Recebido em: 29/05/2019
Aceito em: 02/09/2019
Volume 32 No. 2 2019
Edição Especial: Museu Nacional (Volume 1)
ARTIGO
A OCUPAÇÃO SAMBAQUIEIRA NO ENTORNO DA BAÍA DE GUANABARA
Maria Dulce Gaspar*, Gina Faraco Bianchini**, Ana Luiza Berredo***, Mariana Samor Lopes****
RESUMO
Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias, São Gonçalo e Magé, cidades situadas
na baía de Guanabara, se desenvolveram em território antes ocupado pelos
sambaquieiros. Durante o processo de urbanização, muitos sítios arqueológicos
foram destruídos, e algumas pequenas porções estão cobertas por calçamentos de
ruas e sob construções das cidades. Com o objetivo de investigar o sistema de
assentamento, foram sistematizadas as informações sobre o nordeste da Baía, que
ainda contem agrupamentos de sambaquis, alguns deles compostos por sítios em
bom estado de conservação, e elaborada uma projeção para o entorno da Baía,
com o objetivo de delinear suas principais características, traçar um panorama da
ocupação sambaquieira no entorno da Baía e estabelecer correlações com outras
regiões litorâneas.
Palavras-chave: Sambaqui; Sistema de Assentamento; Baía de Guanabara.
* Professora Colaboradora Voluntária do PPGArq-Museu Nacional/UFRJ, Pesquisadora do CNPq 201519. E-mail: madugasparmd@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5483-4495.
** Doutora pelo PPGArq/Museu Nacional. Arqueóloga da Artefato Arqueologia e Patrimônio. E-mail:
ginabianchini@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7991-976X.
*** Doutoranda em Arqueologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e mestre pela mesma
instituição. E-mail: analuizaberredo@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6924-747X.
**** Doutoranda em Biologia Marinha e Ambientes Costeiros pela PBMAC/Universidade Federal
Fluminense, e mestre pela mesma instituição. Laboratório de Paleoceanografia e Mudanças Globais
(LP&MG-UFF). E-mail: lopes_mariana@id.uff.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4422-8651.
DOI: https://doi.org/10.24885/sab.v32i2.695
REVISTA DE ARQUEOLOGIA
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
ARTICLE
THE SHELLMOUNDS OCCUPATION AROUND GUANABARA BAY
ABSTRACT
Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias, São Gonçalo and Magé, located on the
shores of Guanabara Bay, have developed in territory previously occupied by
shellmound-builders. Throughout the process of urbanization, many sites were
destroyed and some small portions are covered by sidewalks of streets and
buildings of cities. In order to investigate the settlement of this system, were
systematized information about the northeast of the bay which still contains
groupings of shellmounds, some of them composed of sites in a good state of
conservation. A projection has been drawn up for around the bay with the
objective of outlining its main characteristics, draw a picture of the former
sambaqui occupation and establish correlations with other coastal regions.
Keywords: Shellmounds; Settlement System; Guanabara Bay.
ARTÍCULO
LA OCUPACIÓN SAMBAQUIEIRA EN EL ENTORNO DE LA BAHÍA DE
GUANABARA
RESUMEN
Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias, São Gonçalo y Magé, ubicadas en la
bahía de Guanabara, se desarrollaron en territorio antes ocupado por los
sambaquieiros. Durante el proceso de urbanización muchos sitios arqueológicos
fueron destruidos y algunas pequeñas porciones están cubiertas por calzones de
calles y bajo construcciones de las ciudades. Para investigar el sistema de
asentamiento se sistematizaron las informaciones sobre el nordeste de la bahía
que aún contiene agrupaciones de sambaquis, algunos de ellos compuestos por
sitios en buen estado de conservación, y elaborada una proyección para el entorno
de la bahía para delinear sus principales características, trazar un panorama de la
ocupación sambaquieira en el entorno de la bahía y establecer correlaciones con
otras regiones costeras.
Palabras clave: Sambaqui; Sistema de Asentamiento; Bahía de Guanabara.
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
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INTRODUÇÃO
A Baía de Guanabara (BG) reúne várias características que foram atraentes para a
implantação de assentamentos dos pescadores-coletores que colonizaram a faixa
litorânea brasileira. Águas tranquilas e quase sempre navegáveis, inúmeros ambientes
como os amplos e férteis manguezais, costões rochosos e desembocaduras de rios
ofereciam condições propícias para implantação e manutenção do modo de vida dos
sambaquieiros. As pesquisas em sua porção nordeste informam que esta área estava
ocupada desde 5 000 mil anos atrás, e estudos em regiões adjacentes, como a praia de
Camboinhas, sugerem que a presença dos pescadores-coletores deve ter sido bem
anterior a isso.
A densa e centenária urbanização de suas margens, que se estendeu paulatinamente
sobre áreas que haviam sido ocupadas por sambaquieiros, remobilizou, aterrou e
eliminou inúmeros testemunhos arqueológicos dos pescadores-coletores. Rio de Janeiro,
Niterói, Duque de Caxias, São Gonçalo e Magé são cidades antigas, que se desenvolveram
em pleno território sambaquieiro, condição que dificulta a construção de um cenário que
contemple a distribuição espacial dos sambaquis.
Com o objetivo de caracterizar a paisagem sambaquieira, será apresentada uma
análise do meio físico, destacando-se as porções da Baía que reuniam condições atrativas
para implantação de sambaquis, informações que serão sobrepostas aos registros de
testemunhos arqueológicos existentes. Informações díspares e isoladas serão retomadas
a partir do conhecimento já estabelecido sobre o sistema de assentamento dos
pescadores-coletores, principalmente a constatação de que a ocupação do território se
deu através de agrupamentos de sítios. A área que foi sistematicamente estudada ao longo
de décadas de pesquisa, nordeste da Baía de Guanabara, será tomada como parâmetro no
que se refere à distribuição e densidade de sítios e norteará as inferências sobre porções
onde só estão disponíveis informações pontuais e isoladas.
A BAÍA DA GUANABARA: UM SÍTIO DE COMUNIDADES PESQUEIRAS
Atualmente, a Baía de Guanabara possui uma bacia de drenagem de cerca de 4.080
km² (Figura 1). Suas ilhas abrangem 56 km2, restando ainda uma área de 328 km² de
superfície com água (KJERVE et al., 1997). Aproximadamente 84% das águas da baía têm
profundidades inferiores a 10 m, sendo que, na porção que corresponde ao canal
principal que se estende da boca da baía até a linha entre o aeroporto Santos Dumont e
Gragoatá, possui mais de 40 m de profundidade e uma largura média de 400 m
(FIGUEIREDO et al, 2014).
Trata-se de um dos ecossistemas marinhos mais produtivos do mundo (SEVRINREYSSAC et al., 1979). Durante o verão austral, a entrada de água fria na baía (13-15ºC)
está associada ao sistema de ressurgência da Ilha de Cabo Frio, centrado 100 km ao leste
da entrada desse ecossistema (MARTIN et al., 1981/1982). Essas águas ricas em
nutrientes favorecem a exploração de recursos pesqueiros, além de exercer um papel
importante na distribuição de peixes (JICA, 1994). Pesquisas indicam a presença de 245
espécies, entre marinhas (174) e dulcícolas (71) (VIANNA et al. 2012).
O destaque nacional e internacional da Baía de Guanabara não é apenas por sua
beleza cênica, mas também pela farta disponibilidade de recursos derivados da riqueza
de seus ecossistemas: águas da baía, rios, manguezais e florestas, além da disponibilidade
de terras extensas (SILVA et al., 2016; RAMINELLI, 2002). Por isso, é um dos principais
setores pesqueiros do Estado do Rio de Janeiro que sustenta uma atividade de grande
importância econômica e social (BEGOT & VIANNA, 2014; PROZEE, 2005).
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Figura 1 - Localização da Baía de Guanabara dentro do estado do Rio de Janeiro e
Brasil/América do Sul (CATANZARO et al., 2004).
As características acima se apoiam em pesquisas recentes, no entanto fornecem um
panorama das características da Baía de Guanabara, ilustrando um quadro através do
qual é possível compreender seu potencial atrativo para ocupação humana ao longo do
tempo. A Baía de Guanabara e seus ecossistemas associados, com alta produtividade e
diversidade de recursos, é um ambiente extremamente propício para a instalação e
manutenção de densas comunidades, processo que foi inaugurado com os construtores
de sambaquis há pelo menos 6000 anos antes do presente.
Na atualidade os pescadores artesanais1 estão associados a sete Colônias de Pesca
distribuídas por toda a orla, sendo elas: a Colônia Z8, que atua nos pontos de
desembarque de Jurujuba, Ponta da Areia, Praia Grande, Ilha da Conceição, Gradim,
Itaoca e Itambi, e participa diretamente da comercialização do pescado. As demais
colônias têm atividades difusas; colônia Z9, que tem como jurisdição a área de Magé; Z10,
localizada na Ilha do Governador, foi criada em 1920, sendo a primeira colônia de
pescadores a ser reconhecida no Brasil; ainda, as colônias Z11, localizada em Ramos, Z12,
no Caju, Z7 em Itaipú, Z8 em Niterói e São Gonçalo e a Z13 em Copacabana
1
Pesca artesanal é aquela “realizada sem embarcações ou com embarcações de pequeno poder de deslocamento e
autonomia e desprovidas de porão para estocagem; que utiliza aparelhos de pesca manuais ou de menor poder de pesca;
que se limita a operar em áreas costeiras, estuarinas e/ou lagunares; que geralmente está vinculada a comunidades
tradicionais com componentes culturais marcantes; que gera produtos consumidos localmente in natura ou
regionalmente; exercida por pescadores sem vínculo empregatício (não celetistas)” (FIPERJ, 2014: 24,25).
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(JABLONSKI et al., 2002; OLIVEIRA, 2016). Além delas, existem também diversas
associações e cooperativas (CHAVES, 2011).
É muito difícil precisar o número de pescadores que atuam na Baía de Guanabara,
estimativas variam desde 5.000 até 18.000 entre artesanais e industriais (OLIVEIRA,
2016). Estes possuem uma ligação com áreas da Baía de Guanabara que são muito
significativas para a pesca, seja pela variedade ou qualidade dos peixes. Determinadas
espécies não ocorrem em qualquer parte da baía e, dependendo do seu valor econômico,
os pescadores vão ao encontro destes recursos (CHAVES, 2011). Pesqueiros são espaços
aquáticos particularmente importantes para essas comunidades tradicionais, são locais
que servem de habitat ou comedouro de peixes, onde se concentra a maior
biodiversidade, e por esse motivo são pontos disputados (CHAVES, 2011). Dessa
maneira, há pontos importantes destacados para a prática da pescaria tradicional, como
áreas antigas de pesca, e é plausível supor que áreas que se caracterizam pela
concentração de recursos também eram conhecidas e valorizadas pelos sambaquieiros.
Abundantes recursos renováveis propiciam a exploração conjunta por membros
que integram diferentes comunidades, tanto na atualidade como no passado. A disposição
dos recursos valorizados pelos sambaquieiros em distintas porções das águas da
Guanabara propiciava o compartilhamento desse fértil “aquatório” (KNEIP et al., 2018).
OCUPAÇÃO SAMBAQUIEIRA DA BAÍA DE GUANABARA
A Baía de Guanabara está inserida na vertente Atlântica da Serra do Mar. Permeada
por ilhas, alarga-se no meio de uma planície entre colinas formadas por pequenos
maciços litorâneos. A alta pluviosidade na escarpa da Serra do Mar dá origem a um
grande número de pequenos cursos que atravessam a planície em direção à baía, onde
suas águas são rechaçadas pela maré. Em alguns rios, a influência da maré pode se
estender a distâncias de até seis quilômetros. Na época das chuvas, de outubro a março,
os rios transbordam, e as águas se alastram, inundando as depressões (RUELLAN, 1944).
Manguezais ocorrem especialmente nas desembocaduras dos rios, a vegetação de
restinga ocupa os terraços marinhos e nas cotas mais elevadas dominam as exuberantes
formações de Floresta Ombrófila Densa. A configuração desse ambiente extremamente
diversificado se deu ao longo de milhares de anos e está associada principalmente à
intensa dinâmica que ocorreu durante o Quaternário.
De acordo com estudos geológicos, o último interglacial ocorrido no Pleistoceno
não deixou registros no entorno da baía, diferente do que vem sendo descrito para outros
segmentos costeiros no sul e sudeste do país (AMADOR, 1997). Nesse período, entre
200Ka a 120Ka, intervalo que diverge entre diferentes autores (AMADOR, 1997;
SUGUIO et al.,1985), o nível eustático estaria de seis a oito metros acima do atual,
produzindo muitas das feições erosivas (falésias) observadas nas porções costeiras dos
maciços litorâneos da região.
Em torno de 18Ka, quando ocorreu o último máximo glacial, o nível do mar estaria
100 m abaixo do atual, expondo parte da plataforma continental e do entalhamento de
drenagens no interior do Graben da Guanabara. A batimetria da baía revela uma rede de
paleodrenagens que convergem para um canal principal, onde são detectadas as maiores
profundidades, denominado de Paleorio Guanabara (AMADOR, 1997), (Figura 2).
A partir daí, o derretimento progressivo das calotas polares localizadas em latitudes
elevadas deu origem a diversos eventos transgressivos parcialmente interrompidos por
pequenas regressões e estabilizações de linhas de costa, e a Baía de Guanabara passou
gradualmente a servir como área de captação e retrabalhamento sedimentar (CORRÊA
et al., 1980).
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Assim, durante o máximo transgressivo, que ocorreu entre 6.000 a 5.000 anos A.P.
(para o litoral brasileiro (SUGUIO et al., 1985); para o entorno da Baía de Guanabara
(AMADOR, 1997); para o litoral catarinense (CARUSO et al., 2000); para o litoral gaúcho
(TOMAZELLI & VILWOCK, 2005); e para o litoral sul catarinense (GIANNINI et al.,
2007)), a região da baía foi afogada, formando uma superfície de lâmina d’água duas vezes
maior do que a atual, de tal modo que áreas hoje distantes cerca de 30 km do litoral eram,
nessa época, alcançadas por águas marinhas. O mar, cerca de três a quatro metros acima
do nível atual, avançou pelos pequenos vales fluviais e planícies na base da Serra do Mar,
formando enseadas e cordões arenosos através da ação de ondas e marés, em torno da
linha de uma paleobaía (AMADOR, 1997).
Em decorrência da evolução costeira na região da Baía de Guanabara é pertinente
considerar que os sambaquis mais antigos tenham sido destruídos pela ação das águas. A
partir de 5.000, o nível do mar começa a recuar até atingir o nível atual, dando lugar a
ambientes de dunas, brejos e pântanos, onde posteriormente foram se instalando as
vegetações de restinga e manguezais, reduzindo progressivamente a superfície da baía até
os dias de hoje. Nesse período, próximo ao máximo transgressivo, há registro de
sambaquis como o Guapi.
Figura 2 - Baía de Guanabara durante o Quaternário, depósitos associados (AMADOR, 1980;
ANGULO & LESSA, 1997) e respectivos paleocenários: (a) Último período glacial – 20.00018.000 A.P no qual observa-se o Paleorio Guanabara; (b) Máximo transgressivo – 6.000-5.000
A.P, destacando a Paleobaía (modificado de AMADOR, 1997).
A presença dos sambaquis na Baía de Guanabara chamou atenção desde o início,
mas também sua intensa exploração decorrente especialmente da indústria da cal
(CAPANEMA, 1876). Provavelmente os estudos no Rio de Janeiro se voltaram para
outros pontos de interesse mais afastados da grande metrópole e de seus arredores.
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Assim, as pesquisas arqueológicas sistemáticas no entorno da Baía de Guanabara
tiveram início somente após a segunda metade da década de 1970, quando os primeiros
sambaquis foram alvo de escavações, entre eles Sernambetiba e Amourins (Figura 3);
Saracuruna; Rio das Pedrinhas e Arapuan (BELTRÃO et al., 1982; HEREDIA et al., 1982;
MENDONÇA DE SOUZA & MENDONÇA DE SOUZA, 1981/1982; MELLO &
SOUZA, 1977; BEZERRA, 1995).
O estudo desenvolvido por Villagran et al. (2010) é especialmente relevante para as
reflexões aqui apresentadas, através de análises microestratigráficas que destacaram
semelhanças entre o processo de formação do sambaqui de Sernambetiba e sambaquis do
litoral sul de Santa Catarina. No que se refere ao sambaqui de Amourins, Gaspar et al
(2013) realizaram releitura das informações (HEREDIA et al., 1982), além da
sistematização das observações de campo, e destacaram que a grande maioria dos
artefatos identificados estavam espacialmente correlacionados com sepultamentos.
Dessa maneira, sugeriram que o Amourins também tinha sido formado a partir de rituais
funerários. Mendonça de Souza et al. (2012) apresentam relato detalhado das últimas
intervenções no sambaqui de Amourins, especialmente no que se refere à retirada de
esqueletos, e estabelecem que a construção desse sítio foi estreitamente relacionada aos
funerais.
Figura 3 - (a) Vista panorâmica da seção Oeste do Sambaqui Amourins; (b) Sambaqui
Sernambetiba, locus 1, seção da parede Leste, onde foi realizada coleta de amostras para
análise zooantracológica.
Atualmente ainda não há um modelo de ocupação detalhado para a Baía de
Guanabara, tampouco uma comparação mais consistente com outras regiões do litoral
onde ocorrem concentrações de sambaquis. Isto porque o número de pesquisas ainda é
incipiente e, especialmente, a quantidade de datações obtidas. Porém, ainda assim, alguns
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aspectos podem ser apontados com certa segurança, pois se apoiam também na
recorrência de evidências obtidas para outras regiões onde os estudos estão mais
avançados.
De modo geral, pode-se afirmar que a ocupação sambaquieira no entorno da Baía
de Guanabara foi um processo intenso e de longa duração, tal como vem sendo
identificado em outras regiões do litoral brasileiro. Apesar do processo de urbanização
ter acarretado na destruição de muitos sítios, atualmente são conhecidos mais de 49
sambaquis (Tabela 1). Eles ocorrem no entorno de toda a baía, desde o Centro do Rio de
Janeiro, Ilha do Governador, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, Itaboraí, São Gonçalo
até Niterói. Muitos deles estão assentados próximos aos grandes rios, como os rios
Macacu, Estrela e Iguaçu por exemplo, sugerindo um padrão de ocupação ribeirinho,
embora às margens da baía.
Tabela 1 - Sambaquis localizados no entorno da Baía de Guanabara.
Número
1
Sambaqui
Caracterização
Amourins
60m de comprimento x 10m
de largura e 2,80m de altura.
Presença de sepultamentos
humanos
2
Arapuan
3
Boa Vista
4
Bulcão I
5
Bulcão II
6
Cafubá
7
Camboinhas
8
Chácara do
Vintém
9
Cordovil
10
Dona Nora
Área circular de 2000m2 e
4,5m de altura. Entre o Rio
Guapi e canal Caioba.
Presença de sepultamentos
humanos
Sítio parcialmente destruído
Localizada em propriedade
particular na estrada ItambiVisconde. A 9 km da Baía de
Guanabara.
Localizada em propriedade
particular na estrada ItambiVisconde. A 1km do Bulcão I.
Próximo à Lagoa de
Piratininga.
vestígios orgânicos:
Malacológico, restos
faunísticos diversos e ósseo
humano.
Localizado próximo à lagoa de
Itaipu na praia de Camboinhas
Presença de conchas do tipo
berbigão
Área de 1.500m². Localiza-se a
200m a noroeste do sambaqui
do Fernando.
Localizado a 360 m da BR 493.
Inicia na Praça de São
Barnabé, se estende para a
residência de Dona Nora,
descendo a encosta e é cortado
por uma rua de terra.
Apresenta terra preta, ossos de
fauna, seixos e Anomalocardia
brasiliana.
Área: 4950m2
Localização
Fonte
Guapimirim
Mendonça de Sousa, 1973
e 1978;
Heredia & Beltrão, 1979
Cardoso, 2013;
Berredo, 2018
Guapimirim
Mendonça de Sousa, 1973
e 1978; Bezerra, 1977 e
1978; Oliveira, 1978
Niterói
-
Guapimirim
Gaspar, 2007
Pinto, 2009
Guapimirim
Gaspar, 2007
Pinto, 2009
Niterói
Kneip, 1979.
Niterói
Kneip, 1979; Palestrini &
Morais, 1980
Niterói
-
Guapimirim
Mendonça de Sousa, 1973
e 1978;
Paz, 1999
Itaboraí
CNSA
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Número
Sambaqui
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Caracterização
Localização
Fonte
Itaboraí
Gaspar, 2007
Pinto, 2009
Itaboraí
Clerot, 1928
Guapimirim
Mendonça de Sousa, 1973
e 1978;
Paz, 1999
Rio de
Janeiro
BELTRÃO, M. 1978.
Maria Dulce Gaspar,2005
Guapimirim
Mendonça de Sousa, 1973
e 1978;
Mendonça de Souza e
Mendonça de Souza, 1980;
Borges, 2015
Guapimirim
Clerot, 1928; Mendonça
de Sousa, 1973 e 1978;
Beltrão, 1978;
Paz, 1999
Duque de
Caxias
Jeanne Cordeiro de
Oliveira (2004)
Magé
Beltrão, 1973
Niterói
Kneip, 1979.
Guapimirim
Mendonça de Souza, 1973
Itaboraí
Clerot, 1928; Leonardos,
1938
Rio de
Janeiro
Beltrão, 1973
Beltrão, 1978
Próximo da Bacia do Rio
Tambicu
11
Estrada de
Ferro
12
Fazenda
Caieira
13
Fernando
14
Galeão
15
Guapi
16
Guaraí-mirim
17
Iguaçu
18
Iguapi
19
Ilha do
Cafubá
20
Imenezes
21
Itambi
22
Jequiá
A 1.2 km a noroeste do
Sampaio I. A 12 km da Baía de
Guanabara. Profundidade do
pacote arqueológico: 80 cm
A 6 km da Baía de Guanabara.
Próximo ao rio da Caieira
Área de 1.500m². Localizado
entre os rios Magé e
Guapimirim
Sambaqui localizado no bairro
Galeão, próximo a Base Aerea
do Galeão. O sitio encontra-se
altamente destruído, pela
construção da Av. Coronel
Meier.]
A 900m da Baía de Guanabara.
Sítios relacionados: Sambaqui
das Pixunas (GB18), Sambaqui
da Praia do Espinheiro (GB21),
Sambaqui ou aldeamento
Tupi-Guarani do Jequiá
(GB22)
Pequena elevação monticular
com 2,5 m de altura
Localizado na margem direita
do rio Macacú, na área
inundável entre este rio e o
Guaraí-Mirim, às margens da
Vala de Sernambetiba.
Área elipsoidal com 48 x 18 m
x 5m de altura
Comprimento: 80m
Largura: 120m
Próximo do Rio Iguaçu.
Altura: 2m. Próximo ao Rio
Iguaí. Presença de lítico
lascado, malacológico e
carvões.
Remanescentes da base de um
sambaqui alojado na encosta
de um afloramento rochoso.
Área: 150m2
Próximo à Lagoa de
Piratininga
Área circular de 2.000m² e
1.2m de altura. Entre os rios
Magé e Guapimirim
Ao longo da estrada de ferro,
próximo ao rio Macacu
Sambaqui com cerâmicas tupiguarani em seu interior.
Depósito arqueológico com
Anomalocardia brasiliana,
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Número
Sambaqui
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Caracterização
Localização
Fonte
Duque de
Caxias
Dias Jr, 1973
Guapimirim
CNSA
Magé
Gaspar, 2014
Rio de
Janeiro
Maria da Conceição de M.
C. Becker, 1965
Beltrão, 1978
Magé
Mendonça de Sousa, 1973;
1978.
Magé
Dias Jr, 1973;
Mendonça de Sousa, 1973;
1978.
numerosos cacos de cerâmica
Tupi, lisa e decorada, e
materiais de orígem européia.
Localizado no loteamento
Marquesa de Santos, praça
Central. Artefatos líticos
(lascas de quartzo) e conchas
de Ostrea sp.
Dimensões:
90x50 m
Altura: 5m;
Observa-se presença de ostras
e berbigões.
Próximo ao rio caceribu.
Sítios relacionados: sampaio 1
Sitio sambaqui, localizado às
margens do Rio Estrela, em
uma área de mangue,
caracterizado pela presença de
conchas em superfície.
Encontra-se totalmente
destruído.
Sítios relacionados: ruinas de
Paiol de Pólvora, Sítio Estrela,
Sambaqui de Saracuruna,
Sambaqui do Porto de Estrela,
sítio cerâmico Aldeia (GNL1).
Área: 100m2
Área: 5000m2
Altura: 3m
Próximo a Riacho
Localizada na Ponta do Pirata,
no loteamento de Barão do
Iriri, Baía de Guaratiba. Área
irregular, superior a 500m2.
Próximo ao rio Roncador e
Iriri
23
Marquesa
24
Meia-noite
25
Paiol
26
Pixunas
27
Ponta do
Pirata
28
Porto da
Estrela
Pequeno sambaqui com 5m de
diâmetro e 1,5m de altura.
29
Praia da Luz
ou Capilé
30
Praia do
Espinheiro
31
Propósito
Presença de conchas do tipo
berbigão
Depósito conchífero
praticamente destruído.
Continha numerosos cacos de
cerâmica. Teria,
originalmente, 60m de
extensão e cerca de 3m de
altura. Cortado pela estrada de
acesso à praia do Espinheiro.
Próximo do Rio Jequié
Área: 3850m2
Comprimento: 70m.
A 1000m da Baía de
Guanabara.
Apresentou conchas e lítico
lascado.
São Gonçalo
Rio de
Janeiro
Beltrão, 1972
Beltrão, 1978
Rio de
Janeiro
Tânia Andrade Lima
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
45
REVISTA DE ARQUEOLOGIA
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
Número
Sambaqui
Caracterização
32
Rio das
Pedrinhas
33
Rua 13
34
Sampaio I
35
Sampaio II
36
São Bento
37
São Bento 2
38
São Lourenço
Área elíptica de 1.200m e
altura de 4,20m
Construído abaixo de uma
casa. Vestígios arqueológicos
ao redor da construção. Foram
observadas conchas e líticos na
base
Localizado em fazenda em
processo de desapropriação.
Área 100m x 40 m x 3m
(altura)
Aterro com material
arqueológico. Foram
encontrados dentes de
tubarões perfurados
Presença de conchas do tipo
berbigão
Localizado a 360 m do
sambaqui de São Bento.
Caracteriza-se pelo
afloramento de malacofauna
sobre a superfície do terreno.
Área: 1290m2
Comprimento: 70m
Largura: 25m
Sítios relacionados: sambaqui
de sao bento e sambaqui de
Iguaçu.
Próximo do Rio Iguaçu.
Presença de conchas do tipo
berbigão
Localizado à margem direita
do rio Saracuruna, no
loteamento, a cerca de 200m
do rio e a 1km da estrada RioTeresópolis. Possuía,
originalmente, 20m de
diâmetro e 6m de altura
39
Saracuruna
40
Sendas
41
Sernambetiba
42
Seu Jorge
43
Sossego
2
Localização
Fonte
Guapimirim
Mendonça de Souza, 1973
Guapimirim
Gaspar, 2007
Pinto, 2009
Itaboraí
Beltrão, 1982; Paz, 1999;
Gaspar, 2007, Pinto, 2009
Itaboraí
Gaspar, 2007
Pinto, 2009
Duque de
Caxias
Jeanne Cordeiro de
Oliveira, 2004
Duque de
Caxias
Dias Jr,
Jeanne Cordeiro de
Oliveira, 2004
Niterói
-
Magé
Mello & Mendonça de
Souza, 1977; Mendonça de
Souza, 1978; Dias Jr.
(comunicação pessoal
1981).
Magé
- 6m de altura por 60m de
largura e 100m de
comprimento. Localizado
entre o rio Guapimirim e o
canal Magé-Mirim.
Presença de sepultamentos
humanos
Dimensões: cerca de 80 x 40 m
e 5 m de altura. A 14 km da
Baía de Guanabara
Antiga ilha, sobre um morro.
Próximo da praia do Sossego,
de Piratininga e de
Camboinhas.
pedaços de carvão dispesos,
Presença de conchas com
predominância de mexilhão.
Segundo informações, havia
Guapimirim
PAZ, 1999
Mezzalira, 1946; Guerra,
1962; Macedo, 1965;
Beltrão e Kneip, 1967;
Beltrão, 1972 e 1978;
Amador, 1974; Mendonça
de Souza, 1973 e 1978;
Hurt, 1986; Gaspar 1996;
Bianchini, 2015; Estanek,
2015
Guapimirim
Gaspar, 2007
Pinto, 2009
Niterói
CNSA
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
46
REVISTA DE ARQUEOLOGIA
Número
Sambaqui
44
Tambicu
45
Zé Garoto
46
Brocoió
47
Lagoa
48
Paquetá
49
Praça de
Bandeira
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
Caracterização
também, vértebras de peixe.
Lítico, louça e cerâmica
neobrasileira.
Localizado na fazenda Santo
Antônio, próximo ao riacho
Tambicu. Área elipsoidal com
3.500m2 (27x18m) e 3m de
altura. Presença de ossos
humanos mineralizados.
Pequena elevação coberta de
vegetação rasteira. O sambaqui
encontra-se intacto, bem
próximo ao mangue. O exame
de um perfil permitiu
visualizar uma camada
arqueológica de 50cm de
espessura.
Ilha da Baía de Guanabara
onde foi identificado um
sambaqui
Sambaqui identificado na
Lagoa Rodrigo de Freitas
Sambaqui identificado na Ilha
de Paquetá
Sambaqui identificado na
Praça da Bandeira
Localização
Fonte
Itaboraí
Clerot, 1928.
São Gonçalo
CNSA
Rio de
Janeiro
-
Rio de
Janeiro
Rio de
Janeiro
Rio de
Janeiro
Claudio Mello de Prado
(2017)
A datação mais antiga, em torno de 7000 anos AP, foi obtida para o sambaqui
Camboinhas, localizado na entrada da baía. Datações em sambaquis localizados em Santa
Catarina, São Paulo e mesmo no Rio de Janeiro indicam que nesse período já haviam
sambaquis ativos em diferentes partes do litoral brasileiro, sugerindo que a antiguidade
da ocupação da Baía de Guanabara pode ser admitida (KNEIP et al., 2018; FIGUTI et al.,
2013; LIMA et al., 2006).
Adentrado para o interior da baía, o sambaqui de Guapi, localizado no município de
Guapimirim, apresenta a data mais antiga, indicando que a ocupação da porção NE da
baía se deu em torno de 5604-5335 anos cal AP. O padrão de distribuição dos sítios indica
Guapi como o mais afastado da atual linha de costa da Baía de Guanabara. Porém, no
período de sua construção, o nível do mar estava a cerca de 2,5 a 3m acima do atual, e
provavelmente as águas da paleobaía estavam a poucos metros de distância do sítio.
No período entre 4500 e 3000 anos AP, havia sambaquis ativos em Duque de Caxias
(São Bento), Itaboraí (Sampaio I e Seu Jorge), Guapimirim (Amourins) e Magé (Arapuan
e Rio das Pedrinhas) (Figuras 4 e 5). A ampla dispersão e a recorrência de datações (Tabela
2) permitem sugerir que nesse período a sociedade sambaquieira estava em plena
expansão no entorno da Baía de Guanabara, assim como identificado em outras regiões
do litoral brasileiro (KNEIP et al., 2018; WAGNER, 2009).
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
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REVISTA DE ARQUEOLOGIA
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
Figura 4 - Mapa de localização dos sambaquis registrados no entorno da BG. Círculos em
vermelho indicam sambaquis ativos entre 4000 e 3000 anos AP e círculos sem preenchimento
indicam localização aproximada dos sítios.
Figura 5 - Datações radiocarbônicas calibradas dos sambaquis localizados no entorno da Baía
de Guanabara (OxCal v3.10, BRONK RAMSEY, 1995). Em destaque a faixa cronológica entre
4000 e 3000 anos antes do presente onde ocorre a maior frequência de sambaquis ativos.
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
48
REVISTA DE ARQUEOLOGIA
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
Tabela 2– Datações convencionais e calibradas (2 sigma) dos sambaquis. Calibração feita
através do software Calib Radiocarbon Calibration Program (STUIVER & REIMER, 1993),
através da curva de calibração SHcal04 (MCCORMAC et al., 2004) para amostras de carvão e
Marine 09 (REIMER et al., 2009) para amostras de conchas.
Sítio
Localização
No
amostra
Material
Método
Data
Convencional
Data
Calibrada
(2 SIGMA)
Referência
Amourins
270cm
259890
carvão
AMS
3800±40
4241-3934
Pinto (2008)
Amourins
300cm
-
carvão
Conv.
3530±60
3898-3577
Gaspar (1991)
Sernambetiba
500cm
-
carvão
Conv.
1920±70
1981-1613
Pinto (2008)
Sernambetiba
80cm
-
carvão
AMS
1800±40
1809-1543
Pinto (2008)
Guapi
10-20cm
341740
carvão
AMS
4730±30
5575-5314
-
Guapi
90-100
341741
carvão
AMS
4790±30
5584-5326
-
Seu Jorge
SJ02
343430
carvão
AMS
3440±30
3717-3485
-
Seu Jorge
SJ08
343431
carvão
AMS
3420±30
3692-3482
-
259892
carvão
AMS
3730±70
4237-3830
Pinto (2008)
259891
carvão
AMS
3720±40
4145-3866
Pinto (2008)
259893
carvão
Conv.
3290±70
3638-3272
Pinto (2008)
Sampaio I
Sampaio I
Sampaio I
S1,P1,
N280cm
S1,P1,
N170cm
S1,P1,
N20-60
São Bento
-
292143
carvão
Conv.
3980±50
4526-4183
Arapuã
-
-
conchas
SB
3460±70
3516-3156
Arapuã
-
-
conchas
SB
3340±70
3363-2990
Arapuã
-
-
conchas
SB
2800±60
2697-2356
Rio das
Pedrinhas
-
-
conchas
SB
3170±70
3168-2778
Imenezes
-
-
conchas
SB
2600±60
2437-2112
Mendonça &
Godoy (2004)
Mendonça &
Godoy (2004)
Mendonça &
Godoy (2004)
Mendonça &
Godoy (2004)
Mendonça &
Godoy (2004)
A análise da distribuição espacial dos sítios e suas respectivas datações revela uma
evidente tendência que indica que a ocupação sambaquieira no entorno da baía de
Guanabara seguiu um movimento que acompanhou a dissecação da paleobaía. O sítio
mais antigo, Guapi, está localizado mais para o interior, enquanto Sernambetiba, o mais
recente, datado entre 2000 a 1800 anos AP, está assentado mais próximo da atual linha
de costa da Baía. Essa tendência é também reforçada pelos valores das cotas da base dos
sambaquis cada vez mais próximas ao nível do mar atual (Figura 6).
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
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REVISTA DE ARQUEOLOGIA
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
Figura 6 - Diagrama de datações por radiocarbono em relação à variação de cota das bases
dos sambaquis no entorno da Baía de Guanabara (GP – Guapi; AM – Amourins; SJ – Seu
Jorge; SM – Sernambetiba). Lucas Garcindo.
Há 5000 AP, após a última transgressão do Holoceno, o nível do mar estava acima
do nível atual, quando os sistemas fluviais do interior da baía foram afogados com a
instauração de um ambiente estuarino, com praias de baía e desenvolvimento de
pequenos cordões arenosos, que podem ser identificados facilmente por fotografias
aéreas. Nesse ambiente foi assentado o sambaqui Guapi.
Com a progressiva regressão ou diminuição do nível do mar e a retomada da
sedimentação fluvial em áreas até então afogadas, foram erigidos os sambaquis
Amourins, Seu Jorge, Sampaio II, Imenezes, Arapuan e Rio das Pedrinhas, no intervalo
de aparente estabilidade do nível do mar entre 4000 e 3000 anos AP.
Finalmente, a cerca de 2000 anos AP, o sambaqui Sernambetiba começa a ser
erguido na margem da paleobaía, indicada pelo depósito francamente marinho do
concheiro natural sobre o qual o sítio foi construído e que está somente a 0,50 m acima
do nível do mar atual, sugerindo a regressão continuada até os dias atuais. Diante desses
dados é possível afirmar que os sítios foram sendo construídos com o intuito de
permanecerem sempre próximos das águas da Baía de Guanabara.
Tomando a análise da distribuição espacial dos sambaquis da região dos Lagos
(GASPAR, 1991), onde os agrupamentos eram compostos entre 5 e 7 sítios, e
considerando as informações históricas sobre a destruição de sambaquis e o
funcionamento de caieiras no entorno da Baía de Guanabara, foi realizada a projeção
apresentada na Figura 7. Para elaboração dessa projeção, foi considerado que cada
informação sobre a existência de um sambaqui em uma área específica corresponde a um
agrupamento de sítios. Dessa maneira, foi traçado um cenário plausível que não pode ser
recomposto em decorrência do intenso processo de urbanização, mas que fornece uma
dimensão da ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara.
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
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REVISTA DE ARQUEOLOGIA
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
Figura 7 - Mapa de projeção dos agrupamentos de sambaquis no entorno da BG.
OCUPAÇÃO DA BAÍA DE GUANABARA E OUTRAS REGIÕES LITORÂNEAS
Recentemente, como resultado de pesquisa de longa duração 2 , foi proposto um
modelo de ocupação robusto para o litoral Sul de Santa Catarina, região que abrange os
municípios de Laguna, Jaguaruna e Tubarão. O mapeamento da distribuição dos sítios,
somado ao investimento em datações radiocarbônicas e aos estudos sobre a evolução do
sistema paleolagunar, permitiu avançar sobremaneira na compreensão do sistema de
assentamento da região (KNEIP, 2004; DEBLASIS et al., 2007; GIANNINI et al., 2010;
ASSUNÇÃO, 2010; GASPAR et al., 2014, KNEIP et al., 2018). Nessa área são conhecidos
cerca de 100 sambaquis, entre os quais 72 possuem uma ou mais datas, totalizando 200 o
número de datações para a região (KNEIP et al., 2018).
O modelo, apoiado em análises geoestatísticas, demonstra que o padrão de
distribuição dos sítios em forma de clusters não é aleatório e que os agrupamentos, em
número de doze, foram distribuídos em quatro períodos de ocupação: o período inicial,
(P1), de 7.500 anos a 4.500 anos aP; (P2), de 4.500 a 3.000 anos aP; (P3), de 3.000 a 2.100
anos aP; e o final, (P4), de 2.100 a 900 anos aP.
Os resultados demonstram que os agrupamentos constituem unidades sociológicas
específicas e concomitantes para tal região (KNEIP, 2004; DEBLASIS et al.,2007) e
2
As pesquisas no litoral sul de Santa Catarina tiveram início em 1996 sob a coordenação de Paulo DeBlasis e MaDu Gaspar
e atualmente estão organizadas no bojo do Projeto “Sambaqui e Paisagem: modelando a inter-relação entre processos
formativos culturais e naturais no litoral sul de Santa Catarina”, Universidade de São Paulo/ FAPESP, e já liberou vários
resultados de pesquisas (FISH et al., 2000; KLOKLER, 2000, 2008; KARL, 2000; KNEIP, 2004; DEBLASIS et al., 2007;
ASSUNÇÃO, 2010; GIANNINI et al., 2010; GASPAR et al., 2012; SCHEEL-YBERT et al., 2008; BIANCHINI et al., 2011;
BENDAZOLLI, 2007; NISHIDA, 2007; PEIXOTO, 2008; BELÉM, 2012; VILLAGRÁN, 2008, GASPAR et al., 2008; 2013,
KNEIP et al., 2018).
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
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REVISTA DE ARQUEOLOGIA
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
reforçam a hipótese levantada para a região dos Lagos (GASPAR, 1991) e para o entorno
da Baía de Guanabara.
De acordo com a perspectiva que se apoia na evolução do sistema lagunar, os sítios
mais antigos (7.500 a 5.500 anos AP) estão localizados no setor interno das lagunas,
assentados em terrenos mais elevados. No momento seguinte (5.500 a 4.000 anos AP), há
um movimento em direção ao centro da laguna que muito provavelmente se coaduna
com o ritmo de assoreamento lagunar centrípeto. Posteriormente (4.000 a 1.700 anos
AP), no auge da ocupação, há um deslocamento dos sítios localizados no setor interno
para os arredores dos morros e no setor externo para as porções central e norte das
lagunas. Por fim (últimos 1.700 anos AP), os sítios se deslocam para o setor externo e,
neste momento, as conchas perdem a importância como valor construtivo (GIANNINI
et al., 2010).
Outro exemplo de estudo que envolveu o sistema de assentamento da sociedade
sambaquieira no litoral foi realizado na Costa Leste da Ilha de São Francisco do Sul, Santa
Catarina. De acordo com os resultados, a região foi ocupada de 5.950 anos AP até 1.390
anos AP, sendo que o período de expansão da população está entre 4000 e 3000 anos AP,
coincidindo com o modelo anteriormente apresentado. Durante o período de ocupação,
verificou-se a presença de agrupamentos de sítios que estavam ativos de forma
concomitante e com modelos construtivos similares (SÁ, 2017).
Já no litoral de São Paulo, os modelos de ocupação propostos para as diferentes
regiões ocorrem onde há concentrações de sítios (CALIPPO, 2004; 2010). A densidade de
sítios é de 69 para a região da Cananéia e 136 para a Baixada Santista. Além disso, é uma
região onde a ocupação sambaquieira apresenta grande profundidade temporal, assim
como o Rio de Janeiro e o litoral sul de Santa Catarina. As datações mais antigas estão em
torno de 8000 anos AP e as mais recentes chegam a 500 anos AP, com um período de
expansão entre 5000 e 3000 anos AP (AFONSO, 2017; LIMA, 1999/2000).
O modelo de ocupação proposto para a região da Ilha do Cardoso, em Cananéia, a
partir do estudo de 26 sambaquis, indica dois momentos de ocupação. Um entre 8000 e
5.100 anos AP, com um deslocamento dos sítios em direção ao interior, como resposta à
transgressão marinha, e outro, a partir de 5.100 anos AP, período em que há um
deslocamento dos sítios em direção à costa, acompanhando o rebaixamento do nível do
mar, sendo que em ambas as fases ocorrem agrupamentos de sítios (CALLIPO, 2004).
Os dados acima apresentados assim como as datações obtidas para diversos sítios
fornecem um panorama que ilustra uma cronologia de ocupação semelhante para os
estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Figura 8) (WAGNER,
2009). Especialmente no que se refere aos períodos de início, auge e desestruturação do
programa de construção de sambaquis.
Entre 5000 e 3000 anos AP, período em que o nível do mar está em pleno processo
regressivo, centenas de sambaquis foram erigidos ao longo da costa, indicando que nem
mesmo as mudanças ambientais interferiram na construção de novos assentamentos.
Esse aspecto é de extrema relevância, pois contraria o pressuposto de que as mudanças
no nível do mar teriam influenciado negativamente no processo de ocupação
sambaquieira, algo que por muito tempo se discutiu na pesquisa em sambaquis. Esse
período de mudanças ambientais não foi um período de estabilidade, mas sim de plena
expansão da sociedade sambaquieira em várias regiões ao longo do litoral brasileiro.
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
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REVISTA DE ARQUEOLOGIA
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
Figura 8 - Datações dos sambaquis localizados nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e
Paraná. (Modificado de Wagner, 2009). Os retângulos destacam o período de maior
estabilidade entre 5000 e 3000 anos AP.
CONCLUSÃO
A Baía de Guanabara forneceu condições para ocupação sambaquieira ao longo de
pelo menos 30 séculos, e as informações disponíveis para a sua porção nordeste, que
apresenta excepcional condição de preservação frente à densa urbanização de outras
áreas, sugerem significativa densidade de sítios.
No que se refere à dimensão dos pacotes arqueológicos, as raras informações
existentes indicam que os sambaquis de maiores dimensões não ultrapassam 6 m de
espessura, independente do período de atividade do assentamento. Trata-se de dimensão
compatível com informações sobre sambaquis de outras porções do litoral fluminense
que não foram atingidas pela intensa urbanização, como ilha Grande e Saquarema
(TENÓRIO, 2004, KNEIP et al., 1981). Como em outras regiões, os agrupamentos
reúnem sambaquis de maior e menor porte, o que sugere hierarquia entre assentamentos
próximos.
Dessa maneira, constata-se que os sambaquieiros da BG mantiveram as dimensões
dos assentamentos ao longo dos períodos de ocupação, muito embora haja fortes indícios,
procedentes do estudo de estratigrafia, que compartilhavam a maneira de construção dos
sambaquis de grandes dimensões que caracterizam o litoral sul catarinense.
Considerando a relação entre dimensões de sítios e das lagoas para o litoral de Santa
Catarina, é possível supor que a BG, em decorrência de seu tamanho, não propiciava
amplo contato visual como ocorre na lagoa do Camacho, Santa Catarina (OPPITZ, 2011).
Aparentemente foi relevante para os pescadores-coletores da BG implantarem seus
assentamentos próximos aos rios, como fica evidente no caso do sambaqui de Amourins.
Construir em locais um pouco mais protegidos de inundações características da planície
guanabarina, garantir porto seguro para embarcações e acesso a porções mais
interioranas da baixada devem ter sido aspectos que nortearam as escolhas para
inaugurar um novo local para implantação de sambaquis.
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
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REVISTA DE ARQUEOLOGIA
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
É difícil realizar avaliações sobre densidade de sítios, pois a intensa urbanização não
permite que sejam desenvolvidas reflexões mais consubstanciadas. Cabe considerar um
provável isolamento em relação a outros grupos, em decorrência da presença da serra
Órgãos, que pode ter restringido, durante um longo período, contatos interculturais,
porém o que se sabe é que às margens da BG foi mantido o hábito de construir sambaquis
quase sempre com as mesmas dimensões. Contatos com outros grupos só se
intensificaram por volta de 2600 com a paulatina invasão do território sambaquieiro
pelos ceramistas (SCHEEL-YBERT et al., 2008).
Por outro lado, a interação com outros sambaquieiros deve ter sido recorrente,
como parece ter ocorrido em outras regiões da costa brasileira. Cabe lembrar que Prous
(1991), ao estudar as regras de fabricação das esculturas recuperadas em sambaquis do
sul, chamou a atenção para a existência de unidade cultural (ideológica) que abrangia o
litoral da região sul e parte do sudeste.
Considera-se que regras são compartilhadas através da circulação de informações,
sendo que a faixa litorânea forma um eixo no sentido norte-sul que propicia a circulação
de pessoas. As análises empreendidas nos sítios do sul de Santa Catarina, Vale do Ribeira
em São Paulo e entorno da BG sobre o processo de formação de alguns sambaquis
também indica fortemente a articulação dos construtores de sambaqui. A identificação
de agrupamentos de sambaquis em diferentes porções do litoral sul e sudeste ainda
permite afirmar que tratar-se de um padrão de ocupação característico que se perpetuou
no tempo e no espaço, demonstrando um sistema sociocultural muito bem estruturado.
Por outro lado, as cronologias obtidas para alguns estados também apontam para
interconexão entre as diferentes regiões e sugerem que fenômenos relacionados com a
expansão e desestruturação do programa de construção de sambaquis, apesar de
especificidades regionais, tiveram impactos na região sul e sudeste como um todo.
A ocupação sambaquieira no entorno da Baía de Guanabara | Maria Dulce Gaspar et al
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REVISTA DE ARQUEOLOGIA
VOLUME 32 No. 2 2019: 36-60
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