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Ciência Florestal, Santa Maria, v. 23, n. 3, p. 517-528, jul.-set., 2013
ISSN 0103-9954
COMPREENSÃO E APLICABILIDADE DO CONCEITO DE SOLO FLORESTAL
UNDERSTANDING AND APPLICABILITY OF THE FOREST SOIL CONCEPT
Ana Paula Moreira Rovedder1 Luis Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki2 Ricardo Simão Diniz Dalmolin3
José Miguel Reichert4 Ricardo Bergamo Schenato5
RESUMO
O setor florestal desempenha um papel importante no contexto socioeconômico e ambiental brasileiro, por
isso o avanço no conhecimento sobre os solos florestais torna-se essencial para o uso sustentável dos recursos
naturais, seja como base de conservação do patrimônio natural ou como recurso para o desenvolvimento
econômico. Solo florestal pode ser definido como aquele cuja pedogênese está associada à influência de
uma tipologia florestal ou o que apresenta uma cobertura de floresta natural ou plantada. Diferenciar solos
florestais daqueles ocupados com outros usos auxilia na compreensão das possíveis alterações relacionadas
à cobertura vegetal e no desenvolvimento de melhores estratégias de manejo para o uso do solo e da floresta.
No entanto, ainda não há um consenso em torno do termo, uma vez que o solo apresenta variações de acordo
com as características da floresta, estimulando a discussão relativa à sua interpretação e aplicabilidade. A
presente revisão de literatura tem por objetivo analisar a utilização do conceito de solo florestal, ressaltando
características de diferenciação e sua relação com o tipo de cobertura, natural ou plantada. Aspectos relativos
à deposição, qualidade e manejo de resíduos, ciclagem de nutrientes, compactação e produtividade de sítio
são enfatizados. Conclui-se que o conceito de solo florestal é amplamente utilizado na literatura específica
e útil para o levantamento de informações e de planejamento sustentável de uso do solo e da floresta. A
melhoria do conhecimento sobre esse recurso abre a possibilidade de se criar uma identidade comum, o
que facilita estudos comparativos de características específicas, fortalecendo a pesquisa em torno do tema.
Palavras-chave: pedogênese; cobertura florestal; ciclagem de nutrientes; qualidade do solo.
ABSTRACT
The forestry sector plays an important role in the socioeconomic and environmental Brazilian context,
therefore the improvement of the knowledge about forest soil becomes essential for its sustainable use
as a conservation base of natural heritage as resource for economical development. Forest soil can be
characterized by pedogenesis occurred under influence of a forestry typology or under a currently natural
or cultivated forest coverage. Differentiating forest soils from those occupied with other uses helps the
understanding of possible alterations related to vegetal coverage and the developing of better management
strategies to soil and forest use. Nevertheless, there is no consensus about this term because the soils present
variations according to the forest characteristics, stimulating the discussion concerning its interpretation
and applicability. This review aimed to analyze the utilization of forest soil concept, highlighting the
differentiation characteristics and the relation with coverage type, natural or cultivated. Aspects related to
deposition, quality and management of residues, nutrients cycling, soil compaction and site productivity
are emphasized. The forest soil concept is widely used by specific literature and useful to collect specific
1 Engenheira Florestal, Dra., professora do Departamento de Ciências Florestais, Centro de Ciências
Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Campus Universitário, CEP 97105-900, Santa Maria (RS).
anarovedder@gmail.com
2 Engenheiro Agrônomo, Dr., professor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico, Universidade Federal de
Pelotas, Rua Gomes Carneiro 01, CEP 96010-610, Pelotas (RS). luis.suzuki@ufpel.edu.br
3 Engenheiro Agrônomo, Dr., professor do Departamento de Ciência do Solo, Centro de Ciências Rurais, Universidade
Federal de Santa Maria, Campus Universitário, CEP 97105-900, Santa Maria (RS). dalmolin@ufsm.br
4 Engenheiro Agrônomo, Dr., professor do Departamento de Ciência do Solo, Centro de Ciências Rurais, Universidade
Federal de Santa Maria, Campus Universitário, CEP 97105-900, Santa Maria (RS). reichert@smail.ufsm.br
5 Engenheiro Agrônomo, Ms., professor da Universidade Federal do Pampa, Centro de Tecnologia de Alegrete, Av.
Tiarajú, 810, CEP 97546-550, Alegrete (RS). ribschenato@gmail.com
Recebido para publicação em 14/02/2011 e aceito em 19/10/2012
Ci. Fl., v. 23, n. 3, jul.-set., 2013
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Rovedder, A. P. M. et al.
information and to plan the sustainable use of soil and forest. The improvement of knowledge about these
resources provides the creation of a common identity, supporting comparative studies and consolidating the
research regarding to this theme.
Keywords: pedogenesis; forest cover; nutrient cycling; soil quality.
INTRODUÇÃO
O solo é um elemento imprescindível à formação e manutenção dos sistemas vivos. Pode-se
afirmar que, sem algumas de suas características,
não haveria a possibilidade de vida no planeta. O
conjunto de cargas elétricas confere-lhe a capacidade de armazenar e liberar gradativamente elementos químicos, mantendo um equilíbrio dinâmico entre a proporção retida na fase sólida e a proporção
prontamente disponível em solução (MEURER et
al., 2006). Fisicamente, o solo atua como meio de
suporte à vida vegetal e a uma infinidade de comunidades bióticas, possuindo também a capacidade
de reter e disponibilizar água e oxigênio. Em termos
socioeconômicos, é o alicerce de diversos sistemas
produtivos, viabilizando a produção de alimentos,
fibras e madeira e, na extremidade final das cadeias
produtivas, atua ainda como meio para descarte de
resíduos (AZEVEDO e DALMOLIN, 2006).
Pela abrangência de funções que desempenha e pela pressão antrópica cada vez maior,
tornou-se importante diferenciar o solo em função
da atividade exercida sobre esse, apresentando as
especificidades geradas pelos diferentes manejos
e tipos de coberturas. Dessa forma, costumam-se
adotar diferentes denominações como solos agrícolas, solos florestais e solos urbanos. Sobre este último Pedron et al. (2004), por exemplo, desenvolvem
uma ampla discussão.
Embora os princípios fundamentais da
Ciência do Solo sejam abrangentes a solos sob
todos os tipos de vegetação, natural ou cultivada,
diferenças como abundância e diversidade de cobertura vegetal, ausência de práticas de manejo ou
diferentes intensidades de aplicação destas, entre
outras características, permitem identificar especificidades no ambiente edáfico. Ignorar influências
tão pertinentes pode representar uma limitação ao
avanço da ciência, uma vez que não é possível dissociar-se o futuro dos diferentes solos do planeta
do seu uso presente, especialmente aqueles que passam pela ação antrópica.
No âmbito das atividades do setor florestal,
o solo desempenha importantes funções relacionadas à manutenção dos índices de produtividade,
Ci. Fl., v. 23, n. 3, jul.-set., 2013
sendo o entendimento de suas propriedades e mecanismos fundamental para se alcançar a eficiência
esperada das práticas de manejo e a sustentabilidade
de um sistema florestal, seja este voltado à obtenção
de produtos ou à conservação dos recursos naturais.
O conceito de solo florestal não é novidade, constituindo-se em foco de pesquisas científicas
desde o começo do século passado e amplamente
aceito e utilizado na comunidade científica internacional (LUNT, 1932; JENNY, 1941; WILDE,
1958; PITCHETT e FISCHER, 1987, DUPOUYE
et al., 2002). Em seu clássico livro “Factor of soil
formation”, um dos alicerces da Ciência do Solo
moderna, Jenny (1941) utiliza amplamente o termo e salienta que definir o grupo de solos florestais
(assim como “solos árticos”, “solos de pradarias”,
“solos tropicais”, entre outros), auxilia no entendimento das especificidades de cada grupo, a partir da interpretação das múltiplas combinações de
seus fatores de formação. Outras obras importantes
e que trouxeram luz sobre o tema são “Properties
and management of forest soil” de Pitchett e Fischer
(1987) e “Carbon forms and functions in Forest
soils” (MCFEE e KELLY, 1995), entre muitos outros. A conferência sobre solos florestais (North
American Forest Soils Conference), realizada pela
Soil Science Society of America há mais de 50 anos
(a primeira foi em 1958), é outro exemplo da relevância do tema.
A presente revisão de literatura propõe
analisar a definição de solo florestal, realçando características inerentes a este, que sejam relevantes
para o entendimento da sua formação, subsidiando
o desenvolvimento e aplicação do manejo sustentável e conservação dos recursos florestais, naturais
ou implantados. Aborda-se com maior relevância
características que se associam ao manejo e nível
de qualidade do solo, com ênfase aos aspectos da
ciclagem de nutrientes e variações nos atributos
físico-químicos. Assim, o trabalho visa contribuir
com a discussão sobre o tema junto à comunidade científica brasileira, incentivando pesquisadores
e acadêmicos a futuras pesquisas, uma vez que no
Brasil essa é uma área ainda pouco explorada no
contexto científico e de grande importância para o
futuro do país em face de sua área florestal.
Compreensão e aplicabilidade do conceito de solo florestal
DESENVOLVIMENTO
O conceito de solo florestal
Um dos conceitos de solo mais difundidos
e aceitos mundialmente é o do Soil Survey Staff
(1999), segundo o qual solo é um corpo natural com
fases sólida, líquida e gasosa, que ocupa espaço na
superfície terrestre e distingue-se do material de origem por horizontes e camadas formados a partir de
adição, perda, transferência e transformação de matéria e energia, ou que seja capaz de suportar o desenvolvimento de sistemas radiculares. No entanto,
a percepção do que é o solo pode variar conforme a
atividade desenvolvida e a formação profissional e
intelectual do observador (TROEH e THOMPSON,
2005).
No que tange ao solo como meio de desenvolvimento de florestas, sua definição necessita de
uma complementação, dada a forte influência da
cobertura florestal sobre sua formação. Nesse sentido, Wilde (1958) define solo florestal como uma
porção da superfície terrestre que serve como meio
de sustentação da floresta; constituído por material
mineral e orgânico, permeado por diferentes teores
de água e ar, além de ser habitado por organismos
e exibir características peculiares adquiridas sob
influência de três fatores pedogenéticos não comumente encontrados em outros solos: resíduos florestais, raízes das árvores e organismos específicos,
cuja existência depende da presença da cobertura
florestal. Esses aspectos peculiares aos solos florestais são fundamentais em seu processo de evolução,
condicionando uma série de características.
A maior parte dos solos do planeta desenvolveu-se sob florestas, cuja influência foi significativa para o estabelecimento de certas características
edáficas (PRITCHETT e FISCHER, 1987), como o
grau de acidificação e de dessilicação, por ter atuado
como fator de formação do solo e, assim, interferido nos processos pedogenéticos gerais e específicos
(FUJII et al., 2008). As primeiras observações das
relações entre solo e floresta foram realizadas pelos
habitantes primitivos desta. Como exemplo, pode-se citar a dependência dos indígenas norte-americanos e das tribos mongóis na Eurásia em relação às
florestas, que os conduziu a um entendimento dos
fatores que influenciam a distribuição das árvores e
sua suscetibilidade ao fogo (WILDE, 1958).
A substituição da cobertura florestal original por outras atividades como cultivos agrícolas,
pecuária, centros urbanos, entre outras, modifica as
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características edáficas em um período relativamente curto, dependendo do tipo de solo e da intensidade das práticas adotadas. Tais modificações servem
como base de distinção entre solos florestais e solos sobre outros usos e coberturas, como os solos
agrícolas, por exemplo, sem que, com isso, se esteja gerando um equívoco terminológico e científico
(JENNY, 1941; WILDE, 1958).
Comerford (2002) salienta que a justificativa para que se definam solos florestais baseia-se no
longo tempo de vida da cobertura vegetal. Em nível
nacional, Gonçalves (2002) propôs a atribuição do
termo a solos sob plantações florestais.
Analisando-se publicações científicas,
o termo solo florestal é amplamente utilizado
(ROMANS et al., 1973; BARROS e NOVAIS,
1990; COMERFORD, 2002; ZECHMEISTERBOLTENSTERN et al., 2002; FERNANDES e
SOUZA, 2003; WONISCH et al., 2008, FUJII et
al., 2008). Comerford (2002) encontrou publicações
com o termo desde o ano de 1893, incluindo pesquisadores espanhóis, alemães, franceses, húngaros,
canadenses e norte-americanos.
Atualmente, a silvicultura comercial tem
alcançado altas taxas de produtividade e impulsionado um dos principais setores da economia internacional. No Brasil, historicamente, a silvicultura
esteve limitada às áreas ditas marginais, quando
interpretadas do ponto de vista da aptidão agrícola, sendo, geralmente, solos pobres em fertilidade
(DEDECEK et al., 2007). Quando implantada sobre antigas áreas de cultivos agrícolas, muitas vezes, o nível de fertilidade não é um fator limitante.
Contudo, estas áreas frequentemente apresentam
problemas físicos, devido a processos de compactação (BARROS e COMERFORD, 2002).
Com a evolução do setor florestal brasileiro, bem como pela necessidade de conservação e
manutenção das florestas naturais, a caracterização
dos solos florestais torna-se ainda mais importante,
tanto do ponto de vista ambiental quanto produtivo.
Pritchett e Fischer (1987) apresentam duas
concepções que se tornaram clássicas para o entendimento de solo florestal:
a) solo que se desenvolveu sob a influência
de cobertura florestal, ou,
b) solo que se desenvolveu e permanece sob
floresta.
Partindo dessa concepção, são apresentados
nos tópicos a seguir: (I) características de distinção
para solos florestais, (II) aspectos relativos aos solos
sob florestas naturais, (III) aspectos relativos aos soCi. Fl., v. 23, n. 3, jul.-set., 2013
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Rovedder, A. P. M. et al.
los sob florestas plantadas e (IV) relação entre solo e
produtividade florestal.
Características de distinção para solos florestais
A identificação de um conjunto de características que permitam definir solos florestais torna-se
importante na medida em que, com essa definição,
pode-se avançar no desenvolvimento de práticas de
manejo e conservação, voltadas às especificidades
desses solos.
Mesmo em áreas que há muito já perderam
sua cobertura florestal original, a influência desta
permanece presente em certas características, por
ter atuado como fator de formação do solo e assim
interferido nos processos pedogenéticos gerais e específicos. Processos pedogenéticos como adição e
eluviação de compostos organominerais, por exemplo, são fortemente influenciados pelo aporte de ácidos orgânicos provenientes da serapilheira florestal
(PRITCHETT e FISCHER, 1987). Um exemplo
dessa influência é a intensificação da formação de
polímeros de alumínio e sílica, mesmo em baixo
pH, devido ao acúmulo considerável de ácidos orgânicos em solos florestais, os quais atuam como
complexantes (WONISCH et al., 2008). Fujji et al.
(2008) encontraram correlação entre a presença da
cobertura florestal e os processos pedogenéticos de
solos florestais do Japão, cuja maior produção de
ácidos orgânicos dissolvidos acelerou os processos
de eluviação-iluviação e acidificação do solo. Estes
autores concluíram que a atividade das raízes florestais em camadas mais profundas e a concentração
de raízes finas na interface com a serapilheira foram
responsáveis pelo alto fluxo de prótons, intensificando a acidificação pedogenética e a podzolização.
A substituição de uma cobertura florestal
por cultivos agrícolas, ou outras formas de uso do
solo, altera atributos edáficos herdados da cobertura
original. Reduções no conteúdo de matéria orgânica
do solo e variações na ciclagem de nutrientes têm
sido documentadas (PENNOCK e VAN KESSEL,
1997; LOUZADA et al., 1997; COMPTON e
BOONE, 2002). Compton e Boone (2000) demonstraram que solos florestais transformados em cultivos agrícolas e depois abandonados apresentaram
uma redução de 30 a 60% da fração leve da matéria
orgânica, quando comparados ao mesmo solo que
permaneceu com cobertura florestal. Por outro lado,
o avanço da silvicultura brasileira tem demonstrado que, quando florestas plantadas são introduzidas
em áreas agrícolas já esgotadas, pode ocorrer um
Ci. Fl., v. 23, n. 3, jul.-set., 2013
processo inverso, contribuindo para um aumento
em matéria orgânica e em formas mais estáveis de
carbono (BARROS e COMERFORD, 2002).
No Brasil, as áreas de floresta natural, historicamente, são substituídas por culturas agrícolas ou pastagens. Na região sul do país, a intensa
derrubada da Floresta Ombrófila Mista fomentou
a indústria madeireira durante a metade inicial do
século passado e deu lugar a grandes áreas agrícolas (MIELNCZUK, 2003), realidade que também é
registrada em outras formações vegetais brasileiras
como Mata Atlântica (DEAN, 1997) e, em décadas mais recentes, em Cerrado (BALDUÍNO et al.,
2005) e Floresta Amazônica (NOBRE e NOBRE,
2005). Em todas essas regiões, a fertilidade natural acumulada pelas formações florestais originais
respalda a transição para atividades agropecuárias.
Contudo, na maioria dos casos, tais condições são
rapidamente esgotadas, aumentando a dependência
a insumos externos para a continuidade das atividades econômicas. Em situações mais extremas,
podem levar ao abandono da área devido ao esgotamento do solo, incentivando a prática insustentável
da agricultura migratória.
A floresta é substituída por cultivos agrícolas principalmente em áreas com características
favoráveis à agricultura, como baixa declividade e
boa drenagem. No Bioma Cerrado, por exemplo,
existem áreas que estão ameaçadas de desaparecer
como consequência da alta taxa de conversão para
cultivos agrícolas devido às boas condições físicas
do solo (BALDUÍNO et al., 2005).
A Tabela 1 apresenta uma comparação entre
solos florestais e solos sob cultivos anuais que facilita a diferenciação em termos práticos, conforme
proposto por Comerford (2002).
O solo sob formações florestais naturais
O estudo da formação de solos sob coberturas florestais naturais é relevante para estudos da
pedogênese e da relação solo-fitossociologia, uma
vez que a composição florística expressa as interações ambientais e o tipo de solo formado relaciona-se com os padrões fitossociológicos (RESENDE et
al., 2007). Estudos da relação solo-fitossociologia
têm lançado luz sobre vários aspectos das formações florestais naturais. As principais correlações
encontradas dizem respeito à influência do solo na
diversidade e florística das florestas, sendo que as
principais características estudadas são caracteres
físico-químicos do solo (DUPOUEY et al., 2002;
Compreensão e aplicabilidade do conceito de solo florestal
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TABELA 1: Comparativo entre propriedades, processos ou práticas de manejo entre solos florestais e solos
sob cultivos anuais (Adaptado de COMERFORD, 2002).
TABLE 1: Comparison of properties, processes and management practices between forest soils and
annual crops soils (adapted from COMERFORD, 2002).
Propriedade, processo ou
práticas de manejo
Solos florestais
Solos sob cultivos anuais
Tempo de rotação de cultivo
Sete anos ou mais
Um ou dois anos
Ciclagem de nutrientes
Ciclo fechado
Ciclo aberto
Processos erosivos
Pouco intenso ou inexistente
Varia de pouco a muito intenso
(dependendo do manejo)
Topografia
De plana a forte ondulada
Geralmente plana a suave ondulada
Fertilização
Baixa quantidade aplicada uma ou
várias vezes em cada rotação
Grandes quantidades aplicadas
anualmente
Irrigação
Não utilizada
Utilizada
Temperatura do solo
Mais estável
Menos estável
Profundidade de solo
explorada
Maiores profundidades
Camadas superficiais
Rochosidade
De nenhuma a alta
Baixa
Presença de horizonte
orgânico
Normalmente presente
Normalmente ausente
ALMEIDA, 2010; SCIPIONI et al., 2010), profundidade do solo (SCIPIONI et al., 2010) e relação
entre espécies indicadoras e regimes de hidromorfia (IVANAUSKAS et al., 1997; BARDDAL et al.,
2004; DE MARCHI e JARENKOW, 2008).
Avaliando áreas desflorestadas e cultivadas por 200 anos, durante a ocupação romana na
França, Dupouey et al. (2002) encontraram aumento
na disponibilidade de nutrientes e umidade do solo
quando comparadas às áreas florestais não perturbadas adjacentes, o que foi atribuído às praticas de
fertilização e terraceamento típicas da colonização
romana. Nessas áreas, os autores encontraram uma
maior frequência de espécies espontâneas oportunistas e uma maior restrição à reintrodução de espécies locais que ficaram restritas às áreas florestais não perturbadas. Considerando-se o período de
tempo passado de quase 2000 anos entre o momento daqueles cultivos agrícolas e o presente, no qual
foram feitas as análises, os autores alertam para o
fato de que, provavelmente, a conversão de florestas
naturais com consequente alteração do solo florestal
possa ter uma influência bem maior na diversidade
de espécies do que se pensava até o momento.
Alguns termos utilizados para indicar determinadas tipologias florestais ressaltam relações
mais específicas entre solo e vegetação, como é o
caso das denominações floresta aluvional e floresta
aluvional pluvial, utilizados para designar formações posicionadas em solos aluviais com influência das inundações de rios (VELOSO et al., 1991;
IVANAUSKAS et al., 1997). Outro exemplo são
as diferenciações florísticas entre florestas de igapó e florestas de várzea, nas áreas inundáveis da
Amazônia, as quais são definidas pelos tipos de rios
que as banham e estes, por sua vez, têm sua constituição química totalmente dependente do tipo de
solo pelo qual fluem. Assim, as florestas de igapó
se formam em áreas de inundação de rios que banham planícies aluviais, ricos em ácidos húmicos,
de caráter ácido e com pouca concentração de cálcio e magnésio, enquanto as florestas de várzea são
formadas em áreas inundadas por rios de caráter básico, com elevado transporte de sedimentos e ricos
em metais alcalinos (PAROLIN et al., 2005). Da
mesma forma, a baixa estatura e o aspecto retorcido
dos componentes arbóreos do cerrado brasileiro se
relacionam aos baixos níveis de fertilidade do solo,
em especial à deficiência em boro e zinco, o que
reduz a elongação celular (BARROS et al., 1990).
Por sua vez, a Ciência do Solo também reconhece a importância dessas interações sobre a forCi. Fl., v. 23, n. 3, jul.-set., 2013
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Rovedder, A. P. M. et al.
mação dos solos e recomenda a descrição das fases
vegetais, em especial da vegetação original, quando
da classificação e mapeamento de solos (SANTOS
et al., 2005). Isso, porque o solo é um dos melhores
fatores para se estratificar ambientes, uma vez que
apresenta grande diversidade em curtas distâncias,
gerando padrões complexos de disponibilidade de
recursos (RESENDE et al., 2002).
O solo sob florestas plantadas
A definição que assume a presença de cobertura florestal no momento presente como critério para se caracterizar um solo florestal representa
um enfoque muito interessante no que diz respeito
à definição de práticas sustentáveis na silvicultura
moderna. De acordo com essa percepção, tanto um
solo que esteja sob floresta natural quanto um sob
floresta plantada podem ser definidos como solos
florestais.
Essa concepção está focada nas características de uma determinada tipologia florestal, seja esta
original ou implantada (PRITCHETT e FISCHER,
1987). Isso porque, embora uma floresta natural seja
muito diferente de um povoamento homogêneo,
efeitos desses dois sistemas sobre o solo podem ser
mais semelhantes entre si do que quando comparados com sistemas de produção agrícola, devido ao
porte arbóreo, ao ciclo de vida e à qualidade e quantidade de material orgânico produzido. Pennock e
Van Kessel (1996) encontraram maiores perdas de
carbono orgânico e nitrogênio em florestas temperadas do Canadá manejadas sob corte raso, quando
comparadas à mesma tipologia florestal não perturbada. Contudo, essas perdas foram menos marcantes entre esses sítios florestais do que quando comparados a cultivos agrícolas introduzidos no local
do estudo. Romanyá et al. (2000), avaliando uma
área de conversão de cultivos agrícolas para Pinus
radiata, encontraram maiores estoques de carbono
no solo sob o povoamento florestal, quando comparados aos estoques anteriores que caracterizavam o
uso agrícola.
Mesmo com mecanismos semelhantes, a
substituição de uma cobertura florestal natural por
um povoamento florestal homogêneo pode alterar
características do sistema. Louzada et al. (1997)
encontraram diferenças significativas entre um povoamento homogêneo de eucalipto e uma floresta
secundária semidecídua em relação à taxa de decomposição e conteúdo nutricional da serapilheira e
abundância de colêmbolos e ácaros. Nesse trabalho,
Ci. Fl., v. 23, n. 3, jul.-set., 2013
a serapilheira da floresta semidecídua apresentou
maior conteúdo nutricional, maior taxa de decomposição e maior abundância dos grupos edáficos
analisados.
Em florestas manejadas, as técnicas adotadas desempenham importante influência sobre a
qualidade do solo, podendo manter a sustentabilidade do sistema ou levar à degradação, o que pode
acarretar em queda de produtividade ou abandono da área (GATTO et al., 2003; SUZUKI, 2008).
Nesse sentido, o conceito de qualidade do solo
torna-se importante para a compreensão dos solos
florestais, sendo compreendido como a capacidade de sustentar o desenvolvimento vegetal, atuar
como filtro ambiental e como regulador dos fluxos
hídricos (DORAN e PARKIN, 1994). Uma interação equilibrada entre processos e funções do solo,
portanto, garante elevados níveis de qualidade e a
análise destes permite a avaliação do grau de alterações nas suas condições, veiculadas pelos diferentes usos, sequências culturais e práticas de manejo
(REICHERT et al., 2003).
A produtividade de uma área florestal está
intimamente relacionada ao nível de qualidade do
solo, sendo que mais de um fator pode limitar o
desenvolvimento da floresta. Tais fatores podem
interagir de diversas maneiras produzindo padrões
específicos de produtividade florestal que irão variar
de uma área para outra. De acordo com Resende et
al. (2002), aspectos como classe de solo, relevo e
substrato geológico, quando relacionados ao funcionamento de ecossistemas, devem ser interpretados
do ponto de vista da disponibilidade de recursos
como radiação solar, água e nutrientes, os quais são
fundamentais à produtividade florestal.
Relação entre solo e produtividade florestal
A produtividade florestal pode ser definida
como o nível de capacidade de uma espécie florestal
viver e competir eficientemente por recursos em um
determinado sítio, sendo influenciada pela interação
entre fatores internos (fisiológicos) e externos (ambientais) (PRITCHETT e FISCHER, 1987). Para
relacionar os fatores condicionantes ao desenvolvimento da floresta com a sua potencial produtividade, desenvolveu-se o conceito de capacidade de sítio. Essa definição busca agrupar áreas semelhantes
em termos de características do solo e produtividade, visando a um manejo específico para cada sítio
florestal.
A qualidade do sítio afeta diversos aspec-
Compreensão e aplicabilidade do conceito de solo florestal
tos da dinâmica produtiva florestal como a taxa de
decomposição dos resíduos orgânicos, ciclagem de
nutrientes e taxa de crescimento (REIS e BARROS,
1990), além de influir em aspectos da madeira como
tamanho de lumens e traqueídeos, conteúdos de celulose e lignina e densidade básica (RIGATTO et
al., 2004). Para Pinus taeda, por exemplo, Rigatto
et al. (2004) encontraram relação entre maior percentual de argila no solo, maior taxa de crescimento
e menor rendimento em celulose. Para Pritchett e
Fischer (1987), sítios florestais com elevada qualidade permitem uma maior possibilidade de combinações entre espécies, rotações e produtos finais.
Uma das formas de se avaliar o potencial
produtivo de uma área de floresta é a determinação
do índice de sítio, dado pela altura total das árvores dominantes e codominantes (tomada como parâmetro por ser pouco afetada pela densidade do
povoamento e pela realização de desbastes) em
uma determinada idade, denominada idade índice (CARMEAN, 1970; MIGUEL et al., 2011). As
características do solo influenciam grandemente o
índice de sítio que poderá ser atingido por uma espécie. Como consequência, o aumento nos níveis de
qualidade do solo pode melhorar esse parâmetro e a
produtividade florestal. O manejo adequado do solo
e do povoamento está intimamente ligado à possibilidade de melhorias desses aspectos.
Dessa forma, o índice de sítio de uma espécie será diferente do índice de sítio de outra que
se desenvolva na mesma área, ou para uma mesma espécie que se desenvolve em diferentes áreas
(TONINI et al., 2002). As principais características
do solo que influenciam na determinação da produtividade florestal são textura, profundidade do perfil, tipo e conteúdo de matéria orgânica, manutenção
dos ciclos biogeoquímicos, presença de camadas
impeditivas, drenagem interna, aeração e complexo
sortivo (PRITCHETT e FISCHER, 1987).
Além dessas características, a serapilheira é
um aspecto marcante das feições florestais, sendo
considerada o principal componente de distinção
entre solos florestais e agrícolas e a fase mais dinâmica da floresta (KEYS, 2007). É composta, em sua
maior parte, por folhas, cuja proporção diminui com
a idade do povoamento, dando lugar a uma maior
deposição de galhos e cascas (REIS e BARROS,
1999). O acúmulo de serapilheira, sua composição
e taxa de decomposição são reguladas pela entrada
e saída de materiais, tipologia florestal, qualidade
do substrato e diversidade da comunidade decompositora (COMPTON e BOONE, 2000; GAMA-
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RODRIGUES et al., 2003). Em solos altamente
intemperizados como os tropicais e subtropicais, o
retorno de nutrientes a partir da serapilheira constitui a principal via de fertilização (GONÇALVES,
2002).
O aporte de matéria orgânica, ciclagem de
nutrientes, taxas de decomposição e mineralização
e a retenção de elementos são fortemente influenciados pela composição e quantidade da serapilheira,
aliada a fatores ambientais (GAMA-RODRIGUES
et al., 2003) e que, por sua vez, influenciarão as características dos solos florestais, principalmente em
relação à qualidade e estabilidade dos ácidos orgânicos gerados, diversidade da fauna edáfica, etc. Por
outro lado, a quantidade de nutrientes na serapilheira dependerá da espécie, da capacidade de translocação antes da senescência, das proporções entre
compartimentos do resíduo como folhas, galhos e
casca, bem como do tipo de solo (REIS e BARROS,
1999).
Resíduos florestais de baixa qualidade nutricional levam a uma menor atividade biológica no
solo e, consequentemente, há uma redução nas taxas de decomposição e de mineralização da matéria
orgânica, o que reduz a eficiência da ciclagem de
nutrientes (DEDECEK et al., 2007). Em áreas do
Cerrado, Reis e Barros (1999) relatam uma estagnação no crescimento de eucalipto três a quatro anos
após o plantio, devido à imobilização de nutrientes
na serapilheira, com retomada do crescimento a
partir do quinto e sexto ano, atribuído ao início da
liberação de nutrientes. Esse exemplo ajuda a demonstrar que a substituição de florestas naturais por
plantios florestais de ciclo rápido altera os processos de ciclagem de nutrientes, principalmente devido a modificações na qualidade da matéria orgânica
como afirmado por Rachwal et al. (2007).
A eficiência na utilização dos nutrientes e o
retorno via ciclagem são características que, além
dos fatores genéticos, também variam de acordo
com a qualidade do sítio (SANTANA et al., 2002).
Em povoamentos de eucaliptos, reduções na ciclagem de nutrientes têm sido atribuídas à alta translocação de nutrientes pela espécie, principalmente de
P e K (GAMA-RODRIGUES e BARROS, 2002),
produzindo serapilheira de baixa qualidade nutricional, o que reduz a taxa de decomposição, aumenta
a imobilização desses elementos e altera índices de
diversidade e ocupação de nichos ecológicos pela
fauna edáfica (GAMA-RODRIGUES et al., 2003).
A disponibilização de nutrientes também
é influenciada pelo manejo do componente floresCi. Fl., v. 23, n. 3, jul.-set., 2013
524
Rovedder, A. P. M. et al.
tal. Em florestas sob regime de corte raso, têm sido
registradas maiores perdas de cátions e ânions por
lixiviação no período pós-colheita, devido a alterações no regime hídrico e na radiação solar que alcança o solo (JOHNSON, 1994).
Práticas de manejo florestal também podem
afetar a ciclagem e disponibilidade de nutrientes em
solos florestais, por meio da exportação via colheita,
manejo dos resíduos de colheita, tipo de preparo do
solo e uso da prática de queimada. Até o final da
década de 1980, o preparo de solo em áreas reflorestadas no Brasil era feito por queima de resíduos e
revolvimento da camada superficial, o que alterava
totalmente a ciclagem de nutrientes e o compartimento orgânico (GATTO et al., 2003). Desde então,
várias pesquisas vêm comprovando que a manutenção da serapilheira sobre o solo associada a um preparo mínimo do solo é mais eficiente em termos de
produtividade florestal do que sua incorporação em
sistemas de revolvimento, promovendo um melhor
aproveitamento de nutrientes, além de menores amplitudes térmicas e maior disponibilidade de água
(CAVICHIOLO et al., 2005).
A adubação e manejo dos resíduos em plantações florestais são considerados satisfatórios para
compensar as saídas de nutrientes, desde que as características físicas do solo não tenham sido afetadas negativamente (BELLOTE, 2006), uma vez que
se verifica correlação destas com a produtividade de
povoamentos florestais (CAVICHIOLO et al., 2005;
REICHERT et al., 2007; SUZUKI, 2008). Dedecek
et al. (2007), comparando diferentes formas de manejo dos resíduos de colheita, concluíram que a manutenção destes permitiu um aumento de 50% da
disponibilidade de água nas camadas superficiais
em um solo arenoso. Cavichiolo et al. (2005) encontraram correlação positiva entre porosidade de
aeração e incremento em diâmetro a altura do peito
(DAP) em solos argilosos.
Variações na qualidade de atributos físicos
do solo têm sido relacionadas ao uso de práticas não
conservacionistas (NEVES et al., 2007). Entre esses, a densidade do solo é uma das características
mais afetadas pelo manejo florestal, já que a mecanização pode levar à compactação de camadas
mais profundas (NEVES et al., 2007). Dedecek et
al. (2007) registraram valores de resistência à penetração do solo superiores aos níveis críticos, em profundidades de 20 e 30 cm e a cerca de 1 m da linha
de plantio, atribuindo esses resultados ao tráfego de
maquinário. Cavichiolo et al. (2005), comparando a
compactação de solos florestais submetidos a preCi. Fl., v. 23, n. 3, jul.-set., 2013
paro e mecanização, observaram que em solos de
textura média o aumento na densidade persistiu a
maiores profundidades.
Reichert et al. (2007) sugerem algumas práticas para evitar ou minimizar a compactação do
solo, como disposição de resíduos nas entrelinhas
do tráfego, máquinas com pneus de baixa pressão
e alta flutuação, tráfego controlado, incremento da
matéria orgânica e controle da umidade do solo no
momento do tráfego de máquinas.
A recuperação de solos florestais afetados
por compactação e revolvimento do subsolo é lenta. Rab (2004) verificou que, dez anos após o manejo da floresta, a densidade do solo foi significativamente maior, enquanto a matéria orgânica e a
macroporosidade foram menores em relação à área
testemunha. O emprego de técnicas de manejo que
optem por plantas mais eficientes em utilizar nutrientes, que conservem ao máximo os resíduos das
culturas no sítio, com o mínimo possível de intervenções antrópicas e cujo ciclo de crescimento seja
longo o suficiente para permitir a máxima eficiência
da ciclagem de nutrientes, levará à maior conservação do solo em florestas plantadas (SANTANA et
al., 2002).
Como a qualidade dos solos florestais e a
qualidade dos sítios produtivos estão diretamente
relacionadas, esses dois fatores serão responsáveis
não apenas por variações em produtividade, como
também pela determinação de certas características dos produtos florestais obtidos. Como exemplo,
Rachwal et al. (2007), estudando a produtividade
de acácia-negra em diferentes tipos de solo, encontraram menor produtividade em Neossolo Litólico
álico, com menor crescimento em altura e maior
densidade básica para alburno e cerne, enquanto em
Neossolo Litólico eutrófico observou-se maior crescimento em altura, concluindo-se que as diferenças
químicas entre os dois Neossolos avaliados foram
determinantes das diferenças entre sítios.
Geralmente, características que são indesejáveis a culturas anuais não são impeditivas à atividade florestal, desde que consideradas as exigências
pelos demais fatores florestais. Assim, locais com
drenagem imperfeita, rochosidade ou declividade
acentuada podem apresentar índices de sítio consideráveis. Na Amazônia, por exemplo, a alta pluviosidade e baixa fertilidade do solo restringem a
aptidão agrícola. Contudo, estas áreas apresentam
grande capacidade florestal, podendo atingir cerca
de 289 espécies florestais por hectare (PEREIRA,
2001). Em geral, os solos utilizados para o cultivo
Compreensão e aplicabilidade do conceito de solo florestal
de espécies florestais exóticas no Brasil apresenta
baixa fertilidade natural, com reduzida capacidade
de troca de cátions e elevada saturação por alumínio
(VAN RAIJ et al., 1997), entretanto isso não impediu o crescimento e fortalecimento da silvicultura
brasileira quando se aliou melhoramento genético
com avanços no uso de práticas conservacionistas.
A noção do solo florestal como ente diferenciado e que, portanto, necessita de entendimento
específico para um manejo adequado tem se limitado à identificação de sítios florestais e sua aptidão
a determinadas espécies. No entanto, a amplitude
de aplicabilidade do conceito se estende a aspectos
conservacionistas, de caráter ecológico e genético,
bem como pode contribuir para a elaboração de planos de uso mais eficientes.
Para o Brasil, país que apresenta incontestável vocação florestal, o aumento do entendimento
sobre solos florestais e suas especificidades é fundamental, tanto no que diz respeito à conservação de
seus recursos naturais quanto à manutenção e aumento de seus altos índices de produtividade florestal. Assim, o estudo dos solos florestais conduz ao
uso mais racional desse recurso, no que concerne ao
planejamento, desde a aptidão apresentada e espécies recomendadas até práticas silviculturais, condução do povoamento e tipo de sistema de colheita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A distinção de solo florestal está amplamente caracterizada na literatura especializada e comprova que a cobertura florestal, tanto nativa quanto plantada, confere ao solo atributos específicos,
contribuindo para um melhor entendimento sobre
sua gênese, biodinâmica e conservação. Apesar de
ainda não haver um consenso sobre qual a melhor
definição para o termo, o conceito de solo florestal
como sendo aquele que apresenta cobertura florestal
no momento presente é o que permite uma maior
aplicabilidade para fins de manejo conservacionista
na silvicultura moderna.
Apesar do debate não se encerrar, a conceituação de solos florestais abre a possibilidade de se
criar uma identidade comum, o que facilita estudos
comparativos de características específicas, fortalecendo a pesquisa em torno do tema.
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de 2009.