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Agostinho da Silva

A ARTE DE BOLINAR ou BOIAR ? Fluir…. Chp AS, o homem Poema, Professor do Espírito Santo Um Olhar sobre AS, o Homem Poema (H Universal, H Criador) AS: A Visão, o Processo, o Projeto e a Manifestação Sessão comemorativa dos 20 anos da sua morte em 5/4/2014 - Sesimbra Hesitei em aceitar o convite do Pedro e do Renato para aqui estar hoje pois sei que não possuo o conhecimento nas áreas da filosofia e da história que os palestrantes habituais destes encontros sempre revelam de forma aprofundada. Mas…. ainda não recuperara o fôlego já o Pedro anunciava publicamente os nomes dos palestrantes!… É muito rápido este Pedro lol Então tive de me socorrer de algumas coisas que fui aprendendo nas áreas da psicologia profunda e da minha própria busca interna, para “bolinar” sobre a pessoa de AS, ele próprio; e por obra e graça do Espírito Santo – pois de quem havia de ser??? - tinha em casa um livro exatamente chamado Agostinho da Silva, Ele próprio, publicado com DVD pela editora ZÉFIRO em Março de 2006. E foi assim, vendo AS e ouvindo o que ele próprio sobre si mesmo escolheu dizer, que fui recolhendo informação, sentindo por dentro e escrevendo estas notas…. Foi a minha instantânea atração por tudo o que lia de Agostinho, Dalila e Telmo, por via do sentimento, um forte sentimento de irmandade de alma e de coração, esse mesmo sentimento de “estar em casa” que me vem desta terra arrábica, que me trouxe ao convívio com este grupo que sinto como um lugar de almas abertas à Presença Viva do Espírito tão fortemente atuante aqui nestas terras e gerador de um sentimento de irmandade entre quem a essa Presença é sensível, independentemente do caminho particular que cada um percorra. AS diz que se trata de juntos aprendermos a bolinar, de juntos buscarmos mais e mais além, através do processo íntimo e diferenciado de cada um. E para tal nos propõe uma VISÃO e um PROJETO. É neste agostiniano e télmico espírito de liberdade, manifestada em fraterna e desafiante partilha que me atrevo a estar aqui hoje, falando dessa VISÃO e desse PROJETO que me apaixonam e de como o grande Professor AS nos ensina a realizá-los. É também na alegria de humildemente participar de forma mais ativa nesta homenagem e nesta circular ou espiralada descoberta. Por isso, Pedro e Renato, agradeço o desafio fraterno que me fizeram e que me proporcionou mergulhar mais a fundo nas águas fecundas da Alma Portugal, pela mão de A S e na vossa companhia. Qual o PROPÓSITO, a INTENÇÃO, dos ensinamentos de AS? 3´10’’ A VISÃO Eu diria que no essencial o propósito do Professor AS é iluminar, para nós portugueses, a VISÃO que esquecemos da Alma Portugal. No vídeo “AS, Ele Próprio”, gravado por António Escudeiro, AS revela essa Visão no que ele refere ser um “diálogo com o Espírito Santo” seu interlocutor na gravação, substanciado no buraco negro da lente da câmara de vídeo frente à qual fala. Nesse diálogo AS revela-nos o seu PROPÓSITO: dar a conhecer uma VISÃO da Alma Portugal, e um PROJETO capaz de trazer essa VISÃO à manifestação irradiante no mundo. Pelo caminho da sua própria vida, do seu exemplo e da sua palavra, o grande Professor revela-nos também o PROCESSO interno e externo, para a realização desse PROJETO. Como ponto de partida, escolhe uma ideia que perfilha de Joaquim de Fiore, (pg 25 abade beneditino que abandona a ordem e vai viver com um grupo de franciscanos ditos “espirituais”, porque fiéis ao ideal de pobreza fraterna de S. Francisco), sobre as três Idades no Tempo e do tempo: Idades do Pai, do Filho e do Espírito Santo. AS toma essa ideia como “o princípio”, a base da sua própria VISÃO, do seu próprio pensamento e conceção do mundo. De um ponto de vista simbólico encontra o modo de aplicar esta ideia ao concreto, no culto do Espírito Santo, tal como é praticado pelos portugueses. Diz ele que o interesse pela concretização é bem característico do povo português, e também se revela no entusiasmo com que esse culto do Espírito Santo se espalhou em Portugal, desde que a Rainha Sta Isabel veio de Aragão para casar com D. Dinis em 1282. Conhecedora dos ideais de J F e dos franciscanos espirituais, ela promove em Alenquer a 1ª festa do ES, como um culto popular, no séc 13. http://www.santanostalgia.com/2013/06/casamento-de-ddinis-e-disabel.html Segundo J F, a Idade do E S é a Idade do pleno desenvolvimento do Homem. Lembra-nos A S que o ES é criação pura, portanto “instabilidade e inesperado” mas ao mesmo tempo diz que os portugueses pretendem antever “como” se organizará essa futura Idade… Parece haver aqui uma contradição, uma ilusão, uma missão impossível! Será ela Indicativa de uma nostalgia que tenta encontrar uma ordem racional no caos da pura criação …? Ou, (malgré elle même) trará essa aparente contradição à luz uma portuguesa intuição da multidimensionalidade quântica em permanente movimento que a é a criação e onde todas as contradições convivem, por direito próprio, na íntima e indissociável unidade do Tempo e do tempo? Ouçamos Agostinho, ele próprio: (CITAR pg 27 ânsia da alma; pg 28 1º § como seria a vida na idade do ES) Nessa ideia de J F e dos franciscanos, e na forma como os portugueses a concretizam simbolicamente na Festa popular, encontra AS o sentido de uma Visão do Universo como “criação contínua” “incriado e criador”, e do Homem como “poeta que faz poemas e que é ele próprio um poema” ou seja, uma criação contínua também. Como aliás, ele próprio, Homem Poema sempre imprevisível, se nos revela: um espírito criativo, um desconcertante e desafiador professor, na escola como na vida. Eu diria que entre a VISÃO da Idade do E S e o PROJETO para a sua manifestação, existe uma espécie de Zoom Inter Dimensional de Consciência que nos permite viajar, boiar, bolinar, do tempo ao Tempo, unificando o espaço universal, desde a realidade concreta cheia de contradições à infinita e eterna Unidade do Ser Existência e por sua vez trazendo o Ser à manifestação. E esse é o PROCESSO, a obra, interna e externamente manifestada, que ele propõe a cada um de nós. AS explica assim o entusiasmo dos portugueses por este culto, como uma Visão do anseio mais profundo da Alma Portugal: a Saudade da completude do Ser, incriado e criado, Presença Viva, Sua eterna Origem. (o puro ideal franciscano parece reviver agora de novo com o Papa Francisco que curiosamente consagrou o Mundo à Senhora de Fátima de Portugal, no dia 13 de Outubro 2013...) AS aponta aos portugueses um Caminho de busca interna e de descoberta consciente da Alma, extensivo ao coletivo humano e ao Homem Universal. Trata-se de o fazer em cada Aqui e Agora, a partir do contexto onde a alma coletiva se vai manifestando. A sua ocupação permanente é contribuir para tornar consciente a Alma Portugal, apontando caminhos que frutifiquem em realizações para o bem de todos, no todo universal. (Não dá tempo … Cf no livro de Renato Epifâneo “Visões de Agostinho da Silva” e em especial na III Parte que aborda o tema Sociedade de Hoje, Homem de Sempre, pois se trata de uma magistral síntese do percurso de AS ao longo da história de Portugal (Cf). --------------------------------#-------------------------------- O PROCESSO Para AS a viagem terrena é também uma viagem interna de recordar um passado que é futuro. A VISÃO da Alma Portugal revela-se em Agostinho como um Processo individual/interno que se consciencializa e se foca (em Intenção) num Projeto, que por sua vez se torna coletivo e externo ao manifestar-se em ação e Realização concreta no mundo. Manifestação e realização, de quê? Da Presença Viva do Espírito (Santo) que nos habita e que reconhecemos como a força criadora e impulsionadora, que nos guia. Assim se dá a transmutação interior, alquímica do ego mais básico auto centrado para o Eu cônscio de Si Mesmo (Self ou eu superior), e deste para a descoberta do Eu Sou ou Presença Viva do Espírito Santo Amor Maior, em Ação, dentro e fora de todos nós e de uma forma única em cada um. Todo este PROCESSO íntimo está em curso, devagar, humildemente, silenciosamente, interiormente buscando a manifestação de forma persistente, inspirada e inspiradora, enquanto herança de Mulheres e Homens Grandes porque Crianças e Poemas, tal como Agostinho e Telmo, esforçados ”Descobridores”, que contam histórias vivas e vivos as dizem de geração em geração, como se a alma lhes reconheça a valia e lhes ordene imperativamente essa generosa e fraterna partilha, ilustrando-as na sua própria vida em atitudes e ações, e sabendo vê-las nas vidas dos outros também. Agostinho da Silva é uma Luz, um Farol, um Mestre, alguém que faz a Viagem de Vida e nos fala dela a partir do destino, que é o de Todos Nós. Ele nos mostra a sua VISÃO de um futuro que é também memória, na alma, do passado sua Origem. Afirma ser esta VISÃO inata estando presente na criança enquanto ainda ser livre. Incita-nos a recuperar e conservar a sua memória viva e a descobri-la nas sucessivas experiências da vida. É uma aprendizagem em que se revela Mestre. Egos aprendizes esquecidos de quem somos ele, nos conduz com segurança ao leme, na Viagem, pelas suas palavras, pelo seu exemplo, e nos incita a prosseguir na direção certa. O PROCESSO é interno. Mas Agostinho ensina-nos pelo exemplo da sua vida que é possível agir e realizar obra neste mundo em que vivemos, obra de almas abertas pelo toque do Espírito, unidas pela e na Presença eterna do Amor Maior, alma vivas e conscientes ou seja como AS diz, iluminadas, transparentes, translucidas, como as “mundas almas” de Camões. CITAR pg 54 Esta é para mim uma grande lição do grande Professor A S. Ele nos mostra que o Propósito é viver e que viver é aprender e ensinar vivendo; ele nos mostra que professor e aluno são uma e a mesma coisa. Ele nos encoraja, nos encaminha e nos acompanha para a liberdade, a criatividade, a partilha fraterna, para a realização da Idade do Espírito na terra, para assumirmos com consciência a nossa própria realização de Ser Poema, viver a própria Criação em Ação. Total 14’ 26 ‘’ ---------------------------------#------------------------------ O PROJETO CITAR pg 42 Nesse culto popular português, que tem como Imperador uma criança e culmina em fraterna partilha de pessoas livres, AS vê simbolicamente três momentos essenciais, reveladores de “como” será organizada a vida dos homens na 3ª Idade, a do ES: 1º Ato da Festa: escolha do Imperador para governar o mundo pg 29 Quem melhor pode representar o E S na terra? O povo português escolhe uma criança que o Padre corôa na Igreja como Imperador, capaz de reger o Mundo Novo. AS diz que a escolha de uma criança se pode dever a três motivos: a) à capacidade de livremente imaginar “soluções para os problemas que atrapalham os adultos”… e “de fazer perguntas para as quais as pessoas mais preparadas dificilmente encontram respostas adequadas” pg 30. b) à recuperação do enfoque franciscano no Presépio e no Jesus Menino, manifestando-se no Mundo por obra do Espírito Santo, o Divino Amor. c) à recuperação do ideal beneditino de abrir as portas dos conventos a todos e a todos acolher como se fossem Cristo disfarçado. O Menino Imperador representa assim “ o divino reapresentando-se ao mundo para que os homens entendam o divino pela maneira por que ele se comportava” pg 31 (CHP e ao comportarem-se como ele sejam alunos e professores de Deus no Mundo – CHP - ACIM) 2º Ato da Festa pg 31: O Menino Imperador abre as portas da prisão local, libertando todos os presos. Diz AS que é isto para mostrar ao Mundo que na Idade do E S, Idade plena do Mundo, não é mais preciso privar ninguém da liberdade porque não há mais guerra, pois não há mais carências que atinjam a humanidade, nem dificuldades económicas, nem CITAR PG 32 “as pressões que a economia que existiu a partir do pecado original” exerce, tal como a Bíblia refere: o aproveitamento do fruto da árvore (o alimento sabedoria) por alguns excluindo outros, quando esse fruto devia pertencer a toda a humanidade e portanto não podia ser submetido ao poder de um só homem ou de um pequeno grupo de homens” … “só seria de todos se nunca fosse consumido por ninguém para um aproveitamento individual”. CITAR pg 32 “O português provavelmente achava que antes ………… inconsciente” Pg 32,33 “futuro……….. motivo” 3º Ato da Festa: o banquete gratuito Todos os que viessem consumiam o que houvesse, sem terem de pagar por isso. Em suma: os portugueses declaram o culto do E S como um “programa de futuro” (pg 33), um futuro de um mundo ordenado e “dirigido pelas qualidades inatas na criança que não fossem destruídas pela educação…. ou pelas pressões económicas” e, portanto “a vida quotidiana………… passado” CITAR PG 33 O culto espalhou-se com as Descobertas: Brasil, Açores e deste para a Califórnia (Festa de San Diego), mas diminui muito com a invasão da península pela Europa no séc 16, (pg 34), trazendo uma organização do capital “oposta à economia comunitária de Portugal e dos cumeros espanhois” e também um tipo de governação centralista autocrático, completamente diferente do governo e da coordenação que tinha sido sempre a forma de governo em Portugal: coordenação pelos reis, coordenação pelos monarcas de um conjunto de municípios que só podemos classificar plenamente democráticos e republicanos” e onde a educação era feita livremente pela experiência: “ havia poucas escolas e elas não eram frequentadas senão em casos muito especiais” pg 35 Pg 44 diferença entre trabalho e ocupação. Tempo livre. Ele nos ensina a não ficarmos presos nas ideias vindas da Europa, como a partir do séc 16 aconteceu… CITAR: pg 34 Agostinho da Silva ensina aquela irreverencia de não sermos de ninguém servos, nem sequer sobretudo de nós próprios, do nosso pequeno ego e exorta-nos a despertar a consciência para a criança, para o poeta que sempre somos, que nunca verdadeiramente deixámos de ser: este é o PROJETO que nos propõe considerando-o a única “conversão” que realmente pudemos fazer: a de nós próprios. (Texto de AS no Colóquio 30/9/2006 Sesimbra) Cultura é para AS um saber que trazemos e lembramos quando “olhamos” a partir de dentro, para dentro do fora, da dimensão em que nos vemos viver, e para dentro do e dos que connosco a partilham. Esse olhar, essa Visão nos traz a consciência de como estamos todos ligados, como somos parte dessa mesma identidade e ela de nós, numa transparência e translucidez que AS diz julgar ser a mesma que Camões quer referir quando fala em “mundas almas”. CULTURA não é algo abstrato e erudito só para alguns que muito estudaram. Cultura para A S é Identidade Cultural. Algo que vem de dentro, do nosso interior, da nossa alma. A partilha dessa Visão, desse saber interno, é mais possível pelo uso dos símbolos que de geração em geração espelham a nossa identidade coletiva, a nossa alma de grupo. A nossa identidade pessoal descobre-se como fazendo parte do caminho conjunto e nessa descoberta se vê a si mesma. Caminhado e partilhando, atravessando a Torre de Babel dos percursos e das linguagens na senda dos ensinamentos do Mestre Agostinho da Silva, em grupos como este temos a possibilidade de fraternamente nos descobrirmos e construirmos como um Só Ser Espiritual que somos na plural diversidade dos nossos talentos,, livremente expressos. E através da difusão vivida dos ensinamentos de Mestres como AS, contribuirmos para o acordar das almas, para o acordar consciente da sua Visão da Identidade da Alma Portugal e do Projeto que nos ensina, para ajudar à sua Manifestação. PG 47 E 48 AS diz o mesmo… Cada vez parece mais claro que a única saída para a crise civilizacional que o mundo atravessa tem a ver com esta VISÃO, este PROJETO, este CAMINHO que AS nos propõe. Na última entrevista em 1993: AS diz que a Europa vai desaparecer. É muito cético sobre UE, diz que só faz sentido economicamente e não faz sentido a união política porque não se funda em comunidades histórico linguísticas, nem em comunidades de afetos. Pelo contrário acredita no valor civilizacional da comunidade lusófona porque é uma comunidade de afetos, com um passado de história, cultura e economia comuns. Por isso defende também o passaporte lusófono e a cidadania lusófona. Projeto, utópico sonho? – interroga-se. E logo responde: “Oxalá o seja pois amanhã é dos loucos de hoje”. Neste texto (cf reverencia) a que chama PROJETO, transparece que AS vê Sesimbra num plano muito concreto, com os atributos culturais da sua gente e as circunstâncias da sua identidade, e a enorme beleza e harmonia da sua paisagem, mas também a vê num outro plano em que as terrenas formas, cores, sons, cheiros, texturas, e sabores se combinam numa verdadeira alquimia, com o Sol, o Mar e o Ar, tocando a alma que a ela se abre e dando à luz nos homens o sentimento e a palavra certas. Agostinho, Telmo e muitos outros o sentem. AS vê essa Sesimbra externa e interna em sintonia e exorta os “Amigos” e todos os que o desejem a assim “acordarem” e passarem de “múmias” (2) …… para “ressuscitados” com a missão que Portugal não cumpriu outrora, de tornar fraterno o mundo. Quanto a Sesimbra, onde viveu e sempre esteve muito ligado, afirma: citar 1º Total 20’ ….? Agostinho da Silva, a quem o Círculo António Telmo dedicou recentemente uma memorável Tarde Atlântica, foi uma das figuras mais marcantes da vida espiritual sesimbrense nas últimas décadas do século XX. O filósofo, que reconhecia em Sesimbra, onde tinha casa, um resumo de Portugal e nela entrevia, ou dela esperava, o surgimento dos primeiros núcleos de um criacionismo redentor, aqui conviveu com António Telmo, Rafael Monteiro e António Reis Marques, entre outros.  http://circuloantoniotelmo.wordpress.com/2013/03/04/projecto-um-classico-sesimbrense-de-agostinho-da-silva/ Originalmente publicado em Sesimbra Eventos (n.º 30, Abril-Maio de 2004), e, posteriormente, em Agostinho da Silva e o Espírito Universal – Actas do Colóquio Realizado na Biblioteca Municipal de Sesimbra em 30 de Setembro de 2006, o dactiloscrito de “Projecto”, da autoria de Agostinho da Silva, será uma das peças centrais da exposição De Sesimbra à História Secreta: António Telmo e as Margens da Aventura, uma entre várias iniciativas com que se assinala a inauguração da Casa do Bispo, edifício histórico da vila de Sesimbra recuperado para fins culturais onde, a partir do próximo dia 23, ficará sedeado o Círculo António Telmo. Conforme o testemunho do autor de Arte Poética, este artigo fora escrito algumas décadas antes, provavelmente no início dos anos 70, após o regresso dos dois filósofos de Brasília, e destinava-se a uma publicação de índole cultural, dedicada a Sesimbra, ou nesta radicada, que ficou por concretizar, e cujo mentor, presumivelmente, seria o próprio Agostinho. Raríssimas vezes se escreveu sobre Sesimbra de um modo tão exaltante como este que aqui escutamos ao autor de Reflexão, mormente de um prisma espiritual. Porque, segundo o filósofo, é já “Portugal que se concentra em Sesimbra, que em Sesimbra tem seu perfeito resumo com litoral de alcantil e praia, com seu castelo e seu porto, suas encostas e seus plainos, seus ocres e seus verdes, seu arreigamento no concreto e sua pronta partida para as nuvens”. Nessa mesma Sesimbra em que “devem surgir os primeiros núcleos em que o poder de criação que está oculto em Portugal desde o século XV desperte, ganhe forças e ajude a tirar Europa e América dos becos em que se meteram, os de se julgarem superiores, e ajude a tirar pretos, amarelos e vermelhos dos outros becos, os de se julgarem inferiores, em que a ciência volte a ser humana e de todos, como nas caravelas o foi”. O texto pode ser lido na íntegra aqui: PROJECTO A quem chega, esfomeado de sol que não seja apenas uma entidade de cálculo astronáutico; de mar que não seja somente o das velhas imagens de cinza e chumbo; de céu que não evoque fatalmente todos os pessimismos prognósticos de uma poluição em que a humanidade se suicide; a quem vem de todos os medíocres países humanos cujo ideal mais alto parece ser o de constituírem um mercado comum que, dados os pontos fundamentais em que assenta não será mais do que um supermercado de excesso de produção e de consumo em que o que vale é o dinheiro de que cada um dispõe e não a fome que tem para satisfazer; aos que atravessam os Pirinéus, não com as incomodidades e os desastres de quem, por não ser rei em terra própria, vai ser na alheia escravo, mas com os confortos que mais rápida do que lentamente lhes estão destruindo a alma, pelo pecado mortal de ter sempre mais do que precisam e menos do que desejam; a esses tais, indo-europeus, brancos e pragmáticos, que dominaram o mundo e cujo afã é o de organizarem o trabalho de tal modo que ele os obrigue a trabalhar mais; àqueles que estão inquietos pela existência de nações em que ainda o indivíduo existe, as atraem a seu supermercado e já tentam a Espanha, e em que apesar dos desesperos se espera que volte o Rei Artur ou O de Alcácer; a esses todos oferece Sesimbra sol, céu e mar; que os ilumine, os proteja, os embale. Homem, porém, nunca pode ser grande na medida em que recebe; as ascensões se fazem pelas curvas da dádiva, e pouco dão do que vale os que apenas nos deixam suas moedas fortes; porque isso neles não é dar, é desembaraçar-se do que, bem sabem no fundo, os está destruindo; de seus bolsos o tiram, não de si mesmos; e o que deles fica entra muito bem numa estatística dum país que recebe, o que não é a mesma coisa que uma estatística de país que ganha; cada dólar turístico é preço de uma nação que se vende; abaixa os dois termos da troca; e o que fica quando fica, de comércio feito, é apenas o que pode ter havido de realmente divino no puro humano que é seu aspecto exterior; no caminhante que chega alguma lembrança daquele São Francisco que reinventou o ser itinerante, percorreu com alegria a inteira Itália e ainda tentou converter o maometano, descobrindo no fundo de si próprio que o catequista que de Deus vem só tem de operar uma real conversão, a de si próprio àquilo que diz ser; no sedentário que o recebe, o que por dinheiro se não deu, aquele acolhimento que não obedece a políticas económicas e sobrevive neste nosso povo português apesar de tanta tentação de ser fechado, defensivo e duro; mas ignorar o Diabo é talvez o único ponto luminoso que se pode descortinar na ignorância; os outros sabem tanto que nem ao Diabo desconhecem; mas pescador, lojista, empregado de Sesimbra tanto não sabe do que não vale e tanto é o que importa que as artes demoníacas, no pior, se lhe escapam. Creio, no entanto, que estamos ou entramos num tempo em que se tem de ir para além do franciscanismo; ou, se franciscanos temos de continuar, atentemos em dois pontos essenciais: seja o primeiro de que só vale ser franciscano quando o franciscanismo é voluntário, não se esquecendo que o pregador inicial e seus primeiros amigos ricos eram, fartos de sua riqueza, e que nenhuma santidade vem de se ter falta, mas decorre toda ela de um sentido excesso; seja o segundo o de que, São Francisco além do Santo que a Igreja a si tomou e com que Portugal tentou santificar o mundo a seus discípulos levando nos primeiros navios, era poeta, tanto nas imaginações de sua vida quanto nos versos que cantou, e que, inventando o presépio, pôs a claro que valor máximo para ele era o da criança, que toda nasce poeta e que o mundo a quase toda a gente mata como poeta, pronto, porém, a celebrar, mas já bem morto, seguramente enterrado, inofensivamente desfeito em cinza, o que, afrontando-o, a ele mundo, sua infância salvou, para escarmento e exemplo de adultos. A que tempo dizíamos então que estamos pelos menos entrando? Pois a um em que o mais importante de toda a santidade seja a poesia que nela há. Deus se mostrou na história do mundo já poderoso e já piedoso; já organizou cidades e já consolou os que choravam de haver cidades; já constituiu o direito romano e esteve nas prisões construídas pelo direito romano; já foi Jeová e já foi Jesus; creio que está agora de novo examinando sua obra, achando bom o que fez, apesar de todas as linhas tortas que os homens, instrumento e fim de Deus, em seus textos descobrem, e parecendo-lhe que se ruma a outro capítulo: que só agora verdadeiramente as trevas se vão separar da luz; que só agora ao homem se vai comunicar o pleno dom da criação; que todos vão poder ser poetas, acrescentando beleza à beleza do mundo. E que nisso Portugal, redivivo, resgatado para sempre Alcácer, reencontrado Dom Sebastião não num Messias salvador, mas no homem que todos morremos na batalha, tem papel de guia, de condutor do mundo, de moço de cego de todas essas nações que nada vêem; utópico sonho? Oxalá o seja, pois, como já se disse, “amanhã é dos loucos de hoje”; melhor, além de tudo, que só o manter fazendo prudentemente suas continhas de fim de mês ou só o ver, para o futuro, como nova encarnação da Dinamarca, de que já há uma; pelo menos uma, tão descuidado vai o mundo de ser monótono e sem esperança. Portugal, porém, é grande demais, e se pensamos em Portugal, e no que tem a fazer, acabamos por lhe entregar como tarefa aquilo de que nós outros nos deveríamos encarregar. Vai, pois, o meu discurso, não àquele Portugal, e só esse vale a pena considerar, que inclui Corumbá na fronteira da Bolívia e Macau na fronteira da China, Lourenço Marques na fronteira da segregação e Chaves naquela fronteira que traçaram políticos esquecendo-se do preceito de que não separem os homens o que Deus juntou, mas ao Portugal que se concentra em Sesimbra, que em Sesimbra tem seu perfeito resumo com litoral de alcantil e praia, com seu castelo e seu porto, suas encostas e seus plainos, seus ocres e seus verdes, seu arreigamento no concreto e sua pronta partida para as nuvens, e que, dentro de Sesimbra, é ainda rijo núcleo em meus amigos de pesca ou pensamento, de mar ou alto, esses tais grandes em que o entusiasmo significa estar calmo e o cepticismo quer dizer, etimologicamente, não se cansar da busca. Para lhes dizer que estrangeiro que chega não tem apenas de deixar dinheiro para o orçamento da nação, mas de contribuir com o que sabe – e muito se sabe para além-Pirinéus, muito se ignora dos Pirinéus para cá – para que possamos viver um dia numa nação sem orçamento; para lhes dizer que em Sesimbra devem surgir os primeiros núcleos em que o poder de criação que está oculto em Portugal desde o século XV desperte, ganhe forças e ajude a tirar Europa e América dos becos em que se meteram, os de se julgarem superiores, e ajude a tirar pretos, amarelos e vermelhos dos outros becos, os de se julgarem inferiores, em que a ciência volte a ser humana e de todos, como nas caravelas o foi; para lhes dizer que tem Sesimbra de pensar em que nunca mais portugueses deixem sua terra, a não ser por franciscanamente o quererem, e que, fazendo-o, não apareçam em Paris ou Los Angeles como os escravos que deles fazem os homens, mas com a fidalguia que Deus lhes deu ao nascerem. Que Sesimbra e os Amigos acordem e aprendam com quem vem e tem obrigação de ensinar o muito que ainda têm, temos de aprender; que despertem e insuflem na sensatez do mundo a loucura que lhe falta e exorcismem de vez as múmias da prudência, da sabedoria linfática e do deixa estar como está para ver como fica; e que, ressuscitados eles próprios, passem a fazer de todo o emigrante um missionário, o missionário daquela missão de tornar fraterno o mundo que Portugal não cumpriu outrora, peado como se encontrou por uma Igreja que só o Vaticano II passou a ver como história; por um sistema económico que só o socialismo liberal poderá mitigar e só a automação lançará também aos armazéns do passado; por um sistema político, o dos Césares de Roma, que só verdadeiramente poderá desaparecer do mundo quando renunciar cada homem a ser ele próprio, em sonho ou realidade, dentro de sua casa ou de sua nação, para seu empregado ou para seu cão, César pior que o de Roma. Agostinho da Silva DE: Pré Vaticano II Sistema económico Sistema político despótico, fundamentalista (Césares de Roma) PARA: PÓS Vaticano II Socialismo liberal + automação Renuncia de cada um a ser déspota e se torne fraterno -------------------------------#----------------------------- EXTRAS A MANIFESTAÇÃO {No decurso do Processo alquímico de busca do Homem Universal, este Aqui neste Agora apresenta-se-me como uma passagem do negredo para o albedo.} AS reconhece o caracter permanente e global do PROCESSO como a própria vida em ação manifestada. Rebela-se e denuncia tudo o bloqueia essa alquimia vital e, à sua maneira muito própria, trabalha para desfazer esses bloqueios, destrói os velhos hábitos ilusórios e os valores errados para criativamente construir o novo, a manifestação das qualidades do Espírito. Na última entrevista da sua vida ao Raio da Luz, publicação sesimbrense, publicada na íntegra no website do Círculo António Telmo, AS desvenda com total clareza o PROJETO, o COMO trazer à MANIFESTAÇÃO a VISÃO da Alma Portugal: A INTENÇÃO Cf website circulo, ultima entrevista Raio de Luz) Abrir na Alma a memória do Espírito e ser por Ele iluminado, guiado na Ação, na manifestação, na realização do seu mais profundo e inato anseio. A DIREÇÃO Como direção aponta-nos uma vida interior de encontro com o Espírito, como guia e referência da navegação para a descoberta, a partir do Ser para o Estar e o Fazer. Uma comunhão de almas que se empenham na manifestação do Ser e assim juntas potencializam a energia, a vibração, a luz, o fogo, a vontade, a ação. O reconhecimento da vivência comum do desenvolvimento dessas qualidades e do seu poder de Transcensão individual e coletiva, poder de tornar os humanos mais humanos. O OBJECTIVO é: Ligar o Céu e a Terra. Descobrir as qualidades do Divino, da Criação do Universo e realizá-las neste mundo pela partilha fraterna na busca e na manifestação, que traz a Alegria Nova que vem de dentro e nos faz sentir entre “irmãos”. Todas essas qualidades do Ser Espírito estão contidas em uma só palavra “Amor” (ou como gosto de dizer na “Presença Viva do Amor Maior”). O Processo é Um Só, tal como o Ser, presente e manifesto em toda a Criação e em cada uma das criaturas de todos os reinos da natureza. A realização da sua consciência - o Reino da Consciolândia na Terra - é um processo alquímico que vem da luz para a densidade e volta da densidade para a luz. Torna-se assim uma bússola para os noonautas aprenderem a partir do Ser para o saber, estar, fazer que nos revelam a nós mesmos. Cada um ser o Poeta de/em Si próprio. Ser Poeta: o que é para AS? Gostaria de fazer aqui um parêntesis de reflexão pessoal. Nesse nível do símbolo, psique e alma são frequentemente entendidas como sinónimos. Jung designou a sede dos arquétipos como inconsciente coletivo e à consciência “coletiva” do ser designou como Eu superior ou Self (eu mesmo) não mencionando a palavra alma. Quando nos interrogamos sobre quem de dentro de nós olha, ouve, sente, fala, nos move descobrimos que há um outro nível de tomada de conhecimento da própria alma, como algo que é vivo em nós, algo que anima o Self, que É (existe) em Si mesmo e cuja realidade podemos tocar quando aprendemos a esvaziar-nos da agitação dos pensamentos e das emoções reativas da nossa psique mais básica, e sobretudo até mesmo de uma ilusão redutora do mundo dos arquétipos. Pois é no profundo silêncio interno que então se faz, que a alma despida da psique redutora se revela em nós. É então que a descobrimos verdadeiramente e podemos saborear a imensa alegria da sua descoberta. Uma Alegria Nova que desconhecíamos e que descobrimos estar desde sempre presente em nós. Uma nova identidade que se nos revela. Um saber novo de quem somos. Uma nova viagem de descoberta que se inicia. O ser poeta. Á medida que nos abrimos para a Alma (com A grande ou seja despida da psique e da interferência da mente e dos sentidos externos e internos) e consentimos assim que a partir de dentro seja ela a mover-nos, uma Força Maior em nós se manifesta. Podemos identificá-la como a Fonte dessa Alegria Nova. Ela se nos revela como uma Presença Viva. O estado em que nos deixa é um estado de pleno Amor, de Amor Maior. De fraternidade. O treino de “tecer” disciplinadamente os fios que permitirão à Alma expressar-se, irradiar, esse estado, essa nova identidade, esse ser, esse Eu Sou, e trazê-lo à manifestação na nossa psique, no nosso corpo, no mundo em que vivemos, é o Processo e o Caminho, é o Projeto em Ação. O que diz AS a este respeito? Qual o exemplo que nos dá? Atrever-me-ia a dizer que para ele, assim como cultura é identidade cultural, espiritualidade é identidade espiritual. A Alma Portuguesa: Faz sentido esta designação? Certamente faz enquanto identidade cultural. Mas não só???? Fará também sentido enquanto identidade espiritual? Haverá uma identidade espiritual pessoal e uma identidade espiritual portuguesa? Não será a identidade espiritual UNA por natureza? Provavelmente será no destino último da viagem da descoberta…. Por ora poderá talvez fazer sentido, enquanto bússula indispensável, a progressiva identificação e qualificação da identidade cultural e espiritual, tanto ao nível pessoal como grupal, como nacional ou universal. E portanto também Identidade da Alma Portugal. Assim podemos sentir que a Alma Portugal é um Alma velha no sentido em que há muito vem fazendo a Viagem na busca de quem é… Assim o revelam os filósofos portugueses que se mantém firmemente ao leme num admirável e profundo trabalho de travessia de muitos mares em muitas dimensões, do mergulho nas águas profundas e inefáveis do Ser através da herança registada em símbolos e rituais na nossa Psique e que pode conduzir-nos ao destino certo. Tal com AS eles sempre nos incitam a aprender a “bolinar” nessa interior navegação. Mas nos ensinam também que precisamos aprender a discernir de onde vêm os ventos que nos conduzem pelos mares e marés ora calmas ora tumultuosas da nossa vida pessoal e coletiva. E para podermos discernir precisamos ter guia segura, precisamos “abrir” amorosamente a Alma à comunhão no Ser, ao Sopro do Espírito Divino, o único em que podemos confiar para chegarmos a porto seguro. Simbolismo que é um somatório de registos de um caminho laboriosamente percorrido enquanto povo, no vai e vem de perto e do longe, no espaço e na diversidade de identidades culturais e de buscas diferenciadas, de navegações sopradas por vários ventos… O vento do interesse egóico é um dos que mais árduas e difíceis torna as viagens e também ainda um dos mais fortes e omnipresentes na história de humanidade… Entre muitos ventos e tempestades não deixámos no entanto de navegar, de buscar o destino mais além e por isso a Alma Portugal se apresenta como uma Alma de Síntese, uma Alma Universal, de diáspora, “abrindo-se” ao longo dos tempos, com avanços e recuos, aos novos mundos, ao diferente, “dando novos mundos ao mudo” sem contudo se perder na sua identidade própria. E AS revela-nos que a nossa própria natureza é este mesmo “bolinar”. Perguntamos: e no “Aqui” e no “Agora”? Os Filósofos Portugueses revivem e procuram decifrar o saber acumulado e registado que nos revela as diferentes formas e fases de realização da Obra (Opus). Olhamos o papel de Portugal neste agora no seio da Europa e do Mundo e aparece talvez como uma fase ao “negredo” do processo alquímico de Transcensão. Uma fase extremamente desafiante de perda dos contornos da nossa identidade nos seus aspetos mais básicos de sobrevivência material. A recuperação da identidade e o reencontro da dignidade nacional é o desafio do Agora. A cultura e a língua são certamente e sempre um instrumento que lhes é inerente. A velha Alma Portugal sabe que a obra ao negredo faz parte da aprendizagem pessoal e coletiva, faz parte do Processo e do Caminho e só assim se explica a aparente aceitação tão pacífica da escravização a que está a ser sujeita por ventos tão poluídos de primado do trabalho escravo por dinheiro mas que sabe só puderem conduzir ao beco sem saída da pobreza, da destruição, da fome e da morte. E a Saudade que sente é a memória interna da plenitude fraterna do Ser… Da liberdade de não ser escravo, de ter tempo livre e ocupar-se em Ser no que faz. A identidade da Alma Portugal pode encontrar-se tanto na contemplação do alentejano descansando à sombra do chaparro enquanto sente e comunga da natureza viva que o rodeia, como na peregrina que se recolhe e ora na Capelinha das Aparições em Fátima, como no pescador que mergulha na contemplação do azul que em cima e em baixo o rodeia até ao horizonte infinito, deixando-se embalar pelo marulhar ondulante das águas… Ele sabe como ninguém que o sopro da brisa amiga lhe dirá quando é a hora de partir e em que direção… Nessa pausa atenta a psique se silencia e a Alma encontra o seu movimento próprio de expressão criativa pela contemplação e aceitação do movimento interno que conduz à oração, à escrita, à pintura, à música, à dança, ao saber, à investigação, à invenção tecnológica, ao serviço, ao Amor. Ao descobrir a Alma que me habita e me move, a Alma que sou, sei que ela É em todos nós, em toda a criação, e daí surge naturalmente o sentimento de irmandade, de amorosa fraternidade onde AS baseia a Visão e o Projeto. Descobrir a Alma viva em mim faz parte integrante do Processo de realização dessa VISÃO. Aquilo que nos parece mais difícil pode ser de uma desconcertante simplicidade, centrando-se unicamente em conectar e partilhar este Amor Novo. Em contribuirmos com o nosso modo próprio de existir para a manifestação da nossa comum identidade cultural e espiritual. O Amor Maior É em mim, É em nós. ( a Ilha dos Amores, o Paraíso na Terra, a Era do Espírito Santo…. Manifestação da nossa Identidade Espiritual) Todo o Caminho que fazemos até essa descoberta é um meio e sempre acontece ficarmos dele separados pelo encantamento de algum apego que nos pare no percurso, nos leve de volta até à casa onde vivemos, à sua comodidade e segurança já bem conhecidas. Pausa de reabastecimento, de integração do aprendido que faz também parte do Processo, até pormos o Projeto de novo em marcha conduzidos e animados pela sua Visão. É nesse vai e vem entre mundos, da ilusão da dualidade à experiência da unidade de sermos, que vamos aprendendo a mergulhar na identidade do que realmente somos. Inicia-se um longo percurso de vida até à descoberta da ilusão da separação como um caminho sem saída… O impulso de vida nossa origem e que nos anima leva-nos a iniciar a busca de Quem olha, quem pensa, quem vê e sente em mim? Quem É (vive) em mim? A psique abre-se, expande o seu horizonte interno. O eu descobre-se para além do ego básico, toma consciência do Si mesmo ou Self, Eu Interior que alguns já chamam de Psique ou alma. Os saberes que nesta fase se focam são a filosofia, as ciências humanas ditas transpessoais ou alternativas e os credos e religiões na sua vertente de ritual externo. Segue-se a tomada de consciência da alma em Si mesma “o Eu sou Alma” ou algo se move, vibra e é vivo em mim. A vivência interna verdadeiramente espiritual acontece quando a Alma se “abre” ao toque do Espírito, se rende incondicionalmente ao Poder e Ação do Espírito Santo ou Amor Divino e por Sua Guia se deixa conduzir e transformar. É uma “abertura”, uma “iniciação” que nos leva de experiência em experiência até à descoberta da identidade do Ser em nós: ao “Eu Sou” presente em toda a Criação. Esse estado revela-se como um estado amoroso de Ser e a Alma assim aberta e unida ao Espírito sente-se finalmente em Casa. É um “levantar de véu” que a nossa Alma reconhece como a sua verdadeira Casa, cuja busca desde sempre a acompanhou como o impulso evolucionário primordial ao encontro da sua verdadeira natureza. Sabe também que não se transformou sozinha. Sabe que é parte de tudo e Todos estão no mesmo Caminho, no mesmo processo evolutivo de tomada de consciência. A viagem para o saber é a viagem para o Ser. ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ Isto pode ser apresentado como Uma Visão de AS . Cf livro do Renato e última entrevista. ( Intervenção do Pedro Martins na Casa do Bispo 7/6/2013 Sesimbra “ a terra da luz e da ciência” diziam os pescadores de Setúbal. AS : tecnologia liberta o Homem para o ócio e a capacidade de criar. Desemprego = Tempo Livre Pensamento de AS é medieval cristão: humildade e fraternidade. Antagonismo entre cooperação e concorrência. A Telmo é o maior interprete de Camões. Texto de AS “Projeto” (está no r/c da Casa do Bispo): o teorismo ? do norte da europa com quem antipatiza. A emigração. Capital, individualismo versus socratismo. Sesimbra no Centro entre Ermida da Arrábida e Ermida do Cabo Espichel. O renascimento do Mundo deve partir da Sesimbra, centro do Mundo = ? Deus. Sesimbra é o retrato resumo de Portugal (geograficamente): 22/8/1977 carta de AS a A. Telmo sobre História Secreta. No 3º caderno de Filosofia Extravagante.) RENATO CHP: agora já não é mais possível uma atitude imperialista de comércio especulativo e desigual. Com o avanço da democracia as trocas ou são equilibradas e baseadas no interesse recíproco ou já não são possíveis. Há tb que ter em vista que a concorrência especulativa global ainda entra no jogo dos domínios dependências continuando a viciar as relações. AS , O PROCESSO AS considera que existe um potencial económico e de avanço tecnológico que deve ser concretizado para benefício de todos, proporcionando mais tempo livre com condições de vida digna. O Caminho concretiza-se passo a passo. Trazer a Visão, 3ª Idade do Espírito Santo, à manifestação em cada homem, cada um em Si, reconhecendo também amorosamente a identidade de cada outro, todos diferentes e todos parte da unidade de Ser. CHP 8/6/2013 depois da sessão na Casa do Bispo Este sentimento de que vivemos num espaço sagrado de comunhão de afetos. De almas, vivificadas pela consciência da comum Presença Viva do Amor Maior, que é Origem e Fim, que é Direção e Alimento, este sentimento cresce, torna-se a própria essência do Ser de cada um e de Todos Nós, da qual emerge todo saber, todo o fazer, toda a manifestação, todo o Amor. Para tal é preciso uma envolvência de identidade cultural que acompanhe o desenvolvimento ao longo de todo o crescimento, de toda a vida. Importância da escola, do ensino. Identidade cultural é a energia da Alma Coletiva em ação no grupo que a si mesmo se reconhece como tendo sonhos e comportamentos (atitudes) comuns apesar, ou melhor, com as suas diferenças. Sonhos e atitudes que realizam a mais profunda aspiração de Alma Humana tocada por essa Presença Amorosa, harmoniosa = curadora, do Espírito que a enche de Alegria e potência vital, dando a resposta final à Saudade da Alma… Energia, Vibração, Alegria interna que se descobre contagiante e, devagar, devagarzinho, se vai espalhando como azeite em pano. A Identidade Cultural de Portugal e suas manifestações ao longo da História são bem reveladoras de que a Alma Portugal – essa identidade suprema - é uma Alma Velha, cada vez mais consciente de “O” Ser, mais sábia e mais capaz de “O” Fazer ou seja de criativamente “O” trazer à manifestação: trazer o Espírito Santo = Amor Fraterno à manifestação de forma criativa e nisso ser exemplo para o mundo. Podemos reconhecer nos grupos iniciáticos, religiosos e laicos, que marcaram desde sempre a origem e a história de Portugal enquanto nação, o fio condutor que preservou o sonho e a “ligação” deste povo com a consciência da sua Alma, que o conduziu à vontade e ao élan (entusiamo e motivação) de expandir-Se para dentro e para fora de Si mesmo, num processo alquímico de tornar-Se, neste mundo, no Sonho que a Alma Sonha na Saudade da Unidade Amorosa de Ser. Sonhos da psique (ilusórios e passageiros ou recorrentes feitos de energias bloqueadas), diferentes de sonho da Alma (experiência que inclui o corpo, a densidade e é eterna – saudade…) O Processo é um sempre o mesmo seja ele vivido por dentro de cada um, seja ele vivido enquanto grupo(s), pois é O Processo da Humanidade inteira que evolutivamente se está tornar consciente dele, Reconhecê-lo é reconhecer-se, é reconhecermo-nos, é o começo de nos tornarmos conscientes do que somos, do que sempre fomos. Da nossa essência, mais abrangente e mais profunda. Esse é também o começo da manifestação /partilha/expansão de consciência, manifestação do “céu na terra” pelo Espírito Criativo, manifestação do Criador na Criação, como Um Só. À medida que a Criação se torna consciente do Criador, deixa de haver separação: Criação e Criador são Um Só: O Amor. (Confluência mestre e discípulo… caderno de filosofia extravagante) = Idade do Espírito Santo. AS faz isso na sua vida: cria a Universidade de Brasília a partir do nada. CHP: o percurso é pelo “entre” …. a energia…. a alquimia…. RENATO: O MIL tem um sentido de Processo ( da Lusofonia), uma nova geração: interessa a todos. As coisas não se fazem de um momento para o outro. Agora o tempo de curar as feridas da descolonização. AS Lusofonia: comunidade lusófona. AS e o agora de Portugal? 14