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Recebido em: 29/05/2019 Aceito em: 02/09/2019 Volume 32 No. 2 2019 Edição Especial: Museu Nacional (Volume 1) ARTIGO A OCUPAÇÃO SAMBAQUIEIRA NO ENTORNO DA BAÍA DE GUANABARA Maria Dulce Gaspar*, Gina Faraco Bianchini**, Ana Luiza Berredo***, Mariana Samor Lopes**** RESUMO Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias, São Gonçalo e Magé, cidades situadas na baía de Guanabara, se desenvolveram em território antes ocupado pelos sambaquieiros. Durante o processo de urbanização, muitos sítios arqueológicos foram destruídos, e algumas pequenas porções estão cobertas por calçamentos de ruas e sob construções das cidades. Com o objetivo de investigar o sistema de assentamento, foram sistematizadas as informações sobre o nordeste da Baía, que ainda contem agrupamentos de sambaquis, alguns deles compostos por sítios em bom estado de conservação, e elaborada uma projeção para o entorno da Baía, com o objetivo de delinear suas principais características, traçar um panorama da ocupação sambaquieira no entorno da Baía e estabelecer correlações com outras regiões litorâneas. Palavras-chave: Sambaqui; Sistema de Assentamento; Baía de Guanabara. * Professora Colaboradora Voluntária do PPGArq-Museu Nacional/UFRJ, Pesquisadora do CNPq 201519. E-mail: madugasparmd@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5483-4495. ** Doutora pelo PPGArq/Museu Nacional. Arqueóloga da Artefato Arqueologia e Patrimônio. E-mail: ginabianchini@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7991-976X. *** Doutoranda em Arqueologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e mestre pela mesma instituição. E-mail: analuizaberredo@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6924-747X. **** Doutoranda em Biologia Marinha e Ambientes Costeiros pela PBMAC/Universidade Federal Fluminense, e mestre pela mesma instituição. Laboratório de Paleoceanografia e Mudanças Globais (LP&MG-UFF). E-mail: lopes_mariana@id.uff.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4422-8651. DOI: https://doi.org/10.24885/sab.v32i2.695 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 ARTICLE THE SHELLMOUNDS OCCUPATION AROUND GUANABARA BAY ABSTRACT Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias, São Gonçalo and Magé, located on the shores of Guanabara Bay, have developed in territory previously occupied by shellmound-builders. Throughout the process of urbanization, many sites were destroyed and some small portions are covered by sidewalks of streets and buildings of cities. In order to investigate the settlement of this system, were systematized information about the northeast of the bay which still contains groupings of shellmounds, some of them composed of sites in a good state of conservation. A projection has been drawn up for around the bay with the objective of outlining its main characteristics, draw a picture of the former sambaqui occupation and establish correlations with other coastal regions. Keywords: Shellmounds; Settlement System; Guanabara Bay. ARTÍCULO LA OCUPACIÓN SAMBAQUIEIRA EN EL ENTORNO DE LA BAHÍA DE GUANABARA RESUMEN Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias, São Gonçalo y Magé, ubicadas en la bahía de Guanabara, se desarrollaron en territorio antes ocupado por los sambaquieiros. Durante el proceso de urbanización muchos sitios arqueológicos fueron destruidos y algunas pequeñas porciones están cubiertas por calzones de calles y bajo construcciones de las ciudades. Para investigar el sistema de asentamiento se sistematizaron las informaciones sobre el nordeste de la bahía que aún contiene agrupaciones de sambaquis, algunos de ellos compuestos por sitios en buen estado de conservación, y elaborada una proyección para el entorno de la bahía para delinear sus principales características, trazar un panorama de la ocupación sambaquieira en el entorno de la bahía y establecer correlaciones con otras regiones costeras. Palabras clave: Sambaqui; Sistema de Asentamiento; Bahía de Guanabara. A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 37 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 INTRODUÇÃO A Baía de Guanabara (BG) reúne várias características que foram atraentes para a implantação de assentamentos dos pescadores-coletores que colonizaram a faixa litorânea brasileira. Águas tranquilas e quase sempre navegáveis, inúmeros ambientes como os amplos e férteis manguezais, costões rochosos e desembocaduras de rios ofereciam condições propícias para implantação e manutenção do modo de vida dos sambaquieiros. As pesquisas em sua porção nordeste informam que esta área estava ocupada desde 5 000 mil anos atrás, e estudos em regiões adjacentes, como a praia de Camboinhas, sugerem que a presença dos pescadores-coletores deve ter sido bem anterior a isso. A densa e centenária urbanização de suas margens, que se estendeu paulatinamente sobre áreas que haviam sido ocupadas por sambaquieiros, remobilizou, aterrou e eliminou inúmeros testemunhos arqueológicos dos pescadores-coletores. Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias, São Gonçalo e Magé são cidades antigas, que se desenvolveram em pleno território sambaquieiro, condição que dificulta a construção de um cenário que contemple a distribuição espacial dos sambaquis. Com o objetivo de caracterizar a paisagem sambaquieira, será apresentada uma análise do meio físico, destacando-se as porções da Baía que reuniam condições atrativas para implantação de sambaquis, informações que serão sobrepostas aos registros de testemunhos arqueológicos existentes. Informações díspares e isoladas serão retomadas a partir do conhecimento já estabelecido sobre o sistema de assentamento dos pescadores-coletores, principalmente a constatação de que a ocupação do território se deu através de agrupamentos de sítios. A área que foi sistematicamente estudada ao longo de décadas de pesquisa, nordeste da Baía de Guanabara, será tomada como parâmetro no que se refere à distribuição e densidade de sítios e norteará as inferências sobre porções onde só estão disponíveis informações pontuais e isoladas. A BAÍA DA GUANABARA: UM SÍTIO DE COMUNIDADES PESQUEIRAS Atualmente, a Baía de Guanabara possui uma bacia de drenagem de cerca de 4.080 km² (Figura 1). Suas ilhas abrangem 56 km2, restando ainda uma área de 328 km² de superfície com água (KJERVE et al., 1997). Aproximadamente 84% das águas da baía têm profundidades inferiores a 10 m, sendo que, na porção que corresponde ao canal principal que se estende da boca da baía até a linha entre o aeroporto Santos Dumont e Gragoatá, possui mais de 40 m de profundidade e uma largura média de 400 m (FIGUEIREDO et al, 2014). Trata-se de um dos ecossistemas marinhos mais produtivos do mundo (SEVRINREYSSAC et al., 1979). Durante o verão austral, a entrada de água fria na baía (13-15ºC) está associada ao sistema de ressurgência da Ilha de Cabo Frio, centrado 100 km ao leste da entrada desse ecossistema (MARTIN et al., 1981/1982). Essas águas ricas em nutrientes favorecem a exploração de recursos pesqueiros, além de exercer um papel importante na distribuição de peixes (JICA, 1994). Pesquisas indicam a presença de 245 espécies, entre marinhas (174) e dulcícolas (71) (VIANNA et al. 2012). O destaque nacional e internacional da Baía de Guanabara não é apenas por sua beleza cênica, mas também pela farta disponibilidade de recursos derivados da riqueza de seus ecossistemas: águas da baía, rios, manguezais e florestas, além da disponibilidade de terras extensas (SILVA et al., 2016; RAMINELLI, 2002). Por isso, é um dos principais setores pesqueiros do Estado do Rio de Janeiro que sustenta uma atividade de grande importância econômica e social (BEGOT & VIANNA, 2014; PROZEE, 2005). A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 38 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Figura 1 - Localização da Baía de Guanabara dentro do estado do Rio de Janeiro e Brasil/América do Sul (CATANZARO et al., 2004). As características acima se apoiam em pesquisas recentes, no entanto fornecem um panorama das características da Baía de Guanabara, ilustrando um quadro através do qual é possível compreender seu potencial atrativo para ocupação humana ao longo do tempo. A Baía de Guanabara e seus ecossistemas associados, com alta produtividade e diversidade de recursos, é um ambiente extremamente propício para a instalação e manutenção de densas comunidades, processo que foi inaugurado com os construtores de sambaquis há pelo menos 6000 anos antes do presente. Na atualidade os pescadores artesanais1 estão associados a sete Colônias de Pesca distribuídas por toda a orla, sendo elas: a Colônia Z8, que atua nos pontos de desembarque de Jurujuba, Ponta da Areia, Praia Grande, Ilha da Conceição, Gradim, Itaoca e Itambi, e participa diretamente da comercialização do pescado. As demais colônias têm atividades difusas; colônia Z9, que tem como jurisdição a área de Magé; Z10, localizada na Ilha do Governador, foi criada em 1920, sendo a primeira colônia de pescadores a ser reconhecida no Brasil; ainda, as colônias Z11, localizada em Ramos, Z12, no Caju, Z7 em Itaipú, Z8 em Niterói e São Gonçalo e a Z13 em Copacabana 1 Pesca artesanal é aquela “realizada sem embarcações ou com embarcações de pequeno poder de deslocamento e autonomia e desprovidas de porão para estocagem; que utiliza aparelhos de pesca manuais ou de menor poder de pesca; que se limita a operar em áreas costeiras, estuarinas e/ou lagunares; que geralmente está vinculada a comunidades tradicionais com componentes culturais marcantes; que gera produtos consumidos localmente in natura ou regionalmente; exercida por pescadores sem vínculo empregatício (não celetistas)” (FIPERJ, 2014: 24,25). A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 39 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 (JABLONSKI et al., 2002; OLIVEIRA, 2016). Além delas, existem também diversas associações e cooperativas (CHAVES, 2011). É muito difícil precisar o número de pescadores que atuam na Baía de Guanabara, estimativas variam desde 5.000 até 18.000 entre artesanais e industriais (OLIVEIRA, 2016). Estes possuem uma ligação com áreas da Baía de Guanabara que são muito significativas para a pesca, seja pela variedade ou qualidade dos peixes. Determinadas espécies não ocorrem em qualquer parte da baía e, dependendo do seu valor econômico, os pescadores vão ao encontro destes recursos (CHAVES, 2011). Pesqueiros são espaços aquáticos particularmente importantes para essas comunidades tradicionais, são locais que servem de habitat ou comedouro de peixes, onde se concentra a maior biodiversidade, e por esse motivo são pontos disputados (CHAVES, 2011). Dessa maneira, há pontos importantes destacados para a prática da pescaria tradicional, como áreas antigas de pesca, e é plausível supor que áreas que se caracterizam pela concentração de recursos também eram conhecidas e valorizadas pelos sambaquieiros. Abundantes recursos renováveis propiciam a exploração conjunta por membros que integram diferentes comunidades, tanto na atualidade como no passado. A disposição dos recursos valorizados pelos sambaquieiros em distintas porções das águas da Guanabara propiciava o compartilhamento desse fértil “aquatório” (KNEIP et al., 2018). OCUPAÇÃO SAMBAQUIEIRA DA BAÍA DE GUANABARA A Baía de Guanabara está inserida na vertente Atlântica da Serra do Mar. Permeada por ilhas, alarga-se no meio de uma planície entre colinas formadas por pequenos maciços litorâneos. A alta pluviosidade na escarpa da Serra do Mar dá origem a um grande número de pequenos cursos que atravessam a planície em direção à baía, onde suas águas são rechaçadas pela maré. Em alguns rios, a influência da maré pode se estender a distâncias de até seis quilômetros. Na época das chuvas, de outubro a março, os rios transbordam, e as águas se alastram, inundando as depressões (RUELLAN, 1944). Manguezais ocorrem especialmente nas desembocaduras dos rios, a vegetação de restinga ocupa os terraços marinhos e nas cotas mais elevadas dominam as exuberantes formações de Floresta Ombrófila Densa. A configuração desse ambiente extremamente diversificado se deu ao longo de milhares de anos e está associada principalmente à intensa dinâmica que ocorreu durante o Quaternário. De acordo com estudos geológicos, o último interglacial ocorrido no Pleistoceno não deixou registros no entorno da baía, diferente do que vem sendo descrito para outros segmentos costeiros no sul e sudeste do país (AMADOR, 1997). Nesse período, entre 200Ka a 120Ka, intervalo que diverge entre diferentes autores (AMADOR, 1997; SUGUIO et al.,1985), o nível eustático estaria de seis a oito metros acima do atual, produzindo muitas das feições erosivas (falésias) observadas nas porções costeiras dos maciços litorâneos da região. Em torno de 18Ka, quando ocorreu o último máximo glacial, o nível do mar estaria 100 m abaixo do atual, expondo parte da plataforma continental e do entalhamento de drenagens no interior do Graben da Guanabara. A batimetria da baía revela uma rede de paleodrenagens que convergem para um canal principal, onde são detectadas as maiores profundidades, denominado de Paleorio Guanabara (AMADOR, 1997), (Figura 2). A partir daí, o derretimento progressivo das calotas polares localizadas em latitudes elevadas deu origem a diversos eventos transgressivos parcialmente interrompidos por pequenas regressões e estabilizações de linhas de costa, e a Baía de Guanabara passou gradualmente a servir como área de captação e retrabalhamento sedimentar (CORRÊA et al., 1980). A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 40 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Assim, durante o máximo transgressivo, que ocorreu entre 6.000 a 5.000 anos A.P. (para o litoral brasileiro (SUGUIO et al., 1985); para o entorno da Baía de Guanabara (AMADOR, 1997); para o litoral catarinense (CARUSO et al., 2000); para o litoral gaúcho (TOMAZELLI & VILWOCK, 2005); e para o litoral sul catarinense (GIANNINI et al., 2007)), a região da baía foi afogada, formando uma superfície de lâmina d’água duas vezes maior do que a atual, de tal modo que áreas hoje distantes cerca de 30 km do litoral eram, nessa época, alcançadas por águas marinhas. O mar, cerca de três a quatro metros acima do nível atual, avançou pelos pequenos vales fluviais e planícies na base da Serra do Mar, formando enseadas e cordões arenosos através da ação de ondas e marés, em torno da linha de uma paleobaía (AMADOR, 1997). Em decorrência da evolução costeira na região da Baía de Guanabara é pertinente considerar que os sambaquis mais antigos tenham sido destruídos pela ação das águas. A partir de 5.000, o nível do mar começa a recuar até atingir o nível atual, dando lugar a ambientes de dunas, brejos e pântanos, onde posteriormente foram se instalando as vegetações de restinga e manguezais, reduzindo progressivamente a superfície da baía até os dias de hoje. Nesse período, próximo ao máximo transgressivo, há registro de sambaquis como o Guapi. Figura 2 - Baía de Guanabara durante o Quaternário, depósitos associados (AMADOR, 1980; ANGULO & LESSA, 1997) e respectivos paleocenários: (a) Último período glacial – 20.00018.000 A.P no qual observa-se o Paleorio Guanabara; (b) Máximo transgressivo – 6.000-5.000 A.P, destacando a Paleobaía (modificado de AMADOR, 1997). A presença dos sambaquis na Baía de Guanabara chamou atenção desde o início, mas também sua intensa exploração decorrente especialmente da indústria da cal (CAPANEMA, 1876). Provavelmente os estudos no Rio de Janeiro se voltaram para outros pontos de interesse mais afastados da grande metrópole e de seus arredores. A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 41 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Assim, as pesquisas arqueológicas sistemáticas no entorno da Baía de Guanabara tiveram início somente após a segunda metade da década de 1970, quando os primeiros sambaquis foram alvo de escavações, entre eles Sernambetiba e Amourins (Figura 3); Saracuruna; Rio das Pedrinhas e Arapuan (BELTRÃO et al., 1982; HEREDIA et al., 1982; MENDONÇA DE SOUZA & MENDONÇA DE SOUZA, 1981/1982; MELLO & SOUZA, 1977; BEZERRA, 1995). O estudo desenvolvido por Villagran et al. (2010) é especialmente relevante para as reflexões aqui apresentadas, através de análises microestratigráficas que destacaram semelhanças entre o processo de formação do sambaqui de Sernambetiba e sambaquis do litoral sul de Santa Catarina. No que se refere ao sambaqui de Amourins, Gaspar et al (2013) realizaram releitura das informações (HEREDIA et al., 1982), além da sistematização das observações de campo, e destacaram que a grande maioria dos artefatos identificados estavam espacialmente correlacionados com sepultamentos. Dessa maneira, sugeriram que o Amourins também tinha sido formado a partir de rituais funerários. Mendonça de Souza et al. (2012) apresentam relato detalhado das últimas intervenções no sambaqui de Amourins, especialmente no que se refere à retirada de esqueletos, e estabelecem que a construção desse sítio foi estreitamente relacionada aos funerais. Figura 3 - (a) Vista panorâmica da seção Oeste do Sambaqui Amourins; (b) Sambaqui Sernambetiba, locus 1, seção da parede Leste, onde foi realizada coleta de amostras para análise zooantracológica. Atualmente ainda não há um modelo de ocupação detalhado para a Baía de Guanabara, tampouco uma comparação mais consistente com outras regiões do litoral onde ocorrem concentrações de sambaquis. Isto porque o número de pesquisas ainda é incipiente e, especialmente, a quantidade de datações obtidas. Porém, ainda assim, alguns A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 42 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 aspectos podem ser apontados com certa segurança, pois se apoiam também na recorrência de evidências obtidas para outras regiões onde os estudos estão mais avançados. De modo geral, pode-se afirmar que a ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara foi um processo intenso e de longa duração, tal como vem sendo identificado em outras regiões do litoral brasileiro. Apesar do processo de urbanização ter acarretado na destruição de muitos sítios, atualmente são conhecidos mais de 49 sambaquis (Tabela 1). Eles ocorrem no entorno de toda a baía, desde o Centro do Rio de Janeiro, Ilha do Governador, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, Itaboraí, São Gonçalo até Niterói. Muitos deles estão assentados próximos aos grandes rios, como os rios Macacu, Estrela e Iguaçu por exemplo, sugerindo um padrão de ocupação ribeirinho, embora às margens da baía. Tabela 1 - Sambaquis localizados no entorno da Baía de Guanabara. Número 1 Sambaqui Caracterização Amourins 60m de comprimento x 10m de largura e 2,80m de altura. Presença de sepultamentos humanos 2 Arapuan 3 Boa Vista 4 Bulcão I 5 Bulcão II 6 Cafubá 7 Camboinhas 8 Chácara do Vintém 9 Cordovil 10 Dona Nora Área circular de 2000m2 e 4,5m de altura. Entre o Rio Guapi e canal Caioba. Presença de sepultamentos humanos Sítio parcialmente destruído Localizada em propriedade particular na estrada ItambiVisconde. A 9 km da Baía de Guanabara. Localizada em propriedade particular na estrada ItambiVisconde. A 1km do Bulcão I. Próximo à Lagoa de Piratininga. vestígios orgânicos: Malacológico, restos faunísticos diversos e ósseo humano. Localizado próximo à lagoa de Itaipu na praia de Camboinhas Presença de conchas do tipo berbigão Área de 1.500m². Localiza-se a 200m a noroeste do sambaqui do Fernando. Localizado a 360 m da BR 493. Inicia na Praça de São Barnabé, se estende para a residência de Dona Nora, descendo a encosta e é cortado por uma rua de terra. Apresenta terra preta, ossos de fauna, seixos e Anomalocardia brasiliana. Área: 4950m2 Localização Fonte Guapimirim Mendonça de Sousa, 1973 e 1978; Heredia & Beltrão, 1979 Cardoso, 2013; Berredo, 2018 Guapimirim Mendonça de Sousa, 1973 e 1978; Bezerra, 1977 e 1978; Oliveira, 1978 Niterói - Guapimirim Gaspar, 2007 Pinto, 2009 Guapimirim Gaspar, 2007 Pinto, 2009 Niterói Kneip, 1979. Niterói Kneip, 1979; Palestrini & Morais, 1980 Niterói - Guapimirim Mendonça de Sousa, 1973 e 1978; Paz, 1999 Itaboraí CNSA A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 43 REVISTA DE ARQUEOLOGIA Número Sambaqui VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Caracterização Localização Fonte Itaboraí Gaspar, 2007 Pinto, 2009 Itaboraí Clerot, 1928 Guapimirim Mendonça de Sousa, 1973 e 1978; Paz, 1999 Rio de Janeiro BELTRÃO, M. 1978. Maria Dulce Gaspar,2005 Guapimirim Mendonça de Sousa, 1973 e 1978; Mendonça de Souza e Mendonça de Souza, 1980; Borges, 2015 Guapimirim Clerot, 1928; Mendonça de Sousa, 1973 e 1978; Beltrão, 1978; Paz, 1999 Duque de Caxias Jeanne Cordeiro de Oliveira (2004) Magé Beltrão, 1973 Niterói Kneip, 1979. Guapimirim Mendonça de Souza, 1973 Itaboraí Clerot, 1928; Leonardos, 1938 Rio de Janeiro Beltrão, 1973 Beltrão, 1978 Próximo da Bacia do Rio Tambicu 11 Estrada de Ferro 12 Fazenda Caieira 13 Fernando 14 Galeão 15 Guapi 16 Guaraí-mirim 17 Iguaçu 18 Iguapi 19 Ilha do Cafubá 20 Imenezes 21 Itambi 22 Jequiá A 1.2 km a noroeste do Sampaio I. A 12 km da Baía de Guanabara. Profundidade do pacote arqueológico: 80 cm A 6 km da Baía de Guanabara. Próximo ao rio da Caieira Área de 1.500m². Localizado entre os rios Magé e Guapimirim Sambaqui localizado no bairro Galeão, próximo a Base Aerea do Galeão. O sitio encontra-se altamente destruído, pela construção da Av. Coronel Meier.] A 900m da Baía de Guanabara. Sítios relacionados: Sambaqui das Pixunas (GB18), Sambaqui da Praia do Espinheiro (GB21), Sambaqui ou aldeamento Tupi-Guarani do Jequiá (GB22) Pequena elevação monticular com 2,5 m de altura Localizado na margem direita do rio Macacú, na área inundável entre este rio e o Guaraí-Mirim, às margens da Vala de Sernambetiba. Área elipsoidal com 48 x 18 m x 5m de altura Comprimento: 80m Largura: 120m Próximo do Rio Iguaçu. Altura: 2m. Próximo ao Rio Iguaí. Presença de lítico lascado, malacológico e carvões. Remanescentes da base de um sambaqui alojado na encosta de um afloramento rochoso. Área: 150m2 Próximo à Lagoa de Piratininga Área circular de 2.000m² e 1.2m de altura. Entre os rios Magé e Guapimirim Ao longo da estrada de ferro, próximo ao rio Macacu Sambaqui com cerâmicas tupiguarani em seu interior. Depósito arqueológico com Anomalocardia brasiliana, A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 44 REVISTA DE ARQUEOLOGIA Número Sambaqui VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Caracterização Localização Fonte Duque de Caxias Dias Jr, 1973 Guapimirim CNSA Magé Gaspar, 2014 Rio de Janeiro Maria da Conceição de M. C. Becker, 1965 Beltrão, 1978 Magé Mendonça de Sousa, 1973; 1978. Magé Dias Jr, 1973; Mendonça de Sousa, 1973; 1978. numerosos cacos de cerâmica Tupi, lisa e decorada, e materiais de orígem européia. Localizado no loteamento Marquesa de Santos, praça Central. Artefatos líticos (lascas de quartzo) e conchas de Ostrea sp. Dimensões: 90x50 m Altura: 5m; Observa-se presença de ostras e berbigões. Próximo ao rio caceribu. Sítios relacionados: sampaio 1 Sitio sambaqui, localizado às margens do Rio Estrela, em uma área de mangue, caracterizado pela presença de conchas em superfície. Encontra-se totalmente destruído. Sítios relacionados: ruinas de Paiol de Pólvora, Sítio Estrela, Sambaqui de Saracuruna, Sambaqui do Porto de Estrela, sítio cerâmico Aldeia (GNL1). Área: 100m2 Área: 5000m2 Altura: 3m Próximo a Riacho Localizada na Ponta do Pirata, no loteamento de Barão do Iriri, Baía de Guaratiba. Área irregular, superior a 500m2. Próximo ao rio Roncador e Iriri 23 Marquesa 24 Meia-noite 25 Paiol 26 Pixunas 27 Ponta do Pirata 28 Porto da Estrela Pequeno sambaqui com 5m de diâmetro e 1,5m de altura. 29 Praia da Luz ou Capilé 30 Praia do Espinheiro 31 Propósito Presença de conchas do tipo berbigão Depósito conchífero praticamente destruído. Continha numerosos cacos de cerâmica. Teria, originalmente, 60m de extensão e cerca de 3m de altura. Cortado pela estrada de acesso à praia do Espinheiro. Próximo do Rio Jequié Área: 3850m2 Comprimento: 70m. A 1000m da Baía de Guanabara. Apresentou conchas e lítico lascado. São Gonçalo Rio de Janeiro Beltrão, 1972 Beltrão, 1978 Rio de Janeiro Tânia Andrade Lima A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 45 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Número Sambaqui Caracterização 32 Rio das Pedrinhas 33 Rua 13 34 Sampaio I 35 Sampaio II 36 São Bento 37 São Bento 2 38 São Lourenço Área elíptica de 1.200m e altura de 4,20m Construído abaixo de uma casa. Vestígios arqueológicos ao redor da construção. Foram observadas conchas e líticos na base Localizado em fazenda em processo de desapropriação. Área 100m x 40 m x 3m (altura) Aterro com material arqueológico. Foram encontrados dentes de tubarões perfurados Presença de conchas do tipo berbigão Localizado a 360 m do sambaqui de São Bento. Caracteriza-se pelo afloramento de malacofauna sobre a superfície do terreno. Área: 1290m2 Comprimento: 70m Largura: 25m Sítios relacionados: sambaqui de sao bento e sambaqui de Iguaçu. Próximo do Rio Iguaçu. Presença de conchas do tipo berbigão Localizado à margem direita do rio Saracuruna, no loteamento, a cerca de 200m do rio e a 1km da estrada RioTeresópolis. Possuía, originalmente, 20m de diâmetro e 6m de altura 39 Saracuruna 40 Sendas 41 Sernambetiba 42 Seu Jorge 43 Sossego 2 Localização Fonte Guapimirim Mendonça de Souza, 1973 Guapimirim Gaspar, 2007 Pinto, 2009 Itaboraí Beltrão, 1982; Paz, 1999; Gaspar, 2007, Pinto, 2009 Itaboraí Gaspar, 2007 Pinto, 2009 Duque de Caxias Jeanne Cordeiro de Oliveira, 2004 Duque de Caxias Dias Jr, Jeanne Cordeiro de Oliveira, 2004 Niterói - Magé Mello & Mendonça de Souza, 1977; Mendonça de Souza, 1978; Dias Jr. (comunicação pessoal 1981). Magé - 6m de altura por 60m de largura e 100m de comprimento. Localizado entre o rio Guapimirim e o canal Magé-Mirim. Presença de sepultamentos humanos Dimensões: cerca de 80 x 40 m e 5 m de altura. A 14 km da Baía de Guanabara Antiga ilha, sobre um morro. Próximo da praia do Sossego, de Piratininga e de Camboinhas. pedaços de carvão dispesos, Presença de conchas com predominância de mexilhão. Segundo informações, havia Guapimirim PAZ, 1999 Mezzalira, 1946; Guerra, 1962; Macedo, 1965; Beltrão e Kneip, 1967; Beltrão, 1972 e 1978; Amador, 1974; Mendonça de Souza, 1973 e 1978; Hurt, 1986; Gaspar 1996; Bianchini, 2015; Estanek, 2015 Guapimirim Gaspar, 2007 Pinto, 2009 Niterói CNSA A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 46 REVISTA DE ARQUEOLOGIA Número Sambaqui 44 Tambicu 45 Zé Garoto 46 Brocoió 47 Lagoa 48 Paquetá 49 Praça de Bandeira VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Caracterização também, vértebras de peixe. Lítico, louça e cerâmica neobrasileira. Localizado na fazenda Santo Antônio, próximo ao riacho Tambicu. Área elipsoidal com 3.500m2 (27x18m) e 3m de altura. Presença de ossos humanos mineralizados. Pequena elevação coberta de vegetação rasteira. O sambaqui encontra-se intacto, bem próximo ao mangue. O exame de um perfil permitiu visualizar uma camada arqueológica de 50cm de espessura. Ilha da Baía de Guanabara onde foi identificado um sambaqui Sambaqui identificado na Lagoa Rodrigo de Freitas Sambaqui identificado na Ilha de Paquetá Sambaqui identificado na Praça da Bandeira Localização Fonte Itaboraí Clerot, 1928. São Gonçalo CNSA Rio de Janeiro - Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro Claudio Mello de Prado (2017) A datação mais antiga, em torno de 7000 anos AP, foi obtida para o sambaqui Camboinhas, localizado na entrada da baía. Datações em sambaquis localizados em Santa Catarina, São Paulo e mesmo no Rio de Janeiro indicam que nesse período já haviam sambaquis ativos em diferentes partes do litoral brasileiro, sugerindo que a antiguidade da ocupação da Baía de Guanabara pode ser admitida (KNEIP et al., 2018; FIGUTI et al., 2013; LIMA et al., 2006). Adentrado para o interior da baía, o sambaqui de Guapi, localizado no município de Guapimirim, apresenta a data mais antiga, indicando que a ocupação da porção NE da baía se deu em torno de 5604-5335 anos cal AP. O padrão de distribuição dos sítios indica Guapi como o mais afastado da atual linha de costa da Baía de Guanabara. Porém, no período de sua construção, o nível do mar estava a cerca de 2,5 a 3m acima do atual, e provavelmente as águas da paleobaía estavam a poucos metros de distância do sítio. No período entre 4500 e 3000 anos AP, havia sambaquis ativos em Duque de Caxias (São Bento), Itaboraí (Sampaio I e Seu Jorge), Guapimirim (Amourins) e Magé (Arapuan e Rio das Pedrinhas) (Figuras 4 e 5). A ampla dispersão e a recorrência de datações (Tabela 2) permitem sugerir que nesse período a sociedade sambaquieira estava em plena expansão no entorno da Baía de Guanabara, assim como identificado em outras regiões do litoral brasileiro (KNEIP et al., 2018; WAGNER, 2009). A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 47 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Figura 4 - Mapa de localização dos sambaquis registrados no entorno da BG. Círculos em vermelho indicam sambaquis ativos entre 4000 e 3000 anos AP e círculos sem preenchimento indicam localização aproximada dos sítios. Figura 5 - Datações radiocarbônicas calibradas dos sambaquis localizados no entorno da Baía de Guanabara (OxCal v3.10, BRONK RAMSEY, 1995). Em destaque a faixa cronológica entre 4000 e 3000 anos antes do presente onde ocorre a maior frequência de sambaquis ativos. A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 48 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Tabela 2– Datações convencionais e calibradas (2 sigma) dos sambaquis. Calibração feita através do software Calib Radiocarbon Calibration Program (STUIVER & REIMER, 1993), através da curva de calibração SHcal04 (MCCORMAC et al., 2004) para amostras de carvão e Marine 09 (REIMER et al., 2009) para amostras de conchas. Sítio Localização No amostra Material Método Data Convencional Data Calibrada (2 SIGMA) Referência Amourins 270cm 259890 carvão AMS 3800±40 4241-3934 Pinto (2008) Amourins 300cm - carvão Conv. 3530±60 3898-3577 Gaspar (1991) Sernambetiba 500cm - carvão Conv. 1920±70 1981-1613 Pinto (2008) Sernambetiba 80cm - carvão AMS 1800±40 1809-1543 Pinto (2008) Guapi 10-20cm 341740 carvão AMS 4730±30 5575-5314 - Guapi 90-100 341741 carvão AMS 4790±30 5584-5326 - Seu Jorge SJ02 343430 carvão AMS 3440±30 3717-3485 - Seu Jorge SJ08 343431 carvão AMS 3420±30 3692-3482 - 259892 carvão AMS 3730±70 4237-3830 Pinto (2008) 259891 carvão AMS 3720±40 4145-3866 Pinto (2008) 259893 carvão Conv. 3290±70 3638-3272 Pinto (2008) Sampaio I Sampaio I Sampaio I S1,P1, N280cm S1,P1, N170cm S1,P1, N20-60 São Bento - 292143 carvão Conv. 3980±50 4526-4183 Arapuã - - conchas SB 3460±70 3516-3156 Arapuã - - conchas SB 3340±70 3363-2990 Arapuã - - conchas SB 2800±60 2697-2356 Rio das Pedrinhas - - conchas SB 3170±70 3168-2778 Imenezes - - conchas SB 2600±60 2437-2112 Mendonça & Godoy (2004) Mendonça & Godoy (2004) Mendonça & Godoy (2004) Mendonça & Godoy (2004) Mendonça & Godoy (2004) A análise da distribuição espacial dos sítios e suas respectivas datações revela uma evidente tendência que indica que a ocupação sambaquieira no entorno da baía de Guanabara seguiu um movimento que acompanhou a dissecação da paleobaía. O sítio mais antigo, Guapi, está localizado mais para o interior, enquanto Sernambetiba, o mais recente, datado entre 2000 a 1800 anos AP, está assentado mais próximo da atual linha de costa da Baía. Essa tendência é também reforçada pelos valores das cotas da base dos sambaquis cada vez mais próximas ao nível do mar atual (Figura 6). A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 49 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Figura 6 - Diagrama de datações por radiocarbono em relação à variação de cota das bases dos sambaquis no entorno da Baía de Guanabara (GP – Guapi; AM – Amourins; SJ – Seu Jorge; SM – Sernambetiba). Lucas Garcindo. Há 5000 AP, após a última transgressão do Holoceno, o nível do mar estava acima do nível atual, quando os sistemas fluviais do interior da baía foram afogados com a instauração de um ambiente estuarino, com praias de baía e desenvolvimento de pequenos cordões arenosos, que podem ser identificados facilmente por fotografias aéreas. Nesse ambiente foi assentado o sambaqui Guapi. Com a progressiva regressão ou diminuição do nível do mar e a retomada da sedimentação fluvial em áreas até então afogadas, foram erigidos os sambaquis Amourins, Seu Jorge, Sampaio II, Imenezes, Arapuan e Rio das Pedrinhas, no intervalo de aparente estabilidade do nível do mar entre 4000 e 3000 anos AP. Finalmente, a cerca de 2000 anos AP, o sambaqui Sernambetiba começa a ser erguido na margem da paleobaía, indicada pelo depósito francamente marinho do concheiro natural sobre o qual o sítio foi construído e que está somente a 0,50 m acima do nível do mar atual, sugerindo a regressão continuada até os dias atuais. Diante desses dados é possível afirmar que os sítios foram sendo construídos com o intuito de permanecerem sempre próximos das águas da Baía de Guanabara. Tomando a análise da distribuição espacial dos sambaquis da região dos Lagos (GASPAR, 1991), onde os agrupamentos eram compostos entre 5 e 7 sítios, e considerando as informações históricas sobre a destruição de sambaquis e o funcionamento de caieiras no entorno da Baía de Guanabara, foi realizada a projeção apresentada na Figura 7. Para elaboração dessa projeção, foi considerado que cada informação sobre a existência de um sambaqui em uma área específica corresponde a um agrupamento de sítios. Dessa maneira, foi traçado um cenário plausível que não pode ser recomposto em decorrência do intenso processo de urbanização, mas que fornece uma dimensão da ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara. A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 50 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Figura 7 - Mapa de projeção dos agrupamentos de sambaquis no entorno da BG. OCUPAÇÃO DA BAÍA DE GUANABARA E OUTRAS REGIÕES LITORÂNEAS Recentemente, como resultado de pesquisa de longa duração 2 , foi proposto um modelo de ocupação robusto para o litoral Sul de Santa Catarina, região que abrange os municípios de Laguna, Jaguaruna e Tubarão. O mapeamento da distribuição dos sítios, somado ao investimento em datações radiocarbônicas e aos estudos sobre a evolução do sistema paleolagunar, permitiu avançar sobremaneira na compreensão do sistema de assentamento da região (KNEIP, 2004; DEBLASIS et al., 2007; GIANNINI et al., 2010; ASSUNÇÃO, 2010; GASPAR et al., 2014, KNEIP et al., 2018). Nessa área são conhecidos cerca de 100 sambaquis, entre os quais 72 possuem uma ou mais datas, totalizando 200 o número de datações para a região (KNEIP et al., 2018). O modelo, apoiado em análises geoestatísticas, demonstra que o padrão de distribuição dos sítios em forma de clusters não é aleatório e que os agrupamentos, em número de doze, foram distribuídos em quatro períodos de ocupação: o período inicial, (P1), de 7.500 anos a 4.500 anos aP; (P2), de 4.500 a 3.000 anos aP; (P3), de 3.000 a 2.100 anos aP; e o final, (P4), de 2.100 a 900 anos aP. Os resultados demonstram que os agrupamentos constituem unidades sociológicas específicas e concomitantes para tal região (KNEIP, 2004; DEBLASIS et al.,2007) e 2 As pesquisas no litoral sul de Santa Catarina tiveram início em 1996 sob a coordenação de Paulo DeBlasis e MaDu Gaspar e atualmente estão organizadas no bojo do Projeto “Sambaqui e Paisagem: modelando a inter-relação entre processos formativos culturais e naturais no litoral sul de Santa Catarina”, Universidade de São Paulo/ FAPESP, e já liberou vários resultados de pesquisas (FISH et al., 2000; KLOKLER, 2000, 2008; KARL, 2000; KNEIP, 2004; DEBLASIS et al., 2007; ASSUNÇÃO, 2010; GIANNINI et al., 2010; GASPAR et al., 2012; SCHEEL-YBERT et al., 2008; BIANCHINI et al., 2011; BENDAZOLLI, 2007; NISHIDA, 2007; PEIXOTO, 2008; BELÉM, 2012; VILLAGRÁN, 2008, GASPAR et al., 2008; 2013, KNEIP et al., 2018). A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 51 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 reforçam a hipótese levantada para a região dos Lagos (GASPAR, 1991) e para o entorno da Baía de Guanabara. De acordo com a perspectiva que se apoia na evolução do sistema lagunar, os sítios mais antigos (7.500 a 5.500 anos AP) estão localizados no setor interno das lagunas, assentados em terrenos mais elevados. No momento seguinte (5.500 a 4.000 anos AP), há um movimento em direção ao centro da laguna que muito provavelmente se coaduna com o ritmo de assoreamento lagunar centrípeto. Posteriormente (4.000 a 1.700 anos AP), no auge da ocupação, há um deslocamento dos sítios localizados no setor interno para os arredores dos morros e no setor externo para as porções central e norte das lagunas. Por fim (últimos 1.700 anos AP), os sítios se deslocam para o setor externo e, neste momento, as conchas perdem a importância como valor construtivo (GIANNINI et al., 2010). Outro exemplo de estudo que envolveu o sistema de assentamento da sociedade sambaquieira no litoral foi realizado na Costa Leste da Ilha de São Francisco do Sul, Santa Catarina. De acordo com os resultados, a região foi ocupada de 5.950 anos AP até 1.390 anos AP, sendo que o período de expansão da população está entre 4000 e 3000 anos AP, coincidindo com o modelo anteriormente apresentado. Durante o período de ocupação, verificou-se a presença de agrupamentos de sítios que estavam ativos de forma concomitante e com modelos construtivos similares (SÁ, 2017). Já no litoral de São Paulo, os modelos de ocupação propostos para as diferentes regiões ocorrem onde há concentrações de sítios (CALIPPO, 2004; 2010). A densidade de sítios é de 69 para a região da Cananéia e 136 para a Baixada Santista. Além disso, é uma região onde a ocupação sambaquieira apresenta grande profundidade temporal, assim como o Rio de Janeiro e o litoral sul de Santa Catarina. As datações mais antigas estão em torno de 8000 anos AP e as mais recentes chegam a 500 anos AP, com um período de expansão entre 5000 e 3000 anos AP (AFONSO, 2017; LIMA, 1999/2000). O modelo de ocupação proposto para a região da Ilha do Cardoso, em Cananéia, a partir do estudo de 26 sambaquis, indica dois momentos de ocupação. Um entre 8000 e 5.100 anos AP, com um deslocamento dos sítios em direção ao interior, como resposta à transgressão marinha, e outro, a partir de 5.100 anos AP, período em que há um deslocamento dos sítios em direção à costa, acompanhando o rebaixamento do nível do mar, sendo que em ambas as fases ocorrem agrupamentos de sítios (CALLIPO, 2004). Os dados acima apresentados assim como as datações obtidas para diversos sítios fornecem um panorama que ilustra uma cronologia de ocupação semelhante para os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Figura 8) (WAGNER, 2009). Especialmente no que se refere aos períodos de início, auge e desestruturação do programa de construção de sambaquis. Entre 5000 e 3000 anos AP, período em que o nível do mar está em pleno processo regressivo, centenas de sambaquis foram erigidos ao longo da costa, indicando que nem mesmo as mudanças ambientais interferiram na construção de novos assentamentos. Esse aspecto é de extrema relevância, pois contraria o pressuposto de que as mudanças no nível do mar teriam influenciado negativamente no processo de ocupação sambaquieira, algo que por muito tempo se discutiu na pesquisa em sambaquis. Esse período de mudanças ambientais não foi um período de estabilidade, mas sim de plena expansão da sociedade sambaquieira em várias regiões ao longo do litoral brasileiro. A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 52 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 Figura 8 - Datações dos sambaquis localizados nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. (Modificado de Wagner, 2009). Os retângulos destacam o período de maior estabilidade entre 5000 e 3000 anos AP. CONCLUSÃO A Baía de Guanabara forneceu condições para ocupação sambaquieira ao longo de pelo menos 30 séculos, e as informações disponíveis para a sua porção nordeste, que apresenta excepcional condição de preservação frente à densa urbanização de outras áreas, sugerem significativa densidade de sítios. No que se refere à dimensão dos pacotes arqueológicos, as raras informações existentes indicam que os sambaquis de maiores dimensões não ultrapassam 6 m de espessura, independente do período de atividade do assentamento. Trata-se de dimensão compatível com informações sobre sambaquis de outras porções do litoral fluminense que não foram atingidas pela intensa urbanização, como ilha Grande e Saquarema (TENÓRIO, 2004, KNEIP et al., 1981). Como em outras regiões, os agrupamentos reúnem sambaquis de maior e menor porte, o que sugere hierarquia entre assentamentos próximos. Dessa maneira, constata-se que os sambaquieiros da BG mantiveram as dimensões dos assentamentos ao longo dos períodos de ocupação, muito embora haja fortes indícios, procedentes do estudo de estratigrafia, que compartilhavam a maneira de construção dos sambaquis de grandes dimensões que caracterizam o litoral sul catarinense. Considerando a relação entre dimensões de sítios e das lagoas para o litoral de Santa Catarina, é possível supor que a BG, em decorrência de seu tamanho, não propiciava amplo contato visual como ocorre na lagoa do Camacho, Santa Catarina (OPPITZ, 2011). Aparentemente foi relevante para os pescadores-coletores da BG implantarem seus assentamentos próximos aos rios, como fica evidente no caso do sambaqui de Amourins. Construir em locais um pouco mais protegidos de inundações características da planície guanabarina, garantir porto seguro para embarcações e acesso a porções mais interioranas da baixada devem ter sido aspectos que nortearam as escolhas para inaugurar um novo local para implantação de sambaquis. A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 53 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 É difícil realizar avaliações sobre densidade de sítios, pois a intensa urbanização não permite que sejam desenvolvidas reflexões mais consubstanciadas. Cabe considerar um provável isolamento em relação a outros grupos, em decorrência da presença da serra Órgãos, que pode ter restringido, durante um longo período, contatos interculturais, porém o que se sabe é que às margens da BG foi mantido o hábito de construir sambaquis quase sempre com as mesmas dimensões. Contatos com outros grupos só se intensificaram por volta de 2600 com a paulatina invasão do território sambaquieiro pelos ceramistas (SCHEEL-YBERT et al., 2008). Por outro lado, a interação com outros sambaquieiros deve ter sido recorrente, como parece ter ocorrido em outras regiões da costa brasileira. Cabe lembrar que Prous (1991), ao estudar as regras de fabricação das esculturas recuperadas em sambaquis do sul, chamou a atenção para a existência de unidade cultural (ideológica) que abrangia o litoral da região sul e parte do sudeste. Considera-se que regras são compartilhadas através da circulação de informações, sendo que a faixa litorânea forma um eixo no sentido norte-sul que propicia a circulação de pessoas. As análises empreendidas nos sítios do sul de Santa Catarina, Vale do Ribeira em São Paulo e entorno da BG sobre o processo de formação de alguns sambaquis também indica fortemente a articulação dos construtores de sambaqui. A identificação de agrupamentos de sambaquis em diferentes porções do litoral sul e sudeste ainda permite afirmar que tratar-se de um padrão de ocupação característico que se perpetuou no tempo e no espaço, demonstrando um sistema sociocultural muito bem estruturado. Por outro lado, as cronologias obtidas para alguns estados também apontam para interconexão entre as diferentes regiões e sugerem que fenômenos relacionados com a expansão e desestruturação do programa de construção de sambaquis, apesar de especificidades regionais, tiveram impactos na região sul e sudeste como um todo. A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al 54 REVISTA DE ARQUEOLOGIA VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFONSO, Marisa. 2017. Arqueologia dos sambaquis no litoral de São Paulo: análise da distribuição dos sítios e cronologia. Especiaria - Cadernos de Ciências Humanas, 17: 203-227. AMADOR, Elmo da Silva 1974 - Praias Fósseis do Recôncavo da Bala de Guanabara. Anais Academia Brasileira de Ciência, Rio de Janeiro, 46:253-262. AMADOR, Elmo da Silva. 1997. Baía de Guanabara e ecossistemas periféricos: homem e natureza. 1ª ed. Rio de Janeiro, Edição do autor. 529pp. AMADOR, Elmo da Silva. 1980. 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