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ÍNDICE 1. ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS............... 04 1.1. Introdução .................................................................................. 04 1.2. Balanço Patrimonial .................................................................... 04 1.2.1. Ativo Circulante ................................................................... 05 1.2.2. Ativo Realizável a Longo Prazo ............................................ 06 1.2.3. Ativo Permanente ................................................................. 06 1.2.4. Passivo Circulante ................................................................ 07 1.2.5. Passivo Exigível a Longo Prazo ............................................. 07 1.2.6. Realizável a Longo Prazo ...................................................... 07 1.2.7. Patrimônio Líquido ............................................................... 08 1.3. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) .......................... 08 1.3.1. Receita Bruta e Receita Líquida de Vendas e Serviços ............ 09 1.3.2. Custo dos Produtos Vendidos e dos Serviços Prestados .......... 09 1.3.3. Despesas de Vendas e Administrativas ................................... 10 1.3.4. Despesas Financeiras ............................................................ 10 1.3.5. Outras Receitas/Despesas Operacionais ................................... 11 1.3.6. Receitas/Despesas Não-Operacionais ..................................... 11 1.3.7. Saldo da Conta de Correção Monetária ................................. 11 1.3.8. Provisão para Imposto de Renda ........................................... 11 1.3.9. Lucro Líquido do Exercício .................................................. 11 1.3.10. Lucro por Ação .................................................................. 11 1.4. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados ...................... 12 1.4.1. Ajustes de Exercícios Anteriores ........................................... 13 1.4.2. Correção Monetária e Dividendos Extraordinários ................. 13 1.4.3. Valor dos Lucros Incorporados ao Capital ............................. 13 1.4.4. Reversões de Reservas ......................................................... 13 1.4.5. Lucro/Prejuízo Líquido do Exercício .................................... 13 1.5. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido ..................... 13 1.6. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) ...... 14 2. ANÁLISE DE BALANÇOS ............................................................... 16 2.1. Objetivos e Conteúdo da Análise de Balanços ............................... 16 2.2. Enquadramento do Balanço para Análise ...................................... 16 2.3. Técnicas de análise de Balanços ................................................... 18 2.4. Estática e Dinâmica Patrimonial ..................................................... 19 2.4.1. Estática Patrimonial ..................................................................19 2.4.2. Dinâmica Patrimonial ............................................................... 21 3. ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL .......................................... 23 3.1. Análise Horizontal ....................................................................... 23 3.1.1. Análise Horizontal com Base Negativa ................................... 24 3.1.2. Interpretações Básicas da Análise Horizontal .......................... 25 3.2. Análise Vertical ........................................................................... 28 4. ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES .................................................. 31 4.1. Introdução ................................................................................... 31 4.2. Índices de Estrutura de Capitais .................................................... 31 4.2.1. Participação de Capitais de Terceiros ..................................... 31 4.2.2. Composição d Endividamento ............................................... 32 4.2.3. Imobilização do Patrimônio Líquido ...................................... 33 4.2.4. Imobilização dos Recursos Não-Correntes ............................. 33 4.3. Índices de Liquidez ..................................................................... 35 4.3.1. Liquidez Geral ..................................................................... 35 4.3.2. Liquidez Corrente ................................................................ 36 4.3.3. Liquidez Seca ...................................................................... 37 4.4. Índices de Rentabilidade .............................................................. 37 4.4.1. Giro do Ativo ....................................................................... 38 4.4.2. Margem Líquida .................................................................. 39 4.4.3. Rentabilidade do Ativo ......................................................... 39 4.4.4. Rentabilidade do Patrimônio Líquido .................................... 40 4.5. Quadro-resumo dos Índices ............................................................ 42 PROGRAMA BIBLIOGRAFIA Capítulo 1 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 1.1 Introdução “As demonstrações financeiras (balanços) são utilizadas pelos administradores para prestar contas sobre aspectos públicos de responsabilidade da empresa, perante acionistas, credores, governo e a comunidade em geral. Têm, portanto, por objetivo revelar, a pessoas interessadas, as informações sobre o patrimônio e os resultados da empresa, a fim de possibilitar o conhecimento e a análise de sua situação econômico-financeira”. BRAGA, Hugo Rocha. 1990. A preparação das demonstrações financeiras é de responsabilidade da administração da empresa, e, para assegurar-se de que foram seguidos os procedimentos contábeis adequados e que as demonstrações financeiras apresentadas inspiram confiabilidade, os administradores geralmente contratam os serviços de auditoria externa independente, que examinam as práticas utilizadas. As demonstrações financeiras exigidas pela legislação societária são as seguintes: a) balanço patrimonial; b) demonstração do resultado do exercício; c) demonstração de lucros ou prejuízos acumulados; d) demonstração de origens e aplicação de recursos. 1.2 Balanço Patrimonial O balanço patrimonial tem por objetivo demonstrar a situação do patrimônio da empresa, em determinada data - normalmente ao término de cada exercício social. Ele traduz a situação econômico-financeira em que se encontra a empresa. Estrutura Básica do Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Disponível Passivo Exigível a Longo Prazo Aplicações financeiras Resultados de Exercícios Futuros Valores a receber a curto prazo Patrimônio Líquido Estoques Capital social Despesas antecipadas Reservas de capital Ativo Realizável a Longo Prazo Reservas de reavaliação Ativo Permanente Reservas de lucros Investimentos Lucros ou prejuízos acumulados Imobilizado Diferido Depreciação, amortização e exaustão No ativo relacionam-se todas as aplicações de recursos efetuadas pela empresa. Por outro lado, o passivo identifica a origem de todos os recursos levantados pela empresa, podendo estes serem próprios (patrimônio líquido), ou não próprios (passivo exigível). Com relação aos termos curto prazo e longo prazo, a legislação baseou-se no exercício social da empresa. Assim, todos os direitos e obrigações vencíveis no exercício seguinte ao encerramento do balanço serão classificados como curto prazo. Caso contrário, serão considerados como longo prazo. Entretanto, se o ciclo operacional da empresa apresentar duração superior ao seu exercício social, os termos curto e longo prazo abedecerão ao prazo de duração desse ciclo (caso de atividades na pecuária, por exemplo). 1.2.1 Ativo Circulante São considerados como ativo circulante, todas as contas de grande rotação. Assim, todas as contas de liquidez imediata, ou que se convertem em dinheiro a curto prazo, são classificadas neste grupo. Disponível : inclui as contas de maior grau de liquidez do ativo. É constituído pelas disponibilidades imediatas da empresa, como dinheiro em caixa, cheques recebidos e ainda não depositados e saldos de depósitos bancários movimentáveis a vista. Aplicações Financeiras: referem-se às aplicações em títulos e valores mobiliários resgatáveis a curto prazo. Podem ser efetuadas em letras de câmbio, CDB, RDB, debêntures, ações, ouro etc. Realizável a Curto Prazo: consideram-se como recebível ou realizável a curto prazo a vendas a prazo (de produtos, mercadorias ou serviços) a clientes e os valores a receber provenientes das demais transações efetuadas pela empresa. Estoques: representa o montante apurado nos diversos inventários da empresa. Despesas Antecipadas: são considerados nesse subgrupo todos os recursos aplicados em itens que proporcionarão serviços ou benefícios durante o exercício social seguinte, ou seja, são despesas pagas antecipadamente e ainda não incorridas. 1.2.2 Ativo Realizável a Longo Prazo Nesse grupo devem ser relacionados todos os direitos da empresa cujas contas possuem natureza idêntica à do ativo circulante, porém, realizáveis após o término do exercício seguinte ao encerramento do balanço. Nota Sobre o Realizável a Longo Prazo Uma empresa possui tipicamente dois tipos de investimentos: 1 - um para a instalação de sua capacidade produtiva (imóveis, máquinas e equipamentos etc.) ou comercial (lojas, depósitos, veículos etc.); 2 - o outro é o investimento em giro que compreende os estoques, contas a receber, o disponível e outros valores realizáveis dentro do ciclo dos negócios que surgem naturalmente. Em condições normais, não sobra espaço para o Realizável a Longo Prazo. Quando surgem, geralmente são investimentos em títulos a receber a longo prazo ou resgate de obrigações com a Eletrobrás etc. Assim, o Realizável a Longo Prazo é irrelevante para a análise de balanços. 1.2.3 Ativo Permanente Entre os grupos de contas do ativo, o ativo permanente é o que apresenta o menor grau de liquidez. São aplicações de recursos em elementos que se destinem ao uso por prazo indeterminado, ou que a empresa não tenha a intenção de alienar e, ainda, as aplicações em despesas que serão apropriadas aos resultados de mais de um exercício social. Investimentos: são as contas ou recursos que não se destinam à manutenção da atividade da empresa ou à negociações. São as participações societárias de caracter permanente, as aplicações em terrenos para futura expansão da empresa etc. Ativo Imobilizado: neste subgrupo são classificados os direitos que tenham por objetivo bens destinados à manutenção das atividades da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial. Diferido: são as contas representativas de despesas incorridas em determinado exercício mas que participarão da formação do resultado da empresa em mais de um período. Gastos com P&D é um exemplo desse tipo de conta. Depreciação, Amortização e Exaustão: procedimento utilizado para diluição de custos com o objetivo de recuperar gastos efetuados em imobilizações em virtude de seu desgaste físico, tecnológico e financeiro. Dessa maneira, os custos são diluídos distribuindo-os pelo período de vida útil econômica de cada elemento do ativo permanente. 1.2.4 Passivo Circulante No passivo circulante estão relacionadas todas as obrigações a curto prazo da empresa, isto é, aquelas cujos vencimentos ocorrerão até o final do exercício social seguinte ao do encerramento do balanço. 1.2.5 Passivo Exigível a Longo Prazo Neste subgrupo classificam-se todas as obrigações da empresa cujo vencimento ocorrerá após o término do exercício seguinte ao encerramento do balanço. 1.2.6 Resultados de Exercícios Futuros Representado por receitas recebidas pela empresa e que devam ser reconhecidas nos resultados em exercícios futuros. Caracterizam-se pelo fato de não haver qualquer obrigação de devolver dinheiro, entregar um bem ou prestar um serviço que implique em esforço adicional ou em ônus ou sacrifício significativo para os ativos da empresa beneficiária. Exemplo dessas contas são aluguéis recebidos antecipadamente, por força de dispositivo contratual, comissões ou taxas de aberturas de crédito nas instituições financeiras etc. 1.2.7 Patrimônio Líquido Representa a identidade contábil medida pela diferença entre o total do ativo e os grupos do passivo exigível e resultados de exercícios futuros. Em outras palavras, indica o volume dos recursos próprios da empresa, pertencente aos seus acionistas ou sócios. Capital Social (ou Realizado): o capital social inclui os valores investidos pelos acionistas ou sócios da sociedade (integralização de capital), ou aqueles gerados pela própria empresa (lucros), e que não foram distribuídos, por deliberação de seus proprietários, sob a forma de dividendos. Reservas de Capital: constituem reservas de capital os ganhos obtidos pela empresa não decorrente de suas operações normais, principais ou eventuais. O registro em uma reserva de capital representa um ingresso efetivo de recursos no ativo da empresa. Exemplos são doações e subvenções (subsídios), lucros retidos etc. Reservas de Reavaliação: representam as contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos de ativos em virtude de novas avaliações. Reservas de Lucros: indicam os lucros retidos da empresa com finalidades específicas. Lucros ou Prejuízos Acumulados: lucros acumulados representam o valor que resta do resultado líquido do exercício após terem sido decididas as diversas destinações para reservas de lucros ou distribuição de dividendos. Os prejuízos acumulados, conceitualmente semelhantes aos lucros acumulados, são considerados como elemento de retificação do patrimônio líquido, reduzindo o seu valor. 1.3 Demonstração do Resultado do Exercício A demonstração do resultado do exercício busca apresentar, de maneira sintática e esquematizada, os resultados (lucro ou prejuízo) obtidos pela empresa em determinado exercício social, em função da exploração das suas atividades operacionais. O lucro (ou prejuízo) é resultante do confronto de receitas, custos e despesas incorridos pela empresa no período considerado. Estrutura da demonstração do resultado do exercício RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS (-) Deduções, descontos concedidos, devoluções (-) Impostos sobre vendas (=) RECEITA LÍQUIDA (-) Custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados (=) LUCRO BRUTO (-) Despesas de vendas (-) Despesas administrativas (±) Receitas / Despesas financeiras (-) Outras despesas operacionais (+) Outras receitas operacionais (=) LUCRO OPERACIONAL (-) Despesas não-operacionais (+) Receitas não-operacionais (±) Saldo da conta de correção monetária (=) LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (-) Provisão para imposto de renda (=) LUCRO LÍQUIDO ANTES DE PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES (-) Participações (-) Contribuições (=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO (=) LUCRO POR AÇÃO 1.3.1 Receita Bruta e Receita Líquida de Vendas e Serviços Receita bruta refere-se ao valor nominal total das vendas de bens ou dos serviços prestados pela empresa, antes de qualquer dedução. Da receita bruta devem ser deduzidos diversos valores que efetivamente não pertencem à empresa, tais como impostos (ICMS, IPI etc.), descontos e abatimentos, devoluções de mercadorias etc. Após as deduções obtém-se a receita líquida. Os descontos e abatimentos são os valores diminuídos das vendas à clientes em razão de defeitos observados no produto vendido, diferentes dos descontos dados por pagamentos antecipados, que são considerados como despesas financeiras. Devoluções referem-se aos cancelamentos de vendas. 1.3.2 Custo dos Produtos Vendidos e dos Serviços Prestados Custo dos produtos vendidos representa todos os custos incorridos pela empresa em seu processo de fabricação ou prestação de serviços. Em empresas comerciais identifica-se o custo da mercadoria vendida. Estes custos são lançados através dos seus valores históricos de aquisição ou produção. Custo de produção é definido para produtos acabados e em elaboração e custo de aquisição é definido para produtos usados na produção (matéria-prima, embalagens etc.) e adquiridos para revenda. A determinação do custo dos produtos vendidos (CPV), adotado em empresas industriais, é obtida da seguinte maneira: Estoque inicial de produtos acabados xxxxxx (+) Custo de produção total do período Existência inicial de produtos em elaboração xxxxx (+) Custos primários (mão-de-obra direta e material direto) xxxxx (+) Custos indiretos de fabricação xxxxx (-) Existência final de produtos em elaboração xxxxx xxxxxx (-) Estoque final de produtos acabados xxxxxx (=) Custo de fabricação dos produtos vendidos (CPV) xxxxxx O custo da mercadoria vendida (CMV), adotado para as empresas comerciais, é obtido da seguinte forma: Estoque de mercadorias existente no início do período xxxxxx (+) Compras de mercadorias efetuadas no período xxxxxx (-) Estoque de mercadorias existente no final do período xxxxxx (=) Custo da mercadoria vendida (CMV) xxxxxx 1.3.3 Despesas de Vendas e Administrativas São despesas oriundas da promoção, distribuição e venda de produtos ou mercadorias da empresa, e da gestão (administração) de seus negócios. Constam nas despesas de vendas, as comissões sobre vendas, salários dos vendedores e do pessoal relacionado a vendas, encargos sociais, promoção e publicidade etc. As despesas administrativas incluem salários do pessoal da administração, encargos sociais, honorários da diretoria, despesas legais e judiciais, material de escritório etc. 1.3.4 Receitas e Despesas Financeiras Refere-se a quaisquer despesas ou receitas financeiras incorridas pela empresa no seu exercício social, sendo que as despesas deverão ser deduzidas das receitas. 1.3.5 Outras Receitas / Despesas Operacionais Referem-se aos itens que nem sempre se enquadram no conceito correto de operacional, isto é, não são provenientes da atividade principal da empresa. Exemplos: dividendos recebidos de investimentos, receitas de vendas de sucatas etc. 1.3.6 Receitas / Despesas Não-Operacionais Integram esse grupo as perdas e ganhos de capital provenientes de prejuízos ou lucros nas baixas ou vendas de ativo permanente, entre outros. 1.3.7 Saldo da Conta de Correção Monetária Representa a contrapartida da correção efetuada no ativo permanente e patrimônio líquido. Se a correção do ativo permanente for superior à do patrimônio líquido, tem-se um saldo credor, ou seja, receita de correção monetária. Caso contrário, um saldo devedor (despesa de correção monetária). 1.3.8 Provisão para Imposto de Renda Refere-se ao valor calculado e deduzido do lucro (Lucro Real ou Lucro Antes do Imposto de Renda - LAIR), obtido no mesmo exercício. 1.3.9 Lucro Líquido do Exercício O lucro líquido do exercício é obtido após as deduções de participações e contribuições do lucro remanescente depois de deduzida a provisão para imposto de renda. Essas deduções referem-se às participações de empregados, administradores e partes beneficiárias (acionistas ou não, com direito de participação no lucro por benefícios prestados à empresa), assim como às contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados. 1.3.10 Lucro Por Ação O lucro por ação (LPA) é o montante do lucro (ou prejuízo) líquido do exercício por ação do capital social, registrado normalmente logo após o resultado líquido do exercício. O LPA é apurado basicamente pela relação entre o lucro (prejuízo) líquido do exercício com o número de ações emitidas pela empresa, ou seja: LPA = Lucro Líquido do Exercício Número de Ações 1.4 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados A demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (DLPA) retrata as movimentações ocorridas na conta de lucros (ou prejuízos) acumulados do patrimônio líquido durante o exercício social. De acordo com a lei societária, o lucro líquido do exercício pertence aos proprietários da empresa - sócios ou acionistas - e é repassado sob a forma de apropriação de lucros (reservas) ou mediante sua distribuição (dividendos). A apropriação consiste na utilização do lucro para aumento de capital e na constituição de reservas previstas em lei e no estatuto da empresa. Do mesmo modo, o estatuto da empresa deve estabelecer a maneira através da qual os dividendos serão distribuídos aos acionistas, suas respectivas bases e formas de cálculo. O objetivo da DLPA é, portanto, apresentar o saldo residual de lucros ou prejuízos, suas alterações durante o exercício e a destinação deste ao final de cada exercício social. Estrutura Básica da DLPA Saldo inicial da conta “lucros/Prejuízos Acumulados” (final do exercício anterior) (±) Ajustes de exercícios anteriores (+) Correção monetária do saldo inicial (-) Dividendos extraordinários (-) Valor dos lucros incorporado ao capital (+) Reversões de reservas (±) Lucro/Prejuízo líquido do exercício (=) Lucros/Prejuízos acumulados antes da proposta de destinação (-) Proposta de destinação do lucro Transferência para Reservas Reserva Legal Reservas Estatutárias Reservas para Contingências Reservas de Lucros a Realizar Outras Reservas de Lucros Dividendos Propostos (=) Saldo final da conta “Lucros/Prejuízos Acumulados” 1.4.1 Ajustes de Exercícios Anteriores Esses ajustes referem-se às mutações havidas em decorrência da alteração do critério contábil adotado pela empresa, ou a erros e omissões cometidos em exercícios anteriores. Ex.: mudança no critério de avaliação dos estoques, equívoco no cálculo para provisão para I.R. etc. 1.4.2 Correção Monetária e Dividendos Extraordinários Correção monetária refere-se à atualização do valor da conta “lucros ou prejuízos acumulados” do patrimônio líquido. E dividendos extraordinários são distribuições de lucros adicionais ao valor mínimo previsto nos estatutos da empresa. São também denominados “bonificações em dinheiro”. 1.4.3 Valor dos Lucros Incorporados ao Capital Refere-se à parcela dos lucros da sociedade que foi canalizada para aumento do capital social. 1.4.4 Reversões de Reservas Reversão de reservas é a reconversão da parcela do lucro líquido de exercícios anteriores que foram destinadas à constituição de reservas e que não justifica mais sua manutenção. 1.4.5 Lucro/Prejuízo Líquido do Exercício Representa o “lucro ou prejuízo antes de participações e contribuições” exatamente como apurado na DRE, e transferido diretamente para a demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados. 1.4.6 Proposta de Destinação do Lucro A proposta de destinação do lucro é feita pela direção da empresa à assembléia geral, e tem como objetivo a constituição de reservas de lucros e a distribuição de dividendos, devendo estes ser indicados pela sociedade. 1.5 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Este demonstrativo é mais abrangente que a DLPA (incluindo-a), podendo a sociedade optar pela sua elaboração ou não. O demonstrativo das mutações do patrimônio líquido (DMPL) abrange todas as contas do patrimônio líquido, identificando os fluxos ocorridos entre uma conta e outra e as variações (acréscimos ou diminuições) verificados no exercício. 1.6 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (Doar) Este demonstrativo é simplesmente a comparação de dois balanços patrimoniais consecutivos, os quais identificam as variações ocorridas na estrutura financeira da empresa durante o período considerado. O DOAR permite a identificação clara dos fluxos financeiros que aumentaram ou reduziram o capital circulante líquido (CCL = ativo circulante - passivo circulante), indicando suas origens e aplicações. Contas do ATIVO Contas do PASSIVO Aumento ................................... Aplicação Aumento ................................... Origem Diminuição ................................ Origem Diminuição ................................ Aplicação As principais fontes ou origens de recursos são as seguintes: a) Recursos provenientes das operações da empresa a.1) lucro líquido do exercício a.2) variação do resultado de exercícios futuros b) Recursos provenientes de sócios ou acionistas b.1) contribuições para aumento de capital . b.2) contribuições para reservas de capital c) Recursos provenientes da realização (redução) de ativos de longo prazo e permanente d) Recursos provenientes de capitais de terceiros a longo prazo As principais aplicações de recursos são as seguintes: a) Recursos aplicados nas operações b) Recursos aplicados na remuneração de sócios ou acionistas c) Recursos aplicados na aquisição de ativos de longo prazo e permanente d) Recursos aplicados na redução de obrigações de longo prazo e) Recursos aplicados na redução de capitais próprios Estrutura Básica da DOAR 1. ORIGENS Lucro/Prejuízo Líquido do Exercício Receitas/Despesas que não afetam o capital circulante líquido Aumento do capital social por integralização Contribuição para reservas de capital (ágios, doações etc.) Aumento do passivo exigível a longo prazo Redução no ativo realizável a longo prazo Alienação de ativo permanente TOTAL DAS ORIGENS 2. APLICAÇÕES Dividendos propostos Aquisição de ativo imobilizado Aumento de ativo realizável a longo prazo Redução no passivo exigível a longo prazo TOTAL DAS APLICAÇÕES 3. AUMENTO OU REDUÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO Total das Origens - Total das Aplicações 4. VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO Ativo Circulante (saldo no início do exercício) (-) Passivo Circulante (saldo no início do exercício) Ativo Circulante (saldo no fim do exercício) (-) Passivo Circulante (saldo no fim do exercício) Variação no Ativo Circulante (-) Variação no Passivo Circulante Capital Circulante Líquido (saldo no início do exercício) Capital Circulante Líquido (saldo no fim do exercício) Variação no Capital Circulante Líquido Capítulo 2 ANÁLISE DE BALANÇOS 2.1 Objetivos e Conteúdo da Análise de Balanços A análise de balanços visa extrair das demonstrações financeiras publicadas pela empresa, uma série de informações e conclusões sobre a sua posição financeira e econômica atual, as causas que determinaram a evolução apresentada, e as tendências futuras (projeção). Os objetivos de uma análise das demonstrações financeiras de uma empresa podem ser os mais variados possíveis, dependendo das necessidades de cada usuário dessas informações. Os usuários mais importantes de uma análise de balanços são os fornecedores, clientes, intermediários financeiros, acionistas, concorrentes, governo e os seus próprios administradores. Através das informações contidas nas demonstrações financeiras, aliadas à sua experiência e intuição, o analista extrai suas conclusões a respeito da situação econômico-financeira da empresa, e toma decisões (se o analista for interno) ou influencia decisões (se o analista for externo à empresa analisada) com relação a conceder ou não crédito, investir em seu capital acionário, alterar determinada política financeira, avaliar se a empresa está sendo bem administrada, identificar sua capacidade de solvência (estimar se vai falir ou não), avaliar se é uma empresa lucrativa e se tem condições de saldar suas dívidas com recursos gerados internamente etc. 2.2 Enquadramento do Balanço para Análise O balanço patrimonial, da maneira que é apresentado para fins legais, apresenta certa complexidade em algumas de suas contas, no que diz respeito a um tratamento para fins de análise. Assim, é necessário o reagrupamento de algumas contas, com o objetivo de tornar o demonstrativo mais homogêneo e menos complexo para a análise. Além disso, certos itens do balanço podem não refletir exatamente o montante lançado. Por exemplo, alguma parte dos estoques poderá ter-se deteriorado ou perdido totalmente seu valor intrínseco e, consequentemente, o de mercado. Assim, são necessários alguns ajustes no balanço, a fim de que se enquadrem com maior realismo às exigências e aos objetivos da análise. Os principais ajustes aos balanços publicados são os seguintes: por representar efetivamente recursos próprios da empresa, o grupo “resultados de exercícios futuros” se incorporará ao “patrimônio líquido” da empresa; alguns analistas deduzem do “patrimônio líquido” da empresa o “ativo diferido” em razão de representar despesas contraídas e já liquidadas, as quais afetarão os “resultados de exercícios subsequentes”; apesar de serem tomadas como retificadoras do ativo, as “duplicatas descontadas” são mais bem consideradas, para efeitos de análise, no “passivo circulante”. Representam, rigorosamente, obrigação financeira da empresa devendo, portanto, ser tratadas como tal. Exemplo: Considere o balanço patrimonial da Cia “ABC”, referente ao exercício social encerrado em 31/12/1996, conforme o quadro abaixo. ATIVO R$ mil PASSIVO R$ mil ATIVO CIRCULANTE 3.450 PASSIVO CIRCULANTE 2.400 Disponível 500 Fornecedores 1.900 Valores a Receber 1.150 Outras Exigibilidades de Curto Prazo 500 (-) Duplicatas Descontadas (400) EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 3.050 Estoques 2.200 Financiamentos 3.050 ATIVO PERMANENTE 9.000 RESULTADOS DE EXERC. FUTUROS 1.100 Investimentos 1.200 Imobilizado (valor líquido) 7.800 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 5.900 Capital Social 4.400 Reservas 2.100 Ações em Tesouraria (600) TOTAL 12.450 TOATL 12.450 Informações Adicionais a) do total do disponível, R$ 200 mil referem-se a aplicação em CDB, cujo vencimento ocorrerá em 1997, e não possui liquidez imediata; b) as vendas a prazo realizadas pela empresa em 1996 atingiram um montante de R$ 600 mil, não se efetuando nenhuma provisão no período. Um estudo mais detalhado, no entanto, revelou a possibilidade de não serem recebidos 1,5% dessas vendas. A partir dos valores e informações apresentados, o balanço ajustado apresenta-se de acordo com o quadro abaixo. ATIVO R$ mil PASSIVO R$ mil ATIVO CIRCULANTE 3.841 PASSIVO CIRCULANTE 2.800 Disponível (R$ 500 - R$ 200) 300 Fornecedores 1.900 Aplicações Financeiras 200 Duplicatas Descontadas 400 Valores a Receber (R$ 1.150 - R$ 9)* 1.141 Outras Exigibilidades de Curto Prazo 500 Estoques 2.200 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 3.050 Financiamentos 3.050 ATIVO PERMANENTE 9.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 6.991 Investimentos 1.200 Capital Social 4.400 Imobilizado (valor líquido) 7.800 Reservas 2.100 (-) Provisão p/ Devedores Duvidosos (9) * R$ 1.150 - R$ 600 x 1,5 % Resultados de Exercícios Futuros 1.100 (-) Ações em Tesouraria (600) TOTAL 12.841 TOATL 12.841 Explicações das Variações Foram deduzidos R$ 200 mil do disponível por se tratar de títulos a receber no exercício seguinte (1997), e assim enquadrados como Aplicações Financeiras no ativo circulante; Para dar maior credibilidade aos resultados das demonstrações contábeis, deve ser criada a provisão para devedores duvidosos. Em consequência disso, onera-se o ativo circulante e o patrimônio líquido; a conta “duplicatas descontadas” foi deslocada para o passivo circulante, pois configura-se mais precisamente uma dívida de curto prazo da empresa. Por outro lado, os valores constantes de “Resultados de Exercícios Futuros” foram incorporados ao “Patrimônio Líquido” por representarem efetivamente recursos próprios. 2.3 Técnicas de Análise de Balanços As principais técnicas de análise de balanços são: a) Análise Horizontal b) Análise Vertical c) Método dos Quocientes (ou Índices) A seguir, nos próximos capítulos trataremos destes três tipos de técnicas de análise de balanços. 2.4 Estática e Dinâmica Patrimonial Antes de estudarmos cada um dos métodos de análise, devemos conhecer dois aspectos importantes do patrimônio: o aspecto econômico e o aspecto financeiro. O aspecto econômico envolve o rendimento que o Capital aplicado na empresa proporciona aos seus investidores, enquanto que o aspecto financeiro envolve a capacidade da empresa de poder saldar os compromissos assumidos junto a terceiros (isto é, sua liquidez). A situação financeira da empresa é evidenciada através do Balanço Patrimonial (estática patrimonial), enquanto a situação econômica é ressaltada pela Demonstração do Resultado do Exercício (dinâmica patrimonial). 2.4.1 Estática Patrimonial Conforme estudamos, o Passivo mostra as origens dos capitais que estão à disposição da empresa; o Ativo mostra em que esses capitais foram aplicados. Os investimentos efetuados no Ativo em bens circulantes (disponibilidades, contas a receber, estoques etc.) e em bens não-circulantes (móveis e utensílios, veículos, equipamentos etc.) devem ser efetuados em proporções adequadas ao ramo de atividade da empresa. Os investimentos no Ativo Permanente efetuados por uma empresa de transporte coletivo, por exemplo, são bem maiores do que os investimentos efetuados por uma empresa comercial que consegue gerir o seu negócio com poucos bens de uso. Por outro lado, deve haver também uma proporção adequada entre os Capitais Próprios e os Capitais de Terceiros investidos na empresa. Enfim, a comparação desses e de outros dados, como a relação entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, entre o Ativo Circulante mais o Realizável a Longo Prazo e o Passivo Circulante mais o Exigível a Longo Prazo, pode ser analisada através do Balanço Patrimonial. Veja o seguinte Balanço Patrimonial: ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Caixa 2.000 Fornecedores 7.000 Clientes 8.000 Contas a Pagar 2.000 Estoques 10.000 TOTAL 9.000 TOTAL 20.000 Ativo Permanente Patrimônio Líquido Computadores 2.000 Capital 15.000 Móveis e Utensílios 5.000 Lucros Acumulados 3.000 TOTAL 7.000 TOTAL 18.000 TOTAL DO ATIVO 27.000 TOTAL DO PASSIVO 27.000 Veja como a situação estática do patrimônio fornece dados para interpretação: · O Capital Total à disposição da empresa é de R$ 27.000, sendo que R$ 18.000 (66,66%) correspondem a Capitais Próprios e R$ 9.000 (33,33%) correspondem a Capitais de Terceiros. · Os Capitais Próprios estão assim compostos: a) financiados pelos titulares = R$ 15.000 (83,33%); b) decorrentes da evolução normal da empresa = R$ 3.000 (16,66%). · Os Capitais de Terceiros, no valor de R$ 9.000, correspondem a débitos decorrentes do funcionamento normal da empresa - Fornecedores (compras de mercadorias a prazo) e Contas a Pagar (obrigações normais como impostos, luz, água, salários, aluguéis etc). · Os Capitais Totais à disposição da empresa foram aplicados no Ativo da seguinte maneira: a) no Ativo Permanente, em bens de uso, R$ 7.000, que equivalem a 25,92%; b) no Ativo Circulante - Capital Circulante, foram aplicados R$ 20.000, que correspondem a 74,08%. · O Ativo Permanente corresponde a 38,88% do Capital Próprio, o que significa que 61,22% desse Capital foram aplicados no Ativo Circulante. · O Ativo Circulante, que é de R$ 20.000, teve a seguinte origem: a) R$ 9.000 foram financiados com recursos de terceiros, pagáveis a curto prazo (Passivo Circulante), o que corresponde a 45%; b) R$ 11.000 foram financiados com recursos próprios (diferença entre o Patrimônio Líquido e o Ativo Permanente), correspondendo a 55%. · O Ativo Circulante, que é de R$ 20.000, corresponde a mais de 200% do Passivo Circulante, que totaliza R$ 9.000. · Dos R$ 10.000 de estoques, 70% foram comprados a prazo, pois há dívida a fornecedores no valor de R$ 7.000. · Os Valores a Receber de Clientes, que são de R$ 8.000, quase empatam com os Valores a Pagar a Fornecedores. 2.4.2 Dinâmica Patrimonial Através das contas que compõem a Demonstração do Resultado do Exercício, podemos visualizar as variações, ocorridas durante o exercício, que provocaram aumentos ou diminuições no Patrimônio Líquido. A análise das variações patrimoniais permite equiparar a rentabilidade obtida com o Capital investido na empresa. Observe a seguinte Demonstração do Resultado do Exercício: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Vendas Líquidas 30.000 Custo das Mercadorias Vendidas (12.000) Lucro Bruto 18.000 Despesas Operacionais: Despesas com Vendas 5.000 Despesas Financeiras 1.000 Despesas Gerais e Administrativas 8.000 (14.000) Lucro Operacional 4.000 Provisão para IR (1.000) Lucro Líquido do Exercício 3.000 · O C.M.V., que foi de R$ 12.000, corresponde a 40% da Receita com Vendas. · O Lucro Bruto, que foi de R$ 18.000, corresponde a 60% da Receita com Vendas. · As Despesas com as Vendas, que foram de R$ 5.000, correspondem a 16,66% da Receita com Vendas. · As Despesas Financeiras, que foram de R$ 1.000, correspondem a 3,33% da Recita com Vendas. · As Despesas Gerais e Administrativas, que foram de R$ 8.000, correspondem a 26,66% da Receita com Vendas. · O Lucro Operacional, que foi de R$ 4.000, corresponde a 13,33% da Receita com Vendas. · O Lucro Líquido do Exercício, que foi de R$ 3.000, corresponde a 10% da Receita co Vendas. Comparando os dados constantes da dinâmica com os da estática patrimonial, poderemos obter outros dados: · A Receita Líquida de Vendas, R$ 30.000, corresponde a 200% do valor do Capital Social da empresa, que é de R$ 15.000. · O Lucro Bruto corresponde a 120% do Capital Social. · O Lucro Líquido do Exercício, R$ 3.000, corresponde a 20% do Capital Social. Se a empresa continuar com este rendimento, ano a ano, em 5 anos dobrará o Capital investido. Capítulo 3 ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL 3.1 Análise Horizontal Análise horizontal é a comparação entre os valores de uma conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios sociais. O cálculo é feito de acordo com a seguinte expressão: No Índice (AH) = Vd x 100 Vb Vd ... valor da conta contábil em determinada data. Vb ... valor da conta contábil na data-base (data à qual se deseja comparar). Exemplo: Em R$ Milhões 1992 1993 1994 1995 Vendas 936.596 893.870 928.972 1.012.725 Lucro 28.194 20.793 41.527 47.840 Tomando como base o ano de 1982, temos: 1993 / 1992 Vendas = 893.870 x 100 = 95,4 936.596 Lucro = 20.793 x 100 = 73,7 28.194 1994 / 1992 Vendas = 928.972 x 100 = 99,2 936.596 Lucro = 41.527 x 100 = 147,3 28.194 1995 / 1992 Vendas = 1.012.725 x 100 = 108,1 936.596 Lucro = 47.840 x 100 = 169,7 28.194 Em R$ Milhões 1992 AH 1993 AH 1994 AH 1995 AH Vendas 936.596 100,0 893.870 95,4 928.972 99,2 1.012.725 108,1 Lucro 28.194 100,0 20.793 73,7 41.527 147,3 47.840 169,7 Observações queda nas vendas em 1993 de 4,6% em relação à 1992. queda nas vendas em 1994 de 0,8%, apesar de terem sido maiores que em 1993. aumento nas vendas em 1995 de 8,1%. lucros com queda de 26,3% em 1993 e aumentos de 47,3% em 1994 e 69,7% em 1995. Este tipo de análise horizontal é conhecido como análise horizontal encadeada, pois a comparação é feita sempre em relação à um ano-base, ou seja, um ano fixo. Uma outra forma de se efetuar a análise horizontal, é fazer a comparação do valor de um ano com o valor do ano anterior. Esta análise é conhecida como análise horizontal anual. Veja esta análise no quadro seguinte. 1992 1993 1994 1995 Vendas (%) --- 95,4 103,9 109,0 Lucro (%) --- 73,7 199,7 115,2 Observações nos dois últimos exercícios o lucro apresentou um desempenho superior ao das vendas. Isto pode denotar que os custos e despesas cresceram menos que o faturamento da empresa, promovendo maior economia e, consequentemente, lucros proporcionalmente mais representativos. O resultado inverso ocorreu em 1993. 3.1.1 Análise Horizontal com Base Negativa Em alguns casos, a magnitude do resultado calculado não reflete corretamente a evolução dos valores considerados, podendo levar, quando se fixa o estudo somente nas informações dos números-índices, a conclusões opostas ao que ocorreu efetivamente. Exemplo: Em R$ Mil 1992 1993 1994 1995 1996 1997 Lucro / Prejuízo + 2.600 - 1.300 - 2.080 - 500 + 3.380 + 5.000 Número-Índice (Base: exercício anterior) ------ = -1.300 x 100 2.600 = - 50,0 % = -2.080 x 100 -1.300 = + 160,0 % = - 500 x 100 - 2.080 = + 24,0 % = +3.380 x 100 - 500 = - 676,0 % = 5.000 x 100 3.380 = + 148,0 % - 150 % + 60 % - 76 % - 776 % + 48 % Observações 1993: queda no lucro de 150 % (- 50 - 100), levando ao prejuízo. 1994: aumento do prejuízo de 60 % (+ 160 - 100). 1995: queda no prejuízo de 76 % (+ 24 - 100). 1996: queda no prejuízo de 776 % (- 676 - 100), levando ao lucro. 1997: aumento do lucro em 48 % (+ 148 - 100). 3.1.2 Interpretações Básicas da Análise Horizontal É interessante, na análise horizontal do balanço, observar comparativamente os seguintes itens: a) evolução dos ativos e passivos de curto prazo: como resultado dessa comparação, pode-se avaliar a existência de certa folga financeira (liquidez de curto prazo), na eventualidade de os ativos circulantes terem crescido mais rapidamente que os passivos circulantes, ou de um aperto na liquidez, caso contrário. b) evolução do ativo permanente: conceitualmente, esse grupo patrimonial reflete a capacidade instalada de produção/vendas de uma empresa, devendo corresponder, um nível maior de investimentos em bens fixos produtivos, a um adequado crescimento de vendas. c) evolução da estrutura de capital: mais especificamente, procura-se nesse segmento da análise horizontal o conhecimento de como a empresa está financiando seus investimentos em ativos, isto é, se houve maior ou menor preferência por empréstimos/financiamentos em relação ao uso de capital próprio, se é visível algum desequilíbrio na estrutura de capital, notadamente pela preferência de um volume mais relevante de dívidas de curto prazo em relação a capitais de longo prazo etc. A análise horizontal das demonstrações do resultado busca verificar principalmente a evolução dos custos e despesas em relação ao volume de vendas e seus reflexos sobre os resultados do exercício. Por exemplo, uma evolução mais significativa das receitas de vendas em relação aos custos e despesas operacionais totais denota basicamente melhor desempenho na administração dos ativos da empresa, que pode ter sido obtida da seguinte maneira: redução do custo unitário causada por maior nível de produção e vendas. Nesses casos, a empresa soube melhorar sua estrutura de custos fixos, pois produziu mais com os mesmos recursos. aumento dos preços de vendas em percentuais proporcionalmente superiores ao aumento verificado nos custos. Exemplo Análise Horizontal do Balanço Patrimonial (Base: exercício anterior) ATIVO / PASSIVO 31-12-X1 R$ AH % 31-12-X2 R$ AH % 31-12-X3 R$ AH % Ativo Circulante 100.000 - 110.000 110,0 95.000 86,4 Realizável a Longo Prazo 160.000 - 184.000 115,0 192.000 104,3 Ativo Permanente 300.000 - 390.000 130,0 445.000 114,1 TOTAL 560.000 - 684.000 122,1 732.000 107,0 Passivo Circulante 70.000 - 90.300 129,0 106.400 117,8 Exigível a Longo Prazo 150.000 - 200.000 133,3 235.000 117,5 Patrimônio Líquido 340.000 - 393.700 115,8 390.600 99,2 Análise Horizontal da Demonstração de Resultados (Base: exercício anterior) 31-12-X1 R$ AH % 31-12-X2 R$ AH % 31-12-X3 R$ AH % Receitas de Vendas 830.000 - 1.260.000 151,8 2.050.000 162,7 CMV (524.167) - (840.500) 160,3 (1.593.600) 189,6 Lucro Bruto: 305.833 - 419.500 137,2 455.400 108,6 Despesas Operacionais (115.000) - (170.000) 147,8 (275.000) 161,8 Despesas Financeiras (88.000) - (140.000) 159,0 (186.000) 132,9 Lucro/Prejuízo “Oper.” 102.833 - 109.500 106,5 (5.600) (5,1) Correção Monetária (24.500) - (20.000) 81,6 (2.500) 12,5 Resultado Antes IR: 78.333 - 89.500 114,3 (8.100) (9,0) Provisão para IR (31.333) - (35.800) 114,3 - - . Lucro/Prejuízo Líquido: 47.000 - 53.700 114,3 (8.100) (15,0) A análise horizontal das demonstrações anteriores revela sensível queda na liquidez e lucratividade da empresa. As principais conclusões que podem se extraídas da análise efetuada são as seguintes: nos balanços é possível observar uma deterioração na capacidade de pagamento a curto prazo da empresa como consequência da evolução mais que proporcional de suas obrigações (passivo circulante) em relação às suas disponibilidades e valores realizáveis (ativo circulante). Note-se que, de ano para ano, está decaindo a diferença entre o ativo e o passivo circulante (capital circulante líquido - CCL), tanto em valores relativos como por valores absolutos proporcionando uma redução na liquidez. Em 19X3, essa diferença assume valores negativos. a participação dos recursos próprios (patrimônio líquido) na estrutura de financiamento da empresa vem proporcionalmente decaindo ao longo dos exercícios, notando-se um crescimento mais que proporcional das dívidas. No exercício de 19X3, enquanto as exigibilidades aumentaram em mais de 17%, o capital próprio decresceu em 0,8%, demonstrando maior dependência da empresa aos credores. Nos dois últimos exercícios considerados, os custos de venda da empresa apresentaram um crescimento maior que suas receitas, proporcionando uma redução na evolução do lucro bruto. Em outras palavras, em 19X2, para auferir um crescimento de 60,3% no lucro bruto, a empresa elevou suas vendas em 51,8%. No entanto, 19X3, para uma elevação de apenas 8,6% no lucro bruto, as receitas precisaram crescer 62,7%. As despesas operacionais e financeiras mantiveram no triênio uma evolução próxima à das receitas, não chegando a onerar o lucro com a mesma intensidade dos custos. Como consequência, o resultado líquido da empresa apresentou um crescimento moderado em 19X2, chegando a um prejuízo no exercício seguinte. Em resumo, pode-se concluir que os investimentos da empresa foram prioritariamente dirigidos para ativos de longo prazo, notadamente o ativo permanente, em detrimento dos itens circulantes. A sua estrutura de financiamento, além de atribuir maior preferência por fontes de terceiros, deu ainda grande destaque a dívidas de curto prazo. A participação do capital próprio, com moderado crescimento em 19X2, apresentou uma redução de 0,8% em 19X3. Estes aspectos envolvendo as decisões de investimento e financiamento da empresa, corroídos adicionalmente pelo fraco desempenho dos lucros, deslocou a cia. para uma área de pouca liquidez e lucratividade negativa. 3.2 Análise Vertical A análise vertical relaciona uma conta ou grupo de contas com um valor afim ou relacionável, identificado no mesmo demonstrativo. Assim, pode-se apurar facilmente a participação relativa de cada item contábil no ativo, no passivo ou na demonstração de resultados, e sua evolução no tempo. AV = Vc x 100 Vr Vc ... valor da conta ou grupo de conta que se quer comparar. Vr ... valor de referência relacionável ao qual se quer comparar a conta em questão. Exemplo Análise Vertical do Balanço Patrimonial ATIVO / PASSIVO 31-12-X1 R$ AV % 31-12-X2 R$ AV % 31-12-X3 R$ AV % Ativo Circulante 100.000 17,8 110.000 16,1 95.000 13,0 Realizável a Longo Prazo 160.000 28,6 184.000 26,9 192.000 26,2 Ativo Permanente 300.000 53,6 390.000 57,0 445.000 60,8 TOTAL 560.000 100,0 684.000 100,0 732.000 100,0 Passivo Circulante 70.000 12,5 90.300 13,2 106.400 14,5 Exigível a Longo Prazo 150.000 26,8 200.000 29,2 235.000 32,1 Patrimônio Líquido 340.000 60,7 393.700 57,6 390.600 53,4 Análise Vertical da Demonstração de Resultados (Base: exercício anterior) 31-12-X1 R$ AV % 31-12-X2 R$ AV % 31-12-X3 R$ AV % Receitas de Vendas 830.000 100,0 1.260.000 100,0 2.050.000 100,0 CMV (524.167) 63,2 (840.500) 66,7 (1.593.600) 77,7 Lucro Bruto: 305.833 36,8 419.500 33,7 455.400 22,2 Despesas Operacionais (115.000) 13,9 (170.000) 13,5 (275.000) 13,4 Despesas Financeiras (88.000) 10,6 (140.000) 11,1 (186.000) 9,1 Lucro/Prejuízo “Oper.” 102.833 12,4 109.500 8,7 (5.600) (0,3) Correção Monetária (24.500) 2,9 (20.000) 1,6 (2.500) 0,1 Resultado Antes IR: 78.333 9,5 89.500 7,1 (8.100) (0,4) Provisão para IR (31.333) 3,8 (35.800) 2,8 - - . Lucro/Prejuízo Líquido: 47.000 5,7 53.700 4,3 (8.100) (0,4) A partir da análise vertical efetuada anteriormente, conjuntamente com a análise horizontal, pode-se tirar as seguintes conclusões: os investimentos de curto prazo sofreram pequenas reduções no período, passando de 17,8% do total do ativo em 19X1, para 16,4% em 19X3. Em contrapartida, de forma desequilibrada, as dívidas de curto prazo apresentaram uma participação maior ao longo dos períodos. Em 19X1, 12,5% do total do financiamento da empresa era representado por passivo circulante, subindo para 14,5% em 19X3. Esta situação, conforme visto na AH, produziu uma redução na liquidez da empresa, devendo administrar um volume maior de dívidas vencíveis a curto prazo sem apresentar um incremento correspondente em seus ativos circulantes; o único grupo patrimonial que proporcionalmente cresceu ao longo dos anos foi o ativo permanente, o qual representava 53,6% dos investimentos em 19X1, crescendo para 60,8% em 19X3. Os demais grupos de contas do ativo sofreram decréscimos relativos nos exercícios. A maior preocupação por investimentos produtivos (permanentes) pode ser derivada do crescimento dos níveis de vendas da empresa, tendo atingido 51,8% em 19X2 em relação a 19X1, e 62,7% em 19X3 em relação a 19X2. da mesma forma, observa-se que em 19X1 60,7% dos ativos da empresa eram financiados por capital próprio. Em 19X3, esse percentual caiu para 53,4%, significando que a empresa deve a terceiros 46,6% (100,0% - 53,4%) de seus ativos. Em verdade, conforme comentou-se, a empresa não produziu melhores níveis de capitalização no período (maior participação de capital próprio), diminuindo inclusive a participação do patrimônio líquido. pela demonstração de resultados, confirma-se a necessidade de um volume maior de receitas de vendas para cobrir os custos. Em 19X1, 63,2% das vendas eram destinadas a reporem os custos incorridos, elevando-se para 66,7% em 19X2 e 77,7% em 19X3. Como consequência, reduz-se a parte das vendas que representa lucro bruto. Observa-se que a relação lucro bruto/receitas de vendas atingia 36,8% em 19X1, decaindo para 33,3% em 19X2 e 22,2% em 19X3. é de notar que, em consequência, apesar de haver ocorrido uma redução proporcional das despesas operacionais e financeiras na estrutura de resultados, a empresa teve de assumir um prejuízo de R$ 8.100 em 19X3. Nos exercícios de 19X1 e 19X2, apesar de ter apresentado um lucro líquido crescente em valores absolutos, houve uma redução proporcional às vendas. Assim, em 19X1, 5,7% das vendas eram transformadas em lucro líquido, despendendo-se 94,3% das receitas para cobertura dos custos e despesas. No exercício seguinte, no entanto, a empresa teve de usar um percentual maior das receitas de vendas para os custos e despesas, restando somente 4,3% como lucro líquido. Apesar de ter-se chegado a conclusões semelhantes com os resultados da análise horizontal e vertical, é importante que sejam utilizadas as duas análises a fim de melhor identificar as várias mutações sofridas por seus elementos contábeis. Capítulo 4 ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES 4.1 Introdução Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar aspectos da situação econômica ou financeira de uma empresa. Pode-se subdividir a análise das Demonstrações Financeiras em análise da situação financeira e análise da situação econômica. Ÿ Situação Financeira: - Estrutura de Capital; - Liquidez; Ÿ Situação Econômica: - Rentabilidade. 4.2 Índices de Estrutura de Capitais Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de obtenção e aplicação de recursos. Relaciona as fontes de recursos da empresa. 4.2.1 Participação de Capitais de Terceiros: CT PL Fórmula: Capitais de Terceiros x 100 Patrimônio Líquido Indica: quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada R$ 100 de capital próprio investido. Interpretação: quanto menor, melhor. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ CT (Passivo Circ. e Exigível a L. P.) 1.655.317 2.576.865 Ÿ Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185 Ÿ Índice de Participação de 1.655.317 = 154% 2.576.865 = 183% Capitais de Terceiros 1.070.861 1.407.185 Conclusão: Em X1, para cada R$100 de capital próprio (PL), a empresa tomou R$154 de capitais de terceiros e que, em X2, para cada R$100 próprios, tomou R$183 emprestados, piorando o seu endividamento. Esse aumento no endividamento fez com que diminuísse a liberdade de decisões financeiras da empresa, pois em X2 a proporção de capital de terceiros em relação ao patrimônio líquido é maior que em X1 Este índice também é conhecido como grau de endividamento, pois é um indicador de risco ou de dependência de terceiros por parte da empresa. Do ponto de vista estritamente financeiro, quanto maior a relação desses capitais menor a liberdade de decisões financeiras da empresa. É desse o ângulo que se deve interpretar esse índice. Entretanto, do ponto de vista de obtenção de lucro, pode ser vantajoso para a empresa trabalhar com capitais de terceiros, se a remuneração paga a esses capitais for menor do que o lucro conseguido com a sua aplicação nos negócios. 4.2.2 Composição do Endividamento: PC CT Fórmula: Passivo Circulante x 100 Capitais de Terceiros Indica: qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais. Interpretação: quanto menor, melhor. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 Ÿ Capitais de Terceiros 1.655.317 2.576.865 Ÿ Índice de Composição do 1.340.957 = 81% 1.406.077 = 54% Endividamento 1.655.317 2.576.865 Conclusão: Em X1 a empresa tinha 81% (mais de ¾) de suas dívidas vencíveis a curto prazo e em X2 este percentual caiu para 54% (quase metade), melhorando o “perfil de sua dívida”. 4.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido: AP PL Fórmula: Ativo Permanente x 100 Patrimônio Líquido Indica: quanto a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada R$100 de capital próprio (PL). Interpretação: quanto menor, melhor. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ Ativo Permanente 765.698 1.714.879 Ÿ Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.125 Ÿ Índice de Imobilização do 765.698 = 81% 1.714.879 = 121% Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.125 Conclusão: Os índices mostram que em X1, a empresa investiu no Ativo Permanente 81% do Patrimônio Líquido. Em X2 esse percentual subiu para 121%. Os 19% do PL restantes de 19X1 acham-se aplicados no Ativo Circulante. Essa parcela de 19% do P.L. é chamada de Capital Circulante Próprio. Então: CCP = PL - AP As aplicações dos recursos do Patrimônio Líquido são mutuamente exclusivas do Ativo Permanente e do Ativo Circulante. Quanto mais a empresa investir no AP, menos recursos próprios sobrarão para o AC e, em consequência, maior será a dependência a capitais de terceiros para o financiamento do AC. 4.2.4 Imobilização dos Recursos Não-Correntes: AP _ PL + ELP Fórmula: Ativo Permanente x 100 Patr. Líquido + Exig. a L.P. Indica: que percentual de recursos não-correntes a empresa aplicou no Ativo Permanente. Interpretação: quanto menor, melhor. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ Ativo Permanente 765.698 1.714.879 Ÿ Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo 1.070.861 + 314.360 1.407.125 + 1.170.788 Ÿ Índice de Imobilização do 765.698 = 55% 1.714.879 = 66% Patrimônio Líquido 1.385.221 2.577.973 Conclusão: Os índices mostram que a empresa destinou ao Ativo Permanente, respectivamente, em X1 e X2, 55% e 66% dos recursos não-correntes (recursos vencíveis a longo prazo). Os elementos do Ativo Permanente têm vida útil que pode ser de 2, 5, 10, 20 ou 50 anos. Assim, não é necessário financiar todo o Imobilizado com recursos próprios. É perfeitamente possível utilizar recursos de longo prazo, desde que o prazo seja compatível com o de duração do Imobilizado ou então que o prazo seja suficiente para a empresa gerar recursos capazes de resgatar as dívidas de longo prazo. A parcela de recursos não-correntes destinada ao Ativo Circulante é denominada Capital Circulante Líquido (CCL). O CCL representa a folga financeira a curto prazo, ou seja, financiamentos de que a empresa dispõe para o seu giro e que não serão cobrados a curto prazo. Então: CCL = PL + ELP - AP CCL = PL - AP + ELP CCL = CCP + ELP Em síntese, dois aspectos são importantes em relação ao CCL: a) A sua existência: a empresa deve imobilizar apenas parte dos recursos não-correntes, destinando a outra parte - chamada CCL - ao Ativo Circulante. b) A sua composição: o CCL pode ser formado de Capital Próprio e de Exigível a Longo Prazo. A curto prazo essa composição não afeta a capacidade de pagamento. A longo prazo surgem as diferenças, visto que o capital próprio não precisa ser pago, mas o exigível sim. Portanto, quanto maior a proporção de CCP melhor. A diferença entre ter e não ter CCP é: quem tem bom CCP goza da tranquilidaade de boa saúde financeira a curto e longo prazo; quem não tem bom CCP precisa, a curto prazo, consertar a situação com financiamentos e, a longo prazo, não pode ter certeza da manutenção da sua saúde financeira. 4.3 Índices de Liquidez Os índices desse grupo mostram a base da situação financeira da empresa. Não se deve confundir liquidez com capacidade de pagamento. Capacidade de pagamento está relacionada ao fluxo de caixa da empresa e liquidez procura medir quão sólida é a sua base financeira. 4.3.1 Liquidez Geral: LG Fórmula: Ativo Circulante + Realiz. a L. P. Passivo Circulante + Exig. a L. P. Indica: quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada R$1,00 de dívida total. Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ Ativo Circulante 1.960.480 2.269.171 Ÿ Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo 1.340.957 + 314.360 1.406.077 + 1.170.788 Ÿ Liquidez Geral 1.960.480 = 1,18 2.269.171 = 0,88 1.655.317 2.576.865 Conclusão: O índice em X1, igual a 1,18, indica que para cada R$1,00 de dívida a empresa tem R$1,18 de investimentos realizáveis a curto prazo, ou seja, consegue pagar todas as suas dívidas e ainda dispões de uma folga, excedente ou margem de 18% (ou de R$0,18 para cada R$1,00 de dívida). Esses 18% ocorrem graças ao Capital Circulante Próprio (CCP). Em X2, o Ativo Circulante tornou-se menor que o Exigível Total. Além do AC não contar com nada do PL (CCP), perdeu também parte dos Capitais de Terceiros. Assim, em X2, para cada R$1,00 de dívida existem de investimentos circulantes apenas R$0,88. Isto significa que a empresa deverá gerar recursos para pagar suas dívidas, pois os atuais recursos circulantes são insuficientes. 4.3.2 Liquidez Corrente: LC Fórmula: Ativo Circulante Passivo Circulante Indica: quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada R$1,00 de Passivo Circulante. Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ Ativo Circulante 1.960.480 2.269.171 Ÿ Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 Ÿ Liquidez Corrente 1.960.480 = 1,46 2.269.171 = 1,61 1.340.957 1.406.077 Conclusão: Nos dois exercícios, o Ativo Circulante é maior que o Passivo Circulante, e isso significa que os investimentos no Ativo Circulante são suficientes para cobrir as dívidas de curto prazo e ainda permitir uma folga de 46% e 61%, respectivamente, em X1 e X2.Assim, pode-se concluir que, quando a Liquidez Corrente é superior a 1, o excesso em relação a 1 deve-se à existência do Capital Circulante Líquido (CCL = AC - PC), ou seja, a empresa possui uma folga financeira. Esta folga permite à empresa manobrar mais tranquilamente seu caixa. Portanto, o CCL em X1 e X2, é, respectivamente, 46% e 61% do Passivo Circulante. Outro aspecto importante é que, apesar de investir todo o Patrimônio Líquido no Ativo Permanente, em 19X2 (ver Índice de Imobilização do PL), a empresa ainda fez crescer o índice de Liquidez Corrente de 1,46 para 1,61, tomando para tanto, recursos de longo prazo. 4.3.3 Liquidez Seca: LS Disponível + Aplic. Financeiras + Clientes Fórmula: de Rápida Conversibilidade em Dinheiro _ Passivo Circulante Indica: quanto a empresa possui no Ativo Líquido para cada R$1,00 de Passivo Circulante. Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ Disponível + Aplic. Financeiras + 163.634 + 107.224 + Clientes 1.045.640 1.122.512 Ÿ Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 Ÿ Liquidez Corrente 1.209.274 = 0,90 1.229.736 = 0,87 1.340.957 1.406.077 Conclusão: Em X1, a empresa conseguia pagar 90% de suas dívidas somente com o Disponível e as Duplicatas a Receber. Pode-se dizer que tinha boa “performance”. Em X2, com desempenho parecido, a empresa mantém uma boa situação financeira, com um índice de liquidez seca de 87% 4.4 Índices de Rentabilidade Os índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa. 4.4.1 Giro do Ativo: V_ AT Fórmula: Vendas Líquidas_ Ativo Total Indica: quanto a empresa vendeu para cada R$1,00 de investimento total. Interpretação: quanto maior, melhor. O sucesso de uma empresa depende em primeiro lugar de um volume de vendas adequado. E o volume de vendas tem relação direta com o montante de investimentos. Não se pode dizer se uma empresa está vendendo pouco ou muito olhando-se apenas para o valor absoluto de suas vendas. Este índice mede o volume de vendas da empresa em relação ao capital total investido. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ Vendas 4.793.123 4.425.866 Ÿ Ativo Total 2.726.178 3.984.050 Ÿ Giro do Ativo 4.793.123 = 1,76 4.425.866 = 1,11 2.726.178 3.984.050 Conclusão: A empresa vendeu, em 19X1, R$1,75 para cada R$1,00 investido: o volume de vendas atingiu 1,75 vezes o volume de investimentos. Em 19X2, houve queda acentuada do volume relativo de vendas: para cada R$1,00 investido a empresa vendeu R$1,11. O desempenho comercial da empresa não manteve em 19X2 o mesmo nível alcançado no ano anterior, o que pode ter diferentes causas: Ÿ Retração do mercado como um todo, diminuindo em geral as vendas; Ÿ Perda da participação de mercado para concorrentes; Ÿ Estratégia definida pela empresa, como diminuição de vendas através do aumento de preços etc. 4.4.2 Margem Líquida: LL V Fórmula: Lucro Líquido_ x 100 Vendas Líquidas Indica: quanto a empresa obtém de lucro para cada R$100 vendidos. Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ Vendas 4.793.123 4.425.866 Ÿ Lucro Líquido 223.741 167.116 Ÿ Margem Líquida 223.741 = 4,66% 167.116 _ = 3,77% 4.793.123 4.425.866 Conclusão: Como se vê, houve considerável queda na margem de lucro da empresa. Isto quer dizer que a empresa auferiu menor lucro e ganhou menos por unidade vendida. Para cada R$100 vendidos obteve R$4,66 de lucro em 19X1 e R$3,77 em 19X2. Dessa forma, a hipótese de a empresa ter diminuído vendas em função do aumento de preços e consequente margem de lucro, fica descartada. Logo, houve queda do seu volume relativo de vendas simultaneamente à queda da margem de lucro. 4.4.3 Rentabilidade do Ativo: LL AT Fórmula: Lucro Líquido_ x 100 Ativo Total Indica: quanto a empresa obtém de lucro para cada R$100 de investimento total. Interpretação: quanto maior, melhor. Este índice é uma medida do potencial de geração de lucro da parte da empresa para, assim, poder se capitalizar. É ainda uma medida do desempenho comparativo da empresa ano a ano. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ Lucro Líquido 223.741 167.116 Ÿ Ativo Total 2.726.178 3.984.050 Ÿ Rentabilidade do Ativo 223.741 = 8,20% 167.116 _ = 4,19% 2.726.178 3.984.050 Conclusão: Para cada R$100 investidos, a empresa ganhou R$8,20 em 19X1 e R$4,19 em 19X2. Houve, portanto, apreciável queda na rentabilidade do Ativo de um exercício para outro. Isto se deve à simultânea queda do Giro do Ativo (volume de vendas relativo) e da Margem Líquida (ganho por unidade vendida). 4.4.4 Rentabilidade do Patrimônio Líquido: LL PL Fórmula: Lucro Líquido _ x 100 Patrimônio Líquido Médio* * PL Médio = PL inicial + PL final 2 Indica: quanto a empresa obteve de lucro para cada R$100 de Capital Próprio investido. Interpretação: quanto maior, melhor. O papel do índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual a taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada com a de outros rendimentos alternativos no mercado, como Caderneta de Poupança, CDBs, Ações, Aluguéis, Fundos de Investimentos etc. Com isso se pode avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior a essas opções. Exemplo: 19X1 19X2 Ÿ Lucro Líquido 223.741 167.116 Ÿ Patrimônio Líquido Inicial 821.827 1.070.861 Ÿ Patrimônio Líquido Final 1.070.861 1.407.185 Ÿ Patrimônio Líquido Médio 946.344 1.239.023 Ÿ Rentabilidade do Patrimônio Líquido 223.741 = 23,64% 167.116 _ = 13,48% 946.344 1.234.023 Conclusão: Para cada R$100 de Capital Próprio investido, a empresa conseguiu R$23,64 de lucro em 19X1. A taxa de 23,64% é superior ao que oferecem os títulos de mercado, que oscilam em torno de 6%. Em 19X2, entretanto, ocorreu queda acentuada na rentabilidade da empresa, ficando em 13,48%. 4.5 Quadro-resumo dos Índices ÍNDICE FÓRMULA INDICA INTERPRET. Estrutura de Capital Ÿ Participação de Cap. de CT = Cap. Terc. x 100 Quanto a empresa tomou de Capitais de Qto menor, melhor Terc. (Endividamento) PL P. Líquido Terceiros para cada R$ 100 de Capital Próprio Ÿ Composição do PC = P. Circ. x 100 Qual o percentual de obrigações a curto prazo Qto menor, melhor Endividamento CT Cap. Terc. em relação às obrigações totais Ÿ Imobilização do Patr. AP = At. Perm. x 100 Quantos reais a empresa aplicou no Ativo Permanente. Qto menor, melhor Líquido PL P. Líquido para cada R$ 100 de Patrimônio Líquido Ÿ Imobilização dos Rec. AP = At. Perm. x 100 Que percentual dos Rec. Não-Correntes (PL + Qto menor, melhor não-Correntes PL+ELP P.L. + Ex. L.P. ELP) foi destinado ao Ativo Permanente Liquidez Ÿ Liquidez Geral LG = At. Circ. + Realiz. L.P. Quanto a empresa possui de At. Circ. + Realiz. Qto maior, melhor P. Circ. + Exig. a L.P. a L.P. para cada R$ 1 de dívida total Ÿ Liquidez Corrente LC = Ativo Circulante _ Quanto a empresa possui de Ativo Circulante Qto maior, melhor Passivo Circulante para cada R$ 1 de Passivo Circulante Ÿ Liquidez Seca LS = Ativo Circ. - Estoques Quanto a empresa possui de Ativo Líquido para Qto maior, melhor Passivo Circulante cada R$ 1 de Passivo Circulante Rentabilidade Ÿ Giro do Ativo V = Vendas Líquidas Quanto a empresa vendeu para cada R$ 1 Qto maior, melhor AT Ativo Total de Investimento Total Ÿ Margem Líquida LL = Lucro Líquido x 100 Quanto a empresa obtém de lucro para cada Qto maior, melhor V Vendas Líquidas R$ 100 vendidos Ÿ Rentab. do Ativo LL = Lucro Líquido x 100 Quanto a empresa obtém de lucro para cada Qto maior, melhor AT Ativo Total R$ 100 de Investimento Total Ÿ Rentabilidade do LL = Lucro Líquido x 100 Qto a empresa obtém de lucro para cada R$ 100 Qto maior, melhor Patr. Líquido PL Patrim. Líq. Médio de Cap. Próprio investido, em média, no exerc. PROGRAMA Unidade I - CONCEITOS E FINALIDADES DA ANÁLISE DE BALANÇOS I.1 - Estrutura das Demonstrações Financeiras I.2 - Objetivos e Conteúdo da Análise de Balanços I.3 - Métodos ou Técnicas de Análise de Balanços I.4 - Enquadramento do Balanço para Análise Unidade II - ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL I II.1 - Análise Horizontal II.2 - Análise Horizontal com Base Negativa II.3 - Interpretações Básicas da Análise Horizontal II.4 - Análise Vertical Unidade III - ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL II III.1 - Aplicação da Análise Vertical III.2 - Análise Horizontal e Vertical em Inflação III.3 - Correção Monetária dos Balanços para Análise III.4 - Correção Monetária das Demonstrações do Resultado para Análise Unidade IV - MÉTODO DOS QUOCIENTES (OU ÍNDICES) I IV.1 - Benefícios do Uso de Quocientes para Análise IV.2 - Quocientes de Liquidez e Endividamento IV.3 - Quocientes de Atividade (Rotação) IV.4 - Quocientes de Rentabilidade: O Retorno Sobre o Investimento (ROI) Unidade V - MÉTODO DOS QUOCIENTES (OU ÍNDICES) II V.1 - Outros Quocientes de Interesse V.2 - Comparação de Quocientes V.3 - Como Interpretar em Conjunto os Quocientes V.4 - Limitações da Análise de Quocientes Unidade VI - AVALIAÇÃO DE ÍNDICES ATRAVÉS DE PADRÕES VI.1 - Utilidade dos Índices-padrão. VI.2 - Construção de Índices-padrão. VI.3 - O Método de Construção dos Decis. VI.4 - Comparações com Ramos de Atividades. Bibliografia BRAGA, Hugo Rocha. Demonstrações Financeiras: estrutura, análise e interpretação. - 2.ed. - São Paulo: Atlas, 1990. ASSAF Neto, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econômico-financeiro - 3.ed. São Paulo: Atlas, 1987. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. - 2.ed. São Paulo: Atlas, 1978. MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial. - 4.ed. São Paulo: Atlas, 1997. RIBEIRO, Osni Moura. Estrutura e Análise de Balanços - fácil. - 5.ed. São Paulo: Ed. Saraiva. 1997. Estrutura e Análise de Balanços Estrutura e Análise de Balanços Estrutura e Análise de Balanços