Pesquisa CNT do transporte marítimo 2012. – Brasília : CNT,
2012.
267 p.: il. color. ; mapas, gráficos.
1. Transporte marítimo – Brasil. 2. Portos - Brasil. 3.
Transporte de cargas. I. Título. II. Confederação Nacional do
Transporte.
CDU 656.61(81)
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................ 6
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 9
1.1. Objetivos .................................................................................................................................................. 12
1.2. Aspectos metodológicos .................................................................................................................... 12
2. SISTEMA PORTUÁRIO NO BRASIL........................................................................................ 15
2.1. Lei de Modernização dos Portos ..................................................................................................... 18
2.2. Principais evoluções dos dez anos após a Lei n.º 8.630/93.................................................... 20
2.3. Desenvolvimento do Sistema Portuário Nacional nos últimos anos (após 2003).............. 22
3. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL............... 27
3.1. Porto de Santos – SP .......................................................................................................................... 28
3.2 Porto de Itaguaí – RJ .......................................................................................................................... 32
3.3. Porto de Paranaguá – PR.................................................................................................................. 36
3.4. Porto de Rio Grande – RS ................................................................................................................. 39
3.5. Porto de Vila do Conde – PA ............................................................................................................ 42
3.6. Porto do Itaqui – MA ..........................................................................................................................46
3.7. Porto de Suape – PE ...........................................................................................................................49
3.8. Porto de São Francisco do Sul – SC ............................................................................................... 52
3.9. Porto de Vitória – ES..........................................................................................................................56
3.10. Porto do Rio de Janeiro – RJ .........................................................................................................60
3.11. Porto de Aratu – BA ...........................................................................................................................65
3.12. Porto de Itajaí – SC............................................................................................................................68
3.13. Porto de Fortaleza – CE.................................................................................................................... 70
4. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA ................................................................... 75
4.1. Movimentação marítima de cargas ................................................................................................ 76
4.2. Navegação de longo curso ............................................................................................................. 77
4.2.1. Natureza da carga ................................................................................................................ 79
4.2.2. Grupos de mercadorias .....................................................................................................80
4.2.3. Movimentação de carga por rotas oceânicas ..............................................................85
4.2.3.1. Exportação .............................................................................................................85
4.2.3.2. Importação ............................................................................................................89
4.3. Cabotagem .........................................................................................................................................94
4.3.1. Natureza da carga ...............................................................................................................96
4.3.2. Grupos de mercadorias ..................................................................................................... 97
4.3.3. Origem e destino das cargas............................................................................................98
4.4. Apoio marítimo e portuário ..........................................................................................................103
5. ECONOMIA, COMÉCIO EXTERIOR E TRANSPORTE MARÍTIMO .................................... 109
5.1. O crescimento econômico e o comércio internacional ..............................................................110
5.2. Movimentação de mercadorias....................................................................................................... 112
5.3. A importância do transporte marítimo para o comércio exterior brasileiro ....................... 113
5.3.1. Importações...........................................................................................................................114
5.3.2. Exportações .........................................................................................................................116
5.3.3. Balança comercial ............................................................................................................... 117
5.4. Vantagens do transporte marítimo ...............................................................................................118
5.5. Investimentos em transporte marítimo no Brasil.......................................................................119
6. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA ..............125
6.1. Qualiicação dos agentes marítimos ............................................................................................. 127
6.2. Operações portuárias ...................................................................................................................... 137
6.3. Infraestrutura e instalações portuárias .......................................................................................139
6.4. Mão de obra e serviços....................................................................................................................146
6.5. Atuação das autoridades públicas nos portos ............................................................................151
6.6. Análises por tipo de carga agenciada ..........................................................................................169
6.6.1. Infraestrutura e equipamentos portuários ...................................................................169
6.6.2. Operações portuárias ........................................................................................................181
7. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS ..................................................191
7.1. Infraestrutura portuária e de acesso ............................................................................................193
7.2. Oferta de navios de bandeira nacional .........................................................................................199
7.3. Marco regulatório pouco lexível e sem clareza jurídica ........................................................ 204
7.4. Burocracia e quantidade de órgãos envolvidos no setor ....................................................... 205
7.5. Tributação ......................................................................................................................................... 209
7.6. Qualiicação da mão de obra ........................................................................................................... 211
8. CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 215
ANEXOS ........................................................................................................................................ 219
Anexo 1 – Lei n.º 8.630/93 e suas alterações ....................................................................................220
Anexo 2 – Descrição das ações do PND .............................................................................................. 237
Anexo 3 – Execução do Orçamento Geral da União.........................................................................239
Anexo 4 – Formulário de Pesquisa - Agentes Marítimos ................................................................. 241
GLOSSÁRIO...................................................................................................................................251
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 264
APRESENTAÇÃO
O transporte marítimo é um importante elemento de
desenvolvimento para um país, pois viabiliza comércios
e torna as trocas mais rentáveis. A navegação marítima
é grande responsável pelo atual modelo globalizado de
negócios, e os portos são o ponto de encontro de um
país com o mercado internacional. A movimentação por
via marítima é ainda mais eiciente para o transporte de
grandes volumes a longas distâncias.
O Brasil, com um extenso litoral e como um dos principais
fornecedores de matéria-prima do mundo, faz uso desse
modal em larga escala, e vem aumentando suas relações
comerciais com o exterior. Somente em 2011, mais de
80% da corrente de comércio brasileira passou pelos
portos do país, o que totalizou cerca de US$ 387 bilhões
e 653 bilhões de toneladas transportadas.
Apesar das mudanças ocorridas nos últimos anos, os
portos ainda são um dos principais gargalos do transporte
no país. É preciso ampliar os investimentos e modernizar
e melhorar tanto a infraestrutura quanto os trâmites nos
portos brasileiros. Portos mais eicientes dinamizam as
cadeias produtivas e permitem maior competitividade
dos nossos produtos no mercado internacional.
Preocupada com o constante aperfeiçoamento do
transporte marítimo e ciente da carência de estudos nessa
área, a Confederação Nacional do Transporte realiza a
3ª edição da Pesquisa CNT do Transporte Marítimo. Esse
levantamento identiica informações prioritárias do setor
e fundamentais ao seu desenvolvimento. Desejamos,
com esta pesquisa, promover novas discussões e debates
acerca do tema, fortalecer a navegação marítima e,
dessa forma, contribuir positivamente para a melhoria
do transporte no Brasil.
Clésio Andrade
Presidente da CNT
01
INTRODUÇÃO
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Os recursos naturais de mares e oceanos, que ocupam aproximadamente 70% da
superfície terrestre, são utilizados pelo homem para sua sobrevivência desde o
primórdio da civilização. Inicialmente, as águas eram exploradas apenas para a
obtenção de alimentos, mas com o surgimento de novas necessidades também
passaram a servir como via para o transporte de mercadorias e passageiros. O
aperfeiçoamento, ao longo dos anos, da técnica de construção de embarcações e de
instrumentos náuticos permitiu o estreitamento entre nações por vias marítimas e
estabeleceu rotas comerciais que são utilizadas até os dias atuais.
O sistema aquaviário é dividido de acordo com a característica geográica da via
de navegação. O transporte luvial utiliza os rios navegáveis e o marítimo abrange
a circulação pelos mares e oceanos. Por se tratar de dois sistemas diferentes, esta
pesquisa é direcionada à análise do transporte marítimo, que é subdividido em quatro
tipos de navegação: longo curso, cabotagem, apoio marítimo e apoio portuário. A
navegação de longo curso é feita entre países, geralmente percorrendo longas
distâncias, enquanto a navegação de cabotagem é realizada entre os portos de um
mesmo país. O apoio marítimo, por sua vez, é a navegação realizada para apoio
logístico a embarcações e instalações em águas territoriais nacionais e na Zona
Econômica Exclusiva1 que atuem nas atividades de pesquisa e lavra de minerais
e hidrocarbonetos. Por im, a navegação de apoio portuário é aquela realizada
exclusivamente nos portos e terminais aquaviários para atendimento a embarcações
e instalações portuárias.
A navegação marítima tem como vantagens o reduzido índice de poluição ao
meio ambiente (quando comparada a outros modos de transporte), o baixo custo
para transporte por longas distâncias e em grandes quantidades e a interligação
entre os continentes. Dessa forma, o modo marítimo é utilizado por muitos países
como o principal meio de transporte para a realização de exportação e importação
de produtos, fazendo com que os portos tenham grande importância na cadeia
logística mundial.
Nesse contexto, o Brasil é privilegiado por possuir uma faixa litorânea com 7.367
km de extensão linear, conferindo enorme potencial para a utilização do transporte
marítimo de cargas e passageiros. Para dimensionar a relevância desse modo
de transporte para a economia nacional, 95,9% do total exportado e 88,7% das
importações foram feitas pelos portos em 2011. Segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, nesse mesmo ano, as exportações
por via marítima geraram a receita de US$ FOB2 215,9 bilhões, enquanto as
importações atingiram o montante de US$ FOB 171,4 bilhões.
Todavia, para alcançar a expressiva participação no comércio exterior, o Sistema
Portuário do Brasil passou por signiicativas mudanças. Assim, cita-se a Lei n.º
8.630/93, também conhecida como Lei de Modernização dos Portos, criada com
o intuito de reorganizar o sistema, que permite, inclusive, a concorrência entre os
portos. No âmbito da regulação aquaviária, destaca-se a criação da Agência Nacional
de Transportes Aquaviários - Antaq, pela Lei n.º 10.233/01, e da Secretaria Especial de
1. Segundo a Lei n.º 8.617/93, em seu Art. 6º, a Zona Econômica Exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende de 12 a 200 milhas marítimas,
contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.
2. Free on Board - FOB: expressão que faz parte do International Commercial Terms - Incoterms, utilizada para designar que o exportador é responsável pela
mercadoria até que ela esteja acondicionada no navio, no porto indicado pelo comprador.
10
01. INTRODUÇÃO
Portos - SEP, por meio da Medida Provisória n.º 369/07, que posteriormente teria seu
funcionamento consolidado pela Lei n.º 11.518/07.
Mesmo com o desenvolvimento recente, o Brasil ainda carece de melhorias no setor
portuário. No Relatório de Competitividade Global de 2012/2013 do Fórum Econômico
Mundial, foi avaliada a qualidade da infraestrutura portuária de 144 países, e a
infraestrutura portuária brasileira foi classiicada na 135ª posição, icando à frente
apenas da Venezuela, em relação aos países da América do Sul. Os dados dispostos
no Gráico 1 indicam a classiicação e respectivas notas de alguns dos países avaliados
que apresentam características geográicas ou econômicas similares às brasileiras.
Gráfico 1 - Avaliação da qualidade da infraestrutura portuária
5,7
5,6
5,2
5,1
Média mundial: 4,3
4,4
4,3
4,0
3,7
3,6
2,6
16-Canadá
19-EUA
34-Chile
38-Austrália
59-China
64-México
80-Índia
93-Rússia
101-Argentina
135-Brasil
A diiculdade de acessos rodoviário e ferroviário aos portos, a baixa disponibilidade
de terminais marítimos especializados, a profundidade limitada e o alto tempo médio
de espera de navios estão entre os principais problemas que contribuíram para essa
avaliação negativa do Sistema Portuário Nacional.
Segundo o Plano CNT de Logística e Transporte de 2011, seria necessário o investimento
mínimo de R$ 5,7 bilhões somente com obras urgentes de dragagem e derrocamento,
ampliação de extensão portuária, acessos terrestres e construção de novos portos.
Mesmo diante da eminente necessidade de aporte inanceiro, nos últimos dez anos o
governo federal investiu apenas R$ 3,5 bilhões, valor considerado insuiciente para a
manutenção e conservação da infraestrutura já instalada.
A Confederação Nacional do Transporte - CNT, por meio da Pesquisa CNT do
Transporte Marítimo 2012, busca realizar um diagnóstico desse tema, com a
caracterização da infraestrutura portuária disponível, assim como a identiicação
dos principais problemas pertinentes ao setor e a proposição de soluções. A
pesquisa justiica-se pela grande representatividade dos portos brasileiros no
comércio exterior e pela importância que o setor tem para a economia e para a
integração nacional.
A pesquisa apresenta em seu primeiro capítulo as considerações iniciais acerca
do tema, assim como os objetivos e os aspectos metodológicos que a nortearam. O
Capítulo 2 traz a caracterização do sistema aquaviário e o marco regulatório e legal. O
Capítulo 3 consiste no detalhamento dos principais portos do país. O Capítulo 4 aborda
11
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
as navegações de cabotagem, longo curso, apoio marítimo e portuário. O Capítulo 5
apresenta os aspectos econômicos e comerciais do transporte marítimo. Sob o ponto
de vista dos agentes marítimos, no Capítulo 6 são apresentados dados da avaliação de
satisfação dos usuários do transporte marítimo. O Capítulo 7 expõe os principais gargalos
institucionais, juridicos e operacionais do setor marítimo e as possíveis soluções. Por
im, no Capítulo 8 são feitas as considerações inais da pesquisa, complementadas pelo
glossário com termos técnicos do setor e pelos anexos.
1.1. Objetivos
Na expectativa de contribuir para o desenvolvimento do setor marítimo e trazer à
tona a necessidade de novas discussões e debates acerca do tema, a Pesquisa CNT
do Transporte Marítimo 2012 tem como objetivos:
• Analisar o atual Sistema Portuário Brasileiro e difundir informações relativas a ele;
• Identiicar as principais mudanças ocorridas no sistema portuário nos últimos anos;
• Avaliar o nível de satisfação dos agentes marítimos com relação à navegação de
longo curso e de cabotagem;
• Identiicar os gargalos e deiciências do transporte marítimo brasileiro;
• Elaborar propostas de soluções para os problemas identiicados no sistema portuário;
• Oferecer subsídios para a elaboração de novos estudos e pesquisas para o
desenvolvimento do modo aquaviário.
1.2. Aspectos metodológicos
A Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012 traça um panorama do setor
marítimo nacional e também avalia, sob o ponto de vista dos usuários, a qualidade
dos serviços marítimos. Para isso, é realizada uma análise do Sistema Portuário
Brasileiro, contemplando a navegação de longo curso e de cabotagem, alguns
aspectos da navegação de apoio marítimo e de apoio portuário e o respectivo marco
regulatório e legal. Também são identiicados e caracterizados os portos com maior
movimentação de cargas. Após a análise do sistema portuário, são apresentados
os resultados das entrevistas realizadas com os usuários da navegação marítima.
A partir das respostas e das análises, são identiicados os principais gargalos e
propostas as soluções para os entraves. A Figura 1 ilustra de forma esquemática as
etapas metodológicas do trabalho.
A seleção dos usuários, assim como a elaboração do questionário aplicado, contou
com a contribuição da Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima Fenamar e da Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial,
Lacustre e de Tráfego Portuário - Fenavega, ailiadas da CNT.
12
01. INTRODUÇÃO
Figura 1 - Etapas metodológicas
Caracterização do Sistema
Análise dos Portos
Apresentação do
transporte marítimo
Detalhamento dos
principais portos
Detalhamento do marco
regulatório e legal
Análise do sistema
portuário
Nível de Serviço
Definição da amostra
de usuários
Elaboração do
questionário
Aplicação do
questionário
Análise da navegação
de longo curso e
cabotagem
Banco de dados
Avaliação dos
gargalos
Análise dos
serviços prestados
Propostas de
soluções
Elaboração do
relatório
13
02
SISTEMA
PORTUÁRIO
NO BRASIL
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
A primeira grande experiência do Brasil no cenário do comércio internacional tem
como marco o ano de 1808, graças ao Decreto de Abertura dos Portos, promulgado
na época por Dom João 6o, príncipe regente da coroa portuguesa. Novo impulso
ao melhoramento e aparelhamento dos portos nacionais foi obtido com a Lei das
Concessões, do ano de 1869, permitindo a participação da iniciativa privada no
inanciamento de obras portuárias.
Na década de 30, o Estado passou a assumir a responsabilidade pelos investimentos no
Sistema Portuário Nacional. Para gerenciar esse processo, foi criado o Departamento
Nacional de Portos e Navegação - DNPN, em 1934. O DNPN passou por diversas
transformações ao longo dos anos, sendo alterado para Departamento Nacional de
Portos, Rios e Canais - DNPRC, em 1943, que, por sua vez, foi transformado em uma
autarquia, no ano de 1963, como Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis
- DNPVN. Em 1975, o DNPVN foi extinto e deu origem à Empresa de Portos do Brasil
- Portobrás, que atuava como autoridade portuária nacional, sendo responsável
pela exploração econômica e administração direta dos portos, ou por meio de suas
subsidiárias, denominadas Companhias Docas.
Figura 2 - Portos públicos
Santarém
Vila do Conde
Belém
Manaus
Santana
RR
AP
Itaqui
Fortaleza
AM
PA
CE
MA
AL
SE
RO
Maceió
BA
MT
34
Salvador
Aratu
Ilhéus
DF
GO
MG
ES
MS
PORTOS
PÚBLICOS
MARÍTIMOS
São Sebastião
Santos
PR
SC
16
Barra do Riacho
Vitória
RJ
SP
Antonina
Paranaguá
RS
Fonte: Modificado de Antaq
Recife
Suape
PE
TO
Cabedelo
RN
PB
PI
AC
Areia Branca
Natal
Porto Alegre
Pelotas
Rio Grande
São Franscisco do Sul
Itajaí
Imbituba
Laguna
Forno
Niterói
Rio de Janeiro
Itaguaí (Sepetiba)
Angra dos Reis
02. SISTEMA PORTUÁRIO NO BRASIL
Em 1990, com a extinção da Portobrás, o Sistema Portuário Brasileiro passou a ser
administrado pelas Companhias Docas. Para suprir a lacuna deixada pela Portobrás, foi
promulgada a Lei n.º 8.630/93, que visou contribuir para a modernização portuária e
estabelecer diretrizes para o desenvolvimento do setor. Posteriormente, com vistas à
estruturação institucional e o aperfeiçoamento da gestão portuária, foi criada a Agência
Nacional de Transportes Aquaviários - Antaq, em 2001, e a Secretaria Especial de Portos
- SEP, em 2007.
Assim, o atual Sistema Portuário Marítimo Brasileiro é composto por 34 portos públicos
organizados, como mostra a Figura 2, sendo que 16 portos são delegados, concedidos
ou administrados por governos estaduais ou municipais e 18 portos são administrados
pelas Companhias Docas. O sistema portuário conta também com 130 terminais de uso
privativo – TUPs, como mostra a Figura 33, dos quais 73 apresentaram movimentação
marítima no ano de 2011.
A Constituição Federal estabelece que a exploração e administração da atividade
portuária enquanto serviço público compete à União, podendo ocorrer diretamente ou
mediante concessão, permissão ou autorização. No modelo brasileiro, o Estado assume
a responsabilidade pelos investimentos em infraestrutura, enquanto o setor privado,
quando houver concessões, é responsável pelos investimentos em superestrutura e pela
operação portuária.
Figura 3 - Terminais de uso privativo
RR
2 TUPs
AP
3 TUPs
14 TUPs
1 TUP
13 TUPs
AM
CE
MA
PA
PB
PI
AC
7 TUPs
PE
AL
TO
1 TUP
RO
2 TUPs
RN
SE
BA
MT
1 TUP
2 TUPs
8 TUPs
DF
GO
130
MG
6 TUPs
TERMINAIS
PORTUÁRIOS DE
USO PRIVATIVO
(TUPs)
ES
MS
RJ
SP
5 TUPs
9 TUPs
22 TUPs
7 TUPs
PR
SC
11 TUPs
RS
16 TUPs
Fonte: Modificado de Antaq
3. Dados da Antaq de abril de 2012. Alguns TUPs não registraram movimentação no ano de 2011, outros apresentaram somente movimentação na navegação
interior.
17
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
O Sistema Portuário Público é, por deinição legal, destinado ao atendimento dos
usuários que solicitam o serviço marítimo, de maneira isonômica, com a obrigação da
prática de tarifas módicas. Não há restrição com relação ao volume e tipo de carga a
ser movimentada, desde que o porto seja dotado de condições técnicas e operacionais
para o atendimento. Por sua vez, os terminais de uso privativo podem ser utilizados
para movimentação de cargas próprias, para uso misto (Decreto n.º 6.620/084), para
movimentação de passageiros em instalação portuária de turismo (Lei n.º 11.314/06) e
como estação de transbordo de cargas (Lei n.º 11.518/07). Em todos os casos, é necessária
a autorização da União, por parte da Antaq, para construção e exploração dos terminais.
Nas seções seguintes, o Sistema Portuário Brasileiro é caracterizado, inicialmente
com a apresentação da Lei n.º 8.630/93 (apresentada na íntegra no Anexo 1 desta
pesquisa) e demais leis complementares, principal marco regulatório do setor. Também
são ressaltados os avanços obtidos na primeira década após a Lei de Modernização
dos Portos, bem como as evoluções ocorridas na última década. Cabe ressalvar
que não se busca esgotar aqui todo o assunto, por se tratar de um tema extenso e
com vasta legislação, sendo o foco apenas os fatos mais relevantes para o sistema
portuário vigente.
2.1. Lei de Modernização dos Portos
A Lei n.º 8.630/93 é o principal instrumento legal do setor. Ela trata do regime jurídico
da exploração dos portos organizados e das instalações portuárias. Composta por nove
capítulos, em seu contexto, a lei possui três grandes objetivos.
• Criar mecanismos para a concessão da operação e arrendamento de áreas
portuárias como alternativa para viabilizar a modernização do sistema portuário e
a arrecadação de recursos para o governo;
• Incentivar a concorrência entre os portos e terminais, fomentando a prática de
preços módicos e a redução de custos;
• Reformular as relações de trabalho e eliminar a prática de monopólio dos sindicatos
dos trabalhadores portuários.
A referida lei induziu mudanças nas áreas administrativa e operacional de cada porto
organizado5. No âmbito administrativo, instituiu-se a Administração do Porto Organizado
- APO, composta pelo Conselho de Autoridade Portuária - CAP e pela Administração do
Porto - AP, que devem atuar em harmonia com as autoridades aduaneira, marítima,
sanitária, de saúde e de polícia marítima.
O CAP é um órgão voltado para iscalização, planejamento e administração do
porto organizado, sendo formado por quatro blocos: o do Poder Público, com três
representantes, o dos operadores portuários, com quatro representantes, o da classe
4. Pelo decreto, é facultada ao proprietário do terminal portuário a movimentação de cargas de terceiros, compatível com as características operacionais
do terminal, desde que comprovada a movimentação preponderante de carga própria.
5. Porto construído e aparelhado para atender às necessidades da navegação, da movimentação de passageiros ou da movimentação e armazenagem de
mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de uma autoridade portuária (redação dada
pela Lei n.º 11.314/06).
18
02. SISTEMA PORTUÁRIO NO BRASIL
dos trabalhadores portuários, com quatro representantes, e o dos usuários dos serviços
portuários e ains, com cinco representantes. Cada bloco tem direito a um voto, e os
quatro blocos deliberam entre si sobre as decisões do CAP. Em caso de empate, o
presidente do conselho, que pertence ao bloco do Poder Público, terá o voto de minerva.
Por sua vez, a AP é o órgão responsável pela execução do que é planejado pelo CAP. É
responsável pela administração e pelo gerenciamento do patrimônio, além de fornecer
os dados necessários ao CAP para avaliações de desempenho e eiciência do porto.
No que diz respeito à operação portuária, a Lei n.º 8.630/93 introduziu a igura
do operador portuário, que é a pessoa jurídica pré-qualiicada para a execução e
organização da operação portuária na área do porto organizado. Com a atuação
do operador portuário, ocorreu a quebra de monopólio exercida pelas Companhias
Docas, que representam a Administração do Porto.
No mesmo sentido, o Órgão Gestor de Mão de Obra - OGMO é responsável pela
administração, contratação, formação de escala e alocação de trabalhadores portuários
e trabalhadores portuários avulsos. Assim, com sua criação, o monopólio dos sindicatos
dos trabalhadores portuários avulsos no fornecimento e na escalação de mão de obra
deixou de existir. Essa modiicação na relação da prestação do serviço portuário visou
também à redução do custo de movimentação da carga, dimensionando corretamente
as equipes de trabalho.
Para incentivar a redução do contingente, a Lei n.º 8.630/93 proporcionou uma
alternativa para o cancelamento do registro de trabalhadores portuários avulsos
até a data de 31 de dezembro de 1994, garantindo o saque do saldo do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e indenização6. Os trabalhadores portuários
avulsos que solicitaram o cancelamento do registro para constituírem sociedade
comercial para o exercício da atividade de operador portuário tiveram direito à
complementação da indenização7.
Para arcar com os custos provenientes dos cancelamentos dos registros supracitados,
foi criado o Adicional de Indenização do Trabalhador Portuário Avulso - AITP, que teve
vigência até o ano de 1997. Tratava-se de um adicional8 ao custo das operações de
embarque e desembarque de mercadorias importadas ou exportadas por navegação
de longo curso. Durante o período de vigor, entre 1994 e 1997, o AITP arrecadou
aproximadamente R$ 237,3 milhões.
Todavia, nos primeiros anos após a promulgação da Lei de Modernização dos Portos,
existiram diiculdades para a implantação das mudanças no setor marítimo, como
a relutância dos sindicatos em aceitar as alterações que passariam a vigorar e a
existência de interpretações divergentes da própria Lei n.º 8.630/93. Para sanar
problemas pontuais e continuar a fomentar o desenvolvimento portuário nacional,
o governo elaborou novas leis e decretos para o aperfeiçoamento da iscalização,
administração e operação dos portos. Entre eles, destaca-se o Decreto n.º 1.467/95,
que cria o Grupo Executivo para a Modernização dos Portos - Gempo, e a Lei n.º
6. Correspondente a Cr$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de cruzeiros).
7. Correspondente a Cr$ 12.000.000,00 (doze milhões de cruzeiros).
8. Equivalente a 0,7 (sete décimos) de Unidade Fiscal de Referência - Uir por tonelada de granel sólido, 1 (uma) Uir por tonelada de granel líquido e 0,6 (seis
décimos) de Uir por tonelada de carga geral, solta ou unitizada.
19
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
10.223/01, que resultou na criação do Departamento Nacional de Infraestrutura e
Transporte - DNIT, além da criação da própria Antaq, que serão detalhados a seguir.
2.2. Principais evoluções dos dez anos após a Lei n.º 8.630/93
Em 27 de abril de 1995, por meio do Decreto n.º 1.467, foi criado o Grupo Executivo
para a Modernização dos Portos - Gempo, com o objetivo de coordenar as providências
necessárias para a modernização do Sistema Portuário Brasileiro e promover a
efetivação plena da Lei n.º 8.630/93. O grupo, ainda em atividade, é composto por
cinco representantes, sendo um de cada ministério: dos Transportes, do Trabalho,
da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e por um representante da
Marinha do Brasil.
O Gempo tem como principais atribuições a elaboração, implantação e monitoramento
do Programa Integrado de Modernização Portuária - Pimop 9. Também atua no
sentido de acelerar a implementação de medidas para descentralizar a execução
dos serviços portuários prestados pela União, além de adotar providências que
estabeleçam o novo ordenamento das relações entre os trabalhadores e os usuários
dos serviços portuários e adotar medidas visando o efetivo funcionamento dos
OGMOs e dos CAPs, bem como a racionalização das estruturas e procedimentos
das administrações portuárias.
Ainda no ano de 1995, por meio do Decreto n.º 1.596, o Gempo icou responsável
pelo levantamento dos trabalhadores portuários em atividade, com a inalidade de
apoiar o planejamento do treinamento e da habilitação proissional do trabalhador
portuário, com vínculo empregatício e avulso, e fornecer subsídios à tomada de
medidas que contribuíssem para o equilíbrio social nas relações capital-trabalho. Entre
outros objetivos, esse levantamento visava fornecer elementos que possibilitassem
a iscalização da atuação dos OGMOs, além de atender a outras necessidades
consideradas essenciais ao planejamento econômico e social.
Simultaneamente com a atuação do Gempo, outro passo em prol da melhoria da
qualidade da prestação do serviço portuário foi dado em novembro de 1995, com a
implantação do Programa de Privatização dos Portos, coordenado pelo Ministério
dos Transportes. O programa visava buscar parcerias com o setor privado para
reduzir os custos e otimizar o uso das instalações portuárias para o arrendamento
de áreas e instalações em todos os portos públicos, na modalidade de leilão ou
concorrência pública.
A continuidade da política do Programa de Privatização dos Portos se deu com a Lei
n.º 9.277/96, regulamentada pelo Decreto n.º 2.184/97, que autorizava a União, por
meio do Ministério dos Transportes, a delegar a administração e a exploração dos
portos públicos aos municípios ou Estados da Federação, com prazo de 25 anos e
possibilidade de prorrogação por igual período.
Outras normas foram lançadas para complementar e melhorar a regulação, operação
e desenvolvimento do transporte marítimo. Em 1996, por exemplo, foi promulgado o
9. A 1ª fase do programa foi implantada no período de 1996 a 1999 e a 2ª fase entre 1999 e 2003.
20
02. SISTEMA PORTUÁRIO NO BRASIL
Decreto n.º 1.912 que dispunha, principalmente, sobre o alfandegamento de portos
organizados e instalações portuárias de uso público e de uso privativo. Esse Decreto
foi válido até 2002, quando foi revogado pelo Decreto n.º 4.543 que, além de tratar do
alfandegamento, também regulamentava a administração das atividades aduaneiras,
a iscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior 10.
O Programa de Harmonização das Atividades dos Agentes de Autoridade nos Portos
- Prohage foi instituído pela Portaria Interministerial n.º 11/97 e envolvia as áreas de
saúde, agricultura, transporte, indústria e fazenda. A coordenação do programa estava
a cargo do Gempo e seu principal objetivo era agilizar as atividades de despacho de
embarcações, cargas, tripulantes e passageiros e reduzir os custos portuários. Além da
criação do Prohage, a portaria também criou a Comissão Nacional de Harmonização
das Atividades dos Agentes de Autoridade nos Portos, que teve seu regimento interno
aprovado em fevereiro de 1998.
Entre as atribuições da comissão acima citada destacavam-se: a análise da
legislação aplicável para eliminação de sobreposições de competências e a
harmonização das atividades dos agentes portuários; a compatibilização das
exigências de iscalização com a necessidade de tornar mais ágeis os despachos,
adequando essas exigências aos padrões internacionais. A comissão também
era responsável pela revisão de critérios de seletividade para as atividades de
iscalização e proposição de medidas que possibilitassem o aperfeiçoamento do
luxo de informações e despacho por meio eletrônico.
Havia ainda as comissões locais que, similarmente à comissão nacional, tinham como
objetivo racionalizar as atividades de despacho de embarcações, cargas, tripulantes e
passageiros; harmonizar as ações dos agentes de autoridade na aplicação das normas
e recomendações da Organização Marítima Internacional - IMO relativas à facilitação
do Tráfego Marítimo Internacional; propor a revisão e a atualização de normas e
procedimentos relacionados à legislação interna e ações com vistas a tornar mais
ágeis os trâmites dos documentos. Durante a vigência do Prohage, foram instaladas
19 comissões locais nos principais portos do país. Essas comissões foram ativas na
busca de soluções para os problemas dos portos, sendo que, atualmente, o estado do
Espírito Santo é o único a contar com um Prohage de maneira efetiva e atuante.
O Prohage foi uma iniciativa muito importante para o setor portuário, pois fomentou
uma mudança dos agentes da iscalização portuária, dando mais transparência e
agilidade ao processo. Até hoje é um tema relevante ao Sistema Portuário Nacional,
e o setor aquaviário tem procurado fomentar a reativação do Prohage, inclusive
com solicitação formal à SEP nesse sentido, mas com um formato diferente do
anterior, permitindo a participação direta do setor privado nas reuniões, ao passo
que, no antigo modelo, o setor privado era convidado esporadicamente para discutir
temas especíicos.
Em 1998, também foi aprovada a Lei n.º 9.719 que regulamenta algumas atribuições
dos OGMOs, aborda as normas e condições gerais de proteção ao trabalho portuário
e institui multas pela inobservância de seus preceitos, entre outras providências.
10. Atualmente essas questões são regulamentadas pelo Decreto n.º 6.759/09, que trata das mesmas questões do Decreto n° 4.543/02, que foi então
revogado.
21
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Entre os avanços mais importantes do setor na primeira década após a Lei de
Modernização dos Portos, destaca-se a Lei n.º 10.223/01, que reestruturou a
estrutura administrativa do setor de transportes, que passou a ser regulado por
agências independentes. Essa lei resultou na criação do Departamento Nacional
de Infraestrutura e Transporte - DNIT, além da criação da própria Antaq, que tem
como inalidades:
I - Implementar, em sua esfera de atuação, as políticas formuladas pelo
Ministério dos Transportes e pelo Conselho Nacional de Integração de Políticas
de Transporte - Conit, segundo os princípios e diretrizes estabelecidos na Lei n.º
10.233/01; e
II - Regular, supervisionar e iscalizar as atividades de prestação de serviços de
transporte aquaviário e de exploração da infraestrutura portuária e aquaviária,
exercida por terceiros, com vistas a
a) Garantir a movimentação de pessoas e bens, em cumprimento a
padrões de eiciência, segurança, conforto, regularidade, pontualidade e
modicidade nos fretes e tarifas;
b) Harmonizar os interesses dos usuários com os das empresas
concessionárias, permissionárias, autorizadas e arrendatárias e de
entidades delegadas, preservando o interesse público; e
c) Arbitrar conlitos de interesse e impedir situações que conigurem
competição imperfeita ou infração contra a ordem econômica.
O inal dos dez anos após a Lei n.º 8.630/93, mais especiicamente o período até março
de 2003, foi ainda marcado por dois importantes decretos. O Decreto n.º 4.406/02,
que estabelece as diretrizes para a iscalização em embarcações comerciais de
turismo, seus passageiros e tripulantes; e o Decreto n.º 4.543/02, que regulamenta
a administração das atividades aduaneiras e a iscalização, o controle e a tributação
das operações de comércio exterior.
2.3. Desenvolvimento do Sistema Portuário Nacional nos
últimos anos (após 2003)
Diante da necessidade de criar um fórum permanente de negociação para as questões
referentes às relações de trabalho e segurança e saúde no trabalho no setor portuário,
em setembro de 2003, foi criada a Comissão Nacional Permanente Portuária - CNPP 11.
A CNPP tinha como objetivo promover o diálogo entre trabalhadores, empregadores
do setor portuário e o governo federal e iscalizar práticas ilegais na contratação de
mão de obra, além de coibir irregularidades no setor.
Em abril de 2011, essa norma foi modiicada, conforme Portaria n.º 819/11 do
Ministério do Trabalho e Emprego, alterando o nome do comitê para Comissão
Nacional Portuária - CNP, modiicando também as diretrizes da instituição. A partir
11. PRT/MT n.º 1.093/03 - D.O.U. de 11/9/2003, pág. 78.
22
02. SISTEMA PORTUÁRIO NO BRASIL
de 2011, a regulamentação direciona as discussões da instituição para sugestão
de novas propostas que melhorem o funcionamento do setor, em especial para
assuntos relativos às relações de trabalho. A comissão também abriu espaço para
mais representantes das centrais sindicais e reforçou sua competência de elaborar
soluções para os entraves trabalhistas.
Do mesmo modo, em 2004, foram realizadas diversas visitas e pesquisas nos principais
portos do Brasil, coordenadas pela Casa Civil da Presidência da República, para a
elaboração de ações de emergência em busca da melhoria do desempenho portuário
nacional. As atividades deram origem ao plano emergencial de investimentos,
chamado de Agenda Portos, que fora criada para realizar diagnósticos dos portos de
Santos - SP, Rio Grande - RS, Salvador e Aratu - BA, Sepetiba (atualmente porto de
Itaguaí) e Rio de Janeiro - RJ, São Francisco do Sul e Itajaí - SC, Vitória - ES, Itaqui MA e Paranaguá - PR. Também fez parte da Agenda Portos, a Medida Provisória n.º
217/04, convertida na Lei Orçamentária n.º 11.093/05, que destinou recursos para as
Companhias Docas dos estados do Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro.
O empenho do governo em renovar o modelo de gestão do setor portuário brasileiro
teve continuidade com outra medida importante, no ano de 2007, por meio da Medida
Provisória n.º 369/07 que criou a Secretaria Especial de Portos - SEP da Presidência da
República. Alguns meses depois, em setembro de 2007, a Lei n.º 11.518/07 consolidou o
funcionamento da secretaria, que tem status de ministério, na tentativa de melhorar a
competitividade e a eiciência dos portos brasileiros. Entre as atribuições desse órgão
está a formulação de políticas e diretrizes para o desenvolvimento do setor, visando
a segurança e a eiciência do transporte aquaviário de cargas e de passageiros e a
deinição das prioridades dos programas de investimentos.
A SEP implanta e coordena diversos projetos essenciais ao desenvolvimento do setor.
Destaca-se o Programa Nacional de Dragagem Portuária e Hidroviária - PND, implantado
pela Lei n.º 11.610/07, que tem como objetivo mitigar os efeitos de grandes gargalos
da logística portuária. O programa foi elaborado para contemplar obras e serviços
de engenharia de dragagem 12 do leito das vias aquaviárias, envolvendo atividades
de remoção de material sedimentar submerso e escavação ou derrocamento13 do
leito, proporcionando a manutenção e a ampliação da profundidade dos portos, a im
de possibilitar a entrada de embarcações maiores. As ações previstas no PND, com
suas datas previstas de início e término, bem como o valor total a ser investido pelo
Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, estão detalhadas no Anexo 2.
Já no ano de 2010, em uma iniciativa voltada para a redução da burocracia nos portos, a
SEP começou a desenvolver o projeto Porto Sem Papel - PSP, voltado a implementação
de um sistema com capacidade de receber, concentrar e gerenciar todas as informações
relativas aos processos e pedidos de atracação e desatracação das embarcações em
portos brasileiros, objetivando dar maior agilidade e melhor qualidade ao luxo de
informações e concessões de anuências pelas autoridades nos portos.
O PSP visa obter consideráveis melhorias na movimentação de mercadorias atreladas
aos processos de importação e exportação. Esse sistema cria uma janela única
12. Técnica de engenharia utilizada para retirada de sedimentos do fundo do leito de vias aquaviárias.
13. Consiste na retirada ou destruição de rochas submersas que prejudicam a plena navegação.
23
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
portuária, a partir de um portal de informações, que integra, em um banco de dados,
as informações de interesse dos diversos órgãos públicos14 que operacionalizam e
gerenciam as estadias de embarcações nos portos marítimos brasileiros. Com essa
janela única, são eliminados os trâmites de 112 documentos, em diversas vias, e 935
informações em duplicidade para seis autoridades conveniadas com o novo sistema
no momento de seu lançamento em agosto de 2011 no Porto de Santos.
A estrutura do sistema permite eliminar os procedimentos tradicionais, nos quais
as agências marítimas emitem inúmeros formulários e executam ações por meios
não informatizados. Ao mesmo tempo, o PSP permite obter, por parte dos órgãos,
anuentes cooperados a emissão das anuências para atracação, desatracação e início
da operação portuária. Segundo o último balanço do PAC, lançado em novembro de
2012, o PSP já está em funcionamento em 26 portos e a previsão da SEP é implantá-lo
em 32 portos públicos até maio de 2013. Ao inal da implantação total do PSP, todos
os envolvidos no processo de estadia dos navios terão acesso às informações por
meio eletrônico e sem redundância nos dados.
Em 2008, por meio do Decreto n.º 6.620/08, foi regulamentado o requerimento
de empresas privadas para a abertura de processo licitatório de arrendamento de
terminais públicos em portos existentes. Em atendimento ao que está disposto nesse
decreto, a Antaq elaborou o Plano Geral de Outorgas - PGO do subsetor portuário,
que consistiu na identiicação de áreas prioritárias para a instalação de novos
portos públicos ou áreas concentradoras de terminais de carga. O referido plano foi
concluído em 2009 e identiicou 19 áreas e 45 subáreas com potencial para receber
os novos portos ou ampliar aqueles que já estão em operação. Por meio do PGO, o
governo, além de decidir quais as regiões do país que demandam novos portos, acena
com a possibilidade de abertura de espaço para investimentos privados, projetando
horizontes de investimentos para o setor até 2023.
No ano de 2009, pela Portaria SEP n.º 104/09, foi criado e estruturado o Setor de
Gestão Ambiental e de Segurança e Saúde no Trabalho - SGA nos portos e terminais
marítimos, bem como naqueles outorgados às Companhias Docas. O objetivo do SGA é
efetuar ações e estudos vinculados à gestão ambiental, especialmente o licenciamento
ambiental, para os ins do disposto no Art. 6º da Lei n.º 11.610/07, além de estudos
e ações decorrentes dos programas ambientais e aqueles relativos à segurança e à
saúde no trabalho. A atuação do SGA abrange a área do porto organizado e deve
respeitar as necessidades e peculiaridades de cada porto.
A SEP também vem desenvolvendo o Plano Nacional de Logística Portuária - PNLP, que
busca traçar uma estimativa preliminar de investimentos para os próximos 20 anos.
A previsão é que o PNLP seja divulgado ainda em 2012 e que crie um plano diretor
para os portos brasileiros, fazendo uma articulação entre os modos de transporte
aquaviário, rodoviário, aeroviário e ferroviário. A Fenavega e a Fenamar contribuíram
com sugestões e reivindicações para nortear o desenvolvimento do PNLT, expondo as
expectativas do setor privado para as políticas públicas a serem propostas.
14. Entre os principais órgãos que tem interface na operação portuária, citam-se: Receita Federal, Anvisa, Ministério da Agricultura, Marinha do Brasil, Polícia
Federal e Autoridade Portuária.
24
02. SISTEMA PORTUÁRIO NO BRASIL
Por im, vale destacar a Portaria SEP n.º 108/10, que disciplina a abertura de portos
privados. A portaria também versa que os portos poderão ser licitados a partir da
manifestação de interesse, mesmo que a área não esteja contemplada no PGO. E,
também, por interesse público deinido pela SEP. Os interessados em portos terão de
desenvolver estudos de viabilidade técnica, econômica, ambiental e operacional, que
serão submetidos à SEP e à Antaq. A portaria abre oportunidade, ainda, para a criação
de autoridade portuária privada e do respectivo Conselho de Autoridade Portuária CAP. Segundo a portaria, torna-se possível a abertura de concessão para prestação
de serviços a terceiros, eliminando-se a exigência de os interessados possuírem carga
própria. Os contratos de concessão terão validade de 25 anos, prorrogáveis por mais 25.
Destaca-se a Resolução n.º 2.386/12, que tornou sem efeito a decisão que aprovou a
proposta de norma sobre a adaptação dos contratos de arrendamentos celebrados
antes da edição da Lei n.º 8.630/93. Deste modo, os novos contratos de concessão já
entrarão em vigor nos 77 terminais portuários, em 15 portos, cujos contratos estão
prestes a inalizar. Os portos de Santos e do Rio de Janeiro devem ser os primeiros a
ser licitados no novo regime, ainda em 2012, pois vencem em 2013 e seus contratos
não serão prorrogados.
Nesse sentido, em dezembro de 2012, o governo federal lançou o Programa de
Investimentos em Logística - PIL para os portos. Uma das medidas anunciadas foi
adotar novos critérios para arrendamento, concessão e autorização para portos e
terminais portuários. Uma inovação do programa é o im da restrição dos terminais
privados e privativos, no que se refere à movimentação de cargas de terceiros, a im
de eliminar barreiras e reduzir os custos de movimentação, além de melhor aproveitar
a infraestrutura portuária. Outra ação no sentido de reduzir custos, é aumentar o
número de práticos e permitir que comandantes brasileiros façam as manobras,
medida que tende a desonerar, principalmente, a movimentação de cabotagem.
Com o intuito de aumentar a eiciência dos portos e a competitividade dos produtos
brasileiros, foram anunciados no programa investimentos da ordem de R$ 60,6
bilhões. Desses, R$ 54,2 bilhões são em concessões, arrendamentos e TUPs e R$ 6,4
bilhões em acessos hidroviários, rodoviários, ferroviários e pátios de regularização
de tráfego. Esses investimentos são previstos para serem concluídos até 2017, sendo
grande parte deles investimentos privados, embora não tenha sido anunciada a
precisa divisão dos recursos que caberão ao governo.
25
03
CARACTERIZAÇÃO
DOS PRINCIPAIS PORTOS
ORGANIZADOS DO BRASIL
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
No ano de 2011, 13 dos 34 portos organizados responderam por 90% da carga transportada
por esse tipo de instalação portuária15. São eles: Santos - SP, Itaguaí - RJ, Paranaguá –
PR, Rio Grande – RS, Vila do Conde - PA, Itaqui – MA, Suape – PE, São Francisco do Sul
– SC, Vitória – ES, Rio de Janeiro – RJ, Aratu – BA, Itajaí – SC e Fortaleza – CE. As seções
a seguir apresentam as características gerais desses portos.
3.1. Porto de Santos – SP
O porto de Santos, com área de 7,7 milhões de m2, sendo 3,7 milhões de m2 na margem
direita e 4,0 milhões de m2 na margem esquerda, faz parte da Região Metropolitana da
Baixada Santista (composta pelos municípios de Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém,
Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente), no litoral do estado de São Paulo
(Figura 4), e é administrado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo - Codesp.
Sua área de inluência primária abrange os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Beneicia-se por estar em um local estratégico,
especialmente pelo fato do estado de São Paulo ser um dos maiores e o mais
diversiicado centro econômico do Brasil, o que proporciona grande demanda pelos
serviços portuários. O porto de Santos é de vital importância também para a cadeia
logística dos estados da região Centro-Oeste e de Minas Gerais, que não possuem
acesso ao mar, tornando-se uma alternativa ao escoamento da produção para o
comércio exterior.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado de São Paulo atingiu o
montante de R$ 1,1 trilhão, valor correspondente a 33,5% do PIB nacional. Já os
outros estados da área de inluência primária do porto de Santos possuem juntos um
PIB de R$ 466,3 bilhões, valor correspondente a 14,4% do PIB nacional. Logo, a área
de inluência primária do porto representa 47,9% do PIB brasileiro.
Possui acessos rodoviários pelo sistema Anchieta-Imigrantes, SP-150/SP-160, rodovia
Cônego Domênico Rangoni-SP, rodovia Rio-Santos, BR-101, e rodovia Padre Manoel da
Nóbrega-SP. Por ferrovias, o porto conecta-se com a MRS Logística S.A., com a América
Latina Logística - ALL Malha Paulista e com a Ferrovia Centro Atlântica - FCA.
Considerado o maior porto da América Latina, o porto de Santos opera todos os dias,
inclusive nos ins de semana e feriados, por 24 horas. A profundidade16 máxima do
canal de navegação da Barra até a Torre Grande é de 13,3 m e da Torre Grande até a
Alamoa é de 12,2 m. Com as obras de dragagem de aprofundamento, derrocamento
das pedras de Teffé e Itapema e a remoção do navio Ais Giorgis, o porto passará a
operar com profundidade de 15,0 m e alargamento de 220 m, o que possibilitará o
tráfego de navios em mão dupla e com maior calado.
As instalações do porto possuem 13 km de extensão de cais, contando com 53 berços
públicos e 11 privados. A capacidade de armazenamento do porto é de, aproximadamente,
700 mil m3 para granéis líquidos, armazéns para acondicionar mais de 2,5 milhões de
toneladas de granéis sólidos e área de pátio de mais de 981 mil m2.
15. Considerou-se apenas os dados de movimentação de cargas dos respectivos portos públicos, não sendo computada a movimentação dos terminais de uso
privativo que, porventura, estejam instalados na área dos portos organizados.
16. Profundidade máxima de operação na preamar com altura de maré ≥ 1,0 m em relação ao Zero Hidrográico da Diretoria de Hidrograia e Navegação - DHN.
28
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Figura 4 - Porto de Santos
Em 2011, o porto movimentou 86,0 milhões de toneladas (37,8 milhões de granéis
sólidos, 12,8 milhões de granéis líquidos e 35,4 milhões de toneladas de carga geral),
o que representa 27,8% de toda a movimentação dos portos organizados no Brasil,
que atingiu 309,0 milhões de toneladas.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 76,7 milhões de
toneladas por meio da navegação de longo curso (29,9% do total de carga movimentada
nos portos organizados por esse tipo de navegação) e 9,3 milhões de toneladas pela
navegação de cabotagem (21,2% do total da cabotagem nos portos organizados).
Em relação ao sentido da movimentação da carga, 27,0 milhões de toneladas (31,3%
do total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foram embarcados 59,0
milhões de toneladas (68,7% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 2, o crescimento da movimentação de cargas no porto de
Santos, entre 2006 e 2011, foi de 26,8%. Entre as cargas movimentadas, destacam-se
29
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
as cargas conteinerizadas, veículos automotores, produtos siderúrgicos, papel, granéis
sólidos, como açúcar, soja, café, milho e trigo, fertilizantes, algodão, carne bovina e
carvão mineral, além de granéis líquidos, como combustíveis derivados do petróleo,
álcool e suco de laranja. Ademais, o porto se destaca como um dos mais importantes
centros turísticos de cruzeiros marítimos da América Latina.
A crise econômica no ano de 2009 impactou negativamente os desembarques,
com redução de 35,1% na movimentação de cargas nesse sentido de navegação em
relação ao ano de 2008. Contudo, observa-se que houve um crescimento de cargas
embarcadas de 13,7% em relação ao mesmo período. Esse acréscimo pode ser uma
indicação de que há uma demanda reprimida pelo porto no sentido de exportação.
Milhões de toneladas
Gráfico 2 - Movimentação de cargas no porto de Santos
85,4
86,0
75,7
12,4
25,1
27,0
71,6
74,7
20,4
19,0
49,5
51,2
55,7
63,3
60,3
59,0
2006
2007
2008
2009
2010
2011
67,8
18,3
Embarque
Desembarque
A Tabela 1 apresenta um resumo das características gerais do porto de Santos.
Tabela 1 - Resumo das características gerais do porto de Santos
Área total do porto
organizado
Administração
Movimentação de
cargas – 2011
Acessos
30
7,7 milhões de m2
Companhia Docas do Estado de São Paulo - Codesp
86,0 milhões de toneladas
Rodoviário: Anchieta-Imigrantes, Cônego Domênico Rangoni, Rio-Santos e Padre Manoel da
Nóbrega
Ferroviário: MRS Logística S.A., América Latina Logística - ALL Malha Paulista e Ferrovia
Centro Atlântica - FCA
Extensão do cais
13 km
Área de inluência
primária
São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Tabela 1 - Resumo das características gerais do porto de Santos
Continuação
Principais cargas
movimentadas
Número de berços
Contêineres, veículos automotores, produtos siderúrgicos, papel, açúcar, soja, café, milho,
trigo, fertilizantes, algodão, carne bovina, carvão mineral, combustíveis derivados do
petróleo, álcool e suco de laranja
53 berços públicos
11 berços privados
Profundidade do
canal de acesso
13,3 m / 12,2 m
Profundidade dos
berços
Entre 7,3 m e 15,0 m
Horário de
funcionamento
Capacidade de
armazenamento
Área de pátio
24 horas por dia, durante sete dias da semana
700 mil m3 de granéis líquidos
2,5 milhões de toneladas de granéis sólidos
981 mil m2
Para movimentação de carga na linha do cais comercial:
96 guindastes elétricos com capacidade entre 1,5 a 40,0 t
4 descarregadoras de trigo com capacidade entre 150,0 a 700,0 t/h
5 embarcadoras de cereais com capacidade entre 600,0 a 1.500,0 t/h
10 esteiras com capacidade entre 300,0 a 900,0 t/h
2 guindastes do tipo cábrea com capacidade entre 150,0 a 250,0 t/h
3 portêineres (terminal 37) com capacidade entre 20 a 30 unid./h
Para movimentação de carga nos terminais especializados:
6 portêineres com capacidade entre 20 a 30 unid./h
Equipamentos
10 guindastes elétricos com capacidade de 10,0 t
1 guindaste elétrico com capacidade de 6,3 t
52 esteiras com capacidade de 300,0 t/h
26 esteiras com capacidade de 1.210,0 t/h
Para movimentação e transporte de cargas em pátios e armazéns do cais comercial:
2 transtêineres com capacidade de 20 unid./h
90 empilhadeiras comuns com capacidade entre 3,0 a 30,0 t
6 empilhadeiras para contêineres com capacidade entre 30,5 a 42,0 t
18 empilhadeiras para bobinas com capacidade entre 1,2 a 2,0 t
20 empilhadeiras para desova com capacidade de 2,0 t
31
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 1 - Resumo das características gerais do porto de Santos
Continuação
45 pás carregadeiras com capacidade entre 1,9 a 3,0 m3
12 guindastes do tipo automóvel com capacidade entre 5,0 a 140,0 t
4 guindastes elétricos com capacidade entre 15,0 a 30,0 t
9 caminhões
58 veículos do tipo carro-trator
13 vagões do tipo fechado com capacidade entre 26,0 a 30,0 t
71 vagões do tipo raso com capacidade entre 30,0 a 55,5 t
63 vagões do tipo plataforma com capacidade entre 40,0 a 55,0 t
Para movimentação e transporte de cargas em pátios e armazéns nos terminais
especializados:
Equipamentos
3 transtêineres sobre trilhos com capacidade de 20,0 unid./h
2 transtêineres sobre pneus com capacidade de 20,0 unid./h
2 guindastes sobre pneus com capacidade de 5,0 t
5 stackers com capacidade de 40,0 t
14 empilhadeiras do tipo especial com capacidade entre 30,0 a 37,0 t
21 empilhadeiras do tipo comum com capacidade entre 3,0 a 10,0 t
4 empilhadeiras para clip-on
2 empilhadeiras para bobinas com capacidade entre 1,2 a 2,0 t
11 empilhadeiras para desova com capacidade de 2,0 t
33 veículos do tipo carro-trator
1 equipamento do tipo pá carregadeira com capacidade de 2,0 m3
4 equipamentos do tipo pá carregadeira com capacidade de 3,5 m3
3.2 Porto de Itaguaí – RJ
O porto de Itaguaí possui área de 7,4 milhões de m2 e localiza-se na Baía de Sepetiba,
em Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro (Figura 5), sendo administrado pela Companhia
Docas do Rio de Janeiro - CDRJ.
Sua área de inluência primária abrange os estados do Rio de Janeiro, São Paulo,
Minas Gerais e Goiás. Anteriormente chamado de porto de Sepetiba, é o segundo
maior porto em movimentação de cargas por navegação de longo curso, sendo
considerado um dos grandes centros de exportação de minério de ferro do Brasil,
graças à proximidade do polo siderúrgico do sul do Rio de Janeiro, bem como pela
disponibilidade e integração do porto com os modos ferroviário e rodoviário.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado do Rio de Janeiro atingiu o
montante de R$ 353,9 bilhões, valor correspondente a 10,9% do PIB nacional. Já os
outros estados da área de inluência do porto de Itaguaí possuem juntos um PIB de
1,5 trilhão, valor correspondente a 45,0% do PIB nacional. Logo, a área de inluência
primária do porto representa 55,9% do PIB brasileiro.
32
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Figura 5 - Porto de Itaguaí
Possui acessos rodoviários pela BR-101, BR-116, BR-040, BR-465, RJ-099 e RJ-105.
Por ferrovia, o porto conecta-se com a MRS Logística S.A.
O porto de Itaguaí opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados, por 24
horas. A profundidade do canal de acesso é de 19,5 m, com calado de 17,8 m, enquanto
a profundidade dos berços varia entre 11,0 m e 20,0 m, com calado entre 10,5 m a 18,1 m.
Suas instalações possuem 2.200 m de extensão de cais, contando com 8 berços. Para
armazenamento de cargas, o porto disponibiliza, no terminal de Alumina, uma área
de 15.000 m2 e 2 silos verticais de 3.508 m2, com capacidade estática de 30.360 t. O
terminal de Carvão conta com 4 pátios descobertos, que totalizam aproximadamente
140.800 m2, com capacidade estática de 550.000 t para carvão, coque e outros granéis,
além de 2 pátios descobertos, com aproximadamente 93.600 m2, para exportação
de minério, com capacidade estática de 1.200.000 t. O terminal de Minério, por sua
vez, dispõe de 4 pátios, com capacidade estática de 1.500.000 t. Já o terminal de
33
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Contêineres (Sepetiba Tecon) possui 1 pátio de 400.000 m2, 1 pátio com 30.000 m2 de
área coberta e 1 pátio de 45.000 m2 para operação de contêineres vazios.
Em 2011, o porto movimentou 58,1 milhões de toneladas (55,4 milhões de toneladas
de granéis sólidos e 2,7 milhões de toneladas de carga geral), o que representa 18,8%
de toda a movimentação dos portos organizados no Brasil.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 57,5 milhões de
toneladas por meio da navegação de longo curso (22,4% do total de carga movimentada
nos portos organizados por esse tipo de navegação) e 0,6 milhão de toneladas pela
navegação de cabotagem (1,5% do total da cabotagem nos portos organizados). Em
relação ao sentido da movimentação da carga, 4,9 milhões de toneladas (8,5% do
total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foram embarcados 53,2
milhões de toneladas (91,5% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 3, o crescimento da movimentação de cargas no porto de Itaguaí
nos últimos seis anos foi de 95,6%. Entre as cargas movimentadas no porto, destacam-se
o minério de ferro, produtos siderúrgicos, contêineres, alumina, barrilha e carvão mineral.
Observa-se que a crise econômica mundial de 2008/2009 não impediu o constante
crescimento de movimentação de carga no porto, cujo foco das operações concentra-se
na exportação.
Milhões de toneladas
Gráfico 3 – Movimentação de cargas no porto de Itaguaí
29,7
4,6
38,9
5,8
47,2
6,4
49,7
4,6
52,8
4,8
58,1
4,9
25,1
33,1
40,8
45,1
48,0
53,2
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Embarque
Desembarque
A Tabela 2 apresenta um resumo das características gerais do porto de Itaguaí.
Tabela 2 – Resumo das características gerais do porto de Itaguaí
Área total do porto
organizado
Administração
34
7,4 milhões de m2
Companhia Docas do Rio de Janeiro – CDRJ
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Tabela 2 – Resumo das características gerais do porto de Itaguaí
Continuação
Movimentação de
cargas – 2011
Acessos
58,1 milhões de toneladas
Rodoviário: BR-101, BR-116, BR-040, BR-465, RJ-099 e RJ-105
Ferroviário: MRS Logística S.A.
Extensão do cais
2.200 m
Área de inluência
primária
Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Goiás
Principais cargas
movimentadas
Minério de ferro, produtos siderúrgicos, contêineres, alumina, barrilha e carvão mineral
Terminal de Carvão (Tecar): 3 berços
Número de berços
Terminal de Contêineres (Sepetiba Tecon S.A.): 3 berços
Terminal de Minério de Ferro (TM1): 1 berço
Terminal de Alumina (TA): 1 berço
Profundidade do
canal de acesso
19,5 m, com calado de 17,8 m
Tecar: 20,0 m, com 18,1 m de calado
Profundidade dos
berços
Sepetiba Tecon S.A.: 14,5 m, com 14,3 m de calado
TM1: 20,0 m, com 18,1 m de calado
TA: 11,0 m, com 10,5 m de calado
Horário de
funcionamento
24 horas por dia, durante sete dias da semana
Capacidade de
armazenamento
TA: área de 15.000 m2 , 2 silos verticais com área total de 3.508 m2 e capacidade estática de
30.630 t
Tecar: 4 pátios descobertos, totalizando aproximadamente 140.800 m2 destinados à
importação de carvão e capacidade estática de 550.00 t de carvão, coque e outros granéis
Área de pátio
Para exportação de minérios: 2 pátios descobertos, com aproximadamente 93.600 m2 e
capacidade estática total de 1.200.000 t
Sepetiba Tecon S.A.: 1 pátio com 400.000 m2 de área total pavimentada, 1 pátio de 30.000 m2
de área coberta e 1 pátio de 45.000 m2, onde opera o terminal de Contêineres Vazios
TM1: 4 pátios com capacidade para estocar 1.500.000 t
Tecar
Equipamentos
Equipamentos para importação de carvão e outros granéis:
3 descarregadores de navios, com 2.400 t/h, 1.500 t/h e 800 t/h
1 linha de correia transportadora de 4.500 t/h e 15 km de extensão
35
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 2 – Resumo das características gerais do porto de Itaguaí
Continuação
2 empilhadeiras de 4.500 t/h
2 recuperadoras de 3.000 t/h
1 estação de carregamento de vagões de 5.900 t/h
Para exportação de minério:
1 carregador de navio com capacidade de 17.600 t/h
1 linha de correia transportadora com 14 km de extensão, suportando até 17.600 t/h
2 empilhadeiras/recuperadoras com capacidade de 8.800 t/h
1 virador de vagões de até 8.800 t/h
TA
2 silos verticais para alumina com 3.508 m2 e capacidade estática de 30.630 t
1 sugador de 300 t/h
Equipamentos
2 silos para 15.000 t
Sepetiba Tecon S.A.
4 portêineres Super Post-Panamax
2 transtêineres sobre pneus
2 guindastes móveis (até 100 toneladas)
14 reach stackers
22 empilhadeiras
TM1
1 virador de vagões para 8.000 t/h
2 empilhadeiras de 8.000 t/h
2 recuperadoras de 5.000 t/h
Peneiramento de 1.800 t/h
Carregamento (ship loader) com 143 m de lança de 10.000 t/h
3.3. Porto de Paranaguá – PR
O porto de Paranaguá possui área de 2,3 milhões de m2 e localiza-se em Paranaguá,
no estado do Paraná (Figura 6), sendo administrado pelo próprio Estado, por meio da
Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina – Appa.
Sua área de inluência primária abrange os estados do Paraná, São Paulo, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Rondônia, além do Paraguai. É
considerado o maior porto graneleiro da América Latina, ocupando o posto de
principal porto importador de fertilizantes do Brasil.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado do Paraná atingiu o montante
de R$ 190,0 bilhões, valor correspondente a 5,9% do PIB nacional. Já os outros
36
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
estados da área de inluência do porto possuem juntos um PIB de R$ 1,5 trilhão, valor
correspondente a 45,9% do PIB nacional. Logo, a área de inluência primária do porto
representa 56,8% do PIB brasileiro.
Figura 6 - Porto de Paranaguá
Possui acesso rodoviário pela BR-277, ligando Paranaguá a Curitiba, e conectandose à BR-116 pelas rodovias PR-408, PR-411 e PR-410. Por ferrovia, o porto conecta-se
com a América Latina Logística - ALL Malha Sul.
O porto de Paranaguá opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados,
por 24 horas. A profundidade do canal de acesso varia entre 13,0 m e 15,0 m, enquanto
a profundidade dos berços varia entre 8,6 m e 12,3 m.
Suas instalações possuem 2,8 quilômetros de extensão de cais, contando com 20
berços. A capacidade de armazenamento do porto é de, aproximadamente, 540 mil
m3 de granéis líquidos, com disponibilidade de armazéns para acondicionar mais de
1,4 milhão de toneladas de granéis sólidos e área de pátio de 538,4 mil m2.
37
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Em 2011, o porto movimentou 37,4 milhões de toneladas (26,7 milhões de toneladas
de granéis sólidos, 2,5 milhões de toneladas de granéis líquidos e 8,2 milhões de
toneladas de carga geral), o que representa 12,1% de toda a movimentação dos portos
organizados no Brasil.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 35,1 milhões
de toneladas por meio da navegação de longo curso (13,7% do total de carga
movimentada nos portos organizados por esse tipo de navegação) e 2,3 milhões de
toneladas pela navegação de cabotagem (5,4% do total da cabotagem nos portos
organizados). Em relação ao sentido da movimentação da carga, 12,8 milhões de
toneladas (34,2% do total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto
foram embarcados 24,6 milhões de toneladas (65,8% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 4, o crescimento da movimentação de cargas no porto de
Paranaguá nos últimos seis anos foi de 16,8%. Entre as cargas movimentadas no porto,
destacam-se a soja, farelo de soja, açúcar, milho, fertilizantes, congelados, madeira, óleo
vegetal, contêineres, combustíveis derivados do petróleo, álcool e veículos automotores.
Observa-se que houve acentuada redução na movimentação de carga entre os
anos de 2007 e 2009, perfazendo uma queda de 18,5%. Entretanto, em 2010, o
porto obteve crescimento de 12,1% em relação à movimentação do ano anterior.
Gráfico 4 – Movimentação de cargas no porto de Paranaguá
Milhões de toneladas
37,6
32,0
8,4
12,0
37,4
32,3
30,6
34,4
10,8
8,5
11,0
12,8
23,6
25,6
21,5
22,1
23,4
24,6
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Embarque
Desembarque
A Tabela 3 apresenta um resumo das características gerais do porto de Paranaguá.
Tabela 3 – Resumo das características gerais do porto de Paranaguá
Área total do porto
organizado
Administração
Movimentação de
cargas – 2011
38
2,3 milhões de m2
Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina – Appa
37,4 milhões de toneladas
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Tabela 3 – Resumo das características gerais do porto de Paranaguá
Continuação
Acessos
Rodoviário: pela BR-277, ligando Paranaguá a Curitiba, e conectando-se à BR-116 pelas
rodovias PR-408, PR-411 e PR-410
Ferroviário: América Latina Logística – ALL Malha Sul
Extensão do cais
2,8 km – Cais Comercial
Área de inluência
primária
Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Rondônia, além do Paraguai
Principais cargas
movimentadas
Soja, farelo de soja, açúcar, milho, fertilizantes, congelados, madeira, óleo vegetal,
contêineres, combustíveis derivados do petróleo, álcool e veículos automotores
Número de berços
20 berços
Profundidade do
canal de acesso
13,0 m a 15,0 m
Profundidade dos
berços
Entre 8,6 m e 12,3 m
Horário de
funcionamento
Capacidade de
armazenamento
Área de pátio
24 horas por dia, durante sete dias da semana
540 mil m3 de granéis líquidos
1,4 milhão de toneladas de granéis sólidos
538,4 mil m2
30 silos horizontais e 14 silos verticais
6 linhas de correia transportadora de 1 x 1.500 t/h
10 ship loaders
Equipamentos
26 moegas rodoviárias/ferroviárias
9 guindastes sobre pneus
3 portêineres
14 transtêineres
3.4. Porto de Rio Grande – RS
O porto de Rio Grande está localizado no município de Rio Grande, no estado do
Rio Grande do Sul (Figura 7), sendo administrado pela Superintendência do Porto
de Rio Grande – SUPRG.
Sua área de inluência primária abrange os estados do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina, além do Paraguai e da Argentina. É considerado um importante porto para
a região Sul do Brasil, dada a sua localização, bem como para o fortalecimento do
comércio entre os países do Mercosul.
39
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Figura 7 - Porto de Rio Grande
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado do Rio Grande do Sul atingiu o
montante de R$ 215,9 bilhões, valor correspondente a 6,7% do PIB nacional. Já o estado
de Santa Catarina possui um PIB de R$ 129,8 bilhões, correspondendo a 4,0% do PIB
nacional. Logo, a área de inluência primária do porto representa 10,7% do PIB brasileiro.
Possui acesso rodoviário pela BR-392, conectando-se à BR-471 e à BR-116 e interligandose à BR-293. Por ferrovia, o porto conecta-se com a América Latina Logística - ALL
Malha Sul. Ademais, o porto também possui acesso luvial por meio do rio Guaíba.
O porto de Rio Grande opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados,
por 24 horas. A profundidade do canal de acesso externo é de 18,0 m, enquanto do
canal interno é de 16,0 m. A profundidade dos berços do porto novo é de 9,44 m e a
profundidade dos berços do porto velho é de 3,96 m.
Suas instalações possuem 4.144 m de extensão de cais (640 m do porto velho, 1.952
m do porto novo e 1.552 m do superporto). O porto dispõe de 20 armazéns, com
40
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
área total de 163.000 m2, além de dois pátios, sendo um de 120.000 m2 e outro, para
automóveis, com 100.000 m2 .
Em 2011, o porto movimentou 17,9 milhões de toneladas (8,1 milhões de toneladas
de granéis sólidos, 2,7 milhões de toneladas de granéis líquidos e 7,1 milhões de
toneladas de carga geral), o que representa 5,8% de toda a movimentação dos portos
organizados no Brasil.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 13,6 milhões de
toneladas por meio da navegação de longo curso (5,3% do total de carga movimentada
nos portos organizados por esse tipo de navegação), 2,2 milhões de toneladas pela
navegação de cabotagem (4,9% do total da cabotagem nos portos organizados) e
2,1 milhões de toneladas por meio da navegação interior. Em relação ao sentido da
movimentação da carga, 6,6 milhões de toneladas (37,1% do total movimentado)
desembarcaram no porto, enquanto foram embarcados 11,3 milhões de toneladas
(62,9% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 5, a movimentação de cargas no porto de Rio Grande nos
últimos seis anos apresentou redução de 19,9%. Entre as cargas movimentadas no
porto, destacam-se a soja, fertilizantes, trigo, cavaco de madeira, celulose, fumo,
frango congelado, calçados, maquinário agrícola e contêineres.
Gráfico 5 - Movimentação de cargas no porto de Rio Grande
26,7
Milhões de toneladas
22,4
9,3
8,1
15,1
5,8
14,9
5,5
16,3
17,9
6,6
6,9
14,3
17,4
9,3
9,4
9,4
11,3
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Embarque
Desembarque
A Tabela 4 apresenta um resumo das características gerais do porto de Rio Grande.
Tabela 4 - Resumo das características gerais do porto de Rio Grande
Administração
Movimentação de
cargas - 2011
Superintendência do Porto de Rio Grande – SUPRG
17,9 milhões de toneladas
41
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 4 - Resumo das características gerais do porto de Rio Grande
Continuação
Rodoviário: BR-392, conectando-se à BR-471 e à BR-116 e interligando-se à BR-293
Acessos
Ferroviário: América Latina Logística – ALL Malha Sul
Fluvial: rio Guaíba
Porto velho: 640 m
Extensão do cais
Porto novo: 1.952 m
Superporto: 1.552 m
Área de inluência
primária
Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além do Paraguai e da Argentina
Principais cargas
movimentadas
Soja em grão, farelo de soja, fertilizantes, cavaco de madeira, óleo de soja, trigo, celulose,
fumo, frango congelado, calçados, maquinário agrícola e contêineres
Número de berços
Porto novo: 11 berços
Profundidade do
canal de acesso
Profundidade dos
berços
Canal externo: 18 m (fora dos molhes da Barra)
Canal interno: 16 m
Berços do porto novo: 9,44 m
Berços do porto velho: 3,96 m
Berços do superporto: entre 5 m e 12 m
Horário de
funcionamento
24 horas por dia, durante sete dias da semana
Capacidade de
armazenamento
20 armazéns com área total de 163.000 m2
Área de pátio
1 pátio de 120.000 m2
1 pátio para automóveis de 100.000 m2
Obs.: O porto de Rio Grande não informou todos os dados da tabela, faltaram: área do porto, total de berços do porto, profundidade dos berços do
superporto e relação de equipamentos.
3.5. Porto de Vila do Conde – PA
O porto de Vila do Conde possui área de 3,9 milhões de m2 e localiza-se no município de
Barcarena, às margens do rio Pará, no estado do Pará (Figura 8), sendo administrado
pela Companhia Docas do Pará - CDP.
Sua área de inluência restringe-se apenas ao estado onde está localizado. O porto
possui relevância para o escoamento da produção de minerais da região, sendo
possível uma integração hidroviária por meio do rio Pará. Destaca-se como o segundo
porto (atrás somente do porto de Santos) em termos de movimentação de cargas
pela navegação de cabotagem.
42
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Figura 8 - Porto de Vila do Conde
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado do Pará atingiu o montante
de R$ 58,4 bilhões, valor correspondente a 1,8% do PIB nacional, conigurando-se
como o maior PIB entre os estados da região Norte.
Possui acesso rodoviário pela BR-316 até o município de Marituba, seguindo pela
alça viária até o entroncamento com a rodovia PA-151 até chegar ao porto de Vila do
Conde. Por sua vez, o acesso rodo-luvial é considerado a melhor alternativa entre
o porto de Vila do Conde e Belém, com 42 km de rodovia pavimentada (de Vila do
Conde até o terminal de Araripe) e 9 km por via luvial.
O porto de Vila do Conde opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados,
por 24 horas. A profundidade mínima do canal de acesso é de 9,0 m e a máxima é de
10,5 m, em função da maré. A profundidade dos berços 101, 201 e 301 é de 20,0 m,
enquanto a profundidade dos berços 102, 202 e 302 é de 16,0 m.
43
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Suas instalações possuem 1.034 m de extensão (292 m no píer 1, 210 m no píer 2,
252 m no píer 3 e 280 m no terminal de granéis líquidos), contando com 6 berços.
O porto disponibiliza 1 armazém de 7.500 m2 e 1 pátio descoberto de 13.000 m2 para
armazenamento de cargas.
Em 2011, o porto movimentou 16,6 milhões de toneladas (13,6 milhões de toneladas
de granéis sólidos, 2,0 milhões de toneladas de granéis líquidos e 1,0 milhão de
toneladas de carga geral), o que representa 5,4% de toda a movimentação dos portos
organizados no Brasil.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 9,0 milhões de
toneladas por meio da navegação de longo curso (3,5% do total de carga movimentada
nos portos organizados por esse tipo de navegação) e 7,6 milhões de toneladas pela
navegação de cabotagem (17,3% do total da cabotagem nos portos organizados), além
da movimentação de 57 mil toneladas por meio da navegação interior. Em relação
ao sentido da movimentação da carga, 10,3 milhões de toneladas (62,0% do total
movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foram embarcados 6,3 milhões de
toneladas (38,0% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 6, no período entre 2006 e 2011, a movimentação de
cargas apresentou um crescimento de 4,4%, com destaque para a movimentação
observada em 2008, que superou os 18 milhões de toneladas. Entre as cargas
movimentadas no porto, destacam-se alumina, lingotes de alumínio, bauxita, coque,
óleo combustível, madeira e piche.
Gráfico 6 - Movimentação de cargas no porto de Vila do Conde
18,2
Milhões de toneladas
15,9
15,9
15,1
11,0
11,6
11,0
4,3
4,9
2006
2007
7,2
2008
16,6
16,4
16,5
10,4
9,9
6,0
6,6
6,3
2010
2011
10,3
2009
Embarque
Desembarque
A Tabela 5 apresenta um resumo das características gerais do porto de Vila do Conde.
Tabela 5 - Resumo das características gerais do porto de Vila do Conde
Área total do porto
organizado
Administração
44
3,9 milhões de m2
Companhia Docas do Pará – CDP
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Tabela 5 - Resumo das características gerais do porto de Vila do Conde
Continuação
Movimentação de
cargas - 2011
16,6 milhões de toneladas
Rodoviário: BR-316 até o município de Marituba, seguindo pela alça viária até o
entroncamento com a rodovia PA-151 até chegar ao porto de Vila do Conde
Acessos
Acesso rodo-luvial: melhor alternativa entre o porto de Vila do Conde e a cidade de Belém,
com 42 km de rodovia pavimentada (de Vila do Conde até o terminal de Araripe) e 9 km por
via luvial
Píer 1 - Cais de Granéis Sólidos e Carga Geral: 292 m
Extensão do cais
Píer 2 - Cais de Carga Geral de Uso Público: 210 m
Píer 3: 252 m
Terminal de Granéis Líquidos - TGL: 280 m
Área de inluência
primária
Pará
Principais cargas
movimentadas
Alumina, lingotes de alumínio, bauxita, coque, óleo combustível, madeira e piche
Número de berços
6 berços (101, 102, 201, 202, 301 e 302)
Profundidade do
canal de acesso
Profundidade dos
berços
Entre 9,0 m e 10,5 m, em função da maré
Berços 101, 201, 301: 20,0 m
Berços 102, 202, 302: 16,0 m
Horário de
funcionamento
24 horas por dia, durante sete dias da semana
Capacidade de
armazenamento
1 armazém de 7.500 m2
Área de pátio
1 pátio descoberto de 13.000 m2
2 descarregadores de navios de 2.000 t/h
1 carregador de navios 1.500 t/h
2 guindastes de pórtico
1 autoguindaste
Equipamentos
2 balanças rodoviárias
1 clamshell (tipo concha)
4 moegas
2 guindastes MHC
4 reach stackers para 45 t
45
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 5 - Resumo das características gerais do porto de Vila do Conde
Continuação
11 empilhadeiras de 7 t
Equipamentos
13 empilhadeiras de 4 t
3 empilhadeiras de 3 t
2 empilhadeiras de 2,5 t
3.6. Porto do Itaqui – MA
O porto do Itaqui possui área de 5,1 milhões de m2 e localiza-se em São Luís, capital
do estado do Maranhão (Figura 9), sendo administrado pela Empresa Maranhense de
Administração Portuária – Emap.
Figura 9 - Porto de Itaqui
46
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Sua área de inluência abrange os estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará, Goiás
e Mato Grosso. O porto possui relevante importância para a região Nordeste, a qual
integra, e para a região Norte, por fazer parte do Complexo Portuário de São Luís,
composto também pelos terminais de Ponta da Madeira, da Vale e da Alumar.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado do Maranhão atingiu o
montante de R$ 39,9 bilhões, valor correspondente a 1,2% do PIB nacional. Já os
outros estados da área de inluência do porto do Itaqui possuem juntos um PIB de R$
234,9 bilhões, valor correspondente a 7,3% do PIB nacional. Logo, a área de inluência
primária do porto representa 8,5% do PIB brasileiro.
Possui acessos rodoviários pela BR-135, conectando-se à BR-222 a 95 km de Itaqui.
Por ferrovia, o porto conecta-se com a Transnordestina Logística S.A., Estrada de
Ferro Carajás – EFC e com a Ferrovia Norte-Sul.
O porto do Itaqui opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados, por 24
horas, e a profundidade do canal de acesso é de, aproximadamente, 23 m, enquanto
a profundidade dos berços varia entre 9,5 m e 19 m.
Suas instalações possuem 1.616 m de extensão de cais, contando com 6 berços. Para
armazenamento de cargas, o porto disponibiliza 1 armazém de 7.500 m2 para carga
geral, 4 pátios de armazenagem com área total de 42.000 m2, 1 armazém inlável de
3.000 m2 para granéis sólidos, 4 silos verticais para 12.000 t de grãos, 1 silo horizontal
para 8.000 t de grãos, 8 silos verticais para 7.200 t, 50 tanques granéis líquidos com
210.000 m3 e 2 esferas para armazenar 8.680 m3 de GLP.
Em 2011, o porto movimentou 13,9 milhões de toneladas (6,7 milhões de toneladas de
granéis sólidos, 7,0 milhões de toneladas de granéis líquidos e 200 mil toneladas de
carga geral), o que representa 4,5% de toda a movimentação dos portos organizados
no Brasil, alcançando, além disso, a segunda maior movimentação de granéis líquidos
entre os portos organizados, icando atrás apenas do porto de Santos.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 10,7 milhões de
toneladas por meio da navegação de longo curso (4,2% do total de carga movimentada
nos portos organizados por esse tipo de navegação) e 3,2 milhões de toneladas pela
navegação de cabotagem (7,4% do total da cabotagem nos portos organizados).
Em relação ao sentido da movimentação da carga, 7,0 milhões de toneladas (50,4%
do total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foram embarcados 6,9
milhões de toneladas (49,6% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 7, a movimentação de carga embarcada e desembarcada é
bem distribuída, atingindo, em 2011, maior índice de equilíbrio na movimentação por
sentido. Ressalta-se também que nos últimos seis anos ocorreu um aumento pouco
expressivo na movimentação de cargas, sendo a maior movimentação registrada em
2011. Entre as cargas movimentadas no porto, destacam-se lingote e tarugo de alumínio,
ferro-gusa, derivados de petróleo, milho, antracita, fertilizantes e carga geral.
47
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Gráfico 7 - Movimentação de cargas no porto de Itaqui
13,0
Milhões de toneladas
12,5
13,4
11,7
4,8
5,4
7,7
7,6
2006
2007
13,9
12,6
5,6
7,8
2008
7,0
5,3
6,4
6,4
6,2
6,9
2010
2011
2009
Embarque
Desembarque
A Tabela 6 apresenta um resumo das características gerais do porto de Itaqui.
Tabela 6 - Resumo das características gerais do porto de Itaqui
Área total do porto
organizado
Administração
Movimentação de
cargas - 2011
Acessos
5,1 milhões de m2
Empresa Maranhense de Administração Portuária - Emap
13,9 milhões de toneladas
Rodoviário: BR-135, conectando-se à BR-222 a 95 km de Itaqui
Ferroviário: Transnordestina Logística SA, Estrada de Ferro Carajás – EFC e Ferrovia Norte-Sul
Extensão do cais
1.616 m
Área de inluência
primária
Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará, Goiás e Mato Grosso
Principais cargas
movimentadas
Lingote e tarugo de alumínio, ferro-gusa, derivados de petróleo, milho, antracita, fertilizantes
e carga geral
Número de berços
6 berços (101, 102, 103, 104, 105 e 106)
Profundidade do
canal de acesso
27 m e largura aproximada de 1,8 km
Berço 101: 9,5 m
Berço 102: 10,5 m
Profundidade dos
berços
Berço 103: 12 m
Berço 104: 13 m
Berço 105: 18 m
Berço 106: 19 m
48
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Tabela 6 - Resumo das características gerais do porto de Itaqui
Continuação
Horário de
funcionamento
24 horas por dia, durante sete dias da semana
1 armazém de 7.500 m2 para carga geral
1 armazém inlável de 3.000 m2 para granéis sólidos
Capacidade de
armazenamento
4 silos verticais para 12.000 t de grãos
1 silo horizontal para 8.000 t de grãos
8 silos verticais para 7.200 t
50 tanques granéis líquidos com 210.000 m3
2 esferas para armazenar 8.680 m3 de GLP
Área de pátio
4 pátios de armazenagem com 42.000 m2
2 empilhadeiras reach stackers para movimentação de contêineres
1 guindaste de 64 t para granéis sólidos, contêineres e carga geral
Equipamentos
4 guindastes sobre trilhos de até 6,3 t
2 carregadores de navios
20 empilhadeiras
1 sugador de grãos
3.7. Porto de Suape – PE
O porto de Suape possui área de 135 milhões de m2 e localiza-se na cidade de Ipojuca,
no sul do estado de Pernambuco (Figura 10), sendo administrado pela Secretaria do
Desenvolvimento Econômico de Pernambuco.
Sua área de inluência abrange os estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba. Possui
grande relevância por causa de sua localização geográica e infraestrutura capaz de
atender às mais diversas demandas do Complexo Industrial Portuário de Suape.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado de Pernambuco atingiu o
montante de R$ 78,4 bilhões, valor correspondente a 2,4% do PIB nacional. Já os
outros estados da área de inluência do porto possuem juntos um PIB de R$ 50,0
bilhões, valor correspondente a 1,5% do PIB nacional. Logo, a área de inluência
primária do porto representa 3,9% do PIB brasileiro.
Possui acesso rodoviário pela PE-60, conectando-se à BR-101 e à BR-232. Por ferrovia,
o porto conecta-se com a Transnordestina Logística S.A.
O porto de Suape opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados, por 24
horas. A profundidade do canal de acesso é de 16,5 m, enquanto a profundidade dos
berços é de 15,5 m.
Suas instalações possuem 2.535 m de extensão de cais no porto interno e 4.036 m de
extensão no porto externo, contando com 5 berços. Para armazenamento de cargas,
49
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
o porto disponibiliza 500.000 m3 para granéis líquidos, 1 pátio com 450.000 m2 e 9
silos de 5.000 t cada, totalizando 45.000 t.
Figura 10 - Porto de Suape
Em 2011, o porto movimentou 11,0 milhões de toneladas (800 mil toneladas de
granéis sólidos, 5,1 milhões de toneladas de granéis líquidos e 5,1 milhões de
toneladas de carga geral), o que representa 3,6% de toda a movimentação dos
portos organizados no Brasil.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 4,9 milhões de
toneladas por meio da navegação de longo curso (1,9% do total de carga movimentada
nos portos organizados por esse tipo de navegação) e 6,1 milhões de toneladas pela
navegação de cabotagem (13,9% do total da cabotagem nos portos organizados).
Em relação ao sentido da movimentação da carga, 8,0 milhões de toneladas (73,0%
do total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foram embarcados 3,0
milhões de toneladas (25,6% do total movimentado).
50
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Conforme indica o Gráico 8, o crescimento da movimentação de cargas no porto
de Suape nos últimos seis anos foi de 111,5%, sendo a maior movimentação recente
registrada no ano de 2011. Entre as cargas movimentadas no porto, destacamse derivados do petróleo, produtos químicos, óleos vegetais, álcool, açúcar, trigo,
contêineres e algodão.
Gráfico 8 - Movimentação de cargas no porto de Suape
11,0
9,0
Milhões de toneladas
8,7
7,6
6,5
5,2
8,0
6,7
6,7
4,4
5,5
3,6
1,6
2,1
2,0
2006
2007
2008
2,1
2,3
3,0
2009
2010
2011
Embarque
Desembarque
A Tabela 7 apresenta um resumo das características gerais do porto de Suape.
Tabela 7 - Resumo das características gerais do porto de Suape
Área total do porto
organizado
Administração
Movimentação de
cargas - 2011
Acessos
135 milhões de m2
Secretaria do Desenvolvimento Econômico de Pernambuco
11,0 milhões de toneladas
Rodoviário: PE-60, conectando-se à BR-101 e à BR-232
Ferroviário: Transnordestina Logística SA
Porto interno:
Cais 1: 275 m
Cais 2 e 3: 660 m
Extensão do cais
Cais 4: 330 m
Cais 5: 335 m
Tecon – Suape: 935 m
Porto externo:
Píer de Granéis líquidos 1 – PGl 1: 330 m
51
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 7 - Resumo das características gerais do porto de Suape
Continuação
Extensão do cais
Píer de Granéis líquidos – PGl 2: 386 m
Cais de Múltiplos Usos – CMU: 320 m
Área de inluência
primária
Pernambuco, Alagoas e Paraíba
Principais cargas
movimentadas
Derivados do petróleo, produtos químicos, óleos vegetais, álcool, açúcar, trigo, contêineres e
algodão
Número de berços
5 berços
Profundidade do
canal de acesso
16,5 m, com 5 km de extensão
Profundidade dos
berços
Todos os berços possuem 15,5 m de profundidade
Horário de
funcionamento
Capacidade de
armazenamento
Área de pátio
24 horas por dia, durante sete dias da semana
500 mil m3 para granéis líquidos
9 silos de 5.000 t cada, totalizando 45.000 t
450.000 m2
2 portêineres Post-Panamax
2 portêineres Panamax
Equipamentos
10 reach stackers
8 transtêineres
1 guindaste
3.8. Porto de São Francisco do Sul – SC
O porto de São Francisco do Sul possui área de aproximadamente 244 mil m2 e
localiza-se na parte leste da Baía de Babitonga, em São Francisco do Sul, no estado
de Santa Catarina (Figura 11), sendo gerido pela Administração do Porto de São
Francisco do Sul – APSFS.
Sua área de inluência primária abrange os estados de Santa Catarina, Rio Grande do
Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. É considerado um porto importante para
a economia da região Sul, dada à sua infraestrutura e localização, capazes de atender
a uma crescente demanda de carga geral e granéis agrícolas.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado de Santa Catarina atingiu
o montante de R$ 129,8 bilhões, valor correspondente a 4,0% do PIB nacional. Já os
outros estados da área de inluência do porto possuem juntos um PIB de R$ 1,5 trilhão,
52
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
valor correspondente a 47,1% do PIB nacional. Logo, a área de inluência primária do
porto representa 51,1% do PIB brasileiro.
Figura 11 - Porto de São Francisco do Sul
Possui acesso rodoviário pela BR-280, dando acesso à cidade de São Francisco do
Sul, conectando-se à BR-101, a 34 km do porto, e depois à BR-116, em Mafra-SC. Por
ferrovia, o porto conecta-se com a América Latina Logística – ALL Malha Sul.
O porto de São Francisco do Sul opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e
feriados, por 24 horas. A profundidade do canal de acesso é de, aproximadamente,
14,0 m, enquanto a profundidade dos berços varia entre 12,0 m a 12,2 m.
Suas instalações possuem 981 m de extensão de cais, contando com 5 berços (sendo
que o berço 201 encontra-se em manutenção). Para armazenamento de cargas, o porto
disponibiliza 1 pátio de 4.000 m2 para contêineres frigoriicados e 1 pátio de contêineres
com 120.000 m2. No segmento de exportação de granéis sólidos, a capacidade estática
de armazenamento é de 291.000 t, enquanto o segmento de importação de granéis
53
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
sólidos possui capacidade estática de 62.000 t. No segmento de exportação de granéis
líquidos, a capacidade estática de armazenamento é de 46.000 m3.
Em 2011, o porto movimentou 10,1 milhões de toneladas (5,4 milhões de toneladas
de granéis sólidos, 200 mil toneladas de granéis líquidos e 4,5 milhões de toneladas
de carga geral), o que representa 3,3% de toda a movimentação dos portos
organizados no Brasil.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 8,2 milhões de
toneladas por meio da navegação de longo curso (3,2% do total de carga movimentada
nos portos organizados por esse tipo de navegação) e 1,9 milhão de tonelada pela
navegação de cabotagem (4,2% do total da cabotagem nos portos organizados).
Em relação ao sentido da movimentação da carga, 4,1 milhões de toneladas (40,3%
do total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foram embarcados 6,0
milhões de toneladas (59,7% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 9, o crescimento da movimentação de cargas no porto de
São Francisco do Sul nos últimos seis anos foi de 27,8%, sendo a maior movimentação
registrada no ano de 2011. Entre as cargas movimentadas no porto, destacam-se
soja em grão, farelo e óleo de soja, trigo, milho, congelados, derivados do petróleo,
fertilizantes e contêineres.
Gráfico 9 - Movimentação de cargas no porto de São Francisco do Sul
10,1
9,5
Milhões de toneladas
7,9
1,9
8,4
2,0
7,7
6,8
2,3
6,0
2006
6,4
2007
4,1
3,7
1,9
5,4
2008
4,9
5,8
2009
2010
6,0
2011
Embarque
Desembarque
A Tabela 8 apresenta um resumo das características gerais do porto de São
Francisco do Sul.
Tabela 8 - Resumo das características gerais do porto de São Francisco do Sul
Aproximadamente 244 mil m2, sendo:
Área total do porto
organizado
Gestão pública: 82 mil m2
Porto público com arrendamento ao Terminal Portuário Santa Catarina – Tesc: 62 mil m2
Gleba 08: 60 mil m2
Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc: 40 mil m2
54
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Tabela 8 - Resumo das características gerais do porto de São Francisco do Sul
Continuação
Administração
Movimentação de
cargas - 2011
Acessos
Administração do Porto de São Francisco do Sul - APSFS
10,1 milhões de toneladas
Rodoviário: BR-280, dando acesso à cidade de São Francisco do Sul, conectando-se à BR-101, a
34 km do porto, e depois à BR-116, em Mafra-SC
Ferroviário: América Latina Logística – ALL Malha Sul
Extensão do cais
1.530 m
Área de inluência
primária
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo
Principais cargas
movimentadas
Soja em grão, farelo e óleo de soja, trigo, milho, congelados, derivados do petróleo,
fertilizantes e contêineres
Número de berços
7 berços (101, 102, 103, 201, 301 A interno, 301 B interno e 301 externo)
Profundidade do
canal de acesso
14,0 m, com 160 m de largura
Profundidade dos
berços
14,0 m
Horário de
funcionamento
24 horas por dia, durante sete dias da semana
Segmento granel sólido de exportação:
1 armazém graneleiro com capacidade estática para 74.000 t
2 armazéns graneleiros com capacidade para 60.000 t e 50.000 t
1 silo vertical com capacidade estática para 5.000 t
2 armazéns graneleiros com capacidade para 18.000 t e 84.000 t
Capacidade de
armazenamento
Segmento granel sólido de importação:
1 armazém graneleiro com capacidade estática para 32.000 t
5 silos verticais com capacidade conjunta de 30.000 t
Segmento granel líquido de exportação:
5 tanques para óleo vegetal com capacidade conjunta de 9.000 m3
11 tanques para óleo vegetal com capacidade conjunta de 37.000 m3
1 silo em construção com capacidade de 11.000 m3
Área de pátio
1 pátio de 4.000 m2 para contêineres frigoriicados
1 pátio para contêineres com 120.000 m2
55
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 8 - Resumo das características gerais do porto de São Francisco do Sul
Continuação
17 empilhadeiras reach stackers
6 guindastes MHC
Equipamentos
1 trator-esteira
4 rebocadores
1 locomotiva diesel elétrica
3.9. Porto de Vitória – ES
O porto de Vitória possui área de 1,25 milhão de m2 e localiza-se na região central da
cidade de Vitória (Figura 12), capital do estado do Espírito Santo, sendo administrado
pela Companhia Docas do Espírito Santo – Codesa.
Figura 12 - Porto de Vitória
56
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Sua área de inluência abrange os estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Rio
de Janeiro, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Sergipe. O porto é privilegiado
por sua localização, próxima aos grandes centros urbanos, e pela interação com o
modo ferroviário, que permite atender demandas diversiicadas.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado do Espírito Santo atingiu o
montante de 66,8 bilhões, valor correspondente a 2,1% do PIB nacional. Já os outros
estados da área de inluência do porto possuem juntos um PIB de R$ 998,2 bilhões,
valor correspondente a 30,8% do PIB nacional. Logo, a área de inluência primária do
porto representa 32,9% do PIB brasileiro.
Possui acessos rodoviários pela ES-080, BR-262, que liga Belo Horizonte a Vitória,
e BR-101. Por ferrovias, o porto conecta-se com a Estrada de Ferro Vitória a Minas –
EFMV e Ferrovia Centro-Atlântica – FCA.
O porto de Vitória opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados, por 24
horas. A profundidade do canal de acesso é de 10,5 m, enquanto a profundidade dos
berços ica entre 5,9 m e 10,67 m.
Suas instalações possuem 1.970 m de extensão de cais, contando com 12 berços.
Para armazenamento de cargas, o porto disponibiliza no Cais Comercial de Vitória:
3 armazéns para carga geral, com 8.000 m2, 1 silo horizontal para 10.800 t, 1 pátio
coberto de 900 m2 e 1 pátio descoberto de 30.000 m2 . O Cais de Capuaba conta com
1 armazém com 8.000 m2 e 1 pátio com 100.000 m2. No Cais de Paul, estão disponíveis
1 pátio com 25.000 m2 e 1 pátio com 12.000 m2. Já a área da Companhia Portuária Vila
Velha – CPVV conta com 1 tanque de combustível de 50.000 m3.
Em 2011, o porto movimentou 8,1 milhões de toneladas (2,5 milhões de toneladas de
granéis sólidos, 300 mil toneladas de granéis líquidos e 5,3 milhões de toneladas
de carga geral), o que representa 2,6% de toda a movimentação dos portos
organizados no Brasil.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 7,2 milhões de
toneladas por navegação de longo curso (2,8% do total de carga movimentada nos
portos organizados por esse tipo de navegação), 500 mil toneladas por navegação de
cabotagem (1,2% do total da cabotagem nos portos organizados) e 400 mil toneladas
por meio da navegação de apoio marítimo. Em relação ao sentido da movimentação
da carga, 4,5 milhões de toneladas (55,6% do total movimentado) desembarcaram
no porto, enquanto foram embarcados 3,6 milhões de toneladas (44,4% do total
movimentado).
Conforme indica o Gráico 10, o porto de Vitória apresentou ligeiro crescimento
de 2,5% ao longo dos últimos seis anos. Observa-se que, no ano de 2009, o porto
registrou a menor movimentação de cargas do período analisado, com 4,8 milhões de
toneladas, ao passo que as maiores movimentações de mercadorias foram registradas
em 2007 e 2011. Entre as cargas movimentadas no porto, destacam-se café, bobinas
de papel, mármore, granito, celulose, açúcar, produtos siderúrgicos e contêineres.
57
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Milhões de toneladas
Gráfico 10 - Movimentação de cargas no porto de Vitória
7,9
8,1
2,2
2,3
8,1
7,2
15,1
3,1
6,6
4,5
4,8
3,8
2,3
5,7
5,8
4,1
2006
2007
2008
2,5
2009
2,8
3,6
2010
2011
Embarque
Desembarque
A Tabela 9 apresenta um resumo das características gerais do porto de Vitória.
Tabela 9 - Resumo das características gerais do porto de Vitória
Área total do porto
organizado
Administração
Movimentação de
cargas - 2011
Acessos
1,25 milhão de m2
Companhia Docas do Espírito Santo - Codesa
8,1 milhões de toneladas
Rodoviário: ES-080, BR-262, que liga Belo Horizonte a Vitória, e BR-101
Ferroviário: Estrada de Ferro Vitória a Minas – EFMV e Ferrovia Centro-Atlântica - FCA
Cais Comercial de Vitória: 776 m
Extensão do cais
Cais de Capuaba: 774 m
Cais de Paul: 420 m
Área de inluência
primária
Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e
Sergipe
Principais cargas
movimentadas
Café, bobinas de papel, mármore, granito, celulose, açúcar, produtos siderúrgicos e
contêineres
Cais Comercial de Vitória: 4 berços
Número de berços
Cais de Capuaba: 6 berços
Cais de Paul: 2 berços
Profundidade do
canal de acesso
58
10,5 m, com 7.500 m de comprimento
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Tabela 9 - Resumo das características gerais do porto de Vitória
Continuação
Profundidade dos
berços
Horário de
funcionamento
Capacidade de
armazenamento
Cais Comercial de Vitória: entre 5,9 m a 9,5 m
Cais de Capuaba: 10,67 m
Cais de Paul: 10,67 m
24 horas por dia, durante sete dias da semana
Cais Comercial de Vitória: 3 armazéns para carga geral, com 8.000 m2 e 1 silo horizontal para
10.800 t
Cais de Capuaba: 1 armazém com 8.000 m2
CPVV: 1 tanque de combustível com 50.000 m3
Cais Comercial de Vitória: 1 pátio coberto de 900 m2 e 1 pátio descoberto de 30.000 m2
Área de pátio
Cais de Capuaba: 1 pátio de 100.000 m2
Cais de Paul: 1 pátio de 25.000 m2 e 1 pátio de 12.000 m2
Cais Comercial de Vitória
Berços 101 e 102:
4 guindastes com capacidade de 3,2 t, comuns ao berço 102
1 guindaste (Bitola) de 4,50 m
Berço 103:
2 guindastes com capacidade de 6,3 t
1 sugador de cereais com capacidade de 150 t/h
1 guindaste (Bitola) de 10 m
Berço 104:
1 guindaste (Bitola) de 4,50 m
Equipamentos
2 guindastes com capacidade de 6,3 t
1 balança rodo-ferroviária com capacidade de 60 t/h
Cais de Capuaba
Berço 201:
1 guindaste (Bitola) de 8,95 m
2 guindastes com capacidade de 6,3 t
2 carregadores com capacidade de 600 t/h
4 descarregadores com capacidade de 75 t/h
2 correias transportadoras com capacidade de 600 t/h
1 correia transportadora com capacidade de 300 t/h
2 balanças rodo-ferroviárias com capacidade de 80 t/h
59
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 9 - Resumo das características gerais do porto de Vitória
Continuação
Berço 202:
1 guindaste (Bitola) de 8,95 m
1 guindaste com capacidade de 6,3 t
1 guindaste com capacidade de 12,5 t
2 carregadores com capacidade de 600 t/h
4 descarregadores com capacidade de 75 t/h
2 correias transportadoras com capacidade de 600 t/h
1 reves X 300 t/h
2 balanças rodo-ferroviárias com capacidade de 80 t/h
Berços 203 e 204:
1 guindaste (bitola) de 10 m
1 guindaste com capacidade de 32 t e 1 guindaste com capacidade de 40 t, comum aos berços
203 e 204
2 balanças com capacidade de 80 t
Equipamentos
Cais de Paul
Berço 206:
1 guindaste (Bitola) de 11 m
1 descarregador com capacidade de 350 t/h
2 descarregadores com capacidade de 250 t/h
2 correias transportadoras com capacidade de 600 t/h
1 correia transportadora com capacidade de 300 t/h
1 balança rodoviária com capacidade de 80 t/h
Berço 905:
1 carregador com capacidade de 950 t/h
1 correia transportadora com capacidade de 950 t/h
CPVV
1 guindaste com capacidade de 100 t sobre pneus
1 balança rodo-ferroviária com capacidade de 75 t
1 equipamento de bombeamento com capacidade de 500 m3/h
3.10. Porto do Rio de Janeiro – RJ
O porto do Rio de Janeiro possui área de 850 mil m2 e localiza-se na costa oeste da
Baía de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro (Figura
13), sendo administrado pela Companhia Docas do Rio de Janeiro - CDRJ.
60
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Figura 13 - Porto do Rio de Janeiro
Sua área de inluência abrange os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais,
Espírito Santo, Goiás e Bahia. Possui excelente localização, próximo dos grandes centros
urbanos do país, além de estrutura capaz de movimentar grande variedade de cargas.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado do Rio de Janeiro atingiu
o montante de 353,9 bilhões, valor correspondente a 10,9% do PIB nacional. Já os
outros estados da área de inluência do porto possuem juntos um PIB de R$ 1,7 trilhão,
valor correspondente a 51,3% do PIB nacional. Logo, a área de inluência primária do
porto representa 62,2% do PIB brasileiro.
Possui acessos rodoviários pela BR-040, BR-101, BR-116, RJ-071 e RJ-083. Por ferrovias,
o porto conecta-se com a MRS Logística S.A. e Ferrovia Centro-Atlântica - FCA.
O porto do Rio de Janeiro opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados,
por 24 horas. A profundidade do canal de acesso é de 17 m, enquanto a profundidade
dos berços ica entre 6,5 m e 15,5 m.
61
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Suas instalações possuem 6.740 m de extensão de cais, contando com 40 berços. Para
armazenamento de cargas, o porto disponibiliza 4 armazéns, com área total de 21.500
m2, 17 armazéns, com área total de 60.000 m2, 40.000 m2 de pátios descobertos e 1
pátio com 16.000 m2.
Em 2011, o porto movimentou 7,7 milhões de toneladas (1,3 milhão de toneladas de granéis
sólidos, 200 mil toneladas de granéis líquidos e 6,2 milhões de toneladas de carga geral),
o que representa 2,5% de toda a movimentação dos portos organizados no Brasil.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 7,4 milhões de toneladas
por meio da navegação de longo curso (2,9% do total de carga movimentada nos
portos organizados por esse tipo de navegação) e 300 mil toneladas pela navegação
de cabotagem (0,8% do total da cabotagem nos portos organizados). Em relação
ao sentido da movimentação da carga, 4,1 milhões de toneladas (53,4% do total
movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foram embarcados 3,6 milhões de
toneladas (46,6% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 11, o porto do Rio de Janeiro apresentou redução na
movimentação de cargas de 9,4% ao longo dos últimos seis anos, sendo a maior
movimentação recente registrada no ano de 2007, com 9,0 milhões de toneladas.
Entre as cargas movimentadas no porto, destacam-se contêineres, veículos
automotores, produtos siderúrgicos, bobinas de papel, trigo, ferro-gusa e derivados
de petróleo.
Gráfico 11 - Movimentação de cargas no porto do Rio de Janeiro
8,5
9,0
8,8
7,7
Milhões de toneladas
3,6
6,8
3,2
6,9
4,1
4,4
4,2
3,4
5,3
2006
5,4
2007
4,4
3,4
2,7
3,6
2008
2009
2010
2011
Embarque
Desembarque
A Tabela 10 apresenta um resumo das características gerais do porto do Rio de Janeiro.
Tabela 10 - Resumo das características gerais do porto do Rio de Janeiro
Área total do porto
organizado
Administração
62
Entre a estação de passageiros e o terminal da Libra: 850.000 m2
Companhia Docas do Rio de Janeiro - CDRJ
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Tabela 10 - Resumo das características gerais do porto do Rio de Janeiro
Continuação
Movimentação de
cargas - 2011
Acessos
7,7 milhões de toneladas
Rodoviário: BR-040, BR-101, BR-116, RJ-071 e RJ-083
Ferroviário: MRS Logística S.A. e Ferrovia Centro-Atlântica - FCA
Extensão do cais
6.740 m
Área de inluência
primária
Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Bahia
Principais cargas
movimentadas
Contêineres, veículos automotores, produtos siderúrgicos, bobinas de papel, trigo, ferro-gusa
e derivados de petróleo
Píer Mauá: 5 berços
Cais da Gamboa: 20 berços
Número de berços
Cais de São Cristóvão: 6 berços
Cais do Caju/Terminal Roll-on/Roll-off: 5 berços
Terminal de Contêineres: 4 berços
Profundidade do
canal de acesso
17 m
Pier Mauá: entre 7 m a 10 m
Profundidade dos
berços
Cais da Gamboa: entre 6,5 m e 10 m
Cais de São Cristóvão: entre 6,5 m e 9,5m
Cais do Caju/Terminal Roll-on-Roll-off: entre 13,5 m e 15,5 m
Terminal de contêineres: entre 11,5 m e 12 m
Horário de
funcionamento
Capacidade de
armazenamento
Área de pátio
24 horas por dia, durante sete dias da semana
4 armazéns, com área total de 21.500 m2
17 armazéns, com área total de 60.000 m2
40.000 m2 de pátios descobertos
1 pátio com 16.000 m2
Libra Terminal
3 portêineres (2 Post-Panamax)
Equipamentos
13 reach stackers com capacidade de 45 t
17 empilhadeiras
4 RTGs Cranes
63
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 10 - Resumo das características gerais do porto do Rio de Janeiro
Continuação
Multiterminais
2 portêineres
14 reach stackers com capacidade de 45 t
4 RTGs Cranes
3 guindastes sobre pneus com capacidade de 10 t
2 empilhadeiras com capacidade de 10 t
4 empilhadeiras com capacidade de 7 t
7 empilhadeiras com capacidade de 4 t
2 empilhadeiras com capacidade de 30 t
1 empilhadeira com capacidade de 16 t
Triunfo Logística
4 reach stackers com capacidade de 45 t
4 empilhadeiras com capacidade de 4 t
15 empilhadeiras com capacidade de 5 t
2 empilhadeiras com capacidade de 7 t
12 empilhadeiras com capacidade de 10 t
3 empilhadeiras com capacidade de 16 t
Equipamentos
1 empilhadeira com capacidade de 18 t
4 empilhadeiras com capacidade de 20 t
4 empilhadeiras com capacidade de 25 t
Pennant Serviços Marítimos
2 empilhadeiras com capacidade de 4 t
5 empilhadeiras com capacidade de 4,5 t
5 empilhadeiras com capacidade de 7 t
2 empilhadeiras com capacidade de 14 t
3 empilhadeiras com capacidade de 16 t
1 empilhadeira com capacidade de 45 t
Bunge
1 descarregador de trigo com capacidade de 400 t/hora
Moinho Cruzeiro do Sul
1 sugador de trigo com capacidade de 300 t/hora
Equipamentos do porto do Rio de Janeiro, na área da Multiterminais:
4 portêineres
13 spreaderes tipo telescópio para portêiner
64
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Tabela 10 - Resumo das características gerais do porto do Rio de Janeiro
Continuação
7 spreaderes tipo telescópio para transtêiner
3 guindastes móveis para cais
6 transtêineres
15 empilhadores de contêiner
40 empilhadeiras
Equipamentos
20 cavalos mecânicos
6 carretas
24 transportadores de contêiner
8 tratores de terminais do tipo Tug Master
1 varredeira
2 plataformas elevatórias
3.11. Porto de Aratu – BA
O porto de Aratu possui área de, aproximadamente, 4 milhões de m2 e localiza-se
na cidade de Candeias, no estado da Bahia (Figura 14), sendo administrado pela
Companhia Docas do estado da Bahia – Codeba.
Sua área de inluência abrange os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco
e Minas Gerais. É responsável por 60% da movimentação de cargas entre os portos
administrados pela Codeba (porto de Aratu, porto de Salvador e porto de Ilhéus), com
vocação para movimentação de granéis líquidos e sólidos.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado da Bahia atingiu o montante
de 137,1 bilhões, valor correspondente a 4,2% do PIB nacional. Já os outros estados
da área de inluência do porto possuem juntos um PIB de R$ 406,5 bilhões, valor
correspondente a 12,5% do PIB nacional. Logo, a área de inluência primária do porto
representa 16,7% do PIB brasileiro.
Possui acessos rodoviários pela BR-324, que se conecta à BR-101, BR-110 e BR-116. Por
ferrovia, o porto conecta-se com a Ferrovia Centro-Atlântica - FCA.
O porto de Aratu opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados, por 24
horas. A profundidade do canal de acesso é de 12,0 m, enquanto a profundidade dos
berços ica entre 10,0 m e 12,0 m.
Suas instalações possuem 895 m de extensão de cais, contando com 6 berços. Para
armazenamento de granéis sólidos, o porto disponibiliza 1 pátio a céu aberto, com
área total de 68.400 m2 e capacidade estática para 475.000 t, enquanto os granéis
líquidos e produtos gasosos são armazenados em tanques da Tequimar, Brasterminais,
Tegal e Petrobrás.
65
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Figura 14 - Porto de Aratu
Em 2011, o porto movimentou 5,2 milhões de toneladas (1,8 milhão de toneladas de
granéis sólidos e 3,4 milhões de toneladas de granéis líquidos), o que representa 1,7%
de toda a movimentação dos portos organizados no Brasil.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 3,5 milhões de
toneladas por meio da navegação de longo curso (1,4% do total de carga movimentada
nos portos organizados por esse tipo de navegação) e 1,7 milhão de toneladas por
navegação de cabotagem (3,8% do total da cabotagem nos portos organizados).
Em relação ao sentido da movimentação da carga, 3,6 milhões de toneladas (69,3%
do total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto 1,6 milhão de toneladas
foram embarcadas (30,7% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 12, o porto de Aratu apresentou redução na movimentação
de 3,7%, no período de 2006 a 2011, sendo que a maior movimentação de cargas
nos últimos seis anos ocorreu em 2007, totalizando 6,8 milhões de toneladas. Entre
66
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
as cargas movimentadas no porto, destacam-se os produtos derivados do petróleo,
fertilizantes, carvão, enxofre, magnesita e soda cáustica.
Gráfico 12 - Movimentação de cargas no porto de Aratu
6,8
5,8
Milhões de toneladas
5,4
5,2
5,6
5,2
4,8
3,6
3,9
1,8
2006
2,0
1,9
2007
2008
3,4
1,8
2009
3,6
3,9
1,7
1,6
2010
2011
Embarque
Desembarque
A Tabela 11 apresenta um resumo das características gerais do porto de Aratu.
Tabela 11 - Resumo das características gerais do porto de Aratu
Área total do porto
organizado
Administração
Movimentação de
cargas - 2011
Acessos
4 milhões de m2
Companhia Docas do Estado da Bahia - Codeba
5,2 milhões de toneladas
Rodoviário: BR-324, que se conecta à BR-101, BR-110 e BR-116
Ferroviário: Ferrovia Centro-Atlântica - FCA
Terminal de Produtos Gasosos – TPG: 189 m
Extensão do cais
Terminal de Granéis Líquidos – TGL: 340 m
Terminal de Granéis Sólidos – TGS: 366 m
Área de inluência
primária
Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Minas Gerais
Principais cargas
movimentadas
Derivados do petróleo, fertilizantes, carvão, enxofre, magnesita e soda cáustica
Terminal de Produtos Gasosos – TPG: 1 berço
Número de berços
Terminal de Granéis Líquidos – TGL: 2 berços
Terminal de Granéis Sólidos – TGS: 3 berços
Profundidade do
canal de acesso
12 m
67
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 11 - Resumo das características gerais do porto de Aratu
Continuação
Profundidade dos
berços
Terminal de Produtos Gasosos – TPG: 12,0 m
Terminal de Granéis Líquidos – TGL: entre 11,0 m e 12,0 m
Terminal de Granéis Sólidos – TGS: entre 10,0 m e 11,5 m
Horário de
funcionamento
24 horas
Capacidade de
armazenamento
1 pátio a ceu aberto com área total de 68.400 m2 e capacidade estática para 475.000 t
Área de pátio
Pátio a ceu aberto com área total de 68.400 m2
1 descarregador de navios com 970 t/h de capacidade
1 correia para transporte interno com capacidade de 1.120 t/h
1 carregador de navio de até 1.200 t/h
1 carregador com capacidade de até 700 t/h
Equipamentos
1 correia para transporte interno com capacidade de 1.200 t/h
1 empilhadeira
1 transportador pneumático
1 guindaste para levantamento de mangote
1 guindaste tipo canguru de até 16 t operando com grabs
3.12. Porto de Itajaí – SC
O porto de Itajaí está localizado no município de Itajaí, à margem direita do rio
Itajaí-Açu, no estado de Santa Catarina (Figura 15), sendo administrado pela
Superintendência do Porto de Itajaí.
Sua área de inluência abrange os estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso
do Sul, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul. Considerado um dos maiores portos em
movimentação de contêineres do país, possui grande potencial de crescimento no
cenário nacional, proporcionando sinergia entre o país e os demais portos do Mercosul.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado de Santa Catarina atingiu
o montante de 129,8 bilhões, valor correspondente a 4,0% o PIB nacional. Já os
outros estados da área de inluência do porto possuem juntos um PIB de R$ 1,6
trilhão, valor correspondente a 49,8% do PIB nacional. Logo, a área de inluência
primária do porto representa 53,8% do PIB brasileiro.
Possui acessos rodoviários pela SC-470 e BR-470, que ligam Itajaí ao oeste
catarinense, passando por Blumenau; a BR-101, a 10 km do porto, e a SC-486
estendem-se até a cidade de Brusque, em Santa Catarina.
O porto de Itajaí opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados, por 24
horas. A profundidade do canal de acesso interno é de 11,0 m e do canal de acesso
externo é de 12,0 m. Os berços, por sua vez, possuem profundidade de 9,5 m.
68
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Suas instalações possuem 1.025 m de extensão, contando com 5 berços. O porto
disponibiliza 1 armazém com 1.500 m2, 1 pátio de 60.000 m2 e área de 75.000 m2 para
armazenagem de contêineres.
Em 2011, o porto movimentou 4,3 milhões de toneladas de carga geral, o que representa
1,4% de toda a movimentação dos portos organizados no Brasil, sendo que não houve
movimentação de granéis líquidos e sólidos no porto.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foram transportados 4,1 milhões de
toneladas por navegação de longo curso (1,6% do total de carga movimentada nos
portos organizados por esse tipo de navegação) e aproximadamente 200 mil toneladas
por navegação de cabotagem (0,5% do total da cabotagem nos portos organizados).
Em relação ao sentido da movimentação da carga, 2,0 milhões de toneladas (46,7%
do total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foram embarcados 2,3
milhões de toneladas (53,3% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 13, no ano de 2009 o porto registrou a menor movimentação
de cargas dos últimos seis anos. Os motivos para essa queda foram as fortes chuvas
que ocorreram em novembro de 2008 no estado de Santa Catarina, que daniicaram
a estrutura dos berços de atracação, bem como a crise mundial de 2008/2009. O
relexo das chuvas se estendeu por 2009, culminando na drástica redução de cargas
movimentadas quando comparado à movimentação de 2007.
Milhões de toneladas
Gráfico 13 - Movimentação de cargas no porto de Itajaí
6,4
6,5
1,6
1,9
4,3
3,8
4,8
2,0
4,6
1,8
2006
2007
3,6
2008
1,7
0,7
1,0
2009
2,0
1,7
2,3
1,9
2010
2011
Embarque
Desembarque
A Tabela 12 apresenta um resumo das características gerais do porto de Itajaí.
Tabela 12 - Resumo das características gerais do porto de Itajaí
Área total do porto
organizado
Administração
Movimentação de
cargas - 2011
135.000 m2, sendo 82.000 m2 arrendados para a APM Terminals
Superintendência do Porto de Itajaí
4,3 milhões de toneladas
69
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 12 - Resumo das características gerais do porto de Itajaí
Continuação
Acessos
Rodoviário: SC-470 e BR-470, que ligam Itajaí ao oeste catarinense, passando por Blumenau;
a BR-101, a 10 km do porto, e a SC-486 estendem-se até a cidade de Brusque
Extensão do cais
Cais comercial acostável de 1.025 m
Área de inluência
primária
Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul
Principais cargas
movimentadas
Produtos congelados, produtos cerâmicos, madeira, máquinas, motores e acessórios, açúcar
e contêineres
Número de berços
Profundidade do
canal de acesso
Profundidade dos
berços
Porto público: 3 berços, sendo 1 para ins turísticos
APM Terminals Itajaí: 2 berços
Canal interno: 11,0 m
Canal externo: 12,0 m
9,5 m
Horário de
funcionamento
24 horas
Capacidade de
armazenamento
1 armazém com 1.500 m2
Área de pátio
Porto Público: pátio de 60.000 m2
APM Terminals Itajaí : área de 75.000 m2 para armazenagem de contêineres
2 portêineres
3 guindastes MHC com capacidade de 100 toneladas
Equipamentos
2 guindastes MHC com capacidade de 140 toneladas
18 empilhadeiras tipo reach stackers com capacidade para 40 toneladas
5 empilhadeiras convencionais
3.13. Porto de Fortaleza – CE
O porto de Fortaleza possui área de 198.000 m2 e localiza-se na Enseada do Mucuripe,
na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará (Figura 16), sendo administrado pela
Companhia Docas do Ceará - CDC.
Sua área de inluência abrange os estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Rio Grande do
Norte, Pernambuco e Paraíba. Possui grande importância para a navegação de longo
curso e de cabotagem por causa da sua localização estratégica no território brasileiro,
além de ser dotado de estrutura para movimentação de diferentes tipos de cargas.
70
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Figura 16 - Porto de Fortaleza
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, o PIB do estado do Ceará atingiu o montante
de R$ 65,7 bilhões, valor correspondente a 2,0% do PIB nacional. Já os outros estados
da área de inluência do porto possuem juntos um PIB de R$ 193,9 bilhões, valor
correspondente a 6,0% do PIB nacional. Logo, a área de inluência primária do porto
representa 8,0% do PIB brasileiro.
Possui acessos rodoviários pela CE-060, CE-065, BR-020, BR-116 e BR-222. Por
ferrovia, o porto conecta-se com a Transnordestina Logística S.A.
O porto de Fortaleza opera todos os dias, inclusive nos ins de semana e feriados, por
24 horas. A profundidade do canal de acesso é de 14 m, com 3.500 m de comprimento,
enquanto a profundidade dos berços do Cais Comercial está entre 5,0 m e 13,0 m e do
Píer Petroleiro entre 11,5 m e 13,0 m.
Suas instalações possuem 1.054 m de extensão, contando com 7 berços. O porto
disponibiliza 5 armazéns com área de 6.000 m2 cada, 1 moinho de trigo para 80.000
71
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
t, 1 moinho de trigo para 22.000 t, 1 moinho de trigo para 16.350 t, tancagem total de
215.000 m2 e 130.000 m2 de pátios pavimentados para armazenagem de contêineres.
Em 2011, o porto movimentou 4,3 milhões de toneladas (1,2 milhão de toneladas
de granéis sólidos, 2,1 milhões de toneladas de granéis líquidos e 1,0 milhão de
toneladas de carga geral), o que representa 1,4% de toda a movimentação dos
portos organizados no Brasil.
No que diz respeito ao tipo de navegação, foi transportado 1,8 milhão de toneladas
por navegação de longo curso (0,7% do total de carga movimentada nos portos
organizados por esse tipo de navegação) e foram transportados 2,5 milhões de
toneladas por navegação de cabotagem (5,7% do total da cabotagem nos portos
organizados). Em relação ao sentido da movimentação da carga, 3,9 milhões de
toneladas (90,8% do total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foi
embarcado 0,4 milhão de toneladas (9,2% do total movimentado).
Conforme indica o Gráico 14, em 2010 e 2011, o porto alcançou sua maior
movimentação de cargas dos últimos seis anos, com crescimento de 26,5% em
relação à movimentação do ano de 2006. Entre as cargas movimentadas no porto,
destacam-se trigo, arroz, castanha de caju, malte, derivados de petróleo, fertilizantes,
frutas, sal, contêineres, calçados, cimento e aerogeradores.
Milhões de toneladas
Gráfico 14 - Movimentação de cargas no porto de Fortaleza
3,8
3,4
3,3
4,3
4,3
3,9
3,9
3,5
3,3
2,7
2,8
0,7
0,5
0,5
0,4
0,4
0,4
2006
2007
2008
2009
2010
2011
3,1
Embarque
Desembarque
A Tabela 13 apresenta um resumo das características gerais do porto de Fortaleza.
Tabela 13 - Resumo das características gerais do porto de Fortaleza
Área total do porto
organizado
Administração
Movimentação de
cargas - 2011
72
198.000 m2
Companhia Docas do Ceará - CDC
4,3 milhões de toneladas
03. CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PORTOS ORGANIZADOS DO BRASIL
Tabela 13 - Resumo das características gerais do porto de Fortaleza
Continuação
Acessos
Rodoviário: CE-060, CE-065, BR-020, BR-116 e BR-222
Ferroviário: Transnordestina Logística S.A.
Extensão do cais
1.054 m
Área de inluência
primária
Ceará, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba
Principais cargas
movimentadas
Trigo, arroz, castanha de caju, malte, derivados de petróleo, fertilizantes, frutas, sal,
contêineres, calçados, cimento e aerogeradores
Cais Comercial: 5 berços
Número de berços
Profundidade do
canal de acesso
Profundidade dos
berços
Horário de
funcionamento
Píer Petroleiro: 2 berços com 13,0 m de profundidade; dispõe de ponte de acesso com 853 m
de comprimento e um sistema de dutovias; o píer tem capacidade para receber navios de até
70 mil toneladas de peso bruto
14 m e 3.500 m de comprimento
Cais Comercial: entre 5 m e 13,0 m
Píer Petroleiro: entre 13,0 m
24 horas
5 armazéns com área de 6.000 m2 cada
Capacidade de
armazenamento
1 moinho de trigo para 80.000 t
1 moinho de trigo para 22.000 t
1 moinho de trigo para 16.350 t
Tancagem total de 215.000 m
Área de pátio
130.000 m2 de pátios pavimentados para armazenagem de contêineres
1 guindaste elétrico para 12 t
2 portalinos para descarga de cereais com capacidade de 300 t/h cada
Equipamentos
7 empilhadeiras para contêineres
30 empilhadeiras para 2 t e 7 t
2 guindastes MHC com capacidade de 100 t cada
73
04
TRANSPORTE E
MOVIMENTAÇÃO
MARÍTIMA
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Conforme abordado no Capítulo 1 deste relatório, a navegação marítima pode ser
classiicada como: longo curso, cabotagem, apoio marítimo e apoio portuário, de
modo que a movimentação de cargas no Brasil por via marítima se concentra na
navegação de longo curso e de cabotagem.
Em 2011, juntas, as navegações de cabotagem e de longo curso no Brasil
movimentaram 851,6 milhões de toneladas, um aumento de 6,2% em relação a
2010. Cerca de 658,1 milhões de toneladas (77,3%) correspondem à navegação
de longo curso, registrando um aumento de 6,8% quando comparado a 2010. Os
demais 193,5 milhões de toneladas (22,7% do total movimentado) são relativos à
navegação de cabotagem.
O presente capítulo traz uma breve descrição das etapas e dos atores envolvidos
nas atividades desenvolvidas em um porto, bem como apresenta os dados da
movimentação e do transporte de cargas da navegação de longo curso, cabotagem,
apoio marítimo e portuário.
4.1. Movimentação marítima de cargas
A movimentação de cargas por via marítima envolve etapas que englobam as
atividades de recepção e despacho das mercadorias no porto, a entrada e a saída
de navios, a operação portuária de movimentação de cargas nas dependências do
porto e os serviços complementares aos armadores e aos donos de mercadorias.
Neste contexto, diferentes órgãos e entidades17 atuam em cada etapa e de acordo
com a atividade a ser executada. A Figura 17 apresenta um diagrama com a
sequência de etapas e os intervenientes envolvidos.
Figura 17- Etapas de movimentação de cargas com a utilização do transporte marítimo
Etapa 1
Embarcador
Transportador
Etapa 2
Etapa 3
Administração do Porto | OGMO
Operador Portuário | Antaq
Anvisa | Ibama | Ministério da Agricultura
Polícia Federal | Receita Federal
Agente Marítimo | Armador
Prático | Rebocador
Marinha
A Etapa 1 diz respeito à chegada/saída da carga no porto, que pode ocorrer por meio do
transporte rodoviário ou ferroviário. Nessa etapa, o embarcador e/ou o transportador
são os responsáveis pela entrega/retirada da carga no porto.
A Etapa 2 está relacionada com a movimentação da carga nas dependências do
porto. Compete à Administração do Porto, entre outras atribuições previstas na Lei
17. As funções e atribuições dos intervenientes envolvidos nas atividades de movimentação e operação portuária são descritas no glossário da pesquisa.
76
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
n.º 8.630/93, iscalizar as operações portuárias, zelando para que os serviços se realizem
com regularidade, eiciência, segurança e respeito ao meio ambiente. As operações de
movimentação terrestre, embarque e desembarque de cargas são de responsabilidade
dos operadores portuários, cabendo ao OGMO administrar o fornecimento da mão de
obra do trabalhador portuário e do trabalhador portuário-avulso.
No âmbito da iscalização e controle nas dependências do porto, a Antaq atua como
entidade reguladora e iscalizadora das atividades portuárias e de transporte aquaviário.
Já o Ibama, entre outras atribuições, atua na iscalização de importações e exportações
de determinados produtos18 para proteção da qualidade ambiental. Por sua vez, a
Anvisa tem como responsabilidades iscalizar e garantir o cumprimento da legislação
sanitária brasileira, bem como do Regulamento Sanitário Internacional. Ademais, todas
as mercadorias de origem agropecuária, que entram ou saem dos portos por meio
da navegação de longo curso, são submetidas à inspeção do Sistema de Vigilância
Agropecuária Internacional – Vigiagro, ligado à Secretaria de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
As mercadorias também estão sujeitas à inspeção da Receita Federal, que realiza a
iscalização aduaneira e alfandegária para coibir a prática de contrabando e descaminho.
Em relação à segurança, uma das atribuições da Polícia Federal é atuar como polícia
marítima, além de efetuar o controle de imigração.
Na Etapa 3 ocorre a atracação/desatracação do navio com o auxílio da praticagem e
dos rebocadores. Nessa etapa, o armador, independente de ser ou não proprietário
da embarcação, deve promover a equipagem19 do navio e demais procedimentos,
disponibilizando-o apto para navegação. O armador é representado, junto às
autoridades portuárias, pelo agente marítimo, que assume o gerenciamento do
navio e realiza contatos com empresas transportadoras, terminais de contêineres,
operadores portuários, entre outros. A Marinha, por intermédio da Diretoria de
Portos e Costas, tem como algumas de suas atribuições contribuir para a segurança
do tráfego aquaviário e iscalizar o cumprimento de leis e regulamentos no mar e
águas interiores do Brasil.
Ressalta-se que as atividades portuárias e os órgãos e entidades atuantes podem
variar de acordo com a instalação portuária (porto organizado ou TUP), conforme o
tipo de carga movimentada (carga geral, granel líquido ou granel sólido) e segundo o
tipo de navegação (longo curso, cabotagem, apoio marítimo ou apoio portuário).
4.2. Navegação de longo curso
A partir do início da década de 90, a intensiicação da abertura econômica brasileira
e o fortalecimento do comércio exterior, bem como as mudanças promovidas pela
Lei de Modernização dos Portos, contribuíram para o crescimento da movimentação
de cargas por meio da navegação de longo curso20.
18. Como exemplo, cita-se a iscalização, por parte do Ibama, das importações e exportações de pilhas e baterias, agrotóxicos, mercúrio metálico, resíduos,
dispersantes químicos, entre outros.
19. Entende-se por equipagem a tripulação do navio.
20. A navegação de longo curso é deinida pela Lei n.º 9.432/97 como aquela realizada entre portos brasileiros e estrangeiros.
77
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Associada às características geográicas e econômicas do Brasil, a navegação
de longo curso destaca-se por sua signiicativa participação na movimentação
de cargas no modo marítimo21, que atingiu 77,3% no ano de 2011. Ademais, o
crescimento de 30,8% registrado entre os anos de 2006 e 2011 indica um cenário
favorável ao desenvolvimento desse tipo de navegação, que é a principal porta de
entrada e saída de produtos do país.
Conforme indica o Gráico 15, a movimentação de cargas por meio da navegação
de longo curso atingiu o montante de 658,1 milhões de toneladas em 2011,
representando um crescimento de 6,8% em relação ao ano de 2010, quando a
movimentação foi de 616,4 milhões de toneladas. Grande parte desse crescimento
é explicado pela recuperação da crise de 2008/2009, uma vez que o ano de 2009
registrou queda de 6,5% em comparação com a movimentação do ano de 2008.
Gráfico 15 - Movimentação de cargas por meio da navegação de longo curso embarque e desembarque
559,0
568,4
111,2
114,5
412,9
447,8
453,9
2006
2007
2008
Milhões de toneladas
502,9
90,0
616,4
658,1
126,8
143,3
439,8
489,6
514,8
2009
2010
2011
531,3
91,5
Embarque
Desembarque
Em relação ao sentido da carga movimentada pela navegação de longo curso, observase que, historicamente, a tonelagem de carga embarcada é superior à quantidade de
carga desembarcada. Em 2011, a quantidade de carga embarcada atingiu 514,7 milhões
de toneladas, correspondendo a 78,2% do total movimentado, enquanto a quantidade de
carga desembarcada atingiu o montante de 143,3 milhões de toneladas, representando
21,8% do total movimentado.
Embora as perspectivas sejam promissoras, é importante que os portos públicos
e terminais de uso privativo estejam preparados para absorver o crescimento da
demanda pela navegação de longo curso. Nesse sentido, merecem atenção as questões
relacionadas à profundidade dos berços e dos canais de acesso, melhorias dos acessos
terrestres aos portos e promoção de maior integração com os demais modos de
transportes. Isso porque os portos atuam como pontos de recepção e escoamento
de mercadorias e dependem de uma estrutura logística adequada, capaz de integrar
diferentes modalidades de transporte e facilitar o luxo de cargas, de modo que esse
ocorra no menor tempo possível e com o menor custo.
21. Considerando apenas a movimentação de cargas por meio da navegação de longo curso e de cabotagem que, juntas, totalizaram 851,6 milhões de
toneladas no ano de 2011.
78
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
4.2.1. Natureza da carga
No Gráico 16, observa-se que a movimentação de granéis sólidos cresceu 33,7% entre
os anos de 2006 e 2011. No mesmo período, o crescimento da movimentação de granéis
líquidos foi de 31,7%. Por sua vez, a movimentação de carga geral (carga geral solta e
carga conteinerizada) não acompanhou o ritmo de crescimento dos granéis líquidos e
sólidos, totalizando um aumento de 18,3%.
Gráfico 16 - Movimentação de cargas por meio da navegação de longo curso –
por natureza da carga
Milhões de toneladas
559,0
502,9
52,7
364,7
65,2
568,4
66,2
531,3
62,2
407,1
411,3
389,9
85,5
86,7
90,9
79,2
2006
2007
2008
2009
616,4
67,3
658,1
69,4
457,3
487,7
91,8
101,0
2010
Carga Geral
2011
Granel Sólido
Granel Líquido
No Gráico 17, percebe-se que os granéis sólidos representaram 82,6% do total
movimentado em 2011, enquanto a carga geral representou 11,8% e os granéis
líquidos 5,6%. Assim, em 2011, o embarque de granéis sólidos correspondeu
a 64,6% de toda a movimentação de longo curso nos portos brasileiros (658,1
milhões de toneladas). Os dados conirmam a posição do Brasil como exportador
de commodities agrícolas e minerais. Todavia, reforçam a necessidade de fomentar
a exportação de outros tipos de cargas.
Milhões de toneladas
Gráfico 17 - Movimentação de cargas por meio da navegação de longo curso – por
natureza da carga embarcada
412,9
26,2
322,8
447,8
29,6
355,5
453,9
32,7
362,3
439,8
32,9
489,6
29,5
514,8
28,7
406,0
425,2
355,8
63,9
62,7
58,9
51,1
54,1
60,9
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Carga Geral
Granel Sólido
Granel Líquido
79
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
No que diz respeito à carga desembarcada em 2011, o Gráico 18 indica que os granéis
sólidos representaram 43,6% do total movimentado, enquanto a movimentação de carga
geral foi responsável por 28,0% e os granéis líquidos corresponderam a 28,4%. Observase também uma melhor distribuição da movimentação entre os três segmentos de carga
no sentido de desembarque, em detrimento da grande concentração da movimentação
dos granéis sólidos no sentido de embarque.
Gráfico 18 - Movimentação de cargas por meio da navegação de longo curso –
por natureza da carga desembarcada
143,3
Milhões de toneladas
126,8
90,0
26,5
111,2
114,5
35,6
33,5
40,7
37,8
91,5
29,4
49,0
41,9
51,5
21,6
24,1
32,0
28,1
2006
2007
2008
2009
51,3
62,5
37,7
40,1
34,0
2010
Carga Geral
2011
Granel Sólido
Granel Líquido
4.2.2. Grupos de mercadorias
Considerando a movimentação de mercadorias embarcadas no ano de 2011, o Gráico
19 indica que grande parte da carga é classiicada como produto primário e de baixo
valor agregado. O minério de ferro foi o principal item exportado, ocupando a primeira
colocação, com 62,3% do total, seguido pelos contêineres, soja e açúcar, com respectiva
movimentação de 7,1%, 6,9% e 4,4%.
A Tabela 14 apresenta os dados de movimentação de cargas embarcadas no ano
de 2010 e 2011.
Em relação à variação da quantidade de mercadorias embarcadas entre os
anos de 2010 e 2011, indicada na Tabela 14, destaca-se o aumento registrado na
movimentação de ferro-gusa (41,6%), produtos siderúrgicos (40,9%), farelo de soja
(20,8%) e alumina (15,0%). Em contrapartida, registrou-se a redução do embarque
de preparações alimentícias diversas (-17,4%), milho (-13,6%) e açúcar (-7,6%). Por
sua vez, o total embarcado obteve aumento de 5,1%.
80
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
Gráfico 19 - Percentual do total embarcado, por grupo de mercadorias, no ano de 2011
62,3%
Minério de ferro
Contêineres
7,1%
Soja
6,9%
Açúcar
4,4%
Combustíveis, óleos minerais e derivados
4,0%
Farelo de soja
2,2%
Produtos siderúrgicos
2,0%
Milho
1,8%
Alumina
1,4%
Bauxita
1,3%
Celulose
1,3%
Ferro-gusa
0,6%
Trigo
0,5%
Caulim
0,4%
Arroz
0,4%
Preparações alimentícias diversas
0,4%
Manganês
0,4%
Plásticos e suas obras
0,4%
Outros
2,3%
% do total embarcado, por grupo de mercadorias em 2011
Tabela 14 - Total embarcado, por grupo de mercadorias, na navegação de longo curso
Quantidade (milhões de t)
Tipo de carga
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Açúcar
24,4
22,6
-7,6%
Alumina
6,3
7,3
15,0%
Arroz
-
2,1
-
Bauxita
6,2
6,5
4,7%
Caulim
2,2
2,3
2,2%
81
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 14 - Total embarcado, por grupo de mercadorias, na navegação de longo curso
Continuação
Quantidade (milhões de t)
Tipo de carga
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Celulose
6,2
6,5
5,3%
Combustíveis, óleos minerais e derivados
21,2
20,8
-1,7%
Contêineres
33,6
36,8
9,4%
Farelo de soja
9,2
11,1
20,8%
Ferro-gusa
2,1
2,9
41,6%
Madeira
1,8
-
-
Manganês
2,2
2,0
-10,6%
Milho
10,6
9,2
-13,6%
Minério de ferro
305,9
320,9
4,9%
Plásticos e suas obras
1,8
1,9
3,7%
Preparações alimentícias diversas
2,4
2,0
-17,4%
Produtos químicos orgânicos
1,6
-
-
Produtos siderúrgicos
7,2
10,1
40,9%
Soja
33,3
35,5
6,8%
Trigo
-
2,4
-
Outros
11,4
12,1
5,6%
TOTAL
489,6
514,7
5,10%
A expressiva quantidade de carga embarcada está diretamente associada à formação
de corredores de exportação ligados aos principais portos. Tais corredores devem ser
dotados de infraestrutura logística para captação de uma diversidade de produtos
provenientes de diferentes regiões do país, que possui dimensões continentais. Além
disso, com o objetivo de ampliar a rede de transportes e promover a multimodalidade e
o fortalecimento econômico nacional, é essencial a manutenção e expansão da malha
rodoviária e ferroviária.
Na movimentação de mercadorias desembarcadas no ano de 2011, o Gráico 20 indica
que o grupo com os seis primeiros produtos é responsável por mais de 83,7% do total
importado pelo país, sendo a classe de contêineres o item com maior participação,
totalizando 24,4%.
82
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
Gráfico 20 - Percentual do total desembarcado, por grupo de mercadorias, no ano de 2011
24,4%
Contêineres
23,3%
Combustíveis, óleos minerais e derivados
14,3%
Fertilizantes e adubos
Carvão mineral
12,0%
6,0%
Coque de petróleo
Trigo
Enxofre, terras e pedras, gesso e cal
3,7%
2,4%
Produtos químicos inorgânicos
1,9%
Soda cáustica
1,9%
Produtos siderúrgicos
1,6%
Produtos químicos orgânicos
1,5%
Álcool etílico
1,0%
Sal
0,8%
Malte e cevada
0,8%
Cimento
0,8%
Automóveis de passageiros
0,6%
Cobre, níquel, estanho, outros metais e suas obras
0,5%
Minérios, escórias e cinzas
0,5%
Outros
2,0%
% do total desembarcado, por grupo de mercadorias em 2011
A Tabela 15 apresenta os dados de movimentação de cargas desembarcadas nos anos
de 2010 e 2011.
Tabela 15 - Total desembarcado, por grupo de mercadorias, na navegação de longo curso
Quantidade (milhões de t)
Tipo de carga
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Álcool etílico
0,6
1,4
141,9%
Automóveis de passageiros
0,6
0,9
51,7%
Calcário
0,6
-
-
Carvão mineral
15,3
17,1
12,1%
83
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 15 - Total desembarcado, por grupo de mercadorias, na navegação de longo curso
Continuação
Quantidade (milhões de t)
Tipo de carga
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Cimento
-
1,1
-
Cobre, níquel, estanho, outros metais e suas obras
-
0,7
-
Combustíveis, óleos minerais e derivados
32,7
33,4
2,3%
Contêineres
30,0
35,0
16,7%
Coque de petróleo
6,9
8,6
25,1%
Enxofre, terras e pedras, gesso e cal
2,8
3,4
21,2%
Fertilizantes e adubos
16,2
20,5
26,9%
Malte e cevada
1,1
1,1
2,0%
Minérios, escórias e cinzas
0,6
0,7
6,1%
Produtos químicos inorgânicos
2,6
2,8
7,5%
Produtos químicos orgânicos
1,1
2,1
90,2%
Produtos siderúrgicos
3,3
2,3
-32,0%
Sal
1,0
1,2
13,3%
Soda cáustica
2,1
2,7
24,9%
Trigo
4,9
5,4
9,2%
Veículos e material para vias férreas
0,9
-
-
Outros
3,5
2,8
-19,2%
TOTAL
126,8
143,3
13,1%
Em relação à variação da quantidade de mercadorias desembarcadas entre os anos de
2010 e 2011, indicada na Tabela 15, destaca-se o aumento registrado na movimentação de
álcool etílico (141,9%), produtos químicos orgânicos (90,2%), automóveis de passageiros
(51,7%) e fertilizantes e adubos (26,9%). Em contrapartida, registrou-se a redução do
desembarque de produtos siderúrgicos (-32,0%). Na análise do total desembarcado,
veriica-se o aumento de 13,1%.
Mesmo com o crescimento do setor petrolífero do Brasil, observa-se que a quantidade
importada de combustíveis, óleos minerais e derivados é superior à quantidade exportada,
sendo que, do total desembarcado, 23,3% correspondem a esse grupo de mercadorias.
Tal situação se explica pelo aumento da demanda do mercado em função da expansão
84
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
da frota de veículos. Além disso, grande parte dos combustíveis produzidos no Brasil
é derivada de petróleo pesado, e a maioria das reinarias existentes foi projetada para
processar petróleo leve. Assim, enquanto novas reinarias são construídas, a tendência é
que o Brasil continue a importar petróleo leve. Por sua vez, a quantidade de fertilizantes
importados justiica-se pela deiciência do país na produção desse item, largamente
utilizado na produção agrícola.
4.2.3. Movimentação de carga por rotas oceânicas
Segundo a Antaq, uma rota oceânica é o conjunto de rotas marítimas com origem no
Brasil e destino a uma região no exterior e vice-versa. O agrupamento das rotas segue o
padrão das linhas de comunicação marítimas usadas pela Marinha do Brasil no Sistema
de Transporte Marítimo - Sistram. A seguir, são apresentados os dados de movimentação
de embarque e desembarque de cargas, segmentado por rotas oceânicas.
4.2.3.1. Exportação
A Figura 18 apresenta a tonelagem total exportada por vias marítimas de acordo com
rotas oceânicas, no ano de 2011.
Figura 18 - Tonelagem exportada por vias marítimas de acordo com rotas oceânicas - 2011
(milhões de toneladas)
86,3
24,3
39,5
1,2
15,8
26,2
3,7
3,9
292,7
4,4
1,7
10,2
Atlântico Sul/Rio da Prata
Costa Oeste da América do Sul
Mediterrâneo/Mar Negro
Fonte: Modificado de Antaq
Noroeste da África
Caribe/Golfo do México
África Ocidental
(Golfo da Guiné)
EUA/Canadá
Norte da Europa/Europa
América Central e do Norte
(Costa Leste)
Oriente Médio
África Oriental
Índico/Extremo Oriente
Costa Oeste da
Granéis sólidos
De acordo com a Tabela 16, no ano de 2011, mais da metade dos granéis sólidos
embarcados (62,7%) teve como destino a região do Índico/Extremo Oriente.
As relações econômicas que o país possui com a China, principal comprador do
85
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
minério de ferro brasileiro, contribuem para esse elevado percentual. Outra região
de grande consumo de granéis sólidos brasileiros é a Europa, que comprou 16,4%
desse tipo de mercadoria, seguido pelo Oriente Médio, que adquiriu 5,9% das
toneladas exportadas desse segmento de carga.
Tabela 16 - Total embarcado por rota oceânica e natureza da carga – granel sólido
Quantidade (milhões de t)
Rota oceânica
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
África Ocidental (Golfo da Guiné)
2,0
2,3
15,0%
África Oriental
0,4
0,5
25,0%
Atlântico Sul/Rio da Prata
4,8
5,4
12,5%
Caribe/Golfo do México
5,1
6,0
17,6%
Costa Oeste da América Central e do Norte
0,6
0,3
-50,0%
Costa Oeste da América do Sul
0,5
0,8
60,0%
EUA/Canadá (Costa Leste)
10,0
11,0
10,0%
Índico Extremo Oriente
224,9
266,7
18,6%
Mediterrâneo/Mar Negro
28,0
32,3
15,4%
Noroeste da África
1,1
2,0
81,8%
Norte da Europa/Europa
67,8
69,8
2,9%
Oriente Médio
16,9
25,1
48,5%
Não Identiicada
43,9
2,9
-
TOTAL
406,0
425,1
4,7%
A respeito da variação de granéis sólidos embarcados entre os anos de 2010 e 2011,
indicada na Tabela 16, destaca-se o aumento registrado nas regiões do Noroeste da
África (81,8%), Costa Oeste da América do Sul (60,0%) e Oriente Médio (48,5%). A
Costa Oeste da América Central e do Norte teve uma redução de 50,0%, sendo a única
região a importar menos mercadoria do Brasil, em 2011, em comparação com o ano de
2010. Por sua vez, o total embarcado desse segmento de carga obteve aumento de 4,7%.
Granéis líquidos
Em relação aos granéis líquidos, observa-se na Tabela 17 que, no ano de 2011, 39,9% da
quantidade embarcada desse tipo de mercadoria teve como destino a região do Índico/
Extremo Oriente, seguida pelas regiões da Europa e dos Estados Unidos/Canadá (Costa
Leste), ambas com 14,3%, e pelo Caribe/Golfo do México com 11,7%.
86
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 17 - Total embarcado por rota oceânica e natureza da carga - granel líquido
Quantidade (milhões de t)
Rota oceânica
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
África Ocidental (Golfo da Guiné)
0,1
0,1
0,0%
África Oriental
0,1
0,1
0,0%
Atlântico Sul/Rio da Prata
1,4
2,0
42,9%
Caribe/Golfo do México
3,2
3,4
6,3%
Costa Oeste da América Central e do Norte
0,9
0,5
-44,4%
Costa Oeste da América do Sul
0,8
1,2
50,0%
EUA/Canadá (Costa Leste)
3,4
4,1
20,6%
Índico/Extremo Oriente
10,0
11,5
15,0%
Mediterrâneo/Mar Negro
0,5
1,3
160,0%
Noroeste da África
0,3
0,0
-100,0%
Norte da Europa/Europa
4,4
4,1
-6,8%
Oriente Médio
0,7
0,1
-85,7%
Não Identiicada
3,6
0,3
-
TOTAL
29,5
28,7
-2,7%
Os dados de variação de embarque de granéis líquidos entre os anos de 2010 e
2011, apresentados na Tabela 17, indicam o aumento nas regiões do Mediterrâneo/
Mar Negro (160,0%) e da Costa Oeste da América do Sul (50,0%). Indicam também
a redução de aproximadamente 100,0% (menos de 100 mil toneladas embarcadas)
no Noroeste da África e de 85,7% no Oriente Médio. Observa-se ainda que essas
regiões de grande redução ou crescimento possuem pouca expressão em relação
ao total embarcado. Por sua vez, a quantidade total de carga embarcada desse
segmento obteve redução de 2,7%.
Carga geral
A região do Índico/Extremo Oriente é o principal destino da carga geral22 embarcada no
país, representando 27,3% do total exportado, conforme indica a Tabela 18, seguida pela
Europa, com 21,4%, e pela região dos Estados Unidos/Canadá (Costa Leste), com 19,5%.
Essas regiões de maior signiicância tiveram pouca variação na quantidade de carga
embarcada de 2010 para 2011.
22. Considera-se, neste caso, apenas a carga geral solta.
87
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 18 - Total embarcado por rota oceânica e natureza da carga - carga geral
Quantidade (milhões de t)
Rota oceânica
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
África Ocidental (Golfo da Guiné)
0,4
0,8
100,0%
África Oriental
0,1
0,1
0,0%
Atlântico Sul/Rio da Prata
0,5
1,4
180,0%
Caribe/Golfo do México
0,9
0,8
-11,1%
Costa Oeste da América Central e do Norte
0,5
0,3
-40,0%
Costa Oeste da América do Sul
0,6
1,3
116,7%
EUA/Canadá (Costa Leste)
3,6
4,7
30,6%
Índico/Extremo Oriente
7,0
6,6
-5,7%
Mediterrâneo/Mar Negro
1,6
1,7
6,3%
Noroeste da África
0,3
0,5
66,7%
Norte da Europa/Europa
3,4
5,2
52,9%
Oriente Médio
0,4
0,4
0,0%
Não Identiicada
1,2
0,3
-
TOTAL
20,5
24,1
17,7%
Os dados de variação de embarque de carga geral entre os anos de 2010 e 2011,
da Tabela 18, indicam o aumento da movimentação nas regiões do Atlântico Sul/
Rio da Prata e Costa Oeste da América do Sul, que cresceram 180,0% e 116,7%,
respectivamente. A África Ocidental (Golfo da Guiné) cresceu 100,0% nas
importações brasileiras, mas ainda é pouco expressiva no total embarcado. Registrase também a queda de 40,0% na importação de carga geral da Costa Oeste da
América Central e do Norte. Por sua vez, destaca-se o expressivo crescimento de
17,7% no total embarcado desse segmento de carga.
Carga conteinerizada
Em relação ao embarque de carga conteinerizada no ano de 2011, observa-se na Tabela
19 que a região do Índico/Extremo Oriente ocupa a primeira posição em termos de
quantidade de carga conteinerizada, representando 21,7%, seguida pela Europa, com
19,9%. Considerando a quantidade de contêineres embarcados (Twenty-foot Equivalent
Unit23 - TEU), as posições permanecem as mesmas, com a região do Índico/Extremo
Oriente representando 27,3% da movimentação, enquanto a Europa totalizou 17,2%.
23. Unidade equivalente a 1 contêiner padrão de 20 pés.
88
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
A região do Mediterrâneo/Mar Negro também merece destaque como destino desse
segmento de carga, com 11,2% do total de toneladas embarcadas.
Os dados de variação de toneladas de carga embarcadas nos contêineres entre os anos
de 2010 e 2011, da Tabela 19, indicam o aumento nas regiões da África Oriental (42,9%)
e da Costa Oeste da América do Sul (25,0%), enquanto no Mediterrâneo/Mar Negro foi
registrada redução de 14,6%. Por sua vez, a quantidade total de toneladas embarcadas
apresentou crescimento de 8,9%, e o total de TEUs obteve crescimento de 15,1%.
Tabela 19 - Total embarcado por rota oceânica e natureza da carga (contêineres – milhões
de toneladas, TEU - unidades)
Quantidade (milhões de t)
Rota oceânica
TEU (Unidades)
2010
2011
Variação
2010 2011 (%)
2010
2011
Variação
2010 2011 (%)
África Ocidental (Golfo da Guiné)
0,6
0,7
16,7%
32.407
39.344
21,4%
África Oriental
0,7
1,0
42,9%
56.881
74.482
30,9%
Atlântico Sul/Rio da Prata
1,2
1,4
16,7%
117.668
136.609
16,1%
Caribe/Golfo do México
4,8
5,6
16,7%
356.900
439.030
23,0%
Costa Oeste da América Central e
do Norte
0,1
0,1
0,0%
8.372
7.285
-13,0%
Costa Oeste da América do Sul
0,8
1,0
25,0%
50.273
62.645
24,6%
EUA/Canadá (Costa Leste)
4,3
4,4
2,3%
333.911
357.860
7,2%
Índico/Extremo Oriente
6,5
8,0
23,1%
676.467
861.959
27,4%
Mediterrâneo/Mar Negro
4,8
4,1
-14,6%
337.454
309.898
-8,2%
Noroeste da África
0,9
1,2
33,3%
65.592
91.312
39,2%
Norte da Europa/Europa
6,9
7,3
5,8%
503.858
543.799
7,9%
Oriente Médio
0,6
0,6
0,0%
44.788
43.585
-2,7%
Não Identiicada
1,5
1,3
-
158.692
189.964
TOTAL
33,7
36,7
8,9%
2.743.263
3.157.772
15,1%
4.2.3.2. Importação
A Figura 19 apresenta a tonelagem importada por vias marítimas de acordo com rotas
oceânicas, no ano de 2011.
89
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Figura 19 - Tonelagem importada por vias marítimas de acordo com rotas oceânicas - 2011
(milhões de toneladas)
19,6
25,3
12,3
4
10
7,5
2,2
10,8
29,2
4,4
1,6
11,1
Atlântico Sul/Rio da Prata
Costa Oeste da América do Sul
Mediterrâneo/Mar Negro
Noroeste da África
Fonte: Modificado de Antaq
Caribe/Golfo do México
Costa Oeste da
América Central e do Norte
África Oriental
África Ocidental
(Golfo da Guiné)
Norte da Europa/Europa
EUA/Canadá
(Costa Leste)
Oriente Médio
Índico/Extremo Oriente
Granéis sólidos
No sentido de desembarque, a Tabela 20 indica que a maior quantidade de granéis
sólidos importados pelo país, em 2011, é proveniente da região da Costa Leste dos EUA
e do Canadá, com 13,5 milhões de toneladas, representando 21,6% do total, seguida pela
Europa, com 11,3 milhões de toneladas, representando 18,2% do total desembarcado.
Tabela 20 - Total desembarcado por rota oceânica e natureza da carga – granel sólido
Quantidade (milhões de t)
Rota oceânica
90
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
África Ocidental (Golfo da Guiné)
0,0
0,0
0,0%
África Oriental
1,1
1,0
-9,1%
Atlântico Sul/Rio da Prata
4,4
6,5
47,7%
Caribe/Golfo do México
4,0
4,8
20,0%
Costa Oeste da América Central e do Norte
2,4
3,8
58,3%
Costa Oeste da América do Sul
1,7
3,1
82,4%
EUA/Canadá (Costa Leste)
12,0
13,5
12,5%
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 20 - Total desembarcado por rota oceânica e natureza da carga – granel sólido
Continuação
Quantidade (milhões de t)
Tipo de carga
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Índico/Extremo Oriente
7,1
7,9
11,3%
Mediterrâneo/Mar Negro
4,3
5,0
16,3%
Noroeste da África
1,4
1,6
14,3%
Norte da Europa/ Europa
8,1
11,3
39,5%
Oriente Médio
0,6
1,0
66,7%
Não Identiicada
4,1
3,0
-
TOTAL
51,2
62,5
22,1%
A respeito da variação de granéis sólidos desembarcados entre os anos de 2010 e 2011,
indicada na Tabela 20, destaca-se o aumento registrado nas regiões da Costa Oeste da
América do Sul (82,4%), Oriente Médio (66,7%) e Costa Oeste da América Central e do
Norte (58,3%). Por outro lado, registra-se a redução de 9,1% na África Oriental. O total
desembarcado desse segmento de carga obteve crescimento de 22,1%.
Granéis líquidos
Em relação ao desembarque de granéis líquidos, destaca-se, na Tabela 21, que 26,1%
do total movimentado, em 2011, (10,6 milhões de toneladas) é proveniente da região
da África Ocidental (Golfo da Guiné). Segundo a Antaq, esse signiicativo percentual é
decorrente do grande volume de combustíveis importado da Nigéria.
Os dados de variação de desembarque de granéis líquidos entre os anos de 2010 e 2011,
da Tabela 21, indicam o aumento de importação de produtos provenientes das regiões
do Noroeste da África (100,0%) e no Índico/Extremo Oriente (62,9%) e a redução de
28,0% no Atlântico Sul/Rio da Prata. Por sua vez, o total desembarcado desse segmento
de carga obteve crescimento de 7,6%.
Tabela 21 - Total desembarcado por rota oceânica e natureza da carga – granel líquido
Quantidade (milhões de t)
Rota oceânica
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
África Ocidental (Golfo da Guiné)
10,8
10,6
-1,9%
África Oriental
0,1
0,1
0,0%
Atlântico Sul/Rio da Prata
2,5
1,8
-28,0%
91
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 21 - Total desembarcado por rota oceânica e natureza da carga – granel líquido
Continuação
Quantidade (milhões de t)
Tipo de carga
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Caribe/Golfo do México
1,7
1,8
5,9%
Costa Oeste da América Central e do Norte
0,0
0,1
-
Costa Oeste da América do Sul
0,6
0,8
33,3%
EUA/Canadá (Costa Leste)
5,7
7,0
22,8%
Índico/Extremo Oriente
3,5
5,7
62,9%
Mediterrâneo/Mar Negro
3,7
3,5
-5,4%
Noroeste da África
0,2
0,4
100,0%
Norte da Europa/Europa
1,8
1,8
0,0%
Oriente Médio
4,7
6,4
36,2%
Não Identiicada
2,5
0,7
-
TOTAL
37,8
40,7
7,6%
Carga geral
A respeito da movimentação de carga geral desembarcada, observa-se, na Tabela 22,
que mais de 40% das importações são oriundas da região do Índico/Extremo Oriente (2,1
milhões de toneladas). Destaca-se, nesse aspecto, que a quantidade de carga embarcada
(24,1 milhões de toneladas) é signiicativamente superior ao total desembarcado nos
portos e terminais brasileiros (5,2 milhões de toneladas).
Tabela 22 - Total desembarcado por rota oceânica e natureza da carga – carga geral
Quantidade (milhões de t)
Rota oceânica
92
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
África Ocidental (Golfo da Guiné)
0,1
0,0
-100,0%
África Oriental
0,0
0,1
-
Atlântico Sul/Rio da Prata
0,4
0,4
0,0%
Caribe/Golfo do México
0,4
0,6
50,0%
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 22 - Total desembarcado por rota oceânica e natureza da carga – carga geral
Continuação
Quantidade (milhões de t)
Tipo de carga
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Costa Oeste da América Central e do Norte
0,0
0,0
0,0%
Costa Oeste da América do Sul
0,1
0,0
-100,0%
EUA/Canadá (Costa Leste)
0,6
0,6
0,0%
Índico/Extremo Oriente
3,1
2,1
-32,3%
Mediterrâneo/Mar Negro
0,7
0,5
-28,6%
Noroeste da África
0,0
0,0
0,0%
Norte da Europa/Europa
0,9
0,7
-22,2%
Oriente Médio
0,0
0,0
0,0%
Não Identiicada
1,4
0,2
-
TOTAL
7,7
5,2
-32,5%
Já os dados de variação de desembarque de carga geral entre os anos de 2010
e 2011, da Tabela 22, indicam o aumento apenas na região do Caribe/Golfo do
México (50,0%). Nas demais regiões não foram registradas variações positivas,
constatando-se a manutenção do patamar do ano anterior ou a redução da
participação no total desembarcado. Destaca-se também a queda de 32,5% do
total de desembarque desse segmento de carga.
Carga conteinerizada
Os dados de desembarque de carga conteinerizada, apresentados na Tabela 23, indicam
que 38,8% do total desse segmento de carga (13,6 milhões de toneladas) é proveniente
da região do Índico/Extremo Oriente, que dispõe de importantes portos concentradores
de cargas em países como China e Singapura.
Os dados de variação de toneladas de cargas desembarcadas nos contêineres entre
os anos de 2010 e 2011, da Tabela 23, indicam o aumento de mercadorias provenientes
das regiões do Índico/Extremo Oriente (37,4%) e da África Oriental (33,3%), enquanto
registrou-se a diminuição da participação do Oriente Médio e do Noroeste da África,
ambos com queda de 50,0%. Por sua vez, a quantidade total de toneladas desembarcadas
apresentou crescimento de 16,3%, e o total de TEUs obteve crescimento de 15,0%.
93
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 23 - Total desembarcado por rota oceânica e natureza da carga (contêiner - milhões
de toneladas, TEU - unidades)
Quantidade (milhões de t)
Rota oceânica
TEU (Unidades)
2010
2011
Variação
2010 2011 (%)
2010
2011
Variação
2010 2011 (%)
África Ocidental (Golfo da Guiné)
0,1
0,1
0,0%
27.087
17.111
-36,8%
África Oriental
0,3
0,4
33,3%
24.302
27.734
14,1%
Atlântico Sul/Rio da Prata
2,1
2,3
9,5%
254.681
283.796
11,4%
Caribe/Golfo do México
3,0
2,7
-10,0%
303.707
269.395
-11,3%
Costa Oeste da América Central e
do Norte
0,1
0,1
0,0%
6.142
6.340
3,2%
Costa Oeste da América do Sul
0,5
0,6
20,0%
26.491
31.351
18,3%
EUA/Canadá (Costa Leste)
3,9
4,3
10,3%
358.894
391.219
9,0%
Índico/Extremo Oriente
9,9
13,6
37,4%
871.435
1.209.887
38,8%
Mediterrâneo/Mar Negro
3,1
3,3
6,5%
351.041
335.284
-4,5%
Noroeste da África
0,2
0,1
-50,0%
32.832
28.880
-12,0%
Norte da Europa/Europa
5,6
5,9
5,4%
506.855
561.172
10,7%
Oriente Médio
0,2
0,1
-50,0%
26.881
21.370
-20,5%
Não Identiicada
1,1
1,5
36,4%
126.151
169.085
34,0%
TOTAL
30,1
35,0
16,3%
2.916.499
3.352.624
15,0%
4.3. Cabotagem
Conforme deinição da Lei n.º 9.432/97, a navegação de cabotagem é aquela realizada
entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou essa e as vias
navegáveis interiores. Cabe destacar que não está inserido nesse conceito o transporte
entre dois portos luviais, deinido como navegação interior.
No Brasil, a extensa costa marítima – de aproximadamente 7.367 km – e a concentração
dos setores produtivos e do mercado consumidor ao longo da costa são alguns dos
aspectos favoráveis ao desenvolvimento da cabotagem. Avaliando-se a distribuição
populacional no Brasil, observa-se a grande aglomeração nas zonas litorâneas,
94
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
especialmente na região Sudeste e na Zona da Mata nordestina, além da região Sul.
Ademais, há uma grande concentração de riqueza no Sudeste e Sul do país, bem como
ocorre a concentração do PIB e da renda em distâncias de até 100 km do litoral em
direção ao interior.
As estatísticas indicam que a movimentação de mercadorias por meio da navegação de
cabotagem vem aumentando ao longo dos últimos anos, ainda com grande potencial de
crescimento. Um dos fatores impulsionadores desse crescimento é a solução logística
porta a porta, estimulando a transferência de cargas transportadas por longas distâncias
do modo rodoviário para a cabotagem.
Em 2011, o transporte de cargas por meio da navegação de cabotagem movimentou
193,5 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 18,3% com relação
ao ano de 2006, quando foram movimentados 163,5 milhões de toneladas. Essa
tendência de crescimento é positiva para o setor de transportes, porque promove maior
competitividade, balanceamento da matriz de transportes e descongestionamento de
algumas rotas, fatores que podem contribuir para a redução de custos aos clientes, com
maiores economias de escala.
Além disso, a estabilidade da economia brasileira estimulou a utilização da cabotagem. A
oscilação inlacionária registrada na década de 80 e início da década de 90 caracterizava
grandes riscos inanceiros ao se transportar mercadorias por via marítima que, por
natureza, consome maior tempo de movimentação. Ademais, o estado de conservação
das rodovias brasileiras tem atraído a demanda do transporte rodoviário de cargas para
a cabotagem. Segundo dados da Pesquisa CNT de Rodovias 2012, 62,7% das rodovias
brasileiras foram avaliadas como Regular, Ruim ou Péssima, o que resulta no aumento
dos riscos de acidentes e do tempo das viagens.
A cabotagem é um elemento de integração e reestruturação da cadeia logística,
possibilitando aos usuários do serviço de transporte de carga maior lexibilidade e poder
de negociação. Todavia, é importante salientar que a navegação de cabotagem brasileira
ainda precisa vencer vários obstáculos. Entre eles, citam-se: elevados percentuais
de encargos sociais e, consequentemente, altos custos competitivos; escassez dos
serviços de carga fracionada; burocracia pública; carência de navios e contêineres para
a cabotagem; custo do combustível; elevado tempo de espera nos portos; criação de
novas rotas e cultura rodoviarista na movimentação de bens.
Cabe destacar que, entre os demais modos de transporte, o modo aquaviário apresenta
grande potencial competitivo decorrente das seguintes vantagens: eiciência energética;
capacidade de movimentação de grandes quantidades de cargas por longas distâncias;
menor risco de acidentes e roubos; maior vida útil da infraestrutura, dos equipamentos
e veículos; além do menor consumo de combustíveis e emissão de poluentes em relação
aos modos de transporte ferroviário e rodoviário.
Nos itens a seguir, são apresentados os dados da movimentação de cargas
realizada nos portos brasileiros entre os anos de 2006 e 2011. Os dados foram
disponibilizados pela Antaq.
95
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
4.3.1. Natureza da carga
Pela navegação de cabotagem, são transportados granéis sólidos, granéis líquidos e
carga geral. O Gráico 21 apresenta os dados da navegação de cabotagem referentes ao
volume total movimentado, por natureza da carga, entre os anos de 2006 e 2011.
Gráfico 21 - Volume de cargas movimentado na navegação de cabotagem por natureza
da carga (em milhões de toneladas)
163,5
168,5
172,4
177,3
185,8
193,5
134,0
Milhões de toneladas
133,3
122,8
123,1
33,1
31,7
29,3
29,6
32,8
14,2
14,0
20,0
19,2
19,7
22,6
2006
2007
2008
2009
2010
2011
116,2
128,5
Carga Geral
36,9
Granel Sólido
Granel Líquido
Observa-se, no período apresentado no Gráico 21, que os granéis líquidos corresponderam
à maior parcela das cargas movimentadas por meio da navegação de cabotagem, sendo
que os principais produtos são os combustíveis e óleos minerais. O volume de granéis
líquidos movimentados no ano de 2011 representou 69,3% do total, e, em 2010, 71,8%.
Além disso, comparando-se os anos de 2006 e 2011, é possível observar um crescimento
de 15,3% na movimentação desse segmento de carga. Destaca-se, ainda, que o volume
desse gênero de mercadoria transportada apresentou crescimento em todos os anos do
período avaliado.
Quanto ao volume movimentado de granéis sólidos via cabotagem entre os anos de
2006 e 2011, observa-se um crescimento de 11,3%. Entretanto, ao longo desse período,
o volume apresentou oscilações e, ao compararmos os anos de 2006 e 2008, veriicase uma redução de 11,6%, seguido por um crescimento de 25,9% na movimentação de
cargas entre os anos de 2008 e 2011.
O segmento de carga geral correspondeu a 11,7% do total movimentado na cabotagem
em 2011, ou seja, 22,6 milhões de toneladas. Entre os produtos movimentados, destacamse a madeira e os contêineres. Ademais, apesar das quedas registradas nos anos de
2007 e 2009, o crescimento na movimentação de carga geral foi de 59,2% entre os
anos de 2006 e 2011.
A partir do ano de 2010, a Antaq passou a distinguir o volume movimentado do volume
transportado. Dessa forma, o volume movimentado passou a ser considerado a partir
dos dados informados pelas instalações portuárias, e se refere, portanto, ao volume
96
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
embarcado e desembarcado nessas instalações. Isto é, esses dados são duplamente
informados. Já o conceito de volume transportado foi elaborado com a intenção de
aperfeiçoar a informação, registrando-se apenas a movimentação em um dos sentidos.
Como os indicadores apresentados tratam do transporte de cargas, foi considerada, na
navegação de cabotagem, apenas a movimentação de desembarque, que engloba tudo o
que foi transportado entre portos/TUPs e também o que foi transportado da plataforma
continental para os portos/TUPs de cada estado.
Diante desse conceito, em 2011, as empresas de navegação de cabotagem transportaram
133,3 milhões de toneladas. Os granéis líquidos representaram 78,6% desse total,
seguidos pelos granéis sólidos, com aproximadamente 13,7% e, por im, as cargas gerais,
com 7,7%. A Tabela 24 contempla os dados do total transportado, por natureza da carga,
na navegação de cabotagem.
Tabela 24 - Volume de cargas transportadas, por natureza da carga, na navegação
de cabotagem
Quantidade (milhões de t)
Natureza da carga
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Granel sólido
18,2
18,3
0,3%
Granel líquido
102,5
104,7
2,1%
Carga geral
9,9
10,3
3,8%
TOTAL
130,7
133,3
2,0%
Fonte: Antaq
Além disso, a Antaq também passou a disponibilizar os dados do volume transportado
por grupo de mercadoria e a matriz origem e destino dessas cargas. Os itens que seguem
abrangem esses dados.
4.3.2. Grupos de mercadorias
Entre os grupos de mercadorias transportadas em 2011, destacaram-se os seguintes:
combustíveis, óleos minerais e derivados, bauxita e contêineres. O Gráico 22
delineia o percentual de participação das mercadorias sobre o total transportado
na cabotagem. Observa-se que o transporte de combustíveis, óleos minerais e
derivados ocupa a primeira posição no ranking de mercadorias por tonelagem de
carga transportada via cabotagem, detendo 102,3 milhões de toneladas ou 76,8%
do total. Cabe destacar que também é considerado, na cabotagem, o transporte
de óleos minerais das plataformas de extração de petróleo para o continente,
conforme deinição da Antaq.
Outra mercadoria que apresenta destaque é a bauxita. Em 2011, foram transportados
14,8 milhões de toneladas pela navegação de cabotagem, o que representa 11,1% do
total transportado por esse modo de transporte. Segundo a Antaq, esses números
são decorrentes da maior demanda dos mercados interno e externo por alumínio
97
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
– produto que tem a bauxita como matéria-prima. Por sua vez, o transporte de
contêineres via cabotagem, em 2011, obteve 4,3% de participação sobre o total
nacional, ou seja, foram transportados 5,7 milhões de toneladas.
Gráfico 22 - Percentual do volume de cargas transportadas na navegação de cabotagem,
por grupo de mercadoria, em 2011
76,7%
Combustíveis, óleos minerais e derivados
11,1%
Bauxita
Contêineres
4,3%
Madeira
1,5%
Produtos químicos orgânicos
0,9%
Reatores, caldeiras e máquinas
0,9%
Soda cáustica
0,8%
Celulose
0,8%
Sal
0,7%
Minério de ferro
0,5%
Carvão mineral
0,4%
Produtos siderúrgicos
0,3%
Fertilizantes e adubos
0,3%
Trigo
0,2%
Coque de petróleo
0,1%
Alumina
0,1%
Manganês
0,1%
Álcool etílico
0,1%
Caulim
0,1%
Milho
0,1%
% de participação sobre o total transportado na cabotagem
4.3.3. Origem e destino das cargas
Este tópico analisa as principais origens e destinos do transporte de cargas pela
navegação de cabotagem. Na Tabela 25 e na Tabela 26 constam os volumes transportados
em toneladas totais (granéis sólidos, granéis líquidos e carga geral), nos anos de 2010 e
2011, segundo a origem e o destino, respectivamente.
98
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 25 - Origem das cargas transportadas na navegação de cabotagem por UF em
2010 e 2011
Quantidade (milhões de t)
Origem
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Acre
-
0,0
-
Alagoas
1,3
1,4
7,0%
Amapá
0,1
-
-
Amazonas
1,4
1,5
11,6%
Bahia
8,0
8,3
4,2%
Ceará
1,5
1,0
-30,1%
Espírito Santo
7,1
12,1
69,8%
Maranhão
3,4
3,4
1,6%
Pará
13,9
15,2
9,4%
Paraíba
0,1
1,0
1028,9%
Paraná
0,7
0,9
19,9%
Pernambuco
1,6
2,1
35,7%
Rio de Janeiro
7,6
5,0
-33,5%
Rio Grande do Norte
1,4
2,7
91,3%
Rio Grande do Sul
3,5
2,4
-32,2%
Rondônia
-
0,1
-
Santa Catarina
0,8
1,4
80,5%
São Paulo
6,8
7,3
7,1%
Sergipe
2,9
1,3
-53,0%
Plataforma continental
62,4
65,4
4,8%
Não Identiicado
6,3
0,5
-
TOTAL
130,7
133,3
2,0%
Fonte: Modiicado de Antaq
99
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
A partir da Tabela 25 é possível constatar que grande parte das cargas transportadas na
navegação de cabotagem, em 2011, originaram-se da plataforma continental brasileira,
representando 49,1% do total. Os estados do Pará, Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Rio
de Janeiro, juntos, representaram 35,9% do total transportado. Em relação à variação
da quantidade transportada por origem entre os anos de 2010 e 2011, destaca-se o
aumento registrado na Paraíba (1.028,9%), Rio Grande do Norte (91,3%), Santa Catarina
(80,5%) e Espírito Santo (69,8%). Em contrapartida, registrou-se a redução das cargas
transportadas originadas de Sergipe (-53,0%), Rio de Janeiro (-33,5%), Rio Grande do
Sul (-32,2%) e Ceará (-30,1%).
Tabela 26 – Destino das cargas transportadas na navegação de cabotagem por UF em 2010 e 2011
Quantidade (milhões de t)
Origem
2010
2011
Alagoas
0,4
0,5
24,3%
Amapá
0,1
0,1
45,9%
Amazonas
4,3
3,4
-21,4%
Bahia
14,5
14,4
-0,5%
Ceará
2,9
2,8
-4,9%
Espírito Santo
4,2
4,8
11,9%
Maranhão
8,4
10,4
24,3%
Pará
8,4
8,4
-0,7%
Paraíba
0,7
0,7
-2,6%
Paraná
1,4
1,6
18,5%
Pernambuco
4,1
3,9
-4,9%
Rio de Janeiro
22,0
24,3
10,7%
Rio Grande do Norte
0,8
0,6
-26,8%
Rio Grande do Sul
1,3
5,2
310,2%
Santa Catarina
8,4
9,3
10,3%
São Paulo
43,2
42,2
-2,4%
Sergipe
0,8
0,6
-16,5%
Não Identiicado
5,0
0,2
-
TOTAL
130,7
133,3
2,0%
Fonte: Modiicado de Antaq
100
Variação
2010 - 2011 (%)
Alagoas
Amapá
Amazonas
Bahia
Ceará
Espírito Santo
Maranhão
Pará
Paraíba
Paraná
Pernambuco
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rio Grande do Sul
Rondônia
Santa Catarina
São Paulo
Sergipe
Plataforma continental
Não identiicado
TOTAL GERAL
Acre
-
-
-
-
-
-
21,7
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
21,7
Alagoas
-
-
-
-
647,2
-
119,1
30,0
17,5
-
-
60,2
77,3
5,3
2,1
-
54,7
125,9
267,9
-
-
1.407,0
Amapá
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Amazonas
-
-
-
-
580,5
95,5
3,7
87,2
-
-
24,7
161,6
21,7
-
0,9
-
20,7
548,2
-
-
-
1.544,8
Bahia
-
79,0
-
464,5
536,9
530,1
2.978,4
393,4
91,7
677,3
119,8
826,4
249,3
38,4
98,5
-
103,5
1.119,0
41,9
-
-
8.348,0
Ceará
-
5,0
12,5
346,4
72,8
-
0,6
95,1
167,9
-
-
63,3
28,0
21,3
20,5
-
28,6
95,9
63,6
-
-
1.021,5
Espírito Santo
-
13,8
-
70,6
435,8
263,7
61,0
-
-
-
79,1
23,1
68,0
14,7
181,9
-
1.380,4
9.199,2
267,7
-
-
12.059,0
Maranhão
-
62,6
16,7
538,0
253,1
420,6
-
-
1.168,9
-
24,3
690,8
202,7
7,4
17,5
-
-
34,7
-
-
-
3.437,3
Pará
-
-
-
-
62,6
18,8
-
8.857,0
6.088,8
-
33,4
0,3
106,3
-
0,2
-
-
53,2
-
-
-
15.220,7
Paraíba
-
5,6
-
-
912,0
25,3
10,7
18,9
21,6
-
-
40,1
-
11,3
-
-
0,5
-
-
-
-
1.045,9
Paraná
-
5,5
-
108,0
101,5
76,4
0,0
24,4
67,3
-
-
272,0
77,0
-
65,8
-
23,1
57,2
-
-
-
878,4
Pernambuco
-
155,8
66,5
371,9
319,7
333,5
17,3
249,5
33,9
-
103,6
26,5
99,1
70,4
94,3
-
78,4
118,9
-
-
-
2.139,3
UF origem/
UF destino
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
Acre
Tabela 27 – Matriz origem/destino das cargas transportadas pela navegação de cabotagem, em 2011 (em mil toneladas)
101
102
Acre
Alagoas
Amapá
Amazonas
Bahia
Ceará
Espírito Santo
Maranhão
Pará
Paraíba
Paraná
Pernambuco
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rio Grande do Sul
Rondônia
Santa Catarina
São Paulo
Sergipe
Plataforma continental
Não identiicado
TOTAL GERAL
Continuação
-
22,6
-
285,7
1.686,8
41,6
50,8
7,5
11,8
-
166,8
352,6
352,5
5,9
1.216,7
-
116,5
706,3
-
-
-
5.024,2
-
-
-
-
1.776,2
16,7
135,5
-
26,4
-
149,5
14,4
4,6
-
55,7
-
27,1
513,2
-
-
-
2.719,4
-
4,1
-
244,2
791,3
290,7
30,0
109,6
8,2
-
125,4
345,0
217,6
-
-
-
43,5
142,7
-
-
-
2.352,4
Rondônia
-
-
-
-
60,5
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
60,5
Santa Catarina
-
-
4,2
135,9
46,2
185,9
396,8
-
-
-
25,8
168,3
52,2
-
338,6
-
0,0
76,3
-
-
-
1.430,1
São Paulo
-
70,3
-
774,5
612,3
334,0
926,8
566,3
645,8
-
766,7
829,9
1.204,3
5,9
191,1
-
118,5
204,2
-
-
-
7.250,8
Sergipe
-
18,1
-
-
1.330,8
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1.348,9
Plataforma
continental
-
12,9
-
36,2
4.163,1
-
-
-
-
-
-
-
21.501,2
373,6
2.965,5
-
7.278,4
29.102,4
-
-
-
65.433,3
Não identiicado
-
6,8
-
-
20,0
151,9
0,2
-
11,6
-
-
-
72,0
-
0,0
-
-
81,4
-
-
188,4
532,3
TOTAL GERAL
-
462,2
99,9
3.375,9
14.409,3
2.784,7
4.752,6
10.438,9
8.361,5
677,3
1.619,1
3.874,4
24.333,7
554,2
5.249,4
-
9.274,0
42.178,8
641,1
-
188,4
133.275,4
UF
origem/UF
destino
Rio de Janeiro
Rio Grande do
Norte
Rio Grande
do Sul
Fonte: Modiicado de Antaq
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 27 – Matriz origem/destino das cargas transportadas pela navegação de cabotagem, em 2011 (em mil toneladas)
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
Ao se analisar a Tabela 26, observa-se que existe uma melhor distribuição das cargas no
seu destino, apesar da grande concentração no estado de São Paulo, que recebeu 43,2
e 42,2 milhões de toneladas, representando 33,1% e 31,6% de participação sobre o total
nacional, respectivamente, em 2010 e 2011. Em seguida, destaca-se o estado do Rio de
Janeiro, uma vez que atraiu, em 2011, cerca de 24,3 milhões de toneladas. No mesmo ano,
as cargas que apresentaram como destino a Bahia totalizaram 14,4 milhões de toneladas,
ou seja, 10,8% do total nacional. Em relação à variação da quantidade transportada
por destino entre os anos de 2010 e 2011, destacam-se os aumentos registrados no Rio
Grande do Sul (310,2%), Amapá (45,9%), Alagoas (24,3%) e Maranhão (24,3%). Em
contrapartida, registrou-se a redução das cargas transportadas com destino ao Rio
Grande do Norte (-26,8%), Amazonas (-21,4%) e Sergipe (-16,5%).
Já na Tabela 27, é possível observar a movimentação de cargas entre os estados brasileiros,
pela navegação de cabotagem, em 2011. Entre os pares origem-destino apresentados,
tem destaque a movimentação originária de plataforma continental – exclusivamente
granéis líquidos – com destino aos estados de São Paulo e Rio de Janeiro (29,1 e 21,5
milhões de toneladas, respectivamente), bem como a movimentação com origem no
Espírito Santo e destino em São Paulo (9,2 milhões de toneladas) e com origem no Pará
e destino no Maranhão (8,9 milhões de toneladas).
4.4. Apoio marítimo e portuário
A relevância das navegações de apoio marítimo e portuário é decorrente do suporte
logístico que essas prestam às embarcações e instalações portuárias. A Lei n.º 9.432/97
institui que esse atendimento deverá ser realizado exclusivamente nos portos e terminais
aquaviários localizados no território nacional e na Zona Econômica Exclusiva que atuem
nas atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos.
Nos últimos anos, os incentivos à construção naval no país e os investimentos para a
exploração de petróleo no mar têm impulsionado a expansão da frota brasileira de apoio
marítimo e portuário. Conforme indica a Tabela 28, a frota total registrada na navegação
de apoio marítimo obteve crescimento de 13,3% entre os anos de 2010 e 2011. Destaca-se
que a frota de embarcações de passageiros/carga geral obteve crescimento de 150,0%,
seguida pelo aumento de 100,0% dos navios cargueiros e de 62,5% de barcaças.
Tabela 28 - Frota registrada na navegação de apoio marítimo por tipo de embarcação –
2010 e 2011
Quantidade de embarcações
Tipo de embarcação
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Balsa
10
13
30,0%
Barcaça
8
13
62,5%
Bote
-
14
-
Cábrea/Guindaste
1
1
0,0%
103
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 28 - Frota registrada na navegação de apoio marítimo por tipo de embarcação –
2010 e 2011
Continuação
Quantidade de embarcações
Tipo de embarcação
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Cargueiro
2
4
100,0%
Catamarã misto
-
1
-
Chata
-
2
-
Flutuante
-
2
-
Graneleiro (ore-oil)
1
1
0,0%
Lancha
55
58
5,5%
Manuseio de espias
2
-
-
Passageiro/Carga geral
2
5
150,0%
Petroleiro
2
2
0,0%
Rebocador/Empurrador
163
178
9,2%
Supridores de plat. marítimas (supply)
121
145
19,8%
Traineira
-
4
-
Outras embarcações
32
9
-71,9%
TOTAL
399
452
13,3%
Já a Tabela 29 indica que a frota total registrada na navegação de apoio portuário
obteve crescimento de 12,9% entre os anos de 2010 e 2011. Destaca-se que a frota de
embarcações para suprimento de plataformas marítimas (supply) obteve crescimento
de 166,7%, seguido pelo aumento de 100,0% dos navios cargueiros e de 50,0% dos
navios graneleiros. Em contrapartida, registrou-se redução nas embarcações do tipo
batelão, passageiros e draga, com 71,4%, 25,0% e 17,4%, respectivamente.
104
04. TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 29 - Frota registrada na navegação de apoio portuário por tipo de embarcação –
2010 e 2011
Quantidade de embarcações
Tipo de embarcação
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Balsa
65
91
40,0%
Barcaça
37
55
48,6%
Batelão
7
2
-71,4%
Bote
-
64
-
Cábrea/Guindaste
11
12
9,1%
Cargueiro
8
16
100,0%
Chata
50
47
-6,0%
Draga
23
19
-17,4%
Ferry boat
6
8
33,3%
Flutuante
40
41
2,5%
Graneleiro
4
6
50,0%
Graneleiro (ore-oil)
1
1
0,0%
Lancha
283
344
21,6%
Lancha prático
11
10
-9,1%
Passageiro/Carga geral
14
14
0,0%
Passageiros
4
3
-25,0%
Pesquisa
2
2
0,0%
Petroleiro
5
5
0,0%
Porta-contêiner
1
-
-
Rebocador/Empurrador
339
350
3,2%
Supridores de plat. marítimas (supply)
3
8
166,7%
Traineira
-
16
-
Outras embarcações
104
35
-
TOTAL
1.018
1.149
12,9%
105
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Em relação à movimentação de cargas, observa-se, na Tabela 30, que a navegação de
apoio marítimo apresentou queda de 28,0% entre os anos de 2010 e 2011. De maneira
similar, a navegação de apoio portuário também apresentou queda, com redução
de 12,9%. Ademais, dada a característica de suporte à navegação de longo curso e
cabotagem, ressalta-se a pouca participação da navegação de apoio marítimo e portuário
na movimentação total de cargas em 2011, ambas com 0,2%.
Tabela 30 - Volume de cargas movimentado na navegação de apoio marítimo e portuário
(2010 – 2011)
Quantidade (milhões de t)
Tipo de navegação
106
Variação
2010 - 2011 (%)
2010
2011
Apoio marítimo
2,1
1,5
-28,0%
Apoio portuário
1,5
1,3
-12,9%
TOTAL
3,6
2,9
-21,7%
05
ECONOMIA,
COMÉCIO EXTERIOR
E TRANSPORTE MARÍTIMO
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Os avanços do transporte marítimo reduziram a distância entre os centros produtores
e consumidores e viabilizaram uma maior especialização das economias. Com isso,
os mercados se tornaram mais eicientes e as trocas mais rentáveis. Impulsionada
pela atividade mercantil, a navegação em grande escala foi um fator determinante
na revolução que deiniu o novo modelo de mercado globalizado, que é caracterizado
por economias de escala e diferenciação de produtos.
Nesse contexto, os portos são fundamentais para a inserção de um país no mercado
internacional e, consequentemente, para o desenvolvimento econômico. No caso do
Brasil, os portos são a principal porta de entrada e saída de bens transacionados com
outras nações. Para se ter uma ideia da importância dos portos brasileiros, em 2011,
em termos de volume, foram transportados 95,9%24 das exportações e 88,7% das
importações do país. Em termos de valor (US$ FOB25), esses percentuais são 84,3%
(exportações) e 75,8% (importações).
Na última década, o Brasil passou por importantes mudanças em relação ao ritmo de
crescimento econômico e à integração com o comércio mundial. De 2001 a 2005, a
corrente de comércio brasileira (soma de exportações e importações) foi de US$ 139
bilhões ao ano, em média. Na segunda metade da década, esse valor saltou para US$
309 bilhões anuais. Só em 2011, o valor registrado foi de US$ 482 bilhões.
Apesar das reformas que aconteceram nos últimos anos e de sua importância para
a economia e para o desenvolvimento nacional, os portos se mantêm como um dos
principais gargalos de infraestrutura no país. Os investimentos, apesar de signiicativos,
não foram suicientes para acompanhar a crescente demanda pelo setor portuário, o
que gerou uma situação de baixa eiciência na maioria dos portos do Brasil.
5.1. O crescimento econômico e o comércio internacional
O comércio internacional é importante para a economia dos países, sejam eles
desenvolvidos ou em desenvolvimento. A abertura comercial permite que produtores
locais explorem outros mercados, impulsionando a produção interna, por meio das
exportações. Enquanto isso, a possibilidade de importação aumenta a oferta de produtos
para o consumo interno e favorece a concorrência e as inovações tecnológicas.
O comércio internacional incentiva a alocação ótima dos fatores de produção nos
países. Isso porque as trocas permitem que os países se especializem na produção
de bens e serviços em que são mais eicientes sem, entretanto, deixar de consumir
os demais bens. Dessa forma, os custos de produção são reduzidos, a produção e o
consumo são maximizados e a renda real da população aumenta26.
Além disso, estudos27 apontam que o comércio internacional aumenta a utilização da
capacidade produtiva, os níveis de investimento e traz melhorias tecnológicas. Outra
24. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2012).
25. Quando o valor das exportações e importações se refere apenas ao preço e a quantidade de mercadorias transacionadas, utiliza-se o conceito Free on Board FOB. Caso se inclua no valor exportado ou importado os custos com seguros, fretes e transportes, utiliza-se o conceito Cost, Insurance and Freight - CIF.
26. Com a redução do preço dos bens, a população tem maior poder de compra. É possível adquirir uma cesta maior de bens duráveis e de consumo com o
mesmo salário nominal.
27. Fukuda e Toya, 1993.
110
05. ECONOMIA, COMÉCIO EXTERIOR E TRANSPORTE MARÍTIMO
vantagem das trocas internacionais é a possibilidade de ganhos de escala originados
de um maior mercado consumidor.
Nos últimos 5 anos, as exportações de bens e serviços contribuíram, em média, com
aproximadamente 20% do crescimento do PIB brasileiro. Para 2011, isso signiica que
as exportações contribuíram com 0,49% do crescimento de 2,7% do PIB ocorrido
naquele ano, ou seja, uma participação de 18%.
É relevante observar que essa participação no crescimento do PIB é calculada
considerando, apenas, a inluência direta das exportações sobre a economia local.
Estudos mais soisticados28 apontam que a abertura do comércio pode induzir um
crescimento adicional de 1% a 2% no Produto Interno Bruto dos países, quando
considerados os efeitos indiretos dessa relação comercial.
No caso do Brasil, observa-se um crescimento nas relações comerciais com o resto do
mundo tanto para exportações quanto para importações. De 1997 até 2011, houve um
incremento signiicativo na corrente de comércio exterior do Brasil. Apesar da crise
econômica internacional (2008-2009), é possível perceber, no Gráico 23, que a queda
do comércio internacional brasileiro foi modesta e apresentou recuperação rápida e
signiicativa. Em 2010, ano seguinte ao choque, o volume já estava restabelecido e,
em 2011, fechou com recorde para a corrente de comércio exterior do Brasil.
Gráfico 23 - Evolução da corrente de comércio exterior do Brasil
700
600
482
US$ bilhões
500
384
371
400
281
281
300
229
192
200
113
109
97
111
114
108
1997
1998
1999
2000
2001
2002
100
0
160
122
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Segundo estudos da Comissão Econômica para América Latina e Caribe da ONU - Cepal29,
esse comportamento é justiicado pela modiicação no padrão regional das exportações.
Os dados apresentados pela Cepal indicam que os principais parceiros comerciais dos
países em desenvolvimento não são mais os países desenvolvidos, mas outros países
em desenvolvimento, principalmente a China. O fato fez com que, apesar de o comércio
internacional sentir a crise econômica, os efeitos não fossem duradouros sobre o Brasil.
28. Wacziarg e Welch (2003).
29. CEPAL (2011).
111
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
5.2. Movimentação de mercadorias
Segundo dados da Antaq30, em 2011, foram movimentados - no longo curso e na
cabotagem - 851,6 milhões de toneladas de mercadorias, conforme indica o Gráico
24. O volume é 99,7% superior ao registrado em 1998, evidenciando a maior demanda
por serviços portuários nos últimos 14 anos.
Gráfico 24 - Movimentação de cargas nos portos e terminais brasileiros
616,4
2007
2008
2009
2010
Longo Curso
193,5
658,1
177,3
531,3
2006
168,5
163,5
502,9
2005
708,6
172,4
2004
150,1
148,4
447,1
145,9
2003
623,2
740,8
568,4
2002
595,6
473 ,1
2001
401,6
137,0
137,3
507,8
370,8
2000
484,8
347,5
1999
134,7
122,5
296,6
1998
466,8
332,1
117,3
426,4 419,1
309,1
Milhões de toneladas
547,5
727,5
559,0
666,4
185,8
802,2 851,6
2011
Cabotagem
Dos 851,6 milhões de toneladas movimentados pelo longo curso e pela cabotagem, 658,1
milhões de toneladas são relativos à navegação de longo curso (77,3%). A cabotagem,
que participou com 22,7% das cargas transacionadas, apresentou incremento de 4,1%
no volume movimentado em 2011 (de 185,8 milhões de toneladas, em 2010, para 193,5
milhões de toneladas no ano seguinte, conforme indica o Gráico 25).
Gráfico 25 - Movimentação de cargas, longo curso e cabotagem (2011)
22,7%
Longo Curso
Cabotagem
77,3%
30. Anuário Estatístico Aquaviário (ANTAQ, 2011).
112
05. ECONOMIA, COMÉCIO EXTERIOR E TRANSPORTE MARÍTIMO
5.3. A importância do transporte marítimo para o
comércio exterior brasileiro
O transporte marítimo é o modal mais importante para o comércio exterior
brasileiro. A importância do transporte marítimo vem aumentando nos últimos anos,
principalmente quando considerado o valor das mercadorias – US$ FOB. O Gráico
26 apresenta a evolução da participação do modal na corrente de comércio exterior
brasileira considerando apenas os modais marítimo, luvial, rodoviário, aério, e
ferroviário. Em termos monetários, em 1997, o transporte marítimo era responsável
pela movimentação de 73% da corrente de comércio exterior. Atualmente, a
participação é de 90,2%.
Gráfico 26 - Participação modal na corrente de comércio exterior – US$ FOB
1997
73,0%
1,0%
10,3%
15,6%
0,2%
1998
72,3%
1,0%
9,9%
16,6%
0,2%
8,5%
18,7%
0,2%
8,1%
19,7%
0,3%
18,4%
0,1%
15,5%
0,2%
1999
71,8%
2000
71,0%
2001
73,6%
2002
77,9%
0,9%
0,9%
0,7%
7,2%
0,6%
5,8%
2003
79,3%
0,4% 6,3%
13,8%
0,2%
2004
79,0%
0,4% 6,5%
13,8%
0,3%
2005
78,6%
0,4% 6,7%
14,0%
0,3%
2006
79,4%
0,1%
6,4%
13,9%
0,2%
2007
79,7%
0,4% 6,6%
13,1%
0,2%
2008
80,9%
0,5% 6,2% 12,3%
0,2%
2009
3,5%
0,6% 4,9%
0,2%
90,8%
2,9%
2010
89,2%
2011
90,2%
0,0%
0,6%
0,6%
7,1%
0,2%
2,6%
6,4%
0,1%
10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%
Marítimo
Fluvial
Rodoviário
Aereo
Ferroviário
113
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
No que se refere às importações, o modal marítimo respondeu por 75,8% dos valores
movimentados em 2011 e a 88,7% do volume. Já quando consideradas as exportações
em 2011, em termos monetários, a participação é de 84,3%, o equivalente a 95,9%
em volume (ver Gráico 27).
A pequena participação das outras modalidades de transporte na movimentação
internacional de cargas é por causa das características dos produtos e dos próprios
modais. Por exemplo, o modal aéreo, que é responsável pelo transporte de 4,5% das
exportações em termos monetários, é o mais rápido e não tem sua atuação restrita
aos países limítrofes, mas possui alto custo e restrições volumétricas. Já o modo
rodoviário, que transporta 7,1% das exportações (em US$ FOB), está limitado tanto
pelo volume quanto pela abrangência de atuação. O modo ferroviário, que movimenta
0,2% das exportações em termos de valor, apesar de apresentar grande capacidade
volumétrica, apresenta restrições de abrangência geográica e necessita de conexão
entre as malhas férreas nacionais e estrangeiras para que o transporte possa ocorrer.
Gráfico 27 - Exportações: total e via portos (US$ FOB)
256
300
0
73
60
60
216
168
153
126
132
114
48
58
43
55
40
48
36
51
1998
162
198
1997
39
40
53
100
97
97
119
138
150
78
US$ bilhÕes
161
200
50
202
2500
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Total
2010
2011
Via Portos
Dessa forma, é possível concluir que o transporte marítimo possui vantagens
comparativas em relação aos outros modais no que se refere ao transporte
internacional de cargas. Isso porque, além de ser bastante lexível quanto ao tipo
de carga e ter autonomia para grandes distâncias – possibilitando o comércio com
países não limítrofes – o modal apresenta capacidade para grandes volumes de
carga. Esta última característica torna o transporte marítimo mais competitivo por
permitir ganhos de escala.
5.3.1. Importações
As importações são fundamentais ao desenvolvimento econômico, pois permitem
aquisição de produtos, máquinas e equipamentos que não estejam disponíveis no
114
05. ECONOMIA, COMÉCIO EXTERIOR E TRANSPORTE MARÍTIMO
mercado interno. Isso permite a diversiicação de produtos e a modernização do setor
produtivo do país. Além disso, as importações induzem uma alocação mais eiciente
dos fatores de produção. Em vez de se empregar recursos em setores da economia
que não apresentem vantagens comparativas, é mais eiciente importar mercadorias
de países mais competitivos na produção dessas mercadorias.
No caso brasileiro, no que se refere às importações, percebe-se um crescimento
acentuado iniciado em 2004, conforme indica o Gráico 28. Apesar da expressiva
redução das importações em 2009, a recuperação foi rápida. As importações
brasileiras totalizaram US$ 226 bilhões em 2011, incremento de 24,4% em relação ao
ano anterior, quando atingiram US$ 182 bilhões. O resultado é recorde e representa
crescimento de 278,7% em relação ao ano de 1997.
Gráfico 28 - Evolução das importações totais (US$ FOB)
250
226
200
182
US$ bilhões
173
150
121
128
100
60
58
49
56
50
0
1997
1998
1999
2000
63
56
2001
47
48
2002
2003
2004
74
2005
91
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Ainda no que se refere à pauta de importações, percebe-se uma grande
diversiicação de bens adquiridos no exterior pelo Brasil. Segundo dados do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC31, a pauta
de importações brasileiras conta com 10.956 produtos. Atualmente, os principais
produtos de importação são óleos brutos do petróleo, óleo diesel e automóveis
(ranking na Tabela 31).
Apesar de sua importância na pauta de importações, esses produtos participam,
individualmente, com menos de 5% do volume total de importações. Os cinco
principais produtos respondem por 16,1% dos produtos importados em 2011. Cabe
destacar que, com exceção de automóveis, os principais produtos importados são
bens de capital e insumos básicos. Outro fato interessante que pode ser observado
na Tabela 31 é a pequena mobilidade entre os principais produtos de importação
ao longo da série histórica.
31. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
115
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 31 - Ranking de importações (US$ FOB)
1997
2002
2007
2011
1º
Óleos brutos do
petróleo
Óleos brutos do
petróleo
Óleos brutos do
petróleo
Óleos brutos do
petróleo
2º
Automóveis
Gasóleo (óleo diesel)
Gasóleo (óleo diesel)
Gasóleo (óleo diesel)
3º
Gasóleo (óleo diesel)
Trigo (exceto duto para
semear)
Automóveis
Automóveis
4º
Parte e acessórios
(tratores e automóveis)
Eletrogeradores
Naftas para
petroquímica
Naftas para
petroquímica
5º
Trigo (exceto duto para
semear)
Cloretos de potássio
Catodos de cobre
Cloretos de potássio
Dadas as características volumétricas dos principais bens importados, é possível
perceber a importância do modal marítimo para a realização de aquisição de bens de
outros países. Como apresentado anteriormente, 88,7% das importações, em termos
de volume, ocorrem via navegação.
5.3.2. Exportações
As exportações têm relação positiva e direta com o crescimento econômico. O
aumento da demanda externa por produtos nacionais aumenta a atividade produtiva,
os investimentos internos e o nível de renda. Cabe ressaltar, entretanto, que a demanda
por exportações está relacionada, principalmente, com o nível de renda internacional.
É por isso que, em períodos de crise internacional, percebe-se uma retração no volume
de mercadorias exportadas e consequente redução da movimentação marítima.
Foi isso o que ocorreu em 2009. Com a crise econômica iniciada em 2008, a atividade
econômica e a renda dos países reduziram-se, principalmente nos EUA e na Europa.
O relexo disso, no Brasil, foi uma queda de 22,7% nas exportações, em 2009, em
relação ao ano anterior.
Apesar da ruptura da trajetória de crescimento das exportações, a retomada ocorreu
já em 2010 e, em 2011, superou o volume transacionado antes da crise em 29,3%,
registrando US$ 256 bilhões contra US$ 198 bilhões em 2008, conforme indica o
Gráico 29. Grande parte dessa retomada pode ser explicada pelo intenso comércio de
commodities minerais com a China, principal parceiro comercial do Brasil atualmente.
Cerca de 45% das exportações do Brasil estão concentradas nas relações comerciais
com cinco países: China, Estados Unidos, Argentina, Holanda32 e Alemanha. O valor
das exportações para esses países somou, em 2011, US$ 116 bilhões. Segundo dados
do MDIC, há preponderância de commodities – agrícolas e minerais – que passaram de
27%, em 1997, para 48%, em 2011, na pauta de exportações brasileiras.
32. Parte do que chega à Holanda é distribuído para o resto da Europa, já que o porto de Rotterdam é um Hub Port, funcionando como um centro distribuidor
para o resto do continente.
116
05. ECONOMIA, COMÉCIO EXTERIOR E TRANSPORTE MARÍTIMO
Gráfico 29 - Evolução das exportações totais (US$ FOB)
300
256
250
US$ bilhões
202
198
200
161
153
150
119
138
100
53
50
51
55
58
60
2000
2001
2002
73
97
2003
2004
48
0
1997
1998
1999
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Em 2011, os cinco principais produtos de exportação – Tabela 32 – totalizaram US$
99,2 bilhões e responderam por 38,6% do total exportado pelo país. As exportações
de minério de ferro, principal produto de exportação, representam 16,4% do total
negociado. Há de se observar que, apesar da modiicação nos últimos anos, a
pauta de exportação do Brasil é formada por produtos de baixo valor agregado.
Destaca-se que esse tipo de produto é exportado integralmente por via marítima,
denotando a importância desse tipo de transporte na corrente de comércio.
Tabela 32 - Ranking de exportações (US$ FOB)
1997
2002
2007
2011
1º
Café
Complexo soja
Óleos brutos do petróleo
Minério de ferro
2º
Complexo soja
Minério de ferro
Minério de ferro
Óleos brutos do petróleo
3º
Minério de ferro
Aviões
Complexo soja
Complexo soja
4º
Alumínio
Óleos brutos do petróleo
Aviões
Açúcar
5º
Calçados de couro
Automóveis
Café
Café
5.3.3. Balança comercial
O resultado da balança comercial depende dos luxos de exportação e importação. Ocorre
um superávit comercial quando o valor das exportações supera o das importações. Isso
signiica que o saldo da balança comercial é positivo. Caso o valor das importações seja
maior que o das exportações, ocorre o oposto, ou seja, o saldo comercial é negativo
(ocorre um déicit comercial).
117
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Como a maior parte do que exportamos ou importamos do resto do mundo é
transacionada pela via marítima, possivelmente um saldo positivo da balança
comercial signiica que o valor total do que foi embarcado nos portos brasileiros é
superior ao valor total daquilo que foi desembarcado. Essa análise só é válida em
termos de valor – e não de tonelagem.
Nos últimos 15 anos, o saldo comercial apresentou basicamente três padrões
distintos. Nos primeiros quatro anos, a balança comercial foi deicitária. O segundo
padrão observado ocorreu entre 2001 e 2006, quando o saldo comercial foi positivo
e sempre crescente.
Finalmente, o terceiro período vai de 2007 a 2010. Nesses anos, o Brasil exportou
mais do que importou do resto do mundo em termos de valores, por isso o saldo
positivo da balança comercial. Tanto as importações quanto as exportações foram
crescentes, conforme pode ser constatado nas seções anteriores. Entretanto, a taxa
de crescimento das importações foi maior que a das exportações, o que explica o
saldo decrescente da balança comercial.
Em 2011, o saldo da balança comercial do Brasil foi de R$ 30 bilhões. Isso representou
um crescimento de 50% quando comparado com 2010, quando o saldo foi de R$ 20
bilhões, conforme indica o Gráico 30.
Gráfico 30 - Evolução do saldo da balança comercial
50
45
46
40
40
US$ bilhões
30
34
30
25
25
25
20
20
13
10
3
0
-7
-10
1997
-1
-1
1999
2000
-7
1998
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
5.4. Vantagens do transporte marítimo
O modal marítimo é o que apresenta a maior abrangência geográica, permitindo o
comércio entre países não limítrofes. Essa conexão é fundamental para o crescimento
econômico. Isso porque a ligação com os demais países possibilita acesso a um
número maior de consumidores, ampliando o mercado para a comercialização da
produção interna.
118
05. ECONOMIA, COMÉCIO EXTERIOR E TRANSPORTE MARÍTIMO
Além de permitir o comércio com um maior número de países, o modal marítimo
transporta cargas de maior volume, em maior quantidade e com menores custos
associados, em comparação com os demais modais capazes de atender ao comércio
internacional. Assim, esse modal apresenta ganhos de escala em sua operação.
Os ganhos de escala ocorrem porque o custo por unidade transportada diminui
à medida que se eleva o volume total da carga. Ou seja, o custo variável médio é
decrescente, conforme a escala da operação é aumentada. Por exemplo, o custo
diário de combustível de um navio de 6.500 TEUs33 é cerca de cinco vezes maior do
que o de um navio de 1.200 TEUs34. Contudo, a capacidade do primeiro navio é quase
seis vezes maior. Como resultado, o custo anual do navio de 6.500 TEUs é de US$ 433
por TEU, enquanto que o custo anual do navio de 1.200 TEUs é de US$ 648 por TEU.
Para os países, esses ganhos são convertidos em maior competitividade no mercado
internacional, o que favorece o crescimento econômico. A existência de economias de
escala no transporte marítimo gerou incentivos para que as embarcações se tornassem
maiores. Já a grande variedade de produtos transacionados internacionalmente
demandou uma diversiicação das embarcações de modo a atender diferentes
mercados. Assim, existem tanto navios especializados no transporte de cargas
especíicas (como os petroleiros) quanto navios capazes de movimentar diversos
tipos de cargas ao mesmo tempo.
Essa é outra vantagem do transporte marítimo: a versatilidade quanto à carga. O
modal é capaz de transportar qualquer tipo de carga independentemente do valor
agregado ou de seu volume. São transportados desde minério de ferro e petróleo
até computadores e automóveis. A coniguração estrutural dos navios permite que
diversos tipos de carga sejam transportados em uma mesma embarcação, atendendo,
assim, ao dinamismo do comércio internacional.
Com o maior luxo comercial e a especialização dos navios, ocorreu um aumento
na frequência de prestação do serviço de transporte. Com isso, foi possível a
disponibilização de rotas regulares entre determinados portos e países. Essa
possibilidade é muito benéica aos embarcadores, pois permite redução dos custos
e confere maior coniabilidade ao transporte. A existência de rotas regulares reduz
a incerteza envolvida no transporte de mercadorias, porque é possível programar
datas de embarque e desembarque sem grande margem de erros e atrasos.
5.5. Investimentos em transporte marítimo no Brasil
A necessidade de investimentos na modernização dos portos e a escassez de
recursos públicos induziram reformas institucionais no setor portuário na década
de 90. Com a promulgação da lei nº 8.630/93, muitos terminais portuários foram
concedidos à iniciativa privada. O modelo de concessão adotado estabeleceu que a
operação portuária fosse concedida ao setor privado. Caberia ao Estado investir em
obras de infraestrutura portuária, como dragagem, e às concessionárias investirem
na modernização dos terminais privados e privativos.
33. Twenty Equivalent Unit. Corresponde a um contêiner de 20 pés.
34. Stopford (2009).
119
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Em relação aos investimentos públicos em transporte marítimo, existem duas
principais fontes de recursos: o Orçamento Fiscal da União e o orçamento de
investimento das estatais, executado pelas Cias Docas. Considerando ambas as fontes
de recursos, o investimento público total no setor, de 2002 a 2012, foi de R$ 4,67
bilhões (R$ 424 milhões anuais em média)35. Os recursos provenientes do Orçamento
da União representaram 66% do total, ou seja, R$ 3,10 bilhões. Já as Cias Docas
foram responsáveis pelo valor restante (34%), Gráico 31.
Gráfico 31 - Investimentos públicos em transporte marítimo (2002 – 2012)
34%
R$ 1,57 bilhão
Orçamento Fiscal da União
Estatais
66%
R$ 3,10 bilhões
Entre 2002 e 2012, os R$ 3,10 bilhões de recursos provenientes do Orçamento
da União foram investidos em 261 projetos para infraestrutura de transporte
marítimo, considerando aqueles já concluídos ou ainda em andamento. Os maiores
investimentos foram destinados às obras de ampliação de molhes, dragagem e
construção de berços de atracação.
Gráfico 32 - Investimentos públicos em dragagem
600,0
508,6
500,0
417,6
R$ milhões
400,0
300,0
185,9
200,0
136,5
99,6
100,0
22,6
0,0
2002
0,2
1,2
14,0
2003
2004
2005
24,3
2006
14,0
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Em dezembro de 2007, por meio da Lei nº 11.610/07, foi criado o Programa
Nacional de Dragagem - PND, que consiste na retirada de material sedimentar
submerso por meio de escavação ou derrocamento do leito, a im de manter ou
35.Dados atualizados até 22.10.2012. Parte dos recursos do Orçamento Fiscal da União (R$ 1,06 bilhão) destina-se a portos-mistos, que atendem tanto
ao transporte marítimo quanto ao luvial. Foram considerados os seguintes portos-mistos: Belém (PA), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Rio Grande (RS),
Santana ou Macapá (AP), Santarém (PA) e Vila do Conde (PA). Os investimentos destinados apenas ao transporte marítimo somam R$ 2,04 bilhões.
120
05. ECONOMIA, COMÉCIO EXTERIOR E TRANSPORTE MARÍTIMO
elevar a profundidade das vias navegáveis. Para a implementação do programa,
são utilizados recursos federais, incluídos nos dois Programas de Aceleração do
Crescimento - PACs. Antes de 2007, o volume de recursos destinados às dragagens
era pouco signiicativo, conforme o Gráico 32.
A partir de 2008 (1º ano do PND), percebe-se que houve crescimento considerável
dos investimentos direcionados para dragagem, com exceção de 2012. O ritmo de
execução do Programa Nacional de Dragagem pode ser acompanhado pelos balanços
dos PACs. Os resultados estão resumidos na Tabela 33 abaixo.
Tabela 33 - Ritmo de execução do Programa Nacional de Dragagem (2007 – 2012)
Porto
Etapa do programa de Dragagem
Angra dos Reis (RJ)
Aratu (BA)
Fortaleza (CE)
Itaguaí (RJ) - 1ª e 2ª fase
Itajaí (SC)
Natal (RN)
Recife (PE)
Concluído
Rio de Janeiro (RJ) - 1ª fase
Rio Grande (RS)
Salvador (BA)
Santos (SP) - 1ª fase
São Francisco do Sul (SC)
Suape (PE) - canal interno
Barra do Furado (RJ)
Cabedelo (PB)
Suape (PE) - canal externo
Em execução
Vitória (ES)
Imbituba (SC)
Em licitação
Itaguaí (RJ) - canal preferencial e Ilha das Cabras
Maceió (AL)
Paranaguá (PR)
Ação preparatória
Rio de Janeiro (RJ) - 2ª fase
Santos (SP) - 2ª fase
Barra do Riacho (ES)
Luís Correia (PI)
Estudos e projetos
Nota: conforme o 5º balanço do PAC 2 (maio/setembro), a dragagem foi concluída nos seguintes portos: Fortaleza, Itajaí, Natal, Rio de Janeiro (1ª fase),
Santos (1ª fase), São Francisco do Sul e Suape (canal interno). As obras de dragagem concluídas nos outros portos constam no Relatório PAC (Infraestrutura Logística – Resultados 2007 a 2010) e Relatório PAC-2 (Eixo Transportes – Resultados 2011).
121
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Em alguns locais, as obras já foram concluídas. Entretanto, muito ainda precisa
ser feito em importantes portos do país. O PND foi iniciado há cinco anos, sendo
que 48% das obras ainda não foram concluídas. Alguns problemas, como falta
de planejamento adequado, gerenciamento ineicaz, articulação institucional
deiciente e morosidade no licenciamento ambiental, elevam consideravelmente o
cronograma de execução das obras.
Outra observação que pode ser feita no tocante aos investimentos públicos é a
evolução anual. A partir dos dados analisados, percebe-se que existem dois padrões
distintos de evolução. De 2002 a 2006, o investimento médio anual foi de R$ 74,6
milhões. Na segunda metade do período (de 2007 a 2012), o setor público investiu,
em média, R$ 454,1 milhões por ano, o que evidencia o crescimento signiicativo
de recursos aplicados em transporte marítimo no país – total pago (Gráico 33). O
investimento anual conforme o tipo de obra está no Anexo 3.
Gráfico 33 - Investimentos públicos em transporte marítimo
800,0
738,7
700,0
604,3
600,0
566,4
R$ milhões
500,0
400,0
306,3
300,0
200,0
103,3
100,0
0,0
273,2
235,6
55,9
97,1
2004
2005
109,5
0,4
2002
2003
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Em abril de 2012, o governo anunciou, no âmbito do Plano Brasil Maior, alterações
no Programa Regime Tributário para Incentivo à Modernização e Ampliação
da Estrutura Portuária - Reporto. O programa concede benefícios iscais para
investimentos em máquinas destinadas à modernização dos portos. Basicamente,
há suspensão do pagamento do PIS/Pasep, IPI, Coins e Imposto de Importação36
na aquisição de equipamentos.
As medidas anunciadas pelo governo ampliaram as opções de investimentos
atendidos pelo programa. Os benefícios iscais foram estendidos a equipamentos
destinados a sistemas de segurança e monitoramento, por exemplo. Além disso,
foram acrescidos novos beneiciários, como empresas de dragagem37.
As alterações do Reporto facilitam os investimentos privados na melhoria e modernização
da infraestrutura portuária do país. Investimentos em equipamentos modernos tornam
36. Só há suspensão do pagamento do Imposto de Importação se não houver similar nacional à máquina/equipamento importado.
37. Atualmente, constam os seguintes beneiciários no Reporto: o operador portuário, o concessionário de porto organizado, o arrendatário de instalação
portuária de uso público, a empresa autorizada a explorar instalação portuária de uso privativo misto e o concessionário de transporte ferroviário, as
empresas autorizadas a explorar instalação portuária de uso privativo exclusivo (inclusive aquelas que operam com embarcações offshore), empresas de
dragagem, recintos alfandegados de zona secundária e centros de treinamento de pessoal.
122
05. ECONOMIA, COMÉCIO EXTERIOR E TRANSPORTE MARÍTIMO
mais eicientes os serviços portuários. Para se ter ideia desses ganhos de eiciência,
antes da entrada da iniciativa privada no setor, eram movimentados, em média, 10
contêineres por hora nos portos brasileiros. Atualmente, a média é de 47 contêineres
por hora – alguns portos chegam a movimentar 100 contêineres por hora. Essa maior
eiciência nos portos gera redução dos custos do transporte marítimo. Por exemplo, o
custo médio de movimentação de um contêiner no Brasil caiu de US$ 500,00 para cerca
de US$ 200,0038 nos últimos 10 anos.
Essa redução de custos foi viabilizada pelo aumento dos investimentos nos terminais
portuários. Apesar do evidente avanço, os custos de movimentação de contêineres no
Brasil são superiores aos praticados nos portos europeus como Roterdã, Hamburgo e
Antuérpia (US$ 110,00, em média) e nos asiáticos (US$ 75,00, em média). Desta forma,
ica evidente a necessidade de se intensiicar os investimentos – públicos e privados no setor portuário a im de possibilitar uma maior redução de custos e garantir ganhos
de competitividade dos produtos nacionais no mercado internacional, impulsionando,
desta forma, a economia brasileira.
38. Existem diferenças nos custos e procedimentos nos portos brasileiros. Para valores praticados nos principais portos, ver Relatório Técnico de
Desempenho Portuário da ANTAQ (2010)
123
06
AVALIAÇÃO
DOS ASPECTOS
OPERACIONAIS DA
NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
O diagnóstico das condições operacionais do transporte marítimo considerou, ademais
das informações apresentadas nos capítulos anteriores, a perspectiva dos agentes
marítimos que operam nos portos brasileiros. Por atuarem nos portos, os agentes
marítimos vivenciam, de modo mais próximo, o dia a dia das operações marítimas e
portuárias e, por isso, foram selecionados para a avaliação proposta nesta pesquisa.
Assim, com o objetivo de avaliar a satisfação com relação à operação portuária, à
infraestrutura, à mão de obra e à atuação das autoridades públicas no transporte
marítimo, foram realizadas entrevistas, por telefone, com os agentes marítimos
brasileiros. As informações foram coletadas por meio de questionário elaborado com
a colaboração da Fenamar e da Fenavega, federações iliadas à CNT que representam
os principais sindicatos do setor aquaviário. Para tanto, o questionário foi dividido em
duas partes: a primeira contempla itens relacionados a aspectos gerais da atuação
dos agentes e a segunda refere-se a cada tipo de navio ou carga agenciada.
A listagem dos usuários entrevistados foi formada a partir dos registros da Fenavega
e da Fenamar, resultando em um universo composto por 268 agentes, vinculados a
sindicatos, que apresentavam o peril pré-deinido e se encontravam em operação na
data de realização da pesquisa. Desse total, foram obtidas respostas de 212 agentes
(79,1%), de 15 estados39 brasileiros, conforme informações da Tabela 34.
Tabela 34 – Número de entrevistas previstas e realizadas por estado
Estado
Agentes com sede no
estado
Agentes
entrevistados
% de cobertura
Alagoas
1
1
100,0%
Amapá
4
2
50,0%
Amazonas
3
3
100,0%
Bahia
21
15
71,4%
Ceará
8
7
87,5%
Espírito Santo
30
24
80,0%
Maranhão
18
13
72,2%
Pará
6
5
83,3%
Paraíba
5
4
80,0%
Paraná
25
20
80,0%
Pernambuco
18
13
72,2%
Rio de Janeiro
35
24
68,6%
Rio Grande do Sul
17
14
82,4%
39. O estado se refere à sede da empresa entrevistada. Ressalta-se que um agente pode ter sede em um estado e estar vinculado ao sindicato de outro
estado; neste caso, considerou-se o estado no qual está localizada a sede da empresa.
126
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 34 – Número de entrevistas previstas e realizadas por estado
Continuação
Estado
Agentes com sede no
estado
Agentes
entrevistados
% de cobertura
Santa Catarina
33
29
87,9%
São Paulo
44
38
86,4%
Total
268
212
79,1%
Os resultados das 212 entrevistas realizadas foram agrupados, considerando-se
os aspectos avaliados: qualiicação dos agentes marítimos, operações portuárias,
infraestrutura e instalações portuárias, mão de obra e serviços, atuação das
autoridades públicas nos portos e, por im, análises por tipo de carga agenciada,
os quais são apresentados a seguir. Cabe destacar que, no decorrer das análises e
quando considerado relevante, os resultados desta pesquisa foram comparados aos
resultados da Pesquisa Aquaviária CNT 2006.
6.1. Qualiicação dos agentes marítimos
Os agentes marítimos são empresas que atuam na condição de mandatários dos
armadores (proprietários ou afretadores de navios). São considerados um dos
principais elos na cadeia logística portuária, uma vez que executam múltiplas tarefas
objetivando a obtenção das anuências necessárias junto às autoridades competentes
para atracar, operar e desatracar as embarcações em todos os portos nacionais, além
de atender às necessidades dos navios e sua tripulação. Ainda, os agentes marítimos
têm fundamental papel no desenvolvimento do comércio exterior brasileiro, pois é
de responsabilidade deles a angariação de cargas, tanto de exportação quanto de
importação para os navios por eles atendidos. Por conta desse trabalho de busca
de cargas e atendimento dos navios, os agentes marítimos possuem forte interação
com os terminais marítimos, exportadores, importadores e transportadores dos
modos rodoviários e ferroviários, auxiliando no desembaraço e na movimentação das
mercadorias que possuam destino ou origem nos portos brasileiros.
Tabela 35 - Tempo de atividade das empresas entrevistadas
Faixa
Entrevistados
%
Até 5 anos
34
16,0
De 6 a 10 anos
44
20,8
De 11 a 20 anos
44
20,8
Mais de 20 anos
86
40,6
NS/NR
4
1,8
Total
212
100,0
127
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Assim, visando caracterizar a atuação dos agentes marítimos entrevistados, foram
solicitadas informações relacionadas à sua operação atual, tais como: o tempo
de atividade, os principais portos de atuação, os procedimentos administrativos,
diferenciados ou não, adotados em cada porto, os principais tipos de navio ou carga
agenciados e a identiicação dos principais problemas enfrentados pelo setor. Dos 212
entrevistados, 40,6% declararam operar como agentes marítimos há mais de 20 anos.
No outro extremo, apenas 16,0% têm até cinco anos de atividade, conforme Tabela 35.
Os agentes marítimos entrevistados informaram em quais portos atuam e, de acordo
com o foco de sua atuação, indicaram o porto pelo qual responderiam à pesquisa.
Assim, o número de entrevistas por porto não foi pré-determinado, observandose, no entanto, uma concentração de respostas nos principais portos brasileiros, de
acordo com a Tabela 36. Os portos de Santos (SP), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ)
e Paranaguá (PR) apresentaram maior número de entrevistas realizadas, totalizando
49,1% da amostra pesquisada.
Tabela 36 – Número de entrevistas por portos
128
UF
Nome do porto
Entrevistados
%
AL
Maceió
1
0,5
AM
Itacoatiara
1
0,5
AM
Manaus
2
0,9
AP
Santana
2
0,9
BA
Ilheus
2
0,9
BA
Salvador
13
6,1
CE
Fortaleza
5
2,4
CE
Pecém
2
0,9
ES
Vitória
24
11,3
MA
Alumar
1
0,5
MA
Itaqui
11
5,2
MA
Ponta Madeira
1
0,5
PA
Belém
3
1,4
PA
Vila do Conde
2
0,9
PB
Cabedelo
4
1,9
PE
Recife
13
6,1
PR
Paranaguá
20
9,4
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 36 – Número de entrevistas por portos
Continuação
UF
Nome do porto
Entrevistados
%
RJ
Angra dos Reis
1
0,5
RJ
Rio de Janeiro
23
10,9
RS
Rio Grande
13
6,1
SC
Imbituba
4
1,9
SC
Itajaí
16
7,5
SC
Navegantes
1
0,5
SC
São Francisco do Sul
9
4,3
SP
Guarujá
1
0,5
SP
Santos
37
17,5
212
100,0
Total
Embora os entrevistados tenham respondido à pesquisa com foco em um porto
especíico, observa-se que, por causa da natureza da atividade realizada pelos agentes
marítimos – que atuam como prepostos dos armadores com as autoridades públicas,
administrações portuárias e demais elementos relacionados à carga – é comum
que eles atuem em vários portos. Deste modo, 169 dos 212 agentes entrevistados
declararam atuar em mais de um terminal portuário, o que corresponde a 79,7% da
amostra pesquisada (Tabela 37).
Tabela 37 – Operação em mais de um porto
Resposta
Entrevistados
%
Sim
169
79,7
Não
42
19,8
NS/NR
1
0,5
Total
212
100,0
Cada entrevistado que opera em mais de um porto citou, além do porto pelo qual
respondeu a pesquisa, até três principais terminais portuários em que atua. Deste
modo, considerando todos os terminais citados, tanto pelos entrevistados que
operam em apenas um porto (o porto pelo qual responderam à pesquisa), quanto
pelos agentes que operam em mais de um terminal, apresentaram destaque os
portos de Santos (SP), citado por 54,2% dos agentes, Rio de Janeiro (RJ), por 32,5%,
Paranaguá (PR), por 29,7%, Vitória (ES), por 25,9% e Itajaí (SC), por 21,7%, conforme
Tabela 38. Comparando-se as duas tabelas (Tabela 36 e Tabela 38), observa-se, por
129
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
exemplo, que embora 13 entrevistados tenham respondido a pesquisa pelo porto
de Rio Grande, outros 27 entrevistados mencionaram que também atuam no porto,
totalizando 40 entrevistados (18,9% do total de entrevistados).
Tabela 38 – Principais terminais portuários operados pelos agentes entrevistados
130
UF
Porto
Entrevistados
%
AL
Maceió
5
2,4
AM
Manaus
7
3,3
AP
Santana
3
1,4
BA
Aratu
5
2,4
BA
Ilhéus
8
3,8
BA
Salvador
23
10,8
CE
Fortaleza
16
7,5
CE
Pecém
7
3,3
ES
Vitória
55
25,9
MA
Alumar
5
2,4
MA
Itaqui
19
9,0
MA
Ponta Madeira
4
1,9
PA
Belém
11
5,2
PA
Santarém
5
2,4
PA
Vila do Conde
4
1,9
PB
Cabedelo
5
2,4
PE
Recife
22
10,4
PE
Suape
6
2,8
PR
Paranaguá
63
29,7
RJ
Rio de Janeiro
69
32,5
RS
Porto Alegre
6
2,8
RS
Rio Grande
40
18,9
RS
Tramandaí
3
1,4
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 38 – Principais terminais portuários operados pelos agentes entrevistados
Continuação
UF
Porto
Entrevistados
%
SC
Imbituba
9
4,2
SC
Itajaí
46
21,7
SC
Itapoá
3
1,4
SC
Navegantes
6
2,8
SC
São Francisco do Sul
19
9,0
SP
Santos
115
54,2
SP
São Sebastião
4
1,9
-
Outros
34
16,0
Considerando apenas os 169 agentes que declararam atuar em mais de um porto,
conforme apresentado na Tabela 37, 67,4% apontaram a existência de procedimentos
administrativos diferenciados entre os portos, enquanto que 31,4% indicaram que
não há diferenciação e 1,2% não soube responder (Tabela 39). Comparativamente,
em 2006, 57,7% dos entrevistados haviam apontado a existência de diferenciação.
É importante ressaltar que essa diferenciação pode determinar a escolha de um
porto em detrimento de outro, pois procedimentos pouco eicientes comprometem
os prazos e a integridade da mercadoria a ser transportada.
Tabela 39 – Existência de procedimentos administrativos diferenciados entre os portos
Resposta
Entrevistados
%
Sim
114
67,4
Não
53
31,4
NS/NR
2
1,2
Total
169
100,0
Por sua vez, entre os 114 entrevistados que apontaram a existência de procedimentos
diferenciados, 54,4% avaliaram que essa situação gera um excesso de burocracia, e
20,2% que gera um aumento de custos, principais problemas identiicados também em
200640. Para 22,8%, a diferenciação não afeta o desempenho do porto (Tabela 40).
Além das questões relacionadas à operação em mais de um porto, a pesquisa
identiicou, também, as preferências dos agentes marítimos pelos tipos de terminais
portuários, considerando sua classiicação quanto à localização, tipo de operador,
40. Em 2006, o excesso de burocracia havia sido apontado por 48,2% dos entrevistados que operavam em mais de um porto, e o aumento de custos por
25,9%.
131
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
uso e tipo de carga movimentada (Tabela 41). Assim, terminais públicos de uso
geral são aqueles administrados por governos estaduais, municipais ou órgãos
vinculados ao Ministério dos Transportes, destinados ao uso público. Os terminais
públicos de uso privado e os privativos, por sua vez, são explorados por empresas
privadas para movimentação de carga própria (uso exclusivo) ou de terceiros (uso
misto); o que os diferencia é a localização: terminais públicos de uso privado estão
localizados dentro da área do porto organizado, enquanto terminais privativos se
localizam fora dela.
Tabela 40 – Avaliação dos procedimentos administrativos diferenciados
Opinião
Entrevistados
%
Não interfere no desempenho
operacional do porto
26
22,8
Excesso de burocracia
62
54,4
Gera aumento de custos
23
20,2
Outro
1
0,8
NS/NR
2
1,8
Total
114
100,0
Tabela 41 – Classiicação dos terminais portuários
Tipo de
operador
Uso
Tipo de carga
Dentro da área do
porto organizado
Público
Geral (público)
De terceiros
Público
Dentro da área do
porto organizado
Privado/Privativo
Privativo de uso
exclusivo ou misto
De terceiros ou
própria
Privativo (privado)
Fora da área do
porto organizado
Privado/Privativo
Privativo de uso
exclusivo ou misto
De terceiros ou
própria
Tipo de terminal
Localização
Público
Considerando essa classiicação, a maioria dos agentes entrevistados (34,9%)
declarou não ter preferência na escolha do tipo de terminal portuário para carga e
descarga de mercadorias, enquanto que 12,3% indicaram preferência por terminais
privativos, 10,8% por terminais públicos de uso geral e 9,0% por terminais públicos
de uso privado. Para 33,0% dos entrevistados, não há opção de escolha, uma vez
que ela é deinida diretamente pela empresa de navegação ou pelo importador/
exportador ou, ainda, porque o terminal é o único disponível (Tabela 42 e Gráico 34).
Comparando-se esses resultados aos veriicados na Pesquisa Aquaviária CNT 2006,
observa-se que houve um aumento do percentual41 de entrevistados que não têm
preferência por tipo de terminal.
41. Em 2006, 28,9% dos entrevistados haviam declarado preferência por terminais privados/privativos, e 11,7% por terminais públicos de uso geral,
enquanto que 41,1% haviam apontado não ter preferência; 17,8% não tinham opção de escolha, e 0,5% não havia respondido.
132
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 42 – Preferência por tipo de terminal
Tipo
Entrevistados
%
Terminais públicos de uso geral
23
10,8
Terminais públicos de uso privado
19
9,0
Terminais portuários privativos
26
12,3
Sem preferência
74
34,9
Sem opção de escolha do terminal
70
33,0
Total
212
100,0
Gráfico 34 – Preferência por tipo de terminal (%)
80
%
60
40
34,9
20
10,8
0
Terminais públicos de
uso geral
9,0
Terminais públicos de
uso privado
33,0
12,3
Terminais portuários
privativos
Sem preferência
Sem opção de escolha
do terminal
Os agentes que declararam preferência por terminais públicos de uso geral indicaram
como principais motivos o custo operacional (56,5%) e a disponibilidade de janelas
de atracação (52,2%). Os agentes que indicaram preferência por terminais públicos
de uso privado, por sua vez, apontaram a disponibilidade de janelas de atracação
e o nível de serviço/melhor atendimento como razões dessa escolha (47,4% e
36,8%, respectivamente); motivos que também foram destaque entre os agentes
que declararam preferência por terminais privativos (com percentuais de 46,2% e
42,3%, respectivamente), conforme a Tabela 43. Para esses, a velocidade operacional
também foi signiicante, com um percentual de 42,3%.
Além de atuarem em mais de um porto, conforme demonstrado na Tabela 37, os agentes
marítimos também operam, de modo geral, com mais de um tipo de carga. Cada
tipo de carga corresponde a um tipo especíico de embarcação, com características
adequadas à sua movimentação. Diante disso, os agentes entrevistados identiicaram
os principais tipos de navios agenciados, que reletem o tipo de carga transportada.
Ressalta-se que cada entrevistado pôde mencionar um ou mais tipos de navios.
133
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 43 – Motivos da preferência por tipo de terminal
Terminal público de uso
geral
Terminal público de uso
privado
Entrevistados
%
Entrevistados
%
Entrevistados
%
Disponibilidade
de janelas de
atracação
12
52,2
9
47,4
12
46,2
Velocidade
operacional
4
17,4
4
21,1
11
42,3
Custo operacional
13
56,5
4
21,1
9
34,6
Nível de
serviço/melhor
atendimento
4
17,4
7
36,8
11
42,3
Oferecer serviço
complementar
-
-
2
10,5
4
15,4
Outro
1
4,3
-
-
6
23,1
Motivo
Terminal privativo
Dos 212 entrevistados, 49,1% informaram que os navios para o transporte de granéis
sólidos (utilizados para produtos agrícolas, em geral) estão entre os principais
tipos de navios agenciados. Os navios de contêineres, utilizados para transporte de
carga geral, normalmente industrializada, foram apontados por 38,2% dos agentes;
os navios de carga geral solta, por 35,8%, e os de granéis líquidos (combustíveis,
produtos químicos etc.), por 28,8%. Os navios de carga Ro-ro (para transporte de
veículos) e os navios de passageiros apresentaram menor percentual, mencionados
por 8,5% e 7,5% dos entrevistados, respectivamente (Tabela 44). Em 2006, os navios
para transporte de granéis sólidos e contêineres apresentavam destaque, com uma
participação mais equilibrada do que a observada em 201242.
Tabela 44 – Principais tipos de navios agenciados
Tipo
Entrevistados
%
Carga geral solta (breakbulk)
76
35,8
Contêineres
81
38,2
Granéis sólidos
104
49,1
Granéis líquidos
61
28,8
P.C.C./Ro-ro
18
8,5
Passageiros
16
7,5
42. Em 2006, os navios para transporte de granéis sólidos haviam sido apontados por 51,5% dos agentes, e os navios para transporte de contêineres por
48,3%. Ressalta-se que os cálculos dos percentuais foram modiicados para ins de comparação entre as duas pesquisas.
134
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
No que tange à avaliação das diiculdades enfrentadas pelo setor, o excesso de
tributação43 e burocracia, o elevado custo tarifário e de mão de obra e o excesso de
tarifação foram apontados como problemas graves ou muito graves por mais de 80%
dos entrevistados, o que indica que esses entraves são mais relevantes do que os
gargalos de infraestrutura, posto que os acessos terrestres e marítimos deicitários
apresentaram percentual inferior, de 73,1% e 44,8%, respectivamente (Tabela
45 e Gráico 35). Cabe destacar, também, o expressivo aumento do percentual de
entrevistados que apontou o excesso de burocracia como problema grave ou muito
grave, passando de 76,7%, em 2006, para 84,9%, em 2012.
Tabela 45 – Principais problemas do setor
Problemas
Muito
grave
Grave
Pouco
grave
Sem
gravidade
NS/NR
Total
Excesso de burocracia
73
107
23
7
2
212
Elevado custo de mão de obra
portuária
83
94
23
9
3
212
Carência de linhas regulares
26
59
53
59
15
212
Ineiciência do porto
48
81
45
34
4
212
Falta de inanciamento
46
57
30
40
39
212
Falta de navios de bandeira
nacional
53
46
40
58
15
212
Excesso de tributação
119
68
9
10
6
212
Excesso de tarifação
100
76
18
14
4
212
Elevado custo tarifário
93
85
17
14
3
212
Acesso terrestre deiciente
85
70
24
27
6
212
Acesso marítimo deiciente
36
59
61
51
5
212
Dos 85 entrevistados que apontaram a carência de linhas regulares como problema
grave ou muito grave, 44,7% indicaram que as diiculdades são encontradas tanto
na navegação de longo curso como na de cabotagem; 29,4% indicaram que ocorre
principalmente na navegação de longo curso, e 18,8% na navegação de cabotagem,
conforme Tabela 46.
Além disso, observa-se que a carência de linhas é mais signiicativa no que se refere
ao transporte de contêineres e de carga geral solta (Tabela 47), indicados por,
respectivamente, 43,5% e 24,7% dos entrevistados que apontaram o problema como
grave ou muito grave (percentuais semelhantes aos observados em 2006, de 44,3%
e 35,8%).
43. Entende-se por excesso de tributação a demasiada quantidade de tributos (decorrentes de lei) que incidem sobre uma atividade. Excesso de tarifação,
por sua vez, refere-se à quantidade de tarifas, que são valores pagos em decorrência da utilização de um serviço. Já o custo tarifário relete o montante
de recursos destinados ao pagamento de tarifas.
135
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Gráfico 35 – Principais problemas do setor (%)
Excesso de burocracia
34,4
Elevado custo de mão de obra portuária
Carência de linhas regulares
50,5
39,2
44,3
12,3
27,8
22,6
Falta de financiamento
21,7
26,9
25,0
21,7
Falta de navios de bandeira nacional
56,1
Excesso de tarifação
47,2
Acesso marítimo deficiente
14,2
17,0
0,0%
27,4
35,8
40,1
33,0
27,8
20,0%
Muito grave
18,4
7,1
32,1
40,1
Grave
Pouco grave
60,0%
Sem gravidade
4,2 4,7
2,8
8,5
6,6
1,9
8,0
6,6
1,4
11,3
28,8
40,0%
1,9
16,0
18,9
18,9
12,7
24,1
2,8
2,4
80,0%
100,0%
NS/NR
Tabela 46 – Carência de linhas por tipo de navegação
Tipo de linha
Entrevistados
%
Longo curso
25
29,4
Cabotagem
16
18,8
Ambas
38
44,7
NS/NR
6
7,1
Total
85
100,0
Tabela 47 – Carência de linhas por tipo de carga
136
1,4
7,1
21,2
43,9
Acesso terrestre deficiente
4,2
27,8
38,2
Excesso de tributação
Elevado custo tarifário
10,8
25,0
Ineficiência do porto
3,3 0,9
10,8
Tipo de carga
Entrevistados
%
Carga geral solta (breakbulk)
21
24,7
Contêineres
37
43,5
Granéis sólidos
12
14,1
Granéis líquidos
7
8,2
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 47 – Carência de linhas por tipo de carga
Continuação
Tipo de carga
Entrevistados
%
P.C.C./Ro-ro
1
1,2
Passageiros
1
1,2
NS/NR
6
7,1
Total
85
100,0
6.2. Operações portuárias
A Lei de Modernização dos Portos deine operação portuária como a movimentação
de passageiros ou a movimentação e armazenagem de mercadorias, destinados ou
provenientes de transporte aquaviário, realizada no porto organizado por operador
portuário, que é a pessoa jurídica qualiicada para exercer essa atividade.
Considerando a abrangência desse conceito, é possível perceber que a qualidade da
operação portuária está diretamente relacionada à eiciência operacional do porto. Diante
disso, a avaliação realizada nesta pesquisa compreendeu as despesas administrativas
portuárias, o horário de funcionamento dos portos e o tempo despendido nas operações
de carga e descarga, bem como alguns aspectos relacionados a cada tipo de carga
transportada, apresentados no Item 6.6 deste estudo.
Quanto às despesas no porto, 88,2% dos agentes entrevistados apontaram os gastos
com práticos como um dos itens de maior peso, enquanto 69,8% apontaram os gastos
com rebocadores, e 32,5% com a mão de obra avulsa, conforme apresentado na Tabela
48. Ressalta-se que cada entrevistado pôde mencionar até três itens. Em 2006, os
gastos com práticos foram mencionados por um número inferior de entrevistados
(55,6%), o que evidencia a diminuição do contingente desse tipo de mão de obra
e o consequente aumento das tarifas cobradas pela atividade de praticagem, que
elevaram sua participação no custo total despendido com as atividades portuárias.
Tabela 48 – Componentes das despesas nos portos
Componentes
Entrevistados
%
Mão de obra avulsa
69
32,5
Operação do terminal marítimo
38
17,9
Práticos
187
88,2
Rebocadores
148
69,8
Serviços gerais
7
3,3
137
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 48 – Componentes das despesas nos portos
Continuação
Componentes
Entrevistados
%
Utilização da infraestrutura
aquaviária
35
16,5
Utilização da infraestrutura de
acostagem
41
19,3
Utilização da infraestrutura terrestre
29
13,7
Outros
7
3,3
Os agentes marítimos foram solicitados a indicar, entre as despesas apontadas como
mais signiicativas, o percentual que cada uma delas representa no custo total com
as operações no porto. Assim, segundo os entrevistados que apontaram os serviços
gerais, as despesas com esse item correspondem a, em média, 34% do custo total no
porto, mesmo percentual médio observado quanto às despesas com a operação do
terminal marítimo; para os agentes que citaram as atividades de praticagem, os gastos
representam, em média, 33,0% do custo portuário. Por outro lado, a utilização de
infraestrutura de acostagem apresentou menor participação no custo total (21,0%). A
Tabela 49 apresenta os percentuais mínimos, máximos e médios de cada componente,
considerando o número total de entrevistados que mencionou cada item.
Tabela 49 – Percentual dos componentes no custo total com as atividades no porto
Componentes
Mínimo
Máximo
Média
Mão de obra avulsa
5,0%
70,0%
31,0%
Operação do terminal marítimo
5,0%
80,0%
34,0%
Práticos
7,0%
85,0%
33,0%
Rebocadores
1,0%
70,0%
32,0%
Serviços gerais
30,0%
50,0%
34,0%
Utilização da infraestrutura aquaviária
6,0%
60,0%
23,0%
Utilização da infraestrutura de acostagem
2,0%
60,0%
21,0%
Utilização da infraestrutura terrestre
9,0%
80,0%
23,0%
Outros
35,0%
60,0%
48,0%
Com relação ao horário de funcionamento dos terminais, 82,5% dos 212 entrevistados
consideram-no adequado. Apenas 13,2% declararam ter diiculdades operacionais
por causa das restrições horárias (Tabela 50); ressalta-se que esses percentuais se
mantiveram em patamares elevados, tal como observado em 200644.
44. Em 2006, 92,2% dos entrevistados haviam avaliado o horário de funcionamento do terminal como adequado, 6,7%, como inadequado e 1,1% não havia
respondido esse item.
138
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 50 – Horário de funcionamento dos terminais portuários
Adequação
Entrevistados
%
Adequado
175
82,5
Inadequado
28
13,2
NS/NR
9
4,3
Total
212
100,0
Outro aspecto relevante da operação portuária, o tempo despendido nas operações
de carga e descarga foi avaliado para cada tipo de terminal portuário. Deste modo, 161
entrevistados avaliaram os terminais públicos de uso geral, 129 avaliaram os terminais
públicos de uso privado e 136 avaliaram os terminais privativos. Considerando esses
valores, o tempo despendido nas operações de carga e descarga foi avaliado como lento
nos terminais públicos de uso geral (por 54,0% dos entrevistados), como adequado nos
terminais públicos de uso privado (55,0%) e entre rápido e adequado nos terminais
privativos (por 47,1% dos agentes, em ambos os casos), conforme Tabela 51.
Tabela 51 – Tempo de carga e descarga por tipo de terminal
Lento
Adequado
Rápido
Tipo de terminal
Total
Entrevistados
%
Entrevistados
%
Entrevistados
%
Terminais públicos de
uso geral
87
54,0
57
35,4
17
10,6
161
Terminais públicos de
uso privado
20
15,5
71
55,0
38
29,5
129
Terminais privativos
8
5,8
64
47,1
64
47,1
136
6.3. Infraestrutura e instalações portuárias
Na avaliação da infraestrutura e das instalações portuárias, foram realizadas
perguntas aos agentes marítimos a respeito da adequação, conservação e
identiicação dos principais problemas da retroárea, área de retroporto e dos
acessos aquaviário, rodoviário e ferroviário. Os resultados obtidos estão descritos
a seguir.
A área de retroporto comumente está inserida em terrenos nas proximidades do
porto de mar aberto ou luvial. Nessas instalações, icam dispostos os contêineres
utilizados para carga e descarga de produtos que serão comercializados naquele
país ou região. A administração do setor é realizada por particulares e há grande
movimentação de máquinas e estivadores.
139
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Foi questionada a opinião dos agentes marítimos quanto ao nível de adequação da
área de retroporto. Um signiicativo percentual dos agentes, 44,8%, avaliou essa área
como inadequada e 35,8% consideraram a área de retroporto adequada. Os 19,2%
restantes não souberam avaliar ou não responderam. Na Tabela 52 estão descritos os
resultados coletados.
Tabela 52 – Área de retroporto
Adequação
Entrevistados
%
Adequado
76
35,8
Inadequado
95
44,8
NS/NR
41
19,3
Total
212
100,0
Ainda com relação à área de retroporto, também foi questionado a respeito do nível
de conservação dessas áreas. Conforme a Tabela 53 e o Gráico 36, apenas 25,9% dos
agentes entrevistados avaliaram o nível de conservação como bom, enquanto 32,1%
como regular e 21,7% como ruim. Considerando a soma das avaliações regular e ruim,
constata-se a necessidade de investimentos para a melhoria dessas instalações.
Tabela 53 – Estado de conservação e obsolescência da área de retroporto
Avaliação
Entrevistados
%
Bom
55
25,9
Regular
68
32,1
Ruim
46
21,7
NS/NR
43
20,3
Total
212
100,0
Gráfico 36 – Estado de conservação e obsolescência da área de retroporto (%)
20,3%
25,9%
21,7%
32,1%
140
Bom
Regular
Ruim
NS/NR
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Os agentes marítimos também foram questionados a respeito da retroárea dos portos.
Destaca-se que a retroárea consiste em um espaço operacional do porto, a ré do cais
de atracação, que contém pátios e armazéns e é comumente alfandegada.
Na avaliação do espaço físico disponível da retroárea, conforme detalhado na Tabela
54, mais da metade dos entrevistados, 53,3%, avaliaram-no como inadequado, e 34,4%
como adequados. Os 12,3% restantes não souberam avaliar ou não responderam.
Tabela 54 – Disponibilidade de espaço físico da retroárea
Adequação
Entrevistados
%
Adequado
73
34,4
Inadequado
113
53,3
NS/NR
26
12,3
Total
212
100,0
Quanto à qualidade da operacionalidade da retroárea, observa-se que 27,4%
dos entrevistados a avaliaram como boa. Outros 39,6% a consideraram regular, e
21,2% ruim. Os demais 11,8% não souberam avaliar ou não responderam (Tabela 55
e Gráico 37). Esses dados indicam a ineiciência das operações de manutenção e,
consequentemente, o sucateamento da infraestrutura existente.
Tabela 55 – Operacionalidade da retroárea
Avaliação
Entrevistados
%
Bom
58
27,4
Regular
84
39,6
Ruim
45
21,2
NS/NR
25
11,8
Total
212
100,0
Gráfico 37 – Operacionalidade da retroárea (%)
27,4%
11,8%
21,2%
39,6%
Bom
Regular
Ruim
NS/NR
141
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Os acessos aquaviários com profundidade, largura, sinalização e balizamentos
adequados são essenciais para prover a atracação segura das embarcações no porto.
Nesse contexto, foi questionado aos agentes marítimos a respeito da adequação
desses acessos: 75,5% dos respondentes os consideraram como adequados, como
pode ser observado na Tabela 56. Embora esse valor represente mais da metade dos
entrevistados, quando o comparamos com os percentuais obtidos no ano de 2006
(que foi de 85,0%), observamos uma signiicativa queda.
Em contrapartida, no ano de 2012, veriica-se um aumento de 9,9 pontos percentuais,
em relação ao ano de 200645, do percentual de entrevistados que avalia os acessos
aquaviários como inadequados, totalizando 22,6%, em 2012.
Tabela 56 – Acessos aquaviários
Adequação
Entrevistados
%
Adequado
160
75,5
Inadequado
48
22,6
NS/NR
4
1,9
Total
212
100,0
De acordo com a Tabela 57 e o Gráico 38, observa-se que a ausência de operações de
dragagem e derrocamento é o que mais afeta a navegação nos acessos aquaviários,
considerando que 33,2% dos entrevistados apontaram a profundidade do canal como o
principal problema dos acessos aquaviários. O segundo maior entrave foi a profundidade
do berço, concentrando 17,3% da opinião dos entrevistados. A esse item, seguiram-se a
limitação da largura do canal (16,3%), a disponibilidade de berço (11,1%) e a sinalização
e balizamento (3,4%). Do total dos entrevistados, 18,7% não souberam avaliar ou não
responderam. Destaca-se que todos os entrevistados que consideraram os acessos
aquaviários como adequados apontaram problemas nesses acessos.
Tabela 57 – Principais problemas dos acessos aquaviários
Principal problema
Entrevistados
%
Profundidade do canal
69
33,2
Profundidade do berço
36
17,3
Limitação de largura do canal
(passagem simultânea)
34
16,3
Disponibilidade de berço
23
11,1
Sinalização/balizamento
7
3,4
NS/NR
39
18,7
Total
208
100,0
45. Avaliação dos acessos aquaviários no ano de 2006: adequado (85,0%), inadequado (12,7%) e NS/NR (2,3%).
142
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Gráfico 38 – Principais problemas dos acessos aquaviários (%)
60
40
%
33,2
20
17,3
18,7
16,3
11,1
3,4
0
Profundidade
do canal
Profundidade
do berço
Limitação de
largura do canal
(passagem simultânea)
Disponibilidade de berço
Sinalização/balizamento
NS/NR
Atentando-se para a relevância da intermodalidade e, visando aumentar a
competitividade, eiciência e economia do transporte de cargas, os acessos rodoviários
e ferroviários aos terminais portuários também foram avaliados na Pesquisa CNT do
Transporte Marítimo 2012, identiicando os seus principais problemas.
A partir da Tabela 58, veriica-se que os acessos rodoviários foram considerados
adequados por apenas 25,9%, o que representa um decréscimo de 22,1 pontos
percentuais, quando comparado aos resultados da Pesquisa Aquaviária CNT 2006,
quando 48,0% dos entrevistados classiicaram esses acessos como adequados. Além
disso, mais da metade dos agentes marítimos (61,3%), no ano de 2012, julgaram os
acessos rodoviários como inadequados, resultando em um acréscimo de 11 pontos
percentuais na opinião dos entrevistados, quando relacionado aos dados da pesquisa
de 200646. Ademais, 5,2% dos entrevistados indicaram que não existem ou não
utilizam os acessos rodoviários e 7,6% não souberam avaliar ou não responderam.
Tabela 58 – Acessos rodoviários
Adequação
Entrevistados
%
Adequado
55
25,9
Inadequado
130
61,3
Não existem/não utiliza acesso
11
5,2
NS/NR
16
7,6
Total
212
100,0
Na lista dos problemas que mais afetam os acessos rodoviários, conforme a Tabela
59 e o Gráico 39, nas pesquisas de 2012 e 2006, a travessia por área urbana foi a
mais citada, abrangendo 34,1% das opiniões de 2012, 6,3 pontos percentuais a mais
46. Avaliação dos acessos rodoviários no ano de 2006: adequado (48,0%), inadequado (50,3%) e NS/NR (1,7%).
143
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
que no ano de 200647. Os congestionamentos de veículos de cargas foram o segundo
problema mais citado, concentrando 31,9% das respostas. Em seguida, os acessos
rodoviários em precário estado de conservação reuniram 23,2% das opiniões.
Apenas 1,1% dos entrevistados identiicaram a ocorrência de roubo de carga/falta de
segurança como problemas. Observa-se que mesmo que alguns dos entrevistados
tenham qualiicado os acessos rodoviários como adequados, também identiicaram
problemas nos acessos.
Tabela 59 – Principais problemas dos acessos rodoviários
Principal problema
Entrevistados
%
Travessia por área urbana
63
34,1
Engarrafamento de veículos de carga
59
31,9
Acesso rodoviário em precário
estado de conservação
43
23,2
Ocorrência de roubo de carga/falta
de segurança
2
1,1
Outro
8
4,3
NS/NR
10
5,4
Total
185
100,0
Foram citados oito problemas distintos dos listados no questionário, entre os quais
podemos citar: as vias de pista simples, a ausência de áreas de manobra e descaso
por parte do governo em prover acessos adequados para esses veículos.
Gráfico 39 – Principais problemas dos acessos rodoviários (%)
60
40
31,9
%
34,1
23,2
20
0
1,1
Travessia por
área urbana
Engarrafamento de
veículos de carga
Acesso rodoviário em
precário estado de
conservação
Ocorrência de roubo
de carga/falta de
segurança
4,3
5,4
Outro
NS/NR
47. Principais problemas dos acessos rodoviários no ano de 2006: travessia por área urbana (27,8%), engarrafamento de veículos de carga (25,7%), acesso
rodoviário em precário estado de conservação (29,9%), ocorrência de roubo de carga/falta de segurança (2,0%), outro (11,8%) e NS/NR (2,8%).
144
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Quanto aos acessos ferroviários, conforme a Tabela 60, apenas 12,7% dos entrevistados
avaliaram os acessos como adequados, e 29,3% como inadequados. Quase a metade
dos agentes marítimos (44,3%) declararam a inexistência ou não da utilização dos
acessos ferroviários e 13,7% não souberam avaliar ou não responderam.
Tabela 60 – Acessos ferroviários
Adequação
Entrevistados
%
Adequado
27
12,7
Inadequado
62
29,3
Não existem/não utiliza acesso
94
44,3
NS/NR
29
13,7
Total
212
100,0
O principal problema identiicado pelos entrevistados, quanto aos acessos ferroviários,
foi a falta de infraestrutura ferroviária para embarque e desembarque de carga,
concentrando 33,7% das opiniões. O problema dos acessos ferroviários em precário
estado de conservação foi citado por 20,2% dos agentes marítimos.
Dos problemas citados, distintos aos listados no questionário, podemos citar a ausência
de malha ferroviária, o privilégio dado para determinadas cargas e a ineiciência
do operador portuário. Por im, destaca-se que, embora alguns dos entrevistados
classiiquem os acessos ferroviários como adequados, eles também identiicaram
problemas nos acessos. A Tabela 61 e o Gráico 40 contemplam os resultados obtidos.
Tabela 61 – Principais problemas dos acessos ferroviários
Principal problema
Entrevistados
%
Falta de infraestrutura ferroviária para embarque e
desembarque de carga (equipamento, linha)
30
33,7
Acesso ferroviário em precário estado de conservação
18
20,2
Travessia por área urbana
12
13,5
Falta de infraestrutura portuária para embarque e
desembarque de carga (pátio, armazenagem, área de
manobra)
8
9,0
Outro
11
12,4
NS/NR
10
11,2
Total
89
100,0
145
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Gráfico 40 – Principais problemas dos acessos ferroviários (%)
60
40
%
33,7
20,2
20
13,5
9,0
0
Falta de infraestrutura
ferroviária para embarque
e desembarque de carga
(equipamento, linha)
Acesso ferroviário em
precário estado de
conservação
Travessia por
área urbana
Falta de infraestrutura portuária
para embarque e desembargue
de carga (pátio, armazenagem,
área de manobra)
12,4
Outro
11,2
NS/NR
6.4. Mão de obra e serviços
A disponibilidade e a qualidade dos serviços e da mão de obra ofertados nos portos
inluenciam diretamente nos índices de eiciência e de produtividade das operações
portuárias, reduzindo os custos operacionais e, consequentemente, aumentando a
competitividade dos produtos exportados pelos portos. Diante da relevância do tema,
buscou-se avaliar quantitativamente e qualitativamente alguns dos serviços mais
utilizados na operação portuária, como a praticagem, os rebocadores/empurradores,
a estiva e a capatazia. Os resultados obtidos são apresentados a seguir.
O serviço de praticagem consiste no conjunto de atividades exercidas por proissionais
de assessoria ao comandante do navio que objetivam a condução da embarcação
de forma segura desde o canal de acesso até o cais. Esse serviço é prestado pelo
prático, proissional habilitado pela Marinha do Brasil e que detém o conhecimento
das águas em que atua. Esses proissionais devem estar constantemente atualizados
a respeito da profundidade, da geograia, do clima e das informações do tráfego das
embarcações do local. A especialidade dos práticos é a condução e o direcionamento
dos rumos de embarcações. A essencialidade dos serviços de praticagem decorre das
diiculdades do tráfego no canal de acesso por algumas embarcações, em razão da
presença de ventos, estado do mar, lagos ou rios, marés, correntes, bancos de areia,
naufrágios e visibilidade restrita, entre outros.
Dada a relevância dessa atividade para o acesso das embarcações aos portos, os
agentes marítimos foram questionados a respeito do custo dos serviços de praticagem.
O custo foi considerado elevado para 87,3% dos entrevistados, e moderado para
12,2% deles (Tabela 62).
146
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 62 – Custo dos serviços de praticagem
Opinião
Entrevistados
%
Elevados
185
87,3
Moderados
26
12,2
NS/NR
1
0,5
Total
212
100,0
Entretanto, embora a maioria considere o custo de praticagem elevado, 65,6% dos
respondentes avaliaram a qualidade dos serviços de praticagem como boa, e 25,5%
como regular. Apenas 8,0% dos entrevistados consideraram a qualidade dos serviços
como ruim. A Tabela 63 e o Gráico 41 contemplam as avaliações coletadas. Ademais,
ao comparar esses percentuais com os coletados no ano de 200648, veriica-se que a
avaliação da qualidade do serviço se manteve, não apresentando grandes diferenças
percentuais na opinião dos agentes marítimos.
Outra atividade de grande relevância na operação portuária e que também foi avaliada
quanto aos seus custos e qualidades foram os serviços de rebocadores/empurradores,
realizados por embarcações de grande potência de motor. Esses serviços consistem
na assistência aos navios, em operações de acostagem e desacostagem, nos canais
de acesso aos portos ou em alto-mar.
Tabela 63 – Qualidade dos serviços de praticagem
Avaliação
Entrevistados
%
Bom
139
65,6
Regular
54
25,5
Ruim
17
8,0
NS/NR
2
0,9
Total
212
100,0
Gráfico 41 – Qualidade dos serviços de praticagem (%)
0,9%
8,0%
65,6%
25,5%
Bom
Regular
Ruim
NS/NR
48. Avaliação da qualidade dos serviços de praticagem no ano de 2006: Boa (68,3%), Regular (22,7%), Ruim (4,5%) e NS/NR (4,5%).
147
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Conforme os dados dispostos na Tabela 64, os custos dos serviços dos rebocadores
foram considerados elevados por 63,2% dos agentes marítimos, e moderados por
34,4%. A avaliação do custo apresenta-se bastante semelhante, quando comparada
ao ano de 2006, quando 57,8% dos entrevistados avaliaram esses serviços como
elevados, e 33,3% como moderados.
Tabela 64 – Custo dos serviços de rebocadores/empurradores
Opinião
Entrevistados
%
Elevados
134
63,2
Moderados
73
34,4
NS/NR
5
2,4
Total
212
100,0
Conforme a Tabela 65 e o Gráico 42, a qualidade dos serviços de rebocadores/
empurradores foi classiicada como boa por 75,0% dos entrevistados. Para 19,3% dos
agentes marítimos, a qualidade dos serviços foi considerada regular, e para 4,3% ruim.
Tabela 65 – Qualidade dos serviços de rebocadores/empurradores
Avaliação
Entrevistados
%
Bom
159
75,0
Regular
41
19,3
Ruim
9
4,3
NS/NR
3
1,4
Total
212
100,0
Gráfico 42 – Qualidade dos serviços de rebocadores/empurradores (%)
1,4%
4,3%
75,0%
19,3%
Bom
Regular
Ruim
NS/NR
Outro item analisado neste relatório foram os serviços prestados pelos operadores
portuários. A avaliação da qualidade desse serviço abrange a atuação dos operadores
portuários, os tempos de espera para a operação, o número de sinistros, a coniança
e a satisfação do cliente, entre outros.
148
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Para 60,4% dos agentes marítimos entrevistados, a qualidade dos serviços prestados
pelos operadores portuários é boa. Esse resultado é semelhante ao apresentado no ano
de 2006, onde 66,1% dos entrevistados qualiicaram os serviços desses operadores
como bom. Ademais, 33,0% dos respondentes consideraram a qualidade dos serviços
prestados regular, e 4,7% ruim. Apenas 1,9% dos agentes não soube avaliar ou não
respondeu (Tabela 66 e Gráico 43).
Tabela 66 – Qualidade dos serviços prestados pelos operadores portuários
Avaliação
Entrevistados
%
Bom
128
60,4
Regular
70
33,0
Ruim
10
4,7
NS/NR
4
1,9
Total
212
100,0
Gráfico 43 – Qualidade dos serviços prestados pelos operadores portuários (%)
1,9%
4,7%
60,4%
Bom
Regular
Ruim
NS/NR
33,0%
Em relação à quantidade de trabalhadores portuários empregados nas operações
de estiva, capatazia e outros, 23,1% dos agentes marítimos avaliaram que o número
de trabalhadores disponível é superior ao necessário. Para 46,7% dos entrevistados,
essa quantidade é adequada às necessidades da operação e, na opinião de 22,2%
dos entrevistados, os trabalhadores disponíveis são insuicientes, o que é agravado
em navios de granéis sólidos (Tabela 67 e Gráico 44). Ao confrontar esses dados
com os obtidos em 200649, observa-se um crescimento de 10,5 pontos percentuais no
número de entrevistados que avaliou essa quantidade como insuiciente.
Tabela 67 – Quantidade de trabalhadores portuários
Opinião
Entrevistados
%
Insuiciente
Adequado
Dobro do necessário
Triplo do necessário
Mais que o triplo do necessário
NS/NR
Total
47
99
37
8
4
17
212
22,2
46,7
17,4
3,8
1,9
8,0
100,0
49. Avaliação da quantidade de trabalhadores portuários no ano de 2006: insuiciente (11,7%), adequada (43,9%), o dobro do necessário (21,7%), o triplo
do necessário (7,2%), mais que o triplo do necessário (8,3%) e NS/NR (7,2%).
149
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Gráfico 44 – Quantidade de trabalhadores portuários (%)
60
46,7
%
40
22,2
20
17,4
3,8
0
Insuficiente
Adequado
Dobro do necessário
Triplo do necessário
8,0
1,9
Mais que o triplo do
necessário
NS/NR
Quanto à qualidade dos serviços oferecidos pelos trabalhadores portuários, conforme
a Tabela 68 e o Gráico 45, quase a metade dos entrevistados a (47,2%) avaliaram
como regular. Para 26,9%, esses serviços foram considerados bons. Na comparação
com os resultados de 200650, constata-se uma redução de 9,2 pontos percentuais do
número de entrevistados que compartilharam da mesma opinião.
Tabela 68 – Qualidade dos serviços oferecidos pelos trabalhadores portuários
Avaliação
Entrevistados
%
Bom
57
26,9
Regular
100
47,2
Ruim
42
19,8
NS/NR
13
6,1
Total
212
100,0
Gráfico 45 – Qualidade dos trabalhadores portuários (%)
6,1%
26,9%
19,8%
47,2%
Bom
Regular
Ruim
NS/NR
Também foi questionada aos agentes marítimos a avaliação sobre o desempenho do
Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO. Como abordado no Capítulo 2 desta pesquisa,
compete ao OGMO administrar o fornecimento da mão de obra do trabalhador
50. Avaliação da qualidade dos serviços oferecidos pelos trabalhadores portuários no ano de 2006: Bom (36,1%), Regular (45,0%), Ruim (13,3%) e NS/NR (5,6%).
150
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
portuário e do trabalhador portuário avulso. Além de promover o treinamento
multifuncional, a habilitação proissional e a seleção dos trabalhadores.
Na Tabela 69 estão descritos os quesitos de avaliação do OGMO. Cabe destacar que
cada entrevistado pôde citar mais de um item. Assim, quase a metade dos entrevistados
(42,5%) relatou que o OGMO teve participação na melhoria e na qualidade da mão de
obra no porto. Além disso, 30,2% dos agentes marítimos observaram que a criação
do OGMO contribuiu para a redução do número de acidentes, e 35,4% para a melhoria
da segurança e saúde no trabalho. Para 25,9% dos respondentes, o OGMO não teve
impacto signiicativo sobre a mão de obra. Ao comparar esses resultados com os
coletados em 200651, observa-se uma piora na percepção dos agentes marítimos com
relação à atuação desse órgão.
Tabela 69 – Desempenho do Órgão Gestor de Mão de Obra - OGMO
Itens
Entrevistados
%
Contribuiu para a melhoria na
qualidade da mão de obra no porto
90
42,5
Contribuiu para a redução do número
de acidentes
64
30,2
Contribuiu para a melhoria da
segurança e saúde no trabalho
75
35,4
Não teve impacto signiicativo
55
25,9
NS/NR
30
14,2
Esses resultados reletem os impactos dos investimentos no aperfeiçoamento e
na ampliação da atuação do OGMO. Entretanto, percebe-se a necessidade de uma
participação ainda maior do órgão, permitindo melhoria na qualiicação e melhor
aproveitamento da mão de obra disponível, de maneira a aumentar a eiciência das
operações portuárias.
6.5. Atuação das autoridades públicas nos portos
Como demonstrado nos capítulos anteriores, atuam nos portos um elevado número
de órgãos públicos e agentes privados. Essa quantidade pode variar, entre outros
motivos, segundo o tipo de instalação portuária – porto organizado ou TUP. Este item
da pesquisa avalia os principais agentes públicos envolvidos no transporte marítimo.
Vale destacar que os serviços prestados por cada um desses agentes são importantes
para a movimentação de mercadorias nos portos e liberação das cargas. Seja para
garantir a segurança, regular as relações de trabalho nos portos ou fazer a iscalização
tributária, sanitária ou ambiental, essas autoridades prestam serviços essenciais, que
devem ser executados prezando a eiciência e eicácia, assegurando a qualidade do
atendimento e a agilidade dos procedimentos.
51. Avaliação do desempenho do OGMO no ano de 2006: contribuiu para a melhoria da qualidade da mão de obra no porto (56,1%), contribuiu para a redução do
número de acidentes (44,4%), contribuiu para a melhoria da segurança e saúde no trabalho (44,4%), não teve impacto signiicativo (23,9%) e NS/NR (8,9%).
151
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Inicialmente, os agentes marítimos foram questionados sobre a qualidade dos
serviços prestados pelas autoridades públicas, indicando quais aspectos deveriam
ser melhorados, conforme a Tabela 70 e o Gráico 46. Para os agentes marítimos, o
principal pleito para a melhoria dos serviços prestados pelos agentes de autoridade
pública é que os procedimentos sejam simpliicados, reduzindo a burocracia (67,9%
ou 144 respondentes). Aproximadamente 24,5% (52) dos entrevistados apontaram
para a necessidade de maior qualiicação dos proissionais envolvidos na prestação
dos serviços das autoridades portuárias, percentual semelhante ao dos que opinaram
quanto à necessidade de maior eiciência no canal de comunicação entre os agentes
e a autoridade pública (24,1% ou 51 agentes). Para 21,7% dos entrevistados, foram
identiicados como forma de melhora dos serviços uma maior integração e comando
único e para 20,8% uma escala de horário mais eicaz e que melhor atenda às
necessidades dos agentes.
Tabela 70 – Quais aspectos devem ser melhorados nos serviços prestados pelas
autoridades públicas nos portos (número de respostas e %)
Opinião
Entrevistados
%
Procedimentos simpliicados,
menos burocracia
144
67,9
Qualiicação da mão de obra
52
24,5
Canal de comunicação mais eiciente
(internet e outros)
51
24,1
Maior integração e comando único
46
21,7
Escala de horário eicaz
44
20,8
NS/NR
9
4,2
Gráfico 46 – Quais aspectos devem ser melhorados nos serviços prestados pelas
autoridades públicas nos portos (%)
80
67,9
%
60
40
24,5
24,1
Qualificação de
mão de obra
Canal de comunicação mais
eficiente (internet e outros)
20
0
Procedimentos simplificados,
menos burocracia
21,7
20,8
Maior integração e
comando único
Escala de horário eficaz
Como se pode observar, a burocracia é um grande problema para o setor de transporte
marítimo. Nesse sentido, foi perguntado aos agentes como eles avaliam a burocracia
152
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
nos portos ao utilizarem os serviços das autoridades públicas. Para 80,2% dos
entrevistados, a burocracia é grande ou muito grande, para 17,9% é média e para
1,9% pequena. Veriica-se que há uma consistência com os dados apresentados na
questão anterior, na qual os agentes apontaram a necessidade de simpliicação dos
procedimentos como prioridade. Ademais, apesar da busca por melhoria nos serviços
das autoridades públicas, o percentual de agentes que apontaram que a burocracia
é muito grande aumentou consideravelmente de 2006 a 2012. Em 2006, 38,3% dos
agentes disseram ser muito grande a burocracia, enquanto em 2012 esse número
passou para 49,5%, conforme Tabela 71 e Gráico 47.
Tabela 71 – Burocracia nos portos ao fazer uso dos serviços das autoridades públicas
(número de respostas e %)
Avaliação
Entrevistados
%
Muito grande
105
49,5
Grande
65
30,7
Média
38
17,9
Pequena
4
1,9
Total
212
100,0
Gráfico 47 – Burocracia nos portos ao fazer uso dos serviços das autoridades públicas (%)
49,5%
1,9%
17,9%
Muito grande
Grande
Média
Pequena
30,7%
Tabela 72 – Operação 24 horas por dia, sete dias por semana
Autoridade
pública
Sim
Não
NS/NR
Total
Entrevistados
%
Entrevistados
%
Entrevistados
%
Capitania dos
Portos
118
55,7
89
42,0
5
2,4
212
Receita
Federal Fazenda
88
41,5
120
56,6
4
1,9
212
Vigilância
Sanitária Anvisa
72
34,0
135
63,7
5
2,4
212
Autoridade
Portuária
107
50,5
100
47,2
5
2,4
212
153
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 72 – Operação 24 horas por dia, sete dias por semana
Continuação
Autoridade
pública
Sim
Não
NS/NR
Total
Entrevistados
%
Entrevistados
%
Entrevistados
%
Polícia
Federal
144
67,9
65
30,7
3
1,4
212
Órgãos
ambientais
33
15,6
120
56,6
59
27,8
212
Ministério da
Agricultura
50
23,6
119
56,1
43
20,3
212
Os agentes também foram questionados sobre quais autoridades públicas operam
continuamente nos portos, identiicando aquelas que operam 24 horas por dia, todos
os dias da semana. Observou-se que a quantidade de entrevistados que airmaram que
as autoridades operam ininterruptamente reduziu quando comparado aos resultados
da Pesquisa Aquaviária CNT 200652. Em 2012, mais da metade dos entrevistados
responderam que são os seguintes órgãos que operam continuamente: a Capitania
dos Portos (55,7%), a autoridade portuária (50,5%) e a Polícia Federal (67,9%). A
avaliação do período de funcionamento para a prestação de serviços da Receita
Federal, órgãos ambientais e Ministério da Agricultura indica que não há continuidade
no atendimento para aproximadamente 56% dos agentes (Tabela 72). Ademais, a
pior avaliação, no que se refere à frequência das operações, foi dada para a Vigilância
Sanitária. Segundo 63,7% dos entrevistados, essa instituição não opera 24 horas por
dia. Vale ressaltar que as respostas variam de porto para porto.
Conforme visto no Capítulo 2 desta pesquisa, é de competência do Conselho de
Autoridade Portuária – CAP as atividades de iscalização, planejamento e administração
do porto organizado. É ele quem regula a homologação dos valores das tarifas portuárias
e do horário de funcionamento do porto, aprova as normas de qualiicação do operador
portuário e de exploração do porto e aprova o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento
do porto. Esse órgão atua como regulador, com a Administração do Porto, competindolhe zelar pelo cumprimento das normas de defesa da concorrência e estimulando
a competitividade. Porém, o poder do CAP é relativamente limitado, uma vez que as
propostas são feitas pelas autoridades portuárias.
No que se refere ao CAP, foi avaliada a eiciência de sua atuação da presidência
considerando a origem do presidente do conselho. Para 89,6% dos entrevistados, a
presidência do CAP foi considerada mais eicaz quando presidido por um representante
local, como detalhado na Tabela 73. Isso se deve ao fato do representante local
conhecer melhor a realidade, os problemas e as necessidades do porto em questão.
Assim, o presidente local está mais apto a tomar decisões adequadas e mais acessíveis
aos outros representantes do CAP, dando mais celeridade ao processo.
52. Em 2006, os entrevistados que airmara que havia uma operação contínua dos órgãos foi de: 75,6% para a Capitania dos Portos, 68,9% para a Receita
Federal, 62,8% para a Vigilância Sanitária, 60,6% para a Autoridade Portuária, 89,4% para a Polícia Federal, 35,0% para os órgãos ambientais e 45,6%
para o Ministério da Agricultura.
154
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 73 – Eicácia da presidência do CAP quando exercida por representante local
Opinião da eicácia
Entrevistados
%
Mais eicaz
190
89,6
Menos eicaz
17
8,0
NS/NR
5
2,4
Total
212
100,0
Também foi questionado se a presidência do CAP é exercida por um representante
local no principal porto utilizado pelo entrevistado (Tabela 74). Ademais, 57,1% dos
entrevistados airmaram que o presidente era um representante local, 25,5% que não
e 37 entrevistados (17,5%) não souberam responder.
Tabela 74 – Representação da presidência do CAP
Resposta da representação
Entrevistados
%
Presidente local
121
57,1
Presidente não local
54
25,5
NS/NR
37
17,5
Total
212
100,0
Para 55,7% dos agentes, a atuação do CAP foi avaliada como boa ou ótima. Em
relação à transparência dos seus atos, esse percentual passou para 54,7%, conforme
a Tabela 75 e o Gráico 48. Já o tempo de resposta às solicitações foi considerado
positivo (ótimo ou bom) por apenas 41,0% dos respondentes e com problemas por
46,7% (regular, ruim ou péssimo).
Tabela 75 – Avaliação do Conselho de Autoridade Portuária - CAP
(número de entrevistados)
Conselho de
Autoridade Portuária
- CAP
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
NS/NR
Total
Atuação
12
106
57
13
5
19
212
Transparência de seus
atos
18
98
56
12
4
24
212
Tempo de resposta às
solicitações
12
75
78
13
8
26
212
Um dos problemas observados no CAP é que a autoridade portuária, algumas vezes,
não reconhece a importância do conselho. A autoridade acaba trabalhando de forma
independente, não interagindo com o CAP, atuando como Poder Executivo. Assim, é
importante que os CAPs sejam fortalecidos e melhor estruturados para serem aptos a
cumprir as suas atribuições conforme estabelecido pela Lei n.º 8.630/93 (ver Anexo 1).
155
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Gráfico 48 – Avaliação do Conselho de Autoridade Portuária – CAP (%)
Atuação 5,7
50,0
26,9
6,1
9,0
2,4
Transparência
de seus atos
8,5
46,2
26,4
5,7
11,3
1,9
Tempo de resposta
5,7
às solicitações
35,4
0,0%
36,8
20,0%
40,0%
Boa
Regular
Ótima
6,1 3,8
60,0%
Ruim
12,3
80,0%
Péssima
100,0%
NS/NR
Analisando, em paralelo, as respostas obtidas quanto à avaliação da atuação da
presidência do CAP e se essa é exercida por um representante local ou não, observou-se
pouca diferença. Contudo, entre os agentes que airmaram que a presidência do CAP
era exercida por representante local, a avaliação positiva da atuação dessa autoridade
e do tempo de resposta às solicitações foi melhor que entre os agentes que declararam
que o representante não era local. Além disso, observou-se entre os primeiros uma
porcentagem menor de respostas regular para os três aspectos analisados e, ao
mesmo tempo, uma porcentagem maior de respostas negativas. Para exempliicar,
para os órgãos com presidências locais, o percentual de entrevistados que avaliaram
como ruim e péssima a atuação do CAP foi de 11,6%, já regular foi de 21,5%. Enquanto
para aqueles com representantes não locais esses percentuais foram de 3,7% e 33,3%,
respectivamente. Esses valores são apresentados na Tabela 76.
Tabela 76 – Avaliação do CAP por tipo de representante (%)
Conselho de
Autoridade
Portuária - CAP
Representante local
Representante não local
Positivo
Negativo
Neutro
Positivo
Negativo
Atuação
60,3
11,6
21,5
59,3
3,7
33,3
Transparência de seus
atos
57,9
9,1
24,0
59,3
3,7
31,5
Tempo de resposta às
solicitações
44,6
12,4
33,1
42,6
5,6
46,3
Neutro
A administração do porto é feita pela autoridade portuária, encarregada de supervisionar
todos os serviços relativos à exploração dos portos sob a sua jurisdição. Além disso, é
exercida diretamente pela União ou pela entidade concessionária do porto organizado,
podendo, dessa forma, ser pública ou privada. De acordo com a Lei n.º 8.630/93, compete
à Administração do Porto, dentro dos limites da área do porto, entre outros: pré-qualiicar
os operadores portuários; ixar os valores e arrecadar a tarifa portuária; iscalizar a
execução ou executar as obras de construção, reforma, ampliação, melhoramento e
156
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
conservação das instalações portuárias e, estabelecer o horário de funcionamento no
porto, bem como as jornadas de trabalho no cais de uso público.
As autoridades portuárias foram avaliadas como positivas em quase todos os itens
analisados, como aponta a Tabela 77 e o Gráico 49. Mais de 50% dos agentes marítimos
qualiicaram os seguintes quesitos como bom ou ótimo: a atuação da autoridade (61,8%),
a qualidade dos serviços prestados (53,8%) e o tempo de resposta às solicitações
(52,8%). Já o nível de informação e informatização da administração dos portos foi
considerado positivo para 48,6% dos entrevistados e ruim ou péssimo para 1%.
Observa-se que, na Pesquisa Aquaviária CNT 2006, a avaliação das autoridades
portuárias foi pior quando comparada à pesquisa de 2012, principalmente no que
se refere à participação das avaliações positivas. Por exemplo, em 2006, 5,0% dos
entrevistados avaliaram como péssima a atuação da autoridade portuária, neste ano,
o percentual registrado foi de apenas 1,4%. Entretanto, em 2012, apenas 8,0% dos
agentes marítimos qualiicaram os serviços da autoridade portuária como ótimo, a
proporção registrada pela pesquisa de 2006 foi de 10,6%.
Tabela 77 – Avaliação da Autoridade Portuária (número de entrevistados)
Autoridade Portuária
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
NS/NR
Total
Atuação
17
114
64
12
3
2
212
Qualidade dos serviços
prestados
15
99
76
17
3
2
212
Nível de informatização/
informação
13
90
77
26
5
1
212
Tempo de resposta às
solicitações
12
100
71
17
10
2
212
Gráfico 49 – Avaliação da Autoridade Portuária (%)
Atuação 8,0
53,8
30,2
5,7
0,9
1,4
Qualidade dos
7,1
serviços prestados
Nível de informatização/
6,1
informação
46,7
Ótima
0,9
1,4
42,5
36,3
0,5
12,3
2,4
Tempo de resposta 5,7
às solicitações
0,0%
8,0
35,8
47,2
33,5
20,0%
40,0%
Boa
Regular
60,0%
Ruim
8,0 4,7 0,9
80,0%
Péssima
100,0%
NS/NR
157
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Nesta pesquisa, cada órgão público que presta serviços nos portos foi avaliado
quanto ao desempenho da sua atuação, à qualidade dos serviços prestados, ao
nível de informação e informatização e ao tempo de resposta às solicitações. Na
sequência, serão apresentados os resultados para: Capitania dos Portos, Ministério
da Agricultura, Autoridade Portuária, Receita Federal, Agência de Vigilância Sanitária,
Polícia Federal, órgãos ambientais, Antaq e DNIT.
A Capitania dos Portos é uma seção da Marinha estabelecida em cada um dos 17
estados litorâneos. Essas 17 capitanias têm função iscalizadora na região em que
atuam e na área marítima adjacente, fazendo cumprir as leis e os regulamentos
marítimo-portuários, sobretudo no que diz respeito à segurança da navegação.
Suas atribuições compreendem também a iscalização dos serviços de praticagem,
a busca e o salvamento marítimo, a investigação de atos criminais e a inspeção
de embarcações. Além disso, a Capitania dos Portos coordena, controla e ministra
cursos do ensino proissional marítimo.
A Capitania dos Portos foi avaliada positivamente (ótimo e bom) quanto à sua atuação
e quanto à qualidade dos serviços prestados por, respectivamente, 79,7% e 80,7% dos
agentes. Quando questionados a respeito do nível de informação e informatização,
51,0% dos agentes avaliaram como ótimo e bom. A avaliação do tempo de resposta
às solicitações também foi considerada positiva por 58,5% dos agentes, como pode
ser observado na Tabela 78 e no Gráico 50.
Tabela 78 – Avaliação da Capitania dos Portos (número de entrevistados)
Capitania dos portos
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
NS/NR
Total
Atuação
Qualidade dos serviços
prestados
Nível de informatização/
informação
Tempo de resposta às
solicitações
39
130
39
2
2
-
212
35
136
35
3
2
1
212
22
86
63
25
13
3
212
30
94
62
14
10
2
212
Gráfico 50 – Avaliação da Capitania dos Portos (%)
Atuação
18,4
61,3
18,4
0,9
0,9
Qualidade dos
serviços prestados
Nível de informatização/
informação
16,5
16,5
1,4 0,5
0,9
10,4
Tempo de resposta
às solicitações
40,6
14,2
0,0%
Ótima
158
64,2
29,7
44,3
11,8
29,2
20,0%
40,0%
Boa
Regular
60,0%
Ruim
6,1
6,6 4,7
80,0%
Péssima
1,4
0,9
100,0%
NS/NR
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - Mapa atua nos portos marítimos
com o intuito de evitar a disseminação de doenças e pragas e de cumprir a legislação
brasileira que proíbe a entrada e saída do país de produtos vegetais e animais, sem
autorização da instituição. O trabalho de iscalização e inspeção é disciplinado pelo
Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional - Vigiagro, da Secretaria de Defesa
Agropecuária, nos portos organizados, aeroportos internacionais, postos de fronteira
e aduanas especiais. Além disso, para a inspeção e a certiicação de produtos vegetais
destinados à exportação, devem ser observados os requisitos itossanitários aprovados
pela Organização Nacional de Proteção Fitossanitária do país de destino das mercadorias.
Assim, somente os entrevistados que fazem algum tipo de agenciamento de produtos
vegetais e que já precisaram utilizar o Vigiagro foram capazes de avaliá-lo, conforme
a Tabela 79 e o Gráico 51. Entre os 154 agentes marítimos que analisaram a atuação
do órgão, observou-se uma avaliação positiva para a atuação dessa autoridade e para
a qualidade de seus serviços. Para 44,1% dos respondentes, o nível de informatização/
informação do Mapa é bom ou ótimo. Já quando avaliado o tempo de resposta às
solicitações, 50,6% dos avaliadores o consideraram negativo (regular, ruim ou péssimo).
Tabela 79 – Avaliação do Ministério da Agricultura - Vigiagro (número de entrevistados)
Ministério da
Agricultura - Vigiagro
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
NS/NR
Total
Atuação
13
91
40
7
3
58
212
Qualidade dos serviços
prestados
11
91
43
6
3
58
212
Nível de informatização/
informação
11
57
61
19
5
59
212
Tempo de resposta às
solicitações
10
66
58
15
5
58
212
Gráfico 51 – Avaliação do Ministério da Agricultura - Vigiagro (%)
Atuação 6,1
42,9
18,9
3,3
27,4
1,4
Qualidade dos
5,2
serviços prestados
42,9
26,9
Tempo de resposta 4,7
às solicitações
31,1
Ótima
27,4
2,8
1,4
Nível de informatização/
5,2
informação
0,0%
20,3
28,8
27,8
9,0
2,4
27,4
7,1
27,4
2,4
20,0%
40,0%
Boa
Regular
60,0%
Ruim
80,0%
Péssima
100,0%
NS/NR
159
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Cabe à Receita Federal atuar nos portos marítimos de modo a reprimir crimes de
ordem tributária, como contrabando, descaminho, fraude, sonegação e conluio. Essa
prerrogativa foi estabelecida pelo Decreto nº 6.759/0953, que determina à Fazenda
Nacional disciplinar a entrada, a permanência, a movimentação e a saída de pessoas,
veículos, unidades de cargas e mercadorias nos portos e recintos alfandegados. Além
disso, o controle aduaneiro do veículo marítimo, desde o seu ingresso no território
brasileiro até a sua efetiva saída, estendido às mercadorias e aos outros bens existentes
a bordo, deve ser realizado pela Receita Federal.
Nesse contexto e diante da abrangência da atuação da Receita Federal, todos os agentes
marítimos possuem capacidade de avaliar sua atuação. Conforme dados dispostos na
Tabela 80 e no Gráico 52, observa-se que a atuação, a qualidade dos serviços prestados
e o nível de informatização/informação desse órgão foram avaliados positivamente por
mais da metade dos entrevistados. O tempo de resposta às solicitações foi o quesito que
recebeu pior reconhecimento, reunindo 22,6% de avaliações ruins e péssimas.
Tabela 80 – Avaliação da Receita Federal – Fazenda Nacional (Aduana/Alfândega)
(número de entrevistados)
Receita Federal Fazenda (Aduana/
Alfândega)
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
NS/NR
Total
Atuação
19
121
56
10
5
1
212
Qualidade dos serviços
prestados
16
107
71
10
7
1
212
Nível de informatização/
informação
38
108
46
14
5
1
212
Tempo de resposta às
solicitações
17
79
66
35
13
2
212
Gráfico 52 – Avaliação da Receita Federal – Fazenda Nacional (%)
Atuação
9,0
57,1
26,4
4,7
0,5
2,4
Qualidade dos
7,5
serviços prestados
Nível de informatização/
informação
50,5
4,7
33,5
0,5
3,3
17,9
50,9
6,6
21,7
0,5
2,4
Tempo de resposta 8,0
às solicitações
0,0%
Ótima
37,3
31,1
20,0%
40,0%
Boa
Regular
60,0%
Ruim
16,5
6,1
80,0%
Péssima
0,9
100,0%
NS/NR
53. Decreto que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, a iscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. A área
de jurisdição dos serviços aduaneiros foi deinida pelo Decreto-Lei n.º 37 de 18 de novembro de 1966.
160
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Outro órgão que atua nas instalações portuárias é a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária – Anvisa, iscalizando e garantindo o cumprimento da legislação sanitária
brasileira, bem como do Regulamento Sanitário Internacional, e realizando a
interlocução com o Ministério das Relações Exteriores e instituições estrangeiras
para tratar de assuntos internacionais na área de vigilância sanitária. Conforme a Lei
nº 9.782/9954, a Anvisa regula todos os setores relacionados a produtos e serviços
que possam afetar a saúde da população brasileira, em ação coordenada com os
estados, os municípios e o Distrito Federal.
A atuação da Anvisa foi avaliada positivamente por quase metade dos entrevistados
(47,6%), sendo que 6,6% qualiicaram a atuação como ótima e 41,0% como boa.
Quanto ao nível de informatização/informação dessa agência, a maior parte dos
respondentes (40,1%) o considera regular. O item pior avaliado foi o tempo de resposta
às solicitações, classiicado como ruim por 13,7% dos entrevistados, e péssimo por
8,5%, conforme a Tabela 81 e o Gráico 53.
Tabela 81 – Avaliação da Vigilância Sanitária - Anvisa (número de entrevistados)
Vigilância Sanitária Anvisa
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
NS/NR
Total
Atuação
14
87
67
28
13
3
212
Qualidade dos serviços
prestados
12
79
74
27
17
3
212
Nível de informatização/
informação
18
59
85
32
14
4
212
Tempo de resposta às
solicitações
11
80
69
29
18
5
212
Gráfico 53 – Avaliação da Vigilância Sanitária - Anvisa (%)
Atuação 6,6
41,0
Qualidade dos
5,7
serviços prestados
37,3
Nível de informatização/
informação
8,5
Tempo de resposta 5,2
às solicitações
0,0%
Ótima
13,2
31,6
34,9
27,8
40,1
37,7
32,5
20,0%
40,0%
Boa
Regular
60,0%
Ruim
6,1
1,4
12,7
8,0
1,4
15,1
6,6
1,9
13,7
8,5
80,0%
Péssima
2,4
100,0%
NS/NR
54. Deine o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e dá outras providências.
161
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
A Polícia Federal está subordinada ao Ministério da Justiça e tem como função prover
a segurança pública, preservar a ordem e a incolumidade das pessoas e do patrimônio.
Ela também exerce funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras, iscalizando
as fronteiras terrestres e a orla marítima. Entre as atividades exercidas pela Polícia
Federal na atuação portuária, pode-se citar a iscalização da entrada, permanência ou
saída de estrangeiros no território nacional; do comércio clandestino ou facilitação
do uso de entorpecentes e; dos crimes contra a fé pública ou a administração pública,
quando a interessada for a Fazenda Nacional.
O trabalho realizado pela Polícia Federal, segundo a opinião dos agentes marítimos
entrevistados, é positivo em todos os quesitos questionados, sendo avaliado como
ótimo ou bom por mais da metade dos respondentes. Destaca-se a atuação do órgão,
com 78,8% de avaliações positivas, e a qualidade dos serviços prestados, que foi
avaliada por 75,0% dos agentes marítimos como boa ou ótima. Já quanto ao nível
de informatização/informação, 9,9% dos entrevistados o avaliaram como ruim ou
péssimo, conforme Tabela 82 e Gráico 54.
Tabela 82 – Avaliação da Polícia Federal (número de entrevistados)
Polícia Federal
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
NS/NR
Total
Atuação
30
137
39
4
1
1
212
Qualidade dos serviços
prestados
25
134
47
4
1
1
212
Nível de informatização/
informação
20
100
70
13
8
1
212
Tempo de resposta às
solicitações
26
118
51
10
5
2
212
Gráfico 54 – Avaliação da Polícia Federal (%)
Atuação
14,2
64,6
18,4
1,9 0,5
0,5
Qualidade dos
serviços prestados
Nível de informatização/
informação
11,8
1,9 0,5
22,2
0,5
9,4
Tempo de resposta
às solicitações
47,2
12,3
6,1 3.8 0,5
33,0
55,7
24,1
4,7
0,9
2,4
0,0%
Ótima
162
63,2
20,0%
40,0%
Boa
Regular
60,0%
Ruim
80,0%
Péssima
100,0%
NS/NR
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Os órgãos ambientais ganharam mais visibilidade com a crescente conscientização da
população em relação aos custos sociais associados ao meio ambiente. Por um lado,
ambientalistas criticam as licenças concedidas sem uma análise adequada e completa,
sem transparência e que, muitas vezes, não seguem as normas corretamente para dar
celeridade ao processo. Por outro lado, desenvolvimentistas criticam a atuação dos
órgãos ambientais e aumentam a pressão para que sejam acelerados os processos
de licenciamento e para reduzir a burocracia, a im de que os investimentos em
infraestrutura possam ser implementados.
Além de atuar no controle da degradação da área portuária e vizinhanças
(licenciamento ambiental dos portos) e no licenciamento55 das atividades utilizadoras
dos recursos ambientais, os órgãos ambientais também trabalham no que se refere
à entrada e saída de mercadorias e o seu impacto sobre a qualidade de vida da
população em geral. Nesse âmbito, diversas análises são realizadas, tais como: planos
de controle ambiental, planos de recuperação de áreas degradadas, análises de riscos,
gerenciamento de resíduos, gerenciamento de riscos de poluição, entre outros. O
Ibama, um dos órgãos ambientais que atua nos portos, ainda participa da iscalização
de importações e exportações de produtos que, se não forem controlados e bem
manuseados, têm riscos de explosão, contaminação, poluição e para a vida.
Uma grande quantidade de agentes marítimos não soube avaliar os órgãos ambientais
(36,3%, no que se refere aos aspectos de atuação e qualidade dos serviços prestados,
e 36,8% para nível de informatização/informação e tempo de resposta às solicitações).
Entre os respondentes, observa-se um elevado número de avaliações regular para
todos os aspectos analisados, conforme Tabela 83 e Gráico 55. A atuação desses
órgãos foi avaliada como regular por 23,6% dos agentes. Já a qualidade dos serviços
prestados foi avaliada positivamente (ótima ou boa) por 67 entrevistados e como
regular, ruim ou péssima por outros 68. Na avaliação do nível de informação e
informatização, 29,7% dos entrevistados consideraram regular, 25,9% airmaram ser
positiva e 7,5% apontaram como ruim ou péssima. Quanto ao tempo de resposta às
solicitações, 56,7% dos respondentes o classiicaram como insatisfatório (avaliação
regular, ruim ou péssima).
Tabela 83 – Avaliação dos órgãos ambientais (número de entrevistados)
Órgãos Ambientais
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
NS/NR
Total
Atuação
7
64
50
10
4
77
212
Qualidade dos serviços
prestados
6
61
54
10
4
77
212
Nível de informatização/
informação
7
48
63
10
6
78
212
Tempo de resposta às
solicitações
5
53
56
12
8
78
212
55. A licença ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, que seja pessoa física ou jurídica. Entre os tipos de licença ambiental, há a licença prévia
(concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento, aprovando sua localização e concepção e atestando a viabilidade ambiental, entre
outras funções), a licença de instalação (que autoriza a instalação e início da implantação do empreendimento) e a licença de operação (que autoriza a
operação da atividade ou empreendimento, após a veriicação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores).
163
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Gráfico 55 – Avaliação dos órgãos ambientais (%)
Atuação 3,3
30,2
23,6
4,7
36,3
1,9
Qualidade dos
2,8
serviços prestados
28,8
4,7
25,5
36,3
1,9
Nível de informatização/
3,3
informação
22,6
Tempo de resposta 2,4
às solicitações
25,0
29,7
4,7
36,8
2,8
0,0%
Ótima
26,4
5,7 3,8
36,8
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
Boa
Regular
Ruim
Péssima
100,0%
NS/NR
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários - Antaq é entidade integrante da
administração federal indireta, submetida ao regime autárquico especial, com
personalidade jurídica de direito público e independência administrativa, autonomia
inanceira e funcional. Tem como principal atribuição regular, supervisionar e iscalizar
as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da
infraestrutura portuária e aquaviária, exercida por terceiros, tanto no transporte de
passageiros quanto no de cargas.
Apesar de mais de 30% dos agentes não terem avaliado essa autoridade, observase que, em geral, a avaliação foi positiva, com uma quantidade de respostas ótima e
boa superior ao número de respostas regular, ruim e péssima em todos os aspectos
analisados, como mostrado na Tabela 84 e no Gráico 56. Destaca-se que a atuação
dessa autoridade foi considerada positiva por 50,9% dos entrevistados e que somente,
e 18,4% avaliaram seu desempenho como regular, ruim ou péssimo. De maneira similar
às outras entidades públicas aqui avaliadas, o tempo de resposta às solicitações foi o
item pior avaliado, mas, mesmo assim, foi considerado bom ou ótimo por 85 agentes
marítimos e regular, ruim ou péssimo por 61 entrevistados.
Tabela 84 – Avaliação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários - Antaq (número
de entrevistados)
164
ANTAQ
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
NS/NR
Total
Atuação
16
92
33
4
2
65
212
Qualidade dos serviços
prestados
15
88
37
6
2
64
212
Nível de informatização/
informação
19
79
36
9
2
67
212
Tempo de resposta às
solicitações
15
70
46
10
5
66
212
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Gráfico 56 – Avaliação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários - Antaq (%)
Atuação 7,5
43,4
Qualidade dos
7,1
serviços prestados
Nível de informatização/
informação
41,5
9,0
Tempo de resposta 7,1
às solicitações
0,0%
Ótima
15,6
17,5
37,3
30,7
2,8
0,9
30,2
4,2
0,9
17,0
33,0
1,9
0,9
21,7
31,6
4,7
31,1
2,4
20,0%
40,0%
Boa
Regular
60,0%
Ruim
80,0%
Péssima
100,0%
NS/NR
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes -DNIT é uma autarquia
federal vinculada ao Ministério dos Transportes. Existem seis diretorias setoriais que
integram a Diretoria Colegiada, uma delas é a Diretoria de Infraestrutura Aquaviária.
Essa diretoria desenvolve atividades de execução de projetos e obras de infraestrutura
aquaviária, e, ainda, institui padrões e normas técnicas para o seu controle. Além
disso, a Diretoria de Infraestrutura Aquaviária também executa as atividades de
manutenção, recuperação, programas de segurança e operação de infraestrutura
aquaviária, bem como estabelece padrões e normas técnicas para segurança e
operação de vias aquaviárias.
As intervenções sob atuação do DNIT também abrangem os acessos rodoviários e
ferroviários dos portos marítimos brasileiros – em parceria com as demais diretorias
setoriais. Esses acessos se constituem em um dos principais gargalos do setor
portuário brasileiro. O aumento da movimentação de cargas e embarcações foi
acompanhado por um crescimento do número de veículos que chegam até o porto
pelo modo terrestre, fato que faz com que haja mais pressão sobre a infraestrutura
disponível nos portos.
Conforme pode ser veriicado na Tabela 85 e no Gráico 57, mais da metade dos agentes
marítimos entrevistados não conhecem ou não sabem avaliar o desempenho do DNIT.
A maioria dos agentes (55,7%) não soube avaliar a atuação e a qualidade dos serviços
prestados pela autarquia e 57,5% não avaliaram o nível de informatização e informação
e o tempo de resposta às solicitações. A atuação do DNIT foi avaliada como ótima e
boa por 17,5% dos respondentes, enquanto 26,7% a consideraram como regular, ruim
ou péssima. A qualidade dos serviços prestados foi considerada positiva (boa ou ótima)
por 15,6% dos respondentes, enquanto 14,2% disseram ser regular e 14,6% a avaliaram
como ruim ou péssima. Considerando apenas os agentes que souberam avaliar o nível de
informação e informatização do DNIT, o percentual de avaliações positivas é de 35,5%,
enquanto as classiicações regular, ruim ou péssima somariam 64,5%. Tendência similar
a observada para os outros quesitos foi veriicada na avaliação do tempo de resposta às
165
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
solicitações, em que, dos 212 agentes seis julgaram ótimo, 29 bom, 29 regular, 14 ruim e
12 péssimo. Assim, mostra-se ser essencial que o DNIT cumpra seus objetivos nos portos,
tanto se fazendo conhecer pelos usuários do sistema, quanto atendendo ao seu papel de
maneira mais eicaz e eiciente.
Tabela 85 – Avaliação do DNIT (número de entrevistados)
DNIT
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Péssima
NS/NR
Total
Atuação
5
32
29
18
10
118
212
Qualidade dos serviços
prestados
5
28
30
21
10
118
212
Nível de informatização/
informação
6
26
31
18
9
122
212
Tempo de resposta às
solicitações
6
29
29
14
12
122
212
Gráfico 57 – Avaliação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT (%)
Atuação 2,4
15,1
13,7
8,5
4,7
55,7
4,7
55,7
Qualidade dos
2,4 13,2
serviços prestados
14,2
9,9
Nível de informatização/ 2,8 12,3
informação
14,6
8,5
Tempo de resposta 2,8 13,7
às solicitações
0,0%
Ótima
13,7
6,6
4,2
57,5
5,7
57,5
20,0%
40,0%
Boa
Regular
60,0%
Ruim
80,0%
Péssima
100,0%
NS/NR
Para melhor analisar a atuação das autoridades nos portos, os agentes marítimos
foram solicitados a avaliar aspectos referentes à implantação do Porto Sem Papel PSP. Conforme explicitado no Capítulo 2, o PSP é um programa instituído pela SEP
que visa integrar, em uma única plataforma, a entrada e o gerenciamento de todos
os dados envolvidos nos procedimentos de atracação, operação e desatracação
das embarcações nos portos brasileiros. Nesse sistema, os agentes marítimos são
os únicos usuários atualmente credenciados a prestarem todas as informações
demandadas pelos órgãos anuentes conveniados, relativas às características dos
navios, às escalas, à movimentação das mercadorias e à movimentação de tripulantes
e passageiros. O PSP substitui o procedimento anterior, onde os agentes marítimos
realizavam os despachos referentes aos itens acima mencionados através da
166
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
entrega de documentos, certiicados e formulários em papel, diretamente no balcão
de atendimento dos órgãos anuentes credenciados a atuarem nos portos. O novo
programa tem como objetivo principal modernizar e agilizar o luxo de informações
visando trazer maior segurança na análise das informações, procurando também
otimizar os tempos de emissões de anuências.
Assim, dos 212 entrevistados, 57,5% informaram que o programa Porto Sem Papel
já está em funcionamento no principal porto em que atua56, enquanto que 42,5%
informaram que o PSP ainda não foi implantado (Tabela 86).
Tabela 86 – Implantação do programa Porto Sem Papel
Opinião
Entrevistados
%
Sim
122
57,5
Não
90
42,5
Total
212
100,0
Entre os 122 entrevistados que informaram que o PSP já foi implantado, apenas 41,0%
consideram que o programa propiciou mais celeridade nas autorizações dos órgãos
anuentes. A maioria dos agentes (57,5%) fez uma avaliação negativa do programa
quanto a esse quesito (Tabela 87).
Tabela 87 - Se o PSP propiciou mais celeridade nas autorizações dos órgãos anuentes
Opinião
Entrevistados
%
Sim
50
41,0
Não
70
57,4
NS/NR
2
1,6
Total
122
100,0
Além disso, 75,4% dos 122 entrevistados avaliaram que o PSP não reduziu o tempo
de espera para atracação/operação de navios, conforme demonstrado na Tabela 88.
Tabela 88 - Se o PSP reduziu o tempo de espera para atracação/operação dos navios
Opinião
Entrevistados
%
Sim
25
20,5
Não
92
75,4
NS/NR
5
4,1
Total
122
100,0
56. Nesse item, foi considerado apenas porto pelo qual cada entrevistado respondeu à pesquisa.
167
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Quanto ao impacto do PSP nas atribuições dos agentes marítimos, 86,1% dos
entrevistados informaram que houve aumento do volume de trabalho, o que indica que
o programa ainda não conseguiu eliminar totalmente os procedimentos tradicionais
realizados pelas agências, que precisam operar nos dois sistemas. Apenas 7,4% dos
agentes avaliaram que o PSP reduziu a quantidade de trabalho e, para 4,9%, não
houve mudança (Tabela 89).
Tabela 89 – Se o PSP reduziu ou aumentou o trabalho dos agentes marítimos
Avaliação
Entrevistados
%
Reduziu
9
7,4
Aumentou
105
86,1
Não houve mudança
6
4,9
NS/NR
2
1,6
Total
122
100,0
Corroborando com a airmação anterior, 45,9% dos 122 entrevistados airmaram
que nem todos os órgãos anuentes operam pelo PSP, enquanto que 45,1% airmaram
que todos os órgãos utilizam o programa; 9,0% dos entrevistados não souberam
responder (Tabela 90).
Tabela 90 - Se todos os órgãos anuentes estão operando por meio do PSP
Opinião
Entrevistados
%
Sim
55
45,1
Não
56
45,9
NS/NR
11
9,0
Total
122
100,0
Conforme a opinião dos entrevistados que responderam “Não” à questão anterior,
o Ministério da Agricultura, os órgãos ambientais e a Capitania dos Portos estão
entre os órgãos que menos utilizam o PSP em todos os procedimentos no porto.
Ainda, segundo a maioria dos respondentes, as autoridades públicas utilizam,
predominantemente, tanto o PSP quanto os procedimentos tradicionais (papel),
conforme apresentado na Tabela 91.
Tabela 91 – Se as autoridades públicas utilizam o PSP, os procedimentos tradicionais
(papel) ou ambos
168
Autoridade
pública
Sem
papel
%
Papel
%
Ambos
%
NS/
NR
%
Total
Capitania dos
Portos
12
21,4
17
30,4
26
46,4
1
1,8
56
Receita Federal Fazenda
18
32,1
15
26,8
22
39,3
1
1,8
56
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 91 – Se as autoridades públicas utilizam o PSP, os procedimentos tradicionais
(papel) ou ambos
Continuação
Autoridade
pública
Sem
papel
%
Papel
%
Ambos
%
NS/
NR
%
Total
Vigilância
Sanitária - Anvisa
24
42,9
10
17,8
21
37,5
1
1,8
56
Autoridade
Portuária
25
44,6
8
14,3
22
39,3
1
1,8
56
Polícia Federal
18
32,1
13
23,2
24
42,9
1
1,8
56
Órgãos
ambientais
10
17,9
16
28,6
26
46,4
4
7,1
56
Ministério da
Agricultura
9
16,1
23
41,0
22
39,3
2
3,6
56
6.6.
Análises por tipo de carga agenciada
Além das opiniões de caráter geral, os agentes marítimos entrevistados também
avaliaram a infraestrutura e a operação portuária relativas ao transporte das principais
cargas agenciadas. Ressalta-se que os entrevistados puderam citar uma ou mais
cargas, de modo que as questões apresentadas foram respondidas, individualmente,
para cada tipo de carga mencionada.
6.6.1.
Infraestrutura e equipamentos portuários
A avaliação da infraestrutura portuária foi realizada pelos agentes de navegação
em relação ao principal terminal em que operam cada uma das cargas citadas.
Os entrevistados informaram o número de berços dos terminais especíicos onde
ocorre a operação. A partir dos dados dispostos na Tabela 92, é possível inferir
que, para granéis sólidos, as operações se concentram em terminais que possuem
três ou mais berços (51,0%). No caso dos contêineres (40,7%) e da carga geral
solta (43,4%), predominam terminais com dois berços. Quase a metade dos
terminais para navios do tipo P.C.C./Ro-ro57(44,4%) operam com apenas um berço
de atracação.
Para cada um dos berços de atracação informados, foi coletada a profundidade
máxima e a mínima por tipo de carga. Também foi questionada aos entrevistados
qual a profundidade média necessária, nos próximos cinco anos, para os navios que
operam esse tipo de carga. Os dados obtidos estão presentes na Tabela 93.
57. Navios especializados no transporte de veículos. Para mais informações ver o Glossário.
169
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 92 – Quantidade de berços por tipo de carga (%)
Tipo de carga
1 Berço
2
Berços
3
Berços
4
Berços
5 ou
mais
Berços
NS/NR
Total
Carga geral solta
(breakbulk)
9,2%
43,4%
25,0%
3,9%
15,8%
2,6%
100,0%
Contêineres
7,4%
40,7%
27,2%
12,3%
8,6%
3,7%
100,0%
Granéis sólidos
20,2%
26,9%
17,3%
11,5%
22,1%
1,9%
100,0%
Granéis líquidos
29,5%
31,1%
13,1%
9,8%
14,8%
1,6%
100,0%
P.C.C./Ro-ro
44,4%
22,2%
11,1%
5,6%
16,7%
0,0%
100,0%
Passageiros
25,0%
43,8%
6,3%
0,0%
18,8%
6,3%
100,0%
Tabela 93 – Profundidade mínima, máxima e necessária nos berços de atracação por
tipo de carga (metros)
Tipo de carga
Mínimo
Máximo
Necessária (média)
Carga geral solta
(breakbulk)
5,5
19,0
12,8
Contêineres
7,0
14,5
15,4
Granéis sólidos
7,1
25,0
14,9
Granéis líquidos
4,5
22,0
12,8
P.C.C./Ro-ro
8,4
12,2
12,1
Passageiros
6,0
14,0
10,8
Quanto ao calado médio dos navios que atualmente operam cada uma das cargas citadas,
conforme a Tabela 94, é possível veriicar que os valores médios informados estão dentro
do intervalo das profundidades máxima e mínima dos berços de atracação. Contudo, nos
períodos de maré baixa, a profundidade desses berços é reduzida, e os navios passam a
ser carregados abaixo da sua capacidade ou até mesmo são impossibilitados de operar.
O mesmo ocorre com a sedimentação e o assoreamento nos berços de atracação e no
canal de navegação, que reduzem sua profundidade.
170
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 94 – Calado atual médio dos navios que operam cada tipo de carga (metros)
Tipo de carga
Média
Carga geral solta (breakbulk)
10,0
Contêineres
11,3
Granéis sólidos
12,2
Granéis líquidos
10,3
P.C.C./Ro-ro
10,5
Passageiros
8,5
Ademais, nesta pesquisa, foram coletadas nesta pesquisa, algumas das
características do canal de navegação. Destaca-se que o canal de navegação
consiste em uma via de acesso – que pode ser natural, adaptada ou construída –
para acomodar a passagem das embarcações de um ponto a outro. Esses canais
devem possuir largura e profundidade suicientes para comportar, com segurança,
o tráfego de embarcações.
A maioria dos entrevistados que operam carga geral solta (51,3%), granéis líquidos
(55,7%) e passageiros (68,8%) airmaram que há navegação simultânea58 no
canal de navegação nos terminais onde operam. Em contrapartida, segundo
mais da metade dos operadores que movimentam contêineres (61,7%), granéis
sólidos (51,0%) e P.C.C./Ro-ro (72,2%), não há navegação simultânea no canal de
navegação onde essas cargas são operadas (Tabela 95 e Gráico 58).
Tabela 95 – Existência de navegação simultânea no canal de navegação por tipo de
carga (número de entrevistados)
Tipo de carga
Sim
Não
NS/NR
Total
Carga geral solta
(breakbulk)
39
35
2
76
Contêineres
30
50
1
81
Granéis sólidos
51
53
0
104
Granéis líquidos
34
25
2
61
P.C.C./Ro-ro
5
13
0
18
Passageiros
11
5
0
16
58. Passagem de dois navios, em sentidos opostos, ao mesmo tempo.
171
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Gráfico 58 – Existência de navegação simultânea no canal de navegação por tipo de carga (%)
Carga geral solta
51,3
Contêineres
37,0
Granéis sólidos
51,0
55,7
P.C.C./Ro-ro
72,2
Passageiros
68,8
Sim
3,3
41,0
27,8
0,0%
1,2
61,7
49,0
Granéis líquidos
2,6
46,1
31,3
20,0%
40,0%
Não
NS/NR
60,0%
80,0%
100,0%
Os agentes marítimos também informaram a profundidade dos canais de navegação.
Para a maior parte dos entrevistados, a profundidade do canal de navegação, onde
operam suas cargas, varia de 11 a 15 metros, como pode ser observado na Tabela
96. Contudo, um percentual signiicativo dos entrevistados que movimentam carga
geral solta (22,4%), granéis líquidos (26,2%), P.C.C./Ro-ro (27,8%) e passageiros
(31,3%) airmaram que a profundidade é de até 10 metros, o que é considerado
muito abaixo do necessário para a maioria dos navios. 15,4% dos agentes que
operam granéis sólidos revelaram que a profundidade do canal de navegação, nos
terminais em que atuam, é igual ou superior a 21 metros. Os portos com canal
de navegação superior a 15 m e inferior a 20 m citados foram: Salvador, Suape,
Itaguaí e alguns terminais privativos ou privados, como Pecém. Já os portos com
mais de 20 m se referiram exclusivamente aos portos de Itaqui e Tubarão, portos
considerados de águas profundas.
172
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 96 – Profundidade do canal de navegação por tipo de carga
Tipo de carga
Até
10m
De 11m
a 15m
De 16m
a 20m
21m ou
mais
NS/NR
Total
média
(metros)
Carga geral solta
(breakbulk)
22,4%
48,7%
13,2%
10,5%
5,3%
100,0%
14,0
Contêineres
12,3%
74,1%
9,9%
2,5%
1,2%
100,0%
13,3
Granéis sólidos
14,4%
53,8%
12,5%
15,4%
3,8%
100,0%
15,3
Granéis líquidos
26,2%
52,5%
11,5%
4,9%
4,9%
100,0%
13,7
P.C.C./Ro-ro
27,8%
61,1%
5,6%
0,0%
5,6%
100,0%
11,8
Passageiros
31,3%
43,8%
6,3%
6,3%
12,5%
100,0%
14,9
Tanto os berços de atracação como os canais de navegação necessitam ser dragados
regularmente, garantindo que as vias de navegação e os berços de atracação
tenham condições de tráfego e operação, atendendo à demanda cada vez maior
por navios de maior porte. A dragagem consiste na retirada de areia, sedimentos ou
lama do fundo do leito das águas, de maneira a desconstituir obstrução ou garantir
profundidades mínimas para possibilitar a circulação de navios e embarcações de
maior calado. A realização dessas intervenções de dragagem nos berços e canal
de acesso aos portos é competência da autoridade portuária. Cabe aos operadores
portuários recolher taxas especíicas junto à autoridade portuária para a realização
dessas intervenções.
Dada a relevância desse tema, foi questionado aos agentes marítimos se essas obras
de dragagem são realizadas com regularidade. Mais da metade dos respondentes
airmaram que elas são realizadas com frequência. Contudo, observa-se um número
bastante expressivo de entrevistados que responderam que não existe regularidade
na realização dessas intervenções (Tabela 97 e Gráico 59).
Tabela 97 – Regularidade das obras de dragagem
Tipo de carga
Sim
Não
NS/NR
Total
Carga geral solta (breakbulk)
52
21
3
76
Contêineres
58
21
2
81
Granéis sólidos
69
31
4
104
Granéis líquidos
46
14
1
61
P.C.C./Ro-ro
12
6
0
18
Passageiros
9
7
0
16
173
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Gráfico 59 – Regularidade das obras de dragagem por tipo de carga (%)
Carga geral solta
68,4
Contêineres
71,6
Granéis sólidos
75,4
33,3
43,8
56,3
Sim
1,6
23,0
66,7
0,0%
3,8
29,8
Granéis líquidos
Passageiros
2,5
25,9
66,3
P.C.C./Ro-ro
3,9
27,6
20,0%
40,0%
Não
NS/NR
60,0%
80,0%
100,0%
Assim, para os agentes que responderam que não há regularidade nas obras de
dragagem, foi perguntando desde quando essas obras estão paradas. Conforme
os dados dispostos na Tabela 98, veriica-se que existem terminais – que operam
contêineres (4,8%), granéis sólidos (6,5%) e granéis líquidos (7,1%) – em que não
são realizadas dragagem há mais de dez anos. Além disso, 33,4% dos respondentes
que movimentam cargas P.C.C./Ro-ro informaram que as obras de dragagem estão
paradas entre cinco e nove anos.
Tabela 98 – Tempo de paralisação das obras de dragagem
Tipo de
carga
Mais
de 10
anos
Entre
9e5
anos
2009
2010
2011
2012
NS/NR
Total
Carga
geral solta
(breakbulk)
0,0%
9,6%
0,0%
0,0%
38,1%
23,8%
28,6%
100,0%
Contêineres
4,8%
14,3%
0,0%
0,0%
28,6%
14,3%
38,1%
100,0%
Granéis
sólidos
6,5%
16,2%
9,7%
6,5%
32,3%
6,5%
22,6%
100,0%
Granéis
líquidos
7,1%
14,2%
0,0%
7,1%
7,1%
14,3%
50,0%
100,0%
P.C.C./Ro-ro
0,0%
33,4%
16,7%
0,0%
0,0%
0,0%
50,0%
100,0%
Passageiros
0,0%
14,3%
0,0%
0,0%
14,3%
14,3%
57,1%
100,0%
* Não houve citação para o ano de 2008
174
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Um dos fatores de grande relevância na análise da infraestrutura portuária é a
disponibilidade de equipamentos de movimentação de carga, utilizados para o
deslocamento das mercadorias dentro dos terminais e armazéns (carregamento
e retirada dos caminhões, alocação e retirada das prateleiras), para o embarque e
desembarque dos navios e para o transbordo entre diferentes modos de transporte.
A utilização desses equipamentos confere maior agilidade às operações e reduz a
necessidade de mão de obra.
O tipo de equipamento a ser utilizado em um terminal é determinado pelas
características da carga a ser movimentada e das operações que são realizadas no
porto. Os principais equipamentos de movimentação de carga são: reachstackers
(empilhadeiras de contêineres), transtêineres, guindastes, pórticos, sugadores,
esteiras, manguites, empilhadeiras, paleteiras etc.
Diante disso, a pesquisa avaliou a utilização dos equipamentos do porto pelos agentes
marítimos. Num primeiro momento, os entrevistados informaram se utilizam ou não
cada um dos três itens listados (empilhadeiras, caminhões e outros equipamentos
de movimentação de cargas) para cada tipo de carga agenciada. Por exemplo, dos
104 entrevistados que agenciam navios de granéis sólidos, 81,7% declararam que
não utilizam empilhadeiras, e 18,3% que utilizam; 78,8% desses 104 entrevistados
também informaram não utilizar caminhões (Tabela 99, Tabela 100 e Tabela 101).
De modo geral, observa-se que a maioria dos entrevistados, para todas as cargas
citadas, informou não utilizar os equipamentos do porto, pois os utilizados são de
terceiros ou próprios (à exceção da movimentação de contêineres, que é realizada
utilizando-se empilhadeiras e outros equipamentos). Além disso, não é comum o
uso de empilhadeiras para a movimentação de granéis líquidos e sólidos, Ro-ro e
passageiros, sendo que sua utilização se dá em casos raros ou especíicos.
Tabela 99 - Utilização de empilhadeiras existentes no terminal portuário
Tipo de carga
Utiliza
%
Não utiliza
%
Total
%
Carga geral solta
(breakbulk)
36
47,4
40
52,6
76
100
Contêineres
36
44,4
45
55,6
81
100
Granéis sólidos
19
18,3
85
81,7
104
100
Granéis líquidos
3
4,9
58
95,1
61
100
P.C.C./Ro-ro
2
11,1
16
88,9
18
100
Passageiros
2
12,5
14
87,5
16
100
175
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 100 - Utilização de caminhões existentes no terminal portuário
Tipo de carga
Utiliza
%
Não utiliza
%
Total
%
Carga geral solta
(breakbulk)
36
47,4
40
52,6
76
100
Contêineres
39
48,1
42
51,9
81
100
Granéis sólidos
22
21,2
82
78,8
104
100
Granéis líquidos
4
6,6
57
93,4
61
100
P.C.C./Ro-ro
2
11,1
16
88,9
18
100
Passageiros
1
6,2
15
93,8
16
100
Tabela 101 - Utilização de outros equipamentos existentes no terminal portuário
Tipo de carga
Utiliza
%
Não utiliza
%
Total
%
Carga geral solta
(breakbulk)
35
46,1
41
53,9
76
100
Contêineres
44
54,3
37
45,7
81
100
Granéis sólidos
25
24
79
76,0
104
100
Granéis líquidos
6
9,8
55
90,2
61
100
P.C.C./Ro-ro
1
5,6
17
94,4
18
100
Passageiros
1
6,2
15
93,8
16
100
Aos entrevistados que informaram utilizar os equipamentos do porto, foi
solicitado que avaliassem se a quantidade disponível é suiciente para atender à
demanda. Tanto a disponibilidade de empilhadeiras e caminhões como a de outros
equipamentos foram considerados suicientes pela maioria dos entrevistados,
para todas as cargas agenciadas, conforme dados apresentados na Tabela 102, na
Tabela 103 e na Tabela 104.
Tabela 102 – Se a quantidade de empilhadeiras no porto é suiciente
176
Tipo de
carga
É
suiciente
%
Não é
suiciente
%
NS/NR
%
Total
%
Carga
geral solta
(breakbulk)
31
86,1
4
11,1
1
2,8
36
100,0
Contêineres
33
91,7
1
2,8
2
5,5
36
100,0
Granéis sólidos
16
84,2
3
15,8
0
0,0
19
100,0
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 102 – Se a quantidade de empilhadeiras no porto é suiciente
Continuação
Tipo de
carga
É
suiciente
%
Não é
suiciente
%
NS/NR
%
Total
%
Granéis líquidos
3
100,0
0
0,0
0
0,0
3
100,0
P.C.C./Ro-ro
1
50,0
1
50,0
0
0,0
2
100,0
Passageiros
2
100,0
0
0,0
0
0,0
2
100,0
Tabela 103 – Se a quantidade de caminhões no porto é suiciente
Tipo de
carga
É
suiciente
%
Não é
suiciente
%
NS/NR
%
Total
%
Carga
geral solta
(breakbulk)
32
88,8
2
5,6
2
5,6
36
100,0
Contêineres
35
89,8
2
5,1
2
5,1
39
100,0
Granéis sólidos
17
77,3
5
22,7
0
0,0
22
100,0
Granéis líquidos
2
50,0
1
25,0
1
25,0
4
100,0
P.C.C./Ro-ro
1
50,0
1
50,0
0
0,0
2
100,0
Passageiros
1
100,0
0
0,0
0
0,0
1
100,0
Tabela 104 – Se a quantidade de outros equipamentos no porto é suiciente
Tipo de
carga
É
suiciente
%
Não é
suiciente
%
NS/NR
%
Total
%
Carga
geral solta
(breakbulk)
31
88,6
4
11,4
0
0,0
35
100,0
Contêineres
38
86,4
3
6,8
3
6,8
44
100,0
Granéis sólidos
22
88,0
3
12,0
0
0,0
25
100,0
Granéis líquidos
6
100,0
0
0,0
0
0,0
6
100,0
177
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 104 – Se a quantidade de outros equipamentos no porto é suiciente
Continuação
Tipo de
carga
É
suiciente
%
Não é
suiciente
%
NS/NR
%
Total
%
P.C.C./Ro-ro
0
0,0
1
100,0
0
0,0
1
100,0
Passageiros
1
100,0
0
0,0
0
0,0
1
100,0
Com relação à qualidade dos equipamentos disponíveis - empilhadeiras, caminhões
e outros equipamentos - foram avaliados como predominantemente bons para a
maioria das cargas agenciadas (Tabelas 105, 106 e 107 e Gráicos 60, 61 e 62). Essa
avaliação positiva relete os investimentos privados que têm sido realizados nas
instalações portuárias. Cabe ressaltar que, para os terminais de passageiros (que
utilizam como equipamentos principalmente as lanchas para desembarque e os
ônibus de passageiros) e para os navios P.C.C./Ro-ro (que, pela natureza das cargas,
material rodante, não utilizam os equipamentos convencionais), a maior parte dos
entrevistados informou desconhecer o estado de conservação dos equipamentos.
Tabela 105 – Avaliação da qualidade das empilhadeiras existentes no terminal portuário
178
Tipo de carga
Muito
boa
Boa
Regular
Ruim
Muito
ruim
NS/NR
Total
Carga geral solta
(breakbulk)
8
16
10
0
0
2
36
Contêineres
9
20
4
0
0
3
36
Granéis sólidos
3
10
2
1
0
3
19
Granéis líquidos
1
1
1
0
0
0
3
P.C.C./Ro-ro
0
1
1
0
0
0
2
Passageiros
1
1
0
0
0
0
2
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Gráfico 60 – Avaliação da qualidade das empilhadeiras existentes no terminal portuário
por tipo de carga (%)
Carga geral solta
22,2
Contêineres
25,0
Granéis sólidos
27,8
44,4
55,6
15,8
33,4
10,5
5,3
33,3
50,0
50,0
Passageiros
50,0
50,0
20,0%
Muito Boa
40,0%
Boa
60,0%
Regular
15,8
33,3
P.C.C./Ro-ro
0,0%
8,3
11,1
52,6
Granéis líquidos
5,6
80,0%
Ruim
100,0%
NS/NR
Tabela 106 – Avaliação da qualidade dos caminhões existentes no terminal portuário
Tipo de carga
Muito
boa
Boa
Regular
Ruim
Muito
ruim
NS/NR
Total
Carga geral solta
(breakbulk)
8
13
11
1
0
3
36
Contêineres
9
18
8
1
0
3
39
Granéis sólidos
5
8
4
2
0
3
22
Granéis líquidos
1
2
1
0
0
0
4
P.C.C./Ro-ro
0
1
1
0
0
0
2
Passageiros
1
0
0
0
0
0
1
179
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Gráfico 61 – Avaliação da qualidade dos caminhões existentes no terminal portuário
por tipo de carga (%)
Carga geral solta
22,2
36,1
30,6
8,3
2,8
Contêineres
23,1
46,1
20,5
7,7
2,6
Granéis sólidos
22,7
Granéis líquidos
25,0
P.C.C./Ro-ro
36,4
18,2
9,1
50,0
13,6
25,0
50,0
50,0
Passageiros
100,0
0,0%
20,0%
Muito Boa
40,0%
Boa
60,0%
Regular
80,0%
Ruim
100,0%
NS/NR
Tabela 107 – Avaliação da qualidade dos demais equipamentos existentes no terminal
portuário
180
Tipo de carga
Muito
boa
Boa
Regular
Ruim
Muito
ruim
NS/NR
Total
Carga geral solta
(breakbulk)
6
18
7
1
0
3
35
Contêineres
10
26
5
0
1
2
44
Granéis sólidos
4
13
5
1
0
2
25
Granéis líquidos
2
2
2
0
0
0
6
P.C.C./Ro-ro
0
1
0
0
0
0
1
Passageiros
1
0
0
0
0
0
1
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Gráfico 62 – Avaliação da qualidade dos demais equipamentos existentes no terminal portuário
por tipo de carga (%)
Carga geral solta
17,1
51,4
8,6
20,0
2,9
Contêineres
22,7
59,1
4,5
11,4
2,3
Granéis sólidos
16,0
Granéis líquidos
33,4
33,3
P.C.C./Ro-ro
100,0
Passageiros
100,0
0,0%
20,0%
Muito Boa
Boa
40,0%
Regular
4,0 8,0
20,0
52,0
33,3
60,0%
Ruim
80,0%
Muito Ruim
100,0%
NS/NR
Entre os entrevistados que estimaram a qualidade dos equipamentos como ruim
ou muito ruim, os principais problemas apontados foram a pouca variedade de
equipamentos para movimentação de granéis sólidos, tanto com relação aos tipos
disponíveis quanto às suas capacidades, e a obsolescência e manutenção precária
dos equipamentos, de modo geral.
6.6.2.
Operações portuárias
Com relação às operações portuárias, os entrevistados foram solicitados a identiicar
os principais tipos de portos operados para cada carga agenciada e a avaliar o tempo
de espera de berço, o tempo de atracação e as despesas com práticos e rebocadores.
Para as principais cargas agenciadas, apresentadas na Tabela 44 do item 6.1, os
entrevistados informaram os tipos de terminais portuários utilizados. Cada agente pôde
indicar um ou mais tipos de terminais para cada tipo de carga agenciada. Diante disso,
é possível observar, na Tabela 108, que os terminais públicos de uso geral constituem o
principal tipo de terminal para o transporte de todas as cargas mencionadas, à exceção
dos contêineres, que utilizam principalmente os terminais privados, em virtude da
maior disponibilidade de equipamentos e recursos portuários. Ressalta-se que esse
comportamento foi observado também na Pesquisa Aquaviária CNT 2006.
181
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 108 – Tipos de carga movimentada segundo tipo de terminal portuário
Tipo navio/carga agenciado
Terminal público de uso
geral
Terminal público de uso
privado
Entrevistados
Entrevistados
%
Entrevistados
%
%
Privativos
Carga geral solta (breakbulk)
59
77,6
37
48,7
31
40,8
Contêineres
33
40,7
43
53,1
34
42
Granéis sólidos
76
73,1
41
39,4
60
57,7
Granéis líquidos
38
62,3
24
39,3
31
50,8
P.C.C./Ro-ro
11
61,1
8
44,4
10
55,6
Passageiros
14
87,5
1
6,3
1
6,3
NS/NR
2
0,9
-
-
-
-
Os agentes marítimos responderam qual a participação percentual da praticagem
e dos rebocadores no custo total por tipo de carga operada. Foram calculados os
percentuais mínimos, máximos e médios de cada carga, considerando os valores
mencionados pelos entrevistados. Conforme os dados da Tabela 109, o peso médio
percentual do serviço de praticagem no custo total da movimentação apresenta uma
pequena diferença por tipo de carga, variando de 28,0% a 31,0%. Para os contêineres,
granéis sólidos e P.C.C./Ro-ro, o peso percentual médio da praticagem foi de 29,0%.
Já para os passageiros e para os granéis líquidos, a média percentual foi de 31,0%.
Tabela 109 – Estatísticas descritivas do peso percentual da praticagem no custo total
por tipo de carga portuário
Tipo de carga
Mínimo
Máximo
Média
Carga geral solta
(breakbulk)
1,0%
60,0%
28,0%
Contêineres
1,0%
70,0%
29,0%
Granéis sólidos
1,0%
60,0%
29,0%
Granéis líquidos
1,0%
80,0%
31,0%
P.C.C./Ro-ro
8,0%
80,0%
29,0%
Passageiros
10,0%
70,0%
31,0%
Já os resultados do peso médio percentual dos serviços de rebocadores no custo
total por tipo de carga apresentou uma maior diferença, variando de 19,0% a 27,0%.
Para a movimentação de P.C.C./Ro-ro, o peso percentual médio dos rebocadores foi
de 19,0%. Já para os granéis líquidos, a média percentual foi de 25,0% (Tabela 110).
182
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 110 – Estatísticas descritivas do peso percentual dos rebocadores no custo total
por tipo de carga
Tipo de carga
Mínimo
Máximo
Média
Carga geral solta
(breakbulk)
1,0%
70,0%
26,0%
Contêineres
1,0%
50,0%
21,0%
Granéis sólidos
1,0%
70,0%
27,0%
Granéis líquidos
1,0%
50,0%
25,0%
P.C.C./Ro-ro
8,0%
50,0%
19,0%
Passageiros
3,0%
40,0%
20,0%
Também foi avaliado o tempo despendido dos navios na operação dos portos. Sabese que a operação desses navios é variável, em função da existência ou não da
infraestrutura necessária para movimentar as cargas. Os navios precisam esperar
por um berço de atracação disponível para realizar a atracação, carga, descarga e
desatracação. Essa espera é denominada janela de atracação. O ideal é que esse
tempo de espera seja o menor possível, pois o navio parado desnecessariamente gera
atrasos nos prazos de entrega e gastos adicionais, onerando as mercadorias.
Atentando-se para a relevância do tema, foi perguntado aos agentes marítimos, conforme
o tipo de carga operada, qual o tempo despendido na espera por uma janela de atracação
e o tempo médio líquido (a contar desde a hora de início até o im da operação) e bruto
(a contar desde a hora de atracação até a desatracação) que o navio ica atracado.
Assim, considerando todos os tipos de carga mencionados pelos entrevistados,
observa-se que, em geral, os navios que movimentam contêineres operam sem a
necessidade de espera para atracação, pois, no caso de contêineres, os navios têm
dia e hora marcados para atracação, comumente chamados de janela de atracação,
conforme apresentado na Tabela 111 e no Gráico 63. Dos 81 entrevistados que
agenciam esse tipo de carga, 43,2% informaram que não há espera e 18,5% que o
tempo médio de espera é inferior a seis horas. Já no caso dos navios de passageiros,
constatou-se que, segundo os respondentes, não há espera, por janelas de atracação,
já que os navios de passageiros têm preferência de atracação sobre os outros navios.
Quanto ao transporte de granéis sólidos, o tempo médio estimado é preocupante, pois,
conforme a opinião de 59,6% agentes entrevistados, esse tempo é superior a 48 horas,
e para 10,6%, varia entre 24 e 48 horas. Esses resultados são alarmantes, dado que,
na Pesquisa Aquaviária CNT 2006, a maioria dos navios operava sem a necessidade
de janelas de atracação. Vale destacar, que os agentes de navios de granéis sólidos
e líquidos que identiicaram que a espera era menor que 24 horas, geralmente se
referiam a portos privados ou privativos, nos quais o volume movimentado é menor
e/ou existe uma agenda de atracação. Nos portos públicos de maior movimentação
de granéis, como Santos, Paranaguá e Itaqui, ressaltamos que os tempos de espera
mencionados foram todos superiores a 48 horas.
183
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 111 – Tempo médio de espera por berço de atracação (número de entrevistados)
Tipo de
carga
Sem
espera
Menos
que 6
horas
Entre
6 e 12
horas
Entre
13 e 24
horas
Entre
25 e 48
horas
Mais
de 48
horas
NS/NR
Total
Carga
geral solta
(breakbulk)
22
1
1
17
12
21
2
76
Contêineres
35
15
16
9
2
2
2
81
Granéis
sólidos
16
2
4
9
11
62
0
104
Granéis
líquidos
12
3
1
16
12
16
1
61
P.C.C./Ro-ro
6
1
2
3
2
4
0
18
Passageiros
16
0
0
0
0
0
0
16
Gráfico 63 – Tempo médio de espera por berço de atracação por tipo de carga(%)
1,3
Carga geral solta
22,4
28,9
15,8
27,6
2,6
1,3
Contêineres
18,5
43,2
19,7
11,1
2,5
2,5
2,5
Granéis sólidos
3,8 8,7
15,4
10,6
59,6
1,9
Granéis líquidos
19,7
4,9
26,2
19,7
26,2
1,6
1,6
P.C.C./Ro-ro
33,3
5,6
11,1
Passageiros
22,2
100,0
0,0%
184
11,1
16,7
20,0%
40,0%
60,0%
Sem espera
Entre 6 e 12 horas
Entre 25 e 48 horas
Menos que 6 horas
Entre 13 e 24 horas
Mais de 48 horas
80,0%
100,0%
NS/NR
Tabela 112 – Razão da espera por berço de atracação (número de entrevistados)
Falta de
prontidão
da carga de
embarque
Falta de espaço
em terra para
armazenar a
carga
Falta de
equipamentos
para
embarque e
desembarque
Falta de
agilidade
da mão
de obra
avulsa
Outra
NS/
NR
Total
Congestionamento
Carga
geral solta
(breakbulk)
36
1
1
2
1
3
9
1
54
Contêineres
21
13
0
1
0
0
9
2
46
Granéis
sólidos
60
1
1
4
2
4
15
1
88
Granéis
líquidos
37
2
0
2
1
1
5
1
49
P.C.C./Ro-ro
10
0
0
0
0
0
2
0
12
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tipo de
carga
Perda de janela
devido a atraso
do navio em
portos anteriores
185
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Gráfico 64 – Razão da espera por berço de atracação por tipo de carga (%)
Carga geral solta
66,7
Contêineres
1,9 3,7 5,6
1,9 1,9
45,7
28,3
16,7
19,6
1,9
4,3
2,2
Granéis sólidos
68,2
1,1 4,5 4,5
1,1 2,3
17,0
Granéis líquidos
75,5
4,1 4,1 2,0 10,2
2,0
P.C.C./Ro-ro
83,3
16,7
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
1,1
43,2
2,0
100,0%
Congestionamento
Falta de prontidão da
carga de embarque
Falta de equipamentos para
embarque e desembarque
Outra
Perda de janela devido a
atraso do navio em portos
anteriores
Falta de espaço em terra
para armazenar a carga
Falta de agilidade da mão
de obra avulsa
NS/NR
Para os entrevistados que relataram a ocorrência de espera por berço de atracação,
o congestionamento foi a causa mais apontada para essa espera. Outro problema
apresentado pelos agentes, principalmente pelos que transportam contêineres
(acumulando 28,3% das opiniões), é a perda de janela devido ao atraso do navio em
portos anteriores, conforme apresentado na Tabela 112 e no Gráico 64.
Outro aspecto avaliado, o tempo médio atracado ou tempo bruto, refere-se ao tempo
total, desde a atracação até a partida do navio, independente da atividade de carga e
descarga ter sido iniciada ou concluída. Diante disso, conforme a Tabela 113 e o Gráico
65, é possível inferir que a maior parte dos navios de contêineres (65,4%) e P.C.C./
Ro-ro (72,2%) icam atracados de 12h a 24h. Para a maior parte dos entrevistados
que transportam granéis sólidos (32,7%), o tempo de espera atracado ultrapassou 60
horas. Isso pode ser justiicado pela necessidade de interromper as operações de carga
e descarga durante os dias chuvosos. Os navios de passageiros são as embarcações
que icam menos tempo atracadas, onde 68,8% dos entrevistados airmaram icar
atracados por menos de 12 horas, esse pequeno intervalo provavelmente está
relacionado às escalas de horário de parada programadas para esses navios.
186
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
Tabela 113 – Tempo médio bruto de atracação por tipo de carga
Tipo de
carga
Menos
de 12
horas
Entre
12 e 24
horas
Entre
25 e 48
horas
Entre
49 e 60
horas
Mais de
60 horas
NS/NR
Total
Carga
geral solta
(breakbulk)
2
17
39
7
10
1
76
Contêineres
9
53
14
1
2
2
81
Granéis sólidos
3
11
40
16
34
0
104
Granéis líquidos
2
15
30
7
6
1
61
P.C.C./Ro-ro
2
13
2
0
1
0
18
Passageiros
11
4
1
0
0
0
16
Gráfico 65 – Tempo médio bruto de atracação por tipo de carga (%)
2,6
Carga geral solta
22,4
Contêineres
51,3
11,1
9,2
65,4
13,2
1,3
2,5 2,5
17,3
1,2
2,9
Granéis sólidos
10,6
38,5
15,4
32,7
3,3
Granéis líquidos
P.C.C./Ro-ro
24,6
11,1
11,5
72,2
Passageiros
0,0%
49,2
11,1
68,8
20,0%
40,0%
9,8
25,0
60,0%
Menos de 12 horas
Entre 25 e 48 horas
Mais de 60 horas
Entre 12 e 24 horas
Entre 49 e 60 horas
NS/NR
80,0%
1,6
5,6
6,3
100,0%
O tempo líquido de atracação, por sua vez, considera apenas o intervalo entre o início
e o inal da operação de carga e descarga do navio. Observa-se que, para navios de
contêineres, P.C.C./Ro-ro e granéis sólidos, o tempo em operação segue a mesma
proporção que o tempo bruto atracado, demonstrando a eiciência no processo de
carga e descarga do navio. Nos demais casos, observam-se pequenas variações entre
o tempo líquido e o tempo bruto (Tabela 114 e Gráico 66).
187
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 114 – Tempo médio líquido de atracação
Tipo de
carga
Menos
de 12
horas
Entre
12 e 24
horas
Entre
25 e 48
horas
Entre
49 e 60
horas
Mais de
60 horas
NS/NR
Total
Carga
geral solta
(breakbulk)
8
13
37
11
6
1
76
Contêineres
22
46
8
1
1
3
81
Granéis sólidos
6
13
42
13
30
0
104
Granéis líquidos
7
17
27
4
5
1
61
P.C.C./Ro-ro
4
11
2
0
1
0
18
Passageiros
14
1
1
0
0
0
16
Gráfico 66 – Tempo médio líquido de atracação por tipo de carga (%)
Carga geral solta
17,1
10,5
48,7
14,5
7,9
1,3
1,2
Contêineres
27,2
56,8
9,9
3,7
1,2
Granéis sólidos 5,8
Granéis líquidos
P.C.C./Ro-ro
12,5
40,4
11,5
27,9
188
28,8
44,3
22,2
6,6
61,1
Passageiros
0,0%
12,5
11,1
87,5
20,0%
40,0%
8,2
6,3
60,0%
Menos de 12 horas
Entre 25 e 48 horas
Mais de 60 horas
Entre 12 e 24 horas
Entre 49 e 60 horas
NS/NR
80,0%
1,6
5,6
6,3
100,0%
06. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS OPERACIONAIS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
189
07
PRINCIPAIS GARGALOS,
SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Após a instituição da Lei n.º 8.630/93, que dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos
portos organizados e das instalações portuárias, observa-se uma considerável evolução
na cadeia logística brasileira. Essa lei consistiu na superação do modelo de exploração
e gestão estatal das atividades portuárias vigentes nas décadas anteriores, trazendo
avanços ao Sistema Portuário Nacional. Contudo, 19 anos após a publicação da lei, o
transporte marítimo ainda enfrenta problemas que comprometem sua competitividade.
O setor portuário brasileiro está sobrecarregado, e os atrasos que ocorrem geram
um efeito dominó em toda a cadeia de transporte, resultando em aumento de
custos em todo o sistema, como se pode ver pelo tempo de espera para atracação
de navios, ilas de caminhões para desembarque nos portos, alta taxa tributária,
entre outros indicadores. A economia do Brasil é prejudicada, uma vez que o país
perde competitividade frente aos demais países do mundo pelo encarecimento de
seus produtos, com os altos valores logísticos embutidos. É necessário eliminar essas
distorções para permitir que os portos se ajustem isonomicamente, reduzindo os
custos do transporte e proporcionando maior concorrência e dinamismo.
O transporte marítimo tem fundamental importância para o equilíbrio da matriz de
transportes nacional. Há também um crescente interesse de empresas pelo transporte
de cabotagem, com destaque para os setores eletrônicos, equipamentos para veículos
automotores, refrigerados, entre outros. Todavia, para que a navegação seja utilizada
em maior escala, esse modo precisa se tornar mais atrativo e competitivo, com
prazos mais coniáveis no embarque e desembarque de mercadorias, aumentando a
coniabilidade no sistema.
Por outro lado, o Brasil vem buscando soluções para muitos dos principais problemas
do transporte marítimo nacional. Para exempliicar, o Porto sem Papel é um importante
avanço na diminuição da burocracia; a redução das taxas de juros e a Lei do Reporto
tem o objetivo de aliviar a tributação; e a abertura para o capital privado estimula o
investimento no sistema portuário. Ademais, o governo procura reduzir os gargalos
operacionais implantando planos e programas e fazendo obras emergenciais.
Nesse sentido, o presente capítulo aborda os atuais problemas que permeiam o transporte
marítimo. Além disso, serão apresentadas perspectivas e propostas de soluções para o
setor, objetivando o crescimento sustentável da navegação marítima no Brasil.
Os atuais gargalos do transporte marítimo concentram-se em três grupos:
infraestrutura logística, marco regulatório e gestão. Entre os principais entraves a
serem mitigados ou equacionados no setor, destacam-se:
• Infraestrutura portuária e de acesso;
• Oferta de navios de bandeira nacional;
• Marco regulatório pouco lexível e sem clareza jurídica;
• Burocracia e quantidade de atores envolvidos no setor;
• Tributação;
• Qualiicação da mão de obra.
192
07. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
7.1. Infraestrutura portuária e de acesso
Para aumentar a competitividade entre os portos, diferenciais como facilidade
de acesso, maior capacidade operacional e disponibilidade para atracação são
essenciais. Contudo, a deiciente infraestrutura portuária atual consiste em um
dos maiores entraves para a expansão do transporte marítimo, comprometendo a
produtividade dos portos brasileiros e o potencial do setor, além de representar um
obstáculo ao crescimento das exportações e importações. Esse cenário inluencia na
má classiicação da qualidade da infraestrutura portuária nacional, conforme dados
da pesquisa de opinião realizada pelo Fórum Econômico Mundial, cujos resultados
são apresentados na Tabela 11559.
Tabela 115 - Qualidade da infraestrutura portuária
Classiicação
País/Economia
Valor
Classiicação
País/Economia
Valor
1
Holanda
6,8
29
Irlanda
5,3
2
Singapura
6,8
30
Japão
5,2
3
Hong Kong - SAR
6,5
31
Porto Rico
5,2
4
Panamá
6,4
32
Eslovênia
5,2
5
Emirados Árabes Unidos
6,4
33
Chile
5,2
6
Bélgica
6,3
34
Lituânia
5,2
7
Finlândia
6,3
35
Catar
5,2
8
Islândia
6,2
36
Austrália
5,1
9
Alemanha
6,0
37
Jamaica
5,1
10
Bahrein
6,0
38
Portugal
5,0
11
Suécia
5,9
39
Chipre
5,0
12
Reino Unido
5,8
40
Suriname
5,0
13
Dinamarca
5,8
41
Seychelles
5,0
14
Espanha
5,8
42
Sri Lanka
4,9
15
Malta
5,7
43
Uruguay
4,9
16
Canadá
5,7
44
Gâmbia
4,8
17
Barbados
5,6
45
Maurício
4,8
18
Estônia
5,6
46
Marrocos
4,8
19
Estados Unidos
5,6
47
Letônia
4,8
20
Coreia do Sul
5,5
48
República Dominicana
4,7
21
Malásia
5,5
49
África do Sul
4,7
22
Nova Zelândia
5,5
50
Costa do Marim
4,6
23
Omã
5,4
51
Honduras
4,6
24
Noruega
5,4
52
Tailândia
4,6
25
França
5,4
53
Brunei
4,5
26
Namíbia
5,4
54
Senegal
4,5
27
Arábia Saudita
5,3
55
China
4,4
28
Taiwan
5,3
56
Paquistão
4,4
59. Foram considerados somente os países que têm portos marítimos, incluindo-se os portos no mar Negro e mar Cáspio.
193
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 115 - Qualidade da infraestrutura portuária
Continuação
Classiicação
País/Economia
Valor
Classiicação
País/Economia
Valor
57
Jordânia
4,4
85
Bulgária
3,7
58
Turquia
4,4
86
Argentina
3,6
59
México
4,3
87
Montenegro
3,6
60
Geórgia
4,3
88
Indonésia
3,6
61
Grécia
4,2
89
Nigéria
3,6
62
Camboja
4,2
90
Guiné
3,5
63
Líbano
4,1
91
Polônia
3,5
64
Libéria
4,1
92
Peru
3,4
65
Kuwait
4,1
93
Líbia
3,5
66
Ucrânia
4,0
94
Vietnã
3,4
67
Gana
4,0
95
Moçambique
3,4
68
Croácia
4,0
96
Tanzânia
3,3
69
Egito
4,0
97
Serra Leoa
3,3
70
Índia
4,0
98
Tanzânia
3,3
71
Irã
4,0
99
Guiana
3,3
72
Guatemala
4,0
100
Filipinas
3,3
73
Cabo Verde
3,9
101
Bangladesh
3,3
74
El Salvador
3,9
102
Madagascar
3,2
75
Israel
3,9
103
Nicarágua
3,2
76
Equador
3,9
104
Colômbia
2,9
77
Itália
3,8
105
Iêmen
3,0
78
Quênia
3,8
106
Argélia
2,7
79
Trinidad e Tobago
3,8
107
Timor Leste
2,7
80
Rússia
3,7
108
Brasil
2,6
81
Benin
3,7
109
Romênia
2,6
82
Albânia
3,7
110
Gabão
2,6
83
Mauritânia
3,7
111
Venezuela
2,5
84
Camarões
3,7
112
Costa Rica
2,4
Fonte: Modiicado do Fórum Econômico Mundial - The Global Competitiveness Report 2012-2013.
A pesquisa levantou, com os empresários, como esses avaliam as instalações
portuárias em um país. Como se pode observar, o Brasil obteve a 108ª posição entre
112 países, com uma avaliação de 2,7, sendo que 1,0 indica condição extremamente
precária e 7,0 se refere a instalações bem desenvolvidas e eicientes segundo padrões
internacionais. O índice brasileiro é inferior ao de nações menos desenvolvidas,
perdendo até mesmo para países que estão entre os 20 mais pobres do mundo60:
Nigéria (3,3), Madagascar (3,3) e Moçambique (3,4).
60. Os países mais pobres do mundo são deinidos segundo seu PIB per capita, em paridade de poder de compra, a partir de dados do Fundo Monetário
Internacional, Banco Mundial e do Cia World Factbook. A maioria dos países mais pobres não foram avaliados pelo Fórum Econômico Mundial nem tem saída
para o mar, a citar Burundi, Zimbábue, República Democrática do Congo, Libéria, Eritreia, Serra Leoa, República Centro-Africana, Malaui, Togo, entre outros.
194
07. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
Entre os problemas que caracterizam a infraestrutura portuária brasileira como
insuiciente, é possível citar as limitações de espaço nos terminais e nas retroáreas para
armazenamento de produtos e contêineres, como informado pelos agentes marítimos
entrevistados, que, em sua maioria, avaliaram a área do retroporto e o espaço físico da
retroárea como inadequados, conforme apresentado no Capítulo 6. Além disso, veriicase que, em alguns portos públicos com menor aporte de recursos da União, há ainda
carência e obsolescência de equipamentos.
Por causa da pouca disponibilidade de equipamentos e infraestrutura, algumas
operações são executadas com equipamentos do próprio navio em atendimento,
como no caso do porto de Manaus. Essa ausência de aparelhamento e de locais para
movimentação e armazenamento das cargas resulta em elevado tempo de espera
para atracação dos navios - sobretudo de granéis sólidos, que chegam a aguardar
por mais de 48h para atracar, conforme informado pelos agentes entrevistados –
gerando congestionamentos e atrasos nas operações. Vale destacar, no entanto, que
a carência acima citada não se aplica aos portos de maior movimentação do país
nem aos portos e terminais privados/privativos.
Outro problema identiicado é a insuiciência de acessos terrestres, rodoviários e
ferroviários, o que diiculta o transporte das cargas de sua origem até determinado
porto, ou do porto até o seu destino, de maneira rápida e eiciente, prejudicando
a prática da intermodalidade. Além disso, os acessos apresentam problemas de
conservação e de capacidade que prejudicam o transporte.
Com o objetivo de explicitar melhor o estado de conservação dos acessos rodoviários
aos portos marítimos, foram extraídos da Pesquisa CNT de Rodovias 2012 os
resultados da avaliação geral das rodovias que dão acesso aos 33 portos públicos.
Foram observadas a classifcação geral das rodovias em um raio de 50 km, partindo
do porto, bem como as características de Pavimento, Geometria e Sinalização. Esses
dados podem ser visualizados na Tabela 116.
Tabela 116 - Classiicação das rodovias que dão acesso aos portos públicos marítimos
Porto Marítimo
Classiicação
geral
Geometria
Pavimento
Sinalização
Angra dos Reis
Regular
Ruim
Bom
Regular
Antonina
Bom
Regular
Bom
Bom
Aratu
Bom
Regular
Ótimo
Regular
Areia Branca
Bom
Bom
Ótimo
Regular
Barra do Riacho
Regular
Regular
Regular
Regular
Belém
Bom
Ótimo
Bom
Regular
Cabedelo
Bom
Bom
Ótimo
Bom
Forno
Bom
Bom
Ótimo
Bom
Fortaleza
Regular
Regular
Regular
Ruim
Ilhéus
Regular
Regular
Regular
Ruim
Imbituba
Regular
Regular
Bom
Regular
Itaguaí
Ótimo
Regular
Ótimo
Ótimo
Itajaí
Bom
Regular
Ótimo
Bom
195
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 116 - Classiicação das rodovias que dão acesso aos portos públicos marítimos
Continuação
Porto Marítimo
Classiicação
geral
Geometria
Pavimento
Sinalização
Itaqui
Regular
Ruim
Regular
Regular
Laguna
Regular
Regular
Bom
Regular
Maceió
Regular
Regular
Bom
Regular
Manaus
Ruim
Ruim
Regular
Ruim
Natal
Bom
Regular
Bom
Regular
Niterói
Bom
Bom
Bom
Bom
Paranaguá
Bom
Regular
Bom
Bom
Porto Alegre
Bom
Bom
Bom
Bom
Recife
Bom
Bom
Bom
Regular
Rio de Janeiro
Bom
Regular
Bom
Bom
Rio Grande
Bom
Bom
Bom
Bom
Salvador
Bom
Bom
Ótimo
Bom
Santana
Ruim
Ruim
Ruim
Ruim
Santarém
Regular
Regular
Regular
Ruim
Santos
Ótimo
Bom
Ótimo
Ótimo
São Francisco do Sul
Bom
Bom
Bom
Bom
São Sebastião
Regular
Ruim
Regular
Regular
Suape
Bom
Regular
Bom
Regular
Vila do Conde
Ruim
Regular
Regular
Ruim
Vitória
Bom
Regular
Bom
Regular
A partir da classiicação geral das rodovias, veriica-se que mais de um terço dos
33 portos analisados (39,4%) apresentou acessos rodoviários classiicados como
Regular ou Ruim, com deiciências na geometria da via, na sinalização e, em alguns
casos, também no pavimento. Apenas os acessos aos portos de Itaguaí e Santos
apresentaram classiicação geral Ótimo. Além disso, 66,7% dos portos apresentaram
acessos com algum tipo de deiciência na geometria da via, 60,6%, deiciência de
sinalização e 27,3%, no pavimento. De encontro a essa avaliação, a maioria dos agentes
marítimos entrevistados (61,3%) considerou os acessos rodoviários inadequados,
e os principais problemas mencionados foram as travessias por áreas urbanas, os
congestionamentos de veículos de cargas e o estado de conservação desses acessos.
Os dados evidenciam os problemas de qualidade da infraestrutura rodoviária de
acesso aos portos, não avaliando, contudo, o nível de serviço dessas rodovias. No
caso do porto de Santos, por exemplo, os acessos receberam classiicação Ótimo.
Entretanto, essas rodovias já estão saturadas, com muitos congestionamentos, em
função do alto volume de tráfego. Nas ocasiões em que ocorrem acidentes, é comum
o fechamento da pista, que resulta em grandes engarrafamentos. Do mesmo modo,
observa-se uma saturação das vias de muitos dos 13 portos avaliados no Capítulo 3.
Assim, além de melhor qualidade da infraestrutura rodoviária de acesso, é necessário
aumentar a capacidade de escoamento de cargas de e para os portos.
196
07. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
Em relação aos acessos ferroviários, observou-se na Pesquisa CNT de Ferrovias 2011
que há uma insatisfação por parte dos clientes em relação aos serviços oferecidos
nos terminais ferroviários, que foram classiicados, em sua grande maioria, como
insuicientes ou inadequados. Além disso, entre os principais entraves do setor
ferroviário, destacam-se o grande número de invasões na faixa de domínio, passagens
de nível críticas e gargalos físicos e operacionais, além do adensamento populacional
nas proximidades das áreas portuárias. Tais problemas interferem diretamente na
interação entre ferrovia e porto.
De modo semelhante, os agentes marítimos avaliaram os acessos ferroviários
como inadequados, ressaltando como principais problemas a falta de infraestrutura
ferroviária para embarque e desembarque de carga (por 33,7% dos entrevistados) e
o precário estado de conservação (citado por 20,2% dos agentes marítimos).
O conjunto de entraves dos acessos terrestres tem como consequência limitações
na oferta e na ampliação do serviço de captação de cargas, bem como o aumento do
tempo em trânsito da mercadoria, ocasionando a elevação dos custos operacionais
do transporte, o que pode inviabilizar a escolha pelo modo marítimo.
As soluções para os gargalos de infraestrutura portuária e de acesso requerem elevados
investimentos. São obras em longo prazo, cujo planejamento estratégico é de grande
importância. Nesse sentido, o Plano CNT de Transporte e Logística 2011 contempla
propostas para uma infraestrutura de transportes ideal para o Brasil, baseadas na
intermodalidade e que minimizam os impactos ambientais de implantação e operação.
Entre as propostas que abrangem a infraestrutura portuária, são sugeridas
66 intervenções, como a construção e adequação de novos portos, de acessos
terrestres e de área portuária e obras de dragagem e derrocamento, com a
inalidade de adequar portos e terminais portuários. Para viabilizar a implantação
dessas propostas, são previstos investimentos mínimos de aproximadamente R$
5,8 bilhões. A Tabela 117 apresenta um resumo dos projetos prioritários indicados
no Plano CNT de Transporte e Logística 2011.
Tabela 117 – Investimentos em infraestrutura portuária - Plano CNT de Transporte e
Logística 2011
Categoria
Nº de intervenções
Extensão/ Quantidade/ Volume
R$ (bilhões)
Área portuária
34
37 un.
0,9
Acessos terrestres
12
235 km
2,7
Construção de porto
1
1 un.
Dragagem/derrocamento
19
68,4 milhões de m
1,4
Total
66
-
5,8
0,8
3
Muitos dos esforços públicos voltados para a melhoria da infraestrutura portuária
e de acesso estão concentrados no PAC. O programa tem o objetivo de fomentar o
desenvolvimento da economia nacional por meio de ações que visam, entre outras, a
correção das distorções da matriz de transportes e o estímulo à expansão de áreas
com demanda reprimida, aumentando a competitividade frente ao cenário mundial.
197
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Ainda, no intuito de mitigar os efeitos dos gargalos nos portos, o governo propôs um
diagnóstico detalhado do setor marítimo, que servirá como um direcionamento para
a atuação dos órgãos competentes. É com essa proposta que foi lançado o Plano
Nacional de Logística Portuária – PNLP. A expectativa do setor é que o PNLP seja
correlacionado e analisado de forma conjunta com as diretrizes do Plano Nacional
de Logística e Transportes – PNLT, agregando informações técnicas para subsidiar as
tomadas de decisões governamentais relacionadas ao setor de transportes.
Como se trata de grandes investimentos a serem realizados para sanar todos os
problemas, uma das alternativas do governo seria buscar parcerias com o setor
privado, nos moldes das Parcerias Público-Privadas – PPPs. Atualmente, as PPPs não
são utilizadas em larga escala em projetos portuários, mas poderiam proporcionar
um aumento da participação da iniciativa privada e diminuir o impacto de tributação
sobre os usuários. Hoje, os investimentos privados em portos são inanciados
principalmente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.
Entre as intervenções prioritárias, cabe ressaltar a importância da execução de serviços
de dragagem e derrocamento por causa da falta de profundidade mínima nos canais
de acesso, berços e baías de evolução em alguns portos. Muitos navios de grande
porte são impedidos de acessar e atracar ou, muitas vezes, são obrigados a embarcar
volumes de carga inferiores à sua capacidade. A dragagem de manutenção, por sua vez,
é essencial para evitar o assoreamento progressivo, além de contribuir diretamente para
o bom funcionamento e ampliação do potencial comercial do porto. No entanto, essas
intervenções muitas vezes não são realizadas com regularidade, conforme informaram
os agentes marítimos entrevistados. Existem terminais em que as dragagens não são
realizadas há mais de dez anos.
Diante disso, considera-se pertinente a ampliação do número de portos atendidos
pelo Programa Nacional de Dragagem – PND (instituído pela Lei n.º 11.610/07)
contemplado pelo PAC, que prevê contratos de dragagem por resultado de até
cinco anos e possibilidade de prorrogação uma única vez por período de até um
ano, e a inclusão de novos portos. Todavia, a capacidade do parque de dragagem
brasileiro precisa ser ampliada e modernizada para que seja possível o atendimento
simultâneo de diversos portos.
A execução dos serviços de dragagem e derrocamento possibilitará que os portos
aumentem a movimentação de cargas, em função do aumento do porte dos navios e da
capacidade de carregamento, resultando em ganhos de escala e consequentes reduções
de custo. Porém, essa situação indica a urgência em aperfeiçoar os acessos terrestres,
que passarão a ser o elo mais fraco da logística portuária, uma vez que não terão
capacidade para absorver o crescimento da movimentação nos portos.
Por im, o conlito entre a navegação de cabotagem e a de longo curso também
precisa ser analisado. Dadas as características da economia brasileira, voltada para a
exportação, grande parte dos portos prioriza a navegação de longo curso. Aliado a isso,
existe a escassez de itinerários e baixa frequência de viagens entre os portos, situação
essa que é potencializada em razão da pequena frota de navios de bandeira nacional do
tipo porta-contêiner (15 navios) e Roll-on/roll-off (5 navios). Essas carências e o tempo
total de transporte por meio da cabotagem fazem com que muitos usuários continuem
optando pelo modo rodoviário, principalmente pela oferta do serviço porta a porta.
198
07. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
No caso especíico da concorrência pela disponibilidade dos portos entre a navegação de
longo curso e de cabotagem, uma possibilidade seria a construção de berços especíicos
para a atracação de navios de cabotagem com os equipamentos necessários para a
movimentação de contêineres e de carga geral. Além disso, seria preciso a ampliação
da retroárea portuária para que não haja novos conlitos com a carga destinada à
navegação de longo curso.
7.2. Oferta de navios de bandeira nacional
De acordo com a Lei n.º 9.432/97, a movimentação de cargas por meio da navegação de
cabotagem marítima e luvial, bem como a navegação de apoio marítimo e de apoio portuário
é de exclusividade de Empresas Brasileiras de Navegação61 – EBNs. Para a realização dessas
atividades, as EBNs podem utilizar navios de bandeira nacional ou, nos casos especíicos
contemplados pela lei supracitada, afretar navios de bandeira estrangeira. As regras
impostas para o afretamento de navios visam priorizar a utilização de embarcações de
bandeira nacional e, consequentemente, estimular a construção naval local.
Segundo dados da Antaq, o número de EBNs obteve crescimento de 70% no período
entre os anos de 2006 a 2011 (Gráico 67), percentual que conirma a expansão do
setor marítimo. Porém, observa-se que a frota brasileira de navios destinados à
navegação de cabotagem e longo curso é limitada e pode reprimir o crescimento da
navegação marítima.
Gráfico 67 - Evolução do número de Empresas Brasileiras de Navegação
269
230
290
244
205
171
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Números de EBNs
Conforme ilustrado no Gráico 6862, a frota brasileira destinada à navegação de
cabotagem63 obteve discreto crescimento de 13,1% no período entre os anos de 2006
e 2011. Em contrapartida, a frota de apoio marítimo dobrou, com crescimento de
61. Lei n.º 9.432, Art. 2., Inciso V - Empresa Brasileira de Navegação: pessoa jurídica constituída segundo as leis brasileiras, com sede no país, que tenha por
objeto o transporte aquaviário, autorizada a operar pelo órgão competente.
62. Baseado em dados da Antaq e excluindo-se os navios de bandeira estrangeira. Segundo o último anuário, são 156 embarcações de cabotagem/longo
curso, sendo uma de bandeira estrangeira.
63. Para simpliicação, a frota brasileira é aqui chamada de frota de cabotagem, embora ela possa ser utilizada também para a navegação de longo curso.
Na navegação de longo curso, é mais comum a utilização de navios estrangeiros.
199
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
112,3% no mesmo período analisado. Grande parte desse crescimento está associado
ao desenvolvimento do setor petrolífero nacional, impulsionado nos últimos anos com
as recentes descobertas de reservas de petróleo e gás natural na camada do pré-sal.
Gráfico 68 - Evolução da frota brasileira de cabotagem e de apoio marítimo
450
397
399
344
316
212
137
2006
132
2007
141
143
2008
2009
155
152
2010
Cabotagem e Longo Curso
2011
Apoio Marítimo
O detalhamento da frota brasileira de cabotagem, por tipo de embarcação em operação,
tendo como base o inal do ano de 2011 (Tabela 118), indica que as embarcações
petroleiras correspondem a 25% da frota e 45,7% da Tonelagem de Porte Bruto TPB64. Na sequência, as embarcações graneleiras são responsáveis por 8,4% da frota
e por 18,3% da TPB, enquanto os navios do tipo porta-contêineres perfazem 9,7% da
frota e 14,2% da tonelagem de porte bruto.
Tabela 118 - Detalhamento da frota de cabotagem por tipo de embarcação
Tipo de embarcação
Número de embarcações
Tonelagem de Porte Bruto - TPB
Balsa
6
18.018
Barcaça
25
131.859
Bote
1
156
Cargueiro
14
152.676
Flutuante
1
2.721
Gases liquefeitos
9
74.601
Graneleiro
13
545.599
Lancha
1
10
Multipropósito
2
30.200
Navio cisterna
1
28.801
Petroleiro
39
1.359.771
Porta-contêiner
15
421.825
Rebocador/Flutuador
19
5.210
Roll-on/roll-off
5
107.568
64. Segundo a Antaq, a TPB pode ser entendida como a diferença entre o deslocamento bruto e o líquido da embarcação. Em outras palavras, o que pode ser
transportado em carga, combustível e equipagem (tripulação).
200
07. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
Tabela 118 - Detalhamento da frota de cabotagem por tipo de embarcação
Continuação
Tipo de embarcação
Número de embarcações
Tonelagem de Porte Bruto - TPB
Tanque químico
1
51.188
Outras embarcações
3
46.450
TOTAL
155
2.976.653
Observa-se a predominância de navios petroleiros e esse percentual pode aumentar
com o Programa de Modernização e Expansão da Frota - Promef, cuja meta é construir
49 navios petroleiros até 2016. Com isso, os maiores estaleiros do país estarão
incumbidos de atenderem essa demanda.
A Tabela 119 detalha a idade média da frota brasileira por tipo de embarcação, que,
no total, é de 17,5 anos. Entre as embarcações com idade média abaixo da média
geral, podemos citar as barcaças e os navios porta-contêineres, com idade média
de 8,6 anos e 11,5 anos, respectivamente. As embarcações do tipo Roll-on/roll-off,
graneleiras e petroleiras são as que apresentaram maior média de idade, 24,0, 23,2
e 22,8 anos, respectivamente.
Tabela 119 - Detalhamento da frota de cabotagem por idade média
Quantidade de embarcações
Tipo de embarcação
Idade
média
TOTAL
Menos de
10 anos
10 a 20
anos
Mais de 20
anos
Balsa
16,2
6
3
1
2
Barcaça
8,6
25
18
3
4
Bote
38,0
1
0
0
1
Cargueiro
21,7
14
2
4
8
Flutuante
37,0
1
0
0
1
Gases liquefeitos
21,8
9
0
3
6
Graneleiro
23,2
13
0
5
8
Lancha
26,0
1
0
0
1
Multipropósito
14,5
2
0
2
0
Navio cisterna
36,0
1
0
0
1
Petroleiro
22,8
39
3
3
33
Porta-contêiner
11,5
15
8
4
3
Rebocador/Empurrador
8,7
19
13
5
1
Roll-on/roll-off
24,0
5
0
2
3
Tanque químico
1,0
1
1
0
0
Outras embarcações
27,7
3
0
0
3
Total
17,5
155
48
32
75
201
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Nos últimos dez anos, houve o ingresso de 48 navios à frota brasileira, composta,
em 2011, por 155 embarcações. Com idade entre dez e 20 anos, existem 32
embarcações, 20,6% do total nacional. O número de navios com idade superior
à média é de 83 embarcações, representando 53,2% do total. De acordo com a
Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal - SRF n.º 162/98, o prazo de
vida útil das embarcações de grande porte é de 20 anos, e a taxa de depreciação é
de 5% ao ano, como detalhado na Tabela 120.
Tabela 120 - Prazo de vida útil e taxa de depreciação de embarcações e estruturas
lutuantes
Referência
NCM*
Bens
Prazo de vida
útil (anos)
Taxa anual de
depreciação
8901
Transatlânticos, barcos de cruzeiro, “ferry-boats”,
cargueiros, chatas e embarcações semelhantes
para o transporte de pessoas ou de mercadorias
20
5%
8902
Barcos de pesca, navios-fábricas e outras
embarcações para o tratamento ou conservação
de produtos da pesca
20
5%
8903
Iates e outros barcos e embarcações de recreio ou
de esporte; barcos a remos e canoas
8903.10
Barcos inláveis
5
20%
8903.9
Outros
10
10%
8904
Rebocadores e barcos concebidos para empurrar
outras embarcações
20
5%
8905
Barcos-faróis, barcos-bombas, dragas, guindastes
lutuantes e outras embarcações em que a
navegação é acessória da função principal; docas
ou diques lutuantes; plataformas de perfuração
ou de exploração, lutuantes ou submersíveis
20
5%
8906
Outras embarcações, incluídos os navios de guerra
e os barcos salva-vidas, exceto os barcos a remo
20
5%
8907
Outras estruturas lutuantes (por exemplo: balsas,
reservatórios, caixões, bóias de amarração, bóias
de sinalização e semelhantes)
8907.10
Balsas inláveis
5
20%
8907.90
Outras
20
5%
* Nomenclatura Comum do Mercosul - NCM
A partir da análise dos dados apresentados, observa-se a necessidade de renovação
da frota brasileira, pois 48,3% estão com idade superior aos 20 anos recomendados
pela SRF65. Além disso, após dez anos de uso, normalmente os navios necessitam de
65. Em condições ideais de uso.
202
07. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
uma revisão mais detalhada de casco e sofrem maior desgaste. Ainda, as condições
adversas de operação, que causam desgastes prematuros nas embarcações, podem
reduzir consideravelmente a vida útil dos navios e elevar os custos de manutenção e
operação, bem como resultar na desvalorização.
A necessidade de construção de novos navios esbarra no risco de saturação da
capacidade de produção dos estaleiros, que podem não ter capacidade para atender
encomendas em curto prazo. Tal fato gera resistências à contratação de novos projetos
para construção de navios, tornando o afretamento uma alternativa imediata para as
demandas da cabotagem, já que a carga tributária para a importação de navios novos
é elevada e a legislação proíbe a importação de navios usados.
Outro aspecto que prejudica o desenvolvimento dos estaleiros do país está relacionado
aos prazos para a conclusão dos projetos – no Brasil, esses prazos são maiores em
relação aos mercados de referência, como Coreia do Sul, Japão e Singapura. Essa
demora resulta no aumento do custo para a aquisição do navio, dado que os juros
continuarão a incidir sobre o montante destinado à compra. Além disso, o risco
inanceiro e econômico é potencializado em longo prazo, em função da volatilidade
do mercado para qual o navio em construção é destinado.
A resposta para equacionar essa questão pode ser encontrada com o aperfeiçoamento
de programas de incentivo à renovação da frota de navios de diferentes tipos,
assim como é feito com os navios petroleiros, bem como o aumento da oferta de
inanciamento pelo Fundo da Marinha Mercante e de outras instituições inanceiras.
Ademais, é de suma importância a ampliação e modernização da indústria naval
brasileira para responder às demandas do setor em tempo hábil.
Nesse sentido, os recursos disponibilizados para o inanciamento da revitalização
da indústria naval, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC,
atingiram o montante de R$ 12,0 bilhões, considerando-se o período de 2007 a 2010
(PAC 1). Para o período de 2011 – 2014, são previstos mais R$ 37,1 bilhões, dos quais
R$ 18,1 bilhões são destinados ao inanciamento de embarcações de apoio offshore,
conforme apresentado na Tabela 121.
Tabela 121 – Recursos do PAC 2 para a revitalização da indústria naval brasileira
Tipo de embarcação/estaleiro
Quantidade
Valor (R$ milhões)
Apoio navegação
34
422,3
Apoio offshore
290
18.069,3
Carga cabotagem
74
1.268,2
Carga cabotagem Petrobras
43
4.141,9
Carga cabotagem Transpetro
58
7.012,0
Carga interior
13
126,2
Estaleiros
17
5.524,3
203
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Tabela 121 – Recursos do PAC 2 para a revitalização da indústria naval brasileira
Continuação
Tipo de embarcação/estaleiro
Quantidade
Valor (R$ milhões)
Marinha
5
367,2
Passsageiros
5
102,0
Pesca
13
24,6
TOTAL
552
37.058,0
7.3. Marco regulatório pouco lexível e sem clareza jurídica
A instituição da Lei n.º 8.630/93 permitiu a transferência da exploração e gestão dos
serviços portuários para o setor privado e trouxe signiicativos ganhos para eiciência
portuária do país. Contudo, não especiicou, no aparato governamental, que entidade
seria a reguladora das relações de mercado induzidas pelo novo modelo.
Entre as incongruências encontradas nesse novo marco regulatório, podemos citar
as Companhias Docas que, ao mesmo tempo, são autoridades portuárias e atuam
como empresas, com atividade comercial. Outra inconsistência refere-se ao desenho
institucional e de governança dos CAPs, que limitam a capacidade empresarial das
autoridades portuárias por causa do conlito de hierarquia entre esses órgãos.
Observa-se também um elevado nível de interferência estatal no setor portuário,
restringindo a lexibilidade e a agilidade das decisões e das operações. Além disso,
nos últimos anos, embora existam recursos privados e demanda por serviços, houve
uma contenção dos investimentos nesse setor, em decorrência da instabilidade
regulatória, impedindo a expansão portuária privada. Esse cenário gera sobrecarga
do sistema portuário e, consequentemente, atrasos nas operações de embarque e
desembarque, o que pode aumentar o custo de operação.
Além disso, no ano de 2008, o Decreto n.º 6.620 foi editado e trouxe novas restrições,
não previstas na Lei n.º 8.630/93, consistindo em barreiras à instalação de novos
terminais privativos de uso misto e, assim, limitando a maior participação do setor
privado na operação do sistema portuário do país. Tal fato relete diretamente na
possibilidade de expansão do sistema portuário, impedindo uma possível concorrência
que traria benefícios para os seus usuários.
Essas falhas na implementação do novo marco legal, aliadas às medidas introduzidas
nos últimos anos, estagnaram o processo de modernização do Sistema Portuário
Nacional. Em suma, o atual marco regulatório gera assimetrias concorrenciais,
insegurança para o investimento e, portanto, não favorece a expansão econômica
sustentada. Assim, é necessário que haja uma reestruturação institucional do sistema
de gestão e exploração dos serviços portuários, estabelecidos na Lei n.º 8.630/93,
assegurando a implementação plena desse modelo.
204
07. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
Desse modo, para promover a melhoria do transporte marítimo nacional, algumas
alterações no marco regulatório são necessárias. Inicialmente, propõe-se a
primordial revisão dos papéis desempenhados por cada um dos atores envolvidos
no processo, clariicando sua atuação. Cita-se também a extinção das restrições,
quanto à realização de investimentos em novos terminais privativos de uso misto,
instituídas pelo Decreto n.º 6.620/08, permitindo maior participação do setor
privado. Além disso, faz-se necessário alterar a Lei n.º 10.233/01, passando à Antaq a
competência de licitar, celebrar atos de outorga e iscalizar contratos de concessão
e arrendamento de terminais marítimos. Outra ratiicação na lei seria convalidar as
atribuições competentes aos CAPs com as competências regulatórias delegadas pela
Antaq. Dessa forma, fortalece-se a atuação dos CAPs sem alterar a competência da
Antaq em rever e examinar recursos relativos às decisões desses conselhos.
7.4. Burocracia e quantidade de órgãos envolvidos no setor
Na esfera portuária, observa-se que ainda há um elevado número de órgãos públicos
que atuam sem integração entre si, trabalhando de forma desconectada, cobrando
diferentes tarifas e, por vezes, entrando em conlito de jurisdição66. Diferentes entidades
realizam a segurança dos portos, a iscalização tributária, sanitária e ambiental e a
regulação das relações de trabalho. Na Tabela 122, estão listados os órgãos que atuam
nos portos. A necessidade de fornecer muitas informações a diferentes organizações
acaba elevando o tempo de operação portuária. Para facilitar o processo, algumas
organizações privadas desenvolveram sistemas computacionais próprios para o
preenchimento dos dados, evitando a repetição em diversos formulários, cujo objetivo
é promover maior nível de uniicação operacional.
Tabela 122 - Órgãos que atuam nos portos
Ministério dos
Transportes
Ministério do
Meio Ambiente
Ministério da
Saúde
Ministério da
Defesa
Ministério da
Agricultura
Marinha de Guerra,
Diretoria de Portos
e Costas, Diretoria
de Hidrograia e
Navegação
Vigiagro
Dnit, Antaq, ANTT
Ibama
Anvisa
Ministério da
Justiça
Ministério da
Fazenda
Administração
do Porto
Secretaria Especial de Portos da
Presidência da República - SEP/PR
Polícia Federal
Receita Federal
Companhia Docas,
CAP, OGMO
Secretaria de Gestão e Infraestrutura
de Portos, Secretaria de Planejamento e
Desenvolvimento Portuário
Além da grande quantidade de órgãos existentes, observa-se que existem ineiciências
em sua atuação, conforme demonstrado pelas respostas dos agentes marítimos à
pesquisa realizada. Em uma avaliação geral, os entrevistados indicaram a necessidade
de simpliicar os procedimentos dos órgãos atuantes, reduzindo a burocracia, qualiicar
66. Ipea (2010).
205
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
os proissionais envolvidos na prestação dos serviços das autoridades portuárias,
melhorar os canais de comunicação, propiciar maior integração e comando único e
estabelecer uma escala de horário mais eicaz e que melhor atenda às necessidades
dos agentes.
O excesso de burocracia, citado como um problema grave ou muito grave para o transporte
marítimo brasileiro por mais de 80% dos agentes marítimos entrevistados, tem impacto
direto no tempo gasto para que os navios e, principalmente, as cargas, tenham todos os
trâmites liberados. De acordo com levantamento do Banco Mundial, em 2010, gastava-se
5,4 dias para que a carga tivesse os trâmites de desembaraço, mas a meta do governo é
que, em 2022, o tempo seja de 1,5 dia. Por sua vez, o relexo da morosidade é repassado
para os armadores dos navios, por exemplo, na incisão do demurrage, provocando o
aumento do preço dos produtos que entram no país e diminuindo a competitividade das
mercadorias nacionais frente ao cenário internacional.
Nesse sentido é que se dá a importante atuação do programa Porto sem Papel - PSP,
que busca reduzir o tempo gasto com os trâmites burocráticos. O programa já está
em funcionamento em 26 portos, e a previsão da SEP é implantá-lo em 32 portos
brasileiros até maio de 2013. Vale ressaltar que há queixas, por parte das agências
marítimas, a respeito das diferenças de empenho e ritmo, entre essas e o governo,
para implantação do PSP nos portos.
Uma das reclamações das agências é que mesmo após a implantação do PSP, alguns
órgãos públicos continuam exigindo as cópias físicas dos documentos, airmação
corroborada pela avaliação dos agentes marítimos quanto ao funcionamento do
programa nos portos operados. Entre os agentes que mencionaram a existência do
PSP nos portos em que atuam, 57,5% avaliaram que o programa não trouxe mais
celeridade nas autorizações dos órgãos anuentes; 75,4% avaliaram que o PSP não
reduziu o tempo de espera para atracação/operação de navios; e, para 86,1% dos
entrevistados, houve aumento do volume de trabalho, na medida em que nem todos
os órgãos anuentes operam pelo PSP, conforme airmado por 45,9% dos agentes.
Outro aspecto que indica o atraso do modelo de gestão burocrática dos portos
brasileiros é o fato de que nenhum deles utiliza o sistema de monitoramento Vessel
Trafic Management Information System - VTMIS. O sistema, que já funciona em
grandes portos do mundo, é dotado de radares, bóias e câmeras que transmitem
informações digitais a respeito dos navios. Além de coletar informações dos navios,
o sistema também faz o registro das condições climáticas da região onde o porto se
localiza, com o intuito de fornecer dados que auxiliem as embarcações no acesso e
atracação. A previsão é que o VTMIS esteja, inicialmente, em funcionamento no porto
de Santos no ano de 2013.
Os entraves burocráticos também afetam a execução das obras de dragagem,
especialmente os processos de licenciamento ambiental que, em decorrência da
morosidade, postergam o início das atividades essenciais à manutenção do nível de
serviço portuário. Para mitigar esses entraves, uma das alternativas seria a revisão
dos trâmites do sistema de licenciamento ambiental, com o estabelecimento de
prazos para que as autoridades competentes emitam parecer a respeito do processo,
e a análise em caráter de urgência para as obras de infraestrutura de transporte.
206
07. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
O último Relatório de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial realça os
problemas de burocracia do país. Em pesquisa de opinião, empresários designaram
os fatores mais problemáticos para se fazer negócios no país. No Brasil, 11,1% dos
entrevistados citaram que o principal problema para realizar negócios são as
ineiciências burocráticas do governo. Com respeito ao quão oneroso é para as
empresas cumprirem os requerimentos administrativos do governo, o Brasil icou na
última colocação entre os países analisados (144º de 144 países). Quanto à eiciência
dos procedimentos alfandegários para a entrada e a saída de mercadorias do país, a
posição brasileira foi de número 129.
Observa-se também a necessidade de revisão do tratamento legal dispensado aos
procedimentos de despacho de carga de cabotagem, que hoje exigem os mesmos
procedimentos da navegação de longo curso. Para que o setor possa crescer e ser
competitivo com o modo rodoviário, é necessário que o despacho das cargas equipare-se
em termos de preço e complexidade aos outros modos de transporte. Como o transporte
marítimo é muito seguro no que se refere à inviolabilidade da carga, não há necessidade
de inspeção das cargas nas origens e destinos. A inspeção deveria ocorrer apenas uma
vez, nos embarques das cargas, ou no caso da importação, nos desembarques das cargas
provenientes do exterior, sem necessidade de conferência posterior.
Além disso, cabe destacar a elevada quantidade de exigências e documentos
necessários ao transporte de cabotagem. Excluindo-se os certiicados especíicos
para algumas cargas, pode-se citar:
i.
Parte de Entrada;
ii.
Declaração Geral;
iii.
Declaração de Carga;
iv.
Declaração de Bens da Tripulação;
v.
Declaração Marítima de Saúde;
vi.
Declaração de Provisões de Bordo;
vii.
Cópia dos contratos de trabalho, juntamente com a cópia da carteira de
trabalho e previdência social;
viii.
Pedido de Despacho;
ix.
Passe de Saída;
x.
Parte de Saída;
xi.
Certiicado de Registro;
xii.
Certiicado Internacional de Número IMO;
xiii.
Certiicado Internacional de Tonelagem;
xiv.
Certiicado Internacional de Linhas de Carga ou Certiicado Internacional
de Isenção de Linhas de Carga;
207
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
xv.
Certiicado de desratização ou certiicado de isenção de desratização;
xvi.
Relatório de gerenciamento de água de lastro;
xvii.
Planilha de Dados do GMDSS67;
xviii.
Certiicado de Gerenciamento de Segurança;
xix.
Certiicado Internacional de Prevenção da Poluição por Óleo e Livro
Registro de Óleo;
xx.
Certiicado ISPS68;
xxi.
Lista de tripulantes;
xxii.
Lista de passageiros;
xxiii.
Lista de vacinação;
xxiv.
Lista de narcóticos;
xxv.
Lista de portos escalados;
A título de comparação, no transporte rodoviário são exigidos: i) Certiicado de
Propriedade do Veículo; ii) IPVA; iii) Seguro DPVAT; iv) Nota Fiscal; v) Conhecimento
de Transporte Rodoviário de Carga – CTRC ou Manifesto de Cargas; vi) Carteira de
Motorista e; vii) Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas – RNTRC.
Essa burocracia em relação às cargas de cabotagem é um dos principais fatores de
desestímulo ao usuário desse modo de transporte. Assim, uma demanda do setor
marítimo é que sejam empreendidos esforços para que esse processo seja mais
racional, eiciente e ágil no que concerne às exigências das cargas destinadas ao
mercado interno.
Outra diiculdade da cabotagem relacionada à burocracia se refere ao ressarcimento
do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante - AFRMM. Os trâmites
documentais são morosos e geram custo adicional de capital de giro para as
empresas brasileiras de navegação69. Outro entrave para a cabotagem é a utilização
do Siscomex Carga70, pois gera ineiciências na operação por causa de uma série de
empecilhos adicionados ao processo. A agilidade da transferência das cargas dos
caminhões aos portos depende da qualidade do serviço prestado, de infraestrutura
portuária eiciente, da produtividade dos terminais e da integração modal.
67. Global Maritime Distress and Safety System – GMDSS é um sistema global internacional que usa tecnologia terrestre e de satélite, além dos sistemas
de rádio instalados a bordo dos navios, que asseguram o alerta rápido e automático das estações terrestres e autoridades responsáveis pela busca e
salvamento, e no caso de uma emergência marítima, asseguram também o alerta aos navios que naveguem nas proximidades.
68. ISPS é o Código Internacional para a Proteção de Navios e Instalações Portuárias (Código ISPS), sendo um conjunto abrangente de medidas deinidas pela
Organização Marítima Internacional - IMO, cujo objetivo é aumentar a segurança de navios e instalações portuárias, realizando uma avaliação dos riscos
para cada caso especíico. A implementação do código é obrigatória para os países membros da IMO, como o Brasil.
69. Esse e outros problemas são citados em Lanchmann e Castro Jr. (2009).
70. A Lei n.º 9.716/98 estipula a Taxa de Utilização do Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex, administrada pela Secretaria da Receita Federal
do Ministério da Fazenda por Declaração de Importação.
208
07. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
7.5. Tributação
A questão tributária é considerada um dos principais problemas para o desenvolvimento
do país e foi listada como um problema grave ou muito grave para a navegação
marítima, por 88,2% dos agentes marítimos entrevistados. São tributos: impostos,
taxas, contribuições e empréstimo compulsórios. A lista de tributos existentes no
Brasil excede a quantia de 8571. Os tributos existentes na atividade de transporte
marítimo incluem, entre outros72:
i.
Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM
ii.
Contribuição à Direção de Portos e Costas - DPC
iii.
Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho - SAT
iv.
Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado do Transporte – Senat
v.
Contribuição ao Serviço Social do Transporte - Sest
vi.
Taxa de Utilização do Mercante
vii.
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS
viii.
Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – Cide Combustíveis
ix.
Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social - Coins
x.
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
xi.
Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Proissional
xii.
Imposto sobre a Propriedade Territorial - IPTU ou ITR
xiii.
Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza - IR (pessoa
física e jurídica)
xiv.
Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
xv.
Programa de Integração Social - PIS e Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público - Pasep
xvi.
Taxa de Outorga - Serviços de Transportes Terrestres e Aquaviários
xvii.
Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados)
xviii.
Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública
xix.
Taxa de Coleta de Lixo
xx.
Taxa de Combate a Incêndios
71. Uma lista de 85 tributos pode ser obtida no website Portal Tributário, disponível em: www.portaltributario.com.br. Há ainda outras contribuições de
melhorias e empréstimos compulsórios especíicos que não estão aqui incluídos.
72. Alguns desses tributos estão atualmente com alíquota zero.
209
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
xxi.
Taxa de Conservação e Limpeza Pública
xxii.
Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA
xxiii.
Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária
xxiv.
Taxa de Licenciamento para Funcionamento e Alvará Municipal
Para ratiicar o exposto acima, o último relatório do Fórum Econômico Mundial traz à
tona o problema da tributação brasileira. Entre os fatores mais problemáticos para se
fazer negócios no país, foram apontados: as regulações iscais (citadas por 18,7% dos
respondentes), a oferta insuiciente de infraestrutura (17,5%) e as taxas de tributação
(17,2%). Observa-se que o principal problema está relacionado à tributação, uma vez que
os percentuais somados associados a esse entrave totalizam 35,9% das entrevistas.
Em complemento, foi perguntado qual impacto a tributação tem no incentivo ao
trabalho e ao investimento. Nesse quesito, o Brasil obteve a pior avaliação dos 144
países avaliados. Similarmente, foi perguntado qual o total pago em tributos, somando
impostos sobre o lucro, sobre o trabalho e outros tributos, em relação ao total do lucro.
O Brasil icou na 131ª posição do ranking, e os tributos pagos equivalem a 67,1% do
lucro, isto é, para cada real obtido de lucro, outros R$ 0,67 foram pagos em tributos.
No que concerne à percentagem da tarifa sobre a comercialização de mercadorias, foi
indicado uma taxa de 11,6% no país, o que o colocou na 123ª posição. Esses resultados
sobressaltam a necessidade de revisão e redução das barreiras tarifárias do país.
Essa pesada carga tributária prejudica as exportações brasileiras, pois compõe o
preço inal dos produtos nacionais. No caso de produtos industrializados, são pagos
todos os encargos sociais e impostos sobre o lucro e renda e, ainda, o Imposto
sobre Produtos Industrializados - IPI e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços - ICMS. Apesar da alíquota praticada do Imposto de Exportação ser zero para
a grande maioria dos produtos73, isso não é suiciente para garantir a competitividade
das exportações brasileiras, dado que os outros tributos têm efeito em cadeia sobre
os produtos nacionais.
A navegação de cabotagem sofre sobremaneira com o excesso de tributação. O combustível
utilizado na cabotagem está sujeito à tributação do ICMS. A incidência do tributo implica
no aumento do custo do transporte de carga, que será repassado ao usuário, que pode ser
motivado a utilizar outro meio de transporte. A navegação de longo curso, por sua vez,
está isenta do ICMS. Igualmente, o combustível bunker para cabotagem paga PIS e Coins,
conquanto o bunker para longo curso é isento desses tributos.
Essa situação fere o Art. nº. 12 da Lei n.º 9.432/97, que determina que o mesmo
preço do combustível utilizado para a navegação de longo curso seja praticado para a
navegação de cabotagem e nas navegações de apoio portuário e marítimo. Para tanto,
se faz urgente a reformulação de políticas de fomento à navegação de cabotagem,
que considere a questão tributária dos combustíveis, com o objetivo de reduzir o
custo de transporte e tornar esse tipo de navegação mais competitiva e econômica.
73. Imposto de Exportação tem as seguintes alíquotas: para armas e munições - inclusive partes e acessórios, 150%, cigarros contendo fumo, 150%, couros
e peles,9%.
210
07. PRINCIPAIS GARGALOS, SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS
Um aspecto favorável relacionado à tributação diz respeito à Lei n.º 11.033/04,
que instituiu o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e Ampliação da
Estrutura Portuária, também conhecida como Lei do Reporto. O programa concede
a suspensão do pagamento de IPI, PIS/Pasep, Coins e Imposto de Importação74,
na compra de máquinas e equipamentos destinados a investimentos especíicos.
Além disso, oferece benefícios para investimentos destinados a carga, descarga,
armazenagem e movimentação de mercadorias e produtos; sistemas suplementares
de apoio operacional; proteção ambiental; sistemas de segurança e de monitoramento
de luxo de pessoas, mercadorias, produtos, veículos e embarcações; dragagens; e
treinamento e formação de trabalhadores, inclusive na implantação de Centros de
Treinamento Proissional75. Dessa forma, os equipamentos que compõem o sistema
de monitoramento VTMIS podem ser adquiridos por um menor preço, fato que pode
estimular a implantação do sistema e aumentar a eiciência portuária.
Inicialmente essa lei tinha validade até o inal do ano de 2007, porém, a Lei n.º 11.726/08
prorrogou a validade para o inal do ano de 2011. Por sua vez, a Medida Provisória
n.º 559, aprovada em 29 de junho de 2012, propõe, entre outras providências, a
alteração do Art. n.º 16 da Lei do Reporto, que prorroga o prazo de vigência da lei até
o inal do ano de 2015. Além da prorrogação, para efetuar aquisições e importações
amparadas pelo programa, a MP também inclui na lista de beneiciários do Reporto
as empresas de dragagem, os recintos alfandegados de zona secundária e os centros
de treinamento proissional.
Outra proposta de solução, adotada pelo governo federal, foi voltada para regular
a tributação brasileira de mercadorias importadas. O Projeto de Resolução do
Senado n.º 72/10, aprovado no dia 24 de abril de 2012, propõe a implantação, a
partir de 2013, de alíquota única de 4% de ICMS nas operações interestaduais.
Essa medida impedirá que Estados pratiquem alíquotas menores como forma de
atrair importações para os seus portos.
7.6. Qualiicação da mão de obra
A Lei nº. 8.630/93, em seu Art. nº. 32, delega aos CAPs a instituição de centros de
treinamentos voltados para a formação e aperfeiçoamento proissional de pessoal para
o desempenho de operações portuárias e atividades correlatas. Na prática, observa-se
que nenhum CAP instituiu os centros de treinamentos em cumprimento à lei.
Os OGMOs têm tomado a iniciativa de promover esse aperfeiçoamento. Contudo,
observa-se que vários cursos não apresentam demanda satisfatória, aumentando
o receio da carência de proissionais no setor diante da demanda prevista para a
navegação marítima nos próximos anos.
Essa escassez de pessoal qualiicado em determinadas atividades, como a praticagem,
atualmente pode ser caracterizada como uma situação de monopólio privado não
regulado. Tal fato favorece a imposição de preços superiores aos que vigorariam em
74. A suspensão do Imposto de Importação somente será aplicada a máquinas e equipamentos que não possuam similar nacional.
75. O Art. n.º 30, da Medida Provisória n.º 563/12, promoveu a alteração na redação do Art. n.º 14 da Lei do Reporto, ampliando a relação dos setores
beneiciados pelo Reporto.
211
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
condições de livre concorrência ou sob regulação. Além disso, estudos recentes76
constataram que o custo dos serviços de praticagem no Brasil é 2,2 vezes superior
a 35 portos internacionais de referência, o que torna os gastos com práticos um
dos componentes de maior peso nas despesas do porto, conforme mencionado por
88,2% dos agentes marítimos entrevistados na pesquisa realizada.
Para reverter esse cenário, os centros de treinamento são fundamentais no
desenvolvimento portuário, uma vez que os equipamentos e procedimentos
operacionais são cada vez mais especializados, o que demanda uma mão de obra
qualiicada e atualizada. É de suma importância que os CAPs sejam estruturados e que
disponham de recursos inanceiros para atenderem o que é exigido pela legislação.
Outro entrave está relacionado à oferta e demanda de Oiciais de Marinha Mercante
no país. Por atribuição legal, a Marinha do Brasil é a única instituição formadora
de Oiciais de Marinha Mercante, cujo curso superior tem duração de quatro anos.
Estudos recentes77 indicam que 4.287 oiciais atuam nas empresas de navegação,
sendo que foi diagnosticada uma demanda de 5.193 oiciais, o que representa um
déicit de 906 proissionais. Um dos fatores que contribui para esse saldo negativo
é a Resolução Normativa n.º 72, do Conselho Nacional de Imigração – CNI, deinindo
que navios estrangeiros que operem em águas brasileiras por um período superior a
90 dias devem ter, em sua tripulação, marítimos brasileiros na seguinte proporção: de
90 a 180 dias – 1/3 da tripulação; de 180 a 360 dias – 1/2 da tripulação e mais de 360
dias – 2/3 da tripulação.
Por sua vez, a Marinha exige que os oiciais tenham entre cinco e dez anos de
experiência em navegação para serem considerados aptos a assumirem navios
na função de comandante (na navegação de apoio marítimo são cinco anos e na
cabotagem/longo curso são dez anos).
Nesse sentido, é importante que haja a lexibilização da Resolução Normativa n.º 72,
de modo que as empresas brasileiras de navegação possam contratar os oiciais que
estão a serviço de empresas estrangeiras.
Os estaleiros nacionais também carecem de mão de obra especializada para
construção naval. Em função da escassez, existe a necessidade de qualiicação
proissional e treinamento por parte das empresas contratantes. Como complemento
à formação de mão de obra destinada ao setor portuário, os institutos federais dos
estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Paraná já oferecem curso técnico em
portos com duração de dois anos, enquanto a Vale oferece curso de especialização
na área de portos.
Por im, cabe ressaltar que a questão da mão de obra merece uma maior atenção.
Considerando que atualmente a remuneração dos proissionais qualiicados no setor
representa um percentual signiicativo na participação dos custos inais da logística, é
necessário que sejam tomadas medidas de proissionalização e regulação do serviço,
objetivando dinamizar e ampliar a competitividade portuária.
76. Pinto, et al. (2010).
77. Estudo realizado pela consultoria francesa Schlumberger, concluído em novembro de 2011, encomendado pelo Sindicato Nacional das Empresas de
Navegação Marítima - Syndarma.
212
08
CONCLUSÕES
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Em um país de dimensões continentais e dotado de uma extensa faixa litorânea
como o Brasil, a utilização do transporte marítimo pode representar ganhos
de eiciência e competitividade. Entre as principais vantagens desse modo de
transporte, podemos citar
• O reduzido índice de poluição ao meio ambiente;
• O baixo custo para o transporte de grandes volumes por longas distâncias;
• O menor risco de acidentes e roubos;
• A maior vida útil da infraestrutura, dos equipamentos e dos veículos; e
• A interligação entre os continentes, o que favorece o comércio exterior.
A participação do setor marítimo brasileiro no comércio internacional é expressiva,
sobretudo por ser, em alguns casos, a única opção para exportação de grandes
volumes, como os granéis, principal tipo de carga movimentada nos portos
brasileiros. Contudo, no Brasil, apesar dos avanços, observa-se que o desempenho
da infraestrutura aquaviária é inferior ao esperado, o que tem levado o governo a
buscar soluções para reduzir os gargalos operacionais, jurídicos e institucionais do
setor. Exemplo disso são as signiicativas mudanças pelas quais passou o sistema
portuário brasileiro nos últimos anos. Mesmo com esse esforço, contudo, muitos
são os entraves a serem superados.
A terceira edição da Pesquisa CNT do Transporte Marítimo apresentou um panorama
do setor e mostrou as características gerais dos 13 principais portos marítimos em
termos de movimentação. Foi feita uma caracterização desses portos, ressaltando
suas principais informações, além de um mapa de localização. Nesse contexto,
ressaltam-se os portos de Santos e Itaguaí como os dois maiores portos públicos
do país.
Este estudo apresentou, ainda, os volumes de carga transportada e movimentada
no Brasil nos últimos seis anos. Os dados foram divididos em: natureza da carga,
grupo de mercadoria e origem e destino das cargas, e separados por tipo de
navegação (longo curso ou cabotagem). Além disso, foram detalhados os dados
de movimentação da navegação de apoio marítimo e portuário. A evolução do
comércio internacional e dos investimentos realizados em infraestrutura portuária
também foi explorada nesta pesquisa.
Por considerar essencial ouvir a opinião dos agentes marítimos - grandes
conhecedores da realidade do setor – foram realizadas entrevistas com 212 agentes
marítimos, de 15 estados do país, que avaliaram, dentre outros, a infraestrutura
portuária, a mão de obra, as operações e a ação das autoridades nos portos.
Entre as principais indicações da Pesquisa, foi constatado que os portos que
compõem o Sistema Portuário Nacional estão sobrecarregados e que a falta de
uniformização de procedimentos administrativos, observada na prática, afeta o
desempenho dos portos. Observou-se que a eiciência nas operações de carga e
descarga foi considerada maior nos terminais privativos, seguidos pelos privados.
216
08. CONCLUSÕES
A pesquisa apontou a necessidade de investimentos em retroporto e retroárea,
com a expansão desses espaços e a compra e manutenção de equipamentos.
Veriicou-se também que os gastos com mão de obra são os que apresentam maior
peso nos custos inais nos portos, especialmente com práticos, rebocadores e com
a mão de obra avulsa. Na avaliação da atuação das autoridades públicas nos portos,
a burocracia foi considerada a maior diiculdade enfrentada nas operações, o que
demonstra que os procedimentos precisam ser simpliicados. Em geral, notouse que as autoridades públicas têm seu desempenho e qualidade dos serviços
prestados avaliados positivamente. Já o nível de informação/informatização
e o tempo de resposta às solicitações tiveram avaliações entre regular, ruim e
péssimo. As autoridades precisam, portanto, reformular sua atuação de forma a
dar mais celeridade aos procedimentos administrativos, bem como aprimorar seus
processos e formas de comunicação.
Os principais entraves identiicados foram detalhados, de maneira a abordar as
possíveis soluções para esses gargalos. Entre esses problemas, podemos citar,
especialmente: as limitações de espaço nos terminais e nas retroáreas; os acessos
terrestres (rodoviários e ferroviários) insuicientes e de qualidade inadequada; o
elevado número de órgãos públicos que atuam nos portos de forma desconexa e,
também, a pesada carga tributária e a falta mão de obra qualiicada.
Além disso, é necessário que ocorram intervenções de caráter institucional e
estrutural, tais como: a redução dos procedimentos burocráticos nos portos, a
revisão da atuação de cada um dos órgãos envolvidos no processo, a extinção
das restrições quanto à realização de investimentos em novos terminais privativos
e a reestruturação institucional do sistema de gestão e exploração dos serviços
portuários. Somam-se a isso as alterações no marco regulatório e o estímulo
à utilização de sistemas de monitoramento do tipo VTMIS, que transmitem
informações digitais a respeito dos navios.
As soluções para os gargalos de infraestrutura portuária e de acesso requerem
elevados investimentos. Conforme apontado no Plano CNT de Transporte e Logística
2011, são necessárias intervenções prioritárias que abrangem a construção
e adequação de novos portos, de acessos terrestres e de área portuária, além
de obras de dragagem e derrocamento, com a inalidade de adequar portos
e terminais portuários e garantir uma maior integração com os demais modos
de transportes. Contudo, como foi explorado nesta pesquisa, dado o volume de
recursos historicamente destinados pelo governo, ainda é indispensável que se
intensiiquem os investimentos no setor.
Todas essas intervenções são essenciais para o aumento da competitividade do
transporte marítimo brasileiro, garantindo uma melhor exploração do potencial
desse modal, reduzindo custos e, desta forma, impulsionando a economia brasileira.
A Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012 torna-se, portanto, um atualizado
instrumento para subsidiar a tomada de decisão por parte do governo e demais
agentes públicos e privados, voltado ao desenvolvimento do transporte marítimo
no Brasil.
217
ANEXOS
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Anexo 1 – Lei n.º 8.630/93 e suas alterações
LEI Nº 8.630, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993.
Dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos
portos organizados e das instalações portuárias e
dá outras providências (Lei dos portos).
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte lei:
CAPÍTULO I
Da Exploração do Porto e das Operações Portuárias
Art. 1° Cabe à União explorar, diretamente ou mediante concessão, o porto organizado.
§ 1° Para os efeitos desta lei, consideram-se:
I - Porto Organizado: o construído e aparelhado para atender às necessidades da navegação, da
movimentação de passageiros ou da movimentação e armazenagem de mercadorias, concedido
ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de uma
autoridade portuária; (Redação dada pela Lei nº 11.314 de 2006)
II - Operação Portuária: a de movimentação de passageiros ou a de movimentação ou armazenagem
de mercadorias, destinados ou provenientes de transporte aquaviário, realizada no porto organizado
por operadores portuários; (Redação dada pela Lei nº 11.314 de 2006)
III - Operador portuário: a pessoa jurídica pré-qualiicada para a execução de operação portuária na
área do porto organizado;
IV - Área do porto organizado: a compreendida pelas instalações portuárias, quais sejam,
ancoradouros, docas, cais, pontes e piers de atracação e acostagem, terrenos, armazéns, ediicações
e vias de circulação interna, bem como pela infra-estrutura de proteção e acesso aquaviário ao porto
tais como guias-correntes, quebra-mares, eclusas, canais, bacias de evolução e áreas de fundeio que
devam ser mantidas pela Administração do Porto, referida na Seção II do Capítulo VI desta lei.
V - Instalação Portuária de Uso Privativo: a explorada por pessoa jurídica de direito público ou privado,
dentro ou fora da área do porto, utilizada na movimentação de passageiros ou na movimentação ou
armazenagem de mercadorias, destinados ou provenientes de transporte aquaviário. (Redação dada
pela Lei nº 11.314 de 2006)
VI - Estação de Transbordo de Cargas: a situada fora da área do porto, utilizada, exclusivamente, para
operação de transbordo de cargas, destinadas ou provenientes da navegação interior; (Incluído pela
Lei nº 11.518, de 2007)
VII - Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte: a destinada às operações portuárias de
movimentação de passageiros, de mercadorias ou ambas, destinados ou provenientes do transporte de
navegação interior. (Incluído pela Lei nº 11.518, de 2007)
§ 2° A concessão do porto organizado será sempre precedida de licitação realizada de acordo com
a lei que regulamenta o regime de concessão e permissão de serviços públicos.
Art. 2° A prestação de serviços por operadores portuários e a construção, total ou parcial,
conservação, reforma, ampliação, melhoramento e exploração de instalações portuárias, dentro dos
limites da área do porto organizado, serão realizadas nos termos desta lei.
220
ANEXOS
Art. 3° Exercem suas funções no porto organizado, de forma integrada e harmônica, a Administração
do Porto, denominada autoridade portuária, e as autoridades aduaneira, marítima, sanitária, de
saúde e de polícia marítima.
CAPÍTULO II
Das Instalações Portuárias
Art. 4° Fica assegurado ao interessado o direito de construir, reformar, ampliar, melhorar, arrendar e
explorar instalação portuária, dependendo:
I - de contrato de arrendamento, celebrado com a União no caso de exploração direta, ou com
sua concessionária, sempre através de licitação, quando localizada dentro dos limites da área do
porto organizado;
II - de autorização do órgão competente, quando se tratar de Instalação Portuária Pública de Pequeno
Porte, de Estação de Transbordo de Cargas ou de terminal de uso privativo, desde que fora da área
do porto organizado, ou quando o interessado for titular do domínio útil do terreno, mesmo que
situado dentro da área do porto organizado. (Redação dada pela Lei nº 11.518, de 2007)
§ 1° A celebração do contrato e a autorização a que se referem os incisos I e II deste artigo devem
ser precedidas de consulta à autoridade aduaneira e ao poder público municipal e de aprovação do
Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (Rima).
§ 2° A exploração da instalação portuária de que trata este artigo far-se-á sob uma das seguintes
modalidades:
I - uso público;
II - uso privativo:
a) exclusivo, para movimentação de carga própria;
b) misto, para movimentação de carga própria e de terceiros.
c) de turismo, para movimentação de passageiros. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
d) Estação de Transbordo de Cargas. (Incluído pela Lei nº 11.518, de 2007)
§ 3o A exploração de instalação portuária de uso público ica restrita à área do porto organizado ou
à área da Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte. (Redação dada pela Lei nº 11.518, de 2007)
§ 4° São cláusulas essenciais no contrato a que se refere o inciso I do caput deste artigo, as relativas:
I - ao objeto, à área de prestação do serviço e ao prazo;
II - ao modo, forma e condições da exploração do serviço, com a indicação, quando for o caso, de
padrões de qualidade e de metas e prazos para o seu aperfeiçoamento;
III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros deinidores da qualidade do serviço;
IV - ao valor do contrato, nele compreendida a remuneração pelo uso da infra-estrutura a ser utilizada
ou posta à disposição da referida instalação, inclusive a de proteção e acesso aquaviário;
V - à obrigação de execução das obras de construção, reforma, ampliação e melhoramento, com a
ixação dos respectivos cronogramas de execução físico e inanceiro;
VI - aos direitos e deveres dos usuários, com as obrigações correlatas do contratado e as sanções
respectivas;
221
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
VII - à reversão de bens aplicados no serviço;
VIII - aos direitos, garantias e obrigações do contratante e do contratado, inclusive, quando for o
caso, os relacionados com as previsíveis necessidades de futuras suplementações, alterações e
expansões do serviço e conseqüente modernização, aperfeiçoamento e ampliação das instalações;
IX - à forma de iscalização das instalações, dos equipamentos e dos métodos e práticas de execução
dos serviços;
X - às garantias para adequada execução do contrato;
XI - ao início, término e, se for o caso, às condições de prorrogação do contrato, que poderá ser feita
uma única vez, por prazo máximo igual ao originalmente contratado, desde que prevista no edital de
licitação e que o prazo total, incluído o da prorrogação, não exceda a cinqüenta anos;
XII - à responsabilidade do titular da instalação portuária pela inexecução ou deiciente execução dos serviços;
XIII - às hipóteses de extinção do contrato;
XIV - à obrigatoriedade de prestação de informações de interesse da Administração do Porto e das
demais autoridades no porto, inclusive as de interesse especíico da Defesa Nacional, para efeitos
de mobilização;
XV - à adoção e ao cumprimento das medidas necessárias à iscalização aduaneira de mercadorias,
veículos e pessoas;
XVI - ao acesso, pelas autoridades do porto, às instalações portuárias;
XVII - às penalidades contratuais e sua forma de aplicação;
XVIII - ao foro.
§ 5° O disposto no inciso VI do parágrafo anterior somente se aplica aos contratos para exploração
de instalação portuária de uso público.
§ 6° Os investimentos realizados pela arrendatária de instalação portuária localizada em terreno da
União localizado na área do porto organizado reverterão à União, observado o disposto na lei que
regulamenta o regime de concessão e permissão de serviços públicos.
§ 7o As autorizações de exploração de Instalações Portuárias Públicas de Pequeno Porte somente
serão concedidas aos Estados ou Municípios, os quais poderão, com prévia autorização do órgão
competente e mediante licitação, transferir a atividade para a iniciativa privada. (Incluído pela Lei
nº 11.518, de 2007)
Art. 5° O interessado na construção e exploração de instalação portuária dentro dos limites da área
do porto organizado deve requerer à Administração do Porto a abertura da respectiva licitação.
§ 1° Indeferido o requerimento a que se refere o caput deste artigo cabe recurso, no prazo de quinze
dias, ao Conselho de Autoridade Portuária de que trata a Seção I do Capítulo VI desta lei.
§ 2° Mantido o indeferimento cabe recurso, no prazo de quinze dias, ao ministério competente.
§ 3° Na hipótese de o requerimento ou recurso não ser decidido nos prazos de trinta dias e sessenta
dias, respectivamente, ica facultado ao interessado, a qualquer tempo, considerá-lo indeferido, para
ins de apresentação do recurso a que aludem os parágrafos anteriores.
Art. 6° Para os ins do disposto no inciso II do art. 4° desta lei, considera-se autorização a delegação,
por ato unilateral, feita pela União a pessoa jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho,
por sua conta e risco.
222
ANEXOS
§ 1° A autorização de que trata este artigo será formalizada mediante contrato de adesão, que
conterá as cláusulas a que se referem os incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIS, XV, XVI, XVII e
XVIII do § 4° do art. 4° desta lei.
§ 2° Os contratos para movimentação de cargas de terceiros reger-se-ão, exclusivamente, pelas
normas de direito privado, sem participação ou responsabilidade do poder público.
§ 3° As instalações de que trata o caput deste artigo icarão sujeitas à iscalização das autoridades
aduaneira, marítima, sanitária, de saúde e de polícia marítima.
Art. 7° (Vetado)
CAPÍTULO III
Do Operador Portuário
Art. 8° Cabe aos operadores portuários a realização das operações portuárias previstas nesta lei.
§ 1° É dispensável a intervenção de operadores portuários nas operações portuárias:
I - que, por seus métodos de manipulação, suas características de automação ou mecanização, não
requeiram a utilização de mão-de-obra ou possam ser executadas exclusivamente pela própria
tripulação das embarcações;
II - de embarcações empregadas:
a) na execução de obras de serviços públicos nas vias aquáticas do País, seja diretamente pelos
poderes públicos, seja por intermédio de concessionários ou empreiteiros;
b) no transporte de gêneros de pequena lavoura e da pesca, para abastecer mercados de âmbito
municipal;
c) na navegação interior e auxiliar;
d) no transporte de mercadorias líquidas a granel;
e) no transporte de mercadorias sólidas a granel, quando a carga ou descarga for feita por aparelhos
mecânicos automáticos, salvo quanto aos serviços de rechego, quando necessários;
III - relativas à movimentação de:
a) cargas em área sobre controle militar, quando realizadas por pessoal militar ou vinculado à
organização militar;
b) materiais pelos estaleiros de construção e reparação naval;
c) peças sobressalentes, material de bordo, mantimentos e abastecimento de embarcações;
IV - relativas ao abastecimento de aguada, combustíveis e lubriicantes à navegação.
§ 2° Caso o interessado entenda necessário a utilização de mão-de-obra complementar para
execução das operações referidas no parágrafo anterior deve requisitá-la ao órgão gestor de mãode-obra .
Art. 9° A pré-qualiicação do operador portuário será efetuada junto à Administração do Porto, na
forma de norma publicada pelo Conselho de Autoridade Portuária com exigências claras e objetivas.
§ 1° As normas de pré-qualiicação referidas no caput deste artigo devem obedecer aos princípios
da legalidade, moralidade e igualdade de oportunidade.
223
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
§ 2° A Administração do Porto terá trinta dias, contados do pedido do interessado, para decidir.
§ 3° Considera-se pré-qualiicada como operador a Administração do Porto.
Art. 10. A atividade de operador portuário obedece às normas do regulamento do porto.
Art. 11. O operador portuário responde perante:
I - a Administração do Porto, pelos danos culposamente causados à infra-estrutura, às instalações e
ao equipamento de que a mesma seja a titular ou que, sendo de propriedade de terceiro, se encontre
a seu serviço ou sob sua guarda;
II - o proprietário ou consignatário da mercadoria, pelas perdas e danos que ocorrerem durante as
operações que realizar ou em decorrência delas;
III - o armador, pelas avarias provocadas na embarcação ou na mercadoria dada a transporte;
IV - o trabalhador portuário, pela remuneração dos serviços prestados e respectivos encargos;
V - o órgão local de gestão de mão-de-obra do trabalho avulso, pelas contribuições não recolhidas;
VI - os órgãos competentes, pelo recolhimento dos tributos incidentes sobre o trabalho portuário avulso.
Art. 12. O operador portuário é responsável, perante a autoridade aduaneira, pelas mercadorias
sujeitas a controle aduaneiro, no período em que essas lhe estejam coniadas ou quando tenha
controle ou uso exclusivo de área do porto onde se acham depositadas ou devam transitar.
Art. 13. Quando as mercadorias a que se referem o inciso II do art. 11 e o artigo anterior desta lei estiverem
em área controlada pela Administração do Porto e após o seu recebimento, conforme deinido pelo
regulamento de exploração do porto, a responsabilidade cabe à Administração do Porto.
Art. 14. O disposto nos artigos anteriores não prejudica a aplicação das demais normas legais
referentes ao transporte marítimo, inclusive as decorrentes de convenções internacionais ratiicadas,
enquanto vincularem internacionalmente a República Federativa do Brasil.
Art. 15. O serviço de movimentação de carga a bordo da embarcação deve ser executado de acordo
com a instrução de seu comandante ou de seus prepostos, que serão responsáveis pela arrumação
ou retirada da carga no que se refere à segurança da embarcação, quer no porto, quer em viagem.
Art. 16. O operador portuário é titular e responsável pela direção e coordenação das operações
portuárias que efetuar.
Art. 17. Fica permitido às cooperativas formadas por trabalhadores portuários avulsos, registrados de
acordo com esta lei, se estabelecerem como operadores portuários para a exploração de instalações
portuárias, dentro ou fora dos limites da área do porto organizado.
CAPíTULO IV
Da Gestão de Mão-de-Obra do Trabalho Portuário Avulso
Art. 18. Os operadores portuários, devem constituir, em cada porto organizado, um órgão de gestão
de mão-de-obra do trabalho portuário, tendo como inalidade: (Vide Lei nº 9.719, de 1998)
I - administrar o fornecimento da mão-de-obra do trabalhador portuário e do trabalhador
portuário-avulso;
II - manter, com exclusividade, o cadastro do trabalhador portuário e o registro do trabalhador
portuário avulso;
224
ANEXOS
III - promover o treinamento e a habilitação proissional do trabalhador portuário, inscrevendo-o
no cadastro;
IV - selecionar e registrar o trabalhador portuário avulso;
V - estabelecer o número de vagas, a forma e a periodicidade para acesso ao registro do trabalhador
portuário avulso;
VI - expedir os documentos de identiicação do trabalhador portuário;
VII - arrecadar e repassar, aos respectivos beneiciários, os valores devidos pelos operadores
portuários, relativos à remuneração do trabalhador portuário avulso e aos correspondentes encargos
iscais, sociais e previdenciários.
Parágrafo único. No caso de vir a ser celebrado contrato, acordo, ou convenção coletiva de trabalho
entre trabalhadores e tomadores de serviços, este precederá o órgão gestor a que se refere o caput
deste artigo e dispensará a sua intervenção nas relações entre capital e trabalho no porto. (Vide Lei
nº 9.719, de 1998)
Art. 19. Compete ao órgão de gestão de mão-de-obra do trabalho portuário avulso: (Vide Lei nº 9.719,
de 1998)
I - aplicar, quando couber, normas disciplinares previstas em lei, contrato, convenção ou acordo
coletivo de trabalho, no caso de transgressão disciplinar, as seguintes penalidades:
a) repreensão verbal ou por escrito;
b) suspensão do registro pelo período de dez a trinta dias;
c) cancelamento do registro;
II - promover a formação proissional e o treinamento multifuncional do trabalhador portuário,
bem assim programas de realocação e de incentivo ao cancelamento do registro e de antecipação
de aposentadoria;
III - arrecadar e repassar, aos respectivos beneiciários, contribuições destinadas a incentivar o
cancelamento do registro e a aposentadoria voluntária;
IV - arrecadar as contribuições destinadas ao custeio do órgão;
V - zelar pelas normas de saúde, higiene e segurança no trabalho portuário avulso;
VI - submeter à Administração do Porto e ao respectivo Conselho de Autoridade Portuária propostas
que visem à melhoria da operação portuária e à valorização econômica do porto.
§ 1° O órgão não responde pelos prejuízos causados pelos trabalhadores portuários avulsos aos
tomadores dos seus serviços ou a terceiros.
§ 2º O órgão responde, solidariamente com os operadores portuários, pela remuneração devida ao
trabalhador portuário avulso .
§ 3º O órgão pode exigir dos operadores portuários, para atender a requisição de trabalhadores
portuários avulsos, prévia garantia dos respectivos pagamentos.
Art. 20. O exercício das atribuições previstas nos arts. 18 e 19 desta lei, pelo órgão de gestão de mãode-obra do trabalho portuário avulso, não implica vínculo empregatício com trabalhador portuário
avulso.(Vide Lei nº 9.719, de 1998)
Art. 21. O órgão de gestão de mão-de-obra pode ceder trabalhador portuário avulso em caráter
permanente, ao operador portuário. (Vide Lei nº 9.719, de 1998)
225
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Art. 22. A gestão da mão-de-obra do trabalho portuário avulso deve observar as normas do contrato,
convenção ou acordo coletivo de trabalho. (Vide Lei nº 9.719, de 1998)
Art. 23. Deve ser constituída, no âmbito do órgão de gestão de mão-de-obra, Comissão Paritária para
solucionar litígios decorrentes da aplicação das normas a que se referem os arts. 18, 19 e 21 desta lei.
§ 1° Em caso de impasse, as partes devem recorrer à arbitragem de ofertas inais.
§ 2° Firmado o compromisso arbitral, não será admitida a desistência de qualquer das partes.
§ 3° Os árbitros devem ser escolhidos de comum acordo entre as partes e o laudo arbitral proferido
para solução da pendência possui força normativa, independentemente de homologação judicial.
Art. 24. O órgão de gestão de mão-de-obra terá, obrigatoriamente, um Conselho de Supervisão e
uma Diretoria Executiva.
§ 1° O Conselho de Supervisão será composto por três membros titulares e respectivos suplentes,
sendo cada um dos seus membros e respectivos suplentes indicados por cada um dos blocos a que
se referem os incisos II a IV do art. 31 desta lei, e terá por competência:
I - deliberar sobre a matéria contida no inciso V do art. 18 desta lei;
II - baixar as normas a que se refere o art. 28 desta lei;
III - iscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis do organismo,
solicitar informações sobre quaisquer atos praticados pelos diretores ou seus prepostos.
§ 2° A Diretoria Executiva será composta por um ou mais diretores, designados e destituíveis, a
qualquer tempo, pelo bloco dos prestadores de serviços portuários a que se refere o inciso II do art.
31 desta lei, cujo prazo de gestão não será superior a três anos, permitida a redesignação.
§ 3° Os membros do Conselho de Supervisão, até o máximo de 1/3 (um terço), poderão ser designados
para cargos de diretores.
§ 4° No silêncio do estatuto ou contrato social, competirá a qualquer diretor a representação do organismo
e a prática dos atos necessários ao seu funcionamento regular.
Art. 25. O órgão de gestão de mão-de-obra é reputado de utilidade pública e não pode ter ins lucrativos,
sendo-lhe vedada a prestação de serviços a terceiros ou o exercício de qualquer atividade não vinculada
à gestão de mão-de-obra. (Vide Lei nº 9.719, de 1998)
CAPíTULO V
Do Trabalho Portuário
Art. 26. O trabalho portuário de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, bloco e
vigilância de embarcações, nos portos organizados, será realizado por trabalhadores portuários com
vínculo empregatício a prazo indeterminado e por trabalhadores portuários avulsos.
Parágrafo único. A contratação de trabalhadores portuários de estiva, conferência de carga, conserto
de carga e vigilância de embarcações com vínculo empregatício a prazo indeterminado será feita,
exclusivamente, dentre os trabalhadores portuários avulsos registrados.
Art. 27. O órgão de gestão de mão-de-obra: (Vide Lei nº 9.719, de 1998)
I - organizará e manterá cadastro de trabalhadores portuários habilitados ao desempenho das
atividades referidas no artigo anterior;
II - organizará e manterá o registro dos trabalhadores portuários avulsos.
226
ANEXOS
§ 1° A inscrição no cadastro do trabalhador portuário dependerá, exclusivamente, de prévia
habilitação proissional do trabalhador interessado, mediante treinamento realizado em entidade
indicada pelo órgão de gestão de mão-de-obra.
§ 2° O ingresso no registro do trabalhador portuário avulso depende de prévia seleção e respectiva
inscrição no cadastro de que trata o inciso I deste artigo, obedecidas a disponibilidade de vagas e a
ordem cronológica de inscrição no cadastro.
§ 3° A inscrição no cadastro e o registro do trabalhador portuário extingue-se por morte,
aposentadoria ou cancelamento.
Art. 28. A seleção e o registro do trabalhador portuário avulso serão feitos pelo órgão de gestão de
mão-de-obra avulsa, de acordo com as normas que forem estabelecidas em contrato, convenção ou
acordo coletivo de trabalho.
Art. 29. A remuneração, a deinição das funções, a composição dos termos e as demais condições do
trabalho avulso serão objeto de negociação entre as entidades representativas dos trabalhadores
portuários avulsos e dos operadores portuários. (Vide Lei nº 9.719, de 1998)
CAPíTULO VI
Da Administração do Porto Organizado
SEÇÃO I
Do Conselho de Autoridade Portuária
Art. 30. Será instituído, em cada porto organizado ou no âmbito de cada concessão, um Conselho de
Autoridade Portuária.
§ 1° Compete ao Conselho de Autoridade Portuária:
I - baixar o regulamento de exploração;
II - homologar o horário de funcionamento do porto;
III - opinar sobre a proposta de orçamento do porto;
IV - promover a racionalização e a otimização do uso das instalações portuárias;
V - fomentar a ação industrial e comercial do porto;
VI - zelar pelo cumprimento das normas de defesa da concorrência;
VII - desenvolver mecanismos para atração de cargas;
VIII - homologar os valores das tarifas portuárias;
IX - manifestar-se sobre os programas de obras, aquisições e melhoramentos da infra-estrutura
portuária;
X - aprovar o plano de desenvolvimento e zoneamento do porto;
XI - promover estudos objetivando compatibilizar o plano de desenvolvimento do porto com os
programas federais, estaduais e municipais de transporte em suas diversas modalidades;
XII - assegurar o cumprimento das normas de proteção ao meio ambiente;
227
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
XIII - estimular a competitividade;
XIV - indicar um membro da classe empresarial e outro da classe trabalhadora para compor o conselho
de administração ou órgão equivalente da concessionária do porto, se entidade sob controle estatal;
XV - baixar seu regimento interno;
XVI - pronunciar-se sobre outros assuntos de interesse do porto.
§ 2° Compete, ainda, ao Conselho de Autoridade Portuária estabelecer normas visando o aumento
da produtividade e a redução dos custos das operações portuárias, especialmente as de contêineres
e do sistema roll-on-roll-off.
§ 3° O representante dos trabalhadores a que se refere o inciso XIV do § 1° deste artigo será
indicado pelo respectivo sindicato de trabalhadores em capatazia com vínculo empregatício a prazo
indeterminado.
Art. 31. O Conselho de Autoridade Portuária será constituído pelos seguintes blocos de membros
titulares e respectivos suplentes:
I - bloco do poder público, sendo:
a) um representante do Governo Federal, que será o Presidente do Conselho;
b) um representante do Estado onde se localiza o porto;
c) um representante dos Municípios onde se localiza o porto ou os portos organizados abrangidos
pela concessão;
II - bloco dos operadores portuários, sendo:
a) um representante da Administração do Porto;
b) um representante dos armadores;
c) um representante dos titulares de instalações portuárias privadas localizadas dentro dos limites
da área do porto;
d) um representante dos demais operadores portuários;
III - bloco da classe dos trabalhadores portuários, sendo:
a) dois representantes dos trabalhadores portuários avulsos;
b) dois representantes dos demais trabalhadores portuários;
IV - bloco dos usuários dos serviços portuários e ains, sendo:
a) dois representantes dos exportadores e importadores de mercadorias;
b) dois representantes dos proprietários e consignatários de mercadorias;
c) um representante dos terminais retroportuários.
§ 1° Para os efeitos do disposto neste artigo, os membros do Conselho serão indicados:
I - pelo ministério competente, Governadores de Estado e Prefeitos Municipais, no caso do inciso I
do caput deste artigo;
228
ANEXOS
II - pelas entidades de classe das respectivas categorias proissionais e econômicas, nos casos dos
incisos II e III do caput deste artigo;
III - pela Associação de Comércio Exterior (AEB), no caso do inciso IV, alínea a do caput deste artigo;
IV - pelas associações comerciais locais, no caso do inciso IV, alínea b do caput deste artigo.
§ 2° Os membros do conselho serão designados pelo ministério competente para um mandato de
dois anos, podendo ser reconduzidos por igual ou iguais períodos.
§ 3° Os membros do conselho não serão remunerados, considerando-se de relevante interesse
público os serviços prestados.
§ 4° As deliberações do conselho serão tomadas de acordo com as seguintes regras:
I - cada bloco terá direito a um voto;
II - o presidente do conselho terá voto de qualidade.
§ 5° As deliberações do conselho serão baixadas em ato do seu presidente
Art. 32. Os Conselhos de Autoridade Portuária (CAPs) instituirão Centros de Treinamento Proissional
destinados à formação e aperfeiçoamento de pessoal para o desempenho de cargos e o exercício de
funções e ocupações peculiares às operações portuárias e suas atividades correlatas.
SEÇÃO II
Da Administração do Porto Organizado
Art. 33. A Administração do Porto é exercida diretamente pela União ou pela entidade concessionária
do porto organizado.
§ 1° Compete à Administração do Porto, dentro dos limites da área do porto:
I - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos do serviço e as cláusulas do contrato de concessão;
II - assegurar, ao comércio e à navegação, o gozo das vantagens decorrentes do melhoramento e
aparelhamento do porto;
III - pré-qualiicar os operadores portuários;
IV - ixar os valores e arrecadar a tarifa portuária;
V - prestar apoio técnico e administrativo ao Conselho de Autoridade Portuária e ao órgão de gestão
de mão-de-obra;
VI - iscalizar a execução ou executar as obras de construção, reforma, ampliação, melhoramento
e conservação das instalações portuárias, nelas compreendida a infra-estrutura de proteção e de
acesso aquaviário ao porto;
VII - iscalizar as operações portuárias, zelando para que os serviços se realizem com regularidade,
eiciência, segurança e respeito ao meio ambiente;
VIII - adotar as medidas solicitadas pelas demais autoridades no porto, no âmbito das respectivas
competências;
IX - organizar e regulamentar a guarda portuária, a im de prover a vigilância e segurança do porto;
229
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
X - promover a remoção de embarcações ou cascos de embarcações que possam prejudicar a
navegação das embarcações que acessam o porto;
XI - autorizar, previamente ouvidas as demais autoridades do porto, a entrada e a saída, inclusive
a atracação e desatracação, o fundeio e o tráfego de embarcação na área do porto, bem assim a
movimentação de carga da referida embarcação, ressalvada a intervenção da autoridade marítima
na movimentação considerada prioritária em situações de assistência e salvamento de embarcação;
XII - suspender operações portuárias que prejudiquem o bom funcionamento do porto, ressalvados
os aspectos de interesse da autoridade marítima responsável pela segurança do tráfego aquaviário;
XIII - lavrar autos de infração e instaurar processos administrativos, aplicando as penalidades
previstas em lei, ressalvados os aspectos legais de competência da União, de forma supletiva, para
os fatos que serão investigados e julgados conjuntamente;
XIV - desincumbir-se dos trabalhos e exercer outras atribuições que lhes forem cometidas pelo
Conselho de Autoridade Portuária;
XV - estabelecer o horário de funcionamento no porto, bem como as jornadas de trabalho no cais
de uso público.
§ 2° O disposto no inciso XI do parágrafo anterior não se aplica à embarcação militar que não esteja
praticando comércio.
§ 3° A autoridade marítima responsável pela segurança do tráfego pode intervir para assegurar ou
garantir aos navios da Marinha do Brasil a prioridade para atracação no porto.
§ 4° Para efeito do disposto no inciso XI deste artigo, as autoridades no porto devem criar mecanismo
permanente de coordenação e integração das respectivas funções, com a inalidade de agilizar a
iscalização e a liberação das pessoas, embarcações e mercadorias.
§ 5° Cabe à Administração do Porto, sob coordenação:
I - da autoridade marítima:
a) estabelecer, manter e operar o balizamento do canal de acesso e da bacia de evolução do porto;
b) delimitar as áreas de fundeadouro, de fundeio para carga e descarga, de inspeção sanitária e de
polícia marítima, bem assim as destinadas a plataformas e demais embarcações especiais, navios de
guerra e submarinos, navios em reparo ou aguardando atracação e navios com cargas inlamáveis
ou explosivas;
c) estabelecer e divulgar o calado máximo de operação dos navios, em função dos levantamentos
batimétricos efetuados sob sua responsabilidade;
d) estabelecer e divulgar o porte bruto máximo e as dimensões máximas dos navios que irão trafegar,
em função das limitações e características físicas do cais do porto;
II - da autoridade aduaneira:
a) delimitar a área de alfandegamento do porto;
b) organizar e sinalizar os luxos de mercadorias, veículos, unidades de cargas e de pessoas, na área
do porto.
Art. 34. É facultado o arrendamento, pela Administração do Porto, sempre através de licitação, de
terrenos e instalações portuárias localizadas dentro da área do porto, para utilização não afeta às
operações portuárias, desde que previamente consultada a administração aduaneira.
230
ANEXOS
SEÇÃO III
Da Administração Aduaneira nos Portos Organizados
Art. 35. A administração aduaneira, nos portos organizados, será exercida nos termos da
legislação especíica.
Parágrafo único. A entrada ou saída de mercadorias procedentes ou destinadas ao exterior, somente
poderá efetuar-se em portos ou terminais alfandegados.
Art. 36. Compete ao Ministério da Fazenda, por intermédio das repartições aduaneiras:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação que regula a entrada, a permanência e a saída de quaisquer
bens ou mercadorias do País;
II - iscalizar a entrada, a permanência, a movimentação e a saída de pessoas, veículos, unidades de
carga e mercadorias, sem prejuízo das atribuições das outras autoridades no porto;
III - exercer a vigilância aduaneira e promover a repressão ao contrabando, ao descaminho e ao
tráfego de drogas, sem prejuízo das atribuições de outros órgãos;
IV - arrecadar os tributos incidentes sobre o comércio exterior;
V - proceder ao despacho aduaneiro na importação e na exportação;
VI - (Revogado pela Lei nº 12.350, de 2010)
VII - proceder à apreensão de mercadoria em situação irregular, nos termos da legislação iscal aplicável;
VIII - autorizar a remoção de mercadorias da área do porto para outros locais, alfandegados ou não,
nos casos e na forma prevista na legislação aduaneira;
IX - administrar a aplicação, às mercadorias importadas ou a exportar, de regimes suspensivos,
exonerativos ou devolutivos de tributos;
X - assegurar, no plano aduaneiro, o cumprimento de tratados, acordos ou convenções internacionais;
XI - zelar pela observância da legislação aduaneira e pela defesa dos interesses fazendários nacionais.
§ 1° O alfandegamento de portos organizados, pátios, armazéns, terminais e outros locais destinados
à movimentação e armazenagem de mercadorias importadas ou destinadas à exportação, será
efetuado após o cumprimento dos requisitos previstos na legislação especíica.
§ 2° No exercício de suas atribuições, a autoridade aduaneira terá livre acesso a quaisquer
dependências do porto e às embarcações atracadas ou não, bem como aos locais onde se encontrem
mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas, podendo, quando julgar necessário,
requisitar papéis, livros e outros documentos, inclusive, quando necessário, o apoio de força pública
federal, estadual ou municipal.
CAPÍTULO VII
Das Infrações e Penalidades
Art. 37. Constitui infração toda a ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe:
I - na realização de operações portuárias com infringência ao disposto nesta lei ou com inobservância
dos regulamentos do porto;
231
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
II - na recusa, por parte do órgão de gestão de mão-de-obra, da distribuição de trabalhadores a
qualquer operador portuário, de forma não justiicada;
III - na utilização de terrenos, área, equipamentos e instalações localizadas na área do porto, com
desvio de inalidade ou com desrespeito à lei ou aos regulamentos.
§ 1° Os regulamentos do porto não poderão deinir infração ou cominar penalidade que não esteja
autorizada ou prevista em lei.
§ 2° Responde pela infração, conjunta ou isoladamente, qualquer pessoa física ou jurídica que,
intervindo na operação portuária, concorra para a sua prática ou dela se beneicie.
Art. 38. As infrações estão sujeitas às seguintes penas, aplicáveis separada ou cumulativamente, de
acordo com a gravidade da falta:
I - advertência;
II - multa, de 100 (cem) até 20.000 (vinte mil) Unidades Fiscais de Referência (Uir);
III - proibição de ingresso na área do porto por período de trinta a cento e oitenta dias;
IV - suspensão da atividade de operador portuário, pelo período de trinta a cento e oitenta dias;
V - cancelamento do credenciamento do operador portuário .
Art. 39. Compete à Administração do Porto:
I - determinar a pena ou as penas aplicáveis ao infrator ou a quem deva responder pela infração, nos
termos da lei;
II - ixar a quantidade da pena, respeitados os limites legais.
Art. 40. Apurando-se, no mesmo processo, a prática de duas ou mais infrações pela mesma pessoa
física ou jurídica, aplicam-se, cumulativamente, as penas a elas cominadas, se as infrações não forem
idênticas.
§ 1° Quando se tratar de infração continuada em relação à qual tenham sido lavrados diversos autos
ou representações, serão eles reunidos em um só processo, para imposição da pena.
§ 2° Considerar-se-ão continuadas as infrações quando se tratar de repetição de falta ainda não
apurada ou que seja objeto do processo, de cuja instauração o infrator não tenha conhecimento, por
meio de intimação.
Art. 41. Da decisão da Administração do Porto que aplicar a penalidade caberá recurso voluntário,
no prazo de trinta dias contados da intimação, para o Conselho de Autoridade Portuária,
independentemente de garantia de instância.
Art. 42. Na falta de pagamento de multa no prazo de trinta dias a partir da ciência, pelo infrator, da
decisão inal que impuser a penalidade, terá lugar o processo de execução.
Art. 43. As importâncias pecuniárias resultantes da aplicação das multas previstas nesta lei
reverterão para a Administração do Porto.
Art. 44. A aplicação das penalidades previstas nesta lei, e seu cumprimento, não prejudica, em caso
algum, a aplicação das penas cominadas para o mesmo fato pela legislação aplicável.
232
ANEXOS
CAPÍTULO VIII
Das Disposições Finais
Art. 45. O operador portuário não poderá locar ou tomar mão-de-obra sob o regime de trabalho
temporário (Lei n° 6.019, de 3 de janeiro de 1974).
Art. 46. (Vetado)
CAPÍTULO IX
Das Disposições Transitórias
Art. 47. É ixado o prazo de noventa dias contados da publicação desta lei para a constituição dos
órgãos locais de gestão de mão-de-obra do trabalho portuário avulso. (Vide Lei nº 9.719, de 1998)
Parágrafo único. Enquanto não forem constituídos os referidos órgãos, suas competências serão
exercidas pela respectiva Administração do Porto.
Art. 48. Os atuais contratos de exploração de terminais ou embarcadores de uso privativo deverão
ser adaptados, no prazo de até cento e oitenta dias, às disposições desta lei, assegurado aos titulares
o direito de opção por qualquer das formas de exploração previstas no inciso II do § 2° do art. 4°
desta lei.
Art. 49. Na falta de contrato, convenção ou acordo coletivo de trabalho, deverá ser criado o órgão
gestor a que se refere o art. 18 desta lei no nonagésimo dia a contar da publicação desta lei. (Vide
Lei nº 9.719, de 1998)
Art. 50. Fica o Poder Executivo autorizado a desmembrar as atuais concessões para exploração de
portos.
Art. 51. As administrações dos portos organizados devem adotar estruturas de tarifas adequadas
aos respectivos sistemas operacionais, em substituição ao modelo tarifário previsto no Decreto n°
24.508, de 29 de junho de 1934, e suas alterações.
Parágrafo único. As novas estruturas tarifárias deverão ser submetidas à apreciação dos respectivos
Conselhos de Autoridade Portuária, dentro do prazo de sessenta dias.
Art. 52. (Revogado pela Lei nº 9.309, de 2.10.1996)
Art. 53. O Poder Executivo promoverá, no prazo de cento e oitenta dias, a adaptação das atuais
concessões, permissões e autorizações às disposições desta lei.
Art. 54. É assegurada a inscrição no cadastro de que trata o inciso I do art. 27 desta lei aos atuais
integrantes de forças supletivas que, matriculados, credenciados ou registrados, complementam o
trabalho dos efetivos.
Art. 55. É assegurado o registro de que trata o inciso II do art. 27 desta lei aos atuais trabalhadores
portuários avulsos matriculados, até 31 de dezembro de 1990, na forma da lei, junto aos órgãos
competentes, desde que estejam comprovadamente exercendo a atividade em caráter efetivo desde
aquela data.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não abrange os trabalhadores portuários aposentados.
Art. 56. É facultado aos titulares de instalações portuárias de uso privativo a contratação de trabalhadores
a prazo indeterminado, observado o disposto no contrato, convenção ou acordo coletivo de trabalho das
respectivas categorias econômicas preponderantes. (Vide Lei nº 9.719, de 1998)
233
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Parágrafo único. Para os efeitos do disposto neste artigo, as atuais instalações portuárias de uso
privativo devem manter, em caráter permanente, a atual proporção entre trabalhadores com vínculo
empregatício e trabalhadores avulsos. (Vide Lei nº 9.719, de 1998)
Art. 57. No prazo de cinco anos contados a partir da publicação desta lei, a prestação de serviços por
trabalhadores portuários deve buscar, progressivamente, a multifuncionalidade do trabalho, visando
adequá-lo aos modernos processos de manipulação de cargas e aumentar a sua produtividade.
§ 1° Os contratos, as convenções e os acordos coletivos de trabalho deverão estabelecer os
processos de implantação progressiva da multifuncionalidade do trabalho portuário de que trata
o caput deste artigo.
§ 2° Para os efeitos do disposto neste artigo a multifuncionalidade deve abranger as atividades de
capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, vigilância de embarcações e bloco.
§ 3° Considera-se:
I - Capatazia: a atividade de movimentação de mercadorias nas instalações de uso público,
compreendendo o recebimento, conferência, transporte interno, abertura de volumes para a
conferência aduaneira, manipulação, arrumação e entrega, bem como o carregamento e descarga
de embarcações, quando efetuados por aparelhamento portuário;
II - Estiva: a atividade de movimentação de mercadorias nos conveses ou nos porões das embarcações
principais ou auxiliares, incluindo o transbordo, arrumação, peação e despeação, bem como o
carregamento e a descarga das mesmas, quando realizados com equipamentos de bordo;
III - Conferência de carga: a contagem de volumes, anotação de suas características, procedência ou
destino, veriicação do estado das mercadorias, assistência à pesagem, conferência do manifesto, e
demais serviços correlatos, nas operações de carregamento e descarga de embarcações;
IV - Conserto de carga: o reparo e restauração das embalagens de mercadorias, nas operações
de carregamento e descarga de embarcações, reembalagem, marcação, remarcação, carimbagem,
etiquetagem, abertura de volumes para vistoria e posterior recomposição;
V - Vigilância de embarcações: a atividade de iscalização da entrada e saída de pessoas a bordo das
embarcações atracadas ou fundeadas ao largo, bem como da movimentação de mercadorias nos
portalós, rampas, porões, conveses, plataformas e em outros locais da embarcação;
VI - Bloco: a atividade de limpeza e conservação de embarcações mercantes e de seus tanques,
incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparos de pequena monta e serviços correlatos .
Art. 58. Fica facultado aos trabalhadores avulsos, registrados em decorrência do disposto no art.
55 desta lei, requererem ao organismo local de gestão de mão-de-obra, no prazo de até 1 (um) ano
contado do início da vigência do adicional a que se refere o art. 61, o cancelamento do respectivo
registro proissional.
Parágrafo único. O Poder Executivo poderá antecipar o início do prazo estabelecido neste artigo.
Art. 59. É assegurada aos trabalhadores portuários avulsos que requeiram o cancelamento do
registro nos termos do artigo anterior:
I - indenização correspondente a Cr$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de cruzeiros), a ser paga de
acordo com as disponibilidades do fundo previsto no art. 64 desta lei;
II - o saque do saldo de suas contas vinculadas do FGTS, de que dispõe a Lei n° 8.036, de 11 de maio
de 1990.
§ 1° O valor da indenização de que trata o inciso I deste artigo será corrigido monetariamente,
a partir de julho de 1992, pela variação mensal do Índice de Reajuste do Salário Mínimo (IRSM),
234
ANEXOS
publicado pelo Instituto Brasileiro de Geograia e Estatística (IBGE).
§ 2° O cancelamento do registro somente surtirá efeito a partir do recebimento pelo trabalhador
portuário avulso, da indenização .
§ 3º A indenização de que trata este artigo é isenta de tributos da competência da União.
Art. 60. O trabalhador portuário avulso que tenha requerido o cancelamento do registro nos termos
do art. 58 desta lei para constituir sociedade comercial cujo objeto seja o exercício da atividade de
operador portuário, terá direito à complementação de sua indenização, no valor correspondente a Cr$
12.000.000,00 (doze milhões de cruzeiros), corrigidos na forma do disposto no § 1° do artigo anterior,
mediante prévia comprovação da subscrição de capital mínimo equivalente ao valor total a que faça jus.
Art. 61. É criado o Adicional de Indenização do Trabalhador Portuário Avulso (AITP) destinado a
atender aos encargos de indenização pelo cancelamento do registro do trabalhador portuário
avulso, nos termos desta lei.
Parágrafo único. O AITP terá vigência pelo período de 4 (quatro) anos, contados do início do exercício
inanceiro seguinte ao da publicação desta lei.
Art. 62. O AITP é um adicional ao custo das operações de carga e descarga realizadas com mercadorias
importadas ou exportadas, objeto do comércio na navegação de longo curso.
Art. 63. O adicional incide nas operações de embarque e desembarque de mercadorias importadas
ou exportadas por navegação de longo curso, à razão de 0,7 (sete décimos) de Uir por tonelada
de granel sólido, 1,0 (uma) de Uir por tonelada de granel líquido e 0,6 (seis décimos) de Uir por
tonelada de carga geral, solta ou unitizada.
Art. 64. São isentas do AITP as operações realizadas com mercadorias movimentadas no comércio
interno, objeto de transporte luvial, lacustre e de cabotagem.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considera-se transporte luvial, lacustre e de cabotagem
a ligação que tem origem e destino em porto brasileiro.
Art. 65. O AITP será recolhido pelos operadores, portuários responsáveis pela carga ou descarga das
mercadorias até dez dias após a entrada da embarcação no porto de carga ou descarga em agência do
Banco do Brasil S.A., na praça de localização do porto.
§ 1° Dentro do prazo previsto neste artigo, os operadores portuários deverão apresentar à Receita
Federal o comprovante do recolhimento do AITP.
§ 2° O atraso no recolhimento do AITP importará na inscrição do débito em Dívida Ativa, para efeito
de cobrança executiva, nos termos da legislação em vigor.
§ 3° Na cobrança executiva a dívida ica sujeita à correção monetária, juros de mora de 1% (um por
cento) ao mês e multa de 20% (vinte por cento) sobre a importância devida.
§ 4° Os órgãos da Receita Federal não darão seguimento a despachos de mercadorias importadas
ou exportadas, sem comprovação do pagamento do AITP.
Art. 66. O produto da arrecadação do AITP será recolhido ao fundo de que trata o art. 67 desta lei.
Art. 67. É criado o Fundo de Indenização do Trabalhador Portuário Avulso (FITP), de natureza contábil,
destinado a prover recursos para indenização do cancelamento do registro do trabalhador portuário
avulso, de que trata esta lei.
§ 1° São recursos do fundo:
235
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
I - o produto da arrecadação do AITP;
II - (Vetado);
III - o produto do retorno das suas aplicações inanceiras;
IV - a reversão dos saldos anuais não aplicados.
§ 2° Os recursos disponíveis do fundo poderão ser aplicados em títulos públicos federais ou em
outras operações aprovadas pelo Ministro da Fazenda.
§ 3° O fundo terá como gestor o Banco do Brasil S.A.
Art. 68. Para os efeitos previstos nesta lei, os órgãos locais de gestão de mão-de-obra informarão
ao gestor do fundo o nome e a qualiicação do beneiciário da indenização, bem assim a data do
requerimento a que se refere o art. 58 desta lei.
Art. 69. As administrações dos portos organizados estabelecerão planos de incentivo inanceiro para
o desligamento voluntário de seus empregados, visando o ajustamento de seus quadros às medidas
previstas nesta lei.
Art. 70. É assegurado aos atuais trabalhadores portuários em capatazia com vínculo empregatício
a prazo indeterminado a inscrição no registro a que se refere o inciso II do art. 27 desta lei, em
qualquer dos órgãos locais de gestão de mão-de-obra, a sua livre escolha, no caso de demissão sem
justa causa.
Art. 71. O registro de que trata o inciso II do caput do art. 27 desta lei abrange os atuais trabalhadores
integrantes dos sindicatos de operários avulsos em capatazia, bem como a atual categoria de
arrumadores.
Art. 72. (Vetado)
Art. 73. O BNDES, por intermédio do Finame, inanciará, com prioridade, os equipamentos portuários.
Art. 74. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 75. Ficam revogados, no prazo de cento e oitenta dias contado da publicação desta lei, os arts.
254 a 292 e o inciso VIII do art. 544 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto Lei n° 5.452, de 1° de maio de 1943.
Art. 76. Ficam revogados, também os Decretos n°s 24.324, de 1° de junho de 1934, 24.447, de 22 de
junho de 1934, 24.508, de 29 de junho de 1934, 24.511, de 29 de junho de 1934, e 24.599, de 6 de julho
de 1934; os Decretos -Leis n°s 6.460, de 2 de maio de 1944 e 8.439, de 24 de dezembro de 1945; as
Leis n°s 1.561, de 21 de fevereiro de 1952, 2.162, de 4 de janeiro de 1954, 2.191, de 5 de março de 1954
e 4.127, de 27 de agosto de 1962; os Decretos - Leis n°s 3, de 27 de janeiro de 1966, 5, de 4 de abril de
1966 e 83, de 26 de dezembro de 1966; a Lei n° 5.480, de 10 de agosto de 1968; os incisos VI e VII do
art. 1° do Decreto - Lei n° 1.143, de 30 de dezembro de 1970; as Leis n°s 6.222, de 10 de julho de 1975
e 6.914, de 27 de maio de 1981, bem como as demais disposições em contrário.
Brasília, 25 de fevereiro de 1993; 172° da Independência e 105º da República.
ITAMAR FRANCO
Alberto Goldman
Walter Barelli
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 26.2.1993
236
ANEXOS
Anexo 2 – Descrição das ações do PND
Descrição das ações do PND
Descrição
Situação Atual
Data de
Início da
Ação
Data de
Conclusão
da Ação
VALOR TOTAL
PAC* (R$)
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Luís Correia
- PI
Ações
Preparatórias
Iniciais
1º/7/2014
30/6/2015
28.000.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Fortaleza
- CE
Em execução
(95%)
29/9/2010
29/2/2012
66.700.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Areia Branca
- RN (Porto Ilha)
Ações
Preparatórias
Iniciais
5/10/2013
30/7/2014
70.000.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Natal - RN
Em execução
(98%)
1º/6/2010
30/3/2012
41.200.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Cabedelo
- PB
Em execução
(87%)
14/7/2010
30/3/2012
47.500.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto do Recife - PE
Concluído
17/3/2009
12/12/2009
31.100.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Suape - PE
(Tatuoca)
Concluído
5/1/2010
27/5/2011
105.300.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Suape - PE
(canal externo)
Em execução
(17%)
16/11/2011
15/12/2013
113.100.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Maceió - AL
Ações
Preparatórias
Iniciais
1o/2/2013
30/6/2013
25.000.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Salvador BA
Concluído
9/7/2010
20/11/2010
58.700.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Aratu - BA
Concluído
9/7/2010
20/11/2010
54.800.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Barra do
Riacho - ES
Ações
Preparatórias
Iniciais
4/11/2013
30/10/2015
78.000.000,00
Concluído
11/2/2010
30/8/2011
159.200.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Rio de
Janeiro - RJ (1ª fase)
237
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Descrição das ações do PND
Continuação
Situação Atual
Data de
Início da
Ação
Data de
Conclusão
da Ação
VALOR TOTAL
PAC* (R$)
Ações
Preparatórias
Iniciais
6/12/2012
15/12/2013
148.500.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Itaguaí - RJ
(2ª fase)
Concluído
30/7/2010
24/11/2010
139.600.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Itaguaí - RJ
(rota preferencial)
Ações
Preparatórias
Iniciais
3/10/2013
30/5/2014
77.000.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Itaguaí - RJ
(Ilha das Cabras)
Ações
Preparatórias
Iniciais
15/11/2012
15/12/2013
120.000.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Angra dos
Reis - RJ
Concluído
22/4/2010
1º/7/2010
5.000.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Santos - SP
(1ª fase)
Em execução
(95%)
21/2/2010
30/6/2012
191.000.000,00
Derrocamento no porto de Santos - SP
Em execução
(70%)
8/9/2011
30/6/2012
30.200.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Santos - SP
(2ª fase)
Ações
Preparatórias
Iniciais
1º/5/2014
15/3/2015
90.000.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Paranaguá
- PR
Ações
Preparatórias
Adiantadas
15/1/2013
15/9/2013
53.000.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de São
Francisco do Sul – SC
Concluído
15/7/2010
15/12/2011
115.100.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Itajaí - SC
Concluído
18/3/2011
9/12/2011
75.500.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto do Rio Grande RS (aprofundamento para 16 m)
Concluído
23/8/2009
20/7/2010
207.900.000,00
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto do Rio Grande RS (Canal Norte)
Ações
Preparatórias
Iniciais
2/4/2013
30/4/2014
Descrição
Dragagem e Adequação da
Navegabilidade no porto de Rio de
Janeiro - RJ (2ª fase)
TOTAL
Atualização: janeiro/2012.
* Valores incluem obra, apoio à iscalização e licenciamento ambiental.
238
110.000.000,00
2.455.200.000,00
ANEXOS
Anexo 3 – Execução do Orçamento Geral da União
Marítimo
Investimento federal anual (2002 a 2012) em transporte marítimo por tipo de obra realizada - Total Pago1 (R$ milhões)
Ano
Abertura e
aprofundamento
de canal
Administração
portuária
Construção e
implantação
de portos e
terminais
Obras de
infraestrutura
Total
2002
0,00
0,00
0,00
65,08
65,08
2003
0,00
0,00
0,00
0,07
0,07
2004
0,00
4,10
0,00
21,00
25,10
2005
6,00
0,00
2,45
41,48
49,93
2006
21,62
0,00
15,00
39,87
76,49
2007
30,00
0,00
30,87
34,14
95,01
2008
3,36
0,00
10,16
38,30
51,82
2009
118,72
0,00
82,36
160,69
361,78
2010
280,82
0,00
23,20
224,53
528,55
2011
507,89
0,00
26,91
18,34
553,14
2012
68,34
0,00
90,14
74,49
232,97
Total
1.036,76
4,10
281,08
717,99
2.039,94
Nota 1: Dados atualizados até 22/10/2012. O total pago é igual aos valores pagos no exercício acrescidos de restos a pagar pagos.
239
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Marítimo-Fluvial (portos mistos)1s)2
Investimento federal anual (2002 a 2012) em transporte marítimo-luvial por tipo de obra realizada Total Pago2 (R$ milhões)
Ano
Não classiicados3
Abertura e
aprofundamento de
canal
Administração
portuária
Construção e
implantação
de portos e
terminais
Obras de
infraestrutura
Total
2002
0,00
22,56
5,50
0,00
17,13
45,19
2003
0,00
0,23
0,04
0,00
0,02
0,29
2004
0,00
1,16
0,00
0,00
29,62
30,77
2005
0,00
7,96
3,25
8,02
27,92
47,15
2006
0,00
2,72
0,00
2,38
27,95
33,04
2007
0,00
106,49
0,00
4,81
29,25
140,55
2008
3,47
10,59
0,00
1,25
239,16
254,47
2009
43,11
67,16
0,00
3,56
128,71
242,54
2010
15,82
136,75
0,00
0,00
57,54
210,11
2011
1,42
0,68
0,00
1,00
11,12
14,22
2012
8,00
31,25
0,00
0,00
0,00
39,25
Total
71,83
387,53
8,79
21,02
568,41
1.057,57
Nota 1: A classe marítimo-luvial se refere a alguns portos que atendem tanto ao transporte marítimo (navegação de longo curso e cabotagem) quanto
ao luvial (navegação interior). Para esses portos, é impossível de separar o tipo de investimento conforme o tipo de navegação. Foram considerados os
seguintes portos-mistos: Belém (PA), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Rio Grande (RS), Santana ou Macapá (AP), Santarém (PA) e Vila do Conde (PA).
Nota 2: Dados atualizados até 22/10/2012. O total pago é igual aos valores pagos no exercício acrescidos de restos a pagar pagos.
Nota 3: Os investimentos “Não Classiicados” não são detalhados na base de dados da câmara dos deputados sobre a execução do orçamento.
240
ANEXOS
Anexo 4 – Formulário de Pesquisa - Agentes Marítimos
241
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
242
ANEXOS
243
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
244
ANEXOS
245
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
246
ANEXOS
247
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
248
GLOSSÁRIO
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
252
TERMO
SIGNIFICADO
ACOSTAGEM
Ato de acostar, aproximar, arrimar, encostar, pôr junto de um navio.
AFRETAMENTO
Contratação de um navio em aluguel.
AFRMM - ADICIONAL AO FRETE
PARA RENOVAÇÃO DA MARINHA
MERCANTE
É uma contribuição para o apoio ao desenvolvimento da Marinha Mercante
e da indústria de construção e reparação naval brasileiras. Sua base
jurídica é o Decreto-Lei n.º 2.404/87, posteriormente alterada pela Lei n.º
10.893/10 e pela Lei n.º 12.599/12, sendo um tributo destinado a atender a
intervenção do Estado no desenvolvimento da Marinha Mercante nacional.
AGENTE MARÍTIMO
Os agentes marítimos são empresas que atuam na condição de
mandatários dos armadores (proprietários ou afretadores de navios).
Executam múltiplas tarefas objetivando a obtenção das anuências
necessárias junto às autoridades competentes para atracar, operar e
desatracar as embarcações em todos os portos nacionais, além de atender
às necessidades dos navios e sua tripulação. É de responsabilidade deles
a angariação de cargas, tanto de exportação quanto de importação
para os navios por eles atendidos. Os agentes marítimos possuem forte
interação com os terminais marítimos, exportadores, importadores e
transportadores dos modos rodoviários e ferroviários, auxiliando no
desembaraço e na movimentação das mercadorias que possuam destino
ou origem nos portos brasileiros.
AITP - ADICIONAL
DE INDENIZAÇÃO DO
TRABALHADOR PORTUÁRIO
AVULSO
Adicional criado pela Lei n.º 8.630/93 e destinado a atender aos encargos
de indenização pelo cancelamento do registro do trabalhador portuário
avulso. Incidia sobre o custo das operações de carga e descarga realizadas
com mercadorias importadas ou exportadas, objeto do comércio na
navegação de longo curso, sendo recolhido até 31 de dezembro de 1997
pelos operadores portuários.
ALFÂNDEGA
Repartição federal instalada nos portos de entrada no país, onde se
depositam mercadorias importadas e se examinam as bagagens de
passageiros que estão em trânsito para o exterior ou chegam ao país.
ANCORADOURO
Local especíico do cais, molhe ou ponte-cais, onde um navio pode ancorar
ou ser amarrado.
ANTAQ - AGÊNCIA NACIONAL DE
TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS
Criada pela Lei n.º 10.233/01, é uma autarquia de regime especial vinculada
ao Ministério dos Transportes. Constituem a esfera de atuação da Antaq
a navegação luvial, lacustre, de travessia, de apoio marítimo, de apoio
portuário, de cabotagem e de longo curso; além dos portos organizados,
dos terminais portuários privativos e do transporte aquaviário de cargas
especiais e perigosas.
GLOSSÁRIO
TERMO
SIGNIFICADO
ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL
DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Criada pela Lei n.º 9.782/99, é uma autarquia de regime especial vinculada
ao Ministério da Saúde. A inalidade institucional da Anvisa é promover
a proteção da saúde da população por intermédio do controle sanitário
da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à
vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos
e das tecnologias a eles relacionados. Além disso, a agência exerce
o controle de portos, aeroportos e fronteiras e a interlocução com o
Ministério das Relações Exteriores e instituições estrangeiras para tratar
de assuntos internacionais na área de vigilância sanitária.
APO - ADMINISTRAÇÃO DO
PORTO ORGANIZADO
É exercida diretamente pela União ou pela entidade concessionária
do porto organizado. De acordo com a Lei n.º 8.630/93, compete à
Administração do Porto, dentro dos limites da área do porto, entre outros:
pré-qualiicar os operadores portuários; ixar os valores e arrecadar a
tarifa portuária; iscalizar a execução ou executar as obras de construção,
reforma, ampliação, melhoramento e conservação das instalações
portuárias, e estabelecer o horário de funcionamento no porto, bem como
as jornadas de trabalho no cais de uso público.
ARMADOR
Pessoa física ou jurídica responsável pela equipagem do navio, podendo
ser ou não proprietário do navio, objetivando sua exploração comercial.
ARMAZÉM
Área destinada à guarda de mercadorias. Espaço onde os materiais/
produtos são recebidos, classiicados, estocados e expedidos.
ATRACAÇÃO
Operação de ixação do navio ao cais.
BALDEAÇÃO
Termo que pode ser usado para designar o ato de passar mercadorias de
um navio para outro navio ou o ato de passar bagagens ou passageiros de
um veículo para outro.
BERÇO DE ATRACAÇÃO
Espaço destinado em um porto no qual o navio pode atracar para realizar
embarque e desembarque de cargas, além de operações de apoio.
BOBINA OU ROLO
Apresentação de formato cilíndrico, geralmente usada para ios de
diversas qualidades, cordas vegetais, plásticos, chapas metálicas e,
eventualmente, tubos. É preciso não confundir com o carretel, que é
provido de langes – discos laterais e núcleo.
BOOKING
Reserva de praça ou espaço num navio.
CÁBREA
Equipamento usado em portos para levantar grandes cargas pesadas ou
materiais em obras. Esse equipamento também pode ser montado em uma
estrutura lutuante.
CAIS
Plataforma em parte da margem de um rio ou porto de mar em que
atracam os navios e se faz o embarque ou desembarque de pessoas ou
mercadorias.
253
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
254
TERMO
SIGNIFICADO
CALADO
Profundidade de um navio abaixo da linha de água, medida na vertical
até a parte mais baixa do casco, hélices, outros pontos de referência.
Tecnicamente é a distância da lâmina de água até a quilha do navio.
CANAL DE ACESSO
É o que permite o tráfego das embarcações desde a barra (local que
demarca a entrada do porto e a partir de onde se torna necessária uma
adequada condição de sinalização) até as instalações de acostagem e
vice-versa.
CAP - CONSELHO DE
AUTORIDADE PORTUÁRIA
O Conselho de Autoridade Portuária - CAP é um órgão que atua como
fórum consultivo, de regulamentação e supervisão quanto às atividades e
serviços realizados no porto, mas não tem personalidade jurídica, sendo
formado por quatro blocos: Poder Público, operadores portuários, classe
dos trabalhadores portuários e usuários dos serviços portuários e ains.
CAPATAZIA
Atividade de movimentação de mercadorias nas instalações portuárias,
compreendendo o recebimento, a conferência, o transporte interno,
a abertura de volumes para conferência aduaneira, a manipulação, a
arrumação e a entrega, bem como o carregamento e a descarga de
embarcações, quando efetuados por aparelhamento portuário.
CARGA CONTEINERIZADA
Carga geral acondicionada em contêineres intermodais.
CARGA GERAL
Toda mercadoria de uma maneira geral embalada, mas que pode vir sem
embalagem (solta) num determinado estágio industrial, necessitando de
arrumação (estivagem) para ser transportada num navio, refrigerado ou
não. Como exemplo de mercadoria com embalagem (packed), citamos
amarrado/atado (wirebound), bobina/rolo (bobbin), caixote aramado
(wirebound box). Como exemplos de mercadoria que não necessita de
embalagem, citam-se animais vivos, chapas de ferro, madeira ou aço,
pedras em bloco, pneus soltos, veículos, tubos de ferro.
CARGA GERAL FRACIONADA
Carga que se apresenta avulsa, acondicionada em embalagens (ou não).
CLAMSHELL
Equipamento dotado de duas ou mais garras que funciona com o auxílio
do guindaste e destinado ao carregamento e descarregamento de granéis
sólidos das embarcações. Suas garras se fecham automaticamente ou
semiautomaticamente quando pegam a porção de granéis.
CONSIGNATÁRIO
Interessado na importação da mercadoria.
CONTÊINER
Acessório de embalagem, caracterizando-se por ser um contentor,
grande caixa ou recipiente metálico no qual uma mercadoria é colocada
(estufada ou ovada), após o que o mesmo é fechado sob lacre (lacrado)
e transportado no porão e/ou convés de um navio para ser aberto
(desovado) no porto ou local de destino. Possui variações, como o
contêiner frigoríico, de teto aberto, tanque, entre outros.
CORREIA TRANSPORTADORA
Equipamento eletromecânico, dotado de esteira móvel, utilizado para
movimentar granéis sólidos.
GLOSSÁRIO
TERMO
SIGNIFICADO
DEMURRAGE
É uma multa por retenção do navio no porto além do prazo estabelecido
para embarque e desembarque, visto que, excedido esse prazo, o armador
estaria perdendo dinheiro a partir do frete combinado. Também é
denominado de sobrestadia.
DERROCAGEM
Consiste em um processo de retirada ou destruição de pedras ou rochas
submersas que impedem a plena navegação. Obras de derrocagem
readequam o canal de acesso e a bacia de evolução do local.
DESPATCH
É um prêmio pago pelo armador ao embarcador pela eiciência no
embarque e desembarque e por liberar o navio antes.
DESPEAÇÃO
Ato de soltar as cargas a bordo do navio ou em contêiner em que foi feita
uma peação, utilizando-se materiais diversos.
DOCA
Parte de um porto de mar ladeada de muros ou cais, onde as embarcações
tomam ou deixam carga.
DRAGA
Embarcação para a manutenção da profundidade ou desobstrução dos
canais, facilitando a aproximação ao porto e aos cais de acostagem.
DRAGAGEM
Serviço de escavação nos canais de acesso e áreas de atracação dos
portos para manutenção ou aumento da profundidade.
EBN - EMPRESA BRASILEIRA
DE NAVEGAÇÃO
Pessoa jurídica constituída segundo as leis brasileiras, com sede no Brasil,
que tenha por objeto o transporte aquaviário, autorizada a operar pela
Antaq.
ECLUSAS
Repartimento em rio ou canal, com portas em cada extremidade, usado
para elevar ou descer embarcações de um nível de água a outro, a im de
facilitar-lhe ou mesmo possibilitar-lhe o acesso a determinados lugares.
EMBARCADOR
Interessado na exportação da mercadoria. Designação conferida para
aquele que entrega uma mercadoria para embarque (não necessariamente
o exportador) ou que aparece no conhecimento de embarque como tal.
EMPILHADEIRA
Veículo empregado nas dependências portuárias para execução dos
serviços de transportes, empilhamento e desempilhamento de cargas.
Trata-se de um equipamento mecânico, versátil, utilizado basicamente
para a movimentação horizontal de cargas, inclusive para seu
armazenamento. Pode ser dotado de garfo para a movimentação de
cargas paletizadas ou similares, bem como para a movimentação de
tambores e barris.
EMPURRADOR
Pequena embarcação de grande robustez e alta potência. Dispõe de uma
proa de forma e construção especiais, destinado a empurrar uma barcaça
ou um conjunto de barcaças que formam um comboio.
EQUIPAGEM
Entende-se por equipagem a tripulação do navio.
255
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
256
TERMO
SIGNIFICADO
ESPIAS
Termo utilizado para designar cabos de amarração ou atracação". As
espias compõem o conjunto de cabos que possuem a função de amarrar
ou atracar a embarcação à terra irme (cais, por exemplo) ou a outra
embarcação, sendo que essa operação normalmente é realizada por
navios especializados no manuseio de espias.
ESTIVA
Expressão utilizada no transporte marítimo que signiica o ato, a maneira
ou o processo de se colocar e arrumar a carga a bordo.
ESTUFAGEM
Procedimento de carregar, de encher o contêiner com carga.
FERRYBOAT
Também conhecido como balsa, designa uma embarcação utilizada em
rios e canais para o transporte de veículos e pessoas.
FLUTUANTE
Plataforma lutuante, sem propulsão própria e sem equipamentos e
compartimentagem que lhe concebam inalidade especíica. Pode ser
empregado nos mais variados serviços que necessitam de uma base de
apoio lutuante ou para impedir o contato direto do casco de um navio
com o de outro navio ou cais onde se acha atracado.
FOB - FREE ON BOARD
A sigla FOB designa Free On Board ou preço sem frete incluso (posto a bordo).
Nessa modalidade, o remetente da mercadoria (exportador) é responsável
pelos custos de transporte e seguro da carga somente até que essa seja
embarcada no navio. O comprador (importador) torna-se responsável pelo
pagamento do transporte e do seguro a partir desse ponto.
FRETAMENTO
Contrato segundo o qual o fretador cede a embarcação a um terceiro
(afretador). Poderá ser por viagem (Voyage Charter Party - VCP), por
tempo (Time Charter Party - TCP) ou visando uma partida de mercadoria
envolvendo vários navios (Contract Of Afreightment - COA). O fretamento
a casco nu envolve não só a cessão dos espaços de carga do navio,
mas, também, a própria armação do navio em que o cessionário será o
empregador da tripulação.
FRETE
Representa a quantia em dinheiro a ser paga pelo transporte de produtos,
adiantado ou mediante entrega.
FUNDEAR
Chama-se fundear ou ancorar a manobra de lançar uma âncora ao fundo
para manter o navio seguro por meio de sua amarra, ou, então, surgir num
porto ou baía.
GEMPO - GRUPO EXECUTIVO
PARA MODERNIZAÇÃO DOS
PORTOS
Grupo criado pelo Decreto n.º 1.467/95 com a inalidade de coordenar as
providências necessárias à modernização do Sistema Portuário Brasileiro,
em especial a efetivação plena das disposições estabelecidas pela Lei n.º
8.630/93.
GLOSSÁRIO
TERMO
SIGNIFICADO
GMDSS - GLOBAL MARITIME
DISTRESS AND SAFETY SYSTEM
É um sistema global internacional que usa tecnologias terrestre e de
satélite, além de rádios instalados a bordo dos navios que asseguram
o alerta rápido e automático das estações terrestres e das autoridades
responsáveis pela busca e salvamento. No caso de uma emergência
marítima, alerta também os navios que naveguem nas proximidades.
GRANEL
Carga quase sempre homogênea, não embalada, carregada diretamente
nos porões dos navios. Ela é subdividida em granel sólido e granel líquido.
GRANEL LÍQUIDO
Todo líquido transportado diretamente nos porões do navio ou em
contêineres do tipo tanque, sem embalagem e em grandes quantidades,
movimentado por dutos por meio de bombas. Ex.: álcool, gasolina, suco de
laranja, melaço etc.
GRANEL SÓLIDO
Todo sólido fragmentado ou grão vegetal transportado diretamente
nos porões do navio, sem embalagem e em grandes quantidades,
movimentado por transportadores automáticos, tipo pneumático ou
de arraste e similares, ou aparelhos mecânicos, tais como eletroímã ou
caçamba automática. Ex.: carvão, sal, trigo em grão, minério de ferro etc.
HANDLING
Manuseio ou movimentação.
IBAMA - INSTITUTO BRASILEIRO
DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS
RENOVÁVEIS
Criada pela Lei n.º 7.735/89, é uma autarquia de regime especial vinculada
ao Ministério do Meio Ambiente. É o órgão federal executor de políticas
públicas de iscalização, licenciamento, monitoramento e qualidade
ambiental. Sendo, portanto, a instituição governamental que controla o
uso dos recursos naturais no Brasil.
IMO - INTERNATIONAL
MARITIME ORGANIZATION
Organização Marítima Internacional, com sede em Londres, no Reino Unido.
INCOTERMS - INTERNATIONAL
COMMERCIAL TERMS
São regras básicas, padronizadas, criadas pela International Chamber
of Commerce - ICC (Câmara de Comércio Internacional - CCI), órgão
mundialmente reconhecido como encarregado de orientar os negócios
internacionais, bem como dirimir e resolver eventuais conlitos,
controvérsias e litígios, oriundos dos vários contratos de venda
celebrados internacionalmente. Baseiam-se nas práticas comerciais mais
correntes das diversas nações do mundo e nos princípios gerais do direito
internacional – público e privado.
INSTALAÇÃO PORTUÁRIA
É qualquer benfeitoria ou equipamento administrado dentro do
porto. Poderá designar todo um complexo de instalações ou um único
equipamento. Já terminal signiica “ponta”, “im”, isto é, o ponto de
entrada ou de escoamento de um complexo industrial.
INSUMO
Todo bem ou serviço utilizado na produção de um outro bem ou serviço.
Inclui cada um dos elementos (matérias-primas, bens intermediários, uso
de equipamentos, capital, horas de trabalho etc) necessários para produzir
mercadorias ou serviços.
257
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
258
TERMO
SIGNIFICADO
ISPS CODE
ISPS é o Código Internacional para a Proteção de Navios e Instalações
Portuárias (Código ISPS). Conjunto abrangente de medidas deinidas pela
Organização Marítima Internacional - IMO cujo objetivo é aumentar a
segurança de navios e instalações portuárias, realizando uma avaliação
dos riscos para cada caso especíico. A implementação do código é
obrigatória para os países membros da IMO, como o Brasil.
JANELA DE ATRACAÇÃO
É o espaço de tempo disponível no terminal marítimo para que os navios
façam atração, carga e descarga e desatracação.
MARINA
Cais ou doca à beira-mar provido de instalações para guarda e
manutenção de embarcações de lazer e esporte náutico.
MOLHE
Projeção das partes laterais das docas ou portos e rios em que os navios
podem acostar para carga ou descarga.
NAVEGAÇÃO DE APOIO
MARÍTIMO
Realizada para o apoio logístico a embarcações e instalações em águas
territoriais nacionais e na Zona Econômica Exclusiva que atuem nas
atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos.
NAVEGAÇÃO DE APOIO
PORTUÁRIO
Realizada exclusivamente nos portos e terminais aquaviários para
atendimento a embarcações e instalações portuárias.
NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM
Realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via
marítima ou esta e as vias navegáveis interiores.
NAVEGAÇÃO DE LONGO CURSO
Realizada entre portos brasileiros e estrangeiros.
NAVEGAÇÃO INTERIOR
Realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou internacional.
NAVIOS CISTERNA
Embarcação de grande porte destinada ao transporte marítimo de
substâncias químicas, normalmente no estado líquido, como o petróleo.
Esses navios têm depósitos separados para evitar qualquer tipo de
contaminação.
NAVIOS DE CARGA GERAL
Navios que transportam vários tipos de carga – sacarias, caixas, veículos
encaixotados ou sobre rodas, bobinas de papel de imprensa, vergalhões,
barris, barricas etc. Têm aberturas retangulares no convés principal
e aberturas chamadas escotilhas, por onde a carga é embarcada para
ser arrumada nas cobertas e porões. A carga é içada ou arriada pelo
equipamento do navio ou pelos guindastes do porto.
NAVIOS DE PASSAGEIROS
Navios com a inalidade única de transportar pessoas e suas bagagens,
em geral para viagens de cruzeiros turísticos. Possuem uma estrutura
voltada ao lazer, como restaurantes de luxo, cassinos, bares, cinema, áreas
para festas, lojas, piscina, salão de jogos e ginástica etc.
NAVIOS GASEIROS
Navios destinados ao transporte de gases liquefeitos. Caracterizam-se
por apresentarem acima do convés principal tanques típicos de formato
arredondado.
GLOSSÁRIO
TERMO
SIGNIFICADO
NAVIOS GRANELEIROS
Os navios graneleiros são destinados ao transporte de grandes
quantidades de carga solta, ou seja, a granel: milho, trigo, soja, minério
de ferro etc. Se caracterizam por um longo convés principal onde o único
destaque são os porões. Eles não têm guindastes. A carga é embarcada
pelas esteiras transportadoras.
NAVIOS ORE-OIL
Navios de carga combinada, ou seja, transportam minério e petróleo.
NAVIOS PESQUISA
Embarcação dotada de equipamentos especíicos para coleta de dados e
desenvolvimento de pesquisas cientíicas.
NAVIOS PORTA-CONTÊINER
Navios semelhantes aos de carga geral, mas normalmente não possuem
além de um ou dois mastros simples sem paus de carga. As escotilhas de
carga abrangem praticamente toda a área do convés e são providas de
guias para encaixar os contêineres nos porões. Alguns desses navios têm
guindastes especiais.
NAVIOS P.C.C. - PURE CARCARRIER
Navios especializados no transporte de veículos.
NAVIOS RO-RO - ROLL-ON/
ROLL-OFF
Navios em que a carga entra e sai dos porões e cobertas sobre rodas
(automóveis, ônibus, caminhões) ou sobre veículos (geralmente carretas,
trailers, estrados volantes etc.). Existem vários tipos de Ro-ro, como portacarros, porta-carretas etc. (P.C.C.), todos se caracterizando pela grande
altura da lateral (costado) e pela rampa na parte de ré ou no costado.
NAVIOS TANQUE
Navios destinados ao transporte de petróleo bruto e produtos reinados
(álcool, gasolina, diesel, querosene etc.). As cabines icam na parte de
trás (popa) e quase sempre têm uma ponte no meio do navio que vai até
a frente (proa). É uma precaução de segurança do pessoal, pois os navios
tanques carregados icam com uma pequena borda fora da água, fazendo
com que o convés seja “lavado” com frequência pelas ondas.
OGMO - ÓRGÃO GESTOR DE
MÃO DE OBRA DO TRABALHO
PORTUÁRIO AVULSO
Entidade sem im lucrativo, presente nos portos organizados, responsável
por administrar a escala de trabalho e regular a mão de obra portuária.
Também promove o treinamento multifuncional, a habilitação proissional
e a seleção dos trabalhadores.
OPERAÇÃO PORTUÁRIA
Movimentação e/ou armazenagem de mercadorias destinadas ou
provenientes de transporte aquaviário, realizada no porto organizado por
operador portuário.
OPERADOR PORTUÁRIO
Entidade que se credencia no porto para atender os navios e requisitar os
Trabalhadores Portuários Avulsos - TPAs. Pessoa jurídica pré-qualiicada
para a execução da operação portuária na área do porto organizado. O
operador portuário é responsável, perante a autoridade aduaneira, pelas
mercadorias sujeitas ao controle aduaneiro, no período em que essas lhe
estejam coniadas ou quando tenha controle ou uso exclusivo de área do
porto onde se acham depositadas ou devam transitar.
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Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
260
TERMO
SIGNIFICADO
PÁ CARREGADEIRA
Equipamento mecânico utilizado na área portuária, destinado a
carregar caminhões ou vagões com granéis sólidos e empurrar ou
rechegar porções.
PAC - PROGRAMA DE
ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO
O Programa de Aceleração do Crescimento foi criado em 2007, com o
objetivo de organizar o planejamento e a execução de grandes obras de
infraestrutura social, urbana, logística e energética do Brasil, contando
com a participação da iniciativa privada. Foi dividido em duas fases,
sendo a primeira executada entre os anos de 2007 a 2010, e a segunda
entre 2010 até 2014.
PEAÇÃO
Fixação da carga nos porões ou conveses da embarcação, visando evitar
sua avaria pelo balanço do mar.
PGO - PLANO GERAL DE
OUTORGAS
O Plano Geral de Outorgas foi lançado em 2009, elaborado pela Antaq,
em parceria com o Centro de Excelência em Engenharia de Transportes
- Centran, com o objetivo de identiicar áreas com potencial para a
instalação de novos portos públicos e ampliação dos portos já existentes.
PÍER
Espécie de infraestrutura portuária que se projeta dentro do mar e
oferece atracação para os navios em suas laterais.
PND - PROGRAMA NACIONAL
DE DRAGAGEM PORTUÁRIA E
HIDROVIÁRIA
O Programa Nacional de Dragagem Portuária e Hidroviária foi criado
pela Lei nº 11.610/07 e implantado pela Secretaria Especial de Portos da
Presidência da República e pelo Ministério dos Transportes, por intermédio
do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT. O
programa abrangeu as obras e os serviços de engenharia de dragagem
do leito das vias aquaviárias, compreendendo a remoção do material
sedimentar submerso e a escavação ou o derrocamento do leito, com
vistas à manutenção da profundidade dos portos em operação ou na sua
ampliação.
PNLP - PLANO NACIONAL DE
LOGÍSTICA PORTUÁRIA
Plano elaborado pela Secretaria Especial de Portos - SEP, em parceria
com a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, que apresentará
um diagnóstico atual do setor portuário, elaborará prognósticos para
avaliação de cenários e apresentará o conjunto de propostas de ações
em médio e longo prazos para subsidiar tomadas de decisões do governo.
Tem previsão de lançamento para o segundo semestre de 2012.
PNLT - PLANO NACIONAL DE
LOGÍSTICA E TRANSPORTES
Plano elaborado pelo Ministério dos Transportes - MT em cooperação com
o Ministério da Defesa - MD. Tem como objetivo formalizar e perenizar
instrumentos de análise, sob a ótica logística, para dar suporte ao
planejamento de intervenções públicas e privadas na infraestrutura e
na organização dos transportes, de modo que o setor possa contribuir
para a consecução das metas econômicas, sociais e ecológicas do país,
em horizontes em médio e longo prazos, rumo ao desenvolvimento
sustentado.
GLOSSÁRIO
TERMO
SIGNIFICADO
PORTALINO
Descarregador de navio. Equipamento portuário provido de um sistema
combinado de sucção e correias transportadoras, destinado à descarga de
carga a granel dos porões dos navios.
PORTÊINER
Equipamento automático para movimentação de contêineres.
PÓRTICO
Equipamento destinado à utilização para arrumação de contêineres no
pátio de estocagem. O seu deslocamento é realizado por meio de trilhos
ou sobre pneus.
PORTO ORGANIZADO
Porto construído e aparelhado para atender às necessidades da
navegação e da movimentação e armazenagem de mercadorias,
concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias
estejam sob a jurisdição de uma autoridade portuária. As funções
no porto organizado são exercidas, de forma integrada e harmônica,
pela administração do porto, denominada autoridade portuária, e
as autoridades aduaneira, marítima, sanitária, de saúde e de polícia
marítima.
PRÁTICO
Proissional responsável pela condução em segurança da embarcação por
meio do canal de acesso até o cais.
PROHAGE - PROGRAMA
DE HARMONIZAÇÃO DAS
ATIVIDADES DOS AGENTES DE
AUTORIDADE NOS PORTOS
Programa instituído pela Portaria Interministerial nº 11/97, com o propósito
de tornar mais ágeis as atividades de despacho de embarcações, cargas,
tripulantes e passageiros e reduzir os custos portuários.
PSP - PORTO SEM PAPEL
Programa instituído pela Secretaria Especial de Portos - SEP para
desburocratizar a atividade portuária. Tem como objetivo uniicar as
informações dos principais agentes envolvidos na atividade portuária
em uma única plataforma. O software foi desenvolvido pelo Serviço
Federal de Processamento de Dados - Serpro, vinculado ao Ministério da
Fazenda, e começou a ser implantado no ano de 2010, no porto de Santos.
Atualmente, 26 portos já fazem uso desse sistema. A previsão da SEP é
implantar o sistema em 32 portos marítimos brasileiros até maio de 2013.
QUEBRA-MARES
Construção que recebe e rechaça o ímpeto das ondas ou das correntes,
defendendo as embarcações que se recolhem num porto, baía ou outro
ponto da costa. O quebra-mar se diferencia do molhe por não possuir
ligação com a terra, enquanto que o molhe sempre parte de um ponto em
terra.
REACH STACKER
Espécie de empilhadeira para contêineres de grande alcance, utilizada nos
pátios e armazéns portuários.
REBOCADOR
Embarcação de assistência e reboque a navios maiores em operações de
acostagem/desacostagem. Pode ainda efetuar operações de reboque em
diferentes circunstâncias (como navios sem propulsão própria).
261
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
262
TERMO
SIGNIFICADO
RECUPERADORA
Equipamento de grande porte, utilizado para captação de granéis sólidos.
Normalmente apresentam grandes rodas com caçambas acopladas.
REMOÇÃO
Designa a transferência de carga entre porões ou conveses.
REPORTO
Regime Tributário para Incentivo à Modernização e Ampliação da
Estrutura Portuária, instituído pela Lei n.º 11.033/04. Trata-se de uma das
medidas adotada pelo governo federal para estimular a realização de
investimentos na recuperação, modernização e ampliação dos portos
brasileiros.
RETROÁREA
Espaço operacional de um porto a ré do cais de atracação, sendo
usualmente alfandegada e contendo pátios e armazéns.
RETROPORTO
Área geralmente instalada em terrenos próximos a um porto de mar
aberto ou luvial. Nesse setor, são colocados os contêineres usados para
carga e descarga de produtos que serão comercializados naquele país
ou região. A administração do setor é feita por particulares e há grande
movimentação de máquinas e estivadores.
SEP - SECRETARIA ESPECIAL
DE PORTOS
A Secretaria de Portos da Presidência da República - SEP/PR foi criada por
meio da Medida Provisória n.° 369/07. No mesmo ano, foi sancionada a
Lei n.º 11.518 que consolidou o funcionamento da SEP/PR e o novo modelo
de gestão do setor portuário com a revogação das leis, decretos-leis
e dispositivos legais diversos. A formulação de políticas e diretrizes
para o fomento do setor está entre as atribuições e competências da
secretaria, além da execução de medidas, programas e projetos de apoio
ao desenvolvimento da infraestrutura portuária, com investimentos
orçamentários e do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC.
Compete ainda à SEP/PR a participação no planejamento estratégico e a
aprovação dos planos de outorgas, tudo visando assegurar segurança e
eiciência ao transporte aquaviário de cargas e de passageiros no país.
SISCOMEX - SISTEMA
INTEGRADO DE COMÉRCIO
EXTERIOR
O Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex, instituído pelo
Decreto n.º 660/92, é um sistema informatizado responsável por integrar
as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações
de comércio exterior por meio de um luxo único e automatizado de
informações. O Siscomex permite acompanhar tempestivamente a saída
e o ingresso de mercadorias no país, uma vez que os órgãos de governo
intervenientes no comércio exterior podem, em diversos níveis de acesso,
controlar e interferir no processamento de operações para uma melhor
gestão de processos. Por intermédio do próprio sistema, o exportador
(ou o importador) trocam informações com os órgãos responsáveis pela
autorização e iscalização.
SPREADER
Termo utilizado para designar qualquer dispositivo de elevação, usado
normalmente para reposição de contêineres e carga unitizada.
SUGADOR
Equipamento mecânico utilizado na movimentação de granéis sólidos,
dotado de sucção pneumática.
GLOSSÁRIO
TERMO
SIGNIFICADO
TANCAGEM
Armazenamento de líquidos em tanques. Pode ser usado também para
deinir a capacidade de armazenamento de tanques.
TERMINAL RETROPORTUÁRIO
Terminal situado em zona contígua à do porto organizado ou da instalação
portuária.
TEU - TWENTY-FOOT
EQUIVALENT UNIT
Contêiner de 20 pés; unidade equivalente de 20 pés (medida de
padronização da contagem de contêineres: por exemplo, um contêiner de
40 pés equivale a dois TEUs).
TOMADOR DE MÃO DE OBRA
Aquele que utiliza força de trabalho portuária realizada com vínculo
empregatício a prazo indeterminado ou avulso.
TRAINEIRA
Embarcação de pesca destinada a utilização de redes (trainas) como
instrumento para capturar peixes.
TRANSBORDO
Movimentação de mercadorias entre duas embarcações.
TRANSTÊINER
Equipamento em forma de pórtico rolante em estrutura de portais,
montado sobre um veículo apoiado em rodas férreas ou sobre pneus. É
utilizado na movimentação e no armazenamento de contêineres.
TUP - TERMINAL DE USO
PRIVATIVO
São terminais cuja exploração das atividades portuárias ocorre sob
o regime privado. Trata-se de uma instalação, não integrante do
patrimônio do porto público, construída ou a ser construída por empresa
privada ou entidade pública, para a movimentação ou movimentação e
armazenagem, além da carga própria, de carga de terceiros, destinadas ou
provenientes de transporte aquaviário.
UNITIZAÇÃO
É o ato de juntar as mercadorias em lotes padrões, facilitando seu
manuseio e transporte multimodal e agilizando a movimentação. São
exemplos de unitização: a paletização – acondicionamento da carga em
pallets (estrados de madeira) e a conteinerização (acondicionamento em
contêineres).
VIGIAGRO
É o sistema de Vigilância Agropecuária do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento que visa impedir a entrada e a disseminação
de doenças e pragas que representam ameaça à agropecuária nacional,
garantindo a sanidade e a qualidade dos produtos agropecuários,
assegurando um perfeito sistema de controle no trânsito internacional
desses produtos, salvaguardando os interesses da saúde pública. Esse
sistema opera nos portos, aeroportos e postos de fronteiras.
VTMIS
Sistema de monitoramento Vessel Trafic Management Information System
- VTMIS dotado de radares, boias e câmeras que transmitem informações
digitais a respeito dos navios. Coleta informações dos navios e faz o
registro das condições climáticas da região onde o porto se localiza para
fornecer dados que auxiliem as embarcações no acesso e na atracação.
ZEE - ZONA ECONÔMICA
EXCLUSIVA
A Zona Econômica Exclusiva brasileira compreende uma faixa que se
estende de 12 a 200 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base
que servem para medir a largura do mar territorial.
263
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012
Referências bibliográicas
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