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Maria Leonor  Xavier
  • Departamento de Filosofia
    Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

    Alameda da Universidade
    1600-214 Lisboa PORTUGAL
  • (+351) 217900050
This book is an exercise in theological philosophy as it was practiced in ancient and medieval times, yet adapted to the present context, and brought about by the circumstances of our days. Evil now exceeds the limits wherein it was... more
This book is an exercise in theological philosophy as it was practiced in ancient and medieval times, yet adapted to the present context, and brought about by the circumstances of our days. Evil now exceeds the limits wherein it was contained, be it the divine limit or the human limit. Hence, it seems that evil is on the loose, at large throughout the world, devoid of imputable cause or control post. Hence we ask: is there not today, in our broad perception of evil in the world, even if we confine to the evil done and its repercussions, a ground which may favour the revival of Manichaeism? This is the central question of this book issued from the question of Anselm’s argument and leading to the question of the autonomy of the first principle.
A nossa experiência de estudo em história da filosofia revela-nos que as múltiplas filosofias, quer tomem quer não tomem a forma de sistema, constituem-se sempre com base em algumas admissões, ora explícitas ora implícitas, mas que não... more
A nossa experiência de estudo em história da filosofia revela-nos que as múltiplas filosofias, quer tomem quer não tomem a forma de sistema, constituem-se sempre com base em algumas admissões, ora explícitas ora implícitas, mas que não são demonstradas nem justificadas. Um dos critérios possíveis para avaliar uma filosofia pode até ser a sua capacidade de assumir explicitamente as suas admissões mais primitivas, ou seja, aquelas que não demonstra nem justifica. Estas admissões não são doutrinas directamente respeitantes aos temas privilegiados de uma filosofia, sejam eles o mundo, o homem, ou Deus, mas determinam basilarmente a orientação filosófica da respectiva tematização. Na medida em que permitem demonstrar, sem serem demonstráveis, ou na medida em que permitem justificar, sem requererem justificação, tais admissões comportam-se efectivamente como princípios no âmbito de cada filosofia. A este género de admissões, chamamos «princípios filosóficos», e é sobre a índole destes princípios que aqui nos interrogamos.
Admitting that God is humanly knowable, not in himself, but in concept, William of Ockham examines accurately the nature of our concepts about God. We find here the remaking of anselmian elements, like the attachment and the detachment... more
Admitting that God is humanly knowable, not in himself, but in concept, William of Ockham examines accurately the nature of our concepts about God. We find here the remaking of anselmian elements, like the attachment and the detachment between the concepts of supreme and insuperable. Then considering the concepts involved in the proposition “God exists”, the Franciscan philosopher takes position for its demonstrability. Within his position takes place the reception of the anselmian argument, which is called the “ratio Anselmi”, in the wake of John Duns Scotus. As a matter of fact, it is through the Doctor Subtilis that the philosopher of Ockham revisitates critically the most well known bequest of the Doctor Magnificus. Duns Scotus had assumed the ratio Anselmi of Proslogion 2, as an argument for God’s infinity. William is an incisive critic of the scotist ways of demonstration of God’s infinity, but he does not exclude completely the possibility of demonstrating the existence of a ...
This lesson treats of Anselm’s argument in the form of a scholastic quaestio. The question of the anselmian argument is then divided in three articles, which are three main issues discussed within the argument’s tradition until our-days.... more
This lesson treats of Anselm’s argument in the form of a scholastic quaestio. The question of the anselmian argument is then divided in three articles, which are three main issues discussed within the argument’s tradition until our-days. The first article asks if Anselm’s argument is a direct deduction of existence as a perfection of divine essence. Against a common place about that argument, this lesson’s justified answer is: no. The second article asks if Anselm’s argument is an a priori argument. Against a big stream of interpretation, this lesson’s justified answer is: no. Finally, the third article asks if the anselmian argument offers the possibility of constructing a double argument in favor of divine dualism. Certainly against any Anselm’s expectation, this lesson admits very seriously that possibility.
Research Interests:
Neste nosso texto, dissertaremos sobre a importância filosófica da síntese e da memória na obra de António Braz Teixeira.
Entre aqueles a quem dediquei a minha tese de doutoramento, incluí o meu orientador, o Professor Joaquim Cerqueira Gonçalves, não só pela atenção, trabalho e dedicação da sua orientação, como "pelo acolhimento da minha liberdade de ponto... more
Entre aqueles a quem dediquei a minha tese de doutoramento, incluí o meu orientador, o Professor Joaquim Cerqueira Gonçalves, não só pela atenção, trabalho e dedicação da sua orientação, como "pelo acolhimento da minha liberdade de ponto de vista". Fi-lo, não porque ele me tivesse libertado de objectivos constrangimentos externos à minha liberdade de pensar, mas porque a liberdade intrínseca do pensar era um valor inegociável do seu magistério. A afirmação desse valor da liberdade intrínseca do pensar é algo que assumo como herança sua e que cultivo como atitude inerente ao exercício da filoso-fia. Não receio, nisto, desviar-me do seu legado, pois o próprio J. Cerqueira Gonçalves firmou por escrito a afirmação desse valor, ao dizer: «Não há nada sobre que não se possa pensar». É este valor essencialmente filosófico da liberdade própria do pensar que encontro também a nortear a actividade e produção de Cerqueira Gonçalves como pensador. É como pensador da teologia, que escolhemos aqui focar a sua proposta de pensamento. Pensador da teologia, a partir da filosofia, isto é, segundo aquele valor da liberdade intrínseca do pensar filosófico.
Uma das tendências que pode caracterizar a filosofia da linguagem no século XX é o descentramento do nome. A hermenêutica de Paul Ricœur é uma expressão paradigmá- tica desse descentramento, exigindo a deslocação do foco da atenção do... more
Uma das tendências que pode caracterizar a filosofia da linguagem no século XX é o descentramento do nome. A hermenêutica de Paul Ricœur é uma expressão paradigmá- tica desse descentramento, exigindo a deslocação do foco da atenção do nome para a frase e desta para o discurso, e fazendo emergir o interesse pela referência do discurso: o mundo do texto. À luz das aquisições da hermenêutica contemporânea, a centralidade do nome torna-se uma limitação da filosofia clássica da linguagem. Todavia, entre esta e aquela há pequenos passos que vão sendo dados ao longo da história da filosofia da linguagem, que contribuem para esbater o contraste entre as referências clássicas e as conquistas do século XX. Entre esses contributos, conta-se a teoria da paronímia de Santo Anselmo. Entre os clássicos que antecedem este filósofo medieval, contam-se por certo Aristóteles e Santo Agostinho, chegando este último a defender, em De Magistro, que todas as palavras são nomes, porque todas as palavras são capazes de significar como nomes e, portanto, de ter alguma referência. Esta tese é uma expressão maior da centralidade do nome na análise da linguagem. Retomando o legado aristotélico da paronímia e superando subtilmente Santo Agostinho, um pensador augustiniano, como Santo Anselmo, vem advogar que há palavras cuja principal função de significação não é nomear: tal é o caso dos parónimos. A abordagem anselmiana da paronímia constitui, assim, um pequeno mas efectivo passo no caminho do descentramento do nome, ao nível da teoria da significação das palavras.
Santo Agostinho é um autor de uma obra de retratações, Retractationes, iniciada no ano da terminação de De Civitate Dei (426). As duas obras são, pois, expressão da grande maturidade do pensamento augustiniano. Em Retractationes, o autor... more
Santo Agostinho é um autor de uma obra de retratações, Retractationes, iniciada no ano da terminação de De Civitate Dei (426). As duas obras são, pois, expressão da grande maturidade do pensamento augustiniano. Em Retractationes, o autor revê e corrige posições doutrinárias assumidas no passado. Em De Civitate Dei, o autor confirma e reafirma algumas das principais orientações e teses filosóficas que caracterizam o seu pensamento desde as primícias da sua conversão à filosofia. É nosso propósito aqui sublinhar três grandes convicções de Agostinho, confirmadas em De Civitate Dei: o valor inegável do conhecimento; a necessidade do conhecimento de si; e a exigência de uma felicidade imortal. Estas admissões filosoficamente relevantes possuem, de facto, a força e a persistência de convicções reveladoras de continuidade e consistência do pensamento filosófico de Agostinho, ao longo da vida.
Se o pensamento faz parte da vida, e não pode deixar de fazer parte da vida dos filósofos, pensar o tema da amizade é uma forma de vivê-la sublimadamente. E a oportunidade aqui é óptima, uma vez que se trata de celebrar o legado de um... more
Se o pensamento faz parte da vida, e não pode deixar de fazer parte da vida dos filósofos, pensar o tema da amizade é uma forma de vivê-la sublimadamente. E a oportunidade aqui é óptima, uma vez que se trata de celebrar o legado de um professor e universitário que foi capaz de inspirar amizade entre os seus pares. Retomamos aqui um pensador inspirador da filosofia medieval, mais conhecido, é certo, pela busca da inteligência da fé do que pela análise da afectividade contida na experiência da fé. Referimo-nos obviamente a Santo Anselmo. Mas importa fazer-lhe jus: Santo Anselmo é também um inspirador de sabedoria prática para as relações humanas, como o revelam, não só o seu epistolário, como o Liber Anselmi Archiepiscopi de humanis moribus per similitudines, editado por R. W. Southern e F. S. Schmitt (1969) 1 , de que nos vamos aqui ocupar. Trata-se de um livro de sabedoria prática para a vida monástica, onde figuram, como temas principais, a vontade própria e os seus apegos, a vida feliz e as suas partes componentes, entre elas a amizade, bem como ainda os dons do Espírito Santo. Este livro anselmiano é decerto uma expressão do seu tempo, como ilustra o método das comparações (per similitudines), próprio do século do alegorismo, o então nascente séc. XII, mas é também uma antecipação dos tratados escolásticos sobre as virtudes morais e religiosas, entre os quais prima a Summa Theologiae II-II, de São Tomás de Aquino. E, aquém do seu tempo e daquilo que antecipa, o Liber Anselmi é ainda uma recapitulação de valores da cultura antiga, mormente da filosofia, como a sabedoria (sapientia) e a amizade (amicitia). Santo Anselmo partilha de uma antiga convicção de filósofos: a de que o ser humano, inclusivamente o religioso, não pode ser feliz sem sabedoria e amizade. No pensamento anselmiano sobre a amizade, como parte da vida feliz, bem como no tratamento transversal de todos os temas do livro, encontramos nós duas tendências vincadas: firmeza e sensibilidade. A primeira conota a força da razão que nunca deve faltar nos assuntos humanos; a segunda significa a gestão adequada das nossas vulnerabilidades, sem as quais não seríamos verdadeiramente humanos. Estas duas tendências, firmeza e sensibilidade, sintetizam, a nosso ver, o pensamento moral de Santo Anselmo, tal como se exprime no seu livro De moribus humanis, e não deixam de se estender, como veremos, ao tratamento anselmiano do tema da amizade.
This article deals with the human design of salvation and the question of man under the common stimulus of two grand names of philosophical tradition, though parted by more than nine centuries: Saint Anselm and Martin Heidegger. Both... more
This article deals with the human design of salvation and the question of man under the common stimulus of two grand names of philosophical tradition, though parted by more than nine centuries: Saint Anselm and Martin Heidegger. Both defend the need for a God who saves man: according to Anselm, due to the consequences of evil, which man consented and cannot revert; according to Heidegger, due to the consequences of technicity, which man created and can no longer control. In any case, the design of salvation posits the question of man: Why man? This question was considered ever since the remote 12th century, in a time of renovation for European culture, and is once again posited with special acuteness in our days, in a time of accelerated technological progress of human civilization. Which is why Anselm's reflection around salvation and the medieval question of man may open doors towards re-equating the value of man in its actual state and in the future horizon of humanity?
Among those who pay homage to Parmenides as a source of unquenchable inspiration for Western thought, we now revisit the Poem Of Nature as the birthplace of the principle of causality through the elimination of non-being at the origin of... more
Among those who pay homage to Parmenides as a source of unquenchable inspiration for Western thought, we now revisit the Poem Of Nature as the birthplace of the principle of causality through the elimination of non-being at the origin of being. Indeed in Parmenides’ Poem, a negative conviction can be found—the refusal that the non-being is at the origin of the being—which leads most philosophers to the affirmative conviction that something is at the origin of the being. The two convictions are two rational beliefs which have stimulated ancient Greek philosophy, and have continuously represented a structuring axis in the history of Western thought. With Aristotle, that affirmative conviction was converted into a principle of causality, that is, into a principle which requires a causal explanation for the intelligibility of reality. In Latin Middle Ages, we find a singular figure who promotes the synthesis of the two fundamental beliefs, the negative conviction, explicit in Parmenides, and the affirmative conviction, explicit in Aristotle: It is Saint Anselm. In an initial chapter (III) of his first work, the Monologion, Anselm declares that “nothing is by nothing” (nihil est per nihil), and that consequently “all that is, is not but by something” (quidquid est, non nisi per aliquid est). All of Anselm’s metaphysics is an analysis and a development of this affirmative rational belief. Therefore, we claim Parmenides’ paternity of Saint Anselm’s metaphysics, of whom one may say he was the medieval Parmenides.
This essay suggests an unlikely encounter between the recent thinker of the deconstruction of speeches, Jacques Derrida, and the medieval constructor of theological speeches, Saint Anselm. The common motto is the idea of gift. The gift of... more
This essay suggests an unlikely encounter between the recent thinker of the deconstruction of speeches, Jacques Derrida, and the medieval constructor of theological speeches, Saint Anselm. The common motto is the idea of gift. The gift of the death of Christ in the economy of salvation is the target of Derrida’s deconstruction. Anselm himself enables this. However, there is in Anselm’s theology of Trinity a metaphysics of the gift of being and of being other, elaborated with regard to the procession of the Holy Spirit. And it is possible to submit the original gift of the Holy Spirit to the same kind of deconstruction, that is, of economic reduction, to which the gift of the death of Christ had been submitted. But both the construction and the deconstruction of the theology of gift resort to the same kind of analogy procedure. And economy does not enable us to think the gift as purely as does theology.
Anselm dealt, in his time, with several objections to his argument for the existence of God. These historical objections gave him a glimpse of criticisms that would emerge later than theMiddle Ages. However not all the criticism was in... more
Anselm dealt, in his time, with several objections to his argument for the existence of God. These historical objections gave him a glimpse of criticisms that would emerge later than theMiddle Ages. However not all the criticism was in the reach of Anselm’s foresight? For instance, he could have not foreseen the demonological argument, which emerged from 20thcentury criticism, and which was proposed by some atheist thinkers to show that the anselmian argument allows one to prove the existence of anything, even if it is the existence of an evil than which nothing worse can be thought. Yet, both arguments, the anselmian one and its symmetrical counterpart, stand for a dualistic view of the world, because both are combined with a conception of good and evil, that Anselm would certainly reject. Therefore to support dualism would cause great unpleasantness for Anselm, if he had foreseen, in the long run, such a consequence of his unique argument.
Uma atitude de cultura é uma atitude de conhecimento e de diálogo. Conhecimento e diálogo parecem, contudo, não ser as qualidades dominantes de uma época que, como a Idade Média, é habitualmente tomada por uma era de obscurantismo e de... more
Uma atitude de cultura é uma atitude de conhecimento e de diálogo. Conhecimento e diálogo parecem, contudo, não ser as qualidades dominantes de uma época que, como a Idade Média, é habitualmente tomada por uma era de obscurantismo e de intolerância. O hábito de pensar assim não é sem causa, mas esta não reside na própria cultura da Idade Média. Os medievais tinham consciência de serem modernos, na medida em que acrescentavam contributos novos aos saberes herdados dos antigos, mas estavam longe de imaginar que haveriam de ser tidos por “medievais”. Este é um epíteto pejorativo, que se tornou corrente aplicar a realidades do presente, para denunciá-las como incompatíveis com os actuais padrões de civilização. Qualquer confusão entre os modernos da Idade Média e os modernos de posteriores modernidades é indesejável coincidência. A causa disso remonta à própria formação do conceito de Idade Média na cultura do Renascimento italiano, que afirmou a sua diferença por afinidade com uma antiguidade remota e por contraste com a antiguidade recente dos séculos anteriores, que ficaram reduzidos a um período intermédio e obscuro entre a era dos padrões clássicos e o seu renascimento moderno. Esta ideia de Idade Média, condenada à nascença, foi ratificada pela didáctica da História, enraizou-se no senso comum, e sobressai, hoje, no uso e no abuso do pejorativo “medieval” nos discursos imediatistas da comunicação social, que não se dão tempo para tomarem consciência de que estão, afinal, reproduzindo um já velho preconceito cultural. Mas reproduzir acriticamente um preconceito cultural não é uma atitude de cultura. Esta, porquanto é uma atitude de conhecimento, deve reponderar o valor da Idade Média com base no conhecimento da cultura que historicamente lhe corresponde, não na falta de reconhecimento com que perspectivas culturais posteriores a discriminaram negativamente. Os estudos medievalistas não podem senão cultivar essa atitude de conhecimento.
Santo António é conhecido de todos como Santo popular, que põe a cidade de Lisboa em festa a 12 de Junho, dia que lhe é liturgicamente dedicado, mas só por alguns, entre os quais os especialistas, é reconhecido como autor de obra escrita... more
Santo António é conhecido de todos como Santo popular, que põe a cidade de Lisboa em festa a 12 de Junho, dia que lhe é liturgicamente dedicado, mas só por alguns, entre os quais os especialistas, é reconhecido como autor de obra escrita erudita, isto é, a colecção de sermões que nos legou. É, na verdade, como autor de sermões, tal como o Padre António Vieira, que Santo António se inscreve na história da cultura europeia e do pensamento ocidental. Os sermões de Santo António não são, todavia, prontos a pregar; são, antes, uma suma de exegese simbólica dos textos litúrgicos da Bíblia, para uso do pregador. É essa exegese simbólica que nos propomos aqui revisitar. Só que este propósito não pode deixar de colocar a questão prévia de saber que valor pode hoje ainda conservar a exegese simbólica medieval.
Two major motivations come together in this essay: on one side, the intellectual interest in speculating in the idea of God, as a structural frame for Western thought where ancient Greek philosophy and the three Abrahamic monotheisms... more
Two major motivations come together in this essay: on one side, the intellectual interest in speculating in the idea of God, as a structural frame for Western thought where ancient Greek philosophy and the three Abrahamic monotheisms conflate; on the other side, the spiritual experience of believing and disbelieving in a divine providence, as taught by theist religions, be it mono- or polytheist ones. However, it is not entirely impossible for philosophical speculation around the idea of the Divine to collide with the belief in divine providence. What is here proposed is our own discussion upon the agreement or disagreement between a philosophically viable idea of God and the belief in a providential God. This is how the idea of God stands before us.
Duas grandes motivações se cruzam neste ensaio: por um lado, o interesse intelectual pela especulação em torno da ideia de Deus, como tema estruturante do pensamento ocidental, no qual confluem a antiga filosofia grega e os três... more
Duas grandes motivações se cruzam neste ensaio: por um lado, o interesse intelectual pela especulação em torno da ideia de Deus, como tema estruturante do pensamento ocidental, no qual confluem a antiga filosofia grega e os três monoteísmos abraâmicos; por outro lado, a experiência espiritual de crer, e também de descrer, numa providência divina, tal como ensinam as religiões teístas, mono ou politeístas. Não é, todavia, impossível que a especulação filosófica em torno da ideia de Deus entre em desarmonia com a crença numa providência divina. Aquilo que aqui propomos é uma reflexão nossa sobre a questão da concordância ou discordância entre uma ideia filosoficamente viável de Deus e a crença num Deus providente. Assim se configura para nós a questão de Deus.
Expendidos trinta anos em estudo e ensino da história da filosofia, especialmente, da filosofia medieval, interrogamo-nos profundamente sobre o sentido deste ofício cultural. É certo que todos os anos o fazemos no início do curso lectivo,... more
Expendidos trinta anos em estudo e ensino da história da filosofia, especialmente, da filosofia medieval, interrogamo-nos profundamente sobre o sentido deste ofício cultural. É certo que todos os anos o fazemos no início do curso lectivo, a fim de que os nossos destinatários não façam o curso sem porquê. E todos os anos reiteramos a ideia de que o estudo da história da filosofia é um imperativo da nossa memória civilizacional, sem a qual ficaríamos irremediavelmente limitados na construção da nossa identidade. Cultivar a nossa memória civilizacional ao serviço da construção da nossa identidade, essencial ao nosso equilíbrio de vida: tal é a missão pedagógico-terapêutica do estudo e do ensino da história da filosofia; tal é o sentido não ocioso e não supérfluo, mas vital de ser culto. É que a nossa memória não é estritamente de nós próprios, ou das nossas relações de proximidade, de família, de vizinhança ou de sociedade, mas é também uma memória de espécie e de civilização, de modo que quanto mais consciente, explícito e desenvolvido for o conhecimento da nossa humanidade específica e civilizacional tanto mais aberto fica o caminho para descobrirmos aquilo que somos e aquilo que queremos ser na nossa breve existência. A filosofia é uma expressão superior da cultura intelectual da civilização ocidental; cultivar a sua memória, isto é, não deixar esquecer a sua história, é preservar uma jóia da nossa civilização, sem a qual ficaria muito obscurecido o caminho para nos encontrarmos. Por isso, o estudo e o ensino da história da filosofia é um ofício vital para a guarda da nossa humanidade, aquela que trazemos em nós e para qual nos cumpre contribuir com a nossa parte.
Não é difícil que um homem bom seja digno de louvor, e tal é o caso de Manuel Ferreira Patrício. Já é mais difícil que um homem bom conserve incólume a sua bondade após ter desempenhado ao longo da vida múltiplos cargos de... more
Não é difícil que um homem bom seja digno de louvor, e tal é o caso de Manuel Ferreira Patrício. Já é mais difícil que um homem bom conserve incólume a sua bondade após ter desempenhado ao longo da vida múltiplos cargos de responsabilidade, comprometidos com os poderes instituídos, e tal é ainda o caso de Manuel Ferreira Patrício. Talvez isso se explique porque a sua bondade não é simplesmente uma bondade natural, mas é uma bondade auto-cultivada em conformidade com o seu singular humanismo.
A Escola, tal como a entendia o nosso Professor Gama Caeiro, isto é, «como comunidade de convívio e de cultura», na qual os jovens «recebem de homens de outra geração o estímulo de uma disciplina interior e a experiência de uma reflexão... more
A Escola, tal como a entendia o nosso Professor Gama Caeiro, isto é, «como comunidade de convívio e de cultura», na qual os jovens «recebem de homens de outra geração o estímulo de uma disciplina interior e a experiência de uma reflexão em comum», «tem também, tal como os humanos, uma memória». Podemos acrescentar que uma escola, também tal como os humanos, não constrói a sua identidade e diferença sem uma memória, mormente, a memória dos seus mestres. Ao evocarmos hoje o nome de Francisco da Gama Caeiro, vinte anos após ter deixado o nosso convívio, nós queremos dizer que não esquecemos os mestres, aqueles que moldaram a escola a que assumimos pertencer, de quem recebemos «o estímulo de uma disciplina interior e a experiência de uma reflexão em comum», que nos alargou o horizonte de possibilidades para além dos limites da reflexão solitária. A propósito de autores de sua eleição, como Santo António e, também, Manuel Antunes, escreveu Gama Caeiro: «não foi ainda encontrada melhor forma de homenagear um autor do que a de lhe estudar a sua obra», «na atitude dialogante de " pensar com " com o próprio autor» . Em conformidade com este sentido de homenagem, nós queremos recordar Gama Caeiro, voltando-nos para a sua obra. Este regresso à obra não visa, porém, aqui um estudo que pense algo com o próprio autor, mas antes uma abordagem que permita pensar o autor com a sua própria obra, isto é, tal como ele se reflecte na sua obra. É assim que reencontramos o autor como Doctor Discretus.
Volvidos nove séculos sobre a morte de Santo Anselmo, ao longo dos quais fez tradição, o seu mais célebre argumento, através de comentários, de argumentos congéneres e alternativos, bem como de refutações, o que resta dizer sobre essa... more
Volvidos nove séculos sobre a morte de Santo Anselmo, ao longo dos quais fez tradição, o seu mais célebre argumento, através de comentários, de argumentos congéneres e alternativos, bem como de refutações, o que resta dizer sobre essa produção admirável do pensamento especulativo do Ocidente? Decerto já tudo foi dito e qualquer intento de originalidade é pura ilusão ou mera presunção. Tal é o peso da história da filosofia na nossa idade civilizacional, pelo menos nos motivos mais incontornáveis e persistentes do pensamento humano. Será esse peso, um fardo que nos acabrunha e que nos condena ou a repetir ou a querer esquecer? Seria preferível não tê-lo? Seria preferível que todas as bibliotecas tivessem ardido e como que pela purificação do fogo se tivesse resgatado, para as gerações vindouras, a inocência do pensar? Mas seria tal inocência mais virtude do que ilusão? Julgamos que mais ilusão do que virtude: a ilusão do esquecimento do já pensado, irredutível a nada. Sabemos que a nossa cultivada memória do já pensado não nos permite senão repetir, mas cremos também que há infindáveis combinações possíveis dos repetíveis, entre as quais cada reapropriação dos grandes motivos do pensar se pode configurar singularmente e tornar-se única. É esta crença intrinsecamente filosófica que nos anima a repensar o legado do argumento anselmiano.
«A filosofia é uma tradição grega»: tal foi o que afirmei no início de um curso de introdução à filosofia medieval – latina –, há uns anos atrás, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A minha afirmação causou de imediato uma... more
«A filosofia é uma tradição grega»: tal foi o que afirmei no início de um curso de introdução à filosofia medieval – latina –, há uns anos atrás, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A minha afirmação causou de imediato uma reacção misturada de perplexidade e escárnio num dos estudantes presentes, que tinha sido educado em Inglaterra. O estudante em causa alimentava a expectativa de encontrar na filosofia um saber que, na actualidade e como que numa expressão de maturidade, pudesse desenvolver-se autonomamente como uma ciência, suportada por amplos consensos da comunidade científica, e, portanto, de valor universal, sem os liames culturais do passado, que não reteriam hoje senão um interesse histórico, semelhante ao do folclore. É verdade que a filosofia sempre procurou um alcance universal: fosse através dos modelos de saber que criou, como ilustra, desde logo, o modelo aristotélico de ciência; fosse através da busca de uma linguagem universal, como ilustram quer o conceito medieval de verbo mental quer o intento bem mais recente de formalização de doutrinas filosóficas, que alentou alguns sectores da filosofia do séc. XX, com base no desenvolvimento da lógica formal. Todavia, não é menos verdade, historicamente, que a filosofia nunca logrou esse almejado alcance universal pelos meios que forjou.
A nossa experiência de estudo em história da filosofia revela-nos que as múltiplas filosofias, quer tomem quer não tomem a forma de sistema, constituem-se sempre com base em algumas admissões, ora explícitas ora implícitas, mas que não... more
A nossa experiência de estudo em história da filosofia revela-nos que as múltiplas filosofias, quer tomem quer não tomem a forma de sistema, constituem-se sempre com base em algumas admissões, ora explícitas ora implícitas, mas que não são demonstradas nem justificadas. Um dos critérios possíveis para avaliar uma filosofia pode até ser a sua capacidade de assumir explicitamente as suas admissões mais primitivas, ou seja, aquelas que não demonstra nem justifica. Estas admissões não são doutrinas directamente respeitantes aos temas privilegiados de uma filosofia, sejam eles o mundo, o homem, ou Deus, mas determinam basilarmente a orientação filosófica da respectiva tematização. Na medida em que permitem demonstrar, sem serem demonstráveis, ou na medida em que permitem justificar, sem requererem justificação, tais admissões comportam-se efectivamente como princípios no âmbito de cada filosofia. A este género de admissões, chamamos «princípios filosóficos», e é sobre a índole destes princípios que aqui nos interrogamos.
A filosofia é hoje uma área do saber que se cultiva no foro das humanidades, ou das ciências humanas. Neste lato âmbito, a filosofia ora se aproxima das ciências sociais em vista de um maior grau de cientificidade, como se verifica... more
A filosofia é hoje uma área do saber que se cultiva no foro das humanidades, ou das ciências humanas. Neste lato âmbito, a filosofia ora se aproxima das ciências sociais em vista de um maior grau de cientificidade, como se verifica sobretudo nos meios universitários, ora se aproxima das ciências ocultas em pretendido rompimento com os moldes convencionais da racionalidade científica, como acontece frequentemente nos lugares de divulgação e consumo da cultura literária, que são as livrarias, onde a filosofia parece ter perdido espaço próprio. Tal é a situação da filosofia no panorama cultural do presente, com as duas tendências opostas em torno das quais é possível agrupar as diversas correntes e escolas filosóficas da actualidade. Compreender esta situação da filosofia, com a oposição interna de tendências que a caracteriza, é o propósito desta nossa reflexão. Pretendemos compreendê-la, não à luz de razões externas de ordem contextual, sejam elas económicas ou políticas, circunstanciais ou conjunturais, mas sim por razões inerentes à experiência histórico-cultural da filosofia e ao seu próprio modo de ser.
Tal como na vida humana há fases propícias para o autoquestionamento, como a juventude para o equacionamento do futuro e a grande maturidade para o balanço do percurso, assim também a filosofia tem registado momentos mais ou menos... more
Tal como na vida humana há fases propícias para o autoquestionamento, como a juventude para o equacionamento do futuro e a grande maturidade para o balanço do percurso, assim também a filosofia tem registado momentos mais ou menos recuados de autoquestionamento ao longo da sua história. E, como já é longa a sua história, a filosofia encontra no presente um momento propício a uma reflexão de balanço, interessada, ao mesmo tempo, numa perspectiva de futuro. Entre as diversas questões metafilosóficas possíveis, propomo-nos aqui aflorar a questão da relação da filosofia com as suas diferenças internas, como sejam as divisões disciplinares e as correntes filosóficas. Trata-se, pois, de uma dupla questão, conforme se considere as diferenças constituídas pelas disciplinas ou aquelas que são aduzidas pelas correntes. Considerada já a questão da pluralidade disciplinar em filosofia , urge agora a questão da pluralidade de correntes filosóficas: será que estas afectam a tal ponto o conceito de filosofia que o tornam equívoco?
Tal como na vida humana há fases propícias para o autoquestionamento, como a juventude para o equacionamento do futuro e a grande maturidade para o balanço do percurso, assim também a filosofia tem registado momentos mais ou menos... more
Tal como na vida humana há fases propícias para o autoquestionamento, como a juventude para o equacionamento do futuro e a grande maturidade para o balanço do percurso, assim também a filosofia tem registado momentos mais ou menos recuados de autoquestionamento ao longo da sua história. E, como já é longa a sua história, a filosofia encontra no presente um momento propício a uma reflexão de balanço, interessada, ao mesmo tempo, numa perspectiva de futuro. Entre as diversas questões metafilosóficas possíveis, propomo-nos aqui aflorar a questão da relação da filosofia com as suas diferenças internas, como sejam as divisões disciplinares e as correntes filosóficas. Trata-se, pois, de uma dupla questão, conforme se considere as diferenças constituídas pelas disciplinas ou aquelas que são aduzidas pelas correntes. Por um lado, como é que a pluralidade disciplinar afecta a unidade da filosofia? Por outro lado, será que a pluralidade de correntes filosóficas afecta a tal ponto o conceito de filosofia que o tornará equívoco? No âmbito da sua formulação, não podemos deixar de ponderar resposta a esta dupla questão.
Visar o alcance prospectivo e retrospectivo do argumento anselmiano é o propósito deste ensaio. Consideramos o alcance prospectivo, seleccionando uma intrigante vertente da recepção do argumento de Anselmo na filosofia contemporânea:... more
Visar o alcance prospectivo e retrospectivo do argumento anselmiano é o propósito deste ensaio. Consideramos o alcance prospectivo, seleccionando uma intrigante vertente da recepção do argumento de Anselmo na filosofia contemporânea: aquela que torna explícita a possibilidade de um argumento simétrico do anselmiano, a favor de algum mal insuperavelmente pensável. Esta possibilidade obriga a reequacionar o alcance retrospectivo do argumento de Anselmo, no que concerne, sobretudo, à sua relação de fidelidade com a tradição da filosofia grega, especialmente, de inspiração parmenidiana. Por fim, interrogamo-nos: como foi possível a filosofia contemporânea ter virado Anselmo contra a tradição de pensamento a que ele realmente pertence?
"Saint Anthony and the Symbolics of the Feminine" is the title of an essay that aims to honor Maria Luísa Ribeiro Ferreira for her academic and philosophical career, namely, for the importance of her works and legacy in Portuguese studies... more
"Saint Anthony and the Symbolics of the Feminine" is the title of an essay that aims to honor Maria Luísa Ribeiro Ferreira for her academic and philosophical career, namely, for the importance of her works and legacy in Portuguese studies on gender and, specially, on the feminine gender. We focus, in this essay, Saint Anthony's symbolics of the feminine in some of his exegetical sermons, seizing something about his medieval view on feminine gender and women, and drawing attention to the value of symbolic exegesis in the update understanding of religious texts.
This essay deals with the question whether the anselmian argumento of the Proslogion is or is not an ontological argument. For this purpose, it convenes the position of G. E. M. Anscombe, who maintains that the anselmian argument is not... more
This essay deals with the question whether the anselmian argumento of the Proslogion is or is not an ontological argument. For this purpose, it convenes the position of G. E. M. Anscombe, who maintains that the anselmian argument is not an ontological argument, in the light of a personal interpretation of the text. However she has a pejorative idea about ontological arguments, which became current after Kant. As an alternative to the anscombian position, this essay assumes a non kantian idea about the property of ontological and sustains that the argument of the Proslogion is an ontological argument, according to the nature of its principles.
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ESTUDO E ANTOLOGIA DE TEXTOS A liberdade religiosa faz parte das liberdades individuais e dos direitos das minorias nas sociedades modernas, o que é, sem sombra de dúvida, um avanço civilizacional em que não estamos dispostos a... more
ESTUDO E ANTOLOGIA DE TEXTOS

A liberdade religiosa faz parte das liberdades individuais e dos direitos das minorias nas sociedades modernas, o que é, sem sombra de dúvida, um avanço civilizacional em que não estamos dispostos a recuar.

Todavia, a liberdade situada ao nível da crença ou da descrença desmotiva e relaxa a necessidade de pensamento racional acerca dos conteúdos de uma ou de outra.

Por isso, a indagação de razões para crer ou descrer parece, hoje, a muitos, um motivo supérfluo, incomodativo, senão mesmo bizarro.

No entanto, tal indagação foi uma das grandes motivações da filosofia medieval, como amplamente o reconhecem os historiadores da filosofia.

A liberdade não se situava, então, ao nível da crença. Por isso, os crentes com espírito filosófico procuraram a liberdade mais além no pensar e ousaram indagar as razões das suas crenças, nomeadamente, da crença principal em Deus.

Tal indagação conduziu-os a pensamentos densamente elaborados, que ainda hoje nos impressionam do ponto de vista filosófico.
À primeira vista, o tema de Deus é um assunto fracturante, que divide irreconciliavelmente crentes e ateus. Sê-lo-á, sobretudo se for tratado apenas com o calor das emoções. Todavia, quando o tema de Deus se converte numa questão... more
À primeira vista, o tema de Deus é um assunto fracturante, que divide irreconciliavelmente crentes e ateus. Sê-lo-á, sobretudo se for tratado apenas com o calor das emoções.

Todavia, quando o tema de Deus se converte numa questão filosófica, então a própria questão obriga à análise das possibilidades que se confrontam no seu âmbito: a afirmação teísta ou a negação ateísta; a afirmação monoteísta ou a afirmação politeísta; a afirmação transcendentalista ou a afirmação imanentista; a afirmação personalista ou a afirmação deísta; etc.. Deste modo, a questão de Deus é, fundamentalmente, uma questão comum a pensadores das mais diversas orientações.

Compreende-se assim que a questão de Deus, através da análise das suas múltiplas possibilidades, revele afinal um tema que é estruturante de mundividências e transversal na história da filosofia.

Tal é o que vem comprovar a colaboração de especialistas e investigadores das diversas épocas da história da filosofia, nesta obra, com que culmina a primeira linha de desenvolvimento do projecto de Filosofia FCT / CFUL [PTDC/FIL/64249/2006]: «A Questão de Deus. História e Crítica» (Informação disponível em: www.aquestaodedeus.blogspot.com).
À primeira vista, o tema de Deus é um assunto fracturante, que divide irreconciliavelmente crentes e ateus. Sê-lo-á, sobretudo se for tratado apenas com o calor das emoções. Todavia, quando o tema de Deus se converte numa questão... more
À primeira vista, o tema de Deus é um assunto fracturante, que divide irreconciliavelmente crentes e ateus. Sê-lo-á, sobretudo se for tratado apenas com o calor das emoções.

Todavia, quando o tema de Deus se converte numa questão filosófica, então a própria questão obriga à análise das possibilidades que se confrontam no seu âmbito: a afirmação teísta ou a negação ateísta; a afirmação monoteísta ou a afirmação politeísta; a afirmação transcendentalista ou a afirmação imanentista; a afirmação personalista ou a afirmação deísta; etc.. Deste modo, a questão de Deus é, fundamentalmente, uma questão comum a pensadores das mais diversas orientações.

Compreende-se assim que a questão de Deus, através da análise das suas múltiplas possibilidades, revele afinal um tema que é estruturante de mundividências e transversal na história da filosofia.

Tal é o que vem comprovar a colaboração de especialistas e investigadores das diversas épocas da história da filosofia, nesta obra, com que culmina a primeira linha de desenvolvimento do projecto de Filosofia FCT / CFUL [PTDC/FIL/64249/2006]: «A Questão de Deus. História e Crítica» (Informação disponível em: www.aquestaodedeus.blogspot.com).
UMA VISÃO FILOSÓFICA E HISTÓRICA DOS AUTORES CONTEMPORÂNEOS ACERCA DA QUESTÃO DE DEUS Esta é uma obra de filosofia contemporânea, que reúne os textos ensaísticos de autores, que ousaram equacionar pessoal e racionalmente a questão de... more
UMA VISÃO FILOSÓFICA E HISTÓRICA DOS AUTORES CONTEMPORÂNEOS ACERCA DA QUESTÃO DE DEUS

Esta é uma obra de filosofia contemporânea, que reúne os textos ensaísticos de autores, que ousaram equacionar pessoal e racionalmente a questão de Deus nos dias de hoje, permitindo assim cumprir e concluir o projecto de Filosofia FCT / CFUL [PTDC/ FIL/64249/2006]: «A Questão de Deus. História e Crítica» (Informação disponível em: www.aquestaodedeus.blogspot.com).

Os estudos universitários em filosofia devem não só assegurar a memória da tradição filosófica como estimular a construção do pensamento pessoal na actualidade. Só a realização deste segundo objectivo consagra a maioridade intelectual das gerações do presente e do futuro, que guardarem a herança de um tão rico património de ideias como é o da história da filosofia.

Esta é uma obra de múltiplos equacionamentos filosóficos da questão de Deus, não propriamente uma obra de diálogo inter-religioso, embora possa servir este diálogo, na medida em que a filosofia se oferecer como mediação útil.

A garantia de uma total liberdade de pensamento e de expressão promoveu a inclusão nesta obra de uma diversidade assaz significativa, que não exaustiva, de posições tematizadas no âmbito de uma questão tão exigente e abrangente, porque estruturante de mundividências, e tão tocante e melindrosa, porque profundamente humana, como a questão de Deus.
UMA OBRA QUE ASSINALA O 7º E O 9º CENTENÁRIO DA MORTE DE DOIS DOS MAIS EMINENTES FILÓSOFOS MEDIEVAIS: João Duns Escoto (1308 - 2008) & Santo Anselmo (1109 - 2009) Assinalando duas efemérides muito próximas entre si – o sétimo... more
UMA OBRA QUE ASSINALA O 7º E O 9º CENTENÁRIO DA MORTE DE DOIS DOS MAIS EMINENTES FILÓSOFOS MEDIEVAIS:
João Duns Escoto (1308 - 2008) & Santo Anselmo (1109 - 2009)

Assinalando duas efemérides muito próximas entre si – o sétimo centenário da morte de João Duns Escoto em 2008 (1308-2008) e o nono centenário da morte de Santo Anselmo em 2009 (1109-2009) – cumpre-nos não deixar apagar-se a memória acerca de duas das mais eminentes referências da história da filosofia ocidental, que, sobrevivendo à passagem dos séculos, continuam a ser capazes de estimular a nossa auto-compreensão em contexto civilizacional.

Este conjunto de estudos nada mais faz do que celebrar o vigor especulativo dos dois filósofos medievais nos nossos dias. Esse vigor manifesta-se especialmente no tratamento filosófico de um tema maior e estruturante da mundividência dos pensadores medievais, como era o tema de Deus. Com efeito, dentro de uma cultura cristianizada, como era a da Europa medieval, o teísmo quer de Anselmo quer de Duns Escoto não era um teísmo exclusivamente confessional ou somente devoto; era um teísmo que exigia auto-questionar-se, auto-compreender-se e auto-justificar-se. Um crente filósofo, outrora como agora, não pode ser só crente.

Tanto o teísmo anselmiano quanto o escotista são teísmos filosóficos, que, sendo medievais, fazem ruborescer de ingenuidade muitas confissões teístas actuais e, correlativamente, ateístas. Os dois teísmos, não sendo singularmente o mesmo, são estruturalmente consonantes entre si. Nos dois pensadores teístas, o Doutor Magnífico e o Doutor Subtil, nós encontramos dois membros de uma mesma família de pensamento, que partilham remotas influências comuns e que continuam hoje a atrair seguidores e críticos, bem como, entre uns e outros, admiradores.