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BIOGÁS NO OESTE PARANÁ: POTENCIALIDADE E PERSPECTIVA BIOGAS IN WEST PARANÁ: POTENTIALITY AND PROSPECT Udo Strassburg1; Nilton Marques de Oliveira1; Weimar Freire da Rocha Júnior1 1 UNIOESTE - Toledo - PR Resumo Este trabalho tem por objetivo caracterizar a produção do biogás, provindo da atividade suína, no Oeste do estado do Paraná, à luz da Nova Economia Institucional - NEI. Utilizou-se de uma metodologia exploratória com base na literatura. Os resultados apontaram que, em relação ao ambiente institucional, praticamente não possui regulamentação. No que diz respeito ao ambiente organizacional, esta está centrada basicamente na ITAIPU – Centro de Estudos do Biogás - CEB. O ambiente tecnológico está estruturado no sentido de oferecer recursos para a produção de biogás, faltando definições claras e adequadas para o excedente de produção. O Governo tanto na esfera Federal e Estadual deve incentivar e regulamentar adequadamente a atividade e oferecer incentivos para a produção de energia renovável tão necessária para o mundo atual. Palavras-chave: nova economia institucional; biogás; atividade suína; energia renovável Abstract This paper aims to characterize the production of biogas, coming from swine activity in western Paraná state, in light of the New Institutional Economics - NEI. We used an exploratory methodology based on the literature. The results showed that, compared to the institutional environment, has practically no regulation. With respect to the organizational environment, it is basically centered on ITAIPU - Center for the Study of Biogas - CEB. The technological environment is structured in order to provide resources for the production of biogas, lacking clear and adequate definitions for surplus production. The Government both at the Federal and State sphere should encourage and properly regulate the activity and provide incentives for the production of renewable energy so necessary for today’s world. Keywords: new institutional economics; biogas swine activity; renewable energy Introdução O objetivo deste trabalho é caracterizar a produção do Biogás, no Oeste do Paraná à luz da Nova Economia Institucional. A justifica de sua elaboração está nas crescentes discussões sobre o assunto na tentativa de buscar soluções. Pela conscientização que todos devem ter em relação ao cuidado com o meio ambiente. E pelo aproveitamento de algo que era um problema para os pro- 116 Anais do X Congresso da Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção dutores, se transformando em recursos financeiros para os mesmos. E pela contribuição de um estudo sobre uma forma de se produzir energia renovável, tão necessária na atual situação do globo terrestre. Com o presente artigo se pretende responder se a cadeia do Biogás proveniente da atividade suína possui potencial na produção de energia renovável no Oeste do Paraná? Para a elaboração do presente trabalho utilizou-se de uma metodologia exploratória com base na literatura sobre o tema, reportagens, material promocional e o auxílio da internet. Sendo assim Galeffi (2013) destaca que a produção de Biogás no mundo vai crescer 60% nos próximos 5 anos, causado pela necessidade do mercado como pelas tecnologias a serem utilizadas. No Brasil esta situação é um pouco diferente, pois os investimentos neste setor ainda são pequenos se comparados com o que é investido na Alemanha, que tem cerca de 6.600 instalações produzindo biogás, a qual é uma das maiores produtoras. No mundo estão ativos aproximadamente 10.000 instalações produtoras de biogás. No Paraná foi criado um Centro de Estudos do Biogás, situado em Foz do Iguaçu, nas dependências do Parque Tecnológico de Itaipú, que faz parte das instalações da Usina Hidrelétrica de Itaipú. Este centro está trabalhando no sentido de firmar convênios com associações, condomínios e produtores rurais que queiram aplicar e trabalhar com a tecnologia desenvolvida por eles. Alguns condomínios, granjas, associações e cooperativas do Oeste do Paraná, já estão trabalhando em conjunto, obtendo resultados positivos. Resultados estes que estão refletindo na cidade de Entre Rios do Oeste, onde no ano de 2014 poderá se tornar auto suficiente em energia elétrica, térmica e automotiva, produzida com os dejetos de animais e esgoto produzido na cidade. Isto posto, este ensaio está dividido em três partes, além desta introdução. A seguir será apresentado a Nova Economia Institucional - NEI e seus diversos ambientes. Na terceira será abordado a perspectiva e potencial do biogás da atividade suína no Oeste Paranaense. E por fim as considerações finais encerram o trabalho. Ambiente Institucional A proposta da Nova Economia Institucional são as instituições. As instituições constituem-se como sendo o principal regulador das atividades e interações humanas. Douglas North (1991, 1994) expõe em sua obra um marco analítico para explicar como as instituições e as mudanças institucionais afetam a economia., “as instituições existem devido à incerteza que resulta da interação humana” (NORTH, 1994:14). Dessa forma, instituições reduzem incertezas porque proporcionam uma estrutura à vida diária, constituindo um processo para a interação humana, que incluem todo tipo de limitação que as pessoas criam para tornar possível a vida em sociedade com base no respeito às regras (AREND; CARIO, 2005). GT 1 - Diagnóstico e Intervenção em Busca de Sistemas de Produção Sustentáveis Na sua definição amplamente citada, Douglas North (1991:3) diz que “as Instituições são as regras do jogo”, ou mais formalmente, são as restrições humanas criadas que moldam a interação humana. As instituições estruturam os incentivos na troca humana, seja política, social ou econômica. Elas moldam o modo como as sociedades evoluem ao longo do tempo e, portanto, é a chave para a compreensão da mudança histórica. As instituições formam a estrutura de uma sociedade, constituem os fundamentos determinantes da performance tanto econômica, social quanto política. O tempo histórico relacionado à mudança econômica e social, é a dimensão na qual o processo de aprendizado dos seres humanos produz a forma como as instituições evoluem (NORTH, 1991). Ambiente Organizacional O ambiente organizacional surge a partir de diversas organizações na busca de diferentes objetivos. Nas palavras de North (1991:5) as organizações, portanto, são os principais agentes de uma sociedade e dentro dessa categoria encontra-se os mais diversos entes que podem ser da seguinte forma: corpos políticos (partidos políticos, o Senado, a câmara dos deputados, agências reguladoras); corpos econômicos (empresas, sindicatos, sítios, cooperativas); corpos sociais (igrejas, clubes, associações desportivas); e organizações educativas (escolas, universidades, centro vocacionais de capacitação). Essas organizações adquirem especialização e conhecimento para que possam crescer, seja na área política ou econômica. Os setores que as organizações atuarem serão definidos pela matriz institucional vigente, e então as organizações tendem a canalizar seus recursos para esses setores, aumentando suas chance de sobrevivência (NORTH, 1994). Ambiente Tecnológico A tecnologia é um dos principais fatores, segundo Rocha Jr (2001), que influenciam a competitividade das organizações. Juntamente com o ambiente institucional e o ambiente organizacional, define-se o ambiente competitivo da uma atividade econômica regendo e condicionando as ações e estratégias dos agentes econômicos. Para Dosi (1982) a tecnologia tem sido um dos elementos que explicam as estruturas industriais e o comportamento competitivo dos setores e das empresas, podendo ser definida como “conjunto de partes do conhecimento prático e teórico, perícia, métodos, processos, experiências de sucessos e fracassos, dispositivos e equipamentos. As inovações tecnológicas e organizacionais tem possibilitado uma nova trajetória para a organização interna da firma e sua interação com o mercado. Mais precisamente, as inovações nos meios de comunicação e de transporte. As grandes empresas de 117 118 Anais do X Congresso da Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção equipamentos de geração, transmissão e distribuição de energia, químicas, fertilizantes e de petróleo passaram a liderar a indústria mundial, no século XX. Os mercados agroindustrial, eletrônicos exigem elevados investimentos em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P & D) e serviços, por sua vez uma maior capacidade organizacional (FREEMAN e PEREZ, 1988). Isto posto, faz-se necessário conhecer o potencial e perspectiva da produção do biogás do Oeste do Paraná, proveniente da criação de suínos, evidenciando o ambiente institucional, organizacional e tecnológico. O Biogás da atividade suína no Oeste Paranaense O Oeste do Paraná é conhecido pelo grande potencial do agronegócio na região, com elevada produção de aves, suínos e grãos. Nas últimas décadas esta região tem apresentado um potencial na produção de energia renovável, provindo da atividade suína. Diante deste potencial foi criado, no Oeste do Paraná o Centro de Estudos do Biogás – CEB, para o desenvolvimento de pesquisas que possam ser utilizadas por toda a cadeia de suprimentos do biogás do Brasil. Este Centro foi formado por meio de convênios entre a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, do Governo do Paraná, pela Itaipú e está sendo gerido no Parque Tecnológico Itaipú - PTI. O Centro desenvolveu uma plataforma tecnológica que está sendo aplicanda em diversas unidade produtoras de suínos em diversas cidades do Oeste, entre elas Marechal Cândido Rondon, São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Matelândia, Toledo, Vera Cruz do Oeste, Entre Rios do Oeste e Foz do Iguaçu, estando envolvidos granjas, condomínios, associações, cooperativas e os governos municipais. Dentre as metodologias desenvolvidas pode-se destacar a “Geração distribuída de Energia Elétrica” que consiste em conectar pequenos geradores de energia (abaixo de 1MW) na rede de distribuição. Itaipú (2011). Em relação as tecnologias desenvolvidas pelo Centro, pode-se destacar o SIGER – Sistema de informações Geográficas de Energias Renováveis para a América Latina e o Caribe, trata-se de um software livre que irá tratar a informação de maneira conjunta e georreferenciada. Também tem o Sistema de Informações Geográficas do Biogás - SIGBiogás, software livre que tem o objetivo de analisar o potencial de produção de biogás em propriedades rurais, Itaipú (2011). Em termos de produtos tecnológicos foi desenvolvido biodigestores para pequenas vasões a ser aplicado em propriedades de agricultura familiar. Desenvolveram também pequenos gasômetros para o armazenamento do biogás para ser aplicado em condomínios. Também desenvolveram gasodutos rurais que formarão uma rede para o transporte do biogás para outros pontos. O painel de comando e sin- GT 1 - Diagnóstico e Intervenção em Busca de Sistemas de Produção Sustentáveis cronização de energia elétrica gerada com a rede de distribuição. Um sistema de medição para monitoramento da operação dos biodigestores, gasoduto e unidades de produção, Itaipú (2011). Os estudos realizados são voltados para as diversas formas de utilização do biogás, dentre elas pode-se destacar a “Geração de Energia Térmica com Biogás” a ser utilizado em propriedades rurais e em secadores de grãos. Outro destaque é a “Geração de Energia Eletrica com Biogás” com a utilização de motores estacionários. Tem ainda a “Conversão do biogás em energia veicular”, utilizado como combustível, Itaipú (2011). O centro mantém um laboratório de biogás – Labiogás que tem o objetivo de realizar a análise de produção, caracterização e optimização do biogás, com base nos padrões de qualidade da Universidade de Boku, localizada em Vienna na Austria (ITAIPU, 2011). Na Tabela 1 apresenta-se a projeção e o potencial da geração de biogás. Em 2012 o Paraná teve a possibilidade de produzir 12.220.600m3 de biogás e traduzindo isto em produtos mais comuns para o nosso cotidiano foi elaborado a Tabela 2 que deixa mais claro o que isto significa. Tabela 1. Projeção de geração de biogás, biofertilizante e crédito de carbono para o Paraná. Fonte: IPEADATA (2012); (Oliveira (1993); Nogueira (1996), Santos e Oliveira (2011) e dados da pesquisa Tabela 2. Transformação da quantidade de biogas em produtos de nosso cotidiano Fonte: IPEADATA (2012); Oliveira (1993); Nogueira (1996), Santos e Oliveira (2011) e dados da pesquisa 119 120 Anais do X Congresso da Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção Ao ser calculado o valor da quantidade de litros de gasolina (R$3,00/L), que a produção de biogás no Paraná, no ano de 2012 corresponde, se obterá o valor de R$ 20.530.608,00 (vinte milhões, quinhentos e trinta mil, seiscentos e oito reais), é um valor significativo, se levado em consideração que veio de algo que só estava causando problemas aos produtores. Considerações Finais Este trabalho teve como objetivo de descrever o potencial e a perspectiva da produção de biogas no Oeste do Paraná. Em relação ao ambiente organizacional foi encontrado ações relativas a atividade suína, assim como no ambiente institucional. Foram encontradas associações de abrangência estadual, regional e municipais. A abordagem no ambiente tecnológico foi específica para a atividade de produção do biogás, onde foi verificado que existe tecnologia de ponta no que diz respeito a produção para consumo próprio, mas para o excedente esta tecnologia ainda não está bem difundida. Portanto chegou-se a conclusão que o Oeste do Paraná tem potencial e boas perspectivas na produção de biogas, uma que o Centro de Estudos do Biogás instalado na Itaipú está oferecendo excelentes serviços de pesquisa e extensão, contribuindo assim para o desenvolvimento e crescimento da atividade de exploração do biogás no Oeste do Paraná e no Brasil. Como sugestão para trabalhos futuros, seria interessante a apresentação de estudos de caso, pesquisa de campo para verificar a viabilidade, a rentabilidade e a satisfação daqueles que estão investindo e acreditando na produção do biogás. Referências AREND, M.; CÁRIO, S. A. F. 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