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VERSÃO IMPRESSA https://www.opovo.com.br/jornal/opiniao/2019/05/20/governo -e-educacao.html Governo e educação 21/05/2019 02:14:36 Martonio Mont'Alverne Barreto Lima Professor doutor da Universidade de Fortaleza - Unifor barreto@unifor.br A eleição de Bolsonaro não representou o brasileiro de classes sociais C e D; representou o brasileiro conservador destas classes. Não representou o brasileiro que claramente queria projetar-se além de seu limite econômico e social, mas aquele que esperava consolidar o que já tinha. Formado o governo, que esperava mandar pela religião, foi por ela mandado; planejava celebrar e dominar investigação e justiça, começa a ser pela investigação dominado; "se rebelou contra seus próprios políticos e escritores"; estes já mostraram nesta semana do que são capazes, após grandes manifestações. Um governo constituído em sua grande maioria de despreparados em todos os sentidos - o quê inclui o presidente -, de perturbados por ideias de um astrólogo, de aproveitadores que apenas esperam futuros cargos e de profetas pentecostais jamais se conciliaria com a ciência e educação. Ao contrário: tem na ciência e educação os primeiros inimigos. Se a universidade brasileira é tão ruim, indicadores internacionais nada significam para este soez agrupamento. Sua visão destrutiva do saber e dos processos de formação da ciência representa o contrário do que nossa Constituição estabelece, por exemplo, no seu art. 219, ao incentivar e ressaltar o papel da ciência e tecnologia, do mercado interno e do bem estar social. Este foi o caminho trilhado por qualquer país do capitalismo desenvolvido. Até isso são incapazes de assimilar. Entregam o País ao acaso de vontades estrangeiras, as quais, como se sabe, não virão em favor dos interesses nacionais. Chegamos, em tão curto tempo, ao fundo do poço, sem ter vivido o apogeu. Não havia como dar certo. Hoje, aqui e acolá, do coro dos arrependidos já se ouve as primeiras lamúrias. Simploriamente, dirão que erraram e pedirão desculpas, como quem esquece de dizer "por favor". Amarguradas celebridades, jornalistas, intelectuais e políticos sabiam da dimensão do erro que cometeram e que tanto ajudaram a construir. Tinham perfeita noção e por isso não há como receberem perdão, como nos adverte a boa literatura: "o perdão encoraja o pecador".