estima que 10% dos turistas em todo o mundo tenham
como demanda modalidades de turismo relacionadas ao meio ambiente, com
faturamento anual, em nível mundial, estimado em US$ 260 bilhões, do qual o
Brasil se apropriaria de cerca de US$ 70 milhões. Com o aumento da
preocupação mundial com a conservação de biodiversidade, esta estimativa
deve aumentar ainda mais. As Unidades de Conservação, como Parques
Nacionais, vem estimulando o aumento da visitação de suas áreas protegidas,
incentivando assim o ecoturismo em todo o Brasil. Muitos parques apresentam
grande potencial para este segmento e o de Turismo de Aventura, de acordo
com Chagas (2011).
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No ecoturismo e no turismo de aventura, viagem, prazer, conhecimento,
desafio, superação e natureza se fundem, condicionando a experiência e o
contentamento do turista à conservação e a regulamentação de uso do
patrimônio natural (De Carvalho, 2011). Por meio de ações que tiveram início
em 2006, o Programa Aventura Segura buscou qualificar as empresas de
Ecoturismo e Turismo de Aventura Brasileiras e orientá-las na implementação
do SGS em conformidade com a Norma Técnica da ABNT NBR 15331 –
Turismo de Aventura – Sistema de Gestão da Segurança – Requisitos. Uma
das maneiras para demonstrar aos clientes e público em geral que este
processo foi bem sucedido é a certificação. As empresas recebem o certificado
dos seus sistemas a partir de uma auditoria.
Para realizar as auditorias nas empresas que implementaram o SGS, o Inmetro
acreditou dois organismos certificadores: a ABNT Certificadora e o Instituto
Falcão Bauer de Qualidade. Os resultados obtidos até agora superaram
expectativas dos responsáveis, pelo Programa Aventura Segura e também dos
auditores, que elogiaram a agilidade e o comprometimento dos empresários
envolvidos. Até o final do ano, 130 empresas aderidas ao PAS devem ser
auditadas pelos organismos certificadores responsáveis.
O Programa Aventura Segura é uma iniciativa do Ministério do Turismo em
parceria com o SEBRAE Nacional, executado pela Associação Brasileira das
Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA). O objetivo deste
trabalho é mostrar os benefícios da aplicação da norma técnica 15331, de
Sistema de Gestão de Segurança em roteiros de ecoturismo e turismo de
aventura na gestão da proteção aos ambientes visitados e na gestão de riscos
melhorando a segurança e preservação dos ambientes naturais visitados nas
atividades profissionais em guiamento de roteiros do turismo em áreas
naturais.
2. Metodologia
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Para a obtenção das informações para este estudo, foi adotado o uso da norma
técnica NBR 15331 em roteiros de guiamento de caminhadas em ambiente de
montanha, por alunos de um curso técnico de guia de turismo. Eles aplicaram a
planilha de gestão de riscos em conformidade com a norma técnica 15331 em
guiamentos, onde foram avaliados os seguintes pontos: segurança, gestão
ambiental e operação do roteiro. Após análises preliminares das planilhas de
gestão de segurança, observamos a crescente melhora no controle dos riscos
da atividade e a minimização dos impactos no ambiente visitado, como a
adequação desta técnica no guiamento realizado pelos alunos do curso técnico
de guia de turismo, sendo necessário, no entanto, aprofundamento e estudos
complementares para avaliação mais definitiva da aplicação desta norma na
prática de condução em ambientes de montanha. A aplicação da Norma
técnica 15331 de Sistema de gestão de Segurança se divide em 5 etapas:
A primeira etapa: Elaboração de uma planilha de classificação dos riscos e
perigos em roteiro de ecoturismo ou turismo de aventura, classificando os
riscos em diferentes níveis. Declara-se uma classificação para a probabilidade
do acontecimento deste risco. Adotam-se parâmetros para a classificação da
severidade do acontecimento destes riscos e a partir da multiplicação do nível
da probabilidade vezes o nível da severidade, classificamos o grau do risco.
Após a classificação do grau do risco cria-se uma tabela para classificação do
grau do risco para executar a ação do tratamento para o risco da atividade,
desta maneira podemos avaliar se é prudente realizarmos a atividade para a
segurança dos clientes que façam a opção por este roteiro, é sempre
necessário observar que esta planilha é abastecida sempre de novas
informações por se tratar de atividades na natureza os riscos são mutáveis e
diferem de acordo com o clima e condições metereológicas.
Exemplos:
Probabilidade (P) de acontecimento do risco (acidente ou incidente):
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Nível 1 - Para probabilidade pequena;
Nível 2 - Para probabilidade media;
Nível 3 - Para probabilidade alta;
Severidade (S) caso aconteça o risco (acidente ou incidente):
Nível 1 - para severidade pequena;
Nível 2 - para severidade média;
Nível 3 - para severidade alta;
Cálculo do grau do risco: P x S = GR
Para a classificação do grau do risco adotamos parâmetros em níveis de
acordo com o resultado da equação apresentada acima.
Exemplo da classificação do grau do risco: Obs: mesmo com o grau do risco
baixo é necessário realizar um tratamento de risco para a atividade
Grau do Risco do nível 1 ao 3 - Grau de risco pequeno
Grau do Risco do nível 4 ao 5 - Grau de risco médio
Grau do Risco do nível 6 ao 9 - Grau de risco alto.
Esta etapa é avaliada pelo guia que conduz pessoas por terrenos naturais e ele
é o responsável pelo preenchimento desta planilha com base no tipo de
terreno, severidade do meio ambiente, esforço físico e grau de orientação do
roteiro. Neste momento o guia deve ter a clara definição do que significa perigo
e risco e a diferença entre acidente e incidente, para avaliar suas decisões e
adotar um planejamento para seu guiamento, a fim de reconhecer a
impossibilidade de operação no roteiro se for necessário, estas avaliações se
relacionam com o nível de experiência do guia da atividade, por este motivo
caso não haja este profissional na equipe se faz necessário à contratação de
consultoria de profissionais especializados e certificados nas atividades
oferecidas à sociedade.
Tabela 1 - Legendas de classificação de riscos e perigos.
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Planilha do Sistema de Gestão de Segurança –
Classificação de perigos e riscos
NBR – 15331 – SGS – Normas Brasileiras de Gestão de Segurança para
roteiros.
(P) - Grau de Probabilidade: 1 - Pequeno/ 2 - Médio / 3 - Alto.
(S) - Grau de Severidade: 1 - Pequeno/ 2 - Médio/ 3 - Alto.
(GR) - Grau de risco: 1 – 3 (risco pequeno)/ 4 - 5 (risco médio)/ 6 - 9
(risco grande).
(P) Perigo.
(R) Risco.
(D) Dano no cliente.
(TR) Tratamento do risco.
Cálculo do grau do risco = P x S = Grau do risco.
Segunda etapa – Elaboração da planilha de gestão de riscos do roteiro de
ecoturismo ou turismo de aventura de acordo com a legenda formatada na
planilha de classificação de níveis de risco e perigos.
Tabela 2 - Planilha de controle de perigos e riscos.
844
Roteiro: ________________________________________________________
Perigo
Risco
Dano
P
S
GR
TR
A terceira etapa: Uma planilha de controle de gestão dos equipamentos
utilizados na operação destes roteiros, onde o guia da atividade gerencia como
ele avalia a qualidade dos seus equipamentos em relação à manutenção e a
vida útil dos mesmos. Nesta planilha é relacionado à função de quem faz esta
atividade de avaliação dos equipamentos utilizados na operação da atividade
de ecoturismo ou turismo de aventura como: Qual o item a ser avaliado, quem
é o responsável pela avaliação deste item, periodicidade da avaliação, como é
realizado o procedimento de avaliação e por fim se há custos nesta avaliação.
Tabela 3 - Planilha de gestão de equipamentos da empresa ou guia de turismo.
Equipamento
Pessoa
responsável
Periodicidade
Procedimentos
custos
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Quarta etapa: Uma planilha de gestão de fatos de acidentes e incidentes
ocorridos durante a operação do roteiro, citando como ocorreu o fato, roteiro
onde ocorreu o fato, pessoas envolvidas na atividade, horários e condições
climáticas, guia da atividade, como se comportou o guia perante a cena, qual
foi a sua ação diante do fato e como poderia ser evitado. Esta planilha trás um
relatório de acidentes e incidentes a ajuda a empresa e seus guias a refletirem
sobre sua gestão e terem uma melhora continua em suas atividades.
Tabela 4 - Relatório de acidentes e incidentes.
Roteiro:
( ) acidente ( ) incidente
Onde ocorreu:
Como ocorreu:
Clientes envolvidos:
Guias da atividade
Solução do problema
Como poderia ter sido evitado
Esta planilha é de extrema importância, porque nela será o armazenado
informações que trarão a melhoria continua nos serviços prestados, e uma
base para novos guias sobre os roteiros a serem guiados. Quanto mais
obtemos informações sobre o ambiente visitado, melhor será a prevenção de
acidentes e incidentes em roteiros turísticos de ecoturismo ou turismo de
aventura. A pesquisa foi aplicada em um curso técnico de guia de turismo no
município do Rio de Janeiro, na avaliação dos alunos no módulo de guiamento
em atrativos naturais na etapa de aprendizagem de técnicas de montanhismo
para guiamento de caminhadas em ambientes de montanha.
3. Resultados:
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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Com base na NBR 15331 os alunos puderam identificar todos os riscos da
atividade e assim conseguiram gerenciar os riscos e perigos dos produtos
turísticos de ecoturismo na atividade de caminhada em ambiente de montanha.
Eles aplicaram a planilha de gestão de riscos em conformidade com a norma
técnica 15331 em guiamentos, em dois roteiros na cidade do Rio de Janeiro. O
primeiro foi na unidade de conservação do Monumento Natural do Pão de
Açúcar e Morro da Urca, na trilha de acesso ao cume do Morro da Urca e o
segundo roteiro a ascensão pela face leste ao cume do Pão de Açúcar, onde
foram avaliados os perigos e riscos e dado um tratamento para minimizar estes
riscos e tornar a operação segura e viável.
Primeiramente realizamos a ascensão da trilha do Morro da Urca sem as
informações coletadas pela aplicação da planilha. Onde os alunos tiveram
dificuldades de transpor alguns trechos devido a inclinações e terrenos
irregulares escorregadios com possibilidade de queda, escorregões que
poderiam acarretar em acidentes aos participantes.
846
Em outro dia realizamos a ascensão da face leste do Pão de Açúcar, onde os
perigos foram diferentes, tais como locais de extrema exposição à altura e
transposição de trechos verticais de escalada, onde um escorregão ou queda
resultaria em fatalidades bem mais graves que as do roteiro anterior. O
resultado foi à impossibilidade da transposição total do trajeto pela totalidade
dos alunos participantes.
Na semana seguinte os alunos registraram os perigos e riscos dos locais
visitados e identificaram o tratamento ideal para os perigos dos dois trajetos a
fim de tornar a atividade segura e viável para o oferecimento aos futuros
clientes que eles possam trazer a estas regiões.
Na subida da trilha do Morro da Urca, nos trecho de subida e transposição de
área de solo rochosos e escorregadio, os alunos fixaram uma corda tornando
muito mais confortável e segura a transposição deste trechos e todos puderam
tranqüilamente passar. Nos trechos de erosão do terreno os alunos auxiliaram
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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os outros membros, onde e como deveria se pisar e se apoiar para transpor o
trecho, novamente o local foi transposto com segurança e tranqüilidade.
Na ascensão pela face leste do Pão de Açúcar os alunos mapearam os trechos
onde seria necessária a utilização de equipamentos de proteção individual e
coletiva de escalada e as corretas técnicas aplicadas para transpor estes
trechos, além de mapear e fazer a gestão do roteiro, também foi montado a
gestão de segurança dos equipamentos utilizados nesta ascensão, avaliando a
saúde dos materiais têxteis como: cordas, fitas e cadeirinhas, além dos
mosquetões e peças de segurança utilizadas. Estas medidas foram tomadas
antes e após a realização da atividade foram registradas nas planilhas de
gestão de segurança de equipamentos.
O resultado foi à possibilidade de passar por estes lances de perigo em
segurança e conseqüentemente com mais tranqüilidade. Os alunos montaram
e projetaram um roteiro com maior qualidade na segurança e produziram
roteiros ecoturisticos mais responsáveis e profissionais, levando em conta a
diminuição na carga de pessoas nos roteiros para melhor assessoria e gestão
de segurança no local, a gestão dos equipamentos utilizados em operações
onde haja a necessidade da sua utilização e uma melhor maneira de registrar
os perigos e riscos do local, em um documento oficial em acordo com a
legislação brasileira para guiamento destas atividades.
Considerações Finais:
Foi demonstrado que estes estudos colaboram para um profissionalismo em
alto nível da atividade de condução em ambientes de montanha, mas ainda
necessitamos de mais estudos para a viabilidade deste projeto. Na cidade e
estado do Rio de Janeiro somente uma entidade educacional que qualifica
guias de turismo aplica em sua ementa e no plano de aula o aprendizado
destas técnicas dentro das normas vigentes no Brasil para guiamento em
ambientes naturais, o que é muito pouco para a potencialidade do Estado do
Rio de Janeiro.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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A aplicação desta análise de segurança e risco é fundamental para redução de
acidentes e incidentes, agravados pelo fato dos locais afastados de grandes
centros, o que em muitas vezes, dificulta o socorro ou resgate. A demora no
resgate influencia no desenvolvimento do acidente ou incidente acarretando
situações desagradáveis. Vale ressaltar que as normas técnicas são de
ordenamento jurídico e contemplado na Lei Geral do Turismo, legislação
federal, ou seja, o descumprimento das recomendações do Ministério do
Turismo na legislação é crime. Com fiscalização ou não, o guia de turismo deve
seguir estas normas para evitar problemas futuros em sua atividade
profissional.
O Estado Brasileiro deve promover e incentivar o turismo como fator de
desenvolvimento social e econômico. É o que determina a Constituição
Federal. A chegada da Lei Geral do Turismo - Lei nº 11.771, de 17 de
setembro de 2008. Esta Lei foi regulamentada pelo Decreto 7.381 de 02 de
dezembro de 2010, com o Decreto de regulamentação há de se destacar a
especial vitória do Turismo de Aventura contemplado no art 34. O INEA
Instituto Estadual do Ambiente, adotou o uso obrigatório das normas técnicas
vigentes no Brasil para atividades de guiamento dentro das unidades de
conservação estaduais no estado do Rio de Janeiro (INEA, 2013), o que é mais
um passo em direção a atividades ecoturistica e de aventura mais seguras.
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da
Biodiversidade e monitoramento de impactos sobre padrões e processos
ecológicos
Sumario
01
Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque Estadual do 851
Cantão”.
02
Implantação
da
primeira
trilha
interpretativa
terrestre
e 863
subaquática em Área de Proteção Ambiental na Ilha Grande
(Angra dos Reis, RJ).
03
Análise da capacidade de carga em trilha do Parque Estadual 882
da Serra do Brigadeiro (MG) através da consideração das
raízes expostas
04
Plantas exóticas invasoras em trilhas do Morro das Andorinhas, 899
Niterói, RJ, Brasil
05
Aplicação de conceitos de bioengenharia de solos para 920
recuperação da Trilha Circular – Parque Natural Municipal da
Prainha – PNMP / Rio de Janeiro/RJ
06
Ecologia de trilhas: por uma nova abordagem do uso público em 938
Unidades de Conservação
07
Planejamento de trilha induzido pelo aumento da demanda de 957
visitação: Trilha ‘Barreiro da Anta’ no Parque Estadual do Morro
do Diabo, São Paulo - Brasil
08
Mapeamento dos atrativos e usos nas trilhas do Parque Natural 992
municipal Fazenda do Carmo, São Paulo/SP
09
Trilhas interpretativas em ambiente de Mata Atlântica: uma 1010
análise com base na estrutura da floresta
10
11
Indicadores biofísicos: diagnóstico ambiental de uma trilha no 1035
Parque Municipal Alfredo Volpi em São Paulo/SP.
Construindo uma nova consciência histórica a partir da 1061
construção de uma trilha ecológica: área do lixão no campus
Paulo VI-UEMA.
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento
de impactos sobre padrões e processos ecológicos
“Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque Estadual do Cantão”
Benaya Leles1
George Georgiadis¹
Silvana Campello¹
Resumo
Palavras-Chave: ecoturismo; conservação; trilhas; Pteronura brasiliensis
O Parque Estadual do Cantão (PEC) possui aproximadamente 90 mil hectares,
localizado entre os municípios de Caseara e Pium no Estado do Tocantins. Para
implementação das atividades de visitação e ecoturismo previstas no plano de
manejo, foi criado o projeto “Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque
Estadual do Cantão” (ProCantão) através de parceria entre o Instituto Araguaia,
Associação Onça D’água, e o órgão gestor Naturatins, sob patrocínio do FUNBIO.
O projeto foi iniciado em julho de 2012através de uma série de oficinas de
planejamento com a participação de técnicos das instituições parceiras e
convidados. Nessas oficinas foram definidos os impactos aceitáveis, normas de
uso e procedimentos de monitoramento específicos para cada atrativo e um
roteiro interpretativo, com enfoque às avistagens de ariranhas (Pteronura
brasiliensis), espécie-bandeira do PEC, onde se procurou ordenar as trilhas e uso
público de forma a causar o menor impacto no comportamento de ariranhas que
freqüentam os lagos abertos à visitação. As trilhas receberam infraestrutura de
apoio e foi produzido material interpretativo para os membros da comunidade
local, treinados para atuar como guias locais e providenciada uma canoa
tradicional com motor elétrico, uma modalidade identificada como de baixo
impacto. No primeiro ano do projeto o equipamento é disponibilizado
gratuitamente; a partir do segundo ano será disponibilizado em regime de fundo
rotativo, com cada guia ou agente se comprometendo a retornar recursos ao
fundo para aquisição de novos kits para novos participantes do projeto. Para o
monitoramento dos impactos do uso público, a bióloga Benaya Leles percorre as
trilhas duas vezes por semana, visando orientar o planejamento das atividades de
proteção e estabelecer o impacto da visitação sobre o ecossistema, monitorando
o comportamento das ariranhas e grau de satisfação dos visitantes, e ajustes
serão feitos nas normas de uso conforme necessário.
Resumen
1
institutoaraguaia@araguaia.org
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Palabras clave: ecoturismo , conservación, senderos ; Pteronura brasiliensis
El Parque Estatal de Cantão (PEC) tiene cerca de 90 mil hectáreas , ubicado
entre las localidades de Caseara y Pium en el estado de Tocantins. Para la
ejecución de las actividades previstas en el régimen de visitas y un plan de
manejo del ecoturismo , donde se creó el proyecto "Protección, monitoreo y Uso
Público del Parque Estadual del Cantão (ProCantão ) a través de una
colaboración entre el Instituto de Araguaia , Asociación Onça d’Água y el órgano
gerente Naturatins , bajo el patrocinio de FUNBIO. El proyecto se inició en julio de
2012 a través una serie de talleres de planificación con la participación de
expertos de las instituciones socias e invitados. Em estos talleres se definieron
impactos aceptables, normas de uso y procedimientos específicos para cada
atracción y um roteiro interpretativo, centrándose en los avistamientos de la nutria
(Pteronura brasiliensis), especies emblemáticas del PEC, donde se intentó
ordenar los senderos y el uso público a fin de causar el menor impacto en el
comportamiento de las nutrias que frecuentan los lagos abiertos a los visitantes.
Los senderos han recibido la infraestructura de apoyo y material interpretativo fue
producido para los miembros de la comunidad local , entrenados para actuar
como guías locales y provisto de una canoa tradicional con motor eléctrico, una
modalidad identificado como de bajo impacto. En el primer año del proyecto, el
equipo está disponible de forma gratuita, a partir del segundo año se pondrá a
disposición en virtud de un fondo rotatorio , con cada guía o un agente de
comprometer recursos para devolver los fondos para comprar nuevos equipos
para los nuevos participantes en el proyecto . Para monitorear los impactos de
uso público, el biólogo Benaya Leles ejecuta las pistas dos veces por semana con
el fin de orientar la planificación de las actividades para proteger y establecer el
impacto de las visitas sobre el ecosistema mediante la supervisión del
comportamiento de la nutria y la satisfacción de los visitantes y los ajustes se
efectuarán en las condiciones de uso según sea necesario.
1. Introdução
O Parque Estadual do Cantão (PEC), de 90.000 hectares, é uma das áreas
protegidas mais importantes do Brasil central. Localizado na ponta norte da Ilha
do Bananal (Figura 1), na Lat 9-10S and Long 50W, o PEC situa-se precisamente
no triplo ecótono formado pelo encontro entre o Cerrado, a Floresta Amazônica e
as áreas inundáveis da planície do Rio Araguaia (Figura 1). O extremo leste do
Parque, incluindo a zona de sua sede e Centro de Visitantes, consiste de campos
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cerrados e cerradões. O restante da área consiste de um mosaico de floresta
estacional semidecidual e floresta inundável, entrecortado por canais e composto
por 860 lagos, que representam 80% dos lagos de toda a bacia do Rio Araguaia.
Como resultado desse complexo sistema, a biota do parque é uma combinação
única, onde é possível observar a fauna de mamíferos terrestres endêmica do
Cerrado convivendo com espécies aquáticas típicas da bacia amazônica,
evidenciando uma riqueza biológica diversificada. Os registros de fauna para o
PEC até agora apontam a ocorrência de 396 espécies de aves, 60 de repteis e
anfíbios, 51 espécies de mamíferos e surpreendentes 301 espécies de peixes,
mais do que em todo do Pantanal Matogrossense e mais do que em todo o
continente Europeu.
853
Figura 1. Localização do Parque Estadual do Cantão, TO, Brasil
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Os peixes são a base da cadeia trófica da região e o principal alimento de animais
ameaçados. Assim, os 860 lagos e canais do Cantão abrigam populações
significativas de espécies ameaçadas e predadores de topo de cadeia, incluindo a
ariranha (Pteronura brasiliensis), o boto-cor-de-rosa (Inea geoffrensis) e a onçapintada (Panthera onca), entre outros. Até mesmo a harpia (Harpia harpyja) no
Cantão inclui peixes e jacarés em sua dieta. Algumas espécies típicas do
Cerrado, como o jacú-de-barriga-castanha (Penelope ochrogaster), têm nas
matas do PEC um de seus últimos refúgios e a população de ariranhas do Parque
é possivelmente uma das maiores já registradas para a bacia amazônica.
A maior ameaça atual ao ecossistema do PEC é a intensificação do turismo
desordenado e da pesca ilegal. O Tocantins é um dos estados que mais crescem
no Brasil, tanto em termos econômicos como populacionais, e a população
crescente busca cada vez mais o lazer em áreas naturais como o Cantão. Nos
últimos anos observou-se um grande crescimento tanto na procura por atividades
ecoturísticas como pelo turismo tradicional da região, que em geral ocorre de
forma desordenada, consistindo principalmente na instalação de acampamentos
temporários nas praias que circundam o PEC. Os usuários destes acampamentos
freqüentemente (e ilegalmente) invadem o parque para pescar e caçar,
depredam ninhos de quelônios, deixam lixo nas praias, e provocam incêndios.
Alguns pescadores vêm na ariranha um animal “competidor” pelos peixes, e
terminam por expulsá-las de suas tocas, ou matá-las. Estas ocorrências são
freqüentes e pouco contornadas mesmo com um trabalho duradouro de
fiscalização na área.
A proteção do Parque a longo prazo exige o fomento ao ecoturismo de baixo
impacto como alternativa econômica, implementando assim seu Plano de Manejo,
o qual prevê: “o desenvolvimento de atividades de proteção, ecoturismo e
incentivos a alternativas de desenvolvimento, buscando a preservação dos seus
recursos naturais e o envolvimento com o entorno humano da unidade”.
Desta forma, o programa de Proteção, Monitoramento e Uso Público o Parque
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Estadual do Cantão, realizado em parceria entre o Instituto Araguaia, Associação
Onça D’água, e o órgão gestor Naturatins, sob patrocínio do FUNBIO, busca
introduzir o visitante aos elementos principais do ambiente natural do Parque de
forma sustentável, e, portanto, toda atividade de instalação e construção deve
facilitar esse processo. Como conseqüência, o programa deve: enfocar na
educação dos visitantes sobre os recursos naturais e culturais do Parque e seu
entorno; fomentar a revalorização da cultura local e dos valores e técnicas
tradicionais; mostrar técnicas inovadoras e práticas para minimizar os impactos do
homem sobre o meio ambiente, e, dessa forma, oferecer oportunidades para
recreação e lazer, informando ao visitante a valorização do conhecimento sobre o
meio ambiente e como atuar de maneira ambientalmente responsável.
2. Metodologia
A implementação do uso público do Parque Estadual do Cantão teve início com
uma série de oficinas de planejamento, das quais participaram os técnicos das
instituições parceiras, membros da comunidade local e especialistas convidados.
Nestas foram estabelecidos os indicadores e procedimentos para monitorar os
impactos da visitação sobre o ecossistema, utilizando como padrão de
comparação a área de pesquisas do Instituto Araguaia, a qual vem sendo
protegida e monitorada desde 2003 e não recebe uso público. Em seguida foram
selecionadas duas áreas para ecoturismo na Zona de Uso Intensivo do PEC
(ZUI): uma área a ser visitada de forma auto-guiada (nas cercanias do Centro de
Visitantes), de ambiente predominantemente Cerrado e outra área, no interior do
PEC,
para
visitas
acompanhadas
por
condutores
em
ambiente
predominantemente Amazônico. Nessa ultima, foi efetuado um microzoneamento
dos lagos a serem visitados, com definição de procedimentos para a observação
de
espécies
carismáticas,
porém
frágeis,
como
ariranhas
e
ciganas
(Ophistocomus hoazin), incluindo zonas de refúgio onde não é permitida a
entrada de canoas. Em seguida, foram elaborados roteiros interpretativos para as
visitas.
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O Centro de Visitantes foi equipado com uma série de painéis e vídeos
interpretativos do ecossistema do Cantão e suas espécies mais carismáticas.
Paralelamente, foram conduzidas oficinas de treinamento de guias e condutores
locais na interpretação dos ecossistemas do Cantão, e como transmitir essa
informação para visitantes. Esse treinamento, em campo, incluiu: informação e
observação de fauna; familiarização com o zoneamento das trilhas dos lagos da
Zona de Uso Intensivo; familiarização com as normas e procedimentos de uso; e
uso de motor elétrico.
O projeto disponibilizou um kit contendo salva-vidas,
binóculo, bateria e motor elétrico para os guias.
Enquanto que a canoa fica
posicionada (com corrente e cadeado) no Lago da Benta, esse kit deve ser
retirado pelo guia mediante preenchimento de uma ficha de visitação no Centro
de Visitantes, e devolvido ao final do passeio. Em parceria com o Naturatins e o
Instituto Araguaia, a Prefeitura de Caseara alocou no Centro de Visitantes um
funcionário em tempo integral para recepcionar e encaminhar os interessados.
3. Resultados e Discussão
No ambiente Amazônico no interior do parque, foi aberta uma malha de trilhas,
com aproximadamente 7.500 metros de extensão (Figura 1). Estas trilhas
margeiam uma série de quatro lagos (Lago da Benta, Lago das Três Pernas, Lago
do Cega-Machado e Lago da Cabana). Este circuito foi denominado de Circuito
do Cega-Machado, nome do principal lago das trilhas. Foi implantada infraestrutura de observação e descanso ao longo do percurso (fotos 1 e 2),
respeitando o zoneamento que estabeleceu áreas de refúgio de fauna.
Nas oficinas de planejamento do projeto, que deram início a implantação do uso
público do Parque Estadual do Cantão, foram estabelecidos os indicadores e
procedimentos para monitorar os impactos da visitação sobre o ecossistema,
além do número de visitantes por dia e por grupo. Ficou definido que o tamanho
máximo para grupos de visitantes no Circuito do Cega-Machado é de oito
pessoas, na companhia de um condutor e um assistente (total: dez pessoas). O
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número máximo de grupos permitidos por dia é dois grupos, os quais devem
realizar o passeio de forma sincronizada para não se encontrarem. São
permitidos no máximo quatro pessoas por canoa. Grupos especiais, como grupos
escolares, etc., podem exceder esses limites com autorização especial do
Gerente do PEC, sendo obrigatoriamente acompanhados por um guarda-parques
para cada dez visitantes.
Durante o passeio devem ser seguidas as seguintes normas:
1. Permanecer nas trilhas e rotas de canoagem designadas para uso.
2. Conversar em voz baixa, e manter o silêncio ao aproximar-se de animais
silvestres.
3. Não jogar lixo, não consumir bebidas alcoólicas e não fumar devido ao risco
de incêndio.
4. Percorrer os lagos e trilhas somente com embarcações a remo ou movidos a
motor elétrico.
5. Canoas devem movimentar-se lentamente quando estiverem a cem metros ou
menos de uma ariranha, e parar permanecendo imóvel quando a cinqüenta
metros ou menos de uma ariranha.
6. Procedimentos para aproximação de qualquer exemplar de fauna nativa:
a. Ao avistar o animal, manter o silêncio e evitar movimentos bruscos;
b. Aproximar-se lentamente, observando atentamente o comportamento do
animal;
c. Cessar a aproximação ao primeiro sinal de alerta do animal;
d. Recuar e desistir da aproximação se o animal exibir comportamento de
alarme;
e. Jamais provocar a fuga ou perseguir qualquer animal.
7. É proibido alimentar a fauna ou interferir no seu comportamento natural, assim
como coletar ou danificar a flora.
A partir de estudos realizados no Parque Nacional de Manu (Peru), e de dados
coletados nos lagos destinados ao ecoturismo, foi feito o microzoneamento
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definindo este Circuito, respeitando áreas que continham terreiros e tocas de
ariranhas, estabelecendo áreas de acesso restrito, visando criar condições para a
permanência e eventual reprodução da espécie mesmo após iniciada a visitação.
Em um dos lagos foi construída uma plataforma, com vista para a área do lago
destinada à zona de refúgio. Os lagos que desempenham a função de área de
refúgio são fechados para o público de maio a dezembro, podendo ser
percorridas de canoa de janeiro a abril, quando a área toda está inundada e a
fauna do lago se dispersa pelo interior da floresta. Esses critérios foram
estabelecidos com base no sucesso da metodologia utilizada no Parque Nacional
de Manu por mais de 20 anos.
858
Figura 2: Zoneamento das trilhas da ZUI destinadas ao ecoturismo.
A malha de trilhas do Cega-Machado foi dividida em dois grandes circuitos, um
perfazendo o Lago do Cega-Machado e Lago da Cabana, onde os grupos de
visitantes podem fazer o passeio por trilha, com intervalos para observação de
fauna, ou parte dele de canoa de pau com motor elétrico, que é a modalidade de
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visitação identificada pelo Plano de Manejo do PEC como ideal em termos de
baixo impacto e satisfação do visitante. Da plataforma implantada com vista para
o lago ao final deste percurso, pode-se observar fauna e relaxar ou até mesmo ter
um pernoite rústico mediante autorização do Naturatins (foto 1).
859
Foto 1. A área de refúgio de fauna vista da plataforma no Lago da Cabana
Durante a estação da cheia, entre janeiro a abril, há uma ligação da água entre os
lagos, e se tem a opção de fazer o passeio totalmente de canoa, passando de um
lago para outro, por entre a floresta inundada do igapó, na altura da copada das
árvores.
A outra perna do circuito, o Lago das Três Pernas e Lago da Benta, possui uma
malha de trilhas que circunda os lagos, passando por áreas de terreiros antigos
de ariranhas, chegando a casa de um antigo “torrãozeiro”, ou morador local,
oferecendo a oportunidade de vivenciar a cultura e moradia típica dos ribeirinhos
da região.
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Foto 2. Infra-estrutura de descanso e observação do Circuito Cega-Machado
Foram elaborados roteiros interpretativos para visitas auto-guiadas pela trilha de
Cerrado próxima ao Centro de Visitantes, e para visitas acompanhadas de
condutores na Zona de Uso Intensivo do PEC. Estes roteiros contêm informações
sobre o ecossistema do Cantão, com ênfase nas espécies e comunidades
naturais que podem ser encontradas nas trilhas tendo a função de enriquecer a
experiência dos visitantes, e ao mesmo tempo contextualizar aquilo que o
visitante está vendo no ecossistema do Cantão como um todo.
A ariranha (Pteronura brasiliensis), espécie bandeira do PEC, é o animal mais
procurado e que mais chama a atenção dos turistas. Porém o roteiro também
enfoca se em espécies mais fáceis de serem encontradas e muito apreciadas por
ecoturistas, como as exóticas ciganas, o jacaré-açú (Cayman Níger, que no
Cantão chega a atingir 6 metros) e o pirarucu (Arapaima gigas), alem de aspectos
relevantes desse ambiente Amazônico.
Para que os guias e condutores saibam proceder durante as visitas, foram feitas
oficinas de treinamento. Estas enfocaram nas normas e procedimentos, além da
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interpretação dos ecossistemas do Cantão: características de cada um e épocas
do ano que podem ser observados; como se comportarem para o sucesso de
observação de fauna, nas trilhas e de canoa; além do zoneamento de trilhas dos
lagos da Zona de Uso Intensivo e uso de motor elétrico.
No primeiro ano do projeto o equipamento com motor elétrico, baterias, binóculos
e salva-vidas utilizados pelos guias e condutores, é disponibilizado gratuitamente.
Dessa forma, pessoas da comunidade local com vocação e experiência
necessárias para conduzir passeios de canoa terão acesso ao treinamento
específico e condições para participar da nova economia gerada pelo Parque.
4. Conclusão
Mesmo com pouca divulgação na mídia, desde a abertura do PEC à visitação
pública há apenas três meses, mais de 1.074 pessoas visitaram o Centro de
Visitantes do Parque Estadual do Cantão, e 35 grupos de tamanhos variados
foram conduzidos pelo Circuito do Cega-Machado.
Pelos relatos e observações, o grupo de ariranhas com território estabelecido na
área de refúgio nos lagos de ecoturismo parece estar se acostumando com a
presença pacífica dos visitantes, apresentando comportamento calmo, e, em 60%
dos casos, aproximando-se espontaneamente dos grupos ou simplesmente
agindo naturalmente na presença de pessoas com comportamento correto. Esse
fato indica o sucesso da metodologia escolhida, com baixo impacto nas ariranhas
do Cantão.
Será iniciado em 2014 um programa de monitoramento dos impactos dessa
atividade sobre as áreas visitadas e sobre os próprios visitantes. Serão
administrados questionários aos visitantes para aferir seu grau de satisfação e os
efeitos que a visita teve sobre sua opinião sobre o PEC e a natureza em geral.
Os resultados desse monitoramento serão discutidos em oficinas adicionais, e
ajustes às normas e procedimentos serão efetuados conforme necessário.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
861
5. Referências Bibliográficas
Tocantins (2004) Avaliação Ecológica Rápida do Parque Estadual do Cantão.
Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente do Estado do Tocantins,
Palmas.
Instituto Araguaia (2012) Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque
Estadual do Cantão –Monitoramento de Áreas Críticas - Relatório
Semestral de Monitoramento – Junho-Novembro 2012.
Instituto Araguaia (2013) Proteção, Monitoramento e Uso Público do Parque
Estadual do Cantão –Monitoramento de Áreas Críticas - Relatório
Semestral de Monitoramento – Janeiro a Junho 2013.
Schenck, C. 1999. Lobo de Rio Pteronura brasiliensis - Presencia, uso del habitat
protección en el Peru. Tese de doutorado, Ludwig- MaximiliansUniversitat, Munique, Alemanha.
Tocantins (2001) Plano de Manejo do Parque Estadual do Cantão. Secretaria do
Planejamento e Meio Ambiente do Estado do Tocantins, Palmas.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento
de impactos sobre padrões e processos ecológicos
IMPLANTAÇÃO DA PRIMEIRA TRILHA INTERPRETATIVA TERRESTRE E
SUBAQUÁTICA EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NA ILHA GRANDE
(ANGRA DOS REIS, RJ)
Camila Pinto Meireles1,
Felipe de Vargas Ribeiro2,
Amanda Carvalho de Andrade3,
Yollanda Carolina da Silva Ferreira4
Joel Christopher Creed5.
Resumo
Palavras-chave: Trilha Interpretativa; Educação Ambiental; Área de Proteção Ambiental de
Tamoios; Espécies exóticas Invasoras; Ilha Grande.
A Ilha Grande (RJ) apresenta rica biodiversidade, a qual atrai mais de 300 mil
turistas por ano. A grande visitação e o turismo desordenado podem impactar
negativamente os ambientes terrestres e marinhos. Além do turismo, existem
outras ameaças à biodiversidade como, por exemplo, as espécies exóticas
invasoras, as quais competem com as espécies nativas causando prejuízos
ecológicos e sociais. Nesse contexto, o Projeto Coral-Sol (PCS), iniciativa
socioambiental para controle de espécies invasoras marinhas (Tubastraea spp.),
implantou uma Trilha Interpretativa (TI) terrestre e subaquática no percurso
costeiro Abraão-Abraãozinho, com o tema “Biodiversidade e Bioinvasão”. TIs
desenvolvem nos participantes novas percepções, estimulando a observação
objetiva, crítica e consciente. O objetivo do presente trabalho foi utilizar a TI como
estratégia de educação ambiental para auxiliar o processo de formação de
agentes multiplicadores sobre a temática de biodiversidade e bioinvasão. A trilha
é do tipo guiada e foi implantada na Área de Proteção Ambiental de Tamoios,
através da adaptação do método de Indicadores de Atratividade de Pontos
Interpretativos. O levantamento de atrativos foi realizado em jan/2011 e o teste
piloto em fev/2011. Após ajustes, a TI passou a ser oferecida gratuitamente pelo
Centro de Visitantes do PCS, além de ser utilizada como treinamento prático de
universitários voluntários e educadores participantes do projeto. De fev/2011 a
nov/2012, visitaram a trilha: 947 turistas e moradores, 103 educadores e 60
universitários voluntários. Em questionários de percepção ambiental aplicados
com os educadores, todos afirmaram ter conhecido algo novo após realizar a TI,
sendo a diversidade de espécies, as espécies exóticas e os corais-sol invasores
os aspectos mais citados. A implantação da TI possibilitou a conduta consciente
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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de turistas e visitantes, contribuiu para o preenchimento de lacunas de
conhecimento dos educadores e promoveu a práxis com universitários.
Resumen
Palabras clave: Sendero Interpretativo; Educación Ambiental; Área de Proteção Ambiental de
Tamoios; Especies Exóticas Invasoras; Ilha Grande.
Ilha Grande (RJ) presenta una rica biodiversidad, que atrae más de 300.000
turistas al año. El gran número de visitantes y el turismo desordenado puede
influir negativamente en los ambientes terrestres y marinos. Además del turismo,
existen otras amenazas a la biodiversidad, por ejemplo, las especies exóticas
invasoras que compiten con las especies nativas causando daños ecológicos y
sociales. En este contexto, el Proyecto Coral-Sol (PCS) una iniciativa social y
ambiental para el control de las especies marinas invasoras (Tubastraea spp.),
puso en marcha un sendero interpretativo (SI) terrestre y submarino en la ruta
costera Abrão-Abraãozinho, con el tema "Biodiversidad y bioinvasión". Este
desarrolla en los participantes nuevas ideas, estimulando la observación objetiva,
crítica y consciente. El objetivo de este estudio fue utilizar las SIs como una
estrategia de educación ambiental para al proceso de formación de
multiplicadores en el tema de la biodiversidad y las invasiones biológicas. El
camino es guiado, en el Área de Protecão Ambiental de Tamoios, mediante la
adaptación del método de Indicadores de Atractividad de Puntos Interpretativos.
El levantamiento de atractivos se llevó a cabo en ENE/2011 y las pruebas piloto
en FEB/2011. La SI empezó a ser ofrecida de forma gratuita por el sede del PCS,
además de ser utilizada como formación práctica para los educadores
universitarios y voluntarios que participan del proyecto. Entre FEB/2011 y
NOV/2012 visitaron la pista 947 turistas y residentes, 103 profesores y 60
voluntarios universitarios. En los cuestionarios de percepción aplicados a los
educadores ambientales, todos afirmaron haber conocido algo nuevo después de
hacerlo. Los aspectos más citados fueron la diversidad de especies, las especies
exóticas y los coral-sol. El establecimiento de SI permitió la conducta responsable
de los turistas y visitantes, ayudó a llenar los vacíos en el conocimiento de los
educadores y a promover la práctica con los estudiantes
1. Introdução
A interpretação ambiental surgiu no contexto dos parques nacionais americanos e
foi definida por Freeman Tilden em uma publicação clássica de 1957, Interpreting
Our Heritage, como (TILDEN, 1977, p. 8):
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[...] atividade educativa que aspira revelar os significados e
as relações existentes no ambiente, por meio de objetos
originais, através de experimentos de primeira mão e meios
ilustrativos, em vez de simplesmente comunicar a
informação literal.
No Brasil, a interpretação ambiental se disseminou principalmente através das
trilhas interpretativas (TIs). O interesse pela implantação de TIs nas várias regiões
do país vem acompanhando o desenvolvimento do ecoturismo e a crescente
estruturação
das
áreas
de
visitação
nas
unidades
de
conservação
(VASCONCELLOS, 2006). Apesar da demanda por atividades de interpretação
ambiental, há um potencial pouco aproveitado, especialmente ao se considerar a
dimensão da atividade do ecoturismo no Brasil.
TIs podem ser realizadas em áreas terrestres, aquáticas ou subaquáticas, sendo
guiadas ou autoguiadas e acessadas através de caminhadas, cavalgadas,
navegação, mergulho livre contemplativo, entre outros. No Brasil, a grande
maioria das atividades é realizada no contexto terrestre, através de caminhadas.
No ambiente marinho, algumas iniciativas se destacam pelo pioneirismo, como a
implantação de trilhas subaquáticas em Santa Catarina (WEGNER, 2003) e o
Projeto Trilha Subaquática, implantado no litoral de São Paulo (BERCHEZ et al,
2007).
Embora mais de 50 milhões de pessoas habitem municípios da zona costeira
brasileira (IBGE, 2011), ainda há poucos trabalhos publicados sobre o tema.
Pedrini e colaboradores (2010 a) afirmam que o meio acadêmico reconhece que
existem muitas experiências de Interpretação Ambiental e/ ou Educação
Ambiental na zona costeira e marinha que não são publicadas no Brasil e no
exterior. Segundo Pedrini e colaboradores (2010 b, p. 434) “em termos de trilhas
marinhas há limitadíssimos trabalhos sobre o tema no país, possivelmente pela
inexistência da prática de ecoturismo marinho, apesar do imenso litoral brasileiro”.
Na Ilha Grande (Angra dos Reis, RJ) não há registros de trilhas interpretativas
subaquáticas, apesar de seu potencial para a atividade. Até 2010, a principal
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atividade de interpretação ambiental na ilha era a visita guiada terrestre, realizada
na Trilha Circular do Parque Estadual da Ilha Grande ou Circuito do Abraão (T1),
por funcionários da unidade de conservação e guias de turismo.
A Ilha Grande apresenta rica biodiversidade, a qual atrai mais de 300 mil turistas
por ano (INEA, 2010). A grande visitação e o turismo desordenado podem
impactar negativamente os ambientes terrestres e marinhos (DAVENPORT &
DAVENPORT, 2006). Além do turismo, existem outras ameaças à biodiversidade
como, por exemplo, as espécies exóticas invasoras, as quais competem com as
espécies nativas causando prejuízos ecológicos e sociais (DE PAULA & CREED,
2005).
Nesse contexto, o Projeto Coral-Sol (PCS), iniciativa socioambiental para controle
de espécies invasoras marinhas (Tubastraea spp.), implantou uma TI terrestre e
subaquática na Ilha Grande, com o tema “Biodiversidade e Bioinvasão”. A TI
implantada na Área de Proteção Ambiental de Tamoios foi uma iniciativa única, a
qual uniu a tipologia de trilhas terrestre e subaquática no percurso AbraãoAbraãozinho. O objetivo do presente trabalho foi utilizar a TI como estratégia de
educação ambiental para auxiliar o processo de formação de agentes
multiplicadores sobre a temática de biodiversidade e bioinvasão, com turistas,
moradores, educadores e universitários.
2. Materiais e métodos
2.1 Área de Estudo
A Ilha Grande (figura 1) está localizada na Baía da Ilha Grande (BIG) (22°50’ –
23°20’S; 44°00’ – 44°45’W) no município de Angra dos Reis, litoral sul do Estado
do Rio de Janeiro (INEA, 2010). A BIG abrange uma área de 65.258 ha e cerca
de 350 km de perímetro na linha d’água, abrigando uma grande beleza
paisagística e uma rica fauna e flora. Por este motivo, a região é considerada um
santuário de biodiversidade singular (hot-spot) (CREED et al., 2007).
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A Ilha Grande abriga quatro unidades de conservação; Parque Estadual da Ilha
Grande, Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, Parque Estadual Marinho do
Aventureiro e Área de Proteção Ambiental de Tamoios (INEA, 2010).
A Área de Proteção Ambiental de Tamoios abrange as mais de 100 ilhas que se
distribuem pelos 900 km² da BIG, havendo sobreposição com 19 ilhas integrantes
da Estação Ecológica de Tamoios e da própria Ilha Grande (INEA, 2013). A APA
de Tamoios foi criada pelo Decreto Estadual 9.452 de 5 de dezembro de 1982 e
em seu território estão representados todos os ecossistemas característicos do
Estado do Rio de Janeiro (INEA, 2013).
867
Figura 1 – Localização da Baía da Ilha Grande. Fonte: Adaptado do Google Maps e Google Earth.
2.2 TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãozinho
A TI (figura 2) se localiza na Área de Proteção Ambiental de Tamoios, no percurso
Abraão-Abraãozinho (Ilha Grande). O trajeto de aproximadamente 2,6 km começa
no Centro de Visitantes do PCS, passa pelas praias do Canto, da Júlia, da
Biquinha, Comprida e Crena, até o costão do Abraãozinho.
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Figura 2: Em vermelho, localização da TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãzinho na Ilha
Grande (acima) e o seu percurso completo (abaixo).
2.3 Método de Implantação das Trilhas Interpretativas
A TI foi implantada através da adaptação do método de Indicadores de
Atratividade de Pontos Interpretativos (MAGRO & FREIXEDAS, 1998). Em um
primeiro
momento
foram
levantados
todos
os
pontos
potenciais
para
interpretação, de acordo com o tema escolhido para a trilha. Após a identificação
dos atrativos, uma seleção foi feita a fim de evitar pontos muito próximos e não
repetir questões já abordadas. A escolha final levou em consideração os pontos
mais atrativos de acordo com indicadores para o tema. Não foi necessário atribuir
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pesos aos indicadores, embora o método original sugira a adoção desse
procedimento.
O levantamento de atrativos foi realizado pela equipe de educação ambiental do
PCS em 12 de janeiro de 2011. Os pontos de interpretação foram testados em 11
e 25 de fevereiro de 2011, com duas turmas de universitários do Programa de
Estágio Voluntário do projeto. A atividade começou a ser oferecida ao público
gratuitamente em 19 de fevereiro de 2011, após a inauguração do Centro de
Visitantes do PCS, na Vila do Abraão (Ilha Grande). A trilha implantada é do tipo
guiada, ou seja, atividade interpretativa “em que o guia intérprete dirige um grupo
através de um caminho, com paradas pré-estabelecidas, onde um tema é
desenvolvido” (VASCONCELLOS, 2006).
2.4 Estratégias metodológicas e análise dos dados
A base metodológica foi a Pesquisa Qualitativa (TRIVIÑOS, 1987), caracterizada
por seu cunho descritivo, por ter o ambiente natural como fonte direta de dados e
o pesquisador como instrumento-chave e por ser preocupada com o processo e
não apenas com o resultado ou produto. A TI foi realizada com universitários
como treinamento prático do Programa de Estágio Voluntário; com turistas e
moradores, como atividade do Centro de Visitantes; e com educadores, como
prática de curso de qualificação.
Os voluntários preencheram um roteiro de trilha durante a atividade, para
incentivar a observação crítica. Com os educadores foram aplicados questionários
diagnósticos de percepção ambiental, roteiro de trilha e avaliação da atividade.
Verificou-se a percepção ambiental dos educadores sobre a biodiversidade dos
biomas Mata Atlântica e Zona Costeira e Marinha da região, sobre espécies
exóticas e invasoras, entre outros. Com os turistas e moradores, optou-se por não
aplicar questionários, já que o objetivo principal da atividade neste caso, não era a
pesquisa. Como os visitantes estavam em sua hora de lazer, foram feitos apenas
registros em vídeo de depoimentos espontâneos sobre a atividade.
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Os questionários e demais atividades registradas foram transcritas em conteúdo
textual, constituindo-se o corpus documental para utilização posterior através da
Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977). As respostas de percepção ambiental
passaram pela etapa de leitura flutuante, identificação do núcleo dos sentidos e
identificação das unidades de registro (categorização de falas).
3. Resultados e discussão
3.1 TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãozinho
Implantar uma TI é resignificar um caminho, direcionar uma visitação em
ambiente natural e desvelar informações de forma interdisciplinar. Segundo
Feinsinger e colaboradores (1997 apud VASCONCELLOS, 2006. p. 46) uma TI:
Tem o propósito de desenvolver nos usuários um novo
campo de percepções, levando-os a descobrir um mundo
ainda desconhecido, uma nova forma de olhar e sentir a
natureza, estimulando-os a observar objetivamente, pensar
criticamente e decidir conscientemente.
Desta forma, a TI elaborada com o tema “Biodiversidade e Bioinvasão”, procurou
construir conhecimentos junto com os participantes, relacionando saberes
acadêmicos, tradicionais e locais, para uma mudança de percepção ambiental. Os
pontos interpretativos tornaram visíveis aspectos que passavam despercebidos
para os visitantes, mesmo para aqueles que moravam na região. As espécies
nativas e exóticas da fauna e flora dos ambientes terrestres e marinhos, as
relações ecológicas, as adaptações dos organismos a cada ambiente e as
relações homem-natureza puderam ser desvelados pela interpretação ambiental.
As descobertas dos participantes eram estimuladas pelo modo como os monitores
conduziam a TI; não como uma aula de campo, mas sim como uma investigação.
A equipe foi treinada para desenvolver os conceitos mais pelos questionamentos
do que pelas respostas prontas.
Como a atividade estava relacionada ao processo de educação ambiental
desenvolvido pelo PCS orientado pelas vertentes Crítica e Práxica, a TI foi
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utilizada como instrumento para a reflexão e construção de valores e
conhecimentos para sociedades sustentáveis. Nesse sentido, os pontos
interpretativos (tabela 1) contribuíram para a formação de agentes multiplicadores
da temática de biodiversidade e bioinvasão no contexto da Ilha Grande.
Tabela 1: Roteiro da Trilha Interpretativa Abraão-Abraãozinho
Tema da TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãozinho: Biodiversidade e Bioinvasão
Pontos de
Interpretação
Descrição/ objetivos
Ponto 1:
Partida Caminhar é
preciso,
sofrer não é
preciso!
Ponto 2:
Águas de
março... de
janeiro a
dezembro?
Ponto 3:
Terra à
vista...
Ponto 4:
Alienígenas
por toda a
parte!
Apresentação da equipe e do grupo;
Preenchimento de termo de responsabilidade e
ficha médica;
Informação sobre a atividade (duração e nível de
dificuldade);
Escolha do equipamento para mergulho;
Informações sobre a Ilha Grande (histórico,
ocupações, povos, presídios, etc.);
Apresentação das quatro unidades de
conservação presentes na Ilha Grande (através
de mapa).
Observação e comparação da situação ambiental
dos rios da Vila do Abraão;
Identificação de impactos negativos (poluição,
desmatamento da mata ciliar, presença de
construções em Área de Preservação
Permanente, ocorrência de espécies exóticas e
invasoras e canalização).
Início (propriamente dito) da trilha terrestre
(informações sobre o percurso);
Recomendação de conduta consciente na trilha;
Questionamento sobre os biomas presentes no
entorno (Mata Atlântica e Zona Costeira e
Marinha);
História da relação do Guapuruvu (Schizolobium
parahyba (Vell.) S.F. Blake) com os caiçaras.
Identificação de espécies vegetais exóticas como
bananeiras (Musa sp.), Capim colonião (Panicum
maximum Jacq.) e Jaqueiras (Jaqueira
Artocarpus heterophyllus Lam.);
Identificação de espécies vegetais nativas como
o Cobi (Anadenanthera colubrine (Vell.)Brenan) e
a Embaúba (Cecropia sp.);
Identificação de fator de risco de desabamento,
em área erodida de “barranco”, com a presença
de bananeiras.
Localização
Centro de
Visitantes do
Projeto CoralSol, Vila do
Abraão
Rios da Vila do
Abraão –
Avenida Getúlio
Vargas
Praia do Canto
Entrada da
trilha (placa de
sinalização da
T10).
Área com
espécies
vegetais
exóticas
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Ponto 5:
Inferno na
terra?
Ponto 6:
Para o alto,
e avante!
Ponto 7:
Segurando a
encosta
Ponto 8:
Gigante da
floresta.
Apontar as diferenças entre uma área acima da
trilha (ainda com um sub-bosque) e uma área
abaixo (onde o sub-bosque foi removido).
Questionamento sobre o formato e a função das
raízes tabulares da Figueira (Ficus sp.) e sobre o
seu tamanho maior em relação às outras
árvores;
Contação de histórias sobre figueiras (utilização
das raízes pelos índios tupinambás como tambor
para comunicação, passagem bíblica e lendas
locais);
Convite aos visitantes para contarem histórias
que conhecem sobre figueiras.
Observação dos diferentes tamanhos de
sedimentos com identificação de suas fontes de
origem;
Observação da matéria orgânica acumulada na
areia da praia e de “pulgas-da-praia”
(Amphipoda) presentes nela.
Ponto 9:
Ponto de
encontro
entre o mar
e a mata
Questionamento sobre a sobrevivência dos
organismos nesses ecossistemas durante um
ciclo de poça de maré;
Esclarecimento sobre as adaptações de diversos
organismos para sobreviver em condições
“extremas” de temperatura, salinidade e
exposição ao sol.
Identificação da árvore nativa Paineira (Ceiba
speciosa (St-Hill.) Ravenna);
Identificação de plantas epífitas e liquens;
Caracterização da morfologia e fisiologia da
bromélia Barba-de-velho (Tillandsia usneoides)
L. Basionônio;
Observação de outras bromélias (Vriesea sp.,
Neoregelia cruenta (R. Graham)).
Ponto 10:
Campo
minado com
bombardeio!
Ponto 11:
Chegada Agora! Nós
“vamô”
invadir sua
praia!!!
Observação de um bosque de Jaqueira
(alelopatia);
Identificação do prejuízo ambiental causado por
uma espécie exótica invasora.
Realização da oficina de mergulho em apnéia,
trilha subaquática e dinâmica de finalização da
atividade;
Familiarização com o equipamento de mergulho;
Identificação dos organismos através do uso de
Fichas de identificação de organismos marinhos.
Área de poças
de Maré
Paineira – Praia
Comprida
Encosta – trilha
entre as praias
Comprida e
Crena.
Figueira – antes
da praia da
Crena, na
bifurcação das
trilhas.
Praia da Crena
Bosque de
jaqueiras –
caminho para a
Praia do
Abraãozinho
Praia do
Abraãozinho
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Durante a atividade os participantes entenderam o conceito de biodiversidade, o
qual compreende não só as variedades de espécies, como também de
ecossistemas. Os visitantes também observaram a transição entre a Mata
Atlântica e a Zona Costeira e Marinha e como seus componentes estão
relacionados. Além disso, o conceito de sociobiodiversidade foi trabalhado
indiretamente, através das histórias locais, como a do caiçara que planta o
Guapuruvu quando um filho homem nasce e corta a árvore após 18 anos, para
fazer uma canoa. Esta árvore apresenta crescimento rápido e morre por volta de
30 anos. Assim, o nativo realiza uma prática sustentável ao remover uma árvore
que não permaneceria compondo a floresta por muito tempo. Desta forma
interdisciplinar foi tratada a ocupação humana, da época pré-histórica, até os dias
atuais. Vários aspectos são tratados nos pontos interpretativos para desmistificar
muitos conceitos inadequados que as pessoas têm como, por exemplo, o fato de
acreditarem que bromélias são parasitas (figura 3).
873
Figura 3: Ponto interpretativo 6; paineira nativa (Ceiba speciosa) com bromélias epífitas como a
Barba-de-velho (Tillandsia usneoides).
No ponto interpretativo da Figueira, os visitantes são estimulados a usar a
imaginação para descobrir por que essa árvore é muito maior do que as outras
em volta. Assim vão descobrindo que se trata de uma árvore centenária, bem
mais velha que as outras, e que provavelmente escapou do corte na época das
roças das populações que haviam no local. Esses aspectos sociais foram
estudados por Svorc (2007) no Parque Estadual da Ilha Grande, a qual aponta
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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questões religiosas e crenças como motivos para a preservação de árvores de
Ficus sp. (figura 4).
Figura 4: O biólogo e guia de turismo, Felipe Ribeiro, demonstrando como os índios usavam as
raízes tabulares, de acordo com as histórias locais. Fonte: Arquivo PCS.
Ao final do percurso terrestre, os visitantes participam de uma oficina de mergulho
livre (apnéia), recebem orientações sobre uma conduta consciente no ambiente
marinho e começam a trilha subaquática (figura 5a). Durante a oficina os
participantes são treinados para se familiarizar com o equipamento e realizar um
mergulho seguro. Os treinamentos são feitos em duplas com auxílio dos
monitores. Cada dupla ou trio é acompanhado por um monitor durante a trilha
subaquática. Foram adotadas práticas para um mergulho de mínimo impacto
negativo. Para isso, os participantes não podem usar nadadeiras, devem seguir a
trilha subaquática conduzidos pelos monitores e com apoio de pranchas de
natação, não podem tocar voluntariamente em nenhum organismo e devem evitar
colocar os pés no fundo.
Os participantes são orientados a identificar os organismos marinhos através do
uso de fichas de identificação com imagens, as quais apresentam os seres de
fácil visualização no local (tabela 2). Um dos atrativos da trilha subaquática são as
espécies nativas de coral babão (Palythoa caribaeorum) e as duas espécies
invasoras de coral-sol (Tubastraea spp.) (figura 5b).
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Tabela 2: Espécies conspícuas durante o mergulho contemplativo.
Tipos de organismos
Macrófitas
Angiospermas
Porifera
Cnidaria
Arthropoda
Echinodermata
Chordata (Urochordata)
Chordata (Vertebrata) Peixes.
Espécie/ nome vulgar
]Galaxaura marginata (Alga vermelha)
Caulerpa racemosa (Alga verde)
Asparagopsis sistaxiformis (Alga vermelha)
Halodule wrightii (Grama marinha)
Desmapsamma anchorata (Esponja laranja)
Mycale spp.(Esponja)
Mussismilia hispida (Coral cérebro)
Tubastraea coccinea (Coral-sol laranja)
Tubastraea tagusensis (Coral-sol amarelo)
Phyllactis praetexta (Anêmona)
Carijoa riisei (Coral)
Aiptasia pallida (Anêmona)
Zoanthus sociatus (Zoantídeo)
Palythoa caribaeorum (Coral babão)
Stenorhynchus seticornis (Caranguejo-aranha)
Lythechinus variegatus (Ouriço lilás)
Echinometra lucunter (Ouriço preto)
Isostichopus badionotus (Pepino do mar)
Echinaster (Othilia) brasiliensis (Estrela-do-mar)
Tropiometra carinata (Lírio do mar)
Phallusia nigra (Ascídia preta)
Hippocampus spp. (Cavalo-marinho)
Narcine brasiliensis (Raia treme-treme)
Chaetodon striatus (Peixe borboleta)
Abudefduf saxatilis (Sargentinho)
Gymnothorax funebris (Moréia verde)
Chilomycterus spinosus (Baiacu de espinhos)
Figura 5: a) oficina de mergulho para a trilha subaquática no Abraãozinho; b) espécies invasoras
de coral-sol (Tubastraea spp) e nativas de coral-babão (P. caribaeorum) no canto esquerdo.
Fonte: Arquivo Lara Vidon.
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3.2 Públicos-alvo
Segundo Tilden (1977), para públicos diferentes (crianças, adultos, formações),
deve haver programas diferentes. Desta forma, pode-se obter um maior
aproveitamento quando a TI se molda ao interesse do público. A TI AbraãoAbraãozinho foi implantada de forma a levar os visitantes a um mundo
desconhecido, mesmo para aqueles, que na condição de moradores, frequentam
o local. Vasconcellos (2006, p. 46) afirma que TIs “traduzem para o visitante os
fatos que estão além das aparências (leis naturais, interações, história, cultura) ou
fatos aparentes que não são comumente percebidos (singularidades, detalhes,
vestígios, entre outros)”. De fev/2011 a nov/2012, visitaram a trilha: 947 turistas e
moradores, 103 educadores e 60 universitários voluntários. Durante esse tempo,
as atividades foram sendo delineadas de acordo com o objetivo de cada público.
Os universitários voluntários receberam informações mais técnicas (relações
ecológicas, nomes científicos), experimentaram a coleta de dados abióticos
(salinidade e temperatura da água) e aprenderam métodos para leitura de
diversidade em costões (transecto e quadrado). Tais atividades foram importantes
para a aplicação dos conceitos aprendidos em sala de aula. Os universitários
também foram treinados para se tornarem monitores da TI, conduzindo os turistas
durante a atividade. Para isso, foi elaborado um manual com o roteiro dos pontos
interpretativos chamado de “Guia do Guia para a TI Terrestre e Subaquática
Abraão-Abraãozinho”.
Os educadores participaram da trilha através do curso de qualificação oferecido
gratuitamente pelo PCS, em parceria com a Prefeitura de Angra dos Reis. Após
agendamento das turmas, eles eram levados do continente para o Centro de
Visitantes na Ilha Grande, onde assistiam à palestra “Por que a bioinvasão
ameaça a biodiversidade?”, percorriam a TI e elaboravam propostas de atividades
para a escola sobre biodiversidade e bioinvasão. Os educadores participavam da
trilha buscando descobrir na prática, os aspectos abordados durante a palestra.
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Dos 103 educadores participantes da TI, 102 responderam aos questionários de
percepção ambiental. Ao serem perguntados se conheceram algo novo após
fazerem a TI, todos afirmaram que sim (n= 100 respostas válidas). Dentre os
conhecimentos novos mais citados, destacam-se a diversidade de espécies
(57%); as espécies exóticas invasoras (16%) e os corais invasores (16%). Como
exemplo da diversidade descoberta os educadores citaram: corais, coral cérebro,
ascídia, estrela-do-mar, ouriço-do-mar e barba-de-velho. Sobre as espécies
exóticas invasoras afirmaram: “percebi que espécies invasoras estão presentes
em abundância no ambiente marinho e terrestre”; “me surpreendi ao saber que
algumas espécies tão comuns de serem encontradas são exóticas e não nativas”.
Além desses aspectos, os educadores também afirmaram (8%) ter aprendido
curiosidades como, por exemplo, as histórias sobre figueiras e o fato da mata da
Ilha Grande ser a maior parte resultado de regeneração.
Em análise preliminar sobre o aproveitamento da atividade prática, 53 educadores
foram questionados se a vivência na TI Terrestre e Subaquática foi proveitosa.
Todos afirmaram que sim, sendo os aspectos mais citados na justificativa o: 1)
conhecimento adquirido (35%), por exemplo;
“um vasto conhecimento da fauna e flora”; “agregou novos
conhecimentos para serem utilizados motivando os alunos”;
“adquiri conhecimento útil para a minha atividade docente”;
2) a vivência prática (27%), “porque consolidou o ensino
teórico”; “vivenciamos os conceitos da palestra ao longo da
trilha”; “pois o conteúdo é fixado melhor com a prática”; e 3)
a biodiversidade (12%), “a trilha apresentou diversos novos
organismos e relações”; “devido a possibilidade de perceber
a variedade de seres diferentes existentes”; “conhecer
novas espécies de seres e suas interferências no local onde
vivem”.
Os poucos moradores que participaram da TI, se surpreenderam por julgarem já
conhecer tudo sobre o local. Em depoimento informal, uma antiga moradora
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adorou a atividade, porque não esperava descobrir tantas novidades em um local
que costuma frequentar. Os turistas também ficavam surpresos, pois alguns já
conheciam a trilha ao tê-la percorrido para acessar as praias. Após a TI,
afirmavam que iriam aplicar as recomendações para conduta consciente nos
próximos mergulhos.
O Abraãozinho é bastante frequentado por banhistas e mergulhadores e, na alta
temporada, a visitação enorme e desordenada chama atenção. É possível
observar com facilidade os impactos negativos na fauna e flora locais. Durante as
TIs, os monitores já precisaram abordar mergulhadores que não participavam da
atividade para proteger os organismos marinhos. Os problemas mais comuns são
pisoteio da comunidade bentônica; remoção de organismos, principalmente
estrelas-do-mar e cavalos-marinhos; presença de bronzeador e filtro solar na
água, movimentação muito próxima dos organismos, os quais deixam de se
alimentar e reproduzir quando perturbados.
Pedrini e colaboradores (2011) observaram alguns desses problemas em Búzios
(RJ), no local onde implantaram atividades de Educação Ambiental Marinha e
Costeira. O turismo desenfreado pode afetar de forma irreversível a biota
marinha, sendo mais um argumento para que se busque maior planejamento da
visitação em locais como o Abraãozinho, os quais são Áreas de Proteção
Ambiental.
Nesse sentido, a implantação de TIs pode minimizar os impactos da visitação,
não apenas no local em questão, mas em qualquer local visitado pelo participante
que reproduzir a conduta consciente aprendida na atividade, seja em ambiente
terrestre ou marinho.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implantação da TI Terrestre e Subaquática Abraão-Abraãozinho funcionou
como instrumento de educação ambiental relevante para a conservação da
biodiversidade. Os participantes puderam conhecer a biodiversidade, identificar as
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ameaças e entender a importância de sua preservação. Desta forma, a atividade
contribuiu para a formação de agentes multiplicadores sobre a temática da
biodiversidade e bioinvasão.
A TI possibilitou a conduta consciente de turistas e visitantes, contribuiu para o
preenchimento de lacunas de conhecimento dos educadores e promoveu a práxis
com universitários. Como instrumento de educação ambiental, deve ser
considerada no uso público das unidades de conservação, nas atividades de
Ecoturismo e na integração de teoria e prática em uma formação interdisciplinar
de cidadãos mais responsáveis pelo ambiente.
Agradecimentos
Ao patrocínio Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental; à FAPERJ
pela bolsa de mestrado; a CAPES e CNPq pelo apoio; à Secretaria de Educação,
Ciência e Tecnologia de Angra dos Reis por divulgar e intermediar o curso de
educadores, a Alexandre Cuellar (guia de turismo e administrador do CV do PCS)
por guiar e informar a equipe sobre a trilha; a Paula Araujo (recepcionista do CV)
por divulgar a atividade aos turistas; a Lívia Corrêa (estagiária de Educação
Ambiental do PCS) por participar nas monitorias e na tabulação e análise dos
dados; a Daniel de Oliveira Czernocha (administrador do CV) por divulgar e
auxiliar os grupos na TI; a Marcelo Mantelatto (oceanógrafo do PCS) por dar
continuidade à visitação de turistas na TI e participar do treinamento dos
voluntários; a Fabiana Santos (bióloga colaboradora do PCS) por auxiliar no
levantamento dos pontos interpretativos; a Fernanda França, Amanda Guilherme
e Larissa Marques (colaboradoras do PCS) por auxiliarem a visita de grupos e a
todos os voluntários do PCS que realizaram a TI como monitores.
5. Bibliografia
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977c. 229p.
BERCHEZ, F.A.S.; GUILARDI, N.; ROBIM, M. de J.; PEDRINI, A. de G.; HADEL,
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881
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento
de impactos sobre padrões e processos ecológicos
ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA EM TRILHA DO PARQUE ESTADUAL
DA SERRA DO BRIGADEIRO (MG) ATRAVÉS DA CONSIDERAÇÃO DAS
RAÍZES EXPOSTAS
Cézar Henrique Barra Rocha2
Bruno Campos Guilarducci3
Hugo Gavioli de Almeida4
Nayra Rosa Coelho5
Luíza Fonseca Cortat6
Resumo
Palavras-chave: impactos ambientais; raiz exposta; trilhas; capacidade de carga
Este trabalho teve por objetivo realizar os cálculos da capacidade de carga
antrópica nas trilhas do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (MG)
estabelecendo-se limites para visitação pública. O PESB está situado na porção
norte da Zona da Mata mineira. A obtenção dos dados foi realizada durante
trabalhos de campo nas trilhas em junho de 2012, iniciando pela Trilha do Pico do
Grama, aplicando a Metodologia de Cifuentes (1992) com modificações. Para
cada trilha foi realizado o levantamento de locais com erosão, alagamento,
cobertura vegetal, condições de acessibilidade (modificado por ROCHA et
al.,2006 e ROCHA et al.,2007) e raízes expostas (ROCHA et al.,2010). Para a
marcação destes pontos foram utilizados receptores GPS com altímetro e antena
sensível para áreas com vegetação. A marcação de pontos foi realizada no início
e no final das ocorrências citadas, sendo também medidas através do odômetro
do GPS. As trilhas foram mapeadas com captação de pontos de trajeto a cada 1
segundo (ROCHA, 2003). Os níveis de acessibilidade foram obtidos por meio dos
perfis de cada trilha. A distância e o tempo necessários para o deslocamento na
trilha foram medidos e cronometrados por meio do GPS. Os dados coletados
foram descarregados em computador com auxílio do programa Trackmaker
(GPSTM, 2008) com posterior edição em programas de desenho. O valor
encontrado foi de 151 VD (visitantes diários) suportados pela Trilha Pico do
Grama sem considerar o Fator Raízes Expostas. Ao incluir este Fator, o resultado
diminuiu 24,5%, resultando 114 VD, valor considerado sustentável para este
trecho do Parque e importante instrumento de gestão que poderá ser adotado
pelos gerentes do PESB. A recuperação de trechos com problemas deve ser
prioridade dos gestores. O planejamento e controle de fluxo de visitantes são
medidas fundamentais para a conservação destes ambientes, além do
2
barra.rocha@gmail.com - UFJF/NAGEA
brunoghilarducci@hotmail.com - UFJF/NAGEA
4
hugogav@hotmail.com - UFJF/NAGEA
5
nayracoelho@hotmail.com - UFJF/NAGEA
6
luizacortat@bol.com.br - UFJF/NAGEA
3
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monitoramento de indicadores de impacto. Outras pesquisas com utilização de
mais fatores de correção ou propostas de novas metodologias devem ser
desenvolvidas para que se tenha maior confiabilidade na análise destes
ambientes.
Resumen
Palabras clave : impactos ambientales, la raíz expuesta , senderos , capacidad de
Esta ivestigación tuvo como objetivo realizar los cálculos de capacidad de carga
de senderos hechos por el hombre en el Parque Estatal de Serra do Brigadeiro
(MG ) mediante el establecimiento de límites para el uso público . El PESB está
situado en la parte norte de la Zona da Mata de Minas Gerais. La recolección de
datos se llevó a cabo el trabajo de campo en los senderos en junio de 2012,
comenzando con el sendero del Pico do Grama, aplicando las metodologías
Cifuentes ( 1992 ) con modificaciones. Para cada sendero se encuestó sitios con
la erosión , alagamiento, vegetación, las condiciones de accesibilidad (modificada
por Rocha et al. , 2006 y Rocha et al. , 2007 ) y las raíces expuestas ( Rocha et al.
, 2010 ) . Para marcar estos puntos fueron utilizados con receptores GPS y
altímetro com antena sensible a áreas de vegetación. Los puntos de marcado
fueron realizados al principio y al final de los eventos mencionados anteriormente
, también se miden por el odómetro del GPS. Los senderos se asignan puntos
cada 1 segundo (Rocha , 2003 ) . Nivel de accesibilidad se han obtenido a través
de los perfiles de cada sendero. Se midieron la distancia y el tiempo requerido
para cambiar el sendero y sincronizados por GPS. Los datos recogidos se
descargan en el ordenador utilizando el programa TrackMaker ( GPSTM , 2008 )
con la posterior edición en programas de dibujo. El valor encontrado fue de 151
DV ( visitantes diarios ) con el apoyo de Sendero Pico sin tener en cuenta las
bases expuestas factor. Con la inclusión de este factor , el resultado disminuyó un
24,5% , lo que resulta RV 114 , que se considera sostenible para este tramo del
Parque e importante herramienta de gestión que pueden ser adoptadas por los
directivos de la PESB .La sección de recuperación de los problemas debe ser una
prioridad para los directivos.La planificación y el control del flujo de visitantes
constituye una medida fundamental para la conservación de estos ambientes , así
como el seguimiento de los indicadores de impacto. Otra investigación utilizando
más factores de corrección o nuevas metodologías propuestas se debe
desarrollar con el fin de tener una mayor fiabilidad en el análisis de estos
ambientes.
1. Introdução
Atualmente, áreas naturais têm sido utilizadas como locais para lazer, passeios e
educação ambiental. A crescente procura por estes locais tem ocasionado
degradação ambiental devido ao uso intenso das trilhas, a falta de planejamento e
de controle sobre o número de visitantes, assim como a falta de orientação ao
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público visitante (FONTOURA & SIMIQUELI, 2006; PECCATIELLO, 2007;
ROCHA et al., 2007; VIANA, 2008).
O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro está situado nos municípios de
Araponga, Divino, Ervália, Muriaé, Fervedouro, Miradouro, Pedra Bonita, Rosário
de Limeira e Sericita. Sua área total é de 2.944 km 2, abrangendo as microrregiões
de Ponte Nova, Manhuaçu, Viçosa e Muriaé pertencentes a Minas Gerais (Figura
1). Foi criada infra-estrutura de apoio recentemente com duas portarias (Araponga
e Fervedouro), centro de visitantes, alojamento para pesquisadores, entre outras
obras. Contudo, ainda é um Parque pouco estudado. Apesar de ter um Plano de
Manejo, não foi contemplado o estudo de capacidade de carga. Com a liberação
para visitação, não haverá parâmetros para os gestores monitorarem a
quantidade de turistas por trilha.
884
Figura 1 : Localização do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro - PESB.
Fonte: VERONESE ( 2009).
O excesso de visitação traz consequências tais como a destruição das trilhas
ecológicas e seus arredores, a diminuição da biodiversidade e o aumento da
poluição nas áreas de maior circulação. Esses problemas, associados a carência
de leis que assegurem as unidades de conservação fiscalização sobre a
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exploração de recursos naturais e mantutenção da integridade dos ecossistemas,
contribuem para o aumento da degradação ambiental dos parques (COSTA,
2003; FONTOURA & SIMIQUELI, 2006; PECCATIELLO, 2007). De modo a
prevenir maiores danos ambientais e estabelecer um controle sobre o uso das trilhas
de um parque, uma medida fundamental a ser adotada é a tentativa de
minimização dos impactos causados pelo turismo nestas áreas por meio da
limitação à visitação (FONTOURA & SILVEIRA, 2006; FONTOURA & SIMIQUELI,
2006; PECCATIELLO, 2007; PRADO et al., 2008; VIANA, 2008; ROCHA &
PECHINCHA, 2010; HOLDERBAUM & SILVA, 2010).
Tendo conhecimento do impacto causado pelo excesso de pessoas, órgãos de
proteção ambiental como ICMBIO, IEF, entre outros, podem tomar medidas que
visem a diminuição destes danos, entre elas, a limitação do número de visitantes.
Esta medida serve para implementação de medidas de regeneração e conservação
da biodiversidade local. A utilização excessiva de trilhas provocam o aumento do
processo erosivo e das raízes expostas nas proximidades das trilhas que ligam
locais de maior freqüência de visitação, além de gerar alterações diretas na
biodiversidade local.
Ainda faltam esforços para que sejam alcançados os benefícios econômicos,
sociais e ambientais na prática do Ecoturismo. Para que suas metas sejam
cumpridas será necessário um melhor planejamento e gestão destas áreas
mediante o controle de visitantes diários juntamente com a conscientização do
público visitante e o monitoramento das áreas do parque através de indicadores
estrategicamente escolhidos, evitando o impacto ambiental e promovendo uma
integridade sustentável entre a natureza e seus visitantes (MORAES, 2007;
FONTOURA & SIMIQUELI, 2006; PECCATIELLO, 2007; ROCHA et al.,2010;
ROCHA & PECHINCHA, 2010; HOLDERBAUM & SILVA, 2010; ROCHA et
al.,2010a; VIANA, 2010).
2. Metodologia
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A obtenção dos dados foi realizada durante trabalhos de campo nas trilhas do
Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB) entre 06 e 10/06/2012. Iniciou-se
pela Trilha do Pico do Grama (Figura 2) que parte da MG 482 e segue até uma
Torre de Comunicação. Foi aplicada a Metodologia de Cifuentes (1992) com
modificações através do levantamento de locais com erosão, alagamento,
cobertura vegetal, condições de acessibilidade (modificado por ROCHA et
al.,2006 e ROCHA et al.,2007) e raízes expostas (ROCHA et al.,2010; ROCHA &
PECHINCHA, 2010; HOLDERBAUM & SILVA, 2010). Para a marcação destes
pontos foram utilizados receptores Garmin GPS Map76CSX que possuem
altímetro (sigla S) e antena sensível para áreas com vegetação (sigla X). A
marcação de pontos (waypoints) foi realizada no início e no final das ocorrências,
sendo também medidos os comprimentos através do odômetro do GPS. As trilhas
foram mapeadas com captação de pontos (trackpoints) a cada 1 segundo
(ROCHA, 2003).
886
Figura 2: Trilha do Pico do Grama - PESB. (Fonte: autores).
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
Os níveis de acessibilidade foram obtidos por meio dos perfis de cada trilha,
através das distâncias e altitudes que foram armazenadas no GPS, processadas
no software GPSTrackmaker e exportadas para o Excel, possibilitando-se a
construção de gráficos (ROCHA et al.,2006 e ROCHA et al., 2007). A distância e
o tempo necessários para o deslocamento na trilha foram medidos e
cronometrados por meio da utilização do GPS. Os dados obtidos foram
descarregados em computador com auxílio do programa Trackmaker (GPSTM,
2008) sendo posteriormente editados com a utilização de programas de CAD e
CorelDraw. Os dados sobre a planta e o perfil das trilhas foram armazenados e
disponibilizados neste trabalho no formato Datum Horizontal WGS 1984 e Datum
Vertical Imbituba (SC).
Durante o percurso foram observados os impactos físicos, dentre eles: trechos e
pontos com alagamentos; erosão; bifurcações de trilha e impactos biológicos
sendo estes determinados pela extensão da cobertura vegetal, existência de
raízes arbóreas expostas e presença de espécies ruderais exóticas no estrato
herbáceo. Os dados necessários aos cálculos de capacidade de carga foram
obtidos por meio das análises do estado ambiental das trilhas acrescidos de
fatores de correção (ROCHA et al., 2007). Para realização do cálculo de
capacidade de carga foi utilizada de forma crítica a metodologia de Cifuentes
(1992), propondo modificações em alguns fatores para adaptá-la melhor a
realidade do PESB.
Rocha et al. (2010), com base em observações de campo, criaram o fator de
correção raízes expostas para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos
(PARNASO) - RJ. Ele foi aplicado de forma pioneira neste Parque tendo em vista
a quantidade de raízes expostas nas trilhas (HOLDERBAUM & SILVA, 2010;
ROCHA & PECHINCHA, 2010; ROCHA et al., 2010a). Em alguns casos, existia
risco para o indivíduo arbóreo, exigindo intervenção naqueles trechos de trilha
através da proteção daquelas raízes (Figura 3).
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Figura 3 Ocorrência pontual de raiz exposta em trilha do PESB. (Fonte: autores).
Outra modificação proposta na Metodologia foi a conversão das ocorrências
pontuais em lineares considerando a evolução natural destes fatores ao longo do
tempo. Um exemplo simples é a erosão pontual que se não for corrigida torna-se
linear. No caso das ocorrências pontuais, o local foi marcado com GPS e depois
convertido para linear considerando-se o comprimento de um metro (ROCHA et
al., 2010).
Os fatores de correção funcionam diminuindo o número de visitantes
proporcionalmente aos problemas encontrados. Se estes problemas forem
minimizados ou sanados, pode-se efetuar novo cálculo e modificar os valores.
Uma alternativa para diminuir os impactos do pisoteio em áreas sensíveis é a
construção de passarelas suspensas (Figura 4). A experiência obtida nos parques
estudados pelo NAGEA mostra que as ocorrências tendem a aumentar, o que
coloca em risco a sustentabilidade da trilha e a segurança do visitante. Pesquisa
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888
realizada por Viana (2010) no Parque Estadual do Ibitipoca em Minas Gerais
propõe o monitoramento de indicadores de impacto como complemento aos
estudos de capacidade de carga.
889
Figura 4 Passarela suspensa em trilha do PESB. (Fonte: autores).
A Metodologia de Cifuentes (1992) com modificações quantifica dados relativos à
capacidade de carga física, real e efetiva, finalizando com os visitantes diários e
anuais das trilhas. Devido ao tamanho do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro
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(PESB) foram escolhidas trilhas com maior facilidade logística, iniciando pela
Trilha do Pico do Grama com extensão de 1681 metros.
3. Resultados e discussão
A Trilha do Pico do Grama tem comprimento aproximado de 1681 metros e
demanda um tempo de percurso de aproximadamente 1 hora e 30 minutos (ida).
Na Metodologia de Cifuentes considera-se o tempo de ida e volta, resultando 3
horas.
CAPACIDADE DE CARGA FÍSICA - (CCF)
S = Superfície disponível em metros lineares
SP = Superfície utilizado por cada pessoa
890
Dessa forma, Nv equivale à:
Hv = Horário de visitação do local
Tv = Tempo necessário para cada visita
(
)
(
)
CALCULO DA CAPACIDADE DE CARGA REAL (CCR)
Fatores de correção:
Fator de correção social - FCsoc
Fator de correção erodibilidade – Fcero
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Fator de correção acessibilidade – Fcac
Fator de correção precipitação – FCpre
Fator de correção alagamento – Fcalag
Fator de correção brilho solar – FCsol
Fator de correção raízes expostas – Fcraiz – incluído neste trabalho
Todos os fatores de correção são calculado através da formula geral:
FC = Fator de correção
Ml = Magnitude limitante
Mt = Magnitude total
Fator de Correção Social - FCsoc
Número máximo de pessoas a cada visita = 10 pessoas
Distância mínima entre grupos de visitante = 50m
Soma das distâncias para cada grupo = 50m + 1m por pessoa = 60m
(
)
Np = 28,01 x 10 = (280 pessoas)
Ml = 1681 - 280 = (1401)
(
)
FATOR DE CORREÇÃO ERODIBILIDADE - FCero
Mpe = Metros total da trilha com problemas de erosão
Mt = Metragem total da trilha
(
)
FATOR DE CORREÇÃO ACESSIBILIDADE – Fcac
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891
Segundo Rocha et al.,2006 e Rocha et al.,2007, consideraram-se através dos
perfis das trilhas obtido com o altímetro do GPS as classes de rampa média de 10
a 20% (grau médio) e de 20 a 100% (grau ruim). A fórmula proposta por Cifuentes
(1992) multiplica por 1,5 os comprimentos de rampa ruim e por 1,0 os
comprimentos de rampa média.
O cálculo da inclinação (rampa) segue a expressão:
( )
( )
(
(
)
)
(
)
(
)
(
)
FATOR DE CORREÇÃO PRECIPITAÇÃO
Períodos chuvosos: novembro a março – 151 dias
Precipitação média horas/dia = 5h
892
Hl = Horas de chuva limitante por ano
Ht = Horas por ano em que o parque se encontra aberto
Calculando
Hl = 5 (horas de variação pluviométrica) x 151 (dias de período chuvoso) = (Hl =
755)
Ht = 9 (total de horas funcionamento do parque por dia) x 365 (dias do ano) = (Ht
= 3285)
(
)
FATOR DE CORREÇÃO ALAGAMENTO – FCAL
Ma = Metros da trilha com problema de alagamento
Mt = Metros totais da trilha
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(
)
FATOR DE CORREÇÃO BRILHO SOLAR – Fcsol
Hsl = Horas de sol limitantes por ano (1737)
Ht = 9 (total de horas de funcionamento do parque por dia) x 365 (dias ano) = (Ht
= 3285)
Ms = Metragem da trilha sem cobertura vegetal = (Ht = 894)
Mt = Metragem total da trilha 1681
(
)
FATOR DE CORREÇÃO RAÍZES EXPOSTAS – Fcraiz
Mraiz = Metros da trilha com a ocorrência de raízes expostas
Mt = Metragem total da trilha
893
(
)
CALCULO DA CAPACIDADE DE CARGA REAL – CCR
(
(
)
)
(
)
(
)
CAPACIDADE DE MANEJO – CM
O método considera as variáveis pessoas (funcionários), equipamentos (utilizados
nas atividades de manejo) e infra-estrutura (intervenções antrópicas – pontes,
corrimãos, abrigos, entre outros) para o cálculo, classificando como insatisfatório
(0), pouco satisfatório (0,25), satisfação média (0,5), satisfatório (0,75) e muito
satisfatório (1)
Classificação:
Insatisfatório (0),
Pouco satisfatório (0,25),
Satisfação média (0,5),
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Satisfatório (0,75)
Muito satisfatório (1)
Pontuação:
Pessoal: (0,75)
Infraestrutura: (1)
Equipamentos: (0,75)
(
)
CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA EFETIVA – CCE
(
)
VISITANTES DIÁRIOS (VD) E ANUAIS (VA)
(
(
)
(
)
)
(
894
)
A relação visitas/visitantes/dia é estabelecida levando em consideração o tempo
gasto para a realização do trajeto. Adotou-se nos cálculos o tempo que foi gasto
na atividade de campo, ou seja, tal fator depende do preparo físico e do objetivo
de cada visitante, podendo variar. Contudo este tempo representa uma média
bem próxima dos dados apresentados como “duração estimada” pela divulgação
do próprio PESB.O cálculo sem considerar o Fator de Correção Raízes Expostas
resulta:
CALCULO DA CAPACIDADE DE CARGA REAL – CCR
(
(
)
)
(
)
(
)
CAPACIDADE DE MANEJO – CM
(
)
CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA EFETIVA – CCE
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(
)
(
)
(
)
VISITANTES DIÁRIOS (VD) E ANUAIS (VA)
(
)
(
)
(
(
)
(
)
(
)
(
)
)
4. Conclusão
5.
A inclusão do Fator de Correção Raízes Expostas reduziu 24,5 % o número de
visitantes diários de 151 VD para 114 VD. As raízes expostas são muito comuns
em trilhas de parques situados no Bioma Mata Atlântica. O pisoteio contínuo pode
diminuir as espécies vegetais existentes nas trilhas levando muitos indivíduos
arbóreos ao declínio prematuro. O manejo destas trilhas com construção de
passarelas suspensas, aumento da camada de solo de forma a proteger as
raízes, manutenção dos sistemas de drenagem e outras iniciativas devem ser
buscadas na tentativa de preservar as espécies vegetais nas trilhas e margens de
trilhas.
Os benefícios ecológicos da vegetação são diversos, atraindo a fauna,
armazenando, absorvendo e transpirando água (influência no ciclo hidrológico),
atenuando as precipitações sobre o solo (reduz erosão) e fornecendo um bem
estar ao caminhante que busca a integração com a natureza. A capacidade de
carga é um instrumento de gestão que precisa ser adotado pelos gerentes dos
parques. Estes trabalhos feitos com base em Geoprocessamento constituem-se
inventários de ocorrências que devem ser utilizados pelos gestores para
recuperação de trechos com problemas. O monitoramento de indicadores de
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impacto deve complementar as metodologias de capacidade de carga de forma a
se ter periodicamente um diagnóstico atualizado da situação das trilhas. Outras
pesquisas com utilização de mais fatores de correção ou propostas de novas
metodologias devem ser desenvolvidas para que se tenha maior confiabilidade na
análise destes ambientes.
6. Bibliografia
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Agradecimentos
Ao Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF) por fornecer licença para
pesquisa. Aos funcionários do PESB pelo apoio logístico para os trabalhos de
campo; a UFJF pela bolsa de iniciação científica do Programa BIC; aos
organizadores do II CNPMT; aos pesquisadores do Grupo NAGEA/UFJF pelo
trabalho contínuo iniciado desde 2005 com reflexões, propostas e discussões
presentes em diversos trabalhos realizados e que alimentam a continuação desta
caminhada em busca de uma metodologia mais eficaz que propicie a
sustentabilidade das nossas trilhas.
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento
de impactos sobre padrões e processos ecológicos
PLANTAS EXÓTICAS INVASORAS EM TRILHAS NO MORRO DAS
ANDORINHAS, NITERÓI, RJ, BRASIL
Davi Nepomuceno da Silva Machado7
Ana Angélica Monteiro de Barros8
Leonor de Andrade Ribas9
Resumo
Palavras-chave: Invasão biológica; Mata Atlântica, Afloramento rochoso.
As espécies exóticas invasoras configuram mundialmente a segunda causa de
perda de diversidade biológica, assumindo o primeiro lugar quando ocorrem em
unidades de conservação de proteção integral. O trabalho visa à avaliação dos
impactos da contaminação biológica causados por plantas exóticas invasoras no
Morro das Andorinhas, Niterói, RJ. A análise foi realizada em vinte transectos de
tamanho variando entre 20 e 50 m, dispostos adjacentes à trilha principal (Trilha
das Andorinhas). Foi utilizado o método de interseção de linha, onde estas foram
estendidas sobre a vegetação, sendo anotado o comprimento interceptado por
cada espécie exótica ao longo do transecto. O material testemunho foi
incorporado ao acervo do Herbário da Faculdade de Formação de Professores
(RFFP). Os parâmetros fitossociológicos foram calculados com auxílio do
programa Excel 97-2003. Foram registradas oito espécies de plantas exóticas
invasoras pertencentes a cinco famílias. A família com maior riqueza foi Poaceae
(três espécies), presentes principalmente, em áreas afetadas por incêndios
frequentes como, por exemplo, Megathyrsus maximus (Jacq.) Simon & Jacobs
(capim-colonião) (VI 29,43%). Phyllostachys aurea Rivière & C. Rivière (bambude-jardim) (VI 47,06%), entretanto, foi plantado por um morador numa área de
afloramento rochoso que funciona como mirante, apresentando uma expansão
agressiva nesse local. Destacaram-se Oeceoclades maculata (Lindley) Lindley
(orquídea-de-solo) (VI 42,80%) e Agave americana L. (pita) (VI 47,08%), cujos
7
machado.davi@hotmail.com Biólogo, Bolsista PROATEC (CETREINA/UERJ). Universidade do
Estado do Rio de Janeiro – Faculdade de Formação de Professores – Departamento de Ciências
– Grupo de Estudos Interdisciplinares do Ambiente.
8
angmb@uerj.br Professora adjunta/pesquisadora. Universidade do Estado do Rio de Janeiro –
Faculdade de Formação de Professores – Departamento de Ciências – Grupo de Estudos
Interdisciplinares do Ambiente.
9
leonorribas@hotmail.com Estudante de Doutorado. Escola Nacional de Botânica Tropical
(ENBT/JBRJ), Instituto Brasileiro do Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA).
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mecanismos de reprodução tem ampliado sua expansão para o interior da mata.
A invasão por plantas exóticas introduzidas acidental ou propositalmente constitui
um problema ambiental relevante, colocando em risco a diversidade presente
neste local, bastante frágil, que abriga espécies endêmicas e ameaçadas de
extinção.
Resumen
Palabras clave : invasión biológica ; Mata Atlántica , afloramiento rocoso.
Las especies exóticas invasoras constituyen en todo el mundo la segunda causa
de pérdida de la diversidad biológica, teniendo en primer lugar cuando se
producen en las unidades de conservación de protección integral.El estudio tiene
como objetivo evaluar los impactos de la contaminación biológica causada por las
plantas exóticas invasoras en Morro das Golondrinas , Niterói , RJ. El análisis se
realizó en veinte transectos tamaño que varía entre 20 y 50 m, dispuesto junto a
la pista principal (Camino de las golondrinas). Se utilizó el método de la línea de
intersección , donde se extendieron sobre la vegetación , y señaló la longitud
interceptada por cada especie exóticas a lo largo del transecto. El testigo se
incorporó a la colección del Herbario de la Facultad de Formación del Profesorado
(RFFP ). Los parámetros fitosociologicos se calcularon utilizando el programa
Excel 97-2003 . Se registraron ocho especies de plantas invasoras que
pertenecen a cinco familias. La familia más rica era Poaceae (tres especies),
presentes principalmente en las zonas afectadas por los incendios frecuentes, por
ejemplo, Megathyrsus maximus (Jacq.) Simon & Jacobs (guinea) (VI 29,43 %).
Phyllostachys aurea Rivière & C. Rivière (Bamboo-de-jardin) (VI 47,06 %), sin
embargo, fue plantado por un residente en un área de afloramiento rocoso que
sirve de mirador , con una expansión agresiva allí. Se destacaron Oeceoclades
maculata (Lindley) Lindley (orquídeas de tierra) (VI 42,80 %) y Agave americana
L. (Pita) (VI 47,08 %), cuyos mecanismos de la reproducción ha ampliado su
expansión en el bosque. La invasión por plantas exóticas introducidas
accidentalmente o deliberadamente es un importante problema ambiental ,
poniendo en peligro la diversidad presente aquí, muy frágil , que alberga especies
endémicas y en peligro de extinción.
1. Introdução
As florestas tropicais cobrem apenas 7% da superfície emersa da Terra, contudo,
justamente nesse ambiente é que estão contidas mais da metade da biota global.
Mesmo com sua indiscutível importância, essas florestas estão sendo destruídas
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900
tão velozmente que seu desaparecimento poderá levar centenas de milhares de
espécies à extinção (WILSON, 1988). O Brasil detém entre 15 a 17% da riqueza
de espécies da flora mundial (FORZZA et al., 2010), estando inserido no grupo
dos cinco países com maior cobertura vegetal e abrigando a maior extensão de
floresta tropical continua (FAO, 2010). Dentre essas, a Mata Atlântica representa
o bioma com maior diversidade biológica do planeta, constituindo um mosaico de
várias formações florestais e ecossistemas associados (BRASIL, 2008). MYERS
et al. (2000) inseriu a Mata Atlântica entre os 25 hotspots existentes na época,
sendo que atualmente somam-se 34 (MITTERMEIER et al., 2004). Isso se deve
ao intenso processo de fragmentação da floresta para uso agrícola e urbano.
Entretanto, na atualidade a invasão biológica vem contribuindo de forma decisiva
para ampliar esse estado de degradação.
No estado do Rio de Janeiro os remanescentes florestais somam uma área total
de cerca de 680.000 hectares, distribuídos em aproximadamente 270 unidades de
conservação (UCs), que se encontram sob grande pressão de antrópica, seja
interna ou externa no seu entorno (ROCHA et al., 2003; UZÊDA et al., 2009). Um
dos fatores que agravam essa degradação é a contaminação biológica por
plantas exóticas, que configuram a segunda causa de perda de biodiversidade
mundial, sendo nas UCs de proteção integral considerada a primeira
(CATHARINO & SILVA, 2007).
Define-se uma espécie como exótica quando a mesma é levada, intencional ou
acidentalmente a um ambiente onde não tinha ocorrência histórica, seja de um
país para outro ou dentro do próprio país, mas entre áreas heterogêneas,
podendo ali tornar-se invasora. Nesse processo pode se naturalizar e formar
novas populações, independentemente da intervenção humana. As espécies que
se estabelecem, passam por várias fases até serem consideradas invasoras: fase
de introdução, quando saem de sua área de distribuição natural e chegam a um
novo ambiente; fase de estabelecimento, quando se adaptam e começam a se
reproduzir, garantindo a sustentabilidade de suas populações e iniciam o
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processo de invasão, quando os mecanismos de dispersão lhes permitem
expandir-se além do ponto de introdução e exercer dominância sobre as espécies
nativas (ZILLER & DECHOUM, 2007).
Algumas características da planta favorecem a contaminação biológica,
permitindo o estabelecimento e disseminação das espécies, tais como:
reprodução acelerada por ausência de predadores; competição pelos recursos
locais com espécies nativas; ótima colonização, principalmente em ambientes
perturbados; apresentam rápido período juvenil e diminuto intervalo entre grandes
produções de sementes; beneficiam-se de polinizadores e dispersores bióticos do
local invadido (PETENON, 2006). Dessa forma, o deslocamento humano em
busca de novos territórios teve como consequência a introdução de diversas
espécies com essas características fazendo com que várias se tornassem quase
indispensáveis à subsistência de muitas sociedades (OLIVEIRA & MACHADO,
2009). Assim, as primeiras translocações de espécies de uma região para outra
tiveram a intenção de suprir necessidades agrícolas, florestais e outras de uso
direto (ZILLER, 2001). Dois decretos reais, datados do início do século XIX,
ofereciam prêmios e isenções de impostos a todos que introduzissem em no país
plantas de valor econômico (DEAN, 1996).
Em consequência dessas ações, a dominância exercida pelas plantas exóticas
invasoras está se mostrando um fenômeno tão agressivo que alguns estudos já
apontam para um segundo processo que acarreta a homogeneização da flora
mundial. Está se estabelecendo um lento movimento de globalização ambiental,
intrinsecamente ligado às mudanças climáticas, que leva a exclusão e extinção de
espécies,
perda
direta
de
diversidade
biológica
e,
consequente,
descaracterização da estrutura dos ecossistemas (MATOS & PIVELLO, 2009).
Dessa forma, a Convenção da Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário,
estabeleceu um alerta para “impedir que se introduzam, controlar e erradicar
espécies exóticas que ameacem os ecossistemas, habitats ou espécies” (MMA,
2000).
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São escassos os estudos que enfocam as áreas de afloramentos rochosos e,
mais insipientes ainda, os que correlacionam essas áreas com as invasões
biológicas, o que ressalta a necessidade de trabalhos nessa vertente (BARROS &
MACHADO, 2012). Assim, o objetivo desse trabalho é avaliar os impactos da
contaminação biológica causados por plantas exóticas invasoras em trilhas
adjacentes a trilha principal do Morro das Andorinhas.
2- Área de estudo
O Morro das Andorinhas (196 msm) encontra-se localizado na Região Oceânica
do município de Niterói, RJ, separando os bairros de Itaipu e Itacoatiara (Fig. 1).
O nome é uma referência a uma gruta localizada no seu topo, onde as andorinhas
se refugiam de predadores naturais e de mudanças climáticas. É considerado
ponto de observação de pesca, onde pescadores artesanais avistam os cardumes
e se tem boa percepção do mar (LEITE, 2003). Essa região foi incluída pela Lei
Estadual nº 5079 de 03 de setembro de 2007 no Parque Estadual da Serra da
Tiririca (PESET) (BARROS, 2008). Também faz parte da Área de Proteção
Ambiental das Lagunas e Florestas de Niterói e da Reserva da Biosfera da Mata
Atlântica homologada pela UNESCO em 10 de outubro de 1992 (BARROS &
GARCEZ, 2003).
Figura 1: Localização do Morro das Andorinhas, na Região Oceânica do município de Niterói
(RJ). Imagem Google Earth (2013).
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O Morro das Andorinhas é um inselberg da porção litorânea da Serra do Mar
entre as restingas de Itaipu e Itacoatiara, constituindo um conjunto com formação
geológica de gnaisse facoidal com as Ilhas do Pai, Mãe e Menina. Essas
formações recebem o nome de mendip ou inselberg, expressão de origem alemã
(insel, ilha e berg, montanha), que se refere a afloramentos rochosos em
montanhas, normalmente monolíticas, de granito ou gnaisse de origem PréCambriana (POREMBSKI et al., 2002). Ecologicamente funcionam como ilhas
terrestres com a rocha exposta rodeada por vegetação arbóreo-arbustiva
(POREMBSKI, 2007). De forma análoga equivalem as ilhas oceânicas por
apresentarem multiplicidade de formas, tamanhos e graus de isolamento
(CONCEIÇÃO et al., 2007).
Apresenta rochas com cerca de 600 milhões de anos, compreendidas nas
unidades geológicas gnaisse facoidal e Cassorotiba (PENHA, 1999), com
presença de migmatitos, gnaisse granitóide e diques basálticos (CUNHA &
FRANCISCO, 1981). Os solos são do tipo alissolo crômico, luvissolo hipocrômico,
neossolo litólico (MULTISERVICE, 1995), sendo a classificação adaptada de
acordo com Zimback (2003).
O tipo de formação florestal corresponde a Floresta Ombrófila Densa Submontana
e vegetação de afloramento rochoso, segundo classificação do Serviço Florestal
Brasileiro (2013), estando inserida no bioma Mata Atlântica (BARROS, 2008).
Abriga um valioso patrimônio da diversidade florística e faunística fluminense
como mostram os estudos de Araujo & Vilaça (1981), Sousa, Rezende & Souza
(2003), Barros et al. (2004) e Barros (2008).
Segundo a classificação de Köppen (KOTTEK et al. 2006), o clima é do tipo Aw,
ou seja, quente e úmido, com estação chuvosa no verão e seca no inverno (maio
e junho). Entre dezembro e janeiro ocorre intensa precipitação pluviométrica,
correspondendo a 60% do total anual, porém não excede 171 mm/mês. A menor
precipitação se dá nos meses de julho e agosto, quando fica abaixo de 60
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mm/mês. A temperatura média é de 22oC, sendo janeiro e fevereiro os meses
mais quentes e junho o mais frio (BARBIÉRE & COE-NETO, 1999). Atualmente,
no topo do morro, vive uma comunidade tradicional de pescadores artesanais,
cujo histórico de ocupação remonta ao século XIX. O português Leonel de
Siqueira e a índia Agapita Dias de Gusmão se instalaram na área, sendo que
seus descendentes moram até hoje no Morro das Andorinhas (LEITE, 2003).
Estes se dedicavam à pesca artesanal e à agricultura de subsistência. Criavam
animais como galinhas e porcos, além de cultivar mandioca, milho, feijão, batata,
banana, abóbora, melancia, quiabo e café. Compravam de fora apenas sal,
querosene e fósforo, segundo relato de antigos moradores.
No Morro das Andorinhas também existem ocupações de média e alta classe nas
partes mais baixas das encostas voltadas tanto para Praia de Itaipu, quanto para
a Praia de Itacoatiara. São realidades distintas da população caiçara tradicional,
que muitas vezes é hostilizada por esses moradores, tendo seus caminhos de
pesca obstruídos pelos condomínios de luxo fechados (Village Itacoatiara na Rua
das Orquídeas). Na vertente de Itaipu, com acesso pela Rua da Amizade, existe
uma comunidade de baixa renda que não é considerada de pescadores
tradicionais, mas sim posseiros que invadiram a área. E na Praia de Itaipu, o
morro é ocupado por bares e antigas casas de pescadores associados à Colônia
de Pesca Z-8. Contudo, muito descaracterizadas, uma vez que boa parte foi
vendida para terceiros. A atual situação ambiental do Morro das Andorinhas é
resultante do processo histórico da ocupação da Região Oceânica de Niterói
(BARROS & MACHADO, 2012).
3. Metodologia
O mapeamento das plantas exóticas foi realizado em 20 transectos adjacentes à
trilha principal (Trilha das Andorinhas), sendo que o tamanho variou entre 20 e 50
m. A escolha dos pontos amostrados baseou-se numa avaliação prévia da trilha
principal onde foi detectada a presença de espécies exóticas. Foi utilizado o
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método de interseção de linha (CANFIELD, 1941), onde foram estendidos
transectos sobre a vegetação e anotado o comprimento de linha interceptado por
cada espécie exótica presente. Os parâmetros fitossociológicos foram calculados
com auxílio do programa Excel 2010, sendo o valor de importância das espécies
resultante dos parâmetros de dominância e frequência (BROWER & ZAR, 1984).
O material testemunho fértil foi coletado para registro de ocorrência, segundo
técnicas usuais em botânica (GUEDES-BRUNI et al., 2002), exceto Dracaena
marginata Hort. que não foi coletada pois estava estéril.
As espécies foram
identificadas através de bibliografia especializada e consulta aos especialistas do
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A listagem das
espécies foi organizada segundo o APG III (2009) e Souza & Lorenzi (2012). A
grafia dos nomes das espécies foi confirmada com auxílio do banco de dados
disponível na internet The Plant List (2010). O material testemunho encontra-se
depositado no Herbário da Faculdade de Formação de Professores (RFFP), com
duplicatas no Herbário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro (RB).
4. Resultados e discussão
Nas trilhas adjacentes a trilha principal do Morro das Andorinhas foram
registradas oito espécies exóticas invasoras pertencentes a cinco famílias (Tabela
1). A família mais representativa foi Poaceae (3 spp.), totalizando cerca 40% das
espécies registradas. A principal forma de crescimento foi erva, seguida de
arbusto.
Tabela 1: Lista de plantas exóticas potencialmente invasoras registradas nos transectos do
Morro das Andorinhas, Itaipu, Niterói, RJ.
FAMÍLIA
ESPÉCIE
ASPARAGACEAE
Agave americana L.
Dracaena marginata
NOME
ORIGEM
POPULAR
Sisal, pita
América do
Norte
Dracena-
HÁBITO
Erva
COLETO
R
DNS
Machado
64
Madagascar Arbusto
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906
Hort.
COMMELINACEAE Tradescantia zebrina
Bosse
tricolor
Zebrina
LAMIACEAE
Plectranthus
barbatus Andrews
Falsoboldo
ORCHIDACEAE
Oeceoclades
maculata
(Lindl.) Lindl.
Megathyrsus
maximus (Jacq.)
Simon & Jacobs
Melinis repens
(Willd.) Zizka
Phyllostachys aurea
Rivière & C. Riviere
POACEAE
América
Central
e México
Índia
Erva
Orquideade-solo
África
Erva
Capimcolonião
África
Erva
Capimfavorito
África
Erva
Bambude-jardim
Ásia
Erva
Erva
DNS
Machado
02
DNS
Machado
72
DNS
Machado
98
DNS
Machado
333
DNS
Machado
97
DNS
Machado
93
Fonte: Dados tabulados pelos autores.
O trabalho realizado por Barros & Machado (2012) ao longo da trilha principal
nessa mesma localização utilizando a metodologia de ponto transecto, mapeou
um número maior de espécies (14 spp.). Contudo quatro não foram observadas
no referido mapeamento, sendo detectadas em locais adjacentes no presente
estudo (Dracaena marginata Hort., Melinis repens (Willd.) Zizka, Phyllostachys
aurea Rivière & C. Riviere e Plectranthus barbatus Andrews). Em ambos os
levantamentos foi registrada a presença de Tradescantia zebrina Bosse, incluída
por Zenni & Ziller (2011) entre as principais espécies exóticas invasoras
brasileiras com hábito herbáceo em florestas costeiras da Serra do Mar.
As principais espécies em valor de importância (VI) registradas foram Agave
americana L. (sisal, pita), Phyllostachys aurea Rivière & C. Riviere (bambu-dejardim), Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. (orquídea-de-solo), Megathyrsus
maximus (Jacq.) Simon & Jacobs (capim-colonião) e Tradescantia zebrina Bosse
(zebrina) (Tabela 2). Excetuando P. aurea, as demais espécies também foram
detectadas por Barros & Machado (2012) no mapeamento realizado na trilha
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principal, o que sugere que estão se alastrando para o interior da floresta. Essas
trilhas foram criadas por pescadores em busca de pontos de observação de
pesca nas áreas de afloramento rochoso (mirantes) ou ainda por moradores que
procuram plantas com algum uso específico.
Tabela 2: Parâmetros fitossociológicos das espécies exóticas potencialmente invasoras
registradas nos transectos do Morro das Andorinhas, Itaipu, Niterói, RJ, apresentados
em ordem decrescente de valor de importância (VI). F = frequência, FR = freqüência
relativa (%), IC = índice de cobertura, RC = dominância relativa.
ESPÉCIE
Agave americana L.
FAMÍLIA
ASPARAGACEA
E
Phyllostachys aurea RivièrePOACEAE
& C. Riviere
Oeceoclades maculata
ORCHIDACEAE
F
11
FR
25,0
1
2,3
18
40,9
Megathyrsus maximus
(Jacq.) Simon & Jacobs
Tradescantia zebrina
Bosse
Melinis repens (Willd.)
Zizka
Plectranthus barbatus
Andrews
Dracaena marginata Hort.
POACEAE
3
6,8
COMMELINACE
AE
POACEAE
6
13,6
1
2,3
LAMIACEAE
3
6,8
ASPARAGACEA
E
1
2,3
IC
2,86
%
5,79
%
0,24
%
2,92
%
0,05
%
0,90
%
0,10
%
0,07
%
RC
22,08
VI
47,08
44,79
47,06
1,89
42,80
22,61
29,43
0,37
14,01
908
6,93
9,20
0,80
7,62
0,53
2,81
Fonte: Dados tabulados pelos autores.
Poaceae se destacou no presente estudo como a família com maior riqueza de
espécies, a maioria com origem no continente africano. No século XVIII muitas
gramíneas de origem africana já eram registradas próximas à cidade do Rio de
Janeiro, sendo grande parte delas coletadas pela primeira vez no Brasil e a partir
daí foram descritas para ciência (DEAN, 1996). Martins (2011) destaca algumas
características que contribuem para o comportamento invasor apresentado pelas
espécies desta família como metabolismo C4, sendo adaptadas para colonizar
áreas abertas e ensolaradas; alta eficiência fotossintética, o que aperfeiçoa a
utilização dos nutrientes e favorece a colonização de solos menos férteis; altas
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taxas
de
crescimento,
rebrotamento
e
regeneração,
tolerarem
bem
o
desfolhamento e a herbivoria; ciclo reprodutivo rápido, além de produzirem
sementes com alta viabilidade, algumas podem se reproduzir por touceiras, onde
pequenos propágulos são suficientes para garantir a rebrota do indivíduo.
O capim-colonião (Megathyrsus maximus (Jacq.) Simon & Jacobs) foi
introduzido no Brasil com fins comerciais de forrageamento (OLIVEIRA & SILVA,
2011), contudo tornou-se um sério problema ambiental, pois em determinadas
épocas do ano, quando a temperatura atmosférica aumenta, pode levar a
incêndios descontrolados, como já foi observado no Morro das Andorinhas
(BARROS & MACHADO, 2012). Em áreas com vegetação de afloramento
rochoso isso representa a eliminação de espécies nativas, que por si só são
extremamente frágeis. Dentro do PESET, situação similar a esta foi evidenciada
na área de afloramento rochoso no vale da Enseada do Bananal, onde parte da
floresta foi destruída por incêndios, sendo posteriormente substituída pelo capimcolonião (BARROS, 2008). Também Meirelles (1990), ao realizar estudo em ilhas
de solo de 12 áreas de afloramento rochoso no estado do Rio de Janeiro e do
Espírito Santo, constatou em cinco delas a presença dessa espécie, resultado de
incêndios que ocorriam com frequência nessas áreas.
O bambu-de-jardim (Phyllostachys aurea Rivière & C. Riviere), originário da Ásia,
ocupa uma significativa área de afloramento rochoso no Morro das Andorinhas
num dos mirantes voltados para Praia de Itaipu, tendo sido plantado por um
morador local como ornamental. Atualmente expandiu-se sem controle,
competindo com as espécies nativas. Na Reserva Biológica do Alto da Serra de
Paranapiacaba, no Planalto da Serra do Mar, em Santo André (SP), essa espécie
foi introduzida para conter o processo erosivo em área de relevo acidentado,
tornando-se bastante agressiva no local e alastrando-se para as proximidades da
Rodovia SP-122 e da ferrovia local (PASTORE et al., 2012).
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O capim-favorito, Melinis repens (Willd.) Zizka desenvolve-se bem em solos
arenosos e ácidos, tolerando períodos secos e dessa forma compete
agressivamente com espécies nativas (KISSMANN, 1997). Foi mapeado em
locais planos e bordas de trilhas próximas a afloramentos rochosos com bastante
incidência luminosa e, geralmente, onde estão gramíneas ruderais e outras
espécies também exóticas. Meirelles (1990) revelou a presença desta espécie em
todas as 12 áreas de afloramento rochoso inventariadas, sempre associado com
perturbações causadas pelo fogo nessas áreas.
A orquídea-de-solo (Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.) foi descrita pela
primeira vez a partir de uma coleta feita no Brasil, entre os anos 1820 e 1830,
sem localização precisa. Entretanto, sua posição atual no gênero Oeceoclades
reforça a discussão sobre sua introdução, visto ser a única espécie do gênero que
existe fora da África, Madagascar e várias pequenas ilhas adjacentes (COHEN &
ACKERMAN, 2009). Acredita-se que tenha sido introduzida com fins ornamentais
e ritualísticos (OLIVEIRA & SILVA, 2011), sendo que no Brasil encontra-se
amplamente distribuída, ocorrendo em vários tipos de vegetação (UENO, 2013).
Essa espécie, embora de pequeno porte, foi a mais frequente na amostragem,
demonstrando uma ocorrência preocupante nos transectos mapeados.
Situação similar a esta foi relatada por Garcia-Gonzalez & Marquez (2011) no
estudo sobre a família Orchidaceae na Reserva da Biosfera Serra do Rosário
(RBSR), localizada no leste de Cuba. Foi verificada a expressiva abundância de
espécies dessa família na região. Dentre essas, O. maculata tem significativa
ocorrência nos pontos estudados, sendo registrada pela primeira vez a pouco
mais de duas décadas nesse país e atualmente já está presente em todas as
formações florestais. O mesmo foi verificado em estudo realizado nas Montanhas
Luquillo, em Porto Rico, onde a espécie ocupa áreas mais perturbadas e também
aquelas com impacto antrópico menor. Observou-se que onde esta era mais
abundante, orquídeas nativas eram menos comuns (COHEN & ACKERMAN,
2009).
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O sisal (Agave americana L.) e a dracena-tricolor (Dracaena marginata Hort.) são
Asparagaceae, família que reúne espécies amplamente utilizadas como
ornamentais e ritualísticas. O gênero Agave é muitas vezes confundido com o
gênero Furcraea, devido a difícil delimitação taxonômica e carência de estudos
botânicos para a família. Agave é muito importante economicamente, não só pelo
uso ornamental, mas também por ser fonte para produção de fibras. A
agaveicultura é uma atividade econômica relevante em algumas regiões do semiárido nordestino, sendo o Brasil o maior produtor e exportador de fibras de sisal,
cujos usos abrangem desde o doméstico ao industrial (NETO, 2012). Também é
utilizado como fitoterápico por apresentar atividades antiinflamatória e analgésica
(NETO, 2012), além da possível utilização como inseticida contra larvas de
mosquitos dos gêneros Aedes e Culex (PIZARRO et al., 1999).
Agave americana L. no Morro das Andorinhas ocupa muitas áreas de afloramento
rochoso, seja em locais planos no interior da mata e/ou onde a declividade é
elevada, suportando bem a condições de extrema incidência luminosa e estresse
hídrico. Compete com as espécies nativas e endêmicas ameaçadas de extinção
que só ocorrem nesses locais. Além disso, sua inflorescência de grande porte
atingir alguns metros de altura, sendo que no período de frutificação forma
numerosos bulbilhos nas suas extremidades com alto poder de propagação.
Esses propágulos se espalham por uma considerável área ao seu redor, gerando
novos indivíduos dessa espécie.
A zebrina (Tradescantia zebrina Bosse) é espécie herbácea rasteira, muito
utilizada como ornamental e foi mapeada nas bordas das trilhas, principalmente
em áreas sombreadas. Reproduz-se por meio de propágulos e tem crescimento
vegetativo, espalhando-se e formando extensos “tapetes”. O falso-boldo
(Plectranthus barbatus Andrews) é um arbusto, cujas folhas têm propriedades
medicinais e são utilizadas para aliviar males do fígado e problemas de digestão
(LORENZI, 2008).
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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Estas espécies, empregadas em diversos usos, refletem a introdução devido à
proximidade de algumas residências, a exemplo do observado por Ribas et al.
(2010) no Parque Estadual da Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ.
5. Conclusão
O presente trabalho, somado ao de Barros & Machado (2012), representa um
diagnóstico e mapeamento da invasão biológica por espécies vegetais exóticas
em área de afloramento rochoso com floresta estabelecida em solo raso. O Morro
das Andorinhas, parte de uma UC de proteção integral, representa uma ilha
entremeada a matriz urbana, onde a presença de plantas exóticas invasoras em
processo
de
expansão
é
extremamente
preocupante
em
termos
conservacionistas.
A metodologia empregada pode ser utilizada como diagnóstico visando o manejo
e remoção de plantas exóticas, permitindo concentrar esforços naquelas que
apresentam maior potencial de invasão e modificação de ecossistemas naturais,
concomitantemente levando a substituição por espécies nativas (BARROS &
GARCEZ, 2003). O esclarecimento da população em geral e dos visitantes sobre
o nativo e o exótico, além dos problemas acarretados pelas espécies invasoras é
imprescindível para o êxito da recuperação e conservação da área natural
remanescente.
Agradecimentos
A comunidade tradicional do Morro das Andorinhas por nos receber e dialogar
conosco sobre sua vivência nessa área. Aos membros do Grupo de Estudos
Interdisciplinares do Ambiente (GEIA) pelo auxílio nos trabalhos de campo,
herborização do material coletado e sua posterior identificação e inclusão ao
acervo do Herbário da Faculdade de Formação de Professores. A doutoranda da
Escola de Botânica Tropical (ENBT/JBRJ) Barbara Toncic Neves pela
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Estágio Interno Complementar concedida ao primeiro autor.
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento
de impactos sobre padrões e processos ecológicos
APLICAÇÃO DE CONCEITOS DE BIOENGENHARIA DE SOLOS PARA
RECUPERAÇÃO DA TRILHA CIRCULAR – PARQUE NATURAL MUNICIPAL
DA PRAINHA – PNMP / RIO DE JANEIRO/RJ
Flávio Augusto Pereira Mello10
Resumo
Palavras-chaves: Manejo de trilhas, bioengenharia, conservação de solo.
Bioengenharia de solos, Engenharia biotécnica ou Engenharia Natural, são
termos utilizados como sinônimos para a utilização de técnicas de combinação de
elementos inertes como blocos de concreto, rochas, troncos, solos e plantas
como estruturas para estabilização das estruturas, contenção de processos
erosivos, estabilização de encostas, dentre outros, do modo a garantir a
preservação da vegetação nessas estruturas e manter a estética destas. Estes
conceitos foram então aplicados durante recuperação da trilha Circular do PNMP,
no primeiro semestre de 2012. Com aproximadamente 735 metros e apesar da
baixa altimetria, esta trilha se localiza em encostas elevadas e abruptas, com solo
de profundidade variável, de forte a imperfeitamente drenados, de cores
avermelhadas ou amareladas, com textura que varia de arenosa a argilosa no
horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre havendo
aumento de argila do primeiro para o segundo, onde a forte diferença textural
entre os horizontes A e Bt torna esses solos especialmente propensos à
instalação de processos erosivos e de rápida resposta a estímulos como retirada
da cobertura vegetal, cortes ou abertura de vias, entre outros, confirmada pela
forte ocorrência de eventos erosivos ao longo da trilha. Para tanto em um ponto
foi utilizando moirões de eucalipto tratado, rochas e restos de cimento de
tubulação desativada, para reconstrução de um talude perdido e manutenção de
canal central para condução da água de drenagem e revegetado com espécies
locais e adquiridas. As intervenções foram capazes de estabilizar o processos
erosivo e suportar as chuvas de verão (2012/2013) confirmando a eficiência das
iniciativas.
Resumen
Palabras-clave: Manejo de senderos, Ingeniería Naturalisitica, conservación de suelos
10
infotrilhas@gmail.com Programa de Pós-graduação em Geografia / Universidade do estado do
Rio de Janeiro - Campus Maracanã
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Bioingeniería, Ingeniería biofisica o Ingeniería Naturalisitica, entre otros, son
términos utilizados indistintamente para el uso de técnicas combinadas elementos
inertes, tales como bloques de hormigón , rocas , estructuras de troncos , suelos y
plantas para estabilizar y conservar pendientes y estructuras de contención de
erosión y asegurar la vegetación para mantener la estética del mismo . Estos
conceptos se aplicaron durante la recuperación del sendero Circular en el primer
semestre de 2012. Con cerca de 735 metros, estan localizada en baja altitud,
pero se encuentran en pendientes altas y abruptas , con suelos de profundidad
variable , de fuerte a imperfectamente drenados , rojizo o amarillento , con textura
que van desde la arena a la arcilla en el horizonte y medio a muy arcillosos en el
horizonte Bt , siempre con el aumento de la arcilla de la primera a la segunda ,
donde la fuerte diferencia de textura entre la a y horizontes Bt hace que estos
suelos especialmente propensos a la instalación de la erosión y la rápida
respuesta a los estímulos tales como la eliminación de los vegetación , cortes o
caminos abiertos, entre otros, confirman la fuerte incidencia de los eventos
erosivos en el camino. Em este sendero,en de los puntos fué tratado con
conceptos de bioingenieria, a traves de la utilización de postes de cerca de
eucalipto, piedras y resíduos de tuberia de hormigon armado de una captación de
agua desabilitada cerca. Estos materiales fueran utilizados para la reconstrucción
de una pendiente y um canal central de mantenimiento para conducir el agua de
drenaje y revegetada con especies locales y adquiridas. La intervencions fue
capaz de estabilizar la erosión y soportar las lluvias de verano (2012/2013) que
confirmó la eficacia de la iniciativa.
1. Introdução
Em termos de paisagem, a trilha é uma intervenção linear definida a partir do
corte raso da vegetação para o estabelecimento da zona de pisoteio (área útil
efetivamente utilizada pelo usuário em seu deslocamento) e a área marginal de
manejo, onde a vegetação é mantida controlada para evitar seu fechamento. Esse
conjunto compõe o que se chama de “corredor” da trilha (MELLO & COSTA,
2012) e suas dimensões variam conforme o objetivo, perfil do visitante e
zoneamento, onde as dimensões longitudinais e laterais podem atravessar
diferentes ambientes naturais com limiares distintos de fragilidade, significando
maior ou menor “área de sacrifício” do ambiente local. Funcionalmente as trilhas
determinam o padrão de dispersão de concentração de usuários, possuindo
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grande importância estratégica no manejo do uso público em unidades de
conservação.
Nestes sentido, Barros (2003) ressalta que caminhadas, cavalgadas, esportes de
aventuras, são atividades que potencializam os impactos negativos em trilhas.
Para Gualtieri-Pinto et al (2008) a erosão nas trilhas de áreas protegidas abertas
ao uso público pode afetar significativamente ambientes ecológicos, sociais e
administrativos; sendo um tipo de impacto que merece maior atenção dos
gestores dessas áreas naturais; referindo diversos autores que destacam o as
alterações no solo em áreas naturais de recreação como o principal impacto
resultante do pisoteio e uso de veículos como bicicletas, motocicletas.
Estes impactos se traduzem em compactação e mudanças na estrutura do solo,
perdas na serrapilheira e no conteúdo de húmus, com redução nas taxas de
infiltração, aumento do escoamento hídrico superficial, e aumento de processos
erosivos. Além disso, com mudanças nas propriedades físicas, o pisoteio pode
levar a mudanças na biologia e na química do solo. Os macro e microhabitats do
solo e da serrapilheira alterados resultam em importantes mudanças na
composição das espécies da microflora e da fauna do solo.
De fato, os eventos erosivos em trilhas são extremamente comuns e decorrem
muitas vezes de erros e restrições de planejamento estabelecidas pela
necessidade de se alcançar determinado atrativo, sem os recursos técnicos e
materiais necessários; fato que também incidem nas práticas de recuperação e
manutenção destes equipamentos. Ressalta-se que a mobilização de recursos
materiais em trilhas é complexa e trabalhosa e exige não raro o transporte de
material, podendo ser limitado de acordo com a capacidade física dos
carregadores (funcionários, voluntários, contratados), e assim comprometendo as
ações de manutenção e recuperação.
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922
Deste modo, a utilização de recursos locais constituem muitas vezes em fator
determinante da viabilidade técnica das ações a serem efetivadas. Observa-se
ainda que nas unidades de conservação nacionais, não raro percebe-se também
a baixa participação e capacitação do voluntariado de usuários nestas atividades,
que poderiam otimizar os esforços das equipes locais além de seu papel como
ferramenta de educação ambiental e exercício da cidadania.
Cabe destacar ainda, que de modo geral, os manuais de manutenção de trilhas
usuais, tendem a se concentrar em abordagens mais simples, que embora
essenciais para a manutenção das trilhas em limiares aceitáveis, não
contemplam, estratégias de conservação e intervenção a longo prazo ou para
eventos maiores e mais complexos de acidentes erosivos expressivos com
formação de degraus e sulcos por exemplo, que podem requer aporte
considerável de material e trabalho para sua mitigação.
Estes aspectos envolvendo recuperação e mitigação de impactos em ambientes
locais somadas as dificuldades operacionais, apontam para o uso da
Bioengenharia como opção a ser considerada, cujo princípio básico compreende
a utilização de elementos inertes como concreto, madeira, aço e fibras sintéticas
em sinergismo com elementos biológicos como a vegetação no controle da
erosão (Couto et al., 2010). Para o autor, dentre as vantagens do uso de
tecnologias baseadas na bioengenharia dos solos, destacam-se:
a) Menor requerimento de maquinário: as técnicas de bioengenharia de solos
podem ser classificadas como trabalho-técnico intensivas, em oposição à
engenharia convencional, predominantemente energético-capital intensivas.
Por conseguinte, requerem maior utilização de mão-de-obra e têm custo final
comparativamente menor, oferecendo ainda maior retorno social, já que além
de utilizar maior quantidade de mão-de-obra braçal ela requer menor
qualificação do que as práticas tradicionais de engenharia civil.
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b) Utilização de materiais naturais e locais: madeira, pedras, compostos
orgânicos, dentre outros, reduzem os custos de transporte, além de gerarem
diversos outros benefícios locais.
c) Relação custo/benefício: as técnicas de bioengenharia de solos apresentam,
na maioria das vezes, uma relação custo/ benefício melhor do que as técnicas
tradicionais de engenharia.
d) Compatibilidade ambiental: as técnicas de bioengenharia de solos geralmente
requerem a utilização mínima de equipamentos e da movimentação de terra, o
que ocasiona menor perturbação durante a execução das obras de proteção
de taludes e controle de erosão. Além disso, são atributos favoráveis em áreas
sensíveis, como parques, reservas naturais, áreas ripárias e corredores
naturais, onde a estética constitui fator de grande importância, fornecendo
ainda habitat para a fauna nativa, restauração ecológica e conforto ambiental.
e) Execução em locais de acesso precário ou inexistente: em locais de difícil
acesso, ou inacessíveis para o maquinário, as técnicas de bioengenharia de
solos podem constituir a única alternativa viável para a execução de obras de
proteção de taludes e controle de erosão
Deste modo, as aplicações práticas e conceituais da Bioengenharia se mostram
extremamente adequadas à manutenção e recuperação de trilhas, sobretudo em
áreas protegidas, considerando aspectos como menor requerimento de
maquinário e mão de obra qualificada, utilização de materiais naturais e locais,
compatibilidade ambiental podendo fornecer habitat para a fauna nativa,
restauração ecológica e conforto ambiental; execução em locais de acesso
precário ou inexistente e sobretudo relação custo/ benefício melhor do que as
técnicas tradicionais de engenharia convencional.
2. Contextualização
Conforme referencias do plano de manejo da unidade, o Parque Natural Municipal
da Prainha está localizado no município do Rio de Janeiro, inserido na Área de
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Proteção Ambiental da Prainha, com área aproximada de 157,08 hectares, ambos
sob tutela da Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro – SMAC,
sendo que à Gerência de Gestão de Unidades de Conservação (GUC) possuindo
áreas sobrepostas ao Parque Estadual da Pedra Branca (acima da cota 100
metros de altitude).
925
Figura 1 Localização do Parque Natural Municipal da Prainha no município do Rio de Janeiro.
Fonte: Detzel Consulting, 2011.
Confronta-se e limita-se respectivamente: ao sul com a APA da Orla Marítima; ao
norte por uma linha reta imaginária traçada para a esquerda e para a direita, a
partir do topo do Morro da Boa Vista; a oeste com a APA de Grumari; e a leste
com o Recreio dos Bandeirantes.
A UC é constituída por uma área de aproximadamente 126,30 hectares, o parque
é cercado pelas cumeeiras dos morros do Caeté e da Boa Vista e a Pedra dos
Cabritos. Nessa área se localiza a praia que dá nome à UC, praia da Prainha, ou
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simplesmente Prainha. O parque engloba ecossistemas de restinga, costão
rochoso, praia arenosa, alagados e floresta ombrófila densa submontana.
Morro do
Caeté
Morro da
Pedra dos
Cabritos
Figura 2 PNM da Prainha e elevações adjacentes.
Fonte: http://www.viajarpelomundo.com/2009/06/
926
O PNM da Prainha encontra-se em parte de um maciço com geometria
semicircular, vertentes de forte inclinação que compõem o Morro da Pedra dos
Cabritos, o Morro Boa Vista e o Morro do Caeté, formados por gnaisses da
Unidade Rio Negro, granitos indiferenciados da Unidade Rochas Graníticas e
depósitos
recentes
da
Unidade
Sedimentos
Quaternários,
apresentando
altimetrias que variam entre o mínimo de zero m e máximo de 435 m,
predominando as cotas acima de 100m, com ocorrência significativa de cotas
entre 30 e 100m e ocorrência menos expressiva de cotas inferiores a 30m,
apresentando declividades que variam entre 0 o e 81o, com ocorrência significativa
nos valores 15,1 -25° e 25,1 a 45° valor médio de 20,5o
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Figura 3 Mapa hipsométrico do PNM de Grumari e PNM da Prainha.
Fonte: Detzel Consulting, 2011. Modificado pelo autor
927
Figura 4 Mapa clinográfico do PNM de Grumari e PNM da Prainha.
Fonte: Detzel Consulting, 2011. Modificado pelo autor
Prevalecem a ocorrência de argissolos como categoria PVAe5, representando a
associação argissolos vermelho-amarelo eutrófico câmbico ou típico + argissolo
amarelo eutrófico saprolítico ou abrúptico, ambos de textura média/argilosa,
ocorrendo também neossolos quartzarênico como categoria RQg, representando
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uma associação de neossolo quartzarênico hidromórfico êutrico ou típico,
espodossolos como categoria ESKg2, representando uma associação de
espodossolo ferrihumilúvico hidromórfico típico ou dúrico, e ainda afloramentos de
rocha e as praias. De acordo com as avaliações efetuadas pela Embrapa (2004)
referidas no plano de manjo, os argissolos que ocorrem no PNM da Prainha
apresentam grau de limitação forte ou muito forte relacionado com suscetibilidade
à erosão, uma vez que apresentam caráter câmbico ou saprolítico em relevo forte
ondulado. Segundo a classificação de Koppen, a UC está incluída na região
delimitada como subtipo Aw, clima tropical com uma estação seca em que a
precipitação média mensal é inferior a 60 mm em pelo menos um mês por ano, na
época de Sol mais baixo e dias mais curtos (inverno). A UC situa-se
majoritariamente na faixa de precipitação de 1.001 a 1.200 mm, com valores de
1.201 a 1.400 mm nas áreas elevadas, com uma insolação na faixa entre 1.800 h
e 2.000 h por ano. As temperaturas médias mínimas variam entre 18°C e 20°C,
enquanto as temperaturas médias máximas situam-se entre 27°C e 29°C, com
temperaturas médias anuais entre 22°C e 24°C.
O PNM da Prainha está incluído integralmente na região da Floresta Ombrófila
Densa ou floresta atlântica, notadamente representada pela sua formação
submontana (10 a 500 m s.n.m.), com áreas de Formações Pioneiras marinhas
(restingas), entremeada por áreas de Refúgios Vegetacionais (campos e
vegetação rupestre) nos costões rochosos e nas porções mais íngremes do
parque. Na floresta que recobre o chamado anfiteatro da Prainha, formado pelos
morros do Caeté e da Boa Vista e pela Pedra dos Cabritos, verifica-se espécies
arbóreas como Guarea guidonea (Meliaceae) carrapateira, as moráceas Ficus
guaranitica, F. clusiaefolia e F. gomelleira -, as figueiras, Piptadenia gonoacantha
(Fabaceae) - pau-jacaré, Gallesia integrifolia (Phytolaccacea) - pau-d’alho,
Cedrela fissilis (Meliaceae) - cedrinho, e Cecropia lyratiloba (Urticaceae), a
embaúba, entre outras. Destaca-se a ocorrência de 26 espécies da família
Orchidaceae, incluindo as espécies Cattleya forbesii e C. guttata, citadas na Lista
de Espécies Ameaçadas para o município do Rio de Janeiro.
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3. Metodologia e discussão
Os exemplos de intervenção em trilhas utilizando conceitos de Bioengenharia de
solos citados no presente trabalho ocorreram durante recuperação da Trilha
Circular conduzidas pela SMAC entre dezembro de 2012 e julho de 2013 em
evento erosivo localizados na distancia D415 metros (erosão no canal de
drenagem), na altura do entroncamento com a trilha do Caeté, considerando o
inicio da trilha a entrada próxima à sede.
929
Local da
intervenção: D
415
Figura 05: Mapa de localização das seções de trabalho
O ponto D 415 m da Trilha circular, corta transversalmente uma canal de
drenagem natural em encosta de aproximadamente 45º, ocasionando um
processo erosivo semicircular que avança sobre o traçado da trilha podendo
ocasionar sua interrupção.
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Direção da
drenagem
Figura 06: Processo erosivo semi-circular em D 415 mts
Foi observado ainda que na parte central do processo erosivo a retirada do solo
expos uma laje rochosa, que impedia a implantação de moirões para a
reconstituição da borda crítica, conforme tentativas anteriores. Embora a
Bioengenharia de solos compreenda elementos muito mais complexos de
decisão, como geotecnia, pedologia, estudos hidroclimáticos incluindo hidrologia
superficial e subterrânea e avaliação, levantamento topográfico, e detalhamento
da solução de engenharia com especificações técnicas precisas, incluindo as
características biofísicas dos elementos vivos como biorretentores e seleção de
vegetação conforme performance do sistema radicular sobre a
resistência ao cisalhamento dos solos, entre outros; guardando as devidas
proporções com o problema estabelecido, buscou-se aplicar, a partir de conceitos
gerais como a utilização de materiais naturais e locais e a introdução de mudas
de espécies locais para reconstrução do talude, buscando testar a viabilidade da
aplicação destes elementos na rotina de pequenas intervenções em trilhas.
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Figura 07: inicio do processo, limpeza e detalhe de material utilizado (moirões de eucalipto tratado
e restos de manilhas de cimento
Para tanto, considerou-se que pelas características da drenagem e regime de
chuvas, o local sofre com grandes volumes de água em curtos espaços de tempo,
notadamente nas chuvas de verão, que no Rio de Janeiro ocorrem com mais
intensidade nos períodos de janeiro a março. Posto que o objetivo principal era
garantir uma faixa de solo, suficiente para a manutenção da continuidade da
trilha, a qual cruza transversalmente a drenagem, foi inferido que dada a
dificuldade de se quantificar o volume de água, a alternativa seria facilitar o
escoamento por sobre a trilha direcionando para um canal central e ao mesmo
tempo, protegendo as laterais para tentar limitar o processo erosivo e consolidar
a manutenção do traçado.
Para a construção da grade de vegetação foram utilizados moirões de eucalipto
tratado de 2,3 metros com diâmetro médio de 12 cm. Onde 08 peças foram
plantadas em covas nas áreas onde a camada de terra era mais expressiva. Em
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seguida, as peças horizontais forma montadas entrelaçadas, buscando travar a
possível movimentação com moirões colocados em diagonal e travados com
moirões na posição perpendicular, concluindo com amarração leve de arame
galvanizado (figura 08), apenas para manter ajuste de posição, entendendo que o
peso do material depositado e o travamento entre as peças são responsáveis pela
estabilidade da disposição dos moirões.
932
Figura 08, confecção de grade de vegetação
Após a conclusão da montagem a grade, procedeu-se o enchimento com
resíduos das manilhas, para garantir sustentação e drenagem e em seguida foi
conduzido o enchimento com terra retirada de corte de barranco próximo (figura
09). O volume de terra utilizado foi depositado visando cobrir integralmente a
grade de vegetação, com exceção do canal central, de modo a se recuperar a
pendente natural, através do assentamento espontâneo do material terroso.
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Figura 09, confecção de grade de vegetação, colocação dos resíduos de manilhas e enchimento
com terra.
Após a deposição deste material, procedeu-se uma leve compactação e o
recobrimento com serapilheira (figura 10) visando proteger o solo do efeito
“splash” das gotas de chuva e garantir a umidade da terra para o recebimento e
fixação das mudas de espécies coletadas localmente, propiciando ainda abrigo
para eventuais sementes e plântulas já existentes ou em deposição futura. O
critério de seleção das mudas de vegetação foi baseado na observação de
condições similares e se aguardou a ocorrência de um dia chuvoso para os
transplantes e plantio de mudas doadas pelo reflorestamento, conduzido em
outras áreas do parque. Inicialmente se optou por espécies rasteiras para conter a
camada superficial do solo, protegida inicialmente pela serapilheira. Em seguida
foram transplantadas mudas espécies arbóreas de pequeno porte com
encontradas localmente.
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Figura 10: nivelamento do talude e deposição de serapilheira.
(proteção da camada superficial do solo e micro-clima para sementes e plântulas.
Figura 11: Detalhe do canal central e cobertura com serrapilheira
4. Conclusão
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Tendo como objetivo estabelecido a manutenção da continuidade e traçado da
trilha circular em D 415 metros, confirmou-se que este foi plenamente atingido,
através da confirmação da interrupção do processo erosivo estabelecido
anteriormente e com efeitos estéticos aceitáveis, passando desapercebido por
muitos visitantes. Conforme previsto, o volume d’agua carreado pela drenagem
tende a passar diretamente sobre a vegetação rasteira e se concentrando no
canal central, sem prejuízo das laterais do talude recomposto. Destaca-se ainda o
baixo custo do investimento em recursos materiais, limitados a 22 moirões de
eucalipto tratado, incluindo 03 peças de proteção de borda e colocadas como
barreiras d’agua para diminuição da velocidade da água, aproximadamente 3
metros cúbicos de resíduos de manilhas metros cúbicos de terra para enchimento
da grade de vegetação, tendo consumido 40 horas homem, incluindo transporte
de moirões por 350 metros.
935
Figura 12 (Detalhe): Rrecuperação do talude, 6 meses após, durante o período chuvoso (jan,
2013)
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Figura 13: Rrecuperação do talude, 6 meses após, durante o período chuvoso (jane, 2013)
Desta forma, conclui-se que os princípios da Bioengenharia de solos podem de
fato ser uma opção técnica de fácil acesso e baixa complexidade de aplicação,
aliadas ao baixo custo e volume de material, cujos efeitos estéticos são
destacados incluindo satisfatória adequação ambiental na manutenção e
recuperação de trilhas.
Observa-se ainda que a percepção da função e utilização de matérias vivos em
conjunto com a avaliação das dinâmicas de vertentes, qualidade e sensibilidade
do solo à processos erosivos, devem ser considerados ainda no fase de
planejamento e implantação de trilhas e, considerando a manutenção, a
recuperação da flora marginal devem ser considerada como parte das estratégias
de recuperação das trilhas.
5. Bibliografia
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento
de impactos sobre padrões e processos ecológicos
ECOLOGIA DE TRILHAS: POR UMA NOVA ABORDAGEM DO USO PÚBLICO
EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Flávio Augusto Pereira Mello11
Resumo
Palavras-chaves: Ecologia de Trilhas; Uso Público; Unidades de Conservação, Biodiversidade
Atualmente o incremento da visitação em unidades de conservação (UC)
nacionais é reforçado pela crescente popularização das práticas recreativas e por
diversas segmentações do turismo na natureza. Contudo, mesmo com a evolução
das metodologias de monitoramento e diagnósticos sócio-ambientais para gestão
do uso público em áreas protegidas, muitos impactos na flora e na fauna são de
difícil percepção e mensuração. Para a realidade brasileira, este é um aspecto
que pode comprometer sensivelmente a eficiência funcional de unidades de
conservação principalmente para aquelas consolidadas como de proteção
integral. De modo geral, o debate atual sobre o tema não responde muitas
questões de interesse e outras desta natureza não raro são sufocadas pela
concepção de que o espaço natural deve ser territorializado, sem restrições, por
oportunidades recreativas e que as UC necessitam de visitantes pagantes para
sua sustentabilidade financeira. Embora a gestão do uso público tenha evoluído, a
“governança” tende a se caracterizar muito mais como uma opção de mediação
de conflitos entre diferentes atores com interesses específicos de uso, do que
propriamente
com
a
consolidação
de
políticas
públicas
de
preservação/conservação do patrimônio genético, habitats e paisagens
protegidas, mesmo considerando as limitações impostas legalmente para áreas
de proteção integral onde a manutenção da biodiversidade deveria ter
precedência na tomada de decisão assim como, consubstanciar ações de
conscientização e Educação Ambiental para a solução de conflitos sociais nas
áreas protegidas. De fato, guardando a devida escala, a especificidade do tema
deveria ter a mesma intepretação que a Ecologia de Estradas possui, pois assim
como esta área de pesquisa busca interpretar os efeitos que as estradas
promovem na paisagem, habitats e populações da flora e da fauna local, uma
abordagem mais sistêmica do manejo do uso público considerando a trilha como
unidade de análise, se faz necessária como uma área especifica de pesquisa.
11
infotrilhas@gmail.com Doutorando. Programa de Pós-graduação em Geografia. Universidade
do estado do Rio de Janeiro - Campus Maracanã
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Resumen
Palabras clave: Ecologia de senderos, Uso publico , Areas protegidas, Biodiversidad
Actualmente, el aumento de la visitación en las áreas protegidas brasileñas ( UC)
es impuesta por la cresciente popularización de las prácticas recreativas y
diversas segmentaciones del ecoturismo. Sin embargo, aunque el desarrollo de
metodologías de monitoreo y diagnóstico de gestión socio- ambiental del uso
público en áreas protegidas sean evidentes, muchos impactos en la flora y la
fauna son difíciles de detectar y medir. En la realidad brasileña , este es un
aspecto que puede afectar significativamente la eficiencia funcional de las
unidades de conservación , principalmente aquellas de protección integral de la
categoria parque. El debate actual sobre el tema no responde a muchas
preguntas de interés y otros de esta naturaleza son sofocados por la concepción
de que el parque debe ser territorializado para las oportunidades recreativas y
argumentación de que la UC requiere visitantes pagantes para su sostenibilidad
financiera. Aunque la gestión del uso público ha evolucionado, la practica tiende a
caracterizarse más como una opción para la mediación de conflictos entre los
diferentes actores con interesses específicos, que propiamente con la
consolidación de las políticas públicas para la conservación de la
preservación/patrimonio genéticos, paisajes protegidos y los hábitats; incluso
teniendo en cuenta las limitaciones impuestas legalmente a las áreas
estrictamente protegidas , donde el mantenimiento de la biodiversidad debe
prevalecer en la toma de decisiones, así como dar contenido a las acciones de
sensibilización y educación ambiental para la solución de los conflictos sociales
en las zonas protegidas. De hecho, manteniendo la escala adecuada, la
especificidad de la materia deberia tener la misma interpretación de la ecología de
rutas, donde como área de investigación tiene por objeto la interpretación de los
efectos que las carreteras promueven el paisaje, los hábitats y las poblaciones de
flora y fauna. Asi, se necesita un enfoque más sistemático de la gestión del uso
público, entendendo el sendero como la unidad de análisis para las relaciones del
uso publico y áreas protegida..
1. Introdução
Embora conceitualmente controverso, os limites do uso público em UC de
proteção integral é sobretudo uma discussão política, pois envolve conhecimento,
percepção e valores que definem os limites que a sociedade, junto ao poder
gestor, decide estabelecer para o uso da área protegida. Considerando as UC da
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categoria parque, segundo o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de
Conservação) ambas as condições, uso publico e conservação in situ de
espécies, são necessárias e previstas legalmente para os esforços para a
conservação da biodiversidade e cumprimento da função social da unidade,
dentro dos parâmetros definidos legalmente e pelo plano de manejo quando há.
Se entende que se por um lado a criação destas áreas busca garantir espaços e
territórios para as espécies protegidas, por outro deve aproximar a sociedade do
ambiente natural para que esta proximidade crie e fortaleça significados e valores
éticos biofílicos, assim como reforcem e justifiquem o posicionamento politico para
a criação e manutenção de áreas protegidas e conservação da biodiversidade
junto às instâncias decisórias.
Deste modo, o cenário que se estabelece e o desafio que se configura para os
gestores e sociedade, é como e a que tempo articular os diferentes territórios
existentes das espécies protegidas com a consolidação ou implantação de uma
nova territorialidade definida pelo uso público em um ambiente supostamente em
equilíbrio. De fato, embora os esforços da Educação Ambiental e de boas práticas
para minimizar os impactos da visitação pressuponha uma possível coexistência
pacifica entre as espécies protegidas e o uso público; restrições técnicas,
metodológicas e de recursos não possibilitam a necessária confiança,
principalmente quando consideramos o diagnóstico de ocorrência, riqueza,
abundância e equitabilidade das populações protegidas nestas áreas ou em um
sentido mais especifico do status local de espécies raras, ameaçadas, endêmicas
e mesmo as desconhecidas ou não descritas, que não raro ainda são
descobertas.
Neste sentido, as trilhas tendem a ser as instalações mais utilizadas para orientar
e distribuir o fluxo de usuários nas áreas protegidas, definindo o padrão de
dispersão, territorialização e construção de lugares, enquanto relação subjetiva do
homem com o espaço e o ambiente; cuja condição se expressa necessariamente
em apropriação social destes espaços e inevitavelmente por alterações
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ambientais em diferentes escalas, com efeitos na biota que podem ser mais ou
menos importante de acordo com sua intensidade, característica da interferência
e resiliência das espécies afetadas.
Assim, mesmo antes de se entrar no mérito das repercussões funcionais nos
ecossistemas, comunidades e espécie em questão, basicamente a implantação
do uso público determina uma competição por espaços e consequentemente
territórios, que podem ser traduzidos como sobreposição de nichos, onde o uso
público (guardando as devidas peculiaridades) pode se caracteriza também como
um nicho, onde pode se estabelecer tanto como um competidor interespecífico
por recursos, direta ou indiretamente, como no caso da caça; ou por interferência,
quando sua presença, mesmo que não caracterize a competição por um recurso
definido, mas cuja interferência se traduz como antagônica, como a determinada
pela impossibilidade de espécies pouco tolerantes à presença humana, de
conviverem no mesmo espaço, ou de sobreporem seus nichos ecológicos a
941
despeito da amplitude de interferência em seus habitats.
Outro aspecto a ser considerado envolve as alterações físicas propriamente ditas
na paisagem que recebe a implantação das trilhas, onde de acordo com as escala
as repercussões podem se traduzir desde efeitos de incremento nos processos
erosivos, ao efeito de borda no tecido florestal onde se localiza, assim como as
consequências para as dinâmicas de dispersão das populações nestas áreas, por
exemplo. Deste modo, a necessidade imperativa de se interpretar os efeitos
ecológicos e biogeográficos da implantação e manejo de trilhas em áreas
protegidas, que mormente tende a se concentrar a partir da perspectiva de efeitos
antrópicos,
como
muitas
vezes
abordada
na
Ecologia
da
Recreação.
FIGUEIREDO et al, 2012, p.230) citando alguns autores, refere que a Ecologia da
Recreação é a área do conhecimento que estuda dos impactos da recreação ao
ar livre e do ecoturismo em ambientes naturais e semi-naturais (MONZ et al,
2010; HAMMITT e COLE, 1998; LIDDLE, 1997), destaca ainda que para MONZ et
al. (2010), a recreação ao ar livre e o ecoturismo têm sido reconhecidos como
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agentes de mudanças ecológicas nos sistemas naturais, com potencial para
afetar o solo, a vegetação, a qualidade da vida selvagem e a água.
Contudo, é desejável em alguns aspectos que a consolidação da trilha como
unidade de análise, possa estabelecer uma padronização de perspectivas, a
exemplo do que ocorre na Ecologia de Estradas. Desta forma, a adoção da
terminologia “Ecologia de Trilhas” se configura como bastante adequada como
área de pesquisa, ao envolver aspectos bióticos e abióticos e processos, tanto
verticais, como fluxo de energia e ciclagem de nutrientes, previstas nas
abordagens ecológicas estritas; como horizontais, conforme interpretação da
Biogegrafia quando aborda a distribuição, estrutura e dinâmica da organização
espacial,
onde
as
geobiocenoses
são
componentes
dos
geossistemas
(Troppmair, 2012. p.6) e não somente como consequencia das atividades de
recreação, que nem sempre será o enfoque, pois o uso das trilhas ´pe
multivariado e muitas vezes, mesmo em atividades recreativas e esportivas, é de
fato apenas um meio de deslocamento, mas permanece como equipamento,
assim como suas consequências ecossistêmicas.
Neste sentido, a Ecologia de trilhas pode se definida como a área de estudo que
interpreta este equipamento como um vetor de territorialização e dispersão de
visitantes com consequencias funcionais para a ecologia e biogeografia da biota
protegida.
2. A trilha
Na Ecologia de Trilhas, duas variáveis estão sempre presentes, direta ou
indiretamente e são definidas pelo Uso Público e Biodiversidade relacionada.
Desta forma, abordagens diferenciadas, isto é, considerando enfoques tanto do
homem para a natureza quanto o inverso, são necessárias para a análise mais
profunda das relações que se estabelecem com a trilha como eixo de análise.
2.1 Uma abordagem antrópica
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De modo geral, as trilhas são as vias mais utilizadas por usuários para o
deslocamento para os atrativos em UC, onde o próprio ato de andar já faz parte
do lazer. MENDONÇA (2003, p. 95) citando HILMAN (1993, p.55) refere que em
um espaço urbano, o ato de caminhar é apenas uma maneira lenta e ineficiente
de nos aproximar daquilo que os olhos já viram. Em contrapartida destaca que no
“espaço natural” para caminhar: “nossa maneira de ser, de estar, de posicionar
nossos corpos é convidada a se modificar. O espaço natural não supõe
anterioridade nem dos olhos nem dos pés. Ele é como é. Se a trilha foi planejada,
é porque se tornou adequada às curvas de nível, à declividade natural do terreno,
e contornou rochas e raízes das arvores maiores. Nossos corpos devem se
integrar as curvas do caminho e nosso olhar deve redobrar esforços para localizar
obstáculos e apreciar a beleza, tanto pequena, dos pequenos seres, das
pequenas gotas, como as amplas, das paisagens abertas. Mas, sobretudo, deve
esforçar-se para olhar para cima, para a copa das arvores, para o cume das
montanhas, para as nuvens”. Neste sentido ANDRADE (2005, apud COSTA,
2006, p. 4) refere que as trilhas “oferecem oportunidade do contato efetivo com a
natureza...”.
Para BECK (1989, p.10) a prática de caminhar como uma manifestação de ócio
ou recreação possui motivação muito próxima destas referências, embora possam
ser subliminares os motivos para tanto. O autor refere ainda que a facilidade de
acesso a trilhas urbanas ou próximas a centros urbanos possibilita a uma grande
diversidade de pessoas e expectativas, onde, “há os que buscam as montanhas
pela beleza do cenário, pela pura contemplação do dia e da paisagem, pelo
prazer do exercício, da mudança de ares, da companhia dos amigos, das fotos
que trarão para mostrar”. O autor prossegue afirmando que qualquer trilha fácil,
cênica e que traga satisfação ao visitante além de se prestar ao lazer, indica que
caminhar por trilhas é uma aventura essencial para o ser humano, pois oferece “a
incerteza do desfecho, a excitação de novas descobertas e a magia de revelar em
si novas habilidades e forças de cuja existência ele não suspeitava” destacando
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ainda que psicólogos apontam que esta busca por aventura – distante da
aventura inconseqüente e sem sentido – está ligada a um nível de risco calculado,
consciente, que permite uma resposta cerebral de satisfação e ampliação da
percepção.
Assim, os territórios e lugares proporcionados pelas trilhas, de fato, podem se
traduzir em uma gama de experiências e oportunidades de ócio e recreação,
incluindo práticas pedagógicas, como por exemplo, as atividades de Educação
ambiental, a exemplo do que coloca GUIMARÃES (2007, p.123), onde a utilização
da paisagem como fio condutor em programas de Educação Ambiental tem como
marcos aspectos como:
a. Motivação: cenários e elementos componentes que incitam e animam à
exploração e o desfrutar;
b. Estimulação dos sentidos: despertar de capacidades contemplativas e de
interiorização das vivências ambientais;
c. Interdisciplinaridade: a paisagem se converte em lugar de encontro de
disciplinas distintas de modo multi e interdisciplinar;
d. Decifração de mensagens: infinidade de estímulos que escondem
informações múltiplas obre o entorno que podem ser decifrados pelo
conhecimento e treinamento;
e. Globalização: permite uma análise sistemática e global do médio;
f. Realista e concreto: vantagens dos estudos das unidades paisagísticas
graças a sua visibilidade;
g. Desencadeamento de juízos e valores: estéticos, éticos e adaptativos
direcionados à conservação ambiental;
h. Implicações na ação e intervenção: relacionadas aos impactos ambientais.
Deste modo, a motivação para caminhar em áreas naturais e sobretudo em
trilhas, atende não só as demandas de lazer e recreação mas também interfere
na psique do caminhante e em sua saúde, o que acaba por se traduzir em mais
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uma motivação, pois os benefícios físicos de caminhar são vários, relacionando
desde a integração social quanto benefícios diretos como aumento do vigor físico
MELLO (2008, p.61), evidenciando assim a importância que as atividades em
trilhas e a experiência ao ar livre adquire para os usuários, ultrapassando a
função primária de propiciar acesso a atrativos ou servir apenas como meios de
ligação. De fato, para Dines e Passold (2008, p. 182) as trilhas são a “principal
infraestrutura necessária para boa parte das atividades terrestres...” e MELLO
(2008, p. 187) destaca que:
“..a compreensão do significado estratégico da malha
de trilhas para a gestão dos serviços ofertados e suas
consequências ao somatório natural define sua
importância como ferramenta de gestão.”
COSTA et al (2009, p.6) destaca como as práticas de lazer e de recreação na
natureza, são percebidas no Brasil a partir da década de 1980, através da figura
do chamado “mochileiro” que, realizando viagens para locais distantes, buscava
novas experiências, particularmente em áreas naturais, aos quais intensificou-se
a atuação dos montanhistas. A autora refere ainda que PIRES (2002) rotulou
como “neo-naturalistas” os viajantes com interesses científicos, voltados para
estudos da fauna e flora, fora de seus países de origem e observa que embora
montanhismo tenha passado a estar associado ao turismo de natureza, cita
MACHADO (2003, p. 29) para o qual o turismo de natureza:
“[...] representa, na realidade, uma idéia incompleta da
utilização do espaço natural para a atividade turística,
devendo ser repensado a fim de garantir qualidade para o
produto e segurança para o destino, evitando desgastes
desnecessários e investimentos inadequados, passíveis de
gerar insatisfação e descrédito.”
Neste sentido, os objetivos de cada grupo na visitação se manifestam em
diferentes gradientes de percepção ambiental e podem representar um problema
para os gestores quando buscam estabelecer normas para o uso de
determinadas áreas ou restrições de acesso. Na prática, a percepção da riqueza
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de espécies protegidas também é um problema ao gestor, devido ao volume de
conhecimento e recursos financeiros, materiais e humanos que dispõe. Entretanto
a dificuldade de se estabelecer bioindicadores e metodologias de monitoramento
acessíveis ao gestor se configura como o maior entrave no manejo da área
protegida como um todo, visto que usualmente o monitoramento dos efeitos do
uso público tende a se concentrar na qualidade da visitação e nos
aspectos/processos físicos mais evidentes como erosão, alargamento do leito e
corredor das trilhas, dificuldade de acesso e presença de lixo, por exemplo.
Segundo PIRES et al. (2004, p.23-24), as atividades humanas são os principais
fatores de comprometimento da integridade ecológica dos ecossistemas naturais
e continuidade dos processos ecológicos ao longo do tempo. MELLO & COSTA
(2012, p.4) consideram que não obstante campanhas de conduta consciente em
ambientes naturais como o exitoso programa “Pega Leve”, a percepção dos
impactos potenciais relacionados à dinâmica ecológica das trilhas no tecido
florestal é bastante reduzida entre usuários em geral e são modulados por
variáveis como intensidade da visitação, comportamento e objetivos frente aos
elementos
naturais.
Tais
variáveis
podem
interferir
na
visualização
e
consequentemente na percepção da biodiversidade local que pode se afastar ou
passar desapercebida quando não são evidentes ou objeto de atenção, como por
exemplo a presença de anfíbios em bromélias ou mamíferos transitando no
dossel.
Em principio esta condição se traduz em uma experiência mais pobre com a
realidade local e a consequente percepção de menor riqueza e mesmo
abundância de espécies locais. Estes aspectos são mais observados em grupos
cujo foco de atenção é o consumo de paisagens e oportunidades de lazer,
recreação ou esportes em ambientes naturais, onde a observação da
biodiversidade é eventualmente complementar; de acordo com a visão de
WEARING & NEIL (2001, p.18) para os quais os parques podem ser interpretados
tanto como catedral, um monumento a ser apreciado e contemplado; quanto
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como ginásio desportivo com amplas possibilidades de atividades. SOUZA &
NORONHA-OLIVEIRA (2012, p.201) ressaltam ainda que tem prevalecido a visão
antropocêntrica no que diz respeito à prática do turismo nas áreas protegidas, ao
se atribuir apenas valor utilitário à natureza enquanto meio de satisfação das
necessidades de recreação humana através de uma leitura obliqua da Lei Federal
9.985/2000 que instituiu o SNUC. Para os autores, a dimensão ecocêntrica é
desvalorizada em função do antropocentrismo que advoga o fim da perspectiva
“santuário”, reforçados pela escassez conveniente de recursos financeiros que
reforçam apelos “comerciais onde o turismo é então propagado como um
instrumento para a resolução dos problemas financeiros das áreas naturais”.
Para YOUNÉS, et al (2006, p.58) a compreensão inadequada da complexidade
das questões ambientais, principalmente quando não comtemplados aspectos
humanos (e sociais) comprometem a implantação de politicas públicas de
conservação do patrimônio cultural e da biodiversidade, para as quais as
pesquisas devem conjugar, segundo as autoras, no estudo do impacto das
atividades humanas sobre as mudanças globais notadamente as relativas à
biodiversidade; a análise do impacto das mudanças globais sobre as populações
humanas, seus modos de vida e suas diversidades biológicas e culturais e ainda
a compreensão das bases psicológicas, sociais e culturais da percepção sobre o
meio-ambiente.
A importância destes aspectos quanto à função de conservação da biodiversidade
dos parques torna-se particularmente relevante quando se considera o
posicionamento do Panorama Global da Biodiversidade 3 (CDB 2010, p. 9), para
o qual “existem múltiplas indicações de contínuo declínio da biodiversidade em
todos os três dos seus principais componentes – genes, espécies e
ecossistemas”. O documento cita diversas evidências para esse diagnóstico como
declínio das populações e ameaça de extinção de espécies; queda na abundância
de vertebrados, sobretudo nas regiões tropicais e entre as espécies de água
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doce; extensas perdas de hábitat, principalmente florestas tropicais, manguezais,
zonas úmidas de água doce, dentre outros.
Percepção corroborada por PRIMACK E RODRIGUES (2005, p.10) que
argumentam ainda que “todos os níveis de diversidade biológica são necessários
para a sobrevivência contínua das espécies e das comunidades naturais e todos
são importantes para a espécie humana”. De fato, dada a sua característica
geográfica mais evidente, quando se considera como parâmetros comunidades e
ecossistemas é que ficam mais evidentes os conflitos de apropriação e disputa
dos territórios naturais entre o uso publico e as espécies protegidas, cujos
hábitats devem ser preservados sobre pena de impactos em suas populações.
De fato, as metodologias de monitoramento da visitação mais acessíveis
raramente contemplam bioindicadores, se restringindo a percepção de alterações
da qualidade da visitação, alterações da paisagem, efeitos erosivos nas trilhas,
conservação de equipamentos, entre outros. Conceitos como fragmentação
florestal direta e indireta, efeito de borda, destruição de micro-habitats e alteração
na composição das populações locais, incremento do fluxo de espécies invasoras
e generalistas para habitats antes isolados e sobretudo o efeito indireto da
visitação sobre espécies sensíveis à presença humana e as consequências para
sua abundância e isolamento destas populações; de modo geral são ignorados,
dada a complexidade de aquisição e tratamento dos dados, induzindo a se
privilegiar as oportunidades recreativas e de lazer em detrimento da preservação
de espécies nas unidades de conservação de proteção integral, motivo primário
de sua criação e objetivo.
Observa-se ainda que a averiguação e o monitoramento desses impactos não
raro carecem de recursos humanos e materiais, muitas vezes distantes das
possibilidades de gestão da unidade de conservação ou, em algumas
circunstâncias, simplesmente são impraticáveis devido às impossibilidades
técnicas, o que indicaria uma maior atenção ao uso do “principio da precaução”.
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Para DERANI (1997, p.167) a consagração do princípio da precaução no
ordenamento jurídico brasileiro representa a adoção de uma nova postura em
relação à degradação do meio ambiente, onde a precaução exige que sejam
tomadas por parte do Estado e parte da sociedade em geral, de medidas
ambientais que a princípio impeçam a ocorrência de atividades potencialmente
e/ou lesivas ao meio ambiente, e também atuando quando o dano ambiental já
está concretizado; desenvolvendo ações que façam cessar esse dano ou
minimizem seus efeitos”
Cabe destacar que a popularização de guias de trilhas tanto impressos quanto
das ferramentas digitais de compartilhamento de roteiros, raramente observam o
zoneamento das áreas protegidas e os objetivos de conservação e preservação
estabelecidos pelos planos de manejo e pelos gestores, se restringindo a orientar
o fluxo de visitantes pautados apenas em seu potencial turístico e de lazer. Neste
sentido, embora possam conferir um ar de “legalidade” ao acesso, de fato podem
contribuir negativamente para a gestão da área protegida, podendo potencializar
os impactos do uso público e nem sempre a área protegida dispõe de recursos
humanos e materiais para monitorar ou mesmo mitigar o dano.
Deste modo os fluxos de visitantes podem reforçar a disputa territorial entre
usuários e espécies da flora/fauna locais (muitas não descritas, estudadas ou
descobertas), configurando um problema adicional a ser enfrentado pelos
gestores e pesquisadores. Eventualmente grupos mais organizados podem
pressionar social e politicamente por seus interesses pontuais, ignorando o
aparato legal que induz o gestor à precaução.
2.2 A trilha para a fauna e a flora
A despeito das inúmeras definições aplicadas as trilhas, sobre os diferentes
enfoques, em termos de paisagem, a trilha é:
“uma intervenção linear definida a partir do corte raso da
vegetação para o estabelecimento da zona de pisoteio (área
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útil efetivamente utilizada pelo usuário em seu
deslocamento) e a área marginal de manejo, onde a
vegetação é mantida controlada para evitar seu fechamento.
Esse conjunto compõe o que se chama de “corredor” da
trilha e suas dimensões variam conforme o objetivo, perfil do
visitante e zoneamento. As dimensões longitudinais e
laterais podem atravessar diferentes ambientes naturais
com limiares distintos de fragilidade, significando maior ou
menor “área de sacrifício” do ambiente local. Para o manejo
do uso público em unidades de conservação,
funcionalmente as trilhas determinam o padrão de dispersão
e concentração de usuários, possuindo grande importância
estratégica, pois possibilitam preservar habitats e nichos de
interesse, preservando populações protegidas de efeitos da
visitação indesejados”.
Para PONTES & MELLO (2013, p. 224), em breve revisão sobre impactos da
implantação e uso de trilhas em áreas naturais, destacam que a necessidade de
corte raso da vegetação para o estabelecimento da zona de pisoteio e manejo da
vegetação lateral para manutenção do corredor das trilhas, per si confere a
condição de fragmentação de hábitats, especialmente de micro hábitats. Desta
forma, uma faixa livre de vegetação e serrapilheira, mesmo que estreita como
uma trilha, pode dificultar a dispersão de pequenos animais que possuam uma
reduzida capacidade de locomoção, como os anfíbios anuros que vivem na
camada de serrapilheira das florestas ombrófilas (e.g., espécies das famílias
Brachycephalidae e Leiuperidae.
Observam que os efeitos antropogênicos
diretos como o efeito de borda, a perda e fragmentação de hábitats, estão entre
os principais problemas enfrentados pela fauna, levando diversas espécies ao
declínio, especialmente os anfíbios.
Os autores frisam ainda que algumas espécies de vegetais, como as orquídeas e
vertebrados terrestres, especialmente pequenos anfíbios, mamíferos e aves,
constituem bons bioindicadores da qualidade ambiental de uma área natural mas
salientam que as espécies animais não são afetadas da mesma maneira pela
fragmentação de hábitats; determinados grupos têm suas populações reduzidas
ou abandonam as áreas de reprodução, enquanto que outras podem ser
favorecidas por estes impactos, estimulando sua reprodução com o rápido
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aumento populacional, destacando que muitos destes impactos não são
percebidos por administradores e usuários, pois escapam da sua atenção. Como
certas espécies animais são mais tolerantes à presença humana, a percepção da
riqueza de espécies locais pode estar fora da realidade.
EISENLOHR et al (2013, p.412) refere ainda que as trilhas podem funcionar
também como vetores para espécies exóticas invasoras em ecossistemas até
então conservados (citando BARET & STRASBERG 2005, POTITO & BEATTY
2005). Salienta que essas aberturas na vegetação funcionam como corredores
que facilitam a dispersão e o estabelecimento dessas espécies, por formarem
linhas de habitat perturbado contínuo (citando CAMPBELL & GIBSON 2001,
NEMEC et al. 2011).
Neste sentido destaca que dependendo da escala na qual essa invasão biológica
ocorre, pode-se esperar uma alteração dos padrões florísticos da área invadida,
por meio da diminuição da riqueza e de alterações estruturais, como demonstrado
por (citando) BARET & STRASBERG (2005) na ilha "La Réunion", pertencente ao
arquipélago Mascarenho, no Oceano Índico. Esses mesmos autores também
avaliaram como a largura da trilha é capaz de determinar o grau de invasão:
trilhas mais largas permitem que maior intensidade de radiação solar chegue ao
solo, favorecendo a ativação do banco de sementes de espécies invasoras. De
fato, MELLO & COSTA, (op cit 2012, p.3) observa que dentre os eventos
importante e mais genéricos percebidos na implantação e operação das trilhas
podem ser citados:
a. Efeito de borda: Para Metzger (1999), a borda é a área de transição entre
unidades de paisagem, cujas características depende da escala espaçotemporal e das interações que agem sobre estas unidades. São as áreas mais
expostas à perturbação externa e do ponto de funcional é onde a intensidade
dos fluxos biológicos entre as unidades de paisagem se modifica de forma
abrupta, embora nem sempre estas propiedades se apliquem a todas as
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bordas. O efeito de borda pode ser caracterizado como o espectro de
alterações microclimáticas onde o aumento da luminosidade, e velocidade do
vento, aumentam a temperatura e evapotranspiração, reduzindo a umidade do
ar e do solo, com consequencias nas comunidades vegetais e animais que
podem se instalar nestas areas (espécies pioneiras, ruderais e invasoras) ou
ter seu desenvolvimento comprometido conforme a resiliência à estas
alterações.
Estas alterações também se refletem na composição e riqueza da fuana e
suas interações. Sua extensão varia conforme as condições ambientais locais,
espécies envolvidas e fatores ecológicos considerados. Ao se considerar a
estrutura das trilhas, observa-se que seu corredor cria duas bordas onde suas
dimensões são definidas de acordo com o zoneamento, função e usuário
previsto, podendo ainda serem alteradas pela intensidade de uso e qualidade
do manejo. Desta forma, podem configurar maior ou menor efeito de borda e
952
vir a caracterizar a fragmentação do tecido florestal.
b. Fragmentação florestal: Um fragmento florestal é definido como uma área de
vegetação
natural,
interrompida
por
barreiras
antrópicas
(estradas,
povoados,culturas agrícolas, culturas florestais,pastagens, dentre outras) ou
por barreiras naturais (montanhas, lagos, represas, ou outrasformações
vegetais) capazes de diminuir significativamente o fluxo de animais, pólen ou
sementes (citando Viana, 1990). Os autores citam ainda que para
RODRIGUES et al (2006) as
fragmentação e
perda
discussões
de habitat
acerca da
distinção entre
onde alguns autores consideram a
fragmentação apenas uma progressiva subdivisão do habitat, sem vinculála diretamente a perda de habitat, outros utilizam o termo de forma genérica
tanto indicando perda ou fragmentação de hábitats.
Cabe destacar ainda que o comportamento do visitante e ou grau de
resiliência do comportamento da fauna à presença destes ou das alterações
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provocadas pela implantação e manejo das trilhas, podem caracterizar uma
área de influência que mesmo que as alterações na percepção estética da
paisagem não seja sgnificativa, de fato a presença da trilha funcional pode ter
o efeito de isolamento e fragmentação das populações e funcionar como efeito
barreira em uma matriz definida, conforme aponta CORRÊA (2011, p.39)
indicando que mudanças no comportamento da avifauna local, onde espécies
florestais, sensíveis a alterações de hábitats, como as chocas da mata
(Thamnophilidae), sanhaços (Thraupis sp.) e gaturamos (Euphonia sp.)
(Thraupidae), tendem a se deslocar destes ambientes alterados para mais
íntegros, caso não consigam se adaptar aos recursos disponíveis após a
ocorrência do impacto ambiental.
Outro efeito que pode ser observado é a utilização das trilha para o deslocamento
da fauna, sobretudo espécies generalistas como Cerdocyon Thous. Para
HARMSEN et al (2010, p.126) mamíferos neotropicais variaram muito em sua
tendência de seguir ou atravessar trilhas, tendo observado em estudo conduzido
em Belize, que Suçuaranas (Puma concolor)
tendem a seguir trilhas mais
completamente do que onças pintadas (Panthera onca) mais propensas a desviar
das trilhas, sendo
mais dispostos a usar a matriz florestal longe de trilhas
diferentemente das suçuaranas.
O que poderia ter consequências importantes para os nichos relacionados. Assim,
a trilha, pelas alterações físicas que provoca, pode caracterizar a fragmentação
do tecido florestal de forma direta e indireta quando se considera as alterações no
comportamento de espécies locais que podem se afastar das areas de maior
alteração, isolando suas populações ou impedindo o seu transito original.
3. Conclusão
A importância de se utilizar o principal equipamento de ordenamento da dispersão
de visitantes em áreas protegidas, como referência para análise, não somente de
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953
impactos, mas também e principalmente dos aspectos dinâmicos das relações
ecológicas e biogeográficas que se estabelecem entre o uso público e a biota
protegida, podem nortear de maneira mais eficiente o uso público e as politicas de
conservação em áreas protegidas abertas a visitação, sendo esta a proposta pela
consolidação da Ecologia de trilhas como área de conhecimento.
De fato, espera-se alterar a abordagem mais percebida na gestão das áreas
protegidas a partir da inclusão politica da biodiversidade (quadro01) como
elemento de decisão, mas para tanto necessitamos conhecer as relações entre o
uso público e a biota, não só considerando o foco a partir das relações das
atividades recreativas em meio natural, mas a análise que aborde as relações
antrópicas em um cenário geossistêmico, onde o homem passe a fazer parte da
paisagem e sua presença seja interpretada em diferentes escalas, considerando
sempre seu papel ecológico e biogeográfico assim como suas relações
estabelecidas, tendo sempre a trilha como seu principal vetor de territorialização e
954
ocupação da área protegida.
Abordagem social
Abordagem Ecossistêmica
Fundamentação
do
planejamento
na
ocupação territorial antrópica, orientando-se
significativamente pelas oportunidades de
lazer e turismo.
Escala espaço-temporal é determinada em
função do uso público, considerando
preferencialmente macroescalas de apelo
turístico ou de lazer.
Gestão superficial das populações protegidas
face percepção ambiental existente e
recursos disponíveis (humanos e financeiros),
privilegiando o uso público.
Zoneamento político do espaço protegido,
com ênfase na gestão de conflitos e
interesses de atores sociais.
A fundamentação do planejamento da
ocupação territorial busca a proteção de
hábitats e espécies chaves ou estratégicas
Ênfase na gestão por unidades de paisagem
considerando macro-escalas antrópicas e
escalas de comunidades, populações ou
espé-cies relevantes
Gestão integrada do uso público, introduzindo
a conservação como elemento de decisão.
Ênfase
politica
na
introdução
de
condicionantes ambientais para proteção do
patrimônio protegido e fomento de uma
cultura biofílica.
Quadro 01: Modelos de abordagem de gestão de áreas protegidas
4. Bibliografia
BECK, Sérgio. A aventura de caminhar –
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento
de impactos sobre padrões e processos ecológicos
PLANEJAMENTO DE TRILHA INDUZIDO PELO AUMENTO DA DEMANDA DE
VISITAÇÃO: TRILHA ‘BARREIRO DA ANTA’ NO PARQUE ESTADUAL DO
MORRO DO DIABO, SÃO PAULO-BRASIL
Helder Henrique de Faria Dr12
Andréa Soares Pires - MSc13
Juliana Ferreira de Castro14
Resumo
Palavras-chave: Planejamento de trilhas, Parque Estadual Morro do Diabo, Trilhas interpretativas
Capacidade de carga
As unidades de conservação da natureza cujas categorias permitem a visitação
pública quase sempre possuem as trilhas interpretativas como um dos
componentes mais acessíveis e baratos, possibilitando aos visitantes um pouco
de conhecimento sobre a natureza guardada nestas áreas. No Parque Estadual
do Morro do Diabo, situado no Pontal do Paranapanema, estado de São Paulo o
incremento da visitação e a demanda social por mais informações sobre seu
ecossistema induziu a sua administração a planejar e implantar um novo percurso
ecológico, a trilha 'Barreiro da Anta'. Este artigo apresenta uma experiência
concreta de planejamento e implantação de uma trilha interpretativa que contribui
para identificar variáveis e processos relevantes para iniciativas congêneres,
considerando, contudo, a limitação dos estudos de caso no sentido de oferecer
um modelo que possa ser replicado em situações tão diversas quanto as dos
parques nacionais brasileiros. Utilizaram-se ferramentas que vão do facão a
sistemas de informações geográficas, obtendo-se uma trilha com grau de
dificuldade baixo, recheada de informações que conduzem o cidadão a refletir
sobre a importância da biodiversidade florestal e desta na produção de água em
quantidade e qualidade.
Resumen
Palabras clave: Planificación de senderos, Morro do Diabo State Park, senderos interpretativos,
capacidad de carga
12
helderdefaria@gmail.com Dr. Pesquisador do Instituto Florestal
deapires@yahoo.com.br Pesquisadora do Instituto Florestal
14juboraceia@yahoo.com.br Analista Ambiental do CEA/SMA
13
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Las áreas protegidas categorías permite visitas del público casi siempre tiene los
senderos interpretativos como uno de los componentes más baratos y accesibles,
permitiendo a los visitantes un poco de comprensión de la naturaleza almacenada
en estas áreas. El Parque Estatal Morro do Diabo, situado en el Pontal do
Paranapanema, estado de São Paulo, tuvo la visitación aumentada, bien como
elevación de la demanda social por más información sobre el ecosistema su
ecosistema indujo la administración a planear e implementar um nuevo sendero
interpretativo, el circuito "Barreiro da Anta". En este artículo se presenta una
planificación concreta y la ejecución de un sendero interpretativo que ayuda a
identificar las variables y procesos relacionados con iniciativas similares,
considerando, no obstante, la limitación de los estudios de casos con el fin de
proporcionar un modelo que pueda ser replicado en situaciones tan diversas
como las de los parques nacionales brasileños. Utilizamos herramientas que van
desde machetes a los sistemas de información geográfica, resultando um sendero
con grado de dificultad bajo, lleno de información que hace que los ciudadanos
reflexionem sobre la importancia de la diversidad biológica forestal y de esta em
la producción de la agua em cantidad y calidad.
1. Introdução
Salvo as estações ecológicas e as reservas biológicas, unidades com maiores
restrições à visitação pública, todas as demais categorias de manejo do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (BRASIL, 2000) podem ser
abertas à visitação, sendo os parques nacionais a categoria mais tradicional e
com maiores condições de prestar esse beneficio à sociedade (Dourojeanni e
Pádua, 2001). Contudo, esta visitação não pode ocorrer sem critérios e para isto
as primeiras restrições devem ser impostas por um adequado zoneamento e
normas de gestão ambiental expresso em planos de manejo (Miller, 1980; Milano,
2006), pois em áreas de elevado valor em biodiversidade o grande desafio é
compatibilizar as demandas de uso público com a conservação ambiental. Para
tanto, o desenvolvimento de programas de uso público têm grande importância
por organizar e monitorar estes usos, ademais de oferecer visibilidade às UCs.
Através destes programas as UCs cumprem sua função social, oferecendo
espaços de lazer e recreação, riqueza de estímulos sonoros, auditivos, táteis e
sinestésicos que tem efeitos físicos, psíquicos, na saúde e na qualidade de vida
do ser humano (Ikemoto, 2008).
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Neste sentido, as trilhas interpretativas são os componentes de comunicação
mais comuns de serem implantados nas áreas protegidas dado sua simplicidade,
baixo custo e a possibilidade de transmissão de conhecimentos ecológicos e
ambientais em primeira mão (Faria et all, 1995; Ferreira, 2005). Elas são uma
ferramenta útil no manejo das áreas protegidas, uma vez que concentram o uso
mais intenso em um pequeno sítio da área, evitando-se que outros pontos mais
sensíveis ou ecologicamente importantes sejam afetados pela presença humana,
principalmente se houver uma abordagem integradora que considere a categoria
de manejo, o planejamento, a construção, a manutenção, o monitoramento e a
avaliação (Magro, 1999; Lechner, 2006; Leuzingner, 2007).
As trilhas ganham mais relevância ainda ao se considerar as pesquisas científicas
ligadas ao conceito de biofilia, uma teoria que defende que, ao longo da evolução
humana, fomos programados para amar tudo o que é vivo e, por isso, a natureza
simplesmente nos faz sentir melhor em relação à diminuição de estresse, pressão
sanguínea, infecções e outras enfermidades (O Globo, 2013). Para as trilhas
existem várias modalidades de estudos que visam compatibilizar a conservação
ambiental e a presença humana, dentre eles a capacidade de carga ecoturistica
(Cifuentes, 1992), o LAC, limite aceitável de mudanças (Stankey et. all, 1985) e o
VIM, manejo do impacto do visitante (Graefe et all, 1990).
Por sua vez, a interpretação ambiental é um conjunto de técnicas que a rigor
permite que as áreas protegidas interajam com seus visitantes, de tal maneira que
as pessoas percebam as razões principais da existência da área protegida, seus
objetivos de conservação, seus valores e benefícios, sua história e a interação
com a sociedade (Ham, 1992). Tilden (1977) provavelmente tenha sido um dos
pioneiros em analisar os processos e procedimentos interpretativos em áreas
protegidas, o que lhe permitiu estabelecer os princípios primordiais da
interpretação ambiental, enfatizando que o seu objetivo principal não é instruir as
pessoas ou repassar informações, mas provocar diretamente, pois a interpretação
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é uma arte que combina muitas artes a partir de elementos presentes na
paisagem ao redor. Mormente a interpretação deve ser dirigida, presencial e
descontraída, caso contrário repete-se as salas de aula.
Não existe uma trilha ideal nem características desejáveis "a priori", mas estas
são determinadas pelo ambiente em que se insere, os objetivos de manejo da
unidade e o usuário potencial (Morales-Miranda, 1992), aspectos que são pontos
de partida na determinação de seu tamanho, seqüência interpretativas, grau de
dificuldade, sofisticação, entre outras. Contudo, recomenda-se que as mesmas
possuam um único tema, observando-se que cada parada ou estação enfoque um
sub-tema por vez, de tal forma que haja um fio condutor para que os usuários
aproveitem o melhor da atividade (Ham, 1992). Para tanto, é importante que se
defina com clareza o que se deseja que o visitante tome conhecimento ao
percorrer a trilha.
Relativo ao ecoturismo, as áreas protegidas possuem um papel especial em seu
desenvolvimento. Porém, todas as atividades devem se cercar de muitos
cuidados para que estes usos não se transformem em ameaças à conservação,
ou vistos como redentores financeiros dessas áreas. Pois afinal, se esta fosse a
sua razão de ser teríamos que desenvolver uma atividade ecoturistica intensa, em
grande escala, que produzisse elevados rendimentos para o financiamento
dessas áreas, com conseqüente impacto para a conservação das mesmas
(Londoño, 2013).
O presente trabalho apresenta a experiência concreta de planejamento e
implantação de uma trilha interpretativa no Parque Estadual do Morro do Diabo,
no qual a decisão de se implementar uma nova trilha decorreu de duas
justificativas e abordagens distintas: primeiro porque aconteceu um aumento
muito rápido na visitação a partir do ano 2005 (Figura 1), fato que promoveu uma
maior utilização das duas únicas trilhas que lá existiam, as trilhas do Lago Verde e
a do Morro do Diabo, está última a mais procurada pelos visitantes. Isto fez com
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que houvesse elevação do impacto dos visitantes sobre os recursos, observado
empiricamente pelo alargamento de trilhas, exposição de raízes, erosão e
compactação de solo. Uma das maneiras de diluir este impacto é dispersando os
visitantes em outros espaços adequados ao uso publico (SMA, 2009). Outra
justificativa importante, além de simplesmente a elevação quantitativa, advém da
elevação da demanda por novos conhecimentos (Castro et. al., 2007) aspecto
apreendido pela gestão à época.
961
Figura 1. Visitação do PEMD, com notável elevação a partir de 2005 (Pires e Faria, 2013)
2. Materiais e métodos
2.1 Área de estudo
O Parque Estadual do Morro do Diabo é uma unidade de conservação localizada
sob as coordenadas 22o 27’ a 22o 40’ de Latitude S e 52o 10’ a 52o 22’ de
Longitude W, no Pontal do Paranapanema, estado de São Paulo. Segundo seu
plano de manejo (Instituto Florestal, 2006), a floresta que o recobre é o tipo
Floresta Estacional Semi Decidual, formação intrínseca à Mata Atlântica
brasileira. O PEMD possui cerca de 34.000 hectares e preserva a maior área
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contínua remanescente da floresta que recobria a porção ocidental do estado de
São Paulo e de estados vizinhos e é administrado pela Fundação Florestal. Sua
grande biodiversidade tem como expoente a maior população de micos-leõespretos (Leontophitecus chrysopygus) livres na natureza, primata que já foi
considerado o mais ameaçado do planeta (IF, 2006).
Os principais objetivos de gestão do parque são: i) Proteger a maior amostra de
Mata Atlântica de Interior do Estado de São Paulo, sua biodiversidade e os
recursos genéticos de que dispõe, ii) Proteger e conservar a população de
Leontophitecus chrysopygus, iii) Proporcionar condições para o desenvolvimento
de pesquisas científicas sobre o ecossistema protegido, assim como suas
interações com o entorno, condizentes com a categoria de manejo e com o
zoneamento proposto, e iv) Propiciar condições para atividades de educação e
interpretação ambiental sobre os recursos protegidos na Unidade, apoiando as
iniciativas para a implantação do ecoturismo regional (g.n.).
962
2.2 Métodos
Valendo-se de ortofotos digitais, de alta resolução e de imagens LandSat 7TM,
fez-se uma varredura no entorno da sede em busca da paisagem que poderia dar
suporte à abordagem da trilha, analisando e sobrepondo os shapes vegetação
recursos hídricos e zoneamento. Um sobrevôo do sitio sob os auspícios do
IBAMA, cujo helicóptero estava em operação de fiscalização na região do Pontal,
foi determinante na escolha do local e do trajeto a ser feito por terra. Sobre
ortofoto traçou-se um esboço de caminhamento e coordenadas de referência para
facilitar o direcionamento para a abertura da picada. Sobre imagem de satélite
traçou-se um esboço tendo por referência as copas das grandes árvores e foram
delimitadas as coordenadas de referência para facilitar o direcionamento para a
abertura da picada. Buscou-se, neste momento, direcionar o traçado da trilha para
que ela se iniciasse em um lugar aprazível e acessível e terminasse próximo de
um local com infra-estrutura, como banheiro e água potável.
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Foram feitas caminhadas de reconhecimento pela floresta buscando-se as
coordenadas de referência com aparelho GPS (Global Position System), belos
espécimes arbóreos e os pontos de menor distância entre as margens da lagoa
intermitente contida no baixio do terreno, evitando-se carrascais, cipoais,
formigueiros e outros obstáculos naturais do piso florestal e evitando também
vespeiros, colméias e demais elementos naturais que pudessem oferecer risco a
integridade do visitante Após a definição do traçado procedeu-se a abertura da
picada principal, executada por funcionários do PEMD por meio de facões, foices
e enxadas. Ao longo do terreno plano da picada mediu-se as distâncias
horizontais com roda métrica e marcou-se pontos com o Global Position System
(GPS) aonde fosse possível, visando a elaboração do mapa da trilha.
Os princípios adotados para a interpretação natural da trilha são aqueles
defendidos por Tilden (1977), Sam (1992) e Morales-Miranda (1992). Os
levantamentos para a interpretação foram efetuados ao longo de toda a picada,
abarcando os elementos da paisagem mais atrativos e as obras e facilidades
necessárias. Para a definição destas últimas procuraram-se casos similares na
literatura disponível (Hesselbarth et all, 2009; Andrade e Rocha, 2008; Ham,
1992), assim como na experiência dos autores e outros especialistas. As espécies
vegetais selecionadas para interpretação foram identificadas por mateiro local,
seguida de checagem em bibliografia especifica (Lorenzi, 1992, vol. I e II) e
consulta à pesquisadores em visita ao parque.
A temática escolhida para ser abordada na trilha foi a relação entre “Floresta e
Água”. As fontes para a elaboração dos painéis interpretativos foram a cartilha do
Comitê
de
Bacias
Hidrográficas
do
Pontal
do
Paranapanema
(http://www.comitepp.sp.gov.br/trab_pub.html), (Berkmüller, 1984) e adaptações
de informações presentes no Centro de Visitantes 'Ybyrá-retá', do Parque
Nacional Yguazú, Argentina. Para determinar a capacidade de carga da trilha
utilizou-se a metodologia proposta por Cifuentes (1992). Para calcular a
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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963
capacidade de manejo adotou-se o método EMAP de Cifuentes, Izurieta e De
Faria (2000). A Figura 2 expõe sucintamente os procedimentos adotados.
964
Figura 2. Fluxograma geral dos procedimentos metodológicos adotados
3. Resultados
3.1 Implicações técnicas na seleção do sítio
Para o atendimento pleno dos objetivos de gestão do PEMD, no Plano de Manejo
do Parque (Instituto Florestal, 2006) foram definidas nove zonas e suas
respectivas normas de gestão. As definições para cada zona são encontradas no
Regulamento de Parques Nacionais (Brasil. Leis, decretos, etc., 2000 apud IF,
2006), no Regulamento de Parques Estaduais (São Paulo, Leis, decretos, etc.,
1986 apud Instituto Florestal, 2006) e no Roteiro Metodológico do IBAMA (IBAMA,
2002 apud Instituto Florestal, 2006).
Observa-se na Tabela 1 que os espaços reservados ao uso público abarcam
687,65 hectares, ou apenas 1,8% da totalidade da superfície do parque, em
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gradientes diferenciados de uso conforme a zona utilizada e as respectivas
normas de gestão. A seleção recaiu sobre a Zona de Uso Extensivo, que permite
e privilegia a visitação.
Tabela 1. Zonas do PEMD e respectivas áreas (IF, 2006)
ZONA
Área
% da área total
1.431,34
3,91%
Uso Conflitante
209,20
0,57%
Uso Especial
328,24
0,90%
Uso Extensivo
444,63
1,22%
Uso Intensivo
27,90
0,08%
Histórico-cultural
75,15
0,21%
Intangível
18.042,25
49,34%
Primitiva
16.008,20
43,78%
Recuperação
Total
36.566,91
15
1000
Na seleção do sítio, além do zoneamento considerou-se a segurança do usuário e
a logística de atuação do programa de uso público e da manutenção, presentes
no Plano de Contingência (Pires, Faria e Castro, 2008) da unidade, além da
capacidade de manejo local.
O Plano de Contingência estabelece parâmetros e procedimentos para o
desenvolvimento seguro da atividade de visitação dentro da Unidade. Alicerçados
no referido documento, nos conhecimentos que possuem dos espaços cogitados
para abertura da nova trilha e nos conhecimentos acerca do comportamento da
demanda de usuários, primou-se pela segurança dos visitantes na definição do
novo espaço de visitação. Os perigos passíveis de existirem na nova trilha foram
avaliados e analisados, bem como os procedimentos que podem ser adotados no
A somatória dessas áreas ultrapassa a área oficial do Parque (33.845,33 ha.) porque no
zoneamento ficou incluída uma área que foi desapropriada pela CESP e, entretanto, não inundada
pelo lago de Rosana (1000 ha), bem como as áreas da rodovia e da ferrovia internas ao parque.
Outro fato que colaborou com este desvio foi elaborar-se os mapas temáticos a partir de imagens
e mapas em escalas diferentes (Instituto Florestal, 2006)
15
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965
tratamento destes riscos. Isto para que fosse implantada uma trilha em que a
administração da área pudesse manter um controle da conservação, da
manutenção e de seu uso no que diz respeito à segurança dos usuários.
A logística de visitação na Unidade foi um fator muito relevante na determinação
da localização geográfica da trilha. O padrão de visitação do Parque é de grandes
grupos que, em sua maior parte, passam de quatro a seis horas na Unidade.
Cerca de quatro a seis horas são dedicadas para se conhecer a Sede da
Unidade, e cerca de duas horas são destinadas para se conhecer a trilha do
Morro do Diabo, distante da Sede do Parque cerca de vinte e cinco quilômetros
(Castro et. al, 2007). Assim sendo, uma trilha que também objetiva atender a
crescente demanda de usuários deve ser instalada em um local de fácil acesso
aos visitantes
Por sua vez, atualmente o número de funcionários do Estado na Unidade é de
vinte e oito (28), distribuídos em vários cargos diferentes, sendo que três estão
afastados por motivos de saúde. Contudo, em função das idades avançadas os
afazeres de fiscalização e manutenção ficam prejudicados. Além destes, o parque
conta com três monitores ambientais com formação superior, contratados pela
Fundação Florestal para o atendimento ao público (Ramos, 2013).
As instalações físicas estão em condições razoáveis de uso, mas o sistema de
comunicação deixa a desejar, com internet e telefonia comprometidos. Existem
veículos e equipamentos inerentes à gestão dessas áreas, porém há um
descompasso no que tange à manutenção dos mesmos, principalmente em
função da morosidade da tomada de decisão e dos tramites burocráticos da
Fundação Florestal. No momento de redigir este artigo, o centro de visitantes da
unidade estava inoperante por falta de manutenção na parte elétrica do prédio,
assim como vários veículos e máquinas ociosas pela mesma razão. Há
evidências de que o Plano de Manejo necessita ser atualizado, mesmo sendo de
2006, e não há conselho consultivo na atualidade, que existiu até o ano 2011.
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Esses critérios indicaram que a trilha deveria ser implementada nas proximidades
da sede do parque, conforme Figura 2.
967
Figura 2. Localização da Trilha 'Barreiro da Anta' no entorno da sede do Parque Estadual do Morro
do Diabo, com indicação dos traçados de prospecção e final, pontos interpretativos e coordenadas
de referência.
3.2 Interpretação
O sitio onde foi projetada a trilha fica na 'zona de uso extensivo' próxima à sede,
no limite desta com a 'zona primitiva. Analisando-se o mapa de vegetação nota-se
que a trilha está nas confluências da 'floresta madura alta com árvores
emergentes' e a 'floresta em estágio avançado de regeneração'. Nas caminhadas
para definição do melhor traçado para a trilha as escolhas recaíram por um
serpenteio que privilegiou as características do primeiro tipo florestal, mas
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também seccionou partes do segundo, onde é possível ver fugazes evidências de
que no passado incêndios assolaram a área: um ou outro toco em carvão visto
por olhos treinados ao lusco-fusco da mata. Segundo antigos funcionários, a
razão de existir ali este tipo florestal de menor qualidade decorre de um dos
incêndios da década de 1960, que assolou o sítio na qualidade de fogo rasteiro,
de menor intensidade, dado que a floresta resistiu e hoje se apresenta-se pujante.
A presença de espécies indicadoras, como pau d'alho (Gallesia integrifolia), flor
roxa (Bouganvillea glabra) e carrapateira (Metrodorea nigra) sugere a existência
de solos mais férteis do que no restante do Parque (IF, 2006), provavelmente com
profundidade rasa e lençol freático superficial pelo fato de nas proximidades se
localizarem o que no plano de manejo se designou como 'lagoas intermitentes'. O
encontro ou avistamento de nobres espécies arbóreas é um fato, como peroba
rosa (Aspidosperma polyneuron), ipê roxo (Tabebuia heptaphylla), pau marfim
(Balfourodendron riedelianum), cedro rosa (Cedrela fissilis) cabreúva (Myroxilon
peruiferum), guaritá (Astronium graveolens), jatobá (Hymenaea courbaril), canelas
entre outras. Contudo, é possível encontrar clareiras sendo colonizadas por
espécies pioneiras (Croton floribundus), oportunistas ou emaranhados de cipós
que evidenciam ciclos ecológicos da sucessão e regeneração da floresta.
As 'lagoas intermitentes' surgem principalmente na porção sudeste do Parque,
nas proximidades do rio Paranapanema onde ocorrem áreas mais planas e baixas
que o restante do parque. Essas lagoas estão associadas ao lençol freático
superficial, ao surgimento de nascentes d'água e ao regime hídrico da florestal ao
redor, pois no período chuvoso a água se acumula no piso e solo florestal e
lentamente percola entre solos e raízes para os locais de menores níveis
altimétricos. Nos longos períodos de estiagem estes sítios são os últimos a
secarem, mantendo quase sempre 'olhos d'água' onde os animais se socorrem e
refrescam. A vegetação da 'lagoa' é formada basicamente por samambaias
(Pteridum sp.) e capim rabo-de-burro (Andropogon sp.), que conforme Embrapa
(2013) são indicadoras de solos ácidos com alto teor de alumínio, impermeáveis
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entre 60 e 120 centímetros de profundidade, típicos de terras abandonadas ou
gastas e de áreas úmidas
Em um parque onde o maior atrativo é a própria floresta, sua riqueza e seus
significados, uma trilha deve privilegiar que o visitante encontre e revele seus
segredos. Visando causar um impacto aos usuários decidiu-se que a trilha tivesse
o formato circular e avançasse sobre a peculiar formação paisagística dessas
'lagoas intermitentes', de onde é possível ter uma visão diferenciada da floresta,
algo novo, pois se sai do abrigo da mata para cruzar um sítio aparentemente
inóspito, mas que, no entanto, é habitat de alguns animais haja vista a presença
de rastros de antas, veados e onças.
Pelas características já descritas do ambiente, somada ao fato de o PEMD ter
sido palco de dois grandes eventos comemorativos do Dia Mundial da Água, em
2005 e 2011, a abordagem definida para a trilha foi a relação 'Floresta e Água',
com a confecção de painéis contendo mensagens sobre este tema e outros
relativos à conexão deste com o Parque.
Ao longo de toda a trilha foram
indicados os nomes comuns e científicos dos espécimes arbóreos selecionados e
propostos doze pontos interpretativos, a partir dos sub temas Água, Vegetação e
Biodiversidade (Quadro 1).
Quadro 1. Pontos interpretativos da trilha Barreiro da Anta, PEMD.
Painel
1
Tema
Conteúdo
Painel
Informações gerais sobre o
"Apresentação"
percurso, tempo de duração,
nível de dificuldade e normas
de conduta;
Totem de boas vindas
2
Painel
"Terra:
Planeta Água"
Surgimento do planeta;
Evolução dos animais a
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969
partir da água;
Constituição do planeta e,
Gráfico
representativo
sobre a diferença de água
salgada e doce na constituição
do planeta.
Totem sobre a quantidade
de água no nosso corpo
3
Painel
"Água
da
nossa região"
Bacia hidrográfica do Pontal
do Paranapanema;
Proteção de mananciais;
Economia de água;
Estados da água;
Aqüífero Guarani
Infográfico
sobre
a
distribuição de água no país e
na região;
970
Totem sobre água potável
4
Painel
"Águas
do
Micro-bacias do Parque;
Parque Estadual do
Proteção das águas
Morro do Diabo"
Totem sobre a poluição das
águas
5
Painel "A Água Vai e
Ciclo da água nas florestas;
Vem"
Importância da mata ciliar;
O que é orvalho;
Totem
sobre
a
representatividade da água na
nossa vida.
6
Painel
"Organizada
em estratos"
Os estratos da vegetação
na floresta;
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Incidência de luz;
Relação entre estratos e
habitat;
Totem sobre respiração e
fotossíntese
7
Tronco de Cabreúva
O Ecossistema
(Myroxylon
Tudo
peruiferun) caída
natureza
Porque
se
é
relaciona
na
importante
a
queda de árvores na floresta?
Bioma, o que será isso?
8
"A
Imensidão
da
Floresta"
Diferença de ambientes
florestais.
Germinação
Famílias de vegetais
Pteridófitas (samambaias
existentes onde a passarela
está instalada)
9
Painel "Esperando a
Conceito de sucessão
oportunidade"
ecológica;
A influencia da
disponibilidade de recursos e
condições favoráveis;
Plantas r e k estrategistas;
Totem para interpretar o
conceito de fotossíntese
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971
10
Painel
"A
Conceito de biodiversidade;
biodiversidade
Número de espécies no
global"
planeta;
Gráficos sobre a
biodiversidade;
Fauna;
Totem sobre a diferença
entre animais vertebrados e
invertebrados;
Animais domésticos e
silvestres;
11
Placa
"A
Número de espécies
biodiversidade
do
registradas na área, por classe;
Parque Estadual do
Caixa de pegadas, com a
Morro do Diabo"
placa correspondente aos
principais rastros encontrados
na trilha;
Totem sobre a importância
da preservação de animais
silvestres
12
Encerramento
Conclusão sobre a
importância dos três tópicos e
seus temas abordados no
percurso.
Após todos os levantamentos a trilha foi batizada de “Barreiro da Anta”, pois na
parte desprovida de vegetação florestal, na 'lagoa intermitente', observou-se uma
maior concentração de vestígios dessa espécie, que certamente transitam ali na
época de seca (inverno) e se refrescam em época de cheia (verão), o que
desperta a curiosidade dos visitantes. Os objetivos fixados para a trilha foram:
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Melhorar a compreensão a respeito da temática “florestas” e “águas”;
Aumentar a percepção da importância do PEMD e da conservação da
natureza;
Melhorar a capacidade de recepção do PEMD;
Melhorar a compreensão a respeito da temática "Floresta e Água”.
No desenvolver do projeto surgiu uma grande oportunidade e a trilha "Barreiro da
Anta" foi adotada pelo Projeto Estratégico Ambiental da Secretaria de Meio
Ambiente denominado "Criança Ecológica". A trilha recebeu totens especiais, as
personagens do "Criança Ecológica" que interagem com os visitantes através de
mensagens
e
provocações
ambientais,
além
de
um
folder
impresso
especialmente para esta trilha.
3.3 Intervenções construtivas
Apesar do solo da trilha e arredores ser arenoso, o piso da trilha é plano e não foi
necessário intervenções para minimizar erosões e ravinas, mas toda a área
destinada aos pedestres foi limpa, sendo retirados cipós, galhadas e sobras
pontiagudas das limpezas anteriores.
Para a mínima infraestrutura projetada foi levada em consideração a harmonia
dos materiais utilizados com o ambiente natural. Foram construídos seis painéis
interpretativos em madeira de eucalipto tratado que suportam um sanduíche de
placas de acrílico com o impresso no meio, este confeccionado em lona de alta
resistência (fotos do Quadro 1). Esta opção foi eleita por permitir a fácil troca dos
impressos caso estes desbotem ou percam a razão de ser no contexto futuro da
trilha, além de aumentar a resistência às intempéries e ser de baixo custo.
Para o inicio da trilha construiu-se um painel em madeira com as características
básicas da trilha. Placas de identificação de espécies de árvores foram
confeccionadas em tabuas de eucalipto tratado, pirografadas, letras pintadas de
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branco e envernizadas. A fonte utilizada foi a Balloon XBd BT do Windows,
mantendo-se o padrão de fonte utilizada em outras placas do Parque. Para
acessar com comodidade e segurança um ecossistema florestal diferenciado, no
meio da trilha construiu-se uma passarela suspensa de 220 metros de extensão
por um metro de largura sob a vegetação que viceja na 'lagoa intermitente' (Figura
3).
974
Figura 3. Passarela suspensa na trilha Barreiro da Anta (foto dos autores)
A seguir a planilha dos custos da trilha (Quadro 2), na qual não incide lucros ou
benefícios e despesas indiretas, o famoso 'BDI' praticado pela iniciativa privada.
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Os recursos foram obtidos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos-FEHIDRO e
compensação ambiental incidente sobre o PEMD.
Quadro 2. Custo real de implantação da trilha Barreiro da Anta (ano de referência 2008).
Material/Serviços
Quantidade
$
Impressão em alta resolução de banners
6
800,00
12
600,00
3 kg
600,00
6
400,00
lona plástica de alta resistência, 4 cores,
nas dimensões 1m x 0,90m
Confecção de painéis em acrílico dupla
face nas dimensões 1m x 0,90m
Pregos, parafusos e congêneres
Telha
ecológica
duas
águas
nas
dimensões 1,50m x 0,80m mais cumeeira
Tábuas eucalipto tratado, 20-25cm x 3cm
200m
2
6040,00
x 1,5m
Palanques de eucalipto tratado 8-10cm e
14.600,00
13-15cm de diâmetro
Vernizes e seladores marítimos, tinner
40 galões
3.123,00
Trator
10 horas
300,00
270*
18.900,00
Mão-de-obra
de
execução
(R$70,00/homem/dia)
Planejamento/Interpretação/coordenação**
TOTAL
homens/dia
Técnicos
20.000,00
65.363,00
* 6 homens x 45 dias de trabalho
**Equipe com um eng. florestal, uma bióloga e uma turismóloga (valor fictício).
3.4 Capacidade de Carga
Segundo o método proposto por Cifuentes et. all. (1990, 1999), a capacidade de
carga divide-se em três cenários distintos de capacidades: capacidade de carga
física, capacidade de carga real e capacidade de carga efetiva ou permissível. A
primeira é definida como o limite máximo de visitantes que podem ocupar um
espaço em determinado tempo; a capacidade de carga real é a capacidade de
carga física corrigida por uma série de fatores que oferecem resistência
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ambiental, que são definidos em função das características do lugar; e a
capacidade de carga efetiva é o limite máximo de visitas permitidas em um sítio
conforme a capacidade de manejo da administração.
O primeiro passo foi o estabelecimento de critérios e definição de variáveis
físicas, ambientais, ecológicas e de manejo que possam influenciar e limitar a
quantidade de visitantes do sítio estudado. A partir destes critérios calculou-se a
capacidade de carga física (CCF) do sítio, aplicando-se a formula correspondente.
Critérios básicos estabelecidos para CCF
a) o fluxo de visitantes se dá em um único sentido, não havendo encontros entre
grupos;
b) Cada pessoa necessita de 1 metro linear de trilha. Se a largura média do
percurso é de 1 metro, cada pessoa ocupa 1 m2 de superfície mínima para que o
mesmo possa se movimentar confortavelmente;
c) A distância ideal entre grupos é de no mínimo 500 metros para que os grupos
não se perturbem mutuamente. Aqui já se insere um 'fator social' como uma das
limitantes da capacidade de carga física, que pode ser utilizada como um fator
limitante para o calculo da capacidade de carga real, tal como fez Neto (2007).
d) O horário de visitas é de sete horas e meia (7:30h), pois o parque funciona das
8:00h às 17:00h, com intervalo de 1:30h para almoço e café;
e) A trilha será usada por grupos guiados de no máximo 50 pessoas,
correspondente a um ônibus de excursão;
f) É necessário pelo menos uma hora e meia (1:30h) para uma visita razoável
(com monitor/interprete), sendo possível a realização de 5 períodos de visita
(7:30/1:30). Ou seja, durante o dia um visitante pode fazer a mesma trilha cinco
vezes.
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g) Dimensões da trilha: 1600 metros de extensão; um metro de largura média.
Em sendo que o uso da trilha será feito em grupos, inicialmente foi necessário
saber quantos grupos podem ocupá-la ao mesmo tempo, procedendo-se da
seguinte maneira:
.número de pessoas/grupo=50
.comprimento ocupado/grupo=50 m
.espaço entre grupos=500 m
.espaço necessário/grupo=550 m
.número de grupos=1600/550m= 2,9 grupos ≈ 3 grupos
Multiplicando a quantidade de grupos pelo número de pessoas por grupo chegouse à quantidade de visitantes que podem estar presentes na trilha ao mesmo
tempo. Este valor multiplicado pela quantidade de visitas possíveis de serem
realizadas no período de abertura da trilha resulta na capacidade de carga física.
3 grupos x 50 pessoas/grupo x 5 períodos de visita = 750
A fórmula original apresentada por Cifuentes (1992) encontra-se diluída nos
cálculos acima, senão vejamos.
CCF=V/a*S*t, onde
V/a= quantidade de pessoas por grupo/espaço ocupado grupo= 50/550
S=superfície total disponível = 1600 m2
t=tempo disponível para visitas = 5 períodos de visitas/dia
CCF=50/550 x 1600 x 5 = 727
CCF= 727 visitas/dia
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A pequena diferença esta em função das aproximações numéricas e não é
significativa (0,3%).
A seguir calcula-se a Capacidade de Carga Real (CCR) e, para tanto,
estabeleceu-se as seguintes variáveis limitantes à visitação:
Precipitação: o PEMD está localizado numa região relativamente seca, porém o
diagrama climático presente no Plano de Manejo (Instituto Florestal, 2006, pg. 95)
mostra que durante seis meses há precipitações acima de 100 milímetros
mensais, com pelo menos um mês apresentando chuvas superiores a 150
milímetros entre novembro e janeiro.
Manutenção: fechamento temporário estabelecido em comum acordo com a
administração do Parque visando à manutenção da trilha, sendo o período uma
limitante para o uso. Convencionou-se que todas as segundas-feiras seriam
dedicadas a estes serviços e supervisões de segurança.
Distúrbio à fauna: apesar do sitio selecionado estar dentro da 'zona de uso
extensivo' no parque, a floresta por onde o traçado final foi estabelecido é
exuberante e é possível encontros com indivíduos da fauna como bugios,
macacos prego, antas, cotias, veado mateiro, aves, quatis e, sobretudo, o micoleão-preto, primata que já esteve na lista dos mais ameaçados de extinção do
mundo.
Dado sua relevância para a conservação da biodiversidade do PEMD, utilizou-se
o período de gestação da espécie como uma importante variável biológica que
deve restringir o acesso à trilha. Segundo Coimbra-Filho (1976), este período
compreende 132 a 134 dias e os partos acontecem com maior freqüência de
setembro a dezembro.
Os fatores de correção (FC) expressam-se em termos de porcentagem e para
calculá-los usou-se a seguinte fórmula geral:
FC=Ml/Mt*100 onde
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
978
FCp = fator de correção precipitação
FCm = fator de correção manutenção
FCf = fator de correção fauna
Ml = magnitude limitante da variável
Mt = magnitude total da variável
a) FCprecipitação
Considerou-se que apenas 30 dias do ano limitam de fato a realização de
excursões à trilha, quando as precipitações atingem os valores máximos
registrados no PEMD. Deste modo, o fator de correção para precipitação é:
FCp= 30dias limit./ano*100
365 dias/ano
FCp= 8,22 %
b) FCmanutenção
Se todas as segundas feiras serão fechadas para manutenção, então 52 dias
limitam a visitação.
FCm= 52 dias limit./ano *100
365 dias/ano
FCm = 14,24 %
c) FCfauna
FCf = 134 dias limit./ano * 100
365 dias/ano
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FCf = 36,71%
Feito isto, usa-se estes fatores para corrigir a CCF, conforme a formula a seguir
CCR=CCF*100-FCp*100-FCm*100-FCf
100
100
100
CCR = 727 * (100-8,22/100 * 100-14,24/100 * 100-36,71/100)
CCR = 727 * 0,92 * 0,86 * 0,63
CCR = 362 visitas/dia
A capacidade de carga real para a trilha é de 362 visitas por dia, ou seja este é o
limite máximo que a trilha pode suportar dadas as características e fatores
considerados para seu cálculo. A capacidade de carga efetiva é o produto da
comparação entre a capacidade de carga real (CCR) com a capacidade de
manejo da unidade (CM) através da formula CCE=CCR*CM/100, onde CM é a
porcentagem da capacidade de manejo mínima definida.
Visando a quali-quantificação da capacidade de manejo da unidade lançou-se
mão do método preconizado por Cifuentes, Izurieta e De Faria (2000), adaptandoo aos requerimentos do presente trabalho, cotejando a avaliação atual ao
apresentado por Pires, Faria e Monteiro (2007) com a avaliação de variáveis de
gestão mais sensíveis à gestão per si (Quadro 3).
Quadro 3. Avaliação atual da gestão e comparação com o apresentado por Pires, Faria e Monteiro
(2007), com pontuações variando de 0 a 4.
Indicadores
Plano de Manejo
Zoneamento
Nível de planejamento
Usos x objetivos
2005 2013*
3,50
3
4,00
4
4,00
2
3,00
2
...Continuação
Indicadores
Normatização de procedimentos
Situação fundiária
2005
4,00
4,00
2013
2*
4
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Programas de manejo
Administrador, pessoal
Corpo de
funcionários
técnico
e administrativo
Financiamento
Organização
Infra-estrutura
Equipamentos e materiais
Aceiros corta fogo
Demarcação física da UC
Continua...
3,10
4,00
3,16
2,30
3,75
3,00
4,00
3,00
4,00
1
1
2,5
1,5
2
2
1
2
3
Apoio e participação
Relações
Inter-institucional
comunitária
Relações Intra-institucionais
Respaldo ao pessoal
Programa de capacitação
Informações biofísicas
Informações cartográficas
Informações socioeconômicas
Informação legal
Pesquisas e projetos
Monitoramento/Retroalimentaçã
Total alcançado
o
Total ótimo
% do ótimo
* Avaliação fruto da percepção dos autores referente a julho de 2013.
4,00
3,00
2,00
1,00
1,00
4,00
4,00
4,00
3,00
3,00
3,00
84,81
104
81,54
1
1
2
1
0
2
4
2
4
1
0
52
104
50%
%
CCE = 362 * 50/100
CCE = 181 visitas/dia
981
O Quadro 3 demonstra que a gestão do PEMD teve uma queda bastante
significativa em sua eficácia, o que compromete todos os trabalhos levados a
termo para se acercar dos objetivos de manejo. Nas atuais condições gerenciais,
as pessoas que trabalham com o uso público no PEMD devem considerar esta
limitação como um importante mecanismo para o efetivo manejo do visitante e
dos impactos da visitação na unidade.
Vale considerar que os valores obtidos são resultado dos critérios estabelecidos
para proceder ao calculo da capacidade de carga e que alterações de manejo,
como por exemplo o tempo da visita, o tamanho dos grupos, o comportamento do
grupo, ou a distância mínima entre grupos, vai alterar significativamente esta
capacidade.
Certamente foram tais observações que induziram o idealizador do método a
afirmar que esses estudos não devem ser considerados como a solução aos
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problemas da visitação (Cifuentes 1992, p. 4), mas sim uma das ferramentas que
minimizam os impactos das atividades de uso sobre as áreas protegidas.
Monitoramento
A trilha já está pronta, já foi inaugurada e com uso freqüente. Agora precisa ser
adequadamente monitorada visando a responder se...
...a interpretação da trilha está alcançando os visitantes? qual a satisfação?
...as normas de gestão das trilhas estão sendo respeitadas?
...a capacidade de carga da trilha é respeitada e corresponde aos impactos?
...o limite aceitável de alteração do ambiente da trilha está sendo observado?
...as infraestruturas estão adequadas ao perfil e segurança dos usuários?
...
Respostas a essas perguntas são obtidas a partir de técnicas e metodologias
apropriadas, tais como o limite aceitável de mudanças (LAC) e o manejo do
impacto do visitante (VIM). No estado de São Paulo o Projeto Trilhas de São
Paulo lançou um manual bastante didático com os passos para se aplicar o VIM
(SMA, 2009) sendo, por esta razão, recomendado aqui, além do plano de
contingência do parque, que deve ser revisto e atualizado periodicamente.
Infelizmente, em recente evento ocorrido à época de redigir este trabalho, os
cicloturistas participantes não foram adequadamente orientados pela gestão do
parque e utilizaram as trilhas de pedestres durante o dia e à noite, inclusive a do
Barreiro da Anta, ocorrendo uma queda noturna que poderia ter sido muito grave,
seja para o usuário, para o gestor e mesmo para a instituição gestora (Figura 4).
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Figura 4. Uso inadequado da trilha Barreiro da Anta. Imagens retiradas do Facebook, 2013.
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4. Conclusão
O uso de sistemas de informações geográficas é cada vez mais presente no
planejamento e manejo de trilhas e neste trabalho não foi exceção, ao contrário,
foi o auxilio dessa ferramenta, com ortofotos digitais georreferenciadas de alta
resolução e precisão que permitiram o melhor traçado da trilha, com seleção de
recursos interpretativos importantes, "avistados" de cima, como as copas das
grandes árvores por exemplo. Ir a campo com um mapa gerado com as variáveis
necessárias para o melhor traçado foi uma facilidade que minimiza o tempo gasto
na seleção do sitio. O aparelho de GPS (Global Position System) foi fundamental
para conciliar o que foi planejado no escritório com o que era encontrado no
campo. Normalmente esses recursos são utilizados para preparar mapas de
trilhas existentes e nós fizemos o caminho inverso e certo.
Era evidente o potencial do ambiente para se desenvolver o tópico “Floresta e
Água”, dado a existência da “lagoa intermitente”, considerada o ápice da trilha por
ser a paisagem ecossistêmica diferenciada. Por sua vez, a seleção de três temas
principais foi fundamental para a compreensão do ambiente da trilha como um
todo: água, flora e biodiversidade, permitindo ao visitante descortinar de forma
prazerosa um pouco da dinâmica do ambiente florestal. A inserção da trilha no
Programa Criança Ecológica possibilitou a inclusão de novos e curiosos meios
interpretativos que despertam a curiosidade e a imaginação das pessoas. A
aceitação da trilha foi imediata após sua inauguração, sendo que o público em
geral demonstrou satisfação em conhecer novos ambientes do Parque.
A instalação dos painéis interpretativos foi uma estratégia bem interessante, pois
abriu
a
possibilidade
para
aqueles visitantes que não
desejam
estar
acompanhados de um monitor.Uma das principais estratégias pensadas ao abrir
essa trilha foi a dispersão dos impactos frente a grande demanda de visitação,
pois até o ano de 2008 existiam apenas duas trilhas, aspecto que foi fundamental
para a melhoria da manutenção das demais trilhas do Parque, como a trilha do
Morro do Diabo enfocada em outro artigo deste mesmo evento.
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A implantação desta trilha soma-se a outras ferramentas que visam consolidar o
objetivo de gestão do PEMD referente à educação ambiental e ao ecoturismo. Os
benefícios oriundos da manutenção de áreas protegidas têm relação direta com a
qualidade de vida das pessoas, mas a maior parcela da população não os
compreende, o que acarreta em posturas inadequadas frente ao uso dos recursos
naturais. Os visitantes que adentram as matas do PEMD desfrutam de momentos
de lazer, constituem uma demanda positiva, o que os torna mais abertos para
novas experiências, diálogos, novas intervenções que possam acarretar uma
mudança positiva de comportamento tendo em vista atitudes mais cidadãs.
Em uma trilha a informação deve ser passada de forma prazerosa e lúdica, leve e
agradável, conforme os princípios da interpretação citados neste artigo. A
qualidade da experiência implicará na mudança de postura que tanto se espera,
por isso esse novo atrativo, fundamentado em metodologias que preconizam
tanto a conservação do ambiente natural quanto a qualidade da visita, se mostrou
uma estratégia eficiente para se cumprir com mais efetividade a promoção da
educação ambiental e do ecoturismo.
Uma boa gestão de áreas protegidas passa necessariamente por conhecimentos
técnicos, pela legislação ambiental e uma boa gestão de pessoas. A gestão das
Áreas Protegidas é a gestão da questão humana, afinal as Áreas estão protegidas
da ação humana, para que sejam manejadas tendo em vista a melhoria da
qualidade de vida humana a partir do seu uso racional, ou inteligente. Afinal, do
ponto de vista da natureza a terra não possui limites.
Os limites somos nós que criamos dentro de um arranjo político do território, e
qualquer política de conservação têm de levar em conta que hoje a população da
Terra supera os sete bilhões de habitantes. Serão os interesses de usos destes
habitantes que irão gerar as pressões e as oportunidades para se gerenciar o uso
público nas Unidades de Conservação. A realidade é dinâmica e a conservação
da natureza tem de considerar esta dinâmica.
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Reconhecimento
Os autores desejam abraçar todos os monitores ambientais, estagiários e
funcionários do PEMD que participaram das atividades relatadas neste trabalho e,
em especial, saudar o mateiro 'Miquilica', Valdemar Martins de Carvalho, que
emprestou seu entusiasmo e alegria nas fases de abertura de picadas e limpeza
da trilha. Que seu espírito ilumine os que por lá andarem.
E agradecer o apoio do Fundo Estadual de Recursos Hídricos de São Paulo, ao
IBAMA e à Prefeitura Municipal de Teodoro Sampaio.
5. Bibliografia
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento
de impactos sobre padrões e processos ecológicos
MAPEAMENTO DOS ATRATIVOS E USOS NAS TRILHAS DO PARQUE
NATURAL MUNICIPAL FAZENDA DO CARMO, SÃO PAULO/SP
Jussara Christina Reis16
Angela Pellin17
Giovana Dominicci Silva18
Resumo
Sociedade; Uso Público; Unidade de Conservação; Ambiente Urbano; Mata Atlântica.
O PNMFC abriga uma área de 449 ha de Mata Atlântica na zona leste de São
Paulo, desempenhando importantes funções socioambientais na região. No
entanto, sofre com pressões relacionadas à urbanização do entorno e usos
conflitantes em seu interior, além do baixo reconhecimento da área enquanto uma
UC. Embora o PNMFC não esteja oficialmente aberto à visitação, ele apresenta
vários atrativos como trilhas, mirantes, áreas florestais, córregos e quedas d’água.
Conta com 09 trilhas que totalizam 16,33 km, implantadas em períodos distintos
para finalidades diversas. Atualmente, são utilizadas oficialmente para
fiscalização, manutenção e pesquisa, porém, também tem facilitado o acesso à
área para usos conflitantes. Os principais desafios associados ao uso das trilhas
são os usos religiosos desregrados, caça, consumo de drogas e outros usos
associados à criminalidade. Alguns autores destacam que um dos valores das
florestas urbanas reside na proximidade às pessoas e possibilidade de sua
integração com a sociedade, o que pode ocorrer quando está preparada para
receber visitantes e oferecer uma experiência agradável e educativa, na qual as
trilhas constituem-se como importantes instrumentos. Neste sentido, o presente
trabalho buscou caracterizar o PNMFC, identificando os principais atrativos e
impactos relacionados às suas trilhas. Para tanto, foram conduzidas revisão
bibliográfica, entrevistas com funcionários da UC e observações diretas em
campo. Concluiu-se que o PNMFC apresenta atrativos que poderiam compor um
programa estruturado de uso público. Vários impactos foram identificados e
parecem estar relacionados à fragilidade da fiscalização atual, mas também, à
inexistência de outros usos compatíveis com a categoria da UC. Um programa de
uso público estruturado e revisão do atual sistema de trilhas pode constituir um
importante instrumento de aproximação da sociedade, já que estas poderão ser
utilizadas para possibilitar interações positivas entre os visitantes e a natureza.
Resumen
16
jussara@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas
angela@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas
18 giovana@arvorar.com IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
992
Sociedad; Uso Publico; Area protegida; Ambiente Urbano; Mata Atlântica.
El PNMFC tiene una superficie de 449 hectáreas de Bosque Atlántico en el este
de São Paulo, con un importante papel socio ambiental en la región. Sin embargo,
sufre de presiones relacionadas con la urbanización de los alrededores y usos
conflictivos internamente, además también sufre con su bajo reconocimiento
como un área protegida. Aunque PNMFC no este oficialmente abierto a la
visitación, presenta varios atractivos como senderos, miradores, bosques, arroyos
y cascadas. Tiene un total de 09 rutas con un total de 16,33 kilómetros,
implantadas en momentos diferentes para diferentes propósitos. Actualmente, se
utilizan oficialmente para la fiscalización, el mantenimiento y la investigación, sin
embargo, también ha facilitado el acceso para usos conflictivos. Los principales
problemas asociados con el uso de los senderos son los usos religiosos sin
control, la caza, el uso de drogas y otros usos relacionados con la criminalidad.
Algunos autores señalan que uno de los valores de los bosques urbanos es que
se encuentra muy cerca de las personas y tiene la posibilidad de gran integración
con la sociedad, lo que puede ocurrir cuando está listo para recibir a los visitantes
y proporcionar una experiencia agradable y educativa, con los senderos siendo
importantes instrumentos. En este sentido, el presente estudio tuvo como objetivo
caracterizar el PNMFC, la identificación de los principales lugares de interés y los
impactos relacionados con los senderos. Por lo tanto, se realizó una revisión de la
literatura, entrevistas con el personal del área protegida y observaciones directas
en el campo. Se concluyó que el PNMFC presenta diversos lugares de interés
que podrían componer un programa estructurado para el uso público. Se
identificaron varios impactos que parecen estar relacionados con la fragilidad de
la fiscalización actual, sino también a la ausencia de otros usos compatibles con
la categoría del área protegida. Un programa de uso público estructurado y la
revisión del sistema de senderos actual puede ser una herramienta importante
para la aproximación de la sociedad, ya que pueden ser utilizados para facilitar las
interacciones positivas entre los visitantes y la naturaleza del Parque.
1. Introdução
Embora as florestas Atlânticas constituem-se como o segundo maior bloco de
florestas tropicais úmidas da América do Sul, elas encontram-se entre as mais
ameaçadas do mundo, uma vez que grande parte de sua área de distribuição
coincide com as regiões brasileiras mais populosas (VIANA e TABANEZ, 1996).
Esta realidade torna-se ainda mais complexa quando estendidas às grandes
metrópoles, a exemplo da cidade de São Paulo considerada como o maior
aglomerado urbano do país (SEADE, 2013).
Embora a cidade de São Paulo apresente cerca de 40% de seu território com
algum tipo de cobertura vegetal, poucas áreas (20,06%) são cobertas por
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vegetação nativa e destinadas, efetivamente, para a conservação ambiental
(SVMA e IPT, 2004). Esta vegetação está mais conservada e concentrada em
regiões de cabeceiras de rios e de proteção aos mananciais, normalmente
localizadas nas porções norte e sul do município de São Paulo. Em outras
regiões, como na Zona Leste – que abriga o Parque Natural Municipal Fazenda
do Carmo (PNMFC), área de estudo deste trabalho - a vegetação encontra-se
bastante fragmentada e dispersa (MALAGOLI et al, 2008). É importante
considerar que poucas dessas áreas cobertas por vegetação nativa estão
inseridas em algum tipo de unidade de conservação (UC) (MALAGOLI et al,
2008), evidenciando a importância do PNMFC para a conservação do maior
fragmento de vegetação da Zona Leste e qualidade socioambiental local.
Diversos autores (SOUZA, 2010; MENEZES, MENDES, 2001), analisaram os
valores e benefícios das áreas protegidas urbanas e destacaram o grande
potencial dessas áreas tanto em sua dimensão ambiental, quanto socioeconômica
e cultural, estética e educacional; sendo estes últimos o enfoque deste estudo.
McNeely (2001) destaca a proximidade das pessoas às florestas urbanas, como
valor fundamental destas áreas. Para o autor, um dos seus grandes potenciais
seria a possibilidade de uma maior integração da UC com a sociedade, o que
pode ocorrer quando a área está preparada para receber visitantes, oferecendo
uma experiência significativa e educativa.
De fato, as áreas naturais são locais ideais para processos educativos, uma vez
que representam verdadeiros laboratórios vivos que oferecem oportunidades
únicas
para
a
(re)aproximação
das
pessoas
aos
ambientes
naturais,
possibilitando reflexões, troca de saberes e aquisição de novos conhecimentos,
além de despertar sentimentos de pertencimento, fatores que vão ao encontro
dos pressupostos da educação ambiental e da conservação da natureza
(VASCONCELLOS, 2006).
Von Behr (2012) destaca que UCs em áreas urbanas, preparadas para a visitação
pública e que estabelecem uma relação inclusiva com a comunidade local, são
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estratégicas para o alcance do apoio da sociedade para a conservação. Segundo
ele, é necessário estimular cada vez mais que as pessoas conheçam e desfrutem
desses espaços, pois estas áreas desempenham um papel pedagógico
fundamental no sentido de ter a comunidade aliada na defesa do meio ambiente.
Dentre as diversas estratégias que podem contribuir para o processo de
integração entre UC e sociedade, destacam-se as trilhas por serem espaços que
atraem um público diverso e possibilitarem atividades múltiplas, seja para o lazer,
cultura, esporte, religião e, conforme Oliveira et al. (1999), para sensibilização e
educação ambiental. Destaca-se que as trilhas são reconhecidas como valiosos
instrumentos de programas de educação ao ar livre ao propiciar atividades que
revelem os significados e as características do ambiente por meio do uso dos
elementos físicos, simbólicos, recursos ilustrativos e pela experiência direta
(ARAÚJO e FARIAS apud SILVA et al., 2012).
Entretanto, o fomento do seu uso também requer planejamento, monitoramento e
manejo, já que estas são susceptíveis a vários impactos. Magro e Talora (2006)
mencionam que tais impactos podem decorrer tanto de fatores internos quanto
externos, podendo estar associados ou não ao uso público. Para as autoras, as
transformações antrópicas de cunho não recreacionais, constituem como grande
desafio para o manejo desses locais, tendo em vista que as pressões internas
relacionadas ao uso público podem ser trabalhadas de forma direta e eficiente,
diferentemente das pressões antrópicas externas, as quais são complexas,
dinâmicas e tendem a se ampliar, a exemplo dos agentes poluidores e a
expansão urbana.
O PNMFC encontra-se neste contexto, assim o presente trabalho buscou realizar
uma caracterização geral da UC, bem como identificar os principais atrativos,
usos, e respectivos impactos, relacionados às suas trilhas, de forma a contribuir
para o planejamento do uso público da unidade.
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2. Metodologia
Foram realizadas revisões bibliográfica, documental e consultados materiais
disponibilizados pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo
(SVMA). Este levantamento foi complementado com a realização de observações
diretas no PNMFC e seus arredores, cujos aspectos de interesse para o estudo
foram registrados por meio de coordenadas geográficas, fotografias e anotações.
Com o intuito de caracterizar as trilhas e demais atrativos do PNMFC de interesse
para visitação pública foram realizadas saídas de campo em março de 2013, e
entrevistas não estruturadas junto aos funcionários do PNMFC.
Esses dados foram coletados entre fevereiro e março de 2013 durante o processo
de diagnóstico para a elaboração do plano de manejo do Parque realizado pela
Prefeitura Municipal de São Paulo/ SVMA por meio de consultoria executada pelo
IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas.
3. Resultados e discussão
Caracterização da Área de Estudos
O PNMFC foi criado pelo Decreto Municipal nº 43.329/2003, com o intuito de
preservar e recuperar características dos ecossistemas originais de uma área de
449,78ha que já fazia parte da Área de Proteção Ambiental Parque e Fazenda do
Carmo. Esta UC está localizada na região da Subprefeitura de Itaquera – cidade
de São Paulo (Figura 1), sendo a responsável por abrigar o maior remanescente
florestal da Zona Leste da cidade.
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Figura 1. Mapa de localização do PNMFC.
997
O seu entorno é constituído principalmente de bairros com altos índices de
adensamento populacional, onde as famílias são predominantemente de baixa
renda, contendo cerca de 10% das favelas da cidade de São Paulo. Tal
informação, aliada aos dados de renda e educação, revela a alta fragilidade social
do entorno do Parque. A região apresenta sérios déficits quanto à infraestrutura
urbana, principalmente em questões ligadas ao saneamento básico, segurança
pública, às áreas verdes e também em equipamentos culturais, de lazer e
atrativos turísticos. Os estudos realizados durante o plano de manejo
identificaram a presença de pelo menos 507 espécies de plantas, onde 5 se
enquadram em alguma categoria de ameaça, incluindo a Campomanesia phaea
(o cambuci), uma espécie endêmica e rara, símbolo da cidade de São Paulo. Para
a fauna estima-se que o Parque abrigue 166 espécies, sendo 11 répteis; 148
aves, como o jacuaçu (Penelope obscura) e o papagaio-verdadeiro (Amazona
aestiva), consideradas “quase ameaçadas” de extinção; e 07 mamíferos, como a
Preguiça-de-três-dedos (Bradypus variegatus).
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Além dos valores associados à biodiversidade, este fragmento de vegetação
apresenta um importante papel no equilíbrio ambiental da Zona Leste, uma vez
que abriga inúmeras nascentes e funciona como um elemento regulador dos
processos hidrológicos, ecológicos, geomorfológicos e climáticos. O PNMFC
também apresenta grande importância hídrica com nascentes e córregos que
contribuem com a formação do Rio Aricanduva, afluente do Rio Tietê. No entanto,
a falta de saneamento adequado nos bairros do entorno tem acarretado graves
consequências aos recursos hídricos do interior do Parque, que atualmente
apresenta parte dos seus cursos d’água contaminados por esgoto. Outro
problema é o depósito inadequado de lixo e entulhos, principalmente nas margens
das avenidas que circundam o Parque e nos pontos de entrada desta UC.
Como toda floresta urbana, o PNMFC é circundado por uma matriz altamente
impermeável, caracterizada por áreas antropizadas e urbanizadas na maior parte
de seus limites. Esta questão acarreta constantes pressões em suas bordas e
impede praticamente qualquer tipo de troca genética entre as populações da
maioria das espécies da fauna e flora ali presentes com populações localizadas
em outros remanescentes do município. Essa situação acaba desencadeando um
efeito em cascata, pois afeta os processos ecológicos resultando em um gradativo
empobrecimento do número de espécies.
Intensificando a problemática exposta, vale ressaltar que também são frequentes
os relatos de vandalismo, além da abertura de clareiras para usos religiosos e da
presença de queimadas e de usos indevidos (uso de drogas, depósito de
resíduos, abandono de cadáveres, acampamento/abrigo de andarilhos) no interior
dessa UC, provocando impactos diretos sobre a UC.
Dentro desse contexto ainda é relevante considerar que a UC conta com poucos
recursos humanos e não dispõe de programas estruturados de apoio a
fiscalização, manejo / manutenção, pesquisa e uso público. O Parque também se
encontra desprovido de qualquer ação e processo de integração, educação e
sensibilização ambiental com a comunidade do entorno, havendo, neste sentido,
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um baixo reconhecimento da área enquanto uma UC. Outro ponto de destaque
está ligado à insuficiência e precariedade de suas infraestruturas, fato que as
tornam inadequadas para a gestão, fiscalização e recepção dos visitantes.
Caracterização dos atrativos
Embora o PNMFC não encontre-se oficialmente aberto à visitação, ele apresenta
um significativo potencial para o uso público, com destaque para as trilhas que
dão acesso a mirantes, áreas florestais em diferentes estágios de regeneração,
córregos e quedas d’água.
Mirantes
Os mirantes naturais do PNMFC (Figura) oferecem vistas para diversos pontos da
região, onde é possível contemplar a floresta e a cidade, reforçando a
característica do Parque de ser uma UC urbana.
999
Figura 2. Mirantes do PNMFC acessados por trilhas.
Corpos Hídricos
Embora o PNMFC encontre-se em uma grande metrópole e região de intenso
adensamento populacional, onde corpos hídricos tendem a ser canalizados,
soterrados, e apresentar poluições visíveis, a UC resguarda paisagens
diferenciadas pela presença de córregos, nascentes e bicas d’água, em sua
maioria com aparência cristalina e presença de vegetação ciliar, constituindo
como elementos potenciais para a contemplação, interpretação e educação
ambiental. Entretanto, a maioria destes locais encontra-se assoreada e com
presença de lixo (Figura 3).
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Figura 3. Impactos nos recursos hídricos do PNMFC com potencialidades para o uso público.
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Embora estas áreas não apresentem condições para banho, elas têm sido usadas
para essa finalidade. Outras pressões que incidem sobre estas áreas são os usos
ilícitos, como consumo de drogas. O local que apresenta maior conflito de uso é
um lago, represado artificialmente, o qual é frequentemente utilizado para banho
por crianças e adultos mesmo encontrando-se em condições insalubres (Figura
4).
1001
Figura 4. Uso recreativo em lago poluído. Fonte: PNMFC
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Trilhas
O PNMFC possui trilhas abertas em períodos distintos para finalidades diversas,
como manutenção das antigas fazendas existentes na área, usos religiosos,
acesso aos atrativos da UC e outros locais de lazer da região, além de servirem
como caminhos alternativos para moradores do entorno. Estes usos ligados,
principalmente, ao lazer e religiosidade diminuíram significativamente após a
instalação das bases de proteção e fiscalização do PNMFC há quatro anos, onde
a autorização do acesso à UC restringiu-se somente à pesquisa científica.
É neste período, também, que as trilhas existentes foram adequadas para o
trabalho de fiscalização e manutenção, incluindo a instalação de infraestrutura e
abertura de novos caminhos. As trilhas estão também relacionadas à exploração
irregular dos recursos naturais como caça, e, ainda utilizadas para ações ilícitas
como consumo de drogas e abandono de cadáveres.
Como consequência destes usos diversos, o PNMFC encontra-se constituído por
trilhas em praticamente toda sua extensão. Esse sistema de trilhas é totalmente
conectado, sendo possível acessar praticamente todas as regiões do Parque.
Destaca-se que esta característica, embora possa facilitar o acesso às regiões
pela equipe de fiscalização e manutenção, também deixa a UC em situação de
maior vulnerabilidade às intervenções antrópicas, sobretudo os seus ambientes
mais frágeis como nascentes e áreas em regeneração.
Considerando que atualmente as trilhas são constituídas por inúmeros caminhos
alternativos e não encontram-se estruturadas para visitação, optou-se para este
levantamento priorizar os trajetos que levassem à regiões distintas do PNMFC e
que apresentassem potencialidade para o uso público. Sendo assim, foram
mapeadas 09 trilhas, totalizando 16,33 km (Figura5 e Tabela1).
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1002
1003
Figura 5. Mapeamento das trilhas e atrativos do PNMFC.
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3.263
3h
B
Trilha do Urubu I
2.526
2h
M
X
X
Trilha do Urubu II
1.310
2h
B
X
X
Trilha do Chuchu
2.076 1h40
B
X
Piscinão II
1.537 1h30
B
X
Tabor/SESC
1.566 1h40
B
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
IA
IA
L
IA
Principais problemas/ Impactos
Trilha da Bica
d’Água/Tabor
X
L
IA
Facilidades de acesso
X
X
Potencial Uso Público**
B
X
Ilícitas (drogas/criminalidade)
1h
Religiosa
1.626
X
Fiscalização
Ronda do P1 –
Aricanduva
X
Banho
X
Caminhada
X
Flora
M
Atividades
Fauna
1.737 1h40
Histórico-cultural
Mirante
Ronda do
P1 - I
Trilha/Trajeto
Corpos d’água
Formação rochosa
Atrativos
Grau de dificuldade*
Tempo de percurso (estimativa)
Extensão total (m)
Tabela 1
Síntese das características das trilhas percorridas no PNMFC.
Raízes expostas, vestígios de fogo, lixo,
clareiras, atalhos, resíduos de oferendas
religiosas.
Entulhos, vestígios de fogo, lixo,
X resíduos de oferendas religiosas,
espécies exóticas e ocupação irregular.
Espécies exóticas, lixo, vandalismo,
atalho.
Clareiras, atalhos, animais exóticos,
resíduos de culto religioso, vestígio de
X
fogo, lixo, áreas alagadas, raízes
expostas e erosão.
Espécie de flora exótica e áreas
alagadas.
Entulho, lixo, atalho, e espécie de flora
exótica.
Erosão, raízes expostas, atalhos,
X clareiras,
resíduos
de
oferendas
religiosas com uso de velas.
Problemas de drenagem, erosão e
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Principais problemas/ Impactos
Facilidades de acesso
Potencial Uso Público**
Ilícitas (drogas/criminalidade)
Religiosa
Fiscalização
Banho
Caminhada
Flora
Atividades
Fauna
Histórico-cultural
Mirante
Corpos d’água
Formação rochosa
Grau de dificuldade*
Tempo de percurso (estimativa)
Extensão total (m)
Trilha/Trajeto
Atrativos
atalho.
Espécie de flora exótica, esgoto,
Gleba do Pêssego 694 40min B
X
X
X
entulhos e lixo.
*Definição do grau de dificuldade (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2008): Baixo (B)= O terreno é quase plano, sem trechos difíceis ou exigentes para o usuário.
Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode usá-la sem restrições. No mínimo 80% do percurso são suaves para todo tipo de usuário. Médio (M)= O percurso
apresenta alguns trechos mais difíceis e exigentes do que outros. A velocidade do percurso é prejudicada pela necessidade de descanso. A metade do
percurso requer um esforço adicional do usuário menos capacitado fisicamente. Alto (A)= As exigências físicas requeridas são um aspecto de segurança para
o próprio usuário. Existe uma série de obstáculos físicos que o visitante deve vencer para concluir a trilha. 80% da trilha exigem maiores esforços físicos do
que os 20% restantes. **Potencial Uso Público: Lazer (L)= caminhadas de caráter recreativo. Interpretação Ambiental (IA)=caminhadas de caráter
educativo, podendo ser guiadas ou autoguiadas.
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1005
Considerações sobre as trilhas
Este levantamento visou à caracterização geral das trilhas, incluindo atrativos, usos
e principais impactos decorrentes. No que diz respeito ao seu estado de
conservação foi possível verificar a existência de trechos que requerem maiores
intervenções para sua recuperação por apresentarem problemas de drenagem,
erosão e raízes expostas. Também foram identificados trechos com potencialidade
de interpretação ambiental que necessitam de infraestrutura de apoio ou facilitação
do percurso. Outro problema observado foram os inúmeros atalhos que levam ao
mesmo local de destino ou diferentes regiões do PNMFC, que conforme já
sinalizado,
podem
colocar
ambientes
fragilizados
em
situação
de
maior
vulnerabilidade com a abertura da UC para visitação. Neste sentido, é recomendável
a elaboração de estudos específicos para avaliar a viabilidade deste sistema (Figura
6).
1006
Figura 6. Trechos com erosão e atalhos.
Além disso, as trilhas apresentam diversos pontos com resíduos sólidos
relacionados, sobretudo, aos trechos que margeiam as avenidas e pontos de ônibus,
além dos atrativos ligados aos recursos hídricos. Estes últimos concentram os usos
mais conflitantes, como banho em local inapropriado, consumo de drogas, uso de
fogo e abandono de cadáveres, o que contribui para a insegurança destas trilhas as
quais, por sua vez, constituem-se como os principais atrativos da UC. Pelo fato do
PNMFC abrigar um dos poucos fragmentos florestais da região, ele apresenta uma
procura significativa por religiosos, especialmente por afro-religiosos e evangélicos.
Destaca-se que trata-se de um uso antigo que foi drasticamente reduzido com a
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instalação da segurança no PNMFC.
Tais usos religiosos constituem-se como
conflitantes na medida em que são utilizadas velas e materiais não biodegradáveis,
que acabam gerando impactos sobre o local. O uso de clareiras por grandes grupos
evangélicos e novas aberturas, também provocam impactos diretos sobre a
vegetação (Erro! Fonte de referência não encontrada. 7).
Figura 7. Impactos decorrentes de usos religiosos: resíduos sólidos, uso de fogo e clareiras.
Embora esses usos religiosos provoquem impactos sobre o PNMFC, ressalta-se,
que essas diferentes práticas revelam a importância simbólica de suas áreas
naturais para estes grupos, os quais, por sua vez, atribuem um sentido espiritual à
UC, podendo constituir-se como importantes parceiros para a proteção do local.
Desta forma, o reconhecimento do direito desse grupo em acessar o PNMFC,
associado à regulamentação desse uso apontam-se como a melhor alternativa. Para
tanto, se faz necessário aprofundar o conhecimento sobre o grupo e iniciar um
processo de diálogo e negociação.
Destaca-se que as trilhas e demais atrativos fazem com que o PNMFC apresente
também, um grande potencial turístico. Além disso, apresenta áreas de floresta em
bom estado de conservação e recursos hídricos o que pode atrair visitantes que
apreciem o contato com a natureza e educadores ambientais com grupos de
estudantes, que tem a oportunidade de utilizar o PNMFC como um verdadeiro
laboratório ao ar livre. O Parque ainda pode proporcionar a observação de algumas
espécies ameaçadas e espécies carismáticas como o bicho-preguiça (Figura 8). Isso
assume ainda mais destaque considerando a localização da UC, no interior de um
grande centro urbano.
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978-85-88769-56-4
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Figura 8. Preguiça-de-três-dedos (Bradypus variegatus)
Fonte: PNMFC
A partir deste levantamento verificou-se que as trilhas e infraestruturas associadas à
visitação no Parque necessitam de investimentos em manutenção e implantação de
novas estruturas para atender com mais segurança e conforto os visitantes. Da
mesma forma, também são necessárias ações no sentido de incrementar seus
recursos
humanos
dedicados
ao
atendimento
de
visitantes
e
acompanhamento/monitoramento dessa atividade, tanto em relação à quantidade,
quanto à capacitação.
4. Conclusão
O PNMFC apresenta atrativos que podem compor um programa estruturado de uso
público voltado a um público bastante diverso, como moradores, estudantes,
religiosos, esportistas, dentre outros. No entanto, vários impactos foram identificados
e parecem estar relacionados à falta de estrutura da fiscalização atual, mas também,
à falta de outros usos compatíveis com a categoria da UC. A dinâmica urbana em
que o Parque encontra-se torna a questão extremamente complexa, requerendo
esforços multisetoriais para saná-la. No entanto, a ampliação do diálogo com o
entorno, implantação de infraestrutura mínima e ampliação da segurança no local
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podem contribuir para a construção de um processo de apropriação do Parque pela
sociedade e minimização de tais impactos. Um programa de uso público estruturado
e a revisão do atual sistema de trilhas podem constituir-se como um importante
instrumento, já que estas poderão ser utilizadas para possibilitar interações
enriquecedoras entre os visitantes e a natureza.
5. Bibliografia
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Paulo: FF, 2008.
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Disponível
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Agradecimentos
À Prefeitura Municipal de São Paulo, Secretaria do Verde e Meio Ambiente e equipe
do PNMFC.
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e monitoramento de
impactos sobre padrões e processos ecológicos
TRILHAS INTERPRETATIVAS EM AMBIENTE DE MATA ATLÂNTICA:
UMA ANÁLISE COM BASE NA ESTRUTURA DA FLORESTA
Ddo. Marcial Cotes19
Dr. Marcelo Schramm Mielke20
Resumo
Palavras chave: Abertura do Dossel. Fotografias Hemisféricas. Cobertura Florestal.
Trilhas são caminhos abertos ou existentes que apresentam variação na forma,
função, distância, nível de dificuldade e objetivos. Quanto à forma são classificadas
em circular, em oito, linear e atalho. Trilhas interpretativas (TI) são aquelas que,
considerando seus recursos naturais e culturais, selecionam-se indicadores de
atratividade para serem interpretados por guias, folhetos explicativos ou painéis. Os
pontos interpretativos são utilizados para propiciar a percepção do mundo natural. A
busca por contato com a natureza vem proporcionando uma demanda para TI no
mercado ecoturístico, de atividades de aventura e esportes que utilizam áreas
naturais. A abertura do dossel (AD) obtida por meio de fotografias hemisféricas (FH)
é um parâmetro amplamente utilizado por ecólogos que estudam ecossistemas
florestais. A AD tem sido empregada, por exemplo, em estudos que visam
determinar os padrões de espaço no interior de florestas, o nível de regeneração em
clareiras e a análise da influência das condições microclimáticas no interior de
fragmentos. O objetivo desse trabalho foi verificar a viabilidade das FH como
ferramenta para avaliar a cobertura florestal de TI, contribuindo para caracterização
e formatação de trilhas em ambientes florestais de Mata Atlântica (MA). Os dados
foram coletadas em duas TI localizadas no sul da Bahia, mas distintas em termos de
classificação, distância percorrida, público alvo e pontos interpretativos. As análises
dos dados sugerem que ambas as trilhas investigadas têm percentual de AD
compatível com os encontrados na literatura, ou seja, entre 2% e 18%. Os
resultados indicam a possibilidade do uso das FH como ferramenta simples e eficaz
para a elaboração de planos de manejo e formatação, bem como, para o
monitoramento do impacto de uso de TI em ambientes florestais.
19
cotesmarcial@yahoo.com.br Especialista em Biologia de Florestas Topicais e Me. em Meio
Ambiente pela Universidade Estadual de Santa Cruz / UESC Doutorando no programa de PósGraduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina / UFSC
Docente do Departamento de Ciências da Saúde / UESC
20 msmielke@uesc.br Docente do Departamento de Ciências Biológicas / UESC
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Resumen
Palabras clave: Abertura Del Dosel. Fotografías Hemisféricas. Cobertura Forestal.
Los senderos son caminos abiertos o variación programa existente de forma,
función, distancia, nivel de dificultad y objetivos. En cuanto a la forma en que se
clasifican en circular en ocho lineal y de acceso directo. Senderos interpretativos (SI)
son aquellas que, teniendo en cuenta sus recursos naturales y culturales, se
seleccionan los indicadores del atractivo de ser interpretada por guías, folletos o
paneles. Los puntos de interpretación se utilizan para proporcionar la percepción del
mundo natural. La búsqueda de contacto con la naturaleza ha proporcionado una
demanda de mercado de SI ecoturismo, actividades de aventura y los deportes que
utilizan los espacios naturales. La abertura del dosel (AD) obtenida mediante
fotografías hemisféricas (FH) es un parámetro muy utilizado por los ecologistas que
estudian los ecosistemas forestales. La AD se ha utilizado, por ejemplo, en los
estudios para determinar los patrones de espacio en el interior de los bosques, el
nivel de la regeneración en los claros y el análisis de la influencia de las condiciones
microclimáticas dentro de fragmentos. El objetivo de este trabajo fue verificar la
viabilidad de FH como una herramienta para evaluar la cobertura forestal de SI, la
que contribuye a la caracterización y el formato de senderos en el bosque entornos
Bosque Atlántico (BA). Los datos fueron recolectados en dos, situado en el sur de
Bahia, pero distintas en cuanto a la clasificación, la distancia, público objetivo y
puntos de interpretación. El análisis de los datos sugiere que las dos senderos han
investigado porcentaje de AD consistentes con la literatura, o entre 2% y 18%. Los
resultados indican la posibilidad de usar FH como herramienta simple y eficaz para
la preparación de planes de manejo y de formato, así como para controlar el impacto
de uso de SI en entornos forestales.
1. Introdução
A diversidade de vida na terra tem padrões heterogêneos. Os estudos apontam
alguns aspectos para considerar como latitude, longitude, altitude, relevo, espaço,
tempo, distância da borda, relações de espécies-energia e de riqueza local e
regional e grau de isolamento, que podem motivar a diversidade de riqueza de
espécies em uma determinada região (GASTON, 2000; BERRY, 2002). Tonhasca
Jr. (2004; 2005) estima os valores culturais, estéticos, artísticos, científicos,
espirituais e de recreação do ecoturismo. Para o autor a demanda pelas atividades
de lazer como caminhadas, ciclismo, canoagem, acampamentos, alpinismo etc. em
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áreas de Mata Atlântica (MA), caracteriza “a identidade afetiva dos brasileiros com
essa floresta (2004, p. 67)”. O que fica evidente quando analisamos o denso
povoamento urbano nos domínios da MA brasileira (MAURY, 2002).
Trilhas interpretativas (TI) são aquelas que, após trabalho minucioso dos pontos
potenciais para serem interpretados, considerando seus recursos naturais e
culturais, levantamento e seleção de indicadores de atratividade, fatores naturais
como diversidade de vegetação, corpos d’água adjacentes, áreas históricas ou
arqueológicas, presença de animal silvestre são formatadas e abertas para o uso
público (MAGRO; FREIXÊDAS, 1998). Outro aspecto interessante é que possam ser
interpretadas por guias, folhetos explicativos ou painéis, considerando a facilidade
de identificar no campo os pontos para uma posterior escolha dos mais atraentes e
educativos para serem formatados (LECHNER, 2006). Os pontos interpretativos são
utilizados com o objetivo de propiciar aos visitantes um momento de percepção do
mundo
natural
e
suas
sutilezas
e
exuberância
(HESSELBARTH;
VACHOWSKI,1999).
1013
As trilhas são caminhos abertos ou que já existem, onde apresentam variações nas
formas, funções, distâncias e níveis de dificuldade (COTES et al., 2007). Quanto à
forma, podem ser classificadas em trilha circular, em oito, linear e atalho (LECHNER,
2006). Para Guillaumon et al. (1977) trilhas são consideradas um impacto do ser
humano no meio ambiente natural. Os autores defendem que o ser humano causa
impactos físicos, visual e sonoro no meio ambiente natural. Trilhas em UC’s utilizam
áreas com vegetação frágeis e com o uso os impactos são notados, principalmente,
no solo pelo processo de pisotear/compactação. Alterando o fluxo hídrico entre um
lado e outro da trilha, sua capacidade de reter água e inviabilizando os processos de
regeneração da flora e da microfauna do solo (MAGRO, 1999; LECHNER, 2006).
O dossel florestal é o termo utilizado para designar o conjunto de copas de árvores,
abrangendo grande diversidade de interações bioquímicas, físicas e químicas,
sendo a porção receptora da maior parte da energia que sustentam esses
ecossistemas (GCP, 2004). Estudos para determinar o nível de luminosidade e
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abertura do dossel (AD) são empregados há algum tempo, entretanto, nas últimas
décadas estes trabalhos estão sendo utilizados com mais frequência, pela facilidade
proporcionada no uso de câmeras digitais. Dentre estas pesquisas, encontra-se o
emprego de fotografias hemisféricas (FH) para determinar padrões de espaço no
interior de FT (TRICHON et al.,1998); comparações das variações espaciais e
temporais e o grau de cobertura do dossel (BIANCHINI et al., 2001); nível de
regeneração em clareiras de floreta Atlântica na reserva de Santa Genebra no
município de Campinas, estado de São Paulo (MARTINS; RODRIGUES, 2002);
comparação dos resultados de AD com a utilização de diferentes tipos de máquinas
fotografias e lentes hemisféricas (INOUE et al., 2004); checagem da influência das
condições climáticas em distintos fragmentos em escala regional, se a formação de
borda nestes fragmentos determina mudanças na AD em fragmentos de florestas
Atlânticas, no estado do Rio de Janeiro (RAMOS; SANTOS, 2006); e estimativa de
AD e índice de área foliar (NASCIMENTO; FELFILI; FAGG, 2007).
Nesta pesquisa, foram utilizadas FH para comparar duas TI em área de MA, no sul
da Bahia. As TI são um dos produtos emergentes no mercado ecoturístico e de
atividades físicas de aventura na natureza (AFAN) (COTES et al., 2007; BETRÁN;
BETRÁN, 1995); todavia, os estudos desenvolvidos até o momento, não se
preocuparam em analisar o dossel florestal. Além disto, não há trabalhos para TI
utilizando FH como ferramenta para sua formatação, avaliação do impacto da
abertura de trilhas e de uso, o que revela uma lacuna na área. O objetivo da
investigação foi propor a utilização do recurso de FH, como mais uma ferramenta,
para formatação e avaliação de TI voltadas para o ecoturismo e para as AFAN.
2. Material e métodos
Os dados da pesquisa foram coletados entre dois de agosto e oito de outubro de
2007, em duas TI em área de MA – floresta tropical úmida – no sul da Bahia. O clima
da região e do tipo tropical úmido, quente com chuvas de verão e outono, segundo
Wilhem Köppen. Para Frota (1972), o clima é quente e úmido, sem estação seca e
com pluviosidade superior a 1.300mm/ano.
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O clima do município de Ilhéus apresenta temperaturas médias anuais que variam
entre 22º a 25ºC, sendo na faixa litorânea maiores e com menor amplitude térmica.
O índice de precipitação apresenta gradiente com total anual superiores a 1.000mm,
podendo
a
atingir
2.700mm
na
faixa
litorânea
(dados
coletados
na
CEPLAC/CEPEC/CLIMATOLOGIA). Em função das características climáticas, a
vegetação é denominada floresta perenifólia latifoliada higrófila hileana, nomeada de
MA (CEPLAC,1975).
A TRILHA INTERPRETATIVA DA RPPN ECOPARQUE DE UNA
A TI da RPPN Ecoparque de Una (coordenadas geográficas 15°10'16"S/39°3'31"W),
localizada no município de Una, tem como principal diferencial trecho de passarelas
suspensas entre copas de árvores (COTES et al., 2007).
A trilha tem 2.100 m de distância total e trecho de passarelas suspensas com 97 m
de estruturas, aproximadamente (FIGURA 1). Onde, encontram-se quatro pontes,
em forma de L, intercaladas por três plataformas (COTES et al. 2007). A estrutura de
passarelas suspensas interconectadas por plataformas possibilita ao visitante, ter a
perspectiva da floresta vista de cima, o que influencia no nível de satisfação. As
passarelas são seguras, há constante manutenção e não é necessária a utilização
de equipamentos de segurança (COTES; FONTOURA, 2006).
No início pode ser observada uma plantação de seringueiras e visualizar a extração
do látex, após uns 220 m aproximadamente, tem início o trecho considerado de
mata em regeneração para, somente após 545 m de seu início, aproximadamente,
entrarmos na área denominada mata primária Figura 1 (COTES et al., 2007).
Entrada Figura 1
A TRILHA INTERPRETATIVA DA RPPN JANELA DA GINDIBA
A TI da RPPN Janela da Gindiba é localizada na fazenda Bela Vista (coordenadas
geográficas 14° 12’ 01’ W e 39° 01’ 04’’ S) no município de Serra Grande, sul da
Bahia. Conta com aproximadamente 1650 m de distância, destes 425 m é de
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sistema agroflorestal (SAF) no início, para somente depois entrar no trecho de mata
primária (Figura 3). O trecho de SAF é o mesmo do percurso de retorno, após o
trecho de mata.
Seu grande atrativo é uma gindiba (Sloanea sp.) de aproximadamente 25 m de
altura, que curiosamente tem uma janela natural – buraco de aproximadamente 30
cm de diâmetro – em sua raiz tabular. Quanto ao formato da trilha em seus 425 m
iniciais
é
linear,
para
depois
entrar
em
trecho
circular
de
mata
com
aproximadamente 800 m, e retornar ao trecho inicial de SAF, Figura 2.
Entrada Figura 2
FOTOGRAFIAS HEMISFÉRICAS (FH)
Foram tiradas FH com uma câmera fotográfica digital Nikon Coolpix 4300, munida
de lente olho-de-peixe (180°), armada sobre tripé a aproximadamente 1,5 m de
altura com nível do tipo bolha. Todas as fotos foram tiradas com marca na lente
direcionada por bússola comum para o norte magnético. Foram produzidos cliques
de 50 em 50 m aproximadamente, em todo percurso da trilha, além das fotos nos
pontos interpretativos.
Na análise das FH foi utilizado o programa Gap Light Analyzer (GLA – FRAZER et
al., 1999), além de descrição das trilhas através do percentual de AD, apresentado
em tabelas. Ciente da subjetividade que implica a decisão para definir o limiar no
tratamento das FH (MARTINI, 2002; INOUE et al., 2004), as mesmas passarão pela
análise de três avaliadores que determinarão, individualmente, seus valores para
esse limiar, para posteriormente utilizarmos uma média dos valores obtidos.
3. Resultados
ANÁLISE DO PERCENTUAL DE ABERTURA DO DOSSEL FLORESTAL NA
TRILHA INTERPRETATIVA DA RPPN ECOPARQUE DE UNA
No ponto inicial, área na borda da estrada que corta a trilha em dois trechos, o índice
de AD registrou 11,3%. O segundo ponto, a aproximadamente 50 m, registrou-se o
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percentual de AD na TI de 35,5%. Os valores encontrados para o terceiro, quarto e
quinto pontos, referentes a 100, 150 e 200 m foram respectivamente 37,0, 45,0 e
15,0% de AD. Aqui foi registrado para TI da RPPN Ecoparque de Una o maior valor
de AD com 45,0%, distante 150 m do início da trilha (TABELA 1).
Entrada Tabela 1
Para o segundo Ponto Interpretativo (PI), aproximadamente 204 m do início da TI,
registrou-se AD com percentual de 17,6%. Distante aproximadamente 500 m do
início da trilha, tivemos o registro para AD de 4,7%. Aproximadamente 25 m a frente
deste ponto, temos o terceiro PI, com AD de 5,3%.
A uma distância aproximada de 611 m do início da TI, esta o quarto PI com um
percentual de AD de 6,1%. A 114 m aproximadamente, à frente deste último ponto,
encontra-se o quinto PI, onde o registro do percentual de AD foi de 4,5%. O sexto PI,
localizado a uma distância aproximada de 833 m do início da trilha, o registro
apresenta 4,9% de AD. Após este ponto, distante aproximada 17 m, temos o
primeiro quiosque, onde se encontra a estrutura do início do trecho de passarelas
suspensas no dossel florestal. Neste ponto o registro de AD foi de 3,3%.
Entrada Figura 1
Dezoito metros a frente, já no trecho de passarelas suspensas foi registrada a AD na
1ª plataforma suspensa com valor de 6,5%. Da 1ª a 2ª plataforma o vão de
passarela é de 32 m, distante aproximadamente 900 m do início da trilha com AD de
17,2%21. A 36 m à frente da 2ª plataforma, esta a 3ª plataforma com o registro de AD
de 6,1%. Distante desta plataforma 14 m a sua frente, ainda no trecho de passarelas
suspensas, foi registrado o ponto referente a 950 m de distância, do início da trilha
com AD de 5,5%.
O sétimo PI uma pequena queda d’água localizada no ribeirão das Lontras, distante
1.222 m aproximadamente do início da TI, registro-se índice de AD de 5,0%. A uma
21
Os registros de AD, para as passarelas, foram efetuados no meio.
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distância aproximada de 1.550 m do início da trilha, temos o registro do menor valor
de AD para TI da RPPN Ecoparque de Una com 2,4%, Figura 2. À frente 41 m deste
ponto, esta o oitavo e último PI, com AD de 7,0%, e distância do início da trilha de
1.591 m, aproximadamente.
Entrada Figura 2
Nove metros a frente deste último PI, distante 1.600 m do começo da trilha o valor
encontrado foi 4,6% de AD. No final da TI, a aproximadamente 2.100 m do seu
início, registrou-se o valor de 9,3% de AD.
ANÁLISE DO PERCENTUAL DE ABERTURA DO DOSSEL FLORESTAL NA
TRILHA INTERPRETATIVA DA RPPN JANELA DA GINDIBA EM ITACARÉ
Para levantamento de AD foi utilizada a mesma metodologia empregada na RPPN
Ecoparque de Una. No ponto inicial da trilha obteve-se AD no valor de 39,1%. O
valor encontrado a uma distância de 300 m do início da trilha para AD foi de 62,0%,
sendo este o maior valor encontrado na TI da RPPN Janela da Gindiba. Distante 400
m aproximadamente do início da TI, no trecho correspondente ao final da área de
SAF, o registro de AD foi de 43,8%. No início da área de mata, a frente deste último
ponto 50 m aproximadamente, obteve-se 11,1% de AD, Tabela 2.
Entrada Tabela 2
Para o primeiro PI situado a aproximadamente 496 m do início da TI, o valor de AD
registrou 8,3%. Distante deste ponto aproximadamente 67 m, encontra-se o segundo
PI com AD de 6,2%. O valor de 4,8% de AD foi obtido no terceiro PI, acerca de 618
m do início da TI.
Entrada Figura 3
No ponto distante, 750 m do início da TI, registrou-se o menor valor de AD para trilha
da RPPN Janela da Gindiba, com 4,3% (FIGURA 4). Para o quarto PI, situado a
aproximadamente 990 m do início da trilha, registrou-se o valor 6,1% de AD. Quinze
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metros antes do ponto de bifurcação da TI – início da área de mata –, o valor para
AD registrado foi 33,5%.
Entrada Figura 4
4. Discussão
Os dados analisados na pesquisa sugerem que para ambas as trilhas investigadas,
excluindo as áreas de SAF, o percentual de AD é compatível com resultados
encontrados por Ramos e Santos (2006) e Martins e Rodrigues (2002) em florestas
Atlânticas. Na RPPN Ecoparque de Una no trecho da trilha correspondente a área
de SAF, registrou-se o valor de 11,3% para AD, percentual este abaixo dos valores
encontrados para floresta Atlântica (MARTINS; RODRIGUES, 2002).
Como o objeto da pesquisa é propor a utilização do recurso de FH como mais uma
ferramenta para contribuir na formatação e avaliação de trilhas interpretativas
voltadas para o ecoturismo e para as AFAN, ressalta-se que houve dificuldades pelo
fato de não existir na literatura trabalhos com FH voltados para esta temática.
Com relação aos dados referentes a distâncias percorridas nas duas trilhas,
encontrou-se uma diferença entre as TI das RPPN’s Ecoparque de Una (2.100 m) e
Janela da Gindiba (1.650 m) de 450 m, aproximadamente. Todavia, este dado não é
o objeto da investigação, servindo de subsídio para outras pesquisas, como
avaliação do nível de dificuldade (COTES et al., 2007) em diferentes TI.
Quando analisado o percentual de abertura AD da RPPN Ecoparque de Una, no
ponto inicial da trilha, o registro de 11,3% pode ser considerado um valor baixo de
AD, pois este trecho é de SAF, comparado com os valores de AD de floresta
Atlântica encontrado por Martins e Rodrigues (2002) entre 8,7 e 17,3% e Ramos e
Santos (2006) com percentual de AD entre 4,0 e 18,9% em áreas de floretas
Atlânticas. Todavia, ao levar em consideração o tempo de plantio e a localização da
área na borda da estrada, podemos considerar um valor significativamente positivo
para AD, haja vista que é uma área de SAF.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian Castilho da
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978-85-88769-56-4
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Os valores encontrados para o segundo, terceiro e quarto pontos são altos devido
ao plantio espaçado das seringueiras, e os trechos se encontram com a vegetação
raleada por ação antrópica de limpeza do seringal. Este trecho recebe constante
manutenção devido à grande quantidade de ciperáceas na trilha. No quarto ponto foi
registrado o maior valor de AD para TI da RPPN Ecoparque de Una com 45,0%. O
que se pode atribuir ao manejo da área. O segundo PI, localizado a 204 m da
entrada da trilha, área em estado de regeneração há aproximadamente 20 anos, o
valor registrado foi de 14,95%, o que pode ser considerado dentro dos valores
encontrados por Ramos e Santos (2006) e Martins e Rodrigues (2002) para áreas de
floresta Atlântica.
Quando iniciamos o trecho considerado mata primária, distante 500 m do início da
trilha registrou-se o valor para AD de 4,7% no segundo PI. Para o terceiro PI, 25 m a
frente deste último ponto, encontrou-se 5,3% AD. No quarto, quinto e sexto PI os
valores para AD foram 6,1, 4,5 e 4,9%, respectivamente. Os valores encontrados no
segundo, terceiro, quarto, quinto e sexto PI, estão de acordo com os encontrados
para FT primárias (MARTINS; RODRIGUES, 2002), e menores quando comparados
com os resultados de Ramos e Santos (2006).
No trecho referente ao início das passarelas suspensas o registro de AD foi 3,3%,
valor abaixo dos encontrados por Ramos e Santos (2006) e Martins e Rodrigues
(2002) para áreas de floresta Atlântica. O baixo valor encontrado se justifica, pois
neste registro fotográfico aparece parte da cobertura do quiosque, de acesso ao
trecho de plataformas, intercaladas por passarelas suspensas no dossel. O que
pode ter interferido no baixo valor. Para o registro de AD na 1ª plataforma foi
encontrado 6,5%, dentro dos valores achados na literatura para áreas de floresta
Atlântica. Esta plataforma localizada em um Angelim pedra – Andira nitida –, a uma
altura de 8,6 m do nível do solo e tem densa copa, o que pode explicar o valor baixo
para AD nesta FH.
Outro fator a ser considerado neste trecho de passarelas e plataformas é o relevo.
As passarelas suspensas foram estrategicamente montadas, saindo da encosta
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superior de um vale em linha reta até um Angelim coco – Andira stipulacea –, onde
está a 2ª plataforma, com um vão de passarela de 32 m de extensão entre a 1ª e a
2ª plataforma, localizada no fundo do vale, fixada a 16 m de altura do nível do solo.
O valor registrado para AD, nesta 2ª plataforma foi de 17,2%. Este valor corrobora
os registro de Ramos e Santos (2006) e extrapola em 0,1% o maior valor de AD
encontrado por Martins e Rodrigues (2002). Desta plataforma, a passarela tem um
ângulo de 90º, para prosseguir em direção a outra encosta do vale.
A 36 m a frente da 2ª plataforma, fixada em um jatobá – Hymenaea oblongifolia –
com altura de 9,50 m aproximadamente, está à 3ª plataforma com o registro de AD
de 6,1%, valor dentro da literatura segundo Ramos e Santos (2006) e Martins e
Rodrigues (2002) para áreas de floresta Atlântica. Distante 14 m a frente desta
plataforma, a 950 m do início da trilha, o registro para AD foi de 5,5%. Valor este
considerado normal para floresta Atlântica (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS;
SANTOS, 2006).
O sétimo PI, apesar de localizado na margem do ribeirão das Lontras com quatro a
cinco metros de largura, teve o registro de 5,0% de AD. Apesar da coleta do dado ter
sido na margem do ribeirão, a vegetação neste trecho cobre quase que totalmente o
ribeirão, de uma margem a outra. Este registro está dentro da literatura para área de
floresta Atlântica (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006).
Distante aproximadamente 1.550 m do início da trilha, registrou-se o menor valor de
AD para TI da RPPN Ecoparque de Una, com 2,4%. A área tem como característica
ocorrência do cipó-escada-de-macaco – gênero Bauhinia, família das leguminosas
da subfamília cesalpinioidea –, espécie indicativa de área primária. O valor
registrado está abaixo dos registros que a literatura trás para áreas de floresta
Atlântica (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006).
Aproximadamente 41 m a frente deste ponto, esta o oitavo e último PI, formigueiro
de saúvas – Atta atta – com AD de 7,0% que corrobora com a literatura (MARTINS;
RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006). Nove metros a frente deste último
PI, distante 1.600 m do começo da trilha, inicia-se um novo trecho com plantação de
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seringueiras, onde foi registrado o valor de 4,6 % de AD, o que pode ser
considerado um baixo valor comparado com os dados de Martins e Rodrigues
(2002) e para os registros de Ramos e Santos (2006). O baixo valor desta área pode
ser justificado, pelo fato de ter sido implantada há mais tempo, quando comparada
com a área de seringueiras do início da TI, e por este motivo apresenta altura e
copas maiores, além de ficar em trecho de transição entre área primária e SAF.
No final da TI a aproximadamente 2.100 m do seu início, área de mata secundária,
foi obtido o valor de 9,3% de AD, compatível com os valores que a literatura trás
para áreas de florestas Atlânticas (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS;
SANTOS, 2006).
Os dados registrados para TI da RPPN Janela da Gindiba nas áreas de SAF, que
corresponde ao início e final da trilha, estão acima dos valores encontrados na
literatura para áreas de florestas Atlânticas (MARTINS; RODRIGUES, 2002;
RAMOS; SANTOS, 2006). Entretanto, este SAF encontra-se em fase de
implantação, visando recuperar área de pasto. O que pode justificar os valores
encontrados. Para a área de floresta Atlântica da TI da RPPN Janela da Gindiba, no
seu início, registrou-se o valor de 11,1% de AD, valor este dentro da literatura para
áreas de florestas Atlânticas (MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS,
2006).
No primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto pontos interpretativos, em áreas de
mata da trilha da RPPN Janela da Gindiba, os valores para AD foram de 8,3, 6,2,
4,8, 4,3 e 6,1%, respectivamente. Os resultados estão abaixo dos valores
encontrados por Martins e Rodrigues (2002) e dentro dos registros de Ramos e
Santos (2006) para áreas de florestas Atlânticas.
Para o último registro da trilha da RPPN Janela da Gindiba, dentro do trecho de
floresta Atlântica, o valor encontrado foi de 33,5%, valor este considerado alto
quando comparado com os valores da literatura para áreas de florestas Atlânticas
(MARTINS; RODRIGUES, 2002; RAMOS; SANTOS, 2006). Contudo, este valor
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pode ser justificado por ter sido registrado na margem da represa, influenciando o
resultado negativamente.
Sugere-se que os valores das duas TI dentro dos trechos respectivos de floresta
Atlântica corroboram com a literatura para valores de AD, com percentuais maiores
registrados na trilha da RPPN Janela da Gindiba, quando comparada com a trilha da
RPPN Ecoparque de Una, tanto em áreas de floresta Atlântica como nas áreas de
SAF. Para áreas de SAF o tempo de implantação pode ter interferido nos resultados,
entretanto para áreas de floresta, o tamanho das áreas de ambas RPPN’s, pode ter
sido o fator preponderante para os maiores valores registrado na RPPN Janela da
Gindiba, quando comparada com a RPPN Ecoparque de Una.
A pesquisa sugere que o registro de AD florestal, com FH pode ser mais uma
ferramenta de grande significância para as análises dos impactos de visitação no
uso de trilhas interpretativas em áreas de floresta Atlântica. Entende-se, que ao
utilizar a analise de AD, concomitante com o nível de compactação do solo
(MAGRO,1999), pode-se lidar com o amálgama de uma ferramenta expressiva para
mensurar o nível de impacto de TI em florestas Atlânticas, contribuindo para
preservação e manejo destas áreas.
Os resultados permitem sugerir a ferramenta de análise de AD, através de FH, para
ser utilizada na avaliação do impacto em trilhas interpretativas, como preponderante
para um plano de manejo. Outro aspecto pertinente seria ampliar está pesquisa para
um número maior de TI em áreas de floresta Atlântica.
Uma medida interessante para trilhas autoguiadas é disponibilizar o mapa de AD
(Figuras 1 e 3) em trecho previamente estabelecidos – locais com maior e menor
abertura de dossel, pontos interpretativos existentes na trilha –, permitindo que o
visitante possa parar para observar as diferentes formas de estruturação do dossel
florestal. Sugere-se incluir placas explicativas do que venha ser o dossel florestal e
sua biodiversidade, associada aos valores de AD em cada ponto interpretativo, o
que pode gerar um impacto positivo na visitação. É conexo salientar, que valores de
AD, obtidos através de FH, podem ser utilizados em trilhas de ambiente florestal,
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como conteúdo para educação ambiental, o que não é possível em trilhas, por
exemplo, de campos de atitude, onde a vegetação e os pontos interpretativos têm
outras características.
5. Considerações finais
A grande área das ciências sociais tem em uma de suas linhas de investigação as
estruturas do imaginário (COTES; MOREL, 2011; DURAND, 1997). Na área do
conhecimento em Educação Física temos pesquisas desenvolvidas com a temática
do imaginário e representações de símbolos entre a cultura e a natureza, além do
imaginário da presença do risco nas atividades físicas de aventura na natureza
(COTES; MOREL, 2011; FERREIRA; COSTA, 2003; COSTA, 2002; 2000; 1999).
Nesse sentido, a pesquisa realizada por Cotes e Morel (2011) registrou os relatos
dos visitantes a respeito da luminosidade na trilha da RPPN Ecoparque de Una,
onde os visitantes, nos dois turnos da coleta de dados, relatam que a luminosidade,
no período da tarde, fascina mais os visitantes quando comparada com a da manhã.
Tal fato sugere a possibilidade da realização de novas pesquisas, analisando os dois
turnos por meio da incidência de radiação luminosa. Assim, o uso de FH poder ser
mais uma ferramenta para comparar a sensação de bem estar nos trechos de maior
luminosidade, quando confrontados com os trechos de menor incidência de luz.
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FIGURA 1. Caracterização da Trilha Interpretativa da RPPN Ecoparque de Una em distância percorrida, abertura do dossel (%) e Pontos Interpretativos (PI).
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Costa, Vivian Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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FIGURA 2. Fotografia hemisférica colorida sem tratamento e com tratamento em preto
e branco do ponto correspondente a 1550 metros do início da trilha da RPPN
Ecoparque de Una, com o menor valor de abertura de dossel (2,3 %) para esta Trilha
Interpretativa.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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FIGURA 3. Caracterização da Trilha Interpretativa da RPPN Janela da Gindiba em distância percorrida, abertura do dossel e Pontos Interpretativos (PI).
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FIGURA 4. Fotografia hemisférica colorida sem tratamento e com tratamento em preto e
branco do ponto correspondente a 750 metros do início da trilha da RPPN Janela da Gindiba,
com o menor valor de abertura de dossel (4,3 %) para esta trilha interpretativa.
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Tabela 1.
Caracterização geral da Trilha Interpretativa (TI) da RPPN Ecoparque de Una,
Una/BA, indicando ponto inicial e final da trilha, os pontos de caracterização de
vegetação, início de passarelas suspensas e plataformas, os Pontos
Interpretativos (PI), a distância, aproximadamente e o percentual de abertura
do dossel (AD) nos PI, durante o período de coleta dos dados, entre os meses
de agosto e outubro de 2007.
Distância
percorrida(1)
1– Início da TI 1º PI
0
2 – Início Seringueiras – Hevea brasiliensis
50
3 – Maior valor de AD registrado na trilha
150
4 – Início da Mata em regeneração
200
5 – 2º PI Biriba
204
6 – Início da área de Mata considerada primaria
500
7 – 3º PI Bromeliáceas
525
8 – 4º PI madeira em decomposição – Sclerolobium 611
densiflosum
9 – 5º PI Pequi Amarelo – Terminalia glabrescens
725
10 – 6º PI Copaíba – Copaifera langsdorfii
833
11 – Início das passarealas no dossel
850
12 – 1ª Plataforma no dossel
868
13– 2ª Plataforma no dossel
900
14 – 3ª Plataforma no dossel
936
15 – Quatro metros antes do final das passarelas
950
16 – 7º PI Cachoeira
1222
17 – Menor valor de AD registrado na trilha
1550
18 – 8ª PI – Formigas Atta atta
1591
19 – Início seringal
1600
20 – Final da TI
2.100
Pontos Interpretativos e locais de registro de AD
AD (%) (1)
11,3
35,5
45,0
14,9
17,6
4,7
5,2
6,1
4,5
4,9
3,2
6,5
17,2
6,1
5,5
5,0
2,4
7,0
4,6
9,3
(1) Percentual de AD florestal.
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Tabela 2.
Caracterização geral da Trilha Interpretativa (TI) da RPPN Janela da
Gindiba, Itacaré / BA, indicando ponto inicial e final da trilha, os pontos de
caracterização de vegetação, os Pontos Interpretativos (PI) a distância,
aproximadamente e o percentual de abertura do dossel (AD) nos PI,
durante o período de coleta dos dados, entre os meses de agosto e
outubro de 2007.
Pontos Interpretativos
1 – Início da TI área de SAF – INÍCIO
2 – Final da área de SAF
3 – Início da Mata
4 – 1º PI em área de Mata (AM)
5 – 2º PI em AM – Conduru e Angelin Coco (Andira
stipulacea)
6 – 3º PI em AM Janéla da Gindiba (Sloanea sp.)
7 – 4º PI em AM menor valor de AD da trilha
8 – 5º PI em AM árvore c/ câncer / homem elefante
9 – Final da represa 15 m antes da saída da Mata
10 – Início da área de SAF
11 – Final da trilha SAF
Distância
percorrida
0
400
450
496
563
AD(%) (1)
618
750
990
1200
1250
1650
4,8
4,3
6,1
33,5
43,8
39,1
39,1
43,8
11,1
8,3
6,2
(1) Percentual de AD florestal.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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1034
GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e
monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos
INDICADORES BIOFÍSICOS: DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DE UMA
TRILHA NO PARQUE MUNICIPAL ALFREDO VOLPI EM SÃO
PAULO/SP.
Thais Torres de Oliveira22
Rubens Koloski Chagas23
Resumo
Palavras-chave: Trilhas; áreas verdes, parques urbanos; unidades de conservação; Visitor
Impact Management (VIM).
Áreas verdes urbanas são consideradas como importantes locais para
conservação da vegetação nativa que abriga e serve de refúgio para a fauna,
para o fluxo genético das espécies e para atenuação da poluição atmosférica,
sonora, visual, balanço microclimático e qualidade de vida. A crescente
demanda por atividades de lazer em áreas verdes causa o aumento da pressão
antrópica nessas áreas e, consequentemente, ocasiona alterações nas
estruturas ecossistêmicas. Algumas áreas verdes ainda representam, dentro do
Município de São Paulo, fragmentos remanescentes de Mata Atlântica,
propiciando lazer e bem estar, portanto o presente trabalho pretende
correlacionar indicadores microclimáticos como temperatura e umidade do ar,
temperatura do solo, compactação do solo, velocidade do vento e ruídos no
interior do Parque Municipal Alfredo Volpi (PMAV), com parâmetros climáticos
obtidos a partir da estação meteorológica do IAG-USP. Trata-se de uma
adaptação do método Visitor Impact Management (VIM) onde os resultados
buscarão averiguar a qualidade ambiental proporcionada pelo PMAV em
relação à malha urbana onde está inserido. Os resultados preliminares
indicaram que há um balanço microclimático na trilha no interior do parque
mais estável quando comparado com os parâmetros climáticos do IAG/USP.
Essa condição pode ser mais bem notada quando as variações de temperatura
e umidade do ar são comparadas. A amplitude térmica do IAG-USP é em
média duas vezes maior, bem como, a variação da umidade do ar é em média
três vezes maior em relação às respectivas medições obtidas no parque. No
dia 29 de abril de 2013, por exemplo, a variação da umidade do ar no parque
22
23
thaisinha.torres@hotmail.com Engenharia Ambiental, CNPq, Centro Universitário SENAC.
chagasrk@yahoo.com.br Engenharia Ambiental, CNPq, Centro Universitário SENAC.
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foi de 12,1% e na estação do IAG de 39%. A amplitude térmica no parque no
mesmo dia foi de 5,2ºC e na estação do IAG de 8,3ºC. Esses valores
exemplificam a importância das áreas verdes como atenuadoras de
temperatura e balanço de umidade do ar, contribuindo para amenização do
efeito das ilhas de calor nas proximidades do parque.
Resumen
Palabras Llave: Sendero; zonas verdes, parques urbanos; unidad de conservación; Visitor
Impact Management (VIM).
Zonas verdes urbanas, generalmente representados por los parques
municipales, son lugares que mitigan la polución atmosférica, sonora, visual, y
contribuyen para el equilibrio microclimático del entorno, o sea, los parques
urbanos desempeñan un papel fundamental, ya que mejoran la calidad de vida.
Todavía, la creciente demanda por actividades de ocio en los parques originan
impactos. El Parque Municipal Alfredo Volpi (PMAV) en el barrio de Morumbi –
SP es un importante remanente de bosque Atlántico. El PMAV tiene dos
senderos, el principal hay 1,2 km, conocida como ''Pista-de-Caminatas''. Esa
pista fue usada para el levantamiento de dados como: la temperatura y la
humedad del aire; la evapotranspiración: la temperatura y la compactación del
suelo; la velocidad del viento; y el ruido. Los datos fueran recogidos por
semana durante un año, serán comparados con los dados de la estación
meteorológica, IAG/USP. Serán aplicadas cuestiones adaptadas al método
Visitor Impact Management (VIM), permitiendo evaluar los impactos derivados
por la utilización de la Pista-de-Caminata y así realizar la análisis del estado de
conservación. Los resultados preliminares fueron obtenidos durante los meses
de abril a agosto de 2013 y señalan que los cambios en la temperatura y la
humedad del aire del PMAV, cuando comparados con los datos de IAG/USP,
son menores. En promedio, la variación de la temperatura del aire medida por
el IAG-USP es dos veces mayor en relación con la variación obtenida en del
PMAV e la variación de la humedad del aire es tres veces mayor en relación as
mediciones en el PMAV. Estos valores muestran diferencias microclimáticas
que se encuentran en la Pista-de-Caminata, comparados con los parámetros
del IAG/USP. Por lo tanto, es de suma importancia la conservación y la
ampliación de las zonas verdes en los centros urbanos, con el fin de mejorar la
calidad de vida y en mantenimiento de los servicios ambientales propuestos por
estos sistemas.
1. Introdução
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A cobertura vegetal existente no Município de São Paulo é constituída
basicamente por fragmentos da vegetação natural secundária da Mata
Atlântica, no entanto, se concentram em sua grande maioria nas Áreas de
Proteção Ambiental (APAs) e Parques Estaduais localizados dentro da cidade
(PMSP/SVMA, 2008).
Parques Urbanos possuem um papel fundamental, pois contribuem de diversas
formas para a sociedade e para o meio ambiente através de suas inúmeras
funções sejam elas naturais, históricas, de lazer, entre outras (ISA, 2008).
Muitos dos parques municipais de São Paulo originaram-se de antigas
chácaras ou mesmo fazendas, que se viram cercadas pela urbanização.
Alguns deles ainda possuem expressões do mundo rural. Outros ainda
proporcionam uma sensação de afastamento da cidade, mesmo que esteja no
meio urbano, por possuir remanescentes de matas, lagos, córregos, brejo,
varias expressões do meio físico original da cidade (PMSP/SVMA, 2007).
Apesar dos inúmeros e inegáveis benefícios que os Parques proporcionam a
quantidade de áreas destinadas a esse fim no município de São Paulo não
atende à demanda, provocando um “excesso de carga” e modificações nos
espaços naturais dessas áreas (MALAGODI, 2010)
Entre os benefícios oferecidos, alguns parques possuem atividades voltadas
para a contemplação da natureza, através de caminhadas e práticas esportivas
como a corrida ao ar livre, ambas realizadas em trilhas abertas. O surgimento
dessas atividades agregou às trilhas, a função de ser um instrumento de
interação entre o visitante e o meio natural (MITRAUD, 2003 apud
FIGUEIREDO, 2009; ROCHA et al., 2009).
Essa interação permite o melhor proveito do meio ambiente, fazendo das trilhas
um instrumento de conscientização, preservação, apreciação e educação
ambiental (LECHNER, 2006).
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As trilhas naturais são, portanto, caminhos ou percursos existentes ou
estabelecidos com diferentes formas, comprimentos e larguras, cuja principal
função é facilitar o deslocamento de pessoas geralmente conduzindo-as a um
atrativo específico. Além disso, as trilhas muitas vezes são a própria atração
(FIGUEIREDO, 2009; ROCHA et al., 2009).
As trilhas devem ser criteriosamente localizadas, planejadas, construídas e
mantidas de modo a permitir a conservação dos recursos naturais e a
realização de experiências adequadas pelos visitantes. Trilhas em más
condições pode ser resultado de deficiência em qualquer fator como a
localização, construção, etc., ou ainda o resultado de atividade de uso público
que excedam a capacidade de carga física de um determinado segmento da
trilha (Hammitt & Cole, 1998 apud BARROS, 2003).
RONCERO-SILES (2003) descreveu os impactos das trilhas sobre a vegetação
como sendo diretos ou indiretos. Diretos, pelo dano mecânico causado pela
presença antrópica e indiretos, pelas mudanças nas propriedades físicas e
químicas do solo, como por exemplo, o aumento da compactação. O solo, a
vegetação, a fauna e os recursos hídricos são diretamente atingidos pelas
atividades recreativas (HAMMITT; COLE, 1998, apud RONCERO-SILES,
2008).
LEMOS (1999) mencionou os principais impactos ambientais decorrentes da
implantação e uso de trilhas inadequadamente relacionados, principalmente, a
três fatores ambientais sob a ação direta da sua utilização, que são: solo, os
principais impactos são a compactação e a erosão; vegetação, destruição das
plantas por choque mecânico direto e indiretamente por compactação do solo,
introdução de espécies exóticas; e fauna. Portanto o levantamento de
informações relativas ao meio biofísico, à avaliação dos impactos e o
planejamento prévio são fundamentais na implantação das trilhas para uso
público (ECHELBERGER et al., 1978); (CHAVERRI e CRISTOPHER, 1981;
AGATE, 1993).
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O Parque Municipal Alfredo Volpi (PMAV), um dos últimos remanescentes que
está inserido na malha urbana do ecossistema da Mata Atlântica.
Dento do PMAV há um grande número de espécies características de florestas
conservadas como, por exemplo, os jequitibás, que podem ter mais de cem
anos, bromélias, as Canelas-sassafráz, os Ipês, os Cedros, os Jatobás, os
Guarantãs, os Guamirins, os Jasmins-domato, além de espécies como o Tapiáguaçu, a Cuvitinga e a Crindiúva (TRISTÃO, 2010). Existem também plantas e
animais de espécies exóticas, além das nascentes que dão origem a três lagos,
criando um ambiente muito agradável e de extrema importância para a cidade
de São Paulo e para a qualidade de vida da população. (TRISTÃO, 2010).
Visando a proteção desse remanescente florestal, o Conselho Gestor do
Parque entrou com processo de tombamento, conforme Resolução nº
10/CONPRESP/92, sendo considerada a área do Parque e do seu entorno
protegidos conforme a Lei nº 10.032/85. Portanto, o Parque Alfredo Volpi tem
assegurada sua integridade, apesar do processo de tombamento ser
provisório. (Parecer Técnico 93/0 CAO 07055/05 – 3008/5-4-CJMAC).
A elaboração, planejamento, implantação e eficácia de um plano de ações,
baseado em indicadores da qualidade ambiental, poderão auxiliar no
desenvolvimento de alternativas de conservação, assegurando a dinâmica
natural do PMAV e auxiliando em programas para conservação da fauna e flora
local.
O projeto tem como objetivo utilizar indicadores biofísicos como: temperatura e
compactação do solo, temperatura e umidade do ar, ruídos, velocidade do
vento e evapotranspiração, bem como, a percepção dos usuários em relação à
trilha do PMAV, possibilitando averiguar a contribuição de um remanescente de
Mata Atlântica, bem conservado, cuja área verde, inserida na malha urbana de
São Paulo, representa um importante indicador de qualidade ambiental.
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2. Metodologia
2.1.
Área de estudos
O Parque Alfredo Volpi localiza-se na Av. Engenheiro Oscar Americano no
Bairro do Morumbi, no Município de São Paulo nas coordenadas geográficas
aproximadamente 23035.S e 46042.W.
Inserido numa área residencial de média e alta renda, ocupa o espaço de
142.432,78 m², sendo grande parte florestada (Figura 1).
1040
Figura 1 – Parque Municipal Alfredo Volpi. Fonte: Google Earth
O circuito da trilha e os pontos amostrais serão mapeados através do GPS
Etrex da Garmin e plotados para o software com acesso livre GPS
Trackmaker@ e Google Earth@. Para a coleta de dados serão utilizados os
equipamentos cedidos pelo Centro Universitário SENAC como: trena,
penetrômetro,
decibelímetro,
termohigroanemômetro,
geotermômetro
e
evaporímetro de Pichet.
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2.2.
Localização da trilha
A trilha escolhida para o estudo corresponde ao circuito proposto para a trilha
de corrida, de 1,2 km de extensão, descrita na Figura 2, o inicio desta trilha fica
bem próximo ao estacionamento do parque. Para o desenvolvimento do
projeto, a trilha de corrida foi dividida em 24 pontos equidistantes entre si em
50metros. Os pontos indicados no croqui são os principais pontos de medição.
Para a medição dos ruídos foram escolhidos os pontos: Estacionamento, por
ser um ponto bem próximo à avenida de acesso ao PMAV; o Ponto 7 por estar
próximo ao centro do PMAV; e Ponto 14 que está em uma das áreas mais
vegetadas do Parque, a 800m do Ponto Estacionamento. Para as medições de
Temperatura e Umidade do ar, Temperatura do Solo e Velocidade do Vento, foi
escolhido o Ponto 7 porque ele está no centro do Parque, porém não tão
próximo ao lago para que as medições não sofram interferências diretas.
1041
Figura 2 - Croqui do Parque Alfredo Volpi. Fonte: Arquitetos do DEPAVE-1,
2010.
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2.3.
Indicadores Biofísicos
O uso de indicadores biofísicos (DANIEL et al., 1999a) é atualmente a
metodologia mais utilizada para avaliar a sustentabilidade de sistemas em
geral, pois fornecem um simples meio de explicá-la e de aumentar a
consciência pública para a necessidade de mudanças de comportamento
diante dos resultados. (HART, 1995).
Segundo Merigliano (1990), os indicadores podem ser vistos como meio de
reduzir uma grande quantidade de informação de maneira simples e de forma
compreensível, servindo como uma ferramenta bastante eficiente para
examinar tendências, salientar problemas e funcionar como um sistema de
aviso precoce para prever condições futuras.
Para o alcance do objetivo proposto será utilizado uma adaptação do método
Visitor Impact Management (VIM). Este método avalia qualitativamente a
distribuição dos impactos, relacionando-os as formas de utilização da Trilha de
corrida pelos usuários ao longo do tempo. Contudo, seu foco não está
necessariamente centrado nos impactos da utilização e em sua mitigação, mas
também, nos limites aceitáveis de mudança do ambiente. Dessa forma, serão
considerados os indicadores biofísicos, além da percepção dos usuários,
gerando uma avaliação geral do estado de conservação da trilha (PENIDO et.
al., 2005).
Alguns critérios como presença de bromélias, problema com drenagem,
vandalismo, inscrições em árvores, lixo em lixeiras, serão registradas através
de uma escala de 0 a 3, onde 0 corresponde à ausência de percepção do
dado, 1 baixa percepção, 2 moderada percepção e 3 alta percepção.
A percepção dos frequentadores do parque sobre o estado de conservação da
Trilha de corrida será avaliada a partir de questões elaboradas a partir dos
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resultados observados no Guia de Parques Urbanos Municipais de São Paulo
(2008).
Os indicadores como a temperatura e umidade do ar, compactação e
temperatura do solo, velocidade do vento, ruídos e evapotranspiração obtidos
nos pontos amostrais serão anotados em uma planilha de campo (Anexo 1). Os
dados anotados em campo serão analisados para verificação de possíveis
variações entre as medições obtidas na PMAV e do IAG/USP.
Serão registradas informações em um formulário periódico, que será aplicado
três vezes durante o projeto, sobre a percepção do estado de conservação da
trilha (Anexo 2).
2.3.1. Umidade relativa do ar e temperatura do ar e do solo
Conforme Batista (2009) a temperatura e um dos principais fatores que afeta
os padrões de evaporação e o aumento da temperatura do ar é responsável
pelo aquecimento da superfície da terra, provocando o fenômeno da
evaporação das massas líquidas expostas (superfície) e no interior do solo.
As trilhas nas matas são abertas com a remoção da vegetação, podendo
resultar no aumento da incidência de luz solar e aumento da temperatura do ar
e do solo, maior ventilação e diminuição da umidade relativa do ar nas áreas de
entorno dessas trilhas. Algumas vezes a abertura de trilhas também causa a
remoção da serapilheira, deixando o solo exposto à ação direta da chuva e
levando à lixiviação e erosão do solo. (NEWTON, 2007).
A umidade do ar e a temperatura do ar são medidas em um ponto próximo ao
centro do PMAV, ponto 7 indicado no Figura 2, cerca de 400 metros da entrada
principal. Na direção deste mesmo ponto, esses parâmetros também serão
medidos a 10 metros no sentido da vegetação, para esquerda e para direita,
para verificação de possíveis variações desse parâmetro na trilha e no interior
da mata (Figura 3).
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Figura 3 - Transecto utilizado para as medições dos parâmetros
na trilha-de-corrida.
As medições serão realizadas através de um termohigroanemômetro
INSTRUTHERM/THAR 185, aparelho que mede a umidade relativa do ar, a
velocidade do vento e a temperatura do ar, cedido pelo Centro Universitário
SENAC. A temperatura e a umidade do ar são medidas às 8 horas, às 12 horas
e às 17 horas, toda segunda feira durante o período de um ano.
O cálculo da temperatura média segue a equação proposta abaixo por
Pezzopane (2009):
Tmed do ar = (Ta8h + Ta12h + 2.Ta17h) / 4
Onde,
Tmed = temperatura média do ar
Ta = Temperatura do ar
O cálculo da umidade relativa média segue a equação proposta abaixo:
Umed do ar = (U8h + U12h + U 17h) / 3
Onde,
Umed = Umidade relativa média do ar
U = Umidade relativa do ar
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Os valores de temperatura e umidade relativa do ar obtido nas trilhas serão
registrados e comparados com a temperatura média e a umidade relativa do ar
obtida nos respectivos dias de fornecidos pela estação meteorológica do
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas – USP (IAG/USP).
A
temperatura
do
solo
será
medida
através
de
geotermômetros
INSTRUTHERM/TE 300, cedido pelo Centro Universitário SENAC. As
medições são feitas às 8 horas, às 12 horas e às 17 horas, seguindo o
transecto da Figura 3. A temperatura do solo média é feita de acordo com a
equação abaixo proposta por Pezzopane (2009).
Tmed do Solo = (Ts8h + Ts12h + Ts17h) / 3
Onde,
Tmed = temperatura média do solo
Ts = Temperatura do solo
2.3.2. Evapotranspiração
A evapotranspiração compreende simultaneamente a evaporação (água
evaporada do solo e da transpiração das plantas) e a transpiração (RIGHI et
al., 2002). As plantas, através de suas raízes, retiram do solo a água para
suas atividades vitais, e parte dessa água é cedida à atmosfera, sob a forma de
vapor, na superfície das folhas (BATISTA, 2009).
Os elementos de tempo que oferecem maior impacto neste processo são:
radiação solar, temperatura da superfície, temperatura e umidade relativa do ar
e a velocidade do vento (PEREIRA et al., 2002).
A evapotranspiração é observada através do evaporímetro de Pichet, instalado
no ponto 7 (Figura 2).
O evaporímetro é instalado às 8 horas e finalizando às 17 horas do mesmo dia.
As medições da evapotranspiração serão repetidas semanalmente e os dados
do PMAV serão comparados com dados do IAG/USP.
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2.3.3. Resistência do solo à penetração (compactação do solo)
O solo é um dos componentes fundamentais existente no sistema terrestre,
pois, além de fornecer nutrientes para o desenvolvimento de toda a vegetação,
fornece água, ar e nutrientes para a mesma. Este, também atua no processo
de escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação, com ação filtrante
e protetora da qualidade da água e do ar (ODUM, 1983).
Entende-se por compactação de um solo qualquer redução do índice de vazios,
por processos mecânicos. Essa redução ocorre em face da expulsão ou
compressão do ar dos vazios dos poros (MASSAD, 2003).
As manifestações da compactação podem ser observadas nos solos pela
erosão hídrica excessiva, presença de zonas endurecidas empoçamento de
água e presença de resíduos vegetais parcialmente decompostos meses após
a incorporação (BATISTA, 2009).
Ainda conforme Batista (2009), manifestações devido à compactação do solo
também podem ser observadas na vegetação, pela baixa emergência das
plantas, folhas amarelecidas e com variação de tamanho e raízes mal
formadas e/ou tortas, pois um solo compactado oferece maior resistência à
penetração das raízes, tem menor capacidade de aeração e maior dificuldade
para a infiltração da água, tendo uma maior sensibilidade a doenças.
A compactação do solo é verificada por meio de um penetrômetro SOLOTEST,
cedido pelo Centro Universitário SENAC. O aparelho será utilizado para medir
da compactação do solo da trilha de corrida nos 24 pontos.
2.3.4. Velocidade do Vento
O vento é também responsável pela circulação atmosférica e é importantíssimo
para a determinação do microclima. Para SOUZA FILHO (2006), os maiores
valores
na
velocidade
do
vento
são
favoráveis
ao
aumento
da
evapotranspiração, pois o processo de transferência de vapor d’água é
facilitado.
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A velocidade do vento interfere complementarmente nos parâmetros de
umidade relativa do ar, temperatura do ar e evapotranspiração, portanto esse
parâmetro será medido com um termohigroanemômetro INSTRUTHERM/THAR
185, cedido pelo Centro Universitário SENAC. O instrumento será utilizado
para medições da velocidade do vento, considerando os quatro quadrantes
orientados pelos pontos cardeais. As medições ocorrem às 8 horas, às 12
horas e às 17 horas, no ponto 7, seguindo o transecto (Figura 3).
A velocidade do vento medida no PMAV será comparada com o valor médio da
velocidade do vento fornecido pelo IAG/USP.
A equação usada para obter a médias diárias é:
Vmed do Vento = (V8h + V12h + V17h) / 3
Onde,
1047
Vmed = Velocidade média do vento
V = Velocidade do vento
2.3.5. Ruídos
Sanches (1995) comenta que as condições topográficas e atmosféricas (vento,
temperatura e umidade do ar) afetam bastante a propagação do som. O próprio
ar absorve parte da energia, principalmente em altas frequências. Também a
natureza do terreno entre a fonte e o receptor, assim como a distância, pode ter
um efeito sobre o nível de pressão sonora (NPS) medido no receptor.
No caso da intensidade de ruído em ambientes naturais, portanto sem a
presença de barreiras construídas para atenuação sonora, podemos considerar
a distância, o relevo e a vegetação como os fatores mais significativos para o
decaimento do nível sonoro (SANCHES, 1995).
A atenuação causada pela vegetação é geralmente maior nas altas
frequências. Quando existe grama densa e folhagem no solo, ocorre um
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aumento do potencial de atenuação (GERGES, 1992). Apesar de a vegetação
colaborar para a atenuação acústica, ela não gera resultados muito
significativos, porém pode servir como isolador visual do receptor, fornecendo
um efeito psicológico favorável.
No Brasil, a legislação pertinente aos níveis de ruído é representada pela
Resolução a NBR 10.151 - Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas, Visando o
Conforto da Comunidade, para ruídos emitidos em decorrência de quaisquer
atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas. O PMAV está inserido
em um bairro residencial e também está próximo a um hospital. Essa
classificação tem como de Nível de Critério de Avaliação (NCA) estabelecido
pela NBR 10.151 de 50 dB no período diurno, período em que as medições
foram realizadas no Parque.
Para a realização das medições da intensidade de ruído, é utilizado um
medidor de nível sonoro EMPORIONET/IEC 651 TYPE II. Os pontos ao longo
de um transecto passando pelo interior do PMAV serão analisados, começando
pela entrada do parque próximo a Avenida Engenheiro Oscar Americano até a
extremidade norte da trilha de corrida. Os pontos estão equidistantes 400
metros possibilitando averiguação da variação da intensidade sonora em
relação à vegetação. Os pontos estão indicados na Figura 2, são eles o
Estacionamento, Ponto 7 e o Ponto 14.
Em cada ponto selecionado são feitas medições da intensidade sonora com um
período de amostragem de 5 minutos, adotando o critério de estabilização da
NBR 10.151. As medições serão realizadas três vezes durante o projeto.
3. Resultado e discussão
A partir da pesquisa realizada pelo Data Folha em 2008, constatou-se que o
perfil dos frequentadores dos parques públicos de São Paulo, são pessoas
entre 25 a 45 anos, de classe média, que frequentam os parques de 3 a 6 dias
por semana para realização de atividades físicas.
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O formulário periódico (Anexo 2) foi aplicado nos 24 pontos marcados na trilha
de corrida do PMAV para avaliação da organização e estrutura do parque. O
resultado mostrou que a parte de limpeza e organização está em um nível
ótimo e as drenagens estão bem conservadas.
As medições dos parâmetros biofísicos serão realizadas durante um ano entre
os meses de abril de 2013 a abril de 2014, contudo os resultados preliminares
referentes ao período entre os meses de abril a agosto de 2013 são
apresentados a seguir.
3.1.
Umidade relativa do ar e temperatura do ar e do solo
Segundo Monteiro (1991) a umidade relativa do ar é inversamente proporcional
à temperatura do ar, sendo a umidade do ar alta no início da manhã, baixa no
começo da tarde, voltando a subir no final da tarde e início da noite,
diferentemente da temperatura do ar.
Essa relação dos parâmetros pode ser notada na Figura 4. Porém, o que se
nota de diferente entre a umidade do ar no PMAV e a medida pelo IAG/USP é
a variação desses parâmetros entre os períodos. No IAG/USP a perda, tanto
de temperatura como de umidade relativa do ar, representam valores de
variação maiores quando comparados à trilha de corrida do PMAV.
Isso mostra como a vegetação possui uma importante função na melhoria e
estabilidade microclimática devido à redução das amplitudes térmicas, redução
da insolação direta (MILANO & DALCIN, 2000).
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Figura 4 – Resultados Preliminares do período entre abril e agosto de 2013.
As medidas da temperatura do solo na trilha de corrida apresentaram valores
relativamente menores quando comparados com o IAG/USP, confirmando a
função quanto à estabilidade microclimática. Essa estabilidade do clima
proporcionada pela presença de vegetação fica evidenciada na Figura 4.
Percebe-se que quanto maior a umidade do ar e quanto menor a sua variação,
menores são as mudanças nas temperaturas do solo e do ar, mostrando que
estas áreas verdes contribuem para um ambiente mais sadio e harmonioso,
interferindo de maneira direta em alguns fatores ambientais, bem como no
conforto térmico.
3.2.
Evapotranspiração
O período de medição da evapotranspiração foi realizado entre as 8 horas da
manhã até às 17 horas, totalizando um período de 9 horas. Os resultados são
apresentados na Tabela 1 e indicam uma evapotranspiração média de 0,8 mm
na trilha de corrida e 2,8 mm na estação metereológica do IAG/USP.
Esses valores mostram que quanto maior for à área vegetada, menor é a
evapotranspiração, pois a vegetação protege o solo. Em um lugar com a
temperatura do ar mais amena e com maior umidade do ar apresentam
resultados de evapotranspiração menores que é o caso do PMAV.
A relação entre evapotranspiração e a área vegetada é diretamente
proporcional (UDA 2010). A quantidade de umidade do ar e importante fator
que influencia nas taxas de evapotranspiraçao. A taxa de evapotranspiraçao é
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determinada pela disponibilidade de umidade na superfície, pela capacidade da
atmosfera de vaporizar a água, remover e transportar o vapor e o principal que
esta em função de diversos outros fatores incluindo a radiação solar,
temperatura, velocidade do vento e umidade.
Em geral os dias que correspondem aos maiores valores medidos da
evapotranspiração, são os dias cuja temperatura do ar foi mais alta, por
exemplo, no dia 26 de agosto com uma temperatura de 22 °C no PMAV e 23,6
°C no IAG/USP a evapotranspiração medida durante o período de 9 horas foi
de respectivamente 2,6mm e 4mm, demonstrando que há uma relação entre
maiores temperaturas do ar, menor umidade do ar e consequentemente maior
a evapotanspiração.
Tabela 1 – Evapotranspiração diária entre abril e agosto de 2013.
Data
22/abr
29/abr
06/mai
13/mai
20/mai
27/mai
03/jun
10/jun
17/jun
24/jun
01/jul
08/jul
15/jul
22/jul
29/jul
05/ago
12/ago
19/ago
26/ago
Alfredo Volpi
08:00
às
17:00
1,5
0
1
1,1
1
0,5
0
1
0
0
0
0
1,8
0,3
1
1,4
2,2
1,1
2,6
IAG/USP
08:00
17:002
3,85
3,9
1,1
5,4
3,3
1
0,35
3,6
2,4
1,1
0,4
1,05
3
1,2
4,75
2,2
7,65
4,6
4
às
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3.3.
Compactação do Solo
Ainda não há parâmetros suficientes uma para análise.
3.4.
Velocidade do Vento
As plantas, formando uma cortina de vegetação, modificam os ventos pela
obstrução, deflexão, condução ou filtragem do seu fluxo. O grau de redução da
velocidade do vento, devido a uma cortina de vegetação, depende do tipo de
espécie vegetal, altura, densidade, forma, e largura dessa cortina. As cortinas
de vegetação canalizam as brisas de vento para outra direção provocando
resfriamento. (WALKER 1975)
As medições na trilha de corrida do PMAV não apresentaram variações na
velocidade do vento, enquanto as medições da estação metereológica do
IAG/USP variam de 0,2 a 2 m/s. As correntes de ar que são formadas na área
externa ao parque acabam sendo barradas pela vegetação de porte alto.
A ausência de correntes de ar propicia um microclima semelhante a uma casa
de vegetação. Contudo, em épocas de temporais as espécies arbóreas de
maior porte não suportam a força do vento e tendem a cair, causando grandes
danos à regeneração, senão na infraestrutura do parque e, ou danos à fiação
elétrica e aos bens privados como veículos e casas no entorno, principalmente
na Rua Circular do Bosque onde encontram-se Eucaliptus spp com mais de 15
metros de altura (Relatos do integrantes Gestão do PMAV)
3.5.
Ruídos
O ponto estacionamento do PMAV está próximo a Avenida Engenheiro Oscar
Americano, cujo trafego de ligação entre a Zona Sul e o Centro de São Paulo é
muito intenso, originando ruído proveniente dos veículos que trafegam nessa
via nos horários de pico as 8 horas da manhã e a tarde por volta das 17 horas.
Comparando os valores da NBR 10.151/00 para áreas de uso estritamente
residencial urbana com presença de hospitais o nível de ruído é muito superior
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no ponto estacionamento (62,9 dB), ou seja, uma diferença de 12,9 dB acima
do estabelecido para essa categoria na NBR 10.151/00.
Contudo, na segunda medição no ponto 7, cerca de 400 metros do ponto
estacionamento, a medição do ruído apresentou uma diminuição considerável
de 10dB, chegando bem próximo ao recomendável pela NBR 10.151/00 e,
finalmente no terceiro ponto de medição cerca 800 metros da Avenida, onde a
vegetação é mais densa, a atenuação dos ruídos chegou em 17dB em relação
à medição no estacionamento. Os resultados preliminares observados na
Tabela 2 demonstram a função da vegetação como atenuadora de ruídos no
meio urbano.
Tabela 2 – Dados comparativos do Ruído entre o PMAV e a NBR 10.151/00.
1053
4. Bibliografia
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5. Agradecimentos
Ao Centro Universitário Senac, pela oportunidade e pelo apoio para
desenvolver o projeto de Iniciação Científica;
Ao Professor e Orientador Rubens Koloski Chagas, pela orientação, paciência,
atenção e comprometimento na construção do projeto;
Aos meus pais e a minha irmã, que sempre estiveram juntos comigo para que
este sonho se virasse realidade.
A todos dos funcionários do Parque Alfredo Volpi, principalmente ao Gestor do
Parque, Sr. Cesar Pegoraro;
Ao DEPAVE, pela autorização dada para a realização do trabalho no PMAV;
Ao Professor Rodrigo Buenos, pelo auxílio na análise dos dados de ruído do
projeto;
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Ao Professor Caio Augusto Magalhães, pelo auxílio na análise dos dados de
climatológicos e pelo apoio na construção do projeto;
À Professora Eliane Cabariti, pelo auxílio nas análises matemáticas dos dados
do projeto;
Aos Auxiliares do Laboratório, Rafaela Teixeira e Leandro Caminada, pela
paciência e dedicação na disponibilização dos equipamentos do Centro
Universitario SENAC utilizados no projeto;
Aos Colegas e Companheiros de Sala: Allan Adinolfi, Alana Martinelli, Fabio
Cesar Fernandes, Marco Aurélio, Giovanna Cappellano, Paula da Silva Santos,
Susana Ouro, Priscila Assunção, Felipe Paoli de Moraes, pela ajuda e
colaboração na obtenção de dados no PMAV.
6. Anexos
Anexo 1 – Tabela de registros dos indicadores da trilha de corrida
Transecto Esquerda
Temperatura do
Solo (°C)
8h
Temperatura do
Ar (°C)
8h
Umidade do Ar
(%)
8h
Velocidade do
Vento (m/s)
8h
Meio
da
(Ponto 7)
Trilha
Transecto Direita
8h
12h
17h
8h
12h
17h
17h
8h
12h
17h
8h
12h
17h
12h
17h
8h
12h
17h
8h
12h
17h
12h
17h
8h
12h
17h
8h
12h
17h
12h
17h
12h
Ponto 7
8h - 17h
Evapotransipiração (°C)
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Anexo 2 – Informações complementares da trilha.
1
PARÂMETROS
2
3
...
24
PONTOS
N° DE RAÍZES EXPOSTAS
N° DE ÁRVORES COM BROMÉLIAS-EPÍFITAS
LARGURA DA TRILHA (M)
PROBLEMA DE DRENAGEM
VANDALISMO
INSCRIÇÕES EM ÁRVORES
LIXO EM LIXEIRAS
1060
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GT 06 Planejamento e manejo de trilhas para a conservação da Biodiversidade e
monitoramento de impactos sobre padrões e processos ecológicos
CONSTRUINDO UMA NOVA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA A PARTIR DA
CONSTRUÇÃO DE UMA TRILHA ECOLÓGICA: ÁREA DO LIXÃO NO
CAMPUS PAULO VI-UEMA.
Thiago Diniz Araujo24
Cláudio Eduardo de Castro25
Resumo
Palavras-chave: Trilha Educativa; Recurso Didático-Pedagógico; Planejamento de Trilha.
A interação homem-ambiente sempre propiciou a atribuição de valores ao
espaço, produzindo transformações que foram acontecendo conforme o
interesse e necessidade. As trilhas fazem parte destas transformações,
configurando-se em inúmeros fins, desde local de passagem ou caminho de
pedestre, quanto voltado a fins educacionais, possibilitando a interpretação da
natureza e seus significados. No Brasil, as primeiras publicações tratam dos
caminhos de penetração na serra do Mar no período da colonização. O objeto
deste trabalho compreende uma área da Universidade Estadual do Maranhão
(UEMA) - Campus Paulo VI em interatividade com o conjunto habitacional Dom
Ricardo, no município de São Luís, Estado do Maranhão, na qual foram
despejados resíduos sólidos produzidos no campus, causando problemas
decorrentes gerados pelo lixão que se configurou no local. Apresenta uma
proposta de criação de uma trilha educativa após a recuperação natural da
área. O planejamento da implantação de trilhas visa assegurar que os impactos
negativos estarão dentro dos limites aceitáveis de mudança, por isso a forma
escolhida foi a circular com um trajeto total de 701 metros, constituídos por
pontos de marcação que totalizaram 54 balizas de madeira, apresentando
atrativos voltados à recuperação natural da vegetação, dificuldades orográficas,
observação de áreas de recarga hídrica além de vegetação arbórea como
Tucunzeiros e Babaçuais. Portanto uma trilha ecológica, desde a sua
construção, já se caracteriza como interessante recurso didático-pedagógico,
contribuindo para aproximar a população com o ambiente natural que está
inserido.
Resumen
24
tdinizaraujo@gmail.com Pós Graduando em Meio Ambiente e Recursos Aquáticos da
Universidade Estadual do Maranhão.
25
clanaros@yahoo.com.br Doutor em Geografia. Professor Adjunto da Universidade Estadual
do Maranhão.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
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Palabras clave: sendero educativo, recursos didácticos y pedagógicos, Trail Planificación.
El medio ambiente humano siempre ha permitido la asignación de valores al
espacio, produciendo cambios que estaban ocurriendo en concepto de
intereses y necesidades. Los senderos son parte de estos cambios, y esto
presenta numerosos propósitos, desde la pasarela peatonal local o ruta, tal
como se preveía para fines educativos, lo que permite la interpretación de la
naturaleza y sus significados. En Brasil, las primeras publicaciones sobre los
caminos de penetración en la Serra do Mar durante el período de la
colonización. El objetivo de este trabajo consiste en un espacio de la
Universidad del Estado de Maranhão (UEMA) - Campus de Paulo VI en la
interactividad con el alojamiento de Dom Ricardo, en São Luís, Maranhão, en el
que se vierten los residuos sólidos generados en el campus, causando
problemas generado por el vertedero resultante se configura en el sitio.
Presenta una propuesta para la creación de una pista de la educación después
de la zona de recuperación natural. Planificación de la implementación de
senderos diseñados para asegurar que los impactos negativos dentro de los
límites aceptables de cambio, por lo que la forma fue elegida trayectoria circular
con un total de 701 metros, que consiste en puntos de la trama por un total de
54 objetivos de la madera, con atractivos se centró en la recuperación natural
de la vegetación, las dificultades orográficas, observando las zonas de recarga
de agua, así como la vegetación leñosa Tucunzeiros y babasú. Por lo tanto un
circuito ecológico, ya que su construcción, ya caracterizada como interesante
recurso pedagógico-didáctico, contribuyendo a la población más cerca del
entorno natural que se inserta.
1. Introdução
Ao longo da história da humanidade tem sido constante a interação homemambiente, visto que tal interação se define pela necessidade de recursos para
sobrevivência ou para atender o bem-estar humano.
O homem, através da percepção do ambiente, atribuiu valores ao espaço,
transformando-o de acordo com seus interesses. Entretanto, se apropriou de
áreas com maior riqueza de recursos naturais, tornando inevitável o surgimento
de impactos ambientais, motivando, posteriormente, a apreensão do homem
com relação ao futuro do planeta e sua própria existência.
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A partir da intensa produtividade humana tornou-se inevitável o aparecimento
de resíduos ou sobras, que, por conseguinte são depositados em ambientes
inadequados e que ocasionam mudanças no equilíbrio de um ecossistema.
O objeto de estudo compreende uma área da Universidade Estadual do
Maranhão - Campus Paulo VI em interatividade com o conjunto habitacional
Dom Ricardo, na qual foram despejados resíduos sólidos produzidos no
campus, causando todos os problemas decorrentes gerados pelo lixão que se
configurou no local.
Este trabalho constitui-se na realização de um projeto mais amplo de
recuperação natural na área de depósito dos resíduos na perspectiva de
trabalho em conjunto de uma equipe multidisciplinar com a comunidade
circunvizinha, para que este ambiente possa posteriormente recuperar o mais
próximo possível do seu status natural e consequentemente melhorar a
qualidade de vida dos moradores e dos frequentadores da universidade.
Apresenta ainda uma proposta posterior com a criação de uma trilha com fins
de educação ambiental após a recuperação da área, com o objetivo de integrar
a sociedade civil com o meio acadêmico, além de serem utilizados por
graduandos, estudantes secundaristas, ou outros que utilizem a percepção e
educação ambiental como meio importante na sensibilização quanto à
preservação do meio natural.
Recuperar uma área é contribuir com a qualidade de um ambiente no qual a
vegetação é um fator importante para manter um ambiente equilibrado. Para
complementar, construir uma trilha para Educação Ambiental (EA) na área do
campus universitário tem pertinência na relação universidade e sociedade,
proporcionando
aos
estudantes
do
ensino
básico,
universitários,
frequentadores e outros, conhecer algumas espécies nativas da região,
percorrendo um circuito que contará com informações sobre cada espécie,
contribuindo desta maneira na construção de novas formas de relação homemnatureza.
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2. Trilhas ecológicas
Concepções
As trilhas ecológicas caracterizam-se por ser uma forma de interação entre o
homem e o ambiente, considerando-se que possui inúmeros fins, podendo ser
tanto um local de passagem ou caminho de pedestre, quanto voltado a fins
educacionais. Enquanto instrumentos pedagógicos para a E.A., as trilhas
devem explorar o raciocínio lógico, incentivar a capacidade de observação e
reflexão, além de apresentar conceitos ecológicos e estimular a prática
investigatória (LEMES et al., 2004). Diferenciam-se ainda na dinâmica da
educação, como afirmativa de Pádua & Tabanez (1998), traduzindo para os
alunos visitantes das áreas naturais os fatores que estão além das
transparências, como as leis naturais, histórias e fatos.
O trilhar em áreas naturais produz em seu bojo trabalhar a percepção
ambiental de cada indivíduo. Percepção esta que se baseia em informações
estabelecidas pela sociedade a qual ele faz parte e/ou correspondente a partir
das sensações que são influenciadas pela sua cognição. Perceber o ambiente
se constitui em uma forma de conhecimento, tornando-se um processo ativo de
representação que vai muito além do que se observa ou absorve através dos
sentidos, envolve uma escolha orientada por valores. Nesta perspectiva,
Vasconcelos (1998) afirma que o propósito de estimular os grupos de atores a
um novo campo de percepções tem como objetivo levá-los a observar,
experimentar, questionar, sentir e descobrir os vários sentidos e significados
relacionados ao tema selecionado.
A percepção ambiental supõe a capacidade que o ser humano possui de gerar
informações a partir dos problemas ambientais que constituem seu cotidiano. A
partir dessa produção, aumenta a capacidade de produzir significados e ações
sobre o ambiente. A paisagem percebida em uma trilha de interpretação é
apenas uma breve amostragem de suas sequências, estruturas e dinamismo,
porém, as experiências ambientais envolvidas trazem uma lição pertinente à
compreensão mais profunda de nossas próprias percepções e vivências
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ambientais, diante de tantos e tão diferenciados ecossistemas naturais e
construídos (LIMA, 1998).
Medina (1999) expõe que não se trata tão somente de ensinar sobre a
natureza, mas de educar “para” e “com” a natureza, para compreender e agir
corretamente ante os problemas das relações do homem com o ambiente.
Dessa forma, os conhecimentos e valores trabalhados tendem mais facilmente
a serem percebidos e assimilados em termos da conscientização ambiental. A
interpretação da natureza no contexto de uma trilha ecológica é atividade
educativa que tem como objetivo a revelação de significados, relações ou
fenômenos naturais por intermédio de experiências práticas e meios
interpretativos, ao invés de simples comunicação de fatos e datas (DIAS,
2001). Para Pagani et al (2001), um sistema de trilha é formado por um
conjunto de caminhos e percursos construídos com diversas funções, desde a
vigilância até o turismo. Quando utilizada como fim de entretenimento turístico,
as trilhas ecológicas interpretativas são relevantes ferramentas de apoio para
esse tipo de atividade, no que se refere à utilização dos recursos naturais, seja
de forma sustentável.
Histórico de Trilhas e suas funções
As trilhas existem desde quando o ser humano começou a realizar as primeiras
migrações, utilizando-as como forma de passagem de um lugar ao outro em
busca de abrigo e alimento, também como ferramenta de identificação de
mudanças de ecossistemas durante seu translado.
Segundo Moreira (1975) os cartagineses teriam sido os primeiros a revestir
seus caminhos com pedras rústicas, nos locais pantanosos. Alguns séculos
antes da era cristã Apius Cláudius, imperador romano, construiu notável
estrada de quase duzentos quilômetros de extensão entre Roma e Cápua, no
sul da península itálica. O seu leito era revestido por diversas camadas de lajes
e lajotas de pedra, dando grande consistência aos trechos que cruzavam os
banhados litorâneos. Tal estrada, obra de grande valor arquitetônico, passou
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para a história com o nome de "Via Ápia". No mesmo trabalho, o autor afirma
que outros caminhos deixaram sinais evidentes de natureza lítica na era da
pré-história árabe, babilônica, persa e grega, como também entre os povos
asiáticos.
No Brasil, as primeiras publicações a respeito de trilhas tratam dos caminhos
de penetração na serra do Mar no período da colonização. Em épocas précabralinas o caminho mais importante foi o de Peabiru (ape + abiru = caminho
batido), que teria sido um conjunto de trilhas vicinais, supostamente desde a
costa de São Vicente até o Paraguai; ou uma longa estrada, tronco de um
primitivo sistema de viação geral que, segundo Pinto (1903) permitia o contato
das tribos da nação Guarani, da bacia do Paraguai, com tribos do sul do Brasil,
entre elas as que habitavam os campos de Piratininga. O Peabiru, no qual os
jesuítas teriam denominado Caminho de São Tomé, constituiria o mais
importante caminho pré-colombiano, excetuando-se o eixo viário incaico
(PETRONE, 1965).
A primeira trilha a ser utilizada pelo colonizador para, da costa vicentina
alcançar os Campos de Piratininga, foi a dos Tupiniquins. Depois se passou a
utilizar o Caminho do Padre José e sua variante do rio das Pedras (PINTO,
1903; WENDEL, 1952; PETRONE, 1965).
Naqueles tempos, as trilhas e a natureza tornavam a sua percepção
indissociável, em tempos modernos, as trilhas ecológicas elucidam a questão
de preservação e sustentabilidade, que em sua preparação deve levar em
consideração alguns fatores como segurança, conforto, redução do impacto
ambiental e instalação de equipamentos necessários para cada tipo de trilha e
público alvo.
Segundo Vasconcellos (1997), em áreas naturais, as trilhas desempenham
importantes funções e, entre estas, destaca-se a de conectar os visitantes com
o lugar, criando maior compreensão e apreciação dos recursos naturais e
culturais, provocando mudanças de atitude, atraindo e envolvendo as pessoas
nas tarefas de conservação, que aumente a satisfação dos usuários, criando
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uma impressão positiva sobre a área tornando-a planejada e menos
impactante.
Atividades que antecedem à visitação das trilhas são importantes, pois
proporcionam às pessoas conhecer características principais da área,
aumentando a capitação de detalhes durante o percurso. Quando realizado em
grupo, facilita ainda a interação entre os participantes com a perspectiva de
menor impactação destes sobre o ambiente.
Os trabalhos prévios são alicerçados com palestras conceituais na qual são
oferecidas orientações gerais para a caminhada. É necessária a elaboração do
material de apoio, para informação e para suscitar a reflexão e para subsidiar
monitores, guias, professores, estudantes e a comunidade como um todo na
visitação à área.
Constituem este tipo de material, roteiros, formulários de acompanhamento de
aulas práticas, relatórios, cartilhas, manuais, panfletos ou folders explicativos.
Assim, as trilhas são guiadas e durante o percurso o monitor interpreta o
ambiente utilizando as placas e o material de apoio. É necessário estimar
sempre a participação do grupo alvo e despertando o interesse do mesmo. O
grupo deixa de ser passivo para ser ativo “descobridor” do meio natural
(PÁDUA & TABANEZ, 1997).
Classificação e uso das Trilhas
Ao planejar as trilhas interpretativas deve-se despertar a curiosidade do
visitante sobre os recursos existentes na área, suscitando os objetivos de sua
criação, tendo uma preocupação constante em aumentar a qualidade da
experiência da visitação.
As trilhas classificam-se quanto à função, podendo ser utilizadas em serviços
administrativos, patrulhamento ou pelo visitante em atividades educativas e/ou
recreativas. Pode ser dividida em curta e média distância quando apresentam
caráter
recreativo
e
educativo,
com
programação
desenvolvida
para
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interpretação do ambiente natural. E ainda as de longa distância, que valorizam
a experiência do visitante que busca deslocar-se por espaços mais longos,
praticando ou não de forma esportiva a travessia de uma região ou a subida de
uma montanha. (RODRIGUES e TORVES, 2007).
Para a classificação quanto à forma, Andrade (2003) descreve suas
características, como se vê na figura 1.
1068
Figura 1: Classificação das Trilhas
Fonte: Adaptado de Andrade (2003).
Quanto ao grau de dificuldade, Rodrigues e Torves (2007), afirmam que essa
classificação é elaborada a partir dos aspectos de intensidade da trilha e nível
técnico que possuem os visitantes para realizar o trajeto, podendo variar
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durante o percurso e levando em consideração a extensão dos trechos,
inclinação do terreno, qualidade da trilha e obstáculos.
Ha três níveis de dificuldade: o Difícil, na qual as trilhas apresentam uma
declividade acima de 20%, com mais de 10 obstáculos a cada 500m, com
subidas em morros altos, trechos muito longos e que requerem habilidade na
caminhada e bom condicionamento físico; o Médio, que possui trilhas com
declividade entre 12% e 20%, obstáculos que variam de 5 a 9 por cada 500m,
com subidas em morros de porte médio, e ainda caminhadas curtas em mata
nativa não requerendo habilidades; e o Fácil, onde as trilhas constam com
declividade inferior a 12%, com 4 obstáculos no máximo a cada 500m e com
pouco esforço físico (RODRIGUES e TORVES, 2007).
Serrano (2000) afirma que o componente fundamental para uma integração
entre o conteúdo teórico e o exercício prático referente à conscientização
ambiental é a afetividade, caracterizada pela emoção. No caso específico das
ciências naturais e da educação ambiental para estudantes, Seniciato e
Cavassan (2003, p. 51) afirmam que “[...] a importância das emoções no
estabelecimento de vínculos afetivos tanto em relação à própria disciplina
quanto à natureza, são favoráveis à qualidade daquilo que está sendo
ensinado e a uma convivência mais harmoniosa com o mundo natural”.
3. Trilhas como veículo de educação ambiental
Área de Estudo
Com o intuito de se construir uma trilha que cumpra com as funções de interpretação,
percepção, conscientização e sensibilização ambiental, buscou-se um local na
Universidade Estadual do Maranhão - Campus Paulo VI, localizada no município de São
Luís, Estado do Maranhão, que se prestasse a isso. A área escolhida situa-se nas
proximidades com o conjunto habitacional Dom Ricardo, tendo como coordenadas
geográficas: 02º34'47'' de latitude sul e 44º12'47'' de longitude oeste, e ainda com
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uma elevação de aproximadamente 36m em relação ao nível do mar em seu ponto de
entrada.
A Universidade está localizada próxima à região central de São Luís, capital do Estado.
A área em enfoque localiza-se a sudoeste da entrada principal da universidade estando
a uma distância de aproximadamente 800 m. (mapa 1).
1070
Mapa 1: Deslocamento até a trilha, área do antigo Lixão.
Fonte: Adaptado de Esri Legal Information, 2012.
Sítio da Trilha: a área do lixão recuperada
As trilhas devem possuir algo que seja atrativo aos visitantes, como cachoeira,
rio, mar, entre outros recursos naturais, porém a área em estudo tem sua
grandiosidade atrativa pela sua recuperação ante a problemática do lixão,
através da revegetação, criação de trilhas educativas e da relação com a
comunidade Dom Ricardo.
Este trabalho tem como objeto a criação de uma trilha focada na E.A., já que
na área já se evidencia uma vegetação regenerativa existente e, faz-se
necessário uma recuperação natural da vegetação, a partir da extinção do lixão
a céu aberto, da limpeza e crescimento natural das espécies associado à
revegetação.
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Da Silva et al. (2006) afirmam que o contato e a observação direta tornam as
pessoas mais sensíveis para perceber a ação do ser humano no meio
ambiente. Muitos participantes não reconhecem o patrimônio natural original,
confundindo plantas e animais exóticos como nativos e não percebendo a
influência cultural na paisagem da região.
Neste trabalho delimitou-se um caminho que se configurou em uma trilha. No
mapa 2 podemos observar o traçado elaborado com os pontos relevantes de
observação. Segue-se uma perspectiva de se criar uma amostragem natural
das espécies relevantes do Estado a fim de familiarizar os visitantes com este
tipo de flora, proporcionando um maior conhecimento deste ambiente.
Di Tullio (2005, p. 10), afirma que:
As trilhas interpretativas são também uma estratégia
utilizada para maior integração entre o ser humano e o
meio natural, proporcionando um melhor conhecimento
do ambiente local, dos seus aspectos históricos,
geomorfológicos, culturais e naturais.
1071
As vantagens das trilhas residem no ônus relativamente baixo para sua
estruturação, providencial em um país como o Brasil, onde há uma alta
diversidade biológica e uma grande escassez de recursos. Constituem ainda,
um instrumento pedagógico prático e dinâmico, sendo de relevante importância
para quem transita pela área, com fim de reduzir o impacto ocasionado e
despertando uma dinâmica de observação, de reflexão e de sensibilização.
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Mapa 2: Localização da trilha na UEMA.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
4. Metodologia
O presente estudo é elaborado com fundamentação no método indutivo como
fundamento na observação dos elementos naturais e humanos da paisagem
(GUERRA e GUERRA, 1997) e apoiado no método qualitativo (TUAN, 1980;
KAPLAN, 1975).
O planejamento da implantação de trilhas visa assegurar que os impactos
negativos estarão dentro dos limites aceitáveis de mudança, ou seja, um
determinado nível de uso que um sítio ou uma área possa suportar sem causar
danos significativos aos seus recursos naturais necessários para o seu
equilíbrio, garantindo a qualidade da experiência do visitante. Para tal
circunstância Andrade (2003) afirma que é imprescindível: avaliar o local,
impactos e objetivos; definir tipo de público; decidir se a trilha será mais
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informativa, sensibilizadora e/ou educadora possível; ter mensagem simples,
abrindo horizontes, suscitando a observação e o respeito à vida. Já a forma,
segundo o autor, deve ter materiais simples, sem agredir ou poluir visualmente
o ambiente; preferencialmente de formas circulares ou ovais; não serem longas
e que viabilizem uma interpretação com informações necessárias, concisas,
transmitidas de forma mais completa.
Outras metodologias utilizadas para o monitoramento da trilha após aberta ao
público no geral são o estudo da Capacidade de Carga de Usuário – CC,
Sistema de Planejamento Limite de Câmbio – LAC e Monitoramento de
Impacto de Usuário – MIV, especificamente utilizados em implantação de
trilhas.
A capacidade de carga simboliza o nível que uma trilha pode suportar sem que
um grau inaceitável de deterioração dos recursos seja atingido. Tem sua
quantificação de maneira bem complexa, sendo divida em CC Ecológica,
relacionada aos danos na fauna, flora e solos; CC Física, relacionada ao
tamanho e largura da trilha; e CC Perceptiva, que depende da combinação
entre as condições físicas e o número de pessoas que a utilizam ao mesmo
tempo sem que a mesma tenha uma aparência de "lotada" (CIFUENTES, 1992;
ANDRADE, 2003).
O Sistema de Planejamento Limite Aceitável de Câmbio – LAC, estabelecido
por Stankey et al. (1985), determina o limite aceitável das mudanças
provocadas pelo uso público através dos indicadores de impactos, que são
mensurados a partir do Monitoramento de Impacto de Usuário, servindo
estrategicamente para a manutenção do equilíbrio ecológico do ambiente
mesmo com a presença antrópica.
Com o objetivo de apresentar subsídios para a implantação de trilha ecológica
na área do campus Paulo VI da Universidade Estadual do Maranhão, o estudo
é dividido em etapas: I) Reconhecimento da área do lixão; II) Fundamentação
teórica; III) Planejamento a partir da sua forma e função; IV) Implantação de
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trilha ecológica alicerçada no plano de recuperação natural vegetal nas áreas
necessárias.
Para os levantamentos de campo e topografia utilizamos trena de 30 metros,
GPS, Bússola, estacas de madeiras com 50 cm de comprimento, prancheta de
anotações, facões, martelo, pincel e caneta além de máquina fotográfica para
registro de imagens da atividade realizada.
5. Resultados e discussões
Os resultados alcançados foram referentes à definição dos objetivos propostos
pela trilha, sua forma e sua distribuição na área do antigo lixão a partir dos
respectivos pontos interpretativos.
Quanto aos objetivos, a trilha propõe a experiencialização da percepção
ambiental de cada visitante, cujo processo de adequação se restringe à idade
de quem a frequenta, devido ao seu grau médio de dificuldades.
A trilha valoriza a integração e conservação ambiental mediante o
conhecimento, não se privando a apenas informações superficiais e imediatas.
Sendo interpretativa, vai além dos conteúdos referentes aos ecossistemas,
ciclos vitais, recuperação e proteção, poluição e degradação, entre outros.
Mostrará que é possível se recuperar uma área impactada negativamente pelo
homem, através de soluções práticas, que revitalizem e permitam interação
humana com aquele meio através de visitações.
Descrevendo a trilha geologicamente, ela é constituída por rochas da
Formação Barreiras (Terciária), com origem entre o Mioceno e o Plioceno,
onde a porção aflorante é composta essencialmente de arenitos e siltitos,
seguido de argilitos e folhelhos (MACHADO JÚNIOR, 2005). Os níveis de
argilito e folhelhos estão sempre em condições subordinadas, intercalando
arenitos e siltitos (MARANHÃO, 1998).
A vegetação da área da trilha segue o padrão do estado do Maranhão, na qual
se reflete os aspectos transacionais do clima e das condições edáficas da
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região, dos quais resultaram ecossistemas associados, desde ambientes
salinos com presença de manguezais, passando por campos inundáveis,
restingas, cerrados e babaçuais, até vegetação florestal de grande porte com
características amazônicas (MUNIZ, 2006).
A forma da trilha planejada é a circular, conforme as possibilidades
encontradas no ambiente permitindo a entrada e saída no mesmo ponto sem
se repetir o percurso no retorno, tendo um sentido único de uso, o que evita o
encontro de outros grupos durante o caminho. O trajeto total apresenta 701
metros, sendo delimitado por pontos de marcação que totalizaram 54 balizas
de madeira, das quais foram marcadas as distâncias com trena e o azimunte
que foram marcados sobre foto aérea d área para confeccionar o mapa 3.
Os pontos interpretativos apresentam algumas áreas em destaque que servirão
como ponto de repouso e observação minuciosa dos atributos da trilha. É
importante ressaltar a recuperação natural do ambiente como ponto para a
interpretação e percepção dos visitantes.
Inicialmente, destacamos o ponto 1 no qual dá-se o começo da caminhada e
realização das primeiras indagações e análises sobre a questão ambiental para
os visitantes (foto 1). Nele uma plataforma em madeira deverá ser erguida para
a saída e chegada dos grupos (figura 2)
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1075
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Mapa 3: Pontos interpretativos da trilha.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
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Foto 1: Vista panorâmica do ponto inicial
após a retirada parcial de resíduos.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
Figura 2: Croqui de deck a ser construído para
início e final da visita à trilha. Material: madeira
e teto em folha de Babaçu.
Fonte: elaborado por ARAUJO e CASTRO.
Após o início da caminhada, o primeiro ponto de observação é o 6, que tem
como destaque a vegetação em período de recuperação (foto 2). Nele uma
placa com a explicativa com a vegetação secundária deve ser afixada, como se
vê na figura 3.
Foto 2: Vegetação em recuperação.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
Figura 3: Placa explicativa do ponto 6.
Fonte: elaborado por ARAUJO e CASTRO.
Durante todo o trajeto se encontram dificuldades para o deslocamento advindo
da variação geomorfológica. O ponto em destaque inicial é o de número 16
(foto 4) que motiva a transição de uma área mais plana para outra com
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moderadas sinuosidades. Ali uma escada em madeira foi planejada para evitarse a remoção do solo pelo pisoteio, como se vê na figura 3.
Foto 4: Descida moderada no ponto 16.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
.
Figura 3: Escada em madeira para aclive no
ponto 16.
Fonte: Elaborado por ARAUJO e CASTRO.
O ponto 19 é o terceiro local de parada por tratar das questões de
territorialidade e relação da universidade com a população circunvizinha, tendo
o muro limítrofe (foto 5) como referência. Aqui uma placa com desenhos de
espécies da flora e fauna nativas será implantada. Os desenhos serão
elaborados por alunos de escola da comunidade ou por artistas locais (figura
4).
Foto 5: Muro limítrofe da Universidade.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
Figura 4: Placa com desenhos da comunidade
Fonte: Elaborado por ARAUJO e CASTRO.
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A metade do percurso é marcada pelo ponto 27, que serve para diferenciar a
vegetação observada. Deste ponto até o final, a natureza já apresenta maior
exuberância e menos impacto originado pelo lixão. Por conseguinte, a
topografia também é alterada no ponto 28, apresentando alta declividade,
exigindo colocação de outra escada.
No ponto 30, em que se encontra um Mourão de Concreto no meio da
vegetação, uma nova parada foi elaborada, proporcionando ao visitante
perceber que em outro tempo a área servia a uma fazenda de pecuária antes
mesmo de haver sido adquirida pelo estado para construção do campus
universitário (foto 6). Passando pelo ponto 40, outro Mourão de Concreto é
encontrado fortalecendo a perspectiva do ponto 30 na qual outro exemplar
deste material está presente de forma isolada, servindo apenas de mera
ilustração.
A próxima parada é realizada no ponto 37, que se caracteriza pela observação
de uma área de recarga hídrica com pequeno volume, perceptível em períodos
de maior pluviosidade. Esta área simboliza um mirante de observação do local
(foto 7).
Foto 6: Área de parada para visualização do
Mourão de Concreto.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
Foto 7: Mirante de observação.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
Em continuidade, o próximo ponto de parada apresenta a vegetação em seu
estágio adulto, árvores com características de transição como o Tucunzeiro e o
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Babaçu (foto 8), e solo com serrapilheira e alta umidade. Representa a
penúltima parada de observação que fica entre os pontos 48 e 49.
Logo após, entre os pontos 51 e 52, encontra-se uma área suscetível a
alagamentos que apresenta uma pequena declividade e um pequeno
espaçamento para o escoamento superficial da água em período de intensas
chuvas. (foto 9). Este lugar terá uma pequena ponte quando iniciado o
processo de estruturação da trilha.
Por fim, a trilha se finda no ponto 54 com as considerações finais sobre a
importância da Educação Ambiental na preservação do meio ambiente. Ali uma
placa contará ainda com o mapa de toda a área percorrida e seus pontos
interpretativos (foto 10, figura 5).
1080
Foto 8: Vegetação exuberante.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
Foto 9: Área suscetível a
alagamentos.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
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Foto 10: Parte final da trilha.
Fonte: ARAUJO e CASTRO.
Figura
5:
Placa
com
pontos
interpretativos.
Fonte: Elaborado por ARAÚJO e
CASTRO.
A trilha já está delimitada, porém adequada apenas para pessoas com alguma
experiência nestas atividades ou que possuem uma noção sobre caminhadas
em ambientes com balizadores azimutais para referência e os que representam
os pontos interpretativos. Quando da abertura da visitação para todas as faixas
etárias, a trilha poderá ser guiada por acadêmicos da própria universidade que
já demonstraram interesse nesta modalidade, mas também poderá ser
autoguiada, pois o emplacamento permite essa perspectiva.
Capacidade de carga e Limite Aceitável de Câmbio
A teoria de carga que utilizamos é de Miguel Cifuentes (1992). Nessa teoria, a
trilha pode ter uma Capacidade de Carga Física (CCF) que considera o número
de grupos que podem transitar sem encontros e sem perturbação uns dos
outros. A partir dela, descontam-se os impeditivos como erosão, infraestrutura
para mitigação de impactos negativos não efetuados e encontros entre grupos,
resultando nas capacidades Reais (CCR) e Efetivas (CCE). Se o planejamento
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da trilha não conseguir evitar os aspectos negativos, as Cargas têm que ser
niveladas assim: CCF > CCR ≥ CCE.
No planejamento desta trilha, consideramos duas formas de uso, a primeira na
qual há impeditivos ao uso, que segue a regra acima, a segunda, ideal, com a
implantação das infraestruturas propostas, portanto igual à CCF. Para a Carga
Física dividimos os grupos em 10 integrantes (1 monitor e 9 visitantes) com
intervalos de 20 minutos em um período de 6 horas (das 8:00 às 11:00 e das
14:00 às 17:00). O número total de visitas foi de 10 grupos em cada período,
totalizando 200 visitantes diariamente, suficientes para atender grupos de
escolas e à universidade.
Os impeditivos a pratica da totalidade da CCF foram o solo exposto, a
declividade em alguns pontos, a presença de lixo, a presença de espinhos em
pontos do percurso e a inexistência de emplacamento. Considerando-se todos
esses aspectos a CCE ficou em apenas 15% da CCF, 30 visitas. Por
apresentar número muito baixo os grupos podem ser de 5 visitantes. A CCE
deve ser utilizada até que o planejamento seja completamente executado, mas
não impede a utilização da trilha nessas condições.
O limite de Câmbio (LAC) para este caso é positivo, não se considerando
‘perdas’ ambientais com a visitação, já que se trata de área altamente
degradada a ser recuperada.
6. Conclusão
A área na qual a trilha foi implantada apresentava um grande desequilíbrio
ambiental, na qual se configurava em um lixão a céu aberto com resíduos
oriundos tanto da universidade quanto da população circunvizinha.
Este trabalho propôs, através da construção de uma trilha ecológica, motivar as
pessoas a favor de uma nova perspectiva que envolve a preservação da
natureza a partir da Educação Ambiental.
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Com a criação da trilha, a área de estudo se recupera naturalmente e de forma
gradativa, apesar da existência de alguns resíduos dispostos no local. Para
uma recuperação satisfatória é imprescindível a fiscalização e manutenção
permanente da trilha, pois por localizar-se em área de grande ocupação urbana
nas adjacências, os impactos pelo lixo podem tornar-se novamente
significantes e prejudicar as etapas de desenvolvimento deste ambiente.
A trilha elaborada para uso da área do lixão desativado pode contribuir na
efetivação da interpretação, percepção, conscientização e sensibilização
ambiental dos envolvidos, tanto da universidade quanto da comunidade de
entorno, por apresentar pontos de interpretação que remetem aos territórios
passados e presentes. A sua estruturação foi pensada sob a ótica de inserção
na paisagem, cumprindo as premissas das teorias de Limite Aceitável de
Câmbio e de Capacidade de Carga, uma exigência contemporânea para a
gestão das trilhas.
Portanto esta trilha ecológica, desde a sua construção, já se caracteriza como
interessante recurso didático-pedagógico, contribuindo para aproximar a
população com o ambiente natural que está inserido.
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GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: contribuições para o
planejamento e manejo de trilhas
Sumario
01
A importância das trilhas interpretativas para a Educação 1087
Ambiental, Geoturismo e Geoconservação – estudo de algumas
trilhas do Parque Nacional dos Campos Gerais.
02
Considerações preliminares à cerca do potencial geoturístico da 1133
Serra do Lenheiro, São João del-Rei/MG.
03
Geoparque Seridó: unindo turismo, conservação e educação.
1146
04
Potencial da trilha ecológica do Vale vulcânico no município de 1169
Cerro Corá/RN.
05
Trabalho de campo no Caminho das Águas, Parque Natural 1182
Municipal de Nova Iguaçu/RJ:proposta de roteiro ambiental e
subsídio para conservação do patrimônio natural.
06
Trilhas subaquaticas em Fernando de Noronha - PE: a importância 1203
da interpretação ambiental relacionada á geodiversidade.
07
Capacitação de condutores de visitantes do Parque Nacional 1220
Marinho de Fernando de Noronha em Geoturismo
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1086
GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e
manejo de trilhas
A importância das trilhas interpretativas para a Educação Ambiental,
Geoturismo e Geoconservação – estudo de algumas trilhas do Parque
Nacional dos Campos Gerais
Ana Cláudia Folmann1
Resumo
Palavras chave: Trilhas interpretativas, Geoturismo, Educação ambiental, Geodiversidade.
As trilhas interpretativas em unidades de conservação podem tornar a atividade
turística mais enriquecedora, pois esses espaços são extremamente propícios
para a disseminação da educação ambiental. O objetivo do trabalho é discutir a
importância das trilhas como ferramentas de geoturismo e geoconservação, a
partir do estudo de algumas trilhas localizadas nos Campos Gerais do Paraná –
a Trilha do Salto São Jorge, Trilha da Cachoeira da Mariquinha e Trilha do
Buraco do Padre. A área de estudo está localizada no Parque Nacional dos
Campos Gerais, o que ressalta a importância da localidade e a necessidade de
intervenções ecológicas e ações de educação ambiental. Muitas vezes, a falta
de conhecimento sobre a geologia, e as ciências da terra em geral, faz com
que certos comportamentos humanos depreciativos comprometam o patrimônio
natural de forma irreversível. Grupos de visitantes chegam às UC observam o
ambiente e não tem sua percepção ampliada ou não se sentem sensibilizados.
Isso porque há poucos meios interpretativos que favoreçam a compreensão do
local e neste sentido, faz-se necessário um maior esforço para a divulgação da
biogeodiversidade nas trilhas. A metodologia da pesquisa utilizada
compreendeu o levantamento bibliográfico e documental, investigações de
campo com uma equipe multidisciplinar, e o georreferenciamento com um
receptor GPS. Percebeu-se que os meios interpretativos são peças
fundamentais para a compreensão dos processos formadores da paisagem e
suas peculiaridades, pois podem despertar a curiosidade dos visitantes e
provocar a mudança de comportamento significativa a favor da proteção da
natureza. Observou-se também que estas trilhas têm diversos elementos de
interesse didático, principalmente em relação à geologia, porém seu potencial
como instrumento de geoconservação e educação ambiental ainda é pouco
explorado.
Resumen
1
acfolmann@hotmail.com Professora colaboradora do curso de Turismo UEPG
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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1087
Palabras clave: Senderos Interpretativos, Geoturismo, Educación Ambiental, Geodiversidad.
Los senderos interpretativos en las áreas protegidas pueden hacer un turismo
más rico, porque estos espacios son muy propicios para la difusión de la
educación ambiental. El objetivo es discutir la importancia de los senderos
como herramientas geoturísticas y de conservación geológica, desde el estudio
de algunos senderos ubicados en Campos Gerais do Paraná – el Sendero del
Salto São Jorge, Sendero del Buraco do Padre y Sendero da Cachoeira da
Mariquinha. El área de estudio se encuentra en el Parque Nacional de Campos
Gerais, que hace hincapié en la importancia de la ubicación y de la necesidad
de intervenciones ecológicas y de educación ambiental. A menudo, la falta de
conocimientos sobre la geología y ciencias de la tierra en general, hacen que
ciertos comportamientos humanos despreciativos destrozan el patrimonio
natural de forma irreversible. Muchos grupos de visitantes que llegan a la UC
observar el medio ambiente y no tienen ampliada su percepción o no se sienten
sensibilizados. Eso es porque hay algunas maneras que favorezcan la
comprensión interpretativa del lugar y en este sentido, es necesario un mayor
esfuerzo para dar a conocer la biogeodiversidade de los senderos. La
metodología de investigación utilizada incluyó los fondos bibliográficos y
documentales, investigaciones de campo con un equipo multidisciplinario, y
georeferenciación con un receptor GPS. Se dio cuenta que los medios de
interpretación son fundamentales para la comprensión de los procesos de
formación del paisaje y de sus peculiaridades, porque pueden despertar la
curiosidad de los visitantes y provocar un cambio de comportamiento
significativo a favor de la protección de la naturaleza. También se observó que
estos caminos tienen muchos elementos de interés educativo, especialmente
en relación a la geología , pero su potencial como herramienta de conservación
geológica y la educación ambiental es todavía poco explorado.
1. Introdução
As visitas turísticas têm aumentado nos últimos anos, e fazem parte das
buscas do homem moderno, que vive em constante estresse e tensões
relativas ao trabalho e à vida nas grandes cidades. O turista atualmente está
mais exigente e bem informado, e procura experiências diferenciadas, em que
tenha acesso a informações e lazer com consciência. Nesse sentido destacase o Geoturismo, que pode ser definido, de maneira simplificada, como o
turismo relacionado às rochas, relevo, água, fósseis, arqueologia, solos, entre
outros. O crescimento expressivo do turismo de natureza, e especificamente o
Geoturismo, está relacionado com a procura pela melhoria da qualidade de
vida, e as caminhadas em trilhas podem contribuir para essa melhora.
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O ser humano sempre estabeleceu trilhas, e estas têm fins diversos, que vão
desde a procura de alimento e água até ações comerciais e peregrinações
religiosas. Segundo o Instituto Brasileiro de Turismo - EMBRATUR (1994, p. 9),
as trilhas são corredores de circulação bem definidos dentro de uma área e
através dos quais os visitantes são conduzidos a locais de grande beleza
natural para observação da natureza. Entre as vantagens de percorrer as
trilhas estão os benefícios da atividade física para a saúde física e mental. Em
tempos em que a população sofre com problemas cardiovasculares,
obesidade, estresse, depressão e outras doenças que se agravam com o
sedentarismo, as caminhadas em trilhas também representam um meio
agradável de praticar um esporte, relaxar e manter-se saudável.
As trilhas interpretativas em unidades de conservação podem tornar a atividade
turística mais enriquecedora. Esses espaços são extremamente propícios para
a disseminação da educação ambiental, inclusive de pessoas economicamente
desprivilegiadas e de pessoas portadoras de necessidades especiais, um
público geralmente esquecido pelos gestores das trilhas. Grupos de visitantes
chegam às UC, observam o ambiente e não tem sua percepção ampliada ou
não se sentem sensibilizados. Isso porque há poucos meios interpretativos que
favoreçam a compreensão do local e neste sentido, faz-se necessário um
maior esforço para a divulgação da biogeodiversidade nas trilhas. Também
ocorre que muitos deficientes visuais e usuários de cadeira de rodas não têm
acesso aos atrativos.
Além disso, a falta de conhecimento sobre a geologia, e as ciências da terra
em geral, faz com que certos comportamentos humanos depreciativos
comprometam o patrimônio natural de forma irreversível. Talvez isso ocorra,
muitas vezes, porque desde a infância, aprendemos a ter uma visão
fragmentada do meio ambiente, como se estivéssemos à parte dele. O estilo de
vida do homem moderno caracteriza-se pelo consumo excessivo de bens
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materiais e de informações, que chegam via rede mundial de computadores ou
outros meios de comunicação. Notícias internacionais são rapidamente
transmitidas, objetos importados são facilmente adquiridos, e assim desenhase um mundo sem fronteiras e de distâncias mínimas.
Entretanto, as pessoas dificilmente sabem de onde vêm os recursos minerais
que constituem materiais que utilizam em seu dia-a-dia, como telefones
celulares, microcomputadores, eletrodomésticos, utensílios gerais e tantos
outros. A necessidade de reconexão com a terra torna-se cada vez maior.
Muitas vezes o sentimento de vazio interior é comum entre os jovens, que
parecem ter acesso a todo tipo de tecnologias, mas estão distantes de suas
próprias raízes, de seu ser natural.
Conhecer aspectos relativos às geociências, aos processos formadores das
paisagens e dos elementos da geodiversidade auxilia o entendimento da
história da Terra, e consequentemente, da história do próprio ser humano. No
meio ambiente tudo está interligado, e a visão fragmentada que comumente é
ensinada nas escolas só faz distanciar as pessoas da natureza e dificultar a
compreensão do valor e sentido da vida. Nesse contexto, Gray (2004) atribui
alguns valores à geodiversidade: os valores intrínsecos, culturais, estéticos,
econômicos, funcionais, científicos e didáticos. A área estudada, localizada nos
Campos Gerais do Paraná, possui geossítios que correspondem a estes sete
valores, como será visto adiante, aqui com destaque para os valores estéticos,
científicos e didáticos. Assim como a biodiversidade, a geodiversidade também
está exposta a situações que provocam a descaracterização e/ou a
depredação de seus elementos. O seu aspecto robusto não esconde suas
várias fragilidades às intervenções antrópicas, que muitas vezes podem
resultar
de
conflitos
gerados
pela
própria
admissão
de
valores
à
geodiversidade (GRAY, 2004, citado por GUIMARÃES et al, 2009).
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Dessa forma, conhecer a realidade de algumas trilhas e o seu potencial
geoturístico poderá dar subsídios para que sejam elaboradas estratégias
eficientes para trilhas em relação ao geoturismo, geoconservação e educação
ambiental.
Os objetivos desse trabalho são analisar a importância das trilhas como
ferramentas de geoturismo e geoconservação. Além disso, o trabalho visa o
estudo de algumas trilhas localizadas nos Campos Gerais do Paraná para
contribuir com o aprofundamento dos estudos relativos ao aproveitamento
didático de elementos presentes nas trilhas e à geoconservação dos atrativos
do Parque Nacional dos Campos Gerais, buscando a disseminação dos
conhecimentos geológicos à comunidade.
1.1 Fundamentação Teórica
Os geossítios, ou, locais de interesse geológico, são locais que se destacam
pelo valor singular e pela representatividade que apresentam em termos
estéticos, pedagógicos, científicos, culturais, entre outros. Alguns tipos de
relevo específicos dos Campos Gerais podem ser considerados geossítios, por
exemplo, os escarpamentos (Escarpa Devoniana); os canyons (do Rio São
Jorge, do Guartelá); e as cachoeiras e corredeiras (Salto São Jorge; Buraco do
Padre, Salto Santa Rosa; Cachoeira da Mariquinha). Os geossítios, muitas
vezes apresentam elementos de interesse didático, e podem ser utilizados
como instrumentos de educação ambiental.
A Educação Ambiental (EA) sempre esteve presente na vida do homem, desde
os tempos mais primitivos. Talvez, desde que os primeiros seres deram-se
conta que os seus rejeitos os incomodavam, seja pelo odor, ou outros motivos,
e trataram de eliminá-los, enterrando-os. Ao ensinar essa prática aos seus
filhos, mesmo sem saber, eles estavam aplicando a EA em suas vidas
(ABREU, 2000). A Constituição Federal de 1987, no artigo 225, prevê um
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ambiente saudável a todos. Além disso, em 1999, o governo federal decretou a
Lei 9795/99, que afirma que a EA deve ser implementada em todos os níveis e
idades.
A EA tem fundamental importância para a geoconservação nas trilhas por ser
uma ferramenta básica na construção de novos valores e comportamentos.
Para Dias (2004, p.148) a Educação Ambiental é considerada um processo
permanente pelo qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu
meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as
experiências que os tornam aptos a agir - individual e coletivamente - e resolver
problemas ambientais presentes e futuros. A EA é multidisciplinar, envolve
conhecimentos técnicos de variadas disciplinas para chegar à compreensão
das relações do homem com a natureza. E para ampliar esses conhecimentos,
nada mais propício do que os ambientes das Unidades de Conservação, que,
de acordo com Struminski (2001), são locais enriquecedores e facilitadores
para o desenvolvimento de diversos programas de EA, pois configuram a
melhor paisagem bem conservada de uma região.
Tendo em vista essas características, acredita-se que as informações e
aprendizados pertinentes à EA podem vir de uma forma descontraída, pois
quando as pessoas buscam as trilhas, muitas vezes não se preocupam tanto
com a informação formal, e sim, buscam o relaxamento e a apreciação da
paisagem. Para aliar o entretenimento e aquisição de conhecimentos sobre o
local visitado pode-se fazer uso da interpretação ambiental. A interpretação
ambiental refere-se a um conjunto de princípios e técnicas que visam estimular
as pessoas para o entendimento do ambiente pela experiência prática direta
(FONTES et al., 2003).
Ainda entende-se por Interpretação Ambiental, ou da paisagem, atividades que
possam acentuar a satisfação, o interesse e a compreensão do visitante pela
área visitada. Para Freeman Tilden (apud VASCONCELLOS, 1997), filósofo e
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dramaturgo americano, considerado o ‘pai’ da interpretação ambiental, esta é
uma “atividade educativa que pretende revelar significados e inter-relações
através de um contato direto com o recurso ou por meios ilustrativos, não
sendo limitado a dar uma informação do ambiente”. Tilden foi o primeiro
estudioso a propor esta definição formal e estabeleceu os princípios da
interpretação, entre os quais se destacam:
- A interpretação deve relacionar os fatos com a personalidade ou com
experiências anteriores a quem se dirige; não sendo assim, é estéril;
- O objetivo fundamental da interpretação não é a instrução, mas a
provocação; deve despertar curiosidade, ressaltando o que parece
insignificante;
- A informação como tal, não é interpretação. A interpretação é uma
revelação que vai além da informação, tratando dos significados, inter
relações e questionamentos. Porém toda a interpretação inclui informação;
- A interpretação é uma arte que combina muitas artes, (sejam científicas,
históricas, arquitetônicas) para explicar os temas, utilizando todos os sentidos
para construir conceitos e provocar reações nos indivíduos;
- A interpretação deve tratar do todo em conjunto e não de partes isoladas; os
temas devem estar inter-relacionados;
- A interpretação para crianças não pode ser apenas uma diluição da
apresentação para adultos; deve ter uma abordagem fundamentalmente
diferente. Para diferentes públicos (crianças, adultos, interesses, formações)
deve haver programas diferentes.
Em relação às trilhas de interpretação da natureza, estas podem ser
consideradas caminhos estabelecidos, com diferentes formas, comprimentos e
larguras, que possuam o objetivo de aproximar o visitante do ambiente natural,
ou conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu entretenimento ou
educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos (SALVATI,
2003). Nesse contexto, concorda-se com Rodrigues e Carvalho (2009), que
afirmam que a interpretação da geodiversidade é a base para que haja
realmente uma aprendizagem, inclusive em um contexto não formal. As trilhas
devem ser equipadas com meios interpretativos pertinentes a cada tipo de
público. Pode-se optar por recorrer a um guia para acompanhar o percurso,
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uso de publicações, recursos audiovisuais, centro de visitantes ou painéis, só
para citar os meios mais utilizados.
a)
Publicações:
Os
materiais
informativos
impressos,
como
folhetos,
apresentam as vantagens de terem um baixo custo e proporcionarem maiores
detalhes sobre o local visitado. Os turistas podem levar o material para casa e
complementar as informações sobre os atrativos, porém muitas vezes esse
material é gratuito e acaba sendo descartado como lixo na própria trilha. Para
evitar essa situação os materiais podem ser cobrados, mesmo que seja um
valor simbólico, pois assim seriam mais valorizados. Outra opção interessante
são os cartões postais com fotos e informações geológicas e geomorfológicas
do geossítio. Ressalta-se que é preciso pensar na infraestrutura de
distribuição/venda das publicações.
b) Recursos Audiovisuais: Esses recursos têm como vantagem o fato de que
em pouco tempo sintetizam a informação. Ainda podem ser em mais de um
idioma, simplificam o acesso à informação para pessoas portadoras de
deficiência visual e também podem ser usadas salas que exibem vídeos curtos
continuamente, tornando fácil para o turista obter informações. A desvantagem
é que podem ser relativamente caros.
c) Centro de Visitantes: Estes podem ser um grande atrativo e atingir grande
audiência, mas são caros e podem competir com outras infraestruturas. Há
uma infinidade de recursos que podem ser utilizados em um centro de
visitantes, é possível optar por aqueles que estimulam o uso de todos os
sentidos, que despertem a curiosidade e sejam interativos. Para o público
infantil esses espaços podem ser muito estimulantes, pois se pode fazer uso de
jogos, maquetes, réplicas de animais ou brinquedos com características do
espaço visitado, entre outros.
d) Visitas guiadas: As visitas guiadas, por terem a presença do guia durante a
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caminhada, apresentam a vantagem da possibilidade de tirar dúvidas no
momento em que elas surgem, além do benefício da flexibilidade. Quando o
guia é bem preparado, geralmente é o meio interpretativo que mais satisfaz o
público, porém, caso o guia não atenda às expectativas do visitante, poderá
fazer com que este não retorne mais ao local. O guia geralmente estará atento
caso algum visitante queira depredar o patrimônio, a estrutura, tirar algum
espécime de fauna, flora, rocha ou outro elemento da paisagem, podendo atuar
como protetor da biogeodiversidade.
Se o guia fizer parte da comunidade
local poderá haver geração de renda para a mesma. O envolvimento da
comunidade local é um dos requisitos da atividade ecoturística, e é também
muito importante para que o geoturismo seja bem-sucedido. A desvantagem da
visita guiada é que atende a um número limitado de pessoas de cada vez
(BRILHA, 2009).
e) Painéis interpretativos : Os painéis interpretativos são meios que, instalados
no percurso das trilhas, podem transmitir as informações pertinentes à
geoconservação aos visitantes. O geoturista costuma observar os painéis
interpretativos ao ar livre durante curto período de tempo. A realidade é que
muitas interpretações não são apresentadas de forma interessante para o
turista, pois enfocam apenas o seu valor científico, sem atender princípios
básicos da interpretação. Para Nascimento (et al. , 2008, p.42),
A grande vantagem da interpretação in situ é que o geoturista
tem a oportunidade de conhecer o patrimônio geológico no seu
contexto de ocorrência, tornando o entendimento sobre o seu
significado, mais fácil. É importante que o patrimônio geológico
seja apresentado de forma interessante, proporcionando seu
conhecimento e sua apreciação para todos os tipos de
geoturistas para que estes possam ter interesse em aprender
mais sobre os processos geológicos.
Ao instalar os painéis interpretativos devem-se ter certos cuidados como a
escolha dos materiais, que devem ter durabilidade e não agredir o meio
ambiente; caso sejam de madeira, que essa seja de origem confiável, ou seja,
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não proveniente de desmatamento ilegal. As cores dos painéis não devem
contrastar muito com as cores do ambiente natural, são recomendados tons de
verde, marrom e bege.
Segundo pesquisas, para a mensagem ser acessível ao público, o vocabulário
dos painéis deve ser compreendido por pessoas de 13 anos (MOREIRA, 2009).
Se a linguagem for incompreensível para os adolescentes, talvez boa parte do
público não possa entender. Os painéis retangulares e horizontais são mais
agradáveis que verticais ou quadrados; e ainda devem ser ricos em figuras,
pobres em texto e com espaços em branco, numa proporção 2:1:1. A
localização dos painéis é essencial para a sua efetividade (MOREIRA, 2009,
comunicação oral).
Entre as vantagens do uso de painéis interpretativos estão o baixo custo de
manutenção e a facilidade com que podem ser usadas pelo público. Os painéis
podem ajudar a orientar visitantes e facilitam a interação a públicos especiais
como portadores de necessidades especiais e estrangeiros, quando são
adaptados. Ainda permitem que o visitante percorra a trilha no seu próprio
ritmo, proporcionando certa liberdade que não seria possível em uma visita
guiada. É ideal para famílias, pois permite aos pais explicar aos filhos aspectos
de seu interesse e em seu nível de compreensão.
As desvantagens são o impacto negativo que podem causar na paisagem e a
suscetibilidade ao vandalismo. Ainda podem ser de má qualidade e não
despertar curiosidade nos visitantes, além de não haver a possibilidade de tirar
dúvidas que surgem no momento. Muitos painéis apresentam textos muito
longos ou uso de muitos termos científicos que não são atrativos para o público
leigo (BRILHA, 2009). Conhecendo os benefícios e desvantagens de cada um
dos meios interpretativos têm-se subsídios para avaliar qual(is) deles seria(m)
mais
eficiente(s)
para
estratégias
que
favoreçam
o
geoturismo,
geoconservação e EA na área estudada.
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1.2 Caracterização da área de estudo
A área de estudo localiza-se na região dos Campos Gerais do Paraná, no
município de Ponta Grossa, nos domínios do Parque Nacional dos Campos
Gerais. A região dos Campos Gerais, de acordo com Guimarães et al. (2009),
localiza-se no centro-leste do Estado do Paraná como uma faixa em forma de
crescente com o lado convexo voltado para oeste (figura 1), ocupando quase
12.000 km² desde a divisa com São Paulo, na altura do município de Sengés,
até o limite com Santa Catarina, em Rio Negro.
1097
Figura 1: Localização dos Campos Gerais do Paraná
Fonte: Adaptado de Melo (et al, 2007), baseado em Maack (1948)
Nos Campos Gerais o clima é temperado a subtropical - Cfa e Cfb, segundo a
classificação de Köeppen. O Cfa abrange matas pluviais e matas de araucária
acima de 500 m; e o Cfb engloba campos limpos com seus capões de
araucária e matas ciliares de córregos e rios, matas de declive das escarpas e
os matos secundários da região das araucárias do Segundo Planalto. A
temperatura média no mês mais frio é inferior a 18°C, enquanto que a
temperatura média no mês mais quente está abaixo de 22°C (SEMA, 2004). As
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temperaturas mais baixas ocorrem em julho, quando normalmente ocorrem
geadas noturnas.
A identidade histórica e cultural desta região remete ao século XVII, com a
convivência e lutas entre culturas indígenas Kaingang e Guarani, missões
jesuíticas e as incursões das bandeiras paulistas (SAHR e SAHR, 2001).
Posteriormente, nos séculos XVIII - XIX a região foi rota do tropeirismo (figura
2), fazendo parte do Caminho de Viamão. O relevo suave, os fartos pastos
naturais e abundância de água boa propiciavam o transporte de tropas de
muares e gado de abate provenientes do Rio Grande do Sul, com destino aos
mercados de São Paulo e Minas Gerais (SAHR e SAHR, 2001; MELO e
MENEGUZZO, 2001; PIEKARZ e LICCARDO, 2007). Nos séculos XIX-XX
chegaram e se instalaram os imigrantes europeus e também os fazendeiros,
caboclos, escravos e quilombeiros provenientes do Caminho de Viamão.
(SAHR e SAHR, 2001).
1098
Figura 2 – Acampamento noturno dos tropeiros – pintura de Jean B. Debret, 1827
Fonte: http://blogdetropeiros.blogspot.com.br
Em relação aos aspectos socioeconômicos dos Campos Gerais, a região se
destaca nacionalmente devido à atividade agropecuária de alta tecnologia. Os
solos da região, tradicionalmente utilizados como pastagens naturais, são
também ocupados, já há algumas décadas, por agricultura intensiva, no
sistema de plantio direto, e reflorestamentos de Pinus spp (SEMA, 2004).
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Entre os rios mais importantes da região estão o rio Tibagi, Iapó e Pitangui, que
muitas vezes têm seu curso controlado por estruturas rúpteis (falhas, fraturas,
diques) de direção predominante noroeste-sudeste, associadas ao Arco de
Ponta Grossa. O Arco de Ponta Grossa, de acordo com MELO (et al., 2007), é
uma importante estrutura de direção noroeste-sudeste (NW-SE) da Bacia do
Paraná. Constitui um arqueamento na forma de alto estrutural com eixo
inclinado para noroeste (NW), expondo à superfície rochas que se achavam
soterradas. O arqueamento, ativo desde o Paleozóico, foi palco de intensa
atividade tectônica desde o Mesozóico.
A região dos Campos Gerais abrange unidades geológicas paleozóicas da
Bacia do Paraná. O seu patrimônio geológico é extremamente relevante, com
geossítios que contam a história paleoambiental, geomorfologia didática e
riqueza em fósseis do Devoniano (RUCHKYS et al., 2009). De acordo com
Guimarães (et al,, 2009), diversas instituições de ensino, paranaenses ou não,
elegeram esta região como laboratório prático para atividades variadas nas
Geociências. Os autores consideram que os geossítios aí existentes possuem
uma singularidade que faz com que a geodiversidade dos Campos Gerais
ultrapasse a relevância regional, atingindo importância nacional e mesmo
internacional. Alguns aspectos dos Campos Gerais são motivo de visitações de
cursos superiores de Geografia, Geologia, Biologia, Turismo e outros,
provindos de todo o Brasil, como destacam Melo e Meneguzzo (2001): a
coexistência de ecossistemas diferentes - campos, floresta de araucária,
refúgios de cerrado, relevos de exceção (Vila Velha, Furnas, Escarpa
Devoniana) e excelentes exposições de unidades sedimentares silurodevonianas da Bacia do Paraná (Formações Iapó, Furnas, Ponta Grossa).
Formações campestres e florestais coexistem num equilíbrio dinâmico dirigido
pelas transformações climáticas quaternárias. Os campos apresentam
zonações diferentes e bem distintas, às quais correspondem agrupamentos
vegetais específicos. A vegetação é dividida em campos secos, campos com
afloramentos rochosos, campos pedregosos, campos úmidos e brejosos, além
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das várzeas, capões, matas de galeria e bosques mistos com araucária
(MORO, 2001). Na região dos Campos Gerais e vizinhanças predominam os
campos limpos do tipo savana gramíneo-lenhosa, que ocupam a maioria dos
topos das elevações e encostas (MORO, 2001). As matas com araucária
interrompem a uniformidade da paisagem de campos; estas aparecem em
capões isolados ou na forma de matas ciliares, muitas vezes encaixadas no
fundo de vales na forma de canyons.
2. Metodologia
A metodologia da pesquisa compreendeu o levantamento bibliográfico e
documental, investigações de campo com uma equipe multidisciplinar, e o
georreferenciamento com um receptor GPS. Além disso, foram feitas
entrevistas informais com frequentadores das trilhas e pessoas que trabalham
voluntariamente na manutenção das mesmas. Foram
estabelecidos
alguns
critérios para a escolha das trilhas analisadas:
1100
- A área do presente estudo compreende três trilhas que fazem parte do
Parque Nacional dos Campos Gerais. Este parque, decretado em 2006, ainda
está em processo de implantação. Os parques nacionais são espaços com
vocação turística, e no caso dos Campos Gerais, uma das vocações que se
destaca é o geoturismo.
- Potencial para a prática do geoturismo: Além de possuir relevância geológica
e significativa beleza cênica, as áreas onde se encontram as trilhas devem
possibilitar serviços e facilidades ao turista;
- Elevada representatividade como recurso didático: A trilha deve ter, em seu
percurso,
aspectos
representativos
para
aprendizagem
em
geologia,
geomorfologia, ciências ambientais, ou no mínimo, de geoconservação;
- Frequência de visitantes: O fluxo turístico nas trilhas é um fator que indica a
possibilidade de atingir um grande número de pessoas em relação à educação
ambiental e venda do conteúdo cultural da geologia.
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3. Resultados Parciais e discussão
As três trilhas analisadas vão de encontro aos atrativos turísticos do Parque
Nacional dos Campos Gerais (figura 3) e se destacam2 pela beleza cênica de
suas paisagens, são elas: a Trilha da Cachoeira da Mariquinha, Trilha do
Buraco do Padre, e Trilha do Salto São Jorge.
1101
Figura 3: Localização dos principais atrativos do Parque Nacional dos Campos Gerais, com
destaque para o Salto São Jorge
3.1 Trilha da Cachoeira da Mariquinha
A Cachoeira da Mariquinha está localizada a aproximadamente 32 quilômetros
do centro de Ponta Grossa, no distrito de Itaiacoca. É originada pelas águas do
2
Duas das trilhas analisadas vão de encontro a atrativos que são sítios da SIGEP (Comissão
Brasileira dos Sítios Geológicos e Paleobiológicos do Brasil): Buraco do Padre e Salto São
Jorge. Este fato quer dizer que eles têm relevância geológica reconhecida.
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Rio Quebra Perna, e tem aproximados 30 metros de altura. A área de entorno é
composta por afloramentos rochosos com algumas manchas de campos, além
de áreas de cultivo e pastoreio. Este geossítio é um dos principais atrativos
turísticos naturais da cidade, e, assim como o Buraco do Padre e o Salto São
Jorge, é muito procurado para atividades de lazer da população local, como pic
nic, camping e banhos. Existe potencialidade para atividades de turismo de
aventura, como cachoeirismo, por exemplo. Há controle de acesso e cobrança
de ingresso (R$5,00), porém existe pouca infraestrutura no local; há apenas
algumas lixeiras, churrasqueiras, mesas e bancos; e os banheiros são muito
precários.
1102
Figura 4: Perfil altimétrico da trilha para a cachoeira da Mariquinha
Para chegar até a cachoeira pode se percorrer uma trilha do tipo linear (figura
4), com aproximados 875m de comprimento, em sua maior parte sombreada,
em meio a um bosque. Em relação ao grau de dificuldade3, a trilha pode ser
considerada de nível leve quanto à intensidade, e fácil quanto ao nível técnico.
O local tem vegetação nativa com ecossistemas associados de Floresta
Ombrófila Mista (mata de Araucária) e estepe gramíneo lenhosa (vegetação de
3
Optou-se por utilizar uma classificação simplificada para as trilhas, baseada em Andrade (2004).
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campos). Também há a possibilidade de se fazer um circuito circular, utilizando
outra trilha (figura 5) que era mais usada anteriormente, em solo arenoso e
sobre afloramento rochoso, quase toda em área de estepe, sendo que essa
tem um trecho onde é preciso cruzar o rio.
Estima-se que aproximadamente 500 pessoas percorram a trilha nos finais de
semana (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012), sendo que no verão o
número aumenta significativamente. A atividade turística já acontecia de forma
incipiente na propriedade, mas intensificou a partir do ano de 2002, quando se
iniciou a divulgação, colocação de placas de orientação e cobrança de entrada.
1103
Figura 5: Visitantes saindo da trilha das pinturas rupestres e seguindo em direção à cachoeira,
esta com aproximados 30m de altura
Fonte: Folmann, 2013
Há necessidade de intervenções ecológicas para um turismo sustentável, já
que falta infraestrutura, e a trilha apresenta alguns sinais de impactos como
exposição de raízes e compactação do solo.O local possui potencial didático
devido a alguns fatores, como os escarpamentos do arenito Furnas e relevo
ruiniforme,
que
compõem
uma
paisagem
de
grande
beleza
cênica
(CARVALHO, 2004). Segundo Melo (et al., 2001, p.103-105) estes tipos de
feições geomorfológicas constituem sítios singulares, com significativo
patrimônio natural, e significam:
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
- escarpamentos: são os penhascos verticalizados, na região sustentados pela
Formação Furnas, que podem alcançar desníveis superiores a uma centena de
metros; os escarpamentos formam os canyons, morros testemunhos e o fronte
da Escarpa Devoniana;
- relevos ruiniformes (ruiniform landscapes segundo MAINGUET, 1972, apud
WRAY, 1997): a expressão foi cunhada para a região de Roraima, no sul da
Venezuela, com paisagens desfeitas, com muitos penhascos de até um
quilômetro em ortoquartzitos proterozóicos; na região dos Campos Gerais os
relevos ruiniformes aparecem no Arenito Furnas e em arenitos do Grupo
Itararé; os principais exemplos são os arenitos de Vila Velha.
Há também as informações arqueológicas, representadas pelas pinturas
rupestres (figura 6). Provavelmente estiveram ali grupos caçadores coletores,
da tradição Planalto, cujos integrantes procuravam nas lapas rochosas abrigo
para acampamentos temporários, proteção contra intempéries e bons pontos
de observação para caça (SILVA et al , 2007).
A Tradição Planalto é caracterizada por grafismos que representam
principalmente animais (cervídeos, aves, peixes, tatus, etc.), raramente seres
humanos, e mais raramente ainda cenas que sugerem fatos da vida da época.
São elaborados principalmente com pigmento vermelho – hematita (MELO et
al, 2005).
Figura 6: Foto e decalque de pintura da tradição geométrica nas proximidades da
Cachoeira da Mariquinha. Fonte: Alessandro Chagas, 2013
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Não há muitos estudos específicos sobre esse geossítio, e considera-se
importantes pesquisas aprofundadas em relação à capacidade de suporte das
trilhas, entre outros temas. As ameaças que podem comprometer a
biogeodiversidade da área estão relacionadas, entre outras, às pichações
próximas às pinturas rupestres, à contaminação das águas devido à plantação
com uso de agroquímicos à beira do rio Quebra Perna e à rápida proliferação
de árvores de pinus (pinus ellioti) no local.
3.2 Trilha do Buraco do Padre
Localizado a 26 km do centro da cidade de Ponta Grossa, o geossítio é uma
espécie de anfiteatro subterrâneo, que apresenta em seu interior uma
imponente cascata. O Buraco do Padre é uma furna notável, por permitir
facilmente o acesso, a pé, ao interior da mesma, através do leito subterrâneo
do Rio Quebra-Pedra, que é controlado por falha de direção NE-SW (MELO et
al, 2005). Faz parte de uma propriedade particular, e é, sem dúvida, um dos
mais belos atrativos naturais dos Campos Gerais. A furna Buraco do Padre tem
30m de diâmetro e 43 m de profundidade.
A trilha até o atrativo (figura 7) ocorre em trechos de mata, campos e sobre
afloramento rochoso e degraus de pedra. Tem aproximadamente 780 m, e sua
largura média é de 1m. Pode ser considerada de nível leve quanto à
intensidade, e fácil quanto ao nível técnico. Nas áreas alagadas há que se ter
cuidados com as rochas escorregadias. Há um pequeno trecho em que é
preciso andar pelo rio (normalmente o nível da água é raso), já bem próximo à
queda d’água.
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Figura 7: Perfil altimétrico da trilha do Buraco do Padre
Na área do Buraco do Padre predomina vegetação rasteira de pequeno porte
(gramíneas), mas também há presença de campos brejosos. As matas de
araucária aparecem em forma de mata ciliar ou em capões isolados. Os
capões apresentam variados estágios de sucessão, com núcleos pioneiros e
núcleos mais evoluídos (MELO et al, 2005).
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Figura 8: Aspectos da vegetação, da trilha e da queda d’água em dias ensolarado e chuvoso
Fonte: Folmann, 2013
As atividades praticadas atualmente são visitação, banho, rapel, escalada e
camping, este sem autorização do proprietário. Antes da criação do parque
essa área contava com certa infraestrutura, como luz elétrica, banheiros e área
de estacionamento, mas após o decreto de criação do parque o local foi
abandonado. Não há controle de visitação e a estimativa de usuários por fim de
semana é de aproximadamente 500 pessoas (MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE, 2012).
A trilha principal, que dá acesso à queda d’água é do tipo linear, e apresenta
sinais de erosão como raízes expostas em vários trechos (figura 9). Nos
períodos chuvosos a fragilidade da trilha aumenta, há alguns pontos de
alagamento (figura 8), e muitas vezes, as visitas de grupos só irão acelerar os
processos erosivos e danificar o ambiente. De acordo com Pontes (et al, 2010),
há grande impacto causado pelo pisoteio, o que acelera o abatimento do solo e
do corpo rochoso. Há alguns trechos em que foram colocadas pedras - uma
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boa alternativa, já que evita erosão do solo e tem a vantagem da durabilidade,
além da questão estética.
Figura 9: Detalhes da trilha para o Buraco do Padre – sinais de erosão nos trechos em que há
grande pisoteio no solo e trechos com pedras
Certa quantidade de lixo é frequentemente encontrada na trilha. Em 2005
houve um mutirão para revitalização do local, organizado pelo Grupo de
Escalada Cidade de Pedra, com a participação dos cursos técnicos de Meio
Ambiente e de Turismo e do Grupo Fauna de Ponta Grossa. Houve confecção
de placas, oficinas de artesanato e reciclagem, retirada de lixo, plantio de 250
mudas de espécies nativas e ações para manutenção da trilha. Este tipo de
ação, porém, deveria ocorrer de forma contínua, assim como também seriam
importantes estudos de capacidade de carga e controle da visitação.
O local possui potencial didático e científico, visto que é uma formação
incomum, constituída por furnas que são feições de erosão subterrânea que se
estendem à superfície do terreno, típicas dos arenitos da Formação Furnas, o
qual apresenta cimento argiloso que sofre dissolução, favorecendo a
decomposição da rocha (MELO et al, 2005). Ainda segundo os autores,
O rio entra na furna através de outro trecho subterrâneo,
controlado por fraturas de direção NW-SE. Nas proximidades
da furna principal observam-se ainda outra furna menor, túneis,
fendas e escarpas associados às falhas e fraturas. Este
conjunto de feições é muito ilustrativo das cavidades
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subterrâneas encontráveis nos arenitos da Formação Furnas,
unidade geológica com importância como aqüífero estrutural
em uma região com crescente demanda de recursos hídricos.
Além disso, também há diversas pinturas rupestres em paredes de arenito
Furnas, nas proximidades do atrativo, inclusive nas paredes em que estão as
vias de escalada.
1109
Figura 10: Prática de escalada em uma das vias do Setor Favo.
Fonte: Pacheco, 2010
Existem atualmente 13 vias de escalada nos arredores do Buraco do Padre
(figura 10), sendo que 9 estão no setor denominado Favo. E ainda, a 2,6 km ao
sudeste deste local, há um setor chamado Macarrão, com mais de 40 vias, que
tem atraído escaladores de diversas cidades do Paraná e do Brasil. Nas
proximidades do Buraco do Padre há dois estabelecimentos que oferecem
produtos alimentícios de qualidade, e são praticamente os únicos consolidados
e em funcionamento até o momento – há a opção do café colonial em uma das
propriedades, e na outra, há degustação e venda de licores e outros produtos
derivados das amoras produzidas no local, além de lanches diferenciados.
3.3 Trilha do Salto São Jorge
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O Salto São Jorge, ou Cachoeira de Santa Bárbara, como também é
conhecida, localiza-se na propriedade de Lourenço Zapotoczny, cerca de 18
km a nordeste do centro de Ponta Grossa. A área está compreendida no curso
inferior da bacia do rio São Jorge. O acesso é por estrada de terra, rumo ao
bairro Rio Verde, adentrando a Vila San Martin pela estrada Arichernes Carlos
Gobbo.Para chegar até a sede da fazenda há que se ter cuidado com as vias
de acesso, que estão mal conservadas. Há valetas que aumentam
gradativamente nos dois lados da estrada, o que representa risco de
atolamento do automóvel. Além disso, não há sinalização adequada para
indicar o caminho ao visitante que não conhece a região. O local também não
apresenta nenhum tipo de adaptação para portadores de necessidades
especiais, ou seja, não há infraestrutura que facilite o acesso para receber este
público.
Atividades como escalada, rapel, piquenique, banhos, motocross e caminhadas
são frequentes. A fazenda possui alguma infraestrutura como banheiros,
churrasqueiras, lixeiras, mesas, bancos, área para camping e lanchonete,
porém são muito precários, e não se encontram em bom estado de
conservação. São cobradas taxas para entrada e acampamento no local4.
Os banheiros e a lanchonete foram construídos muito próximos ao rio e não
respeitam a área de preservação permanente (APP). Árvores exóticas, como
pinus e eucalipto foram plantadas para fazer sombra nos locais de
estacionamento e acampamento.
A trilha mais procurada por turistas que visitam o rio São Jorge e seu entorno é
a que vai de encontro ao salto, a partir do centro de recepção da fazenda Santa
Bárbara. Segundo o proprietário, o número de visitantes que frequenta a
fazenda é estimado entre 1000 a 1200 (mil a mil e duzentas) pessoas por final
de semana nos meses do verão. Mesmo assim o local dispõe de uma
infraestrutura muito precária. A forma da trilha é linear, com dois braços de
4
Os valores das taxas estão disponíveis no endereço eletrônico da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa
<http://www.pontagrossa.pr.gov.br/cannyon-e-cachoeira-do-rio-sao-jorge>
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trilha para mirantes/ atrativos. O caminho de ida é o mesmo da volta, o que
causa certa pressão ao meio ambiente. Em relação ao grau de dificuldade, a
trilha pode ser considerada de nível leve quanto à intensidade, e com
obstáculos naturais, quanto ao nível técnico. A trilha não exige habilidades
específicas de montanhismo, porém apresenta alguns trechos com relevo
acidentado e com pedras escorregadias.
Embora o percurso seja curto e na maior parte em terreno plano, o trecho final,
próximo do canyon, apresenta maiores dificuldades para idosos, pessoas com
problemas de locomoção e crianças.
A extensão da trilha, desde o local do início (estacionamento) até a base da
cachoeira é de 788 m. A largura da trilha varia de 40 cm a 2 m em geral, mas
em certo trecho a trilha se expande e chega a atingir 10 m de largura. Sua
altitude média é de 950 m (inicia a 958 m e finaliza a 899 m). A trilha, em sua
maior parte, encontra-se em área de campos, margeando o rio São Jorge
(figura 11), e próxima a uma extensa área de cultivo agrícola 5. Um fato que
chama a atenção é que o proprietário utiliza agrotóxicos na plantação,
atualmente de soja. A contaminação das estepes por agroquímicos é uma
ameaça à qualidade da vegetação e das águas do rio e do lençol freático.
Figura 11: Na maior parte da trilha tem-se a visão do rio São Jorge e é possível ouvir o som
das quedas d’água Fonte: Folmann, 2010
5
Culturas como feijão e soja não se desenvolvem muito bem nos solos da região dos Campos Gerais,
devido à sua acidez característica. É necessária a correção destes solos, principalmente por meio de
calagem. O solo é o destino final dos produtos químicos usados na agricultura, sejam eles aplicados
diretamente no solo ou aplicados na parte aérea das plantas (DALAZOANA, 2010).
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Há várias lixeiras espalhadas em boa parte do percurso da trilha, mas estas
não estão em bom estado de conservação. A sinalização da trilha é deficiente,
há algumas placas no local, como a placa que alerta sobre escaladas e rapel
(recomendando a presença de instrutor); outra indicando a direção da
cachoeira e algumas que atentam para a questão do lixo.
Não há nenhum tipo de informação sobre o percurso da trilha, nem sobre
aspectos de fauna, flora e geologia/ geomorfologia local. Entre as espécies
vegetais nativas destacam-se a sempre-viva Paepalanthus albo-vaginatus; a
Drosera brevifolia, planta insetívora que ocorre em solos pobres em Nitrogênio,
e é comum em beira de rios (figura 12), entre outras.
1112
Figura 12 - Drosera brevifolia, (planta insetívora) e Paepalanthus albo-vaginatus: amostras da
biodiversidade do local Fonte: a autora, 2009
O local da cachoeira apresenta patrimônio natural de relevância turística,
científica e pedagógica; há exposição de rochas do contato entre a Bacia do
Paraná e seu embasamento e formas singulares de relevo, como cascatas,
cachoeira, lajeados, relevos ruiniformes, fendas, lapas, escarpas, canyons e
cavernas. Ainda destacam-se os sítios arqueológicos com pinturas rupestres
(figura 13). As trilhas de acesso aos sítios arqueológicos encontram-se
interditadas para recuperação. É importante que haja a recuperação natural da
trilha antes de incluir este ponto na visitação turística ordenada, pois é um
patrimônio cultural de relevante interesse que agrega valor à interpretação da
trilha. As ameaças à geodiversidade neste local são evidentes, há pichações e
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fuligem de fogueira sobre algumas pinturas. Infelizmente parte deste patrimônio
foi perdida de forma irreversível.
Figura 13 - Pinturas rupestres em lapas, inscritas há cerca de 10 mil anos atrás.
Fonte: a autora, 2010
Com o intuito de evitar mais impactos, desgaste do ambiente e perda da
qualidade do ambiente é importante que se estabeleça a capacidade de carga 6
da trilha. Para informações mais detalhadas há o estudo da capacidade de
suporte da trilha principal do Salto São Jorge (FOLMANN, 2010). Entre os tipos
de relevo observados na trilha destacam-se as panelas ou bacias de
dissolução (figura 14), que são cavidades formadas sobre a plataforma rochosa
devido ao acúmulo de água das chuvas acidificadas pela decomposição de
organismos que se proliferam nessas poças, favorecendo a desagregação do
arenito, principalmente na dissolução do cimento que mantém o arenito coeso.
Estão frequentemente associadas a outras feições de relevo ruiniforme como
as caneluras e as juntas poligonais (MELO, 2007).
Os solos na área do Salto São Jorge são delgados e arenosos e, muitas vezes,
expõem o substrato rochoso; são provenientes do intemperismo do Arenito
6
Capacidade de suporte, ou capacidade de carga turística, de uma trilha é o nível de uso, ou
seja, o número de caminhantes que uma área pode suportar sem acarretar deterioração
excessiva. Esta capacidade varia conforme as suas características, qualidade dos recursos
naturais e experiência recreativa do grupo de visitantes e seu comportamento (PAGANI et al.,
2001).
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1113
Furnas. Os neossolos litólicos são predominantes, mas aparecem também com
freqüência gleissolos e organossolos onde os terrenos são mais encharcados
(MASSUQUETO et al., 2009).
1114
Figura 14 - As bacias de dissolução são encontradas em vários trechos da trilha
Fonte: a autora, 2008
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Melo (2007) afirma que os solos litólicos são rasos, jovens e têm o horizonte A
diretamente sobre a rocha. Possuem espessura inferior a 30 cm, e segundo
recomendações do plano de manejo da APA da Escarpa Devoniana, esse tipo
de solo deve ser destinado à preservação, devido à sua fragilidade ambiental e
alta suscetibilidade à erosão (SEMA, 2004).
1115
Figura 15 - Salto São Jorge com paredões em arenito da Formação Furnas.
Fonte: Prieto, 2004
Com relação às unidades de rochas, o Salto São Jorge (figura15) é um dos
raros locais da região onde há exposição do contato geológico entre o
Complexo Granítico Cunhaporanga, Formação Iapó e Formação Furnas.
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No local da cachoeira, em um desnível topográfico de cerca de 40 m,
aparecem da base para o topo: (1) o embasamento da Bacia do Paraná, ali
representado por granitóide porfirítico do Complexo Granítico Cunhaporanga;
(2) diamictitos da Formação Iapó e (3) conglomerados e arenitos da Formação
Furnas (MASSUQUETO et al., 2009).
O Complexo Granítico Cunhaporanga está localizado sob as formações Furnas
e Iapó. As rochas dessa unidade granítica testemunham magmatismo do final
do Ciclo Brasiliano, de idade neoproterozóica. Já a Formação Iapó é resultante
da glaciação no limite Ordoviciano/ Siluriano e apresenta sequência basal de
pequena espessura (geralmente inferior a 20 m), de natureza descontínua, que
se assenta diretamente sobre o embasamento.
(ASSINE et al, 1998). No
Paraná há poucos afloramentos desta formação. Há presença de seixos
caídos, o que caracteriza a presença de material transportado por gelo
flutuante. A Formação Iapó aflora na base de uma parede do Arenito Furnas,
que tem cerca de 50 metros de altura, ao lado da cachoeira (MASSUQUETO et
al, 2009).
As rochas da formação Furnas (Siluriano a Devoniano Inferior) são as mais
jovens, estas aparecem no topo e configuram a maior parte da cachoeira do
São Jorge. Esta formação é composta por rochas originadas desde o final do
Siluriano até o início do Devoniano, provavelmente em ambientes transicionais
marinhos rasos ou fluvio-marítimos. Uma de suas características são as
estratificações cruzadas que apresenta.Informações complementares sobre a
geologia local podem ser encontradas nas obras de ROCHA (1995), ASSINE
(1998, 1999) e MASSUQUETO et al (2009).
O Salto São Jorge é uma das principais atrações turísticas naturais da cidade.
Apesar do elevado número de aspectos relevantes para uso didático, o local
ainda é pouco utilizado com essa finalidade. Este local é considerado um
laboratório de geologia ao ar livre, por proporcionar a visualização da
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geodiversidade, ali representada por rochas de três períodos diferentes, e por
estimular o entendimento da sua história geológica. Pensando nisso, alguns
pontos de interpretação foram definidos ao longo da trilha. Os pontos foram
estabelecidos por meio de saídas a campo e análises que vão de encontro aos
objetivos da pesquisa. Buscou-se dar visibilidade aos atrativos que realçam a
beleza cênica do local, e favorecem a compreensão dos processos de
formação da paisagem e de elementos da geodiversidade. Para melhor
visualizar os pontos de interpretação na trilha foi elaborado um croqui com
algumas fotos dos pontos de interpretação (figura 16).
1117
Figura 16 - Croqui da trilha do Salto São Jorge com os pontos de interpretação
Fonte: Folmann, Forbeck, Sawczyn, 2010
O quadro a seguir mostra os locais dos pontos de interpretação observados na
trilha. Tais pontos referem-se aos processos formadores da paisagem, que
incluem diferentes feições de relevo, características da geodiversidade local, e
efeitos da ação da água dos rios, uma vez que estes são os agentes mais
importantes na erosão, transporte e deposição dos sedimentos.
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Quadro 1 - Relação entre os pontos de interpretação e assuntos de interesse geoturístico
Pontos
de
interpretação
Exemplos de assuntos que podem
ser explorados na interpretação
I
Solos, ciclo das rochas, diagênese, tectonismo, falhas e
fraturas, estratificação, evolução do Arco de Ponta Grossa.
II
III
Processos erosivos; Organização das camadas do Arenito
Furnas nas paredes rochosas.
Feições e micro-feições de relevo; intemperismo químico e
biológico; relevo ruiniforme; falha geológica; processo de
formação do canyon.
IV
Evolução das vertentes, rupturas de nível e divisores de
águas; granulometria dos sedimentos.
V
Geodiversidade; contato geológico.
Fonte: a autora
3.4. Os Meios Interpretativos e as Trilhas da Cachoeira da Mariquinha, Buraco
do Padre e Salto São Jorge
As três trilhas, recebem, juntas, aproximadamente 2.000 visitantes por mês nas
estações mais quentes do ano. Supõe-se que uma parte desses turistas
gostaria de agregar valor à sua visita e obter informações sobre a fauna, flora,
a formação da paisagem, entre outros. Porém como não há meios
interpretativos nos locais as pessoas podem retornar com a sensação de que
ficou faltando algo, de que a visita poderia ter sido mais rica.Algumas idéias
iniciais foram buscadas para a interpretação ambiental dos geossítios
Cachoeira da Mariquinha, Buraco do Padre e Salto São Jorge, como forma de
incrementar a atividade turística e contribuir para a geoconservação do local. É
importante frisar que, para um trabalho mais eficiente é necessário realizar um
estudo detalhado a respeito do perfil do geoturista que visita a região.
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No caso de um planejamento a médio ou longo prazo poderia ser construído
um centro de visitantes no local onde será a sede do Parque Nacional dos
Campos Gerais. Aí seria feito o uso de recursos audiovisuais e também
maquetes, jogos e outros instrumentos que favoreçam o uso dos sentidos para
que haja uma verdadeira interação do visitante com o local. No Brasil há uma
carência deste tipo de recursos (MOREIRA, 2008), algumas das exceções são
o Jogo Memória Piraí da Serra e o Jogo do Tropeiro7, que, de forma pacífica e
lúdica, educam. Baseando-se em outras temáticas do Parque Nacional dos
Campos Gerais poderiam ser criados diversos jogos e atividades interativas
que complementassem o aprendizado e ressaltassem os elementos didáticos
presentes nas trilhas.
Seguem algumas considerações sobre os meios interpretativos adequados às
trilhas analisadas, que, por não exigirem tantos recursos, seriam mais
apropriados em um primeiro momento: visitas guiadas, painéis e folhetos
interpretativos.
- Visitas guiadas
Para que as visitas sejam de qualidade, com informações variadas e corretas
sobre o local, faz-se necessário investir na capacitação dos guias de turismo.
Estes, preferencialmente, devem fazer parte da comunidade local, já que um
dos princípios do geoturismo refere-se ao bem estar dos residentes. Moradores
de Ponta Grossa e das proximidades dos geossítios podem transmitir
informações peculiares sobre a região, pois conhecem as particularidades do
espaço que habitam. Além disso, há os aspectos histórico-culturais associados
aos recursos geológicos, como histórias e lendas ligadas ao tempo que os
índios, e depois os jesuítas, habitaram a região. O nome “Buraco do Padre”,
7
Mais informações em:
http://www.academia.edu/472927/A_ELABORACAO_DE_UM_JOGO_DA_MEMORIA_COMO_
MEIO_INTERPRETATIVO_PARA_A_REGIAO_DE_PIRAI_DA_SERRA_-_PR; e
http://www.silvestrealves.com.br/jogo
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inclusive está relacionado com o local onde os jesuítas faziam suas
meditações. Há também todo o contexto do tropeirismo.
O guia capacitado deve saber atender aos primeiros socorros para zelar pela
segurança dos clientes. A fluência em outros idiomas é um diferencial, assim
como o conhecimento sobre os cuidados necessários para atender às
especificidades das pessoas com deficiência. Adaptar a linguagem utilizada
para a comunicação infantil também é uma habilidade que um bom guia deve
ter. Ainda se espera que o guia tenha sensibilidade (para descobrir na trilha
elementos naturais que possam ser interpretados, além dos sugeridos
normalmente) e certa flexibilidade, que fará a experiência mais rica e
satisfatória aos visitantes. Por exemplo, em dias de chuva ou pós-chuva, o leito
da trilha do Salto São Jorge e outros trechos no entorno da trilha apresentam
modelos dos diferentes tipos de canais fluviais. Pode-se observar, em menor
escala, evidentemente, como se formam os meandros do rio e seus canais
anastomosados.
Em situações como essa o guia preparado faz a diferença, caso tenha
conhecimento especializado pode aproveitar situações inusitadas na trilha para
ensinar aspectos relevantes aos diferentes públicos que estiver guiando.Nos
períodos chuvosos a fragilidade das trilhas aumenta, e cabe ao guia também
ter o bom senso para evitar que tais danos ocorram; além disso, deve-se estar
atento às enchentes dos rios São Jorge e Quebra Perna, que rapidamente têm
seu fluxo d’água aumentado, podendo comprometer a segurança do turista.
Conhecer nomes populares e tipos de uso das espécies vegetais nativas dos
Campos Gerais, e mais especificamente as que se desenvolvem nos solos
predominantes na área das trilhas; saber reconhecer pegadas ou sinais de
animais que passaram pelas proximidades do geossítio; ou avistar e explicar
sobre diferentes tipos de aves que fazem parte do ecossistema, especialmente
aquelas que nidificam em rochas, como o andorinhão; saber revelar
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significados em um clima de mistério, atraindo e mantendo a atenção dos
visitantes durante o trajeto.
Esses itens fazem parte da interpretação ambiental das trilhas. Mais do que
transmitir a informação literal, é interessante que a comunicação do guia leve à
reflexão, que provoque a curiosidade e estimule o visitante a perceber com
todos os seus sentidos o meio ambiente.
Para tanto seria de grande valia um
treinamento para pessoas que já atuam como guias no município e para
aquelas interessadas e com aptidão para guiarem à trilha do Salto São Jorge e
outras trilhas de interesse geoturístico da região dos Campos Gerais. Há em
Ponta Grossa um curso técnico em guia de turismo que poderá oferecer aulas
para capacitação de condutores em geoturismo – essa proposta deve ser
colocada em prática no 1º semestre de 2014.
- Painéis interpretativos
1121
Com exceção dos geólogos, acadêmicos e colecionadores, que têm um nível
de compreensão maior, o público em geral necessita de uma linguagem
simples. Pesquisas realizadas por Thomas Hose, na Grã-Bretanha, revelam um
perfil dos geoturistas, que geralmente são:
- turistas acidentais, que descobrem o patrimônio geológico por acaso;
- os adultos frequentemente têm mais de 30 anos de idade e viajam em casais
ou em pequenos grupos de famílias com crianças;
- muito poucos conhecem geologia;
- centros com painéis interpretativos os agradam, e estão dispostos a pagar
apenas por entradas moderadas;
- observam os painéis de interpretação por um pequeno momento de tempo.
(Nascimento et al. , 2008)
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Visto que os painéis interpretativos podem ser bastante atraentes para os
geoturistas, deve-se pensar em estratégias para manter a sua atenção no
sentido de que ‘absorvam’ a mensagem que se deseja passar. Os textos
devem estar em linguagem acessível, em letras grandes para os títulos e textos
principais, e com espaço entre as linhas para tornar fácil a leitura. Além disso,
mapas e esquemas, intercalados com os textos, ilustrando os processos
geológicos dos atrativos são interessantes. A escolha dos materiais que serão
utilizados para fabricar os painéis não é uma tarefa simples, pois requer
pesquisa que envolve a relação custo/benefício, a resistência ao vandalismo e
às condições climáticas, cuidados com a manutenção, entre outros.
Para a elaboração dos painéis também se pode usar como base a experiência
adquirida em ações tomadas por parte da MINEROPAR, da Universidade
Estadual de Ponta Grossa e da Universidade Federal do Paraná, desde 2003.
Como parte do programa “Sítios Geológicos e Paleontológicos do Paraná”
foram instalados alguns painéis em cidades como Palmeira (colônia de
Witmarsun), Foz do Iguaçu e Ilha do Mel. De acordo com Guimarães (et al,
2009), detalhes físicos destes painéis como materiais utilizados, dimensões e
localização, altura da estrutura devem ser continuamente revistos, assim como
os textos, analisando a quantidade e complexidade das informações,
ilustrações mais apropriadas, entre outros.Podem-se instalar painéis de 1 m x
90 cm próximos aos pontos de interpretação referenciados no quadro 2. Como
exemplo sugere-se títulos para os textos e questionamentos para despertar a
curiosidade dos visitantes da trilha do Salto São Jorge:
- Ponto de interpretação I: “O que é o Arco de Ponta Grossa e qual a sua
influência no relevo da região dos Campos Gerais”; “Como ocorre a
movimentação das placas tectônicas?”
- Ponto de interpretação II: “Tipos de rochas e seu ciclo: conhecendo o Arenito
Furnas”
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- Ponto de interpretação III: “Você sabe como se formou esse canyon?”
- Ponto de interpretação IV: “Olhe para esta paisagem... você consegue
imaginar que ela um dia já foi coberta de gelo e posteriormente, pelo mar?”
- Ponto de interpretação V: “O que é um contato geológico?”; “A rara presença
da Formação Iapó, glaciação e tempo geológico”.
A autora, em parceria com uma equipe multidisciplinar, elaborou um painel que
foi concebido pela MINEROPAR, como parte do programa “Sítios Geológicos e
Paleontológicos do Paraná”, sobre o sítio geológico do Salto São Jorge. O
painel ainda não está instalado na trilha, o que deve acontecer num futuro
próximo, mas já está exposto no campus da Universidade Estadual de Ponta
Grossa, onde, em conjunto com variados objetos, rochas, painéis e outros
recursos, configura uma exposição que faz parte do projeto “Geodiversidade na
Educação”8.
- Folhetos interpretativos
1123
Muitas vezes ocorre de o turista não recordar de atrativos naturais que
conheceu, ou de as lembranças se tornarem bastante difusas. Os folhetos
interpretativos apresentam a vantagem de que as informações estão impressas
e podem ser levadas com ele para casa, possibilitando consultas posteriores.
Detalhes que passaram despercebidos durante a caminhada na trilha podem
ser vistos após, complementando o conhecimento adquirido.
Entretanto,
para que as informações sejam corretamente captadas é importante que o
folheto transmita adequadamente a mensagem, fato esse que nem sempre
acontece. Boullón (2002, p.113) afirma que o turista observador é assolado
“por uma série de folhetos que acrescentam a algumas fotografias comentários
triviais, em que se insiste em destacar a importância do que se promove
mediante adjetivos qualificativos”.
8
Para mais informações acessar: https://www.facebook.com/GeodiversidadeNaEducacao
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Para corrigir o processo de comunicação falha, as mensagens sobre o
ambiente natural devem basear-se em conhecimento técnico sobre esse
ambiente e na utilização de códigos de fácil apreensão. A participação do
visitante assim, não é anulada, mas sim, incentivada, facilitando a
compreensão do que vê, mediante a indicação das características morfológicas
mais destacadas do ambiente (BOULLÓN, 2002).
Recomenda-se, para os
geossítios do Buraco do Padre, Cachoeira da Mariquinha e Salto São Jorge,
que sejam elaborados folhetos, escritos em português, inglês, espanhol e
Braille, com informações geológicas, mapas de localização e ilustrações que
possam facilitar o entendimento da formação das paisagens dos locais. As
dimensões do folheto podem ser de 30 x 21 cm.
Sugere-se que o folheto seja distribuído aos visitantes, mas o custo do mesmo
deve ser incluído no valor cobrado na entrada; ou então o folheto deve ser
vendido à parte. Mensagens sobre atitudes de proteção ao meio ambiente e
conduta para evitar acidentes também podem constar no folheto. Além disso,
informações sobre a infraestrutura do local (área para camping, lanchonete,
vias de acesso, entre outros) complementam as informações para o turista.
4. Considerações Finais
A área que abrange as trilhas estudadas tem sido ameaçada de algumas
formas e faz-se urgente medidas que venham a conter tais riscos e que sejam
favoráveis a um turismo sustentável. Os geossítios da Cachoeira da
Mariquinha, Salto São Jorge e Buraco do Padre apresentam sítios
arqueológicos em abrigos sob rocha, que indicam a passagem de grupos
nômades de indígenas pré-históricos caçadores e coletores, que se
deslocavam pela região procurando alimento ou fazendo a travessia entre a
costa e o interior. Este patrimônio muitas vezes é ameaçado de desaparecer
devido a fogueiras feitas em locais inadequados e pichações.
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Além dessa ameaça à geodiversidade, há outras, como ressalta Guimarães (et
al, 2009): um cenário típico dos Campos Gerais que compromete os geossítios
– a prática extensiva de reflorestamento com espécies exóticas nas áreas
originais de campo (pinus e eucalipto) que compromete a visão das
particularidades geomorfológicas que constroem as paisagens das trilhas. A
proliferação principalmente de Pinus spp é uma ameaça, pois sua
disseminação é crescente e atrapalha a regeneração da vegetação natural.
Segundo Ziller e Galvão (2002) é essencial a compreensão de que o problema
da invasão do Pinus spp aumenta gradativamente e se agrava com o passar do
tempo, principalmente quando não são tomadas medidas para sua contenção.
Muitos animais q habitam o entorno das trilhas têm seus hábitos atrapalhados
devido à poluição sonora causada por turistas, dispersão do lixo e destruição
de seu habitat por conta da ação humana. Representantes da fauna que
podem ser avistados ao percorrer estas trilhas são aves como curucaca
(Theristicus caudatus); pica-pau-do-campo (Colaptes campestres); tucano-debico-verde (Ramphastos Dicolorus); quero-quero (Vanelius chilensis); gavião
(Caracara
plancus);
sulphuratus);
urubu
(Coragyps
coruja-buraqueira
atratus);
(Speotyto
bem-te-vi
cunicularia);
(Pitangus
andorinha
(Notiochelidon cyanoleuca), etc. Graxains (Pseudalopex gymnocercus), lobosguará
(Chrysocyon
brachyurus),
lebres
(Lepus
europaeus),
veados
(Ozotocercus bezoarticus), e bugios (Alouatta guariba) também marcam
presença na área do Parque Nacional dos Campos Gerais, embora seja mais
difícil avistá-los; além disso, há répteis como a cobra peçonhenta jararaca
(Bothrops jararaca) e insetos como borboleta azul (morpho aega), entre outros
(SEMA, 2004).
O tipo de público que frequenta as três trilhas analisadas, muitas vezes, traz
para estes ambientes os hábitos urbanos que possui. Alguns optam por fazer
churrasco, consumir bebidas alcoólicas e fazer uso de equipamentos sonoros
em alto volume. Eis o desafio para uma gestão que busque a conservação
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ambiental – fazer com que este tipo de visitante possa se interessar por um
contato prazeroso, porém de maior respeito com a natureza, ou ao menos,
minimize os seus impactos ambientais no local. Nesse sentido há uma maneira
de provocar a mudança de comportamento desejável para a manutenção do
meio ambiente - a Educação Ambiental. Seus propósitos incluem desenvolver a
conscientização ambiental, mudar hábitos, ampliar o conhecimento sobre a
interação dos fatores ambientais regionais e aumentar a identidade e
autoestima, sobretudo da população local (MELO, 2006). Além da EA, a
Geologia, por causa de seu caráter interpretativo e histórico da natureza, é uma
ciência adequada para a apreensão do conceito de sistema natural, em que
múltiplos componentes e fatores interagem de forma única dentro de contextos
variados. Assim, podem-se sugerir os seguintes temas relacionados com as
Geociências para o desenvolvimento de atividades nas trilhas analisadas:
- noção de escalas de tempo, fenômenos geradores de rochas, do relevo e
escala de observação humana;
- noção de escalas espaciais: ocorrência de fenômenos naturais, observação
macro a microscópica dos fenômenos e seus produtos, representação em
mapas e gráficos;
- desenvolvimento de linguagens adequadas para a descrição de fenômenos e
feições da natureza;
- compreensão do papel do ser humano como agente transformador da
natureza;
- compreensão do ciclo das rochas e fontes de energia relacionadas;
- compreensão do papel da água superficial e do subsolo na gênese e
decomposição das rochas e na formação e dinâmica do relevo;
- relação organismo versus rocha.
(Adaptado de MELO, 2006)
As trilhas têm atrativos interessantes para diferentes tipos de público, com
variadas faixas etárias e oferece também oportunidade de aprendizado
específico para grupos de estudantes das áreas de geografia, biologia,
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geologia, turismo e alunos de ensino médio e fundamental.
Para estudantes de geografia pode-se tratar de assuntos como uso do solo,
áreas degradadas, feições de relevo, processos erosivos, entre outros; já
estudantes
de
geologia
possivelmente
se
interessarão
pelos
perfis
estratigráficos, ambientes de sedimentação, geologia estrutural, lineamentos
(relativos ao Arco de Ponta Grossa ou não), geologia histórica, geoturismo e
geoconservação.
Os alunos de biologia podem aprender sobre coexistência de diferentes
ecossistemas, espécies endêmicas, bioindicadores, estágios sucessionais e
outros. Enquanto que acadêmicos de turismo podem compreender mais sobre
planejamento turístico, capacidade de carga, lazer e recreação em áreas
naturais, gestão ambiental, geoturismo, entre outros assuntos.
Alunos
do
ensino fundamental e médio terão como complementar aulas de geografia em
que aprendem sobre tipos de rochas, ciclo das rochas, teoria da Deriva
Continental e teoria da Tectônica de Placas, minerais e rochas, hidrologia e
erosão, entre muitos outros, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais.
As crianças disseminam os conhecimentos que recebem; sendo que muitas
gostam de brincar com água e rochas, que juntamente com o tempo, são
temas centrais da geologia. Isso dá a oportunidade de aprender mais sobre a
Terra e as belezas naturais que a compõem, e deve ser estimulado desde cedo
(FREY, 2006, citado por MOREIRA, 2008).
Em relação a outras potencialidades das trilhas constata-se que elas também
podem trazer vantagens para as comunidades de entorno. Locais com
relevantes atrativos naturais cujo acesso se dá por meio de trilhas apresentam
oportunidade de trabalho para guias de turismo. Com o fluxo de visitantes
aparecem possibilidades para outras pessoas da comunidade rural, por meio
da venda de artesanato, alimentos, produtos coloniais, entre outros. O
geoturismo apresenta certas vantagens em relação aos outros tipos de turismo
porque as pessoas que o praticam geralmente possuem uma consciência
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ambiental e hábitos conservacionistas. Além disso, não é uma atividade
sazonal, ou seja, pode ser praticado durante o ano inteiro. Após a adequação
dos equipamentos turísticos e capacitação dos recursos humanos, pode-se
investir na divulgação dos geossítios e das trilhas.
A análise das trilhas da Cachoeira da Mariquinha, do Buraco do Padre e do
Salto São Jorge possibilitou conhecer melhor suas potencialidades e
fragilidades no contexto do geoturismo. Observa-se que nas trilhas do Buraco
do Padre e da Cachoeira da Mariquinha os estudos podem ser aprofundados,
destacando alguns pontos específicos para interpretação; traçando o perfil
altimétrico da trilha da Cachoeira da Mariquinha em sua forma circular; entre
outros.Apesar dos diversos elementos de interesse didático e da localização
próxima ao centro da cidade, as trilhas não tem recebido os devidos cuidados
para que sejam conservadas suas características culturais e naturais. O uso
dos sítios naturais dos Campos Gerais, de uma forma geral, com fins turísticos,
científicos e didáticos não é adequadamente organizado. Eles ainda são pouco
conhecidos, não há orientação, estudos de capacidade de carga, planejamento
e nem avaliação dos impactos ambientais.
No Parque Nacional dos Campos Gerais encontram-se diversas trilhas que
possuem um apelo geológico muito grande, além das paisagens belíssimas em
que estão inseridas, porém elas não possuem nenhum instrumento
interpretativo que auxilie os visitantes a irem além da apreciação estética.
Espera-se que as informações contidas nessa pesquisa possam ser utilizadas
pelos gestores de trilhas dos Campos Gerais, para que as mesmas possam ser
desfrutadas por diferentes tipos de turistas.
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GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e
manejo de trilhas
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES À CERCA DO POTENCIAL
GEOTURÍSTICO DA SERRA DO LENHEIRO, SÃO JOÃO DEL-REI/MG
Arlon Cândido Ferreira9
Washington Angelo de Souza10
Leonardo Cristian Rocha11
Múcio do Amaral Figueiredo12
André Batista de Negreiros13
Resumo
Palavras chave: Serra do Lenheiro, geoecoturismo, conservação ambiental
O turismo natural vem crescendo nas ultimas décadas, com isso surgiram
novas modalidades de turismo, dentre eles o Geoecoturismo, visando à
valorização do meio natural e propondo uma forma de conhecer para
preservar. A Serra do Lenheiro, localizada na cidade de São João del-Rei, tem
um grande potencial para exploração desse ramo turístico, onde se destaca
sua biodiversidade, geodiversidade e patrimônio histórico-cultural. Porem, esse
grande potencial, necessita de medidas que resultam em ações voltadas para a
conservação ambiental, destacando-se a necessidade de um plano de manejo
e gestão do uso da área.
Resumen
Palabras clave: Serra do Lenheiro, geoecoturismo, la conservación ambiental
El turismo de naturaleza ha ido creciendo en las últimas décadas, se trataba de
nuevas formas de turismo, como el geoturismo, con miras a la mejora del
medio ambiente natural y proponer una manera de aprender a conservar. La
Sierra del almacén de madera, ubicada en São João del Rei, tiene un gran
potencial para la exploración de esta rama del turismo, lo que pone de relieve
su biodiversidad, la geodiversidad y el patrimonio histórico y cultural. Sin
9
arloncf@gmail.com Graduando do Curso de Geografia da Universidade Federal de São João
del-Rei
10
washingtonangelodesouza@hotmail.com Graduando em Controle Ambiental – Instituto
Federal Sudeste de Minas
11
rochageo@ufsj.edu.br Professor do Departamento de Geociências – Universidade Federal
de São João del-Rei
12
mucio.figueiredo@gmail.com Professor do Departamento de Geociências – Universidade
Federal de São João del-Rei
13
andrebnegreiros@globo.com Professor do Departamento de Geociências – Universidade
Federal de São João del-Rei
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embargo, este gran potencial, necesita medidas que se traducen en acciones
para la conservación del medio ambiente, poniendo de relieve la necesidad de
un plan de manejo y gestión del área de uso.
1. Introdução
Com a necessidade da aproximação do homem com o meio ambiente, o
turismo convencional vem perdendo espaço e foram surgindo outras formas de
fazer turismo, tais como: Ecoturismo, Turismo de Aventura, Turismo Técnico
Cientifico e Geoturismo, esse ultimo podendo ser definido como um novo
seguimento de turismo em áreas naturais a qual, realizado por pessoas que
tem o interesse em conhecer mais os aspectos geológicos e geomorfológicos
de um determinando local. (Moreira, 2010).
Sua
criação
se
justifica
pela
necessidade
premente
de
valorização
aproveitamento dos recursos que a natureza nos oferece, alem do
reconhecimento de que as paisagens naturais, monumentos geológicos e
outros aspectos geológicos precisam ser preservados antes que se percam.
Muitas pessoas que não possuem conhecimento sobre geologia, veem esse
aspectos como um componente curioso e interessante da paisagem, sendo
que no Geoturismo se entendo que não há somente a apreciação da paisagem,
mas também sua compreensão, através dos diversos meios interpretativos.
(Moreira & Bigarella, 2008). Hose 2000, define dois tipos de pessoas que
visitam tais áreas:
Geoturistas dedicados: Aqueles que visitam os sítios geológicos e exibições
com propósito educativo;
Geoturistas Casuais: São aqueles que visitam casualmente, sendo visitas
não planejadas ou acidentais.
Segundo Silva, (2004), tornar esses atrativos visíveis e passiveis de interesse e
entendimento é fundamental para despertar o interesse do turismo nesses
locais, sendo um trabalho duro para considerando a grandiosidade e
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diversidade do acervo geológico disponível e a ampla tradução “árida” e densa
da terminologia geológica.
Portanto, diante do exposto, podemos compreender que o geoturismo emerge
como um grande potencial de valorização da Geodiversidade, considerando
que o geoturismo possibilita uma visitação que permite aos turistas um
entendimento do local visitado, disseminando na sociedade os diferentes
valores que esta possui, levando-a a compreender a necessidade de sua
conservação. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é destacar o potencial
geoturístico que a Serra do Lenheiro tem, representando área de grande
interesse sob vários aspectos: geográficos, geológicos, biológicos, econômicos,
histórico, cultural, turístico, entre outros.
Localização da área
A Serra do Lenheiro está localizada no Município de São João del-Rei, na
Mesorregião do Campo das Vertentes, Minas Gerais. O município se destaca
pelo seu conjunto histórico/arquitetônico/cultural formado por suas ruas,
casarios, igrejas e por estar localizado próximo ao caminho velho da Estrada
Real. Além disso, a história da cidade e do município se mistura à história do
Brasil Colonial. A beleza cênica dos atributos naturais do município e região de
influência é notória, destacando-se a Serra de São José e a Serra do Lenheiro.
Esta
última
ainda carente de
estudos voltados para
seu
potencial
ecogeoturístico.
2. Metodologia
Os procedimentos metodológicos utilizados para as considerações preliminares
foram três: revisão bibliográfica a respeito da Serra do Lenheiro, trabalhos de
campo e de gabinete. A revisão bibliográfica compreendeu o levantamento de
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publicações referentes ao tema. Os trabalhos de campo tiveram como objetivo
principal reconhecer os aspectos que denotam potencial geoturístico.
3. Potencial geoturistico da Serra do Lenheiro
A Serra do Lenheiro esta localizado na região Noroeste do Município de São
João del-Rei, a cerca de 5 km do perímetro urbano. Recebeu esse nome
devido aos lenhadores, que extraíram a madeira dos arbustos da serra. A Serra
do Lenheiro foi cenário na historia da conquista e do povoamento de Minas
Gerais. Por ela passava o antigo Caminho Geral do Sertão, posteriormente
conhecido como Caminho Velho, por onde transitaram os Bandeirantes Fernão
Dias Paes e sua histórica “Bandeira das Esmeraldas”, Borba Gato, Matias
Cardoso e o fundador de São João del-Rei, Tomé Portes del-Rei. (Tavares
2011).
A região é tombada para efeito de preservação paisagística através do Decreto
1.654 de 20 de Abril de 1988. O referido tombamento considerou a
necessidade em preservar as tradições históricas da cidade. Com uma área
bem menor que a prevista, no dia 01 de abril de 1998, foi promulgada a lei
municipal 3.356, que criou o Parque Ecológico Municipal, com a finalidade de
preservação do patrimônio histórico, paisagístico, cultural, proteção e
preservação dos mananciais, cobertura vegetal (cerrado, áreas remanescentes
da Mata Atlântica) e da fauna silvestre (Fig. 01).
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1136
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Figura 01: Mapa de Localização da Área de Preservação Paisagística e do Parque Ecológico
Municipal.
As formações vegetais nativas identificadas na área são áreas de transição
entre Mata Atlântica com o Cerrado, com presença de campo rupestre nos
níveis mais elevados. O clima é tropical de altitude com invernos frios e secos e
verões quentes e úmidos, Cwa segundo classificação de Köppen. A
temperatura média anual varia de 18ºC a 19ºC apresentando clima quente
monçonal, chuvas concentradas em poucos meses do ano, sendo a
precipitação média anual variando de 1.200 a 1500mm por ano. (Antunes et.
al., 1982). Os solos da área de estudo foram classificados como neossolos
litólicos e quatzarênicos. EMBRAPA (2006).
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4. Atrativos da Serra do Lenheiro
4.1 Trilhas
As trilhas surgiram como consequência dos movimentos migratórios. A
principal
função
das
trilhas
sempre
foi
suprir
as
necessidades
de
deslocamento. Porem, com o passar dos anos houve uma alteração de valores
em relação ao uso das trilhas. Passaram de simples instrumento de
deslocamento, para um novo meio de contato com a natureza. (ANDRADE,
2003). Na Serra do Lenheiro, existem diversos trilhas com aspectos diferentes
de sua origem. Algumas foram criadas para o simples deslocamento e contato
com a natureza, mas outras serviram como passagem de bandeirantes que
desbravaram o estado de Minas Gerais. Entre as trilhas (Figura 02), podem ser
destacadas
seis
delas
com
grande
potencial
de
aproveitamento
ecogeoturístico:
Trilha do CEMONTA: Trilha que liga ao CEMONTA (Campo Escola de
Montanhismo do 11° Batalhão de Infantaria de Montanha) á uma área com
presença de pinturas rupestres;
Trilha dos Bandeirantes: Foi utilizada pelos bandeirantes vindos de São
Paulo, a qual utilizavam para ter acesso ao Curral del-Rei e a uma área de
trânsito de cargas;
Trilha dos Vales das formas: Trilha de acesso que os bandeirantes
utilizavam para ter acesso a São Gonçalo do Amarante. Destaca-se nessa
trilha as formações geológicas no percurso;
Trilha do Cruzeirinho: Historicamente sempre foi utilizada durante a
tradicional Semana Santa do município, onde é realizada uma via sacra em
seu percurso. A mesma dá acesso a um dos mirantes mais altimetricamente
proeminentes da Serra.
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Trilha Estrada Real: Utilizada como percurso da estrada real, a referida
trilha dá acesso ao local de nascimento da primeira Santa Brasileira (Nhá
Chica), no distrito deo Rio das Mortes;
Trilha dos Lenhadores: Utilizada pelos lenhadores que buscavam matériaprima (madeira) na serra. Esta trilha que originou o nome da serra.
Atualmente essa trilha, liga o Córrego São Francisco Xavier ao povoado do
Fé.
1139
Figura 02: a) Trilha para a Cachoeira do Rudá b) Trilha do CEMONTA
4.2 Sítio arqueológico
b)
4.3
Na Serra do Lenheiro encontra-se um sítio rupestre cuja composição das cenas
combina a presença de seres zoomorfos e antropomorfo (uma família de seres
humanos esquematizados) (Resende et. al., 2010). Esse sítio arqueológico
localiza-se dentro da Escola de Escalada do Exército Brasileiro (Fig. 03). A
datação das pinturas na Serra do Lenheiro deixa ainda a desejar. No entanto,
“a elaboração da composição sugere ser do Holoceno Médio, estimado entre
oito e dois mil AP. (Resende et. al., 2010)
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Figura 03: Pinturas Rupestres encontradas no final da trilha
4.4 Biodiversidade
No perímetro da Serra a vegetação dominante é a transição entre a Mata
Atlântica e o Cerrado com presença de áreas de Campos Rupestres, onde são
encontradas diversas espécies da flora e fauna nativa (figura 04), tais como:
- Flora: Palmeira Buriti (Mauritia flexuosa), Briófitas (Sphagnidae), Candeia
(Eremanthus erithropappus), além de outras espécies endêmicas da região.
- Fauna: Tatu canastra (Tolypeutes tricinctus), Cascavel (crotalus durissus),
Mico-estrela (Callithrix penicillata) espécie em extinção em seu habitat natural,
entre outras espécies de pássaros, anfíbios, mamíferos endêmicos da região.
Figura 04: Flora e fauna da região
4.5 Quedas d’água
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As quedas d’água são atrativos ecogeoturísticos de forte expressividade nas
paisagens naturais. Devido a sua beleza cênica, proporciona ao turista um
pouco mais de aprendizado sobre a geologia e relevo locais, tornando-se
potencial multiplicador da conservação de ambientes. (Bento et. al. 2012).
Entre as quedas d’água da Serra do Lenheiro (Fig. 05), destacam-se seis delas
com grande potencial de aproveitamento ecogeoturístico:
Cachoeira Véu da Noiva: Com aproximadamente 180 metros, a referida
cachoeira é composta por diversos tombos;
Cachoeira dos 7 metros: Uma das principais nascentes do Córrego do
Lenheiro (leito esquerdo) é composta por várias sequências de tombos.
Cachoeira da Virgem: Cachoeira bem preservada, devido ao fato de ser
pouca visitada e de difícil acesso, com uma longa caminhada.
Cachoeira do Rudá: Conta a lenda que um índio foi caçar e foi morto por
animais silvestres. Quando a noiva ficou sabendo, chorou tanto que a
natureza em solidariedade ao sofrimento da índia fez chover durante 30
dias. Essa chuva carregou sentimentos do alto da Serra, formando um
caminho de areia branca, que serviria de caminho para o encontro dos dois.
Cachoeira do Urubu: Cachoeira com grande abundância de água, pelo fácil
acesso, é utilizada como local de lazer da população;
Cachoeira dos 3 poços: Grande abundância de água, pelo fácil acesso e
próximo ao centro urbano, também é utilizada como área de lazer pela
população.
Além do potencial ecogeoturístico, as quedas d’água abastecem o principal
córrego do município, Córrego do Lenheiro, ocupando um papel histórico
relevante, pois foi uma das principais causas para a atual localização do
município de São João del-Rei, por onde os colonizadores subiram e
povoaram as suas margens em busco de ouro.
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Figura 05: a) Cachoeira da Virgem; b)Cachoeira do véu da noiva
4.6 Geologia/geomorfologia
a)
b)
A Serra do Lenheiro está sobre a Formação Tiradentes, com diferentes tipos de
metarenitos,
metassiltitos
e
conglomerados
que
possuem
diferentes
espessuras, sendo a rocha predominante o quartizito. Segundo a Federação
Mineira de Montanhismo (Fig. 06), na área, notável para escaladas, destacase:
Fendas verticais, como exemplo, a da via Lúcifer;
Fendas da parte inferior da via Sublime Inconsequência, que possui bordas
angulosas, originada provavelmente pelo deslocamento de um bloco de
rocha;
As formações de enormes agarras, algumas no formado de cogumelo,
como são encontradas nas Vias Portal do Delírio, Alta Tensão, Rota das
Ancoras, etc.
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Figura 06: Paredões utilizados para escalada
4.6 outras atrações
Canal dos ingleses: Motivados pela fartura de ouro, ricos mineradores
setecentistas investiram na construção de várias obras propicias a exploração
dessa riqueza, destacando-se o Canal dos Ingleses. Trata-se de um aqueduto,
construído por mão de obra escrava, que percorria uma longa extensão que
trazia água do alto da Serra para fazer a limpeza do cascalho, conseguindo
assim, a extração do ouro. Segundo Miranda (2013), parte do ouro extraído da
região foi enviado para a Inglaterra durante a Revolução Industrial.
Vestígios de um aqueduto, construído por volta de 1740, podem ser
encontrados na Serra do Lenheiro. (Gaio Sobrinho, 1996) Além do aqueduto, a
região concentra grande presença de betas (redes de túneis), algumas para
exploração do ouro, outras abertas pelos escravos para esconderem do serviço
pesado da construção.
5. Considerações finais
Apesar de muitos moradores de São João del-Rei e região conhecerem pouco
esse potencial da Serra do Lenheiro, é necessário observar que muito precisa
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ser feito em relação à preservação e a conservação ambiental antes de se
definir essa região como atrativo turístico.
Planejar com, ao invés de para (a comunidade), conforme Hogan (1992), não é
fácil, sendo necessárias ações voltadas para a conservação ambiental,
destacando-se a necessidade de um plano de manejo e gestão do local.
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GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e
manejo de trilhas
GEOPARQUE SERIDÓ: UNINDO TURISMO, CONSERVAÇÃO E EDUCAÇÃO
Artemísia dos Santos Soares14
Marcos Antônio Leite do Nascimento15
Resumo
Palavras-chave: Geoparque
Desenvolvimento.
Seridó;
Geoturismo;
Geoconservação;
Geodiversidade;
Este estudo teve o seguinte objetivo geral: apresentar o potencial e a
importância da criação do Geoparque Seridó, no Rio Grande do Norte.
Geoparque é um território com limites definidos que apresenta geossítios de
especial valor científico/educativo. Além de sua importância para preservação
da memória geológica (geoconservação), a presença de valores ecológicos,
arqueológicos, históricos, culturais e turísticos inseridos num processo de
desenvolvimento sustentável que fomente projetos geoturísticos e educacionais
e de valorização do patrimônio cultural local, agregando valor à proposta de
criação do geoparque. Assim, foi realizada uma pesquisa documental e coleta
de dados de campo através de inventário de 25 Geossítios na região do Seridó,
estes localizados nos municípios de Cerro Corá, Lagoa Nova, Currais Novos,
São Vicente, Florânia, Caicó, Cruzeta, Acari, Carnaúba dos Dantas, Jardim do
Seridó e Parelhas. A proposta de geoparque contempla uma área que incluem
ainda os municípios de Bodó, Tenente Laurentino Cruz e São José do Seridó.
O caráter excepcional do patrimônio geológico do Seridó Potiguar, associado
aos aspectos turístico, biológico, cultural e histórico é uma região que
demonstra ter grande potencial para a criação de um geoparque. Os resultados
apontam que um total de 25 geossítios foram cadastrados na região,
principalmente com fins científico. Contudo, 15 desses geossítios possuem
apelo turístico. Na área que contempla o Geoparque Seridó já existem
inúmeras ações que direta ou indiretamente contribuem para o
desenvolvimento desta região, com destaque para o Pólo Turístico do Seridó
(MTUR), o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável
(PDITS/RN), a inserção no Programa Territórios da Cidadania do Governo
14
artemisiasoares@yahoo.com.br Bacharel em Turismo (UERN - 2008), Mestre em Turismo
(UFRN -2011), Pós-Graduanda em Gestão Ambiental (IFRN). Servidora Pública da Prefeitura
Municipal de Ceará-Mirim/RN.
15 marcos@geologia.ufrn.br Graduação em Geologia UFRN (1998), com mestrado
(2000) e doutorado (2003) em Geodinâmica e Geofísica pela UFRN. Professor do
Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(DG/UFRN).
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Federal e as ações do IPHAN/RN tem garantido a preservação do patrimônio
arqueológico da região do Seridó Potiguar.
Resumen
Palabras-clave: Geopark Seridó; Geoturismo; Geoconservación; geodiversidad; Desarrollo.
Este estudio tuvo como objetivo general: presentar el potencial y la importancia
de la creación del Geoparque Seridó en Rio Grande do Norte. Geoparque es
un territorio con límites definidos que presenta sitios geológicos de valor
especial / educación científica. Además de su importancia para la preservación
de la memoria geológica (geoconservación), la presencia de lo ecológico,
arqueológico, histórico, cultural y turístico se inserta en un proceso de
desarrollo sostenible que promueve proyectos de geoturismo y la educación y
la apreciación del patrimonio cultural local, agregando valor a la propuesta
Creación del geoparque. Por lo tanto, se realizó una investigación y
recopilación de datos de escritorio a través de inventario de campo de 25
lugares de interés geológico Seridó región, éstos ubicados en los municipios de
Cerro Cora, Lagoa Nova, Currais Novos, São Vicente, Florânia, Caicó, Cruzeta,
Acari, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó y Parelhas. El Geoparque
propuesto cubre un área que incluye los municipios de Bodó, Tenente
Laurentino Cruz y São José do Seridó. El carácter excepcional del patrimonio
geológico Seridó Potiguar aspectos relacionados con el turismo, biológico,
cultural e histórico es una región que muestra un alto potencial para la creación
de un parque geológico. Los resultados indican que se registró un total de 25
sitios geológicos en la región, principalmente para fines científicos. Sin
embargo, 15 de ellos tienen sitios geológicos atractivo turístico. En el área que
comprende el Geoparque Seridó ahora hay numerosos actos que directa o
indirectamente contribuyen al desarrollo de esta región, en especial el Polo
Turístico Seridó (MTur), el Plan de Desarrollo Integral de Turismo Sostenible
(PDITS/RN), la inserción los territorios del Programa de Ciudadanía del
Gobierno Federal y las acciones del IPHAN/RN ha asegurado la preservación
de la herencia arqueológica Seridó Potiguar.
1. Introdução
Geoparque é um território com limites definidos que apresenta geossítios de
especial valor científico/educativo. Além de sua importância para preservação
da memória geológica (geoconservação), a presença de valores ecológicos,
arqueológicos, históricos, culturais e turísticos inseridos num processo de
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desenvolvimento sustentável que fomente projetos geoturísticos e educacionais
e de valorização do patrimônio cultural local, agrega valor à proposta de
criação do geoparque.
O Seridó apresenta um dos mais completos e belos patrimônios geológicos
encontrados no Nordeste do Brasil, o qual é decorrente de inúmeros processos
naturais a que esta região foi submetida ao longo da história da Terra, cujo
registro pode ser observado nas diversas formas de relevo, tais como as serras
e picos, ou exposições rochosas menores constituídas por granitos, gnaisses,
mármores, quartzitos e arenitos. Tendo em vista o caráter excepcional deste
patrimônio geológico, associado ao aspecto cultural da região, esta área do
Seridó atende as necessidades para criação de um geoparque.
Vale salientar que na região existe um Pólo e Conselho de Turismo, fomentado
pelo SEBRAE e Secretaria de Turismo do RN, que criaram em 2004 o Projeto
Roteiro Seridó e está integrado ao Programa Territórios da Cidadania do
Governo Federal. A região também já apresenta painéis geoturísticos do
Projeto Monumentos Geológicos do RN, criado pelo IDEMA/RN para divulgar o
patrimônio geológico potiguar. O referido projeto conta com a sinalização de 16
monumentos, tendo na região Seridó 3 painéis já instalados (Mina Brejuí,
Plúton de Acari e Pegmatito de Parelhas). Na região em lide a economia foi
estruturada sobre o tripé composto pela pecuária extensiva, agricultura e
mineração, esta última baseada na exploração da scheelita, tantalita, berilo e
cassiterita. Mais recentemente novas atividades foram introduzidas e/ou
ampliadas, tais como a produção leiteira, a modernização e ampliação da
caprino-ovinocultura, a atividade ceramista e o desenvolvimento do setor
terciário, com destaque para o comércio e a diversificação de serviços
(principalmente o turismo).,
2. O Geoparque Seridó
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Em acordo com os objetivos do Projeto Geoparques do Serviço Geológico do
Brasil – CPRM (SCHOBBENHAUS; SILVA, 2012) que é identificar, classificar,
descrever, catalogar, georreferenciar e divulgar os parques geológicos do
Brasil, bem como sugerir diretrizes para seu desenvolvimento sustentável,
seguindo os preceitos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO), a região do Seridó potiguar foi escolhida para
um estudo técnico e diagnóstico com a finalidade de embasar proposta de
criação do Geoparque Seridó (NASCIMENTO; FERREIRA, 2012). Assim, a
parceria entre o Serviço Geológico do Brasil e a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte resultou no inventário de 25 Geossítios na região do Seridó,
estes localizados nos municípios de Cerro Corá, Lagoa Nova, Currais Novos,
São Vicente, Florânia, Caicó, Cruzeta, Acari, Carnaúba dos Dantas, Jardim do
Seridó e Parelhas. A proposta de geoparque contempla uma área que incluem
ainda os municípios de Bodó, Tenente Laurentino Cruz e São José do Seridó.
Tendo em vista o caráter excepcional do patrimônio geológico do Seridó
Potiguar, associado aos aspectos turístico, biológico, cultural e histórico, esta é
uma região com grande potencial para a criação de um geoparque.
2.1 Localização
A área do proposto Geoparque Seridó situa-se no semiárido nordestino, região
centro-sul do estado do Rio Grande do Norte, envolvendo totalmente os
territórios dos municípios de Bodó, Cerro Corá, Lagoa Nova, Currais Novos,
São Vicente, Tenente Laurentino Cruz, Florânia, Caicó, São José do Seridó,
Cruzeta, Acari, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó e Parelhas (Figura 1).
Estes municípios fazem parte da mesorregião Central Potiguar e englobam
partes das microrregiões Serra de Santana, Seridó Oriental e Seridó Ocidental.
O acesso a partir de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, se dá
pela BR-226 até a cidade de Currais Novos, tomando-se em seguida inúmeras
outras rodovias (BRs 104, 427) e (RNs 087, 288) para ter acessos aos demais
municípios da área (Figura 1). O portão de entrada do Geoparque Seridó, para
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quem vem de Natal, pode ser considerado a cidade de Currais Novos que está
a 172 km da capital potiguar. Caicó é dentre as cidades da região do Seridó, a
mais afastada da capital, distando 256 km. Já a distância entre os municípios
situados em pontos extremos do referido geoparque não ultrapassa os 100 km,
como é o caso de Cerro Corá (extremo norte da área) até Parelhas (extremo
sul).
1150
Figura 1 – Localização do proposto Geoparque Seridó.
2.2 Geossítios
Um total de 25 geossítios, estes compreendendo a ocorrência de um ou mais
elementos da geodiversidade (aflorante devido a resultado da ação de
processos
naturais
ou
por
intervenção
humana),
bem
delimitado
geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista científico,
didático, cultural, turístico ou outro (BRILHA, 2005; NASCIMENTO et al. 2008)
foram cadastrados na região principalmente com fins científicos. Contudo 15
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desses geossítios possuem apelo turístico (dos 25 geossítios cadastrados
vários já possuem interesse turístico com destaque para:
2.2.1 Serra Verde – Cerro Corá: O Geossítio Serra Verde está situado a 11 km
do centro de Cerro Corá, na borda da Serra de Santana. No local ocorrem
rochas graníticas como com atrativos geoturísticos que envolvem geoformas
(criadas pela atuação de processos erosivos e esculpidas pela ação do vento e
da chuva), tanques fossilíferos e pinturas rupestres, com destaque para:
i) Pedra do Nariz;
ii) Pedra Cabeça Dinossauro;
iii) Lagoa/Tanque Azul (tanque contendo água, onde foram encontrados
fósseis da megafauna pré-históricas);
iv) Casa de Pedra (conjunto de blocos rochosos de diversos tamanhos e
formas que lembram edificações construídas pelo homem; e
v) Sítio Arqueológico (local em forma de gruta onde abrigava homens préhistóricos, com inúmeras pinturas rupestres de animais e pessoas) (Figs 2 e 3).
Figura 2 – Geoforma conhecida por Pedra do
Nariz.
Figura 3 – Exemplos de pinturas rupestres
encontradas no Geossítio Serra Verde.
2.2.2 Cruzeiro de Cerro Corá - Cerro Corá: O Geossítio Cruzeiro de Cerro
Corá está situado na área urbana do município No local possui um
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cruzeiro assentado em rochas de natureza granítica, o qual apresenta
uma altitude em torno de 610 metros. A maior atração do geossítio é a
vista panorâmica do município, onde se pode contemplar toda a
extensão urbana e vizinhanças, incluindo parte do pico vulcânico do
Cabugi que está a 40 km na direção norte (Figura 4).
Figura 4 – Visão panorâmica da cidade de Cerro Corá e do seu entorno visto do alto do
Geossítio Cruzeiro de Cerro Corá.
2.2.3 Vale Vulcânico – Cerro Corá: O Geossítio Vale Vulcânico está situado
15 km a SW do centro de Cerro Corá, na borda SE da Serra de Santana.
O acesso ao local é feito por estradas não pavimentadas que levam a
uma trilha turística. Esta trilha com cerca de 2 km dá acesso ao leito do
Riacho da Pedreira, onde são encontradas rochas vulcânicas (basaltos).
Estes basaltos possuem idade de 27 milhões de anos, pouco mais velho
do que os basaltos do Pico do Cabugi, com 25 milhões de anos.Da trilha
observa-se o relevo da região denotado pela escarpa erosiva da Serra
de Santana. Em alguns pontos ao longo da trilha existem mirantes para
observação da paisagem (Figura 5).
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Figura 5 – Visão geral do mirante com vista para a Muralha Vulcânica formada por basaltos
(lado esquerdo da figura) e ao fundo o platô da Serra de Santana formado por arenitos da
Formação Serra do Martins.
2.2.4 Mirante de Santa Rita – Lagoa Nova: Mirante de Santa Rita está situado a
3,5 km, a ESE, do centro de Lagoa Nova, na RN-087, sentido Lagoa
Nova - Cerro Corá, sobre a Serra de Santana. O referido Geossítio fica
em frente à Pousada Chalés dos Cajueiros cerca de 150 metros da
estrada, na parte sul da Serra da Santana, a 733 metros de altitude. No
Geossítio ocorrem arenitos, sendo possível ainda ter uma visão geral da
cidade de Currais Novos (a cerca de 20 km a SW), além de visualizar
parte da Serra da Umburana (ao fundo), formada por quartzitos e o Pico
do Totoró (Figura 6).
Figura 6 – Visão panorâmica do Mirante de Santa Rita com vista da cidade de Currais Novos,
da Serra da Umburana (ao fundo) e do Pico do Totoró (a direita).
2.2.5 Pico do Totoró – Currais Novos: O Geossítio Pico do Totoró está situado
a 10 km do centro de Currais Novos. O acesso ao local se dá através de
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estradas não pavimentadas que leva ao distrito do Totoró, localidade
que deu início a expansão populacional da cidade de Currais Novos.
Neste geossítio ocorrem rochas graníticas e estão situados atrativos
geoturísticos que envolvem geoformas, presença de fósseis e pinturas
rupestres, com destaque para:
i) Pedra do Caju (sua forma lembra um enorme caju com a castanha);
ii) Pedra do Letreiro (antigo abrigo de homens pré-históricos que viveram
na
região,
contendo
pinturas
rupestres
com
diferentes
formas
geométricas);
iii) Pedra Furada (cavidade formada no granito, contendo também
pinturas rupestres de pessoas e animais);,
iv) Pedra do Sino (nome dado a um rocha que foi quebrada ao meio e
um do seus lados emite um som quando percutida);
v) Sítio Paleontológico/Arqueológico Lagoa do Santo, local onde foram
encontrados inúmeros fósseis de mamíferos gigantes (megafauna),
como preguiças, mastodontes, gliptodontes, entre outros, bem como
pinturas rupestres com diferentes formas geométricas (Figuras 7 e 8).
Figura 7 – Pico do Totoró formado
predominantemente por granito porfirítico ao
lado do açude homônimo.
Figura 8 – Geoforma conhecida como Pedra do
Caju, formada por atuação predominante do
intemperismo físico e por erosão diferencial.
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2.2.6 Morro do Cruzeiro – Currais Novos: O Geossítio Morro do Cruzeiro está situado na área
urbana do município de Currais Novos, próximo a entrada da cidade. No local existe
um cruzeiro assentado em pegmatito. Do Geossítio é possível contemplar a cidade de
Currais Novos e outros Geossítios como o Pico do Totoró, a aba da Serra que forma o
Cânion dos Apertados, a Serra de Sant’Ana e no local são comuns peregrinações
religiosas (Figura 9).
1155
Figura 9 – Morro do Cruzeiro formado por um dique de pegmatito contendo biotita,
muscovita e textura gráfica.
2.2.7 Mina Brejuí – Currais Novos: A Mina Brejuí está situada a 10 km do
centro de Currais Novos, na margem direita da BR-427 que liga Currais
Novos a Acari. Neste Geossítio estão situados atrativos turísticos que
compõem o Parque Temático Mina Brejuí com destaque para:
i) os Túneis e as Galerias [passeio por cerca de 300 metros de túneis e galerias
devidamente adaptados à visitação turística, onde o visitante conhece as
rochas da região, podendo visualizar a scheelita com o auxílio do
mineralight (equipamento usado no estudo da fluorescência dos
minerais)], as chaminés (por onde passava o minério de um nível para
outro da mina) e as colunas de sustentação da mina;
ii) Memorial Tomaz Salustino (museu que conta a história do fundador da
mina);
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iii) Museu Mineral Mário Porto (local com inúmeros exemplos de minerais e
rochas);
iv) Mirante das Dunas (dunas formadas pelo acúmulo de rejeito da mina);
v) Igreja de Santa Tereza (construída na vila dos operários da mina); e
vi) Gruta de Santa Bárbara (construída em homenagem a santa) (Fig 10 e 11).
Figura 10 – Visão de uma das salas do Museu
Mineral Mário Porto. Foto: G. Medeiros.
Figura 11 – Um dos salões visitados dentro da
Mina Brejuí. Foto: J. Virgens Neto.
2.2.8 Cânions dos Apertados – Currais Novos: Os Cânions dos Apertados
estão situados a 10 km, a SE, do centro de Currais Novos, na área
privativa da Fazenda Aba da Serra, no leito do Rio Picuí, ao longo da
Serra da Timbaúba. Uma energia hidráulica elevada em tempos
passados produziu o dessecamento do relevo, erodindo superfícies mais
frágeis, rebaixando o relevo e escavando o seu próprio leito. No local
observam-se quartzitos e pegmatitos e foi considerado a 7ª maravilha do
RN (Figura 12).
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Figura 12 – Quartzito da Formação Equador cortados pelo Rio Picuí próximo ao final do cânion.
2.2.9 Monte das Graças – Florânia: O Monte das Graças está situado a 1,5 km
do centro municipal de Florânia. Além do aspecto geológico (formado
por rochas gnáissicas) a região tem um apelo histórico e turismo
religioso, que teve início devido ao sonho do frade Otavio (em 1946),
sobre uma menina que havia falecido de fome e sede no alto da serra.
Naquela localidade foi construída uma pequena capela no alto do Monte,
que hoje conta com um centro de treinamento e reflexões, as estações
da via sacra, um horto, a gruta de Nossa Senhora de Lourdes e local
para celebrar missas campais, sendo palco de várias romarias,
peregrinações e demais manifestações de fé (Figuras 13 e 14).
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Figura 13 – Visão panorâmica do Monte
Nossa Senhora das Graças.
Figura 14 – Capela do Monte Nossa Senhora
das Graças. Foto: G. Medeiros.
2.2.10 Gruta da Caridade – Caicó: O Geossítio Gruta da Caridade está situado
no município de Caicó, localizado há 35 km da cidade, cujo acesso é
feito pela RN-118, que liga Caicó a Jucurutu. Na parte externa da gruta
ocorre um painel de gravuras rupestres retratando figuras geométricas,
características da Tradição Itacoatiara. Já no interior na gruta observa-se
uma "sala de visita" com formações de estalactites e uma pequena lagoa
formada por água que corre em fraturas formadas no mármore. O
acesso a outras áreas da caverna se dá por um pequeno orifício na
rocha.
Um mapeamento realizado pela equipe da Sociedade Espeleológica
Potiguar, em 2008, definiu a gruta como um longo corredor com cerca de
300 metros de comprimento, muitas vezes inundada por água devido a
inúmeros meandros de um rio que corre nos subterrâneos da Serra da
Cruz. É importante ressaltar a necessidade do uso de equipamentos de
proteção e o acompanhamento de guias para entrar nesta gruta (Figuras
15 e 16).
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Figura 15 – Detalhe da gravura correlacionada
a Tradição Itaquatiara.
Figura 16 – Visão interna de parte da gruta,
com foliação subhorizontal nos mármores.
Foto: Almeida Netto.
2.2.11 Açude Gargalheiras – Acari: O Geossítio Açude Gargalheiras está
situado a 4,5 km, do centro de Acari, no entorno do Açude público
Marechal Dutra (mais conhecido como Açude Gargalheiras, devido ao
gargalo formado entre as serras).
A região se destaca por um expressivo relevo, formado em rochas
graníticas com cerca de 575 milhões de anos, definido pelas serras do
Pai Pedro, Minador e da Lagoa, com altitudes entre 600 e 650 metros,
por onde passa o Rio Acauã. Na década de 1940, neste local, foi
construído o açude, que possui uma área de 780 ha e capacidade de
acumulação de água de até 40.000.000,00 m3. Este açude, pelo
grandioso conjunto de suas belezas naturais constituiu-se num dos
pontos turísticos mais conhecidos e visitados na região do Seridó. O
local foi considerado a 3ª maravilha do RN dentre as 133 finalistas do
Concurso as 7 Maravilhas do RN (Figura 17).
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Figura 17 – Visão panorâmica do Geossítio Açude Gargalheiras e da Serra do Pai Pedro. Foto:
P. Costa.
2.2.12 Monte do Galo - Carnaúba dos Dantas: O Geossítio Monte do Galo está
situado a 1 km, do centro de Carnaúba dos Dantas. O acesso ao local é
por estrada pavimentada que leva ao Cruzeiro do Monte do Galo. Além
de geológico, formado por um grande pegmatito, a região tem um apelo
religioso. Inaugurado em 25/10/1927, o Monte do Galo recebe fiéis em
romarias com bênçãos de Nossa Senhora das Vitórias. É um dos
principais pontos turísticos religioso do RN. No local há capela, cruzeiro,
estátua do galo, sala dos ex-votos e os 12 passos de Cristo ao longo da
subida. Possui altura média de 155 metros, possibilitando o visitante
apreciar a vista panorâmica da cidade e das inúmeras serras da região
(Figura 18).
Figura 18 – Visão panorâmica
do
Monte
do
Galo.
Foto:
www.carnaubadosdantas.com/n
oticias/?p=1193
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2.2.13 Xiquexique - Carnaúba dos Dantas: O Geossítio Xiquexique está situado
a 3,5 km do centro de Carnaúba dos Dantas, na serra homônima, lado
esquerdo do Rio Carnaúba. O geossítio, formado por rochas
quartzíticas, abriga pinturas rupestres em diferentes tons de vermelho,
classificadas como Tradição Nordeste, subtradição Seridó. Elas retratam
humanos (em cenas de festa, caça e sexo), cervídeos, felinos e aves
(emas, papagaios). Essas pinturas foram registradas inicialmente por
José de Azevedo Dantas, na década de 1920 (Figuras 19 e 20).
1161
Figura 19 – Projeto de acessibilidade aos
sítios arqueológicos desenvolvido pelo
IPHAN/RN.
Figura 20 – Exemplos de pinturas rupestres
encontradas no quartzito da Formação
Equador.
2.2.14 Açude Boqueirão – Parelhas: O Geossítio Açude Boqueirão está situado
2,5 km do centro de Parelhas. Neste geossítio estão situados atrativos
geoturísticos que envolvem geoformas, além de uma diversidade de
minerais e mirantes, com destaque para: i) Pedra da Princesa
Encantada (o relevo da parte norte da Serra das Queimadas define o
perfil de uma princesa deitada, segundo o imaginário popular); ii) Pedra
do Príncipe que virou Sapo (sua forma lembra um sapo); iii) Esfinge da
Princesa (rocha com silhueta que lembra um esfinge egípcia, com
cabeça de gato e corpo de humano); iv) Diversidade Mineral (turmalina,
água marinha, granada, ametista, feldspatos e quartzo alguns
considerados preciosos, sendo essa diversidade utilizada como matériaAnais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
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prima na confecção de artesanatos e jóias); v) Mirante da Capelinha
(mirante no alto da Serra das Queimadas com vista para toda cidade e
região, com desnível de 500 metros em relação a base da serra)
(Figuras 21 e 22). Neste local foi construído o açude Boqueirão, com
área de 1.326,68 ha e capacidade de acumulação de 85.012.750 m 3.
Este açude, pelo grandioso conjunto de suas belezas naturais constituiuse num dos pontos turísticos mais conhecidos e visitados na região do
Seridó.
1162
Figura 21 – Visão geral da parte norte da
Serra das Queimadas com destaque para o
boqueirão, bem como a silhueta da Princesa
adormecida. Foto: Z. Lima.
Figura 22 – Vista do Açude Boqueirão com o
sangradouro ao fundo. No primeiro plano
parte de um pegmatito rico em biotita.
2.2.15 Mirador – Parelhas: O Geossítio Mirador está situado a 4 km do centro
de Parelhas, próximo ao Açude Boqueirão. O local é importante e mais
conhecido por abrigar o Sítio Arqueológico Mirador. Neste estão
presentes inúmeras pinturas rupestres, classificadas como Tradição
Nordeste, subtradição Seridó. As pinturas são de humanos, cervídeos,
felinos
e
aves
(emas,
papagaios)
e
foram
realizadas
sobre
metaconglomerados. Pesquisas realizadas pelo Núcleo de Estudos
Arqueológicos da UFPE, no início da década de 1980, também
descobriram um cemitério indígena infantil, ossos de roedores e contas
de colar (de ossos e conchas), além de carvão. A datação
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radiocarbônica do carvão associado aos restos de enterramentos infantis
foi de 9410 anos antes do presente.
Figura 23 – Parte da Serra das Queimadas com a
geoforma Pedra da Boca. No canto inferior
esquerdo ocorrem as pinturas rupestres e o
cemitério indígena infantil.
Figura 24 – Exemplo de uma as pinturas rupestres
retratada sobre metaconglomerado da Formação
Equador.
1163
2.3 ações já encontradas na área do Geoparque Seridó
Na área que contempla o Geoparque Seridó já existem inúmeras ações que
direta ou indiretamente contribuem para o desenvolvimento desta região, com
destaque para:
i) Pólo Turístico do Seridó instituído pelo Governo do Estado do Rio Grande do
Norte, por meio do Decreto No 18.429, de 15 de agosto de 2005, sendo
representado por um espaço sócio econômico homogêneo com vantagens
competitivas e vocacionais, com o objetivo de integrar a cadeia produtiva do
turismo. Este Pólo é composto pelos municípios de Acari, Caicó, Carnaúba dos
Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Parelhas, Jardim do Seridó, Florânia,
Tenente Laurentino, Lagoa Nova, Timbaúba dos Batistas, Ouro Branco,
Equador, Santana do Seridó, São João do Sabugi, Serra Negra do Norte,
Jucurutu. As atividades pertinentes ao Pólo são administradas por um
Conselho Regional de Turismo formado paritariamente por representantes dos
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setores público e privado, sendo coordenadas pela Secretaria de Estado do
Turismo (SETUR/RN). Todavia, desde 2004 já existe o Projeto Roteiro Seridó,
fomentado pelo SEBRAE/RN e a SETUR/RN em consonância com o Programa
de Regionalização do Turismo promovido pelo Ministério do Turismo do
Governo
Federal.
desenvolvimento
O
Roteiro
turístico
da
Seridó
região,
tem
com
como
objetivo
bases
apoiar
assentadas
o
na
sustentabilidade, com ações nas áreas de turismo, educação ambiental,
tecnologia de alimentos, gestão de cooperativas e outras associações,
qualidade e comercialização do artesanato, empreendedorismo no espaço rural
e natural, promoção e marketing, capacitação técnica e gerencial, tendo como
públicos-alvo empresários, gestores municipais, professores, estudantes e
produtores rurais, entre outros. Na primeira fase foram contemplados sete
municípios: Acari, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos,
Parelhas e Jardim do Seridó. Recentemente Lagoa Nova integrou-se ao
referido Roteiro.
ii) O Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS/RN)
realizado sob os cuidados da Start Pesquisa e Consultoria Técnica Ltda. O
PDITS é o instrumento de planejamento do turismo em uma área geográfica
selecionada que tem por objetivo principal orientar o crescimento do setor em
bases sustentáveis, em curto, médio e longo prazo, estabelecendo as bases
para a definição de ações, as prioridades, e a tomada de decisão. Deve,
portanto, constituir o instrumento técnico de gestão, coordenação e condução
das decisões da política turística e de apoio ao setor privado, de modo a dirigir
seus investimentos e melhorar a capacidade empresarial e o acesso ao
mercado turístico. O PDITS Seridó constituiu-se esforço de Planejamento do
Governo do Estado do Rio Grande do Norte, como requisito fundamental para
as ações e investimentos do Programa de Desenvolvimento do Turismo no
Nordeste PRODETUR, com o apoio do Banco do Nordeste, PRODETUR/RN e
Secretaria Estadual de Turismo.
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1164
iii) A região integra o Programa Territórios da Cidadania do Governo Federal.
Este programa insere 135 ações nas áreas rurais e cidades mais pobres do
país, através de projetos que inclui a geração de trabalho e renda, visa
assegurar infra-estrutura e estimular as economias locais promovendo a
emancipação econômica e social da população. Busca assim, garantir direitos
de cidadania à população concentrada nos bolsões de pobreza do país. No Rio
Grande do Norte, inicialmente foram trabalhados três territórios: Açu-Mossoró,
Mato Grande e Sertão do Apodi (Chapada do Apodi). Porém, face aos
resultados obtidos com projetos em execução e à necessidade de ampliação
das ações com foco no desenvolvimento econômico, promovendo a cultura
empreendedora e contribuindo para o desenvolvimento sustentável, o
SEBRAE/RN considerou relevante implantar este projeto, no Seridó. Assim, o
projeto Território Seridó se propõe a contribuir para desenvolvimento sócio
econômico sustentável no território do Seridó, no Rio Grande do Norte,
buscando alavancar ações integradas às vocações identificadas, tendo como
ponto focal o resgate, a valorização e a divulgação da marca regional,
prioritariamente nas cadeias produtivas do turismo, cultura, moveis, têxtil,
alimentos e artesanato.
iv) Além das ações citadas anteriormente, vale salientar que o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/RN) tem garantido a
preservação do patrimônio arqueológico da região do Seridó Potiguar, seja pela
atuação para o fiel cumprimento da legislação relacionada à arqueologia
preventiva, seja pela execução de obras de socialização que garantam a
visitação controlada dos sítios arqueológicos de arte rupestre. A instalação da
infra-estrutura básica promovida pela superintendência do IPHAN/RN nos sítios
arqueológicos Xiquexique I e II, localizados na cidade de Carnaúba dos
Dantas/RN, permite compatibilizar usos sociais mais amplos com a
preservação e o uso científico do patrimônio arqueológico do Seridó. Para
preparar os locais como pontos turísticos-educativos, estão sendo implantados
estacionamento, ponto de apoio, trilhas com pontos de descanso e de
observação, passarelas, guarda-corpos e placas de identificação. Os sítios
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dessa região têm uma grande importância científico-cultural e grande
significação para os moradores da região, antes conhecidos como “letreiros”,
“pedras pintadas”, hoje já são reconhecidos como sítios arqueológicos. A
conservação destes, porém, não vem sendo efetiva devido a fatores como o
turismo desordenado, o desmatamento da área de entorno e agentes naturais
que atingem o suporte rochoso. Adicionalmente, as mudanças nas condições
do micro-clima do ambiente que envolve os sítios arqueológicos têm acelerado
o processo de degradação das pinturas rupestres. A preservação desse
patrimônio cultural requer ações de preservação e conservação aliadas à
manutenção do equilíbrio do ambiente natural. Um agravante social da mesma
ordem de importância é constituído pela limitação dos recursos econômicos da
população local. Os indicadores socioeconômicos do município refletem a falta
de alternativas de geração de emprego e renda. Faz-se necessário, portanto,
encontrar alternativas através da atividade turística em um modelo sustentável.
1166
3 considerações finais
A partir da apresentação do valor geológico e turístico da região do Seridó
torna-se possível inferir que o geoturismo apresenta múltiplas facetas, podendo
ser considerado tanto uma tendência atual como uma necessidade real para
uma região que apresenta, na atualidade, dificuldades econômicas inerentes
aos aspectos climáticos ali existentes, principalmente, os relativos à seca. É
uma tendência atual na medida em que é reflexo da procura crescente por
áreas naturais (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010) e esse crescimento é
acompanhado por uma nova segmentação que busca atender às diferentes
demandas por parte dos turistas.
Por outro lado, o turismo realizado no âmbito dos geoparques também pode
ser encarado como uma necessidade, tendo em vista os objetivos da criação
destes, tais como a geoconservação, a educação ambiental e a inclusão social.
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Nesse sentido, o geoturismo acaba contribuindo em três aspectos: educativo,
socioeconômico e de conservação. O aspecto educativo diz respeito à
promoção do conhecimento dos aspectos abióticos da natureza, um dos
principais objetivos do geoturismo. A partir desse viés educativo se possibilita a
valoração e valorização da geodiversidade, gerando um sentimento de respeito
e co-responsabilidade pela manutenção da conservação ambiental. Por fim, ao
se estimular o desenvolvimento do geoturismo no Seridó, de forma integrada
aos demais segmentos já existentes, haverá a ampliação do tempo de
permanência dos turistas, permitindo, consequentemente, a diversificação
econômica da região através do incremento econômico decorrente do turismo.
Apesar de todos esses aspectos contribuírem de forma positiva para o
desenvolvimento territorial da região do Seridó, vale ressaltar a necessidade
que este segmento seja planejado, buscando uma utilização racional dos
recursos da geodiversidade, garantindo a viabilidade do geoturismo e a
manutenção da área, beneficiando, assim todos os envolvidos: o meio natural
como principal atrativo, a população autóctone como protagonista, os
geoturistas como interessados, bem como o trade turístico, no papel de
intermediadores.
3. Bibliografia
BRASIL [MINISTÉRIO DO TURISMO – MTUR]. Ecoturismo: orientações
básicas.
2.
ed.
Brasília,
2010.
Disponível
em:
<http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publi
cacoes/downloads_publicacoes/Livro_Ecoturismo.pdf.> Acesso em: 29
de set 2013.
BRILHA J. Património geológico e geoconservação: a conservação da natureza
na sua vertente geológica. Palimage Editores, 2005. 190p.
NASCIMENTO, M.A.L.; RUCHKYS, Ú.A.; MANTESSO NETO, V. 2008.
Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: trinômio importante
para proteção do patrimônio geológico. Sociedade Brasileira de
Geologia, 82p.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
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NASCIMENTO, M.A.L.; FERREIRA, R.V. 2012. Geoparque Seridó. In:
SCHOBBENHAUS, C.; SILVA, C.R. (eds), Geoparques do Brasil:
propostas. CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 361-416p.
ROTEIRO Seridó. 2005. Disponível em: <www.roteiroserido.com.br>. Acesso
em: 16 nov. 2009.
SCHOBBENHAUS, C.; SILVA, C.R. Geoparques do Brasil: propostas. CPRM –
Serviço Geológico do Brasil, 2012. 745p.
SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS - SEBRAE.
Roteiro Seridó. SEBRAE: Natal/RN, 2005.
______. Roteiro Seridó: plano de turismo sustentável. SEBRAE: Natal, 2004.
______. Perfil do turista: roteiro Seridó. SEBRAE: Natal, 2006.
1168
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e
manejo de trilhas
POTENCIAL DA TRILHA ECOLÓGICA DO VALE VULCÂNICO NO
MUNICÍPIO DE CERRO CORÁ/RN
Ednaja Faustino Silva de Moura16
Msc. Clébia Bezerra da Silva17
Dr. Ricardo Farias do Amaral18
Resumo
Palavras-chave:Trilhas Interpretativas; Educação ambiental; Vale Vulcânico; Indicadores de
atratividade;
O município de Cerro Corá/RN está localizado a 180 km de distância de Natal capital
do Estado do Rio Grande do Norte.A economia local é baseada no comércio e na
agricultura, o turismo ainda é incipiente, no entanto, o município dispõe de
potencialidades relevantes para sua prática, como a trilha ecológica do Vale Vulcânico,
cujo vulcão extinto a 25 milhões de anos, proporciona vários testemunhos derochas
características de ambientes vulcânicos como o Basalto. Caminhadas em trilhas
ecológicasintegram o contato humano com o meio ambiente, tendo como premissa o
respeito e a sensibilização dos praticantes em relação à conservação do meio
ambiente, ondeestãopautadas a contemplação da paisagem, bem como da fauna e da
flora local, dentre outras atividades que permitam o contato com a natureza. Neste
sentido o presente trabalho objetivou identificar o potencial da trilha ecológica do Vale
Vulcânico analisando suas potencialidades. Para tanto foi utilizada a metodologia
“Indicadores de Atratividade e Pontos Interpretativos (IAPI)”, visitas de campo e
pesquisa bibliográfica em livros, sites e artigos científicos. A trilha do Vale Vulcânico é
circular, com duração média de 1 hora e 30 minutos, com aproximadamente 800m,
seu grau de dificuldade é difícil. Desse modo, pode-se concluir que a trilha do Vale
Vulcânico pode ser explorada e comercializada, porém, são pertinentes melhorias na
acessibilidade para aumentar o espectro do perfil de usuários,sinalização, pontos de
apoio com paradas estratégicas para que os visitantes possam praticá-la de maneira
segura e que contemple a natureza de modo sustentável.
Resumen
Palabras clave: senderos interpretativos, la educación ambiental, valle volcánico;
Indicadores de atractivo;
El municipio de Cerro Cora / RN se encuentra a 180 km de capital Navidad del Estado
de Rio Grande do Norte.A economía local se basa en el comercio y la agricultura, el
16
ednajaturismoufrn@gmail.com Discente do curso de Turismo Bolsista de Extensão
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
17
clebia@ufrnet.br Docente do curso de Turismo Universidade Federal do Rio Grande do Norte
18
projeto_corais@yahoo.com.br Docente do curso de Geologia Universidade Federal do Rio
Grande do Norte
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turismo es todavía en su infancia, sin embargo, el municipio tiene potencial relevancia
para su práctica, ya que el sendero ecológico del valle volcánico, cuyo extinto hace 25
millones de años, ofrece diversos testimonios derochas características de ambientes
como el basalto volcánico. Rutas de senderismo ecológicasintegram contacto humano
con el medio ambiente, teniendo como premisa el respeto y el conocimiento de los
profesionales en relación con la conservación del medio ambiente, ondeestãopautadas
contemplación del paisaje, así como la flora y la fauna locales, entre otras actividades
que permiten el contacto con la naturaleza. En este sentido, el presente estudio tuvo
como objetivo identificar el potencial de la eco-trail Valle Volcánico análisis de su
potencial. Por esta metodología se utilizó "Indicadores de Atractivo y puntos
interpretativos (IAPI)", visitas de campo y la investigación en los libros, sitios web y
artículos científicos. El Valle Volcánico pista es circular, con una duración media de 1
hora y 30 minutos, con aproximadamente 800 metros, su grado de dificultad es difícil.
Por lo tanto, podemos concluir que la pista Volcanic Valley puede ser explotada y
comercializada, sin embargo, son las mejoras pertinentes en la accesibilidad para
aumentar el espectro de perfil de usuario, la señalización, puntos de apoyo con
paradas estratégicas para que los visitantes pueden practicar de forma segura, y
contemplar la naturaleza de una forma sostenible.
1. Introdução
O contato do homem com a natureza sempre foi uma temática bastante
discutida por estudiosos de diversas áreas, isto porque diante do contexto atual
e do problema ambiental elencada nos últimos anos, os indivíduos começaram
a perceber que o uso abusivo dos espaços estava degradando os
ecossistemas mais frágeis, como dunas, manguezais e as trilhas ecológicas
por conterem diversas espécies da fauna e flora parcialmente ou totalmente
degradadas Sendo diversos os municípios que vem trabalhando com este
segmento pautado no respeito e conservação dos ambientes visitados,
primando pela sustentabilidade ambiental das localidades e o envolvimento da
comunidade local neste processo, por meio de cursos e projetos que mostrem
o potencial dos espaços e a utilidade dos mesmos.
Neste contexto o presente trabalho objetivou identificar o potencial da trilha
ecológica do Vale Vulcânico analisando suas potencialidades e entraves para o
melhoramento da referida trilha como infraestrutura de apoio ao turista e
outros.O referencial teórico consiste em dois tópicos, a saber: trilhas:
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planejamento, origens e usos, que traz uma abordagem geral das trilhas
mostrando a importância do planejamento para estas, a origem, ou seja, a
partir de quando se começou a utilizar o termo trilhas e quais seus primeiros
usuários e os usos destas trilhas como vem sendo feito e a maneira correta
para que isto aconteça.
No segundo tópico do referencial teórico a discussão é sobre as trilhas como
forma de diversificação do produto turístico, logo, investiga-se como as trilhas
podem contribuir para diversificar o produto turístico local dimensionando as
visitações no ambiente de turistas vindouros de diferentes localidades, com a
motivação de desenvolver atividades de contato com a natureza e
contemplação de paisagens de relevante beleza cênica.
Entretanto, após o
referencial teórico destaca-se a metodologia utilizada neste trabalho, e
posteriormente a caracterização da área de estudo para melhor entendimento.
Em seguida, é feita a apresentação e discussão dos resultados coletados e
discute-se as considerações finais desta pesquisa. Assim, a pesquisa mostrase relevante por abordar um tema ainda pouco explorado no âmbito do
município de Cerro Corá/RN, bem como na comunidade acadêmica do curso
de Turismo do Campus Currais Novos/RN, mas que mostrou-se importante por
apresentar
potencialidade
comercializada
pela
ainda
comunidade
pouco
explorada
e
que
local,
instigando
novos
pode
ser
estudantes,
pesquisadores, poder público e trade turístico a trabalhar com este segmento
em toda região do Seridó Potiguar.
2. Trilhas: planejamento, origens e usos
O planejamento é uma ferramenta que prima por organizar os objetivos que
são desejados para o futuro, e as ações que serão desempenhadas para que
isto aconteça isto porque planejar significa mensurar os problemas que
poderão acontecer e o que pode ser feito para que todas as metas posam
acontecer em tempo hábil.As trilhas é um tipo de ecossistema composto por
espécies da fauna e flora, que primordialmente necessita de planejamento para
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que os problemas com a visitação nestes ambientes sejam minimizados, a fim
de corroborar com a conservação do ambiente e das espécies vigentes no
lugar. Com isso, Petrocchi (1998, p.20) propõe que:
O planejamento – a visão do futuro próximo ou distante –
contribui para que as tarefas sejam melhor realizadas e
objetivos sejam mais facilmente atingidos, por pessoas ou
organizações. Ordena as ações e dá prioridade a elas. Permite
mapear dificuldades ou obstáculos e, assim, escolher
previamente caminhos alternativos.
Entretanto, as trilhas podem ser de dois tipos, guiada eautoguiada, sendo que
a trilha interpretativa do Vale Vulcânico no município de Cerro Corá/RN é do
tipo autoguiada, pois necessita da presença de um guia local para subsidiar as
visitações no espaço. Além disso, a implantação das trilhas interpretativas pode
decorrer em compactação e erosão do solo, composição da vegetação local,
lixo, vandalismo, perda da fauna e da flora entre outros efeitos que podem ser
minimizados por meio de um bom planejamento nestes ambientes.Assim,
conforme diz Vasconcellos (1997) as trilhas interpretativas, quando bem
planejadas e inseridas, conectam o visitante com o lugar, aumentando a
compreensão e apreciação sobre os recursos naturais e culturais protegidos,
abrandando assim as pressões negativas sobre o lugar.
Logo, percebe-se a relevância do planejamento no ordenamento e proposição
da trilha ecológica, haja vista que é por meio deste instrumento que os
impactos negativos das visitações no ambiente poderão ser minimizados, e
obter maior aproveitamento do lugar onde esta sendo realizada a referida trilha.
Vale salientar, que por meio da trilha ecológica é possível ainda que o
turista/visitante tenha contato com as tradições locais, fator este que elenca a
este indivíduo a preponderância de conservar o lugar para que outras pessoas
também possam desfrutar da contemplação da paisagem, flora e fauna local
nos próximos anos. Para tanto devem ser analisados vários aspectos para que
as trilhas ecológicas ocorram de maneira adequada como, por exemplo, a
distância, a infraestrutura de apoio como bancos ou coberturas para descanso,
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venda de água ou sucos, tendo em vista que algumas trilhas são desenvolvidas
em ambientes quentes exigindo maior cuidado do indivíduo com o equilíbrio
líquido do corpo, entre outros aspectos que devem ser mencionados para que
a trilha ocorra demasiadamente bem.
De acordo com o Manual de Ecoturismo de Base Comunitária (2003, p.247)
As trilhas existentes, principalmente de longa distância, não
recebem manutenção adequada, quase todas sofrem o
problema de erosão e há pontos críticos com relação à
segurança. Surgem não se sabe de onde e frequentemente
desaparecem, tomadas pelo mato, devido ao desuso. Algumas
ainda apresentam bifurcações que não levam a lugar algum.
Some-se a isso a constante ausência de mapas, sinalização e
meios interpretativos.
Deste modo, apresenta-se vários entraves para que as trilhas possam
acontecer em consonância com os parâmetros adequados, não infligindo o
meio ambiente e isto pode ser alcançado por meio da capacitação dos guias
locais, e de palestras sobre a sensibilidade das áreas visitadas para que assim
estes sejam sensibilizados e possam transmitir as informações para os
praticantes das atividades relacionadas as trilhas ecológicas. Vale salientar,
que é importante analisar o entorno da trilha a vegetação que a compõe, se é
uma área com a presença de serras ou outro tipo de relevo, verificando as
tipologias de animais existentes como forma de acentuar e preparar a área
para visitação. A capacidade de carga da trilha é um item crucial para ser
analisado pelo planejador, uma vez que como descrito anteriormente as trilhas
são compostas por ecossistemas em muitos casos frágeis que necessitam de
análises para que assim se possa idealizar a trilha.
Assim, “a capacidade de carga é definida primeiramente para cada trilha ou
área de visitação” (WWF, 2001, p.50), ou seja, cada trilha possui suas
peculiaridades sendo por meio destas que é possível elaborar o cálculo desta
capacidade para que não ultrapasse o número permitido de visitantes.
Desta maneira, verifica-se a importância da atuação do planejamento para que
as trilhas ecológicas possam acontecer de maneira adequada, trazendo assim
benefícios para a população local uma vez que as trilhas podem ser
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trabalhadas e comercializadas, tornando-se então um importante produto
turístico do lugar, diversificando as atividades relacionadas ao turismo já
desenvolvidas no município.
3. As trilhas como forma de diversificação do produto turistico
É perceptível que o turismo é uma atividade cada vez mais crescente gerando
renda para as localidades onde é desenvolvido. Na região do Seridó o turismo
vem ganhando espaço como uma atividade que contribui na renda familiar,
com os serviços de guia de turismo, venda de souvenirs, doces, pousadas,
hotéis entre outros que são necessários para que a atividade turística possa se
desenvolver.Para tanto as trilhas contribuem diretamente neste processo de
desenvolvimento turístico, principalmente ao tratar-se da diversificação do
produto turístico nas localidades haja vista que por meio destas é possível levar
os visitantes a terem o contato com a natureza, bem como entender a
importância de conservar os espaços naturais para esta prática. Cabe ressaltar
1174
que de acordo com Silva et al, 2012,p.708
O ambiente por onde passa uma trilha deve apresentar um
mínimo de alterações realizadas pelo homem. Aviários, criação
de porcos ou áreas de plantio devem ser evitados. No caso de
trilhas próximo de riachos, açudes ou rios e fundamental a
certificação da qualidade da agua, principalmente, se existe a
possibilidade de banho ou travessia.
Logo, as trilhas interpretativas não precisam de muito para acontecer em um
destino, sendo, portanto, imprescindível que se tenha um espaço natural com
pouca ou nenhuma alteração humana, e que mesmo com a atividade turística
no local a fauna e a flora sejam permanentemente conservadas, para que
assim não haja danos ao ecossistema. Vale
salientar,
que
para
realizar
qualquer tipo de trilha é preciso analisar aspectos como se existe algum tipo de
infraestrutura de apoio ao turista como, por exemplo, uma cobertura simples
com água ou frutas, analisando-se ainda os equipamentos de segurança
necessários para realizar a trilha, e o público de cada trilha uma vez que nem
todos os tipos de trilhas se adequam ao turista que deseja realiza-la, por
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
exemplo, trilhas muito extensa não são recomendadas para crianças, adultos
com alguma limitação e idosos, pois algumas trilhas são extensas e
consequentemente exigem um pouco mais de esforço físico dos praticantes.
Entretanto, conforme aborda Silva et al, 2012,p.709
A preparação de uma trilha deve levar em consideração alguns
fatores na hora da confecção das mesmas: segurança,
conforto, redução do impacto ambiental e instalação de
equipamentos necessários para cada tipo de trilha e publico
alvo.
Desse modo, as trilhas se forem utilizadas de maneira adequada poderão
tornar-se um produto turístico competitivo em relação a outros destinos, uma
vez que se bem planejada poderá trazer benefícios tanto para o ambiente
natural a qual está ligada, como para comunidade local que começam a ver
nas trilhas uma oportunidade de usufruir da natureza de maneira sustentável,
conseguindo assim um novo recurso financeiro a partir da divulgação e
comercialização de tais trilhas.
4. Metodologia
Para este trabalho foi utilizada a metodologia “Indicadores de Atratividade e
Pontos Interpretativos (IAPI)”, que permite caracterizar a trilha e identificar sua
potencialidade para fins de visitação turística, as visitas de campo foram
necessárias para que se pudesse realizar o trajeto que o turista faz para chegar
ao Vale Vulcânico, bem como porque possibilitou conhecer o entorno da trilha.
Já a pesquisa bibliográfica em livros, sites e artigos científicos, possibilitaram a
construção do embasamento teórico presente nesta pesquisa, e a relação
teórico-prática do tema abordado neste artigo.
4.1 Caracterização da área de estudo
O município de Cerro Corá/RN fica a 180 km de distância em relação à capital
do Estado Natal, tendo em sua população 10.916 hab.(IBGE, 2012). O
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1175
povoamento de Cerro Corá/RN se deu quando os índios Canindés e Janduís,
os primeiros habitantes da localidade, começaram uma sublevação no final do
século XVII, e uma expedição dirigiu-se à região com o objetivo de reprimir o
levante. Mas os grupos de povoamento só chegaram à localidade com a
fixação de colonizadores, apenas no século seguinte, dedicados à agricultura e
à pecuária (IDEMA-RN, 2008). A área estudada do município, a Serra de
Santana localiza-se a sul da Bacia Potiguar, nas porções centro e extremo
sudoeste do Estado do Rio Grande do Norte, correspondendo respectivamente
às serras de Santana, Portalegre e Martins (figura 1), onde afloram os
depósitos mais expressivos da Formação Serra do Martins.
1176
Figura 1 – Serra de Santana.
O capeamento sedimentar da Formação Serra do Martins (FSM) nos platôs de
Santana, é constituído por arenitos conglomeráticos, arenitos grossos a finos e
síltico-argilosos. Na base da Serra de Santana afloram diques diabásicos do
Vulcanismo Rio Ceará-Mirim, nas localidades de Trangola e Grota da
Fervedeira. Mais a nordeste e sudeste da Serra de Santana também afloram
plugs vulcânicos, correlacionados por Fortes (1987) ao vulcanismo miocênico
da Bacia Potiguar (basaltos do Vulcanismo Macau, datado entre 29 e 45 Ma;
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Mizusaki, 1987; apud Araripe e Feijó 1994). No Riacho da Pedreira, porção
sudeste da Serra de Santana esses corpos basálticos afloram como paredões
do riacho, em altitudes próximas às cotas da interface embasamento/sedimento
(550 a 600 m). Desagregações filonianas (disjunções colunares) subhorizontais
e, localmente, seu contato intrusivo com xistos da Formação Seridó, também
são observados em uma porção topograficamente inferior no riacho (cerca de
550 m de altitude).
Na serra de Santana, o relevo em chapada, caracterizado pelo topo
tipicamente tabular, é definido a partir das curvas de nível 600 a 650 m,
atingindo altitudes entre 700 e 750 m (figuras). Nesses platôs as cotas mais
elevadas se concentram preferencialmente na porção sul, atingindo 739 m na
porção sudoeste da Serra de Santana. A diferença de relevo entre as bordas
norte e sul da referida serra evidencia um basculamento da mesma para norte
também corroborado pela diferença de cotas do embasamento cristalino
sotoposto, entre as porções norte e sul dos platôs. No platô de Santana essa
interface é observada a partir da curva de nível 600 m. Nas cotas entre 300 e
600 m as feições mais características são os inselbergs..constituídos pelas
litologias do embasamento cristalino, principalmente pelos granitos. Na base da
serra de Santana, o relevo é definido por uma superfície arrasada a ondulada,
cujas cotas variam entre 80 e 300 m de altitude. Nestas cotas afloram
metassedimentos do Grupo Seridó e migmatitos do Complexo Caicó. Sobre
essa superfície arrasada são encontrados os maiores trechos das drenagens,
que em geral têm suas nascentes na interface "embasamento cristalino/rochas
sedimentares. No platô de Santana as drenagens fluem de forma radialcentrífuga.
5. Resultados e discussão
A partir do embasamento teórico deste trabalho e da pesquisa de campo foi
possível analisar que o município de Cerro Corá/RN dispõe de relevante
potencial turístico, e que se bem planejado o turismo pode ser uma atividade
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1177
capaz de agregar valor ao lugar. Além disso, identificou-se que a trilha do Vale
Vulcânico tem forma circular, ou seja, é possível fazer o trajeto da trilha por
caminhos diferentes levando ao visitante a opção de voltar pelo mesmo
caminho, ou seguir outro diferente sendo que ambos dão acesso ao Vale
Vulcânico. Quanto a distância da trilha a mesma é média e seu grau de
dificuldade é difícil haja vista que o caminho é composto de pedras e descidas
que exigem do visitante agilidade e paciência para realizá-la (figura 2).
1178
figura 2
Para tanto, os atrativos naturais que podem ser encontrados na trilha do Vale
Vulcânico são animais e uma bonita paisagem. Dentre suas principais
características pode-se destacar a vegetação nativa da Caatinga, esta pouco
degradada com árvores de médio e pequeno porte, sendo que as principais
são a Caatingueira, Mameleiro, Pereiro e Facheiro, este último em grande
quantidade no ambiente. Todavia, encontrou-se ainda animais tais como,
pássaros da espécie nativa da Caatinga como a Juriti ave típica de ambientes
serranos. Detectou-se também um mirante natural com uma visão geral do
Vale Vulcânico e da paisagem que contempla o espaço do Vale. Diante
da
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literatura apresentada e dos comentários anteriormente mencionados, na trilha
do Vale Vulcânico detectou-se as seguintes peculiaridades (tabela 1), que
mostra as características principais da trilha para que o leitor possa inteirar-se
da estrutura da referida trilha.
Tabela 1: Características da trilha do Vale Vulcânico
Posição:
Escala:
Estímulo:
I = Inferior N = Em
1 = 1° Plano 2 = Médio Plano
V = Visual S =
Nível S = Superior
3 = Fundo
Sonoro T = Tátil
Os pesos devem ser multiplicados pela intensidade do atrativo 1 =
Presente
2 = Grande Quantidade
3 = Predominância
Atrativo
PONTOS DE
ESTIMULO
POSIÇÃO
ESCALA
PARADA
PESO DO
INDICADOR
Ponto de
parada a ser
V
S
T
I
N
S
1
2
3
aplicado
Entrada
x
x
x
x
Alto da Serra
x
x
x
x
Paredão
x
x
x
Saída do
Riacho
x
x
x
x
x
x
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
Encontrou-se ainda rochas típicas de ambientes vulcânicos como o Basalto. Os
pontos de parada foram identificados 4 a saber: portão de entrada do Vale
Vulcânico em que se tem o estímulo visual pela bela paisagem e sonoro pelo
canto dos pássaros, sua posição é superior e sua escala é 1º plano. Outro
ponto foi o alto da serra em que se tem o estímulo visual pela paisagem,
sonoro, canto das aves e tátil uma vez que a equipe tocou alguma plantas
como o Mameleiro e a Caatinga para sentir o odor destas, sua posição é
superior e sua escala é 1º plano. O paredão foi outro ponto destacado em que
se teve o estímulo visual, relevante beleza cênica da paisagem e o sonoro
vários pássaros cantando, sua posição também é superior e a escala é 1º
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1179
plano. O último ponto foi a saída do riacho que tem sua escala em médio plano,
os estímulos presentes são o visual pela paisagem bonita e o sonoro barulho
das árvores e dos pássaros.
Assim, percebe-se que a trilha do Vale Vulcânico no município de Cerro
Corá/RN dispõe de peculiaridades que a tornam diferenciada dos outros
atrativos do município e que se bem planejada e divulgada, poderá receber
ainda mais visitantes para apreciar da paisagem e contemplar a natureza
presente na trilha.
6. Considerações finais
Com a realização deste estudo pode-se perceber que o município de Cerro
Corá/RN dispõe de relevante potencial turístico, especialmente no âmbito dos
recursos naturais, no entanto, pela falta de planejamento principalmente nos
ambientes naturais e uma política pública municipal de incentivo a conservação
dos recursos naturais provenientes na localidade estes ambientes não são
comercializados. Porém, observou-se que atrativos como o Vale Vulcânico e a
trilha existente no mesmo atrai visitantes e estudiosos de diversas localidades,
fator este que mostra a importância do referido atrativo para o desenvolvimento
turístico do município.
Deste modo, a trilha do Vale Vulcânico traz contribuições naturais, históricas e
culturais para os visitantes desta, elencando assim mais valor ao atrativo e
consequentemente aqueles que trabalham com a atividade turística na
localidade como guias locais, agências e outros atores que veem no turismo
uma possibilidade de emprego e renda para os destinos.
7. Bibliografia
BRASIL. Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio
Grande do Norte. Municípios: Cerro Corá/RN. Disponível em:
<http://www.idema.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/idema/socio_ec
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1180
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em 03 set. 2013.
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<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=240270>
Aceso em: 03 set. 2013.
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0124031> Acesso em: 03 set. 2013.
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p. 705 - 719 2012.
VASCONCELLOS, J. M. O. Trilhas interpretativas: aliando educação e
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[Coordenação: Sylvia F. Mitraud]. Brasília: WWF Brasil, 2001. 100p.
WWF BRASIL. Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramentas para
um planejamento responsável. [Organização: Sylvia Mitraud]. Brasília:
WWF Brasil, 2003. 470p.
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GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e
manejo de trilhas
TRABALHO DE CAMPO NO CAMINHO DAS ÁGUAS, PARQUE NATURAL
MUNICIPAL DE NOVA IGUAÇU/RJ: PROPOSTA DE ROTEIRO AMBIENTAL
E SUBSÍDIO PARA CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL
Flávia Lopes Oliveira19
Cristina Maria Alves da Silva20
Nadja Maria Castilho da Costa21
Resumo
O trabalho de campo no Ensino Fundamental é uma ferramenta de
aprendizado que visa aproximar o indivíduo da realidade, podendo levar a uma
visão ambiental mais holística e conscientizadora. O presente artigo tem por
objetivo discutir a importância do trabalho de campo como método de ensinoaprendizagem de educação ambiental na Educação Básica, tendo como área
de estudo o Caminho das Águas, localizado no Parque Natural Municipal de
Nova Iguaçu, RJ. O Caminho das Águas, nome dado por margear o rio Dona
Eugênia, é conhecido também como Estrada da Cachoeira, sendo esta a
principal via de circulação da Unidade de Conservação. Tal roteiro foi aplicado
a uma turma do sexto ano do Ensino Fundamental da Educação Básica de
uma escola particular da cidade do Rio de Janeiro no ano de 2011.
Inicialmente, foram ministradas aulas teóricas na escola sobre o conteúdo que
seria trabalhado no campo e, uma semana depois, foi realizado um trabalho de
campo com os alunos no Parque. Os resultados desse trabalho foram
avaliados através de observações de campo e de questionários dirigidos aos
alunos, e mostraram que a maior parte do alunado que visitou o roteiro
interpretativo construiu conhecimento, percebendo o ambiente de forma tanto
individual como socializada, o que comprova a relevância do trabalho de
campo como um método significativo no processo de aprendizagem do
ambiente natural, além de possibilitar a prática turística. Os alunos citaram o
contato direto com os elementos da natureza como o principal atrativo, o que
segundo eles leva a uma melhor percepção ambiental, podendo contribuir para
valoração e conscientização do patrimônio natural.
Palavras-chave: Trabalho de Campo; Educação Ambiental; Unidade de Conservação; Roteiro
Interpretativo; Turismo Educativo.
Resumen
Palabras clave: Trabajo de Campo; Educación Ambiental; Unidad de Conservación; Itinerario
Interpretativo; Turismo Educativo.
19
E-mail: flavialopes@oi.com.br Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ.
20
E-mail: cristinatalhate@yahoo.com.br Professora Especialista de Geografia, docente da rede
pública do Estado do Rio de Janeiro-SEEDUC.
21
E-mail: nadjacastilho@gmail.com Professora Doutora Adjunta do Instituto de Geografia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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1182
El trabajo de campo en la Educación Primaria es una herramienta de
aprendizaje que pretende acercar al individuo a la realidad y puede dar lugar a
una visión más global y a conciencia del medio ambiente. Este artículo tiene
como objetivo discutir la importancia del trabajo de campo como método de
enseñanza y aprendizaje de la educación ambiental en la Educación Básica,
teniendo como campo de estudio del Caminho das Águas, ubicado en el
Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, RJ. El Caminho das Águas, cuyo
nombre se debe a que sigue el río Dona Eugênia, también conocido como la
Estrada da Cachoeira, que es la vía principal de la Unidad de Conservación.
Este Itinerario se aplicó a una clase de sexto grado de Educación Básica en
una escuela privada de la ciudad de Río de Janeiro, en 2011. Primero, se
dieron clases en la escuela sobre el contenido que se trabajaría en el campo y,
una semana después, se llevó a cabo el trabajo de campo con los estudiantes
en el Parque. Los resultados se evaluaron a través de observaciones de campo
y cuestionarios para los estudiantes. Estos demostraron que la mayoría de los
estudiantes que visitaron el itinerario interpretativo construyeron conocimiento,
percibiendo el medio ambiente desde de la perspectiva individual y social, lo
que demuestra la relevancia del trabajo de campo como un método importante
en el proceso de aprendizaje del medio natural, además de proporcionar la
práctica turística. Los estudiantes dijeron que el contacto directo con los
elementos de la naturaleza es la principal atracción, ya que brinda una mejor
percepción del medio ambiente, lo que puede contribuir a la valoración y el
conocimiento del patrimonio natural.
1. Introdução
Atividades realizadas fora do ambiente escolar podem ser excelentes maneiras
de aprendizado, à medida que promovem uma maior interação do indivíduo
com o objeto de estudo, podendo levar a uma visão ambiental mais holística e
integrada. Nesse sentido, temas trabalhados em sala de aula podem ser mais
explorados em campo permitindo, assim, despertar um maior interesse, tanto
do alunado, quanto do professor. Dentre os assuntos que podem ser estudados
em campo estão os relacionados aos ambientes naturais, como: rocha, relevo,
clima, hidrografia, flora e fauna; que são ensinados pelos professores da
Educação Básica, principalmente, os das disciplinas Geografia, Ciências e
Biologia.
Os
conceitos
relacionados
aos
fatores
endógenos
e
exógenos,
transformadores do relevo, começam a ser vistos na Educação Básica,
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sobretudo, no sexto ano do Ensino Fundamental. Tais tópicos são
extremamente importantes para ampla apreensão do estudante em relação à
composição natural do meio ambiente, à medida que, o processo de ensinoaprendizagem pode levar a uma construção do conhecimento, com agregação
de significados, valores e postura em relação ao meio.
Diante disso, o presente artigo busca discutir a importância do trabalho de
campo como uma medida de ação educativa, ambiental e turística, através de
experiências no ambiente natural e possível conscientização do meio, tendo
como área de estudo o Caminho das Águas, localizado no Parque Natural
Municipal (PNM) de Nova Iguaçu, RJ (Figura 1).
1184
Figura 1: Localização da área de estudo. Fonte: modificado pelas autoras de NIMA (2013).
PNM de Nova Iguaçu
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O PNM de Nova Iguaçu (Figura 1) é uma Unidade de Conservação (UC) criada
em 05 de junho de 1998 pelo Decreto Municipal nº 6.001. Está localizado na
Vertente Iguaçuana da Serra de Madureira do Maciço do Gericinó, na Área de
Proteção Ambiental do Gericinó-Mendanha, entre os municípios de Mesquita e
Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro (PREFEITURA
DA CIDADE DE NOVA IGUAÇU, 2000; MELLO, 2008; OLIVEIRA et al., 2010;
SILVA et al., 2011). A escolha desta UC para realização da pesquisa deve-se
principalmente à existência de feições geológicas e geomorfológicas que
denunciam o acontecimento de atividades vulcânicas pretéritas, a exemplo:
diques, brechas e poços, o que faz desse Parque ainda mais relevante didática
e patrimonialmente. Tais feições vêm sendo discutidas ao longo dos anos
(KLEIN; VIEIRA, 1980a/b; KLEIN et al., 1984; MOTOKI et al., 2007; 2008;
DRM/RJ, 2013).
No intuito de reconhecer como patrimônio natural, áreas interessantes sob o
ponto de vista geológico e turístico o Departamento de Recursos Minerais/RJ,
criou em 2001 o projeto Caminhos Geológicos que visa transmitir informações
científicas à sociedade em linguagem acessível, através de placas explicativas,
sendo fixadas no PNM de Nova Iguaçu seis placas interpretativas (MANSUR et
al., 2004; GHIZI et al., 2004; DRM/RJ, 2013). De acordo Guimarães (2002), a
criação de UCs Nacionais (1930 a 1960) foi o marco dos primórdios da
formação do patrimônio natural no Brasil, sendo elas uma forma de
conservação
do
espaço
patrimonial.
Para
fins
de
convenção
foram
considerados como patrimônio natural, entre outras, segundo a Art. 2, § 2 o: “As
formações geológicas e fisiográficas e as zonas estritamente delimitadas que
constituem habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas, com valor
universal excepcional do ponto de vista da ciência ou da conservação”
(UNESCO, 1972). Posteriormente, a Conferência Mundial para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento - Rio-92 trouxe uma maior complexidade à noção
de patrimônio natural, com base na utilização do ambiente de forma
sustentável.
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Diante disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais ressaltam a importância do
trabalho com o tema meio ambiente e patrimônio na contribuição para que os
alunos, ao final do Ensino Fundamental, sejam capazes de: “perceber, apreciar
e valorizar a diversidade natural e sociocultural, adotando posturas de respeito
aos diferentes aspectos e formas do patrimônio natural, étnico e cultural”.
(PCN, 1998, p.197). Dentre as atividades que podem ser desenvolvidas, na
conscientização ambiental e consequente atribuição de valor patrimonial, estão
o trabalho de campo e o turismo educativo, que a partir da visitação podem
gerar maior interação entre o indivíduo e o lugar, podendo suscitar, assim, uma
educação ambiental mais significativa e por seguinte mais complexa,
conscientizadora e conservadora, num processo de construção de uma
educação patrimonial22.
Trabalho de Campo e Turismo Educativo: Meios de Ensino-Aprendizagem de
Educação Ambiental
Em tempos de virtualidade, onde as pessoas passam muitas horas na frente de
um computador se relacionando com um mundo de forma abstrata, sem tocar,
sem sentir cheiros, sem experimentar texturas e temperaturas, sem observar a
vida em movimento, práticas escolares, como: trabalho de campo e turismo
educativo são atividades que podem conquistar os alunos a participarem de um
mundo real e a se relacionarem com o mesmo. Como destaca o naturalista
Cornell (1996, p.5), "as crianças entendem e gravam mais na memória os
conceitos quando aprendem por meio da experiência direta e pessoal". Além
da aprendizagem, as experiências adquiridas no ambiente natural através da
inclusão de atividades extraclasse, podem despertar mudanças conceituais,
atitudinais e comportamentais em relação ao meio ambiente, atribuindo assim
um novo valor ao mesmo e consequente, conservação patrimonial (BENI,
2002; RAYKIL; RAYKIL, 2005; VINHA, 2005; COSTA; COSTA, 2008;
GEERDINK; NEIMAN, 2010; MACHADO; COSTA, 2013). Quanto mais cedo os
22
IPHAN-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, definição constante na página
http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=15481&retorno=paginaIphan.
Acesso em 30/10/2013.
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alunos se perceberem como agentes atuantes do meio, maiores serão as
chances de se envolverem com este. Diante disso, se torna indispensável que
o aluno conheça os objetivos de uma atividade de campo. “O envolvimento
emocional também é importante para o bom aproveitamento da atividade”
(SCHULZ, 2004, p.60).
Neste sentido, o ambiente natural pode proporcionar ao sujeito o estímulo da
acuidade perceptiva, e tal contribuir para uma maior cognição e compreensão
do meio e dos seus elementos, podendo proporcionar, também, uma visão
integrada e sistêmica (OLIVEIRA; MACHADO, 2004; COSTA, et al. 2005;
COSTA, 2008; OLIVEIRA, 2013).
O corpo físico do alunado agora, fora da sala de aula, em um
ambiente aberto, tendo contato direto com o mesmo,
participará de todo processo de ensino-aprendizagem, através
dos estímulos gerados pelo ambiente por onde passam
(SILVA; OLIVEIRA, 2013, p.5).
A sensibilização ambiental, e consequentemente a conservação de patrimônios
naturais, ganha maior força quando ocorre a realização de visitas no real.
Quando o que foi visto na sala de aula, agora em campo, ganha movimento,
vida, cores, formas, ângulos, sensações e sentimentos. Os alunos passam a se
entender como atores de uma realidade que existe além dos livros.
São necessários espaços físicos [...], aulas fora da classe, em
outros espaços da escola, do campo e da cidade. Porque o
bosque, o museu, o rio, o lago [...], bem aproveitados,
convertem-se em excelentes cenários de aprendizagem
(CARBONELL, 2002, p.88).
Neste caminho, o professor tem papel fundamental, pois ele poderá despertar
este pensamento no alunado. Segundo Freire (1996, p.26), não basta apenas
“ensinar os conteúdos, mas também ensinar a pensar certo”. Diante disso, se a
conservação do patrimônio natural não for relevante para o professor, tendo
como o trabalho de campo e/ou turismo educativo uma prática essencial para o
desenvolvimento de uma consciência ambiental, poucos serão aqueles alunos
que assumirão um compromisso com o ambiente. Cabe lembrar que o
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professor não tem a função de repassar informações, como uma educação
bancária.
Não
deve
apenas
“transferir
conhecimento,
mas
criar
as
possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996,
p.26).
O professor ao alimentar uma observação reflexiva da
realidade, dos fatos, dos acontecimentos e do ambiente que
cerca o aluno, estará levando o mesmo a pensar, permitindo
assim que esse comportamento se torne parte do seu processo
de produção/construção do conhecimento (SILVA, 2011, p.20).
Desta forma, se torna imprescindível o conhecimento prévio pelo professor/guia
de onde será realizada a atividade de campo, com a elaboração de um roteiro
didático para a mesma e seleção dos pontos interpretativos que serão vistos,
como também das informações que serão trabalhadas, de acordo com os
objetivos traçados. Porém, tal seleção não pode impedir o despertar de novos
conhecimentos no ato da atividade, uma vez que a mesma é realizada em um
ambiente real e dinâmico.
2. Metodologia
No dia 30 de agosto de 2011 foi realizada uma aula/trabalho23 de campo com
56 alunos, de 11 a 14 anos de idade, matriculados por ocasião do campo em
duas turmas do sexto ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede
particular de ensino, localizada no município do Rio de Janeiro, RJ.
Inicialmente, foram ministradas aulas teóricas na escola sobre o conteúdo que
seria trabalhado no campo e, uma semana depois, foi realizada uma aula de
campo no PNM de Nova Iguaçu. Para a aula/trabalho de campo foi elaborado
um roteiro didático ambiental, que será apresentado no próximo tópico. Os
resultados deste artigo foram produzidos através de observações no campo e
pela aplicação de questionários junto aos alunos após a aula de campo. Para a
23
Para uma melhor compreensão dos alunos em relação à atividade realizada no PNM de
Nova Iguaçu, foi utilizado no questionário o termo aula de campo ao invés de trabalho de
campo.
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análise e discussão foram feitas revisões bibliográficas conceituais, sendo
selecionadas para este artigo as seguintes questões:
1a) “Você gostou da aula de campo? ( ) Sim ( ) Não. Em caso afirmativo, do
que mais gostou? Por quê?”
2a) “O que você aprendeu na aula de campo?”
3a) “Você acredita aprender melhor na aula de campo ( ) ou em sala de aula (
)? Por quê?”
Roteiro Didático Ambiental
Para esse roteiro foram selecionados três pontos com atrativos do patrimônio
geológico do PNM de Nova Iguaçu (Figura 2). Tais são passíveis de serem
identificadas pelo alunado, são de fácil acesso e tiveram como base
bibliográfica: Oliveira
et al. (2010); Silva et al. (2011); Oliveira (2013) as
interpretações feitas por Motoki et al. (2007; 2008), e a pela equipe do Projeto
Caminhos Geológicos do DRM/RJ (2013).
Ponto 1 - Pedreira desativada São José:
Acesso: após a guarita de entrada do Parque, siga até a bifurcação da
Estrada da Cachoeira, entre à direita e encontrará a pedreira desativada
(Figura 3a). Distância aproximada 200 metros.
Roteiro interpretativo: nesta primeira parada o alunado tem oportunidade de
observar uma pedreira de brita desativada há mais de 40 anos que era
chamada Pedreira São José (Figura 3a). A brita é a rocha quebrada em
fragmentos menores, usada principalmente para construção civil. Nesse
ponto, as rochas podem ser mostradas, bem como podem ser comentados
os aspectos de sua formação, composição, localização e distribuição.
Sendo possível também levar os alunos a compreender a transformação da
paisagem natural pelas atividades econômicas anteriormente ligadas a sua
mineração (ou seja, atividade de extração de substâncias minerais para fins
econômicos) e como tal atividade pode impactar o ambiente. Os alunos
poderão segurar pedaços de rochas percebendo o seu peso, textura
(aspectos da superfície), cor e minerais.
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Figura 2 – Pontos do roteiro didático ambiental. Fonte: modificado pelas autoras de MELLO
(2008).
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Figura 3 - a) Pedreira desativada São José (maio, 2012). b) Sienito da Pedreira desativada São
José (agosto, 2011). c) Dique no Poço do Escorrega (agosto, 2011). d)Traço do dique que foi
erodido formando o Poço do Escorrega (agosto, 2011). e) Afloramento com traquitos e brechas
vulcânicas (agosto, 2011). f) Afloramento com traquitos e brechas vulcânicas (maio, 2012).
Fonte: acervo das autoras.
A pedreira é composta principalmente pela rocha sienito (Figura3b) que é de
origem ígnea plutônica, alcalina (rica em sódio e potássio), de coloração cinza,
contendo principalmente os minerais: feldspatos (cinza e brilho de perola) e
anfibólios (verde-escuros, quase pretos, que brilham como vidro e máficas –
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com elementos químicos pesados). As rochas alcalinas são muito raras, mas
no Estado do Rio de Janeiro há várias ocorrências deste tipo de rocha. A
formação do sienito se dá pela cristalização do magma em profundidade
(rochas plutônicas) na câmara magmática. Com a erosão dos materiais
superiores, tais são expostas. Quando formadas em diques ou derrames
vulcânicos são chamadas de traquitos.
Ponto 2 – Poço do Escorrega
Acesso: retorne e prossiga pelo Caminho das Águas por aproximadamente
400 metros. O Poço do Escorrega fica antes da entrada da Sede do PNM
de Nova Iguaçu, descendo uma pequena trilha à esquerda.
Roteiro interpretativo: além do poço, neste ponto podem ser observados
diques e brechas (Figura 3c). Nele, os alunos terão a oportunidade de
entender sobre a formação dos diques e a erosão das rochas; assim
observar e tocar em diferentes texturas.
Os diques são estruturas tabulares, facilmente destacados, preenchidos por
rochas ígneas intrusivas em outra rocha hospedeira denominada encaixante
(aproveitando as zonas de fraquezas, que recebem uma injeção de
magma). Os diques quando erodidos pela ação das águas, formam poços
(Figura 3d). Nesse caso a rocha encaixante é a brecha.
Ela é uma rocha clástica, ou seja, compostas por fragmentos de materiais
derivados de outras rochas, tais clastos são de tamanho variável, desde
milimétrico até 30 cm de diâmetro, sendo constituídos por traquito e sienito,
os maiores tendem a ser arredondados ou semi-arredondados e os
menores são angulosos. Os clastos são unidos por um cimento de
granulometria mais fina denominada matriz (fluxos de magma).
Ponto 3 – Afloramento
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Acesso: prosseguindo pelo Caminho das Águas, após a sede, siga para
a travessia do rio Dona Eugênia. Logo após a ponte, o caminho faz uma
curva à direita e aproximadamente 100 metros da ponte, na encosta à
esquerda, observa-se um afloramento (Figura 3e), em frente a um poste
de luz e a placa do Projeto Caminhos Geológicos (DRM/RJ) intitulada:
‘Lavas e brechas vulcânicas’.
Roteiro interpretativo: na terceira parada os alunos poderão olhar e tocar
o afloramento (Figura 3f), aprofundando os seus conhecimentos a
respeito de diferentes texturas das rochas traquito e brecha, como
também observarem rochas que estão em um estado avançado de
alteração intempérica (transformação em solo).
Na parte inferior do afloramento observa-se um material mais
homogêneo e consistente (traquito). Aproximadamente, 120 cm acima
se encontra uma camada de brechas, sendo esta de aspecto mais
heterogêneo, e aproximadamente, 100 cm acima, outra camada de
traquito.
3. Resultados e discussão
No trabalho/aula de campo foi aplicado o roteiro, sendo a análise da aula feita
no local pela professora e pela aplicação de questionários junto aos alunos
após o campo, as questões avaliaram as contribuições da atividade em uma
UC para aprendizagem sobre elementos da Geografia Física em uma
perspectiva ambiental. Ao analisar a 1a questão: “Você gostou da aula de
campo?”, 89% dos alunos que participaram da aula/trabalho de campo
disseram ter gostado e somente 11% (Figura 4) alegaram não ter se agradado
devido ao calor, a caminhada e aos colegas que atrapalhavam com bagunça:
“Estava muito quente, nem consegui prestar atenção direito” (SFS/ 11 anos/
out., 2011); “Porque estava muito quente, nós andávamos muito com a cabeça
quente e os pés doendo” (PS/ 12 anos/ out., 2011); “Porque não deu para
entender algumas coisas que a professora falou, por causa de alguns alunos e
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porque meu pé ficou doendo” (AFM/ 11 anos/ out., 2011). Porém, para outros
alunos a caminhada e as brincadeiras dos colegas se tornaram mais um
atrativo para o campo: “Porque tinha um vulcão de muito tempo lá, brincamos e
andamos...” (CCBA/ 14 anos/ out., 2011); “A caminhada e as rochas que são
enormes” (VPD/ 11 anos/ out., 2011).
1ª “Você gostou da aula de campo?
2ª O que você aprendeu na aula de
campo
3ª “Você acredita aprender melhor na aula de campo ou na sala de aula?
Figura 4 – Frequência das respostas dos alunos, em porcentagem, em relação ao questionário
aplicado.
Mesmo para os alunos que justificaram não gostar da aula no campo devido ao
calor, houve produção de conhecimento sobre o meio natural, uma vez que,
com a percepção das condições climáticas, ocorreu estímulo da acuidade
perceptiva sensorial, o que permitiu sentirem e viverem experiências próprias
relacionadas ao tempo atmosférico e o clima local de um ambiente natural.
Como ressalta Tuan (1983), a experiência é constituída de sentimento e
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pensamento. O sentimento humano não é uma sucessão de emoções distintas;
mais precisamente a memória e a intuição são capazes de produzir impactos
sensoriais no cambiante fluxo da experiência. Dentre as justificativas
apresentadas sobre do que mais gostou na aula de campo, as respostas
citando elementos fisiográficos foram as mais frequentes, sendo eles: vulcão,
rochas, pedreira, rios, poços e vegetação (Figura 5): “De saber que já existiu
um vulcão” (AL/ 12 anos/ out., 2011); “Tem muito mato, rochas e muitas coisas
legais” (FG/ 12 anos/ out., 2011); “Quando nós fomos à pedreira” (FG/ 12 anos/
out., 2011); “Daquele paredão enorme, muito lindo!” (MAL/ 12 anos/ out., 2011);
“Do poço do escorrega” (SAB/ 11 anos/ out., 2011); “Das árvores, eu gostei
muito” (AASB/ 13 anos/ out., 2011).
1195
Figura 5: Frequência, em porcentagem, das respostas que citaram os elementos fisiográficos
como justificativos sobre do que mais gostou na aula de campo.
A observação de tais elementos no real e dentro do contexto próprio contribui
segundo Seniciato; Cavassan (2004) para superação da fragmentação do
conhecimento e consequentemente melhor compreensão do meio ambiente
como um todo, permitindo assim, a sua visão holística e estimulando nos
alunos a habilidade de perceber o espaço a partir de referências concretas. Tal
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perspectiva
pode
fornecer
embasamentos
para
uma
postura
mais
conservacionista em relação à natureza.
Na 2a questão, “O que você aprendeu na aula de campo?”, 52% das respostas
dos alunos afirmaram ter aprendido sobre vulcão (seus processos e feições);
23% sobre rochas (seus tipos e formações); 14% sobre a natureza (e sua
conservação) e 11% sobre outros aspectos, sendo eles: fauna, flora, pedreira
desativada São José, minerais, minérios, estrutura interna da Terra e meio
ambiente (Figura 4).
As respostas dadas pelos alunos revelam que houve uma aquisição de
conhecimento na aula de campo, à medida que, citaram informações
visualizadas por eles: “Aprendi que aquele lugar foi uma câmara magmática”
(PS/ 12 anos/ out., 2011); “Aprendi sobre o vulcão, minerais, minérios etc.”
(BIR/ 12 anos/ out., 2011); “Aprendi que as rochas magmáticas ou ígneas são
formadas pelo resfriamento do magma” (BB/ 12 anos/ out., 2011); “Aprendi
sobre vulcões, rochas e animais que eu nunca tinha visto na minha vida” (GMS/
13 anos/ out., 2011); “Que muitos animais vivem ali e que não podemos
desmatar” (AASB/ 13 anos/ out., 2011); “Eu aprendi que na aula de campo nós
podemos aprender sobre a natureza” (VH/ 12 anos/ out., 2011).
Na 3a questão: “Você acredita aprender melhor na aula de campo ou em sala
de aula?”, 75% (Figura 4) dos alunos declararam acreditar aprender melhor na
aula de campo, com justificativas que remetem aos aspectos lúdicos e
emocionais que a aula no ambiente natural proporciona e ao contato direto com
o conteúdo que está sendo ensinado.
Os demais 25% (Figura 4) do alunado disseram acreditar aprender melhor na
sala de aula, principalmente por se concentrarem mais e não precisarem andar:
“A turma se concentra mais” (AL/ 12 anos/ out., 2011); “Porque na sala de aula
nós sentamos e aprendemos, no campo tem distrações, não que não seja aula,
mas se aprende mais em sala de aula” (NGF/ 11 anos/ out., 2011); “Porque na
aula de campo cansa muito as pernas e na sala de aula só fica sentado
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prestando atenção” (TFBV/ 12 anos/ out., 2011); “Na aula de campo não tem
Sol e não precisamos andar muito, na sala tem teto e ar condicionado” (LPA/
13 anos/ out., 2011). Ou seja, ao comparar com a sala de aula, o ambiente
natural representou, para esses alunos, um lugar de menor conforto e maior
dispersão; isso os fez acreditar aprender melhor na sala de aula.
Dos 75% dos alunos que acreditaram aprender melhor na aula de campo, 52%
(Figura 6) declararam ser por motivos lúdicos e emocionais: legal, divertida,
aventureira, socializada, ao ar livre, na natureza, com paisagem, em um
ambiente de paz e tranquilidade: “Porque é uma aula diferenciada, mais legal e
divertida” (MAL/ 12 anos/ out., 2011); “Porque vemos melhor como as coisas
acontecem e nos aventuramos mais” (SAB/ 11 anos/ out., 2011); “Porque lá eu
estava com amigos de ambas as turmas” (ML/ 12 anos/ out., 2011); “Porque é
uma aula em lugar livre, na natureza. É mil vezes melhor” (QCO/ 13 anos/ out.,
2011); “Porque é muito melhor do que ficar na sala. Na aula de campo nos
sentimos livres, com um ar gostoso” (KJ/ 11 anos/ out., 2011); “Porque a gente
sente o ar natural que é mais fresco, mas eu gosto da sala de aula também”
(VPD/ 11 anos/ out., 2011); “Porque tem a paisagem e dá para entender
melhor” (KCSN/ 11 anos/ out., 2011); “Porque é um lugar calmo, onde tem
lugares que a professora pode nos mostrar coisas interessantes” (JCA/ 11
anos/ out., 2011); “Porque tem mais tranquilidade e o contato com a natureza é
ótimo, além de conhecer o que veio para conhecer” (BJS/ 11 anos/ out., 2011);
“Porque normalmente a gente vê no livro. Lá a gente sente o prazer de estudar”
(AASB/ 12 anos/ out., 2011).
Tais justificativas declaradas pelos alunos remetem a sensações vividas na
aula de campo, de acordo Vygotsky (2003), sensações motivam as emoções e
consequentemente modificam o pensamento. Para o autor, a emoção é um
processo de interação entre o organismo e o ambiente, ou seja, as sensações
de ansiedade, satisfação, felicidade, que são estimuladas nos ambientes
naturais geram um maior investimento de energia pelo indivíduo em relação ao
meio, o que pode contribuir para uma maior relação dos alunos com o lugar
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estudado, relação esta que vai estar baseada em conhecimento, valorização,
respeito e consequente conscientização ambiental.
Figura 6 – Frequência, em porcentagem, das justificativas dadas pelos alunos que acreditam
aprender melhor na aula de campo.
E dos 75% dos alunos que acreditaram aprender melhor na aula de campo,
48% (Figura 6) disseram que foi por um contato direto com o conteúdo, como
por exemplo: “Porque na aula de campo vemos tudo de pertinho e
conseguimos entender melhor” (BDSB/ 11 anos/ out., 2011); “Porque a gente
na sala estuda teorias e no campo temos contato com os objetos” (YP/ 11
anos/ out., 2011); “Porque na aula de campo nós vivenciamos o que estamos
aprendendo” (FG/ 12 anos/ out., 2011); “Porque na aula de campo nós vemos
com os próprios olhos o que a professora diz” (BB/ 12 anos/ out., 2011);
“Porque você está mais perto do que está aprendendo” (CLAO/ 11 anos/ out.,
2011); “Com o espaço livre e mais coisas reais ajudaram mais ao aprendizado”
(DC/ 11 anos/ out., 2011); “Porque vemos os objetos e estudamos sobre eles
pessoalmente, ficando mais divertido e mais fácil para aprender” (VH/ 12 anos/
out., 2011); “Porque a gente aprendeu com a professora e via ao ar livre e a
cores” (BFPA/ 11 anos/ out., 2011); “Porque é melhor ver na nossa frente o que
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acontece” (GMS/ 13 anos/ out., 2011). Tais justificativas corroboraram com a
ideia de que a atividade em campo contribui para a aprendizagem.
4. Conclusões
Diante da sua dinâmica o ambiente real permite sempre um novo olhar sobre o
que está sendo aprendido e consequentemente uma nova compreensão, o que
poderá suceder respeito e conservação. Essa nova visão ocorre, na medida em
que, são acumuladas experiências, e estas por sua vez acontecem quando nos
misturamos com o ambiente que nos cerca, sem a pretensão de somente
explorá-lo.
A análise dos resultados obtidos no presente artigo permitiu constatar que o
trabalho/aula de campo é uma prática que promove aproximação real do
alunado com o conteúdo aprendido, podendo levar a uma maior sensibilização
e conscientização ambiental, à medida que as aulas em ambientes naturais
promovem uma relação direta do indivíduo com o meio, contribuindo, assim,
para mudanças de significados, valores e postura em relação ao ambiente, ou
seja, uma eficaz educação ambiental que poderá cooperar para conservação
do ambiente. Desta forma, a pesquisa permite indicar que o trabalho de campo
é uma metodologia de educação ambiental que pode oferecer subsídios para
proteção e gestão do patrimônio natural, além de possibilitar a prática turística
educativa.
5. Bibliografia
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GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e
manejo de trilhas
TRILHAS SUBAQUATICAS EM FERNANDO DE NORONHA – PE: A
IMPORTÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL RELACIONADA Á
GEODIVERSIDADE
Jasmine Cardozo Moreira 24
José Martins da Silva Júnior 25
Resumo
Palavras-chave: Trilhas subaquáticas; Fernando de Noronha; geodiversidade; interpretação
ambiental;
O Arquipélago de Fernando de Noronha é considerado por muitos visitantes um dos
melhores lugares do mundo para a prática de mergulho livre e autônomo,
principalmente pela facilidade de se ter acesso a excelentes pontos de mergulho, com
pouco esforço físico, pouco tempo de navegação e pouco perigo na operação. O
Arquipélago engloba duas Unidades de Conservação, um Parque Nacional Marinho e
uma Área de Proteção Ambiental. Ambas possuem Plano de Manejo e a atividade é
regulamentada. Diariamente, na saída das operações realizadas pelas três operadoras
de mergulho locais, o ponto de mergulho a ser utilizado depende das condições de
mar e da carga de suporte de cada local onde é permitido o mergulho em Fernando de
Noronha. Como o mergulho autônomo sem instrutores não é permitido, nos pontos
definidos são realizadas trilhas subaquáticas. Apesar de não ter essa formação
específica, os instrutores de mergulho acabam realizando o papel de um condutor:
normalmente é seguido o mesmo trajeto, há instrutores que lideram e fecham o grupo
e a interpretação do ambiente é realizada antes do mergulho. Entretanto, foi
observado que nas informações repassadas pelos instrutores comenta-se sobre a
biodiversidade e praticamente não há informações relacionadas à geodiversidade. Em
Fernando de Noronha, a paisagem subaquática é considerada das mais belas do
Brasil. Para preencher essa lacuna existente na interpretação do ambiente, o trabalho
teve como objetivo realizar observações in loco e a coleta de informações sobre
aspectos relativos à geologia e geomorfologia dos pontos de mergulho. Este trabalho
teve o patrocínio da Petrobrás e a metodologia utilizada envolveu consulta a
documentos como Planos de Manejo e bibliografia pertinente, e a realização de
mergulhos livres e 35 mergulhos autônomos nos pontos em que as condições
climáticas permitiram. Como resultados são descritos os pontos utilizados, aspectos
relativos á geodiversidade das ilhas e são realizadas propostas visando incrementar a
interpretação do ambiente subaquático. Por fim, sabe-se que essa é uma atividade
que gera impactos, no caso das trilhas visando a conservação, sejam terrestres ou
aquáticas, é importante que o ambiente seja compreendido como um todo.
24
jasmine@uepg.br Docente Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de
Turismo.
25
rotador@golfinhorotador.org.br Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade,
Centro Mamíferos Aquáticos.
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Resumen
Palabras clave: senderos subacuáticos, Fernando de Noronha , la geodiversidad ;
interpretación ambiental ;
El archipiélago de Fernando de Noronha es considerado por muchos visitantes
uno de los mejores lugares del mundo para la práctica de distintos niveles de
buceo , sobre todo la facilidad de tener acceso a los excelentes lugares de
buceo , con poco esfuerzo físico , poco tiempo navegando y pequeños en
peligro la operación .El archipiélago se compone de dos áreas protegidas, un
Parque Nacional y Área Marina de Protección Ambiental. Ambos cuentan con
Plan de Manejo y la actividad está regulada . Producción diaria de las
operaciones realizadas por los tres operadores de buceo locales , la inmersión
a utilizar depende de las condiciones del mar y el soporte de carga de cada
lugar en el que se permite el buceo en Fernando de Noronha .Como no se
permite el buceo sin instructores , los puntos de ajuste se realizan senderos
subacuáticos. A pesar de no tener esa formación, los instructores fin específico
de buceo a realizar el papel de un conductor: por lo general se sigue el mismo
camino , hay instructores que conducen y cierran el grupo y la interpretación
del entorno se realiza antes de la inmersión. Sin embargo , se observó que la
información transmitida por los instructores dijo a la biodiversidad y no hay
prácticamente ninguna información relacionada con la geodiversidad .Fernando
de Noronha , el paisaje bajo el agua es considerada como la más bella de
Brasil . Para llenar este vacío en la interpretación del medio ambiente, el
trabajo tiene como objetivo realizar observaciones in situ y la recogida de
información sobre los aspectos de la geología y geomorfología de la
inmersión.Este trabajo ha sido patrocinado por la metodología de los
documentos de consulta de este tipo tales como los planes de gestión y de la
literatura relevante y Petrobras , y la realización de inmersiones libres y 35
inmersiones de buceo en los puntos en el tiempo permitido.Los resultados se
describen como puntos utilizados , aspectos serán geodiversidad de las islas y
se realizan propuestas para mejorar la interpretación del entorno submarino .
Por último , se sabe que esta es una actividad que genera impactos en el caso
de los senderos a promover la conservación , la tierra o el agua , es importante
que el medio ambiente se entiende como un conjunto.
1. Introdução
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Fernando de Noronha (FN) é um arquipélago localizado no Nordeste do Brasil,
em Pernambuco. É um dos destinos mais consagrados de ecoturismo no país,
considerado por muitos visitantes um dos melhores lugares do mundo para a
prática de mergulho livre e autônomo. O Arquipélago engloba duas Unidades
de Conservação, um Parque Nacional Marinho e uma Área de Proteção
Ambiental. Ambas possuem Plano de Manejo e a atividade do mergulho segue
a regulamentação e diretrizes do ICMBio. Como o mergulho autônomo sem
instrutores não é permitido, nos pontos definidos são realizadas trilhas
subaquáticas. Apesar de não ter essa formação específica, os mergulhadores
que lideram o grupo acabam realizando o papel de um condutor: normalmente
é seguido o mesmo trajeto, há mergulhadores que lideram e fecham o grupo e
a interpretação do ambiente é realizada antes do mergulho. Entretanto, foi
observado
que
biodiversidade
nas
e
informações
praticamente
não
repassadas
há
comenta-se
informações
sobre
a
relacionadas
à
geodiversidade.
Em FN a paisagem subaquática também é considerada das mais belas do
Brasil. Segundo Silva-Jr (2010), da costa para o fundo tem primeiro uma zona
com algas e moluscos em forma de colônia, depois coral-de-fogo e coral-mole
e, por fim, os corais tipo cérebro, estando os menores mais no raso e os
maiores mais no fundo. Para preencher essa lacuna existente na interpretação
do ambiente, o trabalho teve como objetivo realizar observações in loco e a
coleta de informações sobre aspectos relativos à geologia e geomorfologia dos
pontos de mergulho, no sentido de elaborar um quadro e auxiliar nessa
interpretação.
2. Metodologia
Para a realização deste trabalho foram realizadas consultas a documentos
como Planos de Manejo e bibliografia pertinente e foram coletadas informações
sobre aspectos básicos relativos à geologia e geomorfologia do arquipélago,
bem como mergulhos livres e autônomos. Deste modo, com o apoio das
operadoras de mergulho locais, foram feitos 35 mergulhos autônomos nos
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pontos em que as condições climáticas permitiram. Muitos deles não puderam
ser visitados e assim a informação é descrita com base em bibliografia.
Figura 01: Pontos de mergulho autônomo em FN. Fonte: Atlantis Divers (2006).
Como resultados são descritos os pontos visitados, aspectos relativos á
geodiversidade e é apresentado um quadro incluindo os pontos de mergulho
livre (em que a atividade é permitida) e os pontos de mergulho autônomo são
os apresentados na Figura 01. O quadro engloba a formação geológica a que
pertence, características, em qual UC está localizado e quais os tipos de
mergulho realizados. Cabe ressaltar que há outros pontos de mergulho em FN,
que não estão no mapa e não foram visitados devido às condições climáticas.
3. Resultados e Discussão
3.1 Aspectos geológicos e geomorfológicos de Fernando de Noronha
O Arquipélago de FN é formado pela ilha principal, Fernando de Noronha, e as
ilhas secundárias, Cuscuz, Rasa, São Jose, Sela Ginete, do Meio e Rata. No
chamado mar de dentro há as ilhas Morro de Fora (ou Ilha da Conceição), e os
Dois Irmãos. No mar de fora há a Ilha do Morro do Leão, Viuvinha, Chapéu do
Sueste, Cabeluda, dos Ovos e do Frade. Pelo fato de ser uma montanha
submersa, participando de um alinhamento de montes vulcânicos submarinos
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que compõem a Cadeia de Fernando de Noronha, orientada a E-W, na zona de
fratura que possui o mesmo nome, e devido ao rebaixamento do nível do mar
em até aproximadamente 100 metros, ocasionado pelas glaciações que
ocorreram no período quaternário, isso fez com que a plataforma marinha fosse
esculpida com cerca de 20 km de diâmetro, rodeando todo o arquipélago, em
uma profundidade aproximada de 100 metros (IBAMA et al, 2005).
Segundo Almeida (2002) FN é um arquipélago em que se expõem rochas
vulcânicas de idades miocênica e pliocênica. São rochas piroclásticas,
penetradas por grande variedade de magmáticas alcalinas que, após um longo
período de tempo, foram recobertas por novos derrames de rochas ultrabásicas
nefelinícas (ankaratritos) e seus piroclastos. Como sedimentos ocorrem nas
ilhas reduzidos depósitos litorâneos, marinhos e eólicos, pertencentes ao ciclo
atual e a outros, do Quaternário. Pelo fato de estar localizado ao longo de
estruturas alinhadas de diversos montes vulcânicos submarinos e altos fundos
do pavimento oceânico, esses montes, originados pela atividade de um hot
spot, estendem-se até próximo à costa do Ceará. Em FN os dois últimos ciclos
de vulcanismo ocorreram no intervalo de dez milhões de anos, produzindo
alem das rochas piroclásticas, derrames, diques e plugs (TEIXEIRA et al,
2003).
As unidades litológicas de FN enquadram-se em dois grandes grupos de 1a
ordem, de acordo com sua origem, que correspondem ao das rochas
vulcânicas (Formação Remédios e Formação Quixaba,) e ao das rochas
sedimentares (Arenito das Caracas):
* Formação Remédios: Esta Formação, segundo Almeida (1955), é a mais
antiga do Arquipélago, corresponde à atividade vulcânica ocorrida há mais de
12 milhões de anos. São fragmentos de diversos tamanhos, onde destacam-se
rochas fonolíticas, traquíticas e essexíticas. De acordo com o Plano de Manejo
da APA (IBAMA et al, 2005), são rochas eruptivas alcalinas e material
piroclástico encaixante. Esse material piroclástico é formado por aglomerados,
brechas e tufos vulcânicos, contendo também lapillis e bombas vulcânicas.
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Essa Formação apresenta também rochas intrusivas alcalinas, representadas
por fonolitos porfíricos e afíricos, como o Morro do Pico.
FIGURA 1- Rocha da Formação Quixaba que apresenta decomposição esferoidal (a) e ao lado
o Arenito Caracas próximo a Ilha do Meio (b).
- Formação Quixaba: Após a Formação Remédios, houve um longo período
erosivo. Só entre 3,3 e 1,7 milhões de anos atrás é que ocorreu uma nova
atividade magmática, as lavas ankaratríticas da Formação Quixaba. Como
houve esse grande período erosivo, essas lavas se assentaram em superfícies
irregulares, preenchendo diversas depressões e apresentando espessuras
variadas (de poucos centímetros a mais de 40 metros). As rochas efusivas
(que vem em estado de fusão até a superficie) pertencentes à Formação
Quixaba têm aparência de rocha negra, grande uniformidade textural e
mineralógica, e granulação muito fina (IBAMA et al, 2005) (Figura 01-A).
Almeida (1955), conclui que esta Formação é um empilhamento de negros
derrames de lava ankaratrítica alternados com piroclastos de componentes da
própria lava. As rochas piroclásticas (material de origem vulcânica lançada na
atmosfera nas erupções) são tufos, tufo-brechas, lapilli-tufos e aglomerados,
constituídos de componentes provenientes dos derrames.
- Formação Caracas: Nesta formação, os depósitos sedimentares são
resultantes de processos pleistocênicos e modernos, envolvendo o Arenito das
Caracas (ou calcarenito Caracas). São sedimentos com coloração bege clara
ou cinzenta, com textura arenosa granular fina e estratificação cruzada. São
antigas dunas móveis e os grãos de areia são constituídos por restos de
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organismos marinhos, principalmente algas calcárias e também minerais
essenciais das rochas vulcânicas. Entre esses grãos encontra-se a calcita
microcristalina, que serve como um cimento, dando consistência aos arenitos
(IBAMA et al, 2005; Almeida, 2002). (Figura 01-B)
1209
Figura 2 - Mapa geológico de FN, simplificado a partir de Almeida (1955). Em vermelho estão
destacados geossítios que integram a proposta do Geoparque Fernando de Noronha. Fonte:
Wildner & Ferreira, 2012.
As diversas ilhas do arquipélago possuem aspectos diferentes conforme a sua
constituição geológica. Muitos dos pontos de mergulho são próximos a essas
ilhas e sem dúvida a sua constituição auxilia na beleza do ponto em relação
aos aspectos geológicos. Segundo Almeida (2002), as ilhas fonoliticas são a
Ilha do Frade, Sela Ginete e Cabeluda e apresentam-se como picos
destacados. Já as de derrames de lava são tabulares, como é o caso da Ilha
Rata e São José, ou são rochedos escarpados, como os Dois Irmãos. E por
fim, as ilhas formadas por calcarenitos (Arenito Caracas) são baixas e de
relevo tabular (Ilhas do Meio e Rasa) (Figura 02).
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3.2 A atividade de Mergulho em FN: Trilhas subaquáticas e aspectos
geológicos
O sistema de ingresso no Parque Nacional FN foi concessionado e agora os
serviços são de responsabilidade da empresa Econoronha. Deste modo, o
acesso para algumas praias onde são realizados mergulhos é restrito, deve-se
apresentar o ingresso nos PICs (Posto de Informação e Controle) na Praia do
Sueste e na Praia do Sancho. No PIC Sueste é disponibilizado equipamento de
mergulho livre para locação, e estão disponíveis serviços de condutores
especializados. No porto, no embarque para a realização do mergulho
autônomo, o controle também é realizado.
Em 2009, foi realizado um trabalho por Luiz Júnior, em que são feitas
recomendações para as atividades de mergulho em FN. Para este autor, o guia
de mergulho é uma estratégia eficaz para diminuir o impacto físico dos
mergulhadores com o recife e portanto é recomendado que em FN todos os
mergulhos sejam guiados e supervisionados por guias locais. É feita uma
recomendação em relação ao tamanho do grupo considerado ideal, sendo de
doze visitantes por grupo mais três condutores de mergulho, respeitando uma
razão um condutor para cada quatro visitantes. De qualquer modo, cabe
destacar que a interpretação do ambiente deve ocorrer tanto em trilhas
terrestres quanto em trilhas subaquáticas. Em ambos os casos é importante
que a informação repassada seja correta.
Em FN o mergulho livre é uma das atividades mais realizadas. É necessário
uma máscara de mergulho, um snorkel, nadadeiras e em alguns casos coletes
salva-vidas, que podem ser alugados. Já o mergulho autônomo é uma
atividade que se caracteriza pela fato da fonte de ar estar junto com o
mergulhador. Para tanto são utilizados equipamentos como cilindro, colete e
regulador. São diversos os locais onde o mergulho livre e autônomo pode ser
praticado no Arquipélago, em áreas tanto do PN quanto da APA.
Há três
operadoras de mergulho autônomo autorizadas a realizar operações na área
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do Parque Nacional Marinho de FN (onde são realizadas a maioria das saídas)
e na área da APA (mergulhos no Morro de Fora). Todas são autorizadas pelo
ICMBio, obedecem a padrões técnicos internacionais, e oferecem serviços de
filmagem e fotografia submarina.
Deste modo, são apresentadas as características dos pontos abaixo.
3.2.1 Baía de Santo Antônio : Em uma parte da enseada desta praia existem
paredões ankaratriticos e calcários marinhos afloram sob a forma de
pequena mancha nesta área. São camadas delgadas assentadas sobre
uma base irregular de lavas e rochas piroclásticas, acumulando no
máximo 6 metros de espessura. Sua estratificação horizontal é planoparalela e está bem consolidada por forte cimento calcário. A coloração
é creme, podendo ser também avermelhada e correspondem a registros
de deposição subaquática, marinha. O fundo observado nessa área em
boa parte é arenoso e os seixos encontrados são fortemente
cimentados. No Porto está localizado um naufrágio, que apresenta as
caldeiras e o túnel do eixo, entre profundidades de 1 a 7 metros.Nesta
área é melhor mergulhar durante a maré cheia ou quando ela está
enchendo, para evitar as águas turvas que vêm de dentro dos molhes
quando a maré está secando.
3.2.2 Ilha do Morro de Fora:
Nesta ilha fonolitica observam-se muitos
fragmentos rochosos, dos mais variados tamanhos. Há diversas
passagens pelos grandes matacões desagregados, rochas intrusivas
alcalinas,
caracterizadas
por
fonolitos
provindos
de
atividades
magmáticas com aproximadamente nove milhões de anos.
Recomenda-se contornar a ilha, saindo da Praia do Meio e chegando à Praia
da Conceição. Esta área também é utilizada para mergulho autônomo e neste
caso a trilha feita pelos mergulhadores costeia o Morro no seu lado esquerdo
(Praia da Conceição) quando é um batismo e ao redor de todo o Morro quando
é um mergulho para credenciados.
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3.2.3 Baía dos Porcos: Nesta Baía são observadas lavas ankaratriticas da
Formação Quixaba, com intercalação piroclástica (CORDANI et al,
2003). É uma baía bem fechada, com águas tranqüilas e grande
visibilidade para a prática do mergulho livre. Próximo à falésia podem
ser observados os depósitos de talude, originados pela queda de
grandes massas de lava fraturada por juntas colunares.
3.2.4 Baía do Sancho: Considerada uma das praias mais bonitas do Brasil,
possui em sua extensão um penhasco de basanito de aproximadamente
50 metros de altura. O acesso é feito por mar ou por uma fenda na
rocha, por onde se desce com o auxilio de escadas de ferro. O
aglomerado mais próximo à praia, com profundidade de até 5 metros, é
o mais indicado para o mergulho livre.
3.2.5 Baía do Sueste: Aqui estão reunidas todas as formações do
arquipélago, podendo-se observar o contraste geomorfológico entre
elas. A esquerda está a Formação Remédios, evidenciada pelos morros
de
fonolitos
e
traquitos,
circundada
por
rochas
piroclásticas
intemperizadas já erodidas, a Ilha Sela Gineta (fonolitica), e alguns
diques. Do lado direito (onde os mergulhos são permitidos) está a
Formação Quixaba, suas lavas ankaratriticas, paredões negros e
colunares. Já na Ilha Chapéu do Sueste podem ser observados os
calcarenitos da Formação Caracas. No Sueste os seixos estão no lado
esquerdo da praia, há dunas e um manguezal. Na época de chuva,
(normalmente de março a julho), a pressão das águas abre o canal de
ligação do Mangue do Sueste com o mar e a água pode ficar turva. O
Sueste é melhor para a prática do mergulho livre durante a maré cheia.
3.2.6 Praia do Atalaia: A praia tem esse nome por causa da ilha do Frade à
sua frente, um domo fonolítico da formação Remédios. Para os
pioneiros, esta ilha era semelhante a um monge ajoelhado fazendo
sentinela (atalaia).No lado esquerdo há o contato entre as formações
Remédios e Quixaba, e na parte emersa um pequeno trecho de areia e
a predominância de seixos. A Formação Remédios predomina, sendo
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1212
observada na maré baixa nos diques. No canto direito da praia, há
blocos da Formação Caracas, com estratificação cruzada e que
possuem idade entre 42.000 e 28.000 anos atrás (ALMEIDA, 1955).Há
fiscalização por parte do ICMBio e limitação no número de pessoas ao
mesmo tempo na área da piscina natural.
3.2.7 Ilha Rata: A Ilha Rata é de origem basáltica, caracterizada por derrames
de lava tabulares da Formação Quixaba. É uma plataforma ankaratritica
parcialmente coberta por sedimentos modernos. Possui calcarenitos da
Formação Caracas e depósitos de fosfatos de cálcio, que tem sua
origem nos
excrementos de aves marinhas. Nesta Ilha, a segunda
maior do arquipélago, há diversos pontos de mergulho.
No Buraco do Inferno há muitos fragmentos rochosos rolados, grandes
matacões e uma pequena gruta marinha, de aproximadamente sete
metros de extensão e quatro de altura, originária da ação erosiva. Em
seu teto forma-se uma bolha de ar, sendo possível respirar sem
regulador. Apesar do nome este é um local de grande visibilidade que
possibilita um mergulho em profundidade de até 25 metros.
Já a Ressurreta, em sua área emersa, apresenta calcarenitos em
desagregação, alguns já caídos enquanto outros vem sofrendo a ação
do solapamento das ondas. O mergulho é realizado na margem norte do
canal entre a Ilha Rata e a Ilha do Meio, numa enseada abrigada,
principal passagem do Mar de Fora para o Mar de Dentro. A ação da
corrente na encosta da Ilha Rata cavou pequenas grutas e também é
possível observar entulhos de construções, como telhas, tijolos, escada,
tambores e até grandes blocos construídos (conhecido entre os
mergulhadores como “Pedra Quadrada”), denotando a antiga ocupação
humana na Ilha Rata. Na área da Ressurreta são realizados batismos,
mergulho noturno e mergulho de corrente (drift-dive).
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No local conhecido como Cagarras Rasa há fragmentos rochosos
angulosos e rolados, de variados tamanhos e um paredão íngreme, com
aproximadamente 15 metros de altura. O local é utilizado para
mergulhos de batismo e o costão rochoso é propício para a iniciação em
mergulhos profundos e em multinível.
Em Cagarras Funda, há encostas rochosas abruptas e verticais,
originadas dos derrames de lava, que chegam a atingir 35 metros de
profundidade. O mergulho é realizado na faixa dos 18 metros, podendo
chegar a 30 metros.
3.2.8 Ilha do Meio: A Ilha do Meio é inteiramente constituída por calcarenitos,
sendo baixa e de relevo tabular. Sua espessura é de aproximadamente
20 metros e apresenta inclinação para SE, com nítida estratificação
cruzada de grande porte e granulometria fina e bem selecionada,
indicando características de antigas dunas. Esses grãos estão
fortemente cimentados, sendo seus interstícios preenchidos por calcita
microcristalina (ALMEIDA, 1955). Neste mergulho são observados esses
calcarenitos e seus túneis escavados pelo solapamento das ondas, o
que favorece ainda mais o abrigo de espécies como moréias, lagostas e
o tubarão-lixa. A profundidade máxima dos mergulhos é de 15 metros.
3.2.9 Laje dos Dois Irmãos: Localiza-se próximo a Praia da Cacimba do
Padre, entre profundidades de 15 e 24 metros, sendo um mergulho em
boa parte sobre fundo rochoso. São rochas vulcânicas ankaratríticas,
com grandes colunas formadas devido ao diaclasamento das rochas, e
que demonstram o resfriamento das lavas nessas estruturas em prismas
ou colunas, comum em rochas ígneas.
3.2.10 Caverna da Sapata: Na extremidade da ilha, esta é uma gruta marinha,
que possui fundo arenoso e está localizada a 15 metros de profundidade
com 15 metros de comprimento.
Durante o mergulho neste local
observa-se o substrato rochoso e também alguns paredões abruptos
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com características colunares, além de blocos desagregados. O relevo é
acidentado, característico neste caso de derrames de ankaratritos, tufos
e brechas vulcânicas. A trilha margeia o costão rochoso interno por
aproximadamente cem metros, até chegar-se a entrada da Caverna.
3.2.11 Pedras Secas I e II:
Neste ponto de mergulho são observados
calcarenitos, com muitas formações pontiagudas, que favoreceram a
criação de tuneis, pequenas cavernas e reentrâncias, que tornam este
um dos pontos de mergulho mais bonitos do Brasil. A paisagem é
diferente e consegue-se observar que as rochas são sedimentares. O
nome “Pedras Secas” vem da maneira que os pescadores denominam
um local mais raso, para eles, mais seco.
3.2.12 Iuias No caso de Iuias observa-se grandes blocos desagregados, e a
trilha subaquática utiliza passagens entre as rochas. Aqui a Formação é
a Quixaba.
3.2.13 Ilha do Frade: Este mergulho possui aproximadamente 15 metros de
profundidade e é realizado em torno da ilha, da Formação Remédios,
fonolitica. Há grandes blocos desagregados.
3.2.14 Buraco das cabras:Neste mergulho podem ser vistos seixos da
Formação Quixaba, fundo arenoso no canal,
como “cidade
e um local conhecido
de pedra”. Algumas rochas empilhadas indicam
nível do mar mais baixo, o que favoreceu a cimentação entre os seixos
dando formas inusitadas a eles. Há também blocos de calcarenitos
desagregados, tal como na superficie.
Assim, após esta breve descrição, baseando-se nos dados obtidos, tem-se o
seguinte quadro:
Ponto
Formação
Caracteristicas
Lado
UC
da
Tipo de
mergulho
ilha
01
Baía de
Santo
Quixaba
Naufrágio
Trator
MD
APA
Batismo
Básico
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1215
Antonio
Derrames
ankaratríticos
02
Morro de
Remédios
Fora
Ilha Fonolítica
MD
APA
Matacões
Batismo
Credencia
do
03
Baía dos
Quixaba
Porcos
Derrames
MD
PN
Livre
MD
PN
Livre
MF
PN
Livre
ankaratríticos
É proibido entrar na
piscina no canto
esquerdo
04
Baía do
Quixaba
Sancho
Controle através do
PIC do Sancho
Acessível através dos
passeios de barco
05
Baía do
Remédios,
Controle através do
Sueste
Quixaba,
PIC do Sueste
Caracas
Tartarugas
1216
Guia
Usar colete
Mergulho só no lado
direito
06
07
Praia da
Remédios,
Possui RESTRIÇÕES
Atalaia
Quixaba,
Colete
Caracas.
Horários
Quixaba
Quixaba
Pontal do
MF
PN
Livre
Não visitado
MD
PN
Avançado
Derrames
MD
PN
Básico
Norte
08
Buraco do
Inferno
09
Buraco das
ankaratríticos
Batismo
Quixaba
Não visitado
MF
PN
Básico
Quixaba
Derrames
MD
PN
Básico
Cabras
11
Cagarras
Rasa
ankaratríticos
Batismo
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12
Cagarras
Quixaba
Funda
13
Ressurreta
Derrames
MD
PN
Básico
MD
PN
Básico
ankaratríticos
Caracas
Fosfatos organógenos
Batismo
14
Ilha do Meio
Caracas
Arenitos Eólicos
MD
PN
Básico
Batismo
15
Laje Dois
Quixaba
Irmãos
16
Caverna da
Derrames
MD
PN
ankaratríticos
Quixaba
Sapata
Derrames
Básico /
Avançado
MD
PN
Avançado
ankaratríticos
Caverna submarina
17
Cabeço da
Quixaba
Não visitado
MD
PN
Avançado
Sapata
18
Iuias
Quixaba
Não visitado
MF
PN
Avançado
19
Cabeço
Remédios
Não visitado
MF
PN
Avançado
Remédios
Ilha fonolítica
MF
PN
Básico /
Submarino
20
Ilha do
Frade
21
Pedras
Avançado
Caracas
Calcarenitos
MF
PN
Avançado
Secas
Os pontos de mergulho Caieiras, Cabeço das Cordas, Cabeço Submarino,
Cordilheiras, Ponta da Macaxeira e 30 réis, não foram visitados em mergulhos
devido as condições atmosféricas e a forma de escolha dos pontos que é
realizada pelo ICMBio.
4. Conclusão
Mergulhos em Unidades de Conservação devem seguir as diretrizes do ICMBio
(ICMBio, 2008). Entretanto, nessas diretrizes não há menção sobre a
interpretação que pode ser realizada com o auxilio de condutores
subaquáticos. O mergulho, assim como outras atividades realizadas em áreas
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naturais, é uma atividade que gera impacto negativo. Para evitar alguns desses
impactos, no caso das trilhas, sejam terrestres ou aquáticas, é importante que
o ambiente seja compreendido e conservado como um todo. Para tanto, é
importante que a capacitação dos mergulhadores, que atuam como condutores
de trilhas subaquáticas, englobe também os aspectos relativos ao patrimônio
geológico de FN.
Deste modo, com a realização deste trabalho, buscou-se a compilação de
informações em um quadro, a respeito de aspectos básicos que podem ser
observados quando se pratica algum tipo de mergulho no arquipélago. Tais
informações podem ser repassadas em capacitações a serem feitas com a
comunidade, bem como serem disponibilizadas em sites, no sentido de
propagar ainda mais esse conhecimento. Ao sensibilizar mergulhadores
(visitantes e condutores) para que conheçam mais esse patrimônio geológico,
espera-se que a sua importância seja reconhecida e tal patrimônio valorizado
como importante para a conservação de FN como um todo.
1218
5. BIBLIOGRAFIA
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Noronha. DNPM/DGM. Rio de Janeiro. 181 p. 1955.
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Fernando de Noronha. Projeto para a Conservação e Manejo dos
Ecossistemas Brasileiros – Proecos Projeto. Brasília: 2009.
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TEIXEIRA, W.; CORDANI, U. G.; MENOR, E. A.; TEIXEIRA, M. G.; LINSKER,
R. (Eds.) Arquipélago Fernando de Noronha o paraíso do vulcão.
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Geoparques do Brasil - Propostas.1 ed. Rio de Janeiro: CPRM, 2012,
v.01, p. 317-360.
AGRADECIMENTOS
Para a elaboração deste trabalho agradecemos o apoio da Petrobrás, Aguas
Claras e Atlantis, operadoras de mergulho locais.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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GT 07: Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Contribuições para o planejamento e
manejo de trilhas
CAPACITAÇÃO DE CONDUTORES DE VISITANTES DO PARQUE
NACIONAL MARINHO DE FERNANDO DE NORONHA EM GEOTURISMO
José Martins da Silva Júnior 26
Ricardo Araujo27
Jasmine Cardozo Moreira 28
Resumo
Palavras-chave: Capacitação; Geoturismo; Ecoturismo; Fernando de Noronha.
O Projeto Golfinho Rotador, patrocinado pela Petrobras, desenvolve desde
1990 ações de pesquisa, educação ambiental e envolvimento comunitário em
benefício da conservação dos golfinhos-rotadores, do Arquipélago de Fernando
de Noronha e da biodiversidade marinha. O método que o Projeto Golfinho
Rotador escolheu para participar com a comunidade na busca do
desenvolvimento sustentável de Fernando de Noronha foi a capacitação
profissional dos ilhéus em ecoturismo. Em 2012 e 2013, entre outros cursos,
foram ministrados quatro cursos do Programa de Capacitação e Formação de
Condutores de Visitantes do Parque Nacional Marinho de Fernando de
Noronha (Parnamar-FN) abordando aspectos geológicos com o objetivo de
fortalecer o Geoturismo em Fernando de Noronha e capacitar os condutores de
visitantes para a interpretação geológica das trilhas do Parnamar-FN. O
conteúdo de geologia abordou tópicos como conhecimentos gerais de geologia,
vulcanismo e formação e estrutura geológica do Arquipélago. Em 2012 e 2013,
entre agentes do turismo e funcionários do Parnamar-FN, foram 239 inscritos,
sendo que 158 concluíram os cursos. Cada turma de cada curso teve carga
horária de 9 horas. O curso “Geografia Regional” teve 2 turmas, totalizando 91
inscritos, sendo que 67 (74%) foram aprovados. O curso “Ecossistema Marinho
de Fernando de Noronha” teve 1 turma, totalizando 60 inscritos, sendo que 51
(85%) foram aprovados. O curso “Ecossistema Terrestre de Fernando de
Noronha” teve uma turma, totalizando 50 inscritos, sendo que 15 (30%) foram
aprovados. O curso “Ecossistema de Fernando de Noronha” teve 1 turma,
totalizando 38 (66%) inscritos, sendo que 25 foram aprovados. O índice de
aprovação total dos cursos foi de 66%. A inclusão da temática “geologia” no
26
rotador@golfinhorotador.org.br Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade,
Centro Mamíferos Aquáticos.
27
ricardo.araujo@icmbio.gov.br Parnamar-FN / ICMBio
28
jasmine@uepg.br Docente Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de
Turismo.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1220
Programa de Capacitação e Formação de Condutores de Visitantes do
Parnamar-FN, o grande interesse por parte dos condutores sobre o tema e a
busca crescente dos visitantes por geoturismo, demonstram que o ParnamarFN está no caminho certo para se tornar uma geoparque.
Resumen
Palabras-clave: Capacitación; Geoturismo; Ecoturismo; Fernando de Noronha.
El Projeto Golfinho Rotador, patrocinado por Petrobras, se desarrolla desde
1990 investigación acciones, educación ambiental y participación comunitaria
en beneficio de la conservación de delfines, el archipiélago de Fernando de
Noronha y la biodiversidad marina. El método que el proyecto Spinner Dolphin
decidió participar con la comunidad en la búsqueda del desarrollo sostenible de
Fernando de Noronha fue la cualificación profesional de los isleños en el
ecoturismo. En 2012 y 2013, entre otros, cursos fueron impartidos cuatro
cursos del programa de formación y capacitación de los conductores de los
visitantes de lel Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha Noronha
(Parnamar-FN) abordando aspectos geológicos con el objetivo de fortalecer el
geoturismo en Fernando de Noronha y conductores de trenes de visitantes
para la interpretación geológica de temas de contenido geología se acercó a
Parnamar-FN. El contenido de Geología trataron temas como el conocimiento
general de la geología, volcanismo y estructura geológica y la formación del
archipiélago. En 2012 y 2013, entre agentes de turismo y los empleados de
Parnamar FN, se registraron, de cuales 158 239 finalizaron los cursos. Cada
clase de cada curso tuvo tiempo de carga de 9:0. El curso "Geografía Regional"
tuvo 2 clases, con un total de 91 entradas, y 67 (74%) fueron aprobadas. El
curso "Ecosistema Marino de Fernando de Noronha" tuvo 1 clase, totalizando
60 suscriptores, con 51 (85%) fueron aprobado. El curso "ecosistema terrestre
de Fernando de Noronha" tuvo una clase, un total de 50 suscriptores, con 15
(30%) fueron aprobados. El curso "ecosistema de Fernando de Noronha" tuvo
1 clase, por un total de 38 (66%) se ha matriculado, 25 de los cuales fueron
aprobados. La calificación global de aprobación del 66% de los cursos. La
inclusión del tema "Geología" en el programa de capacitación y formación de
los conductores de Parnamar FN-visitantes, el gran interés por parte de
conductores en el tema y la búsqueda creciente de visitantes de geoturismo,
demuestran que el FN Parnamar está en camino de convertirse en un
Geoparque.
1. Introdução
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O Arquipélago de Fernando de Noronha (3°51' Sul de latitude e 32°25' Oeste
de longitude) está distante 345 km do Cabo de São Roque no Rio Grande do
Norte e situa-se na altura da bifurcação da corrente Sul Equatorial, que corre
no sentido oeste com águas caracterizadas pela salinidade elevada, pelas
baixas concentrações de sedimentos, matéria orgânica, nutrientes e plâncton
(IBAMA, 2005), pela alta transparência, com profundidade de extinção da luz
de 87 m (COSTA, 1991) e por apresentar temperatura em torno de 27 0C
(TEIXEIRA et al., 2003).
Fernando de Noronha possui um clima tropical com duas estações
pluviométricas bem definidas: período seco, de agosto a fevereiro; e período
chuvoso, de março a julho. A precipitação média anual é de 1.300 mm 3,
oscilando de 500 mm3 a 2.000 mm3 (TEIXEIRA et al., 2003). A temperatura do
ar oscila entre 23,5°C' e 31,5°C' e apresenta amplitude térmica média de
4,1°C'. Predominam os ventos alísios de sudeste e leste (IBAMA, 2005).
O Arquipélago é o que resta do alto de um vasto edifício vulcânico, cuja base
repousa no assoalho oceânico, a 4.000 metros de profundidade, com as ilhas
secundárias elevando-se de uma rasa plataforma com até 5 km de largura
(ALMEIDA, 1958). O Arquipélago é constituído por uma ilha principal, Fernando
de Noronha, e 17 ilhas secundárias, totalizando uma área de 26 km2 (IBAMA,
2005).
A Ilha de Fernando de Noronha possui 17 km 2, distribuídos longitudinalmente
na direção sudoeste-nordeste, formando duas faces com 11 km de extensão. A
face noroeste, denominada de Mar de Dentro, fica protegida dos ventos
predominantes. No Mar de Fora, a face sudeste, o mar é mais agitado. Quase
todo o litoral da Ilha é rochoso e escarpado, principalmente na face sudeste e
na extremidade oeste da face noroeste (Figura 01).
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Figura 01 – Localização do Arquipélago de Fernando de Noronha (adaptada das Cartas
Náuticas 50 e 52 da Marinha do Brasil)
1223
As características ambientais de Fernando de Noronha são as esperadas para
um arquipélago oceânico tropical, com alto dinamismo e ciclos bem definidos.
Fernando de Noronha possui um clima tropical com duas estações
pluviométricas bem definidas. O período seco normalmente vai de agosto a
janeiro e o período chuvoso corresponde aos meses de fevereiro a julho.
Predominam os ventos alísios de sudeste e leste. A direção e a intensidade
dos ventos variam de acordo com a estação do ano. Na estação seca,
predominam ventos do quadrante sul e com maiores velocidades, e na estação
das chuvas, o vento ronda para o quadrante leste e sopra mais fraco.
O Arquipélago é o que resta do alto de vasto edifício vulcânico, de longa e
complexa história, cuja base repousa a 4000 metros de profundidade no
assoalho oceânico. A base desse edifício tem 60 km de diâmetro, no sentido
NNE-SSW. As ilhas secundárias ao redor da ilha principal elevam-se de uma
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rasa plataforma com não mais de 4 ou 5 km de largura, além da qual as
profundidades crescem rapidamente, conforme descreveu Almeida (1958).
Silva (1992) é quem melhor relata a história de Fernando de Noronha.
O
primeiro registro oficial do descobrimento do Arquipélago ocorreu em 1502,
mas o mesmo permaneceu pouco habitado ou com ocupação de franceses (em
1556, em 1612 e em 1736) e holandeses (de 1629 a 1654). Até que em 1737,
Portugal ocupou efetivamente Fernando de Noronha, instalando uma Colônia
Correcional e um destacamento militar e iniciando a construção de
fortificações, de prédios coloniais e da Igreja Nossa Senhora dos Remédios.
Em 1942, foi criado o Território Federal de Fernando de Noronha, que durou
até 1988, quando o Arquipélago foi reanexado ao estado de Pernambuco, na
categoria de Distrito Estadual. Atualmente, vivem aproximadamente 2 000
pessoas na Ilha de Fernando de Noronha que têm como principal atividade
econômica o turismo, sendo que o passeio marítimo para observar os golfinhos
é a principal atração turística do Arquipélago.
1224
Em função da situação geográfica, importância ecológica, grau de preservação
e grande beleza cênica é que entidades ambientalistas e a comunidade
científica nacional e internacional iniciaram, no início da década de oitenta, o
movimento para a criação de uma unidade de conservação em Fernando de
Noronha, seguindo recomendação do documento Estratégia Mundial para
Conservação (IUCN/PNUMA/WWF). A primeira vitória desse movimento foi a
criação da área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha (APA-FN) em
1986. Mas, o sucesso do movimento só chegou com o Decreto-Lei N° 96693,
de 14/09/88, que cria o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha
(Parnamar-FN).
A área total do Parnamar-FN é de 11.270 hectares, sendo 85% no mar, e os
15% terrestres correspondem a aproximadamente 65% das terras do
Arquipélago.
Os restantes 35% de terras do Arquipélago estão na Ilha de
Fernando de Noronha e constituem a APA-FN.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
O Parnamar-FN tem os seguintes objetivos: proteger amostra representativa
dos ecossistemas marinhos e terrestres do Arquipélago; assegurar a
preservação de sua fauna, flora e demais recursos naturais; proporcionar
oportunidades controladas para a pesquisa científica, educação ambiental e
visitação pública; contribuir para a proteção de sítios e estruturas de interesse
histórico-cultural.
A beleza natural do Arquipélago e o aumento da demanda por ecoturismo em
unidades de conservação fizeram com que o número de turistas em Fernando
de Noronha aumentasse de 21.315 no ano de 1995, para cerca de 70 mil por
ano em 2012. Fernando de Noronha transformou-se em um pólo turístico
nacional e
internacional. Segundo
dados do
Controle
Migratório
da
Administração do Distrito Estadual de Fernando de Noronha, cerca de 85% dos
turistas que visitaram FN são brasileiros, sendo destes cerca de 65% dos
Estados de São Paulo, Rio de Janeiro ou Rio Grande do Sul. O número de
turistas estrangeiros vem aumentando ano a ano. Entre as características
predominantes do turista estão: nível escolar superior completo, ter entre 31 e
40 anos de idade e possuir renda mensal acima de 40 salários mínimos. O
“Ecoturismo” foi a principal motivação da viagem.
Embora a legislação de proteção às Unidades de Conservação (UCs) garanta
normas que minimizem impactos ambientais em Fernando de Noronha, o
Arquipélago vem sofrendo com o incremento do turismo e o crescimento
demográfico.
A ocupação humana na ilha tem oscilado em quantidade e diversidade cultural
desde seu descobrimento oficial, em 10 de agosto de 1503, e com a
implementação de grandes meios de hospedagem por empresários de fora da
ilha. Ao mesmo tempo em que é negativo o impacto ambiental e social do
turismo, a atividade é um forte agente sensibilizador das questões ambientais e
principal sustento econômico local. Para cumprir essas duas funções, é
fundamental que a visitação seja orientada por condutor consciente e que a
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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população local seja capacitada para ocupar os postos de serviços criados pelo
turismo.
O crescimento populacional artificial, por meio do fluxo de pessoas que vêm
ocupar os postos de serviços criados pelo incremento do turismo, elevou a
população local de 1.500 pessoas em 1988 para cerca de 5000 em 2013,
causando graves problemas sociais e ambientais. A carência de capacitação
profissional da população local faz com que os ilhéus sejam preteridos em
relação às pessoas que vêm do continente, atraídas por esses postos. Tendo a
Ilha uma capacidade de suporte limitada, já se assiste hoje a um colapso na
ocupação do solo e nos serviços básicos, como fornecimento de água e luz,
saneamento e tratamento de lixo.
Em 1988, havia no arquipélago apenas um hotel e duas hospedarias
domiciliares na ilha, totalizando 120 leitos. Em 2013, eram 106 meios de
hospedagem reconhecidos oficialmente pela Administração do Distrito Estadual
de Fernando de Noronha, com 551 unidades habitacionais com capacidade de
hospedar 1.454 pessoas. Também existiam em 2013, 43 meios de
hospedagem informais, com 115 unidades habitacionais e 355 leitos.
O Arquipélago é indicado para a visitação de pessoas que desejam ter um
contato direto com paisagens naturais. Foram implantadas cinco trilhas
terrestres dentro da área do Parque Nacional Marinho de Fernando de
Noronha, que são: Mirante dos Golfinhos - Praia do Sancho, Ponta da Sapata Praia do Leão; Praia da Caieira - Praia da Atalaia; Vila do Trinta - Praia da
Atalaia. As caminhadas nessas trilhas só são permitidas acompanhadas por
guias autorizados pelo ICMBio. Fora da área do Parque, existem as seguintes
trilhas: Jardim Elizabeth (no Sítio Histórico da Vila dos Remédios), a Costa Azul
(Praia da Conceição - Praia do Boldró) e a Costa Esmeralda (Forte de São
Pedro do Boldró - Cacimba do Padre). A Figura 02 apresenta um mapa com as
orientações à visitação turística no Parnamar-FN e na APA-FN
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Figura 02 – Mapa com as orientações à visitação turística no Parnamar-FN e na APA-FN
O crescimento do número de meios de hospedagem e de leitos foi aleatório,
em função da não existência de marcos legais que controlassem o turismo, o
uso do solo e o uso dos imóveis em FN.
Ao mesmo tempo em que o impacto ambiental negativo do turismo é evidente,
a atividade é um forte agente sensibilizador das questões ambientais e
principal sustento econômico local. Mas, para que essa conscientização
aconteça, é fundamental que a visitação seja orientada por condutor consciente
e capacitado e que haja uma ampla distribuição de informações. A orientação à
visitação dos turistas também minimiza o impacto da visitação em si e diminui a
frequência de infrações à legislação ambiental.
O Parnamar-FN vem exigindo o cumprimento da Instrução Normativa do
ICMBio Nº 8/2008, que determina que os condutores de visitantes dentro de
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Unidades de Conservação (UC) tenham que ser credenciados pela UC, após
realizarem cursos específicos de formação. Em 2012, o Centro Golfinho
Rotador, em parceria com a Base Avançada do Centro Mamíferos Aquáticos
(CMA-FN) e o Parnamar-FN realizaram um programa de formação de
condutores terrestres de visitantes, capacitando 80 ilhéus para exercerem esta
atividade.
Desde 1990, o Projeto Golfinho Rotador desenvolve atividades de pesquisa
sobre a ecologia comportamental dos golfinhos-rotadores e atividades de
educação ambiental e envolvimento comunitário em Fernando de Noronha. Um
dos sub-programas do Envolvimento Comunitário é o de Capacitação
Profissional, que tem como público alvo os jovens noronhenses e objetiva
combater dois graves problemas socioambientais de Fernando de Noronha: a
falta de perspectiva profissional, e consequentemente econômica, dos jovens
ilhéus, e o crescimento demográfico artificial decorrente da migração de
pessoas do continente. Este programa tem como “efeito colateral” minimizar a
ação de dois grandes problemas que atingem a juventude brasileira,
prostituição infantil e drogas.
Em 2007 no PNMFN foi oferecido um Curso de condutor específico em
Geoturismo em que participaram adolescentes e condutores de visitantes
cadastrados pelo ICMBio. O curso também foi organizado pelo Projeto Golfinho
Rotador e patrocínio pelo Ministério do Turismo/ Fundação Banco do Brasil e
Petrobrás. A linguagem utilizada foi a mais acessível possível, no sentido de
facilitar a compreensão e os temas tratados envolveram aspectos geológicos e
geomorfológicos da UC, geoturismo e envolvimento com a comunidade, além
de noções sobre a interpretação do ambiente em trilhas, posturas profissionais
e recomendações aos condutores (MOREIRA & BIGARELLA, 2008).
2. Metodologia
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Os cursos profissionalizantes em ecoturismo foram ministrados para os
moradores “permanentes” de Fernando de Noronha e seus cônjuges. O Estado
de Pernambuco define como moradores “permanentes” aqueles que são:
nascido em Fernando de Noronha (noronhenses), filhos de noronhenses,
casados com noronhenses ou moradores de Fernando de Noronha há mais de
15 anos. Esse critério de seleção de alunos deve-se ao fato de que o objetivo
principal do sub-programa Capacitação Profissional é priorizar a inserção no
mercado de turismo dos moradores permanentes, minimizando com isso o
inchaço populacional por migração para a Ilha e a falta de perspectiva
profissional e econômica dos ilhéus, fatos que levam ao aumento do uso de
drogas e à prostituição infantil. Outro critério de seleção é o de que, para todos
os cursos, os alunos têm que ter mais de 16 anos completos.
A escolha dos cursos para serem executados nesta proposta se deu em função
de uma pesquisa realizada com os jovens noronhenses e com empresários,
entre os apontamentos se destacaram os cursos de conversação em inglês e
Guia de Turismo Regional. Os demais cursos (8) foram selecionados em
função das diretrizes da Instrução Normativa (IN) do ICMBio Nº 8/2008, que
estabelece normas e procedimentos para a prestação de serviços vinculados à
visitação e ao turismo em Unidades de Conservação Federais por condutores
de visitantes. Por esta IN, para conduzir visitantes em unidades de
conservação os profissionais tem que ter conhecimento sobre: história e
geografia regional; ambiente da unidade de conservação; turismo e
sustentabilidade; legislação pertinente; técnicas de condução; atividade de
interpretação ambiental; monitoramento de impactos; ética, apresentação
pessoal e relações interpessoais; primeiros socorros/resgate/combate a
incêndios; sexualidade/ DST/ drogas.
Em 2012 e 2013, entre outros cursos, com o objetivo de fortalecer o
Geoturismo em Fernando de Noronha e capacitar os condutores de visitantes
para a interpretação geológica das trilhas do Parnamar-FN, foram ministrados
quatro cursos do Programa de Capacitação e Formação de Condutores de
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Visitantes do Parnamar-FN. O conteúdo de geologia destes cursos abordou
tópicos como conhecimentos gerais de geologia, vulcanismo e formação e
estrutura geológica do Arquipélago, conformo informações de ALMEIDA
(1955), ALMEIDA (2002), CORDANI et al. (2003), IBAMA (2005), SILVA-JR
(2010), TEIXEIRA et al. (2003), WILDNER e FERREIRA (2012).
Os cursos foram ministrados por professores especializados em cada área e o
Centro Golfinho Rotador foi o responsável pela coordenação dos cursos e pela
certificação dos participantes, em conjunto com o Parque Nacional Marinho de
Fernando de Noronha. Cada turma de cada curso teve carga horária de 9
horas.
O conteúdo dos cursos tratou dos temas geologia, climatologia, oceanografia e
biodiversidade do arquipélago. Dentro da temática geologia, foram ministrados
conteúdos de modo a possibilitar os condutores de visitantes e os funcionários
do ICMBio de Fernando de Noronha entenderem a importância do
conhecimento geológico para a compreensão dos ambientes, bem como para
estes alunos conhecerem os processos e as teorias sobre: formação do
Universo, formação da Terra, composição interna da Terra, teoria Tectônica de
Placas, tempo geológico, unidades básicas do relevo do planeta, episódios
vulcânicos e as unidades estratigráficas de FN, fenômenos e produtos
vulcânicos de FN, relevo de FN e ambientes geológicos de FN.
O geoturismo foi abordado por meio de exemplos de locais de visitação em
Fernando de Noronha com importância geológica e as informações geológicas
pertinentes de cada um destes locais, como o Buraco da Raquel, Alagados,
Praia do leão, Ponta das Caracas e Baía do Sueste, locais de grande
relevância geológica e beleza cênica singular (Figuras 02 e 03).
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Figura 02 – Buraco da Raquel e Alagados
1231
Figura 03 – Praia do leão, Ponta das Caracas e Baía do Sueste.
3. Resultados e Discussão
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Em 2012 e 2013, entre agentes do turismo e funcionários do Parnamar-FN,
foram 239 inscritos. A análise do perfil socioeconômico dos condutores
formados pelo programa de capacitação profissional do Projeto Golfinho
Rotador revela as seguintes características dos alunos dos cursos: 95% eram
do sexo masculino e 5% do sexo feminino; a faixa etária dos entrevistados está
entre 19 e 59 anos de idade; 52% nasceram em FN, 28% nasceram no
território continental de Pernambuco, 9% eram do Rio Grande do Norte e 2%
eram de São Paulo; 91% já atuavam como condutores antes dos cursos de
formação profissional e 7% ainda não trabalhavam como condutores. Sobre a
temática geologia, os quatro cursos ministrados foram: Geografia Regional,
Ecossistema Marinho de Fernando de Noronha, Ecossistema Terrestre de
Fernando de Noronha e Ecossistema de Fernando de Noronha.
1232
Figura 03 – Aula do curso Ecossistema Terrestre de Fernando de Noronha
O curso Geografia Regional teve duas turmas, totalizando 91 inscritos, sendo
que 67 (74%) foram aprovados. O curso Ecossistema Marinho de Fernando de
Noronha teve uma turma, totalizando 60 inscritos, sendo que 51 (85%) foram
aprovados. O curso Ecossistema Terrestre de Fernando de Noronha teve uma
turma, totalizando 50 inscritos, sendo que 15 (30%) foram aprovados. O curso
Ecossistema de Fernando de Noronha teve uma turma, totalizando 38 (66%)
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inscritos, sendo que 25 foram aprovados. O índice de aprovação médio de
todos os quatro cursos foi de 66% dos inscritos, nos cursos.
Como resultado positivo do curso tivemos um alto grau de acerto (75%) nas
questões das provas que mediam o conhecimento sobre as Unidades
Geomorfológicas de Fernando de Noronha, como ilustrado na Figura 04.
1233
Figura 04 – Unidades Geomorfológicas da APA de Fernando de Noronha, adaptado do Plano
de manejo da APA de FN (IBAMA, 2005)
4. Conclusão
O perfil dos condutores de turismo atuantes no Arquipélago de Fernando de
Noronha
é
predominantemente
de
homens jovens com escolaridade
fundamental, sendo mais da metade deles nativos da ilha e atuantes
diretamente com o turismo em formas diversas, podendo acumular atividades
para complementar a renda familiar.
Foi observado por meio dos profissionais capacitados nascidos no Arquipélago
de Fernando de Noronha que há um elevado interesse da população em
realizar os cursos de capacitação, a fim de se tornarem aptos a trabalhar com o
turismo. Essa situação contribui para reduzir o crescimento artificial de
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Fernando de Noronha por meio de contratações de profissionais vindos de fora
do arquipélago.
O quatro cursos ministrados pelo Projeto Golfinho Rotador alcançaram o
objetivo fazer com que os noronhenses que trabalham com turismo tenham
noções sobre aspectos de geografia física de Fernando de Noronha e se
despertassem para incluírem o discurso geológico nas informações passadas
aos visitantes.
A inclusão da temática “geologia” no Programa de Capacitação e Formação de
Condutores de Visitantes do Parnamar-FN, o grande interesse por parte dos
condutores sobre o tema e a busca crescente dos visitantes por geoturismo,
demonstram que o Parnamar-FN está no caminho certo para se tornar uma
geoparque.
Ao mesmo tempo que o impacto negativo do crescimento do turismo é
evidente, esta atividade é a principal fonte de renda dos ilhéus e Noronha é um
dos destinos turísticos mais desejados pelos brasileiros. Além disto, o
ecoturismo tem um caráter educativo ambiental. A felicidade dos visitantes ao
contemplarem a paisagem e conhecerem os aspectos geológicos e biológicos
é um forte agente conscientizador das questões ambientais. O ecoturismo é
fundamental para o desenvolvimento sustentável de Fernando de Noronha e o
geoturismo está inserido nesta realidade.
Entendemos como desenvolvimento sustentável em Fernando de Noronha
aquele que melhorará a qualidade da vida dos ilhéus, dos que estão prestando
serviço na Ilha e dos visitantes, ao mesmo tempo em que respeitará a
capacidade de ocupação do ecossistema insular. O desenvolvimento
sustentável deste grande navio vulcânico só existirá com preservação
ambiental, respeito cultural e cidadania.
5. Bibliografia
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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ALMEIDA, F.F.M. Geologia e petrologia do arquipélago de Fernando de
Noronha. DNPM/DGM. Rio de Janeiro. 181 p. 1955.
ALMEIDA, F.F.M. Arquipélago de Fernando de Noronha. In: Schobbenhaus,C.;
Campos,D.A.; Queiroz,E.T.; Winge,M.; Berbert-Born,M. (Edit.) Sítios
Geológicos e Paleontológicos do Brasil. DNPM, CPRM e SIGEP,
Brasília: DNPM, 2002.
BIGARELLA, J. J., MOREIRA, J. C. Cursos de Capacitação de Condutores de
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Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE) In: 44º
Congresso Brasileiro de Geologia, 2008, Curitiba - PR.
Anais do 44º
Congresso Brasileiro de Geologia. , 2008. p.389 – 389.
CORDANI, U.G.; ULBRICH, M. N.; MENOR, E. A.; LOPES, R. P.
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AMERICAN SYPOSIUM ON ISOTOPE GEOLOGY, 4., 2003. Salvador.
Field Trip Guide .Salvador: CBPM/IRD, 2003. p. 1-24.
1235
COSTA, K. M. P. Hidrologia e Biomassa Primária da Região Nordeste do Brasil
entre as latitudes de 8°00’00’’ e 2°44’30’’ S e as Longitudes de 35°56’30’’
e 31°56’30’’ W. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1991.
Dissertação
(Mestrado)
–
Programa
de
Pós-Graduação
em
Oceanografia, Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, 1991.
IBAMA. Plano de Manejo APA Fernando de Noronha- Rocas – São Pedro e
São Paulo. Fernando de Noronha, 2005.
SILVA-JR, J. M. Os golfinhos de Noronha. São Paulo: Bambu. 192 p. 2010.
SILVA, M.J.B.L. Programa de Resgate Documental sobre Fernando de
Noronha. Recife: MEC - Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional. 1992. 102 p.
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TEIXEIRA, W.; CORDANI, U. G.; MENOR, E. A.; TEIXEIRA, M. G.; LINSKER,
R. (Eds.) Arquipélago Fernando de Noronha o paraíso do vulcão.São
Paulo: Terra Virgem, 2003. 167 p.
WILDNER, W; FERREIRA, R. V; Geoparque Fernando de Noronha (PE). In:
Geoparques do Brasil - Propostas.1 ed. Rio de Janeiro: CPRM, 2012,
v.01, p. 317-360.
AGRADECIMENTOS
Para a elaboração deste trabalho agradecemos o apoio da Petrobrás e a
Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, por meio do Fundo de
Defesa dos Direitos Difusos.
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[ANEXOS]
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01
02
03
04
05
ANEXOS
Caminhadas na natureza. Diversificação do produto TRAF.
Turismo rural na agricultura familiar. Airton Violento - Anda Brasil
North Umpqua, Oregon, EUA, Percepções nos padrões de uso
das trilhas para caminhada/ciclismo: motivações, aglomeração,
conflito e satisfação. Robert C. Burns; Christopher Caplinger. West
Virginia University, Morgantown, WV, EUA
Senderos y uso público: ¿modelos? de gestión y gobernanza en
áreas protegidas. La experiencia del Sendero de Chile. Esteban
Delgado A.Fundación Sendero de Chile
Reflexões sobre a utilização do Patrimônio Geológico em trilhas.
Jasmine Cardozo Moreira - Departamento de Turismo / UEPG
Trilhas Marinhas no Brasil; uma Síntese para a Educação
Ambiental. Alexandre de Gusmão Pedrini. Departamento de
Biologia Vegetal Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Nota:
1238
O II Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas solicitou aos
palestrantes que, havendo possibilidade, pudessem encaminhar um resumo do
objeto de suas apresentações .
Agradecemos a colaboração
(Organizadores)
Rio de Janeiro, 16/10/2013
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CAMINHADAS NA NATUREZA. DIVERSIFICAÇÃO DO PRODUTO TRAF.
TURISMO RURAL NA AGRICULTURA FAMILIAR
Airton Violento
Anda Brasil
violento@andabrasil.com.br
1- Apresentação
Nos últimos anos, as populações urbanas tem intensificado o hábito de realizar
caminhadas, é cada vez maior o número de pessoas que lotam as ruas,
praças,
parques,
clubes
e
academias,
para
praticar
esta
atividade.
Concomitantemente, cresce também a procura por ambientes naturais para a
realização de atividades de lazer e descanso, visto o crescimento dos centros
urbanos e o aceleramento do ritmo de vida da população. Diante deste
panorama, as Caminhadas na Natureza aparecem como uma alternativa de
lazer e atividade física em ambientes rurais com grande diversidade
paisagística e de elementos culturais, proporcionando aos caminhantes, além
dos benefícios auferidos pelo exercício físico, a interação com comunidades
locais, sua cultura em um espaço propício para a realização de caminhadas,
considerando que em muitos municípios inexiste equipamentos adequados
para a prática, como parques e pistas urbanas.
O projeto objetiva também ampliar o entendimento sobre o meio rural,
mostrando suas múltiplas funções além da produção agropecuária, como sua
vocação para a conservação ambiental, sua função social e cultural. A partir
desta visão da multifuncionalidade do meio rural é que se estabelecem outras
atividades econômicas que suportarão o crescimento de um modelo de
desenvolvimento rural, o qual não se detém apenas nos processos produtivos
e considera estas outras alternativas de desenvolvimento, como a atividade
turística.
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2- Projeto Caminhadas na Natureza
O Projeto CAMINHADAS NA NATUREZA é uma proposta para estimular e
promover o desenvolvimento territorial sustentável por meio da realização de
caminhadas no meio rural, as quais são internacionalmente conhecidas como
“Esportes Populares”.
A idéia nasceu na França após a Segunda Guerra
Mundial com o objetivo de estimular as atividades comerciais no interior das
províncias e na periferia das grandes cidades destruídas pela guerra. Com o
crescimento da atividade turística e em função da riqueza cultural e
paisagística destas regiões, tais atividades começaram a ser utilizadas como
fator de integração e inclusão social entre as populações regionais,
caracterizando-as, assim, como atividades populares e democráticas.
Atualmente, as Caminhadas são praticadas por 22 milhões de pessoas em 50
países, sempre organizadas localmente em circuitos, regionalmente em
federações, nacionalmente em confederações e com a normalização
internacional
do
Internacionaler
Volksporter
Verbander
–
Federação
Internacional dos Esportes Populares – IVV, com sede na Alemanha. No Brasil,
em 2006, fundou-se a ANDA BRASIL - Confederação Brasileira de Esportes
Populares, Caminhadas na Natureza e Inclusão Social. A organização nãogovernamental organiza, cadastra e credencia os circuitos nacionais, sendo que,
atualmente, existem mais de 450 circuitos cadastrados em 19 Estados brasileiros.
3- Normas Internacionais das Caminhadas Na Natureza
Serão descritas a seguir as características das Caminhadas, de acordo com as
normas internacionais do IVV para eventos não competitivos.
Horário determinado de início e de término - O evento deve ter um horário
de início e término definidos, porém o caminhante é livre para permanecer
no circuito e/ou nos equipamentos disponíveis, estando ciente de que a
estrutura do evento possui um tempo de funcionamento limitado.
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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Balizamento com sinalização temática, padrão internacional – O IVV dispõe
de modelos de placas de sinalização, as quais devem ser fixadas em
lugares visíveis e estratégicos durante o percurso. Em cruzamentos a
sinalização faz-se fundamental.
Trajeto viável para ser praticado por todos os públicos (crianças, idosos,
portadores de deficiências) – O percurso deve ser acessível, em casos de
trajetos severos deve-se informar o caminhante e viabilizar formas de apoio
para pessoas com dificuldades de locomoção.
Cada caminhante pode realizar a caminhada de acordo com sua
capacidade física.
Trajeto, preferencialmente circular, de aproximados 10km – Em casos de
trajetos não circulares, recomenda-se que ao final do percurso seja
disponibilizado um veículo para locomoção dos caminhantes ao ponto de
início do circuito, evitando que o caminho de ida seja o mesmo utilizado na
volta durante a caminhada, o que o torna repetitivo.
Postos de controle com serviços de fornecimento de água, complementação
alimentar, comercialização de artesanato, agroindústria familiar e/ou
manifestações culturais locais – Os postos de controle devem ser fixados
em locais estratégicos, onde haja estrutura adequada para a permanência
dos atendentes, os quais devem estar devidamente instruídos para fornecer
informações sobre o circuito e características geográficas e culturais da
região.
Equipes de resgate e atendimento médico – A organização local deve
disponibilizar equipes de resgate e atendimento médico para os
caminhantes e equipe local. Este auxílio é imprescindível para garantir a
segurança da atividade. Sugere-se que a equipe organizadora disponha de
equipamentos para comunicação móvel.
Numeração exclusiva de carimbo por caminhada (numeração internacional
fornecida pelo IVV) – ao final do circuito a caderneta internacional deve ser
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carimbada com o carimbo exclusivo do circuito.
Caderneta de caminhante (Passaporte IVV) - A caderneta de caminhante
internacional, padrão IVV, é entregue na 1ª primeira caminhada do
participante e deve ser transportada pelo mesmo a cada circuito para que
seja carimbada a cada caminhada. Ao ser preenchida, com 10 carimbos de
circuitos diferentes, a caderneta deve ser encaminhada à ANDA BRASIL
para o recebimento de 1 diploma oficial ANDABRASIL, 1 pin, 1 caderneta
nova de 20 participações e 1 bordado da ANDABRASIL - IVV.
Carimbos de confirmação de passagem nos postos de controle – A
organização local pode providenciar uma pequena caderneta do circuito, a
qual será carimbada a cada posto de controle. Lembrando que estes
carimbos também são de responsabilidade da organização local e
diferenciados do carimbo oficial do circuito (padrão IVV).
Plano de premiação ao final de cada caminhada - Sugere-se que ao final de
cada caminhada seja realizada uma premiação aos participantes, como o
caminhante mais jovem, mais idoso, maior grupo, entre outros. Este plano é
apenas uma sugestão, uma forma de incentivar os caminhantes, e não um
pré-requesito obrigatório.
Plano de estímulos para que caminhantes estejam sempre presentes em
outras Caminhadas – A organização local e regional podem elaborar planos
de estímulos para os caminhantes, o qual consiste em entrega de brindes,
gratificações, diplomas e realização de divulgação integrada entre os
circuitos, possibilitando que o caminhante tenha acesso às informações das
caminhadas da região.
Divulgação internacional – todos os circuitos são cadastrados no site da
ANDA BRASIL, possibilitando a promoção internacional das caminhadas.
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4- Ações e Responsabilidades
ESTRUTURA BÁSICA PARA A FORMATAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E REALIZAÇÃO DE
UMA CAMINHADA
Ações ANDA BRASIL
. reunir os atores sociais
locais envolvidos
. definir previamente o
trajeto
Ações Circuito
. mobilizar os atores sociais
locais para reuniões de
formatação
. articular as parcerias
. constituí-lo como atrativo
. implantar a caminhada no
turístico
padrão IVV
. capacitar os atores
sociais locais para a
. treinar guias locais para
implantação da caminhada acompanhamento do trajeto
(Ex: anfitriões- mirins)
. acionar o carimbo
exclusivo da caminhada e
. divulgar a caminhada para
entregar ao Circuito
suas redes
. credenciar
internacionalmente
. realizar a caminhada
. divulgar no calendário
. registrar o nº de
anual nacional e
internacional
caminhantes
. divulgar na mídia
eletrônica, inclusive, em
eventos e feiras de
turismo e através da rede
ANDA BRASIL
. realizar a premiação
. fechar evento realizando
reunião de avaliação e
relatório final
Articulações e Parceiros
. diretamente com os
empreendedores,
produtores e comerciantes
do Circuito
. com os demais Circuitos
filiados à ANDA BRASIL.
a partir de apoio das
prefeituras
. das entidades de classe
locais (Associação
Comercial, sindicatos
rurais)
1243
. da iniciativa privada
local.
. do Sistema S (SebraeSesc-Senac)
5. Organização.
Vamos descrever as características de uma caminhada, como um evento
metodológico, onde se promove o meio rural, com a valorização das atividades
e aliando os negócios gerados a partir de um aumento da demanda do turismo.
5.1 Circuito
Os circuitos de Caminhadas no meio rural ocorrem preferencialmente em
ambientes da agricultura familiar, percorrendo as comunidades rurais, como um
coletivo dos agricultores familiares. A formatação do trajeto do circuito segue
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uma lógica, que permite o caminhante a observar as características
geográficas do lugar, a existência de práticas agriculturas agroecológicas, a
valorização da arquitetura local e que privilegie a paisagem rural do local. A
definição do percurso pode se adequar aos diferentes públicos que participarão
desta atividade. Para definir o percurso pode se utilizar dos recursos
tecnológicos que estão disponíveis,
5.2 - Inscrição
Os caminhantes se inscrevem no evento previamente, através da internet ou
pessoalmente. A ficha cadastral pode estar disponível das duas maneiras. A
inscrição realizada no dia do evento deve estar organizada para o atendimento
da demanda, com vários postos de inscrição e todos preparados para dar um
atendimento uniforme a todos os participantes. Os inscritos serão adicionados
a uma lista de Caminhantes da região. Este e o público da caminhada. De uma
maneira geral, o cadastro deve ter a identidade pessoal, e o endereço físico e
virtual. No ato da inscrição, os participantes recebe a carteira local, que pode
ser um folheto, com as informações básicas do percurso. A organização do
evento pode produzir um folheto muito rico em informação ao caminhante.
5.3 - Postos de Controle e Informações.
São unidades de controle dos participantes da caminhada, que estão
distribuídos em todo o percurso e são dotados de uma estrutura de apoio ao
caminhante, como serviços de banheiros, alimentação, comercialização de
bens e também devem fornecer informações básicas do percurso. Neste local,
o caminhante pode receber informações de caráter de educação ambiental,
aumentando a riqueza do evento. O registro da passagem do caminhante
nestes pontos de controle e realizado por carimbos que tenham a identidade
local.
5.4 - Feira da Produção Associada.
No local da inscrição dos participantes da Caminhada, a existência de uma
feira de artesanato e de produtos agroecológicos proporciona uma maior
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riqueza ao evento e permite a comunidade local se beneficiar de mais um
negócio gerador de renda. A oferta de produtos naturais e transformado de
origem local permitem a exposição dos produtos e facilitam os negócios
futuros. A organização desta feira pode ser construída ao longo do processo de
organização do evento.
5.5 - Agroindústrias
As agroindústrias familiares podem se beneficiar do evento da Caminhada,
participando das feiras, ou estando presente ao longo do percurso da
caminhada. Pode ser conjugados os postos de controles nestas unidades,
desde que a organização local consiga fazer as adequações necessárias para
estes serviços
5.6 - Festa Popular
A realização de Festa comunitária, em ambientes de domínios públicos,
facilitam e permitem a conjugação de serviços de alimentação e de apoio aos
caminhantes. E um atrativo que pode ser importante na formatação da
Caminhada. Quando a realização e coordenação destas Festas se aliam e
eventos de caráter religioso, facilita a organização e a conjugação destes
eventos.
5.7 - Sinalização
Toda a sinalização segue as orientações da entidade nacional, ANDABRASIL,
para termos um produto nacional. Pode ser enriquecida, com informações de
caráter ambiental, valorizando a fauna, a flora e a geografia local. Também
pode ser produzida, informações do percurso, da distância percorrida etc...
6- Indicadores ,
,Para monitorar o processo das Caminhadas, e necessário a uniformização de
indicadores do evento. Este indicadores, vai fornecer elementos de
comparação, de análise e gerenciamento deste produto Turístico.
6.1- Caminhantes
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Entendemos como Caminhante, toda pessoa que se inscreveu na atividade. Se
a informação coletada permite uma distinção entre idade e local de residência
poderemos fazer uma avaliação mais qualitativa do evento. Assim, o indicador
deste gênero e a unidade.
6.2- Número De Participantes Da Feira
Os participantes da Feira são distinguidos entre agricultores familiares
orgânicos, e artesões dos produtos ofertados. O indicador deste gênero e
unidade. Neste caso, podemos também ter como indicador, a quantidade de
itens dos produtos ofertados, bem como a quantidade comercializado.
6.3- Serviços Complementares
Durante a realização do evento da Caminhada, podemos ofertar de passeios a
cavalos, passeios de charretes e outros produtos para trabalhar com o lazer
dos participantes. Neste caso, os indicadores da atividade são a quantidade
(Unidade) destes produtos ofertados.
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NORTH UMPQUA, OREGON, EUA, PERCEPÇÕES NOS PADRÕES DE USO
DAS TRILHAS PARA CAMINHADA/CICLISMO: MOTIVAÇÕES,
AGLOMERAÇÃO, CONFLITO E SATISFAÇÃO
Robert C. Burns
robert.burns@mail.wvu.edu
Professor Adjunto
West Virginia University, Morgantown, WV, EUA
Christopher Caplinger
caplingernvum@gmail.com
Mestrando
West Virginia University, Morgantown, WV, EUA
Palavras-chave: uso da trilha, recreação ao ar livre, manejo de visitantes, aglomeração,
satisfação
1. Introdução
Durante a temporada de recreação de verão de 2012, pesquisadores da
Universidade de West Virginia realizaram um estudo sobre o uso de recreação
da Floresta Nacional Umpqua, Oregon, EUA. A Floresta Nacional de Umpqua
abrange 500.000 ha da Cordilheira Western Cascades. A Floresta inclui 900 km
de trilhas, três áreas selvagens, e 57 áreas de camping dentro de seus limites.
Os visitantes podem encontrar uma riqueza de oportunidades de lazer o ano
todo, incluindo, mas não limitado a, caminhadas, pesca, rafting e cavalgadas.
Com relativamente baixo número de visitantes, a 30.000 ha de área dentro de a
floresta selvagem oferecer aos visitantes a oportunidade de experimentar
isolamento.
Os Objetivos
O foco principal deste estudo de recreação foi avaliar as percepções dos
recreacionistas de motivações e conflitos entre os visitantes. A trilha Umpqua
Norte segue o rio Norte Umpqua, com 12 trailheads para acessar os
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segmentos de trilha com comprimento variando de 6 a 26 km. Oportunidades
de recreação para os caminhantes, ciclistas e cavaleiros são fornecidas.
2. Fundamentação Teórica
Capacidade de carga social foi a base teórica para este estudo. Três perguntas
foram feitas para a pesquisa: R1: Quais são as características dos usuários de
lazer? R2: Qual é o nível de satisfação entre os usuários de lazer? R3: Quais
são as percepções dos usuários de aglomeração e conflito no lago?
2.1 Revisão da Literatura
Os Estados Unidos proveem configurações e serviços de recursos naturais
gerenciados pelo governo federal para centenas de milhões de recreacionistas
todo ano. Por exemplo, o Bereau of Land Manegment (Secretaria de Manejo de
Terra - BLM) provê acesso a recreação para 258 milhões de acres, e ambos, o
National Park Service (Serviço de Parques Nacionais) e o US Forest Service
(Serviço de Florestas dos EUA) servem a mais de 200 milhões de visitantes
anualmente. A maioria das agencias de recursos naturais tendem a gerir os
parques e florestas usando uma das estruturas tradicionais desenhadas por
pesquisadores americanos e testadas em parques a florestas nos EUA, que
também abordou a qualidade dos serviços prestados.
Essas estruturas incluem tipicamente o Recreation Opportunity Spectrum
(Espectro de Oportunidades de Recreação – ROS), Visitor Impact Manegment
(Manejo de Impacto de Visitante – VIM) e Visitor Experience and Resource
Protection (Experiência do Visitante e Proteção de Recursos – VERP) (Graefe
et al., 1990; Stankey, 1973; National Park Service, 1997). Muito da pesquisa
conduzida na América do Norte foi conduzida utilizando essas estruturas
mencionadas
acima
focando
em
aglomeração
de
usuários,
conflito,
características de viagem, sócio demografia e satisfação. Somente nos anos
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recentes as variáveis associadas com o monitoramento do uso do visitante tem
sido incluídas no entendimento da capacidade de carga social na América do
Norte (Zarnoch et al., 2005; Manning, 2007). Enquanto pouca pesquisa tem
sido conduzida em trilhas e capacidade de carga social nas terras públicas
brasileiras, estudos recentes indicam que há muito trabalho a ser feito nessa
área (Burns and Moreira, 2013).
3. Os Métodos
Este estudo pôde ser considerado um “clássico” estudo de capacidade de
carga social em sua abordagem. Usando aglomeração e escalas de conflito de
longa data como padrões contidos na literatura de recreação ao ar livre foram
usadas para entender a percepção dos usuários das condições sociais da
Trilha Norte Umpqua. Levantamentos no local foram conduzidos entre maio e
outubro de 2012 como parte de um estudo maior durante três estações nos
estados de Washington e Oregon. Um total de 421 entrevistas foram feitas
nessa parte do estudo. O instrumento do levantamento mediu percepções de
aglomeração, conflito, tempo de espera, tolerância ao ver outros grupos de
recreacionistas e experiência de viagem. Uma serie de variáveis sócio
demográficas foram incluídas para averiguar a participação e experiência dos
visitantes. Aglomeração foi medida em uma escala de 9 pontos (vazio a
extremamente cheio), variáveis de qualidade foram medidas em uma escala de
5 pontos (discordo fortemente a concordo fortemente).
Finalmente, motivação do visitante para recrear foi medida em uma escala de 5
pontos (não importante absolutamente a
extremamente importante).
Experiência de viagem foi medida em uma escala de “fraca” a “excelente”. A
taxa media de resposta para este estudo é de cerca de 92 por cento. Os
entrevistados foram selecionados aleatoriamente entre os adultos, com no
mínimo 16 anos de idade. Os dias de pesquisa foram estratificados em fim de
semana e dias de semana, durante a manhã, meio-dia e noite.
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4. Os Resultados
Perfil demográfico do visitante, características de grupo e viagem
Algumas diferenças significantes foram notadas a respeito do perfil dos
visitantes dos dois grupos. Ciclistas eram mais prováveis ser do sexo feminino
(23,3%) do que caminhantes (45,2%). Metade dos ciclistas indicou estar
viajando com amigos, comparado com somente 9,4% dos caminhantes. Um
quinto (20,3%) dos ciclistas estavam se recreando sozinhos, comparado com
somente 11,4% dos caminhantes. A característica de viagem predominante dos
caminhantes e família e amigos, com a vasta maioria participando com família
(48,9%), amigos (22,3%) ou família e amigos (17,5%). Proporcionalmente,
ciclistas (14,5%) eram muito mais propensos a usar guias particulares
contratados do que caminhantes (<1%). Ciclistas (15,6%) eram mais prováveis
a indicar que não teriam participado da viajem sem um guia do que
caminhantes (3,9%). Esse resultado e esperado pois alguns ciclistas alugam
bicicletas em empresas especializadas, enquanto caminhantes não tem
necessidade de equipamento especifico.
Ciclistas também eram mais prováveis a estarem em sua primeira visita
(46,9%) do que caminhantes (60,2%). Usuários pela primeira vez são mais
propensos a fazer uso de guias contratados do que visitantes frequentes,
sugerindo um outro motivo para a alta proporção de guias contratados para os
ciclistas. Também houve uma concordância entre os dois grupos a respeito da
experiência que deveria ter sido fornecida ao longo da Trilha Norte Umpqua,
com 49% sugerindo que a área deveria ser manejada como “semisselvagem” e
outro quarto (26,3%) sugerindo “não desenvolvida”, o que ligeiramente mais
próximo do fim desenvolvido pelo Recreation Oppotunity Spectrum (ROC)
contínuo. Poucas diferenças foram notadas na quantidade de tempo que os
visitantes participaram da atividade de sua escolha, tal como o numero de dias
de recreação por ano e numero de dias nessa viagem. Caminhantes
reportaram uma estada ligeiramente mais longa (3,69 horas) do que ciclistas
(3,45 horas), embora isso seja negligenciável.
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As Motivações
Os entrevistados foram questionados quanto as suas percepções acerca do
aglomerado de pessoas que visitam a trilha (local, atividade e/ou social). Um
diferença significante no foi encontrada entre os dois grupos. 46.7% dos
entrevistados responderam que para eles, as atividades eram o mais
importante. Apenas um terço dos entrevistados (31.8%), declararam que o
motivo mais importante era exclusivamente o lugar.
O Aglomerado
Enquanto visitavam a trilha Umpqua Norte, os visitantes foram extensamente
entrevistados quanto as suas percepções relacionadas ao aglomerado de
pessoas. Os entrevistados perceberam pouca aglomeração, tanto na trilha
quanto nos passeios. No geral, a metade de ambos grupos (média=51.2%),
compartilharam que o número de recreadores que estes viram foi o que
esperavam ver. Coincidentemente, não houve diferença na proporção de
ciclistas e caminhantes (hikers); os quais viram menos pessoas que o esperado
(média=23.2%). Os ciclistas informaram um nível de aglomeração um pouco
maior em comparação ao comunicado pelos caminhantes (hikers). Todavia,
ambos níveis de aglomeração foram baixos. ,
Os caminhantes informaram que de alguma forma eles sentiram-se mais
aglomerados devido ao impacto dos ciclistas que os ciclistas em relação aos
caminhantes. Os caminhantes pareciam inclinados a cientificar que o ciclismo
não era apropriado e que as bicicletas não deveriam compartilhar a mesma
trilha. Nesse mesmo cenário, os ciclistas foram negativamente impactados por
caminhantes que não respeitam o direito de passagem ou comportam-se de
forma desrespeitosa perante os ciclistas.
Satisfação
Enquanto a literatura sugeriria uma forte relação entre aglomeração, conflito e
satisfação; este estudo reexamina essas variáveis, especificamente as
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relacionadas a trilha Umpqua Norte. Assim como pesquisas anteriores
adequadamente
administração
estabeleceram
do
teste
de
satisfação
tornassol,
devido
a
a
sessão
bem
sucedida
seguinte
avalia
quantitativamente o quão relevantes para a satisfação seriam vários desses
itens são (particularmente os relacionados a aglomeração e conflito). Os itens
de satisfação foram divididos em três categorias: satisfação, aglomerado e
conflito. Cada categoria foi comparada separadamente e de forma que
primeiramente os níveis de credibilidade e concordância entre os itens na
mesma fossem testados.
Declarações negativas tai como “Eu fiquei insatisfeito com alguns aspectos da
minha ida a trilha,” foram codificados como ‘5 pontos’ na escala de Likert afim
de estabelecer um comparativos com declarações positivas. Os resultados
obtidos para os três grupos, com base na formula de Alpha de Chronbach’s,
oscilaram entre o mínimo de 0.530 e o máximo de 0.557. Este revelou que os
itens realmente estava relacionados e que a medição de cada categoria, como
previamente apresentado, seria fidedigna. Um modelo de regressão linear foi
desenvolvido afim de testar até que nível essas categorias afetam o coeficiente
geral de satisfação. Os categorias de satisfação foram criadas com base em
aglomeração, e também conflito. Ambos foram avaliados tendo como base o
coeficiente geral de satisfação, o qual também serviu como a variável
dependente em três analises individuais de regressão.
Os itens de satisfação (Tabela 1) contaram como 17 por cento no geral da
variação de satisfação (ajustado R² = 0.173, F-valor = 41.303). Dos quatro itens
de satisfação individual, três foram considerados como preditores satisfatórios
do coeficiente geral de satisfação entre os visitantes da trilha Umpqua Norte.
A declaração “Eu aproveitei muito a minha visita a esta trilha” foi a mais
significante e demonstrou uma correlação positiva com o nível de satisfação
geral (r = 0.373, Beta = 0.243, p< 0.001). No mesmo contexto, a declaração
“Eu fiquei insatisfeito com alguns aspectos da minha visita” foi considerado o
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mais significante, mas foi negativamente trelado ao coeficiente de satisfação
geral (r = -0.304, Beta = -0.174, p < 0.001). Entretanto, a declaração “Minha
viagem para essa trilha valeu todo o dinheiro que eu gastei” foi somente
significante para o nível 0.05, mas foi positivamente relacionada ao coeficiente
de satisfação geral dos visitantes (r = 0.305, Beta = 0.087, p < 0.05). Os
resultados da categoria de aglomeração (Tabela 2), mostraram que os fatores
de aglomeração contabilizaram para somente oito por cento da variação no
coeficiente geral de satisfação (ajustado R² = 0.077, Valor-F = 11.768).
Dos seis itens relacionados a aglomeração, dois mostraram resultados
significantes. “Eu tive a oportunidade de recrear sem sentir-me aglomerado” (r
= 0.249, Beta = 0.185, p < 0.001) foi o preditor mais forte e teve uma correlação
positiva com o coeficiente geral de satisfação. Outra declaração significativa,
“O número de pessoas na trilha diminuiu meu divertimento” (r = -0.217, Beta = 0.123, p < 0.01), mostrou uma correlação negativa em relação ao coeficiente
geral de satisfação entre os visitantes. O conflito (Tabela 3) foi analisado
através do modelo de regressão afim de determinar seu impacto no coeficiente
geral de satisfação e este contabilizou para oito por cento da variação (ajuste
R² = 0.082, F-value = 24.060). Três itens de conflito foram mensurados e
desses, dois mostraram-se significantes. A primeira declaração significante,
“Eu pude encontrar lugares para divertir-me sem a interferência de outros
visitantes,” foi positivamente relacionada ao coeficiente geral de satisfação (r =
0.222, Beta = 0.176, p < 0.001 ). A declaração, “As atividades recreativas na
trilha não foram compatíveis,” foi considerada relevante, mesmo não exercendo
qualquer feito negativo no coeficiente geral de satisfação (r = -0.227, Beta = 0.172, p < 0.001).
Com base nos resultados dessa analise regressiva, pôde ser determinado que
existem sete itens que prognosticam o nível de satisfação na trilha Umpqua
Norte. Desses itens, três estavam relacionados a satisfação, dois relacionados
a aglomeração e os outros dois a conflito. O modelo apresentado na Figura 1
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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(Figure 1), foi formulado afim de demonstrar como cada categoria e seus
respectivos itens o nível de satisfação geral entre os visitantes na trilha
Umpqua Norte.
Conclusões
No geral, este estudo foi bem sucedido ao demonstrar a relação entre
aglomeração, conflito, e satisfação e sua importância para princípios
administrativos. A trilha Umpqua Norte é administrada de maneira apropriada e
os visitantes se mostram satisfeitos com suas experiências na mesma. Os
resultados mostram algumas diferenças importantes entre os dois grupos de
usuários; com os ciclistas apresentando certo nível de intolerância sutilmente
mais alto que o apresentado pelos caminhantes. Inferências com base nos
resultados desse estudo permite que os administradores da trilha Umpqua
Norte interfiram apropriadamente e melhorem a experiência dos visitantes ao
parque. Desta mesma forma, esta pesquisa expande e contribui para a
literatura que examina os conceitos de aglomeração, conflito, e satisfação.
5. Bibliografia
Burns, R.C. and Moreira, J.C. (2013). Visitor Management in Brazil’s Protected
Areas: Benchmarking for Best Practices in Resource Management. The
George Wright Forum, 30(2), pp 1663—170.
Graefe, A.R.; F.R. Kuss; and J.J. Vaske. (1990). Visitor Impact Management:
The Planning Framework. Washington DC: National Parks and
Conservation Association.
Manning, R. E. (2011). Studies in Outdoor Recreation: Search and Research for
Satisfaction. Third Edition. Corvallis: Oregon State University Press.
National Park Service. (1997). VERP: Visitor Experience and Resource
Protection Framework. Denver, CO: U.S. National Park Service, Denver
Service Center.
Stankey G.H., and D.W. Lime. (1973). Visitor Perceptions of Wilderness
Recreation Carrying Capacity. USDA Forest Service, Intermountain
Forest and Range experiment station, INT-142, Ogden, UT.
Silva, M. (2005). The Brazilian Protected Areas Program. Conservation
Biology, 19(3), pp. 608–611.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1254
English, Donald B.K., S.M. Kocis, J.R. Arnold, S.J. Zarnoch, and L. Warren.
(2003). The effectiveness of visitation proxy variables in improving
recreation use estimates for the USDA Forest Service Journal for Nature
Conservation, 11(4), 2003, pp. 332–338.
6. Anexos
Tabela 1. Análise da Regressão das Categorias de Satisfação como Indicadores de Satisfação
Eu aproveitei muito a minha viagem para a esta trilha.
Todo o dinheiro que gastei para fazer esta viagem
value a pena.
Eu fiquei insatisfeito com alguns aspectos da minha
visita a trilha.
As demais pessoas na trilha contribuiram para a minha
diversão.
r
0.373***
Beta
0.243***
0.305***
0.087*
-0.304***
-0.174***
0.121***
0.058
Valor-F
Ajuste R²
*p < 0.05, **p < 0.01, ***p < 0.001
41.303
0.173
Tabela 2. Análise da Regressão das Categorias de Aglomeração como Indicadores de
Satisfação
Porcentagem de tempo a vista de outros grupos
Porcentagem de tempo aceitavel a vista de outros
grupos
Aglomeração esperada vs. Aglomeração real
Eu tive a oportunidade de recrear-me sem sentir-me
aglomerado.
Eu evitei alguns lugares na trilha devido ao excess de
pessoas.
O número de pessoas na trilha diminuiu o meu
divertimento.
Valor-F
Ajuste R²
*p < 0.05, **p < 0.01, ***p < 0.001
r
0.050
Beta
0.007
0.136***
0.059
-0.037
0.005
0.249***
0.185***
-0.159***
-0.023
-0.217***
-0.123**
11.768
0.077
Tabela 3. Análise da Regressão das Categorias de Conflito como Indicadores de
Satisfação
r
Beta
Eu pude encontrar lugares para recrearme sem a
0.222***
0.176***
interferência de outros visitantes.
As atividades de recreação na trilha não foram
-0.227***
-0.172***
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1255
compatíveis.
O comportamento de outras pessoas na trilha
interferiram na qualidade da minha experiência.
-0.163***
Valor-F
Ajuste R²
*p < 0.05, **p < 0.01, ***p < 0.001
-0.049
24.060
0.082
Figura 1. A Relação entre Satisfacao, Aglomeracao, & Conflito para o Coeficiente de Satisfação
Geral
Satisfação
(Ajuste R² = 0.173
)
-Eu aproveitei muito a minha
viagem para a esta trilha.
Aglomeração
(Ajuste R² = 0.077)
-Eu tive a oportunidade de
recrear-me sem sentir-me
aglomerado.
-Todo o dinheiro que gastei para
fazer esta viagem value a pena.
-Eu fiquei insatisfeito com alguns
aspectos da minha visita a trilha.
-O número de pessoas na
trilha diminuiu o meu
divertimento.
Coeficiente de
Satisfação
Geral na Trilha
Umpqua
Norte
Conflito
(Ajuste R² = 0.082)
-Eu pude encontrar lugares
para recrear-me sem a
interferência de outros
visitantes.
-As atividades de recreação
na trilha não foram
compatíveis.
Preparado para a Apresentação no II Congresso Nacional de Planejamento e
Manejo de Trilha, Rio de Janeiro, de 16 a 18 de outubro de 2013.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1256
SENDEROS Y USO PÚBLICO: ¿MODELOS? DE GESTIÓN Y
GOBERNANZA EN ÁREAS PROTEGIDAS. LA EXPERIENCIA DEL
SENDERO DE CHILE
Esteban Delgado A.
Geógrafo
Fundación Sendero de Chile
esteban.delgado@senderodechile.cl
‘Dame un punto de apoyo y moveré al mundo’
(Arquímedes de Siracusa, 287-212 aC)
1. La experiencia internacional sobre gestión y modelos de gobernanza
de senderos
A nivel internacional, tanto en el ámbito urbano, como rural, existen múltiples
iniciativas destinadas a la generación y operación de redes de senderos para la
práctica del senderismo, principalmente en países de Europa, Norte América,
Asia y Oceanía. Su origen esta asociado principalmente a las prácticas
históricas de excursión y trashumancia, a la conservación del acceso público a
áreas de interés natural e histórico y a la necesidad de recreación al aire libre.
En las últimas décadas, y de manera muy importante, la gestión de áreas
protegidas, el turismo de intereses especiales, además de la educación e
interpretación ambiental y patrimonial también han jugado un rol relevante en
su origen.
En términos generales, para un conjunto importante de estas
iniciativas, fundamentalmente para aquellas ubicadas en espacios rurales,
seminaturales o naturales (y no obstante sus diferencias), es posible distinguir
coincidencias, tanto en lo relativo a sus objetivos, como en la expresión
institucional que adoptan para abordarlos. Respecto de esto último, es posible
observar diversas formulas e instrumentos entre los que destacan por su
recurrencia y éxito los siguientes:
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1257
(i)
Los derechos consuetudinarios y el ordenamiento jurídico nacional sobre
tenencia y gestión del territorio. Esto ha permitido en los países del
Reino Unido (Escocia, Gales e Inglaterra) la permanencia y desarrollo de
sistemas de rutas y senderos históricos basados en “derechos de paso”,
que permiten a los ciudadanos recorrer el área rural de estos países. La
designación de estos senderos y la clasificación de los mismos esta en
manos de la Countryside Agency (Agencia de Tierras Rurales), la cual
asigna a cada una de estas sendas el carácter de local, regional o
nacional y en coordinación con la autoridad de caminos y las
autoridades locales, definen el sistema de administración y gestión de
cada una de ellas, a través de un Programa Nacional de Senderos
(National Trails, www.nationaltrail.co.uk).
(ii)
La acción filantrópica colectiva expresada en la colaboración económica
de “Land-Trusts” para conservación de tierras; o por la vía del “Make a
donation” a partir del cual las personas “compran” (donan1) metros o
infraestructura de sendero a la comunidad (Canadá, Nueva Zelandia); o
por
medio
de
alianzas
estratégicas
comerciales
(Trail
Affinity
MasterCard®) donde por cada compra realizada con tarjeta de crédito,
un pequeño porcentaje de la transacción es donada a la institución
matriz del sendero (generalmente una fundación sin fines de lucro).
Ejemplos
de
este
tipo
de
mecanismo
de
implementación
e
institucionalidad son el Trans Canada Trail (www.tctrail.ca) y el sendero
neozelandés Te Araroa (www.teararoa.org.nz). El Trans Canada Trail es
concebido como una confederación de senderos existentes, los que una
vez unidos, darán vida a este proyecto. Se trata de un proyecto de
carácter comunitario cuya propiedad y administración corresponde a
organizaciones locales, municipalidades, autoridades provinciales a lo
largo de Canadá. La Fundación Trans Canadá Trail que se ha
constituido para la promoción de esta iniciativa, no será la propietaria ni
1
Muchas veces estas donaciones generan exenciones en las cargas tributarias del donante.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1258
administrará el sendero, su misión es promover y coordinar la
planificación, diseño, construcción, mantenimiento y administración del
sendero (AYLWIN et al, 2002).
(iii)
La acción subsidiaria y promotora del Estado en la creación y
mantenimiento de un sistema de senderos para el uso público. En estos
casos, independiente de las diversas modalidades de incorporación de
instituciones privadas, ONGs, organizaciones de base u otras, el Estado
asume un rol protagonista en todas las fases de implementación de
redes de senderos para uso público. Algunos de los ejemplos más
significativos de este tipo de modalidad son el sistema nacional de
senderos, creado por el Congreso de Estados Unidos a través de la
aprobación de The National Trails System Act. Mediante este acuerdo, el
país creó un sistema de senderos de recreación, escénicos e históricos
y designó al Appalachian Trail (administrado por la Secretaria de
Agricultura) y el Pacific Crest Trail (administrado por la secretaria de
Interior), como sus componentes iniciales (www.americantrails.org;
www.appalachiantrail.org).
(iv)
La acción del voluntariado ambiental estructurada y coordinada a través
de organizaciones privadas sin fines de lucro, las cuales impulsan y
promueven la conservación y desarrollo de senderos para asegurar que
las generaciones futuras disfruten del aire y agua limpia, de los paisajes,
de la vida silvestre y de oportunidades para la simple recreación
(www.ontariotrails.on.ca, Canadá).
(v)
El posicionamiento de las iniciativas de desarrollo de senderos
nacionales ante la opinión pública, como medios para desarrollar la
actividad física y el turismo, a través de planes de marketing y
comunicaciones (e.g. www.celtrail.com)
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1259
2. La situación de Latinoamérica y del Sendero de Chile
No obstante su inmemorable existencia, al igual que en la mayoría de los
países de America Latina, en Chile, tanto los senderos, como el senderismo
son objetos de reciente interés para la política pública. Con un poco más de
una década formando parte de la política pública nacional, el Sendero de Chile
como sustantivo (sujeto/persona) y el senderismo como verbo (acción) han ido
paulatinamente ganando espacio en la agenda de diversas instituciones
estatales, ya sea como vía de comunicación, instrumentos de manejo de áreas
protegidas, promotores del turismo de naturaleza, de una vida saludable o para
la valoración del patrimonio natural o cultural de los territorios involucrados.
En el periodo 2001-2013, diversos son los modelos de gestión que han
intentado conducir los procesos de implementación del Sendero de Chile, tanto
en el ámbito administrativo, como territorial, comercial y ambiental, a escala
nacional y local. Se ha enfrentado también su materialización haciendo énfasis
1260
en sus cualidades, ventajas y potencialidades desde la perspectiva ambiental,
educativa, turística, recreativa y social, entre otras. Se han aplicado para ello
enfoques y metodologías de ‘planificación estratégica’, del tipo ‘sectorial’,
multisectorial’, ‘público – privadas’, ‘centralizadas’ y ‘participativas con base
local’. Una cronología general no exhaustiva puede ser apreciada en la
siguiente tabla (N° 1).
Tabla N° 1: Modelos y énfasis de gestión del Sendero de Chile en el periodo 2001-2013*
Año
Modelo
Énfasis
2000-2005
Sectorial participativo - Construcción de eje principal
- Participación ciudadana y desarrollo local
- Conservación ambiental
- Educación ambiental formal
2006- 2008
Multisectorial público
- Turismo (búsqueda de la sostenibilidad económica, desde
el enfoque de ‘destinos turísticos’ para garantizar
mantenimiento de senderos
- Crecimiento en red por adhesión voluntaria
2009 - 2010
Público- privado (ONG) - Gestión por destinos
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
- Comercio Justo
- Voluntariado ambiental
2011- Públicoa la
privado (ONG) - Recreación
fecha
- Valoración patrimonial
- Educación ambiental no formal y conciencia pública
*Listado referencial no exhaustivo
Fuente: Elaboración propia
En relación con los espacios geográficos o territorios involucrados (incluidas las
áreas protegidas), se han efectuado ejercicios de planificación y diseños
institucionales para su gobernanza, utilizando como marco también la
planificación
estratégica,
la
planificación
participativa,
el
enfoque
de
ecosistemas, entre otras corrientes de pensamiento. Indistintamente, y
respecto de sus objetivos formales declarados, los resultados de todos estos
ejercicios de planificación han tenido el mismo destino: No han sido aplicados.
Es decir, desde la perspectiva formal, han fracasado.
Si bien no existe una evaluación sistemática y profunda de las razones para el
fracaso de estos ejercicios de planificación, a partir de nuestra experiencia
podemos entrever y esbozar algunas explicaciones para ello, entre ellas:
(i)
Desconocimiento, incredulidad y subestimación de los beneficios
potenciales de los senderos y el senderismo, por parte de los actores
locales y principalmente por las instituciones del estado;
(ii)
Por un lado, voluntarismo y sobrevaloración de los beneficios y por
otro, subestimación de costos de parte de los promotores directos;
(iii)
Clientelismo marcado en muchos de los actores locales vinculados, o
potencialmente vinculables, a las iniciativas de senderos;
(iv)
Escasa cultura de trabajo cooperativo a nivel local, en el ámbito
individual e institucional, tanto en actores públicos, como privados, y;
(v)
Inconsistencia temporal y de metas en el diseño y aplicación de
estrategias, planes, proyectos y acciones, respecto de los desafíos
que pretenden acometer;
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1261
(vi)
Escasez de recursos financieros y técnicos calificados para asumir
los desafíos de puesta en marcha y operación de iniciativas de
sendero y senderismo;
En la práctica, la mezcla de todos estos hechos genera escenarios
extremadamente complejos, frágiles e inestables, que se traducen en ejercicios
de planificación cuyas expresiones formales –cuando llegan a tenerlas- suelen
presentar ciertas debilidades comunes. Entre las que se pueden mencionar de
manera general:
(i)
Problemas en la definición de las problemáticas principales, los
objetivos y metas de planificación;
(ii)
Problemas en la determinación de la información relevante para
analizar las problemáticas y planificar, y;
(iii)
Problemas en el diseño o determinación de la institucionalidad
1262
(modelo de gobernanza) que viabilice la planificación elaborada.
Sin embargo, y no obstante lo oscuro del panorama anterior, paradójica y
afortunadamente la experiencia del Sendero de Chile en materia de gestión a
escala local, puede ser catalogada como exitosa en diversos aspectos. Entre
los más interesantes y significativos de mencionar se encuentran:
(i)
La instalación a escala nacional de los senderos y el senderismo
como objetos de política pública e interés privado;
(ii)
La instalación de una visión estratégica y positiva de los senderos
como instrumentos de gestión de áreas protegidas;
(iii)
El afianzamiento de la convicción sobre su rol crítico en materia de
educación,
recreación
y
turismo
en
espacios
naturales
y
seminaturales, y
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
(iv)
El fortalecimiento de la convicción de la utilidad de los senderos y el
senderismo como instrumentos para la conservación y valoración del
patrimonio natural y cultural del país.
La instalación del senderismo en la agenda pública y la valoración positiva de
este en el ámbito ciudadano, ha creado condiciones para el surgimiento de
necesidades de cooperación y planificación genuinamente locales. La
cooperación emergida en estos contextos, a su vez, ha formado pequeñas
aglomeraciones de actores locales que han mostrado una resiliencia muy alta a
las dificultades propias de las iniciativas locales (obtención de logros en el corto
plazo, falta de apoyo político y financiero, principalmente). La dinámica de
‘cooperación en la dificultad’, si se mantiene por sobre una suerte de ‘umbral de
sobrevivencia mínimo’ por su parte, parece estimular la creación de estrategias
innovadoras y alternativas para alcanzar los logros que cada aglomeración se
va proponiendo en el camino.
1263
3. Conclusiones
En comparación con las iniciativas europeas, norteamericanas, asiáticas y de
Oceanía, la experiencia del Sendero de Chile es reciente. Sin embargo,
respecto de la situación de America Latina y el Caribe, esta iniciativa puede ser
considerada como pionera. En el ámbito de los modelos de gestión y
gobernanza, el Sendero de Chile ha probado diversas formulas las que, más
allá de sus aplicaciones o éxitos parciales, han dotado a la iniciativa de un
valioso conocimiento y experiencia en la materia, hecho que le permite sopesar
en la actualidad con mayor claridad y precisión las fortalezas, debilidades,
potencialidades y viabilidad de cada modelo, en distintos contextos socioterritoriales.
Considerando las similitudes que existen en America Latina, en términos de
desarrollo del senderismo, la experiencia del Sendero de Chile puede resultar
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Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
de valor ilustrativo para otras iniciativas regionales y, en tal sentido, de forma
resumida, ciertos aprendizajes pueden ser enunciados a manera de conclusión.
En particular, los siguientes:
(i)
En ausencia de una ‘cultura de senderismo’ generalizada y de
marcos institucionales robustos (instituciones, normas), la existencia
de una institución de carácter permanente, con dedicación exclusiva
y una base de recursos técnicos y financieros, para promover la
creación de esa cultura es indispensable.
(ii)
A despecho de la complejidad que pueda adquirir la administración
nacional, la aplicación de un único modelo/estrategia de gobernanza
local no es recomendable. Cada sendero es una realidad única y
requiere
un
tratamiento
único.
Los
modelos
simplificados,
regularmente se estrellan con la complejidad de la realidad;
(iii)
La urgencia no es buena consejera. Al igual que la conservación, la
gobernanza de iniciativas o materias sobre las que no existe
experiencia previa, debe aprenderse y requiere tiempo y práctica. La
construcción
de
confianzas
y
acumulación
de
conocimiento
incremental ha demostrados ser el sendero más firme para la
gobernanza compartida;
(iv)
Pequeños logros provocan aumentos significativos en apoyo y
fidelidad a las iniciativas de senderismo, que permiten a su vez,
escalar paulatinamente los desafíos, por lo tanto, metas sencillas, en
el corto plazo, fortalecen institucionalmente las iniciativas;
(v)
En contra partida, metas sobredimensionadas, no cumplidas,
generan una merma también significativa en fidelidad y apoyo, por lo
tanto se deben evitar a toda costa, y por último;
(vi)
La comunicación y las nuevas tecnologías (web, Facebook, Twitter)
pueden jugar un rol crítico en la creación de un entorno favorable
hacia el público objetivo, creando escenarios propicios para la
sensibilización e incorporación de actores claves en cada iniciativa.
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
1264
4. Bibliografia
AYLWIN J., VALDEBENITO P. y YAÑEZ N. (2002): Informe Final Componentes
Jurídicos del Sendero de Chile.
GOBIERNO DE CHILE –COMISIÓN NACIONAL DEL MEDIO AMBIENTE
(2005, Inédito). Estrategia intersectorial para la implementación del
programa Sendero de Chile en el periodo 2006 – 2010.
GOBIERNO DE CHILE - DIRECCIÓN DE PRESUPUESTOS DEL MINISTERIO
DE HACIENDA DE CHILE (2005). Informe final de evaluación del
Programa Sendero de Chile. Ministerio Secretaría General de la
Presidencia, Comisión Nacional del Medio Ambiente.
Sitios web
www.nationaltrail.co.uk [Visitado el 03/08/2013]
www.tctrail.ca [Visitado el 04/08/2013]
www.teararoa.org.nz [Visitado el 10/08/2013]
www.americantrails.org [Visitado el 20/09/2013]
www.appalachiantrail.org [Visitado el 03/10/2013]
www.ontariotrails.on.ca [Visitado el 07/09/2013]
www.celtrail.com [Visitado el 05/09/2013]
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
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Reflexões sobre a utilização do Patrimônio Geológico em trilhas
Jasmine Cardozo Moreira
Departamento de Turismo / UEPG
jasminecardozo@gmail.com
Entende-se por Patrimônio Geológico o conjunto de geosítios de um local,
delimitado geograficamente, onde ocorrem elementos de geodiversidade, com
valores singulares do ponto de vista científico, pedagógico, cultural ou turístico.
É constituído por todos os recursos naturais não-renováveis, quer sejam
formações
geológicas
ou
geomorfológicas,
mineralógicos e paleontológicos (BRILHA, 2005).
paisagens,
afloramentos
E foi o interesse na
conservação do Patrimônio Geológico e conseqüentemente dos processos
geológicos ativos no Parque Nacional de Yellowstone (EUA) que foram
importantes na sua declaração como primeira Unidade de Conservação
mundial, em 1872.
A conservação do Patrimônio Geológico em todo o mundo também se faz
necessária porque a evolução da História da Terra está gravada em um grande
numero de peças, como num quebra-cabeça, onde as peças somente têm
coerência quando vistas em conjunto. Mas infelizmente, os danos causados
pelos homens na superfície da Terra vêm ocasionando aceleradamente a
destruição de muitas peças-chave de nosso passado geológico. Portanto, a
eficiência na geoconservação depende urgentemente da mudança de
estratégias relacionadas ao Patrimônio Geológico, sendo que essas mudanças
passam por três pontos principais: a educação, o uso adequado dos recursos e
ações coordenadas por pessoas e instituições envolvidas na geoconservação
(CARRERAS & DRUGUET, 2000).
Sharples (2002), em relação à geoconservação a classifica como “a metade
esquecida” da conservação da natureza, pois o foco principal sempre esteve
nos elementos vivos, ou seja, na biodiversidade. Para Brilha (2005) a
Anais do 2 Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Red
Latinoamericana de Senderismo, 16 a 18 de outubro de 2013 / Nadja Maria Castilho da Costa, Vivian
Castilho da Costa, Flávio Augusto Pereira Mello, (orgs.).Rio de Janeiro: 1290 p. Rede Sirius-Rede de
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geoconservação tem como objetivo a caracterização, conservação, gestão e
divulgação do patrimônio geológico e processos naturais associados e
pretende manter os geosítios de modo a permitir seu uso.
O termo geoconservação vem sendo utilizado com mais freqüência somente
nos últimos anos e tornou-se mais popular principalmente após a criação da
Rede Mundial de Geoparques em 2004. Mondejar e Remo (2004b) afirmam
que a pouca divulgação é decorrente do fato de que os termos geológicos não
estão presentes na linguagem cotidiana e são pouco utilizados por outros
profissionais, por isso é necessário adaptar o vocabulário geológico,
conservando o rigor cientifico, à divulgação, conservação e conscientização.
Trata-se de tentar criar uma cultura geológica na sociedade de uma forma em
geral, fazendo com que os termos geológicos mais comuns comecem a fazer
parte do vocabulário cotidiano dos cidadãos.
Hoje em dia publicações sobre o tema geoturismo e geoconservação
começaram a surgir pelo mundo, o tema entrou em debate em diversos
congressos, conferências e encontros a nível mundial e nacional e cada vez
mais iniciativas vem sendo tomadas visando a geoconservação, a divulgação e
a utilização de forma consciente desse patrimônio. De qualquer modo, é
importante que a Terra seja entendida e interpretada como um todo, tanto
pelos seus aspectos de biodiversidade, quanto de geodiversidade. E é a
difusão de conhecimentos sobre o Patrimônio Geológico que pode ser uma
ferramenta para a sua conservação (MOREIRA, 2008).
Em relação a interpretação desse patrimônio, “à medida em que cresce o
interesse em conhecer mais a natureza, na mesma proporção maior
informação é requerida para satisfazê-lo” (MOLINA, 2001, p. 81). Portanto, em
áreas protegidas a principal preocupação do manejo deveria ser além da
proteção, a promoção de atividades educativas, e recreativas (DAVENPORT et
al, 2002).
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Bibliotec., 2013. ISBN 978-85-88769-56-4
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Para tanto, meios interpretativos podem ser utilizados. Um dos meios
interpretativos mais eficientes são as trilhas interpretativas conduzidas, pois
têm a finalidade de enriquecer as experiências dos visitantes, podendo
favorecer a conscientização ambiental de todos, visto que o condutor pode
realizar um trabalho educativo voltado para as questões ambientais. O
condutor, fazendo o papel de intérprete, proporciona a vantagem do contato
pessoal, a formulação de perguntas e um maior controle do comportamento do
público. Além disso, as trilhas interpretativas servem como meio de acesso
para grande parte dos atrativos naturais e podem funcionar como instrumento
para minimizar impactos negativos.
A primeira trilha estabelecida com finalidade educativa exclusiva de
interpretação do patrimônio geológico citada na literatura é a Trilha Geológica
da Floresta Mortimer, em Ludlow, implantada em 1977 (HOSE, 2000).
A efetividade da interpretação ambiental em trilhas depende da capacitação e
do interesse do condutor, pois há a necessidade de que a pessoa que fará a
interpretação tenha sido treinada, para que ao acompanhar os visitantes, possa
levá-los a observar, sentir, experimentar, questionar e descobrir os fatos
relacionados ao tema estabelecido.
No Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, Parque Nacional do
Iguaçu e Parque Estadual de Vila Velha, foram oferecidos cursos para
condutores, em que foram abordados detalhadamente os aspectos geológicos
e geomorfológicos (MOREIRA, 2003; MOREIRA & BIGARELLA, 2008). Tanto
em áreas protegidas como em municípios que queiram aproveitar seu potencial
geológico em atividades turísticas e interpretativas, a realização de cursos
periodicamente e envolvendo profissionais da área de geociências é
fundamental.
Um Geoparque, segundo a definição da UNESCO (2006) é um território de
limites bem definidos, com uma área suficientemente grande para servir de
apoio
ao
desenvolvimento
socioeconômico
local.
Deve
abranger
um
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determinado número de sítios geológicos relevantes ou um mosaico de
aspectos geológicos de especial importância cientifica, raridade e beleza, que
seja representativo de uma região e da sua história geológica, eventos e
processos. Além do significado geológico, deve também possuir outros
significados, ligados à ecologia, arqueologia, história e cultura. Seu conceito
está baseado no fornecimento de informações, educação, Turismo e a
pesquisa geocientífica.
No sentido de verificar quais são os meios interpretativos mais eficazes no que
diz respeito a uma melhor transmissão da mensagem para o visitante, do ponto
de vista de seus representantes foi realizada uma análise sobre os recursos
interpretativos oferecidos em 37 Geoparks de 18 países, membros da Rede
Mundial de Geoparks, sob os auspícios da UNESCO. Os questionários foram
aplicados durante eventos na Noruega e Portugal, bem como diretamente em
Geoparques. Os resultados mostram que o recurso mais eficaz são as trilhas
com guias em 55% dos casos (MOREIRA & MELLENDEZ, 2012).
O Brasil tem potencial para criar Geoparques devido à sua grande
geodiversidade, aspectos peculiares das suas paisagens, atividade turística e à
infraestrutura disponível. No entanto, ainda faltam aspectos de interpretação
ambiental de um modo geral.
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Trilhas Marinhas no Brasil;
uma Síntese para a Educação Ambiental
Alexandre de Gusmão Pedrini
Departamento de Biologia Vegetal
Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
pedrini@globo.com
Resumo
Palavras-chave: área protegida, trilha, mar, biodiversidade.
Os oceanos, em particular, os tropicais e subtropicais situam-se essencialmente em
países do terceiro mundo. Eles vêm sofrendo efeitos antrópicos nefastos cada vez
maiores em número e amplitude. Os governos vêm criando áreas protegidas marinhas
com o fim de garantir a perpetuação não só de ecossistemas como de espécies de
sua biodiversidade. Porém a falência quase total de gestão nas áreas protegidas
marinhas enseja a introdução de novos instrumentos com sustentabilidade financeira e
socioambiental. A Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis -paradigma
contemporâneo brasileiro - se insurge nesse contexto de destruição socioambiental
com premissas renovadoras. A educação ambiental marinha pode ser desenvolvida
por trilhas por dois modelos: a) emancipatório através do ecoturismo de base
comunitária; b) pedagógico através de preleções instrucionais. Ambas demandam
trilhas marinhas como percurso indispensável e previamente planejado. Dentre os
doze relatos de adoção de trilhas marinhas no Brasil, a quase totalidade trata-as como
percurso para fins (eco)turísticos. Foram selecionados dois estudos de casos dentre
os dez relatos existentes no Brasil para apresentar as metodologias desenvolvidas no
contexto brasileiro: a) planejamento participativo para criação de trilhas; b)
monitoramento sobre impactos negativos causados por banhistas e mergulhadores
com “snorkel”. Resultados recentes de pesquisas acadêmicas no planejamento e
monitoração de trilhas marinhas no Brasil são apresentados.
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Resumen
Palabras clave: área protegida, sendero marino, biodiversidad del mar.
Los océanos, en particular las regiones tropicales y subtropicales se encuentran
principalmente en los países del tercer mundo. Han sufrido los efectos antropogénicos
adversos crecientes en número y amplitud. Con esta condición, los gobiernos han
creado de áreas marinas protegidas con el fin de no sólo asegurar la perpetuación de
los ecosistemas y las especies de la biodiversidad. Pero el fracaso casi total de la
gestión en las áreas protegidas marinas implica la introducción de nuevos
instrumentos financieros y de sostenibilidad ambiental. Em este sentido, la Educación
Ambiental para Sociedades Sustentables - paradigma contemporáneo-brasileño –
contesta la destrucción del medio ambiente con premisas inovadoras. La educación
ambiental em este meio puede ser desarrollada por senderos marinos en dos
modelos: a) emancipatorio a través del ecoturismo basado en la comunidad; b)
Pedagógico
a través de prelaciones educativas.
Ambos temas requieren la vía
marítima como esenciales y previamente planeadas. Entre los doce informes de
aprobación de senderos marinos en Brasil, casi todos tratan de itinerarios (eco)
turisticos. Se seleccionaron dos estudios de caso entre los diez informes existentes en
Brasil para presentar las metodologías desarrolladas en el contexto brasileño: a) la
planificación participativa para la creación de senderos; b) el seguimiento de los
impactos negativos causados por los bañistas y buceadores con esnórquel. Se
presentan los resultados recientes de la investigación académica en la planificación y
monitoreo de senderos marinos en Brasil.
1. Introdução
O planeta Terra demanda urgentemente a criação e manutenção de áreas protegidas
em todos os ecossistemas em face de sua gradual destruição socioambientais. Os
ambientes costeiros e marinhos são dos mais necessitados. Existia a cerca de dez
anos apenas cerca de 4500 áreas protegidas no mundo (PRATES et al., 2007), sendo
20% de ambientes marinhos. Áreas protegidas marinhas são muito escassas no Brasil
e quando existem, em geral, são mal conservadas e sem recursos adequados para
seu sustento. Um dos públicos que mais impactam negativamente áreas protegidas
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marinhas é justamente o turístico que é aquele para o qual essas áreas têm como
meta receber Em face da deseducação ambiental cotidiana e da ausência de amplos e
permanentes programas de Educação Ambiental Marinha, as áreas protegidas que
têm dentre suas metas acolher turistas, estão sendo destruídas também por parte
deles. (Coutinho et al. 1993; Berchez et al. 2005; Pedrini et al., 2007, 2008; Silva e
Ghilardi-Lopes 2012; Tunala et al. 2013). Isso pressupõe uma inadequada gestão
governamental que detém a maior representação geográfica de áreas protegidas em
nosso país.
Há várias medidas administrativas possíveis de serem tomadas pelos gestores de
áreas protegidas marinhas. Destacam-se: a) solução das questões fundiárias; b)
dotação permanente de verbas adequadas ao sustento da unidade de conservação da
natureza; c) garantia permanente de um corpo representativo de fiscais devidamente
qualificados; d) instalações físicas aparelhadas com equipamentos modernos e
funcionando; e) desenvolvimento de programas de ecoturismo marinho de base
comunitária (PEMBC); f) realização de programas permanentes de educação
ambiental marinha (PEAM). Para desenvolver PEMBC e PEAM a área protegida
poderia se beneficiar do planejamento e criação de trilhas marinhas, enquanto que
gestores de outras áreas marinhas de estado como o Parque Nacional de Fernando
de Noronha excluiu a criação de trilhas marinhas (Mitraud, 2001). Porém, na área de
mergulho subaquático não se tem usado o termo trilha e sim roteiros. Um exemplo
típico é a publicação do governo de São Paulo (sem data) no contexto do programa
estatal “Trilhas de São Paulo”. A publicação de pequeno porte e própria para se levar
no bolso é intitulada Roteiros de Mergulho. Se esse tipo de atividade for considerado
como tradução de mergulho em trilhas marinhas, então existem milhares delas no
país. Igualmente, a delimitação do conceito de trilha subaquática é questão urgente
para debate no contexto do ecoturismo brasileiro. A seguir será apresentada uma
proposta de tipologia de trilhas marinhas com breve cronologia de suas citações no
Brasil.
Trilhas Marinhas como um caminho para a Educação Ambiental e o Turismo
Uma das formas para a gestão autossustentada dos bens naturais marinhos
em áreas protegidas são a implantação e o desenvolvimento de produtos em
ecoturismo marinho (Pedrini et al., 2011). Para que possa ser desenvolvido ele
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demanda a adoção e manutenção permanente de caminhos espontaneamente
selecionados para mergulhos ou de trilhas marinhas previamente planejadas.
Segundo Lechner (2006) o caminho planejado e construído através do espaço
geográfico, histórico e cultural para ser entendido como uma trilha demanda o
atendimento de: a) demandas dos usuários; b) conservação dos seus bens
naturais. Segundo Salvati (2008) uma trilha seria a única possibilidade de
acesso no contexto de uma área protegida. Ela poderia ser conceituada como
um caminho existente ou estabelecido de variadas formas com o fim de
aproximar um visitante ao ambiente natural, ou levá-lo a um atrativo específico.
Teria como meta primordial o entretenimento ou educação via sinalizações ou
meios interpretativos.
Porém, mesmo no ambiente terrestre apenas caminhos em qualquer
ecossistema também vem sendo denominado de trilha. Ou seja, um caminho
desprovido de equipamentos ou investimentos também é chamado pela
população como trilha. Em ambientes aquáticos como o mar ou rios de águas
límpidas um percurso frequentemente visitado por usuários também tem sido
denominado de trilha subaquática. Mas ao contrário do ambiente terrestre a
trilha marinha a não é aberta nem conservada por usuários ou gestores da
região em que se insere. Ela também se confunde com termos adotados pelo
turismo de mergulho com SCUBA como roteiros ou percursos subaquáticos
Para Lima (1998) o componente artificial agrega valor ao conceito de trilha. A
trilha denominada de interpretativa seria:
"... um trajeto de curta distância (500 até 1.000 metros) com o
fim de otimizar a "compreensão das características naturais
e/ou construídas e culturais da
seqüência paisagística
determinada pelo seu traçado finalidades ludo-pedagógicas
direcionadas a educação ambiental, ou à humanização de
terapias, funcionando como fator de integração ou
reintegração, de adaptação e de valoração, de tomada de
consciência em relação ao meio ambiente; Lima, 1998, p.40 ".
A definição de Lima (1998) traz importantes contribuições ao tema, alargando as
funções das trilhas. Então, do mesmo modo que há inconsistências na definição de
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trilha subaquática ou terrestre o conceito de trilha marinha não vem também aderindo
adequadamente ao que já está consagrado. Desse modo, no presente trabalho será
arrolado apenas os trabalhos que citem claramente que se tratam de trilhas
subaquáticas ou marinhas por seus autores. É desejável que a trilha marinha receba
uma definição clara. A adoção de trilhas marinhas tanto como instrumento para
atividades pedagógicas (Berchez et al., 2007; Hadel, 2010) como turísticas (São
Paulo, 2008; Pedrini et al., 2011) ainda é rara em todo o mundo (Platong et al. 2000;
Hannak, 2008; Oliveira et al., 2011; Baud et al., 2012; Rios-Jara et al., 2013). No
quadro 1 pode-se vislumbrar uma tipologia de trilhas marinhas, no Brasil, segundo
suas características e propósitos de uso, adaptado de Pedrini et al. (2010).
Quadro 1 - Características e finalidades das trilhas marinhas descritas na literatura brasileira
(adaptado de Pedrini et al., 2010).
Características
Autor
1.Wegner (2002)
2.Wegner et al. (2004)
3. Berchez et al. (2005)
4.Lima et al (2006)
5. Berchez et al. (2007)
6. São Paulo (2008)
7. Hadel (2010)
8.Machado et al. (2010)
9.Pedrini et al. (2010)
10.Lima et al. (2010)
11.Pedrini et al. (2011)
12. Meireles et al. (2013)
Total
12
Estado
SC
SC
SP
SC
SP
SP
SP
SP
SP
SP
RJ
RJ
SP/SC/RJ
Propósitos
Essencialmente
Essencialmente
pedagógicas
turísticas
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
4
8
Percebe-se que nos onze relatos de trilhas marinhas existentes no Quadro 1 que a
maioria absoluta delas (67%) traduz-se como instrumento contextualizado para o
(eco)turismo (essencialmente de base comunitária) e na região sul e sudeste. O
critério para arrolar relatos de trilha marinha teve por base a existência de fontes de
informação como resumo, ou trabalhos de eventos, documentos acadêmicos ou
artigos de periódicos.
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A trilha adequada para adoção como instrumento para a EAM (tanto para aplicação no
ecoturismo como no ensino de biologia marinha) demanda preparo e para ser de
qualidade exige, segundo Pedrini (2006) as seguintes características: a) cobrir um
espaço geográfico natural/construído num determinado tempo; b) ser planejada para
aplicar os pressupostos pedagógicos conceituais da Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis; c) ser planejada participativamente, incluindo diferentes
atores sociais envolvidos na atividade (eco)turística, principalmente a comunidade
local ou próxima ao percurso; d) ter seus bens naturais levantados previamente,
envolvendo os componentes (geodiversidade, meteorologia, recursos hídricos, etc e
bióticos (biodiversidade) caracterizados taxonômica e ecologicamente, recebendo
placas ilustrativas de sua existência com seus nomes científicos e populares; e) ter
seus
impactos
antrópicos
e
naturais
negativos
avaliados
permanentemente
acompanhadas de providências para sua mitigação ou extinção; f) ser monitorada
continuamente com o fim de receber manutenção, atualização e recuperação de seus
equipamentos.
Pedrini (2006) também criou indicadores conceituais para que as atividades realizadas
numa trilha possam ser consideradas como de mínima qualidade possível em EAM: a)
transformadoras que permitam ao ecoturista adquirir conhecimentos e habilidades, via
experiências que o torne apto a enfrentar, resolver e evitar problemas socioambientais,
inclusive os da região do percurso ecoturístico; b) abrangentes, envolvendo a
totalidade dos grupos sociais da área sob influência do percurso; c) globalizadoras,
com o ecoturista abordando o ambiente, integrando as escalas global, nacional e local;
d) contextualizadoras, de modo que o ecoturista receba conhecimentos sobre a
realidade local da atividade ecoturística; e) éticas em que o ecoturista passe a
respeitar todas as formas de vida do planeta Terra. Atendendo, minimamente, às
essas características a EAM realizada com o apoio de uma trilha devidamente
planejada com fins interpretativos ela poderá atingir suas metas. É fato o restrito
acúmulo de conhecimento publicado sobre trilhas marinhas no litoral brasileiro.
Especialmente quanto a metodologias de seu planejamento. Assim, será apresentada
a seguir uma das metodologias para se planejar uma trilha marinha com fins
ecoturísticos de base comunitária em áreas protegidas costeiras.
2. Estudos de caso:
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Com o fim de apresentar exemplos brasileiros sobre o planejamento, utilização e
avaliação de trilhas marinhas, foram selecionados dois estudos de caso para
escrutínio público: a) planejamento de uma trilha marinha no contexto do ecoturismo
no estado de São Paulo; b) monitoramento de impactos ambientais negativos numa
trilha marinha por parte de mergulhadores com “snorkel” no estado do Rio de Janeiro.
1. Planejamento de uma trilha marinha no Parque Estadual da Serra do Mar,
Picinguaba, Ubatuba, São Paulo.
O trabalho de Machado et al. (2010) foi desenvolvido no Núcleo Picinguaba do Parque
Estadual da Serra do Mar. Foi desenvolvido como subsídio para a implantação de
uma trilha marinha com uma comunidade tradicional inserida em uma unidade de
conservação da natureza costeira. A intenção era de aliar a Educação Ambiental
Marinha Comunitária (EAM) às atividades da comunidade local, mas com geração de
renda para os locais. Ou seja, desenvolver uma EA emancipatória (Pedrini et al.,
2011). A Figura 1 apresenta as etapas principais para se proceder a um estudo para
planejar participativamente uma trilha subaquática para uso em EA. Cada uma das
1278
etapas será detalhada, a seguir, para o caso estudado.
Primeira parte
DIAGNÓSTICO PRELIMINAR
Existência e disponibilidade de local para a atividade; levantamento das
características da comunidade residente e existência de mercado para o produto.
Autorização para a realização da pesquisa
e contato com a comunidade local
Segunda parte
LEVANTAMENTO DAS BASES NORTEADORAS
Seleção do local por
biólogos e moradores
Entrevista com moradores
perfil dos futuros
gestores da atividade
Possibilidade de uso e
manejo do local selecionado
Adaptação da infra
estrutura existente
Interesse pela atividade
Entrevista com visitantes
perfil do visitante
Interesse pela atividade
Necessidade
de capacitação
Formas de divulgação
Terceira parte
Conhecimento prévio do ambiente marinho
RETORNO ÀS PARTES
Divulgação dos resultados das etapas anteriores para a
administração da UC e para a comunidade envolvida.
Estabelecimento
de parcerias
Figura 1: Esquema da seqüência de abordagens realizadas para o estudo de
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implantação da trilha subaquática na Unidade de Conservação (transcrita do trabalho de
Machado et al., 2010).
A primeira parte envolveu uma sondagem inicial onde o grupo buscou, de forma
informal, as condições básicas para o funcionamento de uma trilha subaquática, ou
seja, verificar: a) a existência e disponibilidade de um local adequado com atrativos
submarinos para instalar uma trilha marinha; b) as características e interesse da
comunidade residente; e c) a existência de mercado para consumo do ecoturismo
marinho (trilha submarina). Essa parte envolveu levantamentos bibliográficos que
forneceram a base para a construção das pesquisas, formas de consulta e acesso aos
grupos envolvidos. As informações foram direcionadas ao conhecimento da extensão
da área geográfica, características do ambiente natural, origem étnica das
comunidades, legislação e entidades legais direta e indiretamente envolvidas.
Para a escolha do local para a implantação da trilha subaquática foram realizados
mergulhos autônomos e em apnéia, entre outubro de 2006 e abril de 2007. Durante os
mergulhos foram feitas
observações e registro da geobiodiversidade com as
respectivas imagens dos locais, a fim de selecionar os pontos de relevância
interpretativa. As áreas investigadas estavam todas inseridas na enseada do
Cambury. Foram visitados cinco pontos nesta enseada, todos eles sugeridos pelos
moradores.
Durante o processo de seleção foram considerados aspectos relacionados à
distribuição e associação das principais espécies presentes nos costões (rocha, flora e
fauna local) e beleza cênica. Além destes, foram ainda considerados: segurança,
presença de pontos de interpretação sócio-ambiental, distância do ponto de acesso e
formas de deslocamento disponíveis. Em seguida passou-se a estabelecer contato
com a direção da unidade de conservação, para participar do planejamento da
atividade e desenhar as primeiras ações para o início do projeto. Foram também
realizados contatos com os representantes das comunidades e associações existentes
no local. Com a sinalização positiva das partes envolvidas (gestores da UC e
comunidade) foi realizada uma pesquisa de opinião/percepção sobre a aceitação da
atividade pela comunidade local.
Nessa segunda parte do projeto, o processo ganhou um caráter investigativo onde
foram levantadas as necessidades quanto ao: a) uso e manejo do ambiente
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selecionado; b) capacitação das comunidades envolvidas para atuar diretamente na
manutenção e monitoramento do ambiente local; c) contato e parcerias necessárias
para as campanhas de capacitação da comunidade para atuar na atividade; d)
interesse do visitante pela atividade; e) perfil do visitante e as formas de divulgação da
atividade; f) local para recepção, palestras e treinamentos.
Foram realizadas cinqüenta entrevistas com visitantes da região, enfocando dois
aspectos principais: o perfil do visitante e o mercado para o produto. O grau de
aceitação da atividade por parte dos moradores foi obtido através de pesquisa
aplicada entre a comunidade quilombola e caiçara do Cambury, totalizando trinta
questionários, de um total de 70 famílias. Esta pesquisa enfocou três aspectos: a) o
perfil da comunidade; b) o interesse da comunidade na atividade e c) conhecimento
da rotina da atividade. Essas informações forneceram os dados que determinou se a
comunidade teria interesse em atuar na trilha e a disponibilidade em receber
treinamento. A entrevista teve ainda o objetivo de avaliar o real envolvimento da
comunidade com o turismo local. Nessa fase do trabalho, as entrevistas foram
realizadas pelos monitores do Núcleo Picinguaba, também moradores do bairro.
1280
O resultado dessa etapa forneceu; a) as expectativas da comunidade para a
implantação de uma nova atividade para o (eco) turismo marinho; b) a visão do
mercado e da abrangência da atividade na economia local; c) as necessidades de
adaptação ao novo perfil exigido pela atividade. Os moradores puderam ainda expor
seus conhecimentos quanto ao ambiente natural que envolve a atividade, suas
limitações para a prática da atividade e a existência de infraestrutura local (recepção,
armazenamento de equipamento, palestra e exposição).
O estudo buscou ainda, avaliar o conhecimento prévio dos visitantes e moradores
sobre o ambiente marinho de costões rochosos. Foram realizadas atividades lúdicas
(figura 2) como: a) jogo-da-velha com algas; b) Quebra-cabeça de seis faces; c) Jogoda-memória com organismos marinhos; d) “Seu Mestre mandou” catar o lixo na praia
de maior visitação.
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Figura 2: Atividades lúdicas realizadas na praia de maior visitação na UC. (transcritas do
trabalho de Machado et al., 2010).
Em uma terceira etapa os resultados foram apresentados por meio de relatórios e
reuniões aos gestores do parque e a comunidade local, com
adequações de
linguagem ao público alvo. As atividades desenvolvidas pelos moradores naquele
momento (Figura 3) se dividiram entre aquelas relacionadas ao turismo (30%),
trabalhos
realizados
na
comunidade
(20%)
e
aqueles
que
se
encontram
desempregados (20%). A expectativa da comunidade em relação à trilha marinha foi
expectativa
interessante, como pode ser observado na Figura 3.
alta
media
baixa
Figura 3: Expectativa da comunidade em relação à implantação da trilha marinha. (transcrita do
trabalho de Machado et al., 2010)
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A maioria entendeu que a trilha marinha será importante para: a) propiciar
conscientização socioambiental da comunidade; c) mudar a percepção da comunidade
para crer no turismo inclusivo socialmente local; d) gerar fonte de renda para os
moradores. No entanto, acreditou que a trilha marinha não iria atrair o turismo. Isso se
explica pelo fato de que anteriormente outros grupos tentaram desenvolver projetos
nesse sentido, mas que foram abandonados, gerando frustrações. A falta de energia
elétrica local era também um ponto marcante no cotidiano da comunidade. Há também
no conhecimento acumulado sobre trilhas terrestres no Brasil variados modelos para o
planejamento e avaliação de trilhas. O mais adotado para a criação de pontos
interpretativos numa trilha a metodologia denominada de Indicadores de Atratividade
de Pontos Interpretativos (IAPI). Ela só foi adotada no campo das trilhas marinhas no
trabalho de Meireles et al. (2013), pois a trilha tem parte terrestre, além da marinha.
No planejamento de trilhas marinhas o critério mais importante tem sido a beleza
cênica.
Desse modo, o planejamento de trilhas marinhas no contexto de oferta de produtos
ecoturísticos, envolvendo os principais atores sociais locais de uma área protegida é
factível. Pode, inclusive, aumentar as probabilidades para o desenvolvimento da
educação ambiental marinha tanto no contexto do ecoturismo como no pedagógico.
2. Monitoramento de uma trilha marinha na Área de Proteção Ambiental Marinha de
Armação de Búzios (APAMAB), estado do Rio de Janeiro.
A trilha marinha da APAMAB foi criada com o fim de ser o caminho entre as praias de
João Fernandes e João Fernandinho (vide Fig. 4). Ela foi selecionada através critérios
que constam no Quadro 2, segundo Pedrini et al. (2011). O Quadro 2 apresenta uma
tipologia de seleção de local para escolha de sítio para planejar a instalação de uma
trilha marinha baseada em critérios intrínsecos e extrínsecos. Os critérios intrínsecos
são aqueles naturais do sítio como as características da água marinha adequadas
para o mergulho com máscara e respirador. São exemplos de critérios intrínsecos a
visibilidade submersa e o grau de agitação das correntes e batimento das ondas. São
exemplos de critérios extrínsecos a presença visual de resíduos (lixo) na água.
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Consultando esse quadro o planejador poderá decidir qual critério deverá preponderar
sobre os outros e tomar sua decisão.
Quadro 2 – Apresentação dos critérios para seleção da trilha marinha de João
Fernandes e J. Fernandinho, APAMAB, RJ. (transcrito de Pedrini et al., 2011).
1283
Segundo Pedrini et al. (2011) o caminho natural e espontâneo que os praticantes de
mergulho com “snorkel” faziam entre as praias de J. Fernandes/J. Fernandinho teve
sua geobiodiversidade marinha inventariada. O objetivo era a partir dela se selecionar
atrativos ecoturísticos marinhos. Em seguida através de estudos locais e consulta
documental a literatura foi traçada uma teia trófica contextual.
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Figura 4 – a: Vista aérea da Área de Proteção Ambiental Marinha de Armação de Búzios, Rio
de Janeiro (área inclusa no polígono amarelo); b: Detalhe das praias de João Fernandes e
João Fernandinho onde se encontram marcadas as três áreas interpretativas. Fonte: Pedrini et
al. (2011)/Google Earth, 2011.
As figuras 5ª e 5b ilustram à esquerda a área interpretativa 1 onde há mais afluência
de banhistas e mergulhadores com “snorkel” e a área 3 com menor visitação na Praia
de João Fernandinho.
Fig. 5a e 5b – À esquerda, área interpretativa marinha “1” (costão) na Praia de João Fernandes
e área interpretativa marinha “3” localizada a esquerda da praia João Fernandinho, mostrando
regiões calmas nos costões (transcrito de Pedrini et al., 2011)
Exemplos da fauna e flora marinhas adotadas como atrativos podem ser visualizadas
nas figuras 6 e 7, respectivamente.
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Figura 6ª e 6b: Colônia do cnidário Leptogorgia sarmentosa à esquerda e à direita um
alcionário. (transcrito de Pedrini et al., 2011)
A figura 7 apresenta parte dos vinte táxons identificados na trilha marinha. A 7ª à
esquerda representa a alga calcária vermelha Amphiroa sp. e a figura 7b à direita a
alga verde Ulva fasciata com os marimbas que são peixes herbívoros identificados
como Diplodeus argenteus
1285
Figura 7: A 7ª à esquerda representa a alga calcária vermelha Amphiroa sp. e a figura 7b à
direita a alga verde Ulva fasciata com os marimbás que são peixes herbívoros identificados
como Diplodeus argenteus (transcrito de Pedrini et al., 2011).
Caracterizada
sua
geobiodiversidade
marinha
foram
selecionados
os
organismos que serviriam como atrativos ecoturísticos. Em paralelo, Tunala et al.
(2013) monitoraram a presença de banhistas e mergulhadores com ‘snorkel” e seus
efeitos físicos. Alguns deles são ilustrados pelas figuras 8ª, 8b e 8c.
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Figura 8 – 8ª: Turista adolescente estrangeiro importunando animais vágeis como caranguejos;
8b: banhista sentado sobre algas; 8c: banhistas pisoteando algas, além de sua presença física,
incomodando peixes territorialistas como o marimbá. (transcrito de Pedrini et al., 2011).
Tunala et al. (2013) identificaram um total de 232 eventos sobre os organismos,
traduzindo-se por: a) 106 pisoteios (46%); b) 68 toques (29%); c) 55 ressuspensões de
sedimento fino (24%); d) 3 arrancamentos (1%). Esses eventos foram intencionais em
76% das ações voluntárias e 24% involuntárias. Os impactos negativos mais
frequentes, tanto voluntária quanto involuntariamente, foram: a) pisoteios em
exemplares da rodófita ereta calcária de Amphiroa anastomosans e no coral
Mussismilia hispida; b) os toques nos cnidários Phyllogorgia dilatata e Palythoa
caribaeorum e em exemplares da ocrófita ereta Sargassum sp. A maioria absoluta
(75%) dos impactos negativos totais foi de toque e pisoteio nos organismos presentes
na trilha.
3. Conclusão
As trilhas marinhas tanto para utilização pedagógica como ecoturística vêm sendo
utilizadas timidamente no Brasil, sendo relatadas em apenas oito publicações. Há
métodos desenvolvidos no Brasil para planejar de modo participativo uma trilha e para
monitorá-las, identificando os impactos antrópicos. As trilhas marinhas relatadas
situam-se essencialmente na região sul e sudeste brasileiros. Elas estão sendo
utilizadas majoritariamente no contexto do ecoturismo marinho como recurso
interpretativo.
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Agradecimentos
Ao prof. Dr. Carlos Hiroo Saito da Universidade Nacional de Brasília pela
revisão do texto. À Comissão Organizadora do II Congresso Nacional de
Planejamento e Trilhas realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro
em outubro de 2013 pelo convite para nele participar. A FAPERJ pelo auxílio
concedido e ao CEBIO/IBRAG pelo apoio laboratorial. Ao Flávio "Zen" pelo
Resumen.
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