UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO
NYVIAN CRUZ BARBOSA
MÍDIA E MEIO AMBIENTE: ANÁLISE DOS JORNAIS IMPRESSOS
DIÁRIO DO AMAZONAS E A ACRÍTICA
MANAUS
2010
2
NYVIAN CRUZ BARBOSA
MÍDIA E MEIO AMBIENTE: ANÁLISE DOS JORNAIS IMPRESSOS
DIÁRIO DO AMAZONAS E EM TEMPO
Monografia apresentada como requisito para
obtenção do título de Bacharel em
Comunicação Social com habilitação em
Jornalismo pela Universidade Federal do
Amazonas, tendo como orientadora Prof.ͣ
Dr.ª Luiza Elayne Azevedo
MANAUS
2010
3
BARBOSA, Nyvian Cruz
Mídia e Ambiente: análise jornais impressos A Crítica e
Diário do Amazonas/Nyvian Cruz Barbosa. – 2010. 45f.
Monografia (graduação)– Universidade Federal do
Amazonas, Departamento de Comunicação Social, 2010.
Orientação: Luíza Elayne Correa Azevedo, Departamento
de Comunicação Social.
1 Jornalismo Ambiental. 2 Meio Ambiente. 3 Jornal Impresso. I.
Título.
4
NYVIAN CRUZ BARBOSA
MÍDIA E MEIO AMBIENTE: ANÁLISE DOS JORNAIS IMPRESSOS
DIÁRIO DO AMAZONAS E EM TEMPO.
BANCA EXAMINADORA
Profª. Drª Luiza Elayne Correa Azevedo – orientadora
Profª. MSc. Ivânia Vieira
Prof.ª Anielly Laena de Azevedo Dias
MANAUS
2010
5
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos primeiramente a Deus que meu deu vida, com a qual posso
tudo. A meus pais, os primeiros que me apoiaram, aos meus irmãos, que me
acompanharam.
Às pessoas: Damiana e J.G. Muniz, Raimunda Barbosa, Lucinda Cruz, Zilda
Litaiff pelo incentivo ao caminho das letras, pelo apoio no que precisasse e na minha
carreira, fosse qual fosse.
À professora Luíza Elayne Azevedo que muito contribuiu no desenvolvimento e
consolidação deste trabalho. Aos amigos e amigas, familiares, professores e colegas, pela
formação e experiências ao longo da minha vida que me fizeram, e me fazem, crescer
sempre.
6
A mente que se abre a uma nova idéia
jamais voltará ao seu tamanho original.
Albert Einstein
7
RESUMO
Dentre outras regiões, a Amazônia está na pauta de diversos eventos, conferências,
estudos locais, nacionais e internacionais. Levando-se em consideração esta atual e
evidente preocupação, este trabalho se propôs a analisar as matérias dos diários impressos
A Crítica e Diário do Amazonas sobre este tema. Entre janeiro e abril de 2009 foram
coletadas matérias destes jornais que foram analisadas de acordo com autores da área de
jornalismo ambiental segundo conteúdo conferido às publicações e uma análise
comparativa entre a forma de publicar de cada jornal. Entrevista com os jornalistas que
assinaram as matérias também compõe o trabalho. Procurou-se conceituar, dar um breve
histórico, contextualizar o jornalismo ambiental no mundo, no Brasil e, por fim, em
Manaus, onde se encontram os objetos deste estudo. Com tabelas e inferências, foram
elucidados os resultados desta análise que não objetiva ser um ponto de vista referencial,
mas ser mais um contributo para esta discussão.
Palavras Chave: Jornalismo Ambiental. Meio Ambiente. A Crítica. Diário do Amazonas
8
ABSTRACT
Across regions, the Amazon is on the agenda of several events, local studies and national
and international conferences. Given this clear and present concern, this study proposed
to examine the materials of daily printed: A Critique, Journal of Amazonas, on the
subject. Between January and April 2009, was collected materials of these newspapers,
which were analyzed according to authors in the field of environmental journalism,
according to the contents given to publications and, finally, a comparative analysis
between the shape of each newspaper to publish. Interview with journalists who signed
the materials also make up this work. We tried to conceptualize, to give a brief historical
context to the environmental journalism in the world, Brazil and, finally, in Manaus,
where the objects of this study are located. With tables and inferences were elucidated the
results of this analysis, which is not intended to be a point of reference, but be a further
contribution to this discussion.
Key Words: Environmental Journalism. Environment. Newspaper.
9
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1............................................................................................................................50
Anexo 2............................................................................................................................51
Anexo 3............................................................................................................................52
Anexo 4............................................................................................................................53
Anexo 5............................................................................................................................54
Anexo 6............................................................................................................................55
Anexo 7............................................................................................................................56
Anexo 8............................................................................................................................57
Anexo 9............................................................................................................................58
Anexo 10..........................................................................................................................59
Anexo 11..........................................................................................................................60
Anexo 12..........................................................................................................................61
Anexo13...........................................................................................................................62
Anexo 14..........................................................................................................................63
Anexo 15..........................................................................................................................64
Anexo 16..........................................................................................................................65
Anexo 17..........................................................................................................................66
Anexo 18..........................................................................................................................67
Anexo 19..........................................................................................................................68
Anexo 20..........................................................................................................................69
Anexo 21.........................................................................................................................70
Anexo 22.........................................................................................................................71
10
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1....................................................................................................................17
QUADRO 2....................................................................................................................29
QUADRO 3....................................................................................................................30
QUADRO 4....................................................................................................................33
QUADRO 5....................................................................................................................33
QUADRO 6....................................................................................................................34
QUADRO 7.....................................................................................................................35
QUADRO 8.....................................................................................................................35
QUADRO 9.....................................................................................................................36
QUADRO 10...................................................................................................................36
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................13
1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA...........................................................................15
1.1 Tema..............................................................................................................15
1.2 Delimitação do Tema.....................................................................................15
1.3 Problema........................................................................................................15
1.4 Objetivo.........................................................................................................15
1.5 Justificativa....................................................................................................16
1.6 Metodologia...................................................................................................16
1.7 Tipo de pesquisa............................................................................................16
1.8 Procedimentos metodológicos.......................................................................17
1.8.1 Itens Analisados..............................................................................17
1.8.2 Período de análise..........................................................................17
1.8.3 Procedimento da coleta..................................................................18
1.8.4 Procedimentos de análise...............................................................18
1.9 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................20
1.9.1 Comunicação e Meio Ambiente.....................................................20
1.9.2 Jornalismo Ambiental: o que é? .....................................................22
1.9.3 Importância da formação dos comunicadores.................................23
1.9.4 Entraves e desafios..........................................................................26
1.9.5 Hipótese do Agendamento ou Agenda-Setting...............................27
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................29
2.1 Relação das matérias......................................................................................29
2.2 Descrição de categorias.................................................................................32
2.3 Agrupamento das matérias sete categorias....................................................33
2.4 Formação dos jornalistas que assinam as matérias analisadas......................35
2.5 Inferências ....................................................................................................37
2.5.1 Inferências I – Jornal A Crítica......................................................38
2.5.2 Inferências II – Jornal Dário do Amazonas...................................41
12
3 RESULTADOS.............................................................................................................43
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................47
REFERÊNCIAS............................................................................................................48
13
INTRODUÇÃO
Atualmente temas relativos ao meio ambiente vêm ganhando notoriedade na
mídia em geral. Temas como “sustentabilidade”, “efeito estufa”, “florestas”,
“biodiversidade” ou “mudança climática” geralmente são pautas usadas em reportagens
especiais ou mesmo para chamar atenção dos leitores, em sua maioria sob o caráter de
denúncia e/ou durante o período da semana do meio ambiente, mesmo não existindo
jornalistas especializados no assunto nos jornais investigados.
A proposta deste trabalho é analisar o conteúdo questões ambientais nos jornais
impressos “A Crítica” (AC) e “Diário do Amazonas” (DA). A escolha dos mencionados
jornais se deu porque o A Crítica é considerado o primeiro jornal de maior circulação e o
Diário do Amazonas por ser considerado o terceiro de maior circulação.
Optamos pelo jornalismo impresso por acreditar que o meio atinge mais
diretamente o público formador de opinião por excelência, se comparado a outros meios
de comunicação, como a própria TV, onde o noticiário sobre meio ambiente é mais
abundante, mas o público é menos definido.
É notório o valor que a mídia dá aos assuntos ambientais determinados por
circunstâncias trágicas: vazamentos de óleo, enchentes, estiagem, queimadas, furacões e
terremotos merecem lugar de destaque no noticiário. Grandes incêndios, extração ilegal
de madeiras, invasão de terras indígenas, grilagem e garimpos em unidades de
conservação e o desmatamento frequentam os noticiários da mídia nacional e
internacional.
Geralmente, tais assuntos não têm página própria e figuram aleatoriamente nas
páginas dos cadernos de cidades e até de economia. Diante deste contexto esta pesquisa
se propõe a verificar as seguintes indagações: Como os jornais “A Crítica” e “Diário do
Amazonas” tratam este tema? Quais os conteúdos relacionados? Quais os enfoques
predominantes? Há jornalistas especializados no assunto nos referidos objetos de estudo?
O trabalho está dividido em dois capítulos. O primeiro capítulo apresenta o
projeto deste trabalho, seus objetivos, metodologia, discute também a importância do
trabalho enfocando a mídia e meio ambiente através de um breve histórico do jornalismo
14
ambiental, seu conceito, formação dos comunicadores e desafios da área. O segundo
analisa os resultados através das análises de conteúdo bem como realizando inferências
sobre os dados obtidos. A intenção também é a de contribuir com o debate seja como
trabalho acadêmico ou como um ponto de vista, não somente jornalístico, mas no campo
da comunicação social em geral, a fim de serem pensadas novas alternativas de uma
melhor difusão da informação.
15
CAPÍTULO
I
-
FORMULAÇÃO
DO
PROBLEMA
E
REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
1.1 Tema
Jornalismo Ambiental
1.2 Delimitação do Tema
Análise de conteúdo das matérias veiculadas de janeiro a abril de 2009, pelos
jornais “A Crítica” e “Diário do Amazonas” no que diz respeito a temas sobre jornalismo
ambiental.
1.3 Problema
O jornalismo ambiental da forma como é praticado em Manaus ajuda ou não a
população a refletir sobre questões e consciência ambiental?
1.4 Objetivo
- Geral: Analisar com base na análise de conteúdo as matérias sobre meio ambiente
veiculadas nos jornais “A Crítica ” (AC) e “Diário do Amazonas” (DA).
- Específicos:
1. Identificar, quantificar e agrupar os assuntos mais recorrentes sobre meio
ambiente nos jornais em questão;
2. Realizar análise de conteúdo nas matérias catalogadas nos respectivos jornais.
3. Fazer inferências sobre os dados obtidos.
16
1.5 Justificativa
Este trabalho justifica-se pela relevância atual do tema: meio ambiente. Em meio
a discussões e preocupações internacionais, a soberania em questão em relação a
Amazônia, tudo leva-nos a refletir como estamos cuidando deste tesouro, bem ou mal. O
comunicador, por sua vez, não pode estar de fora deste debate por ser um dos
responsáveis pela opinião pública.
Então, saber as principais categorias dos temas ambientais mencionados leva-nos,
a saber, como esse assunto está sendo tratado: pontual, factual, profundo, superficial.
Enfoque também na pesquisa sobre quem está publicando, cuja formação reflete
diretamente na qualidade da publicação e, por conseguinte, no pensamento dos leitores.
1.6 Metodologia
Esta pesquisa foi realizada pelo método da análise de conteúdo, segundo os
preceitos de Bardin (1994). Foi escolhido este método porque através destes é possível
interpretar a realidade. A análise de conteúdo descreve com objetividade e precisão o
que é dito sobre um determinado tema, num determinado lugar num determinado espaço.
“[...] um conjunto de instrumento metodológico cada vez mais sutil em
constante aperfeiçoamento que se aplicam aos discursos (conteúdos e
continentes) extremamente diversificados.” (Bardin, 1994, p.9)
Enquanto esforço de interpretação, a análise de conteúdo oscila entre dois pontos
do rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade.
Compreende três etapas fundamentais:
a) Pré análise: seleção do material.
b) Exploração do material.
c) Levantamento de dados e interpretação.
Principais usos:
·
Descrever tendências no contexto da comunicação;
·
Comparar mensagens, níveis e meios de comunicação;
·
Identificar intenção características e apelos.
17
Um discurso poderia ser classificado como otimista ou pessimista, liberal ou
conservador, factual ou contínuo, manifesto/explícito ou latente/implícito.
Categorização é o processo do tipo estruturalista que envolve duas etapas: 1)
inventário - isolamento das unidades de análise das palavras, textos, frases; 2)
Classificação das unidades comuns de acordo com as categorias (colocação em gavetas).
Não basta descrever os conteúdos.
Discussão e interpretação (Inferências): buscam-se os entendimentos sobre as
causas e antecedentes da mensagem, bem como seus efeitos e conseqüências.
1.7 Tipo de pesquisa
Para subsídio deste trabalho, foi usada essencialmente a pesquisa bibliográfica e a
pesquisa quali-quantitativa, com as seguintes fases:
o Primeiramente, catalogou-se em livros e na internet a base para o referencial
teórico desta pesquisa.
o Em seguida, selecionaram-se as matérias de cunho ambiental dos jornais
escolhidos.
o Por fim, entrevistaram-se os jornalistas que assinaram as matérias selecionadas.
1.8 Procedimentos metodológicos
Os jornais escolhidos estão sediados na cidade de Manaus. O primeiro, A Crítica,
situa-se à Avenida André Araújo, zona centro-sul de Manaus; e o segundo, Diário do
Amazonas, à Avenida Djalma Batista, zona centro-oeste. Estas foram as duas mídias
impressas escolhidas, por serem dois dos três jornais que de maior abrangência em
Manaus e por não apresentarem jornalistas com formação acadêmica exclusivamente ao
tema em questão.
1.8.1 Itens Analisados
18
O estudo foi realizado a partir da análise das matérias sobre meio ambiente
publicadas nos jornais impressos A Crítica e Diário do Amazonas. O primeiro jornal
possui uma página semanal sobre o tema em questão, editada somente às terças-feiras; o
segundo mantém divulgação matérias esporádicas, sem dias específicos na semana, de tal
modo que as reportagens publicadas seguem o curso factual dos acontecimentos.
1.8.2 Período de análise
Quadro 1 – Período coleta dados
Janeiro Fevereiro
A Crítica
Diário do Amazonas
X
Março
X
X
X
X
Abril
X
O período de análise corresponde ao explicitado no Quadro 1 acima. Para efeitos
de análise de conteúdo da pesquisa, foi realizada primeiramente a leitura flutuante das
notícias sobre meio ambiente, todas publicadas nos jornais manauaras A Crítica e Diário
do Amazonas, no período de 1º de janeiro de 2009 a 30 de abril de 2009, em edições
aleatórias.
1.8.3 Procedimento da coleta
A coleta de dados foi realizada durante o primeiro quadrimestre do ano de 2009,
por meio da seguinte abordagem: foram adquiridos, por meio de compras avulsas e/ou
pesquisas por jornais antigos, os exemplares usados para a análise em questão.
19
Concomitante às buscas, constituiu-se observação dos noticiários do dia e escolha
subjetiva dos temas de maior relevância social.
As formas como as matérias foram coletadas são diferentes uma da outra. Do
jornal A Crítica (AC) coletou-se os jornais das terças-feiras, que é o dia que se publica a
página sobre o tema em estudo, enquanto que do jornal Diário do Amazonas (DA)
adquiriu-se os exemplares de forma avulsa.
1.8.4 Procedimentos de análise
O plano de análise aplicado foi desenvolvido de acordo com a seguinte
organização: a) constituição do corpus e leitura flutuante; b) efetuação da análise; c)
categorização dos dados; e d) leitura em profundidade dos dados analisados.
A primeira etapa necessária foi a descrição, a enumeração das características do
texto resumidas após tratamento. A segunda foi a interpretação, em que foi concedido
significação às características. Como procedimento intermediário situou-se a inferência,
que permitiu a passagem explícita e controlada da descrição à interpretação. Buscou-se
saber o que os conteúdos pudessem apontar após serem tratados.
De acordo com Vala (1986), a passagem da descrição à interpretação se dá através
da inferência. É ela que dá sentido às características do material coletado, segundo o
pesquisador.
1.9 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.9.1 COMUNICAÇÃO E MEIO AMBIENTE
Foi depois da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente, realizada em
Estocolmo, em 1972, que as questões ambientais começaram a aparecer com maior
freqüência na imprensa internacional. O novo boom ocorreu em meados dos anos 80,
com a descoberta do buraco na camada de ozônio e as primeiras hipóteses sobre o
20
impacto das atividades humanas no aumento do aquecimento global. A imprensa
brasileira reagiu às preocupações dos países do primeiro mundo, e se voltou aos
problemas ambientais da Amazônia.
Em 1968, era preso no Brasil - pela Operação Bandeirantes - o jovem repórter
Randau Marques, primeiro jornalista brasileiro a se especializar em meio ambiente.
Randau foi considerado subversivo na época porque escreveu num jornal da cidade
paulista de Franca (berço dos curtumes) reportagens sobre a contaminação de gráficos e
sapateiros com chumbo, e já questionava a expressão "defensivos", mostrando que os
agrotóxicos eram responsáveis pela mortandade de peixes e pela intoxicação de
agricultores. Depois, Randau se especializou em assuntos urbanos e questões ambientais
no Jornal da Tarde.
Pelo diário do Grupo Estado, Randau cobriu na capital gaúcha a primeira
polêmica ambiental envolvendo uma grande indústria. O fechamento da fábrica de
celulose Borregaard, do dia seis de dezembro de 1973 até 14 de março de 1974, atraiu a
atenção de jornalistas de outros estados e do exterior. A indústria, hoje chamada de
Riocell, fica nas margens do Guaíba, na frente de Porto Alegre. A poluição uniu o
embrionário movimento ecológico gaúcho. Mas foi a famosa foto do estudante
universitário Carlos Dayrel sentado numa acácia, tirada no dia 25 de fevereiro de 1975
que representa época. Ele ficou horas em cima da árvore que seria cortada pela Prefeitura
para a construção de um viaduto. Os protestos dos ecologistas ganharam ampla cobertura
da imprensa, amordaçada pela censura militar.
Em agosto de 1989, foi realizado em São Paulo o Seminário "A Imprensa e o
Planeta", promovido pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão e pela
Associação Nacional de Jornais. Três meses depois, aconteceu o encontro mais
importante para o jornalismo ambiental brasileiro. A Federação Nacional dos Jornalistas
realizou no final de novembro, em Brasília, o "Seminário para Jornalistas sobre
População e Meio Ambiente". Participaram especialistas internacionais, como o francês
François Terrason, especialista em planejamento ecológico e agricultura, a norteamericana Diane Lowrie, da Global Tomorrow Coalition, a jornalista argentina Patricia
21
Nirimberk, da Fundação Vida Silvestre, o tcheco Igor Pirek, da Agência de Notícias
CTK, o educador Pierre Weil, da Universidade Holística Internacional e especialistas
brasileiros, como o repórter Randau Marques, o professor Paulo Nogueira Neto, o físico
Luis Pinguelli Rosa, o agrônomo Sebastião Pinheiro e o jornalista Fernando Gabeira.
Outro grande evento para debate ambiental foi a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada entre os dias 3 e 14 de junho de
1992, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. O evento, que ficou conhecido como ECO-92
ou Rio-92, fez um balanço tanto dos problemas existentes quanto dos progressos
realizados, e elaborou documentos importantes que continuam sendo referência para as
discussões ambientais.
Diferentemente da Conferência de Estocolmo, a Eco-92 teve um caráter especial
em razão da presença maciça de inúmeros chefes de Estado, demonstrando assim a
importância da questão ambiental no início dos anos 90. Durante o evento, o presidente
Fernando Collor de Mello transferiu temporariamente a capital federal para o Rio de
Janeiro. As forças armadas foram convocadas para fazer uma intensa proteção da cidade,
sendo responsáveis também pela segurança de todo o evento.
A Carta da Terra, documento oficial da ECO 92, foi elaborada a partir de 3
acordos: Biodiversidade, desertificação e mudanças climáticas uma declaração de
princípios sobre
as florestas e a Agenda 21, base para que cada país elaborasse
individualmente seu plano para preservação do meio ambiente; dos 175 países signatários
da agenda 21 na época, 168 confirmaram sua posição quanto ao respeito a convenção
sobre a biodiversidade.
Não há como negar que há algum tempo temas relativos ao meio ambiente vêm
ganhando notoriedade na mídia em geral. Temas como “sustentabilidade”, “efeito
estufa”, “florestas”, “biodiversidade” ou “mudança climática” geralmente são pautas
usadas em reportagens especiais ou mesmo para chamar atenção dos caros leitores.
Ban Moon, ministro das relações exteriores da Coréia do Sul e secretário-geral da
ONU, diz que o maior problema da humanidade, neste momento, não está no terrorismo.
Está nas mudanças climáticas (acentuadas pelas emissões de nossas matrizes energéticas
22
poluentes) e na insustentabilidade dos padrões de produção e consumo no mundo, já mais
de 20% além da capacidade de reposição da biosfera, e com o déficit aumentando ano a
ano. São esses – diz ele – os problemas que ameaçam a sobrevivência da espécie humana.
1.9.2 JORNALISMO AMBIENTAL: O QUE É?
Wilson da Costa Bueno (2007) divide os conceitos de Comunicação e Jornalismo
dedicados ao meio ambiente. Enquanto que o primeiro é todo o conjunto de ações,
estratégias, produtos, planos e esforços de comunicação destinados a promover a
divulgação/promoção da causa ambiental, enquanto o segundo, ainda que uma instância
importante da Comunicação Ambiental, tem uma restrição importante: diz respeito
exclusivamente às manifestações jornalísticas. Conforme Bueno (2007):
Jornalismo Ambiental como o processo de captação, produção,edição e
circulação de informações (conhecimentos, saberes, resultados de pesquisas,
etc.) comprometidas com a temática ambiental e que se destinam a um público
leigo, não especializado (p.3)
Para Bacchetta (2000), dentro da gama de especializações possíveis, o jornalismo
ambiental é um dos gêneros mais complexos:
Si considerarnos al medio ambiente como el conjunto de sistemas naturales y
sociales habitados por el humano y los demás seres vivos existentes em el
planeta y de los cuales obtienen su sustento, el periodismo ambiental es uno de
los géneros más amplios y complejos del periodismo ( p. 18)
O jornalismo ambiental se faz necessário hoje à medida que o tema ganha
notoriedade e mais a tecnologia se desenvolvendo de forma exponencial. Os meios de
comunicação, especialmente os jornais, vê sendo apontados como importantes aliados no
processo de construção dessa nova sociedade, dadas algumas de suas características mais
singulares, entre estas a capacidade para a construção de um jornalismo mais avançado
em torno de temas que demandam uma certa complexidade e diversidade de opiniões,
23
além de terem se tornado, mais recentemente, a mais poderosa fonte de informações para
a rede mundial de computadores. (LUFT, 2005).
Apesar desta vertente de se discutir temas ambientais através da mídia e
precisamente do jornalismo impresso, na Amazônia e especificamente em Manaus tal
proposição ainda carece de interesse e motivação tanto das empresas jornalísticas quanto
das faculdades de comunicação. A este respeito, Azevedo Luíndia e Lima, argumentam
que apesar de vivermos na região Amazônica, a atuação dos profissionais e veículos de
comunicação não se diferem em relação ao resto do país. Prova disso é a ausência de
importância dada pelos jornalistas aos temas locais. “A ausência de visão crítica do
profissional e as limitações do próprio processo jornalístico (tempo, espaço, interesses,
recursos humanos e financeiros) esvaziam o conceito de notícia de modo despolitizante”
(AZEVEDO LUÍNDIA; LIMA, 2008, p.03).
Ainda sob o contexto das autoras acima essa falta de preocupação por parte de
alguns jornalistas e/ou mídia contradiz o principio básico descrito por Marques de Melo
“a tarefa principal do jornalismo é educar as grandes massas para que possam assumir seu
papel de sujeito da História. Isso significa acesso ao conhecimento, participação política e
mobilização social” (MELO, 2006, p. 119).
Para Fernandes (2002, citado por Azevedo Luíndia e Dias, 2009) apurar e redigir
– de forma clara e verdadeira – são algumas das funções dos jornalistas, contribuindo
para melhor compreensão da sociedade e os veículos de comunicação precisam estar
atentos a essa realidade. Dessa maneira, notamos que ainda hoje, a mídia –
principalmente o jornal impresso e a televisão – tem uma influência muito forte na
sociedade. Portanto, o papel desses veículos torna-se decisivos no processo de formação
de opinião sobre a problemática ambiental.
Segundo Azevedo Luíndia (2007) se temas referentes ao meio ambiente têm se
tornado um senso comum nos jornais do Brasil essa realidade nem sempre foi assim, pois
somente após a publicação, em 1987, do Relatório Brundtland (“Nosso Futuro Comum”)
e da Eco 92, que tais atos passaram a ganhar destaque na mídia e divulgando alguns
termos (desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas) que antes eram restritos a
pesquisadores e ambientalistas. Sobre esse aspecto, Luft (2005) afirma “a Amazônia em
24
toda sua abrangência, requer um tratamento inter e multidisciplinar através da imprensa”
(LUFT, 2005, p.116).
Isso porque cabe tanto à sociedade, às empresas, ao governo, ou seja, à sociedade
a responsabilidade de elaborar, construir e implementar mecanismos que atendam as
demandas sociais modernas e de mercado, no caso, a questão ambiental. E é justamente
aí que a comunicação entra: na discussão, no levantamento de informação, na
estimulação das idéias. Luft (2005) diz que isso significa que, como produtores e
difusores de informação em larga escala, caberá aos meios de comunicação a função de
implementar mecanismo que possam contribuir para o processo de construção da
cidadania com base no cenário multicultural que está em formação.
2.3 Importância da formação dos comunicadores
Regis de Moraes (2005) concorda que espaço da comunicação é, necessariamente,
espaço educacional, pois as ações da educação não estão somente nas instituições
educacionais, mas em todo o campo social que implica no trânsito de ideias e
sentimentos, valores e sugestões comportamentais. O que podemos entender que,
principalmente, os meios de comunicação estão inseridos neste contexto.
Assim podemos listar algumas das funções da mídia de acordo o mesmo autor:
1. Liga frequentemente pessoas, ideias e situações;
2. Erige novos padrões de conhecimento e avaliação, no meio social;
3. Informa;
4. Regula valores, projetos e amolda e transforma comportamentos;
5. Oferece, devidamente ou de forma empobrecedora, entretenimento;
6. Propicia certa função ritual, com a qual às vezes ligas as pessoas a seu
ambiente, bem como a outros seres humanos;
7. Reforça algumas vezes a identidade grupal estabelecendo um pano de fundo
comum para as pessoas de classe, regiões e culturas diferentes no interior de
uma sociedade, graças a seu efeito de convergências.
25
8. Possibilita através de TV ou periódicos, pessoas poderem partilhar de uma
perspectiva comungante de acontecimentos nacionais e internacionais de
grande alcance. [...]
9. Padroniza modas linguísticas e o jeito de as pessoas se expressarem, pela fala,
pela escrita ou pela linguagem corporal .
10. Exalta nas pessoas a obsessão pelo imediato [...].
11. Não cultiva abordagens com profundidade, conspirando algumas vezes contra
a densidade do que é histórico.
12. Pelos mesmos motivos, a mídia excita hoje o preenchimento do tempo com
novos e ligeiros conteúdos ou com entretenimentos inconsequentes;
13. Ela estabelece um ritmo e de imagens, textos e falas que condicionam um
rápido deslocamento da atenção, evitando que seus usuários pensem acerca do
que assistem e do que vivenciam.
Visto isso, torna-se imprescindível que o profissional da comunicação tenha
ciência de seu papel decisivo na sociedade. Por causa disso, Lemos (1997), diz que o
corpo editorial deve atentar para as seguintes proposições abaixo para que para que as
mudanças na consciência para o meio ambiente ocorram com sua participação:
1. O formador de opinião precisa rever seu papel diante da comunidade na qual
está inserido e ter consciência da importância do desenvolvimento
sustentável;
2. Deve exercer a função de orientador, disseminando e divulgando novos
valores ambientais, novas tendências empresariais e inovações tecnológicas,
preferentemente no que se refere às tecnologias mais limpas de processo ou
produto atualmente disponíveis;
3. Estabelecer contatos nas Universidades e instituições de pesquisa, para
divulgação de informações que vislumbrem invenções de novas tendências
em tecnologia mais limpas;
4. Atuar como difusor de idéias e inovações tecnológicas para os mais variados
setores da indústria.
26
Vimos neste tópico que muitos autores concordam com a formação acadêmica
voltada ao meio ambiente do profissional de comunicação. Mostram as vantagens, a
importância e a diferença que faz o conhecimento de causa num texto produzido por um
profissional especializado e por um não especializado.
Em sua dissertação de mestrado, José Maria Alvarenga (2009) analisa os jornais
A Crítica e Amazonas em Tempo. A pesquisa aponta que na época, o jornal manaura
“Amazonas Em Tempo” apresentava seus textos melhor redigidos, pontuados,
convincentes, planejados, preparados e com vocabulário próximo ao utilizados por
profissionais ligados ao meio ambiente. Ou seja, “para o público leigo ter uma melhor
compreensão do assunto que está sendo tratado. Isso corrobora a idéia de que o jornalista
ambiental precisa se fazer entender pelo seu público leitor.” (p. 85). Ao contrário do
jornal A Crítica, que não possuía em sua redação jornalista formado exclusivamente no
referido tema, suas matérias se apresentavam de forma mais factual.
O autor enfatiza ainda que por isso mesmo neste jornal na medida em que as
matérias se apresentam, pode-se concluir que há falta de organização, uma vez que se
mostram distribuídas de forma aleatória, dando a impressão de pouco preparo daqueles
profissionais quanto ao domínio de conteúdo em questão, sobretudo quanto ao tema
política ambiental.
Sobre o Paula Melani Rocha (2006) diz:
O jornalista é um destes profissionais que trabalham na mídia. Ele faz a
comunicação. O ato de informação na imprensa é acompanhado por uma
estratégia de comunicação. Muitas vezes, ele tem que ir à contramão das
idéias do público alvo. Por isso, a necessidade de ter profissionais preparados,
cientes da sua relevância social e do contexto histórico, atuando na
transmissão dessas informações.
Vários autores divergem quanto a considerar o jornalismo ciência ou somente
uma técnica. Ao considerar ciência, exige-se automaticamente uma formação na área.
Como técnica, é tão somente uma prática. Mas mesmo como técnica, Rocha (2006) diz
que é preciso conhecimento para transmitir informações globais a um público tão
diversificado quanto o público brasileiro.
27
2.4 ENTRAVES E DESAFIOS
De acordo com pesquisa realizada pela Revista Imprensa (junho de 2001), o
principal obstáculo apontado para a questão do envolvimento das empresas jornalísticas
com o meio ambiente é o imediatismo. “O ritmo acelerado das redações dificulta uma
abordagem mais ampliada dos temas ambientais, os quais exigem conhecimento técnico,
dedicação e especialização”. (p. 22).
Contexto esse que muitas vezes compromete o cunho da matéria. De acordo com
a pesquisa coordenada por Pedro Jacobi e Laura Valente (professor da Universidade de
São
Paulo
e Coordenadora do
Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas,
respectivamente), realizada em 2001 pela revista Imprensa, comprovou que a imprensa
brasileira preocupa-se com o meio ambiente basicamente em três ocasiões:
1. Catástrofes naturais ou acidentes que causam danos à natureza;
2. Relatórios publicados por revistas estrangeiras com dados científicos sobre
aquecimento global;
3. E no dia 5 de junho, dia mundial do Meio Ambiente, instituído pela ONU
Segundo a pesquisa, quando o periódico é dirigido às classes mais baixas, essa
defasagem torna-se ainda mais gritante. A citada pesquisa ainda revela que esse tipo de
pauta tem pouca ou nenhuma repercussão porque o leitor de classe baixa não se interessa
por esse tipo de leitura, tendo em vista que seus interesses apontam em grande parte para
o agora.
A partir destas constatações, tomamos a indagação de Luft (2005): como
transformar as pautas ambientais em algo rentável se o público médio ou o grande
público ainda têm preferência por informações processadas no plano do imediatismo?
Este constitui o desafio do jornalismo ambiental. De acordo com as reflexões de
Luft, existem dois passos nesta direção. Primeiro, visualizar o meio ambiente sob a
perspectiva do lucro; o segundo seria explorar de forma mais significativa tais pautas.
Assim sendo, “transformar as questões ambientais num produto vendável que tragam
28
prazer, informação, cultura e conscientização para os leitores e que propiciem maior
retorno econômico para as empresas de comunicação”. (Lemos, 1997)
Visualizar meio ambiente lucrativamente é conscientizar-se da necessidade de
agregar valores ao produto, uma tendência no universo jornalístico atual. E explorar o
tema em “torno de descobertas e processos inovadores que levem à utilização de
tecnologias mais limpas” por meio de parcerias com universidades, com instituições de
pesquisa, com empresas envolvidas no processo.
Ainda, a falta de profissionais com formação acadêmica acaba comprometendo o
cunho da matéria. Apesar desta matéria ou a falta de conhecimentos ser para esclarecer
assuntos para o público leigo, por diversas vezes lê-se matéria sensacionalista ou
superficial. Conforme a pesquisa da Revista Imprensa, o ritmo acelerado das redações
também contribui para o agravamento situação.
2.5 HIPÓTESE DO AGENDAMENTO OU AGENDA SETTING
Maxwell McCombs e Donald Shaw iniciaram com uma pesquisa os primeiros
estudos sobre essa teoria com seu artigo intitulado The Agenda Setting Function of Mass
Media (1972). Este estudo tinha o propósito de investigar a capacidade de agendamento
dos media na campanha presidencial de 1968 nos Estados Unidos, além de confrontar o
que os eleitores de Chapel Hill (local escolhido para a realização da pesquisa) afirmaram
serem as questões chaves da campanha com o conteúdo expresso pelos medias
(McCOMBS e SHAW, 1972, citado por TRAQUINA, 2000, p. 49).
Os autores pretendiam averiguar também se as idéias que os votantes julgavam
como temas mais relevantes eram moldadas pela cobertura jornalística dos meios de
comunicação (Weaver, 1996, p. 2).
Neste estudo, McCombs e Shaw (1972) concluíram que
O mundo político é reproduzido de modo imperfeito pelos diversos órgãos de
informação. Contudo, as provas deste estudo, de que os eleitores tendem a
partilhar a definição composta dos media acerca do que é importante,
sugerem fortemente a sua função de agendamento (McCombs e Shaw, 1972,
citado em Traquina, 2000, p.57).
29
Ao contrário dos desdobramentos e dos possíveis efeitos, a sua definição em si é
simples. Como diz Shaw (2001), a formulação clássica da hipótese defende que, “em
conseqüência da ação dos jornais, da televisão e dos outros meios de informação, o
público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou negligencia elementos
específicos dos cenários públicos”.
As pessoas, segundo o autor acima, teriam a tendência de incluir ou excluir dos
seus próprios conhecimentos aquilo que a mídia inclui ou exclui do seu próprio conteúdo.
De acordo com Katz (1998) o modelo institucional, ao qual pertence o agenda-setting,
sustenta que a mídia nos diz em que temos que pensar. No paradigma crítico, a mídia tem
o poder de nos dizer em que não há o que pensar. No paradigma tecnológico, a mídia
talvez tenha o poder de dizer como devemos pensar e a que grupo pertencer (Katz, 1998).
Barros Filho (1995) afirma que a mídia determina, direciona os assuntos das
conversas do cotidiano das pessoas.
Dentro dos principais assuntos, percebe-se no período analisado como as matérias
sobre meio ambiente se correlacionam. Tratadas de maneira pontual e factual, elas
apontam a forma de pensar sobre os assuntos numa determinada época. Isso acontece
mesmo que de formas diferentes de tratamento entre os jornais pesquisados.
30
CAPÍTULO II - RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pré-análise, para Bardin (1977), é a fase de organização do material, da escolha
de todos os documentos, que constituirão o corpo da pesquisa. Este corpo pretende conter
os elementos essenciais que retratem o material básico coletado e que serão submetidos à
análise dos indicadores que fundamentaram a interpretação final.
Feita a primeira leitura geral, realizada de forma flutuante, intuitiva e aberta a
idéias, reflexões e hipóteses, como preconizou a autora, foram descartadas todas as
matérias abaixo de 2 mil caracteres. Foram descartadas, por exemplo, notas e/ou
fotografias somente com a legenda que não faziam parte da matéria principal.
2.1 Relação das matérias
Os quadros a seguir dizem respeito às matérias analisadas a partir da coleta de
reportagens oriundas do jornal A Crítica e do jornal Diário do Amazonas. As temáticas
das reportagens foram descritas a partir de uma delimitação por data, página e título.
Somente os jornais A Crítica publicados às terças-feiras foram coletados e avaliados, de
janeiro a março deste ano, totalizando 12. Foram 12 também os exemplares de jornais
Diário do Amazonas, escolhidos agora de modo aleatório, avaliados, de fevereiro a maio
de 2009.
Quadro 2 - matérias analisadas do Jornal A Crítica no 1º trimestre de 2009
Mês: Janeiro
Dia
Página
Caderno
Título
Jornalista
1
13
C4
- Cidades
Rigor no julgamento de crimes ambientais
Elaíze Farias
2
20
c3
- Cidades
Bandas têm licenciamento
Sem Assinatura
Trabalho será compartilhado na gestão
Sem Assinatura
3
27
c3
- Cidades
ambiental (entrevista)
31
Mês: Fevereiro
Dia
1
3
2
10
Página
Caderno
Título
Jornalista
c3
- Cidades
A Ordem é reciclar sempre
Clarisse Manhã
Integração de espaços livres viabiliza o
Sem Assinatura
C3
- Cidades
verde
Ana Célia
3
17
4
24
c4
- Cidades
c4
- Cidades
Chuvas vão definir abertura de compotas
Ossame
Empresa busca apoio da colônia Antônio
Jorge Eduardo
Aleixo
Dantas
Mês: Março
Dia
1
3
Página
c4
Caderno Título
Jornalista
-
Uma política ambiental voltada para as
Sem Assinatura
Cidades
pessoas
2
10
c4
Cidades
Elaíze Farias
Patrimônio Geológico
3
17
c4
Cidades
-
4
31
c4
Cidades
Clarisse Manhã
África conta efeito estufa
Liberação da BR-319 só virá se MT
atender todas
As exigências feitas (entrevista-Carlos
Minc)
Antônio Paulo
(sucursal
Brasília)
Quadro 3 - matérias analisadas do Jornal Diário do Amazonas no 1º trimestre de 2009
Mês: Fevereiro
Dia Página
1
3
6
Caderno
Amazonas
Título
Nível do Rio Negro
Jornalista
32
2
3
6
está acima da maior
enchente,a de 1953
Hélida Tavares
Mais 35,1% de
Sem Assinatura
Amazonas
chuvas este ano
Cadeno
Título
Mês: Março
Dia Página
1
5
2
20 Nada que se enquadrasse
Brasil
Dia Página
Cadeno
Jornalista
Nada que se enquadrasse
-
Mês: Abril
Título
Jornalista
Belmiro Vianez
1
9
Dendê na Amazônia Filho
(artigo)
Opinião
MP da
Sem Assinatura
Amazônia será
2
9
4
Amazonas
debatida
Rios na cota de
3
9
8
Amazonas
- Sem Assinatura
emergência
Sipam instalará
- Sem Assinatura
antenas no
4
9
8
Amazonas
Amazonas
Minc vai exigir
5
14 18
Brasil
- Sem Assinatura
reflorestamento
Decreto foi com - Sem Assinatura
base em relatório
6
14 10
Amazonas
de prefeitos
Jaraqui começa a Keynes Breves
7
14 Sociedade e Meio Ambiente
8
17 8
perder espaço
Amazonas
PF detém e multa
- Sem Assinatura
33
assentados do Incra
em R$ 39 Mi
Governo quer
- Sem Assinatura
geladeira a R$
9
23 3
Brasil
500
Raphael Cortezão,
Atingidos pela cheia Tayana Martins e
terão que esperar até Ana Carolina
10
11
23 10
24 11
Amazonas
Amazonas
dia 27
Barbosa
Serviço de água
- Sem Assinatura
é um dos piores
2.2 Descrição de categorias
Dentro do contexto das 24 matérias pesquisadas, estas foram separadas em sete
categorias de acordo com os temas mais freqüentes, tais como podemos observar no
Quadro 04.
Quadro 4 – Catalogação das categorias
Categoria Temática
Definição para Escolha
Água
Com oito matérias, fez-se a
junção de temas tanto
sobre a água da chuva, das
enchentes quanto como
recurso hídrico.
Separaram-se neste grupo
matérias sobre fauna e
flora.
Mudança climática.
Floresta
Clima
Gestão
Esta categoria é composta
por oito matérias no que
diz respeito à organização
por parte do governo e
prefeitura.
34
Reciclagem
Estrada
Somente uma matéria
sobre conscientização da
reutilização de recursos.
Sobre a liberação da
construção da BR-319 pelo
então ministro do Meio
Ambiente, Carlos Minc.
2.3 Agrupamento das matérias sete categorias
Do total de 27 matérias, procuramos compor outras unidades temáticas com o
objetivo de melhor compreender as implicações políticas, econômicas e sociais presentes
no corpo das matérias.
Quadro 5 - Água
03/02/2002 DA / Amazonas 6
Nível do Rio Negro está acima da maior
enchente, a de 1953
03/02/2002 DA / Amazonas 6
Mais 35,1% de chuvas este ano
17/02/2009 AC / c4 – Cidades
Chuvas vão definir abertura de compotas
03/04/2009 DA / Amazonas 10
Atingidos pela cheia terão que esperar até dia 27
DA / Sociedade e
Meio Ambiente
09/04/2009 DA / Amazonas 8
4/04/2009
Jaraqui começa a perder espaço
Rios na cota de emergência
14/04/2009 DA / Amazonas 10
Decreto foi com base em relatório de prefeitos
24/04/2009 DA / Amazonas 11
Serviço de água é um dos piores
Este assunto, Água, figura oito vezes na lista por causa da enchente desse ano de
2009. Logo no início, em janeiro mais precisamente, pouco se falava sobre a questão da
água. E tão logo o nível do rio começou a subir logo o DA, principalmente, deu o
destaque. Pode-se perceber isso ao se notar que são sete as matérias publicadas pelo DA e
35
apenas uma pelo AC, a matéria deste que também tem relação com a cheia, mas se foca
na hidrelétrica de Balbina.
Percebeu-se que o DA deu um tom mais emergencial às matérias. Chama a
atenção pela comparação com a maior marca que o rio já alcançou com a repetição da
palavra “emergência”. Percebe-se constantemente o discurso crítico em relação ao
governo e à prefeitura com as matérias dos atingidos pela cheia, que terão que esperar;
sugerindo que a ajuda do governo não chegará a tempo hábil e que os atingidos terão que
esperar muito por essa assistência.
A outra matéria intitulada “Serviço de água é um dos piores” é sobre um relatório
do ministério das cidades sobre o serviço de água que a empresa Águas do Amazonas
oferece. O detalhe é que a matéria enfatiza este resultado na gestão do atual prefeito,
Amazonino Mendes, que em 1999 era governador, ano da privatização da empresa de
água. Isto prova mais uma vez o discurso de caráter crítico que o DA assume em algumas
matérias.
Quadro 6 - Floresta
AC / c4 –
24/02/2009
Cidades
Empresa busca apoio da colônia Antônio Aleixo
10/03/2009
AC / c4 - Cidades Patrimônio Geológico
09/04/2009
DA / Opinião
09/04/2009
DA / Amazonas 8 Sipam instalará antenas no Amazonas
Dendê na Amazônia (artigo)
A matéria intitulada “Empresa busca apoio da colônia Antônio Aleixo” trata sobre
uma empresa que quer construir uma obra e quer o apoio dos moradores. A matéria é
explicativa com tendência a aspirar à melhora da imagem da empresa e do que ela
pretende fazer: que a construção não trará tantos danos assim ao local, no caso o Lago do
Aleixo, próximo ao Encontro das Águas.
A segunda, “Patrimônio Geológico”, fala sobre o tombamento da Ponta das lajes
em sítio geológico. É uma matéria de confronto à acima citada, mostrando dados,
informações e como instituições, a exemplo da Universidade Federal do Amazonas e do
36
Serviço Geológico Brasileiro, dão importância em considerar a mesma região da Ponta
das Lajes – Colônia Antônio Aleixo – como sítio arqueológico. Por isso, tão urgente sua
preservação.
Nenhuma destas matérias faz referência uma à outra, mas tratam do mesmo
assunto. O tratamento diferenciado dá à primeira a ênfase à obra que seria feita próximo
da região do Encontro das Águas; e dá à segunda um tom mais científico ao local, mostra
que há estudo apresentando-o com valor de patrimônio.
As outras duas são de temas adversos. “Dendê na Amazônia” diz respeito à
economia e dos benefícios de tal produto pra região e a segunda, da instalação de antenas
para vigilância na e da floresta.
Quadro 7 - Estrada
14/04/2009
DA / Brasil 18
Minc vai exigir reflorestamento
31/03/2009
AC / c4 – Cidades
Liberação da BR-319 só virá se MT atender
todas as exigências feitas
A matéria sobre a liberação da BR-319 é uma entrevista com o atual ministro do
meio ambiente Carlos Minc pode ter entrado na pauta pelo que diz respeito ao então
ministro dos transportes, o ex-ministro e ex-prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento.
Quadro 8 - Clima
17/03/2009 AC / c4–Cidades
África contra efeito estufa
23/04/2009 DA / Brasil 3
Governo quer geladeira a R$ 500
A primeira matéria trata de um acordo firmado entre a Semma e o ministério do
meio ambiente de Moçambique. Mais uma matéria sobre a Semma “África contra o
Efeito Estufa”. E a segunda, demonstra tentativa do governo federal de tomar atitude
frente ao aquecimento global.
37
Quadro 9 - Gestão
13/01/2009 AC / c4 – Cidades
Rigor no julgamento de crimes ambientais
20/01/2009 AC / c3 – Cidades
Bandas têm licenciamento
27/01/2009 AC / c3 – Cidades
Trabalho será compartilhado na gestão ambiental (entrevista)
10/02/2009 AC / c3 – Cidades
Integração de espaços livres viabiliza o verde
03/03/2009 AC / c4 – Cidades
Uma política ambiental voltada para as pessoas
09/04/2009 DA / Amazonas 4
MP da Amazônia será debatida
17/04/2009 DA / Amazonas 8
PF detém e multa assentados do Incra em R$ 39 Mi
Ao ler esta tabela, vemos a ênfase que cada um dos jornais dá a esta categoria.
Enquanto que o AC publica cinco matérias deste cunho, DA vem com apenas duas.
Todas as matérias desta categoria do AC têm ligação com a Semma; e a principal delas é
a entrevista com o novo secretário. Já as duas do DA fala sobre ações do governo federal
e polícia federal. Tais dados demonstram a direção do jornal quanto ao tema.
“Rigor no julgamento de crimes ambientais” fala sobre o projeto de lei do senador
Artur Neto e suas opiniões sobre leis ambientais. “Trabalho será compartilhado na gestão
ambiental (entrevista)” e “Uma política ambiental voltada para as pessoas” são
praticamente entrevistas ao então secretário municipal de meio ambiente, Marcelo Dutra,
sobre como será sua forma de gerir. “Bandas têm licenciamento” é uma matéria
publicada na época do carnaval de 2009 para informar sobre o a autorização concedida
pela Semma às bandas de ruas.
Quadro 10 - Reciclagem
03/02/2009 AC / c3 – Cidades
A Ordem é reciclar sempre
Pode-se considerar uma matéria de conscientização, de como as pessoas podem
aproveitar a parte reciclável de seu lixo e/ou desperdiçar menos. Informativa, de cunho
educacional.
38
2.4 Formação dos jornalistas que assinam as matérias analisadas
Como foi explicitado na metodologia deste trabalho, a partir da entrevista
realizada com os jornalistas assinantes das matérias analisadas constatou-se que estes não
possuem formação acadêmica focada no tema e na questão ambiental abordada. Abaixo,
o resultado das entrevistas:
o Ana Célia Ossame: Formada em jornalismo em 1986; especializada em
marketing. (A Crítica)
o Clarisse Manhã: ainda não formada. Transferida da Universidade Estácio de Sá
para Universidade Federal do Amazonas. (A Crítica)
o Elayzes Farias: Formada em jornalismo em 1993; especializada em Antropologia.
(A Crítica)
o Tayana Martins: na ocasião da matéria, não tinha graduação; hoje, formada pela
Universidade do Norte. (Diário do Amazonas)
o Raphael Cortezão: na ocasião da publicação da matéria, não havia concluído;
hoje, formado pela Universidade Federal do Amazonas. (Diário do Amazonas)
o Jorge Eduardo Dantas: Graduado pela Universidade Federal do Amazonas. (A
Crítica)
o Keynes Breves: Ufam (Diário do Amazonas)
o Ana Carolina Barbosa: Ufam (Diário do Amazonas)
o Hélida Tavares: Ufam (Diário do Amazonas)
Azevedo Luíndia (2007) considera que para os comunicadores sociais falta a
constituição de um embasamento teórico no sentido de permitir a produção de um
panorama não-fragmentado da realidade sobre as questões científicas e ambientais. Esta
pesquisa vem confirmar e mostrar um problema apontado como um dos entraves para o
jornalismo ambiental: a falta de jornalistas com formação acadêmica no assunto.
39
2.5 Inferências
Assim podemos começar as observações falando que os jornais analisados têm
formas distintas de tratar as pautas sobre meio ambiente. Nota-se que, no período de
coleta, a maioria das matérias do AC mostra caráter gestor citando por várias vezes a
nova secretaria de meio ambiente. Como o período de coleta coincidiu com o período da
enchente no estado, o DA mostrou mais o lado factual das pautas pela observação da
repetição das palavras “emergência”, “nível da água” e constantes comparações com a
cheia de 1953. Entretanto nenhum dos jornais analisados e/ou nenhuma matéria que
atenda a todas as características de uma matéria sobre meio ambiente. Talvez, pelas
divergências de pontos de vista, possa-se encontrar em “Mais 35,1% de chuvas este ano
(de 03/02/09 - DA)” informações esclarecedoras sobre a pauta, no caso, nível
pluviométrico.
2.5.1 Inferências I – Jornal A Crítica
a. Rigor no julgamento de crimes ambientais (AC-13/01/09): é sobre um projeto
de lei elaborado pelo senador Arthur Neto que determina maior severidade na
punição dos crimes ambientais. A matéria apresenta algumas informações como
“o Brasil é o décimo poluidor do mundo” e faz comparação do projeto de lei com
a lei atual. Apesar de dar a entender ser de assessoria, matéria é assinada e sugere
a promoção do senador por frases do tipo “o projeto de lei do senador” ou “o
senador afirmou” mais ainda “autor do projeto, Arthur Neto, quer” fazendo com
que ele, o senador, seja o sujeito, o protagonista da matéria.
b. Bandas têm licenciamento (AC-20/01/2009): sobre um assunto que também
compete ao tema meio ambiente, poluição sonora. A matéria informa sobre como
proceder para obter licença sonora para bandas de carnaval.
c. Trabalho será compartilhado na gestão ambiental (27/01/2009 - AC): Como
janeiro deste ano foi o primeiro mês da nova gestão da prefeitura, a matéria deste
dia foi dedicada a uma entrevista com o novo secretário municipal de meio
40
ambiente. A entrevista começa com um perfil do secretário, depois fala sobre a
união da Semma (secretaria municipal do Meio Ambiente) e Semulsp (secretaria
municipal limpeza pública), mais adiante, fala sobre a situação dos cemitérios, por
fim, sobre invasões de terrenos.
d. A Ordem é reciclar sempre (03/02/09 - AC): importante matéria sobre uma
iniciativa de uma escola de música de reciclar óleo fazendo sabão. E é por isso
que foi classificada na categoria Reciclagem.
e. Integração de espaços livres viabiliza o verde (10/02/09 - AC): mais uma
matéria relacionada à Semma. A matéria trata da criação de espaços verdes dentro
da cidade e que, para isso, conta com a participação da Universidade de São Paulo
por meio do projeto Quapa/Sel. Enquadra-se na categoria Gestão justamente
porque a intenção do projeto da universidade é elaborar políticas públicas para
gestão desses espaços em Manaus, segundo a matéria.
f. Chuvas vão definir abertura de compotas (17/02/2009 - AC): Como o próprio
nome sugere, é sobre a abertura das compotas da Usina Hidrelétrica de Balbina. A
matéria tem natureza típica de publicação do caderno de cidades, ou seja, factual,
mas mesmo assim assume caráter informativo sobre os riscos dessa abertura.
g. Empresa busca apoio da colônia Antônio Aleixo (24/02/09 - AC): matéria
sugere uma tentativa de melhorar a má imagem da obra da empresa Lajes
Logística S/A. O tema principal permeia o impacto ambiental que a construção de
um porto pela empresa causará no Lago do Aleixo, que por sinal fica próximo ao
Encontro das Águas. A matéria mostra que a empresa procura explicar aos
moradores da Colônia Antônio Aleixo que a obra trará benefícios a eles, embora a
mesma matéria explique, num quadro abaixo do assunto principal, que o IPAAM
- Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas - condenou o Estatuto
Prévio de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental das Lajes.
Existiam 23 irregularidades nestes, como a não constatação de informações sobre
impactos na fauna e na flora da região.
h. Uma política ambiental voltada para as pessoas (03/03/09 - AC): outra matéria
correlacionada com a Semma. A matéria dar a entender que é uma entrevista com
41
o secretário, Marcelo Dutra, que descreve um pensamento dele, não uma ação
concreta.
i. Patrimônio Geológico (10/03/2009 - AC): Foi uma iniciativa do departamento
de geociências da Universidade Federal do Amazonas que propôs o tombamento
da Ponta das lajes em sítio geológico e que obteve parecer favorável.
j. África contra efeito estufa (17/03/2009 - AC): mais uma matéria que poderia
enquadrar-se facilmente em Gestão, porque se trata de uma troca de favores entre
o nosso governo estadual e Moçambique, na África. Mas foi classificado na
categoria Clima porque mostra preocupação por parte do outro país com o
mesmo.
k. Liberação da BR-319 só virá se MT atender todas as exigências feitas
(31/03/2009 - AC): a matéria é uma entrevista com o ministro do Meio Ambiente,
oriunda da sucursal em Brasília e é sobre a licença para a construção da BR-319 e
também da relação entre o entrevistado e o atual ministro dos transportes, Alfredo
Nascimento.
2.5.2 Inferências II – Jornal Dário do Amazonas
a. Nível do Rio Negro está acima da maior enchente, a de 1953 (03/02/09 - DA):
chama a atenção pela comparação com a cheia de 1953 – esta foi a maior já
registrada. Entretanto é uma comparação entre medidas alcançadas nas mesmas
datas e não entre picos máximos das águas.
b. Mais 35,1% de chuvas este ano (03/02/09 - DA): este é sobre evolução dos
níveis pluviométricos. Esta é uma matéria bem esclarecedora em relação à
estatística das médias das chuvas, pois há comparações de médias de anos
anteriores, entrevistas com profissionais – no caso do Serviço Geológico do
Brasil, informa sobre a quantidade de áreas de riscos e como proceder. Tem
caráter factual, mas apresenta informações constantes nos registros de órgãos
respeitados.
42
c. Dendê na Amazônia (09/04/2009 - DA): localiza-se na página de opinião do
jornal. Trata-se de um pensamento que ao mesmo tempo em que exalta o
potencial econômico do plantio do dendê faz uma crítica ao código florestal, que
não permite o cultivo de plantas exóticas à região – que é o caso do dendê.
d. MP da Amazônia será debatida (09/04/2009 - DA): é sobre a MP 458/09 que
autoriza a transferência aos ocupantes sem licitação dos terrenos da União na
Amazônia Legal. Tem caráter político, logo, classificado em Gestão.
e. Rios na cota de emergência (09/04/2009 - DA): mais uma matéria com caráter
emergencial sempre comparando com a cheia de 1953, porém desta vez não foi a
comparação livre entre médias de datas como nas matérias anteriores, mas de
informações do CPRM. Ainda: traz informações sobre as medições dos outros
rios, estes sim, com altura média maior que medições em anos anteriores, de
acordo com a matéria.
f. Sipam instalará antenas no Amazonas (09/04/2009 - DA): se trata de uma
matéria sobre instalações de antenas para facilitar a telecomunicação por dentro
da floresta. Uma iniciativa do Sistema de Proteção da Amazônia.
g. Minc vai exigir reflorestamento (14/04/2009 - DA): este caso é para a
construção de usinas termelétricas a carvão e óleo diesel no Brasil que terá que ser
compensada com plantio de árvores, diferentemente das usinas a gás, que emitem
menos de um terço das emissões do dióxido de carbono. A matéria se inicia com
caráter gestor, depois vai se tornando informativa no sentido de apresentar dados
sobre a quantidade de árvores e a quantidade de megawatts de potência.
h. Decreto foi com base em relatório de prefeitos (14/04/2009 - DA): matéria cuja
notícia principal é o fato de o Sedec (Subcomando de Ações de Defesa Civil
Estadual) avaliar que prefeitos dos municípios do interior do estado não saibam
identificar quando há necessidade de declarar situação de emergência ou não.
i. Jaraqui começa a perder espaço (14/04/2009 - DA): sobre o costume do
amazonense em comer o peixe chamado jaraqui e as possíveis razões de esse
hábito está caindo em desuso por entre os mesmos.
j. PF detém e multa assentados do Incra em R$ 39 Mil (17/04/2009 - DA): esta é
uma que fala sobre a operação da polícia federal em cima dos assentados do Incra
43
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) por construírem
madeireiras ilegais nos espaços.
k. Governo quer geladeira a R$ 500 (23/04/2009 - DA): mostra uma atitude do
governo federal em incentivar os brasileiros a trocar de geladeira antiga que
consome muita energia por novas que consomem menos e custam quinhentos
reais.
l. Atingidos pela cheia terão que esperar até dia 27 (23/04/2009 - DA):
assumindo uma posição contrária ao governo, a notícia aqui é o fato de
interioranos terem até o dia 27 para receber a ajuda de R$300 do governo do
estado por meio da parceria com o banco Bradesco devido ao fato de nem o
governador e nem o subcomandante da Defesa Civil ter certeza de quantas
famílias foram atingidas pela enchente.
m. Serviço de água é um dos piores (24/04/2009 - DA): é o que consta no relatório
do Ministério das Cidades, 13a edição do Diagnóstico dos Serviços de
Água
e
Esgoto relativo a 2007. De acordo com o relatório, o serviço oferecido pela
empresa Águas do Amazonas não é dos mais eficientes, ao contrário, é um dos
piores do Brasil. Ainda faz uma comparação entre o número de reclamações feitas
e as atendidas pela empresa.
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3. RESULTADOS
Embora possa se perceber o caráter factual e pontual dado aos temas ambientais
por parte tanto do Jornal A Crítica quanto pelo Diário do Amazonas, se pode inferir que
no Diário do Amazonas as publicações assumem uma natureza mais de denúncia com
palavras e expressões de caráter impactante. Através do fato observado que em ambos os
jornais a categoria Gestão apresenta o total de sete matérias, sendo cinco do A Crítica e
duas do Diário do Amazonas.
A categoria gestão em grande parte no jornalismo se relaciona com o
aproveitamento de press releases das secretárias dos governos. Apesar de não ter se
obtido dados sobre o assunto através das entrevistas realizadas com os jornalistas
responsáveis, pode-se inferir o argumento aqui se baseando na pesquisa coordenada pela
professora da Universidade Federal do Amazonas, Luíndia Azevedo e a egressa petiana
Laurianne Franco de Lima, sobre jornalismo científico nos jornais de Manaus revelou os
seguintes resultados: 50% dos quatro jornais pesquisados (a saber: Diário do Amazonas, A
Crítica, Jornal do Comércio e Em Tempo) afirmaram que não há como estimar o
aproveitamento de material oriundo de assessorias e 25% afirmaram que a taxa de
aproveitamento situa-se entre 5% e 10%. Os demais 25% afirmaram que o aproveitamento é
de 50%, proporção representada pelo único jornal que possui um profissional que se dedica à
cobertura de Meio Ambiente e C&T. Esse resultado indica que todos os jornais analisados
aproveitam todo ou em parte sugestão de pauta ou press-releases.
Em nossa pesquisa cada jornal deu destaque a um tópico e um deles encontrados
na maioria das matérias foi a categoria água e sua incidência maior foi dado pelo jornal
DA. A natureza factual dada à categoria sugere um tom de impacto, de tragédia à
situação, no caso, da cheia do rio. Quando se chama atenção em caráter emergencial a um
determinado assunto, esse acaba se tornando assunto de época, ou seja, só aparece
quando acontece algo e não por ter valor para a sociedade. Uma espécie de ‘agenda
setting’, que é o que acontece com as matérias sobre as compras de natal, a novidade para
o ano novo e carnaval, a semana do meio ambiente, o festival folclórico de Parintins,
entre outros assuntos.
45
Essa hipótese da agenda setting em conseqüência da ação dos meios de
informação, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. Pode ser
usado como uma espécie direcionamento do pensamento de uma grande massa
populacional, pois as pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios
conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo.
Além disso, o público tende a atribuir àquilo que esse conteúdo inclui uma importância
que reflete de perto a ênfase atribuída pelos mass media aos acontecimentos, aos
problemas, às pessoas (Shaw apud Wolf, 2001, p.144).
No que se refere a este tópico, a hipótese em questão pode ser aplicada ao jornal
Diário do Amazonas, tendo em vista que a mídia tem a capacidade de influenciar a
projeção dos acontecimentos na opinião pública, esta mídia incitou as discussões sobre a
água, especificamente a cheia, antes que o tema tivesse ganhado grandes proporções. Não
bastou motivar o assunto dessas discussões, ainda instigou a forma de refletir dando ao
tema o modo emergencial.
O outro assunto destacado agora pelo AC foi a categoria Gestão, cinco matérias
de 12 no total e todas de cunho político local. Pôde-se observar também que a diversidade
de temas das matérias do AC tem cunho tradicional, mais informativo e sem apresentar
um maior caráter de denúncia e tom impactante. As duas matérias sobre Gestão o tema do
DA, ao contrário do A Crítica, não falam sobre a prefeitura ou o governo locais, mas de
ações do governo federal e Ibama.
Em relação ao clima se observou maneiras diferentes de tratar a questão.
Enquanto DA fala sobre o incentivo do governo federal à população para substituir
geladeiras, o AC veio com uma matéria sobre parceria com um país africano no combate
ao aquecimento global. Ambas as matérias têm grau de importância para informação da
população.
No que concerne à floresta, os dois jornais empataram em número de matérias e
também foram muito diversificados. O que se pode acrescentar aqui é o fato de que em
relação a este tema em especial, houve pouca ou nenhuma informação conveniente sobre
o contexto local no sentido de conscientizar, sensibilizar e informar sobre o que de fato
está acontecendo com a floresta amazônica. Assuntos como soberania, queimadas,
latifúndios que têm alto grau de relevância tanto no contexto regional como,
46
principalmente, no contexto nacional não figuram entre as pautas mais citadas em ambos
os jornais.
Uma vez que se compreende como estes meios trabalham na formação da opinião
pública, é inegável a influência dos meios de comunicação no cotidiano das pessoas,
visto que temos uma infinidade de informações que são disseminadas por estes canais. A
pauta das conversas interpessoais é sugerida pelos jornais, televisão, rádio e internet,
propiciando
aos
receptores
a
hierarquização
dos
assuntos
que
devem
ser
pensados/falados. “As pessoas agendam seus assuntos e suas conversas em função do
que a mídia veicula. É o que sustenta a hipótese [da Agenda Setting]” (Barros Filho,
1995, p. 169). A realidade social passa a ser representada por um cenário montado a
partir dos meios de comunicação de massa.
Ambos os jornais têm interesses em explicitar algo. Não somente mostrar, mas o
“de que forma” fazê-lo também tem seus efeitos. O DA com seu modo espetacular e por
várias vezes criticando veementemente o governo quer indicar ao leitor a cogitar que os
ribeirinhos e interioranos estão desassistidos pela falta de política governamental, que
essa administração não fiscaliza o serviço de água, que quer questionar se prefeitos
sabem avaliar ou não quando declarar estado de emergência. Sugere assumir uma posição
mais esquerdista. Enquanto que o AC tende assumir posição mais conservadora, menos
conflituosa com várias matérias sobre a prefeitura, sobre animais e reciclagem.
A natureza precisa ser desvendada em todas as suas dimensões: população
indígena, empresas que estão sendo instaladas na região amazônica, ONG’s de vários
aspectos políticos e ideológicos, mídias regionais, movimentos sociais, agricultura
familiar etc. Não da forma excessiva, mas na medida da razoabilidade, da cobertura
balanceada, que apresentasse os projetos locais com uma importância digna de ser
mostrada.
A mídia poderia incorporar o conceito de uma revolução científica e tecnológica,
pois acúmulo tecnológico existe, basta o interesse e o compromisso dos diversos atores
sociais com a questão.
Entende-se que a comunicação exerce um papel central para onde convergem os
conflitos que, ali trabalhados, “espetacularizados”, “ressignificados”, etc., acabam por
fazer dos meios de comunicação uma importante instituição que “leva a pensar”, que
47
“educa” (BACCEGA, 1998, p.116). Portanto, numa sociedade centrada na mercadoria e
no consumismo, a comunicação tende a exercer um papel ideológico, formador ou
dominador.
Ainda faz-se necessário aqui uma comparação dos jornais. Ambos não possuem
jornalistas específicos no e para o assunto: todos escrevem sobre tudo, sobre o assunto do
momento, sobre a pauta que tem que sair. Assim sendo, conclui-se através dos dados
obtidos que nenhum dos assinantes das matérias analisadas tem familiaridade com o
assunto proposto.
O jornal A Crítica apresenta matérias que, em sua maioria, ou não chamam
atenção do leitor ou enfocam ações políticas em demasia. Também apresenta tom
conservador. Já o Diário do Amazonas publica matérias de cunho mais chamativo.
Expressões como “emergência”, “maior enchente”, “pior serviço” aparecem diversas
vezes, e algumas delas pra chamar atenção para falha ou do governo ou da prefeitura.
As inferências aqui apresentadas endossam o argumento de José Maria Alvarenga
quando o autor enfatiza que quando não há jornalistas preparados para o assunto em
questão, pode-se concluir que há falta de organização, uma vez que se mostram
distribuídas de forma aleatória, dando a impressão de pouco preparo daqueles
profissionais quanto ao domínio de conteúdo em questão, sobretudo quanto ao tema
política ambiental.
Ademais, os dados aqui expostos consubstancial as proposições de Azevedo
Luíndia e Dias (2009) ao afirmarem que o papel do comunicador social deve estar
pautado no compromisso com a sociedade. Isso faz com que veículos e jornalistas
assumam uma postura em relação à informação, ou seja, que os mesmos estimulem –
através de matérias – o interesse coletivo, fazendo com que a comunidade intervenha
mais conscientemente nos assuntos discutidos diariamente. Quando nos voltamos às
questões ambientais, observamos que nem sempre os jornalistas/sujeitos estão preparados
para trabalhar essa temática.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Algumas publicações, embora de caráter comercial, têm cumprido papel
importante na circulação de informações sobre meio ambiente, em suas múltiplas
perspectivas ou temas (água, biotecnologia, turismo ecológico, energia, agroecologia,
saneamento, entre outros). Na prática, serão cada vez mais respeitadas na medida em que
estiverem comprometidas com uma visão moderna, abrangente e adequada às questões
que afetam o meio ambiente.
As agências de comunicação, os institutos, as associações e as ONGs que
mantêm, com regularidade, seu sistema de produção de notícias (sites, jornais) também se
enquadram neste perfil, favorecendo, amplamente, o processo de democratização de
informações ambientais.
O jornalismo ambiental deve propor-se como política, social e culturalmente
engajado, porque desta forma resistirá às pressões de governos, empresas e até de
universidades e institutos de pesquisa, muitos deles patrocinados ou reféns dos grandes
interesses. O jornalismo ambiental não pode comprometer-se com a isenção porque
participa de um jogo amplo de interesses. Não deve admitir-se utópico porque se
fundamenta na realidade concreta, na luta pela qualidade do solo, do ar, da água, enfim
de tudo o que conserva a vida.
Quem se propuser a escrever sobre o gênero em questão, deve saber que seu
trabalho não será somente dar uma informação, mas sensibilizar as pessoas para que
engrossem a luta pela defesa do ambiente. E ainda com a responsabilidade educativa na
formação dos cidadãos.
O jornalismo ambiental não deve ser visto apenas como o exercício de uma
atividade produtiva e remunerada, como a maioria das que estão disponíveis para os
profissionais liberais, em todo o mundo, inclusive para a maioria dos jornalistas, mas
como compromisso que vai além da jornada de trabalho. O jornalismo ambiental envolve
uma visão de mundo comprometida com novos parâmetros de convivência e
solidariedade.
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