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ESTUDO PRELIMINAR DA CADEIA PRODUTIVA TURISMO RURAL BRASIL ESTUDO PRELIMINAR DA CADEIA PRODUTIVA: TURISMO RURAL BRASIL IICA Brasil - Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura Andreia Roque. Brasilia, 2013. 1.Turismo Rural 2. Cadeia Produtiva 3. Agronegocio PREFÁCIO Um estudo sobre cadeia produtiva do turismo rural nasce com objetivos muito concretos: Fortalecer iniciativas de desenvolvimento sustentável; Prover conhecimento e informações técnicas: Aprimorar, meios, instrumentos e estratégias de intervenções; Democratizar as oportunidades econômicas, sociais e culturais entre outras possíveis ações. As atividades turísticas rurais são atividades turísticas, mas, também, são e devem ser consideradas atividades inerentes e agregadoras ao universo agroindustrial brasileiro, por isso, este estudo priorizou o reconhecimento de dados e análises das ações de mercado, a partir de levantamentos de informações do universo turístico rural, interagindo com análises, a partir da “Metodologia para Estudos das Relações de Mercado em Sistemas Agroindustriais”, formulada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura IICA, com a finalidade de identificar, analisar e acompanhar aspectos pouco conhecidos e avaliar possíveis cursos de ações. Estes aspectos consistem, basicamente, nas estruturas de governança e de mercado. Ao contrário do que muitos possam imaginar, é possível reconhecer atividades turísticas em espaços rurais desde a antigüidade. Porém, o entendimento destas como atividades produtivas, complementares às tradicionais atividades agropecuárias e geradoras de renda para o meio rural, aconteceu em decorrência dos primeiros resultados obtido nos estudos, sobre as transformações que envolveram o mundo rural nas últimas décadas. Particularmente, no que se refere à diversidade das formas de produção e reprodução do meio. De maneira geral, desde os anos 1950, as atividades turísticas são consideradas estratégias de desenvolvimento local em muitos países do norte e centro da Europa; a partir dos anos 1970, nos países do sul da Europa e Estados Unidos; na década de 1980, na Argentina, Uruguai e dos anos 1990 em diante, em alguns países do continente Africano, na Oceania e no Japão. No Brasil, as atividades turísticas no espaço rural brasileiro começaram a se desenvolver há aproximadamente 30 anos e, ainda, confundem-se em múltiplos conceitos. Em diferentes países, nas últimas décadas, assistiu-se a um incremento expressivo da destinação turística ao espaço rural. Todavia, existem distintas realidades frente às diversificações geomorfológicas dos espaços, situações econômicas, tradições e cultura local. No Brasil, a atividade vem se transformando em resposta aos planos de desenvolvimento e vem assumindo seu papel no mercado do turismo nacional, ofertando e negociando com grandes operadoras turísticas e agências de viagem. Pela natureza exploratória e pioneira, este estudo não tem a pretensão de ser definitivo, porém espera-se que a partir deste, novas políticas públicas, sociais, ambientais e de crédito venham a ser formuladas para a consolidação do negócio do turismo rural no Brasil. ÍNDICE 1. Introdução......................................................................................................05 2. Metodologia Adotada .....................................................................................07 3. O Marco Teórico..............................................................................................08 4. Distribuição Geográfica da Atividade.............................................................. 11 5. Marco Legal do Turismo Rural Brasileiro.......................................................... 27 6. Estudo da Cadeia Produtiva do Turismo Rural Brasileiro.................................. 30 7. Conclusões e Considerações...........................................................................37 8. Bibliografia......................................................................................................41 ESTUDO PRELIMINAR: CADEIA PRODUTIVA DO TURISMO RURAL BRASIL 1. INTRODUÇÃO A diversificação das atividades produtivas e comerciais do mundo rural, incluindo a agroindústria e o setor de serviços, é um dos sinais históricos mais relevantes do século XX, acentuado, nas últimas décadas, com a redução dos subsídios estatais, o fortalecimento da agricultura para o consumo interno, bem como, o fortalecimento das atividades econômicas pluriativas, entre elas, o turismo. Daí que, a geração das rendas rurais não-agrícolas (IRNAS) e de empregos rurais não-agrícolas (ERNAS) são categorias, que ao longo dos últimos anos, são comumente utilizadas para descrever a situação produtiva da ruralidade. Por sua vez, o turismo é uma atividade que sofre mudanças e inovações constantes, em função das novas exigências da demanda e da contínua e acirrada competitividade dos mercados. Em virtude dessa realidade, o setor, vêm seguindo uma tendência de especialização no que diz respeito à oferta de produtos cada vez mais segmentados com a finalidade de atender às necessidades de demandas específicas , dentre os quais, no o turismo rural, que despontou com incontestável potencial. O turismo rural é uma atividade dinâmica, em plena ascensão, com amplos desafios, que concentra cada vez mais, investidores, recursos e trabalhadores. Constitui uma cadeia natural produtiva que envolve, distintos atores e depende de serviços especializados, tais como, a hospedagem, alimentação, lazer, entre outros. Apresenta-se, como instrumento, que por si só, mobiliza diversos setores produtivos e contribui com a circulação de renda ao longo da cadeia de valor que protagoniza, com grande alcance social, que possibilita a diversificação e geração de empregos para diferentes segmentos da sociedade; Potencializa o reconhecimento dos atrativos rurais e reflete uma perspectiva esclarecedora do ambiente natural, rural e daqueles produtos feitos na roça. E tem seu crescimento explicado por duas razões: a necessidade que o produtor rural tem de diversificar sua fonte de renda e de agregar valor aos seus produtos, e a vontade dos moradores urbanos de reencontrar suas raízes, de conviver com a natureza, com os modos de vida, tradições, costumes e com as formas de produção das populações do interior. 5 O Brasil priorizou o turismo rural como uma estratégia de baixo impacto e alto potencial de desenvolvimento sustentável, já que dinamiza o processo produtivo, diminui migrações, fixa o homem ao campo, garantindo assim, emprego e investimentos. Porém, foi somente na década de 80 que a atividade começa a ser reconhecido como economicamente rentável, mas, ainda praticada por poucos empreendimentos e solitários. Voltadas, principalmente à valorização do campo e comprometidas com suas tradições de resgate e promoção do patrimônio cultural e natural da comunidade rural, têm-se notícia, no município de Lages, Santa Catarina, do surgimento dos primeiros empreendimentos turísticos rurais objetivando a elaboração de uma rede empresarial produtiva. Graças a esse movimento pioneiro, o município foi batizado de Capital Nacional do Turismo Rural. Atualmente, a realidade do negócio Turismo Rural Brasileiro, aponta este, como segmento que funciona como dínamo regional, que pode diversificar a economia pelo estabelecimento de micro e pequenos negócios, intimamente relacionados, tanto com o agronegócio, como com fazendas históricas, engenhos de açúcar, agricultura familiar, e com o turismo em base comunitária. 6 2. METODOLOGIA ADOTADA A maioria dos levantamentos, realizados sobre turismo rural, analisa a realidade a partir de fatores, como legislação, estrutura de governança, atores sociais envolvidos, entre outros elementos. Entretanto, não são capazes de elucidar com a profundidade necessária, suas conseqüências para o sistema. Procurando abordar tais questões, este estudo priorizou a coleta de informações do universo turístico rural brasileiro, o levantando dos atores envolvidos, análise do mercado, bem como, a identificação das oportunidades, utilizando a “ Metodologia Para Estudos Das Relações De Mercado Em Sistemas Agroindustriais”, formulada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA, com a finalidade de identificar, analisar e acompanhar aspectos pouco conhecidos do mercado do agronegócio. ( FIGURA -1). O caráter pioneiro do estudo da Cadeia Produtiva do Turismo Rural brasileiro, pode caracterizá-lo como exploratório, tendo em vista as peculiaridades da evolução e da conformação desta atividade, marcada pela escassez e dispersão das informações, porém, acredita-se, que o mesmo, possa gerar informações que venham facilitar o entendimento das estruturas de governança e de mercado, além de tendências e oportunidades, que permitirão inovadoras propositura e ações de validação. Ao fim, acredita-se ser possível, determinar possíveis relações que identifiquem a realidade das atividades turísticas rurais e os valores do imaginário do turista e do empreendedor do produto ofertado. Figura 1 - Metodologia de Análise LEVANTAMENTO DE DADOS Realidade nacional do Turismo Rural Brasil Quais as oportunidades? Atores envolvidos Mercado ESTRATÉGIA Metodologia Estudo de relação de mercado em sistema de agronegócio Qual o modelo de mercado? Estrutura de governo análise AÇÃO Oficinas validação Análise cadeia 7 3. O MARCO TEÓRICO O marco teórico é elemento de fundamental importância e incorpora conceitos aplicados ao entendimento da cadeia produtiva do turismo rural e o universo produtivo brasileiro. O marco teórico proposto inicia-se com a construção dos sistemas turísticos; as relações de mercado que se desenvolvem no âmbito de cadeias; as estruturas e as relações de poder que nele se estabelecem. Conceituando Turismo Rural A OMT- Organização Mundial do Turismo, quando do estudo “ El Turismo Rural em lãs Américas y su contribuición a la creación de empleyo y a la conservación del patrimônio ” apresentado em Asuncion, no Paraguai, no ano de 2003, estima que o Turismo Rural, é um segmento turísticos com grande potencial e se calcula que pelo menos 3% de todos os turistas do mundo orientam suas viagens para o turismo rural. E a mesma fonte indica que o turismo rural apresenta um crescimento anual de aproximadamente 6%, o que denota uma nova tendência global, onde o turista não mais deseja ser um mero expectador de sua viagem, mas sim, o protagonista, que efetivamente vivencia a cultura e a experiência nos novos destinos visitados. Também, prevê que o número de produtos que se oferecem aos turistas rurais aumentará notadamente nos próximos cinco a dez anos, com numerosos testemunhos de valores patrimoniais sustentados pelo processo de formação histórica e que potencializa o vinculo entre historia, homem e natureza. Entende-se por espaço rural, um recorte identificado pelo IBGE como sendo área externa ao perímetro urbano, em áreas de aglomerado rural no qual o turismo rural esta inserido. Com o desenvolvimento tecnológico e a urbanização dos aglomerados rurais, tornou-se cada vez mais difícil delimitar fronteiras claras entre espaços 8 rurais e urbanos e nasceu a discussão sobre o esvaziamento do sentido da dicotomia ruralurbana. Neste universo é possível reconhecer, uma grande diversidade de conceitos e terminologias, bem como diferentes concepções e interpretações. Assim, muitas práticas turísticas que ocorrem neste meio, não são necessariamente turismo rural, mas prática de lazer que ocorrem independente do meio que estão inseridas. Estas diferentes formas de se fazer turismo no espaço rural podem ser classificadas com base nos valores inerentes a cada uma delas e suas diferentes motivações, oportunidades, necessidades e disponibilidade de produtos a serem ofertados. Entre elas, podem-se citar o turismo rural, turismo ecológico ou ecoturismo, turismo cultural, turismo religioso, turismo esportivo entre outros. Em determinadas situações, estas formas podem interagir entre si, complementarem-se ou serem identificadas isoladamente, dependendo da realidade local (Figura 2). AGROTURISMO ECOTURISMO TURISMO DE AVENTURA TURISMO RURAL OUTROS Figura 2 - Modalidade das atividades do Turismo Rural ESPAÇO RURAL Esta realidade pode ser representada figurativamente por dois anéis concêntricos, o Turismo no Espaço Rural - TER e o Turismo RuralTR (Figura-3), demonstrando suas correlações onde se encontram sobrepostos e suas diferenciações nas outras áreas. Sendo as atividades de turismo rural constitui-se em ofertas de serviço, equipamentos e operação de agenciamento, hospedagem, transporte, alimentação, visitação a propriedade, entre outras atividades. TURISMO NO ESPAÇO RURAL TURISMO RURAL Figura 3 - Representação do Universo do Turismo Rural “ Um conceito fundamental para se definir o turismo rural, além do relacionamento com a agropecuária, é que os serviços de alojamento, alimentação e outras atividades devem ser ofertadas pelos produtores rurais” (Barrera, 1998). “ ... uma atividade para ser categorizada como turismo rural, tem que interagir com o espaço rural, seja cultural, econômica ou socialmente. Esta interação ocorre cultural e socialmente quando há contatos entre turistas e moradores do local, economicamente quando há trocas de produtos ou valores entre o estabelecimento ou o turista e a pessoal local. “ (Rodrigues, 2001). ... um universo de identidades, que vende a experiência da ruralidade)” (Roque, 2001). Autores como Mormont (1987), Graça Joaquim (1997), Barrera (1998), Rodrigues (2001), Roque (2001) conceituam o TR da seguinte forma: “ ... tem a particulariadade de uma parte do produto turístico ser a própria ruralidade: a sua cultura, o seu modo de vida, as suas paisagens...”( Mormon, 1980). “Turismo e ambiente: complementariedade e responsabilidade no ponto de articulação entre o moderno e o tradicional, alicerçado no consumo do simbólico de um rural reinventado, onde a codificação da conservação ambiental torna a diferença e a autenticidade símbolos acrescidos de prestígio” (Graça Joaquim, 1997). 9 O turismo rural é um movimento turístico focado nas características próprias como a paisagem, o estilo de vida e a cultura rural. Seguindo estes princípios que norteiam o Turismo Rural, existem diferentes inter-relacionamentos entre esses princípios, criando diferentes modalidades. (Figura 4) Segundo Rodrigues (2001) qualquer tentativa de definir estas modalidades, faz-se necessário considerar o processo histórico de ocupação territorial, estrutura fundiária, as características paisagísticas regionais, estrutura agrária, com destaque a relação de trabalho envolvida, atividades econômicas atuais, características da demanda e tipos de empreendimentos. Figura 4 - Modalidades de Turismo Rural no Brasil TURISMO RURAL Agroturísmo Pousadas Rurais 10 Armazém Rural Fazendas Hotéis Fazendas Históricas Restaurante Rural Hotéis Fazendas Turismo Rural Pedagógico Outros 4. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA ATIVIDADE A atividade do turismo rural já está presente em todas as regiões do Brasil, em diferentes estágios de desenvolvimento. Encontramos alguns produtos que ainda estão na fase de implantação e muitos já em pleno estágio de desenvolvimento. Apesar de uma grande concentração de oferta de produtos na região Sudeste do país, verifica-se uma maior pulverização da atividade pelos Estados Brasileiros, o que demonstra o crescente potencial e desenvolvimento deste segmento. Percebe-se a disseminação da oferta de produtos de turismo rural por todas as regiões do país. (Figura 5) RORAIMA AMAPÁ MARANHÃO CEARÁ AMAZONAS PARÁ RIO GRANDE DO NORTE PARAÍBA PIAUÍ PERNAMBUCO TOCANTINS ACRE RONDÔNIA BAHIA MATO GROSSO ALAGOAS SERGIPE DF GOIÁS MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO MATO GROSSO DO SUL RIO DE JANEIRO PARANÁ SÃO PAULO SANTA CATARINA RIO GRANDE DO SUL Figura 5 - Distribuição Geográfica da Atividade: Região Sul e Sudeste concentram maior oferta da atividade de Turismo Rural, seguida pela Região Centro-Oeste e pelo Nordeste. Região Norte ainda com pouca concentração. 11 Na região sul, no Estado do Rio Grande do Sul, Gaúchos, nas Serras, na Costa Doce e até no as atividades turísticas rurais desenvolveram- entorno da capital Porto Alegre, um dos se, na região de Lavras do Sul, quando pequenas grandes centros urbanos brasileiros, mas com propriedades abriram timidamente à visitação. muitos espaços rurais. Sendo o pioneiro nas Porém, neste Estado o diferencial local foi ofertas de produtos experiências, fortalecendo embasado na valorização de experiências rurais um novo conceito de turismo rural, onde o com a possibilidade de vivência da colheita, consumidor não quer ser mais mero expectador vindimar das uvas, bem como, participar da e, sim, um ator participativo, e que não se vende elaboração de experiências locais, como mais o produto, e sim a experiência. Caminhos, participar de tropeadas e cavalgadas pelos Rotas, Estradas e Vales são algumas das campos e pradarias. denominações encontradas no turismo rural Gaúcho, com destaque para os roteiros de Diversas propriedades e roteiros rurais Enoturismo da Serra por sua tradição e distribuídos nas dez Regiões Turísticas do reconhecimento. Estado, oferecem ao turista a oportunidade de 12 provar o doce amargo do mate, a comida típica Em Santa Catarina, as atividades turísticas rurais feita no fogo à lenha, o churrasco junto ao fogo começaram a se desenvolver no município de de chão, sentir o calor humano e hospitaleiro do Lages, com o surgimento dos primeiros gaúcho na roda de chimarrão. Apresentando-se empreendimentos turísticos no espaço rural no cenário nacional do turismo rural, como brasileiro, organizados para o mercado como sendo um dos Estados mais desenvolvidos, no produtos turísticos integrados. Graças a esse que se refere à qualidade e diversidade de movimento pioneiro, o município foi batizado de produtos ofertados tanto na região dos Pampas a Capital Nacional do Turismo Rural. Pela diversidade e riqueza de seu patrimônio rural, e natural as iniciativas de turismo rural do Estado multiplicaram-se nestes últimos anos e a distribuição geográfica dos empreendimentos turísticos rurais guardam uma estreita relação com as condições naturais e históricas da região. Desde a tradicional experiência em Joinville, na Estrada Bonita, um roteiro para visita e aquisição de produtos coloniais, como São Martinho apoiada pela EPAGRI e pela Comunidade Episcopal e a Associação de Agroturismo acolhida na Colônia nas Encostas da Serra Geral, tendo como produto de origem ofertado os alimentos agroecológicos, as experiências exitosas de formação de redes, associações e comunidades marcam como diferencial deste Estado. Já no Estado vizinho Paraná, com quase sua totalidade do espaço rural voltada à produção em áreas de agricultura familiar, nas pequenas e médias propriedades, também é possível encontrar algumas regiões rurais envolvidas com a oferta do turismo rural, em diferentes fases de estruturação. Atualmente, no entorno da capital Curitiba, o maior conglomerado urbano do Paraná, é possível encontrar roteiros turísticos rurais como aqueles que remetem à valorização da Araucária, árvore símbolo local, cavalos, tradições culturais preservadas pelos descendentes dos imigrantes italianos, que construíram a base da sociedade rural paranaense. 13 14 A proposta estrutural do modelo de Prudentópolis e Colônia Entre Rios, onde existem desenvolvimento do turismo rural adotado no associações de produção formadas a partir das Estado, potencializa as dicotomias conceituais colonizações européias, que, também, ofertam dos espaços rurais, como sinônimo do campo atividades turística em formato de cooperativa bucólico e límpido apoiado no ideal imaginário de turismo. das verdejantes campinas, e dos espaços Na Região Sudeste, em Minas Gerais, os urbanos. É interessante, também, ressaltar, que a primeiros empreendimentos turísticos no existência de entornos rurais produtivos espaço rural, voltados à valorização local, como a localizados próximos as grandes capitais, só é Fazenda do Engenho, em Carrancas, no sul do possível, graças a existência de extensas áreas E sta d o . territoriais que geram longos espaçamento entre empreendimentos solitários que não poderiam as cidades pólos regionais. A Rota do caracterizar o surgimento de um destino turístico A g ro n e gó c i o d o C afé é d e sta q u e d o rural, como em outros estados anteriormente desenvolvimento do negócio do turismo rural citados. Foi somente em meados dos anos nacional, porém, um dos maiores destinos noventa, que um maior número de internacionais do Brasil que é Foz do Iguaçu, empreendedores envolveram-se com a atividade começa a ofertar a atividade turística rural com o e reuniram-se em associações e grupos, objetivo da integração do pequeno proprietário objetivando o fomento à atividade. Fazendas de rural nesta realidade, priorizando o turismo rural charme, roteiros nas serras, Parques Nacionais e sustentável. Neste Estado, famoso por suas Estaduais que fomentam estas atividades no cooperativas agrícolas, o turismo rural adentrou entorno são características bem peculiares do neste universo do agronegócio na região de Estado. Em municípios, como Maria da Fé, Colônia Witmarsum, Carambeí, Colônia Cruzília, Extrema, Santana dos Montes, C a st ro l a n d a , T i b a g i , A ra p o t i , S e n gé s , empreendimentos rurais abertos ao turismo, M a s , e ste s e ra m p o u co s e ofertam o cotidiano agropecuário e cavalgada ecológica e, atualmente, muitos são os agricultores familiares que abriram sua propriedade a visitação. No Estado, ainda, alguns destinos pouco reconhecidos, como o Vale do Jequitinhonha, Aiuroca, Serra da Canastra e arredores do Parque Nacional da Serra da Canastra, onde se localiza a nascente do Rio São Francisco e da Serra do Cipó, consorciando ruralidade, turismo e cultura local, com valores ambientais, ecológicos e naturais. Esta grande diversidade local, dá ao Estado o reconhecimento de ter a maior oferta de empreendimentos voltados ao turismo rural no Brasil, fazendo-se, aqui, uma ressalva, que grandes empreendimentos hoteleiros, também, se instalaram no espaço rural mineiro ofertando lazer no meio rural, porém, não fazem parte do universo do turismo rural vivencial mineiro, por não terem comprometimento com a ruralidade e com a cultura local. realidade do turismo rural brasileiro, criando ofertas de produtos em várias regiões do Estado. Atualmente, há mais de dezesseis pólos rurais como Ribeirão Preto, Litoral Norte Paulista, Campinas, Vale do Paraíba, Vale do Ribeira, entre outros, e algumas destas regiões caracterizam-se pela criação de consórcios do uso de áreas de Em São Paulo, o fomento ao turismo em áreas rurais teve seu inicio mais tardio que em outros estados. Por volta dos anos 2000, decorrente de ser este um dos mais ricos pólos agro-produtivos nacionais, as dificuldades da agropecuária nacional que assolaram o Brasil, chegaram mais tardiamente em São Paulo. isso, propriedades rurais inseriram-se na Assim, os proprietários rurais não viam a necessidade da agregação de valor que o turismo rural ofertava. Cabe aqui ressaltar, que, já no inicio dos anos 80, haviam alguns poucos visionários, empreendedores de turismo rural no Vale do Paraíba e na Região de Mococa. Porém, como São Paulo é o Estado com maiores índices populacionais brasileiros e com grandes centros urbanos, também, é aquele que possui o maior número de consumidores aptos a vivenciar as atividade turística rural, com novas necessidades e expectativas latentes de experiências turísticas gerando a demanda por novas experiências. Por proteção ambiental (APA) com atividades turísticas rurais, como acontece no Município de e Santo Antonio do Pinhal na Fazenda Renópolis. Em municípios como Sousas e Joaquim Egídio, próximo ao segundo grande centro urbano estadual, na região de Campinas, projetos voltados para vivência do cotidiano agropecuário e a valorização do patrimônio histórico das Fazendas de Café, hoje, são realidades exitosas. O IDESTUR lançou os primeiros Indicativos do Turismo Rural Paulista (2009), que identificaram 37,5%, das propriedades rurais, voltada aos serviços turísticos, são pousadas rurais de menor porte, onde se conjugava aconchego e possibilidades de hospedagens mais acessíveis, sem que isso signifique ausência de conforto e charme. Estes mesmos dados, identificaram que outros 33,2% são empreendimentos voltados ao Agroturismo e/ou Agroindústria artesanal, que ofertam a visitação para vivência do cotidiano 15 rural produtivo, agregando valor ao produto rural, Municípios, como Presidente Prudente, Araçatuba porém, sem hospedarem; 6,9% são e Cardoso, reconhecidos no mapa agropecuário empreendimentos voltados ao turismo rural do Estado, como uma das últimas fronteiras pedagógico, atividade identificada como sendo agrícolas na expansão horizontal da produção aquela, de cunho educativo, que permite o rural, distantes até 700 km da capital do Estado, a processo de ensino e conhecimento do universo cidade de São Paulo, também, ofertam atividades rural, seus meios de produção, históricos e turísticas rurais, priorizando a recepção da culturais, com a exigência de uma preparação população local e nas férias e feriados procurando didática pedagógica. A totalidade das atividades atrair turista dos grandes centros urbanos. do Estado, apresentada nestes dados coletados, Outros destaques do turismo rural paulista, são as envolve, também, restaurantes rurais, fazendas Fazendas Históricas que reúnem o passado de históricas, cavalgadas e pesque-pague. vários ciclos produtivos do café e da cana de açúcar e as atividades de turismo eqüestres, que Os dados apresentados, nesta pesquisa, se apresentam com novas realidades deste permitem iniciar um processo de reflexão no que destino rural. se refere a quem, de fato, são os consumidores Compondo o quadro regional, Rio de Janeiro e Espírito Santo, apresentam produtos peculiares de identidade local, também, vem enriquecendo o mosaico de ofertas transformando o Sudeste não só na região que mais recebe o maior fluxo de turistas, mas, também, aquela que mais oferta destinos turísticos rurais. O Espírito Santo, rico em serras e sucessões de praias que a costeiam com falésias e arrecifes, montanhas, vales com terras férteis e porções de Mata Atlântica, detém um espaço privilegiado da natureza brasileira, que abriga um incontável número de orquídeas, destes produtos rurais e o que desejam. Também, se o produto ofertado é ou não divergente das necessidades imaginadas pelo turista, afinal, o imaginário é um processo complexo de interrelacionamento de situações, condições, verdades e atividades, e, para identificá-lo, é necessário mais que processos lógicos do conhecimento, exige-se o reconhecimento de infinitas variáveis, só possível a partir de abordagens antropológicas que permitam a percepção muito estreita entre as necessidades humanas e o turismo. 16 bromélias e beija–flores, sendo reconhecido como, a “barreira verde nacional”. Estado que sobreviveu, desde o período imperial, dos seus núcleos rurais voltados à produção agropecuária e pesca, teve destaque quando no século XIX, começou a produzir café, passando, também, a impulsionar a economia brasileira e por isso, atraindo muitos imigrantes estrangeiros que lá chegaram e se fixaram em unidades familiares de produção. Formando, assim, a base de uma tradicional sociedade rural capixaba, hoje produto de origem do turismo rural local. Voltado ao Agroturismo e Turismo de Natureza, é possível vivenciar nas propriedades rurais na região serrana, a valorização cultural local. Inicialmente os municípios de Afonso Cláudio; Alfredo Chaves Conceição do Castelo; Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante, foram os percussores, propiciando ao visitante um encontro com a beleza natural e a tranqüilidade do cotidiano rural, além de vivencia com “nonas italianas”, queijos típicos, lingüiças, lombinhos e outras peculiaridades da culinária local. Venda Nova do Imigrante, pequeno vilarejo colonial, hoje é reconhecido como o “Berço do Agroturismo Nacional” sendo um dos mais importantes pólos do turismo rural. Seu modelo de desenvolvimento rural, baseado em ações estratégicas voltadas ao turismo rural, é também, adotado em municípios vizinhos, como Domingos Martins, que mantêm fortes as tradições de seus primeiros colonizadores alemães e italianos, ofertadas ao turista que nesta localidade visitam as áreas de produção orgânica e estações agroecológicas, no entorno do Parque Estadual da Pedra Azul, que reforçam a filosofia local de um turismo voltado à valorização do ambiente e da sociedade, com tranqüilidade e hospitalidade. No Estado, novos destinos como a Rota de Turismo Rural no Entorno do Parque Nacional do Caparáo, que abriga recantos nos municípios de Dores do Rio Preto, Alegre, São José do Calçado, Ibitirama e Iúna, procuram por um novo modelo turístico rural, voltado para ao Eco-Agroturismo, com atrativos regionais que permitem ao visitante reviver o passado histórico das fazendas locais, ao mesmo tempo, que oferta o a exuberância natural. Como peculiaridade desse universo turístico rural capixaba, existe Projetos como “Cama e Café”, que envolvem várias propriedades e lembram os antigos programas de visitação aos parentes do interior. Nesse, o visitante pode-se hospedar em residências particulares que ofertam o pouso e o café da manhã, e, em algumas, é possível vivenciar atividades cotidianas rurais. Já o Rio de Janeiro, graças à rica tradição regional advinda desde o período do Brasil Colonial do cotidiano rural produtivo, belezas naturais e antigas fazendas, propiciam momentos de lazer, envolvimento com fatos históricos e com as propriedades rurais, principalmente nas Regiões do Vale do Paraíba, grande produtor de café no auge da cultura cafeeira brasileiro. Mas, é na Serra de Nova Friburgo, Petrópolis, Itatiaia e região, que desde os anos 90, o turismo rural, funciona como um dínamo local, e hoje, a atividade de turismo rural, está sendo considerada fundamental à reconstrução produtiva local, após as catástrofes causadas pelas chuvas e desmoronamentos no começo do ano de 2011. Alguns dos produtos do turismo rural local, com pousada rurais, criatórios de cabras, produtores de queijos, bromélias, apiários entre outros, tentam voltar ao seu cotidiano, acreditando que a valorização dos produtos e serviços rurais, incrementará a economia regional possibilitando a geração de 17 novas oportunidades de trabalho, potencializando o desenvolvimento social e inserção produtiva das comunidades que sofreram mais, com as chuvas e desmoronamentos, hoje se transformaram em ação prioritária do segmento neste Estado. Pela vasta extensão territorial nacional é possível reconhecer que cada estado brasileiro, é um universo multifacetado e com características bem peculiares, que compõem o mosaico produtivo do turismo rural nacional. Nas regiões Sudeste e Sul, como visto anteriormente, existem em todos os estados espaços rurais produtivos abertos ao turismo, em diferentes localidades e com características próprias atendendo a demanda local e respondendo a necessidade imediata do turista, advindos dos maiores centros urbanos, participando de uma atividade de fim de semana, um dia no campo, entre outras. A região Centro-Oeste do Brasil, região que nasceu da expansão territorial produtiva, atividades voltadas ao turismo, e especificamente ao turismo rural, ainda são recentes, porém, conseguiu rapidamente alcançar o patamar de ser este o grande destino internacional rural e natural brasileiro graças ao Destino Turístico Pantanal, hoje um dos patrimônios naturais da humanidade. Neste bioma único, mundialmente, reconhecido como sendo um dos berços naturais, com rica flora e fauna, a prática do Turismo Rural nasceu de uma forma diferenciada, em resposta a demandas dos turistas internacionais, que quando lá chegavam atraídos, pela observação de aves, focagem noturnas de jacarés, entre outras múltiplas possibilidades de vivencias da natureza, mostravam o desejo de convivência com hábitos, costumes e tradições rurais dos pantaneiros, denominação das pessoas que trabalham em fazendas, conduzindo gado, cuidando de pastos entre outras múltiplas atividades de uma fazenda. Experimentar o tererê, o chá gelado do Pantanal, 18 passear em barcos e chalanas, pelos rios que cortam o Estado de Mato Grosso do Sul, deixando para trás o Pantanal de Miranda, após visitas fazendas abertas ao turismo, como Santa Inês e Bahia Grande, para adentrar ao mais longínquo destinos do Pantanal da Nhecolândia, são atividades do cotidiano do turismo rural local. Participar das rodas de viola, conversas ao redor da fogueira com a degustação da variada culinária rural, com ingredientes naturais mais variados, produzidos localmente, bem como, participar efetivamente da lida no campo, participando em comitiva de gado, que exige do turista, habilidades de andar a cavalo,Nos últimos anos, o turismo rural também despertou o interesse dos proprietários de fazendas de produção, no entorno da capital, Campo Grande, como a Pontal das Águas, para atender a demanda do turista local, o citadino, que procura um dia de lazer e experiências rurais que as novas gerações nascidas na cidade não conhecem, como a de correr atrás das galinhas e fazer o pão em forno de barro, pão este que vai complementar as delicias gastronômicas da terra, como o churrasco, torta paraguaia de milho e tantas outras. No vizinho, Mato Grosso, com cotidiano rural vivenciado na relação sustentável das comunidades indígenas com a natureza, bem como com o agronegócio das maiores fazendas produtivas do país, que vai das serras, as escarpas, do pantanal as florestas e transpantaneira dão ao estado, a particularidade, de ser um destino único a oferecer múltiplas experiências. Atividades voltadas ao turismo rural neste Estado apareceram de forma tímida, porém, reunindo características muito peculiares e diferenciadas de todos os outros Estados do Brasil, como é o caso do município de Campo Verde, próximo a Chapada dos Guimarães que apresenta-se como região de grande destaque no mundo do agronegócio do algodão, soja entre outros. Nesta localidade, as atividades turísticas conseguiram reunir em um mesmo produto ofertado para visitação, grandes latifundiários que demonstram tecnologia de ponta e colheitadeiras gigantes em extensas áreas produtivas e Assentamento Rural 14 de Agosto, de agricultores familiares, fundado a partir das ações do MST, Movimento Sem Terra. Historicamente, na formação produtiva rural brasileira, estes são dois universos distintos que não se relacionavam antes da elaboração deste produto turístico ofertado aos visitantes. Após a visita as fazendas de alta tecnologia, o visitante é recebido, no assentamento 14 de Agosto, por monitores da comunidade que mostram a realidade do cotidiano produtivo da agricultura familiar, o funcionamento da cooperativa de derivados da mandioca e cana-de-açúcar e plantações orgânicas. Cavalgadas, criação de ovelhas, gado de leite, descida de bóia, restaurante e alojamento, fazem parte desta experiência. Porém, Mato Grosso, este destino multifacetado, tem nas margens da Rodovia Transpantaneira, destaque neste universo do turismo de natureza, consorciado com a ruralidade. A estrada que começa no extremo norte do Pantanal, em Poconé, vai até o outro extremo, Porto Jofre, tem ao longo do caminho muitas fazendas, pousadas rurais. Esta, que é reconhecida como sendo uma “eco-rodovia”, graças ao fato que suas laterais, na época das secas mais terríveis, conseguem acumular água e transformarem-se num prodigioso refúgio de jacarés, capivaras, tuiuiús, sucuris e muitos outros animais, o turismo rural, o ecoturismo e o turismo de natureza caminham complementarmente. Farinheiros do Morro Grande, “Viola de Coxo, Mocho e Ganzá”, instrumentos da tradição pantaneira, Comunidade Quilombola de Campina de Pedra em Poconé, artesãs de produtos de banana em Nossa Senhora do Livramento, observatório de fauna e flora, mundialmente conhecidos como o Cristalino Jungle Lodge, localizado em uma reserva privada de mata na Amazônia Sul, também, fazem parte deste mosaico de realidades do Mato Grosso, um estado de muitas verdades e múltiplas experiências. Ainda, na região do Centro-Oeste brasileiro, no Distrito Federal, especificamente, no entorno de Brasília, cidade Patrimônio Mundial da Humanidade e sede do governo federal, o turismo rural encontrou campo fértil, transformando-se em mais um dos elementos do mosaico de atrativos turísticos históricos, cívicos, arquitetônicos, místicos, religiosos e ecológicos locais. Denominado de turismo ruralecopedagógico, ou turismo rural pedagógico, atualmente, e ofertado em mais de setenta empreendimentos rurais, que desenvolvem atividades. A proposta do turismo rural no Distrito Federal e entorno é a do resgate das raízes de muitas culturas do Brasil rural, pois, nestas terras formada por muitos povos oriundos de todas as outras regiões do país, que lá chegaram para a construção da capital federal o turismo rural tornou-se não só uma boa opção de descanso, 19 aprendizado, vivência e lazer mas também um resgate as raízes. A rota de Turismo Rural na agricultura familiar de Brazlândia que oferta produtos voltados ao agroturismo de base familiar com múltiplas possibilidades de vivencias rurais. Nas áreas de proteção ambiental o turismo rural é percebido como fonte de renda, por parte dos empresários rurais, que vislumbram a atividade turística nas áreas que não podem ser utilizadas para a agropecuária. Hotéis–fazendas, restaurantes rurais e cavalgadas completam este universo multifacetado de uma região que tem poucos anos de existência, desde a construção de Brasília. Goiás, Estado que complementa a realidade geográfica da região centro-oeste brasileira, também, possui produtos voltados ao turístico rural gastronômico graças a sua típica culinária, com os sabores do Cerrado e a tradicional fartura, simplicidade e qualidade alimentar adquiridas ao longo do tempo. Goiás que tem seu passado histórico voltado para a mineração, pecuária tropeira, e cultura agropastoril, detém hoje, a mais rica flora, dentre todas as savanas do mundo. Projetos de destaque como o da região de 20 Pirenópolis, batizado de “Um vale verde de verdade” que tem foco na inclusão da comunidade rural, através do turismo e da permeacultura e de produções orgânicas , bem como, Goiás Velho que incorpora a ruralidade com a cultura, a música e com a vida de grandes poetas como Cora Coralina, vem fazendo deste Estado antes desconhecido um destino repleto de identidades. Mas de fato, as novas fronteiras do turismo rural brasileiro se encontram na Região Nordeste. Região anteriormente que se apresentava, a bem pouco tempo, como destino de sol e mar, tem hoje na Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, destinos consolidados do turismo rural, além de novas localidades que iniciaram programas de desenvolvimento do turismo rural objetivando a inserção das comunidades locais como é o caso do Rio Grande do Norte e Piaui. O Ceará, atualmente, tem nos seus espaços rurais, produtos complementares aos tradicionais produtos do litoral sol e mar. Nas Serras do Baturité e Aratanha, nos Engenhos de Cana, nas áreas de grande produção de frutas e derivados, Foto: Banco de dados Idestur em especial a castanha de Caju, que ofertam a diversidade e a exuberância destas terras do interior, o Nordeste real fica mais bem representado ,e por isso, vem atraindo turistas que inicialmente vieram à procura das praias e do sol, mas encontraram na ruralidade, experiências complementares. Desde o litoral de rara beleza, ao sertão, do semi-árido, com características da caatinga brasileira, mata úmida e resquícios da mata atlântica, nestas terras, onde a agricultura de sobrevivência sempre foi a forma de vida, as atividades turísticas permitem não só a agregação de valor, como a valorização cultural local bem como a possibilidade do interrelacionamento com pessoas, que anteriormente, não se deslocariam até esta remota localidade. A Fazenda Repouso das Águas, bem exemplifica esta realidade, pois seu proprietário, também artesão e criador de todo o mobiliário da fazenda, com madeiras e sisais da região, com o turismo conseguiu trazer para sua realidade e mostrar sua arte a pessoas que, anteriormente, nunca chegariam lá. No Ceará, também, a recepção do proprietário rural é considerada condição fundamental para a manutenção da atividade turística. Neste Estado, elegantes e tradicionais produtores rurais recebem pessoalmente os visitantes, como na Fazenda Hotel Vale do Juá entre as Serras de Baturité, Aratanha e Maranguape. Na Bahia, um grande destino nacional turístico, o turismo rural começou no fim dos anos 90, em regiões do Recôncavo Baiano, porém muito timidamente, e bem aquém da possibilidade do Estado, que foi berço do Brasil rural desde o período colonial e por isso, com múltiplas possibilidades de oferta de experiências rurais. Atualmente, além do Recôncavo, destinos turísticos como a Costa do Dendê, Chapada Diamantina, Sertão, entre outros, são reconhecidos também por sua aptidão turística eco-rural, mas é na Região do Recôncavo Baiano que o turismo rural encontrou seu berço. Localiza próximo a Salvador, o maior centro urbano regional, recebe este citadino para passar um fim de semana ou mesmo para um dia de campo, passeio de cavalo entre outras opções locais. O Recôncavo, que teve como base de desenvolvimento, desde o inicio do século 20, a produção da cultura da cana-de-açúcar, quando assoladas pela queda dos preços, no início dos anos 60, muitas áreas produtivas foram 21 Foto: Banco de dados Idestur transformadas em áreas de pastagens e nos dias atuais, a matriz econômica rural do Recôncavo, reconhece atividades turísticas rurais como uma das formas de renascimento e manutenção regional, considerando seu rico potencial ambiental e cultural como um atrativo turístico de grande valor agregado. Na Chapada Diamantina, uma das mais exuberantes paisagens naturais do Brasil, passagem das antigas trilhas do ouro e por muitos anos destino pouco conhecido, pelo difícil acesso e longa distância da capital Salvador. As comunidades na Chapada, desde muito cedo, tiveram que aprender a se relacionar com a natureza de maneira harmônica para sobreviver, adotando práticas norteadoras sustentáveis, também no turismo e atividades turísticas rurais, voltadas para natureza e aventura, são vistas como opção de renda e forma de melhoria para a qualidade de vida também, em pequenos engenhos de agricultura familiar, onde é possível conhecer todo o processo de fabricação do açúcar mascavo, rapaduras além de degustar a própria cachaça. Trilhar estas terras no lombo de um jegue ou a cavalo é uma das opções vivenciais únicas de contato intenso com a natureza e com uma população que vivencia o ambiente e sustentabilidade, como forma de sobrevivência, no entorno do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Na atualidade, o Estado da Bahia surpreende com Rotas do Enoturismo, que começam a ser ofertadas nos vinhedos, na região do Vale do São Francisco, hoje o segundo pólo produtor do vinho nacional, que graças as suas condições geográficas, da grande exposição ao sol e irrigação abundante, tem duas vezes por ano colheitas e víndimas como grande diferencial. Acredita-se que em pouco tempo, o oeste, será novo destino com destaque do turismo em áreas rurais baianas, voltado para o mercado nacional e internacional. Na Bahia, políticas públicas voltadas ao turismo rural, começam a ser discutidas em fóruns com a presença dos mais diversos atores sociais. 22 No Estado vizinho Pernambuco, o turismo rural surge na década de 90, quando problemas decorrentes do processo produtivo rural assolaram a região nordeste do Brasil, transformando-se em novas fontes de rendas e agregação de valor. Neste, o turismo, de uma forma em geral, vem deslocando-se gradativamente da faixa litorânea, e adentrando para a zona rural, chamando a atenção do potencial deste novo segmento, quando fazendas de café do agreste e engenhos de açúcar começaram a oferecer serviços turísticos. Instituições governamentais e não governamentais participam ativamente do fomento da atividade como é o caso da Empresa de Abastecimento e Extensão Rural do Estado de Pernambuco - EBAPE, da Empresa de Turismo de Pernambuco S/A – EMPETUR; Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Pernambuco Sebrae –PE; Federação de Agricultura do Estado de Pernambuco – FAEPE e da Comissão Nacional do Cavalo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Na região, Gravatá, Pombos e Bonito fazem parte da Rota Luiz Gonzaga, onde se oferta o agro-eco turismo do Agreste, e passeios à cavalos, o projeto Trilhas Eqüestres de Gravatá visa a valorização do Turismo Rural em Pernambuco e oferece prática da cavalgadas, através de sete roteiros eqüestres bem estruturados e sinalizados como os da Montanha, Serra da Limeira, Estrada Velha de Chã Grande, Vale do Caruá, Trilha da Caroatá, da Bela Vista e do Rio Ipojuca, ofertando com diferentes graus de dificuldades conforme a experiência daqueles que querem conhecer o agreste a cavalo. Também em Garanhuns, localidade próxima, a atividade turística despertou tradicionais produtores rurais que consorciam seu amor ao cavalo com atividades de lazer e hospedagem ofertadas ao visitante, adotando modelos conservacionistas de oferta da atividade turística em região de Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN). E, em Pombos, o Assentamento Chico Mendes recebe para visitação, alimentação e hospedagem em antigo casarão e participação das atividades de plantio e colheita de verduras e frutas orgânicas. No Estado, o despertar do novo pólo de Enoturismo, nas margens pernambucanas do Rio São Francisco, com vinícolas nacionais e internacionais investindo em grandes glebas produtivas que consorciam a vinha e os coqueiros, vem ganhando destaque nacional e internacional, por ser este um ambiente único da vitivinicultura mundial. Mas, a possibilidade de conhecer a Civilização do Açúcar berço da formação do povo brasileiro é, de fato, o produto de origem do turismo rural local. Como já dizia o grande mestre da terra, Gilberto Freyre, sem açúcar não se entende o Nordeste. E sem entender o nordeste, não se entende o desenvolvimento rural brasileiro, seus deslocamentos produtivos e as diversidades que fortaleceu o desenvolvimento das atividades turísticas rurais brasileiras. Na Zona da Mata, primeiro território explorado economicamente, ainda no século XV. Inicialmente, através da extração e comercialização do pau-brasil, Foto: Banco de dados Idestur 23 posteriormente cana-de-açúcar e a implantação dos primeiros engenhos para o fabrico do açúcar, cuja influência foi tão profunda que, provocou o surgimento da chamada “civilização do açúcar,” que oferta ao turista não só um rico acervo arquitetônico com seus grandes engenhos, mas também, um grande legado cultural, em uma faixa de terra que vai do norte ao sul do estado. Empreendimentos turísticos rurais estão surgindo em outras regiões do Estado, atendendo não só a necessidade local, mas, também, de estados vizinhos como é o caso dos turistas de Alagoas e Paraíba, envolvendo grandes empresários e agricultores familiares. Paraiba é outro Estado no Nordeste, que nos últimos dez anos, iniciou-se na formatação de produtos turísticos rurais graças a programas de desenvolvimento local pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Paraíba, Sebrae-PB, que reconhece na atividade, uma das possibilidades de desenvolvimento regional fomentando ações voltadas a roteirização. Estado de grandes diversidades ambientais e culturais, mesmo sendo um dos menores espaços geográficos da federação. Adentrar pelo 24 brejo, cariri, agreste, explorando as terras do sertão em suas múltiplas experiências como c a v a l g a r, p e d a l a r, o b s e r v a r a s a v e s , experimentar aromas e sabores peculiares, apreciando uma das mais exóticas paisagens do interior do Brasil é um universo de possíveis sensações, oferecidos pelo turismo rural. Nesta terra de encontros de muitos povos, o Sertão do turismo rural, recebe o visitante demonstrando a vocação nata do sertanejo do viver em harmonia com o ambiente, interpretando cada movimento da vida, da água e dos animais que ali sobrevivem. Nas margens do sertão, no agreste, em Taperoá, terra de Ariano Suassuna, o grande escritor do sertão. No Cariri Paraibano, o turismo rural encontrou a festa do Bode Rei, como uma das peculiaridades. O Bode Rei é um curioso concurso anual de produtores rurais que se reúnem para a eleição do bode rei, escolhido por critérios de beleza, porte e desenvoltura. Também a região destaca-se pela grande quantidade dos lajedos graníticos, um dos mais notáveis conjuntos arqueológicos das Américas, como o impressionante Lajedo de Pai Mateus, inúmeros fósseis de animais pré-históricos e agricultores Foto: Banco de dados Idestur possibilidades como, cavalgar na caatinga e conhecer talentosos músicos, uma característica bem peculiar desta terra do nordeste. Música de raiz e danças regionais em dias de festas, com gastronomia típica da carne-de-sol, queijos de coalho e manteiga é um momento vivencial ofertado. familiares, produtores rurais de pequeno e médio porte que a´li participam de projetos turísticos rurais e de preservação e conservação ambiental resultante de uma integração salutar com a natureza e no convívio harmônico com a comunidade local. Outra região de peculiar identidade é o Brejo Paraibano, baseado na produção da cana-deaçúcar, nos engenhos e alambiques, o produto de origem local ofertado. Visitas a engenhos, totalmente conservados, as propriedade rural produtiva e viajar em Pau de Arara, o transporte tradicional das fazendas de canas de açúcar desde a época colônia, são possibilidades vivenciadas neste universo desconhecido do nordeste brasileiro. Purê de batata, doce com castanha de caju, lombo ao mel de engenho, cartola (bananas fritas com queijo manteiga, mel de engenho e cachaça), forró pé de serra e cachaças da região pura de origem, compõem o produto turístico rural paraibano desconhecido em outras regiões do Brasil. Uma forte influência portuguêsa, negra e indígena, a gastronomia do nordeste de uma forma em geral, herdou dos índios, o costume de comer raízes como a macaxeira e inhame e da tradição dos negros, a carne de sol e rapadura enriquecem a gastronomia, além de doces da terra de frutos tropicais. Rio Grande do Norte a cultura e hospitalidade sertaneja ofertam no roteiro do Seridó Piauí e Sergipe são novos destinos que, envolvidos com o processo de desenvolvimento das atividades turísticas rurais no Brasil, como um todo, procuram encontrar produtos diferenciais nas áreas rurais inicialmente atendendo a demanda de turistas dos estados vizinhos. Pois, no nordeste, há sempre uma movimentação de turistas entre estados que vão à procura de locais diferentes com novas possibilidades. Na Região Norte do Brasil, o extrativismo, a produção artesanal sustentável, a gastronomia peculiar, com rios e matas de grandiosidade ímpar, comunidades indígenas e caboclas destaque, neste rural brasileiro, ainda é um mundo a se descobrir. Estados como Amazonas, Acre, Amapá, Roraima e Rondônia, proporcionarão um turismo diferenciado em função das particularidades impostas pela vida em contato com a selva e seus grandes rios. Atividades voltadas, ao ecoturismo, aventura e ambiental ofertarão, complementarmente, visita a etnias indígenas, como é o caso da Comunidade Beija Flor no Amazonas e aos caboclos e sua produção de subsistência. No Acre, Na região de fronteira com Perua, na selva amazônica, destaques para o turismo rural comunitário. Nesta Estado, as rotas dos seringais na região de Chico Mendes, famoso internacionalmente por suas lutas pelos seringalistas, ambientais e comunitárias, assumem papel importante neste reconhecimento pelos turistas do rural brasileiro. Mas, o destaque na região Norte no universo do turismo rural, é o Estado do Pará, especificamente que na Ilha do Marajó, a maior ilha flúviomarítima do mundo com mais de 50 mil 25 Foto: Banco de dados Idestur quilômetros quadrados com matas, campos, praias, rios, igarapés e manguezais e fazendas o ecoturismo e turismo rural se consorciam em plenitude, construindo um destino diferencial. Na imensidão das fazendas marajoaras, com rica flora e fauna, onde é possível encontrar jacarés e capivaras, macacos e garças, como é grande a distância que separam as áreas rurais do porto, para oferecer visitação, a fazenda tem que ofertar hospedagem, o que já vem acontecendo, a mais de vinte anos, sendo nesta região, que nasceu, em 2002 a primeira associação de turismo rural regional, a Associação de Turismo Rural do Marajó. Atualmente, o turista rural encontra no Marajó um espaço ideal para conviver com o diaa-dia do homem amazônico mas, foi somente a partir de 2008 quando foi elaborado o planejamento estratégico pela Paratur, Companhia Paraense de Turismo, com apoio da Emater-PA (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará), trouxe a pauta, a realidade do turismo rural na agricultura familiar e comunidades ribeirinhas de Tapajós –Santarém. Nesta região de Santarém, o Portal da Amazônia, situada na microrregião do Médio Amazonas, que tradicionalmente tem suas atividades econômicas voltadas à extração de madeira, borracha e castanha-do-pará e culturas de juta, as atividades turísticas naturais, ambientais e rurais s u rge m co m o u m a n o va p ro p o sta d o desenvolvimento. O ecoturismo na Floresta Nacional de Tapajós, localizada nos municípios de Belterra, Aveiro e Rurópolis, é possível, partindo do município de Santarém, pelo Rio Tapajós, foi a solução apresentada para diversas questões de desenvolvimento comunitário, objetivando viabilizar atividades econômicas de forma ecológica, mas, com o tempo, oficinas caboclas para aprendizagem da arte de trabalhar a madeira com baixo impacto ambiental ou mesmo a produção do couro vegetal ou ecológico, com base no látex, transformaram a região em pólo de interesse turístico à visitação desta realidade comunitária rural, criando um ambiente complementar entre natureza e ruralidade. 5. MARCO LEGAL DO TURISMO RURAL BRASILEIRO A política nacional brasileira reserva um tímido espaço à atividade turística rural. Até os dias atuais, o turismo rural não tem um tratamento legal especifico, submetendo-se a um regime híbrido, parte rural e parte urbana. A atividade, não tem recebido o apoio necessário implementação de políticas públicas especificas, como acontece em outros países. Para empreender no turismo rural e atuar em conformidade com a legislação vigente, há de se arcar com importantes custos à constituição, manutenção e adaptação da empresa. A legislação sanitária vigente para produtos ofertados no agronegócio é quase impossível de ser praticada, sem que produtos e serviços percam a condição de produto do campo ou de origem artesanal. Estados, como Espírito Santo, berço do Agroturismo no Brasil aprovaram regulamentos específico, em forma de Decreto, das Normas Sanitárias para a Elaboração e Comercialização de Produtos Artesanais Comestíveis de Origem Animal e Vegetal no Estado, porém são casos isolados, que deveriam ser adotados em todas as Unidades da Federação. A inadequação da legislação, que não tem acompanhado as transformações ocorridas no meio rural, é um dos entraves do desenvolvimento da atividade no país. Ainda, faltam instrumentos jurídicos que contemplem as novas atividades, deixando a atividade muitas vezes, sujeitos à informalidade. Dentre algumas necessidades peculiares do segmento, notadamente, as áreas trabalhista e previdenciária são reconhecidas como grandes entraves. A simplificação da legislação no que concerne a pessoa jurídica, contratação eventual de trabalhadores, emissão de nota do produtor ou algo semelhante para serviços de hospedagem, alimentação entre outros, ofertados pelo TR, são elementos prioritários para o desenvolvimento do setor. Os principais entraves legais são relativos às legislações fiscal, tributária, trabalhista, sanitária e previdenciária. Porém, a atividade também está sujeita as legislações que contemplam aspectos ambientais, culturais, comerciais, turísticos, fundiários e agrícolas, no âmbito federal, estadual e municipal. Alguns projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional tentam modificar esta realidade. O fato é que, até hoje, o Turismo Rural não tem um tratamento legal específico, submetendo-se a um regime híbrido, parte rural, parte urbano. Alguns Estados contam com legislações específicas para o tema, objetivando a inserção e fortalecimento da atividade local : Ÿ Lei no 15.143, de 31 de maio de 2006 Define as atividades turísticas que especifica como atividades de “Turismo Rural na Agricultura Familiar” - Paraná. Lei no 1.063 de 5 de dezembro de 2006 Dispõe Sobre os Fundamentos e a Política do Agroturismo ou Turismo Rural – Paraíba Ÿ Lei no 14.361, de 25 de janeiro de 2008 Estabelece a política de apoio ao Turismo Rural na Agricultura Familiar - Santa Catarina. Ÿ Lei no 3.609, de 19 de dezembro de 2008 Institui a Política Estadual de Fomento ao Turismo Rural - Mato Grosso do Sul; Ÿ Lei no 15. 065 de 20 de dezembro de 2011 Dispõe Sobre o turismo Rural Na Agricultura Familiar – Ceará Ÿ Alguns projetos de lei tramitam, já há alguns anos, em âmbito Federal, no Senado e na Câmara de Deputados, porém, nenhum em fase conclusiva ( Quadro- 1) 27 PROJETOS DE LEI COM ABORDAGEM EM TURISMO RURAL Projetos de Lei em Tramitação sobre Turismo Rural na Câmara de Deputados e Senado Federal Projeto de Lei do CD nº 5077/2009 Ementa: Dispõe sobre o empregador rural e dá outras providências. Autor Silvio Torres PSDB SP http://www.idestur.org.br/download/20121118184706.pdf Projeto de Lei CD nº 1435/2011 Ementa: Dispõe sobre os fundamentos e a política do agroturismo ou turismo rural e dá outras providências. Explicação: Altera as Leis nºs 8.171, de 1991 e 8.870, de 1994. Autor: Iracema Portella - PP/PI http://www.idestur.org.br/download/20121118181703.pdf Projeto de Lei do Senado nº 45/2012 Ementa: Dispõe sobre o turismo rural e seu tratamento tributário, previdenciário e trabalhista, altera as Leis nº 11.771, de 17 de setembro de 2008, nº 8.870, de 15 de abril de 1994, e nº 5.889, de 8 de junho de 1973. Autor: Senador Lauro Antonio http://www.idestur.org.br/download/20121118175744.pdf Projeto de Lei do Senado nº 46/2012 Ementa: Assegura aos estabelecimentos com atividades na área de turismo rural, ecoturismo e de aventura, tarifação de energia elétrica equivalente à classe rural e suas subclasses. Autor: Senador Lauro Antonio http://www.idestur.org.br/download/20121118175819.pdf Projeto de Lei do Senado nº 65/2012 Complementar Ementa: Altera a Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, para estabelecer a alíquota máxima do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza incidente nos serviços prestados no âmbito do turismo rural. Autor: Senador Lauro Antonio http://www.idestur.org.br/download/20121118180022.pdf Quadro 1 - Projetos de Lei Turismo Rural Tramitando na Câmara Federal e Senado 28 Outras questões sanitárias, ambientais e mesmo tributárias como a contribuição social são elementos que devem ser estudados e analisados, sendo necessário alterar o texto da legislação não apenas para identificar o empreendedor rural como empregador rural, mas também esclarecer a natureza do trabalho analisar as relações de trabalho desenvolvidas no âmbito do turismo rural aplicadas a Lei 5.889 de 973 que referenda o trabalho rural. Esta realidade é abordada pelo Ministério do Turismo documento Manual do Turismo Rural: Orientações Básicas, elaborado pelo Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Tu r í s t i c o c o o r d e n a ç ã o G e r a l d e Segmentação da Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, que vai alem e elenca a legislação vigente e dispositivos legais federais relacionados ao Segmento (Quadro-2). Quadro 2 - Legislação e Dispositivos Legais Federais Relacionados ao Segmento Fonte: Ministério do Turismo: Manual do Turismo Rural: Orientações básicas; 29 6. ESTUDO DA CADEIA PRODUTIVA DO TURISMO RURAL BRASILEIRO Uma cadeia produtiva refere-se ao conjunto de etapas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos os diversos insumos em ciclos de produção, distribuição e comercialização de bens e serviços. Implica no entendimento da divisão de trabalho, na qual cada agente ou conjunto de agentes realiza etapas distintas do processo produtivo. Nas atividades agropecuárias brasileiras é comum estudos investigando o funcionamento da cadeia produtiva objetivando análises que permitam o aperfeiçoamento das políticas públicas para a atividade, bem como, para arbitrar conflitos como a determinação das margens dos agentes de distribuição da renda no interior dos sistemas agroindustriais, facilitando assim as discussões das Câmaras Setoriais, assim facilitando o processo de formulação de estratégias para o setor. Nas atividades turísticas, de uma forma em geral, também há estudos de cadeia produtiva, porém focando distintos aspectos como fluxo global de turistas, mercados emissores, índices de evolução de alojamentos, alimentação, entre outros aspectos. O produto turístico composto de bens e serviços, organizado para atender as expectativas do consumidor/turista é foco de observação. À medida que avança o desenvolvimento da atividade turística em áreas rurais produtivas, surgem às interfaces de uso de mão de obra, insumos e gerenciamento da empresa voltada tanto para o agronegócio como para o turismo. Programas setoriais, política tributária, legislação, fiscalização, gestão interna das empresas, infraestrutura, estruturas de governança e a estrutura de mercado, são realidades a serem consideradas como fundamentais neste mercado. Frente a esta realidade multifacetada das atividades do turismo rural, para a elaboração deste estudo preliminar da cadeia produtiva do 30 turismo rural brasileiro, adotou-se a metodologia desenvolvida pelo IICA, para o estudo das relações de mercado em sistemas agroindustriais (Guanziroli-2008), que permite a análise crítica conceitual do estudo de relações de mercado do agronegócio, agregando novos conhecimentos do universo turístico brasileiro, respondendo assim, a necessidade de elaboração da Cadeia Produtiva do Turismo Rural. As primícias adotadas para a delimitação do universo desta cadeia produtiva, foram a análise das principais estruturas de governança, análise da estrutura de mercado, estudos de distribuição de renda e análise das margens de comercialização, abordagem esta, determinante para a elaboração deste estudo que procura integrar dois universos, o turístico e do agronegócio, identificando a realidade e analisando diferentes perspectivas procurando reconhecer o impacto combinado dos vários elementos da cadeia que resultam no desempenho competitivo da atividade. Delimitação de Cadeia Em seu contexto mais amplo, a cadeia do turismo rural compreende um conjunto de atividades que geram um grande número de produtos a partir de vários insumos do agronegócio e do turismo, da formação e capacitação, um dos diferentes elementos de análise nesta cadeia produtiva ( Figura-6). INSTITUIÇÕES DE APOIO Associações Empresariais / Institutos de Desenvolvimento / Administração Pública / Sistema Financeiro / Outros (SEBRAE, SENAR, UNIVERSIDADE, outros) Pesquisas e Estudos (Potencial, Quantificação, outras) Legislação Ordenamento Articulação Infraestrutura e Equipamento Recursos Estradas Recursos naturais (clima, solo, paisagens, outros) Propriedades Rurais (ex) Meios de hospedagem e restaurantes Infraestrutura básica (saúde, segurança, comunicação, energia, etc) Recursos culturais históricos (Patrimônio arquitetônico, etc) Recursos humanos (comunidades rurais locais, empresariais, técnicos, etc) Outros Recursos Incentivo Capacitação Infraestrutura Normas de Valorização Cultural, Qualidade Social e e Segurança Ambiental Bens Serviços Promoção e venda Hospedagem Rural Internet Alimentação (restaurante, vendas rurais, etc) Produção Associada ao turismo (artesanato) Produtos primários (frutas, verduras, outros) Produtos transformados (doces, geléias, outros) Fortalecimento e Envolvimento das Comunidades Mercado nacional Agências de viagens Central de reservas Operadoras de turismo Público direto Mercado internacional Figura 6 - Diagrama Esquemático da Cadeia Produtiva do Turismo Rural Brasil Transporte Seguros Recepção e Entretenimentos GESTÃO EMPRESARIAL (Gerenciamento e Oferta) N o t u r i s m o r u ra l b ra s i l e i ro, h á fo r te a g ro p ro d u ç ã o é d e t e r m i n a n t e p a ra a heterogeneidade na oferta das atividades, tanto sobrevivência do empreendimento (FIGURA -7). no que se refere às diferentes formas de prestação de serviço, qualidade, segurança e capacitação. O arranjo produtivo integra hospedagem, atividades de transporte, recepção, entretenimento e alimentação, consorciada com a oferta da produção associada ao turismo do artesanato local, venda dos produtos primários como frutas e verduras e produtos transformados da agroindústria como queijos, doces e e a coexistência entre as atividades turísticas com a Figura 7 - A conciliação entre as atividades cotidianas rurais e o Turismo Rural convive em harmonia segundo, 88 % dos entrevistados do turismo rural. 31 Destaca-se ainda, que 12% apontaram algumas dificuldades nessa conciliação, como a questão de legislação de Turismo Rural e contratação de mãode-obra . Fonte Panorama Empresarial de Turismo Rural IDESTUR SEBRAE -2010. Estrutura de Governança Em uma cadeia produtiva pode-se observar diferentes estruturas de governança. O conceito de governança esta associado à coordenação, porém a coordenação de uma cadeia produtiva e o Destaque para localidades que ofertam turismo processo de transmissão de informação aos elos rural no Brasil, que se estruturam considerando da cadeia. este território de produção local, com vínculos de parceria, integração, associação e cooperação, externados pela conservação do patrimônio cultural, social, ambiental e arquitetônico, como o Vale dos Vinhedos no Rio Grande do Sul, Rota do Café no Paraná e o Projeto em Rede da Acolhida na Colônia em SC. No Sudeste, Circuito das Frutas e Roteiros Rurais de Socorro em SP, Agroturismo das Serras Capixabas no ES, e no Norte-Nordeste, Areia na Paraíba, com foco na produção associada ao turismo, e turismo de base comunitária no Pará, Ceará e Bahia. ŸNa cadeia produtiva do turismo rural a formação da governança tem distintos atores, que são fornecedores (empresários de turismo rural), os distribuidores ( agencias, operadoras e sistemas de vendas por internet e centrais de reserva), consumidores finais e instituições de apoio públicas e privadas, formadas por representantes da administração pública federal governos estaduais e municipais com suas agencias locais de promoção turística, as universidades, os institutos de desenvolvimento e pesquisa. (QUADRO – 3) Administração Pública MTUR Ministério do Turismo MMA Ministério de Meio Ambiente MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Governos Estaduais e Municipais Secretarias de Turismo, Desenvolvimento e Agricultura estaduais e Municipais Agentes Financeiros Públicos e Privados Associações Empresariais ABRATURR Associação Brasileira de Turismo Rural ABATUR Associação Baiana de Turismo Rural BA ABRATURR RS Associação de Turismo Rural do RS ABRATURR MS Associação de Turismo Rural MS ABRATURR SP Associação Paulista de Turismo Rural SP ACETER Associação Cearense de Turismo Rural CE Acolhida na Colônia SC 32 Foto: Banco de dados Idestur ACTUR Associação Campo Grandense de Turismo Rural MS AMETUR Associação Mineira de Empresários de Turismo Rural MG AGROTURES Associação de Agroturismo do Estado do Espírito Santo ES AGOTUR Associação Goiana de Turismo Rural GO APETUR Associação Pernambucana de Turismo Rural PE APRATURR Associação Paranaense de Turismo Rural PR ASSITUR Associação Itabiritense de Turismo Rural MG Associação Café com Leite SP/MG Associação Caminhos da Colônia RS Associação Caminhos da Corte SP Associação Caminho de Pedra RS Associação Caminhos Rurais de Porto Alegre RS Associação Cerrado dos Araxás MG Associação Circuito das Frutas SP Associação de Turismo Eco- Rural de Joinville SC Associação Fazendas Históricas Paulistas SP Associação Pé na Terra Associação de Turismo em Espaço Rural de Campinas e Região SP ATRACAR Associação de Turismo Rural do Cariri PB ATURMA Associação de Turismo Rural do Marajó PA Circuito ECO RURAL Caminhos do Brejal RJ Núcleo de Turismo Rural de Socorro SP PRESERVALE Instituto de Preservação do Vale do Paraíba RJ Resgatando Raízes Associação do Turismo Rural do Noroeste Paulista SP REDE TRAF Rede de Turismo Rural na Agricultura Familiar RURALTUR Sindicato Rural do Distrito Federal DF Institutos de Desenvolvimento e Pesquisa IDESTUR - Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural IICA - Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura IEA - Instituto de Economia Agrícola SP IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Várias CEPAGRO - Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo – SC CNC - Confederação Nacional do Comércio CNTUR – Confederação Nacional do Turismo EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. FBC&VB - Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureau OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras OMT - Organização Mundial do Turismo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Rede Nacional de Turismo Rural SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SESCOOP – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo Universidades, Centros de Ensino e Fundações Quadro 3. Agentes da Cadeia 33 São conhecidos os benefícios que o associativismo objetivando compreender melhor o perfil dos pode proporcionar, cabendo destacar: facilitar o empresários, seus produtos e as principais acesso ao crédito, permitir a incorporação de necessidades deste setor, foram elementos de meios e técnicas mais eficazes de produção, além pesquisa adotados . de processos administrativos, indispensáveis à eficiência das explorações, contribuir para a redução de custos na aquisição de insumos, máquinas e equipamentos agropecuários, induzir á integração entre as diversas etapas do processo produtivo, da comercialização e do processamento e favorecer ganhos de eficiência na etapa de comercialização da produção, com o conseqüente aumento e apropriação de renda pelo produtor. Neste mercado, a estrutura da cadeia produtiva de turismo rural no Brasil tem-se descentralizado da região sul e sudeste do Brasil, pulverizando-se pelo centro oeste e nordeste, sendo o norte uma nova fronteira a ser desbravada. Os fornecedores do turismo rural atendem quase que exclusivamente o comprador proveniente dos centros urbanos próximos e regionais 62%, 21% atendem ao mercado l de outros Estados, quando inseridos em pacotes tradicionais dos agentes de mercado Contudo, a prática do associativismo encontra Operadoras de Turismo e Agencias e 17% são de ainda uma série de obstáculos para seu origem internacional, principalmente europeus desenvolvimento, dentre os quais podem se em visitas as fazendas históricas, agronegócio e destacar: Carência de pessoal qualificado para viagens a cavalo ( Figura-8). gerir as sociedades e para as múltiplas atividades necessárias ao desenvolvimento das cooperativas; Falta de conhecimento, dos reais objetivos; Ineficientes ações de capacitação para associados, capacitação de dirigentes e funcionários, falta de entrosamento entre os órgãos que, direta ou indiretamente, atuam no associativismo e falta d confiança e de laços de solidariedade entre membros das associações e cooperativas. Figura 8 - Origem dos consumidores do Turismo Rural. Fonte: Panorama Empresarial de Turismo Rural IDESTUR SEBRAE 2010 ( procura panorama 1) Estrutura de Mercado 34 Para a análise da estrutura de mercado da cadeia Segundo a World Tourism Organizacion (2003), produtiva de turismo rural o uso dos indicadores nas Américas, os meios mais tradicionais de de concentração que envolva número total de comercialização são: a comercialização direta por fornecedores, número de funcionários ou parte dos empresários de turismo rural, que indica empregos gerado permanentes ou temporários, um baixo grau de desenvolvimento da cadeia que fazem parte do sistema , não é possível, pela comercial, gerenciamento de inexistência dos dados. Porém, a evolução da empresariais, oferta, bem como, nível de diversificação do setor internet e agentes do mercado turístico ( agencias e identificação dos os gargalos do setor, e operadoras de turismo). das associações comercialização por sites da No Brasil, nestes últimos anos, relacionamento integram a oferta da atividade, também faz parte com os agentes de turismo, vem crescendo e desta realidade de mercado. Visitas técnicas alterando a estrutura do mercado da cadeia científicas, turismo rural pedagógico, entre outras produtiva do turismo rural, marcando o diversidades de ofertas, são fatores a serem amadurecimento do setor e permitindo diminuir a considerados. (Figura-9) sazonalidade. A diversificação de produtos que Figura - 9 Produtos ofertados pelo turismo rural. Fonte: Panorama Empresarial do Turismo Rural: IDESTUR SEBRAE 2011 A cadeia de turismo rural, não é um mercado importante ferramenta de controle sobre a concentrado, por isso custos são fáceis de obter demanda e reflete para o consumidor, sobretudo, com empresários locais, bem como, a informação a qualidade dos serviços prestados. Estudos que sobre o preço praticado, porém, há uma grande investiguem as margens de comercialização e variação de custos e preços praticados por Região facilitem a criação de indicativos de valores de e Estados. Existe uma defasagem de tempo entre o comercialização, são fundamentais para a ajustamento dos custos e preços praticados profissionalização do setor nacionalmente. podendo gerar uma margem superestimada ou subestimada Novos produtos diferenciados como oficina de doces em fazendas de Minas Gerais,degustação de Atualmente, há grandes variações dos valores de queijos finos com geléias e vinhos na Serra da hospedagens rurais, sendo necessário classificar e Mantiqueira-SP, cavalgada da lua cheia em terras analisar indicativos de valores. O preço é uma dos pampas Gaúchos no RS, entre outras 35 experiências, agregam valor e são elementos de visitante da ruralidade, e sim participar e viver valorização da cultura local, na medida em que experiências. O fornecedor tem que estar atento desperta atenção para os destinos rurais. as mudanças, estudando os perfis de seus clientes A oferta destes produtos e serviços diferenciados e buscando segmentá-los vem influenciando o fluxo produtivo da cadeia do A vantagem de atender aos nichos de mercado é turismo rural brasileiro com variações de preço reduzir os efeitos da sazonalidade, pois as destes novos produtos. A capacidade de realização atividades podem ser desenvolvidas em dias de do fornecedor e a capacidade de consumo do semana ou na baixa temporada, diferente dos comprador, e determinante nesta realidade turistas de lazer que buscam os destinos de analisada. turismo rural aos finais de semana e feriados. Como tendências de mercado, o consumidor da (Figura-10) cadeia do turismo rural, não quer somente ser um Figura-10 Nichos de mercado atendido pela cadeia produtiva do turismo rural brasileiro. Fonte IDESTUR- 2012. 36 A instabilidade da demanda, sazonalidade, afeta a de condições e valores diferenciado quando de cadeia do turismo principalmente com a variação taxa de ocupação alta e baixa, o que ainda não de alta e baixa estação, sendo necessário a criação acontece neste mercado . 7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES O Turismo Rural no Brasil, não é mais tendência de promoção da comunicação do setor, levantamento futuro, e sim uma questão de mercado do de dados, presente. intersetoriais, promoção da participação de Os negócios envolvendo atividades articulação de ações institucionais e turísticas rurais, elaboradas principalmente com comunidades locais e valorização da foco na criatividade, na economia da experiência, associada ao turismo. Bem como, aprovação de produção associada ao turismo e projetos de lei para fomento e formalização da desenvolvimento sustentável, surgiram como atividade tramitando no Senado, Congresso Federal, diversificação de mercado e vem assumindo papel Assembléias Legislativas e Câmara de Vereadores em diferencial agregando aos produtos tradicionais da muitos municípios. produção prateleira do mercado turístico nacional. O desenvolvimento deste setor não ocorreu por De maneira geral no Brasil os empresários que acaso, foi fruto de esforços concentrados de ingressaram no negócio do turismo rural, o fizeram entidades comprometidas com sua estruturação, em busca de uma alternativa de receita e com um e de comunidades e empresários rurais com visão claro objetivo de melhorar a rentabilidade de sua empreendedora e inovadora, com o foco no atividade. A grande maioria adotou a atividade mercado, na inovação e sustentabilidade Mas, e turística para complementação de receita da fato, esta cadeia produtiva do turismo rural esta atividade tradicional agropecuária, mantendo-se dispersa e não é suficiente e eficiente os meios de no campo e recebendo o turista em sua casa, informação que facilite a comunicação entre os sendo essa peculiaridade é um dos pontos fortes elos ao mesmo tempo que divulga o enorme do produto, já que o elemento vivencial, mais potencial turístico dos espaços rurais brasileiros, valorizados pelo turista é a possibilidade de bem como o fato de ser uma atividade informal compartilhar com a família rural suas experiências certamente é um dos maiores entraves ao e modos de vida e o nível de emprego gerado pelas desenvolvimento da atividade atividades de serviços nas áreas rurais, a que o turismo faz parte, tem não só implicações Apesar de existir uma legislação avançada de econômicas diretas, como também relativas à turismo no Brasil, a ausência de uma legislação qualidade dos empregos. específica de turismo rural regulamentos e de normas e leis que influenciem direta e Desde os anos 1980, as atividades turísticas são indiretamente a atividade, apresentam-se como consideradas estratégias de desenvolvimento entrave para o desenvolvimento da atividade. A local no Brasil, e tem despontado nos últimos anos inadequação da legislação, que não tem como um dos segmentos do mercado turístico que acompanhado as transformações ocorridas no apresenta aumento significativo em muitas meio rural, e um dos entraves do desenvolvimento localidades desta extensa área territorial brasileira. da atividade no país. Porém, para a transformação e ordenação desta atividade turística é necessário fortalecimento de A política nacional brasileira reserva um tímido lideranças e estímulo para envolvimento de jovens, espaço à atividade turística rural. Até os dias 37 Foto: Banco de dados Idestur atuais, o turismo rural não tem um tratamento Á c o n c e s s ã o d e f i n a n c i a m e n t o s p a ra legal especifico, submete-se a um regime híbrido, desenvolvimento da atividade turística rural são parte rural parte urbana. Não tem recebido a segmentadas para agricultores familiares que disposição necessária para a implementação de podem obter crédito pelo Programa Nacional de políticas públicas especificas. Existe uma falta de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF, critérios e parâmetros legais, que dificultam o do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que desenvolvimento da atividade e de ações financia projetos individuais ou coletivos que eficientes e efetivas em distintos níveis federais, gerem renda aos agricultores familiares e para estaduais e municipais. empresários do turismo rural no Estado de São Paulo, que podem acessar o Fundo de Expansão do Os direitos e deveres de operadores do turismo Agronegócio Paulista (FEAP), disponibilizando rural, não estão claramente definidos, o que linha de crédito a pequenos produtores que impede trabalhadores e empresários de conhecer tenham o Turismo Rural como ação. e adotar dispositivos que beneficiem e estimulem a atividade. Ainda faltam instrumentos jurídicos Outra característica a considerar quando da que contemplem as novas atividades, deixando a análise de realidade do turismo rural no Brasil, é a atividade muitas vezes, sujeitos à informalidade. existência de varias instituições de apoio, participantes desta cadeia produtiva, tanto no Neste universo da ruralidade turística brasileira, é âmbito da administração pública, público privada possível identificar diferenças no estágio de e privadas. Serviços públicos de assistência técnica maturação dos destinos e de produtos, bem como e extensão rural, entidades do “Sistema S, como o destacar ilhas de excelência, além das tradicionais SEBRAE, SENAC e SENAR, instituições de ensino regiões sul e sudeste do Brasil como o Vale dos técnico e superior, além dos agentes de Vinhedos no Rio Grande do Sul e Rota do Café do desenvolvimento como Instituto Interamericano Paraná, mas ainda há pouca inserção do Turismo de Cooperação para a Agricultura – IICA, Rural nas prateleiras do turismo nacional, mas organismo especializado em agricultura da aumentos gradativos destes fluxos de negócios Organização dos Estados Americanos (OEA), o são indicativos e sintomas de posicionamento no Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural – mercado nacional e uma tendência mundial. IDESTUR, o Instituto de Economia Agrícola de SP (IEA), e as Associações de Classe como a 38 Existem diferentes programas de financiamento ABRATURR Associação Brasileira de Turismo Rural dirigidos para toda a cadeia turística do Brasil, e todas suas representações estaduais, entre principalmente nestes últimos anos focando a outras. Porém estas instituições que deveriam melhoria e articulação setorial para os grandes promover o desenvolvimento da atividade estão eventos mundiais que acontecerão no país. desarticuladas entre si e não existe uma linha Turismo dispõe de linhas de crédito nos bancos comum de desenvolvimento em prol da atividade oficiais como Banco do Brasil, BNDES Banco do e sim vária ações correlatas. Nordeste e Caixa Econômica Federal. Contudo, as Existe um grande vazio conceitual e falta de exigências e condições raramente se adéquam à homologação de critérios para os produtos e realidade do Turismo Rural. serviços do turismo rural brasileiro, que poderiam não só valorizar as características da oferta como mercado turístico ( agencias e operadoras de proporcionar segurança ao consumidor, eliminar turismo). Esta promoção e comercialização deve conflitos legais e assegurar a qualidade e ser planejada e desenvolvida de forma integrada e competividade. Por isso, da necessidade de regionalizada a fim de valorizar o produto. formulação de normas, regras e procedimentos específicos considerando a singularidade da prestação de serviço no turismo rural. As empresas de turismo, operadoras e as agências de viagens ainda aparecem com pouca presença neste segmento, mas, nestes últimos anos, o Promoção de constantes cursos de qualificação e relacionamento com os agentes de turismo, vem aperfeiçoamento profissional para acompanhar crescendo e alterando a estrutura do mercado da novas tendências, técnicas e tecnologias, é cadeia produtiva do turismo rural, marcando o imprescindíveis para a sustentação da amadurecimento do setor e permitindo diminuir a competitividade dos empreendimentos e devem sazonalidade. ser discutidos em fóruns, congressos, oficinas, para Guias de Turismo Rural, sejam produzidos cursos locais, regionais e internacionais, e devem pelas associações, ou pelo setor público ou ainda, contar com o engajamento da comunidade para por empresas privadas. Importância destacada também trocas de experiências, de forma integrada e participativa. Mas, faz-se necessário elencar novos O desenvolvimento ordenado da atividade temas voltados para um plano de sustentabilidade depende da união de todos os elos da cadeia, que eficaz procurando maximizar benéficos devem juntos validar ações de interesse comum, econômicos e sociais, focando na valorização do por isso da necessidade de estimulo à criação e patrimônio cultural, natural, histórico e ambiental fortalecimento de instituições e órgãos seguindo os princípios da sustentabilidade. re p re s e ntat i vo s d o t u r i s m o r u ra l co m estabelecimento de parcerias e formação de É prioritário a elaboração de um sistema de gestão redes. e redução de impactos analisando temas prioritários como inclusão social e ambiental, Parceria e cooperação são itens indispensáveis consumo de água e energia, coleta de resíduos para o processo de desenvolvimento da atividade, sólidos entre outros, e mensuração e gestão de além de estratégia para a viabilidade do Turismo dados coletados, bem como mecanismos que Rural, pois a cooperação entre os diversos agentes, priorizem a qualidade dos produtos e serviços, além de facilitar a organização, a divulgação e a com normas, certificações e instruções que visem c o m e rc i a l i za ç ã o d o n e g ó c i o, a u m e n ta o aumento de credibilidade do segmento. envolvimento de instituições de apoio e participação do poder público. O meio mais tradicional de comercialização é a comercialização direta por parte dos empresários O trabalho de forma cooperada também permite o de turismo rural, que indica um baixo grau de aprimoramento do atendimento e a ampliação das desenvolvimento da cadeia comercial, seguido possibilidades de manutenção dos recursos pelo gerenciamento das associações empresariais, naturais e culturais, além de auxiliar na comercialização por sites da internet e agentes do profissionalização da gestão dos 39 Foto: Banco de dados Idestur empreendimentos, na criação de novos produtos Considerando a realidade acima descrita, e sendo e serviços e fortalecimento da cadeia produtiva. este um estudo preliminar da cadeia de turismo Sendo necessário para isso identificar e fortalecer rural, faz-se necessário realizar um estudo mais lideranças, estabelecer convênios, acordos e aprofundado do segmento de turismo rural, tendo parcerias para troca de experiências e união de em vista a estruturação de ações que determine as esforços. diretrizes para o desenvolvimento e Ao Poder Público, nos níveis Municipal, Estadual e fortalecimento do setor, recomenda-se um estudo Federal compete propiciar um ambiente favorável em micro-regiões iniciando com levantamento de para o Turismo Rural, através de políticas públicas dados de projetos desenvolvidos como o Vale dos consistentes e programas que fomentem esta Vinhedos no Rio Grande do Sul, Cadeia Produtiva atividade no país. Destaca-se que a política da Acolhida na Colônia de SC, Cadeia produtiva do implementada pelo Brasil tem como base a Circuito das Frutas de SP, Cadeia Produtiva do valorização da ruralidade, a conservação do meio Turismo Rural Pedagógico do DF; Cadeia da ambiente, os aspectos socioeconômicos do setor, Produção Associada ao Turismo Rural da Paraíba, com destaque para a agricultura familiar, e a e o Estudo da Cadeia Produtiva do Turismo Rural articulação interinstitucional e intersetorial. na Ilha do Marajó no Norte Bem como, estudos em projetos em desenvolvimento em diferentes Para a implementação de uma política setorial da regiões do Brasil como é o caso de Roraima, cadeia produtiva do turismo rural, será Alagoas e Mato Grosso para a identificação da fundamental a formação de uma rede eletrônica realidade dos territórios com vocação para o que aglutine informações e divulgue o enorme turismo rural . potencial turístico dos espaços rurais brasileiros, abrangendo empresas, instituições relacionadas, administração publica, agencias locais de promoção turística, associações empresariais e demais elos desta cadeia. Os diversos setores envolvidos devem promover e participar de ações comuns para que todos possam contribuir de forma objetiva objetivando o ordenamento do setor. As associações têm um papel ativo na promoção dos empreendimentos de turismo rural. Se turismo rural brasileira, identificam-se como estratégias prioritárias para o desenvolvimento reconhecimento e acompanhamento do andamento da legislação pertinente leis e projetos de lei em aprovação que contemplam aspectos ambientais, culturais, trabalhistas comerciais, previdenciários, sanitários, turísticos, tributários, f u n d i á r i o s e a g r í c o l a s . E p o r ú l t i m o, associar é uma excelente maneira de obter acompanhamento e análise detalhada do Código instrumentos de promoção a menor custo do que Florestal Brasileiro que elenca turismo rural bem aquele individual. O fato de se agrupar vários como o desenvolvimento de estudos e empreendimentos numa entidade soma valor comparações de legislações vigentes nacionais e porque no conjunto pode oferecer maior internacionais que favoreçam tomadas de diversidade de produtos em oferta, além do fato decisões em prol do desenvolvimento da de que estar vinculado a uma imagem institucional atividade, criando assim espaços para a discussão de uma entidade de classe transmite maior de assuntos de interesse comun. credibilidade ao estabelecimento. 40 A partir deste estudo da cadeia produtiva do A estratégia ao longo prazo deve estar direcionada da articulação entre todos os elos da cadeia, e por a continua elevação do valor agregado e fim o estabelecimento de políticas que valorizem o valorização de produtos diferenciais voltados para consumo de produtos locais provenientes desta a sustentabilidade, qualidade e ética empresarial. cadeia produtiva. O fortalecimento da atividade no Brasil dependerá 8. 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