II – Desenvolvimento Sustentável
DESAFIOS: Revista Interdisciplinar da Universidade Federal do Tocantins – V. 2 – n. 01. p. 97-108, jul/dez. 2015.
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2359-3652.2015v2n1p97
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
MUNICIPAL
ENVIRONMENTAL EDUCATION IN SUSTAINABLE DEVELOPMENT MUNICIPAL
Aluísio Vasconcelos de Carvalho
Universidade Federal do Tocantins- UFT
RESUMO
A preocupação ecológica alcançou vários espaços na sociedade, atingindo também as
administrações públicas, sendo uma resposta às pressões exercidas por organizações
internacionais, como também pela própria sociedade, cobrando o cumprimento das
legislações, buscando desenvolver uma melhor qualidade ambiental e promover nas
municipalidades reações que busquem respostas para essas exigências porque durante décadas
essa responsabilidade ambiental esteve centrada somente nas esferas governamentais federais
e estaduais. Entretanto, em 1997, Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), pela
resolução nº 237/ 1997, institui a avaliação dos impactos ambientais locais causados por
empreendimentos para competência dos municípios, que deve coordenar as ações,
desenvolvendo a educação ambiental para a compreensão e respeito da comunidade com o
meio ambiente, implantando normas que controlem a deterioração ambiental, possibilitando a
diminuição de áreas degradadas, assumindo assim a missão de estimular o desenvolvimento
sustentável local, com de equidade social, desenvolvimento econômico e proteção ambiental.
Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável, Educação Ambiental e Meio Ambiente.
ABSTRACT
The eco-friendliness achieved several spaces in society, also reaching the government as a
response to the pressures exerted by international organizations, but also by society itself,
demanding compliance with the legislation, seeking to develop better environmental quality
and promote the municipalities reactions that seek answers to these requirements because for
decades that environmental responsibility was focused only on federal and state government
levels. However, in 1997, the National Environmental Council (CONAMA), by Resolution
No. 237/1997, establishing the evaluation of local environmental impacts of projects for
competence of municipalities, which must coordinate actions, developing environmental
education for understanding and community respect for the environment, implementing
regulations to control environmental deterioration, enabling a reduction of degraded areas,
thus taking the mission to stimulate local sustainable development with social equity,
economic development and environmental protection.
Keywords: Sustainable Development, Environmental Education and Environment.
Recebido em 30/09/2015. Aceito em 27/10/2015. Publicado em 18/01/2016.
INTRODUÇÃO
A ecologia é um assunto amplamente discutido em todo mundo, com experiências
exitosas em vários países, envolvendo meio ambiente, desenvolvimento sustentável e manejo
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de recursos naturais renováveis, entretanto sabe-se que uma pequena parcela da população
possui desses conhecimentos, compreendendo sobre ecossistemas e sua importância na
localidade onde vive, como também para o planeta.
Portanto, necessita-se que esse conhecimento seja não somente ampliado, como
também divulgado,
empoderando
todas as camadas
sociais
dessas
informações,
desenvolvendo uma cultura e consciência ecológica, que possam reverter o processo de
degradação progressiva que muitas comunidades brasileiras vivem hoje.
Estudos da década de 1990 já destacavam problemas ambientais, que hoje estão
agravados, e apesar de velhos desafios, pouco se entendia sobre suas origens e
desenvolvimento, posto que a preocupação sempre se fundamentou na relação do
desenvolvimento urbano e industrial com o meio ambiente e a ecologia, mas atualmente
compreende-se o importante papel que a sociedade mobilizada e com conhecimento pode ter
no controle dessa deterioração ambiental.
Essa preocupação está estimulando novos estudos, pesquisas e debates sobre a
temática do meio ambiente, desenvolvimento sustentável, manejo dos recursos renováveis,
preocupando em envolver os vários atores sociais nessa discussão, inclusive as administrações
municipais, estaduais e federais, no processo de corresponsabilização entre comunidade e
poder público para a proteção do meio ambiente e ecossistemas, principalmente as
municipalidades, para desenvolvimento de um modelo de gestão que assegure a preservação
ambiental.
O papel das administrações públicas municipais na preservação do meio ambiente
inicia na compreensão dos ecossistemas que estão envolvidas e responsabilizadas, a partir de
uma análise das questões ambientais que precisa de atenção, destacando as principais ações
que norteiam as políticas e legislações ambientais existentes, garantindo a preservação do
meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.
1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL E O MEIO AMBIENTE
As questões ambientais que a administração pública municipal precisa conhecer e
intervir envolvem as necessidades existente nos ecossistemas e no local de sua
responsabilidade, para tanto, existem políticas ambientais que orientam essa intervenção,
envolvendo: promoção da educação ambiental, planejamento da matriz energética, controle
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dos tipos de poluição, gerenciamento das licenças ambientais, controle dos impactos
ambientais e suas consequências econômicas para o município (SCHNEIDER, 2009).
Figura 01: Esquema de Proteção Ambiental e promoção do desenvolvimento sustentável (adaptado de
SCHNEIDER, 2009).
Figure 01: Environmental Protection Scheme and promoting sustainable development (adapted from
SCHNEIDER , 2009).
1.1 ECOSSISTEMA
É fundamental que todos compreendam melhor o significado que o ecossistema possui
para a vida humana no planeta, porque há uma infinidade de usos irracionais do meio
ambiente, colocando em risco não somente a qualidade, mas a própria manutenção da vida,
podendo tornar-se incompatível com a realidade ecológica da qual o planeta está sofrendo. O
ecossistema significa um local (área) com organismos vivos (bióticos), que interagem com o
ambiente físico (abióticos) onde habitam, produzindo fluxo de energia, ciclagem de materiais,
e inúmeras possibilidades de combinações entre esses fatores animados e inanimados de
forma harmônica e equilibrada, garantindo a manutenção deste (CEBDS, 2006).
Cada ecossistema contém uma comunidade de plantas e animais (biocenose) e um
ambiente físico (biótipo) formando uma identidade própria, com componentes bióticos e
abióticos em equilíbrio com o meio ambiente, produzindo estabilidade, correspondendo
essencialmente, às relações de alimentação entre essas populações e os ritmos dos fatores
ecológicos. Qualquer desequilíbrio nesse ecossistema ocasiona diversos problemas, como a
ameaça de extinção de várias espécies por todo o planeta devido a ecossistemas ameaçados
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pela poluição, mas sempre de origem antrópica, além da constante ocupação humana
desordenada, exaurindo recursos, tanto os renováveis, como os perenes (CEBDS, 2006;
LAYRARGUES, 2002).
1.2 A QUESTÃO AMBIENTAL NAS ADMINISTRAÇÕES MUNICIPAIS
As questões ambientais desde o final do século passado estão em constante discussão
devido a crescente e progressiva degradação que vem ocorrendo na natureza, como a poluição
do ar (atmosfera), dos solos (litosfera) e das águas (hidrosfera), atingindo consequentemente,
a qualidade de vida dos seres viventes (biosfera), tanto nas cidades, como no campo,
intrinsecamente ligada ao mau gerenciamento ambiental do setor privado (falta de fiscalização
e punições), como também do setor público (baixa capacidade técnica e falta de vontade
política) (SCHNEIDER, 2009).
Portanto, é preciso que as Administrações Públicas Municipais criem um grupo
específico na municipalidade para tratar das questões do meio ambiente, se possível uma
secretaria específica, para que haja um grupo profissional técnico especializado e experiente
para resolver problemas, propor soluções e implementar ações eficientes e eficazes, dentro de
um planejamento adequado, viabilizando políticas públicas que controlem o impacto
ambiental gerado pela realização de projetos, tanto do setor público quanto do privado, na
localidade de sua responsabilidade, desenvolvendo na população a consciência, conhecimento
e mobilização para a preservação dos ecossistemas e desenvolvimento sustentável das
populações locais (SILVA et al., 2005).
1.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA GESTÃO PÚBLICA
O Desenvolvimento Sustentável surgiu a partir da preocupação com as mudanças
climáticas através dos estudos realizados pela ONU- Organização das Nações Unidas,
definindo o conceito de desenvolvimento Sustentável como aquele que atende as necessidades
do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas
próprias necessidades (BARBOSA,2008).
O desenvolvimento sustentável possui três finalidades principais: sociais, econômicas
e ecológicas, caracterizadas da seguinte forma quando a administração pública está envolvida
(SCHNEIDER, 2009):
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a) Social- moradia, educação, lazer e saúde;
b) Econômico- produção, acesso aos bens de consumo e emprego;
c) Ecológico- preservação do meio ambiente.
O Desenvolvimento Sustentável busca satisfazer as necessidades humanas, como as
necessidades básicas, como: alimento, educação, segurança, habitação, emprego, saúde, entre
outras, mas o indivíduo também busca uma melhor qualidade de vida de forma geral,
compreendendo que este é um aspecto de percepção individual, que sofre influência cultural e
regional (SILVA et al., 2005).
Quando essas necessidades são atendidas de forma efetiva e os atores percebem que
suas necessidades básicas estão satisfeitas, proporcionando oportunidades de concretizar
aspirações de forma igualitária para que a possibilidade de uma vida melhor seja real, o
caminho para o desenvolvimento sustentável está sendo trilhado (SCHNEIDER, 2009).
Portanto, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação, onde
exploração dos recursos, investimentos, desenvolvimento tecnológico e mudanças
institucionais se harmonizam, para que haja reforço dos potenciais no tempo presente, a fim
de atender às necessidades e aspirações humanas durante o tempo vindouro.
1.4 SISTEMA MUNICIPAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
Para que a Administração Pública Municipal possa criar um sistema de proteção
ambiental é preciso envolver órgãos da municipalidade e entidades do próprio município,
integrando também entidades de pesquisa, que estudem os recursos naturais, proteção e
melhoria da qualidade ambiental, planejamento, controle, e fiscalização das atividades que
afetam o meio ambiente; aplicação de normas ambientais e as ações não governamentais no
meio ambiente (SCHNEIDER, 2009). Esse Sistema Municipal de Proteção Ambiental é
composto por:
a) Conselho Municipal do Meio Ambiente- órgão colegiado de caráter consultivo,
deliberativo e normativo, responsável pela Política Municipal do Meio Ambiente e
outros planos da área ambiental no município;
b) Unidade Administrativa da Prefeitura para o Meio Ambiente, que pode ser: Secretaria,
Diretoria,
Departamento
ou
Seção,
órgão
da
Prefeitura,
responsável
acompanhamento da Política Municipal do Meio Ambiente no município;
[101]
pelo
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c) Demais Secretarias Municipais e organismos da administração, direta e indireta, como
também as instituições governamentais e não governamentais, que atuam de alguma
forma com o meio ambiente no âmbito municipal.
d) Órgãos responsáveis pela gestão dos recursos ambientais, preservação e conservação do
meio ambiente e execução da fiscalização das normas de proteção ambiental.
2. POLÍTICA AMBIENTAL E ESTRATÉGIAS PARA SUA IMPLEMENTAÇÃO
A política ambiental depende do envolvimento e sensibilização da comunidade com os
aspectos e questões ambientais, além da disponibilidade de recursos financeiros, técnicos e
humanos para sua efetiva implantação. Essa sensibilização da comunidade é necessária
porque demarca o nível de poluição socialmente aceitável, isto é, o quanto a sociedade se
sente incomodada com a poluição, além do quanto de recursos que está disposta a investir
para melhorar esse meio ambiente (TORRESI et al., 2010; LAYRARGUES, 2002).
Essa sensibilização da comunidade se comporta de forma diferente entre regiões
geográficas e classes sociais, porque envolve crenças, ideologias, culturas e conflitos de
interesses, de modo que atinja os setores público e privado, sociedade civil e militar, além das
organizações não governamentais (SILVA et al., 2011).
Políticas ambientais possuem diferentes objetivos, podendo ser classificadas como:
a) Política de Segurança Mínima - com objetivo de garantir a segurança sobre riscos e
acidentes ecológicos, evitando as repercussões sobre a saúde da população, geralmente
adotada em locais com recursos orçamentários e técnicos restritos, com pouca
sensibilização da comunidade à questão ambiental;
b) Política de Crescimento Ecologicamente Sustentável- baseia-se na gestão racional dos
recursos com perspectiva a longo prazo, evitando custos ecológicos desnecessários, com
ênfase na prevenção, com cálculo probabilístico de riscos, desenvolvimento científicotecnológico e acesso à informação, sendo comum em localidades que já avançaram no
campo da política ambiental;
c) Política de Modernização pela Qualidade Total- tem o intuito de utilizar o meio ambiente
como elemento de imagem social, para redução das desigualdades sociais e melhoria da
segurança. Geralmente desenvolvido em localidades onde se compreende o meio
ambiente além da precondição de crescimento em longo prazo, mas como um bem a ser
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valorizado na política global da qualidade, atingindo não somente o nível ecológico,
mas também os níveis econômico e social.
Os principais instrumentos da política ambiental são os de comando e controle,
definidos como um conjunto de regulamentos e normas regulamentados pelo governo, com
objetivo de influenciar diretamente as atitudes dos que são responsáveis pela poluição, para
tanto, utiliza de estratégias de eco-desenvolvimento, destacando: Desenvolvimento
Tecnológico; Planejamento Energético; Planejamento Regional e Urbano; Educação
Ambiental (TORRESI et al., 2010).
2.1 PLANEJAMENTO ENERGÉTICO
O desenvolvimento sustentável perpassa pelo desafio da matriz energética renovável,
fundamental para o progresso humano, porém de grandes custos ambientais associados aos
diversos tipos de geração de energia, sabendo-se que o aumento populacional clama pelo
aumento da geração de energia, de forma progressiva. Entretanto, o Brasil já possui uma
matriz energética implantada, que independe da vontade dos gestores municipais (SILVA et
al., 2011).
A economia brasileira está fundamentada numa infraestrutura altamente dependente
dos combustíveis fósseis, a chamada energia suja, que devido sua historicidade e dependência
econômica do país, impede qualquer mudança brusca, porque resultaria em impactos
econômicos e políticos enormes, sobretudo para os parques industriais que existem nas
regiões mais desenvolvidas dos estados (SILVA et al., 2011; JACOBI, 2003).
No custo da produção energética precisam estar inclusos também os custos ambientais
de sua produção, para tanto, é preciso que haja uma reorientação da matriz energética
nacional para uma política de recursos racional e coerente, com um planejamento futuro mais
amplo, fundamentada em três pilares (TORRESI et al., 2010):
a) Maior eficiência energética.
b) Combinação sustentável entre fontes de energia e padrões de consumo.
c) Estratégia energética de longo prazo.
Para conseguir manter, e até mesmo ampliar os ganhos reais e atuais de rendimento
energético que o Brasil possui hoje, a administração pública precisa transformar a necessidade
energética em objetivo de seus planos de governo, com uma política de fixação de preços para
os consumidores, porque é uma estratégia segura, viável de forma ambiental, como também
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econômica, capaz de manter o progresso de forma permanente e prolongada, sendo imperioso
o empenho político, adjunto a uma cooperação inter-institucional, para que seja exequível
(SILVA et al., 2011).
2.2 CONTROLE DA POLUIÇÃO
A poluição ocorre quando há qualquer alteração que mude as características originais
de um determinado ambiente. A principal poluição é a litosférica (terra), sendo o ser humano
sua causa mais evidente, mas também existe a origem natural da poluição, que geralmente é
causada por fenômenos naturais, como: erupções vulcânicas, furacões e tornados, temporais
de chuva, tsunamis, terremotos, entre outros (ROS-TONEN, 2007).
Existe também a poluição atmosférica (ar) e hidrosférica (águas), que representam
sérios problemas à saúde humana e dos outros seres vivos, causando grandes desequilíbrios
nos ecossistemas. As causas mais comuns desses tipos de poluição são: por agrotóxicos e
produtos químicos, por esgotos, térmica, industrial, como também as de origem natural,
como: tsunamis, maremotos, erupções vulcânicas, entre outros (BARBIERI, 2010).
A redução dos poluentes para concentrações não prejudiciais melhorariam a qualidade
de vida das populações, para tanto, é preciso que as administrações públicas façam
investimentos em tecnologia e equipamentos adequados, criando e implantando um plano de
gerenciamento de resíduos, realizando fiscalização rigorosa, para que fossem amenizados os
efeitos negativos da poluição no meio ambiente (ROS-TONEN, 2007).
2.3 MANEJO DE RESÍDUOS URBANOS
O manejo e destino adequado de resíduos urbanos (comerciais, domiciliares e
industriais) é um grande desafio para as administrações públicas municipais e para o
desenvolvimento sustentável, pois envolve questões ambientais, econômicas e sociais, muitas
com graves consequências. Exige-se posicionamento avançado e crítico da municipalidade
frente às situações que forem encontradas, para serem identificadas as alternativas viáveis e
adequadas de acordo com a realidade que o município possui, dentre as várias formas de
gerenciamento de resíduos urbanos, como a reciclagem e compostagem (ROS-TONEN, 2007;
FIGUEIREDO, 1995).
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A Lei de Crimes Ambientais nº 9605 de 1998 representou enorme avanço, porque
desperta a sociedade para o exercício da cidadania, fomentando a idéia de que a qualidade de
vida depende da preservação do meio ambiente, para tanto, aquele que causar poluição de
qualquer natureza em níveis tais que resultem, ou possam resultar, em danos à saúde humana,
ou que provoquem mortandade de animais ou destruição da flora, serão punidos com a pena
de reclusão de 01 a 05 anos, da mesma forma, a pichação de bens públicos e realização de
grandes obras sem o estudo de impacto ambiental, recebem o mesmo tratamento criminal
(BARBIERI, 2010).
3. AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE IMPACTOS AMBIENTAIS
A avaliação sócio-econômica em projetos de investimento precisa atribuir valores a
seus bens naturais, são eles a qualidade do ar e da água, potencial turístico, patrimônios
históricos, entre outros, que apesar de ter valor para a sociedade, para o mercado em si não
consegue ser expresso, mas que precisa de mecanismos adequados para estimar seu valor
social (ROS-TONEN, 2007).
É complicado medir o valor recreacional de um determinado bem público para seus
usuários, para tanto é preciso utilizar métodos das preferências reveladas, medidas a partir do
comportamento dos consumidores, sendo conhecidos como métodos de avaliação extramercado, utilizados em projetos de tecnologia de infra-estrutura urbana são os denominados
de Avaliação Contingente e Preços Hedônicos, buscando entender o real valor para a
comunidade que habita aquele ambiente (BARBIERI, 2010).
O Método de Avaliação Contingente consiste em compreender o quanto de
investimento uma determinada comunidade está disposta a investir para melhorias ambientais
ou pela instalação de determinados serviços, podendo assim derivar estimativas dos
benefícios e determinar o preço a pagar, ou seja, valor que a população alvo de um projeto
estaria disposta a pagar para usufruir dos benefícios gerados pela implantação do mesmo
(ROS-TONEN, 2007).
Em relação ao Método dos Preços Hedônicos, primeiramente foi experimentado nas
construções de índices de preços ajustados por mudanças de qualidade, pois é um método que
se refere a um tipo essencial de mercado, onde o preço reflete a quantidade de atributos que o
bem em questão possui, quanto maior os atributos, maior o preço a eles atribuídos
(BARBIERI, 2010).
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Um exemplo desse método ocorre quando se tenta medir o custo de um dano ou
benefício ambiental, através da plotagem do efeito da qualidade do meio ambiente sobre o
preço da propriedade, considerando-se o impacto ambiental como componente integrado no
desenvolvimento desses projetos, facilitando o processo decisório (BARBIERI, 2010; JACOBI,
2003).
4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Os problemas que a sociedade está enfrentando com o meio ambiente resultam, em sua
maioria, em grandes problemas que levam um efeito cascata devido a práticas econômicas
insustentáveis, que determinam situações de escassez, distribuição irregular de benefícios,
dificultando acesso das comunidades aos recursos naturais, além do risco ao equilíbrio
ambiental, às condições de vida, e, sobretudo, às condições de vulnerabilidade social e
econômica da própria população (BRASIL, 2004; SATO, 2004).
Para que a Administrações Públicas Municipais consigam mudar essa realidade,
necessitam mobilizar a sua comunidade, integrando-a a um planejamento que promova
educação ambiental, visando promover diálogo entre a comunidade e os projetos e ações
ambientais, ou em defesa do meio ambiente, desenvolvidos nos municípios, num enfoque
educativo que identifique multiplicadores dessas idéias em meio a comunidade, para que esse
conhecimento socioambiental transforme-os em educadores para a sustentabilidade (BRASIL,
2004; LOUREIRO et al., 2002).
Compreende-se, assim, que a educação ambiental ocorre mediante a interação de
ações que conciliam desenvolvimento e preservação ambiental, com melhoria da qualidade de
vida de uma comunidade, tratando de questões críticas, pontuando causas e inter-relações
numa perspectiva sistêmica, identificando os contextos sociais e históricos, dentre outros
aspectos como: população, saúde, cultura da paz, direitos humanos, democracia, fome,
degradação da flora e da fauna, entre outros, com intuito de incentivar as comunidades a
viverem em harmonia com a natureza, mobilizando os cidadãos à prevenção de problemas
ambientais, e compreender a relação dinâmica entre ecossistemas naturais e sistemas sociais
(LOUREIRO et al.,2002).
Neste sentido, as mudanças que as administrações públicas promovem em meios aos
esforços, transforma-os em municípios educadores sustentáveis, cidades focadas na
construção da sustentabilidade socioambiental, utilizando como ferramenta a educação
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ambiental, viabilizando medidas para a formação de cidadãos a atuarem cotidianamente na
construção de meios, espaços e processos para tornar realidade a sustentabilidade,
comprovando que políticas ambientais idealizadas nas administrações federal ou estadual,
aproximem-se do município, que compartilha o poder de decisão numa gestão ambiental
pública coletiva com sua comunidade (BRASIL, 2004).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O meio ambiente e o desenvolvimento sustentável estão intimamente interligados e
interdependentes, o desenvolvimento depende de como os recursos naturais são utilizados, se
o planejamento de crescimento urbano tem como base a proteção do meio ambiente
entendendo-se, assim, que são temáticas que as administrações públicas não podem tratar de
forma dicotomizada, principalmente as municipalidades, onde os impactos ambientais são
realmente sentidos pela comunidade.
O Desenvolvimento Sustentável indica caminhos que integram políticas ambientais e
estratégias de desenvolvimento, com objetivo a atender necessidades que acontecem agora,
mas sempre com o cuidado no futuro, vislumbrando riscos que envolvam crescimento
econômico e prejuízo ambiental. Para tanto, as Administrações Públicas Municipais devem
orientar seu trabalho ambiental para fomentar o Desenvolvimento Sustentável, manejando o
crescimento econômico com a proteção ecológica, entendendo que a proteção ao meio
ambiente é inerente ao conceito de desenvolvimento sustentável.
Para tanto, as Administrações Públicas podem se tornar em Municípios Educadores
Sustentáveis, porque as transformações que precisam fomentar dependem diretamente do uso
da Educação Ambiental como ferramenta para o Desenvolvimento Sustentável, e assim
mobilizar a comunidade, tanto coletiva, como individual, para a consciência ecológica e
proteção ambiental, encontrando em meio aos cidadãos aqueles que podem exercer a função
de multiplicadores de todas essas idéias, que não somente acreditam, mas que também fazem
acreditar.
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Aluísio Vasconcelos de Carvalho
Graduado em biologia- licenciatura pelo CEULP/ULBRA, especialista em Educação
Ambiental e Desenvolvimento Sustentável (Verbo Educacional), mestrando em Ciências do
Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins.
E-mail: aluisiovasconcelos@gmail.com
Endereço: Instituto Educacional Santa Catarina/Faculdade Guaraí, Instituto Educacional Santa
Catarina/Faculdade Guaraí. Avenida JK nº 2541 - Setor Universitário CEP: 77700000 Guaraí, TO - Brasil
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