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fonograma odeon 108.077
Carlos Palombini
Universidade Federal de Minas Gerais – cpalombini@gmail.com
resumo: Um exame do fonograma da Casa Edison Gargalhada (pega na chaleira), anunciado na gravação como “cançoneta
por Eduardo das Neves”, inicialmente expõe a origem da expressão “pegar na chaleira”. A análise dos critérios de catalogação
do Instituto Moreira Salles expõe contradições internas e incongruências. A literatura hesitando na determinação da data de
gravação, recorre-se às datas dos eventos narrados em fonogramas registrados em sucessão para propor uma aproximação.
Provavelmente datada de 1906 ou 1907, o fonograma 108.077 aparece como um “lundu” em catálogos comerciais de 1915 a
1926. Vagalume clamou para si a autoria da letra, sugerindo que a música houvesse sido improvisada por Neves. Jota Efegê
observou todavia que, freqüentemente, Neves deixou-se conduzir por músicas alheias na confecção de seus versos.
Palavras-chave: cançoneta, lundu, fonograia, Casa Edison.
1. gargalhada
“Pega na chaleira, cançoneta por Eduardo das Neves para a Casa Edison, Rio de Janeiro”:
inicia-se assim um fonograma cuja audição me intriga desde o início dos anos sessenta, quando, aos sete
anos de idade, recebi a chapa de goma-laca 1 em cujo selo lê-se, em caracteres prata sobre fundo alaranjado:
“International Talking Machine Co m.b.H., Odeon Record, Gargalhada, Eduardo das Neves, No. 108.077,
Impresso especialmente para Casa Edison”. Segue-se, na voz de Neves, cançoneta cuja letra, já era enigmática
no início dos anos sessenta.
De acordo com o Dicionário da língua portuguesa contemporânea da Academia das
Ciências de Lisboa (2001), a expressão “pegar na chaleira” – um brasileirismo – significa “bajular,
adular, lisonjear”. De acordo com o Dicionário brasileiro da língua portuguesa o substantivo masculino
e feminino “chaleira” quer dizer “bajulador” na gíria: “O significado provém de os bajuladores do chefe
político gaúcho Pinheiro Machado, que conservava no Rio de Janeiro o hábito de tomar chimarrão,
estarem sempre atentos para lhe servirem a chaleira de água fervente para o preparo da infusão de mate”
(SILVA et al. 1975). Ainda segundo o Dicionário brasileiro, “pegar no bico da chaleira” significa “adular,
bajular, lisonjear os poderosos”.
No catálogo online do Instituo Moreira Salles (IMS), a Gargalhada aparece em quatro ichas
do acervo Humberto Franceschi e duas do acervo José Ramos Tinhorão, correspondendo, possivelmente,
a chapas distintas 2 Todas as ichas dão “Gargalhada (pega na chaleira)” como “título da música”. Este
título é o mesmo que consta na Discograia brasileira 79 RPM (SANTOS et al. 1982, p. 84) e corresponde
à amalgamação do título no selo da chapa com o título anunciado no início do fonograma. 3 Todas as ichas
creditam “Neves, Eduardo das” como “intérpretes(s)”. Todas registram a “Odeon” como “gravadora”. Todas
indicam, como “data de gravação” e “data de lançamento”, o período 1907–1912, correspondente à estimativa
da Discograia brasileira para a totalidade da série 108.000 (SANTOS et al. 1982, p. 115). Todavia, no que diz
respeito às entradas “gênero musical”, “número do álbum”, “lado” e “rotações”, há discrepâncias, não só entre
as ichas dos acervos Franceschi e Tinhorão como também, internamente, entre as quatro ichas do acervo
Franceschi. (As duas ichas do acervo Tinhorão são idênticas.)
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2. datação
De acordo com FRANCESCHI (2002, p. 207), a fórmula usada para anunciar a música no
fonograma 108.077, concluindo-se com “para a Casa Edison, Rio de Janeiro”, sem o endereço, vigorou de
1904 a 1912. A tabela abaixo mostra as datações estimativas da Discograia brasileira para as séries Odeon
imediatamente anteriores, imediatamente posteriores ou parcialmente concomitantes à 108.000.
série Odeon
data estimada
diâmetro
40.000–40.777
1904–1907
27 cm
108.000–108.843
1907–1912
27 cm
10.000–10.412 4
1907–1913
19 cm
70.000–70.084
1908–1912
35 cm5
70.500–70.515
1908–1912
30 cm
137.000–137.107
1912–1914
25 cm
120.000–120.999
1912–1915
27 cm
Tab.1: Datações estimativas de SANTOS et al. (1982) para as séries imediatamente anteriores, imediatamente posteriores ou
parcialmente concomitantes à Odeon 108.000.
O “Livro de Registro de Gravações da Casa Edison” (reproduzido em FRANCESCHI 2002) fornece
“série”, “N ”, 7 “gênero”, “autores” e “artistas”, além da data e local das tomadas de todos os fonogramas das
séries 120.000 e 137.000, bem como dos fonogramas 10.327–10.413 da série 10.000, com as datas estendendo-se
de 5 de setembro de 1911 a 15 de abril de 1915, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Porto Alegre. 8 Não há,
no Livro, registro de nenhuma tomada para a série 108.000. Assim, se a Discograia brasileira está correta ao
supor que a série 120.000 se inicie com o inal da 108.000 (SANTOS et al. 1982, p. 115 e 169), as tomadas para
a série 108.000 devem ter-se encerrado no inal de agosto ou início de setembro de 1911. 9
No interior da série 108.000, os fonogramas 108.070–108.085 constituem a primeira sucessão
contínua de interpretações de Eduardo das Neves (Tab.2), com quinze itens identiicados na Discograia
brasileira (SANTOS et al. 1984, p. 84–85). A série 108.000 estendendo-se de janeiro de 1907 a agosto de
1911 e constando de 844 fonogramas, obtém-se uma média de quinze fonogramas por mês. Esta aproximação
situaria os fonogramas de número 108.070 a 108.074 nos últimos dez dias de maio de 1907 e os de número
108.075 a 108.085 nos vinte primeiros dias de junho do mesmo ano.
6
fonograma
108.070
108.071
108.072
108.073
108.074
108.075
108.076
108.077
108.078
108.079
108.080
108.081
108.082
108.083
108.084
108.085
os
título 10
O Soldado que perdeu a parada
E Eu nada
Bolim-bolacho
Marocas
Iaiazinha
Pai João
Isto é bom
Gargalhada (pega na chaleira)
O Amolador
O Aquidaban
República de estudantes 13
Rolo em um bonde 14
Seu Gouveia
gênero
lundu
lundu
lundu
lundu 11
lundu
lundu 12
lundu
lundu
lundu
canção
cômico
cômico
canção
matriz
XR-603
XR-608
XR-607
XR-610
XR-611
XR-612
XR-613
XR-614
XR-615
Com
violão de E. das N.
violão de E. das N.
violão de E. das N.
violão de E. das N.
violão de E. das N.
violão de E. das N.
violão de E. das N.
Violão
violão de E. das N.
Violão
viol., M. Pinheiro, Nozinho
viol., M. Pinheiro, outros
violão, outros
canção
violão de E. das N.
Estranguladores do Rio
canção
XR-618
viol. de E. das N. [e coro] 15
Balancê
Tab.2: Primeira sucessão ininterrupta de fonogramas de Eduardo das Neves na série 108.000.
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Em Panorama da música popular brasileira, VASCONCELOS (1964, p. 191) data de “entre 1904
e 1912”: O Soldado que perdeu a parada, Bolim-bolacho, Isto é bom, Gargalhada, Rolo em um bonde e
Balancê. Na página 284 de Panorama da música brasileira na belle époque, o mesmo VASCONCELOS
(1977, p. 284) data de “entre 1906 e 1912”: O Soldado que perdeu a parada, Bolim-bolacho, Pai João, Isto
é bom, Gargalhada, O Aquidabã, Rolo em um bonde, Estranguladores do Rio e Balancê. Na mesma obra,
48 páginas adiante, ele data de “entre 1906 e 1909” o Rolo em um bonde (VASCONCELOS 1977, p. 332).
Finalmente, o Dicionário Cravo Albin da música popular brasileira (ALBIN 2006, p. 1032) data de 1907
O Soldado que perdeu a parada, E Eu nada, Bolim-bolacho, Marocas, Iaiazinha, Pai João, O Amolador, O
Aquidaban [sic], Rolo em um bonde, Seu Gouveia, Estranguladores do Rio e Balancê. Ressaltando o caráter
estimativo das datações, FRANCESCHI (2008) não hesita em dizer que a Gargalhada seja de 1906. Há boas
razões para isso.
Como Eduardo das Neves canta em O Aquidabã, “Foi essa noite fatal de 21 de janeiro [de 1906]
que trouxe pesado luto ao pavilhão brasileiro: o valente Aquidabã, colosso de mil guerreiros, desfez-se no
mar sagrado com seus bravos marinheiros”. 16 Já o caso narrado em Estranguladores do Rio, o assassinato,
por Eugênio Rocca e Justino Carlo (o Carletto), de Carlo Fuoco, de dezessete anos de idade, e Paulino Fuoco,
de quinze, sobrinhos do joalheiro italiano Jacob Fuoco, de cuja loja, no número 11 da Rua da Carioca, eram
funcionários, ocorreu na noite de 14 para 15 de outubro de 1906. 17
Vagalume (João Guimarães) airma em 1933 que “o povo se acostumou a ouvir Eduardo das
Neves cantar ao violão os acontecimentos de maior divulgação, ocorridos no cenário político de nossa Pátria”
(GUIMARÃES 1978, p. 70). Como diz o cantor acerca de suas obras na “Declaração” que abre o Trovador
da malandragem, “o muito merecimento que têm (e é por isso que tanto sucesso causam) é que eu as faço
segundo a oportunidade, à proporção que os fatos vão ocorrendo, enquanto a cousa é nova e está no domínio
público. É o que se chama ‘bater o malho enquanto o ferro está quente’” (NEVES 1905, p. 4). Ora, Eduardo
das Neves glosava o “assunto do dia” (VASCONCELOS 1964, p. 45), 18 e, em junho de 1907, entre o assunto
do dia e o dia do assunto, se teriam passado mais de um ano e quatro meses, no caso do naufrágio, ou cerca
de oito meses, no caso do latrocínio. 19
Fred Figner deu início à comercialização de cilindros em 1897 (FRANCESCHI 1984, p. 22; 2002,
20
p. 31), isto é, três anos antes da data de registro da Casa Edison na Junta Comercial (FRANCESCHI 1984,
p. 31–32; 2002, p. 50–51). O Catalogo de 1902 da Casa Edison mostra que A gargalhada (com artigo) já estava
à venda em 1902 como o cilindro A-492, na voz de Eduardo das Neves, sem menção de gênero. Todavia,
se, nos Estados Unidos, “das primeiras gravações feitas em folha de estanho em 1877 às últimas produzidas
em celulóide em 1929, os cilindros atravessaram meio século de desenvolvimentos tecnológicos da gravação
de som” (SEUBERT s.d.), no Brasil, nem os catálogos gerais de 1915, 1918, 1919, 1920, 1924 e 1926, nem os
suplementos de 1913 e 1914 – isto é, a totalidade dos catálogos divulgados por FRANCESCHI (2002) – fazem
qualquer alusão a fonógrafos ou cilindros. FRANCESCHI (1984, p. 32) identiica no Diário Oicial de 11 de
setembro de 1907, o registro, por Fred Figner, da marca de cilindros Phrynis e conclui que “discos e cilindros
conviveram harmoniosamente durante as duas primeiras décadas deste século” (FRANCESCHI 1984, p. 32).
Em A Casa Edison e seu tempo, ele é um pouco mais preciso: “o cilindro permaneceu presente, com produção
signiicativa, por toda a primeira década do século XX e boa parte da segunda” (FRANCESCHI 2002, p. 43).
Já a chapa 108.077 aparece em catálogo, sempre como um lundu: em 1915, sob a rubrica “modinhas, canções,
cançonetas, monólogos e lundus” (p.59); em 1918, sob a rubrica “modinhas, canções e lundus” (p.32); em 1919,
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sob a rubrica “modinhas, canções e lundus” (p.31); em 1920, sob a rubrica “modinhas, canções e lundus” (p.26);
em 1924, sob a rubrica “série 108.000” (p.31); e em 1926, sob a rubrica “por Eduardo das Neves” (p.6).
Em meu exemplar, o selo do Balancê é o de miolo azul e borda roxa, com os caracteres em
dourado e a bandeira esvoaçante do Brasil no hemisfério superior. Se Franceschi tem razão em dizer que
este selo foi aplicado em “reprensagens comemorativas da inauguração da fábrica Odeon do Rio de Janeiro”
em dezembro de 1912 21 e que “somente gravações anteriores a 1912 [...] foram reprensadas e receberam
etiqueta especial [...] num curto período de 1913” 22 (FRANCESCHI 2002, p. 204), é razoável admitir que
a Gargalhada tenha estado à venda no ano de 1913, não aparecendo nos catálogos disponíveis deste ano e
do seguinte, justamente os mais próximos à data provável de gravação, porque, para os anos de 1913 e 1914,
não dispomos dos catálogos gerais, mas apenas de suplementos. O sucesso posterior da chapa sugere que
o cilindro A Gargalhada, independentemente de seu conteúdo, possa ter estado à venda por quatro anos
desde seu anúncio no Catalogo de 1902. Não é improvável que, a partir da data de gravação do fonograma
108.077, cilindro e chapa tenham igurado nos catálogos perdidos, até que a segunda desbancasse a primeira,
um fato consumado no catálogo Discos Odeon 1915 Casa Murano. A Gargalhada deve, portanto, ter sido
comercializada por cerca de um quarto de século, ininterruptamente.
3. autoria
No prefácio de seu Trovador da malandragem, por volta de 1903, Eduardo das Neves pergunta:
“Por que motivo duvidaes, isto é, não acreditais, quando apparece qualquer ‘chôro’, qualquer composição
minha, que agrada, que cahe no gôsto do publico, e é decorada, repetida, cantada por toda a gente, e em toda
a parte – desde nobres salões, até pelas esquinas, em horas mortas da noite?!” (NEVES 1926, p. 3). 23 João
do Rio conclui, em 1908, que, ao contrário do Bahiano, “Dudú [...] canta apenas as suas obras” (BARRETO
1910, p. 306). E Vagalume airma, em 1933, que escreveu, a pedido de Neves, a letra de “Pega na chaleira”
(GUIMARÃES 1978, p. 68).
Jota Efegê observou, em 1965, que “houve um punhado de canções (lundus, modinhas, chulas,
etc.) que o teve como criador ou principal intérprete. Muitas delas, por isto, icaram consignadas na biograia
do bardo do povo como sendo de sua própria e exclusiva autoria, quando, apenas, houve feitura de versos
conduzidos por músicas alheias” (GOMES 1978, p. 159).
notas
Sobre a composição da massa do disco, vide FRANCESCHI (1984, p. 107–108; 2002, p. 212).
Ou a transferências distintas de uma mesma chapa: o site do IMS não fornece esclarecimentos.
3
Segundo FRANCESCHI (2002, p. 207), nas gravações cantadas da Casa Edison o anúncio era feito pelo próprio intérprete. O
sotaque português do anunciante aparentemente o contradiz, no caso do fonograma 108.077.
4
O “Livro de Registros de Gravações da Casa Edison”, reproduzido por FRANCESCHI (2002) identiica o fonograma 10.413,
desconhecido de SANTOS et al. (1982, p. 80–81).
5
Baseados em catálogos da época, SANTOS et al. (1982, p. 121) airmam que os discos de 35 centímetros permitiam gravações
de até seis minutos de duração. Esta informação é conirmada: em 1920: catalogo geral (p.73); no Catalogo geral de discos duplos
Odeon de 1924 (p.84); no Catalogo geral de discos duplos Odeon de 1926 (p.47). Em todos eles, a segunda faixa da chapa 70.083,
Ballada do Guarany, na voz da soprano M. Pereira, é anunciada como durando seis minutos. O fato desta chapa não aparecer nos
catálogos de 1915, 1918 e 1919, todos eles contendo gravações da série 70.000–70.084, pode levantar suspeitas quanto à data de
1912, fornecida por SANTOS et al. (1982, p. 121) como limite inal da série.
1
2
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O termo “série” corresponde ali ao que SANTOS et al. (1982) designam por “matriz”, e não ao que estes, FRANCESCHI (1984
e 2002) e o presente autor entendem pelo termo.
7
No “Livro de Registros”, “Nos” corresponde ao que SANTOS et al. (1982) designam por “número do disco” e o IMS por “número do álbum”, mas que preiro chamar de “número de fonograma”.
8
Sobre gravação e prensagem em Porto Alegre, vide VEDANA (2006) e FRANCESCHI (1984, p. 89–92; 2002, p. 177–191).
9
Não é impossível que a hipótese de Santos não se conirme e que as tomadas para a série 108.000 tenham-se registrado em
outro livro. Por outro lado, SANTOS et al. (1982, p. 106–114) dão dezembro de 1912 como “data do lançamento” de trinta e três
dos fonogramas da série 108.000. A possibilidade do decurso de um período considerável de tempo entre a data de gravação e
lançamento deve ser levada em conta.
10
Os títulos abaixo estão disponíveis, por streaming, no site do IMS.
11
De acordo com a icha do fonograma do acervo Tinhorão (o único no qual esta gravação está disponível em linha), um “lundu alegre”.
12
Para VASCONCELOS (1977, p. 284), um “lundu alegre”.
13
Anunciado no fonograma como “uma noite agitada numa república de estudantes”.
14
Para VASCONCELOS (1977, p. 332), Rolo em um bonde é uma “confusão cômica”, um “sketch certamente improvisado, durante o qual Mário Pinheiro canta uma modinha de um autor desconhecido”.
15
A referência ao acompanhamento de coro não é fornecida por SANTOS et al. (1982, p. 115), mas aparece nos catálogos de 1915,
1918, 1919, 1920, 1924 e 1926. Segundo VASCONCELOS (1977, p. 284), o coro é constituído por Mário Pinheiro e Nozinho (Carlos
Vasques). O fonograma anuncia: “cantado e acompanhado ao violão por Eduardo das Neves e coro feito por Mário e Sinhozinho”.
16
A letra de O Aquidabã aparece em VASCONCELOS (1985, p. 42–43) e LISBOA (1996, p. 183).
17
Sobre “o crime do ano”, vide PINHEIRO (1906), BARBOSA (1923, p. 97–102), ALENCAR (1979, p. 100), XAVIER (2004),
FERLIM (2006, p. 76–77) e PORTO (2009, p. 176–202).
18
TINHORÃO (1976, p. 40–41) vai mais longe, atribuindo a Eduardo das Neves o papel de fundador da tradição, viva na primeira
década do século XX, de cantar sempre o drama ocorrido na cidade, um caso escandaloso ou um acontecimento político.
19
É verdade que o crime da Rua da Carioca ainda era assunto em dezembro de 1907, quando Carletto e Rocca foram levados a
julgamento. “Justiça, senhores da terra, justiça mais uma vez, trinta anos não é demais para quem tal crime fez”, canta Eduardo
das Neves, seja solicitando a pena máxima, antes do julgamento, seja endossando-a, depois.
20
Sobre a produção e a comercialização de cilindros no Brasil, vide FRANCESCHI (1984, p. 11–52; 2002, p. 15–59).
21
Fred Figner recebeu a prova da primeira chapa inteiramente produzida no Brasil em 21 de dezembro de 1912, embora não se
saiba ao certo que fonogramas ela contivesse (FRANCESCHI 2002, p. 203).
22
Em Registro sonoro por meios mecânicos no Brasil, Franceschi airma que o selo Bandeira Brasileira aplicou-se a discos “prensados entre 1908 e 1912” (FRANCESCHI 1984, p. 75).
23
Citado por João do Rio em 1908, com variações, na coletânea A alma encantada das ruas (BARRETO 1910, p. 305–306).
Referências bibliográicas
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