Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
Caracterização florística e estrutural de remanescentes florestais de
Quedas do Iguaçu, Sudoeste do Paraná
Ricardo Augusto Gorne Viani1,6, Julio César Costa2, Adriana de Fátima Rozza3,
Luis Vicente Brandolise Bufo4, Marcelo Antonio Pinho Ferreira1 & Ana Cláudia Pereira de Oliveira5
Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal, Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia,
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, CP 6109, CEP13083-970, Campinas, SP, Brasil
2
Programa de Pós-graduação em Recursos Florestais, Departamento de Ciências Florestais,
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo – USP,
CP 09, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil
3
Engenheira de Meio Ambiente da Petrobrás – Refinaria Presidente Bernardes Cubatão,
Pça. Marechal Stenio Caio de Albuquerque Lima, n. 1, CEP 11555-900, Cubatão, SP, Brasil
4
Programa de Pós-graduação em Ecologia Aplicada, Universidade de São Paulo – USP,
CP 09, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil
5
Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Campus Universitário,
CEP 59072-970, Natal, RN, Brasil, www.ufrn.br/ufrn/
6
Autor para correspondência: Ricardo Augusto Gorne Viani, e-mail: ragviani@yahoo.com.br
1
VIANI, R.A.G., COSTA, J.C., ROZZA, A.F., BUFO, L.V.B., FERREIRA, M.A.P. & OLIVEIRA, A.C.P. Floristic
and structural characterization of forest remnants in Quedas do Iguaçu, Southeastern Paraná. Biota Neotrop.
11(1): http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/en/abstract?article+bn01911012011.
Abstract: The Southwestern region of Paraná State is an area of great ecological relevance because it represents an
ecotone between two important forest types of the Brazilian south-southeastern region: the Seasonal Semideciduous
Forest (SSF) and the Araucaria Forest (AF). Despite its importance, there is a lack of floristic surveys and
vegetation studies in this region. In this study, we assessed floristic and structural attributes of the vegetation at
three different native forest sites, located in Quedas do Iguaçu, Paraná State. Moreover, we made a phytogeografical
characterization of the studied forests, based on the data we collected, and on the list of species surveyed in other
52 studies in SSF and AF of Brazil. Samples were taken using the point-centered-quarter method. All individuals
with diameter at breast height ≥ 5 cm were identified to the species level. Together, 128 species were found. Within
sites, the number of species varied from 63 to 78. The three areas are distinguished with respect to structure and
most abundant species. In addition, the areas differed with respect to the degree of influence of SSF and AF on
their floristic composition. Comparatively, the lower altitude area, located in Iguaçu River’s valley, has more
elements of SSF on its floristic composition, while the other two areas, located in higher altitude areas, are more
influenced by AF, with Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze on their list of species.
Keywords: Seasonally Dry Forest, Araucaria Forest, flora, phytogeography, Atlantic Forest.
VIANI, R.A.G., COSTA, J.C., ROZZA, A.F., BUFO, L.V.B., FERREIRA, M.A.P. & OLIVEIRA, A.C.P.
Caracterização florística e estrutural de remanescentes florestais de Quedas do Iguaçu, Sudoeste do Paraná.
Biota Neotrop. 11(1): http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011.
Resumo: O sudoeste paranaense localiza-se na transição entre a Floresta Estacional Semidecidual (FES) e a Floresta
Ombrófila Mista (FOM), numa região de grande relevância ecológica, por conter duas importantes formações
florestais do sul-sudeste brasileiro. Entretanto, essa mesma região é marcada pela escassez de levantamentos
florísticos e de caracterização da vegetação. Nesse trabalho é feita a caracterização florística e estrutural de três
áreas de vegetação nativa, localizadas em Quedas do Iguaçu, sudoeste do Paraná, na bacia do rio Iguaçu. Além
disso, foi feita a caracterização fitogeográfica das florestas estudadas, com base nos dados coletados e na listagem
de espécies amostradas em outras 52 áreas de FES ou FOM do Brasil. Em cada uma das três áreas estudadas, a
vegetação arbustivo-arbórea (diâmetro à altura do peito ≥ 5 cm) foi caracterizada por meio da alocação de pontos
quadrantes. No total foram encontradas 128 espécies, com variação entre 63 a 78 para cada área. Cada área
apresentou distinção quanto à estrutura e às espécies mais abundantes. Além disso, as áreas se distinguem quanto
ao grau de influência da FES e da FOM em sua composição florística. Comparativamente, a área de menor altitude,
localizada no vale do Rio Iguaçu, apresenta mais elementos de FES em sua composição florística, enquanto as
outras duas áreas, localizadas em trechos mais elevados, têm maior influência da FOM, contando inclusive com
a ocorrência de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze.
Palavras-chaves: Floresta Estacional, Mata de Araucária, flora, fitogeografia, Mata Atlântica.
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
http://www.biotaneotropica.org.br
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
116
Viani, R.A.G. et al.
Introdução
A Mata Atlântica ocupava originalmente cerca de 1,5 milhões de
km2 e aproximadamente 13% do território nacional, sendo o terceiro
maior bioma do país em área ocupada (IBGE 2004). Em virtude de
seu elevado grau de endemismo (ver Stehmann et al. 2009), da alta
diversidade biológica que abriga, da alta taxa de desmatamento já
ocorrida, sendo que restam cerca de 11 a 16% do bioma (Ribeiro et al.
2009), e do alto grau de ameaça por degradação antropogênica a que
está submetida, a Mata Atlântica faz parte dos 25 hotspots mundiais,
considerados prioritários para a conservação da biodiversidade global
(Myers et al. 2000).
Dentre as subformações da Mata Atlântica, destacam-se nas
áreas interioranas das regiões sul e sudeste, a Floresta Estacional
Semidecidual (FES) e a Floresta Ombrófila Mista (FOM). A FES,
como subformação da Mata Atlântica, distribui-se numa faixa de
ampla latitude, sendo encontrada em porções do Paraguai e da
Argentina e em todas as regiões do país, com exceção da região
Norte. A ocorrência desta formação vegetacional esta condicionada
a uma dupla estacionalidade climática, com uma estação mais seca
ou fria no inverno, quando 20-50% das árvores do dossel perdem
as folhas (Veloso 1992). A FOM ou Mata de Araucária ocorre em
áreas frias e altas do Planalto Meridional da região sul e da província
de Missiones na Argentina, com pequenas disjunções florísticas
situadas nas serras do Mar e da Mantiqueira, na região sudeste do
Brasil. Dentre outros aspectos, a FOM caracteriza-se pela presença da
Araucaria angustifolia e de espécies de Drymis e Podocarpus (Veloso
1992). Embora a FES e a FOM sejam, em zona extralitorânea, as
duas formações florestais mais representativas da região sul-sudeste
do Brasil, ambas estão severamente ameaçadas, pois as condições de
relevo e solo favoráveis à expansão da agricultura conduziram a taxas
elevadas de conversão de florestas em áreas agrícolas (Dinerstein et al.
1995, Di Bitetti et al. 2003).
A Mata Atlântica cobria originalmente 98% da área do estado do
Paraná. No entanto, em 2008 esse valor já havia sido reduzido para menos
de 11% (Fundação SOS Mata Atlântica & Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais 2009), representado principalmente pelo maciço de vegetação
nativa ainda existente na Costa Atlântica do extremo leste. Nas porções
norte e oeste do interior do estado, a Mata Atlântica é representada
principalmente pela FES (Maack 1981, Fundação de Pesquisas Florestais
do Paraná 2001), na qual se destacam, pela abundância e/ou dominância,
Aspidosperma polyneuron, Gallesia integrifolia, Sorocea bonplandii e
membros das famílias Fabaceae, Meliaceae e Moraceae (Dias et al. 2002).
Já na porção centro-sul do estado do Paraná, a FOM é a fitoformação
predominante, havendo, portanto, a ocorrência de Araucaria angustifolia
e de muitas espécies das famílias Lauraceae e Myrtaceae (Dias et al.
2002, Kozera et al. 2006).
Ainda no estado do Paraná, a FES e a FOM constituem uma
região de transição (ecótono), dentro da qual existe uma gradação
da composição florística e da estrutura da floresta, supostamente
condicionada pelo clima e, consequentemente, influenciada pela
latitude e altitude (Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná 2001).
Assim como as áreas de FES e FOM, essas regiões de transição
também foram afetadas pela expansão agrícola e encontram-se
severamente ameaçadas pelo pequeno tamanho e acentuado nível de
isolamento dos fragmentos florestais remanescentes, pela escassez
de áreas protegidas e pela forte pressão antropogênica, ainda
incidente sobre as florestas existentes (Conservation International do
Brasil et al. 2000, Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná 2001).
A porção mais baixa do rio Iguaçu, no sudoeste paranaense,
corresponde a uma dessas regiões de contato entre a FES e a FOM.
Mesmo abrangendo o Parque Nacional do Iguaçu, um dos primeiros
a serem criados e uma das Unidades de Conservação mais conhecidas
do Brasil, são escassos trabalhos que abordam a riqueza, a diversidade
e a estrutura da vegetação remanescente nessa região. Entretanto,
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o conhecimento da flora nativa de uma determinada região tem
papel fundamental na definição de estratégias de conservação da
biodiversidade, além de ser um subsídio importante para a realização
de pesquisa em diversas áreas do conhecimento. Nesse sentido,
este estudo tem os seguintes objetivos: caracterizar florística e
estruturalmente três remanescentes de vegetação nativa localizados
numa região de transição entre a FES e a FOM no sudoeste do
Paraná; e avaliar, por meio da análise de dados secundários coletados
nos domínios da FES e da FOM, as espécies características destas
formações e a presença de elementos da FES e da FOM na composição
florística dos três remanescentes florestais estudados.
Material e Métodos
1. Áreas de estudo
Os levantamentos fitossociológicos foram conduzidos na Fazenda
Rio das Cobras (25° 27’ - 25° 36’ S, 52° 44’ - 53° 00’ W), Quedas
do Iguaçu, sudoeste do Paraná. Dos 24.000 ha da propriedade,
aproximadamente 13.000 ha constituem vegetação natural, em
diferentes graus de conservação, circundada por cultivos agrícolas
anuais e reflorestamentos comerciais de Pinus spp. (Pinaceae) e
Araucaria angustifolia (Araucariaceae). Embora fragmentados e com
histórico de extração seletiva de madeira, os remanescentes florestais
da propriedade contabilizam uma grande área, sendo considerados
prioritários para a conservação da biodiversidade na região de domínio
da Mata Atlântica (Di Bitetti et al. 2003).
A Fazenda Rio das Cobras localiza-se sobre o Terceiro Planalto
Paranaense, subseção do Planalto de Guarapuava, sendo limitada
ao sul pelo Rio Iguaçu e a leste pelo Rio das Cobras. A formação
geológica local é originada do derrame de Trapp, ocorrido no
período Triássico/Cretáceo. Os solos predominantes são o Latossolo
Vermelho Férrico, nas áreas mais planas e o Nitossolo Vermelho
Férrico associado à Neossolos Litólicos, nas porções mais declivosas
e elevadas (Maack 1981, Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná
2001). De acordo com a classificação de Koeppen, o clima é do tipo
Cfa, ou seja, subtropical sem estação seca definida, com verões que
variam de amenos a quentes (temperatura média do mês mais quente
acima dos 22 °C) e com baixa frequência de geadas (Maack 1981).
No entanto, em estudo realizado por Consórcio Silviconsult – Juris
Ambientis (1995) é feita a ressalva que dados coletados em estação
meteorológica situada em Quedas do Iguaçu indicam que o clima
local é Cfb, ou seja, subtropical sem estação seca definida, com
verões amenos (temperatura média do mês mais quente abaixo dos
22 °C), com ocorrência de geadas no inverno. A altitude média é de
513 m e o relevo regional é predominantemente ondulado, porém ao
aproximar-se do rio Iguaçu, a altitude cai e o relevo torna-se mais
acidentado e fortemente ondulado (Fundação de Pesquisas Florestais
do Paraná 2001).
Dentro da propriedade foram escolhidas três áreas para a
caracterização florística e estrutural da vegetação nativa. A Mata do
Palmital (25° 33’ S, 52° 58’ W, cerca de 450 m de altitude), situada
em encosta à margem do lago do reservatório da usina hidrelétrica
Salto Osório, no rio Iguaçu; a Mata do Polonês (25° 29’ S, 52° 53’ W,
cerca de 550 m de altitude), estendendo-se da margem do ribeirão
Campo Novo até a encosta dos morros adjacentes; e a Reserva das
Antas (25° 28’ S, 52° 49’ W, cerca de 550 m de altitude), localizada
próxima a curso d’água e com presença de manchas com maior
umidade do solo, em função da influência fluvial sazonal (Figura 1).
Estas áreas foram selecionadas para o estudo por representarem
diferentes altitudes da paisagem local (porção mais baixa localizada
a margem do rio Iguaçu até porções mais elevadas nas encostas de
morros) e por aparentemente apresentarem as melhores condições
de regeneração e conservação dentre os remanescentes existentes
na propriedade.
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Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
117
Caracterização de remanescentes florestais do Sudoeste do Paraná
meio do teste Qui-quadrado (χ2) com correção de Yates (GL = 1)
e correção de Bonferroni para correção do valor crítico de p
para comparações múltiplas. Foram obtidas ainda a densidade de
indivíduos por hectare e a área basal de cada comunidade avaliada,
bem como a densidade relativa das espécies em cada área de estudo.
Para facilitar a comparação da flora das três áreas estudadas, foi
elaborado diagrama de Venn, destacando o número de espécies
exclusivas e comuns entre as áreas. Para verificar a ocorrência de
espécies ameaçadas de extinção, comparou-se a lista de espécies
obtida nesse levantamento com a lista oficial de espécies da flora
ameaçadas de extinção do Brasil (Instrução Normativa nº 6, de
23/09/2008), e com a lista das espécies vegetais ameaçadas, elaborada
pela International Union for Conservation of Nature and Natural
Resources (IUCN 2009).
3. Compilação de dados secundários e caracterização
fitogeográfica das áreas estudadas
Figura 1. Localização geográfica da Fazenda Rio das Cobras, Quedas do
Iguaçu, PR, com indicação das três áreas estudadas, sendo Área 1 a Mata do
Palmital; Área 2 a Mata do Polonês; e Área 3 a Reserva das Antas. O cinza
claro representa as áreas com vegetação nativa, o cinza escuro o rio Iguaçu e
as áreas em branco dentro do mapa correspondem as áreas agrícolas.
Figure 1. Location of “Rio das Cobras” farm, Quedas do Iguaçu, PR, Brazil.
Área 1: “Mata do Palmital”; Área 2: “Mata do Polonês”; and Área 3: “Reserva
das Antas”. The pale grey represents the native forest areas, the dark grey
represents the Iguaçu River and the white areas inside the map are the lands
used for agriculture.
2. Método de amostragem
O levantamento do estrato arbustivo-arbóreo nas três áreas foi
feito por meio do método de Quadrantes (Martins 1991). Foram
registrados todos os indivíduos com diâmetro à altura do peito (DAP)
≥ 5 cm. Indivíduos ramificados foram incluídos quando a soma da área
da seção de cada ramificação à altura do peito (1,3 m) correspondia
a uma seção única com DAP ≥ 5 cm.
Para a alocação dos pontos quadrantes foram utilizadas linhas
paralelas, distanciadas aproximadamente 25 m uma das outras, com
pontos de amostragem a cada 15 m. Pontos incidentes sobre áreas
dominadas por bambuzais de Guadua tagoara (Nees) Kunth ou
Merostachys spp. foram posteriormente descartados. Dessa forma, no
total foram alocados 203 (812 indivíduos amostrados), 202 (808) e
195 (780) pontos quadrantes respectivamente na Mata do Palmital, na
Mata do Polonês e na Reserva das Antas. A área amostral equivalente,
estimada com base nas distâncias entre o centro do quadrante e as
árvores amostradas em cada ponto (Martins, 1991), foi de 0,61 ha
para a Mata do Palmital, 0,52 ha para a Mata do Polonês e 0,5 ha
para a Reserva das Antas.
As plantas foram identificadas por comparação com materiais
do acervo do herbário ESA (USP-ESALQ, Piracicaba), por consulta
a bibliografia especializada ou com o auxílio de especialistas. As
espécies amostradas foram agrupadas em famílias com base nas
famílias existentes na APG III (Angiosperm Phylogeny Group 2009)
para as angiospermas, em Smith et al. (2006) para pteridófitas e em
Souza & Lorenzi (2008) para gimnospermas.
Foram calculadas a riqueza e o índice de diversidade de Shannon
(H’) de cada comunidade, sendo posteriormente elaboradas curvas de
rarefação com reamostragens aleatórias no programa computacional
Ecosim, de modo a permitir a comparação destes parâmetros entre
as comunidades. O número de indivíduos perfilhados e de árvores
mortas em pé foi comparado entre comunidades, duas a duas, por
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
Foram compilados os dados de 52 levantamentos fitossociológicos
realizados em áreas de ocorrência de FES ou FOM na região sul
do Brasil e nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Não
foram incluídos nessa compilação estudos referentes a áreas de
contato de FES ou FOM com outras formações vegetacionais (por
exemplo, Floresta Ombrófila Densa e formações do bioma Cerrado),
estudos com critério de inclusão dos indivíduos inferior a 3 cm de
DAP e estudos realizados em áreas de transição entre FES e FOM.
Considerando a indicação da formação vegetacional dada pelos
autores, do total de levantamentos analisados, 26 são de FES e
26 de FOM (Figura 2, Tabela 1).
Com estes dados secundários foi montada uma matriz de presença
e ausência das espécies nas áreas de FES e de FOM. Para a elaboração
da matriz foram consideradas apenas as espécies identificadas em
nível específico. A listagem de espécies foi conferida com relação
à presença de sinonímias por meio da consulta do banco de dados
W3 Tropicos, disponível no website do Missouri Botanical Garden
(MOBOT 2009) e obras recentes que apresentam sinonímias para as
espécies encontradas (ver Oliveira-Filho 2006).
A partir dessa matriz foram obtidas as frequências de cada espécie
em FES e FOM. Espécies encontradas em uma única formação (FES
ou FOM), em pelo menos cinco trabalhos (9,6% do total, 19,2% dos
trabalhos de cada formação) foram denominadas típicas da formação
de ocorrência. Já espécies que ocorreram nas duas formações, em
pelo menos cinco trabalhos em cada (19,2% em cada formação
e 19,2% do total) foram consideradas típicas às duas formações.
Ressalta-se que, em função dos objetivos propostos neste estudo,
estas comparações foram feitas apenas em relação à FES e à FOM,
de modo que as espécies denominadas neste estudo como típicas de
uma formação podem ter ocorrência em outros biomas e formações
não incluídos na análise.
Por fim, para verificar uma maior influência de FES ou FOM
na composição das áreas estudadas, foram realizadas comparações,
por meio do teste Exato de Fisher com nível de significância de
10%, entre a proporção de espécies típicas de FES e FOM em cada
comunidade estudada e a proporção de espécies típicas de FES e FOM
encontrada no conjunto de estudos secundários compilados. O teste
Exato de Fisher substitui o teste qui-quadrado quando há frequências
inferiores a cinco. Dessa forma, a caracterização fitogeográfica dos
três remanescentes florestais avaliados em Quedas do Iguaçu - PR,
além de considerar os aspectos gerais e estruturais da vegetação, foi
feita com base na ocorrência ou não de espécies apontadas como
exclusivas da FES ou da FOM pela compilação dos levantamentos
secundários selecionados.
http://www.biotaneotropica.org.br
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
118
Viani, R.A.G. et al.
Figura 2. Localização dos levantamentos fitossociológicos realizados em
área de FOM e/ou FES, utilizados para comparação florística com as áreas
desse estudo. As siglas dos municípios correspondem aos códigos da Tabela 1.
Figure 2. Location of the phytosociological surveys made in Araucaria
Forest (FOM) and/or Seasonal Semideciduous Forest (FES) areas used for
the floristic comparison with the areas of this study. Codes for municipalities
are described in Table 1.
Resultados e Discussão
1. Aspectos gerais da vegetação dos remanescentes
estudados
O levantamento fitossociológico nas três áreas da Fazenda Rio
das Cobras contabilizou 128 espécies arbustivo-arbóreas, pertencentes
a 43 famílias botânicas (Tabela 2). As famílias mais ricas foram
Fabaceae (16 espécies), Lauraceae (oito), Myrtaceae (sete) e
Solanaceae (sete). Embora não nessa ordem, essas mesmas famílias
se destacam como as mais ricas em FES e FOM de outras regiões
do estado do Paraná (Dias et al. 2002) e também na Mata Atlântica
como um todo (sensu lato) (ver Stehmann et al. 2009). Na Reserva
das Antas destacam-se pela riqueza Fabaceae e Lauraceae com sete
espécies cada, e na Mata do Polonês, Fabaceae com sete espécies,
seguida de Lauraceae e Sapindaceae com cinco espécies cada. Na
Mata do Palmital as famílias mais ricas foram Fabaceae (13 espécies),
Meliaceae (seis) e Solanaceae (seis), entretanto, quando analisada a
densidade de indivíduos, ganha destaque como a mais abundante, a
família Arecaceae, com apenas duas espécies, mas com 22% do total
de indivíduos amostrados, corroborando com resultados encontrados
nas FES do baixo rio Tibagi, na região Norte do estado do Paraná
(Dias et al. 2002).
Do total de espécies, cinco constam em listas de espécies
ameaçadas de extinção, sendo que cada área estudada conta com pelo
menos duas espécies ameaçadas (Tabela 2). Araucaria angustifolia
encontra-se ameaçada tanto na listagem oficial de espécies ameaçadas
do Brasil (Instrução Normativa nº 6, de 23/09/2008) quanto na
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listagem elaborada pela IUCN, nesta última na categoria “criticamente
em perigo”. Euterpe edulis também faz parte da listagem oficial de
espécies ameaçadas do Brasil, enquanto Aspidosperma polyneuron,
Balfourodendron riedelianum e Cedrela fissilis encontram-se na
categoria “em perigo” da listagem elaborada pela IUCN. Vale
ressaltar que, exceto Euterpe edulis, espécie de sub-bosque explorada
pelo seu palmito comestível, todas as demais espécies ameaçadas
encontradas referem-se a árvores de grande porte, frequentemente
exploradas como madeireiras. Este aspecto, aliado a fragmentação
florestal, causou uma redução significativa de suas populações, o
que, por sua vez, representa um risco alto (categoria “em perigo”)
ou extremamente alto (categoria “criticamente em perigo”) para a
extinção destas espécies na natureza (IUCN 2009).
Com o esforço amostral empregado para o levantamento, a Mata
do Palmital apresentou maior número de espécies que as demais
áreas, seguida pela Reserva das Antas e pela Mata do Polonês
(Figura 3, Tabela 3). A Mata do Palmital e a Mata do Polonês
apresentaram índices de diversidade de Shannon (H’) semelhantes
(respectivamente 3,33 e 3,31 nats.indiv-1) e superiores ao da Reserva
das Antas (2,68 nats.indiv-1) (Figura 3). Nessa última, a elevada
densidade populacional de Alsophila setosa (Cyatheaceae), que
representa 42,4% do total de indivíduos amostrados, gerou uma baixa
equabilidade nos tamanhos das populações e, consequentemente,
um menor valor de diversidade. As três áreas apresentaram espécies
exclusivas, além de 23 espécies em comum (cerca de 18% do total de
espécies) (Figura 4, Tabela 2). Entretanto, há considerável diferença
nas espécies que são mais abundantes em cada área de estudo, de tal
forma que apenas Ocotea diospyrifolia, nas três áreas, e Lonchocarpus
aff. campestris, no Palmital e na Reserva das Antas, estão entre as
10 espécies de maior densidade relativa em mais de uma área.
Com relação à estrutura da vegetação, a elevada área basal
obtida na Mata do Polonês (Tabela 3) é atribuída em parte
à presença de um maior número de indivíduos com tronco
perfilhado (Tabela 3, com Mata do Palmital χ 2 = 74,9 e p <
0,001; com Mata do Polonês χ2 = 79,7 e p < 0,001; p crítico com
correção de Bonferroni = 0,033), de diversas espécies, como
Trichilia elegans, Strychnos brasiliensis, Sebastiania brasiliensis,
Matayba elaeagnoides, Diatenopteryx sorbifolia, Calliandra foliolosa,
Campomanesia guaviroba, Allophylus edulis e Actinostemon concolor.
Um dos fatores prováveis para a presença de grande número
de indivíduos perfilhados na Mata do Polonês é o histórico de
perturbações antropogênicas, haja vista que a rebrota é uma estratégia
de regeneração utilizada pelas plantas após eventos de distúrbio,
quando esses não provocam a morte do indivíduo (Kammesheidt
1998, Dickinson et al. 2000, Rodrigues et al. 2004). Em relação ao
número de árvores mortas em pé (Tabela 3), não foram encontradas
diferenças significativas entre as três florestas estudadas (Mata do
Palmital × Mata do Polonês: χ2 = 2,5 e p = 0,113; Mata do Palmital
× Reserva das Antas: χ2 = 3,0 e p = 0,082; Mata do Polonês × Reserva
das Antas: χ2 = 2,2 e p = 0,134; p crítico com correção de Bonferroni =
0,033). Entretanto, as árvores mortas alcançaram destaque nas três
comunidades florestais estudadas, estando sempre entre as 10
primeiras em densidade relativa, quando incluídas na análise. Este fato
foi constatado também em outros estudos em florestas tropicais do
Brasil (e.g. Salis et al. 1994, Dias et al. 1998, Ivanauskas et al. 2002).
Individualmente, as áreas da Fazenda Rio das Cobras não se
destacam pela riqueza de espécies. Fatores relacionados ao histórico
de perturbações e de corte seletivo de espécies madeireiras nas últimas
décadas contribuem para este fato (ver Consórcio Silviconsult-Juris
Ambientis 1995). Embora haja limitações para a comparação da
riqueza das áreas deste estudo com a de florestas levantadas em outros
locais, em função principalmente da heterogeneidade da amostragem,
é possível observar que os fragmentos da Fazenda Rio das Cobras,
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
119
Caracterização de remanescentes florestais do Sudoeste do Paraná
Tabela 1. Listagem dos levantamentos florísticos e fitossociológicos da vegetação arbustivo-arbórea, utilizados para a comparação com as áreas desse estudo.
CÓD = código da área, utilizado na Figura 2; Lat. = latitude; Long. = longitude; Alt. = altitude; FES = Floresta Estacional Semidecidual; FOM = Floresta
Ombrófila Mista; e FES/FOM = região de contato entre as duas formações. O tipo de vegetação foi definido pelos próprios autores do estudo.
Table 1. Floristic and phytosociological surveys (shrub and trees) used to compare with the areas of this study. CÓD = area code (the same in Figure 2);
Lat. = latitude; Long. = longitude; Alt. = altitude; FES = Seasonal Semideciduous Forest; FOM = Araucaria Forest; and FES/FOM = ecotonal zone between
the two types of forest. Vegetation type was defined by the authors of each study.
CÓD
PAL
POL
ANT
AGU
ANH
AST
BAU
CAM
COR
DIA
DOU
GAL
IBI
IPE
ITA
JU1
JU2
LI1
LI2
LO1
LO2
SAN
SAO
SAP
TEL
TEN
TS1
TS2
VAL
ARA
CAÇ
CAM
CBS
CH1
CH2
COL
CRI
CU1
CU2
CU3
GEN
GUA
IPI
NOP
PIN
PON
SFP
SJT
TE1
TE2
TE3
TE4
TE5
TJ1
TJ2
Localidade/Município
Mata do Palmital
Mata do Polonês
Reserva das Antas
Águas da Prata-SP
Anhembi-SP
Astorga-PR
Bauru-SP
Camaquã-RS
Cornélio Procópio-PR
Diamante do Norte-PR
Dourados-MS
Gália-SP
Ibiporã-PR
Ipeúna-SP
Itatinga-SP
Jundiaí-SP
Jundiaí-SP
Lindoia-SP
Lindoia-SP
Londrina-PR
Londrina-PR
Santa Rita do Passa Quatro
São Carlos-SP
Sapopema-PR
Telêmaco Borba-PR
Tenente Portela-RS
Teodoro Sampaio-SP
Teodoro Sampaio-SP
Vale do Sol-RS
Araucária-PR
Caçador-SC
Campos do Jordão-SP
Campo Belo do Sul-SC
Chapecó-SC
Chapecó-SC
Colombo-PR
Criúva-RS
Curitiba-PR
Curitiba-PR
Curitiba-PR
General Carneiro-PR
Guarapuava-PR
Ipiranga-PR
Nova Prata-RS
Pinhais-PR
Ponta Grossa-PR
São Francisco de Paula-RS
São João do Triunfo-PR
Teixeira Soares-PR
Teixeira Soares-PR
Teixeira Soares-PR
Teixeira Soares-PR
Teixeira Soares-PR
Tijucas do Sul-PR
Tijucas do Sul-PR
Lat.
(S)
25° 33’
25° 29’
25° 28’
21° 55’
22° 40’
23° 10’
22° 19’
30° 41’
23° 16’
22° 41’
22° 23’
22° 24’
23° 16’
22° 26’
23° 19’
23° 11’
23° 11’
22° 32’
22° 32’
23° 27’
23° 27’
21° 41’
21° 58’
24° 01’
24° 20’
27° 10’
22° 19’
22° 19’
29° 34’
25° 35’ 12’’
26° 47’
22° 41’
28° 00’
27° 05’
27° 05’
25° 20
29° 00’
25° 26’
25° 26’
25° 26’
26° 23’
25° 21’ 26’’
25° 01’
28° 56’
25° 24’ 25’’
23° 03’
29° 02’
25° 34’ 18’’
25° 27’
25° 27’
25° 27’
25° 27’
25° 27’
24° 55’
24° 55’
Long.
(W)
52° 58’
52° 53’
52° 49’
46° 42’
48° 10’
51° 40’
49° 04’
51° 53’’
50° 45’
52° 55’
54° 55’
44° 42’
51° 03’
47° 43’
48° 37’
46° 52’
46° 52’
46° 58’
46° 58’
51° 15’
51° 15’
47° 36’
47° 50’
50° 41’
50° 37’
53° 55’
55° 20’
55° 20’
52° 40’
49° 20’ 45’’
51° 01’
45° 28’
50° 49’
52° 37’
52° 37’
49° 14’
50° 56’
49° 14’
49° 14’
49° 14’
51° 22’
51° 28’ 08’’
50° 30’
51° 53’
49° 07’ 50’’
50° 15’
50° 23’
50° 05’ 56’’
50° 35’
50° 35’
50° 35’
50° 35’
50° 35’
49° 12’
49° 12’
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
Altitude
(m)
450
550
550
885
750
634
570
300
650
310
452
522
484
612
582
870
1170
700
900
585
700
590
850
780
600
247
430
430
120
900
1110
1467
1017
668
668
920
860
900
923
900
983
1070
806
662
900
1112
922
780
870
870
870
870
870
850
850
Tipo de
Vegetação
FES/FOM
FES/FOM
FES/FOM
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
FOM
Fonte
Esse estudo
Esse estudo
Esse estudo
Toledo Filho et al. (1993)
César & Leitão-Filho (1990)
Veiga et al. (2003)
Cavassan et al. (1984)
Jurinitz & Jarenkow (2003)
Tomé et al. (1999)
Costa-Filho et al. (2006)
Arruda & Daniel (2007)
Durigan et al. (2002)
Soares-Silva et al. (1992)
Bertani et al. (2001)
Ivanauskas et al. (2002)
Rodrigues et al. (1989)
Rodrigues et al. (1989)
Toledo Filho et al. (2000)
Toledo Filho et al. (2000)
Biachini et al. (2003)
Soares-Silva & Barroso (1992)
Vieira et al. (1989)
Silva & Soares (2002)
Chagas e Silva et al. (1995)
Nakajima et al. (1996)
Vasconcellos et al. (1992)
Durigan et al. (2002)
Durigan et al. (2002)
Jarenkow & Waechter (2001)
Barddal et al. (2004)
Negrelle & Silva (1992)
Souza (2008)
Formento et al. (2004)
Brunetto et al. (2003)
Brunetto et al. (2003)
Oliveira & Rota (1982)
Rondon Neto et al. (2002)
Rondon Neto et al. (2002)
Nascimento et al. (2007)
Kozera et al. (2006)
Wazlawick et al. (2005)
Cordeiro & Rodrigues (2007)
Silva et al. (1992)
Nascimento et al. (2001)
Seger et al. (2005)
Negrelle & Leuchtenberger (2001)
Longhi et al. (2005)
Schaaf et al. (2006)
Galvão et al. (1989)
Galvão et al. (1989)
Galvão et al. (1989)
Galvão et al. (1989)
Galvão et al. (1989)
Geraldi et al. (2005)
Geraldi et al. (2005)
http://www.biotaneotropica.org.br
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
120
Viani, R.A.G. et al.
Tabela 2. Espécies amostradas na Fazenda Rio das Cobras, Quedas do Iguaçu, PR e suas densidades relativas em cada área de estudo. Ameaça indica o “status”
de ameaça da espécie junto à lista de espécies ameaçadas de extinção. O “X” representa que a espécie consta na lista oficial de espécies ameaçadas do Brasil.
Para as listadas pela IUCN (2009), CR: em perigo crítico, EN: em perigo. A exclusividade a FES ou a FOM está relacionada a ocorrência em apenas uma
dessas formações, em pelo menos cinco áreas dos trabalhos secundários em área de FES ou FOM levantados neste estudo.
Table 2. Species surveyed and their relative density in each of the three areas studied in Rio das Cobras’ farm, Quedas do Iguaçu-PR, Brazil. “Ameaça” refers
to the status in red lists of threatened species. “X” means that the species is on the Brazilian official red list. For species in the IUCN (2009) red list, CR:
critically endangered. EN: endangered Exclusivity to FES or FOM is related to the occurrence in only one of these formations, in at least five FES or FOM
secondary surveys compiled for this study.
Família
Espécie
Annonaceae
Annonaceae
Apocynaceae
Apocynaceae
Apocynaceae
Aquifoliaceae
Aquifoliaceae
Araliaceae
Araliaceae
Araucariaceae
Arecaceae
Arecaceae
Asparagaceae
Asteraceae
Asteraceae
Bignoniaceae
Bignoniaceae
Boraginaceae
Boraginaceae
Boraginaceae
Cannabaceae
Cannabaceae
Cardiopteridaceae
Celastraceae
Clethraceae
Clusiaceae
Cyatheaceae
Cyatheaceae
Erythroxyllaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Fab.Caesalpinoideae
Fab.Caesalpinoideae
Fab.-Mimosoideae
Fab.-Mimosoideae
Fab.-Mimosoideae
Fab.-Mimosoideae
Fab.-Mimosoideae
Fab.Papilionoideae
Fab.Papilionoideae
Fab.Papilionoideae
Annona emarginata (Schltdl.) H.Rainer
Rollinia sericea (R.E. Fr.) R.E. Fr
Aspidosperma polyneuron Müll. Arg.
Rauvolfia sellowii Müll. Arg.
Tabernaemontana catharinensis A. DC.
Ilex brevicuspis Reissek
Ilex paraguariensis A. St.-Hil.
Schefflera cf. calva (Cham.) Frodin & Fiaschi
Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
Euterpe edulis Mart.
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman
Cordyline spectabilis Kunth & Buoché
Vernonanthura diffusa (Less.) H.Rob
Vernonanthura petiolaris (DC.) H.Rob
Jacaranda puberula Cham.
Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC.
Cordia americana L.
Cordia ecalyculata Vell.
Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud.
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg.
Trema micrantha (L.) Blume
Citronella paniculata (Mart.) R.A. Howard
Maytenus aquifolia Mart.
Clethra scabra Pers.
Garcinia gardneriana (Planch. & Triana) Zappi
Alsophila setosa Kaulf.
Cyathea sp.
Erythroxyllum sp.
Actinostemon concolor (Spreng.) Müll. Arg.
Alchornea glandulosa Poepp.
Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg.
Manihot grahamii Hook
Sebastiania brasiliensis Spreng.
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B. Sm. & Downs
Bauhinia forficata Link
Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.
Calliandra foliolosa Benth.
Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong
Inga marginata Willd.
Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan
Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose
Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr.
Ameaça Exclusividade
FOM
EN
FES
FES
X, CR
X
FOM
FES
FES
FES
FES
FES
FES
FES
Erythrina falcata Benth.
Holocalyx balansae Micheli
http://www.biotaneotropica.org.br
FES
Reserva Mata do Mata do
das Antas Palmital Polonês
0,14
0,27
0,53
0,40
0,40
0,94
2,82
0,13
0,14
0,53
1,20
0,13
0,13
0,67
0,40
23,82
0,27
2,42
0,66
0,27
15,86
0,14
1,20
0,27
0,13
0,14
1,08
0,81
0,27
0,53
2,28
0,27
0,68
0,14
0,68
0,40
0,40
0,13
0,13
0,14
0,27
44,42
0,13
0,27
0,13
2,28
5,95
0,53
1,48
0,14
0,13
0,40
0,27
0,13
8,46
0,54
0,40
0,53
0,40
0,27
1,08
0,94
-
0,27
7,67
0,40
1,62
2,24
0,93
0,27
-
-
0,40
-
0,14
0,13
-
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
121
Caracterização de remanescentes florestais do Sudoeste do Paraná
Tabela 2. Continuação...
Família
Fab.Papilionoideae
Fab.Papilionoideae
Fab.Papilionoideae
Fab.Papilionoideae
Fab.Papilionoideae
Fab.Papilionoideae
Lamiaceae
Lauraceae
Lauraceae
Lauraceae
Lauraceae
Lauraceae
Lauraceae
Lauraceae
Lauraceae
Loganiaceae
Malvaceae
Malvaceae
Malvaceae
Malvaceae
Melastomataceae
Meliaceae
Meliaceae
Meliaceae
Meliaceae
Meliaceae
Meliaceae
Monimiaceae
Monimiaceae
Moraceae
Moraceae
Moraceae
Moraceae
Moraceae
Moraceae
Myrsinaceae
Myrsinaceae
Myrsinaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Phytolacaceae
Polygonaceae
Rosaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Espécie
Ameaça Exclusividade
Lonchocarpus aff. campestris Mart. ex Benth.
Reserva Mata do Mata do
das Antas Palmital Polonês
0,14
2,56
3,83
Luetzelburgia guaissara Toledo
-
0,40
1,06
Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld
-
0,13
-
Machaerium sp.
-
0,13
-
0,27
1,48
-
0,14
-
-
0,81
0,40
2,28
4,43
2,95
0,27
0,53
0,53
0,81
0,14
1,08
0,53
9,93
0,14
0,14
0,27
0,14
0,14
2,69
0,13
5,39
1,08
0,40
6,20
0,81
0,54
0,13
0,13
2,02
0,81
0,94
0,40
1,34
0,13
0,94
0,13
0,27
-
0,66
0,93
8,19
0,53
0,40
0,13
2,65
0,13
1,19
0,13
0,27
0,13
1,20
0,81
0,14
0,14
0,14
0,14
0,14
-
0,68
1,88
1,08
0,94
-
0,13
1,72
2,65
0,13
0,40
2,35
0,13
0,13
0,13
0,13
Machaerium stipitatum (DC.) Vogel
FES
Myrocarpus frondosus Allemão
Aegiphilla mediterranea Vell.
Cinnamomum cf. triplinerve (Ruiz & Pav.) Kosterm.
Nectandra lanceolata Nees
Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez
Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez
Ocotea indecora (Schott) Mez
Ocotea puberula (Rich.) Nees
Ocotea silvestris Vattimo
Ocotea sp.
Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart.
Bastardiopsis densiflora (Hook. & Arn.) Hassl.
Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna
Guazuma ulmifolia Lam.
Luehea divaricata Mart.
Miconia hymenonervia (Raddi) Cogn.
Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
Cedrella fissilis Vell.
Guarea kunthiana A. Juss.
Guarea macrophylla Vahl
Trichilia claussenii C. DC.
Trichilia elegans A. Juss.
Hennecartia omphalandra Poiss.
Mollinedia elegans Tul.
Ficus adhatodifolia Schott ex Spreng.
Ficus glabra Vell.
Ficus guaranitica Chodat.
Ficus sp.
Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud.
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C. Burger, Lanj. & Wess.
Boer
Myrsine balansae (Mez) Otegui
Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. ex Roem. & Schult.
Myrsine umbellata Mart.
Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk.
Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O. Berg.
Eugenia blastantha (O. Berg) D. Legrand
Eugenia burkartiana (D. Legrand) D. Legrand
Eugenia uniflora L.
Myrcia retorta Cambess.
Myrcia sp.
Seguieria cf. americana L.
Ruprechtia laxiflora Meisn.
Prunus myrtifolia (L.) Urb.
Chomelia obtusa Cham. & Schltdl.
Cordiera concolor (Cham.) Kuntze
Psychotria sp.
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
FES
FES
EN
FES
FES
FES
FES
http://www.biotaneotropica.org.br
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
122
Viani, R.A.G. et al.
Tabela 2. Continuação...
Família
Rubiaceae
Rutaceae
Rutaceae
Rutaceae
Rutaceae
Rutaceae
Salicaceae
Salicaceae
Salicaceae
Salicaceae
Sapindaceae
Sapindaceae
Sapindaceae
Sapindaceae
Sapindaceae
Sapotaceae
Sapotaceae
Simaroubaceae
Solanaceae
Solanaceae
Solanaceae
Solanaceae
Solanaceae
Solanaceae
Solanaceae
Styracaceae
Styracaceae
Symplocaceae
Urticaceae
Urticaceae
Verbenaceae
Indeterminada
Indeterminada
Espécie
Simira corumbensis (Standl.) Steyerm.
Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl.
Pilocarpus pennatifolius Lem.
Zanthoxylum fagara (L.) Sarg.
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Zanthoxylum riedelianum Engl.
Casearia decandra Jacq.
Casearia obliqua Spreng.
Casearia sylvestris Sw.
Prockia crucis P. Browne ex L.
Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess. & A. Juss.) Radlk.
Allophylus guaraniticus (St. Hil.) Radlk.
Cupania vernalis Cambess.
Diatenopteryx sorbifolia Radlk.
Matayba elaeagnoides Radlk.
Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler) Engl.
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk.
Picrasma crenata (Vell.) Engl. in Engl. & Prantl
Cestrum intermedium Sendtn.
Cestrum sp.
Solanum mauritianum Scop.
Solanum pseudoquina A.St.-Hil.
Solanum sanctae-catharinae Dunal
Solanum sp.
Solanum variabile Mart.
Styrax acuminatus Pohl
Styrax leprosus Hook. & Arn.
Symplocos cf. tetrandra Mart.
Cecropia pachystachya Trécul
Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd.
Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss.
Indet sp1
Indet sp2
Ameaça Exclusividade
EN
FES
FES
FES
FES
FES
FES
Reserva Mata do Mata do
das Antas Palmital Polonês
0,27
2,51
0,81
0,13
0,14
0,14
0,13
0,67
0,13
0,14
0,13
1,48
0,40
3,62
0,68
0,13
0,14
0,40
0,13
0,53
0,27
3,83
0,66
0,13
0,93
1,08
0,27
5,69
0,53
4,62
0,53
2,28
0,66
0,40
0,13
0,14
3,57
0,14
1,75
0,13
0,13
0,27
0,14
0,13
0,14
0,14
0,13
0,13
2,83
1,06
0,14
0,27
0,81
0,27
0,53
0,27
6,73
0,40
1,20
6,74
Figura 3. Curvas de rarefação da riqueza e da diversidade (H’) para as três áreas estudadas em Quedas do Iguaçu-PR. As barras verticais correspondem aos
limites inferiores e superiores do intervalo de confiança da média (p = 0,05).
Figure 3. Richness and diversity (H’) rarefaction curves for the three surveyed areas. Vertical bars represent upper and lower limits of the confidence interval
for the mean (p = 0.05).
http://www.biotaneotropica.org.br
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
123
Caracterização de remanescentes florestais do Sudoeste do Paraná
Tabela 3. Principais parâmetros florísticos e estruturais das três comunidades estudadas na Fazenda Rio das Cobras, Quedas do Iguaçu, PR. Os parâmetros
descritos são apresentados na seguinte seqüência: número de espécies, número de famílias, de densidade por hectare, área basal, número de plantas com mais
de um caule e número de plantas mortas pesquisadas.
Table 3. Main floristic and structural characteristics of the three communities surveyed in “Fazenda Rio das Cobras”, Quedas do Iguaçu-PR, Brazil. The
parameters described are presented in the following sequence: number of species, number of families, density per hectare, basal area, number of plants with
more than one stem and number of dead plants surveyed.
Área
Mata do Palmital
Mata do Polonês
Reserva das Antas
N.
espécies
79
67
71
N.
famílias
39
33
37
Densidade
(indivíduos.ha-1)
1.327
1.557
1.553
Figura 4. Diagrama de Venn para as três áreas estudadas em Quedas do
Iguaçu-PR, demonstrando o número de espécies exclusivas em cada área e
comuns a duas ou três áreas. O número entre parênteses após o nome da área
representa o número total de espécies.
Figure 4. Venn diagram with the three areas studied in Quedas do Iguaçu-PR,
showing number of exclusive species in each area and total shared species for
two or three areas. The number within parentheses is the number of species
found in each area.
apesar de aparentemente serem mais ricos que alguns fragmentos de
FOM de outras regiões do país (e.g. Negrelle & Silva 1992, Silva et al.
1997, Nascimento et al. 2001), apresentam riqueza inferior a de FES
de outras localidades (e.g. Ivanauskas et al. 2002, Rodrigues et al.
2003), bem como a de vários fragmentos de FES, FOM e áreas
ecotonais do Paraná (e.g. Galvão et al. 1989, Soares-Silva & Barroso
1992, Nakajima et al. 1996). A baixa diversidade alfa das florestas
estudadas é, no entanto, compensada, em parte, pela diversidade
beta na paisagem local, consequência da localização da Fazenda
Rio das Cobras numa região de transição, onde espécies da FES e
da FOM se substituem, em função de modificações na altitude e,
consequentemente, no clima do local. Ainda assim, o número total
de espécies amostradas nas três áreas (128) também não é elevado, se
comparado ao elevado número de espécies com ocorrência em FES,
FOM e áreas de transição no estado do Paraná (ver Dias et al. 2002).
Embora seja difícil estabelecer uma relação de causa e efeito para este
resultado com base nas informações coletadas nesse estudo, fatores
como a intensidade amostral, o critério de inclusão dos indivíduos
e o já citado histórico relativamente recente de corte seletivo de
espécies madeireiras da região parecem influenciar o número de
espécies amostradas.
2. Caracterização fitogeográfica
A compilação dos estudos realizados em áreas de FES e FOM
na região sul do Brasil e nos estados de São Paulo e Mato Grosso do
Sul relacionou 574 espécies arbustivo-arbóreas, sendo 474 na FES
e 266 na FOM. Do total de espécies, 163 foram encontradas em
ambas as formações, 311 apenas na FES e 103 somente na FOM.
Entretanto, quando somente as espécies encontradas em pelo menos
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
Área basal
(m2.ha-1)
38,55
46,23
33,28
N. indivíduos
perfilhados
35
138
32
N. indivíduos
mortos em pé
69
51
35
cinco levantamentos em cada formação foram consideradas nessa
análise, a FES apresentou 82 espécies típicas (encontradas na FES e
ausentes na FOM) e a FOM apenas 21 espécies típicas (encontradas
na FOM e ausentes na FES), sendo que 26 espécies foram comuns e
típicas às duas áreas (Tabela 4).
Nas três áreas estudadas na Fazenda Rio das Cobras foram
encontradas tanto espécies típicas da FES quanto espécies típicas
da FOM, o que confirma o caráter ecotonal dessa região. Com base
nos critérios estabelecidos neste trabalho, na Mata do Polonês foram
encontradas quatro espécies classificadas como típicas da FES e duas
da FOM, na Reserva das Antas foram amostradas 12 espécies típicas
da FES e duas da FOM e na Mata do Palmital 21 espécies típicas da
FES e apenas uma da FOM (Tabela 2).
As áreas estudadas apresentam variação no grau de influência
da FES e da FOM na composição de espécies. Na Mata do Palmital,
por exemplo, a influência da FES é significativamente maior do a
influência da FOM na composição florística (teste exato de Fisher,
p = 0,062). Além da ausência de Araucaria angustifolia, principal
espécie característica da FOM (Veloso 1992), as espécies com
destaque na Mata do Palmital são, com base nos critérios estabelecidos
neste estudo, exclusivas à FES, tais como Euterpe edulis, que faz jus
ao nome dado ao local e apresenta os maiores valores de densidade
relativa. Além disso, compondo o sub-bosque florestal dessa área,
em meio aos indivíduos regenerantes de Euterpe edulis, ocorrem
Urera baccifera e Sorocea bonplandii, essa última, a espécie de
maior índice de valor de importância na FES da bacia do baixo rio
Tibagi, estado do Paraná (Dias et al. 2002). No dossel ocorrem ainda
indivíduos com mais de 25 m de altura de Chrysophyllum gonocarpum,
Apuleia leiocarpa, Bastardiopsis densiflora, Aspidosperma polyneuron
e Balfourodendron riedelianum entre outros, sendo essas duas últimas,
espécies tidas como típicas da FES (Veloso 1992, Dias et al. 2002,
Torezan 2002).
Para a Reserva das Antas e a Mata do Polonês, no entanto, as
proporções de espécies típicas da FES e da FOM não diferem da
encontrada nos estudos secundários compilados (teste exato de
Fisher, p = 0,372 e p = 0,451 respectivamente) e indicam influências
não distintas de FES e FOM na composição florística dessas
áreas. Na Mata do Polonês destacam-se no sub-bosque florestal
Trichilia elegans, Sebastiania brasiliensis e Actinostemon concolor,
dentre outras. Já no dossel, ocorrem árvores de até 25 m,
principalmente de Nectandra megapotamica, Matayba elaeagnoides,
Diatenopteryx sorbifolia e Cordia americana. Estas espécies,
citadas tanto para o dossel quanto para o sub-bosque, parecem estar
bem representadas tanto na FOM quanto na FES (Silva et al. 1997,
Rodrigues 1999, Torezan 2002). Além disso, Sebastiania brasiliensis
e as três primeiras espécies citadas para o dossel são comuns à FES
e à FOM (Tabela 4).
Na Reserva das Antas, predomina no sub-bosque a pteridófita
arborescente Alsophila setosa, que comumente forma grupamentos
densos no estrato inferior da FOM (Britez et al. 1995), principalmente
http://www.biotaneotropica.org.br
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
124
Viani, R.A.G. et al.
Tabela 4. Espécies encontradas na FES e ausentes na FOM e vice-versa, amostradas em pelo menos cinco áreas (19,2% dos trabalhos de cada formação)
e espécies comuns a ambas as formações, amostradas em pelo menos 10 das áreas avaliadas (19,2% do total), sendo no mínimo cinco em cada formação
vegetacional. Freq.: frequência com que a espécie foi encontrada em cada formação, no conjunto de levantamentos compilados.
Table 4. Species found on FES, absent on FOM and vice-versa, that were surveyed in five or more areas (19,2% of surveys in each formation) and species
with occurrence in both formations, surveyed in 10 or more areas (19,2% of total), with a minimum of five areas in each vegetation type. Freq: Frequency of
the species in each vegetation type, considering the group of studies compiled.
Espécie
Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler) Engl.
Croton floribundus Spreng.
Holocalyx balansae Micheli
Astronium graveolens Jacq.
Trichilia catigua A.Juss.
Aspidosperma polyneuron Müll.Arg.
Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC.
Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl.
Copaifera langsdorffii Desf.
Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze
Casearia gosypiosperma Briq.
Annona cacans Warm.
Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F. Macbr.
Trichilia pallida Sw.
Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.
Trichilia claussenii C. DC.
Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud.
Metrodorea nigra A.St.-Hil.
Tabernaemontana catharinensis A.DC.
Alchornea glandulosa Poepp.
Machaerium nyctitans (Vell.) Benth.
Guapira opposita (Vell.) Reitz
Pisonia ambigua Heimerl
Colubrina glandulosa Perkins
Annona sylvatica A.St.-Hil.
Cordia ecalyculata Vell.
Centrolobium tomentosum Guillemin ex Benth.
Myrocarpus frondosus Allemão
Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr.
Ficus guaranitica Chodat.
Esenbeckia febrifuga (A.St.-Hil.) A. Juss. ex Mart.
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk.
Cecropia pachystachya Trécul
Ceiba speciosa (A.St.-Hil) Ravenna
Plinia rivularis (Cambess.) Rotman
Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms
Prockia crucis P. Browne ex L.
Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd.
Euterpe edulis Mart.
Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand
Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr.
Hymenaea courbaril L.
Nectandra oppositifolia Nees & Mart.
Ocotea elegans Mez
Guarea guidonia (L.) Sleumer
Guarea kunthiana A. Juss.
Guarea macrophylla Vahl
http://www.biotaneotropica.org.br
Família
Sapotaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Anacardiaceae
Meliaceae
Apocynaceae
Caricaceae
Rutaceae
Fabaceae
Lecythidaceae
Salicaceae
Annonaceae
Lauraceae
Meliaceae
Fabaceae
Meliaceae
Moraceae
Rutaceae
Apocynaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Nyctaginaceae
Nyctaginaceae
Rhamnaceae
Annonaceae
Boraginaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Moraceae
Rutaceae
Sapotaceae
Urticaceae
Malvaceae
Myrtaceae
Phytolaccaceae
Salicaceae
Urticaceae
Arecaceae
Burseraceae
Fabaceae
Fabaceae
Lauraceae
Lauraceae
Meliaceae
Meliaceae
Meliaceae
Freq. FES
80,77
76,92
69,23
65,38
65,38
61,54
57,69
53,85
50,00
50,00
50,00
46,15
46,15
46,15
42,31
42,31
42,31
42,31
38,46
38,46
38,46
38,46
38,46
38,46
34,62
34,62
34,62
34,62
34,62
34,62
34,62
34,62
34,62
30,77
30,77
30,77
30,77
30,77
26,92
26,92
26,92
26,92
26,92
26,92
26,92
26,92
26,92
Freq. FOM
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Freq. FES + FOM
40,39
38,46
34,62
32,69
32,69
30,77
28,85
26,93
25,00
25,00
25,00
23,08
23,08
23,08
21,16
21,16
21,16
21,16
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
17,31
17,31
17,31
17,31
17,31
17,31
17,31
17,31
17,31
15,39
15,39
15,39
15,39
15,39
13,46
13,46
13,46
13,46
13,46
13,46
13,46
13,46
13,46
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
125
Caracterização de remanescentes florestais do Sudoeste do Paraná
Tabela 4. Continuação...
Espécie
Bougainvillea spectabilis Willd.
Alseis floribunda Schott
Coutarea hexandra (Jacq.) K.Schum.
Zanthoxylum caribaeum Lam.
Solanum argenteum Dunal
Duguetia lanceolata A.St.-Hil.
Actinostemon klotzschii (Didr.) Pax
Cassia ferruginea (Schrad.) DC.
Machaerium villosum Vogel
Myroxylon peruiferum L. f.
Trichilia casarettii C.DC.
Ficus insipida Willd.
Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk.
Savia dictyocarpa Müll.Arg.
Picramnia ramiflora Engl.
Piper amalago L.
Esenbeckia grandiflora Mart.
Qualea jundiahy Warm.
Vochysia tucanorum Mart.
Tapirira guianensis Aubl.
Aspidosperma cylindrocarpon Müll.Arg.
Zeyeria tuberculosa (Vell.) Bureau
Pachystroma longifolium (Nees) I.M.Johnst.
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.
Tetrorchidium rubrivenium Poepp.
Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong
Ocotea silvestris Vattimo
Mollinedia widgrenii A.DC.
Eugenia blastantha (O. Berg) D. Legrand
Eugenia moraviana O.Berg
Eugenia ramboi D.Legrand
Rhamnidium elaeocarpum Reissek
Ixora venulosa Benth.
Zanthoxylum riedelianum Engl.
Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
Capsicodendron dinisii (Schwacke) Occhioni
Drimys brasiliensis Miers
Annona emarginata (Schltdl.) H.Rainer
Lamanonia speciosa (Cambess.) L.B. Sm.
Myrcia hatschbachii D.Legrand
Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl.
Piptocarpha angustifolia Dusén ex Malme
Dicksonia sellowiana (Hook.) Maxon
Sloanea lasiocoma K.Schum
Cinnamomum vesiculosum (Nees) Kosterm.
Zanthoxylum kleinii (R.S.Cowan) P.G.Waterman
Duranta vestita Cham.
Erythroxylum deciduum A.St.-Hil.
Eugenia uruguayensis Cambess.
Picramnia parvifolia Engl.
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
Família
Nyctaginaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rutaceae
Solanaceae
Annonaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Meliaceae
Moraceae
Myrtaceae
Phyllanthaceae
Picramniaceae
Piperaceae
Rutaceae
Vochysiaceae
Vochysiaceae
Anacardiaceae
Apocynaceae
Bignoniaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Lauraceae
Monnimiaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Rhamnaceae
Rubiaceae
Rutaceae
Verbenaceae
Araucariaceae
Canellaceae
Winteraceae
Annonaceae
Cunoniaceae
Myrtaceae
Podocarpaceae
Asteraceae
Dicksoniaceae
Elaeocarpaceae
Lauraceae
Rutaceae
Verbenaceae
Erythroxylaceae
Myrtaceae
Picramniaceae
Freq. FES
26,92
26,92
26,92
26,92
26,92
23,08
23,08
23,08
23,08
23,08
23,08
23,08
23,08
23,08
23,08
23,08
23,08
23,08
23,08
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
19,23
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Freq. FOM
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
80,77
50,00
38,46
34,62
34,62
30,77
30,77
26,92
26,92
26,92
26,92
26,92
26,92
23,08
23,08
23,08
Freq. FES + FOM
13,46
13,46
13,46
13,46
13,46
11,54
11,54
11,54
11,54
11,54
11,54
11,54
11,54
11,54
11,54
11,54
11,54
11,54
11,54
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
9,62
40,38
25,00
19,23
17,31
17,31
15,39
15,39
13,46
13,46
13,46
13,46
13,46
13,46
11,54
11,54
11,54
http://www.biotaneotropica.org.br
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
126
Viani, R.A.G. et al.
Tabela 4. Continuação...
Espécie
Scutia buxifolia Reissek
Ilex microdonta Reissek
Mimosa scabrella Benth.
Guettarda uruguensis Cham. & Schltdl.
Siphoneugenia reitzii D.Legrand
Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg
Prunus myrtifolia (L.) Urb.
Casearia decandra Jacq.
Cedrela fissilis Vell.
Casearia sylvestris Sw.
Matayba elaeagnoides Radlk.
Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman
Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess. & A. Juss.) Radlk.
Cupania vernalis Cambess.
Myrsine umbellata Mart.
Machaerium stipitatum (DC.) Vogel
Ocotea puberula (Rich.) Nees
Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
Luehea divaricata Mart.
Myrcia splendens (Sw.) DC.
Roupala brasiliensis Klotzsch
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B. & Downs
Sebastiania brasiliensis Spreng.
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Sapium glandulosum (L.) Morong
Eugenia uniflora L.
Casearia obliqua Spreng.
Eugenia involucrata DC.
Aegiphila sellowiana Cham.
Allophylus guaraniticus (St. Hil.) Radlk.
Família
Rhamnaceae
Aquifoliaceae
Fabaceae
Rubiaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Rosaceae
Salicaceae
Meliaceae
Salicaceae
Sapindaceae
Lauraceae
Arecaceae
Sapindaceae
Sapindaceae
Myrsinaceae
Fabaceae
Lauraceae
Meliaceae
Malvaceae
Myrtaceae
Proteaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Rutaceae
Euphorbiaceae
Myrtaceae
Salicaceae
Myrtaceae
Lamiaceae
Sapindaceae
nos locais de solo com alta umidade e até mesmo encharcado
(obs. pess.). Syagrus romanzoffiana, também encontrada nessa
área, porém em menor densidade, parece ser também indicativa
de formações ribeirinhas e de várzeas. Ainda no estrato inferior da
Reserva das Antas, são encontrados nos locais de melhor drenagem
do solo indivíduos de Cordyline spectabilis e Casearia sylvestris.
No dossel, raramente as árvores atingem 25 m, predominando
Nectandra megapotamica, Cordia americana, Ocotea diospyrifolia e
Prunus myrtifolia, dentre outras espécies. As espécies dominantes do
dossel e do estrato inferior da Reserva das Antas ocorrem em ambas
as formações, FOM e FES, em outras bacias hidrográficas do estado
do Paraná (Dias et al. 2002). Além disso, assim como evidenciado
para a Mata do Polonês, muitas destas espécies são consideradas
comuns a FES e a FOM (Tabela 3).
Tanto na Reserva das Antas quanto na Mata do Polonês foram
amostrados indivíduos de Araucaria angustifolia, espécie endêmica
(ver Stehmann et al. 2009) e principal característica da FOM
(Veloso 1992, Tabela 4). Este resultado evidencia a maior influência
da FOM na composição florística dessas áreas do que na área da
Mata do Palmital. Entretanto, apesar da relativa proximidade de
Quedas do Iguaçu com a região central (core) da FOM (FUPEP
2001), Araucaria angustifolia não ocupou uma posição de destaque
http://www.biotaneotropica.org.br
Freq. FES
0
0
0
0
0
61,54
50,00
50,00
65,38
73,08
42,31
53,85
69,23
38,46
42,31
42,31
69,23
23,08
61,54
30,77
42,31
38,46
19,23
34,62
19,23
19,23
23,08
19,23
19,23
19,23
19,23
Freq. FOM
23,08
19,23
19,23
19,23
19,23
80,77
88,46
84,62
57,69
46,15
73,08
61,54
42,31
69,23
65,38
57,69
23,08
69,23
23,08
50,00
38,46
42,31
61,54
38,46
53,85
50,00
42,31
34,62
34,62
19,23
19,23
Freq. FES + FOM
11,54
9,62
9,62
9,62
9,62
71,15
69,23
67,31
61,54
59,62
57,69
57,69
55,77
53,85
53,85
50,00
46,15
46,15
42,31
40,38
40,38
40,38
40,38
36,54
36,54
34,62
32,69
26,92
26,92
19,23
19,23
em relação à abundância em nenhuma destas áreas. Este aspecto é
resultante não só do fato das áreas estarem numa região de transição,
onde existem ecótonos com elementos de FES e FOM na composição,
mas também da intensiva extração madeireira nas florestas da região.
Segundo relato dos próprios moradores locais, até poucas décadas
atrás, as florestas da Fazenda Rio das Cobras eram, com exceção
das áreas mais próximas ao rio Iguaçu (e.g. Mata do Palmital),
“pretas” de Araucaria angustifolia (referência ao verde escuro,
quase preto, peculiar das folhas do pinheiro-do-paraná). Além de
Araucaria angustifolia, foram exploradas outras espécies madeireiras,
tais como Cedrela fissilis, Cordia trichotoma e Peltophorum dubium,
na proporção de dois entre cada três indivíduos da população
(Consórcio Silviconsult-Juris Ambientis 1995), fato responsável pela
baixa densidade de muitas espécies madeireiras nas áreas estudadas.
De uma forma geral, os resultados da avaliação da estrutura,
composição florística e riqueza das florestas estudadas indicam
que a vegetação nativa remanescente da Fazenda Rio das Cobras
corresponde a florestas secundárias, que passaram por eventos
de perturbação antropogênica influenciadores de seu estágio de
conservação atual. Entretanto, excetuando-se o Parque Nacional
do Iguaçu, localizado a cerca de 100 km de distância, não há na
paisagem regional situação similar à da Fazenda Rio das Cobras no
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1
127
Caracterização de remanescentes florestais do Sudoeste do Paraná
que diz respeito à extensão de área de vegetação nativa remanescente.
Este fato, associado à presença de espécies de FES e FOM, duas
fitoformações importantes e ameaçadas da Mata Atlântica, e à
ocorrência de espécies arbóreas nacional e globalmente ameaçadas
de extinção, reforçam o valor da área do ponto de vista ecológico e
de conservação da biodiversidade regional.
Além disso, os resultados desse estudo indicam a área como
uma área de transição entre a FES e a FOM e parecem corroborar
que, na região estudada, a FES e suas espécies típicas se irradiam
principalmente pelos vales dos grandes rios (vide Mata do Palmital
– vale do Rio Iguaçu), onde a altitude é menor (próxima ou inferior
aos 500 m) e a temperatura maior, com lenta substituição por
espécies da FOM na direção dos planaltos (vide Mata do Polonês e
Reserva das Antas), até se chegar à área central da FOM, dominada
por Araucaria angustifolia e outras espécies típicas dessa formação
(Maack 1981, Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná 2001).
Agradecimentos
Os autores agradecem a Lisandro Inakake e aos membros do
Projeto de Assentamento Celso Furtado pela colaboração fundamental
nas atividades de campo e a Helena Maria Maltez pelas críticas e
sugestões dadas.
Referências Bibliográficas
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Recebido em 19/04/10
Versão reformulada recebida em 23/01/11
Publicado em 04/02/11
http://www.biotaneotropica.org.br
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?article+bn01911012011