Eurípides
Eurípides (c. 480 a.C. - 406 a.C.) foi o mais jovem dos três grandes
expoentes da tragédia grega clássica.
Embora premiado poucas vezes (cinco) nos concursos trágicos de Atenas
(Dionísias Urbanas, Lenéias), (apesar de ter escrito cerca de 92 peças), no
final do século V a.C., desfrutou de grande popularidade nos séculos
subseqüentes,é atualmente muito mais popular que Ésquilo ou Sófocles. Os
recursos dramáticos que utilizou em suas tragédias, notadamente as
posteriores a 420 a.C., influenciaram diversos gêneros dramáticos
posteriores, entre eles a "Comédia Nova", o drama (e também o
melodrama) e a novela.
Nascido em 480 a.C., perto de Atenas, Eurípedes foi desde a sua juventude
um poeta mal compreendido.
Apresentou as suas primeiras tragédias na Grande Dionisíaca de 445 a.C.,
mas só venceu a primeira competição em 441 a.C.
A atracção moderna por Eurípedes vem sobretudo da sua atitude perante a
vida que é muito mais semelhante à atitude dos dias de hoje, do que a dos
seus contemporâneos.
As suas peças não são acerca dos deuses ou a realeza, mas sobre
pessoas reais. Colocou em cena camponeses ao lado de príncipes e deu
igual peso aos seus sentimentos. Mostrou-nos a realidade da guerra,
criticou a religião, falou dos excluídos da sociedade: as mulheres, os
escravos e os velhos.
Em termos dramatúrgicos Eurípedes adicionou o Prólogo à peça, no qual
“situa a cena” (apresenta o que se vai passar). E criou também o “deus ex
machina” que servia muitas vezes para fazer o final da peça.
As peças de Eurípedes estão pejadas do realismo mais pungente, como a
cena anti-guerra de “As Troianas”, na qual uma avó chora pelo facto de ter
sobrevivido à filha e ao neto.
Ao longo da sua vida, Eurípedes foi considerado quase um marginal e foi
frequentemente satirizado nas comédias de Aristófanes.
No final da vida, talvez desiludido com a natureza humana, viveu recluso
rodeado de livros e morreu em 406 a.C., dois anos antes de Sófocles.
O enredo de suas tragédias foi muitas vezes aproveitado por dramaturgos
modernos, como Racine, Goethe e Eugene O'Neil.
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Argos era o nome da nau em que navegaram Jasão e os outros heróis (por isso chamados Argonautas)
até à Cólquida,, onde, por ordem de Pélias, rei de Iolcos na Tessália, iam conquistar o velo de ouro.
2
Metáfora náutica para sugerir o erguer e baixar rítmico dos remos de um e de outro lado da embarcação.
3
As Simplégades eram rochas à entrada do Ponto Euxino (hoje Mar Negro). Segundo a lenda,, eram a
principio móveis e embatiam uma contra a outra,, característica que transparece na etimologia do seu
nome. Depois da passagem de Argos - o primeiro navio que conseguiu transpô-las (feito que já consta da
Odisséia, XII. 69-70) - tornaram-se fixas.
4
Montanha na Tessália, onde a nau foi construída.
5
Medeia, filha de Eetes, rei da Cólquida, tendo-se apaixonado por Jasão,, ajudou-o, com as suas artes
mágicas, a vencer a prova que seu pai lhe impusera para poder levar o velo de ouro - lavrar a terra com
touros ignispirantes - e ainda a escapar ao dragão sempre vigilante que o guardava. Em seguida, fugiu
com Jasão, depois de matar o irmão, Apsirto, e de espalhar os seus restos mortais, a fim de que o pai, ao
colhê-los se atrasasse na perseguição que movia ao par fugitivo.
6
Chegada a Iolcos, Medeia convenceu as filhas do rei Pélias a cozerem o pai num caldeirão, com ervas
mágicas, para que ele recuperasse a juventude. Por mais este crime, viu-se na necessidade de fugir para
Corinto. Sobre aquele tema, compôs Eurípides a tragédia perdida As Pelíades.
7
Segundo o escoliasta Píndaro, Olímpicas, XIII. 74, Medeia pôs termo à fome que lavrava em Corinto.
8
Eurípides não dá nome à princesa de Corinto,, embora já o argumento antigo da peça lhe chama Glauce,
apelativo que se conserva na tradição local como o de uma fonte da cidade a cujas águas ela se atirou,, em
busca de antídoto para os venenos de Medeia (Pausânias, II. 3.6). A par desse nome os autores tardios
designam-na também por Creúsa. O krater-de-volutas de Munique ao ilustrar este tema, chama-lhe
Creonteia, o que significa igualmente “filha de Creonte”.
9
O juntar das mãos era parte do cerimonial da promessa de fidelidade.
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feita com frases que ocorrem mais adiante no lugar próprio (assim, 40-41 = 379-380): “É que o seu
espírito é perigoso, e não suportará o sofrimento. Conheço o seu caráter, e temo que enterre no coração
uma espada afiada, entrando silenciosa no palácio, onde está armado o leito; ou que mate o rei e o esposo,
e em seguida sofra alguma desgraça maior.”
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O texto diz exatamente “pelo teu queixo”, modo de implorar em relação com a atitude clássica do
suplicante: tocar com a direita na barba ou no queixo, e com a esquerda nos joelhos (cf. Ilíada 1500-501,
e o quadro de Ingres, no Museu do Louvre, que ilustra esse passo).
12
É duvidoso se se tratava de um jogo de dados ou das damas, pois a dificuldade em distingui-los data já
do texto de Homero (Odisséia, I. 107). O segundo, que tem larga representação em vasos gregos,, vinha já
dos tempos micênicos, e inclinar-nos-íamos para ele sem reservas, se não fosse a nota do escoliasta a este
passo, que o identifica com o primeiro.
13
A mais famosa fonte de Corinto, que, tal como a mencionada na nota 8, ainda hoje se conserva.
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Já o escoliasta antigo notou que era supérfluo o v. 87, que omitimos: “uns justamente, outros por causa
do lucro”. Do mesmo modo pensou Brunck, seguido por quase todos os editores modernos.
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Alusão ao leito fúnebre.
Témis é a deusa da Justiça, qualificada logo adiante pela ama como “patrona dos votos” e como
“guardiã dos juramentos”. A invocação seguinte, a Ártemis, é mais difícil de explicar, razão porque
alguns comentadores têm proposto emendas ao texto. Torna-se clara, se admitirmos que já se deu o
sincretismo com Hécate, deusa das artes mágicas, pela qual Medeia muito propriamente jura adiante.
17
Ver nota 9.
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Primeira referência explícita ao assassinato de Apsirto.
Desde a Ilíada (III. 276-280 e XIX. 258-260) se afirmara a noção de que Zeus castiga os perjuros.
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Uma alusão aos antigos aedos, que durante os banquetes entretinham os convivas com os seus cantos.
Em Hesíodo, Teogonia, 901-906, Témis é esposa de Zeus, mãe das Horas e das Parcas. Ésquilo, no
Prometeu Acorrentado, 209-210, dá-a como mãe de Prometeu, identificando-a assim com a Terra.
Confiada no juramento de que a deusa era guardiã, é que Medeia abandonara a Cólquida e viera para a
Hélade.
22
Já em Ésquilo, Persas, 66-67, a Europa é dada como fronteira à Ásia. Aqui a oposição é mais vaga,
pois se refere aos dois lados separados pelo Helesponto.
23
Ver notas 2 e 3.
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Referência ao dote.
Segue-se um verso interpolado, que já Wilamowitz condenou: “ou voltando-se para u amigo, ou para
um companheiro”.
26
Literalmente “colocar-me ao lado do escudo”. Os escudos dispunham-se em combate de maneira a
formar uma linha contínua.
27
Segue-se um verso interpolado: “e o que lhe deu a filha que ele desposou”.
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Uma das muitas metáforas náuticas da tragédia grega.
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Este famoso passo, de 292 a 301, tem sido considerado como uma defesa do próprio poeta. Aliás,
Eurípides, retomou várias vezes o tema dos inconvenientes da sophia.
30
O verso que se segue, 304, é interpolado: “para uns sou uma pessoa tranqüila, para outros ainda é outro
o meu caráter”.
31
Literalmente: “suplico-te pelos teus joelhos e pela tua filha há pouco desposada”.
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Literalmente: “o facho do deus” - perífrase para designar o Sol, dando maior solenidade ao decreto que
Creonte está a proclamar.
33
O Grego exilado, pensava, em primeiro lugar, em recorrer àqueles a quem estava ligado pelo vínculo da
hospitalidade. Efetivamente, quem acolhia alguém sob o seu teto, dando-lhe assim proteção tinha direito a
esperar retribuição de favores, se um dia as posições se invertessem. Esta norma de etiqueta social, já bem
definida nos Poemas Homricos, informa o ideal aristocrático de felicidade de Sólon: “Feliz o que tem
filhos caros, cavalos monodáctilos, cães de caça, e um hóspede em terra alheia”. A salvação de Medeia
virá, de fato, da hospitalidade que Egeu lhe prometerá, no terceiro episódio.
35
Alusão a uma atitude de suplicante.
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O texto diz “no fígado”. Entre os gregos “coração” e “fígado” empregam-se indiferentemente para
designar a sede da vida ou das emoções.
37
Medeia retoma e analisa as dúvidas do coro.
38
Insere-se aqui a motivação dramática da cena de Egeu - cena cuja relevância para a tragédia tem sido
objeto de larga discussão.
39
O juramento por Hécate, deusa das artes mágicas, é especialmente apropriado a este monólogo, em que
Medeia prepara o seu plano de vingança por meio de venenos.
40
Sísifo era o fundador da casa real de Corinto, à qual pertencia a noiva de Jasão.
41
O pai de Medeia, o rei Eetes, era filho de Hélios (o Sol.)
42
Partindo de uma expressão proverbial para sublinhar a alteração da ordem natural das coisas, o Coro
significa o seu espanto perante a inversão de valores na ordem moral. Doravante, os homens, e não as
mulheres, serão acusados de infidelidade.
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43
As objurgatórias anti-feministas surgem em vários passos de Hesíodo e têm a sua expressão mais
violenta na chamada “Sátira contra as Mulheres”, composta no século VI a.C. por Semónides de Amorgo.
O próprio Eurípides era acusado de misoginia pelas suas contemporâneas, como o prova a esfuziante
paródia de Aristófanes na comédia As Mulheres que Celebram as Tesmofórias. É certo que muitas das
peças conservadas (nomeadamente, Andrômaca, Hécuba,, Hipólito) abundam em tiradas anti-feministas;
mas, por outro lado, a Medeia, embora inclua algumas (veja-se, por exemplo, o final do monólogo que
termina o primeiro episódio), toma freqüentemente a defesa dos direitos da mulher, a ponto de os seus
versos terem sido cantados, no século XIX pelas inglesas participantes no chamado movimento sufragista.
Todos esses fatos servem para nos advertir do perigo de confundir a verdade dramática com a verdade do
autor.
44
Já na Ilíada Febo Apolo era deus do canto e da música.
45
A literatura grega registra uma série de nomes que invalidam a afirmação destes versos, sobre a
incapacidade poética da mulher. Porém, anteriormente a Eurípides, só duas alcançaram notoriedade, Safo
e Corina (se é que esta última não é mais tardia). Compare-se com a restrição feita adiante.
46
Nova referência a travessia das Simplégades, mencionada no começo do drama.
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editores, a partir de Brunck, omitem, como sendo antecipação do verso 1324.
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Depois de afirmar que Medeia se limitara a obedecer à sua paixão – simbolizada aqui por Cípria ou
Afrodite – Jasão aponta como primeiro benefício o tê-la trazido para a Grécia. O tema da oposição entre
os bárbaros e helenos, posto em voga pelo sofista Antifonte, era corrente na 2.ª metade do século V a.C., e
quase um lugar comum nas tragédias de Eurípides. Geralmente, o contraste definia-se a favor da
superioridade grega, atribuída ao conhecimento da justiça – como aqui. Note-se, no entanto, a ironia
dramática resultante do fato de essas palavras serem postas na boca de Jasão.
51
Orfeu era um cantor mítico, que com a sua arte subjugava até a natureza. O fato de ele ter sido um dos
membros da expedição dos Argonautas não é certamente o motivo desta referência, por trás da qual
sentimos o ideal artístico do próprio poeta.
52
Medeia faz um gesto de indignação, que Jasão acalma.
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Tópico muito versado por Eurípides, principalmente na Hécuba, 1187-1194. Os perigos resultantes da
ausência de ligação entre a eloqüência e a ética eram já apontadas pelos inimigos dos Sofistas, aos quais
tal relação era indiferente.
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O texto diz “aos hospedeiros”. Jasão promete à Medeia que gozará da mesma hospitalidade a que ele
teria direito, segundo a etiqueta já mencionada em notas anteriores. Esta “transferência” da hospitalidade
equivale, a grosso modo, à nossa moderna “carta de apresentação”.
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No primeiro par de estrofes, o Coro faz votos por que lhe seja concedida uma união tranqüila, livre da
ira, da discórdia, do adultério; que Afrodite não perturbe os casamentos felizes! O segundo par de estrofes
evoca as amarguras do exílio (tema que Eurípides retomará mais tarde, nas Fenícias, por exemplo) e
censura veladamente a ingratidão de Jasão.
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Com as últimas afirmações do Coro, de censura ao amigo ingrato, forma contraste a intervenção de
Egeu. O fato evidencia-se logo na saudação, que repete a palavra “amigo”.
57
Egeu, filho de Pandíon e pai de Teseu, era um dos reis míticos de Atenas, a quem, por tradição, estava
ligada a figura de Medeia. Eurípides compôs uma tragédia intitulada Egeu, que não se conserva.
58
O oráculo de Delfos, o mais famoso da Grécia.
59
Os gregos acreditavam que o omphalos (literalmente: “umbigo”) do santuário de Delfos assinalava o
centro da terra. Diziam que essa pedra cônica era a que Cronos engolira, supondo ser o seu filho Zeus, e
depois fora obrigado a vomitar; atribuíam-lhe, portanto, origem celeste. Os modernos pensam que se trata
de um meteorito.
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geralmente os antigos através do porto de Itea. Aí embarcara Egeu, para efetuar a travessia do Golfo de
Corinto, até o Istmo. Daí seguirá para Trezeno, que fica a nordeste do Peloponeso.
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Pélops, filho de Tântalo, era o herói epómino de toda a Península (“Peloponeso” é a “ilha de Pélops”),
antepassado dos Atridas, e primeiro vencedor dos jogos olímpicos.
62
Só neste momento Egeu repara na expressão de sofrimento de Medeia, que certamente a máscara
traduzia.
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Enquanto se encontra no território de Corinto, Egeu é hóspede de Creonte, motivo por que não pode
desrespeitar as suas ordens, sem faltar à lealdade que lhe deve.
64
A casa reinante da Tessália.
65
O arauto que, em nome do rei de Corinto, iria reclamar a entrega de Medeia.
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A Terra e o Sol costumavam ser invocados em primeiro lugar, para garantir os juramentos. Assim na
Ilíada, III. 276-280, e XIX. 258-260.
67
O filho de Maia (e Zeus) é Hermes, o deus dos viajantes.
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Medeia invoca os deuses que protegem os juramentos, Zeus e Dike (a Justiça) – aqui sinônima de
Témis – e ainda o Sol, seu antepassado.
69
Outra metáfora náutica. Os navios gregos tinham, além das âncoras, amarras de popa, para os
prenderem à praia.
70
Atenas, cidade cuja divindade protetora era Palas Atena.
71
Omitimos aqui o verso 785, que é um arranjo de 950, 940 e 943: “para os levarem à noiva, e não saírem
desta terra”.
72
Era a doutrina corrente entre os antigos, não só em espíritos vulgares, como Arquíloco ou Teógnis,
como num homem a muitos títulos superior, como era Sólon. A primeira derrogação a esta lei de Talião
encontra-se no Críton de Platão, posta na boca de Sócrates.
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recado seja a ama. Neste caso, seria a sua única presença em cena, depois do párodo. Anteriormente, no
verso 774, Medeia anunciara vagamente que mandaria a Jasão algum dentes os seus servidores.
74
O Coro cana o elogio de Atenas, a hospitaleira metrópole das artes e da ciência, onde Medeia vai
habitar.
Os atenienses intitulavam-se Erectidas, como descendentes de Erecteu, fundador mítico da sua cidade, o
qual nascera da Terra. O conhecido templo da Acrópole dedicado a Erecteu só acabou de se construir em
409 a.C., vinte e dois anos depois de estreada a peça.
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Aqui “ciência” traduz o grego sophia, que designa o conhecimento das letras e das artes.
A união das Nove Musas, patronas de todas as formas de sophia, produz a harmonia.
77
Um dos nomes de Afrodite, por ter abordado primeiro a ilha de Chipre, quando nasceu das águas do
mar (outra versão da lenda refere o mesmo com relação a Citera, donde o epíteto Citereia.)
78
O Cefiso era um dos rios de Atenas. No verso 846 alude-se de novo a ele, bem como ao Ilisso.
79
Exaltação do clima de Atenas, como causa da sua excelência.
80
Afirma-se nestes versos que Afrodite mandou os Amores, bem como a Ciência (Sophia), pois todos
juntos levam à excelência na poesia, na música, na filosofia. É essa superioridade (em grego, arete) que,
por esse motivo, aqui traduzimos por “arte”.
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grego (impossibilitado pelas máscaras), os sinais externos de emoção Te6m de ser dados pelo próprio
texto.
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lavrado.”
83
A ordem dada aqui por Medeia é prontamente realizada, pois cinco versos adiante já ela faz entrega das
dádivas aos filhos. Como a protagonista nunca sai de cena até ao verso 1250, não ficou oportunidade para
as ungir com venenos, conforme anunciara no verso 789. É, sem dúvida uma pequena inconseqüência do
dramaturgo.
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anacoluto de usar a 1.ª pessoa do singular, depois de ter principiado por falar dos deuses como sujeito da
ação.
85
Jogo de palavras sinistro sobre o sentido de “partir”.
86
Medeia manda o Pedagogo sair para cumprir a sua tarefa diária de tratar das coisas das crianças – tarefa
que ela sabe não mais será necessária.
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Novamente um jogo de palavras que alude ao destino das crianças.
89
Alguns entendem que os filhos saem de cena neste ponto e regressam, chamados pelos servos, no verso
1069. Outros ainda supõem que as crianças hesitam, mas não chegam a retirar-se, em 1053.
90
O inferno grego.
91
Omitem-se aqui os versos 1062-1063, que são iguais a 1240-1241: “é absoluta a necessidade de os
matar, e, já que é forçoso matá-los-emos nós, que os geramos.”
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O escoliasta explica: “Antigamente os homens supunham que quem sucumbia de repente era porque o
seu espírito fora atingido por Pan, sobretudo, e por Hécate”. Algo desta noção prevalece ainda nas
expressões modernas “medo pânico” ou “ser tomado de pânico”.
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Texto pouco seguro, mas no qual se percebe claramente a metáfora tirada das corridas, para sugerir o
breve lapso de tempo decorrido. Um pletro equivalia a pouco mais de 30 m. Portanto, o corredor teria
percorrido um dos lados do estádio, ou seja, pouco mais de 90 m.
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Depois de verberar os perigos da sabedoria e da eloqüência e de lamentar a triste condição do homem, o
Mensageiro abandona a cena.
95
Os manuscritos apresentam aqui três versos (1233-1235): “Ó desgraçada, como lamentamos a tua
desventura, ó filha de Creonte, que partiste para a mansão do Hades, por causa das núpcias de Jasão.”
96
Outra metáfora tirada das corridas.
97
Medeia sai por algum tempo de cena, onde se tinha mantido sem interrupção desde a primeira entrada,
ao começar o 1.º episódio.
98
As mesmas invocações do verso 148.
99
“Mão suicida”, porque, destruindo a sua descendência, se aniquilava também a si.
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Segundo a versão mais corrente, Ino, filha de Cadmo, lançou-se ao mar com seu filho Melicertes,
fugindo à perseguição de seu marido, o rei Atamante, que, tendo enlouquecido, matara já o outro filho,
Learco. Ino foi depois divinizada, com o nome de Leucoteia, e outro tanto aconteceu a Melicertes, que
mudou o nome para Palémon. Aqui, é Ino que, tomada de loucura, matou os dois filhos e saltou para o
mar. Provavelmente seria esta a versão adotada por Eurípides na sua tragédia perdida, Ino.
102
O texto diz precisamente “a esposa de Zeus”, que, por conveniência métrica, substituímos por “Hera”.
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103
Medeia tinha fechado e trancado as portas, razão porque o Coro estava fisicamente impossibilitado de
intervir. Agora, Jasão tem de chamar pelos servos, para abrirem a casa. não é, portanto, aos criados que o
acompanhavam que ele dá esta ordem.
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Enquanto Jasão tenta forçar a porta, Medeia aparece na mechane (maquinismo que colocava em cena
as figuras num nível mais elevado). Vem no carro do Sol, que, segundo os comentadores antigos, era
puxado por serpentes.
105
Regressa aqui a antinomia gregos e bárbaros, mas agora sem ironia.
106
A vingança divina, que devia ser exercida sobre Medeia, atingiu o próprio Jasão.
107
Cila era um grande escolho marinho, em frente a outro mais temível ainda, Caribdes. Segundo a
Odisséia (XII. 85-94), era um monstro horrível, com doze pés disformes, seis pescoços compridos, cada
um com sua cabeça, e três filas serradas de dentes; até meio corpo, estava metida numa caverna, e apenas
deitava de fora as cabeças, ladrando de maneira temível. Nunca os navios passavam por ela incólumes,
pois Cila arrebatava-os e devorava a tripulação. Assim fez a seis dos companheiros de Ulisses, que viu
então a cena mais lamentável de toda a sua viagem de regresso.
Como todos os sítios homéricos, este também veio a ser localizado. Era o estreito de Messina, que dá
acesso ao Mar Tirrênico. Daí viria talvez o qualificativo do texto, que já o escoliasta explicava como
vindo do Mar Tirrênico (os dos etruscos). É provável que, como sugerem alguns comentadores, houvesse
aqui também uma alusão aos atos de pirataria do povo etrusco, conhecidos do próprio Eurípides.
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O templo de Hera Acraia ou “Hera do promontório” seria o que ficava num cabo em frente a Sícon,
próximo de Corinto, segundo Elsmley; ou o que existiria na acrópole de Corinto, segundo o escoliasta.
109
Corinto.
110
Atenas.
111
Devia tratar-se de um fragmento da nau, que Jasão consagrou em um templo.
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Com estes mesmos cinco versos (salvo umas alterações no primeiro) terminam mais quatro peças de
Eurípides: Alceste, Andrômaca, Bacantes, Helena. Outro grupo de dramas (Ifigênia entre os Tauros,
Orestes, Fenícias) têm também finais iguais entre si. Destes fatos parece lícito tirar a conclusão de que o
poeta não atribuía significado especial ao remate das suas peças.