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Espírito Samba SongBook - Autor: Eduardo Lucas

2017, Espírito Samba

Este songbook nasce de um sonho, o sonho de difundir as manifestações musicais do meu estado. Eu venho refletindo constantemente sobre as questões relacionadas à cultura do Espírito Santo, e um dos pontos que me deixam curioso é o fato de termos, em formato de partitura, tão poucos registros da nossa música. Antes do advento do fonógrafo, a maneira mais viável de se registrar uma música era mediante a partitura, e é graças a esse registro que temos contato com obras dos séculos passados. Na minha infância tive um contato muito estreito com o samba, minha família tinha uma casa de shows tradicional na região da Grande São Pedro, intitulada Sonho Doce. Lá aconteciam shows de forró, funk e samba. Minhas primeiras lições musicais foram nesse ambiente, ouvindo, dançando, nutrindo-me daquelas belas melodias. O tempo passou, e eu hoje não tenho dúvida de que essa vivência musical na infância foi pre- ponderante para que eu escolhesse fazer música pelo resto da minha vida. O Carnaval é uma das maiores festas do mundo, mobilizando todos os anos milhões de pessoas, que ao embalo do samba festejam e se alegram. Realmente é uma festa magnífica. No início da pesquisa não tinha noção da riqueza do Carnaval, principalmente das composições. Um fato que me chama atenção é que esses compositores são pessoas que, na grande maioria das vezes, exercem profissões diversas, mas fazem belíssimas composições imbuídos de uma inspiração e de um talento extraordinários, criando lin- das melodias e poemas. Existe quem não dê a dimensão devida a esse fenômeno. Mas em conversa com os presidentes e com alguns membros das escolas, pude constatar o amor e a paixão que todos eles têm pelo samba. Tomo a liberdade para comparar sua dedicação a um ritual para o qual as pessoas se preparam com o que têm de melhor, comungando dos mesmos valores, celebrando a vida. Mesmo com todas as dificuldades, todos os anos, mesmo após dias cansativos de trabalho, lá estão eles, inteiramente devotados ao sam- ba. Vários foram os momentos em que me emocionei. A música ocidental detém um sistema notacional bastante eficaz, em que frequências, dinâmicas, intensidades, tempos são codificados e decodificados. O sistema é aceito universalmente, tornando mais fácil a propagação. Transcrever a nossa música para esse sistema é facilitar o acesso. O Espírito Samba reúne as 14 agremiações do samba capixaba com o intuito de fornecer um songbook, um livro de partituras, contendo um samba mais representativo de cada escola. Agora qualquer pessoa com conhecimentos do sistema notacionalda música poderá tocá-los. Esse trabalho é inédito, e pretende ser um mais do que merecido tributo ao povo capixaba. Além das partituras, o livro apresenta um resumo de histórico de cada uma das escolas, bem como as partituras, que estão no formato leadsheet, ou seja, na partitura constam a melodia, os acordes e a letra. Um dos primeiros nomes a se debruçar sobre o Carnaval capixaba e o samba foi Hermógenes Lima Fonseca, folclorista e primeiro presidente da UBES (União das Batu- cadas e Escolas de Samba). Homenageamos esse artista com a inserção de um de seus textos que conta a história do Carnaval capixaba, um texto riquíssimo de informações. Um jovem jornalista, Lucas Monteiro é autor do livro Carnaval Capixaba: histórias, honras e glórias, referência indispensável para quem deseja conhecer a história do nosso Carnaval. O autor atendeu ao nosso convite e escreveu um texto exclusivo para este songbook.

SONGBOOK Eduardo Lucas SONGBOOK Eduardo Lucas edu.trumpet@gmail.com EQUIPE Coordenação Editorial – Eduardo Lucas Pesquisadora – Joelma Consuelo Assessoria de Imprensa – Gilberto Medeiros Pesquisador – Anclebio Junior Transcrição dos Sambas – Edu Martins Fotografia – Ricardo Galvão Projeto Gráfico e Capa – Paulo Prot Assistente de Editoração – Matheus Ottoni Revisão Textual – Pedro J. Nunes Revisão da Melodia – Márcio Neiva Revisão Musical – Eduardo Lucas e Edu Martins O Espírito Samba reúne as 14 agremiações do samba capixaba com o intuito de fornecer um songbook, um livro de partituras, contendo um samba mais representativo de cada escola. Agora qualquer pessoa com conhecimentos do sistema notacional da música poderá tocá-los. Esse trabalho é inédito, e pretende ser um mais do que merecido tributo ao povo capixaba. Além das partituras, o livro apresenta um resumo de histórico de cada uma das escolas, bem como as partituras, que estão no formato leadsheet, ou seja, na partitura constam a melodia, os acordes e a letra. FICHA CATALOGRÁFICA L933e Espírito Samba: songbook. / Eduardo Lucas. –Vitória: TNB, 2017. 108 p. il. ISBN 978-85-93199-01-1 1. Samba 2.Notação e Interpretação 3.Guia I.Título. CDD. 781.630981 Dedicatória Dedico esta obra a todos os amantes do samba. Também dedico aos meus familiares: Meu pai José da Silva Minha mãe Marlene Lucas Meus irmãos Rafael Lucas e Laisa Maria Lucas Minha noiva Jaqueline Vieira, que pacientemente me apoiou no processo de confecção desse projeto Aos meus sobrinhos, que tornam a minha vida mais divertida! 7 AGRADECIMENTOS Este songbook só foi possível porque tive o apoio de muitos amigos, que não posso deixar de mencionar: Márcio Roberto, Didilson, Emerson Xumbrega, Edson Neto, Vanildo Silva, Guilherme Monteiro, Robertinho da MUG, Edvaldo da Padaria, Angelo Borgo, Nizete Marques (Nega), Alessandro Souza, Alex Santos, Reginaldo, Vinicius Caran, presidentes das agremiações que aceitaram participar deste projeto. Agradeço pelo apoio da LIESES (Liga Espírito-Santense das Escolas de Samba), na pessoa do seu presidente Rogério Sarmento, que se inclinou para o projeto. A Prefeitura Municipal de Vitória que por meio da sua lei de incentivo Rubem Braga tornou este projeto possível. A minha excelente equipe, que desempenhou com maestria as atividades para a concretização do projeto, Joelma Consuelo, Gilberto Medeiros, Anclebio Junior, Edu Martins, Ricardo Galvão, Paulo Prot, Matheus Ottoni, Pedro J. Nunes e Márcio Neiva. Léo de Paula, que carinhosamente aceitou meu convite para prefaciar. Aos meus amigos Paulo Pelissari, Roberto Tibiriçá, José Roberto Santos Neves, Juca Magalhães, Dicesar, Jace Theodoro, que de bom grado aceitaram o convite de tecerem comentários sobre o songbook. Armando Chafik foi o anjo da guarda do projeto, cedeu todo o seu acervo fonográfico dos sambas de enredo além dos brasões de cada escola. Ao escritor Lucas Monteiro, que elaborou e cedeu um texto para o songbook. A Hermógenes Fonseca (in memoriam), que nos presenteou com uma pesquisa séria sobre o samba. A Milene Mello, coordenadora de responsabilidade social do instituto UNIMED. Aos talentosos compositores que deixaram um legado de composições maravilhosas: Felipe Vianna, João Vitor, Claudio Ferreira, Zinho Furão, João Carlos, Big Roger’s, Julio Negada, Bid, Douglas Jacaré, Emerson Xumbrega, Neguinho da Beija-Flor, Dominguinhos do Estácio, Darcy do Nascimento, Lorival das Neves, Lauro, Zé Kuruba, Leko, Renilson Rodrigues, Willian Ribeiro, Edmar Barbosa, Mário do Pega, Adilson Nascimento, Jorge Candotti, Francisco Velasco, Lorival das Neves, Marquinho Gente Bamba, Attilio Juffo, Adiel Carteiro Poeta, Flávio Manoel e Vaca Preta. Fechando, gostaria de agradecer especialmente a todos os que fazem do Carnaval essa festa memorável e do samba o seu hino. 8 “Quem não gosta de Samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé.” (Dorival Caymmi) 9 Biografia Eduardo Lucas da Silva nasceu em 1988, na capital Vitória. Iniciou seus estudos musicais no projeto social Banda Júnior da Polícia Militar do Espírito Santo, cursou música na Faculdade de Música do Espírito Santo “Maurício de Oliveira” (FAMES), no curso Bacharelado em Música com habilitação em trompete. É aluno do mestrado Profissional em música da UFRJ (PROMUS), sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Maria José Chevitarese. Foi responsável por diversas editorações de livros, a saber: Oficina de choro da FAMES apresenta: Edu Martins – Edu Martins, Trompa sem mistérios – Ricardo Lepre, A rítmica do Brasil – Eric Carvalho, Acordes na guitarra – Fábio Calazans, Jaceguay Lins: personalidade e obra – Paula Galama, Radamés Gnattali: fantasia brasileira em dois pianos – Cláudia Marques, Bandolim: notação e interpretação – Fernando Duarte, Songboook Maurício de Oliveira: Clássico e popular – Benedito Geraldo Miglio Pinto, tendo também editorado a obra orquestral Lacrimabilis do compositor Jaceguey Lins. Participou de diversos festivais de música, como: Festival Internacional de Domingos Martins, Semana da Música de Ouro Branco – MG, Seminário de Regência do Conservatório de Tatuí - SP, Festival de Música de Sarzedo - MG, Seminário Performa – RS e IV Seminário de Pesquisa em Arte da UNIMONTES – MG. Como trompetista atuou em vários grupos no Espírito Santo: Banda Júnior da Polícia Militar do Espírito Santo, Banda Sinfônica da FAMES, Orquestra Sinfônica da FAMES, Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (OSES), Coral Arcellor Mittal, Orquestra Pop&Jazz do IFES, FAMES Jazz Band, Quinteto FAMES de Metais, Banda Kalifa, Orquestra Pop Jovem da FAMES, Orquestra Jovem Vale Música, Orquestra do show de 25 anos da banda Clube Big Beatles e também da Big Band formada para o show da cantora Bibi Ferreira em Vitória. Em paralelo à atividade editorial, desenvolve um trabalho como maestro da Banda Sinfônica Vale Música e da Jazz Band Vale Música, grupos que vêm se destacando no cenário musical capixaba, com concertos que abrangem a música de concerto e a música popular. Em 2015 esses grupos fizeram um concerto de trilha sonora de filmes no teatro Universitário da UFES com uma homenagem ao Maestro Antônio Paulo Júnior (Toninho). Em 2016, ano de centenário do Samba, no primeiro semestre organizaram um concerto em tributo ao centenário do samba com a participação de um regional de samba, da bateria da Escola de Samba Novo Império e participação especial do jornalista e cronista Jace Theodoro, no segundo semestre continuaram a homenagem ao samba, com a participação especial da Banda Kalifa no teatro SESC Glória. 10 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS 8 BIOGRAFIA 10 PREFÁCIO 13 APRESENTAÇÃO 15 VIVA O SAMBA! 17 UM ENREDO, UM SAMBA, UM DESFILE 18 COMO TUDO COMEÇOU 20 AGREMIAÇÕES Andaraí 29 Unidos de Barreiros 35 Independentes de Boa Vista 40 Chegou o que faltava 45 Imperatriz do Forte 50 Independentes de São Torquato 56 Mocidade Unida da Glória (MUG) 61 Novo Império 66 Pega no Samba 71 Rosas de Ouro 75 Tradição Serrana 80 Unidos da Piedade 87 Unidos de Jucutuquara 94 Chega Mais 99 11 12 PREFÁCIO Antes de mais nada, é uma grande satisfação receber esta incumbência do querido Eduardo Lucas. Convivemos durante um significativo período da graduação na Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES) e compartilhamos vivências profissionais há certo tempo, seja tocando ou lecionando. Desde o princípio, sabia que este projeto estava em boas mãos, haja vista o respeito, cuidado e critério que meu camarada tem com sua arte e demais trabalhos que realiza. Este livro é bastante especial por várias razões. Meu despertar para a música se deu pelo Carnaval, os sambas-enredo tiveram um papel fundamental neste processo. Desde as iniciais batucadas no Rio de janeiro até os dias atuais (lá se vão mais de 15 anos), sambas de enredo permanecem como trilha indispensável. Entretanto, o buraco é mais embaixo. Para muito além das minhas recordações, os sambas-enredo constituem um gênero épico absolutamente brasileiro. Preservam histórias, exaltam personagens, criticam, provocam, brincam, embalam sonhos e, sobretudo, emocionam. Representam, muito bem, parte da identidade da música deste país tão plural. É um gênero preservado e difundido na tradição oral. Espírito Samba vem para engrossar o caldo e eternizar importantes obras que representam uma digna face da cultura capixaba. Afinal, com estas partituras, músicos interessados passam a ter acesso a parte do repertório, da mesma forma que acessam obras centenárias, mundo afora. Poderão tocar Bach, Beethoven, Tom Jobim e sambas que embalaram folias capixabas. Tal iniciativa é pioneira e possibilita um rompimento de fronteiras, realmente, promissor. O Carnaval capixaba tem apresentado um crescimento expressivo nos últimos anos. Intérpretes, carnavalescos, ritmistas e outros segmentos se superam a cada desfile. Os investimentos e a geração de renda, também, crescem. Espírito Samba é parte deste momento expansivo. São necessárias publicações que contribuam com a preservação do reinado do Momo na terra da moqueca e da panela de barro. Na hora da apuração, uma certeza podemos ter: Espírito Samba... nota 10! Léo de Paula Percussionista, educador musical, produtor e comentarista carnavalesco 13 O samba e o Carnaval sempre precisaram de Quixotes, heróis com alguma dose de loucura pra transformar sonhos, antes impossíveis, em realidade. O maestro Eduardo Lucas é um desses que empunham as armas da arte, as que não causam danos, mas conferem sabores e perfumes aos sonhos. Ao escrever este songbook com as partituras de grandes sambas-enredo do Carnaval capixaba, ele literalmente imprime a história do nosso samba, dá-lhe vida e o coloca em outro patamar. Como cronista atento ao samba e Carnaval, só me resta tirar toda a minha coleção de trinta chapéus pra este trabalho e pro maestro Eduardo Lucas, com quem trabalhei e tenho imenso apreço pelo seu talento, pela sua postura artística e, mais que tudo, pelo belo exemplar de ser humano que ele é. Senhoras e senhores, eu tiro com vigor o meu chapéu pra este songbook!!! Jace Theodoro Jornalista e cronista ESPÍRITO SAMBA APRESENTAÇÃO Este songbook nasce de um sonho, o sonho de difundir as manifestações musicais do meu estado. Eu venho refletindo constantemente sobre as questões relacionadas à cultura do Espírito Santo, e um dos pontos que me deixam curioso é o fato de termos, em formato de partitura, tão poucos registros da nossa música. Antes do advento do fonógrafo, a maneira mais viável de se registrar uma música era mediante a partitura, e é graças a esse registro que temos contato com obras dos séculos passados. Na minha infância tive um contato muito estreito com o samba, minha família tinha uma casa de shows tradicional na região da Grande São Pedro, intitulada Sonho Doce. Lá aconteciam shows de forró, funk e samba. Minhas primeiras lições musicais foram nesse ambiente, ouvindo, dançando, nutrindo-me daquelas belas melodias. O tempo passou, e eu hoje não tenho dúvida de que essa vivência musical na infância foi preponderante para que eu escolhesse fazer música pelo resto da minha vida. O Carnaval é uma das maiores festas do mundo, mobilizando todos os anos milhões de pessoas, que ao embalo do samba festejam e se alegram. Realmente é uma festa magnífica. No início da pesquisa não tinha noção da riqueza do Carnaval, principalmente das composições. Um fato que me chama atenção é que esses compositores são pessoas que, na grande maioria das vezes, exercem profissões diversas, mas fazem belíssimas composições imbuídos de uma inspiração e de um talento extraordinários, criando lindas melodias e poemas. Existe quem não dê a dimensão devida a esse fenômeno. Mas em conversa com os presidentes e com alguns membros das escolas, pude constatar o amor e a paixão que todos eles têm pelo samba. Tomo a liberdade para comparar sua dedicação a um ritual para o qual as pessoas se preparam com o que têm de melhor, comungando dos mesmos valores, celebrando a vida. Mesmo com todas as dificuldades, todos os anos, mesmo após dias cansativos de trabalho, lá estão eles, inteiramente devotados ao samba. Vários foram os momentos em que me emocionei. A música ocidental detém um sistema notacional bastante eficaz, em que frequências, dinâmicas, intensidades, tempos são codificados e decodificados. O sistema é aceito universalmente, tornando mais fácil a propagação. Transcrever a nossa música para esse sistema é facilitar o acesso. O Espírito Samba reúne as 14 agremiações do samba capixaba com o intuito de fornecer um songbook, um livro de partituras, contendo um samba mais representativo de cada escola. Agora qualquer pessoa com conhecimentos do sistema notacional 15 SONGBOOK da música poderá tocá-los. Esse trabalho é inédito, e pretende ser um mais do que merecido tributo ao povo capixaba. Além das partituras, o livro apresenta um resumo de histórico de cada uma das escolas, bem como as partituras, que estão no formato leadsheet, ou seja, na partitura constam a melodia, os acordes e a letra. Um dos primeiros nomes a se debruçar sobre o Carnaval capixaba e o samba foi Hermógenes Lima Fonseca, folclorista e primeiro presidente da UBES (União das Batucadas e Escolas de Samba). Homenageamos esse artista com a inserção de um de seus textos que conta a história do Carnaval capixaba, um texto riquíssimo de informações. Um jovem jornalista, Lucas Monteiro é autor do livro Carnaval Capixaba: histórias, honras e glórias, referência indispensável para quem deseja conhecer a história do nosso Carnaval. O autor atendeu ao nosso convite e escreveu um texto exclusivo para este songbook. Eduardo Lucas 16 ESPÍRITO SAMBA VIVA O SAMBA! Samba: Cada uma das danças nacionais derivadas do batuque africano. Essas danças foram trazidas de Angola e do Congo para a América, e distinguem-se, umas das outras, na sua movimentação, como dança de umbigo, dança de pares, dança de roda e dança em fileiras. O samba tornou-se gradualmente urbano no final do século XIX, e já tinha como marca registrada: o compasso binário e os ritmos altamente sincopados. São encontradas variantes do samba por todo o Brasil. No Rio de Janeiro, surgiu a forma musical padronizada, por volta da década de 1920, cujo primeiro exemplo histórico foi o samba “Pelo telefone” de Ernesto dos Santos (Donga). Várias formas de samba foram desenvolvidas, como: o samba de breque, o samba de partido alto, o samba canção, o samba choro, o samba funk, o samba reggae e o samba-enredo, que foi a essência do projeto “Espírito Samba”, idealizado pelo músico e regente Eduardo Lucas, no qual participei fazendo a transcrição dos melhores sambas-enredo do Carnaval capixaba para compor um songbook, promovendo acessibilidade aos músicos para execução e apreciação dos mais belos sambas do Carnaval do Espírito Santo. Fiquei muito feliz com o convite, por considerar de grande relevância e extremamente importante para a história do Carnaval capixaba. Abracei esta missão, e confesso que não foi fácil a empreitada, devido a minha maior preocupação de fidelidade e respeito com os compositores e suas obras, considerando que alguns áudios que me foram enviados não tinham qualidade satisfatória, o que tornou a minha responsabilidade ainda maior. Após três meses de audições, correções, finalizei as transcrições, e o sentimento foi de dever cumprido, realizado, extremamente feliz e muitas vezes surpreso, com tamanha beleza das melodias e harmonias ali contidas, criadas por pessoas da comunidade, sem conhecimento técnico, pessoas simples, humildes, contudo, muito talentosas. Para finalizar, agradeço a Deus, ao ilustre amigo Eduardo Lucas, pela oportunidade e confiança, e que esta obra fortaleça e promova a cultura do Estado do Espírito Santo. Viva o Samba! Edu Martins Compositor, pianista e violonista com mais de 150 obras compostas, dois CDs lançados e um songbook publicado 17 SONGBOOK UM ENREDO, UM SAMBA, UM DESFILE Quando a escola de samba atravessa o portão de dispersão e o Carnaval termina, muitos dos que se divertiram deixam para trás sua fantasia e outros aguardam as notas dos jurados, mas com certeza uma pequena parcela já está de olho no próximo Carnaval. Para estes, que preparam a folia, é necessário antes de mais nada pensar primeiramente no tema que a escola apresentará na Avenida. É assim que começa um desfile carnavalesco. A partir da escolha do tema, constrói-se o enredo, que é a forma como este tema será abordado pela Escola de Samba. Geralmente, constitui-se a narração de uma história – que pode ser um fato, um conceito, uma crítica, uma biografia, etc. Ao desenvolvimento do enredo em sua forma textual dá-se o nome de sinopse. A partir da sinopse, constrói-se a setorização e o roteiro que possibilitará ao carnavalesco desenvolver o desenho de fantasias e alegorias. É também a partir desta que compositores criam os sambas- enredo que serão cantados na Avenida, contendo elementos de maior relevância dentro da sinopse. Muitas escolas optam por realizar concursos para a escolha do samba de enredo, mas outras preferem encomendar a obra para músicos profissionais. O enredo é, portanto, o fio que conduz todo o trabalho dos profissionais do Carnaval e que dá sentido à escola em desfile, possibilitando ao espectador entender a história que está sendo contada. Nesse sentido, o samba-enredo é uma ferramenta primordial para que esse entendimento ocorra. Muitas obras musicais das escolas de samba ultrapassam o período carnavalesco e se tornam “imortais” pela poesia de sua letra e por sua qualidade melódica. Sambas como “É hoje” (União da Ilha, 1982), “Peguei um Ita no Norte” (Salgueiro, 1993), “Sonhar não custa nada, ou quase nada” (Mocidade Independente, 1992), “Liberdade, liberdade! Abra as asas sobre nós” (Imperatriz Leopoldinense, 1989), só para ficar em alguns exemplos mais recentes, nasceram da ideia de um tema, foram construídos em cima de uma sinopse bem escrita, ajudaram o entendimento do desfile e ganharam o gosto popular por sua qualidade. Por todos esses fatores o trabalho de construção e pesquisa de um bom enredo torna-se fator fundamental para a criação dos sambas-enredo e para o bom desenvolvimento do desfile. Anclebio Júnior Pesquisador 18 O samba capixaba fez história, mas ainda há muito a ser desvendado sobre as Escolas de Samba da Grande Vitória e os personagens que construíram seu passado de glórias. Este songbook coordenado pelo maestro Eduardo Lucas da Silva representa um importante passo para a valorização dos sambas-enredos das agremiações capixabas, na medida em que transporta para as partituras toda a potência rítmica e melódica que encantou o público nos desfiles do Sambão do Povo. E – nunca é demais lembrar – reforça a presença do samba no caldeirão da identidade cultural capixaba, a exemplo do papel ocupado por este gênero musical como elemento central da identidade nacional, tese amplamente desenvolvida por pesquisadores do porte de Sérgio Cabral e Hermano Vianna. José Roberto Santos Neves Jornalista e pesquisador musical. Autor dos livros Maysa, A MPB de conversa em conversa, Crônicas musicais e Rockrise SONGBOOK COMO TUDO COMEÇOU O Carnaval de Vitória tem sua história de altos e baixos acompanhando, naturalmente, as condições econômicas e culturais. Do bate-moleque e do entrudo, foi tomando suas formas. Dos limões de cheiro e bisnagas, surgiram os lança-perfumes e os bailes à fantasia. Houve, inicialmente, o período das grandes sociedades, com seus carros alegóricos puxados a cavalo. Foi o tempo da Fênix carnavalesca e do Pierrot, quando o pessoal da alta sociedade participava. Destaca-se nesse período a presença da Casa Cruz, uma empresa dos Cruz Sobrinho, que marcou época. Quando surgiram os automóveis de capa de lona, os fordecos, apinhados de gente jogando serpentinas e confetes, era o chic. Todo mundo saía às ruas para ver o corso. O último baile do Pierrot foi no antigo Cine Central (ao lado do Hotel Capitólio), que tinha, no andar térreo, a casa Morgado Horta. O Cine Central depois se transformou em armazém de café e ficava onde é hoje o edifício das Repartições, na avenida Jerônimo Monteiro. Além dessas sociedades, tinha ainda o Flor da China, o Flor do Abacate, o Resedá. O Flor da China era do pessoal dos Nascimento, uma família numerosa e tradicional que residia na Capixaba. Eram grandes festeiros, pois, além dos congos, eram organizadores das marujadas. Nos desfiles dos três dias de momo, havia grupos musicais, como o Centenário, surgido em 1922; os Sururus, que a última vez que desfilou foi cantando a marcha Na Pavuna... Na Pavuna... Ainda desfilava pelas ruas o grupo musical Mocidade. Antes, porém, existiam dois grupos famosos: Morcegos e Diabos em Folia. Eles se encontravam na rua Duque de Caxias, que era a principal e a mais movimentada, apesar de estreita como é até hoje. Nesse encontro, o pau comia. Era briga na certa. Seus componentes eram o pessoal da Estiva e Docas, trabalhadores da firma Antenor Guimarães ou, como diziam, o pessoal do “bravo meu mano”. Acontece que, em um desses encontros de brigas e das fantasias do Diabo com chifres, o bispo diocesano pediu ao chefe de polícia que proibisse a saída dos Diabos em Folia. Nas proximidades do Carnaval do ano seguinte, o pessoal se reuniu para discutir as medidas do chefe de polícia. Nessa época, havia um ditado popular: “Está cruel. A vida está cruel”. Durante a discussão, na procura por outro nome, apesar das várias sugestões, não chegavam a um acordo e diziam “é... está cruel”. Até que um dos presentes sugeriu: “Por que não botamos o nome de Está Cruel?” Todos aceitaram, e o bloco saiu com esse nome, sob a direção de Pedro Furão, que 20 ESPÍRITO SAMBA dançava agarradinho e com a caixa de fósforos no bolso. Às vezes, dançava-se o escambau, quando era permitido pelo Cabo Queiroz. Mas o escambau era dançado mesmo na pensão da Aurora Gorda, na Volta de Caratoíra. O escambau foi o precursor da lambada, que hoje faz tanto sucesso. O Está Cruel deixou de desfilar e só promovia bailes. O cabo Queiroz, mesmo depois das sucessivas promoções, continuou sendo chamado de cabo Queiroz ou, às vezes, até de tenente cabo Queiroz. Após os bate-moleques e o entrudo, o Carnaval era iniciado pela manhã do primeiro dia, com o Congo de João Capuchinho, que ia da Praça 8 até o Cais Schmidt, no final da rua do Comércio, próximo à Vila Rubim, onde havia a fábrica de cerveja Apolo. Seus componentes eram recebidos com alegria e muita cerveja. Cantavam eles: “Oi, rei congo, rei congo é de beira-mar, rei congo foi para a guerra. Ai, meu Deus, como será? Oi, rei congo, rei congo é de beira-mar.” Tudo no batido dos tambores do congo. João Capuchinho era serrano e grande animador das folias que organizava, fazendo alegria da então pacata cidade de Vitória. Eram dois tipos por todos conhecidos: João Capuchinho e Pedro Furão, que estavam sempre à frente de tudo, inclusive nas festas religiosas, principalmente a de São Benedito. Também os Nascimento marcaram a sua época lá pela década de 20 a 30, satirizando os governantes e criticando-os. Na Revolução de 30, quando o presidente do Estado, Aristeu Aguiar, fugiu a bordo de um navio italiano, fizeram uma paródia com a marcha “Taí. Cadê Aristeu e Mirabeau, que ninguém viu? Azularam com o dinheiro do Estado e deixaram, e deixaram o povo sacrificado”. Dizem que a paródia foi de João Capuchinho. Mas, nesse tempo, as marchas e os sambas eram feitos por diversos compositores, não se cogitava em direitos autorais. Ninguém sabia de quem eram, nem o autor os reivindicava. Algumas organizações ensaiavam às escondidas para provocar surpresas no povo que as ia ouvir. Certa vez, os componentes do Diabo em Folias mandaram um representante ao Rio para saber das músicas que estavam cantando e trazê-las para Vitória, sob todo sigilo. Devemos levar em consideração que o rádio estava nascendo, e mal se ouvia o que se cantava, a não ser “Seu cabelo não nega”, que foi um estouro quando o rádio divulgou a música pela primeira vez. Com a Crise de 1929 e logo depois a Revolução de 30, com Getúlio Vargas, desapareceram as grandes sociedades e os grupos musicais. No Carnaval, saíam pequenos grupos chamados de batucadas, que foram aumentando, tomando forma e, então, surgiram em vários subúrbios, chegando a 12. Assim, foi fundada a União das Batucadas e Escolas de Samba, embora não exist- 21 SONGBOOK issem escolas de samba. A primeira a se organizar foi a Unidos da Piedade, sob a direção de Rominho (na Fonte Grande), que esteve no Rio, aprendendo o ritmo dos surdos e tamborins. Na Fonte Grande, foram constituídas duas batucadas. Em um Carnaval, na subida do morro, na rua 7 de Setembro, as duas se encontraram, e o pau comeu solto, numa briga tremenda. A batucada Centenário, oriunda do grupo musical com sede em Santa Lúcia, incentivou o aparecimento de outras, como a Santa Lúcia, a Mocidade da Praia, a Andaraí, a Prazer das Morenas, Gurigica do Centro, além do Império da Vila e São Torquato. Cada batucada tinha sua marcha oficial, como a Chapéu do Lado, muito divulgada: “Quem é, quem é que vem chegando com tanta animação? Quem é? Quem é? Chapéu do Lado do meu coração.” As marchas eram puxadas por um cavaquinho ou banjo. Jaime Cachacinha puxava com seu banjo a Chapéu do Lado. Sob o aspecto social, o interessante era que cada uma das organizações era dirigida por um líder (sua família também fazia parte), e as reuniões eram feitas em sua casa. Por exemplo, Mocidade da Fonte Grande era da família de Nestor Lima; Chapéu do Lado, do seu Eduardo e a filharada; Centenário, da família de João da Cruz e agregados; Santa Lúcia, de Júlio Henrique, um estivador com o apelido de Júlio Tripa de Oca, com uma enorme família entre filhos, genros e netos. Foi por volta de 1950 que os batuqueiros decidiram criar uma união, no sentido de congregar todos os carnavalescos e tomar decisões para solução dos problemas, procurando unir suas organizações, com a elaboração de estatuto para obter personalidade jurídica e licenças da polícia. Esse foi o primeiro trabalho que coube à União das Batucadas e Escolas de Samba (Ubes). Depois, os trabalhos de preparação dos desfiles passaram a ser também por eles mesmos organizados. Em torno da Ubes, congregaram-se sem nenhuma influência política que pudesse provocar a desunião. Não obstante, por fora, alguns psicopatas do Golpe de 64 consideravam que a Ubes era foco de subversivos. Os primeiros concursos foram realizados na porta da redação de A Tribuna, sob a direção de José Luiz Holzmeister, e o critério de julgamento era simbólico. Ali mesmo, discutia-se qual a melhor, e se anunciava a vencedora, que recebia os prêmios e se mandava sem protestos. Depois se achou por bem ter uma concentração no estádio Governador Bley, com comissão julgadora, estabelecendo-se critérios para figurantes, porta-bandeira, bateria, fantasia e música. Não havia enredo, e o desfile era em ritmo de marcha. Como o julgamento e a escolha dos julgadores deu encrenca, elaborou-se um regulamento, estabelecendo regras, 22 ESPÍRITO SAMBA condições, escolha dos jurados, quando muita confusão e protestos se verificavam. No início, havia pouca divulgação das músicas cariocas, e só umas poucas, de grande sucesso, eram cantadas pelo rádio, como o Seu Cabelo não Nega, que se imortalizou até hoje. Cada batucada tinha o seu corpo de compositores, que levavam as músicas para os ensaios. No princípio, os integrantes do Trapiche e Cais do Porto eram os autores, aproveitando os fatos vivenciados. Ninguém sabe quando e como apareceu a figura de Rei Momo. Quem poderia dizer isso era o João Gualberto (já falecido), mas infelizmente ninguém registrou suas memórias dos velhos Carnavais. Houve vários Reis Momos. Contudo o que mais tempo permaneceu no reinado foi Chico Mussielo, que tinha uma fábrica de calçados na rua 7 de Setembro. Quando o Chico morreu, escolheu-se um português que tinha um bar na rua Duque de Caxias. Mas, no dia de uma passeata pré-carnavalesca, ele não apareceu, ficando de longe, apenas observando. Como A Gazeta tinha uma página dedicada ao Carnaval, malhou Lázaro, o que foi defendido pelo jornal Ao Roncar da Cuíca, dirigido por José Luiz. No entanto fizeram as pazes no boteco do Lázaro, e se resolveu fazer a chegada do Rei das Arábias com Pitomba e sua mulher Terezinha montados no camelo e no dromedário. Foi um grande espetáculo, com uma multidão da Capixaba à Praça 8. Outros reis surgiram democraticamente eleitos. As notícias dos jornais denominavam os dirigentes carnavalescos de Lords. Era Lord João da Cruz, Lord Nestor e tantos outros. Os diversos acontecimentos, os grupos e as famílias, essa história toda, sem dúvida nenhuma, daria um interessante livro sobre a vida de Vitória. No sábado, saía o pessoal do Banco do Brasil com um bloco sujo denominado Alegria da Vaca, à tarde, abrindo o Carnaval. Depois, apareceu o Tristeza do Boi, do pessoal do Departamento Nacional do Café (DNC), posteriormente Instituto Brasileiro do Café (IBC). Com a transferência de funcionários do Banco, o Alegria da Vaca acabou desaparecendo. Com o desaparecimento das grandes sociedades, o Carnaval passou para os clubes Saldanha, Vitória, Álvares Cabral e Náutico Brasil, formando os blocos de salão, como o Solta a Negra, do Vitória. Também os rapazes e moças organizavam seus blocos. No Saldanha, organizou-se o Bate-Papo, que cresceu e até saiu em desfile em grande estilo. A música do Bate-Papo se tornou conhecida por todo o povo, e todos a cantavam: “Bate-papo. Bate-papo, meu povo...” A música e a letra eram de autoria de Moacyr e Clóvis Cruz. Por causa de uma briga no Saldanha, saiu o pessoal da família Grijó, que foi para o Vitória, clube conhecido 23 SONGBOOK como aristocrático, que só admitia gente da alta sociedade. Clóvis, então, fez uma marcha com a letra: “Maria você é mulata, como é que pode ser aristocrata?”, que ele, no final de sua vida, negou ser alusiva à saída dos Grijós do Saldanha. Era cantada pelos “Street Boys” só para provocar. No princípio, ninguém cogitava em pedir auxílio à Prefeitura, pois tudo era feito com amor. Cada participante se esforçava em fazer a sua fantasia e as dos figurantes, conseguidas com o Livro de Ouro, corrido no comércio. Quem assinava dava sua contribuição em dinheiro ou em material. Só mais tarde, consignou-se uma verba no orçamento do município como auxílio para o Carnaval, contando-se com a boa vontade de Adelpho Monjardim, que era um saldanhista ligado a essas organizações, tinha seus conhecidos e ia assistir aos ensaios. Era conhecido como Bio e tinha, entre seus amigos, Mané Donêncio e outros. Bio chegava aos ensaios e se sentava rodeado dos amigos. Era, sem dúvida, um grande incentivador desse povo. O Barão no meio de seus vassalos. Tudo começou com o Rominho da Fonte Grande, organizando a Unidos da Piedade, com a maioria do pessoal da Chapéu de Lado. Foi uma grande novidade naquele ano, com seu ritmo diferente e seu enredo apresentando-se com toda a pompa. Também, no Rio de Janeiro, era a Mangueira, a Estácio e outras que iniciavam o Carnaval carioca, que chegou a esse grande espetáculo, atraindo gente do estrangeiro para ver o que é considerada a maior festa do mundo. As escolas desceram do morro para o asfalto, a princípio na Praça 11, com suas alegorias críticas. Mas, na ditadura de Getúlio, houve intervenção e sequer elas podiam ser registradas com o nome de escola, a não ser acrescentando a expressão grêmio recreativo escola de samba. Os sambas só podiam ser de exaltação ao Brasil, quando foi organizada a Federação das Escolas, sob a presidência de um coronel. O folclorista Édison Carneiro escreveu a história das escolas desde o início e registrou que elas surgiram com o ritmo das folias de reis e dos lundus com as chulatas. Várias escolas foram organizadas pelo povo do subúrbio e seguiam as mesmas normas das escolas cariocas, com seus enredos e alegorias. Hoje a preparação de uma escola de samba é uma ciência e envolve muita gente. As alas são compostas por pessoas de todo o tipo de área profissional (medicina, direito e magistério, por exemplo), acompanhadas por suas respectivas famílias, todas fiéis à sua escola. O Carnaval capixaba nada fica devendo aos de outros lugares. Há muitos Joãozinhos Trinta por aqui, no anonimato. Logo após um Carnaval, eles já começam a trabalhar para o próximo. Os enredos são discutidos e estudados. Começa-se por aí. 24 ESPÍRITO SAMBA Depois de escolhido o enredo, entram em ação os compositores, que fazem o samba e o submetem a julgamento, e, em seguida, os figurinistas. Na Independente de São Torquato, certa vez, procuraram-me para fazer um enredo folclórico, e tive que proferir uma palestra para os compositores sobre como era o folclore capixaba. Dois deles conversaram longamente comigo, e confesso que não dei crédito à capacidade deles de colocarem tudo em um samba. No dia do ensaio do samba vitorioso, caí de costas pela descrição e pela beleza do samba, concluído com o refrão: “Ticumbi, Ticumbi. Ticumbi fenomenal. Ticumbi, Ticumbi, de fama nacional.” O desfile não é nada fácil no seu deslocamento. Unidos da Piedade, Novo Império, Independentes de São Torquato, Mocidade da Praia, Unidos de Jucutuquara e todas as demais, que enriquecem o desfile e passam por uma coisa de doido. Cada ala tem o seu chefe, que conhece o roteiro. São milhares de pessoas a se juntarem dentro de uma rígida organização, com tempo determinado, alegorias, tudo previsto, controlado e comandado: ritmo, som, bailado, evolução, posição de cada ala, obediência, amor, paixão, cores da escola a serem honradas, comissão de frente, figurantes, destaques, carros deslizando. Tudo isso é uma grande demonstração de capacidade de nosso povo, englobando gente de toda a espécie, em que não há discriminação entre doutores e doqueiros, médicos com suas famílias junto com o povaréu. É a maior demonstração de democracia. Hermógenes Lima Fonseca Folclorista e jornalista 25 Com a publicação deste songbook, o Espírito Santo firma raízes para o futuro no qual as antigas e novas gerações poderão melhor se conhecer, aparecer e até – quem sabe? – se reinventar. Juca Magalhães É músico e escritor. Autor de livros sobre o Porto de Tubarão e a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (OSES) Agremiações, Presidentes e Brasões ESPÍRITO SAMBA Andaraí Presidente: Márcio Roberto Fundação: 1946 Cores: Verde e Rosa Endereço: Rua Oswaldo Aranha, 131 Bairro: Santa Martha, Vitória, ES Em 1º de dezembro de 1946, nasceu o Grêmio Esportivo Andaraí Futebol Clube. No ano seguinte, o time de futebol se transformou num bloco carnavalesco, que recebeu a denominação de Batucada Andaraí e que adotou as cores azul e branca. Em 1973, passou a ser chamado Grêmio Carnavalesco Bloco Andaraí. Mais tarde, em 16 de abril de 1975, o bloco chegou à condição de escola de samba, uma representante dos moradores do bairro Santa Martha e região. Tendo a Estação Primeira de Mangueira como madrinha, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Andaraí fez do verde e do rosa suas cores. Apesar de ter adquirido a característica de escola apenas em 1975, o grupo carnavalesco Andaraí foi sempre considerado parte da folia capixaba. Na época dos concorridos desfiles de batucadas, trazia um enredo com motivos relacionados ao Espírito Santo em todas as ocasiões, mostrando as potencialidades do estado. 29 SONGBOOK Carnaval de 2004 “Mármore e granito. A força das pedras do Espírito Santo” Compositores: Felipe Vianna e João Vitor Vou cantar, vou sonhar Ver o fogo nascer. Minha pedra lascar Pode crer (vou cantar, vou sonhar, vou zuar) Num gesto de dominação Aconteceu a integração Do homem com a mãe natureza Fui das cavernas, fiz história Pois com o fogo tive a glória Do poder da criação Eu cacei, pesquei, sobrevivi e fiz belezas surgir Coliseu que ousadia E palco de guerreiros medievais A força das pedras no oriente Se faz presente ao luar Muralha da china, maravilha milenar Os deuses da mitologia Os faraós, mas quem diria Uniram épocas distantes Era de sonhos fascinantes O mundo vou contagiar Vim das pedreiras sou grandiosa Potencial dos quatro cantos do país Sou das rochas, estou feliz Com minha força vou seduzir O meu Brasil vou representar De branco e preto vou me cobrir Exaltar! E assim... Nova Venécia e Cachoeiro vão brilhar Fonte de riqueza, Barra de São Francisco Ainda tem muito pra explorar O mármore encantou E a pujança do granito a colorir O meu amor, minha paixão, Andaraí! 30 "Mármore e granito. A força das pedras no Espírito Santo" Andaraí Felipe Vianna e João Vitor Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Samba de enredo # 2 & # 4 5 & 9 & ## A 7(13) D 6(9) Ó Che - gou ## œ œ œ œ rir eu F #m7 ## œ œ & 13 œ œ œ che - go ve ## ˙ 25 G 7( b13) & G 7( b13) bœ œ œ œ œ. sou eu D m7 &œ œ fo - go a sou D 6(9) nn C m7 ‰ G 7( b13) C m7 C 6(9) nas - cer œ œ em - bo - ho - ra de G #o ver - de ro - œ œ sa A 7(13) D m7 - te œ. C 7(9) - œ œ sou a œœ œ An - da bœ sor - ra - í œ œ œ bœ œ F m7 j œ. bœ œ œ œ bœ œ. œ œ œ vou bœ F m7 G 7(13) œ œ so - nhar C 6(9) œ A 7( b13) œ Ver o D m7 G 7(13) œ œ œ œ œ nha pe - dra A 7( b13) tar sou C 7(9) C 6(9) œ can Mi ‰ G 7(13) œ œ ar j œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ. ir œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ sa A 7( b13) œ " œ E 7(9) ne - no bœ ˙ œ œ œ nœ œ sou œ œ œ B 7( b13) D 6(9) G 7M œ œ. C m7 œ. da tris - te - za che - gou Vou 29 œ œ œ ˙ j œ. ‰ & œ 21 eu œ œ œ D 6(9) & œ œ ra B 7(13) cor da 17 ho che - gou B 7( b13) sou a œ œ œ œ œ œ A 7(13) 3 œ ra E m7 A 7(13) ≈ œ œ œ œ œ œ. D 6(9) - D 6(9) œ œ las - car Po - de 31 Andaraí C 6(9) G 7(13) C 6(9) G 7(13) C 6(9) - tar vou G 7(13) C 6(9) A 7(13) 3 33 3 3 crer vou can - tar vou so - nhar vou zo - ar D m7 A 7( 13) Vou D m7 can so - nhar Ver A 7( 13) D m7 o G 7(13) 37 fo - go nas - cer C 6(9) C m7 Mi nha - pe - dra las - car Po de - F m7 41 crer Num ges - to D m7 ( 5) de do - mi - na - ção C m7 G 7( 13) A - con - te - ceu aIin - te - gra - G 7( 13) C m7 C 7(9) 44 ção Do ho - mem comIa mãe na - tu F m7 - re - za Fui das ca - ver - nas D m7 ( 5) fiz D m7 ( 5) G 7( 13) Do po - der da cri 47 his - tó - ria pois comIo fo - go C 6(9) G 7(13) ti - vaIa gló - ria B m7 ( 5) C 6(9) E 7( - a - ção 9) 50 - Eu ca cei pes A fo - ça das A m7 - quei pe so - dras C 7(9) 53 - bre - - vi noIo - orien - te F6 F 1. e fiz be - le - zas se faz pre - senteIao C 6/G A 7( 13) sur - gir Co que ou - sa - dia D 7(13) pal - co - li - lu - ar D 7( 13) D m7 56 32 vi de guer - rei - ros me - die - vais G 7(13) seu F #o F6 &œ 59 - Mu - ra C 6(9) &˙ œ œ lha da chi nar C m7 65 & œ deu - ses da O mun - do to - do Vim das mas quem drei - ras pe E - ra C m7 œ œ 2. bœ can - tos C 6(9) & .. œ 74 do œ œ país œ sou das ro œ &œ œ œ œ œ pre - sen - tar & œ E De D 7( b13) D 7(13) 80 vou œ œ. 1. - xal - tar œ - to - vou - - œ - le - G 7( b13) œ bœ tar G 7( b13) gia œ œ giar G 7( b13) bœ œ nhos fas - œ œ œ œ chas eIes - tou fe - liz œ e D m7 œ C 6(9) œ O meu œ 3 pre - to G 7(13) œ œ me vou E 3 œ œ vou re œ œ œ co - brir D 7(9) .. œ œ Bra - sil C 6(9) œ G 7(9) ˙ A m7 œ .. tes ci - na bœ. F #o G 7( b13) j Aœ œ. œ Aœ dis - dos qua - tro C m7 G 7( b13) E 7( b 9) é - po - cas ten - ci - al Po se - du - zir ˙ lo con sa œ bœ œ œ branco mi U - ni - ram B m7 ( b 5) œ vi - lha œ ria F6 C 7(9) 77 œ for - ça - œ. F m7 D m7 ( b 5) œ 3 mi - nha so œ œ. bœ œ œ œ œ bœ œ b œ œ œ œ œ - bœ bœ - F m7 di œ 3 Com - D m7 ( b 5) de œ mi sou gran - di - o œ bœ œ 1. œ G 7(13) C m7 œ Os fa - ra - ós tan - tes & œ D m7 ra G 7( b13) œ œ œ œ œ œ œ Os - ma C 7(9) & œ œ. 71 œ na œ C m7 68 - œ œ A 7( b13) œ C m7 .. 62 C 6/G œ œ 2. Andaraí G 7(13) œ 2. - xal - 33 Andaraí C 6(9) G 7(13) &˙ 83 tar C 6(9) 86 & œ & œ œ né - ciaIe za A 7( b13) œ œ Bar - ra de G 7(13) œ œ œ œ F m6 &œ vão O 34 œ meu a œ œ Fon G 7(13) œ œ œ œ œ œ œ œ tem mui - to œ G m7 C 7(9) E a pu - jan - ça do gra - ni - to mor mi - œ œ nha pai D m7 œ - xão œ te de œ - œ œ œ. F6 œ œœœ œ aIco - lo - rir da ra - í œ ri - que - G 7(13) œ œ - Ve - C 6(9) G 7(13) œ œ An - œ pra explo - rar œ œ œ. œ œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ A 7( b13) D m7 bri - lhar A 7( b13) œ No - va A 7( b13) ˙ São Fran - cis - coIain - da C 6(9) - œ. sim D m7 C 6(9) œ œ œ - œ már - mo - reIen - can - tou 96 C 6(9) as Ca - cho - ei - ro C 6(9) &œ œ œ œ œ œ œ œ œ. 92 G 7(13) E D m7 89 C 6(9) C 6(9) ˙ œ O ESPÍRITO SAMBA Unidos de Barreiros Presidente: Didilson Fundação: 1972 Cores: Vermelho e Branco Títulos: Não possui no Especial Endereço: Rua José Motta Fraga, 75 Bairro: São Cristovão, Vitória, ES Por volta de 1963, foi criado em São Cristóvão, bairro situado na região da Grande Maruípe, o bloco Barreiros. São Cristóvão estava localizado numa fazenda cujas estradas não possuíam calçamento, por isso a escolha do nome. O crescimento comercial e populacional fez com que o bairro e o bloco passassem por uma expansão. Assim, em 1972, o Barreiros fez seu primeiro desfile oficial na avenida Princesa Isabel, no Centro de Vitória, trazendo as mais tradicionais personalidades de São Cristóvão. Dez anos depois, foi transformado em escola de samba. A Unidos de Barreiros teve altos e baixos em sua trajetória como escola de samba. Em 1987, na estreia do Sambão do Povo, desfilou no primeiro grupo, com o enredo “ABC do samba”, mas foi rebaixada, permanecendo no segundo grupo até 1992. Veio a interrupção dos desfiles, e a Barreiros volta a se apresentar em 2000, com o enredo “De conquistas, belezas e glórias, eu amo Vitória!” Em 2002, houve o retorno dos desfiles competitivos, e a escola ficou em oitavo lugar (só havia um grupo), com “Hélio Dórea - gente bacana”, em homenagem ao jornalista baiano. 35 SONGBOOK Carnaval de 2000 “Das conquistas, belezas, eu amo Vitória” Compositores: Cláudio Ferreira, Zinho Furão e João Carlos [Alô, Vitória, que orgulho de você, sou capixaba sou Barreiro até morrer] Que maravilha, que beleza de Vitória Na passarela vou mostrar e recordar Praças, clubes e avenidas Parques e praias tão lindas Para a gente se encantar Ilha do mel, minha Vitória querida Com Barreiros na avenida Vamos juntos desfilar O capixaba se apaixonou Na panela de barro Moquecas preparou Esta delícia é um mar e paixão As paneleiras moram no meu coração E os pescadores, lá da Praia do Suá Na festa de São Pedro pedem sua proteção E o “Amores da Lua” é folclore e tradição No vai e vem, no vem e vai No porto de Vitória O navio, entra e sai Tem mistérios e magias! Lendas e contos de emoções A Pedra de Dois Olhos e o Penedo Guardam segredos, por seus Guardiões Ô Maria Ortiz Maria Ortiz Com muita garra, os holandeses expulsou Na escadaria, o seu nome registrou 36 "De conquistas, belezas e glórias, eu amo Vitória " Cláudio Ferreira, Zinho Furão e João Carlos Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Unidos de Barreiros Samba de enredo B 7( b13) # & # 42 ‰ 4 & 7 & 10 & ## œ œ œ œ A - lô Vi ## œ œ - tó - ri ‰ œ a que Sou Ca - œ ## œ até œ mor œ - pi - œ E m7 œ œ œ - ba œ sou A 7( b13) E m7 ( b 5) 3 # # n œ œ œ œ œr & nœ œ œ 16 œ œ # & # œ œ re - la 22 & ## œ œ vou œ mos - trar e pra - ias œ œ œ nœ œ œ œ œ œ D m7 ˙ de A 7( b13) re - cor - dar E m7 ( b 5) xa - ˙ G m7/B b A 7( b13) œ nœ œ œ pa - raIa gen - te se œ bœ œ œ Na pas - sa - D m7 œ œ nœ œ œ œ œ pra - ças A 7( b13) œ Vi - tó - ria œ œ œ bœ œ œ nœ œ lin - das - rer G m7 e tão - pi œ D 6(9) œ œ D m7 œ œ œ œ bœ œ œ œ das par - ques - Bar - 3 œ nœ bœ G m7 Ca D m7/C A 7( b13) E m7 ( b 5) cê œ sou œ œ œ œ mor Que ma - ra - vi - lha que be - le - za 19 - œ œ ba Sou até 3 œ vo œ œ œ nœ œ. œ œ œ œ œ œ œ A 7( b13) D m7 œ D m7 3 œ ‰ Ber - rei - ros ## b œ œ œ n œ œ œ œ . & de B 9 ( b13) A 7(13) œ or - gu - lho xa ˙ rer œ œ œ œ D 6(9) œ œ œ œ œ E m7 œ œ œ œ A 7(13) rei - ros 13 - A 7(13) œ œ œ œ B 7( b13) D 6(9) œ E m7 clu - bes D m7 œ en - can - tar a - ve - ni - A 7( b13) œ nœ œ œI - lha do 37 Unidos de Barreiros 25 & ## D 7( b13) D m7 œ œ bœ œ œ œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ nœ œ œ œ œ œ œ mel mi - nha Vi - tó - ria que - ri B 7( b13) ## œ . D 7M 28 & 31 & œ œ lar ## o da com Bar - rei - ros na aIve - ni - da va - mos jun - tos des - fi - E m7 œ œ ba Mo - que - cas # & # œ. pre - pa - rou de B 7( b13) lí - cia D 7M é um mar de A 7(13) Na E m7 œ œ œ œ œ œ ção E m7 œ ba ## œ œ œ œ œ œ œ œ & 43 Pe - dro œ Lu - a pe - dem su - a œ. œ œ seIa - pai - xo - nou D 7M œ œ pre - pa - rou A 7(13) œ œ œ Es - ta de - œ œ œ œ œ œ œ œ œœœœ A 7(13) B 7( b13) lá da pra - ia D 7M do E m7 œ. Su - á A 7(13) ˙ de São B 7( b13) œ œ œ œ œ œ pro - te - ção E œ œ œ œ œ œ fol - clo - re œ œ œ œ œ na fes - ta D 7M A 7(13) é de As pa - ne - lei - ras mo - ram no meu co - ra - D 7M EIos pes - ca - do - res œ œ œ œ œ œ œ Mo - que - cas pa - ne - la A 7(13) A 7(13) pai - xão A 7(13) 38 xo - nou œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ œ œ œ. o Ca - pi - xa bar - ro ## œ œ œ œ œ œ œ œ & ## œ & B 7( b13) E m7 Na pa - ne - la D 7M 46 D 7M œ œ œ œ œ œ œ 37 E m7 - B 7( b13) D 7M œ œ seIa - pai œ. œ œ œ œ œ B 7( b13) D 7M & œ œ A 7(13) bar - ro ## A 7(13) œ œ œ œ Ca - pi - xa E m7 34 40 A 7( b13) E m7 ( b 5) G m7 tra o D 7M - œ œ di - ção œ. œ A - mo - res da B 7( b13) œ œ bœ œ No Vai e vem Unidos de Barreiros 49 & 52 & ## ## E m7 œ. 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Com a volta dos desfiles competitivos em 2002, a escola atravessa o Sambão do Povo ao som de “O Congo e o Jongo, o mais capixaba dos enredos” e conquista a sexta colocação. Nos anos posteriores, a agremiação enfrentou momentos difíceis, mas conseguiu se manter no grupo principal. O esforço foi recompensado graças aos resultados obtidos nos desfiles seguintes. Nos anos de 2010 (“Nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que balança cai”), 2012 (“Vida em Poesia... A Lira que é Lucinda”) e 2014 (“Teu cheiro me dá prazer... Boa Vista espalha o perfume no ar”) a Boa Vista foi a grande campeã do Carnaval de Vitória. 40 ESPÍRITO SAMBA Carnaval de 2003 “360º Vitória, uma viagem em torno de ti” Compositores: Big Roger’s, Júlio Negada, Bid, Douglas Jacaré e Emerson Xumbrega [Venho lá do alto da colina de uma escola tão querida, colorido visual, sou Independente, sou de Boa Vista para alegrar seu Carnaval] O Galo canta, é alvorada, Reflete pela luz do sol. Você é minha namorada Girando o mundo, coisa igual não há! Vitória! É lindo te ver assim, Esculpida pela natureza, Cenário que Deus criou ô ô ô O forte é minha fortaleza Hoje minha águia cruza os mares Vou por todos os lugares Cheios de encantos mil. Quero te exaltar na passarela Em amarelo, vermelho, azul anil. Ilha do mel, meu mar, Explode a paixão! É Boa Vista Estremecendo a multidão! Remei, remei Pra te alcançar Eu reciclei pra preservar Ai quem me dera, Bênção do Papa Para me abençoar Vou na volta da Itaputera Me banhe em flores, Rainha do mar. Eu já pesquei Meu marlim azul. Da sua casquinha eu provei Da torta eu gostei Por sua moqueca Me apaixonei. 41 "360º Vitória, uma viagem em torno de ti " Big Roger's, Júlio Negada, Bid, Douglas Jacaré e Emerson Xumbrega Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Independentes de Boa Vista Samba de enredo F #m7 # & # 42 œ . œ œ œ œ œ . œ œ œ œ œ œ œ G 7M G m6 Ve - nho lá do 5 & ## al - E m7 - œ œ œ œ da ## œ . & co œ - œ œ œ Sou 13 & ## - E 7( b13) œ œ œ ra a - le œ œ œ œ œ B b6 ˙ ˙ A b7(13) meu œ œ œ - te œ grar su seu œ œ œ sou de Bo - a B bm7 ‰ car - na œ J Eu œ œ B bm7 F 7( b 9) œ bœ mar– limIa - zul B bm7 E bm7 por F 7( b13) œ - val bœ œ já pes qui - nhaIeu pro - vei 42 Da A m7 D 7(9) ˙ ˙ B 7( b13) B 7(13) œ œ œ œ Vis - ta B b7M B b6 ˙ ˙ E bm7 bœ. - œ œ quei F 7( b13) C m7 ( b 5) œœ œ œ œ œ bœ œ œ. œ sua mo bœ œ œ bœ œ - que - ca me B bm7 tor - taIeu gos - tei œ œ œ œ œ œ œ a - pai - xo - nei B bm7/A b Da B bm7 B b7( b13) F 7( b13) C m7 ( b 5) b œ œ bœ œ œ. œ bœ œ œ œ œ œ œ œ b & 28 que - ri - Da sua cas - qui - nhaIeu pro - vei B bm7/A b tor - taIeu gos - tei tão al œ. œ œ œ nnbb D b7M(9) - A 7(13) œ. b bœ œ œ œ œ œ œ œ &b 25 - deIum - aIes - co - la œ F #m7 E m7 - B b7M b ‰ b œj œ b & 21 œ in - de - pen - den E 7(13) 17 A 7( b13) vi œ œ œ œ œ œ œ œ na G m6 9 Pa - A 7(13) lo - ri - do G 7M ## œ . & to da co - li B 7( b13) B m7 C m7 ( b 5) Da sua cas - F 7( b13) bœ œ œ bœ œ œ œ por sua mo - que - ca me a - pai - xo - nei Independentes de Boa Vista B b7M b &b œ 31 B b7M œ œ œ œ œ œ O ga - lo G 7( b13) fle - te pe - la F 7(13) b &b œ &b 40 gi - ran - do B b7M F 7(13) b œ œ œ œ lin - do ˙ sol G 7( b13) te ver as - sim b b & œ œ œ. za C m7 E bm6 cri - ou for - teIé mi - nha for A b7 - ta - le œ G 7( b13) C m7 œ œ não há F 7(13) œ ria É œ œ œ œ Vi - tó G 7( b13) B b7(13) pe - la B b7M que Deus œ bœ œ Es - cul - pi - da Ce - ná - rio F m7 B b7M mi - nha na - mo - œ œ œ œ œ œ œ œ œ b œ & b œ œ nœ œ nœ. œ é B b7M F 7(13) œ œ 46 œ coi - saIi gual œ œ œ œ œ nœ œ œ O for - teIé mi - nha for - tu - re - A b7 G 7( b13) œ nœ. E bm6 œ œ Ce - ná - rio F 7(13) - œ œ O œ œ œ za na œ E b6(9) œ. Re - œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ F 7(13) œ œ œ. œ alvo - ra - da vo - cê B b7M E b6(9) é F 7(13) C m7 F 7(13) mun - do œ œ C m7 b &b œ œ œ can - ta œ œ œ œ œ œ œ œ œ. 43 49 C m7 do ra - da B b7M ra daIo ga - lo C m7 œ 37 luz B b7M F 7(13) œ œ œ œ œ œ œ œ can - taéIal - vo b &b œ œ œ œ œ 34 B b7M F 7(13) œ œ ta - le que Deus B b7M œ œ œ œ cri - ou D 7( b 9) œ za E b7(9) G m7 F 7(9) Ho - je mi - nha á - guia cruza os ma - res vou por to - dos os lu - ga - res che - ios de en - can - tos b &b œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ 52 43 Independentes de Boa Vista D 7( b 9) G m7 b &b œ œ œ 55 E b7(9) b &b œ œ &b 61 G m7 G m7/F b œ b & mel pai - xão b &b œ dão &b D 7( b 9) meu mar 67 75 b œ. œ œ çar B b7M b œ. œ œ b &b œ œœ œ ar 44 na œ œ œ pas - sa - G 7( b13) œ œ œ nœ I - lha do re - œ mel œ œ œ la Em meu œ D m7 ( b 5) mar ex - G 7( b13) œ œ œ nœ Vis - taIes - tre - me - cen - doIa mul - ti - dão I - lha œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ‰ pai - xão j œ œ G 7( b13) ‰ œj œ œ Eu É F 7(13) Bo - a Vis - taIes - tre - me - cen - doIa mul - ti - B b7M F 7(13) œ œ Re - mei, re E bm6 me de ‰ - re - ci - clei, eu ra B b7M G 7( b13) j œ œ pra œ œ œ œ œ œ œ œ ‰ œj œ œ œ œ œ . quem œ C m7 B b7M Ai B b7M mei, - re - ci - clei, eu F 7(13) œ teIal - can F 7(13) œ re - ci - clei, œ œ pra na vol - ta doII - ta - pu te - ra - œ pre - ser - B b7(13) F m7 œ œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ ben - ção do G 7( b13) Pa - pa, pa - ra me a - ben - ço - B b7M œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ ˙ Vou do D 7( b 9) A m7 ( b 5) G m7/F a - ma - œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ G m7 œ œ D 7( b 9) C m7 D 7( b 9) A m7 ( b 5) Bo - a B b7M œ C m7 E b6(9) exal - tar a - nil ex - plode a F 7(13) var 79 É œ œ œ. G m7 &b te b œ œ œ œ œ œ œ œ 64 œ œ œ œ œ œ œ ver - me– lhoIa - zul plode a œ œ D 7( b 9) re - lo C m7 71 œ Que - ro mil 58 œ œ F 7(9) Me ba - nhe C m7 F 7(13) flo - res ra - i - nha do mar ESPÍRITO SAMBA Chega Mais Presidente: Edson Neto Fundação: 1980 Cores: Azul e Branco Bairro: Morro do Quadro, Vitoria, ES A Chega Mais foi fundada em 25 de fevereiro de 1980 e desfilou nos grupos de acesso do Carnaval de Vitória na década de 1980, mas deixou de desfilar em 1992, quando ocorreu o fim da competição. Com novo presidente, Edson Rodrigues de Freitas Neto, a escola voltou a desfilar em 2013, ao apresentar um enredo reeditado dela mesma, do ano de 1983, sobre o sambista paulista Adoniran Barbosa. 45 SONGBOOK Carnaval de 2016 “Anjo Negro, Lindo Anjo – Tributo a Neguinho da Beija-Flor” Compositor: Neguinho da Beija-Flor Desde criança sempre teve a esperança De ser cantor, compositor, fazer carreira Moleque pobre que vendeu limão na feira Cresceu, venceu nesse malvado mundo cão Ê menino pé no chão, se inspirou no Mestre Jamelão Beija-Flor sua escola Sua vida, seu amor Ierêrê, ô ô ô ô A deusa que lhe consagrou Sonhou com Rei deu Leão Primeira comemoração A sua história é demais São mais de quarenta carnavais Um fato bem marcante em sua vida Foi seu casamento na avenida E os sucessos que eternizam sua voz São gratificantes para nós Domingo eu vou ao Maracanã Torcer para o meu time que sou fã De azul e branco eu vou festejar Lá vem Chega Mais pra te conquistar Nos braços do povo com muita emoção No sonho de ser campeão A felicidade o Anjo Negro lindo abençoou O rei da humildade Neguinho o poeta sonhador Grito de guerra de um vencedor A voz do samba que no mundo ecoou 46 "Anjo Negro, Lindo Anjo – Tributo a Neguinho da Beija-Flor” Chega Mais Neguinho da Beija-flor Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Samba de enredo & 42 C 6(9) C 6(9) .. œ C 6(9) &œ da E bm7 E m7 D m7 - de o œ D m7 œ œ œ œ da C 6(9) 10 &œ Gri - to A b7 bœ de guer - 1. que mun - do no G 7( b13) C 6(9) &œ ou C 6(9) &œ œ œ œ œ œ œ œ tor com - po - si - tor D m7 - te - ve D m7 A 7( b13) œ œ œ œ œ ra Cres - ceu ven - ceu œ O po - e - ta - so - nha - E b7(9) œ œ œ nœ dor a voz do G 7( b13) aIes no mun - do que C 6(9) œ pe - ran - e - co - G 7(13) œ œ œ œ œ ça De ser can - œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ - .. b œ œ œ œ œ œ œ œ G 7(13) D m7 o bœ sam - ba fa - zer car - rei - ra D m6 œ. A b7 ˙ œ œ 2. sem - pre ci A 7( b13) C m7 œ deIum ven - ce G 7(13) C 6(9) A 7( b13) C 6(9) fei œ - œ œ œ #œ nœ œ œ œ œ e - co - ou Des - de cri - an - ça 19 &œ G 7( b13) li G 7(13) Ne - gui - nho œ - œ D m7 D m7 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ 16 22 de ra bœ œ œ œ œ œ œ œ & œ œ. œ œ lin - doIa - ben - ço - ou D m6 œ - G 7( b13) sam - ba ne - gro F m7 œ œ œ œ dor œ hu - mil - da C 7(9) A 7( b13) An - jo D m(7M) rei 13 œ fe œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ Dm & œ A 4 7 G 7(13) Dm Mo - le - que œ œ nes - se œ D m(7M) po - bre que ven - deu G 7(13) œ œ mal - va - do li - mão na C 6(9) œ œ mun - do G 7(9) ˙ cão 47 Chega Mais C 6(9) 25 & C 7(9) œ œ œ œ œ œ Ê me - ni - no chão C 6(9) pé C 7(9) &˙ .. œ D m7 &œ œ œ œ œ œ. ô D m7 2. œ deu - sa œ œ que lhe &œ œ œ Rei deu œ con Le - ão - A vais 48 G 7(13) œ. C 7M œ Um œ œ œ que lhe œ œ sa - mais e G 7(13) œ con - œ œ. œ F m7 Ô C 6(9) C 7(9) ˙ sa G 7(13) la rê œ C 6(9) A 7( b13) œ œ œ So - nhou G 7(13) co - me - mo - com D m7 E bm7 C 7M œ ra .. grou - C 6(9) grou ˙ - ção D 7( b13) œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ São mais A 7( b13) œ œ œ œ œ œ œ œ fa - to rê œ - œ œ œ œ D 7(13) de œ œ Pri - mei - ra su - aIhis - tó - ri - aIé œ I Ja - me - A 7( b13) F6 mor œ mes - tre C 7(9) œ œ œ œ œ œ & œ œ œ œ œ œ œ œ 43 1. œ no su - aIes - co D m7 A 7( b13) E m7 - pi - rou G m7 deu - sa G 7(13) œ œ œ . 40 &œ Flor D m7 A 7( b13) D m7 46 ja a A D m7 œ G 7(13) œ œ œ œ œ œ œ œ C 6(9) œ œ seu A 7( b13) C 6(9) & - œ vi - da œ seIins G 7(13) Su - a œ œ. F m6 Bei 31 37 no F6 ¬lão & D m7 œ. 28 34 F6 bem mar - can - te em sua de qua - ren - ta D m7 œ vi - œ da car - na - A 7( b13) œ. œ Foi Chega Mais D m7 G 7(13) C 6(9) œ œ œ œ œ œ œ œ & ca - sa - men - to F6 na ave - ni - da E os su - ces - sos D 7( b13) D 7(13) voz são gra - ti - fi - can - tes A 7( b13) C 6(9) G 7(13) œ. &˙ fã A m7 C 6(9) 64 &œ œ ta Mais De eu pra A 7( b13) œ œ œ. e - mo - ção œ œ & œ œ œ œ œ. 61 vem Che - ga œ œ œ œ œ œ e bran - co G m7 te œ O so - nho œ œ G 7(13) pa - raIo meu ti - me queIeu sou E 7( b 9) œ œ œ œ œ. vou fes - te - jar nos F m6 œ œ œ œ œ œ braços do œ œ œ. de ser cam œ Lá F6 œ con - quis - tar D m7 Do - B m7 ( b 5) C 7(9) œ œ œ œ œ. œ nós Tor - cer a - zul œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ C 6(9) 58 G 7(13) D m7 min - go eu vou ao ma - ra - ca - nã C 6(9) e - ter - ni - zam sua œ pa - ra A 7( b13) D m7 œ œ œ œ œ œ œ &œ œ 55 que D m7 œ œ œ œ œ œ œ œ &˙ 52 C 7(9) œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ 49 seu G m7 po - vo G 7(13) com pe mui - C 6(9) œ - œ ˙ - ão 49 SONGBOOK Chegou o que faltava Presidente: Nizete Marques (Nega) Fundação: 1976 Cores: Azul, Branco e Rosa Bairro: Grande Goiabeiras, Vitória, ES Fundada em 6 de junho de 1975, o GRES Chegou o que Faltava viveu momentos turbulentos na última década. Em janeiro de 2009 teve fim uma intensa disputa judicial entre a antiga diretoria e a nova, dando a esta última o direito de assumir a agremiação. Esta, por sua vez, concluiu que seria impossível organizar o desfile em 15 dias e pediu licença da liga, se ausentando do Carnaval 2009. Após a licença no Carnaval de 2009, a escola retornou, no entanto terminou entre as três últimas que participaram do grupo de acesso no Carnaval 2011. Após o descenso, com o enredo “Despertar”, a escola abriu o desfile do grupo de acesso do Carnaval de Vitória e terminou na 3º colocação. Para 2012, a escola optou por um enredo sobre a Índia, mas devido à falta de recursos e atraso no repasse das verbas para o desfile desistiu de desfilar nesse ano. De volta ao Carnaval capixaba em 2013, a escola decidiu contar a história das quadrilhas nas festas juninas, terminando em 3° lugar. Em 2014, com o enredo “Joga-se búzios, cartas e tarô. Traz seu amor de volta em 5 dias”, a agremiação de Goiabeiras fez um desfile digno, porém aquém das concorrentes. O samba não funcionou como o esperado, a comissão de frente inovou com os integrantes em cima de pernas de pau, mas tornou-se ineficiente, fazendo com o que os integrantes tivessem dificuldades para evoluir em suas coreografias, e, por último, outro ponto negativo foi a falta de beleza plástica nas alegorias e fantasias. No desfile de 2015, homenageando o carismático apresentador Ferreira Neto, a Chegou o que Faltava se apresentou de forma tímida e plasticamente muito simples, seus dois carros alegóricos possuíam graves problemas de leitura e acabamento, mas teve como grande destaque o seu primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, que realmente realizou apresentações técnicas e de enorme sincronia. Sem dúvida alguma, o melhor casal do grupo de acesso. Para o ano de 2016 a agremiação contara a história de Bernardo José do Santos, o Caboclo Bernardo, e de sua terra natal Regência Augusta, distrito da cidade de Lin- 50 ESPÍRITO SAMBA hares, no norte do Espírito Santo. A escola foi a primeira a entrar no Sambão do Povo, abrindo assim o Carnaval capixaba no dia 29 de janeiro de 2016. Carnaval de 1989 “Chegou o que faltava, o periquito da sorte” Compositores: Dominguinhos do Estácio e Darcy do Nascimento Meu periquito faceiro Meu mensageiro da paz Diga pra fada madrinha Se liga na minha Que a minha é demais E o desfolhar da margarida, oi Espante nossos ais Cartomante, bola de cristal Que o mago agite o nosso Carnaval Axé, oi axé Pra Iemanjá, minha mãe Jogos de búzios no chão Muita lenha seca pra fogueira Chova foguetes, viva São João! Vista sua caipira, periquito E vem pra roda brincar Faz um gracejo a iô iô Faz um xodó pra iá iá E o realejo a tocar Deu meia-noite Um copo d’água abracei Fiz um pedido com fé Meu sonho realizei Ôô ôôô, balança a viola, é com esse que eu vou Ôô ôôô, chegou quem faltava chegar, Chegou. 51 "Chegou o que faltava, o periquito da sorte" Chegou o que Faltava Dominguinhos do Estácio e Darcy do Nascimento Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Samba de enredo œ b & b b 42 œ œ. G 7( b13) C m7 œ. 3 C m7 bb œ œ œ œ œ b & œ 4 œ nœ œ œ œ œ œ œ œ œ 3 C 7(9) œ œ œ œ œ 3 œ Meu pe - ri - qui - to b œ &bb 7 G 7( b13) D m7 ( b 5) nœ œ œ men - sa - gei B b7(13) - œ œ ro ˙ da bb œ œ œ b & œ œ œ œ œ œ œ œ dri - nha Se li - ga na mi - nha QueIa mi - nhaIé 10 G 7( b13) F m7 E o des - fo - lhar G 7( b13) C 7(9) b ˙ &bb 16 gi - te C m7 bb œ b & 22 52 xé nos - so œ œ œ - car œ Pra I - e - man - G 7( b13) bo - la j, œ C m7 œ na - val B b7(13) œ œ œ œ já mi - nha mãe de ˙ A b7(13) œ œ œ œ. Es - pan - te nos C m7 - - nœ sos œ œ œ œ œ cris - tal G 7( b13) œ J A C 7(9) F m7 œ œ œ œ œ œ œ œ G 7( b13) D m7 ( b 5) ma - de - mais G 7( b13) bb œ œ b œ n œ œ . b & 19 Di - ga pra fa - da œ œ œ œ F m7 Car - to - man - te ais œ mar - ga - ri - da oi da Meu œ œ œ œ œ œ C m7 b &bb œ œ œ œ œ œ œ œ 13 ro C m7 paz A b7(13) - œ œ. œ œ œ fa - cei F m7 G 7( b13) C m7 F m7 œ QueIo ma goIa G 7( b13) j œ. r œ .. œ œ œ xé A oi A - B b7(13) - C m7 xé œ œ œ œ œ œ Jo - gos no de bú - zios Chegou o que Faltava 25 & bbb E b6(9) C 7(9) Mui - ta le - nha se - ca A b7(13) F m7 œ gue - tes vi - va São G 7( b13) bb œ œ b œ n œ œ . b & F m7 vi - va ‘ b &bb œ œ œ œ œ pi - ra pe - ri - qui - to & bbb b &bb ˙ 40 car ˙ vem pra mei - a noi - te œ œ cei Fiz um pe - di - do œ. b & b b œ œ bœ nœ 47 so - nho re - a œ - C 7(13) œ li - zei nœ œ um œ G 7( b13) Vis - ta su œ œ com C 7( b13) œ œ œ œ Deu mei - a fo - ca - i - a E b6(9) œ œ brin - car C 7( b13) œ #œ œ La la iá G 7( b13) D m7 ( b 5) œ œ œ nœ nœ œ EIo re - a - le - joIa œ œ œ œ œ œ b ˙ &bb 44 cho - va œ œ œ œ œ œ Faz um xo - dó pra iá iá ‰ œJ œ . n œ œ fo - œ œ œ œ œ 3 3 B b7(13) E b6(9) ro - da œ œ œ œ œ œ œ 3 Deu ‰ C m7 Faz um gra - ce - joIa iô iô C m7 œ .. œ B b7(13) C m7 E œ œ œ œ œ œ œ 3 cho - va guei - ra œ F m7 œ C m7 ‘ œ œ œ œ œ œ œ 34 37 œ Jo - ão São œ œ œ œ 1. Jo - ão 31 C 7(9) fo - guei - ra œ. œ œ pra G 7( b13) D m7 ( b 5) b & b b œ œ œ œ œ. 28 gue - tes C m7 œ œ œ œ œ œ œ œ ˙ chão G 7( b13) F m7 co - po fé œ d`á - guaIa - bra - D m7 ( b 5) nœ to - œ. œ Meu F m7 œ œ œ œ œ œ œ noite um co - po d`á - guaIa - bra - 53 Chegou o que Faltava C m7 b &bb œ 50 cei A b7(13) œ œ œ œ œ œ œ œ. Fiz um pe - di - do com fé G 7( b13) C m7 b &bb œ zei Ô ô ô b œ œ œ œ œ œ œ &bb 1. 56 3 3 lan - çaIa vio - la F m7 b œ &bb 58 gou 54 2. G 7( b13) .. œ œ œ. nœ Ô ô ô ô G 7( b13) Fm œ 3 que œ é œ com œ 3 fal - ta - va œ œ so - nho es - seIque - œ eu œ che - gar œ vou C m7 che œ. G 7( b13) œ œ - ô G 7( b13) œ nœ. re C m7 C m7 œ G 7( b13) œ œ nœ Meu C m7 œ œ œ 53 D m7 ( b 5) ˙ - gou œ œ œ a - li - œ Ba Che .. ESPÍRITO SAMBA Imperatriz do Forte Presidente: Vanildo Silva Fundação: 1975 Cores: Verde e Rosa Títulos: Não possui no Especial Endereço: Morro do Romão Bairro: Forte São João, Vitória, ES A escola de samba Imperatriz do Forte foi fundada em 15 de dezembro de 1972, no Forte São João. No ano seguinte, em sua primeira participação, desfilou como estagiária, ou seja, sem verba e não concorrendo a prêmios. A escola se valeu da mobilização da comunidade e de um livro de ouro para colocar seus componentes na passarela. O desfile oficial ocorreu em 1974, ao som do enredo “Lendas do Apiacá”. De 1993 a 1997, não houve desfile. Algumas escolas retornaram em 1998, mas a Imperatriz só voltaria em 1999, com o enredo “A festa do Senhor do Bonfim”. Em 2002, com “Batalhas e vitórias - Saldanha - 100 anos de glórias”, a escola ficou em terceiro lugar (Grupo Único). “De porto em porto, Vitória do Espírito Santo” foi o enredo de 2003. A agremiação enfrentou problemas com seus carros alegóricos, o que prejudicou sua evolução e harmonia, porém seu samba fez com que o desfile fosse muito aplaudido e a escola conquistasse o quinto lugar no único grupo existente. 55 SONGBOOK Carnaval de 2001 Aquários, um grito de paz Compositores: Lourival das Neves e Lauro [ Eu quero paz eu quero ser feliz com minha querida Imperatriz] Um grito de paz, amor e igualdade Ecoa! Ecoa pela cidade A imperatriz do Forte São João Trouxe para a avenida A era de Aquários que emoção O universo veste a fantasia E cai de coração na folia Os filhos de Urano Tocando suas trombetas ...Ôba!...Ôba! Anunciam essa chegada Divinamente iluminada Do seu portal um anjo despontou E uma chuva de estrelas clareou Assim veio a união Do oriente com o ocidente E a sabedoria Imperando todas as mentes Eu posso sentir minha gente Troco armas por flores Quem quer trocar Com a temperança vem Nanã e Oxalá Nesse clima de integração geral Esperançosos os povos dão as mãos E deixam a árvore da vida Germinar sem repressão A natureza e o homem em harmonia Prosperam renascidos de alegria Após a noite virar um belo dia. 56 "Aquários, um grito de paz" Imperatriz do Forte Lorival da Neves e Lauro Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Samba de enredo A 7( b13) & b 42 ‰ . r œ œ Eu que œ - œ ro &b ˙ œ œ com mi paz - & b .. Œ nha œ œ œ A 7(13) &b #œ œ œ nœ œ - a Pe - la œ œ œ #œ. For - te do B 7( b13) E m7 & b #œ 19 œ œ. A m7 &b œ ver - D 6(9) &b œ 25 li - - ri - A A 7(13) a - mor E m7 nœ n˙ #œ nœ œ aIos fi - lhos ser fe œ œ - pe - E m7 nœ œ D 6(9) e - ra de B 7( b13) im - pe E m7 ‰ a - quá - rios ˙ œ œ œ œ œ e - co e - - D 6(9) A 7(13) œ #˙ - ra - triz B 7( b13) nœ œ œ œ œ œ pa - ra si - a a - ve - œ queIe - mo - A 7(13) #œ œ ção E m7 #œ nœ œ. a D 6(9) œ nœ G 7M - liz A 7(13) .. # œ œ œ. A œ - ra - triz Trou - xe œ ˙ œ œ A 7(13) teIa fan - ta A 7( b13) œ ão - Jo œ œ eIi - gual - dade œ œ #œ nœ œ œ œ œ œ #œ œ ves daIIm D 6(9) paz D 7(9) so œ B 7( b13) E m7 œ ni - da 22 que #œ œ œ œ œ São œ D m7 ci - da - de um gri - to B 7( b13) D 6(9) 16 que - ro #œ Um grito de co œ D 6(9) 9 &b œ eu œ G m7 A 7( b13) œ. A 7(13) œ œ œ. E m7 ( b 5) G m7/F 5 12 D 7( b13) D m7 œ œ OIu - ni - A 7(13) œ nœ œ œ œ #œ œ œ E fo - cai de co - ra - ção D m7 na G m7 œ œ œ Os fi - lhos œ œ œ de U - ra œ œ - no œ 57 Imperatriz do Forte &b A 7( b13) E m7 ( b 5) œ œ œ œ œ 28 To - can - do G m7 &b œ 31 ga - œ su - as œ D 7( b13) &b œ œ œ œ œ um an - jo D m7 œ œ & b œ. 37 ou #œ nœ do seu œ. de es - tre - las C 7(9) &b œ Do &b œ œ 46 men 58 a A 7( b13) &b œ 49 œ œ - œ sa - be - do œ. tes E m7 ( b 5) E as - sim B b7(9) œ œ œ œ œ seu por - tal A 7( b13) de com œ. ri - a œ œ ve - ioIa œ #œ œ Eu sen - tir mi - u A 7( b13) œ œ œ œ D m7 œ nha gente œ Im - pe - ran - do A 7( b13) u - ma chu œ œ #œ nœ - ni - ão œ o - ci - den - te B b7(13) œ E D m7 As - sim œ œ œ œ œ œ œ o œ œ œ es - tre - las cla - re - F6 œ œ œ œ œ œ œ pos - so va A 7( b13) D m7 - do des - pon - tou œ œ œ œ . o - ri - en - te A 7( b13) E m7 ( b 5) an - jo D m7 cla - re - ou œ œ nœ 43 da u - ma chu um & b œ œ œ œ œ #œ œ œ - œ œ œ œ œ C 7(9) A 7( b13) E m7 ( b 5) va E por - tal 40 mi - na œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. des - pon - tou A 7( b13) E m7 ( b 5) G m7 œ œ A - nu - ciam es - sa che - D m7 œ œ - œ œ œ œ œ œ Ô - ba! A 7( b13) Di - vi - na - men - teII - lu D m7 œ œ trom - be - tas Ô - ba! œ œ œ œ. œ #œ œ da D m7 œ œ. œ E m7 ( b 5) 34 E A 7( b13) D m7 œ to - das œ œ œ œ tro - co ar - mas œ as #œ por Imperatriz do Forte C 7(9) œ œ. &b œ œ 52 flo - res quem quer D m7 &b œ Tro - co œ. œ œ por flo - res œ œ œ #œ &b œ œ œ œ ça vem Na - nã D m7 œ œ &b 61 cli - ma &b œ mãos A 7( b13) &b œ 68 são E m7 ( b 5) D m7 œ œ œ œ #œ deIin - te - gra - ção E m7 ( b 5) œ. œ œ œ E dei - xam cli - ma ár - vo - re da eIo G m7 &b œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ 71 ci - dos de a - le - gri a A - pós a noi - te - pe - ran A 7( b13) œ œ œ nes - se cli - ma Oh! vi - da ho - mem em D 7( b13) D m7 comIa tem œ œ œ œ œ œ œ œ œ A na - tu - re - za œ œ œ œ œ œ œ A 7( b13) O - xa - D m7 D m7 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ Nes - se œ œ œ œ œ Es - pe - ran - ço - sos A 7( b13) e F6 œ œ œ #œ œ œ ge - ral a Na - nã C 7(9) œ G m7 A 7( b13) A 7( b13) Nes - se vem tro - car œ œ œ œ œ O - xa - lá ça œ quem quer D m7 A 7( b13) F6 64 e - œ œ. C 7(9) A 7( b13) E m7 ( b 5) 58 œ œ œ œ œ œ œ œ com–a tem - pe - ran #œ ar - mas œ œ œ œ tro - car œ œ œ œ 55 lá œ A 7( b13) E m7 ( b 5) F6 os B b7(13) œ œ po - vos dão as œ œ œ œ œ Ger - mi - nar sem re - pres - D m7 œ œ har - mo - nia œ œ œ œ œ Pros - pe - ram re - nas - A 7( b13) D m7 œ œ œ œ #œ œ œ œ Vi - rar um be - lo di - a 59 O Projeto ESPÍRITO SAMBA eleva a cultura popular ao mais alto patamar musical e eterniza, no centenário do samba, o gênero samba-enredo para as gerações futuras. É um marco para o Carnaval e para as escolas de samba capixabas. Armando Chafik Professor, pesquisador, criador do site Viva Samba e do troféu Faisão de Ouro, atualmente faz parte da Diretoria de Carnaval da LIESES ESPÍRITO SAMBA Independentes de São Torquato Presidente: Angelo Borgo Fundação: 1974 Cores: Vermelho e Branco Títulos: 1981, 1982, 1983, 1991, 1992 Endereço: Av. Anézio José Simões Bairro: São Torquato, Vila Velha, ES Sediada no tradicional bairro de São Torquato, em Vila Velha, a escola de samba Grêmio Recreativo Independentes de São Torquato, cinco vezes campeã no Carnaval capixaba, foi a primeira a levar os grandes carros para a avenida. A agremiação surgiu do Bloco Caveira, fundado no início dos anos 50. Em 1974, o bloco se tornou uma escola de samba e adotou o nome atual após ter sido campeão tanto no concurso oficial de blocos de Vitória, quanto no concurso de Vila Velha. Em 1975, concorrendo pela primeira vez, a escola obteve o quarto lugar com o enredo “Exaltação a Pedro Nolasco”, uma homenagem ao idealizador da estrada de ferro Vitória a Minas. Em 1979, ela conquista o vice-campeonato com “Exaltação aos signos do zodíaco”. Em 1981, a São Torquato chega à sua primeira vitória, com o enredo “Festas e folguedos populares do Brasil”, dividindo o título com a escola de samba Mocidade da Praia. Em 1982, é bicampeã com o enredo “Liberdade, liberdade Brasil” e, no ano seguinte, conquista o tricampeonato com “Brasil, terra da gente”. “Sinfonia de um espectro” foi o enredo de 1991, ano em que a escola obteve mais uma vitória. Em 1992, a São Torquato se torna novamente campeã ao som de “A hora e a vez na terra do descaso”. Em 1998, depois de cinco anos sem desfile, algumas escolas voltam a desfilar. Contudo, somente em 2005, a São Torquato retorna com o enredo “Respeitável público, sua majestade o Grêmio Recreativo Escola de Samba Independentes de São Torquato no Carnaval”. 61 SONGBOOK Carnaval de 1988 São Torquato em Quimeras, uma utopia capixaba Compositor: Attilio Juffo [Vou te peito aberto alegrando a avenida, de vermelho e branco eu estou feliz da vida] Entre a Rua Ponte Nova e a São Pedro Há o segredo de um povo diferente, Que fez o seu próprio mundo, Sem ser profundo, Pra não deixar de ser gente, Ali a vida era um ritual de fantasia, Onde a rapaziada rompia a madrugada Na oficina ou na orgia... na orgia. Lá estava Mazinho, junto ficava também Altemar, Cantando e fazendo, como um toque de malícia, Toda a moçada sonhar. Mundo antigo, mundo novo, Gente da mesma nação, São Torquato abre o leque, A independente assina o cheque E faz a transformação. Recordei e pensei Que eu sempre quis Qual um Almir Sapateiro, Sem dinheiro, ser feliz. Foi no terreiro de Maria Cinquenta Veio o transe e deslumbrado Vi o desfilar da opulenta Civilização do passado. E a projeção de novas eras Tudo havia transformado No bairro, no lugar das taperas, Surgiu um mundo novo, iluminado, E o São Torquato em Quimeras Mostra o futuro relembrando o seu passado. Vou de peito aberto alegrando a avenida De vermelho e branco eu estou feliz da vida. 62 "São Torquato em quimeras, uma utopia capixaba" Independentes de São Torquato Attilio Juffo Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Samba de enredo F #7( b13) ### 2 Œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœœ œ œ œœ œœ œ œ œœ œ œ œ œ œ & 4 . A6 A6 B m7 E 7(9) Vou de pei - to a - ber - to a - le - gran do a a - ve - ni - da de verme - lho e bran - co eu es - tou fe - liz da A6 F #7( b13) E 7(9) A 6 ### œ œ œ œ œ. œ œ. & vi - da entre a ru - a 9 & ### A6 œ. œ œ ren - te 13 & ### A6 17 & ### & ### A 7(13) A m7 œ œ œ. œ œ. A li on - de vi - da 25 ra 3 G 7(13) œ œ œ œ œ œ nœ um ri - tu - al de fan - ta - E 7( b 9) B m7 ( b 5) D m7 E 7( b 9) A m7 Na or - gia E 7( b 9) bém Al - te - mar A m7 can - tan - doIe rom - pi - aIa ma - dru - ga - da A 7( b13) œ œ nœ œ A 7( b13) D m7 œ œ. nœ œ Ma - zi - nho Lá es - ta - va ### n œ œ œ œ. œ œ œ œ nœ œ & A m7 e - a ra - pa - zi - a - da nœ œ nœ œ œ œ or - gia œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ do sem ser pro - fun - do pra não dei - xar de ser œ nœ œ œ nœ. œ œ a E 7(9) œ œ œnœnœ œ œ nœ n œ œ œ n œ œ œ œ œ œ œ œ œ nœ. œ œ A m7 B m7 G 7(13) A 7( b13) C 7M E 7(9) A m7 no-vaeIa São Pe-dro ha um se - gre - do de um po - vo di - fe - 3 Que fez o seu pró - prio mun E 7(9) E 7(9) D 7M nœ œ œ œ œ œ œ si - a 21 En - treIa ru - a pon - te E m7 gen - te B m7 œ œ œ œ œ œ œ œœœœœœ œ œ œ œ œœœ 5 B m7 ( b 5) fa - zen - do comIum E 7( b 9) œ œ œ œ œ œ Jun - to fi - ca - va tam - D m7 œ naIo - fi - ci - naIou na B m7 ( b 5) E 7( b 9) nœ œ nœ œ œ œ œ œ nœ œœ œ to - que de ma - lí - cia to - da mo - ça - da son - 63 Independentes de São Torquato 29 & 33 & 36 & 39 & ### A m7 E 7(9) œ œ har ### A6 E 7(9) ˙ œ tor - qua - to abre o œ œ œ œ œ œ œ œ E faz trans - for - ma - ção B m7 le - queAIIn - de - pen - den - te E 7(9) œ œ œ Re - cor - dei œ œ pen - sei & ### œ œ œ œ œ œ & ### A6 liz 48 & ### œ œ & ### A 7( b13) A m7 e des - lum - bra - do E 7( b 9) œ œ œ nœ œ œ A m7 Ma - ri - a œ œ œ œ œ Re - cor - dei pen - sei D m7 œ nœ. Cin - que ta A 7( b13) œ œ Vi D m7 o des - fi - lar da o - pu - len - ta F #7( b13) B m7 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ E a pro - je - ção de no - vas œ Ve - ioIo œ œ œ œ nœ œ nœ œ œ œ œ E 7(9) A 6 œ œ œ œ pas - sa - do de E 7( b 9) A m7 œ œ œ nœ œ nœ nœ œ œ B m7 ( b 5) E 7(9) Qual um Al - mir sa - pa - tei - ro sem di - nhei - ro ser fe - A m7 B m7 ( b 5) E 7( b 9) quis E 7(9) foi no ter - rei - ro Ci - vi - li - za - ção do 64 Que eu sem - pre fe - liz nœ œ œ nœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ Mas foi tran - se 52 E 7(9) œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ Que eu sem - pre quis 45 œ A6 B m7 as - sina o œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ F #7( b13) na - F #7( b13) A6 E 7(9) A6 da mes - ma œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ A6 Gen - te B m7 Qual um Al - mir sa - pa - tei - ro sem di - nhei - ro ser 42 œ œ œ œ œ œ vo diz a - í mun - do no F #7( b13) E 7(9) che - que ### go São ção ### E 7(9) B m7 œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ Mun - doIan-ti A6 F #7( b13) A6 e - ras Independentes de São Torquato 56 & ### E 7(9) A6 & ### & ### B m7 do No Bair - ro no lu - gar das ta - pe E 7( b 9) ras Sur - E 7(9) A6 D m7 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ nœ œ œ œ giu 63 F #7( b13) A6 œ œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ Tu - doIha - vi - a trans - for - ma 60 E 7(9) um mun - do A m7 œ me - œ ras no - vo œ œ œ œ mos - tra o fu ilu - mi - na - do B m7 ( b 5) nœ - œ tu - ro œ E œ a E 7( b 9) œ œ re - lem - bran - doIo São Tor - qua - to œ œ seu pas em Qui - A6 œ œ Œ - sa - do 65 SONGBOOK Mocidade Unida da Glória (MUG) Presidente: Robertinho da MUG Fundação: 1980 Cores: Vermelho e Branco Títulos: 2003, 2005, 2011, 2013 e 2016 Endereço: Rua Mourisco, s/n Bairro: Glória, Vila Velha, ES A Mocidade Unida da Glória (MUG), escola de samba de Vila Velha, surgiu em 9 de agosto de 1980. Seu alicerce foi um bloco carnavalesco fundado por um grupo de amigos jogadores de futebol do time Leão Glória. Esse bloco era chamado Calção Vermelho, já que seus componentes desfilavam da Glória até o centro de Vila Velha trajando somente calções com essa cor. Já como escola de samba, a MUG iniciou suas atividades desfilando apenas no Centro de Vila Velha. Lá, saiu vitoriosa nos anos de 1981, 1982, 1983 e 1984. Também em 1984, desfilou em Vitória, no segundo grupo, com o enredo “No reino onde chorar é proibido”. Campeã, ascendeu ao grupo principal. Contudo, em 1985, foi rebaixada com “Raízes da história de uma civilização”. No Carnaval de 1986, ao som de “Quem te viu, quem TV”, foi bicampeã no segundo grupo, o que permitiu o retorno ao primeiro, no qual conquistou o vice-campeonato em 1990, com “Do sonho à fantasia”. Em 1992, um incêndio destruiu o barracão da MUG, impedindo-a de desfilar. Seus componentes voltaram a pisar na avenida no Carnaval de 2002, após a interrupção dos desfiles e com a volta da competição entre as escolas. Naquele ano, foi vicecampeã (um grupo reunia todas as escolas de samba), tendo como fundo musical “O renascer das cinzas”. A Mocidade Unida da Glória sagrou-se campeã no Sambão do Povo nos anos de 2003 (“De passo a passo, faço os passos de Anchieta”), 2005 (“Grécia... Uma viagem fantástica ao templo dos Deuses da Mitologia”), 2011 (“Mocidade - A cerevisia que contagia”), 2013 (“Oui voilá le France! Mocidade singra os mares de Dunkerque. Merci beacoup”) “ e 2015 (“Nos reinos de sua majestade: o sonho”). 66 ESPÍRITO SAMBA Carnaval de 2006 “Quente como o inferno, puro como um anjo, doce como o amor... Quem vai provar? Quem vai querer? Eu sou o café e meu banquete é pra você” Compositores: Leko e Renilson Rodrigues Do coração, da África A plantação Fantástica Girou o mundo a seduzir A maravilha descoberta por Kaldi Chegou ao Brasil Lá da Guiana Francesa Com Francisco de Mello Palheta Português desbravador e genial De lá pra cá “parou no Pará” Beleza, pureza, paixão, paladar E hoje em cada lar desse país Um cafezinho deixa o dia mais feliz Seu “ar” de sedução Trazendo imigrantes e a miscigenação A força da planta enriquece a nação O Espírito Santo “jorra” café da veia A terra mais fértil e sagrada Da pátria amada mãe gentil! Ô meu Brasil é capixaba Nascendo sementes quebrando as correntes Liberdade desejada Bota água pra ferver Essa noite eu brindo a você Com sabor do prazer Um aroma de enlouquecer Quem vem de longe já sabe o que é É o meu café! Vem meu amor! Vamos provar A mocidade é quem vai te levar pro cafezal Delírio desse Carnaval. 67 "Quente como o inferno, puro como um anjo, doce como amor... Quem vai provar? Quem vai querer? Eu sou o café e meu banquete é para você" Mocidade Unidada Glória Samba de enredo # & # 42 5 & ## A 7(13) E m7 œ œ œ œ œ œ œ œ Que - ro só ## œ œ œ œ & G 7M vi za A 7(13) - œ ver 3 ## œ œ . & E 7(9) bra - ços C m7 17 & bbb œ da mi C 7(9) œœœœ - nha œ œ mo œ F m7 C 7(9) b & b b .. œ œ œ œ . 21 co - ra - ção C m7 C 7(9) F m7 o mundo a se - du - zir D 7( b13) œ œ œ de da - - œ. B 7(9) œ - de Pros nnbb ˙ C m7 G 7( b13) C m7 œ œ œ œ œ. œ œ œ. plan - ta - ção fan - tás - ti - ca D 7( b13) D 7(13) œœœ œ œ œ œ œ œ œ œ Cm œ œ œ œ œ Che - gou ao r œ Do G 7( b13) œ. b G 7( b13) œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ Jœ . D m7 ( b 5) G 7( b13) Vol - de G 7( b13) A œ œ. œ D 6(9) œ œ A ma - ra - vi - lha des - co - ber - ta vi - lha des - co - ber - ta por Kal - di 68 D 7(9) 1. b œ œ & b b œ œ œ œ œ œ nœ 29 2. ci Á - fri - ca b & b b œ. œ œ œ œ œ œ D 7(13) - œ œ œ œ œ. œ œ œ 25 rou œ œ. F m7 da de de sau - da F #m7 G m6 œ. #œ œ. œ - sem va - i - da A 7(13) 3 C m7 œ. œ œ œ Vem œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ . ta meu a - mor 13 œ œ œ Che - ga Fe - li - ci - da C #7(9) B 7( b13) A m7 œ œ. œ 9 œ œ œ œ œ Na - da de tris - te E m7 D 7M(9) Leko e Renilson Rodrigues Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Bra - sil Gi - G 7( b13) œ por Kal - di j œ . œr .. Do C m7M œ œ œ œœ œ Lá da Gu - ia - na Fran - Mocidade Unida da Glória b œ. œ œ &bb œ œ œ œ œ œ œ œ bœ 33 ce - sa Com Fran - cis - co de Mel - lo Pa - lhe G 7( b13) D m7 ( b 5) F m7 De Lá pra G 7( b13) D m7 ( b 5) œ - œ œ œ œ œ œ Por - tu - guês des - bra - va - ta D 7( b 9) A m7 ( b 5) C m7 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. b & b b œ œ œ œ œ. œ œ œ œ œ. 37 dor e ge - ni - al C #7( b 9) G m7 ( b 5) C m6 C m7 cá Pa - rou no Pa - rá G 7( b13) Be - le - za, pu - re œ za, pai - G 7( b13) D m7 ( b 5) œ œ œ œ œ œ bb n œ œ œ œ œ . œ œ œ œ œ b & œ œ œ nœ œ œ œ œ œ œ 41 xão, pa - la - dar œ. œ liz C m7 ho - jeIem ca - da lar des se pa - ís C 6(9) A 7( b13) D m7 G 7(13) b &bb œ 45 E F m7 Seu C 6(9) nœ œœœ nœ ar de se - du - ção Um ca - fe - zi -nho dei - xa o dia mais fe - E m7 E m7 ( b 5) C 7(9) œ. bœ œ nœ œ œ œ œ œ nœ Tra - zen - do i - mi - gran - tes e a œ œ œ bb b œ n œ œ œ œ . œ œ œ œ. nœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ & F6 F m7 C m7 D 7(13) 49 mis - ci - ge - na - ção A for - ça da plan - ta en - ri - que - ceIa A b7 D 7( b13) G7 C m7 œ. œ œ. b œ œ & b b œ œ œ œ. nœ œ 53 Jor - ra ca - fé C 7( b 9) da b bœ œ &bb œ œ 57 ma F m7 da ve - ia A F m7 œ œ œ œ mãe gen - til! Ô ter - ra meu Bra - sil C m7 G 7( b13) San - to C m7 œ œ œ œ œ œ œ œ nœ œ mais fér - tilIe D m7 ( b 5) œ na - çãoOIEs - pí - ri - to sa - gra - da G 7( b13) œ œ œ G m7 ( b 5) bœ. é ca - pi - xa D m7 ( b 5) G 7( b13) Da pátri - aIa C 7( b 9) œ œ. - C m7 ba œ Nas - G 7( b13) œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ b œ œœ œ œœ œ œ œ & b b œ œ œœ œœ 61 cen-doIas se-men tes que - bran-doIas cor - ren tes Li - ber - da - de de - se - ja da Bo - ta á - gua pra fer - 69 Mocidade Unida da Glória b ˙ & b b .. œ œ œ œ œ œ œ nœ. œ œ C m7 C m7 65 G 7(9) Es - sa ver C 7( b 9) G m7 ( b 5) b & b b bœ œ F m7 œ œ œ œ œ œ œ œ. 69 zer Um a - ro - ma de en - lou Eb C m7 C 7(9) œ œ œ b &bb œ Vem meu C m7 b &bb œ 81 var œ pro C m7 œ ÉIo a - meu mor! Va - mos F m7 œ ca - fe C 7(9) œ - œ. zal œ œ œ . œ b . &bb œ 2. 85 Vem 70 meu a zal com o Quem vem œ œ œ œ œ de lon já - ge A b7 G 7 G 7( b13) œ œ œ œ œ œ œ œ .. Bo - ta B b7(13) 2. á - gua pra fer - meu Eb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ mo - ci - da - deIé quem vai te œ œ œ œ œ œ. des - se D m7 ( b 5) car des - se œ - G 7( b13) œ. œ œ œ œ œ œ. car ca - G 7( b13) G 7( b13) De - lí - rio sa - bor do pra - B b7(13) œ œ C m7 pro - var A œ œ œ œ #œ œ F m7 que - cer De - lí - rio F m7 œ vo - cê œ œ . ca - fé .. œ œ œ œ 1. a œ. œ œ 1. F m7 77 fé œ œ sa - beIo que é - A b7 G 7 C m7 b œ œ œ œ œ. &bb 73 noi teIeu brin - do G 7(9) - C m7 ˙ na - val œ C m7 ˙ na - val le - ESPÍRITO SAMBA Novo Império Presidente: Alessandro Souza Fundação: 1956 Cores: Azul, Branco e Rosa Títulos: 1978, 1980, 1985, 1987, 1988, 1989, 2014 Endereço: Av. Santo Antônio, 301 Bairro: Caratoíra, Vitória, ES Sediada no bairro Caratoíra, a Novo Império é uma das mais antigas escolas de samba do Espírito Santo. Fundada em 20 de dezembro de 1956, com o nome de Império da Vila, adotou a denominação atual na década de 1970. Em 1964, a escola parou de se apresentar por discordar dos critérios adotados no desfile e retornou em 1973, na condição de estagiária. “Esplendor da natureza” era seu enredo no Carnaval de 1978, quando alcançou sua primeira vitória. Foi a primeira colocada também nos anos de 1980 (“O incrível reino da fantasia”) e 1985 (“De lá pra cá”). Após a interrupção nos desfiles, a agremiação volta a pisar na avenida em 1998. Seu enredo naquele ano foi “Rei Zulu”. Em 2002, obteve o quinto lugar, com “Ouro Negro e o turismo em terras capixabas”. Embalada pelo enredo “Uma Cidade Presépio que se chama Vitória”, a escola conquistou o vice-campeonato em 2003. 71 SONGBOOK Carnaval de 1978 O esplendor da natureza brasileira Compositores: Willian Ribeiro e Edmar Barbosa Surgiu na imensidão O astro-Rei com seus raios coloridos Saudando a natureza Este sonho de esplendor Que Deus criou Faço verso com as estrelas Sob a luz do luar Esperando o sol raiar Para o dia clarear Campos, matas verdejantes Fauna fascinante Manancial de riquezas Minerais em profusão Ouro, petróleo e manganês Milagre do solo e da mineração Primavera, estação das flores Muitos poemas, inspirando amores Como é sutil O gorjear do Uirapuru Verdadeira sinfonia Ao despontar do dia E assim, esta poesia divinal O império traz para este Carnaval. 72 "O esplendor da natureza brasileira" Novo Império Willian Ribeiro e Edmar Barbosa Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Samba de enredo # & 42 Œ & # E m7(9) - # B 7( b13) œ œ œ dos F #m7 ( b 5) B 7( b 9) 13 & # B 7( b13) œ ar sob a luz E m7(9) Pa - ra o di - a cla - re - ar E m7(9) do lu - ar es - pe - ran - doIo sol rai - F #m7 ( b 5) B 7( b 9) ‰ œœœ œœ fa - ço ver - so comIas es - tre - la B 7( b13) A m7 sob a luz E m7(9) B 7( b 9) # & œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ ˙ 21 & # es - pe - ran - doIo sol rai - iar & # œ œ. œ œ ma 25 B 7( b13) E m7(9) F #m7 ( b 5) œ - tas ver - B 7( b13) œ œ œ œ Ma - nan - ci - al de pa - ra o di - a cla - re - ar E m7(9) œ œ de - jan - œ œ tes fau - na E m7(9) œ œ œ ri - que - zas œ œ œ B 7( b13) œ œ - œ F #m7 ( b 5) Mi - ne - rais pos E m7(9) fas - ci œ œ œ. do lu - E m7(9) cam B 7( b 9) A m7 cri - œ œ œ œ œ œ A m7 17 ar Que Deus œ E m7(9) œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ B 7( b 9) œ #œ. œ. ‰ œœœ œœ œ fa - ço ver - so comIas es - tre - las co - lo - ri - F #m7 ( b 5) sau - dan - do a na - tu - re - za es - te so - nho de es - plen - dor A m7 A m7 seus ra - ios œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ E m7(9) ou com E m7(9) & œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ 9 OIas - tro rei B 7( b 9) œ œ #œ œ nœ #œ œ œ œ #œ œ i - men - si - dão A m7 F #m7 ( b 5) E m7(9) ‰ . œr œ œ œ œ . œ œ Sur - giu na 5 B 7( b 9) E m7(9) - œ. nan B 7( b 9) œ œ. em pro - œ œ - te E m7(9) œ ˙ fu - são 73 29 & # F #m7 ( b 5) Novo Império B 7( b 9) E m7(9) Ouro pe - tró - leo man - ga - nês B 7( b 9) A m7 # œ œ œ œ œ & 33 E m7(9) das flo B 7( b 9) A m7 Mi - la - gre œ œ œ œ. ve - ra es - ta - ção E m7(9) œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. B 7( b13) A m7 do so - lo e da mi - ne - ra - ção F #m7 ( b 5) B 7( b 9) Pri - ma - E m7(9) œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ res Mui - tos poe - mas ins - pi - ran - do F #m7 ( b 5) E m7(9) a - mo B 7( b13) res Pri - ma - E m7(9) # œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ & #œ œ œ œ œ. œ œ œ 37 ve - ra es - ta - ção B 7( b 9) # & #œ 41 45 & # œ. ver # - sim B m7 ( b 5) # œ & 53 val 56 # nal F #m7 ( b 5) E m7(9) œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ da - dei - ra sin - fo - ni - a B 7( b13) œ œ œ œ œ œ œ œ œ es - ta po - e - si - a œ di - vi - nal E 7( b 9) œ œ E Am OIim - pé - rio œ #œ. OIim - pé - rio A m7 œ traz - pu - rú œ œ œ œ œœ di - a œ œ #œ œ œ œ pa - ra es - te car - na - B 7( b13) po - e - si - a B 7( b 9) œ œ #œ œ œ œ pa - ra B 7( b 9) E as - œ œ œ œ œ œ œ œ es - ta F #m7 ( b 5) E m7(9) œ ˙ F #m7 ( b 5) traz co - mo é su - E m7(9) do œ œ œ œ œ as - sim œ œ œ œ Ui - ra B 7( b13) E m7(9) A m(7M) ˙ do Ao des - pon - tar E m7(9) res B 7( b 9) œ œ œ œ œ œ #œ œ. O gor - je - ar E m7(9) & œ 74 B 7( b 9) a - mo B 7(9) su - til A m(7M) A m7 & ˙ 49 mui - tos poe - mas ins - pi - ran - do œ œ œ. co - moIé A m7 res A m7 œ til das flo es - te car - na di - vi - E m7(9) ˙ - val Eduardo Lucas, ex-aluno da Fames, nos apresenta o livro “Espírito Samba”, um trabalho cujo ineditismo deve ser ressaltado e comemorado, e que contribui de forma significativa para a divulgação e preservação da cultura do samba em nosso Estado. O autor da obra personifica a figura do músico empreendedor, que atua além dos palcos e procura diversificar a sua atividade profissional nas diversas áreas que o mercado da música proporciona, demonstrando muito bem como a profissão de músico pode e deve ser subsumida na economia criativa e na atividade econômica em geral. Paulo Pelissari Diretor da Faculdade de Música do Espírito Santo “Maurício de Oliveira” SONGBOOK Pega no Samba Presidente: Alex Santos Fundação: 1976 Cores: Azul, Vermelho e Branco Títulos: Não possui no Especial Endereço: Rua Dr. Américo de S. de Oliveira, 455 Bairro: Consolação, Vitória, ES A origem da escola Pega no Samba está num bloco carnavalesco fundado em 28 de janeiro de 1976. Antes de se tornar bloco organizado, o Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Pega no Samba era conhecido no bairro da Consolação, Vitória, como Bloco Pega Tudo. Nessa época, os homens saíam às ruas vestidos de mulher, batendo lata e arrastando a multidão. Em 12 de fevereiro de 1982, surge oficialmente a escola Pega no Samba integrando o segundo grupo. Nesse mesmo ano, conquistou o título de campeã com o enredo “Sonho infantil”. Em 2005, conseguiu o quarto lugar (só havia um grupo no desfile). No ano de 2007, a Pega no Samba disputou no segundo grupo. Com a reedição do samba enredo “Tipos populares de Vitória”, a agremiação foi a primeira colocada, retornando ao grupo principal. 76 ESPÍRITO SAMBA Carnaval de 1986/2007 Tipos populares de vitória Compositores: Mário do Pega, Adilson Nascimento e Jorge Candotti [ Eu sou Pega no Samba e venho da Consolação, hoje a alegria mora no meu coração] O pega descontraidamente vem apresentar ô ô Em seu enredo a história Dos tipos populares de Vitória Quem não se lembra de Otinho e Rosinha Um idílio tão profundo que marcou Em um dos seus poemas ele assim se expressou Uma rosa é uma rosa, uma flor é uma flor Não existe um só jardim quando se fala de amor E Domingas... Domingas, a catadora de papel Hoje tem na escadaria, sua estátua que está vendo lá do céu Meio Fio o mendigo elegante Dando uma de importante O capixaba conquistou ô ô João Ramiro que matou o pistoleiro Temido por muita gente valente se machucou Quero ver pegar, oi, quero ver pegar Maria Tomba Homem, camburão vai te levar Nesta festa de recordação Aurora Gorda, Melo Bico e Boião Nadar só queria nadar Gringo ficou famoso na avenida Beira Mar Mané Diabo o eterno apaixonado Vivi com seu caderno tornou-se popular Vamos recordar, Vavá, Juju Que bom lembrar Walmor Miranda quanta saudade nos dá. 77 "Tipos populares de Vitória" Pega no Samba Mário do Pega, Adilson Nascimento e Jorge Candotti Samba de enredo F6 & b 42 Œ . F6 &b œ 5 ção C 7(9) œ J G m7 œ œ œ œ. ‰ œ Eu F 7(9) D 7( b13) F6 3 D 7( b 9) œ œ B b7M F6 C 7(9) G m7 œ e Pe - ga no Sam - ba sou Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas C 7(9) F 6 B bm7 - je a - le - gri - a mo - ra C 7( b 9) œ 3 œ ve - nho œ œ œ 3 da Con - so - la - F 7( b13) F m7 bbb ‰ œ œ b œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ho œ C 7(9) no meu co - ra - ção Que - ro ver C 7( b 9) G m7 ( b 5) pe - gar F 7( b13) b œ bœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ œ bœ œ œ b . & b œ œ 9 F m7 oi que - ro ver pe - gar B bm7 F m7 Ma - ria Tom - ba ho - mem o cam - bu - rão vai te le - var Que - ro ver pe - gar C 7( b 9) G m7 ( b 5) F m7 F m7 C 7( b 9) C 7( b 9) œ œ œ œ bœ œ œ œ bb œ b œ œ œ œ œ œ b œ œ . œ nœ œ œ œ œ. œ & 13 oi que - ro ver pe - gar F 7( b13) F m7 b &bb œ Ma - ria Tom - ba ho - mem o cam - bu - rão vai te œ œ œ œ 17 pegaIo pe - ga B bm7 B bm7 œ œ œ œ des - contra - ida - men - te C 7( b 9) G m7 ( b 5) F m7 G m7 ( b 5) C 7( b 9) le - var œ bœ œ. œ œ œœ œ C 7( b 9) F m7 vem a Eo F m7 pre - sen - tar Ô bb œ œ œ b œ œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ b & œ œ. œ œ œ œ œ œ nœ 21 Em b &bb 25 seu en - re - doIa his - tó - ria E b7(9) A b6 ti - pos po - pu - la - res de Vi - tó - ria G m7 ( b 5) C 7( b 9) Quem não se C m7 ( b 5) F 7( b13) œ œ bœ œ œ œ nœ œ œ b œ œ bœ œ œ ˙ œ œ œ œ œ œ œ lem - bra de 78 Dos O - ti - nho e Ro - si - nha Um i - dí - lio tão pro - fun - do que mar - cou Pega no Samba B bm7 C 7( b 9) G m7 ( b 5) C 7( b 9) C 7( b 9) b & b b œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ bœ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ 29 Em um dos seus F m7 po - e - mas b &bb œ œ œ œ œ œ œ œ œ 33 ro - sa u - ma flor é b &bb œ 36 mor u - ma C 7( b 9) G m7 ( b 5) b &bb œ œ œ œ œ œ 39 dim quan - do B bm7 bb œ b & 43 œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ B bm7 F 7( b13) F m7 é uma pel se F 7( b13) œ bœ de fa - la œ œ. mor C 7( b 9) céu œ œ bœ œ œ œ não e - xis - teIum só C 7( b 9) F m7 jar - F 7( b13) œ œ œ œ œ œ bœ œ œ œ œ E Domin - gas a ca - ta - do - ra de pa - F m7 C 7( b 9) G m7 ( b 5) Ho - je tem na esca - da - ri - a B bm7 Mei - o G m7 ( b 5) flor F m7 fio C 7( b 9) Su - aIes - tá tua queIes tá ven - do láIdo C 7( b 9) œ bœ œ œ œ 47 u - ma deIa - œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ œ F 7( b13) b &bb œ u - ma flor é F m7 C 7( b 9) deIa B bm7 pa - pel C m7 ( b 5) ro - sa œ C 7( b 9) G m7 ( b 5) œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ u - ma ro - sa u - ma ro - sa éIu - ma não e - xis - teIum só jar - dim quan - do se fa - la flor C 7( b 9) F m7 ele as - sim se ex - pres - sou B bm7 F 7( b13) F m7 F m7 F m7 œ œ bœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ o men - di - go e - le - gan - te dan - do F 7( b13) B bm7 u - ma deIim - por - C 7( b 9) bb b œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ b œ œ œ œ b & œ œ œ œ bœ œ œ 50 F m7 tan - te Io Ca pi - xa - ba con - quis - tou F m7 b &bb œ œ œ œ œ œ œ œ 53 lei - ro te - mi - do por mui - ta Ô G m7 ( b 5) João Ra - mi - ro que ma - tou o C 7( b 9) bœ œ œ œ œ œ œ œ gen - te va - len - te se pis - to - F m7 ˙ ma - chu - cou 79 SONGBOOK Rosas de Ouro Presidente: Reginaldo da Silva Fundação: 1984 Cores: Azul e Dourado Bairro: Serra Dourada III, Serra, ES O Grêmio Recreativo Escola de Samba Rosas de Ouro é uma escola de samba da cidade da Serra, porém disputa o Carnaval da capital, Vitória. Tem como cores dourado e azul royal. É oriunda das comunidades de Serra Dourada I, II e III, mas em parceria com outra escola de Serra (Tradição Serrana) passou a dividir ensaios, eventos e até a confecção de alegorias e fantasias. Em 2008, com o enredo Rosas de Ouro, canta o grande amor à natureza, foi a última colocada do Grupo Especial - 1A, sendo rebaixada para o Grupo de Acesso - 1B. Em 2009, mas com a fusão dos grupos para um só, apresentou o enredo Do reino de Odin ao Sol Nascente, o país do futebol é a terra da gente. Para 2010, ano em que completava 25 anos de fundação, a Rosas apresentou o enredo Rosas brancas, rosas vermelhas, rosas amarelas! E no Carnaval tem Rosas de Ouro na avenida, com o qual terminou entre as três rebaixadas que fariam parte do grupo de acesso, recriado para 2011. Para 2011, ao abordar um enredo sobre a pirataria, contratou o intérprete Maxuel Freitas e apresentou Leilane Neves como rainha de bateria, ficando próxima de voltar à elite do samba capixaba. Para 2012 a escola trouxe como enredo Serra, terra da gente, a 4ª cidade que mais cresce no país, sou capixaba, sou da serra e sou feliz, de Marco Aranha e Marcyo de Olliveira, tendo samba-enredo feito pelo compositor carioca Moacir Alves e, como rainha de bateria, Rivany Frizzera. 80 ESPÍRITO SAMBA Carnaval de 2005 “Eu sou Afro-Serrano, sou cultura, sou raiz” Compositores: Lourival das Neves e Marquinho Gente Bamba Eu sou Afro-Serrano Com muito orgulho e muito amor Minha cultura resistiu Por esse imenso Brasil Trezentos anos de trabalho e dor Toco meu berimbau Jogo capoeira Brinco meu carnaval Levanto poeira Mostrando um samba de primeira Rosas de Ouro É minha tela É meu tesouro Na passarela E assim vou vivendo a vida Sem esquecer da escravidão Índios, brancos e Queimado A luta por libertação Mas hoje nesta ilha de magia Vou curtir cidadania Preservando a raiz Deixada pela força de meu povo Retratada por Assis Mãe África eu tô feliz Eu puxo o mastro, eu danço congo com alegria São Benedito me protege noite e dia 81 "Eu sou Afro-Serrano, sou cultura, sou raiz" Lorival das Neves e Marquinho Gente Bamba Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Rosas de Ouro Samba de enredo b & b b 42 œ œ. œ œ œ ar te o a fan - ta C m7 & - bbb œ . œ œ œ - ro cam - pe D 7( b 9) b & b b nœ 13 & 20 & 23 & bbb bbb 82 œ D 7( b 9) nœ - ã E b7M œ - si de sim - pa - ti sim - - pa œ Eu sou - a ti Eu sou - ar - te - œ œ œ bœ œ œ œ. bœ œ. 3 Eu pu - xoIo E bm7 3 E b7(9) œ œ œ œ œ bœ œ œ œ œ œ 3 G b7M œ œ bœ œ œ bœ œ œ nœ bœ F m7 ( b 5) 3 œ œ œ œ œ œ bœ œ œ œ 3 œ œ bœ œ B b7(9) a D b7(9) 3 B b7( b13) E b7M 3 œ œ œ œ œ œ œ œ mas - troIeu dan - ço sou ˙ - œ œ œ bœ œ œ œ œ œ œ D b7(9) Eu G m7 A bm7 3 Ou - œ œ .. N˙ - de œ œ œ G m7 E b7(9) F m7 ( b 5) Ro - sas D 7( b 9) œ œ œ œ nœ œ œ sou n˙ - œ œ a G m7 œ 3 A bm7 œ. œ œ œ œ œ œ. 1. G 7( b13) G m7 G m7 E bm7 ˙ bb b œ bb b & 26 de G m7 E bm7 show œ #œ 2. ã 17 D 7( b 9) œ œ. bb . œ . b & . œ Œ G m7 5 9 D 7( b 9) G m7 C 7(9) con - go comIa - le F m7 œ - œ gri - a 3 B b7( b13) œ. œ œ œ œ œ São Be - ne - Rosas de ouro B b7(13) E b7M di - to me pro - te - ge noi - te di - a B b7(13) E b7M œ œ œ œ œ bb b œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ & œ œ œ œ 29 C 7(9) Eu pu - xoIo mas - troIeu dan - ço con - go comIa - le - B b7(13) E b7M B b7(13) E b7M bb b œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ & F m7 32 gri - a São Be - ne - di - to me pro - te - ge noi - te F m7 F #m7 E b7M G m7 ra - no F m7 C 7(13) F m7 b & b b œ. œ œ œ œ œ œ œ 40 tiu Por es - seIi - men - so Bra - sil E bm7 E b7(9) Eu sou A - fro F m7 C 7(13) F m7 C 7(9) Com mui toIor - gu - lho œ œ œ œ. œ di - a Eu sou œ œ b &bb œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ 36 e mui - to B b7(13) Ser - C 7(13) œ œ œ œ œ œ œ a - mor Mi - nha cul - tu - ra re - sis - B b7(13) E bm7 B b7( b13) œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ bœ œ œ œ Tre - zen - tos a - nos de tra - ba - lho e dor to - co meu be - rim - bau A bm7 D b7(9) G b7M bb œ nœ œ Aœ œ. nœ b œ n œ b œ b œ œ œ œ œ œ œ Aœ œ œ & œ œ bœ œ œ 44 Jo - go ca - po - ei– ra Brin - co meu car - na - val B b7( b13) F m7 ( b 5) b & b b nœ bœ œ œ bœ 48 tran - doIum sam - ba E bm7 b & b b nœ bœ 51 te - la A bm7 b bœ nœ &bb 54 Ou - ro de E b7(9) E bm7 œ œ. œ œ pri - mei œ bœ nœ œ œ œ É meu te - sou - ro B b7( b13) E bm7 bœ œ œ œ bœ É mi - nha E b7(9) œ te - la A bm7 œ œ œ bœ nœ ra F m7 ( b 5) Le - van - to po - ei Ro - sa de Ou - ro E bm7 B b7( b13) œ œ bœ œ nœ bœ Na pas - sa - re - la F m7 ( b 5) œ œ œ œ bœ œ É meu te - sou - ro - ra Mos - D b7(9) œ œ œ œ É mi - nha E b7(9) œ œ œ œ Ro - sa de B b7( b13) œ œ œ œ na pas - sa - 83 Rosas de ouro E bm7 B b7( b13) bb b œ œ b œ œ œ . & 57 dão 66 & 84 vi - da E bm7 Sem B b7( b13) œ es - que - cer da es - cra - vi - B b7( b13) E bm7 F m7 ( b 5) F m7 ( b 5) bœ œ œ ni - a E bm7 B b7( b13) nes - ta ‰ i - lha de ma - gi - a B b7( b13) Pre - ser - van - do a B 7(13) Dei - xa - da B b7( b13) œ œ re - tra - ta - da por As - sis A bm7 ci - da - da - B b7( b13) œ. œ œ œ œ œ nœ œ bœ œ ra - iz œ œ œ œ œ. bœ œ œ œ œ œ Vou cur - tir B bm7 E b7(9) œ œ œ œ bœ œ œ mas ho - je mas B b7( b13) E bm7 œ œ œ œ œ œ bœ. œ œ œ ‰ lu - ta por li - ber - ta - ção A D b7(9) ho - je po - vo A bm7 nœ bœ œ. œ œ bœ œ œ œ œ œ ín - dios bran - cos e que - i - ma - dos bb œ œ œ b & 74 E b7(9) bœ bœ œ œ œ œ. œ œ. bœ nœ bœ œ œ œ n œ œ œ b œ œ b œ œ œj. R D b7(9) E bm7 E bm7 vou vi - ven - doIa B b7( b13) bbb b œ . œ œ b &bb 70 As - sim E bm7 E b7(9) A bm7 b &bb ˙ B b7( b13) œ œ œ œ bœ. re - la e as - sim 61 E bm7 F m7 ( b 5) pe - la B b7( b13) œ. œ œ bœ œ œ œ. Mãe for - ça Á - fri - ca eu tô de meu E b7M œ ˙ fe - liz ESPÍRITO SAMBA Tradição Serrana Presidente: Vinicius Caran Fundação: 2000 Cores: Azul, Branco e Vermelho Títulos: Não possui no Especial Bairro: Feu Rosa e Vila Nova de Colares, Serra, ES Por volta de 1998, depois de uma partida de futebol, um grupo de amigos do bairro Feu Rosa, na Serra, cantarolava num barzinho, quando veio a ideia de criar um bloco carnavalesco. Reuniram-se na residência do sambista Mário Ferreira Mendes, o popular “Mário do Pega”, e fundaram o bloco Tradição do Samba. Mesmo sem ajuda dos órgãos públicos, o bloco desfilou por vários anos no Carnaval capixaba e conquistou o vice-campeonato em 1997. Com o passar do tempo, foi ganhando a adesão da comunidade e atingindo maiores proporções. Por isso, em reunião extraordinária, os dirigentes transformaram, em 2000, o bloco em escola de samba, que recebeu o nome de Grêmio Recreativo e Cultural Escola de Samba Tradição Serrana. Nos anos de 2003 e 2004, a agremiação não desfilou, mas, ao retornar em 2005, não mais saiu da avenida. 85 SONGBOOK Carnaval de 2005/6 Na era do reciclável, nada mais é descartável Compositores: Adiel Carteiro Poeta, Flávio Manoel e Vaca Preta [O clássico bailar dos colibris ao brilho da coroa soberana reflete nossa garra nossa ... com muito orgulho sou a tradição serrana] Bom, bonito e barato Vou buscando artefatos para minha criação Sou matéria reciclável, maleável, descartável Sou a mistura da cruel poluição Dinheiro não cai do céu Nem é semente para se plantar Usando a minha criatividade, Despoluo a cidade é preciso reciclar Lado a lado com a nobreza Veja a pobreza no lixão... a trabalhar Ai meu Deus quanta tristeza! Pra levar pra mesa o sustento do seu lar Água fonte de energia da vida alegria de vê-la jorrar E os resíduos poluentes querem deixá-la doente Se não tratá-la a fonte a fonte vai secar E o chuê, chuê, chuá Desta fonte murmurante, eu quero ouvir cantar E o chuê, chuê, chuá Esta fonte fascinante não pode acabar Hoje o lixo vira luxo Se parar na não do artesão Na era do reciclável Nada mais é descartável Aqui na minha tradição Quem não tem cão, Caça com gato, diz o dito popular Reciclei a fantasia e com muita galhardia Eu cheguei pra ficar. 86 "Na era do reciclável, nada mais é descartável" Tradição Serrana Adiel Carteiro Poeta, Flávio Manoel e Vaca Preta Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Samba de enredo G m7 b & b 42 œ G 7( b13) OIclás - si - co bai - lar B b7M G 7( b13) b œ. b & 4 ra & ### D 7( b 9) A m7 ( b 5) F #m7 œ ### œ & œ nos - sa D 7( b 9) œ a œ F #7( b13) œ œ œ œ C #7( b 9) œ #œ œ ### œ œ œ œ œ œ œ. & 3 œ œ ra - B m7 - œ A 7M E 7(9) œœœœ 3 œ œ œ œ œ œ. œ 3 B m7 A 7M Bom F #7( b13) pa - ra mi - nha E 7(9) œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ ar - te - fa - tos œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. 3 A 7M œ œ œ œ œ œ œ œ C #7(9) com mui - toIor - E 7(9) F #7( b13) œ na na œ œ. œ. so - be - œ œ œ œ œ œ œ - co - ro - a ## nn # Œ œ œ œ œ œ œ œ œ E 7(9) Vou bus - can - do Ser F #m7 3 ra - to nos - sa œ. œ Tra - di - ção E 7(9) A 7M gar - ra da G m7/F œ G m7 œ #œ 16 & bri - lho Ga 13 ### Ao Re - fle - te A 7M 19 bris na œ œ - œ œ œ œ œ œ œ œ œ gu - lho - sou 10 co - li dos œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. A m7 ( b 5) b œ &b œ F 7(13) G m7 - 7 C m7 œ œ œ œ œ œ œ 3 cri - a bo - ni - toIe B m7 - œ ba - F #7( b13) ˙ ção 87 Tradição Serrana 22 & 25 & 28 & 31 & ### F #7( b13) B m7 F #7( b13) B m7 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ & ### E 7(9) A 7M œ œ œ œ œ œ œ œ œ tu - ra da - cru - el ### ### A 7M po - lu - i - ção E 7(9) ### & ### di - nhei - ro Nem é se - men - te D m6 pa - ra & ### B m7 E 7(9) œ œ œ œ œ 1. pre - ci - so A 7M œ A 7M œ œ œ re - ci - clar B m7 ˙ œ œ œ œ E 7(9) A 7M E 7(9) œ œ œ œ œ œ œ. F #7( b13) Bm œ nobre œ Ai - za o sus - ten - to do seu œ œ œ œ œ meu Deus quan - ta lar E 7(9) É pre - ci - so A 7M Ve - jaIa po - bre - za no B m(7M) ### œ œ œ œ œ œ œ œ ˙ & œ œ œ œ re - cli - car F #7 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ A 7M E 7(9) œ .. œ œ œ œ œ œ - œ. œ B 7( b13) B m7 di céu B 7(13) ci - da - de a do U- 2. di - nhei - ro 43 me - sa des - po - lu - o E 7(9) œ plan - tar œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ lhar 88 D 6(9) F #7(13) A 7M œ œ não cai œ œ se Sou a mis - œ œ di - nhei - ro A 7(13) œ œ œ œ E 7(9) . œ .œ œ œ œ œ œ œ œ nœ œ œ La - doIa la - do com a 40 A 7M œ œ œ œ E m7 œ É 37 œ œ. Sou ma - té - ria re - ci - clá - vel ma - le - á - vel des - car - tá - vel san - do mi - nha cri - a - ti - vi - da - de 34 B m7 E 7(9) B m7 œ œ. tris - te - za A 7M li - xão - a tra - ba - B m6 œ œ œ œ Pra le - var pra E 7(9) œ œ œ œ œ œ Á - gua fon - te ner - deIe Tradição Serrana 46 & ### A 7M E 7(9) œ œ gi - a 49 & ### & 55 & œ da vi - da a - le - gria D m6 A 7M œ œ œ œ œ re - sí - duos po - lu - en ### œ E 7(9) œ œ œ tá - laIa - fon - te ### A m7 œ des - ta ### œ œ nœ nœ & 58 chu - ê ### œ & ### œ . & A 7M ### ‰ & Bm se - car mur - mu chu - á - EIo 2. nan - te - A 7M chu não po - deIa - ê nœ œ œ nœ œ EIo chu - E 7( b 9) não pode œ a - F #7( b13) œ œ xo Se pa - rar na mão œ do œ œ - te é des - car li - xo vi - ra B m7 F #7( b13) ˙ - são B m7 œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ mais ca - bar E 7(9) ho - je ar œ œ œ œ œ œ œ œ ca - bar œ na - da chu - A m7 A 7( b13) can - tar nan - te œ œ œ re - ci - clá - vel œ nœ nœ A 7M œ do E 7( b 9) n 1.œ œ œ œ nœ œ œ e - ra Se não tra - chu - ê B m(7M) Na œ œ œ œ œ .. œ E B 7( b13) B m7 ( b 5) fas - ci - E 7( b 9) œ - E 7( b 9) nœ œ œ œ œ œ fon - te rar B 7(13) œ nœ œ A m7/G es - ta - œ œ. do - en - te œ nœ œ œ œ ran - te que - ro ouvir B m7 ( b 5) chu jor A 7(13) œ A 7( b13) D m7 B m7 ( b 5) œ E 7(9) 64 67 vai œ nœ œ œ œ n œ .. œ nœ EIo lu vê - la A m7 œ A m7 A 7( b13) A m7 de œ F #7(13) œ fon - te E 7( b 9) œ œ œ tes que - rem dei - xá - la A m7/G D m7 61 - nœ œ œ œ œ œ á ê œ œ B m7 œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ os B m7 52 œ œ œ D 6(9) F #7( b13) A 7M - tá - vel a- 89 Tradição Serrana ### œ œ œ & œ œ B m6 E 7(9) 70 qui 73 & 76 & ### na A 7M œ - ga ### mi - nha Tra Bm œ œ to œ œ diz œ œ œ œ œ œ a 90 di - to A 7M 1. fi - car - œ œ pu - lar com mui - ta E 7(9) F #7( b13) ˙ B m7 B m6 œ œ œ. ga - lhar - di - a E 7(9) œ œ œ œ œ œ œ .. œ œ 2. Quem não tem ca - ça com B m7 œ œ œ œ œ œ œ œ e œ œ œ œ cão B m(7M) fan - ta - si - a E 7(9) po E 7(9) .. œ Quem não tem F #7( b13) o A 7M œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ che - guei pa - ra œ di - ção ### œ œ œ œ œ œ œ œ & 79 E 7(9) A 7M E 7(9) Re - ci - clei B m6 - A 7M Eu che - guei pa - ra A 7M œ œ ˙ fi - car œ Eu Todo projeto que venha enriquecer a nossa música brasileira é bem-vindo! Sendo assim, acredito que o projeto ESPÍRITO SAMBA seja mais um deles! Tenho plena confiança que ele vem para somar! Roberto Tibiriçá Maestro brasileiro, titular da cadeira de nº 5 da Academia Brasileira de Música desde 26 de março de 2003 SONGBOOK Unidos da Piedade Presidente: Edvaldo Teixeira da Silveira Fundação: 15/01/1955 Cores: Verde, Vermelho e Branco Títulos: 1958, 1959, 1960, 1961, 1962, 1963, 1965, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1979, 1986 Endereço: Praça Mário de O. Silva, 38 Morro da Fonte Grande Bairro: Centro, Vitória, ES O Grêmio Recreativo Unidos da Piedade é a escola mais antiga do Carnaval de Vitória. Surgiu em 15 de janeiro de 1955, na Fonte Grande, em Vitória. Foi 14 vezes campeã do Carnaval, mas não vence desde 1986. No ano de 2007 ficou em quarto lugar no total de 6 agremiações do segundo grupo capixaba. Em 2008 foi a última colocada do Grupo de Acesso do Carnaval da cidade. Em 2009, quando todas as escolas voltaram a competir em apenas um grupo, a escola se superou conquistando a quarta colocação. Em 2010 terminou em oitavo lugar. Para 2011, teve como enredo “Senhoras e senhores, bom espetáculo!”, terminando na terceira colocação. Em 2012, homenageou a AFECC. Em 2013, terminou na quinta colocação, disputando no ano de 2014, ano em que homenageou o Estado de Pernambuco com o enredo “Do agreste do sertão de Gonzaga e Lampião - Pernambuco Histórias de luta, do frevo e do São João”, conseguindo o 3º lugar. Em 2015, sob nova diretoria, a escola conseguiu o 4º lugar falando de sua própria trajetória no enredo “Piedade 60 anos. Uma odisseia carnavalesca de conquistas”. 92 ESPÍRITO SAMBA Carnaval de 2005 Sou terra, fogo água e ar. 50 anos de história... Sou piedade, sou estrela, vou brilhar Compositor: Francisco Velasco [ Eu moro naquela montanha e as pedras são minhas vizinhas, Piedade, se você me ama, aceite essa lembrança minha.] [laiá, laiá] Eu hoje sou estrela, vou brilhar. Felicidade! Eu tenho muita história pra contar Vou sacudir essa cidade Na vida vou plantar e vou colher verdades... poesias Hoje eu sou terra, sou coração Sou água, a fonte da vida Minha alegria está no ar Sou fogo da paixão contida Eh! Mãe África Sou alma, sou semente, sou raiz De um povo que nasceu guerreiro Que luta e deseja ser feliz Fundadores, benfeitores E a nova geração Figurantes, ritmistas vão brilhar Velha guarda e baianas... a tradição Cantores, compositores... É a fonte a cantar Em janeiro de 55 A consciência despertou Os morros Fonte Grande e Piedade Conquistaram a cidade Assim foi que a história começou Amarra o burro, a mocidade Chapéu do lado, deixar cair E hoje a maior felicidade é ver a comunidade Sentindo orgulho do que pôde construir 93 SONGBOOK Depois de muitas vezes campeão Tenho a nobre missão: Levar o samba para quem quiser ouvir A estrela é do povo... constelação Festa do cinquentenário... o céu está no chão Nasci no berço do samba e quero mais Muita luz e esperança. Amor e paz Parabéns pra você. Muitos anos de vida. Muitas felicidades. Piedade querida. 94 "Sou terra, água, fogo e ar... 50 anos de história. Sou Piedade, sou estrela, vou brilhar" Unidos da Piedade Samba de enredo F6 & b 42 Œ C 7(9) ‰ . r .. œ œ œ œ œ . œ D 7( b 9) G m7 Gm mon - ta - nha G m(7M) & b œ œ œ. œ œ œ œ œ œ. 5 zi - nhas F6 &b œ œ nha - Eu D m7 G 7(13) iá la C 7M &œ 17 2. iá & - G 7(13) œ. a - ma cei - te essa lem - bran % C 7M ça mi - nha iá D m7 sou esItre - A 7( b13) D m7 C 7M Eu te G 7(13) la la iá C 7M la ˙ vou nho mui - taIhis - tó ria pra G 7(13) vi - da vou planItar e vou œ œ œ .. 1. iá G 7(13) bri - lhar la iá œ Fe D m7 A 7( b13) C 7M œ - la œ œ li - ci - da - G 7(13) œ œ œ œ œ œœœ con - tar Vou sa - cu - dir es - sa ci - & œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ Na iá G 7(13) 25 da - de la A 7( b13) C 7M la A 7( b13) C 7M G 7(13) œ œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ de La iá la œ œ œ œ. œ œ iá ça œ œ œ n Œ œ - A 7( b13) C 7M œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ho - je vi - œ a - cei - teIes - sa - lem - bran œ A 7( b13) C 7M la - œ C 7(9) F6 .. œ œ œ n œ b œ . iá Eu D m7 21 me œ œ œ œ œ œ & .. G m6 pe - dras são mi - nhas œ œ œ. œ œ œ œ nœ bœ. œ 2. - 13 G m7 E as C 7(9) œ. 9 D 7( b 9) F6 1. Pie - da - de se vo - cê C 7(9) C 7(9) œ œ œ œœ œ œ œ œ œ. œ mo - ro na - que - la Eu mi F6 Francisco Velasco Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas C 7M œ co - lher G m7 œ. C 7(9) œ bœ œ œ œ œ Ver - da - des Po - e - 95 Unidos da Piedade F6 F m6 &œ œœ œ si as - G m7 & bœ C 7(9) - D m7 &œ œ 36 fo - go C 7M da da œ œ œ. mi - nha a - le - gria œ pai - xão G 7(13) sou co - ra - ção œ œ œ œ œ œ. F m6 G 7(13) œ œ œ sou ter - ra F6 œ 33 vi Ho - jeIeu A 7( b13) C 7M œ œ œ. œ œ 29 con - ti á - gua a fon - te œ œ œ œ. es - tá no sou C 7M œ Á - fri - ca sou D m7 G 7(13) .. œ œ. Eh! al - ma sou se - men - te sou Ra - iz G 7(13) De A 7( b13) ro C 7M œ .. œ œ # œ œ œ œ œ œ C 7M lu - ta A 7( b13) C 7M œ œ œ œ œ œ œ œ œ E a no - va œ œ œ œ œ œ œ œ mis - tas vão bri - lhar ve - lha guar - da C 6(9) G 7(13) e C 7M bai fi - gu - ran - tes ri ti - G m7 bœ - G 7(13) a C 7(9) œ - de - se - ja ser fe - œ œ œ œ œ œ ge - ra - ção œ. F #o e D m7 œ F6 po - vo que nasceu - guer - rei - 2. de - se - ja ser fe - liz fun - da - do - res ben - fe - to - res G 7(13) & e œ œ œ œ œ œ &œ 50 lu - ta G 7(13) 47 liz Que nas C 7M œ œ œ œ œœœœœ œ œ œœ œ œœ œ &œ œ œ œ œ œœ œœœ 53 ção can - to - res com - po - si - to - res É a fon - te a can - tar 96 œ œ C 7M G 7(13) G 7(13) œ œ œ œ œ . œ œ œ œ œ œ # œ ˙ & - œ Mãe D m7 A 7( b13) D m7 1. 43 œ ar & œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ 39 da A 7( b13) da - A 7( b13) C 7M sou G 7(13) œ œ. G 7(13) œ œ œ œ œ œ œ C 7M C 7M œ D m7 a tra - di - G 7(13) œ œœ Em ja - nei - ro de cin - quentaIe cin - co Unidos da Piedade C 6(9) G 7(13) A 7( b13) C 7M & œ œ œ. œ œ œ œ œ œ 57 D m7 A 7( b13) œ. œ œ œ œ œ A Cons - ci - ên - cia des - per - tou A 7( b13) D m7 D m7 A 7( b13) D m7 œ œ œ œ œ œ œ os mor - ros Fon - te Gran - de G 7(13) C 7M G 7(13) œ & œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ 61 da - de con - quis - ta - ram a C 7M G 7(13) œ œ 65 &œ œ Bur - ro a F #o ho - je D m7 a mai - or G 7(13) œ œ œ œ - de œ œ œ œ &œ œ œ œ 69 As - sim foi que a his - tó C 7M Mo - ci - da F6 ci - da - de fe - li - ci G 7(13) œ œ œ œ Cha - péu do la - œ œ do come - çou A - mar - ra A 7( b13) D m7 C 7(9) œ œ œ Dei - xar ca A 7( b13) C 7M da - de G m7 C 7(9) &œœ œ œ œ œ œ œ œ œ. or - gu - lho do que po - deIcons - tru - ir é ver a œ co - mu - ni - da F6 œ - - F m6 œ. œ ir E A 7( b13) D m7 œ œ œ œ œ œ œ œ 72 D m7 A 7( b13) C 7M Pi - e - œ œ œ œ œ de sen - tin - do A 7( b13) C 7M œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ De - pois de mui - tas ve - zes cam - pe - ão te - nho a no - bre mis - A 7( b13) , œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ . œ œ œ .J œ œ œ œ &œ œ 76 são D m7 G 7(13) Le - var o sam - ba pa - ra quem qui - ser ou C 7M - vir paz œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ œœœ œ & D m7 G 7(13) C 7M 80 ção F6 & œ. 84 1. mais Fes - ta do cin - quen - te - nário F #o C 7M o céu es - tá no chão G 7(13) F6 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ .. œ . mui - ta luz eIes - pe 2. ran - ça a - mor e mais G 7(13) A es - trela é do po C 7M vo G m7 cons - te - la - C 7(9) œ œ œ œ œ œ bœ œ œ œ œ œ Nas - ci no ber - ço do F #o sam - ba C 7M E que - ro G 7(13) œ œ œ œ œ œ œ œœœœ mui - ta luz eIes– pe - ran - ça a - mor e 97 Unidos da Piedade , œ œ œj œ œ C 7M G 7(13) &œ 88 paz pa - ra - béns C 6(9) œ Pa - ra - béns œ œ œ œ œ œ & C 6(9) - 98 da mui - tas fe - œ œ œ œ pra G 7(13) œ œ œ œ vo - cê mui - tos a œ œ œ - nos de vi - œ œœ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ li - ci - da de - que - ri G m7 C 7(9) 92 G 7(13) F6 F m6 des C 6(9) G 7(13) Pi - e - da C 7M - da ESPÍRITO SAMBA Unidos de Jucutuquara Presidente: Guilherme Monteiro Fundação: 1972 Cores: Verde, Vermelho e Branco Títulos: 1990, 2002, 2004, 2006, 2007, 2008, 2009 Endereço: Av Paulino Muller, 1409 Bairro: Jucutuquara, Vitória, ES O bloco Unidos de Jucutuquara nasceu em 29 de janeiro de 1972. No começo, não havia enredo, e os integrantes (só homens) saíam de tamanco. Depois a fantasia oficial foi a de pescador. Com o decorrer do tempo, a Unidos de Jucutuquara incluiu outras vestimentas e recebeu mulheres como componentes. A partir de 1980, o bloco começa a participar dos concursos promovidos pela Prefeitura de Vitória, sendo campeão por cinco anos consecutivos. A Prefeitura sugeriu, então, que o bloco virasse escola de samba, o que aconteceu em 1986. Em 1987, no seu primeiro desfile como escola de samba e com o enredo “Debutei! Saudades do meu bloco”, a Unidos de Jucutuquara foi a campeã do segundo grupo e ascendeu ao primeiro. Conquistou o título de campeã do primeiro grupo nos anos de 1990 (“Na mistura da torta, a nossa mistura”), 2002 (“Da escuridão à luz... a noite, seus encantos e mistérios”), 2004 (“Quantos mais caminhos houver, mais descaminhos haverá!”), 2006 (“Os tambores de Jucutuquara soam nas terras dos botocudos. Linhares, a joia do Rio Doce”), 2007 (“Caparaó capixaba, os encantos da montanha sagrada”), 2008 (“De Vitória à Samotrácia: um canto de vitórias”) e 2009 (“Convento da Penha: o relicário de um povo”). 99 SONGBOOK Carnaval de 1998 Retorno: carnaval e alegria estão de volta Compositor: Zé Kuruba [Eu tenho um grande amor nessa vida minha escola querida, gosto tanto de você! Ai, tá na rima tá na cara, você é Jucutuquara meu amor meu bem querer] Volta nesta Vitória colorida A nossa escola vai desfilar nesta avenida Para mostrar que nós desta cidade Também fazemos samba de verdade No Carnaval que passou Nossa escola desfilou E nosso samba foi sucesso geral Voltamos e queremos desta vez Duplicar o que se fez No outro Carnaval Quando pisarmos na avenida E o nosso surdo ressoar... O povo inteiro vai saber É Jucutuquara que vem lá... Anoiteceu, vai clarear A nossa escola que chegou pra desfilar Anoiteceu, vai clarear, Jucutuquara te convida pra sambar 100 "O retorno: carnaval, a legria está de volta" Unidos de Jucutuquara Zé Kuruba Transcrição: Edu Martins Edição e Revisão: Eduardo Lucas Samba de enredo C 6(9) r œ œ F6 C 7(9) & 42 Œ ‰. G 7(13) œ œ œ œ œ œ 4 3 &œ ri - 3 œ gos - to tan - to da 7 10 & - bb C m7 C 7(9) œ œ. D m7 œ œ œ œ œ œ œ 3 ra vo - cê é œ Ju - cu - tu - qua - ra B b7M œ œ œ œ œ . F 7(13) œ œ b Jœ b & G 7( b13) j œ 13 A F6 œ meu mi - nha es - co - la que - F m6 œ œ œ œ œ œ œ œ Aí tá œ 3 3 na ri - ma tá meu œ bem œ que - A b7 bb ˙ rer D 7( b 9) œ œ œ #œ nœ œ bœ œ #œ œ na C 6(9) œ a - mor E b7(9) - noi - te .. œ - D 7( b 9) ceu œ œ vai cla G m7 b œ œ œ œ œ œ œ œ &b 16 co - la que A m7 ( b 5) œ œ œ qua - ra te che - gou œ D 7( b 9) C m7 œ œ A m7 ( b 5) b b & da - #œ 5 G m7 19 vi 3 G 7(13) œ 3 œ ca G m7 œ œ œ œ œ œ 3 œ 3 vo - cê de A 7( b13) C 6(9) &œ 3 um gran - deIa - mor nes - sa te - nho Eu D m7 œ œ œ œ œ œ œ œ A 7( b13) C 6(9) F m6 pra D 7( b 9) œ œ con - vi - da des - fi - œ œ pra - œ J j œ lar A G m7 ˙ sam - bar G m7 œ re - œ œ. ar a G 7( b13) œ - œ. 1. noi - œ te D 7( b 9) nos G m7 - saIes - œ œ. .. œ . 2. ar Ju - cu Gm œ - tu - G m(7M) .. œ Vol œ œ - ta 101 Unidos de Jucutuquara G 7( b13) G m7 C m7 b œ œ œ nœ bœ œ b œ œ & 22 nes - ta &b 25 28 & b Vi - tó - ria D 7( b 9) G 7( b13) G m7 - - œ œ œ œ œ da A D 7( b 9) œ œ nos - saIes - co - la Gm G m(7M) œ œ œ œ da Pa - D 7( b 9) A m7 ( b 5) C m7 ra œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ D 7( b 9) b &b œ 31 da œ de - 1. ci - da - de .. œ œ œ œ œ œ œ œ œ bém œ œ No car - na - val que pas - sou b œ œ œ œ œ œ b & G m7 b &b œ vez nos - sa œ. ge - ral es - cola œ œ œ #œ œ. du - pli - car fez D 7( b 9) G m7 b œ œ œ œ œ œ œ œ œ ta - mos e que - re - mos ou - tra vez œ - œ de C m7 œ œ œ œ œ lou E nos - so D 7( b 9) e D 7( b 9) œ œ œ œ œ œ A m7 ( b 5) ver - œ œ œ œ œ œ œ œ œ A m7 ( b 5) No œ A m7 ( b 5) Vol - ta - mos G m7/F que se des - fi de G m7 ver - da œ œ œ œ œ œ œ œ o de G 7( b13) D 7(9) sam - ba foi su - ces - so 40 fa - ze - mos sam - ba B b7M E b7(9) fa - ze - mos sam - ba D 7( b 9) 2. œ œ œ œ b b & œ tam - bém A m7 ( b 5) F6 34 102 ri œ œ œ œ œ œ œ œ. G m7 &b - G m7 mos - trar que nós des - ta 43 co - lo vai des - fi - lar nes - taIa - ve - ni bb 37 œ A m7 ( b 5) ou - tro car œ - œ œ œ œ œ œ o que ou - tra D m7 ( b 5) G 7( b13) œ œ. na - val G m/F du - pli - car que - re - mos se A m7 ( b 5) œ Vol - D 7( b 9) œ œ œ #œ œ. fez No ou - tro car - œ na - Unidos de Jucutuquara D 7( b 9) G m7 b &b ˙ 46 G m7 val 49 & bb b &b 52 œ œ Quan - do F6 o nos - so sur - do œ œ pi - sar - mos B b7M œ œ œ œ œ œ œ E œ œ tei - ro É O ‰ F 7(13) sa - ber G 7( b13) bb ‰ Jœ b œ . & G m7 55 G m7 Ju - cu - tu - qua - ra œ œ œ œ œ œ C m7 po - voIin - tei - ro vai sa - ber ni œ J que vem da G 7( b13) bœ. po B b7M ˙ - œ voIin - D 7( b 9) lá œ œ œ œ œ œ œ œ F 7(13) É œ - O œ œ bœ œ œ œ œ œ vai œ - res - soar œ œ œ œ œ C m7 œ naIa - ve D 7( b 9) ˙ F6 Ju - cu - tu - qua - ra que vem B b7M ˙ lá 103 SONGBOOK Esse é um projeto fantástico!!! Acredito que o ESPÍRITO SAMBA venha se tornar um divisor na história de samba enredo e do Carnaval capixaba. No ano em que o samba completa seu primeiro centenário esse songbook é um marco. Parabéns ao maestro Eduardo Lucas pela iniciativa e realização. Tenho plena confiança de que ele vem preencher uma lacuna e será referência para esta e futuras gerações. Dicesar Rosa Entusiasta e blogueiro do Carnaval capixaba 104 ESPÍRITO SAMBA No centenário do samba, a música que se tornou trilha sonora e cartão-postal de um país inteiro, temos a grata surpresa de saber que o samba produzido em terras capixabas é motivo de pesquisa, estudo e publicação de um importante Songbook. Nada poderia ser melhor para enaltecer a qualidade dos nossos compositores e de nossa música. Aqui, ela é representada apenas pelos sambas-enredo das escolas de samba capixaba, mas devido à diversidade de nossos poetas e músicos que dão vida aos sambas se torna uma homenagem à própria música capixaba. E pensar que quando tudo isso começou, o samba era um ritmo quase proibido. Já se fazia um tipo de música diferente, parecido com o maxixe. Mas, até então, o novo ritmo não havia sido batizado. O registro só foi feito em 1917, quando Donga e Mauro Almeida fizeram a primeira gravação de um “samba”, o famoso “Pelo telefone”. O que deveria ser motivo de festa, se tornou protesto, visto que o ritmo era reconhecido como o som que ecoava nos encontros de músicos pobres e nas festas de morro onde moravam os pobres e negros. Isso sem contar as discussões internas entre os músicos, que tentavam encontrar uma origem para o novo ritmo, seja ela genuinamente carioca, ou baiana, ou a mistura de cantos da macumba dos negros bantos com os músicos intelectuais da época, ou ainda uma reprodução do semba, a famosa umbigada proveniente da região onde hoje se encontram Congo e Angola, local de onde veio a maior parte da população de escravos africanos. As discussões persistem até hoje. E alheio a tudo isso, o ritmo se espalhou e conquistou adeptos em todo o país. No entanto, ainda era visto como desorganizado e fugia dos padrões exigidos para os grupos carnavalescos, inclusive por sua dança, na qual casais remexiam os quadris de forma sensual e desordeira, como nunca visto antes em nenhuma outra dança. O pesquisador Nei Lopes descreveu em suas primeiras impressões que o samba é no passo curto, é drible de corpo, é “no faz que vai, mas não vai”, é no passo largo cheio de ginga, é no balançar dos braços, é no girar constante da cabeça. Para Lopes, a combinação de gestos determinados com a improvisação criativa do sambista produz movimentos no corpo que ninguém do mundo consegue fazer igual ao brasileiro. E foi assim, de passo a passo, de boca a boca que o ritmo foi ganhando variações: o samba do morro, de partido-alto, samba de batucada, samba-rancho, samba-choro, samba-canção, samba-exaltação e o samba de roda, samba de breque, samba-enredo, entre tantos outros. Era preciso que o povo tivesse vez para expressar seus sentimentos, emoções; que tivesse uma chance de falar o que pensava. Daí veio o nome do bloco: “Deixa Falar”, que no mesmo dia foi consagrado como “escola de samba”, devido a uma sugestão de Ismael Silva, que fez uma analogia à Escola Normal do Rio de Janeiro, próxima ao local da reunião, onde eram formados professores para as escolas públicas. O argu105 SONGBOOK mento de Ismael foi bem simples: se os mestres da educação se reúnem numa escola para ensinar o que sabem, os sambistas também são mestres e professores quando se reúnem para discutir sobre samba. Para diferenciar as novas composições das marchinhas, das músicas europeias e do ritmo de maxixe do primeiro samba gravado no país, foram proibidos os instrumentos de sopro. Apenas o apito era permitido, pois servia para comandar os sambistas batuqueiros. Mas, foram incluídos novos instrumentos aos conjuntos de samba, como o agogô, o chocalho, a cuíca e o surdo, este último, instrumento criado pelo próprio Bide. De acordo com o sambista, o primeiro surdo foi feito com uma lata de manteiga de 20 kg e servia para alertar o coro de pastoras e brincantes sobre as mudanças melódicas do samba, além de manter o ritmo sempre igual. Com tantas inovações e tanta repercussão, o samba se tornou uma das mais marcantes expressões musicais do nosso país. O primeiro samba-enredo da história surgiu apenas em 1933, no concurso de Carnaval organizado pelo jornal O Globo. A Unidos da Tijuca apresentou como tema “O mundo do samba”, composição de Nelson de Moraes interpretada por Alceu Maranhão, que é considerada, então, o primeiro samba-enredo da história. Nestes primeiros desfiles, não havia ainda um samba-enredo único cantado pelas escolas de samba, como acontece atualmente. Os mestres de canto ou versadores cantavam estrofes de samba acompanhados das pastoras e o restante da letra era improvisado com refrãos criados na hora, ao longo do desfile. A Unidos da Tijuca cantou apenas um samba, dos três permitidos por desfile. Por onde passam as escolas de samba vão adquirindo características locais, seja nos enredos, nas batidas da bateria, no compasso do samba, no material das fantasias. No Estado do Espírito Santo, o termo “escola de samba” surgiu antes mesmo de elas existirem. Em 1948 foi instituída a União das Batucadas e Escolas de Samba (Ubes). O fato de a expressão “escolas de samba” estar incluído no nome da instituição simboliza apenas que essas batucadas também faziam sambas, como aqueles apresentados no Carnaval carioca. Nesta época ainda não havia escolas de samba no Espírito Santo: a primeira só foi fundada em meados da década de 50, a Unidos da Piedade. Rominho, que não era nenhum mestre de bateria, mas havia aprendido o básico de como fazer a batucada parecida com a dos desfiles de Carnaval do Rio de Janeiro, ensinou aos sambistas dos Morros da Fonte Grande e Piedade como segurar o instrumento, a posição correta da baqueta, como afiná-los e tudo mais que uma bateria precisa para tocar em harmonia. Esse fato chegou a ser retratado em uma composição interpretada por Papo Furado para iniciar os desfiles da Unidos da Piedade. “Às seis horas da tarde, o sino da igreja bateu. Lá do morro, Unidos da Piedade desceu”. 106 ESPÍRITO SAMBA O gosto pela novidade e pelos novos instrumentos fez com que aumentasse o número de pessoas interessadas. Homens, mulheres e crianças apareciam de todos os cantos do morro para fazer parte da escola de samba de Rominho. Mas, somente os homens podiam participar da bateria. Às mulheres era reservada a parte da costura de fantasias e no Carnaval elas desfilavam de passista ou porta-bandeira. As crianças eram livres e podiam percorrer todos os setores do desfile, mas normalmente não chegavam nem mesmo à metade do percurso. O sucesso foi enorme e deu origem à Unidos da Piedade. Foi ela também a responsável pela introdução dos primeiros sambas-enredo do Carnaval capixaba. Até o início da década de 60, definia-se um tema para a escola e suas fantasias, e o desfile era realizado ao som de vários sambas com o mesmo tema, mas raramente um samba era composto para um desfile específico. Muitas vezes, o puxador cantava versos de sambas conhecidos e improvisava o restante conforme a escola progredisse na avenida. O primeiro samba-enredo oficial do Carnaval capixaba foi apresentado em 1962, em um enredo que homenageava Alberto Santos Dumont. A autoria do samba é de Mário Benedito Ramos e a interpretação na avenida ficou a cargo de Papo Furado. Novas escolas foram criadas, blocos se tornaram escolas, e o sucesso dos desfiles do Carnaval capixaba se espalhou pelo Brasil. No Rio, os carnavalescos, intérpretes, compositores e presidentes das famosas escolas de samba, como Mangueira, Beija-Flor, Mocidade e Salgueiro ficaram curiosos para saber como era realizado o nosso desfile e enviavam representantes para visitar as coirmãs capixabas. A partir do final da década de 70, os cariocas passaram a frequentar as quadras e barracões capixabas para fazer um intercâmbio de conhecimentos, materiais e mão de obra. Algumas comitivas eram formadas por presidentes, mestre-sala e porta-bandeira, intérpretes, passistas e bateria, que além de participar de ensaios, também “batizavam” as agremiações capixabas e ainda emprestavam-lhes suas cores e símbolos. Assim, a Beija-Flor batizou a Novo Império, o Salgueiro batizou a Independente de São Torquato e a Mangueira batizou o Andaraí. O Carnaval de 1984 foi marcado por uma grande novidade. Era a primeira vez que os sambas-enredo capixabas eram gravados num disco oficial. Para que isso fosse possível, uma parceria entre a Prefeitura de Vitória, empresários e as escolas de samba realizou uma excursão com os intérpretes para o Rio de Janeiro. Lá, os músicos cariocas gravaram a base instrumental de cada samba para que os intérpretes capixabas pudessem gravar a voz. Meses antes do Carnaval o disco já estava sendo comercializado nas quadras das escolas de samba e nas bancas de toda a cidade. A experiência foi repetida nos anos seguintes. A qualidade dos desfiles impressionava o público. E era cada vez mais evidente a 107 SONGBOOK necessidade da construção de um local próprio para a apresentação das escolas de samba. As avenidas, por maiores e mais largas que fossem, estavam pequenas para a quantidade de componentes. Foi então que os sambistas tiveram uma ideia de construir um sambódromo semelhante ao que foi planejado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para a cidade do Rio de Janeiro. Para diminuir os custos e facilitar as obras, decidiram adaptar a avenida Dário Lourenço de Souza, no bairro Mário Cypreste, próximo à sede da maioria das escolas de samba. A década de 90 foi marcada por confusões entre os sambistas e seus dirigentes. Muitas agremiações foram criadas por sambistas dissidentes, no entanto, os componentes permaneciam os mesmos, o que causava mais confusão. Alguns bairros chegavam a ter cinco escolas de samba e os desfiles contavam com quase 30 escolas. A Prefeitura de Vitória, na época sob administração de Vitor Buaiz, ficou temerosa de que a criação de novas escolas fosse apenas mais uma forma de captação de recursos junto à prefeitura e empresas. Por isso, a partir de 1992 decidiu cortar toda a verba pública destinada às escolas e ficar apenas com a manutenção do sambódromo e a organização do desfile. Algumas escolas se recusaram a participar do Carnaval organizado pela prefeitura e desfilaram apenas em seus bairros de origem. Em primeiro de julho de 1992 o então prefeito de Vitória, Vitor Buaiz, por meio da Lei nº 3.800, cedeu à Secretaria Estadual de Educação e Cultura (Sedu) a utilização de 15 camarotes localizados no complexo cultural do Sambão do Povo para serem transformados em salas de aula. Como protesto as escolas de samba decidiram não desfilar em 1993. Sem o desfile, aproveitariam para arrecadar mais dinheiro para o Carnaval de 1994. Mas, ao contrário do que se esperava, a prefeitura, agora administrada por Paulo Hartung, retirou os desfiles carnavalescos do calendário de festas da cidade, o que extinguiu todas as agremiações ainda em atividade. Em 1997, a prefeitura aceitou o desafio dos sambistas e implantou o projeto “Barracão do Samba”, por meio do qual incentivaria a volta dos desfiles. Caso o desfile fosse bom e tivesse aprovação da sociedade, entraria no calendário de festas. Para as escolas o desafio foi dobrado. Era necessário reunir novamente os bambas de anos atrás, formar e ensaiar a bateria, criar enredos, sambas, costurar fantasias, construir as estruturas de carros alegóricos que foram destruídos pelo tempo ou até mesmo vendidos para ferro-velho. Enfim, o trabalho era grande, mas a vontade de ver a escola desfilando era ainda maior. Apenas seis escolas de samba conseguiram se organizar a tempo de desfilar no “Carnaval de Todos os Ritmos”, como era chamada a programação de Carnaval de Vitória. Os intérpretes gravaram um CD com os sambas do ano, que foi produzido na própria cidade e era comercializado durante os seus ensaios. 108 ESPÍRITO SAMBA O local escolhido para o desfile remetia aos tempos onde tudo começou: o centro de Vitória, mais especificamente, a avenida Jerônimo Monteiro. Por se tratar de um local menor e de fácil acesso a todos, seria mais fácil para constatar se a volta dos desfiles tinha agradado ou não os capixabas. Cada escola que entrava na avenida era saudada pelo público que gritava seu nome e aplaudia seus componentes. Assim que era autorizado o início do desfile os fogos de artifício invadiam o céu. A batida do coração de cada sambista passa a ser controlada pela batida da bateria. As escolas não estavam tão bonitas, os carros não tinham um acabamento tão caprichado, o samba não estava na ponta da língua dos componentes. Mas a emoção era tanta e a receptividade do público foi tão boa que tudo parecia perfeito. Todas as escolas saíram da avenida consagradas como campeãs. Nesse ano o desfile não foi competitivo, pois o objetivo era estimular a volta dos componentes e das demais escolas. O estímulo deu certo. Assim que o Carnaval terminou novas escolas se dispuseram a participar dos desfiles, e no dia 1º de junho de 1998 a prefeitura, por meio da Lei 4.644, inclui oficialmente o desfile das escolas de samba no calendário de eventos carnavalescos do município. Com a boa repercussão, as escolas se organizaram em uma liga e a prefeitura promoveu a reforma do sambódromo. A área de arquibancadas que foi demolida ganhou camarotes móveis. A capacidade foi drasticamente reduzida, de 18 mil pessoas em sua inauguração (1987) para 7,5 mil pessoas em 2002. Em outubro de 2005, as escolas realizaram um verdadeiro Carnaval fora de época. Uma parceria inédita no estado entre a Prefeitura de Vitória, a Liga Capixaba das Escolas de Samba e a iniciativa privada organizou a 1ª Feira do Samba, um dos maiores eventos culturais do Estado e de grande importância para valorização do Carnaval capixaba. O projeto ofereceu aos capixabas e turistas uma verdadeira cidade do samba erguida na Praça do Papa, em Vitória. Lá, cada agremiação contava com um estande, onde divulgava seu enredo e comercializava fantasias, camisas e CDs. Havia ainda salas reservadas para palestras e workshops dos mais diversos assuntos referentes ao Carnaval. Nas praças de alimentação e restaurantes os sambistas aproveitavam para aquecer as cordas vocais e afinar seus instrumentos antes de entrar no grande palco. O evento contou com apresentação de shows de todas as escolas de samba, além de participações especiais com roda de chorinho, a sambista Tereza Cristina e, é claro, a Velha Guarda do Samba Capixaba. Foram dias de muito samba e descontração que reuniram milhares de pessoas na Praça do Papa durante três dias. 109 SONGBOOK Em 2006 o Carnaval capixaba foi levado para a Marquês de Sapucaí, nome como é conhecido o Sambódromo carioca, com o desfile da G.R.E.S. Caprichosos de Pilares. Numa iniciativa inédita, o governador Paulo Hartung e a Assembleia Legislativa, por meio de sua comissão de turismo, que nunca tinham demonstrado apoio explícito à realização do Carnaval capixaba, resolveram pagar uma escola carioca para falar do Espírito Santo. Esta iniciativa tinha como objetivo divulgar o potencial turístico do Estado para o Brasil e o mundo por meio da grande repercussão das transmissões dos desfiles de Carnaval do Rio de Janeiro. A informação foi noticiada em todos os meios de comunicação do Estado e recebida com protesto pelos sambistas capixabas devido à quantia em dinheiro para a escola carioca. Compositores capixabas acompanharam a explanação do enredo e puderam concorrer com suas composições ao concurso de sambas-enredo da escola carioca. As eliminatórias capixabas eram paralelas às que aconteciam no Rio e aqui se realizavam em ensaios alternados com a comitiva da Caprichosos, que percorreu diversas quadras. A final geral (cariocas x capixabas) aconteceu no Rio de Janeiro, e, depois de um empate entre as notas, foi decidido que o samba que iria para a avenida seria carioca. Em 2007, foi a criado o 1º Fest Samba, semelhante à Feira do Samba, realizada em 2005, o evento contou com exposição e venda de fantasias, shows de sambistas capixabas e nacionais. O diferencial era o concurso “Melhor Samba-enredo do Carnaval Capixaba”. Cada agremiação teve direito de concorrer com seu melhor samba e inscrevê-lo no concurso apresentando letra, áudio, sinopse de enredo e fotos do Carnaval. Aos vencedores foi ofertado um prêmio em dinheiro. O evento foi realizado nos dias 11, 12 e 13 de outubro de 2007, no Estádio do Esporte Clube Caxias, em Itararé, Vitória. Entre os integrantes do júri estavam os músicos cariocas Paulinho da Mocidade, Roberto Eloy e o Mestre Dionísio, da escolinha de Mestre-sala e Porta-bandeira do Rio, entre outros. Os sambas campeões foram “Quente como o inferno, puro como um anjo, doce como o amor... Quem vai provar? Quem vai querer? Eu sou o café e o meu banquete é pra você!” (Mocidade Unida da Glória, 2006), “Quem é você? As máscaras que ocultam também revelam” (Unidos de Jucutuquara, 2005) e “Mármore e granito. A força das pedras do Espírito Santo” (Andaraí, 2004). Como era de se esperar, o resultado não agradou a todos os sambistas. A torcida maior era para que um dos sambas antigos vencesse a competição e entre eles estavam: “São Torquato em quimeras, uma utopia capixaba” (Independente de São Torquato, 1988), “Chegou o que faltava, o periquito da sorte” (Chegou o que Faltava, 1989), “Tipos populares de Vitória” (Pega no Samba, 1986) e “O esplendor da nature110 ESPÍRITO SAMBA za” (Novo Império, 1978), desclassificado por não entregar a sinopse. Além do melhor samba foi eleito também o melhor intérprete. O escolhido pelo júri foi Emerson Xumbrega, representando a Independentes de Boa Vista. Com o valor do prêmio, anunciou a gravação de seu primeiro disco. E as novidades não pararam, os desfiles passaram a ter transmissão nacional em rede de TV, ampliou-se a cobertura em rádios, TVs e internet, livros foram lançados, trabalhos acadêmicos levaram as escolas para a sala de aula e até mesmo um DVD, com os sambas-enredo gravados em forma de clipe, foi lançado. E assim segue a história do nosso Carnaval… Lucas Monteiro Escritor e jornalista. Autor dos livros Carnaval Capixaba: histórias, honras e glórias, A máscara de Robson Saile, Corrupção, violência e impunidade: o que fazer?, e Poesias de amor para sempre 111 SONGBOOK Referências 1. CABRAL, Sérgio. As escolas de samba do Rio de Janeiro. Lumiar Editora, 1996. 2. SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Zahar, 2001. 3. CHEDIAK, Almir; NOVA, Songbook Bossa. Songbook Noel Rosa. 1991. 4. UNIDOS DA PIEDADE. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. 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