Kayo Vinicius Ferreira Forte n°16
Maria Beatriz Verçosa dos Santos n°22
Maria Vitória de Almeida Vilalva n°25
Taynara Lara n°31
MOVIMENTO MAPUCHE
!Origem
Os índios Mapuche tem sua origem na Patagônia antes do território ser marcado e dividido entre Chile e Argentina, que hoje seria no centro-sul do Chile e sudoeste da Argentina. A maior parte deste povo originalmente habitava no Chile, principalmente a Ilha de Chiloé e a região de Araucania, motivo de também serem conhecidos como "Araucanos".
O nome Mapuche vem da junção de dois termos: Mapu" que quer dizer terra e
"Che" que quer dizer gente.
Outra teoria sobre sua origem é a que tem vestígios de uma "cultura Mapuche" que nos remete há, pelo menos, cinco séculos antes de Cristo (BENGOA, 2000,
p. 20). Formavam uma sociedade caçadora, coletora e horticultora, possuindo um
regime de vida que os permitiu crescer enormemente em população, estabilizar-se
num território determinado e chegar a constituir uma cultura pré-agrária de grande
força e desenvolvimento (Ibidem, p. 363).
!Curiosidades
- Nos últimos anos, parte dos presos políticos chilenos, acusados de terrorismo, são
dessa tribo.
- Foram os criadores dos primeiros sindicatos dos trabalhadores chilenos.
- Foram o único povo nativo da América a vencer militarmente os conquistadores espanhóis.
- Em 1970, os Mapuche lideraram, no sul, a reforma agrária.
!Mapuche
na atualidade
No total, sua população soma 1,6 milhões de pessoas, somente no Chile.
Atualmente há cerca de 50 mil indígenas araucanos na Argentina, dedicando-se, em
sua maioria, à agricultura. No sul do Chile ainda vivem cerca de 700 mil deles, que
mantém os costumes mais tradicionais dos mapuches, desde as vestes até cerimônias religiosas, e que ainda se comunicam pela língua mapudungún. É possível encontrar, também, mapuches católicos e protestantes.
Sua grande maioria situa-se nas regiões de El Biobío, de La Araucanía, de
Los Ríos, de Los lagos e uma grande parte na região metropolitana de Santiago. De
acordo com o censo chileno de 2002, estima-se que 62% dos Mapuche vivam em cidades, sendo que só a região metropolitana de Santiago abrigaria mais de 180 mil
indivíduos(30% de toda a população Mapuche).
Infelizmente mais de 40% desse povo enfrentam a pobreza, fato que levou o Estado
a implenentar políticas para enfrentar a desigualdade social, econômica e a discriminação que essa comunidade sofre.
Ja na Argentina, calcula-se a partir da Pesquisa Complementar dos Povos Indígenas (APCPI - em espanhol ECPI) 2004 - 2005 foi finalizada pelo estado argentino através do Instituto Nacional de Estatística e Censos se calculou quase 105.000
pessoas pertencentes ou descendentes em primeira geração do povo mapuche. A
grande maioria os 73% vive nas províncias de Chubut, Neuquén e Rio Negro.
Contrariando dados de pesquisas, uma publicação oficial do governo argentino informa que existem 200.000 mapuches vivendo em seu território, ja outras fontes não
oficiais falam em 90.000 e 200.000. A própria comunidade mapuche difere muito do
censo realizado por o INDEC e estima-se que a população mapuche na Argentina é
de 500.000 pessoas.
!O
Movimento indígena Mapuche na atualidade
Em 1818 após a Independência chilena ocorreu-se a tentativa de se legitimar
alguns símbolos nacionais, mas dá errado pela hegemonia cultural (dominação ideológica de uma classe social sobre outra) presente no país, então se toma como objetivo a expansão e conquista da totalidades das terras Mapuches, expulsando-os fazendo com quem eles fiquem com terras pequenas e com alguma área de cultivo.
Após a abertura à democracia, em 1990, diversas organizações Mapuche no
Chile se mobilizaram, no sentido de reivindicarem o acesso e a perpetuidade à terra,
principal bandeira de luta até então. Ademais, visto a conjuntura política, estas organizações perceberam que era um momento propício para colocarem em pauta questões que até então haviam sido postergadas, como o reconhecimento da diversidade
étnica e cultural chilena, a participação na condução e elaboração de políticas indígenas, a concessão de terras públicas ou a desapropriação de privadas para assentamentos de comunidades indígenas, a proteção legal de suas terras e recursos naturais e finalmente o apoio estatal ao desenvolvimento econômico e cultural das comunidades (AYLWIN, 2005, p. 03)
Apesar da revolta e da formação de organizações, a Lei Indígena (19.253, de
1993), que regularia as diretrizes das políticas indigenistas, o congresso acatou somente parcialmente estas reivindicações, dificultando fortemente a participação dos
indígenas na vida política do país e das próprias comunidades das quais faziam parte. Entre os pontos críticos, está por exemplo, a não ascenção da diversidade étnica
do povo chileno. Além disso os indígenas só podem ser consultados porém não tem
decisão direta sobre deliberações que os afetam e também não se tem a permissão
de fazer articulação política em torno de federações de associações ou comunidades
indígenas. Já em relação ao acesso à terra, as reformas na lei autorizaram a troca
de terras indígenas por terras não indígenas (caso o Estado quisesse apropriar-se
destas terras) e não deram o direito aos indígenas sobre os recursos naturais existentes em seu territórios, como por exemplo a água.
Essa postura por parte do Estado favoreceu o tensionamento das relações
com as organizações que defendem o direito dos Indígenas e até mesmo a formação
de novas organizações, que iniciou um processo de politização, incorporando a seus
discursos conceitos como nação indígena , autonomia , autodeterminação e territorialidade . Assim se formaram organizações como o Consejo de Todas las Tierras
(Aukin Wall Mapu Ngulam) e a Coordinadora de Comunidades en Conflicto Arauco
Malleco (CAM). Visto o aumento da marginalização dos Mapuche e a falha do estado com esse grupo, a saída desesperada encontrada por algumas organizações foi a
do aumento da radicalidade. Em meados da década de 1990 iniciam-se uma série
de protestos, visando o aumento da participação política, a recuperação de terras e
melhores condições de vida à população Mapuche.
A partir de desse ponto os indígenas começam a realizar vários protestos que
foram considerados ataques terroristas pelo Estado. Assim o Estado começa a agir
cada vez mais de uma maneira repressora expulsando e destituindo as ocupações
de terra na base da violência, perseguindo os líderes do movimento, fazendo buscas
e apreensões nos domicílios etc. Como se tudo isso não fosse o bastante as causas
judiciais requeridas pelos Mapuche geralmente são arquivadas, inclusive aquelas
consideradas muito graves, como a morte de manifestantes por policiais. Tal é o caso da morte de Alex Lemun, jovem Mapuche de 17 anos assassinado em 2002, pelo
major Marcos Treuer. A causa foi encerrada em 2004 e ninguém foi punido.
Os meios de comunicação, por sua vez, represente os interesse privados e
acabam cumprindo um papel ideológico, tornando as ações repressivas do Estado
legitimas. São discursos que tentam formar uma opinião pública negativa em relação
aos protestos, além de colaborarem na construção da imagem de um indígena estereotipado, que já se tornara comum no Chile: desordeiro, marginal, preguiçoso e bêbado.
!As
principais reivindicações dos indígenas mapuche são:
- Reivindicação de direitos políticos;
- Luta contra a invasão de latino americano em suas terras;
- Autonomia territorial;
- A dominação social decorrente de herança colonial;
- Luta contra a criminalização na tribo, violência e assassinatos constantes sofridos;
- Buscam autonomia cultural, social, epistemológica. Os indígenas mapuche sofrem
e são consideradas uma população discriminada, marginalizada, ignorada;
- As mulheres das tribos lutam contra o machismo e sociedade patriarcal, tentando
protagonizar a classe feminina na sociedade.
!Conquistas
De maneira geral o movimento Mapuche luta pela recuperação de seu território ancestral, por mudanças constitucionais em prol dos direitos indígenas e reconhecimento por parte dos Estados de suas especificidades culturais.
Isso sem descartar o separatismo e a independência do Chile e da Argentina,
como declarado pelo próprio movimento mapuche: "Debaixo de um ambiente intolerável de opressão, não se vislumbram perspectivas de reconciliação, e hoje muitos
mapuche se perguntam se tivessem a opção de escolher entre o caminhar sozinhos
ou em má companhia não optariam pela primeira opção. A situação descrita justifica
os anseios de independência dos mapuche que, queiram ou não reconhecer, seguem vigentes".
A situação descrita justifica os anseios de independência dos mapuche que,
queiram ou não reconhecer, seguem vigentes".
Após os ataques racistas, as manifestações em apoio à luta do povo mapuche se
ampliaram. De norte a sul do país surgiram bloqueios de vias, panelaços, declarações de repúdio, e grande parte desse apoio vem de setores de trabalhadores e da
população não indígena ( não é a primeira vez que essa aliança se expressa).
Milhares de pessoas de juntam aos mapuche nesta luta que é histórica, pelo
direito à autodeterminação e liberdade de seus presos políticos, e unidos pelo fim da
violência racista e da opressão capitalista e imperialista que assola nosso continente
e oprime trabalhadores no mundo todo.
Os mapuche possuem quase nenhuma visibilidade para o resto do mundo
quando comparados com outros grupos étnicos como os bascos na Espanha. Isso
sem dúvida é um fator limitador às tentativas de obter apoio às suas reivindicações
frente ao governo chileno. Me parece bastante improvável que um dia conseguirão
apoio no sentido de fazer o Chile reconhecer os Tratados de Killen e Tapihue e no
sentido de restabelecer o Reino de Araucania e Patagônia. Mas é possível que venham a obter apoio no sentido da autonomia administrativa e reconhecimento de direitos como o de auto-afirmação enquanto mapuches ou o da revogação da lei antiterrorismo que permanece em voga mesmo vinte anos depois da queda de Pinochet.
REFERÊNCIAS
Para entender a luta do povo mapuche contra os ataques racistas e o Estado Chileno.
Esquerda Diario. Disponível em: <https://www.esquerdadiario.com.br/Para-entender-a-lutado-povo-mapuche-contra-os-ataques-racistas-e-o-Estado-Chileno>. Acesso em:
18 Aug. 2021.
POINHO, Sabrina. Mapuche: povo originário da Patagônia e sua contribuição à cultura
de Bariloche - Bariloche para Brasileiros. Bariloche para Brasileiros. Disponível em:
<https://barilocheparabrasileiros.com.br/2014/02/24/mapuche-povo-originario-da-patagoniae-sua-contribuicao-a-cultura-de-bariloche/>. Acesso em: 18 Aug. 2021.
LATINA. Exposição Mapuche: Povo e Cultura Viva termina dia 12 de outubro - Memorial da América Latina. Memorial da América Latina. Disponível em: <https://memorial.org.br/exposicao-mapuche-povo-e-cultura-viva-termina-dia-12-de-outubro/>. Acesso em:
18 Aug. 2021.
BOND, Rosana. Os heróicos mapuches. A Nova Democracia. Disponível em: <https://anovademocracia.com.br/no-27/559-os-heroicos-mapuches>. Acesso em: 18 Aug. 2021.
As raízes indígenas mapuches do Chile - Esquerda Online. Esquerda Online. Disponível
em: <https://esquerdaonline.com.br/2019/10/27/as-raizes-indigenas-mapuches-do-chile/>.
Acesso em: 18 Aug. 2021.
Google.com. Disponível em: <https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://www.ufrgs.br/estudoslatinoamericanos/wp-content/uploads/2019/05/ELA9%25C2%25BA-Texto9.pdf&ved=2ahUKEwie7rHVyLvyAhXWqZUCHVeXAA0QFnoECBkQAQ&usg=AOvVaw3PbNnn90iLaBD5Tw5FNQXJ&cshid=162
9324761775>. Acesso em: 18 Aug. 2021.
JORNALCOMP2018. HÁ POVOS ORIGINÁRIOS, HÁ RESISTÊNCIA, HÁ LUTA! | O
Companheiro. Blackblogs.org. Disponível em: <https://jornalocompanheiro.blackblogs.org/2019/01/14/ha-povos-originarios-ha-resistencia-ha-luta/>. Acesso em:
18 Aug. 2021.
CONTRIBUIDORES DOS PROJETOS DA WIKIMEDIA. Povo indígena do Chile e da
Argentina. Wikipedia.org. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Mapuches>. Acesso em: 18 Aug. 2021.