CONSUMISMO NA ERA DA PÓS-MODERNIDADE
Ramon Araújo de Souza 1
Leonardo Pereira Tavares 2
Marina Magalhães de Morais 3
INTRODUÇÃO
Pós-modernismo é o nome aplicado às mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas
sociedades avançadas desde 1950. Santos (1986) demarca o seu surgimento a partir das
transformações implementadas pela arquitetura e pela computação daquela década, que se
propagaram com a ascensão da arte pop entre os anos 1960 e 1970. Na contemporaneidade,
pode-se dizer que o pós-modernismo se alastrou por diversos âmbitos, como a moda, o cinema,
a música e o cotidiano programado pela junção da ciência e da tecnologia, conhecida como a
tecnociência.
A pós-modernidade fabrica uma nova realidade, denominado de hiper-real, na qual
interessa mais o que se originou da realidade do que a própria realidade. Então, de acordo com
Santos (1986), “o hiper-real simulado nos fascina porque é o real intensificado na cor, na forma,
no tamanho, nas suas propriedades”. No universo da propaganda, podermos citar o caso do
Danone, produto a partir do qual se reproduz na TV a criação de um tamanho, de uma cor e
textura específicos para atrair o consumidor, enquanto o real é apenas um iogurte totalmente
comum. Entende-se, assim, que a realidade é danificada nos processos de produção de sentidos,
perdendo sua essência.
Existe uma vulnerabilidade na era da pós-modernidade, pois os signos, tratados como
toda palavra, número, imagem ou gesto que representa indiretamente um referente (OKADA;
SANTOS, 2012), pedem respostas rápidas de escolhas, sejam estas para comprar algo ou
escolher algum serviço, com o intuito de estimular a impulsividade para proporcionar o maior
consumo.
Acredita-se que a pós-industrialização é uma junção da tecnociência para produzir mais
e de modo mais rápido as tendências em todos os setores, e com isso, se presume facilitar a vida
1
Graduando do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Campina Grande- UFCG,
ramonaraujo2000@gmail.com;
2
Graduando pelo curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG,
leonardoptavares@outlook.com;
3
Professora orientadora: Doutora em Ciências da Comunicação, Professora da Universidade Federal de Campina
Grande – UFCG, marinamagalhaes@msn.com.
das pessoas. Portanto, o indivíduo na condição pós-moderna é um sujeito bombardeado por
informações. Tais acontecimentos podem causar grandes efeitos culturais, sociais e políticos:
Capitalistas e multinacionais, os sistemas pós-industriais (EUA, Japão, centros
europeus) reúnem empresas e Estado – burocratizados, informatizados – para
racionalizar a produção e a organização social pela tecnociência programadora.
Buscam a constante elevação do nível de vida pelo consumo acelerado de bens e
serviços, que são cada vez mais diversificados. (SANTOS, 1986, p. 28)
Nos anos de 1950, segundo Quevedo (2006), a revolta modernista tinha esgotado seu
impulso criador, que impulsionou as pessoas a adentrarem no design, na moda e nas artes
gráficas. Quando surgiu a arte pop, considerada a primeira bomba pós-moderna, eram lançados
nas ruas, com outra linguagem, assimilável pelo público, os signos e objetos de massa. Esta
mudança de paradigma passou a conferir valor artístico à banalidade cotidiana: anúncios, heróis
de gibi, rótulos, sabonetes, fotos, estrelas de cinema (SANTOS, 1986).
Com interesse nessas mudanças, este pôster propõe uma análise qualitativa, de natureza
teórico-crítica, sobre o consumismo na era pós-moderna. Trata-se de um estudo inicial de
natureza simples, uma vez que a finalidade não se dedica a partir de análises numéricas
quantitativas, mas sim de refletir sobre os contributos de teóricos da área, a exemplo de Santos
(1986), Lombardi (2005), entre outros.
O PÓS-MODERNO
Por volta do final de 1960, de acordo com Guimarães (2006), foi desconstruído um
discurso ocidental sobre as maneiras comportamentais que existiam; sendo esses, pensamentos
e manifestações filosóficas na forma de expressão. Esse desmonte não seria necessariamente
uma destruição, mas sim uma reestruturação, uma tentativa de dar significado a coisas que não
eram discutidas ou que eram propositalmente omitidas. Com a concepção pós-moderna, novas
noções se mesclaram à filosofia e à cultura ocidental.
As filosofias mostravam um discurso totalizante, tendo ele começo e fim, para explicar
o motivo de algo se encontrar naquele dado momento e sua construção, podendo ser apenas um
pensamento que determine algo utópico. Um exemplo é o marxismo, que reconheceu a
existência de uma sociedade capitalista na qual o pensador, Karl Marx, visava como alternativa
o comunismo. Este, para se estabelecer, implicaria na quebra de vários sistemas ditos
capitalistas, que seriam aprimorados a cada ruptura até atingirem um sistema ideal, de natureza
comunista (LOMBARDI; SAVIANI, 2005). Logo, pode-se dizer que o pós-modernismo sofreu
influências dessa ideologia então emergente, com o declínio de filosofias explicativas, abrindo
espaço para pensamentos e interpretações diversas – porém, jamais totalizantes, sendo possíveis
as intepretações próprias e, com isso, o fim das ilusões.
A racionalidade filosófica passou, assim, a ser uma característica coletiva, embora
esquecida pela classe produtiva, que trabalhava em prol de uma minoria para consumir o fruto
do próprio esforço. Essa irracionalidade acontece devido ao desejo de poder, que levou alguns
a continuarem na miséria e a outros a gozarem de alguns privilégios, enquanto o lucro se
acumulava, concentrado nas mãos de uma pequena parcela social.
Durante 1980, o pós-modernismo ganhou maior repercussão, isso pela popularização
entre os meios midiáticos (FEATHERSTONE, 1995). As pessoas passaram a consumir cada
vez mais as ofertas, com muitas informações transmitidas; novas maneiras de expressões
individuais surgiram e, com estas, o narcisismo. Ferramentas da mídia comunicativa foram
utilizadas para a manutenção da imagem e para busca de um “ideal” mostrado que, muitas
vezes, é quase inalcançável, ou que para obtê-lo, pode até se tornar prejudicial a si próprio.
A partir de então, foi criada uma infinidade de produtos para o consumo pessoal,
investindo como incentivo através de propaganda e de outros meios. A criação de demandas
acabou viralizando e se tornando coletiva, disseminada pela circulação dos novos produtos na
mídia, capaz de convencer o indivíduo a comprar tais itens por uma questão de “necessidade
pessoal”. Nesse círculo de produção e consumo, o consumidor acaba pagando também,
indiretamente, para ajudar na divulgação, fazendo com que outros se interessem e adquiram
determinado objeto de consumo.
Diferente da massa moderna, que formava uma classe produtora sem direitos nas
indústrias, por isso levada a contestar e a lutar pelos seus direitos, a massa pós-moderna se
acomoda diante das suas aspirações. Embora tenha ideias amplas, esta última se entrega ao
consumismo, submetendo-se a um sistema em que seja possível suprir alguns desejos materiais
ou momentâneos. Desse modo, o pós-modernismo tem o enfoque numa luta coletiva mas, ao
mesmo tempo, pessoal, buscando dar voz àqueles que antes eram excluídos e vítimas de
preconceitos: mulheres, LGBTQ+, negros e outras questões de identidades cotidianas, cada vez
mais fragmentadas, que envolvem o bem-estar consigo mesmo sobre padrões que eram
impostos e vistos como ideais (AGUIAR, 2010).
GLOBALIZAÇÃO E MEIOS DE CONSUMO
Com toda a informação obtida pelos indivíduos nas redes, o contato com culturas
distintas acaba vindo à tona, o que na maioria das vezes gerando comparações e tensões quando
não se tem muito conhecimento sobre outros povos. Isto se revela como consequência de uma
vivência totalmente diversa e própria de determinado local.
a "globalização" se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que
atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organização
em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em realidade e
experiência, mais interconectado (MCGREW, 1992, apud HALL, 2006, p. 67)
Devido à globalização de culturas, crenças, identidades e diversificados estilos de vida,
fatores sociais são transformados e vendidos como produtos. As produções não acontecem
devido a um significado ou como algo pensado assim, mas apenas visando o capital a ser obtido
em cima daquilo. Segundo Hall (2006, pg. 68), “essas novas características temporais e
espaciais, que resultam na compressão de distâncias e de escalas temporais, estão entre os
aspectos mais importantes da globalização a ter efeito sobre as identidades culturais.”
As pessoas criam um apego ao material e se usam deste para projetar os seus desejos
em consumo. Então, os meios de produção se apropriam dessas ditas formas de identificações,
com um viés capitalista disfarçado de algo sociocultural. Pode-se citar, como exemplo, a cultura
italiana, da qual a pizza foi transformada para o consumo brasileiro, sendo adaptada para o
gosto local, produzida de diversas maneiras distintas daquela do país onde se originou. Outro
exemplo a ser dado é o da religião católica, sendo comum encontrar em festas de padroeiras de
determinadas cidades santos de gesso ou objetos decorativos sendo vendidos como algo
simbólico, embora possam vir a ter um significado maior dependendo de quem os compre.
Nesse segundo aspecto, observa-se que se paira uma questão de “fanatismo”, podendo ser
comparada à cultura pop, na qual as pessoas consomem produtos de artistas já estruturados para
esse meio comercial – e não de uma crença.
Os estilos de vida constituem, em resumo, uma forma por intermédio da qual o
pluralismo da identidade pós-moderna é administrado pelos indivíduos e organizado
(e explorado) pelo comércio. Para os sujeitos que não podem mais se apoiar na
estabilidade oferecida pelos modos de vida tradicionais, comunitários, o estilo de vida
funciona, inegavelmente, como uma (precária) âncora identitária. (FREIRE FILHO,
2003, p. 74)
Portanto, a identificação indivual é adaptada para o reconhecimento popular, onde busca
ser mostrado pelos indivíduos como algo que os caracterizem e o insiram em um grupo para
que haja uma ideia de pertencimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a difusão do pós-modernismo nas décadas de 1950, 1960 e 1970, sob o signo das
mudanças ciêntificas um novo estilo de vida surge junto à mídia e ao consumo, consitutindo
focos de produção e venda. O entusiasmo para a obtenção dos produtos divulgados passa a se
introduzir e atinge uma grande escala de popularização, visto que os meios de comunicação
passam a ajudar na disseminação da informação inicial que é completada pelos consumidores.
Então, assim se caracteriza o pós-modernismo, período em que as pessoas são tidas
como alienadas pelo meio midiático, e influenciadas, de certa forma, a consumir aquilo que
“está em alta”. Segundo a visão apresentada, a saída da modernidade – período de produção em
que a classe trabalhadora não tinha os privilegios para apreciar seu esforço – não rompeu, mas
deu continuidade a um fenômeno sociocultural de alienação, que passou a se utilizar dos desejos
pessoais como forma de abstração.
Palavras-chave: Pós-moderno; Consumo; Modernidade; Produtos, Cultura.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, João Valente. A imagem na cultura do pós-modernismo. Tempo Social, v. 22, n. 1,
p. 179-198, 2010.
FEATHERSTONE, Mike. Cultura de consumo e pós-modernismo. Studio Nobel, 1995.
FREIRE FILHO, João. Mídia, consumo cultural e estilo de vida na pós-modernidade. Revista
ECO-Pós, v. 6, n. 1, p. 72-97, 2003.
GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Resistência e revolta nos anos 1960: Abdias do
Nascimento. Revista USP, n. 68, p. 156-167, 2006.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Cidade: TupyKurumin, 2006.
LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval. Marxismo e educação: debates
contemporâneos. Campinas: Autores Associados, 2005.
OKADA, Alexandra Lilavati Pereira; SANTOS, Edmea Oliveira dos. Biblioteca virtual
iconográfica com software nestor web cartographer. 2012.
SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é pós-moderno. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986.